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MANUAL DO EDUCADOR
FORMAÇAO CONTINUADA


Edição atualizada •
conforme a:

BASE
NACIONAL

COMUM


CURRICULAR


EDITORA ®
CONSTRUIR
EDUCAÇÃO Ê A BASE
••
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
RESOLUÇÃO N ° 2, DE 22
DE DEZEMBRO DE 2017

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o
Manual do Educador
Língua Portuguesa em Contexto

Ano Lécio Cordeiro


Licenciado em Letras pela UFPE e pós-graduado em Linguística e Ensino. Au­
Ensino tor de Contextualizando a Gramática e das coleções Gêneros, Leitura e Análise e
Gramática Diferente, todas dedicadas aos alunos do 62 ao 92 anos. É editor do En­
Fundamental
sino Fundamental li e do Ensino Médio da Editora Construir, do Sistema de Ensino
Sucesso e da Formando Cidadãos Editora.

Editor. Lécio Cordeiro.


Revisão de texto: Departamento Editorial.
Projeto gráfico e editoração eletrônica: Box Design Editorial.

Coordenação editorial:

+♦♦♦♦ �,PJ!!.,�t�i�i�L��
Multi Marcas Editoriais Ltda. Rua Neto Campeio Júnior, 37
Mustardinha - CEP 50760-330 - Recife/PE
Tel.: (81) 3447.1178- CNPJ: 00.726.498/0001-74
IE: 0214538-37.

Fizeram-se todos os esforços para localizar os detentores dos direitos dos


textos contidos neste livro. A Editora pede desculpas se houve alguma omissão
e, em edições futuras, terá prazer em incluir quaisquer créditos faltantes.

• O conteúdo deste livro está adequado à proposta da BNCC, conforme a


f�!� Resolução n2 2, de 22 de dezembro de 2017, do Ministério da Educação.

As palavras destacadas de amarelo ao longo do livro sofreram modificações


com o novo Acordo Ortográfico.

ISBN professor: 978-85-403-1463-4


ISBN aluno: 978-85-403-1462-7

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei n2 9.61 O, de 19 de fevereiro de 1998.

Impresso no Brasil
3ª edição

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Apresentação
- clara, interessante e eficiente. desde o início. Isto é, propor uma abordagem
Esta coleção foi escrita justamente com esse ampla da competência comunicativa por meio
propósito, pois muito se discute sobre a viabi­ das três bases fundamentais:
lidade de se ensinar gramática na escola, mas
esse não é o maior problema. A grande ques­ leitura, análise linguística
tão é ter bastante claro o que devemos ensinar, e produção textual
como devemos ensinar e com que finalidade. É
essa compreensão que vem norteando o nosso Durante esta reformulação, procuramos
trabalho pedagógico há quase dez, tanto nos acrescentar ainda mais temas transversais,
livros didáticos que temos publicado quanto conscientes de que o aperfeiçoamento dessa
em nossa prática nas salas de aula. Talvez por competência deve conduzir, necessariamente, à
isso, desde a publicação da primeira edição, em formação de cidadãos flexíveis, democráticos e
2013, esta coleção tem rendido muitos elogios, protagonistas, capazes de realizar leituras múlti­
tanto dos estudantes quanto dos professores, plas - a leitura na vida e a leitura na escola.
que se mantêm fiéis à nossa proposta peda­ Por tudo isso, agradecemos a todos os pro­
gógica desde então. Para nossa felicidade, a fessores e estudantes que acreditam no nosso
excelente recepção nos quatro cantos do País trabalho e permitem a nossa participação na
nos mostrou que estamos no caminho certo, sua vida. Nada disso teria sentido sem o apoio
buscando uma verdadeira renovação nas for­ de todos vocês. Muito obrigado!
mas de ensinar e aprender a nossa língua. Desnecessário dizer que este trabalho não se
Nesta segunda edição, buscamos manter o finda aqui. Ele se estenderá à sua prática diária,
mesmo princípio que norteou o nosso trabalho como agente de letramento. Seria um equívoco
supor que a abordagem feita nos livros dos alu­
nos é suficiente para alcançar essa formação.
Como acontece em todo trabalho coletivo, o
sucesso será resultado da participação efetiva
de todos. Nada fará sentido se não buscarmos
juntos o mesmo objetivo incansavelmente.
Nesse sentido, para facilitar nosso diálogo,
elaboramos este Manual do Educador. Nele
procuramos trazer subsídios para ampliar ain­
da mais sua prática e enriquecer a abordagem
do livro do aluno. Desnecessário dizer, também,
que todos os comentários feitos são sugestões
e que nos colocamos sempre a disposição para
dialogar com todos e todas em busca de aper­
feiçoamento. Tenham certeza de que cada su­
gestão e crítica será recebida e analisada com
carinho.

Lécio Cordeiro
leciocordeiro@editoraconstruir.com.br

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O que
ensinar?
Língua e
gramática
Leitura, produção e
análise linguística
A reformulação
A produção textual
e a leitura
social e a intencionalidade do autor do texto. fatoriamente uma primeira e decisiva etapa de
Ao trabalhar com a redação escolar, comete-se seu processo de letramento e alfabetização, ten­
uma série de equívocos, entre eles: do, inclusive, se apropriado de algumas práticas
mais complexas e menos cotidianas (relacio­
• Solicitar que o aluno escreva sem um desti­ nadas a esferas públicas de uso da linguagem),
natário real. seja de leitura e escrita, seja de compreensão e
• Solicitar que o aluno escreva para completar produção de textos orais. Essas práticas apre­
o tempo da aula. sentam padrões linguísticos e textuais que, por
• Solicitar que o aluno escreva para se atribuir sua vez, demandam novos tipos de reflexão so­
uma nota. bre o funcionamento e as propriedades da lin­
• Solicitar que o aluno escreva aquilo que o guagem em uso, assim como a sistematização
professor quer. dos conhecimentos linguísticos correlatos mais
relevantes. Portanto, cabe ao ensino de língua
Sabemos das deficiências que muitos dos materna, nesse nível de ensino-aprendizagem,
nossos alunos enfrentam no processo de lei­ aprofundar o processo de inserção qualificada
tura e escrita e do empenho reforçado que um do aluno na cultura da escrita:
ensino que abarque tais objetivos requer. Ainda
assim, é papel da escola tornar seus alunos efi­ • Aperfeiçoando sua formação como leitor e
cientes produtores de textos, acompanhando­ produtor de textos escritos.
-os em todas as etapas necessárias. • Desenvolvendo as competências e habilida­
O ensino de Língua Portuguesa nos quatro des de leitura e escrita requeridas por esses
anos finais do Ensino Fundamental apresenta novos níveis e tipos de letramento.
características próprias, devidas tanto ao per­ • Ampliando sua capacidade de reflexão so­
fil escolar do alunado desse nível quanto às bre as propriedades e o funcionamento da
demandas sociais que a ele se apresentam, ao língua e da linguagem.
final do período. • Desenvolvendo as competências e habilida­
Primeiramente, espera-se que o aluno ingres­ de associadas a usos escolares, formais e/
sante nesse segmento já tenha cumprido satis- ou públicos da linguagem oral.

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Em segundo lugar, a trajetória desse aluno Considerando-se tanto as demandas de co­
em direção à autonomia relativa nos estudos e municação e/ou conhecimentos linguísticos
ao pleno exercício da cidadania pode ser consi­ implicadas no quadro acima descrito quanto as
derada, por um lado, mais delineada; e, por ou­ recomendações expressas por diretrizes, orien­
tro, ainda não satisfatoriamente consolidada. tações e parâmetros curriculares oficiais. O en­
O que deverá implicar, no processo de ensino­ sino de Língua Portuguesa, nos quatro últimos
aprendizagem escolar desses anos, um maior anos do Ensino Fundamental, deve organizar­
peso relativo para esses eixos de formação. se de forma a garantir ao aluno:
Finalmente, o destino do aluno, ao final des­
se período de escolarização obrigatória, é bas­ • O desenvolvimento da linguagem oral, a
tante diversificado. E, muitas vezes, implica a apropriação e o desenvolvimento da lingua­
interrupção temporária ou mesmo definitiva de gem escrita, especialmente no que diz res­
sua educação escolar, motivo pelo qual o En­ peito a demandas oriundas seja de situa­
sino Fundamental deve garantir a seus egres­ ções e instâncias públicas e formais de uso
sos um domínio da escrita e da oralidade su­ da língua, seja do próprio processo de ensi­
ficiente para as demandas básicas do mundo no-aprendizagem escolar.
do trabalho e do pleno exercício da cidadania, • O pleno acesso ao mundo da escrita.
inclusive no que diz respeito à fruição da litera­ • A proficiência em leitura e escrita, no que
tura em língua portuguesa. Tais circunstâncias diz respeito a gêneros discursivos e tipos de
atribuem a esses anos do Ensino Fundamental texto representativos das principais funções
uma responsabilidade ainda maior, no que diz da escrita em diferentes esferas de atividade
respeito ao processo de formação tanto do lei­ social.
tor e do produtor proficiente e crítico de textos • A fruição estética e a apreciação crítica
quanto do locutor capaz de uso adequado e efi­ da produção literária associada à língua
ciente da linguagem oral em situações privadas portuguesa, em especial a da literatura bra­
ou públicas. sileira.

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• O desenvolvimento de atitudes, competên­ desempenho ao menos satisfatório, em termos
cias e habilidades envolvidas na compreen­ metodológicos.
são da variação linguística e no convívio Já as atividades de compreensão e interpre­
democrático com a diversidade dialetal, de tação do texto têm como objetivo final a for­
forma a evitar o preconceito e valorizar as mação do leitor (inclusive a do leitor literário)
diferentes possibilidades de expressão lin­ e o desenvolvimento da proficiência em leitura.
guística. Portanto, só podem constituir-se como tais na
• O domínio das normas urbanas de prestígio, medida que:
especialmente em sua modalidade escrita,
mas também nas situações orais públicas • Encararem a leitura como uma situação de
em que seu uso é socialmente requerido. interlocução leitor/autor/texto socialmente
• As práticas de análise e reflexão sobre a contextualizada.
língua, na medida em que se revelarem • Respeitarem as convenções e os modos de
pertinentes, seja para a (re)construção dos ler próprios dos diferentes gêneros, tanto li­
sentidos de textos, seja para a compreensão terários quanto não literários.
do funcionamento da língua e da linguagem. • Desenvolverem estratégias e capacidades
de leitura, tanto as relacionadas aos gêne­
Nesse sentido, as atividades de leitura e es- ros propostos, quanto as inerentes ao nível
crita, assim como de produção e compreensão de proficiência que se pretende levar o aluno
oral, em situações contextualizadas de uso, a atingir.
devem ser prioritárias no ensino-aprendiza­
gem desses anos de escolarização e, por con­ Por fim, as propostas de produção escrita
seguinte, na proposta pedagógica dos livros di­ devem visar à formação do produtor de texto
dáticos de Português (LDP) a eles destinados. e, portanto, ao desenvolvimento da proficiência
Por outro lado, as práticas de reflexão, assim em escrita. Nesse sentido, não podem deixar
como a construção correlata de conhecimentos de:
linguísticos e a descrição gramatical, devem
justificar-se por sua funcionalidade, exercen­ • Considerar a escrita como uma prática so­
do-se, sempre, com base em textos produzidos cialmente situada, propondo ao aluno, por­
em condições sociais efetivas de uso da língua, tanto, condições plausíveis de produção do
e não em situações didáticas artificialmente texto.
criadas. • Abordar a escrita como processo, de forma
No trabalho com o texto, em qualquer de a ensinar explicitamente os procedimentos
suas dimensões (leitura e compreensão, pro­ envolvidos no planejamento, na produção,
dução de textos orais e escritos, construção na revisão e na reescrita dos textos.
de conhecimentos linguísticos), é fundamental • Explorar a produção de gêneros ao mesmo
a diversidade de estratégias, assim como a ar­ tempo diversos e pertinentes para a conse­
ticulação entre os vários aspectos envolvidos, cução dos objetivos estabelecidos pelo nível
de forma a garantir a progressão nos estudos. de ensino visado.
Além desses, em cada um dos componentes de • Desenvolver as estratégias de produção re­
Língua Portuguesa outros critérios afiguram­ lacionadas tanto ao gênero proposto quanto
-se fundamentais para garantir à coleção um ao ao grau de proficiência que se pretende
levar o aluno a atingir.

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J
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A leitura antecede e
acompanha a produção textual
Referências
Competências específicas
de língua portuguesa para
o ensino fundamental
Língua Portuguesa no
Ensino Fundamental
anos finais: práticas de
linguagem, objetos de
conhecimento e habilidades
ções e réplicas a publicações feitas por outros. Código de Defesa do Consumidor, Código Na­
Trata-se de promover uma formação que faça cional de Trânsito etc.), até os de ordem mais
frente a fenômenos como o da pós-verdade, o geral, como a Constituição e a Declaração dos
efeito bolha e proliferação de discursos de ódio, Direitos Humanos, sempre tomados a partir de
que possa promover uma sensibilidade para seus contextos de produção, o que contextua­
com os fatos que afetam drasticamente a vida liza e confere significado a seus preceitos. Tra­
de pessoas e prever um trato ético com o deba­ ta-se de promover uma consciência dos direi­
te de ideias. tos, uma valorização dos direitos humanos e a
Como já destacado, além dos gêneros jor­ formação de uma ética da responsabilidade (o
nalísticos, também são considerados nesse outro tem direito a uma vida digna tanto quanto
campo os publicitários, estando previsto o tra­ eu tenho).
tamento de diferentes peças publicitárias, en­ Ainda nesse campo, estão presentes gêne­
volvidas em campanhas, para além do anúncio ros reivindicatórios e propositivos e habilida­
publicitário e a propaganda impressa, o que su­ des ligadas a seu trato. A exploração de canais
põe habilidades para lidar com a multissemiose de participação, inclusive digitais, também é
dos textos e com as várias mídias. Análise dos prevista. Aqui também a discussão e o deba­
mecanismos e persuasão ganham destaque, o te de ideias e propostas assume um lugar de
que também pode ajudar a promover um con­ destaque. Assim, não se trata de promover o si­
sumo consciente. lenciamento de vozes dissonantes, mas antes
No campo de atuação da vida pública ga­ de explicitá-las, de convocá-las para o debate,
nham destaque os gêneros legais e normativos analisá-las, confrontá-las, de forma a propiciar
- abrindo-se espaço para aqueles que regulam uma autonomia de pensamento, pautada pela
a convivência em sociedade, como regimentos ética, como convém a Estados democráticos.
(da escola, da sala de aula) e estatutos e có­ Nesse sentido, também são propostas análises
digos (Estatuto da Criança e do Adolescente e linguísticas e semióticas de textos vinculados

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a formas políticas não institucionalizadas, mo­ escolar, como também outros gêneros da cul­
vimentos de várias naturezas, coletivos, produ­ tura digital - relatos multimidiáticos, verbetes
ções artísticas, intervenções urbanas etc. de enciclopédias colaborativas, vídeos-minuto
No campo das práticas investigativas, há etc. Trata-se de fomentar uma formação que
uma ênfase nos gêneros didático-expositivos, possibilite o trato crítico e criterioso das infor­
impressos ou digitais, do 6 ° ao 9 ° ano, sendo mações e dados.
a progressão dos conhecimentos marcada pela No âmbito do Campo artístico-literário, tra­
indicação do que se operacionaliza na leitu­ ta-se de possibilitar o contato com as manifes­
ra, escrita, oralidade. Nesse processo, proce­ tações artísticas em geral, e, de forma particu­
dimentos e gêneros de apoio à compreensão lar e especial, com a arte literária e de oferecer
são propostos em todos os anos. Esses textos as condições para que se possa reconhecer,
servirão de base para a reelaboração de co­ valorizar e fruir essas manifestações. Está em
nhecimentos, a partir da elaboração de textos­ jogo a continuidade da formação do leitor li­
-síntese, como quadro-sinópticos, esquemas, terário, com especial destaque para o desen­
gráficos, infográficos, tabelas, resumos, en­ volvimento da fruição, de modo a evidenciar
tre outros, que permitem o processamento e a condição estética desse tipo de leitura e de
a organização de conhecimentos em práticas escrita. Para que a função utilitária da litera­
de estudo e de dados levantados em diferen­ tura - e da arte em geral - possa dar lugar à
tes fontes de pesquisa. Será dada ênfase es­ sua dimensão humanizadora, transformadora
pecial a procedimentos de busca, tratamento e mobilizadora, é preciso supor - e, portanto,
e análise de dados e informações e a formas garantir a formação de - um leitor-fruidor, ou
variadas de registro e socialização de estudos e seja, de um sujeito que seja capaz de se impli­
pesquisas, que envolvem não só os gêneros já car na leitura dos textos, de "desvendar" suas
consagrados, como apresentação oral e ensaio múltiplas camadas de sentido, de responder

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às suas demandas e de firmar pactos de lei­ ser e estar no mundo e, pelo reconhecimento do
tura. Para tanto, as habilidades, no que tange que é diverso, compreender a si mesmo e de­
à formação literária, envolvem conhecimentos senvolver uma atitude de respeito e valorização
de gêneros narrativos e poéticos que podem do que é diferente.
ser desenvolvidos em função dessa aprecia­ Outros gêneros, além daqueles cuja abor­
ção e que dizem respeito, no caso da narrati­ dagem é sugerida na BNCC, podem e devem
va literária, a seus elementos (espaço, tempo, ser incorporados aos currículos das escolas e,
personagens); às escolhas que constituem o assim como já salientado, os gêneros podem
estilo nos textos, na configuração do tempo e ser contemplados em anos diferentes dos in­
do espaço e na construção dos personagens; dicados.
aos diferentes modos de se contar uma histó­ Também, como já mencionado, nos Anos Fi­
ria (em primeira ou terceira pessoa, por meio nais do Ensino Fundamental, os conhecimen­
de um narrador personagem, com pleno ou tos sobre a língua, sobre as demais semioses
parcial domínio dos acontecimentos); à polifo­ e sobre a norma-padrão se articulam aos de­
nia própria das narrativas, que oferecem níveis mais eixos em que se organizam os objetivos
de complexidade a serem explorados em cada de aprendizagem e desenvolvimento de Lín­
ano da escolaridade; ao fôlego dos textos. No gua Portuguesa. Dessa forma, as abordagens
caso da poesia, destacam-se, inicialmente, os linguística, metalinguística e reflexiva ocorrem
efeitos de sentido produzidos por recursos de sempre a favor da prática de linguagem que
diferentes naturezas, para depois se alcançar está em evidência nos eixos de leitura, escrita
a dimensão imagética, constituída de proces­ ou oralidade.
sos metafóricos e metonímicos muito presen­ Os conhecimentos sobre a língua, as de­
tes na linguagem poética. mais semioses e a norma-padrão não devem
Ressalta-se, ainda, a proposição de objeti­ ser tomados como uma lista de conteúdos
vos de aprendizagem e desenvolvimento que dissociados das práticas de linguagem, mas
concorrem para a capacidade dos estudantes como propiciadores de reflexão a respeito do
de relacionarem textos, percebendo os efeitos funcionamento da língua no contexto dessas
de sentidos decorrentes da intertextualidade práticas. A seleção de habilidades na BNCC
temática e da polifonia resultante da inserção está relacionada com aqueles conhecimen­
- explícita ou não - de diferentes vozes nos tos fundamentais para que o estudante possa
textos. A relação entre textos e vozes se ex­ apropriar-se do sistema linguístico que orga­
pressa, também, nas práticas de compartilha­ niza o português brasileiro.
mento que promovem a escuta e a produção Alguns desses objetivos, sobretudo aqueles
de textos, de diferentes gêneros e em diferen­ que dizem respeito à norma, são transversais
tes mídias, que se prestam à expressão das a toda a base de Língua Portuguesa. O conhe­
preferências e das apreciações do que foi lido/ cimento da ortografia, da pontuação, da acen­
ouvido/assistido. tuação, por exemplo, deve estar presente ao
Por fim, destaque-se a relevância desse longo de toda escolaridade, abordados con­
campo para o exercício da empatia e do diálogo, forme o ano da escolaridade. Assume-se, na
tendo em vista a potência da arte e da literatura BNCC de Língua Portuguesa, uma perspectiva
como expedientes que permitem o contato com de progressão de conhecimentos que vai das
diversificados valores, comportamentos, cren­ regularidades às irregularidades e dos usos
ças, desejos e conflitos, o que contribui para mais frequentes e simples aos menos habi­
reconhecer e compreender modos distintos de tuais e mais complexos.

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Língua Portuguesa 6o ao 9o Ano
HABILIDADES
Vários são os gêneros possíveis de serem contemplados em atividades de leitura e produção de textos para além
dos já trabalhados nos anos iniciais do ensino fundamental (notícia, álbum noticioso, carta de leitor, entrevista
etc.): reportagem, reportagem multimidiática, fotorreportagem, foto-denúncia, artigo de opinião, editorial, resenha
crítica, crônica, comentário, debate, vlog noticioso, vlog cultural, meme, charge, charge digital, political remix,
anúncio publicitário, propaganda,jing/e, spot, dentre outros. A referência geral é que, em cada ano, contemplem­
se gêneros que lidem com informação, opinião e apreciação, gêneros mais típicos dos letramentos da letra e do
impresso e gêneros multissemióticos e hipermidiáticos, próprios da cultura digital e das culturas juvenis.
Diversos também são os processos, ações e atividades que podem ser contemplados em atividades de uso e
reflexão: curar, seguir/ser seguido, curtir, comentar, compartilhar, remixar etc.
Ainda com relação a esse campo, trata-se também de compreender as formas de persuasão do discurso
publicitário, o apelo ao consumo, as diferenças entre vender um produto e "vender" uma ideia, entre anúncio
publicitário e propaganda.

(EF69LP01) Diferenciar liberdade de expressão de discursos de ódio, posicionando-se contrariamente a esse tipo
de discurso e vislumbrando possibilidades de denúncia quando for o caso.
(EF69LP02) Analisar e comparar peças publicitárias variadas (cartazes, folhetos, outdoor, anúncios e
propagandas em diferentes mídias, spots, jingle, vídeos etc.), de forma a perceber a articulação entre elas em
campanhas, as especificidades das várias semioses e mídias, a adequação dessas peças ao público-alvo, aos
objetivos do anunciante e/ou da campanha e à construção composicional e estilo dos gêneros em questão, como
forma de ampliar suas possibilidades de compreensão (e produção) de textos pertencentes a esses gêneros.

(EF69LP03) Identificar, em notícias, o fato central, suas principais circunstâncias e eventuais decorrências; em
reportagens e fotorreportagens o fato ou a temática retratada e a perspectiva de abordagem, em entrevistas os
principais temas/subtemas abordados, explicações dadas ou teses defendidas em relação a esses subtemas; em
tirinhas, memes, charge, a crítica, ironia ou humor presente.

(EF69LP04) Identificar e analisar os efeitos de sentido que fortalecem a persuasão nos textos publicitários,
relacionando as estratégias de persuasão e apelo ao consumo com os recursos linguístico-discursivos utilizados,
como imagens, tempo verbal, jogos de palavras, figuras de linguagem etc., com vistas a fomentar práticas de
consumo conscientes.
(EF69LP05) Inferir e justificar, em textos multissemióticos - tirinhas, charges, memes, gifs etc. -, o efeito de
humor, ironia e/ou crítica pelo uso ambíguo de palavras, expressões ou imagens ambíguas, de clichês, de recursos
iconográficos, de pontuação etc.

(EF69LP06) Produzir e publicar notícias, fotodenúncias, fotorreportagens, reportagens, reportagens


multimidiáticas, infográflcos, podcasts noticiosos, entrevistas, cartas de leitor, comentários, artigos de opinião
de interesse local ou global, textos de apresentação e apreciação de produção cultural - resenhas e outros
próprios das formas de expressão das culturas juvenis, tais como vlogs e podcasts culturais, gameplay,
detonado etc.- e cartazes, anúncios, propagandas, spots,jingles de campanhas sociais, dentre outros em várias
mídias, vivenciando de forma significativa o papel de repórter, de comentador, de analista, de crítico, de editor
ou articulista, de booktuber, de vlogger (vlogueiro) etc., como forma de compreender as condições de produção
que envolvem a circulação desses textos e poder participar e vislumbrar possibilidades de participação nas
práticas de linguagem do campo jornalístico e do campo midiático de forma ética e responsável, levando-se em
consideração o contexto da Web 2.0, que amplia a possibilidade de circulação desses textos e "funde" os papéis
de leitor e autor, de consumidor e produtor.

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Língua Portuguesa 6o ao 9o Ano
(Continuação)
Língua Portuguesa 6o ao 9o Ano
(Continuação)
Língua Portuguesa 6o ao 9o Ano
(Continuação)
Língua Portuguesa 6o ao 9o Ano
(Continuação)
HABILIDADES
Essas habilidades mais gerais envolvem o domínio contextualizado de gêneros como apresentação oral,
palestra, mesa-redonda, debate, artigo de divulgação científica, artigo científico, artigo de opinião, ensaio,
reportagem de divulgação científica, texto didático, infográfico, esquemas, relatório, relato (multimidiático) de
campo, documentário, cartografia animada, podcasts e vídeos diversos de divulgação científica, que supõem
o reconhecimento de sua função social, a análise da forma como se organizam e dos recursos e elementos
linguísticos das demais semioses (ou recursos e elementos multimodais) envolvidos na tessitura de textos
pertencentes a esses gêneros.
Trata-se também de aprender, de forma significativa, na articulação com outras áreas e com os projetos e
escolhas pessoais dos jovens, procedimentos de investigação e pesquisa. Para além da leitura/escuta de textos/
produções pertencentes aos gêneros já mencionados, cabe diversificar, em cada ano e ao longo dos anos, os
gêneros/produções escolhidos para apresentar e socializar resultados de pesquisa, de forma a contemplar a
apresentação oral, gêneros mais típicos dos letramentos da letra e do impresso, gêneros multissemióticos, textos
hipermidiáticos, que suponham colaboração, próprios da cultura digital e das culturas juvenis.
(EF69LP29) Refletir sobre a relação entre os contextos de produção dos gêneros de divulgação científica - texto
didático, artigo de divulgação científica, reportagem de divulgação científica, verbete de enciclopédia (impressa
e digital), esquema, infográfico (estático e animado), relatório, relato multimidiático de campo, podcasts e
vídeos variados de divulgação científica etc. - e os aspectos relativos à construção composicional e às marcas
linguística características desses gêneros, de forma a ampliar suas possibilidades de compreensão (e produção)
de textos pertencentes a esses gêneros.
(EF69LP30) Comparar, com a ajuda do professor, conteúdos, dados e informações de diferentes fontes,
levando em conta seus contextos de produção e referências, identificando coincidências, complementaridades
e contradições, de forma a poder identificar erros/imprecisões conceituais, compreender e posicionar-se
criticamente sobre os conteúdos e informações em questão.
(EF69LP31) Utilizar pistas linguísticas - tais como "em primeiro/segundo/terceiro lugar", "por outro lado", "dito
de outro modo", isto é", "por exemplo" - para compreender a hierarquização das proposições, sintetizando o
conteúdo dos textos.
(EF69LP32) Selecionar informações e dados relevantes de fontes diversas (impressas, digitais, orais etc.),
avaliando a qualidade e a utilidade dessas fontes, e organizar, esquematicamente, com ajuda do professor, as
informações necessárias (sem excedê-las) com ou sem apoio de ferramentas digitais, em quadros, tabelas ou
gráficos.
(EF69LP33) Articular o verbal com os esquemas, infográficos, imagens variadas etc. na (re)construção dos
sentidos dos textos de divulgação científica e retextualizar do discursivo para o esquemático - infográfico,
esquema, tabela, gráfico, ilustração etc. - e, ao contrário, transformar o conteúdo das tabelas, esquemas,
infográficos, ilustrações etc. em texto discursivo, como forma de ampliar as possibilidades de compreensão
desses textos e analisar as características das multissemioses e dos gêneros em questão.
(EF69LP34) Grifar as partes essenciais do texto, tendo em vista os objetivos de leitura, produzir marginálias (ou
tomar notas em outro suporte), sínteses organizadas em itens, quadro sinóptico, quadro comparativo, esquema,
resumo ou resenha do texto lido (com ou sem comentário/análise), mapa conceituai, dependendo do que for
mais adequado, como forma de possibilitar uma maior compreensão do texto, a sistematização de conteúdos e
informações e um posicionamento frente aos textos, se esse for o caso.

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Língua Portuguesa 6o ao 9o Ano
(Continuação)
HABILIDADES

(EF69LP35) Planejar textos de divulgação científica, a partir da elaboração de esquema que considere as
pesquisas feitas anteriormente, de notas e sínteses de leituras ou de registros de experimentos ou de estudo
de campo, produzir, revisar e editar textos voltados para a divulgação do conhecimento e de dados e resultados
de pesquisas, tais como artigo de divulgação científica, artigo de opinião, reportagem científica, verbete
de enciclopédia, verbete de enciclopédia digital colaborativa , infográfico, relatório, relato de experimento
científico, relato (multimidiático) de campo, tendo em vista seus contextos de produção, que podem envolver a
disponibilização de informações e conhecimentos em circulação em um formato mais acessível para um público
específico ou a divulgação de conhecimentos advindos de pesquisas bibliográficas, experimentos científicos e
estudos de campo realizados.
(EF69LP36) Produzir, revisar e editar textos voltados para a divulgação do conhecimento e de dados e resultados
de pesquisas, tais como artigos de divulgação científica, verbete de enciclopédia, infográfico, infográfico
animado, podcast ou vlog científico, relato de experimento, relatório, relatório multimidiático de campo, dentre
outros, considerando o contexto de produção e as regularidades dos gêneros em termos de suas construções
composicionais e estilos.
(EF69LP37) Produzir roteiros para elaboração de vídeos de diferentes tipos (vlog científico, vídeo-minuto,
programa de rádio, podcasts) para divulgação de conhecimentos científicos e resultados de pesquisa, tendo em
vista seu contexto de produção, os elementos e a construção composicional dos roteiros.
(EF69LP38) Organizar os dados e informações pesquisados em painéis ou slides de apresentação, levando
em conta o contexto de produção, o tempo disponível, as características do gênero apresentação oral. a
multissemiose, as mídias e tecnologias que serão utilizadas, ensaiar a apresentação, considerando também
elementos paralinguísticos e cinésicos e proceder à exposição oral de resultados de estudos e pesquisas, no
tempo determinado, a partir do planejamento e da definição de diferentes formas de uso da fala - memorizada,
com apoio da leitura ou fala espontânea.
(EF69LP39) Definir o recorte temático da entrevista e o entrevistado, levantar informações sobre o entrevistado
e sobre o tema da entrevista, elaborar roteiro de perguntas, realizar entrevista, a partir do roteiro, abrindo
possibilidades para fazer perguntas a partir da resposta, se o contexto permitir, tomar nota, gravar ou salvar a
entrevista e usar adequadamente as informações obtidas, de acordo com os objetivos estabelecidos.

(EF69LP40) Analisar, em gravações de seminários, conferências rápidas, trechos de palestras, dentre outros, a
construção composicional dos gêneros de apresentação - abertura/saudação, introdução ao tema, apresentação
do plano de exposição, desenvolvimento dos conteúdos, por meio do encadeamento de temas e subtemas
(coesão temática), síntese final e/ou conclusão, encerramento-, os elementos paralinguísticos (tais como: tom e
volume da voz, pausas e hesitações - que, em geral, devem ser minimizadas-, modulação de voz e entonação,
ritmo, respiração etc.) e cinésicos (tais como: postura corporal, movimentos e gestualidade significativa,
expressão facial. contato de olho com plateia, modulação de voz e entonação, sincronia da fala com ferramenta de
apoio etc.), para melhor performar apresentações orais no campo da divulgação do conhecimento.
(EF69LP41) Usar adequadamente ferramentas de apoio a apresentações orais, escolhendo e usando tipos
e tamanhos de fontes que permitam boa visualização, topicalizando e/ou organizando o conteúdo em itens,
inserindo de forma adequada imagens, gráficos, tabelas, formas e elementos gráficos, dimensionando a
quantidade de texto (e imagem) por slide, usando progressivamente e de forma harmônica recursos mais
sofisticados como efeitos de transição, slides mestres, layouts personalizados etc.

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Língua Portuguesa 6o ao 9o Ano
(Continuação)
HABILIDADES

(EF69LP42) Analisar a construção composicional dos textos pertencentes a gêneros relacionados à divulgação
de conhecimentos: título, (olho), introdução, divisão do texto em subtítulos, imagens ilustrativas de conceitos,
relações, ou resultados complexos (fotos, ilustrações, esquemas, gráficos, infográficos, diagramas, figuras,
tabelas, mapas) etc., exposição, contendo definições, descrições, comparações, enumerações, exemplificações
e remissões a conceitos e relações por meio de notas de rodapé, boxes ou links; ou título, contextualização
do campo, ordenação temporal ou temática por tema ou subtema, intercalação de trechos verbais com fotos,
ilustrações, áudios, vídeos etc. e reconhecer traços da linguagem dos textos de divulgação científica, fazendo
uso consciente das estratégias de impessoalização da linguagem (ou de pessoalização, se o tipo de publicação
e objetivos assim o demandarem, como em alguns podcasts e vídeos de divulgação científica), 3 ª pessoa,
presente atemporal, recurso à citação, uso de vocabulário técnico/especializado etc., como forma de ampliar suas
capacidades de compreensão e produção de textos nesses gêneros.
(EF69LP43) Identificar e utilizar os modos de introdução de outras vozes no texto - citação literal e sua
formatação e paráfrase -, as pistas linguísticas responsáveis por introduzir no texto a posição do autor e dos
outros autores citados ("Segundo X; De acordo com Y; De minha/nossa parte, penso/amos que" ...) e os elementos
de normatização (tais como as regras de inclusão e formatação de citações e paráfrases, de organização de
referências bibliográficas) em textos científicos, desenvolvendo reflexão sobre o modo como a intertextualidade e
a retextualização ocorrem nesses textos.
A formação desse leitor-fruidor exige o desenvolvimento de habilidades, a vivência de experiências significativas
e aprendizagens que, por um lado, permitam a compreensão dos modos de produção, circulação e recepção das
obras e produções culturais e o desvelamento dos interesses e dos conflitos que permeiam suas condições de
produção e, por outro lado, garantam a análise dos recursos linguísticos e semióticos necessária à elaboração da
experiência estética pretendida.
Aqui também a diversidade deve orientar a organização/progressão curricular: diferentes gêneros, estilos, autores
e autoras - contemporâneos, de outras épocas, regionais, nacionais, portugueses, africanos e de outros países
- devem ser contemplados; o cânone, a literatura universal, a literatura juvenil, a tradição oral, o multissemiótico,
a cultura digital e as culturas juvenis, dentre outras diversidades, devem ser consideradas, ainda que deva haver
um privilégio do letramento da letra.
Compete ainda a este campo o desenvolvimento das práticas orais, tanto aquelas relacionadas à produção de
textos em gêneros literários e artísticos diversos quanto as que se prestam à apreciação e ao compartilhamento
e envolvam a seleção do que ler/ouvir/assistir e o exercício da indicação, da crítica, da recriação e do diálogo, por
meio de diferentes práticas e gêneros, que devem ser explorados ao longo dos anos.

(EF69LP44) Inferir a presença de valores sociais, culturais e humanos e de diferentes visões de mundo, em textos
literários, reconhecendo nesses textos formas de estabelecer múltiplos olhares sobre as identidades, sociedades
e culturas e considerando a autoria e o contexto social e histórico de sua produção.
(EF69LP45) Posicionar-se criticamente em relação a textos pertencentes a gêneros como quarta-capa, programa
(de teatro, dança, exposição etc.), sinopse, resenha crítica, comentário em blog/v/og cultural etc., para selecionar
obras literárias e outras manifestações artísticas (cinema, teatro, exposições, espetáculos, CD's, DVD's etc.),
diferenciando as sequências descritivas e avaliativas e reconhecendo-os como gêneros que apoiam a escolha do
livro ou produção cultural e consultando-os no momento de fazer escolhas, quando for o caso.

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Língua Portuguesa 6o ao 9o Ano
(Continuação)
HABILIDADES

(EF69LP46) Participar de práticas de compartilhamento de leitura/recepção de obras literárias/ manifestações


artísticas, como rodas de leitura, clubes de leitura, eventos de contação de histórias, de leituras dramáticas, de
apresentações teatrais, musicais e de filmes, cineclubes, festivais de vídeo, saraus, s/ams, canais de booktubers,
redes sociais temáticas (de leitores, de cinéfilos, de música etc.), dentre outros, tecendo, quando possível,
comentários de ordem estética e afetiva e justificando suas apreciações, escrevendo comentários e resenhas para
jornais, b/ogs e redes sociais e utilizando formas de expressão das culturas juvenis, tais como, v/ogs e podcasts
culturais {literatura, cinema, teatro, música), p/ay/ists comentadas, fanfics, fanzines, e-zines, fanvídeos, fanclipes,
posts em fanpages, trailer honesto, vídeo-minuto, dentre outras possibilidades de práticas de apreciação e de
manifestação da cultura de fãs.
{EF69LP47) Analisar, em textos narrativos ficcionais, as diferentes formas de composição próprias de cada
gênero, os recursos coesivos que constroem a passagem do tempo e articulam suas partes, a escolha lexical
típica de cada gênero para a caracterização dos cenários e dos personagens e os efeitos de sentido decorrentes
dos tempos verbais, dos tipos de discurso, dos verbos de enunciação e das variedades linguísticas (no discurso
direto, se houver) empregados, identificando o enredo e o foco narrativo e percebendo como se estrutura a
narrativa nos diferentes gêneros e os efeitos de sentido decorrentes do foco narrativo típico de cada gênero, da
caracterização dos espaços físico e psicológico e dos tempos cronológico e psicológico, das diferentes vozes
no texto (do narrador, de personagens em discurso direto e indireto), do uso de pontuação expressiva, palavras
e expressões conotativas e processos figurativos e do uso de recursos linguístico-gramaticais próprios a cada
gênero narrativo.
{EF69LP48) Interpretar, em poemas, efeitos produzidos pelo uso de recursos expressivos sonoros (estrofação,
rimas, aliterações etc), semânticos (figuras de linguagem, por exemplo), gráfico- espacial {distribuição da mancha
gráfica no papel), imagens e sua relação com o texto verbal.
{EF69LP49) Mostrar-se interessado e envolvido pela leitura de livros de literatura e por outras produções
culturais do campo e receptivo a textos que rompam com seu universo de expectativas, que representem um
desafio em relação às suas possibilidades atuais e suas experiências anteriores de leitura, apoiando-se nas
marcas linguísticas, em seu conhecimento sobre os gêneros e a temática e nas orientações dadas pelo professor.
{EF69LP50) Elaborar texto teatral, a partir da adaptação de romances, contos, mitos, narrativas de enigma e de
aventura, novelas, biografias romanceadas, crônicas, dentre outros, indicando as rubricas para caracterização
do cenário, do espaço, do tempo; explicitando a caracterização física e psicológica dos personagens e dos seus
modos de ação; reconfigurando a inserção do discurso direto e dos tipos de narrador; explicitando as marcas de
variação linguística {dialetos, registros e jargões) e retextualizando o tratamento da temática.
{EF69LP51) Engajar-se ativamente nos processos de planejamento, textualização, revisão/ edição e reescrita,
tendo em vista as restrições temáticas, composicionais e estilísticas dos textos pretendidos e as configurações
da situação de produção - o leitor pretendido, o suporte, o contexto de circulação do texto, as finalidades etc. -
e considerando a imaginação, a estesia e a verossimilhança próprias ao texto literário.
{EF69LP52) Representar cenas ou textos dramáticos, considerando, na caracterização dos personagens, os
aspectos linguísticos e paralinguísticos das falas (timbre e tom de voz, pausas e hesitações, entonação e
expressividade, variedades e registros linguísticos), os gestos e os deslocamentos no espaço cênico, o figurino e
a maquiagem e elaborando as rubricas indicadas pelo autor por meio do cenário, da trilha sonora e da exploração
dos modos de interpretação.

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Língua Portuguesa 6o ao 9o Ano
(Continuação)
HABILIDADES

(EF69LP53) Ler em voz alta textos literários diversos - como contos de amor, de humor, de suspense, de terror;
crônicas líricas, humorísticas, críticas; bem como leituras orais capituladas (compartilhadas ou não com o
professor) de livros de maior extensão, como romances, narrativas de enigma, narrativas de aventura, literatura
infanta-juvenil, - contar/recontar histórias tanto da tradição oral (causas, contos de esperteza, contos de
animais, contos de amor, contos de encantamento, piadas, dentre outros) quanto da tradição literária escrita,
expressando a compreensão e interpretação do texto por meio de uma leitura ou fala expressiva e fluente, que
respeite o ritmo, as pausas, as hesitações, a entonação indicados tanto pela pontuação quanto por outros
recursos gráfico--editoriais, como negritos, itálicos, caixa-alta, ilustrações etc., gravando essa leitura ou esse
conto/reconto, seja para análise posterior, seja para produção de audiobooks de textos literários diversos ou de
podcasts de leituras dramáticas com ou sem efeitos especiais e ler e/ou declamar poemas diversos, tanto de
forma livre quanto de forma fixa (como quadras, sonetos, liras, haicais etc.), empregando os recursos linguísticos,
paralinguísticos e cinésicos necessários aos efeitos de sentido pretendidos, como o ritmo e a entonação, o
emprego de pausas e prolongamentos, o tom e o timbre vocais, bem como eventuais recursos de gestualidade e
pantomima que convenham ao gênero poético e à situação de compartilhamento em questão.
(EF69LP54) Analisar os efeitos de sentido decorrentes da interação entre os elementos linguísticos e os
recursos paralinguísticos e cinésicos, como as variações no ritmo, as modulações no tom de voz, as pausas,
as manipulações do estrato sonoro da linguagem, obtidos por meio da estrofação, das rimas e de figuras
de linguagem como as aliterações, as assonâncias, as onomatopeias, dentre outras, a postura corporal e
a gestualidade, na declamação de poemas, apresentações musicais e teatrais, tanto em gêneros em prosa
quanto nos gêneros poéticos, os efeitos de sentido decorrentes do emprego de figuras de linguagem, tais como
comparação, metáfora, personificação, metonímia, hipérbole, eufemismo, ironia, paradoxo e antítese e os efeitos
de sentido decorrentes do emprego de palavras e expressões denotativas e conotativas (adjetivos, locuções
adjetivas, orações subordinadas adjetivas etc.), que funcionam como modificadores, percebendo sua função na
caracterização dos espaços, tempos, personagens e ações próprios de cada gênero narrativo.

(EF69LP55) Reconhecer as variedades da língua falada, o conceito de norma-padrão e o de preconceito


linguístico.
(EF69LP56) Fazer uso consciente e reflexivo de regras e normas da norma-padrão em situações de fala e escrita
nas quais ela deve ser usada.

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Língua Portuguesa 6o e 7o anos
HABILIDADES
6º ano 7º ano

(EF0GLP0l) Reconhecer a impossibilidade de uma (EF07LP01) Distinguir diferentes propostas editoriais


neutralidade absoluta no relato de fatos e identificar - sensacionalismo, jornalismo investigativo etc.
diferentes graus de parcialidade/ imparcialidade -, de forma a identificar os recursos utilizados para
dados pelo recorte feito e pelos efeitos de sentido impactar/chocar o leitor que podem comprometer uma
advindos de escolhas feitas pelo autor, de forma a análise crítica da notícia e do fato noticiado.
poder desenvolver uma atitude crítica frente aos textos
jornalísticos e tornar-se consciente das escolhas feitas
enquanto produtor de textos.
(EF06LP02) Estabelecer relação entre os diferentes (EF07LP02) Comparar notícias e reportagens sobre
gêneros jornalísticos, compreendendo a centralidade um mesmo fato divulgadas em diferentes mídias,
da notícia. analisando as especificidades das mídias, os processos
de (re)elaboração dos textos e a convergência das
mídias em notícias ou reportagens multissemióticas.
(EF67LP01) Analisar a estrutura e funcionamento dos hiperlinks em textos noticiosos publicados na Web e
vislumbrar possibilidades de uma escrita hipertextual.
(EF67LP02) Explorar o espaço reservado ao leitor nos jornais, revistas, impressos e on-line, sites noticiosos etc.,
destacando notícias, fotorreportagens, entrevistas, charges, assuntos, temas, debates em foco, posicionando-
se de maneira ética e respeitosa frente a esses textos e opiniões a eles relacionadas, e publicar notícias, notas
jornalísticas, fotorreportagem de interesse geral nesses espaços do leitor.
(EF67LP03) Comparar informações sobre um mesmo fato divulgadas em diferentes veículos e mídias,
analisando e avaliando a confiabilidade.
(EF67LP04) Distinguir, em segmentos descontínuos de textos, fato da opinião enunciada em relação a esse
mesmo fato.
(EF67LP05) Identificar e avaliar teses/opiniões/posicionamentos explícitos e argumentos em textos
argumentativos (carta de leitor, comentário, artigo de opinião, resenha crítica etc.), manifestando concordância ou
discordância.
(EF67LP06) Identificar os efeitos de sentido provocados pela seleção lexical, topicalização de elementos e
seleção e hierarquização de informações, uso de 3 ª pessoa etc.
(EF67LP07) Identificar o uso de recursos persuasivos em textos argumentativos diversos (como a elaboração
do título, escolhas lexicais, construções metafóricas, a explicitação ou a ocultação de fontes de informação) e
perceber seus efeitos de sentido.
(EF67LP08) Identificar os efeitos de sentido devidos à escolha de imagens estáticas, sequenciação ou
sobreposição de imagens, definição de figura/fundo, ângulo, profundidade e foco, cores/tonalidades, relação com
o escrito (relações de reiteração, complementação ou oposição) etc. em notícias, reportagens, fotorreportagens,
foto-denúncias, memes, gifs, anúncios publicitários e propagandas publicados em jornais, revistas, sites na
internet etc.

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Língua Portuguesa 6o e 7o anos
(Continuação)
Língua Portuguesa 6o e 7o anos
(Continuação)
HABILIDADES
6° ano

(EF67LP15) Identificar a proibição imposta ou o direito garantido, bem como as circunstâncias de sua aplicação, em
artigos relativos a normas, regimentos escolares, regimentos e estatutos da sociedade civil, regulamentações para o
mercado publicitário, Código de Defesa do Consumidor, Código Nacional de Trânsito, ECA, Constituição, dentre outros.
(EF67LP16) Explorar e analisar espaços de reclamação de direitos e de envio de solicitações (tais como
ouvidorias, SAC, canais ligados a órgãos públicos, plataformas do consumidor, plataformas de reclamação),
bem como de textos pertencentes a gêneros que circulam nesses espaços, reclamação ou carta de reclamação,
solicitação ou carta de solicitação, como forma de ampliar as possibilidades de produção desses textos em
casos que remetam a reivindicações que envolvam a escola, a comunidade ou algum de seus membros como
forma de se engajar na busca de solução de problemas pessoais, dos outros e coletivos.
(EF67LP17) Analisar, a partir do contexto de produção, a forma de organização das cartas de solicitação
e de reclamação (datação, forma de início, apresentação contextualizada do pedido ou da reclamação, em
geral, acompanhada de explicações, argumentos e/ou relatos do problema, fórmula de finalização mais ou
menos cordata, dependendo do tipo de carta e subscrição) e algumas das marcas linguísticas relacionadas à
argumentação, explicação ou relato de fatos, como forma de possibilitar a escrita fundamentada de cartas como
essas ou de postagens em canais próprios de reclamações e solicitações em situações que envolvam questões
relativas à escola, à comunidade ou a algum dos seus membros.
(EF67LP18) Identificar o objeto da reclamação e/ou da solicitação e sua sustentação, explicação ou justificativa,
de forma a poder analisar a pertinência da solicitação ou justificação.
(EF67LP19) Realizar levantamento de questões, problemas que requeiram a denúncia de desrespeito a direitos,
reivindicações, reclamações, solicitações que contemplem a comunidade escolar ou algum de seus membros e
examinar normas e legislações.

(EF67LP20) Realizar pesquisa, a partir de recortes e questões definidos previamente, usando fontes indicadas e
abertas.
(EF67LP21) Divulgar resultados de pesquisas por meio de apresentações orais, painéis, artigos de divulgação
científica, verbetes de enciclopédia, podcasts científicos etc.
(EF67LP22) Produzir resumos, a partir das notas e/ou esquemas feitos, com o uso adequado de paráfrases e citações.
(EF67LP23) Respeitar os turnos de fala, na participação em conversações e em discussões ou atividades
coletivas, na sala de aula e na escola e formular perguntas coerentes e adequadas em momentos oportunos em
situações de aulas, apresentação oral, seminário etc.
(EF67LP24) Tomar nota de aulas, apresentações orais, entrevistas (ao vivo, áudio, TV, vídeo), identificando e
hierarquizando as informações principais, tendo em vista apoiar o estudo e a produção de sínteses e reflexões
pessoais ou outros objetivos em questão.
(EF67LP25) Reconhecer e utilizar os critérios de organização tópica (do geral para o específico, do específico
para o geral etc.), as marcas linguísticas dessa organização (marcadores de ordenação e enumeração, de
explicação, definição e exemplificação, por exemplo) e os mecanismos de paráfrase, de maneira a organizar mais
adequadamente a coesão e a progressão temática de seus textos.
(EF67LP26) Reconhecer a estrutura de hipertexto em textos de divulgação científica e proceder à remissão a
conceitos e relações por meio de notas de rodapés ou boxes.

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Língua Portuguesa 6o e 7o anos
(Continuação)
HABILIDADES
6º ano 7º ano

(EF67LP27) Analisar, entre os textos literários e entre estes e outras manifestações artísticas (como cinema,
teatro, música, artes visuais e midiáticas), referências explícitas ou implícitas a outros textos, quanto aos temas,
personagens e recursos literários e semióticos
(EF67LP28) Ler, de forma autônoma, e compreender - selecionando procedimentos e estratégias de leitura
adequados a diferentes objetivos e levando em conta características dos gêneros e suportes -, romances
infanta-juvenis, contos populares, contos de terror, lendas brasileiras, indígenas e africanas, narrativas de
aventuras, narrativas de enigma, mitos, crônicas, autobiografias, histórias em quadrinhos, mangás, poemas de
forma livre e fixa (como sonetos e cordéis), vídeo-poemas, poemas visuais, dentre outros, expressando avaliação
sobre o texto lido e estabelecendo preferências por gêneros, temas, autores.
(EF67LP29) Identificar, em texto dramático, personagem, ato, cena, fala e indicações cênicas e a organização do
texto: enredo, conflitos, ideias principais, pontos de vista, universos de referência.

(EF67LP30) Criar narrativas ficcionais, tais como contos populares, contos de suspense, mistério, terror, humor,
narrativas de enigma, crônicas, histórias em quadrinhos, dentre outros, que utilizem cenários e personagens
realistas ou de fantasia, observando os elementos da estrutura narrativa próprios ao gênero pretendido, tais
como enredo, personagens, tempo, espaço e narrador, utilizando tempos verbais adequados à narração de fatos
passados, empregando conhecimentos sobre diferentes modos de se iniciar uma história e de inserir os discursos
direto e indireto.
(EF67LP31) Criar poemas compostos por versos livres e de forma fixa (como quadras e sonetos), utilizando
recursos visuais, semânticos e sonoros, tais como cadências, ritmos e rimas, e poemas visuais e vídeo-poemas,
explorando as relações entre imagem e texto verbal, a distribuição da mancha gráfica (poema visual) e outros
recursos visuais e sonoros.

(EF67LP32) Escrever palavras com correção ortográfica, obedecendo as convenções da língua escrita.
(EF67LP33) Pontuar textos adequadamente.
(EF06LP03) Analisar diferenças de sentido entre (EF07LP03) Formar, com base em palavras primitivas,
palavras de uma série sinonímica. palavras derivadas com os prefixos e sufixos mais
produtivos no português.
(EF67LP34) Formar antônimos com acréscimo de prefixos que expressam noção de negação.
(EF67LP35) Distinguir palavras derivadas por acréscimo de afixos e palavras compostas.
(EF06LP04) Analisar a função e as flexões de (EF07LP04) Reconhecer, em textos, o verbo como o
substantivos e adjetivos e de verbos nos modos núcleo das orações.
Indicativo, Subjuntivo e Imperativo: afirmativo e
negativo.
(EF0GLP0S) Identificar os efeitos de sentido dos modos (EF07LP05) Identificar, em orações de textos lidos ou
verbais, considerando o gênero textual e a intenção de produção própria, verbos de predicação completa e
comunicativa. incompleta: intransitivos e transitivos.

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Língua Portuguesa 6o e 7o anos
(Continuação)
HABILIDADES
6º ano 7º ano

(EF06LP06) Empregar, adequadamente, as regras de (EF07LP06) Empregar as regras básicas de


concordância nominal (relações entre os substantivos e concordância nominal e verbal em situações
seus determinantes) e as regras de concordância verbal comunicativas e na produção de textos.
(relações entre o verbo e o sujeito simples e composto).
(EF07LP07) Identificar, em textos lidos ou de produção
própria, a estrutura básica da oração: sujeito, predicado,
complemento (objetos direto e indireto).
(EF07LP08) Identificar, em textos lidos ou de produção
própria, adjetivos que ampliam o sentido do substantivo
sujeito ou complemento verbal.
(EF07LP09) Identificar, em textos lidos ou de produção
própria, advérbios e locuções adverbiais que ampliam o
sentido do verbo núcleo da oração.
(EF06LP07) Identificar, em textos, períodos compostos
por orações separadas por vírgula sem a utilização de
conectivos, nomeando-os como períodos compostos
por coordenação.
(EF06LP08) Identificar, em texto ou sequência textual, (EF07LP1 O) Utilizar, ao produzir texto, conhecimentos
orações como unidades constituídas em torno de um linguísticos e gramaticais: modos e tempos verbais,
núcleo verbal e períodos como conjunto de orações concordância nominal e verbal, pontuação etc.
conectadas.
(EF06LP09) Classificar, em texto ou sequência textual, (EF07LP11) Identificar, em textos lidos ou de produção
os períodos simples compostos. própria, períodos compostos nos quais duas orações
são conectadas por vírgula, ou por conjunções que
expressem soma de sentido (conjunção "e") ou
oposição de sentidos (conjunções "mas", "porém").
(EF06LP1 O) Identificar sintagmas nominais e verbais
como constituintes imediatos da oração.
(EF06LP11) Utilizar, ao produzir texto, conhecimentos
linguísticos e gramaticais: tempos verbais,
concordância nominal e verbal, regras ortográficas,
pontuação etc.
(EF06LP12) Utilizar, ao produzir texto, recursos de (EF07LP12) Reconhecer recursos de coesão referencial:
coesão referencial (nome e pronomes), recursos substituições lexicais (de substantivos por sinônimos)
semânticos de sinonímia, antonímia e homonímia e ou pronominais (uso de pronomes anafóricos -
mecanismos de representação de diferentes vozes pessoais, possessivos, demonstrativos).
(discurso direto e indireto).
(EF67LP36) Utilizar, ao produzir texto, recursos de coesão referencial (léxica e pronominal) e sequencial e outros
recursos expressivos adequados ao gênero textual.

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Língua Portuguesa 6o e 7o anos
(Continuação)
HABILIDADES
6º ano 7º ano

{EF07LP13) Estabelecer relações entre partes do texto,


identificando substituições lexicais (de substantivos
por sinônimos) ou pronominais (uso de pronomes
anafóricos - pessoais, possessivos, demonstrativos),
que contribuem para a continuidade do texto.
(EF67LP37) Analisar, em diferentes textos, os efeitos de sentido decorrentes do uso de recursos linguístico­
discursivos de prescrição, causalidade, sequências descritivas e expositivas e ordenação de eventos.
(EF07LP14) Identificar, em textos, os efeitos de
sentido do uso de estratégias de modalização e
argumentatividade.
(EF67LP38) Analisar os efeitos de sentido do uso de figuras de linguagem, como comparação, metáfora,
metonímia, personificação, hipérbole, dentre outras.

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Língua Portuguesa 8o e 9o anos
HABILIDADES
Sº ano 9º ano

(EF89LP01) Analisar os interesses que movem o campo jornalístico, os efeitos das novas tecnologias no campo e
as condições que fazem da informação uma mercadoria, de forma a poder desenvolver uma atitude crítica frente
aos textos jornalísticos.
(EF0BLP0l) Identificar e comparar as várias editarias (EF09LP01) Analisar o fenômeno da disseminação
de jornais impressos e digitais e de sites noticiosos, de notícias falsas nas redes sociais e desenvolver
de forma a refletir sobre os tipos de fato que são estratégias para reconhecê-las, a partir da verificação/
noticiados e comentados, as escolhas sobre o que avaliação do veículo, fonte, data e local da publicação,
noticiar e o que não noticiar e o destaque/enfoque dado autoria, URL, da análise da formatação, da comparação
e a fidedignidade da informação. de diferentes fontes, da consulta a sites de curadoria que
atestam a fidedignidade do relato dos fatos e denunciam
boatos etc.
(EF89LP02) Analisar diferentes práticas (curtir, compartilhar, comentar, curar etc.) e textos pertencentes a
diferentes gêneros da cultura digital (meme, gif, comentário, charge digital etc.) envolvidos no trato com a
informação e opinião, de forma a possibilitar uma presença mais crítica e ética nas redes.
(EF89LP03) Analisar textos de opinião (artigos de opinião, editoriais, cartas de leitores, comentários, posts de blog
e de redes sociais, charges, memes, gifs etc.) e posicionar-se de forma crítica e fundamentada, ética e respeitosa
frente a fatos e opiniões relacionados a esses textos.
(EF08LP02) Justificar diferenças ou semelhanças no (EF09LP02) Analisar e comentar a cobertura da
tratamento dado a uma mesma informação veiculada imprensa sobre fatos de relevância social, comparando
em textos diferentes, consultando sites e serviços de diferentes enfoques por meio do uso de ferramentas de
checadores de fatos. curadoria.
(EF89LP04) Identificar e avaliar teses/opiniões/posicionamentos explícitos e implícitos, argumentos e contra­
argumentos em textos argumentativos do campo (carta de leitor, comentário, artigo de opinião, resenha crítica
etc.), posicionando-se frente à questão controversa de forma sustentada.
(EF89LP05) Analisar o efeito de sentido produzido pelo uso, em textos, de recurso a formas de apropriação textual
(paráfrases, citações, discurso direto, indireto ou indireto livre).
(EF89LP06) Analisar o uso de recursos persuasivos em textos argumentativos diversos (como a elaboração do
título, escolhas lexicais, construções metafóricas, a explicitação ou a ocultação de fontes de informação) e seus
efeitos de sentido.
(EF89LP07) Analisar, em notícias, reportagens e peças publicitárias em várias mídias, os efeitos de sentido
devidos ao tratamento e à composição dos elementos nas imagens em movimento, à performance, à montagem
feita (ritmo, duração e sincronização entre as linguagens - complementaridades, interferências etc.) e ao ritmo,
melodia, instrumentos e sampleamentos das músicas e efeitos sonoros.
(EF89LP08) Planejar reportagem impressa e em outras mídias (rádio ou TV/vídeo, sites), tendo em vista as
condições de produção do texto - objetivo, leitores/espectadores, veículos e mídia de circulação etc. - a
partir da escolha do fato a ser aprofundado ou do tema a ser focado (de relevância para a turma, escola ou
comunidade), do levantamento de dados e informações sobre o fato ou tema - que pode envolver entrevistas
com envolvidos ou com especialistas, consultas a fontes diversas, análise de documentos, cobertura de eventos
etc. -, do registro dessas informações e dados, da escolha de fotos ou imagens a produzir ou a utilizar etc., da
produção de infográficos, quando for o caso, e da organização hipertextual (no caso a publicação em sites ou
blogs noticiosos ou mesmo de jornais impressos, por meio de boxes variados).

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Língua Portuguesa 8o e 9o anos
(Continuação)
HABILIDADES
Sº ano 9º ano

(EF89LP09) Produzir reportagem impressa, com título, linha fina (optativa), organização composicional
(expositiva, interpretativa e/ou opinativa), progressão temática e uso de recursos linguísticos compatíveis com
as escolhas feitas e reportagens multimidiáticas, tendo em vista as condições de produção, as características
do gênero, os recursos e mídias disponíveis, sua organização hipertextual e o manejo adequado de recursos de
captação e edição de áudio e imagem e adequação à norma-padrão.
(EF89LP1 O) Planejar artigos de opinião, tendo em vista as condições de produção do texto - objetivo, leitores/
espectadores, veículos e mídia de circulação etc. -, a partir da escolha do tema ou questão a ser discutido(a), da
relevância para a turma, escola ou comunidade, do levantamento de dados e informações sobre a questão, de
argumentos relacionados a diferentes posicionamentos em jogo, da definição - o que pode envolver consultas
a fontes diversas, entrevistas com especialistas, análise de textos, organização esquemática das informações e
argumentos - dos (tipos de) argumentos e estratégias que pretende utilizar para convencer os leitores.
(EF08LP03) Produzir artigos de opinião, tendo em vista (EF09LP03) Produzir artigos de opinião, tendo em vista
o contexto de produção dado, a defesa de um ponto o contexto de produção dado, assumindo posição
de vista, utilizando argumentos e contra-argumentos diante de tema polêmico, argumentando de acordo
e articuladores de coesão que marquem relações de com a estrutura própria desse tipo de texto e utilizando
oposição, contraste, exemplificação, ênfase. diferentes tipos de argumentos - de autoridade,
comprovação, exemplificação princípio etc.
(EF89LP11) Produzir, revisar e editar peças e campanhas publicitárias, envolvendo o uso articulado e
complementar de diferentes peças publicitárias: cartaz, banner, indoor, folheto, panfleto, anúncio de jornal/revista,
para internet, spot, propaganda de rádio, TV, a partir da escolha da questão/problema/causa significativa para a
escola e/ou a comunidade escolar, da definição do público-alvo, das peças que serão produzidas, das estratégias
de persuasão e convencimento que serão utilizadas.
(EF89LP12) Planejar coletivamente a realização de um debate sobre tema previamente definido, de interesse
coletivo, com regras acordadas e planejar, em grupo, participação em debate a partir do levantamento de
informações e argumentos que possam sustentar o posicionamento a ser defendido (o que pode envolver
entrevistas com especialistas, consultas a fontes diversas, o registro das informações e dados obtidos etc.), tendo
em vista as condições de produção do debate - perfil dos ouvintes e demais participantes, objetivos do debate,
motivações para sua realização, argumentos e estratégias de convencimento mais eficazes etc. e participar de
debates regrados, na condição de membro de uma equipe de debatedor, apresentador/mediador, espectador (com
ou sem direito a perguntas), e/ou de juiz/avaliador, como forma de compreender o funcionamento do debate, e
poder participar de forma convincente, ética, respeitosa e crítica e desenvolver uma atitude de respeito e diálogo
para com as ideias divergentes.
(EF89LP13) Planejar entrevistas orais com pessoas ligadas ao fato noticiado, especialistas etc., como forma
de obter dados e informações sobre os fatos cobertos sobre o tema ou questão discutida ou temáticas em
estudo, levando em conta o gênero e seu contexto de produção, partindo do levantamento de informações
sobre o entrevistado e sobre a temática e da elaboração de um roteiro de perguntas, garantindo a relevância das
informações mantidas e a continuidade temática, realizar entrevista e fazer edição em áudio ou vídeo, incluindo
uma contextualização inicial e uma fala de encerramento para publicação da entrevista isoladamente ou como
parte integrante de reportagem multimidiática, adequando-a a seu contexto de publicação e garantindo a
relevância das informações mantidas e a continuidade temática.

(s3

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Língua Portuguesa 8o e 9o anos
(Continuação)
HABILIDADES
Sº ano 9º ano

(EF89LP14) Analisar, em textos argumentativos e propositivos, os movimentos argumentativos de sustentação,


refutação e negociação e os tipos de argumentos, avaliando a força/tipo dos argumentos utilizados.
(EF89LP15) Utilizar, nos debates, operadores argumentativos que marcam a defesa de ideia e de diálogo
com a tese do outro: concordo, discordo, concordo parcialmente, do meu ponto de vista, na perspectiva aqui
assumida etc.
(EF89LP16) Analisar a modalização realizada em textos noticiosos e argumentativos, por meio das modalidades
apreciativas, viabilizadas por classes e estruturas gramaticais como adjetivos, locuções adjetivas, advérbios,
locuções adverbiais, orações adjetivas e adverbiais, orações relativas restritivas e explicativas etc., de maneira a
perceber a apreciação ideológica sobre os fatos noticiados ou as posições implícitas ou assumidas.

(EF89LP17) Relacionar textos e documentos legais e normativos de importância universal, nacional ou local
que envolvam direitos, em especial, de crianças, adolescentes e jovens - tais como a Declaração dos Direitos
Humanos, a Constituição Brasileira, o ECA -, e a regulamentação da organização escolar - por exemplo,
regimento escolar -, a seus contextos de produção, reconhecendo e analisando possíveis motivações,
finalidades e sua vinculação com experiências humanas e fatos históricos e sociais, como forma de ampliar a
compreensão dos direitos e deveres, de fomentar os princípios democráticos e uma atuação pautada pela ética da
responsabilidade (o outro tem direito a uma vida digna tanto quanto eu tenho).
(EF89LP18) Explorar e analisar instâncias e canais de participação disponíveis na escola (conselho de escola,
outros colegiados, grêmio livre), na comunidade (associações, coletivos, movimentos, etc.), no munícipio ou
no país, incluindo formas de participação digital, como canais e plataformas de participação (como portal
e-cidadania), serviços, portais e ferramentas de acompanhamentos do trabalho de políticos e de tramitação de
leis, canais de educação política, bem como de propostas e proposições que circulam nesses canais, de forma
a participar do debate de ideias e propostas na esfera social e a engajar-se com a busca de soluções para
problemas ou questões que envolvam a vida da escola e da comunidade.
(EF89LP19) Analisar, a partir do contexto de produção, a forma de organização das cartas abertas, abaixo­
assinados e petições on-line (identificação dos signatários, explicitação da reivindicação feita, acompanhada ou
não de uma breve apresentação da problemática e/ou de justificativas que visam sustentar a reivindicação) e a
proposição, discussão e aprovação de propostas políticas ou de soluções para problemas de interesse público,
apresentadas ou lidas nos canais digitais de participação, identificando suas marcas linguísticas, como forma de
possibilitar a escrita ou subscrição consciente de abaixo-assinados e textos dessa natureza e poder se posicionar
de forma crítica e fundamentada frente às propostas
(EF89LP20) Comparar propostas políticas e de solução de problemas, identificando o que se pretende fazer/
implementar, por que (motivações, justificativas), para que (objetivos, benefícios e consequências esperados),
como (ações e passos), quando etc. e a forma de avaliar a eficácia da proposta/solução, contrastando dados e
informações de diferentes fontes, identificando coincidências, complementaridades e contradições, de forma a
poder compreender e posicionar-se criticamente sobre os dados e informações usados em fundamentação de
propostas e analisar a coerência entre os elementos, de forma a tomar decisões fundamentadas.

(ss

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Língua Portuguesa 8o e 9o anos
(Continuação)
HABILIDADES
Sº ano 9º ano

(EF89LP21) Realizar enquetes e pesquisas de opinião, de forma a levantar prioridades, problemas a resolver ou
propostas que possam contribuir para melhoria da escola ou da comunidade, caracterizar demanda/necessidade,
documentando-a de diferentes maneiras por meio de diferentes procedimentos, gêneros e mídias e, quando for
o caso, selecionar informações e dados relevantes de fontes pertinentes diversas (sites, impressos, vídeos etc.),
avaliando a qualidade e a utilidade dessas fontes, que possam servir de contextualização e fundamentação de
propostas, de forma a justificar a proposição de propostas, projetos culturais e ações de intervenção.
(EF89LP22) Compreender e comparar as diferentes posições e interesses em jogo em uma discussão ou
apresentação de propostas, avaliando a validade e força dos argumentos e as consequências do que está sendo
proposto e, quando for o caso, formular e negociar propostas de diferentes naturezas relativas a interesses
coletivos envolvendo a escola ou comunidade escolar.
(EF89LP23) Analisar, em textos argumentativos, reivindicatórios e propositivos, os movimentos argumentativos
utilizados (sustentação, refutação e negociação), avaliando a força dos argumentos utilizados.
(EF89LP24) Realizar pesquisa, estabelecendo o recorte das questões, usando fontes abertas e confiáveis.
(EF89LP25) Divulgar o resultado de pesquisas por meio de apresentações orais, verbetes de enciclopédias
colaborativas, reportagens de divulgação científica, v/ogs científicos, vídeos de diferentes tipos etc.
(EF89LP26) Produzir resenhas, a partir das notas e/ou esquemas feitos, com o manejo adequado das vozes
envolvidas (do resenhador, do autor da obra e, se for o caso, também dos autores citados na obra resenhada),
por meio do uso de paráfrases, marcas do discurso reportado e citações.
(EF89LP27) Tecer considerações e formular problematizações pertinentes, em momentos oportunos, em
situações de aulas, apresentação oral, seminário etc.
(EF89LP28) Tomar nota de videoaulas, aulas digitais, apresentações multimídias, vídeos de divulgação científica,
documentários e afins, identificando, em função dos objetivos, informações principais para apoio ao estudo e
realizando, quando necessário, uma síntese final que destaque e reorganize os pontos ou conceitos centrais
e suas relações e que, em alguns casos, seja acompanhada de reflexões pessoais, que podem conter dúvidas,
questionamentos, considerações etc.
(EF89LP29) Utilizar e perceber mecanismos de progressão temática, tais como retomadas anafóricas ("que,
cujo, onde", pronomes do caso reto e oblíquos, pronomes demonstrativos, nomes correferentes etc.), catáforas
(remetendo para adiante ao invés de retomar o já dito), uso de organizadores textuais, de coesivos etc., e analisar
os mecanismos de reformulação e paráfrase utilizados nos textos de divulgação do conhecimento.
(EF89LP30) Analisar a estrutura de hipertexto e hiperlinks em textos de divulgação científica que circulam na Web
e proceder à remissão a conceitos e relações por meio de links.
(EF89LP31) Analisar e utilizar modalização epistêmica, isto é, modos de indicar uma avaliação sobre o valor de
verdade e as condições de verdade de uma proposição, tais como os asseverativos - quando se concorda com
("realmente, evidentemente, naturalmente, efetivamente, claro, certo, lógico, sem dúvida" etc.) ou discorda de {"de
jeito nenhum, de forma alguma") uma ideia; e os quase-asseverativos, que indicam que se considera o conteúdo
como quase certo ("talvez, assim, possivelmente, provavelmente, eventualmente").

(s1

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Língua Portuguesa 8o e 9o anos
(Continuação)
HABILIDADES
Sº ano 9º ano

(EF89LP32) Analisar os efeitos de sentido decorrentes do uso de mecanismos de intertextualidade (referências,


alusões, retomadas) entre os textos literários, entre esses textos literários e outras manifestações artísticas
(cinema, teatro, artes visuais e midiáticas, música), quanto aos temas, personagens, estilos, autores etc., e entre o
texto original e paródias, paráfrases, pastiches, trailer honesto, vídeos-minuto, vidding, dentre outros.
(EF89LP33) Ler, de forma autônoma, e compreender - selecionando procedimentos e estratégias de leitura
adequados a diferentes objetivos e levando em conta características dos gêneros e suportes - romances, contos
contemporâneos, minicontos, fábulas contemporâneas, romances juvenis, biografias romanceadas, novelas,
crônicas visuais, narrativas de ficção científica, narrativas de suspense, poemas de forma livre e fixa (como
haicai), poema concreto, ciberpoema, dentre outros, expressando avaliação sobre o texto lido e estabelecendo
preferências por gêneros, temas, autores.
(EF89LP34) Analisar a organização de texto dramático apresentado em teatro, televisão, cinema, identificando e
percebendo os sentidos decorrentes dos recursos linguísticos e semióticos que sustentam sua realização como
peça teatral, novela, filme etc.
(EF89LP35) Criar contos ou crônicas (em especial, líricas), crônicas visuais, minicontos, narrativas de aventura
e de ficção científica, dentre outros, com temáticas próprias ao gênero, usando os conhecimentos sobre os
constituintes estruturais e recursos expressivos típicos dos gêneros narrativos pretendidos, e, no caso de
produção em grupo, ferramentas de escrita colaborativa.
(EF89LP36) Parodiar poemas conhecidos da literatura e criar textos em versos (como poemas concretos,
ciberpoemas, haicais, liras, microrroteiros, lambe-lambes e outros tipos de poemas), explorando o uso de recursos
sonoros e semânticos (como figuras de linguagem e jogos de palavras) e visuais (como relações entre imagem e
texto verbal e distribuição da mancha gráfica), de forma a propiciar diferentes efeitos de sentido.

(EF08LP04) Utilizar, ao produzir texto, conhecimentos (EF09LP04) Escrever textos corretamente, de acordo
linguísticos e gramaticais: ortografia, regências e com a norma-padrão, com estruturas sintáticas
concordâncias nominal e verbal, modos e tempos complexas no nível da oração e do período.
verbais, pontuação etc.
(EF08LP05) Analisar processos de formação de
palavras por composição (aglutinação e justaposição),
apropriando-se de regras básicas de uso do hífen em
palavras compostas.
(EF08LP06) Identificar, em textos lidos ou de produção (EF09LP05) Identificar, em textos lidos e em produções
própria, os termos constitutivos da oração (sujeito e próprias, orações com a estrutura sujeito-verbo de
seus modificadores, verbo e seus complementos e ligação-predicativo.
modificadores).
(EF08LP07) Diferenciar, em textos lidos ou de produção (EF09LP06) Diferenciar, em textos lidos e em produções
própria, complementos diretos e indiretos de verbos próprias, o efeito de sentido do uso dos verbos de
transitivos, apropriando-se da regência de verbos de ligação "ser", "estar", "ficar", "parecer" e "permanecer".
uso frequente.

(sg

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Língua Portuguesa 8o e 9o anos
(Continuação)
HABILIDADES
Sº ano 9º ano

(EF08LP08) Identificar, em textos lidos ou de produção (EF09LP07) Comparar o uso de regência verbal e
própria, verbos na voz ativa e na voz passiva, regência nominal na norma-padrão com seu uso no
interpretando os efeitos de sentido de sujeito ativo e português brasileiro coloquial oral.
passivo (agente da passiva).
(EF08LP09) Interpretar efeitos de sentido de
modificadores (adjuntos adnominais - artigos
definido ou indefinido, adjetivos, expressões adjetivas)
em substantivos com função de sujeito ou de
complemento verbal, usando-os para enriquecer seus
próprios textos.
(EF08LP1 O) Interpretar, em textos lidos ou de produção
própria, efeitos de sentido de modificadores do verbo
(adjuntos adverbiais - advérbios e expressões
adverbiais), usando-os para enriquecer seus próprios
textos.
(EF08LP11) Identificar, em textos lidos ou de produção
própria, agrupamento de orações em períodos,
diferenciando coordenação de subordinação.
(EF08LP12) Identificar, em textos lidos, orações (EF09LP08) Identificar, em textos lidos e em
subordinadas com conjunções de uso frequente, produções próprias, a relação que conjunções (e
incorporando-as às suas próprias produções. locuções conjuntivas) coordenativas e subordinativas
estabelecem entre as orações que conectam.
(EF08LP13) Inferir efeitos de sentido decorrentes do
uso de recursos de coesão sequencial: conjunções e
articuladores textuais.
(EF09LP09) Identificar efeitos de sentido do uso de
orações adjetivas restritivas e explicativas em um
período composto.
(EF08LP14) Utilizar, ao produzir texto, recursos de
coesão sequencial (articuladores) e referencial (léxica
e pronominal), construções passivas e impessoais,
discurso direto e indireto e outros recursos expressivos
adequados ao gênero textual.
(EF08LP15) Estabelecer relações entre partes do texto, (EF09LP1 O) Comparar as regras de colocação
identificando o antecedente de um pronome relativo pronominal na norma-padrão com o seu uso no
ou o referente comum de uma cadeia de substituições português brasileiro coloquial.
lexicais.

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Língua Portuguesa 8o e 9o anos
(Continuação)
HABILIDADES
Sº ano 9º ano

(EF09LP11) Inferir efeitos de sentido decorrentes do


uso de recursos de coesão sequencial (conjunções e
articuladores textuais).
(EF08LP16) Explicar os efeitos de sentido do
uso, em textos, de estratégias de modalização e
argumentatividade (sinais de pontuação, adjetivos,
substantivos, expressões de grau, verbos e perífrases
verbais, advérbios etc.).
(EF89LP37) Analisar os efeitos de sentido do uso de
figuras de linguagem como ironia, eufemismo, antítese,
aliteração, assonância, dentre outras.
(EF09LP12) Identificar estrangeirismos,
caracterizando--os segundo a conservação, ou não, de
sua forma gráfica de origem, avaliando a pertinência, ou
não, de seu uso.

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Uma coleção que inovará a
sua prática pedagógica
Os pontos fortes desta coleção
O leão e a raposa

O leão e o ratinho
A cabra, a vaca,
a ovelha e o leão

O leão, o asno
e a raposa
O leão, o asno
e a raposa

As lágrimas
de Potira

O pequeno
príncipe –
Capítulo XXI
Como funciona
a redação de um
telejornal?
1

3
4
Seres que encantam
• Aproximação ---------------------------- 12 Aprofundamento do gênero li - Fábula---- 40
• Texto: A cabra, a vaca, a ovelha e o leão • Texto: O lobo e o cordeiro
(Justiniano José da Rocha) --------------- 12 (Jean de La Fontaine) --------------------- 40
• Desvendando os segredos do texto ------ 13 • Desvendando os segredos do texto ------ 42
Aprofundamento do gênero 1 - Fábula----- 14 • Análise linguística ----------------------- 45
• Texto: O leão, o asno e a raposa - A variação e
(Liev Tolstói)------------------------------ 14
o preconceito linguístico ------------- 45
• Desvendando os segredos do texto ------ 17 - Tipos de variação linguística --------- 46
• Análise linguística ----------------------- 22 • Prática linguística ----------------------- 48
- A linguagem e • É hora de produzir ----------------------- 52
a produção de sentidos--------------- 22 • A escrita em foco ------------------------ 55
- A capacidade de simbolizar ---------- 23 - Fonema e letra ----------------------- 55
- A língua------------------------------ 29
- O alfabeto --------------------------- 56
- Fala e escrita ------------------------ 29 •A escrita em questão--------------------- 58
• Prática linguística ----------------------- 30 Encerramento ----------------------------- 62
• É hora de produzir ----------------------- 35 Mídias em contexto ----------------------- 64
Outras fontes ----------------------------- 65

� Lições para a vida


• Aproximação ---------------------------- 68 Aprofundamento do gênero li - Parábola-- 92
• Texto: Daniel na cova dos leões ---------- 69 • O pequeno príncipe - Capítulo XXI
• Desvendando os segredos do texto ------ 71 (Antoine de Saint-Exupéry) ---------------- 92
Aprofundamento do gênero 1 - Parábola -- 72 • Desvendando os segredos do texto ------ 97
• Texto: O lenhador e o aprendiz • Análise linguística ----------------------- 100
(Lécio Cordeiro)--------------------------- 72
- Condição discursiva ----------------- 100
• Desvendando os segredos do texto ------ 75 • Prática linguística ----------------------- 101
• Análise linguística ----------------------- 78 • É hora de produzir ----------------------- 104
- Ato de fala, frase e contexto ---------- 78 • A escrita em foco ------------------------ 109
- A negação --------------------------- 82 - A sílaba------------------------------ 109
• Prática linguística ----------------------- 82 • A escrita em questão -------------------- 111
• É hora de produzir ----------------------- 89 Encerramento ----------------------------- 112
Mídias em contexto ----------------------- 114
Outras fontes ----------------------------- 115

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aamdJ Mitologia
• Aproximação ---------------------------- 118 Aprofundamento do gênero li - Mito ------ 140
• Texto: Vitória- régia • Texto: A perigosa Vara
(ou mumuru) , a estrela dos lagos---------- 119 (Clarice Lispector) ------------------------ 140
• Desvendando os segredos do texto ------ 120 • Desvendando os segredos do texto ------ 142
Aprofundamento do gênero 1 - Mito------- 122 • Análise linguística ----------------------- 144
• Texto: As lágrimas de Potira - Tipos e gêneros textuais ------------- 144
(Ana Rosa Abreu) ------------------------- 122 • Prática linguística ----------------------- 146
• Desvendando os segredos do texto ------ 124 • É hora de produzir ----------------------- 152
• Análise linguística ----------------------- 128 • A escrita em foco------------------------ 154
- O texto ------------------------------ 128 - Encontros entre vogais e semivogais - 154
- Fala dos personagens e pontuação--- 129 - Desencontro de vogais (hiato)-------- 155
• Prática linguística ----------------------- 130 • A escrita em questão -------------------- 156
• É hora de produzir ----------------------- 135 Encerramento ----------------------------- 158
Mídias em contexto ----------------------- 161
Outras fontes ----------------------------- 163

Design da informação

• Aproximação ---------------------------- 166 Aprofundamento do gênero li - Notícia --- 188


• Texto: Sustentabilidade------------------ 166 • Texto: Paleontólogos descobrem espécie
• Desvendando os segredos do texto ------ 169 de dinossauro de pescoço comprido ------ 188
Aprofundamento do gênero 1 - Texto • Desvendando os segredos do texto ------ 190
expositivo em livro didático e infográfico-- 170 • Análise linguística ----------------------- 196
• Texto: Rochas, solos e minerais---------- 170 - Linguagem figurada------------------ 196
• Desvendando os segredos do texto ------ 175 • Prática linguística ----------------------- 200
• Análise linguística ----------------------- 180 • É hora de produzir ----------------------- 205
- Denotação e conotação -------------- 180 • A escrita em foco------------------------ 207
• Prática linguística ----------------------- 181 - Encontro consonantal---------------- 207
• É hora de produzir ----------------------- 184 - Dígrafo ------------------------------ 208
- Divisão silábica ---------------------- 208
• A escrita em questão -------------------- 209
Encerramento ----------------------------- 212
Mídias em contexto ----------------------- 215
Outras fontes ----------------------------- 215

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� Viagens inesquecíveis
•Aproximação ---------------------------- 218 Aprofundamento do gênero 11 -
•Texto: Aparição do Cristo Redentor Relato de viagem-------------------------- 244
(Érica França)----------------------------- 218 •Texto: A saliva do marabu (Elias Canetti) - 244
• Desvendando os segredos do texto ------ 219 • Desvendando os segredos do texto ------ 247
Aprofundamento do gênero 1 - •Análise linguística ----------------------- 251
Relato de viagem-------------------------- 220 - Adjetivo------------------------------ 251
•Texto: A Grécia é azul (Edu Feijó) --------- 220 - Número dos adjetivos---------------- 253
• Desvendando os segredos do texto ------ 223 - Gêneros dos adjetivos --------------- 253
•Análise linguística ----------------------- 226 - Grau dos adjetivos ------------------- 254
- Substantivo-------------------------- 226 • Prática linguística ----------------------- 255
- Classificação dos substantivos------- 227 •É hora de produzir ----------------------- 260
- Gênero dos substantivos------------- 229 •A escrita em foco------------------------ 262
- Número dos substantivos ------------ 230 - Acentuação dos
- Grau dos substantivos --------------- 231 monossílabos tônicos------------------ 262
• Prática linguística ----------------------- 232 - Acentuação das proparoxítonas------ 262
•É hora de produzir ----------------------- 242 •A escrita em questão -------------------- 263
Encerramento ----------------------------- 266
Mídias em contexto ----------------------- 269
Outras fontes ----------------------------- 271


Poemas

•Aproximação ---------------------------- 274 Aprofundamento do gênero li - Poema---- 294


•Texto: Pequeno cidadão •Texto: Dispersão (Mário de Sá-Carneiro) - 294
(Arnaldo Antunes e Antônio Pinto)--------- 275 • Desvendando os segredos do texto ------ 295
• Desvendando os segredos do texto ------ 275 •Análise linguística ----------------------- 298
Aprofundamento do gênero 1 - Poema ---- 276 - Pronomes pessoais------------------ 298
•Texto: Perdido no ciberespaço - Pronomes demonstrativos ----------- 302
(Leo Cunha) ------------------------------ 276 • Prática linguística ----------------------- 303
• Desvendando os segredos do texto ------ 278 •É hora de produzir ----------------------- 307
•Análise linguística ----------------------- 280 •A escrita em foco------------------------ 31 O
- Artigo-------------------------------- 280 - Acentuação: oxítonas e paroxítonas -- 31 O
- Numeral ----------------------------- 282 •A escrita em questão -------------------- 311
• Prática linguística ----------------------- 285 Encerramento ----------------------------- 314
•É hora de produzir ----------------------- 292 Mídias em contexto ----------------------- 319
Outras fontes ----------------------------- 319

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mmmli") Um pouco de ciência
• Aproximação ----------------------------322 Aprofundamento do gênero li - Artigo de
• Texto: Por que temos dor de barriga?-----322 divulgação científica ---------------------- 346
• Desvendando os segredos do texto ------323 • Texto: O perigo das gostosuras
Aprofundamento do gênero 1 - Artigo de (lsadora Vilardo) --------------------------346
divulgação científica ---------------------- 324 • Desvendando os segredos do texto ------348
• Texto: O que dizem os moais • Análise linguística -----------------------354
(Fernando Reinach) -----------------------324 - Tempos verbais----------------------354
• Desvendando os segredos do texto ------327 - Sujeito-------------------------------355
• Análise linguística -----------------------332 - Concordância verbal -----------------357
- Verbo--------------------------------332 • Prática linguística -----------------------358
- Os modos do verbo ------------------334 • É hora de produzir -----------------------362
- Formas nominais dos verbos ---------334 • A escrita em foco------------------------364
- Conjugação--------------------------335 - Casos mais específicos
• Prática linguística -----------------------335 de acentuação -------------------------364
• É hora de produzir -----------------------344 - Outras regras de acentuação---------365
• A escrita em questão --------------------366
Encerramento ----------------------------- 368
Mídias em contexto ----------------------- 370
Outras fontes ----------------------------- 371

� Em busca da informação
·Aproximação ----------------------------374 Aprofundamento do gênero li - Entrevista --392
• Texto: Tirinha (Alexandre Beck) ----------374 • Texto: Física para todos (Vitor Casimiro) -392
• Desvendando os segredos do texto ------374 • Desvendando os segredos do texto ------395
Aprofundamento do gênero 1 - Entrevista ---376 • Análise linguística -----------------------397
• Texto: Entrevista com Célia Catunda - A coordenação-----------------------397
(Silvia Dalben) ----------------------------376 - Período composto por coordenação --399
• Desvendando os segredos do texto ------379 - Classificação das orações
• Análise linguística -----------------------382 coordenadas---------------------------400
- A oração e o período -----------------382 • Prática linguística -----------------------402
• Prática linguística -----------------------384 • É hora de produzir -----------------------41 O
• É hora de produzir -----------------------390 • A escrita em foco ------------------------411
- Uso das consoantes g e j-------------411
• A escrita em questão --------------------412
Encerramento ----------------------------- 414
Mídias em contexto ----------------------- 415
Outras fontes ----------------------------- 416

LPemC_ME_2019_6A_Cap1 .indd 9
22/07/19 00 :54 1
A fábula é uma história bastante simples,
quase sempre breve, escrita em prosa ou verso
e de ação pouco tensa. Seus personagens tam­
bém são muito simples: são animais irracionais que
agem como seres humanos. As fábulas sempre su-
gerem um ensinamento, ou seja, uma lição moral com
que o autor pretende mostrar como devemos agir com
sabedoria. As primeiras fábulas foram criadas há mui­
tos anos por Esopo (século VI a.e.), um escravo grego,
e ganharam um tom satírico com Fedro (século I d.e.),
um escravo romano. Anos mais tarde, o poeta francês
Jean de La Fontaine (1621-1695) se tornou o grande
divulgador do gênero no Ocidente. La Fontaine publi­
cou seu primeiro livro de fábulas em 1668. Fábulas
escolhidas é uma coletânea de 124 textos, escri­
tos em linguagem simples e atraente, que narram
histórias de animais com claro objetivo moral.
A cabra, a vaca,
a ovelha e o leão
Diálogo com o professor
Vocabulário desconhecido
Utilizando pistas do próprio texto, estruturas, ilustraçõ es ou mesmo fontes Por ser o início do livro e,
xternas, como dicionários, construa o sentido das palavras seguintes.
e
bem dizer, da Coleção, este
Pilharam - Do v erbo pilhar; caçar, tomar com violência.
primeiro capítulo foi pensado
Obséquio - Fazer algo para alguém se m interess e, apenas por gentil eza. com o objetivo de apresentar
Arrojo - Grande coragem, audácia, ousadia. aos alunos noções linguísti­
Bulir - =
M=ex=e=r·�-------------------­
cas introdutórias, de forma a
ambientá-los aos fenômenos
Quinhão - Parte que cabe a cada pessoa na divisão de um todo.
que trabalharemos ao longo
do livro e nos anos seguintes.
Desvendando os segredos do texto Para facilitar o entendi­
mento e tornar o conteúdo
@ Por que a cabra, a vaca e a ove lha não
C, Quando dizemos que "José é um ho­
enfrentaram o leão? mais envolvente, optamos por
mem de valores", estamos afirmando
Para não sere m mortas por el e. que ele possui qualidades que nos cau­ trabalhar inicialmente com a
sam admiração e respeito. Como vimos fábula, dada a "simplicidade"
@ Qu e valores pod eríamos atribui r, ao na página anterior, as fábulas sempre
mesmo te mpo, à cabra, à vaca e à nos passam algum valor, como a lealda­ formal do gênero.
ov e lha? de. Que valores podemos apreender da
S ensatez, prudência, etc. fábula A cabra, a vaca, a ovelha e o leão?

9 Qu lição moral podemos tirar dessa


Prudência, resp eito, paciência, etc.

CJ
e

fábula? Analise o trecho:


Podemos tirar dessa fábula alguns en­ Anotações
Antes perder o s eu quinhão
sinamentos. Por x mplo: quem age
e e
do v eado do que ter a mes­
com cautela tem mais possibilidade de ma sorte que e le.
acertar. Os erros dos outros são úteis
Dentre as opçõ es abaixo, assinale
ao nosso aprendizado. Devemos apren­ aque las que poderiam substituir a pa­
der com o exemplo dos nossos amigos. lavra sorte nesse trecho se m alterar o
s eu s entido.
X D stino.
N em sempre é mais sensato exigir o
e )(Fim.
cumprimento de uma promessa.
b. Vida. g. Opção.
X Azar. h. Felicidade.
d. Virtude. X Desgraça.
e. Valo r.

alunos da turma. Aproveite para ler assustou com seu próprio reflexo sua ação, pois o seu pedaço de
a fábula O cão e o pedaço de carne na água. O susto o fez pensar que carne foi levado pela correnteza
a fim de explorar um pouco mais os era, na verdade, um outro cão, car­ e o outro, de fato, não existia.
conhecimentos prévios dos alunos. regando um pedaço de carne bem
maior que o seu. Imediatamente o Moral: Cuidado com a cupidez.
O cão e o pedaço de carne cão soltou o pedaço de carne que Releitura da fábula atribuída à Esopo.
Um cão estava atravessando um carregava e mergulhou para aboca­
rio carregando um pedaço de car­ nhar o pedaço maior. Assim, o cão
ne na boca quando, de repente, se se arrependeu profundamente de

( Capítulo 1 X.._1_3
___

1 LPemC_ME_2019_6A_Cap1.indd 13 22/07/19 00 :54 1


O leão, o asno
e a raposa
Diálogo com o professor
Mas, apesar da nossa preitesia, vindico melhor mercê.
Mais uma vez, o asno e a raposa nada entenderam. Com
receio de pedir ao leão para ser mais claro, o asno ficou As fábulas e o conto No artigo Metáforas do
maravilhoso
paralisado. Impaciente, o leão rosnou: palimpsesto: o diálogo entre
- Vamos, seu asno petulante! Divida! Um gênero textual muito

Então, o asno lembrou-se do acordo e partiu o alimento


semelhante à fábula é o conto
maravilhoso, ou conto de fa­
as fábulas e a fábula fabulo­
em três partes iguais. Como não teve seu desejo atendido, o das. Geralmente, o conto ma­ sa, Maria Angélica de Oliveira
leão se aborreceu ainda mais. Furioso, ele devorou o asno. ravilhoso se inicia com "Era

Agora, olhando para a raposa, o leão ordenou que ela di­


uma vez... " e é repleto de seres (UFPB-UFCG) e Ivone Tavares
extraordinários, como ogros,
vidisse novamente as 27 presas. Sensata, a raposa lhe deu dragões, animais falantes, fa­ de Lucena (UFPB) fazem uma
24, ficando apenas com as três presas que havia caçado. das, bruxas, duendes, etc. Mui­

- Você é muito sábia, raposa - admirou-se o vaidoso


tos contos maravilhosos foram interessante análise das fá­
adaptados para o no cinema.
leão, desta vez satisfeito. - Quem a ensinou a dividir tão bulas de La Fontaine, Millôr
bem assim? Foi o professor de Matemática daqui da flores­
ta? A raposa ficou surpresa. E, apontando para os únicos
e Lobato na perspectiva da
ossinhos que restaram do asno, comentou espantada: análise do discurso francesa.
- Não sabia que ele era professor de Matemática! Podemos acessar esse ar­
Releitura da fábula O leão, o asno e a raposa, de Liev Tolstói.

tigo na íntegra por meio do


código a seguir.

Escaneie o
QR CODE.

• Vocês acharam natural a


fala do leão?
• Por que será que ele falava
assim?
Sugestão de abordagem o texto de Tolstói foi, unicamente, • O que provavelmente acon­
gerar subsídios para a discussão teceria se o burro tivesse
Seria muito interessante pro­ que promoveremos mais adiante entendido o pedido do
mover uma leitura dramatizada sobre algumas questões de lingua­ leão?
dessa fábula. Escolha um aluno gem, como a produção de sentidos, • Vocês se expressam do
para ser o narrador e três para a adequação linguística e a varia­ mesmo jeito em qualquer
viverem os personagens. A fala ção. Assim, depois da leitura, seria situação?
empolada do leão certamente importante fazer alguns questio­ Em seguida, podemos co­
será divertida para eles. Nos­ namentos orais aos alunos nesse meçar o trabalho da seção Para
sa intenção ao ousar adaptar sentido. Por exemplo: discutir.

( Capítulo 1 X__ 1_s ___

1 LPemC_ME_2019_6A_Cap1.indd 15 22/07/19 00 :54 1


Vocabulário desconhecido
Utilizando pistas do próprio texto, estruturas, ilustrações ou mesmo fontes exter-
nas, como dicionários, construa o sentido das palavras seguintes.
Gabou-se - Do verbo gabar-se; exaltar as próprias qualidades.
lmprofícuos - _lmp� _rod
_ _ut_ iv_ o_s._ _________________
Quadrúpede - Animal que possui quatro patas.
Sugestão de abordagem Insolente - Que se atreve atrevido.
Proceda - D o verbo proceder; dar início.
Como na seção Para discu­ Partilha - =
D�iv=
is==·-------------------­
ãº

tir nosso objetivo é trabalhar a lguarias - Comidas deliciosas.


argumentação oral levando os Preitesia - Acordo, pacto.
alunos a discutir os temas le­ Vindico - D o verbo vindicar; exigir.
vantados, é interessante fazer Mercê - Recompensa.
com que todos participem. A se­ Petulante - Insolente atrevido.
guir, propomos respostas para Sensata - Que age ou pensa com cuidado, cautela.

as questões.
1. Porque não estava sendo
bem-sucedida na caça. Para discutir

2. Ela queria tirar vantagem 1. Por que a raposa convidou o leão e o asno para caçarem com
do leão, pois, quando divi­ ela?
2. Qual era a intenção da raposa ao propor o acordo ao leão e ao
dissem a caça em partes asno?
iguais, ela certamente 3. Por que o asno ficou paralisado diante da ordem do leão?
4. Você achou sensata a atitude do burro de não pedir para o leão
receberia mais comida do ser mais claro?

que conseguiria sozinha. 5. Por que a divisão do asno desagradou ao leão?


6. Você concorda com a postura do leão? Lembre que o acordo era
3. Porque não o compreen­ dividir o alimento igualmente entre os três.
deu. 7. Qual dos três animais é melhor caçador?
8. Você sabia que, para sobreviver, um leão precisa comer, pelo me­
4. Resposta pessoal.
nos, 5 kg de carne diariamente, podendo chegar a 30 kg em uma
5. Porque ele queria receber única refeição? E agora, o que você acha da postura do leão?
mais comida. 9. A raposa agiu de maneira sensata ao ficar apenas com o que
caçou?
6. Resposta pessoal. 10. Quem ensinou a raposa a dividir?
7. O leão. Seria interessante
observar que o burro é um
animal herbívoro. Caso
os alunos perguntem por
que razão ele participou atitudes, o caráter e a per­ alunos a importância de
do acordo proposto pela sonalidade desses animais, dar nossa palavra em um
raposa- o que tornaria não o que são na realidade. acordo. O que eles pen­
o texto incoerente-, po­ 8. Resposta pessoal. Vale notar sam sobre isso?
deremos lembrar que, na que, pela lógica, se o leão 9. Sim. A resposta se coa­
verdade, estamos tratan­ caçou sozinho 24 presas, duna com o que se discu­
do de animais humaniza­ deveria ficar com todas elas tiu na questão anterior.
dos, uma das caracterís­ para si. Entretanto, não seria 1 O. O burro, ou o que aconte­
ticas da fábula. Ou seja, correto descumprir o acordo. ceu com ele.
o mais importante são as Podemos discutir com os

x
___1_6_ Seres que encantam j
1 LPemC_ME_2019_6A_Cap1.indd 16 22/07/19 00 :54 1
.�.
�; Diálogo com o professor
.-
Desvendando os segredos do texto Aprenda mais! �

G Por que a raposa foi sensata?


Elementos essenciais das
narrativas
Na seção Desvendando os
segredos do texto, procura­
Porque, se agisse como o asno, cumprindo o acordo, Além dos personagens e
do narrador, as narrativas nor­ :(li. mos compreender o texto de
�-
..
também seria devorada. malmente contam também
com os seguintes elementos: forma mais ampla, buscando
Enredo - Conjunto de acon­
tecimentos, de fatos e ações de
� sempre ressaltar os aspectos
O A fábula é um texto com características bastante es­ uma narrativa. O enredo é cons­
truído a partir de uma situação­ de sua estrutura mais rele­

.�.
pecíficas. Releia o boxe Caracterizando o gênero, na -problema, também chamada
abertura deste capítulo, e relacione-o ao texto O leão, de conflito. Na primeira parte do vantes para a produção de
texto, os fatos conduzem o lei­ �
o asno e a raposa. Agora, responda: por que podemos
tor na construção do conflito; e, sentido. Ou seja, as questões
.-
definir esse texto como uma fábula? na segunda parte, o desenrolar �
dos fatos leva à solução desse
abordadas nesta seção prio­
Sugestão de resposta: Porque podemos identificar conflito.
Tempo - Quando acontece
rizam enfaticamente a epilin­
características desse gênero, como animais huma­
nizados (personagens) e a intenção do autor de nos
a história, em que época. Às
vezes, a passagem do tempo
fica clara na narrativa, e per­
:(li. guagem.

�·t:·
passar um ensinamento. cebemos a duração dos fatos.
Espaço - Corresponde ao
�:
local onde se passa a história.

O Com base no texto, preencha a tabela abaixo apon­


A exposição de características
do espaço é um recurso im­

..
portante para a construção da
tando as características dos personagens. narrativa.

Leão Asno Raposa

.
vaidoso ingênuo velha
��
orgulhoso lento cansada
Sugestão de abordagem
:(li.
de fala complicada pacífico esperta
bom caçador sensata

�·t:·
mandão
Originalmente, as fábu­
�:
destemido las eram textos transmitidos
oralmente de geração para
@ Releia o trecho: geração, exatamente como
O leão, que falava complicado e era muito vaidoso, seguiu na frente, caçando
.�-.
�; ' as lendas, os mitos, etc. Daí a
profusão de versões de uma
.
sozinho. �
A postura do leão de sair "caçando sozinho" indica mais uma característica dele.
mesma história. Essa multi­
Qual? plicidade e a própria essên­
O individualismo. :(li. cia oral fizeram com que as
f, fábulas ganhassem um as­
Capítulo 1 17
pecto popular. Embora a au­
.- toria de muitos desses textos
seja atribuída a Esopo ou La
Anotações Fontaine, por exemplo, eles
passaram, ao longo dos anos,
por inúmeros processos de
textualização e retextualiza­
ção, de forma que hoje temos
uma infinidade de autores que
"beberam da fonte" desses
dois clássicos. Temos, então,
claros exemplos de intertex­
tualidade.

( Capítulo 1 X.._1_1
___

LPemC_ME_2019_6A_Cap1.indd 17 22/07/19 00 :54 1


Identifique, na fábula, quais são os personagens prin­
cipais e classifique-os em protagonistas ou antago­
Os personagens nistas. Justifique sua resposta.
Em uma história, os perso­
nagens desempenham papéis O asno e a raposa são protagonistas, pois são bem
variados. Alguns são mais im­
destacados e tendemos a torcer por eles. O leão é an­
portantes, por isso são cha­
mados de principais; outros tagonista, pois se opõe ao asno e à raposa.
aparecem pouco ao longo da

BNCC narrativa, sendo menos impor­


tantes, ou seja, são persona­ @ Nessa fábula, há um personagem figurativo. Você
gens secundários. sabe quem é?
Podemos classificar os per­
sonagens principais em: O professor de Matemática da floresta.
Habilidades gerais • Protagonista - seus valo­
res, seus objetivos e suas
EF69LP44 EF69LP47 ações são destacados,
ganhando um relevo qua­
EF69LP49 EF69LP53 se sempre positivo. Ge­
ralmente o protagonista é
EF69LP54 EF69LP55 identificado como herói ou
Nem sempre os protagonistas têm bom caráter e desempenham
ações voltadas para o bem. Para identificar os protagonistas de uma
EF69LP56 heroína, e tendemos a tor­
cer por ele, para que consi­
história, precisamos sempre analisar a sua relevância na narrativa.
No cinema, vários protagonistas representam bem essa dualidade
ga realizar seus objetivos. de ações e caráter, como em Onze homens e um segredo e Robin Hood.
• Antagonista - é o opos­
to do protagonista. Suas
Habilidades específicas ações e seus objetivos
EF67LP28 geralmente visam amea­
çá-lo ou mesmo vencê­
@ Considerando o texto, indique se os pares de frases
-lo. Normalmente, o an­
abaixo querem dizer a mesma coisa. Se não dizem,
tagonista é identificado reescreva a frase 2 de forma a torná-la corresponden­
como vilão, e tendemos a te à frase 1. Observe:
ficar contra ele.
Já os personagens secun­
Diálogo com o professor dários podem ser classifica­ 1. A raposa foi sensata ao dividir a caça.
dos em: 2. A raposa agiu de modo impensado quando di­
• Coadjuvantes - partici­
pam da história ajudando vidiu o alimento.
Por motivos didáticos, os personagens principais
a alcançar seus objetivos.
optamos por trabalhar, por • Figurativos - são perso­ Não há correspondência. Possibilidade de reescrita
hora, com apenas dois tipos nagens com pouca ou ne­
nhuma importância para o
da frase 2: A raposa agiu de modo cuidadoso quando
dividiu o alimento.
de narrador: o personagem e desenvolvimento da histó­
ria.
o observador. A intenção foi a) l. Para o leão, o asno era insolente.
2. Segundo o leão, o asno era petulante.
simplificar o conceito, dentro
Há correspondência.
de um limite seguro, para não
levar os alunos a reflexões b) l. O leão gabou-se do seu desempenho.
2. O leão orgulhou-se do seu resultado.
teóricas improfícuas para o
Há correspondência.
momento.

Sugestão de abordagem

Uma forma interessante de podem sugerir lições morais dife­ Millôr, podemos chamar a aten­
trabalhar as fábulas em sala de rentes. Para deixar essa relação ção dos alunos para as palavras
aula consiste em apresentá-las clara para a turma, podemos levar incomuns criadas pelo autor,
aos alunos em projeções e bus­ para a sala de aula a famosa fábu­ como rataria e ratocentrismo.
car com eles as relações inter­ la A deliberação dos ratos, de Jean Seria uma boa oportunidade
textuais. Para atrair a atenção de La Fontaine, e duas de suas ver­ para introduzir a relação entre
da turma, poderemos mostrar sões mais conhecidas, uma escri­ significante e significado.
que, embora tenham uma "mes­ ta por Millôr Fernandes; e a outra,
ma" origem, fábulas recontadas por Monteiro Lobato. Na fábula de

___1_s_J Seres que encantam J


LPemC_ME_2019_6A_Cap1 .indd 18 22/07/19 00 :54 1
e) 1. Na caçada, o asno foi improfícuo.
2. Na caçada, o desempenho do asno foi inútil.
Interessante notar que a
Há correspondência.
lição moral de muitas fábulas
tornou-se provérbios que uti­
d) 1. O leão ordenou que o asno procedesse à partilha das iguarias. lizamos até hoje, logicamente
2. O leão mandou o asno dividir a caça em partes iguais.
sem conhecer a fábula origi­
Não há correspondência. Possibilidade de reescrita da frase 2: O leão mandou o asno
nal. É o caso, por exemplo, dos
dividir a caça.
provérbios "quem desdenha
e) 1. O asno e o leão fizeram um acordo com a cautelosa raposa. quer comprar" ou "quem ama
2. O asno e o leão aceitaram a proposta da cuidadosa raposa.
o feio bonito lhe parece". O pri­
Há correspondência.
meiro é a moral da fábula da
raposa que, vendo uvas mui­
f) 1. O leão era um animal individualista. to bonitas, mas fora de seu
2. O leão era um animal vaidoso.
alcance, acaba desistindo de
Não há correspondência. Possibilidade de reescrita da frase 2: O leão só pensava em
apanhá-las, alegando que, na
si mesmo.
verdade, estão verdes. O se­
g) 1. Furioso, o leão devorou o asno. gundo é a conclusão da his­
2. Agindo de forma sensata, o leão devorou o asno.
tória da águia que devora os
Não há correspondência. Possibilidade de reescrita da frase 2: Irado, o leão devorou
filhotes da coruja - como a
o asno.
coruja tinha lhe dito que seus
O Como vimos na abertura deste capítulo, a fábula é um texto do qual podemos tirar filhotes eram de uma beleza
uma lição moral. Dentre as frases a seguir, indique aquela que não pode servir de
ensinamento da fábula O leão, o asno e a raposa. Em seguida, reescreva-a de forma
incomparável, a águia, ao en­
que fique correta. contrar em um ninho criatu­
a) Quem age com cautela tem mais possibilidade de acertar.
ras muito feias, não hesitou
)4 Os erros dos outros não são úteis ao nosso aprendizado.
e) Devemos aprender com o exemplo dos nossos amigos. em comê-las, porque aqueles
d) Nem sempre é mais sensato exigir o cumprimento de uma promessa. seres jamais poderiam ser os
Os erros dos outros são úteis ao nosso aprendizado. filhotes lindos de sua comadre
(!J Que tipo de narrador identificamos na fábula O leão, o asno e a raposa? coruja. Aliás, é dessa mesma
Narrador-observador. história que procede a nossa
expressão "mãe coruja" ou
"pai coruja", para designar os
pais que não veem defeitos
nos próprios filhos.
No artigo Fábulas Fabulo­
Sugestão de abordagem sas, de Marcos Bagno, encon­
traremos muitas outras infor­
O trabalho com a questão 8 ampliar ainda mais o trabalho mações relevantes a respeito
pode ser estendido a outras fá­ com o gênero e enfatizar melhor do gênero. Esse texto está
bulas. Ao questionarmos os alu­ a compreensão geral dos textos, publicado no livro Práticas
nos a respeito de uma lição mo­ podemos apresentar à turma fá­ de leitura e escrita, publicado
ral "alternativa", exigimos deles bulas de outras culturas, como a pelo Ministério da Educação
uma compreensão mais ampla chinesa. em 2006.
do sentido geral do texto. Para

( Capítulo 1 X.._1_9
___

1 LPemC_ME_2019_6A_Cap1.indd 19 22/07/19 00 :54 1


(à Como você o identificou?
Por sua postura distanciada dos fatos. Ele não participa do que narra. Dependendo
do nível de conhecimento da turma, é importante observarmos que a identificação
formal desses dois tipos de narrador se dá pela presença da primeira pessoa (eu/
nós), narrador-personagem; ou da terceira pessoa (ele/eles), narrador-observador.

(i) Qual é a situação-problema apresentada no enredo da fábula O leão, o asno e a


raposa?
A situação-problema da fábula corresponde à partilha das presas entre os três per­
sonagens principais.

(S Como essa situação-problema é resolvida?


Insatisfeito com a partilha das presas feita pelo asno, o leão o devorou e, em seguida,
ordenou à raposa que novamente realizasse a divisão. Vendo o exemplo do asno, a
raposa realizou a partilha exatamente da forma como queria o leão.

(D Onde se passa essa narrativa?


Em uma floresta.

O narrador
Além dos personagens, os textos narrativos apresen­ Importante: o narrador não é o autor do texto de
tam também um narrador, ou seja, quem narra a história. verdade. Ele é uma espécie de pessoa imaginária que
Normalmente, ele se apresenta de duas formas: existe apenas no texto. Sua função é narrar a história
• Narrador-personagem - participa da história que ao leitor, conduzindo-o durante a leitura do texto lite­
narra. rário.
• Narrador-observador - não participa do que nar­
ra, ele apenas observa.

___2_o_J Seres que encantam J


1 LPemC_ME_2019_6A_Cap1.indd 20 22/07/19 00 :55 1
(O Uma das maneiras mais ágeis de construir o sentido de um texto narrativo, como as
fábulas, consiste em esquematizar sua estrutura. Nas atividades anteriores, já iden­
tificamos a situação-problema da fábula O leão, o asno e a raposa, o espaço onde a
história se passa, seus personagens, etc. Agora, complete o esquema a seguir com
as ações desempenhadas pelos personagens.

A raposa procurou o asno e o leão para convidá-los para caçar. � Motivo: Conseguir
mais alimentos.

G__ ncor daram.


E_le_s c_ o_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __________________)

Segundo acordo proposto pela raposa?

G__
o_iv_id_ ir_ e_ m
_ a _ a_ _ e_m_ p_a_rte
_ c_ a_ c _ a
_ _ s i_ gu _ _ .____________)
_ is

Os três vão à caça -----+- Resultado da caçada

( L_ e_ão
__
_ :_ 2
_ 4
_ p _ _ a_s_ .
_ _ res
__
) e Asno: Nenhuma presa. ) e Raposa: 3 presas.
__
Consequência de não
___.(O asno nada entendeu.) ___. ter entendido?
+
Com seu modo inadequa­
do de falar, o leão pediu ao
asno que dividisse a caça.

O asno ficou paralisado.

Impaciente, o leão rosnou


que o asno deveria repartir ---♦ O asno se lembrou do acordo e dividiu as
presas em três partes iguais.

Motivo: O asno dividiu as


O leão se aborreceu e devorou o asno. presas em partes iguais.

Sensata, a raposa deu ao leão suas 24


presas e ficou apenas com as três que
O leão ordenou à raposa que repartisse as presas. ---♦
havia caçado.

Motivo?
G M e_do
_ _ d_e se_r _ d_e_v_o_ra_ da
_ _. ) ◄•-------'
__ _ _
______

( Capítulo 1 X__
2_1 ___

LPemC_ME_2019_6A_Cap1 .indd 21 22/07/19 00 :55 1


Análise linguística

A linguagem e a produção de sentidos


Analise com atenção os textos abaixo.

Texto 1 Texto 3
Angelo

BNCC
�-
18h

Minha namorada disse que já tenho muitos gatos


(6) e não posso ficar com a Fumacinha.
Então era pra tirar foto e pôr ela pra adoção. Segue
abaixo fotos dela. Gostaria de deixar claro que
Habilidades gerais ela não usa caixinha de areia, rouba comida, tá

EF69LP05
cheia de pulga, acho que tem sarna, odeia outros
animais, não suporta criança e não fica bem com
humanos. Tem um temperamento terrível. Se
EF69LP55 ninguém se interessar, infelizmente teremos que
ficar com ela. Interessados chamem inbox.
EF69LP56
hnps:J/br.pinterest.com/pin/537687642985703799nlp•true

Texto4

O livro Fábulas chinesas


reúne fábulas de diversos pe­ https:/ /br.pinterest.com/pin/597712181769662628/. Adaptado.

ríodos da civilização chinesa


- as mais antigas datando
Texto 2
de antes da era Cristã. São
histórias de vários estilos,
registradas por diversos au­
tores que eram também poe­
tas, mandarins, historiadores, http://tabajaramarques.blogspot.com/2014/04/ontem-as-1540-no­
instituto-de-educacao.html
sábios em geral, nas quais se
evidenciam traços da cultu­
ra da China e uma sabedoria hnps://mist<'!riosdomundo.org/wp-oontenl/uploads/2017/09/Essas-foram-as-20-rmisas-mais­
<'!ngra'11,C3%A7adas-j'11,C3%A7 -escritas-por-Ol"asil<'!iros-16.jpg

popular milenar. Para ilustrar


esse mundo, foi escolhida a
arte do papel recortado, ou
jianzhi.
64 11111
S&Jlo�etHlr<loSdwnokl Diálogo com o professor nossas pesquisas, Azeredo aponta
FABULAS inúmeros aspectos que devem ser
CHINESAS
""'�
IJ:t..
A abordagem que fizemos a considerados para compreender­
!� respeito da linguagem e da pro­ mos que a língua não é, apenas,
JJiJ,, ,
#{1' dução de sentidos teve como uma forma de comunicação. Se­
,/-t!
ri,. base o estudo feito pelo profes­ gundo ele:
�,tf, sor José Carlos de Azeredo na "A atribuição de significado é [... ]
CAPPARELLI, Sérgio; SCHMALTZ, Gramática Houaiss da Língua um ato complexo que põe em jogo
Márcia. Fábulas chinesas. Porto Portuguesa. Nessa obra, vasta­ um ou mais sujeitos, uma situação
Alegre: L&PM.
mente utilizada como fonte de ou um cenário, e um sistema de re-

22
----- J
Seres que encantam J
1 LPemC_ME_2019_6A_Cap1.indd 22 22/07/19 00 :55 1
1. Essas imagens comunicam algo para você?
2. Em qual(is) desses textos o objetivo foi produzir humor?
3. Onde podemos encontrar textos como esses?
4. Qual texto foi produzido originalmente na Internet?
5. Qual a intenção dos autores dos textos ao produzi-los? Discuta com os seus co­
legas e o seu professor.

Algum dia você já se deu conta da infinidade de textos


que produzimos ou recebemos diariamente? Eles estão por
todos os lados: na rua, em casa, na praia, na Internet. Os
textos fazem parte da nossa vida, mesmo que sejam com­
postos apenas de uma imagem, como veremos mais adian­
te. Por meio deles, podemos transmitir e receber ideias, re­
presentar e entender o mundo, construir opiniões, etc. Tudo
isso só é possível graças à linguagem.
Desde a Antiguidade, muitos estudiosos procuram en­
contrar uma definição precisa para o que a linguagem é de
fato. Até poucos anos, o mais comum era entendê-la como

_.
uma invenção dos seres humanos, que vivem em socieda­
de, ou seja, ela nada mais era que uma invenção cultural,
como o frevo, o samba, a tapioca, a chula, o futebol, a fei­
joada... Por essa perspectiva, a linguagem seria um diferen­
cial entre os seres humanos e os animais ditos irracionais.
Instintivamente quer dizer
Mesmo ainda sendo considerada um dos diferenciais naturalmente. A linguagem se
entre homens e animais, a linguagem não é exatamente desenvolve nos seres huma­
um produto da cultura. Na verdade, ela é uma habilidade nos de forma natural. Não é
preciso ir à escola para apren­
que desenvolvemos instintivamente e que torna possível a der a falar: ainda bebês, profe­
nossa comunicação e até mesmo a nossa convivência em rimos palavras soltas (papai,
sociedade. A linguagem está tão ligada à sociedade que mamãe, miau, au-au, etc.), e,
com o tempo, aprendemos a
podemos afirmar que uma não existe sem a outra. Imagine nos expressar com bastante
como seria viver em um lugar onde ninguém jamais se en­ clareza.
tendesse... Assim,

a linguagem é uma capacidade que possibilita a nossa interação.

A capacidade de simbolizar
Para nos comunicar, contamos com um diferencial muito interessante: a capacidade de
simbolizar. Tudo o que está à nossa volta ou o que nem mesmo existe pode ser simboliza­
do. Não entendeu? Isso é meio confuso mesmo. Mas vamos tornar as coisas mais fáceis...

ferências que esse(s) sujeitos(s)


traz(em) na memória. O ato de
atribuir significado é sempre um
ato de reconhecimento, um ato
pelo qual encaixamos o objeto
de nossa atenção em um sis­
tema de referências no qual ele
passa a ter função e... sentido.
Nada, portanto, 'significa' por si
só" (p. 39).

( Capítulo 1 X__
2_3 ___

LPemC_ME_2019_6A_Cap1 .indd 23 22/07/19 00 :55 1


Você sabe o que a figura ao lado representa? Pois en­
tão, ela só existe no mundo imaginário, mas, mesmo assim,
podemos falar sobre ela em uma conversa sem nenhum
problema. Isso é simbolizar. Os símbolos povoam a nos­
sa vida. São sinais, placas, palavras, textos, objetos, dese­
nhos, quadros, gráficos, gestos, etc. Se um símbolo não fi­
zer parte da nossa vida, não poderemos compreender o que
representa. Se nunca nos deparamos com palavras como
improfícuos, preitesia, mercê, petulante, evidentemente não
poderemos entender o que significam. Foi o que aconteceu
com o asno na fábula O leão, o asno e a raposa...
Portanto, é por meio da linguagem e de nossa experiência
de mundo que conseguimos nos compreender e relacionar
símbolos para interagir com nossos semelhantes, refletir
sobre a realidade, transmitir valores, conhecimento... Enfim,
relacionando símbolos, produzimos sentido.
Na Internet, sobretudo nas redes sociais, é muito comum
utilizarmos emoticons (do inglês emotion, emoção, e icon,
ícone) para expressar emoções e ações. Inicialmente, os
emoticons eram representações gráficas produzidas de
forma grosseira a partir do agrupamento de sinais da es­
crita. Mas hoje, com a popularização dos smartphones, já
dispomos de uma infinidade de desenhos que representam
nossas emoções, reações, estados, etc. de maneira muito
mais real, que são os emojis (palavra japonesa que quer
dizer pictograma). E mais: com o propósito de tornar nossa
comunicação ainda mais dinâmica, podemos combinar pa­
lavras e desenhos.

Alguns emoticons: Alguns emojis:


:-( triste
:-) feliz
:-@ gritando
;-) piscando o olho
1-) dormindo
:-D rindo
:-)))) gargalhando
:*** beijando

x
___2_4_ Seres que encantam j
LPemC_ME_2019_6A_Cap1 .indd 24 22/07/19 00 :55 1
O que diferencia os seres humanos dos outros animais?
Várias características nos distinguem dos bichos, como o modo de caminhar.
De todas as espécies do reino animal, somos a única cuja forma-padrão de deslocamento é o bipedalismo, o
andar sobre duas pernas. Esse traço, que já se manifestava em nossos ancestrais, moldou o jeitinho humano de
ser. Mas nem tudo que se pensava ser exclusivo do Homo sapiens é, de fato, coisa nossa. Por exemplo, a capa­
cidade de se reconhecer no espelho. "Experimentos revelaram que chimpanzés, golfinhos e elefantes têm essa
capacidade", diz César Ades, estudioso do comportamento animal da Universidade de São Paulo (USP). Além
disso, algumas espécies utilizam ferramentas para certas atividades e até pensam! [...]
É claro que os animais se comunicam entre si, mas nenhum deles tem um código oral e escrito tão complexo
quanto o nosso. Estudos sobre o desenvolvimento da linguagem revelam que estudantes universitários possuem
um vocabulário de 80 mil palavras - contra, por exemplo, cem sinais dos chimpanzés.
Yuri Vasconcelos
Disponível em: https://super.abril.com.br/mundo-estranho/o-que-diferencia-os-humanos-dos-animais/. Acessado em: 22/03/2019.

Nós podemos interagir de várias formas, utilizando linguagens diferentes. No trânsito,


por exemplo, as placas de sinalização nos orientam, as buzinas nos chamam a atenção,
etc. É possível nos comunicarmos até mesmo utilizando nosso corpo.
Assim, podemos interagir utilizando palavras ou outras formas de representação. Mas
é preciso cuidado em um ponto: sozinhas, as palavras não têm significado completo. O
sentido não depende só delas, mas da situação em que são empregadas, do conhecimento
compartilhado entre as pessoas, das intenções que transmitem, etc.
Por essa perspectiva, podemos dizer que as palavras desempenham dois papéis impor­
tantíssimos:

• Elas dão nome a objetos, ações, sentimentos, sensações, qualidades, defeitos,


etc.
• Da mesma forma que os sinais, elas tornam possível a troca desses conteúdos
entre nós, ou seja, as palavras viabilizam boa parte da nossa comunicação.

Para entender melhor essa afirmação, leia a tirinha a seguir.

FORRÓ? �LUES? JAZZ?


SERTANEJ0 7 GOSPEL 7

( Capítulo 1 X__
2_s ___

1 LPemC_ME_2019_6A_Cap1.indd 25 22/07/19 00 :55 1


1. No primeiro quadrinho, o pai pergunta a Silvestre se ele consegue se expres­
sar através da música, e ele responde que sim. Você concorda?
2. Você acha que a música pode ser usada para transmitir ideias?

Nessa tirinha, o autor pôde se expressar. Para compreendermos o que ele quis dizer,
relacionamos vários elementos, como palavras, situações, imagens, cores, etc. O processo
Sugestão de abordagem de construção do sentido é muito rápido e começa antes mesmo de lermos a tirinha. Isso
porque, quando a vemos, nosso cérebro já começa a processar informações. Uma delas,
certamente a primeira, é a "certeza" de que seu autor quis nos comunicar algo. Com base
Na questão 1, é importante nisso, lemos as palavras e as relacionamos com as imagens procurando criar sentido. No
observarmos com os alunos final do processo, vemos que Silvestre consegue se comunicar tanto através da música
como através da grafitagem. Como conseguimos captar a ideia do autor, podemos dizer
a relação entre o hip-hop e a
que houve comunicação.
grafitagem presente no últi­ Para produzir essa tirinha, o ilustrador utilizou duas linguagens:
mo quadrinho. Grosso modo,
podemos dizer que a grafita­ • Linguagem verbal - utiliza palavras escritas ou faladas.
gem é a manifestação visual • Linguagem não verbal - utiliza outros sinais para possibilitar a interação: ima­
gens, sons, gestos, cores, etc.
do hip-hop. Ou seja, Silvestre
consegue, sim, se expressar
Observe estes exemplos.
através da música.

®
Já na questão 2, vale dis­
cutir com a turma o papel
comunicativo da música. Por
meio dela, podemos expres­
sar nossos sentimentos, nos­
sas ideias, nossas opiniões
[_ Pista escorregadQ l Estacion�'.11ent�
perm1t1do _)
[
Proibido usar)
telefone celular _)

e, até mesmo, agir sobre o


outro, fazendo com que com­
partilhe de nossos pontos de
vista. Importante notar tam­
bém que para haver comuni­
cação podemos prescindir da
letra. Por meio da música ins­
trumental também é possível
comunicar algo.

Anotações

x
___2_6_ Seres que encantam j
1 LPemC_ME_2019_6A_Cap1.indd 26 22/07/19 00 :55 1
Sugestão de abordagem
Linguagem dos pratos

•••
Podemos explorar mais a re­
lação entre significante e signi­
ficado trazendo outros signos,
como placas de trânsito, foto­

••
Pausa por um
instante
Aguardando o
segundo prato
Excelente grafias, anúncios publicitários,
caricaturas, etc., para que os
alunos possam construir sen­
tidos e verificar a relação exis­
O importuno, de Almeida Júnior, l 898. tente entre os símbolos e o seu
Satisfeito Não gostou Óleo sobre tela, 145 cm x 97 cm.
do menu
Pinacoteca do Estado de São Paulo. conhecimento de mundo.
Com base em Saussure (1972)
e, evidentemente, poupando a
turma de uma epistemologia
desnecessária, podemos deta­
lhar melhor essa relação entre
o significante, o significado e o
signo linguístico expondo no es­
Foto l: Arcos da Lapa, Rio de Janeiro, na década de l 960. Foto 2: Arcos da Lapa, Rio de Janeiro, em maio de 2016.
quema a seguir:
Como você pode observar, as placas, a posição dos talheres no prato, a pintura e a foto­ Dizemos que essa relação é
grafia também podem ser consideradas exemplos de linguagem não verbal.
Diversos símbolos utilizados nesse tipo de linguagem podem ter diferentes sentidos, arbitrária porque, salvo alguns
como o símbolo da caveira, que, dependendo da situação, pode significar, por exemplo, poucos casos, como as onoma­
veneno, perigo, pirataria e heavy metal.
topeias, não há qualquer relação
entre os seres, as ações, os atri­
butos e o nome que conferimos
a esses elementos. Isso fica
bastante claro quando confron­
tamos o português com outras
línguas: janela (português), win­
macondo,Tribalium,Al..,xanderPavlov..,SSlOOl/Shutterstook.com
dow (inglês), ventana (espanhol),
fenêtre (francês), etc.

BNCC SIGNO LINGUÍSTICO = SIGNIFICANTE + SIGNIFICADO

corpo sonoro face mental


Habilidades gerais
EF69LP05 face aparente
1
Habilidades específicas Convenção socialmente firmada,
EF67LP08 ligação arbitrária ou imotivada.

( Capítulo 1 X__
2_1 ___

1 LPemC_ME_2019_6A_Cap1.indd 27 22/07/19 00 :55 1


_. Meme é um termo criado
em 1976, por Richard Dawkins,
Assim, perceba que as diferentes linguagens presentes
em um texto não são independentes. Muito pelo contrário,
a diversidade de linguagens em um mesmo texto é respon­
sável conjuntamente pela produção de sentidos. As tirinhas
para denominar a unidade mí­ são ótimos exemplos de como as linguagens verbal e não
nima da memória humana. Os verbal atuam conjunta e indissociavelmente na construção
usuários da Internet tomaram
emprestado o termo para criar
dos sentidos.
Diálogo com o professor um personagem, de traços
toscos, a partir de editores de
Os memes, fazendo uso de uma linguagem mista, contam
também simultaneamente com as linguagens verbal e não
imagem simples, para a ela­
boração de charges, tirinhas,
verbal para a construção de uma ideia. Assim, nos exemplos
Por motivos pedagógicos, entre outros gêneros, sobre a seguir, perceber o semblante dos personagens é funda­
acontecimentos e reflexões do mental para se entender o texto escrito, e vice-versa.
optamos por definir a língua cotidiano.

dessa forma. Apontamos, de


maneira ampla, sua nuança
simbólica, funcional e intera­
cional. No decorrer do capítulo
e nas atividades, abordaremos Quando a menina que eu ...como amigo.
gosto diz que me ama...
também a nuança cognitiva. A
intenção foi não apresentar Mas, como a Internet é muito di­
nâmica, os memes rapidamente se
aos alunos uma teoria desne­ transformaram. Hoje, os criadores
cessariamente aprofundada utilizam editores de imagem que dis­
põem de mais recursos e combinam,
e acabar por dificultar o en­ simultaneamente, textos verbais e
tendimento. No início deste fotografias. Um dos memes mais fa­
mosos atualmente é o Bode Gaiato,
manual, trazemos um estudo personagem criado no Facebook e
em que discutimos a noção de que representa, de maneira caricata,
o imaginário nordestino.
língua que permeia a Coleção.

Diálogo com o professor

Para aprofundar a refle­ Para conhecer mais


xão dessa relação entre sig­ memes do Bode Gaiato,
Escaneie o QR CODE.
nificante e significado, vale a
pena conferir Azeredo (2008:
1 17), que traz uma reflexão
bastante elucidativa a respei­
to das noções de arbitrarie­
dade, transparência, opacida­ Anotações
de e motivação.
AZEREDO, José Carlos de (2008). Habilidades gerais
Gramática Houaiss da língua portu­ EF69LP05
guesa. São Paulo: Publifolha/lnsti­ EF69LP28
tuto Antonio Houaiss.
EF69LP55

___2_s_J Seres que encantam J


1 LPemC_ME_2019_6A_Cap1.indd 28 22/07/19 00 :55 1
A língua .�.
�; Diálogo com o professor
.-
Aprenda mais! �
Como vimos, a linguagem verbal pode ser escrita ou fa­
Tudo que falamos ou escre­
Apontamos brevemente al­
lada. Sempre que utilizamos a linguagem verbal, estamos
vemos em situações específi­
gumas relações entre fala e
:(li.
nos expressando em uma língua natural. cas são enunciados.
A língua corresponde a um sistema de signos (palavras)
Gramaticalidade é a pro­
escrita. É importante levar os
�-
..
e de leis de funcionamento (gramática) que as pessoas de
priedade das construções lin­ alunos a refletirem sobre isso,
determinada comunidade utilizam para interagir. Dizemos guísticas (de prestígio ou não).
que uma língua é natural quando não foi inventada, criada Dizemos que uma construção é � pois há ainda muitas noções
artificialmente. gramatical quando é possível,

Quando nos comunicamos, podemos utilizar apenas


mesmo que não siga o portu­ contraditórias a esse respeito,

.�.
guês-padrão. Já as constru­
uma palavra, como um oi, ou agrupar uma porção delas em ções agramaticais são aquelas principalmente porque a fala é
enunciados muito complexos. Mas não basta apenas co­ impossíveis em uma dada lín­ �
gua. tradicionalmente identificada
.-
nhecer um conjunto de palavras para falar uma língua. É �
preciso conhecer suas leis de funcionamento, isto é, sua como o lugar do erro, enquan­
gramática. Observe.
to a escrita se sobrepõe como
E aí, como tá o namoro? 1 E aí, como o namoro tá? :(li. forma correta e superior de ex­
pressão.
Como você deve ter percebido, não há qualquer problema de sentido nesses enuncia­
dos. Nós apenas alteramos a posição dos termos e formulamos outra possibilidade de
pergunta. Isso só foi possível porque temos um conhecimento bastante específico da gra­
�·t:·
�:
Nesse sentido, podemos
começar apontando que a fala
mática da nossa língua. Agora veja:
precede a escrita. Ao longo da
E, como aí o tá namoro? 1 Aí, o e como namoro tá? �
.. história, percebemos que to­
dos os povos falam/falavam,
.
��
Nessas duas situações, não produzimos enunciados, pois não obedecemos às leis de
funcionamento da língua portuguesa. Essas construções seriam, então, agramaticais. mas nem todos possuem/
Portanto, para falar uma língua, é preciso saber escolher palavras e combiná-las de acordo possuíam escrita. Hoje, exis­
com essas leis e com o que queremos dizer.
:(li. tem aproximadamente 5 mil
Fala e escrita
Escrita e fala são comuns à maior parte das línguas e muitas vezes servem de peso
�·t:·
�: línguas, mas menos de 10%
delas possuem a modalidade
para julgar as pessoas. Ao longo da história, infelizmente, percebemos que as sociedades escrita, ou seja, uma escrita

.�-.
humanas avaliam as pessoas de acordo com a forma como falam e escrevem, o que é um
própria, uma literatura e uma
procedimento equivocado.
É muito comum se pensar, também, que a escrita é superior à fala. Esse preconceito tem
�; '
tradição.
.
origens históricas. Na verdade, escrita e fala seguem organizações próprias nem sempre � Embora utilizemos a fala
relacionadas. Por isso, não tem sentido pensar que é errado falar tumati só porque escre­
vemos tomate. em mais ou menos 90% da

:(li. nossa comunicação diária,


Também nessa perspectiva, é um engano pensar que uma língua é inferior quando não
possui escrita. Todas as línguas naturais são ricas expressivamente e servem às necessi­
dades comunicativas dos seus falantes. damos grande importância
à escrita e à alfabetização.
f,

Capítulo 1 29
Essa supervalorização se
.- mostra em diversas ocasiões
e reflete bem a noção que o
Anotações senso comum tem sobre es­
sas duas modalidades. Ain­
da hoje acredita-se que uma
pessoa é educada quando é
alfabetizada formalmente, o
que é um equívoco.

( Capítulo 1 X__ 2_9 ___

1 LPemC_ME_2019_6A_Cap1.indd 29 22/07/19 00 :55 1


Prática linguística

@ Para você, como seria viver em um lugar onde as pessoas nunca entendessem umas
às outras?
Resposta pessoal. Entretanto, vale observar que língua e sociedade são indissociá­
veis.

BNCC
@ A capacidade de comunicação não é exclusiva dos seres humanos. Outros animais
Habilidades gerais podem se comunicar. As abelhas são um grande exemplo disso. Faça uma pesquisa
para entender como elas se comunicam.
EF69LP03 EF69LP05
As abelhas podem comunicar com precisão a distância e a direção de uma nova fon­
te de néctar, valendo-se de um sofisticado ritual de movimentos. Esses movimentos
Habilidades específicas não são aleatórios, e sua frequência e velocidade são determinadas pelo estado do
EF67LP01 EF67LP03 corpinho da abelha, mais ou menos cansado segundo a extensão do percurso.
EF67LP08 EF06LP02

Diálogo com o professor @ Como vimos, a linguagem verbal é apenas um dos diferenciais entre os seres huma­
nos e os animais irracionais. Faça uma pesquisa para descobrir mais algumas des­
sas diferenças.
A respeito do conteúdo O modo de caminhar sobre duas pernas; o tamanho do cérebro em relação ao corpo;
trabalhado na questão 2, é a forma e a posição do polegar e o ato de cozinhar os alimentos que ingere.
importante observar que, se­
gundo Benveniste (Problemas
de linguística geral 7), a "co­
C, Releia o texto didático A linguagem e a produção de sentidos e analise as afirmativas
abaixo assinalando V, para verdadeiro, ou F, para falso.
municação" entre animais não a) (V) A linguagem possibilita a comunicação entre as pessoas.
b) ( F) A linguagem é uma produção exclusivamente cultural.
seria linguagem porque não
e) ( F) É possível os homens viverem em sociedade sem se comunicarem de alguma
permite resposta, não permite forma.
outra interpretação, etc. Fiorin d) (V) A linguagem permite a interação entre as pessoas.
e) ( F) Até hoje, ninguém sabe explicar o que é a linguagem.
retoma esse tema em Intro­ f) ( F) Só é possível uma pessoa se expressar com clareza se frequentar a escola.
dução à linguística. Para mais g) (V) Vivendo em sociedade, as pessoas aprendem a se comunicar naturalmente.
h) ( F) Somente os seres humanos se comunicam entre si.
detalhes, ver Azeredo (2008,
pp. 39-40), que inclusive cita
alguns trabalhos sobre a lin­
guagem dos animais.

Anotações

___3_o_J Seres que encantam J


1 LPemC_ME_2019_6A_Cap1.indd 30 22/07/19 00 :55 1
(j Estruturada em quadrinhos, a charge abaixo utiliza
o humor para tratar de um assunto muito sério: um
Por que chamamos a janela de
dos maiores desastres ambientais ocorridos no nos­ janela?
so país, que a mídia chamou de tragédia de Mariana.
Como vimos, o ser humano
Observe. é capaz de simbolizar o mun­
do para torná-lo assunto de
suas interações. Por exemplo:
à abertura quadrangular feita
na parede para ventilar um am­
biente e possibilitar a visualiza­
ção do meio exterior, damos o
nome de janela. Isso é simbo­
lizar. Mas por que chamamos
uma janela de janela? Na verda­
de, apenas um número restrito
de palavras se identificam com
o que nomeiam, como tique-ta­
que, vruuuum, zum-zum-zum.
Na maioria das vezes, não há
qualquer relação lógica entre
as palavras e os objetos e as si­
tuações que nomeiam. Por isso,
se diz que a relação entre um
A tragédia no município de Mariana (Minas Gerais) objeto e o seu nome é arbitrária.
É mais ou menos como batizar
ocorreu em 2015, quando uma barragem se rompeu, um bebê: ele não escolhe o pró­
causando destruição e mortes. Sobre esse aconteci­ prio nome, alguém escolhe por
mento, tratado nos quadrinhos, responda às questões ele. Daí a completa diferença
entre janela (português), fenêtre
a seguir. (francês), ventana (espanhol),
a) O que ocorre do primeiro ao quarto quadro? window (inglês), fenster (ale­
mão), finestra (italiano)...
O homem é criado por Deus a partir do barro, confor­
me a escritura bíblica no livro de Gênesis.

b) O que a roupa e os pertences do homem, no quadri-


nho 6, revelam sobre ele?
Que o homem, depois de criado por Deus, tornou-se
independente e evoluiu, saindo de sua condição de
homem da natureza para homem de negócios, con­
forme a maleta e o vestuário mostram.

( Capítulo 1 X.._3_1
___

1 LPemC_ME_2019_6A_Cap1.indd 31 22/07/19 00 :55 1


e) No sétimo quadrinho, temos uma imagem da destruição causada pelo rompimen­
to da barragem no município de Mariana, seguida de um último quadrinho. Nele, o
Criador revela que sentimento? Por quê?
Sentimento de decepção, desapontamento, pois sua própria criação foi responsável
por um desastre.

(j Suas respostas à questão anterior mostram que você foi capaz de compreender di­
versas coisas a respeito da charge de Duke. Note que essa compreensão ocorreu
mesmo não havendo palavras no texto.
a) Por que, mesmo sem palavras, você pôde compreendê-lo?
Isso só foi possível porque o assunto foi tratado por meio de símbolos que fazem
sentido para o leitor. Foram utilizados desenhos, gestos e objetos que, por fazerem
parte da nossa vida, puderam ser compreendidos.

b) Que tipo de linguagem não utiliza palavras escritas ou faladas?


Linguagem não verbal.

@ Agora, observe a imagem abaixo.

ESTADO DE MINAS @ Escaneie os QR CODE abaixo.

QeSocial
MAIS UMA
F.M MAiiiANA
CONFUSÃO
À VISTA BARRAGEM SE ROMPE
E TSUNAMI DE LAMA
ARRASA VllAREJO
Toneloda�derejeitostó1ioosde mineradoroprovorom on dade
destr11is!loes.otelT(lm8entoRodrigues,diStritodcicidodehlstórlco

J
___3_2_ Seres que encantam J
LPemC_ME_2019_6A_Cap1 .indd 32 22/07/19 00 :55 1
a) Qual é o assunto de destaque dessa edição do jornal?
O rompimento da barragem em Mariana.

b) Conforme você pode observar, a informação está sendo transmitida por meio não
só de textos escritos, mas de outros recursos. Quais?
Fotografias, mapas, uso do negrito, etc.

e) Como chamamos o tipo de linguagem que utiliza vários elementos na transmissão


de uma informação?
Linguagem mista.

{j Como vimos, a tragédia de Mariana ocorreu em 2015. Atualmente, como vivem os


afetados por ela? De que modo os problemas ambientais ocasionados estão sendo
resolvidos? Em casa, pesquise informações em sites de busca para discutir em sala
com seus colegas e seu professor.

Mariana (MG). Ruínas


em Bento Rodrigues,
distrito de Mariana,
em 3 de novembro
de 2017, dois anos Escaneie o QR CODE ao lado
após a tragédia para ver mais fotos.
do rompimento da
Barragem de Fundão.

( Capítulo 1 X.._3_3 ___


LPemC_ME_2019_6A_Cap1 .indd 33 22/07/19 00 :55 1
(lJ Freguentemente, deparamo-nos com textos falados que, na verdade, têm origem em
textos escritos, como geralmente acontece nos telejornais, em que a fala do apresen­
tador nada mais é que a leitura de um texto. Por que será que os telejornais adotam
esse procedimento? Discuta com os seus colegas.
Resposta pessoal. Nessa discussão, é importante ressaltar para os alunos que, em
situações informais (menos tensas), a fala tende a ser menos elaborada, apresentan­
do repetições, mudanças de direcionamentos, pausas, etc., o que seria inadequado
para um telejornal.

(ê Neste capítulo, principalmente a partir da fábula O leão, o asno e a raposa, vimos que
a comunicação pode não acontecer, ou acontecer de forma problemática, quando
os envolvidos não se expressam adequadamente, como o leão. No entanto, hoje em
dia, é muito comum as pessoas não se entenderem simplesmente porque não dão
atenção ao que está sendo dito, o que é, na verdade, um problema ético. Pensando
nisso, analise a ilustração abaixo e discuta com seus colegas e seu professor sobre
a seguinte questão: por que o problema da comunicação entre as pessoas não está
na distância?
SOARES, Magda. Alfabetização e /e­
tramento. São Paulo: Contexto, 2007.

"A aquisição das habi­


lidades de leitura e escrita
repousa, para a maior parte
das pessoas, no pressupos­
to de que essa aquisição não
é mais que a aprendizagem
de uma "técnica" neutra, in­
trinsecamente boa, que in­
depende do contexto social
específico em que ocorre - é
o pressuposto que está pre­
sente na visão de que o anal­
fabetismo é uma "praga" a ser
"erradicada" (até mesmo em
culturas ágrafas, em que nem
mesmo se tem um sistema
de escrita, ou nem mesmo se Anotações
tem o que ler... "

x
___3_4_ Seres que encantam j
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O leão e o ratinho
- Pagar-me? Ora! Você mal consegue se sustentar! O que poderia fazer a meu
favor, sendo tão fraquinho?!
- Não sei, majestade, mas prometo: algum dia retribuirei sua bondade!
E assim dizendo, o ratinho correu, muito feliz, de volta para sua toca. O vaidoso leão,
por sua vez, embrenhou-se na floresta. Não demorou muito, caiu na rede de um caça­
dor. Debatendo-se de raiva, o leão urrava! E, quanto mais se mexia, mais a corda o en­
laçava. Nesse instante, o tal ratinho, que de longe tudo ouvia, chegou perto dele. Disse:
- Não se preocupe, meu amigo, estou aqui! Fique t anquilo vou libertá-lo. Vou
roer a corda que o prendeu. Descanse e confie em mim.
E o ratinho se pôs a roer a corda insistentemente, até que ela cedeu e se arrebentou!
Sugestão de abordagem - Estou livre! - alegrou-se o leão. - Muito obrigado, ratinho! O que seria de mim
sem sua ajuda?!
E o ratinho humildemente, cheio de alegria, estendeu uma patinha ao grande leão.
Na questão 6 da atividade
proposta na seção Antes de Moral: Não devemos desconfiar da força dos outros, mesmo quando nos parecem
pequeninos e frágeis.
começar a escrever, solicita­ Fábula tradicionalmente atribuída a Esopo.

mos ao aluno que preencha Disponível em: https://www.mensagenscomamor.com/mensagem/l 34615. Acesso em: 24/05/2018.

as lacunas com elementos Vocabulário desconhecido


descritivos, seria interessante
Utilizando pistas do próprio texto, estruturas, ilustrações ou mesmo fontes exter­
ao final chamar a sua atenção nas, como dicionários, construa o sentido das palavras seguintes.
para a riqueza semântica que Profusão - De forma exagerada, maior que o necessário.
eles conferem ao texto original. Displicente - Descuidado desleixado.
Outra sugestão para ex­
plorar ainda mais a atividade O Qual foi a estratégia do ratinho para se libertar das garras do leão? Em que passagem
consiste em levar os alunos do texto podemos ver essa estratégia?

a "jogarem" com os termos Para se libertar do leão, o ratinho procurou convencê-lo de que não seria suficien­
te para alimentá-lo. Esse argumento pode ser observado na seguinte fala: "Tenha
descritivos, propondo diver­
piedade, senhor Leão! Me solte, por favor! Do que lhe serve me matar? Veja, sou tão
sas possibilidades. Feito isso,
pequeno que mal posso matar sua fome... ".
podemos discutir com eles
as nuanças semânticas que O Como você percebeu, o ratinho ficou bastante grato pelo fato de o leão decidir não o
comer e garantiu que algum dia lhe retribuiria o favor. Mas o leão achou graça, não
cada termo oferece.
acreditando que um ratinho tão pequeno pudesse ajudá-lo. O que acontece com o
leão e o ratinho depois dessa situação?
O aluno precisa sinalizar que o ratinho ajuda o leão em uma situação de apuro, quan­
do este fica preso em uma rede. O ratinho, mesmo pequenino, consegue roer a corda

Anotações e libertar o amigo, podendo, assim, retribuir-lhe o favor antes prestado.

x
___3_6_ Seres que encantam j
LPemC_ME_2019_6A_Cap1 .indd 36 25/07/19 11 :22 1
C, O que podemos aprender com as atitudes do leão e do ratinho?
Espera-se que o aluno ressalte ao menos um desses dois ensinamentos: nenhum ato
de gentileza ou misericórdia é inútil (ou seja, o que pode ser um gesto simples para
um pode ser de grande valia para o outro) e não devemos subestimar os outros.

C, As fábulas são fruto de uma tradição oral - em sua origem, elas eram faladas. Os
primeiros fabulistas contavam as suas narrativas às pessoas, que se encarregaram
de repassá-las até que alguém as registrasse na escrita. Desse modo, somente de­
pois de muito tempo essas histórias se tornaram textos próprios da escrita, mas
nelas foi conservada sua característica de texto curto, estrutura própria da oralidade.
Agora, você irá pesquisar uma fábula em livros ou pela Internet. Ao encontrar uma,
leia-a com bastante atenção e, em seguida, reconte-a com suas palavras fazendo
seu registro no caderno.

C, Na fábula tradicional, os animais agem e falam como os seres humanos e vivenciam


situações cujo principal objetivo é passar um ensinamento. Assim, podemos dizer
que os personagens das fábulas representam (simbolizam) diferentes característi­
cas humanas. Na nossa cultura, o leão, por exemplo, normalmente é descrito como
arrogante, forte, violento, vaidoso. O quadro a seguir traz alguns exemplos do simbo­
lismo dos personagens de fábulas tradicionais. Observe e complete as lacunas com
características que, para você, podem ser atribuídas aos animais indicados.
Respostas sugeridas.
Animal Características simbólicas
Asno Tolo, pacífico, preguiçoso.
Cão Protetor, amigo, fiel, esperto.
Cigarra Preguiçosa, imprudente.
Cobra Traiçoeira, traidora, falsa.
Cordeiro Pacífico, medroso, frágil.
Formiga Forte, justa, trabalhadora.
Raposa Esperta, traiçoeira, gatuna.
Tartaruga Lenta, paciente, esperta.
Coelho Rápido, ágil.
Águia Inteligente, fiel.
Coruja Sábia, conselheira.
Lobo Astuto, vingativo.

( Capítulo 1 X.._3_7 ___


LPemC_ME_2019_6A_Cap1 .indd 37 22/07/19 00 :55 1
Proposta
Agora, você vai criar uma fábula para ser
Você se lembra de que as contada aos seus colegas da turma em uma
fábulas sempre trazem uma
lição moral? Pois então, para seção de contação de histórias organizada
não se esquecer de passar al­ pelo professor. Escreva a sua fábula utilizando
gum ensinamento com a sua os personagens ilustrados abaixo:
história, registre-o em uma fra­
se curta ao final da narrativa.

BNCC

Habilidades gerais
EF69LP44 EF69LP46
EF69LP51

Diálogo com o professor

Nesta proposta de produção


os alunos são solicitados a pro­
duzir uma fábula tendo em vista
os conhecimentos teóricos tra­
balhados até o momento.
Na seção Antes de começar a
escrever, página 35, procuramos
preparar o aluno para a produção.
Neste caso, o objetivo foi levá­
-los a observar a funcionalidade
semântica de termos tipicamen­
te descritivos, como uma prévia
para o estudo dos adjetivos.
Nas seções de produção tex­
tual, quase sempre optamos por
propor aos alunos uma avaliação
conjunta dos textos produzidos.
A intenção foi fazer com que
eles atentassem para os aspec­ Além disso, neste primeiro Anotações
tos analisados e procurassem momento, a realização da ati­
perceber nos textos uns dos ou­ vidade em duplas favorecerá a
tros detalhes para os quais não socialização dos alunos novos.
atentaram na construção do seu
próprio texto. Assim, a avaliação
é uma atividade que certamente
contribuirá para o desenvolvi­
mento da proficiência escrita.

___3_s_J Seres que encantam J


LPemC_ME_2019_6A_Cap1 .indd 38 22/07/19 00 :55 1
Planejamento
Antes de começar seu trabalho, planeje seu texto. Para isso, tenha em vista estas orien­
tações:

1. Qual dos personagens será o protagonista e qual será o antagonista?


2. Caso queira, você poderá acrescentar à sua fábula outro personagem para ter papel
secundário, ou figurativo.
3. Utilize o quadro abaixo para caracterizar seus personagens.
4. Lembre-se de criar um título para a sua fábula.
5. Agora, mãos à obra. Bom trabalho!

Personagens principais Personagens secundários

Avaliação


1. Trabalhando com um colega, vocês avaliarão o texto um do outro. Para isso, preen­
cham a tabela abaixo.

º o
Aspectos analisados

o o
Há descrição do ambiente?

o o
O protagonista foi bem caracterizado?

o o
O antagonista também foi bem caracterizado?

o o
Há personagem secundário?

o o
Você gostou do texto do seu colega?
A fábula apresentou uma lição moral?
A fábula do seu colega precisa ser reescrita? o o
2. Em seu caderno, escreva um pequeno comentário explicando o que você mais gostou
no texto do seu colega.

( Capítulo 1 X.._3_9 ___


LPemC_ME_2019_6A_Cap1 .indd 39 22/07/19 00 :55 1
O lobo e o
cordeiro
Anotações
- Além disso- inventou ele-, sei que você andou fa­
lando mal de mim no ano passado.
- Como poderia falar mal do senhor no ano passado, se
nasci este ano?
Novamente confundido pela voz da inocência, o lobo in­
sistiu:
- Se não foi você, foi seu irmão mais velho, o que dá no
mesmo.
- Como poderia ser meu irmão mais velho, se sou filho
único?
O lobo, furioso, vendo que com razões claras não vence­
ria o pobrezinho, veio com a razão de lobo faminto:
- Pois, se não foi seu irmão, foi seu pai ou seu avô!
E- nhoque! - sangrou-o no pescoço.

bulas, também reescreveu em ver­ escreveu suas fábulas em ver­ BNCC


sos franceses muitas das fábulas sos metrificados e rimados, elas
antigas de Esopo e de Fedro. É dele são de fácil memorização. Habilidades gerais
a fábula mais conhecida de todo o Marcos Bagno. EF69LP44 EF69LP47
Ocidente A cigarra e a formiga. Nas Fábulas Fabulosas. ln: CARVALHO, Ma­ EF69LP49 EF69LP53
escolas dos países de língua fran­ ria Angélica Freire de; MENDONÇA, Rosa EF69LP54
Helena. (orgs.) Práticas de leitura e es­
cesa, as fábulas de La Fontaine são
crita. Brasília: MEC, 2006.
estudadas e aprendidas de cor pe­ Habilidades específicas
las crianças, desde o início de sua EF67LP28
escolarização. Como La Fontaine EF67LP37

( Capítulo 1 X..._4_1
___

LPemC_ME_2019_6A_Cap1 .indd 41 22/07/19 00 :55 1


Vocabulário desconhecido

Utilizando pistas do próprio texto, estruturas, ilustrações ou mesmo fontes exter-


nas, como dicionários, construa o sentido das palavras seguintes.
Córrego - Pequeno rio, riacho.
Esfaimado - Que tem fome esfomeado.
Horrendo - Extremamente feio horrível.
BNCC Desaforo - Comportamento ou fala desrespeitosos.
Turvar - Tornar turvo. sem transparência.
Habilidades gerais
EF69LP47
EF69LP49
Desvendando os segredos do texto
Habilidades específicas
EF67LP27 @ A qual personagem da fábula O leão, o asno e a raposa podemos associar o lobo
desta fábula? Explique.
Ao leão, pois, do mesmo modo que ele, o lobo age impondo sua força.

@ Nas fábulas, as ações dos personagens são o foco da narração, apesar de encontrar­
mos também caracterizações físicas e psicológicas que nos ajudam a formar a sua
imagem e conduta. Assim, o que nos leva à moral no final da história são principal­
mente as atitudes dos personagens. Pensando nisso, responda:

a) Qual é a moral dessa fábula?


Contra a força não há argumentos.

b) Que atitudes do cordeiro e do lobo permitem a compreensão dessa moral?


O lobo sempre acusa o cordeiro, e este mostra que todas as acusações não têm sen­
tido.

As melhores aulas de portu­


guês (especialmente no Ensino e) Qual é a intenção do lobo ao agir dessa forma?
Fundamental) que alguém pode Sua intenção é devorar o cordeiro.

conceber partem de textos reais.


Aula que começa com dado sol­
to (para falar de qualquer ques­
tão gramatical: grafia, classifica­
ção de palavras, tipos de oração, observação de como os huma­ Anotações
etc., ou mesmo para comparar nos aprendem a falar: as crian­
escrita correta e escrita errada) ças vivem em uma comunidade
é uma aula que começa mal. A que fala, ouvem de tudo, ou qua­
tese também vale para outras se, e, em pouco tempo, tornam­
áreas: botânica deve começar -se falantes competentes. Sem
com plantas (folhas, flores), não ter aulas...
com desenhos. POSSENTI, Sírio.
O principal argumento para ln: Revista Língua Portuguesa n2 69.
sustentar esta tese decorre da Julho de 2011. São Paulo: Segmento.

J
___4_2_ Seres que encantam J
1 LPemC_ME_2019_6A_Cap1.indd 42 22/07/19 00 :55 1
@ Identifique no texto palavras ou passagens que ajudem a caracterizar os dois perso­
nagens principais de forma positiva ou negativa.
Lobo: esfaimado, horrendo, monstro furioso; cordeiro: cordeirinho, trêmulo de medo,
com inocência, pobrezinho.

C, Ainda sobre a fábula O lobo e o cordeiro, analise as afirmações a seguir assinalando


V (verdadeiro) ou F (falso):
a) ( F) O cordeiro deu motivos para o lobo ficar irritado e depois quis se esquivar.
b) (V) Por ser mais forte, o lobo abusou de seu poder em relação ao cordeiro.
e) ( F) A inteligência sempre vence o poder.
d) (V) O cordeiro representa, no mundo real, os fracos e oprimidos.
e) ( F) Não podemos relacionar a fábula com personagens da vida real, porque a vida
na natureza tem regras próprias.
f) (V) Podemos aplicar essa fábula a muitas situações da vida real em que os fracos
são punidos mesmo tendo razão.
g) (V) Quanto aos personagens, nessa fábula identificamos apenas um protagonista
e um antagonista.

{tt Reconte, com suas próprias palavras, o final da fábula.


Resposta pessoal. Espera-se que o aluno exercite aqui o poder de análise, tanto do
ponto de vista factual quanto do interpretativo. O fechamento do texto revela, de forma
sutil, que o lobo matou o cordeiro. Os alunos precisam perceber essa sutileza e tentar
mantê-la.

(j Com base na resposta da questão anterior, reflita: na fábula, a imagem dos perso­
nagens se define principalmente pela sua descrição ou por suas ações? O que nos
indica a índole de cada um?
Tanto as palavras usadas para descrever os personagens quanto as suas ações in­
dicam a índole de cada um.

@ Ao escrever uma fábula, é importante fornecer ao leitor algumas características dos


seus personagens e dos ambientes para facilitar a compreensão do texto. Leia o tex­
to a seguir, preenchendo as lacunas com palavras que caracterizem os personagens
e o local onde a cena se passa. Respostas sugeridas.

( Capítulo 1 X.._4_3 ___


LPemC_ME_2019_6A_Cap1 .indd 43 22/07/19 00 :55 1
O leão e a raposa
Anotações
Análise linguística

A variação e o preconceito linguístico


Leia o texto a seguir.

Sacolé
· · · · · · · · · ·►

Geladinho
................... · · · · · · · · · · · ·►

Dindim
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . · · · · · · ·►

Chup-chup
··································· ····················· ························+

MINAS GERAIS

1. Como se chama esse tipo de sorvete na sua cidade?


2. O texto retrata uma forma de variação da língua portuguesa. Você conhece outras for­
mas de variação?

Você algum dia já se deu conta de que ninguém fala da mesma forma? No nosso coti­
diano, isso fica bem claro. O tempo inteiro, estamos mudando a nossa forma de nos ex­
pressar. Por exemplo: falamos de maneira diferente com nossos amigos, com a vovó, com
um tio, com o diretor da escola, com o entregador de pizza, etc. E não é só isso: falamos
também de acordo com a nossa classe social, com o local onde vivemos e com a nossa
idade. Assim, apesar de a nossa língua materna ter apenas um nome (português), ela não é
uma só: ela é infinitamente diversificada. É como se o português fosse composto de várias interior de São Paulo, no
línguas ...
sul de Minas Gerais, no
norte do Paraná, no Mato
Grosso do Sul, é feio;
3. a normativa, que conside­
1. a explicativa, que busca vida está em risco); ra a língua um conjunto
racionalizações e propõe 2. a apreciativa, que se exprime de fatos que devem ser
teorias baseadas em falsas por intermédio de julgamen­ julgados em termos de
analogias. Por exemplo: não tos sobre a beleza, a lógica, certo/errado e que se
se pode dizer risco de vida e a clareza, a simplicidade, opõe a todas as formas
sim risco de morte, porque a dificuldade desta ou da­ consideradas como "cor­
ninguém corre risco de viver, quela língua ou desta ou rupção" da língua: por
mas todos cor rem risco de daquela variante linguística: exemplo, quando se afir­
morrer (na verdade, pode-se por exemplo, o r retroflexo, ma que quem diz estou
dizer risco de vida, porque a aquele utilizado em final de com um pobrema, na ver­
expressão quer dizer que a sílabas, como por e mar, no dade está com dois.

( Capítulo 1 X.._4_5 ___


1 LPemC_ME_2019_6A_Cap1.indd 45 22/07/19 00 :55 1
Chamamos essa diversidade de línguas de variação linguística um fenômeno que não
acontece apenas com o português. Todas as línguas estão em constante mudança, va­
riação, tanto ao longo do tempo quanto durante o dia. Por exemplo: você sabia que, nos
séculos XV e XVI, dizia-se fror, e não flor? Como somente os nobres falavam fror, esta era
a forma considerada "correta", enquanto a forma flor, falada pelo povo, era "errada". Hoje,
entendemos que não existem formas certas ou erradas: o que existe é variação.
Todas as formas variantes de uma língua são igualmente ricas e expressivas e atendem
a todas as necessidades dos grupos sociais que as utilizam. Apesar disso, existe ainda
muita discriminação de uma língua ou de uma variante. Chamamos essa discriminação de
BNCC preconceito linguístico.
O preconceito linguístico tem origem em alguns mitos sobre a língua. Os mitos são
explicações que, mesmo aceitas pelas pessoas, não têm fundamento científico. Por exem­
Habilidades gerais plo: há alguns anos (e ainda hoje!), muita gente pensava que a mulher era menos inteligen­
EF69LP01 te que o homem, uma afirmação sem qualquer fundamento lógico. Existem muitos mitos
sobre a nossa língua:
EF69LP55
• O português é muito difícil.
• As pessoas sem instrução falam tudo errado.
• O correto é falar assim porque se escreve assim.
• O português correto é o de Portugal.
• Brasileiro não sabe falar português.
Diálogo com o professor • Quem fala errado é burro.

Do ponto de vista científico, nenhuma dessas afirmações


Optamos por definir a nor­ tem sentido. Assim, não há língua feia ou bonita, fácil ou di­
fícil, inferior ou superior, etc. Por isso, é importante para nós
ma culta para não correr o sabermos nos expressar de acordo com a situação, o con­
Norma culta (ou portu­
risco de cair em teorizações texto de uso da língua: se estou conversando com meus
guês-padrão) é a variedade
amigos em uma festa, posso ser informal, mas, se vou a linguística utilizada pelas pes­
desnecessárias para os alu­ soas pertencentes à classe
uma entrevista de emprego, tenho de ficar atento para me
nos do 6 ° ano. Na verdade, expressar de maneira formal, ou seja, de acordo com a nor­ social de maior prestígio de
uma comunidade e que têm
ao longo de toda a Coleção ma culta. É preciso sempre procurar se adequar à situação: maior escolaridade.
com quem estou falando, onde estou falando, para quê...
abordamos a norma urbana
culta de prestígio e, sempre
que oportuno, mostramos Tipos de variação linguística
como os fenômenos grama­ Embora exista a norma culta, quando nos comunicamos por meio de textos verbais
(orais ou escritos) comumente utilizamos diferentes variedades linguísticas. Esse uso de­
ticais ocorrem nas variantes pende, portanto, das condições sociais, culturais, geográficas, etc. em que nos encon­
não padrão. tramos. Em outras palavras, ao nos expressarmos verbalmente, consideramos a pessoa
com quem interagimos, o local onde estamos, o assunto, nossa escolaridade, entre outros
Outra opção teórica se re­ fatores.
fere à noção de mito. Consi­
deremos o sentido psicanalí­
tico do termo: "um impulso à
repetição de algo imaginário,
que cria um bloqueio à per­ Anotações
cepção da realidade e im­
pede lidar com ela" (Chaui,
2000: 9).
Seria interessante discu­
tir com a turma cada um dos
mitos apontados, enfatizan­
do que, quando se discrimina
uma variante, se discrimina
também o falante.

x
___4_6_ Seres que encantam j
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Veja, a seguir, quatro tipos de variação linguística.

Variação geográfica
Esta variação considera as características linguísticas dos
lugares, como sotaque e vocabulário. No Brasil, percebemos
que a variação geográfica ocorre mesmo em diferentes áreas
do mesmo estado. Na cidade de São Paulo, por exemplo, per­
cebemos um sotaque específico, já em Campinas percebe­
mos outro. O texto sobre o sacolé, dindim, etc. exemplifica de
forma humorada esse tipo de variação.

Variação histórica
Todas as línguas naturais variam com o passar do tempo.
Essa variação fica bastante evidente quando lemos textos an­
tigos. Até o século XVI, como não existia uma padronização
ortográfica, a escrita seguia a pronúncia. Assim, era muito
comum encontrar num texto uma mesma palavra grafada de
formas variadas. Entre o século XVI e o começo do século XX,
houve uma crescente busca de uniformização da escrita: pas­
sou-se a escrever respeitando a origem das palavras. Datam
dessa época palavras como philosophia, pharmacia, chimica.

Variação sociocultural
A variação sociocultural ocorre em função dos grupos so­
ciais em geral, do grau de escolaridade das pessoas e do seu
ambiente sociocultural. Exemplos claros desse tipo de varia­
ção são as gírias e os jargões, empregados por grupos sociais
com objetivo de identificação, pertencimento.

As gírias pertencem ao vocabulário específico de


certos grupos, como os surfistas, cantores de rap
e atletas.

Já os jargões estão relacionados a certas profis­


sões, caracterizando um linguajar técnico dos pro­
fissionais, como médicos, juristas e economistas.

Variação situacional
A língua varia, também, de acordo com a situação comu­
nicativa. Em situações formais, é mais adequado o registro
formal da língua, mas em situações informais não.

( Capítulo 1 X.._4_7 ___


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Prática linguística

@ Releia o texto didático A variação e o preconceito liflguístico e analise as afirmações


a seguir. Marque V, para verdadeiro, ou F, para falso.
a) ( F) Todas as pessoas falam da mesma forma.
b) ( F) Devemos falar da mesma forma com qualquer pessoa.
e) (V) Todas as línguas variam.
d) (V) Não existe apenas uma maneira "certa" de falar.
BNCC e) (V) Falar "certo" é falar de acordo com a situação.
f) ( F) Os brasileiros precisam aprender a falar português.
g) ( F) O português é uma das línguas mais difíceis de aprender.
Habilidades gerais h) ( F) O certo é sempre se expressar de acordo com a norma culta.
EF69LP05 @ Leia a tira a seguir e responda aos questionamentos.
EF69LP55
EF69LP56

A respeito do conteúdo
trabalhado no boxe Bicicreta!,
vale a pena conferir o artigo A
a) É necessário frequentar a escola para aprender a falar português? Justifique.
tradição da "frechada" (revis­
Não. Como é nossa língua materna, aprendemos o português naturalmente, sem
ta Língua Portuguesa nº 70,
qualquer esforço formal.
pp. 18- 19). Nesse texto, Ma­
noel Mourivaldo mostra que b) Para a professora Norma, Zeca não sabe falar português. De acordo com o que
estudamos neste capítulo, ela está certa?
o rotacismo é uma tendência
Não, pois o aluno sabe, sim, falar português. Ele apenas fala uma variante da língua.
das línguas românicas e não
constitui um atraso, como
normalmente o senso comum e) Que variante do português a professora Norma quer que Zeca aprenda na escola?
A professora quer que ele aprenda o português-padrão.
acredita.

Sugestão de abordagem Anotações

A discussão proposta na afirmar que seu próprio pensa­


questão 5 da página 49 é mui­ mento é ideológico, assim como
to delicada, pois poderá levar ninguém normalmente iria se
alguns alunos a identificarem referir a si mesmo como 'gordu­
seus próprios preconceitos e de cho'. A ideologia, como o mau
seus familiares. É preciso cuida­ hálito, é, nesse sentido, algo que
do para mediar essa discussão, a outra pessoa tem" (Eagleton,
porque "[... ] ninguém gostaria de Ideologia, p. 16).

___4_s_J Seres que encantam J


1 LPemC_ME_2019_6A_Cap1.indd 48 22/07/19 00 :55 1
Diálogo com o professor
EJ Leia a tirinha abaixo e responda às perguntas a seguir assinalando V, para verdadei­
ro, ou F, para falso.
Para fundamentar melhor
XAXADO/Antonio Cedraz
a discussão feita na questão
5, podemos nos apoiar em
Eagleton:
Por um lado, a ideologia
não é um mero conjunto de
doutrinas abstratas, mas a
matéria da qual cada um de
a) (V) O menino gostaria de aprender a ler.
b) (V) Marieta ensinaria o menino a ler sob uma condição.
nós é feito, o elemento que
e) (V) O menino não sabe onde fica a escola. constitui nossa própria iden­
d) ( F) Marieta se expressou de maneira pouco formal.
tidade; por outro, apresenta­
e) (V) Para responder ao menino, Marieta usou o português-padrão.
f) ( F) Marieta poderia falar com o menino com mais formalidade. -se como um "todos sabem
g) ( F) Só é possível aprender a ler na escola. disso", uma espécie de ver­
dade anônima universal. A
ideologia é um conjunto de
Bicicreta! pontos de vista que eu por
Você sabia que Camões, o maior poeta português de todos os tempos, escrevia frecha em vez de flecha? Isso
porque, na época em que ele escreveu seu maior poema, Os lusíadas, frecha era a forma considerada "correta" acaso defendo [... ]. Com bas­
pelas pessoas ricas e cultas, como fror. Mas o povo, que era realmente a maior parte da população portuguesa,
falava flecha e flor. Então, quem estava "certo", o povo ou os nobres? Mudanças como essas ocorrem de forma tante frequência parece ser
tão lenta que muitas vezes são imperceptíveis durante a vida de uma pessoa. Hoje, mais de 400 anos depois de
Camões, a maior parte da população brasileira fala flecha e flor. Repare que, linguísticamente, o fenômeno que uma miscelânea de refrãos e
age sobre essas formas é o mesmo que atua sobre as formas não padrão bicicreta, chicrete, broco, brusa, etc.
Quem sabe se daqui a 400 anos estaremos falando assim?
provérbios impessoais, des­
providos de tema; no entanto,
C, O que é um mito?
esses chavões batidos estão
Mito é uma explicação que, mesmo aceita pelas pessoas, não tem fundamento cien­
profundamente entrelaçados
tífico. com as raízes de identidade
pessoal que nos impele, de
@ Como vimos, todo preconceito tem origem em mitos. Por exemplo: o preconceito de
tempos em tempos, ao as­
gênero surge a partir de mitos como "as mulheres são frágeis", "o homem é mais
inteligente", "mulher não sabe dirigir", etc. Em grupo, discuta com os seus colegas e sassinato ou à tortura. Na es­
responda: por que ainda existem tantos preconceitos na nossa sociedade?
fera da ideologia, o particular
Resposta pessoal.
concreto e a verdade univer­
sal deslizam sem parar para
dentro e para fora um do ou­
tro, evitando a mediação da
análise racional (p. 31 ).
Anotações

( Capítulo 1 X.._4_9 ___


LPemC_ME_2019_6A_Cap1 .indd 49 22/07/19 00 :55 1
C, O que devemos fazer para combater os preconceitos?
Aceitar as diferenças, entender que ninguém é superior a ninguém, reprovar atitudes
preconceituosas, etc.

@ O que é o preconceito linguístico?


É a discriminação de uma língua ou de uma variante. Vale observar que a discrimina­
ção de uma variante recai também sobre o seu falante.

(J No texto A variação e o preconceito linguístico, apontamos cinco mitos que estão por
trás desse preconceito. Faça uma pesquisa e aponte mais alguns.
É preciso saber gramática para falar e escrever bem; em alguns lugares do Brasil,
fala-se um português mais bonito; isso é linguagem de índio, etc.

@ Imagine que, depois de algum tempo de trabalho, o funcionário de uma empresa de­
seja receber um aumento salarial. Depois de muito refletir, ele decide falar com seu
patrão. Ocorre o seguinte diálogo.

Sô Marcos. o sinhô bem Então quer dizer, seu João, que o senhor
sabe que trabalho aqui faz deseja ganhar um aumento... Mas isso é
Vossa mercê pode
tempo. Daí que... cê pode jeito de falar com seu patrão? "Cê pode"?
ou não pode?
me dá um aumento?

Analisando o diálogo acima, responda às questões a seguir.


a) Por que o funcionário passou a utilizar vossa mercê, expressão responsável pelo
humor no diálogo, para se dirigir ao patrão?
Porque, aparentemente, o motivo pelo qual o patrão não havia dito se daria ou não o
aumento estava ligado ao fato de o funcionário ter usado uma variante da língua, cê,
para se dirigir a ele. Com isso, João decidiu usar uma expressão erudita para se co­
municar e alcançar seu objetivo.

___s_o_J Seres que encantam J


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b) Que tipo de variação compreende as formas cê e vossa mercê?
A variação diacrônica, ou de tempo, pois vossa mercê se modificou ao longo dos
anos, até chegar à forma cê, utilizada nos dias atuais.

c) O que o fato de o funcionário ter utilizado as duas formas diz a respeito dele?
Que ele domina a variante padrão e a não padrão, tendo optado por utilizar uma ou
outra, dependendo da situação.

{à Como você pôde perceber, funcionário e patrão têm modos diferentes de pronunciar
uma mesma palavra.
a) Com quais outras palavras isso ocorre?
Sô/seu e senhor/sinhô.

b) Na sua opinião, a forma utilizada por um ou por outro é mais certa ou mais errada?
Explique.
Reposta pessoal. Espera-se que o aluno responda que não, que ambas as formas
devem ser aceitas na comunicação. Por outro lado, como se trata de uma conversa
entre patrão e empregado, na qual este aborda um tema delicado (aumento salarial),
seria mais adequado utilizar a norma-padrão da língua.

Cí, Você já ouviu falar em intencionalidade discursiva? Pesquise a esse respeito e res­
ponda: qual era a intenção por trás da atitude do patrão de repetir o pedido do funcio­
nário em "Então quer dizer, seu João, que o senhor deseja ganhar um aumento..."?
A intencionalidade discursiva são as intenções, implícitas ou explícitas, presentes
no discurso. Assim, podemos concluir que o patrão teve por intencionalidade corrigir
seu empregado, já que este usou uma variante da língua para se comunicar.

( Capítulo 1 X__
s_1 ___

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Antes de começar a escrever

Certamente, você já deve ter escutado, principalmente de pessoas mais velhas, algu­
mas frases de efeito que lhe dão uma lição moral. "Água mole em pedra dura tanto bate até
que fura", "Gato escaldado tem medo de água fria", "Quem anda com porcos farelo come",
"Diz-me com quem andas que te direi quem és" são algumas poucas das várias fórmulas
ditas popularmente como verdades morais. A esses textos, damos o nome de provérbios,
que são ditados populares que perduram nas culturas por meio de sua passagem oral de
uma geração para outra, sem autoria identificável. Os provérbios fazem parte do que po­
demos chamar de sabedoria popular.
A semelhança dos provérbios com as fábulas está no desfecho deste gênero literário:
a moral da história é sempre uma frase de efeito que resume o ensinamento de toda a fá­
bula. Desse modo, a lição moral de muitas fábulas pode ser usada na prática social com
a função de provérbio sem que saibamos a sua origem.

Veja mais alguns exemplos de provérbios.

Em 1999, o linguista e pro­


fessor da Universidade de Brasí­
lia (UnB) Marcos Bagno publicou De grão em grão, a galinha
o livro Preconceito linguístico: o enche o papo.
que é, como se faz, uma obra in­
dispensável para entendermos Beleza não põe mesa.
o que é essa terrível forma de
exclusão. Caiu na rede é peixe.
Nesse livro, Bagno denuncia
a existência de vários mitos que Cão que late não morde.
povoam o imaginário dos brasi­
leiros a respeito de si mesmos e Devagar se vai ao longe.
da língua que falam. Valendo-se
de sua larga experiência como Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço.
estudioso da língua e da lingua­
gem, ele desconstrói cada um Seguro morreu de velho.
desses mitos, mostrando que
não têm nenhum fundamento Filho de peixe peixinho é.
científico. Vale a pena conferir.
Mais vale um pássaro na mão do que dois voando.
PllfCONCEITO UlflUíSllCO
Cautela e caldo de galinha não fazem mal a ninguém.
Neste livro, Em terra de cego, quem tem um olho é rei.
o autor
investiga o Um homem prevenido vale por dois.
preconceito
em torno da Quem semeia vento colhe tempestade.
língua.

___s_2_J Seres que encantam J


1 LPemC_ME_2019_6A_Cap1.indd 52 22/07/19 00 :55 1
BNCC
9 Converse com seus colegas e tentem se lembrar de mais provérbios que vocês co­
nheçam. Liste alguns deles aqui.
Habilidades gerais
Resposta pessoal.
EF69LP44 EF69LP46
EF69LP51
O Ao lado de cada provérbio colocado, explique com suas próprias palavras o seu sen­
tido. Se achar necessário, explique-o com exemplos.
Habilidades específicas
Resposta pessoal.
EF67LP27 EF67LP30
EF06LP11 EF06LP12
O (Enem) Como estamos na "Era Digital", foi necessário rever os velhos ditados exis­
tentes e adaptá-los à nova realidade. Veja abaixo.

1. A pressa é inimiga da conexão.


2. Amigos, amigos, senhas à parte.
3. Para bom provedor uma senha basta. Sugestão de abordagem
4. Não adianta chorar sobre arquivo deletado.
5. Mais vale um arquivo no HD do que dois baixando.
6. Quem clica seus males multiplica. Na proposta de produção
7. Quem semeia e-mails colhe spams.
8. Os fins justificam os e-mails.
textual, peça aos alunos que
abordem em seu texto algu­
No texto, há uma reinterpretação de ditados populares com o uso de termos da infor­ ma forma de discriminação,
mática. Essa reinterpretação: para conduzir a reflexão no
a) torna o texto apropriado para profissionais da informática.
):! atribui ao texto um caráter humorístico. sentido da lição moral indi­
e) restringe o acesso ao texto por público não especializado. cada. Seria uma boa oportu­
d) deixa a terminologia original mais acessível ao público em geral.
e) dificulta a compreensão do texto por quem não domina a língua inglesa. nidade para pôr em prática as
reflexões feitas nesta segun­
da parte do capítulo, a respei­
Proposta to do preconceito linguístico,
Agora, você vai produzir mais uma fábula tendo em vista os conhecimentos trabalha­ mas muitas outras formas
dos neste capítulo. Antes de começar, escolha ou sorteie um dos provérbios da lista da de discriminação podem ser
página 52 para servir de ensinamento sugerido pelo seu texto. Se, por exemplo, você
escolheu o provérbio "Água mole em pedra dura tanto bate até que fura", tente imaginar abordadas.
uma situação que envolva animais em que um deles, o mais frágil, vença o outro por meio
da insistência, e não pela força. Você pode optar, também, por trabalhar com ditados po­
pulares "atualizados", como aqueles que vimos na questão 3 acima. Caso tenha interes-

Bagno (2001) se baseia em Ea­ universal", o "todos sabem disso", preconceitos (racial, sexual, etá­
gleton (1997) para estudar as ori­ nas palavras de Eagleton. Para elu­ rio, linguístico, religioso, de classe,
gens do preconceito linguístico. cidar seu ponto de vista, Bagno (pp. de origem geográfica, etc.) que
Os "refrãos ou provérbios impes­ 48-49) conclui: Me parece, portanto, imperam no "senso comum" são
soais" e "chavões batidos" a que impossível dissociar preconceito de hipônimos da ideologia dominan­
Eagleton se refere, ele identifica ideologia. Talvez se possa até arris­ te, assim como os mitos que os
como mitos. O preconceito seria, car ver na relação ideologia-precon­ conformam são hipônimos des­
então, essa "verdade anônima ceito uma hiperonímia: os diversos ses preconceitos.

( Capítulo 1 X..._s_3___
1 LPemC_ME_2019_6A_Cap1.indd 53 22/07/19 00 :55 1
se, navegando pela Internet
você poderá encontrar mui­
tos outros ditados "atuali­
zados". Veja mais alguns Escaneie o QR
exemplos neste site. CODE ao lado.

O seu texto fará parte de uma coletânea de fábulas organizada pela turma com apoio
do professor. Ao final do trabalho, vocês precisam tomar algumas decisões em conjunto:
1. Como será o título do livro?
2. Como será a sua capa?
3. Quem será o editor?
4. Os textos serão ilustrados?

Planejamento
Antes de começar a produzir o seu texto, volte à proposta da página 38 e escolha os
personagens principais entre os animais ali ilustrados. Em seguida, planeje seu texto pen­
sando nos seguintes pontos:
1. Qual dos animais será o protagonista e qual será o antagonista?
2. Qual será o conflito vivenciado por eles?
3. Esse conflito e os personagens escolhidos lhe ajudarão a alcançar a lição moral pretendida?
4. Defina que nível de linguagem utilizará: mais formal ou menos formal?
5. Planeje a se uência de acontecimentos da narrativa.
6. Crie um título para o seu texto.

Avaliação
1. Trabalhando com um colega, vocês avaliarão o texto que cada um escreveu. Durante a

mm
avaliação, observem:
Aspectos analisados

A história produzida apresenta uma situação-problema e uma so­


o o
o o
lução?
A sequência de cenas ajuda o leitor a construir o sentido do texto?
Os personagens escolhidos agiram de acordo com o que se espe­
rava deles? o o
A fábula produzida apresenta um título? o o
O texto se apresenta formalmente como uma fábula, ou seja, apre­
senta as características que levam o leitor a identificá-lo como tal? o o

x
___5_4_ Seres que encantam j
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BNCC
A escrita em foco

Fonema e letra Habilidades gerais


EF69LP55 EF69LP56

O que é ortografia? Habilidades específicas


De maneira simples, ortografia significa escrita correta e designa o ramo de estudo da língua que, obedecendo
a uma série de regras, padroniza a escrita das palavras. É ela que estabelece, por exemplo, a forma casa (com s) EF67LP32
como certa, e não caza, em todos os países lusófonos - nações que têm o português como língua oficial.

Como vimos, é muito comum se pensar que a língua falada deve seguir fielmente a
escrita. Muitas pessoas acreditam no mito de que "é correto falar assim porque se escre­
ve assim". Entretanto, não há, necessariamente, uma correspondência entre os sons que Diálogo com o professor
produzimos na fala e as letras que usamos para representá-los. Na verdade, uma simples
palavra, como mar, pode ser pronunciada de maneiras muito diferentes, de acordo com a
região em que o falante vive.
Quando começamos o pla­
nejamento da Coleção, que
maR - o ré pronunciado de maneira forte no interior de São Paulo, no sul precedeu a elaboração dos
de Minas Gerais, no norte do Paraná e no Mato Grosso do Sul.
originais, pensamos em tra­
zer, ao final de cada capítulo,
Algo interessante acontece também com as palavras tia e dia. Como você as pronun­
cia? Você conhece outras formas de pronunciá-las? Como você vê, existem várias formas uma seção em que pudésse­
de se dizer uma mesma palavra. Por isso, não há necessariamente correspondência entre mos tratar especificamente de
sons e letras.
questões relacionadas à orto­
Assim, podemos concluir que: grafia. O grande desafio seria
trabalhar esses conteúdos em
as letras nada mais são que tentativas de representação gráfica dos sons.
uma perspectiva linguística,
Agora veja: pois, normalmente, nada mais
são que convenções estabe­
sala ala fala
lecidas pelo Decreto nº 6.583,
Nesses exemplos, temos três palavras diferentes que que regulamenta o Acordo
designam coisas diferentes. Apesar de o grupo -ala per­
manecer o mesmo nas três palavras, o som do s, o do m e Ortográfico de 1990. Ou seja:
Fonemas são os sons ele­
o do fdistinguem-nas. Assim, chegamos a outra definição mentares pelos quais distin­ são informações que se apre­
muito importante, a de fonema. guimos o significado das pa­
É importante frisar que fonema não é letra. Como disse­
lavras. sentam como regras que de­
mos, os fonemas são sons elementares, enquanto as letras vemos "decorar". Vale dizer
que, apesar de nosso propó­
sito inicial, acabamos expan­
dindo os limites desta seção,
passando a tratar, também, de
Anotações aspectos relacionados à fono­
logia, à sintaxe, à semântica e
à pragmática. Por esse moti­
vo, optamos por identificar a
vinheta da seção como A es­
crita em foco, título que abran­
ge suficientemente esses as­
pectos.

( Capítulo 1 X__s_s ___


1 LPemC_ME_2019_6A_Cap1.indd 55 22/07/19 00 :55 1
(ou grafemas) são os sinais utilizados na tentativa de representá-los na escrita. Assim,
nem sempre os fonemas equivalem às letras que os representam. Há palavras, por exem­
plo, escritas com a letra h, mas essa letra não tem som, como em homem. No português
brasileiro, algumas palavras são escritas com r no final, como colar, mas, na fala, esse r
tende a não ser pronunciado: colá.

O alfabeto
Você sabia que, para formar as milhares de palavras da
língua portuguesa, nós utilizamos apenas 26 letras?Pois é,
Diálogo com o professor apenas com essas 26 letras que compõem o nosso alfabe­
Alfabeto é o conjunto de
letras de um sistema de es­
to, podemos criar infinitas formas de expressão verbal. crita.
As letras do nosso alfabeto se organizam da seguinte
Normalmente, as letras k, w forma:
e y despertam dúvidas quanto
ao seu comportamento tôni­ Maiúsculas
ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ
co. Essa incerteza é bastante
Minúsculas
pertinente, pois o próprio texto a b c d e f g h i j k l m n o p q r s t u v w xyz
do Decreto no 6.583, que pro­
mulga o Acordo Ortográfico de Antes do novo AcordoOrtográfico daLínguaPortuguesa, que entrou em vigor em 1 ° de
1990, é inconclusivo. janeiro de 2009, as letras K/k, W/w e Y/y não pertenciam ao nosso alfabeto. Elas são utili­
zadas nos seguintes casos:
Para esclarecer esses
1. Em abreviaturas. Exemplos: km (quilômetro),W (watt).
questionamentos, é interes­ 2. Em nomes estrangeiros. Exemplos: Kevin,Wellington, boy, hobby.
sante conferir o diz o Dicioná­ 3. Em palavras originadas de nomes estrangeiros. Exemplo: shakespeariano.
rio Houaiss da Língua Portu­
guesa: Classificação dos fonemas
K - representa a consoan­ Os fonemas da língua portuguesa se classificam em:
te oclusiva velar surda. • Vogais - são fonemas entendidos como tons (sons fortes). São representados na es­
crita de duas formas:
W - representa dois sons
distintos: 1) consoante trica­ - Orais - a, é, ê, i, o, ô, u. Exemplos: cajá, pé, cedo, tudo, evitar.
- Nasais - a, e, i, o, u. Exemplos: canja, doença, linda, onda, unha.
tiva labiodental sonora (p.ex.,
wagneriano); 2) semivogal • Semivogais - são fonemas entendidos como semitons (sons um pouco mais fracos
que os tons). São os fonemas /i/ e /u/ quando acompanhados de vogais. Exemplos: caixa,
posterior alta fechada arre­ deixar, Cláudio, falavam.Observe que, nesses dois últimos casos, as letras o e m represen­
dondada oral (p.ex., watt). tam o fonema /u/, por isso são consideradas semivogais.
• Consoantes - são fonemas entendidos como ruídos.
V - representa a vogal ou
a semivogal anterior alta fe­
chada não arredondada oral,
us. em palavras como hobby,
boy, incorporadas de léxicos
Anotações
estrangeiros.

x
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1 LPemC_ME_2019_6A_Cap1.indd 56 22/07/19 00 :55 1
As línguas variam ao longo do tempo
O texto a seguir é um trecho da carta que o escrivão da frota de Pedro Álvares Cabral enviou ao rei de Portugal,
D. Manuel, relatando a viagem das naus portuguesas desde a saída da cidade de Belém até avistarem o Monte
Pascoal, na Bahia, em 22 de abril de 1500.
Em 14 páginas, o escrivão Pero Vaz de Caminha relata em detalhes o que os portugueses encontram no litoral
da Bahia: uma mata exuberante, água em abundância, pássaros coloridos e, é claro, os indígenas que habitavam
a região. Diante do desconhecido, surge uma descrição curiosa sobre seus hábitos e suas feições.
O documento histórico está guardado no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, em Lisboa (Portugal). Fica
armazenado em um cofre e só é exposto ao público em ocasiões especiais. Mas a Direção-Geral de Arquivos do
governo português disponibiliza uma versão digitalizada da carta, que pode ser acessada pela Internet. No link a
seguir, você pode ler o documento na íntegra.

"Dali avistamos homens que andavam pela praia, obra de sete ou oito, segundo disseram os navios pequenos,
por chegarem primeiro (...). Eram pardos, todos nus, sem coisa alguma que lhes cobrisse suas vergonhas. Nas
mãos traziam arcos com suas setas. Vinham todos rijamente sobre o bater; e Nicolau Coelho lhes fez sinal que
pousassem os arcos. E eles os pousaram.
A feição deles é serem pardos, maneira de avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem feitos. Andam
nus, sem cobertura alguma(...). Os cabelos seus são corredios. E andavam tosquiados, de tosquia alta. mais que
de sobre-pente, de boa grandura e rapados até por cima das orelhas. E um deles trazia por baixo da solapa, de
fonte a fonte para detrás, uma espécie de cabeleira de penas de ave amarelas, que seria do comprimento de um
coto, mui basta e mui cerrada, que lhe cobria o toutiço e as orelhas."
Disponível em: http://www.ebc.eom.br/a-carta-de-pero-vaz-de-caminha. Acessado em: 18/09/2018.

Como você pode observar, a leitura do texto de Caminha revela a variação pela qual a
língua portuguesa passou naturalmente ao longo do tempo. A grafia e o português antigo
de Caminha dificultam a compreensão. Muitas palavras caíram em desuso, outras tiveram
a grafia alterada com o passar do tempo.

( Capítulo 1 X__
s_7 ___

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Infância 2
BNCC
Em um poema, cada linha é chamada de verso. O conjunto de versos compõe a es­
trofe. Normalmente, nos poemas, o som final dos versos é igual ou parecido, criando
uma sonoridade agradável. Observe: Habilidades gerais
EF69LP48 EF69LP54
Tirei zero na prova, EF69LP55 EF69LP56
menti que tirei dez,
ganhei uma bola nova,
machuquei os pés. Habilidades específicas
EF67LP32
Essa semelhança fonética entre os versos é chamada de rima.

a) Identifique as rimas do poema Infância 2.


Sugestão de abordagem
Terra/serra, gude/pude, prova/nova, dez/pés.

Para dinamizar o trabalho


b) Observe: "Ganhei uma bola nova". Que palavras poderíamos obter se trocássemos com a fonologia e tornar o
o fonema /b/ na palavra bola?
conteúdo mais atraente para
Cola, fola, gola, mola, sola, etc. Fola é um substantivo feminino e significa agitação,
a turma, podemos realizar
revolvimento do mar, marulho.
uma atividade lúdica com fra­
ses em português cuja pro­
núncia sugere/lembra outra
língua. É o que acontece, por
Ú Observe as palavras abaixo e, a seguir, analise as afirmações, assinalando V, para
verdadeiro, ou F, para falso. exemplo, com "Feridas ardem
e doem, aftas idem", que lem­
lata - mata
bra a pronúncia alemã: Frie­
des arden deun After sieden.
a) (V) A mudança de um fonema criou uma nova palavra.
Com os cuidados neces­
b) ( F) Fonemas e letras são a mesma coisa. sários e observando a matu­
e) ( F) Os fonemas podem se combinar de qualquer maneira. ridade da turma, poderíamos
d) (V) Em ambas as palavras, temos duas vogais e duas consoantes.
e) (V) Nas duas palavras, a vogal a tem som oral. fazer um trabalho lúdico tam­
bém com cacófatos. Pode­
ríamos pedir para os alunos
buscarem exemplos interes­
santes e analisá-los do ponto
de vista fonético. No trabalho
com a questão 1, é interes­
Anotações
sante mostrar aos alunos que
a mesma letra pode represen­
tar sons diferentes e que um
mesmo som pode ser repre­
sentado por letras diferentes.

( Capítulo 1 X__ s_9 ___

1 LPemC_ME_2019_6A_Cap1.indd 59 22/07/19 00 :55 1


Ú Certa vez, falando de sua vida, o repentista pernambucano Lourival Batista, conheci­
do como Louro do Pajeú, disse:

É muito triste ser pobre;


pra mim, é um mal perene...
Trocando o p pelo n,
é muito alegre ser nobre;
sendo pelo e, é cobre.
Sugestão de abordagem Cobre figurado é ouro;
botando o t, fica touro,
como a carne e vendo a pele;
Podemos fazer com os alu­ o t sem o traço é 1,
termino só sendo Louro.
nos um trabalho com poetas
populares, a exemplo de Lou­
ro do Pajeú, Patativa do As­
saré, Zé da Luz, entre tantos
outros que, mesmo sem pas­
sar pelo processo de escola­
rização formal, construíram
obras extremamente ricas.
Seria interessante, também,
observar com a turma os tra­
ços da oralidade presentes
a) Nessa estrofe, o poeta nos mostra o valor de um fonema. Explique.
nos versos desses artistas da
O poeta brinca com a mudança de fonemas nas palavras, mostrando que a sua alter­
palavra, para introduzir o con­
nância pode gerar palavras diferentes.
ceito de alofone.

b) "É muito triste ser pobre." Que verso da estrofe tem sentido oposto a esse?
"[...] é muito alegre ser nobre [...]"
Diálogo com o professor
e) Nessa estrofe, qual é o sentido da palavra nobre?
Inúmeros fatores contribuem
Rico.
para o surgimento dos sota­
ques, sobretudo as influências
históricas, geográficas e socio­
culturais. Nada mais normal se
considerarmos a língua como locais em que os contatos lin­
Anotações
um fenômeno sócio-histórico guísticos são estabelecidos. Do
e cognitivo. Do lado histórico, lado sociocultural, analisamos
devemos considerar que a lín­ as classes sociais, os níveis de
gua recebe influências de ou­ escolarização, as faixas etárias,
tros grupos linguísticos, sim­ etc. Juntando esses fatores a
plesmente porque, neste mundo outros não menos importantes,
sem fronteiras, o contato com podemos justificar a diversida­
outros povos é fato inerente. Do de de variantes que formam o
lado geográfico, observamos os português brasileiro.

___6_o_J Seres que encantam J


LPemC_ME_2019_6A_Cap1 .indd 60 22/07/19 00 :55 1
C, Observe as placas abaixo, muito comuns em diversos estabelecimentos, principal­
mente hospitais.

1. ( SILÊNCIO J 11.

Reflita sobre as placas e responda às questões a seguir.


a) Ambas trazem a mesma informação?
Sim, ambas pedem silêncio.

b) Conforme aprendemos, que tipo de linguagem cada uma delas utiliza?


A placa I utiliza a linguagem verbal; e a placa li, a não verbal.

c) Agora, leia a placa I em voz alta, como se pedisse a alguém para fazer silêncio.
Analisando a sílaba cio, você consegue identificar qual fonema vocálico é pronun­
ciado de maneira mais forte?
O fonema /oi é pronunciado com mais força.

d) Na sílaba cio, qual dos fonemas é vogal? Qual é semivogal?


O fonema /i/ é semivogal, e o fonema /o/ é vogal.

Ú A respeito dos sons da fala, assinale a afirmação verdadeira.


a) Falamos exatamente como escrevemos, pois as letras do alfabeto contemplam
todos os fonemas existentes na fala.
� Enquanto as consoantes são consideradas ruídos, as vogais são entendidas como
tons.
c) Fonema e letra, resumidamente, são a mesma coisa. Um exemplo disso é a manu­
tenção da mesma pronúncia de determinada letra, independentemente da região
de onde se fala.
d) As letras são representações fiéis dos sons da fala.
e) Apenas a forma de pronunciar o r muda de região para região. As demais letras são
pronunciadas por todos os brasileiros da mesma forma.

( Capítulo 1 X 6 1
.._ _ ___

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@ Na seção É hora de produzir da página 52, você compôs uma fábula
cuja lição moral sugerida foi um dos provérbios apresentados. O prin­
cipal objetivo da produção desse texto foi participar de uma antologia
de fábulas preparadas pela turma. Com a finalização dessa coletâ­
nea, você e seus colegas poderão promover a encenação de algumas
histórias em grupos. Para isso, será necessário conhecer alguns de­
talhes importantes que envolvem o texto teatral. Vamos lá?

Normalmente escrito ou encenado em diálogos, o texto teatral é aquele que melhor imita
as situações reais. Nele, os personagens conversam entre si para dar ao espectador a sen­
sação de que faz parte da cena, da própria história.
Em algumas peças de teatro, não existe um narrador. A voz que aparece no início do texto
ou das cenas, passando informações sobre a encenação, representa a voz do próprio autor.
Depois de iniciada a encenação, os atores e o diretor são orientados pelas pistas presentes
nas falas dos personagens e pelas rubricas (comentários, descrições, etc. que o autor do
texto coloca em evidência, indicando o tom de voz, o figurino, o posicionamento dos ato­
res ...). Assim, durante o espetáculo, os espectadores vão identificando as características dos
personagens a partir da sua participação nas cenas. A ausência do narrador faz com que o
texto teatral seja construído, principalmente, pelas falas dos personagens.

J
___6_2_ Seres que encantam J
1 LPemC_ME_2019_6A_Cap1.indd 62 22/07/19 00 :56 1
Uma das características mais marcantes do texto teatral
é a encenação, isto é, a representação da peça no momen­
to presente. Agora que você e seus colegas conhecem um
A estrutura da peça teatral
pouco mais as características do texto teatral, é hora de
As peças teatrais normal­
preparar a encenação. Para isso, os grupos devem:
mente se estruturam em:
Atos - São as partes maiores,
1. Definir como serão os cenários. Importante: todas as que correspondem a um ciclo
completo de ações. Entre um
indicações sobre a encenação devem ser feitas antes
ato e outro, há um intervalo.
do texto. Quadros - São subdivisões
2. Planejar as ações dos personagens, tentando ordená­ dos atos. Normalmente, a mu­
dança de quadro implica a mu­
-las em direção a um conflito, um clímax e um desfe­
dança de cenário.
cho. É muito importante que o desfecho surpreenda os Cena - Corresponde à menor
espectadores. divisão de um ato. Assim, tan­
to o ato quanto o quadro são
3. Procurar dar dinamismo ao texto por meio dos diálogos
formados por cenas.
e das rubricas. Assim, vocês conseguirão prender mais
facilmente a atenção da plateia.
4. Observar a expressão dos atores. No teatro, é fundamen­
tal a compreensão e interpretação do texto por meio de
uma leitura ou fala expressiva e fluente, que respeite o
ritmo, as pausas, as hesitações e a entonação, indicados
principalmente pela pontuação.

( Capítulo 1 X.._6_3 ___


1 LPemC_ME_2019_6A_Cap1.indd 63 22/07/19 00 :56 1
Mídias em contexto

Um filme muito interessante em que você perceberá bem


a importância do narrador é o divertido Narradores de Javé Ao longo de sua trajetória
como cineasta, Eliane Caffé
(2003), de Eliane Caffé. O filme se passa no pequeno vilare­ vem construindo temáticas e
jo de Javé, onde os moradores de repente se deparam com abordagens cada vez mais im­
uma terrível notícia. plicadas com a exploração da
linguagem audiovisual em "zo­
BNCC nas de conflitos reais" - tan­
to no contexto rural do Brasil
como nos grandes centros ur­
banos.

Habilidades gerais
EF69LP01 EF69LP06 O filme também apresenta uma interessante re­
EF69LP07 EF69LP11 flexão sobre a relação entre linguagem oral e escrita
(discussão que abordamos neste capítulo), bem como
EF69LP14 EF69LP50 a relação de ambas com a sociedade. "Gente, a escri­
EF69LP52 EF69LP55 tura é assim. O homem curvo vira corcunda. Gente do
olho torto, eu digo que é zarolho. Por exemplo, se o
sujeito é manco, então na história eu digo que ele não
Habilidades específicas tem perna. É assim, das regras da escritura".

EF67LP02 EF67LP12 Agora, em grupo com os seus colegas, peça aju­


EF67LP27 EF67LP28 da aos professores de Língua Portuguesa e História
EF67LP29 para realizar as atividades a seguir.

Reflitam e opinem.

Sugestão de abordagem a) Qual é a importância da memória para a História?


b) Qual é a importância da linguagem para a memória?

No trabalho com o filme f, Os filmes de ficção também têm o objetivo de narrar os fatos que acontecem com
Narradores de Javé, a parti­ personagens. Ao longo da História, percebemos que a ação de narrar está intima­
mente relacionada à procura de respostas para as questões fundamentais que en­
cipação do narrador pode ser volvem os seres humanos. Narrando os casos que conhecem sobre os fundadores e
enfatizada. Seria uma exce­ o passado de Javé, os moradores procuram a própria origem. Assim, explique qual é
o objetivo de a humanidade buscar o passado.
lente oportunidade para mos­
trar aos alunos que a nar­ Ó Agora, explique: qual foi o objetivo dos moradores de Javé ao buscar o passado da
ração (como qualquer outra cidade?

manifestação linguística) ja­


mais é feita de maneira neu­
tra. A narração das memórias
do município de Javé por seus
moradores mostra claramen­
Anotações
te as diferentes perspectivas
que o discurso narrativo pode
assumir.

x
___6_4_ Seres que encantam j
1 LPemC_ME_2019_6A_Cap1.indd 64 22/07/19 00 :56 1
Anotações
(9 Em seu caderno, produza uma sinopse do filme.

Ó Obra de ficção, o filme Narradores de Javé apresenta uma estrutura em que várias
narrativas se encaixam umas às outras, inclusive se aproximando da realidade de
muitas cidades do interior do Brasil. Ora, na busca pelo desenvolvimento, o Gover­
no Federal tem implementado grandes projetos que visam à produção de energia
hidrelétrica, por meio da construção de barragens fornecedoras, e à superação de
problemas antigos, como a seca, por meio da transposição do Rio São Francisco, por
exemplo. Projetos como esses, em geral, afetam drasticamente a vida dos morado­
res de cidades localizadas em suas linhas de ação. Ficamos, então, diante de uma
questão fundamental: em que medida compensa alterar uma cidade para beneficiar
outras? Pensando nisso, imagine que, ao navegar pelo Twitter, você se depara com o
seguinte tweet:

maquiavel '# Seguir


@maquiavel pois eles não conseguiam visua­
lizar nada que fosse realmente
#inundação de javé os fins justificam os meios.
-+. Responder t.."l- Retweetar * Curtir ... Mais importante e digno de ser eter­
689
�E..- VEETS
303
C rR-•lvJ.. ■ nizado. A única riqueza daquele
lugar eram os casos tradicional­
a) Você concorda com esse tweet? Você clicaria em Retweetar? Explique. mente contados sobre o Vale de
b) O que você responderia a @maquiavel? Lembre-se de que você só dispõe de 280
caracteres.
Javé - segundo o povo de lá,
algo de grande valia. Decidiu-se,
então, fazer um "dossiê científi­
Outras fontes � co", um livro que documentasse
os grandes e nobres feitos da
história do vale. Em um espaço
habitado por talentosos conta­
dores de história, em sua maioria
analfabetos ou semianalfabetos,
Liev Tolstói. Fábulas. Tradução Augusto Monterroso. A ovelha negra Esopo. Fábulas completas. quem escreveria tal documento?
de Ana Sofia Mariz e Tatiana e outras fábulas. Tradução de Millôr Editora: Cosac Naify.
Mariz. Editora: Companhia das Fernandes. Editora: Cosac Naify. A responsabilidade sobre o tra­
Letrinhas.
balho ficou para Antônio Biá, um
malandro de caráter duvidoso,
odiado por quase todos devido
às traquinagens que já havia co­
metido. Mas era ele o único ci­
dadão que sabia escrever bem.
Sugestão de abordagem
radares: o povoado desapareceria A população de Javé não tinha
com a construção de uma enorme outra opção, a não ser contar
Para o trabalho com a ques­ usina hidrelétrica. Para evitar o com a letra de Biá. E assim ele
tão 4, sugerimos esta sinopse. fim, eles decidem preparar um do­ ficou encarregado de ouvir mo­
cumento em que narram todos os rador por morador e registrar a
A rotina tranquila do pequeno acontecimentos heroicos da cidade grandiosa história do vilarejo,
vilarejo fictício de Javé é abala­ para entregar ao governo e provar salvando o povo da inundação e
da por uma notícia que mudaria que ela é importante. Para o povo livrando a cidade de ser devora­
definitivamente a vida dos mo- de Javé, seria uma tarefa difícil, da pelo progresso.

( Capítulo 1 X.._6_5 ___


1 LPemC_ME_2019_6A_Cap1.indd 65 22/07/19 00 :56 1
As parábolas são narrativas curtas, às
vezes engraçadas, às vezes dramáticas, que,
como as fábulas, possuem uma intenção moral
implícita ou explícita e muita simplicidade. Entre­
tanto, ao contrário das fábulas, que normalmente
são protagonizadas por animais e se destinam fun­
damentalmente às crianças, as parábolas comumen­
te são protagonizadas por seres humanos e, muitas
vezes, têm cunho religioso, podendo remeter tanto ao
mundo real quanto à fantasia. Assim, ao longo dos
tempos, as parábolas têm sido usadas para nos aju-
dar a tomar decisões sobre questões éticas e mo­
rais do nosso dia a dia: no ambiente de trabalho,
com a família, na sociedade...
BNCC

Habilidades gerais
EF69LP44 EF69LP47
EF69LP49 EF69LP53

Habilidades específicas
EF67LP27
EF67LP28

Objetivos Pedagógicos

Ao final deste capítulo, es­


peramos que o aluno seja ca­
paz de:
• Reconhecer as
características formais
da parábola e sua função
social.
• Compreender a noção
de frase na perspectiva
pragmática.
• Identificar os tipos de frase
também na perspectiva
pragmática. Diálogo com o professor
• Reconhecer e adequar-se
às condições discursivas.
Para dar continuidade ao tra­ as parábolas nos conduzem a
• Continuar o trabalho com a
balho com as narrativas de tra­ reflexões importantes acerca
fonologia, compreendendo
dição oral, trabalharemos agora do nosso comportamento, dos
o conceito de sílaba.
com o gênero parábola, uma das nossos valores, dos nossos pre­
formas mais antigas de narra­ conceitos. Da mesma forma, o
ção, sendo comuns em inúme­ encerramento sugere uma lição
ras culturas. Como as fábulas, moral.

___6_s_x Lições para a vida j


LPemC_ME_2019_6A_Cap2.indd 68 30/07/19 11 :07 1
Daniel na cova dos leões
E foi trazida uma pedra e posta sobre a boca da cova. O rei a selou com o
seu anel e com o anel dos seus senhores, para que não se mudasse a sen­
tença acerca de Daniel. Então o rei se dirigiu para o seu palácio e passou a
noite em jejum. Não deixou trazer à sua presença instrumentos de música;
e fugiu dele o sono. Pela manhã, ao romper do dia, levantou-se e foi com
pressa à cova dos leões. Chegando lá, removeu a pedra e chamou Daniel
com uma voz triste:
- Daniel, será que o teu deus conseguiu te livrar dos leões?
Então Daniel falou ao rei:
- ó rei, vive para sempre! O meu deus enviou o seu anjo e fechou a boca
dos leões, para que não me fizessem dano, porque foi achada em mim
inocência diante dele; e também contra ti, ó rei, não tenho cometido delito
algum!
O rei muito se alegrou em si mesmo e mandou tirar Daniel da cova. As­
sim feito, nenhum dano se achou nele, porque crera no seu deus.
O rei Dario escreveu a todos os povos, nações e línguas que moram em
toda a terra: "A paz vos seja multiplicada. Da minha parte é feito um decre­
to, pelo qual em todo o domínio do meu reino os homens tremam e temam
perante o deus de Daniel, porque ele é o deus vivo e que permanece para
sempre. Seu reino não se pode destruir, seu domínio durará até o fim. Ele
salva, livra e opera sinais e maravilhas no céu e na terra; ele salvou e livrou
Daniel do poder dos leões!"
Adaptação da Bíblia. Daniel 6:12-28.

Vocabulário desconhecido

Utilizando pistas do próprio texto, estruturas, ilustrações ou mesmo fontes exter-


nas, como dicionários, construa o sentido das palavras seguintes.
Sobrepujou - Foi melhor que os outros, destacou-se entre os demais.
Conduta - Maneira de agir; comportamento.
Promulgar - Mandar publicar lei ou algo semelhante.
Petição - Ato de pedir; oração suplicante.
Revogar - Anular cancelar.
Penalizado - Que sente tristeza ou pesar; desgostoso, pesaroso, triste.
Selou - Fechou completamente.
Opera - Realiza, age, atua.

70 Lições para a vida

___7_o_J Lições para a vida J


LPemC_ME_2019_6A_Cap2.indd 70 30/07/19 11 :07 1
Desvendando os segredos do texto

@ Qual foi a intenção do rei Dario ao nomear 120 príncipes e três presidentes?
Sua intenção era proteger o reino de algum dano.

@ Daniel sobrepujou os príncipes e os presidentes. Que qualidades podemos atribuir a


ele para justificar seu destaque?
Sugestões de resposta: lealdade, fidelidade, integridade, honestidade, coragem, etc..

@ A narrativa bíblica Daniel na cova dos leões nos sugere um ensinamento religioso.
Identifique-o entre as opções abaixo.
a) Principalmente nas situações mais difíceis, a fé se enfraquece.
b) Os leões só comem quando têm fome.
� Confia em Deus, pois Ele nunca te abandonará.
d) Nenhum obstáculo pode ser vencido sem esforço.
e) Nunca é tarde para desistir de planos que não estão dando certo.

@ Que sentimentos os príncipes e presidentes sentiram quanto à preferência do rei Dario


em colocar Daniel à frente de todo o reino?
Eles sentiram inveja, raiva, desdém pelo destaque de Daniel perante o rei.

@ Que plano os príncipes e presidentes criaram para acusar Daniel de má conduta e


enganar o rei para prendê-lo?
Os príncipes e os outros dois presidentes foram falar com o rei para convencê-lo a
promulgar um decreto ordenando que, nos 30 dias seguintes, todo homem que fizes­
se petição a qualquer deus ou a qualquer homem, e não ao rei, deveria ser lançado na
cova dos leões.

(j Os homens do rei espionaram Daniel e o encontraram orando e suplicando diante do


seu deus. Então eles o denunciaram ao rei, que, mesmo se sentindo penalizado, logo
cumpriu o decreto. O que os príncipes e presidentes disseram ao rei para convencê­
-lo de prender Daniel? Transcreva em que trecho da parábola isso ocorre.
"Sabe, ó rei, que é lei dos medos e dos persas que nenhum decreto que o rei estabe­
leça se pode mudar... "

@ Como o rei Dario agiu após prender Daniel na cova com os leões?
O rei se dirigiu para o seu palácio e passou a noite em jejum. Não deixou trazer à sua
presença instrumentos de música; e fugiu dele o sono.

( Capítulo 2 X__
1_1 ___

LPemC_ME_2019_6A_Cap2.indd 71 30/07/19 11 :07 1


O lenhador e o
aprendiz
BNCC
Nos dias seguintes, o jovem passou a riência e a satisfação de ter sido um bom Habilidades gerais
trabalhar ao seu lado como um fiel compa­ professor. Afinal, o discípulo não só se tor­
nheiro, observando atentamente a maneira nara um excelente lenhador como também o
EF69LP44 EF69LP47
como o velho segurava o machado, como superara. Não satisfeito, o jovem lhe propôs EF69LP49 EF69LP53
o direcionava para o tronco das árvores, um desafio, para provar sua superioridade.
como posicionava as pernas durante o ata­ Convidou o mestre para uma competição.
que. De modo que, com o passar do tempo, Quem cortasse mais árvores ao final de um Habilidades específicas
percebeu que, de fato, o mestre não possuía
segredo nenhum.
dia seria o melhor lenhador da França. De­
safio aceito, as pessoas pararam para tes­
EF67LP27 EF67LP28
- Ele corta as árvores como qualquer temunhar. Todas as apostas recaíam sobre
outro lenhador! - pensou o aprendiz. o aprendiz, que tinha a vitalidade da juven­
O rapaz, então, passou a pensar que o tude a seu favor.
mestre era um falastrão, que sua fama não No dia da competição, o jovem cortou
tinha sentido. Não tardou muito, passou a todas as árvores que viu pela frente com a
se considerar melhor que seu mestre. Aso­ fúria de um animal bravio. Diferentemente
berba foi uma consequência: do velho lenhador, que fazia várias pausas
- Mestre, já faz vários meses que obser­ durante o trabalho, ele não parou um minu­
vo o seu trabalho e, no entanto, não aprendi to sequer para descansar.
nada de importante. Hoje posso dizer, com - Será fácil demais ganhar desse velho
toda certeza, que sou melhor lenhador que - pensou o aprendiz. - Enquanto ele para
o senhor, pois sou mais jovem e mais forte. e descansa, eu continuo meu trabalho com
O velho sorriu com a sabedoria da expe- toda a força.

Histórias Infantis Baseadas


nos Ensinamentos de Buda

( Capítulo 2 X.._7_3 ___


LPemC_ME_2019_6A_Cap2.indd 73 30/07/19 11 :07 1
Ao final do desafio, todos os presentes se surpreen­
deram com o resultado. A contagem provou que o mes­
tre havia cortado dezenas de árvores a mais que o seu
aprendiz. Mesmo aborrecido com a derrota, o jovem pro­
curou o velho lenhador para cumprimentá-lo. O mestre
apertou-lhe a mão com a ran uilidade habitual, mas não
poupou elogios ao discípulo.
- Você é realmente um grande lenhador - reconheceu.
O jovem agradeceu o reconhecimento e resignou-se.
Mas, na despedida, não conseguiu conter a curiosidade
e perguntou:
- Mestre, eu trabalhei alucinadamente hoje. E, en­
quanto o senhor parou várias vezes, eu não parei um mi­
nuto sequer para descansar e empreguei toda a técnica
que aprendi. Por que, então, não fui o vencedor?
O velho lenhador respondeu:
- É simples, filho. Enquanto eu parava para descansar,
amolava o machado.
CORDEIRO, Lécio. Parábolas para ler na escola. Recife: Moenda (no prelo}.

7 4 x Lições para a vida


___ _ _
j
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Sugestão de abordagem
Vocabulário desconhecido

Utilizando pistas do próprio texto, estruturas, ilustrações ou mesmo fontes exter- Para as questões da seção
nas, como dicionários, construa o sentido das palavras seguintes. Para discutir, propomos as
Robustas - Muito fortes resistentes. respostas a seguir.
Resignado - Que suporta as dificuldades sem se revoltar, conformado. 1. A expectativa natural con­
Falastrão - Que fala muito e comete indiscrições. siste em acreditar que, por
Soberba - Comportamento excessivamente orgulhoso, arrogante. ser mais jovem e, portan­
Vitalidade - Grande vigor físico.
to, possuir maior vigor fí­
Bravio - Feroz, selvagem.
sico, o aprendiz superaria
o mestre e seria o vence­
dor do desafio.
Para discutir
2. Esperamos que os alunos
1. Como dissemos na seção Antes de começar a ler, o desfecho das parábolas é percebam que a quebra da
marcado pela quebra de expectativa, ou seja, um desfecho inesperado que con­
traria a expectativa do leitor. Pensando nisso, discuta com o professor e com os
expectativa é uma forma
seus colegas: qual seria o desfecho esperado para essa parábola? de chamar mais a atenção
2. Qual é a intenção do autor do texto ao encerrar a narrativa de uma forma diferente
do que se espera?
para a reflexão proposta
3. Diferentemente das fábulas, as parábolas normalmente não terminam com uma pela parábola.
moral. Apesar disso, elas também têm uma intenção pedagógica, ou seja, do 3. Vários ensinamentos po­
mesmo modo que as fábulas, as parábolas também sugerem algum ensinamen­
to. Então, que ensinamento podemos tirar desse texto? dem ser depreendidos do
texto, como a compreen­
são de que a velhice não
Desvendando os segredos do texto significa fraqueza que
a vida consiste em um
G No início deste capítulo, dissemos que as parábolas são textos muito parecidos com
aprendizado infinito.
as fábulas. Analisando o texto lido e considerando os conhecimentos adquiridos no
capítulo anterior, que diferenças e semelhanças podemos observar:
a) no título?
Tanto nas fábulas quanto nas parábolas, os personagens principais são indicados já
no título.

( Capítulo 2 X__1_s___
1 LPemC_ME_2019_6A_Cap2.indd 75 30/07/19 11 :07 1
b) nos personagens?
Nas fábulas, os personagens são animais irracionais que agem como seres huma­
nos. Já nas parábolas, os personagens são seres humanos.

e) na estrutura narrativa?
Nos dois gêneros textuais, a estrutura narrativa é muito semelhante, apresentando a
criação de uma situação-problema e um desfecho que sugere um ensinamento.

@ Como vimos na seção Para discutir, podemos perceber nessa parábola vários valo­
res. Pensando nisso, que valores são ressaltados no primeiro parágrafo do texto?
A simplicidade e a disposição para o trabalho.

@ Assinale a alternativa em que os defeitos apontados contrariam os valores indicados


no primeiro parágrafo do texto.
a) Covardia e preguiça.
b) Arrogância e cobiça.
)4 Soberba e preguiça.
d) Mentira e inveja.

@ Observe este trecho do texto.

- Não tenho segredos, rapaz- explicou o famoso lenhador. - Tudo o que faço
é trabalhar de sol a sol com a mesma dedicação todos os dias.

Qual é o sentido da expressão de sol a sol?


O dia inteiro; do nascer ao pôr do sol.

@ Nesse trecho, o mestre explica ao jovem o motivo do seu sucesso, mas este não
acredita nessa justificativa, como fica claro no trecho seguinte:

- Não é possível! - espantou-se o jovem. - O senhor é o melhor lenhador da


França! Não pode ter conseguido esse título por acaso! Vamos, conte-me os
seus truques.

7 6 x Lições para a vida


___ _ _
j
LPemC_ME_2019_6A_Cap2.indd 76 30/07/19 11 :07 1
Para o jovem, é importante se dedicar ao trabalho?
Não. Nesse trecho fica claro que, para ele, o mestre só conquistou a fama devido a
algum truque, não pela dedicação ao trabalho.
Com relação a essa v1sao
dos velhos como sábios, po­
demos relembrar a tradição
(J Ao pedir insistentemente ao velho que lhe conte qual é o seu truque, qual é a intenção do povo iorubá, que conheceu
do jovem? a escrita por meio dos euro­
)(! Ele quer se tornar famoso da forma mais fácil e rápida.
b) Ele quer somente satisfazer uma curiosidade pessoal. peus colonizadores. O co­
e) Ele deseja conhecer o truque do velho lenhador para poder contar aos outros le­ nhecimento tradicional desse
nhadores.
d) Ele quer ensinar outros jovens para, assim, tornar-se famoso como o seu mestre. povo do sudoeste da Nigéria
se baseia na oralidade. Se­
@ Como é um texto narrativo, na parábola é muito evidente a passagem do tempo. Re­
gundo o antropólogo Reginal­
leia o texto identificando as expressões utilizadas para indicar a passagem do tempo.
Certo dia; nos dias seguintes; com o passar do tempo; faz vários meses; no dia da do Prandi, no livro Segredos
competição; ao final do desafio. guardados, "mitos, fórmulas
rituais, louvações, genea­
logias, provérbios, receitas
(J Chamamos de argumento as ideias que utilizamos para justificar (apoiar) uma opi­
medicinais, encantamentos,
nião. Na parábola O lenhador e o aprendiz, a situação-problema é explicitada quando
o jovem percebe que é melhor lenhador que o seu mestre. Entre os argumentos a se­ classificações botânicas e
guir, indique aquele que não é utilizado pelo jovem para apoiar a sua opinião de que é
superior ao mestre.
zoológicas, tudo é memoriza­
)(! "Não pode ter conseguido esse título por acaso." do. Tudo se aprende por re­
b) "- Ele corta as árvores como qualquer outro lenhador." petição, e a figura do mestre
e) "[... ] não aprendi nada de importante."
d) "[... ] pois sou mais jovem e mais forte." acompanha por muito tempo
a vida dos aprendizes". As­
sim, como não dispõem de
livros, a memória é funda­
mental naquela sociedade. O
mestre é o centro do conheci­
mento, que passa oralmente.
Para ter acesso ao seu saber,
é preciso, portanto, conviver
com ele. Sua palavra tem o
valor da verdade, e ele é ad­
mirado e respeitado por isso.

Anotações

PRANDI, Reginaldo (2005). Segredos


guardados: orixás na alma brasilei­
ra. São Paulo: Cia. Das Letras.

( Capítulo 2 X__ 1_1 ___

1 LPemC_ME_2019_6A_Cap2.indd 77 30/07/19 11 :07 1


No capítulo anterior, vimos que os personagens das
fábulas são animais aos quais associamos qualida­
des e defeitos. Essa mesma lógica pode ser aplicada
aos personagens das parábolas. Para você, que ca­
racterísticas (positivas ou negativas) ficam claras:
a) no velho (mestre)?
Paciência, sabedoria, simplicidade, etc.

b) no jovem (aprendiz)?
Arrogância, impaciência, imaturidade, etc.

Personagens das parábolas


Nas parábolas, os defeitos e as virtudes das pessoas são mostra­
dos por meio de suas ações. Alguns personagens são bastante comuns
nessas histórias. Observe:
O velho - É geralmente identificado como um sábio, um monge, um
ermitão. É o símbolo do conhecimento, que adquiriu ao longo da vida.
Suas virtudes: tranquilidade, paciência, segurança.
O aprendiz - É o oposto do velho. Normalmente, é um jovem que, devido
à ansiedade, quer alcançar a sabedoria do mestre o mais rápido possível.
Muitas vezes, sua pressa e inexperiência o fazem errar. Seus defei­
tos: nervosismo, impaciência, insegurança.
A criança - Age com ingenuidade e, apesar da pouca idade, muitas
vezes apresenta caráter e atitudes sábias.
O excluído - Geralmente um mendigo que, apesar de julgado por sua
aparência, revela muitas virtudes.
O homem comum - Apenas vive o cotidiano, envolvido com seus
problemas e suas alegrias. Tem um senso prático das coisas e, geral­
mente, apego aos bens materiais.

Análise linguística

Ato de fala, frase e contexto


Como dissemos no Capítulo 1, a linguagem tem várias
utilidades para nós, como permitir a expressão dos nossos
pensamentos, a defesa de nossas opiniões, a construção
de nossa visão de mundo, a convivência em sociedade, etc.
Todas essas funções se relacionam quando a comunicação
entre duas ou mais pessoas se estabelece. O mais interes­
sante é que, quando essa interação se realiza, realizam-se
também inúmeras ações. Ou seja, agimos e reagimos por
meio da palavra!

___7_s_x Lições para a vida j

1 LPemC_ME_2019_6A_Cap2.indd 78 30/07/19 11 :07 1


Provavelmente, você nunca se deu conta das nossas ações verbais, mas elas aconte­
BNCC
cem o tempo inteiro. Quem fala ou escreve age sobre o seu interlocutor aconselhando,
ordenando, prometendo, pedindo, afirmando, etc. Para compreender isso melhor, leia a tira Habilidades gerais
abaixo.
EF69LP05
XAXADO / Antonio Cedraz
EF69LP56

Diálogo com o professor

© 2015 King Features Syndicate/lpress.


Ao definir os atos de fala,
pensamos apenas na teo­
Ao dizer "Por aqui, quentura não bota mais medo em ninguém!" ao dragão, Xaxado de­
sempenha uma ação: a de afirmar. Ora, como vive no sertão, Xaxado sabe o que está fa­ ria proposta por Austin. Para
lando: o sol e o calor são constantes nessa região. Assim, ao fazer essa afirmação, Xaxado fins didáticos, evitamos a di­
expressa também uma atitude pessoal: a de ter certeza sobre o que diz.
Para simplificarmos, podemos dizer que, sempre que falamos ou escrevemos para al­
ferenciação entre enunciado
guém, temos uma intenção: fazer um convite, alertar sobre um perigo, pedir licença, pro­ - visto como a unidade da
meter algo, agradecer um favor, desculpar-nos, etc. Assim, tudo que falamos são ações.
Essas ações que se dão por meio da palavra são o que chamamos de atos de fala. O menor
comunicação verbal humana
ato de fala é definido como frase. Observe. (incluindo os aspectos estru­
tural, discursivo e contextual)
- e a frase como unidade es­
trutural. Nesse sentido, todo
ato de fala seria um enun­
ciado, mas não vice-versa.
E todo ato de fala conteria
frase(s), mas não se encerra­
ria nela(s).
As atitudes subjetivas de
No primeiro quadrinho dessa tirinha, o pedreiro faz uma pergunta ao seu ajudante.
quem fala (surpresa, espan­
to, aborrecimento, raiva, etc.)
Qual é a diferença entre um tijolo de oito furos e um de seis furos?
são marcadas pela entona­
ção, enquanto na escrita es­
cassos sinais de pontuação
procuram representá-las. Os
resultados, nesse caso, são
bem menos expressivos, daí
Anotações a necessidade de se indicar
com parênteses explicativos
as emoções a serem interpre­
tadas pelos atores ao repre­
sentarem um texto teatral.

( Capítulo 2 X.._7_9 ___


1 LPemC_ME_2019_6A_Cap2.indd 79 30/07/19 11 :07 1
Dizemos que esse enunciado é uma ação porque, por meio dele, o pedreiro quis satis­
fazer uma curiosidade sua: saber qual é a diferença entre os dois tipos de tijolo. Portanto,
temos um ato de fala e, consequentemente, uma frase.
Ainda no primeiro quadrinho, temos mais dois atos de fala, ou seja, mais duas frases.

( Fácil! Dois furos! )


Repensando o Ensino �
Na primeira (Fácil!), o ajudante expressa certeza sobre o que vai dizer. Na segunda, pas­
sa a informação que o pedreiro deseja. Observe que, para compreendermos essas duas
da Gramática � frases, precisamos avaliá-las dentro do contexto. Se, por acaso, você viesse andando pela
rua e as visse escritas aleatoriamente num muro, não poderia entender o seu significado.
Na comunicação face a Ou seja, essas duas frases são completamente dependentes do contexto, o que não ocorre
com a pergunta feita pelo pedreiro. Assim, identificamos inicialmente dois tipos de frase.
face, ordinariamente as frases
tendem a ser fragmentadas, Frases de situação, ou frases incompletas - Frases que dependem do contexto para
serem compreendidas. Na tira, são exemplos desse tipo de frase:
incompletas do ponto de vista
formal, o que, entretanto, não "Fácil!"
"Dois furos!"
obsta sua compreensão: "a
0ps... "
11

troca dos turnos de fala (a vez "Ughhh... "


de cada interlocutor no diálo­
Frases formalmente completas - Frases que, teoricamente, contêm todos os elementos
go), o contexto global da fala necessários à sua compreensão. São também chamadas de períodos. Na tira, são exem­
dos interlocutores e a situa­ plos de períodos:

ção em que estes se acham "Qual é a diferença entre um tijolo de oito furos e um de seis furos?"
fornecem pistas para o preen­ "... E o de oito furos deve ser mais pesado!!!"
chimento dos vazios próprios Além dessa classificação, os gramáticos costumam dividir as frases em cinco catego­
dos enunciados incompletos" rias, de acordo com as intenções de quem fala/escreve:
(Azeredo, 2008: 72).
Declarativas - Veiculam informações:
Já no discurso de um in­
terlocutor único, que o pro­ A língua portuguesa é muito variada.
A cidade de Petra é o principal atrativo turístico da Jordânia.
duz para um destinatário que
apenas o recebe, como nesta Exclamativas - Expressam emoções. Essas frases sempre terminam com ponto de ex­
clamação (!):
situação, as frases tendem a
ser formalmente completas, Que susto!
Ufa!
pois há mais rigidez grama­ Como Machu Picchu é interessante!
tical. Nesse caso, espaços
vazios podem comprometer a
compreensão.

Diálogo com o professor

A exposição feita sobre as escreve. Quanto à modalidade, a ou variações de gradação. Con­


frases pode ser resumida mais frase Gostaria de saber o horário siderando a entonação, a frase
claramente a partir de uma dis­ da prova constitui uma declaração; Gostaria de saber o horário da
tinção fundamental: a modali­ quanto à força ilocutória, equivale prova pode ser dita, por exemplo,
dade enunciativa (tipos de fra­ a uma pergunta. Importante notar como uma ameaça ou uma per­
se) e a força ilocutória (intenção também que a força ilocutória do gunta.
comunicativa) de quem fala/ enunciado está sujeita a nuanças

___s_o_J Lições para a vida J


1 LPemC_ME_2019_6A_Cap2.indd 80 30/07/19 11 :07 1
Interrogativas - Formulam perguntas. Terminam sempre com ponto de interrogação(?}:

Quantos anos você tem?


Você conhece Paraty?

Imperativas - Expressam ordens:

Saia já daí!
Obedeça!

Optativas - Expressam desejos:

Tomara que tudo dê certo.


Espero que você seja muito feliz.

Na prática, essa distinção não é tão rígida. O sentido das frases depende das intenções
de quem fala/escreve. Às vezes, o sentido de uma frase muda com a entonação. Observe:

Você já chegou?
Você já chegou!
Você já chegou.

Noutras vezes, podemos também combinar valores: uma pergunta pode ser também
uma exclamação "Você já chegou?!", uma pergunta pode ser também uma ordem, "Você
vai sair daí ou não?", uma declaração pode ser uma ordem "Você vai sair daí agora.", uma
declaração pode ser uma pergunta "Gostaria de saber o horário da prova."...
Além disso, certas perguntas, declarações e ordens podem ser feitas simplesmente por
meio de interjeições. Observe:

Caramba! (Declaração de alegria ou decepção.)


Ahn? (Pergunta de quem não entendeu ou não acreditou no que ouviu.)
Psiu! (Ordem para fazer silêncio.)

As interjeições são palavras que empregamos exclusivamente como frase de situação para:

• Expressar estados emocionais (admiração, surpresa, desalento, etc.) - Epa!, Ui!, Oh!, Ufa!, Oba!

• Chamar a atenção de alguém, geralmente para iniciar uma conversa, ou como respostas curtas enquanto
ela acontece - Olá!, Psiu!, Ei!, Hum-hum!, Hem?, Ahn? As formas Oi! e Olá! podem ser empregadas nas duas
situações, dependendo da entonação.

Representar sons - Pou!, Pá!, Zum!, Vapt-vupt! Essas interjeições são chamadas também de onomatopeias.

( Capítulo 2 x__
a_1 ___

1 LPemC_ME_2019_6A_Cap2.indd 81 30/07/19 11 :07 1


A negação
As frases podem ser classificadas também quanto à polaridade, que pode ser afirmativa
ou negativa. A negação mais comum se dá pela palavra não, mas existem várias formas de
se produzir frases de polaridade negativa:

Não sei quantos dias passarei em Salvador.


Nem ela sabe que lugares quer conhecer.
Ninguém falou nada sobre nossa viagem à Amazônia.
Nada podia fazer-nos desistir daquele passeio.
Nunca gostei de frio.
Este mês, a quantidade de chuvas foi anormal.
Tanto esforço resultou inútil.
Era desnecessário levar tanta roupa.

Importante notar que, ao contrário da língua inglesa, por exemplo, o português permite
Dessas situações discursi­ a dupla negação. Na nossa língua, são comuns construções como:
vas (comunicação face a face
Não havia ninguém na sala.
X comunicação unilateral) deri­ Nunca ninguém me alertou sobre isso.
vam "duas ordens de enunciados
Algumas frases de polaridade negativa são utilizadas com a finalidade de fazer decla-
tradicionalmente reconhecidas rações indiretas. São as lítotes:
pelos gramáticos: numa ordem
Ele não é nada baixo(= É alto).
acham-se as frases de situação Não tenho medo(= Tenho coragem).
e as frases elípticas, em outra, as Ela não é nada boba(= É muito esperta).
frases formalmente completas Não sou um mau-caráter(= Sou um bom caráter).

ou períodos. Pode-se dizer que


essas duas ordens representam Prática linguística
graus extremos de aderência das
frases ao contexto em que ocor­ @ O que é um ato de fala?

rem. Em um polo, mais aderentes É uma ação que desempenhamos por meio da linguagem verbal, escrita ou falada.

ao contexto situacional, figuram


as frases de situação e as frases
elípticas; no outro, ficam as fra­ @ Releia o texto didático Ato de fala, frase e contexto e analise as afirmações a seguir,
ses formalmente completas ou marcando V, para verdadeiro, ou F, para falso.
a) ( V ) Por meio da linguagem, podemos exprimir nossos pensamentos, defender
períodos, que, em teoria, são in­ nossos pontos de vista sobre um assunto, transmitir id� etc.
ternamente dotadas das partes
necessárias à sua compreensão.
Frases de situação e frases elíp­
ticas empregam-se ordinaria­
mente na conversa. Na sua for­
ma mais sintética e aderente à GRAMÁTICA
situação, as frases de situação HOUAISS
assumem a forma de interjeição
(Azeredo, 2008: 72)". _
..
_.....,,_......,.
A respeito do estudo feito so­
bre a negação, seria interessante
AZEREDO, José Carlos de {2008). Gra­
conferir a análise feita por Aze­
mática Houaiss da língua portuguesa.
redo (2008: 78). São Paulo: Publifolha/lnstituto Antonio
Houaiss.

___s_2_J Lições para a vida J


1 LPemC_ME_2019_6A_Cap2.indd 82 30/07/19 11 :07 1
Repensando o Ensino �
b) (V) Sempre que falamos ou escrevemos, desempenhamos ações.
e) (V) Uma palavra pode funcionar como frase. da Gramática �
d) ( F) Frase é um conjunto de palavras.
e) ( F) Só podemos nos comunicar por meio de frases.
f) (V) Para entender uma frase, é preciso conhecer o contexto em que ela foi empre­
A pos1çao aqui adotada
gada. implica, evidentemente, uma
g) (V) O sentido das frases depende das intenções de quem as produziu.
noção de língua como forma
9 Leia a tirinha abaixo e responda ao que se pede. de ação social. No entanto,
XAXADO / Antonio Cedraz
é preciso observar que "não
se deve entender isso como
se fosse uma ação volunta­
rista, particular, consciente e
plenamente individual, como
postula a pragmática tradi­
cional dos atos de fala" (Mar­
© 2015 King Features Syndicate/lpress.
cuschi, 2008, p. 67). A inser­
a) O que é uma onomato�ia? ção do homem no contexto
É uma interjeição que usamos para representar sons. social o obriga a obedecer a
uma série de contratos es­
b) Na tirinha, que palavra funciona como onomatopeia?
tabelecidos socialmente. Ou
Bane!!
seja, os costumes, as ideolo­
gias, as instituições exercem
e) Explique como Zé Pequeno lembrou o que é uma onomatopeia.
poderes coerc1t1vos, impri­
Quando a bola bateu no rosto dele, produziu um som, ou seja, uma onomatopeia, que
mindo muitas vezes formas
o fez lembrar.
de enunciação que não cor­
respondem necessariamen­
d) Se retirarmos a onomatopeia que aparece nesse texto e a analisarmos isolada­ te a objetivos e interesses
mente, ela tem sentido?
pessoais, individuais. Assim,
Não, porque não poderíamos saber o que significa.
"não se nega a individualida­
de nem a responsabilidade
e) As onomatopeias são frases incompletas ou frases formalmente completas? pessoal, mas se afirma que
São frases incompletas, ou de situação. as formas enunciativas e as
possibilidades enunciativas
não emanam de um indivíduo
numa sociedade e no contex­
to de uma instituição (ibdem).
Anotações

( Capítulo 2 x__ a_3 ___

1 LPemC_ME_2019_6A_Cap2.indd 83 30/07/19 11 :07 1


Quanto você vale?
BNCC
Atento à ordem do avô de não aceitar menos que R$ 100,00, o menino recusou a ofer­
ta. Muitas horas depois, desanimado com o fracasso, ele retornou. Ao encontrar o avô,
explicou o que aconteceu: Habilidades gerais
-Lamento, vovô, mas é impossível vender este relógio por R$ 100,00! O máximo que
ofereceram foi R$ 20,00! É muito velho! Está caro! EF69LP44 EF69LP47
- Então, meu filho, precisamos saber quanto ele vale realmente. Façamos assim: vá EF69LP49
agora até o relojoeiro e peça para ele avaliá-lo. Pergunte quanto ele lhe pagaria. Mas
não importa o quanto ele ofereça, não o venda. Volte para casa com o meu relógio!
Então, o menino foi até o relojoeiro e lhe deu o relógio para avaliar. O experiente relo­ Habilidades específicas
joeiro examinou-o com uma lupa, pesou-o, analisou seu pequeno maquinário e, depois
de alguns minutos, falou desanimado:
EF67LP28 EF67LP37
- É um relógio muito bom, mas fale para seu avô que, hoje, não posso pagar mais
que R$ 1.200,00.
O menino se espantou:
- Mil e duzentos reais?!
- Bem, eu sei que R$ 1.200,00 é pouco para um relógio como este, mas é o que pos- Sugestão de abordagem
so pagar...
O menino voltou para casa radiante. Quando encontrou o avô, não se conteve:
- Ele ofereceu R$ 1.200,00, vovô! Vamos vendê-lo! Durante a leitura desta
- Que bom -disse o velho. -Agora podemos resolver o seu problema...
-Como? parábola, seria interessante
- Está vendo este relógio? Você é como ele: um exemplar muito valioso que só pode chamar a atenção da turma
ser avaliado por um expert. Não é qualquer um que pode descobrir o seu verdadeiro valor!
E, colocando o velho relógio no pulso, completou: para a representação dos
- De hoje em diante, não ande mais pelos mercados da vida pretendendo que pes­ personagens. Questione aos
soas inexperientes o valorizem!
Autor desconhecido.
alunos: como são represen­
tados os personagens princi­
pais?

( Capítulo 2 x__a_s ___

LPemC_ME_2019_6A_Cap2.indd 85 30/07/19 11 :07 1


C, O avô tinha realmente um problema para resolver? Explique.
Não. Na verdade, ele inventou que estava com um problema para, assim, ajudar o
neto.

@ Como vimos anteriormente, as parábolas apresentam, comumente, personagens tí­


picos. Nesse texto, quais são os personagens principais e com quais personagens
Diálogo com o professor típicos podemos relacioná-los?
O menino e o avô são os personagens principais. Podemos identificá-los, respectiva­

Na questão 7, retomamos mente, com a criança e o velho sábio.

mais enfaticamente o estu­


do da tipologia das frases @ Que lição podemos tirar dessa parábola?
na perspectiva da teoria dos Respostas possíveis: Não devemos nos preocupar com o que "pessoas inexperien­
atos de fala. tes" pensam sobre nós; somente pessoas especiais podem perceber nosso verda­
deiro valor.

Sugestão de abordagem Releia o trecho a seguir.

Seria interessante analisar O menino pegou o relógio e foi correndo para o mercado, onde o ofereceu a
essa teoria em outras pará­ vários comerciantes. Todos eles avaliavam aquela máquina antiga mostrando­
-se interessados, mas desistiam da compra quando o pequeno vendedor lhes
bolas, observando a força ilo­ dizia quanto custava.
cutória dos enunciados. - Cem reais?! - perguntou um deles.
- É um absurdo! - disse outro. - Não vale a metade!
- Pago R$ 20,00! - gritou um taxista, que, até então, se mantinha calado.
- Mais que isso não vale!

Como vimos, as frases em geral podem ser classificadas em dois grandes tipos:
frases de situação, ou incompletas, e frases completas, de acordo com o contexto
em que foram usadas. Além disso, as frases podem ser enquadradas em cinco ca­
tegorias, dependendo da intenção de quem as fala ou escreve. Essas categorias ex­
Na Nova gramática do pressam cinco valores: declaração, interrogação, exclamação, ordem ou desejo. Mas
português brasileiro (201 O), essa distinção não é fixa, o que permite que esses valores se combinem. Pensando
nisso, responda:
no item 8, o professor Ataliba
T. de Castilho faz um estudo
teórico interessante a respei­
to da tipologia da minissen­
tença e da sentença simples.
CASTILHO, Ataliba T. de (201 O). Anotações
Nova gramática do português brasi­
leiro. São Paulo: Contexto.

8 6 x Lições para a vida


___ _ _
j
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a) O enunciado "Cem reais?!" expressa apenas uma pergunta? Justifique.
Não. O enunciado expressa também uma exclamação, um espanto.

b) O enunciado "Não vale a metade!" é uma lítotes, isto é, uma frase negativa utilizada
para fazer uma declaração indireta. Qual é essa declaração?
Vale menos que a metade. / Vale pouco.

(J Ao ouvir a proposta do relojoeiro, o menino fala espantado:


"Mil e duzentos reais?!". Qual o motivo do seu espanto?
Ele ficou surpreso com o preço de R$ 1.200,00 oferecido pelo relojoeiro, um valor
muito mais alto do que o que os comerciantes lhe ofereceram.

O Ainda considerando a frase apontada acima, o que o espanto do menino significou


para o relojoeiro?
Ele pensou que o menino tinha achado baixo o preço oferecido.

(iD Já no final do texto, encontramos o trecho: "Está vendo este relógio? Você é como ele:
um exemplar muito valioso que só pode ser avaliado por um expert". Nesse contexto,
o que é um expert?
É um profissional com qualificação e experiência. Na parábola, o relojoeiro; na vida,
pessoas especiais.

(O (Colégio Pedro li) Leia a tira abaixo.

Quino. Toda Mafalda. São Paulo: Martins Fontes, 2000. p. 77.

( Capítulo 2 x__
a_7 ___

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Sobre a fala de Felipe no primeiro quadro da tira, responda.

a) É uma frase? Justifique.


Sim. Porque expressa uma intenção comunicativa.

b) É uma interjeição? Explique.


Sugestão de abordagem Sim. Porque é uma frase de situação usada para chamar a atenção de Mafalda para
iniciar uma conversa.
Na seção Antes de come­
çar a escrever, os alunos en­
contrarão informações im­
e) O que o ponto de exclamação expressa nessa situação?
portantes para um melhor
Ale ria.
aproveitamento do texto O
homem, o menino e o burro.
Em seguida, seria interessan­
(ê No primeiro quadrinho, analise a fala de Mafalda:
te solicitar a eles uma leitura
silenciosa. Outra possibilida­
de seria o professor ler o tex­
to para a turma de forma dra­
matizada.

Agora, analise as proposições, assinalando V, para verdadeiro, ou F, para falso.

Anotações a) (V) A palavra "Psiu!" funciona como frase de situação.


b) (V) A frase "Psiu!" é um ato de fala.
e) ( F) "Fala baixo!" é uma frase exclamativa, mas equivale a uma pergunta.
d) (V) A terceira frase funciona como uma explicação/justificativa para a ordem
dada.
e) (V) Há uma interjeição.

___s_s_x Lições para a vidaj


1 LPemC_ME_2019_6A_Cap2.indd 88 30/07/19 11 :07 1
O homem, o menino e o burro
G Nessa parábola, qual é a situação de fundo que serve para a construção do dilema do
homem?
O homem estava fazendo uma viagem com seu filho para levar seu burro para ser
vendido no mercado da cidade.

o Ao longo da viagem, o trio se depara com quatro diferentes opiniões. Quais são elas?
(1) O burro deveria carregar ao menos ou um deles para evitar que se cansassem; (2)
BNCC
O homem deveria ir montado, e não o menino; (3) O menino deveria ir montado, e não
o homem; (4) O burro é que deveria ser carregado.
Habilidades gerais
EF69LP05 EF69LP07 O Quais são os argumentos que sustentam os diferentes pontos de vista?
(1) Por ser um animal de carga, o burro deveria ser aproveitado para carregar ao menos
EF69LP44 EF69LP46
um deles para não se cansarem; (2) Por ser velho, o homem deveria ser carregado,
EF69LP47 EF69LP51
e não o menino; (3) O homem era egoísta porque fazia o menino andar enquanto ele
ia montado; (4) O burro certamente não pertencia ao homem, porque estava sendo
Habilidades específicas
maltratado.
EF67LP30 EF06LP11
EF06LP12 C, Para você, qual é a opinião mais acertada? Ou você teria outra saída para o dilema?
Justifique.
Resposta pessoal, mas se espera que o aluno se identifique com alguma das solu­
ções e traga argumentos para justificar sua opinião.
Diálogo com o professor

Nas questões de interpre­ C, Que lição moral podemos tirar dessa parábola?
Quem quer agradar todo mundo acaba não agradando ninguém.
tação do texto, conduzimos a
reflexão no sentido de verificar
as inferências feitas na leitu­ Proposta
ra prévia. Como as parábolas Neste capítulo, estudamos algumas características essenciais das parábolas. Vimos
têm uma conotação morali­ que elas sempre sugerem um ensinamento, e seus personagens são pessoas que vivem
conflitos que evidenciam preconceitos, juízos de valor, etc. E, do mesmo modo que as
zante, este é um bom momen­ fábulas, esses textos podem ser construídos partindo-se da lição moral pretendida. Pen­
to para retornar à discussão sando nisso, analise as fotografias a seguir e escolha uma para ser o ponto de partida para
a produção da sua parábola.
feita no capítulo anterior acer­ Ao final da produção, organize com seus colegas um mural com todas as parábolas
ca da imagem preconceituosa para ser afixado em um local visível da escola.
que normalmente permeia os
estereótipos.

Sugestão de abordagem Dudarev Mikhail/Shutterstock.com

sas imagens, poderíamos debater


O tema desta proposta de pro­ com a turma os diferentes enfoques
dução pode ser ampliado com que podem utilizar na construção
outras imagens que igualmente das parábolas. Por exemplo:
facilitem a construção do texto. Diante dessa imagem, podemos
Se possível, seria interessante levantar algumas questões, cujas
buscar imagens desse tipo na In­ respostas serão úteis para a cons­
ternet e apresentá-las aos alunos trução de uma parábola:
em aula multimídia. Diante des-

___9_o_J Lições para a vida J


1 LPemC_ME_2019_6A_Cap2.indd 90 30/07/19 11 :07 1
Diálogo com o professor

Dependendo dos resulta­


dos alcançados na ativida­
de proposta nessa sugestão,
podemos levar os alunos a
relacionar o tema da parábola
produzida com outros textos.
Fotografia l Fotografia 3 Fotografia 4 Por exemplo: caso tenham
escrito uma parábola sobre a
Planejamento
paz, baseados no que sugere
1. Após escolher a fotografia que será o ponto de partida para a produção do seu texto,
defina qual será a lição moral que a sua parábola passará para o leitor. Traçar o cami­ a imagem, os alunos podem
nho inverso também é possível: defina primeiro a lição moral, depois escolha a foto­ associá-la a uma infinidade
grafia mais adequada à sua proposta. Caso as fotografias sugeridas não sejam úteis
para o seu texto, pesquise uma melhor em revistas, livros ou na Internet.
de textos com mesmo tema.
2. Imagine quais serão os personagens principais da sua história e as suas característi­
cas físicas e morais.
3. Defina a situação-problema que será apresentada na narrativa.
4. Como será o desfecho do seu texto? Lembre-se de que a quebra de expectativa é um
recurso interessante para enfatizar a reflexão proposta pela parábola.

Avaliação Anotações
1. Antes de entregar o seu texto ao professor, releia-o observando os seguintes critérios:

Aspectos analisados
CDCD
o o
o o
A linguagem utilizada foi adequada à situação?
A história produzida apresenta uma situação-problema e uma solução?
A sequência de cenas ajuda o leitor a construir o sentido do ensinamen­
o o
o o
to proposto?
Os personagens escolhidos foram bem caracterizados?
A parábola apresenta um título adequado? o o
O texto se apresenta formalmente como uma parábola, ou seja, apresen­
ta as características que levam o leitor a identificá-lo como tal? o o
2. Caso seja necessário, reescreva seu texto, procurando aperfeiçoá-lo tendo em vista os
critérios de avaliação.

BNCC
• Por que esta mulher escalou
a montanha?
Habilidades gerais
• O cume de uma montanha
seria um local de paz ou de
EF69LP44
perturbação?
EF69LP46
• O que representaria para ela
EF69LP51
a escalada da montanha?
• O que aconteceu com ela
quando alcançou o cume?

( Capítulo 2 X.._9_1
___

1 LPemC_ME_2019_6A_Cap2.indd 91 30/07/19 11 :07 1


O pequeno
príncipe –
Capítulo XXI
BNCC

Habilidades gerais
EF69LP44 EF69LP47
EF69LP53

Repensando o Ensino �
da Gramática �

Estabelecer distinções for­


mais entre os mais variados
gêneros textuais nem sem­
pre é uma tarefa fácil. Embora
não se trate exatamente de
- É uma coisa muito esquecida - disse a raposa. - Significa "criar laços" ... uma parábola, elegemos este
- Criar laços? trecho de O pequeno príncipe
- Exatamente - disse a raposa. - Tu não és para mim senão um garoto inteiramente
igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens também
por entendermos que estas
necessidade de mim. Não passo, a teus olhos, de uma raposa igual a cem mil outras rapo­ distinções, neste caso, são
sas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único
desnecessárias. Como pos­
no mundo. E eu serei para ti única no mundo...
- Começo a compreender- disse o principezinho.- Existe uma flor... Eu creio que ela sui claro objetivo moral e em
me cativou... vários pontos se assemelha
[... ]
A raposa pareceu intrigada: [...] aos textos até agora estuda­
- Minha vida é monótona. Eu caço as galinhas, e os homens me caçam. Todas as ga­ dos, acreditamos que a leitura
linhas se parecem, e todos os homens se parecem também. E por isso eu me aborreço um
pouco. Mas, se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei um ba­
deste trecho será muito rele­
rulho de passos que será diferente dos outros. Os outros passos me fazem entrar debaixo vante para os alunos.
da terra. O teu me chamará para fora da toca, como se fosse música. E depois, olha! Vês, lá
longe, os campos de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo
A propósito da classifica­
não me lembram coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens cabelos cor de ouro. Então, será ção dos gêneros, é interes­
maravilhoso quando me tiveres cativado. O trigo, que é dourado, fará lembrar-me de ti. E sante conferir o Dicionário de
eu amarei o barulho do vento no trigo...
A raposa calou-se e considerou por muito tempo o príncipe: gêneros textuais, do profes­
- Por favor... cativa-me! - disse ela. sor Sérgio Roberto Costa.

Sugestão de abordagem Anotações

Na seção Antes de começar sante solicitar a eles uma leitura


a ler, os alunos encontrarão in­ silenciosa. Outra possibilidade
formações importantes para um seria o professor ler o texto para
melhor aproveitamento do texto a turma de forma dramatizada.
lido. Em seguida, seria interes-

( Capítulo 2 X.._9_3 ___


1 LPemC_ME_2019_6A_Cap2.indd 93 30/07/19 11 :07 1
- Bem quisera- disse o principezinho-, mas eu não tenho muito tempo. Tenho ami­
gos a descobrir e muitas coisas a conhecer.
- A gente só conhece bem as coisas que cativou - disse a raposa. - Os homens
não têm mais tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas,
como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres um
amigo, cativa-me!
- Que é preciso fazer? - perguntou o principezinho.
- É preciso ser paciente - respondeu a raposa. - Tu te sentarás primeiro um pouco
longe de mim, assim, na relva. Eu te olharei com o canto do olho, e tu não dirás nada. A
linguagem é uma fonte de mal-entendidos. Mas, cada dia, te sentarás mais perto...
No dia seguinte, o principezinho voltou.
- Teria sido melhor voltares à mesma hora- disse a raposa. - Se tu vens, por exem­
plo, às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz. Quanto mais a hora for
chegando, mais eu me sentirei feliz. Às quatro horas, então, estarei inquieta e agitada:
descobrirei o preço da felicidade! Mas, se tu vens a qualquer momento, nunca saberei a
hora de preparar o coração [...].
Assim, o principezinho cativou a raposa. Mas, quando chegou a hora da partida, a ra­
posa disse:
- Ah! Eu vou chorar.
- A culpa é tua- disse o principezinho-, eu não queria te fazer mal; mas tu quiseste
que eu te cativasse...
- Quis- disse a raposa.
- Mas tu vais chorar! - disse o principezinho.
-Vou- disse a raposa.
- Então, não sais lucrando nada!
- Eu lucro- disse a raposa-, por causa da cor do trigo.
Depois, ela acrescentou:
-Vai rever as rosas. Tu compreenderás que a tua é a única no mundo. Tu voltarás para
me dizer adeus, e eu te farei presente de um segredo.
Foi, o principezinho, rever as rosas:
-Vós não sois absolutamente iguais à minha rosa, vós não sois nada ainda. Ninguém
ainda vos cativou, nem cativastes a ninguém. Sois como era a minha raposa. Era uma ra­
posa igual a cem mil outras. Mas eu fiz dela um amigo. Ela é agora única no mundo.
E as rosas estavam desapontadas.
- Sois belas, mas vazias - disse ele ainda. - Não se pode morrer por vós. Minha
rosa, sem dúvida um transeunte qualquer pensaria que se parece convosco. Ela sozinha é,
porém, mais importante que vós todas, pois foi a ela que eu reguei. Foi a ela que pus sob a
redoma. Foi a ela que abriguei com o para-vento [... ]. É a minha rosa.

9 4 x Lições para a vida


___ _ _
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Sugestão de abordagem

Para trabalhar o mecanis­


mo de retomada, podemos
usar como exemplo a fala da
raposa "Eu lucro, por causa
da cor do trigo". Nesse caso,
o autor volta à argumenta­
ção feita pela raposa quan­
do explicou ao principezinho
a importância de ser por ele
cativada. Esse ponto do texto
será retomado mais adiante,
nas atividades de compreen­
são do texto.
Nesse trecho de O peque­
no príncipe, há várias frases
com finalidades morais. Po­
demos pedir aos alunos para
identificar algumas delas e,
em seguida, discutir sobre o
seu sentido.

Diálogo com o professor

Este trecho de O pequeno


príncipe traz características
narrativas marcantes, como
a identificação temporal.
Logo no início, por exemplo,
há uma clara indicação de
que algo acontecia antes da
Anotações chegada da raposa. Essas
marcas temporais podem ser
exploradas com os alunos.
Outro elemento marcante é
a retomada de informações.
Durante a leitura, percebemos
que o autor volta a abordar
dados passados sempre que
oportuno.

( Capítulo 2 X.._9_5 ___


LPemC_ME_2019_6A_Cap2.indd 95 30/07/19 11 :07 1
E voltou, então, à raposa:
- Adeus - disse ele...
- Adeus - disse a raposa. - Eis o meu segredo. É muito simples: só se
vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos.
- O essencial é invisível para os olhos - repetiu o principezinho, a fim de
se lembrar.
- Foi o tempo que perdeste com tua rosa que fez tua rosa tão importante.
- Foi o tempo que eu perdi com a minha rosa ... - repetiu o principezinho,
a fim de se lembrar.
- Os homens esqueceram essa verdade - disse a raposa.
- Mas tu não a deves esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por
aquilo que cativas. Tu és responsável pela rosa...
- Eu sou responsável pela minha rosa... - repetiu o principezinho, a fim
de se lembrar.
SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. O pequeno príncipe. Rio de Janeiro: Agir, 1975. pp. 67-74.

9 6 x Lições para a vida


___ _ _
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Vocabulário desconhecido

Utilizando pistas do próprio texto, estruturas, ilustrações ou mesmo fontes exter-


nas, como dicionários, construa o sentido das palavras seguintes.
Polidamente - Educadamente.
Intrigada - Preocupada; curiosa.
Monótona - Tediosa, chata, sem emoção.
Transeunte - Pessoa que está de passagem.
Redoma - Um tipo de jarro de vidro usado para proteger certos objetos.

Desvendando os segredos do texto

@ Para a raposa, cativar significa criar laços. O que quer dizer isso?
Criar laços significa tornar-se especial para alguém, que também se torna especial
para você. Cativar, portanto, quer dizer conquistar e requer responsabilidade.

@ Por que a raposa se queixa de que sua vida é monótona?


Porque ninguém a cativou ainda. Por isso, para ela, todos os dias são iguais: ela caça
as galinhas, e os homens a caçam. E, para ela, todas as galinhas se parecem, e todos
os homens se parecem também.

@ Para a raposa, o trigo é inútil, pois ela não come pão. Mas, se o pequeno príncipe a
cativasse, o trigo se tornaria útil para ela. Por quê?
Porque ele faria com que a raposa se lembrasse do principezinho.

( Capítulo 2 X.._9_7
___

LPemC_ME_2019_6A_Cap2.indd 97 30/07/19 11 :07 1


(J Leia o trecho a seguir e analise as questões, assinalando V, para verdadeiro, ou F,
para falso.

A raposa calou-se e considerou por muito tempo o príncipe:


-Por favor... cativa-me! - disse ela.
- Bem quisera- disse o principezinho-, mas eu não tenho muito tempo. Tenho
amigos a descobrir e muitas coisas a conhecer.
-A gente só conhece bem as coisas que cativou- disse a raposa.-Os homens
BNCC não têm mais tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo prontinho nas lojas.
Mas, como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu
queres um amigo, cativa-me!
Habilidades gerais
EF69LP44
a) ( F) O príncipe não se interessou por cativar a raposa.
EF69LP47 b) (V) Para se tornar amigo da raposa, o pequeno príncipe precisou cativá-la.
e) (V) Para a raposa, os homens não estão cativando uns aos outros.
d) ( F) Não é preciso criar laços para conhecer bem alguém.
Habilidades específicas e) (V) A frase "Por favor... cativa-me!" é imperativa e expressa um pedido.
EF67LP27 f) ( F) O enunciado "A gente só conhece bem as coisas que cativou" é optativo, pois
expressa um desejo.
EF06LP04 g) ( F) O enunciado "Os homens não têm mais tempo de conhecer coisa alguma"
expressa uma declaração feita pelo pequeno príncipe.
h) (V) Ao dizer "Se tu queres um amigo, cativa-me!", a raposa faz um pedido ao prin­
cipezinho.

@ Para a raposa, o que é necessário fazer para cativar alguém?


Sugestão de abordagem Ter paciência e se aproximar aos poucos.

Seria interessante respon­


der às proposições feitas na
(1 Quando retorna para se despedir da raposa depois de ter visitado as rosas, o peque­
no príncipe recebe um presente.O que é?
questão 4 em debate com a Um segredo: só se vê bem com o coração.O essencial é invisível para os olhos.
turma. O aproveitamento será
melhor se, em conjunto, os
@ O que você achou desse presente? Você concorda com a raposa?
alunos forem levados a per­
Resposta pessoal.
ceber a validade ou falsidade
de cada uma das afirmações.

"Muitos pesquisadores têm to de apreciação, depreciação, ava­


postulado que os seres huma­ liação (positiva ou negativa), crítica,
nos não somente falam línguas prazer estético, curiosidade, conhe­
como também falam sobre as cimento de mundo, etc. Por isso, """MATICA
DAGOGICA
línguas e, principalmente, falam também cabe à escola sistematizar PQRTIJGl.{S
BRASILEIRO
sobre a língua que falam. É da essa propensão a falar sobre a lín­
nossa própria natureza socio­ gua, de modo a favorecer, com ela,
cultural a reflexão epilinguística, mais uma vez, o processo de letra­ BAGNO, Marcos (2011). Gramática pe­
dagógica do português brasileiro. São
isto é, tomar a língua como obje- mento" (Bagno, 2011: 29).
Paulo: Parábola.

___9_s_x Lições para a vida j


1 LPemC_ME_2019_6A_Cap2.indd 98 30/07/19 11 :07 1
Diálogo com o professor
(1 Na despedida, a raposa falou para o pequeno príncipe: "Tu te tornas eternamente
responsável por aquilo que cativas". O que você acha dessa declaração?
No primeiro aprofunda­
Resposta pessoal.
mento do gênero deste capí­
tulo, na seção Análise linguís­
tica (página 78), trabalhamos
o conceito de frase na pers­
pectiva da teoria dos atos de
O No Capítulo 1, estudamos a fábula, um gênero de texto em que os personagens são fala. Aqui, no entanto, opta­
animais que agem como seres humanos. Nas fábulas, quais são as características
comumente atribuídas à raposa? mos por seguir a estrutura
Falsa, traiçoeira, perigosa, etc. tradicional ao abordar as no­
ções de oração e período por
uma ótica gramatical, sim­
(à A raposa que o pequeno príncipe cativou na sua viagem em busca de novos amigos
plesmente porque esses con­
tinha essas características?
Não. A raposa do pequeno príncipe era amiga, sábia, inofensiva, paciente, etc. ceitos ainda se apresentam
muito arraigados na teoria es­
truturalista e a sua subversão
(j) No início deste capítulo, conhecemos os personagens que normalmente protago­
nizam as parábolas. Com quais deles podemos identificar a raposa de O pequeno poderia acabar em proble­
príncipe? Explique. matizações desnecessárias.
Com o velho, devido à sua sabedoria. Ao introduzir os conceitos de
oração e período, é importan­
(í) Qual o maior ensinamento que podemos tirar desse trecho de O pequeno príncipe? te mostrar aos alunos que os
Nós nos tornamos eternamente responsáveis por aquilo que cativamos. enunciados de um texto po­
dem se estruturar como pe­
ríodos simples ou compos­
tos, desde que apresentem
apenas uma oração ou mais
O pequeno príncipe nas telas do cinema de uma, respectivamente. No
Em 1974, o diretor Stanley Donen levou para o cinema o grande clássico de Antoine de Saint-Exupéry, O pe­
queno príncipe. Gravado no deserto do Saara, o filme retratou bem a fabulosa história de um piloto perdido no caso do período composto,
deserto e um menino vindo de um planeta minúsculo muito distante. Juntos, eles compartilham experiências que
divertem e ensinam, ao som de uma deliciosa trilha musical. Vale a pena conferir! identificamos também uma
aproximação sintática entre
suas orações constituintes.

Anotações

( Capítulo 2 X..._9_9 ___


1 LPemC_ME_2019_6A_Cap2.indd 99 30/07/19 11 :07 1
Análise linguística

Condição discursiva
Leia o quadrinho.

Sugestão de abordagem

Para as questões da seção


Análise linguística, propomos
as respostas a seguir.
1. O quadrinho reproduz a
condição discursiva de
uma palestra.
2. Nessa situação, a pa­
lestrante detém o direi­
to à palavra, para fazer
sua exposição. Assim,
1. Que situação comunicativa o quadrinho reproduz?
a fala da plateia foi ino­
2. No quadrinho, percebemos a fala de dois personagens: a voz da personagem principal
portuna. e a voz de alguém da plateia. Nessa situação, a fala da plateia foi oportuna? Explique.
3. Sugestão de resposta: 3. Escreva com suas palavras qual seria o 11 ° mito que existe em uma oficina mecânica.

As mulheres não enten­ Quando crianças, aprendemos que devemos ficar em silêncio enquanto outra pessoa
dem de mecânica. fala. Essa regra faz parte do que chamamos tecnicamente de condição discursiva.

Condição discursiva é o componente da interação verbal que regula o direito à


palavra.

De forma resumida, podemos dizer que o direito à palavra é exercido de duas maneiras:
pelo monólogo ou pelo diálogo.
Diálogo com o professor
No monólogo, apenas o enunciador fala.
No diálogo, pelo menos duas pessoas falam, uma de cada vez.
Apesar de acreditarmos que,
como instrumento de educação,
o livro didático deve ser laico,
trouxemos o texto Tributo a Cé­
sar na intenção de apresentar tencentes ao domínio discursi­ BNCC
aos alunos um exemplo de pará­ vo de outras religiões, mas não
bola retirada do discurso bíblico, tivemos sucesso. O candomblé,
onde esse gênero é muito co­ por exemplo, é bastante rico em Habilidades gerais
mum. Nesse sentido, evitamos mitos de origem, que muitos EF69LP01 EF69LP05
explorar a compreensão do texto confundem com parábolas. EF69LP13
para não levar a discussão para
o campo religioso. Habilidades específicas
Em nossas pesquisas, procu­ EF67LP08
ramos localizar parábolas per- EF67LP33

1 00
____ _
J Lições para a vida J
1 LPemC_ME_2019_6A_Cap2.indd 100 30/07/19 11 :07 1
O tributo a César
Vocabulário desconhecido

Utilizando pistas do próprio texto, estruturas, ilustrações ou mesmo fontes exter-


nas, como dicionários, construa o sentido das palavras seguintes.
Fariseus - Membros de uma antiga seita judaica, surgida no século li a.e., que se
distinguia pela severidade, austeridade e forte observância às Leis de Moisés e da
tradição. Nos Evangelhos, são retratados como hipócritas.

Lícito - Legal, conforme a lei.


César - Título dado aos onze primeiros imperadores romanos que sucederam a
Júlio César.
Hipocrisia - Falsidade, fingimento, dissimulação.

@ As parábolas são muito comuns no discurso religioso. A parábola que você leu, re­
tirada da Bíblia, é um exemplo disso. Tendo em vista o perfil dos personagens que
normalmente aparecem nas parábolas, a qual deles podemos associar Jesus?
Esperamos que os alunos percebam que, tendo em vista a parábola apresentada,
Jesus pode ser associado à figura do velho (sábio).

@ Como você interpretaria a fala "Dai a César o que é de César"? Explique.


Resposta pessoal. Sugestão de resposta: Para Jesus, se está na lei a obrigação de
pagar impostos, é necessário fazê-lo. Os impostos, portanto, pertenceriam a César.

@ Entre as opções abaixo, indique aquela que resume o ensinamento sugerido pela pa­
rábola lida.
a) Não fale demais.
b) Faça sempre o bem.
)[ Faça o que deve ser feito.
d) Ame ao seu próximo como a si mesmo.
e) Respeite os mais velhos.

CJ Na parábola, vemos uma interação verbal entre Jesus e os fariseus. Que tipo de con­
dição discursiva se dá nessa interação?
Diálogo.

10 2
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J Lições para a vida J
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@ A interação discursiva que ocorre na parábola é espontânea ou monitorada? Explique.
A interação é espontânea, visto que os envolvidos estão interagindo em uma situa­
ção informal.

C, O texto a seguir simula uma conversa em um aplicativo de troca de mensagens. Leia­


-o com atenção.

�- Luiz
- Luiz está d1g1tando
■• \. :

Hoje

Amor, sofri um
acidente na fábrica

Mas Rebeca me
trouxe pro hospital

O corte foi muito grave

Parece que vou perder


a perna, Amanda !

Quem é Rebeca? .,,.,,

a) Quem enviou as quatro primeiras mensagens?


Luiz.

b) Considerando a organização textual, podemos afirmar que estamos vendo o tele­


fone de quem?
De Amanda.

e) No ambiente em que a conversa se desenvolve, é possível "falar" ao mesmo tempo,


como na interação face a face? Explique.
Não. Nos aplicativos de mensagens instantâneas, só se envia uma mensagem por
vez.

( Capítulo 2 X.._1_03
___

LPemC_ME_2019_6A_Cap2.indd 103 30/07/19 11 :07 1


Retratar a paz
árvore arqueada abrigando, dentro de seu tronco, um pássaro que dormia ran uila­
mente. Diante de todos os participantes do concurso, o rei declarou aquele quadro da
tempestade o vencedor do concurso. Todos ficaram surpresos, e alguém protestou
dizendo:
- Mas... Majestade! Esse quadro parece ser o único que não retrata a paz!
Nesse momento, o rei respondeu com toda convicção:
- O pássaro dorme tranquilamente dentro do tronco apesar da tempestade lá fora.
Esta é a maior paz que se pode ter: a paz interior. Paz não é a ausência de agitação
no ambiente em que vivemos, mas o estado de tranquilidade interior que cultivamos
diante das tempestades da vida.
Disponível em: http://www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/producoes_pde/md_maria_jesus_ornelas_valle.pdf. Acesso em: 24 de
setembro de 2018.

G O que, provavelmente, fez com que o rei convocasse artistas de diversas partes do
mundo, e não apenas do seu reino?
O rei fez isso provavelmente porque cada região do mundo tem sua cultura, forma de
pensar, seus traços e costumes, de modo que as opções seriam mais variadas.

O Por que as pessoas não compreenderam a escolha do rei?


Porque o quadro não parecia retratar a paz.

( Capítulo 2 X__1_os___
LPemC_ME_2019_6A_Cap2.indd 105 30/07/19 11 :07 1
O Dos artistas que chegaram até o rei com suas obras, "Uns retratavam a paz através
de lindas paisagens com jardins, praias e florestas; outros a representavam por meio
de arco-íris, alvoradas e crepúsculos". Você consegue se lembrar de alguma pintura,
escultura ou alguma outra forma de arte que se utilizou desses elementos em sua
composição?
Resposta pessoal. Professor, esta é uma ótima oportunidade para cruzar diferentes
tipos de linguagem. Imagens de obras do pintor francês Claude Monet, por exemplo,
podem ser levadas para a aula. Inclusive, como trabalho extraclasse, os alunos po­
deriam pesquisar a respeito desse famoso pintor, enriquecendo seu conhecimento
sobre arte nas aulas de Língua Portuguesa.

8 Podemos classificar a parábola Retratar a paz como um exemplo de texto por di­
versos motivos, como a presença de sentido, intenção e contexto. A respeito de sua
estrutura, que sem dúvida auxilia não só na organização, mas no entendimento do
texto, responda às questões a seguir.

a. Quantos parágrafos há na parábola?


Quatro parágrafos.

b. Que recurso estrutural lhe permitiu identificar os parágrafos?


O recuo na margem à esquerda.

e. Todos os parágrafos possuem a mesma quantidade de frases?


Não, a quantidade de frases varia de um parágrafo para outro. Professor, comente
que isto é um indicativo de que não há uma quantidade específica de frases estipula­
da para parágrafos e que os diálogos também são exemplos destes.

10 6
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J Lições para a vida J
LPemC_ME_2019_6A_Cap2.indd 106 30/07/19 11 :08 1
e Na parábola lida, vimos que o rei foi questionado quanto à sua escolha. Em resposta,
ele disse:

- O pássaro dorme tranquilamente dentro do tronco apesar da tempestade


lá fora. Esta é a maior paz que se pode ter: a paz interior. Paz não é a ausên­
cia de agitação no ambiente em que vivemos, mas o estado de tranquilidade
interior que cultivamos diante das tempestades da vida.

a) Com relação à resposta do rei, temos um exemplo de discurso direto ou indireto?


Discurso direto.

b) Na sua opinião, ele se irritou ao questionarem sua escolha? Explique.


Não, pois, apesar de ser contrário à escolha do rei, quem protestou se dirigiu a ele de
modo respeitoso. Professor, aproveite o momento para comentar com os alunos que
é essa a postura que devemos adotar em nosso dia a dia. Discordar das pessoas é
natural, mas devemos fazê-lo com respeito, sempre ouvindo os argumentos de quem
discordamos, como fez o personagem.

O As parábolas têm por objetivo transmitir ensinamentos, normalmente ligados à mo­


ral, a virtudes, à sabedoria, etc. Para você, que ensinamento podemos tirar da pará­
bola Retratar a paz?
Resposta pessoal. Sugestão de resposta: Podemos concluir que, independentemente
do que acontece ao nosso redor, devemos sempre preservar a paz interior.

O Quando falamos em transmissão de um ensinamento, podemos nos lembrar tam­


bém das fábulas, gênero textual que, assim como as parábolas, apresenta essa ca­
racterística. No entanto, há uma diferença importante de um para outro. Reflita sobre
o assunto e aponte essa diferença.
A diferença é que, em vez de animais, como nas fábulas, as parábolas transmitem
seus ensinamentos por meio de personagens humanos.

( Capítulo 2 X 1 01
.._ _ ___

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Proposta
O texto que você produzirá será uma parábola, a qual fará parte de um livro que você e
seus colegas prepararão para que professores, familiares e amigos leiam. A lição moral do
seu texto deve ser o seguinte ditado popular: "Fazer o bem sem olhar a quem".

Planejamento
Antes de começar a escrever sua parábola, pense nisto:
BNCC 1. Qual é a importância da solidariedade?
2. Quem serão os personagens da parábola?
3. Que trama envolverá os personagens?
Habilidades gerais 4. Como será o ambiente onde se passará a história?
EF69LP46 EF69LP51 5. Crie um título para a sua parábola.

EF69LP56
Avaliação
Habilidades específicas Procurando desenvolver um trabalho de parceria, você e seu colega avaliarão o texto um
EF67LP32 do outro. Para tal avaliação, tenham em vista os seguintes pontos:

Aspectos analisados
GDCD
O texto foi construído com base nas orientações apresentadas na
o o
Sugestão de abordagem
o o
fase de planejamento?

o o
A forma como o enredo foi apresentado atrai a atenção do leitor?
O título apresenta relação com a história narrada?

o o
No momento da avaliação O texto produzido segue o ensinamento apresentado pelo ditado
do texto produzido, pode­
o o
popular escolhido?
mos promover uma atividade Há alguma parte do texto que precisa ser reescrita?

em duplas ou grupos. Para


os alunos, é importante tan­
to analisar o texto do colega A corrente do bem

quanto discutir os aponta­ Em 2000, a diretora de cinema norte-americana Mimi Leder lançou um filme muito interessante: A corrente do
bem. Nessa obra, ela aborda exatamente o poder que cada um de nós tem de praticar o bem e alcançar resultados
mentos feitos em seu próprio surpreendentes. Por uma série de motivos, muitas pessoas pensam que não podem fazer nada para contribuir
para o bem do próximo, mas isso é um engano. Muito pode ser feito, e a união de todos terá grande utilidade.
texto. No filme, o professor de Geografia Eugene Simone\ (Kevin Spacey) faz um desafio aos seus alunos em uma
aula: criar algo capaz de mudar o mundo. Incentivado pelo desafio, um dos alunos, Trevor McKinney (Haley Joel
Osment), planeja um novo jogo, o Pay it forward. A ideia é que, ao receber um favor, a pessoa deve retribuí-lo a três
desconhecidos. O jogo é fascinante e ajuda o próprio professor e a mãe de Trevor, Arlene (Helen Hunt), a encontrar
sentido para a vida.

Anotações

___1_o_s J Lições para a vida J


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Diálogo com o professor
A escrita em foco
Quando começamos o pla­
A sílaba nejamento da Coleção, que
No capítulo anterior, vimos que, para escrever ou proferir as palavras, utilizamos letras precedeu a elaboração dos
e fonemas. Vimos também que as letras nada mais são que tentativas de representação
dos fonemas. originais, pensamos em tra­
Entretanto, quando pronunciamos uma palavra, não produzimos fonemas isolados. Ob­ zer, ao final de cada capítulo,
serve isso pronunciando as palavras a seguir, pausadamente:
uma seção em que pudésse­
PAZ MUNDO mos tratar especificamente de
ARTISTA ANQUILAME
questões relacionadas à orto­
Percebeu? Ao dizer essas palavras, você produziu grupos de fonemas. Cada um desses grafia. O grande desafio seria
grupos corresponde a uma sílaba.
trabalhar esses conteúdos em
Sílaba é um fonema ou grupo de fonemas pronunciados em um só impulso uma perspectiva linguística,
de voz, isto é, em grupos. pois, normalmente, nada mais
Para identificar as sílabas graficamente, podemos escrever essas palavras da seguinte são que convenções estabe­
forma: lecidas pelo Decreto n º 6.583,
que regulamenta o Acordo
PAZ MUN-DO Ortográfico de 1990. Ou seja:
l sílaba 2 sílabas
são informações que se apre­
AR-TIS-TA TRAN-QUI-LA-MEN-TE sentam como regras que de­
3 sílabas mais de 3 sílabas
vemos "decorar".
Vale dizer que, apesar de
Na língua portuguesa, a vogal constitui a base das sílabas. Assim, em uma mesma síla­ nosso propósito inicial, aca­
ba só pode haver uma vogal, como em paz.
Já em uma palavra como rei, constituída de uma única sílaba, temos apenas a vogal e.
bamos expandindo os limi­
Nesse caso, o i é considerado semivogal, pois é pronunciado de maneira mais fraca. tes desta seção, passando a
tratar, também, de aspectos
Classificação das palavras quanto ao número de sílabas
relacionados à fonologia, à
Quanto ao número de sílabas, as palavras são classificadas como:
sintaxe, à semântica e à prag­
Monossílabas - São formadas por uma só sílaba. mática. Por esse motivo, op­
tamos por identificar a vinheta
lá mãe Zé vez lhe tu oi ai
da seção como A escrita em
foco, título que abrange sufi­
cientemente esses aspectos.

Anotações
Ortografia:
ensinar e
aprender
Preocupação semelhante à At111r6-MMor�ls

nossa (e de muitos) com relação


ao ensino da ortografia intrigou
o professor Artur Gomes de Mo­
rais, levando-o a produzir este
excelente guia: GOMES DE MORAIS, Artur (2009). Orto­
grafia: ensinar e aprender. São Paulo:
Ática.

( Capítulo 2 X.._1_09
___

1 LPemC_ME_2019_6A_Cap2.indd 109 30/07/19 11 :08 1


Como só possuem uma sílaba, os monossílabos não são classificados quanto à posição da sílaba tônica. Na
verdade, essas palavras se classificam apenas em átonas (pronunciadas com pouca intensidade: me, a, o, se, de,
etc.) ou tônicas (pronunciadas com intensidade: chá, pé, pá, dor, luz, etc.).

Dissílabas - São aquelas que têm duas sílabas.

Be-to on-de ja-ca de-do ver-des no-me

Trissílabas - São aquelas formadas por três sílabas.

al-can-ce a-lar-me es-ta-do ba-na-na Lai-ra-ne

Polissílabas - São formadas por mais de três sílabas.

es-pe-ran-ça dis-ser-ta-ção es-ta-dis-ta nor-mal-men-te

Classificação das palavras quanto à posição da sílaba


tônica

Em uma palavra com mais de uma sílaba, sempre há uma sílaba pronunciada com mais
intensidade, clareza: a sílaba tônica.
Quanto à posição da sílaba tônica, as palavras se classificam como:

Oxítonas - Quando a sílaba tônica é a última:

o-ra-ção A-ma-pá A-ra-ca-ju com-pu-ta-dor

Paroxítonas - Quando a sílaba tônica é a penúltima:

tra-ba-lho re-gra le-tras im-pres-so-ra

Proparoxítonas - Quando a sílaba tônica é a antepenúltima:

pe-núl-ti-ma pa-ro-xí-to-nas má-qui-na lâm-pa-da

1 1 0
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J Lições para a vida J
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Sugestão de abordagem
...,
A escrita em questão
É interessante comentar
Leia a tirinha e responda às questões que seguem. em sala de aula, com as neces­
sárias ponderações teóricas,
�YQt,\'h
que, no português brasileiro,
as vogais /e/ e /o/ são alça­
das (transformam-se em /i/ e
/u/, respectivamente) quan­
do empregadas em contextos
átonos, tanto finais quanto
pré-tônicos. A observação é
Ú Como se divide a palavra lucro? importante por mostrar aos
Lu-cro. alunos que a escrita não se­
fJ De acordo com a tirinha, o patrão do pai do menino realmente não sabe dividir a pa­ gue as regras da fala. Por essa
lavra lucro? razão, muitos dizem mininu,
Não. Na verdade, o patrão não sabe dividir o lucro da sua empresa. tapeti, telefoni, tumada, sapu,
Ó Como se divide a palavra prejuízo? livru e curuja (as vogais des­
Pre-·u-í-zo. tacadas são átonas), mas não
dizem cuia (para cola), prito
Ú Por que o patrão divide o prejuízo com os empregados?
(para preto), cuco (para coco)
Para obter mais lucro.
ou cocú (para cocô).
Ú Classifique as palavras a seguir quanto à quantidade de sílabas e quanto à posição
da sílaba tônica.

a) Lucro d) Sabe
dissílaba/paroxítona dissílaba/paroxítona
Anotações
b) Prejuízo e) Dividir
polissílaba/paroxítona trissílaba/oxítona

c) Teu f) Monossílaba
monossílaba polissílaba/proparoxítona

Diálogo com o professor


já publicada com o conteúdo estu­ é ferrenha defensora do ensino
Nesta Coleção, optamos por dado, prática que confere ao texto a tradicional. O mote para o efeito
produzir nossas próprias tiras simples função de fornecer o exem­ humorístico quase sempre resi­
para ilustrar os conteúdos apre­ plo para análise. de no conflito entre o que a pro­
sentados. A intenção foi tratar o Assim, imaginamos um grupo de fessora ensina e o que os alunos
tema de forma direta no próprio crianças que estuda em uma escola vivenciam na prática.
texto da tira, para não incorrer pública. As aulas de português são
no erro de forçar alguma rela­ ministradas pela professora Nor­
ção entre o texto de uma tirinha ma, que, como o seu nome sugere,

( Capítulo 2 X..._1_ 1 _1 --

1 LPemC_ME_2019_6A_Cap2.indd 111 30/07/19 11 :08 1


Deus existe
ra pessoa que viu foi um mendigo, com a barba e os cabelos muito grandes
e sujos. O homem sorriu, voltou à barbearia e disse ao amigo:
- Eu não acredito que existam barbeiros!
Sem entender, o barbeiro respondeu:
- Como você não acredita que existam barbeiros?! Eu acabei de fazer
sua barba e cortar seu cabelo!
O homem prontamente disse:
- Eu não acredito que existam barbeiros. Se existissem barbeiros, não
existiriam homens como aquele, barbudos e cabeludos.
O barbeiro retrucou:
- A culpa não é minha! Como recebe esmolas todos os dias, deveria vir
até mim. Se ele viesse, eu faria dele um novo homem!
Então o cliente respondeu:
- É isso, amigo! Como os barbeiros, Deus também existe! Mas as pes­
soas não vão até Ele... Por isso existe tanto sofrimento no mundo!
Autor desconhecido.

( Capítulo 2 X.._1_13
___

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Vocabulário desconhecido

Utilizando pistas do próprio texto, estruturas, ilustrações ou mesmo fontes exter­


nas, como dicionários, construa o sentido das palavras seguintes.
Perplexo - Abismado. atônito. aturdido. boquiaberto. espantado. estarrecido. estu­
pefato, surpreendido, transtornado.
Prontamente - Imediatamente.
BNCC Retrucou - Respondeu de maneira contestatária; replicou. retorquiu, revidou.

Habilidades gerais
EF69LP01 EF69LP05 @ De acordo com a interpretação global do texto, analise as afirmações.
EF69LP07 EF69LP25 1. Podemos identificar o texto Deus existe como uma parábola, pois seu objetivo
EF69LP44 EF69LP45 comunicativo é provar a existência de Deus.
li. Nos diálogos estabelecidos entre o barbeiro e o cliente, verificamos uma condição
EF69LP46 EF69LP47 discursiva monitorada.
EF69LP51 Ili. Apesar do emprego da linguagem formal ao longo da narrativa, podemos afirmar
que há espontaneidade comunicativa entre os personagens.

Habilidades específicas Está correto o que se afirma apenas em:


a)I. b)I I. �I li. d)le ll. e)lle lll.
EF67LP27 EF67LP28
EF67LP30 EF06LP07 @ Neste capítulo, vimos que as parábolas são textos narrativos que, como as fábulas,
EF06LP08 EF06LP09 pretendem passar algum ensinamento. Muitas vezes, a lição presente nas parábolas
tem um cunho religioso, como ocorre nesse texto. Que ensinamento podemos tirar
EF06LP11 EF06LP12 dessa parábola?
Sugestão de resposta: Para os que acreditam em Deus, Ele não é o culpado pelas
escolhas erradas que as pessoas fazem.

Anotações Mídias em contexto

Ú Atualmente, a Internet nos oferece uma infinidade de maneiras de lidar com a lin­
guagem. São textos, imagens, vídeos, gifs, memes, etc., que o tempo inteiro estão à
nossa disposição solicitando compartilhamentos, curtidas, comentários. Nesse con­
texto, é preciso estar atento para algumas questões fundamentais, como a neces­
sidade de refletir sobre os limites entre liberdade de expressão e ataque a direitos.
Pensando nisso e nos conhecimentos que você adquiriu a respeito da função social
das parábolas, discuta com os seus colegas e o seu professor:

4 Lições para a vida


1 1 x
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j
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1. Em textos argumentativos, para defender uma opi­
nião, vale tudo?
2. Especialistas em comunicação virtual costumam
Todo texto é produzido ten­
dizer que a Internet é um terreno fértil para intole­ do em vista uma função social,
rância. O que você acha disso? isto é, um objetivo comunica­
3. Para você, quais são as vantagens e as desvanta­ tivo, como passar um ensina­
mento (fábulas, parábolas, etc.),
gens da velocidade da comunicação no ambiente informar o público (notícias,
virtual? reportagens, etc.), instruir o in­
4. O que devemos fazer para combater posicionamen­ terlocutor (manuais do usuário,
receitas, etc.), entre outros.
tos intolerantes, preconceituosos, etc. na Internet? Textos argumentativos são

fJ
aqueles em que há a defesa de
Agora, utilizando os argumentos mais interessantes um ponto de vista baseada em
argumentos. Estes, por sua vez,
trabalhados na questão anterior e o que aprendemos são as razões que utilizamos
neste capítulo sobre a função social e a estrutura para defender nossa opinião.
composicional das parábolas, você e seus colegas
deverão produzir coletivamente uma parábola para
ser postada na rede social da escola. Para produzir o
texto, utilizem o tema problematizado na tira abaixo:

A RAiVA É UMA É TRANSMíTiDA ...E COMENTÁRiOS


DOENÇA MUiTO POR ANIMAíS E POSTAGENS NAS
PER;GO;!' CONTAMíNADOS ... REDES SOCíAiS ....

'9
\

'

� �

A parábola produzida deverá trazer a seguinte lição moral:

A raiva é um veneno que bebemos na intenção de fazer mal aos outros.

Outras fontes

HUBERTO IOHDEN

Alexandre Rangel. As Humberto Rohden.


mais belas parábolas Sabedoria das
de todos os tempos. parábolas. Editora:
Editora: Vozes. Martin Claret.

( Capítulo 2 X__1_1s___

1 LPemC_ME_2019_6A_Cap2.indd 115 30/07/19 11 :08 1


Neste capítulo, você vai conhecer al­
gumas narrativas fantasiosas criadas por
povos em diferentes épocas e lugares para
explicar fenômenos cuja origem desconheciam
ou não compreendiam. Essas narrativas são
os mitos. Na busca do maravilhoso, ao longo do
tempo, os povos sempre procuraram dar sentido
ao mundo ao seu redor, explicando, a seu modo,
a origem da chuva, do trovão, dos diamantes, o
movimento dos astros, etc. Os personagens que
povoam os mitos são seres maravilhosos e en-
cantados, humanos ou não, que fazem parte do
imaginário popular. Sem dúvida, você já ouviu
falar de alguma dessas narrativas. Elas fazem
parte da nossa cultura.
A mitologia indígena brasileira é bastante vasta. Isso porque existem
vários povos, cada um com seus hábitos, costumes e crenças. Além
dos tupis e dos guaranis- dois dos grupos mais importantes-, iano­
mâmis, araras e dezenas de outros povos deixaram um legado mitoló­
gico. Leia com atenção o mito da vitória-régia, de origem tupi-guarani.

BNCC

Habilidades gerais
EF69LP44 EF69LP47
EF69LP49 EF69LP53

Habilidades específicas
EF67LP28
EF67LP37

Objetivos Pedagógicos

Ao final deste capítulo, es­


peramos que o aluno seja ca­
paz de:
• Reconhecer as
características formais
do mito e sua função
social.
• Compreender a noção de
texto apresentada.
• Distinguir minimamente
gêneros textuais
presentes no seu
cotidiano e identificar os
tipos textuais que neles
Sugestão de abordagem
prevalecem.
• Compreender o
funcionamento dos Na questão 3 da seção Co­ cutada por causa da credibilida­
encontros de vogais nhecimentos prévios, podemos de de quem está falando. Nesse
e semivogais e do entender que mitos são nar­ caso, há autoridade em quem
desencontro de vogais. rativas feitas por alguém para fala e o que está sendo dito é
outras pessoas, ou seja, é uma verdadeiro exatamente porque
narrativa sobre algo e que é es- quem fala tem credibilidade.

s Mitologia
1 1 x
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Vitória-régia
(ou mumuru), a
estrela dos lagos
Desvendando os segredos do texto

@ De acordo com o narrador do texto, qual era o maior desejo da jovem Maraí? Como
ela poderia realizar seu desejo?
Tornar-se uma estrela. Ela poderia pedir à Lua, que ouvia os desejos das moças.

Sugestão de abordagem @ Maraí, como vimos, não conseguiu realizar seu desejo. O que a impediu?
Ao se aproximar de um lago, ela ficou encantada com o reflexo da Lua, sendo atraída
para dentro da água.
Antes de começar o capí­
tulo, podemos solicitar aos
alunos uma pesquisa sobre @ Qual é a finalidade desse mito para os tupis-guaranis?
textos que narram o surgi­ Explicar o surgimento da planta aquática vitória-régia.
mento de elementos da natu­
reza. Exemplos: C, Leia.
• O algodão.
• A palmeira.
Ao cair de todas as tardes do mês de maio, a Vara surge de dentro das águas,
• O beija-flor. magnífica, para arranjar noivo. As mães se preocupam com seus filhos homens,
• O Rio Solimões. pois a Vara os seduz com seu canto e os leva para o fundo do rio.

• A abóbora.
Em seguida, podemos pro­ De que forma essa explicação nos faz caracterizar o texto lido como mito?

mover uma sessão de conta­ Os mitos são textos narrativos cuja função social é explicar o desconhecido, como o

ção dos textos encontrados. surgimento do mundo, das chuvas, das plantas.

Após a sessão de conta­


ção dos mitos pesquisados,
seria interessante questionar @ O que aconteceu com Maraí ao final do mito?
os alunos a respeito das ca­ A pedido dos peixes, pássaros e outros animais, Maraí não foi levada para o céu. Jaci
racterísticas comuns aos tex­ a transformou em uma bela planta aquática, que recebeu o nome de vitória-régia (ou
tos contados, a fim de anteci­ mumuru), a estrela dos lagos.
par a forma composicional do
gênero.
• Qual é a função desse
mito?
• Como são
caracterizados os
Anotações
personagens principais
desse mito?
• Onde se passa esse
mito?
• Em que época?
Em seguida, as conclusões
poderão ser verificadas no
mito As lágrimas de Potira.

1 2 0J Mitologia
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@ Agora, leia esta tirinha de Armandinho.

..• E ASSiM FOi O COMO .§

'
E A VERSÃO
DESCOBRiMENTO ASSiM?! 005 ÍNDiOS?! -�
/ DO BRASil!
' f

" •
, , 1

Disponível em: https://jornalggn.com.br/noticia/armandinho-e-o-dia-do-indio. Acesso em: 26/09/2018.

A respeito da tira e do seu conhecimento de mundo sobre os povos indígenas, assi­


nale a alternativa correta.

1. ( F ) A função da tira é provocar humor pela forma cômica como Armandinho


fica na expectativa de saber como os indígenas se comportaram com a chega­
da dos portugueses ao Brasil e por não ter dado tempo de a professora explicar
os fatos.
li. (V) O texto critica a forma como a escola e os livros de História escondem a ex­
periência da chegada dos portugueses ao Brasil do ponto de vista dos indígenas,
já que esses dois povos têm versões diferentes desse fato histórico.
Ili. ( F) A professora não contou a versão dos indígenas a Armandinho por saber que
ela é cheia de violência, e Armandinho não está na idade de aprender sobre esses
assuntos.
IV. (V) Ao dizer "Como assim? E a versão dos índios?", Armandinho deixa implícito
que a versão que foi contada não é suficiente para entender a história do desco­
brimento do Brasil em sua totalidade.
V. ( F ) A professora não poderia ter contado a versão dos indígenas, uma vez que
quem descobriu o Brasil foram os portugueses, e não os indígenas, portanto não
há essa versão.

):1 F-V-F-V-F.
b) F-V-V-F-V.
e) V-V-F-V-F.
d) F-V-F-F-V.
e) F-F-V-V-F.

( Capítulo 3 X__1_2_1 __

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As lágrimas
de Potira
Um dia, no entanto, o território da tribo foi invadido por vizinhos
cobiçosos, devido à abundante caça que ali havia, e ltagibá teve que
partir com os outros homens para a guerra. Potira ficou contemplando
as canoas que desciam rio abaixo, levando sua gente em armas, sem
saber exatamente o que sentia, além da tristeza de se separar de seu
amado por um tempo não previsto. Não chorou como as mulheres
mais velhas, talvez porque nunca houvesse visto ou vivido o que su­
cede numa guerra.
Mas todas as tardes ia sentar-se à beira do rio numa espera pa­
ciente e calma. Alheia aos afazeres de suas irmãs e à algazarra cons­
tante das crianças, ficava atenta, querendo ouvir o som de um remo
batendo na água e ver uma canoa despontar na curva do rio trazendo
de volta seu amado. Somente retornava à taba quando o Sol se punha
e depois de olhar uma última vez, tentando distinguir no entardecer o
perfil de ltagibá.
Foram muitas tardes iguais, com a dor da saudade aumentando
pouco a pouco. Até que o canto da araponga ressoou na floresta, des­
sa vez não para anunciar a chuva, mas para prenunciar que ltagibá
não voltaria, pois tinha morrido na batalha.
E, pela primeira vez, Potira chorou. Sem dizer palavra, como não ha­
veria de fazer nunca mais, ficou à beira do rio para o resto de sua vida
soluçando tristemente. E as lágrimas que desciam pelo seu rosto sem
cessar foram-se tornando sólidas e brilhantes no ar, antes de submer­
gir na água e bater no cascalho do fundo.
Dizem que Tupã, condoído de tanto sofrimento, trans ormou suas
lágrimas em diamantes para perpetuar a lembrança daquele amor.
ABREU, Ana Rosa. Alfabetização. V. 2. Brasília: Fundescola/SEF-MEC, 2000. p. 119-120.

( Capítulo 3 X.._1_23
___

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Vocabulário desconhecido

Utilizando pistas do próprio texto, estruturas, ilustrações ou mesmo fontes exter-


nas, como dicionários, construa o sentido das palavras seguintes.
Bodas - Casamento.
Cobiçosos -�
A�m=
b�ic�
io=
s� =·-----------------­
os

Sucede - D o verbo suceder· acontece.


BNCC Taba -Tribo indígena.
Araponga - Ave cantadora típica da América. Seu canto lembra o som da pancada
do ferro na bigorna, por isso é chamada também de ferreiro.
Habilidades gerais
EF69LP47 EF69LP49
Prenunciar - Ver antecipadamente.
EF69LP53 EF69LP54
Perpetuar -Tornar eterno.

Habilidades específicas
EF67LP27 EF67LP28 Para discutir

1. Qual é a função desse mito?


2. Como são caracterizados os protagonistas desse mito : são seres humanos co -
muns ou são heróis?

Sugestão de abordagem 3. Na tribo, havia algumas regras para o casamento. Que regras eram essas?
4. Para as mulheres, o que signifi cava chegar à idade do casamento?
5. Você acha que existe uma idade certa para casar?
Para as questões da seção 6. Normalmente, indígenas são caracterizados nas narrativas como povos que cul­
tivam valores. Que valores poderíamos atribuir à tribo de ltagibá e Potira?
Para discutir, propomos estas
respostas:
1. Narrar a origem dos
Desvendando os segredos do texto
diamantes.
2. São heróis. @ Onde fi cava a tribo de Potira e ltagibá?
3. Para casar, as meninas Nos sertões de G oiás.
deveriam atingir a ida­
de do casamento e os
@ No mito, Potira é caracterizada como uma " menina contemplada por Tupã com a for­
mos ura das flores ". Quem era Tupã?
meninos precisavam se O deus cultuado pela tribo.
tornar guerreiros.
4. Significava passar para
a idade reprodutiva.
5. Resposta pessoal.
6. Honra, coragem, har­
Anotações
monia, paz, etc.
Após o trabalho oral na se­
ção Para discutir, entramos
nas questões de interpreta­
ção em Desvendando os se­
gredos do texto.

4 Mitologia
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@ Como ltagibá é caracterizado pelo narrador?
Como um jovem guerreiro forte e valente.

CJ Quem são os antagonistas dessa história?


Os vizinhos cobiçosos, isto é, a outra tribo, que matou ltagibá na guerra.

{j Na tribo, havia outros indígenas que queriam o amor de Potira, mas não possuíam a
condição exigida para o casamento. Que condição era essa?
Ser um guerreiro.

f, Por que os "vizinhos cobiçosos" invadiram a tribo?


Porque nela havia caça abundante.

@ Quando ltagibá partiu para a guerra, Potira não chorou. Por quê?
Talvez porque nunca houvesse visto ou vivido o que sucede numa guerra.

@ Como Potira soube que ltagibá não voltaria mais?


Pelo canto da araponga.

@ O que o canto da araponga sempre anunciava?


A chegada das chuvas.

O livro da mitologia explora cerca de oitenta persona­


gens e mitos de todo o mundo: de Zeus a Thor, de Viraco­
cha a Exu. Escrito em linguagem simples, a obra é com­
posta por gráficos, ilustrações e histórias atraentes. Um
livro fundamental e envolvente tanto para novatos no as­
sunto quanto ávidos estudiosos das tradições e mitos -
ou simplesmente para aqueles que se entretém com uma
boa narrativa.

( Capítulo 3 X__
1_2s
___

1 LPemC_ME_2019_6A_Cap3.indd 125 30/07/19 11 :OS 1


(à Os mitos indígenas são narrativas fantásticas repletas de mistério sobrenatural. Para
os povos indígenas, essas histórias têm inúmeras funções. Uma delas é servir de
base para os ensinamentos repassados aos mais jovens. Muitas dessas narrativas
foram criadas a partir de fatos reais protagonizados por antepassados. Outras refe­
rem-se à flora, à fauna e aos demais elementos da natureza, como os rios, as monta­
nhas, o Sol, o céu, etc., cujos protetores devem ser respeitados e temidos. Pensando
nisso, responda às questões seguintes.
a) Que aspectos do mito As lágrimas de Potira pertencem ao universo mágico e so-
BNCC brenatural?
A importância dada ao canto da araponga, que anuncia a morte do guerreiro, e o fato

Habilidades gerais de Tupã transformar as lágrimas de Potira em diamantes.

EF69LP47 EF69LP54 b) Para você, quais seriam os prováveis ensinamentos passados por esse mito para
EF69LP56 a sociedade indígena que a elaborou?
Resposta pessoal. Esperamos que os alunos percebam a importância dada ao amor
do casal, capaz de vencer todas as adversidades, e a identificação de Potira e ltagibá
Habilidades específicas
EF67LP33 EF67LP36 como exemplos de fidelidade, bravura, paciência, etc.

(O Retire do texto o trecho que localiza a narrativa no tempo e no espaço.


"Muito antes de os brancos atingirem os sertões de Goiás."

Diálogo com o professor (ê Essa localização é precisa ou imprecisa?


Imprecisa.
Na questão 13, buscamos
(D O esquema a seguir apresenta a continuidade de fatos narrados no mito. Procure
deixar clara para os alunos preencher os quadros buscando essas informações no texto.
a estrutura narrativa do mito
trabalhado. A ênfase foi dada Introdução
Muito antes de os brancos atingirem os sertões de Goiás, existiam por aque­
à realização das ações e suas las partes do Brasil muitas tribos indígenas. Numa dessas tribos, viviam Po­
consequências. tira e ltagibá.

Fato 1: Potira chegou à idade do casamento, e ltagibá tornou-se um guerreiro.

Anotações Fato 2: Sequência do fato l.


Potira e ltagibá se casaram.

Fato 3: O território da tribo foi invadido por vizinhos cobiçosos.

6 Mitologia
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Fato 4: Sequência do fato 3.
ltagibá teve que partir com os outros homens para a guerra.

Fato 5: Potira ficou contemplando as canoas que desciam rio abaixo, sentindo muita
tristeza por se separar de seu amado por um tempo não previsto. E todas as tardes
sentava-se à beira do rio a esperá-lo.

Fato 6: Sequência do fato 5.


lta ibá morreu na batalha.

Fato 7: Potira ouviu o canto da araponga.

Fato 8: Sequência do fato 7.


Potira chorou ela rimeira vez.

Fato 9: Potira emudeceu e ficou à beira do rio para o resto


de sua vida soluçando tristemente.

Fato 1 O: Sequência do fato 9.


As lá rimas de Potira se transformaram em diamantes.

Fatos, tempo e espaço

De maneira simples, podemos dizer que o narrador conta os fatos organiza­


dos numa sequência temporal (tempo narrativo).
Como os acontecimentos normalmente se realizam um após o outro, eles
se relacionam, isto é, um fato origina outro fato, e assim por diante, o que cor­
responde ao enredo. Nos mitos, a época e o lugar em que ocorre a narração
normalmente não são especificados. Para localizar o leitor no tempo e no es-
paço, são usadas expressões vagas (Era uma vez..., Há muitos anos... , Numa
época muito distante... , Num lugar muito distante... ), que sugerem um tempo
imaginário, não real. Apesar da falta de precisão quanto à época em que acon­
teceram os fatos narrados, os mitos seguem a ordem linear, ou cronológica:
passado - presente - futuro.

Conheça mais algumas características dos mitos.


• São ricos em ações.
• Permanecem no tempo, isto é, sempre são atuais.
• Sua autoria é desconhecida.
• Refletem a maneira de pensar e a cultura de um povo.
• Destacam algum personagem do imaginário desse povo.
• Costumam ser transmitidos oralmente, de geração para geração.

( Capítulo 3 X.._1_21
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Análise linguística

O texto
Como você provavelmente já se deu conta, de acordo com o que estudamos até agora,
em linguagem tudo é interação. Como dissemos no capítulo anterior, ao proferirmos a
mais simples palavra para alguém, temos uma intenção: pedir, ordenar, agradecer, chamar
a atenção, lembrar, etc. E a pessoa a quem nos dirigimos procura captar essa intenção. Na
prática, o negócio é o seguinte: quando você fala ou escreve, quer ser compreendido, e o
Sugestão de abordagem seu interlocutor quer compreendê-lo. Ninguém em sã consciência sai por aí falando para
o vento... Por isso, dizemos que o sucesso de uma comunicação depende das pessoas en­
volvidas, que cooperam umas com as outras para produzirem sentido. Entendeu? É mais
Nas questões propostas ou menos como num esporte coletivo, como o futebol: você pode querer jogar sozinho e
na análise da tirinha, as res­ fazer uma porção de gols numa barra sem goleiro, mas qual seria o sentido disso? É pre­
ciso interagir, e toda interação se dá por meio de textos.
postas esperadas são estas:
1. São os sacis.
Texto é uma atividade interacional comunicativa ligada a uma situação especí­
2. São os sacis fica, ou seja, um contexto.
"para-atletas".
3. Porque, como os sacis Agora, vejamos isso tudo na prática.
têm apenas uma perna,
XAXADO/Antonio Cedraz
o fato de ter duas
para eles seria uma
deficiência física.
4. As Olimpíadas/
Paraolímpiadas.
© 2015 King Features Syndicate/lpress.

Para compreender essa tirinha, fazemos uma leitura das imagens (linguagem não ver­
a ) e dos enunciados (linguagem verbal). A compreensão se dá mais ou menos como um
somatório dessas linguagens e seus significados. Observe:
1. No primeiro quadrinho, quem são os personagens negros que usam gorro, calção e
têm apenas uma perna?
Diálogo com o professor 2. No segundo quadrinho, quem são os personagens que estão jogando futebol?
3. Por que o time de futebol que aparece no segundo quadrinho é paraolímpico?
4. Para entender essa tirinha, algumas informações devem fazer parte do seu conheci­
A noção de texto que segui­ mento de mundo. Por exemplo: você saberia dizer qual é o torneio esportivo ao qual o
mos aqui se coaduna com a vi­ autor da tira se refere de maneira indireta?

são de Azeredo (2008: 79), em­


bora este não contemple em sua
análise os textos não verbais.
Nesse sentido, entendemos que
Anotações
"em qualquer situação comu­
nicativa realizada [ou não] pela to, mas, para tanto, precisamos
palavra, podemos delimitar frag­ ter em vista que isso "depende
mentos que passamos a consi­ tão só do reconhecimento de
derar unidades - ou totalidades que, para os propósitos que
- de sentido, a que chamamos temos em mente - seja como
enunciados, frases, textos". Es­ enunciador, seja como destina­
ses fragmentos podem ser isola­ tário -, esse fragmento é uma
dos e compreendidos como tex- unidade semântica".

s Mitologia
1 2 x
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Nas tirinhas, nas histórias em quadrinhos, nas charges, etc., a fala dos personagens
é sempre indicada em balões. Em outros textos que utilizam apenas a linguagem verbal,
como as fábulas, as parábolas e os mitos, a fala dos personagens e do narrador são indi­
cadas nos parágrafos. O parágrafo é um bloco de ideias estreitamente relacionadas. Os
parágrafos são indicados com um recuo de margem do seu primeiro enunciado, que se
inicia com letra maiúscula, como aconteceu neste parágrafo. Fizemos um pequeno recuo
e começamos: Nas tirinhas, nas histórias em quadrinhos...

Não é necessário compor o parágrafo com várias frases. Às vezes, apenas uma frase, e
mesmo uma palavra (frase de situação), pode formar um parágrafo.

Fala dos personagens e


pontuação
Numa narrativa, o narrador normalmente utiliza dois recursos
linguísticos para repassar a fala dos personagens:
O discurso direto - O narrador transcreve a fala do persona­
gem diretamente, como se ele próprio estivesse falando. Nesse
caso, a fala é indicada com travessão (-):

Depois da invasão da tribo vizinha, ltagibá e Potira se


separaram, pois ele teve de ir para a guerra com os ou­
tros homens.
- Não se preocupe, Potira. Eu voltarei - disse ele à
esposa.
- Que Tupã te proteja - ela falou enquanto o abraçava.

O discurso indireto - O narrador se apropria da fala do perso­


nagem e a reproduz de maneira indireta. Nesse caso, não se usa
travessão.

Depois da invasão da tribo vizinha, ltagibá e Potira se


separaram, pois ele teve de ir para a guerra com os ou­
tros homens. Ele disse a Potira que não se preocupas­
se, e ela pediu para Tupã protegê-lo.

( Capítulo 3 X.._1_29
___

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Prática linguística

Nos itens a seguir, as frases foram misturadas, o que prejudica a sua compreensão.
Reordene cada uma delas para que se tornem frases bem formadas, de acordo com
o mito As lágrimas de Potira. Use as linhas a seguir para transcrevê-las. Observe o
modelo.
a) Numa época muito distante, podemos conhecer muito da cultura indígena por
meio de seus mitos.
Diálogo com o professor b) Potira e ltagibá são personagens de um mito chegou à idade do casamento.
c) Quando ltagibá partiu, Potira emudeceu para sempre.
d) ltagibá se tornou guerreiro, e Potira que narra a origem dos diamantes.
Na questão 1, trabalhamos e) Nos dias de hoje, havia uma tribo muito pacífica no interior de Goiás.
f) Quando soube da morte de ltagibá, Potira ficou contemplando as canoas que des­
o conceito de frase tendo em ciam rio abaixo.
vista os conhecimentos ad­
quiridos no mito As lágrimas Modelo
a) Numa época muito distante, havia uma tribo muito pacífica no interior de Goiás.
de Potira. A intenção é mostrar
aos alunos a relação existente
entre as frases e os conteúdos b) Potira e ltagibá são personagens de um mito que narra a origem dos diamantes.
que elas expressam.

c) Quando ltagibá partiu, Potira ficou contemplando as canoas que desciam rio abai­
xo.

d) ltagibá se tornou guerreiro, e Potira chegou à idade do casamento.

Anotações
e) Nos dias de hoje, podemos conhecer muito da cultura indígena por meio de seus
mitos.

f) Quando soube da morte de ltagibá, Potira emudeceu para sempre.

o Mitologia
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@ Neste exercício, cada item constitui um parágrafo, mas as frases que os compõem
estão em desordem. Reestruture-os para que se tornem parágrafos bem formados.

a) Os dois firmaram compromisso. Pouco depois, realizaram uma grande festa de


casamento na taba. Na mesma época em que ltagibá adquiriu sua condição de
guerreiro, Potira chegou à idade do casamento.
Na mesma época em que ltagibá adquiriu sua condição de guerreiro, Potira chegou à
idade do casamento. Os dois firmaram compromisso. Pouco depois, realizaram uma
grande festa de casamento na taba.

b) Potira não chorou como as mulheres mais velhas, mas sentia muita tristeza e
apreensão. Quando a tribo foi invadida, ltagibá teve de partir para a guerra. Ela
sabia que ele correria perigo.
Quando a tribo foi invadida, ltagibá teve de partir para a guerra. Potira não chorou
como as mulheres mais velhas, mas sentia muita tristeza e apreensão. Ela sabia que
ele correria perigo.

e) Sentava-se na beira do rio alheia a tudo. Por muitas tardes, Potira esperou a volta
de ltagibá. Ela sabia que, quando ele voltasse, poderia escutar o barulho do seu
remo conduzindo sua canoa. Concentrava-se apenas no barulho das águas.
Por muitas tardes, Potira esperou a volta de ltagibá. Sentava-se na beira do rio alheia
a tudo. Concentrava-se apenas no barulho das águas. Ela sabia que, quando ele vol­
tasse, poderia escutar o barulho do seu remo conduzindo sua canoa.

d) Daí a razão de termos várias versões de um mesmo mito. Esse modo de transmis­
são faz com que eles se transformem ao longo do tempo. Os mitos são transmiti­
dos oralmente, de geração para geração.
Os mitos são transmitidos oralmente, de geração para geração. Esse modo de trans­
missão faz com que eles se transformem ao longo do tempo. Daí a razão de termos
várias versões de um mesmo mito.

( Capítulo 3 X.._1_3_1
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LPemC_ME_2019_6A_Cap3.indd 131 30/07/19 11 :05 1


e) Outros animais conseguem se comunicar, mas não com toda a complexidade da
linguagem humana. Mas ela não é exclusiva dos seres humanos. Por meio dela,
podemos expressar ideias sentimentos, desejos, opiniões, etc. A linguagem é uma
habilidade muito importante.
A linguagem é uma habilidade muito importante. Por meio dela, podemos expressar
ideias, sentimentos, desejos, opiniões, etc. Mas ela não é exclusiva dos seres huma­
nos. Outros animais conseguem se comunicar, mas não com toda a complexidade da
linguagem humana.
Diálogo com o professor

A prática de escrever pa­


rágrafos é essencial para de­ @ Leia os itens A e B abaixo e, em seguida, analise as afirmações, assinalando V, para
senvolver uma boa escrita, verdadeiro, ou F, para falso.

pois eles ajudam a quebrar A - Sobe para 127 o número de mortos em deslizamentos de terra na China. O San­
grandes pedaços de texto, fa­ tos é o novo campeão da Copa do Brasil. Aprenda como economizar energia sem
esforço. Brasil vai testar vacina contra a esquistossomose. Pesquisadores dizem que
cilitando o entendimento do iceberg gigante se desprendeu da Groenlândia. Papa volta à região italiana afetada
conteúdo pelo leitor. por terremoto. Rússia acusa EUA de violarem acordo nuclear.
Pode ser que, para alguns
B - Graças à língua, o ser humano pode se libertar do presente: pode narrar episódios
alunos, escrever parágrafos de sua vida ou projetar planos. Ele pode, inclusive, inventar mundos, criar histórias,
bem estruturados ainda seja narrar histórias de povos de lugares distantes, onde ele nunca esteve. Os conteúdos
que expressamos em nossos enunciados não precisam, necessariamente, espelhar
um pouco complicado. Dessa a realidade do presente.
forma, socialize com a turma
a) (V) O item A é apenas um amontoado de frases, não um texto.
as seguintes orientações: b) (V) Em A, as frases têm sentido, mas todas elas juntas não compõem um todo
• Estruture o texto de significativo.
e) (V) Ao contrário do item A, o item B pode ser entendido como um texto.
forma coerente e coesa. d) (V) Em B, as frases foram relacionadas na intenção de se passar uma informação.
• Reflita sobre os e) ( F) Analisando os dois exemplos, podemos concluir que o texto é apenas um con­
junto de frases.
elementos responsáveis
f) ( F) O item B não é capaz de transmitir ideias.
pela coesão dos g) (V) Em A, existem várias informações desconexas umas das outras.
parágrafos e a
construção do sentido (J Imagine agora que, certa noite, você liga a televisão na hora em que o Jornal Nacional
do texto. está começando. Os dois apresentadores, então, falam as frases do item A da ques­
tão anterior. Com base nisso, responda às questões.
• Levante ideias sobre o
tema a ser trabalhado.
Uma maneira
interessante de fazer
isso é a autoindagação.
Diálogo com o professor
• Realize uma revisão
gramatical cuidadosa.
Apoiamos as questões 3 e 4 gundo ele, não se trata, no entanto,
desta seção na discussão feita de uma unidade do tipo das unida­
por Marcuschi (2008) sobre a des formais da língua [...].
noção de texto, em confluência Trata-se de uma unidade funcio­
com vários outros linguistas. nal (de natureza discursiva)" (2008:
Resumidamente, entendemos o 88). Ou seja, o texto é uma unidade
texto como a unidade máxima funcional, não formal. Daí a possi­
de funcionamento da língua. Se- bilidade de termos um texto com

1 3 2x Mitologia
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j
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a) O que significa cada uma das frases?
Anotações
São as notícias que serão apresentadas durante o telejornal.

b) O que aconteceria com o item A se criássemos um contexto para ele?


O item A se tornaria um texto.

C, Um aspecto bem interessante sobre a comunicação é o papel de cada um dos envol­


vidos, como eles veem uns aos outros. Certamente, você já vivenciou alguma situa­
ção em que, no meio de uma discussão, um dos interlocutores pergunta aborrecido:
"Você sabe com quem está falando?". Apesar de curto, um enunciado como esse diz
muita coisa... Elaboramos o texto a seguir com o propósito de representar uma situa­
ção como essa. Faça a sua leitura e, depois, discuta com os seus colegas, procuran­
do responder às questões propostas.

Conta-se que um recruta estava descansando no alojamento do quartel


fora do horário quando atendeu o telefone com jeito de poucos amigos:
-Que é?!
Do outro lado, a voz de um homem meio sem querer acreditar no que es­
cutara:
-Como assim "que é"?
-Libere aí, meu irmão. É que tou muito ocupado descansando...
-Descansando?!
- É, e você tá me atrapalhando...
-Mas não é hora de descanso!
-Mas quem manda aqui sou eu, tá ligado?
-VOCÊ?! POR ACASO, VOCÊ SABE COM QUEM ESTÁ FALANDO?
-NÃO!
-QUEM ESTÁ FALANDO É O GENERAL FULANO DE TAL!
O recruta emudeceu. Depois de um instante, perguntou desconfiado:
Para esclarecer bem essa
-E o senhor, por acaso, sabe com quem está falando? concepção, Marcuschi nos for­
- �! /, nece um exemplo interessan­
-Graças a Deus!
Tutututututututututu... te: um catálogo telefônico é um
texto "desde que seja lido por
alguém que vive num contexto
cultural em que o telefone é uma
prática usual e sabe como ope­
rar com um catálogo. Portanto,
segundo Beaugrande, podemos
dizer que um texto não existe,
como texto, a menos que alguém
o processe como tal" (2008: 89).

apenas uma palavra ou com vários operam basicamente em contex­


capítulos. Assim, "a extensão física tos comunicativos - conforme a
não interfere na noção de texto em visão sociointerativa da língua, que
si. O que faz um texto ser um texto seguimos nesta Coleção -, o que
é a discursividade, inteligibilidade e nos leva a compreendê-lo, também,
articulação que ele põe em anda­ como sendo a língua em funciona­
MARCUSCHI, Luiz Antônio (2008). Pro­
mento" (2008: 89). mento. Portanto, só haverá texto se dução textual, análise de gêneros e
Marcuschi também defende que houver comunicação. compreensão. São Paulo: Parábola.

( Capítulo 3X.._1_33
___

1 LPemC_ME_2019_6A_Cap3.indd 133 30/07/19 11 :05 1


a) Qual é a intenção do general ao fazer a pergunta "POR ACASO, VOCÊ SABE COM
QUEM ESTÁ FALANDO?"
Respostas possíveis: Exigir respeito, impor autoridade, ameaçar.

b) O general queria realmente saber se o outro sabia com quem estava falando?
Não. Na verdade, ele queria mesmo era dizer quem era e, assim, ameaçar o recruta.

e) Como o general via o seu interlocutor?


Ao fazer essa pergunta, o general deixou claro que via o seu interlocutor como al­
guém inferior.

d) De acordo com a situação, o que significa a onomatopeia que encerra o texto?


Significa que o recruta desligou o telefone.

e) Observe que, no texto, algumas falas dos personagens estão destacadas com le­
tras maiúsculas. O que isso significa?
Significa que eles falaram gritando.

f) Em que situações é mais comum escrever enunciados com letras maiúsculas com
essa intenção?
Nas situações em que se escreve em ambientes/gêneros digitais, como e-mail, chat,
redes sociais, etc.

O valor de verdade
Outro aspecto interessante sobre os papéis de cada um num ato comunicativo é o valor de verdade das afir­
mações feitas por eles. Por exemplo: se uma criança de 2 anos diz para a mãe que ela está feia, ela provavelmente
achará engraçado e não se incomodará. A declaração feita pela criança simplesmente não é válida. Por outro
lado, imagine se o marido dela dissesse isso. Briga na certa...

4 Mitologia
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Mitos da cultura indígena
De uma maneira, em todas as culturas, os mitos surgem como formas que o ser
humano encontrou para compreender e dar sentido aos fatos e eventos da vida e do
mundo. Muitos mitos explicam a origem das coisas, como certos alimentos; práticas
culturais, como a agricultura; e fenômenos naturais, como o trovão e os eclipses. O
contato dos povos indígenas com comunidades próximas tornou algumas dessas
narrativas conhecidas, de modo que foram absorvidas pela cultura regional brasilei­
ra, como a história do boto-cor-de-rosa, que gosta de seduzir e namorar as moças
incautas às margens dos igarapés. Outros mitos são específicos de cada tribo. É o
que explica a pesquisadora e curadora do Museu do Índio do Rio de Janeiro, Chang
BNCC Whang:
"Geralmente cada povo indígena tem seus mitos de origem, de como seu povo
veio a ser. São os mitos cosmogônicos. Esses mitos, transmitidos oralmente, de
geração a geração, são muito importantes na formação do indivíduo social, pois
Habilidades gerais fornecem coesão simbólica à percepção do indivíduo como parte de um corpo
EF69LP34 EF69LP47 social, reforçando sua identidade étnica. Desde tempos imemoriais, os mitos
EF69LP51 EF69LP53 descrevem eventos que se dão no mundo indígena, e a floresta é o elemento
concreto, visível e tangível desse mundo".
EF69LP54 EF69LP56 Disponível em: http://prodoc.museudoindio.gov.br/noticias/retorno-de-midia/68-mitos-e-lendas-da-cultura-indigena. Acesso em: 26/03/2018.

Habilidades específicas
EF67LP20 EF67LP26
EF67LP27 EF67LP28
EF67LP30 EF67LP36
EF06LP11

Anotações
Utilizando pistas do próprio texto, estruturas, ilustrações ou mesmo fontes exter­
nas, como dicionários, construa o sentido das palavras seguintes.
lmplementos - Aquilo de que se necessita para a execução de algo; acessório,
apresto. petrecho.
Incautas - Sem cautela descuidadas.
Tangível - Aquilo que se pode tanger. tocar; tocável.

6 Mitologia
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O Agora, veja algumas definições da palavra mito encontradas em dois dicionários da
língua portuguesa disponibilizados na Internet e responda às questões.

mito

Mito
21 Definições encontradas. r§lCJClO "' O
Definições Sinônimos Antônimos Relacionadas Exemplos Flexões Rimas Reversa

1. Mito
S1gnif1cado de Mito Por luciana (MG) em 19-03-2009

É uma representação fantasiosa, espontaneamente delineada pelo mecanismo mental do homem, a fim
de dar uma interpretação e uma explicação aos fenômenos da natureza e da vida.

PERGUNTA: "Por que troveja?


RESPOSTA: ·Porque Jupiter está encolerizado.·

PERGUNTA: "Por que o vento sopra?"


RESPOSTA: "Porque Eolo está enfurecido.·

.. ,.
705 221
® Escaneie o QR CODE ao lado.

. ..
� Portugues Brasileiro•

mitofóbico
mit6fobo
mito mitografia
mi-to mitogrâfico
mitógrafo
sm
mitologia
1 História fantástica de transmissão oral, cujos protagonistas são deusas, mitológico
semideuses, Sef'eS sobrenaturais e heróis que representam simbolicamente
fenõmenos da natureza, fatos históricos ou aspectos da condição humana;
fâbula, lenda, mitdogia.

2 Interpretação ingênua e simplificada do mundo e de sua origem,

3 Relato que, sob forma alegórica, deixa entrever um fato natural, histórico
OU filosóflCO.

4 FlG Uma pessoa ou um fato cuja existência. presente na imaginação das


pessoas, não pode ser comprovada; ficção.

5 FIG Um fato considerado inexplicâvel ou inconcebivel; enigma.

6 SOC:IOl Uma crença, geralmente desprovida de valor moral ou social,


desenvolvida por membros de um grupo, que funciona como suporte para
suas ideias ou posições: mitologia: O mito da supremacia da raça branca.

7 FG Representação de fatos ou de persooagens distanciados dos


originais pelo imaginário coletivo ou pela tradição que acabam por aumentá­
los ou modificá-los.

8 FLOS Discurso propositalmente poético ou r


transmitir uma doutrina, por meio de uma rep �
c1ePromer.., \V Escaneie o QR CODE ao lado.

( Capítulo 3 X.._1_37
___

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a) O mito é visto da mesma forma pelo indígena e pelo não indígena? O que é um mito
para os indígenas?
As formas de percepção do mito são bastante diferentes entre indígenas e não indí­
genas. Os dicionários, representando o discurso de quem não é indígena, aponta o
mito como uma fantasia, uma história fictícia que explica algo da cultura, mas que
não é real. Já para os indígenas, o mito é uma narrativa verdadeira, que explica as­
pectos da origem das coisas e da organização do universo indígena, portanto fazem
parte da vida real.

b) Considere o seguinte trecho do texto:

[...] Desde tempos imemoriais, os mitos descrevem eventos que se dão no


mundo indígena, e a floresta é o elemento concreto, visível e tangível desse
mundo.

Qual é a sua opinião sobre as influências sociais e culturais que o desmatamento e a


desapropriação de terras indígenas têm na vida desses povos?
Resposta pessoal.

s Mitologia
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Sugestão de abordagem
Proposta
Como vimos, originalmente os mitos eram transmitidos de forma oral de geração para
geração e buscavam explicar, de maneira fantasiosa, temas sobre os quais os povos não
Seria interessante orga­
tinham conhecimento científico, exato, concreto. nizarmos uma contação dos
Pensando nisso, imagine que você vive em uma comunidade indígena isolada em plena
mitos produzidos, um evento
Floresta Amazônica nos dias de hoje e que o seu povo está sofrendo com a poluição do rio.
Assim, pesquise em livros ou na Internet personagens míticos pertencentes ao imaginário em que pudéssemos convidar
de diferentes povos indígenas e crie uma história em que esses personagens se envolvam a família dos alunos para vir à
em um enredo cuja finalidade será explicar a origem dessa poluição.
escola. Como estamos traba­
lhando elementos da cultura
popular, poderíamos promo­
Seu mito deverá ser narrado em primeira pessoa.
ver um lanche coletivo após a
contação, com muitos pratos
Planejamento típicos da nossa culinária.
1. Ao escrever seu texto, procure estruturá-lo em parágrafos para tornar a leitura mais
Caso queiram, os pais po­
fácil e menos cansativa. Lembre-se de que os parágrafos são blocos de significados
compostos de uma ou mais frases, que, por sua vez, são constituídas de uma ou mais derão contar alguns mitos
palavras. que conhecem, o que enri­
2. Antes de começar a escrever, pense nisto: quecerá ainda mais o evento,
• Qual é a origem da poluição do rio?
• Que elementos mágicos você colocará na narração? pois representará uma contri­
• Que personagem será o protagonista? buição importante para man­
• Que ações serão desempenhadas por ele?
• Haverá um antagonista? Qual será o seu papel?
ter viva a tradição oral deste
3. Durante a produção, fique atento para o que estudamos até agora sobre os mitos, prin­
gênero.
cipalmente no que se refere aos elementos das narrativas que conhecemos neste ca­
pítulo.

Avaliação
BNCC
Para avaliar seu trabalho, tenha em vista as seguintes questões:

Aspectos analisados
a,cm
o o
Habilidades gerais
EF69LP44 EF69LP46
o o
As informações apresentadas foram utilizadas para compor o personagem?

o o
A origem do mito está clara?

Habilidades específicas
o o
O planejamento foi seguido?
As características dos mitos foram observadas?
EF67LP30 EF06LP11
EF06LP12

Diálogo com o professor

A oportunidade de [re]simbo­ condição humana. ração, incumbiam-se de manter


lizar um tempo aparentemente As narrativas da tradição são viva a tradição. Essas narrativas
esquecido na memória é im­ criações populares - feitas por são histórias que se prendem ao
portante para que se perceba o autores anônimos - que sobre­ imaginário popular ou à memó­
quanto as narrativas ainda nos viveram e se espalharam devido ria coletiva.
falam, de uma forma simbólica à memória e à habilidade de seus
ou realista, da vida e da própria narradores, que, de geração em ge-

( Capítulo 3 X.._1_39
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A perigosa Yara
a morena Vara, de olhos pretos e faiscantes, erguera-se das águas. O
tapuia teve o medo que todo o mundo tem das sereias arriscadas - lar­
gou a canoa e correu a abrigar-se na taba.
Mas de que adiantava fugir se o feitiço da Flor das Águas já o enovela­
ra todo? Lembrava-se do fascínio de seu cantarolar e sofria de saudade.
A mãe do tapuia adivinhara o que acontecia com o filho: examinava-o
e via nos seus olhos a marca da fingida sereia.
Enquanto isso, Vara, confiante no seu encanto, esperava que o índio
tivesse coragem de casar-se com ela.
Pois - ainda nesse mês de florido e perfumado maio - o índio fugiu
da taba e de seu povo, entrou de canoa no rio. E ficou esperando de co­
ração trêmulo. Então, a Vara veio vindo devagar, devagar, abriu os lábios
úmidos e cantou suave a sua vitória, pois já sabia que arrastaria o tapuia
para o fundo do rio.
Os dois mergulharam, e adivinha-se que houve festa no profundo das
águas. As águas estavam de superfície tranquila como se nada tivesse
acontecido. De tardinha, aparecia a morena das águas a se enfeitar com
rosas e jasmins. Porque um só noivo, ao que parece, não lhe bastava.
Esta história não admite brincadeiras. Que se cuidem certos homens.
LISPECTOR, Clarice. Como nasceram as estrelas. Rio de Janeiro: Rocco, 1999. p. 24-25.

( Capítulo 3 X.._1_4_1
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Vocabulário desconhecido

U tilizando pistas do próprio texto, estruturas, ilustrações ou mesmo fontes exter­


n s a , como dicionários, construa o sentido das palavras seguintes.
H= om�
Varões - � e n=s�--------------------­

V=al=
Arrojado - � �t=
en =·-------------------
ãº

BNCC Desvendando os segredos do texto

(t Por que as mães se preocupam com seus filhos homens ao cair da tarde?
Habilidades gerais Porque é a hora em que a Vara costuma aparecer para seduzi-los e levá-los para o
EF69LP44 EF69LP47 _ _ . ___________________
_ d_o _ do_ rio
_fun
EF69LP49 EF69LP53 @ O que a Vara significa para os homens?
A tentação da aventura.
Habilidades específicas
EF67LP28 EF67LP37 @ O que a Vara faz para seduzir os homens?
Ela canta.

(t Como é descrito o índio tapuia?


Ele é descrito como sonhador e arrojado.

@ E a Vara, como é descrita no texto?


Ela é descrita como uma sereia morena de cabelos negros, olhos pretos e faiscantes
Mitologia dos onxas, do
f i ada com rosas e jasmins.
sociólogo Reginaldo Prandi, e en e t

é a mais completa coleção de @ O esquema a seguir apresenta a se quência de fatos narrados no mito A perigosa

Yara. Procure preencher os quadros buscando essas informaçõ es no texto.


mitos da religião dos orixás já
reunida em todo o mundo. São Fato 1: O tapuia estava pescando, distraído, no final da tarde.

301 relatos mitológicos, histó­ Fato 2: consequência de 1.

rias que contam, por meio de A Vara apareceu.

imagens concretas e não de Fato 3: consequência de 2.


ideias abstratas, como são, o O tapuia ficou com medo e fugiu para a taba.
que fazem, o que querem e o
Fato 4: consequência de 3.
que prometem os deuses des­
se riquíssimo panteão africano
que sobreviveu e prosperou
em países da América - em
particular no Brasil e em Cuba
- e que, nos últimos anos, tem Anotações
sido exportado para a Europa.
Na sociedade tradicional
dos iorubás, é pelo mito que
se alcança o passado, inter­
preta-se o presente e se pre­
diz o futuro.
PRANDI, Reginaldo. Mitologia dos
orixás. São Paulo: Companhia das
Letras, 2000.

1 4 2x Mitologia
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Sugestão de abordagem
Fato 5: consequência de 4.
O índio fugiu da taba e de seu povo e entrou de canoa no rio para esperar a Vara.
Faça um círculo com os
Fato 6: consequência de 5. alunos, se for possível, no pá­
A Vara apareceu, abriu os lábios úmidos, cantou suave a sua vitória e arrastou o ta­ tio da escola ou em qualquer
puia para o fundo do rio.
lugar ao ar livre, para iniciar o
O Leia o trecho a seguir e responda às questões. debate com o texto que suge­
rimos na Leitura complemen­
Mas de que adiantava fugir se o feitiço da Flor das Águas já o enovelara todo? tar. Propomos algumas ques­
Lembrava-se do fascínio de seu cantarolar e sofria de saudade.
tões para iniciar a discussão:
A mãe do tapuia adivinhara o que acontecia com o filho: examinava-o e via
nos seus olhos a marca da fingida sereia. • No lugar onde você
mora, há algum
a) A quem se refere a expressão Flor das Águas? preconceito com os
À Vara. povos indígenas?
b) O narrador do texto conta que a mãe do indígena tapuia viu nos olhos do seu filho
• Você já presenciou atos
a marca da fingida sereia. Por que ele qualifica a Vara como fingida? de preconceito contra
Porque, na verdade, ela não amava o índio. diferentes culturas?
{I Os mitos As lágrimas de Potira e A perigosa Yara têm alguns elementos em comum.
• Como podemos vencer o
Pensando nisso, responda às seguintes questões. preconceito?
• De que maneira
a) As duas histórias nos apresentam um pouco da cultura de quais povos?
podemos viver em
Dos povos indígenas.
harmonia com a
b) ltagibá e o tapuia são jovens e possuem mais ou menos a mesma descrição: lta­ pluralidade cultural dos
gibá é forte e valente, e o tapuia é sonhador e arrojado, valentão. Considerando o
que aconteceu com eles nas narrativas míticas, qual dos dois é visto como herói, povos indígenas?
retratado com mais coragem?
lta ibá.

e) Potira e Vara também são descritas fisicamente de maneira muito parecida. Mas,
com relação ao caráter dessas personagens míticas, qual é a maior diferença entre
elas?
Potira é retratada como uma mulher pura, sincera, apaixonada, ingênua; a Vara é fin­
gida, vaidosa, esperta, etc.

( Capítulo 3 X.._1_43
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Análise linguística

Tipos e gêneros textuais


Não é necessário nos aprofundar muito em estudos teóricos
para percebermos que, no nosso dia a dia, estamos cercados de
textos. Eles estão por toda parte, transmitindo informações, in­
fluenciando nosso comportamento, repassando histórias, ofere­
cendo produtos, expressando sentimentos, etc.
Com um pouco mais de atenção, vemos que agrupamos vários
textos em torno de um nome, digamos, comum. Essa relação é
Os gêneros podem ser con­ fundamental para a nossa vida, seja na escola, seja em casa, seja
siderados como instrumentos na rua, seja no futuro.
Refletindo um pouco sobre os textos que lemos neste capítulo,
que fundam a possibilidade de por exemplo, dissemos que As lágrimas de Potira e A perigosa
comunicação (Schneuwly & Vara são textos classificados como mitos.
Como vimos, os mitos apresentam algumas características es­
Dolz, 1997; Dolz & Schneuwly, táveis. Por exemplo: são textos que refletem a cultura de um povo,
1996). Trata-se de formas re­ apresentam personagens mágicos (como Potira, ltagibá e Vara),
lativamente estáveis toma­ fazem parte do imaginário popular. Ao lermos um texto que apre­
senta essas características, podemos dizer automaticamente que
das pelos enunciados em si­ se trata de um mito. Assim, classificamos inúmeros textos como
tuações habituais, entidades mitos: Os doze trabalhos de Hércules, A caixa de Pandora, A jor­
nada de Ogum, A origem do mundo segundo os mundurucus, etc.
culturais intermediárias que Da mesma forma, quando nos deparamos com um texto cujos
permitem estabilizar os ele­ personagens são animais que agem como seres humanos para
nos passar algum ensinamento, podemos dizer que estamos
mentos formais e rituais das diante de uma fábula. Vários textos são classificados como fá­
práticas de linguagem. bulas: A raposa e as uvas, A cigarra e a formiga, A lebre e a tarta­
ruga, O leão e a raposa ...
Assim, os gêneros, en­ Quando você passeia pelas ruas e avenidas da sua cidade,
quanto formas historicamen­ principalmente nos sinais de trânsito, certamente encontra pes­
te cristalizadas nas práticas soas distribuindo panfletos. Da mesma forma que os mitos e as
fábulas, os panfletos também têm suas características: são dis­
sociais, fazem a mediação tribuídos gratuitamente pelas ruas, trazem as ofertas de alguma
entre a prática social ela pró­ loja, geralmente são impressos em pequenos papéis, etc.
Esses nomes comuns, sob os quais reunimos uma infinidade
pria e as atividades de lingua­ de textos, são o que chamamos de gêneros textuais.
gem dos indivíduos. Os locu­ Cada gênero apresenta características específicas. Por essa ra­
zão, sabemos identificar facilmente vários gêneros: um mito, uma
tores sempre reconhecem um fábula, um panfleto, uma lista de compras, uma receita de bolo, um
evento comunicativo, uma outdoor, um recado, um e-mail, uma carta, uma notícia, um poema,,._
um artigo de jornal, etc. Portanto, os gêneros são os textos.
prática de linguagem, como
instância de um gênero [...]. O
gênero funciona, então, como
um modelo comum, como
uma representação integran­ Anotações
te que determina um horizon­
te de expectativas para os
membros de uma comunida­
de confrontados às mesmas
práticas de linguagem.
Roxane Rojo. Letramento e diver­
sidade textual. ln: CARVALHO, Ma­
ria Angélica Freire de; MENDONÇA,
Rosa Helena. (orgs.) Práticas de
leitura e escrita. Brasília: MEC, 2006.

1 4 4x Mitologia
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Diálogo com o professor
Dentro dos textos, os elementos inguísticos que os compõem se organizam de deter­
minados modos. Tanto nas fábulas quanto nos mitos, encontramos, por exemplo, perso­
nagens mágicos que agem (Potira e ltagibá se uniram... , o leão exigiu... ) em um espaço (na
beira do rio, na tribo, no palácio, na caverna... ) e em um dado tempo (Era uma vez... , numa Para Bakhtin (1992), os
época distante... , quando os europeus ainda não haviam chegado... , certo dia... ). De manei­ gêneros do discurso apresen­
ra simples, quando encontramos essas estruturas em um determinado texto (ou em parte
dele), estamos diante de um tipo textual: a narração. tam três dimensões essen­
ciais e indissociáveis:
Os tipos textuais são os modos como os elementos linguísticos de um texto • Temas - conteúdos
podem se organizar.
ideologicamente
conformados (dizíveis)
Existem, basicamente, seis tipos textuais: injunção, descrição, narração, relato, exposi-
ção e dissertação. De maneira simples, poderíamos defini-los deste modo: através do gênero.
► Injunção - É o tipo textual que permeia gêneros em que fazemos alguma ordem. São • Forma composicional
textos em que o emissor procura agir sobre o receptor fazendo com que este adote de­
terminados comportamentos, como ocorre frequentemente nas receitas, nos manuais - os elementos
do usuário, etc. das estruturas
► Descrição - Registra características de pessoas, lugares, objetos. Os anúncios de
venda de imóveis nos jornais, por exemplo, são textos em que o tipo descritivo pre­
comunicativas
valece. e semióticas
► Narração - É o relato de fatos imaginários feito por um narrador, o desenrolar de
uma trama, de ações. Esse relato envolve personagens normalmente localizados no
compartilhadas pelos
tempo e no espaço. Tem caráter ficcional. textos pertencentes ao
► Relato - O relato é muito semelhante à narração, compartilhando, basicamente,
gênero.
as mesmas características, mas com um detalhe: enquanto a narração tem caráter
ficcional, o relato é baseado em fatos reais. • Marcas linguísticas
► Exposição - É a explanação de informações. É um tipo textual que permeia textos ou estilo - as
cuja função principal é informar, como a notícia de jornal.
► Argumentação - É o tipo textual predominante em textos cujo objetivo maior é a configurações
defesa de pontos de vista. Essa defesa é feita por meio de ideias, argumentos e visa específicas das
convencer ou persuadir o interlocutor.
Apesar de apresentarmos os seis tipos textuais separadamente, eles podem aparecer
unidades de linguagem,
juntos em um mesmo texto. Entretanto, um deles prevalece sobre os demais, indicando a traços da posição
natureza do gênero. Assim, nos romances de José de Alencar, por exemplo, há o predomí­
nio do tipo textual narrativo (pois são romances), mas podemos identificar longos trechos
enunciativa do locutor e
tipicamente descritivos, como em lracema, um famoso livro seu. Já no início desse roman­ da forma composicional.
ce, o autor traz uma frase bastante descritiva:
gêneros do discurso
Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu lracema,
a virgem dos lábios de mel [... ].

composicional
marcas
temas linguísticas

Essas dimensões são de­


terminadas pelos parâmetros
Anotações do contexto de fala/escrita ou
da situação de produção dos
enunciados e pelo posiciona­
mento valorativo do locutor
em relação ao tema e ao seu
interlocutor.

( Capítulo 3 X.._1_5
4
___

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Prática linguística

Texto 1

XAXADO/Antonio Cedraz

BNCC

Habilidades gerais © 2015 King Features Syndicate/lpress.

EF69LP05 EF69LP47
@ Um dos personagens do texto acima é o Saci. Você conhece esse personagem? Com
suas palavras, descreva-o. Se necessário, faça uma pesquisa sobre ele para conhe­
Habilidades específicas cê-lo um pouco mais e enriquecer a sua descrição.

EF06LP03 EF06LP05 Resposta pessoal. Sugestão de resposta: O Saci é um menino bastante travesso que
protege as florestas e os animais. Ele é negro, possui apenas uma perna, fuma ca­
chimbo e usa um gorro vermelho.

@ No segundo quadrinho, Dona Cobra fez um pedido ao Saci, e o terceiro quadrinho é


o resultado desse pedido. Isso porque, como é um ser fantástico, o Saci pode falar
Repensando o Ensino
� com os animais. Escreva nas linhas abaixo o que o Saci deve ter dito a Xaxado para
da Gramática � atender ao pedido da Dona Cobra.
Xaxado, Dona Cobra pediu para tirar outra foto.

Segundo Vergueiro (2009, p. @ Ao repassar o pedido da Dona Cobra a Xaxado, o Saci utilizou o discurso direto ou
31): "A alfabetização na lingua­ indireto?

gem específica dos quadrinhos O Saci utilizou o discurso indireto.

é indispensável para que o aluno C, Até agora, você já viu neste livro vários exemplos de textos como esse. Você saberia
decodifique as múltiplas mensa­ dizer qual é esse gênero textual?

gens neles presentes e, também, Tira/tirinha.

para que o professor obtenha @ Nesse gênero, as ações são apresentadas na sequência dos quadrinhos, que indica,
melhores resultados na sua uti­ também, a passagem do tempo. Pensando nisso, responda: qual é o tipo textual que
prevalece nesse gênero?
lização". Esse posicionamento
Tipo narrativo.
é defendido também pelos PCN,
no volume dedicado a Lingua­
gens, Códigos e suas Tecnolo­
gias (BRASIL, 2006, p. 185).
Durante muitos anos os qua­
drinhos foram alvo de discrimi­ Hoje, entendemos que as Anotações
nação, justamente devido à sua histórias em quadrinhos, em
grande penetração no público seus diferentes gêneros, ofe­
infantojuvenil: se os jovens gos­ recem possibilidades diversas
tavam, era porque tinham um de aplicações no universo es­
caráter exclusivamente de en­ colar, em todos os seus níveis.
tretenimento. Por essa perspec­ Também configuram prática de
tiva, portanto, acreditava-se que leitura desejável para todas as
eram incapazes de proporcionar idades.
leituras mais "profundas".

6 Mitologia
1 4 x
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j
1 LPemC_ME_2019_6A_Cap3.indd 146 30/07/19 11 :06 1
(1 Como dissemos, sempre que produzimos um texto temos uma intenção comunica­
tiva: defender uma opinião, expor informações, ensinar algo, etc. Qual foi a intenção
comunicativa do autor desse texto? Embora tenham uma im­
Divertir os leitores. portância fundamental para
O Os principais deuses da mitologia indígena tupi-guarani são Tupã, Jaci e Guaraci. O o ensino, os quadrinhos são
objeto de estudo de poucos
texto a seguir nos fará conhecê-los mais.
pesquisadores na nossa área.
Tupã
Chamado de "O Espírito do Trovão", Tupã é o grande criador dos céus, da terra e Estes livros são fundamen­
dos mares, assim como do mundo animal e vegetal. Além de ensinar aos seres hu­ tais para uma compreensão
manos a agricultura, o artesanato e a caça, concedeu aos pajés o conhecimento das
plantas medicinais e dos rituais mágicos de cura. mais ampla do gênero:
Jaci
É a deusa Lua e guardiã da noite. Protetora dos amantes e da reprodução, um de
seus papéis é despertar a saudade no coração dos guerreiros e caçadores, apres­ RAMA, Angela; VERGUEIRO, Wal­
sando sua volta para suas esposas. Filha de Tupã, Jaci é irmã-esposa de Guaraci, o domiro; et ai. (2009). Como usar as
deus Sol. histórias em quadrinhos na sala de
Guaraci
aula. São Paulo: Contexto.
Filho de Tupã, o deus Sol auxiliou o pai na criação de todos os seres vivos. Irmão­
-marido de Jaci, a deusa Lua, Guaraci é o guardião das criaturas durante o dia. Na
passagem da noite para o dia - o encontro entre Jaci e Guaraci -, as esposas pe­
dem proteção para os maridos que vão caçar. RAMOS, Paulo (2009). A leitura dos
Disponível em: https://mundoestranho.abril.com.br/cultura/quais-sao-os-principais-deuses-da-mitologia-indigena-brasileira/. Acesso em:
09/10/2018.
quadrinhos. São Paulo: Contexto.

a) Conforme acabamos de ler, todos os deuses acima estão ligados a elementos da VERGUEIRO, Waldomiro; RAMOS,
natureza. Qual é considerado o criador de tudo que existe? Paulo (orgs.) (2009). Quadrinhos na
Tu ã. educação: da reflexão à prática. São
Paulo: Contexto.
b) Jaci é considerada a deusa Lua. Além disso, que outras funções ela apresenta?
Jaci é, também, protetora dos amantes e da reprodução, além de despertar a saudade
no coração dos guerreiros e caçadores.

e) Que relação de parentesco há entre Tupã e Guaraci? Que poderes este apresenta? Anotações
Guaraci é filho de Tupã e é conhecido como deus Sol. É também o guardião das cria­
turas durante o dia.

Sugestão de abordagem

Na questão 1, a intenção é Já nas questões 2 e 3, pode­


chamar a atenção do aluno para mos relembrar os alunos a distin­
o tipo textual descritivo. Seria ção entre discurso direto e indire­
interessante mostrar aos alunos to, conteúdo que trabalhamos na
a importância da descrição no seção Análise linguística do pri­
nosso dia a dia. meiro momento deste capítulo.

( Capítulo 3 X.._1_47
___

1 LPemC_ME_2019_6A_Cap3.indd 147 30/07/19 11 :06 1


d) Qual é a principal função comunicativa do texto lido?
Informar o leitor sobre os três principais deuses da mitologia tupi-guarani.

e) Que tipo textual predomina no texto?


O tipo textual expositivo.

Texto 2
BNCC
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, usando da atribuição que lhe confere o artigo 180
da Constituição, e tendo em vista que o Primeiro Congresso lndigenista lnterameri­
cano, reunido no México, em 1940, propôs aos países da América a adoção da data
Habilidades gerais de 19 de abril para o "Dia do Índio",
EF69LP02 EF69LP04
EF69LP20 EF69LP21 DECRETA:
Art. 1 ° É considerada - Dia do Índio - a data de 19 de abril.
EF69LP27 Art. 2° Revogam-se as disposições em contrário.

Habilidades específicas Assinado em 1943, o texto acima é o decreto presidencial que institui o dia 19 de abril
EF67LP15 como Dia do Índio, comemorado não apenas no Brasil, mas em alguns países do con­
tinente americano. Sobre esse texto, assinale a afirmativa correta.
a) O texto apresenta características narrativas, como a presença de personagem
(presidente).
):{ Percebemos a presença do tipo textual expositivo.
e) É possível identificarmos a argumentação, isto é, a defesa de pontos de vista sobre
Anotações a importância da instituição do Dia do Índio.
d) A descrição é o tipo textual predominante.

ClJ Ainda sobre o texto, responda aos itens a seguir.

a) Podemos identificar no texto uma imposição, determinação. Transcreva o trecho


em que ocorre esse direcionamento.
A imposição ocorre no trecho principal do decreto:
DECRETA:
Art. 1 ° É considerada - Dia do Índio - a data de 19 de abril.
Art. 2° Revogam-se as disposições em contrário.

b) Que tipo textual se caracteriza nesse direcionamento?

s Mitologia
1 4 x
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(e Alguns adesivos colados em carros e caminhões representam formas muito interes­
santes de fazer humor. Num adesivo de carro muito usado há algum tempo, podía­
mos ler o seguinte:

Texto 3

PROCURA-SE uma boa MULHER que saiba cozinhar, limpar peixes, catar mi­
nhocas e que seja proprietária de um barco a motor. FAVOR ENVIAR FOTO DO
BARCO E DO MOTOR.

a) O autor desse texto procurava uma mulher com uma série de "qualidades". Mas, na
verdade, qual era o seu maior interesse?
Seu maior interesse era o barco a motor.

b) Que elementos ou recursos do texto indicam esse interesse?


O pedido, em letras maiúsculas, para a pretendente lhe enviar fotos do barco e do
motor, quando, na verdade, ele deveria pedir fotos dela.

e) Os textos 2 e 3 apresentam várias diferenças do ponto de vista estrutural e social.


Você saberia dizer a quais gêneros eles pertencem?
O texto sobre o Dia do Índio é um artigo da Constituição Federal. O segundo texto é
um classificado/anúncio.

d) Onde podemos encontrar exemplos do gênero indicado no Texto 3?


Nos jornais, em sites de classificados, etc.

e) Imagine que você vai escrever um texto nesse formato procurando algo muito va­
lioso. O que você procuraria? Que exigências você faria?
Resposta pessoal.

f) Como deverá começar seu texto?


Sugestão: Procura-se...

g) Que informações pessoais você deverá colocar no seu texto para que o possível
vendedor entre em contato com você?
Telefone, endereço, e-mail.

( Capítulo 3 X.._1_49
___

LPemC_ME_2019_6A_Cap3.indd 149 30/07/19 11 :06 1


Como a noite apareceu
Vocabulário desconhecido
Utilizando pistas do próprio texto ou mesmo fontes externas, como dicionários,
construa o sentido das palavras seguintes.
Fâmulos - Homens que se ocupam da prestação de trabalhos domésticos; servos,
criados, empregados.

Tucumã - Denominação comum a várias palmeiras dos gêneros Astrocaryum


e Bactris, todas nativas do Brasil.

� O trecho "No princípio não havia noite - dia somente havia em todo tempo" apre­
senta o tempo em que se inicia a narrativa.
b) O trecho "A noite estava adormecida no fundo das águas" corresponde ao espaço
da narrativa.
e) O trecho "A filha da Cobra Grande - contam - casara-se com um moço" apresen­
ta o personagem principal do texto: Cobra Grande.
d) No trecho "Meu pai tem noite. Se queres dormir comigo, manda buscá-la lá, pelo
grande rio", percebemos que o tempo da narrativa é psicológico, pois a noite retra­
tada não é um período do dia de fato.
e) Temos o conhecimento de que a casa da Cobra Grande é o espaço no qual se de­
senvolve a narrativa a partir do trecho "O moço chamou os três fâmulos; a moça
mandou-os à casa de seu pai para trazerem um caroço de tucumã".

(O Como vimos, em um texto é possível identificarmos diferentes tipos textuais. Pen­


sando nisso, identifique a opção em que observamos o tipo textual injuntivo nos tre­
chos retirados do mito Como a noite apareceu.
a) No princípio não havia noite - dia somente havia em todo tempo.
b) A filha da Cobra Grande - contam - casara-se com um moço.
e) Ainda não é noite.
d) Os fâmulos foram, chegaram à casa da Cobra Grande, esta lhes entregou um caro­
ço de tucumã muito bem fechado [...].
)( Aqui está; levem-no. Eia! Não o abram, senão todas as coisas se perderão.

( Capítulo 3 X__1_s_1 __

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É hora de produzir

Antes de começar a escrever

O texto que você produzirá não será escrito. Sua missão, agora, é produzir um mito oral.
Para isso, você terá de ficar atento a aspectos que envolvem a oralidade. Para enriquecer
ainda mais o estudo dos mitos, convide sua turma para organizar um festival na escola.
BNCC Discuta com os seus colegas e com o seu o professor a respeito dessa ideia. A criação de
cenários e personagens poderá deixar o evento ainda mais mítico!

Habilidades gerais
Proposta
EF69LP30 EF69LP32
Como vimos neste capítulo, diferentes povos possuem
EF69LP34 EF69LP35 seu próprio universo mitológico. Nesta atividade de pro­
EF69LP36 EF69LP38 dução textual, você deverá compor um grupo com alguns

EF69LP43 EF69LP51 colegas para pesquisar a mitologia de alguma civilização


(grega, romana, ianomâmi, asteca, iorubá, etc.).

Habilidades específicas O texto expositivo deverá


Os grupos deverão produzir dois textos. O
EF67LP20 EF67LP21 primeiro deverá ser um texto expositivo sobre
ser produzido em formato de
pôster para ser apresentado a
EF67LP24 EF67LP25 a civilização escolhida. O segundo será a apre­ toda a turma. Ao final da apre­
sentação, os grupos deverão
sentação oral de um mito representativo dessa
EF67LP26 EF67LP30 civilização.
narrar oralmente os mitos es­
colhidos.
EF06LP11

Planejamento
Repensando o Ensino Ili.. Os grupos deverão discutir entre si e com o professor o
passo a passo para a produção do pôster e para a apresen­
O pôster é um tipo de tra­
balho científico que tem como
da Gramática � tação oral dos mitos. alvo apresentar os resultados
de uma pesquisa de forma
objetiva. Trata-se de uma re­
No planejamento do pôster, é importante definir as se- presentação visual do traba­
De acordo com o posicio­ guintes questões: lho, contendo uma introdução,
um resumo ou uma visão ge­
namento teórico aqui expos­ Qual será o suporte para a apresentação do trabalho
ral da pesquisa, com gráficos,
tabelas e discussões sobre
to, podemos concluir que os (papel, lona impressa, projeção, etc.)? No caso dos pôs­ os resultados obtidos. Desse
teres impressos, definam quais serão suas medidas. modo, o tipo textual predomi­
letramentos ou as práticas nante dos pôsteres é a expo­
Para a produção do pôster, os grupos podem fazer uma sição.
letradas exigem do produtor grande impressão, uma colagem ou mesmo projetar a
de textos, seja escritos, seja
falados, certo domínio dos
gêneros. Ou seja: ler um mito,
diferenciar uma parábola de
uma fábula, produzir um bolo Anotações
com base em uma receita,
etc. são práticas letradas de­
sempenhadas com gêneros
específicos que se materiali­
zam em textos reais.

___1_s_2J Mitologia J
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Sugestão de abordagem
imagem em um monitor por meio de programas específicos, como o PowerPoint.
Quais serão as fontes de pesquisa?
De que maneira o pôster será estruturado (que seções farão parte do texto)? Durante a apresentação
Que elementos gráficos serão utilizados para enriquecer a exposição das informa­ dos alunos, podemos fazer
ções (fotos, tabelas, gráficos, desenhos, etc.)? Caso os grupos optem por utilizar
equipamentos audiovisuais, seria importante enriquecer a pesquisa com vídeos, por anotações no que se refere
exemplo. aos elementos típicos da ora­
Como será a apresentação oral do pôster para os demais alunos da turma? Nesta eta­
pa, os participantes devem observar que a apresentação de um pôster normalmente
lidade, como os marcadores,
é menos formal que uma palestra. as pausas, as hesitações, etc.
É importante nesta atividade,
Finalizada a produção do pôster, é hora de planejar a apresentação do mito escolhido. coerentemente com o que
Nesta atividade, os grupos deverão observar os seguintes aspectos: vimos abordando até agora,
1. O texto escrito e o texto oral, embora façam parte de um mesmo sistema linguístico, levar os alunos a perceberem
possuem características próprias. Assim, para a contação do mito (apresentação oral), que fala e escrita seguem di­
os participantes devem observar aspectos marcantes da oralidade, como entonação,
expressividade e gesticulação. nâmicas diferentes, mas não
2. É fundamental definir como será a apresentação (quais alunos participarão, qual papel há superioridade desta sobre
caberá a cada um, etc.).
3. É muito importante ensaiar a apresentação, observando as reações de quem estiver na
aquela. Nessa perspectiva, a
plateia. Dessa forma, os participantes saberão como deverão se apresentar. fala não deve ser vista como
4. Se for possível, gravem a apresentação durante o ensaio para observar a postura do
o lugar do erro, do tudo é pos­
grupo, a impostação das vozes, os gestos e o comportamento dos ouvintes diante da
história contada. sível, da improvisação, etc.
5. Procurem interpretar cada momento de suspense da história, para que a plateia se
sinta parte dos fatos narrados. Agindo assim, as pessoas passam a imaginar o mito
de tal forma que chegam a se considerar testemunhas oculares, compartilhando os
sentimentos dos personagens.

Avaliação
Durante a apresentação dos textos produzidos, os grupos que não estão apresentando
e o professor deverão avaliar as produções. Para isso, observem os seguintes critérios:

1. Nesta atividade, os grupos realizaram duas apresentações orais: a primeira, de um


texto expositivo; a segunda, de um texto narrativo. O grupo avaliado conseguiu se ade­
quar bem ao contexto comunicativo proposto?
2. Que aspectos da oralidade evidenciam diferenças entre a exposição e a narração?

( Capítulo 3 X.._1_53
___

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A escrita em foco

Encontros entre vogais e semivogais


Como vimos, na língua portuguesa, a base da sílaba é sempre a vogal. Assim, não existe
sílaba sem vogal e só há uma vogal por sílaba. Observe:

Repensando o Ensino �
pa i

da Gramática � /1 --""'-
voga sem1voga 1

A palavra pai possui apenas uma sílaba, ou seja, é pronun­


Nesta etapa, é importante ciada em um só impulso de voz. É, portanto, uma palavra mo­
mostrar aos alunos que as re­ nossílaba. Por essa razão, o a é a vogal da sílaba, e o i é a
semivogal.
gras impostas pela gramática
prescritiva frequentemente não Ditongo
se verificam no uso efetivo. A O encontro de uma vogal e uma semivogal (e vice-versa)
fala é o lugar mais latente da na mesma sílaba é o que chamamos de ditongo. Os ditongos
dividem-se em:
variação. Para ilustrar essa di­
ferença entre o português falado Nasal - composto de vogal nasal.
no Brasil (PB) e a norma culta -
põe mamão mamãe
considerando que ela tenha uma
pronúncia, porquanto seja uma
Oral - composto de vogal oral.
língua sobretudo escrita -, no
terreno da fonologia, trazemos o mingau sai feito
exemplo dos ditongos. O primei­
ro diz respeito à possibilidade Crescente - composto de semivogal e vogal nesta ordem.
de queda de semivogais em di­
pátria espécie planície
tongos decrescentes. Por essa
razão, são comuns pronúncias
Decrescente - composto de vogal e semivogal nesta ordem.
como 'Baxada' (Baixada), 'pexe'
(peixe), 'caxa' (caixa), 'paxão' seu maio prometeu
(paixão), 'otro' (outro). Ao que
parece, a queda da semivogal é
condicionada (1) pela consoante
seguinte e/ou (2) pela sua posi­
ção na palavra:
1. Caso a consoante se­ queda ocorre: é comum
Anotações
guinte seja uma oclusiva ouvir 'otro' (outro).
alveolar, a queda não 2. A queda não ocorre se a
ocorre se a semivogal for semivogal estiver no final
anterior (i). Por isso se diz da última sílaba, como
'pexe' (peixe), mas não em pai, sai, cai, que não
'feto' (feito), 'jeto' Ueito) são pronunciadas 'pa',
ou 'ato' (oito). Se a semi­ 'sa' e 'ca'.
vogal for posterior (u), a

1 5 4x Mitologia
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Por se parecerem foneticamente ao i e ao u, e e o são considerados semivogais em al­
guns casos, como em pães e mágoa.
Nos ditongos nasais em /ei/ e am /ãu/, a semivogal não aparece escrita. É o que acon­
tece, por exemplo, com palavras como bem /bei/, eram /erãu/ e amaram /amarãu/.

Tritongo
Mais raramente, numa mesma sílaba, pode ocorrer, também, o encontro de uma semi­
vogal, uma vogal e outra semivogal. Chamamos esse encontro de tritango. Nesse caso, a
vogal é pronunciada com mais força.

Paraguai saguão iguais averiguei

Desencontro de vogais (hiato)


Como a base da sílaba é a vogal, na língua portuguesa duas vogais nunca se encontram
numa mesma sílaba. Observe:

/
vogal
""
sa - ú - de

vogal

Ao pronunciar a palavra saúde, observe que produzimos três movimentos, as sílabas.


Essa separação, indicada na fala, mostra que essas vogais, quando se separam, ficam em
sílabas diferentes. Essa separação de duas vogais em sílabas diferentes é o que chama­
mos de hiato.

to-a-lha ba-ú sa-í-da pre-en-cher

( Capítulo 3 X___1_ss___
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Ú Sabemos que as vogais são fonemas fortes que podem constituir sozinhos uma sí­
laba ou podem se encontrar com outros fonemas vocálicos. Esse encontro se realiza
de três formas: ditongo, tritango e hiato. Relembre cada um desses casos e observe
os fonemas vocálicos das palavras abaixo.

sal baú

Escreva que encontro vocálico ocorre em cada palavra e explique como fazemos para
identificá-los.
Espera-se que o aluno aponte que sal é um ditongo pelo fato de os fonemas vocáli­
cos serem pronunciados em uma só emissão de voz, ou seja, em uma mesma sílaba.
Já a palavra baú forma um hiato pelo fato de pronunciarmos os fonemas vocálicos
em sílabas diferentes.

Ú Observe as palavras do quadro a seguir.

Paraguai ltaguaí

Essas palavras terminam com os fonemas /u/, /a/ e /i/, mas são encontros vocálicos
diferentes. Explique o fenômeno que ocorre em cada uma, apresentando a diferença.
Espera-se que o aluno responda que, apesar de terminarem com os fonemas /u/,
/ai e li!, em Paraguai há o tritango formado pela semivogal /u/, pela vogal /a/ e pela
outra semivogal /i/, que são emitidas em uma só emissão de voz, ou seja, na mesma
sílaba. Já na palavra ltaguaí, há o ditongo crescente, formado pela semivogal /u/ e
pela vogal /a/. Já o fonema /i/, por ter um som forte, é considerado uma vogal, for­
mando a sílaba seguinte.

6 Mitologia
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Ó Analise as alternativas a seguir e assinale apenas a verdadeira.
a) Sujeito - ditongo nasal.
b) Viu - hiato.
�Fazia - ditongo oral.
d) Meio - tritongo.
e) Esborrachou - ditongo oral crescente.

C, Sobre a palavra lixeira, assinale a alternativa correta.


a) É polissílaba.
):( Possui um ditongo.
c) Possui um hiato.
d) Tem duas sílabas.
e) É oxítona.

Ú Em qual das frases abaixo a palavra destacada não possui um ditongo oral.
)<(Para não perder a hora do seu casamento, eu vou ao salão às sete da manhã.
b) Dentre tantos instrumentos que apresentei ao meu filho, ele escolheu justamente o
que eu não lhe apresentei: a gaita.
c) Vocês, por acaso, já experimentaram guacamole?
d) Alguém andou mexendo nas minhas coisas, pois não encontro meu relógio em
lugar nenhum.
e) Marcos sempre esquece a torneira aberta depois de escovar os dentes.

C, Analise as afirmações a seguir.

1. A palavra família é um exemplo de hiato.


li. Saúde e juízo possuem o mesmo tipo de encontro vocálico.
Ili. As palavras chuveiro, cueca e Ceará apresentam ditongo crescente.
IV. Joelho apresenta um desencontro de vogais.

Assinale a alternativa correta.

a) Todas as afirmações estão corretas.


b) Todas as afirmações estão erradas.
�Apenas a afirmação IV está correta.
d) Apenas a afirmação li está correta.
e) As afirmações 1, li e 111 estão corretas.

( Capítulo 3 X__
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@ Neste capítulo, conhecemos mais um gênero textual marcado pela
predominância do tipo textual narrativo: o mito. Como vimos, uma das
características temáticas mais marcantes desse gênero é a ocorrência
de um fato sobrenatural, isto é, um acontecimento fantasioso, como a
transformação das lágrimas da indígena Potira em diamantes.

Um gênero textual muito semelhante ao mito é a lenda, que compreende


textos essencialmente narrativos igualmente marcados pela fantasia.
Nos mitos, portanto, o real e a fantasia se misturam. Podemos perce­
ber essa mistura em diferentes situações comunicativas, nas quais o teor
mágico parece se tornar real. Leia a notícia a seguir, publicada no site do
jornal O Globo, analisando especialmente o emprego da palavra lenda na
manchete.

Chamamos de lenda as narrativas que contam histórias de seres maravilhosos e en­


cantatórios, de origem humana ou não, que povoam o imaginário popular. Essas histórias
podem, também, referir-se a um fato histórico, sendo protagonizadas por um herói popular
(mártir, guerreiro, santo, etc.). Por esse motivo, diferentemente dos mitos, as lendas possuem
um caráter mais local, restringindo-se, muitas vezes, ao âmbito de uma comunidade.
A notícia é o principal gênero textual do domínio jornalístico. Sua função social consiste,
basicamente, em informar o interlocutor. Quando veiculada da forma escrita, ela é estrutura­
da em quatro partes:
Manchete - É o título do texto. Tem o objetivo de resumir o que será dito e deve atrair a
atenção do leitor.
Linha fma - É o subtítulo. Tem a função de apoiar o título, lançando mais informações
sobre a reportagem, com o objetivo de cativar o leitor.
Lide - É o primeiro parágrafo do texto jornalístico. Sua função é apresentar resumida­
mente as informações mais importantes do texto.
Corpo - É o texto propriamente dito, estruturado em introdução (início), desenvolvimento
(meio) e conclusão (fim).

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WEB NEWS

Morre "lenda" da Nasa, o astronauta Manchete


ioneiro ue foi duas vezes à Lua
John Young tinha 87 anos e era conhecido pelas tiradas bem-humoradas Linha fina
)
PORO GLOBO
06/01/2018 18:09 / Atualizado 06/01/2018 18:31
( Origem da notícia )
WASHINGTON - Morreu, na noite de sexta-feira, o astro­
nauta americano John Young, o único a ir ao espaço a bor­
do de aeronaves de três programas: Gemini, Apollo e Space
Shuttle. Ele caminhou - e dançou - na Lua por duas vezes,
era considerado uma "lenda" e muito conhecido pelas tiradas
bem-humoradas. Ele morreu devido a complicações de uma
pneumonia aos 87 anos, 42 dos quais dedicados à sua carrei-
ra na Nasa, a agência espacial dos Estados Unidos. Lide
A Nasa confirmou a morte de Young pelo Twitter neste
sábado:
"Estamos tristes com a perda do astronauta John
Young, que tinha 87 anos. Young voou duas vezes
John Young teve uma para a Lua, andou em sua superfície e voou na pri­
carreira de mais de quatro meira missão do Space Shuttle. Ele foi ao espaço seis
décadas na Nasa - AP vezes nos programas Gemini, Apollo e Space Shuttle".
A agência divulgou uma declaração de seu presidente,
Robert Lightfoot, em memória do astronauta, descrevendo-o
como um "pioneiro", alguém que sempre esteve na "vanguar­
da da exploração espacial humana".
"Hoje, a Nasa e o mundo perderam um pioneiro. A longa
carreira do astronauta John Young abrangeu três gerações
de voo espacial", destacou a nota oficial. "John foi um dos
pioneiros espaciais, cuja bravura e compromisso provocaram
as primeiras grandes conquistas do nosso país no espaço.
Mas, não contente com isso, suas contribuições práticas con­
Nesta imagem de abril de 1972,
disponibilizada pela Nasa, tinuaram muito depois do último de seus seis voos espaciais
John Young caminha pela Lua - um recorde mundial no momento da sua aposentadoria do
durante a missão Apollo 16 - cockpit", continuou o texto.
Charles M. Duke Jr. / AP
O comunicado finaliza definindo Young como o astronauta
dos astronautas: "John Young estava na vanguarda da explo­
ração espacial humana com seu equilíbrio, talento e tenacida­
de. Ele era de todos os modos o astronauta do astronauta. Va-
---------1. mos sentir falta dele", escreveu o presidente da Nasa.
Corpo do texto
[... ]
Disponível em: https://oglobo.globo.com/sociedade/morre-lenda-da-nasa-astronauta-pionei­
ro-que-foi-duas-vezes-lua-22262557. Acesso em: 19/01/2018. Adaptado.

( Capítulo 3 X 1 59
..__ ___

1 LPemC_ME_2019_6A_Cap3.indd 159 30/07/19 11 :06 1


Vocabulário desconhecido

Vanguarda - Posição dianteira em uma sequência.

Cockpit - Cabine ou espaço onde fica o piloto em aeronaves e carros de corrida.

Tenacidade - Persistência muito forte; perseverança_

BNCC
A manchete de uma notícia deve ser criada tendo em vista dois objetivos principais:
Habilidades gerais
l O Resumir o conteúdo da notícia.
EF69LP02 EF69LP03 2° Chamar a atenção do interlocutor.
EF69LP04
Para atingir esse propósito, o jornalista pode utilizar diversos recursos comunicati­
vos. Entre esses recursos, destaca-se a seleção vocabular, que consiste, basicamen­
Habilidades específicas te, na escolha das palavras mais adequadas para se atingir o objetivo comunicativo.
EF67LP06 EF67LP07 Sabendo disso, responda às questões abaixo.

EF67LP27 EF67LP30 a) Por que o jornalista escolheu a palavra lenda para construir a manchete da notícia?
EF06LP03 EF06LP04 Porque, como remete ao sobrenatural, a palavra lenda resume os grandes feitos do
astronauta e atrai a atenção do leitor.

b) Por que o astronauta é identificado na manchete como uma lenda?


Porque ele foi duas vezes à Lua.

c) Por que a palavra lenda foi empregada entre aspas?


As aspas empregadas na manchete têm a finalidade de indicar o emprego diferente
Anotações do habitual da palavra lenda, pois, nesse caso, trata-se de um personagem real que,
apesar disso, realizou grandes feitos.

d) Cite ao menos quatro personagens reais que você identifica como "lendas". Expli­
que por quê.
Resposta pessoal.

o Mitologia
1 6 x
_____
j
LPemC_ME_2019_6A_Cap3.indd 160 30/07/19 11 :06 1
@ Leia com atenção os trechos do lide reproduzidos a seguir.

1. Morreu, na noite de sexta-feira, o astronauta americano John Young[...].


li. [ ...] o único a ir ao espaço a bordo de aeronaves de três programas[...].
Ili. Ele caminhou - e dançou - na Lua por duas vezes[ ...].
IV. [ ...] muito conhecido pelas tiradas bem-humoradas.
V. Ele morreu devido a complicações de uma pneumonia aos 87 anos[ ...].

Quais desses trechos o jornalista utilizou para justificar a identificação do astronauta


como uma lenda?
a) 1 eli.
)!) li e Ili.
e) l
I i e IV.
d) Ili e V.
e) li eV.

@ Que veículo de comunicação a Nasa utilizou para noticiar a morte de John Young?
Por que esse veículo provavelmente foi escolhido?
A Nasa utilizou o Twitter para noticiar a morte do astronauta, certamente porque é
um dos veículos de comunicação mais ágeis e abrangentes da atualidade.

Mídias em contexto

(9 Outro emprego curioso da palavra lenda ocorre no anúncio abaixo. Analise-o.

\locll está prestes a ter lJTla � sensorial espetaajar: ficarfrero a Irante com o Nissan 3SOZ, um dos mais cobiçados e desejaoos cupês esp::rtivos do n-.ndo
Esseve-daderomtocta mrsbiaai.coTTXbiliStica eSl)Ortivaestaráem� para que você possavê·IObemde pertinho, levanoo assim seust:n;Osertioosao irrite. Nao
deoede contieceressalendasobreQuatroroda.s.SerállTlmomenloúnico.

3.SOZ �!��o���bem Bento Alves, n• 492 - SJgrada Farrfü - Fone: 5-t 238.0500
tb"ário:das8h20minàs1lh20min
ID ifj�J1

Você está prestes a ter uma experiência sensorial espetacular: ficar frente a frente com o Nissan
3502, um dos mais cobiçados e desejados cupês esportivos do mundo. Esse verdadeiro mito da
indústria automobilística esportiva estará em exposição para que você possa vê-lo bem de perti­
nho, levando, assim, seus cinco sentidos ao limite. Não deixe de conhecer essa lenda sobre quatro
rodas. Será um momento único.

( Capítulo 3 X__
1_6_l __

1 LPemC_ME_2019_6A_Cap3.indd 161 30/07/19 11 :06 1


a) Um recurso muito utilizado nos textos em geral é a sinonímia, isto é, o emprego de
palavras de sentido semelhante com o objetivo de evitar repetições desnecessá­
rias. No texto acima, identifique a palavra utilizada como sinônima de lenda.
Mito.

b) No título do anúncio, o autor faz referência a uma expressão popular. Que expres­
são é essa e o que ela significa?
A expressão popular é o X da questão, utilizada para designar o aspecto mais impor­
tante de um tema.

Ó No título do anúncio, o veículo é identificado como uma lenda. No texto que vem na
sequência, o autor do anúncio explica o motivo: "Você está prestes a ter uma expe­
riência sensorial espetacular: ficar frente a frente com o Nissan 3502 [...]".

a) Por que o autor empregou o negrito no texto?


Para chamar a atenção do leitor para o que ele definiu como uma experiência senso­
rial espetacular.

b) Considerando o que estudamos neste capítulo a respeito do gênero textual lenda


e o contexto em que foi empregado o enunciado destacado em negrito, explique
por que "ficar frente a frente com o Nissan 350Z" seria uma experiência sensorial
espetacular.
Como o veículo é identificado como uma lenda, isto é, como algo sobrenatural, ficar
diante dele seria uma experiência fantástica tanto quanto ficar diante de um perso­
nagem lendário.

1 6 2J Mitologia
____ _
J
LPemC_ME_2019_6A_Cap3.indd 162 30/07/19 11 :06 1
Outras fontes
@ Escaneie o QR CODE abaixo.

A lenda do dia e da noite.

@ Escaneie o QR CODE abaixo.

Mundo Estranho - Quais são os principais deuses da mitologia indígena brasileira?

Neste livro, o sociólogo Reginaldo Prandi traz uma coleção de mitos da


religião dos orixás. São 301 relatos mitológicos, histórias que contam, por
meio de imagens concretas e não de ideias abstratas, como são, o que fa­ MITOLOGIA
DOSORIXÁS
zem, o que querem e o que prometem os deuses desse panteão africano PRANDI,
que sobreviveu e prosperou em países da América, em particular no Brasil e Reginaldo.
em Cuba. Na sociedade tradicional dos iorubás, é pelo mito que se alcança Mitologia dos
o passado, se interpreta o presente e se prediz o futuro. Cada mito, portanto, orixás. São Paulo:
é uma surpresa sempre renovada, um segredo revelado que jamais se deixa Companhia das
desvendar completamente. Letras.

Profundamente pesquisado, conciso e didático, este livro leva o leitor a


uma grande jornada pelo mundo fascinante da mitologia. De vastas civili­
zações a sociedades locais no mundo inteiro, todas criaram um rico catá­
logo de divindades, heróis, monstros e mitos. Esses personagens contam DANIELS, Mark.
a história de nossas origens, triunfos e desastres, agindo como ferramen­ A história da
tas criativas para comunicar as lições de vida mais importantes. Para isso, mitologia para
Mark Daniels explora as antigas histórias dos aborígenes australianos, su­ quem tem pressa.
mérios, egípcios, chineses, indígenas norte-americanos, maias, incas, aste­ Rio de Janeiro:
cas, gregos, romanos e nórdicos, entre outros. Valentina.

( Capítulo 3 X.._1_63
___

LPemC_ME_2019_6A_Cap3.indd 163 30/07/19 11 :06 1


© _
é-Cambriana Oligoceno Pleistoce
J , . Ordoviciano
urass1co Era cenozoica
Aparecimento dos hominídeos Cambriano
Diversificação das algas e dos invertebrados
nsão dos invertebrados
, • • Quaternário Triássico
rovavel origem da vida Apogeu dos dinossauros
Aparecimento dos répteis

Carbonífero Permiano

fra Meso7oica
Vivemos, sem dúvida, na Era da Informa­
ção. Ter, acessar e divulgar informações sig­
nifica estar inserido na cultura atual de maneira
significativa e com alguma vantagem social.
A invenção de tecnologias que permitem o registro
dessas informações, como a invenção da linguagem
escrita, passando pela imprensa e chegando à Internet,
possibilitou ampliar ainda mais o conhecimento da hu­
manidade, já que os novos conhecimentos partem dos já
existentes para negá-los, corrigi-los ou ampliá-los.
Para a documentação e a transmissão do conheci­
mento, cujo espaço de compartilhamento preferido é a
Internet, fazemos uso de textos expositivos, aqueles
em que há o objetivo de se explicar uma temática, de
se veicular informações. Neste capítulo, trabalha­
remos com três gêneros textuais tipicamente ex­
positivos: o texto expositivo em livro didático, o
infográfico e a notícia.
Sustentabilidade
Hum... Acho que a Declaração do Milênio pode me ajudar. Para quem não sabe, a Declara­
ção do Milênio é um acordo feito por vários países, inclusive o Brasil, para melhorar o mundo.
Nessa declaração, existem 8 objetivos que precisam ser alcançados. Dá só uma olhada:

1 Você sabia que 1 bilhão e 200 milhões de habitantes no mundo sobrevivem


apenas com um dólar por dia? Isso é muito pouco, gente. Não dá nem pra co­
J.
i
+ o
.e!S.
--::::::::,
mer um sanduíche. E é por isso que muitas famílias passam fome. São quase
32 milhões de brasileiros nessas condições. Para acabar com esse problema,
a gente pode distribuir alimentos em algumas regiões pobres ou ensinar al­
gum tipo de trabalho, como artesanato, que ajude essas pessoas a ganhar
mais dinheiro; algumas famílias poderiam plantar seus próprios alimentos;
os jovens e as crianças precisam estudar pra ter um bom emprego no futuro
e, algo muito importante, as pessoas com deficiência também merecem ter
oportunidades de trabalho.

2 Em todo o mundo, cerca de 113 milhões de crianças estão fora da escola. Isso

.' ,
é um grande problema, porque as crianças são o futuro. E como vai ser o fu­
turo do nosso planeta se ninguém puder estudar agora? Pra começar, criança
tem que ir pra escola e não trabalhar; precisamos de professores bons e aulas
interessantes, senão ninguém aguenta ficar na escola; podemos doar livros e
materiais escolares pra crianças mais necessitadas do que a gente. Se tudo
isso acontecer, a gente cresce bem inteligente e pode ajudar o mundo a ficar
cada vez melhor.

Tem gente que pensa que menino é melhor do que menina. E muita gente por
aí acha que menina é melhor do que menino. Mas isso não é uma besteira?
Meninos e meninas são apenas diferentes. Cada um tem suas qualidades
[... ]. Nós devemos ser aquilo que queremos e deixar as outras pessoas serem
aquilo que quiserem. Combinado?

4 A cada ano, 11 milhões de bebês morrem no mundo por vários motivos- doen­

e .�
ças infecciosas, falta de higiene, etc. Para esse número de mortes diminuir, to­
dos precisam ter acesso a água potável; todos precisam saber sobre higiene
pessoal e sanitária; as mamães precisam saber a importância de amamentar
seus bebês; as crianças precisam ter acesso a medicamentos e alimentos para
� que cresçam saudáveis. Não é tão difícil assim, né? Será que a gente consegue?

5 Muitas mamães morrem durante o parto. Principalmente quando moram no


campo, elas não têm acesso ao médico, por isso não podem acompanhar
a saúde do bebê dentro da barriga. Além de tudo, elas têm o neném dentro
de casa, sem higiene, e morrem por causa de alguma infecção. Tudo o que
as mamães precisam para não correr risco é de um médico que cuide delas
antes, durante e depois do parto. Um médico pode explicar a uma gestante
como ter uma boa gravidez, como se prevenir de doenças e como se alimen­
tar bem para ter um bebê lindo e saudável.

( Capítulo 4 X.._1_67
___

LPemC_ME_2019_6A_Cap4.indd 167 21/07/19 23:51 1


Existem doenças perigosas que adoram se espalhar por aí. Passa para um, que
passa para outro, de repente todo mundo fica doente. E o pior é que milhares
de pessoas no mundo morrem assim. Evitar que uma doença se espalhe não é
difícil, basta saber se prevenir ou se tratar. Estar sempre limpinho e se alimen­
tar direitinho também ajuda a se safar dessas doenças. Então, o que eu posso
fazer? Primeiro, descobrir como ficar longe desses perigos, depois a gente pode
ajudar outras pessoas, contando a elas o que a gente aprendeu. Olha que legal:
em vez de espalhar doença, a gente ajuda a espalhar informação!

7 Você sabia que, se um animal entrar em extinção, todo o planeta sofre con­
sequências? É mais ou menos assim: tudo o que acontece no meio ambiente
é muito sério para todo o resto do mundo. Por isso, para que nossos paren­
tes futuros ainda possam viver bem, somos nós que precisamos cuidar de
cada pedacinho do nosso planeta. Primeiro, não podemos nos esquecer de
reciclar. É preciso que todos saibam disso. Converse com seus amigos, seus
vizinhos... Quanto mais a gente recicla, menos a gente usa o meio ambiente...
Então ele dura mais tempo! Devemos também economizar, principalmente
a água. Não dá pra ficar tomando banho de 30 minutos. Não dá pra deixar a
torneira aberta enquanto escovamos os dentes. Não dá! Entendeu? Vamos
cuidar do meio ambiente antes que seja tarde demais.

Nós sabemos que existem países ricos e países pobres. E sabemos que, por
causa disso, ocorre a desigualdade social. Fica assim... Quem é rico fica mais
rico e quem é pobre fica mais pobre. Mas a última meta para mudar o mundo
é acabar com essa história. Se todos os países se ajudarem, o mundo inteiro
pode progredir em harmonia. E como fazer? Tudo poderia ser compartilhado.
Quem tem mais doa para quem tem menos. Educação, tecnologia, medica­
mentos, empregos... Um jeito de todos terem as mesmas oportunidades. Você
já parou para pensar como seria bom se isso acontecesse? Se os países fos­
sem unidos, amigos uns dos outros?
Disponível em: http://www.canalkids.eom.br/bankids/susten.htm. Acesso em: 24/05/2018. Adaptado.

Vocabulário desconhecido

Utilizando pistas do próprio texto, estruturas, ilustrações ou mesmo fontes exter-


nas, como dicionários, construa o sentido das palavras seguintes.
Alcançados - Atingidos, conseguidos, obtidos.
Mortalidade - Morte de certa quantidade de pessoas ou animais. em determinada
época ou região.

1 6 8
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J Design da informação
J
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Sugestão de abordagem
Infecciosas - Que produzem ou resultam de infecção.
Prevenir - Tomar precauções para gue algo não aconteça; evitar. Professor, neste momento,
Extinção - Desaparecimento total de uma espécie viva. você pode estimular as habi­
Progredir - Ir adiante. avançar aos poucos. lidades e as competências de
leitura de infográficos. Para
isso, sugerimos alguns obje­
tivos para nortear sua inter­
Desvendando os segredos do texto
venção em sala de aula:
@ Uma palavra muito importante para a construção do sentido desse texto é sustenta­
• Construir inferências a
bilidade. Explique o que você entendeu sobre essa palavra. partir das redes de sen­
Resposta pessoal. tido estabelecidas em
um texto com outros
@ Como você viu, o texto trata de estratégias que podem contribuir para a sustentabili­
dade de acordo com a Declaração do Milênio. Você acha que conseguimos alcançar textos.
algumas das estratégias apontadas? Que novas estratégias você poderia propor? • Identificar característi­
Resposta pessoal.
cas da oralidade e escri­
9 O texto é acompanhado de um quadro, e você já sabe que tudo o que se coloca em ta em diferentes gêneros
um texto tem uma motivação, um propósito. Qual é a função desse quadro no interior textuais, como infográfi­
do texto?
cos, vídeos explicativos,
O aluno precisa sinalizar que o infográfico associado ao texto serve para resumi-lo
textos informativos e
com informações essenciais e melhor ilustrar o assunto.
verbetes de dicionário.
C, Para que público se destina o texto? Que recursos linguísticos são utilizados para • Inferir relações entre as
atrair a atenção dos leitores?
palavras do texto.
O texto se destina a crianças. Para atrair a atenção dos leitores, utiliza-se o registro
• Desenvolver interpreta­
informal da linguagem, por meio de recursos linguísticos, como reticências, diálogo
simulado e palavras no diminutivo.
ção de textos diversos e
relacioná-los entre si.

♦Ml/1%d%ié•
• Entender os propósitos
do autor do infográfico
Os textos que você vai ler agora, nas próximas cinco páginas, foram retirados do livro didático Geografia ao escolher determinada
sem fronteiras, 6° ano, de Heitor Pernambuco (Ed. Construir, 2018). Leia-os com atenção, observando a combi­
nação entre os textos verbais e as imagens (textos não verbais), tendo em vista a abordagem e exposição das forma textual para a sua
informações.
expressão.
• Aprimorar a interpreta­
ção e a compreensão de
textos lidos.
• Ler infográficos dando
Anotações BNCC destaque à multimoda­
lidade.
Habilidades gerais • Interpretar o infográfico
EF69LP29 EF69LP32 na visão científica.
EF69LP33 EF69LP34
EF69LP42

( Capítulo 4 X.._1_69
___

1 LPemC_ME_2019_6A_Cap4.indd 169 21/07/19 23:51 1


Texto expositivo em livro didático e infográfico

CAPl'TUL04
Rochas, solos e minerais

Tema 1:
De que a Terra é formada?
Na Geografia, há um princípio, chamado conexão, que defende a interdependência dos diver­
Ler infográficos na sala de aula sos ambientes naturais e humanos, Segundo essa ideia, tudo na Terra está interligado, Por isso,
o homem deve se preocupar em não realizar atividades que interfiram ou modifiquem completa­
A leitura não é uma habilidade mente um ambiente natural, para que não haja um desequilíbrio na natureza e prejudique, assim,
os espaços natural e geográfico.
neutra e uniforme que, uma vez Existem, na Terra, camadas que interagem, direta e indiretamente, gerando um ambiente natural
complexo e rico. São elas: a litosfera, camada rochosa; a atmosfera, camada gasosa; a hidros­
aprendida, é aplicada nos mais fera, camada líquida; e a biosfera, conhecida como camada da vida, que engloba as outras três.

diversos contextos. Cada texto


tem características específicas,
que variam de acordo com a si­
tuação comunicativa, o gênero
do discurso, o contexto em que
é produzido e circula. Por isso, é
interessante ensinar o estudante
a ler diferentes textos, com ob­
jetivos variados. Por exemplo,
nas várias disciplinas escolares,
as leituras requisitadas tam­
bém são diversas e exigem que
conhecimentos diferentes se­
jam mobilizados pelo leitor para

m
construir os sentidos do texto.
Este primeiro momento tem Geografia • 6° ano • Unidade 2

como principal objetivo traba­


lhar a leitura de uma página do
livro de Geografia, a fim de in­
troduzir o estudante às carac­
terísticas dos textos científicos,
principalmente às relações entre
imagem, símbolo e palavra. Para deve estar relacionada a interesses só ao estudo de conteúdos para
isso, a proposta tem como base dos alunos. Esse tipo de texto pode avaliação.
o gênero infográfico. ser usado em apresentações de Disponível em: www.plataformadoletra­
É importante integrar as ativi­ eventos escolares, como uma feira mento.org.br/acervo-experimente/520/
de ciências, ou da própria turma, em ler-infograficosna-sala-de-aula.html.
dades aqui indicadas a eventos
Acessado em: 14/06/2019. Adaptado.
ou conteúdos já planejados para seminários. O importante é integrar
a turma. E a seleção de infográ­ as leituras e produções dos alunos
ficos a serem lidos e produzidos a práticas reais e significativas, não

1 1 0
____ _
J Design da informação
J
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Tema 2:
O surgimento da litosfera
Há cerca de 4,5 bilhões de anos, a Terra era sem forma e apresentava uma elevada temperatura
em sua superfície. Lentamente, a temperatura foi diminuindo, e os corpos celestes - estrelas, plane­
tas, asteroides, etc. - foram sendo formados.
Durante o processo de resfriamento da Terra, uma camada rochosa começou a se formar, dan­
do origem à camada mais superficial da Terra, a litosfera.

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1 A imagem ilustra como a Terra poderia ser nos tempos
de resfriamento litosférico. Esse processo foi bastante
lento, podendo ter durado bilhões de anos.

Tema 3:
As eras geológicas
Ao longo das pesquisas sobre a formação da Terra e o surgimento da vida, a ciência elaborou
as chamadas eras geológicas, que são as fases do desenvolvimento do Planeta. Algo semelhante
ao que acontece com um ser humano: nascimento, infância, adolescência e assim por diante. Em
cada fase, há uma série de transformações e mudanças.
Essas eras geológicas têm como base os principais acontecimentos geológicos e biológicos,
que dizem respeito a mudanças nas formas existentes na superfície terrestre e no surgimento da
vida e sua evolução. Observe a tabela seguinte e faça uma breve leitura das eras e dos períodos
e de seus principais acontecimentos.

( Capítulo 4 X__1_1_1 __

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©
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C\I

Cl

Q
1'i

ESCALA GEOLÓGICA DE TEMPO

Eras li Períodos Épocas


Tempo decorrido
(anos) Vegetal
Formas de vida
Animal
Holoceno 11 mil • Plantas como as de
Quaternário • Seres humanos
Pleistoceno 1,5 milhão hoje
CENOZOICA
Origem de grandes cordilheiras Plioceno 12 milhões
•Mamíferos
de montanhas. Glaciações no Mioceno 23 milhões • Pássaros
Hemisfério Norte. Configuração Terciário Oligoceno 35 milhões • Pinheiros • Insetos
dos atuais continentes e oceanos. • Répteis
Eoceno 55 milhões
• Primatas
Paleoceno 70 milhões
Cretáceo 135 milhões • Peixes
• Pássaros
MESOZOICA Jurássico 180 milhões • Répteis marinhos
• Angiospermas
Intensa atividade vulcânica e origem • Sáurios
• Desenvolvimento
de grandes florestas. Formação das
de gimnospermas •Caramujos
reservas de petróleo. Triássico 220 milhões • Anfíbios
• Répteis ©
Permiano 270 milhões • Primeiros répteis e
PALEOZOICA
Carbonífero 350 milhões anfíbios N
Soterramento de florestas que,
400 milhões • Primeiros insetos CD
depois, vieram a dar origem Devoniano •Criptógamas "O
co
• Primeiros peixes "O
a reservas de carvão mineral. Siluriano 430 milhões • Algas marinhas
•Crustáceos ::::,
Ocorrência de glaciações no Ordoviciano 490 milhões

I!
• Invertebrados
Hemisfério Sul.
Cambriano 600 milhões •Moluscos

u
PRÉ-CAMBRIANA Proterozoico Algonquiano
Era que compreende a junção do
Arqueozoico e do Proterozoico, com Arqueozoico
Formação dos primeiros 3,9 bilhões • Primeiros seres

-
destaque para o resfriamento dos Arqueano

- - -
oceanos e de reservas vivos
oceanos e para o surgimento das
o

1
primeiras formas de vida. de minérios de ferro.
ua
ca
• Nenhum sinal de (.)o
Azoica Início da Terra
E...
4,5 bilhões
Era com elevadas temperaturas e ausência de qualquer tipo de vida. vida
LEINZ, Victor e AMARAL, Sérgio Estanislau do. Geologia Geral. 12. ed. São Paulo: Nacional, 1995. p. 27.
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Observe que, com exceção do Pré-cambriano, o nome das demais eras geológicas possui
a terminação -;zoica, que se refere à vida animal. Ou seja, a era Azoica representa a fase sem
vida na Terra. Isso se deve ao fato de o Planeta, nessa fase, encontrar-se em resfriamento, não
possuindo as condições ideais para o desenvolvimento da vida.
Somente por volta dos 3,9 bilhões de anos surge a vida primitiva, ou seja, os primeiros seres
vivos na Terra, exatamente na era chamada de Pré-cambriana. Já na era Paleozoica, há o sur­
gimento das algas marinhas, dos moluscos, dos primeiros répteis, insetos, etc. No que se deno­
mina de era Mesozoica, a vida intermediária se desenvolve, surgindo os primeiros dinossauros
(grandes répteis). Só na era Cenozoica, época atual, há o aparecimento do ser humano, durante
o período Quaternário. Observe o relógio das eras geológicas a seguir e perceba que a vida hu­
mana é bastante recente.

Relógio das eras

Se a origem da Terra fosse comparada em uma escala de 24 horas.


nossa espécie teria existido no último minuto!

Aparecimento do
Domínio dos
dinossauros Homo sapiens
Plantas de arcaico
terra firme (23:59:30)
Formação da Terra
Fósseis mais antigos
de organismos
multicelulares
Rochas mais antigas
conhecidas

Fósseis mais
antigos

Primeiros
organismos
fotossintetizantes
Fósseis mais antigos
de seres eucarióticos

Acúmulo de gás
oxigênio na
atmosfera

----
Geografia • 6° ano • Unidade 2
-

( Capítulo 4 X 1 73
..__ ___

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É possível datar alguns acontecimentos ocorridos no
Planeta há milhões ou até bilhões de anos utilizando-se de
estudos em materiais fossilizados. Os fósseis são registros
arqueológicos deixados em camadas próximas da superfí­
cie, geralmente em rochas, podendo ser de origem animal
ou vegetal. Para datação dos fósseis, são utilizadas técnicas
sofisticadas para verificar a quantidade de carbono, urânio
e chumbo presentes no material encontrado. Dessa forma,
é possível produzir uma escala cronológica dos espaços da
1 Os fósseis podem nos auxiliar na
compreensão de acontecimentos ocorridos
Terra e entender a evolução da vida no nosso planeta. há milhares de anos.
BNCC

Habilidades gerais ........ ......... ......... ..........)


A era do homem
EF69LP29 EF69LP31 A Terra existe há 4,5 bilhões de anos; os humanos,

EF69LP33 EF69LP42 há 195 mil. Em menos de 0,01 % da história terrestre,


já alteramos tanto sua química e biologia que especia­
listas dizem que detonamos uma nova era: a Antro­
pocena - em grego, algo como novidade humana.
O período teria começado há 200 anos e dado fim ao
período Holoceno (totalmente novo), ainda vigente na
ciência tradicional. A Comissão Internacional de Estra­
tigrafia, que determina a divisão do tempo geológico,
Anotações formou um grupo para decidir se estamos mesmo no
Antropoceno. Seu diretor, o geólogo inglês Jan Zala­
siewicz, diz que ainda é cedo para dizer se o termo
será formalmente aceito, mas que não há dúvida: vi­
vemos em um planeta moldado pela ação do homem.
"Os humanos têm sido muito efetivos em fazer mu­
danças na superfície do Planeta. Para alimentar 7 bi­

1
lhões, tivemos que converter uma porção muito grande
da superfície em terra de agricultura, com plantações.
Também cobrimos grande parte do Planeta com nos­
sas cidades. Para construí-las, pegamos calcário
e areia e os convertemos em outros tipos de rocha,
Dubai, nos Emirados Árabes, é um bom
como concreto, tijolos e vidro. Também fizemos gran­ exemplo do poder transformador do homem.
des mudanças na biologia: além de causarmos muitas A cidade foi construida em pleno deserto. Ao
fundo, o Burj Khalifa, o mais aHo arranha-céu
extinções, transportamos animais por todo o Planeta,
já construído. Ele tem 828 m de altura.
criando o fenômeno das espécies invasoras. É difícil
achar outro ser vivo que, sozinho, tenha mudado tanto
o planeta", diz o geólogo Jan Zalasiewicz.

-----
Fonte: http://revistagalileu.globo.com/Revista/CommoMl,.EMl252238-1TT71,00-
BEMVINDO+A+ERA+DO+HOMEM.html (adaptado). Acessado em 08/10/2017.

······-·· ··-··-·· ··-···-·· ···-··-·· ······-··

- Geografia • 6° ano • Unidade 2

Design da informação
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.�.
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.-
Vocabulário desconhecido �

Utilizando pistas do próprio texto, estruturas, ilustrações ou mesmo fontes exter- Os textos informativos têm
nas, como dicionários, construa o sentido das palavras seguintes.
Interfiram - Provoguem distúrbios; envolvam-se em uma situação; intervenham.
:(li. o objetivo de abordar algum
tema e transmitir conheci­
Glaciações - Ação exercida pelas geleiras sobre a superfície da Terra.
Soterramento - Ação ou efeito de soterrar; soterração; cobrir de terra e escombros.
�-
� .. mento a respeito dele, incluin­
do dados e conceitos. Isso é o
Junção - Ato ou efeito de juntar(-se).
que acontece em reportagens

.�.
� de revistas e jornais, verbetes
de dicionários e enciclopé­
.-

Para discutir
dias, artigos de divulgação
1. Qual é a intenção comunicativa do texto? científica e livros didáticos.
2. Na verdade, o texto analisado é formado por diversos textos que, juntos, com­
põem uma unidade de sentido. Você consegue identificar quais são esses textos?
:(li. Os leitores, quando têm

�·t:·
3. Como você pode perceber, os textos que você identificou ao responder a pergunta �: em mãos um texto informa­
acima são compostos de uma mistura de textos verbais e não verbais. Essa com­ tivo, têm a expectativa de
binação favorece ou dificulta a intenção comunicativa desses textos?
aprender alguma coisa com a

..
leitura.

Desvendando os segredos do texto
.
��
Escaneie o
C9 Como todo gênero textual, o texto expositivo em livro Aprenda mais! QR CODE.

:(li.
didático é marcado por características bem definidas
relacionadas tanto à sua estrutura quanto à sua fun­ O uso de imagens

�·t:·
ção social. Discuta com o professor e com seus cole­ Os textos escritos em que
gas a respeito das questões seguintes. predomina a exposição de in­ �:
formações normalmente são
acompanhados de imagens
a) Identifique algumas características dos textos ex­ que se associam ao texto prin­
positivos em livros didáticos associadas à sua es­ cipal. A função dessas ima­

.�-.
gens, em geral, é complemen­
trutura e função social. tar o texto e prender a atenção
do leitor. Já nos textos expo­
�; '
Frases curtas e diretas, associação entre textos ver­

.
sitivos de livros didáticos, as
imagens são usadas funda­ �
bais e imagens, complementação das informações
mentalmente com objetivo pe­
por meio de infográficos, fotos e legendas, organiza­ dagógico, ou seja, para facilitar
o entendimento do leitor.
ção visual clara, divisão do conteúdo em títulos e sub­
títulos, etc. :(li. Com a rapidez da Inter­
f,

Capítulo 4 175 net e das redes sociais, cada


vez mais as novas gerações
.-
se comunicam e interagem
por meio de imagens, textos
Sugestão de abordagem a Escala geológica de
curtos e vídeos. Com recur­
tempo, um infográfico in­
sos gráficos e informações
Para as questões da seção titulado Relógio das eras e
textuais, os infográficos se
Para discutir, sugerimos estas uma matéria publicada na
transformam, a cada dia, no
respostas: Revista Galileu cujo título
principal formato de conteú­
1. O texto tem a função co­ é A era do homem.
do compartilhado e consumi­
municativa de expor infor­ 3. A combinação entre os
do pelos jovens. Essa trans­
mações. textos verbais e não ver­
formação já começa a ser
2. Além do texto principal, bais favorece a exposição
sentida na sala de aula.
há uma tabela contendo das informações.

( Capítulo 4 X.._1_1_s __
1 LPemC_ME_2019_6A_Cap4.indd 175 21/07/19 23:51 1
b) Tendo em vista a função social desse texto, o que aconteceria caso fossem retira­
das todas as imagens?
O texto perderia informações importantes e, por esse motivo, teria o seu entendimen­
to prejudicado.

@ Nos textos expositivos em geral, a utilização de imagens é muito comum, pois elas
tanto contribuem para o enriquecimento informativo quanto chamam a atenção do
leitor para o texto. No entanto, as imagens não podem ser colocadas de qualquer ma­
neira. Elas têm de ser acompanhadas de uma legenda, um pequeno texto informativo
que as relaciona ao texto principal. Pensando nisso, analise a imagem e a legenda
abaixo e responda às questões propostas.

,
.4
,
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\

.,
\ .._ .
',": "(.
�?; -
' '
_ .. 'ti

1 A imagem ilustra como a Terra poderia ser nos tempos


de resfriamento litosférico. Esse processo foi bastante
lento, podendo ter durado bilhões de anos.

a) Identifique, no texto principal, o trecho ao qual essa legenda está associada.


Há cerca de 4,5 bilhões de anos, a Terra era sem forma e apresentava uma elevada
temperatura (página 73 da reprodução).

b) Além de estar associada ao texto principal, podemos dizer que essa legenda traz
para o leitor uma informação nova. Que informação é essa?
A informação de que o processo de resfriamento da terra pode ter durado bilhões de
anos.

1 7 6
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J
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e) A informação passada na legenda pode ser conferida pelo leitor em outro texto:
a tabela Escala geológica de tempo (veja a página 74 da reprodução). Identifique
essa informação na tabela.
A informação referente ao resfriamento da Terra está presente na exposição sobre a
era Pré-Cambriana, que durou aproximadamente 3,9 bilhões de anos.

d) Ao lado da imagem, há um texto posicionado na vertical. Que informações esse


texto fornece ao leitor?
O texto indica a autoria da imagem (AshleyTaraM8) e sua origem (o banco de ima­
gens Shutterstock).

@ Releia o primeiro parágrafo do texto.

Na Geografia, há um princípio, chamado conexão, que defende a interdepen­


dência dos diversos ambientes naturais e humanos. Segundo essa ideia, tudo
na Terra está interligado. Por isso, o homem deve se preocupar em não rea­
lizar atividades que interfiram ou modifiquem completamente um ambiente
natural, para que não haja um desequilíbrio na natureza e prejudique, assim,
os espaços natural e geográfico.

a) Nesse parágrafo, há uma palavra destacada em negrito. Reflita: por que esse des­
taque foi utilizado?
O destaque foi utilizado para chamar a atenção do leitor para a compreensão de uma
informação importante.

b) A imagem a seguir foi selecionada a fim de ilustrar o princípio da conexão. Uti­


lizando os dados fornecidos, produza uma legenda para a imagem imaginando
que ela será inserida no livro didático de Geografia. Se necessário, pesquise mais
informações na Internet para enriquecer sua legenda.

Dados
Local: Maracanã, Rio de Janeiro.
Data: 15 de fevereiro de 2018.
Autoria: CP DC Press.
Origem: Shutterstock.

( Capítulo 4 X 1 11
..__ ___

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As eras geológicas
@ Agora, analise este texto, retirado da página 75 da reprodução.

Relógio das eras

Se a origem da Terra fosse comparada em uma escala de 24 horas,


nossa espécie teria existido no último minuto!

Aparecimento do
Domínio dos
dinossauros Homo sapiens
Plantas de arcaico
terra firme (23:59:30)
Formação da Terra
Fósseis mais antigos
de organismos
multicelulares
Rochas mais antigas
conhecidas

Fósseis mais
antigos

Primeiros
organismos
fotossintetizantes
Fósseis mais antigos
de seres eucarióticos

Acúmulo de gás
oxigênio na
atmosfera

Como você pode perceber, o texto apresenta informações postas em um infográfico.


Com o desenvolvimento das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs), ou­
tras linguagens, para além da língua (oral ou escrita), começaram a ser exploradas
na veiculação de informações e ideias, como a imagem (e a organização espacial), as
cores, o som e o movimento. Destaca-se nesse cenário de criatividade comunicativa
o gênero textual infográfico.

O infográfico é um gênero muito utilizado no jornalismo, mais freguentemente asso­


ciado a outros gêneros, como a notícia, a reportagem, o texto de divulgação científica
e, principalmente, o texto expositivo em livro didático.

Podemos dizer que o principal objetivo desse gênero textual é chamar a atenção do
leitor para a leitura do texto mais amplo do qual ele faz parte, principalmente devido
ao seu apelo visual. Assim, em uma reportagem, por exemplo, muitas vezes o leitor
direciona a sua atenção apenas para o infográfico, que acaba dispensando a leitura
do texto como um todo. Já em um texto expositivo em livro didático, esse gênero
pode funcionar como um resumo das informações estudadas.
Pensando nisso, responda às questões propostas.

( Capítulo 4 X.._1_79
___

1 LPemC_ME_2019_6A_Cap4.indd 179 21/07/19 23:51 1


a) Identifique o título e o subtítulo do infográfico.
Título: Relógio das eras.
Subtítulo: Se a origem da Terra fosse comparada em uma escala de 24 horas, nossa
espécie teria existido no último minuto!
b) Observando a apresentação visual das informações, identifique qual é o primeiro e
o último tema abordado no infográfico.
O primeiro tema abordado é "formação da Terra"; o último é "aparecimento do Homo
BNCC sa iens".
c) Opcionalmente, os infográficos podem ser enriquecidos com legenda. Escreva a
seguir uma legenda para o infográfico analisado.
Habilidades gerais
Resposta pessoal. Sugestão: Data do Pleistoceno, mais ou menos 1,5 milhão de anos
EF69LP05 EF69LP55
atrás, o surgimento do Homo sapiens. Os seres humanos podem ser considerados
EF69LP56
uma das últimas espécies a se desenvolverem e povoarem a Terra.
d) Por que o infográfico foi produzido de forma circular? Faria sentido produzi-lo
como uma linha do tempo? Explique.
O infográfico foi produzido de forma circular para se assemelhar a um relógio. Assim,
Diálogo com o professor não faria sentido produzi-lo como uma linha do tempo.

Determinadas palavras ou Análise linguística


expressões que usamos na
nossa comunicação diária são Denotação e conotação
muito ricas semanticamente. Como temos estudado até agora, sempre que falamos ou escrevemos temos uma in­
tenção. E, para realizar esse objetivo, utilizamos palavras. Muitas palavras são apenas
Ao descreverem a realidade "etiquetas" para nomear ações, objetos, sentimentos, sensações, etc. Por essa lógica, po­
de que falamos, por exemplo, demos supor que há uma relação direta entre as palavras e as coisas do mundo. Mas não
elas também veiculam várias é bem assim. Na nossa língua, uma mesma palavra pode ser empregada de várias formas.
Algumas palavras ou expressões que usamos na nossa comunicação diária são muito
informações, que podem ser ricas semanticamente. Por isso, o sentido delas depende do contexto em que são usadas.
mais ou menos adequadas ao É o que ocorre, por exemplo, com o termo vacas magras nestas frases:

momento. As vacas magras não são boas produtoras de leite.

Nesse exemplo, dizemos que o termo vacas magras foi empregado com sentido deno­
tativo, isto é, no seu sentido literal, básico. É o que não acontece em:

Joana viveu uma infância de vacas magras.

A definição de conotação
e denotação que trouxemos
teve como base a reflexão fei­
ta por Azeredo (2008). Anotações
AZEREDO, José Carlos de (2008).
Gramática Houaiss da língua portu­
guesa. São Paulo: Publifolha/ Insti­
tuto Antonio Houaiss.

___1_s_o J Design da informação


J
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Repensando o Ensino �
Agora, o sentido da expressão vacas magras é conotativo. Para compreender essa ex­
pressão, precisamos contar com nosso conhecimento de mundo, nossa experiência cul­ da Gramática �
tural. Assim, sabemos que vacas magras significa dificuldades, pouco dinheiro, e, ao dizer
isso, expressamos um juízo.
Então, resumindo:
No nosso dia a dia, en­
quanto professores de língua
Denotação - Corresponde ao sentido literal das palavras.
Conotação - Ocorre quando uma palavra não é usada em seu sentido literal.
materna, devemos nos man­
Portanto, a conotação diz respeito a uma maneira pessoal de ver o mundo, as ter sempre atentos aos juízos
pessoas, as situações. depreciativos porventura ati­
vados a partir do sotaque dos
alunos e da forma como eles
percebem o sotaque de ou­
tras pessoas. "Principalmen­
te quando a sala de aula é
mais homogênea com alunos
nascidos num mesmo lugar,
é muito comum ocorrer ati­
tudes de zombaria diante de
alunos provenientes de ou­
tras regiões. Uma escola de­
mocrática e democratizadora
Prática linguística
tem de respeitar a diversida­
de linguística e impor esse
@ Considerando a relação de conotação e denotação, confronte o sentido das palavras
destacadas nas frases A e B e responda às questões. respeito na formação de seus
alunos" (Bagno, 2011: 341).
A - No trabalho, João é uma lesma!
B - A professora de ciências utiliza lesmas na experiência.

a) O que significa a palavra destacada em cada situação?


Em A. lesma significa preguiçoso, lento. Em B, a referência é feita ao animal inverte­
brado. Diálogo com o professor
b) Em qual dos exemplos a palavra destacada expressa reprovação de quem fala?
Com a rapidez da Inter­
No exemplo A.
net e das redes sociais, cada
vez mais as novas gerações
se comunicam e interagem
por meio de imagens, textos
Anotações curtos e vídeos. Com recur­
sos gráficos e informações
textuais, os infográficos se
transformam, a cada dia, no
principal formato de conteú­
do compartilhado e consumi­
do pelos jovens. Essa trans­
formação já começa a ser
sentida na sala de aula.

( Capítulo 4 X__ 1_s_1 __

1 LPemC_ME_2019_6A_Cap4.indd 181 21/07/19 23:51 1


“Istorimineira”
e) bicicleta - bike - magrela - camelo.
d) bolicho - bodega - mercearia - mercadinho.
e) embretado - apertado - liso - lascado (quem está com pouco dinheiro).
f) confusão - entrevera - buruçu - balbúrdia.
g) estilingue - funda - bodoque.
h) bebedeira - porre - gato.
i) triste - jururu - cabisbaixo.
j) lábia - migué - caô - conversa fiada.
k) bandido - maleva - lalau - alma sebosa.
1) amigo - paisano - maluco - brother - rochedo - chegado - sangue bom.
m) menino - piá - guri - fedelho - pirralha.
n) valentão - taita - taco.
o) indivíduo - vivente - cara - bicho.

@ Na evolução natural das línguas, é normal que algumas palavras ou expressões


caiam em desuso ou sejam substituídas. As palavras e expressões a seguir são um
exemplo disso. Elas já foram muito comuns, mas hoje são menos usadas. Pergunte a
alguém mais velho e descubra o significado de cada uma delas. Caso você conheça
uma correspondente utilizada nos dias de hoje, indique-a. Resposta pessoal.
1. Bacana. 6. Bom pra dedéu.
2. Dindim. 7. migo da onça.
3. Patavinas. 8. Lero-lero.
4. Belezura. 9. Chispa.
5. Toca Raul! 10. Que abacaxi!

@ Compare no dicionário o significado de cada palavra abaixo, depois escreva a conclu­


são a que chegou.
a) Bergamota.
b) Mexerica.
e) Tangerina.
Estas são formas diferentes de se referir à mesma fruta.

{j Você já leu algum livro escrito por um autor de outro país? Livros estrangeiros que
chegam ao Brasil precisam passar por um processo de tradução, e o tradutor é o pro­
fissional responsável por esse trabalho. Para realizar uma boa tradução, o tradutor
precisa, entre outras coisas, dominar a língua de origem do texto e o português, o que
inclui conhecer bem a cultura do país de origem do material e a nossa cultura. Nor­
malmente, ele procura adequar certos termos e expressões utilizados, por exemplo
em inglês, para as nossas expressões brasileiras. E tudo isso, muitas vezes, requer
um conhecimento sobre o sentido denotativo e conotativo das palavras.

( Capítulo 4 X 1 83
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LPemC_ME_2019_6A_Cap4.indd 183 21/07/19 23:51 1


Sabendo disso, marque a alternativa em que uma palavra em português foi utilizada
de forma conotativa na tradução de um título de livro.
a) Diary of a Wimpy Kid - Diário de um Banana.
b) The Fault ln Our Stars - A Culpa É das Estrelas.
e) Pride and Prejudice - Orgulho e Preconceito.
d) 7 3 Reasons Why - Os Treze Porquês.
)( Animal Farm - A Revolução dos Bichos.

BNCC É hora de produzir

Antes de começar a escrever


Habilidades gerais
EF69LP07 EF69LP31 Como vimos neste capítulo, o texto expositivo em livro didático tem como principal ca­
racterística a veiculação de informações para os estudantes, seus leitores-alvo. Para que
EF69LP33 EF69LP34 as informações sejam passadas de maneira eficiente, facilitando a compreensão do con­
EF69LP36 teúdo, é fundamental o emprego de uma linguagem didática, clara e direta. Além do em­
prego adequado da linguagem, inúmeros recursos (visuais e linguísticos) ajudam o texto
didático a ficar mais interessante para os seus leitores. Entre esses recursos, estudamos
Habilidades específicas o emprego do negrito como forma de destaque, as legendas de imagens e os infográficos.
EF67LP20 EF06LP11 Assim, antes de passar à proposta de produção textual que vem a seguir, é interessante
rever as atividades que realizamos envolvendo esses dois recursos.

Proposta
A seguir, reproduzimos a página de um livro de Ciências em que é abordado o tema
Sugestão de abordagem biosfera. Como você verá, o conteúdo não está finalizado. Alguns termos devem ser desta­
cados em negrito, para chamar mais a atenção do leitor; as legendas não estão feitas; e o
infográfico deve ser complementado. Nesta atividade, portanto, você deverá finalizar essa
Na atividade proposta, página acrescentando essas informações. Para isso, imagine que é o autor deste material
e que o seu público-alvo são estudantes do 6° ano, como você.
incentive o uso de recur­
sos adequados à produção
Planejamento
de legendas, dando atenção
1. Antes de iniciar o trabalho, leia com atenção o texto. Isso será fundamental para identificar
à linguagem mais usual, à os termos que deverão ser destacados de negrito. Assim que os encontrar, sublinhe-os.
apresentação da estrutura do 2. Para produzir as legendas das fotografias, é interessante pesquisar um pouco mais
sobre o tema a fim de preparar legendas que acrescentem informações. Assim, em vez
texto, aos recursos gramati­ de escrever uma legenda como Girafas caminhando, que é óbvio, procure produzir um
cais, etc.; bem como planejar texto que enriqueça e complemente o texto didático.
3. Por fim, para complementar o infográfico, reflita bem sobre as informações presentes
o que se vai escrever e revisar. no texto.

Em Como corrigir redações na


Anotações
escola, encontramos subsídios
bastante úteis para correção dos
textos dos nossos alunos. Sua
Como corriair
intenção é indicar os caminhos redações na mia
para a reescrita dos textos que
eles produzem tendo em vista RUIZ, Eliana Donaio {201 O). Como cor­
rigir redações na escola. São Paulo:
o aprimoramento da expressão
Contexto.
verbal.

1 8 4x Design da informação
____ _ j
1 LPemC_ME_2019_6A_Cap4.indd 184 21/07/19 23:51 1
A biosfera
O termo biosfera foi sugerido por Eduard Suess em 1875. Mas apenas
em 1930 começou a ser aplicado para se referir àquilo que conhecemos
hoje.

Sugestão de resposta: O geólogo austría­


co Eduard Suess (1831-1914) cunhou o
termo biosfera.

Biosfera (também chamada de ecosfera) é o espaço do globo terrestre


ocupado pelos seres vivos, ou seja, a superfície da Terra, as águas, o ar e
mesmo os ambientes mais remotos, como a região abissal dos oceanos.
Resumidamente, podemos dizer que biosfera é o conjunto de todos os
ecossistemas do Planeta.
A maioria dos cientistas considera que a biosfera é dividida em partes.
Se nos referirmos basicamente ao espaço abiótico, dividiremos a biosfe­
ra em:
• Litosfera: a parte formada pelas rochas e pelos minerais (monta­
nhas, desertos, planícies e terra firme).
• Hidrosfera: a parte formada pela água (rios, lençóis subterrâneos,
lagos e oceanos).
• Atmosfera: a parte formada pelas diferentes camadas de ar.
Se, no entanto, considerarmos também a parte viva do Planeta, divi­
diremos a biosfera em biociclos:
• Epinociclo: representa os seres que vivem em terra firme.
• Limnociclo: representa os seres encontrados nas águas doces ou
continentais.
• Talassociclo: representa os seres que vivem nas águas marinhas.

( Capítulo 4 X__1_ss___
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Epinociclo
Atmosfera
Limnociclo

Talassociclo

Hidrosfera

Hidrosfera Litosfera

Sugestão de resposta: Os seres que vivem em


terra firme constituem o epinociclo.

1 8 6
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Avaliação
Peça a um colega para avaliar a sua produção antes de apresentá-la ao seu professor.
Nessa avaliação, você e seu colega deverão observar os seguintes questionamentos:

Aspectos analisados

o o
Os termos circulados no texto realmente são relevantes para a
compreensão do conteúdo, sendo necessário o uso do negrito para
destacar essa função?
As legendas produzidas para as fotos estão complementando o
o o
o o
conteúdo exposto no texto didático?
As legendas foram escritas de forma clara e direta?
Os termos acrescentados ao infográfico correspondem ao conteú­
do exposto no texto? o o

A evolução do infográfico
É fácil perceber hoje que o infográfico é um gênero textual muito rico visualmente, mas nem sempre foi assim.
Quando comparamos infográficos mais antigos com os mais recentes, notamos que há uma proliferação de ima­
gens e uma riqueza visual muito maior, resultado tanto do conhecimento técnico de que dispomos hoje quanto
dos recursos tecnológicos atualmente disponíveis. Para perceber melhor essa diferença, observe a seguir dois
infográficos sobre o mesmo tema (fotossíntese) - um produzido em 1986 e outro produzido em 2016, portanto
30 anos depois.

4. A folha
Luz do Sol

1. Os cloroplastos
capturam a energia.

2. Água entra
na folha.
Revista Amae Educando, n• 179, maio 3. co 2 entra na
de 1986.
folha através
dos estômatos.

ARAÚJO, Aderbal; ARAÚJO, Maria Christina. Biologia. 1 ° ano do Ensino Médio. Recife:
Construir, 2016.

( Capítulo 4 X__
1_s1___

1 LPemC_ME_2019_6A_Cap4.indd 187 21/07/19 23:51 1


Paleontólogos
descobrem espécie
de dinossauro de
pescoço comprido
Qijianglong foi descrito como pertencen­ coço muito duro, com maior mobilidade na
do ao grupo dos mamenquissauros, dinos­ vertical do que na horizontal.
sauros conhecidos pelo longo pescoço, que "O Qijianglong mostra que os dinossau­
teriam vivido há 160 milhões de anos, no ros de pescoço comprido diversificaram-se
período Jurássico, no sul da China. em formas únicas na Ásia durante o período
Quando desenterrado, o esqueleto do Jurássico - algo de muito especial acon­
dinossauro apresentou-se como uma sur­ teceu naquele continente", afirma o inves­
presa para os paleontólogos, pois a cabe­ tigador. Tetsuto Miyashita adianta que "Em
ça continuava anexada ao longo pescoço. nenhum outro lugar podemos encontrar di­
Tetsuto Miyashita, investigador envolvido nossauros com pescoço mais longo do que
no estudo, citado em comunicado da Uni­ os da China".
versidade de Alberta, explica que "É raro Os cientistas defendem que, enquan­
encontrar uma cabeça e um pescoço juntos to outros tipos de dinossauro de pescoço
num dinossauro de pescoço longo porque comprido foram extintos na Ásia, os ma­
a cabeça é muito pequena e facilmente se menquissauros evoluíram ao longo do tem­
separa após o animal morrer". po para formas diferentes.
Os investigadores revelam que o "É ainda um mistério entender por que os
Qijianglong possuía características únicas mamenquissauros não migraram para ou­
que o diferenciam de outros mamenquis­ tros continentes", afirma o investigador, que
sauros, como a presença de ar entre as acredita que esses animais podem ter fica­
vértebras do pescoço, o que o tornaria mui­ do isolados devido a uma barreira natural,
to mais leve, apesar da grande dimensão. como o mar, e que, posteriormente, quando a
Além disso, a ligação entre as vértebras re­ ligação por terra se restaurou, tenham perdi­
vela que esse dinossauro possuía um pes- do na competição com espécies invasoras.
Fonte: http://www.tvciencia.pVtvcnot/pagnot/tvcnot03.asp?codpub=37&
codnot=25. Acesso em: 22/10/2018.

( Capítulo 4 X.._1_89
___

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Vocabulário desconhecido

Utilizando pistas do próprio texto, estruturas, ilustrações ou mesmo fontes exter-


nas, como dicionários, construa o sentido das palavras seguintes.
Saurópode - Dinossauro guadrúpede gue possuía corpo enorme e pescoço
muito longo que terminava em uma cabeça pequenina. A cauda (também muito

BNCC comprida) e uma longa unha nas patas dianteiras eram suas principais armas de
defesa. Muitos saurópodes não possuíam mandíbulas e dentes apropriados para
masti ar.
Habilidades gerais
EF69LP03 EF69LP42
Mobilidade - Característica do que é móvel; o que tem facilidade de se mover.
EF69LP43

Sugestão de abordagem Desvendando os segredos do texto

• Agora, faremos um trabalho @ Releia o lide da notícia:

com a turma sobre a linha edi­


torial dos veículos de comu­ Com base no achado de um esqueleto na China, paleontólogos da Universidade de
Alberta descrevem agora uma nova espécie de dinossauro saurópode de pescoço
nicação. Para explorar melhor comprido com características únicas nas vértebras.
essa atividade, será neces­
sário que os alunos tenham
Como vimos na seção Antes de começar a ler, normalmente o lide responde a pergun­
em mãos capas de jornais de tas básicas, como Quem? O quê? Quando? Como? Onde? Por quê? Então, explique:
diferentes perfis. Este é o mo­
a) O texto cita uma dessas "características únicas" a que se refere o lide. Qual é?
mento de solicitar-lhes que
A presença de ar dentro das vértebras.
pesquisem essas capas para
trazer na próxima aula. b) Identifique o termo que responde à pergunta Quem?, uma das mais comuns nos
lides.
• Como no primeiro aprofunda­
Paleontólogos da Universidade de Alberta.
mento trabalhamos com gê­
neros tipicamente expositivos, e) E quanto à pergunta O quê?, identifique sua resposta analisando o lide.

antes de iniciar o trabalho com Uma nova espécie de dinossauros está sendo descrita.

notícias seria interessante


conversar com os alunos so­
bre o tipo textual relato, exem­
plificando com gêneros em que contrário do que muitos pensam, Nesse momento, avalie o uso
esse tipo normalmente predo­ não é neutra, imparcial. de certos recursos linguísti­
mina. Em seguida, podemos • Solicite aos alunos que procurem cos que vale a pena comentar,
fazer uma breve apresentação identificar informações-chave na questionando os alunos sobre
sobre o jornal, suas caracterís­ notícia para produzir um olho. Em a sua importância semântica.
ticas e sua função social. seguida, chame a atenção de­ Pergunte: Com que intencio­
• Ao longo do trabalho, neste se­ les para a concisão do texto que nalidade essa palavra foi usa­
gundo aprofundamento seria compõe esse recurso. Quando a da? Se a gente a substituísse
interessante mostrar aos alu­ atividade estiver concluída, seria por esta outra, o sentido seria
nos, sempre que oportuno, que interessante analisar as produ­ o mesmo?
a linguagem jornalística, ao ções em conjunto com a turma.

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@ Imagine que você é repórter de uma grande revista do País e seu público é bastante
exigente. Como você noticiaria a descoberta do Qijianglong? Crie um título e um lide.
Resposta pessoal.

@ Agora, imagine que você é repórter de um jornal popular e seu público está interes­
sado apenas em notícias rápidas e bem-humoradas. Elabore um título e um lide para
noticiar essa descoberta.
Resposta pessoal.

CJ Uma das grandes habilidades linguísticas que possuímos é a capacidade de ler o que
não foi escrito, ou seja, entender o que não foi dito explicitamente. É o que acontece
no último quadrinho da tira abaixo.

S-e-'r'o...�hri
Diz Flávia... Diz Sérgio.. Diz Hugo. Diz Marcos... Diz Cláudio...

Analisando o texto e a sequência dos quadros, percebemos o que não foi dito pelo
personagem Serafim: quem machucou o seu braço foi Alice.
Do mesmo modo, as questões a seguir abordam exatamente informações que não
foram ditas na notícia, mas podem ser facilmente percebidas durante a leitura. Pro­
cure responder a elas com atenção.
a) Tetsuto Miyashita é identificado no texto como um investigador envolvido no es­
tudo do Qijianglong. Para você, qual palavra poderia ser empregada no lugar de
investigador para definir melhor a profissão de Tetsuto?
Espera-se que os alunos identifiquem o investigador como paleontólogo.

( Capítulo 4 X.._1_9_1
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b) Apesar de termos poucas informações sobre o Qijianglong, podemos afirmar que
ele certamente era vegetariano. Explique.
Segundo o texto, os saurópodes não possuíam mandíbulas e dentes apropriados
para mastigar. Por esse motivo, certamente não se alimentavam de carne, mas de
ve etais.

e) O Qijianglong possuía um pescoço muito longo. É correto pensar que ele possivel­
mente o utilizava para se defender de outros dinossauros que o atacavam pelos
BNCC lados? Explique.
Não. Como este dinossauro possuía um pescoço muito duro, com maior mobilidade

Habilidades gerais na vertical do que na horizontal, ele não o utilizava para realizar movimentos bruscos

EF69LP03 EF69LP43 e fortes lateralmente.

(J Jornais impressos e revistas normalmente são divididos em seções, nas quais são
Habilidades específicas publicados textos que se relacionam. Assim, na seção de arte, por exemplo, são pu­
blicadas notícias com tema artístico, como filmes, peças de teatro, música, etc. Iden­
EF06LP01 EF67LP06 tifique nas seções apresentadas abaixo aquela(s) em que a notícia estudada pode
EF67LP37 ser encaixada.
a) Saúde.
b) Cultura.
)(ciência.
d) Diversão.
)(Mundo.
Sugestão de abordagem f) Política

Durante o trabalho com a


(J Normalmente, as notícias são escritas na norma culta, isto é, quem as escreve fica
sempre atento às regras da gramática normativa. Assim, a linguagem é formal: não
questão 5, podemos propor há gírias, expressões populares, desrespeito às regras da gramática normativa, etc.
Por outro lado, a notícia também pode ser escrita de maneira informal. Sabendo dis­
algumas variações (espe­
so, responda:
culações) a fim de reforçar a a) A notícia Paleontólogos descobrem nova espécie de dinossauro de pescoço com­
compreensão da turma a res­ prido está escrita de maneira formal ou informal?
A notícia está escrita de maneira formal.
peito da adequação da notícia
à seção de que fará parte. Por b) Com suas palavras, explique qual é o público-alvo dessa notícia.
exemplo: caso a notícia mos­ Resposta pessoal. Espera-se que os alunos percebam que o público-alvo dessa no­
trasse que a descoberta do tícia são pessoas interessadas em descobertas científicas em geral e que possuem,
Qijianglong gerou repercus­ provavelmente, conhecimentos técnicos específicos.
sões na economia da China
devido ao grande número de
turistas que foram vê-lo, seria
enquadrada na seção de eco­
nomia.
Diálogo com o professor

Anotações Neste segundo aprofunda­ ro momento. Durante a produ­


mento, selecionamos o gênero ção, procuramos enfatizar sua
notícia para trabalhar tendo em utilidade como instrumento de
vista sua importância social e formação cidadã e para o desen­
sua relação com os gêneros ex­ volvimento do senso crítico dos
positivos trabalhados no primei- alunos.

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Anotações

Formal X informal
Como vimos no Capítulo 1, é muito importante as pessoas saberem se expressar de acordo com a situação
comunicativa. Ou seja, é preciso estarmos atentos ao contexto de uso da língua para nos expressarmos de ma­
neira adequada: formal ou informal.
Essa regra serve para todos os textos. Assim, em um texto expositivo de livro didático, o mais adequado é usar
a língua de maneira formal, pois o objetivo principal é passar informações para o leitor de forma clara e objetiva.
Já nos infográficos e nas notícias, a opção pela formalidade ou informalidade depende da linha editorial e do
público-alvo do veículo de comunicação que publicará o texto.

@ Nas notícias, é muito comum utilizar declarações de pessoas envolvidas nos fatos
relatados ou de pessoas que os testemunharam. Na escrita, essas declarações são
indicadas pelas aspas. Observe:
"O Qijianglong mostra que os dinossauros de pescoço comprido diversificaram-se
em formas únicas na Ásia durante o período Jurássico - algo de muito especial
aconteceu naquele continente".
a) De quem é a declaração feita nesse trecho? sos gráficos, os jornais são uma
Do investigador Tetsuto Miyashita. fonte respeitada para pesquisa e
obtenção de informação sobre o
b) Essa declaração é feita utilizando o discurso direto ou indireto?
mundo atual. Além disso, eles se
Discurso direto.
modernizaram e passaram por
e) Essa declaração dá mais credibilidade à notícia? Explique. reestruturações gráficas e edi­
Sim. Porque mostra a fala de um especialista que está envolvido com os fatos rela­ toriais para proporcionar leitura
tados. mais agradável de seu conteúdo.
O Como vimos na notícia, as declarações foram feitas por um cientista envolvido na Para um jovem tomar gosto
descoberta do Qijianglong. No entanto, a escolha do entrevistado que fornecerá as pelos periódicos, o primeiro pas­
declarações é variável, isto é, depende de inúmeros fatores, como os objetivos que
o jornalista pretende alcançar com a sua notícia. Por exemplo: a descoberta de uma
so é acabar com a ideia de que
espécie de dinossauro poderia despertar em um cineasta a intenção de produzir um jornal é coisa de "gente grande".
filme sobre esse fato. Logo, para produzir uma notícia para a seção de cultura, o jor­
Dentro da variedade de assun­
nalista poderia solicitar declarações desse cineasta. Imagine que você vai produzir
notícias que serão publicadas por um dos maiores jornais impressos do Brasil. Que tos abordados, certamente são
pessoas/profissionais você procuraria para declarar algo sobre: encontradas notícias locais ou
a) Um desastre aéreo em que morreu um artista muito conhecido e respeitado (notí­ de entretenimento que atraem
cia para a seção de cultura).
também os mais novos. É impor­
Sugestão de resposta: Artistas amigos da vítima, parentes, fãs, etc.
tante fazer os alunos se relacio­
narem com o jornal como se fos­
sem leitores comuns: eles devem
manuseá-lo por inteiro (não só
textos recortados), aberto sobre
uma mesa, no chão ou dobrado;
O uso de smartphones juntamen­ e buscar os cadernos que mais
te à Internet pode corroborar para lhes interessam, vendo fotos e
Jornal na sala de aula: leitura e
que os jovens se interessem pela lendo títulos, subtítulos e o início
assunto novo todo dia
leitura de jornais. Essa não é uma de cada reportagem, para saber
O trabalho com jornais, além de am­ tarefa das mais fáceis, no entanto se vale seguir até o final.
pliar o universo dos alunos, ajuda a é fundamental para formar leitores Disponível em: https://novaescola.org.
formar leitores competentes e torna habituais e cidadãos informados. br/conteudo/324/leitura-de-jornal-na­
as suas aulas mais interessantes e Trazendo textos com caracterís­ sala-de-aula. Acesso em: 13/06/2019.
Adaptado.
interativas. ticas distintas, fotografia e recur-

( Capítulo 4 X.._1_93
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b) A mudança de clube de um grande jogador de futebol brasileiro para um clube eu­
ropeu (notícia para a seção de esportes).
Sugestão de resposta: O próprio atleta, o presidente dos clubes envolvidos, técnicos
de futebol respeitados, etc.

e) A invenção de um carro movido a energia solar (notícia para a seção de economia).


Sugestão de resposta: Cientistas envolvidos com o projeto, economistas, professo­

BNCC res de Engenharia Mecânica, etc.

Habilidades específicas d) A prisão de um homem acusado de assaltar comerciantes em sua cidade (notícia
para a seção de vida urbana).
EF06LP01
Sugestão de resposta: Policiais responsáveis pela prisão, o delegado que investigou
EF67LP06
o acusado, vítimas, etc.

@ Apesar de a notícia ter múltiplos e desconhecidos leitores, é possível traçar o perfil


deles. De acordo com o tipo de jornal ou revista comprado, por exemplo, podemos
ter uma ideia de quem são, do que gostam, a que classe social pertencem, quais são
Diálogo com o professor os seus interesses. Disso, decorre a linha editorial, a seleção dos fatos que virarão
notícia. Na prática, o próprio leitor sabe onde encontrar as notícias de seu interesse.
Você saberia dizer qual é a linha editorial destas revistas?
É necessário enfatizar para
Resposta pessoal.
os alunos a importância da li­
nha editorial para um veículo
de comunicação. Embora mui­
tos não saibam identificá-la
precisamente, sabem apontar,
de forma simples, a "cara" que
um jornal ou uma revista têm.
Esse perfil é determinado por
inúmeros fatores, como os
objetivos financeiros, os valo­
res da empresa, sua missão,
etc., mas não é um elemento
estático. A linha editorial por
vezes é sacrificada tendo em
vista as pressões que cercam
o veículo. Por exemplo: na te­
levisão aberta, podemos iden­
tificar claramente telejornais
Anotações
cuja linha editorial visa con­
templar temas de abrangência
nacional e internacional, mas
essa linha frequentemente é
transgredida em benefício de
notícias com maior apelo po­
pular.

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Sugestão de abordagem

Cuidado com as coisas que você compartilha


Para ampliar o trabalho
Com os recursos tecnológicos que temos à disposição hoje, a nossa comunicação está cada vez mais rápida prático e enfatizar a noção de
e abrangente. Assim, qualquer um de nós pode fotografar ou filmar eventos e passar informações para nossas
redes sociais instantaneamente. Mas é preciso muito cuidado com o compartilhamento! Antes de repassar in­ linha editorial, utilizaremos
formações pelo WhatsApp, por exemplo, procure avaliar o seu conteúdo a fim de verificar se são verdadeiras e,
principalmente, se são úteis para quem vai recebê-las. agora as capas de jornal que
os alunos trouxeram, confor­
'i!) Imagine que você é o editor de um grande jornal brasileiro e, como tal, deve selecio­ me sugestão feita na página
nar a notícia que será publicada na primeira capa, considerando sempre a relevância 188. Nesta atividade, pode­
e a repercussão dessa notícia. Afinal, muitos leitores compram o jornal apenas para
ler a matéria de capa. Leia as manchetes a seguir e selecione aquelas que poderiam mos fazer os mesmos ques­
figurar como matéria de capa. tionamentos colocados na
� Seleção vence e confirma favoritismo para a Copa.
b) Esgoto a céu aberto é constante na Rua 14.
questão 9, obviamente tendo
)r::[ Encontrada no PR a criança sequestrada em PE. em vista as capas analisadas
d) Marcão abre nova barraca na Rua de Baixo. na aula.
)(1: Meia tonelada de merenda escolar vai parar no lixo.
)( Oposição acusa governo de corrupção. Seria interessante for­
g) Foi bala até umas horas no pagode de Juninho. mular manchetes aleatórias
� Queimada em cidade do Pará se espalha.
i) Quebradeira na delegacia de São Gonçalo. e questionar a turma sobre
)( Polícia Federal investiga 27 suspeitos de tráfico. quais jornais certamente pu­
k) A posse dos novos vereadores.
)( Apagão atinge seis estados do NE. blicariam essas manchetes.

(O Agora, imagine que você é o editor do jornal do seu bairro. Que problemas ou atrati­
vos seu bairro apresenta? Produza cinco manchetes sobre esses temas para compor
o seu jornal.
Anotações
a) Resposta pessoal.

Sugestão de abordagem

Caso os alunos apresentem é válido para a questão seguinte, das notícias, como o emprego de
dúvidas na realização da ativi­ pois, como tem uma circulação res­ verbos no presente do indicativo
dade 1 O, podemos orientá-los no trita, o jornal do bairro deve abordar e o uso de maiúsculas apenas na
sentido de selecionar as man­ notícias da própria comunidade. É primeira letra, ressalvando-se os
chetes que sejam de interesse importante comentar que normal­ casos em que ela é necessária.
da maior parte de seus leitores. mente os jornalistas seguem algu­
Esse critério, evidentemente, não mas regras na elaboração do título

( Capítulo 4 X.._1_95
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Quer continuar a respirar?
Comece a preservar.
Diálogo com o professor
metáfora de que "as florestas são os pulmões do Planeta". Florestas e pulmões, de acordo
com a metáfora, são responsáveis pela respiração do homem, levando oxigênio às células
e transformando gás carbônico em oxigênio. Outra metáfora de imagem é o apagamento
parcial do verde da bandeira do Brasil, simbolizando o desmatamento.
Azeredo (2008: 483) define
as figuras de linguagem como
3. Metonímia "formas simbólicas ou elabo­
É a troca de um nome por outro a partir de uma relação real, concreta, objetiva existente radas de exprimir ideias, signi­
entre eles.
ficados, pensamentos, etc. de
O continente pelo conteúdo - A panela está fervendo.
O autor pela obra - Eu costumo ler Machado de Assis.
maneira a conferir-lhes maior
A marca pelo produto - Gosto muito de tomar danone (iogurte). expressividade, emoção, sim­
O instrumento pela pessoa que o utiliza - Meu tio é um bom garfo. bolismo, etc. no âmbito da
A parte pelo todo - Seus olhos pediam um alimento para saciar a fome.
O singular pelo plural - O brasileiro é muito simpático. afetividade ou da estética da
O lugar pelo produto - Meu avô usava um panamá (chapéu do Panamá). linguagem". Nesse ponto, é
importante observar que, do
mesmo modo que as palavras
4. Catacrese
e expressões, as figuras de
É uma metáfora já incorporada à língua, sendo, por isso, de
uso corrente. Normalmente, a catacrese nomeia objetos do nos­
linguagem só têm sentido no
so cotidiano para os quais nunca se deu um nome específico. uso, não isoladamente.
Asa da xícara. É necessário dizer que "a
Perna da mesa.
metáfora resulta de uma ope­
Cabelo do milho.
Pé de alface. ração substitutiva; a asso­
Céu da boca. ciação semântica se articula
Às vezes, existe até um nome específico, mas ele é tão restri­ no eixo paradigmático" (Aze­
to que é melhor mesmo a catacrese. Evita-se o mal-entendido.
Você sabe, por acaso, o que é a abóbada palatina? Pois então, redo, 2008: 484). A metáfora
isso tudo é só o céu da boca... envolve termos de domínios
conceituais diferentes, e a as­
5. Elipse
similação entre eles é pura­
É a omissão de um termo da frase facilmente subentendido.
mente mental.
Normalmente, saímos muito (nós saímos muito).
Então ficava calado, evitar o conflito (para evitar o
A metonímia pode ser con­
fundida com a metáfora, mas,
1
conflito).

À elipse de um termo anteriormente expresso, dá-se o nome na metonímia, "a associação


de zeugma. 1, semântica se realiza pela
supressão de termos sintáti­
cos; logo sua articulação se
dá no eixo sintagmático. Sua
atuação ocorre em apenas
Anotações
um domínio conceptual, pois
os termos que se relacionam
pertencem ao mesmo campo
sêmico, de maneira que um
substitui o outro" (Azeredo,
2008: 485).

( Capítulo 4 X.._1_97
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Os quartos eram espaçosos. A sala, pequena (a sala era pequena).
Ela preferia refrigerante; ele, suco (ele preferia suco).

Tanto a elipse quanto o zeugma são figuras de linguagem que possibilitam mais dina­
mismo na comunicação, evitando a expressão ou repetição desnecessária dos termos.

6. Pleonasmo
Consiste na repetição de um termo da oração ou do significado de uma palavra ou ex-
pressão, isto é, alguma informação é repetida desnecessariamente.

Hemorragia de sangue.
Elo de ligação.
O falar de todos os dias e as Os outros defeitos, percebi-os todos.
figuras de linguagem Subir para cima.

Engana-se quem imagina 7. Anacoluto


que as figuras de linguagem não É o rompimento do esquema sintático da frase, do que resulta um termo sem função
sintática no período.
aparecem nas construções pró­
prias da fala cotidiana. Ao con­ Aquelas roupas velhas, joguei fora todas elas.

trário disso, é nesse espaço de


8. Antítese
expressão que muitas delas têm
Emprego de palavras ou expressões de sentido oposto.
seu campo mais fértil.
Pode acontecer de não nos
darmos conta de que estamos
usando uma figura. A catacrese
e a metonímia, por exemplo, nem
sempre estão a serviço da poe­
sia ou da publicidade e, por isso
mesmo, acabam passando des­ Observe que, na antítese, a oposição se dá diretamente entre palavras. Caso a oposição
percebidas. ocorra entre palavras indiretamente, temos uma figura chamada paradoxo. No exemplo
abaixo, os termos mulheres e meninas se opõem, mas representam uma mesma ideia:
A catacrese é uma espécie apesar de já serem adultas, muitas mulheres se mantêm belas, como se continuassem
de metáfora obrigatória. Figura meninas.

de substituição, aparece quan­ Muitas mulheres conservam a aparência de meninas.


do um termo é posto no lugar
de outro com o qual guarda re­
lação de analogia, tal qual uma
metáfora, mas com uma pecu­
liaridade: seu uso está ligado a
uma necessidade de adaptação no sentido de entrar no carro, no Já a metonímia é uma figura,
decorrente, em geral, da falta de avião ou no trem, são exemplos de também de substituição, mas que
um termo próprio para a expres­ catacrese. O mesmo se pode dizer parte de uma relação de contigui­
são. da expressão casa/ homoafetivo, dade não mais de analogia. Um
É a catacrese que usamos em curiosa porque casa/, ao pé da letra, termo é substituído por outro com o
expressões como orelha de livro é um par formado por macho e fê­ qual mantém estreita relação. Mo­
ou dente de alho. O termo engar­ mea. Nessa expressão, apagou-se rar sob o mesmo teto é um exemplo
rafamento, usado para designar o sentido de heterossexualidade e de metonímia. As pessoas moram
o congestionamento de automó­ avivou-se o sentido de par unido na mesma casa, que, reduzida a
veis, ou o verbo embarcar, usado por laços de afetividade. uma de suas partes, converte-se

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Anotações
9. Ironia
Consiste no uso de uma expressão pela qual dizemos o contrário do que pensamos com
intenção sarcástica e entonação apropriada.

Aquela mulher é um amor (é inconveniente).


Ele é muito gente boa (é chato).

Chamamos de sarcasmo um tipo de ironia debochada, que pretende zombar de alguém,


provocar. Por exemplo, na tirinha abaixo, a fala do personagem no último quadrinho de­
monstra que os elogios feitos no primeiro quadrinho eram sarcásticos.

Se-l'"Qf;w,

10. Eufemismo
Consiste na suavização de um fato trágico, desagradável, por meio de uma expressão
mais suave.

Finalmente ele descansou (morreu).


Ela está com CA (câncer).
tecermos o carro com vinte litros
11. Hipérbole
de combustível, ao executarmos
Consiste em exagerar a realidade a fim de impressionar quem ouve.
uma receita culinária que requer
Estou morrendo de sede. Esperei mil anos por você.
duas xícaras de farinha, ao com­
12. Prosopopeia e personificação prarmos dez metros de tecido,
A prosopo(Jeia consiste em colocar em cena seres que não poderiam participar dela
ao sugerirmos que a criança não
como interlocutores: veja mais que duas horas de te­
O menino aguou atentamente a roseira. levisão por dia, ao relatarmos
- Muito obrigado! - agradeceu uma rosa. que o criminoso foi condenado a
A prosopopeia não se confunde com a personificação, que consiste na atribuição de dezoito anos de prisão, estamos
características humanas a seres inanimados ou irracionais:
fazendo uso da metonímia.
As paredes ouviam o seu sussurro. A medida - seja espacial
(o continente), seja temporal
- substitui o termo, por assim
dizer, exato ou próprio. Na ver­
em teto. Daí surge a expressão Ao dizer que tomou uma taça de dade, nós abastecemos o carro
sem-teto, por exemplo, que quer di­ vinho, a pessoa não está queren­ com combustível, a receita culi­
zer sem casa para morar. do dizer que ingeriu a taça; natu­ nária requer farinha, compramos
Empregar a parte no lugar do todo ralmente, ingeriu a bebida contida tecido, a criança vê ou não tele­
é um tipo de metonímia a que comu­ nela. O núcleo do objeto direto do visão, o criminoso é condenado
mente se chama sinédoque. O termo verbo tomar, entretanto, é taça, não à prisão.
metonímia, no entanto, é mais am­ vinho. Toma-se o continente (aqui­ Disponível em: http://wwwl.
plo. Pode englobar outras relações, lo que contém algo) pelo conteúdo. folha.uol.com.br/folha/colunas/
das quais uma das mais frequentes Esse processo é bastante frequente noutraspalavras/ult2675u37.shtml.
Acessado em 15/06/2019.
é a de continente e conteúdo. na linguagem do dia a dia. Ao abas-

( Capítulo 4 X 1 99
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Prática linguística

■F-.!So,r

ESTAMOS
DEVORANDO
O PLANETA

A relação com a ideia de


aumentativo favorece a ocor­
Copyright: Revista Veja. 2009, edição 2. 143.
Disponível em http://veja.abril.eom.br/acer­
vodigital/home.aspx.

rência da hipérbole no dis­


curso coloquial ("Estou mor­ @ Qual é o sentido da expressão "devorando o Planeta" empregada na manchete?
A expressão significa que estamos consumindo mais do que o Planeta pode oferecer.
rendo de saudade", "Ela tem
um coração de pedra", "Estou @ Que figura de linguagem identificamos na construção da manchete?
morto de fome"...), mas evi­ Metáfora.
dentemente não se restringe
@ Como vimos, a metonímia é a figura de linguagem em que um termo substitui outro
a esse uso. No artigo Dizer em uma relação de continuidade, de extensão de ideias. Pensando nisso, analise o
mais para significar menos texto a seguir.

(Língua, no 70, p. 40-41 ), José


Luiz Fiorin aponta exemplos O amor, esse sufoco,
agora há pouco era muito,
interessantes nos sermões agora, apenas um sopro
do Padre Antônio Vieira e em
ah, troço de louco,
Dom Casmurro, obra em que corações trocando rosas Em que palavras do texto identifica­
mos a presença da metonímia?
a hipérbole ganha dimensões e socos.
A palavra corações substitui enamora­
variadas, pois assume a for­
P. LEMINSKI dos, amantes; e rosas e socos remetem
ma de locuções e compõe
a demonstrações de carinho e hostí/í­
mesmo a essência do perso­
dade, respectivamente.
nagem José Dias, o homem
que amava os superlativos.

BNCC

Habilidades gerais Anotações


EF69LP04 EF69LP05
EF69LP48 EF69LP49

Habilidades específicas
EF67LP28 EF67LP38

200
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e Nos textos abaixo, identifique os trechos em que há linguagem conotativa.
A
Diálogo com o professor

Os nobres estavam enlouquecidos pelas novas possibilidades de consumo de espe­ 1 nteressante observar que a
ciarias. Especiarias eram produtos vindos do Oriente que tinham um pequeno volume,
hipérbole (do grego hyperbolé,
mas um alto valor no mercado europeu - por exemplo, cravo, canela, noz-moscada,
gengibre e pimenta; além de produtos como açúcar e sal, que eram raros ou inexis­ ação de ultrapassar ou passar
tentes na Europa. Todos esses condimentos trabalhavam para a preservação dos por cima) funciona, de fato,
alimentos e alteravam seu sabor, para melhor, é claro. Outras especiarias eram seda,
ouro e marfim, materiais de luxo, para confecção de vestimentas e joias. como um recurso linguístico
MENEZES, Fernando; SALVARI, Fábio. História contextualizada. 7ri. ano. Recife: Construir, 201 O. p. 89.
de modalização, justamente
B devido à superlatividade da
Gênova e Veneza, cidades italianas, souberam aproveitar bem esse comércio e enri­ expressão. Por meio da hi­
queceram revendendo esses produtos para toda a Europa. Havia um acordo entre os
italianos e os árabes: apenas eles tinham o monopólio do comércio oriental.
pérbole, expressamos o nos­
MENEZES, Fernando; SALVAR 1, Fábio. História contextualizada. 7n ano. Recife: Construir, 201 O. p. 92. so envolvimento e o nosso
C, A ironia é a base constitutiva do humor nas frases que seguem, pois é a possibilida­
interesse pelo que falamos. O
de de perceber o inverso do sentido mais imediato das frases apoiado no conheci­ exagero amplia nosso posi­
mento sociocultural que gera o humor. Leia as frases e explique qual é esse sentido
cionamento sobre o conteúdo
inverso.
a) Advogado: Esse processo é rápido. de nossos enunciados, de­
Será um processo lento. nunciando nosso juízo pas­
sional sobre eles. Na prática,
b) Ambulante: Qualquer coisa volta aqui que a gente troca.
falamos mais para significar
Se acontecer qualquer problema com a mercadoria, ela não será trocada.
menos, e essa estratégia im­
e) Anfitrião: Já vai? Ainda é cedo! pulsiona nossos argumentos.
Ele quer que a visita vá embora imediatamente.

d) Casal sem filhos: Visite-nos sempre. Adoramos suas crianças.


Não volte a nos visitar. Não gostamos de crianças.
Anotações
e) Dentista: Não vai doer nada.
Vai doer muito.

f) Devedor: Amanhã, sem falta!


Não pagarei a dívida.

g) Peixeiro: Pode levar, freguesa. Está fresquinho.


O peixe não é fresco.

Sugestão de abordagem

Para ampliar o conceito de balhassem com produtos ine­


hipérbole e verificar sua utili­ xistentes, para os quais deverão
dade na prática, podemos pedir criar nomes e utilidades. Nesse
aos alunos que criem anúncios caso, levaremos a turma a ve­
publicitários em que possamos rificar o dinamismo da língua
identificar o uso dessa figura. na criação de novos vocábulos
Seria interessante que eles tra- atrelado à significação.

( Capítulo 4 X__ 2_0_1 --

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Mundo grande

A linha e o linho
b) Nesse texto, linho é o masculino de linha? Explique.
Embora formalmente linho não seja o masculino de linha, o autor brinca com as pa­
lavras utilizando as terminações de masculino (-o) e feminino (-a), dando a ideia de
complemento: ele se complementa com a mulher amada, assim como a linha e o
tecido (o linho).

c) Que figura de linguagem identificamos no verso "como se eu fosse o pano e você


fosse a linha"?
Comparação.

d) Analisando as metáforas que o autor utilizou no texto, podemos dizer o que é o


amor para ele? Explique.
Sim. As metáforas nos levam a perceber que, para ele, o amor se faz como um bor­
dado, ponto a ponto.

O Custando apenas 50 centavos, a fim de alcançar todas as camadas sociais de leito­


res, o jornal pernambucano AquiPE é conhecido por suas manchetes quase sempre
dotadas de ambiguidade e intenções irônicas/humorísticas, fazendo uso da lingua­
gem conotativa para aproximar o leitor e tornando atrativas as notícias circuladas.
Em uma de suas manchetes, por exemplo, referente ao reforço da Operação Lei Seca
durante o Carnaval de 2018, o título "Se beber e dirigir, é cana na certa" estabelece
um jogo semântico entre o sentido denotativo da palavra cana - explorado neste
caso em razão de sua presença no preparo de bebidas alcoólicas, servindo também
de sinônimo para aguardente - e uma interpretação mais conotativa que remete à
expressão ir em cana, forma popular de se referir à apreensão de um criminoso ou
suspeito pela polícia.

Pensando nisso, reflita e opine.


a) Além do baixo custo de seus exemplares, você acredita que essas estratégias são
de fato eficazes para a popularização do jornal?
b) Até que ponto as notícias podem receber esse tipo de tratamento sem que haja
perda de credibilidade?
c) Há algum jornal com perfil semelhante ao do AquiPE na região em que você mora?

( Capítulo 4 X__
2_03
___

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(à As figuras de linguagem são utilizadas nos textos como um recurso semântico a fim
de realçar palavras e dar a elas maior expressividade, permitindo, assim, que elas
possam ser utilizadas com um sentido diferente do convencional. Por essa razão,
muitos cantores utilizam essas figuras em suas composições para enriquecer o sen­
tido das letras de música. Sabendo disso, identifique quais relações entre figura de
linguagem e trechos de músicas estão corretas.

1. Metáfora

Segura teu filho no colo / Sorria e abraça os teus pais enquanto estão aqui / Que a
vida é trem bala, parceiro/ E a gente é só passageiro prestes a partir.
Trem bala, de Ana Vilela

2. Antítese

Eu nunca mais vou respirar/ Se você não me notar/ Eu posso até morrer de fome/
Se você não me amar.
Exagerado, de Cazuza

3. Metonímia

Olha nos meus olhos/ Me diz se isso é loucura/ Que eu mudo o teu amor/ De Platão
pra Neruda.
De Platão pra Neruda, de Lorena Chaves

4. Comparação

Sou uma gota d'água/ Sou um grão de areia/ Você me diz que seus pais não te en­
tendem/ Mas você não entende seus pais.
Pais e filhos, de Legião Urbana

5. Personificação

Estranho é gostar tanto do seu AII Star azul/ Estranho é pensar que o bairro das La­
ranjeiras/ Satisfeito sorri quando chego ali.
Ali Star, de Nando Reis

2 0 4x Design da informação
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)( O texto 2 tem como figura de linguagem a hipérbole.
b) Os textos 1, 3 e 5 foram relacionadas de forma incorreta.
c) Há, na verdade, uma personificação no texto 4, que diz: "Sou uma gota d'água".
d) O texto 5 não apresenta figura de linguagem.
e) Todas as músicas foram relacionadas corretamente com sua respectiva figura de
linguagem.

(O Sendo um recurso para criar novas significações, as figuras de linguagem também


podem ser utilizadas em publicidades, que normalmente utilizam as palavras de for­
ma criativa e inovadora. Observe.

Chocolacta, para os maníacos por lacta

Que figura de linguagem se destaca nesse cartaz publicitário?


a) Metáfora.
� Comparação.
c) Exagero.
d) Antítese.
e) Sinestesia.

Antes de começar a escrever

Apesar de terem se extinguido há milhares de anos, os dinossauros ainda continuam


muito presentes nos dias de hoje, principalmente na nossa imaginação. Filmes, desenhos
animados e brinquedos comumente utilizam esses répteis incríveis como personagens.
Por esse motivo, atualmente até as crianças mais novas reconhecem esses bichos.
Pensando nisso, releia a notícia da página 188 e reescreva-a imaginando que trabalha
como jornalista em uma revista de História para crianças de 4 a 8 anos. Nessa reescrita,
pense nisto: seu texto ficará mais interessante se for escrito de maneira formal ou informal?

( Capítulo 4 X__2_os___
LPemC_ME_2019_6A_Cap4.indd 205 21/07/19 23:51 1
Proposta
Agora, imagine que trabalha como jornalista em uma revista de História para adultos
interessados em curiosidades históricas e que gostam de ler textos leves e descontraídos.
Sua missão será escrever uma notícia a partir de uma das imagens a seguir:

Imagem 2

Imagem 3 Imagem 4

Planejamento
Apesar de o seu texto ser uma notícia, você precisará de uma boa dose de imaginação
para produzi-la, pois os fatos apresentados não serão reais.
Para produzir uma boa notícia, procure planejar a sua produção com base nestas dicas:
Pense no seu público-alvo: leitores adultos interessados em curiosidades históricas e
que se interessam por textos engraçados. Para esse público, é melhor utilizar uma lingua­
gem formal ou informal? No seu texto, haverá mais espaço para a denotação ou a cono­
tação?
Defina as respostas para as perguntas básicas que normalmente estruturam as notí­
cias: Quem? O quê? Quando? Onde? Por quê?, etc.
Procure enriquecer o seu texto com declarações de pessoas ligadas ao fato relatado.
Da mesma forma que as imagens utilizadas nos textos didáticos e nos infográficos, as
notícias também podem ser enriquecidas com imagens ilustrativas acompanhadas de le­
genda. Escreva uma legenda para a imagem que serviu de base para a sua produção.
Assim que finalizar o seu texto, redija um título e um lide para ele.

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Sugestão de abordagem
Avaliação
Para avaliar o seu texto, releia-o com atenção observando os seguintes aspectos: Para finalizar a discussão
Aspectos analisados
a,cm
o o
feita até aqui e depreender al­
gumas conclusões, podemos
o o
Você produziu um título e um lide com clareza e objetividade?
lançar estas perguntas:
o o
O fato relatado é interessante para o seu público-alvo?
1. O que é imparcialidade?
o o
A linguagem empregada foi adequada para o seu leitor?
2. O texto jornalístico
o o
Você lançou mão da conotação para tornar o seu texto interessante?
deve ser imparcial?
o o
Você respondeu às perguntas básicas que envolvem as notícias?
Seu texto apresenta declarações de pessoas ligadas ao fato relatado? 3. O que um texto jor­
Você produziu uma legenda adequada para a fotografia utilizada
como tema? o o nalístico parcial pode
acarretar?

A escrita em foco
BNCC
Encontro consonantal
Habilidades gerais
Chamamos de encontro consonantal a sequê eia de dois ou mais fonemas consonân­
ticos em uma mesma palavra. Observe os exemplos.
EF69LP06 EF69LP07
EF69LP35 EF69LP36
distribuir, degrau, madrugada, placa, estrela, Bíblia, procedimentos, prazer EF69LP43
Os encontros consonantais podem ser separáveis ou inseparáveis.
Habilidades específicas
Separáveis - ocorrem em sílabas diferentes.
EF67LP06 EF67LP09
ap-to dig-no ab-so-lu-to ad-mi-tir EF67LP10 EF06LP01
sub-me-ter in-cóg-ni-to et-nia con-cep-ção
EF06LP11 EF06LP12
Inseparáveis - ocorrem na mesma sílaba.

bra-ço ci-clo flo-res le-tra


czar lamb-da pneu psiu

( Capítulo 4 X__ 2_01___

1 LPemC_ME_2019_6A_Cap4.indd 207 21/07/19 23:52 1


Dígrafo
Chamamos de dígrafo o emprego de duas letras para representar um fonema.
Os principais dígrafos são:
eh - chácara xc - exceção amou an - campo/anjo
Ih - malha rr - carro em ou en - sempre/vento
nh - ganha ss - massa im ou in - limpo/tinta
se - descer qu - quis om ou on - ombro/onda
sç- nasça gu - guerra um ou un - tumba/junto
BNCC Nesses exemplos, a segunda letra (h, e, ç, r, s, u, n, m), chamada de letra diacrítica,
combina-se com a primeira para lhe dar um valor fonético diferente, originando o dígrafo.
Mesmo que sejam compostos de duas "consoantes", os dígrafos não representam en­
Habilidades gerais contro consonantal. O mesmo vale para palavras como samba, renda, findo, pois as letras
EF69LP01 EF69LP55 m e n formam dígrafos com a vogal que as antecede.
Na fala, em certas variantes linguísticas, alguns encontros consonantais tendem a for­
EF69LP56 mar duas sílabas devido à colocação de uma vogal.

Forma culta Forma variante (oral)


Habilidades específicas
advogado adevogado Fonética é a parte da Linguís­
EF67LP32 absoluto
tica que estuda e classifica os
abissoluto elementos mínimos da linguagem
articulada, como os sons da fala,
pneu pineu em sua realização concreta.

Na fala, ocorrem também alguns registros diferentes da norma-padrão para os encon­


tros em que a segunda consoante é 1. Nessas variantes linguísticas, substitui-se o I por r:

Flamengo - Framengo
bicicleta - bicicreta
Nossa tradição educacional blusa - brusa
clima - crima
sempre negou a existência de bloco - broco
uma pluralidade de normas lin­
Essa troca pode ser inadequada dependendo da situação, mas não impede a comuni­
guísticas dentro do universo da cação entre as pessoas.
língua portuguesa; a própria es­
cola não reconhece que a norma Divisão silábica
padrão culta é apenas uma das Como consequência de tudo o que vimos até agora sobre fonética, chegamos às regras
muitas variedades possíveis no de divisão das sílabas. Usamos o hífen(-) para indicar a separação das sílabas:

uso do português e rejeita de • Não separamos as letras que representam ditongos e tritangos.
forma intolerante qualquer ma­ cai-xa Pa-ra-guai
nifestação linguística diferente,
tratando muitas vezes os alunos
como "deficientes linguísticos".
Marcos Bagno argumenta que
falar diferente não é falar erra­ férias na chácara da professora sem a encarar de uma nova ma­
do e o que pode parecer erro no Irene. Sempre muito dedicada, Ire­ neira as variedades não padrão
português não padrão tem uma ne se reúne todos os dias com as da língua portuguesa. A novela
explicação lógica, científica (lin­ três professoras do curso primário, flui em diálogos deliciosamente
guística, histórica, sociológica, transformando suas férias numa informativos. A língua de Eulália
psicológica). Para explicar essa espécie de atualização pedagógica, trata a sociolinguística como ela
problemática, o autor reúne no em que as "alunas" reciclam seus deve ser tratada: com seriedade,
livro A língua de Eulália as uni­ conhecimentos linguísticos. Mais mas sem sisudez.
versitárias Vera, Sílvia e a es­ do que isso, Irene acaba criando um
perta Emília, que vão passar as apoio para que as "meninas" pas-

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J
1 LPemC_ME_2019_6A_Cap4.indd 208 21/07/19 23:52 1
• Separamos o ditongo do hiato.
mei-o boi-a-da

• Separamos os dígrafos rr, ss, se, sç, xc.


car-ro mas-sa nas-cer des-ço ex-ce-der

• Não separamos os dígrafos Ih, nh, eh, gu, qu.


ma-lha li-nha cha-ve guer-ra que-rer

• Separamos as vogais dos hiatos.


ca-í-do ba-ú sa-ú-de

• Não separamos da sílaba anterior as consoantes que não forem seguidas de vogal.
cap-tar ap-to ad-vo-ga-do

• Não separamos os encontros consonantais que iniciam palavras.


pneu-má-ti-co gno-mo psi-có-lo-go

• Na divisão silábica, não consideramos os elementos que formam as palavras (prefixos,


radicais e sufixos).
de-sa-ten-to tran-sa-tlân-ti-co

Ú Um encontro consonantal é a sequência de dois ou mais fonemas consonantais em


uma mesma palavra. Cada encontro é regido por sua regra, que pode configurá-lo
como separável (os fonemas ocorrem em sílabas diferentes) ou inseparável (os fone­
mas ocorrem na mesma sílaba). Observando os blocos de palavras a seguir, relembre
as regras e marque a alternativa em que todos os vocábulos estão grafados correta­
mente na divisão silábica.
a) P-neu, lim-po, a-tle-ta.
b) Dig-ni-da-de, lam-pa-da, p-siu.
e) Pla-ne-ta, por-ta, ri-tmo.
d) Psi-có-lo-go, a-brup-to, lis-ta.
�Pra-ze-ro-so, sub-mis-são, ét-ni-co.

( Capítulo 4 X__
2_09___

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Ú Por que o encontro consonantal é diferente do dígrafo? Bem, podemos dizer que o
primeiro é a sequência de dois ou mais fonemas consonantais na mesma palavra,
enquanto o segundo é o emprego de duas letras para representar um fonema. Logo,
mesmo que os dígrafos possuam duas consoantes, não representam um encontro
consonantal. Preste atenção na sequência de palavras a seguir e escreva que fenô­
meno ocorre em cada uma das alternativas.

a) Rit-mo, le-tra, psiu.


Encontro consonantal.

b) Nas-ci-men-to, tam-pa, chu-va.


Dí rafo.

e) Fio-ris-ta, pneu-mo-ni-a, ad-mi-ti-do.


Encontro consonantal.

d) Ap-ti-dão, dig-ni-da-de, es-tre-la.


Encontro consonantal.

e) Car-ro-ça, ter-ra, cha-ta.


Dí rafo.

{J Estudar uma língua implica apreender suas regras de funcionamento, seja do ponto
de vista macroestrutural, como o texto, o discurso, seja na microestrutura, como o
interior das palavras, das sentenças. Quando estudamos fonética, debruçamo-nos
sobre esses aspectos linguísticos iniciais da estrutura das palavras, compreendendo
o que são vogais, consoantes, encontros vocálicos, encontros consonantais, dígra­
fos, e, na divisão silábica, acionamos todos esses conceitos. Observe as palavras a
seguir e marque a alternativa em que a separação silábica do trio de palavras está
correta.
a) As-cen-der, des-aten-to, fi-xar.
b) Bru-xi-nha, gno-mo, ca-ptar.
e) Sa-u-da-de, guer-ra, ma-nha.
d) Qui-se-sse, des-cen-dên-cia, mo-li-nho.
)(Pa-ra-guai, psiu, gra-tui-to.

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(9 Para receber 1 O pontos extras em um exercício, Marcos precisa acertar a divisão si­
lábica das 1 O palavras a seguir.

assistência - cacto - Brasília - chaveiro - arriscar - abrupto


psicólogo - lhama - engenheiro - rinoceronte

Confira, agora, a resposta dele.


a-ssis-tên-cia
ca-c-to
Bra-sí-lia
cha-vei-ro
a-rris-car
a-bru-p-to
psi-có-lo-go
lha-ma
en-ge-nhei-ro
ri-no-ce-ron-te

Quantos pontos extras Marcos receberá?


a) 8.
b) 7.
�6.
d) 5.
e) 4.

Ó Você já sabe que o dígrafo acontece quando há o emprego de duas letras para repre­
sentar um só fonema e que ele pode ser separável ou inseparável. Leia os vocábulos
a seguir e marque a alternativa que apresenta apenas dígrafos separáveis.
a) Exceto, banha, passarinho.
b) Carrinho, chaveiro, queijo.
e) Conselho, guerrilha, desenho.
)(( Excesso, descer, carruagem.
e) Lhama, cheiro, desenho.

C, O único item em que, pela ordem, não ocorre ditongo, dígrafo e encontro consonantal é:
)<(quis/ obscura/ guerra.
b) aguardam/ porque/ explosões.
e) corações/ humilhados/ presença.
d) gratuito/ amanhã/ lavradores.
e) creio/ guerra/ reconstruídas.

( Capítulo 4 X___
2_1 _1 --

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Como funciona
a redação de um
telejornal?
1

3
4
Por trás das
câmeras
6

9
8
O infográfico é um gênero textual muito utilizado atualmente como ferramenta de apoio para textos informati­
vos em geral. A intenção é organizar as informações e apresentá-las junto a imagens, o que facilita a assimilação
por parte do leitor e atrai a sua atenção. Assim, na infografia, textos verbais e imagens são interdependentes.

@ O infográfico que você leu nas páginas 212 e 213 foi publicado pela revista Mundo
Estranho. Como você definiria a linha editorial e o público-alvo dessa revista?

BNCC A Mundo Estranho é uma revista de curiosidades científicas cujo público-alvo é for­
mado por pré-adolescentes e adolescentes.

Habilidades gerais @ Como vimos neste capítulo, o infográfico é um gênero textual que utiliza, simultanea­
mente, as linguagens verbal e não verbal. Ou seja, nesses textos de linguagem mista,
EF69LP03 EF69LP07 a imagem e as informações são entrelaçadas.
EF69LP12 EF69LP40 a) Qual é a função dos desenhos apresentados no infográfico?

EF69LP41 EF69LP42 Ilustrar como é a realidade na redação de um telejornal.

EF69LP43
b) Na elaboração de um infográfico, é fundamental organizar as informações e dosar
Habilidades específicas bem a relação entre textos e imagens. Textos muito grandes, por exemplo, tornam
a leitura cansativa. Já um volume acentuado de imagens pode confundir o leitor.
EF06LP01 EF67LP03 Assim, é importante orientar o percurso que ele deve realizar. Que recursos foram
EF67LP07 EF67LP09 utilizados a fim de guiar o leitor?
Para orientar a leitura, os textos foram enumerados, e a sequência de leitura é refor­
çada pelas setas amarelas.

@ Nesse infográfico, percebemos o emprego de diversas expressões de valor conotativo.


a) Identifique ao menos duas dessas expressões.
Sugestão de resposta: As expressões quente e ficar de olho (item 1); rolar (item 9);
bem na fita (texto do boxe).
Anotações
b) Qual a intenção comunicativa por trás do uso dessas expressões?
A intenção é deixar o texto mais leve, divertido; ou seja, menos formal.

C, Nos itens 1 e 2, observamos que as notícias são classificadas na redação de duas


formas.
a) Quais são elas?

21 x
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b) Que figura de linguagem está presente nessa classificação?
Antítese.

@ Após a edição das matérias, o chefe da redação e os editores-executivos montam no


computador o espelho do telejornal - uma planilha na qual identificam a duração e
a ordem de exibição de cada matéria. A elaboração do espelho é fundamental para o
telejornal. Por quê?
Porque o telejornal tem tempo de exibição predeterminado pela programação da
emissora. Caso esse tempo não seja respeitado, a programação é prejudicada.

<, Na linguagem de jornalismo, o que são as notícias frias e as notícias quentes?


Notícia fria: acontecimentos já previstos em agendas, como palestras, exposições,
shows, etc.
Notícia quente: fatos que são relatados pelos repórteres de rua, como acidentes,
mortes, etc.

Mídias em contexto

Ao estudar as principais características das notícias, vi­


mos neste capítulo que os veículos de comunicação que Outras fontes
as produzem seguem uma linha editorial específica, ten­
do em vista os interesses do seu público-alvo. Esses inte­
resses, portanto, determinam uma série de características
dos jornais e telejornais. Agora, você e um colega deverão
escolher um telejornal de exibição nacional ou local para
analisar. O objetivo desta atividade é identificar as princi­ Canal Kids
pais características do telejornal escolhido. Nessa análise,
observem, por exemplo: � Escaneie o QR
• O figurino do(s) apresentadores. \.::!_} CODE abaixo.
• O registro da língua (formal ou informal).
• Há predominância da linguagem denotativa ou cono­
tativa?
• Quais temas são mais recorrentes nas notícias?
• Que público-alvo o telejornal procura atingir?

( Capítulo 4 X__ s___


2_1

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Neste capítulo, conheceremos textos que relatam
aventuras, façanhas, perigos, emoções, experiências
vividas em qualquer viagem, seja para uma cidadezi­
nha do interior, seja em uma volta ao mundo de moto
- são os relatos de viagem.
Esses textos são produzidos em situações variadas.
No século XVI, por exemplo, muitos navegadores escre­
veram relatos para registrar oficialmente expedições cujo
objetivo era descobrir terras distantes, encontrar joias e
metais preciosos, descrever rotas, etc. Hoje, os relatos
de viagem misturam informação e entretenimento e
nos ajudam a nos conhecermos mais - nossos me­
dos, nossas paixões, nossos limites - e a descobrir
lugares interessantes.
Aparição do Cristo Redentor
Vocabulário desconhecido

Utilizando pistas do próprio texto, estruturas, ilustrações ou mesmo fontes exter-


nas, como dicionários, construa o sentido das palavras seguintes.
Acachapante - Que não se pode recusar; esmagador. irrecusável; indiscutível.
What a shame! - Expressão idiomática inglesa. Significa que pena.
Frustrando - Decepcionando.
Dissipou - Dispersou; espalhou.

Desvendando os segredos do texto

@ O que deu errado na visita dos turistas ao Cristo Redentor?


O tempo ficou nublado, de modo a prejudicar a visão.

@ Diante do fato inesperado ocorrido, o que os turistas decidiram fazer?


Decidiram esperar.

@ No fim, valeu a pena todo o esforço?


Sim. O relato mostra que as nuvens se dissiparam e tudo pôde ser visto com clareza.

@ Nesse texto, a autora relata como foi sua visita ao Cristo Redentor, no Rio de Janeiro.
Ao produzir esse relato, ela utiliza uma linguagem imparcial, neutra? Explique.
Não. A autora utiliza linguagem argumentativa, procurando defender seu ponto de
vista sobre a visita.

@ Leia os trechos abaixo.

"[...] segundo pela vista acachapante que se tem da Cidade Maravilhosa a partir
do Cristo."
"[...] mas foi o suficiente para ver com clareza a imagem inteira do Cristo, alta,
altiva, esta, sim, acachapante."

Na seção Vocabulário desconhecido você anotou o significado da palavra acacha­


pante, que aparece nesse trecho. A que palavra ela se refere?
A palavra acachapante se refere à palavra imagem. Professor, a intenção nesta ativi­
dade é antecipar a noção de substantivo e de adjetivo, que serão trabalhadas neste
capítulo.

( Capítulo 5 X__
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A Grécia é azul
Os barcos são grandes, modernos e rápidos, embora esse
primeiro trecho tenha demorado umas quatro horas. Syros
é uma ilha agradável, sem a mesma badalação de Mikonos
Você pode viajar também
ou Santorini, e, da janela do meu quarto, eu podia ver o mar.
A plataforma Google Maps
A principal atração em Syros é a caminhada até a igreja que
permite que as pessoas conhe­
fica no alto de uma montanha. çam ou visitem lugares sem
Fui para Mikonos, e a minha primeira experiência não foi nem mesmo sair de casa. Para
isso, basta acessar o app e
nada agradável. Havia enviado um e-mail para a pousada
utilizar um avatar (boneco vir­
em que informava o horário da minha chegada. No entanto, tual) para caminhar pelas ruas
ninguém foi ao porto para me transportar. Tomei o ônibus e pontos turísticos do mundo
inteiro. E não para por aí! Ainda
até a vila e, sem saber direito a localização da pousada, eu
com a extensão Google Earth,
decidi enfrentar a ladeira puxando os 20 kg da minha baga­ que conta com a colaboração
gem... Acho que nunca suei tanto na minha vida! de satélites da Nasa, é possível
visitar toda a Via Láctea!
Mikonos é famosa pelo culto ao corpo. As praias são ma­
ravilhosas e há muita badalação. Na cidade, as ruas labirín­
ticas estão coalhadas de lojas de grife. Um sentido de tole­ M Escaneieo
rância irrestrita permite que a sexualidade seja demonstrada
\.::!.,) QR CODE abaixo.
de inúmeras formas. Não há áreas exclusivas, e as famílias
ocupam os mesmos espaços. No meio de alguns sustos,
certa indignação e muitas risadas, concluímos que uma
temporada em Mikonos não se esquece tão rápido.
A melhor forma para se conhecer as praias em Mikonos
é de carro. A ilha é montanhosa, e as estradas sinuosas são
uma diversão à parte para quem dirige. Em alguns pontos,
só um carro consegue passar. A paisagem é árida, pedre­
gosa. Pequenas igrejas brancas estão espalhadas pela ilha
e contrastam com a paisagem seca. Praticamente todas as
casas têm um curioso formato cúbico. Mais uma curva e...
Somos presenteados com a visão panorâmica de uma nova
praia. Também fizemos um passeio de meio período pelas
ruínas e vistas panorâmicas da Ilha de Delos.
A última ilha a ser visitada é Santorini. Esculpida por
erupções vulcânicas e terremotos, ela tem o formato de
uma lua crescente. O lado de dentro da lua fica no alto da
cratera, dezenas de metros acima do mar, enquanto o lado
de fora tem praias cobertas por pedras pretas de variados
tamanhos. Debruçados na cratera, estão as pousadas e os
restaurantes.
Ficamos frustrados com as praias de Santorini, que não
têm a beleza das que encontramos em Mikonos. Por outro
lado, caminhar pela borda da cratera permite um panorama
único, maravilhoso. E, é claro, tomar vinho e ver o Rôr do sol
bem acompanhado não tem preço...
Edu Feijó
Fonte: http://eduardofeijo.blogspot.com/. Acesso em: 29/10/2018.

( Capítulo 5 X__
2_2 _1 --

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Vocabulário desconhecido

Utilizando pistas do próprio texto, estruturas, ilustrações ou mesmo fontes exter-


nas, como dicioná rios, construa o sentido das palavras seguintes .
Sintetizem - "-'
R= =u=m
es "-".'-------------------­
=a=m
Percepções - =
º=b=
s e=r� s ·'------------------­
=c=õ=e=
va

lmponente - Que desperta respeito devido à s suas proporções .


Sugestão de abordagem Ferry - Barco usado para transportar ve ícu los e passageiros entre as margens de
um rio ou em pequenos trechos por mar; ba lsa .

As questões 1 e 2 da seção
Badalação - Vida socia l muito ativa; muito divertimento.
Para discutir são de cunho pes­
Sinuosas - Com muitas curvas .
soal.
Para as questões 3, 4 e 5, pro­
pomos estas respostas:
3. Quer dizer que lá é muito
Narrar ou relatar?
comum supervalorizar a
Há muitas diferenças entre os tipos textuais relato e narração, mas a principal diz respeito à essência dos
beleza do corpo. fatos. Como vimos nos três primeiros capítulos deste livro, a narração não tem compromisso com a realidade.
Assim, não há limites precisos entre a ficção e o real.
4. Sim, principalmente pelos Já o relato é uma "narração" cujo objetivo é registrar fatos reais. De origem latina, a própria palavra relato (re,
novamente+ /atum, trazido) já carrega em si o sentido de "trazer o acontecimento de novo". Assim, quem faz um
costumes que lá são co­ relato tem conhecimento sobre os fatos que relata, seja por experiência própria, seja porque ouviu quem teste­
munhou os acontecimentos. Por esse motivo, o relato é o tipo textual que predomina em gêneros como relato de
muns, mas aqui não. viagem, notícia, depoimento, biografia, etc.

5. Sim. A discussão poderá


ser ampliada ao envolver
Para discutir
questões como vaidade,
consumismo, supervalori­ 1. N esse texto, o autor descreve os lugares por onde andou . Você gostaria de co­
zação do ser, não do ter... nhecê-los?
2. Qua l das praias gregas chamou mais sua atenção? Por q uê?
Chame a atenção da turma 3. O autor apresenta a praia de Mikonos como sendo famosa pe lo culto ao corpo. O
para o trecho Procuro palavras q ue isso q uer dizer?
4. A praia de Mikonos é muito diferente das nossas praias?
que sintetizem as minhas emo­
5. O cu lto ao corpo é comum na nossa sociedade?
ções e percepções (1 parágrafo).
_Q

Algumas questões para debate:


• Por que o autor procura pa­
lavra que "sintetizem"?
• O que o leva a tomar essa
decisão?
• O contrário seria, então, grafo) Enriqueça a leitura de seus Agora, analisando o trecho Na
usar de muitas palavras alunos com as perguntas: cidade, as ruas labirínticas es­
para expressar suas emo­ Alguém sabe algo sobre a histó­ tão coalhadas de lojas de grife
ções e percepções? ria da Grécia e da cidade de Atenas? (6.Q parágrafo), podemos questio­
• Isso seria adequado para o • O que o autor quis dizer com nar os alunos:
texto? ela é moderna? • Quem sabe o que é coalhada?
Chame a atenção da turma Por que ele usou a palavra Após ouvir as explicações,
para o trecho Embora a cidade embora na frase? confronte com o dicionário. Você
tenha milhares de anos de his­ • Por que ele usou a palavra pode pedir para um dos alunos
tória, ela é moderna... (3.Q pará- embora na frase? consultar em sala.

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Desvendando os segredos do texto

@ Um relato se distingue de uma narração por vários motivos. No relato, por exemplo,
os fatos relatados realmente foram vivenciados por quem os relata, enquanto na nar­
ração os fatos são imaginários. Pensando nisso, responda:

a) Quem relata o texto A Grécia é azul?


O fotógrafo Edu Feijó.

b) Qual foi a intenção dele ao escrever esse texto?


Relatar sua passagem pela Grécia.

@ No final do primeiro parágrafo desse relato de viagem, o autor escreve que "esta­
va em dúvida entre explorar a riqueza arqueológica ou explicitar a liberalidade nas
praias". Qual desses aspectos ele preferiu abordar no seu texto?
Explicitar a liberalidade nas praias.

@ No terceiro parágrafo do texto, o autor compara Atenas a qual cidade?


Istambul.

(9 Ainda sobre essa comparação, podemos dizer que:


a) O autor comparou Atenas à Acrópole.
b) O autor não gostou de Atenas.
){ Antes de chegar a Atenas, provavelmente o autor visitou Istambul.
d) Atenas é mais bonita que Istambul.
e) Istambul é a capital da Turquia.

@ Como o autor descreveu a cidade de Atenas?


Ele descreveu Atenas como uma cidade moderna e menos charmosa que Istambul.

C', No terceiro parágrafo, o autor identifica o Parthenon como uma construção impo­
nente. Em qual das opções a seguir a palavra destacada pode ser substituída pela
palavra imponente da mesma forma como foi usada no texto?
a) As roupas que meu pai usa são enormes.
)<( O Cristo Redentor é uma obra de arte grandiosa.
e) Este mamão é muito grande.
d) Este problema é muito mais simples do que parece.
e) Brasília é uma cidade de arquitetura belíssima.

( Capítulo 5 X__
2_23___

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@ Para o autor do texto, uma temporada em Mikonos não se esquece tão rápido. Por
quê?
Sugestão de resposta: Porque, em Mikonos, a tolerância irrestrita a torna um lugar
diferente.

() No quarto parágrafo, o autor faz a seguinte afirmação: "O transporte em ferry é a for­
ma mais utilizada para a locomoção entre as ilhas". Assim, podemos dizer que:
a) A única maneira de se locomover entre uma ilha e outra da Grécia é utilizando o
ferry.
Em As viagens de Marco )(Existem outros meios de transporte entre as ilhas gregas, mas o ferry é o mais
Polo, podemos perceber cla­ comum.
e) O ferry é um meio de transporte aéreo.
ramente a intenção do viajan­ d) O ferry é muito utilizado porque é um barco artesanal que possibilita um passeio
te de difundir o conhecimento sem pressa entre uma ilha e outra.
e) O ferry só pode ser utilizado durante o dia.
do mundo oriental, até então
desconhecido, o que tornou a
obra uma das mais importan­
tes do século XIII na Europa. Das estrelas para a palma da mão
Seu grande trunfo foi relatar Muitos anos antes da tecnologia GPS, o ser humano aprendeu a se localizar observando as estrelas. No século
XVI, por exemplo, o Cruzeiro do Sul foi muito importante para os navegadores europeus que saíam em busca de
detalhadamente o que viven- novas terras. Por meio da observação dessa constelação, que só pode ser visualizada no Hemisfério Sul, os nave­
gadores encontravam a direção sul. Não existia a facilidade de ir ao Google Maps ou ao Waze, aplicativos que nos
c1ou e as imagens 1mpress10-
• ■ ■ ■

auxiliam bastante hoje em dia ao calcular as melhores rotas para chegarmos aos lugares e o tempo de viagem.
Naquele tempo, as rotas eram feitas na base de cálculos matemáticos à mão.
nantes sobre a Pérsia, a Mon­
gólia, a China e o Japão. Na
época, o livro foi visto como @ Qual destes meios de transporte é um ferry?
um audacioso e imaginoso b)
a)
conjunto de mitos e lendas, e
muitos tacharam Marco Polo
de mentiroso.
Vale a pena conferir a tra­
dução do livro feita por Carlos
Heitor Cony e Lenira Algure.

Anotações

CONY, Carlos Heitor; ALGURE,


Lenira. As viagens de Marco Polo.
São Paulo: Ediouro.

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e) d)

Shutterstock.com Shutterstock.com

f)

Shutterstock.com Shutterstock.com

h)

Shutterstock.com Shutterstock.com

(à No sexto parágrafo, o autor afirma: "Na cidade, as ruas labirínticas estão coalhadas
de lojas de grife". Qual das frases abaixo tem o mesmo sentido dessa afirmação?
X Na cidade, as ruas labirínticas estão completamente cheias de lojas de grife.
b) Na cidade, as ruas labirínticas têm poucas lojas de grife.
e) Na cidade, as ruas labirínticas não têm lojas de grife.
d) Na cidade, é proibido abrir lojas de grife.
e) Na cidade, as ruas são labirínticas porque têm muitas lojas.

( Capítulo 5 X__
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Análise linguística

Substantivo
XAXADO/Antonio Cedraz

BNCC

Habilidades gerais
EF69LP05
EF69LP56 O humor dessa tirinha está no duplo sentido da palavra galo. No uso cotidiano, essa
palavra pode ser empregada com vários sentidos. Na tira, ela tanto pode designar a ave
(forma masculina de galinha) como um machucado causado por uma pancada na cabeça.
Habilidades específicas Assim, podemos dizer que galo é uma palavra que usamos para nomear coisas que pode­
EF06LP04 mos entender como substâncias, por isso é um substantivo.

EF06LP11 Veja alguns exemplos de substantivos:

Substâncias
Substantivo é a palavra
que usamos para designar
Computador, Zé Mário, livro, maçã, Sol, carro,
o que chamamos de objetos
cometa, papel, caneta, violão, mangueira, sapo­ substantivos, ou seja, subs­
Diálogo com o professor ti, casa, rua, apartamento, televisão, sofá, cama, tâncias e todos os objetos que
podemos apreender mental­
café, comida, almofada.
mente como substâncias.

Neste momento, iniciamos o Objetos apreendidos mentalmente como


estudo das classes de palavras, substâncias

mais especificamente os subs­ Amor, Deus, sentimento, atenção, carinho, fala,


tantivos. O conceito de classe intenção, ansiedade, nascimento, felicidade, or­
gulho, anjo, saúde, saída, Saci, Boitatá, vontade,
de palavras que aqui seguimos é angústia, dor, ajuda, intuição, liberdade.
o de Azeredo (2008), para quem
o que determina uma classe é a
confluência de três proprieda­
Usamos os substantivos para nomear as coisas que constituem o mundo. Entre suas funções, eles podem
des: descrever e caracterizar pessoas e lugares, como nos relatos de viagem.

1. um modo de significar;
2. um conjunto de aspectos
formais;
3. sua posição no interior da
oração. estados, qualidades aos substanti­ gramaticais que, interpostas a
O modo de significar conside­ vos), pronomes (referem-se aos se­ palavras lexicais, expressam
ra um critério lógico-semântico, res sem discriminá-los), numerais relações semânticas). Como as
que permite a distinção entre (representam quantidades exatas), interjeições não desempenham
substantivos (designam seres, advérbios (denotam circunstâncias função na estrutura sintagmáti­
entidades, sentimentos, objetos, e intensidades de adjetivos e ver­ ca, optamos por não classificá­
de forma genérica ou específi­ bos), artigos (precedem os subs­ -las como uma classe.
ca), verbos (localizam no tempo tantivos apenas para indicar se são
ações, processos e atributos), determinados - conhecidos - ou
adjetivos (conferem atributos, não) e conectivos (são palavras

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Classificação dos substantivos
Os substantivos podem ser classificados de diferentes maneiras, dependendo do que
analisamos.
Por exemplo, quando analisamos os substantivos tendo em vista sua origem, nós os
classificamos em primitivos ou derivados.

Primitivos - São substantivos que dão origem a outras palavras. Exemplos: viagem,
barco, labirinto, cuidado.

Derivados - São substantivos que se originam de outras palavras. Exemplos: viajan­


te, embarcação, labirintite, cuidadoso.

Por outro lado, se analisamos os substantivos tendo como base a sua estrutura, deve­
mos classificá-los em simples ou compostos.

Simples - Dizemos que um substantivo é simples quando, em sua estrutura, possui


apenas uma base, que chamamos de radical. Exemplos: viagem, barco, ilha, baga­
gem, momento, emoções, Grécia, praias, Acrópole.

Compostos - São os substantivos que possuem mais de uma base. Exemplos: aero­
plano, gasoduto, papa-capim, cana-de-açúcar.

Os substantivos também podem ser classificados em abstratos ou concretos.

Abstratos - Têm existência dependente, como cuidado, ansiedade, cansaço. A exis­


tência desses substantivos depende de alguém ou de alguma coisa que dê ou apre­
sente cuidado, ansiedade, cansaço, etc.

Concretos - Nomeiam pessoas, lugares, animais, vegetais, minerais e objetos. São


seres cuja existência é independente, como João, barco, mar, areia, quadro, vidro.

Para classificarmos um substantivo como concreto ou abstrato, precisamos analisar


a forma como ele foi empregado. Em algumas situações, usamos substantivos abstratos
como se fossem concretos. É o que acontece, por exemplo, quando se diz:

O amor chegou ao coração dela.


A ansiedade sempre me acompanha.
A justiça é cega.

Os substantivos concretos se classificam como próprios, comuns ou coletivos.

( Capítulo 5 X__
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Próprios - São os que usamos para nos referirmos a um ser em particular. Escreve­
mos os substantivos próprios com a letra inicial maiúscula:

Paula, São Paulo, Amazônia, Atlântico, Maria, Hamilton

Comuns - São os que utilizamos para seres em geral.

jogo, caneta, parede, ódio, folclore, pedra, abraço, corpo

Entre os substantivos comuns, temos os partitivos, que indicam uma quantidade de


seres. Esses substantivos podem representar medidas exatas (metro, quilo, litro, polega­
da, hectare) ou inexatas (porção, punhado, fatia, lote, pedaço). Nesse caso, são utilizados
seguidos da palavra de seguida por um substantivo referente a massa/matéria.

cinco metros de pano quatro quilos de arroz


uma porção de batatas fritas dois pedaços de pão
duas fatias de bolo

Coletivos - Os substantivos coletivos indicam um conjunto de animais, coisas ou pes­


soas. Veja alguns exemplos:

acervo obras de arte enxame abelhas, insetos


álbum fotografias, selos enxoval roupas
alcateia lobos, feras fauna animais de uma região
antologia textos flora plantas de uma região
armada navios de guerra fornada pães, tijolos
arquipélago ilhas frota navios, ônibus
assembleia parlamentares, trabalhadores galeria quadros, estátuas
atlas mapas júri jurados
bagagem objetos de viagem legião soldados, anjos
banca examinadores milênio período de mil anos
bando aves manada bois, porcos, elefantes
biblioteca livros maquinaria máquinas
boiada bois molho chaves, capim
caravana viajantes, peregrinos ninhada filhotes
cardume peixes pomar árvores frutíferas
código leis prole filhos de um casal
colmeia cortiços de abelhas quadrilha assaltantes
década período de dez anos revoada aves voando
discoteca discos século período de cem anos
elenco atores, artistas triênio período de três anos

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Gênero dos substantivos .�.
�;

Diálogo com o professor
.-
Aprenda mais!
Todo substantivo pertence a um gênero, que é uma cate­
goria linguís� por isso o gênero não pode ser confundido Amigxs A autoimagem dos grupos

:(li.
com a noção biológica de sexo, que é uma categoria ex­ Com o grande número de envolvidos pode ter provoca­
pessoas que cada vez mais
tralinguística. Assim, dizemos que o gênero é uma proprie­ integram as redes sociais e do mudanças de sentido em

..
dade gramatical comum aos substantivos, servindo para a comunicação acelerada, é
distribuí-los em masculinos ou femininos. comum usuários utilizarem �- alguns coletivos: turma é, a
recursos linguísticos que atin­ �
gem simultaneamente homens rigor, coletivo de amigos. De
Masculinos - Podem ser precedidos de o/os/um/uns. e mulheres, como em amigxs e
menin@. As letras que marcam alunos é classe.

.�.
as desinências de gênero (a e
o carro, os livros, um almoço, uns ônibus, os o) são substituídas por x ou @. Na prática escolar, no en­
homens, o tamanho, uns sentimentos Esse uso informal é muito co­ �
mum em tweets, por exemplo. � tanto, os dois termos são
Femininos - Podem ser precedidos de a/as/uma/umas. .- usados como sinônimos.
Outro ponto importante
a sandália, a saudade, as casas, as meninas,
umas blusas, uma emoção, uma pessoa
:(li. diz respeito à relação mas­
culino-feminino. Em latim,
Observe o quadro abaixo e veja como acontece a passagem do masculino para o fe­
minino. �·t:·
�:
as árvores têm nomes femi­
ninos, pois a figura materna
Substantivo Exemplos
gera vida (dá frutos). Línguas

..
Terminação no Terminação no
masculino feminino
Masculino Feminino � com visão animista do uni­
� verso veem as coisas com
.
ora senador senadora

or iz ator atriz vida e alma, daí sexuadas. Há
eira lavador lavadeira povos em que a palavra para

ºª
peão peã
:(li. moça é neutra, virando femi­

�t:··
ão patrão patroa
�: nina quando ela se torna mãe.
ona amigão amigona
a chefe chefa
Outros casos de gêneros que
essa abade abadessa variam segundo diferentes

.�-.
e
esa duque duquesa culturas:
isa sacerdote sacerdotisa
�; '
• Sol, em português, é

s
z
a
marquês
juiz
marquesa
juíza . masculino, pois evoca
imagens de força e he­

:(li. roísmo; feminino para


os alemães (die Sonne),
f,

Capítulo 5 229 pois protege, gera vida.


• Lua, em português, é
.-
feminina, simboliza a
mulher; masculino em
Anotações Sugestão de abordagem alemão (der Mond), pois
é o amigo dos apaixona­
Chame a atenção dos alu­ dos.
nos para o fato de que, no uso • Dor, feminino, associa a
da língua, o sentido dos cole­ dor à figura da mulher;
tivos e das palavras em geral masculino em espanhol,
nem sempre é fixo, ele pode italiano e latim, ilumina a
mudar conforme o contexto. ideia do próprio parto.

( Capítulo 5 X__ 2_29___

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Chamamos de uniformes os substantivos que apresen­
tam apenas uma forma, sendo invariáveis quanto ao gêne­
ro. Os substantivos uniformes podem ser epicenos, sobre­
comuns ou comuns de dois gêneros.

Epicenos - Referem-se a alguns animais. Para indicar


o sexo desses animais, usamos as palavras macho ou
fêmea.

a onça-macho
a onça-fêmea

Sobrecomuns - Designam pessoas e apresentam um


só gênero para o masculino e o feminino.

a criança
a testemunha
a pessoa

Comuns de dois gêneros - Podem ser usados tanto para homens quanto para mulhe­
res. Nesse caso, colocamos a ou o antes desses substantivos para indicar o gênero.

o pianista - a pianista
o cliente - a cliente
o especialista - a especialista

Número dos substantivos


Quanto ao número, os substantivos podem estar no singular ou no plural.

Singular - Indica apenas um ser. Exemplo: gato.

Plural - Indica mais de um ser. Exemplo: gatos.

Normalmente, o plural é feito por meio do acréscimo de um s ao substantivo no singular.


Observe:

caderno - cadernos
aluna - alunas
sapato - sapatos

2 3 o'.X Viagens inesquecíveis


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Entretanto, alguns substantivos formam o plural de maneira diferente. Observe.

Substantivo Exemplos
Terminação Terminação
Singular Plural
no singular no plural
ai ais vendaval vendavais
éis (oxítona) papel papéis
el
eis (paroxítono) túnel túneis
is (oxítona) funil funis
il
eis (paroxítono) réptil répteis
oi óis farol faróis
ui uis paul pauis
m jovem jovens
ns
n pólen polens
ãos cidadão cidadãos
ão ões fogão fogões
ães pão pães
r flor flores
es
z chafariz chafarizes
+ es (monossílabo tôni- mês meses
co ou oxítona) japonês japoneses
s
não varia (paroxítono o lápis os lápis
ou proparoxítona) o vírus os vírus
X não varia o tórax os tórax

Grau dos substantivos


Para indicar o tamanho ou a intensidade, os substantivos também variam em grau, que
pode ser diminutivo ou aumentativo.

Diminutivo

Sintético - Em geral, forma-se com as terminações -inho(a) e -zinho(a).

copinho, passarinho, roupinha, aviãozinho, florzinha

( Capítulo 5 X__
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Analítico - Formado em geral com o auxílio da palavra pequeno ou de outra equiva­
lente.

carro pequeno, roupa diminuta, casa minúscula

Aumentativo

Sintético - Em geral, forma-se com as terminações -ão, -ona, -zão.

copão, carrão, problemão, chorona, pezão

Analítico - Formado, em geral, com o auxílio da palavra grande ou de outra equiva­


lente.

copo grande, apartamento enorme, dívida enorme

No dia a dia, muitas vezes utilizamos substantivos no grau aumentativo ou diminutivo


sem necessariamente estarmos enfatizando seu tamanho ou sua intensidade. É o que
acontece no exemplo a seguir.

( Aninha é uma pessoa legal )

A forma Aninha, diminutivo de Ana, denota afetividade, não tamanho ou intensidade.

Prática linguística

@ Leia a tirinha a seguir.

Se-ra..t1Vn
Fácil, Isabele. A prnf'.essora
Norma disse q_ue o substantivo concreto
a gente toca e o abstrato não.

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Diálogo com o professor
a) A compreensão da tirinha depende da leitura conjunta do texto não verbal e do
texto verbal. Pensando nisso, explique: por que a letra a foi escrita maiúscula no
primeiro balão?
A respeito da questão 2,
A letra a foi grafada maiúscula para chamar, propositalmente, a atenção do leitor. A
compreensão do texto nos permite compreender que a prova da professora Norma
encontramos apoio nas teo­
seria muito difícil.
rias de nominação de Paul
Siblot e Sophie Moirand.

b) O humor da tirinha ocorre devido a uma compreensão equivocada de Serafim a


respeito da diferença entre substantivo concreto e substantivo abstrato. De acor­
do com a definição que estudamos neste capítulo, por que essa compreensão es­
BNCC
tava equivocada?
Porque, de acordo com a definição que estudamos, o substantivo anjo é concreto, Habilidades gerais
uma vez que teria existência independente.
EF69LP03 EF69LP05
EF69LP14 EF69LP15
EF69LP17 EF69LP47
EF69LP49 EF69LP53
@ É importante perceber que os substantivos apresentam um conteúdo significativo EF69LP54 EF69LP56
que pode veicular opinião, por isso nomear (utilizar os substantivos) não é uma ativi­
dade aleatória, mas um empreendimento intencional e argumentativo. Os exemplos
abaixo foram manchetes de jornais. Observe-os. Habilidades específicas
EF67LP04 EF67LP28
1. Manifestantes queimam mais de 300 carros em protestos na França. EF67LP32 EF67LP56
2. Vândalos ateiam fogo em vagão de trem no Rio.
EF06LP01 EF06LP04
Utilizar manifestantes ou vândalos não é aleatório, mas, sim, revelador do posicio­
namento do autor (indivíduo ou instituição) em relação ao evento reportado. Além
disso, legitima ou deslegitima a situação relatada. Qual das manchetes é contra o
movimento?
A manchete 2, pois identifica os envolvidos como vândalos, um substantivo menos
neutro que manifestantes.

( Capítulo 5 X__
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De volta a Ushuaia
Husvik é a minha preferida.
Mais protegida que as ou­
tras baías, tem, na encosta
sul, uma região [...] onde,
além de renas, há uma colô­
nia de pinguins-papua e ou­
tra de pinguins-rei. Driblan­
do os elefantes-marinhos e,
sobretudo, as milhares de
focas de pelo, a maioria jo­
vem nessa época, é possí­
vel chegar caminhando, em
··---=
menos de 2 horas, às ruínas ---=a-""""-
da estação. Estação baleeira abandonada de Leith Harbour, na Geórgia do Sul.
Nosso segundo desem­
barque no local foi palco Na Antártica, na maioria dos lugares onde costumo desem­
de uma das inusitadas de­ barcar, um incidente como esse significa morte. Não sei se
monstrações de iniciativa foi por me conhecer melhor ou se foi a cara de raiva que eu
de Fábio. Descemos do bote fiz, mas o Fábio não pensou 2 segundos. Desceu corren­
amarelo, e rapidamente pu­ do até a praia, pulando por cima das focas, e atravessou a
lei na praia de pedregulhos faixa de neve atirando pedaços de roupa pelo caminho. O
para fincar bem a âncora. retorno até o Paratii 2 demoraria e, com roupas molhadas,
Jamais poderia imaginar seria um sofrimento. Ele tirou tudo, até o relógio, criou cora­
que a outra ponta do cabo gem e se lançou pelado nas ondas geladas, gritando como
tivesse sido usada por al­ um bárbaro [...]. O Fábio subiu no bote e, com uma treme­
guém que não a prendeu de deira visível [...]. nos salvou. A perda de um bote em lugar
volta no barco. Quando es­ distante, a falha de um motor, um pequeno esquecimento
távamos os cinco no morro, são incidentes que, num lugar de mudanças climáticas sú­
a caminho dos pinguins, vi o bitas e violentas, rapidamente se transformam em tragédia.
bote indo embora sozinho. KLINK, Amyr. Linha-d'água: entre estaleiros e homens do mar. São Paulo: Cia. das Letras, 2006. pp.
192-194.

Colônia de pinguins-rei em
uma praia da Geórgia do Sul.

( Capítulo 5 X__
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Vocabulário desconhecido
Utilizando pistas do próprio texto, estruturas, ilustrações ou mesmo fontes exter­
nas, como dicionários, construa o sentido das palavras seguintes.
Unânime - Que exprime concordância geral.
Baleeira - Relativo a baleia.
Errantes - Que se movem sem rumo.
Píer - Construção que avança para o mar na qual se amarram embarcações.
Colapso - Desmoronamento ruína.
Remota - Muito distante.
Súbitas - Imprevisíveis. inesperadas.

O texto De volta para Ushuaia foi escrito pelo navegador brasileiro Amyr Klink, conhecido em todo o mundo
pelas suas façanhas marítimas. Para se ter uma ideia, em 1984 ele foi o primeiro homem a atravessar o Oceano
Atlântico navegando sozinho. E o mais impressionante: a travessia foi feita em um barco a remo. Essa aventura,
ele relatou no livro Cem dias entre céu e mar.
Em 2002, Amyr terminou a etapa experimental do Projeto Viagem à China, no qual pretendia dar a volta ao
mundo por uma rota nunca antes percorrida, no Círculo Polar Ártico. Esse texto é um trecho do relato feito por ele
no seu livro Linha-d'água sobre o final dessa etapa, quando fez uma escala na Geórgia do Sul antes de voltar ao
Brasil.

@ O título do texto que você leu, De volta a Ushuaia, na verdade, é o título do capítulo 17
do livro Linha-d'água, de onde recortamos esse texto. Assim, nesse trecho do relato,
o navegador não fala de fato de sua volta a Ushuaia. A fim de deixar o tema do texto
mais claro para o leitor, que título você sugere? Importante: no seu título, utilize um
substantivo composto presente no texto.
Resposta pessoal. Sugestão: No gelo com os pinguins-rei.

@ Como vimos no início deste capítulo, muitas vezes os relatos de viagem trazem fatos
de aventura, perigo. Nesse texto, Amyr Klink relata que, na segunda vez em que de­
sembarcou na estação baleeira de Husvik, passou um grande susto com seus com­
panheiros. O que aconteceu?
Como a corda da âncora não estava amarrada ao bote, eles quase o perderam pouco
depois de desembarcar na praia.

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@ Sobre as informações presentes no texto, analise as afirmações a seguir marcando
V, para verdadeiro, ou F, para falso.
a) ( F) Amyr Klink relata nesse texto a primeira vez em que esteve na Geórgia.
b) ( F) O navegador não acha a Geórgia um lugar interessante.
e) (V) Amyr Klink vê a ilha da Geórgia como se fosse sua própria casa.
d) (V) As lembranças relatadas no texto nos levam a concluir que Amyr Klink sentia
saudade do lugar que visitou.
e) ( F) Embora se sentisse como se estivesse em sua própria casa, na ilha, o navega­
dor se mostra pouco à vontade.
f) ( F) Amyr Klink não conhecia ninguém na baía de Gritviken.
g) (V) O navegador brasileiro já esteve outras vezes na Antártica.

C, Leia o trecho a seguir, retirado do último parágrafo do texto, e responda às questões


abaixo.

Não sei se foi por me conhecer melhor ou se foi a cara de raiva que eu fiz, mas
o Fábio não pensou 2 segundos. Desceu correndo até a praia, pulando por
cima das focas, e atravessou a faixa de neve atirando pedaços de roupa pelo
caminho. O retorno até o Paratii 2 demoraria e, com roupas molhadas, seria
um sofrimento. Ele tirou tudo, até o relógio, criou coragem e se lançou pelado
nas ondas geladas, gritando como um bárbaro [... ].

a) Nesse trecho, Amyr Klink deixa claro que Fábio agiu muito rápido para salvá-los.
Retire do texto a expressão que o autor usou para relatar essa atitude.
"Não pensou 2 segundos."

b) Por que, quando desceu correndo até a praia, Fábio tirou todas as roupas?
Porque seria muito difícil nadar com as roupas molhadas, por causa do peso.

e) Que figura de linguagem podemos identificar no trecho "gritando como um bár­


baro"?
Uma comparação.

d) No trecho "Ele tirou tudo, até o relógio, criou coragem e se lançou pelado nas ondas
geladas, gritando como um bárbaro", a palavra ondas funciona como um substan­
tivo. Que palavra especifica uma característica desse substantivo?
Geladas.

( Capítulo 5 X__
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@ Releia o trecho abaixo, retirado do penúltimo parágrafo do texto.

Mais protegida que as outras baías, tem, na encosta sul, uma região [... ] onde,
além de renas, há uma colônia de ginguins-papua e outra de pinguins-rei. Dri­
blando os elefantes-marinhos e, sobretudo, as milhares de focas de pelo, a
maioria jovem nessa época, é possível chegar caminhando, em menos de 2
horas, às ruínas da estação.

a) Identifique os substantivos compostos presentes nesse trecho.


Pinguins-papua, pinguins-rei e elefantes-marinhos.

b) Como você pode observar. Esses substantivos estão flexionados no plural. Passe­
-os para o singular.
Pinguim-papua, pinguim-rei e elefante-marinho.

e) Analise a estrutura desses substantivos. Qual o sentido expresso pelo segundo


elemento em cada um deles?
Professor, é provável que os alunos sintam dificuldade em responder a essa questão.
Talvez seja necessário auxiliá-los. Em pinguins-papua e pinguins-rei, o segundo ele­
mento restringe o sentido do primeiro; já em elefantes-marinhos, o segundo elemen­
to qualifica o sentido do primeiro, funcionando como adjetivo.

d) Agora, formule a regra de flexão de número que rege esses substantivos.


Nos substantivos compostos formados por dois substantivos em que o segundo ele­
mento limita a significação do primeiro, apenas o primeiro elemento varia. Já nos
compostos formados por substantivo+ adjetivo, ambos variam. Professor, se oportu­
no, comente que os dois elementos variam, também, quando o substantivo composto
for formado por dois substantivos (com ideia de adição), por adjetivo + substanti­
vo ou por numeral + substantivo. Exemplos: diretores-presidentes, livres-arbítrios,
curtas-metragens, terças-feiras e primeiros-ministros.

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@ O trecho a seguir foi retirado do último parágrafo do relato de Amyr Klink. Analise-o
com atenção e, na sequência, avalie as afirmações feitas, assinalando V, para verda­
deira, ou F, para falsa.

O Fábio subiu no bote e, com uma tremedeira visível [... ], nos salvou. A perda
de um bote em lugar distante, a falha de um motor, um pequeno esquecimen­
to são incidentes que, num lugar de mudanças climáticas súbitas e violentas,
rapidamente se transformam em tragédia.

a) ( F) Não é possível saber qual é o sentido do substantivo Fábio.


b) ( F) A palavra bote é usada com o mesmo sentido na frase "Bote as roupas ao sol
para secar."
c) ( V ) Enquanto Fábio é um substantivo próprio, esquecimento é um substantivo
comum.
d) ( F) Tremedeira e perda são nomes derivados, mas esquecimento é primitivo.
e) ( F ) Fábio é nome de pessoa, por isso pode ser escrito tanto com letra inicial
maiúscula quanto com inicial minúscula.
f) (V) As palavras bote, lugar e falha são substantivos simples.

O No dia a dia acabamos atribuindo outros significados aos substantivos coletivos de


acordo com a ideia que apresentam. Nos exemplos abaixo, explique o que realmente
se quis dizer com as palavras destacadas.
a) Meu avô Amaro tem um verdadeiro acervo de boas histórias.
Acervo quer dizer muitas histórias.

b) Como cheguei muito tarde, meu pai abriu a porta com uma alcateia.
Alcateia quer dizer muitas reclamações.

c) Meus arrependimentos são uma bagagem que devo carregar por toda a vida.
Bagagem quer dizer peso na consciência.

d) Uma verdadeira legião acompanhou o enterro do Papa.


Legião quer dizer muitas pessoas.

( Capítulo 5 X__
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e) Ela anda nervosa porque está com uma penca de problemas.
Penca quer dizer muitos.

f) Na faculdade, pude adquirir muita bagagem.


Bagagem quer dizer experiência, conhecimentos.

� Às vezes, no momento de escrever um texto, usamos a palavra coisa, que não traz
muitas informações ao leitor. Uma maneira de melhorar sua escrita é evitar usar essa
palavra de forma vaga e sem necessidade. Veja neste exercício como podemos usar
substantivos específicos para substituí-la. Observe.

A tristeza é uma coisa ruim.


A tristeza é um sentimento ruim.

a) Comprei várias coisas: duas blusas, uma calça e duas saias.


Roupas.

b) Estas são duas coisas de que não gosto: falta de respeito e desonestidade.
Atitudes.

c) A linguagem é uma coisa muito importante para a humanidade.


Capacidade.

d) Com o pensamento centrado em alguma coisa útil, é difícil uma pessoa se perder.
Objetivo.

e) Uma das coisas mais perigosas que existem é a bomba atômica.


Armas.

f) Li coisas no jornal que me preocuparam.


Notícias.

g) O discurso político é perigoso porque pode transmitir coisas erradas para as pes­
soas.
Informações.

h) A adolescência é uma época perigosa, pois muitos experimentam coisas novas.


Sensações.

2 4 o'.X Viagens inesquecíveis


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Uma semana em Natal
(e Agora, observe um dado interessante sobre a questão anterior: embora você nunca
tenha lido esse relato de viagem, não teve dúvidas quanto ao preenchimento das la­
cunas. Por quê?
Porque os substantivos variam em gênero, número e grau. Os termos que os antece­
dem no texto (numa, um, do) deixam claro o gênero dos substantivos a que se ligam,
de modo que nas lacunas só há uma escolha a ser feita.

BNCC (O Os substantivos que apresentam g ou j em sua composição normalmente causam


muita confusão para as pessoas na hora da escrita, devido ao fato de os sons des­
sas letras, em determinados contextos de uso, serem iguais. Uma dica para não errar
é saber que, normalmente, os substantivos derivados têm a mesma letra (g ou j) do
Habilidades gerais substantivo primitivo. Sabendo disso, dê a cada substantivo primitivo abaixo um de­
EF69LP46 EF69LP47 rivado, atentando à dica dita acima. Sugestão de resposta.

EF69LP51 EF69LP54 Substantivo primitivo 1 Substantivo derivado


a. Laranja laranjeira
Habilidades específicas b. Loja lojista
EF67LP30 EF06LP11 c. Cereja cerejeira
EF67LP32 EF67LP33 d. Nojo nojeira

EF67LP35 e. Imagem imaginação


f. Paisagem paisagista
g. Colégio colegial

É hora de produzir
Numa linguagem simples
e ilustrada, Hans Staden, Antes de começar a escrever
mercenário alemão, descreve
O texto que você produzirá agora será o relato de uma viagem ou um passeio interes­
acontecimentos reais vividos sante que você já fez. Enquanto estiver produzindo seu trabalho, atente para as caracte­
por ele, que se aproximam do rísticas desse gênero textual.

fantástico, desde assaltos


a navios piratas, passando Proposta
Durante a nossa vida, fazemos vários passeios ou viagens dignos de recordação, seja
por peixes voadores em alto­ para um lugar distante, seja para uma outra cidade, seja para a casa de um amigo ou de
-mar, até os relatos de cani­ um parente que só podemos visitar nas férias. Qualquer viagem ou passeio interessante
balismo. Você pode planejar
um trabalho com o professor
de História.

Anotações

STADEN, Hans. Duas viagens ao


Brasil. Porto Alegre: L&PM.

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merece ser registrado. Esta será sua oportunidade. Assim, procure recordar uma viagem
ou um passeio marcante e o relate para seus colegas e seu professor procurando deixar
claro para eles por que essa experiência foi inesquecível.
Saber escrever é, hoje,
mais do que nunca, uma ne­
Planejamento
cessidade de sobrevivência
Nos relatos de viagem, é muito importante descrever os aspectos mais importantes -
como paisagens, clima, perigos, distância, etc. Essas informações permitem ao leitor ter em sociedades como a nos­
uma ideia de como eram os locais visitados e como foi a sua experiência. Assim, ao escre­ sa, onde tudo, ou quase tudo,
ver seu relato, procure deixar claras informações importantes, como:
1. Para onde foi feita a viagem? é intermediado pela escrita. A
2. Quem realizou essa viagem com você? escola, infelizmente, costuma
3. Qual foi o meio de transporte que vocês mais utilizaram?
4. Vocês enfrentaram frio ou calor?
ensinar a produção textual de
5. Como era o lugar para onde vocês viajaram? forma inadequada, e isso, em
6. Como era a paisagem que vocês viram durante a viagem?
vez de contribuir para que o
suJe1to adquira proficiência
Avaliação
na escrita, ajuda a promover
Trabalhando com um colega, vocês avaliarão o texto um do outro. Para isso, preencham
a tabela abaixo. bloqueios e temores em re­
Aspectos analisados
a,cm
o o
lação a essa prática. A esco­
la criou um modelo de texto
o o
Há descrição dos locais visitados?
chamado de redação escolar,
o o
Os fatos relatados seguiram uma ordem cronológica?
cuja serventia no mundo real
o o
As informações selecionadas ficaram claras?

_.
O relato do seu colega precisa ser reescrito? é nula. O aluno escreve so­
mente para o professor ler,
sem função social ou para
Marco Polo, o viajante
treinar a gramática.
Os relatos de viajantes foram muito utilizados em andou mais que má notícia. Com apenas 17 anos, em O sistema escolar, ao ava­
épocas em que o conhecimento tecnológico ainda não companhia do pai e de um tio, ele fez sua primeira via­
contava com aparelhos tão eficientes como é hoje o gem, que durou cinco anos. Seu objetivo era chegar ao liar a redação do aluno, preo­
GPS. Eles eram as melhores fontes para as pessoas império chamado por eles de Catai (hoje China). Os via­
conhecerem lugares longínquos que sequer imagina­ jantes atravessaram o Mediterrâneo, a Península Arábi­
cupa-se em ver somente os
vam existir. ca, o Oriente Médio, a cordilheira do Himalaia e a Índia.
Um desses viajantes foi o veneziano Marco Polo Passaram 17 anos na China e voltaram, bordejando o
erros gramaticais, como or­
(1254-1324). Autor de um livro que serviu de guia para mar da China, Sumatra, o Sri Lanka e o Golfo Pérsico. De
tografia, acentuação e pon­
vários navegantes do século XV. como Cristóvão Co­ volta a Veneza, ingressou na Marinha e, pouco depois,
lombo, ele se tornou um dos precursores da geografia foi preso em uma guerra contra os genoveses. Na pri­ tuação. Embora todos esses
moderna devido às informações que relatou sobre a são, relatou suas lembranças de viagem para o escritor
Ásia Oriental, uma terra até então desconhecida para de romances de cavalaria Rustichello, seu companheiro elementos gramaticais pos­
os europeus. Como se diz popularmente, Marco Polo de cela, que escreveu As viagens de Marco Polo.
sam incidir sobre a coerência
e a coesão textual, por si só
não são elementos suficien­
tes para organizar a tessitura
do texto. Nessa perspectiva, a
Anotações
prática da escrita escolar não
observa a autoria do aluno,
a criatividade, a progressão
temática, a função social e a
intencionalidade do autor do
texto.
BORTONE, Márcia Elizabeth;
MARTINS, Cátia Regina Braga
(2008). A construção da leitura e da
escrita. São Paulo: Parábola.

( Capítulo 5 X__ 2_43


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A saliva do
marabu
Havia muito espaço livre em torno do ve­ direita levantada. Então meteu a moeda
lho, o que me pareceu estranho num lugar numa bolsa que trazia pendurada do lado
tão movimentado. Ele dava a impressão esquerdo.
de estar sempre sozinho e de não querer Tentei controlar o nojo diante daque­
outra coisa. Vi que continuava a mastigar le procedimento estranho. O que pode ser
resolutamente e decidi ficar para ver o que mais sujo que dinheiro? Mas eu não era
aconteceria quando ele tivesse acabado. aquele velho, e o que me causava nojo lhe
Demorou muito, nunca vira um homem dava prazer - eu já não vira gente beijan­
mastigar com tanto gosto e minúcia. Notei do moedas? A muita saliva com certeza
que minha própria boca se mexia de leve, tinha alguma razão de ser, e era evidente
muito embora não tivesse nada que mas­ que ele se destacava dos demais mendigos
tigar. Senti uma espécie de respeito diante por aquela produção abundante. Ele a pra­
de um prazer mais notável do que tudo o ticara longamente, antes de pedir esmolas;
que eu já vira numa boca humana. Sua ce­ não importa o que tivesse comido antes,
gueira não me despertava compaixão. Ele ninguém senão ele levaria aquilo tão longe.
parecia composto e satisfeito. Não se in­ Devia haver algum sentido nos movimentos
terrompeu nenhuma vez, nem mesmo para de sua boca.
mendigar, como faziam os outros. Talvez Ou será que ele só levara a minha moeda
tivesse o que queria. Talvez não precisas­ à boca? Devia ter sentido na palma da mão
se de mais nada. que era maior do que as que costumava re­
Quando terminou, lambeu os lábios algu­ ceber; quisera agradecer de modo especial?
mas vezes, estendeu para a frente o braço Esperei para ver o que mais aconteceria, e
direito com os dedos esticados e lançou não foi difícil esperar. Estava confuso e
sua súplica de mendigo com voz feliz. Um fascinado, não queria ver outra coisa além
tanto acanhado, fui até ele e pus uma moe­ do velho. Ele repetiu algumas vezes a sua
da de vinte francos em sua mão. Os dedos súplica. Um árabe veio passando e deixou
continuaram esticados, não podia mesmo para ele uma moeda de cinco francos. Ele
dobrá-los. Levantou a mão vagarosamente a levou à boca sem hesitação e começou
e levou-a à boca. Mordeu a moeda entre os de novo a mastigar. Talvez não tenha mas­
lábios carnudos e sumiu com ela na boca. tigado tanto tempo desta vez. Novamente
Logo em seguida, começou a mastigar de cuspiu a moeda coberta de muita saliva e
novo. Mexia de cá para lá com a moeda na guardou-a na bolsa. Recebeu mais moedas,
boca, eu conseguia seguir seus movimen­ algumas bem pequenas, o mesmo proce­
tos, ora à esquerda, ora à direita, e ele agora dimento repetiu-se mais vezes. Eu estava
a mastigava com o mesmo zelo de antes. cada vez mais desnorteado; quanto mais
Fiquei pasmo e confuso. Perguntava-me observava, menos entendia por que ele fa­
se não estava enganado. Talvez a moeda ti­ zia aquilo. Mas de uma coisa não duvidava
vesse sumido de outro modo, sem que eu mais: ele fazia sempre a mesma coisa, era
notasse. Tornei a esperar. Depois que ele um costume, seu modo pessoal de pedir
mastigou com o mesmo gosto até se far­ esmola, e as pessoas que lhe davam algu­
tar, a moeda apareceu entre seus lábios. ma coisa esperavam aquela participação
Cuspiu-a, coberta de muita saliva, na mão de sua boca, que, sempre que a abria, me

( Capítulo 5 X__
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cornf1eld / Shutterstock.com

parecia mais vermelha.


Não notei que também era observado e
que eu devia oferecer um espetáculo ridícu­
lo. Talvez eu estivesse boquiaberto, pois de
repente um homem saiu de trás da pilha de
laranjas, deu três passos até mim e disse em
tom apaziguante: "É um marabu". Eu sabia
que os marabus são homens santos e que
passam por ter poderes especiais. O nome
me inspirou respeito, e senti que o nojo dimi­
nuía. Perguntei timidamente: "Mas por que
ele põe as moedas na boca?". "Ele sempre
faz isso", disse o homem, como se fosse a
coisa mais costumeira do mundo. Deu-me Vendedor de frutas em Marrakech.
as costas e sentou-se atrás das laranjas. Só
então percebi que, em cada loja, dois ou três embora não sentisse vergonha de falar dele
pares de olhos me fitavam. Tardei a entender a meus amigos, que jamais o tinham visto,
que era eu a criatura estranha. tentava mantê-lo à parte daqueles que o
Com essa explicação, senti que fora conheciam, para os quais ele era uma figu­
dispensado e não me demorei mais ali. O ra familiar e natural. Ele não sabia nada de
marabu é um homem santo, e num homem mim, e talvez eles acabassem lhe falando a
santo tudo é santo, mesmo a saliva. Ao mo­ meu respeito.
lhar as moedas com sua saliva, ele as aben­ Eu o vi mais uma vez, exatamente uma
çoa à sua maneira e incrementa o mérito que semana depois, novamente numa tarde
as esmolas garantem no céu. Estava certo de sábado. Estava diante da mesma loja,
de chegar ao paraíso, podia até dar aos ho­ mas não tinha nada na boca nem masti­
mens alguma coisa bem mais necessária gava nada. Lançava sua súplica de mendi­
que as esmolas. Compreendi então a alegria go. Dei-lhe uma moeda e esperei para ver
em seu rosto de cego, que o distinguia dos o que seria dela. Logo começou a mastigá­
outros mendigos que eu já vira. -la com esmero, mas, enquanto se ocupava
Fui embora, mas tão impressionado que com aquilo, um homem veio até mim e me
falei a respeito com todos os meus amigos. explicou aquele disparate: "É um marabu. É
Nenhum deles o notara, e senti que duvi­ cego. Põe as moedas na boca para adivinhar
davam da verdade do que lhes contava. quanto o senhor lhe deu". Então falou em
No dia seguinte, fui procurá-lo no mesmo árabe com o marabu e apontou para mim.
lugar, mas ele não estava lá. Procurei por O velho terminara a mastigação e cuspira a
toda parte, não houve modo de encontrá-lo. moeda de volta. Voltou-se para mim, e seu
Procurei todos os dias, ele não voltou. Tal­ rosto resplandecia. Disse uma benção, que
vez vivesse sozinho nas montanhas e ra­ repetiu seis vezes. Enquanto ele falava, senti
ramente viesse à cidade. Podia ter pergun­ que era tomado por uma simpatia e um calor
tado aos vendedores de laranja, mas tinha humano tais como eu nunca sentira diante
vergonha deles. O marabu não significava de qualquer outro homem.
para eles o mesmo que para mim, e muito CANETTI. Elias. As vozes de Marrakech: anotações sobre uma viagem.
São Paulo: Cosac Naify, 2006.

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BNCC
Vocabulário desconhecido
Habilidades gerais
Utilizando pistas do próprio texto, estruturas, ilustrações ou mesmo fontes exter-
nas, como dicionários, construa o sentido das palavras seguintes. EF69LP53
Litania - Ladainha, invocações em honra de Deus. EF69LP56
Arqueadas - Em forma de arco.
Viçoso - Cheio de energia, forca. vigor. Habilidades específicas
Prescrições - Ordens expressas, determinações. EF67LP28
Resolutamente - Com seriedade firmeza. EF67LP37
Minúcia - Com muita atenção, cuidado.
Súplica - Pedido humilde e insistente.
Acanhado - Envergonhado, tímido.
Francos - Moeda utilizada em vários países africanos.
Diálogo com o professor
Hesitação - Indecisão, insegurança.
Desnorteado - Sem norte rumo desorientado.
Apaziguante - Calmante, pacificador.
Como poderemos moti­
Fitavam - Olhavam atentamente. var as crianças para a leitu­
Esmero - Perfeicão, cuidado. ra? Cada sala de aula oferece
Disparate - Contrassenso, desatino, despropósito. uma realidade específica, que
Resplandecia - Brilhava com intensidade. demanda estratégias especí­
ficas. Conhecendo, então, sua
turma, segundo Isabel Solé,
você deverá planejar bem a
Desvendando os segredos do texto
tarefa de leitura. Pensando
nisso, é importante:
@ Os relatos de viagem normalmente enfocam aspectos físicos dos lugares visitados,
• Selecionar com critério
como paisagens, monumentos, ambientes. Podemos afirmar que esse enfoque acon­
tece no texto A saliva do marabu? Explique. os materiais que serão
Não. Ao longo do texto, o autor enfatiza mais aspectos culturais, o choque de realida­ trabalhados.
de, com enfoque na figura do marabu. • Tomar decisões sobre
as ajudas prévias de que
alguns alunos possam
necessitar.
• Evitar situações de
concorrência entre as
crianças.
Anotações • Promover, sempre que
possível, aquelas si­
tuações que abordem
contextos de uso real,
que incentivem o gosto
pela leitura e que dei­
xem o leitor avançar em
seu próprio ritmo para ir
elaborando sua própria
interpretação.

( Capítulo 5 X 2_4_7
..._ __

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@ Até aqui, vimos que os gêneros textuais podem ser permeados por diferentes tipos
textuais, mas um deve prevalecer no texto. Desse modo, em A saliva do marabu pre­
valece o relato, mas podemos identificar outros tipos textuais participando da costu­
ra textual. Pensando nisso, analise o trecho a seguir, retirado do primeiro parágrafo, e
responda às questões propostas.

[...] me chamou a atenção um velho de cabelos brancos, sozinho, as per­


nas um pouco arqueadas. Estava de cabeça baixa e mastigava alguma coisa.
Também era cego e, a julgar pelos trapos que vestia, era mendigo também.
Mas o rosto era cheio e viçoso, os lábios eram saudáveis e úmidos. Masti­
gava devagar, de boca fechada, e seu rosto tinha uma expressão de alegria.

a) Podemos identificar nesse trecho o emprego do tipo narrativo? Explique.


Não. Como os fatos relatados foram verídicos, não tendo como objetivo a ficção, te­
mos o emprego do relato, não da narração.

b) É possível identificar o emprego do tipo textual descritivo? Explique.


Sim. No trecho o autor descreve o marabu, caracterizando sua aparência e o modo
como mastigava.

@ Nos relatos de viagem, é comum o emprego de palavras específicas com a finalidade


de passar para o leitor a percepção do viajante a respeito das coisas observadas.
Isso acontece tanto com os substantivos quanto com as palavras que o caracte­
rizam. No trecho reproduzido na questão anterior, por exemplo, observe a palavra
trapos. Canetti poderia ter utilizado a palavra roupas, mas não passaria para o leitor
sua percepção sobre os trajes do marabu. De posse dessa compreensão, analise as
afirmações a seguir.

1. No primeiro parágrafo, a palavra arqueadas poderia ser substituída, sem prejuízo


de sentido, por tortas.
li. No segundo parágrafo, não teríamos prejuízo de sentido se substituíssemos a
palavra velho por ancião; mas por homem, sim.
Ili. No terceiro parágrafo, a palavra súplica foi melhor empregada que pedido.

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Está correto o que se afirma, apenas, em:
Leitura comP-lementar.
a) 1.
b) li.
e) Ili.
Quando os alunos formu­
d) 1 e li. lam perguntas pertinentes
)((11 e Ili.
sobre o texto, não só estão
C, O primeiro e o segundo parágrafos são marcados por um mistério cuja intenção é utilizando o seu conhecimen­
prender a atenção do leitor por meio da curiosidade. Em que consiste esse mistério? to prévio sobre o tema, mas
O mistério consiste em levar o leitor a querer saber o que o velho mastiga.
também - talvez sem terem
essa intenção - conscien­
G No terceiro parágrafo, Canetti revela ao leitor o motivo de sua curiosidade. O que o tizam-se do que sabem e do
velho fazia?
que não sabem sobre esse
Ele mastigava as moedas que recebia como esmola.
assunto. Além do mais, assim
adquirem objetivos próprios,
{I Já no quarto parágrafo, transcreva do texto a frase em que o autor revela sua impres­ para os quais tem sentido
são sobre a ação do velho relatada no parágrafo anterior.
o ato de ler. Por outro lado,
"Fiquei pasmo e confuso."
o professor pode inferir das
perguntas formuladas pelos
@ A frase transcrita na questão anterior pode ser resumida por um sentimento, que é alunos qual é a sua situação
indicado no parágrafo seguinte. Que sentimento é esse?
perante o texto e ajustar a ela
É o sentimento de nojo.
sua intervenção.
A organização interna de
(J Como vimos, para prender a atenção do leitor em seu relato, Canetti estimula sua um texto oferece algumas pis­
curiosidade nos dois primeiros parágrafos do texto. Nos parágrafos terceiro e quarto,
respectivamente, ele satisfaz a curiosidade do leitor e expressa sua opinião sobre o
tas que permitem estabelecer
hábito do velho. Já no quinto parágrafo, ele volta a estimular a curiosidade do leitor. um conjunto de questões cuja
resposta ajuda a construir o
a) Com suas palavras, formule uma pergunta que expresse essa curiosidade.
significado do texto.
Sugestão de resposta: Por que o velho mastigava as moedas?
SOLÉ, Isabel (1998}. Estratégias de
leitura. Porto Alegre: Artmed.
b) Agora, responda à pergunta formulada por você.
O marabu mastigava as moedas por três motivos: abençoá-las, aumentar o mérito de
quem as doou e adivinhar quanto valiam.
Anotações
Capítulo 5 249

( Capítulo 5 X__ 2_49


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@ No início do relato, ao descrever o marabu, Canetti escreve que "seu rosto tinha uma
expressão de alegria". Ao longo do texto, essa felicidade pode ser percebida na forma
como ele mastiga.

a) Transcreva ao menos duas palavras ou expressões que o autor utiliza para expres­
sar a felicidade do marabu ao mastigar.
Sugestão de resposta: "Com zelo (primeiro parágrafo)"; "com tanto gosto e minúcia"
(segundo parágrafo).

b) Por que o marabu se sentia feliz ao mastigar?


Ele se sentia feliz porque, com essa ação, incrementava o mérito divino das pessoas
que lhe davam as moedas.

{à Nesse relato de viagem, Canetti aborda o choque entre sua cultura (ocidental) e a cultu­
ra marroquina, expressa no hábito do marabu. Inicialmente, ele considera esse hábito
um disparate, que o deixa desnorteado. Mas, ao longo do texto, muda de opinião.

a) O que o levou a mudar de postura?


Ao perceber que aquele hábito é, de fato, comum em Marrakech e entender os moti­
vos pelos quais o marabu o realiza, Canetti percebeu que o estranho era ele mesmo,
não o velho.

b) Pesquise com seus amigos na Internet hábitos culturais de outros países que, à
primeira vista, parecem "estranhos" para vocês.

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Análise linguística

Adjetivo
Releia este trecho, retirado do quinto parágrafo do relato de viagem A saliva do marabu.
Para trabalhar adjetivos, o
grau e o plural dos substanti­
Tentei controlar o nojo diante daquele procedimento estranho.
vos, seria interessante analisar o
poema Pensão familiar, de Ma­
1. Se retirarmos a palavra estranho desse trecho, o que acontece com o sentido?
nuel Bandeira. Alguns pontos
2. A palavra estranho modifica o sentido de que outra palavra expressa nesse trecho? podem ser discutidos durante a
3. Considerando o contexto, substitua a palavra estranho por outra que desempenhe a leitura do poema:
mesma função. • O valor dos adjetivos para a
construção das imagens.
Ao retirarmos a palavra estranho do texto, ficamos sem
saber como foi, de fato, a emoção que atingiu o autor do • A função dos substantivos
relato. Tecnicamente, a palavra procedimento se classifica no diminutivo para a su­
como substantivo (vimos isso na primeira parte deste ca­
pítulo). E, como tal, esse substantivo pode ter seu sentido Adjetivo é a palavra variá­ gestão do tom no poema.
vel que se refere ao substan­
modificado por outras palavras, como é o caso de estranho. tivo atribuindo-lhe qualidades, • Em "Girassóis/ amarelo",
Essa função é desempenhada tipicamente pelos adjetivos. defeitos, características.
Veja como os adjetivos atuam sobre o sentido.
uma possível leitura que
pode ser debatida com
Tentei controlar o nojo diante daquele procedimento estranho. seus alunos é:
Tentei controlar o nojo diante daquele procedimento insólito. 1. Girassóis é um substan­
Tentei controlar o nojo diante daquele procedimento esquisito.
Tentei controlar o nojo diante daquele procedimento extraordinário. tivo?
2. Está no plural?
O adjetivo deve ser compreendido como uma palavra ou expressão que confere atribu­ 3. Amarelo é um substantivo
tos a um substantivo. Assim, para saber se uma palavra é um adjetivo ou não, é preciso ou um adjetivo?
analisar seu sentido na frase. Observe.
Se pensarmos que é um ad­
jetivo, pela norma, deveria estar
Eu sabia que os marabus são homens santos e que passam por ter poderes
no plural: girassóis amarelos.
especiais.
Mas, como se trata de um poe­
ma, o autor tem liberdade para
ir além e empregar uma silepse
de número. Dessa forma, pode­
mos pensar que amarelo está
no singular porque são tantos
BNCC Sugestão de abordagem girassóis que, juntos, na nossa
imaginação, se transformam em
Habilidades específicas Propomos as respostas a se­ um único amarelo.
EF06LP04 guir para as questões da seção Desse modo, nas mãos do
EF06LP06 Análise linguística. poeta, amarelo é um adjetivo, ou
EF67LP32 1. A frase ficará menos infor­ seja, qualidade da flor, mas são
mativa. tantas, tão vivas e fortes, que se
2. Procedimento. torna um substantivo: vai além
3. Sugestão: Insólito, esqui­ de mera qualificação e ganha
sito, extraordinário. vida própria.

( Capítulo 5 X__ 2_s_1 --

1 LPemC_ME_2019_6A_Cap5.indd 251 22/07/19 00 :06 1


Originalmente a palavra santo é empregada como substantivo. No entanto, no contexto
em que foi utilizada nessa frase, assume a função de adjetivo.
Os adjetivos concordam em gênero e número com os substantivos a que se referem.
Veja estes exemplos, retirados do primeiro parágrafo do texto de Elias Canetti.

cabelos brancos pernas arqueadas


rosto viçoso lábios saudáveis
boca fechada mão direita

Chamamos de adjetivo pátrio aquele que indica nacionalidade ou lugar de origem de


alguém ou de algo.

Marrakech é uma cidade de Marrocos.


locução adjetiva

Marrakech é uma cidade marroquina.


adjetivo

Nesse exemplo, observe que o grupo de Marrocos tem a função de adjetivo, pois qualifica
o substantivo cidade, constituindo o que chamamos de locução adjetiva. Muitas locuções
adjetivas possuem um adjetivo correspondente, como nesse exemplo, mas nem sempre
essa correspondência é possível. Veja mais alguns exemplos de locuções adjetivas.

carinho de mãe materno


fardamento da escola escolar
raios de sol solares
remédio sem utilidade inútil
alimento fora do prazo de validade
a cama do outro quarto

Do mesmo modo que os substantivos, existem adjetivos simples e compostos. A ideia


é a mesma: considerar a base (radical) do adjetivo.

Simples - Possuem apenas uma base.

Parecia um sonho distante.


Nosso tempo estava curto.
Seguiríamos viagem na data combinada.
Falamos com uma tia querida que mora perto de Boston.

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Compostos - Possuem mais de uma base.

O ônibus era azul-claro.


Ele é recém-nascido.
O seu passaporte é norte-americano.
Farei um tratamento médico-dentário.

Número dos adjetivos


Os adjetivos simples seguem as mesmas regras de formação do plural dos substanti­
vos simples.

passagem comprada passagens compradas


excelente condição excelentes condições
natureza selvagem naturezas selvagens
viagem inesquecível viagens inesquecíveis

Já nos adjetivos compostos, normalmente só o último vai para o plural. Observe.

intervenções médico-cirúrgicas
caminhos recém-abertos
acordos luso-brasileiros
Os adjetivos azul-marinho,
olhos verde-claros azul-celeste e azul-turquesa
vestidos azul-escuros são invariáveis.
Na palavra surdo-mudo, a
flexão dá-se nos dois elemen­
tos: surdos-mudos.
Gênero dos adjetivos Os adjetivos compostos
referentes a cores em que o
Como dissemos, o adjetivo sempre se refere a um subs­ segundo elemento é um subs­
tantivo. Assim, da mesma forma que os artigos, os adjeti­ tantivo permanecem invariá­
veis, como em blusas verde­
vos concordam em gênero e número (ou apenas em núme­ -abacate, vestidos azul-pavão,
ro) com o substantivo a que se referem. cortinas verde-folha.
Com a expressão cor de
(explícita ou subentendida),
Adjetivos biformes e adjetivos uniformes o adjetivo permanece inva­
riável: blusas cor de vinho/
Os adjetivos biformes apresentam-se no masculino ou blusas vinho.
no feminino, como alto(a), rápido(a), claro(a), simpático(a).
Observe que esse tipo de adjetivo se flexiona tanto em gê­
nero quanto em número.
Os adjetivos uniformes apresentam apenas uma forma
tanto para o masculino como para o feminino, como forte,
doce, suave, leve, inteligente, ruim.

( Capítulo 5 X__
2_53
___

LPemC_ME_2019_6A_Cap5.indd 253 22/07/19 00 :06 1


Grau dos adjetivos
Grau comparativo
Por meio do grau comparativo do adjetivo, comparamos os substantivos
identificando suas características, suas qualidades e seus defeitos. Exis­
tem três graus de comparação. Observe.

Igualdade - O amor é tão importante quanto a paixão.


Superioridade - O amor é mais importante que a paixão.
Inferioridade - O amor é menos importante que a paixão.

Grau superlativo absoluto


O grau superlativo absoluto do adjetivo acentua ao extremo as caracte­
rísticas atribuídas ao substantivo. Pode ocorrer de modo sintético ou ana­
lítico.

Sintético - Forma-se normalmente por meio das terminações -íssi­


mo, -ílimo, -érrimo. Exemplos: dificílimo, belíssima, paupérrimo.

Analítico - Forma-se normalmente com o auxílio de um advérbio de


intensidade. Exemplos: muito bonita, bastante alegre, pouco agitado.

Grau superlativo relativo


O grau superlativo relativo do adjetivo intensifica uma característica do
substantivo estabelecendo uma relação de superioridade ou inferioridade
com outros seres.

Superioridade - Ela é a mais interessante de todas as mulheres.

Inferioridade - Ela é a menos interessante de todas as mulheres.

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Como dar banho em casa nos
pets
Ritual
Antes de começar, faça carinho, brinque e dê petiscos. Você também pode escovar
os pelos para remover nós. Com um algodão ou gaze, limpe a parte externa (in­
terna/externa) dos ouvidos do animal. Nunca introduza hastes flexíveis nos ouvidos
do animal. Depois, coloque um chumaço de algodão nas orelhas. Isso evita que entre
água.

@ Os adjetivos são palavras que atribuem características aos substantivos, dando-nos


informações sobre a pessoa ou coisa referida. Por sua relação íntima com os subs­
tantivos, muitas vezes podemos nos confundir se uma palavra é um adjetivo ou não,
daí é preciso analisar bem o emprego dos vocábulos. Por exemplo, a palavra pobre,
dependendo da sua função na sentença, pode ser um substantivo ou um adjetivo.
Observe.

O pobre é quem mais sofre com o descaso do governo.


Este solo é pobre em recursos minerais.

No primeiro caso, a palavra destacada é substantivo. Já no segundo, é adjetivo. Na


questão abaixo, marque a opção em que a palavra destacada atua como substantivo.

a) A nova coleção de inverno está incrível.


b) Com certeza ele é um grande ator.
)a( Meus velhos vêm dormir aqui em casa hoje. Estava com saudades deles.
d) Os filhos de Dona Jacira são tão estranhos.
e) Já viu o serviço podre que o vizinho fez no nosso quintal?

@ Observe os pares abaixo e marque aquele em que as duas palavras estão classifica­
das de maneira inadequada.
a) O miserável (adjetivo) saía nas ruas todos os dias em busca de comida. / Quem
não dá de comer a quem tem fome é um verdadeiro miserável (adjetivo).
b) Aquele jovem (adjetivo) é escritor./ Aquele escritor é jovem (adjetivo).
e) O bem-humorado (substantivo) só espera alto-astral como reciprocidade. / Gil­
berto é sempre bem-humorado (substantivo).
d) As persistentes (adjetivo) sempre conseguem o que querem. / Elas conseguiram
porque foram persistentes (adjetivo).
)(Inteligente (substantivo), Marília soube se sair bem daquela confusão. /Já sabia
que Patrícia era a mais inteligente (substantivo) do grupo.

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Meu lugar preferido
{j Observando as expressões destacadas nas orações seguintes, encontre o adjetivo
mais adequado. Observe o modelo.
O paciente estava com medo.
O paciente estava amedrontado.

a) Ela estava sem ânimo.


Ela estava desanimada.

b) Eram esforços sem utilidade.


Eram esforços inúteis.

c) O ônibus da escola passa sempre às 6h.


O ônibus escolar passa sempre às 6h.

d) Tenho um amigo do Rio Grande do Sul.


Tenho um amigo gaúcho/rio-grandense-do-sul.

@ Os relatos de viagem hoje estão cada vez menos restritos aos textos escritos, ga­
nhando novas formas e meios de transmissão. Atualmente, por exemplo, é bastante
comum a criação do lnstragram de viagem, onde o turista posta fotos e impressões a
respeito de determinado local. O youtuber Whindersson Nunes, por exemplo, mantém
um lnstagram de viagem com sua esposa, chamado whinlupelomundo. Observe o
que nos diz em uma de suas viagens:

whinlupelomundo • Seguir

Carrick Bridge, Denegai, lrefand

whinlupelomundo Hoje fomos


e �ah��:��::����::��:�; �� em uma das locações onde
a

Thrones!

é basicamente onde gravam as cenas


Fica a mais ou menos 3 horas de Dublin,
gravam Game of Thrones!
...__
Greyjoy! Fica a mais ou menos 3 horas
das Ilhas De Ferro, da galera dos

sensacional. É de graça, pelo menos


É uma caminhada boa com uma vista

hoje foi, mas é melhor se informar.


de Dublin, é basicamente onde
O nome da ponte é Carrick Bridge! ü
gravam as cenas das Ilhas de
Ferro, da galera dos Greyjoy! É
uma caminhada boa com uma
jenniferrmelíssa Esperando vista sensacional. É de graça,
ansiosamente pelas próximas viagens,
pelo menos hoje foi, mas é
íl
114.223curtldas melhor se informar. O nome
da ponte é Carrick Bridge!
Entrar para e unir ou come mar.

https://www.instagram.com/p/BeMEOlbHZ5H/?taken-by=whinlupelomundo

___2_s_s...... J Viagens inesquecíveis J


1 LPemC_ME_2019_6A_Cap5.indd 258 22/07/19 00 :07 1
a) Que tipo de linguagem predomina nesse tipo de texto: culta ou coloquial?
Coloquial.

b) No trecho "É uma caminhada boa e uma vista sensacional", quais termos deixam
claras as impressões pessoais do casal acerca do lugar? Como podemos classifi­
car esses termos?
Boa e sensacional. São adjetivos.

@ A lítotes é uma figura de linguagem que agrega o eufemismo e a ironia, sugerindo


uma ideia pela negação do seu contrário. Por exemplo, dizer Maria é chata é o mes­
mo que dizer Maria não é gente boa (lítotes). Sabendo disso, observe as sentenças
seguintes e escreva a lítotes correspondente aos adjetivos empregados.

a) O cachorrinho de Helena é agoniado.


O cachorrinho de Helena não é nada tranquilo.

b) Cris foi muito mal-educada com Otávio ontem.


Cris não foi educada com Otávio ontem.

c) A comida daquele restaurante é ruim.


A comida daquele restaurante não é das melhores.

d) José é esperto, queria ficar com todas as minhas figurinhas para me "entregar"
depois.
José não é nada bobo, queria ficar com todas as minhas figurinhas para me "entre­
gar" depois.

e) Todos viram que o dono do estabelecimento foi grosseiro com o cliente.


Todos viram que o dono do estabelecimento não foi nada delicado com o cliente.

@ Sobre os adjetivos, assinale a afirmação correta.


a) Constituem palavras invariáveis em gênero, número e grau que acompanham o
substantivo modificando seu sentido.
)i São a categoria de palavras responsável por qualificar o substantivo, concordando
com este em gênero e número.
c) Indicam emoção ou sentimento repentino, sendo uma classe de palavras invariável.
d) Acompanham ou substituem os substantivos, concordando com estes em gênero
e número.
e) São palavras que, em textos específicos, como os relatos de viagem, devem ser
evitadas.

( Capítulo 5 X__
2_59
___

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É hora de produzir

Antes de começar a escrever

Nos relatos, é muito comum associarem-se marcadores de tempo a indicações de lu­


gar. Observe isso nesta frase, retirada do primeiro texto deste capítulo (A Grécia é azuQ:

BNCC 1 Tempo 1

+
Decidi ficar somente um dia em Atenas e, no dia seguinte, tomei o ferry até a Ilha de Syros.
Habilidades gerais
EF69LP51 EF69LP56 1 Te!po 1----à
Habilidades específicas Neste exercício, você produzirá um novo relato, mas agora procurando deixar bastante
claras essas referências de tempo e lugar.
EF06LP04 EF06LP06
EF06LP11 EF06LP12
EF67LP28 Proposta
O texto que você produzirá agora será um relato de uma viagem imaginária. Você deverá
escolher um dos lugares retratados a seguir para relatar suas aventuras. Depois, os traba­
lhos serão lidos em uma roda de leitura. Seria interessante pesquisar, em livros, revistas
ou na Internet, os pontos turísticos do destino escolhido.
Então, qual destes lugares você gostaria de conhecer?
Sugestão de abordagem

Como proposta de pro­


dução alternativa, podemos
solicitar aos alunos que pro­
duzam um relato de viagem a
partir de uma expedição rea­
lizada com eles na própria ci­
dade ou numa cidade vizinha.
Os locais poderão ser:
Museus. Lapland (Suécia) Gizé (Egito)

• Sítios históricos.
• Teatros.
• Reservas ambientais.
• Arquivos públicos.
• Prefeituras. Anotações
• Palácios.
• Os principais passeios
turísticos em geral.

2 6 o'.X Viagens inesquecíveis


___ _ _......
J
1 LPemC_ME_2019_6A_Cap5.indd 260 22/07/19 00 :07 1
Shutterstock: l. Mateo_Pearson/2. Andreas Gradin/3. Shutterstock/ 4. Neale Cousland/ 5. sculpies/ 6. f9photos

Machu Picchu {Peru) Tóquio (Japão) Dambulla {Sri Lanka)

Planejamento
Para planejar seu texto, pense nisto:
1. Quando aconteceu essa viagem?
2. Você viajou sozinho ou com um grupo?
3. Qual desses lugares você visitou?
4. Quais são as características desse lugar?
5. O que mais chamou sua atenção?
6. Quanto tempo durou sua viagem?
7. O que aconteceu de mais interessante?

Com base nessas questões, produza seu relato. Você poderá também mencionar senti­
mentos vividos durante a viagem. O que a fez tão especial para você? Lembre-se também
de deixar claras as referências ao tempo e aos lugares visitados.


Avaliação
1. Para avaliar seu texto, releia-o procurando observar os seguintes aspectos:

Aspectos analisados
Há descrição dos locais visitados? ºo o o
o o
Os fatos relatados foram localizados no tempo?
Há informações interessantes sobre os locais visitados?
O roteiro do planejamento foi seguido? o o
2. Agora, o seu professor fará uma grande roda de leitura, e toda a turma poderá apresen­
tar seus relatos. Durante a leitura, procurem discutir quais as semelhanças e diferen­
ças entre esses locais.

( Capítulo 5 X__
2_6_l --

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A escrita em foco

Acentuação dos monossílabos tônicos


Como vimos no Capítulo 2, as palavras com apenas uma sílaba são chamadas de mo­
nossílabas e podem ser pronunciadas de maneira fraca ou um pouco mais forte. Essa é a
diferença entre os monossílabos átonos e os monossílabos tônicos. Observe:

Monossílabos átonos (pronunciadas de maneira fraca).


BNCC
se me o a os de

Habilidades gerais Monossílabos tônicos (pronunciadas de maneira forte).


EF69LP04
já lá pás pé ré rês pó nós vez nu luz
EF69LP56
Por esses exemplos, fica fácil perceber que somente os monossílabos tônicos possuem
acento gráfico. Mas, para isso, precisam terminar em:
Habilidades específicas
EF06LP11 a(s) e(s) o(s)
EF67LP32
Acentuação das proparoxítonas
Já as palavras proparoxítonas seguem uma regra de acentuação ainda mais simples:
todas elas são acentuadas graficamente. Lembre-se de que uma palavra é proparoxítona
Sugestão de abordagem quando a sílaba tônica é a antepenúltima. Veja:

Ártico mérito prático rápido


sílaba proparoxítona ônibus equívoco
Para realizar a expedição, al­
gumas tarefas devem ser atri­
buídas à turma.

Elaborar uma carta de


solicitação
• Para a direção da escola.
• Para os pais dos alunos.
• Para os locais que serão
visitados (se necessário,
tais como os museus, tea­
tros, etc.).

Planejar o itinerário Cada detalhe da viagem, Anotações


O ideal é trabalhar com ma­ dentro do possível, deve ser tra­
pas, que podem ser tradicio­ tado com os alunos. É funda­
nais ou virtuais. Além disso, os mental fazê-los participar das
alunos devem realizar uma bre­ decisões, ensiná-los a planejar
ve pesquisa sobre os lugares e atribuir-lhes a responsabilida­
que serão explorados. Tenha o de de escrever quando houver
cuidado de ressaltar os pontos demanda textual.
mais interessantes para estimu­
lar a curiosidade.

262
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Visitando uma mansão antiga e
tomando o melhor sorvete de todos na
DevonHouse
Ó Vimos que os adjetivos são palavras que atribuem uma característica, qualidade ou
defeito ao substantivo. Certamente você deve ter percebido a forte presença de ad­
jetivos nesse texto. No trecho "tem uma arquitetura europeia lindíssima", o uso do
adjetivo em seu grau superlativo absoluto reforça uma qualidade da arquitetura men­
cionada. No entanto, essa flexão também pode ser usada para causar um efeito de
sentido irônico. Entre as alterativas a seguir, identifique o emprego da ironia.
a) Conheci um jamaicano riquíssimo. Havia três carros importados na garagem de
sua casa.
b) A mansão que visitei era muito bonita. Não cansei de tirar fotos dela.
)(o caminho até a sorveteria é facílimo, me perdi num piscar de olhos.
d) Em um dos passeios que fiz pela cidade, vi um menino magérrimo que ficou me
olhando. Devia estar com muita fome.
e) A Europa é belíssima, mas a América também tem seus encantos.

Ú À primeira vista, um adjetivo pode ser só mais um aspecto estilístico inserido no tex­
to, mas também pode representar a informação principal e o ponto de vista do autor.
Assinale a alternativa em que o trecho do relato de viagem contém um adjetivo que
não apresenta o ponto de vista do autor.
a) [...] tem uma arquitetura europeia lindíssima.
)(O lugar era a residência do primeiro milionário negro jamaicano.
c) [...] é superlegal poder explorar cada pedacinho do casarão.
d) Com certeza é um dos lugares mais procurados para fotos legais na cidade.
e) [...] e o sabor é incrível!

Ó Qual o público que frequenta a sorveteria localizada atrás da mansão DevonHouse?


A sorveteria é frequentada por amigas que vão até lá depois da escola, famílias e
outros amantes de sorvetes.

C, Quais os adjetivos utilizados pela autora do texto para descrever o museu e o sorve­
te que ela encontrou na Jamaica? Um desses adjetivos pode ser classificado como
sendo de grau superlativo absoluto. Qual é?
Luxuosa, lindíssima, legais, superlegal, supermovimentada, incrível. O adjetivo de
grau superlativo absoluto é lindíssima.

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BNCC
Ó Utilizando palavras empregadas no relato, preencha a cruzada a seguir.

Horizontais Habilidades específicas


1. Adjetivo flexionado no grau aumentativo analítico.
2. Monossílabo átono que a autora utiliza para se referir a si mesma. EF67LP32 EF67LP35
3. Monossílabo tônico empregado como referência à sorveteria. EF06LP04
4. Substantivo flexionado no diminutivo com sentido de cantinho.
5. Substantivo empregado como coletivo de pessoas.
6. Palavra proparoxítona.

Verticais
1. Adjetivo flexionado no grau aumentativo analítico.
2. Substantivo adjetivado pela palavra 4 (vertical).
3. Substantivo empregado de forma genérica para designar diferentes objetos, situações,
acontecimentos, etc.
4. Palavra proparoxítona. 4.
3. L
2. e
1. A o N
1. s u p E R M o V M E N T A D A
u Q s

2.
p
E u
u 6. F A M
í I L A s
s
Construída em 1881,
a DevonHouse é um
museu, conservan-
do diversos ambien-
R T te e obras de arte do
século XIX.

( Capítulo 5 X__
2_6s
___

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Mini Mundo
Gramado:
miniaturas das
suas viagens
BNCC
9 O autor do relato sobre a visita ao Mini Mundo, uma das atrações turísticas da cidade
gaúcha Gramado, faz uma comparação entre a sua experiência e a opinião de outras
pessoas. Habilidades gerais
a) Como ele identifica essas pessoas? EF69LP25 EF69LP56
O autor se refere a essas pessoas de forma genérica, utilizando a expressão muita
ente. Habilidades específicas
EF06LP04 EF06LP06
b) Onde o autor encontrou essas opiniões?
EF67LP27 EF67LP37
No site de informações turísticas TripAdvisor.

@ Segundo o autor do relato, o Mini Mundo é bastante atrativo, mas a cidade de Grama­
do, em si, já é muito encantadora. Ao final, a que conclusão ele chega sobre isso?
Ele conclui que, embora a cidade possua atrações não pagas muito belas, o Mini
Mundo é um lugar turístico que vale a pena conhecer, pois suas miniaturas encantam
pessoas de qualquer idade.

O Leia.

A melhor atração de Gramado é a própria cidade, com suas ruas, casas e arqui­
tetura charmosas.

a) Por que a palavra charmosas está flexionada no feminino e no plural?


Porque está concordando em gênero e número com os substantivos aos quais se
refere simultaneamente: ruas, casas e arquitetura.

b) Caso o autor optasse por utilizar a palavra restaurantes em vez de casas, o que
deveria alterar nesse trecho?
Supondo que o adjetivo charmosas está qualificando simultaneamente os três subs­
tantivos, ele deve ser flexionado no masculino plural.

( Capítulo 5 X__
2_67
___

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c) Caso o autor quisesse fazer um elogio particular apenas à arquitetura da cidade de
Gramado, como deveria escrever esse trecho?
Esperamos que os alunos reescrevam o trecho utilizando as mesmas palavras e fle­
xionem o adjetivo no feminino singular, observando que a concordância se dá apenas
com o substantivo arquitetura.

(t De acordo com o que vimos acima, podemos dizer que, de modo geral:

O adjetivo concorda em gênero e número com o substantivo ao qual se refere.

Essa é uma das principais regras de concordância nominal. Observe.

O Mini Mundo e a Casa do Papai Noel de Gramado são perfeitos!

Por que a palavra perfeitos está flexionada no masculino plural?


Para concordar com os dois substantivos aos quais se refere: Mini Mundo e Casa do
Papai Noel.

@ À primeira vista, essa relação entre os substantivos e os adjetivos pode parecer


difícil, mas na prática realizamos a concordância naturalmente, inclusive quando
empregamos outras palavras que acompanham ou substituem os substantivos.
Observe.

Segundo Rafael, o Mini Mundo, quando avaliado dentro daquela seleção de


atrações pagas, é uma das melhores coisas que você pode fazer em Grama­
do. Mesmo para ele, que é adulto, o parque é interessante.

a) Identifique as palavras que acompanham o substantivo coisas.


Uma, das e melhores.

b) Analisando o emprego da palavra ele no texto, observamos que ela substituiu um


substantivo. No texto, ele poderia ser substituído corretamente pela forma ela?
Não. Como está substituindo o substantivo Rafael, a palavra ele deve ser grafada no
masculino singular.

26s
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Mídias em contexto

(9 No relato de viagem que lemos sobre o Mini Mundo, o autor fez referência ao site de
informações turísticas TripAdvisor. Ao acessar a página e pesquisar pelo parque, de
fato encontramos informações importantes, como a sua localização, telefones para
contato, fotos e os horários de funcionamento. A imagem abaixo reproduz parte do
conteúdo. Observe.

Visão geral Ava11açoes LocalizaÇàO Perguntas e respostas

Visão geral

(!) Fechado Todos os horários o


4,5@@@@<!) 22.950 avaliações
Horários hoje: Fechado Igreja Matriz Sáo
Ped'" APóstolo
Excelente 59%
Mu1tobom -­ 30'/4 LOCALIZAÇÃO �",-& tt
Razoãvel • 9% (;) Rua Horacio Cardoso 291, Gramado, Rio Grande � bça das Etnias O
b
Ruim 1•;1 do Sul 95670-000. Brasil -#
"�
Horrlvel 1 1% Q)MmlMundo
CONTATO
� 2 dias alras 1J Site \, +55(54)3286-4055 � F NAl TO
.MUITO DIVERTIDO E INTERESSANTE." o
Aprimore o perfil Lago JoaqUina Rira Bier
�4diasatras
.)"Amei!"

Tem estacionamento neste local ou atividade? □ Sim □ Não □ Não sei

Excursões e atividades mais vendidas em: Gramado

Ingresso de entrada para Ingresso de entrada para Ingressos para o Harley Ingresso para o
A Mina o GramadoZoo Motor Show Hollywood Dream Cars

a) Além de informações sobre o parque, o que o visitante da página encontra?


O visitante encontra anúncios sobre as excursões e atividades mais vendidas na ci-
dade de Gramado.

b) Qual é a finalidade das fotografias presentes na página?


Chamar a atenção do usuário para as excursões e atividades que os turistas mais
fazem em Gramado.

( Capítulo 5 X__
2_69___

LPemC_ME_2019_6A_Cap5.indd 269 22/07/19 00 :07 1


e) Para avaliar um local, o site oferece ao usuário cinco conceitos que são apresen­
tados conforme uma hierarquia. Quais são esses conceitos?
Horrível, ruim, razoável, muito bom e excelente.

d) O que há em comum entre esses conceitos?


Todos os conceitos são adjetivos. A função deles é qualificar os lugares visitados.

fJ A fim de informar os futuros visitantes dos lugares, o site oferece a possibilidade de


os usuários que já viajaram para esses locais comentarem suas experiências. Anali­
se o comentário a seguir.

@@@()() Avaliou 4 semanas atrás D via dispositivo móvel


Para crianças
Vale a pena para crianças ou para quem se hospeda no hotel Rita H. e ganha o
lsabele M
ingresso gratuito. Não é um lugar legal para visitar com chuva.
[311 ••4

Peça informações para lsabele M sobre Mini Mundo.

... 1 Obrigado, lsabele M ,..


Esta ava/lação representa a opinião subjetiva de um membro do programa TripAdv1sor e não da
TripAdvisor LLC.

a) Como lsabele avaliou sua visita ao Mini Mundo? Por que, possivelmente, ela a ava­
liou dessa forma?
lsabele avaliou a visita como razoável, possivelmente porque no dia estava chovendo
e a visita foi prejudicada por esse fato.

b) Qual foi o recurso eletrônico que lsabele usou para avaliar o local visitado?
Dispositivo móvel.

2 1 0'.X Viagens inesquecíveis


___ _ _......
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1 LPemC_ME_2019_6A_Cap5.indd 270 22/07/19 00 :07 1
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( Capítulo 5 X__
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__ ____________l'"J_

O poema é um gênero textual muito expres­


sivo. Na verdade, podemos dizer que ele é mes­
mo uma forma de arte. Assim, como todo artista
que utiliza diferentes recursos, ferramentas, lin-
guagens para expressar suas ideias, o poeta tam­
bém lança mão de recursos variados para produzir
sentido, em uma linguagem específica: a linguagem
poética. Neste capítulo, estudaremos alguns recur­
sos próprios dessa linguagem, utilizada para expres­
sar ideias de uma forma muito particular.
a
ainda em grupo,
o o texto proposto.

BNCC

Habilidades gerais
EF69LP48 EF69LP54
EF69LP55 EF69LP56

Habilidades específicas
EF06LP37 EF67LP28

Objetivos pedagógicos

Ao final deste capítulo, o alu­


no deve ser capaz de:
• Demonstrar conhecimento
básico sobre o gênero e
suas funções sociais: o que
é um poema? Para quem é
escrito? Por quê? Para quê?
Como se configura?
• Expressar-se sobre os te­
mas abordados nos textos.
• Realizar leituras intertex­
tuais e inferenciais. 274 Poemas
• Demonstrar conhecimento
sobre as características
expressivas da linguagem • Demonstrar conhecimen­ Anotações
poética. to sobre alguns casos de
• Demonstrar conhecimento acentuação, trabalhados
sobre a função dos artigos no capítulo.
e dos numerais. • Planejar, produzir e avaliar
• Demonstrar conhecimento um poema.
sobre a função dos prono­
mes pessoais e dos prono­
mes demonstrativos.

-----
27 4x Poemas j
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Pequeno cidadão
Perdido no
ciberespaço
Maldita hora em que inventei
de navegar por esses lados.
Qualquer coisa deu errado,
de uma hora pra outra, tudo ficou escuro,
tudo ficou estranho,
já não sei meu paradeiro!

Abre-te, página! Abre-te, Sésamo!


Valha-me, São Longuinho!
Eu já dei meus três pulinhos,
mas não consigo me achar!

Não fique me olhando de lado,


com cara desconfiada,
pensando "que cara maluco!". O "narrador" do poema
Tente me ajudar, tente me explicar. Do mesmo modo que nos
Que lugar é este aqui? textos narrativos observamos
a presença de um narrador,
nos poemas existe o eu lírico,
E quando eu digo aqui, ou eu poético, que é o ser que
aqui é onde? se expressa. E também como
o narrador, o eu lírico pode as­
Atrás da tela, dentro dela? sumir diferentes vozes: adul­
Em cima, embaixo, perto ou longe? tos assumem uma voz infantil,
Pense bem, você aí. uma pessoa da cidade assu­
me a voz de um camponês,
Se estou perto, como é que você não me vê? etc. É possível, também, ao eu
Se estou longe, como é que você responde? lírico dar voz a animais, luga­
[...] res, objetos, sentimentos, etc.

CUNHA, Leo. Perdido no ciberespaço. São Paulo: Larousse do Brasil, 2007.

Vocabulário desconhecido

Utilizando pistas do próprio texto, estruturas, ilustrações ou mesmo fontes exter-


nas, como dicionários, construa o sentido das palavras seguintes.
Marginal - Ladrão assaltante.
Paradeiro - Local onde alguém ou alguma coisa está.
Valha-me - �AJ-Cju�d�a�-m
� e� �. _____________________

( Capítulo 6 X__
2_1__
1 _

1 LPemC_ME_2019_6A_Cap6.indd 277 22/07/19 00 :20 1


Para discutir

1. Você costuma navegar pela Internet?


2. Quanto tempo você fica conectado?
3. Quais são os principais sites que você acessa?
4. Para o eu lírico, a Internet se tornou um problema. E
para você, ela ajuda ou atrapalha?
5. Você acha que o seu desempenho na escola pode ser
Sugestão de abordagem ajudado pelo uso da Internet?

As questões da seção Para


discutir são de cunho pes­ Desvendando os segredos do texto
soal.
É importante chamar a @ Leia o verso a seguir.

atenção dos alunos para a


Ei, você que está lendo esta página, digo, este monitor.
importância do seu conheci­
mento de mundo para a cons­
As duas palavras destacadas acima desempenham
trução do sentido e, portanto, funções no contexto, isto é, ajudam o eu lírico perdido
para a compreensão não só a se comunicar com seu leitor. Explique o sentido de Normalmente. o poema é
cada uma delas. escrito em versos e estrofes.
do poema, mas de qualquer Cada linha do texto é um ver-
so, e o conjunto de versos for­
Ei: chamar a atenção; estabelecer contato. Digo: cor-
texto. ma uma estrofe.
rigir uma informação.

@ Para tornar a comunicação mais clara e próxima dos leitores, às vezes os escritores
recorrem à linguagem informal, coloquial. Recorte do texto exemplos de expressões
Diálogo com o professor coloquiais.
Ei, marginal, cara, que cara maluco.

Por ser uma das mais ex­ @ O eu lírico tenta evitar que o leitor se assuste diante da estranha situação de estar
pressivas manifestações da perdido na Internet. Transcreva do texto dois versos que demonstrem essa tentativa
do escritor.
linguagem verbal, o poema é
"Pode ficar tranquilo,/ não sou nenhum marginal."
um gênero rico em possibili­
dades de abordagem. "Sub­ CJ Na primeira estrofe do poema, o escritor pede ajuda ao seu leitor. Transcreva os três
versos do texto em que ele explica por que precisa de sua ajuda.
verter" a linguagem pode ser
"[...] estou perdido na Internet,/ fui fisgado pela rede,/ não encontro a saída."
uma boa forma de compreen­
dê-la. Afinal, se todos nós, fa­
lantes, possuímos uma noção
"internalizada" de gramática,
a sensação de "estranha­
mento" diante da linguagem Anotações
poética nos põe em reflexão:
somos forçados a rever nos­
so conhecimento e domínio
linguístico.

___2_1_s J Poemas J
1 LPemC_ME_2019_6A_Cap6.indd 278 22/07/19 00 :20 1
Poesia e poema Interessante o ponto de
Chamamos de poesia a habilidade que temos de criar imagens e reinventar sentidos para as coisas que nos vista do poeta Manoel de Bar­
rodeiam. Assim, dizemos que poesia é uma arte e, por isso, está presente em diferentes formas de expressão,
como a pintura, a escultura, a música e, como não poderia faltar, o poema.
Chamamos de poema, portanto, o texto que tem poesia. No poema Perdido no Ciberespaço, por exemplo, Leo
ros a respeito do que é a poe­
Cunha explorou um sentido diferente para a Internet. Por ser tão vasta e repleta de "caminhos", ela fez com que o sia: "é a infância da língua".
eu lírico se perdesse no universo virtual.
"[... ] a criança diz: Eu es­
@ Leia.
cuto a cor dos passarinhos.
A criança não sabe que o ver­
[... ] fui fisgado pela rede[...]
bo escutar não funciona para
Esse verso do poema permite pensar dois sentidos para a palavra rede. Identifique cor, mas para som. / Então
cada um desses sentidos. se a criança muda a função
1) Correspondente à Internet; 2) instrumento para pegar peixes. de um verbo, ele / Delira / E
(1 No verso analisado na questão anterior, o escritor diz ao seu leitor que foi fisgado pois. / Em poesia que é voz de
pela rede. Considerando o texto como um todo, analise as afirmações a seguir, mar­ poeta, que é a voz de fazer /
cando V, para verdadeiro, ou F, para falso.
a) ( F) O escritor estava muito atento quando foi "fisgado". Nascimentos-/ O verbo tem
b) (V) O escritor caiu em uma "armadilha". que pegar delírio."
e) ( F) A Internet, para ele, tornou-se um "ambiente" seguro.
d) ( F) A palavra fisgado foi empregada no sentido denotativo. BARROS, Manoel de (2000). Livro
das ignorãças. Rio de Janeiro:
O Releia a estrofe abaixo e responda às questões. Record.

Maldita hora em que inventei


de navegar por esses lados.
Qualquer coisa deu errado,
de uma hora pra outra, tudo ficou escuro,
tudo ficou estranho,
já não sei meu paradeiro!

a) O que o escritor quis dizer com o último verso?


Ele quis dizer que não sabia onde estava.

b) O escritor sabe dizer com precisão o que aconteceu com ele? Transcreva o verso
que justifica a sua resposta.
Não, ele não sabe exatamente o que aconteceu com ele. Isso fica claro no verso
"Qualquer coisa deu errado[... ]".

( Capítulo 6 X__
2_79
___

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@ Analise a estrofe a seguir.

Abre-te, página! Abre-te, Sésamo!


Valha-me, São Longuinho!
Eu já dei meus três pulinhos,
mas não consigo me achar!

a) Para entender um texto, é preciso sempre utilizar nosso conhecimento de mundo,


que são informações que adquirimos ao longo da vida. Você sabe quem é São
Diálogo com o professor Longuinho?
São Longuinho é o santo que, na tradição popular, é invocado para encontrar objetos
Na sexta estrofe, o poe­ erdidos.

ta emprega uma expressão b) O que o escritor estava procurando?


muito interessante. Abre-te, Sua localização.
sésamo é a frase mágica que
Ali-Babá usava para abrir
@ Analise os versos a seguir.

a porta do esconderijo dos E quando eu digo aqui,


aqui é onde?
quarenta ladrões, no famoso
conto Ali-Babá e os quarenta Para que essa mesma pergunta seja feita ao escritor por alguém que está fora do
ladrões, que faz parte da co­ computador, é necessário fazer algumas mudanças. Escreva novamente os versos
fazendo as alterações.
letânea As mil e uma noites.
E quando você diz aí, aí é onde?
É uma frase tão repetida ao
longo dos séculos que já vi­
rou expressão popular, todo Análise linguística
mundo já ouviu um dia, e ge­
ralmente é usada com bom Artigo
humor diante de alguma difi­ O Dalai Lama é um líder espiritual do
budismo tibetano. É reconhecido mundial­
culdade, de alguma situação
mente, entre outros motivos, pela sua sabe­
truncada, de difícil acesso. doria e pela defesa da paz. O pensamento a
Apesar disso, pouca gente seguir é atribuído a ele. Leia-o com atenção.

sabe que sésamo é uma me­


táfora com o gergelim. Ela é
oriental e foi muito famosa
não apenas na culinária, mas
também por razões sobrena­
turais. Essas sementes ficam
dentro de "cápsulas" que se
Anotações
abrem lentamente, à medida
que vão secando. Daí, possi­
velmente, a imagem aprovei­
tada por Ali-Babá: Abre-te,
gergelim!

___2_s_o J Poemas J
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O artigo representa qual­
1. Você consegue perceber a diferença entre um defeito e
_. quer unidade conceituai -
o defeito?
2. Em qual desses termos o Dalai Lama se referiu a um Budismo - Religião que se­ coisa, ideia, ser - como parte
defeito qualquer? gue os ensinamentos de Buda,
que viveu entre 563 a.e. e do conhecimento prévio do
483 a.e., na Ásia.
Bem, certamente você percebeu que, no termo um defei­ Tibetano - Proveniente do interlocutor. Esse conheci­
Tibete, país da Ásia.
to, a palavra um, que antecede o substantivo defeito, tem a mento prévio tanto pode ser
função de indeterminar o seu sentido. Assim, entendemos
que o Dalai Lama se referiu a um defeito qualquer entre os partilhado pela comunidade
inúmeros defeitos que temos. Já em o defeito, a palavra o no mais amplo sentido pos­
determina o sentido de defeito.
Gramaticalmente, as palavras o e um são conhecidas
sível - como em O elefante é
como artigos. Os artigos são, portanto, palavras que variam um paquiderme; Newton des­
em gênero (masculino ou feminino) e número (singular ou
cobriu a lei da gravidade -
plural) e antecedem os substantivos determinando-os ou
indeterminando-os. quanto pode ser restrito a uma
Agora leia esta tirinha: situação particular - como
�ro__f.vv--, em O campeonato começará
Não vai adiantaY de nada, Pedro! PYa amanhã; Ponha o peixe na ge­
+iYaY uma nota boa, você tem q_ue seY
m�s sábio q_ue o Dalai Lama!
ladeira; Paulo achou a pulsei­
ra de Ana. Nesses exemplos,
presume-se que elefante e lei
da gravidade se referem não a
dados presentes numa situa­
ção particular, mas a noções
partilhadas pela sociedade
No primeiro quadrinho, Serafim diz que a prova da professora é A prova. Nessa situação,
ele quis dizer que a prova elaborada pela professora Norma é sempre muito difícil. Esse ampla; por sua vez, campeo­
sentido é expresso pelo uso do artigo a, que determina a prova da professora. Ou seja, eles nato, peixe e pulseira denotam
não estão falando de uma prova qualquer, comum, de sentido indeterminado.
objetos específicos, conheci­
Assim, podemos classificar os artigos como: dos nos limites de situações
• Definidos - o, a, os, as.
particulares de interlocução.
• Indefinidos - um, uma, uns, umas. É a disponibilidade desse co­
nhecimento prévio que garan­
Observe outros exemplos:
te naturalidade à frase Ana
a p_ ro
(__ _ v_ a_ ___u_m_a_ p_rov
_ _a__) pintou as unhas - já que Ana
possui unhas; por outro lado,
Ana pintou as escamas pode
causar estranheza, visto que
Ana não possui escamas. Esta
Anotações
frase se tornaria natural numa
situação em que, por exem­
plo, se estivesse conversando
sobre uma tela que retratas­
se um peixe pintado a quatro
mãos.
AZEREDO, José Carlos de (2008).
Gramática Houaiss da língua
portuguesa. São Paulo: Publifolha/
Instituto Antônio Houaiss.

( Capítulo 6 X__ 2_s_1 --

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Quando falamos a prova, estamos nos referindo a uma prova determinada. Já no exem­
plo uma prova, estamos nos referindo a qualquer prova, pois o artigo uma tem valor inde­
terminado.
É importante observar que o artigo acompanha o gênero e o número do substantivo.

o aluno umas provas


gênero - masculino gênero - feminino
número - singular número - plural

Essa relação de correspondência de gênero e número que acontece entre o substantivo


e o artigo (entre outras classes de palavras que veremos adiante) é chamada de concor­
dância. Assim, dizemos que o artigo e o substantivo concordam em gênero e número.
Quando antecede um nome próprio, o artigo definido indica familiaridade. Esse uso é
Diálogo com o professor muito comum em alguns estados, como no Ceará e no Rio de Janeiro.

A Maria chegou cedo.


O uso da palavra arábico para A Gabi gosta de estudar.
O João é meu amigo.
os algarismos 1, 2, 3 ... não é à toa.
Eles vieram das arábias mes­
mo, inventados por Abu Jafar Numeral
Moahmed lbn Musa {780-850), É possível caberem 24 horas em 1 segundo? Na linguagem figurada, o texto na fotogra­
fia abaixo pretende demonstrar o tamanho do amor que se sente, tão grande e tão cons­
matemático e astrônomo árabe, tante que todo segundo seria explorado ao máximo para se amar.
ou simplesmente al-khuarizmi,
codinome que deu origem à pa­
lavra algarismo.
A influência da cultura árabe
está tão entranhada em nós que
muitas vezes passa despercebi­
da, como a maioria das palavras
que começam com ai {alface,
álgebra, alfândega), além de tra­ Numeral é a palavra que empregamos para indicar quantidade, ordem, divisão
ços da arquitetura, da culinária, ou multiplicação.
dos costumes, etc. No texto acima, vinte e quatro, ou 24, é um numeral, uma classe gramatical variável que
A herança desses algaris­ acompanha os substantivos ou as palavras substantivadas. Mas atenção: numeral, núme­
mos contribuiu não apenas ro e algarismo são coisas diferentes.

para a evolução da matemática,


mas para nossa língua também,
como em Ele é um zero à es­
querda e Ele é o maior 171. No
Anotações
primeiro caso, o sentido de nuli­ tenção, "para si ou para outrem,
dade se deve ao fato de que, nos de vantagem ilícita, em prejuízo
números fracionários decimais, alheio, induzindo ou mantendo
o zero que fica à esquerda da alguém em erro, mediante ar­
vírgula não acrescenta nenhum tifício, ardil, ou qualquer outro
valor ao número. Já no segundo, meio fraudulento".
a expressão tem origem no arti­
go 171 do nosso Código Penal,
que qualifica como crime a ob-

2 s 2
____ _
J Poemas J
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_ _;t_ a_lg_ a_ ri_ s_ m
_ _l _;t_ n_u'_ m_ero
(___n_u_me_ ra _ _o._ __..,,.)

Número é a ideia de quantidade, e, com ele, realizamos as operações matemáticas. O


numeral é a representação dessa ideia, que pode ser feita com algarismos (24) ou palavras
(vinte e quatro). Portanto, algarismo é o símbolo dentro de um determinado sistema (2 e 4).
No nosso sistema decimal, temos dez algarismos.
Os numerais, a depender do tipo de ideia de quantidade, estão subdivididos em cardi­
nais, ordinais, multiplicativos e fracionários. Os cardinais parecem veicular a ideia mais
básica de quantidade, enquanto os demais decorrem dessa noção primária e têm a ver
com a "localização" da parte em relação ao todo.

Veja, no quadro seguinte, a classificação dos numerais.

Classificação dos numerais


Numeral Numeral Numeral
Algarismo Numeral ordinal
cardinal multiplicativo fracionário
Indica quantidade Indica a ordem Indica a multiplicação Indica a divisão
Romano Arábico
precisa em uma série (múltiplo) (partes do todo)
1 um primeiro (simples)
li 2 dois segundo dobro, duplo meio, metade
Ili 3 três terceiro triplo terço
IV 4 quatro quarto quádruplo quarto
V 5 cinco quinto quíntuplo quinto
VI 6 seis sexto sêxtuplo sexto
VII 7 sete sétimo sétuplo sétimo
VIII 8 oito oitavo óctuplo oitavo
IX 9 nove nono nônuplo nono
X 10 dez décimo décuplo décimo
XI 11 onze décimo primeiro undécuplo onze avos
XII 12 doze décimo segundo duodécuplo doze avos
XIII 13 treze décimo terceiro treze vezes treze avos
XIV 14 catorze décimo quarto catorze avos
XV 15 quinze décimo quinto quinze avos
XVI 16 dezesseis décimo sexto dezesseis avos
XVII 17 dezessete décimo sétimo dezessete avos
XVIII 18 dezoito décimo oitavo dezoito avos
XIX 19 dezenove décimo nono dezenove avos
XX 20 vinte vigésimo vinte avos
XXX 30 trinta trigésimo trinta avos
XL 40 quarenta quadragésimo quarenta avos
L 50 cinquenta quinquagésimo cinquenta avos

( Capítulo 6 X__
2_s3___

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--
Romano

LX
Arábico

60
. ' ..
Indica quantidade
precisa
sessenta
Numeral ordinal
Indica a ordem
em uma série
sexagésimo
Numeral
multiplicativo
Indica a multiplicação
(múltiplo)
Numeral
fracionário
Indica a divisão
(partes do todo)
sessenta avos
LXX 70 setenta septuagésimo setenta avos
LXXX 80 oitenta octogésimo oitenta avos
XC 90 noventa nonagésimo noventa avos
Diálogo com o professor c 100 cem centésimo cêntuplo centésimo
CC 200 duzentos ducentésimo ducentésimo
CCC 300 trezentos trecentésimo trecentésimo
Conforme observa Azere­ CD 400 quatrocentos quadringentésimo quadringentésimo
D 500 quinhentos quingentésimo quingentésimo
do (2008: 174), os numerais DC 600 seiscentos sexcentésimo sexcentésimo
podem sofrer modificações DCC 700 setecentos setingentésimo setingentésimo
DCCC 800 oitocentos octingentésimo octingentésimo
para participar de processos
CM 900 novecentos nongentésimo nongentésimo

_.
de composição e derivação, M 1.000 mil milésimo milésimo
como os substantivos. Do
numeral dez, por exemplo,
derivam década, décimo, etc.
Na fala, os numerais fracionários e os multiplicativos geralmente são utilizados da seguinte forma:
"Décimo primeiro é um com­ Para o sentido fracionário, utilizamos um numeral ordinal seguido do substantivo parte:
sexta parte do livro
posto por justaposição e tre­ quarta parte da história

zentos é composto por aglu­ Para o sentido multiplicativo, utilizamos um numeral cardinal seguido do substantivo vezes:
gritei cinco vezes
tinação (três+ cento)". telefonei duas vezes
A propósito do emprego
multiplicativo dos numerais Por oferecer alguma dúvida, é comum encontrarmos os numerais ordinais e multiplica­
tivos representados por expressões como:
na fala, é importante obser­
var que a forma multiplicati­ Fiquei na posição 30 no concurso. (trigésimo lugar)
va criada com o substantivo Ele ganhou 1 O vezes o salário na ação judicial. (o décuplo do salário)
vezes funciona excepcional­
Os números variam em gênero nas seguintes situações:
mente como advérbio fre­
quentativo. Apenas os cardinais um e dois: um carro, uma casa, dois carros, duas casas, vinte
e uma lojas, quarenta e duas academias, etc.
Os ordinais: primeiro lugar, quinta visita, décimo colocado, septuagésima chamada.
Apenas o fracionário meio: meia porta.

BNCC

Habilidades gerais
EF69LP56
Anotações
Habilidades específicas
EF67LP28 EF67LP32
EF06LP04 EF06LP06

___2_8_4x Poemas j
LPemC_ME_2019_6A_Cap6.indd 284 22/07/19 00 :20 1
Prática linguística

@ Do texto a seguir, foram retiradas algumas palavras (artigos, substantivos e adjeti­


vos). Preencha as lacunas com as palavras mais adequadas, procurando dar sentido
ao texto. Professor, é possível encontrar outras respostas.
_O
__ Aeroporto Internacional de Kansai, na Baía de Osaka, Japão , é, na ver-
dade, uma ilha artificial construída no mar devido à notória falta de espaço
de que sofre o Japão para expandir seja o que for, da agricultura aos aeroportos.
Kansai é um prodígio de ousadia e alta tecnologia. Montado sobre gigan-
tescos macacos hidráulicos, o aeroporto é resistente a terremotos. Aliás, suportou
plenamente ---=u""'"m-'---_ dos mais fortes , o terremoto de Kobe, e teve apenas
algumas vidraças quebradas . Aberto 24h por dia, ele foi inaugurado no --'d=iª=--- 4
de setembro de 1994.
MENEZES. Fernando. Divirta-se e aprenda. Recife: Prazer de Ler.

@ Agora que você completou as lacunas do texto, assi­


nale a afirmativa correta.
a) É um texto narrativo. A construção do Aeroporto
Internacional de Kansai levou
� É um texto informativo. 38 meses e o esforço de 6 mil
c) Esse texto não tem um assunto principal. trabalhadores, em alguns mo­
d) O autor procurou defender suas opiniões sobre o mentos atingindo até l O mil. A
plataforma está apoiada sobre
Aeroporto de Kansai. mil estacas, que atravessam
e) É um texto em que há predomínio da linguagem in­ 30 metros de água, 20 metros
formal. de lama e 40 metros de rocha.
Sensores especiais detectam

@
quando o assentamento ex­
Leia. cede a tolerância máxima per­
mitida (1 O milímetros) em um
ponto qualquer. Cada estaca
O aeroporto suportou o terremoto de Kobe. está equipada com um sis­
tema de calibração que opera
por meio de poderosos maca­
cos hidráulicos. A estaca que
Sobre essa frase, assinale a afirmativa correta. tiver sofrido movimentação é
a) A palavra terremoto se classifica como adjetivo. ajustada e fixada na nova posi­
)( A palavra terremoto tem sentido definido. ção. Esta regulagem continua­
rá por l O anos, até que todos
c) Não é possível saber ao certo qual é o terremoto de os macacos hidráulicos sejam
que fala o autor. fixados definitivamente.
d) A expressão "de Kobe" não se refere à palavra ter­
remoto.
e) A palavra terremoto não é um substantivo.

( Capítulo 6 X__2_ss___
1 LPemC_ME_2019_6A_Cap6.indd 285 22/07/19 00 :20 1
CJ É comum, na variação linguística do português brasileiro, os falantes atribuírem a
marcação do plural apenas aos artigos, como na frase "Os menino saiu agora". No
entanto, sabemos que, de acordo com a norma-padrão, sendo uma classe de pa­
lavras que acompanha o substantivo, os artigos precisam concordar em gênero e
número com ele, realizando o fenômeno da concordância nominal. A seguir, preencha
as lacunas utilizando o artigo mais adequado e observando a concordância com os
substantivos aos quais se ligam.
a) Q§__ estudantes que alcançaram � melhores notas entrarão de férias.
b) "Q__ prefeito é!!!!!_ homem honrado e comprometido com _a_ população", afir­
mou _o_ vice-prefeito da cidade.
c) Um músculo da minha perna está doendo.
d) Um aluno entrou na sala durante _o_ recreio e deixou!!!!!...._ sapo lá dentro. Não
sabemos quem foi.
e) &_ crianças com Síndrome de Down, como todas, devem ser respeitadas.

@ Como vimos, para classificar uma palavra, é preciso analisá-la num contexto. Isso
porque, dependendo de como são usadas, elas podem mudar de classe. Pensando
nisso, assinale a alternativa em que o artigo sublinhado qualifica o substantivo ao
qual se refere, fazendo papel de adjetivo.
a) Estes são os livros que eu queria. Você pode me emprestá-los?
)( João é um profissional excelente. Ele é o professor.
c) O professor chegou, mas não vai fazer a prova.
d) São muitos os problemas que o preocupam.
e) Estou tentando fazer um pé de meia. Quero comprar um carro.

<, O filme Ela é o cara (título no Brasil) conta a história de


Viola, uma jogadora de futebol que não se conforma com
a extinção do esporte em sua escola. Sua única chance
de continuar jogando é assumir a vaga de seu irmão gê­ Amanda BYNES

meo, Sebastian, no time dele. Para isso, ela passa a se ElaéoCABA


I>..,ke clll'te Oli via que
vestir de garoto e a andar com os meninos do time. O dá bola para Sebastian
plano começa a dar certo, pois, como boa jogadora, ela lf,rda

se destaca. No entanto, com o passar do tempo, apaixo­


na-se por um colega de equipe, Duke, e eles não podem
ficar juntos enquanto ela ainda fingir ser Sebastian. Du­
rante uma partida, tudo parece caminhar para que todos
descubram que Sebastian, na verdade, é Viola, e assim
acontece. Mas, ao contrário do que ela imagina, todos
se impressionam por uma garota ter tantas habilidades �
Todo mundo tem um segredo. . . �
assim no futebol - esporte visto ainda como masculino.
Capa do filme Ela é o cara,
Perceba que o título do filme permite um duplo sentido. da Imagem Filmes (2006).

___2_8_6 J Poemas J
LPemC_ME_2019_6A_Cap6.indd 286 22/07/19 00 :20 1
Números
Poesia matemática
b) Por que, no poema, Quociente e Incógnita foram grafados com inicial maiúscula?
Porque funcionam como nomes próprios.

c) Pesquise, no dicionário, o sentido de quociente e incógnita.


Quociente - resultado de uma divisão.
Incógnita - grandeza a ser determinada na solução de uma equação, de um proble­
ma; aquilo que se desconhece e se busca saber.

d) Com base nessas definições do dicionário, discuta com os seus colegas e com o
seu professor: por que será que Millôr escolheu esses nomes para os personagens
desse poema?
Como o quociente é o resultado de uma divisão, podemos supor que a ideia do poeta
foi fazer uma referência à separação - o quociente seria o resultado da separação
(divisão). Já a escolha pelo nome incógnita se deve justamente ao fato de ela ser,
na Matemática, a grandeza a ser encontrada para se resolver um problema. A essa
metáfora da incógnita, podemos acrescentar, também, o sentido do mistério - a In­
cógnita seria uma mulher misteriosa.

e) O que o autor quis dizer com o verso "[...] e viu-a, do ápice à base [...]"?
Ele quis dizer que o Quociente olhou a Incógnita da cabeça aos pés.

f) Por que a Incógnita era "uma figura ímpar"?


Porque não havia outra igual a ela.

@ Podemos dizer que o poema Poesia matemática é predominantemente narrativo?


Explique.
Sim. O poema é predominantemente narrativo, pois há um narrador, personagens,
ações, espaço, tempo, etc.

(à No poema, há uma indicação de onde ocorre o encontro entre Incógnita e Quociente.


Transcreva os versos em que podemos identificar essa informação.
"Às folhas tantas do livro matemático [...]"

(O Essa indicação de lugar é vaga (indefinida) ou específica (definida}?


É vaga (indefinida).

( Capítulo 6 X__
2_s9___

LPemC_ME_2019_6A_Cap6.indd 289 22/07/19 00 :20 1


Álguns numerais fornecem material para a criação de palavras em que a noção de
quantidade pode ser facilmente percebida. Nas palavras a seguir, indique qual é a
ideia de quantidade presente.
a) bicampeão =do=is= _____ g) binóculo dois
b) bivalente =do=i=s _____ h) triflex três
e) monomotor um i) hexágono seis
d) dezena dez j) quadrado quatro
BNCC e) centenário cem k) semicírculo metade
f) pentacampeão cinco 1) terceirização terceiro

Habilidades gerais
EF69LP04 (D Assinale o caso em que não há expressão numérica de sentido indefinido.
XEle é o duodécimo colocado.
EF69LP53 b) Quer que veja este filme pela milésima vez?
EF69LP54 e) No encontro, meus lábios dispararam mil beijos.
d) A vida tem só uma entrada; a saída é por cem portas.
EF69LP56 e) Nenhuma das respostas anteriores.

(D Leia o texto a seguir e responda às questões propostas.

Anotações

a) Os numerais do texto indicam o quê?


Datas.

b) Os numerais e os meses, informações destacadas em amarelo, fazem referência a


quê? Explique.
Às datas comemorativas: Dia das Crianças, Dia da Independência do Brasil, Dia do
Trabalhador e Dia da Mentira.

___2_9_0 J Poemas J
LPemC_ME_2019_6A_Cap6.indd 290 22/07/19 00 :20 1
e) Sabendo que no dia 07/10/2018 ocorreu a eleição no Brasil, reescreva o texto de
modo a explicitar a informação contida em cada data.
Que nesta eleição deixemos de ser tão crianças e sejamos mais independentes, pois
só com muito trabalho o nosso Brasil não será uma eterna mentira.

d) Qual foi o objetivo das cores utilizadas na composição textual?


As cores verde e amarela resgatam o espírito patriótico subjacente à mensagem,
pois são as cores da bandeira do Brasil.

e) Qual é o objetivo do texto?


Chamar a atenção dos leitores e eleitores para o voto consciente nas eleições, na
ocasião da publicação do texto.

(D Marque a única alternativa errada sobre o texto da questão anterior.


a) As datas comemorativas são bastante conhecidas pelo brasileiro, o que facilita a
leitura e a compreensão do texto.
b) O autor avalia o comportamento do eleitor brasileiro como infantil, possivelmente
pela falta de consciência do voto.
)( O autor considera os brasileiros como eleitores independentes, o que é ruim para
o País.
d) O autor avalia os eleitores brasileiros como infantis.

(à Como você sabe, não é sempre que os números variam em gênero. Isso ocorre ape­
nas com os cardinais 1 e 2, com os ordinais e com o fracionário meio. Este costuma
causar muita dúvida quanto ao uso, mas a regra é simples:

Quando meio for utilizado no sentido de um pouco, mais ou menos, é invariável.


Quando meio for numeral fracionário, com sentido de "metade", ele irá variar de
acordo com o contexto.

Assim sendo, complete os espaços abaixo com o termo adequado.


a) Julia não dormiu bem, por isso parecia meio cansada.
b) Eu estava meio entediado, então decidi voltar para casa.
e) Bebi meio copo de água antes de iniciar a corrida.
d) A redação do aluno ocupou apenas meia folha.
e) Meia garrafa de água será o suficiente?
f) Catarina ficou meio assustada com tudo o que aconteceu.

( Capítulo 6 X__
2_9_1 --

LPemC_ME_2019_6A_Cap6.indd 291 22/07/19 00 :20 1


É hora de produzir

Antes de começar a escrever

Nos poemas, é muito comum encontrarmos um recurso expressivo chamado musica­


lidade. Como nas letras de música, que, muitas vezes, são poemas musicados, a musi­
calidade é construída, principalmente, a partir das rimas e do ritmo. No poema que você
BNCC produzirá agora, procure explorar a musicalidade, atentando para as rimas no final dos
versos.

Habilidades gerais
Proposta
EF69LP46 EF69LP48
O poema que você vai escrever terá como tema os planos que você tem para seu futuro.
EF69LP51 Que profissão você quer abraçar? Onde você quer morar? Você construirá uma família? O
que você fará para ajudar o Planeta? Depois, em uma data combinada com o professor,
você e seus colegas poderão organizar um recital na escola. Será um evento muito inte­
Habilidades específicas ressante, e vocês poderão convidar seus pais, amigos e parentes para assistirem à apre­
EF67LP31 EF06LP03 sentação.
EF06LP11 EF06LP12

Sugestão de abordagem

Para enriquecer a aborda­


gem da linguagem poética,
podemos promover uma ofi­ Imagem 1 Imagem 2 Imagem 3

cina de poesia. No link abaixo,


você encontrará boas dicas Planejamento
de Evelyn Heine para quem Para produzir seu texto, você precisará ter definido bem seu tema. Do que exatamente
quer fazer poesias divertidas. você falará? Depois disso, selecione algumas palavras do campo semântico desse tema.
Não entendeu? É fácil. Veja só:
Vale a pena conferir.
solidariedade raiva bondade
respeito admiração amor
Escaneie o
QR CODE.

Sugestão de abordagem

Mostre aos seus alunos que quente o decassílabo, e cujo último


os poemas podem apresentar verso, chamado de chave de ouro,
diferentes formas. Apresente a concentra em si a ideia principal do
estrutura do soneto (pequena poema ou deve encerrá-lo de ma­
composição poética composta neira a encantar ou surpreender o
de 14 versos, com número variá­ leitor) e do haicai (forma de poesia
vel de sílabas, sendo o mais fre- japonesa surgida no século XVI e

2 9 2
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J Poemas J
1 LPemC_ME_2019_6A_Cap6.indd 292 22/07/19 00 :20 1
Pensando no significado desses substantivos abstratos, você certamente percebeu que
apenas um tem sentido completamente diferente: raiva. Os campos semânticos são os
campos de sentido. Assim, raiva não pertence ao campo semântico dos bons sentimentos. Utilize o livro Memórias in­
Então, para escrever seu poema, uma boa forma de criar ideias é identificar previamente
as palavras que você poderá usar. Se você falar de sua profissão, por exemplo, deverá se­ ventadas para explicar o que
lecionar palavras do campo dela, ou seja, que estejam relacionadas a ela. é musicalidade, origens mu­
Durante a produção do seu poema, procure atentar para o seguinte:
sicais e teatrais da poesia.

1. Ele deverá ser escrito em verso. MAN()EL


2. Você poderá agrupar os versos em estrofes. Para isso, é necessário que os versos DE BARROS

agrupados tratem o tema sob uma mesma perspectiva. Por exemplo: se você está
falando de sua profissão, os versos em que você dirá o que é mais interessante nela
devem compor uma estrofe, enquanto os versos em que você dirá o que menos chama
sua atenção comporão outra estrofe.
3. Procure ficar atento à musicalidade dos seus versos.

Avaliação BARROS, Manoel de (2003). Me­


mórias inventadas: as infâncias de
1. Para avaliar seu poema, releia-o procurando analisá-lo com
Manoel de Barros. São Paulo: Plane­
base nas questões seguintes.
ta do Brasil.

GDCD
o o
Aspectos analisados
No livro Análise de textos:
o o
O poema está escrito em verso?

o o
O poema apresenta musicalidade? fundamentos e práticas, lran­

o o
O tema está claro? dé Antunes traz bons exem­

o o
Há palavras do mesmo campo semântico?
plos de análises. Nas páginas
As ideias apresentam alguma contradição?
109 a 1 14 de sua obra, ela fez
2. Depois dessa avaliação, se for necessário, reescreva o seu um trabalho muito interes­
poema. Agora faltará apenas combinar com o professor e sante com o poema A missa
com a turma como será o recital.
dos inocentes, de Mário Quin­
tana.

lrandé Antunes

ANALISE DETEXTOS

Anotações ANTUNES, lrandé (201 O). Análise de


textos: fundamentos e práticas. São
Paulo: Parábola.
ainda hoje em voga, composta
de três versos, com cinco, sete
e cinco sílabas); rememore-os
acerca do que são estrofes, ver­
sos, tercetos, quartetos, rimas,
etc.

( Capítulo 6 X__ 2_93


___

1 LPemC_ME_2019_6A_Cap6.indd 293 22/07/19 00 :20 1


Dispersão
Anotações
Vocabulário desconhecido

Utilizando pistas do próprio texto, estruturas, ilustrações ou mesmo fontes exter-


nas, como dicionários, construa o sentido das palavras seguintes.
Ânsia - s jo muito intenso.
De e

Singeleza - =D=
el=
ic=
a=d==ª�·------------------­
ez

Encerro - Do verbo encerrar; finalizar, acabar.

Desvendando os segredos do texto

G Como v mos ni a pri meira parte deste capítulo, o eu lírico não pode se r confundido

c om o próprio poeta. Na verdade, em um poema cujo tema principal é a solidão do eu


lírico, por exemplo, o poeta que o escreveu poderia simplesmente não estar se sen­
tindo só. Muitas vezes, para atingir belos efeitos de sentido, o autor simula emoções,
mas isso não quer dizer necessariamente que ele estivesse se sentindo exatamente
como escreveu. Nesse texto, não é uma caracte rística do eu lírico:

X otimismo.
b) frustração.
e) desilusão.
d) tristeza .
e) contentamento.

f) Releia esta estrofe .

Passei pela minh a vida,


um astro doido a sonhar.
Na ânsia de ultrapassa r,
nem dei pela minh a vida ...

a) O que a palavra destacada signifi ca nesse contexto?


Perceber.

b) Nos dois primeiros versos da estrofe 2, o eu lírico explica como era seu modo de
viver. Expli que com suas palavras.
O eu lírico vivia despreocupado, sempre sonh ando.

Isso ocorre principalmente por­ não necessariamente de algo


que um poema não quer informar novo, mas de um novo olhar, um
nada. Por isso, ao lermos um poe­ olhar particular e interessante.
ma que, por exemplo, nos pareça E esse novo olhar se dá, tão so­
triste, nada nos garante que o poeta mente, pelo estilo particular do
estava triste quando o escreveu, e poeta de brincar com os signos
pouco importa se estava ou não: o reconhecíveis - a língua.
que importa é que ele nos propor­
ciona, com sua arte, um prazer es­
tético, uma emoção, uma revelação,

( Capítulo 6 X__
2_95___

1 LPemC_ME_2019_6A_Cap6.indd 295 22/07/19 00 :20 1


e) No último verso da estrofe 2, o eu lírico lamenta a conseguência de ter vivido dessa
forma. Explique o que aconteceu com a vida dele.
A vida do eu lírico passou despercebida.

Analise esta estrofe.

Para mim, é sempre ontem,


BNCC não tenho amanhã nem hoje:
o tempo que aos outros foge
cai sobre mim feito ontem.
Habilidades gerais
EF69LP48 EF69LP54 Como o eu lírico percebe o tempo? Passado, presente ou futuro?
EF69LP56 Para o eu lírico, o tempo é sempre passado.

Habilidades específicas
CJ Analise os versos abaixo.

EF67LP28 EF67LP37
EF67LP38 [...] e hoje, quando me sinto,
é com saudades de mim.

A palavra saudades, nesse contexto, classifica-se como um substantivo concreto ou


abstrato? Por quê?
Sugestão de abordagem Abstrato. Porque depende do eu lírico para existir.

@ Esse poema de Mário de Sá-Carneiro pode ser comparado ao poema de Leo Cunha que
1. Sobre o que você quer você leu no início deste capítulo. O que acontece com o eu lírico de ambos os textos?
falar? O eu lírico dos dois textos se perde.

Um bom assunto é aquele que @ Como já vimos, os textos podem ser escritos de maneira formal ou informal, depen­
está mexendo com você ultima­ dendo da situação comunicativa.
mente. Pode ser qualquer coisa,
a) No poema de Leo Cunha e no de Sá-Carneiro, como é feito o registro da linguagem,
qualquer sentimento. Poesia é formal ou informalmente?
uma forma de comunicação. No poema de Leo Cunha, a linguagem é informal. No poema de Sá-Carneiro, é formal.

2. Soltando as palavras b) Para pessoas de qual faixa etária cada um deles escreveu?
Pegue um papel e vá anotan­ Leo Cunha escreveu para jovens. Sá-Carneiro escreveu para adultos.
do várias palavras que tenham a
ver com o assunto. Tente achar
rimas para elas. Não precisa
pensar muito. Brinque de rabis­
car palavras. Quanto mais, me­ livre para escrever e apagar o que (primeira com segunda e tercei­
lhor. Depois você escolhe as pre­ quiser, mudar tudo de lugar... Solte ra com quarta), ou A com C e B
feridas. o verbo! Não tenha medo... com D (primeira com terceira e
segunda com quarta), ou apenas
3. A primeira frase 4. Como rimar? B com D (segunda com quarta
Você não precisa acertar logo Existem vários jeitos de combi­ linha).
de cara. É justamente a vontade nar rimas. Podemos, por exemplo,
de acertar de primeira que "em­ numa poesia de quatro linhas (A,
perra" o pensamento. Você é B, C, D), rimar: A com B e C com D

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O A seguir, transcrevemos uma estrofe do poema de Mário de Sá-Carneiro e o trecho de
um poema muito antigo de Francisco de Sá de Miranda, escrito em 1595. Compare as
duas estrofes.

Perdi-me dentro de mim Comigo me desavim,


porque eu era labirinto, sou posto em todo o perigo;
e hoje, quando me sinto, não posso viver comigo
é com saudades de mim. nem posso fugir de mim.
Mário de Sá-Carneiro, 1913 Francisco de Sá de Miranda, 1595

Como você certamente percebeu, os dois poemas abordam os conflitos do eu lírico


consigo mesmo. Falando nisso, a palavra desavim, na estrofe de Sá de Miranda, sig­
nifica discordar (comigo me desavim quer dizer discordei de mim).

Então, vamos lá. Com base nesses dois textos, assinale a afirmação correta.
a) No texto 1, o "eu" é inimigo do "mim".
b) No texto 1, o "eu" despreza o "mim".
c) No texto li, o "eu" encontra-se ao lado do "mim".
)(No texto 11, o "eu" não sente saudades do "mim".
e) No texto li, o "eu" e o "mim" estão de mãos dadas.

(J O ritmo é um importante recurso para a construção dos poemas. Ao elaborar os ver­


sos, o autor observa a colocação das sílabas tônicas (fortes) e as sílabas átonas
(fracas), de acordo com a maneira como ele deseja que cada verso seja lido.

Os versos a seguir foram separados a partir das regras ortográficas. Observe.

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Co mi go me de sa vim
Sou pos to em to do o pe ri go
Não pos so vi ver co mi go
Nem pos so fu gir de mim

a) Em seu caderno, destaque a sílaba tônica de cada palavra de acordo com as regras
ortográficas.

b) Identifique as sílabas poéticas que há nesses versos.


Co/mi/go/ me/ deisa/vim; Sou/ pos/to em/ to/do o/ pe/ri/go; Não/ pos/so/ vi/ver/
co/mi/go; Nem/ pos/so/ fulgir/ de/ mim.

( Capítulo 6 X__
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Quando a sílaba de uma palavra é pronunciada com outra, elas formam uma sílaba poética, como no 2° verso:
"Sou posto em... ".
As sílabas poéticas, portanto, são diferentes das sílabas tônicas gramaticais.
A quantidade de sílabas poéticas indica a medida de um verso, chamada de metro. O estudo do metro é cha­
mado de metrificação.

@ Nos poemas, é muito comum, também, o emprego de figuras de linguagem, que es­
tudamos no Capítulo 4. Nos versos das estrofes reproduzidas na questão 7, percebe­
mos o emprego de uma figura de linguagem caracterizada pelo exagero sentimental
do eu lírico. Que figura é essa?
Hipérbole.

Outro importante recurso utilizado pelos poetas para dar ritmo aos poemas são as rimas, que correspondem
aos sons iguais ou semelhantes que as palavras apresentam em um mesmo verso ou em outro. Elas podem ocor­
rer no interior ou no final dos versos. Observe.
Não sinto o espaço que encerro Além das rimas e do ritmo, os poemas podem contar, também, com
nem as linhas que projeto: a repetição de palavras, vogais e consoantes, como você pode ver nessa
se me olho a um espelho, erro - estrofe do poema de Mário de Sá-Carneiro. Todos esses recursos con­
não me acho no que projeto. tribuem para a musicalidade dos poemas.

Análise linguística

Pronomes pessoais
Leia a tirinha.
COM EDUCAÇÃO SE / É ESTRANHO...
COMBATE A ViOLÊNCiA, AS PORQUE PARECE ATE ...É COMBATER
DROGAS, O DESEMPREGO... QUE A iNTENÇÃO... A EDUCAÇÃO...
\ / J
...A iNjUSTiÇA,
PRECONCEiTOS,
A iGNORÂNCiA...

Armandinho, de Alexandre Beck.

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Sugestão de abordagem
1. No primeiro quadro da tira, o pai de Armandinho ressalta a importância da educação
na sociedade. A fala do menino, nos dois últimos quadrinhos, confirma esse ponto de
vista? Explique. Propomos as respostas a
2. Que expressão, na fala de Armandinho, introduz um contraponto à opinião do pai? seguir para as questões da
3. No primeiro quadro, o pai de Armandinho parece responder a uma pergunta feita pelo seção Análise linguística.
menino. No entanto, essa pergunta não está expressa na tira. Que pergunta seria essa? 1. Não, pois, na fala do
4. Suponha que, no primeiro quadrinho, o menino tenha utilizado a pergunta que você personagem Armandi­
formulou acima para questionar o pai. Que palavra poderíamos utilizar para evitar a
repetição de educação na resposta do pai? nho, há indícios de que,
pela forma como tra­
Como você sabe, nossa língua nos oferece diversas opções comunicativas. Uma des­
tam a educação, nada
sas opções consiste na substituição de palavras para evitar repetições desnecessárias, o do que o pai diz parece
que confere mais dinamismo às nossas comunicações. Veja.
se confirmar.
2. É estranho...
- Pai, para que serve a educação? 3. Sugestão de resposta:
- Ela serve para combater a violência, as drogas...
"Pai, para que serve a
educação?".
Nesse contexto, observe que a palavra ela substitui edu­
cação, para evitar sua repetição. Por esse motivo, a palavra
4. Espera-se que o aluno
ela funciona como pronome. utilize o pronome ela.
Na comunicação, existem
três pessoas do discurso, ou
A resposta do pai fica­
Pronome é a palavra que substitui, representa pessoas gramaticais: ria, então, "Com ela se
Eu - quem fala.
ou acompanha o substantivo, indicando-o como Tu - com quem se fala. combate...".
pessoa do discurso. Ele - de quem se fala.

Chamamos de pronomes pessoais aqueles que substituem o substantivo, indicando as


pessoas do discurso. Observe:
BNCC
Minha esposa é enfermeira.
Habilidades gerais
Ela é enfermeira.
EF69LP05 EF69LP56
3• pessoa do discurso

Habilidades específicas
EF67LP28 EF67LP32
EF06LP04 EF06LP06

Além dos estudados a se­ contextos religiosos (e invariavel­ que se referem ao interlocutor;
guir, existem outros itens tradi­ mente de maneira incorreta). Outros mas gramaticalmente não dife­
cionalmente analisados como se comportam como nominais co­ rem dos outros sintagmas nomi­
pronomes pessoais. Alguns não muns, e não precisam ser estudados nais.
ocorrem no português brasileiro, separadamente: vossa excelência, o PERINI, Mário (201 O). Gramática do por­
como vós, que mesmo na lín­ senhor, a senhora, a gente. Seriam tuguês brasileiro. São Paulo: Parábola,
gua escrita só se usa em certos "pronomes pessoais" no sentido de p. 115.

( Capítulo 6 X__ 2_99


___

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As pessoas que gostam de viajar sempre preferem um destino diferente.

Elas sempre preferem um destino diferente.

3• pessoa do discurso

Nos textos, uma das funções dos pronomes é evitar a repetição desnecessária de palavras e expressões.
Observe.

Ana e Marta são irmãs gêmeas. Como minha irmã e eu, Ana e Marta nasceram em 22 de setembro
de 1986. Por isso, minha irmã e eu sempre convidamos Ana e Marta para comemorarmos juntas o
nosso aniversário.

Substituindo os termos repetidos de maneira desnecessária, teríamos:

Ana e Marta são irmãs gêmeas. Como minha irmã e eu, elas nasceram em 22 de setembro de 1986.
Por isso, nós sempre as convidamos para comemorarmos juntas o nosso aniversário.

Quando substituímos os termos repetidos por pronomes, a referência entre eles deve ficar clara. Nesse caso,
os pronomes substituem termos que foram ditos anteriormente. Não entendeu? É simples:
O pronome elas se refere a Ana e Marta.
O pronome nós se refere a minha irmã e eu.
O pronome as se refere a Ana e Marta.

No quadro seguinte, observe a classificação dos pronomes pessoais.

•�t·i,Mi·líAiM+i Caso reto Caso oblíquo


1ª eu me, mim, comigo
Singular 2ª tu te, ti, contigo
3ª ele, ela se, si, consigo, o, a, lhe
1ª nós (eu+ alguém) nos.conosco
Plural vós (tu+ alguém) vos.convosco
3ª eles, elas (ela+ alguém) se, si, consigo, os, as, lhes

Veja, na prática, que os pronomes pessoais substituem substantivos.

Os grandes atletas treinam diariamente para superar seus limites.

Eles treinam diariamente para superá-los.

___3_o_o J Poemas J
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Anotações
Os pronomes pessoais oblíquos o, a, os, as se transformam quando se ligam a
verbos terminados em -r, -s, -z. Nesse caso, o verbo perde essa letra, e os pro­
nomes ganham a letra 1 (lo, la, los, las).

Os alunos convidaram os professores para o aniversário.

Eles convidaram-nos para o aniversário.

Os pronomes pessoais oblíquos o, a, os, as se transformam quando se ligam a


verbos terminados em -m. Nesse caso, eles adquirem as formas no, na, nos, nas.

Há pronomes pessoais que usamos para nos referir­


mos a pessoas de maneira íntima ou cerimoniosa. São os
chamados pronomes de tratamento. Veja alguns exemplos
desses pronomes.

A senhorita Gabriela estuda neste colégio.


Você gosta de praia?
Dona Azinete é uma mulher exemplar.
Seu Amaro torce muito pelo seu time. categoria superior, e não a ela
Peço a Vossa Senhoria que atenda à minha
solicitação.
própria. Assim aproximavam­
Vossa Excelência é um político ficha-limpa, -se os vassalos de seu rei com
deputado.
o tratamento de vossa mercê,
vossa senhoria[...]; assim usou­
Apesar de usarmos os pronomes de tratamento para nos
-se o tratamento ducal de vos­
referirmos à pessoa com quem falamos ou de quem fala­
mos, o verbo fica sempre na terceira pessoa. sa excelência e adotaram-se na
No Brasil, o pronome vós está praticamente em desuso. hierarquia eclesiástica vossa
Ele aparece apenas em alguns gêneros textuais e situa­
ções comunicativas específicas, como na linguagem poé­ reverência, vossa paternidade,
tica e em discursos muito formais. Na prática, o prono­ vossa eminência, vossa santi­
me vós foi substituído por vocês. Da mesma forma, o seu
correspondente oblíquo (vos) também é usado raramente,
dade".
sendo substituído pela forma a vocês, como em "Eu disse A partir do final do século XVI,
a vocês".
esse modo de tratamento indi­
reto já estava em voga também
para os ocupantes de certos car­
gos públicos. Vossa mercê evo­
luiu para vosmecê, e depois para
o coloquial você. E o pronome
quem se dirigia a palavra, passou­ vós, com o tempo, caiu em desu­
-se a empregar, como expediente so. É dessa tradição que provém
O uso de pronomes e locu­ linguístico de distinção e de res­ o atual emprego de pronomes de
ções pronominais de tratamen­ peito, a segunda pessoa do plural tratamento indireto como forma
to tem larga tradição na língua no tratamento de pessoas de hie­ de dirigirmo-nos às autoridades
portuguesa. De acordo com Said rarquia superior. Prossegue o au­ civis, militares e eclesiásticas.
Ali, após serem incorporados ao tor: "Outro modo de tratamento MENDES, Gilmar Ferreira; FORSTER
português, os pronomes lati­ indireto consistiu em fingir que se JÚNIOR, Nestor José (2002). Manual de
nos tu e vós, como tratamento dirigia a palavra a um atributo ou redação da Presidência da República.
direto da pessoa ou pessoas a qualidade eminente da pessoa de Brasília: Presidência da República.

( Capítulo 6 X.._3_0_1
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Pronomes demonstrativos
Na categoria dos pronomes demonstrativos, enquadramos aqueles que, em geral, utili­
zamos para indicar a posição dos substantivos em relação às pessoas gramaticais.

Veja, nesta tabela, os pronomes demonstrativos.

Pronomes demonstrativos
Indica um substantivo Masculino Feminino Masculino Feminino
que está: singular singular plural plural
Próximo do eu este esta estes estas
Próximo do tu esse essa
O pronome tem a capacida­
Próximo do ele aquele aquela
de de promover remissão (sua
natureza é, como se diz, fórica).
Agora, leia o poema a seguir.
Essa natureza fórica é a res­
ponsável pelo processo de refe­
rência e de substituição em um Não sabe
o tal besouro
texto. que o tal tesouro
Por meio da interlocução, os está pertinho.
JOSÉ, Elias. Segredinhos de amor. São Paulo: Editora Moderna, 2001.
pronomes fazem referência aos
participantes de um discurso.
Por remissão textual, fazem alu­
Nestes versos, observe que a palavra tal é utilizada para
são a pessoas ou a coisas que indicar o substantivo (besouro e tesouro), por isso é conside­
participam dele. Quando fazem rada pronome demonstrativo.

referência a uma pessoa do dis­ Também são demonstrativos:


curso são classificados como
exofóricos. Exemplo: Você pre­ Mesmo(s), mesma(s) - Nós mesmos não acreditamos.
cisa conhecer as últimas no­ Próprio(s), própria(s) - Ela própria preferiu voltar.
vidades. Aqui, o pronome de
tratamento você não faz parte Assim, os pronomes demonstrativos podem "demonstrar"
necessariamente da situação também termos dentro do próprio texto ou no contexto de uso.

de discurso, apenas substitui a


pessoa a quem a mensagem se
dirige.
Se a comunicação exige
substituição de um termo por
pronome, passa a ser classifica­ o seu problema: preguiça), respon­ Pois os pronomes podem ofere­
do como endofórico: Você preci­ sáveis pelo processo remissivo em cer ao usuário da língua muitas
sa conhecer as últimas novida­ um texto. possibilidades de modular um
des, elas vão te impressionar. Há Como agentes articuladores, os texto.
ainda funções anafóricas (quan­ pronomes têm nuanças que aju­ SOBRAL, João Jonas Veiga. Revista
do retomam um termo, oração dam a construir o sentido de um Língua Portuguesa n2 67. Maio de 2011.
ou expressão, como em Pre­ texto. Daí a crítica a quem, nas es­ São Paulo: Segmento.

guiça: esse é o seu problema) e colas, trabalha com essa categoria


catafóricas (quando anunciam o gramatical limitando-se à classifi­
termo que virá, como em Este é cação ou a exercícios de correção.

___3_0_2 J Poemas J
1 LPemC_ME_2019_6A_Cap6.indd 302 22/07/19 00:21 1
Prática linguística

Texto 1

'-. "ESSENCiAL À ViOA OE


TODOS OS SERES ViVOS", '-. É ÓBViO QUE
COMEÇA COM A LETRA "A" ... É "ÁGUA"!
1 �
COMO VOCÊ O QUE VOCE
CONSEGUiU COLOCOU
ERRAR ESSA?! NA PROVA?!!

Armandinho, de Alexandre Beck.

@ Na tirinha, Armandinho foi questionado pelo pai por ter errado uma questão da prova.
O que a atividade requeria do garoto?
Que ele identificasse o elemento essencial à vida que começa com a letra a.

@ A resposta de Armandinho atendeu à expectativa?


Não. Esperava-se que o menino respondesse água, no entanto sua resposta foi amor.

@ Embora não possamos ver a fisionomia do personagem adulto, podemos afirmar que
ele estava irritado. Por quê?
O uso do termo óbvio e do sinal de exclamação em suas falas indicam certa irritabi­
lidade do personagem.

@ Agora, atente à seguinte colocação feita pelo pai do menino.

(__c_ o_m_o _v_o_c_ê_ c_on


_ s_ eg _ _ r_e_ s_s _a?
_ _ u_i_u_ e_rra _ _! ___)

a. A que termo do texto se refere a palavra essa?


O pronome essa se refere à questão da prova sobre a água.

b. A que classe de palavras pertence a palavra essa?


Trata-se de um pronome demonstrativo.

e. No contexto, que palavra o pai utiliza para se referir ao filho?


O pai se refere ao filho por meio do pronome você.

( Capítulo 6 X.._3_03
___

LPemC_ME_2019_6A_Cap6.indd 303 22/07/19 00:21 1


d. Em um contexto formal, que pronome de tratamento o menino deveria utilizar para
se referir ao pai?
Senhor.

Texto 2

(SIC) - Orlandeli
voa PODo AT� ACHAR oSTRANHO, A AOOLesaNCIA
MAS, Do VoRDADo, NÃO Mo INCOMODO JA INCOMODOU
N.NHUM POUCO QUANDO 01ieM QUe ... MUITO, CLARO. TAMB�M FOI BARRA.

PRINCIPALMoNTo
QUANDO oRA
CRIANÇA. QUoRIA Me INTe&RAR, FAZoR
PARTo DA TAL •DIRE:TORW,
A INFANCIA NÃO � UM MAS AS PoSSOAS se AFASTAVAM
LUGAR A&RADAVeL seM SoQUoR Me CONHoCoR.
PARA QUoM �
DIFE:RE:NíE:.
CLARO, AINDA
SOU DISC�MI·
NADO POR Aí.
MAS NÃO Mo
IMPORTO MAIS
COM oSSAS
PoSSOAS.

FALAR A VoRDADo T.NHO


AT� Dó. AFINAL••.

. .. ANToS
CARA DE: 5APO
oo Que
E:5PfRITO
</ DE: PORCO.

���===:_==,-.,,,.- � - - -

@ No Capítulo 3 deste livro, estudamos as diferentes formas de classificação dos textos


em categorias que chamamos de gêneros. Na ocasião, vimos que todos os textos
apresentam características formais que nos permitem identificar o gênero em que se
enquadram. Pensando nisso, podemos afirmar que o Texto 2 é um exemplo de que
gênero textual?
História em quadrinhos.

@ Que características formais o Texto 2 possui que permitem essa classificação?


Utilização da linguagem mista, sequência de cenas em quadrinhos, presença do tipo
textual narrativo, emprego de personagens, etc.

___3_0_4x Poemas j
1 LPemC_ME_2019_6A_Cap6.indd 304 22/07/19 00:21 1
BNCC
O O texto nos passa um importante ensinamento. O que você entendeu por esse ensi­
namento? Explique com suas palavras.
Habilidades gerais
Resposta pessoal. Espera-se que o aluno perceba, entre outras possibilidades, que o
EF69LP05 EF69LP44
texto aborda a importância de não se julgar as pessoas pela aparência.
EF69LP47 EF69LP49
C, Transcreva o título do texto. EF69LP53 EF69LP54
Eu tenho cara de sapo. EF69LP56
(J Identifique a palavra que, no título do texto, pode ser suprimida sem prejuízo de sen­
tido. Como ela se classifica? Habilidades específicas
O pronome pessoal eu pode ser suprimido sem prejuízo de sentido. EF67LP28 EF67LP32
EF06LP04
(Í!) No segundo quadrinho do texto, há uma frase em que essa mesma palavra foi supri­
mida. Reescreva-a empregando a palavra corretamente.
"Principalmente quando eu era criança."

(O Ainda no segundo quadrinho, há uma fala do personagem em que ele omite um pro­
nome pessoal do caso oblíquo. No contexto, a função desse pronome é indicar que o
próprio personagem é incomodado. Reescreva a fala do personagem empregando o
pronome corretamente.
"Já me incomodou muito, claro."

(ê No texto, o personagem principal se dirige diretamente ao leitor. Que palavra ele utili­
za para fazer essa referência? O personagem trata seu interlocutor de maneira formal
ou informal?
O personagem utiliza o pronome você para se dirigir ao leitor. O emprego do pronome
sugere informalidade nesse tratamento.

(D Ao longo do texto, o personagem utiliza diversas expressões de sentido conotativo.


Entre essas, identifique aquela que, denotativamente, pode ser substituída, sem alte­
ração do sentido original, pelo adjetivo difícil, expresso no grau superlativo absoluto
e flexionado no masculino.
"Para arrumar trabalho, então... era uma vida (dificílimo)."

( Capítulo 6 X.._3_05
___

LPemC_ME_2019_6A_Cap6.indd 305 22/07/19 00:21 1


(à Releia.

Queria me integrar, fazer parte da tal "diretoria", mas as pessoas se afasta­


vam sem querer me conhecer.

a) De acordo com a compreensão global do texto, explique o que é a "diretoria" a que


o personagem se refere.
A diretoria corresponde ao grupo de adolescentes que influenciavam outros, sempre
excluindo e discriminando o personagem principal.

b) Identifique no texto a expressão conotativa que traduz a dificuldade do persona­


gem de se relacionar com a "diretoria".
Foi barra.

e) Como o personagem identifica o comportamento da "diretoria", que se afastava


dele sem querer conhecê-lo?
O personagem identifica esse comportamento como "espírito de porco".

d) Identifique nesse trecho o termo que o autor utiliza para evitar a repetição da pa­
lavra diretoria.
As pessoas.

e) Formalmente, o termo as pessoas poderia ser substituído por um pronome pessoal


do caso reto. Qual é esse pronome? Essa substituição contribuiria positivamente
para a construção da frase?
O pronome pessoal ela, que retomaria o termo diretoria. Espera-se que o aluno obser­
ve que essa substituição soaria estranha, embora correta do ponto de vista formal.
Esse estranhamento decorre do fato de, no contexto, o substantivo diretoria designar
um grupo, revelando uma noção de plural. Ao ser retomado pelo pronome ela, essa
noção se perde.

___3_0_6 J Poemas J
LPemC_ME_2019_6A_Cap6.indd 306 22/07/19 00:21 1
Antes de começar a escrever

Ao longo do tempo, vários poetas se prenderam a um tema muito interessante: o amor.


Durante toda a História, o amor sempre foi assunto recorrente nas produções literárias.
Também, quem nunca sentiu o amor? No mundo inteiro, as pessoas se identificam com
esse sentimento, por isso que muitos poemas, mesmo escritos há anos, permanecem in­
crivelmente atuais. Veja, por exemplo, como se expressou o poeta português Luís de Ca-
mões no século XVI.
..._______ /-----
Amor é um fogo que arde sem se ver, /
é ferida que dói e não se sente;
( Qua rteto)
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer; _/


é um andar solitário entre a gente; ---

c -a-ua- rt-et- o......


)
é nunca contentar-se de contente; -
é um cuidar que ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade;


é servir a quem vence, o vencedor; ( Terceto )
é ter, com quem nos mata, lealdade.

Mas como causar pode, seu favor,


( Terceto )
nos corações humanos, amizade,
se tão contrário a si é o mesmo amor?

Esse poema é um dos sonetos mais famosos de Camões.


O soneto é uma forma fixa de poema: ele sempre é com­
posto de catorze versos, que, em geral, dividem-se em duas
estrofes de quatro versos e duas de três versos. Além disso,
os versos sempre são rimados, como você vê nesse sone­
to de Camões. É interessante observar, também, que, nos
sonetos, o último verso (conhecido como chave de ouro) <#ÍJ
concentra a ideia principal do poema ou deve concluí-lo de
forma a atrair a atenção do leitor.
Já no poema a seguir, Porcelana, o poeta contemporâ-
,,t.���;-,,
·•�•-·.•?,,,.,.
neo Paulo Gustavo explora o ritmo da linguagem, mas utili-
,_

za versos livres, ou irregulares, isto é, versos que não pos­


suem restrição métrica (medida do verso).

( Capítulo 6 X.._3_07
___

LPemC_ME_2019_6A_Cap6.indd 307 22/07/19 00:21 1


Porcelana
Planejamento
Observando as imagens, você percebe duas pessoas em momentos bastante agradá­
veis. Com quem você gostaria de passar momentos como esses?
Para facilitar suas ideias, pense nisto:

1. O que você gostaria de dizer para essa pessoa?


2. Por que ela é importante para você?
3. Por que é bom passar longas horas na companhia dessa pessoa?
4. Com quais adjetivos você a qualificaria?
5. Que substantivos você usaria para se referir a ela?
6. Fique atento: o emprego da linguagem figurada pode ser bastante útil para a criação de
imagens poéticas.

Seu poema não precisa falar, necessariamente, do amor entre um casal de na­
morados. Seu texto pode ser dedicado, por exemplo, aos seus amigos, à sua
família, etc. Além disso, o poema é um texto em que o autor se expressa de
maneira muito particular. Por isso, fique à vontade para soltar sua imaginação.

Avaliação
1. Para avaliar seu poema, observe os seguintes aspectos:

Aspectos analisados

ºoo o
O poema está estruturado em versos?

o o
Os versos estão rimando (soneto)?
O tema está claro?
Há presença de substantivos variados para se referir à pessoa à
qual se destina o poema? o o
Os adjetivos empregados para qualificar essa pessoa foram apro­
priados? o o
2. Depois dessa avaliação, se for necessário, reescreva o seu poema. Quando finalizar
tudo, ele estará pronto para ser entregue à pessoa que você escolheu para homena­
gear.

( Capítulo 6 X.._3_09
___

LPemC_ME_2019_6A_Cap6.indd 309 22/07/19 00:21 1


A escrita em foco

Acentuação: oxítonas e paroxítonas

Oxítonas

As palavras oxítonas recebem acento gráfico quando


terminam em a, e, o, em ou ens.

cajá café jiló


armazém ninguém armazéns

Por essa razão, palavras oxítonas que terminam de ma­


neira diferente de a, e, o, em ou ens não recebem acento
gráfico, como Aracaju e pitu.

Paroxítonas

As palavras paroxítonas recebem acento gráfico quando


terminam de maneira diferente de a, e, o, em e ens.

táxi repórter adorável vírus


pólen hífen tórax
júri ônus elétrons

Uma observação importante é que palavras como sério


e óbvio são acentuadas porque terminam em ditongo, não
em o. Se terminassem em o apenas, não seriam acentuadas
graficamente. O mesmo acontece, por exemplo, com pátria,
que termina em ditongo, não em a. ·: ("'"? ?-;::;�

.. .

..
___3_1_0J Poemas J
LPemC_ME_2019_6A_Cap6.indd 310 22/07/19 00:21 1
História da eletricidade
@ Todas estas palavras estão sob a mesma regra de acentuação, exceto:
� acarajé - caubói - ímã - bênção.
b) jaca - foto - patente - santa.
c) justiça - perfume - leve - acento.
d) Maracanã - além - Sanharó - freguês.
e) Tórax - táxi - abdômen - lúmen.

@ Assinale a alternativa correta.


a) A palavra entrevista deve receber acento gráfico.
b) A palavra mês recebe acento gráfico porque é paroxítona terminada em s.
c) A palavra calendário é acentuada graficamente porque é proparoxítona.
� A palavra calendário recebe acento gráfico por se tratar de paroxítona terminada
em ditongo.
e) A separação silábica de saudade é: sa-u-da-de.

Ó Assinale a alternativa que contém vocábulos que obedecem à mesma regra de acen­
tuação da palavra tênue.
a) Agrônomo, índex, fóssil, díspar.
b) Boêmia, herói, amáveis, imundície.
)<( Amêndoa, mágoas, supérfluo, Sérgio.
d) Míope, írmã, médiuns, volúvel.
e) Prático, viúvo, baía, saída.

C, O vocábulo cuja acentuação gráfica se faz pela mesma razão por que se dá a acen­
tuação de gênio é:
a) três.
)( influência.
c) têm.
d) saúde.
e) mantém.

O A palavra em que há erro na acentuação é:


a) ácido.
b) lâmpada.
c) pálido.
)l:(passáros.
e) órgãos.

___3_1_J
2 Poemas J
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Ó Dentre as palavras abaixo, há erro de acentuação em:
a) técnico de petróleo.
b) município de Magé.
c) petroquímico.
d) área de influência.
)(( pôrto de ltaguaí.

Ó Assinale a alternativa em que todas as palavras são acentuadas por serem oxítonas.
>:{ Paletó, avô, pajé, café, jiló.
b) Caí, aí, ímã, ipê, abricó.
c) Lápis, filó, país, saúde.
d) Paraná, além, repórter, régua.
e) Crânio, ruína, baú, júri.

{é Qual a série de palavras em que há erro(s) de acentuação gráfica?


a) Lágrima, vatapá, sapê.
)(( Troféu, rítmo, alcool.
c) Sério, página, esquadro.
d) Violência, cálculo, céu.
e) Atrás, mês, capaz.

(ó O vocábulo imóvel é acentuado por ser palavra paroxítona terminada em 1. Entre os


itens abaixo, identifique a explicação incorreta quanto ao uso do acento.
a) Está - oxítona terminada em a.
b) Lâmpada - palavra proparoxítona.
c) Rádio - paroxítona terminada em ditongo.
)ti Estátua - paroxítona terminada em a.
e) Repórter - paroxítona terminada em r.

(á Está perfeitamente justificada a acentuação das palavras a seguir, exceto:


a) Divergências - paroxítona terminada em ditongo.
)(( Álcool - paroxítona terminada em 1.
c) Fósseis - paroxítona terminada em ditongo.
d) Gás - monossílaba tônica terminada em a seguido de s.
e) Desperdício - paroxítona terminada em ditongo.

( Capítulo 6 X.._3_13
___

LPemC_ME_2019_6A_Cap6.indd 313 22/07/19 00:21 1


@ Neste capítulo, vimos a diferença entre poesia e poe­
ma. Enquanto a poesia é considerada uma arte, o poe­
ma é um texto, normalmente escrito em versos e es­
trofes, que possui poesia, isto é, uma nova forma de
significação, beleza, etc. A poesia, portanto, pode ser
observada nas mais variadas manifestações artísti­
BNCC cas, como a fotografia. A fotografia a seguir foi produ­
zida pelo fotógrafo e documentarista Renato Soares.

Habilidades gerais
EF69LP05 EF69LP33
EF69LP44 EF69LP45
EF69LP56 Renato Soares é especiali­
zado no registro aprofundado
de povos indígenas. da arte. da
cultura e da biodiversidade do
Habilidades específicas Brasil. Desde 1986, realiza sis­
temáticas viagens pelo terri­
EF67LP20 EF67LP26 tório nacional para retratar di­
ferentes formas de expressão
EF67LP32 EF67LP35 cultural dos variados grupos
étnicos brasileiros. A identifi­
EF06LP04 EF06LP06 cação com o universo indíge­
na o tem levado a longos pe­ Às margens do Rio Piraquê-Açu (peixe grande), os guaranis mbya revivem sua
ríodos de imersão em aldeias história, contada por seus anciões. Fotografia de Renato Soares/Imagens do
e reservas, e isso o estimulou Brasil.
a desenvolver o projeto Ame­
ríndios do Brasil, que consiste a) Como os indígenas estão organizados no ritual de
na documentação fotográfica contação de histórias?
das quase 300 nações indí­
genas do País. É colaborador Estão organizados em círculo, no entorno da fogueira.
de revistas de grande expres­
são editorial, como a National

Anotações Geographic e a Scientiftc


American.
b) Quem está contando as histórias dos ancestrais é
o pajé Tupã Kwaray. Pesquise em sites ou livros o
que é um pajé e qual a sua importância para as co­
munidades indígenas.
O pajé é a maior liderança espiritual da tribo, tendo co­
nhecimento das forças sobrenaturais. Ele é responsá­
vel pela saúde da comunidade, e seus conhecimentos
são passados de geração em geração.

___3_1_x
4 Poemas j
LPemC_ME_2019_6A_Cap6.indd 314 22/07/19 00:21 1
e) Que detalhes da fotografia chamaram a sua atenção?
Resposta pessoal.

d) Na fotografia, quais são os focos de iluminação?


A fogueira e o rio, ao fundo.

e) Em várias comunidades indígenas, os rituais de contação de histórias são bastan­


te comuns, principalmente para os povos que não utilizam a escrita como forma
de registro. Nessas comunidades, a pessoa mais velha é quem conta as lendas e
histórias da tradição, pois ela é reconhecida como a mais experiente e, portanto,
mais sábia. Pensando nisso, qual é a relação entre o pajé e o principal foco de ilu­
minação da cena?
Esperamos que os alunos percebam que o pajé se destaca na foto como a figura
mais iluminada. Essa relação seria, portanto, associada ao seu conhecimento. Nessa
perspectiva, a luz do fogo ilumina seus conhecimentos e as histórias dos antepas­
sados.

@ Você aprendeu no capítulo anterior a produzir um relato de viagem. Mas você sa­
bia que, ao realizar uma viagem, você pode não somente escrever suas experiências
como também enviar para alguém uma foto do local em uma espécie de carta espe­
cial? Esse é o cartão-postal. Ele contém uma imagem do lugar onde você está e um

----- -
espaço para fazer uma dedicatória para o seu destinatário. Observe um exemplo a

---
seguir.

1 1
1 �20
1
1 1
1 �muili,Mtdt
De: FABI

1
Para: TIA DENISE ETIO BETO

direto de
1 NORONHA!
Endereio:

RUA LEONARDO DA VINCI, 60,


1
1
---------
1
AP. 1901, ILHA DO RETIRO,

RECIFE-PE, 54220-000

1 1

( Capítulo 6 X.._3_15
___

LPemC_ME_2019_6A_Cap6.indd 315 22/07/19 00:21 1


Note que estão presentes não apenas a mensagem e o nome de quem o enviou ou
para quem será enviado; também há outras informações mais específicas, como o
endereço para onde o cartão-postal será enviado. Considerando o seu conhecimento
de mundo e o que estudamos neste capítulo sobre os numerais, responda às ques­
tões a seguir.

a) Os destinatários do cartão moram em casa ou apartamento?


Em apartamento.

b) O numeral 1901, na verdade, é composto de dois numerais: 19 e 01. Na prática, o


que esses numerais provavelmente indicam?
O numeral 19 provavelmente indica o 19l! pavimento do edifício, e 01 indica a posição
do apartamento no pavimento.

e) O que representa o numeral 54220-000?


Representa o Código de Endereçamento Postal (CEP) da casa do destinatário (quem
recebe o cartão).

@ Um gênero textual que utiliza muitos números em sua estrutura é a receita. Analise
esta receita de brownie.

Ingredientes
• 1/2 tablete de manteiga sem sal(100 g).
• 180 g de chocolate amargo picado.
• 1 xícara(chá) de açúcar(200 g).
• 1/2 xícara(chá) de açúcar mascavo.
• 3 ovos.
• 1 colher(chá) de extrato de baunilha.
• 1/2 colher(chá) de sal.
• 2 colheres(sopa) de cacau em pó.
• 3/4 xícara(chá) de farinha de trigo.

Modo de preparo
• Em uma tigela, coloque a manteiga e o chocolate meio amargo e leve para derreter
no micro-ondas(+/- 30 segundos).
• Adicione os açúcares, os ovos(colocando um por vez), o extrato de baunilha, o sal,
o cacau em pó e a farinha de trigo. Misture bem.
• Coloque a massa em uma assadeira forrada com papel-manteiga e leve ao forno a
180 ºC por 30 minutos. Retire do forno e decore com confeitos de chocolate, nozes
ou amêndoas.

___3_1_x
6 Poemas j
LPemC_ME_2019_6A_Cap6.indd 316 22/07/19 00:21 1
Sobre os numerais utilizados na receita, analise os itens a seguir.
1. 1 /2 corresponde a um número fracionário e pode ser chamado de meio.
li. O numeral 1 em "1 xícara" pode ser substituído por uma, sem alteração de sentido.
Ili. "3 ovos" corresponde à ideia de quantidade.
IV. "180 ºC" nos remete à ideia de ordem.

Estão corretos, apenas, os itens:


a) 1 e li.
b)le lll.
)(1, li e Ili.
d)11, Ili e IV.
e)Ili e IV.

(t Ainda sobre os numerais presentes na receita, é incorreto afirmar que:


a) o termo 30 segundos corresponde à contagem de tempo, portanto 30 é um numeral
cardinal.
� o numeral 2, em "2 colheres (sopa) de cacau em pó", é multiplicativo.
c) para determinar o peso de algo, utilizamos numerais cardinais, como em "180 g de
chocolate amargo picado".
d)há numeral fracionário na receita.
e) no modo de preparo, existe uma ordem para a mistura dos ingredientes. Caso essa
ordem seja desrespeitada, o resultado pode não ficar satisfatório. Para deixar esse
P,asso a asso ainda mais claro, poderíamos utilizar numerais ordinais.

@ A receita é um gênero textual que apresenta estrutura composicional bastante clara.


Converse com os seus colegas e o seu professor sobre as características mais mar­
cantes dessa estrutura.

C, Observe as palavras abaixo e responda ao que se pede .

1. açúcar - açucareiro
2. assar - assadeira

a) Analisando as palavras, qual delas você acha que surgiu primeiro?


Espera-se que os alunos observem que as palavras açúcar e assar originaram as pa­
lavras açucareiro e assadeira, respectivamente.

b)Voltando à receita de brownie, identifique palavras que podem dar origem a outras.
Resposta pessoal.

( Capítulo 6 X.._3_17
___

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@ Agora, analise estas palavras:

e micro-ondas papel-manteiga
)
a) Para você, como se originaram essas palavras?
Espera-se que os alunos observem que as palavras se originaram a partir da junção
de palavras primitivas.

b) Escreva, a seguir, exemplos de palavras que se originaram da mesma forma que


micro-ondas e papel-manteiga.
Resposta pessoal.

Como você pode observar, as palavras micro-ondas e papel-manteiga são derivadas, pois se originaram a
partir da junção de palavras primitivas. Chamamos essa junção de composição. Na composição, quando unimos
palavras primitivas, pode ocorrer ou não a perda de algum elemento. Em micro-ondas, por exemplo, não há perda,
mas em planalto há.

(j Analise as palavras a seguir.

superlegal bem-humorado vaga-lume passatempo inútil


bem-casado desconhecer sentimental beija-flor incerteza
cartão-postal segunda-feira inteiramente pão-duro água-viva
desligada pontiagudo laranja meia girassol

Em seu caderno, classifique-as em primitivas ou derivadas.

___3_1_sx Poemas j
1 LPemC_ME_2019_6A_Cap6.indd 318 22/07/19 00:21 1
BNCC
Mídias em contexto
Habilidades gerais
Ú A fim de atingir certos efeitos de sentido, é comum os escritores "misturarem" gêne­
ros textuais. Assim, um poema, por exemplo, pode ser estruturado como uma receita. EF69LP07 EF69LP46
Acrescentando "ingredientes poéticos", podemos produzir boas receitas... EF69LP51 EF69LP54
Produza um poema-receita para ser postado na sua rede social. Procure usar a cria­
tividade e atente para a estrutura composicional característica de cada um dos dois
gêneros. Habilidades específicas
Desafio!
EF67LP27 EF67LP31
No seu poema-receita, você deve utilizar: EF67LP32 EF67LP35
• Diferentes numerais.
• Palavras primitivas.
EF06LP11 EF06LP12
• Palavras derivadas.

Outras fontes

Pequeno cidadão. Os músicos Antonio Pinto, Arnaldo Antunes, Edgard Scan­


durra e Taciana Barros formaram uma banda para produzir canções infantoju­
venis com a participação dos próprios filhos. O primeiro CO, chamado Pequeno
cidadão, foi lançado em 2009. Sucesso de público e crítica, em 201 O os músi­
cos lançaram o DVD, com excelentes animações.

� Escaneieo
'-:!.) QR CODE abaixo.

-�
,, ,,,
·--
• Pequeno Cidadão 1
.- Pequeno cidadão. Canal mantido
pelos músicos Antonio Pinto, Ar­

-..---·
--- --___
-·•--.·--­-..
naldo Antunes, Edgard Scandurra

___
e Taciana Barros para divulgarem
..,.. ......, os trabalhos da banda.
...
...-

( Capítulo 6 X.._3_19
___

LPemC_ME_2019_6A_Cap6.indd 319 22/07/19 00:21 1


Agora, começaremos a trabalhar um
gênero em que predomina o tipo textual
expositivo: o artigo de divulgação científi­
ca. Como o próprio nome do gênero deixa
claro, a função desses textos é, de fato, di­
vulgar a ciência, levando informações cien­
tíficas importantes para o grande público.
Muito encontrados no nosso dia a dia, esses
textos são fundamentais para ampliarmos
nosso conhecimento de mundo.
Por que temos
dor de barriga?
que possa irritar esses tecidos pode provocar a dor. Uma inflamação provocada por ver­
Diálogo com o professor
mes ou outros bichinhos, alimentos estragados, grande quantidade de gás no intestino,
pancadas, muito tempo sem fazer cocô, variações no ciclo menstrual das meninas e até
mesmo alguns medicamentos podem causar essa dor. Além disso, existem dores na bar­
O grande ponto que envol­
riga que não são provocadas por irritações diretamente nesse local. Algumas pessoas, por ve os artigos de divulgação
exemplo, quando ficam estressadas, muito ansiosas ou depressivas podem sentir dor na
científica é levar a ciência,
barriga. Viu quanta coisa pode provocar essa sensação desagradável?
Por isso, é importante ficar atento à dor de barriga e procurar um adulto para te ajudar. muitas vezes de difícil enten­
Caso essa dor não passe logo, é bom procurar um médico para que ele possa cuidar direi­ dimento, às pessoas leigas. A
tinho de você e tentar te ajudar a solucionar esse problema. Interessante, né?
Disponível em: http://www.universidadedascriancas.org/perguntas/por-que-temos-dor-de-barriga/. Acesso em: 23/05/2018. chave é saber usar a lingua­
gem em favor da clareza e da
Vocabulário desconhecido simplicidade. O obstáculo:
não ser superficial a ponto
Utilizando pistas do próprio texto, estruturas, ilustrações ou mesmo fontes exter-
nas, como dicionários, construa o sentido das palavras seguintes. de prejudicar a compreensão.
Dano - Prejuízo, estrago causado a alguma coisa. Albert Einstein, certa vez, as­
Inflamação - Processo patológico característico que constitui uma resposta do sim explicou a sua teoria da
organismo contra os agentes nocivos e agressivos. relatividade: "Quando você
está cortejando uma moça
simpática, uma hora parece
Desvendando os segredos do texto um segundo. Quando você se
senta sobre carvão em bra­
Para você, qual é a principal intenção @ Considerando o seu conhecimento de sa, um segundo parece uma
comunicativa desse texto? mundo e o que estudamos este ano a hora. Isso é a relatividade".
Espera-se que o aluno perceba que a respeito dos textos que circulam na
nossa sociedade, podemos dizer que Einstein foi um gênio, e a
intenção comunicativa do texto é in­ o gênero textual em que se enquadra o ciência que ele fez foi resulta­
formar os leitores sobre as causas da texto Por que temos dor de barriga se
assemelha a:
do de muito trabalho. Se pare­
dor de barriga.
a) uma bula de remédio. ce simples, é porque ele, como
b) um poema.
Considerando a intenção comunica­ se não bastasse, também sa­
e) uma carta de reclamação.
tiva do texto, é correto afirmar que o
)( um texto expositivo em livro didático. bia escolher bem as palavras.
tipo textual que o caracteriza é o:
e) um mito. A simplicidade, a objetividade,
a) narrativo.
b) descritivo. o uso de exemplos do cotidia­
)( expositivo.
d) argumentativo. no, as comparações e as me­
e) injuntivo. táforas são alguns dos recur­
sos que buscam referências
no mundo acessível ao leitor/
espectador.

Sugestão de abordagem

Um dos recursos dos bons tar possíveis dúvidas, ou mesmo Anotações


autores de artigo científico é pensamentos e reações por parte
utilizar elementos do cotidiano, do receptor, expressá-las e resol­
como expressões, objetos, luga­ vê-las no próprio texto.
res, ideias, para levar o leitor leigo
a compreender os conceitos em
questão. Ele ainda pode adian-

( Capítulo 7 X.._3_23
___

1 LPemC_ME_2019_6A_Cap7.indd 323 22/07/19 00 :33 1


O que dizem os
moais
rações que habitaram a ilha. Isso permitiu tir dos anos 1200, com o pico do desmata­
reconstituir as mudanças nos hábitos ali­ mento em 1400. Em 1600, já não existiam
mentares ao longo do tempo. árvores na ilha. Sem árvores, sem canoas.
Os primeiros seres humanos desembar­ Sem canoas, sem peixe. Com a destruição
caram ali pouco antes do ano 900, vindos de das florestas e a chegada dos ratos, desa­
outras ilhas do Pacífico. Encontraram uma pareceram os ovos e os pássaros. A parca
ilha coberta por florestas de árvores gros­ vegetação rasteira foi incapaz de proteger o
sas e palmeiras gigantes (dados fornecidos solo, o que levou à diminuição da quantida­
pelos pântanos). Era habitada por diversos de de alimentos. Por volta de 1650, surgiram
tipos de pássaro, muitos incapazes de voar. os primeiros ossos humanos roídos e cozi­
As tartarugas-marinhas eram abundantes. dos nas pilhas de lixo. Junto a eles, ossos
Os primeiros habitantes pescavam golfinhos de ratos, então uma fonte de proteína. Fome
longe da costa com canoas construídas com e guerras reduziram a população. Restaram
troncos (dados fornecidos das camadas de 2 mil pessoas famintas, isoladas no meio
lixo). Centenas de anos mais tarde, apare­ do Pacífico pela falta de canoas. Foi essa
ceram as plantas domesticadas e os ratos, a ilha descoberta em 1722. Num período
trazidos de outras ilhas da Polinésia. O início de oitocentos anos, o homem chegou à ilha
do desmatamento coincidiu com o apareci­ de Páscoa, criou uma civilização, destruiu
mento da agricultura e permitiu o aumento o ambiente e quase extinguiu a si próprio.
da população. Por volta do ano 1200, a ilha Os moais, porém, permaneceram, e eles
chegou a ter 30 mil habitantes. Entre os anos nos avisam: cuidado com a Terra, ela está
1000 e 1400, foram produzidos os moais, ta­ isolada no espaço como a Ilha de Páscoa
refa a que se dedicava boa parte da popula­ está isolada no Pacífico. A história comple­
ção. O transporte das estátuas era feito por ta está em: Collapse: How societies choose
até quinhentas pessoas, com cordas de pal­ to fail or succeed, de Jared Diamond, Viking
meiras e rolos de troncos. Penguin Press, Nova York, 2005.
Os dados fornecidos pelos pântanos REINACH, Fernando. A longa marcha dos grilos canibais. São Paulo: Com­
panhia das Letras, 201 O.
mostram a diminuição das florestas a par-

( Capítulo 7 X.._3_25
___

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Vocabulário desconhecido

Utilizando pistas do próprio texto, estruturas, ilustrações ou mesmo fontes exter-


nas, como dicionários, construa o sentido das palavras seguintes.
Rudimentar - Sem sofisticação, simples, grosseira.
Torsos - Bustos de pessoa, troncos.

Sugestão de abordagem Abundantes - Em grande quantidade, numerosas, em abundância.

Coincidiu - Aconteceu ou sucedeu ao mesmo tempo, ocupou o mesmo período de


Respostas para as ques­
tem o.
tões da seção Para discutir.
Parca - Escassa, de pouca quantidade.
1. No texto, predomina o
Extinguiu - Desapareceu por completo, aniquilou, deixou de existir.
tipo textual expositivo.
2. Não. Como os fatos
relatados não são fictí­
cios e não observamos
no texto características
A Ilha de Páscoa recebeu esse nome depois que, em 1722, o explorador Jacob Roggeveen atravessou o Pa­
narrativas, podemos cífico partindo do Chile e, após dezessete dias de viagem, desembarcou na ilha exatamente em um domingo de
Páscoa.
dizer que eles servem
mais ao relato e à expo­
sição que à narração. Para discutir
3. O objetivo comunica­
1. Nesse texto, há o predomínio de que tipo textual?
tivo do artigo consiste 2. Podemos observar no texto vários trechos em que o autor utiliza o encadeamento
em levar aos leitores de fatos. Observe um exemplo.
informações científicas
Os primeiros seres humanos desembarcaram ali pouco antes do ano
sobre como os moais 900, vindos de outras ilhas do Pacífico. Encontraram uma ilha coberta
da Ilha de Páscoa fo­ por florestas de árvores grossas e palmeiras gigantes (dados forneci­
dos pelos pântanos).
ram esculpidos.
Outro dado importante é Esse encadeamento de fatos caracteriza o emprego do tipo textual narrativo? Ex­
plique.
que, embora o artigo de di­
vulgação científica se enqua­ 3. Qual é o objetivo comunicativo desse artigo?
dre como um gênero em que
predomina a exposição, nada
impede de identificarmos a
ocorrência de outros tipos
textuais. Como sabemos, a Diálogo com o professor BNCC
distinção entre gêneros con­
sidera, entre outros fatores, a
Embora o artigo de divul­ Habilidades gerais
predominância de estruturas
gação científica se enqua­ EF69LP42
linguísticas características de
dre como um gênero em que EF69LP43
um tipo textual ou de outro.
predomina a exposição, nada
Assim, solicite aos alunos
impede de identificarmos a Habilidades específicas
que identifiquem exemplos
ocorrência de outros tipos EF67LP34
de argumentação no texto de
textuais. EF06LP12
Fernando Reinach.

32 6
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J Um pouco de ciência J
1 LPemC_ME_2019_6A_Cap7.indd 326 22/07/19 00 :33 1
Desvendando os segredos do texto

@ No primeiro parágrafo do texto, o autor emprega a palavra descobridores entre aspas.


Explique com suas palavras a finalidade desse uso.
O autor emprega as aspas para ressaltar a inadequação da palavra descobridores,
pois, como havia indígenas vivendo na ilha desde os anos 900, ela não foi propria­
mente descoberta em 1722.

@ Os artigos de divulgação científica, como qualquer texto, são produzidos tendo em


vista uma intenção comunicativa. Essa intenção pode ser:

• Divulgar os resultados de uma pesquisa.


• Divulgar a descoberta de algum achado científico.
• Explicar processos ou funções de um determinado tema que faz parte do
cotidiano do leitor sob um enfoque científico.

Qual dos tópicos acima resume a intenção comunicativa do autor?


Divulgar os resultados de uma pesquisa.

ÉJ Para contextualizar as informações lançadas no artigo de divulgação científica, nor­


malmente os autores recorrem a fontes de pesquisa, das quais retiram dados rele­
vantes para o texto. Qual foi a fonte utilizada por Fernando Reinach?
A fonte de pesquisa é o livro Co//apse: How societies choose to fail or succeed, de
Jared Diamond, publicado em Nova York pela Viking Penguin Press em 2005.

éJ Outro recurso comumente utilizado pelos autores de artigos de divulgação científica


consiste em formular uma pergunta-chave, a qual resume o tema do texto e deve ser
respondida por ele. Transcreva a pergunta-chave do artigo lido.
"Quem teria produzido os moais?"

@ A resposta para a pergunta-chave está clara no texto. Identifique-a.


A população da Ilha de Páscoa.

(j Os artigos de divulgação científica utilizam uma série de recursos linguísticos com a


finalidade de, simultaneamente, atrair a atenção do leitor e aguçar sua curiosidade.
São exemplos desses recursos:
1. Vocabulário específico, com abundância de palavras e expressões científicas.
li. Linguagem clara e objetiva, evitando frases longas.
Ili. Seleção de tema interessante para o público-alvo.

( Capítulo 7 X 3 27
.._ _ ___

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Está correto o que se afirma apenas em:
a) 1.
b) li. Várias publicações se des­
tinam à divulgação científica.
e) Ili.
A seguir, indicamos algumas
d) 1 e 11. em que você encontrará ar­
)l 11 e Ili. tigos interessantes sobre os
mais variados temas.

@ No terceiro parágrafo do texto, o autor expõe diversos


dados históricos sobre a Ilha de Páscoa. Releia o tre­
cho abaixo.

Entre os anos 1000 e 1400, foram produzidos


os moais, tarefa a que se dedicava boa parte
da população. O transporte das estátuas era Mundo estranho

feito por até quinhentas pessoas, com cordas


de palmeiras e rolos de troncos.

a) Como vimos, é muito comum os artigos de divul­


gação científica estimularem a curiosidade dos
leitores. Ao expor informações sobre a produção
dos moais, o autor estimula os leitores a pesquisar Ciência hoje
mais sobre os torsos gigantes, pois não expõe uma
informação fundamental sobre eles. Que informa­
ção é essa?
O autor não deixa claro por que os moais foram pro­
duzidos.

Recreio

b) Pesquise na Internet essa informação e transcre­


va-a nas linhas abaixo. Uma boa fonte é o artigo � Escaneieo
Como os moais da Ilha de Páscoa foram cons­ '5!.J
QR CODE abaixo.
truídos?, da revista Superinteressante. Você pode
acessar o texto por meio do código ao lado.
Acredita-se que cada moai representava um espírito
de alguém importante que havia morrido.

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(1 A fim de enriquecer ainda mais o artigo de Fernando Reinach, podemos acrescentar
algumas informações importantes a partir de outras fontes de pesquisa, como o ar­
tigo indicado na questão anterior. Pensando nisso, responda às questões a seguir.
Utilize seu caderno.
a) De que país provinham os navegadores que "descobriram" a Ilha de Páscoa? Essa
informação poderia ser acrescentada em qual parágrafo? Indique como você faria garam encontraram a ilha
esse acréscimo.
coberta por uma vegetação
b) Como se chamava a civilização que habitava a Ilha de Páscoa quando da chegada rasteira, pobre em animais,
dos "descobridores"? Da mesma forma que no item anterior, indique o parágrafo em praticamente sem árvores,
que essa informação poderia ser acrescentada e como você faria esse acréscimo.
habitada pelos rapanuis,
e) Que ferramentas eram utilizadas para esculpir os moais? Como você acrescenta­ que comiam ratos[...]".
ria esse dado e em qual parágrafo?
c. As estátuas eram escul­
d) Além dos golfinhos, que outros animais marinhos serviam à alimentação dos indí­ pidas com ferramentas de
genas? Como você acrescentaria esse dado e em qual parágrafo?
basalto, mais duro que a
rocha vulcânica. Esse dado
poderia ser acrescentado
adequadamente no terceiro
Artesãos rapanui vendem suvenires para turistas
na Ilha de Páscoa. parágrafo. Sugestão: "Entre
os anos 1 000 e 1400, fo­
ram produzidos os moais,
tarefa a que se dedicava
boa parte da população.
Para esculpi-los, os rapa­
nuis utilizavam ferramen­
tas de basalto, material
mais resistente que a rocha
utilizada. O transporte das
estátuas era feito por até
quinhentas pessoas, com
cordas de palmeiras e rolos
de troncos".
d. Além dos golfinhos, os ra­
panuis comiam focas. Esse
dado poderia ser acres­
centado adequadamente
Sugestão de abordagem no primeiro parágrafo do no terceiro parágrafo.
texto. Sugestão: "A Ilha de Sugestão: "Os primeiros
Respostas para a questão 8 Páscoa foi descoberta em habitantes pescavam gol­
da seção Desvendando os se­ 1722 por navegadores Holan­ finhos longe da costa com
gredos do texto: deses". canoas construídas com
a. Os navegadores que en­ b. Os rapanuis. Essa infor­ troncos (dados fornecidos
contraram a Ilha de Pás­ mação poderia ser inserida das camadas de lixo). Ou­
coa em 1722 provinham adequadamente no primeiro tro animal marinho muito
da Holanda. Essa informa­ parágrafo do texto, no trecho: utilizado na alimentação
ção deve ser acrescentada "Os navegadores que ali che- era a foca".

( Capítulo 7 X..._3_2_9
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@ Os artigos de divulgação científica podem contar, também, com recursos visuais para
atrair a atenção dos leitores e facilitar seu entendimento. Esses recursos podem ser
ilustrações, fotografias, gráficos, tabelas, etc. Para atender a esse objetivo, é impor­
tante que esses recursos sejam acompanhados por legendas, isto é, textos expo­
sitivos bastante claros e diretos que buscam relacionar o recurso visual a alguma
informação presente no artigo. Analise a ilustração abaixo, imaginando que ela será
utilizada para enriquecer o artigo O que dizem os moais. Em seguida, produza uma
legenda para ela (se necessário, busque mais informações no artigo Como os moais
da Ilha de Páscoa foram construídos?).

Sugestão de legenda: Os moais eram erguidos com um tipo de guindaste rudimentar.

(à Um dos recursos utilizados por Fernando Reinach em seu artigo, para facilitar a expo­
sição das informações, foi apresentá-las por meio da relação causa-efeito. Esse recur­
so fica bastante evidente na construção do parágrafo abaixo. Releia-o com atenção.

Os dados fornecidos pelos pântanos mostram a diminuição das florestas a


partir dos anos 1200, com o pico do desmatamento em 1400. Em 1600, já
não existiam árvores na ilha. Sem árvores, sem canoas. Sem canoas, sem

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peixe. Com a destruição das florestas e a chegada dos ratos, desapareceram
os ovos e os pássaros. A parca vegetação rasteira foi incapaz de proteger o
solo, o que levou à diminuição da quantidade de alimentos. Por volta de 1650,
surgiram os primeiros ossos humanos roídos e cozidos nas pilhas de lixo.
Junto a eles, ossos de ratos, então uma fonte de proteína. Fome e guerras
reduziram a população. Restaram 2 mil pessoas famintas, isoladas no meio
do Pacífico pela falta de canoas. Foi essa a ilha descoberta em 1722. Num
período de oitocentos anos, o homem chegou à ilha de Páscoa, criou uma
civilização, destruiu o ambiente e quase extinguiu a si próprio. Os moais, po­
rém, permaneceram, e eles nos avisam: cuidado com a Terra, ela está isolada
no espaço como a Ilha de Páscoa está isolada no Pacífico.

Tendo em vista a relação causa-efeito, complete o esquema a seguir com base nas
informações expostas no texto.

Causa Efeito

Acentuado desmatamento entre os Em 1600, já não existiam árvores na


a)
anos 1200 e 1400. ilha.

Impossibilidade de os indígenas
b) Ausência de árvores na ilha.
produzirem canoas.

Impossibilidade de os indígenas Impossibilidade de pescar.


e)
produzirem canoas.

Destruição das florestas e chegada Desaparecimento dos ovos e dos


d)
dos ratos. pássaros.

Escassez de alimentos.
e) Prática de canibalismo.

Fome e guerras.
f) Diminuição da taxa populacional.

( Capítulo 7 X.._3_3_1
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Análise linguística

Verbo
O texto abaixo é um trecho do primeiro parágrafo do artigo O que dizem os moais. Leia­
-o com atenção.

BNCC Os navegadores que ali chegaram encontraram a ilha coberta por uma vege­
tação rasteira, pobre em animais, praticamente sem árvores, habitada por ín­
dios que comiam ratos, praticavam canibalismo e sobreviviam de uma agri­
Habilidades gerais cultura rudimentar.
EF69LP55
EF69LP56 1. Indique as palavras do texto que expressam ação.
2. Dizemos que, na nossa língua, uma palavra é variável quando pode sofrer mudanças
para se adaptar às condições em que é utilizada. Nos capítulos anteriores, vimos, por
Habilidades específicas exemplo, que artigos, substantivos e adjetivos são palavras variáveis, isto é, sofrem
EF06LP04 mudanças de número (singular ou plural) e gênero (feminino ou masculino) depen­
EF06LP05 dendo do uso. Analise as palavras que você indicou na questão anterior e, em seguida,
reflita e opine.

a) Essas palavras sofrem variação de número e gênero?


b) No contexto, o termo os navegadores pode ser substituído, sem importante altera­
ção de sentido, pelo termo a expedição. Observe que os substantivos navegadores
Sugestão de abordagem e expedição diferem quanto ao número e ao gênero. Reescreva o trecho realizando
essa substituição.
c) Ao substituir os termos, que outras mudanças você teve de realizar?
Respostas para as questões
da seção Análise linguística. Agora, analise as frases a seguir.
1. Chegaram, encontraram,
comiam, praticavam e Os navegadores encontraram a ilha coberta por uma vegetação rasteira.
eles
sobreviviam.
2. No item A, espera-se A expedição encontrou a ilha coberta por uma vegetação rasteira.
ela
que o aluno perceba que
as palavras destacadas No capítulo anterior, quando estudamos os pronomes pessoais do caso reto, vimos que
sofrem variação de nú­ uma de suas funções é indicar a pessoa do discurso. Relembre.
mero. No item B, o aluno
deve reescrever o tre­
cho, realizando a alte­
ração solicitada: "A ex­
pedição que ali chegou Anotações
encontrou a ilha coberta
por uma vegetação ras­
teira [ ...]". Por fim, no
item C, espera-se que
o aluno identifique que
foi preciso alterar as
palavras chegaram (por
chegou) e encontraram
(por encontrou).

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J Um pouco de ciência J
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.�.
�; Repensando o Ensino �
.-
� da Gramática �
Primeira pessoa: Eu - quem fala.
Segunda pessoa: TU/Você - com quem se fala. singular

:(li. As melhores aulas de por­


Terceira pessoa: Ele/ela - de quem se fala.

tuguês (especialmente no
Primeira pessoa:
Segunda pessoa:
Terceira pessoa:
Nós
Vós/vocês
Eles/elas
- quem fala.
- com quem se fala.
- de quem se fala.
plural
�-
� .. Ensino Fundamental) que al­
guém pode conceber partem
de textos reais. Aula que co­

.�.
Nos exemplos acima, observe que as palavras encontraram e encontrou são variações
� meça com dado solto (para
(flexões) da palavra encontrar, que é um verbo.
falar de qualquer questão
.-

Verbos são palavras variáveis que indicam ação, estado, fato ou fenômeno da
gramatical: grafia, classifi­
natureza. cação de palavras, tipos de
:(li. oração, etc., ou mesmo para

�·t:·
Veja mais alguns exemplos de emprego de verbos. comparar escrita correta e
�:
escrita errada) é uma aula
A Ilha de Páscoa foi descoberta em 1722.
As enormes estátuas chamaram a atenção dos navegadores. que começa mal. A tese tam­

..
Arqueólogos reconstituíram a história do homem de Páscoa. bém vale para outras áreas:
� botânica deve começar com
Nesses exemplos, veja que os verbos variam, indicando o número e uma das pessoas

. plantas (folhas, flores), não


��
do discurso. Isso acontece porque podemos adicionar certos sufixos (desinências) à base
do verbo (radical). Ou seja, são esses elementos que indicam a concordância entre o verbo com desenhos.
e o elemento a que ele se refere. Observe.
O principal argumento
Eu tenho. Nós temos. :(li. para sustentar esta tese de­

�·t:·
Relação de concordância Relação de concordância corre da observação de como
�:
1 • pessoa - singular 1 • pessoa - plural
os humanos aprendem a fa­
Outro detalhe importante é que, como o verbo ter, nesses
Aprenda mais! lar: as crianças vivem em uma

.�-.
casos, se relaciona com uma das pessoas do discurso, ele
comunidade que fala, ouvem
é chamado de verbo pessoal. Existem verbos que não se re­
Na segunda parte deste �;
de tudo, ou quase, e, em pou­
'
lacionam com nenhuma das pessoas do discurso, por isso capítulo, estudaremos com

.
são chamados de impessoais. Os verbos que indicam fe­ mais detalhe o fenômeno da �
nômenos da natureza são exemplos de verbos impessoais. concordância verbal. co tempo, tornam-se falantes
competentes. Sem ter aulas.

:(li.
Choveu muito em São Paulo. Outra forma de tornar uma
Nevou no Rio Grande do Sul este ano.
Trovejou durante a noite. aula interessante e produtiva
f,

Capítulo 7 333 é considerar os textos dos


alunos. Escrevem, mesmo
.-
que precariamente, e, anali­
sando esses textos, sabere­
Anotações
mos o que estão acertando
e o que estão errando. Só os
textos dos próprios alunos
revelam exatamente onde há
problemas. A reescrita ami­
gável (e fundamentada!) des­
ses textos ensina com veloci­
dade espantosa.

( Capítulo 7 X.._33
_ 3
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1 LPemC_ME_2019_6A_Cap7.indd 333 22/07/19 00 :33 1


Os modos do verbo
Os modos indicam as várias formas como um fato pode acontecer. São três os modos
verbais.

• Indicativo - indica um fato certo, que está acontecendo, aconteceu ou vai acontecer.
Corrigi os textos.
Trabalhei muito ontem.

• Subjuntivo - é usado para exprimir um fato incerto, hipotético, duvidoso, que pode
não acontecer.
Talvez chova.
Se chovesse, seria bom.

• Imperativo - exprime ordem, conselho, pedido, proibição.


Saia já daí!
Chegue cedo.

Formas nominais dos verbos


Chamamos de locução verbal a expressão formada por dois ou mais verbos, como tinha
ganhado, continuasse criando e posso mostrar. Essas expressões são formadas por ver­
bos auxiliares (tinha, continuasse e posso) que acompanham um verbo principal (ganha­
do, criando e mostrar). Este é sempre o último da locução.
Quando os verbos não estão flexionados para concordar com as pessoas do discurso,
dizemos que eles estão na forma nominal. Existem três formas nominais para os verbos:
infinitivo, gerúndio e particípio.

Infinitivo - Pode ser considerado substantivo.

Falar é uma das habilidades exclusivas dos seres humanos.


A fala

Gerúndio - Comumente tem valor adjetivo.

Lavei os pratos com água fervendo.


fervente

Particípio - Pode ser considerado adjetivo.

O tempo está parado.


função de adjetivo

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4 Um pouco de ciência j
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O “caminhar” do moai
No link a seguir, do canal da revista de divulgação científica National
Geographic, você assiste ao vídeo produzido pelos pesquisadores Terry
Hunt e Carl Lipo para registrar a "caminhada" de um moai.

® Escaneie o QR CODE ao lado.

a) No primeiro parágrafo do texto, identifique as palavras que indicam ação.


Construíram, amarraram, conseguiram mover (locução), balançando-a. Possivelmen­
te o aluno anotará aqui o substantivo ajuda.

b) Todas as palavras que você identificou no item anterior são verbos?


Sim. Caso o aluno tenha anotado a palavra ajuda, esclareça que se trata de um subs­
tantivo.

c) No primeiro parágrafo do texto, a que termos se refere a palavra eles?


A palavra eles se refere aos termos o engenheiro checo Pavel Pavel e o aventureiro
norueguês Thor Heyerdahl.

d) O experimento realizado em 1997 foi organizado por dois curiosos. Caso o aven­
tureiro não tivesse participado do estudo, que alterações deveríamos fazer no pri­
meiro parágrafo do texto? Reescreva-o.
Em 1997, o engenheiro checo Pavel Pavel construiu uma réplica de moai e amarrou
uma corda em torno da sua base. Depois, com a ajuda de mais dezesseis pessoas,
ele conseguiu mover a estátua balançando-a de um lado para o outro.

3 3 6
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J Um pouco de ciência J
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@ As locuções verbais podem ser normalmente substituídas por apenas um verbo.
Identifique, entre as opções a seguir, aquela que melhor substitui a locução verbal
empregada no primeiro parágrafo do texto da questão 1.
a) balançaram.
)imoveram.
c)fixaram.
d) amarraram.
e)deslizaram.

@ A mesma locução empregada no primeiro parágrafo aparece no segundo. A única di­


ferença é que, agora, está flexionada na terceira pessoa do singular. Explique por que
tal locução foi empregada dessa forma.
A locução conseguiu mover foi empregada na terceira pessoa do singular para con­
cordar com o termo a que se refere (sua equipe).

C, Leia.

Eles também argumentam que isso explica um folclore rapanui, que narra
que as estátuas caminhavam, pois eram animadas por magia.

Considerando os verbos empregados nessa frase, analise as afirmações abaixo.

1. A forma argumentam poderia ser substituída por defende.


li. Todos os verbos estão no modo indicativo.
Ili.A forma caminhavam é uma flexão do modo imperativo.

Está correto o que se afirma em:


a) 1 e li.
b)l e lll.
c)li e Ili.
d) todas as afirmações.
� nenhuma das afirmações.

( Capítulo 7 X.._3_37
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@ Analise com atenção as frases abaixo. Nas caixas, indicamos brevemente a pessoa
que formulou cada uma delas e em que situação.

Por favor, vocês podem Uma enfermeira fala para os acompanhantes de um idoso na en­
1. conversar lá fora? fermaria de um hospital.

Incomodada com o barulho no pátio da escola durante o intervalo,


li. Façam silêncio! uma adolescente fala para as amigas.

Uma criança de 5 anos fala para a mãe no momento em que esta


Ili. Mãe, estou com sede. a coloca na cama para dormir.

IV. Você quer cair daí? Uma mãe fala para o filho de 5 anos que está pulando no sofá.

a) Em qual(is) frase(s) há a noção de ordem, pedido?


Nas quatro frases.

b) Em alguma frase foi empregado o modo imperativo? Explique.


Sim. Na frase 11, a forma verbal façam está flexionada no modo imperativo.

e) Todas as nossas interações comunicativas são permeadas por intenções. Das fra­
ses formadas por apenas uma palavra aos textos mais longos e complexos. Qual
é a intenção comunicativa por trás de cada uma dessas frases?
Nas frases I e li, a intenção é pedir silêncio; na frase Ili, a criança pede água à mãe; na
frase IV, a mãe ordena que o filho pare de pular no sofá.

d) Todas as frases foram empregadas adequadamente, considerando a situação co-


municativa indicada? Explique.
Todas as frases foram adequadas, exceto a li. Considerando que é natural haver ba­
rulho no pátio da escola durante o intervalo, não é adequado um(a) aluno(a) pedir
silêncio aos presentes.

3 3 8
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J Um pouco de ciência J
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{j Após uma aula de Português sobre verbos, a professora perguntou a alguns alunos o
que eles tinham acabado de aprender. Veja algumas afirmações.

LOURDES-Quando eu tenho certeza de um fato que está acontecendo, que


aconteceu ou que vai acontecer, eu utilizo o verbo no modo indicativo.
OTÁVIO - Na frase "Quebraram a janela", o verbo é impessoal.
SÉRGIO - Quando a senhora falou "Façam silêncio!", utilizou o modo subjun­
tivo, professora.
LARISSA - Os verbos que expressam fenômenos da natureza normalmente
são empregados de forma impessoal.

Como você pode observar, nem todos os alunos compreenderam bem o assunto.
Indique a afirmativa correta.
a) Todos os meninos compreenderam bem.
b) Apenas Lourdes compreendeu o assunto.
c) Otávio e Larissa estão certos.
d) Apenas Sérgio compreendeu.
)(Somente as meninas compreenderam bem.

@ O verbo tem três modos: indicativo, subjuntivo e imperativo. Para expressar um fato
certo no presente, no passado ou no futuro, utilizamos o modo indicativo. Quando
não temos certeza sobre esse fato, empregamos o subjuntivo. Por fim, para expres­
sarmos uma ordem, um pedido, usamos o imperativo. Agora, analisando o sentido de
cada oração, indique os verbos que preenchem corretamente as lacunas.

1. Não__ que você já tinha viajado. A-adiem


li. Se ela __, ficaria com uma saúde melhor. B-atrasem
Ili. Não se ___, a reunião será às 1 Oh. C-conhecia
IV. Carlos __ o tempo todo para mim. D-sabia
V. Vovó __ o segredo dele. E-emagrecesse
VI. É provável que eles __ a reforma da casa. F-está ligando

As lacunas só podem ser preenchidas na seguinte ordem.


a) A - B - D - C - F - E
b) F - E - D - C - B - A
)(o - E - B - F - C - A
d)E-A-F-D-C-B
e) F-E-A-C-B-D

( Capítulo 7 X.._3_39
___

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Manguezal: um dos hábitats
mais ricos do Planeta
{j Releia o trecho a seguir, retirado do segundo parágrafo do texto.

O manguezal é um dos mais ricos ambientes do Planeta, possui uma grande


concentração de vida, sustentada por nutrientes trazidos dos rios e das fo­
lhas que caem das árvores.

a) Qual verbo originou a palavra destacada?


O verbo trazer.

b) Esta palavra representa uma forma nominal desse verbo?


Sim. Representa o particípio do verbo.

c) Identifique nesse trecho o verbo que está flexionado na 3 ª pessoa do plural.


Caem.

O Retiramos do texto algumas palavras que se referem ao universo da biodiversidade e


alguns verbos. Preencha a cruzada utilizando as pistas fornecidas.

Horizontal
Vertical
1. Ecossistema rico em biodiversidade, de
1. Conjunto de animais próprios de uma
solo úmido, lodoso e com grande quan-
localidade, região, ambiente ou período
tidade de nutrientes.
geológico.
2. Crustáceos de carapaça larga com per-
2. Animais cujo corpo mole é coberto por
nas anteriores terminadas em fortes
uma concha protetora.
pinças.
3. Mistura de argila, água e matéria orgâ-
3. Seres vivos caracterizados por apre-
nica.
sentar celulose e clorofila nas células.
4. Lugares em que vivem organismos va-
4. Movimento das águas do mar que faz
riados e que oferecem condições físicas
com que seu nível aumente e diminua
e geográficas favoráveis à sobrevivência.
regularmente ao longo do dia.
5. Parte dos vegetais que geralmente fica
5. Animais ovíparos, com corpo revestido
no solo, podendo também se localizar
de penas.
na água ou no ar, absorvendo recursos,
6. Verbo sinônimo de necessitar, flexiona-
como o oxigênio, para sobrevivência.
do na 3ª pessoa do singular.
6. Ver novamente.
7. O mesmo que ter, verbo flexionado na 3ª
7. Verbo utilizado como sinônimo de ob-
pessoa do singular.
servar.
8. O verbo estar flexionado na 3ª pessoa
8. Adjetivo antônimo de complicado em "É
do singular.
complicado para as plantas viverem ali".

( Capítulo 7 X.._3_4_1
__

LPemC_ME_2019_6A_Cap7.indd 341 22/07/19 00 :33 1


4.
7. H
6. p R E e s A
E B 3.
p 1 1. L
A T F A 5.
R 3. p L s 4. M A R É
A A A
R 2. N í
1. M A N G u E z A
A E
R 8. E s T
1 8. 6.
5. A V E s F
2. e A R A N G u
o e V
7. p o s s u E
L R

(ê Ao indicar ações, estados, fatos ou fenômenos da natu­


reza, os verbos também expressam a duração do pro­
cesso verbal, que se dá independentemente da época
em que ele ocorre. Esse tempo de duração do processo
- que pode ser momentâneo ou contínuo, eventual ou
habitual, completo ou incompleto, etc. - correspon­
de à categoria que chamamos de aspecto verbal. Com
base nessa definição, analise as frases a seguir.

O mangue é um ambiente muito rico.


O mangue está ameaçado.

Nessas frases, qual é a diferença de aspecto entre os


verbos?
Na frase 1, o aspecto verbal indica uma qualidade per­
manente do mangue. Na frase 2, a qualidade é tran­
sitória.

3 4 2
____ _
J Um pouco de ciência J
LPemC_ME_2019_6A_Cap7.indd 342 22/07/19 00 :33 1
(i) Releia o terceiro parágrafo do artigo.

De fato, não é fácil para as plantas viverem ali. As espécies que conseguem
têm uma estrutura especial em suas folhas: glândulas que atuam como
bombas, filtrando a água e eliminando o sal. As raízes dessas plantas tam­
bém são especiais: diferentemente das árvores de terra firme, cujas raízes
respiram oxigênio do solo, as do mangue precisaram desenvolver raízes aé­
reas, ou seja, voltadas para cima, para capturar oxigênio da atmosfera. É por
isso que o manguezal é um conjunto de plantas com galhos contorcidos. Na
verdade, é muito mais!

a) Identifique as formas verbais empregadas no gerúndio.


As formas verbais empregadas no gerúndio são filtrando e eliminando.

b) Vimos que os verbos podem indicar diversas noções. O que expressam essas for­
mas de gerúndio?
Expressam ação.

c) Agora analise a frase abaixo.

( Eu tinha filtrado a água. )

Com relação ao aspecto, qual é a principal diferença entre o gerúndio e o particípio?


A oposição entre a conclusão do processo (particípio) e a representação deste na sua
duração (gerúndio) é a principal diferença entre essas formas nominais.

(õ Leia atentamente as sentenças e classifique o verbo destacado em pessoal ou im­


pessoal. Explique como foi possível chegar a essa conclusão.

Ontem iríamos à praia, mas amanheceu frio.


Ontem iríamos à praia, mas amanheci preguiçoso.

Espera-se que o aluno perceba que, na sentença 1, o verbo é classificado como impessoal,
pois não há sujeito (o verbo indica um fenômeno da natureza). Já na sentença 2, o verbo é
pessoal, pois apresenta-se flexionado na primeira pessoa do singular, sendo usado de modo
figurado no sentido de acordar. Tanto a categoria de sujeito quanto o mecanismo da concor­
dância verbal serão estudados adiante, na segunda parte deste capítulo.

( Capítulo 7 X.._3_43
___

LPemC_ME_2019_6A_Cap7.indd 343 22/07/19 00 :33 1


Que seres vivem num manguezal?
Sugestão de abordagem
Proposta
Agora, você produzirá um artigo de divulgação científica sobre os manguezais brasilei­
ros. Imagine que seu texto será publicado na próxima edição da revista Mundo estranho. Para um trabalho de pro­
Portanto, ele deverá ser bastante informativo e utilizar uma linguagem simples, clara e
dução textual alternativo, po­
direta, pois muitos dos seus leitores são crianças e adolescentes.
demos promover uma aula
Planejamento interdisciplinar. Junto aos
1. Para produzir seu texto, você poderá utilizar informações do texto Que seres vivem professores de Ciências, His­
num manguezal? e/ou aproveitar as informações fornecidas na lista a seguir: tória, Geografia, etc., os alu­
• Mangue - ecossistema típico de áreas costeiras ala­ • No Brasil, a Lei n• 12.727, de 17 de outubro de 2012, nos deverão escolher uma
gadas em regiões de clima tropical ou subtropical. Capítulo Ili-A, visa proteger a integridade dos man­
• O mangue ainda é considerado um dos ambientes guezais e dos processos ecológicos essenciais, curiosidade científica, algo
naturais mais produtivos do Brasil. como também a produtividade biológica e a condi­
• O mangue serve de berçário para muitas espécies de
ção de berçário para pesca; e a Resolução Conama que revele uma "verdade"
nº 369, de 28 de março de 2006, determina que as
animais. importante, desconstruindo
áreas de mangue não podem sofrer supressão de sua
• O mangue é composto por apenas três tipos de árvo­ vegetação ou qualquer tipo de intervenção, salvo em
res (Rhizophora mangle - mangue-bravo, ou verme­ casos de utilidade pública. um mito que, por falta de in­
lho; Avicenna schaueriana - mangue-seriba, ou se­
• O mangue é o ecossistema brasileiro mais ameaçado. formação, muitas pessoas
riúba; e Laguncularia racemosa - mangue-branco).
• O pior inimigo dos manguezais brasileiros é a polui­
• As árvores que se desenvolvem em mangues podem
chegar a até 20 metros de altura.
ção lançada pelas cidades costeiras e indústrias. têm como certo. Feito isso,
eles escreverão um artigo de
2. Você poderá complementar as informações acima fazendo uma pesquisa em livros, divulgação científica, obser­
jornais, revistas e Internet. Nessa pesquisa, você poderá coletar imagens interessan­
vando características do gê­
tes de manguezais para ilustrar seu texto. Se necessário, tire algumas dúvidas com os
professores de Geografia e Ciências. nero trabalhadas ao longo do
3. Para dar mais credibilidade ao seu texto, cite a fonte das informações utilizadas. capítulo.
A avaliação pode ser feita
Avaliação
com base no nível de envol­
1. Para avaliar seu texto, considere os aspectos seguintes.
vimento do aluno; a princípio,
Aspectos analisados
GDCD não atribua notas: devolva os
o o trabalhos que precisam ser
o o
O texto apresenta-se informativo?

o o
A linguagem utilizada está adequada a seu público-alvo? revisados pelo autor, com as
O texto apresenta-se como um artigo de divulgação científica?
devidas orientações. Se pos­
sível, converse pessoalmente
2. Agora, troque seu texto com o de um colega e avalie-o tendo por base o roteiro apre­
sentado na questão acima. com cada um, ou com cada
3. Considerando as suas observações sobre seu próprio texto e as observações que seu equipe. Depois de avaliados,
colega fez, procure, se necessário, ajustar seu texto.
os artigos podem ser publi­
cados e distribuídos aos pais,
funcionários e à comunidade.

Anotações

( Capítulo 7 X.._3_45
___

LPemC_ME_2019_6A_Cap7.indd 345 22/07/19 00 :33 1


O perigo das
gostosuras
todos envolvidos com c1encia
deveriam fazê-lo. Um trabalho
bem apresentado ao público
pode render reconhecimento e
Um só
hambúrguer com fundos para continuar as pes­
batatas fritas
possui mais quisas. A população deve ter
sódio do que o
recomendado
conhecimento da importância e
para crianças de
até oito anos em
necessidade desta ou daquela
um dia inteiro.
pesquisa.
gelados, as delícias preferidas da garotada, to mais sódio do que deveríamos consumir Outro papel importante do
ocupam o segundo lugar." o dia inteiro!
Por conta dos riscos à saúde, a quanti­ A pediatra Cristina Aranha, da Universi­ divulgador é a correção de equí­
dade de sódio que comemos tem que ser dade Federal de Ouro Preto, dá dicas para vocos, dos conceitos errôneos
controlada e varia de acordo com a idade. evitar problemas com o sódio. "Comer mui­
Se você tem menos de oito anos, só deve tas frutas e legumes e beber sucos naturais
e da má divulgação científica.
ingerir 1.200 miligramas de sódio por dia, é muito bom para saúde", diz. "Já refrige­ Em nosso meio há pessoas que
quantidade encontrada em três gramas de rantes, alguns doces e biscoitos recheados
se aproveitam do vazio deixado
sal - pouco menos de uma colher de chá. têm muito sódio e devem ser evitados."
De oito a 19 anos, o valor indicado é de, no Mariana lembra, ainda, que os perigos de pela ciência na mídia e se auto­
máximo, 1.500 miligramas. Já os adultos, comer muito sódio podem só aparecer daqui proclamam especialistas, quan­
com mais de 19 anos, não devem passar de a alguns anos. "Muitos pais e avós seus e de
2.000 miligramas diários. Aposto que você seus colegas, por exemplo, podem ter pro­ do muitas vezes não têm sequer
já ultrapassou - e muito - essa quantida­ blemas de saúde porque consumiram muito uma iniciação científica.
de. Duvida? sódio ao longo da vida. E olha que, quando
"Um sanduíche com hambúrguer, milho, eles eram crianças, ainda não havia tantos Pelo menos uma vez ou outra,
ervilha, maionese e ketchup tem, em média, alimentos industrializados como hoje!", aler­ o pesquisador deve assumir sua
1.300 miligramas de sódio", calcula Maria­ ta. "É difícil saber o que pode acontecer com
na. "Se você decidir comer uma batatinha jovens que comem muito sódio desde cedo."
responsabilidade como educa­
frita junto, esse valor sobe mais ainda." Ou Na dúvida, releia as dicas da CHC para dor e combater tais deslizes, fa­
seja, em um lanche assim já comemos mui- lanches nutritivos e saudáveis!
lando habilmente sobre ciência
e minimizando a propagação de
lsadora Vilardo
Disponível em: http://chc.org.br/o-perigo-das-gostosuras/. Acesso em: 04/12/2018.

erros.
O mais importante é formar
uma sociedade crítica, com ca­
beças pensantes que tenham as
nanceiro do poder público, das ferramentas necessárias para
instituições fomentadoras de pes­ atuar no benefício de todos.
Por que divulgar ciência? quisa ou das empresas privadas. Inspirar a juventude é um ótimo
Talvez você já tenha ouvido Divulgar ciência ajuda a melho­ começo para galgarmos no ca­
esta pergunta em algum lugar. rar a educação. A divulgação atrai minho da maior entre todas as
[...] Muitos motivos poderiam jovens e entusiastas para o conví­ aventuras: aprender e praticar
ser mencionados. A população vio no meio científico e ajuda a des­ ciência [...].
apoia os projetos que melhor mistificar conceitos equivocados e Flora Inês Mattos Costa. Disponível
compreende, o que invariavel­ mitos sobre o papel do cientista[... ]. em: http://www.zenite.nu/divulgacao­
mente resultará no suporte ti- Não é um trabalho simples, mas cientifica/ Acessado em 02/05/2019.

( Capítulo 7 X.._3_7
4
___

1 LPemC_ME_2019_6A_Cap7.indd 347 22/07/19 00 :33 1


Vocabulário desconhecido

Utilizando pistas do próprio texto, estruturas, ilustrações ou mesmo fontes exter­


nas, como dicionários, construa o sentido das palavras seguintes.
Componente - Que ou o que faz parte de uma composição.

Micronutriente - Elemento químico (mineral, vitamina, etc.) que um ser vivo preci­

BNCC sa absorver, em pequena quantidade, para sua sobrevivência e desenvolvimento.


Textura - Características físicas. como tamanho. forma. aparência.

Habilidades gerais
EF69LP29 EF69LP30
EF61LP31 EF69LP42
Desvendando os segredos do texto
EF69LP43
@ Ao longo deste ano, estudamos diferentes gêneros textuais. Nesse estudo, vimos
Habilidades específicas que, ao produzirmos um texto, é fundamental termos em mente nosso leitor, ou lei­
tores (público-alvo). Essa observação é fundamental porque devemos adequar a lin­
EF67LP20 EF67LP26 guagem do texto ao seu perfil. Assim sendo, responda às questões a seguir.
EF67LP34 EF67LP37
a) Onde o artigo foi publicado?
O artigo foi publicado no site da revista Ciência Hoje das Crianças.

b) Descreva, com suas palavras, o público-alvo ao qual se destina o artigo O perigo


Sugestão de abordagem das gostosuras.
O público-alvo é formado por crianças que gostam de ler e se interessam por infor­
Em Desvendando os segredos mações científicas.
do texto, as atividades estão ba­
seadas no artigo científico divul­ e) Transcreva do texto palavras ou expressões que indiquem a adequação da lingua­
gado pelo Instituto Ciência Hoje. gem ao seu público-alvo.
Você pode ampliar a discussão Sugestão de resposta: "Gostosuras" (título); "garotada" (4° parágrafo); "se você tem
para trabalhar a educação cien­ menos de oito anos" (5° parágrafo); "batatinha" (6° parágrafo).

tífica em sala de aula. Para isso,


propomos alguns sites que po­
dem colaborar no debate em tor­
no do conceito de ciência e que
dão dicas de como trabalhar em
sala de aula de forma clara e ob- Instituto Ciência Hoje Manual do Mundo
jetiva.

® Escaneie o QR CODE.

3 4 8
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J Um pouco de ciência J
1 LPemC_ME_2019_6A_Cap7.indd 348 22/07/19 00 :33 1
Sugestão de abordagem
d) Um dos recursos utilizados pela autora para atrair a atenção dos leitores e con­
quistar sua simpatia foi a linguagem dialogada, como se estivesse falando direta­
mente para cada leitor. Identifique no texto exemplos do emprego desse recurso. Professor, o portal do MEC
Sugestão de resposta: O emprego do pronome possessivo sua (1 ° parágrafo); o em­ traz o conceito e as caracte­
prego do pronome pessoal você (5° parágrafo); a pergunta duvida? (5° parágrafo). rísticas dos artigos de divul­
gação científica. Você pode
O Como vimos na primeira parte deste capítulo, os ar­ conferir o conteúdo por meio
tigos de divulgação científica podem contar com a do código indicado.
ajuda de recursos visuais para atrair a atenção do pú­
blico e ajudar na informatividade do texto, isto é, na
capacidade de informar. Utilizando informações pre­ � Escaneieo
sentes no texto, produza uma legenda para a imagem � QRCODE.
ao lado.

Sugestão de resposta: A salsicha e a mortadela estão entre os campeões em sódio.

O Nos artigos de divulgação científica, é comum a utilização do argumento de autorida­


de, que nada mais é que a transcrição, direta ou indireta, da fala de especialistas no
assunto abordado. Entre as opções a seguir, identifique o argumento de autoridade.
a) "É um micronutriente presente, por exemplo, no sal de cozinha" (segundo parágrafo).
b) "[...] quando ingerido em excesso, pode trazer problemas para o coração e aumen­
tar a pressão arterial" (segundo parágrafo).
c) "Quando a pressão está alta, as veias podem se romper e causar danos sérios à
saúde" (segundo parágrafo). Aproveite para trabalhar
)4:!"[...] ele ajuda a preservar os produtos, pois faz com que demorem muito mais para
estragar" (terceiro parágrafo). com os alunos o texto Como o
e) "[...] a quantidade de sódio que comemos tem que ser controlada e varia de acordo beija-flor fica suspenso no ar?
com a idade" (quinto parágrafo).

CJ Nos artigos de divulgação científica, o argumento de autoridade é realçado por meio


� Escaneieo
� QRCODE.
dos verbos dicendi (de dizer). Os verbos dicendi são aqueles que utilizamos, no
discurso direto, para indicar o modo como o especialista se expressou por meio de
palavras ou pensamentos ao passar as informações. Identifique no texto três verbos
dicendi utilizados.
Sugestão de resposta: Explica (terceiro parágrafo); conta (quarto parágrafo); calcu­
la (sexto parágrafo). Professor, comente a utilização dos verbos dicendi nos textos
narrativos.

Diálogo com o professor e produtos é a veiculação de informa­ para a casa das famílias, é comum
ções, quando não erradas, imprecisas começar desconstruindo algum
Anteriormente, dialogamos so­ sobre assuntos importantes, como a ditado, crença popular ou costu­
bre a importância do título para um saúde. Esse, inclusive, é um dos desa­ me equivocado sobre o assunto.
texto. Como vimos, os redatores fios dos artigos de divulgação cientí­ Visto isso, quem escreve artigos
empregam as mais variadas arti­ fica, que, entre outras funções, busca de divulgação científica também
manhas para conquistar a atenção dissolver muitos dos mitos prejudi­ precisa ser muito criativo na hora
do leitor. O perigo de utilizar recur­ ciais que circulam na sociedade. Não de elaborar um título para atrair a
sos tão fortes da língua apenas é à toa que na Tv, por exemplo, quan­ atenção do leitor quanto à impor­
com o interesse de vender revistas do um programa quer levar ciência tância do assunto.

( Capítulo 7 X.._3_49
___

1 LPemC_ME_2019_6A_Cap7.indd 349 22/07/19 00 :33 1


@ O Instituto Ciência Hoje é uma organização privada, sem fins lucrativos, que se de­
dica à divulgação científica no Brasil, sendo responsável pela publicação das revis­
tas Ciência Hoje (cujo público-alvo são jovens e adultos) e Ciência Hoje das Crianças
(que se destina às crianças). Normalmente os artigos são produzidos para os adul­
tos, depois são adaptados para as crianças. No link abaixo, você tem acesso ao arti­
go Práticos e arriscados, que deu origem ao texto que estamos trabalhando. Acesse
o link para responder às questões seguintes.

Diálogo com o professor

Em tempos de tanto dina­


mismo na comunicação, muitos
(B Escaneie o QR COOE ao lado.

textos precisam se valer de todo


tipo de artimanhas para prender
a atenção do leitor. São muitas
informações, muitos estímulos a) Que diferenças você observa entre os artigos O perigo das gostosuras e Práticos
e arriscados?
visuais, muita demanda e tão
Resposta pessoal.
pouco tempo. Assim, antes de
qualquer coisa, é preciso convi­
dá-lo a entrar. Mais do que isso,
é preciso seduzi-lo. Um pouco b) Para adaptar o artigo Práticos e arriscados para as crianças, a autor focou em dois
pontos específicos. Que pontos foram esses?
de atenção é, hoje, como água
A redução da quantidade de informações e a adequação da linguagem.
potável: vale ouro. E para vencer
essa briga, um título interessan­
te pode ser, desde já, decisivo.
Uma boa pergunta, por exemplo, C, O texto se encerra com a frase seguinte.

pode não apenas trazer o leitor, Na dúvida, releia as dicas da CHC para lanches nutritivos e saudáveis!
como garanti-lo "surdo" e de
Considerando que o artigo foi publicado no ambiente virtual, explique a finalidade do
olhos bem abertos até a última destaque feito nessa frase.
linha. O anseio por uma resposta O destaque indica o hiperlink. Professor, é importante explorar com a turma a utilida­
dá a liberdade ao autor de con­ de desse recurso virtual.
duzi-lo por qualquer caminho,
sobretudo se a pergunta envolve
assuntos muito valorizados pelo
momento histórico, como em É
possível emagrecer comendo
de tudo?, ou assuntos que me­ tentando me fazer comprar?". Al­ No entanto, o perigo de utilizar
xam com questionamentos mais gumas, na briga pelo nosso suado recursos tão fortes da língua ape­
profundos, como em Deus existe dinheirinho, pulam a polidez de um nas com o interesse de vender re­
mesmo? convite e apelam para o imperativo: vistas e produtos é a veiculação de
Esse é um recurso muito ex­ Seja feliz! Descubra como!, Fique informações, quando não erradas,
plorado, por exemplo, pelas re­ rico!, Tenha uma barriga tanquinho imprecisas sobre assuntos impor­
vistas, em suas matérias de em um mês!, etc. Dessa forma, para tantes, como a saúde. Esse, inclu­
capa. São tantas que nos levam qualquer indivíduo triste, desavisa­ sive, é um dos desafios dos artigos
a pensar: "Há realmente muitas do e com dinheiro no bolso, é no­ de divulgação científica, que, entre
respostas assim ou só estão caute na certa... outras funções, busca dissolver

___3_s_o J Um pouco de ciência J


1 LPemC_ME_2019_6A_Cap7.indd 350 22/07/19 00 :33 1
BNCC
O O ambiente virtual nos oferece inúmeras possibilidades comunicativas. Tempos
atrás, quando o leitor desejava comentar um texto publicado em um jornal impresso
ou revista, precisava escrever uma carta do leitor, que deveria ser enviada pelos Cor­ Habilidades gerais
reios à redação. Embora esse canal de comunicação ainda exista, os sites informati­ EF69LP01 EF69LP32
vos em geral disponibilizam um espaço no qual o leitor pode enviar seus comentários
instantaneamente. A seguir, reproduzimos um comentário sobre o artigo O perigo
EF69LP34 EF69LP56
das gostosuras postado no site do Ciência Hoje das Crianças.
Habilidades específicas
COMENTÁRIOS EF67LP01 EF67LP02
Ana Elise
EF67LP20 EF67LP24
Gostei de aprender sobre os alimentos!
EF67LP25 EF67LP26
Publicado em l 3 de outubro de 201 B Responder EF67LP32 EF67LP34
EF06LP01 EF06LP04

e
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Anotações

F+1ill11HIIE
a) Se você fosse enviar um comentário a respeito do texto, o que você diria?
Resposta pessoal.

b) Para comentar o artigo, que informações o leitor precisa passar para o site?
O leitor precisa passar seu nome e seu e-mail.

e) É possível comentar o texto de outro leitor? Explique.


Sim. Para isso, o leitor deverá acessar o hiperlink responder, ao lado do comentário a
que deseja vincular o seu texto.

muitos dos mitos prejudiciais que criativo na hora de elaborar um


circulam na sociedade. Não é à toa título para atrair a atenção do
que na TV, por exemplo, quando um leitor para um assunto realmen­
programa quer levar ciência para a te importante para ele.
casa das famílias, é comum come­
çar desconstruindo algum ditado,
crença popular ou costume equi­
vocado sobre o assunto. Visto isso,
quem escreve artigos de divulgação
científica também precisa ser muito

(
Capítulo 7 X.._3_5_1
__

1 LPemC_ME_2019_6A_Cap7.indd 351 22/07/19 00 :33 1


{j Como as pessoas, muitas vezes, podem se esconder por trás de nomes e e-mails
falsos, infelizmente é comum no ambiente virtual vermos comentários feitos por in­
ternautas que, em vez de contribuir para a discussão saudável de um tema, assumem
posturas agressivas. Pensando nisso, imagine que, após ler o artigo O perigo das
gostosuras no site da revista Ciência Hoje das Crianças, você se depare com o co­
mentário abaixo.

COMENTÁRIOS

Caio
Não vejo necessidade de perder tempo lendo um texto tão inútil. Como hambúrguer todo dia
e tenho muita saúde...
Publicado em 14 de outubro de 2018 Responder

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Considerando seus conhecimentos e as informações presentes no artigo lido, como


você responderia a esse comentário?
Resposta pessoal. Professor, é importante que os alunos diferenciem liberdade de
expressão de discursos de ódio, posicionando-se contrariamente a esse tipo de dis­
curso e vislumbrando possibilidades de denúncia quando for o caso.

3 5 2
____ _
J Um pouco de ciência J
LPemC_ME_2019_6A_Cap7.indd 352 22/07/19 00 :33 1
O Como vimos, nos artigos de divulgação científica é muito importante utilizar uma
linguagem clara e objetiva, evitando-se, por exemplo, repetições desnecessárias.
Para isso, dispomos de vários recursos linguísticos, como a sinonímia e a antonímia.
Considerando o texto O perigo das gostosuras, indique qual das alternativas a seguir
não traz um par de sinônimos.
a) Componente - micronutriente.
b) Micronutriente - sódio.
e) Comer - consumir.
d) Produtos - alimentos industrializados.
� Sódio - alimento.

A relação de sinonímia (sentido semelhante) e de antonímia (sentido oposto) entre as palavras deve conside­
rar sempre o contexto de uso e, fundamentalmente, as relações de sentido expressas. Por exemplo, as palavras
homem e garoto tanto podem apresentar relações de sentido semelhantes quanto opostas. Veja:

1. Nasceu meu garoto; é um homem!


2. Tenho 30 anos, sou um homem; não sou nenhum garoto!

Na frase 1, a relação de sentido é de semelhança. Já na frase 2, o sentido é de oposição.

ú!) A seguir, transcrevemos o terceiro parágrafo do texto. Escreva-o substituindo os ver­


bos destacados por sinônimos. Faça as alterações que julgar necessárias.

Mas, se o sódio é tão perigoso, por que continua sendo tão usado, sobretudo
nos produtos industrializados? "Ele realça o sabor e a textura dos alimentos",
explica a nutricionista Mariana Kraemer, da Universidade Federal de Santa
Catarina. "Além disso, ele ajuda a preservar os produtos, pois faz com que
demorem muito mais para estragar".

Sugestão de resposta: Mas, se o sódio é tão perigoso, por que continua sendo tão
usado, sobretudo nos produtos industrializados? "Ele evidencia o sabor e a textura
aos alimentos", esclarece a nutricionista Mariana Kraemer, da Universidade Federal
de Santa Catarina. "Além disso, ele auxilia na preservação os produtos, pois faz com
que demorem muito mais para apodrecer".

( Capítulo 7 X.._3_53
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Análise linguística

Tempos verbais
O tempo verbal diz respeito, basicamente, à situação de eventos ou estados no tempo.
Nesse sentido, podemos localizar no tempo um evento a partir da forma do verbo, identifi­
cando o presente, o passado e o futuro.

BNCC • O presente - faz referência a eventos ou estados que se passam ou se estendem ao


momento em que falamos: (eu) almoço cedo.

Habilidades gerais Gosto muito de futebol.


EF69LP05 EF69LP55 Meu pai trabalha desde jovem.
Minha mãe é muito dedicada.
EF69LP56 O Palmeiras está vencendo. Presente histórico
Nos textos que relatam
• O pretérito - faz referência a eventos que já ocorreram. fatos históricos, como as bio­
grafias, ou até em narrativas,
Habilidades específicas Em português, o tempo pretérito pode se processar de é possível empregar verbos
EF67LP08 EF67LP32 três formas básicas: flexionados no presente do in­
dicativo mesmo expressando
EF06LP04 EF06LP05 Eu almocei ao meio-dia.
fatos passados. Essa estraté­
gia, chamada de presente his­
EF06LP06 EF06LP10 pretérito perfeito tórico, é utilizada para apro­
ximar o leitor dos fatos que
(Indica ação concluída.)
são relatados ou narrados.
Isso porque o emprego desse
Ela nunca almoçava. recurso simula uma volta ao
pretérito imperfeito passado, ao momento em que
os acontecimentos ocorre­
(Indica ação não concluída.)
ram. Observe.
Repensando o Ensino � Em 58 a.e., César invade a
Eu já tinha almoçado quando ela chegou.
da Gramática � pretérito mais-que-perfeito composto
Gália e inicia mais uma cam­
panha militar.
(Indica ação concluída antes do pretérito perfeito.)

Na canção João e Maria, de


Observe que o pretérito mais-que-perfeito composto é construído com o verbo ter no
Chico Buarque, há um uso inte­ imperfeito + particípio verbal. Essa forma verbal é uma evolução do mais-que-perfeito
ressante da categoria do tempo: simples (comprara, fizera, alugara), que, atualmente, não é comumente utilizado no portu­
guês brasileiro, mesmo em textos cultos escritos.
em lugar do presente utiliza-se o
pretérito imperfeito. Observe. • O futuro - faz referência a fatos que ainda não ocorreram.

Agora eu era herói voltarei vou voltar voltaria


Futuro simples Futuro composto Futuro condicional
Acontecerá depois do Forma mais usual que o futuro Indica ação que
E o meu cavalo só presente. simples para indicar fato que aconteceria em relação
acontecerá depois do presente. a outra já passada.
falava inglês.
A noiva do cowboy
Era você, além das
outras três.
O pretérito imperfeito é usado no
Eu enfrentava os lugar do presente, que é exigido pelo Anotações
batalhões, marco temporal agora. Com isso,
cria-se um efeito de ficcionalidade,
Os alemães e seus
de irrealidade, de fato destacado da
canhões.
presença real do presente. Pratica­
Guardava o meu mente, pode-se usar qualquer tem­
bodoque po no lugar de outro. Por exemplo:
E ensaiava o rock para a utilização do presente no lugar do
as matinês. futuro do presente dá a ideia de cer­
teza da realização da ação.

3 5 4x Um pouco de ciência
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j
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O futuro simples (serei, voltaremos, sairá) é pouco utilizado no português brasileiro,
ficando restrito basicamente à escrita formal. Geralmente, o futuro é indicado por meio do
verbo ir seguido de um verbo no infinitivo, construção que chamamos de futuro composto.
O presente expressando o
Ela vai ficar em casa no final de semana.
passado
O futuro condicional (também chamado de futuro do pretérito) é utilizado para indicar O presente simples é usa­
um evento que poderia acontecer sob algumas condições.
do às vezes para expressar um
Ela só passaria de ano se estudasse. evento passado. Isso acontece
quando se deseja dar um caráter
mais vivo a uma narração, como
em Entrei no quarto e o que é que
Variedades de expressão do presente
O presente expressa, basicamente, eventos ou esta­ Nos exemplos lidos, o evento ou estado descrito eu vejo? A Anita rasgando todos
dos atuais. Podemos distinguir duas formas, o presente vale para o momento presente, mas também para cer­
simples (eu falo} e o presente progressivo (eu estou fa­ ta extensão no passado e no futuro. Esse é o signifi­
os vestidos.
lando). Essas duas formas não são sinônimas. O presen­ cado básico do presente simples. O presente simples
te simples é usado para exprimir um evento habitual, uma não é usado para exprimir um evento que se verifica no
propriedade permanente ou um estado permanente. momento da fala. Assim, a frase "Meu pai trabalha na
oficina" exprime um evento habitual (= meu pai é um
O presente em expressões de
Esse vizinho sempre faz barulho à noite.
(evento habitual}
empregado da oficina), não alguma coisa que meu pai
está fazendo no momento da fala. Para exprimir um
tempo decorrido
Carolina tem cabelo louro. (propriedade evento que se dá no momento da fala, usa-se o pre­ Em frases modificadas por
permanente) sente progressivo, isto é, o auxiliar estar mais o gerún­
dio. Por exemplo: um sintagma que indica tempo
O presente simples também é usado para exprimir
uma verdade geral, que não depende de tempo. ( Meu pai está trabalhando na oficina. ) decorrido, usa-se o presente se
( A água ferve a l 00 graus. ) PERINI, Mário. Gramática do português brasileiro. São Paulo: Parábo­ a condição descrita é ainda ver­
la, 201 O. pp. 221-222.
dadeira. Por exemplo: Ele é uma
pessoa doente desde 1999; Há
Sujeito doze dias que ela não para de
A charge ao lado foi publicada em 14 tossir; Eu moro aqui há mais de
de janeiro de 2011 pelo jornal O tempo, de dez anos.
Minas Gerais. Na ocasião, grande parte da t.JOSSff.> AUTORIOAOES
Região Metropolitana de Belo Horizonte es­ "C-HOV��
tava sendo afetada por graves chuvas. Sa­ l _ _. Com o verbo estar
bendo disso, responda às questões.
Finalmente, o presente sim­
ples do verbo estar se usa para
expressar uma condição atual:
-; . A porta está fechada. A razão
é provavelmente a impossibili­
dade de usar estar no presente
progressivo, o que nos daria uma
sequência de dois verbos iguais:
*ª porta está estando fechada.
cedo eu te telefono. Esse uso não Igualmente, não se faz o futu­
O presente expressando o vale para eventos previstos como ro de ir usando o mesmo verbo
futuro muito remotos no futuro. Assim, como auxiliar: em vez de *eu vou
O presente simples pode ser pode-se dizer O Sol vai se extin­ ir se diz eu vou.
usado para expressar um evento guir dentro de dois bilhões de anos, No entanto, tenho tido, tinha
futuro (normalmente acompa­ mas não O Sol se extingue dentro tido ocorrem normalmente.
nhado de uma expressão tem­ de dois bilhões de anos, embora se PERINI, Mário (201 O). Gramática do por­
poral que elimina a ambiguida­ possa dizer O Sol nasce dentro de tuguês brasileiro. São Paulo: Parábola.
de). Por exemplo: Amanhã bem cinco minutos.

( Capítulo 7 X.._3_55
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1. De acordo com a interpretação global da charge, para você a fala do entrevistado faz
sentido?

2. Qual é o sentido da expressão chove não molha?

3. A forma verbal adoram apresenta as marcas de terceira pessoa do plural. Indique o


pronome pessoal que representa essas marcas.

BNCC 4. Indique, no texto, o termo ou a expressão que pode ser substituído por esse pronome.

No primeiro momento deste capítulo, vimos que os verbos pessoais variam, acompa­
nhando o número e a pessoa do discurso que marcam os termos aos quais se associam.
Habilidades gerais Reveja:
EF69LP05 EF69LP55
EF69LP56 Nossas autoridades adoram um chove não molha.
Elas (3 ª pessoa/plural)

Habilidades específicas
EF06LP04 EF06LP06 Nesse período, a expressão nossas autoridades determina a flexão do verbo na terceira
pessoa do plural. Essa função corresponde ao sujeito.
EF06LP10
Sujeito é o termo que determina a flexão de pessoa e número do verbo ao qual
se associa.

Sugestão de abordagem
O sujeito em geral apresenta um núcleo, isto é, a palavra mais importante, pois concen­
tra seu significado básico. Em regra, o núcleo do sujeito tem sempre valor substantivo. No
Respostas para as questões exemplo acima, portanto, o núcleo do sujeito é o substantivo autoridades.
da seção Análise linguística: Quando o sujeito é formado por apenas um núcleo, temos um sujeito simples,
como em "Eles são muito diferentes". Já quando possui mais de um núcleo, temos
1. Resposta pessoal. Es­ um sujeito composto, como em "Os animais e as plantas de uma região compõem a
peramos que os alunos fauna e a flora".
Apesar de comum nas gramáticas, essa classificação não é muito relevante. Na
percebam que a fala do verdade, o mais importante é perceber se o sujeito é singular ou plural, pois essa in­
entrevistado não faz sen­ formação determina a flexão do verbo (no singular ou plural) para acompanhá-lo. O
mecanismo gramatical que se estabelece entre o sujeito e o verbo, chamamos de con­
tido, pois as causas são
cordância verbal.
resultantes de diferentes
fatores, como a falta de
estrutura adequada para
drenagem da água nas
cidades e o processo de
urbanização desestrutu­
rado.
2. A expressão é utilizada Anotações
para designar problemas
que não se resolvem,
sem solução. Ou seja,
segundo o chargista as
autoridades adoram não
resolver os problemas
que afligem a população.
3. Eles/elas.
4. Nossas autoridades.

3 5 6
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J Um pouco de ciência J
1 LPemC_ME_2019_6A_Cap7.indd 356 22/07/19 00 :34 1
Diálogo com o professor
Concordância verbal
O princípio fundamental da concordância verbal, portanto, pode ser definido da seguinte O evento expresso pelo
forma.
presente progressivo não
precisa ser pontual, e pode ter
O verbo pessoal deve concordar com o seu sujeito.
alguma extensão no passado
e no presente, ou ser habitual,
Agora, analise estes exemplos. mas nunca é uma proprieda­
Tu e Marcelo gostais/gostam de Física? de permanente:
Vós (2• pessoa/plural) Vocês (3 ª pessoa/plural)

A paixão pela ciência e o dom para contar histórias são minha vantagem. Está chovendo muito em
Eles (3• pessoa/plural) Belém.
Eu e o João estudamos juntos desde a Educação Infantil até a seleção carioca.
Nós (1 • pessoa/plural) Essa frase pode significar
Com base nesses exemplos, podemos formular outras regras de concordância verbal.
que está chovendo neste mo­
mento, ou que tem chovido
ultimamente em Belém, mas
O verbo vai à 1• pessoa do singular se o sujeito é ou pode ser representado
pelo pronome eu. não que Belém é (permanen­
O verbo vai à 2• pessoa do singular se o sujeito é ou pode ser representado temente) uma cidade chuvo­
pelo pronome tu.
O verbo vai à 3• pessoa do singular se o sujeito é ou pode ser representado sa; nesse caso se diria:
pelos pronomes ele, ela ou você.
O verbo vai à 1• pessoa do plural se o sujeito é ou pode ser representado pelo
pronome nós.
Chove muito em Belém.
O verbo vai à 2• pessoa do plural se o sujeito é ou pode ser representado pelo
pronome vós.
Isso explica por que não se
O verbo vai à 3• pessoa do plural se o sujeito é ou pode ser representado pelo
pronome eles, elas ou vocês. pode dizer, por exemplo, Ca­
rolina está tendo cabelo lou­
Já os verbos impessoais não possuem sujeito. Dessa forma, nessa condição esses ver- ro. A casa dele está ficando
bos são empregados sempre na terceira pessoa do singular. atrás do parque.
Amanheceu chovendo.
Nevou no Rio Grande do Sul.
Sempre chove em Manaus.

( Capítulo 7 X.._3_7
5
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1 LPemC_ME_2019_6A_Cap7.indd 357 22/07/19 00 :34 1


Ciência é para todos
Sugestão de abordagem
8 No primeiro parágrafo do texto, o verbo acontecer está empregado duas vezes de
forma desnecessária. Em seu caderno, reescreva esse parágrafo substituindo uma
dessas ocorrências por um sinônimo. Para a questão 4 da seção
Prática linguística, propomos
(J A frase a seguir foi retirada do primeiro parágrafo. Leia-a com atenção e responda às a seguinte resposta: Todos
questões propostas. os anos, no mês de outubro,
ocorre um grande evento de­
Muitas dessas atividades são para crianças e jovens. dicado à divulgação da ciên­
cia e da tecnologia no Brasil:
a) O núcleo do sujeito do verbo ser nessa frase é o mesmo da frase anterior. Rees­ é a Semana Nacional de Ciên­
creva-a substituindo o sujeito por um equivalente, de forma a contribuir para a
coesão do texto. cia e Tecnologia (SNCT). As
Sugestão de resposta: Muitas delas são para crianças e jovens. atividades são realizadas ao
mesmo tempo em diferen­
b) Reescreva essa frase substituindo o verbo ser por um sinônimo, de forma a tornar
a frase mais formal. tes cidades do país. Muitas
Sugestão de resposta: Muitas dessas atividades visam crianças e jovens. dessas atividades são para
crianças e jovens [...].

{j Agora leia.

Em 2018, o tema da SNCT foi "A Ciência para redução das desigualdades". O
que isso significa? A CHC vai explicar para você!

a) Por que o verbo ser foi empregado no passado?


Porque a SNTC já havia acontecido quando o texto foi escrito.

b) No trecho acima, identificamos o emprego de uma locução verbal cuja finalida­


de é tornar a linguagem menos formal. Reescreva a frase em que essa locução
aparece substituindo-a por apenas um verbo a fim de dar mais formalidade à
frase.
A CHC explicará para você.

c) No item anterior, a locução analisada indica o uso de que tempo verbal?


Futuro composto.

( Capítulo 7 X.._3_59
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Ciência para os deficientes físicos

Ciência para a igualdade entre homens e mulheres


cido como pílula anticoncepcional. Tomando essa pílula, as mulheres não engravidavam.
Quando queriam ter filhos, paravam de tomar . Assim, a ciência contribuiu para
que as mulheres pudessem decidir se queriam ser mães e quando dar uma pausa na
vida profissional para ter filhos. Com esse planejamento, elas puderam ir mais longe nas
suas carreiras e assumir cargos de liderança, assim como os homens.
Claudia Mermelstein
Disponível em: http://chc.org.br/artigo/ciencia-e-para-todos/. Acesso em: 17/12/2018.

O No português brasileiro, alguns verbos são usados em diversas situações. Exemplo


disso é o ter. Nas frases abaixo, substitua o verbo ter por outro de sentido específico,
fazendo as modificações necessárias. Sugestão de resposta.

a) Ela tem vários imóveis. d) Tive dor de barriga ontem.


Ela possui vários imóveis. Senti dor de barriga ontem.
b) O turista não tinha o passaporte.
O turista não portava o passaporte. e) A noiva tinha um belo vestido no ca­
samento.
c) O jogador teve a admiração da torcida.
A noiva vestia um belo vestido no ca-
O jogador conquistou a admiração da
sarnento.
torcida.

{à Aprendemos que os verbos como chover, nevar e relampejar são impessoais, pois in­
dicam fenômenos da natureza, logo não possuem sujeito. Mas você já percebeu que,
em algumas situações, utilizamos esses verbos como pessoais, como em "Amanheci
com dor de cabeça hoje"? Esse uso é possível porque podemos atribuir novos senti­
dos às palavras da língua. Observe os exemplos a seguir e assinale aquele em que o
verbo não está em seu sentido impessoal.
� O suco amanheceu fora da geladeira, Gustavo.
b) No inverno, escurece mais cedo.
c) Assim que anoiteceu, fomos direto para a academia.
d) Só saio desta festa quando amanhecer.
e) No dia do meu aniversário, sempre chove.

(O Em nosso estudo, vimos que os pronomes pessoais do caso reto se relacionam com
as flexões verbais. Aponte a única associação errada entre pronome e conjugação do
verbo, segundo a gramática normativa.
a) Eles já escolheram o filme a que vamos assistir?
b) Eu só percebi ontem que Thaís não fala mais com Gisele.
c) Nós descobrimos por que Ricardo tem faltado às reuniões.
)t:( Acabaram de saber que tu está namorando com Afonso.
e) Quem sois vós para falar assim com o presidente?

( Capítulo 7 X.._3_6_1
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Refrigerantes: É isso aí
Planejamento
Então, para continuar o parágrafo anterior e produzir seu artigo, você precisará de in­
formações interessantes sobre o tema. A seguir, fornecemos algumas. Leia todas elas e
selecione as que julgar mais relevantes para seu texto. Você poderá combiná-las.

No século XIX, já era comum encontrar fontes de soda instaladas nas farmácias por
todos os Estados Unidos.
Segundo Jorge Fantinel, "Não se sabe exatamente quem foi o primeiro a colocar
substâncias adoçantes e corantes na água gasosa, mas certamente isso aconteceu
numa farmácia, onde as misturas eram feitas e vendidas como tônicos".
Jorge Fantinel é engenheiro químico.
Jorge Fantinel escreveu o livro Os refrigerantes no Brasil.
As primeiras experiências foram feitas com xarope de limão, a soda limonada.
Depois vieram as misturas com morango, noz-de-cola - um fruto africano parente
do cacau, rico em cafeína, conhecido no Brasil como orobô - e ginger ale, feito de
gengibre.
Os xaropes gasosos eram vendidos a l centavo de dólar.
Algumas farmácias deixaram de lado a venda de remédios para aumentar o espaço
de atendimento dos bebedores de xaropes gasosos.
Proprietários de farmácias começaram a competir pelos fregueses criando xaropes
cada vez mais elaborados.
As três maiores marcas norte-americanas atuais foram criadas num espaço de pou­
co mais de l O anos, por três ex-farmacêuticos.
Em 1885, Charles Alderton inventou a fórmula da Dr. Pepper.
Em 1886, John Pemberton inventou um concentrado com "qualidades estimulantes"
à base de noz-de-cola, folhas de coca e outros ingredientes, ao qual daria o nome de
Coca-Cola.
Em 1898, surgiu a Pepsi-Cola, que usava a mesma noz-de-cola e uma enzima para
"ajudar na digestão", a pepsina.

Avaliação
Peça a um colega para avaliar seu texto. Para isso, ele deverá analisar os seguintes
aspectos:

Aspectos analisados
CIICD
o o
o o
O texto está estruturado como um artigo de divulgação científica?

o o
As informações estão organizadas de maneira lógica?

o o
As informações fornecidas no planejamento foram utilizadas?
A linguagem está adequada ao público-alvo?

matérias, muitas vezes, somos


mais drásticos: dependendo do
autor, do título e das colunas
que ocupa, podemos decidir se
vamos lê-la ou não.
SOLÉ, Isabel (1998). Estratégias de lei­
tura. Porto Alegre: Artmed, pp. 94-95.

( Capítulo 7 X.._3_63
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A escrita em foco ,..

Casos mais específicos de acentuação


Os hiatos

Nos hiatos, acentuamos as letras i eu quando representam, sozinhas ou seguidas de -s,


a sílaba tônica e não são seguidas do dígrafo -nh.
BNCC
sa-ú-de sa-í-da sa-ú-va mo-í-do cor-ro-í-do ra-i-nha
dígrafo
Habilidades gerais
EF69LP55 EF69LP56 Embora na fala a pronúncia das palavras varie, na escrita é preciso atenção. Exemplo
disso é o que acontece com a palavra gratuito. Muitas pessoas tendem a pronunciá-la
acentuando um possível hiato (gratuíto), mas, na escrita formal, é preciso perceber que
Habilidades específicas esse hiato não existe.
EF06LP06 EF06LP11
Os verbos ter e vir
EF67LP32
Nos verbos ter e vir, utilizamos o acento circunflexo para indicar a 3 ª pessoa do plural.

Singular Plural
ele tem eles têm
ele vem eles vêm

Há uma crença muito forte Assim, na prática, esse é um acento diferencial, isto é, o acento que, em muitas situa­
ções escritas, indica se o verbo se relaciona com a terceira pessoa do singular ou do plural.
em nossa cultura a respeito da Observe:
habilidade de escrever. Muitas
As provas são sempre muito cansativas. Vêm sempre de vez.
pessoas acreditam que a capa­ Elas (terceira pessoa do plural)
cidade de escrever está associa­
da à inspiração e à veia artística Os ditongos
de alguns. Grande engano. Devemos acentuar a vogal dos ditongos abertos éi, éu e ói, quando tônicos, em palavras
oxítonas ou monossílabas. Observe.
A escrita, muito mais do que
inspiração, requer do escritor co­ chapéu réu rói pastéis véu anéis
nhecimento prévio, leituras di­
É importante notar que, antes do novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, que
versificadas, investigação sobre entrou em vigor em janeiro de 2009, os ditongos abertos tônicos ei e oi recebiam acento
o assunto abordado, reconheci­
mento da forma e da estrutura do
texto a ser escrito e, claro, traba­
lho e dedicação no processo de
construção do texto propriamente de produção e aperfeiçoamento Anotações
dito. Entende-se dessa forma que de habilidades específicas ne­
um texto necessita de conteúdo, cessárias ao escritor para que
informações variadas, estrutura ele possa se expressar satisfa­
definida, adequação das palavras toriamente.
e relação de sentido e um elo en­ BORTONE, Maria Elizabeth; MARTINS,
tre as ideias apresentadas. Cátia Regina Braga (2008). A constru­
Assim, escrever um texto não ção da leitura e da escrita: do 6" ao 9"
ano do ensino fundamental. São Paulo:
é tarefa advinda de dons espe­
Parábola.
ciais, mas um exercício contínuo

3 6 4x Um pouco de ciência
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1 LPemC_ME_2019_6A_Cap7.indd 364 22/07/19 00 :34 1
gráfico também em palavras paroxítonas. Agora, esse acento não existe mais. Veja a com­
paração.

Como era Como é


idéia ideia
bóia boia
heróico heroico
assembléia assembleia
plebéia plebeia

Outras regras de acentuação


Antes de a nova ortografia entrar em vigor, algumas palavras paroxítonas possuíam
acento gráfico para serem diferenciadas de outras também paroxítonas. Agora, com exce­
ção de pôde e fôrma, esse acento não existe mais.

Como era Como é


pára (verbo) para
pêlo (substantivo) pelo
pélo (do verbo pelar) pelo
pólo (preposição antiga) polo
pêra (substantivo) pera

Antes do novo Acordo, também eram acentuados os hiatos ee e oo. Agora, não os acen­
tuamos mais.

Como era Como é


enjôo enJoo
dêem deem

Lembrando a regra que vimos sobre as letras i e u em hiato, antes da nova ortografia
elas eram acentuadas também quando antecedidas de ditongo. Agora, esse acento tam­
bém não existe mais.

Como era Como é


Bocaiúva Bocaiuva
feiúra feiura

( Capítulo 7 X.._3_65
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Ú Assinale a opção em que a palavra destacada está acompanhada da justificativa
correta para a sua acentuação.
a) Também vou./paroxítona terminada em m.
b) Isso é fácil./oxítona terminada em 1.
c) Que biscoito horrível!/proparoxítona.
)1:( Já?/monossílabo tônico terminado em a.
Ú (Colégio Militar) Sobre a regra de acentuação da palavra memória, marque a opção
correta.
a) As palavras há e atrás são acentuadas pelo mesmo motivo.
b) As palavras destrói e reconstrói são acentuadas por serem paroxítonas termina­
das em i.
c) A palavra árvore possui acento, pois, segundo uma das regras das proparoxítonas,
acentuam-se as terminadas em e.
)1:( As palavras infância e farmácia são acentuadas pelo mesmo motivo.
e) A palavra memória é acentuada por ser uma paroxítona terminada em a.

Ó Assinale a alternativa que contém vocábulos que obedecem à mesma regra de acen­
tuação da palavra pôr:
a) Agrônomo, pássaro, fóssil.
b) Boêmia, herói, secretária.
c) Secretária, pôde, babá.
d) Babá, ímã, pôde, volúvel.
� Já, pé, nó.

C, As palavras que recebem acento gráfico pelo mesmo motivo são:


a) Mário, única.
b) Céu, já.
c) Fácil, mínimo.
)1:( Indústrias, salário.
e) Violência, será.

Ó Indique o vocábulo de grafia incorreta:


)<( Gratuíto.
b) Jiboia.
c) Álibi.
d) Rubrica.
e) Geleia.

3 6 6
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J Um pouco de ciência J
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(; O grupo em que ambas as palavras devem ser acentuadas é:
a) Rubrica, maquinaria.
)( Polen, prototipo.
e) Gratuito, fluido.
d) Hifen, item.
e) Açai, ruim.

Q Nas séries de palavras abaixo, assinale a alternativa em que todas são acentuadas
pelo mesmo motivo.
)( Saí, egoísmo, daí.
b) História, aliás, inconsolável.
e) Anônima, série, daí.
d) Egoísmo, inconsolável, anônima.
e) Saí, aliás, egoísmo.

Ó Assinale a opção em que os vocábulos obedecem à mesma regra de acentuação


gráfica.
a) Pés, hóspedes.
)( Relógio, distância.
e) Essência, também.
d) Último, terrível.
e) Atlântico, armazém.

Ó Assinale a opção em que os vocábulos obedecem à mesma regra de acentuação


gráfica.
a) Cajás, límpida.
b) Necessário, límpida.
e) Pá, necessário.
d) Incêndio, também.
� Extraordinário, incêndio.

4'í!) O acento gráfico não existe mais em todas as palavras da sequência:


a) Mágico, pêlo, saía.
� Pára, pêlo, pêra.
e) Pôde, saída, país.
d) Pólo, apóio, anzóis.
e) Fôrma, idéia, pôde.

( Capítulo 7 X.._3_7
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Oito, nove, dez?
tema Solar tem 8 planetas e os KBOs muito grandes que surgirem depois serão classi­
ficados como planetas-anões. Existem regras não muito claras, mas um dos critérios
é justamente o tamanho do objeto. Com isso, os astrônomos acreditavam que tinham
fechado a lista de planetas do Sistema Solar.
Mas Mike Brown, que se intitula o assassino de Plutão, tem a obsessão de descobrir
um novo planeta. Nos seus estudos a respeito dos KBOs, ele e alguns colaboradores
notaram que alguns deles têm órbitas orientadas segundo um padrão. Não são muitos,
uma dúzia, mas eles todos têm órbitas com quase a mesma inclinação em relação aos
demais planetas, além de estarem alinhadas, tipo uma sobre a outra. Segundo Brown e
seus colegas, isso não é obra do acaso, mas, sim, de um nono planeta no nosso Sistema
Solar. [ ...] O número de KBOs com orientação combinada aumentou, mas nada de achar
o tal "planeta 9".
Cássio Barbosa
Disponível em:http://gl.globo.com/ciencia-e-saude/blog/observatorio/post/oito-nove-dez.html. Acesso em:26/11/2018.

@ Agora, analise o trecho a seguir.

Não são muitos, uma dúzia, mas eles todos têm órbitas com quase a mesma
inclinação em relação aos demais planetas [...].

a) A que termo do texto o pronome em destaque se refere?


Aos KBOs.

b) Por que o autor empregou o pronome eles, não o termo substituído?


Para evitar a repetição desnecessária do termo KBOs, o que fez com que o texto fi­
casse mais dinâmico.

Chamamos de coesão a propriedade textual por meio da qual realizamos li­


gações entre termos, o que dá ao texto mais dinamismo.

O Releia o segundo parágrafo do texto para responder às questões a seguir. Observe


atentamente o emprego dos pronomes e as relações de coesão estabelecidas entre
os termos.

a) "Além de repletos de gelo, são pequenos." O que são pequenos? Onde está essa
informação?
São os objetos formados a partir do que restou da nuvem de gás e poeira que deu
origem ao Sistema Solar. Essa informação está no primeiro parágrafo.

( Capítulo 7 X.._3_69
___

LPemC_ME_2019_6A_Cap7.indd 369 22/07/19 00 :34 1


b) Nos termos seu descobrimento e seu descobridor, o pronome seu é uma ferramenta
de coesão empregada para evitar a repetição de que nome?
Éris.

c) Nas relações de coesão, é possível retomar uma frase ou mesmo um parágrafo por
meio de um pronome demonstrativo, por exemplo. Nesse contexto, identifique o
trecho do texto resumido pelo pronome isso em "Era isso o que Mike Brown, o seu
descobridor, queria".
[...] ele deveria ser classificado como planeta.

Mídias em contexto

9 Neste capítulo, conhecemos um pouco as características que marcam os artigos de


divulgação científica. Vimos que se trata de um gênero textual bastante útil, princi­
palmente para estudiosos e curiosos que se interessam pela ciência de forma geral.
E, nesse universo científico, a Internet é uma aliada importante para a divulgação e
recepção dos textos. Nesse cenário, uma das melhores formas de disponibilizar con­
teúdo na rede se dá por meio dos sites. Hoje, qualquer um de nós pode criar e manter
uma página na Internet. Com a facilidade de acesso às plataformas de criação de
blogues, por exemplo, é possível criar uma página sobre qualquer assunto. Pensando
nisso, você e alguns colegas criarão um blogue no qual publicarão os textos de divul­
gação científica que produziram neste capítulo.

Conheça algumas das principais plataformas para o desenvolvimento de blogues e sites.

Tudo Começa Com Um Site Incrível


w,. combine beleza• el!a 18CflOIOll,e pa,e voca ena, o 9&1.1 próp,,o eite lnmiv&I

www.webnode.com.br pt.wix.com www.blogger.com

3 7 0
____ _
J Um pouco de ciência J
LPemC_ME_2019_6A_Cap7.indd 370 22/07/19 00 :34 1
Normalmente, a criação de um blogue é bastante simples. A seguir, listamos o passo a
BNCC
passo mais comum para realizar essa tarefa:
• Você deve se registrar na plataforma ou fazer o /ogin em sua conta.
• Escolha um template, isto é, o modelo do blogue.
Habilidades gerais
• Abra o gerenciador do blogue e crie um post. EF69LP06 EF69LP07
• Crie categorias e organize seus posts da forma que desejar.
• Publique os posts.
EF69LP41 EF69LP42
• Publique o site e conecte-o ao seu domínio. EF69LP43
• Compartilhe seu blogue no Facebook, Twitter e lnstagram.

Habilidades específicas
EF67LP36 EF06LP11
Outras fontes EF06LP12
Fernando Reinach fala sobre
Universidade das Crianças. Ciência Hoje das Crianças. a Teoria do Criacionismo

� Escaneieo � Escaneieo � Escaneieo


\.::!.,J QR CODE abaixo. \.::!.,J QR CODE abaixo. \.::!.,J QR CODE abaixo.

A neurocientista Suzana Hercula- Os mistérios das cabeças da


no-Houzel fala sobre o exercício e Ilha de Páscoa - alienígenas
Revista Mundo Estranho. as capacidades do cérebro. do passado

@ Escaneieo
QR CODE abaixo.
@ Escaneieo
QR CODE abaixo.
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QR CODE abaixo.

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(
Capítulo 7 X.._3_7_1
__

LPemC_ME_2019_6A_Cap7.indd 371 22/07/19 00 :34 1


Existem muitas maneiras de se obter in­
formações de alguém, e uma muito comum
é a entrevista. Para falar de um assunto espe­
cífico, como política, os jornais, as revistas, os
sites, etc. convidam especialistas da área. Por
uma razão simples: um político ou um estudioso
da Ciência Política terá mais facilidade para forne­
cer informações ao entrevistador e ao seu público
do que uma pessoa leiga no assunto. Assim, para
obter dados relevantes, o entrevistador deve estar
bastante seguro do que perguntará ao seu en­
trevistado. Por isso, normalmente as perguntas
feitas na entrevista são elaboradas com ante­
cedência.
eguida, responda
postas.

BNCC
MEU PAi TEM UÉ? ELE TÁ ACHO QUE ELE TÁ .UR,ÍS
ENTilEViSHS NÃO ...
Habilidades gerais TODA SEMANAi
FAMOSO?

I
DE EMPREGO!

EF69LP16 EF69LP17

Habilidades específicas
EF06LP01 EF06LP02 Disponível em: http://dc.clicrbs.com. br/se/ entretenimento/noticia/2017/08/confi ra-a-tira-do-armandi nho-desta-qui nta­
feira-9857295 .html. Acesso em: 23/05/2018.

Desvendando os segredos do texto

Objetivos pedagógicos Na tirinha, podemos identificar que há dois tipos de entrevista dirigidos a diferentes
situações de interação social. Que entrevistas são essas e a quem se dirigem?
O aluno precisa sinalizar que a tira faz referência à entrevista a famosos e à entrevis­
Ao final deste capítulo, o
ta de emprego.
aluno deve ser capaz de:
• Demonstrar conheci­ @ Como você sabe, as tirinhas são um gênero humorístico, ou seja, textos que trazem
algumas reflexões que nos fazem achar graça do conteúdo tratado. Que humor po­
mento básico sobre o
demos identificar na tira lida?
gênero e suas funções O humor da tira reside no fato de a entrevista apontada por Armandinho (a de emprego) não ser tão
sociais: o que é uma en­ prazerosa como uma dirigida a um famoso. Ao dizer no primeiro quadrinho que o pai tem entrevista
trevista? Quais as suas toda semana e não especificar a que tipo de entrevista se refere, Armandinho não se dá conta de que
características princi­ o pai está provavelmente em uma situação difícil de recusa a uma vaga de trabalho, por isso tem feito
pais? Como é feita uma entrevistas com frequência. A imagem do menino sorrindo no primeiro quadrinho contrasta com sua
entrevista? expressão de não entendimento nos quadrinhos restantes, o que contribui para o humor da tira.
• Expressar-se critica­
mente sobre os temas
abordados nos textos.
• Demonstrar conheci­
mento sobre o conceito Sugestão de abordagem
de oração e de período.
• Saber identificar e pro­
duzir períodos compos­ Sobre a questão 2 da seção durante um diálogo cotidiano.
tos por coordenação. Conhecimentos prévios, o des­ Para diminuir essa tensão (ques­
• Demonstrar competên­ conforto em uma entrevista pode tão 3), o entrevistador poderá,
cia no uso das consoan­ ser causado pela presença de por exemplo, adotar abordagens
tes g ej. aparelhos de gravação (câmeras, que se aproximem de um tom de
• Planejar, produzir e ava­ microfones, etc.), visto que não conversa informal e prezem pela
liar uma entrevista. é comum o uso de tais recursos dinâmica entre os participantes.

3 7 4x Em busca da informação
____ _
j
1 LPemC_ME_2019_6A_CapB.indd 374 22/07/19 00:51 1
@ A seguir, listamos sete tipos de entrevistas. Com base no seu conhecimento de mun­
do, associe cada uma delas às suas características.
A entrevista: um gênero
1. De rotina basicamente oral
2. Individual
O enfoque aplicado ao ter­
3. Em grupo
4. Exclusiva mo basicamente se refere a
5. De pesquisa uma noção genérica de que
6. De personalidade
7. Opinativa estamos acostumados a pre­
senciar pessoas concedendo
a) ( 3 )Também chamada de coletiva de imprensa, ocorre com a participação de vá­
rios jornalistas, que se revezam nas perguntas feitas a um ou mais entrevistados. entrevistas aos veículos de
b) ( 1 ) É representada pelas fontes de notícias baseadas em fatos. É diária e tem prazo comunicação, ora represen­
de validade curto. Assim, os entrevistados são pessoas que presenciaram o fato que
está sendo noticiado. O depoimento delas ilustra a matéria e comprova o fato.
tados pelo rádio ou pela te­
c) ( 4 ) É concedida a um veículo de comunicação, que divulgará o conteúdo em pri­ levisão, de forma presencial,
meira mão. Sua pauta interessa aos vários veículos, pois está em alta e atinge
ou seja, ao vivo. No entanto,
grande número de pessoas, o que resulta em grande lucro e expansão da imagem
do entrevistado. há entrevistas que são trans­
d) ( 2 ) É marcada com antecedência. O entrevistado é informado previamente do critas para a linguagem es­
tema da pauta.
e) ( 7 ) É feita com pessoas que desfrutam de autoridade para falar sobre a pauta, como crita, como é o caso da ocor­
profissionais renomados, estudiosos e atletas experientes. Para comprovar sua capa­ rência em jornais impressos
cidade de crítica, o entrevistado deve ter conhecimento aprofundado sobre o tema.
f) ( 6 ) Tem o objetivo de traçar o perfil do entrevistado, conhecido do público. Abor­ ou revistas.
da seus hábitos, suas histórias pessoais, curiosidades, etc. Tal gênero possui uma fi­
g) ( 5 ) Concedida por especialistas no assunto abordado, é utilizada como fonte de
consulta de informações para dar credibilidade a uma matéria. Essa entrevista
nalidade em si mesmo - a
proporciona ao jornalista conteúdos importantes para a construção de reporta­ informação. Trata-se da in­
gens, por exemplo.
teração entre os interlocu­
tores, aqui representados na
(9 Qual é a finalidade de uma entrevista de emprego?
pessoa do entrevistador e do
A entrevista de emprego tem como finalidade levar o futuro empregador a conhecer o candi­
dato à vaga de trabalho, isto é, sua experiência, habilidades, conhecimento técnico, etc.
entrevistado, cujo objetivo
é relatar suas experiências
@ Agora que você conhece os principais tipos de entrevistas jornalísticas, reflita: na e conhecimentos acerca de
prática, é possível "misturar" esses tipos? um determinado assunto de
Espera-se que o aluno perceba que a classificação abordada não é estanque. Uma acordo com os questiona­
entrevista exclusiva, por exemplo, pode ser entendida, também, como opinativa.
mentos previamente elabora­
dos por aquele.
Disponível em: www.portugues.
com.br/redacao/a-entrevista--um­
genero-basicamente-oral-.html.
Anotações Acessado em 15/06/2019.

( Capítulo 8 X.._3_75
___

1 LPemC_ME_2019_6A_CapB.indd 375 22/07/19 00:51 1


Entrevista com
Célia Catunda
Eu já achava isso e, depois que tive filhos, nagem fala com o outro.
percebi ainda mais como isso era importan­ Tem muitos desenhos em que um per­
te. Porque a criança é uma esponja, ela ab­ sonagem chama o outro de idiota, e eu fi­
sorve muito tudo aquilo que vê na televisão, cava indignada quando meus filhos eram
no teatro e no cinema. Muitas vezes, ela ab­ pequenos. Porque eles repetiam exatamen­
sorve esses conteúdos até mais do que uma te o que ouviam. Mas também tem muita
aula na escola. Porque essas histórias to­ coisa boa. Então, os pais têm que falar para
cam o lado afetivo delas, elas estão se diver­ os seus filhos. Acho que, às vezes, os pais
tindo, curtindo os personagens. Ela adora a subestimam muito o poder que eles têm, se
Luna, adora o Peixonauta e quer ouvir o que sentem impotentes e acham que os filhos
eles têm para falar. Então eu não posso fazer só vão fazer o que querem.
um personagem falar alguma coisa idiota,
principalmente para uma criança pequena, Bom para criança: E como vocês lidam
que está desprotegida. com os novos conteúdos transmídia, as re­
des sociais e as possibilidades de levar os
Bom para criança: E, neste contexto, qual personagens das séries de animação para
o papel dos pais? Você acha que eles têm aplicativos e outros conteúdos interativos?
que controlar a exposição das crianças a Célia Catunda: Além das séries para a tele­
esse tipo de conteúdo? visão, a gente faz também aplicativos, livros,
Célia Catunda: Eu acho que têm que con­ teatro. Mas o que eu tento fazer, tanto no Pei­
trolar a exposição, sim, e eu sei que é difí­ xonauta quanto na Luna, é que, na hora em
cil, pois hoje em dia a criança está o tempo que os personagens têm que fazer uma pes­
todo vendo alguma tela, seja a televisão, o quisa, eles usem o livro. Eles não vão pesqui­
iPad, o telefone. Então, eu acho que os pais sar uma coisa no Google ou no computador.
têm que fazer um esforço muito grande para Eu sempre falo para os roteiristas. Se vai pes­
restringir o tempo que essas crianças estão quisar alguma coisa, pesquisa no livro. Por­
olhando para alguma tela, para ela também que a gente mostra para a criança que exis­
olhar para o mundo real. tem outros lugares para ela pesquisar.
Uma opção é determinar horários. E, Por exemplo, no aplicativo que a gen­
quando a criança estiver assistindo a al­ te criou para a Luna, em cada episódio tem
guma coisa, sempre que possível ter algum sempre alguma atividade para a criança fazer
adulto que possa pontuar o que está pas­ fora da tela, que é assim: desliga esse aplica­
sando. Porque tem propagandas, tem um tivo e vai lá pegar a tesoura, o papel, o lápis de
monte de coisas que incentivam demais o cor. A gente sempre procura estimular coisas
consumo. É importante ter um adulto, e um diferentes, e o legal é que a animação é 360 º
adulto consciente, que fale: "Olha, isso não mesmo. Você não vai estar com a criança só
é bem assim". É importante também que o quando ela estiver ligada na televisão ou na
adulto selecione o que essa criança vai as­ tela do celular. Você também lança um livro,
sistir, e, se ela escolher alguma coisa com uma revista de atividades, teatro, música,
que você não concorda ou não gosta, você muitas outras formas de a criança estar com
pode até deixá-la assistir, desde que pontue esse personagem e ao mesmo tempo viven­
que não acha aquele programa legal, que do e fazendo outras coisas.
não concorda com o jeito que aquele irmão Sílvia Dalben
Disponível em: http://www.bomparacrianca.eom.br/celiacatunda/. Acesso
trata aquela irmã ou o jeito que um persa- em: 18/12/2018.

( Capítulo 8 X.._3_77
___

LPemC_ME_2019_6A_Cap8.indd 377 22/07/19 00:51 1


Vocabulário desconhecido

Utilizando pistas do próprio texto, estruturas, ilustrações ou mesmo fontes exter­


nas, como dicionários, construa o sentido das palavras seguintes.
Roteiristas - Pessoas que escrevem roteiros para cinema, teatro, rádio, televisão,
etc.
Sinopses - Resumos, apresentações abreviadas.
Sugestão de abordagem Entretenimento - _Div_ �ert� im_
_ e�ntº�·
� ----------------­
Restringir - Impor restrição, limitar.
As respostas das ques­ Pontuar - Comentar esclarecer.

tões de 1 a 3 da seção Para Subestimam - Dão pouca importância, não dão o devido valor, desdenham.

discutir são de cunho pes­


soal. Na questão 4, espe­
ramos que os alunos co­
Para discutir
mentem que os conteúdos
positivos a que se refere Célia 1. Você conhecia os personagens criados por Célia Catunda? O que há de mais in­
Catunda são conteúdos edu­ teressante neles?
2. Nos desenhos e nas séries a que você assistia entre os 4 e os 7 anos, o que mais
cativos, que ensinem algo às
você gostava?
crianças. Por fim, na questão 3. Os desenhos e as séries a que você assistia tinham objetivo educativo?
5, esperamos que os alunos 4. Uma das maiores preocupações de Célia Catunda durante a elaboração dos ro­
teiros é a necessidade de passar conteúdos positivos para as crianças. O que são
percebam que, segundo a di­ esses conteúdos?
retora, as crianças desfrutam 5. Para Célia, "a criança é uma esponja". O que ela quis dizer com isso?

de grande capacidade de ab­


sorção de conteúdos.

Diálogo com o professor Observe que essa entrevista é antecedida por um texto introdutório, recurso muito comum nesse gênero tex­
tual. A função desse texto é apresentar ao leitor informações sobre o entrevistado, como vida e obra, e introduzir
o tema da entrevista. Esse início é importante, portanto, para contextualizar o público e mostrar por que o entre­
Essa configuração da en­ vistado é uma referência no tema. Após a introdução, vem a entrevista propriamente dita, organizada por meio
das perguntas feitas pelo entrevistador e das respostas dadas pelo entrevistado.
trevista como um bate-papo
fica bem evidente no progra­
ma Conversa com Biai, da
Rede Globo. O apresentador
procura deixar o entrevista­
do à vontade, criando uma
situação descontraída, o BNCC Anotações
que sugere certo improviso
na condução da entrevista. Habilidades gerais
Apesar disso, quem assiste EF69LP16 EF69LP17
ao programa pode notar que EF69LP18 EF69LP19
seu apresentador tem sobre a EF69LP55 EF69LP56
mesa um discreto papel que
estabelece um roteiro dos Habilidades específicas
principais temas que o entre­ EF67LP05 EF67LP07
vistado deve comentar. EF67LP33 EF06LP01

3 7 8
____ _
J Em busca da informação J
1 LPemC_ME_2019_6A_CapB.indd 378 22/07/19 00:51 1
Desvendando os segredos do texto
O Roda Viva, exemplo de
9 Observando atentamente o texto, podemos dizer que ele está dividido em dois blo­ entrevistas mais formais, é
cos. Quais são?
um dos mais importantes
Uma introdução, em que a jornalista apresenta ao leitor quem é sua entrevistada, e
programas de entrevista da
uma seção de perguntas e respostas.
televisão brasileira. Desde
1986 segue a orientação da
O Nas entrevistas, o registro da língua pode ser formal ou informal, dependendo do
TV Cultura de realizar jorna­
entrevistado, do grau de interação estabelecido entre ele e o entrevistador, do tema
abordado, do perfil comunicativo do veículo que publicará a entrevista, etc. Na entre­ lismo público de qualidade ao
vista lida, o registro é formal ou informal? oferecer aos telespectadores
O registro é informal. a possibilidade de conhecer
9 Transcreva do texto trechos que justifiquem a sua resposta à questão anterior. o pensamento e o trabalho
"É bom reforçar" (segundo parágrafo); o emprego do pronome pessoal a gente; ex­ de personalidades nacionais
pressões informais de sentido metafórico, como "sem colocar o dedo na cara", "faça e estrangeiras com profundi­
assim ou faça assado", "a criança é uma esponja", etc. dade.
O programa realizou mais
8 Uma das marcas da informalidade presente no texto é a semelhança em muitos tre­
de mil entrevistas em seus 23
chos com o texto oral, isto é, a fala espontânea. Pensando nisso, leia com atenção a anos, um acervo precioso que
passagem a seguir.
revela muito além do que o
perfil do entrevistado. Retrata
A gente mostrava uma criança saudável. Depois a gente fez De onde vem, momentos e fatos importan­
que falava de onde vinham as coisas, Peixonauta, que fala sobre sustentabi­
lidade, e O Show da Luna, que é sobre ciências. tes das mais diversas áreas
do conhecimento: artes, po­
a) Ao transcrever as falas do entrevistado, o jornalista pode retirar ou não as marcas
lítica, economia, cultura, es­
da oralidade, dependendo do contexto de produção (qual é o perfil do público-alvo, portes, educação e saúde. Os
em que suporte a entrevista será publicada, etc.). No texto lido, há marcas da ora­
lidade? Explique.
convidados que participam
Sim. O emprego do pronome a gente e a repetição de palavras (a gente, vem/vinham,
do programa colocam-se
falava/fala e que) são exemplos de marcas da oralidade. diante de jornalistas e espe­
cialistas convidados para ex­
por suas opiniões e esclare­
cer questões relevantes para
a sociedade.

Anotações

( Capítulo 8 X.._3_79
___

1 LPemC_ME_2019_6A_CapB.indd 379 22/07/19 00:51 1


b) Como você reescreveria esse trecho utilizando o registro formal da língua? Faça as
adaptações que considerar necessárias.
Sugestão de resposta: Nós mostrávamos uma criança saudável. Depois fizemos De
onde vem, que abordava a origem das coisas, Peixonauta, cujo tema é sustentabi­
lidade, e O Show da Luna, que trata de temas científicos.

@ Leia o trecho a seguir e responda às questões.

Eu acredito que é muito importante você passar conteúdos positivos para


as crianças através do entretenimento. Eu já achava isso e, depois que tive
filhos, percebi ainda mais como isso era importante. Porque a criança é uma
esponja, ela absorve muito tudo aquilo que vê na televisão, no teatro e no ci­
nema. Muitas vezes, ela absorve esses conteúdos até mais do que uma aula
na escola. Porque estas histórias tocam o lado afetivo delas, elas estão se
divertindo, curtindo os personagens. Ela adora a Luna, adora o Peixonauta
e quer ouvir o que eles têm para falar. Então eu não posso fazer um perso­
nagem falar alguma coisa idiota, principalmente para uma criança pequena,
que está desprotegida.

a) Nesse trecho, Célia Catunda expõe sua opinião so­


bre a criação de conteúdos para as crianças. Trans­
creva essa opinião. Nas entrevistas, é muito
"[...] é muito importante você passar conteúdos posi­ comum o entrevistado argu­
mentar, isto é, defender sua
tivos para as crianças através do entretenimento." opinião, pontos de vista sobre
os mais variados assuntos.
Assim, por meio da análise
das opiniões do entrevistado,
podemos perceber como ele
b) Apresentar opiniões significa defender pontos de vê o mundo, seus gostos, sua
vista, argumentar. Qual é o argumento que ela uti­ maneira de pensar.
liza para defender a importância de passar conteú­
dos positivos para as crianças?
Para Célia, a criança é uma esponja, ela absorve muito tudo aquilo que vê na televi-
são, no teatro e no cinema.

___3_s_o J Em busca da informação J


LPemC_ME_2019_6A_CapB.indd 380 22/07/19 00:51 1
e) Para Célia, como devem ser as falas dos personagens?
Os personagens devem falar coisas inteligentes, positivas.

d) Segundo Célia, qual a importância dessas falas para as crianças?


Para ela, os personagens não devem falar coisas idiotas porque as crianças apren­
dem muito facilmente.

e) O verbo absorver foi empregado duas vezes nesse trecho. Para evitar a repetição
desnecessária, indique um sinônimo para ele capaz de substituí-lo em uma des­
sas ocorrências sem alterar o sentido original.
Sugestão de resposta: Assimila, aprende.

@ Entre as opções a seguir, indique a única em que há a defesa de opinião de Célia.


a) A criação das séries é minha e do Kiko, e a gente trabalha junto com os roteiristas
desde as sinopses.
b) A gente mostrava uma criança saudável.
>:( Muitas vezes, ela absorve esses conteúdos até mais do que uma aula na escola.
d) Além das séries para a televisão, a gente faz também aplicativos, livros, teatro.
e) Eu sempre falo para os roteiristas.

@ No capítulo 4 deste livro, quando estudamos as principais características das notí­


cias, vimos que, para facilitar a leitura e a compreensão, o texto jornalístico precisa
ser claro e direto. Esse aspecto deve ser priorizado já no título e no subtítulo, que
adianta informações sobre o conteudo do texto. Ele se caracteriza pela sua função
de resumir o assunto, ressaltar o fato mais importante e despertar a curiosidade do
leitor.

a) Transcreva o subtítulo da entrevista.


"É muito importante passar conteúdos positivos para as crianças através do entre­
tenimento."

b) O que o subtítulo diz sobre a diretora Célia Catunda?


Antecipa para o leitor a opinião de Célia sobre a criação de conteúdos para as crian­
ças, sugerindo sua forma de pensar.

( Capítulo 8 X.._3_8_1
__

LPemC_ME_2019_6A_CapB.indd 381 22/07/19 00:51 1


{j Agora, analise a frase a seguir, retirada da introdução.

(__v_eja
_ _o p
_ o
_ s
_ t _ o_ b_ r_ea
_ s _ _sé_ ri_ e_os
_ h
_ _ ow _ u
_ _da_ L _ _a!_ ____)
_ n

a) Por que essa frase aparece no texto destacada?


O destaque se deve ao fato de a frase representar um hiperlink.

b) Se a entrevista fosse publicada de forma impressa, esse destaque deveria perma­


necer? Explique.
Não. O destaque para sinalizar o hiperlink só teria funcionalidade no ambiente virtual.

e) Com relação ao modo, o que o verbo ver, empregado nessa frase, indica para o leitor?
Indica uma ordem, um comando, característica do modo imperativo.

Análise linguística

A oração e o período
Leia com atenção o quadrinho a seguir.

Qual é o seu maior


defeito?

A sinceridade.

Eu não acho isso


um defeito...

3 8 2
____ _
J Em busca da informação J
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Sugestão de abordagem
1. Que tipo de entrevista está ocorrendo no quadrinho?
2. Por que, para o entrevistado, sua sinceridade é um defeito?
3. Em que momento ocorre o humor nesse quadrinho? Para as questões da seção
Quando estudamos as frases, no capítulo 2, vimos que elas podem ser divididas em dois Análise linguística, propomos
grandes grupos: as frases de situação, ou incompletas, e as frases formalmente completas. as respostas abaixo.
Tradicionalmente, chamamos as frases formalmente completas de períodos, isto é, são
construções que possuem estrutura completa. Na prática, essas frases são ditas comple­
1. Uma entrevista de em­
tas porque se estruturam em torno de um ou mais verbos. Veja os exemplos a seguir. prego.
1. Qual é o seu maior defeito?
2. Porque ele é realmente
2. Eu não acho isso um defeito... muito sincero, falando
3. Eu não me importo com o que você acha! tudo o que pensa.
4. Ele acordou cedo, fez a barba e seguiu para a entrevista.
3. O humor do quadrinho
Observe que esses enunciados se estruturam em torno das palavras destacadas: os ocorre na última fala do
verbos. Assim, para termos uma frase formalmente completa, ou um período, é indispen­
sável a presença de um verbo. entrevistado, quando
Os períodos se classificam de duas formas: quebra a expectativa do
Simples - Apresentam apenas um verbo, como nos exemplos l e 2.
entrevistador (e conse­
Compostos - Apresentam mais de um verbo, como nos exemplos 3 e 4. quentemente do leitor),
o que revela o porquê
Por apresentarem mais de um verbo, formalmente os períodos compostos podem ser
desmembrados em partes menores, cada uma delas com um verbo. Observe. de sua sinceridade ser
um defeito.
3. Eu não me importo/ com o que você acha!
4. Ele acordou cedo,/ fez a barba/ e seguiu para a entrevista.

Chamamos cada uma dessas partes de oração, isto é, uma construção gramatical reali­
zada em torno de um verbo. A divisão do período composto em orações leva em conside­
ração alguns critérios formais que não precisamos estudar agora. Por enquanto, é neces­ BNCC
sário apenas que você perceba um detalhe importante: em alguns casos, quando isolada,
uma oração pode não ser compreendida, como em com o que você acha (exemplo 3); já
em outros, como no exemplo 4, as orações são independentes.
No período 3, portanto, as orações "dependem" uma da outra, pois, se retirarmos a se­ Habilidades gerais
gunda oração da estrutura, a primeira fica com o sentido incompleto: Eu não me importo EF69LP05
com o quê?. Assim, dizemos que há uma relação de subordinação entre essas orações.
Por fim, no período 4, as orações apenas se coordenam no período, por isso são chama­ EF69LP56
das de orações coordenadas.
Na segunda parte deste capítulo, estudaremos com mais detalhes o período composto
por coordenação. Desse modo, a subordinação será tema dos próximos anos.
Habilidades específicas
EF06LP07 EF06LP08
EF06LP09 EF06LP10

Anotações

( Capítulo 8 X.._3_83
___

LPemC_ME_2019_6A_CapB.indd 383 22/07/19 00:51 1


Prática linguística

Texto 1

http://rafaelsenra.com/quadrinhos-cartum/ Rafael Senra

@ Com base na tirinha, analise as afirmações a seguir.

1. No primeiro e no segundo quadrinhos, o candidato agrada o entrevistador, que


decide contratá-lo como próximo funcionário.
li. De acordo com a interpretação global do texto, para ser um bom funcionário, o
candidato precisa equilibrar suas qualidades.
Ili. A palavra próximo pode ser entendida como frase, mas não como período.
IV. A frase Tenho talento e força de vontade é um exemplo de período simples.
V. A fala do entrevistador no último quadrinho é um período composto por coorde-
nação.

Está correto o que se afirma apenas em:


a) 1 eli.
b)li e Ili.
c)lelV
)1(11, l I i e IV.
e) li, I V eV.

@ Transforme a fala do entrevistador apresentada no último quadrinho em um período


simples, conforme as orientações dadas a seguir. Faça as adaptações que conside­
rar necessárias, mas procure preservar o sentido original.

Como o entrevistador está orientando o candidato, empregue o verbo no modo


imperativo.

Sugestão de resposta: Equilibre mais ainda essas qualidades.

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O doce desafio de se reinventar
Escaneie o QR CODE ao lado para ler outra entrevista concedida
por Alexandra Loras. Nesta entrevista, ela aborda claramente
o preconceito racial no Brasil, segundo ela o país mais racista
do mundo.

Em entrevista concedida ao programa Jovem Pan Morning Show, em 9 de maio de 2016, Alexandra Loras falou
sobre o racismo e o preconceito contra os negros. Na entrevista, ela cobrou uma participação maior da mídia,
principalmente a TV. na conscientização sobre o assunto. Para ela, o sistema de cotas em universidades não é o
caminho correto para conseguir a igualdade étnica.

® Escaneie o QR CODE ao lado.

Vocabulário desconhecido

Utilizando pistas do próprio texto, estruturas, ilustrações ou mesmo fontes exter­


nas, como dicionários, construa o sentido das palavras seguintes.
Serviçal - Servo servente criado.

Eurocêntrico - Que vê o mundo a partir da Europa. Que coloca a Europa no centro


do mundo.
Velado - Coberto com um véu, oculto, escondido, dissimulado.

Se apropriariam - Tomariam para si, se apossariam.

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J Em busca da informação J
1 LPemC_ME_2019_6A_CapB.indd 386 22/07/19 00:51 1
@ Como vimos no início deste capítulo, nas entrevistas jornalísticas em geral uma per­
sonalidade de destaque na sociedade é convidada a expor informações e defender
pontos de vista a respeito de um tema central. Diante disso, responda às questões
abaixo.

a) Por que Alexandra Loras foi convidada a dar essa entrevista?


Ela foi convidada devido à sua trajetória pessoal e profissional, associada à sua atua­
ção contra a discriminação das mulheres negras no Brasil.

b) Qual foi o veículo de comunicação que a entrevistou?


A revista Planeta.

e) Qual é o tema central da entrevista? Em que parte do texto essa informação é pos-
ta para o leitor?
O tema central da entrevista é a trajetória de Alexandra Loras, da sua infância na
França à sua atuação como ativista. Essa informação é posta para o leitor na intro­
dução do texto.

C, Sobre as perguntas feitas pela jornalista, responda:

a) Com relação à estrutura das perguntas, que tipo de período as caracteriza?


As perguntas feitas são períodos simples.

b) Reflita: por que a jornalista teria optado por esse tipo de período?
Certamente a intenção da jornalista foi formular perguntas claras e objetivas.

( Capítulo 8 X.._3_87
___

LPemC_ME_2019_6A_CapB.indd 387 22/07/19 00:51 1


(j Agora, analise as respostas dadas pela entrevistada.

a) Com relação à estrutura dos períodos que compõem as respostas, há um predomí­


nio de períodos simples ou compostos?
Há um predomínio de períodos compostos.

b) Reflita: por que esse tipo de período prevalece nas respostas?


Devido à estrutura relativamente mais complexa, os períodos compostos permitem
mais possibilidades argumentativas, por isso tendem a prevalecer nas respostas.

(j Analise o trecho a seguir, retirado da introdução da entrevista.

A jornalista francesa Alexandra Loras chegou ao Brasil em 2012. Ela acom­


panhava seu marido, Damien Loras, cônsul-geral do seu país.

a) Quantas orações há nesse trecho?


O trecho possui apenas duas orações.

b) Quantos períodos há nesse trecho? Como esses períodos se classificam?


O trecho possui apenas dois períodos simples.

e) Como você transformaria esse trecho em apenas um período?


Sugestão de resposta: A jornalista francesa Alexandra Loras chegou ao Brasil em
2012, acompanhando seu marido, Damien Loras, que era cônsul-geral do seu país.

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@ Agora, analise os períodos destacados a seguir.
1. Durante o mestrado que fiz no Instituto de Estudos Políticos de Paris, em 2012,
li Minhas estrelas negras, de Lilian Thuram, ex-jogador de futebol francês (res­
posta 1 ).
li. Na minha família, diziam que os negros nunca inventaram nada, como se fôsse­
mos uma raça inferior (resposta 2).
Ili. Tenho quatro irmãos, brancos, loiros ou ruivos (resposta 3).
IV. É preciso elevar o debate sobre o racismo no Brasil (resposta 4).

Há período composto apenas em:


�I e li. b) 1 e Ili. c) li e Ili. d) li e IV. e) Ili e IV.

(J Leia o período a seguir, retirado da resposta 2.

O livro mostra o contrário e fala de personalidades como Teodoro Sampaio,


Machado de Assis e André Rebouças.

a) Quantas orações há nesse período?


No período há duas orações.

b) Entre as orações se estabelece uma relação de dependência ou independência


sintática?
Entre as orações se estabelece uma relação de independência sintática.

c) A que informação, expressa no período anterior, é retomada pelo termo o contrário?


O termo retoma a informação errônea de que os negros nunca inventaram nada, como
se fossem uma raça inferior.

d) Reescreva o período acima, substituindo o termo grifado por uma oração. Faça as
adaptações que considerar necessárias, mas preserve o sentido original.
O livro mostra que os negros não são inferiores e fala de personalidades como Teo­
doro Sampaio, Machado de Assis e André Rebouças.

( Capítulo 8 X 3 9
.._ _8 ___

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É hora de produzir

Antes de começar a escrever

No livro O cidadão de papel, o jornalista Gilberto Dimens­


tein nos convida a fazer um teste para avaliar o impacto da
BNCC violência na nossa vida. O texto a seguir foi retirado desse
livro e servirá de base para a entrevista que você produzirá
daqui a pouco.
Habilidades gerais
( Do que você tem medo? )
EF69LP12 EF69LP13
EF69LP14 EF69LP16 Convide dez alunos de outras turmas da escola para fa­
zer um teste, simulando uma pesquisa de opinião pública.
EF69LP18 EF69LP39 Apresente para eles a seguinte pergunta: "Do que você tem
mais medo?".
Habilidades específicas Agora, relacione as alternativas seguintes e peça para
EF67LP14 EF67LP36 escolherem apenas cinco delas.
EF06LP06 EF06LP11 1. Fantasma.
2. Dormir no escuro.
3. Ficar preso em elevador.
4. Ser assaltado na rua.
5. Repetir de ano.
6. Entrar ladrão em sua casa.
7. Separação dos pais.
8. Ser sequestrado.
9. Morte dos pais.
1 O. Atropelamento.
11. Sofrer bullying.
Anotações 12. Ficar doente.
13. Ficar só em casa.
14. Ficar sem Internet.
15. Não conseguir emprego depois de formado.

Quando as respostas estiverem prontas, anote os resul­


tados. Veja quais são os medos mais comuns entre seus
colegas.

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Proposta
Agora, você fará uma entrevista com um adulto da sua família que tenha lembranças da
década de 1970. O tema de sua entrevista será o seguinte:

( A violência ontem e hoje.


)
Nessa conversa, você deverá levar seu entrevistado a comparar a violência que ame­
drontava as pessoas naquele tempo e a que amedronta hoje.

Planejamento
1. Para produzir uma boa entrevista, é muito importante elaborar as perguntas previa­
mente. No início da conversa, você poderá perguntar, por exemplo, o que mais assus­
tava o seu entrevistado quando saía à rua.
2. Como o tema da entrevista sugere uma comparação, procure formular perguntas em
que o seu entrevistado compare os dois momentos (passado e presente).
3. Depois de feita a entrevista, elabore um pequeno texto introdutório para apresentar seu
entrevistado aos seus leitores. Sim, por falar nisso, seus leitores serão seus próprios
colegas de classe. Quando todos terminarem, vocês poderão reunir todos os trabalhos
em um livro de entrevistas e deixá-lo disponível na biblioteca da escola.
4. Outro detalhe: não se esqueça de dar um título ao seu texto. Além disso, como a en­
trevista é um gênero jornalístico, é muito comum esclarecer o título com a ajuda de
um lide.

Avaliação


1. Peça para um colega ler seu texto e avaliá-lo considerando os aspectos seguintes.

Aspectos analisados
Há um texto introdutório em que o entrevistado é apresentado? ºo
o o
o o
As perguntas foram formuladas de maneira clara?
Houve uma comparação entre o passado e o presente?
A entrevista apresenta título e lide? o o
2. Dependendo da análise do seu colega, veja se é necessário aperfeiçoar o seu texto.

( Capítulo 8 X.._3_9_1
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LPemC_ME_2019_6A_CapB.indd 391 22/07/19 00:51 1


Física para todos
Sugestão de abordagem
descreve o caos cósmico: as estrelas caem uma coisa mais distante, mas certamente
do céu, o Sol fica negro, etc. Percebi que os não menos assustadora ou aterrorizante.
astrônomos que deram início à Física Mo­ Ninguém aceita a ideia da morte de maneira Leve para a sala de aula o
derna também falaram dessas coisas. Você pacífica. Todo mundo se questiona sobre a
lê os textos de Newton, Haley e Laplace, e origem de tudo e sobre o fim. Por quê? Por­
vídeo encontrado no link a se­
eles falam que é mesmo possível que um que nós somos uma espécie que tem a bên­ guir. É uma entrevista ao pro­
asteroide - no caso, era mais um cometa ção e a maldição de perceber a passagem
grama Jogo de Ideias, do Pro­
- se chocasse com a Terra e causasse o do tempo e ser consciente da própria mor­
Apocalipse. te. Eu falo que isso é uma maldição porque jeto ltaú Cultural, com o físico
O que eu faço é explorar essa comple­ causa muita dor, muito sofrimento, mas, por Marcelo Gleiser, que esclare­
mentaridade da ciência e da religião, mos­ outro lado, acho que dá vazão a muito da
trando que ambas respondem às mesmas criatividade humana. Eu acho que muito da ce questões relevantes para a
perguntas de maneira diferente[...]. poesia, da pintura, das artes foi criado jus­ sociedade.
tamente por causa desse anseio nosso de
Por que nem todo avanço científico e preservar, de alguma forma, a nossa perma­
tecnológico tem sido capaz de diminuir o nência aqui no Planeta[...].
Escaneie o
número de pessoas que se voltam para o
esoterismo? A ideia do curso Física para Poetas que o
QR CODE.
MG - Eu acho que isso não é uma coisa senhor criou é resgatar a história da ciência
tão nova. Mas talvez só agora a gente per­ e levar demonstrações e simulações para a
ceba melhor essa atração pelo sobrenatu­ sala de aula?
ral, pelo esotérico. Eu acho que isso aí é um MG - Esse é um curso que eu acho que
grande barômetro social. A maioria não tem toda universidade no Brasil deveria ter. Ele
acesso aos processos de tomada de deci­ consiste basicamente em dar um curso de
são, só sofre as consequências... Quanto Física e Astronomia para pessoas que não
pior está a situação social, econômica, es­ vão ser cientistas. A pessoa vai fazer Le­
piritual e quanto maiores forem os anseios, tras, Cinema, Medicina e vai fazer esse cur­
mais você tende a se apegar ao esoterismo. so também! Por quê? Porque o curso mos­
tra como a ciência funciona, como ela foi
Nessa busca, uma pergunta é inevitável: criada dentro do contexto histórico. Hoje, é
para onde vamos? E essa pergunta remete o curso mais popular da universidade. Aca­
aos temas do livro: a morte, o fim do mun­ bei de dá-lo no semestre passado, e a tur­
do. O senhor acha que a ciência mudou a ma tinha 182 alunos, que é muita coisa para
maneira como o homem encara a morte? qualquer universidade[...].
MG - Imagine você no século 14, no meio
da epidemia da peste, quando as pessoas Como o senhor era nos seus tempos de
morriam na rua. Aliás, a morte na rua já foi escola?
uma maneira muito clara de você aterrori­ MG - Eu era bem CDF, mas era normal
zar a população. Você pendurava os mortos também (risos). Tocava violão, jogava vô­
na rua, como aconteceu com Tiradentes. lei - fui até campeão brasileiro quando eu
Hoje, você ver uma pessoa ser atropelada é estava no segundo ano do colegial. Aliás, o
um choque, uma coisa horrenda. Acho que Bernardinho era meu levantador na seleção
os avanços da ciência tornaram a morte carioca. O Bebeto de Freitas era o técnico.

( Capítulo 8 X.._3_93
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LPemC_ME_2019_6A_CapB.indd 393 22/07/19 00:51 1


Por outro lado, eu estudava muito e, desde o primeiro científico, lá pelos 15 anos, já tinha
um grupo de estudo de Física [... ]. Nosso negócio era, toda semana, ler e discutir os artigos
da Scientific American e livros de divulgação científica um pouco mais técnicos. Lemos
juntos um livro do próprio Einstein chamado Princípios da relatividade.

E havia a orientação de alguém?


MG - Não, fazíamos tudo sozinhos mesmo. Não tínhamos um guru. Mas, em geral, eu
imagino que os professores do Ensino Médio possam ajudar grupos de estudo indicando
leituras. Quisera eu que, na minha época de aluno, houvesse os livros de divulgação cien­
tífica que existem hoje! Para mim, foi uma batalha tomar a decisão sobre que caminho
seguir. Eu acabei fazendo Engenharia Química por 2 anos e só depois me transferi para o
curso de Física. Se eu tivesse lido esses livros quando era criança, aos 15 anos não teria a
menor dúvida de que era isso mesmo que queria fazer.

Além da falta de livros, o senhor teve de enfrentar a pressão da família quando optou por
seguir carreira numa área de ciência pura?
MG - Com meu pai mesmo, tive certo atrito quando saí do curso de Engenharia para o
de Física. Ele não gostou dessa ideia nem um pouco. Eu falei que ia sair da Universidade
Federal do Rio de Janeiro para fazer o curso de Física da PUC-RJ, que era o melhor na épo­
ca. Ele respondeu que não ia pagar, eu que me virasse. Eu fui e me virei. Pena que ele não
esteja aqui para ver o que aconteceu com o filho rebelde (risos).
Vitor Casimiro
Disponível em: http://www.educacional.eom.br/entrevistas/entrevista0072.asp. Acesso em: 28/12/2018. Adaptado.

Vocabulário desconhecido

Utilizando pistas do próprio texto, estruturas, ilustrações ou mesmo fontes exter-


nas, como dicionários, construa o sentido das palavras seguintes.
Trunfos - Aquilo que dá vantagem a alguém para conseguir algo.
Pomposas - Realizadas com grande luxo.
Complementaridade - Capacidade de se complementar.
Esoterismo - Doutrina baseada em fenômenos sobrenaturais.
Barômetro - Aparelho que mede a pressão atmosférica.
Horrenda - �-�-----------------------
Terrível.
Vazão - Ato ou efeito de vazar.
Anseio - Desejo intenso.

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Desvendando os segredos do texto

@ Nessa entrevista, podemos encontrar várias informações e opiniões do físico Marce­


lo Gleiser sobre os mais variados assuntos. Transcreva, da introdução do texto, a fala
em que ele expressa seu posicionamento sobre o modo como muitos professores
ensinam Física na escola.
"A ciência é ensinada de uma maneira tão chata que é um milagre as pessoas dese­
jarem ser cientistas."

@ Releia o primeiro parágrafo do texto e responda às questões propostas.

Marcelo Gleiser é o professor de Física que todo mundo gostaria de ter. No


lugar de frases pomposas, como "considere uma partícula" ou "despreze a
resistência do ar", ele conta episódios deliciosos da história da ciência e da
vida dos cientistas. Em vez de passar a aula inteira expondo fórmulas no
quadro-negro, apresenta os fundamentos da Física no laboratório, com de­
monstrações e experiências. "A ciência é ensinada de uma maneira tão chata
que é um milagre as pessoas desejarem ser cientistas", queixa-se.

a) A que pessoa do discurso se referem as formas verbais destacadas?


À terceira pessoa do singular (ele).

b) Que palavra substitui o nome Marcelo Gleiser ao longo do parágrafo?


O pronome ele.

e) No capítulo anterior, quando estudamos os artigos de divulgação científica, vimos


que o argumento de autoridade é realçado por meio dos verbos dicendi (de dizer).
Os verbos dicendi são aqueles que utilizamos, no discurso direto, para indicar o
modo como o especialista se expressou por meio de palavras ou pensamentos ao
passar as informações. O emprego desses verbos também é comum nas entrevis­
tas. Identifique no trecho um exemplo dessa ocorrência.
Queixa-se.

@ No trecho "Ele conta que a sua queda pela Física vem desde os tempos da escola
[...]", indique um sinônimo para a palavra queda.
Admiração.

( Capítulo 8 X.._3_95
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(t Considerando as informações apresentadas no texto, analise as proposições abaixo
assinalando V, para as verdadeiras, ou F, para as falsas.
a) ( F) Por ser cientista, Marcelo Gleiser nunca escreveu sobre religião.
b) (V) Alguns físicos modernos escreveram sobre temas que aparecem também em
livros bíblicos.
e) ( F) Os pais de Marcelo Gleiser sempre o apoiaram em suas decisões.
d) ( V ) Ciência e religião tratam de temas semelhantes, porém, muitas vezes, sob
pontos de vista distintos.
e) ( F) Para Gleiser, a ciência é muito apreciada pelas pessoas.
f) (V) Um dos objetivos de Gleiser como cientista é tornar a ciência popular.

@ De acordo com a entrevista, Marcelo Gleiser poderia ter seguido uma carreira muito
diferente da Física ou da Engenharia. Que carreira era essa?
Jogador de vôlei.

{j Gleiser tinha ou não talento para exercer essa outra carreira?


Sim.

@ Como vimos na primeira parte deste capítulo, a entrevista, muitas vezes, apresenta
o ponto de vista do entrevistado sobre os temas abordados. Por esse motivo, nor­
malmente as entrevistas são textos predominantemente argumentativos. Por meio
dessas opiniões, podemos perceber a forma como ele vê o mundo, suas preferências,
suas ideias, etc. Pensando nisso, analise a opinião de Marcelo Gleiser expressa no
período a seguir.

Esse é um curso que eu acho que toda universidade no Brasil deveria ter.

a) Para defendermos uma opinião, é importante justificarmos os motivos que nos


levam a defendê-la. Tecnicamente chamamos essas justificativas de argumentos.
Sabendo disso, indique dois argumentos que Marcelo Gleiser utiliza para defender
a opinião acima.
Argumento l - Consiste em um curso de Física e Astronomia para pessoas que não
vão ser cientistas.

Argumento 2 - O curso mostra como a ciência funciona, como ela foi criada dentro
do contexto histórico.

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b) Na defesa de argumentos, é comum, também, a apresentação de fatos, isto é,
constatações reais, inquestionáveis. Identifique no texto dois fatos que o entrevis­
tado apresenta para fortalecer a opinião sobre o curso Física para Poetas.
Fato 1 - Hoje, é o curso mais popular da universidade.

Fato 2 - No semestre passado, a turma tinha 182 alunos, que é muita coisa para
qualquer universidade.

(J Normalmente a entrevista é um gênero oral, isto é, desenvolve-se por meio da fala,


não da escrita. Assim, quando é feita para ser publicada na forma impressa, em geral
as respostas do entrevistado são transcritas pelo entrevistador, que, como vimos,
pode manter ou não as marcas da oralidade. Na entrevista lida, qual foi o posiciona­
mento adotado pelo jornalista com relação à oralidade?
O jornalista optou por eliminar as marcas da oralidade.

Análise linguística

A coordenação
Leia, a seguir, um trecho de uma entrevista do cantor e compositor Luiz Gonzaga con­
cedida ao jornalista Tárik de Souza, do jornal O Pasquim, em 1971.

O PASQUIM - Qual é a diferença entre baião, xaxado e xote?


GONZAGA - Xaxado é dança de cangaceiros. Os cangaceiros
de Lampião, por não terem mulher pra dançar, quando eles co­
memoravam um feito qualquer, eles faziam aquela roda e dança­
vam batendo no rifle e faziam o xaxado. Depois de eu ter criado
o xaxado, eu vim saber que não era nada menos do que o corta­
-jaca[...]. Do corta-jaca, só saiu o joguinho da ponta do pé[...].

O PASQUIM - E o xote?
GONZAGA - O xote veio do estrangeiro. Então, nós lá no sertão
criamos o xote malandro, xote de pé de serra, xote de forró, de dan­
ça de matuto[...]. É um xote mesmo nosso, porque ele tem uma jo­
gada completamente diferente e tem as letras jocosas, como "Vem
cá, cintura fina, cintura de pilão". Ele conta sempre uma poesia bo­
nita ou então conta uma história jocosa, humorística.

( Capítulo 8 X.._3_97
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Sugestão de abordagem

Respostas para as questões


da seção Análise linguística.
1. Entre as marcas da orali­
O PASQUIM - Corta-jaca é o quê?
dade presentes no texto, o
GONZAGA - Corta-jaca é esse passo de xaxado. Mas não tinha música, não tinha
aluno pode destacar, por ritmo. Quando se falava em corta-jaca, tanto fazia no choro, no samba. Era só um
exemplo: pra (para), repe­ passo. O cangaceiro fazia isso no xaxado. Eles cantavam Mulher Rendeira fazendo
esse passo.
tições, palavras informais SOUZA, Tárik de. O som do Pasquim. Rio de Janeiro: Desiderata, 2009.

(corta-jaca, joguinho), etc.


2. Ao manter as marcas da 1. Nessa entrevista, as respostas do entrevistado foram transcritas basicamente como
oralidade, a intenção do foram faladas por ele. Indique marcas da oralidade presentes na fala de Luiz Gonzaga.
2. Reflita: qual a finalidade de manter as marcas da oralidade nessa entrevista?
jornalista foi preservar a 3. Quando as pessoas falam, normalmente planejam seu texto ao mesmo tempo que o
informalidade do discurso produzem. Assim, é muito comum nas entrevistas orais, por exemplo, o entrevistado
não dar respostas diretas ou completas para as perguntas feitas pelo entrevistador.
oral espontâneo.
Considerando a primeira pergunta feita nesse trecho, o que ficou faltando na resposta
3. Na resposta dada, ficou dada pelo entrevistado?
faltando esclarecer o que 4. Agora leia o período a seguir.

é o baião e em que esse


ritmo se diferencia do xa­ Qual é a diferença entre baião, xaxado e xote?

xado e do xote.
4. No item A, as palavras a) Nesse período, que termos pertencentes à mesma classe de palavras aparecem
encadeados?
baião, xaxado e xote b) Que recursos são utilizados nesse encadeamento para separar essas palavras?
pertencem à classe dos e) Identifique no texto um período em que os elementos encadeados são orações.
substantivos. No item B,
esperamos que os alunos
percebam que as palavras
são separadas pela vírgula
e pelo conectivo e. Por fim,
BNCC
no item C, o aluno pode
apresentar certa dificul­ bonita, ou então conta
dade para identificação Habilidades gerais
uma história jocosa, hu­
do período composto por morística; (2) Mas não
EF69LP56
coordenação. Como su­ tinha música, não tinha
gestão de resposta para Habilidades específicas
ritmo.
o item C, destacamos os EF06LP01 EF06LP07
seguintes períodos: (1) Ele EF06LP08
conta sempre uma poesia

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Analise o período.

Qual é a diferença entre baião, xaxado � xote?


Conectivo

Nessa frase, observamos que há um encadeamento dos substantivos. Essa ordenação


é assinalada pela vírgula e pela palavra e, que funciona como conectivo.

A coordenação consiste na junção de constituintes da frase que possuem a


mesma categoria ou desempenham a mesma função sintática.

Período composto por coordenação


Na primeira parte deste capítulo, estudamos os conceitos de oração e período. Vimos
que as orações podem se organizar no período composto de duas maneiras: por coorde­
nação ou por subordinação. Agora, vamos estudar com mais detalhes os períodos com­
postos por coordenação.

Para retomarmos nosso estudo, analise o período a seguir.

(1) Mas não tinha música, não tinha ritmo.


1 ª oração 2ª oração

Como você pode observar, as duas orações que compõem esse período são indepen­
dentes, ou seja, estão coordenadas.

Veja este outro exemplo.

1 ª oração 2ª oração
(2) Ele conta sempre uma poesia bonita ou então conta uma história jocosa,
humorística. Conectivo

( Capítulo 8 X.._3_99
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Classificação das orações coordenadas
As orações coordenadas podem ser introduzidas ou não por um conectivo, que cha­
mamos de conjunção. Assim, elas se classificam como assindéticas ou sindéticas.

Assindéticas - não são introduzidas por uma conjunção, como no período 1 na pá­
gina anterior. Veja outro exemplo.

Oração coordenada assindética


Assisti ao filme, depois escrevi a resenha.
oração coordenada assindética

Sindéticas - são introduzidas por uma conjunção, chamada coordenativa, como no


período 2 na página anterior. Veja outro exemplo.

Oração coordenada assindética


Trabalhei muito, mas não estou cansado.
conjunção oração coordenada sindética

De acordo com o sentido e o valor da conjunção que as iniciam, as orações coordena­


das sindéticas podem ser classificadas como aditivas, adversativas, conclusivas, expli­
cativas ou alternativas.

Aditivas - a conjunção indica uma simples soma, adição. As principais conjunções


coordenativas aditivas são: e, nem, não só... mas também (e semelhantes).

conjunção aditiva
Ele comprou o terno e voltou ao trabalho.
oração coordenada sindética aditiva

conjunção aditiva
Não só se preocupa, mas também tem iniciativa.
oração coordenada sindética aditiva

4_o o
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Adversativas - a conjunção expressa ideia contrária, adversa, ao que se poderia es­
perar da oração anterior. As principais conjunções coordenativas adversativas são:
mas, porém, contudo, todavia, no entanto, entretanto, e.

conjunção adversativa
Estudei muito, mas não passei.
oração coordenada sindética adversativa

conjunção adversativa
Procurei a caneta durante toda a manhã, porém não a encontrei.
oração coordenada sindética adversativa

Este exemplo é interessante para mostrar claramente que, entre as orações coordena­
das, não há dependência sintática. É verdade que o referente do pronome a está na primei­
ra oração (a caneta), mas isso é uma dependência semântica (de sentido), não sintática.
Veja que a oração Porém não a encontrei está completa sintaticamente: apresenta sujeito
(oculto), verbo (encontrei) e complemento (a).
Observe, nesses dois exemplos, que a oração coordenada adversativa exprime uma
ideia contrária à veiculada na primeira oração: se estudei muito, deveria ter passado, mas
não passei; se procurei a caneta, deveria tê-la encontrado, mas não a encontrei.

Conclusivas - a conjunção exprime uma conclusão. As principais conjunções coor­


denativas conclusivas são: portanto, logo, por isso, por conseguinte.

conjunção conclusiva
Analisei bem o projeto, por isso posso apresentá-lo.
oração coordenada sindética conclusiva

Explicativas - a conjunção exprime uma explicação, uma justificativa. Essas orações


aparecem frequentemente depois de imperativo. As principais conjunções coordena­
tivas explicativas são: porque, que e pois.

conjunção explicativa
Volte logo, pois vai chover.
oração coordenada sindética explicativa

( Capítulo 8 X.._4_0_1
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Alternativas - a conjunção expressa uma alternativa. Nesse caso, a conjunção nor­
malmente é repetida, o que indica alternativas entre duas orações. As principais con­
junções coordenativas alternativas são: ou, ou... ou, ora... ora, já... já, quer... quer,
nem... nem.

conjunções alternativas
Ora lê, ora escreve.
orações coordenadas sindéticas alternativas

Prática linguística

@ O cantor e compositor Jean Jungkook, integrante da banda Bangtan Boys, ou BTS,


em entrevista respondeu a algumas perguntas. Propositalmente retiramos de alguns
períodos elementos muito importantes: alguns sinais de pontuação. Assim, leia o
fragmento da entrevista com atenção e dê às frases a pontuação adequada.

Qual era seu emprego dos sonhos quando criança?


Jungkook: Quando eu estava no ensino fundamental, ser um jogador de badmínton.
Depois, meus pais compraram um computador, eu me interessei por jogos e quis um em­
prego nessa área.

Como os membros [do grupo] celebraram seu aniversário em 2017?


Jungkook: Nós estávamos todos ensaiando, dançando e cantando. Daí as luzes apaga­
ram do nada, a porta se abriu e o Jimin e o V entraram segurando um bolo.

Quando você sente que se tornou adulto?


Jungkook: Eu fiz 20 anos na idade internacional em setembro! Mas, na realidade, eu
continuo uma criança no coração. Então, de verdade, eu não sinto que eu virei adulto pra
valer.

Integrantes da banda BTS em Las Vegas, maio de 2018, na festa de premiação do Billboard Music Awards, no MGM Grand
Garden Arena.

40 2
___ _ _
J Em busca da informação J
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Em que momento você sente que ainda é uma criança?
Jungkook: Por exemplo, quando eu assisto ou penso sobre um vídeo, ou uma en­
trevista. Quando eu leio os comentários das pessoas, eu sinto que me falta algo, pois
pensam de um ponto de vista muito mais abrangente que o meu. Nesses momentos,
eu sinto que talvez ainda me falte profundidade.
Disponível em: http://bangtan.eom.br/entrevista-non-no- l 00-perguntas-e-respostas-com-o-bts/. Acesso em: 28/12/2018. Adaptado.

@ As entrevistas são uma das formas que temos de obter informações sobre algo ou al­
guém. Com base na entrevista analisada na questão anterior, responda às perguntas
a seguir.

a) Que informações foram obtidas?


Que o entrevistado, Jungkook, já sonhou ser um jogador de badminton, que seus
amigos fizeram uma surpresa de aniversário para ele, etc.

b) A partir da sua resposta à questão anterior, esclareça: qual foi o principal objetivo
do entrevistador?
Saber informações pessoais do artista, não ligadas diretamente à sua carreira.

@ Atente para o seguinte período retirado da entrevista.

Depois, meus pais compraram um computador, eu me interessei por jogos e


quis um emprego nessa área.

a) Há quantos verbos?
Há três verbos.

b) Quantas orações você identifica nesse período?


Espera-se que o aluno identifique três orações.

c) Vimos que o período composto, dependendo da relação estabelecida, pode apre­


sentar entre as orações uma relação de coordenação ou subordinação. Sabendo
disso, identifique se o trecho exposto apresenta orações coordenadas ou subordi­
nadas. Em seguida, separe cada uma das orações, escrevendo-as abaixo.
Apresenta orações coordenadas. São elas: Depois, meus pais compraram um com­
putador,/ eu me interessei por jogos/ e quis um emprego nessa área.

( Capítulo 8 X.._4_03
___

LPemC_ME_2019_6A_Cap8.indd 403 22/07/19 00:51 1


CJ Agora, assinale a única alternativa que apresenta o mesmo tipo de oração da questão
anterior.
a) "[...] eu sinto que talvez ainda me falte profundidade."
)("A porta se abriu e o Jimin e o V entraram segurando um bolo."
e) "Como os membros [do grupo] celebraram seu aniversário em 2017?"
d) "Eu fiz 20 anos na idade internacional em setembro!"

@ Agora, analise o período abaixo.

Quando eu leio os comentários das pessoas, eu sinto que me falta algo, pois
pensam de um ponto de vista muito mais abrangente que o meu.

a) Como se classifica a palavra destacada nesse período?


Conectivo, ou conjunção.

b) Qual é a relação de sentido expressa pela palavra destacada?


Explicação.

e) Como se classifica a oração introduzida pela palavra destacada?


Oração coordenada sindética explicativa.

� As orações coordenadas a seguir não deixam clara a verdadeira relação de sentido


que mantêm entre si. Reestruture-as fazendo as necessárias adaptações para for­
mar um só período. Sugestões de resposta.

a) Vitória só tem 6 anos. Ela faz perguntas de gente grande.


Vitória só tem 6 anos, mas faz perguntas de gente grande.

b) Ele não veio para o jantar. Ele não telefonou para avisar.
Ele não veio para o jantar e não telefonou para avisar.

e) Muitos alunos não sabiam responder às perguntas da prova. As notas foram muito
baixas.
Muitos alunos não sabiam responder às perguntas da prova, por isso as notas foram
muito baixas.

___ 4_0_4x Em busca da informação j


LPemC_ME_2019_6A_CapB.indd 404 22/07/19 00:51 1
d) Tome a sopa toda. A sopa está muito gostosa.
Tome a sopa toda, pois está muito gostosa.

@ Classifique as conjunções coordenadas.

a) Ora gritava, ora chorava.


Alternativas.

b) Você vai comigo ou vai com eles?


Alternativa.

e) Ela era muito agitada; logo, qualquer coisa a deixava nervosa.


Conclusiva.

d) Não tenha medo, pois tudo isso passará.


Explicativa.

e) Ele passou de ano, entretanto suas notas não foram as melhores.


Adversativa.

f) Não deixe o carro parrado aí, porque esta rua está perigosa.
Explicativa.

g) Os preços estão muito altos, portanto diminuiremos os gastos.


Conclusiva.

h) Ela procurou o filho e lhe pediu para trocar o botijão de gás.


Aditiva.

@ Nos enunciados a seguir, reorganize a pontuação e utilize um conector que torne mais
clara a relação de sentido entre eles. Depois, indique o tipo de relação implicada pelo
conector em uso, conforme o exemplo abaixo. Observação: várias conjunções podem
ser usadas, desde que estabeleçam a correta relação semântica entre as orações.

Somos queridos por todos: sempre os ajudamos.


Conector: porque Relação: explicação
Resposta: Somos queridos por todos, porque sempre os ajudamos.

( Capítulo 8 X.._4_05
___

LPemC_ME_2019_6A_CapB.indd 405 22/07/19 00:51 1


a) Não fui ao jogo: não posso dizer como foi a confusão.
Não fui ao jogo, por isso não posso dizer como foi a confusão.
Relação: conclusão.
b) A prova estava muito fácil: ninguém foi aprovado.
A prova estava muito fácil, mas ninguém foi aprovado.
Relação: oposição.
e) Certamente ele esqueceu o bolo no forno: sinto cheiro de fumaça.
Certamente ele esqueceu o bolo no forno, pois sinto cheiro de fumaça.
Relação: explicação.
d) Os alunos virão amanhã: voltarão no dia seguinte.
Os alunos virão amanhã e voltarão no dia seguinte.
Relação: adição.
e) O funcionário bateu as metas: não alcançou a promoção.
O funcionário bateu as metas, mas não alcançou a promoção.
Relação: oposição.
f) João comprou um carro novo: Marcelo também.
João comprou um carro novo e Marcelo também.
Relação: adição.
g) Ela vive contando vantagem: os amigos não gostam dela.
Ela vive contando vantagem, por isso os amigos não gostam dela.
Relação: conclusão.
h) Não o provoque: ele é muito nervoso!
Não o provoque, porque ele é muito nervoso.
Relação: explicação.

GJ Explique a diferença de sentido entre as orações abaixo.

1. Zé estudou muito, e foi reprovado.


li. Zé estudou muito e foi aprovado.

Em 1, a conjunção e tem valor adversativo. Em 11, tem valor conclusivo.

40 6
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J Em busca da informação J
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(e As orações a seguir formavam o título e o subtítulo de uma notícia publicada por um
jornal do Rio de Janeiro.

■ JORNAL •­
SALÁRIO MÍNIAMO
VAI AUMENT R
Espera-se um peq
ueno aumento em
ma10.

Podemos observar que há uma relação semântica entre essas duas orações (título e
lide). Que relação é essa?
a) Adição.
)( Oposição.
e) Alternância.
d) Complementação.
e) Explicação.

(O Indique a conjunção que melhor expressaria a relação semântica existente entre es­
sas duas orações.
)(Mas.
b) Nem.
e) Ou.
d) Pois.
e) Porque.

(à Sabemos, pela leitura da notícia, que:


)( O salário mínimo ainda não tinha sido divulgado.
b) O salário mínimo cresceria muito.
e) Os jornalistas esperavam um grande aumento.
d) Muitas pessoas não ganham salário mínimo.
e) Não havia certeza sobre o aumento.

(i) Entre as alternativas a seguir, identifique aquela que, por meio de um período com­
posto por coordenação, apresenta a melhor definição sobre o que é o salário mínimo.
a) É o menor salário que os trabalhadores brasileiros recebem.
b) Chamamos de salário mínimo a menor remuneração brasileira.
e) O menor salário que o empregador paga ao empregado no Brasil.
)(O salário mínimo é o menor salário possível no País e tem determinação na lei.
e) É o menor salário de uma região, de acordo com as leis estaduais.

( Capítulo 8 X 4 07
.._ _ ___

LPemC_ME_2019_6A_CapB.indd 407 22/07/19 00:51 1


(à Uma forma verbal que tem o mesmo valor que vai aumentar é:
a) Aumentou.
b) Aumentava.
e) Aumentaria.
d) Aumentasse.
)<( Aumentará.

{D Leia, a seguir, um trecho da crônica Hoje, observando os termos destacados.

Mas isso é coisa de outros hojes. Os nossos, mais contempo­


râneos, são também menos gloriosos: nesse espaço de tempo
tão banal e infindável que é um hoje, comemoramos sete mor­
tos em uma favela do Rio, resultado de operação da polícia; as­
sistimos a um jogo do Brasil na TV; registramos, unidos, a alta
da Bovespa; ouvimos atentamente a missa das sete; lemos com
falso interesse sobre a viagem do presidente à África, sempre
repetindo com veemência: "É só por hoje. Amanhã tudo vai ser
diferente".
Malthus de Queiroz. Disponível em: http://www.recantodasletras.eom.br/cronicas/700837. Acesso em:
04/07/2015.

___4_o_s J Em busca da informação J


1 LPemC_ME_2019_6A_Cap8.indd 408 22/07/19 00:51 1
Agora, avalie as afirmações abaixo.

1. A palavra mas expressa uma relação de sentido de adversidade, oposição.


li. A palavra também tem valor aditivo.
Ili.O termo resultado da operação da polícia funciona como complemento nominal.
IV. Podemos acrescentar a palavra e antes da forma verbal lemos sem alterar o sen-
tido original.
V. Não haveria mudança do sentido original caso colocássemos a palavra ou antes
de amanhã.

Está correto o que se afirma apenas em:


a) 1, 11 e 111.
�1, li e IV.
c) 1, Ili e IV.
d) 11, Ili e V.
e) IV e V.

(1' Leia o parágrafo a seguir, retirado do conto Trabalhadores do Brasil.

A mulher sentada e o homem em pé conserva­


ram-se silenciosos durante um breve e ao mes­
mo tempo longo momento, ora olhando um para
o outro, ora cada um olhando as pessoas agora
espalhadas no abrigo ou não olhando coisa ne­
nhuma.
PIROLI, Wander. Trabalhadores do Brasil. ln: Para gostar de ler. Vol. 9. São Paulo:
Ática, 1989.

a. Nesse trecho, o tempo em que se passa a cena é


descrito sob dois pontos de vista opostos.

Essa oposição está representada por quais pala­


vras?
Breve e longo.

b. Qual é a relação de sentido estabelecida pelas pa­


lavras destacadas?
Alternância.

( Capítulo 8 X.._4_09
___

LPemC_ME_2019_6A_Cap8.indd 409 22/07/19 00:51 1


É hora de produzir

Antes de começar a escrever

Nas entrevistas, normalmente o entrevistado é apresentado por um texto introdutório,


que traz informações sobre ele, sua vida pessoal, atuação profissional, seus planos, etc.
Agora, imagine que você trabalha como jornalista para uma revista de divulgação científi­
BNCC ca e terá de entrevistar o primeiro astronauta brasileiro, Marcos Pontes. Faça uma pesqui­
sa sobre ele e produza um pequeno texto introdutório para apresentá-lo aos seus leitores.

Habilidades gerais
EF69LP06 EF69LP07 Proposta
EF69LP08 EF69LP18 Agora, você trabalhará em conjunto com a sua turma e o seu professor para entrevis­
EF69LP39 tar alguém que, como Marcos Pontes, tem uma bela história de vida e é um exemplo para
todos nós. O entrevistado será uma pessoa importante para a sociedade, seja famoso ou
não. Discutam sobre quem será o escolhido. Depois disso, vocês entrarão em contato com
Habilidades específicas essa pessoa para agendar uma entrevista a ser realizada na sua sala de aula. Será uma
EF06LP11 EF06LP12 ótima oportunidade para conhecer uma personalidade interessante.

EF67LP14 EF67LP33
EF67LP36 Planejamento
Para realizar essa entrevista, será necessário cumprir algumas tarefas preliminares.
1. Escolha do entrevistado. Pessoa interessante, com uma bela história de vida.
2. Contato inicial com o entrevistado escolhido. Vocês procurarão entrar em contato com
Diálogo com o professor essa pessoa a fim de verificar sua disponibilidade e seu interesse em ser entrevistada.
Se ela concordar, agendem a data e a hora da entrevista.
3. Elaboração prévia das perguntas. Ainda em grupo, procurem formular as perguntas
Esta proposta de produção que farão ao entrevistado, definindo a ordem das perguntas e quem as fará durante a
entrevista.
é interessante para trabalhar 4. Recolhimento do material produzido. Gravem toda a entrevista, com autorização prévia.
com os alunos aspectos liga­
dos à oralidade. Assim, é im­
portante levá-los a refletir so­ Avaliação
Agora, de posse das respostas coletadas, a turma discutirá com o professor algumas
bre as respostas coletadas, a
características da entrevista oral, buscando identificar diferenças entre ela e a entrevista
maneira como foram formu­ escrita.
ladas (formal ou informal), as
repetições, os pontos de vista
defendidos, etc.

Anotações

4 1 0J Em busca da informação
___ _ _
J
1 LPemC_ME_2019_6A_CapB.indd 410 22/07/19 00:51 1
Repensando o Ensino �
A escrita em foco da Gramática �

Uso das consoantes g e j Outra forma de tornar uma


O passo fundamental para dominar a ortografia de uma língua é a alfabetização. Nesse aula interessante e produ­
processo, a criança ou o adulto aprendem a dominar muitas das convenções estabeleci­ tiva é considerar os textos
das entre letras e sons. Depois, na fase seguinte da escolarização, aprendem a dominar
as relações entre ortografia e morfologia, a parte da língua que estuda a formação das dos alunos. Eles escrevem,
palavras. Escrevemos laranjeira com j, não com g, porque sabemos que ela se formou a mesmo que precariamente,
partir de laranja.
Agora, você certamente está se perguntando por que, mesmo tendo anos de escola, ain­ e, analisando esses textos,
da tem dificuldade de escrever algumas palavras. Bem, a explicação é fácil: você conhece saberemos o que estão acer­
alguém que aprendeu a dirigir apenas olhando um motorista trabalhar? Pois então: com a
aprendizagem da ortografia, é o mesmo. A leitura e a escrita constantes nos levam a fixar,
tando e o que estão errando
"pelo olho", a grafia das palavras mais comuns. É uma questão de hábito. (simplifiquemos, por ora). Por
Apesar disso, existem algumas regras que podem nos ajudar na hora de escrever pala­
exemplo: os mais numerosos
vras com g ou j. Observe:
problemas de ortografia não
Emprega-se a letra g: são as trocas de s/z ou g/j, x/
• Em substantivos terminados em -agem, -igem e -ugem (exceções: pajem e lambujem). eh, mas palavras como peixe
sem i, alto é com u quando é
garagem impigem paisagem
com I e com I quando é com
• Nas palavras terminadas em -ágio, -égio, -ígio, -ógio e -úgio. u, redução de ditongo (otro),
pedágio colégio prodígio relógio refúgio
separação ou não de palavras
(a gente / agente), etc. Só os
textos dos próprios alunos
Emprega-se a letra j:
revelam exatamente onde há
• Em palavras de origem indígena ou africana. problemas. A reescrita ami­
maracujá pajé jiló canjica jia gável (e fundamentada!) des­
ses textos ensina com veloci­
dade espantosa.
POSSENTI, Sírio. Revista Língua Por­
tuguesa n º 69. Julho de 2011. São
Paulo: Segmento.

Anotações

( Capítulo 8 X.._4_1 _1 __

1 LPemC_ME_2019_6A_CapB.indd 411 22/07/19 00:51 1


Pular o café da manhã atrapalha
a boa nutrição das crianças
---....--- BNCC

Habilidades gerais
EF69LP05 EF69LP10
EF69LP11 EF69LP12
EF69LP17 EF69LP40

Habilidades específicas
EF06LP06 EF06LP11

Com o cálcio, a história seguiu a mesma toada. Ou seja, 19% dos que ignoraram o
( desgejum)não garantiram a quantidade ideal do mineral aliado dos ossos, algo que
ocorreu só entre 2,9% das crianças do grupo que forrava a barriga antes de sair de
casa.
O ácido fólico, por sua vez, não faltou no dia a dia de quem investiu no café ma­
tinal. Mas 7,3% dos que pularam esse momento à mesa não(chegou)à dose mínima
diária do nutriente, considerado importante para a composição do material genético.
Disponível em: https://super.abril.com.br/saude/pular-o-cafe-da-manha- atrapalha-a-boa-nutricao-das-criancas/. Acesso em: 28/12/2018.
Adaptado.

Quantas inadequações identificamos no texto?


a) 4.
b) 5.
)(6.
d) 7.
e) 8.

( Capítulo 8 X.._4_13
___

1 LPemC_ME_2019_6A_CapB.indd 413 22/07/19 00:51 1


eNTReVISTA e
1-----------1 8
P!:SQUISAS APONTAM QU!: você L!:VA
você é P!:SSOAS CRIATIVAS UM LONGO eu NÃO
CRIATIVO? AH, SIM/ TOMAM ATALHOS éTICOS P!:RÍOOO sei A
SOU MUITO !: QU!: !:M G!:RAL SÃO PARA FAZ!:R Rf:SPOSTA
( CRIATIVO. M!:NOS HON!:STAS.
'21
('
AS COISAS?
{
ceRTA/
\\ 1

@ A tirinha reproduz uma entrevista de emprego. Que elementos há em comum entre


esse tipo de entrevista e a jornalística?
A presença de um entrevistador e de um entrevistado.

@ O humor da tirinha ocorre no último quadrinho, com a reação do personagem e a


sua fala desesperada. Considerando a pergunta feita pela entrevistadora, ele po­
deria responder basicamente de duas maneiras, sim ou não, mas ambas as res­
postas seriam ruins...

a) Caso ele respondesse sim, o que a entrevistadora concluiria a seu respeito?


Ela concluiria que o candidato não é produtivo, por isso não seria um bom funcio­
nário.

b) E caso ele respondesse não, o que ela concluiria?


Ela concluiria que ele é antiético e desonesto.

@ Ao citar o resultado de algumas pesquisas, a entrevistadora utiliza a conotação


para tentar suavizar o sentido negativo que caracteriza as pessoas criativas. Esse
recurso é chamado tecnicamente de eufemismo.

a) Por que a entrevistadora utilizou esse recurso linguístico para descrever as pes-
soas criativas?
Como o candidato se considerou, no primeiro quadrinho, muito criativo, a entrevis­
tadora utilizou os eufemismos para não o insultar de forma direta, o que poderia
causar um constrangimento.

4 Em busca da informação
41 x
_____
j
LPemC_ME_2019_6A_CapB.indd 414 22/07/19 00 :52 1
b) Reescreva a fala da personagem eliminando os eufemismos.
Pesquisas apontam que pessoas criativas são antiéticas e, em geral, desonestas.

CJ No segundo quadrinho, os verbos apontar e ser estão flexionados no presente do


modo indicativo, apresentando as marcas de terceira pessoa e do plural. Essa flexão
foi feita:
a) para que os verbos concordassem com o seu sujeito: pesquisas.
b) porque o sujeito de ambos os verbos está no singular.
e) em função do sujeito de cada verbo, caracterizando a concordância nominal.
X devido à relação que se estabelece entre o sujeito e o verbo na estrutura da oração.
e) porque apontar e ser são verbos impessoais.

Mídias em contexto

Ú Normalmente, quando falamos em entrevistas pensamos naquelas realizadas nos


telejornais, quando um jornalista entrevista alguém ao vivo. Mas esse gênero pode
ser realizado de diferentes maneiras para atender a diversos propósitos (entrevista
de emprego, social, psicológica, etc.).

No campo jornalístico, é comum as entrevistas serem feitas oralmente e passarem por


um processo importante, a edição. Dependendo da forma como a entrevista será publica­
da e do veículo, a edição terá objetivos específicos. Por exemplo: jornais impressos cujo
público são pessoas interessadas em economia, política, cultura, etc. transcrevem a entre­
vista e fazem os ajustes necessários, como adequação gramatical e eliminação de marcas
da oralidade. Já nos veículos que utilizam a voz, como o rádio, a edição de entrevistas
gravadas pode eliminar, por exemplo, trechos que o diretor considerar desnecessários.
Além desses aspectos, as entrevistas jornalísticas podem servir de base, também, para
outros textos, como notícias e reportagens. Nesse caso, feita a entrevista (oral ou escrita),
o jornalista seleciona os trechos que considerar importantes e os insere no novo texto.
Já nas entrevistas ao vivo, seja no rádio, seja na televisão, a edição não é possível. Por
esse motivo, a equipe de produção deve ter inúmeros cuidados. Pensando nisso, você e
seus colegas farão, agora, a análise de algumas entrevistas realizadas ao vivo. Para isso,
cada grupo deverá selecionar um telejornal e assistir a algumas entrevistas.

O objetivo desta atividade é identificar as estratégias utilizadas pelos repórteres


e pela equipe de produção para que tudo ocorra bem.

( Capítulo 8 X.._4_15
___

LPemC_ME_2019_6A_CapB.indd 415 22/07/19 00 :52 1


Outras fontes

Conheça os 8 tipos de entrevistas


Escaneie o A entrevista jornalística necessita de muito preparo, para que o jorna­
QR CODE abaixo. lista obtenha o conteúdo planejado na pauta. O resultado dará credibilida­
de ao trabalho do entrevistador, além do possível aumento da visibilidade.
Diante disso, é importante compreender as características dos principais
tipos de entrevista jornalística, para elaborar a pauta corretamente, e definir
as perguntas mais coerentes. Neste vídeo, a jornalista Fernanda Félix apre­
senta, de forma divertida, oito tipos de entrevistas.

Escaneie o Métodos de pesquisa: Entrevista.


QR CODE abaixo. Nesta interessante animação, você poderá conhecer o passo a passo
simplificado para a realização de uma entrevista.

Este livro traz a entrevista que Millôr Fernandes concedeu para os edi­
tores da revista Oitenta (Ivan Pinheiro Machado, José Antonio Pinheiro
Machado, José Onofre e Paulo Lima). Foram sete horas de conversa que
reuniram o pensamento e as ideias do escritor. Neste livro, o leitor poderá
constatar que este depoimento revela uma personalidade da cultura brasi­

lllOR
leira - o escritor, jornalista, dramaturgo, desenhista, humorista, pintor, poe­
ta, tradutor, filósofo e livre pensador Millôr Fernandes.

FERNUDES
Com linguagem simples e atraente, este livro é um importante aliado
na resolução das principais dúvidas a respeito da produção de entrevistas.
Além de criatividade, atualmente o mercado exige grande habilidade dos
S!elo Guedes Copulo
jornalistas para lidar com as técnicas. Apesar das constantes mudanças
no âmbito da comunicação social, as entrevistas são uma forte vertente no
SOBRE ENTREVISTAS
trabalho jornalístico, e associar teoria e prática neste caso é fundamental.
Assim, a autora divide com o leitor as experiências adquiridas na profissão
Teo110.pro1>eoeexpenéncos
e disserta sobre as diversas formas de se trabalhar o gênero.

41 x
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6 Em busca da informação j
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Edição atualizada
conforme a:

BASE
NACIONAL
COMUM
CURRICULAR
EDUCAÇÃO Ê A BASE

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Gêneros, Leitura e Análise
Lécio Cordeiro
Licenciado em Letras pela UFPE e pós-graduado em Linguística e Ensino. Au­
tor de Contextualizando a Gramática e das coleções Gêneros, Leitura e Análise e
Gramática Diferente, todas dedicadas aos alunos do 62 ao 92 anos. É editor do En­
Ensino sino Fundamental li e do Ensino Médio da Editora Construir, do Sistema de Ensino
Fundamental Sucesso e da Formando Cidadãos Editora.

Editor. Lécio Cordeiro.


Revisão de texto: Departamento Editorial.
Assessoria pedagógica: José René Câmara Jr.
Projeto gráfico e editoração eletrônica: Box Design Editorial.
Ilustrações: Lourdes Saraiva e Rafael Silva.
Ilustração da capa: Rafael Silva.

Coordenação editorial:

♦•♦•♦ �,�J!!.,�1�;�;�!�
Multi Marcas Editoriais Ltda. Rua Neto Campeio Júnior, 37
Mustardinha - CEP: 50760-330 - Recife/PE
Tel.: (81) 3447.1178 - CNPJ: 00.726.498/0001-74
IE: 0214538-37.

Fizeram-se todos os esforços para localizar os detentores dos direitos dos


textos contidos neste livro. A Editora pede desculpas se houve alguma omissão
e, em edições futuras, terá prazer em incluir quaisquer créditos faltantes.

O conteúdo deste livro está adequado à proposta da BNCC, conforme a


Resolução nº 2, de 22 de dezembro de 2017, do Ministério da Educação.

As palavras destacadas de amarelo ao longo do livro sofreram modificações


com o novo Acordo Ortográfico.

C794g Cordeiro, Lécio, 1984-


Gêneros, leitura e análise : 62 ano : ensino fundamental /
Lécio Cordeiro; ilustrações: Lourdes Saraiva, Rafael Silva. -
3. ed. - Recife : Ed. Construir, 2019.
96p. : il.

1. PORTUGUÊS - GRAMÁTICA - ENSINO FUNDA­


MENTAL. 2. GÊNEROS LITERÁRIOS - LEITURA E
EXECUÇÃO. 3. INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS. 4. INTER­
NET NA EDUCAÇÃO. 1. Saraiva, Lourdes. li. Silva, Rafael,
1989-. Ili. Título.
CDU 806.90-5
PeR - BPE 19- 445 CDD 469.5

ISBN professor: 978-85-403-1471-9


ISBN aluno: 978-85-403-1470-2

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei n2 9.61O, de 19 de fevereiro de 1998.

Impresso no Brasil
3• edição

41s
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J Gêneros, Leitura e Análise J
LPemC_ME_2019_6A_Finais.indd 418 27/07/19 06:51 1
Apresentação
Fábula----------------------------------- 6
Texto l - A gralha vaidosa ------------------------- 7
Texto 2 - O leão e o mosquito ----------------------9
Texto 3 - A formiga e a pomba ---------------------12
É hora de produzir---------------------------------- 14

Parábola --------------------------------16
Texto l - Joshu e o Grande Caminho---------------16
Texto 2 - A carroça --------------------------------18
Texto 3 - Amigo de verdade------------------------20
Texto 4 - Um apólogo -----------------------------22
É hora de produzir---------------------------------- 25

Mito ------------------------------------- 28
Texto l - Ogum dá aos homens o segredo do ferro -30
Texto 2 - Xangô é reconhecido
como o orixá da justiça ----------------------------33
Texto 3 - E foi inventado o candomblé... ------------35
É hora de produzir---------------------------------- 38

Texto expositivo em livro


/
didático e infográfico--------------------40
Texto l - Português brasileiro ---------------------42
Texto 2 - Pequeno histórico------------------------45
e Texto 3 - Menino é agredido por colegas em

� :scola no interio� de SP e vai parar no hospital -----49


E hora de produzir---------------------------------- 52
J? ·
-::-,....;;;��;:

42o
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'.X Gêneros, Leitura e Análise J
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27/07/19 06:51 1
Relato de Viagem ----------------------- 54
Texto 1 - Um passeio em Paris (entre tantos) ------55
Texto 2 - Diário de uma expedição -----------------57
É hora de produzir---------------------------------- 60

Poema ---------------------------------- 62
Texto 1 - lsmália ----------------------------------63
Texto 2 - Autopsicografia --------------------------65
Texto 3 - O patinho feio ----------------------------67
Texto 4 - Convite ----------------------------------69
É hora de produzir---------------------------------- 70

Artigo de divulgação científica ---------- 72


Texto 1 - E se não existisse esgoto? ---------------72
Texto 2 - O que foram as Grandes Navegações -----76
É hora de produzir---------------------------------- 78

Entrevista ------------------------------- 80
Capítulo 8 Texto 1 - "Vivemos tempos líquidos.
Nada é pra durar" ----------------------------------81
Texto 2 - Entrevista: Pedro Bandeira ---------------86
Texto 3 - Entrevista: Ziraldo------------------------90
É hora de produzir---------------------------------- 94

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Fábulas: da moral à argumentação
O gênero textual fábula, como recurso de incentivo à criatividade, à emoção e à ima­
ginação, possibilita o conhecimento de valores, virtudes, atitudes e saberes humanos
em determinados contextos sociais, históricos e culturais.
Como forma literária específica, a fábula é uma narração breve, em prosa ou em ver­
so, cujos personagens são, via de regra, animais e, sob uma ação alegórica, encerra uma
instrução, um princípio geral ético, político ou literário (lição moral), que se depreende
naturalmente do caso narrado.
Tem a fábula, portanto, duas características substanciais:
• Uma narrativa breve.
• Uma lição ou ensinamento.

Esopo, pai das fábulas.


Esopo é considerado o pai das fábulas, porque lhe
são atribuídas várias histórias em que os animais e
a natureza personificados ensinam lições de vida. As
suas histórias vêm sendo contadas de geração em
geração, ao longo dos séculos. Por isso, é conhecido
como o maior representante desse gênero literário.
Esopo: fábulas completas.

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A gralha vaidosa
Para refletir o texto

@ Que critério Júpiter utilizou para escolher o rei dos pássaros?


Segundo Júpiter, o pássaro mais bonito seria escolhido para ser o rei dos pássaros.

@ O que levou a gralha a ter certeza de que seria escolhida para reinar entre os pás­
saros?
A gralha imaginava que, recolhendo as penas mais bonitas deixadas pelos pássaros
no momento em que se banhavam, nenhum pássaro seria mais vistoso do que ela, o
que levaria Júpiter a escolhê-la.

@ Retire do texto a frase que representa o momento em que a gralha inicia seu plano
para vencer a competição.
"Vamos ter que dar um jeito."

@ Por que Júpiter errou, segundo seu critério, ao escolher a gralha para rei dos pás­
saros?
Júpiter errou porque se baseou apenas na aparência da gralha, sem procurar saber
se realmente as penas mais bonitas eram do animal. Além disso, Júpiter poderia ter
escolhido critérios mais relevantes para eleger um rei, como honestidade e sabedo­
ria, em vez da aparência.

@ Quem está narrando a história participa dela também? Justifique sua resposta com
uma passagem do texto.
Sugestão de resposta: Não. Para justificar, pode-se utilizar qualquer trecho do tex­
to que represente o narrador em 3ª pessoa, como em: "Júpiter deu a notícia de que
pretendia escolher um rei para os pássaros e marcou uma data para que todos eles
comparecessem diante de seu trono".

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O leão e o mosquito
Para refletir o texto

@ Observe a imagem abaixo e procure se recordar das campanhas de combate à den­


gue que você viu pela TV e Internet. Qual é a relação entre a mensagem dessas cam­
panhas e a moral da fábula O leão e o mosquito?

Sugestão de resposta: O aluno deve mencionar que não


devemos subestimar o inimigo pelo seu tamanho. Diver­
sas campanhas publicitárias de prevenção à dengue nos
alertam para o risco de subestimarmos a periculosida­
de do Aedes aegypti, que, embora muito pequeno, pode
transmitir uma doença capaz de matar.

@ Reescreva o trecho substituindo a palavra em destaque por um sinônimo:

-Você está achando que vou ficar com medo de você só porque você pensa que é rei?
-disse ele, altivo[...]

-disse ele, arrogante[...]

@ Quantas letras e quantos fonemas tem a palavra mosquito?


Letras: 8. Fonemas: 7.

CJ Identifique, na fábula O leão e o mosquito, o antagonista. Justifique.


O mosquito, pois estava determinado a prejudicar o leão, irritando-o e fazendo com
que ele se ferisse.

{j Você consegue estabelecer uma relação entre a moral da fábula e a prática esporti­
va? Justifique e, se possível, relate um exemplo.
Professor, no esporte é muito comum incentivar os atletas a respeitarem os adversá­
rios e nunca subestimá-los. Também há diversos exemplos de atletas que não deram
o devido valor ao adversário e obtiveram maus resultados.

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C', Ao final do texto, o mosquito, que havia causado tantos problemas para o grande
leão, é devorado por uma aranha minúscula. Além da mensagem principal dessa fá­
bula, que outra lição moral pode ser compreendida?
O aluno poderá citar a seguinte lição moral: aqueles que podem ser considerados
ameaçadores para uns, também possuem seus próprios inimigos.

@ Observe o trecho a seguir:

Ali, o vencedor do rei dos animais encontrou seu triste fim, comido por uma aranha
minúscula.

Com base na sua interpretação da fábula, responda: a quem se refere o termo des­
tacado? Por quê?

O termo em questão se refere ao mosquito, em razão de sua vitória contra o leão.

(J O uso da expressão rei dos animais para se referir ao leão da fábula requer um co­
nhecimento externo do leitor para ser interpretado. Qual seria a informação comple­
mentar necessária para compreender o significado desse termo?
O aluno poderá afirmar que a referência externa necessária para interpretar a expres­
são é o conhecimento do uso desse termo na cultura popular, que também pode ser
encontrado em variações como rei das selvas.

@ A hipérbole é uma figura de linguagem utilizada em textos literários para expressar


situações e sentimentos de forma exagerada. Cite um trecho da fábula em que esse
recurso é utilizado.
O aluno poderá citar o trecho "O mosquito continuou picando o leão, que começou a
urrar como um louco.".

{S Uma característica marcante do gênero fábula é a atribuição de qualidades e defeitos


humanos aos animais. A partir de sua interpretação dos personagens principais, que
atributos humanos podem ser percebidos nas atitudes do leão e do mosquito?
O leão pode ser considerado egocêntrico, pois se intitula o rei dos animais em razão
de sua força e altura, enquanto o mosquito pode ser considerado ousado e impru­
dente, visto que diante da euforia causada pela vitória contra o leão, acabou se dis­
traindo e ficando preso na teia da aranha.

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A formiga e a pomba
Para refletir o texto

@ Quais os principais valores contidos na fábula A formiga e a pomba?


Sugestão de resposta: Solidariedade, heroísmo, gratidão.

@ Quais elementos do texto o caracterizam como uma fábula?


História curta, atribuição de atitudes humanas a animais, presença de uma conclu­
são moral.

@ Você acredita que a pomba, ao ajudar a formiga, esperava algo em troca?


Sugestão de resposta: Professor, o texto sugere que a atitude da pomba foi movida por
solidariedade, sem interesses secundários.

@ Normalmente, o super-herói é apresentado como um ser dotado de "poderes" que


lhe permitem enfrentar situações adversas para fazer o bem. O heroísmo, porém, não
pressupõe necessariamente poderes especiais, mas a disposição para se arriscar
para salvar alguém de uma situação de risco. Você acha que houve algum herói nes­
sa fábula? Quem? Justifique.
A formiga, pois, ao morder o calcanhar do caçador, arriscou-se a ser pisoteada para
salvar a pomba.
Como salvou a vida da formiga, a pomba poderia ser vista também como uma heroína.

@ Em épocas de chuva intensa, é comum, infelizmente, que muitas pessoas fiquem


desabrigadas e até morram devido às enchentes. Pesquise alguma notícia sobre as
consequências dessas chuvas e relacione-as à fábula A formiga e a pomba.
Professor, leve os alunos a perceber que, diante dessas tragédias, muitas pessoas
se solidarizam e contribuem para a recuperação dos prejudicados. São muitas as
notícias que relatam atos de heroísmo durante o salvamento de vítimas em situação
de alto risco.

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O leão e o javali
Como você pode perceber, muitas vezes, na sala de aula, há situações semelhantes ao
que ocorreu entre o leão e o javali, como: brigas, discussões e rivalidades, mas que podem
ser resolvidas com uma boa atitude.

Planejamento
O texto que você vai produzir terá apenas um personagem, que pode ser qualquer ani­
mal, exceto a mula. Antes de começar a escrever sua fábula, leve em consideração os
seguintes pontos:
Qual será o personagem da fábula? 6. O que fazer para o personagem en­
Quais são as características desse tender que, ao tentarmos ser o que
personagem? realmente não somos, acabamos
frustrados?
Que trama envolve o personagem?
Crie um título para a sua fábula.
Como é o ambiente onde se passa a
trama? Aponte a lição moral ao final da fábula.
5. A fala do personagem foi indicada Neste momento, comece a produzir
corretamente? seu texto. Bom trabalho!

Avaliação
1. Procurando desenvolver um trabalho de parceria, você e seu colega avaliarão o texto
um do outro. Para tal avaliação, preencha a tabela abaixo.


Produtor da fábula:
Nome do colega.

Aspectos analisados
A forma como o enredo foi apresentado atrai a atenção do leitor? ºoo o
o o
O título apresenta relação com a história narrada?
A lição moral apontada está de acordo com o enredo?
Há alguma parte do texto que precise ser reescrita? o o
2. Faça um pequeno comentário sobre o que você achou de negativo e de positivo na
fábula produzida pelo seu colega.
Resposta pessoal.

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Joshu e o Grande Caminho
Para refletir o texto

@ O Mestre Joshu viveu entre os anos de 778 a 897 d.e. Teve sua experiência mística
antes dos 20 anos de idade e morreu com quase 120 anos. Era conhecido pelas pala­
vras diretas e simples. Qual o ensinamento que a parábola em questão quer passar?
Sugestão de resposta: A realidade precisa ser experimentada no dia a dia.

@ Que atividade Joshu está fazendo e como é possível entender melhor a relação entre
essa atividade e os ensinamentos místicos?
Sugestão de resposta: Joshu está varrendo o pátio, o que pode ser considerada uma
atividade simples do cotidiano pela qual é possível enxergar o Grande Caminho.

@ O homem se aproximou do Mestre Joshu com o intuito de obter uma resposta sobre
seu questionamento. Será que o Mestre atendeu às espectativas do homem?
Sugestão de resposta: As expectativas do homem não foram atendidas, pois ele es­
perava que o Mestre Joshu respondesse de forma mística e recebeu respostas curtas
e diretas.

CJ Durante a leitura do texto, é possível perceber que a palavra caminho está escrita
com a inicial maiúscula. Qual seria a intenção por trás dessa escolha?
Sugestão de resposta: O aluno poderá citar o fato de que, nesse contexto, a utilização
da letra maiúscula no início do substantivo pode simbolizar a intenção de conferir à
palavra um tom de misticismo e de maior importância.

@ Por que o Mestre disse que o Grande Caminho está na capital?


Sugestão de resposta: Com essa resposta, o Mestre compara o caminho do mosteiro até
a capital com o caminho da vida de cada indivíduo composto por suas buscas e realizações.
Sua resposta simboliza a busca por esse caminho a partir da simplicidade das experiências
cotidianas.

f, Sobre esse caminho em busca de autoconhecimento que o homem tanto deseja,


você já se deparou com uma situação semelhante em sua vida?
Sugestão de resposta: Espera-se que o estudante realize uma reflexão sobre a sua tra­
jetória de vida. Mesmo com pouca idade, é possível pensar em desejos, escolhas e
caminhos que eles queiram percorrer quando adultos.

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A carroça
Para refletir o texto

@ Nas parábolas, é comum a presença de personagens com características bastan­


te definidas, como um velho (normalmente representa a sabedoria) e uma criança
(normalmente expressa ingenuidade). Nessa parábola, quais personagens podemos
identificar como representantes da sabedoria e ingenuidade?
Pai e filho, respectivamente.

@ Você conhece algum ditado popular semelhante à lição dessa parábola? Qual é?
Sugestão de resposta: "Cão que ladra não morde". O ditado remete a pessoas que
exageram no discurso, mas cujas atitudes ficam abaixo da expectativa que elas mes­
mas criaram.

@ A resposta do pai ("Isso mesmo!") pode ser considerada uma frase completa ou in­
completa? Por quê?
É uma frase incompleta, pois não possui todos os elementos necessários à sua com­
preensão e depende do contexto para tanto.

éJ A parábola A carroça contém um ensinamento moral. Em razão dessa característica,


ela pode ser considerada uma fábula? Justifique.
Não, pois ela não apresenta animais que agem como seres humanos.

@ Em campanhas eleitorais, muitos políticos são criticados justamente por se compor­


tarem como a carroça vazia da parábola. O que significa essa afirmação?
Muitos candidatos são acusados de fazerem excessivas promessas em campanha,
que não se concretizarão durante o possível mandato.

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Amigo de verdade
Para refletir o texto

@ Ao não permitir que o soldado fosse buscar o companheiro no campo de batalha, o


tenente demonstra uma preocupação com a amizade dos soldados? Justifique sua
resposta.
Não, pois, enquanto o tenente pensava na segurança da tropa, o soldado pensava no
compromisso que assumiu com seu amigo.

@ Por que o soldado teve de pedir permissão ao tenente para ir buscar o amigo no cam­
po de batalha?
O soldado precisava da permissão do tenente porque, na área militar, as atitudes de
todos devem estar condicionadas à hierarquia.

@ O tenente tinha certeza de que o amigo do soldado estava morto no campo de bata­
lha? Justifique sua resposta com um trecho do texto.
Não, o que é confirmado pelo trecho "[...] um homem que provavelmente está morto
[...]", em que a palavra provavelmente indica possibilidade, e não certeza.

CJ No trecho "[...] E o soldado, moribundo, respondeu [...]", aponte o significado da pala­


vra em destaque.
A palavra moribundo significa "agonizante", "desfalecido", "prestes a morrer".

(j Identifique no texto o trecho que indica que, em uma relação de amizade verdadeira,
as pessoas honram umas às outras.
Espera-se que o aluno aponte a frase do amigo do soldado: "Tinha certeza de que
você viria!". Como eram amigos verdadeiros, o soldado que estava no campo de ba­
talha pressupunha que o amigo não o deixaria para trás.

@ O cantor e compositor Milton Nascimento, na música Canção da América, diz que


"Amigo é coisa pra se guardar/ No lado esquerdo do peito,/ Mesmo que o tempo e a
distância digam não". Com base nesses versos, faça uma relação entre os conceitos
de amizade trabalhados na letra da música e na parábola que lemos.
Assim como os versos de Milton Nascimento mostram que não há obstáculo para o
amigo verdadeiro ("Mesmo que o tempo e a distância digam não"), a parábola em foco
também apresenta o amigo de verdade como alguém que enfrenta qualquer tipo de
dificuldade em nome da amizade.

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Um apólogo
- Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo um pedaço ao outro, dou forma
aos babados...
- Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou adiante, puxando você, que vem
atrás, obedecendo ao que eu faço e mando...
- Também os soldados vão adiante do imperador.
- Você é imperador?
- Não digo isso. Mas a verdade é que você faz um papel menor, indo adiante; vai só
mostrando o caminho, vai fazendo o trabalho sem brilho e pequeno. Eu é que prendo, ligo,
junto...
Estavam nisso quando a costureira chegou à casa da baronesa. Não sei se disse que
isto se passava na casa de uma baronesa, que tinha a costureira ao seu pé, para não andar
atrás dela. Chegou a costureira, pegou o pano, pegou a agulha, pegou a linha, enfiou a linha
na agulha e começou a coser. Uma e outra iam andando orgulhosas, pelo pano adiante,
que era a melhor das sedas, entre os dedos da costureira, ágeis como os galgos de Diana
- para dar a isto uma cor poética. E dizia a agulha:
- Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco? Não repara que esta distinta
costureira só se importa comigo; eu é que vou aqui entre os dedos dela, unidinha a eles,
furando abaixo e acima.
A linha não respondia nada; ia andando. Buraco aberto pela agulha era logo enchi­
do por ela, silenciosa e ativa como quem sabe o que faz, e não está para ouvir palavras
loucas. A agulha, vendo que ela não lhe dava resposta, calou-se também e foi andando.

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E era tudo silêncio na saleta de costura; não se ouvia mais que o plic-plic-plic-plic da agu­
lha no pano. Caindo o Sol, a costureira dobrou a costura, para o dia seguinte; continuou
ainda nesse e no outro, até que no quarto acabou a obra e ficou esperando o baile.
Veio a noite do baile, e a baronesa vestiu-se. A costureira, que a ajudou a vestir-se, le­
vava a agulha espetada no corpinho, para dar algum ponto necessário. E quando ajeitava
o vestido da bela dama e puxava a um lado ou outro, arregaçava daqui ou dali, alisando,
abotoando, prendendo, a linha, para zombar da agulha, perguntou-lhe:
- Ora agora, diga-me quem é que vai ao baile, no corpo da baronesa, fazendo parte do
vestido e da elegância? Quem é que vai dançar com ministros e diplomatas, enquanto você
volta para a caixinha da costureira, antes de ir para o balaio das mucamas?
Vamos, diga lá.
Parece que a agulha não disse nada; mas um alfinete, de cabeça grande e não menor
experiência, murmurou à pobre agulha:
- Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para ela e ela é que vai gozar da
vida, enquanto aí ficas na caixinha de costura. Faze como eu, que não abro caminho para
ninguém. Onde me espetam, fico. Contei esta história a um professor de melancolia, que
me disse, abanando a cabeça: - Também eu tenho servido de agulha a muita linha or­
dinária.
ASSIS, Machado de. Um apólogo. ln: A cartomante e outros contos. Recife: Prazer de Ler, 2012. p. 89-90.

Diana: referência aos cães que acompanhavam Diana, a deusa da caça na mitologia romana, conhecidos pela
agilidade e ferocidade.
Mucamas: escravas que ajudavam nos serviços domésticos.

Para refletir o texto

@ Sabemos que conotativo é o sentido que damos a uma palavra ou expressão em


função de seu contexto. O trecho: "agulha não tem cabeça", na linguagem conotativa,
pode ser entendido de que maneira?
Não tem juízo.

@ Explorando ainda a linguagem conotativa do texto, o que inferimos da expressão "dar


feição aos babados"?
A expressão significa "dar crédito às fofocas".

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@ Que tipo de narrador o texto apresenta? Atente para possíveis mudanças de foco
narrativo. Justifique sua resposta.
Durante a narrativa, temos a presença do narrador observador em terceira pessoa.
Entretanto, em determinados trechos da história (como em "Contei esta história a um
professor de melancolia"), o foco narrativo é alterado e encontramos o tipo de narra­
dor personagem, que faz algumas interferências na história.

C, O orgulho é um sentimento de satisfação com seus próprios feitos e qualidades.


Pensando nisso, de acordo com o texto, qual das personagens era orgulhosa e por
que o era?
A personagem em questão era a linha, porque era ela que estava no vestido da baro­
nesa e que iria ter prestígio.

@ O termo oracional vocativo é usado, de forma objetiva, para chamar ou colocar em


evidência o ser a que nos dirigimos. A partir dessa definição, podemos observar al­
gum trecho da narrativa que faz do uso do vocativo?
Sim. "Anda, aprende, tola. Cansaste em abrir caminho para ela e ela é que vai gozar
da vida, enquanto aí ficas na caixinha de costura."

t", Com base na sua interpretação do texto, no que se refere ao "professor de melanco­
lia", o que podemos concluir?
Pode-se dizer que era alguém que estava sempre se dando mal, que era frequente­
mente passado para trás e sentia-se injustiçado.

Antes de começar a escrever

A palavra parábola tem origem na palavra grega parabole e significa "colocar ao lado",
ou seja, comparar. São histórias que se caracterizam por serem, de certa forma, curtas e
objetivas. Elas têm o objetivo de transmitir ensinamentos e normalmente os fazem por
meio de comparações, da explanação de fatos e de elementos comuns à época em que
foram escritas. Esse gênero textual transmite uma lição ética por meio de uma prosa me­
tafórica. Sua linguagem simbólica ilustra verdades e sintetiza ensinamentos. Antes de co­
meçar a escrever seu texto, observe atentamente as imagens a seguir.

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Monkey Business lmages, testing, Lopolo, Anton_lvanov, Fotos593, Jacob Lund, HQuality e Joa Souza/Shutterstock.com

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Proposta
Seu trabalho agora é produzir uma parábola que será lida por seu professor e seus co­
legas. Redija um texto baseado em uma das imagens apresentadas. Lembre-se de que o
seu texto deverá conter uma lição moral.

Planejamento
Ao produzir sua parábola, leve em consideração os seguintes tópicos:

Como será caracterizado seu personagem principal?


Há necessidade de inserir outros personagens?
Qual será o enredo da sua história?
Como será descrito o ambiente que envolve a trama?
A linguagem empregada está de acordo com o perfil do narrador e do(s) personagem(ns)?
Crie um título para o seu texto.
Não se esqueça de transmitir uma mensagem com a sua parábola.

Avaliação


1. Você precisa, neste momento, avaliar o que produziu. Para isso, responda às seguin­
tes perguntas:

ºo
Aspectos analisados

O texto foi construído com base nas orientações apresentadas na

o o
fase de planejamento?

o o
Sua parábola está baseada na simplicidade da vida?
O título apresenta relação com a história narrada?
A linguagem empregada está adequada ao narrador e ao( s )
personagem (ns)? o o
O texto produzido segue o ensinamento de que nossa felicidade
não está necessariamente relacionada ao dinheiro? o o
Há alguma parte do texto que precisa ser reescrita? o o
2. Agora, troque seu texto com o de um colega e peça para que ele avalie o seu. Utili­
zem uma folha à parte e apontem os aspectos positivos e os negativos encontra­
dos nas produções e, em seguida, reescrevam os textos fazendo as devidas modi­
ficações.

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Mitologias
Mito (do grego antigo mithós) é uma narrativa de caráter simbólico-ima­
gético, relacionada a uma dada cultura, que procura explicar e demonstrar,
por meio da ação e do modo de ser das personagens, a origem das coisas
(do mundo; dos homens; dos animais; das doenças; dos objetos; das prá­
ticas de caça, pesca, medicina entre outros; do amor; do ódio; da mentira e
das relações, seja entre homens e homens, homens e mulheres e mulheres
e mulheres, humanos e animais; enfim, de qualquer coisa fantasiosa que
seja).
O mito está associado ao rito. O rito é o modo de se pôr em ação o mito
na vida do homem - em cerimônias, danças, orações e sacrifícios.

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Diferença de mito e lenda
Os termos mito e lenda são empregados erroneamente como sinônimos. Embora os dois tenham uma relação
e possuam elementos em comum, fazendo parte da tradição oral dos povos, são manifestações diferentes.
Tanto o mito como a lenda são narrações que contam ou explicam determinados episódios históricos ou re­
ligiosos de uma determinada comunidade, porém existem diferenças entre eles.

Confira a seguir as características do mito:


Possui caráter explicativo ou simbólico.
Busca explicar as origens do mundo e do homem por meio de personagens como deuses ou semideuses.
Explica a realidade por meio de suas histórias sagradas, que não possuem embasamento para serem acei­
tas como verdades.

Confira a seguir as características das lendas:


São relatos folclóricos transmitidos oralmente, com o objetivo de explicar acontecimentos misteriosos ou
sobrenaturais.
Ocorre a mescla da realidade dos fatos com fantasia ou ficção.
Faz parte da tradição oral.
Os fatos reais e históricos servem como suporte às histórias.
Por serem repassadas oralmente, sofrem mudanças ao longo do tempo.

Outras fontes
Mitos africanos, de Gary Jeffrey
MITOS
AFRICANOS Os povos africanos adoravam contar histórias e cantar canções. Assim, a tradição oral,
ao longo de gerações, deu-nos os mitos africanos tal qual conhecemos hoje. Originária de
muitos lugares e povos diferentes, a mitologia africana é um baú cheio de histórias e perso­
nagens grandiosos.

30 conceitos essenciais para crianças, de Anita Ganeri


Este livro reúne 30 mitos de vários povos, essenciais para a compreensão das origens da
Terra, do Universo e dos seres humanos. Seis capítulos organizam os principais temas -
Mitos da criação; Deuses e deusas; Heróis e trapaceiros; Missões e aventuras; Terra, água e
céu; Criaturas e monstros.

Aimó, de Reginaldo Prandi


Imagine se encontrar, de uma hora para a outra, em um mundo totalmente desconhecido
onde você não conhece ninguém e ninguém demonstra saber quem você é. Ela não sabe
mais o próprio nome nem se lembra de sua família - está sozinha e não tem a quem pedir
socorro. Por isso, aliás, ganha o nome Aimó, "a menina que ninguém sabe quem é". Tudo
o que ela quer é retornar ao seu mundo de origem, mas, para tornar isso possível, Aimó
vai partir em uma longa jornada através dos tempos mitológicos, guiada por Exu e lfá, e
vai acompanhar de perto muitas aventuras vividas pelos orixás. Só assim poderá reunir o
conhecimento necessário para fazer uma escolha que lhe permita, enfim, voltar para casa.

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Ogum dá aos homens o
segredo do ferro
Os onxas, admirados, perguntaram a çar e passou muitos dias fora numa difícil
Ogum de que material era feito tão resisten­ temporada. Quando voltou da mata, esta­
te facão. Ogum respondeu que era de ferro, va sujo e maltrapilho. Os orixás não gosta­
um segredo recebido de Orunmilá. vam de ver seu líder naquele estado. Eles
Os orixás invejaram Ogum pelos benefí­ o desprezaram e decidiram destituí-lo do
cios que o ferro trazia, não só à agricultura, reinado. Ogum se decepcionou com os ori­
como à caça e até mesmo à guerra. xás, pois, quando precisaram dele para o
Por muito tempo os orixás importunavam segredo da forja, eles o fizeram rei, e agora
Ogum para saber do segredo do ferro, mas diziam que não era digno de governá-los.
ele mantinha o segredo do ferro só para si. Então Ogum banhou-se, vestiu-se com fo­
Os orixás decidiram então oferecer-lhe o lhas de palmeira desfiadas, pegou suas ar­
reinado em troca de que ele lhes ensinas­ mas e partiu.
se tudo sobre aquele metal tão resistente. Num lugar distante chamado lrê, cons­
Ogum aceitou a proposta. Os humanos tam­ truiu uma casa embaixo da árvore de acocô
bém vieram a Ogum pedir-lhe o ensinamento e lá permaneceu. Os humanos que rece­
do ferro. E Ogum lhe deu o conhecimento da beram de Ogum o segredo do ferro não o
forja, até o dia em que todo caçador e todo esqueceram. Todo mês de dezembro, ce­
guerreiro tiveram sua lança de ferro. lebram a festa de ludê-Ogum. Caçadores,
Mas, apesar de Ogum ter aceitado o co­ guerreiros, ferreiros e muitos outros.
mando dos orixás, antes de tudo, ele era PRANDI, Reginaldo. Mitologia dos Orixás. São Paulo, Companhia
das Letras, 2001.
um caçador. Certa ocasião, saiu para ca-

Obatalá: é o criador do mundo, dos homens, animais e plantas.


lfé: é uma antiga cidade iorubá no estado de Osun, no sudoeste da Nigéria.
Orixá: nome comum e genérico atribuído às divindades africanas. Trata-se de ancestrais divinos que se
materializam em forças da natureza, mediando as relações entre o homem e os seres sobrenaturais
Orunmilá: é uma divindade profética, que tem como característica o alto grau de conhecimento, sabedoria e a
forma mais alta da prática de adivinhação.

Mitologia lorubá
A mitologia dos iorubás engloba toda a visão de mundo e as religiões dos iorubás, tanto na África - principal­
mente na Nigéria e na República do Benin - quanto no Novo Mundo, onde influenciou ou deu nascimento a várias
religiões, tais como a Santería em Cuba e o Candomblé no Brasil, em acréscimo ao transplante das religiões trazi­
das da terra natal. A mitologia lorubá é definida por ltan de lfá, ou seja, o conjunto de mitos, contos e celebrações.

Mito da criação do lorubá


Na mitologia iorubá o deus supremo é Olorum, chamado também de Olodumaré. Não aceita oferendas, pois
tudo o que existe e pode ser ofertado já lhe pertence, na qualidade de criador de tudo o que existe, em todos os
nove espaços do Orun.
Disponível em: https://www.geledes.org.br/outro-oi har-20-orixas-o-q ue-voce-sabe-sobre-mitologia-africana/#gs.Ug8 l 2Z4.
Acesso em: 20/06/2019. Adaptado.

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A intolerância religiosa não
vai calar os nossos tambores
Xangô é reconhecido como o
orixá da justiça
Para refletir o texto

G No mundo dos orixás, Xangô representa a justiça devido aos atos de misericórdia que
tinha com seus inimigos. Sobre os fatos narrados no texto que lemos, de que maneira
podemos aprender com a atitude de Xangô?
Xangô teve a atitude de poupar os inimigos que se opuseram a sua força e com isso
foi reconhecido pela sua misericórdia.

@ Leia o trecho a seguir.

Xangô subiu no alto de uma pedreira perto do acampamento e dali consultou


Orunmilá sobre o que fazer.

O excerto lido não deixa clara a resposta dada por Orunmilá para Xangô, no entanto
podemos inferir que resposta poderia ser. Qual seria essa resposta?
É possível inferir que Orunmilá o aconselhou a não desistir e ter força e bom ânimo
para superar as dificuldades.

@ Xangô foi o grande Obá (rei) da cidade de Oyó, ele era temido e adorado pelo povo.
É o orixá das pedreiras, das terras áridas e das rochas, seu elemento é o fogo, mas
também domina o raio e o trovão. Todas essas características sobre o mito têm uma
importância para a sociedade. Que significado seria esse?
O mito tem a utilidade de explicar fenômenos místicos que os seres humanos não
conseguem desvendar. Por esses mitos, as pessoas começam a desenvolver a curio­
sidade de solucionar os problemas e anseios que afligem seu dia a dia.

(t No continente africano, os mitos são ricos de informações que são passadas de ge­
ração em geração e até hoje são levados muito a sério. Para conhecer mais sobre
essa temática, realize uma pesquisa sobre os orixás que são cultuados no Brasil,
como esse culto chegou aqui e como ele foi preservado.
Resposta pessoal. Essa atividade tem como objetivo familiarizar os estudantes com
outras culturas e promover o diálogo com as religiões a fim de superar a intolerância
religiosa e dialogar com as diferenças culturais.

4 5 o'.X Gêneros, Leitura e Análise


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J
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E foi inventado o
candomblé...
Adjás: uma espécie de instrumento, uma campainha metálica usada nas celebrações religiosas.
Agogôs: instrumento de percussão em forma de ferradura.
Batá: tambor usado em cerimônias religiosas.
Exu: orixá mensageiro, guardião da porta de entrada e das passagens. É o que faz ponte entre o humano e o
divino.
Oxalá: foi o primeiro orixá criado por Olodumaré e é considerado o maior de todos os orixás.
Xequerê: chocalho feito com cabaça coberta por uma rede de contas.
Xirê: ritual em que todos cantam e dançam em uma roda para todos os orixás.

Para refletir o texto

@ O mito representa uma simbologia de criação que incorpora forças da natureza jun­
tamente com características humanas para explicar determinadas situações. Diante
disso, o texto E foi inventado o candomblé... desenvolve, no começo da narrativa,
uma hipótese para explicar essa simbologia. O que podemos inferir dessa função
central do mito?
O início do texto traz uma narrativa que constitui uma ligação entre o mundo dos ori­
xás e o dos humanos em uma maneira mítica de representar a invenção do mundo e
justificar a existência tanto dos orixás quanto dos humanos e suas relações mútuas.

fJ Segundo o texto, o mote principal para a construção mitológica do candomblé foi a


interferência do ser humano de forma direta no mundo dos orixás. Dessa relação, o
que podemos concluir?
Mesmo mantendo uma relação harmoniosa entre os dois mundos, Orum (mundo dos
orixás) e Aiê (mundo dos seres humanos), havia um respeito e uma autoridade que
devia ser cumprida para manter um equilíbrio entre as partes.

@ Para facilitar a passagem dos orixás para o mundo dos homens, foram realizadas
oferendas para Exu a fim de garantir uma passagem segura e tranquila. Pesquise a
história do orixá Exu no candomblé e faça uma relação entre a sua origem e as ofe­
rendas para ele praticadas.
Sugestão de resposta: Essa é uma ótima oportunidade para conhecer outro orixá mui­
to importante para o candomblé, pois sem Exu nenhuma comunicação com o mundo
espiritual é possível. Exu é o orixá que liga os humanos ao mundo dos orixás e é
responsável pela a guarda e pela passagem dos mundos Orum e Aiê.

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J Gêneros, Leitura e Análise J
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@ Observando a angústia dos orixás após a separação entre o Céu e a Terra, Olodumaré
deu uma chance para reconstruir a ligação entre os dois mundos. Esse elo se deu de
que maneira?
Para ter acesso ao mundo dos humanos, os orixás deveriam tomar os corpos dos
devotos e, somente assim, seria possível os orixás desfrutarem de Aiê.

As questões ligadas à intolerância religiosa foram e ainda são motivos de conflitos so­
ciais, ocasionando guerras em várias regiões do mundo. A intolerância religiosa se ma­
nifesta quando um grupo de fiéis acredita que a sua religião é a única portadora de uma
verdade revelada e utiliza-se de todos os meios, incluindo a violência, para impor essa
crença aos outros. Pesquise exemplos de conflitos religiosos de épocas passadas e no
mundo atual, depois escreva sua concepção do significado de intolerância.
Resposta pessoal. Professor, espera-se que o aluno consiga assimilar a linha do tempo dos
conflitos com motivações religiosas e compreenda as rupturas e continuidades na história
sobre a intolerância. É importante que o estudante compreenda que intolerância (religiosa ou
não) é quando uma pessoa não respeita a opinião da outra, independentemente de qual for
esta, e tenta impor a que julga "correta".

Mitologia Nórdica e seus 9 mundos

A mitologia nórdica, ou germânica, foi desenvolvida nos países escandinavos, ou nórdicos, os quais estão
localizados no norte da Europa: Suécia, Noruega, Finlândia, Islândia e Dinamarca.

A mitologia nórdica é composta por 9 mundos:


Midgard: terra média e reino dos humanos, que corresponde ao planeta Terra (mundo físico). Jord é a deusa
guardiã desse mundo.
Asgard: separado do mundo dos humanos por imensos muros, Asgard é reino dos deuses (mundo superior, os
céus) e seu guardião é Heimdall. Seus líderes são Odin, o deus maior da mitologia nórdica, e Frigga, a deusa
da fertilidade.
Niflheim: governada pela deusa Hei, deusa do inferno e filha de Loki, Niflheim corresponde ao reino do gelo e
do frio, onde se encontram gigantes e anões do gelo.
Vanaheim: mundo de repouso dos deuses Vanir, local onde nasceu Njord, deus protetor dos navegadores e o
principal do clã dos Vanir.
Svartalfheim: local onde os deuses subterrâneos, chamados de svartá/far, moravam. Seu líder é Hoder, deus
cego, irmão de Balder, deus da justiça e filho de Odin e Frigga.
Jotunheim: reino dos gigantes, chamados de Jotuns, sendo que sua principal cidade é Utgard. Seu líder é
Thrym, rei dos gigantes.
Nidavellir: reino dos anões, que está localizado nos subterrâneos de Midgard. Seu líder é Vidar, deus da vin­
gança e filho de Odin.
Muspelheim: reino do fogo, onde vivem os gigantes de fogo. Seu líder é Surtr, o gigante de fogo.
Alfheim: reino dos elfos, seres mágicos de aparência humana e enorme beleza.
Bifrost: Bifrost é o nome dado a ponte de ligação entre o reino dos deuses, Asgard, e o reino dos homens,
Midgard.

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Deus Tupã e o mito da criação do Universo
Proposta
Você pode conhecer as histórias de Oxalá, Zeus, Tupã ou histórias de outras mitologias
ao redor do mundo. Elas explicam as razões por trás de fenômenos naturais, tradições
culturais ou apresentam personagens que são exemplos de como se deve ou não agir.
Neste fim de capítulo, você vai criar um mito para explicar algum fenômeno da natureza ou
alguma característica de um animal.

Planejamento
Procure seguir os seguintes passos:
1. Decida o que seu mito vai explicar. Os mitos esclarecem por que um evento ocorre, como
algo foi criado pela primeira vez ou até mesmo por que as pessoas deveriam agir de certa
maneira. Por que a Lua cresce e diminui? Por que alguns gatos não têm pelos? Por que,
em certas sociedades, há a preparação de determinados pratos em alguns feriados?
2. Sua ideia pode ser algo fantástico. Seu mito deve envolver algo que não acontece
no mundo real. Por exemplo, um vulcão pode entrar em erupção porque os gigantes
que vivem debaixo da terra se sentiram ameaçados com a destruição da natureza.
Portanto, devemos respeitar a natureza para que todos possam viver em harmonia.
3. Crie um herói. O herói do mito é, fre uentemente, alguma pessoa impressionante e que
todos o admiram, no entanto, você pode escrever sobre alguém comum. Pense nas se­
guintes perguntas à medida que você for construindo a figura do herói: Ele é muito for­
te, inteligente ou tem um talento incrível em alguma área? Por que seu herói tem esses
dons? (se ele tiver) Os deuses o abençoaram, houve muito treino ou ele nasceu assim?
Que pessoa, no mundo real, você admira ou que tipo de pessoa combina com esse perfil?
4. Não se esqueça de que sua produção é uma narração. Assim sendo, atente para os
elementos constitutivos de uma narrativa: ação, tempo, espaço e personagem.

Avaliação
Como forma de avaliação do seu texto, observe os seguintes questionamentos:

Aspectos analisados
O personagem foi construído com base na compressão do que são
mitos? o o
Sua produção apresenta uma narrativa baseada na explicação de
algum fenômeno ou em algum herói? o o
Seu mito apresenta um conjunto de ocorrências com que se procura
dar sentido ao mundo? o o
Você levou em consideração os elementos da narração estudados? o o
A linguagem utilizada está adequada à construção textual de um
mito? o o

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A Era da Informação e
os gêneros expositivos
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-<1u,-f rill .,,,,,11 .,,, J.., """''' •11
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lnfográfico bastante detalhado construído por Leonardo da Vinci para compor sua enciclopédia.

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27/07/19 06:51 1
Português brasileiro
Línguas crioulas
Antes de sequestrar africanos e trazê-los forçadamente para o Brasil, os portugueses mantinham relações comerciais com po­
vos africanos em locais que, posteriormente, se tornaram suas colônias, como Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique,
São Tomé e Príncipe. Para conseguir se comunicar com o europeu, a população local desenvolvia naturalmente um código
baseado na língua estrangeira. Com o tempo e a intensificação das relações comerciais, esse código se desenvolvia e se gene­
ralizava entre a população local, tornando-se sua língua materna, a chamada língua crioula.

Cabo Verde
O idioma oficial é o português, porém
a população utiliza o cabo-verdiano,
um crioulo que combina português
com outras línguas africanas.

Guiné-Bissau
A língua oficial é o português, mas também
são usados os crioulos bissau e cacheu.

Goa
Devido à ocupação portugue­
sa desde o século XVI, Goa ti­
nha o português como língua
oficial, mas, com a saída de
Portugal do território indiano,
Macau
em 1961, o konkani tornou-se
Fala-se o crioulo de
a língua oficial.
base portuguesa.
'
.•.
\

São Tomé e Príncipe


De acordo com a Unesco, a lín­ '
gua oficial é o português, no en­
tanto há línguas crioulas bas­

I.
tante utilizadas, como o forro, o
angolar e o lunguié.
Oceano :,;_.
Indico

Timor Leste
O português é o idioma oficial, no
Angola
entanto a língua dominante no país
Conforme dados do governo angolano,
é o tétum, influência da Indonésia.
a língua oficial é o português, mas há
usos de dialetos como o kikongo, um­
bundo, kimbundo, entre outros. O português é a língua oficial, mas os
habitantes usam línguas e dialetos lo­
cais, principalmente do grupo banto.

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Para refletir o texto

Como você pôde perceber, o texto das páginas 42 e 43 utiliza a linguagem não verbal
e a verbal para nos informar. Trata-se, portanto, de um infográfico. Pensando nisso,
explique qual é o objetivo comunicativo desse infográfico.
Explicar o desenvolvimento e expansão da língua portuguesa no mundo.

Os infográficos permitem caminhos diversos de leitura, não obrigando o leitor a


seguir a sequência "natural" dos textos, isto é, da esquerda para a direita e de cima
para baixo. O que importa para o leitor é que tanto as imagens quanto os textos ver­
bais se complementem, facilitando a construção do sentido. No entanto, como em
qualquer texto, para compreender um infográfico, o leitor deve mobilizar inúmeras
informações prévias. Caso essas informações não façam parte do seu conheci­
mento de mundo, a construção do sentido do texto é prejudicada. Pensando nisso,
analise as afirmações a seguir.

1. O infográfico mostra, passo a passo, a expansão da língua portuguesa pelo mun­


do, desde a sua origem até a expansão com as Grandes Navegações.
li. A imagem localizada no Oceano Índico não está adequada, uma vez que não tem
finalidade comunicativa, podendo ser apagada sem prejudicar a leitura.
Ili. De acordo com o infográfico, povos que viveram na porção norte da América no
século XVI não contribuíram diretamente para a formação da língua portuguesa.

Está correto o que se afirma apenas em:


a) 1.
b) li.
e) Ili.
)ij I e Ili.
e) 11 e 111.

Nos infográficos, as legendas devem, sempre que possível, cumprir o papel de com­
plementar a informação veiculada pelas imagens. Para isso, em muitos casos são
usados números e setas. Sabendo disso, explique qual é a finalidade da numeração
utilizada no infográfico que estamos analisando.
A função dos números é mostrar as diferentes etapas do desenvolvimento e expan­
são da língua portuguesa pelo mundo.

4 6 o'.X Gêneros, Leitura e Análise


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Pequeno histórico
Formação social

Os colonizadores portugueses
Os indígenas
Para refletir o texto

Como você pode perceber, o Texto 2 encerrou-se com um sinal chamado reticências,
aqueles três pontos apresentados entre colchetes. As reticências indicam, nesse
caso, que o texto original continua, ou seja, o texto que você leu é apenas um trecho
do texto didático do qual foi retirado. Pensando nisso, responda às questões a seguir.
a) No trecho lido podemos identificar duas passagens nas quais fica evidente que o
texto continua. Transcreva nas linhas abaixo essas passagens.
A passagem "Neste capítulo, faremos um breve percurso histórico da nossa língua e abordaremos algu-

mas das suas principais características." e "No caso do português brasileiro, concorreram para a sua for-

mação os colonizadores portugueses, os indígenas, os africanos, os imigrantes europeus e os asiáticos.".

b) Qual é, certamente, o próximo assunto a ser abordado no texto original?


O papel dos africanos para a formação do português brasileiro.

Os textos expositivos em livros didáticos precisam seguir uma ordem de abordagem


do conteúdo para facilitar o processo de aprendizagem dos alunos. Nesse texto, que
elementos textuais são utilizados para deixar clara a sequência didática?
O título, o subtítulo e o sub-subtítulo.

Nos textos didáticos, como o conteúdo geralmente envolve a abordagem de teorias e


posicionamentos muitas vezes não consensuais, é comum os autores "repassarem"
para outras pessoas a responsabilidade sobre o que afirmam. Identifique no texto a
passagem em que o autor utilizou esse recurso.
Segundo os especialistas (quarto parágrafo).

Como vimos, para construir o sentido do texto, o leitor precisa lançar mão de infor­
mações prévias, caso contrário a sua compreensão é prejudicada. A necessidade
de o leitor mobilizar o seu conhecimento de mundo fica bem evidente no Texto 2 no
uso das aspas sobre a palavra descobrimento (penúltimo parágrafo). Explique que
informação prévia precisamos ter para entender esse uso. Caso seja necessário, faça
uma pesquisa sobre o "descobrimento" do Brasil.
As aspas foram utilizadas para fazer uma ressalva sobre o emprego da palavra descobri­
mento. Essa ressalva se deve ao fato de que as terras do Novo Mundo eram habitadas an­
tes da chegada dos europeus. Ou seja, a palavra descobrimento sugere que os portugueses
"descobriram" uma terra completamente desconhecida e deserta. Outro ponto importante
para se comentar diz respeito às evidências que temos hoje de que não foi aleatória a viagem
de Pedro Álvares Cabral que culminou com o seu desembarque na Baía Cabrália.

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Menino é agredido por colegas
em escola no interior de SP e
vai parar no hospital
Se for comprovada a participação dos meninos,
eles poderão cumprir medidas socioeducativas pre­
vistas no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA}.
A escola estadual Adolfo Alfeu Ferrero também vai
chamar os responsáveis pelas crianças para uma re­
união.
A delegada afirmou que há relatos de que o garoto,
por ter problemas na fala, vinha sofrendo humilhações,
o que caracteriza a prática conhecida como bullying (a
violência física ou psicológica entre colegas de forma
repetitiva).
"A violência está entranhada nas escolas. Mas um
caso como esse, envolvendo crianças tão pequenas e
levando em conta a intensidade das lesões, surpreen­
de", disse Ravagnani.
O menino está em repouso no hospital. Segundo
o último boletim médico, ele está "lúcido, recebendo
analgésicos" e tem alta prevista para este sábado (19}.
A mãe dele, Kenia Silveira Dutra, disse que o filho
caiu no chão e que foi chutado pelos colegas. "Ele dis­
se: 'Ah mãe, me deu murro na cabeça, me deu chute,
eu caí no chão!"
A Secretaria de Estado da Educação disse que foi
aberta uma apuração preliminar para averiguar a de­
núncia de agressão entre os alunos da escola.
Segundo o órgão, caso seja constatado que o fato
aconteceu dentro da escola, o Conselho Escolar vai
definir as medidas necessárias em relação aos estu­
dantes, por exemplo, a transferência de unidade.
fotoinfoVShutterstock.com
Disponível em: http://gl.globo.com/Noticias/SaoPaulo/0,,MUL 1310133-
5605,00-MENINO+E+AGREDIDO+POR+COLEGAS+EM+ESCOLA+NO+INTERIOR+D
E+SP+E+VAl+PARAR+NO+HO.html. Acesso em: 31/10/2017. Adaptado.

Para refletir o texto

Atualmente, tem-se falado muito no trabalho com diferentes gêneros textuais em


sala de aula. A notícia nada mais é que uma comunicação de um fato. Ela precisa ser
atual, verdadeira, importante e interessante. Pensando nisso, qual é o principal fato
que a notícia em estudo relata?
A notícia fala de um garoto de 9 anos que sofreu uma agressão de seus colegas,
possivelmente por apresentar o problema de gagueira. (Bul/ying)

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De acordo com a notícia, por que podemos afirmar que o menino de 9 anos sofreu
bullying?
Por conta das humilhações que o garoto vinha sofrendo devido ao seu problema na
fala e pelo fato de as agressões acontecerem repetidamente.

A coluna vertebral é um aglomerado de ossos sobrepostos um sob o outro chamados


de vértebras. Essas vértebras são ligadas por articulações e separadas por discos
de cartilagem. Essa série de vértebras foi organizada pela evolução da espécie para
servir de apoio a outros ossos do esqueleto e proteger a medula espinhal, que passa
no meio da coluna, por onde transitam os nervos responsáveis por todos os movi­
mentos e sensações. A criança de 9 anos da qual se fala na notícia teve uma lesão
na coluna e vai usar um colete ortopédico por um tempo. Devido às lesões na coluna
que o menino sofreu, o que poderia acontecer se as agressões se intensificassem?
As agressões sofridas pelo menino poderiam comprometer os movimentos do corpo
e os sentidos.

Após a violência, a criança não revelou o fato corrido a mãe. Por qual o motivo, pro­
vavelmente, ele não resolveu comunicar?
O aluno deve ter o entendimento de que, em muitos casos, a criança não comunica o ato
de violência por vergonha, sentimento de culpa, achar que foi agredido por mereci­
mento devido ao seu problema de gagueira e por medo de represálias.

Estudamos que todo texto é produzido com um objetivo, uma intenção. Qual é o prin­
cipal objetivo do jornalista ao produzir o texto?
O objetivo do jornalista é esclarecer os fatos ocorridos para o leitor.

Uma característica comum da notícia é a apresentação, e sua estrutura, de um título


e um subtítulo. Esses elementos são muito importantes no texto jornalístico, pois,
enquanto o título chama a atenção do leitor, o subtítulo reforça a informação apre­
sentada, acrescentando-lhe mais dados. Com base na sua interpretação da notícia
do Texto 3, sugira um novo título e subtítulo.
Resposta pessoal.

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Antes de começar a escrever

Com a velocidade da Internet e o aces­


so frequente às redes sociais, as gerações
mais novas se comunicam com o uso de
imagens, textos curtos e vídeos, alguns
chamados de memes. Acompanhando as
informações textuais e usando os recursos
gráficos, os infográficos mudam a cada dia,
seguindo a forma como o seu conteúdo é
compartilhado e consumido pelos jovens.
Essa mudança já começa a ser sentida
na sala de aula, pois os infográficos e os
memes estão cada vez mais presentes em
livros didáticos, como o meme ao lado.

Proposta
Nesta atividade, você terá de selecionar um conteúdo de um dos seus livros e produzir
um infográfico para ilustrá-lo. Pesquise em jornais, revistas e na Internet outros infográfi­
cos sobre o tema escolhido para ajudar na sua produção.

Planejamento
Para fazer um infográfico, você pode atentar para os pontos a seguir:

1. Lembre-se que a leitura de um texto como esse é um processo dinâmico que estimu­
la a investigação.
2. Escolha um tema/assunto e pesquise informações. Selecione o que é realmente re­
levante para atingir o seu objetivo.
3. Faça um esqueleto usando palavras, setas, números, etc. Agrupe os dados relevantes
e selecione as informações mais importantes para dar maior destaque.
4. Escolha um esquema de cores para "amarrar visualmente" as ideias. Além de trans­
mitir determinadas sensações, as cores podem ajudar ou prejudicar a compreensão
do seu conteúdo. E esse é um ótimo momento para estudar sobre cores nas aulas de
Arte.

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5. Selecione imagens que ilustrem sua explicação, não meramente decorativas. Pen-
se no que é melhor para explicar sua ideia: mapas, gráficos, fotografias, animações,
ícones, etc.
Preocupe-se em selecionar informações significativas para enriquecer seu infográfico.
Produza um título para o seu trabalho que chame a atenção dos leitores, despertan­
do, assim, maior curiosidade para a leitura.
8. O infográfico mostra uma exposição de informações que podem ser lidas de forma
não linear. Pensando nisso, defina como será a estrutura visual do seu texto.

Avaliação
Ao final do trabalho, os alunos deverão apresentar seu infográfico para a turma e para o


professor com a finalidade de que todos avaliem a produção uns dos outros. Nessa ava­
liação, considerem os seguintes pontos:

Aspectos analisados

O título é objetivo?
O tema trabalhado no infográfico está compreensível?
ºo
o o
Os recursos visuais e os textos verbais usados no infográfico estão
complementando-se de forma coerente? o o
A linguagem do infográfico é acessível a todos? o o

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Se a conhecida frase de Mário Quintana "Viajar é trocar a roupa da alma" for
verdadeira, então fica ainda mais evidente a importância dos relatos de viagem
de diferentes tipos: registrar e compartilhar as experiências vividas durante
uma viagem.
O relato de viagem é tão antigo quanto a própria literatura, uma vez que a
humanidade sempre esteve se deslocando no espaço em busca de novas terras
para plantar, em busca de conhecimento, de aventura, enfim, em busca de opor­
tunidades para melhorar sua condição de vida.
O gênero relato de viagem tem a função de contar e registrar o que foi vivido
numa viagem, podendo se apresentar de forma objetiva ou na forma das im­
pressões que foram vivenciadas. Isso significa que esse gênero apresenta ca­
racterísticas do jornalismo (relato objetivo) e da literatura (impressões), ou seja,
o relato de viagem está inserido no chamado jornalismo literário.
O jornalismo literário é uma especialização do jornalismo em que há uma
flexibilização da estrutura textual que o aproxima da literatura. Assim, a notícia
é construída a partir de uma perspectiva subjetiva, trazendo uma nova forma de
observar a realidade. Em outras palavras, o jornalismo literário cumpre a função
de informar (objetivo jornalístico) a partir de uma estrutura narrativa literária,
com vocabulário diferenciado e aprofundamento de conteúdo.

Outras fontes
Sete anos no Tibet, de Jean-Jacques Annaud.
O filme retrata a vida de um alpinista austríaco que decide escalar um dos picos mais al­
tos do Himalaia, liderando uma expedição. Mas, quando começa a Segunda Guerra Mundial,
ele se torna um prisioneiro de guerra dos ingleses.

No ar rarefeito, de Jon Krakauer.


Contratado por uma revista para escrever sobre a crescente comercialização da escalada
do monte Everest, Jon Krakauer participou de uma expedição guiada ao topo do mundo. Em
l O de março de 1996, atingiu com muito custo os 8.848 metros de altitude. Enquanto descia
ao acampamento, nove alpinistas morreram, e até o final daquele mês, outros três não resis­
tiriam à empreitada. Muito abalado pela tragédia e obcecado em rever o evento em detalhes,
Krakauer escreveu este depoimento tocante sobre o sentido da vida e o poder dos sonhos.

4 7 o'.X Gêneros, Leitura e Análise


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Um passeio em Paris
(entre tantos)
9 Que aspecto de La Défense chamou a atenção dos autores?
O fato de retratar uma face mais moderna de Paris, uma vez que a expectativa maior
do turista em Paris corresponde ao patrimônio histórico preservado.

Ó Como você acha que ficaria esse relato de viagem se retirássemos os adjetivos?
A resposta é pessoal, mas espera-se que o aluno constate que a ausência dos adje­
tivos empobreceria o relato, que se baseia na descrição.

ÉJ Classifique os seguintes substantivos, retirados do texto:


Trocadéro: �P�ró�p� ri� o_. _________________________
Monumento: comum/concreto.
Passeio: comum/abstrato.

C, Substitua, na passagem abaixo, o adjetivo destacado por outros de igual sentido.

O avesso da capital do patrimônio preservado.

Sugestões: o oposto/contrário da capital do patrimônio preservado.

Ú Apartir do que você leu nesse relato, surgiu o interesse de conhecer La Défense?
Por quê?
Resposta pessoal.

Ó Com relação aos fatos narrados, por que esse relato não pode ser entendido como
uma narrativa ficcional?
Diferentemente do que acontece em uma narrativa ficcional, no relato de viagem, os
fatos presentes no texto realmente aconteceram.

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Diário de uma expedição
Construído em 1698, o Farol da Barra - Bahia é apontado pela Marinha como o mais antigo das Américas e é menciona­
do no texto Diário de uma expedição, de Euclides da Cunha.

E, realmente, o quadro é surpreendedor. desdobrando-se, imensa, do Forte da Gam­


Afeito ao aspecto imponente do litoral do boa a ltapagipe, no fundo da enseada.
Sul, onde as serras altíssimas e denteadas Vendo-a deste ponto, com as suas casas
de gnaisse recortam vivamente o espaço ousadamente aprumadas, arrimando-se
investindo de um modo soberano contra na montanha em certos pontos, vingando­
as alturas, é singular que o observador en­ -a em outros e erguendo-se a extraordiná­
contre aqui a mesma majestade e a mesma ria altura, com as suas numerosas igrejas
perspectiva sob aspectos mais brandos, de torres esguias e altas ou amplos e pe­
as serras arredondando-se em linhas que sados zimbórios, que recordam basílicas
recordam as voltas suavíssimas das volu­ de Bizâncio - vendo-a deste ponto, sob a
tas e afogando-se, perdendo-se no espaço, irradiação claríssima da nascente que so­
sem transições bruscas, numa difusão lon­ bre ela se reflete dispersando-se em cinti­
gínqua de cores em que o verde-glauco das lações ofuscantes, tem-se a mais perfeita
matas se esvai lentamente no azul puríssi­ ilusão de vasta e opulentíssima cidade.
mo dos céus... O Espírito Santo cinde vagarosamente as
A Ilha de ltaparica, à nossa esquerda e na ondas, e novos quadros aparecem. O For­
frente, ridente e envolta na onda iluminada te do Mar - velha testemunha histórica
e tonificadora da manhã, desdobra-se pelo de extraordinários feitos - surge à direita,
seio da Bahia, revestida de vegetação opu­ bruscamente, das águas, imponente ainda,
lenta e indistinta pela distância. mas inofensivo, desartilhado quase, mal re­
O mar tranquilo como um lago banha, à cordando a quadra gloriosa em que rugiam
direita, o áspero promontório sobre o qual nas suas canhoneiras, na repulsa do holan­
se alevanta o farol da Barra, cingindo-o de dês, as longas colubrinas de bronze.
um sendal de espumas. Em frente avulta a Corro os olhos pelo vapor.
cidade, derramando-se, compacta, sobre Na proa, os soldados que trazemos acu­
imensa colina, cujos pendores abruptos re­ mulam-se, saudando, entusiastas, os com­
veste, cobrindo a estreita cinta do litoral e panheiros de São Paulo, vindos ontem, en-

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chendo literalmente o ltupeva, já ancorado. remos o solo onde a República vai dar com
A um lado, alevanta-se, firmemente liga­ segurança o último embate aos que a per­
do ao reparo sólido, um sinistro companhei­ turbam. Além, para as bandas do ocidente,
ro de viagem - o morteiro Canet, um belo em contraste com o dia brilhante que nos
espécime da artilheria moderna. Destina-se rodeia, erguem-se, agora, por uma coinci­
a contraminar as minas traidoras que exis­ dência bizarra, cúmulos pesados, como que
tem no solo de Canudos. traduzindo fisicamente uma situação social
Embora sem a pólvora apropriada e le­ tempestuosa. Surgem, erguem-se, precisa­
vando apenas 69 projéteis (granadas de du­ mente neste momento, do lado do sertão,
plo efeito e shrapnels), o efeito dos seus tiros pesados, lúgubres, ameaçadores...
será eficacíssimo. Lança em alcance máxi­ Este fato ocasional e sugestivo prende
mo útil 32 quilos de ferro, a 6 quilômetros de a atenção de todos. E, observando, como
distância. Acredito, entretanto, dificílimo o toda a gente, as grandes nuvens silencio­
seu transporte pelas veredas quase impra­ sas que se desenrolam longínquas, os que
ticáveis dos sertões. São 2 toneladas de aço se destinam àquelas paragens perigosas
que só atingirão as cercanias da Meça dos sentem com maior vigor o peso da sauda­
jagunços através de esforços inconcebíveis. de e com maior vigor a imposição austera
Maiores milagres, porém, têm realizado o do dever.
Exército nacional e a fé republicana. Nem uma fronte se perturba, porém.
[...] Que a nossa Vendeia se embuce num lar­
Eu nunca pensei que esta noção abstra­ go manto tenebroso de nuvens, avultando
ta da Pátria fosse tão ampla que, traduzin­ além como a sombra de uma emboscada
do em síntese admirável todas as nossas entre os deslumbramentos do grande dia
afeições, pudesse animar e consolar tanto tropical que nos alenta. Rompê-lo-á, breve,
aos que se afastam dos lares tranquilos de­ a fulguração da metralha, de envolta num
mandando a agitação das lutas e dos peri­ cintilar vivíssimo de espadas...
gos. Compreendo-o, agora. Em breve pisa- CUNHA, Euclides da. Canudos: diário de uma expedição. Rio de
Janeiro: J. Olympio, 1939.

Q Logo no início do relato, Euclides da Cunha anuncia o que ficará de fora do relato. Que
informações são essas?
Informações sobre acontecimentos que lhe causaram mal-estar.

O Por outro lado, qual foi o foco do relato?


O foco recaiu na descrição das belezas naturais do cenário da viagem a partir do
navio.

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Ó Há uma forte referência a um evento histórico específico. Que evento é esse? E qual
é o período histórico em que se insere o relato?
O evento é a Guerra de Canudos, e o período é a implantação da república no Brasil.

C, Como Euclides da Cunha, no relato, se posiciona em relação ao evento histórico


(questão 3)? Qual era seu posicionamento político?
Euclides da Cunha era contra os seguidores de Antônio Conselheiro que se rebela­
vam contra o governo; e era republicano (a favor da república).

@ Tendo em vista o posicionamento político do autor, qual é o efeito da descrição que


ele faz da natureza ao longo da viagem?
De exaltação das belezas naturais da costa brasileira, que gera um sentimento pa­
triótico.

Antes de começar a escrever

O texto que você redigirá agora será o relato de uma viagem ou um passeio interessan­
te que você já fez. Ao escrever seu texto, preste atenção às características desse gênero
textual.

Proposta
Durante a nossa vida, fazemos vários passeios ou viagens dignas de recordação, seja
para um lugar distante, outra cidade ou para a casa de um amigo ou parente que só po­
demos visitar nas férias. Qualquer viagem ou passeio interessante merece ser registrado.
Esta será sua oportunidade. Recorde uma viagem ou um passeio marcante e o relate para
seus colegas e seu professor, deixando claro para eles por que essa experiência foi ines­
quecível.

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Planejamento
O professor irá promover na sala de aula ou na escola um festival de relatos de via­
gem, no qual você vai apresentar a viagem selecionada. Lembre-se de que, ao relatar
seu passeio, é interessante descrever os aspectos mais importantes - como paisagens,
clima, perigos, distância e pontos turísticos. Tais informações são necessárias porque
permitem ao leitor ter uma ideia de como eram os locais visitados e como foi a sua ex­
periência. Desse modo, ao escrever seu texto, você deve observar os seguintes pontos:

Para onde foi feita a viagem?


Quem realizou essa viagem com você?
Qual foi o meio de transporte mais utilizado por vocês?
Vocês enfrentaram frio ou calor?
Como era o lugar para onde vocês viajaram?
Como era a paisagem que vocês viram durante a viagem?

Avaliação
1. Você e um colega de turma devem avaliar o texto um do outro. Para isso, preencham
a tabela abaixo.

Análise do relato de viagem de:


Nome do colega.

Aspectos analisados mm
o o
o o
Há descrição dos locais visitados?

o o
Os fatos relatados seguiram uma ordem cronológica?

o o
As informações escritas foram compreensíveis?
O relato do seu colega precisa ser reescrito?

2. Escreva um pequeno comentário apontando e explicando os aspectos de que você


mais gostou no texto do seu colega.
Resposta pessoal.

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A procura do poema
Os textos comuns, não poéticos, combinam as palavras de maneira a vincular ideias.
Os textos literários igualmente combinam palavras, mas essa combinação é de um
modo especial, em que outros elementos, além do significado das palavras, são sele­
cionados e combinados para a construção do efeito poético, como os sons.
A partir dessa construção especial, no poema, existe uma certa plasticidade de sen­
tidos, em que coexistem diferentes (mas não contraditórias) interpretações, deixando a
cargo do interlocutor (ouvinte ou leitor) a construção (única e pessoal) de sentido, fruto
da experiência linguística e de vida dele. Daí a plurissignificação do poema.
Os poemas são textos que fazem parte da tradição literária. Dessa maneira, são uma
forma artística de veicular percepções culturais e visões de mundo e por isso mudam
temática e esteticamente ao longo do tempo (as várias escolas literárias) e em diferen­
tes espaços.

Poema versus poesia

Poema é um gênero textual, entre outras formas de linguagem (música, pintura, fotografia... ), para a expressão
da poesia. Esta é um estado de espírito, uma forma diferenciada de enxergar o mundo em volta, de maneira sen­
sível e emotiva. O poema é uma estrutura, composta por versos e estrofes, em que a poesia pode ser constituída
como uma forma de dizer.

Estrofes e versos

Diferentemente da prosa, cuja organização se dá em parágrafos, a organização interna do poema se dá por


meio de versos e estrofes. Verso é cada linha do poema, e estrofe é o conjunto de versos.
Os versos podem ser caracterizados pela sua musicalidade, conseguida pela recorrência da posição de síla­
bas fortes e fracas, alternadas, no verso (metrificação, versificação). As estrofes variam de acordo com o número

- -
de versos e podem ser:

1� IJI • ;-p-: . 111111·


-
l�llllll�ll-• ,,_..,
Dístico Dois versos
Terceto Três versos
Quadra, ou quarteto Quatro versos
Quinteto, ou quintilha Cinco versos
Sexteto, ou sextilha Seis versos
Sétima, ou septilha Sete versos
Oitava Oito versos

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Ismália
(9 O que podemos interpretar a partir dos versos "Sua alma subiu ao céu, / Seu corpo
desceu ao mar..."?
Que ela morreu ao tentar voar.

Ú Nos versos: "Viu uma lua no céu,/ Viu outra lua no mar",que tipo de artigo foi utiliza­
do para se referir à lua? O que isso significa no contexto?
Artigo indefinido. Significa que havia mais de uma lua e que o autor não determinou
qual das luas lsmália estava vendo.

Ó Conforme a sílaba tônica,como podemos classificar o título do poema?


Paroxítona.

C, O que se depreende dos versos "As asas que Deus lhe deu / Rufiaram de par em par..."?
Em sua falta de lucidez, lsmália julgou ter criado asas e ser capaz de voar.

Ú Substitua a palavra destacada no verso por outra de igual sentido:

E,no desvario seu,


Na torre pôs-se a cantar...

E,na loucura/no delírio/no desatino seu,


Na torre pôs-se a cantar...

C, O poema trabalha com inúmeras antíteses. Identifique-as.


Céu/mar; subir/descer; perto/longe; alma/corpo; alto/baixo (em relação a torre).

Q Qual o tema trabalhado no poema? De que forma as antíteses acentuam essa temá­
tica?
O tema do poema é a loucura de lsmália. As antíteses acentuam essa temática por­
que deixam clara a divisão de lsmália, sua loucura. O fato de ela sentir-se perdida,
insatisfeita,incapaz de escolher entre desejos contrários.

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Autopsicografia
Ó Que alternativa não está de acordo como o poema?
� O poema expressa os sentimentos reais imediatos vivenciados pelo poeta.
b) O poema é fruto da criação e do trabalho de linguagem elaborado pelo poeta.
e) Autopsicografia é um poema metalinguístico, pois tematiza o processo de criação.
d) Há um diálogo entre o eu do escritor (ser criador, real) e o eu poético (personalida­
de fictícia).
e) Cada leitor vivencia a dor fingida pelo poeta de acordo com sua experiência pessoal.

C, Qual é a função dos versos que vêm após o primeiro: "O poeta é um fingidor"?
Eles têm a função de explicar e confirmar o tema do fingimento poético.

Ú A segunda estrofe faz referência à experiência da dor. De que forma o autor aborda
isso na estrofe? Explique.
Sugestão de resposta: Perceba que a estrofe refere-se à dor realmente sentida pelo poe­
ta, à dor fingida pelo poeta, à dor real do leitor e à dor motivada pela ação intelectual
da leitura e da reflexão poética.

C, De acordo com a terceira estrofe, qual é o efeito do poema no leitor? E no eu lírico?


Ambos se abstraem da dor real e se entretêm com a dor fingida. Essa estrofe é uma
conclusão, que faz referência à função lúdica (entreter) e catártica (liberar sentimen­
tos) do poema, ao prazer do eu lírico e do leitor.

O A que se refere "comboio de corda" extraído do poema?


Refere-se ao coração, às sensações, aos sentimentos reais e inventados. Na terceira
estrofe, o coração pode simbolizar a imaginação, as sensações (de dor, por exemplo)
que podem motivar o ato criativo.

Fortemente relacionado com a música, beleza e arte, o poema tem as suas raízes históricas nas letras de
acompanhamento de peças musicais. Até a Idade Média, os poemas eram cantados. Só depois o texto foi sepa­
rado do acompanhamento musical. Tal como na música, o ritmo tem uma grande importância.

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O patinho feio
9 Por que o patinho feio era considerado o "avesso"?
Porque ele não fazia aquilo que os integrantes dos grupos para os quais tentou entrar
faziam normalmente.

O O que teria motivado o patinho feio a decidir ir para a Lua?


O fato de ele ter tentado fazer amizades e não ter conseguido, tornando-se até alvo de
brincadeiras maldosas por parte dos outros.

Ó O que significa dizer que "Mudar de planeta foi como atravessar a rua"?
Espera-se que os alunos compreendam que o verso quis dizer que a mudança foi feita fácil e rapi­

damente (assim como atravessar uma rua), pois o patinho vive em um tempo posterior ao nosso, no

futuro. Essa atitude demonstra toda a insatisfação do patinho feio com a sua condição aqui na Terra.

Ú Ao ler o poema, você provavelmente fez uma pequena pausa no final de cada linha ou
verso. Essa pausa se acentua em razão da rima, ou seja, da semelhança sonora que
há no final dos versos. Com base nessa observação, cite alguns pares de rimas do
poema lido.
Sugestão: "sabia" e "entendia"; "lua" e "rua"; "gente" e "sente".

Ú Comente o verso: "Gente que anda, fala, mas não sente".


É uma crítica que o eu lírico faz aos homens, que, segundo ele, embora tenham a ca­
pacidade de andar e falar, são incapazes de cultivar sentimentos positivos em relação
ao seu semelhante, ideia que é comprovada com a condição do patinho feio enquanto
vivia na Terra.

Na Grécia Antiga, o poema foi a forma predominante de Literatura. Os três gêneros (lírico, dramático e épico)
eram escritos em forma de poesia.

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I U
Convite
L C

A O
D
B
R
M
K
E
Nascemos para amar
Esse poema é um dos sonetos mais famosos de Bocage. O soneto é uma forma fixa de
poema: ele sempre é composto de catorze versos, que em geral se dividem em duas es­
trofes de quatro versos e duas de três versos. Além disso, os versos sempre são rimados,
como você observa nesse soneto de Bocage. É interessante notar também que, nos sone­
tos, o último verso (conhecido como chave de ouro) concentra a ideia principal do poema
ou deve concluí-lo de forma a atrair a atenção do leitor.

Proposta
Desta vez, você produzirá um soneto dedicado a alguém que você ama. Pode ser qual­
quer pessoa, desde que esse sentimento seja verdadeiro (pai, mãe, tio, prima, amiga, avô,
avó ... ). Com o auxílio do professor, a sua turma ou toda a escola pode criar o Correio do
Amor.

Planejamento
Durante a produção do seu soneto, você deve observar os seguintes aspectos:
O que você gostaria de dizer à pessoa que você ama?
Que importância essa pessoa tem para você?
Por que é bom passar longas horas na companhia dela?
Quais adjetivos poderiam ser usados?
Quais substantivos você empregaria em seu soneto?
Atente para o fato de que o emprego da linguagem figurada é uma estratégia bastan­
te útil para a criação de imagens poéticas.

Avaliação


1. Avalie seu poema lendo-o novamente e reflita sobre os seguintes itens:

Aspectos analisados
O poema produzido está escrito em forma de soneto? ºo
O poema apresenta musicalidade, ritmo, rimas, metrificação e figu­
ras de linguagem? o o
Há presença de substantivos variados para se referir à pessoa à
qual se destina o poema? o o
Os adjetivos para qualificar essa pessoa foram utilizados adequa­
damente? o o

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E se não existisse
esgoto?
lido Big Stink (grande fedor, em inglês}. A
situação ficou impraticável, até que o enge­
nheiro urbano Joseph Bazalgette entrou em
cena. Ele desenvolveu uma rede pensando
no futuro. Em vez de canos finos sob re­
giões pouco povoadas e grossos em áreas
densas, Bazalgette pensou no crescimento
da cidade e concebeu uma rede com canos
largos em todo o subterrâneo londrino. En­
quanto isso, no Brasil, escravos jogavam
tonéis com dejetos pelas ruas sem a menor
preocupação. E até hoje a situação é triste.
Segundo dados do IBGE, até 2011 só 55%
dos domicílios brasileiros têm sistema de vido a problemas gastrointestinais ligados
coleta de esgoto, o que pode ser fatal. à falta de saneamento. Isso significa toda
De acordo com a OMS, até 2015, 88% das uma Divinópolis (MG} de molho em casa
mortes por diarreia no mundo foram cau­ com dor de barriga.
sadas por sistema impróprio. Ou seja, em Na teoria, onde há saneamento não de­
um mundo sem esgoto, diarreia, hepatite A, veria existir o esgoto fedorento que polui. O
febre amarela e malária reinariam. E quem que acontece é que ligações clandestinas
fica doente não trabalha. Um estudo do Ins­ se conectam ao sistema de coleta de água
tituto Trata Brasil com a Fundação Getúlio de chuva, e, assim, canos que deveriam
Vargas revelou que, em um ano, quase 250 levar só o aguaceiro de temporal aos rios
mil brasileiros se afastaram do trabalho de- acabam carregando esgoto não tratado.

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Assim temos o Tietê de hoje, igual ao
Tâmisa do século XIX. O sistema de esgo­
to londrino inspira até hoje. Em 2011, o en­
tão secretário de cultura da cidade inglesa,
Jeremy Hunt, disse que o país só teria uma
Internet super rápida se seguisse o exemplo
de sua rede de esgoto. Bazalgette pensou
no futuro e previu o aumento de fluxo de de­
jetos. O fluxo de dados on-line também só
vai crescer, mas, para isso, a Internet precisa
de uma rede que dê conta do recado. É pen­
sando nesse futuro que gigantes da Inter­
net estão investindo mais em data centers
e usando o sistema de esgoto a seu favor.
Desde 2012, a meta do centro de dados do
Google na Geórgia, Estados Unidos, é que
100% da água de resfriamento de suas má­
quinas seja de reuso. Ou seja, o sistema de
esgoto resfria os data centers. Facebook e
Microsoft também estão tomando medidas
parecidas. E o esgoto, quem diria, está aju­
O Tâmisa deixou de ser considerado potável por volta de
161 O. Entretanto, o projeto de despoluição só começou
dando a fazer uma Internet melhor. Na fal­
a ser esboçado no século XIX. Além do mau cheiro, as ta dele, poluiríamos mais ao ver on-line um
epidemias de cólera das décadas de 1850 a 1860 foram filme das Tartarugas Ninjas - que, aliás,
fundamentais para que o governo decidisse construir um
sistema de captação de esgotos da cidade. Ao todo, fo­
sem esgoto não teriam nem casa para pedir
ram quase 150 anos de investimentos na despoluição das aquela pizza.
águas do rio que corta Londres. Disponível em: https://super.abril.com.br/ideias/e-se-nao-exis­
tisse-esgoto/. Acesso em: 11/07/2019. Adaptado.

Para refletir o texto

C9 No artigo de divulgação científica, conseguimos perceber alguns blocos de infor­


mação que compõem o texto como um todo, destacando algumas informações e
hierarquizando-as. Quais são esses blocos/partes?
São o título, o subtítulo da matéria e o corpo do texto escrito.

O Qual é o assunto tratado no texto?


A importância do saneamento básico.

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O O texto se constrói de uma maneira particular, explicitada pelo título E se não existis­
se o esgoto? Que maneira é essa?
Uma hipótese.

C, Qual é a possível (e provável) intenção do autor do texto em análise?


O autor tem a intenção de motivar (atrair) o leitor por meio da curiosidade e do entre­
tenimento, uma vez que o texto está veiculado na revista Superinteressante, que atrai
um público jovem e leigo.

e Com a leitura do texto, é possível saber quais partes pertecem, de modo característi­
co, à academia científica e quais aos jornalistas?
As informações que são tratadas de maneira objetiva, sustentadas por demonstrações
e comparadas aos moldes científicos, são características da academia científica. Já a
utilização de uma linguagem não técnica, clara e acessível a um público diversificado
e leigo é uma característica do jornalismo.

C, Como podemos apreender o caráter didático do texto, ou seja, elementos lin uísticos
e textuais que visam à facilitação da compreensão do leitor?
O texto é didático por lançar mão de uma linguagem acessível ao público leigo (au­
sência de jargões ou de um detalhamento excessivo).

O Coloque V para verdadeiro e F para falso nas assertivas abaixo sobre o texto E se não
existisse esgoto?.
a) (V) A comparação entre londrinos e brasileiros coloca os últimos em uma situa­
ção ruim quanto ao sistema de esgoto.
b) (V) O texto recorreu a um argumento econômico (afastamento médico dos traba­
lhadores) para sustentar a importância do saneamento.
e) ( F) As informações estatísticas são pouco relevantes para a construção argu­
mentativa.
d) (V) Para ser de fato eficiente, o saneamento deve ser universal, evitando-se as
ligações clandestinas.
e) ( F) A equiparação entre os rios Tietê (São Paulo) e Tâmisa (Londres) é positiva
para o Brasil.

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O que foram as Grandes
Navegações?
Para refletir o texto

G Com base no texto, quais foram as principais consequências das Grandes Navegações?
A passagem da Idade Média para a Idade Moderna, a "descoberta" de um novo con­
tinente a ser explorado pelos europeus - a América - e o grande impulso para o au­
mento do comércio da Europa com a Ásia e a África.

O Em algumas passagens do texto, o autor utiliza-se do discurso direto a fim de com­


provar uma ideia. Transcreva os trechos em que isso ocorre e diga que ideias eles
sustentam.
1 - "Por ali passava a maior parte do comércio europeu com o Oriente. Quando a ci­
dade caiu sob controle muçulmano, foi necessário encontrar novos caminhos para
comerciar com a Ásia", diz o historiador Josh Graml, do Museu dos Navegantes, em
Newport News, nos Estados Unidos (a ideia de aumento do comércio entre Europa e
os continentes asiático e africano a partir da tomada de Constantinopla).
2- "Devido à Renascença, os carpinteiros e estaleiros haviam se tornado mais ha­
bilitados a construir navios mais resistentes", diz Graml (o espírito da Renascença
incentivava novos aprendizados).

O Qual a classe gramatical da palavra destacada no trecho a seguir? A que ela se refere?
Elas ajudaram a marcar a passagem da Idade Média para a Idade Moderna [...].

Pronome pessoal. Refere-se às Grandes Navegações.

C, Marque a alternativa em que o termo destacado é um pronome demonstrativo.


a) Só mesmo com tantos incentivos assim é possível entender como os navegantes
da época se lançavam em perigosas jornadas marítimas.
)l Além dessa questão econômica, outras razões impulsionaram as Grandes Nave­
gações.
e) "Quando a cidade caiu sob controle muçulmano, foi necessário encontrar novos
caminhos para comerciar com a Ásia", diz o historiador Josh Graml, do Museu dos
Navegantes, em Newport News, nos Estados Unidos.
d) Uma delas foi o espírito da Renascença, um movimento artístico e científico que
teve início no século XV e que passou a questionar o pensamento tradicional da
Idade Média, as visões sobre os limites geográficos do Planeta, além de incentivar
a busca por novos aprendizados.

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Por que suamos frio quando sentimos medo?
Termorregulação: entenda por que
suamos frio em algumas situações
Entrevistas são comuns em textos jornalísticos, na Internet e em progra­
mas de rádio e TV. Você já deve ter visto uma entrevista com alguma persona­
lidade que lhe chama a atenção. Além disso, quando se discute um assunto, é
habitual entrevistar alguém que tem um bom conhecimento sobre o tema. Por
meio do modelo de perguntas e respostas, é possível descobrirmos algumas
informações sobre quem está sendo entrevistado ou a respeito do tema da
entrevista. E, muitas vezes, temos a impressão de que estamos participando
diretamente daquela conversa, dada a proximidade que nos é causada por
conta das estratégias de diálogo utilizadas pelo entrevistador. Vamos atentar
para os aspectos necessários à execução de uma entrevista eficiente.

Outras fontes
Box Zygmunt Bauman. Para Entender o Mundo Líquido, de Zygmunt Bauman
Perspicaz analista de temas contemporâneos, a longo prazo. Mais que uma mera e triste constatação,
Zygmunt Bauman foi o grande pensador da moderni­ esse livro é um alerta: não apenas as relações amorosas
dade. Sociólogo, professor, veterano da Segunda Guer­ e os vínculos familiares são afetados, mas também a
ra Mundial, judeu e ex-refugiado, sua vida se entrelaça nossa capacidade de tratar um estranho com humani­
com os acontecimentos mais marcantes do século XX, dade é prejudicada. Medo Líquido: o medo é uma das
e sua obra levou milhares de pessoas a pensar a socie­ marcas do nosso tempo e vivemos em meio a uma an­
dade atual por meio do conceito de liquidez criado por siedade constante. Temos medo de perder o emprego,
ele. Esse box imperdível reúne quatro livros que pensam medo da violência urbana, do terrorismo, medo de ficar
a sociedade atual a partir desse conceito: em Moderni­ sem o amor do parceiro, da exclusão. O resultado? Te­
dade líquida, Bauman denuncia "um mundo repleto de mos que acumular conhecimentos, circulamos dentro
sinais confusos, propenso a mudar com rapidez e de de shopping centers, dirigimos carros blindados, vive­
forma imprevisível"; Amor líquido, grande best-seller do mos em condomínios fechados. Nesse livro, Bauman
autor, é fundamental para a compreensão das relações mapeia as origens comuns das ansiedades na moderni­
afetivas hoje; em Medo líquido aborda um dos maiores dade líquida e examina mecanismos que possam deter
problemas da nossa sociedade; e sua obra mais recen­ a influência do medo sobre as nossas vidas. Nascidos
te, Nascidos em tempos líquidos, uma reflexão sobre em tempos líquidos: neste diálogo com um jovem jor­
as gerações nascidas na sociedade líquida e em cons­ nalista italiano, Bauman reflete sobre o mundo das ge­
tante mudança. Modernidade líquida: a modernidade rações que desde o berço pertencem a uma sociedade
imediata é "leve", "líquida", "fluida" e infinitamente mais líquida e em contínua mudança. A partir de experiências
dinâmica que a modernidade "sólida" que suplantou. distintas, eles conversam a respeito dos mais diversos
Bauman esclarece como a transição de uma a outra fenômenos da cultura atual: cirurgia plástica, tatuagens,
acarretou profundas mudanças na vida humana. E nos hipsters, bullying, web, dinâmicas sexuais e amorosas
auxilia a repensar os conceitos e esquemas cognitivos na era das mídias sociais. O autor visita também temas
usados para descrever a experiência individual e sua fundamentais de seu pensamento, como a sociedade
história conjunta. Amor líquido: Bauman investiga de de consumidores, a fragilidade dos laços humanos, os
que forma nossas relações tornam-se cada vez mais conceitos de comunidade e identidade, e a conciliação
"flexíveis", gerando níveis de insegurança sempre maio­ entre liberdade e segurança.
res. A prioridade a relacionamentos em redes virtuais, Disponível em: https://indicalivros.com/pdf/box-zygmunt­
que podem ser tecidas ou desmanchadas com igual fa­ bauman-para-entender-o-mundo-liquido-zygmunt-bauman.
cilidade faz com que não saibamos mais manter laços Acesso em: 11/07/2019. Adaptado.

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“Vivemos tempos líquidos.
Nada é para durar”
torna impossível ignorar as falhas. Portan­ para estabelecer relações de confiança, as
to, não é uma questão de "abrir os olhos". para o que der e vier, na saúde ou na tris­
O verdadeiro problema é: quem é capaz de teza, com outras pessoas. Relações cujos
fazer o que deve ser feito para evitar o de­ encantos você nunca conhecerá a menos
sastre que já podemos prever? O problema que pratique. O problema é que, quanto
não é a nossa falta de conhecimento, mas mais você busca fugir dos inconvenientes
a falta de um agente capaz de fazer o que o da vida off-line, maior será a tendência a se
conhecimento nos diz ser necessário fazer, desconectar.
e urgentemente. Por exemplo: estamos to­
dos conscientes das consequências apoca­ ISTOÉ - E o que o senhor chama de "amor
lípticas do aquecimento do Planeta. E todos líquido"?
estamos conscientes de que os recursos ZYGMUNT BAUMAN - Amor líquido é um
planetários serão incapazes de sustentar amor "até segundo aviso", o amor a partir do
a nossa filosofia e prática de "crescimento padrão dos bens de consumo: mantenha­
econômico infinito" e de crescimento infini­ -os enquanto eles te trouxerem satisfação e
to do consumo. Sabemos que esses recur­ os substitua por outros que prometem ain­
sos estão rapidamente se aproximando de da mais satisfação. O amor com um espec­
seu esgotamento. Estamos conscientes - tro de eliminação imediata e, assim, tam­
mas e daí? Há poucos (ou nenhum) sinais bém de ansiedade permanente, pairando
de que, de própria vontade, estamos cami­ acima dele. Na sua forma "líquida", o amor
nhando para mudar as formas de vida que tenta substituir a qualidade por quantidade
estão na origem de todos esses problemas. - mas isso nunca pode ser feito, seus pra­
[... ] ticantes mais cedo ou mais tarde acabam
percebendo. É bom lembrar que o amor não
ISTOÉ - Ao se conectarem ao mundo é um "objeto encontrado", mas um produto
pela Internet, as pessoas estariam se des­ um longo e muitas vezes difícil esforço e de
conectando da sua própria realidade? boa vontade.
ZYGMUNT BAUMAN - Os contatos
on-line têm uma vantagem sobre os off-/ine: ISTOÉ - Nesse contexto, ainda faz senti­
são mais fáceis e menos arriscados - o do sonhar com um relacionamento estável
que muita gente acha atraente. Eles tornam e duradouro?
mais fácil se conectar e se desconectar. ZYGMUNT BAUMAN - Ambos os tipos
Caso as coisas fiquem "quentes" demais de relacionamento têm suas próprias van­
para o conforto, você pode simplesmente tagens e riscos. Em um mundo "líquido",
desligar, sem necessidade de explicações em rápida mutação, "compromissos para
complexas, sem inventar desculpas, sem a vida" podem se revelar como sendo pro­
censuras ou culpa. Atrás do seu laptop ou messas que não podem ser cumpridas -
iPhone, com fones no ouvido, você pode deixando de ser algo valioso para virarem
se cortar fora dos desconfortos do mundo dificuldades. O legado do passado, afinal, é
off-line. Mas não há almoços grátis, como a restrição mais grave que a vida pode im­
diz um provérbio inglês: se você ganha por à liberdade de escolha. Mas, por outro
algo, perde alguma coisa. Entre as coisas lado, como se pode lutar contra as adver­
perdidas estão as habilidades necessárias sidades do destino sozinho, sem a ajuda

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de amigos fiéis e dedicados, sem um com­ mas os tamanhos dos quadris ou dos seios.
panheiro de vida, pronto para compartilhar A "perfeição" significaria um fim a outras
os altos e baixos? Nenhuma das duas va­ "melhorias". Na cirurgia plástica, são ofe­
riedades de relação é infalível. Mas a vida recidos aos clientes cartões de "fidelidade",
também não o é. Além disso, o valor de um garantindo um desconto nas sucessivas
relacionamento é medido não só pelo que cirurgias que eles certamente irão realizar.
ele oferece a você, mas também pelo que Assim como a indústria de celebridades, a
oferece aos seus parceiros. O melhor re­ indústria cosmética não tem limites, e a de­
lacionamento imaginável é aquele em que manda por seus serviços pode, a princípio,
ambos os parceiros praticam essa verdade. se expandir infinitamente.

ISTOÉ - O que explicaria o crescimento ISTOÉ - O que está por trás desse culto
do consumo de antidepressivos? às celebridades?
ZYGMUNT BAUMAN - Você colocou o ZYGMUNT BAUMAN - Não é só uma
dedo em um dos muitos sintomas da nossa questão de candidatos a celebridades e seu
crescente intolerância ao sofrimento - na desejo por notoriedade. O que também é
verdade, uma intolerância a cada descon­ uma questão é que o "grande público" pre­
forto ou mesmo ligeira inconveniência. Em cisa de celebridades, de pessoas que este­
uma vida regulada por mercados consu­ jam no centro das atenções. Pessoas que,
midores, as pessoas passaram a acreditar na ausência de autoridades confiáveis, líde­
que, para cada problema, há uma solução. res, guias, professores, se oferecem como
E que essa solução pode ser comprada na exemplos. Diante do enfraquecimento das
loja. Que a tarefa do doente não é tanto usar comunidades, essas pessoas fornecem
sua habilidade para superar a dificuldade, "assuntos-chave" em torno dos quais as
mas para encontrar a loja certa que venda quase comunidades, mesmo que apenas
o produto certo que irá superar a dificulda­ por um breve momento, se condensam -
de em seu lugar. Não foi provado que essa para desmoronar logo depois e se recon­
nova atitude diminui nossas dores. Mas foi densar em torno de outras celebridades
provado, além de qualquer dúvida razoá­ momentâneas. É por isso que a indústria de
vel, que a nossa induzida intolerância à dor celebridades está garantida contra todas as
é uma fonte inesgotável de lucros comer­ depressões econômicas.
ciais. Por essa razão, podemos esperar que
essa nossa intolerância se agrave ainda ISTOÉ - Como fica o futuro nesse con­
mais, em vez de ser atenuada. texto de constantes mudanças?
ZYGMUNT BAUMAN - Nossos ances­
ISTOÉ - E a obsessão pelo corpo perfeito? trais eram esperançosos: quando falavam
ZYGMUNT BAUMAN - Não é o ideal de de progresso, se referiam à perspectiva de
perfeição que lubrifica as engrenagens da cada dia ser melhor do que o anterior. Nós
indústria de cosméticos, mas o desejo de estamos assustados: progresso, para nós,
melhorar. E isso significa seguir a moda significa uma constante ameaça de ser
atual. Todos os aspectos da aparência cor­ chutado para fora de um carro em acelera­
poral são, atualmente, objetos da moda, ção. De não descer ou embarcar a tempo.
não apenas o cabelo ou a cor dos lábios, De não estar atualizado com a nova moda.

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De não abandonar rapidamente o suficien­ ISTOÉ - O que o senhor diria aos jovens?
te de habilidades e hábitos ultrapassados e ZVGMUNT BAUMAN - Eu desejo que os
de falhar ao desenvolver as novas habilida­ jovens percebam razoavelmente cedo que
des e os hábitos que os substituem. Além há tanto significado na vida quanto eles
disso, ocupamos um mundo pautado pelo conseguem adicionar isso a ela por meio
"agora", que promete satisfações imediatas de esforço e dedicação. Que a árdua tarefa
e ridiculariza todos os atrasos e esforços a de compor uma vida não pode ser reduzida
longo prazo. Em um mundo composto de a adicionar episódios agradáveis. A vida é
"agoras", de momentos e episódios breves, maior que a soma de seus momentos.
não há espaço para a preocupação com "fu­ Disponível em: http://www.istoe.com.br/assuntos/entrevista/
detalhe/102755_VIVEMOS+TEMPOS+LIQUIDOS+NADA+E+PARA
turo". Como diz um outro provérbio inglês: +DURAR+/. Acesso em: 25/06/2019. Adaptado.
"Vamos cruzar essa ponte quando chegar­
mos a ela". Mas quem pode dizer quando (e
se) chegar e em que ponte?

Para refletir o texto



@ No início do Texto 1 somos contextualizados a respeito do entrevistado. Quais infor­
mações nos são apresentadas sobre Zygmunt Bauman?
Há uma breve recapitulação de sua produção intelectual e de suas principais teses.
Essas informações são bastante úteis para contextualizar o leitor a respeito do entre­
vistado e do teor da entrevista.

@ O título da entrevista constitui-se por uma citação de uma das afirmações do entre­
vistado. Que efeitos isso produz antes da leitura do restante da entrevista? Por que
esse trecho em especial foi escolhido?
A citação em destaque é emblemática, faz parte da tese do autor e estimula a leitura
do restante da entrevista.

@ Explique a tese do entrevistado no que diz respeito à adjetivação "líquido(a)".


A partir da metáfora da liquidez, o sociólogo defende que tudo muda rapidamen­
te e que as relações interpessoais são modeladas às circunstâncias enquanto há
possibilidade de usufruto - tudo é descartável. Para o sociólogo, vivemos em uma
modernidade líquida, em que não há tempo suficiente para que as relações sejam
pensadas, solidificadas.

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(t De que maneira, segundo o autor, a liquidez tem se revelado nas relações amorosas
e no culto à beleza e às celebridades? E quanto à procura de antidepressivos?
O amor líquido seria válido apenas enquanto houvesse vantagens nisso; as pessoas
seriam descartáveis. Da mesma maneira, cultuar uma perfeição estética e as celebri­
dades que sirvam de modelo, revela uma necessidade de se moldar aos valores de­
sejáveis sob a pena de ser descartado. A procura por antidepressivos é um sintoma
de uma sociedade que precisa ser feliz e realizada, mas que não tem tempo suficiente
para enfrentar e resolver os problemas, algo que vai ao encontro da liquidez das rela­
ções, da sociedade do fast-food.

@ Quais são os aspectos do layout do texto que nos fornecem pistas sobre quem entre­
vista e quem é entrevistado?
Parágrafo único para a apresentação do entrevistado. Formatação diferente para o
par pergunta-resposta, em que há destaque para as perguntas que estão próximo às
respectivas respostas. Indicação do nome do entrevistado e do entrevistador.

(j Quem é o entrevistador? Por que razão seu nome não é marcado da mesma maneira
que o do entrevistado?
Quem realizou a entrevista foi Adriana Prado, mas seu nome não é retomado ao longo
da entrevista. Esta passa a ser guiada pelo nome da revista lstoÉ, personificando-a.

Outras fontes

Entrevista com o vampiro, de Anne Rice.


Este romance começa com um jovem repórter entrevistando
Louis de Pointe du Lac, nascido em 1766 e transformado em vam­
piro por Lestat. Louis conta sua história aos ouvidos atentos do re­
pórter, revelando segredos do mundo dos vampiros.

(so1

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Entrevista: Pedro Bandeira
capazes de habituar seus filhos à leitura, meus leitores, meus livros já se tornaram
o trabalho terá mesmo de continuar restri­ clássicos.
to apenas à escola, ao esforço de nossos CP - Em sua opinião, que tipo de história
professores. Na medida em que nossos verdadeiramente atrai as crianças e os ado­
professores conseguirem aumentar o trei­ lescentes? Os títulos adotados atualmente
namento de leitura de nossos alunos, fa­ nas escolas atendem a essa demanda?
zendo-os ler muito, ler demais, mergulhar Pedro Bandeira - Em arte, só se conse­
na leitura, treinando sua compreensão da gue atingir o público se estivermos preocu­
língua, estaremos aos poucos "fabricando" pados com o que as pessoas pensam, com
um novo tipo de família, menos dependen­ o que elas sentem, o que as faz rir, o que as
te da escola para a formação de nossos faz chorar, o que as desespera, o que as faz
próprios filhos. Hoje, como esperar que acreditar na felicidade e na justiça. Quando
um analfabeto funcional possa interessar uma professora adota um livro escrito pela
seus filhos para a leitura? Ruth Rocha, pela Tatiana Belinky, pela Ana
Maria Machado, pelo Ziraldo ou pelo Pedro
CP - Seus livros fazem e já fizeram muito Bandeira, ela está bem perto de conseguir
sucesso, especialmente entre as décadas de agradar a seus alunos, a mostrar-lhe que
1980 e 1990. Você acha que a realidade dos um livro pode servir-lhes como um espelho
jovens hoje é muito diferente daquela épo­ no qual eles vejam refletidos os seus an­
ca? O tipo de literatura produzida para essa seios, as suas esperanças. Ela estará perto
faixa etária mudou (ou teve que mudar)? de mostrar a seus alunos que ler é gostoso.
Pedro Bandeira - Não, o ser humano não
muda. Meus livros que faziam sucesso na CP - É difícil viver de livros no Brasil.
década 1980 vendem até mais atualmente, Com sua experiência de quase 30 anos de­
porque os sentimentos das crianças e dos dicados à literatura, que conselho daria a
jovens nos quais eles se baseiam, sempre quem está começando e deseja se manter
serão os mesmos. Na década de 1980 do no mercado editorial?
século XX, no século X ou no século XXX, Pedro Bandeira - Escreva sobre o que
uma criança terá medo do abandono, da pensa, o que sente e o que almeja o leitor
solidão, precisará de carinho, temerá ver que você quer atingir. Se você pretender
seus pais se separarem, e um adolescente "ensinar" algo ao seu leitor, se você quiser
sentirá o surgimento da atração pelo outro impor o seu ponto de vista a ele, se você
sexo, sonhará com o adaptar-se ao mundo pretender que o leitor venha a pensar como
adulto, com sua felicidade futura. O pro­ você pensa, o mais provável é que ele aban­
gresso material, o surgimento da Internet done o seu livro e ligue a televisão.
ou da rede social não fizeram com que as
peças de Shakespeare, os poemas de Fer­ CP - Por que você se deixou cativar por
nando Pessoa, os romances de Machado de esse universo infantojuvenil?
Assis ou as histórias de Pedro Bandeira se Pedro Bandeira - Porque eu acredito na
tornassem ultrapassados. Felizmente, pela força da educação para melhorar nosso
compreensão que tenho dos anseios de país. Se eu escrevo para adultos, na cer-

(so3

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No ano de 2006, a Secretaria de Educação de Recife montou um projeto chamado Programa Manuel Bandeira de Forma­
ção de Leitores. Nele os alunos da rede pública recebem livros do autor e os professores, constantemente, recebem for­
mação de como incentivar seus alunos à leitura. Com a ajuda de autores nacionais, como Pedro Bandeira, os professores
têm mais ferramentas para construir uma educação voltada à literatura e formar alunos leitores.

ta só conseguirei alcançar o adulto que já Romeu e Julieta? Ou como poderia Chico


é um bom leitor; se eu conseguir agradar Buarque ter escrito a letra de Com açúcar,
uma criança ou um adolescente com algo com afeto? Se o artista não consegue sentir
que eu escrevi, tenho a chance de construir o que o outro sente, independentemente de
um bom leitor, de fabricar um novo leitor. Ao sua faixa etária, de sua condição social ou
longo dessas três décadas, o que mais me de seu sexo, ele não pode ser um artista.
traz alegria é quando eu leio em carta ou
e-mail algo assim: "Pedro, eu detestava ler, CP - O que o motiva a escrever e em quem
mas depois de ter lido esse ou aquele livro se inspira para criar seus personagens?
seu, passei a apaixonar-me pela leitura". Pedro Bandeira - Como eu disse, sou
Felizmente, sempre recebi e continuo rece­ movido a esperança. No momento em que
bendo confissões desse tipo. eu deixar de acreditar na possibilidade de a
nova geração consertar o que a minha ge­
CP - É possível uma pessoa mais velha ração fez de errado e no momento em que
entender e até mesmo vivenciar os senti­ eu deixar de me inspirar nesse "pessoalzi­
mentos e pensamentos dos mais novos? nho", está na hora de desistir. De quê? De
Pedro Bandeira - A função do artista é escrever? Não, de viver.
compreender o sentimento do outro. Se­ Disponível em: www.conexaoprofessor.rj.gov.br/educacao­
entrevista-00.asp?EditeCodigoDaPagina = 8897. Acesso em:
não, como poderia Shakespeare ter escrito 15/10/2014.

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J Gêneros, Leitura e Análise J
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@ Geralmente, uma entrevista é composta de duas partes: uma introdução e o corpo,
formado por perguntas e respostas. Qual é a finalidade da introdução?
A introdução tem por finalidade apresentar o entrevistado dando, em linhas gerais,
informações sobre sua vida profissional e contextualizar o assunto que será tratado
na entrevista.

@ Segundo Pedro Bandeira, como está o Brasil hoje em termos de leitura?


Apesar de constatar que, nos últimos anos, houve uma queda no número de leitores
e no número de livros lidos anualmente por habitante, Pedro Bandeira diz que o Brasil
lê mais hoje do que em qualquer outra época da nossa história.

@ Observe o modo como o entrevistador faz as perguntas a Pedro Bandeira. Podemos


dizer que a postura do entrevistador revela que ele se preparou previamente? Por
quê?
Sim, uma vez que, ao longo da entrevista, as perguntas não se repetem, e o jornalista
demonstra certo conhecimento sobre o que está sendo tratado.

(t Observe a linguagem empregada pelo entrevistador e pelo entrevistado. Que varieda­


de linguística foi empregada por eles?
Tanto o entrevistador quanto o entrevistado utilizaram a variedade padrão, apropria­
da para o tipo de assunto tratado e para o público leitor.

@ De acordo com Pedro Bandeira, qual deve ser a posição do escritor diante do seu
leitor?
O escritor, ao produzir um livro, deve se preocupar com o que pensa, sente e almeja
o leitor. Nesse sentido, não se deve impor o ponto de vista de quem escreve àquele
ue lê.

(sos

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Entrevista: Ziraldo
desenhou uma pagina dupla da história, putador, brinquedos mais legais, piscina...
usando seu próprio traço. Quando foi con­ Na minha época, não existia nada disso,
cebida, eu não sabia nada da história, foi tínhamos de inventar brincadeiras, tam­
uma surpresa. Só sabia que eu iria aparecerbém era bacana, mas não se compara às
nela, de cabelos brancos e tudo. Assim, o de hoje. Hoje continuo sendo assim, meio
menino e o velhinho maluquinho ganharam maluquinho, fora do padrão. Minha propos­
essa homenagem. ta de vida é um pouco fora do padrão. Sou
apaixonado por esse País, tenho preocupa­
Bigorna - Em que você se inspirou para ção em ajudar para que ele dê certo.
criar o personagem?
Ziraldo - Na época, eu trabalhava com O Bigorna - Seu primeiro livro infantil foi
Pasquim e também fazia muitas capas de Flicts. Como surgiu a ideia de criá-lo?
cadernos escolares e palestras. Numa das Ziraldo - Foi em 1969, quase dez anos
palestras para pais e mestres numa esco­ antes de O Menino Maluquinho. Sou artis­
la, comecei a falar sobre a importância de ta gráfico e sempre quis fazer um livro para
os pais criarem uma criança feliz, sem ficar crianças, mas algo que ninguém tinha pen­
atazanando a sua vida, que o menino tem sando antes. Então, fiz um livro gráfico, iné­
que ser amado, essas coisas. Tenho uma dito, usando essa brincadeira com as cores.
tese de que uma criança feliz vai gerar, no Foi um sucesso. Mas na época não dava
futuro, um adulto legal. Eu estava falando muito para me dedicar a obras infantis, ti­
isso para as pessoas, e me disseram: "Por nha O Pasquim. Quando o jornal começou a
que você não escreve um livro sobre isso?". perder a força, comecei a me dedicar mais a
A princípio, não achei a ideia boa, mas pen­ esses projetos, até que veio O Menino Ma­
sei que poderia inventar uma história para /uquinho, depois de tantos outros.
isso. E, então, em 1980, escrevi O Menino
Ma/uquinho, que mudou minha vida. Bigorna - Qual é o segredo de escrever
para crianças? Existe alguma fórmula?
Bigorna - Qual é o segredo de O Menino Ziraldo - Acho que é você ser o mais
Maluquinho? cúmplice possível delas. Tem de ser o me­
Ziraldo - Acho que tem a ver com a iden­ nos complicado possível e nunca facilitar a
tificação. Toda criança quer ser um pouco O vida do leitor. Eu converso com ele de igual
Menino Maluquinho e todo pai quer ter uma para igual. Os meninos não acham que eu
criança como ele. Meus livros são muito sou um mestre, mas um parceiro.
familiares e lidos muito mais pelos pais do
que pelos filhos. Bigorna - É mais fácil escrever literatura
para adulto ou criança?
Bigorna - Na sua infância, você queria Ziraldo - Sempre defendo que, para uma
ser como ele? criança, ler é mais importante do que estu­
Ziraldo - Evidente. Fui criado no interior. dar, como não poderia achar o mesmo em
Eram bons tempos, e eu não troco ela. Mas relação a todas as pessoas, independente­
prefiro a do meu filho e, principalmente, a mente de sua profissão ou idade? A leitura,
dos meus netos. Hoje as crianças viajam qualquer uma, seja de livros, revistas, jor­
muito, têm tudo na mão, videogame, com- nais e até bula de remédio, é uma viagem

(so1

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que o homem pode e deve fazer em busca poluição das águas, e por aí vai. Quando virei
do seu conhecimento. Os pais não têm ideia autor de literatura infantil, descobri que um
de como é importante a presença da litera­ artista, em um país como o Brasil, acaba fa­
tura, na vida dos seus filhos. Qualquer um, zendo de seu trabalho uma forma de missão.
livros de história, livros que contam casos, Escrever livros para um país sem leitores é
que despertam a curiosidade das crianças meio complicado. Temos que tentar mudar
para a vida, para o mundo. esse panorama. Acho que um dos caminhos
para um país melhor é fazer dele um país de
Bigorna - Com qual personagem você se leitores. E é o que eu tento fazer.
identifica mais?
Ziraldo - Meus personagens, em sua Bigorna - Na sua opinião, como anda o
maioria, são o que em literatura se chama mercado editorial no Brasil para o público
de um compósito. Não há uma mulher igual infantil?
à Professora Maluquinha, por exemplo, as­ Ziraldo - A história em quadrinhos está
sim como não existe um menino exatamen­ ficando cada vez mais cu/t. Antes era mais
te igual ao Menino Maluquinho. São figuras de massa, e hoje é mais para quem gosta.
literárias. E literatura é uma espécie de imi­ Atualmente, tem muita coisa boa para atrair
tação da vida. Quanto melhor a imitação, as crianças, antes só existia a história em
melhor a literatura. Os dois, apenas como quadrinhos para se ler. Quando era menino,
exemplo, foram criados na base de "uma todo mundo lia quadrinhos. As crianças es­
porção de coisas que eu sei deles". As his­ peravam as edições como se espera o Mes­
tórias da Professora Maluquinha, por exem­ sias. Hoje não, estamos em contato com o
plo, são, na sua maioria, verdadeiras. Cada mundo permanentemente, e o quadrinho é
uma delas acontecida com um professor apenas mais uma opção. Os quadrinhos,
ou professora diferente. Criei um montão na minha infância, eram uma janela para o
de personagens, mas sou mesmo parecido mundo, eram o único contato que se tinha
é com a Supermãe, com certeza! Eu sou a com a leitura.
verdadeira Supermãe, tenho muito dela ou
ela de mim, como preferir. Bigorna - Em que projeto está trabalhan­
do atualmente?
Bigorna - Qual é a sua grande responsa­ Ziraldo - Estou fazendo várias coisas.
bilidade social como escritor? Mas me dedicando a uma coleção de livros
Ziraldo - No Brasil, tudo está por ser fei­ que inclui O menino da Lua. Serão dez vo­
to, então é preciso ter cuidado com o que se lumes, por enquanto. Então, teremos, por
faz e se diz. Não se pode mentir ou enganar, exemplo, o menino de Marte, de Júpiter, de
pois se está falando com pessoas que estão Mercúrio... É como se fosse possível você,
ainda criando um país. A responsabilidade em vez de visitar seu amiguinho em outro
do cidadão existe como ser humano, e não bairro, visitá-lo em Mercúrio, e cada um
especificamente como escritor. Eu sempre desses meninos terá um temperamento di­
carreguei bandeiras, como contra a ditadura ferente. E agora estou desenvolvendo essa
militar, o Fernando Henrique, o Bush, a glo­ série. Vai ser bem legal.
balização, a corrupção, o desmatamento, a Disponível em: https://www.bigorna.net/index.php?secao = entrev
istas&id = l 145418920. Acesso em: 25/06/2019. Adaptado.

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Para refletir o texto

@ De que forma Ziraldo passou a escrever livros infantis?


Na época da ditadura militar no Brasil, Ziraldo fazia charge política em O Pasquim.
Com o período de democratização, a crítica política não fazia mais sentido, o que o
fez ter a ideia de escrever O Menino Maluquinho, obra que, como o próprio Ziraldo
afirma, transformou-o em escritor de livros infantis.

@ Como surgiu o personagem O Menino Maluquinho?


Acreditando na ideia de que um menino feliz será um adulto legal, Ziraldo pensou em
um personagem que tivesse uma criação feliz, sem que os pais atazanassem sua
vida. Assim surgiu o livro O Menino Maluquinho, que, de acordo com Ziraldo, mudou
sua vida.

@ Segundo Ziraldo, que importância tem a leitura na vida das crianças?


A leitura, além de permitir ao homem a busca do seu conhecimento, desperta a curio­
sidade das crianças para a vida, para o mundo.

@ Ziraldo afirmou que a "[...] literatura é uma espécie de imitação da vida". O que ele
quis dizer com isso?
Ziraldo quis dizer que a literatura procura criar situações e personagens o mais pró­
ximos possível da realidade. Para isso, ele usa a expressão compósito ao se referir
aos seus personagens, os quais, por mais que se pareçam com seres humanos, são
apenas figuras literárias.

@ Qual a função social do artista, de acordo com Ziraldo?


De acordo com Ziraldo, no Brasil, o artista faz do seu trabalho uma missão de vida,
levantando bandeiras contra todo tipo de coisas que nos causam perturbação. O car­
tunista, depois de ter se tornado escritor infantil, pensa que o ideal é fazer do Brasil
um país de leitores.

(sog

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Instagram é considerada a pior rede social
para saúde mental dos jovens, segundo
pesquisa
A pesquisa afirmou que "as redes sociais lnstagram e outras redes tomarem", disse.
podem estar alimentando uma crise de saú­ "Mas também é importante reconhecer
de mental" entre jovens. No entanto, ela tam­ que simplesmente 'proteger' jovens de al­
bém pode ser usada para o bem, segundo o guns conteúdos jamais será a solução to­
estudo. O lnstagram, por exemplo, teve um tal". Ele disse que os jovens precisam enten­
efeito positivo em termos de autoex ressão der os riscos de como eles se comportam na
e autoidentidade, segundo a pesquisa. Internet e devem aprender como reagir a
Cerca de 90% dos jovens usam redes "conteúdos nocivos que escapam dos filtros".
sociais - mais do que qualquer outra fai­ Michelle Napchan, chefe das políticas do
xa etária -, o que os torna especialmente lnstagram, disse que "manter a solidarieda­
vulneráveis a seus efeitos, apesar de não de e segurança do lnstagram como um local
estar exatamente claro quais seriam estes onde as pessoas se sintam à vontade para
no momento. [...] se expressar é a nossa maior prioridade -
A pesquisa online fez uma série de per­ especialmente em relação aos jovens".
guntas sobre o impacto das redes YouTube, "Todos os dias, pessoas em todas as
lnstagram, Snapchat, Facebook e Twitter partes do mundo usam o lnstagram para
em termos de saúde e bem-estar. Os parti­ compartilhar sua própria jornada de saú­
cipantes da pesquisa deveriam avaliar cada de mental e conseguir apoio no lnstagram
plataforma em 14 tópicos relacionados aos quando e onde eles precisarem".
temas. "É por isso que trabalhamos em parceria
Com base nessas avaliações, o YouTube com especialistas para dar às pessoas as
foi a rede com o impacto mais positivo informações e ferramentas que elas pre­
em termos de saúde mental, seguido por cisam para usar o aplicativo, inclusive so­
Twitter e Facebook. Snapchat e lnstagram bre como denunciar conteúdo, conseguir
tiveram as piores pontuações. [...] apoio para um amigo que lhes preocupa ou
Tom Madders, da organização de saú­ contatar diretamente um especialista para
de mental YoungMinds, disse que as reco­ pedir conselhos sobre como lidar com um
mendações podem ajudar muitos jovens. problema".
"Aumentar a segurança nas redes sociais Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/
geral-40092022. Acesso em: 24/07/2018.
é um passo importante que pedimos para

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Como os jovens usam as redes sociais?
(s13

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IS MIRG(NS DO (NT(ND(R
llU[M DIZ O llU[ Í NOTÍCIA,
LILIAN[ mTOZI
Editor: Lécio Cordeiro.
Projeto gráfico, editoração eletrônica e ilustrações: Box Design Editorial.
Capa: Felipe Moura.
Ilustração da capa: Cadu Loureiro.
Revisão de Texto: Suélen Franco.

Coordenação editorial:
P2AZE1t
���
Avenida Doutor Rinaldo de Pinho Alves, 2680
CEP: 53411-000-Paratibe-Paulista/PE
Te!.: (81) 3447.1178
CNPJ: 14.605.341/0001-03

r-;:eram-se todos os esforços para localizar os detentores dos direitos dos t�


os contidos neste livro. A Editora pede desculpas se houve alguma omissão
I :
L
em edições futuras, terá prazer em incluir quaisquer créditos faltantes. j

A,; palavras destacadas de amarelo ao longo do livro sofreram modificações com o novo Acordo Ortográfico.

F311a Feitoza, Liliane


Â.5 margens do entender : quem diz o que é notícia? : 6° ano : ensino
fundamental / Liliane Feitoza.- Recife : Prazer de Ler, 2019.
48p. : il.

Inclui referências.

1. COMUNICAÇÃO NA EDUCAÇÃO- ENSINO FUNDAMEN­


TAL. 2. COMUNICAÇÃO DE MASSA-LINGUAGEM-ESTUDO
E ENSINO. 3. JORNALISMO-LINGUAGEM-ESTUDO E ENSINO.
4. RADIOJORNALISMO-ASPECTOS SOCIAIS. 5. TELEJORNA­
LISMO-ASPECTOS SOCIAIS. 6. NOTÍCIAS INTERNACIONAIS-
ASPECTOS SOCIAIS. 7. MIDIA (PUBLICIDADE). I. Título.

CDU 37
PeR- BPE 19-78 CDD 370

ISBN: 978-85-8168-701-8
Impresso no Brasil
Reprodução proibida.
Art. 184 do Código Penal e Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998.

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Os jornalistas são personagens muito populares em filmes e desenhos. Com frequência, as­
sistimos a programas em que esses profissionais aparecem investigando algum acontecimento
obscuro, denunciando fraudes ou mesmo revelando problemas sociais.
Mas além das situações polêmicas e sensacionais, o jornalismo também informa sobre aconte­
cimentos do cotidiano. As notícias, por exemplo, podem nos informar sobre a previsão do tempo
e nos ajudar a saber se devemos ou não levar um guarda-chuva ao sairmos de casa, podem nos
deixar a par das atrações culturais que ocorrerão no fim de semana e dos acontecimentos políti­
cos ou econômicos que envolvem o lugar onde vivemos.
Neste livro, falaremos sobre os diversos assuntos de que as notícias tratam, indo dos mais
surpreendentes aos mais comuns, com a intenção de entender melhor as margens que separam
o que é notícia do que não o é. Para isso, nos voltaremos para alguns conceitos, conheceremos
antepassados da notícia e exploraremos algumas características dos nossos pensamentos.
Vamos iniciar uma viagem cheia de histórias, algumas reais, outras inventadas, mas todas
úteis para praticar nossos conhecimentos sobre as notícias. Ao fim, não seremos jornalistas ou
especialistas, mas estaremos prontos para questionar os acontecimentos à nossa volta, levantando
outros pontos de vista. Também entenderemos que, mesmo existindo muitas forças influencian­
do a decisão do que será notícia, não podemos deixar de reivindicar espaço para que as diversas
vozes, inclusive a nossa, sejam representadas.
As notícias, portanto, podem falar de diversos assuntos, mas devem representar a todos nós.
Boa leitura!

Dedico este livro aos estudiosos e visionários de um jornalismo para o desenvolvimento.

Liliane Feitoza

(s1s

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'
As margens do
entender:
quem diz o que é
not'cia?

Imagine que certo dia você e seu irmão ou sua irmã estavam sozinhos em casa durante uma tarde
comum. Na verdade, a tarde era até bastante monótona, pois vocês não tinham trabalho da escola
nem qualquer outra atividade para realizar. Em busca de algo que ajudasse a passar o tempo, vocês
decidiram filmar a casa, como se estivessem construindo um pequeno filme, literalmente caseiro.
Ao se aproximarem da janela, vocês notaram algo estranho no prédio vizinho. A partir daí, não só a
atenção dos dois, mas também a câmera do celular, voltaram-se totalmente para a situação atípica.
De início, vocês perceberam uma chama não muito grande, mas depois, com um pouco mais
de atenção, notaram a chama aumentar e que algumas pessoas corriam, tentando deixar o prédio.
Vocês continuaram filmando, tentaram observar por outras janelas e filmar o incêndio por outros
ângulos. Conforme o tempo passava, o pouco de fogo e a fumaça transformaram-se em um incêndio
de proporções consideráveis, ocorrendo, inclusive, algumas pequenas explosões.

516 Às margens do entender: quem diz o que é notícia?

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Só diante das explosões, vo­
cês atentaram para o fato de
que era necessário alertar o cor­
po de bombeiros a fim de que o
fogo fosse combatido. Por isso,
um de vocês ligou enquanto o
outro continuava a filmar. Nes­
se vídeo caseiro, vocês acompa­
nharam o desenvolver do caso,
desde o princípio até a chegada
dos bombeiros, que encontra­
ram uma situação já crítica.
Vocês não poderiam ima­
ginar enquanto o fato ocor­
ria, mas o incêndio filmado se
transformou no assunto mais
comentado da sua cidade du­
rante as semanas seguintes.
Graças ao horário, o prédio
não estava com a sua ocupação
habitual. Ninguém morreu,
mas uma grande quantidade de
pessoas se feriu, tanto por causa o vídeo amador feito por vo­ dia monótono e tranquilo, o
do fogo quanto pelo desespero cês ter despertado o interesse vídeo que vocês fizeram certa­
típico de situações como essa, da imprensa. Depois de vocês mente não despertaria muito
fazendo com que muitas pes­ postarem trechos do conteú­ interesse e, se ainda assim ti­
soas se machucassem na tenta­ do em uma rede social e esse vesse sido postado da mesma
tiva de deixar o prédio com ra­ material receber muitos com­ forma e na mesma rede social,
pidez. Além disso, um grande partilhamentos e comentários, certamente receberia menos
número de famílias perdeu seus jornalistas chegaram até vocês atenção do que recebeu. Di­
bens e ficou sem poder voltar não só para obter autorização ficilmente alguém afirmaria o
para casa. para retransmitir o conteúdo, contrário sobre isso, mas nosso
Não é difícil entender o no caso de jornalistas que tra­ interesse, nesse início de con­
motivo de esse acontecimento balham em emissoras de tele­ versa, é começar a pensar no
ter interessado a tantas pes­ visão e para web jornais, mas porquê. Em outras palavras,
soas e tantos jornalistas, que também para conversar com por que concordamos que um
passaram a produzir notícias vocês sobre tudo o que acom­ vídeo sobre a nossa casa seria
a respeito do incêndio, das fa­ panharam, afinal vocês foram menos interessante do que um
mílias, da atuação dos bombei­ observadores privilegiados, que vídeo sobre um incêndio?
ros, da investigação da perícia acompanharam todo o desen­ Talvez lhe pareça bobo fazer
e até do que fazer em situações rolar da trama. uma pergunta como essa, mas
como essa. Também não é di­ Se a tarde tivesse continua­ explorar as razões pelas quais
fícil compreender o motivo de do como começou, mais um afirmamos com tanta certeza

(s11

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que o vídeo do incêndio tem mais chances de poderiam despertar o interesse de jornalistas dos
despertar interesse é o motivo de termos come­ que seriam insignificantes para eles. Essa afir­
çado toda essa narrativa. Separando razões, po­ mativa não quer dizer que as pessoas conhecem
demos dizer que o vídeo do incêndio envolve tão bem o tema de todas as notícias quanto os
uma quantidade maior de pessoas, ao contrário jornalistas nem que esse conhecimento das pes­
do vídeo da casa, que envolveria apenas você e soas é aplicável a todas as temáticas. Para deixar
seu irmão ou sua irmã. Também podemos afir­ mais claro o que queremos dizer, vamos a alguns
mar que o vídeo do incêndio envolve uma si­ exemplos.
tuação atípica, tensa, que ainda inclui o drama Pense que, em uma competição na sua escola,
de pessoas que se feriram ou se prejudicaram, você vai disputar a prova dos 100 metros rasos,
também há ação, conflito e imagens impressio­ isto é, vai disputar com outros estudantes quem
nantes. Tudo isso, que está presente na situação consegue correr 100 metros com maior rapidez.
do incêndio, falta no vídeo sobre a casa. Se você for campeã ou campeão dessa prova,
Mesmo que você nunca tenha feito um exer­ isso certamente despertará o interesse dos seus
cício como esse, de se perguntar por que algo colegas de turma e das pessoas da escola, mas
é importante e algo não é, duvido muito que dificilmente esse assunto será abordado em uma
os motivos que apresentei tenham feito pouco notícia de jornais da sua cidade ou estado, no
sentido para você. Pensando um pouco sobre o máximo ela interessará ao jornalzinho da sua es­
assunto, a maior parte das pessoas não encon­ cola. Entretanto, se, ao observar o seu tempo, o
trará dificuldade em separar alguns assuntos que professor de educação física perceber que você

518 Às margens do entender: quem diz o que é notícia?

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quebrou o recorde nacional na prova, aí sem dúvidas o assunto
interessará não só a veículos de comunicação da sua cidade e es­ A mídia
Quando falamos em mídia,
tado, mas também a jornalistas de veículos de peso nacional, que
estamos nos referindo a
aparecerão interessados em saber de você. todo o conjunto de meios
Já em outro exemplo, imagine que um dos seus professores ou de comunicação de que
dispomos. O termo vem
dos seus colegas de turma tropeçou e caiu nas escadas em frente à
da pronúncia em inglês da
sua escola: esse acontecimento cotidiano não atrairia a atenção de palavra media, o plural de
profissionais da mídia. Porém, se no lugar dos seus companheiros medium, que significa meio.
Assim, mídia seria o plural
de escola, tivesse caído a governadora do estado, que estava na sua
de meio, justamente porque
escola em uma visita para falar sobre a acessibilidade dos colégios ela designa todo um sistema
para alunos com dificuldade de locomoção, com toda a certeza composto de diversos meios.
esse assunto atrairia repórteres.
Assim como no caso do incêndio, você pode listar uma série de Hadrian/Shutterstock.com

motivos capazes de justificar por que um acontecimento interessa


aos jornalistas mais do que outros. No primeiro caso, o da cor­
rida, o interesse por uma simples competição escolar se justifica
pela existência de um recorde e pelo teor excepcional e inusitado
de a marca de um atleta profissional ser superada por uma criança
amadora no esporte. No segundo, o que faz uma simples queda
ser interessante é a notabilidade da pessoa que cai: não era um es­
tudante ou um professor que passou distraído, mas uma autorida­
de pública e, ironicamente, ao se propor a tratar de acessibilidade.
O que é importante fixar, nesse começo de conversa e após
todos esses exemplos, é que existem margens que separam fatos
com maiores e menores chances de atrair a atenção de jornalistas
e de se transformar em notícia. Além disso, o conhecimento do
que é interessante ou não para ser retratado não é um privilégio
exclusivo dos jornalistas, ou seja, outras pessoas também possuem
conhecimentos que se aplicam a essa identificação.
Mas de onde vêm esses conhecimentos? Ou seja, quem estabe­
lece ou estabeleceu as margens que separam o que é ou não inte­
ressante e importante a ponto de ser divulgado para uma grande
quantidade de pessoas? Esse pequeno livro é um convite a um
passeio histórico e sociológico em contato com acontecimentos
considerados importantes, a fim de pensar e questionar não só a
origem de algumas noções, mas também a sua manutenção.
Pela frente, estão histórias diversas que serão dissecadas e ana­
lisadas de formas distintas, como foram os exemplos por que
O jornal mais antigo do mundo
passamos. Mas, em todas essas histórias e análises, pensaremos
ainda em circulação é o holandês
sobre essas margens, questionaremos essas importâncias e am­ Haarlems Dagblad, fundado em 1656.
pliaremos as dimensões do nosso entendimento das novidades Atualmente o jornal alemão Biúl
(imagem), fundado em 1952, é o
que nos cercam.
maior em circulação do Ocidente.

(s19

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Uma senhorinha idosa interessada em tudo muitas vezes aparece em livros de história ou fil­
quanto é novo. Pode parecer que não, mas essa é mes, por serem um elemento interessante para re­
uma forma possível de descrever as notícias que tratar a imprensa da época.
nos cercam. Talvez seja difícil imaginar a notícia Continuando com os filmes, também é possí­
como uma pessoa mais velha, afinal de contas ela vel ver neles antigas marcas da existência da no­
está sempre envolvida com as maiores novidades, tícia, isso porque há muito tempo o jornalista,
interessada em descobertas e atenta ao que aca­ como personagem, e o seu trabalho frequentam
bou de acontecer. Além disso, diferentemente das as telas do cinema. Pense em filmes que você co­
senhorinhas do nosso tempo, que costumam se nhece e dos quais gosta que possuem jornalistas
envolver mais timidamente com recursos tecnoló­ como personagens. Parando para refletir sobre
gicos, ela pode até apresentar alguma resistência, isso, encontraremos muitas referências, pois a fi­
mas logo se adapta às novas tecnologias. gura do jornalista destaca-se das tramas políticas
Hoje a notícia está nas redes sociais, nas pági­ aos filmes de super-heróis, sendo, muitas vezes,
nas de Internet, nos serviços de mensagem instan­ eles mesmos (os jornalistas, os jornais e as notí­
tânea para celulares, mas tudo isso sem abandonar cias) os assuntos de que tratam os filmes.
os velhos espaços: a notícia não deixou de fre­ O simples conhecimento dessas ocorrências já
quentar jornais impressos, de passear pelas ondas nos prova que, mesmo se ocupando de aconteci­
do rádio ou de se propagar em imagens vibrantes mentos atuais, as notícias não são algo novo. Mas
pela televisão. a verdade é que mesmo essas lembranças remotas,
O fato é que não é de hoje que essa senhora, como os garotos dos séculos XIX e XX e alguns
a Dona Notícia, propõe-se a informar as pessoas. filmes antigos e clássicos, não são os eventos mais
Tanto é assim que ela deixou marcas por lugares antigos aos quais podemos associar as notícias,
onde passou. A imagem de garotos muito jovens principalmente se expandirmos seu significado.
gritando "Extra! Extrà' e lendo as principais man­ Podemos perceber as notícias a partir de dois
chetes do momento para vender jornais talvez não sentidos distintos. Por um lado, ela pode ser vista
seja estranha para você. Essa situação era comum como um produto resultante do trabalho de jor­
no final do século XIX e início do século XX e nalistas, ou seja, como algo que o jornalista faz no

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wik.ipedia.org
os interesses pela novidade que existiu antes das
notícias, podemos entender melhor os que passa­
ram a existir a partir dela.
. Historicamente, é difícil apontar uma data de
O mi_1!!1
·- --WN11
.. ::� AS llFJ;ti°DE nascimento para qualquer uma das duas, ainda
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...... ,,,,,..w.... �-
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.. .....i-.. assim podemos fazer um esforço de localizá-las
..._. �••··�·
...................ici,oo ..........

em determinados períodos. A notícia-produto


....................
.....-..udltl&Jol•
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- depende da existência de uma imprensa, que só
...a,w..
.. -1o1a,,,_
-­.
_..._..-,i..i.
pôde passar a existir depois da invenção da pren­
_..
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...,...,.... _Jo,
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...... �...,...... ..,_...,..
sa de tipos móveis no Ocidente, o que aconte­
_

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olli_l.11_ ... ,..
ceu por volta dos anos 1450, e da circulação de
r.:�11�r:.__
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................!e.....

m�;1��t::::c:!ê�=
jornais ou boletins semelhantes a eles (boletins
manuscritos circulavam em cidades alemãs nos
fins do século XV, e os primeiros jornais mo­

�...:.=--· .�,� dernos começaram a surgir na Europa no início


::..:..�::: do século XVII). Assim, mesmo que essa notícia
;:";!-.

........-- não nos diga precisamente quantos anos tem,


,.--,;,; ...
=..-Ti::�·

;� :�"
,___,. podemos assegurar que ela já cumpre seu ofício

-��
.......
há mais de 400 anos.

-
l:oo. .. Já a notícia-novidade pode olhar para essa ida­
de com desdém, ou seja, ela pode fazer pouco­
A primeira capa do jornal Folha de S.Paulo, fundado em -caso desses 400 anos e chamar a notícia-produto
1921 com o nome Folha da Noite. É importante perceber de criancinha, uma vez que já viveu muito mais
a antiga estética do periódico, sem a utilização de imagens,
do que isso. Alguns autores, como o pesquisador
como é mais recorrente hoje em dia. A Folha é um dos
jornais de maior circulação no Brasil atualmente. Mitchell Stephens, falam de uma "vocação huma­
na para comunicar o que é novo"; outros, como
dia a di;] do seu trabalho. Mas, por outro, pode ser o português Jorge Pedro Sousa, afirmam que, por
entendida como uma novidade. Quando alguém necessidade, entretenimento ou por desejo, as ori­
diz: "Ontem li uma notícia sobre esse assunto", gens da disseminação de novidades remontam aos
provavelmente se refere à notícia no primeiro sen­ primórdios da humanidade. Nas obras desses dois
tido, como um produto jornalístico, que poderia pesquisadores do jornalismo, está a afirmação de
estar em um jornal impresso, em uma revista ou que as novidades são tão antigas quanto é a comu­
numa página de Internet, esperando para ser lida. nicação humana.
Já quando perguntamos "Tem alguma notícia da Antes do nascimento da notícia, nossa jovem
sua irmã?", não estamos querendo saber se uma senhora de mais de 400 anos, muitas outras for­
empresa jornalística produziu conteúdos sobre a mas de divulgar novidades existiram. Adiante vi­
irmã da pessoa, mas se há novidades sobre ela. sitaremos alguns desses antepassados, na tentativa
A notícia como produto do trabalho jornalís­ de aprender com eles e de entender de onde as
tico é exatamente do que queremos tratar, mas notícias herdaram algumas características. Mas,
não podemos deixar de considerar a notícia como antes disso, vamos falar um pouco mais sobre as
novidade, e há dois motivos para isso. Primeiro, notícias-produto e, principalmente, sobre o que
porque as novidades são como antepassados das elas consideram importante.
notícias atuais e, segundo, porque, olhando para

(s21

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Da prensa à Como funcionava
imprensa a prensa móvel
Como falamos acima, a notícia-produto 1. Os caracteres eram gravados em pecinhas
tem suas origens muito ligadas a outra senho­ metálicas, inúmeras, agrupadas em caixas.
rinha, muito familiar a todas nós: a imprensa. 2. Em um bloco de metal, chamado ma­
Mas quem é essa senhora e por que ela foi tão triz, essas peças eram organizadas com­
importante para o desenvolvimento da notí­ pondo textos, com os caracteres (tipos)
cia-produto? sequenciados formando palavras e, entre
Atribui-se a Johannes Gutenberg a criação elas, os devidos espaços. Com as palavras
de uma técnica de impressão que revolucionou em sequência, a página era "diagramadà'
o mundo: a prensa de tipos móveis. A técnica como se fosse um jogo de encaixe: peça
de imprimir formas e caracteres gravados em por peça era disposta na placa.
relevo já existia no Oriente, mas ele criou tipos 3. Com um tecido, uma tinta era aplicada
móveis mais resistentes e duradouros. Com nos tipos móveis.
a tecnologia de Gutenberg, os tipos móveis 4. Sobre a matriz, colocava-se a superfície
(letras, números e outros caracteres) eram or­ de impressão, que poderia ser um papel,
ganizados em uma placa metálica compondo tecido ou pergaminho.
textos e, ao absorverem a tinta, gravavam-nos 5. Uma espécie de prato era "prensadà' so­
no papel. A partir dela, os textos passaram a ser bre a superfície de impressão, fazendo
mais rápida e facilmente reproduzidos (imagi­ com que a página "diagramadà' na ma­
ne escrever à mão várias páginas de um livro), triz fosse gravada nessa superfície.
inclusive as notícias. Impressas, as notícias pu­ 6. Pronto, estava impressa a página, certo?
deram circular com maior regularidade, dando Não exatamente! Quando esse processo
origem à imprensa, nome que deriva desse ar­ terminava, a página era verificada (uma
tefato, a prensa. espécie de "revisão de texto") e, se fos­
Hoje, o termo imprensa é usado para de­ sem identificadas falhas, os caracteres
signar toda a estrutura formada por profissio­ eram reorganizados na matriz. Quan­
nais, veículos de comunicação e ferramentas do a página era aprovada, aí o processo
utilizadas no exercício do jornalismo, incluin­ se repetia, gerando diversas cópias. E
do impresso, radiofônico, audiovisual, etc. assim eram feitos, página a página, os
Tudo isso porque a tecnologia de Gutenberg impressos.
foi uma grande incentivadora para que a notí­
cia-produto, inicialmente na forma impressa,
ganhasse o mundo e se tornasse indispensável.

O alemão Johannes Gutenberg


� Escaneie o QR CODE
(1398-1468), criador da prensa de
tipos móveis no Ocidente. Sua tecno­
logia possibilitou a disseminação de
ideias, informações e conhecimentos,
por isso o surgimento da prensa mar­
cou o início de uma revolução.

10

522 Às margens do entender: quem diz o que é notícia?

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do que
■ ■

vai virar

Não é preciso pensar muito


notícia
há espaço suficiente para todos importante, o tempo. Além de
para compreender que o traba­ nas mídias tradicionais; os pro­ ter de escolher entre uma infi­
lho de selecionar os fatos que gramas jornalísticos na televisão nidade de acontecimentos e ter
serão transformados em no­ e no rádio têm sempre a mesma de falar sobre uma variedade de
tícia não é uma tarefa fácil. O duração, e os jornais impres­ temas, o jornalista precisa fazer
primeiro desafio nesse caminho sos também costumam ter um tudo muito rápido. Como já
está no espaço limitado. Agora número constante de páginas. dissemos, a Dona Notícia só se
mesmo, por todo o mundo, as­ Ainda que na Internet o pro­ interessa pelo que é novo. Ela
sim como pelo nosso país, mi­ blema do espaço seja, em tese, não só deixa de se importar com
lhares de acontecimentos estão superado, não há limite de ta­ acontecimentos que considera
se desenrolando, e os jornalistas manho para os sites, não dá para ultrapassados, mas também tem
não têm como dar atenção a to­ falar sobre tudo, pois não há pouca paciência para esperar.
dos eles, então necessariamente jornalistas suficientes para exe­ Essa senhorinha deseja que tudo
escolherão alguns. cutar essa ambiciosa tarefa. fique pronto o quanto antes.
É preciso escolher, pois não Ainda existe outro empecilho Tudo isso faz com que o tra-

11

(s23

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balho do jornalista seja uma correria constante, entre um universo
de escolhas e uma fresta de tempo. Mas é importante fazer um
esclarecimento: mesmo que um jornal possuísse espaço ilimitado,
inúmeros jornalistas e uma capacidade de parar o tempo a fim de
agradar a nossa senhorinha apressada, ainda assim ele faria escolhas,
ou seja, ainda assim ele não produziria notícias sobre tudo.
Isso acontece porque nem tudo é considerado interessante a
ponto de ser transformado em notícia. Falamos sobre isso no nosso
começo de conversa e saímos de lá com duas certezas: de que há
margens separando fatos que tendem a interessar mais ou menos e
de que o conhecimento do que é interessante não é um saber exclu­
sivo dos jornalistas.
Saindo desse ambiente hipotético e pensando no trabalho coti­
diano dos jornalistas, podemos voltar a pensar no quanto é desafia­
dor precisar escolher entre uma diversidade de informações, saber
abordar temas muito diferentes (o interesse da notícia vai da vida
política e econômica à arte mais abstrata, passando pela mais preci­
sa e complexa descoberta científica) e fazer isso em um curto espaço
de tempo. Essa seria uma missão praticamente impossível se, ao
longo do tempo, os jornalistas não fizessem uso de algum auxílio.
O auxílio em questão são saberes que os jornalistas apreendem
e utilizam com facilidade. Eles ajudam os profissionais a lidar com
a diversidade e a fazê-lo com rapidez. Os estudiosos em jornalismo
chamam esses auxílios por alguns nomes. Há quem os chame de "cri­
térios de escolha das notícias", "atributos de relevâncià', "elementos
É inegável que os conflitos tanto da notícià', "valores informativos", entre alguns outros. Aqui, neste
nacionais como internacionais estão nosso trajeto, os recursos serão chamados de valores-notícia.
entre os temas mais noticiados.
De maneira resumida, os valores-notícia são regras práticas e fle­
A Primavera Árabe, por exemplo,
iniciada em 2011, ainda tem sido xíveis que guiam os procedimentos, dizendo para os jornalistas o
pauta dos veículos de comunicação e que interessa à notícia. É como se o valor-notícia fosse um velho
ganha destaque sempre que um fato
amigo da notícia - daqueles amigos que não têm medo de dizer o
novo acontece. Na imagem, protesto
no Egito em 2013. que o outro vai ou não gostar -, que não só auxilia os repórteres
a escolherem o que agradaria à nossa senhorinha, mas também a
agradar a sua grande pressa. Ele ajuda a selecionar o que é relevante
e merece ser noticiado.
Esse velho amigo, o valor-notícia, é de fato velho. O primeiro
enredo formal, ou seja, a primeira lista sobre o que priorizar na
hora de selecionar os acontecimentos foi produzida na Alemanha,
em 1690. Nesse período, o nome valor-notícia ainda não havia sido
criado; mesmo assim, os jornais (que já existiam) precisavam que a
seleção dos acontecimentos mais importantes acontecesse.
Nessa primeira lista, produzida por um importante estudioso
do jornalismo chamado Tobias Peucer, são exemplificadas situações

12

524 Às margens do entender: quem diz o que é notícia?

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que ajudam na compreensão do what's news), no qual também tecimentos inesperados e inco­
que deve ser lembrado. Para ele, apresentou a sua lista. Para ele, muns. A normalidade também
entre o que deveria ser prioriza­ os jornalistas devem identificar pode ser rompida por conflitos
do, estavam, em primeiro lugar, nos fatos alguns dos seguin­ ou controvérsias, fazendo com
fatos muito excepcionais, como tes atributos, para garantir que que estes também interessem aos
monstruosidades, obras ou eles merecem ser selecionados profissionais da mídia. Por fim,
acontecimentos fantásticos ou e transformados em notícia: os ele destaca que serão mais inte­
mesmo trágicos, fossem eles na fatos deveriam envolver uma ressantes os acontecimentos que
arte, na ciência ou na natureza. grande quantidade de pessoas, estiverem próximos do público
Em segundo lugar, estariam os tratar de algo que impactas­ do jornal, seja geograficamente,
assuntos envolvendo o Estado e se toda a nação ou que fosse seja pela similaridade cultural.
os governos: guerra e paz, suas do interesse coletivo. Também Pronto, agora que temos
motivações, detalhes sobre bata­ poderiam ser selecionados os acesso a três listagens distintas,
lhas e estratégias, leis, nascimen­ fatos que envolvessem pessoas cada uma produzida em mo­
to e morte de personalidades de destacada posição social/hie­ mentos diferentes, podemos
políticas ou célebres, cerimônias, rárquica. Ele acrescenta que as aprofundar o nosso entendi­
entre outros. Finalmente, tam­ notícias devem priorizar o que é mento do que é notícia agora e
bém deveria ser do interesse da novo e o que não é banal e co­ do que foi em outros tempos. A
notícia a religião e suas questões, tidiano. Para entreter as pessoas, primeira lista, produzida no sé­
a exemplo de novas seitas, seus as notícias podem incluir atos culo XVII, está inserida em um
dogmas, rituais e fundadores, heroicos, anedotas e histórias período de conflitos religiosos e
obras lançadas, disputas cientí­ que interessem pelo drama ou de amplo desenvolvimento da
ficas, relação com a natureza e pela emotividade que possam ciência; a que foi produzida na
cidadania, instituições religiosas, despertar. segunda metade do século XX,
como as igrejas, entre outros. A lista seguinte foi produzida em 1979, havia passado pelo
É interessante notar que esse no ano de 2005 pelo pesquisa­ drama de duas guerras mun­
conjunto de situações-exemplo, dor português Nelson Traquina, diais e pela descrença na notí­
mesmo tendo sido escritas em a partir do estudo das listas de cia como algo independente da
1690 continuam sendo, em valores-notícia de outros autores, história e da sociedade; a última
grande parte, semelhantes às gerando os itens a seguir e alguns das listas, produzida no início
situações que na atualidade são outros, preocupados mais com o do século XXI, já estava inserida
priorizadas para a produção das formato do que com conteúdo. em um mundo de informações
notícias. Vamos apresentar mais Para ele, sobre o conteúdo, os já bastante modificado pela In­
duas listas de valores-notícia, jornalistas devem estar atentos ternet.
que poderiam ser mais dez ou ao tempo, trazendo novidade; Ainda que em cada uma das
20, graças à grande quantidade devem ainda privilegiar o que in­ listas possamos identificar dife­
existente, e nelas vamos buscar teressa a uma grande quantidade renças, não é possível deixar de
semelhanças. de pessoas ou o que se referir a notar as semelhanças. Para os
Em 1979, um importante figuras notórias na sociedade. Os três autores, os jornalistas de­
estudioso do jornalismo chama­ jornalistas ainda devem prestar vem estar atentos ao que é novo
do Herbert Gans publicou um redobrada atenção ao que abala e diferente e ao que atinge uma
livro chamado Decidindo o que a normalidade, como mortes, grande quantidade de pessoas.
é notícia (em inglês, Deciding infrações e escândalos ou acon- Devem ainda focalizar pessoas

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(s2s

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notórias, como governantes ou membros da elite, alguns valores e convidar você para avaliarmos
e se afastar de tudo que seja comum e corriqueiro. juntos alguns acontecimentos. Vamos desempe­
Ao contrário disso, interessa para ser selecionado nhar parte do papel dos jornalistas e justificar
o que for incomum, desviante e que de alguma por que alguns fatos possuem noticiabilidade,
forma rompa com o cotidiano. ou seja, merecem ser notícia.
A partir dessas e de outras listagens, elabo­ Para facilitar nossa vida, nossos valores-notícia
ramos um pequeno quadro de valores-notícia. serão divididos em categorias, conforme o quadro
Dizendo de maneira mais simples, vou propor a seguir:

e Impacto J Quantidade de pessoas


Grandes dimensões
Interesse nacional

e Surpresa J Incomum
Raro
Imprevisível
Excêntrico
Inesperado

e Conflito�
Rivalidade
Guerra
Controvérsia
Briga
Disputa
Discórdia

e Descoberta J Inovação
Invenção
Pesquisa
Progresso
Inédito

Líderes governamentais Famosos


Grau hierárquico Elite
Notoriedade Culto ao herói

Humor Suspense
Geresse huma� Curiosidade Drama
Confidência Entretenimento

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526 Às margens do entender: quem diz o que é notícia?

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Agora que já temos valores-notícia de referên­ destruição se espalhasse.
cia, podemos realizar algumas análises, agindo Uma gigantesca quantidade de lama arrastou
como se fôssemos jornalistas diante de um fato. O caminhões, encobriu casas e deixou muitas pessoas
que vamos fazer, exatamente, é confrontar situa­ submersas e outras tantas ilhadas. Todo o distrito
ções ou materiais jornalísticos, perguntando-nos, de Bento Rodrigues, que possuía aproximadamen­
nos dois casos, se eles possuem ou possuíram, no te 600 habitantes, foi destruído, juntamente com
momento da sua ocorrência, atributos suficientes cerca de 200 casas. O corpo de bombeiros come­
para agradar a exigente Dona Notícia. çou a realizar o processo de resgate e assegurou a
Imagine que você é jornalista de um veícu­ existência de uma primeira vítima fatal. Enquanto
lo de comunicação localizado na cidade de Belo isso, a lama continuava se espalhando e danifican­
Horizonte, em Minas Gerais, o ano em questão é do os lugares pelos quais passava.
2015, e o mês, novembro. No dia 4 de novembro, Diante desse cenário, não é preciso ser jornalista
dia anterior ao que nos interessa, você havia pro­ para saber que o fato é noticiável, ou seja, saber
duzido notícias sobre a instabilidade econômica e que ele possui alguns dos atributos necessários para
política do País, a situação já estava agitada, mas se transformar em notícia. Para nós, entretanto, a
nada comparado ao que estava por vir. No dia se­ intenção é ir além e ser capaz de explicar ou fun­
guinte, duas barragens da Mineradora Samarco se damentar essa noticiabilidade. Para isso, volte para
romperam, entre as cidades de Mariana e Ouro o nosso quadro e observe cada uma das categorias
Preto, ambas localizadas no seu estado. As barra­ e itens procurando notar quais foram acionados
gens represavam rejeitas do processo de minera­ diante do rompimento da barragem.
ção, e o rompimento fez com que um cenário de

Passados mais de dois anos da tragédia ambiental em Mariana, o acontecimento continua pleno de valores­
-notícia, seja pelo rastro de destruição ainda não revertido, seja pela cobrança de penalidades aos responsáveis.

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Dando uma olhada, você nário, para uma situação menos amplamente conhecidas. Nesse
certamente identificou que a catastrófica. Você continua sen­ caso, falamos ainda de líderes
ação envolve um enorme im­ do um/uma jornalista, mas dife­ governamentais e da notorie­
pacto, não só pela grande quan­ rentemente do último caso, em dade que carregam, ou seja, da
tidade de pessoas envolvidas que o acontecimento surpreen­ popularidade dessas pessoas que
(destaquem-se nesse momento deu a todos, o fato a ser coberto concorrem para ocupar impor­
os muitos desaparecidos), mas está sendo esperado por muitas tantes cargos na administração
também pelas grandes dimen­ pessoas há meses. O jornal em do país ou do estado.
sões do acontecimento: estamos que você trabalha, inclusive, Nesses dois últimos casos,
falando de um distrito inteiro montou um amplo esquema simplificamos para você, apre­
sendo atingido, muitas casas de cobertura, isso porque é dia sentando situações que eram
e carros e um amplo território de eleições para o Governo do muito facilmente identificadas
sendo destruídos por uma quan­ Estado, bem como para a Presi­ como notícia. Agora vamos
tidade inacreditável de lama. dência da República. complicar um pouco. O nosso
Ser inacreditável nos leva Mais uma vez, é bem difícil terceiro exemplo não é sobre
para uma segunda categoria e que alguém discorde da noticia­ um acontecimento que se pas­
para outros valores-notícia. A bilidade de uma eleição e do seu sou, mas sobre o anúncio de
situação é incomum, rara e, até resultado. Mas, repetindo nossa que algo vai acontecer. Narran­
onde sabíamos no momento, tarefa, vamos explicar por que é do dessa forma, já se inicia uma
imprevisível. Além de todos es­ tão necessário que esse aconte­ suspeita, mas a verdade é que
ses valores, há um considerável cimento seja transformado em muitas notícias são produzidas
interesse humano envolvido. É notícia. a partir do aviso de que algo
difícil pensar nesse desastre sem Outra vez, a categoria impac­ acontecerá.
se tocar pelo drama das pessoas to tem uma importante partici­ Chegou ao seu conhecimen­
que perderam familiares, casa, pação na noticiabilidade desse to a informação de que um
trabalho e até o lugar onde cons­ acontecimento. Uma eleição ne­ cantor, não muito famoso, mas
truíram sua vida. cessariamente causa um impacto apreciado por alguns, marcou
Nesse momento inicial, con­ para uma grande quantidade um show na sua cidade. Diante
seguimos identificar seis valores­ de pessoas, além de estar rela­ disso, você se pergunta se deve­
-notícia que se ligaram com fa­ cionada ao interesse da nação. ria ou não produzir uma notícia
cilidade ao fato. Com o passar Nesse caso, a categoria conflito sobre esse anúncio. Como fator
do tempo, a lama continuou se também é essencial. A eleição é, positivo, a favor da publicação,
espalhando, responsabilidades antes de tudo, uma disputa, que está o fato de que a notícia po­
foram cobradas, descobertas fo­ envolve a rivalidade entre pes­ deria avisar as pessoas sobre a
ram feitas, vários personagens, soas, grupos e ideias. existência do evento, permitin­
entre eles autoridades, começa­ Outra categoria que você do que elas se preparassem para
ram a fazer parte da história e, deve ter notado é a proeminên­ comparecer. Por outro lado,
assim, novos valores-notícia fo­ cia. Uma notícia sobre o resul­ você sabe que existem outras
ram acionados na cobertura des­ tado de uma eleição não tem ferramentas de divulgação e que
sa tragédia, que passou a ser clas­ como personagem um cidadão a notícia deve se dedicar mais a
sificada como o maior desastre comum, mas pessoas que se informar do que a divulgar. Na
ambiental já ocorrido no Brasil. encontram em posição de des­ dúvida, vamos ver o que nos diz
Vamos agora mudar de ce- taque na sociedade e que são o quadro de referência.

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528 Às margens do entender: quem diz o que é notícia?

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Diferentemente dos acon­ rem muito. relevantes ou não relevantes,
tecimentos anteriores, este não Na verdade, os jornalistas mas há diversos graus de rele­
aciona muitos valores-notícia. não costumam portar listas vância.
O anúncio do show não movi­ de valores-notícia. Os saberes, Mas, mesmo diante de to­
menta categorias como impac­ como esses da lista, costumam dos esses novos saberes, algumas
to, surpresa, conflito ou desco­ ficar armazenados diretamente dúvidas ainda não foram supri­
berta. Apenas na proeminência na cabeça dos profissionais, ten­ das. Aprendemos, por exemplo,
e no interesse humano é que é do sido aprendidos na faculda­ (1) que nem tudo interessa aos
possível encontrar valores-notí­ de, quando estudaram a profis­ jornalistas; (2) que nem todos
cia que se apliquem. A respeito são, e no cotidiano da prática, a os acontecimentos possuem os
do interesse humano, podería­ partir da observação dos colegas atributos necessários para serem
mos decidir publicar a notícia mais experientes. transformados em notícia; (3)
por ela se enquadrar no valor­ De uma forma ou de outra, que os valores-notícia auxiliam
-notícia entretenimento, não a aplicação dos valores-notícia é o jornalista nessa diferenciação,
pelo anúncio em si, mas pelo sempre aberta à diversidade dos ou seja, ajudam a separar o que
que o show pode proporcionar. fatos. Diferentes acontecimen­ interessa para a produção de no­
Quanto à proeminência, por tos podem acionar diferentes tícias e o que pode ser descon­
sua vez, há o fato de o cantor valores-notícia, e a quantidade siderado; e (4) que a relevância
em questão ser pelo menos um e intensidade deles também se pode atingir diferentes graus.
pouco famoso. Produzir ou não altera. Quanto mais valores-no­ O que ainda não sabemos
produzir a notícia, nesse caso, tícia um fato acionar, ou seja, é de onde vem essa definição
dependerá de outras questões quanto mais atributos estiverem primeira do que é ou não im­
além do acontecimento. Vere­ envolvidos no acontecimento, portante. Será que ela sempre
mos, adiante, que é bem comum mais relevante ele tenderá a ser existiu ou foi criada junto com
que outros elementos, além dos considerado e mais inevitável o desenvolvimento do jornalis­
valores-notícia, orientem os será que ele seja transformado mo? Em outras palavras, quere­
jornalistas sobre a escolha ou o em notícia. mos conhecer melhor os gostos
descarte de acontecimentos. Pensando nos dois primeiros da Dona Notícia, queremos
Por ora, é importante lem­ acontecimentos que analisa­ compreender por que essa se­
brar que os valores-notícia são mos, podemos concordar que, nhorinha se interessa por algu­
auxiliares bem práticos, são por mais que um jornalista de­ mas coisas, e não por outras.
versáteis e diretos, facilitando sejasse, não seria possível deixar O caminho que vamos per­
bastante a tarefa dos jornalistas de produzir notícias sobre. Eles correr nessa nova jornada é bas­
de corresponder às exigências eram, portanto, inevitavelmen­ tante histórico. Como Dona
da Dona Notícia. O quadro de te relevantes. Já no terceiro caso, Notícia não gosta muito de falar
valores que apresentamos ante­ o veículo ou o jornalista pode­ sobre ela, mas, sim, sobre os ou­
riormente foi inspirado em lis­ riam optar por não transformar tros, vamos precisar investigar
tagens de diversos autores, mas o anúncio em notícia, uma vez sua trajetória e suas influências.
isso não quer dizer que todos os que nesse caso a relevância é A partir de agora, vamos explo­
repórteres e jornalistas se guiem consideravelmente menor. As­ rar antepassados da notícia, a
por uma lista semelhante a essa, sim, fica evidente que os aconte­ fim de entender seus gostos a
ainda que as definições do que cimentos não são simplesmente partir das suas origens.
deve ser selecionado não se alte- noticiáveis ou não noticiáveis,

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Os mais pesquisados em
2015, segundo o Google
Você já parou para pensar na importância dos servi­
ços de busca? Eles possuem a tecnologia para organizar
uma enorme quantidade de conteúdo, em texto, ima­
gem, som, e colocá-lo em nossas mãos em um simples � Escaneie o QR CODE
clique. A tecnologia também permite que essas empre­
sas monitorem o que estamos buscando, ou seja, o que
é mais interessante para nós.
Na matéria citada a seguir, o El País menciona a
lista de assuntos mais pesquisados no ano de 2015,
criada pela empresa Google, indicando o que desper­
tou maior interesse dos leitores. Entre os fatos men­
cionados, estão:

• Casos de corrupção envolvendo a empresa Petrobras (o mais buscado).


• A crise econômica que se instalava no País.
• O desastre ambiental em Mariana (que mencionamos anteriormente).
• A campanha #MeuPrimeiroAssédio, ocorrida nas redes sociais em resposta a mensagens de
pedofilia dirigidas a uma menina de 12 anos que participava de um reality show.
• Um atentado terrorista ocorrido em Paris, uma tragédia que impactou o mundo.
• O lançamento do Episódio 7 da saga Star Wárs, previsto para dezembro daquele ano.

Se pararmos para pesqui­


= ELPAIS TECNOLOGIA
sar detalhadamente cada um
desses temas, perceberemos O que foi 2015 para os brasileiros segundo as pesquisas
que eles apresentam uma lis­ no Google
ta riquíssima de valores-no­ O buscador divulgou sua lista anual dos assuntos mais pesquisados pelos usuários
Assim foi como o EL PAÍS te contou cada um deles
tícia, embora de naturezas
muito distintas: a lista en­
00@
volve desde tragédias até en­ Acaba, 2015! Este tem sido um dos bordões das redes sociais nas últimas semanas. A exaustao dos

tretenimento, passando pelo ISAIIELAFERREIRA


SPERANDlO
usuários de internet é um reflexo de 12 meses intensos, de muitas notícias, informações e também
tragédias humanitárias e ambientais que marcaram o ano.

ativismo em rede. Seriam os


serviços de busca um termô­
metro dos valores-notícia do
nosso tempo?

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530 Às margens do entender: quem diz o que é notícia?

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GJ (UFMG- adaptada) Observe esta imagem:

Imagine-se no papel de um repórter que com­


parece ao local onde ocorreu a cena retratada
nessa imagem.

Redija um texto para o jornal em que você


trabalha noticiando o fato e destacando os
elementos que fazem com que esse aconteci­
.
1 �
,,,.
,,>-:À. _,
- -
mento deva ser transformado em notícia. Dê
um título à sua produção.
. ._.,---::,.
Nessa elaboração, os estudantes devem exercer a liberdade na sua escrita, ainda que devam utili-

zar um formato semelhante ao jornalístico, destacando o que aconteceu, além de quem causou,

como, quando, onde e por quê. Também é necessário que na produção seja destacado o teor

inusitado do fato, que é, primordialmente, o que o elege para ser transformado em notícia.

� A imagem abaixo expõe um material jornalístico publicado por um jornal da cidade de São
Paulo a respeito de uma possível epidemia de zika vírus. Repita os exercícios realizados durante
este capítulo e analise a noticiabilidade dessa ocorrência, utilizando, como parâmetro, os valores­

--
-notícia dispostos no quadro de referência.

10 "°"°"'- f Wl"UfflA.4mDtl(MNOlll•ll

País pode ter �................ZIKA..........


.......X. ......GRAVIDEZ
......... ...... ........ _,.,.. ..... ,11�,.......,.•�--• .JWlll•I
.._. _,..,..
•-·�•"""""'...,_

epidemia de [:: ·-·


_..

zika no verão
�,...
� Petiodo chwoso deve espalhar o surto atualmente cenuallzaô:>
no No<deste Brasd não eYà preparado para ccruer avan('0 do rmsqu,to
UIDl(•doPfttodDth
RI m.JIOr pu1t' do pi� tt;lri
p,dnwnteN.ldDl:doNordl!I;.
N'.m..�NJM'N:p,lll'IJncwJ Or..rordo umNrudo"°
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1.-U nwil u,ttW\WnntnM
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(""I Escaneie o QR CODE a seguir
"""' para ler a notícia na íntegra. Os estudantes podem encontrar alguns valores-notícia que ajudem a justificar

a relevância dessa temática, entre eles estão a quantidade de pessoas potencial-

mente envolvidas, as grandes dimensões e o interesse nacional, uma vez que a

matéria avisa do risco de uma epidemia para todo o País. De maneira menos

intensa, ainda que presente, os estudantes podem identificar o valor-notícia

incomum, uma vez que não é sempre que o País é acometido por epidemias, e

ainda o valor drama, que pode despertar interesse humano ao destacar a reali-

dade de pessoas que sofrem com a doença e com as suas implicações.

Dario vinha apressado, guarda-chuva no braço esquerdo e, assim que dobrou a esquina, dimi­
nuiu o passo até parar, encostando-se à parede de uma casa. Por ela escorregando, sentou-se na
calçada, ainda úmida da chuva, e descansou na pedra o cachimbo.
Dois ou três passantes rodearam-no e indagaram se não se sentia bem. Dario abriu a boca, moveu
os lábios, não se ouviu resposta. O senhor gordo, de branco, sugeriu que devia sofrer de ataque.
TREVISAN, D. Uma vela para Dario. Cemitério de Elefàntes. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1964 (adaptado).

No texto, um acontecimento é narrado em linguagem literária. Esse mesmo fato, se relatado em


versão jornalística, com características de notícia, seria identificado em:
a) Aí, amigão, fui diminuindo o passo e tentei me apoiar no guarda-chuva... mas não deu. En­
costei na parede e fui escorregando. Foi mal, cara! Perdi os sentidos ali mesmo. Um povo que
passava falou comigo e tentou me socorrer. E eu, ali, estatelado, sem conseguir falar nada!
Cruzes! Que mal!
� O representante comercial Dario Ferreira, 43 anos, não resistiu e caiu na calçada da Rua da
Abolição, quase esquina com a Padre Vieira, no centro da cidade, ontem por volta do meio­
-dia. O homem ainda tentou apoiar-se no guarda-chuva que trazia, mas não conseguiu. Aos
populares que tentaram socorrê-lo, não conseguiu dar qualquer informação.
e) Eu logo vi que podia se tratar de um ataque. Eu vinha logo atrás. O homem, todo aprumado,
de guarda-chuva no braço e cachimbo na boca, dobrou a esquina e foi diminuindo o passo
até se sentar no chão da calçada. Algumas pessoas que passavam pararam para ajudar, mas ele
nem conseguia falar.
d) Vítima
Idade: entre 40 e 45 anos
Sexo: masculino
Cor: branca
Ocorrência: Encontrado desacordado na Rua da Abolição, quase esquina com Padre Vieira.
Ambulância chamada às 12h34min por homem desconhecido. A caminho.
e) Pronto-socorro? Por favor, tem um homem caído na calçada da Rua da Abolição, quase es­
quina com a Padre Vieira. Ele parece desmaiado. Tem um grupo de pessoas em volta dele.
Mas parece que ninguém aqui pode ajudar. Ele precisa de uma ambulância rápido. Por favor,
venham logo!
20

532 Às margens do entender: quem diz o que é notícia?

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GJ (Enem) É água que não acaba mais

Dados preliminares divulgados por pesquisadores da Universidade Federal do Pará (UFPA)


apontaram o Aquífero Alter do Chão como o maior depósito de água potável do planeta. Com
volume estimado em 86.000 quilômetros cúbicos de água doce, a reserva subterrânea está loca­
lizada sob os estados do Amazonas, Pará e Amapá. Essa quantidade de água será suficiente para
abastecer a população mundial durante 500 anos, diz Milton Matta, geólogo da UFPA. Em
termos comparativos, Alter do Chão tem quase o dobro do volume de água do Aquífero Gua­
rani (com 45.000 quilômetros cúbicos). Até então, Guarani era a maior reserva subterrânea do
mundo, distribuída por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.
Época. N°623. 26 abr. 2010.

Essa notícia, publicada em uma revista de grande circulação, apresenta resultados de uma pes­
quisa científica realizada por uma universidade brasileira. Nessa situação específica de comunica­
ção, a função informativa da linguagem predomina, porque o autor do texto prioriza:
a) as suas opiniões, baseadas em fatos.
):! os aspectos objetivos e precisos.
e) os elementos de persuasão do leitor.
d) os elementos estéticos na construção do texto.
e) os aspectos subjetivos da mencionada pesquisa.

� As notícias se interessam pelas novidades, por acontecimentos que acabaram de acontecer ou


que acabaram de ser descobertos. Mas não basta se ligar à atualidade para ser do interesse das
notícias. Alguns acontecimentos, mesmo que muito atuais, não aparecem nos jornais. Isso ocorre
porque os jornalistas, assim como as outras pessoas, percebem o mundo a partir de alguns valores
que separam o que é importante do que não é. Os valores-notícia são critérios que auxiliam os
jornalistas nessa separação. Sobre eles, podemos afirmar:
a) Os valores-notícia são utilizados e dominados exclusivamente pelos jornalistas, de forma que
pessoas fora dessa área de atuação não conseguem compreender esses critérios.
b) Ainda que os valores-notícia possam ser compreendidos por todas as pessoas, não só pelos
jornalistas, seu uso interessa apenas aos profissionais das notícias, pois são eles que as pro­
duzem.
e) Quanto à história, os valores que ajudam a selecionar o que será transformado em notícia são
recentes, passando a existir quando a Internet começou a oferecer espaços ilimitados para os
produtores da informação.
d) De maneira geral, todos os jornalistas profissionais são orientados por uma lista padronizada
de valores-notícia, que recebem durante a formação profissional.
� Os valores-notícia são especialmente Úteis por simplificar o trabalho dos jornalistas, apresen­
tando de antemão o que deve ser priorizado para a produção das notícias, mesmo diante de
uma grande variedade de temas.

21

(s33

LPemC_ME_2019_6A_Finais.indd 533 27/07/19 06:52 1


� Analise as seguintes notícias.

/ notícias

02/11Al9 • 16h43 -Atualizado em 02/11,1()9 - 17h03

Chico Buarque compra baguetes para o


lanche da tarde
O cantor e compositor desfilou de bermuda, camiseta e chinelos pelas ruas
do Leblon, Zona Sul do Rio

Do EGO. no Rio

Na tarde de sof desta segunda-feira, 2, o cantor e compositor Chico Buarque trocou a sua
tradicional caminhada pela arte do Leblon, na Zona Sul do Rio, por uma ida até a padaria perto
de sua casa. Chk:o comprou duas baguetes para o lanchinho da tarde.

Cultura
1M. J2015a! 11ti.a Atuaizadaem 10I06f2015as 13h40

"Chico Buarque compra baguetes":


internautas brincam e fazem paródia
Notiaa foi publicada nas redes soc1a1s

Na sua opinião, e com base no que você aprendeu sobre valor-notícia, por que a segunda notícia
classifica a primeira como "inusitadà'?

O estudante deve argumentar que, mesmo se tratando de uma celebridade, a notícia aborda um

fato pouco relevante do cotidiano dessa personalidade, como suas vestimentas e o que ele com­

prou, sendo, portanto, carente de valores que tornam aquele fato noticiável. Ele também pode

usar o quadro-referência de valores-notícia para embasar seu argumento, justificando que poucos,

ou mesmo nenhum, daqueles valores-notícia existem na notícia em questão.

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534 Às margens do entender: quem diz o que é notícia?

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Um
encontro
com
assados

Antes de começar, precisa­ saberes ao máximo de pessoas gostos que acabamos de co­
mos fazer um esclarecimento. possível. nhecer), visitar outros períodos
Falamos, anteriormente, que A falta de contribuição se e outras sociedades, a fim de
Dona Notícia, aquela senhori­ deve, nesse caso, a um verda­ conhecer alguns antepassados
nha apressada que procuramos deiro desconhecimento. Com e de aprender com eles. Viaja­
compreender, não costumava o tempo, a notícia foi perden­ remos para períodos anteriores
contar muito sobre si. Tudo do o contato com alguns ante­ à invenção da prensa de tipos
isso é verdadeiro, o que precisa­ passados e se esquecendo deles. móveis de Gutenberg, bem
mos esclarecer é que o silêncio Assim, para provar que também como para antes da criação dos
da notícia sobre a sua história está interessada em se com­ primeiros jornais impressos. Por
não se deve a má vontade ou a preender melhor, a Dona Notí­ isso, qualquer fenômeno pareci­
uma tentativa de reter informa­ cia se ofereceu para nos acom­ do com a notícia que encontre­
ções. Por sua própria natureza, panhar nessa nossa jornada em mos no nosso caminho já não
a notícia não se interessa por busca de explicações. poderá ser tido como notícia­
omitir informações, ela gosta Iremos, portanto, nós e a -produto, e sim como notícia-
mesmo é de divulgar e de levar notícia (caracterizada por esses -novidade.

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(s3s

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Dissemos anteriormente que Império Romano. Ele precisava que seus comandos
as novidades e a necessidade de No auge da sua expansão chegassem aos extremos do terri­
transmiti-las ligam-se aos pri­ territorial, o Império Romano tório, mas como garantir isso?
mórdios da humanidade, mas chegou a englobar grande par­ A necessidade de manter
não iremos tão longe. A primei­ te da atual Europa, uma faixa unidos os territórios conquista­
ra parada da nossa viagem foi do continente africano e ain­ dos e de assegurar a autoridade
orientada pela história. Iremos da algumas porções da região do imperador e dos comandan­
para um período em que a es­ atualmente conhecida como tes fez com que, durante o Im­
crita já tinha sido desenvolvida Oriente Médio. Era um impé­ pério Romano, fosse desenvol­
e em que já não era uma prática rio realmente grandioso, o que vido um complexo sistema de
surpreendente, ainda que conti­ era motivo de muito orgulho comunicação. Por meio de ins­
nuasse limitada a uma pequena para alguns romanos - muitos trumentos de comunicação, os
parte da população. acreditavam que esse domínio comandantes conseguiam não
Esse lugar, para onde vamos, jamais teria fim - mas também só expandir o alcance das suas
também é caracterizado por implicava muito trabalho. vozes, mas também fazer com
possuir uma sociedade muito Imagine a dificuldade do im­ que sua autoridade estivesse em
complexa, com amplo desen­ perador de Roma para garantir vários lugares ao mesmo tempo.
volvimento social, político e que a sua autoridade e as suas Não por acaso, é em Roma
econômico, sem mencionar o decisões fossem cumpridas em que vamos encontrar a primeira
poderio militar, que garantiu a todos esses espaços, uma vez que antepassada formal das notícias
formação de um grandioso ter­ ele não poderia estar em mais de atuais, as actas romanas. Essas
ritório. A sociedade à qual esta­ um lugar ao mesmo tempo. Con­ actas eram de vários tipos, algu­
mos chegando está localizada, sidere ainda que, mesmo vivendo mas sigilosas, outras restritas a
historicamente, na Antiguida­ em viagem, ele não teria acesso alguns setores, e outras, ainda,
de Clássica e ficou conhecida aos rápidos transportes de hoje, eram expostas para toda a popu­
como um dos maiores impérios mas dependeria de transportes lação. Para nós, interessam estas
de todos os tempos. Estamos fa­ de tração animal para se deslo­ últimas, chamadas de Acta Po­
lando de Roma, ou melhor, do car por esse imenso território. puli ou Acta Diurna.

NEWS

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536 Às margens do entender: quem diz o que é notícia?

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A,:, Actas Diurnas são impor­ públicos envolvendo o impera­ meio rural e em territórios bem
tantes para nós por dois princi­ dor e outros magistrados; bata­ menores, uma vez que a vida
pais motivos. O primeiro deles lhas travadas pelas legiões roma­ política, social e econômica se
já foi exposto: elas eram ofere­ nas; eleições e nomeações para limitava a cada um dos feudos.
cidas para toda a população, cargos públicos; combate de A nova realidade não agra­
assim como as notícias de hoje. gladiadores; além de descrições dou muito a Dona Notícia. Di­
Além disso, interessa-nos o as­ de julgamentos e de uma lista ferentemente do que acontecia
sunto de que tratavam: elas se dos executados. no Império Romano, em que
dedicavam a registrar os acon­ Ao retratar essas informa­ sua ancestral era bastante famo­
tecimentos mais relevantes da ções, as Actas Diurnas também sa e valorizada, sendo procurada
vida na cidade e no Império. serviam para criar um senti­ por todos, na Idade Média havia
Para serem lidas, as Actas mento de identidade e lealdade uma demanda menor por infor­
Diurnas eram afixadas durante entre os romanos e outros ha­ mações e, por isso, uma impor­
alguns dias em espaços públi­ bitantes do império, tarefa tão tância menor era atribuída a es­
cos onde ocorresse uma grande importante que fez com que ses recursos comunicativos.
circulação de pessoas. Depois elas persistissem por quase 400 Tentamos explicar que a di­
desse período, algumas delas anos, tendo sido extintas quan­ minuição dos núcleos sociais e
eram retiradas, encadernadas do a sede imperial foi transfe­ dos territórios reduzia apenas
e arquivadas. Esse processo rida para Constantinopla, em a atuação de instrumentos for­
também acontece hoje, com os 330 d.C. Diante do conheci­ mais de divulgação dos aconte­
jornais impressos, que podem mento do que interessava a essa cimentos, mas que, mesmo as­
ser consultados em arquivos bisavó da notícia, você já pode sim, as novidades continuavam
públicos. Agora que já sabemos começar a se questionar sobre circulando, de maneira mais in­
um pouco sobre essa bisavó da as semelhanças e diferenças en­ formal, entre as pessoas. Apesar
notícia, podemos começar a tre elas e os produtos jornalísti­ disso, a senhorinha estava irre­
investigar os seus gostos, isto cos de hoje, mas, antes de nos dutível, só se acalmando depois
é, precisamos saber o que era dedicarmos totalmente a essa de conhecer os parentes que ti­
considerado interessante para comparação, é preciso conhecer nha naquela sociedade.
ser divulgado nelas. outros antepassados e aprender No período medieval, en­
Segundo alguns historiado­ sobre eles. contramos crônicas, relatos de
res e comunicadores interessa­ Seguindo, iremos encontrar viagem e cartas informativas,
dos nos primórdios do jornalis­ tias-avós da notícia na socie­ formatos que, graças ao estilo,
mo, essas produções se voltavam dade que se organizou após a à forma de narrar e ao interesse
para os acontecimentos e as queda do Império Romano, isto pela visão do autor, aproximam­
pessoas que eram consideradas é, na sociedade feudal. Depois -se mais das reportagens e das
ilustres, uma vez que queriam de guardar algumas lembranças crônicas atuais do que das no­
ser lembradas por isso. Mais da visita às Actas Diurnas, nós tícias. Mesmo diferentes, esses
detalhadamente, os conteúdos e a Dona Notícia chegamos a três formatos também precisa­
de maior interesse incluíam de­ uma realidade diferente da ur­ vam de critérios para selecionar
cretos de imperadores e senado­ banização romana e do amplo o que era ou não interessante
res; nascimentos, casamentos e território do império. Na Idade discutir, de forma que podemos
mortes, envolvendo personali­ Média, encontraremos a maior continuar com as nossas com­
dades notáveis; reuniões e atos parte da população vivendo no parações.

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Nas crônicas, eram registrados principal­ lhas da China para os europeus. Nos relatos, era de
mente acontecimentos envolvendo nobres e mo­ interesse dos viajantes o que era diferente da vida
narcas, divergindo de cronista para cronista se o com que estavam acostumados. Assim, os relatos
foco estaria na descrição do acontecimento ou traziam a descrição de povos, costumes, lugares e
no engrandecimento da figura dos senhores re­ animais, descrições que muitas vezes se mistura­
tratados. Elas também podiam se referir à morte vam com o espanto que costumamos experimentar
ou ao crime, mas, em geral, só o faziam se eles sempre que estamos diante de algo desconhecido,
estivessem relacionados a membros da nobreza. além de uma boa porção de exagero.
Mais raramente, nas crônicas medievais, tam­ Depois de saber um pouco mais sobre essas
bém podiam surgir referências a assuntos menos duas tias-avós, as cartas e as crônicas, e sobre o
nobres e mais cotidianos. tio-avô, o relato de viagem, podemos seguir via­
Nas cartas, eram transmitidas novidades e gem, para conhecer o antepassado mais próximo
acontecimentos recentes envolvendo a vida do e mais parecido com as notícias atuais. Vamos en­
feudo. Elas podiam ser enviadas tanto para al­ contrar a mãe das notícias no período Renascen­
guém do mesmo feudo quanto para de outro. tista, prolongando-se pela Idade Moderna.
Produzidas, muitas vezes, por monges e outros Deixando a Idade Média entristecida, pela re­
membros do clero, as cartas não só relatavam os dução da importância que presenciou no cotidia­
acontecimentos, mas costumavam analisá-los, no dos seus antepassados, Dona Notícia seguiu
aplicando a moral religiosa daquela época. Por viagem, ainda reclamando do baixo alcance das
isso, muitas vezes interessava às cartas o que, aos informações que circulavam pelo período. Feliz­
olhos dos seus autores, parecia um desrespeito às mente para nós e para a autoestima da Dona No­
normas instituídas pela Igreja Católica. tícia, o período seguinte trazia uma realidade bem
Os relatos de viagem, como o nome bem diz, diferente.
traziam descrições de terras distantes, certamente O comércio, que se intensificou no final da
interessantes para pessoas que podiam passar toda Idade Média, bem como a insuficiência do modo
a vida sem sequer ter ido além do feudo em que vi­ de vida feudal, voltou a conduzir a população
viam. O mais conhecido relato de viagem da épo­ para as cidades, nas quais se desenvolveria o capi­
ca é o de Marco Polo, um mercador e explorador talismo moderno. Durante o Renascimento, tam­
veneziano que descreveu as diversidades e maravi- bém foram instituídas as primeiras universidades,

Se antes a notícia
levava certo
tempo para
chegar aos mais
diversos locais,
hoje ela pode
estar nas mãos
do leitor em
segundos. Graças
à Internet, é
possível acessar
as últimas
notícias em
tempo real e de
qualquer lugar
do mundo.

538 Às margens do entender: quem diz o que é notícia?

LPemC_ME_2019_6A_Finais.indd 538 27/07/19 06:52 1


foi desenvolvida a indústria do depender do assunto, mas, ain­ de outros assuntos.
papel e apareceram correntes da assim, elas tendiam a trazer A preocupação com a disse­
que questionavam, a partir de apenas uma notícia-novidade. minação da informação já era
textos e argumentos, a doutri­ Quanto à forma de fixação tão grande que algumas folhas
na da Igreja Católica. Era um das informações, as folhas vo­ volantes traziam notícias-no­
tempo de mudança, em que a lantes podiam ser tanto impres­ vidades traduzidas para outros
escrita começava a adquirir uma sas quanto manuscritas. Isso idiomas. Essa tradução não só
importância nunca alcançada. porque, diante de uma folha tornava possível saber o que se
Nesse período, as crônicas e volante que parecesse muito passava em regiões de idiomas
as cartas continuaram existin­ importante, uma pessoa pode­ distintos, como também aju­
do, ainda que com característi­ ria recopiar a informação e fa­ dava a gerar uma consciência
cas distintas. Deve-se destacar a zer circular não só a que chegou ampliada, por deixar claro que
existência dos almanaques po­ ao seu conhecimento, como os fatos poderiam gerar conse­
pulares, que eram livretos pro­ também cópias delas, a fim de quências tanto nos espaços em
duzidos pelas primeiras tipo­ aumentar o alcance e o conheci­ que ocorriam como em outros,
grafias com informações sobre mento daquela novidade. distantes. Para alguns estudio­
agricultura, dias festivos, con­ As folhas volantes mais anti­ sos, essa percepção começa a
selhos sobre a vida cotidiana, gas que foram encontradas esta­ formar e ampliar uma consciên­
dentre outros. vam na região que hoje conhe­ cia continental, ou seja, criar
Encontrar todos esses tios e cemos como Itália, na Bolonha, entre os povos a noção de que
tias foi um grande consolo para em 1470. Já as últimas perdu­ pertenciam a um mesmo conti­
Dona Notícia: a partir desse raram até o século XIX, convi­ nente.
momento, ela conseguiu per­ vendo com os primeiros jornais Não era só quem produzia
ceber como surgiram estruturas e com as primeiras notícias. O ou recopiava as folhas volantes
que no futuro fariam parte do que caracterizava folhas volantes, que percebia a sua importância.
seu cotidiano. As características além de se limitarem a tratar de Na época, era comum pessoas
da sociedade renascentista e os um só conteúdo, é que elas não que não sabiam ler pagarem
avanços tecnológicos faziam a eram publicadas com regularida­ para ouvir o que diziam esses
nossa companheira de viagem de, ou seja, não eram edições fi­ informativos. Essa prática per­
sentir que a sua história estava xas, com títulos de identificação durou por alguns séculos, uma
para começar. e períodos determinados para vez que as técnicas de impres­
A impressão da Dona No­ serem lançadas novas edições. são e disseminação, bem como
tícia não estava errada e se tor­ Dessa forma, as folhas volantes a percepção da importância das
nou muito mais evidente ao também podiam ser chamadas informações, avançaram muito
encontrar o seu familiar mais de folhas ocasionais. mais rápido que o combate ao
próximo, a folha volante. Esse Normalmente, as folhas vo­ analfabetismo.
antepassado recebeu esse nome lantes surgiam como iniciativas Essa disponibilidade para
porque costumava ser compos­ particulares, diante da necessi­ pagar pelas notícias conduziu
to de apenas uma folha, que dade de fazer uma informação a duas percepções importantes
circulava entre as pessoas, pas­ se disseminar, desaparecendo para o futuro do jornalismo.
sando de mão em mão. Em depois disso. Ao mesmo tempo, Primeiro, tornou-se claro que
alguns casos, as folhas volantes surgiam outras iniciativas e dife­ as pessoas precisavam e queriam
podiam ganhar mais páginas, a rentes folhas volantes, tratando informações regulares. Segundo,

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também tornou-se evidente que as informações, fenômenos incomuns, inusitados e curiosos.
assim como outros serviços e recursos, podiam ser Analisando os temas de interesse das folhas
comercializadas. Não demorou para que essas per­ volantes, o pesquisador português Jorge Pedro
cepções fizessem surgir os primeiros jornais. Sousa afirmou que as notícias contidas nelas, aqui
Todo esse percurso é muito interessante, mas enquadradas como notícias-novidades, já obede­
para nós ainda falta saber o que era publicado ou ciam a critérios idênticos aos contemporâneos, o
copiado nas folhas volantes. Precisamos saber o que se justifica, segundo ele, pela natureza cultu­
que era divulgado, a fim de entender melhor tan­ ral e histórica dos valores-notícia.
to a atitude dos que copiavam e redistribuíam as A análise desse pesquisador, juntamente ao
folhas quanto a dos que pagavam para saber o que que aprendemos nas visitas aos antepassados da
aparecia nelas. Dona Notícia, deixa-nos diante de um conside­
AI, diversas folhas volantes que circularam pela rável avanço. Passamos a poder afirmar que os
Europa trataram de uma grande variedade de gostos da nossa senhorinha exigente não são im­
temas. Interessava a elas informar sobre grandes possíveis de ser explicados. Se voltarmos para es­
acontecimentos políticos e seus líderes, comér­ ses antepassados e focalizarmos o que interessava
cio e acontecimentos sociais, entre os quais esta­ a eles, encontraremos semelhanças não só entre
vam crimes e criminosos, calamidades e batalhas. cada um dos formatos, mas também entre eles e
Também surgiam folhas volantes para disseminar a notícia atual.

Actas Diurnas Crônicas Cartas Relatos de Folhas volantes


viagem
Os conteúdos de Aconte- Novidades Grandes acon-
maior interesse cimentos recentes Fatos tecimentos
incluíam decretos envolvendo da vida atípicos e políticos e seus
de imperadores e nobres e no feudo. diferen- líderes, comér-
senadores; nasci- monarcas, a Relatavam dados na cio e aconteci-
mentas, casamentos morte ou o também descrição mentas sociais,
e mortes de persa- crime, mas, desrespeito de povos, entre os quais
nalidades notáveis; em geral, às normas costumes, estavam crimes
reuniões e atos pú- se eles esti- instituídas lugares e e criminosos,
blicos envolvendo o vessem re- pela Igreja animais. calamidades e
imperador e outros !acionados Católica. batalhas. Tam-
magistrados; bata- a membros bém surgiam
lhas travadas pelas da nobreza. folhas volantes
legiões romanas; para dissemi-
eleições e nomea- nar fenômenos
ções para cargos incomuns,
públicos; combate inusitados e
de gladiadores; curiosos.
além de descrições
de julgamentos e
de uma lista dos
executados.

1
Antiguidade Clássica Idade Média Renascimento -
Idade Moderna

476 1453 1789

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Note que, em todos os formatos de divulgação o gosto da Dona Notícia não diz respeito apenas
de informações, interessava o que dizia respeito a a ela, mas se relaciona com formas de compreen­
pessoas consideradas notórias, isto é, pessoas em der a importância dos acontecimentos que vieram
destaque social, fossem elas o imperador e os co­ antes dela.
mandantes romanos, a nobreza ou os líderes po­ Concordando com o pesquisador Jorge Pe­
líticos. Foram consideradas importantes por es­ dro Sousa, também percebemos que os valores­
ses três formatos as pessoas com autoridade para -notícia têm uma natureza histórica e cultural.
comandar, julgar e criar leis, que se impusessem Assim, os valores-notícia que orientam a sele­
sobre as outras pessoas. Perceba que também in­ ção das notícias hoje são herdeiros de concep­
teressavam acontecimentos que envolvessem a so­ ções históricas e sociais do que é considerado
ciedade, ou seja, que fossem capazes de impactar válido e importante. Por mais que as notícias
a vida de muitos. continuem se interessando exclusivamente pelo
Nos três períodos, também percebemos inte­ que é atual, sua maneira de fazer isso é mais
resse pelo que fosse na direção contrária à norma­ antiga do que a nossa sociedade.
lidade ou à ordem estabelecida, como podemos Dona Notícia saiu satisfeita da nossa pequena
observar no destaque dado aos crimes e julgamen­ jornada de visitas; segundo ela, estava conectada
tos, bem como às calamidades e ao desrespeito com o próprio passado. Agora não só faz as suas
às normas. Ainda nesse sentido, de se interessar exigências, mas compreende que elas também
pelo que é diferente do habitual, todos os tipos têm história, ou seja, que os gostos são represen­
de publicação voltaram-se também ao que rom­ tantes de uma tradição. Ela sentiu que compreen­
pia a normalidade de maneira a entreter, como dia melhor a si mesma.
no combate dos gladiadores, na descrição de rea­ Ainda que estivéssemos muito felizes com a
lidades diferentes e no destaque ao inusitado e alegria da nossa amiga, mais algumas questões
curioso. tornaram-se necessárias: tudo bem que existem
Depois de percebermos essas semelhanças razões históricas para os seus gostos, mas de onde
entre o que interessava nesses três períodos, eles vieram, antes de aparecerem nas Actas Diur­
podemos agora comparar o interesse dos ante­ nas? Ou, melhor, o que pode explicar o surgimen­
passados da Dona Notícia com os dela. A nossa to e a manutenção desses gostos? E, ainda, o que
tabela de valores-notícia de referência nos dá torna alguma coisa relevante a ponto de entender­
material para perceber que, assim como seus mos que ela deve ser ressaltada, e não esquecida?
antepassados, as notícias atuais também se in­ Mais e mais perguntas, e a Dona Notícia
teressam por sujeitos proeminentes, situações não se deixa abater, nem mesmo se chateia. Ela
que destoem da normalidade, ocorrências que aprendeu, ao longo da viagem anterior, que
impactem muitas pessoas ou toda a nação e ain­ é bom estar em busca de informações sobre o
da por acontecimentos curiosos e com teor de mundo a nossa volta, pois elas nos dirão muito
entretenimento. sobre nós mesmos. Assim, seguiremos para mais
Ainda que os critérios de cada período car­ uma jornada, desta vez em busca de explicações
reguem as suas particularidades, é fácil perceber para a origem dos gostos, antes de terem se tor­
semelhanças e manutenções. Essas repetições do nado história. Passaremos a investigar a essência
que é considerado interessante nos mostram que dos nossos pensamentos.

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GJ Na atualidade, conhecemos as notícias como um produto do processo de produção jornalística,
isto é, como algo que foi produzido por jornalistas no decorrer do seu trabalho. Entretanto, o
termo notícia pode ser utilizado ainda em outro sentido. Sobre essa temática, responda aos itens
abaixo:
a) Diferencie notícia como produto e notícia como novidade, destacando quem as produz.

Os estudantes devem indicar que a notícia como produto diz respeito a essa descrita no enuncia-

do, a notícia que foi feita por jornalistas, em um veículo de comunicação. Ao passo que a notícia

como novidade se refere a informações novas que circulam livremente e que são produzidas por

todos que precisam ou querem compartilhar alguma informação nova.

b) Indique qual das duas notícias pode ser considerada mais velha e justifique sua resposta.

Quanto à idade dessas duas formas de disseminar assuntos novos, os estudantes devem reconhe-

cer que a notícia como novidade é muito mais velha do que a notícia como produto. Enquanto

esta última precisa de uma imprensa estabelecida, o que só passou a existir no início do século

XVII, a segunda existe desde que as pessoas começaram a se comunicar, ou seja, a trocar infor-

mações umas com as outras.

e) Explique a relação de "parentesco" entre as notícias como produto e as notícias como novidade.

As respostas devem indicar que as notícias como novidade são precursoras do produto jornalís­

tico, como se fossem familiares. Isto é, são formas anteriores de fazer o que a notícia tenta fazer

hoje: disseminar informações consideradas importantes. Os parentes mais antigos, assim como

nossos antepassados, são responsáveis por influenciar os gostos das notícias atuais, ensinando o

que deve receber atenção e o que pode ser ignorado.

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O Império Romano pode ser caracterizado como um domínio de grande esplendor. Durante esse
período, as dimensões territoriais chegaram a proporções gigantescas, fazendo com que fosse difí­
cil organizar e manter tudo sob o comando de um único imperador, mesmo que ele comandasse
uma série de generais. Para se fazer a autoridade do imperador estar presente mesmo nos lugares
em que ele não estava, os romanos desenvolveram um conjunto de recursos comunicativos. Um
conjunto de informes, ou atas, era responsável por informar e comandar não só os membros das
legiões romanas, mas também a população. Entre esses recursos informativos, estavam as Actas
Diurnas. Explique o que eram, a quem se destinavam e o que era informado nessas atas.

Os estudantes devem definir as atas diurnas como uma forma de comunicação típica do Império Roma-

no, dirigida a toda a população, sendo exposta em locais públicos a fim de que fosse lida, compreendida

e aplicada por todos os romanos. As atas romanas traziam informações sobre o que acontecia na cidade-

-Estado. Entre os assuntos considerados importantes para serem destacados, estavam, conforme descri-

to no texto, decretos de imperadores e senadores; nascimentos, casamentos e mortes de personalidades

notáveis; reuniões e atos públicos envolvendo o imperador e outros magistrados; batalhas travadas pelas

legiões romanas; eleições e nomeações para cargos públicos; combates de gladiadores; além de descrições

de julgamentos e de uma lista dos executados.

� A necessidade de se comunicar faz parte do ser humano, mas as formas como as diversas socieda­
des executaram seus processos comunicativos diferem entre si. Sobre os processos e instrumentos
comunicativos existentes no Império Romano e no período medieval, marque o que for correto.
a) Como os comandos romanos eram responsáveis por territórios muito maiores do que os dos
feudos, em Roma foi desenvolvido um complexo sistema de comunicação, ao passo que na
Idade Média a comunicação era praticamente inexistente.
b) Na história da humanidade, a passagem do tempo sempre trouxe consigo avanços e desen­
volvimentos. Com os processos comunicativos não é diferente, pois, na passagem da cidade­
-Estado romana para o período medieval, houve muitos avanços na forma de disseminar
informações.
)( Existiam muitas diferenças nas formas predominantes de comunicar e de informar as po­
pulações no Império Romano e no período feudal, mas em ambas as sociedades os recursos
comunicativos eram importantes para consolidar identidades e valores sociais.
d) O Império Romano demandava um complexo sistema de comunicação, a fim de coordenar
os variados grupos sociais e territoriais que estavam sob o seu comando. As crônicas e as cartas
eram formatos especialmente importantes para alcançar esse objetivo.
e) Ainda que os processos comunicativos desenvolvidos no período medieval não fossem tão
sofisticados quanto os atuais, seria um erro afirmar que a comunicação não tinha importância
nesse período. Os relatos de viagem, afixados em espaços públicos para serem lidos, são exem­
plos de como a comunicação entre os feudos era importante.

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8J As folhas volantes, comuns no período renascentista, podem ser descritas como antecessoras dos
primeiros jornais. Sobre as características dessas produções, sua circulação e seu conteúdo, mar­
que o que for correto.
a) As folhas volantes podem ser caracterizadas como os primeiros jornais, uma vez que, assim
como as produções atuais, elas divulgavam regularmente informações de interesse da popu­
lação.
b) Uma semelhança importante entre as folhas volantes e os jornais impressos diz respeito à
variedade de notícias e de temáticas que traziam a cada edição.
c) O período de popularização das folhas volantes ocorreu após a invenção da prensa de tipos
móveis do Ocidente. Por esse motivo, só participava da divulgação e distribuição das infor­
mações aqueles que tivessem uma tipografia aos seus serviços.
d) Os conteúdos que interessavam às folhas volantes eram muito distintos dos que interessam
aos jornais na atualidade, o que se deve à grande modificação dos valores-notícia.
� As folhas volantes surgiam de maneira espontânea na sociedade, isto é, não eram produzidas
por comunicadores dedicados a isso, mas por pessoas que se viam diante de informações que
acreditavam que deveriam divulgar.

Segundo o pesquisador Jorge Pedro Sousa, as folhas volantes prepararam um mercado consumi­
dor e um público para o jornalismo industrializado. O autor faz essa afirmação, pois aquelas pu­
blicações eram bem acolhidas pela burguesia urbana, tanto que os analfabetos chegavam a pagar
para que o conteúdo fosse lido para eles. Considerando essa atenção dada às notícias, analise as
proposições.
I) A disponibilidade de realizar pagamentos para se informar é uma característica do período,
que não encontra correspondentes na atualidade.
II) O pagamento para obter informações é um indício de que as pessoas compreendiam a im­
portância de estar a par dos acontecimentos importantes para a região.
III) Na atualidade, nem todas as informações consumidas são compradas diretamente, mas em
todas as formas de produção de informações há modelos de financiamento, pelos quais se
paga pela produção dos conteúdos e pelo trabalho dos jornalistas, por exemplo.
IV) Atualmente, a publicidade é uma forma muito comum de pagar pela produção de notícias.
Por conta dos anúncios, muitas vezes o público não precisa pagar diretamente pela informa­
ção, pois quem paga são grandes empresas, que compram espaços em páginas e no intervalo
de programações com a finalidade de serem vistos pelo público que busca se informar ou
entreter.

Assinale a alternativa correta:


a) Todas as proposições estão corretas.
b) Apenas a proposição II está correta.
c) Está incorreta apenas a proposição IV.
d) Estão corretas apenas as proposições II e III.
� Estão corretas as proposições II, III e IV.

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544 Às margens do entender: quem diz o que é notícia?

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Relevância
social e a
notícia
Até agora, a nossa curiosidade nos trouxe co­ Os primeiros estudiosos que nos ajudarão a
nhecimentos interessantes. Observando notícias e entender o que faz com que algo seja relevante
pensando sobre situações noticiáveis, aprendemos são dois estadunidenses: Dan Sperber e Deirdre
que não são apenas os jornalistas que conseguem Wilson. Eles desenvolveram uma teoria chamada
separar o que é do que não é noticiável. Vimos Teoria da Relevância. Entre as suas várias ideias,
também que existem critérios (não critérios úni­ os autores afirmam que a separação do que é ou
cos e fixos, mas saberes que ajudam a identificar não relevante não é só uma questão de gosto, mas,
o que é interessante) e que eles possuem antece­ muito antes disso, uma questão de sobrevivência.
dentes históricos. Nossa forma de entender o que O que eles querem dizer é que todos nós, se­
é importante não é exclusivamente nossa, ela é res humanos, possuímos uma capacidade de se­
influenciada pela história e pela sociedade. parar o que é ou o que não é relevante e que essa
Mesmo que todo esse conhecimento tenha capacidade foi essencial para que a nossa espécie
nos levado adiante em relação ao nosso ponto sobrevivesse, afinal de contas não somos tão rá­
de partida, ainda podemos ir além. O muito que pidos, tão fortes ou tão ferozes quanto outros
aprendemos não nos esclareceu, por exemplo, o animais. O que nós sabemos (e que é, segun­
que torna algum acontecimento relevante. Então, do eles, nossa grande qualidade) é prestar mais
é preciso fazer duas perguntas: o que faz com que atenção e nos dedicar mais ao que é relevante e
algo seja pertinente? O que é relevante para mim menos ao que não é.
é igualmente para você? Assim, para eles, em primeiro lugar, a rele­
Para responder a essas perguntas, Dona No­ vância está ligada à necessidade de sobreviver.
tícia arrumou as malas, pois estava pronta para Esta faz com que alguns acontecimentos sejam
fazer outras viagens no tempo e no espaço, tudo considerados relevantes por todos, sem grandes
para obter mais conhecimento sobre suas prá­ variações.
ticas. Mas logo foi possível perceber que, desta Pense na seguinte situação, você e seus co­
vez, não seria preciso sair do lugar. Com o auxí­ legas de classe estão em uma sala, aguardando
lio de alguns pensadores, passaremos a investigar pelo transporte escolar que os levaria para casa.
a essência dos nossos pensamentos, de forma que Todos estão um pouco cansados, depois de um
as respostas poderão ser encontradas aqui mes­ dia inteiro de atividades escolares. A maior parte
mo, onde estamos. pensa no que fará quando chegar em casa, alguns

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conversam com os amigos mais lia que farão no fim de semana, deve ser selecionado, mesmo
próximos, mas todos, sem exce­ conversam sobre como apro­ aqueles anteriores à existência
ção, estão um tanto distraídos. veitarão a praia, as brincadeiras do jornalismo, costumam privi­
Impaciente, você resolve ouvir com os primos e as comidas que legiar acontecimentos ligados ao
um pouco de música para pas­ a sua avó sempre leva para esses perigo. A morte, as situações de
sar tempo, no entanto, perce­ encontros. violência e o risco são temas que
bendo que o celular está descar­ Estão todos atentos aos deta­ estão sempre entre os de maior
regado, procura um carregador lhes da viagem e todos julgam interesse, seja para produzir as
e o conecta à primeira tomada que planejá-la é relevante, mas, notícias, seja para produzir as
que avista. Nesse momento, um de uma hora para outra, ocorre ancestrais dela.
estalo alto foi ouvido em toda um acidente entre dois carros Você deve se lembrar do de­
a sala, o carregador ficou escu­ que estavam bem à frente do de sastre ecológico de Mariana, em
ro e um cheiro de queimado se vocês. Por estar dirigindo muito Minas Gerais, de que tratamos
espalhou. Todas as atenções, an­ atentamente, sua mãe consegue anteriormente. Diante dele,
tes voltadas para os interesses de evitar que vocês se acidentem como dissemos, parecia óbvio
cada um, direcionaram-se para também, porém não é possível que o assunto deveria se trans­
a tomada. evitar o susto. Foi preciso des­ formar em notícia. Além dos
Nenhum dos seus colegas, viar do acidente e sair da pis­ valores-notícia que identifica­
nem os que conversavam, nem ta, além de ter de frear o carro mos antes, podemos relacionar
os que planejavam o futuro bruscamente. Ao mesmo tem­ a temática com questões de pe­
próximo, muito menos você, po, a batida entre os dois car­ rigo e risco à sobrevivência, que
deixaram de focar no pequeno ros gerou gritos dos envolvidos, explicam porque é tão inevitável
acidente elétrico, alguns chega­ correria e muito barulho. considerar esse tema relevante.
ram até a se levantar da cadeira Não só vocês, mas todos os Assim como os riscos de
em que estavam e se direcionar que passavam interromperam, contaminação, as epidemias, as
para a porta. Retomando a ideia: momentaneamente, sua roti­ guerras ou os conflitos violentos
dos nossos autores, podemos na para dar atenção ao aciden­ são situações da atualidade que
afirmar que, nessa situação, to­ te. Também essa situação se continuam sendo notícia inevi­
dos julgaram o acontecimento assemelha ao pensamento de tavelmente, uma vez que se re­
como relevante e direcionaram Sperber e Wilson, de que consi­ lacionam com a necessidade de
a atenção para ele por reconhe­ deraremos relevante, de imedia­ prestar atenção ao que pode ser
cerem, quase que por instinto, to, qualquer ocorrência que pa­ perigoso, o que pode colocar a
que aquela situação poderia co­ reça representar risco à vida ou nossa vida ou a nossa saúde em
locá-los em perigo. ao nosso bem-estar. Em outras risco. Da mesma forma, as ten­
Para clarear ainda mais, va­ palavras, para eles, tudo o que é tativas de prevenir um perigo,
mos pensar em outro exemplo. perigoso e que possa gerar dano como a descoberta de uma vaci­
Desta vez, você já está voltan­ é necessariamente relevante. na, o fim de um conflito violen­
do para casa, no carro da sua Nesse momento, Dona No­ to ou um controle de substâncias
família, com a sua mãe, que tícia interrompe a explicação tóxicas vazadas, também são no­
dirige, e com seus dois irmãos, para compartilhar uma desco­ tícias inevitáveis, uma vez que
que estudam na mesma escola. berta. Ela destaca, com razão, continuam se relacionando com
Vocês todos estão concentrados que os critérios que ajudam a essa proteção à vida e com a ne­
discutindo um passeio em famí- separar o que deve e o que não cessidade de sermos cuidadosos.

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Sabemos, por ora, com auxí­ expressões são indícios de que, do aprendemos que os gostos
lio da Teoria da Relevância e da na atualidade, passamos a cha­ dela eram semelhantes aos dos
observação dos nossos próprios mar de essencial e necessário o seus antepassados.
pensamentos, que aquilo que é que, na verdade, é apenas com­ Além dos nossos antepassa­
perigoso é necessariamente re­ patível com os nossos interesses dos, como os nossos pais e os
levante. Mas devemos admitir particulares, a fim de reforçar a nossos avós, o mundo à nossa
que, por mais que os riscos se­ importância de algo para nós. volta também nos influencia.
jam imprevisíveis e possam nos Note que agora paramos de Vamos às evidências. Se você
atingir a qualquer momento, falar de situações que atingem a gosta muito de esportes, é pos­
não é todo dia que a nossa vida todos e passamos a nos importar sível que entre as suas práticas
entra em perigo. Na verdade, conosco, com os nossos gostos favoritas estejam o futebol e o
é comum que passemos muito e particularidades. Nesse ponto, voleibol, por exemplo, e não é
tempo sem entrar em contato a relevância deixa de se referir por acaso que esses são dois es­
com uma situação efetiva de pe­ a algo que atinge a todos igual­ portes especialmente populares
rigo e que grandes riscos sejam mente (somos todos guiados no Brasil. Por outro lado, difi­
circunstâncias atípicas. por uma necessidade comum de cilmente o rúgbi ou o críquete
Nessas situações, a avaliação sobreviver) e passa a incluir dife­ estariam entre as suas modali­
de relevância continua aconte­ renças. Em situações em que não dades favoritas ou entre aquelas
cendo, mas ela passa a se guiar há ameaças à nossa sobrevivên­ em que você é mais habilidoso
por outros parâmetros, além da cia, utilizamos avaliações de rele­ ou habilidosa. Na verdade, é até
sobrevivência. Em todo caso, vância particulares para priorizar possível que você nem saiba que
é interessante notar que, na o que é mais importante para esportes são esses.
nossa vida cotidiana, em que nós, e essa prioridade pode ser Antes de explicar aonde que­
não há grandes riscos e peri­ diferente da dos outros. remos chegar, vamos a outro
gos ocorrendo a cada instante, Talvez essa afirmação lhe pa­ exemplo. Pense agora em co­
continuamos usando expressões reça óbvia, já que é bem visível midas que você considere mui­
como "Eu não vivo sem isso", que as pessoas têm gostos dife­ to gostosas. Talvez você goste
"Eu preciso disso para viver" ou rentes. O que algumas vezes é muito de feijoada e ache que
"Como alguém consegue viver difícil de admitir é que as nossas brigadeiro é um dos doces mais
sem isso?" para falar de bens ou preferências não são exclusiva­ incríveis que existem. Se você
práticas muito banais, como um mente nossas. Quem pode nos concordar com isso, você será
celular, uma comida favorita ou ajudar a entender isso é o nosso mais um entre muitos brasilei­
um programa de televisão que segundo estudioso de referên­ ros que apreciam esses alimen­
apreciamos. cia, um sociólogo alemão cha­ tos. Por sua vez, seria bastante
Quando alguém diz que não mado Alfred Schutz. surpreendente se você pensasse
vive sem celular, por exemplo, Quando afirma que as nos­ que uma comida deliciosa é o
nós sabemos que esta não é sas preferências não são exclu­ kholodets, um tipo de gelatina
uma afirmação literal, ou seja, sivamente nossas, Schutz quer de carne e legumes.
não quer dizer que a pessoa vai dizer que a sociedade influencia Provavelmente você não só
realmente morrer se ficar sem a formação dos nossos gostos. não listou o kholodets como uma
o aparelho, mas, sim, que ela A verdade é que já falamos um das suas comidas favoritas, mas
considera o celular como um pouco sobre isso na nossa via­ também achou muito estranho
objeto muito importante. Essas gem com Dona Notícia, quan- que alguém goste disso: "Onde

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já se viu uma gelatina com carne?!". A verdade, porque precisa fazer uma pergunta: "O que a for­
entretanto, é que o prato é muito popular na Rús­ mação dos gostos tem a ver com as notícias?". A
sia, onde talvez a nossa feijoada é que pareça um resposta para essa pergunta não poderia ser outra:
prato estranho. tudo a ver!
O que queremos dizer com esses exemplos é que, Agora vamos explicar: as notícias estão sempre
mesmo sendo construídos por nós, os nossos gostos comprometidas com a relevância. Estamos falan­
não estão desvinculados do mundo à nossa volta. do, desde o nosso começo de conversa, que não
Usando as palavras de Schutz, podemos dizer que são todos os assuntos que devem ser selecionados e
nascemos em um mundo já organizado, que nos transformados em notícias, não é tudo que agrada
ensina muito. Quando nascemos, somos expostos a a nossa amiga exigente. O que deve ser selecionado,
uma sociedade em que já existem definições, como em poucas palavras, são os fatos e acontecimentos
o que é considerado uma comida gostosa, o que é que possuem relevância para a população.
um esporte legal e o que é ou não estranho. As empresas jornalísticas não podem ignorar a
Certamente podemos escolher: nem todos os relevância, isto é, não podem deixar de produzir
brasileiros gostam de feijoada ou de futebol. Tam­ conteúdo sobre o que desperta interesse, o que é
bém podemos nos acostumar e apreciar o que em essencial saber e o que gera efeitos positivos. Isso
outros momentos nos pareceu estranho, mas nos­ faz com que a notícia tenha de lidar com três tipos
sas escolhas dependem do que nos foi apresenta­ de informações relevantes.
do. É por esse motivo que podemos afirmar que O primeiro deles diz respeito ao que é ine­
os nossos gostos, mesmo sendo diferentes uns dos vitavelmente relevante, já que se liga a questões
outros, não são totalmente independentes, eles de sobrevivência. Querendo ou não, os veículos
partem de uma base comum, aquilo que está na de comunicação não podem deixar de falar so­
nossa cultura antes de nós. bre essas temáticas, assim como nós não podemos
Nesse ponto, Dona Notícia nos interrompe deixar de ficar atentos ao que é perigoso ou arris­
mais uma vez, não porque não concorde, mas cado. Chamaremos essa relevância de relevância

Vacinação em queda no Brasil preocupa


autoridades por risco de surtos e
epidemias de doenças fatais

f O � � C: Compartilhar

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imperativa. Carnaval de Olinda homenageia a
Por esse motivo, sempre se­ 'Terra de Gigantes' em 2018
rão notícias: epidemias, guerras,
Teria fotd.Y1Jlgldontst,;ctrÇa•leira{1).durarn:eeventortalu:ado nasecttda prde1tura, nobarro
do Varadouro �dese""iumaárea para apoteml!dafol1a, oomarqu�s.

violência, mortes e várias outras


situações em que estejam envol­
vidos riscos a que uma grande
quantidade de pessoas está ex­
posta. Pelo mesmo motivo, de­
vem ser notícias as informações
que ajudem as pessoas a se pre­
venirem quanto aos riscos, sendo
essas denominadas notícias de
serviço. Considerando que nem
sempre as notícias de serviço se
impõem, como fazem os riscos,
e que muitos desconhecem que
há caminhos preventivos a serem
apreendidos, muitas vezes as in­
formações com o intuito de pre­
venir são tratadas como menos
importantes do que aquelas que
já geraram danos e prejuíws.
Em seguida, há as notícias
que são relevantes não por trata­
rem de situações que constituem
perigo à vida e à saúde, mas por
serem compatíveis com a reali­ ressantes para a maioria. Chamaremos essa forma de despertar inte­
dade social que nós todos com­ resse de relevância tradicional.
partilhamos. Dissemos a pouco Para estimular esse tipo de relevância, as notícias partem de um
que os nossos gostos são cons­ sistema de referências que já é familiar, ou seja, tratam como impor­
truídos a partir de uma realidade tante aquilo que já é assim considerado pela sociedade. Nesse sentido,
comum. Pois bem, essa realidade a notícia é um importante instrumento de reafirmação da realidade
comum é uma referência impor­ vigente, ou seja, um recurso importante para garantir a manutenção
tantíssima para a notícia. e a continuidade dos modos de ser de uma sociedade.
Como as informações jor­ Quando uma série de notícias informa sobre um campeonato de
nalísticas precisam despertar futebol, por exemplo, ela não só se apoia nessa realidade compar­
interesses em uma grande quan­ tilhada, que ensinou à maior parte dos brasileiros ser o futebol um
tidade de pessoas, partir dessa esporte que caracteriza a nação e que é importante e interessante,
realidade compartilhada é uma mas também reafirmam essas percepções. Por estarem as socieda­
boa estratégia, pois dessa forma des em constante modificação, uma característica poderia deixar
é mais fácil atingir assuntos que de existir se não fosse reafirmada com ifre uência. A prova disso são
são, mesmo que com algumas alguns costumes e tradições que vão perdendo a popularidade por
diferenças de percepção, inte- não serem mais praticados pelos mais jovens.

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Por fim, há o terceiro tipo de relação das notí­ mar a atenção para algo que a população deveria
cias com a relevância, este muito menos comum priorizar, mas que não o faz por não compreender
do que os dois anteriores. Concebendo que a rea­ sua importância. Nessa relação com a relevância,
lidade social está em constante transformação, as diferente da anterior, as notícias não reforçariam
notícias também podem despertar relevância des­ o que já existe, e sim educariam para a mudan­
tacando algo que tem a capacidade de gerar um ça. De maneira prática, essa relevância faria com
efeito para a população, embora não seja nada di­ que se consolidassem novos valores-notícia, isto é,
retamente direcionado à sobrevivência nem pos­ novos indicadores do que é importante e do que
sua uma relação com a tradição. deve receber atenção. Chamaremos esse tipo de
O que as notícias fariam, nesse caso, é cha- relevância de relevância para o futuro.

Para alguns estudiosos da atualidade, que alguns motivos, dentre os quais destacaremos dois:
compreendem o papel fundamental dos meios há primordialmente uma busca dos veículos de co­
de comunicação para a organização da socieda­ municação por segurança. É preciso deixar claro que
de, o compromisso com a mudança e, portanto, o a relevância para o futuro é um investimento a longo
uso da nossa relevância para o futuro devem ser o prazo e que pode encontrar resistência no público
objetivo fundamental da mídia, uma vez que ne­ do jornal. Em seguida, mas não menos importante,
nhuma instituição da atualidade é mais capaz do há o fato de as empresas jornalísticas serem condu­
que ela de organizar discussões e dar espaço para zidas, muitas vezes, por outros interesses, além do
uma diversidade de pontos de vista. desejo de despertar relevância e de estimular trans­
Entretanto, por uma série de motivos, essa forma formações positivas na sociedade.
de despertar relevância, como já dissemos, é a menos Ao mesmo tempo que são representantes de
comum das três. Essa pequena inovação se deve a uma instituição social cuja função é intermediar

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a relação entre informações re­
levantes e um público que pre­
cisa dessas informações, os veí­
culos de comunicação, em sua
maioria, também são empresas e
possuem uma série de interesses
econômicos, como o de alcançar
lucros, de superar a concorrência
e de agradar aos seus donos.
Quando os veículos de co­
municação priorizam as suas
necessidades empresariais e per­
cebem os seus receptores como
consumidores, e não como Há anos as propagandas ocupam páginas das revistas de entretenimento. Estas,
cidadãos, é comum que a rele­ por ditarem certos comportamentos da sociedade, veiculam marcas que estejam
associadas a um modo de vida, como essa propaganda da Coca-Cola na revista
vância seja deixada de lado. Isso
norte-americana Life ("coca-cola traz refrescância em todo o mundo") em 1948.
acontece a fim de não compro­
meter um investimento ou os tes: a prefeitura da cidade e uma ga outros meios para se manter.
interesses dos donos do veículo rede de supermercados local. Os Em situações de conflito
de comunicação. donos do jornal sabem que esses como essa, é possível que a cla­
Para deixar essa afirmação anúncios são fundamentais para ra relevância jornalística não seja
mais clara, pense em um jor­ pagar os funcionários, comprar suficiente para fazer com que um
nal de pequeno porte dedicado matéria-prima, pagar todos os acontecimento vire notícia. A si­
a transmitir informações sobre custos da produção de notícias e tuação se torna possível, entre
uma cidade não muito grande. para gerar lucros, em outras pa­ outros motivos, pela ausência de
Tal jornal, ainda que tenha uma lavras, eles compreendem que o outros veículos de comunicação
circulação razoável, não conse­ funcionamento de sua empresa (que poderiam ter outros anun­
gue pagar todos os seus custos jornalística depende dos recur­ ciantes e não se intimidarem em
com a venda das edições aos assi­ sos desses anunciantes. produzir a notícia), pela falta de
nantes e aos consumidores espo­ Diante desse cenário, ima­ transparência ligada ao trabalho
rádicos. Na verdade, o dinheiro gine que um repórter do jornal jornalístico e pela grande depen­
vindo da venda é uma porção descobre um esquema de desvio dência dos meios de comunica­
bem pequena do que o veículo de verbas na prefeitura ou apu­ ção como forma de conhecer o
de comunicação arrecada. ra que a rede de supermercados que se passa.
Para manter-se, a equipe co­ falsifica a data de vencimento Outras situações de conflito
mercial do jornal precisa vender dos produtos, colocando a po­ entre os interesses comerciais de
espaço publicitário, isto é, preci­ pulação em risco. Nas duas si­ um veículo de comunicação e os
sa oferecer espaços para empre­ tuações, há motivos de sobra interesses informativos do pú­
sas ou entidades públicas que para produzir notícias, mas blico podem ocorrer. Imagine
desejem divulgar seus produtos, também há os interesses comer­ um país que possui poucas em­
serviços e atuações, em troca de ciais dos donos do jornal e o seu presas de comunicação capazes
dinheiro. No caso desse jornal, temor de que, contrariando seus de alcançar toda a nação dian­
são dois os principais anuncian- anunciantes, o jornal não consi- te de uma corrida eleitoral. As

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poucas empresas, por meio dos seus donos, po­ da discussão de ideias e que todas as opções sejam
dem escolher os candidatos que são mais compa­ exibidas, com a mesma intensidade, aos eleitores.
tíveis com os seus interesses e passar a dar menos Por motivos como esses, estudiosos compreen­
atenção para os demais. Eles podem, por exem­ dem que a existência de monopólios de comuni­
plo, realizar debates e não incluir alguns dos can­ cação é um risco à democracia.
didatos, com a justificativa de selecionar apenas A proibição aos monopólios de mídia também
os mais populares, porém é justamente o espaço é uma exigência da Constituição Federal Brasi­
nos grandes veículos que garante a popularidade leira, de acordo com o artigo 220, que trata da
e, sem ele, os candidatos desconhecidos permane­ comunicação social, e, especificamente, segundo
cerão desconhecidos, assim como as suas ideias. o parágrafo quinto, "Os meios de comunicação
Em um cenário como esse citado, o privilé­ social não podem, direta ou indiretamente, ser
gio dos interesses empresariais sobre os interesses objeto de monopólio ou oligopólio". O problema
informativos não só atrapalha a candidatura dos é que a Constituição, quando foi escrita, deixou
políticos desconhecidos, como, muito além disso, a aplicação da proibição e o seu funcionamento
prejudica a efetivação da democracia, pois impede para serem detalhados em leis posteriores. Como
que a corrida eleitoral seja conduzida em função essas leis nunca foram escritas, essa ordem nunca
foi cobrada efetivamente.

cimento, mas cada um enfocar aspectos distin­


Monopólio e oligopólio:
tos dele ou contextualizar de formas diferentes.
por que são tão perigosos Essa diferença é fundamental para que os ci­
à comunicação? dadãos tenham acesso a uma riqueza maior de
Quando uma empresa de determinado se­ informações e perspectivas. Quando esse mer­
tor atua sozinha, ou seja, não possui concor­ cado é dominado por uma ou um grupo peque­
rentes, essa situação é chamada de monopólio. no de empresas, essa diversidade fica seriamente
Sendo essa empresa a única a ofertar produtos ameaçada, pois a decisão sobre o que e como
ou serviços naquele setor, ela atua de forma será noticiado depende dos interesses de quem
privilegiada, podendo, inclusive, praticar pre­ noticia; e, sendo um ou poucos prestando esse
ços muito elevados. Já o oligopólio acontece serviço, ficamos dependentes de uma visão de
quando existe um grupo pequeno de empresas mundo mais estrita.
que domina esse mercado, cada uma detendo Carente de
� Escaneie o QR CODE
uma fatia enorme dele. inovações,
jornalismo
No mercado de serviços de comunicação, a local precisa se
propriedade das empresas encarregadas de pro­ modernizar para
sobreviver
duzir e fazer circular informações é um aspecto
que merece bastante atenção. Isso porque os
acontecimentos analisados e noticiados podem
ser vistos sob diversos pontos de vista e contex­
tos: aquilo que um jornal pode achar relevante
pode não parecer relevante para outro, ou então
dois jornais podem noticiar o mesmo aconte-

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E o resultado disso é que, no Brasil, apenas compromisso dos meios de comunicação com a
cinco famílias controlam mais da metade de to­ relevância social seja abandonado e, em conse­
dos os veículos de comunicação de maior audiên­ quência disso, a população não tenha acesso às
cia. Os dados são da pesquisa Monitoramento da informações mais relevantes e mais necessárias
Propriedade da Mídia, um projeto do Ministério para exercer a sua cidadania.
de Cooperação Econômica e Desenvolvimento Por outro lado, o crescimento de novas plata­
da Alemanha interessado em fazer um diagnós­ formas de compartilhamento de informações tem
tico, bem como em estimular a transparência e a um interessante potencial, embora também muitos
pluralidade da mídia ao redor do mundo. riscos. Hoje, tornou-se muito mais fácil produzir e
A pesquisa constrói dez indicadores de risco à compartilhar conteúdo e, para isso, não é necessá­
pluralidade, isto é, itens nos quais é avaliado em ria uma grande estrutura empresarial: mesmo com
que medida a concentração da propriedade da um dispositivo móvel, é possível criar e dissemi­
mídia impede que se tenha uma comunicação nar notícias. Isso significa que um blog ou mesmo
diversa e múltipla, capaz de representar os dife­ um perfil em redes sociais pode ser um importante
rentes setores da sociedade. Dentre os dez indi­ aliado da Dona Notícia, mas também pode com­
cadores, segundo a pesquisa, há altos riscos para prometer sua integridade. Se por um lado essa faci­
a diversidade da informação brasileira em seis. lidade permite trazer ao conhecimento do público
O que esses dados apontam, de maneira resumi­ temas que não são considerados relevantes para os
da, é que, embora os veículos de comunicação brasi­ grandes veículos de comunicação, estimulando no­
leiros cheguem aos lugares mais distantes, são poucas vos debates, também pode tornar Dona Notícia re­
as vozes e os interesses que os comandam. Com isso, fém de "boatos", as famosasfake news: informações
há uma redução do espaço de debate, e principal­ que trazem inverdades, meias-verdades, ou mesmo
mente a impossibilidade de um debate qualificado, verdades descontextualizadas, levando o público a
já que várias vozes deixam de ser ouvidas. formar uma opinião sem recursos suficientes para
A manutenção desse cenário permite que o isso, muitas vezes de forma equivocada.

Garoto que foi hostilizado por Cabral passa em


concurso e vai trabalhar onde ex-governador
está preso
bento por jos�ito Mulltt

BANGU 8 - Nunca a frase do filósofo grego Parmênides - segundo a qual .,o


mundo gira e um dia é da caço e o outro é da pesca" - fez tanto sentido!

Após ficar famoso nas redes sociais por aparecer em vídeo no qual reclama ao
então governador sobre o funcionamento de uma piscina e quadra em seu bairro,
o então jovem Sergio Sandro Sorayo Sarmento da Silva Souza Seabra, na época
com dezessete anos, foi hostilizado pelo mandatário, na ocasião em que era
acompanhado pelo então presidente Lula, o filho do Brasil.

Anos mais tarde, no caso, este ano, Sergio, hoje com vínte e dois anos, viu seu
nome anunciado na lista dos aprovados para concurso público de agente

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GJ Para os teóricos Dan Sperber e Deirdre Wilson, a capacidade de avaliar relevância é uma vanta­
gem e uma necessidade da humanidade, uma vez que por meio dela é possível focalizar o que é
mais importante e urgente. Continuando nesse raciocínio, eles dão a entender que, antes de ser
uma questão de gosto, a relevância é uma questão de garantia da sobrevivência. A partir dessas
ideias, explique por que notícias sobre situações perigosas são sempre relevantes.

Os estudantes devem afirmar que essas notícias são sempre relevantes, pois se ligam à necessidade de sobrevivência,

ao tratar das ocorrências que não devem ser ignoradas, uma vez que trazem informações necessárias para garantir a

vida e a saúde. Também é possível responder a essa questão fazendo uso da noção de relevância imperativa, isto é,

aquela que não pode ser evitada, mesmo se este for o interesse do veículo de comunicação.

Segundo o sociólogo Alfred Schutz, o indivíduo e a sociedade são complementares, pois todas as
individualidades se formam a partir da realidade social e a sociedade só existe graças aos indiví­
duos e ao seu compartilhamento de crenças, ideias, valores e sentimentos. As ideias desse autor
nos ajudam a entender porque, mesmo que não haja uma pessoa exatamente igual à outra, é
comum que indivíduos e grupos compartilhem gostos.
Pensando na produção de notícias, explique porque esse compartilhamento é importante para
veículos de comunicação que precisam atender a grupos grandes e variados.

Para responder a essa questão, os/as estudantes devem se voltar para a relação entre relevância e tradição.

Devem afirmar que o compartilhamento de gostos é importante, pois é uma forma de atingir e interessar

a maioria da população. Além disso, ao basear-se na tradição, os meios de comunicação correm menos

riscos do que tratando de temáticas desconhecidas. Assim, resumidamente, suas respostas devem indicar

que o compartilhamento de gostos garante, aos veículos de comunicação de massa, assuntos que interes-

sarão a muitas pessoas, mesmo sendo elas bem diferentes entre si.

Sobre a separação entre relevância imperativa, relevância tradicional e relevância para o futuro,
marque o que for correto:
a) Os três tipos de relevância referem-se a gostos que são compartilhados de maneira muito
parecida por toda a população. Sendo fiéis a eles, os meios de comunicação de massa têm
garantia de que agradarão da mesma forma todos os membros do público.
b) Independentemente do tipo de relevância a que façamos referência, é necessário esclarecer
que a relevância sempre se relaciona com as pessoas. Por esse motivo, e considerando que as
pessoas são diferentes, o que é relevante sempre depende dos gostos de cada um.

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e) A relevância envolve tanto o compartilhamento de saberes e necessidades quanto os gostos
individuais. Nesse sentido, é possível indicar que a relevância imperativa e a relevância tra­
dicional tratam da coletividade, enquanto a relevância para o futuro diz respeito aos gostos
pessoais de cada um.
� A relevância imperativa é a que atinge as pessoas de maneira mais semelhante, pois ela se
refere à necessidade, que vai além dos gostos. Por sua vez, as relevâncias tradicional e para o
futuro podem ser compreendidas como mais ou menos importantes, a depender da pessoa.
e) Enquanto a relevância tradicional se baseia em saberes que já existem e que são usados para
a construção da realidade, a relevância para o futuro é uma tentativa de impor uma visão de
mundo particular para a coletividade.

0 Ainda que seja essencial compreender os processos pelos quais um meio de comunicação separa
o que merece ou não ser transformado em notícia, ou seja, ainda que seja fundamental entender
os valores-notícia e a sua definição do que é relevante, esses saberes podem ser postos em segundo
plano por um conjunto de interesses empresariais. Isso porque, ao mesmo tempo que os veículos
de comunicação de massa são representantes de uma instituição social com um papel a cumprir, a
fim de garantir a democracia, eles também costumam ser empresas, movidos por outros interesses.
Sobre o conflito de interesses envolvendo as empresas jornalísticas e o direito de todo cidadão a
informar e a estar informado, assinale a alternativa incorreta:
a) O mal usufruto do direito à informação pode comprometer o acesso a outros direitos. Sem
conhecer o seu direito à moradia, por exemplo, cidadãos podem deixar de reivindicá-lo,
quando descumprido. Da mesma forma, sem o adequado acesso à informação, os cidadãos
podem ter comprometidos o seu direito de participar ativamente da vida pública.
b) Na atualidade, o direito à informação é particularmente essencial, uma vez que todos os dias
são tomadas decisões que, mesmo estando geograficamente afastadas dos indivíduos, inter­
ferem diretamente na vida deles. Os meios de comunicação funcionam, nesse cenário, como
um importante intermediário entre acontecimentos e um público que precisa saber dele.
� Interesses empresariais dos donos de veículos de comunicação devem ser desconsiderados,
pois muito mais importantes do que eles é o direito à informação. Por isso, o ideal é que o
Poder Público (Federação, estado e município) seja o único responsável pela transmissão de
informações, excluindo as empresas privadas.
d) O conflito entre os interesses dos empresários de comunicação e o direito à informação en­
volve lados em situações desiguais. Enquanto os interesses dos empresários são privilégios
usufruídos por poucos, o direito à informação é uma garantia que deve atingir a todos, dos
mais ricos aos mais pobres.
e) Ainda que o direito à informação seja um bem essencial para sociedades democráticas, o con­
flito entre tal direito e os interesses dos empresários de comunicação não pode ser resolvido
simplesmente desconsiderando as empresas, uma vez que elas também têm um importante
papel a cumprir a fim de se adquirir um sistema midiático equilibrado.

� A censura direta não é o único obstáculo capaz de comprometer uma atuação adequada dos
meios de comunicação. A falta de uma regulação dos direitos do público, visto como um con­
junto de cidadãos que precisam se informar para exercer plenamente a sua cidadania, também
compromete o sistema midiático do País.

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A respeito do não cumprimento de obrigações pelo Estado e pelo mercado de comunicação, há
um conjunto de requisitos que, embora dispostos na Constituição Federal, não são cobrados dos
veículos por falta de uma legislação específica. Isso faz com que os veículos deixem de cumprir
adequadamente o seu papel e com que o Estado não atue como um garantidor do interesse pú­
blico. Entre os requisitos listados mais descumpridos, estão:

"Proibição de monopólios e oligopólios nos meios de comunicação (artigo 220, parágrafo 5).
Preservação das finalidades educativas, culturais e informativas.
Proteção à cultura regional através da garantia de regionalização da produção.
Estímulo à produção independente (artigo 221).
Criação dos três modos complementares de exploração (privado, estatal e público) (artigo 223)."
BOLA.NO, Cesar Ricardo Siqueira. Qµal a lógica das políticas de comunicação no Brasil?. São Paulo: Editora Paulus, 2014.

A partir das informações presentes no trecho e no enunciado, bem como dos seus conhecimentos
sobre a questão, analise as alternativas a seguir:
I) A determinação constitucional de que as emissoras de rádio e televisão devem priorizar fi­
nalidades "educativas, culturais e informativas", conforme disposto no artigo 221, pode ser
compreendida como uma espécie de censura a outras temáticas.
II) A proibição de monopólios e oligopólios está, de fato, longe de ser cumprida, entretanto há
muitos avanços na regionalização e no estímulo a produções independentes. As duas moda­
lidades têm encontrado amplo espaço nas emissoras de rádio e televisão do País.
III) O poder executivo, aquele que possui a atribuição de governar conforme a constituição, é
responsável, entre outros, por observar o princípio da complementaridade do sistema mi­
diático, que deve ser composto de veículos privados, públicos e estatais. Na prática, não há
muita diferença entre veículos públicos e estatais, uma vez que ambos devem ser comanda­
dos por lideranças escolhidas pelos governantes eleitos.
Após leitura cuidadosa, assinale a alternativa correta:
a) Está correta apenas a proposição 1.
b) Estão corretas apenas as proposições I e III.
c) Todas as proposições estão corretas.
d) Está correta apenas a proposição III.
� Nenhuma alternativa está correta.

� Analise as manchetes abaixo e classifique-as quanto ao tipo de relevância, assinalando A (para


relevância imperativa), B (para relevância tradicional) ou C (para relevância para o futuro).
a) ( B) Brasil perde para a Bélgica e está fora da Copa do Mundo [...] A seleção brasileira criou
chances, pressionou o adversário, mas perdeu muitos gols e sofreu com 20 minutos muito ruins
no primeiro tempo, quando a Bélgica fez dois gols. (Agência Brasil, jul. 2018)
b) (A ) Prédio desaba após incêndio no centro de São Paulo Cerca de 150 famílias ocupavam
o edifício, no Largo do Paissandu. Uma pessoa está desaparecida (El País, maio 2018)
c) ( C ) Por que o uso de canudos está se tomando um problema global? Geralmente feito de púís­
tico, o artefato é apontado como um dos grandes poluentes globais. (Nexo jornal, jun. 2016)
d) ( B) Lady Gaga cancela show no Rock in Rio: "Estou devastada'', posta cantora Cantora
alegou fortes dores devido à fibromialgia. ( G1, set. 2017)
e) (A ) Surto de febre amarela já é o mais mortal desde 1980. E agora? O número de casos e
óbitos superou o do surto anterior - o que devemos fazer para evitar o avanço da febre ama­
rela? (Saúde, mar. 2018)
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O fim e o
recomeço

A jornada foi longa. Começamos refletindo siderava interessante. Para isso, contamos com o
sobre acontecimentos com maior ou menor po­ auxílio dos valores-notícia e descobrimos que es­
tencial para serem transformados em notícia, as­ ses critérios podem ser conhecidos por todos nós
sunto que, embora esteja sempre em volta de to­ e podem ser usados para avaliar a maior ou menor
dos nós, é pensado por poucos. Mas fomos além, importância de acontecimentos. Com a ajuda de­
muito além, conhecemos a notícia em pessoa, les, deparamo-nos com os acontecimentos e, as­
uma senhora que já exerce a função de informar sim como fazem os jornalistas, analisamos a sua
há muitos anos, mas sem perder, com o passar noticiabilidade.
do tempo, seu interesse pelo que é novo, rápido e Ainda assim, nossa jornada estava só come­
interessante para a população. çando. Arrumamos as nossas malas e fomos in­
Depois desse encontro, descobrimos mais vestigar em diferentes tempos e sociedades de
perguntas. Tentamos entender de maneira orga­ onde teriam vindo os critérios para selecionar as
nizada os gostos da Dona Notícia, o que ela con- notícias. No passado, encontramos os ancestrais

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da nossa amiga, Dona Notícia. levância imperativa, que vem do
Conhecemos as Actas Diurnas, nosso instinto de sobrevivência e
muito importantes no Império da nossa consequente necessidade
Romano, assim como os relatos de nos preservar, diante de poten­
de viagem, as crônicas e cartas, ciais perigos para nossa saúde e se­
do período medieval. Por fim, gurança. As notícias que despertam
conhecemos, no período renas­ relevância dessa forma são aquelas
centista, um parente ainda mais consideradas inevitáveis, as que se­
próximo, as folhas volantes, já riam notícia independentemente
bastante parecidas com Dona da sociedade e do momento histó­
Notícia e preparando todo o rico.
ambiente para o surgimento dos Em seguida, sintetizamos a no­
primeiros jornais. ção de relevância tradicional. Esta,
Nessa viagem, descobrimos por sua vez, diz respeito a noções
que os critérios para a seleção de relevância que estão na socie­
do que importa hoje não são tão dade antes do nosso nascimento
distintos daqueles do passado, e que nos são ensinadas no nosso
tornando claro que a nossa per­ processo de socialização. Esses sa­
cepção do que é importante tem beres são a base para a construção
história. Mesmo sem conhecer das individualidades e dos nossos
muito bem os seus antepassa­ gostos pessoais. Para a produção
dos, de quem tinha se esque­ de uma comunicação de massa, a
cido, Dona Notícia preservava existência de uma base de identi­
prioridades muito anteriores à dade comum é muito útil, pois ela
invenção da prensa de tipos mó­ pode funcionar como uma forma
veis do Ocidente e muito ante­ de aproximação, mesmo entre pes­
rior ao surgimento dos jornais. soas e grupos muito diferentes.
Depois desses saberes, ain­ A vantagem da relevância tra­
da nos restava questionar a re­ dicional, para o jornalismo, é que,
levância atribuída pela nossa ao repetir um valor já existente, já
mente, quando, diante de di­ compartilhado, ela torna mais fácil
versos acontecimentos, presta­ acertar e agradar a muitos. A des­
mos mais atenção a um do que vantagem, por outro lado, é que,
a outros. Nesse ponto, conhece­ ao acionar a relevância pela tradi­
mos a Teoria da Relevância de ção, há um reforço da realidade as­
Sperber e Wilson e as reflexões sim como ela é, de forma que essa
sobre a formação dos gostos relevância não é muito capaz de es­
individuais de Alfred Schutz. timular mudanças.
Das várias ideias que coletamos, Quem faz isso é a relevância
passamos a falar em três formas para o futuro, nossa terceira cate­
distintas pelas quais a notícia goria. Com um objetivo bastante
poderia alcançar relevância. didático, as notícias que despertam
A primeira delas foi a re- relevância conectadas com o futuro

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tentam tornar tradicionais ques­ devem se sentir representadas
tões que muitas vezes são descon­ como produtores, isto é, as vo­
sideradas. Assim, a relevância para zes dos diversos grupos sociais
o futuro se relaciona com o desejo precisam encontrar espaço nos
de transformar a sociedade para veículos de comunicação. Sem
melhor por meio da orientação dos essa diversidade de vozes, conti­
cidadãos para temas não muito co­ nuaremos sendo uma sociedade
nhecidos. em que poucos falam e a maio­
Esse modo de acionar a rele­ ria apenas escuta.
vância é, portanto, experimental. Ao fim dessa jornada, em
Um jornalismo que tenta utilizar que fomos além das margens
essa relevância compreende que a do entendimento de quem e
sociedade está em constante trans­ do que participa na definição
formação e se dispõe a ser um ator do que é notícia, chegamos a
ativo nesse processo. É importan­ um recomeço que nos estimu­
te destacar que, ao despertar a re­ la a pensar de maneira distinta.
levância para o futuro, não são os Além dos critérios, da influên­
donos dos jornais ou os jornalistas cia histórica, dos dispositivos na
que apontam novos critérios do nossa mente e da influência de
que é relevante, mas os vários gru­ interesses econômicos - todos
pos sociais, que passam a receber envolvidos de alguma forma na
espaço em uma mídia comprome­ definição do que deve ser notí­
tida com a pluralidade. cia - comprometemo-nos a ser
Mas, para que uma diversida­ também definidores.
de de vozes realmente possa ser Para isso, não é preciso que
ouvida e que os diversos grupos e todos nós viremos jornalistas,
interesses sociais participem da de­ afinal o nosso primeiro passo foi
finição do que é notícia, é preciso entender que o conhecimento
garantir que o direito à informação das notícias não se restringe aos
não seja superado pelos interesses profissionais da mídia. O que
econômicos e políticos dos donos é necessário é não aceitarmos
dos veículos de comunicação. Uma as notícias atuais como a única
sociedade democrática não pode forma de informar, que reivin­
ser alcançada sem que seja univer­ diquemos espaço para as nossas
salizada a possibilidade de obter vozes e para outras. Há, portan­
informações sobre o mundo e de to, muitas forças influenciando
informar o mundo a partir do seu a decisão do que será notícia,
ponto de vista. mas nenhuma deve ser mais im­
Em outras palavras, o direito portante do que o interesse pú­
à informação não quer dizer ape­ blico e social, que não privilegia
nas que as pessoas têm o direito a mim ou a você, no entanto
de receber as informações produ­ busca, na diversidade de vozes,
zidas por outros, mas também que o que é relevante para todos.

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Referências
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HABERMAS, Jürgen. Direito e democracia: entre facticidade e valida­


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KUNCZIK, Michael. Conceitos de jornalismo: norte e sul. São Paulo:


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SPERBER, Dan; WILSON, Deirdre. Posfácio da edição de 1995 de


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