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Abrir portas onde se erguem muros Director: Manuel Carvalho Segunda-feira, 7 de Junho de 2021 • Ano XXXII • n.º 11.364 • Edição Lisboa • Assinaturas 808 200 095 • 1,30€

r
Visita oficial Edward Colston “caiu” há um ano
A estátua derrubada do

i to
Joe Biden
B esclavagista que entrou no
museu e não se voltou a erguer
escreve sobre
escre Cultura, 28
as rel
relações Entrevista a Victor Vescovo

Ed
entre a O norte-americano que liderou
uma expedição para explorar as
Europa e EUA
Euro profundezas dos cincos oceanos
Opinião,
Opini 6 Ciência, 26/27

Número de jovens internados em

DF
centros educativos caiu a pique
Delinquência juvenil registada diminuiu com a pandemia, mas quebra de internamentos já vinha de trás

Entre 2010 e 2020 o número de
jovens internados em centro educa-
tivo passou de 226 para 90, o que se
traduz numa quebra de 60,2%. A
pandemia veio acentuar uma ten-
dência iniciada cinco anos antes.
“Não há uma resposta única, nem
linear que possa explicar esta ten-
rP
dência”, aÆrma Maria João Leote
Carvalho, investigadora na Faculda-
de de Ciências Sociais e Humanas da
Universidade de Lisboa. João d’Oli-
veira Cóias, director dos Serviços de na comunidade” e também “foi faci-
Justiça Juvenil, lembra que “os tribu- litada a possibilidade de o MP optar
nais passaram a poder, com mais pela suspensão do processo”
segurança, decidir aplicar medidas Sociedade, 12/13

Operação Marquês
Futebol Portugal voltou a ficar à porta de um título europeu em sub-21 Juiz queria
te
julgar Ricardo
Salgado em
BORUT ZIVULOVIC/REUTERS

quatro dias
as
Início do julgamento previsto para
hoje, mas a defesa do ex-banqueiro
ainda não entregou a contestação.
Prazo acabava sexta Destaque, 2/3
M

Congresso
PAN aberto
ao diálogo
e com o
in

objectivo
de chegar
ed

ao governo
Política, 9/10

MotoGP
at

Miguel Oliveira
em crescendo
obtém primeira
re

A selecção portuguesa de sub-21
perdeu ontem, pela terceira vez
na história (depois de 1994 e
2015), a possibilidade de
conquistar o título europeu da
categoria. Na Eslovénia, Portugal
sofreu uma derrota diante da
Alemanha, por 1-0, na Ænal, e não
conseguiu fechar com chave de
ouro uma trajectória brilhante até
ao derradeiro encontro do
torneio. Fica, porém, a convicção
de que grande parte desta geração
de jogadores terá um papel
determinante na selecção A,
muito em breve. Desporto, 36/37
vitória da época
Piloto português foi o mais forte no
Grande Prémio da Catalunha e subiu
ao pódio pela segunda vez consecu-
tiva neste Mundial Desporto, 39
ISNN-0872-1548

@JornaisPT
08c35700-b58d-456e-bddc-8e66b61321cd
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2 • Público • Segunda-feira, 7 de Junho de 2021
Destaque Operação Marquês, o julgamento
Juiz queria julgar
Ricardo Salgado
em quatro dias
Início do julgamento está previsto para hoje, mas a defesa
do ex-banqueiro ainda não entregou a contestação.
Prazo terminava na sexta-feira, mas, mediante o pagamento
de uma multa, pode ser prorrogado até dia 9 de Junho
Sónia Trigueirão
O
juiz Francisco Henriques,
que preside ao colectivo
que vai julgar Ricardo Sal-
gado, ex-presidente do
Grupo Espírito Santo
(GES), por três crimes de
abuso de conÆança no caso Opera-
ção Marquês, designou inicialmente
apenas quatro dias para o julgamen-
to, tendo marcado logo a inquirição
de testemunhas do Ministério Públi-
co, e até uma data para o início e o
Æm das alegações Ænais.
Segundo um despacho do Tribu-
nal Judicial da Comarca de Lisboa,
Juízo Central Criminal de Lisboa —
Juiz 15, de 26 de Abril, as sessões de
julgamento foram marcadas apenas
para 7, 8, 14 e 15 de Junho.
Para o dia 7 de Junho, o juiz deter-
minou o início do julgamento com
o período da manhã reservado para
as declarações do arguido, caso este
queira falar, e a tarde para ouvir
duas testemunhas.
ed
Os dias 8 e 14 de Junho também
estão reservados para ouvir teste-
munhas. O juiz designou o dia 15 de
manhã para a inquirição de mais
uma testemunha e para se dar início
às alegações Ænais. Aliás, no despa-
cho, lê-se: “Quinze de Junho, às 14
at
horas, conclusão das alegações orais
Ænais e Æm dos trabalhos”.
A marcação das sessões de julga-
mento foi feita sem ter em conta
ainda as testemunhas da defesa de
Ricardo Salgado, cuja lista ainda não
re
foi entregue. Logo, é previsível que
quatro dias não sejam suÆcientes
para julgar o ex-banqueiro.
Só o Ministério Público pediu a
inquirição de 11 testemunhas. Entre
elas, estão Hélder Bataglia, Henri-
que Granadeiro, Michael Raymondd
Canals e José Maria Ricciardi.
Adiamento à vista
Acresce que também não é certo
que o julgamento comece hoje. Em
as
causa está o facto de a defesa de
Ricardo Salgado ainda não ter entre-
gue a contestação aos factos impu-
tados pelo juiz de instrução Ivo
Rosa, que decidiu pronunciar o ex-
banqueiro por alegadamente se ter
apropriado de 10,6 milhões de
M
euros, com origem na ES Enterpri-
ses, tida como o “saco azul” do Gru-
po Espírito Santo.
Segundo a pronúncia, foram fei-
tas três transferências da ES Entre-
prises, em 2011, para sociedades
offshore controladas por Ricardo
in
Salgado.
O PÚBLICO sabe que a defesa de
Ricardo Salgado esperava que o juiz
tivesse feito um despacho, na sexta-
-feira, dia 4 de Junho, para adiar o
início do julgamento, uma vez que
a contestação do arguido não foi
entregue, mas isso não aconteceu.
Por isso, as expectativas estão con-
centradas nesta segunda-feira,
hoje.
O magistrado Francisco Henri-
ques (ver texto na página ao lado)
deÆniu o dia 4 de Junho como pra-
zo-limite para a defesa apresentar a
contestação e a lista das suas teste-
munhas, mas a lei permite uma
extensão do prazo até ao dia 9 de
Junho, mediante o pagamento de
uma multa.
Acresce que a defesa de Ricardo
Salgado terá informado o tribunal
de que não seria possível entregar a
contestação no prazo deÆnido. O
tribunal terá considerado que a con-
testação é um direito processual
rP
te
indiscutível que deverá ser respei-
tado e que, se a mesma não tivesse
sido entregue no prazo, o início do
julgamento seria adiado.
O PÚBLICO sabe que a defesa do
ex-banqueiro vai mesmo pagar a
multa para entregar tudo entre os
dias 8 e 9 de Junho. Agora resta
saber se o juiz avança com o julga-
mento ou se espera que a defesa
entregue a contestação.
Vinha acusado de 21 crimes
Recorde-se que o MP tinha imputa-
do a Ricardo Salgado a prática de 21
crimes. Para além dos três crimes
de abuso de conÆança, o ex-ban-
queiro foi acusado de corrupção
activa de titular de cargo político
(um), corrupção activa (dois), bran-
queamento de capitais (nove), falsi-
Æcação de documento (três) e fraude
Æscal qualiÆcada (três).
O juiz Ivo Rosa apenas o pronun-
ciou por três crimes de abuso de
conÆança. Os restantes caíram por
prescrição ou por falta de provas.
Por exemplo, Ivo Rosa deu como
provado que da esfera de Ricardo
Salgado saíram mais de 70 milhões
de euros, mas argumenta que na
acusação, que diz que este valor
serviu para subornar José Sócrates
e os ex-gestores da PT, Henriqueq
Ganadeiro e Zeinal Bava,
não há provas suÆcientes
para Salgado ser pronun-
ciado por corrupção e,
num dos casos, o crime já
teria inclusivamente pres-
crito.
Segundo a acusa-
ção, da esfera de
Ricardo Salgado
terão saído cerca
de 29 milhões de
@JornaisPT
Ed
DF
Ricardo Salgado acabou
pronunciado por três crimes
de abuso de confiança no
processo Marquês
Vara julgado por um único crime de lavagem de dinhe
I
libado pelo juiz Ivo Rosa das
suspeitas de ter recebido dois
milhões de euros, juntamente
com José Sócrates, por ter
convencido a Caixa Geral de
Depósitos (CGD) a enterrar
quase 200 milhões de euros no
empreendimento turístico de
Vale do Lobo quando pertencia
à administração do banco,
Armando Vara deverá começar a
responder em tribunal esta
quarta-feira no âmbito da
Operação Marquês por um
único crime: lavagem de
dinheiro, relacionado com uma
prática de fuga ao fisco que já
prescreveu.
A cumprir cinco anos de
prisão na sequência de uma
condenação por tráfico de
influência no processo Face
Oculta, Vara confessou ao juiz
Ivo Rosa que a teia de
empresas que mandou
montar, com recurso a
offshores, tinha de facto como
objectivo fugir ao fisco. Mas
g
garante que os 535 mil euros
que fez circular entre a
Suíça, as Seychelles,
Chipre e a Irlanda, com
r
i to
a ajuda do gestor de fortunas
Michel Canals, tinham origem
lícita. As notas eram entregues
em mão a Canals, que depois
dava início ao branqueamento.
A explicação que dá para a
necessidade de esconder a
origem do dinheiro é simples. Diz
Vara que, enquanto não ascendeu
à administração da CGD,
acumulava um cargo de director
neste banco com a prestação de
serviços de consultoria a
empresas do Leste europeu,
África e Médio Oriente. Nas suas
palavras, identificava
oportunidades de investimento. E
quando foi nomeado para
administrador do banco, em
2006, esteve “quase para desistir”
da oferta, uma vez que o regime
de exclusividade a que ficava
sujeito o impedia de continuar a
exercer esta actividade. Logo
numa altura em que começava a
receber os proventos das
consultorias, parte dos quais só
lhe eram pagos quando os
negócios se concretizavam
efectivamente.
“Eu tinha consciência de que
havia um problema fiscal que
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eiro
tinha de resolver. A minha ideia
era fazê-lo no final do mandato
de administrador da CGD.” Neste
cargo, Armando Vara ganhava
cerca de 17 mil euros mensais.
As tentativas de dissimulação
da origem do dinheiro incluem a
compra e venda de dois
apartamentos na Avenida do
Brasil em Lisboa. A sua filha
Bárbara Vara emprestou várias
vezes o seu nome para estes
negócios.
Armando Vara também
ed
chegou a ser investigado por
gestão danosa. No despacho de
pronúncia da Operação
Marquês, Ivo Rosa deixa
subentendido que o Ministério
Público falhou o alvo ao deixar
cair estas últimas suspeitas. “Os
at
factos descritos na acusação
poderiam ainda constituir
suspeitas do crime de
administração danosa, na
medida em que poderia estar
em causa a violação de normas
re
de controlo ou regras
económicas de uma gestão
racional. Porém, não foi essa a
vertente seguida pela
acusação.” Ana Henriques
RUI GAUDÊNCIO
as
euros com destino a José Sócrates,
com vista a pagar a intervenção des-
te, na qualidade de primeiro-minis-
tro, em favor dos interesses de Ricar-
M
do Salgado e do BES, no âmbito da
OPA da Sonae, nos investimentos da
PT no Brasil, na Venda da Vivo e na
aquisição da participação da Oi.
Relativamente a 12 milhões (des-
ses 29), a acusação alega que saíram
da esfera de Ricardo Salgado para
in
contas de Hélder Bataglia, também
arguido na Operação Marquês. Pos-
teriormente, este terá feito transfe-
rências para uma conta de Joaquim
Barroca, gestor do grupo Lena, que,
por sua vez, transferiu o valor para
Carlos Santos Silva, empresário e
amigo de José Sócrates. Defende o
Ministério Público que estes 12
milhões de euros tinham como des-
tinatário Ænal o antigo primeiro-mi-
nistro.
Crime prescrito
Apesar de estas transferências
terem, no entender de Ivo Rosa,
“contornos obscuros”, “estas sus-
peitas e a ausência de justiÆcação
lógica para os Çuxos Ænanceiros
veriÆcados são insuÆcientes para
que se possa concluir, de forma suÆ#
ciente, que os 12 milhões de euros
se destinavam a retribuir o arguido
José Sócrates pela sua intervenção,
enquanto primeiro-ministro, em
favor do BES no âmbito dos negó-
cios da Portugal Telecom”. E, mes-
mo que isso tivesse acontecido, o
crime de corrupção já está prescri-
to, sustentou o juiz.
De acordo com os factos descritos
na acusação, o pagamento dos ale-
gados subornos a José Sócrates fei-
tos por Ricardo Salgado, no montan-
te global de 29 milhões de euros,
consumou-se em 2010, “com a
transferência realizada pelo arguido
Hélder Bataglia em nome da socie-
dade Eninvest Investimentos Imo-
biliários SA para a conta CGD, titu-
lada pela sociedade arguida Lena
Engenharia e Construção SGPS, ou
seja, para a esfera do arguido José
Sócrates”, lê-se na decisão instrutó-
ria, que sublinha que, “em termos
formais, o alegado crime de corrup-
ção passiva (de Sócrates) se consu-
mou pelo menos até ao dia 30 de
Junho de 2010”.
rP
Nessa altura, o crime de corrupção
passiva de titular de cargo político
era punido com pena de prisão até
três anos ou com pena de multa até
360 dias, e com um prazo de prescri-
ção estabelecido em cinco anos. Por-
tanto, concluiu Ivo Rosa, este crime
de corrupção prescreveu em 2015.
te
Granadeiro “iliba” Salgado
Relativamente aos outros dois crimes
de corrupção que o MP imputou a
Ricardo Salgado, o juiz Ivo Rosa tam-
bém não o pronunciou por falta de
provas e aceitou as explicações dadas
pelos arguidos Zeinal Bava e Henri-
que Granadeiro.
Segundo a acusação do MP, Zeinal
Bava terá recebido cerca de 25,2
milhões de euros, entre 2007 e 2011,
através da Espírito Santo Enterpri-
ses (o alegado “saco azul” do GES).
Tratou-se, segundo o Ministério
Público, de subornos pagos por
Ricardo Salgado, para que o gestor
beneÆciasse os interesses do Grupo
Espírito Santo, que era o accionista
de referência da PT.
No caso de Granadeiro, que acu-
mulava a presidência executiva e a
presidência da administração da PT,
o MP sustentou que este recebeu da
Espírito Santo Enterprises um total
de 24 milhões de euros para defen-
der os interesses do GES. Na análise
que o juiz faz às declarações dos
arguidos Ricardo Salgado e Henri-
que Granadeiro, segundo o que vem
descrito na decisão instrutória, cons-
tata-se que, “no que concerne às
explicações para as transferências
bancárias, são coincidentes, o que,
à partida e na ausência de outros
elementos de prova que as contra-
riem, indicia que serão verdadeiras”.
O valor transferido para Granadeiro
foi para pagar alegados trabalhos
prestados ao Grupo Espírito Santo.
Já quanto a Zeinal Bava, o valor
que lhe foi transferido seria para
Ænanciar a aquisição de acções da
PT, o que não se veio a concretizar,
e o ex-gestor acabou por devolver
uma parte do dinheiro a Ricardo
Salgado.
@JornaisPT
Público • Segunda-feira, 7 de Junho de 2021 • 3
Quem vai presidir ao julgamento
Francisco Henriques,
o juiz que suspira
Ed
quando se enfada
Ana Henriques
S
e o circunspecto Ricardo Sal-
DF
gado ouvir um suspiro ecoar
na sala de audiências
enquanto dá explicações aos
juízes, isso não é bom sinal.
E se esse suspiro for muito,
mas mesmo muito profundo, isso é
ainda pior sinal.
Nascido em Lisboa há quase 59
anos, o juiz que presidirá ao colectivo
que vai julgar o “ex-Dono Disto Tudo”
goza da merecida fama de ter alguns
comportamentos excêntricos. Em
2019, no julgamento do caso dos Vis-
tos Gold, em que ilibou o ex-ministro
da Administração Interna Miguel
Macedo de corrupção e peculato, o
magistrado pôs toda a sala de audiên-
cias em gargalhadas quando deixou
escapar um suspiro tão sentido que
parecia ecoar no tribunal.
Foi também neste julgamento que
se impacientou de tal forma com o
representante do Ministério Público
(MP), o magistrado José Niza, que teve
de interromper a sessão até que os
ânimos serenassem. Durante as ale-
gações Ænais, chegou a mandar calar
o procurador, que esticava até ao limi-
te o seu tempo de intervenção.
Para o MP, foi uma derrocada deste
megaprocesso: dos 21 arguidos, ape-
nas quatro foram condenados. Fran-
cisco Henriques deixou um recado:
disse que não fazia fretes, nem cedia
a pressões. E o Tribunal da Relação de
Lisboa manteve em grande parte a
decisão do colectivo a que presidiu.
Mas nem sempre foi assim. Noutro
julgamento em que também não con-
seguiu disfarçar o enfado durante as
alegações do MP, ao aplicar 12 anos
de cadeia a um cidadão marroquino
suspeito de terrorismo, fez-lhe um
O julgamento vai decorrer no Campus de Justiça, em Lisboa
r
i to
aviso: “Sei que é um homem religio-
so. Eu também sou. Espero que o seu
deus lhe perdoe, porque o tribunal
não o perdoa.”
Com tiradas e apartes que contra-
riam a postura seráÆca da maioria
dos juízes dentro das salas de audiên-
cias, a espontaneidade de Francisco
Henriques já lhe valeu uma repri-
menda, por falta de urbanidade, por
parte do Conselho Superior da Magis-
tratura, órgão que pune disciplinar-
mente os juízes. Corria o ano de 2013
e o magistrado estava encarregue,
juntamente com outros dois colegas,
de julgar um grupo de assaltantes de
ouro. As tentativas de um dos advo-
gados de defesa de explorar as con-
tradições do polícia responsável pela
investigação que estava a ser inquiri-
do em tribunal irritaram de tal forma
Francisco Henriques, que o juiz não
se conteve. Como não conseguia
fazer calar o advogado, que insistia
em deixar um protesto contra o seu
comportamento lavrado em acta,
Francisco Henriques mandou--o “ir
queixar-se ao Totta”.
“Cale-se lá um bocadinho, pá! Ó
bolas, outra vez! Eu não o posso man-
dar calar?! Cale-se”, dispara o juiz,
num tom exaltado. “Vá queixar-se ao
Totta, pá, deixe-me em paz! E lavre o
que quiser!” O episódio mereceu
duras críticas por parte do então bas-
tonário dos advogados, Marinho Pin-
to, que colocou a gravação no site
desta ordem proÆssional.
O passar dos anos não o tornou
mais dócil: ainda no mês passado,
saiu da sala de audiências antes de
uma sessão terminar por discordar
de uma colega. Por isso, se Ricardo
Salgado for agora mandado queixar-
-se ao Novo Banco, escusa de estra-
nhar.
RICARDO LOPES
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4 • Público • Segunda-feira, 7 de Junho de 2021

Espaço público

r
i to
PAN: o futuro é verde

m pouco por toda a
Editorial Europa há sinais para
quem os queira ler. Em
Inglaterra, nas recentes
eleições locais, os Verdes
conquistaram mais 91 lugares nos
conselhos municipais e vão liderar o
Ed
chegam ao poder, os partidos
ambientalistas estão pelo menos
suÆcientemente próximos para o
inÇuenciar. A agenda que
representam conquista cada vez mais
eleitores e, se antes o português
Pessoas-Animais-Natureza (PAN) e os
muitos deles: a necessidade de
António Costa contar com os seus
votos mostrou a capacidade do PAN
para obter conquistas concretas para
a sua agenda, numa posição
negocial, fora da lógica esquerda/
direita, que a abertura do PSD ao

David Pontes governo de Lancaster pela primeira
vez. Na Escócia, há conversações
entre o partido dos Verdes
(independente do seu congénere
inglês) e a primeira-ministra eleita,
Nicola Sturgeon, para garantir ao
Partido Nacional Escocês a maioria
que perdeu nas urnas. E na
DF
seus congéneres eram criticados por
serem um partido de uma causa só, o
facto é que essa causa, perante a
amplitude do problema da
sustentabilidade do planeta, ganhou
uma dimensão que a faz questionar o
modelo de desenvolvimento da
sociedade como um todo e propor
diálogo só vem reforçar.
Pode bem por isso Inês de Sousa
Real falar de governo sem que isso
pareça uma hipótese tão remota, pelo
menos em coligação. Porém, para lá
chegar o PAN precisa de resolver
vários problemas. Ironicamente um
deles é uma das razões do seu

rP
Para alargar e Alemanha, se já não lidera as alternativas. Aquilo para que as sucesso, o de estar demasiado ligado
consolidar a sua sondagens nas intenções de voto a ideologias servem. ao bem-estar animal. Para alargar e
representatividade, o candidata, a chanceler Annalena O PAN, que este Æm-de-semana consolidar a sua representatividade,
Baerbock ainda tem os Verdes com ganhou uma nova liderança, é muito o PAN tem de mostrar ser um partido
PAN tem de ser um 23,1% na média de sondagens mais mais jovem do que a maior parte dos mais claramente ligado a uma causa
partido mais claramente recentes sobre intenções de voto seus parceiros e sofre ainda as dores com capacidade de mobilizar mais
ligado a uma causa com para as eleições legislativas de naturais de crescimento, notórias em eleitores como é a ambiental. Para
capacidade de mobilizar resultado de sempre, 10,7% nas
te
Setembro, mais do dobro do melhor episódios como a desÆliação do seu
eurodeputado e de uma das eleitas
isso precisa de ter mais voz no espaço
público e deter uma maior presença
mais eleitores como é eleições de 2009. para a Assembleia da República. Mas ao nível local. O atraso que leva para
a ambiental Um pouco por todo o lado, se não tem uma vantagem em relação a as autárquicas não é um bom sinal.
as
CARTAS AO DIRECTOR
Público nos jogos das ao que se passa realmente em Quando foi preciso restringir ou De um modo geral, todos nós, Naturalmente, o cidadão
camadas jovens Portugal. Resolvam algo com fechar os locais de culto, fê-lo com mais ou menos comum não compra um champô
M

Não consigo entender a razão
pela qual os jovens como o meu
neto, que joga nos sub-7 do
Padroense Futebol Clube, não
podem ter ninguém nas
bancadas a assistir aos jogos ao
urgência porque os torneios
estão a acabar. Acordem, por
favor, senhores membros do
Governo. Acordem porque mais
vale tarde do que nunca, certo?
Manuel Morato Gomes,
Senhora da Hora
in
sem hesitações, de forma
rigorosa e em silêncio. Veja-se o
último 13 de Maio em Fátima,
onde se cumpriram com rigor as
directivas da DGS e que não
originou nenhum surto. Um
exemplo para outros sectores da
naturalidade, mais ou menos
verdade ou mais ou menos
hipocrisia, pretendemos
projectar uma boa imagem que
reúna o conjunto de qualidades e
virtudes que a sociedade valoriza
positivamente.
publicitado por alguém que não
lhe inspira simpatia, por esta ou
aquela razão. E é aqui que
entram em campo as famosas
agências de imagem, que tanto
vendem sabonetes como
presidentes da República! E os

ar livre de um torneio que
felizmente está a ser realizado e,
em simultâneo, o Governo de
Portugal autorizou tudo o que se
viu no Estádio do Dragão. Não
seria possível que as camadas
jovens tivessem assistência total
ed
Igreja e pandemia
Agora que já vemos a luz ao
fundo do túnel é tempo de fazer
algum balanço, desde o que
correu muito mal ao que foi
sociedade portuguesa, que
romperam a chorar baba e ranho
no início da pandemia e ainda
não se calaram.
José Pombal,
Vila Nova de Gaia
Se esta é uma constatação
óbvia para a generalidade dos
seres humanos, ela é-o ainda
mais, tornando-se mesmo um
requisito fundamental, para
determinado tipo de pessoas.
ReÆro-me, por exemplo, aos
respectivos conselhos, quer
sobre o penteado, a forma de
vestir, o que dizer nas entrevistas
ou até as contribuições para
obras de natureza social!
Amplamente anunciadas e
louvadas, o que não é, diga-se de

de 20/30 pessoas por jogo? O
secretário de Estado da
Juventude e do Desporto, assim
como António Costa e a DGS,
têm de esclarecer isto perante os
portugueses. Será que aos
ingleses é tudo permitido e aos
at
exemplar. De pior, até agora, a
vaga que se seguiu às festas de
Natal e Ano Novo. Um nível de
infecções sem precedentes a
ameaçar a ruptura hospitalar e,
sobretudo, os mortos, fruto de
um erro de avaliação das
Aparências
Até mesmo os melhores
psicólogos têm por vezes grandes
diÆculdades em entrar no íntimo
dos seus clientes e conhecer, com
algum rigor, a sua índole mais
membros da elite do espectáculo,
do cinema, do desporto, etc., e
que são mundialmente famosos e
reconhecidos.
Entram-nos diariamente em
casa, nos blocos publicitários das
TV, a anunciar sabonetes,
passagem, muito católico.
E é aqui que me surge a dúvida
sobre o tipo de preocupações
sociais e o verdadeiro objectivo
de algumas acções beneméritas
de ilustres personagens.
Pretendem mesmo ajudar ou

portugueses nada? Por que razão
não é permitido que alguns pais,
poucos que sejam, possam
assistir aos jogos ao ar livre dos
seus Ælhos? Ninguém entende
semelhante proibição e isto só
re
autoridades. Embora
estritamente associado ao
calendário cristão/católico, a
verdade é que a Igreja Católica
não esteve minimamente
associada à erupção pandémica
profunda. Acontece-nos a nós ao
longo da vida e os enganos em
que frequentemente incorremos
estão na origem das mais
dolorosas desilusões, mas
também, por vezes, de
champôs, automóveis, lâminas
de barbear, etc., etc. Estes
direitos de imagem, no caso dos
mais famosos e mediáticos,
atingem valores astronómicos e
até comparáveis ao que recebem
fazer crescer o valor da sua
imagem?
Será assim um tão grande feito
de bondade e altruísmo atribuir
uma verba a um hospital público
inferior ao valor das jantes do

prova a falta de atenção do que se seguiu ao Natal. Pelo surpreendentes revelações, pela pelo desempenho das respectivas novo Bugatti Centodieci?
secretário de Estado do Desporto contrário, tudo acatou com rigor. positiva. proÆssões. Hélder Pancadas, Sobreda

As cartas destinadas a esta secção têm de ser enviadas em exclusivo para o PÚBLICO e não devem exceder as 150 palavras (1000 caracteres). Devem indicar o nome, morada e contacto
telefónico do autor. Por razões de espaço e clareza, o PÚBLICO reserva-se o direito de seleccionar e editar os textos e não prestará informação postal sobre eles cartasdirector@publico.pt

@JornaisPT
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BARTOON LUÍS AFONSO
rP
te
as
ESCRITO NA PEDRA
“A justiça é a vingança do homem em sociedade,
M
como a vingança é a justiça do homem em
estado selvagem” Epicuro (-341/-270), filósofo
in
“Não podemos depender tanto e só de um
sector económico, temos de ter a capacidade
de desenvolver e de activar outros sectores“
António Costa [sobre a crise gerada pela pandemia]
ed
O NÚMERO NESTE DIA 7 DE JUNHO
10
1494 Portugal e Espanha assinam o Tratado de
Tordesilhas 1654 Coroação de Luís XIV, de
França 1801 Assinatura do Tratado de Badajoz,
at
com data 6 de Junho. Portugal perde a cidade e
o termo de Olivença 1848 Nasce o pintor
pós-impressionista Paul Gaugin 1862 Os EUA e o
Reino Unido assinam tratado para erradicar o
comércio de escravos 1921 Abre o primeiro
re
Parlamento da Irlanda do Norte 1967 Guerra dos
Seis Dias. As forças israelitas entram no Egipto
Cerca de 10 mil britânicos saíram e atingem o Canal do Suez 1979 Primeiro dia das
de Faro no sábado, enquanto no primeiras eleições por sufrágio universal para o
mesmo dia chegaram 2500. Os Parlamento Europeu 2008 Morre, aos 91 anos, o
dados são do Turismo do Algarve cineasta Dino Risi, “pai da comédia italiana”
@JornaisPT
Graças
aos turistas
Ed
Ainda ontem
tem
DF
T
Miguel Esteves Cardoso
inha sido um almoço
agradável, apesar de
vulgar e maquinal. Um
dos sócios veio à mesa
perguntar se tínhamos
gostado e respondemos
que sim. Fiz um único reparo: que
tinha sido caro para o pouco que
comemos.
O que eu fui dizer! Falar de
dinheiro é o tabu português, mas é
disso que toda a gente fala quando
ninguém os ouve. É um clássico,
uma variante de “a comida não
presta e, ainda por cima, as doses
são minúsculas”.
Disse-me o senhor que, se não
fossem os turistas, ainda seria mais
caro. Falou no dobro.
Ora, não é a primeira nem a
segunda vez que em Lisboa me
dizem isto. Dizem-me amigos e
dizem-me pessoas que não
conheço de parte nenhuma. Até
aqui tenho deixado passar, mas,
perante uma refeição banal e cara,
tenho de desabafar.
A ideia de nos dizerem-nos que os
turistas subsidiam o preço que
pagamos pelas refeições não só não
tem cabimento, como é de mau tom
repeti-la no momento em que
temos de pagar a conta.
Nós somos portugueses e
recebemos ordenados portugueses,
mas os donos dos restaurantes
também vivem em Portugal e
pagam ordenados portugueses.
Se insistem em cobrar preços
estrangeiros, baseados no dinheiro
que os estrangeiros ganham no
estrangeiro e naquele que eles
poupam para gastar nas férias,
quando vêm a Portugal, então talvez
devessem pegar no restaurante e
levá-lo para um desses países mais
ricos, com maior poder de compra.
Entretanto esquecem-se que, caso
não houvesse turistas e cobrassem
mesmo o dobro, eu e a grande
maioria dos portugueses que lá vai
nunca mais lá púnhamos os pés.
Se esses restaurantes não
conseguem aguentar-se só com os
miseráveis clientes portugueses
que vivem cá todo o ano, o melhor
será mesmo fecharem e reabrirem
em Londres ou Munique onde
seriam bem recebidos, sem as
nossas sovinices.
Público • Segunda-feira, 7 de Junho de 2021 • 5
r
A opinião publicada no jornal respeita
a norma ortográfica escolhida pelos autores
i to
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6 • Público • Segunda-feira, 7 de Junho de 2021

Espaço público

r
i to
A minha viagem à Europa é sobre a América
a unir as democracias do mundo

oportunidade de conseguir um progresso
ambicioso que trave a crise climática e crie
empregos através do fomento de uma
transição global para a energia limpa.
Tal como acontece em termos domésticos,
melhorar a capacidade das democracias de
competir e proteger a nossa população
Ed
assegurar que são as democracias de
mercado, e não a China ou qualquer outro,
quem escreve as regras do comércio e da
tecnologia no século XXI. E continuaremos a
perseguir o objectivo de uma Europa como
um todo, livre e em paz.
Por isso, quando me encontrar com
Estados Unidos em defender os nossos
valores democráticos, que não podemos
separar dos nossos interesses.
Tenho sido claro e directo nas minhas
conversas telefónicas com o Presidente
Putin. Os Estados Unidos não querem o
conÇito. Queremos uma relação estável e

DF
contra ameaças imprevistas implica um Vladimir Putin em Genebra, será depois de previsível em que possamos trabalhar com

N
Joe Biden
a quarta-feira, parto para a
Europa, na primeira viagem
internacional da minha
presidência. É uma viagem
cheia de encontros com muitos
investimento em infra-estruturas. As maiores
democracias do mundo oferecerão uma
alternativa de alta qualidade à China se
melhorarem e tornarem mais resistentes as
suas infra-estruturas físicas, digitais e de
saúde e apoiarem o desenvolvimento global.
As novas tecnologias remodelam o nosso
discussões ao mais alto nível com os nossos
amigos, parceiros e aliados que vêem o
mundo com os mesmos olhos dos Estados
Unidos e com os quais renovámos as nossas
relações e propósitos partilhados. Estamos
unidos para enfrentar os desaÆos impostos
pela Rússia à segurança da Europa,
a Rússia em assuntos como a estabilidade
estratégica e o controlo de armas. É por isso
que agimos imediatamente para prolongar
por mais cinco anos o tratado New Start e
reforçar a segurança do povo americano e
do mundo.
Ao mesmo tempo, também impus

dos nossos parceiros mais
próximos — incluindo o Grupo das Sete
Nações, os nossos aliados da NATO e da União
Europeia —, que se irá concluir com um
encontro com Vladimir Putin. Neste
momento de incerteza global, enquanto o
mundo ainda luta contra uma pandemia que
acontece uma vez num século, esta viagem
destina-se a dar a entender o compromisso
renovado da América com os nossos aliados e
parceiros e demonstrar a capacidade das
democracias para estar ao nível dos desaÆos
e dissuadir as ameaças desta nova era.
Seja a acabar com a pandemia da covid-19
em todo o lado, a corresponder às exigências
de uma crise climática em aceleração ou a
confrontar as actividades prejudiciais dos
Governos da China e da Rússia, os Estados
Unidos da América devem liderar o mundo a
partir de uma posição de força.
Graças ao Plano de Resgate Americano e à
nossa estratégia de vacinação, a nossa
mundo de maneira fundamental, expondo
vulnerabilidades como os ataques com
ransomware e criando ameaças como a
vigilância assente em tecnologias de
informação invasivas; as democracias do
mundo devem assegurar em conjunto que a
utilização e desenvolvimento dessas
inovações sejam governados segundo os
nossos valores — não pelos interesses de
autocratas.
te
Esses valores democráticos partilhados são
a base de uma das mais bem-sucedidas
alianças da história do mundo. Em Bruxelas,
na cimeira da NATO, voltarei a aÆrmar o
compromisso inquebrantável dos EUA com o
as
Artigo 5.º e a assegurar que a nossa aliança
será forte perante todos os desaÆos,
incluindo ameaças de ciberataques às nossas
principais infra-estruturas.
Em Bruxelas, terei um encontro com o
presidente da Comissão Europeia e o
presidente do Conselho Europeu para
M
rP
começando pela sua agressão à Ucrânia, e consequências signiÆcativas para os
não haverá dúvidas sobre a resolução dos comportamentos que violem a soberania dos
EUA, incluindo a interferência nas nossas
eleições democráticas. E o Presidente Putin
sabe que não hesitarei em responder a
futuras actividades prejudiciais. Quando nos
encontrarmos, voltarei a sublinhar o
compromisso dos Estados Unidos, da Europa
À medida que a e de outras democracias semelhantes em
recuperação económica
da América ajuda a
defender os direitos humanos e a dignidade.
Esta é questão determinante do nosso
tempo: serão as democracias capazes de se
impulsionar a economia unir para entregar resultados concretos aos
nossos povos num mundo em rápida
global, seremos mais mudança? Provarão as alianças e as
fortes e mais capazes se instituições democráticas que modelaram
grande parte do último século a sua
estivermos ladeados capacidade perante os adversários e as
pelas nações que ameaças modernas? Acredito que a resposta
é “sim”. E esta semana, na Europa, temos a
partilham os nossos oportunidade de o provar.
valores e a nossa visão

economia está agora a crescer à velocidade discutir como os Estados Unidos e a Europa Exclusivo PÚBLICO/The Washington Post
mais rápida dos últimos 40 anos. Criámos podem trabalhar em estreita colaboração
do futuro — por outras
mais empregos nos primeiros quatro meses face aos desaÆos globais. Focar-nos-emos em democracias Presidente dos Estados Unidos
da nossa Administração do que qualquer
FRANCOIS LENOIR/REUTERS
outro Presidente. Os salários estão a
aumentar para os trabalhadores americanos.
E, à medida que a recuperação económica da
in

América ajuda a impulsionar a economia

global, seremos mais fortes e mais capazes se
estivermos ladeados pelas nações que
partilham os nossos valores e a nossa visão do
futuro — por outras democracias.
Será essa a agenda que irei promover em
cada uma das paragens. No Reino Unido,
ed

depois de me encontrar com o

primeiro-ministro, Boris Johnson, para
confirmar a relação especial entre as nossas
nações, participarei na cimeira do G7. Este
grupo das principais democracias e
economias não se encontra presencialmente
há dois anos devido ao coronavírus. Acabar
at

com esta pandemia, melhorar a segurança

sanitária das nossas nações e conduzir uma
recuperação económica robusta e inclusiva
estará no topo das nossas prioridades.
Os ministros das Finanças do G7 já
assumiram o compromisso sem precedentes
re

de criar as condições para uma taxa mínima

de IRC global de 15% para acabar com a
corrida para o fundo dos impostos da
tributação empresarial. E com os Estados
Unidos de regresso ao seu lugar na questão
das alterações climáticas, temos a

@JornaisPT
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Regras orçamentais europeias. Tudo na mesma
a partir de 2023?
Ricardo Cabral
O OE de 2021 parece
demasiado pessimista e é
provável que o desempenho
das contas públicas seja
mais favorável do que o
antecipado pelo Governo
A
Comissão Europeia, numa
“comunicação” de 2 de Junho,
defende que as regras
orçamentais europeias devem
continuar suspensas em 2022 e
que só devem entrar de novo em
vigor a partir de 2023.
Entretanto, na Alemanha, o Governo
federal está a planear regressar à sua regra
fiscal — a regra travão à dívida — já a partir de
2022, o que segundo uma análise de Fevereiro
de 2021 do Conselho Alemão de Relações
Exteriores da autoria de Shahin Vallée,
Jérémie Cohen-Setton e Dominik Buhl, se
traduziria numa redução do défice estrutural
da Alemanha de 2% do PIB, com um efeito
negativo no PIB da área do euro de 0,6% do
PIB.
O ajustamento em termos nominais seria
muito superior. O défice do Governo central
da Alemanha teria de melhorar em €175 mil
milhões (4,5% do PIB), um enorme choque
orçamental negativo.
Ou seja, mesmo que as regras orçamentais
in
europeias continuem suspensas por mais um
ano, as economias da área do euro já irão
começar a sentir o efeito da estratégia de
austeridade da Alemanha a partir de 2022.
Como referem os autores dessa análise: “O
risco para a recuperação europeia de adotar
prematuramente tal curso de consolidação
ed
orçamental é claro — tanto diretamente, porque
a Alemanha responde por quase 30 por cento
da economia da área do euro, como
indiretamente, porque as escolhas orçamentais
da Alemanha definirão o tom para a área do
euro como um todo.” (p. 2)
ReÆra-se que a recuperação mais acelerada
at
das economias alemã e europeia que se
observa presentemente dá uma ajuda do
lado das receitas Æscais, mas o ajustamento
orçamental necessário para cumprir a regra
travão da dívida é tão elevado, pouco após as
eleições legislativas previstas para 2021, que
re
é provável que os políticos alemães optem
por suspender por mais um ano a regra
travão à dívida.
Por outro lado, a Alemanha em 2020
registou um excedente da balança corrente de
7% do PIB, muito elevado, que se segue a
Saldo da balança corrente em milhares de milhões de dólares
China Japão Outras economias avançadas
Economias emergentes e em desenvolvimento
1000
te
500
as
0 França, Espanha e Itália terão muita
-500
M
-1000
2007 08 09 10 11 12 13 14
Fonte: DGAP, que se baseia em dados do IMF World Economic Outlook Database de Outubro de 2020
vários anos de excedentes entre 7% e 8,6% do
PIB, continuando a não respeitar o “travão” a
estes excedentes previsto nas regras
europeias sem que nada lhe aconteça.
Como se observa no gráÆco acima,
retirado da análise do Conselho Alemão das
Relações Exteriores acima referida, a
estratégia de austeridade, adoptada
primeiro pela Alemanha com a introdução,
em 2009, da regra travão à dívida na
Constituição desse país, e entre 2010 e 2012,
com a introdução das novas regras
orçamentais europeias, actualmente
suspensas, teve um efeito óbvio: a área do
euro de uma balança corrente ligeiramente
deÆcitária até 2011 passa a registar uma
balança corrente crescentemente
superavitária, apresentando excedentes da
balança corrente maiores do que a
generalidade das economias, em particular,
superiores aos da economia chinesa e aos da
economia japonesa.
Nesse sentido, a estratégia de política
orçamental seguida na área do euro e, em
particular, na Alemanha é uma estratégia
mercantilista, em que se procura aumentar a
“competitividade” da economia da área do
euro, assegurando que esta cresce menos do
@JornaisPT
Público • Segunda-feira, 7 de Junho de 2021 • 7
r
i to
Ed
PAULO PIMENTA
estes blocos económicos sugam crescimento
económico (e empregos) ao resto do mundo,
o que não reÇecte uma política económica
internacional decente.
Regresso às regras orçamentais resultará
em maior crescimento do excedente da
DF
balança corrente
O regresso às regras orçamentais que se
avizinha poderá propiciar o crescimento do
excedente da balança corrente da área do
euro. É certo que os fundos do Next
Generation Europe tenderão a estimular a
procura interna e a ter um efeito negativo nas
contas externas dos Estados-membros que
rP
beneÆciam proporcionalmente mais desses
fundos, como Portugal.
Mas as regras orçamentais europeias,
actualmente suspensas, são tão espartanas,
obrigando na prática a saldos orçamentais
equilibrados, que uma vez novamente em
Área do euro vigor terão um efeito dramático no
Estados Unidos desempenho económico dos
Estados-membros, em especial, em países
como Portugal.
Será que é possível um regresso integral
às regras orçamentais europeias
pré-pandemia?
Provavelmente não. Estados-membros como
diÆculdade em cumprir o objectivo de um
saldo estrutural de -0,5% do PIB potencial e
outros critérios nominais ainda mais
exigentes.
O cenário mais provável é que as regras
sejam reintroduzidas e, na sequência de
incumprimento generalizado pela maioria
15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 2025 dos Estados-membros, sejam alteradas.
PÚBLICO
Portugal continua a querer ser o “bom
aluno”
A estratégia orçamental portuguesa é tal que
aparenta já assumir um regresso às regras
orçamentais europeias. O choque causado
pela pandemia afectou de forma muito
negativa sectores de actividade importantes
da economia portuguesa, em particular,
Se é certo que sectores hotelaria, restauração e o sector do turismo.
importantes da Mas o Orçamento do Estado de 2021 parece
demasiado pessimista e é provável que o
actividade económica
desempenho das contas públicas seja mais
nacional foram favorável do que o antecipado pelo Governo.
De facto, surpreendentemente, a pandemia
negativamente pode ter acelerado tendências que de outra
afectados, sectores forma não teriam sido adoptadas de forma
tão rápida ou espontânea, tendências essas
haverá em que se com impacto positivo na produtividade. Por
observa um impacto
exemplo, em vários sectores substituem-se
reuniões presenciais por reuniões remotas e o
positivo teletrabalho em alguns sectores veio para
Æcar.
que as economias do resto do mundo e que Por conseguinte, se é certo que sectores
cresce à boleia do maior crescimento do resto importantes da actividade económica
do mundo. nacional foram negativamente afectados,
Outras economias (e.g., Suécia, Dinamarca, sectores haverá em que se observa um
Suíça e Rússia) fazem algo similar, registando impacto positivo.
excedentes da balança corrente ainda
superiores, em percentagem do PIB. Professor de Economia do ISEG.
Esta é uma estratégia de “pariah”, em que Escreve à segunda-feira
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8 • Público • Segunda-feira, 7 de Junho de 2021
Espaço público
Euros digitais
A
Arlindo Oliveira
s moedas digitais baseadas em
registos distribuídos
suportados por protocolos
criptográÆcos, criptomoedas,
tornaram-se populares com o
aparecimento do bitcoin,
criado em 2009 por alguém que ainda hoje é
unicamente conhecido pelo seu
pseudónimo, Satoshi Nakamoto. Ao bitcoin
sucederam-se centenas de outras e, neste
momento, os conceitos de moeda digital e de
criptomoeda são praticamente sinónimos.
Porém, existe a possibilidade real de um
outro tipo de moedas digitais se tornarem
ainda mas importantes do que as
criptomoedas, as que vierem a ser emitidas
pelos bancos centrais (Central Bank Digital
Currencies, com sigla CBDC, em inglês).
Para evitar a dependência de uma
entidade especíÆca, a esmagadora maioria
das criptomoedas usa um registo distribuído
das transacções efectuadas (o blockchain, ou
cadeia de blocos), do qual todos os
intervenientes têm uma cópia. Este registo é
mantido coerente pelo consenso da maioria
dos participantes. Para garantir que este
consenso não é torpedeado pela criação de
falsos utilizadores (o que é fácil fazer na
Internet), a maioria das criptomoedas usa o
conceito, criado há cerca de 30 anos, de
prova de trabalho (proof-of-work). Para
registar novas transacções na série de blocos
que representa o registo público, é
necessário demonstrar que se investiu
tempo e esforço na resolução de um
quebra-cabeças matemático, que vai Æcando
mais complicado à medida que os
in
computadores Æcam mais rápidos. A
necessidade de apresentar a prova de
trabalho faz com que o registo distribuído
das transacções seja praticamente
inatacável, porque nenhum potencial
atacante consegue ter acesso aos recursos
computacionais que seriam necessários para
ed
resolver quebra-cabeças à velocidade
suÆciente para conseguir corromper e
falsiÆcar o registo de transacções. É esta
característica que torna o bitcoin e outras
criptomoedas tão nocivas para o ambiente,
uma vez que cada transacção consome, na
prática, grandes quantidades de energia
at
eléctrica, usada pelos computadores para
resolver os quebra-cabeças. Embora existam
alternativas a este método para assegurar a
inviolabilidade de um registo distribuído,
elas têm-se revelado menos populares
porque têm outras limitações.
re
Porém, nada impede que moedas digitais
muito mais eÆcientes, baseadas em registos
centralizados, sejam criadas. Basta, para tal,
que exista uma entidade em que todos os
utilizadores conÆem, e que as comunicações
com essa entidade sejam asseguradas por
mecanismos de autenticação seguros e
robustos. Embora a ideia original dos
criadores de criptomoedas fosse,
justamente, a de não conÆar em nenhuma
entidade em particular, a verdade é que
existem instituições nas quais, na prática,
todos conÆamos, no que respeita à criação e
gestão de dinheiro: os bancos e, em
particular, os bancos centrais dos Estados e
uniões de Estados. ConÆamos,
implicitamente, no Banco Central Europeu,
na Reserva Federal e no Banco de Inglaterra,
quando usamos euros, dólares e libras. O
valor de uma moeda é, em grande parte, um
resultado da conÆança que os utilizadores
nela depositam, e os bancos centrais fazem
grandes esforços para evitar falsiÆcações,
controlar a inÇação e manter as taxas de
câmbio dentro de certos limites.
Os bancos comerciais, que não são
bancos emissores, desempenham um papel
importante no sistema Ænanceiro, gerindo
transacções e permitindo que cidadãos e
empresas façam depósitos e peçam
empréstimos, ajudando a aplicar mais
produtivamente os recursos Ænanceiros
disponíveis. Neste processo, os bancos
te
comerciais também criam dinheiro, ao
fazerem recircular os valores dos depósitos,
aumentando assim a quantidade de moeda
em circulação. Porém, este processo
também cria o sempre presente risco de
colapsos bancários e perda dos montantes
as
depositados. O papel dos bancos comerciais
na economia tem sido fundamental porque,
M
@JornaisPT
Ed
até agora, nenhum banco central podia, ou
sequer pretendia, processar todas as
operações Ænanceiras relacionadas com
transacções, depósitos e empréstimos da
moeda que emite.
Porém, a evolução da tecnologia tornou
possível aos bancos centrais processarem
todas as transacções da moeda que emitem,
desde que essas transacções sejam
puramente digitais. Esta ideia de serem os
DF
bancos centrais a guardar os registos de
todas as transacções feitas na respectiva
moeda, que era Æcção cientíÆca até há
poucos anos atrás, é agora perfeitamente
exequível. O Banco Central da China lançou
um projecto-piloto de uma moeda digital (o
yuan digital), o Banco Central das Bahamas
rP
Se as moedas digitais
dos bancos centrais
vierem de facto a
concretizar-se, a
revolução digital
poderá chegar, com
estrondo, ao sistema
Änanceiro
DADO RUVIC/REUTERS
r
i to
lançou uma versão digital da sua moeda, o
sand dolar, e muitos outros bancos centrais
estão a estudar idêntica possibilidade,
incluindo o Banco Central Europeu (que
publicou há poucos dias um relatório onde
refere diversas vantagens de um euro
digital), a Reserva Federal e o Banco de
Inglaterra.
As moedas digitais dos bancos centrais
trazem consigo a promessa, e a ameaça, de
revolucionar profundamente todo o sistema
Ænanceiro. Por um lado, estas moedas
digitais terão intrinsecamente o mesmo valor
das moedas homónimas não digitais, e não
têm assim o carácter especulativo inerente a
todas as criptomoedas existentes, cujo valor
se baseia, unicamente, na instável promessa
de que continuarão a ter valor no futuro. Mas
as consequências de uma utilização mais
ampla de moedas digitais dos bancos
centrais serão, na realidade, muito mais
profundas.
Uma moeda digital permitirá aos bancos
centrais monitorizar, com exactidão e em
tempo real, todas as transacções efectuadas
com a moeda por eles emitida. Os impactos
ao nível Æscal, na capacidade de controlo da
economia, e no combate à fraude e lavagem
de dinheiro são enormes e justiÆcam, só por
si, a atenção que os bancos centrais estão a
prestar a esta questão. Mas o impacto mais
profundo poderá ser ao nível da arquitectura
do sistema Ænanceiro.
Quando, e se, os bancos centrais puderem
gerir a totalidade, ou uma grande fracção,
das transacções Ænanceiras executadas na
moeda que emitem, o papel que os bancos
comerciais têm desempenhado desde há
séculos, de transformar depósitos de curto
prazo em empréstimos de longo prazo,
pode reduzir-se enormemente ou mesmo
desaparecer. Se todas as transacções
monetárias forem feitas por movimentação
de fundos entre contas mantidas no banco
central, desaparecerá a necessidade de
recorrer a um banco comercial para
depositar os valores que não são necessários
imediatamente. Sem depósitos à ordem, os
bancos comerciais não terão acesso aos
recursos necessários para fazer
empréstimos, desaparecendo assim a
margem Ænanceira que constitui a
componente mais importante do seu
negócio. Por outro lado, também deixará de
existir a sempre presente possibilidade de
um banco comercial falir, fazendo
desaparecer o dinheiro dos depositantes.
Instituições bancárias poderão continuar a
fazer empréstimos, mas terão de o fazer
com fundos originários de outras fontes,
que não os depósitos à ordem, à semelhança
do que fazem os actuais bancos de
investimento.
Se as moedas digitais dos bancos centrais
vierem de facto a concretizar-se e a
desempenhar um papel importante, a
revolução digital poderá chegar, com
estrondo, ao sistema Ænanceiro, tornando
obsoleto um modelo de negócio que se tem
mantido essencialmente inalterado desde há
séculos.
Professor do IST, presidente do INESC
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Público • Segunda-feira, 7 de Junho de 2021 • 9

Partido tem nova líder, mas não abandona princípios fundadores Política

r
i to
PAN quer “contribuir para a mudança”
e “chegar ao governo” em 2023

Ed
O secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, Duarte Cordeiro, marcou presença no congresso em
que o PAN deixou uma lista de exigências a António Costa para o Orçamento do Estado para 2022
RUI GAUDÊNCIO

DF
Sónia Sapage, Maria Lopes
O discurso de Inês de Sousa Real no
encerramento do congresso do Pes-
soas-Animais-Natureza, ontem, em
Tomar, fez lembrar Assunção Cristas
nas vésperas do conclave centrista
de 2018, em Lamego. A nova líder do
PAN prometeu que o partido por si

rP
liderado se apresentará às eleições
legislativas de 2023, “evidentemen-
te, para ser governo” (só não disse se
seria sozinho ou em aliança). Há três
anos, a líder do CDS tinha um sonho
idêntico. “Eu vejo-me como primei-
ra-ministra”, assumia, entrevistada
pelo semanário Expresso.
A diferença está nos pormenores:
enquanto Cristas recusava de forma
deÆnitiva um acordo com as “esquer-
te
das encostadas” (leia-se PS, CDU e
Bloco), Sousa Real deixa pistas para
um entendimento em matéria de
Orçamento do Estado (para já). Os
as
acordos foram, contudo, um dos
temas que alimentaram mais a dis-
cussão no congresso. De um lado os
que não querem ver o PAN unica-
mente como bengala de um governo
do PS, do outro os que acham que
fechar a porta a entendimentos é
M

“fechar o PAN”.
Inês de Sousa Real começou o dis-
curso de encerramento do VIII Con-
gresso vincando a prova de vida feita
pelo partido, que este ano comemo-
ra dez anos. “Viemos para Æcar, vie-
mos para crescer, viemos para con- Inês de Sousa Real tornou-se apontaram o dedo à direcção de Com representantes do PS, PSD, mínimo da média europeia e traba-
in

tribuir para a mudança”, aÆrmou,
numa declaração que sinaliza dispo-
nibilidade para negociar com o PS.
Mas a ambição é maior ainda,
admitiu a nova líder: “Saímos deste
congresso com a convicção de que
temos e somos futuro nas eleições
ed
ontem a primeira mulher a
liderar o PAN
André Silva — que Inês Sousa Real e
mais de metade da nova comissão
política integravam — por estar a des-
viar o PAN dos seus princípios fun-
dadores, deixou uma promessa:
“Jamais deixaremos para trás a base
ideológica e os nossos valores.”
BE, PCP, CDS, PEV e Volt na plateia,
Inês de Sousa Real defendeu que o
PAN é “o único partido capaz de res-
ponder ao desaÆo climático e a
outros desaÆos do nosso tempo”.
“Somos, orgulhosamente, o único
partido animalista e ambientalista
lhar para um melhor nivelamento do
salário médio”, enumerou.
Na primeira Æla da plateia, mesmo
na sua frente, estava o secretário de
Estado dos Assuntos Parlamentares,
Duarte Cordeiro, acompanhado pelos
representantes do PS, os deputados

autárquicas, nas eleições à Região em Portugal.” E fez ainda questão de Pedro Cegonho e Hugo Costa. Com
Autónoma da Madeira e, daqui a dois vincar que, ao contrário dos outros apenas três deputados, o PAN pode
anos, nas eleições legislativas, às
quais nos apresentamos, evidente-
Resultados eleitorais partidos, o PAN não actua a partir do
“ego e das ambições pessoais” para
fazer a diferença nas contas para a
aprovação do Orçamento, se o PCP e
mente, para ser governo.” Uma tomar decisões políticas. o PEV continuarem a abster-se.

A
ambição a que André Silva nunca se nova comissão política (a nova líder e a deputada Sousa Real acrescentou que o PAN
expôs de forma tão assertiva — e nas nacional do PAN, liderada Bebiana Cunha) e dois homens Caderno de encargos também quer “mais e melhores
at

inúmeras entrevistas que deu nos
últimos dias reaÆrmou a ideia de que
o partido deve manter-se na oposi-
ção e não integrar o executivo, por-
que isso pode ser a sua morte.
Inês de Sousa Real, que é líder par-
re
por Inês de Sousa Real, foi
eleita ontem, no VIII
Congresso, em Tomar. A actual
líder parlamentar era a única
candidata à sucessão de André
Silva e foi eleita com 109 votos
no terceiro e no quarto lugares
(Pedro Neves, deputado nos
Açores, e Nélson Silva, o
deputado municipal do PAN em
Odivelas, que vai substituir
André Silva no Parlamento).
A seguir, e após uma breve referência
às autárquicas de 2021 (às quais o PAN
ainda não apresentou nenhum can-
didato, mas promete fazê-lo em bre-
ve) e ao Orçamento, vieram os reca-
dos para o Governo. “Queremos mais.
investimentos na Saúde, nos proÆs-
sionais da Educação, das forças de
segurança, dos vigilantes da nature-
za e tantos outros proÆssionais-cha-
ve” e quer “que dinheiros da ‘bazuca
europeia’ sirvam para potenciar o

lamentar e a primeira mulher a assu-
mir o cargo de porta-voz do PAN, fez
questão de salientar ser a quinta
mulher a liderar um partido nos 47
anos de democracia portuguesa. Aos
críticos internos que há uns meses
dos 134 delegados. Houve ainda
14 votos em branco e dois nulos.
Este que é o órgão máximo
entre congressos tem duas
mulheres nos primeiros lugares
Foi ainda eleito o conselho de
jurisdição nacional: 102 votos a
favor, 19 brancos e três nulos.
Este órgão será presidido por
Sandra Carmo.
Exigimos mais. Queremos proteger
os oceanos, as Çorestas, os animais,
reduzir o número de pessoas em risco
e em situação de pobreza, o número
de pessoas sem acesso à saúde e ao
trabalho, reaproximar o ordenado
empreendedorismo e a economia
verde”. Um leque de temas abran-
gente, idêntico ao dos outros parti-
dos, mostrando que o PAN não se
quer acantonar nas questões dos
animais e do ambiente.

@JornaisPT
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10 • Público • Segunda-feira, 7 de Junho de 2021
Política A nova direcção do PAN tem 11 novos elementos
Três saídas e três entradas a registar
André Silva
O agora ex-deputado e ex-líder
anunciou a saída do partido e do
Parlamento em Março de 2021,
sete anos depois de ter assumido
funções de porta-voz do PAN,
com o argumento de que “as
pessoas não devem eternizar-se
nos cargos, devendo dar
oportunidade a outras”. Também
explicou, na altura, num email
enviado aos militantes, que
queria “apanhar o comboio da
paternidade” e “equilibrar a vida
pessoal e familiar com a vida
profissional”. André Silva (de 45
anos), pai de Bartolomeu (de oito
meses), vai regressar em Julho à
actividade profissional de
engenheiro civil no âmbito da
recuperação do património
arquitectónico e artístico, no
sector privado. Para já, garante
não ter planos para voltar à
política, mas não fecha a porta
definitivamente. “Daqui a uns
anos, não faço ideia; não fecho
portas”, disse ao PÚBLICO na
última semana. S.S.
Joaquim Sousa
Depois de um ano sem
estruturas representativas na
Região Autónoma da Madeira
devido à ruptura entre os órgãos
locais (que se demitiram em
bloco) e a anterior direcção do
partido, liderada por André Silva,
o PAN tem há um mês Joaquim
Sousa como presidente da
comissão política regional
ed
madeirense. O professor, antigo
director da escola de Curral de
Freiras que está a ser alvo de um
processo de suspensão pelas
autoridades regionais, tem
como meta levar o partido à
Assembleia Legislativa Regional
nas eleições de 2023, à
at
semelhança do que foi
conseguido pelo partido no ano
passado no Açores. Em 2013, o
PAN integrou a coligação que
levou o independente Paulo
re
Cafôfo (hoje líder regional do PS)
a roubar a Câmara Municipal do
Funchal ao PSD, mas em 2017 o
partido não concorreu, nem
repetiu a aliança. M.L.
André Nunes
Está de saída da direcção o antigo
chefe de gabinete do grupo
parlamentar do PAN, que deixou
“por motivos pessoais” nove
meses depois de ter assumido
essas funções (ocupou o posto
entre Outubro de 2020 e Março de
2021). André Nunes foi também o
autor da moção que mais aqueceu
os ânimos no congresso deste
fim-de-semana, intitulada “Nem de
esquerda, nem de direita,
simplesmente progressistas”. O
texto focava-se na ideia de que a
dicotomia “entre esquerda e
direita” está gasta, mas foi
entendida por uns como um sinal
de que o PAN estará indisponível
para fazer acordos. “Se nunca
podemos fazer acordos, então
enquanto não houver governo do
PAN, não há conquistas”, lamentou
Albano Pires, da direcção. Em
defesa da moção (que acabou por
ser retirada), foi preciso explicar
que o seu objectivo era impedir
que o PAN servisse apenas de
bengala ao PS. S.S.
Manuela Gonzaga
as
É um regresso à cena política
activa da historiadora, escritora
e ex-jornalista que se apresentou
como candidata apoiada pelo
PAN às eleições presidenciais de
2016. Manuela Gonzaga acabou
por desistir da corrida
M
prematuramente por não ter
conseguido reunir as assinaturas
necessárias. Mandatária da lista
de candidatura de Inês de Sousa
Real à comissão política
nacional, é também o último
nome dos 27 elementos da nova
in
direcção, órgão em que já
esteve entre 2013 e 2016.
Anteontem, Manuela Gonzaga
dirigiu-se aos delegados
presentes no Hotel dos
Templários num discurso com
um grande pendor feminista,
elogiou a nova porta-voz e
vincou que as mulheres
inventaram uma outra forma de
fazer política “menos piramidal,
menos normativa, menos
dogmática” e mais atenta ao
diálogo. M.L.
Bianca Santos
A militante número 1343 do
Pessoas-Animais-Natureza tem
40 anos e é natural da África do
Sul, mas vive em São Miguel
desde pequena — diz-se, aliás
“açoriana por adopção” — e foi
candidata às eleições regionais
de 2020 pela maior ilha dos
Açores. Bianca Santos é
licenciada em Direito e mestre
em Direito Animal, tendo-se
especializado em Direito Animal
e em Gestão de Animais Errantes
e do programa CED (Capturar-
-Esterilizar-Devolver). Duas das
25 moções sectoriais levadas ao
congresso por 17 delegados
rP
tinham a ex-candidata às
regionais como primeira
subscritora: uma visava defender
a esterilização abrangente de
animais de companhia (e foi
aprovada com aplausos) e outra
propunha a simplificação do
processo de adopção de animais
de pecuária, como vacas,
te
galinhas ou porcos (foi aprovada
por unanimidade). S.S.
Rafael Pinto
Foi um dos 134 delegados mais
activos na apresentação de
moções (só ele era primeiro
subscritor de quatro), com
textos sobre educação,
combate à corrupção, fim dos
estágios não remunerados de
longa duração e sobre a pesca.
Para ajudar a defender a moção
de Inês de Sousa Real, foi
chamado a apresentar as
propostas para a área da saúde.
É licenciado em Direito e
frequentou um mestrado em
Direito da União Europeia na
Universidade do Minho.
Conhecido youtuber sobre
nutrição e fitness, faz vídeos
com enfoque nos bodybuilders
nos quais por vezes mostra o
corpo musculado. Em 2019, foi
a votos como candidato do PAN
pelo círculo de Braga às
eleições legislativas. Na altura
foi apresentado como sendo o
mais jovem candidato a
deputado nas listas do partido.
M.L.
@JornaisPT
O PAN e os equilíbrios
do crescimento
Ed
Opinião
São José Almeida
O VIII Congresso do PAN foi um
DF
congresso de mudança na
continuidade, reÇectindo o
crescimento e a
institucionalização do partido. A
liderança mudou. André Silva,
ao Æm de sete anos como
porta-voz, foi substituído pela
sua número dois e líder
parlamentar, Inês de Sousa Real.
A direcção eleita continua
centrada na bancada na
Assembleia da República,
passando a número dois a
deputada Bebiana Cunha. Na
comissão política está também
Nélson Silva, que agora ocupará
o mandato parlamentar em
substituição do anterior líder.
As regras internas mudam
também, com aperfeiçoamentos
que permitirão o crescimento e
proÆssionalização do partido. O
cargo de porta-voz passa a ter
limitação a três mandatos de dois
anos. São criadas condições para
mais representatividade interna.
As comissões políticas distritais
passam a ter por inerência um
lugar na comissão política, assim
como as agora criadas
organizações das regiões
autónomas e a também a nova
juventude partidária.
Até são criadas medidas
pioneiras em organização interna
partidária em Portugal, como o
limite estatutário de 25% para os
funcionários do partido que
integram a comissão política. Já
outra regra que seria pioneira foi
rejeitada, a de que pessoas com
relações familiares não pudessem
integrar os mesmos órgãos.
Continua também bastante
debate interno, espelhado na
diversidade de posições e até nas
críticas expressas pelos
congressistas. Sai do congresso
uma linha de continuidade no
tipo de partido que o PAN é. E
também na sua estratégia de
inÇuenciar o poder — embora,
neste último aspecto, haja
indícios de uma ligeira evolução.
O PAN continua a ser um
partido conscientemente sem
grande solidez ideológica e
apostado em causas, como a
igualdade de género, a
preservação do ambiente e a
defesa dos direitos dos animais.
Isso foi claramente assumido por
Inês de Sousa Real nos discursos
r
i to
de sábado e de ontem — na linha
do que pediu André Silva no
discurso de despedida da
liderança.
Mas de Tomar sai não só uma
mudança de estilo pessoal de
liderança, em que Inês de Sousa
Real assume uma atitude mais
proÆssional e assertiva e menos
ingénua do que a de André Silva.
Saem claros indícios de uma
possível mudança de estratégia
face ao poder.
André Silva pediu que o PAN
mantivesse o distanciamento do
poder, mas também a capacidade
de o inÇuenciar. Uma estratégia
que ele imprimiu ao partido ao
longo de seis anos de Parlamento,
ao impor-se em negociações com
o Governo e ao conseguir obter
ganhos nas negociações dos
orçamentos do Estado, mesmo
nos quatro anos em que foi
deputado único.
A verdade é que esta estratégia
pode ser alterada na direcção de
um caminho de isolamento
negocial do partido, como Æcou
espelhado nos debates do
congresso, em particular sobre a
moção E, intitulada “Nem de
esquerda, nem de direita,
simplesmente progressistas”.
A linha predominante é,
porém, contrária ao
acantonamento. A maioria dos
congressistas assumiu que o PAN
não pode ser rígido e sectário nos
limites que impõe às negociações.
Ficou igualmente clara a vontade
de alargar o espaço parlamentar
do partido e de inÇuenciar mais,
se não mesmo conquistar, o
poder executivo.
Inês de Sousa Real, em
declarações aos jornalistas, na
noite de sábado, tornou-o claro,
ao assumir que o PAN quer “estar
em condições de ser governo”.
Reconheceu, porém, que tal “terá
de ser sempre avaliado consoante
aquilo que seja a matemática
parlamentar e a conjuntura”.
E repetiu-o no discurso de
encerramento: “Saímos deste
congresso com a convicção de
que temos e somos futuro nas
eleições autárquicas, nas eleições
à Região Autónoma da Madeira e,
daqui a dois anos, nas eleições
legislativas, às quais nos
apresentamos, evidentemente,
para ser governo.”
Só o tempo dirá se o equilíbrio
procurado por André Silva em
fazer do PAN um partido de
oposição, mas não do contra,
nem do sistema, se mantém.
Jornalista
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Portugal não pode depender de um
só mercado turístico, diz Costa
O líder do PS anda a fazer
uma ronda pelo país para
apresentar a sua moção
estratégica
António Costa anda pelo país, na
qualidade de secretário-geral do PS,
a apresentar a moção de estratégia
global que levará ao congresso do
partido, em Julho. Ontem, no Fun-
chal, disse que Portugal tem de con-
tinuar a apostar no sector do turis-
mo, mas deve evitar Æcar dependen-
te de um só mercado, como o do
Reino Unido, apostando na diversi-
Æcação da oferta.
“Esta crise [pandémica] demons-
trou bem a fragilidade de alguns dos
sectores económicos mais robustos,
mais promissores e que foram áreas
de especialização natural em muitas
regiões. É o caso do turismo”, disse
o líder do PS.
E reforçou: “Isso signiÆca que
nós, cada vez mais para o futuro,
não podemos depender tanto e só
de um sector económico, temos de
ter a capacidade de desenvolver e
de activar outros sectores económi-
cos, porque novas crises podem
surgir e não podemos estar tão fra-
gilizados perante essas crises como
estivemos desta vez”.
O secretário-geral socialista, que
é também primeiro-ministro, falava,
Espelho meu, haverá parceiro melhor do que eu?
Visto daqui
ui
Sónia Sapage
ed
A menos de um mês de o Governo
dar início às reuniões bilaterais
com Bloco, PCP, PEV e PAN com
vista à aprovação do Orçamento do
Estado para 2022, os “jogadores”
colocam-se em posições
at
estratégicas. Para tomar decisões
sobre os lugares a ocupar, foram de
grande utilidade dois congressos
recentes: o do Bloco, há duas
semanas, e o do PAN, nos últimos
dois dias.
re
Um e outro partido deixaram a
ideia de que a porta está aberta a
conversas. Não só está aberta como
há vários assuntos para debater. As
reuniões magnas de Matosinhos e
de Tomar serviram para aÆnar
no Funchal, perante militantes e
autarcas socialistas, na apresentação
da moção de orientação política,
que leva ao Congresso do PS, nos
dias 10 e 11 de Julho, intitulada “Recu-
perar Portugal, garantir o futuro”.
“Não quer dizer que não tenha-
mos de lutar e continuar a lutar para
fortalecer e apoiar sectores como o
do turismo”, declarou, realçando,
no entanto, a necessidade de apos-
tar na “diversiÆcação da oferta turís-
tica” em cada uma das regiões.
António Costa sublinhou a impor-
tância do mercado britânico para
Portugal, vincando que deve conti-
as
António Costa com Paulo Cafôfo, no Funchal
M
in
exigências, cadernos de encargos,
sinalizar pontos de contacto, testar
argumentações, mas passar, acima
de tudo, uma mensagem: espera-se
de um Governo minoritário que
não decida como se fosse dono de
uma maioria absoluta e que oiça os
que estão disponíveis para dar
contributos.
Catarina Martins disse:
“Ouçam-nos bem: saúde e
emprego, salário e pensão, é assim
que vai ser”. Inês de Sousa Real
traçou: “Esta é a nossa mensagem
clara para o Governo de António
Costa: queremos mais. Exigimos
mais.” Mais do que um tom de
colaboração, ambas usaram um
tom de exigência. Tanto a líder do
Bloco como a do PAN sabem que o
Governo sozinho não aprovará o
Orçamento para 2022. Também se
mostraram, tanto uma como a
outra, mais interessadas em fazer
parte da solução do que em criar
Esta crise
demonstrou a
fragilidade de
alguns sectores
económicos
robustos
António Costa
rP
Secretário-geral do PS
HOMEM DE GOUVEIA/LUSA
te
obstáculos que conduzam a uma
crise. Mas puseram as suas
condições, deixando claro que o
objectivo é influenciar o OE e a
governação e que não ficarão a
meio da ponte.
Há mais dois “players” nesta
jogada: o PCP e o PEV (que
viabilizaram, com o PAN e as
deputadas não inscritas, o último
orçamento). A estratégia dos
comunistas e dos ecologistas
também é clara: em primeiro lugar,
é preciso executar o que foi
aprovado para 2021.
“Se o que está escrito não é
concretizado, a primeira pergunta
que temos é: para que serve um
orçamento? E como bate certo com
o discurso de dramatização que o
Governo faz da necessidade de
aprovação do Orçamento?”,
questionou João Oliveira, líder
parlamentar do PCP, em Maio.
Até ver, parece ser o parceiro
@JornaisPT
Público • Segunda-feira, 7 de Junho de 2021 • 11
Ed
nuar activo, mas disse que o país
tem de procurar novos mercados
emissores além dos tradicionais. “É
tempo também de, cada vez mais,
olharmos para outros mercados,
para não Æcarmos dependentes de
DF
um só mercado”, aÆrmou, reforçan-
do: “Essa dependência é uma fragi-
lidade”.
O secretário-geral do PS aÆrmou,
por outro lado, que existem muitas
áreas nas quais o país deve investir
para diversiÆcar a base económica
e garantiu que a sua moção de orien-
tação política aponta nesse sentido
e tem em conta quatro desaÆos
estratégicos: a demograÆa, as alte-
rações climáticas, a transição digital
e o combate às desigualdades.
António Costa destacou ainda o
oceano como uma “riqueza enorme
que o país tem”.
“É 80% do nosso território, graças
à profundidade atlântica que os
Açores e a Madeira nos proporcio-
nam, e não pode continuar a ser o
grande esquecido do nosso proces-
so de desenvolvimento”, disse.
“Pelo contrário, tem de ser um dos
grandes activos do nosso processo
de desenvolvimento.”
Os socialistas vão ter eleições
internas a 11 de Junho (por via digi-
tal) e a 18 e 19 de Junho (presencial-
mente). São candidatos António
Costa e Daniel Adrião. Lusa
menos entusiasmado com as
negociações. Antes de olhar para o
futuro, o PCP prefere aferir o grau
de cumprimento dos
compromissos assumidos no
passado, porque sabe que só assim
se constrói uma relação de
confiança. E quem também o sabe
é o Governo. Caso contrário, não
teria aprovado, em conselhos de
ministros recentes, a integração de
2995 profissionais de saúde nos
quadros do SNS, a constituição de
cinco equipas de saúde
comunitária mental, a baixa do IVA
da electricidade e o fim do factor
de sustentabilidade para as
pensões antecipadas nas profissões
de desgaste rápido.
Oito orçamentos depois, as
negociações estão a
profissionalizar-se. Será (também)
por isso que estão mais difíceis?
Jornalista, escreve às segundas
Política
r
i to
Greve de fome
de Luís Dias
chega ao fim e
a Bruxelas
Sónia Sapage
Há 28 dias que o agricultor
estava no jardim de Belém
sem comer. O protesto
terminou após as visitas de
Ana Gomes e de Marcelo
Terminou ontem a greve de fome que
nos últimos 28 dias catapultou a his-
tória de um agricultor de 48 anos para
as páginas dos jornais. Luís Dias con-
Ærmou no Twitter que decidiu inter-
romper o protesto para preservar a
sua saúde. Fê-lo ,“sensibilizado” com
os apoios recebidos. Só ontem foi visi-
tado por Ana Gomes, João Paulo Bata-
lha e Marcelo Rebelo de Sousa.
A ex-eurodeputada do PS e o antigo
presidente da Transparência e Inte-
gridade — Associação Cívica estiveram
à conversa com Luís Dias, que está há
quase um mês em greve de fome no
jardim Afonso de Albuquerque, em
frente ao Palácio de Belém. No Ænal,
a socialista prometeu denunciar, jun-
Ana Gomes já
havia
denunciado o
caso de Luís Dias
no seu espaço de
comentário
televisivo
to da Comissão Europeia, a existência
de irregularidades na atribuição de
apoios à agricultura, que já contribuí-
ram para destruir a vida de alguns
agricultores, como Luís Dias.
Ana Gomes quis ir pedir pessoal-
mente ao agricultor que interrompes-
se o seu protesto. “Aconselhei o Luís
a parar. Não quero ver degradar-se
ainda mais a sua situação física. Já foi
algumas vezes ao hospital e eu penso
que nada justiÆca que ele ponha ain-
da mais em causa a sua saúde”, disse
aos jornalistas.
Luís Dias começou por prometer
que reÇectiria sobre o assunto. “Vou
ter de pensar. Falei com a Ana Gomes
e ela disse que iam desenvolver
acções a nível europeu. Estamos tam-
bém à espera do Ministério Público.
São 28 dias. Daqui para a frente, mes-
mo que isto se resolva, posso não vir
a recuperar”, disse, citado pela agên-
cia Lusa. Mas, pouco depois, anun-
ciou o Æm da greve de fome.
Ana Gomes pretende denunciar este
caso em Bruxelas, no sentido de aler-
tar a Comissão Europeia para “even-
tuais fraudes” na atribuição de fundos
comunitários e para reforçar a neces-
sidade de ser assegurada a protecção
de denunciantes. com Lusa
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12 • Público • Segunda-feira, 7 de Junho de 2021
Sociedade Criminalidade juvenil
Número de jovens
internados em centros
educativos cai a pique
Delinquência juvenil registada diminuiu com a pandemia.
Quebra de medida de internamento acentua tendência
Ana Cristina Pereira
A Estatística da Justiça não podia ser
mais expressiva: entre 2010 e 2020
o número de jovens internados em
centros educativos passou de 226
para 90, o que se traduz numa que-
bra de 60,2%. A pandemia de covid-
19 e os seus constrangimentos vie-
ram acentuar uma tendência inicia-
da cinco anos antes.
“Não há uma resposta única, nem
linear que possa explicar esta ten-
dência”, como diz Maria João Leote
Carvalho, investigadora do Centro
Interdisciplinar de Ciências Sociais,
na Faculdade de Ciências Sociais e
Humanas da Universidade de Lisboa.
Há um conjunto de circunstâncias
que se podem pôr em cima da mesa
para discussão.
João d’Oliveira Cóias, director dos
Serviços de Justiça Juvenil, começa
por lembrar que a revisão da Lei
Tutelar Educativa, feita em 2015,
introduziu a possibilidade de uma
medida executada na comunidade,
se não cumprida, ser revista e con-
vertida em medida de internamento.
“Os tribunais passaram a poder, com
mais segurança, decidir aplicar
medidas na comunidade.” Também
“foi facilitada a possibilidade de o
Ministério Público (MP) optar pela
suspensão do processo”. Antes, o
jovem (ou o seu representante legal)
tinha de apresentar um plano de
conduta. Desde então, o MP pode
deÆni-lo, de acordo com o jovem.
Vera Duarte, investigadora do
Centro Interdisciplinar de Ciências
ed
A pandemia teve um efeito na criminalidade e na Justiça
Número de jovens internados
150
120
at
90
60
re
30
0 Muitas vezes, os jovens que come-
Fev. Dez.
2020
Fonte: Direcção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais; Relatório Anual de Segurança Interna de 2020
Sociais na Universidade do Minho
e professora do Instituto Universi-
tário da Maia, vê a bondade dessa
alteração. “Os estudos têm mostra-
do que as taxas de reincidência são
maiores nas medidas de interna-
mento do que nas medidas na comu-
nidade, pelo que estas últimas serão
mais interessantes para reeducar
jovens, ainda que as medidas de
internamento em determinadas
situações sejam necessárias”, expli-
ca. “Também é mais barato ter um
jovem a cumprir uma medida na
comunidade.”
No início de 2015 estavam 193
jovens internados em centros edu-
cativos e no Ænal do ano 151. Ultra-
passado o impacto da alteração legal,
os números apontavam para uma
certa estabilização. Em Fevereiro
2020, com a pandemia à porta, esta-
vam 147 jovens internados. A partir
daí caiu de mês para mês: 141, 136,
131, 129, 123, 123, 113, 99, 91, 90. Em
Abril de 2021 mantinham-se interna-
dos 90 jovens.
M
Desde logo, dentro da estratégia
traçada para conter a propagação do
vírus, saíram mais jovens. Até Ænal
de Outubro, 22 beneÆciariam de saí-
da antecipada. “Já não era benéÆco
continuarem no centro educativo
numa situação em que a escola tinha
in
sido suspensa e reactivada com o
ensino à distância”, esclarece Cóias.
Houve ainda sete que saíram para
supervisão intensiva.
Ao mesmo tempo, houve menos
jovens a entrar. “Os tribunais reduzi-
ram a sua actividade”, recorda aque-
Média anual de entradas e saídas
do sistema
226
90
167
Jan. Abr.
2021 2010 2015
r
i to
Ed
DF
le dirigente. “Trataram sobretudo de
casos que já estavam pendentes, na
fase próxima da decisão ou de situa-
ções mais graves.” O ensino à distân-
cia também teve os seus efeitos, pois
rP
grande parte da delinquência juvenil
ocorre na escola, à volta da escola ou
no caminho escola para casa.
Trata-se, sobretudo, de bullying,
de furto, de roubos, de pequeno
tráÆco de droga praticado por jovens
entre os 12 e os 16 anos. O Relatório
Anual de Segurança Interna mostra
uma diminuição na ordem dos
te
33,4% — 1568 ocorrências em 2019
para 1044 em 2020, intensiÆcando
o pendor antes iniciado (2117 em
2015, 1636 em 2016, 1624 em 2017,
1482 em 2018).
as
Esta quebra é positiva?
Cóias admite que já se possa estar
“perante a inversão” da quebra ini-
ciada em Março de 2020: “Os jovens
regressaram às escolas e já se começa
a fazer sentir uma ligeira conÇituali-
dade quer ao nível da escola, que tem
de abrir alguns processos disciplina-
res, quer da polícia, com um ou outro
reporte à Escola Segura.”
“Assusta-me que passada esta
situação a realidade possa piorar, a redução de jovens internados em A alteração da lei em 2015 e o
porque as condições de vida das centros educativos, Maria João Leote ano de pandemia contribuíram
famílias vão piorar”, admite Vera Carvalho pergunta: “Isso é positivo para esta quebra
Duarte. “Entre os primeiros factores ou negativo? É positivo, se corres-
de risco estão a desestruturação da ponder àquilo que é a realidade da
família, o insucesso e o abandono delinquência em Portugal. É negati- dar origem a um processo tutelar
escolar, os locais de residência. O vo, se tiver que ver com outros fac- educativo, o tribunal prefere não dar
aumento do desemprego vai afectar tores, como a falta de recursos.” sequência ao inquérito tutelar edu-
a coesão social.” Chama a atenção para o movimen- cativo, acreditado que a intervenção
Quando se lhe pede que comente to de processos nos tribunais de pri- por via da protecção será suÆciente”,
meira instância nos três primeiros observa Cóias. “O tribunal tende a
trimestres de 2019 e 2020. Os tutela- deixar que a protecção resolva”, cor-
res educativos diminuíram (3359 robora Vera Duarte. Os lares de
Crimes registados por jovens
para 2757), mas subiram os tutelares infância e juventude acolhem cada
entre os 12 e os 16 anos
cíveis (116.963 para 122.362) e os de vez mais rapazes e raparigas com
promoção e protecção (19.714 para problemas de comportamento e
2015 2117 21.901). “É uma jurisdição para a nem sempre estão preparados para
qual escasseiam recursos e que lidar com isso.
2016 1636 enfrenta a complexidade crescente Maria João Leote Carvalho lamen-
dos modos de vida.” Está a fazer pós- ta que a sociedade não discuta a sério
2017 1624
doutoramento sobre delinquência o que é delinquência juvenil, como
juvenil (12-15 anos) e criminalidade preveni-la e como combatê-la.
90
2018 1482
de jovens adultos (16-21 anos) e já se “Quando se fala em delinquência
2019 1568 lhe depararam processos com dez juvenil, as posições tendem a extre-
volumes. mar-se: de um lado, os que querem
que estes jovens sejam sancionados
2020 1044
tem crimes já têm processo de pro- ao máximo, do outro, os que só vêem
2020
moção e protecção. “Havendo uma vítimas”, diz. “Muita da delinquência
PÚBLICO
denúncia de factos que poderiam que atravessa a sociedade portugue-
@JornaisPT
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Os conteúdos disponibilizados ao Utilizador assinante não poderão ser copiados, alterados ou distribuídos salvo com autorização expressa do Público – Comunicação Social, S.A.
sa é vista como uma coisa de crianças
que há-de passar com o tempo. Às
vezes, já chega ao tutelar educativo
fora do tempo.”
Na sua avaliação, os legisladores
também não se têm empenhado em
actualizar a lei, publicada em 1999 e
revista em 2015. “Temos uma lei pen-
sada num sistema que pretende aci-
ma de tudo garantir os direitos das
ed
crianças e dos jovens, quando os
modos de vida eram outros, a delin-
quência era outra.” Há todo um novo
contexto, todo um mundo de possi-
bilidades trazido pelo digital.
“Lei muito rígida”
at
O internamento em centro educativo
é a medida máxima prevista pelo
sistema tutelar educativo. Só se apli-
ca a quem, entre os 12 e os 16 anos,
tenha cometido um crime contra as
pessoas a que corresponda uma
re
pena máxima de prisão superior a
três anos ou dois ou mais crimes a
que corresponda uma pena máxima
superior a três anos. “A lei é bastante
rígida. Não permite, ao contrário do
que as pessoas pensam, que o juiz
NELSON GARRIDO
rP
te
as
M
tenha autonomia total para decidir.
Há que questionar se não deveria
haver aqui outra Çexibilidade.”
in
A investigadora lembra que Portu-
gal “é um dos poucos países que não
Os estudos têm têm um direito penal de menores —
tem um sistema tutelar educativo,
mostrado que que pretende ser de responsabiliza-
as taxas de ção, de educação para os valores em
sociedade, que tem como grande cha-
reincidência
péu a protecção”. “Isso nem sequer
são maiores está divulgado o suÆciente”, critica.
“Deparo-me muitas vezes com o des-
nas medidas conhecimento de princípios básicos,
de internamento mesmo entre proÆssionais desta área.
Há jovens no sistema de protecção
do que nas que aos 16 anos já estão com proces-
medidas na
sos no sistema penal.” Seria assim se
tivessem tido uma intervenção mais
comunidade orientada para o direito?, questiona.
Vera Duarte Quanto mais estuda, mais se con-
Investigadora vence que está na hora de voltar a
olhar para a legislação, repensar a
fusão entre serviços de reinserção e
serviços prisionais, reinvestir. “Não
basta uma reorganização de recursos.
É preciso olhar para a jurisdição de
família e da criança, se não deve ela
mesma constituir uma prioridade.”
@JornaisPT
Público • Segunda-feira, 7 de Junho de 2021 • 13
Visitas já regressaram
Videochamadas com
familiares vão manter-se
Ed
depois da pandemia
Ana Cristina Pereira
Há um antes e um depois da pande-
DF
mia de covid-19 no modo como rapa-
zes e raparigas internadas em cen-
tros educativos podem comunicar
com a família. Antes, só quem tinha
a família nas regiões autónomas ou
no estrangeiro tinha direito a trocar
a visita semanal por uma videocha-
mada. Agora, qualquer um pode
fazê-lo.
No primeiro conÆnamento, sus-
penderam-se actividades escolares,
formativas, terapêuticas de grupo. Os
jovens internados por terem cometi-
do crimes podiam fazer três chama-
das e receber outras três por semana
(de cinco minutos cada uma), mas
estavam privados das visitas (sábado
ou domingo, até duas horas).
João d’Oliveira Cóias, director dos
Serviços de Justiça Juvenil, reconhece
que, naquela fase crítica, as tecnolo-
gias se revelaram fundamentais. Pro-
fessores, formadores, técnicos servi-
ram-se delas para chegar aos jovens.
As famílias também. Numa segunda
fase, “as visitas foram retomadas com
biombos plastiÆcados”.
Neste momento, qualquer jovem
pode falar com a família por video-
chamada. “Nem sempre as famílias
podem deslocar-se ao centro”, subli-
nha Cóias. “Acredito que alguns dos
contactos se mantenham e se refor-
cem.” No futuro, quer manter esse
modelo: “Se não pode ter visita, pode
videochamada.”
São seis centros educativos distri-
buídos ao longo de uma limitada
faixa do litoral – Vila do Conde, Por-
to, Coimbra, Lisboa e Oeiras. Um
jovem de Bragança pode estar em
Vila do Conde, um de Faro em Lis-
boa. Devem Æcar o mais perto possí-
vel da família, mas há excepções.
“Acontece os tribunais pedirem o
afastamento”, explica aquele res-
ponsável. “Há situações de co-auto-
res em que se entende perigoso ter
dois ou três no mesmo centro”.
Maria José Brites, professora da
Universidade Lusófona, aplaude a
mudança. Está a coordenar o projec-
to Centros educativos com competên-
cias digitais e cívicas — DiCi-Educa,
co-Ænanciado pelas Academias Gul-
benkian do Conhecimento, e percebe
o que pode signiÆcar esse passo.
“Mesmo para os que estão mais perto
de casa, uma distância de alguns qui-
lómetros pode ser muito.”
O país está em acelerada transição
para a era digital. “Estamos a falar de
jovens”, enfatiza aquela investigado-
r
i to
O contacto telefónico podia
existir três vezes por semana
ra. “O nosso projecto levou para os
centros educativos — e temos esse
feedback não só por parte dos jovens
mas também dos técnicos — o deba-
te sobre a Internet, as tecnologias, a
cidadania digital.” Usando compu-
tadores portáteis, gravadores de
reportagem, máquinas fotográÆcas,
vídeo 360, a equipa procurou traba-
lhar competências digitais em
ambiente offline. Com a pandemia,
tudo se alterou. Teve de passar a tra-
balhar à distância, recorrendo a pla-
taformas online.
“Foi um período complicado”,
resume Cóias. “Os centros educativos
têm sempre actividades promovidas
por entidades da comunidade, que
desenvolvem projecto diversos sobre
temáticas quase sempre ligadas a acti-
vidades de treino de competências.
Quer as actividades promovidas pelos
centros, quer as promovidas pelas
entidades externas Æcaram suspensas
algum tempo”, recorda. Com o início
do ano lectivo 2020/2021, começaram
a voltar as acções, que se mantiveram
até Janeiro. Em Abril, tornaram “pou-
co a pouco a retomar as actividades
presenciais”.
Ao que lhe é dado ver, “a situação
está praticamente normalizada”.
Desde o início até agora, contou
nove casos positivos de covid-19:
dois em Santa Clara (Vila do Conde),
um na Bela Vista (Lisboa) e cinco no
Padre António Vieira (Oeiras), o que
representou um surto. Há duas
áreas de isolamento proÆláctico que
acolhem recém-chegados nos pri-
meiros 14 dias.
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14 • Público • Segunda-feira, 7 de Junho de 2021
Sociedade
Cerca de 10 mil britânicos deixaram Faro
no sábado para fugirem à quarentena
No mesmo período
chegaram 2500 passageiros
vindos do Reino Unido,
disse o presidente do
Turismo do Algarve
A saída de Portugal da “lista verde”
de viagens para o Reino Unido cau-
sou um “pico” de cerca de 10.000
saídas do aeroporto de Faro no sába-
do, esperando-se uma descida para
o dia de ontem, disse o presidente
Região de Turismo do Algarve (RTA),
João Fernandes.
“No sábado houve uma concentra-
ção de cerca de 10.000 passageiros
britânicos para sair, mas é interes-
sante também perceber que, no mes-
mo período, chegaram 2500. Portan-
to, apesar das regras britânicas,
ainda há britânicos a chegar ao Algar-
ve”, aÆrmou João Fernandes à agên-
cia Lusa.
O presidente da Região de Turis-
mo do Algarve reconheceu que
“houve alguns constrangimentos
pontuais no aeroporto” de Faro devi-
do ao aumento de tráfego com des-
tino ao Reino Unido por parte de
passageiros que procuraram regres-
sar antes de terça-feira, dia em que
entra em vigor a saída de Portugal da
“lista verde” de viagens devido à
pandemia de covid-19.
João Fernandes explicou que os
passageiros, “muitos deles britâni-
cos”, se viram obrigados a “anteci-
par o regresso para chegar ao país
antes de terça-feira” e escapar assim
à obrigatoriedade de realizar uma
quarentena de dez dias e dois testes
Morreu o fotojornalista Carlos Lopes
ed
Obituário
Carlos Lopes (1950-2021)
Fotojornalista que integrou
a equipa fundadora do
PÚBLICO morreu aos 71
at
anos
O fotojornalista Carlos Lopes
morreu na madrugada de sábado,
em Lisboa, aos 71 anos. Fez parte
re
da equipa fundadora do PÚBLICO
em 1990, onde trabalhou até ter
decidido reformar-se.
Natural de Lisboa, era um
profundo conhecedor da cidade,
da sua história e geograÆa. Em
à covid-19 nesse período devido à
medida imposta pelo Governo bri-
tânico a todos os passageiros que
cheguem ao Reino Unido provenien-
tes de Portugal. Na “lista verde”
resta apenas um país da Europa, a
Islândia.
O presidente da RTA explicou que
a aÇuência que gerou concentrações
na zona de check-in, sobretudo nos
voos com destino ao Reino Unido,
“hoje [domingo] está mais calma” e
“há menos passageiros a regressar
do que no sábado, que foi o pico
dessa aÇuência”.
João Fernandes apontou dois
motivos para justiÆcar a acumulação
na zona de check-in: um relacionado
com os recursos humanos disponi-
bilizados pelas companhias aéreas
e outro com a falta de preenchimen-
to de formulários exigido pelo Reino
Unido.
“Com estes ziguezagueares do
Governo britânico, [as companhias
aéreas] não disponibilizaram e não
têm recursos humanos para abrir
muitos guichets, portanto, concen-
tram as Ælas em poucos pontos de
as
check-in”, argumentou.
O outro motivo prende-se com os
passageiros que chegam ao check-in
e “não têm o passenger location form,
que é uma informação que é preciso
submeter a uma plataforma online
com um código especíÆco, que é
M
uma obrigação que o Governo britâ-
nico requer para entrar no Reino
Unido”, referiu João Fernandes.
“Muitos passageiros, sobretudo os
mais velhos, que são infoexcluídos,
não têm telemóvel desta última gera-
in
1969 saiu de Portugal
clandestinamente para não ter de
fazer a guerra colonial.
Com o jornalista José António
Cerejo (os dois na época com 19
anos) atravessaram a fronteira de
Vilar Formoso “a salto” — como
então se dizia — e, a seguir,
também clandestinamente, a de
Hendaya (entre Espanha e
França), misturando-se com os
trabalhadores que faziam o
percurso Irun-Hendaya, e
Ænalmente chegaram, à boleia, a
Paris.
Carlos Lopes Æca em Paris até
Abril de 1974, onde trabalha na
Renault e milita em grupos
antifascistas e contra a guerra
rP
As filas no aeroporto de faro eram bastante longas
te
Mais de 6 milhões de doses de vacinas
P
ortugal já administrou mais
de seis milhões de doses de
vacinas contra a covid-19,
informou ontem o Ministério
da Saúde. Deste número, 3,8
milhões correspondem à
primeira dose e cerca de 2,2
milhões à segunda. “Neste
momento, 40% da população
portuguesa já recebeu pelo
menos uma dose da vacina e
mais de 22% já tem o esquema
vacinal completo”, detalha o
ministério. Quase 95% das
pessoas com mais de 60 anos já
O velório de Carlos Lopes
realiza-se hoje em Lisboa
@JornaisPT
Ed
LUÍS FORRA/LUSA
DF
receberam pelo menos uma
dose. Na faixa etária das pessoas
com 50 ou mais anos, 81% já
receberam também pelo menos
uma dose.
Ontem o relatório da
Direcção-Geral da Saúde dava
conta de dois mortos e mais 612
casos de covid em Portugal,
55,5% deles na região de Lisboa
e Vale do Tejo. Mantém-se o
número de 265 internados e 52
nos cuidados intensivos (mais
um que no dia anterior).
Miguel Dantas
colonial. Cerejo ainda regressa a
Portugal, é incorporado no
Exército e pouco depois deserta,
indo viver para a Bélgica.
A paixão pela fotograÆa de
Carlos Lopes já vinha de jovem —
fotografa toda essa viagem “a
salto” até Paris, ao lado de José
António Cerejo.
Quando volta a Portugal, vai
trabalhar para o Jornal Novo,
fundado em 1975, e que foi
dirigido por Artur Portela Filho e
posteriormente por Daniel
Proença de Carvalho e também
por Helena Roseta. Trabalha
também na revista Sábado (não na
actual, mas uma revista lançada
nos anos 80 com o mesmo nome,
r
i to
ção e têm diÆculdade em cumprir.
Chegam ao check-in e demoram mais
tempo, porque precisam de preen-
cher” o formulário, acrescentou.
Teste antes de partir
As autoridades algarvias também
aumentaram a capacidade de testa-
gem à covid-19 no aeroporto de Faro
e em vários pontos da região, “sobre-
tudo ao Æm-de-semana”, e têm sen-
sibilizado os turistas, tanto nas che-
gadas como durante as suas estadias
nos hotéis, para fazerem os testes
antes de rumar ao aeroporto para
apanhar os voos de regresso.“No
sábado já foi colocado um camião
para testar pessoas no aeroporto”,
destacou João Fernandes, asseguran-
do “não há ninguém que tenha Æcado
por embarcar por falta de teste”.
Quantos aos voos de repatriamen-
to, João Fernandes disse que as com-
panhias aéreas e os operadores turís-
ticos têm vindo a reforçar a capaci-
dade de resposta consoante a
procura de viagens de regresso ao
Reino Unido e apontou o exemplo da
Tui, que “trouxe um Boeing 787, com
capacidade para 300 passageiros”,
para poder repatriar mais pessoas
antes de terça-feira.
A decisão de excluir Portugal da
“lista verde” de viagens suscitou crí-
ticas do sector turístico, que se pre-
parava para um aumento das reser-
vas e da procura de turistas prove-
nientes do Reino Unido, depois de, a
17 de Maio, terem sido abertas as via-
gens com destino a Portugal sem
necessidade de quarentena no
regresso. Lusa
cujo primeiro director foi Miguel
Sousa Tavares).
Carlos Lopes é autor de
múltiplas reportagens
fotográÆcas, como a de 1989 em
Berlim, após a queda do muro. Em
1994, foi também o repórter que
cobriu os protestos na Ponte 25 de
Abril por causa do aumento das
portagens — o famoso “bloqueio
da ponte” que acabaria por ser um
dos factores a conduzir ao Æm do
cavaquismo. Carlos Lopes sofria
há três anos de uma doença rara.
O velório é hoje entre as 18h e as
22h. O corpo será cremado na
segunda-feira, às 17h, no
Cemitério dos Olivais.
Ana Sá Lopes
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r
i to
Ed
DF
Na Merck temos mais de 20 anos
de experiência em cuidados

rP
de Esclerose Múltipla e continuamos
empenhados em encontrar soluções
para as diferentes necessidades.
te
as
M

Na Merck, unimos forças para atingir

in

um propósito: ter um impacto positivo

em milhões de vidas todos os dias.

Descubra mais em:

ed

esclerosemultipla.info
at
re

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16 • Público • Segunda-feira, 7 de Junho de 2021

Sociedade Série O Estado da União

r
i to
Ed
DF
rP
te
as
M

O Erasmus deixou de ser só um

programa de intercâmbio para
se afirmar como uma pedra
in

basilar da identidade europeia

O Erasmus já deslocou
Rui Pedro Paiva
O Erasmus é um dos programas-sím-
bolo da União Europeia. Ao longo de
sinal de “mais” pretende abarcar
três frentes: mais inclusivo, mais
digital e mais verde. O novo Eras-
mus+ vai ser apresentado a 18 de

mais de 10 milhões
ed

30 anos, mais de 10 milhões de pes- Junho, em Viana do Castelo, um

soas pularam entre países europeus evento integrado na presidência
à boleia do Erasmus, que há muito portuguesa da União Europeia
deixou de ser só um programa de (UE).

de pessoas intercâmbio, para se aÆrmar como

uma pedra basilar da identidade
europeia.
“É um evento importante da presi-
dência portuguesa. O Parlamento
Europeu já aprovou em plenário o
at

Mas, apesar de ser um programa regulamento do programa Erasmus

reconhecido por todos, ainda há mui-
to para fazer. O reconhecimento sur-
ge da própria Comissão Europeia ao
reforçar o orçamento do Erasmus
para o período 2021-27: o programa
re
e o que vai acontecer em Viana é o
lançamento do programa”, explica ao
PÚBLICO Margarida Marques, depu-
tada no Parlamento Europeu eleita
pelo PS, acrescentando que na oca-

terá um orçamento de 26,2 mil sião será ainda lançado o programa

O novo Erasmus+ vai ser apresentado no próximo dia 18 de milhões de euros, mais 11,3 mil
milhões do que teve em 2014-2020.
Junho em Viana do Castelo. O objectivo é tornar o programa Um reforço, também exigido pelo
mais verde, mais digital e mais inclusivo Parlamento Europeu (PE), para
criar um novo Erasmus +, onde o
de voluntariado da UE.
Para a socialista, o evento deve ser
encarado com uma “oportunidade”:
“Um dos desaÆos de Viana do Caste-
lo é tentar uma maior abertura no

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Público • Segunda-feira, 7 de Junho de 2021 • 17

r
i to
MARCO DUARTE

Mobilidade no ensino superior: estudantes e funcionários atingir 12 milhões de participantes até mia, portanto), foram 24.454 os
Número de participantes em 2018 2027 — quase tantos como desde a participantes oriundos de Portugal.
fundação —, isto quando no período Desses, uma grande maioria, quase
Países de saída Países de chegada
2014-20 foram cerca de quatro 15 mil, foram alunos do ensino supe-
França 53.164 Espanha 62.097 milhões os participantes. O Erasmus+ rior. A Universidade do Porto foi a

Ed
Espanha 51.060 Alemanha 40.916 quer permitir intercâmbios em seis instituição que mais alunos enviou
Alemanha 50.197 Itália 37.085 áreas: ensino superior, ensino proÆs- para o programa, seguida da Univer-
Itália 45.455 França 35.983 sional, educação escolar, ensino para sidade de Lisboa e da Nova de Lis-
adultos, juventude e desporto. boa. Os portugueses vão principal-
Polónia 25.314 Reino Unido 35.194
Tornar o Erasmus+ mais inclusivo mente para Espanha, para a Polónia
Reino Unido 22.267 Polónia 23.398 é mesmo uma das necessidades para e para Itália.
Turquia 20.565 Portugal 21.550 os próximos anos, defende a eurode- “Portugal pode fazer mais para
P. Baixos 16.907 P. Baixos 18.110 putada Lídia Pereira, eleita pelo PSD. explicar melhor a importância de
Portugal 13.290 Bélgica 15.142 Uma inclusão para abranger estudan- fazer um período de formação nou-
tes de diferentes tipos de ensino, inde- tro Estado-membro da UE, quer

DF
Roménia 13.018 Rep. Checa 14.896
pendentemente das condições econó- sejam alunos, que sejam professo-
Rep. Checa 11.930 Suécia 12.057
micas, para acabar com a ideia de que res, quer sejam formados”, defende
Bélgica 11.813 Finlândia 11.770 o Erasmus é apenas destinado ao ensi- Margarida Marques, referindo a
Áustria 9007 Áustria 10.944 no superior. estatística que revela que os partici-
Hungria 7679 Irlanda 9895 A social-democrata reconhece a pantes no Erasmus têm mais facili-
Lituânia 7545 Hungria 9143 importância do programa, em que ela dade em arranjar emprego num país
Finlândia Noruega
própria participou — “no Erasmus, europeu que não o de origem.
7514 8859
aprendi que sou portuguesa, europeia A socialista diz ainda ser preciso
Grécia 7161 Grécia 7493

rP
e não sei ser uma sem a outra” —, mas “diversiÆcar os parceiros” das insti-
Suécia 6454 Dinamarca 7242 não se deixa conformar com os mais tuições portuguesas e reforçar a
Eslováquia 6182 Turquia 6867 de dez milhões de participantes. “Nós acção social escolar: “O apoio é
Dinamarca 5449 Roménia 6847 somos um continente com 450 importante para que as diferenças
Bulgária 5286 Lituânia 5803 milhões [de habitantes], portanto, sociais e económicas não se reper-
ainda há um longo caminho a percor- cutam no acesso ao Erasmus”,
Irlanda 4488 Eslováquia 4723
rer e eu acho que essas novas activi- aponta Margarida Marques, enalte-
Letónia 4021 Croácia 3989 dades, como o ambiente e digital, cendo a meta do Governo portu-
Noruega 3926 Eslovénia 3914 podem ser veículos para haver mais guês, que ambiciona, até 2027, ter
Croácia
Eslovénia
3503
3183
Malta
Bulgária
te 3893
3437
frequência no Erasmus.”
Na vertente digital, Lídia Pereira
30% dos estudantes do superior a
realizar o programa (actualmente,
Estónia Letónia
destaca a possibilidade de existirem são cerca 10%).
1997 3340
“novos formatos de intercâmbios”, “Havia também a meta de ter 20%
Chipre 986 Estónia 2781
“mistos e intensivos”, através da de estudantes de intercâmbio até
Malta 719 Chipre 2283 deslocação física aos países por um 2020 e essa Æcou largamente abai-
as
Luxemburgo 640 Luxemburgo 1492 período mais curto, complementa- xo. É fundamental que essa meta de
Islândia 590 Islândia 1220 do depois com o “trabalho com 2027 seja de facto cumprida”, atira
Mac. do Norte 537 Mac. do Norte 716 uma equipa à distância através da Lídia Pereira. Para a social-demo-
Internet”. crata, existem “dois factores princi-
Liechtenstein 98 Liechtenstein 111
Além de a digitalização ter ganhos pais” para levar mais portugueses a
O futuro do Erasmus ambientais, a presidente da Juventu- realizar o programa: o “acesso às
de do Partido Popular Europeu enal- bolsas” e a “equivalência nas trans-
M

PARTICIPANTES ÁREAS tece ainda a possibilidade de serem ferências de créditos” no ensino

Ensino superior adoptadas medidas especíÆcas para superior. “Duas coisas que podem
Ensino profissional tornar o Erasmus mais verde, como ser ultrapassáveis”, defende, desde
Educação escolar os incentivos Ænanceiros aos partici- que “haja vontade política”.
pantes que utilizarem transportes Depois, é preciso fazer pedagogia
Ensino para adultos
12 milhões sustentáveis ou a discriminação posi- e ir “lembrando” algumas vantagens
Durante 2014-20 foram Juventude tiva para projectos que promovam a do Erasmus, como a diminuição em
in

cerca de quatro milhões Desporto sensibilização ambiental. 50% do desemprego de longa dura-
Ao mesmo tempo, é preciso ção entre os estudantes que realiza-
“reforçar as bolsas”, uma tarefa ram o programa Erasmus, exempli-
programa Erasmus”, diz, uma vez também a cargo dos governos nacio- Æca Lídia Pereira, citando dados da
que várias universidades europeias nais, porque os custos do programa agência Erasmus+. “É desta forma
têm vindo a trabalhar em grupos 2021-2027 continuam a ser “uma barreira e um que todos nós temos de olhar para
fechados. 26,2 mil milhões obstáculo aos estudantes que têm o Erasmus: não só como pilar da
ed

Margarida Marques aponta “dois
desaÆos fundamentais” para o futuro
do Erasmus. Um é o “reconhecimen-
to da formação”, uma “batalha desde
o início” do programa que continua
a ser ainda um processo árduo, ape-
sar da “evolução” dos últimos anos.
at
de euros uma realidade Ænanceira mais limi- aÆrmação da identidade europeia,
Mais 11,3 mil milhões tada”. E a inclusão também deve ser mas também uma grande oportuni-
do que em 2014-2020 feita ao nível das instituições, tor- dade a nível proÆssional”.
nando as candidaturas “mais fáceis”
Fonte: Eurostat; CCI PÚBLICO
para garantir um “acesso mais inclu- Com o apoio:
sivo” às escolas, aos clubes despor-
ciente porque nós temos consciência tivos e às associações de jovens.
“Portugal pode

O outro desaÆo é a “construção de
redes virtuais”, para “que mais gente
possa beneÆciar do Erasmus”, ao
mesmo tempo que se mitiga o impac-
to ambiental do programa.
Por isso tudo, a antiga secretária
re
de que as bolsas Erasmus não são
muitas vezes suÆcientes para que os
estudantes façam e beneÆciem do
programa devido às suas condições
socioeconómicas”, alerta a também
vice-presidente da Comissão de
“Este novo programa que vai ser
fazer mais para lançado tem uma grande carga de
não só se tornar mais inclusivo, mas
explicar melhor a tornar-se um programa verdadeira- As opiniões expressas neste
importância de mente inclusivo, dentro do enqua- texto não vinculam o Parlamento
dramento da transição digital e da Europeu
fazer um período

de Estado dos Assuntos Europeus no Orçamentos do PE. transição verde.”

primeiro Governo de António Costa
reconhece o “esforço” da Comissão
no aumento do Ænanciamento para
o programa, mas diz que o valor ain-
da “não é o suÆciente”. “Não é suÆ#
de formação noutro
Mais verde e mais digital Pela identidade europeia Siga a série:
Com o reforço do orçamento, vem
Estado-membro Portugal já teve mais de 220 mil par-
também a intenção de catapultar o da UE” ticipantes desde que aderiu ao Eras-
número de participantes. A meta é mus. Em 2019 (período pré-pande-

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18 • Público • Segunda-feira, 7 de Junho de 2021

Local Tratamento e gestão de resíduos urbanos

r
i to
FOTOS: MIGUEL MARQUES

Ed
DF
rP
te
as

Vamos assistir a um incremento

da compostagem doméstica e
da sua vertente comunitária
M

País ainda tem

Abel Coentrão
Na cidade do Porto há um novo con-
tentor castanho em vários ecopon-
peia a isso obriga, até 2025. Nem indiferenciado. O sistema está a dar
todos responderam, mas aqueles os primeiros passos, mas Luís
que o Æzeram mostram diferentes Assunção considera que a experiên-
graus de maturidade na abordagem cia está a ser surpreendentemente

margem para tos, que abre com um cartão magné- deste tipo de resíduo que representa positiva, dada a baixa taxa de recu-
in

tico, e no qual os moradores das 40% das mais de cinco milhões de sa de participação por parte dos
redondezas podem depositar resí- toneladas de resíduos urbanos pro- habitantes contactados, e que, além
duos orgânicos, para posterior com- duzidos no nosso país. do cartão, recebem um balde de

pôr mais gente postagem industrial, na Lipor. O sis-

tema está a dar os primeiros passos,
a par de outro, que ganha espaço em
Há cidades que estão, recentemen-
te, a ensaiar formas de captar este
tipo de resíduos recorrendo a um
sete litros, pequeno o suÆciente
para ser lavável numa banca e guar-
dado num armário de cozinha,

a fazer
várias cidades do país, a recolha por- novo contentor no sistema de eco- entre idas à rua. No Ænal de Abril, já
ed

ta a porta deste tipo de “lixo”. Mas pontos. No Porto, Luís Assunção, da havia mais de seis mil casas aderen-
não sendo viável, economicamente, empresa municipal Porto Ambiente, tes, um número que continua a
captar a fracção orgânica de todo o explica que esta foi a fórmula encon- subir, à medida que a abrangência

compostagem
parque habitacional, num país de
urbanização dispersa, vamos obriga-
toriamente assistir, nos próximos
anos, a um incremento da compos-
at
trada para complementar a recolha dos equipamentos se alarga.
porta a porta, que existe em moradias Quer o sistema porta a porta, com
unifamiliares. Enquanto nas partes recolha de orgânicos, quer este novo
da cidade onde esta recolha existe os ecoponto, que vai surgir noutras cida-

tagem doméstica e da sua vertente ecopontos estão a desaparecer da

comunitária — que chega ainda a uma
parte pouco signiÆcativa dos lares
que têm condições para a fazer.
O PÚBLICO tentou perceber como
estão os 23 sistemas de gestão de
Vários empresas de gestão de resíduos e
re
6000
rua, noutras áreas de habitação colec-
tiva estes permanecem e até ganha-
ram um novo contentor, castanho,
para a fracção orgânica.

resíduos do continente a lidar com
municípios têm projectos de compostagem os resíduos orgânicos, cuja recolha
separada — que permite a sua valori-
doméstica ou comunitária. Mas Portugal zação, como composto, e como bio-
gás — passou a ser tarefa urgente,
ainda está aquém do total necessário tendo em conta que a União Euro-
Para casas sem jardim
Fechá-lo, permitindo a sua abertura
com um cartão magnético entregue
às famílias aderentes, foi a forma
encontrada para evitar que alguém
atire ali para dentro sacos com lixo
No final de Abril, já havia mais de
seis mil casas aderentes ao novo
sistema na cidade do Porto. Um
número que continua a subir,
à medida que a abrangência dos
equipamentos se vai alargando

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Público • Segunda-feira, 7 de Junho de 2021 • 19

r
i to
des do país, servem meios densamen-
te urbanizados, onde não existem
Hortas
condições para implantar a fórmula
mais económica de resolver o proble- Projecto de compostagem comunitária na Maia,
ma do desperdício de resíduos orgâ-
além de nutrir a cidade, é também uma terapia

nicos, e da contaminação, por estes,
dos outros recicláveis. Melhor do que
ter circuitos de camiões a recolher
este lixo que pode voltar a ser um cor-
rectivo que enriquece o solo, é não
ter de o recolher. E desenvolver o pro-
cesso de compostagem em casa, num
jardim, ou nas redondezas. A com-
postagem doméstica e comunitária.
Reportagem
Miguel Marques Ribeiro
Lipor está a lançar um
bairro — um outro situa-se
precisamente no meio dos edifícios
principais —, há cinco contentores
que chamam a atenção pela
dimensão e robustez. Estão
preparados para acolher o
composto que, dentro de alguns
Ed
menos for depositado no contentor
do lixo, melhor é para todos.” Ao
PÚBLICO a Lipor avança que o
programa de compostagem
individual nos oito municípios que
integram o serviço
intermunicipalizado de gestão de
decisivo para compor a fórmula de
que resulta o tão desejado
fertilizante biológico, vai ser
fornecido pela câmara municipal, o
que representa menos uma
preocupação para os horticultores.
Finalmente, ter este grupo de

E para jardins residenciais
Todo o “lixo” que é valorizado desta
forma não entra nas contas, ou seja,
os portugueses que nunca deixaram
de fazer uso desta prática ancestral,
ou que passaram a compostar com os
projectos lançados na última década
e meia em vários pontos do país,
projecto-piloto de
compostagem comunitária
no concelho, com o apoio
da autarquia
“Está-se tão bem aqui”, diz Belmiro
Carvalho. O dia soalheiro convida a
passar o tempo a cuidar do talhão
meses, irá alimentar a horta com
adubo orgânico e 100% natural. A
diferença das hortas do Sobreiro
relativamente às restantes
existentes no concelho é que a
compostagem passa a ser feita em
moldes colectivos pelos
horticultores, em vez de ser uma
DF
resíduos — Espinho, Gondomar,
Maia, Matosinhos, Porto, Póvoa de
Varzim, Valongo e Vila do Conde —
permitiu instalar 15.800
compostores individuais,
representando um alívio anual de
cerca de 6300 toneladas de material
biodegradável, que é retirado do
voluntários a cuidar do composto
liberta os utilizadores da horta para
o cuidado das suas plantas e
legumes, que é o objectivo principal
que justiÆca a sua ida para os
terrenos de cultivo.
Se o modelo for bem sucedido,
poderá ser disseminado pelos

estão a contribuir para a redução dos
resíduos urbanos contabilizados —
que seriam, de outra forma, bem mais
do que as cinco milhões de toneladas
de 2019. A questão é que, estando
disseminada pelo território, a com-
postagem, e a sua mais recente
variante, a compostagem comunitá-
ria, que serve uma rua, um bairro,
não abrange ainda a maioria das casas
que poderiam acomodar, num jar-
dim, um contentor para este efeito.
Quase todos os sistemas multimu-
nicipais têm projectos deste tipo. É o
caso dos sistemas do grupo EGF, que
abrangem a maior parte do país, e nos
quais desde 2008 “existem registos
de entregas de compostores domés-
ticos à população, com mais regula-
ridade nas empresas Valorlis, Valorsul
e Resinorte”, explicou ao PÚBLICO a
porta-voz, Ana Loureiro. Dá nota ain-
que tem a seu cargo numa das
hortas comunitárias do Sobreiro, no
centro da Maia. A seus pés
estende-se uma Æla de alfaces
acabadas de pôr na terra, enquanto
em volta há toda uma panóplia de
hortícolas que enchem de cor a
superfície castanho-escura: cebola,
tomate, curgetes e couve-
lombarda, entre outros vegetais
adubados com fertilizantes 100%
biológicos, conforme mandam as
normas deÆnidas pelo município.
O retorno do tempo e esforço
investido pelos horticultores vai
as
muito além dos produtos frescos
que podem ser colhidos na horta ao
Æm de algumas semanas e que vão
directamente da natureza para a
panela. Cuidar do horto ajudou
Manuel Ribeiro a superar um grave
problema de saúde: “Vinha com
M
rP
responsabilidade individual.
Todavia, a produção do
fertilizante é um processo que exige
cuidados permanentes. Por essa
razão, foi criada a Ægura do “mestre
de compostagem”, que assegura
que o resultado da decomposição
orgânica que é pertença de todos se
encontra nas melhores condições,
te
ao mesmo tempo que incentiva a
participação e esclarece dúvidas
que os utilizadores possam ter no
manuseamento dos contentores.
Vai funcionar como o “nosso braço
direito”, esclarece Luís Campos, da
Lipor.
Manuel Ribeiro é um dos
voluntários que se disponibilizaram
para fazer este trabalho. Aceitou o
desaÆo, porque considera
importante “sensibilizar as
pessoas” para se comprometerem
sistema comum de recolha e
tratamento de resíduos.
Não é claro, para já, o acréscimo
que esta forma de compostagem
colectiva poderá vir a representar,
quando o projecto-piloto se alargar
a outras hortas e municípios, mas
no caso das hortas comunitárias a
compostagem colectiva pode ser, a
diversos níveis, mais eÆcaz do que a
individual. Há ganhos no
manuseamento do próprio
composto, porque à medida que a
pilha de matéria biodegradável se
vai acumulando, ela custa mais “a
virar, a revolver”, explica Manuel
Ribeiro. Para a população idosa,
que ocupa o seu tempo livre na
horta, é uma boa notícia existirem
mestres de compostagem que Æcam
responsáveis por essa tarefa mais
árdua. Os secos são também uma
diversos concelhos que integram a
Lipor. Para já, há ainda um longo
caminho a percorrer. “Há muitos
que não querem aderir, preferem o
sistema antigo, em que cada um
tinha o seu contentor”, admite
Manuel Ribeiro. Porém, o projecto
ainda mal começou e Marta
Moreira, da Divisão de Ambiente da
Câmara da Maia, está conÆante de
que, “depois da formação, vão
aderir mais, isso é certo”. Os
utilizadores da horta recebem uma
formação ministrada pela Lipor em
agricultura biológica, que inclui
conhecimentos básicos de
compostagem. Os “mestres de
compostagem” — desejavelmente,
quatro por horta — vão frequentar
também um módulo de
aprofundamento, que lhes permita
dominar todos os aspectos do

da de que existem “vários projectos
bem sucedidos de compostagem
comunitária, nomeadamente em Lis-
boa, Odivelas, Amadora, Vila Franca
de Xira ou Esposende”.
A Lipor já distribuiu, no Grande
Porto, quase 16 mil compostores
uma depressão bastante profunda.” com o reaproveitamento do diÆculdade acrescida, porque são processo de criação do fertilizante.
Belmiro Carvalho também material biodegradável: “Quanto difíceis de encontrar. Este material, Texto editado por Ana Fernandes
reconhece o contributo da
horticultura para uma vida mais
saudável, enquanto arruma as suas
ferramentas na casa-abrigo
comunitária: “Isto é uma terapia
in

individuais, e agora até se está a aba- muito forte. A recompensa vem

lançar num projecto tecnológico,
para monitorizar e apoiar, à distân-
cia, quem participa nestas iniciati-
vas, em colaboração com o Instituto
Fraunhofer. Ainda no Norte, a Ambi-
sousa já entregou quase 5500 com-
ed
com a saúde mental e física.”
São duas hortas que reabriram
portas no início de Maio, de cara
renovada. Uma intervenção feita
em complementaridade com as
obras de reabilitação do antigo

postores, a famílias e às escolas, e faz Bairro do Sobreiro, entretanto

a monitorização da forma como são
utilizados. Também na Resíduos do
Nordeste se prepara um reforço da
capacidade de recolher e tratar este
lixo que nunca deveria ser conside-
rado lixo.
at
rebaptizado “Jardins do Sobreiro”
para lhe retirar a carga de gueto
que, admite o presidente da Câmara
da Maia, António Silva Tiago,
durante anos lhe esteve associada.
Agora, para além de existirem mais

Para já, no Nordeste transmonta- talhões disponíveis — 54, em vez dos

no, a aposta, ainda que limitada,
como noutros locais, tem sido na
prevenção. Nos municípios do Nord-
este transmontano, há 639 compos-
tores domésticos e dez comunitários
re
32 antes existentes — estes espaços
passam também a contar com um
projecto-piloto de compostagem
comunitária que a Lipor está a
desenvolver com o apoio da câmara

espalhados por um vasto território. e que se vem juntar a vários outros

Aí, em muitas aldeias vive gente que,
na verdade, pratica há gerações uma
economia circular, onde nada se per-
de e os resíduos se transformam,
como diria Lavoisier.
que põem o concelho na dianteira
das políticas de reciclagem e
tratamento do lixo.
Para lá da cerca que protege o
terreno de cultivo situado fora do Hortas comunitárias do Sobreiro, na Maia, têm 54 talhões ao dispor dos munícipes

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20 • Público • Segunda-feira, 7 de Junho de 2021

Mundo Alemanha tem eleições federais em Setembro

r
i to
CDU supera o último teste
antes das eleições nacionais

Ed
As sondagens para as eleições regionais na Saxónia-Anhalt indicavam uma disputa apertada
entre a CDU e a AfD, mas os conservadores venceram facilmente
FILIP SINGER/EPA

João Ruela Ribeiro

DF
A União Democrata Cristã (CDU, de
centro-direita) venceu de forma
confortável as eleições de ontem no
estado da Saxónia-Anhalt (Leste),
naquela que foi a última ida às urnas
antes das eleições legislativas de
Setembro. A Alternativa para a Ale-
manha (AfD, de extrema-direita),

rP
que chegou a aparecer muito próxi-
ma da CDU nas sondagens, Æcou
muito longe dos seus melhores
resultados, de acordo com as pro-
jecções.
No estado de dois milhões de habi-
tantes, a CDU alcançou 36% dos
votos, deixando a grande distância
a AfD, que terá conseguido 22,5%,
segundo as projecções da Infratest.
O resultado representa uma forte
te
subida dos democratas-cristãos face
ao que foi obtido há cinco anos,
quando teve 29,8% dos votos. Simul-
taneamente a votação na Saxónia-
as
Anhalt vem conÆrmar a tendência
mais geral de queda da AfD em elei-
ções regionais — em 2016 tinha tido
24,3% dos votos.
O terceiro partido mais votado foi
o Die Linke (esquerda radical), com
11%, seguido do Partido Social
M

Democrata (SPD, de centro-esquer-

da), com 8,5%, dos Verdes e do Par-
tido Liberal Democrata (FDP, direi-
ta), ambos com 6,5%. O mais prová-
vel é que a actual coligação entre
CDU, SPD e Verdes se mantenha,
com a posição dos democratas-cris-
in

tãos reforçada e com a recondução

do actual chefe de governo, Reiner
Haseloè.
Apesar de frequentemente depen- A CDU comemorou a vitória Paul Ziemiak, disse que o resultado entrada no governo do estado fede- do da reuniÆcação e estima-se que
derem de dinâmicas locais, as elei- expressiva sobre a ameaça da na Saxónia-Anhalt foi nada menos do rado — nenhum partido está dispos- tenha perdido mais de meio milhão
ções na Saxónia-Anhalt estavam a Alternativa para Alemanha que “sensacional”. É mais um passo to a coligar-se com a AfD —, mas de habitantes desde 1990.
ser encaradas como um grande tes- para que o líder da CDU — cujas son- seria visto como uma grande O resultado modesto dos Verdes
ed

te por serem as últimas antes das dagens indicam uma queda a nível demonstração de força a três meses está em linha com o pouco sucesso
eleições federais de 26 de Setembro. nacional em Setembro — possa acal- das eleições federais. que tradicionalmente o partido
Nessa medida, a vitória confortável mar os seus críticos internos. No entanto, a realidade mostrou alcança nos estados do Leste da Ale-
da CDU — as sondagens atribuíam- que a AfD está mesmo a enfrentar manha. A nível nacional, o partido
lhe perto de 25% dos votos — traz AfD em queda um declínio eleitoral, apesar de o ecologista aparece nas sondagens
boas perspectivas para Armin A extrema-direita tinha esperança resultado obtido na Saxónia-Anhalt como aquele em melhores condi-
Laschet, que se candidata a chance- em encontrar na Saxónia-Anhalt, ter sido o melhor desde 2019. O pre- ções para Æcar à frente da CDU.
at

ler pelos democratas-cristãos. As
eleições para o Bundestag são as
primeiras em mais de uma década
em que Angela Merkel, no poder
desde 2005, não participa.
O processo de escolha de Laschet
re
um estado da antiga República
Democrática Alemã, onde habitual-
mente tem melhores resultados,
o antídoto para a sua sangria eleito-
A vitória ral nos últimos dois anos. As sonda-
confortável da gens mostravam a AfD numa dispu-
sidente do partido no estado, Martin
Reichardt, disse estar “bastante
satisfeito” com a sua prestação. A
nível nacional, as sondagens indi-
cam que a AfD pode piorar o seu
resultado e Æcar em torno dos 11%.
A Saxónia-Anhalt trouxe más notí-
cias para a esquerda em geral, mos-
trando que a AfD continua a reunir
as preferências do seu antigo eleito-
rado no Leste da Alemanha. O Die
Linke, composto por vários quadros

foi bastante conturbado, com várias
dissensões internas entre os demo-
cratas-cristãos, deixando vários ana-
listas a questionar a coesão interna
do partido rumo à sucessão de
Merkel. O secretário-geral da CDU,
ta apertada com a CDU e, numa
CDU traz boas delas, aparecia até em primeiro
perspectivas para lugar — algo que nunca aconteceu
em eleições regionais. Mesmo uma
o seu líder, Armin vitória do partido nacionalista e
Laschet eurocéptico não lhe garantia a
A Saxónia-Anhalt é vista como um
dos estados mais permeáveis ao
sucesso do programa da AfD, com
um forte pendor anti-imigração e
muito crítica da globalização. Era
um dos estados mais pobres aquan-
do antigo partido único na RDA,
perdeu quase cinco pontos percen-
tuais face às últimas eleições e o SPD
dois, tendo ambos obtido os piores
resultados de sempre nas eleições
neste estado.

@JornaisPT
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Serviços secretos israelitas
receiam violência política
Desde que a coligação
governamental entre a
oposição a Netanyahu foi
anunciada, as ameaças não
têm parado
A tensão em Israel está a crescer e a
preocupar as autoridades, sobretu-
do depois do anúncio do acordo de
coligação governamental que vai
tirar o actual primeiro-ministro
Benjamin Netanyahu do poder, ao
Æm de 12 anos.
O director dos serviços secretos
internos israelitas, conhecidos como
Shin Bet, emitiu um raro alerta para
a possibilidade de haver episódios
violentos, motivados politicamente,
nos próximos dias. “IdentiÆcámos
recentemente um crescimento do
discurso, cada vez mais extremo e
incentivador de violência nas redes
sociais”, aÆrmou Nadav Argaman,
através de um comunicado divulgado
no sábado e citado pela Reuters.
Não foram referidos grupos ou
sequer a inclinação política dos
difusores destas mensagens, mas o
aviso coincide com um dos momen-
tos mais delicados da política inter-
na israelita nas últimas décadas. Na
semana passada, foi anunciado um
acordo para a formação de um
governo de vários partidos, que
incluem a extrema-direita naciona-
lista, centristas, esquerda e, de for-
ma inédita, um partido árabe, com
o objectivo de impedir a manuten-
Mais um candidato presidencial opositor
de Daniel Ortega detido na Nicarágua
ed
O candidato à presidência da Nicará-
gua Arturo Cruz foi detido no sábado,
poucos dias depois de outra oposito-
ra ao regime de Daniel Ortega ter sido
colocada em prisão domiciliária.
Cruz, antigo embaixador nos Esta-
dos Unidos, foi preso no aeroporto
at
de Manágua à chegada de Washing-
ton, de acordo com o relato do seu
gabinete à Reuters. O Ministério
Público diz que a detenção do políti-
co foi baseada numa investigação em
que foram encontradas “fortes pro-
re
vas de que atacou a sociedade nica-
raguense”, embora não tenha espe-
ciÆcado do que se trata.
A prisão de Cruz surge apenas três
dias depois de Cristiana Chamorro,
também ela candidata às eleições
ção de Netanyahu no poder.
A notícia do acordo deixou os israe-
litas divididos e, sobretudo os secto-
res mais à direita, furiosos com o que
dizem ser uma “traição” por parte de
Naftali Bennett, líder de um partido
ultra-ortodoxo, que foi um dos artíÆ#
ces do entendimento e irá começar
por cheÆar o novo Governo.
O próprio Netanyahu teceu duras
críticas a Bennett, acusando-o de
estar a viabilizar um “perigoso”
governo de “esquerda” e pró-pales-
tiniano.
Desde o anúncio da coligação —
que ainda terá de ser aprovada pelo
Knesset, o parlamento israelita, o que
não é certo — que a segurança em
torno de Bennett foi reforçada, diz a
as
M
Naftali Bennett é considerado um traidor pela extrema-direita
in
presidenciais, ter sido indiciada por
“lavagem de dinheiro, bens e acti-
vos” e colocada em prisão preventi-
va. As acusações contra Chamorro,
Ælha da antiga Presidente Violeta
Chamorro, inviabilizam a sua candi-
datura e facilitam a reeleição de
Ortega para um quarto mandato
consecutivo.
O secretário-geral da Organização
de Estados Americanos, Luis Alma-
gro, exigiu a libertação de Cruz e
disse que as acções das autoridades
nicaraguenses são “contrárias a elei-
ções livres e justas”. Os EUA também
condenaram a detenção do candida-
to presidencial e, através da subse-
cretária do Departamento de Estado
para Assuntos do Hemisfério Ociden-
Reuters. Grupos de extrema-direita
têm organizado manifestações perto
da sua residência e de outros mem-
bros do seu partido.
A profusão de mensagens e amea-
ças contra Bennett é reminiscente
dos dias que antecederam o assassí-
nio do então primeiro-ministro Yit-
zhak Rabin, em 1995, por um nacio-
Alguns dos
principais rabinos
israelitas
rP
posicionaram-se
contra a coligação
governamental
RONEN ZVULUN/REUTERS
te
tal, Julie Chung, avisou que, “com
Ortega, a Nicarágua está a tornar-se
um pária internacional”.
O afastamento de mais um candi-
dato opositor revela a abordagem
política cada vez mais musculada do
regime nicaraguense. Cruz foi detido
ao abrigo da “Lei de defesa dos direi-
tos do povo à independência, sobe-
rania e autodeterminação”, aprova-
da no ano passado e que, para mui-
Arturo Cruz foi
preso no
aeroporto de
Manágua, à
chegada de uma
viagem aos
Estados Unidos
@JornaisPT
Público • Segunda-feira, 7 de Junho de 2021 • 21
Ed
nalista radical por causa do seu
papel num acordo de paz com os
palestinianos.
Desta vez, nas redes sociais, cir-
culam imagens manipuladas em que
Bennett aparece com um lenço
DF
habitualmente usado pelos palesti-
nianos.
“Este discurso pode ser interpre-
tado por certos grupos ou indivíduos
como algo que permita actividades
violentas e ilegais que podem causar
dano físico”, disse Argaman. O direc-
tor do Shin Bet apelou ao sentido de
responsabilidade dos líderes políticos
e religiosos para se absterem de
incentivar actos de ódio contra os
seus adversários.
A recomendação de Argaman foi
ignorada por alguns dos principais
rabinos israelitas que subscreveram
uma carta aberta em que se posicio-
nam Ærmemente contra a coligação
governamental que pretende retirar
Netanyahu do poder e instam os seus
seguidores a fazerem “tudo o que for
possível” para a travar.
“Não se pode aceitar a realidade de
um governo israelita que pode preju-
dicar as questões mais fundamentais
da religião e do Estado, aceites desde
o estabelecimento do Estado de Israel
e até hoje por todos os governos
israelitas”, escrevem os rabinos na
carta publicada pelo Times of Israel.
Os líderes religiosos garantem, no
entanto, que o seu posicionamento
não é um incitamento à violência,
mas sim ao “emprego de recursos
democráticos”.
tos observadores, tem a única
Ænalidade de punir os críticos do
Governo de Ortega.
É provável que a repressão contra
a oposição não Æque por aqui. O pró-
ximo a ser visado, segundo o El País,
é Félix Maradiaga, pré-candidato às
eleições que se notabilizou durante
os protestos de 2018 e que já foi acu-
sado de “terrorismo” e de ligações
ao narcotráÆco. A repressão na Nica-
rágua tem aumentado desde os pro-
testos de 2018, que representaram o
mais sério desaÆo à governação de
Daniel Ortega, no poder desde 2007
— e antes entre 1979 e 1990. Para con-
ter as várias manifestações ao longo
daquele ano, foram mortas pelo
menos 328 pessoas.
Mundo
r
i to
Inglaterra
pode não
levantar
restrições
Matt Hancock admite
que a suspensão de todas
as restrições por causa
da pandemia a 21 de Junho
pode não acontecer
O ministro da Saúde britânico, Matt
Hancock, disse ontem que ainda é
muito cedo para dizer se o Governo
do Reino Unido manterá o plano de
suspender totalmente as restrições
impostas para conter a covid-19 na
Inglaterra a 21 de Junho.
Hancock reconheceu, em entrevis-
ta à Sky News, que a variante delta,
detectada pela primeira vez na Índia
no mês passado, teve um impacto
“muito signiÆcativo” e que agora é a
estirpe dominante na Inglaterra, de
acordo com estimativas oÆciais.
O ministro admitiu que a variante
indiana, que chega a ser 40% mais
contagiosa, está a exigir maior cau-
tela por parte das autoridades e men-
cionou o novo aumento nos casos,
embora explicasse que o número de
hospitalizações e de mortes perma-
nece tranquilizador, o que permite
ainda manter o plano inicial de ter-
minar o conÆnamento.
“É muito cedo para tomar uma
decisão Ænal sobre isso”, disse Han-
cock. “O primeiro-ministro, eu e a
equipa analisaremos todos os dados
ao longo desta semana e daremos
às pessoas tempo suÆciente antes
de 21 de Junho. Não estamos a dizer
‘não’ à data 21 de Junho neste
momento”, acrescentou o ministro
da Saúde.
Hancock acrescentou ainda que o
importante agora é que as pessoas
recebam ambas as doses das vacinas,
já que os dados mostram que as duas
injecções as podem proteger eÆcaz-
mente contra a variante delta.
A ministra dos Negócios Estrangei-
ros na sombra do Partido Trabalhis-
ta, Lisa Nandy, acha “muito difícil”
que o Governo venha a levantar
totalmente as regras de conÆnamen-
to no dia 21, tendo em conta o
aumento das infecções no Noroeste
de Inglaterra, sobretudo entre os
mais jovens.
Citada pela BBC, Nandy aprovei-
tou ainda para criticar o executivo
de Boris Johnson pelo sistema de
semáforos usado na classiÆcação de
países, aÆrmando que a categoria
púrpura deveria ser “descartada”.
“Pensamos que é inútil. Achamos
que é confusa e que a confusão é
realmente perigosa neste momento
— arrisca-se a pôr em causa o pro-
gresso que Æzemos”, explicou Lisa
Nandy. Com Reuters
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22 • Público • Segunda-feira, 7 de Junho de 2021
Economia Mais de 1100 licenças foram prorrogadas por um ano
rP
te
as
Aquicultura
Teresa Silveira
O Decreto-Lei n.º 34-A/2021, que o
Governo fez publicar a 14 de Maio e
M
está num que regula a utilização privativa dos
recursos hídricos para Æns aquícolas
em águas de transição, “não só não
resolveu o licenciamento [em título
“impasse” da actividade aquícola (TAA)] na ria
Formosa”, como ainda “penalizou
esta região” algarvia, com o “impedi-
in
devido
mento da transmissão” das licenças
de exploração até 30 de Junho de
2022, diz a Associação Portuguesa de
Aquacultores (APA).
às licenças
A prorrogação por mais um ano de
mais de 1100 licenças colocou-se
devido a uma norma prevista no arti-
ed
go 46.º do Decreto-Lei nº 40/2017,
de exploração
que Æxava já um “regime transitório”
para estes TAA e que não permitia
revalidar, automaticamente, os
actuais títulos. Como a sua validade
terminava a 12 de Maio, era urgente
uma solução legislativa, sob pena de
at
as empresas instaladas passarem a
operar ilegalmente.
O presidente da APA, entidade que
tem defendido “a conversão automá-
A prorrogação, por apenas mais um ano, tica” destes títulos para os operado-
res que cumprem os requisitos legais,
de mais de 1100 licenças de exploração
re
garante ao PÚBLICO que o prolonga-
em aquicultura no Algarve está a mento dos TAA não resolve a situa-
ção. Esta solução, diz, “bloqueará
penalizar os operadores. Associação por mais de um ano o desenvolvi-
mento da aquicultura na ria Formo-
fala em “bloqueio” ao investimento sa, impedindo o aumento da área aos
@JornaisPT
Ed
DF
operadores que querem crescer e
obrigando a manter a área [de explo-
ração aquícola] a quem quer aban-
donar a actividade”.
A associação avisa que estão em
causa centenas de operadores eco-
nómicos na região, nacionais e
estrangeiros, largos milhões de euros
de investimento instalado, cerca de
3000 postos de trabalho directos,
cerca de 70 milhões de euros em
volume de negócios e unidades pro-
dutivas montadas para operar a
médio/longo prazo, cuja rentabilida-
de não é compatível com licenças
com validade de apenas um ano.
Hugo Metelo Diogo, director-geral da
Bluegrowth, empresa de consulto-
ria, auditoria e engenharia especia-
lizada em assuntos marítimos, dá
um exemplo: “Entre colocar a
semente das ostras na água e estas
estarem prontas a consumir leva
sempre acima de um ano.”
“Mercado estagnado”
Rui Moreira, presidente da APA, fala
de “outra face perversa” do decreto-
lei de 14 de Maio, por “não retirar as
licenças aos operadores que não
cumprem as condições”, como a fal-
ta de pagamento da taxa de recursos
hídricos (TRH) ou de entrega dos
inquéritos à produção. E adverte para
o facto de, em Portugal continental,
o critério do prazo de validade das
licenças não ser “uniforme”. Rui
r
i to
Moreira diz que “tanto atribuem a um
viveiro de bivalves [uma licença com]
um prazo de dez como de 25 anos”.
Um dos exemplos é o licenciamento
na ria de Alvor, assim como em algu-
mas zonas do estuário do Sado. Aí, “a
Docapesca e a Administração dos
Portos de Setúbal e Sesimbra, respec-
tivamente, têm as suas próprias
regras de renovação das licenças”.
Hugo Diogo, da Bluegrowth, que
presta serviços a vários operadores
do sector, nacionais e estrangeiros,
não tem dúvidas: “Esta prorrogação
da caducidade das licenças por ape-
nas mais um ano não responde às
necessidades dos milhares de pes-
soas que dependem da actividade,
criando um verdadeiro pântano
social e económico.” E volta a subli-
nhar: “Um ano não é suÆciente para
concluir um ciclo produtivo da maio-
ria das espécies que produzimos em
Portugal, [uma vez que] ninguém irá
semear [bivalves] ao dia de hoje, pois
não terá produto pronto para colher
daqui a um ano.”
Em consequência, alerta o consul-
tor, “o mercado Æcará estagnado
durante mais um ano de incerteza,
com impactos também para os con-
sumidores”. Não falando dos “vários
milhões de euros parados e muitos
postos de trabalho por criar, fruto
deste e de outros impasses que estran-
gulam o sector”. Essa situação, diz,
coloca Portugal “na cauda da Europa
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210 candidaturas,
132 aprovações
D
as 210 candidaturas
apresentadas ao
Mar2020, foram
aprovadas 132
operações, num investimento
total de 140,8 milhões com
apoio público de 72 milhões.
Destes montantes foram
aprovadas 81 operações em
investimentos produtivos das
PME (17 no final de 2020) com
um investimento de 104,7
ed
milhões de euros e um apoio
público de 40,96 milhões. O
Ministério do Mar fala de uma
“diversificação da produção
em espécies”: algas, robalo,
dourada, truta, linguado,
pregado e bivalves (ostra,
at
amêijoa e mexilhão). No
âmbito da inovação, foram
aprovadas 44 operações na
área das micro e macro algas,
pepinos-do-mar, choco,
pargo, cavalos-marinhos e
re
rãs, construção e teste de
jaulas oceânicas para a
estabulação de peixe,
desenvolvimento de rações
melhoradas.
as
no que se refere à capacidade produ-
tiva” de peixe em aquicultura.
Ministro tem “noção”
M
O ministro do Mar, ouvido pelo
PÚBLICO, admite “constrangimen-
tos” provocados aos operadores
pela indeÆnição da legislação.
“Obviamente, temos noção”, assu-
me Ricardo Serrão Santos, lembran-
do, ainda assim, que a atribuição
in
dos TAA “não é para a vida, há limi-
tes”. Escuda-se, contudo, nos atra-
sos na preparação do novo Plano
para a Aquicultura em Águas de
Transição (PAqAT), que apenas esta-
rá concluído “em Ænais de 2021”.
O Governo considera o PAqAT “um
instrumento indispensável na execu-
ção da estratégia de desenvolvimento
da aquicultura” em Portugal e no
“ordenamento desta actividade e o
seu desenvolvimento de forma sus-
tentável”. Porém, a “diÆculdade em
encontrar solução para relocalizar os
154 estabelecimentos da área designa-
da ‘Olhão 3’, em que a prática da aqui-
cultura foi interditada por razões de
saúde pública”, e as “limitações” pan-
démicas travaram o processo. “Ainda
não conseguimos fazer operações no
campo”, revela o governante.
Uma aÆrmação que é posta em cau-
sa pelo director-geral da Bluegrowth,
ao dizer que “a situação pandémica
tem as costas largas” e que “não se
consegue perceber como é que, no
Público • Segunda-feira, 7 de Junho de 2021 • 23
FOTOS: VIRGILIO RODRIGUES
Um sector,
dois ministérios
Ed
E
m Portugal, a actividade
aquícola é tutelada pelos
ministérios do Ambiente e
do Mar. Para instalar e
explorar um estabelecimento
de culturas em águas
marinhas, em águas interiores
e estabelecimentos conexos, é
necessário obter um título de
actividade aquícola (TAA), que
DF
habilita à utilização privativa
dos recursos hídricos e do
espaço marítimo nacional. Esta
utilização, incluindo a de
recursos hídricos para fins
aquícolas em águas de
transição, consta do
Decreto-Lei nº 226-A/2007. Ao
abrigo desse diploma, a
rP
atribuição de títulos de
utilização de recursos hídricos
compete às administrações de
Região Hidrográfica, que
constituem departamentos da
Agência Portuguesa do
Ambiente. Já os títulos de
utilização privativa para
te aquicultura em águas de
transição estão sujeitos ao
Decreto-Lei 38/2015. A
Direcção-Geral de Recursos
Naturais, Segurança e Serviços
Marítimos, do Ministério do
Mar, é a entidade competente.
A aquicultura conta neste mesmo período, conseguiram elabo-
momento com 132 operações de
investimento aprovadas para
rar, discutir e aprovar a Estratégia
Nacional para o Mar 2021-2030 [apro-
receber fundos do Mar2020 vada em Conselho de Ministros a 6 de
Maio e publicada sexta-feira em Diá-
rio da República], mas não consegui-
ram concluir um plano concreto para
pôr um dos sectores da economia [do
mar] a funcionar”.
O presidente da APA também é crí-
tico em relação ao PAqAT. Diz que foi
Esta prorrogação legislado em 2015, “ainda com o ante-
rior primeiro-ministro [Passos Coe-
das licenças por lho], e que o actual primeiro-ministro
mais um ano não [António Costa], que tomou posse em
Novembro de 2015, nada concreti-
responde às zou”. Lamenta, aliás, não terem rece-
necessidades dos bido “qualquer feedback das contri-
buições [da APA] de 2019 e 2020”.
milhares de “[Quanto aos TAA,] diria que esta-
pessoas que mos num pântano”, aÆrma Hugo
Diogo, da Bluegrowth. “Ninguém
dependem da sabe o que irá acontecer. Da interpre-
actividade, tação que temos da lei, não haverá
lugar a qualquer renovação [de licen-
criando um
ças], pelo que se aÆgura um procedi-
verdadeiro mento público para os novos títulos.
Estou muito céptico relativamente à
pântano social capacidade de os serviços da Admi-
e económico” nistração lançarem e concluírem mais
de um milhar de procedimentos
Hugo Diogo administrativos para regularizarem
Bluegrowth esta situação num ano”, diz.
“Vicissitudes” do Mar2020
Como se não bastasse, o director-
geral da Bluegrowth queixa-se dos
@JornaisPT
r
i to
Ænanciamentos à economia azul. “São
uma sangria quase tão dolorosa quan-
to os processos de licenciamento”,
diz Hugo Diogo, lembrando que “os
problemas de execução do Programa
Operacional (PO) Mar2020 são ampla-
mente conhecidos”.
O problema é que “não restam
muitas alternativas ao Ænanciamento
da Æleira do pescado, pelo que se
tem de viver com as vicissitudes da
engrenagem do Mar2020”, aÆrma o
consultor, lembrando “a complexi-
dade administrativa e as ferramentas
obsoletas, que exigem um esforço
sem precedentes aos promotores
dos projectos”.
“Os prazos de resposta a candida-
turas chegam a ultrapassar um ano e
há vários registos de promotores a
aguardarem mais de nove meses para
receberem o Ænanciamento sobre os
investimentos efectuados”, revela
Hugo Diogo, lamentando que em Por-
tugal “a falta de Çuidez dos Ænancia-
mentos ligados ao mar [tenha] asÆxia-
do várias empresas e comprometido
muitos modelos de negócios”.
O presidente da APA não é tão pes-
simista. Frisa que a gestora do PO
Mar2020 [Dina Ferreira, em funções
desde Julho de 2019] “tem demons-
trado uma grande preocupação em
apoiar o sector produtivo”. O proble-
ma é que “o sector produtivo recebe
apenas 41% de 17,87%” da dotação do
PO, “ou seja, 7,33%”.
Em 30 de Abril, o Mar2020, cuja
dotação é de 392,5 milhões de euros
oriundos do Fundo Europeu para os
Assuntos Marítimos e as Pescas
(FEAMP), a que se somam 115,3
milhões de componente nacional,
estava com uma taxa de compromis-
so de 91% e uma execução de 52%. Por
comparação, até 31 de Março, o
PDR2020 — Programa de Desenvolvi-
mento Rural apresentava um com-
promisso de 100% e uma execução
de 77%. Na mesma data, o Portugal
2020 atingiu 60% de execução.
Recorde-se que o Tribunal de Con-
tas fez uma auditoria à execução do
Mar2020 em Abril de 2019 e emitiu
várias recomendações à então minis-
tra do Mar, Ana Paula Vitorino, aler-
tando para “risco elevado” de perda
de Ænanciamento europeu.
Ao PÚBLICO o actual ministro,
Ricardo Serrão Santos, esclarece que
“o risco elevado de perda de fundos
a que aludia o Tribunal de Contas
prendia-se, àquela data, com o even-
tual não alcance das metas necessá-
rias para aceder à reserva de desem-
penho e ao risco de anulação automá-
tica de dotação programada, por
aplicação da vulgarmente designada
regra n+3”.
O governante garante, no entanto,
que “nenhuma dessas situações para
as quais o Tribunal de Contas alertava
se veio a conÆrmar”.
Nos próximos sete anos, Portugal
vai receber 378,5 milhões de euros do
novo Fundo Europeu dos Assuntos
Marítimos, das Pescas e da Aquicul-
tura (FEAMPA 2021-2027).
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24 • Público • Segunda-feira, 7 de Junho de 2021
Economia
Por favor, não deixem o mutualismo morrer
Opinião
Miguel Coelho
A previdência em Portugal “tem a
sua origem remota nas
corporações das artes e ofícios, de
origem medieval, cuja extinção
apenas tem lugar em 1834”
(Pereirinha e Carolo, 2006).
A partir desta data, o movimento
associativo assume novas formas,
aparecendo a partir de 1839 as
“primeiras instituições de
previdência livre,
espontaneamente organizadas,
com fundos patrimoniais
indeterminados, duração
indeÆnida e número ilimitado de
sócios, segundo a fórmula legal
universalmente consagrada para o
associativismo mutualista”
(Rosendo, 1996).
Na prática, através do modelo
mutualista, um grupo de pessoas,
perante a necessidade de
solucionar problemas idênticos,
resolvem pôr em comum meios
Ænanceiros, técnicos e humanos,
que lhes permitem encontrar
soluções para cada um desses
problemas, através de meios e
processos economicamente
vantajosos.
As associações mutualistas
apresentaram-se assim como
respostas da sociedade civil,
destinadas a amenizar, através da
cobertura dos riscos mais comuns,
“não só a miséria dourada em que
vivia a classe média, mas também a
miséria autêntica dos sectores mais
pobres de uma população
trabalhadora que não usufruía de
qualquer tipo de proteção social”
(Rosendo, 1996).
O movimento mutualista
registou uma forte expansão
durante a segunda metade do
século XIX e início do século XX,
ed
com o número de associações a
crescer de 64 em 1860 para um
máximo de 894 em 1910.
A vontade política em
desenvolver um sistema de
proteção público obrigatório
ensaiada, sem sucesso, em 1919,
at
com um dos quadros legislativos
mais avançados da Europa, bem
como a criação da previdência
social em 1935, numa lógica de
seguro social e de solidariedade
intraproÆssional (de base
re
corporativa) de garantia de
benefícios sociais, e ainda o pouco
afeto (ou mesmo antagonismo) que
o Estado Novo prestava a
organizações assentes em
princípios de liberdade,
independência e solidariedade,
marcam o início do declínio do
movimento mutualista.
Mas foi com o extraordinário
desenvolvimento do sistema de
proteção público após 1974 que o
declínio do mutualismo é
acelerado.
Na realidade, se em 1981 havia
129 mutualidades, em 2016 esse
número caíra já para 97, as quais
asseguravam uma modesta
contribuição de 2% do produto e
8% do emprego gerados pela
totalidade da economia social.
Curiosamente, o Montepio Geral
Associação Mutualista teve uma
trajetória claramente distinta.
Fundada em 1840, sob a direção
de Francisco Manuel Álvares
Botelho, distinto servidor do
Estado, residente na cidade de
Lisboa, a Instituição desenvolveu a
atividade em torno da sua Caixa
Económica, fundada esta em 1844,
tendo disponibilizado aos seus
associados soluções inovadoras
para a época. Com as denominadas
pensões de sobrevivência e dotes,
foi respondendo às necessidades
de proteção de uma classe média
as
urbana ainda incipiente.
Durante a primeira metade do
século XX, e apesar do olhar crítico
das autoridades, foi-se adaptando
às novas necessidades,
destacando-se nesse contexto a
oferta de pensões de invalidez;
pensões de reforma; atribuição de
M
bolsas de estudo; ou soluções no
âmbito da habitação,
nomeadamente através da
construção de casas para
associados e pensionistas.
A partir da década de 80, a
expansão da rede comercial da sua
in
Caixa Económica, associada à
criação das modalidades
mutualistas de poupança, permitiu
alargar a base associativa de forma
signiÆcativa.
Dos 17.711 associados em 1990,
ultrapassou os 139 mil em 2000,
tendo atingindo um máximo de
630 mil associados no Ænal em
2014.
Procurando dar reposta,
simultaneamente, aos problemas
de cada um, per si, e de todos, no
seu conjunto, o extraordinário
percurso até ao Ænal da primeira
década do século XX baseou-se
sempre em duas grandes
premissas. Por um lado, o respeito
pelos valores que são o ADN do
mutualismo: democracia,
liberdade, transparência, justiça e
solidariedade. Por outro, a sua
credibilidade assentava numa
componente Ænanceira sólida,
construída a partir da ideia de que
“nunca se deve dar um passo
rP
te
maior do que a própria perna”.
Infelizmente, decisões
insensatas de expansão do negócio
segurador e bancário, tomadas
claramente fora de tempo,
abalaram de forma severa a
organização.
Se a isto associarmos as fortes
alterações de contexto observadas
na última década, podemos dizer
que estão criadas as condições
para uma “tempestade perfeita”
que coloca a maior mutualidade do
país pelo menos perante três
grandes desaÆos.
Em primeiro lugar, a emergência
das novas tecnologias e de novos
modelos de negócio colocam em
risco, não apenas o associativismo
tradicional, mas também, e de
forma ainda mais evidente, o
modelo de funcionamento dos
maiores ativos da instituição:
banco e seguradoras.
Um segundo desaÆo prende-se
com a regulação. Durante anos, as
grandes mutualidades fugiram ao
inevitável. Ou seja, à aplicação de
um quadro regulamentar claro,
transparente e alinhado com as
melhores práticas.
Infelizmente, e admitindo que a
sua aplicação não seria tarefa fácil,
o certo é que a constante recusa
em aceitar esta nova realidade
conduziu ao inimaginável,
traduzido na incapacidade
reiterada de cumprir as regras
impostas.
Um terceiro desaÆo prende-se
@JornaisPT
r
i to
Ed
DANIEL ROCHA
resposta é claramente “Não”!
Mas para que a Instituição possa
ultrapassar a sua hora mais negra,
é necessário assegurar cinco
condições: em primeiro lugar,
importa assumir em deÆnitivo a
realidade e a situação severa em
que a associação se encontra. Não
podemos abafar as nossas
DF
inquietações com base na simples
convicção de que “tudo vai correr
bem”.
Em segundo lugar, cumpre
desenhar um plano que permita
garantir, simultaneamente, os
benefícios aos associados; o
saneamento Ænanceiro da
instituição; e a adaptação ao novo
regime de supervisão.
Em terceiro lugar, importa
assegurar o apoio das autoridades
para implementar o plano referido
anteriormente. E sobre isso temos
de ser muito claros. Não chega
simplesmente dar mais tempo ou
aligeirar regras. Desta vez, é
preciso fazer muito mais.
Em quarto lugar, é urgente
readaptar a oferta mutualista às
novas necessidades dos
associados, reconÆgurando,
simultaneamente, aquilo que se
pode designar de “ecossistema
mutualista”. Ou seja, é preciso
recriar um “espaço” em que o
associado encontre respostas
adequadas para as preocupações
No momento mais da sua vida quotidiana.
Na realidade, muitas das
negro da sua necessidades que estiveram na
história, só uma génese da associação têm hoje
resposta, pelo menos parcial, em
solução que esteja oferta do setor público e do setor
ao serviço dos privado. Assim, e sem prejuízo da
oferta de soluções tradicionais em
associados poderá condições competitivas, importa
assegurar o futuro desenvolver novas soluções tendo
por base informação objetiva sobre
de uma instituição as necessidades reais sentidas
que tem um papel pelos associados.
Por Æm, para ultrapassar a atual
ímpar na situação, é necessário ainda
sociedade assegurar a mobilização informada
de todos os associados de boa
portuguesa vontade.
Na realidade, não podemos
permitir que aquilo que nos divide
com aquilo que foi sempre enquanto indivíduos continue a
considerado por todos o seu maior comprometer o que nos une
atributo: a solidez Ænanceira. Ao enquanto associados e enquanto
longo de 180 anos, a Associação foi mutualistas.
capaz de ultrapassar as maiores No momento mais negro da sua
crises, demonstrando uma história, só uma solução ampla e
resiliência única à escala nacional e consensual, que esteja ao serviço
internacional. dos associados, poderá assegurar a
Lamentavelmente, os dois continuidade de uma instituição
últimos relatórios e contas que tem um papel ímpar e
tornaram pública a existência de insubstituível na sociedade
uma incerteza material relacionada portuguesa.
com a continuidade da atividade.
SigniÆca isto que a instituição Professor auxiliar na
está inevitavelmente condenada? A Universidade Lusíada
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Público ClassiÄcados • Segunda-feira, 7 de Junho de 2021 • 25

r
i to
Dá-se conhecimento público de que se encontra
Dá-se conhecimento de que se encontra aberto um aberto processo de recrutamento de pessoal,
procedimento de recrutamento de pessoal em regime ELEIÇÃO DO PRESIDENTE DO INSTITUTO em regime de contrato de trabalho a termo
de contrato individual de trabalho a termo resolutivo POLITÉCNICO DE PORTALEGRE resolutivo certo, para exercer funções na Centro de

Ed
incerto nos termos do Código do Trabalho, para Competências Nova Forma – Nova Edu Digital da
a Faculdade de Ciências Médicas|NOVA Medical ANÚNCIO PÚBLICO Universidade NOVA de Lisboa.
School da Universidade Nova de Lisboa: De acordo com o disposto no artigo 3.º do Regulamento para • 1 vaga de Técnico superior (m/f), referência CT-
eleição do Presidente do Instituto Politécnico de Portalegre, 17/2021_NOVA_EDU_DIGITAL, à qual podem
• 1 vaga de Técnico Superior (M/F), para a Divisão de aprovado em 27 de maio de 2021 pelo Conselho Geral do candidatar-se os indivíduos que reúnam as
Apoio à Investigação - TS/SI/19/2021 Instituto, torno público que, de 9 de junho a 9 de julho de condições fixadas no aviso disponível no endereço:
2021, se encontra aberto o processo para apresentação de
Podem candidatar-se os indivíduos que reúnam candidaturas à citada eleição. http://www.unl.pt/nova/nao-docentes
as condições fixadas no aviso disponível no

DF
Este anúncio está afixado, acompanhado do respetivo O prazo para submissão das candidaturas é de 07 a
endereço: www.nms.unl.pt (Documentos/ Recursos Regulamento, nas Escolas e nos Serviços Centrais do Instituto 15 de junho de 2021.
Humanos/ Pessoal Não Docente/ Procedimentos de para além de publicitado nos jornais locais e num jornal de
Recrutamento) expansão nacional, bem como em www.ipportalegre.pt.
Portalegre, 31 de maio de 2021
O prazo limite para submissão das candidaturas é de 6 CONSELHO DIRETIVO

O Presidente do Conselho Geral do Instituto AVISO

dias úteis a contar da data da publicação do presente Politécnico de Portalegre ENCERRAMENTO ADMINISTRATIVO DE UM ESTABELECIMENTO
anúncio. Hugo Luís Pereira Hilário DE APOIO SOCIAL SEM DENOMINAÇÃO NA RUA JOÃO PEREIRA

Assembleia de Empresa
SATA Internacional
Nos termos do disposto nos Estatutos, convoco a Assembleia de Empresa
dos Pilotos da SATA Internacional do Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil
(SPAC), a reunir-se em Sessão Extraordinária no próximo dia 15 de Junho
CONHEÇA
te de 2021, pelas 11:00 horas, no Auditório da Sede do SPAC, sita na Rua
Frei Tomé de Jesus, n.º 8, em Lisboa, com a seguinte Ordem de Trabalhos:
rP
Fundada em 1988 pelo Professor Doutor Carlos Garcia, a Associação Portuguesa
de Familiares e Amigos de Doentes de Alzheimer - Alzheimer Portugal é uma
Instituição Particular de Solidariedade Social. É a única organização em Portugal,
de âmbito nacional, especificamente constituída para promover a qualidade de
vida das pessoas com demência e dos seus familiares e cuidadores. Tem cerca de
dez mil associados em todo o país.
Oferece Informação sobre a doença, Formação para cuidadores formais e
informais, Apoio domiciliário, Apoio Social e Psicológico e Consultas Médicas
da Especialidade.
Como membro da Alzheimer Europe, a Alzheimer Portugal participa ativamente
no movimento mundial e europeu sobre as demências, procurando reunir e divulgar
os conhecimentos mais recentes sobre a Doença de Alzheimer, promovendo o seu
estudo, a investigação das suas causas, efeitos, profilaxia e tratamentos.
ROSA, N.º 3, R/C, ARROTEIAS, 2860-197 ALHOS VEDROS
O Instituto da Segurança Social ordenou o encerramento administrativo imediato de um estabelecimento
de apoio social sem denominação, com as seguintes características:
yexerce a atividade de Estrutura Residencial para Pessoas Idosas;
ycom fins lucrativos;
ynão estando licenciado;
yfunciona sob a propriedade de Ana Sofia Fernandes Graça Pereira;
yestá instalado em Rua João Pereira Rosa, n.º 3, R/C, Arroteias, 2860-197 Alhos Vedros.
EDIFÍCIO Porque ordenamos o encerramento do estabelecimento
O Instituto da Segurança Social, IP ordenou o encerramento, através da Deliberação n.º 108/2021, de
DIOGO CÃO 2021-05-27, porque o estabelecimento estava em atividade com deficiências graves nas condições
de instalação, segurança, funcionamento, salubridade, higiene e conforto, representando um perigo
DOCA DE ALCÂNTARA potencial para os direitos dos utentes e a sua qualidade de vida.
NORTE, LISBOA Consequências do incumprimento da deliberação
(JUNTO AO
MUSEU DO ORIENTE)
HORÁRIO:
Caso o estabelecimento seja reaberto ou a atividade de apoio social continue de forma ilegal, a
entidade responsável será sujeita a procedimento criminal pelo crime de desobediência.
Local e prazo de afixação do aviso

A NOSSA PONTO UM
Apresentação e deliberação sobre Protocolo - Regime temporário
Contactos
Sede: Av. de Ceuta Norte, Lote 15, Piso 3, Quinta do Loureiro, 1300-125 Lisboa
2.ª – 6.ª FEIRA: 9H – 19H
SÁBADO: 11H – 17H
Este aviso deve estar afixado durante 30 dias na entrada principal do estabelecimento.
Consequência da não afixação do aviso
Quem impedir a sua afixação será sujeito a procedimento criminal pelo crime de resistência ou coação

SELECÇÃO de alteração do limite da área do Médio Curso a celebrar entre a

SATA Internacional - Azores Airlines S.A. e o SPAC.
- Tel.: 21 361 04 60/8 - E-mail: geral@alzheimerportugal.org
Centro de Dia Prof. Dr. Carlos Garcia: Av. de Ceuta Norte, Lote 1, Loja 1 e 2 sobre funcionário. Quem o remover deliberadamente antes do fim do prazo de 30 dias será sujeito a
procedimento criminal pelo crime de arrancamento, destruição ou alteração de editais.
INFO: 210 111 010
- Quinta do Loureiro, 1350-410 Lisboa - Tel.: 21 360 93 00
A Assembleia terá início à hora marcada, desde que se encontrem
DE
Lar, Centro de Dia e Apoio Domiciliário «Casa do Alecrim»: Rua Joaquim Miguel Serra Moura, Rui Fiolhais - Presidente
presentes mais de um quarto do número de Associados, ou meia hora n.º 256 - Alapraia, 2765-029 Estoril - Tel. 214 525 145
as
depois, com qualquer número de Associados. E-mail: casadoalecrim@alzheimerportugal.org
Delegação Norte: Centro de Dia “Memória de Mim” - Rua do Farol Nascente, n.º 47A R/C,
rePRODUTOS GOURMET

4455-301 Lavra - Tel. 229 260 912 | 226 066 863 - E-mail: geral.norte@alzheimerportugal.org
O Presidente da Mesa da Assembleia Geral Delegação Centro: Urb. Casal Galego - Rua Raul Testa Fortunato n.º 17, 3100-523 Pombal Tel.
236 219 469 - E-mail: geral.centro@alzheimerportugal.org
Delegação da Madeira: Avenida do Colégio Militar, Complexo Habitacional da Nazaré, Cave
António Manuel da Costa Ramalho do Bloco 21 - Sala E, 9000-135 FUNCHAL
Tel. 291 772 021 - E-mail: geral.madeira@alzheimerportugal.org
Núcleo do Ribatejo: R. Dom Gonçalo da Silveira n.º 31-A, 2080-114 Almeirim
Tel. 24 300 00 87 - E-mail: geral.ribatejo@alzheimerportugal.org
Núcleo de Aveiro: Santa Casa da Misericórdia de Aveiro - Complexo Social da Quinta da Moita
- Oliveirinha, 3810 Aveiro - Tel. 23 494 04 80 - E-mail: geral.aveiro@alzheimeportugal.org
Freguesia De Rosário

EDITAL N.º 01/2021

M

<THE EASTERN CARIBBEAN SUPREME COURT>

[O SUPREMO TRIBUNAL DAS CARAÍBAS ORIENTAIS] Exumação de Sepulturas
NO <HIGH COURT OF JUSTICE>
ILHAS VIRGENS BRITÂNICAS Francisco Manuel Gonçalves Da Luz, Presidente da Junta Freguesia De Rosário.
TORNA PÚBLICO:
DIVISÃO COMERCIAL Que os serviços irão proceder à exumação das sepulturas temporárias abaixo indicadas:
N.º DO PROCESSO: BVIHCM (COM) 2021/0039
Coval Cadáver Inumado Data Inumação
in

NA QUESTÃO DE VIDATEL LIMITED 33 João Manuel 03/06/1980

E NA QUESTÃO DA INSOLVENCY ACT [LEI DE INSOLVÊNCIA], 2003
33 Sebastiana Maria 05/08/1992
ENTRE:
PT VENTURES, SGPS, S.A. 41 Maria Joana Daniel 03/12/2002
Requerente 86 Teresa Marques 17/09/1989
-e-
86 Inácio José Marques 17/05/1999
VIDATEL LIMITED 213 João Mamede Valente 07/03/2001
Requerido
ed

235 César Branco 24/02/1997

Sobre: VIDATEL LIMITED
250 Manuel Augusto 26/08/2004
ANUNCIA-SE pelo presente instrumento que um pedido para nomear Matthew Richardson,
de Grant Thornton (British Virgin Islands) Limited, 171 Main Street, the Barracks, 2nd Floor, 262 Maria Da Ascenção 12/08/2004
Road Town, Tortola, VG1110, British Virgin Islands e Nicholas Stuart Wood, de Grant Thornton 265 Armando Manuel Urbano 02/04/2006
UK LLP, 30 Finsbury Square, London EC2P 2YU como Administradores Judiciais Conjuntos 279 Maria Augusta Eduardo 19/12/2007
da VIDATEL LIMITED, uma empresa com sede social em Morgan & Morgan Trust Corp. Ltd,
P.O Box 958, Pasea Estate, Road Town, Tortola, British Virgin Islands foi apresentado à Divisão 281 Eugénia Augusta 02/10/2008
Comercial da <High Court of Justice> em 5 de março de 2021 em nome do Requerente, ao 285 José Pedro Gaspar 05/03/2009
cuidado de Maples and Calder, Kingston Chambers, 5th Floor, Ritter House, PO Box 173, Road
at

291 José Eduardo 21/03/2010

Town, Tortola, British Virgin Islands. O pedido será ouvido no Eastern Caribbean Supreme
Court, Commercial Division, Sakal Place, Road Town, Tortola, British Virgin Islands na quarta 298 José Sabino de Brito 04/12/2011
feira 16 de junho de 2021 às 10 horas ou logo a seguir, quando o pedido puder ser ouvido. 302 Constança Maria Da Palma 08/01/2012
Qualquer pessoa que pretenda comparecer à audiência do pedido (seja para o apoiar
Nestes termos, deverão os interessados até dia 01 de Julho de 2021, dirigir-se à secretaria da
ou se opor) deve notificar a sua intenção ao Requerente ou aos advogados do mesmo em
Junta de Freguesia a fim de ser acordado quanto à data da exumação e sobre o destino que
conformidade com os n.ºs 1 e 2 da Regra 162 das <Insolvency Rules> [Regras de Insolvência] pretendem dar às ossadas.
de 2005 até às 16 horas de terça feira, 15 de junho 2021.
Decorrido o prazo fixado no presente Edital, sem que tenha sido promovida qualquer diligência,
Os advogados do Requerente são <Maples and Calder, Kingston Chambers, 5th Floor, Ritter será feita a exumação, considerando-se abandonadas as ossadas existentes.
House, PO Box 173, Road Town, Tortola, British Virgin Islands, Ref: AQF/KCA/703405> A
Para que não se alegue desconhecimento, mandei passar este e outros de igual teor que vão ser
correspondência deve ser marcada para a atenção de Adrian Francis ou Akesha Adonis.
afixados nos lugares públicos do costume.
loja.publico.pt Data: 04 de junho de 2021 Freguesia de Rosário, ao 01 de Junho de 2021
Maples and Calder
INFO: 210 111 010 Advogados do Requerente O Presidente da Junta, Francisco Manuel Gonçalves da Luz

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26 • Público • Segunda-feira, 7 de Junho de 2021
Ciência Explorador protagoniza série do canal Discovery
“A vida subsiste” mesmo
em lugares inóspitos:
a lição a tirar do fundo
dos cinco oceanos
Victor Vescovo O norte-americano juntou uma equipa de
cientistas e exploradores, a melhor tecnologia disponível e
um submarino e partiu numa missão para explorar as
profundezas dos cinco oceanos. Aqui conta como foi a missão
Entrevista
Filipa Almeida Mendes
Subimos às montanhas mais
altas, explorámos todos os
continentes do planeta Terra,
viajámos para o espaço e até já
conseguimos aterrar naves em
Marte — parece não haver sítio
algum onde a espécie humana
não consiga chegar. Mas é o
oceano profundo, lá em baixo,
que continua até aos dias de hoje
a ser um dos maiores mistérios e
a albergar algumas das mais
invulgares criaturas.
As razões para o fundo do
oceano permanecer
maioritariamente inexplorado
são óbvias: dezenas de milhares
de metros de profundidade,
pressões esmagadoras,
temperaturas baixíssimas,
imensa escuridão. Até que
alguém se lembrou de abrir
caminho a uma nova era da
exploração das profundezas do
oceano.
Chamam-lhe “o Elon Musk do
fundo do mar”, mas o seu nome
é Victor Vescovo, um explorador
norte-americano multimilionário
ed
que, em 2018, resolveu juntar
uma equipa de cientistas e
exploradores, a melhor
tecnologia disponível e o seu
submarino Limiting Factor
(construído propositadamente
para este Æm e com capacidade
at
para dois tripulantes) e partir
mundo fora numa missão global,
Ænanciada pela sua empresa de
desenvolvimento de tecnologia
marinha Caladan Oceanic, para
explorar as profundezas dos
re
cinco oceanos (Atlântico,
PacíÆco, Índico, Árctico e
Antárctico) com um submersível
numa única missão.
Victor Vescovo é o protagonista
da nova série Expedition Deep
Ocean, que acompanha a missão
do investigador e da sua equipa a
alguns dos lugares mais inóspitos
e remotos do planeta, e que se
estreia esta segunda-feira, dia 7
de Junho, às 20h, no canal
Discovery, parte de uma
programação dedicada ao Dia
Mundial dos Oceanos.
Em entrevista ao PÚBLICO,
Victor Vescovo explica como foi
liderar esta missão, que, além de
ter permitido o mapeamento de
as
paisagens escondidas, a
descoberta de mais de 40 novas
espécies, a recolha de amostras e
a exploração de áreas menos
conhecidas do que algumas
zonas de Marte, descendo até
uma profundidade recorde de
M
10.928 metros (na fossa das
Marianas, no oceano PacíÆco),
serviu também para reÇectir
sobre como a actividade humana
e a vida no oceano profundo
afectam todo o planeta e a
própria vida em terra Ærme.
in
Mas esta é também a história
de como uma equipa de
cientistas ultrapassou desaÆos
como zonas de fronteira entre
placas tectónicas, grandes
tempestades e icebergues. A
missão foi bem sucedida: a
espécie humana completou a
primeira descida tripulada ao
fundo dos cinco oceanos.
Como surgiu a ideia de
explorar os cinco oceanos e o
seu interesse pela exploração
do mar?
Acho que provavelmente
começou desde muito cedo. Um
dos primeiros livros que eu li foi
Vinte Mil Léguas Submarinas, de
Júlio Verne — talvez isso tenha
plantado uma semente. Mas eu,
na verdade, pratiquei
montanhismo durante várias
décadas. E, por volta de 2014,
Æquei interessado em explorar
novos desaÆos. Acredito que
Richard Branson tinha, na
r
i to
Ed
DF
rP
verdade, tentado levar a cabo
uma missão para ir ao fundo de
todos os cinco oceanos, mas a
sua tecnologia não funcionou e,
portanto, a sua equipa não foi
capaz de o fazer. Então, comecei
a questionar o que seria
te
necessário em termos
tecnológicos, Ænanceiros e
organizacionais e cheguei à
conclusão de que o poderia fazer.
Tornou-se um desaÆo técnico
muito interessante montar esta
missão e depois executá-la, que
foi o que Æzemos.
Durante esta expedição, você
e a sua equipa visitaram
lugares ainda menos
conhecidos do que algumas
áreas de Marte. Que lugares
foram esses e quais o
surpreenderam mais e
porquê?
Acho que é surpreendente para a
maioria das pessoas que 80% a
90% do oceano permaneça
inexplorado. É difícil explorar o
oceano por causa das pressões e
das condições, mas estamos
muito felizes por termos
desenvolvido uma ferramenta
tecnológica que nos permitirá ir
a qualquer lugar no fundo do
mar.
Foi fascinante para nós o facto
de quase todos os lugares onde
escolhemos ir serem novo
território para explorar, e essa é
uma capacidade maravilhosa. E
para nós, que estávamos a
participar na missão, foi
extremamente emocionante.
O lugar mais remoto que
visitámos e, em muitos aspectos,
o mais perigoso foi o oceano
Antárctico. É uma área conhecida
por tempestades muito fortes,
que sem dúvida sentimos. E,
embora tenhamos feito uma
expedição de 30 dias àquele
oceano, só fomos capazes de
executar com sucesso um único
mergulho. Mas, felizmente, esse
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mergulho foi ao fundo do oceano
Antárctico, que nunca tinha sido
visitado antes.
Foi muito emocionante para
mim pessoalmente porque eu
estava sozinho no submarino. E,
pela primeira vez, quando desci
a uma certa profundidade, cerca
de 3000 metros, perdi todas as
comunicações com a superfície.
Nessa altura, estava num lugar
onde nenhum ser humano tinha
estado antes, completamente
ed
sem comunicação num
submersível que só tinha
mergulhado àquela
profundidade algumas vezes.
Portanto, foi deÆnitivamente um
momento intenso e eu senti-me
mesmo como um astronauta
at
naquele momento. Mas
executamos a missão com
sucesso e foi um momento muito
feliz quando voltei à superfície e
tínhamos cumprido a missão.
Descobriram mais de 40 novas
re
espécies. Destas, quais foram
as mais fascinantes e porquê?
A mais fascinante foi a mais
invulgar e interessante
visualmente, que era uma ascídia
[invertebrados marinhos, de
FOTOS: DISCOVERY CHANNEL
as
M
várias cores e formas, que
geralmente vivem Æxados a
substratos], que descobrimos na
fossa de Java [no oceano Índico]
com as nossas câmaras. [Estes
organismos] eram tão invulgares
in
que o principal cientista da
minha equipa, o doutor Alan
Jamieson, viu-os no monitor e
disse que não tinha ideia do que
se tratava, embora ele seja um
dos maiores especialistas do
mundo em animais do oceano
profundo. Portanto, foi
fascinante ver algo que nenhum
ser humano tinha visto antes.
Desde então, vimos também
polvos-dumbo [do género
Grimpoteuthis] em profundidades
que ninguém acreditava que
pudessem existir e vimos o
anfípode [pertencente à ordem
dos crustáceos] encontrado à
maior profundidade alguma vez
registada.
Pudemos ver criaturas em
lugares onde as pessoas não
acreditavam que pudessem viver.
Portanto, tem sido muito
encorajador ver a existência de
vida em lugares que ninguém
pensou que poderia existir
porque a vida subsiste — e isso é
muito difícil. E essa é uma boa
lição a tirar.
Quais foram os principais
desafios que enfrentaram
durante esta expedição?
Meu Deus! Foram tantos os
desaÆos. Tivemos os desaÆos
técnicos de realmente
desenvolver um submersível que
pudesse ir repetidamente ao
fundo do oceano. Enfrentámos
os detalhes logísticos de montar
uma tripulação e comprar e
reconÆgurar um antigo navio da
Marinha dos EUA para alojar o
submersível. Houve ainda a
questão do mapeamento e de
identiÆcar onde Æcavam os
pontos mais profundos dos
oceanos, algo que não era
conhecido. E depois as questões
governamentais de tentar obter
rP
autorizações para mergulhar em
todos estes lugares invulgares
onde ninguém tinha realmente
tentado fazer isso antes.
Portanto, houve uma série de
problemas, mas foi esse o
verdadeiro desaÆo, e estou feliz
por termos sido capazes de os
superar a todos. E, mais
te
recentemente, continuámos as
nossas missões mesmo durante a
crise da covid-19 porque
achámos que era demasiado
importante para não continuar,
embora se tenha tornado muito
mais difícil.
De que forma é que a covid-19
tornou esta missão ainda mais
difícil?
A parte mais difícil da [pandemia
de] covid-19 foi simplesmente
conseguir colocar os meus
tripulantes internacionais dentro
e fora do navio com segurança.
Tínhamos protocolos rigorosos
em termos de testagem e sobre
para onde íamos e como nos
comportávamos no navio. Mas,
felizmente, fomos capazes de
continuar a operar nos últimos
dois anos sem atrasar muito os
nossos objectivos cientíÆcos. E
pudemos fazer mais mergulhos
no PacíÆco ocidental e noutros
lugares quando os navios dos
governos de todo o mundo,
incluindo dos Estados Unidos,
foram ancorados por medo de
contaminação nas embarcações.
Mas nós não desistimos e
conseguimos atingir os nossos
objectivos.
Dos cinco oceanos, qual
acredita ser o mais rico e o
mais fascinante em termos de
biodiversidade?
Essa é uma pergunta muito difícil
porque muita da vida que está lá
em baixo nós não a conseguimos
ver. É bacteriana, viral ou muito
pequena.
Os oceanos são todos muito
diferentes. Mas, para responder
à pergunta, acho que o oceano
Antárctico foi o que me
@JornaisPT
Público • Segunda-feira, 7 de Junho de 2021 • 27
r
i to
surpreendeu mais em termos
visuais porque estava muito frio
lá, obviamente, mas eu Æquei
impressionado com a quantidade
de vida selvagem e plâncton que
Ed
O oceano pude ver com os meus próprios
Antárctico foi o olhos quando mergulhei naquele
lugar muito remoto. E mesmo na
que me superfície do oceano havia
surpreendeu mais pinguins e baleias e tanta vida.
Foi muito emocionante e
em termos encorajador ver a abundância de
visuais. Fiquei vida num lugar tão remoto.
Qual a importância de investir
impressionado na exploração das
DF
com a quantidade profundezas do oceano?
Dado que 80% a 90% do oceano
de vida selvagem é inexplorado e 70% do nosso
e plâncton que planeta é oceano, acho que é
muito importante para nós
pude ver com os conhecê-lo melhor porque tem
meus próprios um impacto muito directo no
nosso clima e em tantos outros
olhos quando
aspectos da existência humana
mergulhei em terra. Embora seja difícil
viajar até ao oceano profundo
naquele lugar para o conhecer melhor, isso é
muito remoto essencial para compreendermos
como funciona todo o sistema
climático global.
Acho que ainda estamos a
aprender muito e é por isso que
Estava num lugar
onde nenhum ser
estamos muito felizes por
podermos fazer toda esta recolha
de dados básicos para
humano tinha conseguirmos, oxalá, melhorar
estado antes, os modelos para [a investigação
dos] cientistas e para
completamente compreendermos o nosso
sem comunicação, mundo no futuro.
Durante a expedição,
num submersível conseguiram observar o
que só tinha impacto das alterações
climáticas e da poluição no
mergulhado oceano? Quão importante é
àquela pará-lo?
Foi difícil para nós observar os
profundidade efeitos das alterações climáticas
algumas vezes. enquanto mergulhávamos no
oceano porque o que temos
Senti-me mesmo vindo a fazer é uma coisa muito
como um recente. Mas o que pudemos ver
foi a contaminação humana
astronauta nalgumas das partes mais
remotas e profundas do planeta.
E certamente vimos evidências
de microplásticos em todos os
lugares onde fomos no oceano.
Portanto, se há algo que foi
surpreendente, foi a extensão da
contaminação humana nos
oceanos, e acho que nós,
enquanto espécie, podemos
fazer um trabalho melhor para
proteger os oceanos da
actividade humana.
Qual foi a principal lição que
tirou desta missão?
O que imediatamente me vem à
mente é que, se algo não for
Æsicamente impossível, pode ser
feito. Pode ser extremamente
difícil e muito caro, mas pode ser
feito. E a perseverança humana,
a criatividade e a dedicação de
uma óptima equipa de pessoas
podem alcançar coisas
extraordinárias.
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28 • Público • Segunda-feira, 7 de Junho de 2021

Cultura Reino Unido reabre debate sobre símbolos do esclavagismo

r
i to
A estátua derrubada que entrou no
museu, mas não se voltou a erguer

Ed
A escultura do esclavagista e político Edward Colston, derrubada há um ano no Reino Unido,
está em exibição num museu de Bristol. Foi aberto um inquérito à população para decidir o seu futuro
DR

DF
Isabel Salema
Faz esta segunda-feira precisamente
um ano que a estátua de Edward
Colston foi derrubada em Bristol, no
Reino Unido, durante um protesto do
movimento Black Lives Matter, surgi-
do na sequência da morte de George
Floyd às mãos da polícia nos EUA.

rP
A escultura em bronze do esclava-
gista, político e Ælantropo nascido no
século XVII, que depois de ser derru-
bada foi ainda arrastada e atirada às
águas do porto, está desde sexta--fei-
ra em exibição num museu de Bristol,
ao lado dos cartazes que foram usa-
dos no protesto. “A actual exibição da
estátua de Colston no M Shed é tem-
porária. É o início de uma conversa,
não é uma exposição completa”,
te
informa o site do museu, que dispo-
nibiliza uma cronologia com os even-
tos de uma estátua que foi inaugurada DR
em 1895, no Ænal do período vitoria- Estátua de Colston no M Shed tória Pública na Universidade de
as
no. “Queremos ouvir os vossos pon- e cartazes do Black Lives Matter Manchester e membro da comissão,
tos de vista para nos ajudar a decidir também expostos no museu considera que a estátua de Edward
sobre o que fazer com a estátua a Colston se transformou num “arte-
seguir”, explica o site do M Shed. facto potente” sobre a relação e o
O museu iniciou este Æm-de-sema- Com os danos papel da Grã-Bretanha com o comér-
na um inquérito, que também pode cio de escravos no Atlântico. “Por
ser preenchido online, para recolher
sofridos com o esta altura, no ano passado, a estátua
M

opiniões sobre o futuro da estátua: derrube de há um era uma medíocre peça de arte públi-
“A estátua de Colston devia ser colo- ca, [do período] vitoriano tardio, que
cada em exposição num museu em
ano, a estátua não não dizia nada de verdadeiro ou de
Bristol?”; “A plataforma de pedra pode ser exibida interessante sobre Bristol, sobre
(plinto) onde se erguia a estátua de Edward Colston. Agora penso que é
Colston está vazia. O que é que deve
na vertical e o artefacto mais importante que
ser colocado no espaço?”; “O que mantém os graÄtti podemos seleccionar na Grã-Breta-
in

sentiu quando a estátua foi derruba- nha se quisermos contar a história

da?” Num inquérito de resposta múl-
tipla, os visitantes têm a possibilida-
de de propor que o plinto Æque vazio,
que seja ocupado por outra obra de
arte ou mesmo que a estátua regres-
se ao local original, pois a sondagem
ed
signiÆcativo na história de Bristol e
teve um impacto profundo, não ape-
nas na nossa cidade, mas em todo o
mas as obras de arte pública foram
regularmente objecto de contestação
ao longo da história.
pintados pelos
manifestantes
reÇectir sobre a História e as questões
contemporâneas relacionadas com
Bristol”, disse Fran Coles, responsá-
da sua relação tortuosa como o
comércio atlântico de escravos.”
Shawn Sobers, professor na Univer-
sity of the West of England e igualmen-
te membro da comissão, lembrou ao
Guardian que, apesar de a queda da

está aberta a sugestões.
O plinto que exibia a estátua de
Colston continua vazio, mas já foi pal-
co de várias acções, como a do artista
Marc Quinn, que aí tentou instalar
uma estátua de uma jovem negra de
Bristol ligada aos protestos Black
at
país e à volta do mundo.”
A queda da estátua de Colston foi a
primeira a ter lugar em Inglaterra e
tornou-se um dos símbolos recentes
do movimento internacional Black
Lives Matter. Em Portugal, a onda de
protestos internacionais teve a sua
ReÅectir sobre a História
Com os danos sofridos com o derrube
de há um ano, a estátua não pode ser
exibida na vertical. É apresentada
deitada sobre uma estrutura de
madeira e mantém os grafitti que
vel pelo departamento de conserva-
ção e documentação do M Shed,
citada pela BBC no mês passado.
Hoje, via plataforma Zoom, o
museu organiza um webinar gratuito
aberto às escolas secundárias que
desejam saber mais sobre a história
estátua ter feito ricochete em todo o
mundo, ela não pode ser vista como
um objectivo: “Sabemos que não foi
um incidente isolado, sabemos que
há estátuas à volta do mundo que
celebram esclavagistas. Ao mesmo
tempo, o movimento anti-racismo

Lives Matter.
O inquérito sobre o futuro da está-
tua está a ser realizado pela comissão
Somos a História de Bristol, criada
pelo mayor da cidade. “O futuro da
estátua tem de ser decidido pelas pes-
re
expressão mais visível na pichagem
com a palavra “Descoloniza” da está-
tua do Padre António Vieira, instalada
em 2017 no Largo Trindade Coelho,
em Lisboa, onde o jesuíta é represen-
tado ao lado de três crianças indíge-
foram pintados pelos manifestantes.
A tinta da pichagem foi, aliás, objecto
de uma operação de estabilização
pela equipa de conservadores-restau-
radores do M Shed, que considera os
grafitti parte integrante da obra. “O
de Bristol e a sua ligação à escravatu-
ra. Qual foi o envolvimento de Bristol
no tráÆco transatlântico de africanos
escravizados? Quem eram as pessoas
cuja vida Colston mudou para sem-
pre? Como é que ele se encaixa na
não é sobre estátuas. Tenta erradicar
o racismo da sociedade e trazer igual-
dade onde há disparidade racial que
atravessa a economia. Mas as estátuas
são símbolos da seriedade com que as
nossas cidades na Grã-Bretanha estão

soas de Bristol e por isso peço a todos
que aproveitem a oportunidade de
partilhar os seus pontos de vista”,
disse Marvin Rees num comunicado
citado pelos media britânicos. “O dia
7 de Junho de 2020 foi sem dúvida
nas. O movimento pós-colonial Sta-
tues Must Fall teve início em 2015 na
África do Sul com o protesto Rhodes
Must Fall, dirigido contra uma estátua
na Cidade do Cabo de Cecil Rhodes,
símbolo da colonização britânica,
objectivo do nosso trabalho de con-
servação foi estabilizar a estátua e
evitar a deterioração da água e do
lodo a que foi exposta. Isso irá prepa-
rar a estátua para qualquer que seja
o seu futuro. O papel do museu é
história da escravatura? E como é que
estes acontecimentos podem ser lem-
brados hoje? — são algumas das per-
guntas do seminário online.
O historiador e conhecido divulga-
dor David Olusoga, professor de His-
a encarar estes assuntos.”
O derrube da estátua levou a que
fosse instaurado um processo-crime
em que acabaram acusadas quatro
pessoas. O julgamento deverá ter iní-
cio em Dezembro.

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NEM NA TERRA DO NUNCA

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UMA HISTÓRIA PARA ADULTOS QUE SE RECUSAM A CRESCER

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paradeiro do seu carrasco para lhe infligir a mais cruel das vinganças. Mas Peter, após uma noite O EM CA PA
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Betty, ainda a andar por Nova Iorque
de skate, mas agora com máscaras
A segunda temporada da série de Crystal Moselle sobre um grupo de raparigas
nova-iorquinas que anda de skate chega no próximo sábado à HBO Portugal
Rodrigo Nogueira
No ano passado, por esta altura, a
ed
HBO estreava Betty, uma série centra-
da num grupo de raparigas nova--ior-
quinas unidas pelo skate. Nela, Crystal
Moselle, a criadora e realizadora de
todos os episódios, mostrava o dia-a-
dia das jovens de uma forma o mais
naturalista possível, com os altos e
at
baixo das suas vidas pessoais e proÆs-
sionais, tudo guiado por skates a anda-
rem pela cidade. Estreada em pleno
conÆnamento, parecia mostrar uma
Nova Iorque que já não existia, ou que
estava pelo menos em suspenso. A
re
série volta agora, um ano depois, para
uma segunda época de seis episódios,
com as mesmas personagens, o mes-
mo estilo e a mesma vivacidade, só
que marcada pela pandemia. O episó-
dio de estreia chega cá no sábado, via
as
M
in
HBO Portugal.
Há máscaras por todo o lado, mas
a forma de estar na vida das protago-
nistas, Camille (Rachelle Vinberg),
Indigo (Ajani Russell), Janay (Dede
Lovelace), Honeybear (Kabrina
Adams) e Kirt (Nina Moran), conti-
nua parecida, sempre em busca das
próprias identidades e a serem ami-
gas, enquanto deambulam pela cida-
de. Os obstáculos continuam os mes-
mos, como o sexismo ocasional e a
forma como elas, que não têm gran-
des ambições competitivas, não são
levadas a sério ou postas de lado
dentro do universo do skate.
Nesta segunda época, passada, ao
contrário da anterior, durante o Outo-
no e não o Verão, Camille é patroci-
nada por uma loja e marca de roupa
e inÇuencer. Indigo, que vendia mari-
juana na primeira temporada, despe-
As raparigas que andam
de skate por Nova Iorque
estão de volta para a
segunda época de Betty, a
série de Crystal Moselle
rP
te
de-se do supermercado em que tra-
balha e começa a descobrir o mundo
dos sugar daddies, homens mais
velhos que pagam e dão prendas a
mulheres novas para lhes fazerem
companhia. Janay começa a tratar de
um novo espaço para elas e outros
skaters poderem andar durante o
Inverno. Honeybear explora ainda
mais a sua sexualidade e Kirt torna-se
uma espécie de guru que ensina os
skaters homens como se comporta-
rem na presença de mulheres.
Da vida real à Äcção
É isto que vai acontecendo, sem
grandes pressas de chegar onde quer
que seja ou de agir como uma série
mais preocupada em contar grandes
histórias, mas mostrando-nos o mun-
do em que estas personagens vivem.
E a vida vai continuando, com festas
@JornaisPT
Público • Segunda-feira, 7 de Junho de 2021 • 31
ecrãs
Ed
DR
DF
espontâneas na rua, com DJ a passa-
rem música e pessoas a dançarem
com distanciamento social, pessoas
que não querem usar máscaras em
supermercados, etc.
Moselle, que realizou o documen-
tário The Wolfpack em 2015, conhe-
ceu Moran e Vinberg num comboio,
quando as viu, ainda eram elas ado-
lescentes, com os seus skates. Deci-
diu meter conversa e começou com
elas uma relação que perdurou na
curta-metragem That One Day, para
a marca Miu Miu, e depois no Ælme
Skate Kitchen, que deu origem a
Betty. O elenco foi crescendo. Todos
estes Ælmes são Æcção, mas partem
da vida real das actrizes, que na sua
maioria não tinham experiência
antes de começarem a trabalhar com
Moselle, e do passado documental
da realizadora.
Guia
r
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publico.pt/streaming
Estreias da semana
TVCINE EMOTION
Mr. Mayor
Segunda-feira, 22h10
Ted Danson e Holly Hunter
encabeçam esta série cómica
criada por Tina Fey e Robert
Carlock. Danson faz de um
homem de negócios que se
candidata a presidente da câmara
de Los Angeles, e, apesar de não
ter nem competência nem razões
para o ser, consegue o cargo.
TVCINE ACTION
The Equalizer
Segunda-feira, 22h10
Queen Latifah é a protagonista
desta reimaginação da série
homónima que durou entre 1985 e
1989. E faz de de Robyn McCall,
uma mãe solteira nova-iorquina
que ajuda quem não pode pedir
auxílio a mais ninguém.
DISNEY+
Loki
Quarta-feira
O super-vilão Loki, a quem é dada
vida no Universo CinematográÆco
Marvel por Tom Hiddleston, é o
centro desta nova série criada por
Michael Waldron. É uma versão
alternativa do Loki actual dos
Ælmes, sem as nuances que a
personagem foi ganhando ao longo
do tempo — ainda é um vilão.
TVCINE ACTION
Fall River
Quinta-feira, 22h10
Série documental focada no
homicídio de três jovens mulheres
que ocorreu em Fall River,
Massachusetts, onde quase
metade da população é de origem
portuguesa, em 1979. Em pleno
pânico satânico dos anos 1980, o
líder de um culto foi condenado a
prisão perpétua pelo homicídio, e
tenta perceber o que aconteceu.
NETFLIX
Lupin
Sexta-feira
Krista Vernoè, que trabalhou aos
comandos de séries como
Anatomia de Grey ou Station 19,
inspirou-se na vida e obra de Erin
Brockovich, a assistente de
advogado e activista que foi
imortalizada no Ælme de Steven
Soderbergh saído no ano 2000.
Em vez de Julia Roberts, é Katey
Sagal que faz de protagonista.
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Os conteúdos disponibilizados ao Utilizador assinante não poderão ser copiados, alterados ou distribuídos salvo com autorização expressa do Público – Comunicação Social, S.A.
32 • Público • Segunda-feira, 7 de Junho de 2021
Guia
Cinema
Lisboa
Cinema City Alvalade
Av. de Roma, nº 100. T. 218413040
Peter Rabbit: Coelho à Solta M6. 15h30 (V.
Port./2D); Prazer, Camaradas! M12. 17h30,
19h35; Nomadland 17h55, 20h; Minari M12.
17h20; O Pai M12. 15h40; Cruella M12.
15h20; Quo Vadis, Aida? M14. 15h25,
17h40; Fantasmas do Império M12.
19h40; O Mauritano M14. 19h50
Cinema City Campo Pequeno
Centro de Lazer. T. 217981420
Um Lugar Silencioso 2 M14. 15h40, 17h40,
20h30; Peter Rabbit: Coelho à Solta M6.
11h30 (V.Port./2D); Nomadland - Sobreviver
na América 20h25; Ninguém M16. 18h20; O
Pai M12. 20h05; Mais Uma
Rodada 20h20; Cruella M12. 15h20, 17h35,
20h; Um Homem Furioso M16. 17h30,
20h20; Spirit Invencível M6. 15h45, 17h55
(V.Port./2D); The Conjuring 3 - A Obra do
Diabo M16. 15h25, 17h50, 20h10
Cinema Ideal
Rua do Loreto, 15/17. T. 210998295
As Mulheres Fazem Cinema M16. 14h15,
20h30; Be Natural - A História Nunca
Contada de Alice-Guy Blaché M12.
18h30; Quo Vadis, Aida? M14. 16h30
Cinemas Nos Alvaláxia
Estádio José Alvalade. T. 16996
Um Lugar Silencioso 2 M14. 13h30, 15h40,
18h, 20h25; Peter Rabbit: Coelho à
Solta M6. 13h10, 15h25 (V.Port./2D); Spiral -
O Novo Capítulo de Saw M18.
19h; Nomadland - Sobreviver na
América 13h45, 16h15, 18h50; O Pai M12.
14h20, 17h, 19h50; Godzilla vs. Kong M12.
13h55, 16h50, 20h; Raparigas M12. 17h05,
19h45; Cruella M12. 13h15, 16h30, 19h35
(V.Orig./2D); Tom e Jerry M6. 13h05, 15h30,
17h50 (V.Port./2D); Sincrónico M14. 17h55,
20h20; Tesla M12. 20h15; Um Homem
Furioso M16. 13h20, 16h20, 19h25; The
Conjuring 3 M16. 13h25, 16h25, 19h30; O
Mauritano M14. 13h50; Lassie de Volta a
Casa M6. 13h30, 16h10
Cinemas Nos Amoreiras
Av. Eng. Duarte Pacheco. T. 16996
Um Lugar Silencioso 2 M14. 13h10, 15h30,
17h50, 20h30 ; Peter Rabbit: Coelho à
Solta M6. 10h40, 13h, 15h10 (V.
Port./2D); Blackbird - A Despedida M12.
19h40; Nomadland - Sobreviver na
América 20h20; O Pai M12. 14h30, 17h10,
20h10; Raparigas M12. 13h20, 15h40,
18h; Cruella M12. 13h30, 16h30, 19h50; Quo
Vadis, Aida? M14. 14h20, 17h, 19h20; Um
Homem Furioso M16. 17h20, 20h; Lassie de
Volta a Casa M6. 13h40, 16h
Cinemas Nos Colombo
Av. Lusíada. T. 16996
Um Lugar Silencioso 2 M14. 13h, 15h25,
17h50, 20h20; Peter Rabbit M6. 13h05,
15h30 (V.Port./2D); Spiral M18. 12h30,
ed
14h50, 17h20, 19h40; O Pai M12. 20h25;
Um Homem Furioso M16. 14h, 17h,
19h50; The Conjuring 3 M16. 12h40, 15h,
17h30, 20h; Lassie de Volta a Casa M6.
12h50, 15h10, 17h40; The Conjuring 3 M16.
IMAX - 13h20, 15h40, 18h, 20h30
Cinemas Nos Vasco da Gama
Parque das Nações. T. 16996
Um Lugar Silencioso 2 M14. 13h30, 16h,
at
18h20, 20h40; Peter Rabbit: Coelho à
Solta M6. 13h10, 15h30 (V.Port./2D);
Spiral - O Novo Capítulo de Saw M18. 18h,
20h30; Godzilla vs. Kong M12.
20h; Cruella M12. 13h40, 16h40, 19h50;
Um Homem Furioso M16. 14h, 17h,
20h10; The Conjuring 3 - A Obra do
re
Diabo M16. 15h, 17h40, 20h20; Lassie de
Volta a Casa M6. 13h50, 16h20
Nimas
Av. 5 Outubro, 42B. T. 213574362
2046 M12. 11h30; Eva M12. 14h; Ao Sabor da
Ambição 20h30; Raparigas M12.
18h30; Dias Selvagens 16h30
Estreias
As Mulheres Fazem Cinema
De Mark Cousins. GB. 2018.
840m. Histórico, Documentário.
M16.
Neste documentário narrado por
Tilda Swinton, Jane Fonda, Adjoa
Andoh, Sharmila Tagore, Kerry
Fox, Thandie Newton e Debra
Winger, o reconhecido crítico e
historiador de cinema Mark
Cousins usa cerca de mil excertos
de obras de 183 realizadoras para
guiar os espectadores através da
cinematograÆa feminina.
Be Natural - A História Nunca
Contada de Alice-Guy Blaché
De Pamela B. Green. EUA. 2018.
103m. Documentário. M12.
Um documentário realizado por
Pamela B. Green que mostra a
importância da cinematograÆa de
Alice Guy-Blaché (1873-1968) no
contexto da história do cinema,
ao mesmo tempo que tenta
analisar as razões pelas quais é
tão pouco conhecida do público
em geral.
as
Fantasmas do Império
De Ariel de Bigault. POR. 2020.
112m. Documentário. M12.
Um documentário que resulta de
um interesse de longa data da
cineasta Ariel de Bigault pela
M
lusofonia.
Quo Vadis, Aida?
De Jasmila Zbanic. Com Jasna
Djuricic, Izudin Bajrovic, Boris
Ler. FRA/POL/HOL/Bósnia/
in
NOR/ALE/Áustria/ROM/
Turquia. 2020. 101m. Drama,
Histórico, Guerra. M14.
Bósnia, Julho de 1995. Aida
trabalha como tradutora para a
ONU em Srebrenica. Quando
uma unidade do Exército da
República Sérvia ocupa a região,
ela vê a própria família em
perigo.
Raparigas
De Pilar Palomero. Com Andrea
Fandos, Natalia de Molina, Zoe
rP
Arnao, Julia Sierra. ESP. 2020.
97m. Drama. M12.
Espanha, Primavera de 1992.
Celia, estudante num colégio de
freiras conhecido pelo seu rigor,
vive com a mãe, que faz o que
pode para lhe dar a melhor
educação.
te
Sincrónico
De Justin Benson, Aaron
Moorhead. Com Anthony
Mackie, Jamie Dornan, Katie
Aselton, Ally Ioannides. EUA.
2019. 102m. Thriller, Ficção
Científica. M14.
Dennis e Steve, dois paramédicos
de Nova Orleães, são chamados a
uma ocorrência onde várias
pessoas se encontram mortas
ou em estado
catatónico. Tudo
indica que a
situação está
relacionada com a
synchronic, uma
perigosa droga
@JornaisPT
Cartaz, críticas, trailers
e passatempos em
cinecartaz.publico.pt
Ed
sintética muito em voga.
Spirit Invencível
De Elaine Bogan, Ennio
Torresan. Com Eiza González
DF
(Voz), Mckenna Grace (Voz),
Jake Gyllenhaal (Voz), Julianne
Moore (Voz). EUA. 2021. 87m.
Animação, Fam. M6.
Quando Lucky se muda para a
pequena localidade mexicana de
onde provém toda a família,
sente-se deslocada. É então que
conhece Spirit.
The Conjuring 3 - A Obra do
Diabo
De Michael Chaves. Com Vera
Farmiga, Patrick Wilson, Julian
Hilliard. EUA. 2021. 112m. Terror.
M16.
Em 1981, Ed e Lorraine Warren
são chamados a resolver um caso
em que um rapaz é acusado de
assassinato após ter sido
possuído por um demónio.
Vingança Letal
De George Gallo. Com Morgan
Freeman, Ruby Rose, Patrick
Muldoon. EUA. 2021. 96m.
Thriller. M14.
Victoria era um eÆcaz correio de
d
droga da máÆa russa. Quando
a Ælha nasceu, quis afastar-se
d
de todos os que a ligavam ao
crime - até ser forçada a
rregressar ao activo.
re
The Conjuring 3 - A Obra
do Diabo
UCI Cinemas - El Corte Inglés
Av. Ant. Aug. Aguiar, 31. T. 213801400
Velocidade Furiosa 6 M12.
20h; Marighella M14. 14h55; Um Lugar
Silencioso 2 M14. 14h45, 16h25,
18h50; Blackbird - A Despedida M12. 15h10,
17h40; Nomadland 13h45, 16h40,
19h20; Ninguém M16. 18h10,
20h25; Minari M12. 13h50, 16h35; O
Pai M12. 15h30, 18h, 20h20; Estados Unidos
Vs Billie Holliday M14. 14h15, 19h35; Mais
Uma Rodada 14h30, 17h10; Raparigas M12.
14h25, 19h30; Cruella M12. 13h40, 16h45,
19h40 (V.Orig./2D); Sincrónico M14. 14h20,
17h, 20h05; Quo Vadis, Aida? M14. 17h45,
20h10; Um Homem Furioso M16. 16h50,
19h55; Spirit Invencível M6. 14h, 16h15, 19h
(V.Port./2D); The Conjuring 3 - A Obra do
Diabo M16. 13h55, 16h30, 20h15; O
Mauritano M14. 14h10, 16h55, 19h45
Almada
Cinemas Nos Almada Fórum
Vale de Mourelos. T. 16996
Um Lugar Silencioso 2 M14. 13h, 15h20,
17h40, 20h; Peter Rabbit: Coelho à
Solta M6. 12h50, 15h30(V.Port./2D); Spiral -
O Novo Capítulo de Saw M18. 18h20,
20h35; Blackbird - A Despedida M12. 18h,
20h15; Nomadland - Sobreviver na
América 13h05; O Pai M12. 13h20, 15h30,
r
i to
17h45, 20h; Godzilla vs. Kong M12. 12h30,
14h50, 17h15, 20h05; Raparigas M12. 15h25,
17h40, 20h05; Cruella M12. 14h10, 17h,
19h50 (V.Orig./2D); Tom e Jerry M6. 13h50,
16h10 (V.Port./2D); Aqueles Que Me
Desejam a Morte M14. 17h40,
20h10; Sincrónico M14. 12h45, 15h, 17h35,
19h55; Quo Vadis, Aida? M14. 13h30, 15h50,
17h55, 20h05; Um Homem Furioso M16.
12h30, 15h, 17h30, 20h10; The Conjuring 3 -
A Obra do Diabo M16. 12h40, 15h10, 17h50,
20h20; O Mauritano M14. 12h55; Lassie de
Volta a Casa M6. 13h40, 15h50; Vingança
Letal M14. 15h40, 18h15, 20h25; The
Conjuring 3 - A Obra do Diabo M16. Sala
4DX - 14h, 16h20, 18h30, 20h30
Amadora
Cinema City Alegro Alfragide
C.C. Alegro Alfragide. T. 214221030
Um Lugar Silencioso 2 M14. 15h45, 17h40,
20h30; Peter Rabbit: Coelho à Solta M6.
15h45, 17h35, 20h30
(V.Port./2D); Nomadland - Sobreviver na
América 15h15, 20h25; Ninguém M16.
20h15; O Pai M12. 20h40; Godzilla vs.
Kong M12. 15h25, 18h; Uma Miúda com
Potencial M16. 20h25; Cruella M12.
15h55 (V.Port./2D), 15h20, 17h35, 20h
(V.Orig./2D); Raya e o Último Dragão M6.
18h (V.Port./2D); Um Homem Furioso M16.
17h50, 20h05; Spirit Invencível M6. 15h50,
17h55 (V.Port./2D); The Conjuring 3 - A Obra
do Diabo M16. 15h30, 17h50, 18h30,
20h10; O Mauritano M14. 20h15
UCI Ubbo
C.C. da Amadora, Venteira.
Velocidade Furiosa 6 M12. 20h;
Um Lugar Silencioso 2 M14. 13h40, 16h30,
19h40; Peter Rabbit: Coelho à Solta M6.
14h10, 16h35, 18h50 (V.
Port./2D); Ninguém M16. 15h,
17h30; Godzilla vs. Kong M12.
14h05; Cruella M12. 13h45, 16h40, 19h55 (V.
Orig./2D); Um Homem Furioso M16. 16h10,
19h50; Spirit Invencível M6. 13h50, 16h20,
19h20 (V.Port./2D); The Conjuring 3 - A Obra
do Diabo M16. 14h, 16h55, 20h10; Lassie de
Volta a Casa M6. 13h30; Vingança
Letal M14. 16h50, 19h30
Barreiro
Castello Lopes - Fórum Barreiro
Campo das Cordoarias. T. 212069440
Um Lugar Silencioso 2 M14. 17h50,
20h30; Peter Rabbit: Coelho à Solta M6.
15h50 (V.Port./2D); Cruella M12. 15h10,
17h50, 19h50; Um Homem Furioso M16.
15h10, 17h35, 20h; The Conjuring 3
- A Obra do Diabo M16. 15h40, 18h,2 0h15
Cascais
Cinemas Nos CascaiShopping
Alcabideche. T. 16996
Um Lugar Silencioso 2 M14. 13h15, 15h40,
18h, 20h30; Peter Rabbit: Coelho à
Solta M6. 13h, 15h10 (V.Port./2D); Spiral -
O Novo Capítulo de Saw M18. 17h40, 20h10
; O Pai M12. 15h, 17h05, 19h15; Godzilla vs.
Kong M12. 17h20, 20h; Cruella M12. 13h30,
16h30, 19h30 (V.Orig./2D); Um Homem
Furioso M16. 13h50, 16h50, 19h50; The
Conjuring 3 - A Obra do Diabo M16. 13h40,
17h, 19h40; Lassie de Volta a Casa M6.
12h55, 15h20; The Conjuring 3 - A Obra do
Diabo M16. Sala IMAX - 13h05, 15h30,
17h50, 20h15
O Cinema da Villa - Cascais
Avenida Dom Pedro I,
Lote 1/2. T. 215887311
Marighella M14. 19h35; Raparigas M12.
15h45, 17h40; Cruella M12. 14h50
(V.Port./2D), 17h25, 20h (V.Orig./2D);
Quo Vadis, Aida M14. 14h50, 16h40, 18h40,
20h40
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Lazer
EXPOSIÇÕES
D. Maria II. De Princesa
Brasileira a Rainha de Portugal.
1819-1853
LISBOA Palácio Nacional da
Ajuda. De 26/5 a 29/9. Todos os
dias (excepto quinta), das 10h às
18h. 5€ (8€ para visita à
exposição e ao palácio)
Centenas de peças, documentos e
jóias pessoais de D. Maria II (entre
elas a coroa real portuguesa)
podem ser vistos na nova
exposição do Palácio Nacional da
Ajuda, organizada em parceria
com o Museu da Presidência da
República. Dedicada à vida e ao
reinado da monarca, a mostra está
distribuída por 12 núcleos e dá a
conhecer a última mulher que
cheÆou o Estado português,
também conhecida como “A
Educadora” e “A Boa Mãe” pelos
seus dotes maternais.
Moon Foulard
LISBOA Fidelidade Arte.
De 14/5 a 20/8. Segunda a sexta,
das 11h às 19h. Grátis
O trabalho revolucionário na
alta-costura prêt-à-porter do
estilista italiano Emilio Pucci serve
de inspiração ao artista mexicano
Rodrigo Hernández (n.1983), cujas
obras “procuram deliberadamente
a miscigenação ou a contaminação
entre disciplinas” e são
caracterizadas pela ambivalência
e ambiguidade. A exposição conta
com a curadoria de Bruno
Marchand e é o sétimo momento
do ciclo Reacção em Cadeia,
promovido pela Culturgest em
parceria com a Fidelidade.
DANÇA
Beton + Cuecas em 8
ONLINE Sala Virtual do Teatro
Municipal do Porto. De 6/6 a 7/6.
ed
Domingo e segunda. M/6. 3,50€
Duas coreograÆas apresentadas
no âmbito dos Palcos Instáveis da
companhia Instável. Criada e
interpretada por Sara Silva,
Thamiris Carvalho e Vinicius
Ferreira, Beton debruça-se sobre
at
“a supervalorização dos espaços
urbanos” que “está protegida pela
noção de evolução, na qual não
cabem constrangimentos quando
o Æm é uma acidental
ressigniÆcação de uma população
re
ou o seu controlo propositado”.
Cuecas em 8, de Ana Mula,
“pretende ser uma espécie de
manifesto sobre o processo de
adaptação de uma mulher num
país estrangeiro”.
Público • Segunda-feira, 7 de Junho de 2021 • 33
Guia
r
i to
Jogos Jogue também online.
Palavras-cruzadas,
bridge e sudoku em
publico.pt/jogos
Ed
Cruzadas 11.364
Horizontais: 1.A nova revista com a marca PÚBLICO. Fugira. 2.A massa popular (fig.).
Repousar, fazendo a digestão, após refeição farta (informal). 3.Mistura gasosa inflamável,
que se encontra nas minas de carvão, onde provoca às vezes graves explosões em
contacto com o fogo. Imposto Municipal sobre Imóveis. 4.Autores (abrev.). (...) Baerbock,
a candidata a chanceler dos Verdes. 5.Pátria de Abraão. Contemporâneo. Hectolitro
(abrev.). 6.Interjeição (espanto). Mamã (inglês dos EUA). 7.Onde Miguel Oliveira
DF
conseguiu a primeira vitória da época. 8.Prefixo (montanha). Nesse lugar. Entusiasmo
(palavra francesa). 9.Antes de Cristo (abrev.). Trepara. 10.Grande porção (popular).
Semelhante. 11.Faz serão. Flecha de pau tostado ao fogo.
Verticais: 1.Bomba para extrair líquidos. Filtrar. 2.Fazer luras, esburacar. Novo disco de
Marco Franco. 3.Ministério da Administração Interna. Prefixo (ouvido). Prefixo (repetição).
4.Enxada pequena (regional). 5.Filha de Saturno e de Reia e irmã e esposa de Júpiter.
Frouxo. 6.Prefixo (duas vezes). Maldade. 7.Prefixo (afastamento). Avenida (abrev.). Antes
do meio-dia. 8.Crítico mordaz e invejoso. A volta externa do ouvido. 9.Palavra francesa
que é anagrama de uma peça de vestuário em português. É capa da Vogue britânica.
rP
10.Diz-se de uma espécie de milho de grão vermelho (regional). Sulcar. 11.«Homem do
mar, cabeça no (...)». Facho que se acendia na torre do castelo para alumiar ao longe ou
dar sinal de alarme.
Solução do problema anterior
Horizontais: 1.Overlord. Sé. 2.Coreu. Mas. 3.Ia. Sinovac. 4.Apre. Atol. 5.Sapo. Pio. 6.Ar.
Sudoeste. 7.Retrós. Io. 8.Catau. Tanga. 9.Ai. Trilhar. 10.Laura. Lio. 11.Litura. São.
Verticais: 1.Ociosa. Cal. 2.Voa. Arraial. 3.Er. AP. ET. Ui. 4.Resposta. RT. 5.Luir. Urutau. 6.NE.
Dó. 7.Rio. Postila. 8.Vaie. Ali. 9.Matosinhos. 10.Saco. Toga. 11.És. Lhe. Arco.
te
João Fanha/Luís A.Teixeira © Alastair Chisholm 2008
Bridge bridgepublico@gmail.com Sudoku www.indigopuzzles.com
Dador: Sul Más notícias, Oeste assiste apenas mais Problema 10.502 (Fácil)
as
uma vez e balda um ouro na terceira volta do
Vul: Ninguém naipe. Sobra-nos ainda a outra hipótese —
jogamos já para ela, ou existirá alguma
NORTE vantagem em atrasar essa operação?
Ƅ KQ5 Existe todo o interesse em fazê-lo, uma vez
Ɔ 8543 que é Este a ter a copa que falta. Podemos
Ƈ 762 executar um squeeze simples que nos dará
ƅ A83 uma ligeira chance adicional, que será
M
encontrada posteriormente. Portanto,
OESTE ESTE encaixamos todas as nossas vazas mestres,
Ƅ 9632 Ƅ 87 excepto os paus,. Rei, Dama, Ás e Valete de
Ɔ J9 Ɔ Q1062 Solução 10.500
espadas, onde baldamos um pau do morto e
Ƈ 109854 Ƈ J3 a Dama de ouros. Por fim, com uma copa e
ƅ Q7 ƅ 109652 dois paus de Ás no morto e três paus de Rei e
SUL Valete na mão, jogamos um pau para o Ás.
Ƅ AJ104 Nesta altura fazemos o ponto de situação. A
Ɔ AK7 copa que falta ainda permanece em Este?
Ƈ AKQ Não? Encaixamos a copa boa do morto e o
in
ƅ KJ4 Rei de paus, jogo cumprido.
Sim? Então agora jogamos o pau que resta
Oeste Norte Este Sul
do morto. Aparece o 10 em Este. O que fazer
agora? Jogamos o Rei, pois a carta que sobra
na mão de Este é a copa que faltava. A Dama
2Ƈ1
tomba da mão de Oeste! A derradeira vaza é
passo 3ƅ2 passo 3ST3
feita pelo rejubilante Valete de paus! Qual era
passo 6ST Todos passam
a vantagem de jogar para este squeeze —
contagem de mãos? É a de poder capturar
Leilão: Qualquer forma de bridge. 1 - Forcing Problema 10.503 (Médio)
uma Dama de paus segunda mal colocada.
de partida; 2 - Mostra o Ás de paus; 3 - 24-25
Alguns baptizaram esta técnica como
regulares
“squeeze para cardíacos”, em razão do facto
de que, se a Dama estiver bem colocada, não
Carteio: Saída: 10Ƈ. Qual a melhor linha de
sentiremos qualquer emoção, porque ela
jogo?
tombará forçosamente perante KJ.
Solução: Onze vazas estão desde já
Considere o seguinte leilão:
adquiridas. A passagem a paus e a repartição
3-3 das copas são para já as nossas hipóteses
Oeste Norte Este Sul
1Ɔ passo 1Ƅ
para encontrar a vaza que falta para concluir
2ƅ passo passo ? Solução 10.501
o cheleme. Para podermos acumular ambas,
teremos de proceder pela ordem correcta. A
O que marcaria, com a mão seguinte?
passagem deverá ser a última coisa a fazer;
Ƅ109732 ƆQ2 ƇAQ92 ƅ32
por isso desviamos a nossa atenção, em
primeiro lugar, para o naipe de copas. Para
Resposta: Dobre. Com esta voz abre um
garantir o controlo do naipe de copas, um
leque de opções para o seu parceiro e, seja
golpe em branco é providencial. Prendemos a
ela qual for, será satisfatória.
vaza de saída com o Ás de ouros e avançamos
com uma copa pequena da mão. O adversário
faz a vaza e volta a jogar ouros, para o nosso
Rei. Conforme o plano inicial, testamos agora
as copas.
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34 • Público • Segunda-feira, 7 de Junho de 2021
Guia
CINEMA
Pendular
TVCine Edition, 18h40
Um jovem casal instala-se num
grande pavilhão industrial
abandonado. Uma Æta laranja
colada ao chão separa o espaço
em duas partes iguais: à direita,
um atelier de escultura; à
esquerda, um espaço de ensaio de
dança. Pendular, de Julia Murat,
decorre neste ambiente, em que
arte, performance e intimidade se
misturam e em que os
personagens perdem aos poucos a
capacidade de distinguir entre os
seus projectos artísticos, o
passado de cada um e a sua
relação amorosa.
Evereste
Cinemundo, 19h10
Com realização de Baltasar
Kormákur, segundo um
argumento de William Nicholson e
Simon Beaufoy, um Ælme
dramático baseado em
acontecimentos reais. Conta a
história do alpinista Rob Hall e da
sua equipa, levados ao extremo
das suas forças e capacidade de
sobrevivência a partir do
momento em que uma
tempestade se abate sobre eles, no
mais alto pico da Terra. Jason
Clarke, Josh Brolin, John Hawkes,
Robin Wright, Michael Kelly, Sam
Worthington, Keira Knightley,
Emily Watson e Jake Gyllenhaal
dão vida às personagens.
Horizonte Profundo — Desastre
no Golfo
Fox Movies, 19h36
Em Abril de 2010, uma plataforma
petrolífera ao largo da costa do
Louisiana (EUA) explodiu
inesperadamente. Onze pessoas
morreram e uma gigantesca maré
negra espalhou-se pelo golfo do
in
México. Neste Ælme de Peter Berg,
nomeado para dois Óscares, Mark
Wahlberg é Mike Williams, um
engenheiro que ali trabalha há
anos e que está prestes a viver o
mais trágico dos dias.
ed
Zama
RTP2, 00h29
Final do século XVIII. Don Diego
de Zama (Daniel Giménez Cacho)
é um oÆcial da coroa espanhola
enviado para Assunção (Paraguai),
para cobrir um posto fronteiriço.
at
Os anos vão passando e ele sem
realizar o seu maior objectivo: ser
transferido novamente para
Buenos Aires (Argentina), onde
espera poder regressar para a
família. Farto de esperar, junta-se
re
a um grupo de homens cuja
missão é capturar um criminoso.
Lucrecia Martel realiza este Ælme
premiado com argumento
baseado no romance homónimo
de 1956 de Antonio di Benedetto.
Televisão
RTP1
6.30 Bom Dia Portugal 10.00 Praça da
Alegria 12.59 Jornal da Tarde 14.25 Os
Nossos Dias 15.06 A Nossa Tarde 17.30
Portugal em Directo 19.08 O Preço
Certo
19.59 Telejornal
20.01 Primeira Pessoa:
essoa:
Teresa Ricou
21.46 Joker
22.53 Começar de Novo
23.53 O Último Navio
as
1.29 Grandiosa Enciclopédia do
Ludopédio 2.20 Património Mundial
da UNESCO - A Cápsula do Tempo da
Humanidade
M
SIC
6.00 Camilo, o Presidente 6.30 Edição
da Manhã 8.20 Alô Portugal 10.00
Casa Feliz 13.00 Primeiro Jornal 14.30
Linha Aberta com Hernâni Carvalho
16.00 Júlia 18.20 Viver a Vida 19.00
Orgulho e Paixão
19.30 Quem Quer Namorar com o
Agricultor? - Diário
19.57 Jornal da Noite
21.40 Amor, Amor
22.45 A Serra
23.30 Quem Quer Namorar com a
Agricultora?
23.45 Tempo de Amar 0.10 Quem
Quer Namorar com o Agricultor? -
Diário 0.40 Golpe de Sorte 1.30
Passadeira Vermelha 2.15 Linha Aberta
com Hernâni Carvalho
r
i to
Os mais vistos da TV
Sábado, 05
RTP1 9,1% DOCUMENTÁRIOS
Patrões Fora
% Aud. Share
SIC 11,9 25,0
RTP2 1,3 Expedition Deep Ocean
SIC 19,1 Discovery, 20h
Ed
Bem me Quer TVI 10,8 22,9
Estreia. Em jeito de aperitivo para
TVI
Primeiro Jornal SIC 9,5 29,0
Jornal da Noite SIC 9,3 21,0 15,6 o Dia Mundial dos Oceanos,
Cabo assinalado amanhã, e abrindo
Bem me Quer TVI 8,9 18,4
FONTE: CAEM
37,9 caminho a todo um mês dedicado
ao tema, o canal estreia hoje esta
viagem a bordo do Tritão, um
TVCINE TOP
RTP2 submarino construído para uma
18.25 Mãe Fora, Dia Santo em Casa missão pioneira. Liderada pelo
7.00 Espaço Zig Zag 10.06 Luisa 20.00 O Teu Melhor Amigo 21.30 Os norte-americano Victor Vescovo,
Spagnoli, Um Conto no Feminino 11.57 Novos Mutantes 23.10 Postais uma equipa de cientistas e
DF
Escola Nocturna - Os Sonhos Nunca Mortíferos 0.55 Tentação e Pecado exploradores mergulha nas
Dormem 12.43 E2 - Escola Superior de profundezas dos cinco oceanos,
Comunicação Social 13.14 Portugal descobrindo novas espécies e
de... 13.53 Folha de Sala 14.00 FOX MOVIES trazendo à tona outras revelações.
Sociedade Civil 15.02 A Fé dos 17.44 Jantar de Idiotas 19.36 Horizonte
Homens 15.38 Gente da Minha Rua Profundo - Desastre no Golfo 21.15 Lucy Sobreviventes do Holocausto
16.15 Portugal: Oeste Selvagem 17.06 22.39 Destino Infernal 0.17 Drive - Risco História, 22h15
Espaço Zig Zag 20.32 Hotéis Duplo 1.51 Destino nas Trevas Estreia. Rose tinha dez anos
rP
Extraordinários: A Vida Nos Bastidores quando começou a II Guerra
21.22 Hora da Sorte - Lotaria Nacional Mundial— e o seu pior pesadelo.
21.25 Folha de Sala HOLLYWOOD Está prestes a saber mais sobre o
18.05 O Homem dos Punhos de Ferro que aconteceu aos pais. Maxwell
19.40 As Crónicas de Nárnia: A Viagem tinha nove e ainda pensa num
21.30 Jornal 2 do Caminheiro da Alvorada 21.30 bebé que salvou em 1943. Helen
Antigang 23.05 Na Sombra da Lei tinha sete e continua a tentar
saber do irmão. Estes
22.01 Bairro Financeiro sobreviventes do Holocausto e a
te AXN
18.25 DOC 19.30 The Good Doctor
sua busca de respostas são os
protagonistas de uma série
21.10 S.W.A.T.: Força de Intervenção documental que conta também
22.00 Bulletproof 22.50 Nascer para com contributos de historiadores,
Morrer 0.42 Bulletproof 1.32 S.W.A.T.: genealogistas e outros
Força de Intervenção especialistas.
22.46 Visita Guiada 23.33 A Agência
Clandestina 0.29 Zama 2.22 Esec-Tv
2.49 Sociedade Civil 3.51 Euronews
FOX
17.19 Investigação Criminal: Los Angeles
SÉRIE
18.53 Chicago P.D. 20.28 Hawai Força Assassinatos em…
Especial 22.15 Clarice 23.03 Jack Ryan: Fox Crime, 22h
Agente Sombra 0.58 Investigação Estreia. À semelhança de Crimes
TVI Criminal: Los Angeles Perfeitos, esta produção antológica
francesa tem a forma de capítulos
6.05 Curious George 6.30 Diário da independentes, cada um deles
Manhã 7.00 Esta Manhã 10.15 Dois às DISNEY CHANNEL passado num lugar diferente e
10 13.00 Jornal da Uma 14.48 A Única 17.15 Lab Rats 18.25 Gravity Falls 19.15 com os seus próprios crimes,
Mulher 16.00 Goucha 18.00 Ver p’ra Os Green na Cidade Grande 20.00 Casa mistérios, cenários e actores. Para
Crer da Coruja 20.25 Lab Rats acompanhar à segunda-feira.
19.00 Cristina ComVida DISCOVERY
17.05 Alasca de Comboio 19.05
CULINÁRIA
Aventura à Flor da Pele 20.00 Lorraine Pascale: Como
19.57 Jornal das 8 Expedition Deep Ocean 21.00 Os Cozinhar Melhor
Milhões de Escobar 22.55 Controlo de 24Kitchen, 16h
Fronteiras 0.40 Os Milhões de Escobar Estreia. Lorraine Pascale,
21.45 Festa É Festa
sta ex-modelo inglesa tornada chef
televisiva e autora de best-sellers
HISTÓRIA sobre culinária, é a anÆtriã deste
17.15 Grandes Descobertas 19.25 A programa. Parte em socorro de
Comida Que Mudou o Mundo 20.48 cozinheiros em apuros, para lhes
Patton 360 22.15 Sobreviventes do ensinar técnicas e truques
Holocausto 23.48 À Caça de Hitler 0.53 práticos, seja um construtor a
A Maldição de Oak Island braços com um menu
22.30 Bem Me Quer mediterrânico ou uma mãe de três
Ælhos em diÆculdades. Nos
ODISSEIA próximos dias, há mais dicas de
23.15 Amar Demais 17.23 Animais Bebés do Mundo 18.12 Lorraine: Fornadas Fáceis,
Resgate na Praia 18.57 Diplomacia Simplesmente Caseiro e Rápido,
Sagrada: O Poder Secreto do Vaticano Fácil e Fresco chegam ao canal,
0.10 Mulheres 1.15 Chicago Fire 2.45 19.56 Construções Extremas 21.39 respectivamente, nos dias 10, 15 e
Doce Tentação 3.15 Fascínios Mega Barcos 22.30 Construções 17 de Junho, sempre a partir das
Extremas 23.22 Mega Barcos 16h, com episódios duplos, para
saborear de segunda a sexta.
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Público • Segunda-feira, 7 de Junho de 2021 • 35

Guia

r
i to
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Meteorologia
PORTUGAL PRÓXIMOS DIAS LISBOA

Ed
Viana do Castelo Terça-feira, 8 Quarta-feira, 9 Quinta-feira, 10
Bragança
12 º
19º
30º
15º 26º 15º 28º 15º 26º
Braga 12º
24 º Índice UV Extremo Índice UV Extremo Índice UV Extremo
10 º Vila Real
14º Porto Vento Fraco Vento Fraco Vento Fraco
1,8m
30º Humidade 55% Humidade 54% Humidade 63%
18 º 11º
11º

Viseu
Guarda
MEDIDOR DE CO2 QUALIDADE DO AR

DF
Aveiro 24 º
19º 11º 29º Mauna Loa, Havai Portugal
12 º 11º Partes por milhão
(ppm) na atmosfera Porto Muito
Coimbra Valores por semana Bom
26º Coimbra Bom
13º Semana de 30 Mai. 419,55
Castelo Branco
Semana de 23 Mai. 418,92 Lisboa Médio
Leiria 32º Há um ano 417,46
12º Há dez anos 394,43
22º Évora Fraco
15º O clube de leitura dos jornais

rP
Nível de segurança 350
Faro Mau
Nível pré-industrial 280 PÚBLICO e Folha de São Paulo.
Santarém
Portalegre
30 º
11º 32º
12º SOL LUA
Lisboa 10 Jun. 10h53
26 º 18 Jun. 03h54
13º Évora
Setúbal 31º 24 Jun. 18h40
12º
12º
28º Nascente
Nascen
06h12
Poente
20h59
te
01 Jul. 21h11
Nascente
04h30
Poente
18h23

Sines Beja EUROPA

24º 33º Estocolmo
Helsínquia
14º 13 º Oslo
as
16º Talín

1,8m Riga
Copenhaga

Vílnius
Dublin Berlim
Amesterdão
Londres Varsóvia
Sagres 27º
22º
19º Bruxelas
Praga
TERÇA-FEIRA, 8 DE JUNHO,
Faro
17º Paris 22H (18H NO BRASIL)
M

Viena Budapeste
18º
0,8m
Genebra
Isabel Coutinho
Açores Milão
e Úrsula Passos
Corvo Roma
Istambul
conduzem um
Madrid
Flores
Graciosa
Lisboa encontro entre
18º Atenas
19º
22º
1m Afonso Reis Cabral
in

São Jorge 22º

18º
19º e os seus leitores.
1m
Faial
Terceira TEMPERATURAS ºC Em destaque,
Pico
21º São Miguel
Min. Máx. Min. Máx. a obra
17º Amesterdão 12 22 Roma 16 25
19º
0,5m Atenas 20 30 Viena 14 25
Pão de Açúcar
Ponta Delgada
Berlim 16 26 Bissau 25 33
ed

Sta Maria Bruxelas 13 22 Buenos Aires 13 15 Participe por Zoom

Madeira Bucareste 15 25 Cairo 20 33 na reunião com
Porto Santo Budapeste 14 26 Caracas 20 25 a ID 912 9667 0245.
Copenhaga 12 21 Cid. do Cabo 16 25 A senha de acesso
Madeira
20º 23º 22º 20º Dublin 12 19 Cid. do México 14 26 é 547272.
17º 18º
1m 0,5m Estocolmo 12 26 Díli 21 31
Frankfurt 14 21 Hong Kong 25 32
at

Funchal Genebra 14 23 Jerusalém 16 26

Istambul 18 26 Los Angeles 15 21
MARÉS Preia-mar Baixa-mar *de amanhã Kiev 15 23 Luanda 22 29
Londres 12 23 Nova Deli 31 39
Leixões m Cascais m Faro m
Madrid 17 32 Nova Iorque 23 32
07h59 1,0 07h35 1,1 07h28 1,0
re

Milão 11 17 Pequim 19 26
14h16 3,0 13h52 3,0 13h49 3,0 Moscovo 14 24 Praia 23 28
Oslo 11 22 Rio de Janeiro 19 27
20h22 1,0 19h58 1,2 19h49 1,0 Paris 13 24 Riga 15 22
02h30* 3,0 02h06* 3,0 02h05* 3,0 Praga 13 25 Singapura 27 32
Fontes: AccuWeather; Instituto Hidrográfico; QualAR/Agência Portuguesa do Ambiente; NOAA-ESRL

@JornaisPT
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36 • Público • Segunda-feira, 7 de Junho de 2021

Desporto Chegou ao Ɗm o Campeonato da Europa de sub-21

r
i to
BORUT ZIVULOVIC/REUTERS

Ed
DF
rP
te
A desilusão de Fábio Vieira
as
após o apito final

Portugal sucumbe à maldição

M

Terceira Änal falhada deixa os sub-21 sem o troféu que teima em fugir à selecção nacional. Alemanha
vinga derrota de 2019 (com a Espanha) e conquista o título europeu pela terceira vez em 12 anos
in

manha, com uma entrada fortíssima,
Crónica de jogo obteve dois golos de Florian Wirtz
em oito minutos, frente aos Países
Baixos, os instantes iniciais da Ænal
Augusto Bernardino
tiveram uma história bem diferente.
Portugal sucumbiu de forma ingló- Depois de muito ter sofrido frente à
ria, ao perder pela margem mínima Espanha para garantir presença no
ed
organização do adversário, mas não
aproveitava o efeito surpresa que
baralhava os planos do rival, que aos
poucos conseguiu superar uma
entrada tremida para começar a
criar problemas aos portugueses.
Na verdade, nem Portugal nem
iminência de verem Portugal adian-
tar-se já em pleno período de com-
pensação, quando Vitinha, isolado
por Dany Mota, surgiu na área em
posição privilegiada para marcar e
recolher aos balneários em vanta-
gem. Porém, a decisão não foi a
por Fábio Vieira, mas a possibilidade
de chegar ao empate esbarrou no
corpo de Schlotterbeck. Insistiu
Fábio Vieira, com um chapéu da
linha de meio-campo que obrigou o
guarda-redes alemão a defesa aper-
tada. Portugal lançava Jota e Francis-

(1-0), frente à Alemanha, falhando a
conquista do título de campeão
europeu que teima em escapar à
selecção de sub-21, que agora soma
três Ænais perdidas. Em Ljubljana, a
Alemanha (campeã em 2009, 2017 e
Ænalista vencida em 2019) foi mais
at
jogo decisivo, Portugal surgiu pres-
sionante e perigoso, empurrando os
alemães.
Rui Jorge optou por Florentino e
Tiago Tomás, dupla que rendeu Ged-
son Fernandes e Rafael Leão no
“onze” inicial, e, antes mesmo de
Alemanha conseguiam impor-se de
forma clara no período que se
seguiu, pelo menos até Diogo Costa
ter sido chamado a fazer duas inter-
venções determinantes numa suces-
são de investidas germânicas: pri-
meiro para travar um remate picado
melhor: o médio perdeu-se em dri-
bles sobre Maier antes de soltar a
bola ainda a tempo de Tiago Tomás
poder bater para o fundo da baliza,
o que não resultou, porque o avan-
çado não dominou a bola.
Entra Leão, marca Nmecha
co Conceição, que se tornava o por-
tuguês mais jovem a actuar pelos
sub-21 numa Ænal, passando a actuar
em 4x3x3, com os dois extremos des-
tacados para servirem Rafael Leão.
Com o tempo a esfumar-se, Portu-
gal não encontrava soluções para

eÆcaz e justiÆcou o triunfo, suceden-
do à Espanha — passa a somar mais
um título europeu, o terceiro em
cinco possíveis, todos conseguidos
nos últimos 12 anos.
Portugal dispôs de ocasiões suÆcien-
re
Wirtz ter aproveitado um erro de
Florentino para rematar ao ferro da
baliza portuguesa, aos 15’, já Diogo
Dalot (por duas vezes), Tiago Tomás
e Dany Mota haviam colocado a defe-
sa alemã em sentido, dando sinal de
de Nmecha (21’) e depois um “petar-
do” de Maier (29’).
Portugal precisava de recuperar a
dinâmica inicial, o que poderia ter
conseguido à entrada dos últimos
cinco minutos da primeira parte,
No recomeço, Rui Jorge fez entrar
Rafael Leão, preterindo Dany Mota,
que depois de uma entrada forte foi
perdendo protagonismo. O que o
seleccionador português não espe-
evitar um destino que se apresenta-
va cada vez mais real e cruel, aca-
bando por manter a compostura
graças a duas intervenções de Diogo
Costa, na sequência de duas transi-
ções germânicas a explorarem o

tes para escrever um Ænal feliz, mas
falhou onde os alemães triunfaram,
graças a um golo de Nmecha, em tar-
de inspirada de Diogo Costa na bali-
za nacional. Ao contrário do que se
veriÆcou na meia-Ænal, em que a Ale-
que Portugal não estava na disposi-
ção de desperdiçar a terceira opor-
tunidade de vencer o Europeu da
categoria.
A selecção nacional condicionava
eÆcazmente a saída de jogo e toda a
quando Diogo Dalot, com um passe
longo, descobriu Fábio Vieira na
“carreira de tiro”. O médio dominou
e por muito pouco não bateu
Dahmen. Os alemães terminariam,
aliás, os primeiros 45 minutos na
rava era o golo da Alemanha pratica-
mente a abrir a segunda parte, com
Baku a solicitar a entrada de Lukas
Nmecha, livre de marcação, para
desespero de Diogo Costa (49’).
Portugal respondeu de imediato
balanceamento luso e a precipitação
de Florentino, algo desconcentrado.
Portugal arriscava tudo e apostava
em Gonçalo Ramos, sacriÆcando um
defesa. Em vão, já que a maldição foi
mais forte.

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1 0
ALEMANHA PORTUGAL
Estádio Stozice, em Ljubljana
Espectadores cerca de 5000
Alemanha Dahmen, Baku, Pieper,
Schlotterbeck, Raum a90’, Maier,
Dorsch (Janelt, 85’), Ozcan a89’
(Stach, 90’), Wirtz a12’ (Adeyemi, 68’)
Nmecha a43’ (Jakobs, 85’), Berisha
(Burkardt, 67’). Treinador Stefan Kuntz
Portugal Diogo Costa, Dalot, Diogo
Queirós, Diogo Leite, Abdu Conté (G.
Ramos, 86’), Florentino (Gedson, 83’),
Fábio Vieira, Daniel Bragança a58’,
Vitinha (F. Conceição, 59’), Tiago
Tomás (Jota, 59’ a90+3’), Dany Mota
(Rafael Leão, 46’). Treinador Rui Jorge
Golo Nmecha 49’
Árbitro Giorgi Kruashvili (Geórgia)
Positivo/Negativo
Diogo Costa
Manteve o resultado em
aberto até ao último
suspiro de Portugal. O
guarda-redes somou
intervenções
determinantes para
alimentar a esperança de
Portugal, evitando um
desfecho mais desnivelado.
Dalot
Deu o primeiro sinal de
perigo e obrigou a selecção
alemã a experimentar
alguns dos momentos mais
difíceis, com incursões pela
direita e remates.
Fábio Vieira
Eleito melhor jogador do
Europeu, justificou a
distinção com lances de
classe, como um chapéu
do meio-campo que quase
transformava no golo da
igualdade.
ed
Florentino
at
Chamado ao “onze”, abriu a
porta à reacção alemã num
lance que acabou com
remate de Wirtz ao ferro da
baliza portuguesa. Saiu
depois de novo erro,
re
embora não tenha sido o
único em sub-rendimento,
com Rafael Leão, que
começou no banco, a não
justificar a entrada.
Reacções
“Já cá estivemos uma vez e Análise
voltámos a levar um soco
dos grandes. O que fizemos
foi uma coisa notável. Só Nuno Sousa
daqui a uns anos as Um golo foi pouco. Pouco para um
pessoas terão noção do jogo com tantos pontos de
que é isto. Foi um percurso interesse, tão rico do ponto de vista
táctico e estratégico. Um golo teria
muito bom. Não digo que
sido sempre pouco, mesmo que
foi brilhante, porque não tivesse tido o carimbo de Portugal.
vencemos a final. Agora Foram duas equipas muito
organizadas, adultas na forma de
é cair e levantar” jogar, capazes de interpretar o jogo
“Foi um jogo equilibrado, as
equipas ressentiram-se
em termos físicos. Podia
ter sido mais bem jogado,
se as duas equipas
estivessem no pleno das
suas capacidades. Ainda
assim, não deixou de ser
um jogo emotivo”
Rui Jorge
ador
Seleccionador
as
M
“Falhou a eficácia. Tivemos
várias oportunidades para
marcar, tanto na primeira
in
como na segunda parte,
mas a Alemanha foi mais
eficaz. Assim ficou ditado
o jogo. Acredito que
fizemos tudo para ganhar”
Diogo Queirós
Defesa
“O objectivo era ganhar
este Europeu. Fizemos um
belíssimo trajecto. O jogo
decidiu-se em pormenores,
falhámos algumas
oportunidades... Eles têm
uma grande equipa,
marcaram e nós não”
Fábio Vieira
Médio
Uma final completa
e de correr riscos quando
necessário. Foram dois Ænalistas
com F maiúsculo.
rP
Portugal não prescindiu do seu
4x4x2 losango habitual, desta vez
com um médio de carácter mais
posicional e mais laborioso sem
bola, como Florentino, na posição
seis. Do lado oposto, a Alemanha
também não surpreendeu,
dispondo-se em 4x3x3 e fazendo
da mobilidade do seu trio ofensivo
te
(Berisha, Nmesha, Wirtz) uma
ameaça permanente para a
organização defensiva contrária.
Stefan Kuntz tinha estudado bem
o adversário. Sabia que terrenos
Portugal pisava e também o que
fazer para ir desgastando o rival. E
Mais uma final perdida
À terceira não foi de vez: sub-21
repetem desgostos de 1994 e 2015
Derrota em 1994, nova derrota em
2015 e, como sabiamente alerta o
povo, não há duas sem três: a selec-
ção portuguesa de sub-21 voltou a
falhar numa Ænal do Campeonato
da Europa. Ontem, na Eslovénia,
Portugal caiu aos pés da Alemanha
e voltou a falhar um título que lhe
escapa.
Portugal é o campeão europeu
em seniores e conquistou títulos
internacionais e continentais nos
sub-20, sub-19 e sub-17. Nos sub-21 é
que tem sido um suplício. E sê-lo-á,
pelo menos, até 2023, ano de novo
Europeu do escalão.
Esta é a selecção de Vitinha, de
Bragança, dos Diogos, de Jota ou de
Leão. Não falta talento, mas voltou
a faltar um título. Esta também é a
selecção de Rui: Rui Jorge, o homem
que pegou neste escalão em 2010 e
que continua a zeros em grandes
competições.
Desde que o seleccionador assu-
miu a batuta da equipa nacional,
Portugal e Rui Jorge têm formado
muito talento e preparado jogado-
res para a selecção principal, mas
@JornaisPT
Público • Segunda-feira, 7 de Junho de 2021 • 37
se os primeiros 20 minutos tiveram
Ed
sinal mais português, com algumas
aproximações perigosas ao último
terço, os restantes 25 do primeiro
tempo foram de domínio alemão.
Paciente a circular a bola, atenta
aos momentos para variar o centro
do jogo e eÆcaz no capítulo dos
passes longos, a Alemanha foi
obrigando Portugal a bascular.
Uma e outra vez.
DF
Foi assim no primeiro tempo e
voltou a ser assim no segundo, já
quando Rafael Leão tinha
substituído Dany Mota no ataque.
Com Portugal a dar prioridade à
ocupação de espaços no corredor
central, a Alemanha foi jogando em
largura (com os laterais muito
projectados), dando amplitude ao
seu jogo, até encontrar uma brecha
na organização defensiva
contrária. Essa brecha foi, aos 49’,
o espaço entre o central do lado
esquerdo e o lateral. E foi suÆciente
para abrir portas ao golo decisivo.
Rui Jorge assumiu, então, opções
de maior risco. Até ver, Portugal
não tinha sido capaz de explorar a
profundidade (embora tivesse
colocado Vitinha na cara do
guarda-redes ainda na primeira
parte) e estava a ter francas
diÆculdades em ombrear com um
meio-campo a três, mas muito
tem Æcado um amargo de boca no
que a títulos diz respeito.
Portugal esteve ausente da fase
Ænal em 2011 e 2013, houve Ænal
perdida em 2015, queda precoce
em 2017 e nova ausência em 2019.
Com esta terceira Ænal perdida, a
selecção repete o que tinha feito em
1994 e em 2015.
Primeiro, em França, houve der-
rota com a Itália (1-0) após prolon-
gamento. Nesse ano de 1994, sob o
comando de Nelo Vingada, a selec-
ção de Luís Figo, Rui Costa, João
Vieira Pinto ou Jorge Costa caiu
perante uma Itália com nomes que
viriam a ter relevo no futebol mun-
dial.
Nessa equipa destacavam-se Tol-
do, Cannavaro, Panucci ou Pippo
Inzaghi, mas o golo italiano surgiu,
curiosamente, por parte de um
jogador menos renomado. Pierlui-
gi Orlandini, o herói da noite, che-
gou a jogar no Inter, no AC Milan e
na Atalanta, mas fez uma carreira
algo modesta e sem qualquer jogo
pela selecção principal italiana.
Em 2015, o trauma foi ainda
r
i to
poderoso Æsicamente: Arne Maier
e, sobretudo, Niklas Dorsch
pareciam multiplicar-se.
Um jogo que se tinha baseado,
essencialmente, nos momentos de
ataque organizado estava prestes a
partir-se. Com Francisco
Conceição à direita e Jota à
esquerda, Portugal activava o
plano B (o 4x3x3), procurava mais
os corredores laterais para fazer
campo grande e forçava trocas
posicionais com os laterais (em
particular Conté).
Do lado contrário, a Alemanha
sentia-se como peixe na água num
duelo de transições e, já com
Adeyemi no lugar de Wirtz, esteve
muito próxima do segundo golo
num par de ocasiões (valeram os
reÇexos de Diogo Costa).
O perÆl do jogo tinha mudado,
Portugal estava mais exposto — e
ainda acrescentou outra camada
de risco com a entrada tardia de
Gonçalo Ramos —, mas também
expunha mais as diÆculdades da
Alemanha, que perdeu capacidade
de pressão e de ocupação racional
de espaços, no corredor central,
com a saída de Dorsch. Só que o
discernimento ia caindo à medida
que o cansaço subia. E, nestas
circunstâncias, é sempre mais fácil
destruir do que criar.
maior do que a derrota de 1994 no
prolongamento. Em Praga, Portu-
gal só caiu frente à Suécia no
desempate por pontapés da marca
de penálti, depois de uma igualda-
de a zero nos 90 minutos e nos 30
adicionais.
Nessa noite, a Suécia de Victor
Lindelof, na altura jogador do Ben-
Æca, superou uma equipa portugue-
sa não menos talentosa do que as
de 1994 ou 2021: havia João Mário,
Bernardo Silva, William Carvalho,
Sérgio Oliveira, Rúben Neves, João
Cancelo, Rafa, Ricardo Horta,
Ricardo Pereira ou Raphaël Guer-
reiro.
Mas há boas notícias. Dos 23 joga-
dores de 2015, 13 já chegaram à
selecção principal. E do “onze” ini-
cial dessa Ænal, apenas José Sá, Tia-
go Ilori e Ricardo Esgaio estão por
entrar em campo com as cores por-
tuguesas.
Tal equivale a dizer que, mesmo
não havendo títulos, há talento. E,
sobretudo, há trabalho feito no pré-
selecção principal. Diogo Cardoso
Oliveira
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38 • Público • Segunda-feira, 7 de Junho de 2021
Desporto
Sergio Pérez “herda” vitória
quase certa de Verstappen em Baku
Augusto Bernardino
Hamilton deixou fugir o
segundo lugar e a liderança
do Mundial. Aproveitou
Vettel para subir ao pódio,
juntamente com Gasly
Um golpe de teatro, a cinco voltas do
fim,“roubou” uma vitória certa a Max
Verstappen (Red Bull), que terminou
o GP do Azerbaijão, sexta prova do
Campeonato do Mundo de Fórmula
1, sem pontos — quando já fazia contas
à segunda vitória consecutiva e ter-
ceira de 2021 —, mas milagrosamente
na liderança do Mundial, que Hamil-
ton não soube recuperar.
Um acidente de Max entregou a
vitória ao companheiro Sergio Pérez
e quase devolveu o comando do cam-
peonato a Hamilton (Mercedes), que,
ao tentar a vitória, caiu para o 15.º
posto, esbanjando um segundo lugar
certo em Baku. Aproveitou Sebastian
Vettel (Aston Martin), que saiu do 11.º
lugar para terminar em segundo.
O pneu traseiro de Verstappen
cedeu nas últimas voltas, levando à
suspensão da corrida e a um recome-
Roger Federer e Serena Williams
despedem-se de Roland Garros
Pedro Keul
Roger Federer e Serena Williams têm
em comum a idade, o recorde actual
de títulos do Grand Slam — no caso do
ed
suíço, em igualdade com Rafael Nadal
— e um enorme amor pelo ténis, o que
justifica a presença de ambos no cir-
cuito profissional aos 39 anos. Ontem,
o torneio de Roland Garros perdeu
ambos, em cenários diferentes: Fede-
rer viu-se obrigado a retirar-se da
at
prova um dia depois de vencer um
longo encontro, enquanto Serena foi
derrotada no court.
Na noite de sábado, Federer derro-
tou o alemão Dominik Koepfer (59.º
mundial), por 7-6 (7/5), 6-7 (3/7), 7-6
re
(7/4) e 7-5, ao fim de 3h30m — o seu
mais longo encontro dos últimos 18
meses e desde as artroscopias, em
Fevereiro e Maio de 2020. O desgaste
no seu corpo foi grande e o suíço pre-
feriu poupar energias, já que o prin-
Sergio Pérez ocupa agora o terceiro lugar no Mundial
ço da grelha, o que abriu novas pers-
pectivas a Hamilton, que, na tentativa
de superar Pérez, falhou a travagem
e seguiu em frente na primeira curva,
caindo dramaticamente para a cauda
do pelotão.
Sergio Pérez venceu o primeiro GP
as
do ano (segundo da carreira), assu-
mindo o 3.º lugar no Mundial, com
69 pontos. Apesar da frustração, a
Red Bull reforçou o comando dos
M
in
Serena Williams
cipal objectivo é o torneio de Wimble-
don, a 28 de Junho. “Após uma con-
versa com a minha equipa, decidi
retirar-me de Roland Garros. Após
duas cirurgias ao joelho e um ano de
reabilitação, é importante que ouça
MAXIM SHEMETOV/EPA
rP
construtores, com a Mercedes pela
te
primeira vez desde 2016 fora dos
pontos.
Antes, a corrida, que teve cinco
líderes, começou com Leclerc a impor
a pole e a dar à Ferrari a liderança
numa volta ao fim de dois anos. Lewis
assumiria a dianteira, com Max e Ser-
gio — que batera Gasly e Sainz no
arranque — nos lugares de pódio. As
emoções chegaram com a ida às
o meu corpo e ter a certeza que não
estou a forçar demasiado depressa a
caminho da recuperação”, explicou
em comunicado. O italiano Matteo
Berrettini avança assim para os quar-
tos-de-final.
Serena Williams (8.ª) chegou aos
oitavos-de-final de um Grand Slam na
primeira de 64 ocasiões em 1998, um
ano antes de a sua adversária, Elena
Rybakina (22.ª), ter nascido. Mas a
cazaque de 21 anos jogou como uma
veterana, muito focada no seu plano
de jogo e saiu vencedora, com os par-
ciais de 6-3, 7-5. “Foi um ponto aqui,
um ponto ali, que podia ter mudado
o curso do encontro. Não estou a
ganhar esses pontos. Não tive a
melhor das épocas de terra batida,
mas foi bom ter somado algumas boas
vitórias neste piso”, disse Serena,
sem, no entanto, indicar se irá voltar
a competir antes de Wimbledon.
Stefanos Tsitsipas (5.º) continua a
@JornaisPT
Ed
boxes, onde a Mercedes perdeu a
batalha dos pneus: Verstappen
ganhou dois segundos a Hamilton,
com o inglês a perder outra posição
DF
para Pérez. Entretanto, Vettel lidera-
va a corrida, enquanto Bottas desilu-
dia. Ainda sem incidentes — apenas
Esteban Ocon (Alpine) tinha abando-
nado com problemas de motor —,
Hamilton continuava a tentar passar
Pérez, perdendo terreno precioso
para Verstappen, que estava em
segundo até Vettel ir às boxes, à entra-
da da 19.ª volta.
Sem argumentos para esgrimir
com os Red Bull, Hamilton precisava
de um safety car, que surgiria a 20
voltas do fim: Lance Stroll (Aston Mar-
tin) embateu a mais de 300km/h na
recta da meta, reagrupando o pelo-
tão. Só que a Mercedes não conseguiu
reverter a situação, acabando por ser
Vettel a tirar maior partido da conjun-
tura, ao ganhar duas posições. O ale-
mão ultrapassou Leclerc e Gasly e,
com pneus mais “frescos”, foi em
busca do campeão mundial.
No final, o acidente de Verstappen
e o erro de Hamilton deixavam o
caminho livre para o regresso do ale-
mão a uma cerimónia de pódio.
ser o sério candidato a disputar a
final, estatuto confirmado diante de
Pablo Carreño Busta (12.º): 6-3, 6-2 e
7-5. Mas o grande teste virá nos “quar-
tos”, quando defrontar Daniil Medve-
dev (2.º), num duelo muito aguarda-
do desde o sorteio. O russo descobriu
a alegria de jogar (e ganhar) em terra
batida e esteve intratável diante do
chileno Cristian Garin (23.º), soman-
do 46 winners, incluindo 14 ases, para
vencer, por 6-2, 6-1 e 7-5.
Contudo, não se pode subestimar
Alexander Zverev (6.º), que dominou
Kei Nishikori (49.º), por 6-4, 6-1 e 6-1.
O adversário do alemão é o surpreen-
dente Alejandro Davidovich Fokina
(46.º). Um dia depois de completar
22 anos, o espanhol e semifinalista no
Millennium Estoril Open somou mais
três horas às dez que já tinha passado
no court para derrotar o argentino
Federico Delbonis (51.º), por 6-4, 6-4,
4-6 e 6-4.
r
i to
Pimenta conclui
Europeus
de canoagem
com bronze
Na Polónia, o minhoto
terminou em terceiro lugar
uma prova que ficou
marcada por um erro de
contagem da arbitragem
Portugal concluiu os Europeus de
canoagem, que ontem terminaram na
Polónia, com quatro medalhas e seis
presenças em Ænais, nas sete provas
em que participou em Poznan. A con-
quista mais recente foi o bronze obti-
do ontem por Fernando Pimenta, em
K1 5000m.
O canoísta minhoto, que tinha
chegado à prata em K1 1000m, prova
na qual participará nos Jogos Olím-
picos Tóquio2020, arrecadou, desta
feita, o bronze numa prova que con-
tou com erro dos juízes quanto ao
número de voltas.
Na última prova portuguesa em
Poznan, Pimenta, nos 5000m — dis-
tância na qual foi campeão da Euro-
pa em 2016 e do Mundo em 2016 e
2017 —, seria terceiro por “acaso”,
uma vez que os atletas não recebe-
ram o sinal de que estavam a entrar
na última volta.
Uma vez que o sprint Ænal do por-
tuguês não é a sua característica mais
forte, Hélio Lucas, o treinador, deu
indicações para atacar na última vol-
ta, com Fernando Pimenta a ser enga-
nado, tal como os outros participan-
tes, pela contagem da arbitragem.
Portugal ainda apresentou um pro-
testo, mas não foi aceite.
Pimenta completou, assim, a rega-
Fernando
Pimenta ganhou
duas medalhas
em Poznan: prata
em K1 1000m
e bronze
em K1 5000m
ta em 20m45,277s, a 872 milésimos
de segundo do húngaro Balint Noe,
que bateu o bielorrusso Aleh Yurenia
por 532 milésimos.
Estes Europeus Æcaram marcados
pela crise renal de Emanuel Silva, que
o mantiveram hospitalizado durante
quase toda a competição, não permi-
tindo ao K4 500m testar o seu nível e
o dos rivais em Tóquio2020: o técnico
Rui Fernandes distribuiu os restantes
três elementos em outras tantas
embarcações.
João Ribeiro seria mesmo vice-cam-
peão da Europa em K1 500m e sétimo
em K2 500m, com Messias Baptista,
enquanto David Varela se estreou em
K1 200 com o 17.º lugar Ænal. Lusa
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Público • Segunda-feira, 7 de Junho de 2021 • 39

Desporto

r
i to
Miguel Oliveira confirma evolução Breves
Futsal

da KTM com vitória na Catalunha

Ed
Benfica empata
final do campeonato
com o Sporting
ALBERT GEA/REUTERS
O Benfica restabeleceu a
igualdade (1-1) na final do
Nuno Sousa
play-off do campeonato
Piloto português dominou nacional de futsal, ao vencer,
no pavilhão da Luz, o Sporting,

DF
a corrida desde a segunda por 7-5, após prolongamento,
volta, alcançando o terceiro no segundo encontro da
triunfo da carreira e o eliminatória. Depois da derrota
segundo pódio consecutivo averbada no Pavilhão João
Rocha por 3-1, na quinta-feira,
Miguel Oliveira (KTM) está em alta e os “encarnados” levaram a
alcançou, ontem, a primeira vitória melhor com golos de Tiago
da época no Grande Prémio da Cata- Brito e Fábio Cecílio no tempo
extra, após 5-5 no tempo

rP
lunha, sétima etapa do Campeonato
do Mundo de MotoGP. O piloto por- regulamentar, num embate
tuguês partiu da quarta posição, que registava 3-3 ao intervalo.
assumiu a liderança à segunda volta A final, disputada à melhor de
e depois empreendeu um duelo com cinco jogos, entre o Sporting
Fabio Quartararo (Yamaha) e Johann (que soma 15 títulos) e o
Zarco (Ducati), impondo-se com Benfica (vencedor de oito
grande autoridade. campeonatos), prossegue na
Depois do segundo lugar obtido há quinta-feira, no reduto dos
uma semana, em Mugello, não pode-
ria ter havido melhor indicador dos
te “leões”, num embate que está
marcado para as 20h30.
progressos que a KTM tem feito nas
últimas semanas. A uma excelente
Automobilismo
sessão de qualiÆcação, seguiu-se
uma corrida tremenda de Miguel Ogier alarga na
as
Oliveira, que se soube defender dos
ataques e responder a uma ultrapas- Sardenha a liderança
sagem de Quartararo, resguardando-
-se mais tarde face às investidas de
do Mundial de Ralis
Zarco, nas derradeiras voltas. Sébastien Ogier (Toyota Yaris)
Com uma Æabilidade notável (fez venceu o Rali da Sardenha,
quase todas as voltas na casa do quinta prova do Campeonato
M

1m40s), o piloto de Almada deu o Mundial de Ralis, e alargou a

primeiro triunfo da época à KTM e
assinou o terceiro da carreira, depois
dos dois alcançados na época passa-
da (GP da Estíria e GP de Portugal).
Tudo graças a uma prestação prati-
camente imaculada.
Oliveira com a bandeira de comando a Quartararo, mas o fran-
Portugal, antes de subir ao pódio cês não conseguiu capitalizar a ultra-
passagem e nunca foi capaz de cavar
uma diferença verdadeiramente
signiÆcativa para o português. Aper-
CLASSIFICAÇÕES cebendo-se de que poderia aprovei-
in
tempo de 40m21,749s, a 0,175s de
Zarco, a 1,990s de Miller e a 8,378s
do companheiro de equipa, Brad
Binder, que terminou na oitava posi-
ção. Depois, foi buscar a bandeira de
Portugal e passeou-a por uns instan-
sua vantagem na liderança.
O francês terminou a prova
italiana em 3h19m26,4s,
deixando o segundo
classificado, o companheiro
de equipa, o britânico Elfyn

Pneus duros
A escolha de pneus (duro/duro) da
KTM acabou por ser certeira,
enquanto a concorrência directa
alternou entre médio/duro e médio/
médio. Oliveira mostrou atributos
ed
tar o momento, o piloto da KTM foi- tes aos comandos da KTM, que tem Evans (Toyota Yaris), a 46
-se aproximando e retomou o vindo a aproximar-se, a passos lar- segundos, e o belga Thierry
GP da Catalunha comando da corrida à 14.ª volta. gos, da mota competitiva que o por- Neuville (Hyundai i20) em
MotoGP “Fiz uma das melhores corridas da tuguês projectou para esta época. terceiro, a 1m05,2s. Com estes
1. Miguel Oliveira (KTM) 40m21,749s minha carreira. Foi tudo tão difícil, “Foi uma boa corrida. Levei muito resultados, Ogier, que não
2. J. Zarco (Ducati) 0.175s a gestão dos pneus, conseguir man- tempo para ultrapassar o Jack e, nas somou qualquer ponto na
3. J. Miller (Ducati) 1.990s ter a calma, a pressão do Fabio. Foi duas últimas voltas, aproveitei um power stage, a derradeira

logo no arranque, saltando imedia-
tamente do quarto para o segundo
lugar e, à segunda volta, assumiu
mesmo a liderança, aproveitando
para ir descolando, aos poucos, dos
perseguidores directos.
Joan Mir (Suzuki) começou por ser
at
4. F. Quartararo (Yamaha) 4.815s uma corrida perfeita. Não posso problema que o Fabio deve ter tido. especial da prova que distribui
5. J. Mir (Suzuki) 5.325s agradecer o suÆciente à KTM por me Ainda tentei ir atrás do Miguel, mas 15 pontos pelos cinco mais
6. M. Viñales (Yamaha) 6.281s ter dado uma máquina perfeita nes- ele tinha um ritmo estável”, resumiu rápidos, tem agora 106 pontos
7. F. Bagnaia (Ducati) 8.175s te Æm-de-semana. Foi tudo fantásti- Johann Zarco, segundo na corrida e no Mundial, mais 11 do que o
8. B. Binder (KTM) 8.378s
co”, resumiria Oliveira, antes da no Mundial de pilotos, agora a 17 segundo, Elfyn Evans.
9. F. Morbidelli (Yamaha) 15.652s
cerimónia do pódio. pontos de Quartararo. Já Miguel Oli-
10. E. Bastianini (Ducati) 19.297s
Para lá chegar, porém, ainda teria veira subiu à sétima posição, com 54,
11. A. Marquez (Honda) 21.650s

o adversário imediato do português,
mas só até Fabio Quartararo, líder do
Mundial, tomar conta do segundo
lugar. À quinta volta, Oliveira fazia a
volta mais rápida ao circuito de Bar-
celona e, à sétima, tinha 1,2 segundos
re
12. L. Marini (Ducati)
13. T. Nakagami (Honda)
14. J. Martin (Ducati)
15. L. Savadori (Aprilia)
Mundial de pilotos
1. F. Quartararo (Yamaha)
de lidar com a pressão Ænal de
22.533s
Johann Zarco, que aproveitou um
27.833s
29.075s
erro do compatriota numa curva
40.291s
para, a duas voltas do Æm, tomar
conta da vice-liderança. Jack Miller
118 pts (Ducati) também soube tirar provei-
mais 10 do que o perseguidor direc-
to, Aleix Espargaró (Aprilia) — rosto
de um dos vários abandonos na Cata-
lunha, juntamente com Pol Esparga-
ró (5.ª volta), Marc Márquez (9.ª) ou
Valentino Rossi (17.ª).

de vantagem sobre o francês da
Yamaha. Mas a velocidade de ponta
da KTM não era suÆciente para o
manter a uma distância segura.
Depois de dez voltas na liderança,
Miguel Oliveira acabou por ceder o
2. Johann Zarco (Ducati) 101 to dessa circunstância e conÆrmou O Campeonato do Mundo prosse-
3. Jack Miller (Ducati) 90 o terceiro lugar, numa época de gran- gue no circuito de Sachsenring,
(…) de consistência para o australiano, onde, dentro de duas semanas, se
7. Miguel Oliveira (KTM) 54 que venceu já duas corridas. disputa o Grande Prémio da Alema-
Próxima GP: Mas o dia era mesmo de Miguel nha, que em 2020 foi cancelado
Alemanha, 20 de Junho Oliveira, que fechou a prova com o devido à pandemia de covid-19.

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Segunda-feira, 7 de Junho de 2021

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Ed
Uma globalização justa é mais do que possível

organizações onde estas reformas
Consoante podem ser feitas.
muda Esta dinâmica em que os
pró-sistema e os anti-sistema são
aliados objetivos em tentar garantir
dias ao nível do G7 para a criação de
um IRC global não pode ser
subestimado na sua importância
histórica. Podemos torcer o nariz ao
facto de esta medida vir do G7,
DF
IRC, poder vir simplesmente a tirar
o oxigénio aos paraísos Æscais (se
um paraíso Æscal cobrar só 1% de
IRC, o país de origem da
multinacional teria o direito de ir
cobrar impostos também sobre as
grandes fortunas e sobre transações
Ænanceiras. Mesmo percentagens
muito reduzidas permitiriam
realizar ganhos enormes a

rP
que nada mude (uns, porque quando podemos imaginar outros buscar os 14% restantes). Uma redistribuir para erradicar a pobreza
beneficiam com o estado atual das fóruns mais apropriados? Certo. segunda medida em cima da mesa extrema no mundo, combater as
coisas; outros, porque preservam Podemos protestar porque uma do G7, igualmente importante, e alterações climáticas ou Ænanciar

N
Rui Tavares
os muitos anos que
levo defendendo a
necessidade de criar
impostos globais para
uma globalização
justa, tenho muitas
vezes como resposta dois tipos de
atitudes diametralmente opostas
que querem dizer exatamente a
mesma coisa. De um lado os que,
defendendo este sistema em que as
multinacionais fogem ao Æsco
generalizadamente, dizem que não
é “realista” pensar em tais medidas
porque os Estados-nação não
aceitarão ceder soberania para
coordenar as suas políticas Æscais.
capital de queixa) é comum a outras
áreas. No combate às alterações
climátitcas, passei anos ouvindo
dizer que um novo pacto verde seria
irrealista por ser muito caro
(segundo os pró-sistema), ou que
seria inútil, porque teríamos de
abolir o capitalismo primeiro para
depois salvar o planeta (os
supostamente anti-sistema). Se
fôssemos acreditar em uns e/ou
outros, nada se faria: e, no entanto,
as
o Novo Pacto Verde está cada vez
mais aí sob a forma de diversas
políticas públicas. A mesma
dinâmica, mais uma vez, aparece a
tentar contrariar a necessidade da
criação de uma democracia
europeia ao nível da UE: para os
M
taxa de 15% ainda nos parece
demasiado baixa? Admissível. Mas
não podemos andar durante anos a
dizer que uma medida destas seria
impossível (com argumento pró ou
anti-sistema) e depois tentar negar o
te
real avanço que é ver as maiores
economias do mundo a defender
essa mesma medida.
E há mais, para além da ideia de
ter uma taxa global mínima para o
O progresso que
até mais vantajosa do ponto de
vista de países como Portugal, seria
a de começar a cobrar impostos
pelo lucro das multinacionais nos
países onde se Æzeram as
transações que formaram parte
desse lucro. Isso quer dizer que, a
partir desse momento, os serviços
e produtos que em Portugal
comprássemos às gigantes do setor
tecnológico passariam a pagar não
só IVA, mas também IRC em
Portugal, em vez de o ir pagar à
Irlanda.
Para tudo isto acontecer, vamos
precisar de uma reformar Æscal à
escala global, incluindo na deÆnição
de uma base tributária empresarial
comum e de obrigação de reporte
projetos de recuperação económica
e social em zonas devastadas pela
guerra ou pelas migrações em
massa. É crucial criar um tribunal
internacional contra os crimes
ambientais. É da mais elementar
bondade criar um passaporte
internacional humanitário para os
mais vulneráveis e prioritários entre
os refugiados. E seria desejável criar
uma assembleia parlamentar das
Nações Unidas como o fórum
adequado para fazer estas
discussões.
Tudo isto parece muito difícil.
Não é. Em boa medida são
propostas que estão desenhadas há
muito, que já se aplicam noutras
áreas, ou até que já existiram e

Do outro lado, aqueles que
imaginando-se a si mesmos como
anti-sistema, proclamam que só
seria possível haver progresso nesta
área se se acabasse com as
organizações internacionais como a
UE, a OCDE ou o FMI, que vêem
defensores do statu quo, é
impossível; para os anti-sistema que
são na prática também defensores
do statu quo, o que há é que abolir a
União Europeia e fazer outra coisa.
E por aí adiante.
Mas, no entanto, ela move-se,
in
ocorreu ao nível do “país a país” para as multinacionais
G7 para a criação — duas lutas de longo prazo na
União Europeia, o que por si só
de um IRC global ajuda a demonstrar que a luta por
não pode ser uma globalização mais justa tem de
ser transnacional.
subestimado na E a partir do momento em que
funcionaram no passado. A única
coisa de que precisam é de vontade
política. E para haver vontade
política temos de saber ignorar as
vozes dos profetas do statu quo. Se o
Æzermos, uma globalização mais
justa é mais do que possível: está ao

como braços armados do

neoliberalismo, em vez de
como dizia Galileu Galilei da Terra.
Contudo, há progresso. E o
sua importância este capítulo se fechasse, há muito
mais a fazer para termos essa
alcance da mão.

perceberem como o tipo de progresso que ocorreu nos últimos histórica globalização justa. É necessário Historiador

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