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Universidade do Minho

Escola de Economia e Gestão

Bruna Filipa Gouveia da Costa O endividamento dos clubes profissionais de futebol e o impacto da introdução do regulamento do FFP no desempenho financeiro dos clubes
Bruna Filipa Gouveia da Costa

O endividamento dos clubes profissionais


de futebol e o impacto da introdução do
regulamento do FFP no desempenho
financeiro dos clubes

UMinho|2021

dezembro de 2021
Universidade do Minho
Escola de Economia e Gestão

Bruna Filipa Gouveia da Costa

O endividamento dos clubes profissionais


de futebol e o impacto da introdução do
regulamento do FFP no desempenho
financeiro dos clubes

Dissertação de Mestrado
Mestrado em Economia Monetária, Bancária e Financeira

Trabalho efetuado sob a orientação do


Professor Doutor Paulo Reis Mourão

dezembro de 2021
DIREITOS DE AUTOR E CONDIÇÕES DE UTILIZAÇÃO DO TRABALHO POR TERCEIROS

Este é um trabalho académico que pode ser utilizado por terceiros desde que respeitadas as regras e
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do Minho.

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Atribuição-Sem Derivações
CC BY-ND
https://creativecommons.org/licenses/by-nd/4.0/

ii
Agradecimentos

À minha família, em especial aos meus pais, irmã e sobrinho por todas as palavras de força, carinho e
compreensão nos momentos em que mais precisei. Espero que este trabalho seja um pouco de
retorno por tudo que têm feito por mim e que se sintam orgulhosos.

A todos os meus amigos que me acompanharam nesta caminhada que sempre me estimularam e me
mostraram que sou capaz.

Quero expressar o sincero agradecimento ao Professor Doutor Paulo Mourão que contribuiu de forma
direta para a realização da presente dissertação. Estou-lhe grata pelo seu empenho, profissionalismo,
dedicação e sobretudo pela motivação que me transmitiu num período difícil da minha vida e pela sua
disponibilidade em me esclarecer dúvidas sempre que necessário.

A elaboração desta dissertação ajudou-me a perceber que nada é impossível basta acreditar, manter o
foco e batalhar. Independentemente dos obstáculos que tenhamos que ultrapassar o importante é
nunca desistir.

“Tudo o que um sonho precisa para ser realizado é alguém


que acredite que ele possa ser realizado.”

iii
DECLARAÇÃO DE INTEGRIDADE

Declaro ter atuado com integridade na elaboração do presente trabalho académico e confirmo que não
recorri à prática de plágio nem a qualquer forma de utilização indevida ou falsificação de informações
ou resultados em nenhuma das etapas conducente à sua elaboração.
Mais declaro que conheço e que respeitei o Código de Conduta Ética da Universidade do Minho.

iv
O endividamento dos clubes profissionais de futebol e o impacto da introdução do
regulamento do FFP no desempenho financeiro dos clubes

Resumo

Esta dissertação discute o caso do endividamento dos clubes profissionais de futebol focando-se no
caso dos clubes portugueses de futebol e qual o impacto que o Regulamento do Financial Fair-Play teve
no desempenho financeiro dos clubes de futebol. Em Portugal e no Mundo o futebol é considerado o
“Desporto Rei”, beneficiando de uma enorme relevância social. Contudo, o que pouco ou nada se fala
nos meios de comunicação social é sobre a situação financeira dos clubes e apenas abordam acerca
dos resultados desportivos.

Sendo que é de extrema importância para o bom funcionamento dos clubes do futebol e também para
a própria indústria do futebol existir estabilidade financeira para poderem alcançar a sustentabilidade.

Para poder determinar o nível de endividamento de cada clube, foram considerados os seguintes rácios
de alavancagem financeira e de estrutura de capitais: Rácio de Autonomia Financeira, de Solvabilidade,
de Endividamento e de Estrutura de Endividamento. Foi realizado um Teste-t para testar quebras de
estrutura para cada clube bem como para o conjunto dos clubes. Foram elaborados modelos de dados
em painel onde foi introduzida uma variável dummy que identifique o período de vigência do FFP para
analisar como este alterou a estrutura dos indicadores financeiros dos clubes de futebol. O período de
análise do estudo foi de 2008 até 2019.

As conclusões deste estudo são as de que após a introdução do regulamento FFP verificou-se um
maior equilíbrio das contas dos clubes de futebol, o endividamento excessivo em que os clubes se
encontravam diminuiu, o saldo de transferências e o Resultado Líquido apresentaram melhorias.
Constatou-se também que como o endividamento diminuiu houve uma melhoria nos rácios de
Autonomia Financeira e Solvabilidade dos clubes.

Palavras-chave: Clubes Profissionais de Futebol, Endividamento, Estabilidade Financeira, FFP.

v
The indebtedness of professional football clubs and the impact of the introduction of the
FFP regulation on the financial performance of clubs

Abstract

This dissertation discusses the case of the indebtedness of professional soccer clubs focusing on the
case of Portuguese soccer clubs and what impact the Financial Fair-Play Regulation has had on the
financial performance of soccer clubs. In Portugal and around the world soccer is considered the "King
Sport", benefiting from enormous social relevance. However, what little or nothing is talked about in the
media is the financial situation of the clubs and they only talk about the sports results.

It is extremely important for the proper functioning of soccer clubs and also for the soccer industry itself
to have financial stability in order to achieve sustainability.

In order to determine the level of indebtedness of each club, the following financial leverage and capital
structure ratios were considered: Financial Autonomy Ratio, Solvency Ratio, Debt Ratio, and Debt
Structure Ratio. A t-test was conducted to test structure breakdowns for each club as well as for the set
of clubs. Panel data models were developed where a dummy variable identifying the period of FFP was
introduced to analyse how it changed the structure of the financial indicators of soccer clubs. The
analysis period of the study was from 2008 to 2019.

The conclusions of this study are that after the introduction of the FFP regulation the accounts of soccer
clubs were balanced, the excessive indebtedness in which the clubs were in decreased, the transfer
balance and the Net Result showed improvements. It was also found that as the indebtedness
decreased there was an improvement in the Financial Autonomy and Solvency ratios of the clubs.

Keywords: Professional Football Clubs, Indebtedness, Financial Stability, FFP.

vi
Índice

1. Introdução ............................................................................................................................... 1
2. Revisão de Literatura ............................................................................................................. 3
2.1 Receitas dos clubes ................................................................................................................ 4
2.1.1 Direitos Televisivos .......................................................................................................... 5
2.1.2 Patrocínios e Merchandising ............................................................................................ 5
2.1.3 Bilheteira ......................................................................................................................... 5
2.2 Despesas dos Clubes .............................................................................................................. 6
2.2.1 Salários pagos aos jogadores, equipa técnica e outro pessoal de apoio;............................ 6
2.2.2 Manutenção de instalações;............................................................................................. 6
2.2.3 Encargos financeiros decorrentes de contratos com pessoal; ............................................ 6
2.2.4 Juros, amortizações e outros encargos financeiros decorrentes do crédito; ....................... 6
2.2.5 Despesas correntes (tais como: eletricidade, gás, água, etc). ........................................... 6
2.3 Medidas do Financial Fair Play ................................................................................................ 6
2.3.1 Situação Financeira do Futebol Profissional Europeu (FPE) ............................................... 7
2.4. Fair Play Financeiro e o equilíbrio competitivo ....................................................................... 12
3. Hipótese de Trabalho ........................................................................................................... 16
4. Metodologia de teste da Hipótese de Trabalho ................................................................ 17
5. Ensaios Preliminares ........................................................................................................... 20
5.1. Resultados dos Rácios de alavancagem financeira e estrutura de capitais.............................. 20
5.1.1. Análise ......................................................................................................................... 26
5.2. Classificações da Liga desde 2008/2009 a 2018/2019 ....................................................... 28
5.2.1. Análise ......................................................................................................................... 28
5.3. Teste de Hipóteses ............................................................................................................... 30
5.4. Dados e variáveis empíricas................................................................................................. 30
5.4.1. Resultados ................................................................................................................... 32
5.4.2. Discussão do Impacto do Regulamento do FFP nas variáveis dependentes analisadas ... 52
6. Conclusão .............................................................................................................................. 54
Bibliografia.................................................................................................................................... 56
Anexos ........................................................................................................................................... 59

vii
Índice de Quadros

Quadro 1 - Sport Lisboa e Benfica Futebol, SAD ............................................................................. 20


Quadro 2 - Sporting Clube de Portugal - Futebol, SAD .................................................................... 21
Quadro 3 - Futebol Clube do Porto – Futebol, SAD ......................................................................... 21
Quadro 4 - Rio Ave Futebol Clube-Futebol SDUQ, Lda..................................................................... 22
Quadro 5 - Sporting Clube de Braga – Futebol SAD ........................................................................ 22
Quadro 6 - Marítimo da Madeira- Futebol, SAD............................................................................... 23
Quadro 7 - Futebol Clube de Famalicão – Futebol SAD................................................................... 23
Quadro 8 - Os Belenenses – Sociedade Desportiva de Futebol, SAD ............................................... 23
Quadro 9 - Vitória Sport Clube - SAD .............................................................................................. 24
Quadro 10 - Classificação Época 2008/2009 ................................................................................ 60
Quadro 11 - Classificação Época 2009/2010 ................................................................................ 61
Quadro 12 - Classificação Época 2010/2011 ................................................................................ 61
Quadro 13 - Classificação Época 2011/2012 ................................................................................ 62
Quadro 14 - Classificação Época 2012/2013 ................................................................................ 62
Quadro 15 - Classificação Época 2013/2014 ................................................................................ 63
Quadro 16 - Classificação Época 2014/2015 ................................................................................ 63
Quadro 17 - Classificação Época 2015/2016 ................................................................................ 64
Quadro 18 - Classificação Época 2016/2017 ................................................................................ 64
Quadro 19 - Classificação Época 2017/2018 ................................................................................ 65
Quadro 20 - Classificação Época 2018/2019 ................................................................................ 65

viii
Índice de Gráficos

Gráfico 1 - Rácio de Endividamento ................................................................................................ 24


Gráfico 2 - Rácio Estrutura do Endividamento ................................................................................. 25
Gráfico 3 - Rácio de Autonomia Financeira...................................................................................... 25
Gráfico 4 - Rácio de Solvabilidade ................................................................................................... 26

Índice de Tabelas

Tabela 1 - Estatísticas Descritivas ................................................................................................... 32


Tabela 2 - Resumo dos Modelos considerados para o estudo .......................................................... 49

ix
1. Introdução

O futebol é um dos desportos mais praticado e conhecido no mundo. Atualmente ocupa uma posição
primordial na sociedade, com uma importância crescente inclusivamente nos meios de comunicação
social. É um desporto que tem vindo a obter cada vez mais adeptos, transmitindo a magia do futebol
que se propaga pelos quatro cantos do mundo.

Um dos principais motivos para esse sucesso é a sua simplicidade.

A grande popularidade atingida pelo futebol fez com que se tornasse um desporto de massa, admirado
por todos, independentemente de etnia, educação ou classe social. Por tudo isto, o futebol passou a
ser facilmente um palco de espetáculo e, hoje em dia, é um desporto extremamente mediatizado e
comercializado mundialmente, fazendo com que se movimente muito dinheiro todos os anos.

Também é do conhecimento de todos que é um desporto que gera muito endividamento por parte dos
clubes, principalmente por parte dos clubes profissionais de futebol, sendo que a maior parte da dívida
em que incorrem é utilizada para pagar altos salários e para comprar os melhores jogadores com o
objetivo de alcançar bons resultados desportivos através da obtenção de um plantel de qualidade em
que possam ser competitivos.

Muitas vezes, essa obsessão pelos resultados desportivos por parte dos administradores dos clubes faz
com que se deteriore o lado financeiro, que é tão importante para um bom funcionamento e
sustentabilidade das empresas e das coletividades, acabando este (lado financeiro) por ficar para
segundo plano, pois os administradores só se focam em alcançar o maior número de vitórias
desportivas não tendo qualquer preocupação com o desempenho financeiro.

Por ser um tema tão atual e que no meu ponto de vista merece a atenção de todos decidi escolher
para o meu projeto de mestrado investigar acerca do endividamento dos clubes profissionais de futebol
e os seus impactos na performance financeira. Também por ser um tema que se enquadra na
temática do meu mestrado, pois estudarei de um ponto de vista financeiro os problemas que as dívidas
obtidas acarretam em termos de custos para os clubes.

Os objetivos para a elaboração do trabalho vão passar por tentar perceber a evolução do
endividamento dos clubes profissionais de futebol antes da crise financeira e após a crise e de que
maneira a introdução do regulamento do Financial Fair Play imposto pela UEFA, com o objetivo de
controlar as contas dos clubes para que estes obtenham um equilíbrio financeiro, teve impacto no

1
endividamento dos clubes. Também se pretende fazer uma análise dos efeitos do equilíbrio no
endividamento dos clubes e perceber se o equilíbrio competitivo foi afetado ou não.

Os determinantes que utilizarei para este estudo para analisar a dívida dos clubes de futebol
profissional portugueses são os mencionados por Mourao (2012) e para poder determinar o nível de
endividamento de cada clube serão utilizados os rácios de alavancagem financeira e estrutura de
capitais.

Relativamente à estrutura do trabalho, este está estruturado em 6 secções. Na secção 2 que


corresponde à revisão da literatura descrevem-se as receitas dos clubes, as despesas dos clubes, as
medidas do Financial Fair Play onde também será referido a situação financeira do Futebol Profissional
Nacional e por fim o Fair Play Financeiro e o equilíbrio competitivo.

Na secção 3 será discutida a hipótese de trabalho. A secção 4 será composta pela discussão sobre a
metodologia de teste da hipótese de trabalho.

Seguir-se-á a secção 5 com os ensaios preliminares onde irão ser discutidos os resultados obtidos.

A última secção será composta pelas conclusões do trabalho.

2
2. Revisão de Literatura

A sustentabilidade da indústria do futebol é uma das principais preocupações sobre as quais os clubes
e as organizações de futebol devem ter consciência.

Os clubes precisam adotar alguns mecanismos de gestão empresarial, que sem eles não podem ser
suficientemente eficientes, pois existe evidências de que os clubes estão a gastar muitos recursos para
obter resultados desportivos e não tanto para obter bons resultados financeiros. (Pereira, 2018)

A implementação desses mecanismos permitirá alcançar melhores resultados financeiros e a


sustentabilidade que é tão importante.

A preocupação relativamente a este assunto levou à adoção de medidas por parte da UEFA,
nomeadamente à implementação do Regulamento Financial Fair Play (FFP). Este novo conceito visa o
equilíbrio e a justa competitividade financeira entre os clubes europeus.

Mourao (2012) também estudou a sustentabilidade dos clubes como prioridade do setor e propôs que
uma abordagem mais igualitária de distribuição de direitos televisivos deve ser imposta. Este autor
considera que as receitas dos direitos televisivos é uma das fontes mais importantes de receita,
concluindo que esta medida melhoraria a sustentabilidade financeira de mais clubes.

A indústria do futebol é um fenómeno universal capaz de criar e executar uma grande quantidade de
fluxos monetários e capital, sendo necessário um planeamento estratégico rigoroso quanto aos riscos e
gestão necessários. No entanto, às vezes pode haver um conflito entre objetivos desportivos e objetivos
do investidor. (Pereira, 2018)

Para obter um desempenho geral bem-sucedido, pode existir um conflito entre os conselhos diretivos
dos clubes, que tentam obter bons resultados financeiros, e os objetivos da equipa desportiva, que
normalmente representam boas posições finais ou a conquista de troféus.

Assim, podemos distinguir dois tipos diferentes de perfil de clubes: um clube de maximização de
vitórias e um clube de maximização de lucro. No entanto, existem evidências de que os clubes de
futebol ainda são mal administrados porque não existem mecanismos eficientes de gestão empresarial,
além das estratégias de maximizar a vitória. (Pereira, 2018)

Um clube de maximização de vitórias é aquele que atrai jogadores melhores, pagando salários mais
elevados, a fim de obter melhores resultados desportivos. Essa política pode aumentar os custos e às
vezes leva a restrições financeiras. De facto, existem vários exemplos de equipas desportivas de

3
sucesso que faliram. Podendo enunciar por exemplo: o Parma, uma das forças da Itália nos anos 90,
decretou falência em 2015 após ter acumulado dívida de mais de 800 milhões; Em 2004, a Justiça
italiana declarou falência do Napoli por não conseguir saldar dívidas na casa dos 70 milhões de euros;
outro grande clube da Itália que faliu por conta de dívidas milionárias foi a Fiorentina.

Por outro lado, um clube de maximização de lucro é aquele que está ciente das suas responsabilidades
financeiras e tem o valor da sustentabilidade muito presente. Mas essa política pode levar a maus
resultados desportivos e não estar em conformidade com os objetivos desportivos do clube.

“A estratégia do clube pode diferir dependendo da cultura do país. Solber & Haugen (2010)
encontraram evidências de que os clubes norte-americanos são maximizadores de lucro, já os clubes
europeus são maximizadores de vitórias.” (Pereira, 2018)

De facto, clubes com um aumento constante de receitas estão logicamente mais próximos de praticar
um maior investimento em jogadores e de obter melhores resultados desportivos.

Lago et al. (2004), como menciona Pereira (2018), analisaram o campeonato italiano e concluíram
que existe um círculo virtuoso entre resultados desportivos e recursos financeiros, sendo necessário
adquirir bons jogadores para obter um bom desempenho desportivo, o que consequentemente trará
mais receita, patrocinadores, fãs e aumentará o poder e competitividade do clube.

É justo dizer que, hoje em dia, o futebol é mais que um desporto e a diversidade de fontes financeiras
traz aos clubes mais capacidade de investir em melhores jogadores.

2.1 Receitas dos clubes

Como Figueiredo (2016) refere, atualmente os clubes do FPE (Futebol Profissional Europeu)
financiam-se através das seguintes fontes:

-Venda de Direitos Televisivos (DT), de rádios e Internet;

-Patrocínios de empresas e Merchandising;

-Bilheteira.

Existem outras formas de financiamento dos clubes, tais como empréstimos bancários, entrada nos
mercados bolsistas com a emissão de ações e obrigações, participação em competições europeias da
UEFA e venda de jogadores.

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2.1.1 Direitos Televisivos (DT)

O desenvolvimento dos mercados de transmissão televisiva faz aumentar a procura para o


visionamento de desportos, provocando concorrência entre os canais televisivos pelos DT. Desta forma,
os detentores de DT das modalidades/competições desportivas registam um aumento de receitas. Os
DT constituem um mercado em grande expansão. (Figueiredo, 2016)

2.1.2 Patrocínios e Merchandising

“O patrocínio desportivo é uma ferramenta de marketing usada para aumentar a notoriedade e


melhorar a imagem da marca entre potenciais clientes.

O valor do financiamento por parte dos patrocinadores varia consoante a audiência televisa e a
cobertura dos Media que advém da notoriedade que o clube ou modalidade desportiva têm. Os
recursos financeiros vindos dos patrocinadores, por sua vez, permitem que se contrate melhores
atletas e como consequência exista mais procura por parte dos media e dos consumidores. É de
destacar a importância do merchandising – venda de camisolas e artigos do clube – no Futebol
Profissional.” (Figueiredo, 2016)

2.1.3 Bilheteira

A Bilheteira é uma das maiores fontes de receitas dos Clubes de Futebol Profissional, sendo
especialmente relevante nos clubes amadores ou semiprofissionais.

Segundo Figueiredo (2016), a procura por parte dos adeptos depende das seguintes variáveis:

-Preço do bilhete;

-Poder de compra dos adeptos;

-Tamanho do segmento de mercado;

-Importância do resultado desportivo na competição em questão;

-Incerteza no resultado do jogo e da Liga.

Embora a Bilheteira seja uma das maiores fontes de receitas, o seu peso face ao VN tem decrescido.

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2.2 Despesas dos Clubes

As principais despesas dos clubes são:

2.2.1 Salários pagos aos jogadores, equipa técnica e outro pessoal de apoio;
- Os custos com salários são muito elevados nos clubes de futebol profissional. A verba
destinada a salários é o item mais significativo do orçamento de qualquer clube.

2.2.2 Manutenção de instalações;


- Os estádios e campos de treino são normalmente alvo de grandes investimentos, não só
aquando da construção, mas em toda a manutenção permanente de que carecem. O simples
tratamento do relvado, por exemplo, envolve despesas consideráveis ao longo de toda a época.

2.2.3 Encargos financeiros decorrentes de contratos com pessoal;


- Seguros, comissões resultantes de transferências de jogadores, pagamentos obrigatórios
à segurança social, etc.

2.2.4 Juros, amortizações e outros encargos financeiros decorrentes do crédito;


- Valor pago pelo clube decorrente dos empréstimos que obteve.

2.2.5 Despesas correntes (tais como: eletricidade, gás, água, etc).

2.3 Medidas do Financial Fair Play

De acordo com o Regulamento do Financial Fair Play em vigor, as principais medidas para conseguir a
estabilização financeira dos clubes são as seguintes:

-Impedir que os clubes gastem mais do que o total de receitas geradas, através de fiscalização e
aconselhamento financeiro a clubes que apresentem resultados operacionais negativos repetidamente;

-Controlar os valores pagos a jogadores em salários e transferências, através de fiscalização e


aconselhamento;

-Controlar os níveis de endividamento dos clubes através de indicações e aconselhamento, para que
possam apresentar um desenvolvimento financeiro sustentável;

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-Limitar o número de jogadores em cada plantel, contribuindo dessa forma para reduzir custos,
nomeadamente em salários e transferências.

2.3.1 Situação Financeira do Futebol Profissional Europeu (FPE)

A existência de uma crise de endividamento excessivo em diversas ligas do Futebol Europeu causada
pela desregulação do mercado de transferências (“Caso Bosman”), provocou um aumento de gastos
com o pessoal (em salários de jogadores) superior ao crescimento das receitas. Desta forma, os clubes
para se manterem competitivos desportivamente necessitaram de se endividar para acompanhar a
subida dos estr (Figueiredo, 2016).

“Em Portugal, vários estudos sugerem que se registou o mesmo padrão Europeu de inflação da rúbrica
de gastos com o pessoal, apresentando um crescimento dos gastos superior ao das receitas e
endividamento excessivo. Um estudo sobre as finanças dos clubes profissionais portugueses entre
1999/2000 e 2005/06 denota a existência de endividamento excessivo (Mourao, 2012).

Ribeiro & Lima (2011) concluíram, num estudo sobre as finanças dos clubes portugueses entre
2002/03 e 2008/09, que os recursos financeiros dos clubes da primeira liga em Portugal não são
usados de forma eficiente. Inácio (2013) concluiu também, num estudo sobre as finanças das SAD do
SCP, SLB e FCP, que estes clubes registaram problemas de liquidez e aumento do endividamento,
embora maioritariamente de curto prazo.” (Figueiredo, 2016)

Apesar deste endividamento excessivo, a maioria dos clubes europeus manteve como principal objetivo
a maximização dos resultados desportivos, que caracteriza o modelo europeu, em vez da maximização
dos resultados financeiros.

A UEFA, em 2011, para reduzir os problemas financeiros dos clubes implementou regulação financeira
a que apelidou de “Fair play financeiro”. Após a entrada em vigor desta regulação a nível europeu e
não de forma isolada, observou-se uma contração de despesas a nível médio em 3 das 5 principais
Ligas Europeias (Figueiredo, 2016).

A regulação financeira implementada pela entidade reguladora do Futebol Europeu registou efeitos
positivos nas finanças dos clubes, devendo ser aprofundada para corrigir os desequilíbrios financeiros
existentes no Futebol Profissional Europeu (FPE).

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Pereira (2018) encontrou na literatura estudos com relação entre o passivo total e o desempenho
desportivo dos clubes. Autores como Dimitropoulos (2009) e Wilson et al (2013) provaram que o
passivo total está negativamente correlacionado com o desempenho em campo, ou seja, os clubes
com maior nível de dívida alcançarão, a longo prazo, os piores resultados em campo. Este facto deve
estar presente nas decisões diárias dos clubes, a fim de garantir a estabilidade financeira que permitirá
obter mais ganhos e mais troféus.

Outra prioridade importante para as equipas é a boa definição do objetivo principal do clube. É
importante equilibrar a estabilidade financeira e o sucesso em campo, a fim de garantir o crescimento
do clube no médio e longo prazo. Somente essa estratégia permitirá a sustentabilidade dos clubes e
garantirá o futebol como rei do desporto e como entretenimento no futuro.

Barajas et al. (2017) diz-nos que as partes interessadas do setor não estão cientes da situação
financeira pela qual a maioria dos clubes profissionais de futebol europeu está passando.

Assim, o autor sugere que as informações financeiras sejam totalmente acessíveis às partes
interessadas, destacando até as informações cruciais.

Atualmente, muitos clubes colocam em suas páginas da web para ser visto pelos seus apoiantes, as
demonstrações financeiras anuais. Tendo como objetivo ter um impacto económico sobre as partes
interessadas, criando consciência sobre o ambiente económico-financeiro em que o clube se encontra.
Contudo, existem outros métodos com o objetivo de trazer os apoiantes à realidade económica do
clube, fornecendo informações mais elaboradas. Um desses métodos é chamado de Análise de
Decisão de Múltiplos Critérios (MCDA). Essa técnica é baseada em critérios qualitativos - por meio de
proporções e pesos - e faz com que esse processo de tomada de decisão melhore, reduzindo a
subjetividade, como nos refere Barajas et al. (2017).

Para Dimitropoulos et al. (2016), a administração europeia de clubes de futebol opera dentro de um
contexto exigente, marcado pelas diversas influências e pressões exercidas pelas partes
interessadas. Por um lado, o forte relacionamento com os apoiantes deu origem a uma cultura de
gestão dominante, que define o sucesso em campo como uma das principais prioridades e coloca
menos ênfase no desempenho financeiro. Consequentemente, a maioria dos clubes sofre dificuldades
financeiras e opera à beira da falência. Por outro lado, na tentativa de garantir a viabilidade a longo
prazo dos clubes, a entidade reguladora UEFA introduziu o FFPR, que enfatiza a monitorização da
atividade financeira dos clubes com base nos dados contabilísticos fornecidos.

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Segundo este autor a imposição de controles financeiros rígidos introduzidos pela UEFA alimentou e
perpetuou certos aspetos da cultura de gestão de clubes de futebol, uma vez que os gerentes apenas
minam a transparência dos relatórios financeiros para garantir o financiamento necessário.

O estudo de Dimitropoulos et al. (2016) demonstrou que, em detrimento da qualidade contabilística os


gerentes procuram intensamente projetar uma imagem de robustez financeira, a fim de garantir o
financiamento necessário. Foram também fornecidos insights sobre a teoria das partes interessadas,
demonstrando que, quando pressões diversas e financeiramente conflituantes são exercidas por partes
interessadas dominantes em setores com dificuldades financeiras, é altamente provável que a
qualidade da contabilidade se deteriore significativamente como resultado de esforços de gestão
empresarial para acomodar demandas opostas.

A teoria das partes interessadas, também conhecida como Teoria dos Stakeholders, sugere que as
entidades económicas sejam examinadas da perspetiva de gerentes que, operando em um contexto de
pressões diversas, se preocupam com estratégias para o sucesso corporativo contínuo (Collier, 2008 ;
Gray, Kouhy, & Lavers, 1995). No caso da indústria do futebol, para entender como a administração do
clube define prioridades estratégicas em relação às exigências das partes interessadas, é necessária
uma análise de sua distinção (Ogbonna & Harris, 2014). Entretanto, essas peculiaridades gerenciais
podem indicar uma tendência a minar a importância das medidas financeiras (Michie &
Oughton, 2005). Em nítido contraste com as influências exercidas pelos adeptos e a indulgência
demonstrada por outras partes interessadas, o órgão regulador da UEFA surge como uma parte
dominante com poder coercitivo, cujo objetivo principal é proteger a sustentabilidade a longo prazo dos
clubes de futebol europeus (UEFA, 2012 ).

A teoria das partes interessadas diz-nos que a administração dos clubes de futebol deve responder às
demandas conflituantes financeiramente exercidas pelas duas principais partes interessadas: seus
apoiantes e a UEFA (Dimitropoulos et al., 2016). Dado que o setor é historicamente marcado por seus
fortes relacionamentos com os apoiantes, os gerentes desenvolveram uma lógica segundo a qual a
satisfação dos apoiantes tem prioridade sobre o desempenho financeiro. Ao mesmo tempo, os
gerentes devem tentar atender aos rígidos requisitos da FFPR para continuar tendo acesso à UEFA e
outras fontes de financiamento maciço. Essa configuração exclusiva abre caminho para uma
deterioração da qualidade contabilística.

No caso da indústria do futebol, a intervenção regulatória da UEFA para garantir a estabilidade


económica dos clubes é alcançada principalmente através da monitorização dos dados contabilísticos

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dos clubes. No entanto, é provável que os dirigentes de clubes de futebol recorram a estratégias que
deteriorem a qualidade da contabilidade, a fim de acomodar os requisitos da entidade reguladora - uma
vez que a intenção da UEFA de disciplinar as finanças do clube ao introduzir a racionalidade económica
contradiz a lógica subjacente da prioridade administrativa para satisfazer as demandas de sucesso dos
apoiantes no campo de jogo a todo o custo.

Como tal, a UEFA deve levar em consideração que, num setor com dificuldades financeiras
caracterizado por uma cultura de gestão orientada principalmente para alcançar o sucesso no campo
de jogo, a imposição de monitoramento regulatório vinculado aos dados contabilísticos inevitavelmente
levará à deterioração da qualidade contabilística. Assim, os resultados desse esforço regulatório podem
divergir essencialmente dos propósitos pretendidos pelos formuladores de políticas e, por sua vez,
reduzir em vez de aumentar a transparência e a credibilidade da administração do clube. Portanto, os
reguladores também devem ter como objetivo alterar mentalidades institucionalizadas por meio de
mecanismos de gestão empresarial meticulosamente projetados (Dimitropoulos et al., 2016).

Por tudo isto, o endividamento dos clubes é uma questão importante por várias razões. Primeiro, ano
após ano, os clubes de futebol europeus aumentam suas dívidas como estratégia para cobrir suas
obrigações financeiras de curto prazo. Segundo, nem todos esses clubes mostram dívidas
sustentáveis; com uma dívida insustentável, os saldos de caixa e os ativos líquidos não cobrem os
valores da dívida, deteriorando o valor de mercado das empresas desportivas e o valor agregado do
próprio mercado. Por fim, o aumento do endividamento pode levar a fortes restrições sobre os salários
pagos aos jogadores de futebol, o que pode levar a uma menor qualidade do futebol competitivo no
futuro próximo, para as equipas mais endividadas (Mourao, 2012).

Este autor também refere que os clubes de primeira linha sempre foram os que tiveram acesso mais
fácil ao financiamento por bancos ou tomadores de empréstimos, o que também aumentou as
desigualdades dentro do campo europeu ou mesmo dentro de cada país.

Os clubes localizados em regiões mais densas ou mais ricas podem encontrar mais fontes de receita e
minimizar suas dívidas, daí o desenvolvimento económico regional ser um determinante significativo do
desempenho dos clubes de futebol e de suas receitas.

Segundo Mourao (2012), as principais hipóteses para determinantes da dívida dos clubes de futebol
portugueses são:

10
-Nível de salários pagos por cada clube;

-Nível de amortizações para cada clube;

-Nível de pontos conquistados nas temporadas atual e anterior, que dependem do tamanho dos
ativos de cada clube;

-E área de mercado potencial.

Os resultados deste estudo indicam que o endividamento passado, os custos salariais, a classificação
de cada equipa e área de mercado estão associados a aumentos no índice de endividamento.

É importante criar novos regulamentos sobre as ligas europeias de futebol, que minimizem as
desigualdades salariais que levaram ao aumento dos salários dos jogadores e a níveis atuais da dívida
das equipas europeias de futebol, sem reflexo na qualidade dos jogadores.

O estudo de Mourao (2012) sugere que uma fonte significativa do endividamento das equipas de
futebol portuguesas é a tendência crescente dos custos salariais. Portanto, estabilizar essa tendência é
essencial para o controle da dívida de futebol portuguesa e mundial.

Outra medida sugerida pelo autor poderia seguir o argumento de Pech (2010) de que uma distribuição
mais igualitária dos direitos televisivos nos clubes poderia levar a uma maior sustentabilidade no setor.
Caso contrário, uma distribuição menos igualitária leva à sobrevivência de alguns dos clubes.

A UEFA, com a implementação de um regulamento, procurou chamar a atenção para uma série de
questões, como melhorar a capacidade económico-financeira dos clubes e aumentar sua transparência
e credibilidade; proteger os credores, garantindo que os clubes liquidem suas responsabilidades com
jogadores, autoridades sociais / fiscais e outros clubes; incentivar clubes a operar com base em suas
próprias receitas e incentivar gastos responsáveis em benefício a longo prazo do futebol (Dimitropoulos
et al., 2016).

Para alcançar os objetivos acima mencionados, a UEFA introduziu uma estrutura financeira que deve
ser aplicada pelos clubes para que eles sejam licenciados para participar de prestigiados torneios
europeus. O relacionamento da agência entre os clubes e o órgão regulador baseia-se na premissa de
que a UEFA vinculou a adesão ao FFPR com a liberação de fundos vitais. O FFPR exige uma avaliação
plurianual das finanças do clube com base nos dados contabilísticos relatados, permitindo obter uma
visão de longo prazo da posição financeira. Os clubes que não cumprirem os indicadores financeiros
exigidos são obrigados a preparar orçamentos detalhando seus futuros planos estratégicos.

11
Para garantir a conformidade, a UEFA atribuiu deveres de monitorização e execução ao Painel de
Controle Financeiro do Clube, ao mesmo tempo que, lhe confere a capacidade de impor sanções
estritas em caso de desvios, incluindo a desqualificação de competições europeias, multas e retenções,
prémios em dinheiro e proibições de transferência. Além disso, essas penalidades podem resultar na
impossibilidade de os clubes se beneficiarem de outras fontes de financiamento associadas à venda de
ingressos, direitos de transmissão e transferências, além de atrair patrocinadores.

2.4. Fair Play Financeiro e o equilíbrio competitivo

De acordo com um estudo recente realizado por Ghio et al. ( 2019), na primeira divisão italiana,
mencionado por Dimitropoulos & Scafarto (2019), a introdução do FFP contribuiu para nivelar o campo
de jogo, reduzindo a diferença de eficiência entre clubes maiores e menores, o que significa que alguns
clubes administraram melhor seus recursos, aumentando sua eficiência económica sem prejudicar
seus resultados desportivos. Este facto é especialmente significativo para clubes menores que não
pertencem a proprietários extremamente ricos e têm recursos financeiros limitados.

Mourao (2016) sugere que os clubes devem tentar criar ciclos sustentáveis de transferência de
jogadores, procurando equilibrar um valor mais alto de contratações de jogadores em uma
determinada temporada com alienações valiosas na temporada seguinte, de modo a conciliar o ciclo de
competitividade de suas equipas com a sustentabilidade de suas finanças. De realçar que este
comportamento se torna ainda mais compensador no regime FFP devido à necessidade de diminuir
nos custos salariais e nas amortizações de transferências de jogadores.

Segundo Dimitropoulos & Scafarto (2019), e de acordo com o referido acima, pode-se esperar que o
FFP tenha impacto no trade-off entre a eficiência financeira e desportiva, uma vez que as restrições às
despesas podem alterar a forma como os clubes se comportam para alcançar o desempenho
desportivo (Ghio et al., 2019 ). Especificamente, pode-se esperar que o desempenho desportivo esteja
mais associado ao saldo de transferência líquida do que ao nível absoluto de gastos com salários.

Para Mourao (2016) os clubes que participam nos principais campeonatos da UEFA tendem a ser mais
eficientes nas atividades de negociação de jogadores, ou seja, tendem a ter um saldo líquido de
transferência superior. Seguindo a explicação proposta por Mourao (2016), Dimitropoulos & Scafarto
(2019) sugerem que os clubes envolvidos, ou que pretendam participar, em competições da UEFA
recebam um maior estímulo para criar ciclos sustentáveis de transferência de jogadores, estando mais

12
atentos ao valor das despesas efetuadas no passado de forma a evitar desequilíbrios na tesouraria e
assim destacar solidez financeira.

Apesar das boas intenções do FFP, existem críticas sobre os regulamentos, particularmente no que se
refere a sugestões de que os regulamentos financeiros terão um efeito adverso no equilíbrio
competitivo do futebol europeu (Freestone & Manoli, 2017). Essa questão tem recebido atenção
significativa na literatura até o momento e, ainda assim, merece uma análise mais aprofundada.

Freestone & Manoli (2017) dizem-nos que enquanto nos negócios o ideal é alcançar uma posição de
monopólio sobre a competição, tanto quanto a lei permite, no desporto o monopólio puro é um
desastre, porque as equipas desportivas precisam de opositores de força comparável para competir.

Embora uma resposta clara e unanimemente aceite nos debates em curso em torno do equilíbrio
competitivo ainda não tenha sido encontrada, o que fica evidente na literatura é que a dinâmica da
competição no futebol criou um ambiente em que os recursos financeiros são cada vez mais
importantes como um driver competitivo, como nos refere (Freestone & Manoli, 2017).

Segundo Freestone & Manoli (2017) a riqueza é a moeda com a qual o talento de jogo e de gestão é
adquirido, portanto, os recursos financeiros tornaram-se um antecedente integral para o sucesso,
sugerindo que o futebol europeu de clubes se desenvolveu em um ambiente de maximização de
vitórias, deixando para trás o modelo de maximização de lucros que anteriormente dominava o futebol
europeu, e continua sendo o modelo de propriedade mais popular nos desportos dos EUA. É por esta
razão que os recursos financeiros no futebol são comumente mal administrados e mal utilizados,
gerando uma grande preocupação com o futuro do futebol de clubes europeus e sua falta de foco na
eficiência funcional.

A situação é preocupante por duas razões principais, como menciona Freestone & Manoli (2017):
primeiro, porque esta situação cria um ambiente financeiramente instável e volátil que pode ameaçar a
viabilidade de longo prazo dos clubes europeus de futebol.

A segunda grande preocupação, referida por Freestone & Manoli (2017), é o aumento da prevalência
do “doping financeiro”, a prática de contar com financiamento significativo de benfeitores externos para
cobrir perdas perpétuas, ganhando assim uma vantagem financeira sobre a concorrência. Esses
benfeitores externos investem enormes quantias em clubes e tornam-se seus proprietários, geralmente
pelo prestígio e utilidade associados ao sucesso desportivo, e com pouca ou nenhuma consideração
pelas perdas financeiras que tais esforços exigem. Acontece agora que mais de metade dos clubes das

13
principais divisões da Europa são criadores de perdas perpétuas, gastando dinheiro que eles não têm.
A aplicação do termo “doping” a este contexto é um indicativo de tentativas dos clubes em obter uma
vantagem ilegítima por meio da manipulação artificial da competitividade natural inerente ao desporto.

A consequência desse fenómeno foi a distorção negativa do equilíbrio competitivo dentro e entre as
ligas europeias.

Esta destrutiva “corrida armamentista” que se desenvolveu, vê os clubes arriscando sua saúde
financeira de longo prazo para alcançar o sucesso desportivo de curto prazo. Em tal ambiente, a
competitividade desportiva de um clube não é determinada por sua lucratividade ou liquidez financeira,
mas por seu poder de compra (Freestone & Manoli, 2017).

Foi contra estas preocupações crescentes que a UEFA introduziu os seus próprios regulamentos FFP,
concebidos para regular o comportamento financeiro dos clubes que competem nas competições de
clubes da UEFA.

O FFP serviu assim para introduzir disciplina e racionalidade no futebol europeu, e fez com que se
mudasse o foco da competição de injeções financeiras externas para uma boa gestão e eficiência.

Um estudo de Preuss et al., (2014) sobre a abordagem da teoria dos jogos ilustrou o mecanismo de
como os clubes podem se comportar após a implementação do conceito do
FFP. Foi mostrado sob que parâmetros e circunstâncias que a UEFA pode não ser capaz de
efetivamente atingir a meta ambiciosa de regular o jogo limpo.

Este estudo mostra-nos que a lacuna entre clubes pobres e clubes com maiores receitas aumentam
em cada rodada, enquanto para o clube vencedor os custos extra diminuem continuamente devido à
reduzida necessidade de contornar os regulamentos (e, portanto, o reduzido risco de condenação). Por
outro lado, a estratégia dominante continua atraente para grandes clubes, uma vez que estão em um
equilíbrio competitivo com os outros grandes clubes. Enquanto houver lacunas, eles irão, portanto,
estar inclinados a explorá-las para ganharem vantagem competitiva. Portanto, Preuss et al., (2014)
mostra que, ao contrário da opinião de Müller,Lammert & Hovemann (2012), o FFP não limita as
possibilidades de doping financeiro, mas até pode aumentá-lo para clubes com receitas mais altas.

Em qualquer caso, assume-se que os novos regulamentos resultam em custos mais elevados de
contabilidade (explorando lacunas) e, portanto, menos dinheiro estará disponível para investimento em
talentos.

14
Os resultados deste estudo também permitem derivar algumas implicações para a UEFA: a situação do
equilíbrio competitivo cria incentivos para contornar os regulamentos. Esta situação só pode ser
resolvida por completa transparência de todas as transações financeiras seguido por sanções maiores
do que os benefícios esperados para comportamento desviante.

O FFP visa de facto corrigir a especulação nos negócios de futebol, mas também visa que os próprios
clubes tenham sustentabilidade e através desta que a própria indústria do mundo do futebol tenha
sustentabilidade e, para isso é importante focarmo-nos num conjunto de indicadores que espelhem a
realidade dos clubes e da indústria do futebol. Nomeadamente, o saldo de transferências visto como o
grande indicador de cotação da dinâmica dos clubes de futebol na atualidade, o Resultado Líquido visto
como o indicador genérico da capacidade operacional de uma empresa, e o endividamento visto como
um dos grandes fatores que obriga a que a empresa condicione as suas opções em função da
necessidade de ter de recorrer aos mercados financeiros para cumprir os seus objetivos de ampliação
e de cumprimento das obrigações de curto-prazo.

15
3. Hipótese de Trabalho

O objetivo do estudo que se pretende elaborar passa por tentar perceber a influência que a imposição
do Regulamento Financial Fair Play (FFP) teve no desempenho financeiro dos clubes.

H1: O Fair Play Financeiro melhorou a sustentabilidade financeira dos clubes portugueses.

16
4. Metodologia de teste da Hipótese de Trabalho

Embora os regulamentos do FFP tenham sido aprovados em 2010 e as primeiras avaliações tenham
sido feitas em 2011, a avaliação do “ponto de equilíbrio” começou em 2013. O ponto de equilíbrio
exige que os clubes equilibrem as receitas e despesas para evitar a acumulação de dívidas
insustentáveis. Os clubes são monitorados a cada temporada e as suas contas nas três últimas
temporadas são investigadas.

Até o momento, vários clubes foram multados devido ao não cumprimento dos regulamentos do FFP,
entre eles posso mencionar o Sporting Clube de Portugal, o PFC Levski Sofia e o FK Vardar.

Os determinantes que utilizarei para este estudo para analisar a dívida dos clubes de futebol
profissional portugueses são os mencionados por Mourao (2012):

-Nível de salários pagos por cada clube;

-Nível de amortizações para cada clube;

-Nível de pontos conquistados nas temporadas atual e anterior, que dependem do tamanho dos ativos
de cada clube;

-E área de mercado potencial.

De acordo com Neves (2017), a estrutura financeira de uma empresa carateriza-se pela importância
relativa das diferentes fontes de financiamento comparativamente com as diferentes formas de
aplicações desses recursos.

Este autor também definiu alguns princípios orientadores, no que à estrutura financeira diz respeito: a
solidez e o equilíbrio financeiro estarão tanto mais assegurados quanto maior for o capital próprio em
comparação com o alheio; ao usar capital alheio, quanto maior for o capital alheio de médio e longo
prazo, tanto melhor para a solidez e o equilíbrio financeiro.

Para este estudo, para poder determinar o nível de endividamento de cada clube, serão considerados
os seguintes rácios de alavancagem financeira e de estrutura de capitais:

𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑖𝑠 𝑃𝑟ó𝑝𝑟𝑖𝑜𝑠
𝑅á𝑐𝑖𝑜 𝑑𝑒 𝐴𝑢𝑡𝑜𝑛𝑜𝑚𝑖𝑎 𝐹𝑖𝑛𝑎𝑛𝑐𝑒𝑖𝑟𝑎 (%) = × 100
𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜

17
O rácio de autonomia financeira é um rácio que varia entre 0 e 1 (embora possa assumir valores
negativos quando o capital próprio da empresa é negativo), e que representa a percentagem dos ativos
totais da empresa financiada por capitais próprios. Quanto maior o seu valor, menor o peso dos
capitais alheios no financiamento dos ativos da empresa e menores os respetivos encargos financeiros
(juros de empréstimos obtidos) (Maio da Nova Monteiro, 2018).

𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑖𝑠 𝑃𝑟ó𝑝𝑟𝑖𝑜𝑠
𝑅á𝑐𝑖𝑜 𝑑𝑒 𝑆𝑜𝑙𝑣𝑎𝑏𝑖𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 (%) = × 100
𝑃𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑜

O rácio de solvabilidade permite avaliar se os ativos que uma empresa tem ao seu dispor, lhe
possibilitam o pagamento de todas as responsabilidades pecuniárias. Se uma empresa não tem
solvabilidade, então dir-se-á que está falida. Uma entidade está solvente do ponto de vista económico
quando apresenta um capital próprio que garanta a liquidação do seu passivo e tenha expetativas de
resultados que garantam a sua sobrevivência futura (Maio da Nova Monteiro, 2018).

𝑃𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑜
𝑅á𝑐𝑖𝑜 𝑑𝑒 𝐸𝑛𝑑𝑖𝑣𝑖𝑑𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 (%) = × 100
𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜

O rácio de endividamento indica a dimensão com que a empresa utiliza capital alheio no
financiamento, quanto maior o seu valor, maior o peso dos capitais alheios no financiamento dos ativos
da empresa e maiores os respetivos encargos financeiros (Maio da Nova Monteiro, 2018).

𝑃𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑜 𝐶𝑜𝑟𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒
𝑅á𝑐𝑖𝑜 𝑑𝑒 𝐸𝑠𝑡𝑟𝑢𝑡𝑢𝑟𝑎 𝑑𝑒 𝐸𝑛𝑑𝑖𝑣𝑖𝑑𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 (%) = × 100
𝑃𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑜

O rácio de estrutura de endividamento tem como objetivo quantificar o grau de endividamento, no curto
prazo ou no médio e longo prazo, ou seja, o seu grau de maturidade. Não interessa apenas conhecer o
grau de endividamento, mas também o modo como este se estrutura. Se o endividamento é, em
determinada empresa, sobretudo de curto prazo, trará, certamente, maiores pressões à tesouraria do

18
que se esse endividamento for sobretudo de longo prazo. Quanto maior for o rácio, tanto maior será o
peso das dívidas de curto prazo nas dívidas totais (Maio da Nova Monteiro, 2018).

É importante analisar os rácios de endividamento, pois permitem aferir em que medida os ativos são
financiados por capitais alheios ou por capitais próprios numa determinada empresa. Desta forma é
possível estimar a intensidade da dependência de terceiros através do grau de utilização que a
empresa faz do seu passivo, permitindo medir a capacidade de a empresa fazer face aos
compromissos financeiros de curto e medio/longo prazo (Figueiredo, 2016).

19
5. Ensaios Preliminares

Foram calculados rácios através de dados retirados dos relatórios e contas anuais dos clubes e
também da CMVM para determinar o nível de endividamento de cada clube e também para perceber
se as contas dos clubes se encontram estáveis ao longo do tempo ou se existe grandes oscilações bem
como se se alteraram devido à introdução do FFP. Para isso foi analisado um período temporal de
2008 a 2019; contudo há clubes onde não há informações disponíveis dos relatórios de contas para
todos os anos em análise havendo apenas dos anos mais recentes. Foi feita uma recolha dos dados
classificativos da liga desde a temporada 2008/2009 até 2018/2019 para também percebermos a
estabilidade de cada clube, pois se os clubes não apresentam boa saúde financeira é natural que a sua
performance desportiva apresente grande volatilidade.

5.1. Resultados dos Rácios de alavancagem financeira e estrutura de capitais

Quadro 1 - Sport Lisboa e Benfica Futebol, SAD


Rácio de Rácio de Rácio de Rácio de Estrutura
autonomia Solvabilidade Endividamento de Endividamento
financeira (%) (%) (%) (%)
2008 15,55 18,42 84,45 56,84
2009 -7,09 -6,62 107,09 79,82
2010 1,95 1,99 98,05 45,30
2011 0,64 0,65 99,36 44,42
2012 -3,44 -3,32 103,44 60,71
2013 -5,71 -5,41 105,71 61,01
2014 -1,91 -1,87 101,91 63,19
2015 0,13 0,13 99,87 74,74
2016 4,39 4,59 95,61 57,94
2017 13,38 15,45 86,62 32,36
2018 17,90 21,80 82,10 54,05
2019 23,20 30,21 76,80 45,38
Teste t 0,612 0,579 0,611 0,966
Fonte: Relatórios anuais dos clubes e cálculo/ elaboração da autora. A amarelo os valores associados
ao período de implementação do FFP. P-value do Teste-t entre 2008-2011 e 2012-2019, apresentado
na última linha da tabela.

20
Quadro 2 - Sporting Clube de Portugal - Futebol, SAD
Rácio de Rácio de Rácio de Rácio de Estrutura
autonomia Solvabilidade Endividamento de Endividamento
financeira (%) (%) (%)
(%)
2008 -1,81 -1,78 101,81 33,15
2009 -12,64 -11,22 112,64 15,95
2010 -32,52 -24,54 132,52 27,13
2011 -21,72 -17,84 121,72 67,87
2012 -52,35 -34,36 152,35 43,49
2013 -85,62 -46,13 185,62 55,55
2014 -80,43 -44,58 180,43 68,69
2015 2,99 3,08 97,01 41,76
2016 -11,12 -10,01 111,12 42,73
2017 1,78 1,81 98,22 61,29
2018 -4,95 -4,72 104,95 61,35
2019 -7,84 -7,27 107,84 43,37
Teste t 0,415 0,663 0,415 0,246
Fonte: Relatórios anuais dos clubes e cálculo/ elaboração da autora. A amarelo os valores associados
ao período de implementação do FFP. P-value do Teste-t entre 2008-2011 e 2012-2019, apresentado
na última linha da tabela.

Quadro 3 - Futebol Clube do Porto – Futebol, SAD

Rácio de autonomia Rácio de Rácio de Rácio de Estrutura


financeira (%) Solvabilidade Endividamento (%) de Endividamento
(%) (%)
2009 12,14 13,82 87,86 76,69
2010 12,48 14,26 87,52 71,72
2011 10,34 11,53 89,66 69,73
2012 -5,07 -4,83 105,07 74,75
2013 4,60 4,82 95,40 67,89
2014 -16,50 -14,16 116,50 77,24
2015 23,13 30,10 76,87 54,85
2016 6,90 7,41 93,10 57,87
2017 -2,41 -2,36 102,41 58,38
2018 -8,95 -8,21 108,95 45,99
2019 -9,32 -8,53 109,32 51,43
Teste t 0,023 0,037 0,023 0,028
Fonte: Relatórios anuais dos clubes e cálculo/ elaboração da autora. A amarelo os valores associados
ao período de implementação do FFP. P-value do Teste-t entre 2009-2011 e 2012-2019, apresentado
na última linha da tabela.

21
Quadro 4 - Rio Ave Futebol Clube-Futebol SDUQ, Lda.
Rácio de Rácio de Rácio de Rácio de Estrutura
autonomia Solvabilidade Endividamento (%) de Endividamento
financeira (%) (%) (%)
2014 21,02 26,61 78,98 93,34
2015 14,66 17,18 85,34 97,81
2016 6,14 6,55 93,86 85,98
2017 26,35 35,77 73,65 52,58
2018 37,21 59,27 62,79 77,34
2019 40,29 67,47 59,71 59,64
Teste t entre 0,521 0,635 0,521 0,962
Rio Ave e
Braga
Fonte: Relatórios anuais dos clubes e cálculo/ elaboração da autora. A amarelo os valores associados
ao período de implementação do FFP. P- value do Teste-t entre Rio Ave e Braga de 2015 a 2019.

Quadro 5 - Sporting Clube de Braga – Futebol SAD


Rácio de Rácio de Rácio de Rácio de Estrutura
autonomia Solvabilidade Endividamento (%) de Endividamento
financeira (%) (%) (%)
2015 27,32 37,58 72,68 87,20
2016 42,63 74,30 57,37 99,37
2017 30,51 43,92 69,49 70,73
2018 22,50 29,04 77,50 60,98
2019 26,70 36,42 73,30 57,88
Teste t entre 0,521 0,635 0,521 0,962
Rio Ave e
Braga
Fonte: Relatórios anuais dos clubes e cálculo/ elaboração da autora. A amarelo os valores associados
ao período de implementação do FFP. P- value do Teste-t entre Rio Ave e Braga de 2015 a 2019.

22
Quadro 6 - Marítimo da Madeira- Futebol, SAD
Rácio de autonomia Rácio de Rácio de Rácio de Estrutura
financeira (%) Solvabilidade Endividamento (%) de Endividamento
(%) (%)
2017 49,32 97,32 50,68 75,22
2018 60,46 152,91 39,54 68,41
Teste t entre 0,103 0,084 0,103 0,090
Marítimo e
Belenenses
Fonte: Relatórios anuais dos clubes e cálculo/ elaboração da autora. A amarelo os valores associados
ao período de implementação do FFP. P-value do Teste-t entre Marítimo e Belenenses de 2017 a 2018.

Quadro 7 - Futebol Clube de Famalicão – Futebol SAD


Rácio de Rácio de Rácio de Rácio de Estrutura
autonomia Solvabilidade Endividamento (%) de Endividamento
financeira (%) (%) (%)
2018 -0,94 -0,93 100,94 17,44
2019 -207,48 -67,48 307,48 33,01
Teste t entre 0,458 0,371 0,458 0,100
Famalicão e
Vitória
Fonte: Relatórios anuais dos clubes e cálculo/ elaboração da autora. A amarelo os valores associados
ao período de implementação do FFP. P-value do Teste-t entre Famalicão e Vitória de Guimarães de
2018 a 2019.

Quadro 8 - Os Belenenses – Sociedade Desportiva de Futebol, SAD

Rácio de autonomia Rácio de Rácio de Rácio de Estrutura


financeira (%) Solvabilidade Endividamento (%) de Endividamento
(%) (%)
2017 -291,18 -74,44 391,18 88,53
2018 -191,57 -65,70 291,57 84,67
2019 -126,48 -55,85 226,48 83,30
Teste t entre 0,103 0,084 0,103 0,090
Marítimo e
Belenenses
Fonte: Relatórios anuais dos clubes e cálculo/ elaboração da autora. A amarelo os valores associados
ao período de implementação do FFP. . P-value do Teste-t entre Marítimo e Belenenses de 2017 a
2018.

23
Quadro 9 - Vitória Sport Clube - SAD
Rácio de autonomia Rácio de Rácio de Rácio de Estrutura
financeira (%) Solvabilidade Endividamento (%) de Endividamento
(%) (%)
2018 11,74 13,30 88,26 66,57
2019 15,86 18,85 84,14 70,13
Teste t entre 0,458 0,371 0,458 0,100
Famalicão e
Vitória
Fonte: Relatórios anuais dos clubes e cálculo/ elaboração da autora. A amarelo os valores associados
ao período de implementação do FFP. P-value do Teste-t entre Famalicão e Vitória de Guimarães de
2018 a 2019.

De seguida serão exibidos gráficos relativos aos rácios em estudo para os clubes de futebol
identificados acima. A análise será elaborada na secção seguinte.

Gráfico 1 - Rácio de Endividamento

Rácio de Endividamento (%)


1000

100

10
2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019

Benfica Sporting Porto


Braga Vitória Guimarães Rio Ave
Marítimo Famalicão Belenenses

Fonte: Relatórios anuais dos clubes e elaboração da autora

24
Gráfico 2 - Rácio Estrutura do Endividamento

Rácio Estrutura do Endividamento (%)


120,00

100,00

80,00

60,00

40,00

20,00

0,00
2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019

Benfica Sporting Porto


Braga Vitória Guimarães Rio Ave
Marítimo Famalicão Belenenses

Fonte: Relatórios anuais dos clubes e elaboração da autora

Gráfico 3 - Rácio de Autonomia Financeira

Rácio de Autonomia Financeira (%)


100,00
50,00
0,00
-50,00
-100,00
-150,00
-200,00
-250,00
-300,00
-350,00
2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019

Benfica Sporting Porto


Braga Vitória Guimarães Rio Ave
Marítimo Famalicão Belenenses

Fonte: Relatórios anuais dos clubes e elaboração da autora

25
Gráfico 4 - Rácio de Solvabilidade

Rácio de Solvabilidade (%)


200,00

150,00

100,00

50,00

0,00

-50,00

-100,00
2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019

Benfica Sporting Porto


Braga Vitória Guimarães Rio Ave
Marítimo Famalicão Belenenses

Fonte: Relatórios anuais dos clubes e elaboração da autora

5.1.1. Análise

Temos 9 clubes de futebol profissional português em análise, que são eles: SLB, SCP, FCP, Rio Ave,
SCB, Marítimo, Famalicão, Belenenses e VSC.

Fazendo uma análise global sobre os resultados dos rácios dos clubes de futebol portugueses em
estudo, podemos dizer que, de um modo geral, os clubes têm diminuído os seus níveis de
endividamento. Este movimento é um bom indicador e um dos objetivos da UEFA quando implementou
em 2011 o Regulamento do Financial Fair Play. Pode-se destacar também que após esta
implementação, ou seja, após o ano de 2011, as contas dos clubes estão mais controladas, pelo que,
no geral, houve uma melhoria da performance financeira destes clubes.

Passando agora para uma análise individual dos rácios dos clubes, podemos começar com o Benfica
que apresentou resultados positivos, pois conseguiu diminuir o seu rácio de endividamento. É também
de sublinhar que além de ter diminuído o nível de endividamento, o peso das dívidas de curto prazo
nas dívidas totais também diminuiu, o que é um bom fator porque assim há menos pressão na
tesouraria do clube (Maio da Nova Monteiro, 2018). A par disto a autonomia financeira e a
solvabilidade do clube aumentaram.

26
Esta tendência de diminuição do rácio de endividamento e aumento do rácio de autonomia financeira e
solvabilidade foi também verificada pelo Rio Ave, Braga, Marítimo e Vitória de Guimarães.

O Belenenses e o Famalicão são os clubes que mostram o maior nível de endividamento, tendo obtido
valores bastante elevados. Isto cria uma pressão enorme nas contas destes clubes daí os seus rácios
de autonomia financeira e solvabilidade apresentarem valores negativos elevados.

O Futebol Clube do Porto e o Sporting Clube de Portugal nos últimos 3 e 2 anos, respetivamente,
aumentaram ligeiramente os seus rácios de endividamento. Diminuíram também as suas dívidas de
curto-prazo, o que é um aspeto positivo. No entanto, este aumento ainda que ligeiro do rácio de
endividamento levou à perda de autonomia financeira e de solvabilidade destes clubes.

Concluindo, os clubes que apresentam os melhores resultados na amostra em questão são o Benfica o
Rio Ave e o Marítimo. Enquanto que, os clubes que apresentam os piores resultados, são o Belenenses
e o Famalicão.

São apenas 9 os clubes em análise, porque são os únicos que têm a informação dos seus relatórios e
contas disponíveis para visualizar publicamente, os outros clubes não apresentam relatórios e contas
públicos e como é difícil o acesso a essas informações daí não entrarem para a análise.

Foi realizado o Teste-t com uma distribuição bicaudal entre duas amostras de variância desigual
(heterocedásticas) ao nível de significância de 95% para testar se há diferenças entre as médias. Esta
análise não paramétrica dá-nos a possibilidade de avaliar se houve ou não quebras de estrutura.

Para o Benfica, Porto e Sporting como há dados suficientes foi feita uma análise para avaliar se há
diferenças entre as médias antes da introdução do regulamento do FFP e após este. Já para os
restantes clubes dado não haver dados para todos os anos o que foi feito foi comparar as médias entre
cada dois clubes.

Considerando o resultado deste teste não paramétrico para o Benfica é possível averiguar que há uma
coincidência quase de dados, ou seja, não houve uma mudança estrutural entre 2008-2011 e 2012-
2019. O resultado deste teste para o Sporting é de que não existe diferença entre as médias, sendo
que podemos ressalvar que a proximidade entre as médias para a estrutura de endividamento é
consideravelmente superior no caso do Benfica.

27
No caso do Porto os resultados são de que existe uma diferença de médias, o que sugere que houve
uma mudança estrutural. De realçar que entre todos os clubes em análise foi o único que apresentou
uma mudança estrutural face aos outros para este teste não paramétrico.

Entre o Rio Ave e o Braga houve aqui em termos de autonomia financeira e endividamento uma
proximidade em 52%. A estrutura de endividamento é onde existe um valor mais alto de proximidade
na casa dos 96% por existir uma corrida ao endividamento por parte dos clubes.

Entre o Marítimo e o Belenenses a proximidade de médias é consideravelmente baixa, sendo a mais


baixa em relação aos outros testes realizados para os clubes individualmente e para os pares de
clubes. Em termos e autonomia financeira e endividamento verificamos uma proximidade em 10%.
Temos uma proximidade em termos de solvabilidade e estrutura de endividamento em 8% e 9%,
respetivamente.

Por fim entre o Famalicão e o Vitória de Guimarães temos uma proximidade em termos de estrutura de
endividamento de 99%, denotando aqui a dependência destes clubes pelo endividamento. A
solvabilidade é onde existe uma proximidade mais baixa de 37%. A média da autonomia financeira e do
endividamento são idênticas entre estes clubes, sendo esta proximidade de médias de 45% para
ambos os indicadores.

5.2. Classificações da Liga desde 2008/2009 a 2018/2019


5.2.1. Análise

A Primeira Liga de futebol profissional português é disputada, atualmente, por dezoito clubes, num
sistema de promoção e despromoção com a Segunda Liga.

As equipas melhor classificadas qualificam-se para as competições europeias, designadamente, para


a Liga dos Campeões (campeão e 2º classificado com acesso à 3ª pré-eliminatória) e à Liga Europa (3º
classificado tem acesso direto, enquanto o 4º tem acesso à 3ª pré-eliminatória, e o 5º classificado tem
acesso à 2ª pré-eliminatória). Os clubes classificados em 17º e 18º lugares são despromovidos
à Segunda Liga, por troca com os 1º e 2º classificados desta prova que são assim promovidos à
Primeira Liga.

Adicionalmente, as equipas da Primeira Liga participam na Taça de Portugal e na Taça da Liga,


entrando na 3ª e 2ª eliminatórias destas competições, respetivamente.

28
As principais competições do país são naturalmente a Primeira Liga, a Taça de Portugal, a Taça da
Liga e a Supertaça Cândido de Oliveira.

Os clubes que ficam nos lugares cimeiros têm pouca oscilação classificativa, pois conseguem entrar
nas grandes competições angariando assim fundos monetários superiores às equipas que não se
conseguem classificar para estas importantes competições, fazendo com que a sua estabilidade
financeira se denote na boa performance desportiva. É também de realçar que naturalmente as
equipas cuja classificação lhes permite o acesso às competições europeias ganham mais verbas, mas
têm também de investir mais no seu plantel para conseguirem alcançar os resultados desejados a fim
de chegar mais longe nas mesmas.

Assim sendo, fazendo uma análise das tabelas classificativas desde a temporada 2008/2009 à
temporada 2018/2019 é de fácil perceção que os clubes que menos oscilam pelas razões
apresentadas acima são: Benfica, FC Porto, Sporting, SC Braga, Rio Ave e Vitória de Guimarães. As
tabelas classificativas encontram-se em Anexos (Anexo I).

Segundo Mourao (2012) os clubes localizados em regiões mais densas ou ricas podem encontrar mais
fontes de receita e minimizar suas dívidas. Em Portugal temos os chamados três grandes do futebol
que são eles: o SLB, o SCP e o FCP. Sendo importante realçar que estes clubes pertencem às duas
grandes metrópoles portuguesas, nomeadamente, Lisboa e Porto.

O Nacional é uma equipa que apresenta uma grande oscilação classificativa entre as épocas
2008/2009 e 2016/2017, época na qual desceu para a segunda liga, e regressa à primeira liga
passado uma época.

O V.Setúbal e o Marítimo também apresentam grande oscilação, no entanto, nas épocas em análise
nunca desceram para a segunda liga, conseguiram sempre manter-se na primeira liga apesar das suas
oscilações. De referir que o Marítimo alcança por tendência lugares superiores ao V.Setúbal.

Já o Moreirense, Boavista e Belenenses a partir da época 2014/2015 até à última em estudo, exibem
apenas alguma oscilação, alcançando época após época lugares muito similares aos conseguidos na
temporada anterior.

Os restantes clubes presentes na primeira liga estão sempre em constante alteração, descendo uns
subindo outros, pois são equipas que não apresentam grande estabilidade financeira e isso leva a que
não consigam ter um plantel e uma equipa técnica forte e consistente, por este motivo estas equipas
não conseguem manter-se muito tempo na primeira liga.

29
5.3. Teste de Hipóteses

Para testar a hipótese 1 de que o Financial Fair Play melhorou a sustentabilidade financeira dos clubes
portugueses a ideia passa por testar quebras de estrutura para cada clube bem como para o conjunto
dos clubes. Esta hipótese também será testada através da introdução de uma dummy que identifique o
período de vigência do FFP e analisar como este alterou a estrutura dos indicadores financeiros dos
clubes de futebol sendo certo que vamos controlar esta dummy pela inclusão de outras variáveis que
tenham sido estudadas na literatura.

O ponto de corte é 2012 ano em que entra oficialmente em vigor na europa o Regulamento do FFP.

Será utilizado para os modelos a especificação da Regressão Linear Simples para Dados em Painel:

Yit=β0+β1.X1it+ β2*FFP(dummy)+uit

Onde,

-Y𝑖𝑡 é a variável dependente (associada aos indicadores financeiros dos clubes)

- 𝛽0 é a constante

-𝛽1 é um vetor de k × 1 dos parâmetros a serem estimados nas variáveis explicativas

-X1𝑖𝑡 é o vetor de 1 × k das observações das variáveis explicativas

-dummy é a variável binária neste caso identificativa do período de vigência do FFP

- uit é o termo de erro

-t = 1, ..., T (T=186)

-i = 1, ..., N (N=34)

5.4. Dados e variáveis empíricas

Teste de Especificação – Hausman

A ideia do teste de Hausman é comparar as estimativas de efeitos aleatórios com as de efeitos fixos.
Diferenças significativas entre elas sugerem a inconsistência dos estimadores de efeitos aleatórios. Em
outras palavras, sejam os estimadores dos modelos de efeitos fixos (βEF) e de efeitos aleatórios (βEA),
(Baltagi, B.(2005)):

30
y = XβEF +w e y = XβEA +w

Na ausência de correlação entre os efeitos (individuais ou temporais) e os regressores X, ambos os


estimadores βEF e βEA serão consistentes e βEA será relativamente mais eficiente. Como condição
para a hipótese nula, o teste de Hausman assume a consistência dos estimadores de efeitos aleatórios.
Em outras palavras:

H0: βEA são consistentes (ausência de correlação entre efeitos e regressores)

A estatística utilizada no teste, também chamada de estatística m será dada por, (Baltagi, B.(2005)):

A qual terá uma distribuição com k graus de liberdade, onde k é o número de fatores explanatórios
de cada modelo. Rejeitar a hipótese nula significa afirmar que há correlação entre os efeitos e os
regressores e, consequentemente, os estimadores do modelo de efeitos aleatórios não serão
consistentes. Em outras palavras, deve-se trabalhar com efeitos fixos.

Posteriormente devemos perceber se devemos aceitar ou rejeitar a hipótese nula do teste. Para isso
iremos observar o valor da Prob>chi2.

Se este for < 0.05 então rejeitamos a hipótese nula do teste e devemos usar o modelo de efeitos fixos
na nossa estimação. Se, pelo contrário, este valor for > 0.05 então não rejeitamos a hipótese nula e o
modelo de efeitos aleatórios deve ser adotado na nossa estimação.

O R-quadrado é uma medida estatística de quão próximos os dados estão da linha de regressão
ajustada. Ele também é conhecido como o coeficiente de determinação ou o coeficiente de
determinação múltipla para a regressão múltipla.

A definição do R-quadrado é bastante simples: é a percentagem da variação da variável resposta que é


explicada por um modelo linear. Ou:

R-quadrado = Variação explicada/Variação total

O R-quadrado está sempre entre 0 e 100%:

0% indica que o modelo não explica nada da variabilidade dos dados de resposta ao redor de sua
média.

100% indica que o modelo explica toda a variabilidade dos dados de resposta ao redor de sua média.

31
Em geral, quanto maior o R-quadrado, melhor o modelo se ajusta aos seus dados. No entanto, existem
condições importantes para esta diretriz. Segundo Kennedy (2008), supõe-se que o coeficiente de
determinação, R2, represente a proporção da variação da variável dependente que é explicada pela
variação das variáveis independentes. Quanto maior o valor de R², mais explicativo é o modelo.

Abaixo serão apresentados os resultados estimados pelo software STATA a vários modelos de dados
em painel que consistem no teste a uma variável dummy(FFP) em comum. Dentro desses modelos
usarei o Teste de Hausman, o que permite definir o modelo que considerarei na minha estimação
(discutindo entre o Modelo de Efeitos Fixos ou o Modelo de Efeitos Aleatórios).

5.4.1. Resultados

Tabela 1 - Estatísticas Descritivas


Variáveis Obs Média Desvio Mínimo Máximo
Padrão
Saldo 186 7150048 1,89e+07 -3,10e+07 1,30e+08
transferências
RL 49 -5137583 2,21e+07 -5,80e+07 4,50e+07
Endividamento 47 1,071196 0,5815967 0,3958333 3,954545
Despesas 186 5905806 1,29e+07 0 5,60e+07
transferências
Receitas 186 1,30e+07 2,68e+07 0 1,40e+08
transferências
Gastos com 49 3,77e+07 2,75e+07 3900000 9,70e+07
pessoal
D/A 49 3635184 4233539 77000 1,50e+07
Aut_financeira 47 -0,0733332 0,5814613 -2,954545 0,625
Solvabilidade 47 0,0826847 0,3824634 -0,7471265 1,578947
Estrutura_endiv 47 0,6343372 0,1841222 0,1594603 1
grandes 186 0,1774194 0,3830543 0 1
fpf 186 0,7365591 0,4416884 0 1
Fonte: Trabalho da autora com base nas contas dos clubes identificados ao longo do trabalho.

Neste subcapítulo vamos apresentar os resultados derivados das estimações que fizemos da equação
da especificação da Regressão Linear Simples para Dados em Painel.

Vamos dividir esta subsecção considerando os vários indicadores que já enunciamos previamente
como indicadores da realidade financeira, tais como, o saldo de transferências, o Resultado Líquido e o
endividamento.

32
Saldo de transferências como variável dependente em função das despesas de
transferências e do FPF

Utilizarei para este caso o modelo de efeitos fixos.

−𝟎, 𝟖𝟏𝟏 𝟕𝟐𝟒𝟒𝟑𝟐𝟑 𝟔𝟔𝟎𝟓𝟓𝟏𝟖


𝑺𝒂𝒍𝒅𝒐 𝒅𝒆 𝒕𝒓𝒂𝒏𝒔𝒇𝒆𝒓ê𝒏𝒄𝒊𝒂𝒔 = 𝒅𝒆𝒔𝒑𝒆𝒔𝒂𝒔 𝒕𝒓𝒂𝒏𝒔𝒇𝒆𝒓ê𝒏𝒄𝒊𝒂𝒔 + 𝑭𝑭𝑷 +
(𝟎, 𝟏𝟗𝟒) (𝟐𝟓𝟗𝟐𝟗𝟖𝟏) (𝟐𝟒𝟐𝟕𝟏𝟏𝟒)

Entre parêntesis estão os erros estimados do modelo.

Por se tratar do modelo de efeitos fixos o R2 a ser analisado é o within que é igual a 0,1424, pelo que
podemos concluir que cerca de 14% do saldo de transferências é explicado pelas despesas de
transferências e pela variável dummy (FFP), assim a restante proporção é explicada pelo termo
residual.

Quando as despesas de transferências diminuem em 1%, estima-se que em média, o saldo de


transferências aumenta 0,8112935%. Também podemos denotar que o regulamento do FFP foi
benéfico para equilibrar as contas dos clubes profissionais de futebol em Portugal, tendo havido uma
melhoria em redor de 7,3 milhões de euros no saldo das transferências após a introdução do FPP.

O saldo de transferências indica os ganhos ou perdas de um clube, após comparação das compras e
das vendas.

Segundo Mourao (2016) a transferência de jogadores de futebol é uma questão importante por três
motivos principais, identificados na literatura. Esses motivos estão relacionados às receitas de caixa,
avaliação de ativos e a competitividade do ciclo desportivo.

Espera-se que um maior número de contratações de jogadores numa determinada temporada seja
seguido por um maior número de transferências de jogadores para outras equipes na temporada
seguinte, explicando porque podemos esperar a correlação positiva entre o valor das aquisições de
jogadores observada em uma determinada temporada e o valor das vendas de jogadores observada na
temporada seguinte (Mourao, 2016).

33
De acordo com o estudo de Dimitropoulos & Scafarto, (2019) o regulamento do FFP tem um efeito
negativo na associação entre os custos salariais e o desempenho desportivo, mas tem um efeito
positivo na associação entre as taxas de transferência líquidas e o desempenho desportivo.

Saldo de transferências como variável dependente em função das receitas de


transferências e do FPF

Dentre as duas abordagens de dados em painel, o teste de hausman (Prob>chi2=0,0001), ao nível de


5% de significância indicou que a abordagem mais adequada é a de efeitos fixos.

Logo, utilizarei o modelo de efeitos fixos na minha estimação (xtreg saldo_trans receita_trans fpf, fe):

𝟎, 𝟗𝟕𝟔 𝟏𝟖𝟕𝟎𝟐, 𝟐𝟗 −𝟓𝟓𝟐𝟔𝟕𝟗𝟕


𝑺𝒂𝒍𝒅𝒐 𝒅𝒆 𝒕𝒓𝒂𝒏𝒔𝒇𝒆𝒓ê𝒏𝒄𝒊𝒂𝒔 = 𝒓𝒆𝒄𝒆𝒊𝒕𝒂𝒔 𝒕𝒓𝒂𝒏𝒔𝒇𝒆𝒓ê𝒏𝒄𝒊𝒂𝒔 + 𝑭𝑭𝑷 +
(𝟎, 𝟎𝟑𝟒) (𝟏𝟏𝟎𝟒𝟒𝟗𝟓) (𝟗𝟑𝟒𝟓𝟒𝟒, 𝟓)

Entre parêntesis estão os erros estimados do modelo.

O coeficiente estimado da variável receita_trans é estatisticamente significativo. Já o coeficiente


estimado da variável fpf não é estatisticamente significativo. O R2 a ser analisado é o within, por se
tratar do modelo de efeitos fixos. Podemos concluir que cerca de 85% do saldo de transferências é
explicado pelas despesas de transferências e pela variável dummy (FFP), assim a restante proporção é
explicada pelo termo residual.

As receitas de transferências estão positivamente relacionadas com o saldo de transferências.

Quando as receitas de transferências aumentam em 1%, estima-se que em média, o valor do saldo de
transferências aumente em 0,9756923%.

Quando o regulamento do FFP aumenta 1 unidade monetária o saldo de transferências aumenta


18702,29 unidades monetárias o que faz com que as contas dos clubes se equilibrem.

De acordo com Carmichael & Thomas (1993), mencionado por Saraiva (2011), o mercado de
transferências tem duas funções fundamentais: facilitar a aquisição e troca de futebolistas pelos clubes
para permitir a reconstituição dos planteis com o objetivo de melhorar o desempenho da equipa; e

34
para permitir aos futebolistas procurarem novos desafios, melhores salários ou novas oportunidades de
carreira.

Segundo o estudo de Saraiva (2011) os valores de transferências podem ser influenciados por fatores
dos jogadores, performance, características, ou por fatores financeiros dos clubes. Assim, quer na ótica
do jogador, quer na ótica financeira do clube os valores do mercado das transferências tendem a
aumentar.

As vendas de jogadores são dos principais determinantes dos gastos com transferências, assim como,
as compras de jogadores o são das receitas com transferências. Esta situação vem confirmar que
existe uma relação elevada entre as compras e as vendas de jogadores, pois normalmente quando
uma equipa compra um jogador, a equipa que vende vai ter que comprar um jogador para o substituir
(alternativamente poderia fazer subir um júnior à equipa sénior).

Os valores pagos na aquisição/alienação de jogadores são explicados, positivamente, pela performance


dos jogadores nos clubes, ou seja, mais golos e jogos disputados implicam maior preço do jogador, do
mesmo modo, a performance internacional tem um impacto positivo no valor da transferência. A idade
tem um efeito positivo no início da carreira, devido ao efeito da experiência, contudo, a partir de certo
ponto na carreira, o valor do jogador decresce significativamente (Saraiva, 2011).

De acordo com Saraiva (2011) os valores das compras e vendas de jogadores influenciam-se,
significativa e mutuamente, se um clube contrata bons jogadores, obviamente vai vender bons
jogadores, sendo o raciocínio inverso, igualmente, verdadeiro.

Saldo de transferências como variável dependente em função da Autonomia


Financeira e do FPF

Dentre as duas abordagens de dados em painel, o teste de hausman (Prob>chi2=0,9749), ao nível de


5% de significância indicou que a abordagem mais adequada é a de efeitos aleatórios. Logo, utilizarei o
modelo de efeitos aleatórios na minha estimação (xtreg saldo_trans aut_financeira fpf, re):

𝟔𝟎𝟐𝟔𝟑𝟖𝟖 𝟐, 𝟗𝟗𝒆 + 𝟎𝟕 −𝟔𝟎𝟏𝟖𝟒𝟏𝟓


𝑺𝒂𝒍𝒅𝒐 𝒅𝒆 𝒕𝒓𝒂𝒏𝒔𝒇𝒆𝒓ê𝒏𝒄𝒊𝒂𝒔 = 𝒂𝒖𝒕𝒐𝒏𝒐𝒎𝒊𝒂 𝒇𝒊𝒏𝒂𝒏𝒄𝒆𝒊𝒓𝒂 + 𝑭𝑭𝑷 +
(𝟖𝟖𝟔𝟎𝟖𝟏𝟏) (𝟗𝟖𝟗𝟔𝟖𝟓𝟐) (𝟏, 𝟎𝟖𝒆 + 𝟎𝟕)

35
Entre parêntesis estão os erros estimados do modelo.

O coeficiente estimado da variável autonomia financeira não é estatisticamente significativo, pelo


contrário o coeficiente estimado da variável FFP é. O R2 a ser analisado é o between que é igual a
0,1976.

Este modelo será tomado em consideração pois a variável dummy (fpf) demonstra que após a
introdução do regulamento do FFP o saldo de transferências melhorou e consequentemente a
autonomia financeira dos clubes aumentou.

Saldo de transferências como variável dependente em função da Solvabilidade


Financeira e do FPF

Dentre as duas abordagens de dados em painel, o teste de hausman (Prob>chi2= 0,5822), ao nível de
5% de significância indicou que a abordagem mais adequada é a de efeitos aleatórios.

Logo, utilizarei o modelo de efeitos aleatórios na minha estimação (xtreg saldo_trans solvabilidade fpf,
re):

𝟐𝟓𝟑𝟖𝟔𝟎𝟎 𝟐, 𝟗𝟓𝒆 + 𝟎𝟕 −𝟔𝟕𝟗𝟐𝟖𝟎𝟖


𝑺𝒂𝒍𝒅𝒐 𝒅𝒆 𝒕𝒓𝒂𝒏𝒔𝒇𝒆𝒓ê𝒏𝒄𝒊𝒂𝒔 = 𝒔𝒐𝒍𝒗𝒂𝒃𝒊𝒍𝒊𝒅𝒂𝒅𝒆 + 𝑭𝑭𝑷 +
(𝟏, 𝟒𝟏𝒆 + 𝟎𝟕) (𝟗𝟖𝟗𝟐𝟏𝟒𝟓) (𝟏, 𝟏𝟏𝒆 + 𝟎𝟕)

Entre parêntesis estão os erros estimados do modelo.

O coeficiente estimado da variável solvabilidade não é estatisticamente significativo, pelo contrário o


coeficiente estimado da variável FFP é. O R2 a ser analisado é o between que é igual a 0,1424.

Da mesma forma, este modelo também será tomado em consideração como o acima mencionado pelo
mesmo motivo. Isto é, com o regulamento do FFP o saldo de transferências melhorou e levou a que a
solvabilidade dos clubes também melhorasse.

36
Saldo de transferências como variável dependente em função do endividamento e
do FPF

Dentre as duas abordagens de dados em painel, o teste de hausman (Prob>chi2= 0, 9750), ao nível de
5% de significância indicou que a abordagem mais adequada é a de efeitos aleatórios.

Logo, utilizarei o modelo de efeitos aleatórios na minha estimação (xtreg saldo_trans endividamento fpf,
re):

−𝟔𝟎𝟐𝟐𝟓𝟐𝟒 𝟐, 𝟗𝟗𝒆 + 𝟎𝟕 −𝟐𝟏𝟎𝟏𝟖, 𝟔𝟏


𝑺𝒂𝒍𝒅𝒐 𝒅𝒆 𝒕𝒓𝒂𝒏𝒔𝒇𝒆𝒓ê𝒏𝒄𝒊𝒂𝒔 = 𝒆𝒏𝒅𝒊𝒗𝒊𝒅𝒂𝒎𝒆𝒏𝒕𝒐 + 𝑭𝑭𝑷 +
(𝟖𝟖𝟔𝟕𝟑𝟕𝟐) (𝟗𝟗𝟎𝟏𝟏𝟐𝟓) (𝟏, 𝟒𝟏𝒆 + 𝟎𝟕)

Entre parêntesis estão os erros estimados do modelo.

O coeficiente estimado da variável endividamento não é estatisticamente significativo, pelo contrário o


coeficiente estimado da variável FFP é. O R2 a ser analisado é o between que é igual a 0, 1983.

Este modelo será tomado em consideração por demonstrar o que se pretende, isto é, com a introdução
do regulamento do FFP o saldo de transferências melhorou e permitiu que o endividamento diminuísse.

Saldo de transferências como variável dependente em função da estrutura do


endividamento e do FPF

Dentre as duas abordagens de dados em painel, o teste de hausman (Prob>chi2= 0, 4141), ao nível
de 5% de significância indicou que a abordagem mais adequada é a de efeitos aleatórios.

Logo, utilizarei o modelo de efeitos aleatórios na minha estimação (xtreg saldo_trans estrutura_endiv
fpf, re):
−𝟑, 𝟒𝟎𝒆 + 𝟎𝟕 𝟑, 𝟎𝟗𝒆 + 𝟎𝟕 𝟏, 𝟔𝟕𝒆 + 𝟎𝟕
𝑺𝒂𝒍𝒅𝒐 𝒅𝒆 𝒕𝒓𝒂𝒏𝒔𝒇𝒆𝒓ê𝒏𝒄𝒊𝒂𝒔 = 𝒆𝒔𝒕𝒓𝒖𝒕𝒖𝒓𝒂 𝒆𝒏𝒅𝒊𝒗𝒊𝒅𝒂𝒎𝒆𝒏𝒕𝒐 + 𝑭𝑭𝑷 +
(𝟐, 𝟓𝟔𝒆 + 𝟎𝟕) (𝟏, 𝟎𝟐𝒆 + 𝟎𝟕) (𝟏, 𝟖𝟑𝒆 + 𝟎𝟕)

Entre parêntesis estão os erros estimados do modelo.

37
O coeficiente estimado da variável estrutura_endiv não é estatisticamente significativo, pelo contrário o
coeficiente estimado da variável FFP é. O R2 a ser analisado é o between que é igual a 0,3611.

Este modelo será tomado em consideração pois o FFP foi benéfico para o Saldo de Transferências dos
clubes de futebol e isto levou à diminuição do rácio de estrutura do endividamento e quando isto
acontece é porque o peso das dívidas de CP nas dívidas totais é menor o que faz com que haja menos
pressão na tesouraria.

Saldo de transferências como variável dependente em função dos gastos do


pessoal e do FPF

Dentre as duas abordagens de dados em painel, o teste de hausman (Prob>chi2= 0,8518), ao nível de
5% de significância indicou que a abordagem mais adequada é a de efeitos aleatórios.

Logo, utilizarei o modelo de efeitos aleatórios na minha estimação (xtreg saldo_trans gastos_pessoal
fpf, re):

𝟎, 𝟔𝟎𝟔 𝟐, 𝟒𝟎𝒆 + 𝟎𝟕 −𝟐, 𝟎𝟕𝒆 + 𝟎𝟕


𝑺𝒂𝒍𝒅𝒐 𝒅𝒆 𝒕𝒓𝒂𝒏𝒔𝒇𝒆𝒓ê𝒏𝒄𝒊𝒂𝒔 = 𝒈𝒂𝒔𝒕𝒐𝒔 𝒄𝒐𝒎 𝒑𝒆𝒔𝒔𝒐𝒂𝒍 + 𝑭𝑭𝑷 +
(𝟎, 𝟏𝟑𝟕) (𝟗𝟐𝟕𝟒𝟖𝟗𝟐) (𝟗𝟕𝟔𝟑𝟏𝟓𝟎)

Entre parêntesis estão os erros estimados do modelo.

Os coeficientes estimados são estatisticamente significativos. O R2 a ser analisado é o between, este é


igual a 0,6899, pelo que, podemos concluir que cerca de 69% do saldo de transferências é explicado
pelos gastos com o pessoal e pela variável dummy (FFP), assim a restante proporção é explicada pelo
termo residual.

Os gastos com o pessoal estão positivamente relacionados com o saldo de transferências.

Quando os gastos com o pessoal aumentam em 1%, estima-se que em média, o saldo de
transferências aumente 0,6057787%. Isto pode ser explicado na perspetiva de que se um clube
aumenta os gastos com o pessoal esse investimento que no presente é considerado uma despesa no
futuro pode tornar-se uma receita, porque a venda desse jogador, com salário mais elevado que em
princípio está a par com a qualidade do jogador, será superior ao valor inicial da compra do jogador.

38
Equipas que gastaram mais na contratação de jogadores no passado podem estar interessadas em
gerar lucros rápidos com transferências valiosas nas temporadas seguintes, sinalizando competência
financeira ( Mourao, 2016).

Podemos verificar que após a entrada em vigor do FFP, o saldo de transferências de jogadores também
melhorou.

Hoey et al. ,(2021) dizem-nos que os custos salariais dos jogadores já empregados pelo clube
representam uma ameaça maior à situação financeira do clube do que as transferências recebidas.

Segundo estes autores os grandes clubes desfrutam de receitas muito mais altas do que os clubes
menores depois de subtrair as despesas dos jogadores, embora as despesas dos jogadores sejam
muito mais altas. Consequentemente, não é surpreendente que os grandes clubes não sejam tão
vulneráveis a choques financeiros negativos, como os clubes menores.

Uma análise mais aprofundada sobre o que os clubes deixaram para gastar após os custos dos
jogadores indicam que, novamente, os grandes clubes do mercado têm mais para gastar após essas
despesas. Portanto, argumentamos que o efeito redistributivo do sistema de transferência claramente
não é forte o suficiente para reduzir significativamente a lacuna entre os clubes de pequeno e grande
mercado (Hoey et al., 2021).

Saldo de transferências como variável dependente em função das Amortizações


(da) e do FPF

Dentre as duas abordagens de dados em painel, o teste de hausman (Prob>chi2= 0,2123), ao nível de
5% de significância indicou que a abordagem mais adequada é a de efeitos aleatórios.

Logo, utilizarei o modelo de efeitos aleatórios na minha estimação (xtreg saldo_trans da fpf, re):

𝟑, 𝟐𝟐𝟗 𝟐, 𝟐𝟎𝒆 + 𝟎𝟕 −𝟗𝟒𝟎𝟗𝟗𝟖𝟖


𝑺𝒂𝒍𝒅𝒐 𝒅𝒆 𝒕𝒓𝒂𝒏𝒔𝒇𝒆𝒓ê𝒏𝒄𝒊𝒂𝒔 = 𝒂𝒎𝒐𝒓𝒕𝒊𝒛𝒂çõ𝒆𝒔 + 𝑭𝑭𝑷 +
(𝟏, 𝟎𝟓𝟏) (𝟗𝟔𝟓𝟕𝟖𝟐𝟕) (𝟗𝟑𝟒𝟏𝟔𝟕𝟗)

Entre parêntesis estão os erros estimados do modelo.

39
Os coeficientes estimados são estatisticamente significativos. O R2 a ser analisado é o between, este é
igual a 0,6198, pelo que, podemos concluir que cerca de 62% do saldo de transferências é explicado
pelas depreciações/amortizações e pela variável dummy (FFP). A restante proporção é explicada pelo
termo residual.

As amortizações são positivamente relacionadas com o saldo de transferências. Para haver um


aumento do saldo de transferências por via do aumento das receitas de transferências teve
anteriormente de existir um aumento dos ativos intangíveis (nomeadamente, aumento dos direitos
desportivos dos jogadores) que consequentemente levou ao aumento das amortizações.

O desporto profissional de futebol é um setor de negócio com características muito específicas e muito
dependente dos seus ativos intangíveis para obter receitas. Os direitos desportivos dos jogadores de
futebol, direitos de imagem e os direitos de transmissão dos jogos, são apenas alguns exemplos de
ativos intangíveis existentes neste tipo de setor de negócio (Silva, 2015).

Os clubes quando adquirem os direitos desportivos de um jogador, de acordo com o IAS 38, devem
capitalizar o custo da transferência (custo de intermediação, prémio de assinatura, etc). Durante a
vigência do contrato o valor da aquisição será amortizado de uma forma sistemática (Silva, 2015).

Uma sociedade desportiva que seja detentora dos direitos desportivos de um jogador, tem o direito de
usufruir dos serviços do atleta com o objetivo de alcançar o sucesso desportivo e obter as receitas
indispensáveis para a sobrevivência do clube. As transferências dos direitos desportivos dos jogadores
de futebol são, por sinal, uma boa fonte de receita para os clubes, permitindo muitas das vezes obter
ganhos consideráveis e equilibrar as suas contas. Os passes dos jogadores detidos pelos clubes de
futebol “são a base de todas as receitas futuras da organização” (Silva, 2015).

Mourao (2016), como menciona Dimitropoulos & Scafarto (2019), sugere que os clubes devem tentar
criar ciclos sustentáveis de transferência de jogadores, buscando equilibrar um valor mais alto de
contratações de jogadores em uma determinada temporada com alienações valiosas na temporada
seguinte, de modo a conciliar o ciclo de competitividade de suas equipas com a sustentabilidade de
suas finanças . Este comportamento é ainda mais compensador no regulamento FFP devido à
necessidade de obter poupanças razoáveis nos custos salariais e nas amortizações de transferências
de jogadores que são consideradas 'despesas relevantes' para efeitos do cálculo do BER (Break-Even
Requirement).

A aplicação do regulamento FFP foi benéfica para o saldo de transferências.

40
Saldo de transferências como variável dependente em função do Resultado
Líquido (rl) e do FPF

Dentre as duas abordagens de dados em painel, o teste de hausman (Prob>chi2= 0,3769), ao nível de
5% de significância indicou que a abordagem mais adequada é a de efeitos aleatórios.

Logo, utilizarei o modelo de efeitos aleatórios na minha estimação (xtreg saldo_trans rl fpf, re):

𝟎, 𝟑𝟐𝟓 𝟐, 𝟐𝟓𝒆 + 𝟎𝟕 𝟑𝟒𝟒𝟕𝟗𝟒, 𝟖


𝑺𝒂𝒍𝒅𝒐 𝒅𝒆 𝒕𝒓𝒂𝒏𝒔𝒇𝒆𝒓ê𝒏𝒄𝒊𝒂𝒔 = 𝒓𝒆𝒔𝒖𝒍𝒕𝒂𝒅𝒐 𝒍í𝒒𝒖𝒊𝒅𝒐 + 𝑭𝑭𝑷 +
(𝟎, 𝟏𝟗𝟓) (𝟏, 𝟎𝟑𝒆 + 𝟎𝟕) (𝟏, 𝟎𝟔𝒆 + 𝟎𝟕)

Entre parêntesis estão os erros estimados do modelo.

O coeficiente estimado da variável rl não é estatisticamente significativo, pelo contrário o coeficiente


estimado da variável FFP é. O R2 a ser analisado é o between que é igual a 0,2816.

Este modelo será tomado em consideração por demonstrar o que se pretende para o estudo, ou seja, o
regulamento do FFP teve um impacto positivo no saldo de transferências e isso influenciou a melhoria
do Resultado Líquido dos clubes de futebol.

Resultado Líquido (rl) como variável dependente em função dos gastos com o
pessoal e do FPF

Dentre as duas abordagens de dados em painel, o teste de hausman (Prob>chi2= 0,4358), ao nível de
5% de significância indicou que a abordagem mais adequada é a de efeitos aleatórios.

Logo, utilizarei o modelo de efeitos aleatórios na minha estimação (xtreg rl gastos_pessoal fpf, re):

𝟎, 𝟎𝟐𝟎 𝟐, 𝟏𝟕𝒆 + 𝟎𝟕 −𝟐, 𝟑𝟐𝒆 + 𝟎𝟕


𝑹𝒆𝒔𝒖𝒍𝒕𝒂𝒅𝒐 𝑳í𝒒𝒖𝒊𝒅𝒐 = 𝒈𝒂𝒔𝒕𝒐𝒔 𝒄𝒐𝒎 𝒑𝒆𝒔𝒔𝒐𝒂𝒍 + 𝑭𝑭𝑷 +
(𝟎, 𝟏𝟎𝟗) (𝟕𝟑𝟒𝟎𝟏𝟑𝟑) (𝟕𝟕𝟐𝟔𝟓𝟑𝟗)

Entre parêntesis estão os erros estimados do modelo.

O coeficiente estimado da variável gastos_pessoal não é estatisticamente significativo, pelo contrário o


coeficiente estimado da variável FFP é. O R2 a ser analisado é o between que é igual a 0,5655.

41
Este modelo será tomado em consideração para o estudo por mostrar que com o regulamento do FFP
o Resultado Líquido dos clubes apresentou melhores resultados e consequentemente se o RL aumenta
verifica-se um ligeiro aumento nos custos com salários.

Resultado Líquido (rl) como variável dependente em função das Amortizações(da)


e do FPF

Dentre as duas abordagens de dados em painel, o teste de hausman (Prob>chi2= 0,3165), ao nível de
5% de significância indicou que a abordagem mais adequada é a de efeitos aleatórios.

Logo, utilizarei o modelo de efeitos aleatórios na minha estimação (xtreg rl da fpf, re):

𝟏, 𝟔𝟑𝟓 𝟐, 𝟎𝟏𝒆 + 𝟎𝟕 −𝟐, 𝟕𝟏𝒆 + 𝟎𝟕


𝑹𝒆𝒔𝒖𝒍𝒕𝒂𝒅𝒐 𝑳í𝒒𝒖𝒊𝒅𝒐 = 𝒂𝒎𝒐𝒓𝒕𝒊𝒛𝒂çõ𝒆𝒔 + 𝑭𝑭𝑷 +
(𝟎, 𝟔𝟔𝟕) (𝟔𝟗𝟑𝟓𝟔𝟓𝟐) (𝟔𝟒𝟓𝟐𝟎𝟖𝟑)

Entre parêntesis estão os erros estimados do modelo.

Os coeficientes estimados são estatisticamente significativos. O R2 a ser analisado é o between, este é


igual a 0,8454, pelo que, podemos concluir que cerca de 84% do resultado líquido é explicado pelas
depreciações/amortizações e pela variável dummy (FFP), assim a restante proporção é explicada pelo
termo residual.

As depreciações/amortizações estão positivamente relacionadas com o resultado líquido.

O regulamento FFP foi benéfico para os Resultados Líquidos dos clubes de futebol.

Resultado Líquido (rl) como variável dependente em função da Autonomia


Financeira e do FPF

Dentre as duas abordagens de dados em painel, o teste de hausman (Prob>chi2= 0,2389), ao nível de
5% de significância indicou que a abordagem mais adequada é a de efeitos aleatórios.

Logo, utilizarei o modelo de efeitos aleatórios na minha estimação (xtreg rl aut_financeira fpf, re):

42
𝟔𝟑𝟑𝟏𝟖𝟒, 𝟐 𝟐, 𝟏𝟕𝒆 + 𝟎𝟕 −𝟐, 𝟐𝟒𝒆 + 𝟎𝟕
𝑹𝒆𝒔𝒖𝒍𝒕𝒂𝒅𝒐 𝑳í𝒒𝒖𝒊𝒅𝒐 = 𝒂𝒖𝒕𝒐𝒏𝒐𝒎𝒊𝒂 𝒇𝒊𝒏𝒂𝒏𝒄𝒆𝒊𝒓𝒂 + 𝑭𝑭𝑷 +
(𝟓𝟑𝟕𝟓𝟗𝟐𝟎) (𝟕𝟓𝟓𝟔𝟏𝟒𝟗) (𝟔𝟔𝟗𝟕𝟗𝟓𝟐)

Entre parêntesis estão os erros estimados do modelo.

O coeficiente estimado da variável aut_financeira não é estatisticamente significativo, pelo contrário o


coeficiente estimado da variável FFP é. O R2 a ser analisado é o between que é igual a 0,5205.

Este modelo será considerado no estudo pois com o FFP o Resultado Líquido dos clubes de futebol
melhorou e através disso a autonomia financeira destes também melhorou.

Resultado Líquido (rl) como variável dependente em função da Solvabilidade e do


FPF

Dentre as duas abordagens de dados em painel, o teste de hausman (Prob>chi2= 0,2267), ao nível de
5% de significância indicou que a abordagem mais adequada é a de efeitos aleatórios.

Logo, utilizarei o modelo de efeitos aleatórios na minha estimação (xtreg rl solvabilidade fpf, re):

𝟐𝟑𝟒𝟗𝟐𝟐𝟑 𝟐, 𝟏𝟒𝒆 + 𝟎𝟕 −𝟐, 𝟐𝟒𝒆 + 𝟎𝟕


𝑹𝒆𝒔𝒖𝒍𝒕𝒂𝒅𝒐 𝑳í𝒒𝒖𝒊𝒅𝒐 = 𝒔𝒐𝒍𝒗𝒂𝒃𝒊𝒍𝒊𝒅𝒂𝒅𝒆 + 𝑭𝑭𝑷 +
(𝟖𝟐𝟏𝟏𝟎𝟓𝟎) (𝟕𝟓𝟗𝟏𝟐𝟗𝟎) (𝟔𝟔𝟗𝟏𝟕𝟖𝟐)

Entre parêntesis estão os erros estimados do modelo.

O coeficiente estimado da variável solvabilidade não é estatisticamente significativo, pelo contrário o


coeficiente estimado da variável FFP é. O R2 a ser analisado é o between que é igual a 0,5082.

Este modelo será considerado no estudo pois com o FFP o Resultado Líquido dos clubes de futebol
melhorou e através disso a solvabilidade destes também melhorou.

Resultado Líquido (rl) como variável dependente em função do Endividamento e do


FPF

Dentre as duas abordagens de dados em painel, o teste de hausman (Prob>chi2= 0,2609), ao nível de
5% de significância indicou que a abordagem mais adequada é a de efeitos aleatórios.

43
Logo, utilizarei o modelo de efeitos aleatórios na minha estimação (xtreg rl endividamento fpf, re):

−𝟕𝟑𝟔𝟏𝟗𝟎, 𝟐 𝟐, 𝟏𝟕𝒆 + 𝟎𝟕 −𝟐, 𝟏𝟕𝒆 + 𝟎𝟕


𝑹𝒆𝒔𝒖𝒍𝒕𝒂𝒅𝒐 𝑳í𝒒𝒖𝒊𝒅𝒐 = 𝒆𝒏𝒅𝒊𝒗𝒊𝒅𝒂𝒎𝒆𝒏𝒕𝒐 + 𝑭𝑭𝑷 +
(𝟓𝟑𝟕𝟓𝟏𝟖𝟐) (𝟕𝟓𝟓𝟔𝟖𝟕𝟑) (𝟖𝟔𝟒𝟏𝟎𝟏𝟓)

Entre parêntesis estão os erros estimados do modelo.

O coeficiente estimado da variável endividamento não é estatisticamente significativo, pelo contrário o


coeficiente estimado da variável FFP é. O R2 a ser analisado é o between que é igual a 0,5218.

Este modelo será tomado em consideração por estar de acordo com o que se pretende demonstrar no
estudo. A introdução do regulamento do FFP foi benéfica para equilibrar as contas dos clubes
impulsionando a que o Resultado Líquido destes melhorasse e o endividamento em que se
encontravam diminuísse.

Resultado Líquido (rl) como variável dependente em função da Estrutura do


Endividamento e do FPF

Dentre as duas abordagens de dados em painel, o teste de hausman (Prob>chi2= 0,4524), ao nível de
5% de significância indicou que a abordagem mais adequada é a de efeitos aleatórios.

Logo, utilizarei o modelo de efeitos aleatórios na minha estimação (xtreg rl estrutura_endiv fpf, re):

𝟐, 𝟐𝟏𝒆 + 𝟎𝟕 𝟏, 𝟗𝟒𝒆 + 𝟎𝟕 −𝟑, 𝟒𝟔𝒆 + 𝟎𝟕


𝑹𝒆𝒔𝒖𝒍𝒕𝒂𝒅𝒐 𝑳í𝒒𝒖𝒊𝒅𝒐 = 𝒆𝒔𝒕𝒓𝒖𝒕𝒖𝒓𝒂 𝒆𝒏𝒅𝒊𝒗𝒊𝒅𝒂𝒎𝒆𝒏𝒕𝒐 + 𝑭𝑭𝑷 +
(𝟏, 𝟕𝟏𝒆 + 𝟎𝟕) (𝟕𝟔𝟏𝟗𝟖𝟕𝟗) (𝟏, 𝟏𝟓𝒆 + 𝟎𝟕)

Entre parêntesis estão os erros estimados do modelo.

O coeficiente estimado da variável estrutura_endiv não é estatisticamente significativo, pelo contrário o


coeficiente estimado da variável FFP é. O R2 a ser analisado é o between que é igual a 0,3328.

Este modelo será tomado em consideração pois o FFP foi benéfico para o Resultado Líquido dos clubes
de futebol e fez com que a estrutura de endividamento destes passasse a ser mais de MLP e menos de
CP o que faz com que a pressão na tesouraria seja menor.

44
Endividamento como variável dependente em função dos gastos com o pessoal e
do FPF

Dentre as duas abordagens de dados em painel, o teste de hausman (Prob>chi2= 0,8363), ao nível de
5% de significância indicou que a abordagem mais adequada é a de efeitos aleatórios.

Logo, utilizarei o modelo de efeitos aleatórios na minha estimação (xtreg endividamento gastos_pessoal
fpf, re):

−𝟔, 𝟕𝟒𝒆 − 𝟎𝟗 𝟎, 𝟐𝟏𝟔 𝟏, 𝟏𝟕𝟏


𝑬𝒏𝒅𝒊𝒗𝒊𝒅𝒂𝒎𝒆𝒏𝒕𝒐 = 𝒈𝒂𝒔𝒕𝒐𝒔 𝒄𝒐𝒎 𝒑𝒆𝒔𝒔𝒐𝒂𝒍 + 𝑭𝑭𝑷 +
(𝟐, 𝟕𝟑𝒆 − 𝟎𝟗) (𝟎, 𝟏𝟎𝟑) (𝟎, 𝟐𝟗𝟗)

Entre parêntesis estão os erros estimados do modelo.

Os coeficientes estimados são estatisticamente significativos. O R2 a ser analisado é o between, este é


igual a 0,0465, pelo que, podemos concluir que cerca de 5% do endividamento é explicado pelos gatos
com o pessoal e pela variável dummy (FFP), assim a restante proporção é explicada pelo termo
residual.

Os gastos com o pessoal estão negativamente relacionados com o rácio de endividamento segundo nos
apresenta este modelo. No entanto, segundo os resultados do estudo de Mourao (2012) estes
mostram que as dívidas passadas, a área de mercado, a classificação de cada equipa e,
principalmente, os custos com salários exercem um efeito positivo e significativo no índice de
endividamento de cada clube de futebol. Estes resultados apoiam sugestões que procuram promover a
sustentabilidade do setor do futebol, nomeadamente, a imposição de tetos salariais, um novo
regulamento que limita o aumento dos rácios de endividamento e a redistribuição dos direitos
televisivos através de um sistema mais igualitário.

Os rácios de endividamento permitem aferir em que medida os ativos são financiados por capitais
alheios ou por capitais próprios numa determinada empresa. Desta forma é possível estimar a
intensidade da dependência de terceiros através do grau de utilização que a empresa faz do seu
passivo, permitindo medir a capacidade de a empresa fazer face aos compromissos financeiros de
curto e medio/longo prazo. (Figueiredo, 2016)

O regulamento FFP foi positivo para equilibrar as contas dos clubes de futebol em Portugal e com isso
diminuir o alto endividamento em que estes se encontravam antes da introdução do FFP.

45
Segundo Freestone & Manoli (2017), o FFP serve para introduzir disciplina e racionalidade no futebol
europeu, e muda o foco da competição de injeções financeiras externas para uma boa gestão e
eficiência. Isso deve, em última análise, estreitar os caminhos para obter sucesso instantâneo por meio
de injeções de dinheiro, incentivando mais investimento e crescimento orgânico.

Endividamento como variável dependente em função das Amortizações (da) e do


FPF

Dentre as duas abordagens de dados em painel, o teste de hausman (Prob>chi2= 0,8609), ao nível de
5% de significância indicou que a abordagem mais adequada é a de efeitos aleatórios.

Logo, utilizarei o modelo de efeitos aleatórios na minha estimação (xtreg endividamento da fpf, re):

−𝟑, 𝟎𝟏𝒆 − 𝟎𝟖 𝟎, 𝟏𝟓𝟑 𝟏, 𝟏𝟏𝟏


𝑬𝒏𝒅𝒊𝒗𝒊𝒅𝒂𝒎𝒆𝒏𝒕𝒐 = 𝒂𝒎𝒐𝒓𝒕𝒊𝒛𝒂çõ𝒆𝒔 + 𝑭𝑭𝑷 +
(𝟐, 𝟏𝟓𝒆 − 𝟎𝟖) (𝟎, 𝟏𝟎𝟔) (𝟎, 𝟐𝟗𝟕)

Entre parêntesis estão os erros estimados do modelo.

Os coeficientes estimados não são estatisticamente significativos. O R2 a ser analisado é o between que
é igual a 0,0560.

Este modelo não será tomado em consideração pelos coeficientes estimados das suas variáveis não
serem estatisticamente significativos.

Endividamento como variável dependente em função do Resultado Líquido (rl) e do


FPF

Dentre as duas abordagens de dados em painel, o teste de hausman (Prob>chi2= 0,7924), ao nível de
5% de significância indicou que a abordagem mais adequada é a de efeitos aleatórios.

Logo, utilizarei o modelo de efeitos aleatórios na minha estimação (xtreg endividamento rl fpf, re):

𝟏, 𝟗𝟖𝒆 − 𝟎𝟗 𝟎, 𝟎𝟒𝟏 𝟏, 𝟎𝟗𝟎


𝑬𝒏𝒅𝒊𝒗𝒊𝒅𝒂𝒎𝒆𝒏𝒕𝒐 = 𝒓𝒆𝒔𝒖𝒍𝒕𝒂𝒅𝒐 𝒍í𝒒𝒖𝒊𝒅𝒐 + 𝑭𝑭𝑷 +
(𝟏, 𝟕𝟖𝒆 − 𝟎𝟗) (𝟎, 𝟎𝟗𝟓) (𝟎, 𝟐𝟗𝟗)

46
Entre parêntesis estão os erros estimados do modelo.

Os coeficientes estimados não são estatisticamente significativos. O R2 a ser analisado é o between que
é igual a 0,0010.

Este modelo não será tomado em consideração pelos coeficientes estimados das suas variáveis não
serem estatisticamente significativos.

Endividamento como variável dependente em função da Autonomia Financeira e


do FPF

Dentre as duas abordagens de dados em painel, o teste de hausman (Prob>chi2= 0,7966), ao nível de
5% de significância indicou que a abordagem mais adequada é a de efeitos aleatórios.

Logo, utilizarei o modelo de efeitos aleatórios na minha estimação (xtreg endividamento aut_financeira
fpf, re):

−𝟎, 𝟗𝟗𝟗 𝟎, 𝟎𝟎𝟓 𝟎, 𝟗𝟗𝟓


𝑬𝒏𝒅𝒊𝒗𝒊𝒅𝒂𝒎𝒆𝒏𝒕𝒐 = 𝒂𝒖𝒕𝒐𝒏𝒐𝒎𝒊𝒂 𝒇𝒊𝒏𝒂𝒏𝒄𝒆𝒊𝒓𝒂 + 𝑭𝑭𝑷 +
(𝟎, 𝟎𝟎𝟒) (𝟎, 𝟎𝟎𝟓) (𝟎, 𝟎𝟎𝟓)

Entre parêntesis estão os erros estimados do modelo.

O coeficiente estimado da variável aut_financeira é estatisticamente significativo já o coeficiente


estimado da variável FFP não é estatisticamente significativo. O R2 a ser analisado é o between que é
igual a 0,9999, pelo que, podemos concluir que cerca de 99% do endividamento é explicado pela
autonomia financeira e pela variável dummy (FFP), assim a restante proporção é explicada pelo termo
residual.

Apesar de o modelo não ter todos os coeficientes estimados das suas variáveis estatisticamente
significativos será tomado em consideração, porque está de acordo com o que pretendemos
demonstrar. Isto é, o FFP permitiu equilibrar as contas dos clubes de futebol e isso levou a que o rácio
de autonomia financeira aumentasse e o endividamento diminuísse.

47
Endividamento como variável dependente em função da Solvabilidade e do FPF

Dentre as duas abordagens de dados em painel, o teste de hausman (Prob>chi2= 0,4452), ao nível de
5% de significância indicou que a abordagem mais adequada é a de efeitos aleatórios.

Logo, utilizarei o modelo de efeitos aleatórios na minha estimação (xtreg endividamento solvabilidade
fpf, re):

−𝟏, 𝟎𝟑𝟎 𝟎, 𝟎𝟑𝟗 𝟏, 𝟐𝟔𝟎


𝑬𝒏𝒅𝒊𝒗𝒊𝒅𝒂𝒎𝒆𝒏𝒕𝒐 = 𝒔𝒐𝒍𝒗𝒂𝒃𝒊𝒍𝒊𝒅𝒂𝒅𝒆 + 𝑭𝑭𝑷 +
(𝟎, 𝟏𝟒𝟓) (𝟎, 𝟎𝟔𝟒) (𝟎, 𝟏𝟖𝟔)

Entre parêntesis estão os erros estimados do modelo.

O coeficiente estimado da variável solvabilidade é estatisticamente significativo já o coeficiente


estimado da variável FFP não é estatisticamente significativo. O R2 a ser analisado é o between que é
igual a 0,6050, pelo que, podemos concluir que cerca de 61% do endividamento é explicado pela
solvabilidade e pela variável dummy (FFP), assim a restante proporção é explicada pelo termo residual.

Apesar de o modelo não ter todos os coeficientes estimados das suas variáveis estatisticamente
significativos será tomado em consideração, porque vai de encontro ao que pretendemos demonstrar.
Isto é, o FFP permitiu equilibrar as contas dos clubes de futebol daí quando o rácio de solvabilidade
aumenta o endividamento diminui.

Endividamento como variável dependente em função da Estrutura do


Endividamento e do FPF

Dentre as duas abordagens de dados em painel, o teste de hausman (Prob>chi2= 0,7259), ao nível de
5% de significância indicou que a abordagem mais adequada é a de efeitos aleatórios.

Logo, utilizarei o modelo de efeitos aleatórios na minha estimação (xtreg endividamento


estrutura_endiv fpf, re):

𝟎, 𝟑𝟐𝟓 𝟎, 𝟎𝟓𝟖 𝟎, 𝟖𝟓𝟒


𝑬𝒏𝒅𝒊𝒗𝒊𝒅𝒂𝒎𝒆𝒏𝒕𝒐 = 𝒆𝒔𝒕𝒓𝒖𝒕𝒖𝒓𝒂 𝒆𝒏𝒅𝒊𝒗𝒊𝒅𝒂𝒎𝒆𝒏𝒕𝒐 + 𝑭𝑭𝑷 +
(𝟎, 𝟐𝟒𝟔) (𝟎, 𝟎𝟗𝟏) (𝟎, 𝟑𝟐𝟖)

48
Entre parêntesis estão os erros estimados do modelo.

Os coeficientes estimados não são estatisticamente significativos. O R2 a ser analisado é o between que
é igual 0,0977.

Este modelo não será tomado em consideração por os coeficientes estimados das suas variáveis não
serem estatisticamente significativos

Abaixo será apresentada uma tabela síntese dos Modelos estimados e que foram tomados em
consideração para o estudo dado estarem em conformidade com o que se pretende demonstrar na
Hipótese 1 do trabalho de que o Fair Play Financeiro melhorou a sustentabilidade financeira dos clubes
portugueses.

Tabela 2 - Resumo dos Modelos considerados para o estudo

Model Model Mode Mode Mode Mode Model Model Mode


o1 o2 lo 3 lo 4 lo 5 lo 6 o7 o8 lo 9
-Efeitos -Efeitos -Efeitos -Efeitos -Efeitos -Efeitos -Efeitos -Efeitos -
fixos fixos aleatór aleatór aleatór aleatór aleatóri aleatór Efeitos
ios ios ios ios os ios aleatór
ios
saldo_t saldo_t saldo_ saldo_ saldo_ saldo_ saldo_t saldo_ saldo_
rans rans trans trans trans trans rans trans trans
despesa_trans -
0,8112
935***
(0,193
7068)
receita_trans 0,9756
923***
(0,034
0556)
gastos_pessoal 0,6057
787***
(0,137
449)
da 3,228
819***
(1,050
995)
aut_financeira 60263
88
(8860
811)

49
solvabilidade 25386
00
(1,41e
+07)
endividamento -
60225
24
(8867
372)
estrutura_endiv -
3,40e
+07
(2,56e
+07)
rl 0,324
782*
(0,194
8021)
ffp 72443 18702, 2,99e 2,95e 2,99e 3,09e 2.40e+ 2.20e+ 2,25e
23*** 29 +07*** +07*** +07*** +07*** 07*** 07** +07**
(25929 (11044 (9896 (9892 (9901 (1,02e (92748 (9657 (1,03e
81) 95) 852) 145) 125) +07) 92) 827) +07)
_cons 66055 - - - - 1,67e - - 34479
18*** 55267 60184 67928 21018 +07 2.07e+ 94099 4,8
(24271 97*** 15 08 ,61 (1,83e 07** 88 (1,06e
14) (93454 (1,08e (1,11e (1,41e +07) (97631 (9341 +07)
4.5) +07) +07) +07) 50) 679)
R2 0,1424 0,8520 0,197 0,142 0,198 0,361 0,6899 0,619 0,281
6 4 3 1 8 6

Mode Mode Mode Model Mode Mode Model Model Model


lo 10 lo 11 lo 12 o 13 lo 14 lo 15 o 16 o 17 o 18
- - - -Efeitos - - -Efeitos -Efeitos -Efeitos
Efeitos Efeitos Efeitos aleatóri Efeitos Efeitos aleatóri aleatóri aleatóri
aleatór aleatór aleatór os aleatór aleatór os os os
ios ios ios ios ios

rl rl rl rl rl rl endivid endivid endivid


amento amento amento
despesa_trans
receita_trans
gastos_pessoal 0,020 -6.74e-
4472 09***
(0,108 (2.73e-
7769) 09)
da 1,634
683***
(0,667
1099)
aut_financeira 63318 -
4,2 0,9990

50
(5375 416***
920) (0,003
7043)
solvabilidade 234922 -
3 1,0298
(82110 07***
50) (0,144
6021)
endividamento -
73619
0,2
(5375
182)
estrutura_endiv 2,21e
+07
(1,71e
+07)
rl
ffp 2,17e 2.01e 2,17e 2,14e+ 2,17e 1,94e 0,2157 0,0049 0,0391
+07** +07*** +07** 07*** +07** +07** 176** 499 497
* (6935 * (75912 * * (0,102 (0,004 (0,064
(7340 652) (7556 90) (7556 (7619 8873) 6597) 415)
133) 149) 873) 879)
_cons - - - - - - 1,1712 0,9949 1,2600
2,32e 2.71e 2,24e 2,24e+ 2,17e 3,46e 54*** 513*** 54***
+07** +07*** +07** 07*** +07** +07** (0,298 (0,004 (0,185
* (6452 * (66917 * * 8367) 6001) 9635)
(7726 083) (6697 82) (8641 (1,15e
539) 952) 015) +07)
R2 0,565 0,845 0,520 0,5082 0,521 0,332 0,0465 0,9999 0,6050
5 4 5 8 8
da = depreciações/amortizações, rl = Resultado Líquido;
ffp = Financial Fair Play; cons = constante;
despesa_trans = despesas transferências; receita_trans = receitas transferências;
aut_financeira = autonomia financeira; estrutura_endiv = estrutura de endividamento.
Fonte: Trabalho da autora com base nas contas dos clubes identificados ao longo do trabalho.

51
5.4.2. Discussão do Impacto do Regulamento do FFP nas variáveis dependentes
analisadas

O regulamento do FFP foi benéfico para o saldo de transferências dos clubes de futebol. Passou a
existir uma tomada de consciência por parte dos administradores dos clubes e a serem tomadas
decisões mais estratégicas em prol da estabilidade financeira do clube. Um exemplo disto é que se
passou a verificar que os clubes numa determinada temporada até podem ter um maior número de
contratações de jogadores, mas na temporada seguinte apresentam um maior número de
transferências de jogadores para outras equipas, com o objetivo de gerar lucros rápidos no curto-prazo
sinalizando assim competência financeira.

Este comportamento torna-se ainda mais compensador no regulamento do FFP devido à necessidade
de obter poupanças razoáveis nos custos salariais e nas amortizações de transferências de jogadores
que são consideradas ‘despesas relevantes’ para efeitos do cálculo do BER.

Com a introdução do regulamento do FFP o Resultado Líquido dos clubes melhorou. Esta melhoria
levou a que os clubes começassem a apresentar RL positivo que permite que estes se financiem a si
próprios e aos seus investimentos, reduzindo assim, a necessidade de obter financiamento externo e
levou a uma melhoria do rácio de endividamento dos clubes. Estes fatores levaram a que o rácio de
autonomia financeira e o rácio de solvabilidade dos clubes de futebol começassem a apresentar
melhores resultados.

Após a introdução do regulamento do FFP foi possível verificar que o endividamento em que os clubes
se encontravam diminuiu o que é benéfico para manter umas contas equilibradas.

É possível encontrar na literatura pareceres a favor do regulamento, que indicam que as restrições
impostas reforçam a disciplina financeira, incentivam a diversificação das fontes de receita e
promovem equilíbrio competitivo.

Segundo a consultora Deloitte (2019), o regulamento do FFP teve um impacto direto e positivo nos
resultados financeiros dos clubes, bem como na redução da sua dívida desde 2012.

Esta nova legislação dilatou a quantidade de informação financeira que deve ser divulgada pelos
clubes, introduzindo um maior escrutínio das suas finanças, e delegou também um controlo adicional
das suas operações às correspondentes federações nacionais. Daqui se pode retirar que,
indubitavelmente, houve um incremento na monitorização e controlo dos clubes, impactando no foco
destes, que passou a ser na tomada de decisões com horizonte no médio/longo prazo, de modo a

52
gerar rentabilidade. Com vista a não abdicarem das suas presenças nas lucrativas competições da
UEFA, a qualidade do relato financeiro dos clubes terá também melhorado nos últimos anos (P.
Dimitropoulos & Koronios, 2018).

Concluindo, o regulamento FFP foi positivo para equilibrar as contas dos clubes de futebol em Portugal
e com isso diminuir o alto endividamento em que estes se encontravam antes da introdução do FFP.
Para esta melhoria continuar de forma sustentada, é fulcral que os clubes e a UEFA evitem a todo o
custo situações de complacência, o que colocaria em causa a credibilidade das próprias instituições
(UEFA, 2019).

53
6. Conclusão

Os clubes de futebol europeus são caracterizados pela persistência de uma cultura de gestão
empresarial (ou seja, um conjunto particular de valores, crenças, normas e premissas) que define a
lógica emocional da vitória e do sucesso em campo como uma prioridade e considera o desempenho
financeiro de importância secundária.

Os clubes pagam altos salários para conquistar melhores jogadores e com isso obterem um melhor
plantel, para assim, conseguirem alcançar bons resultados desportivos. No entanto, alguns clubes
estão gastando mais com salários do que deveriam. E mais gastos não se traduzem no uso eficiente
dos recursos em todos os casos. Além disso, uma distribuição salarial mais ampla em cada equipa
está associada a um melhor desempenho em termos de uso eficiente dos recursos.

Apesar de não termos dados de todos os clubes profissionais de futebol portugueses por não terem as
suas demonstrações financeiras públicas, e também de alguns clubes onde existem dados não os
terem completos, ou seja, não haver dados para o período temporal desejado (2008 a 2019), nos que
existem dados permite-nos constatar que, mesmo com a crise financeira que se assistiu em 2008 e
que afetou muito a economia, os clubes conseguiram, de um modo geral, melhorar os seus rácios de
autonomia financeira e de solvabilidade e deixaram de ter um nível de endividamento excessivo. No
entanto, houve clubes onde se verificaram grandes oscilações, ou seja, houve melhoria e depois algum
retrocesso na performance financeira e isto muito se deve aos resultados desportivos obtidos. Isto é, os
clubes nos anos em que não ganham o campeonato ou que não chegam às competições europeias
acabam por ver os seus resultados financeiros deteriorados.

Para tornar a base de dados do estudo mais sólida e robusta conseguimos retirar do transfermarket
todos os dados referentes ao saldo, receitas e despesas de transferências de todas as temporadas em
análise desde 2008/2009 até 2018/2019 relativa a todos os clubes portugueses de futebol presentes
na 1ª liga das respetivas temporadas. Isso permitiu que a estimação dos modelos econométricos se
tornasse mais consistente e forte para poder determinar com maior exatidão o impacto que o
regulamento do FFP teve nas finanças dos clubes portugueses de futebol.

Foi assim possível concluir através da estimação destes modelos econométricos que os indicadores
utilizados como variáveis dependentes do modelo (saldo de transferências, Resultado Líquido,
endividamento), que são importantes para a sustentabilidade quer de um clube de futebol quer da
indústria do futebol, apresentaram melhorias após a introdução do regulamento do FFP.

54
Deve haver um equilíbrio entre os custos incorridos pela administração dos clubes a fim de obterem
bons resultados desportivos e as finanças dos clubes. Ou seja, não é aconselhável estar muito
obcecado num dos lados e acabar por prejudicar o outro. É importante os administradores terem
consciência que tanto o lado financeiro como o desportivo são importantes para o sucesso de um
clube, sendo crucial que se consiga ter bons resultados desportivos e ter umas contas equilibradas. Só
assim o clube pode crescer de forma sustentável e eficiente.

O Regulamento do Financial Fair Play implementado pela UEFA teve grande importância para
monitorar e controlar as contas dos clubes profissionais de futebol e após a implementação desta
regulação verificou-se uma estabilização financeira dos clubes.

É um facto que esta regulação financeira implementada pela entidade reguladora do Futebol Europeu
registou efeitos positivos nas finanças dos clubes, contudo esta deve ser aprofundada para corrigir os
desequilíbrios financeiros existentes no Futebol Profissional Europeu.

Seria interessante deixar como desafio para trabalhos futuros estudar a forma como o endividamento
foi alterado com a introdução do regulamento do FFP e também estudar a forma como o nível
competitivo também ficou alterado.

55
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58
Anexos

59
Anexo I - Classificações da Liga desde 2008/2009 a 2018/2019

Quadro 10 - Classificação Época 2008/2009

Época Clube Lugar Pontuação


FC Porto 1º 70
Sporting 2º 66
Benfica 3º 59
Nacional 4º 52
SC Braga 5º 50
Leixões 6º 45
Académica 7º 39
OAF
2008/2009 V.Guimarães 8º 38
Marítimo 9º 37
Paços de 10º 34
Ferreira
Estoril da 11º 31
Amadora
Rio Ave 12º 30
Naval 13º 29
V.Setúbal 14º 26
Belenenses 15º 24
Trofense 16º 23

Fonte: Relatórios anuais da liga e elaboração da autora

60
Quadro 11 - Classificação Época 2009/2010

Época Clube Lugar Pontuação


Benfica 1º 76
SC Braga 2º 71
FC Porto 3º 68
Sporting 4º 48
Marítimo 5º 41
V.Guimarães 6º 41
Nacional 7º 39
2009/2010 Naval 8º 36
UD Leiria 9º 35
Paços de 10º 35
Ferreira
Académica 11º 33
OAF
Rio Ave 12º 31
Olhanense 13º 29
V.Setúbal 14º 25
Belenenses 15º 23
Leixões 16º 21

Fonte: Relatórios anuais da liga e elaboração da autora

Quadro 12 - Classificação Época 2010/2011

Época Clube Lugar Pontuação


FC Porto 1º 84
Benfica 2º 63
Sporting 3º 48
SC Braga 4º 46
V.Guimarães 5º 43
Nacional 6º 42
Paços de 7º 41
Ferreira
Rio Ave 8º 38
2010/2011 Marítimo 9º 35
UD Leiria 10º 35
Olhanense 11º 34
V.Setúbal 12º 34
Beira-Mar 13º 33
Académica 14º 30
OAF
Portimonense 15º 25
Naval 16º 23

Fonte: Relatórios anuais da liga e elaboração da autora

61
Quadro 13 - Classificação Época 2011/2012

Época Clube Lugar Pontuação


FC Porto 1º 75
Benfica 2º 69
SC Braga 3º 62
Sporting 4º 59
Marítimo 5º 50
V.Guimarães 6º 45
Nacional 7º 44
Olhanense 8º 39
Gil Vicente 9º 34
2011/2012 Paços de 10º 31
Ferreira
V.Setúbal 11º 30
Beira-Mar 12º 29
Académica 13º 29
OAF
Rio Ave 14º 28
Feirense 15º 24
UD Leiria 16º 19

Fonte: Relatórios anuais da liga e elaboração da autora

Quadro 14 - Classificação Época 2012/2013

Época Clube Lugar Pontuação


FC Porto 1º 78
Benfica 2º 77
Paços de 3º 54
Ferreira
SC Braga 4º 52
Estoril Praia 5º 45
Rio Ave 6º 42
Sporting 7º 42
2012/2013 Nacional 8º 40
V.Guimarães 9º 40
Marítimo 10º 38
Académica 11º 28
OAF
V.Setúbal 12º 26
Gil Vicente 13º 25
Olhanense 14º 25
Moreirense 15º 24
Beira-Mar 16º 23

Fonte: Relatórios anuais da liga e elaboração da autora

62
Quadro 15 - Classificação Época 2013/2014

Época Clube Lugar Pontuação


Benfica 1º 74
Sporting 2º 67
FC Porto 3º 61
Estoril Praia 4º 54
Nacional 5º 45
Marítimo 6º 41
V.Setúbal 7º 39
Académica 8º 37
2013/2014 OAF
SC Braga 9º 37
V.Guimarães 10º 35
Rio Ave 11º 32
Arouca 12º 31
Gil Vicente 13º 31
Belenenses 14º 28
Paços de 15º 24
Ferreira
Olhanense 16º 24

Fonte: Relatórios anuais da liga e elaboração da autora

Quadro 16 - Classificação Época 2014/2015

Época Clube Lugar Pontuação


Benfica 1º 85
FC Porto 2º 82
Sporting 3º 76
SC Braga 4º 58
V.Guimarães 5º 55
Belenenses 6º 48
Nacional 7º 47
Paços de 8º 47
Ferreira
2014/2015 Marítimo 9º 44
Rio Ave 10º 43
Moreirense 11º 43
Estoril Praia 12º 40
Boavista 13º 34
V.Setúbal 14º 29
Académica 15º 29
OAF
Arouca 16º 28
Gil Vicente 17º 23
FC Penafiel 18º 22

Fonte: Relatórios anuais da liga e elaboração da autora

63
Quadro 17 - Classificação Época 2015/2016
Época Clube Lugar Pontuação
Benfica 1º 88
Sporting 2º 86
FC Porto 3º 73
SC Braga 4º 58
Arouca 5º 54
Rio Ave 6º 50
Paços de 7º 49
Ferreira
Estoril Praia 8º 47
2015/2016 Belenenses 9º 41
V.Guimarães 10º 40
Nacional 11º 38
Moreirense 12º 36
Marítimo 13º 35
Boavista 14º 33
V.Setúbal 15º 30
Tondela 16º 30
U.Madeira 17º 29
Académica OAF 18º 25

Fonte: Relatórios anuais da liga e elaboração da autora

Quadro 18 - Classificação Época 2016/2017

Época Clube Lugar Pontuação


Benfica 1º 82
FC Porto 2º 76
Sporting 3º 70
V.Guimarães 4º 62
SC Braga 5º 54
Marítimo 6º 50
Rio Ave 7º 49
Feirense 8º 48
Boavista 9º 43
2016/2017 Estoril Praia 10º 38
Chaves 11º 38
V.Setúbal 12º 38
Paços de 13º 36
Ferreira
Belenenses 14º 36
Moreirense 15º 33
Tondela 16º 32
Arouca 17º 32
Nacional 18º 21
Fonte: Relatórios anuais da liga e elaboração da autora

64
Quadro 19 - Classificação Época 2017/2018

Época Clube Lugar Pontuação


FC Porto 1º 88
Benfica 2º 81
Sporting 3º 78
SC Braga 4º 75
Rio Ave 5º 51
Chaves 6º 47
Marítimo 7º 47
Boavista 8º 45
V.Guimarães 9º 43
Portimonense 10º 38
2017/2018 Tondela 11º 38
Belenenses 12º 37
Desportivo das 13º 34
Aves
V.Setúbal 14º 32
Moreirense 15º 32
Feirense 16º 31
Paços de 17º 30
Ferreira
Estoril Praia 18º 30
Fonte: Relatórios anuais da liga e elaboração da autora

Quadro 20 - Classificação Época 2018/2019


Época Clube Lugar Pontuação
Benfica 1º 87
FC Porto 2º 85
Sporting 3º 74
SC Braga 4º 67
V.Guimarães 5º 52
Moreirense 6º 52
Rio Ave 7º 45
Boavista 8º 44
Belenenses 9º 43
Santa Clara 10º 42
2018/2019 Marítimo 11º 39
Portimonense 12º 39
V.Setúbal 13º 36
Desportivo das 14º 36
Aves
Tondela 15º 35
Chaves 16º 32
Nacional 17º 28
Feirense 18º 20
Fonte: Relatórios anuais da liga e elaboração da autora.

65

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