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Abrir portas onde se erguem muros Director: David Pontes Quarta-feira, 13 de Setembro de 2023 • Ano XXXIV • n.º 12.188 • Diário • Ed. Porto • Assinaturas 808 200 095 • 1,50€
CORTESIA BIBLIOTECA PÚBLICA E ARQUIVO REGIONAL DE PONTA DELGADA

Natália Correia
Em ano de centenário,
obra da grande figura
pública continua
por descobrir
Destaque, 2 a 4

Só em 16 hospitais e 23 centros
de saúde há 600 médicos em falta
Levantamento foi feito pelo PCP com base nas respostas das unidades de saúde ao Parlamento
Sete unidades de saúde do SNS, que sidade de reforçar os seus recursos sequência de perguntas feitas pelo que as pessoas não têm acesso”, diz ram ontem sem acordo. Há novas
representam 16 hospitais e 23 cen- humanos com 593 clínicos, segundo PCP. “A falta destes médicos signiÆca o deputado João Dias. Negociações greves no horizonte Sociedade,
tros de saúde, identiÆcaram a neces- respostas enviadas ao Parlamento na milhares de consultas e cirurgias a entre Governo e sindicatos termina- 12/13 e Editorial

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Saúde Dados de Agosto Colapso de barragens

Ansiedade Preços Inundações
pós-férias? da hotelaria na Líbia deixam
“É um sintoma pressionam rasto de “corpos
normal” inflação por todo o lado”
Trabalhadores e crianças relatam Tarifas dos quartos dos hotéis e do A tempestade Daniel provocou uma
sintomas que, no caso destas, “desa- alojamento local subiram 10% e con- catástrofe no Leste da Líbia: há
parecem após uma ou duas semanas tribuíram muito para que a inÇação milhares de mortos conÆrmados
do início da escola” Ciência, 28/29 voltasse a subir Economia, 22 Mundo, 21
ISNN-0872-1556

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2 • Público • Quarta-feira, 13 de Setembro de 2023
Destaque Natália Correia, 100 anos depois do nascimento
Em ano de
centenário,
falta ler
Natália Correia
A grande Ägura pública que queria sobretudo ser conhecida
e respeitada como poeta continua presa à caricatura e por
descobrir literariamente. Por estes dias, há homenagens e a
reedição de um livro de poemas. Resta redescobrir-lhe a obra
Isabel Lucas
E
m tempos, o caricaturista Vasco
de Castro (1935-2021) projectou
uma série de retratos aos poe-
tas do Café Gelo, grupo que
começou a reunir-se por volta
de 1957 naquele espaço do Ros-
sio, em Lisboa, e incluía nomes como
Mário Cesariny, António José Forte,
Luiz Pacheco ou Manuel de Lima. A
mais conhecida dessas caricaturas
não será a da Ægura mais famosa des-
se grupo, nem sequer de uma Ægura
comummente associada a ele. Rotun-
da, olhar frontal dirigido a um lugar
impreciso, longa boquilha fumegante
entre os lábios. É sempre difícil sepa-
rar caricatura e retrato quando se fala
da escritora, poeta, política, polemis-
ta que nasceu há precisamente cem
anos na Fajã de Baixo, ilha de São
Miguel, arquipélago dos Açores, e
aquele trabalho de um dos mais livres
artistas plásticos do século XX torna-o
evidente. Ali está Natália Correia.
Jamais alinhada, nem com os poe-
tas do Café Gelo, talvez o grupo a que
mais quis pertencer e a que mais a
ligaram, nunca seguiu normas, acre-
ditando que podia fazer o seu cami-
nho seguindo as suas próprias regras
e impulsos. Essa originalidade valeu-
-lhe o reconhecimento como uma das
personagens mais marcantes da vida
pública da segunda metade do século
XX em Portugal, mas secundarizou-a
na arte em que mais queria ser respei-
tada: a literatura, e nela, a poesia.
O ano em que se celebram simulta-
neamente o centenário do seu nasci-
mento, a 13 de Setembro de 1923, e os
40 anos da sua morte, a 16 de Março
de 1993, tem sido profuso em home-
nagens, com destaque para a publi-
cação de uma biograÆa, O Dever de
Deslumbrar, de Filipa Martins, onde
vem sublinhada uma das caracterís-
ticas mais marcantes da mulher que
foi: ser o centro das atenções.
Conseguiu-o múltiplas vezes, mas
raramente quando o assunto era a
leitura crítica, séria, da sua obra,
que continua, não obstante a popu-
laridade da autora, entre as menos
estudadas, lidas, ensinadas do sécu-
lo XX português. Apenas dois dos
seus livros são aconselhados pelo
Plano Nacional de Leitura: Descobri
que Era Europeia: Impressões de Uma
Viagem À América (Ponto de Fuga,
2013, com prefácio e notas de Ânge-
la de Almeida), e Antologia Poética
(D. Quixote, 2013, com prefácio de
Fernando Pinto do Amaral).
Uma visita rápida a algumas livra-
rias neste ano de celebrações redon-
das é reveladora: as estantes não
reservam espaço a originais da auto-
ra, excepção feita à reedição da Anto-
logia de Poesia Erótica e Satírica, que
Natália Correia prefaciou e anotou
depois de ter seleccionado os poe-
mas, com ilustrações do surrealista
Cruzeiro Seixas, outra Ægura do Café
Gelo. Foi reeditada em 2019 pela
Ponto de Fuga, 54 anos depois da
edição original, de 1965, que valeu à
escritora um processo judicial e uma
condenação de que só se libertaria
com o 25 de Abril de 1974.
Nele, exaltava a revolução recente
que os surrealistas portugueses
haviam operado no modo como escre-
viam sobre o corpo. Entre eles, Mário
Cesariny (que com ela partilha o ano
de nascimento), Herberto Helder,
António Maria Lisboa ou Maria Teresa
Horta — como Natália, menos conota-
da com o Café Gelo, mas inÇuenciada
pelo surrealismo. AÆrmava no dito
A sátira era o prefácio: “A poetização da carne, ilu-
seu reduto minada pelo espírito, cuja exaltação
emana da embriaguez inspiradora da
de inteligência, experiência erótica, pondo em causa
o signiÆcado da comunhão sexual
de independência, electiva, é o tópico da nossa mais qua-
liÆcada poesia moderna.”
mas também No mesmo texto, tece considera-
de solidão. ções sobre o que já era então um dos
seus maiores talentos, mas que sur-
Aí dificilmente giria mais vincado nos anos seguin-
tes: o exercício da sátira. Dentro e
encontrava pares. fora do campo poético. Nas páginas
dos jornais, onde era presença regu-
Apenas — com lar, na bancada do Parlamento no
pós-revolução (ver texto na página
poucas excepções 4), nas noites de longa discussão na
— quem a olhasse sua casa da Rodrigues Sampaio, ou
nos serões do Botequim, o bar no
como um admirável Largo da Graça de que foi sócia com
a escultora Isabel Meyrelles.
animal raro, bom Um admirável animal raro
para observar Natália Correia não poupava ninguém
de longe à crítica quando ela lhe parecia ser o
meio mais eÆcaz de passar uma ideia,
um pensamento. E fazia-o, de prefe-
rência, recorrendo à sátira. Social,
política, cultural. Era o seu reduto de
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inteligência, de independência, mas
também de solidão. Aí diÆcilmente
encontrava pares. Apenas — com pou-
cas excepções — quem a olhasse como
um admirável animal raro, bom para
observar de longe. Vamos de novo a
essa nota, espécie de parêntesis na
análise dos poemas que vão dos Can-
cioneiros Medievais Galego-Portugueses
ao surrealismo, assinado por uma
FOTOS: CORTESIA BIBLIOTECA PÚBLICA E ARQUIVO REGIONAL DE PONTA DELGADA
observadora nata dos comportamen-
tos humanos. “Psicologicamente é a
técnica mais eÆcaz para evitar a impar-
cialidade do exame crítico, exautoran-
do a pessoa satirizada de qualquer
espécie de prestígio e conquistando
adeptos para esse objectivo pela ale-
gria do reconhecimento e pela cum-
plicidade que o riso estabelece.”
À data, Natália Correia tinha pou-
PEDRO CUNHA/ARQUIVO
Natália Correia fotografada
para o PÚBLICO em 1991
O erotismo e a sátira foram
dois dos seus domínios
preferenciais, quer como
autora quer como editora
e antologiadora
Público • Quarta-feira, 13 de Setembro de 2023 • 3
co mais de 40 anos, mas publicara
já seis volumes de poesia — Rio de
Nuvens (1947), que viria a rejeitar,
Poemas (1955), Dimensão Encontra-
da, (1957) Passaporte (1958), Comu-
nicação (1959) e Cântico do País
Emerso (1961) —, e ainda o romance
Anoiteceu no Bairro (1946), um livro
de viagens (Descobri que era Euro-
peia, 1951), um romance para crian-
ças (Grandes Aventuras de Um Peque-
no Herói, 1945), as peças de teatro
Sucubina ou a Teoria do Chapéu, com
Manuel de Lima (1952), e O Progres-
so de Édipo (1957), e os ensaios Poesia
de Arte e Realismo Poético (1959) e A
Questão Académica (1962).
A acrescentar a isto, muitos artigos
de jornal — crónicas, entrevistas —,
que via como uma escrita menor útil
apenas para a ajudar nas contas.
Foram no entanto os jornais que lhe
deram o primeiro dinheiro conquis-
tado com a escrita. Aos 24 anos, em
1947, escrevia nas páginas do Sol o
que pensava do meio em que acaba-
va de ser convidada a entrar, como
lembra a biograÆa O Dever de Des-
lumbrar: “Para que o jornalismo
tenha o nível intelectual e moral con-
sentâneo com a sua missão deve ser
condignamente remunerado.”
Quem era aÆnal esta mulher?
Natural dos Açores, mais precisa-
mente da Fajã de Baixo, ilha de São
Miguel, Ælha de uma professora do
ensino básico e de um pai que a dei-
xou sozinha com a mãe e com um
tio clérigo, foi criada entre o conser-
vadorismo da Igreja Católica e o
incentivo materno à leitura dos clás-
sicos e à discussão de ideias.
Natália formou-se neste convívio
entre os dois extremos — dogma e
dúvida — e constituiu um caminho
singular, deixando a escola depois do
então quinto ano do liceu, já em Lis-
boa, para onde se mudara com a mãe.
Escolheu as leituras, as referências,
os parceiros de tertúlia. Casou muito
cedo, aos 19 anos, sem amar o mari-
do, à espera de uma espécie de inde-
pendência que não viu ser cumprida.
Divorciou-se pouco depois.
Foi jornalista, editora, poeta,
ensaísta. Viajou, militou ao lado de
Humberto Delgado, admirou Antó-
nio Sérgio. Foi amiga de nomes pou-
co recomendáveis para o statu quo
da época, libertinos, malditos, como
Luiz Pacheco, com quem teria uma
zanga épica. Casou mais três vezes,
teve amantes. Era uma feminista
que as feministas da época olhavam
de lado. Lutou pelo direito ao abor-
to. Escreveu quatro romances, dos
quais o ponto mais alto terá sido a A
Ilha de Circe (1983), e ainda 19 livros
de poesia, sete peças de teatro e cin-
co volumes de ensaios; organizou
nove antologias poéticas. E, em
1972, esteve envolvida na publicação
das Novas Cartas Portuguesas de
Maria Isabel Barreno, Maria Teresa
Horta e Maria Velho da Costa, em
mais um desaÆo ao regime.
Elegeu o erótico como um dos
seus temas, juntamente com a
crítica ao comodismo e à mesqui-
nhez. Jocosa, barroca, mordaz,
impulsiva, escarnecia do desÆlar
de egos vaidosos com o aplauso
nacional. Rejeitou o neo-realismo
e aproximou-se dos surrealistas,
mas o que fez situa-se num territó-
rio que até hoje permanece à parte
de todas as correntes, cruzando
inÇuências díspares, dos clássicos
da Antiguidade à Bíblia, dos ensaios
feministas de meados do século XX
à própria autobiograÆa.
Era uma insular naquilo que a
palavra tem de mais profundo. E
alguém que perseguia a poesia aci-
ma de qualquer outra coisa, como
se só na poesia pudesse libertar-se
e encontrar tom, voz, linguagem,
forma para o seu excesso.
A caricatura servia-lhe, e a carica-
tura acabou por ser a sua grande
inimiga literária. Num momento em
que se sucedem os debates, as
mesas-redondas, as conversas, falta
lê-la. Os centenários podem ter essa
serventia, esteja a obra disponível.
Em torno do de Natália Correia, a
Câmara Municipal de Lisboa conce-
beu um programa especial que vai
da Casa Fernando Pessoa ao Palácio
Galveias e que inclui itinerários,
peças de teatro, debates e leituras.
Já hoje, o El Corte Inglés da cidade
acolhe a conferência Celebrar Natá-
lia Correia, por Filipa Martins, o
Parlamento, que foi uma das suas
casas, assinala a data com uma evo-
cação, e a Biblioteca Pública do
Arquivo Regional de Ponta Delgada
inaugura a exposição Natália Cor-
reia — Libertação e Absoluto, a partir
do acervo da escritora. O Teatro da
Malaposta, em Odivelas, leva a pal-
co Homúnculo, peça de 1965, crítica
jocosa à sociedade portuguesa da
época, censurada pela ditadura.
Por estes dias chega também às
livrarias O Anjo do Ocidente à Entrada
do Ferro, original de 1973, escrito
“em contraciclo” com o que seria o
futuro próximo de Portugal. O volu-
me integrou a Poesia Completa que a
própria Natália ainda organizou em
1993, o ano da sua morte, e mostra a
desilusão com a ideia de Europa de
uma espécie de europeísta eurocép-
tica. “Há um entusiasmo com a cul-
tura europeia, mas muitas precau-
ções em relação a possíveis regressos
de fantasmas do passado, à america-
nização, à Ænanceirização”, sublinha
Pedro Mexia ao PÚBLICO sobre os
motivos que o levaram a escolher
este livro e não outro para publicar
neste momento.
No texto que acompanha a edição
da Tinta-da-China, também da auto-
ria de Pedro Mexia, lêem-se os ver-
sos de Natália Correia: “Mas então
não sabiam que isto dos continen-
tes/ está sempre a deslizar”, enquan-
to ela nos “mostra, voraz, catedrais
e cruzadas, impérios e aeroportos,
valsas e vaticanos, Ulisses e o turis-
mo, Beethoven e o minotauro,
Goethe e Guilherme Tell, Sissi e os
nazis, deuses e destroços.”
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4 • Público • Quarta-feira, 13 de Setembro de 2023
Destaque Natália Correia, 100 anos depois do nascimento
Os anos parlamentares
Uma (inesquecível)
deputada contra
a prostituição
das consciências
Ana Sá Lopes
Juntou-se ao PSD por gostar
de Sá Carneiro e ao PRD por
ser amiga de Eanes. Mas
apoiou Lourdes Pintasilgo
em nome da mátria
Era o 7 de Junho de 1991. Natália Cor-
reia era a voz mais notável e abrasiva
do grupo parlamentar do Partido
Renovador Democrático (PRD),
entretanto desaparecido, mas que
ainda contava na época com sete
deputados.
Discutia-se nesse dia uma conven-
ção internacional contra o tráÆco de
pessoas e a prostituição, que o faleci-
do deputado do PSD António Maria
Pereira apresentou.
Além de desancar o texto a votos
por usar uma linguagem que já não
estava de acordo com a realidade por-
tuguesa da época, Natália insurge-se
e faz uma espécie de defesa da prosti-
tuição do corpo contra a prostituição
das “consciências” que estava longe
de ser popular. “Rejeito com toda a
veemência que na Convenção, que
para nós é decrépita, se comece por
aÆrmar que a prostituição é incompa-
tível com a dignidade e o valor da pes-
soa humana. O meu protesto, aliás
coerente com a pureza que emprestei
à ‘santíssima prostituta’ da minha
peça A Pécora, tem a apoiá-lo Sartre,
com a sua Putain Respectueuse, milé-
nios de prostituição sagrada nos tem-
pos de grandiosas civilizações, Santa
Maria Egipcíaca, que vendeu o corpo
para seguir a luz que a conduziu à san-
tidade, e, sobretudo Cristo que sagrou
na prostituta Madalena a que, por
muito ter amado, elegeu como primei-
ra testemunha da sua ressurreição.”
A seguir, o grand finale: “Por Æm,
uma pergunta: não acha, senhor
deputado, que hoje é bem mais preo-
cupante a prostituição moral e espi-
ritual do que a que é praticada por
mulheres que vendem o corpo num
mundo em que, degradantemente,
quase tudo se vende? Antes a venda
do prazer do que a venda das cons-
ciências, senhor deputado.”
Além do grupo parlamentar do
PRD, a bancada do PS, na época lide-
rada por António Guterres, bateu
palmas (não se sabe se Guterres tam-
bém aplaudiu).
Natália Correia estava no Parlamen-
CORTESIA BIBLIOTECA PÚBLICA E ARQUIVO REGIONAL DE PONTA DELGADA
to como estava em sua casa, perto da
Avenida da Liberdade, ou nas memo-
ráveis tertúlias do Botequim, o bar do
bairro da Graça que era poiso habi-
tual de intelectuais e também de
alguns políticos, dos capitães de Abril
a Francisco Lucas Pires, do CDS. Foi
um cruzamento, provavelmente nun-
ca mais repetido em Lisboa, do mun-
do político com o intelectual.
A construção do Centro Cultural de
Belém foi altamente polémica no iní-
cio dos anos 1990. Reagindo a um
discurso em que o deputado do PS
Rosado Correia se insurgia contra a
construção do edifício da Caixa Geral
dos Depósitos e da “real obra” que
seria o Centro Cultural de Belém,
“pirâmide hierárquica da Casa Real”,
cujo “fausto só foi encontrado nas
cidades italianas do Renascimento
impulsionadas pela família Médici”,
Natália Correia responde-lhe assim:
“Sr. Deputado, não acha que usou um
estilo digno de Mafra mas não do vazio
ciclópico desse centro, chamado —
não se sabe porquê — cultural, pois
que de projecto cultural para ali nada
se enxerga, e que de Belém, do espí-
rito local, também ali nada se vê?”
Muitos anos antes de ser deputada
do PRD, Natália Correia tinha iniciado
a sua militância no PSD, em 1978.
Acossado pelos chamados “Inadiá-
veis” — um grupo de deputados do
PSD que se rebelaram contra Sá Car-
neiro e escreveram um documento
“social-democratizante”, assinado
por nomes como Sousa Franco, Cos-
ta Andrade, Figueiredo Dias e Maga-
lhães Mota, entre muitos outros —, Sá
Carneiro aparece no congresso do
cinema Roma, em Lisboa, com um
“trunfo” para renovar o seu poder Natália Correia era deputada do repetido: “Já que o coito — diz o Mor- lho Eanes, leva-a a apoiar o PRD, um
interno: a inscrição como militante PSD e, logo em 16 de Janeiro de 1980, gado/ tem como Æm cristalino/ pre- partido inspirado em Eanes e na sua
de Natália Correia (e também do seu saúda a “despolitização e desoÆciali- ciso e imaculado/ fazer menina ou noção de ética, e do qual aquele viria
último marido, o realizador Dórdio zação” do programa cultural do menino/ e cada vez que o varão/ a ser líder já depois de sair de Belém.
Guimarães). Governo AD (a aliança governativa, sexual petisco manduca/ temos na É eleita deputada independente.
É conhecida a relação próxima dirigida por Sá Carneiro, entre o PSD, procriação/ prova de que houve tru- Em 1986, apoia nas Presidenciais
entre Natália Correia e Sá Carneiro, e o CDS e o PPM). ca-truca// Sendo pai só de um reben- a candidata Maria de Lourdes Pinta-
sabido que foi a poetisa a apresentar No primeiro debate sobre a despe- to/ lógica é a conclusão/ de que o silgo. Porquê? “Não é de menor rele-
Sá Carneiro a Snu Abecasis, que viveu nalização do aborto, em 1982, Natália viril instrumento/ só usou — parca vo o facto de ser mulher (…). Não
com o fundador do PSD nos últimos Correia escreveu o famoso poema ração/ uma vez. E se a função/ faz o posso deixar de relevar a eleição de
anos das vidas de ambos. contra o então deputado do CDS João órgão — diz o ditado —/ consumada uma mulher para a cheÆa do Estado
A paixão seria um choque para a Morgado, que defendeu na altura que essa excepção/ Æcou capado o Mor- (…). Isto não tem a ver com feminis-
sociedade conservadora da época — o sexo servia para procriar. Ao con- gado.” mo conservador, politiqueiro ou
Sá Carneiro não estava divorciado — e trário daquela que era a posição oÆ# É já depois da morte de Sá Carneiro fundamentalista, mas com uma visão
a esquerda não foi exactamente pro- cial do seu partido, o PSD, a deputada que Natália Correia rompe com o PSD, ampla de nova mundividência na
gressista nesta questão: o líder do votaria a favor da despenalização. supostamente por causa do conserva- qual a objectividade histórica de
PSD foi criticado por fazer-se acom- O poema não Æcou na história lite- dorismo nos costumes que o partido afectos da cultura feminina é requi-
panhar nas viagens oÆciais pela sua rária mas Æcou, efectivamente, na defende. Em 1985, a amizade com o sito de um novo modo de relaciona-
mulher de facto mas não de direito. história parlamentar e deve ser aqui então Presidente da República, Rama- mento humano.”
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6 • Público • Quarta-feira, 13 de Setembro de 2023

Espaço público

Sem fumo branco na saúde

E
m 1995, no Ænal da maioria
Editorial absoluta cavaquista, o en-
tão líder socialista, António
Guterres, alcandorou-se ao
poder munido de duas
importantes armas: a paixão pela
educação e o diálogo. A palavra
Helena Pereira “diálogo” opunha-se àquilo que o PS
chamava “arrogância” do Governo
social-democrata, por não ser capaz
de escutar a rua ou acolher propostas
da oposição ou de outros
movimentos. Passados quase 30
anos, temos uma maioria absoluta de
um partido que está no poder há sete
e, curiosamente, o apelo ao diálogo
vem do interior do próprio PS. O
presidente do partido, Carlos César,
discursando a uma plateia de jovens
Carlos César sugeriu na Academia Socialista, deixou uma
a António Costa que série de conselhos sobre como se
se esforce mais no deve governar em maioria absoluta.
“Não se governa sozinho em parte
diálogo, mas no sector alguma”, o Governo deve procurar
da saúde o Governo “contributos” de partidos e parceiros
Äcou a falar sozinho sociais, “o PS não é o único a ter boas
ideias”. O mesmo Carlos César que,
nos anos 90, liderava a oposição à
maioria absoluta de Mota Amaral nos
Açores já antes tinha sugerido em
público a António Costa que
remodelasse o Governo após a crise
de João Galamba, algo que terá
chegado a repetir na reunião do
Conselho de Estado de Julho.
O diálogo, porém, parece estar a
ser difícil. Veja-se o caso da saúde. O
Governo passou quase 17 meses a
discutir com os sindicatos dos
médicos mudanças no sector da
saúde, como o regime de dedicação
plena, grelhas salariais, generalização
das unidades de saúde familiar, e, ao
fim deste tempo todo, não conseguiu
aproximar posições, não conseguiu
chegar a acordo em nenhum dos
pontos e enfrenta uma onda de
greves que ameaça tornar o período
de Inverno mais crítico, no que diz
respeito à capacidade de o SNS
responder a todas as necessidades de
cuidados de saúde da população.
As rondas negociais entre
ministério e sindicatos terminaram
ontem sem fumo branco, tornando
ainda mais gritante o lamento
assumido há dias pelo ministro
Manuel Pizarro: “Para se fazer um
acordo, é preciso entendimento dos
dois lados. Em alguns casos, eu
próprio estou surpreendido por não
se ter chegado a acordo.”
Vai haver avanços no que diz
respeito ao vencimento dos médicos,
mudanças nos cuidados primários
que há muito eram reivindicadas; no
entanto, o Governo avança sozinho.
O Governo cede pouco ou a contesta-
ção social está a extremar-se e entrou
numa espiral de greves de que nunca
mais sairá? Do ponto de vista
político, por mais razão que o
Governo tenha, nesta área da saúde,
como possivelmente noutras, o que
ressalta é a incapacidade de manter a
paz social e a percepção de que a
maioria absoluta deixou o executivo
a falar sozinho.

CARTAS AO DIRECTOR
Marques Mendes, o
conselheiro sem
nenhum sentido de
Estado
O membro do Conselho de Estado
Luís Marques Mendes, indicado por
Marcelo Rebelo de Sousa no âmbito
do Artigo 142.º da Constituição da
República Portuguesa, revelou no
domingo o desrespeito absoluto por
este órgão político de consulta do
Presidente da República. Ao
comentar assuntos da última
reunião deste órgão em antena
aberta, criou um precedente
pernicioso para o seu regular
funcionamento. As fugas de
informação anteriores não
justiÆcam que Marques Mendes
possa falar de forma abusiva da
reunião no seu comentário
dominical. A um membro deste
órgão é exigido um verdadeiro
sentido de Estado que Marques
Mendes revelou há muito não ter.
Claro que o Presidente jamais o fará,
mas não lhe restaria outra
alternativa senão exonerá-lo de
imediato das suas funções pela
Çagrante violação dos deveres de
membro deste órgão. São estas e
outras bizarrias da vida política
nacional e de intriga palaciana que
contribuem para o descrédito das
instituições. Mais grave ainda quan-
do se trata do principal órgão de
soberania. Não nos admiremos de-
pois com o crescimento dos popu-
lismos e de partidos extremistas.
Bruno Antunes
Inteligência artificial
A condição humana receia o
desconhecido. A Inteligência
ArtiÆcial (IA), ainda para muitos,
muitos milhões de pessoas, não
entrou no seu dia-a-dia e para o
comum dos mortais é vista como a
chegada a um ponto que nos torna
difícil destrinçar o que é humano de
programas informáticos (!). A IA só
pode ser uma boa ferramenta para
um vasto leque de pretensões e
objectivos, se aplicada a favor da
Humanidade... Caso contrário, há a
possibilidade de os seus programas
serem confundidos com pessoas,
usando a voz dos humanos e
imagem para burlar cidadãos. Urge
regulação, bem como falar sobre IA
nas escolas. Estamos num caminho
sem retorno, a IA já está em
velocidade futurista acelerada.
Vítor C. Santos, S.J. das Lampas
De Pérez Soto
a Léon Blum
Oxalá Carlos Pérez Soto esteja certo
quando se deÆne como um
“optimista histórico”, na entrevista
que concedeu ao PÚBLICO, editada
na segunda-feira, num libelo não
contra a direita que, percebe-se,
não concita o seu entusiasmo, mas
contra a esquerda a que
congenitamente pertence. E tem
toda a razão em clariÆcar o “desvio”
a que a esquerda se tem deixado
submeter nas últimas décadas,
“enrodilhada” nas (justas)
reivindicações em torno de temas
como as alterações climáticas ou as
discriminações identitárias. Mas
serão esses, efectivamente, os
interesses fundamentais dos
cidadãos que, por pudor ou por
tacticismos vários, são
sistematicamente escondidos dos
olhares alheios, perdendo o “lugar
na mesa”? A invocação, quantas
vezes inconsequente, dos direitos
humanos, numa lista encabeçada
pelo supremo valor da liberdade,
ofusca outros valores que a
dignidade deveria colocar na base
das relações entre os homens,
sobretudo os de “boa vontade”.
Vale a pena cruzar as asserções de
Pérez Soto com a frase de Léon
Blum num “Escrito na Pedra” (7 de
Setembro): “Toda a sociedade que
pretende assegurar a liberdade aos
homens deve começar por
garantir-lhes a existência.”
José A. Rodrigues, Vila Nova de Gaia
A grande ilusão
dos manuais digitais
Relativamente à colonização digital
dos processos de ensino e
aprendizagem, já são muitos os
sinais vermelhos que emitem os
países mais avançados nessa área.
(Veja-se o caso, por exemplo, da
Suécia.) Pesem embora esses avisos,
o Ministério da Educação insiste
cegamente em experimentalismos
tecnocêntricos, querendo agora
acelerar a introdução dos manuais
digitais no ensino básico.
Pois bem. Contra a digitalização
dos suportes da leitura e da escrita,
é preciso defender as virtudes
didácticas do livro de papel. A sua
linearidade, desde logo, facilita a
assimilação da informação. Por não
serem Çutuantes, além disso, as
suas páginas, temos a garantia de
que esta estabilidade gráÆca
potencia a atenção, cuja
maximização (indispensável à
compreensão do que se lê) é o
principal recurso pedagógico da
sala de aula.A tudo isto acresce, por
outro lado, o relativo isolamento
tecnológico do livro de papel, no
qual não podem entrar (contraria-
mente ao que se passa com o livro
electrónico) outros dispositivos, ou
seja, susceptíveis de competir com a
leitura, parasitando-a irreversivel-
mente. Em suma: não é pedagogi-
camente neutra nem positiva a
transferência do livro para suportes
informáticos, sendo previsíveis as
consequências perversas (equiva-
lentes, aliás, nos domínios da leitura
e da escrita, às que resultaram, no
âmbito do cálculo mental, do uso
precoce das máquinas de calcular).
Eurico de Carvalho, Vila do Conde

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ESCRITO NA PEDRA A diferença de peso
Quando já não
me indignar, Ainda ontem
terei começado
a envelhecer
André Gide
(1869-1951),
S
Miguel Esteves Cardoso
escritor ou um receptor de bocas afectuosas,
um íman de comentários
passageiros armados em
magnéticos, um depositário de
descargas volantes.
Se estiver a ler o Kindle ou o iPad
ou o iPhone, dizem-me os desconhecidos que
O NÚMERO
14%
passam por mim, com risinhos conspirativos
e por vezes um caldinho na omoplata: “Com
que então aderiu ao digital! É assim mesmo!”
Subentendido sempre está o “meu
malandro...”
Se estiver a ler um livro, um jornal ou uma
revista, os comentários oferendados são:
“Não há nada como um livrinho, não é? Faz
muito bem!” E dão-me uma pancadinha mais
Portugal gastou em Educação ternurenta, consentânea com o “pobre
um valor semelhante à média dos avozinho, agarrado ao passado — que a terra
países da OCDE, mas a despesa te seja leve, ti Miguel!”
por estudante é 14% mais baixa É um erro escusado escolher antes do
em Portugal, segundo o estudo tempo. Mas toda a gente já escolheu entre o
Education At a Glance 2023. digital e o papel. Os digitais dizem que já não
ZOOM RÚSSIA
Um Airbus A320 da companhia russa Ural Airlines fez uma aterragem de emergência num campo quando voava de Sochi
para Omsk
suportam o papel e os papeleiros, cada vez
que viram as páginas, rogam pragas ao
digital.
Mas a verdade é que não temos de escolher
— ainda não temos de escolher. Não escolher
não nos custa nada.
Temos a sorte imensa de viver num tempo
de acumulação. Quem quiser viver fora do
mundo digital consegue viver muito bem.
Quem quiser viver dentro, também. Mas a
estratégia inteligente é acumular meios e
instrumentos, para poder escolher qual é o
melhor (o que mais apetece) para cada
oportunidade.
Os poemas podem escrever-se numa
máquina de escrever mecânica, as listas de
compras com uma caneta de tinta
permanente, as mensagens num telemóvel, as
prosas num computador.
E podemos estar sempre a mudar de ideias.
Para mim, a grande mudança foi de peso.
Antes do digital andava com uma mala
pesadíssima, cheia de livros e revistas e
cadernos, para eu poder escolher o que me
apetecia ler.
Hoje, ando só com um livro, um Kindle, um
telemóvel, um caderno, um estojo de canetas
e um jornal. É esse o peso actual de poder
escolher o que me apetece ler, conforme o
ambiente e a hora do dia.
Escolher, como pagar e morrer, é coisa que
se deve fazer sempre o mais tarde possível.
ALEXEY MALGAVKO/REUTERS
Público • Quarta-feira, 13 de Setembro de 2023 • 7
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8 • Público • Quarta-feira, 13 de Setembro de 2023
Espaço público
A ideia avulsa de António Costa
N
Manuel Soares
a reunião do Conselho de
Estado, António Costa terá
falado em alterar a lei para
que as buscas de investigação
criminal aos partidos políticos
Æquem sujeitas às mesmas
regras dos escritórios de advogados e
consultórios médicos. Tratando-se de uma
resposta ao incómodo das buscas feitas em
instalações do PSD e residências de antigos
dirigentes, é difícil que a ideia tenha apoio.
Ninguém quer pagar o custo de ser acusado
de diÆcultar a investigação criminal aos
partidos políticos em véspera de eleições.
É disparatado alterar leis com
fundamento na fantasia das cabalas do
Ministério Público (MP) contra os políticos,
como se alguém andasse à procura de
informação sobre “tricas partidárias” para
usar sabe-se lá para quê. Mesmo assim,
pondo de lado esse ruído, vale a pena ver se
a ideia é boa ou má.
O que traria esta alteração? Sem
Novo ano, erros velhos
N
Santana Castilho
o começo de um novo ano
escolar, pareceu-me que
podia fazer sentido falar de
coisas que, sendo essenciais,
vão passando ao lado do
debate político. Com efeito, a
vertente forte da contestação dos
professores tem-se cingido à recuperação
do tempo de serviço e a outros temas
relacionados com a carreira.
A Educação é um serviço público e o
direito de todos à Educação é um dos
pilares fundamentais do Estado de direito.
Mas o Estado tem falhado na regulação da
Educação, particularmente no que à sua
qualidade respeita e na protecção daqueles
que têm mais vulnerabilidades
socioeconómicas.
Tenho escrito repetidas vezes que educar é
uma arte, que não uma ciência. Métodos e
doutrinas pedagógicas não são
cientiÆcamente demonstráveis como
complicar demasiado, hoje, se existirem
suspeitas de que há provas de um crime nas
instalações de um partido, pode ser
ordenada uma busca pelo juiz de instrução
criminal ou pelo MP, que devem presidir à
diligência, sempre que possível.
Excepcionalmente, a busca pode mesmo
ser ordenada pelos órgãos de polícia
criminal, Æcando sujeita a posterior
validação pelo juiz de instrução criminal.
Com a alteração sugerida por António
Costa, a busca seria ordenada ou autorizada
pelo juiz de instrução criminal, ou em casos
excepcionais pelo MP, mas seria sempre
presidida pelo juiz e poderia ter presente
um representante do partido.
Não vejo que uma tal mudança
justiÆcasse grande comoção. O facto de uma
busca passar a fazer-se na presença de um
juiz e de um representante do partido não
altera nada de muito signiÆcativo. Essa
garantia acrescida de controlo judicial para
a protecção de interesses relevantes não
implica, sem mais, que passe a ser mais
difícil realizar a busca. Se os pressupostos
materiais existirem, com juiz ou sem juiz
presente, a verdade é que a lei confere
possibilidades mais que suÆcientes para se
realizarem buscas e se apreenderem
documentos e objectos em quaisquer
lugares.
Mas, prosseguindo, vamos lá admitir que
se quer mesmo colocar um juiz a presidir às
correctos ou incorrectos, em termos
absolutos. O que resultou num determinado
contexto, com determinados alunos,
professores ou escolas, pode não resultar em
contexto diferente. É por isso que está errada
a actual imposição de uma “pedagogia de
Estado” que tem vindo a transformar
professores em agentes funcionalizados de
ensino, quando eles devem ser autores,
sublinho, autores, de ensino. O voto confere
legitimidade democrática — mas não confere
autoridade pedagógica.
O Currículo Nacional não pode continuar
a ser esquartejado. Obrigatoriamente deve
conter conhecimentos estruturantes
(Língua Materna, uma ou várias Línguas
Estrangeiras, Literatura, FilosoÆa, História,
GeograÆa, Matemática, Ciências Naturais,
Música, Artes e Educação Física e
Desporto). A estas áreas acrescerão
disciplinas “qualiÆcantes”, consoante a
diversidade dos diferentes cursos.
Os responsáveis têm promovido a
“inovação” a uma espécie de Deus ex
machina. Ora, o que interessa não é se a
intervenção é tradicional ou inovadora, mas
sim se resulta ou não. Vivemos num
autêntico vórtice de “inovações” não
testadas, impostas centralmente a quem
sobre elas devia decidir, isto é, o professor.
Só que os clássicos teoremas matemáticos
tanto se ensinam usando os modernos
buscas nos partidos. Uma tal solução tem
coerência no sistema processual penal? Ela
visa aplicar regras idênticas para proteger
interesses equivalentes?
As buscas em escritórios de advogados,
solicitadores e agentes de execução e em
consultórios médicos ou estabelecimentos
oÆciais de saúde têm um regime legal que
obriga à presença pessoal do juiz e ao aviso
prévio à respectiva ordem proÆssional para
que possa designar um representante para
assistir. A razão desta norma prende-se com
a necessidade de garantir o controlo do
acesso a informação protegida pelo segredo
proÆssional. Existem normas idênticas,
igualmente estabelecidas para a protecção
de informação sigilosa, na regulação das
buscas em estabelecimentos bancários ou
instituições de crédito, em órgãos de
comunicação social e no domicílio pessoal
ou proÆssional de juízes e procuradores do
Ministério Público.
O primeiro aspecto que deve assinalar-se é
que o regime legal em vigor já tem falhas
importantes no plano da coerência das
soluções. Há áreas de actividade em que o
segredo proÆssional é protegido por lei, mas
não beneÆcia das mesmas garantias quanto à
realização de buscas e apreensões. Basta
pensar, por exemplo, no segredo proÆssional
de enfermeiros, psicólogos e farmacêuticos,
que não difere substancialmente do segredo
médico. Ou, então, no segredo inerente às
quadros digitais interactivos, como usando
o velho quadro negro e um pau de giz.
Em contraste com os erros enunciados,
imagine que reduzíamos o número de
alunos por turma, digamos que a um
máximo de 20. É minha convicção que
melhorava substancialmente a
aprendizagem e a disciplina. Do mesmo
passo, se diminuíssemos a carga horária
global dos alunos, libertando tempo para o
estudo acompanhado por professores e
para o desporto organizado, melhorávamos
a sua saúde, protegíamos as actividades
socializantes próprias da infância e da
adolescência, que agora não têm, e
defendíamos os que não podem pagar
explicações, promovendo o verdadeiro
sucesso escolar. Por outro lado, se o actual
Estatuto do Aluno, indutor de facilitismo e
de direitos sem deveres, fosse substituído
por outro, assente na promoção de
princípios éticos e morais, que consagrasse
o aprender como o primeiro dever do
aluno, reforçaríamos vigorosamente o
processo de construção de cidadãos
íntegros e devolveríamos a autoridade aos
professores e às escolas.
Se libertássemos os professores da
alienação burocrática em que vivem e
extinguíssemos o kafkiano modelo de
avaliação, desadequado e pejado de
grosseiros erros técnicos, o corpo docente
convicções e práticas religiosas, que tem
protecção constitucional expressa. Pode-se
fazer uma busca numa igreja e apreender
informação sigilosa sem a presença
obrigatória de um juiz.
Sujeitar as buscas em instalações de
partidos políticos a regras mais exigentes
poderá justiÆcar-se, nomeadamente para
assegurar uma protecção acrescida da
garantia constitucional expressa do segredo
relativo à Æliação partidária. Simplesmente,
isso agravará ainda mais as incoerências do
sistema. Se o que está em causa, na sugestão
de António Costa, é proteger informação
sobre a actividade política dos partidos sem
relevância criminal, que sentido faz, então,
não estabelecer as mesmas regras para
buscas, por exemplo, em instalações dos
órgãos de soberania, onde há certamente
informação mais sensível protegida pelas
regras do segredo de Estado? Ou, até, se
quisermos ir mais longe, nos domicílios
pessoais e proÆssionais dos seus dirigentes
e titulares?
O que concluir? Que a ideia pode ter
pernas para andar, mas não como iniciativa
avulsa e desgarrada de reacção a um caso
concreto, por mais incómodo que tenha
sido.
Presidente da direcção da Associação
Sindical dos Juízes Portugueses.
Escreve quinzenalmente à quarta-feira
rejuvenescia. Se reformássemos
radicalmente os concursos de recrutamento
e colocação de docentes, com uma
intervenção corajosa e tecnicamente
possível, mas nunca até hoje assumida,
pôr-se-ia Æm à decantada instabilidade
proÆssional e familiar de quem ensina, com
incomensuráveis benefícios para os alunos.
Se as escolas passassem a ser governadas
por um novo modelo de gestão,
verdadeiramente democrático, e jamais
fosse possível atribuir-lhes uma só nova
tarefa sem o reforço dos recursos humanos
e materiais necessários, a produtividade
aumentava e removeríamos a politização
perniciosa, o centralismo asÆxiante e a
conÇitualidade desagregadora.
Por Æm, tal como não se pode outorgar
aos professores responsabilidades sem lhes
conferir autoridade, tão-pouco se pode
dispensar os pais do dever de educar os
Ælhos. A vida dura dos pais e os seus
absorventes deveres laborais não os podem
alhear do valor mais alto a que devem
responder: educar os Ælhos. O Estado tem
de responsabilizar os pais pelos
comportamentos dos Ælhos, sempre que
estes geram a indisciplina e prejudicam a
paz nas escolas.
Professor do ensino superior.
Escreve quinzenalmente à quarta-feira
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Manual de como não governar
O
Maria João Marques
Governo, porventura cuidando
estar ainda na silly season,
trouxe-nos propostas na
semana passada com pompa e
circunstância: meia dúzia (mal
medida) de viagens de comboio
e estadias em pousadas da juventude gratuitas
como prémio para os jovens que terminaram
o secundário. E uns subterfúgios para
pretender que eliminava as propinas no
ensino superior — que não só não eliminam
propinas, como não ajudam sequer mais
jovens a frequentarem a universidade, porque
as barreiras ainda existentes vão muito além
das propinas. Susana Peralta já aqui bem
evidenciou isso mesmo. E no Æm de semana o
Governo fez double down na superÆcialidade:
ofereceu-nos uma playlist de músicas made by
ministro da Cultura.
Mas tão inquietante quanto a substância
bastante inócua das medidas apresentadas é o
facto de aparentemente estarmos numa
conjuntura governativa em que medidas
merecedoras de uma nota de rodapé no
Orçamento do Estado são elevadas a política
para a juventude. Verdade: tendo em conta a
qualidade da única reforma estrutural que o
Governo apresentou — o Mais Habitação —,
todos nós rezamos a Deus, a Alá, a Ganesh ou
às Cariátides que até 2026 não tenhamos mais
nenhuma das ditas. Dr. António Costa, por
todos os santos e anjos e bodhisattvas, volte à
gestão mais quotidiana da situação.
Porém, nem as notas de rodapé arvoradas
em políticas setoriais, nem a fraca qualidade
da singela reforma estrutural são
surpreendentes. Este ciclo governativo do PS
vai fazer oito anos e já permite uma avaliação
sobre o legado. E o que se vê é o inegável
sucesso das contas públicas controladas, a
reversão dos piores excessos da troika — e
mais nada. Em boa verdade, pior: nestes
últimos oito anos temos visto uma administra-
ção pública — central e local — que efetivamen-
te emperrou e impossibilitou a resolução de
muitos dos nossos problemas estruturais.
Por exemplo, as escolas. Este ano
reformaram-se cerca de 3500 professores.
Em 2020, 47% dos docentes tinham mais de
50 anos. Mais 36% tinham mais de 40. Este
ano, seja devido a aposentações ou por baixas
por doença, cerca de 80.000 miúdos vão
começar o ano letivo sem professores a uma
ou mais disciplinas.
Ora, o envelhecimento do corpo docente
não é uma surpresa. As pessoas costumam
aumentar de idade a cada ano, professores
incluídos. O que foi feito para planear estas
aposentações e assegurar que os alunos vão
continuar a ter professores? Resposta fácil:
praticamente nada. A carreira docente é
pouco apelativa. O nível de precariedade, por
vezes durante décadas, a que o Estado obriga
os professores não se encontra na empresa
adepta do capitalismo mais selvagem. Os
níveis salariais, sobretudo de entrada, são
claramente insuÆcientes para fazer face a
tanta escassez de candidatos. Em querendo
mais gente na carreira agora em 2023, teriam
com antecipação adequada aumentado
ordenados de entrada e oferecido melhores
condições.
A falta de soluções não vem só do
ministério. Por que carga de água os
municípios com diÆculdades de captar
professores não disponibilizam alojamentos a
custo zero no concelho a quem venha de fora
para dar aulas?
A falta de médicos — nos hospitais; nos
centros de saúde ou USF onde não há médico
de família para toda a gente — também não
apareceu à velocidade de um meteorito.
Devíamos ter, com tempo, formado mais
médicos. E, no entanto, não se abriram as
vagas necessárias nas universidades públicas;
e boicotou-se tanto quanto possível, somente
por sectarismo ideológico antitudo o que não
seja controlado pelo Estado, cursos de
Talvez esteja na hora
de o Governo pôr
no pacote para a
juventude mais uns
bilhetes para os
festivais de música
de verão. É tudo
o que é preciso
RICARDO LOPES
Público • Quarta-feira, 13 de Setembro de 2023 • 9
Medicina nas universidades privadas (e só
existe um).
Regressando à habitação, problema prévio
e transversal a várias ocupações, idades e
zonas geográÆcas. A única parte positiva do
Mais Habitação será a simpliÆcação dos
licenciamentos e da passagem de terrenos e
imóveis com outros usos para habitação.
Muito bem. Porém, por que razão um
governo deste mesmo primeiro-ministro
complicou as regras para a reabilitação de
casas antigas, obrigando-as a cumprir os
mesmos requisitos, por exemplo, ao nível das
acessibilidades, das construções novas
(impossíveis muitas vezes nos edifícios
antigos, e abrindo a possibilidade da mais
perniciosa discricionariedade das
autarquias)?
Por que diabo as autarquias, mesmo
aquelas onde também existe escassez de casas
para arrendar ou comprar, têm inventado
regulamentações acrescidas às nacionais que
impossibilitam mais frações em edifícios
antigos de modo a aumentar a oferta de casas?
E demoram várias eras glaciares a despachar
licenciamentos comuns? Quando, em se
tratando de reabilitação, se necessita também
de parecer do Igespar ou das direções
regionais de Cultura, são mais uns meses à
espera.
A necessidade de oferta de habitação é
óbvia, e por todo o país, mesmo nas zonas
onde não existem os bodes expiatórios
preferidos: os nómadas digitais e os
expatriados endinheirados. E, contudo, nas
autarquias é praticamente impossível mudar
licenças de utilização de frações que há umas
décadas eram de serviços ou industriais e
onde, com as mudanças orgânicas das
cidades, já não faz sentido ter aqueles espaços
em bairros que se tornaram residenciais e faz
falta habitação.
Com os PDM, o mesmo. Terrenos que há 30
ou 40 anos foram destinados para um uso e
que, no presente, já não faz sentido tal destino
e melhor seriam aproveitados para habitação
(mesmo mantendo os rácios de área de
construção). Porém, mudar qualquer coisa
que faça mais sentido perante as necessidades
atuais é uma miragem.
Não sei se é a pulsão imobilista da
administração pública (central e local), se o
pavor ao risco que permeia o país, se
diÆculdades deliberadas para serem
contornadas com promiscuidades que
Æcariam melhor longe dos decisores públicos,
se o gosto por criar regras abundantes para
realidades simples, de diÆcultar, de
burocratizar. Sei que no caso da habitação a
escassez de casas foi promovida pela atuação
de governo e autarquias.
Estes exemplos de falta de professores,
médicos e habitação podiam replicar-se
noutros setores. Governo e autarquias
pioraram problemas estruturais por inação
ou por políticas daninhas. Adotaram todos
uma espécie de homeopatia política.
Portanto, talvez esteja na hora de o Governo
pôr no pacote para a juventude mais uns
bilhetes para os festivais de música de verão. É
tudo o que é preciso.
Economista
Um país
descalço
Fábrica
de criadas
A
Afonso Cruz
irmã gorda, que antes se chama-
va Generosa e agora respondia
pelo nome de Celeste, ao voltar-
-se, deparou com um rapaz, que
a olhava de uma maneira estra-
nha, de certo modo arrepiante,
com a cabeça baixa, a mirada Æxa, os braços
caídos ao longo do tronco e com os punhos
cerrados. Perguntou-lhe o nome e ele disse
que se chamava Carlos, que tinha treze anos,
que vivia na aldeia, que um amigo o chamava
urso, que o pai trabalhava na serração, e ele
também, mas ainda estava a aprender. A
freira ofereceu-lhe um bolo seco que tirou do
bolso, o Carlos aproximou-se e pegou no bolo,
sem agradecer, e trincou-o com os incisivos,
tendo rapidamente percebido que só lá iria
com os molares, é duro, disse ele, mas depois
amanteigou o discurso com um “é bom na
mesma”. E a senhora, o que faz por aqui?,
perguntou o Carlos, e a freira respondeu que
se chamava Celeste e andava mal dos
pulmões, mas tinha esperança nos ares do
campo. Tossicou para sublinhar que o peito
não andava bem. O Carlos varreu a casa com o
olhar. Viu, em cima da mesa, um livro, o livro
escrito pela freira que fora publicado pelo
professor Espinosa como se tivesse sido ele o
autor. Aproximou-se e pegou nele. Gostas de
ler?, perguntou a Celeste, e o Carlos olhou pa-
ra ela desconÆado, acenando que não, pou-
sando rapidamente o livro, meio atrapalhado.
— Fala do quê? — perguntou ele.
— Fala de tudo um pouco, fala da vida, de
Deus.
— Diz o mesmo que o padre? O padre
também fala de Deus. É um livro-padre? — A
Celeste olhou para o Carlos. Estava descalço.
Aquele era um país descalço. A freira disse-lhe
que um livro era como sapatos, servia para
caminhar pela vida, mas arrependeu-se do
sentimentalismo meloso da frase, corrigindo
para: é para ti. O Carlos disse que não gostava
de ler, ler não serve para nada, não apaga o
fogo, os livros não se comem, a freira insistiu,
talvez um dia possas gostar, ele abanou a
cabeça, não serve para nada, mas os punhos
cerrados abriram-se e estendeu os braços.
Pegou no livro. Sentiu um peso estranho,
que não correspondia ao peso daquelas folhas
todas juntas, um peso que vinha da
importância do objecto e não da matéria.
Guardou-o sem desconfiar de que aquele livro
sentenciaria a sua vida.
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AFONSO
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10 • Público • Quarta-feira, 13 de Setembro de 2023

Política Discussão deverá ser este mês

Moção de censura do Chega aponta

o dedo à “degeneração” da democracia
Chega acusa o executivo de ser o “grande responsável pela quebra da conÄança pública em curso”,
pelo “conÅito político-institucional” com Marcelo e por promessas falhadas na Habitação e Saúde
NUNO FERREIRA SANTOS

Henrique Pinto de Mesquita

O Chega defende que pactuar com
o Governo é “pactuar com a dege-
neração do sistema democrático”,
pelo que o texto da moção de cen-
sura que vai dar entrada esta sema-
na no Parlamento, e a que o PÚBLI-
CO teve acesso, é assente em cinco
principais motivos: falta de qualida-
de na saúde, promessas “incumpri-
das” na habitação, o “aumento da
pobreza em Portugal”, a “irrelevân-
cia da área da justiça” e o “descaso
da TAP”.
Dizendo ser “tempo de fazer ces-
sar o silêncio em torno desta maté-
ria”, os deputados do Chega acusam
o executivo de António Costa de ser
o “grande responsável pela quebra
da conÆança pública em curso”,
pelo “conÇito político-institucional
com o sr. Presidente da República”
e “pela degeneração do clima eco-
nómico interno”.
Destacam também as “diÆculda-
des” que as “famílias e empresas”
enfrentam — notando que a “propa-
ganda oÆcial do Governo já não [o]
consegue esconder” — e trazem à bai-
la os casos de João Galamba, ministro
das Infra-Estruturas, e de Capitão
Ferreira, ex-secretário de Estado da
Defesa, para acusar o Governo de
“degeneração do sistema democráti-
co”. Seguem expondo detalhadamen-
te os cinco motivos pelos quais cen- André Ventura no Parlamento, num debate com a presença de António Costa
suram este executivo.
No “aumento da pobreza em Por- meios Ænanceiros”, quer por falta
“Promessas” falhadas
Na saúde, encontram na “falta de
Quinta prova para Costa tugal” encontram o terceiro motivo
pelo qual querem o Governo depos-
de “força anímica”. Acrescentam
que, a propósito da “revisão da lei
qualidade dos cuidados de saúde to. Citando um estudo denominado de saúde mental”, serão postos em

prestados à população portuguesa
pelo SNS” uma razão para demitir o
Governo. Falam num “Verão pródi-
go em casos graves e diferendos
com os proÆssionais do sector, tra-
duzido em greves sucessivas e con-
certadas” e defendem que a mudan-
ça de ministro — de Marta Temido
para o actual, Manuel Pizarro — não
trouxe “paz ao sector”.
Seguem-se as críticas às políticas
de habitação, fazendo uma resenha
das “promessas” para a habitação
desde o primeiro Governo de Antó-
nio Costa — que dizem não ter sido
cumpridas — até ao programa Mais
Habitação. Sobre este, dizem incor-
rer num “pecado original”: “Não
comprometer o erário público nem
vincular o património do Estado na
construção de habitação a preços
acessíveis.”
E
sta será a quinta moção de
censura ao Governo que
António Costa enfrenta
desde que é
primeiro-ministro. A primeira foi
em 2017, na sequência dos
grandes incêndios do Verão, e a
segunda em Fevereiro de 2019,
tendo sido as duas apresentadas
pelo CDS. O Chega apresentou a
sua primeira moção de censura
em 2022 e a Iniciativa Liberal em
Janeiro deste ano.
O Chega gostaria que esta
moção fosse discutida no dia 19,
data que terá pré-acordado com
o presidente da Assembleia da
República, Augusto Santos Silva,
e com a ministra dos Assuntos
Parlamentares, Ana Catarina
Mendes. Os partidos apenas
podem apresentar uma moção
de censura por sessão
legislativa.
A última moção de censura a
este Governo, apresentada pela
Iniciativa Liberal, foi rejeitada
com os votos a favor do Chega,
as abstenções de PSD, PAN e BE
e voto contra do PS, PCP e Livre.
O PSD foi questionado, ontem
de manhã, sobre como se
posicionará face à moção de
censura do Chega.
O líder do grupo parlamentar
do PSD, Joaquim Miranda
Sarmento, disse que não se
pronunciará para já e que o PSD
só divulgará a posição sobre o
assunto mais perto do momento
da discussão da moção de
censura.
“Barómetro Europeu da Pobreza e
Precariedade”, explicam que “um
trabalhador português não é capaz
de sobreviver Ænanceiramente com
o produto do seu trabalho, o que
implica que o seu agregado familiar
vai deixar de comer três refeições
por dia, ou vai desistir de comprar
carne”. Somando a isto a “subida
dos juros dos empréstimos à habi-
tação”, o Chega defende que o
Governo deve dizer o que mais fará
“para ajudar um país em emergên-
cia social”.
Passando para a “irrelevância da
área da justiça”, o partido de direita
radical lembra que os funcionários
judiciais estão em greve desde 10 de
Janeiro para acusar a ministra da
tutela, Catarina Sarmento e Castro,
de incapacidade para resolver os
seus problemas — quer por “falta de
liberdade “inimputáveis perigosos”,
censurando a ministra por não dizer
“em que regime e sob que condi-
ções” tal acontecerá.
Por Æm, resgatam o assunto da
TAP para defender que o despedi-
mento de Alexandra Reis da admi-
nistração da transportadora aérea
pôs “a nu a teia de interesses e de
conivências montada pelo aparelho
socialista dentro da Administração
Pública e das empresas públicas”.
Acusam ainda a “tutela” — sem espe-
ciÆcar se as Finanças ou as Infra-Es-
truturas — de “tráÆco de inÇuências
(…), desprezo pela defesa dos inte-
resses Ænanceiros das empresas
públicas e do erário público, assédio
laboral, abuso de poder” e criticam
que não tenha sido assumida qual-
quer “responsabilidade política” dos
ministros envolvidos neste caso.
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Catarina não rejeita ida às europeias
e deverá ter apoio até dos críticos
Ana Bacelar Begonha
e Margarida Gomes
Ambiente, direitos sociais
ou a política para a paz são
algumas das prioridades do
BE para a candidatura às
eleições europeias
Ainda estão por fechar a lista e o pro-
grama que o Bloco de Esquerda (BE)
levará às próximas eleições europeias,
mas o partido já alinhavou algumas
prioridades, desde o combate às alte-
rações climáticas à protecção social,
e Catarina Martins poderá ser uma
das hipóteses para encabeçar a lista.
A nove meses das eleições, a ex-coor-
denadora do partido não rejeita a
hipótese e, caso queira candidatar-se,
deverá ter o apoio da direcção, até dos
críticos.
O PÚBLICO apurou que o BE ainda
não iniciou a discussão sobre os can-
didatos que levará às eleições, mas já
criou um grupo de trabalho dentro da
direcção que até ao Ænal do ano irá
entregar uma proposta de programa.
As eleições presidenciais e o regime
Opinião
Jaime Ramos
Vivemos num Estado-espetáculo
capaz de eleger Presidente o ator ou
o comentador mais habilidoso na
televisão. Entronizamos
personalidades mediatizadas,
prescindindo de avaliar programas.
Perante um país pobre, com
défice da balança externa, imensa
dívida pública e privada, um PIB
cada vez mais ultrapassado por
parceiros da UE, com o colapso da
Justiça, das forças armadas, da
Educação e da Saúde, importa
descobrir como sair do atoleiro.
A desigualdade entre o interior e
as cidades de litoral, os deficientes
transportes públicos e a crise de
habitação são consequência do
modelo centralista herdado do
regime salazarista.
O envelhecimento populacional,
o baixo valor do salário médio e o
número assustador de pessoas em
situação de pobreza revelam falta
de coesão social.
Será nessa altura que os bloquistas
iniciarão o debate sobre a orientação
da candidatura e, depois, a formação
das listas.
Não está, por isso, excluído que
Catarina Martins venha a ser a cabeça
de lista do partido ao Parlamento
Europeu (PE). Por enquanto, a ex-lí-
der bloquista ainda não tomou a deci-
são de avançar, estando focada na
Catarina Martins foi coordenadora do BE durante cerca de dez anos
A classe média mingua e os jovens
com ou sem formação superior
emigram. O tecido empresarial
evidencia uma mediania medíocre,
sem potencial para a competição
externa. Tudo contribui para uma
sociedade civil acrítica, receosa,
seguidista do mainstream, que
domina a bolha política e a
comunicação social.
Não basta substituir o PS pelo
PSD, Costa por Montenegro.
Portugal exige uma mudança de
políticas e uma alteração do regime,
prevenindo extremismos populistas
de esquerda ou de direita. Faltam
propostas de ideais ao centro,
capazes de romper com o pântano.
Sem ideias não construiremos
futuro, mas, entre estas e a sua
concretização, pode haver o inÆnito.
A blindagem do sistema pelos
partidos impossibilita o
fortalecimento da nossa
democracia e a existência de uma
República ética, economicamente
sustentável e competitiva.
Perante este congelamento, num
sistema parlamentar, a saída só
seria possível pelo surgimento de
novos partidos, com
desaparecimento dos atuais,
campanha do Bloco às eleições regio-
nais da Madeira, na qual tem tido
presença assídua. Mas, se quiser pro-
tagonizar a candidatura do BE em
2024, deverá ter o apoio da direcção,
segundo dirigentes ouvidos pelo
PÚBLICO.
“Boa candidata”
A ex-coordenadora é vista como uma
DANIEL ROCHA
favorecendo soluções radicalizadas.
Felizmente, temos um regime
semipresidencial, uma águia com
duas cabeças, ambas com
legitimidade eleitoral.
Maurice Duverger publicou o
livro Xeque-Mate analisando a
experiência evolutiva e a
elasticidade dos regimes idênticos
ao nosso: Áustria, Finlândia,
França, Irlanda e Islândia.
Substituir Marcelo por outro
protagonista, que se limite a apoiar
o governo, ou a fazer alguma
vigilância sobre as políticas
sectoriais manterá este continuado
empobrecimento coletivo. Neste
perÆl de candidatos situacionistas
incluo António Guterres, Durão
Barroso, Mário Centeno, Paulo
Portas, Santana Lopes, sendo
Marques Mendes aquele que, como
líder do PSD, deu provas de não
conviver com indiciados por
corrupção. Afasto André Ventura,
Gouveia e Melo ou os candidatos do
PCP ou do BE; fardas e extremismos
são indesejáveis.
Passos Coelho é um reformador,
capaz de impor mudanças nos
serviços da administração central,
vocacionado para funções
Público • Quarta-feira, 13 de Setembro de 2023 • 11
das melhores opções dentro do BE,
tendo em conta a sua experiência, o
facto de ser uma das caras mais
conhecidas do partido e de interna-
mente reunir consensos — inclusive
entre os membros da moção E, linha
crítica da anterior direcção que se
candidatou contra Mariana Mortágua
na convenção nacional de Maio.
Ao PÚBLICO o porta-voz da moção,
Pedro Soares, admite que Catarina
Martins “seria uma boa candidata”,
seja devido à “experiência política”
que ganhou ou porque se “aÆrmou
publicamente”. E considera que a
“maioria” dos dirigentes dará respal-
do à sua eventual candidatura.
Também positiva seria uma can-
didatura de José Gusmão, eurodepu-
tado desde 2019 que se juntou à
direcção do BE em Maio, defende.
Ao PÚBLICO o deputado no PE reme-
te a decisão para o partido e para o
futuro. Já a anterior cabeça de lista,
Marisa Matias, que terá cumprido
três mandatos no Parlamento Euro-
peu em 2024, não deverá recandida-
tar-se, como noticiou o Observador
em Maio.
governamentais, mas, tal como
Cavaco, pouco motivado para
promover uma descentralização
democrática do poder político.
Precisamos de candidatos com
consciência das mudanças que
terão de ser implementadas, com
coragem para afrontar poderes
corporativos, capazes de assumir
candidaturas alternativas,
regeneradoras do regime.
Rui Rio e Francisco Assis, ambos
do Norte, conhecedores do mundo
real, fora da bolha política e
comunicacional,
sociais-democratas, mal-amados
pelos seus partidos, poderão
baralhar previsões e abrir
alternativas.
O sistema constitucional permite
um presidente líder da política,
retirando-a da espuma dos dias,
gerando consensos de médio prazo,
aproveitando a elasticidade criativa
do regime, assente na legitimidade
parlamentar, mas também na
eleição direta do chefe do Estado. O
renascimento do regime exige a
eleição de um presidente com visão
estratégica de mudança.
Médico
Política
Marcelo
espera mais
medidas para
os jovens
Sofia Rodrigues
O Presidente da República aprovei-
tou ontem a abertura do ano acadé-
mico para dar conta de algumas
“preocupações” — como a da falta de
diálogo entre os vários intervenien-
tes da universidade e sobre o mode-
lo de Ænanciamento —, mas também
para defender o “aprofundar” de
medidas destinadas aos jovens,
como a gratuitidade dos passes nos
transportes.
Na aula magna da Universidade de
Lisboa, onde foi aluno e professor,
Marcelo Rebelo de Sousa considerou
que “cativar estudantes”, em “tempo
de carestia em pólos urbanos de habi-
tação”, é uma “missão crescentemen-
te árdua”, apesar dos “louváveis
investimentos em residência e apoios
suplementares”.
Outra das preocupações que
expressou tem que ver com o modelo
de Ænanciamento. “Preocupação,
porque tenho amiúde diÆculdade em
entender um ensino superior de futu-
ro no qual os resultados palpáveis em
qualidade, de pesquisa, de publica-
ção não seja factor também relevante
Marcelo voltou a
insistir e a pedir
mais medidas
para apoiar os
jovens, após
recente anúncio
de Costa
para efeito do Ænanciamento atribuí-
do”, disse, apelando ao diálogo em
torno do estatuto da carreira dos
investigadores. Ao mesmo tempo, o
chefe de Estado expressou “esperan-
ça” quando se referiu a uma das
medidas anunciadas na semana pas-
sada para o Orçamento do Estado
(OE) para 2024 pelo primeiro-minis-
tro, António Costa. “Esperança, por-
que os passes acabados de anunciar
para os jovens revela uma atenção
que importa manter, acelerar e apro-
fundar”, aÆrmou numa alusão à gra-
tuitidade dos passes sub23, que
entrará em vigor no próximo ano,
caso seja aprovada no OE2024.
Marcelo apontou a ligação próxima
de vários actuais protagonistas polí-
ticos à universidade — como o primei-
ro-ministro, que foi aluno da Univer-
sidade de Lisboa, o presidente da
Assembleia da República, Augusto
Santos Silva, “professor empenhado
e reputado analista sociopolítico”,
além da ministra do Ensino Superior
Elvira Fortunato — para apelar a um
esforço conjunto no sentido de
“retemperar” o ensino superior.
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12 • Público • Quarta-feira, 13 de Setembro de 2023
Sociedade Retrato feito a partir de dados enviados ao Parlamento
Sete unidades
Ana Maia
Sete unidades de saúde do SNS — que
representam 16 hospitais e 23 centros
reportaram de saúde — identiÆcaram a necessi-
dade de reforçar os seus recursos
humanos com 593 clínicos, segundo
respostas enviadas ao Parlamento na
quase 600 sequência de perguntas colocadas
pelo PCP. “A falta destes médicos
signiÆca milhares de consultas e cirur-
médicos
gias a que as pessoas não têm acesso”,
diz o deputado João Dias.
“Os problemas que se enfrentam
no SNS têm como espelho a falta de
em falta
acesso ao SNS por parte dos utentes,
seja em matéria de atribuição de
médico de família, seja em resposta
nos serviços de urgência, seja no tem-
po de espera para consultas médicas
de especialidade ou de cirurgias”,
notava o PCP na parte introdutória
das perguntas feitas ao Ministério da
Saúde — entre Junho e Julho —, entre
as quais qual o número de médicos
no quadro, quais as necessidades
reportadas nos Planos de Actividades
São necessidades reportadas e Orçamentos (PAO) e o recurso a
empresas de prestação de serviços.
por quatro centros hospitalares, duas As perguntas visavam em concreto 11
unidades de saúde. Algumas de gran-
unidades locais de saúde e um hospital de dimensão.
Os centros hospitalares (CH) Lisboa
Norte, Lisboa Central, Lisboa Ociden-
tal, de Leiria, o Hospital Fernando
Fonseca (Amadora-Sintra) e as unida-
des locais de saúde (ULS) da Guarda
e de Castelo Branco foram os primei-
ros a responder entre o Ænal de Julho
e o início de Setembro. Os números,
diz o ministério nas respostas, depois
de consultadas cada uma das unida-
des, são as necessidades identiÆcadas
no PAO para 2023.
O Hospital Fernando Fonseca iden-
tiÆcou a necessidade de mais 83 médi-
cos, o CH Lisboa Ocidental 28, o CH
Lisboa Central 274, o CH Lisboa Nor-
te mais 41, o CH de Leiria 60 e as uni-
dades locais de saúde de Castelo
Branco e da Guarda 48 e 59 médicos,
respectivamente. Há especialidades
que se repetem nas várias unidades.
São os casos de ginecologia/obstetrí-
cia, anestesiologia, medicina interna,
cirurgia geral, medicina geral e fami-
liar (no caso das ULS), entre outras.
Até ao momento, as Finanças
aprovaram 19 dos 44 PAO para 2023
entregues. Estes documentos servem
para identiÆcar as necessidades no
que diz respeito aos quadros, entre
outras. “O PAO é a ferramenta de
planeamento adequada para, dentro
MARIA JOÃO GALA
dos proÆssionais disponíveis, cada
hospital poder reforçar o seu quadro
médico. Reconhece-se, no entanto,
que há carência de especialistas em
várias especialidades médicas lista-
das como necessárias”, lê-se nas
respostas do ministério, nas quais
dizem estar a trabalhar com a Ordem
dos Médicos para aumentar a forma-
ção de novos especialistas.
Para o deputado João Dias, os
números reportados são “alarman-
tes” e, ao mesmo tempo, surpreen-
dentes. Até porque, como refere, em
várias unidades e especialidades há
tempos máximos de resposta garan-
tidos ultrapassados nas consultas e
cirurgias. “Achava que hospitais de
grande dimensão, com mais saída de
proÆssionais, tivessem identiÆcado
um número de vagas superior. Acho
estes pedidos de reforço feitos um
pouco pelos mínimos. Alguns esta-
rão certamente a contar com presta-
dores de serviço.”
Dos hospitais que especiÆcaram
horas contratadas a empresas, ou
directamente a médicos no regime de
prestação de serviços, somam-se qua-
se 97 mil horas contratadas. Para o
PCP, esta não é uma solução. “Cria
instabilidade nos serviços. O Governo
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devia fazer o caminho para colocar
um ponto Ænal nas prestações de ser-
viço, que também geram carências.
Não se pode compreender como é
que um médico do mapa ganha 18
euros à hora e, ao lado, trabalha um
outro médico que, por uma empresa,
recebe muito mais.”
Estas foram as primeiras unidades
a serem questionadas — também
foram feitas perguntas às unidades
locais de saúde do Baixo Alentejo e
Norte Alentejano, ao Hospital de Évo-
ra e CH e Universitário do Algarve,
mas ainda sem respostas no site do
Parlamento. Em breve serão entre-
gues perguntas relativas a mais nove
unidades e outras se seguirão. “É um
trabalho que resulta das nossas visi-
tas. Estamos preocupados em ter
informação transversal do país”, diz
o deputado, lamentando que o Minis-
tério da Saúde tenha precisado de
consultar os hospitais para obter esta
informação. “Dá a entender que não
tem uma recolha organizada. O minis-
tério deveria saber quantos médicos
tem, onde estão, que necessidades
têm para deÆnir um planeamento.”
João Dias acredita que o Governo
Æcará preocupado com o retrato que
esperam conseguir em termos nacio-
nais, “porque Æcará evidenciado que
há medidas que têm de ser tomadas
e, quanto mais tarde forem, mais se
agravará o problema”. “O que propo-
mos não são só incentivos remunera-
tórios, mas progressão mais rápida
da carreira, com a valorização da con-
tagem de tempo, e mais horas para
formação.”
Planos por aprovar
Em algumas unidades, segundo res-
postas enviadas ao PÚBLICO, das
vagas em aberto, algumas já foram
preenchidas. No Hospital Fernando
Fonseca foram ocupadas uma das
quatro vagas em anestesiologia e uma
das três em cirurgia pediátrica. O CH
Lisboa Central diz que não existiram
alterações signiÆcativas desde a res-
posta dada ao Parlamento.
Já o CH Lisboa Norte informa que
se encontram ainda por preencher
vagas em anatomia patológica, car-
diologia pediátrica, cirurgia pediátri-
ca, dermato-venerologia, farmacolo-
gia clínica, imuno-hemoterapia, psi-
quiatria e urologia. Excluindo as que
deixaram de estar na lista, terão sido
preenchidas pelo menos 23 vagas.
A ULS da Guarda disse não ter havi-
do alterações ao reportado. Esta é
uma das unidades que ainda aguar-
dam que o PAO para este ano seja
aprovado pelas Finanças. Num ponto
da situação feito no início deste mês,
na página da Unidade Técnica de
Acompanhamento e Monitorização
do Sector Público empresarial (Utam),
que pertence ao Ministério das Finan-
ças, contabilizam-se 19 PAO aprova-
dos dos 44 entregues (43%). Dos res-
tantes, a maioria já foi analisada, mas
há planos que estão em fase de análi-
se. Incluindo duas novas versões de
PAO que já tinham sido aprovados.
Contestação
Médicos
anunciam
greve em 17 e
18 de Outubro
A Federação Nacional dos Médicos
(Fnam) anunciou ontem uma nova
greve, em 17 e 18 de Outubro, em
resposta à posição do Governo de
“legislar unilateralmente” o novo
regime de dedicação plena, sem a
concordância dos sindicatos.
JustiÆcando a nova greve nacio-
nal, a presidente da Fnam, Joana
Bordalo e Sá, disse à Agência Lusa,
à saída da sétima reunião negocial
extraordinária no Ministério da Saú-
de, que o Governo “vai legislar uni-
lateralmente, sem a concordância
dos sindicatos”, o novo regime de
dedicação plena e a grelha salarial
associada, “agravando as condições
de trabalho” dos médicos do Servi-
ço Nacional de Saúde (SNS).
Em comunicado, a Fnam adian-
tou que a greve será pautada por
concentrações regionais em frente
às unidades de saúde.
A Fnam já tinha agendado dois
dias de greve nacional para 14 e 15
de Novembro e uma manifestação
à porta do Ministério da Saúde, em
Lisboa, para 14 de Novembro.
Em Julho e Agosto, os médicos
cumpriram dois dias de greve, pro-
movida igualmente pela Fnam.
As negociações entre Governo e
sindicatos dos médicos iniciaram-se
em 2022 sem que as partes tenham
chegado a consenso em matérias
fulcrais como os aumentos salariais
e a dedicação plena. Ontem foi a
última ronda negocial.
Segundo a Fnam, a dedicação ple-
na implicará que os médicos hospi-
talares trabalhem mais horas (nove
horas diárias e 250 horas extraordi-
nárias por ano). “Não podemos
aceitar”, argumentou à Lusa a pre-
sidente da Fnam, estrutura que
rejeita aumentos salariais “de pouco
mais de 100 euros” para todos os
médicos.
A Fnam contesta também que
“parte variável” do salário dos
médicos de família (que trabalham
nos centros de saúde) passe “a
depender do número de exames ou
prescrições terapêuticas”, com
“potencial ingerência na prática
clínica e prejuízo consequente para
os utentes”.
A estrutura, que está a mobilizar
os médicos para não excederem o
“limite legal” das actuais 150 horas
extraordinárias anuais, pretende
congregar outros sindicatos, asso-
ciações e a Ordem dos Médicos para
desenvolver novas acções em defe-
sa da carreira médica e do SNS.
Lusa
Julgamento por fake news:
Lemos Esteves admite que inventou
e indemniza Pacheco Pereira
Bárbara Reis
“O pedido de desculpa
é o mínimo”, disse
historiador. Antigo
professor vai pagar dez mil
euros a Pacheco Pereira
O historiador José Pacheco Pereira
aceitou ontem de manhã, no tribunal
de Rio Maior, desistir do julgamento
por calúnia contra João Lemos Este-
ves, depois de o ex-professor de
Direito admitir que inventou o que
escreveu no jornal Sol.
Ao Æm de uma hora de negocia-
ção entre as partes, o juiz Hugo Bas-
tos Loureiro anunciou que as advo-
gadas de Pacheco Pereira — SoÆa
Castro Caldeira e Rita Maltez — e o
advogado do réu — João Botelho —
tinham chegado a acordo, evitando
o julgamento.
Às 11h15, Lemos Esteves leu o des-
mentido: “AÆrmo publicamente não
corresponder à verdade tudo o que
escrevi sobre a relação de José Pache-
co Pereira com o Irão num artigo
publicado no jornal Sol de 9 de Janei-
ro de 2021, que acabou por ser repu-
blicado em várias publicações anó-
nimas”, começou por ler o jurista.
Disse que usou “fontes falsas” para
escrever o artigo e que dará “a máxi-
ma publicidade” ao desmentido.
O juiz quis conÆrmar se Pacheco
Pereira aceitava o pedido de descul-
pa e o valor reduzido de indemniza-
ção. E se desistia da queixa.
Bastos Loureiro esperaria um sim-
ples “sim”, mas o historiador respon-
deu: “O pedido de desculpa é o míni-
mo. Isto não é mais do que a aÆrma-
ção da falsidade do que escreveu.”
O juiz sorriu e insistiu: “Ainda
assim, declara que não pretende
Lemos Esteves ontem, no Tribunal de Rio Maior
Público • Quarta-feira, 13 de Setembro de 2023 • 13
prosseguir com a queixa?” “Sim.
Desde que não haja reincidência.”
A sessão terminou minutos depois.
Após insistir não ter capacidade para
pagar uma indemnização, Lemos
Esteves comprometeu-se a pagar dez
mil euros até Setembro de 2025. Na
queixa-crime, Pacheco Pereira pedia
70 mil euros.
No Æm da sessão, já o juiz saíra da
sala, Lemos Esteves não soube expli-
car como vai dar “a máxima publici-
dade” ao desmentido e o seu advo-
gado aconselhou-o a não falar com o
PÚBLICO. “Já não escrevo, eu agora
não escrevo”, disse Lemos Esteves.
“O meu cliente está reformado”,
brincou Botelho. Lemos Esteves tem
34 anos.
No artigo de opinião publicado no
Sol, em 2021, Lemos Esteves — na
altura professor assistente de Luís
Menezes Leitão e Pedro de Albuquer-
que, regentes na Faculdade de Direi-
to da Universidade de Lisboa — escre-
veu que Pacheco Pereira “é presença
assídua nas festas da embaixada do
Irão em Lisboa”, para quem seria
“uma espécie de consultor especial”,
que Æzera “viagens de luxo a Tee-
rão”, recebera “luxos e privilégios”
da embaixada e escrevera artigos de
opinião no PÚBLICO com base em
talking points do regime iraniano.
Estas benesses, escreveu em
Pacheco Pereira
foi retratado no
artigo como um
“agente do Irão”,
que participava
em actividades
terroristas
MATILDE FIESCHI
Sociedade
“Pacheco Pereira, o Ayatollinho que
apela ao antissemitismo (what a nasty
man!)”, eram o pagamento pelo
lobby que Pacheco Pereira teria feito
a favor do Governo do Irão e pelo seu
“potencial envolvimento” com
“organizações terroristas”.
O artigo, disse a acusação, foi repli-
cado e a base de artigos parecidos
publicados em sites de fake news e
que fazem parte de uma teia de pla-
taformas digitais que divulgam infor-
mação falsa e caluniosa. Sites de fake
news de que Lemos Esteves foi “direc-
tor”, “editor”, “editor de conteúdos”
e “colaborador”, e sites quase iguais,
como a Voz Ibérica, a Total News
Agency, a Alianza 24 e a Citizens for
the World, nos quais os “colaborado-
res” se repetem, alguns Æctícios,
outros reais mas com currículos liga-
dos a instituições-fantasma.
No conjunto dos artigos, Pacheco
Pereira é retratado como um “agen-
te do Irão”, “consultor”, “actor” e
“intermediário” dos interesses ira-
nianos, recebendo em troca das acti-
vidades de propaganda e defesa do
regime iraniano benesses e subsí-
dios, movimentando fundos secretos
e participando em actividades terro-
ristas. A palavra “terrorista” aparece
repetidas vezes nos textos, em por-
tuguês, inglês e espanhol, que citam
supostas fontes de serviços secretos
e fontes com acesso a informação
privilegiada. Aí, é escrito que o his-
toriador participou em actividades
terroristas, forneceu informações,
participou em reuniões e manteve
contactos com responsáveis em
actos terroristas em todo o mundo.
O historiador descreveu o proces-
so como “uma ‘fábrica’ de fake
news”.
Em 2010, quando tinha 21 anos,
Lemos Esteves participou num blo-
gue do Expresso chamado Politicoes-
fera e, a seguir, em 2012, teve uma
rubrica num programa de jovens da
SIC Radical — Marcelo Rebelo de Sou-
sa, seu professor na FDUL, foi convi-
dado para o episódio de despedida.
A seguir, entre 2020 e 2021, manteve
uma coluna semanal no Sol. É como
colunista — e autor de mentiras,
como Æcou estabelecido no tribunal
de Rio Maior — que Lemos Esteves
tem sido convidado a falar sobre geo-
política em sites e canais com grande
divulgação, como os vídeos de Cris-
tina Seguí, co-fundadora do Vox.
O rol de 20 testemunhas de defesa
entregue ao tribunal incluía Donald
Trump, ex-Presidente dos EUA, e
Michael Pompeo, ex-director da CIA
e secretário de Estado no mandato
de Trump.
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14 • Público • Quarta-feira, 13 de Setembro de 2023
Sociedade
Ministro diz
que resultados
na educação
justiƊcam “uma
certa vaidade”
No dia em que arrancaram as aulas, João
Costa valeu-se do relatório da OCDE para
falar do “salto exemplar” que o país deu.
E desejou “serenidade” para este ano
Samuel Silva
A evolução positiva que as qualiÆca-
ções nacionais tiveram nas ultima-
das décadas justiÆcam “uma certa
vaidade” para o ministro da Educa-
ção, João Costa. Numa análise ao
relatório Education at a Glance 2023,
que foi apresentado ontem, dia em
que começaram oÆcialmente as
aulas para um novo ano lectivo, o
governante preferiu olhar para os
resultados do país no médio prazo
e salientar os bons resultados.
João Costa associou os indicado-
res nacionais reÇectidos nesse estu-
do com os 50 anos de 25 de Abril.
Portugal entrou na democracia
“com um déÆce de qualiÆcações
esmagador”, dando um salto “abso-
lutamente exemplar”, que é “olhado
com interesse por muitos outros
países do mundo”, salientou.
O ministro da Educação lembrou
que, há 50 anos, 26% da população
nacional era analfabeta e, há três
décadas, mais de metade dos jovens
abandonava a escola antes do Ænal do
9.º ano, indicadores em que actual-
mente o país tem desempenhos tão
bons ou melhores do que os seus par-
ceiros internacionais. Por isso, consi-
dera: “[Deve haver] uma certa vaida-
de pelo que estamos a conseguir.”
Os resultados nacionais no grande
relatório anual sobre Educação da
Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Económico
(OCDE) foram apresentados e discu-
tidos numa conferência na Escola
Secundária Luís Freitas Branco, em
Oeiras — depois da apresentação
global que decorreu, durante a
manhã, em Paris.
No dia em que começou oÆcial-
mente o novo ano lectivo, João Cos-
ta fez apenas um comentário sobre
o regresso às aulas, dizendo: “[Espe-
ro que] tenhamos um ano lectivo
com a serenidade e a capacidade de
ver a realidade e os números, [sem]
NUNO FERREIRA SANTOS
Gasto por aluno 14%
abaixo da média
P
ortugal gasta em Educação
um valor semelhante à
média dos países da OCDE,
mas a despesa por
estudante é 14% mais baixa,
rondando os dez mil euros
contra 11.700 mil euros da
média da OCDE, segundo
valores ajustados pelo factor
de conversão da Paridade do
Poder de Compra (PPP).
Segundo o Education At a
Glance 2023, que passa em
revista os sistemas educativos
dos países desenvolvidos.
Portugal não se afasta da
média da OCDE quando se
compara apenas o
investimento feito nos 39
países, tendo em conta a
percentagem de produto
interno bruto (PIB). Gastou, em
2020, 5,1 % do seu PIB em
instituições de ensino (do
básico ao superior), “uma
percentagem semelhante à da
média dos países da OCDE”,
refere o relatório. Mas menos O ministro da Educação olhares simplistas e redutores que da OCDE. Porém, como também faz
14% por estudante — o que, lembrou que, há 50 anos, nos afastam de boas decisões.” notar a OCDE, nos últimos cinco
ainda assim, representa um 26% da população nacional No resto da sua intervenção, prefe- anos, a proporção de jovens adultos
esforço maior para o país, já era analfabeta riu olhar para o “copo meio cheio”, que não completou o ensino secun-
que a despesa por estudante sublinhando os “dados muitos anima- dário “diminuiu signiÆcativamente”,
equivale a 31% do PIB per dores que constam do Education at a em 16 pontos percentuais. Desde
capita, enquanto a média da Glance, destacando, por exemplo, o 2009 que a escolaridade obrigatória
OCDE é de 27%. O estudo facto de na população jovem adulta em Portugal vai até ao 12.º ano ou
mostra que mais de metade da (escalão etários dos 25 aos 34 anos) a aos 18 anos do estudante.
despesa pública “provém dos frequência do ensino superior ter No mesmo período, a percenta-
governos subnacionais”, aumentado de 33% para 44%, entre gem de jovens adultos que têm o
enquanto “em Portugal 82% do 2015 e 2022. Também a OCDE subli- secundário como qualiÆcação máxi-
financiamento provém do nha esse “aumento substancial” no ma aumentou cinco pontos percen-
Governo central, após relatório agora divulgado. tuais. O relatório da OCDE relaciona
transferências entre níveis de Ainda há 17% da população entre esse facto com o aumento da pro-
governo, 7% do nível regional e os 25 e os 34 anos que não chegou porção de jovens a frequentar o ensi-
11% do nível local”. Lusa sequer ao ensino secundário, três no proÆssional, que passou de 14%
pontos percentuais acima da média para 20%.
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Menos no ensino vocacional
O Education at a Glance 2023 presta
especial atenção ao ensino proÆs-
sional. Na comparação internacio-
nal Portugal Æca aquém da média
dos parceiros da OCDE na generali-
dade dos indicadores. Desde logo,
a percentagem de jovens portugue-
ses em programas vocacionais é
inferior à média da OCDE (39% em
território nacional contra 44% nos
restantes países).
Em Portugal, 21% das pessoas
entre os 25 e 34 anos têm um curso
proÆssional como qualiÆcação máxi-
ma. Mas se, no ensino secundário, a
média nacional (18%) não é muito
diferente da calculada para a OCDE
(20%), nos cursos pós-secundário
(qualiÆcação para 2% da população
nacional e 6% na média internacio-
nal) e nos cursos curtos do ensino
superior (1%, cinco pontos abaixo da
média) a diferença é bem mais pro-
nunciada.
Os cursos curtos do ensino supe-
rior foram introduzidos em 2014,
com a designação de “cursos técni-
cos superiores proÆssionais”. São
ministrados exclusivamente nos ins-
titutos politécnicos. Estes cursos não
têm parado de crescer, mas, segun-
do a OCDE, a sua importância ainda
continua a ser inferior à tendência
nos restantes países. Em média, na
OCDE, 20% dos estudantes das vias
vocacionais estão inscritos nestes
cursos curtos. Em Portugal, o indi-
cador Æca-se pelos 10%.
Jovens “nem-nem”
Os programas de licenciatura conti-
nuam a ser os mais populares para
quem ingressa no ensino superior:
76%, em linha com a média da
OCDE. Nos cursos técnicos superio-
res proÆssionais entram 11% dos
novos alunos do ensino superior.
Outro aspecto salientado pelo
relatório é a diminuição do número
de jovens portugueses que não estu-
da nem trabalha. A percentagem de
jovens “nem-nem”, no escalão etá-
rio dos 18 aos 24 anos, é de 11,4% em
Portugal, o que signiÆca uma desci-
da de quase quatro pontos percen-
tuais em relação ao Education at a
Glance de 2018 — eram então 15,2%
os jovens nessas idades que não
estudavam nem trabalhavam. Isto
signiÆca que Portugal passou a estar
bem abaixo do indicador médio
para todos os países que compõem
aquela organização internacional,
que se Æxou este ano em 14,7% (mais
0,2 pontos percentuais do que há
cinco anos).
Esta evolução positiva no número
de jovens em Portugal que não estu-
da nem trabalha já tinha sido identi-
Æcada, no início do ano, pelo Euros-
tat, que punha o país entre aqueles
que tinham uma taxa de “nem-nem”
mais baixa em toda a União Euro-
peia, 8,4% — o indicador europeu
tem em consideração um escalão
etário mais alargado, entre os 15 e os
29 anos.
Números
6%
Entre 2015 e 2022, os
vencimentos dos docentes
subiram 6%, em média,
considerando todos os países
da OCDE. Em Portugal
baixaram 1%. Se forem
considerados apenas os países
da União Europeia, o aumento
dos salários reais dos
professores foi de 4%
27,5%
dos professores portugueses
estão num dos três últimos
escalões de uma carreira com
dez patamares, de acordo com
informação recentemente
tornada pública pelo Ministério
da Educação em resposta a um
requerimento apresentado
pelo PSD na Assembleia da
República. Mais de metade
destes (15.437) está no topo da
carreira, onde o
vencimento-base é de 3473,19
euros brutos mensais
9%
Nem todos os professores
nacionais ganham menos do
que a média dos colegas
estrangeiros, de acordo com o
relatório da OCDE. Nos
primeiros escalões da carreira
docente, os salários dos
professores portugueses são
cerca de 9% inferiores à média
dos países que pertencem à
OCDE
8%
Na Eslováquia e na Polónia, o
aumento dos salários reais dos
professores foi de 8% entre
2015 e 2022. Também a
Alemanha (4%) e a França (2%)
tiveram subidas do poder de
compra da sua classe docente
8%
Em sentido contrário, em
países como a Dinamarca
(menos 8%), Hungria (menos
7%) ou Itália (menos 4%), os
salários reais dos professores
sofreram uma quebra nos
últimos oito anos
Carreiras nos diferentes países
Salários reais dos professores caíram
1% em Portugal mas na OCDE subiram
Samuel Silva
Relatório analisa
evolução real dos salários
entre 2015 e 2022
e mostra diferenças
acentuadas entre países
Os aumentos da função pública nos
últimos anos não foram suÆcientes
para evitar a perda de poder de com-
pra entre os professores que traba-
lham nas escolas da rede do Estado.
De acordo com o relatório Education
at a Glance 2023, ontem apresentado
pela Organização para a Cooperação
e Desenvolvimento Económico
(OCDE), em Paris, os salários reais
dos docentes portugueses caíram
1%, entre 2015 e 2022. No mesmo
período, os vencimentos dos colegas
dos restantes países subiram, em
média, 6%.
O grande relatório anual da OCDE
sobre Educação nota como em Por-
tugal o descongelamento dos salários
da função pública em 2018, depois
de anos de estagnação que coincidi-
ram com o período de emergência
Ænanceira, “permitiu a recuperação
gradual dos salários dos professores
até 2022”. Países como a Grécia, a
Espanha, Itália ou Irlanda, que vive-
ram situações Ænanceiras semelhan-
tes à nacional durante a década pas-
sada, tiveram evoluções análogas.
Essa recuperação de rendimentos
não foi, porém, suÆciente para que
o poder de compra dos professores
compensasse a perda sofrida nos
anos anteriores. Como também mos-
tra o Education at a Glance, entre
2010 e 2015, os salários reais dos pro-
fessores nacionais caíram 9%, ao
passo que, na média da OCDE, estag-
naram.
O aumento dos vencimentos nos
últimos anos acabou por resultar
num saldo negativo para os profes-
sores em termos de salários reais por
fruto dos efeitos da inÇação, particu-
larmente no último ano, quando se
Æxou nos 7,8%, estabelecendo um
novo máximo em três décadas.
Em consequência disso, no perío-
do entre 2015 e 2022, o salário real
dos professores em Portugal caiu 1%,
contrastando com o que aconteceu
na generalidade dos países desenvol-
vidos. Os vencimentos dos docentes
subiram 6%, em média, consideran-
do todos os países da OCDE, no mes-
mo período de oito anos.
Nesta análise, aquele organismo
internacional considera os salários
dos professores do ensino secundá-
rio, tendo em conta a posição na
carreira mais comum para docentes
Público • Quarta-feira, 13 de Setembro de 2023 • 15
com 15 anos de experiência. O valor
apurado é convertido em preços
constantes, sendo utilizados deÇato-
res para o consumo privado.
Países como a Eslováquia ou a
Polónia — em ambos o aumento dos
salários reais dos professores foi de
8% entre 2015 e 2022. Mas os países
que mais Æzeram crescer os venci-
mentos dos seus professores estão
fora do espaço europeu: em Israel,
por exemplo, a subida foi de 35%.
“Salários competitivos, oportuni-
dades de progressão na carreira e
boas condições de trabalho são ala-
vancas importantes para incentivar”
a proÆssão e aumentar a satisfação
dos que já trabalham nas escolas,
valoriza a OCDE.
A média salarial (medida em pari-
dades de poder de compra) de um
professor do secundário com 15 anos
de serviço em Portugal é de 44.227
dólares americanos anuais (cerca de
41.100 euros ao câmbio actual). Já a
média da OCDE chega aos 53.456
dólares americanos anuais.
Mas nem todos os professores
nacionais ganham menos do que a
média dos estrangeiros. Nos primei-
ros escalões da carreira docente, os
salários dos professores portugueses
são cerca de 9% inferiores à média
dos países que pertencem à OCDE,
mas no topo da carreira o vencimen-
to pode chegar a ser 40% superior à
média internacional.
Mário Nogeira,
da Fenprof, nota
que os docentes
portugueses se
mantêm em “rota
contrária” à dos
colegas europeus
Nos escalões mais altos, os salários são superiores à média
Sociedade
A OCDE sublinha ainda que os pro-
fessores portugueses ganham, em
média, mais do que outros trabalha-
dores nacionais com qualiÆcações
semelhantes — ter, no mínimo, uma
licenciatura. Por exemplo, os docen-
tes do ensino secundário ganham
42% mais do que os restantes traba-
lhadores. “Portugal está entre os
poucos países onde os salários
médios reais dos professores perma-
necem superiores aos rendimentos
dos trabalhadores com formação
superior”, aponta o documento. Só
a Lituânia e a Costa Rica têm realida-
des semelhantes.
A OCDE relaciona essa realidade
com o facto de a população docente
estar “a envelhecer”. “Consequen-
temente, uma grande proporção de
professores está perto do topo da sua
carreira docente”.
Não é a primeira vez que a OCDE
tira estas conclusões sobre os venci-
mentos dos professores portugueses.
Já o tinha feito, por exemplo, no Edu-
cation at a Glance de 2018, motivan-
do protestos dos sindicatos, que
questionavam a metodologia segui-
da. Foi isso que sublinhou o secretá-
rio-geral da Fenprof, Mário Noguei-
ra, em declarações ao PÚBLICO: “A
OCDE considera os valores como se
as pessoas tivessem tido uma pro-
gressão normal ao Æm de 15 anos de
proÆssão. Não tem em conta nem os
congelamentos, nem outros factores
que atrasam as carreiras.” Esse facto
já motivou, de resto, uma exposição
da organização sindical à OCDE em
anos anteriores. Quanto à conclusão
principal do relatório, que aponta
para uma perda de salário real dos
professores, Nogueira sublinha que
os dados conÆrmam que os docentes
nacionais se mantêm “em rota con-
trária” aos colegas estrangeiros,
agravando uma realidade que já
vinha de trás.
NUNO FERREIRA SANTOS
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16 • Público • Quarta-feira, 13 de Setembro de 2023

Local Câmara de Braga já não vai construir parque em São Victor

Contra a vontade dos moradores, onde

era zona verde nasce agora um pavilhão
Em 2015, a autarquia plantou 50 árvores para a criação de um parque junto a uma área residencial.
Depois, autorizou a construção de um pavilhão no mesmo local. Moradores e oposição estão contra
JOANA GONÇALVES

Pedro Manuel Magalhães

Um conjunto de moradores da Rua
Luís Soares Barbosa, em Braga, está
a contestar a construção de um pavi-
lhão desportivo numa área onde a
autarquia plantou, em 2015, 50 árvo-
res para criar um parque. A câmara
diz que o projecto de um grupo priva-
do — que contará, entre outras valên-
cias, com uma sala de 1300 metros
quadrados, quatro salas de aulas de
grupo, uma piscina de 25 metros e
uma zona de estacionamento com
capacidade para 150 lugares —, respei-
tou todos os trâmites legais e vai avan-
çar, apesar da contestação.
A área verde localiza-se junto aos
principais acessos ao hospital da
cidade, numa das avenidas rodoviá-
rias mais frequentadas de Braga,
onde a poluição do ar e sonora é
mais premente. Em 2015, o vereador
com o pelouro do Ambiente, Altino
Bessa, ainda em funções, foi ao local
para apadrinhar a plantação de 50
árvores, anunciando que o acto
poderia ser o início de um “novo pul-
mão verde da cidade”.
Na reunião de executivo municipal
de segunda-feira, durante o período
reservado para intervenções dos
munícipes, Margarida Viana, uma
das moradoras contestatárias, lem-
brou que as árvores, hoje “crescidas
e saudáveis”, que “contribuem para
a redução do ruído e do calor e para
a permeabilização dos solos”, foram O presidente da Câmara de Braga, Ricardo Rio, diz que a construção do pavilhão é para avançar
pagas com dinheiro público.
Rita Fernandes, outra das mora- e agora decide-se construir mais um mento reverter para a autarquia”, Junta de Freguesia de São Victor, a te o município do dever de avaliar
doras, alinhou pelo mesmo diapa- ginásio, cuja utilidade para todos nós acrescentando que a câmara iria que pertence a área, que “deu a sua se as suas decisões correspondem,
são, considerando que o acto da é muito dúbia e que serve a rentabi- receber, no imediato, 1,5 milhões de anuência ao projecto”. ou não, às legítimas expectativas
autarquia é “mais um exemplo da lização privada.” euros. O projecto seguiu depois Foi lançada entretanto uma peti- dos seus representados?”
imposição dos interesses imobiliá- Também a CDU, pelo vereador toda a tramitação legal, tendo sido ção online contra a construção do A questão, aliada também ao rep-
rios sobre tudo o resto”. Também Vítor Rodrigues, que foi quem abor- aprovado em reunião de câmara e complexo desportivo na freguesia to lançado por Artur Feio, que mani-
Mário Lopes, outro vizinho, contes- dou o tema no início da reunião cama- assembleia municipal e mais tarde de São Victor, que até ao Ænal da festou vontade de que “haja aqui
tou a atribuição “do único espaço rária, antes da participação do públi- obtido os pareceres favoráveis da tarde de ontem contava com mais bom senso e de que a situação possa
verde público das imediações daque- co, aÆrmou que a decisão do municí- Agência Portuguesa do Ambiente de mil subscrições, e uma página ser revertida”, não encontrou res-
la área residencial altamente povoa- pio é sinal de que a autarquia “olha (APA), Infra-Estruturas de Portugal nas redes sociais. posta em Ricardo Rio, que se mos-
da a uma empresa privada”. para os espaços verdes como inters- (IP), e CCDR Norte. A moradora Rita Fernandes, no trou irredutível na decisão. “Há um
Na onda de críticas, o vereador tícios que estão ao abandono, e não Com a colocação de uma lona no seu testemunho, questionou a contrato, o projecto está formaliza-
sem pelouro do PS, Artur Feio, ques- como zonas que podem efectivamen- local a anunciar o projecto, no início câmara: “Será que só pelo facto de do, e o concessionário pode fazer o
tionou a construção de um ginásio te servir para usufruto público”. deste Verão, a contestação surgiu, se cumprir os procedimentos e as que bem entender”, referiu, assina-
numa área onde já existem equipa- mas Ricardo Rio, que sempre subli- tramitações obrigatórias isto demi- lando ser “um pouco lírico” dizer
mentos análogos nas redondezas, Autarquia irredutível nhou que aquele espaço “é pouco que se tem de “salvaguardar um
revelando que o partido tem um rela- A intenção de entregar o espaço ao utilizado como área verde” e que espaço verde que na verdade é um
tório que indica que aquela é uma usufruto privado foi tornada públi- consta no Plano Director Municipal
Contestação surgiu espaço de equipamentos”.
das “zonas mais poluídas da Euro- ca em 2019, quando o presidente da como destinado a equipamentos, no início do Verão Sobre as críticas à retirada de árvo-
pa”. “Estamos absolutamente solidá- câmara municipal, Ricardo Rio asseverou na reunião de segunda- res do local o autarca garantiu que
rios com aqueles moradores. O gran- (PSD), publicou nas redes sociais feira que o processo “teve numa
quando o anúncio alguns dos exemplares serão replan-
de problema disto é prometer-se às que ali iria nascer um “projecto de ampla discussão pública” e, como da nova tados noutras zonas da cidade e aÆr-
pessoas coisas que depois na prática investimento totalmente privado, a “não pode ouvir todos os morado- mou que Braga tem sido um dos
não são concretizadas. A expectativa que caberá a exploração do mesmo res”, informou a comunidade através
empreitada foi territórios do país onde “mais árvo-
era uma Çorestação daquele espaço durante 40 anos, antes de o equipa- de uma reunião com o presidente da colocado no local res têm sido plantadas”.
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Câmara de Braga gastou meio milhão em
rendas de cineteatro que agora vai comprar
Pedro Manuel Magalhães
Edifício do S. Geraldo é da
arquidiocese. PS alegou
desperdício de dinheiro em
rendas e câmara anunciou
aquisição do imóvel
A autarquia de Braga vai avançar
para a aquisição do edifício do anti-
go cineteatro S. Geraldo. O imóvel é
propriedade da arquidiocese de Bra-
ga, entidade com a qual o município
estabeleceu, em 2017, um contrato
de arrendamento por dez anos de
12.500 euros por mês, por forma a
reabilitar o espaço, devoluto há qua-
se três décadas. Após as críticas lan-
çadas na segunda-feira, em reunião
pública de executivo, pelo vereador
sem pelouro do PS, Adolfo Macedo,
de que o dinheiro já gasto em rendas
foi “deitado ao lixo”, o presidente
da câmara, Ricardo Rio (PSD), anun-
ciou que já conversou com o arce-
bispo de Braga, D. José Cordeiro,
com vista à compra do imóvel.
O anúncio surgiu na sequência
das críticas de Adolfo Macedo, que
fez as contas e concluiu que, nos
seis anos desde a entrada em vigor
do contrato de arrendamento, a
autarquia gastou, em rendas com-
pletas, 765.625 euros.
Ao longo dos anos, Ricardo Rio
sublinhou que o contrato de arren-
damento prevê uma opção de direi-
to de compra e que as rendas já
pagas à arquidiocese seriam descon-
tadas no valor a pagar numa even-
tual aquisição do imóvel, mas Adol-
fo Macedo pôs em causa a veracida-
de dessa aÆrmação.
“O que está no contrato, preto no
branco, é que apenas uma percenta-
gem destas rendas já pagas é descon-
tada no valor da compra. À data de
hoje, apenas 273.750 euros serão des-
contados no valor da hipotética com-
pra. Ou seja, 491.865 euros foram
directamente para o lixo. Não há vol-
ta a dar, são quase 500 mil euros que
desapareceram, que se esfumaram”,
assinalou o também vocalista dos
Mão Morta. E acrescentou: “Não vejo
motivo nenhum para estarmos a con-
tinuar a atirar este dinheiro ao lixo ou,
pior, a fazer deste contrato de arren-
damento uma espécie de plataforma
giratória de distribuição directa do
dinheiro público municipal para a
arquidiocese.”
Em resposta, Ricardo Rio revelou
que já conversou com o arcebispo de
Braga “há já alguns meses” e que hou-
ve “disponibilidade para falar” por
parte da Igreja. Apesar de ainda não
avançar com datas para quaisquer
O imóvel é propriedade da Arquidiocese de Braga, à qual a câmara paga uma renda de 12.500 euros
procedimentos na aquisição, o autar-
ca declarou que o primeiro passo será
“delinear uma metodologia para estu-
dar o assunto” e avançar para “alte-
rações contratuais e realização de
avaliações” no processo.
Concurso até Änal do ano
O contrato de arrendamento do S.
Geraldo estabelecido entre a câmara
municipal e a arquidiocese surgiu
depois de a Igreja ter anunciado um
projecto, em 2016, que iria alterar a
conÆguração do edifício centenário,
recordado como o primeiro cinetea-
tro de Braga, prevendo-se para lá,
com recurso a parcerias com priva-
dos, a construção de uma área comer-
cial e um hotel de quatro estrelas.
O projecto da Igreja deu origem a
queixas da população e a câmara aca-
baria por tomar conta do espaço atra-
vés do arrendamento, prometendo
requaliÆcar o imóvel e antecipando
para o local a criação de um centro de
Media Arts, que se tornasse âncora
nas candidaturas de Braga a cidade
criativa da UNESCO e Capital Euro-
peia da Cultura. “Na altura, a câmara
foi sensível aos reptos de muitos cida-
dãos, de várias associações, de prati-
camente todas as forças políticas, no
sentido de que esse processo fosse
travado e que se optasse por uma
outra solução mais de cariz cultural.
Isso tem um custo”, recordou na
segunda-feira Ricardo Rio. Para o
autarca, que não rebateu os números
adiantados por Adolfo Macedo, os
500 mil euros gastos em rendas até
hoje “não são um desperdício”.
“Quem defendia que a câmara
tomasse conta do edifício sabia que
Público • Quarta-feira, 13 de Setembro de 2023 • 17
Local
DR
havia um preço a pagar. E esse preço
a pagar traduz-se nas rendas. Ao con-
trário do que ele [Adolfo Macedo] diz,
não é nenhuma forma de Ænancia-
mento da Igreja. Por acaso, o proprie-
tário do edifício é a Igreja, mas podia
ser qualquer outro indivíduo priva-
do”, justiÆcou o autarca.
Desde 2017 até hoje, o imóvel ain-
da não foi alvo de qualquer interven-
ção, mas Ricardo Rio assegurou na
segunda-feira que o concurso públi-
co para a reabilitação do edifício será
lançado até ao Ænal do ano. “O pro-
jecto teve várias vicissitudes: a fase
de auscultação com entidades exter-
nas, o período covid e um conjunto
de avaliações estruturais com a Uni-
versidade do Minho. Neste momen-
to, está em fase Ænal para que até o
Ænal do ano seja lançado o concur-
so.” Este Æxar-se-á em 250 mil euros
e a previsão é de que, até 2025, ano
da conclusão, a renovação custe 6,4
milhões de euros à autarquia.
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HASTA PÚBLICA
IMÓVEIS MUNICIPAIS
ALIENAÇÃO DE 8 PARCELAS E LOTES DE TERRENO
NO CONCELHO DE SINTRA
19.OUTUBRO.2023 | 10h00
Palácio Valenças, Sintra
EDITAL N.º 343/2023
Anúncio do procedimento de Hasta Pública para alienação de 8 parcelas
e lotes de terreno no concelho de Sintra.
Disponível em www.cm-sintra.pt.
1 | Lote 12 | R. General Humberto Delgado, S. Martinho | habitacional | 760,00m²
área bruta de construção 228,00m² | base licitação 200.000,00€
2 | Lote 21 | R. Moinho do Gato, S. Martinho | habitacional | 760,00m²
área bruta de construção 228,00m² | base licitação 200.000,00€
3 | Parcela de terreno | Varge Mondar EN 249-4 | indústria | 600,00m²
área bruta de construção 300,00m² | base licitação 90.000,00€
4 | Parcela de terreno | Junto à R. Raul Solnado, Ranholas | atividades económicas | 2.320,00m²
área bruta de construção 1.077,60,00m² | base licitação 250.000,00€
5 | Parcela de terreno | Rua do Moinho, Almornos | habitacional | 743,00m²
área bruta de construção 371,50m² | base licitação 100.000,00€
6 | Parcela de terreno | Rua do Barro, Aruil de Baixo | urbano | 479,00m²
área bruta de construção 160,00m² | base licitação 79.000,00€
7 | Lote 1 | Rua do Carrascal/Rua Armindo Santos, Abrunheira | habitacional | 399,50m²
área bruta de construção 378,00m² | base licitação 136.000,00€
8 | Parcela de terreno | Rua das Vagens, Rio de Mouro | atividades económicas | 351,30m²
base licitação 83.000,00€
+ INFO: Divisão de Gestão do Património | Rua Dr. Alfredo Costa, 33, Sintra | dgpa.juridico@cm-sintra.pt
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18 • Público • Quarta-feira, 13 de Setembro de 2023

Mundo O último discurso do estado da União de Ursula von der Leyen

Nada é mais
prioritário do
que assegurar
a vitória
da Ucrânia
A líder do executivo comunitário vai
desÄar em Estrasburgo as medidas
tomadas em resposta à crise provocada
pela guerra de agressão da Rússia
Rita Siza, Bruxelas
Ursula von der Leyen não vai sur-
preender ninguém, hoje, quando
designar a resposta à invasão russa
da Ucrânia, e às ameaças e múltiplos
desaÆos que decorrem do convívio
com uma guerra de agressão nas
fronteiras da UE, como a grande prio-
ridade da acção da Comissão Euro-
peia em 2024, durante o discurso
sobre o estado da União Europeia, no
hemiciclo de Estrasburgo.
No último ano de trabalho desta
legislatura, o executivo comunitário
estará mais preocupado em concluir
a sua agenda legislativa do que em
anunciar novas medidas: esse não
será o principal foco de atenção da
presidente da Comissão Europeia,
Ursula von der Leyen, que quer apro-
veitar o discurso que marca oÆcial-
mente a rentrée política de Bruxelas
— e os próximos meses de trabalho
até às eleições europeias — para rea-
Ærmar (ou consolidar?) a sua ambição
inicial de dirigir uma comissão geo-
política.
A guerra lançada por Putin com a
invasão da Ucrânia, em Fevereiro de
Estados-membros da UE a quebrar
tabus, como por exemplo o da
mutualização da dívida, a guerra de
agressão da Rússia obriga os 27 a
reorganizar o seu espaço político e a
repensar o seu papel enquanto actor
geopolítico global — de campeão do
apoio à Ucrânia e pioneiro na transi-
ção para uma economia sustentável
e neutra em carbono, de defensor
intransigente do multilateralismo
num mundo multipolar, a aliado eter-
no daqueles que partilham os valores
da democracia liberal e rejeitam a
lógica de blocos e da hegemonia pela
força.
Diante dos eurodeputados, a pre-
sidente da Comissão Europeia vai
enumerar as medidas mais importan-
tes que foram tomadas em Bruxelas
depois da invasão da Ucrânia: para a
alemã de 64 anos, não se trata de
fazer balanços ou de começar a deÆ#
nir o seu legado político (até porque
a possível candidatura a um segundo
mandato não está afastada); trata-se
de reforçar o seu argumento de que,
na UE, é preciso ir mais além e fazer
mais do que se fez até agora.
Comissão Europeia: um ano de medidas para apoiar a Ucrânia
Financiamento

2022, provocou uma aceleração da
História que veio mudar tudo na
Europa. É, seguramente, a mais pro-
funda crise política com que o conti-
nente se confronta desde a Segunda
Guerra Mundial, e por isso o apoio
sustentado e duradouro da UE à
Ucrânia será mais uma vez o tema
central do discurso sobre o estado da
União Europeia (SOTEU). A convic-
ção de Von der Leyen é que a UE deve
continuar a fazer tudo o que estiver
ao seu alcance não só para que o
Governo de Kiev possa prevalecer,
mas também para que tenha todas as
condições para reconstruir o país e
prosseguir o seu caminho de integra-
ção no bloco europeu.
Se a pandemia da covid-19 levou os
A líder do executivo deverá insistir na
urgência em aprovar a revisão inter-
calar do quadro Ænanceiro plurianual
até 2027, que prevê um novo instru-
mento Ænanceiro permanente de
apoio à Ucrânia, no valor de 50 mil
milhões de euros (17 mil milhões de
euros em subsídios e 33 mil milhões
de euros em empréstimos). Esse
reforço — indispensável para a Ucrâ-
nia “vencer a guerra e ganhar a paz”,
argumentou Von der Leyen — exigirá
novas contribuições dos Estados-
-membros para o orçamento comu-
nitário, que já distribuiu 30 mil
milhões de euros não programados
em assistência humanitária e macro-
Ænanceira ao Governo de Kiev.
A
ntes do discurso anual
sobre o estado da UE, o
executivo comunitário
divulgou um caderno
com mais de cem páginas
onde enumera todas as
“Realizações da Comissão Von
der Leyen” no último ano,
agrupadas em três capítulos
diferentes: “Defender a
promessa da Europa”; “Investir
na prosperidade da Europa” e
“Construir a resiliência das
sociedades da Europa”. O
PÚBLICO faz uma cronologia
das principais medidas
tomadas por Bruxelas em
resposta à invasão da Ucrânia.
14 de Setembro 2022
Von der Leyen propõe
intervenção de emergência no
mercado da energia para suster o
aumento de preços.
6 de Outubro
Acordo para o oitavo pacote de
sanções da UE contra a Rússia.
9 de Novembro
Pacote de assistência
macrofinanceira à Ucrânia até 18
mil milhões de euros.
2 de Dezembro
Proposta para a criminalização da
violação das sanções da UE.
3 de Dezembro
Acordo no G7 para a fixação de
um limite máximo de preço para
as importações de petróleo russo.
16 de Dezembro
UE aprova o nono pacote de
sanções contra a Rússia.
10 de Janeiro 2023
Nova declaração conjunta para a
cooperação UE-NATO para a luta
contra ameaças híbridas,
ciberameaças, terrorismo e
reforço da segurança e resiliência
das infra-estruturas críticas.
3 de Fevereiro
Cimeira UE-Ucrânia em Kiev.
25 de Fevereiro
Aprovação do décimo pacote de
sanções contra a Rússia.
9 de Março
Comissão adopta um novo
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Os conteúdos disponibilizados ao Utilizador assinante não poderão ser copiados, alterados ou distribuídos salvo com autorização expressa do Público – Comunicação Social, S.A.
Quadro Temporário de Crise e
Transição para a flexibilização
dos auxílios de Estado.
25 de Abril
Lançamento do primeiro
concurso internacional para a
aquisição conjunta de gás.
3 de Maio
Proposta de Acção de Apoio à
Produção de Munições na UE.
23 de Junho
UE adopta o 11.º pacote de
sanções contra a Rússia.
18 de Agosto
A UE atinge o objectivo de 90%
de armazenamento de gás mais
de dois meses antes do prazo
previsto.
O Ænanciamento adicional, para os
próximos quatro anos, permitirá, por
exemplo, aumentar a capacidade de
produção de munições de 155 milí-
metros para entrega às forças ucra-
nianas, ou sustentar os chamados
corredores solidários de exportação
dos cereais e bens alimentares pro-
duzidos no país.
Com o G7 perto de um acordo para
proibir a compra de diamantes da
Rússia, Von der Leyen poderá avan-
çar ideias para uma nova ronda de
sanções da UE — será o 12.º pacote de
medidas restritivas desde a invasão.
Um outro plano que é aguardado
com expectativa diz respeito à even-
tual utilização dos cerca de 70% de
activos do sistema bancário russo
congelados no esforço de reconstru-
ção da Ucrânia: também neste caso,
a Comissão, que tem estado a estudar
diferentes modalidades, espera
Público • Quarta-feira, 13 de Setembro de 2023 • 19
OLIVIER HOSLET/EPA
poder concertar a sua abordagem
com os parceiros internacionais.
Alargamento
Antes do Æm da legislatura, os líderes
europeus têm pela frente outra deci-
são potencialmente “histórica”, rela-
tiva ao arranque das negociações para
a adesão da Ucrânia. Um relatório
sobre os progressos feitos no cumpri-
mento das sete reformas exigidas por
Bruxelas em Junho do ano passado,
ao conceder o estatuto de país candi-
dato à Ucrânia, só é apresentado em
Outubro, para que os líderes possam
decidir se o processo avança já em
2024, na última reunião do Conselho
Europeu deste ano — que será prece-
dido por uma cimeira com os Balcãs
Ocidentais. No Æm de Agosto, o pre-
sidente do Conselho Europeu, Char-
les Michel, deu o tiro de partida no
debate sobre o alargamento, quando
defendeu o estabelecimento de um
prazo concreto para a integração dos
países candidatos à adesão: 2030. “O
alargamento não pode continuar a
ser um sonho”, considerou Michel
num discurso em que falou da “desi-
lusão” dos países dos Balcãs Ociden-
tais que esperam há décadas por uma
decisão de Bruxelas, e da “esperança”
que a entrada na UE dá aos comba-
tentes ucranianos.
Von der Leyen ainda não se pro-
nunciou sobre a proposta, excepto
através da sua porta-voz, que fez
saber que o presidente do Conselho
Europeu não tinha concertado o seu
discurso com a líder do executivo
comunitário (aparentemente, a ten-
são e competição entre os dois líderes
vão manter-se até ao Æm da legislatu-
ra). Mas vários membros do colégio,
nomeadamente o alto representante
para a Política Externa e de Seguran-
ça, Josep Borrell, e o comissário para
a Vizinhança e Alargamento, Olivér
Várhelyi, apoiaram publicamente a
ideia de Michel, concordando que a
Æxação de uma data permite acelerar
reformas e investimentos nos países
candidatos.
A França, que antes quis pôr gelo
no processo de alargamento, com-
A líder do executivo deverá preende agora a necessidade de ace-
insistir na urgência em aprovar a lerar a entrada dos países dos Balcãs
revisão intercalar do quadro Ocidentais, da Ucrânia e da Moldova
financeiro plurianual até 2027 na UE, para conter a ameaça da Rús-
sia e travar a inÇuência económica da
China. Mas o Presidente Emmanuel
Macron continua a colocar como con-
trapartida a revisão do funcionamen-
to da UE, e a falar numa Europa a
duas (ou mais) velocidades, consoan-
te a maior ou menor integração dos
novos Estados-membros.
O Presidente francês não é o único
a defender reformas internas antes
O alargamento do alargamento da UE: também o
[da União primeiro-ministro, António Costa,
entende que será preciso adaptar o
Europeia] não processo de decisão a nível europeu
pode continuar quando a União crescer para 32 ou 35
membros, embora Portugal seja con-
a ser um sonho tra a revisão dos tratados para acabar
Charles Michel com o direito de veto em algumas das
Presidente do Conselho Europeu matérias que exigem unanimidade.
Na preparação para o discurso
sobre o estado da União Europeia,
Ursula von der Leyen reuniu-se com
os representantes permanentes dos
Estados-membros e os líderes das
bancadas políticas do Parlamento
Europeu, para conhecer as respecti-
vas prioridades para o programa de
trabalhos da Comissão Europeia em
2024, naturalmente “condensado”
por se tratar de um ano eleitoral.
Alguns desses pedidos e ideias
poderão aparecer na forma de pro-
postas no SOTEU, embora não se
esperem grandes novidades em ter-
mos legislativos. A Comissão von der
Leyen já conseguiu concretizar 92%
das propostas que apresentou, e o
esforço agora será fechar os dossiers
que ainda estão em aberto, e não
acrescentar mais itens à lista de tare-
fas do executivo — que, à semelhança
dos eurodeputados, e também dos
chefes de Estado e governo, desviará
inevitavelmente a sua atenção para a
campanha eleitoral no arranque do
segundo trimestre do próximo ano.
No discurso em Estrasburgo, a pre-
sidente da Comissão vai tentar defen-
der as suas propostas e aumentar a
pressão sobre os co-legisladores para
chegarem rapidamente a acordo para
a revisão das regras de governação
económica da UE, a conclusão dos
regulamentos que compõem o paco-
te “Fit for 55” para alcançar a neutra-
lidade climática ou a aprovação do
Pacto de Migrações e Asilo.
Von der Leyen pediu aos Estados-
-membros mais 15 mil milhões de
euros para a UE responder ao aumen-
to dos Çuxos migratórios e prestar
apoio às populações afectadas por
crises humanitárias e catástrofes
naturais. Para o Partido Popular Euro-
peu, a família política da presidente
da Comissão e a maior bancada do
PE, a tónica deve estar no fortaleci-
mento das fronteiras externas da UE,
e no reforço das parcerias, com acor-
dos como aquele que a UE assinou
recentemente com a Tunísia.
Já a líder dos Socialistas & Demo-
cratas, Iratxe García, repetiu que o
Paco de Migração e Asilo tem de acen-
tuar a componente da “solidarieda-
de”. A bancada d’A Esquerda defende
um plano de resposta à crise Ænancia-
do por um novo imposto europeu
sobre os lucros excessivos. O grupo
liberal Renovar a Europa, que é domi-
nado pelos eurodeputados do movi-
mento de Emmanuel Macron, privi-
legia as questões da autonomia estra-
tégica e competitividade da UE, mas
não esquece as matérias ligadas ao
Estado de direito.
Os Verdes querem que a Comissão
“coloque a transição ecológica e a
acção climática no centro do seu tra-
balho” nesta fase Ænal do mandato.
“Na sequência das inundações, dos
incêndios e dos episódios meteoroló-
gicos extremos provocados pelas
alterações climáticas a que assistimos
nos últimos meses, é essencial que a
Comissão trabalhe para proteger as
pessoas, o clima e a natureza.
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20 • Público • Quarta-feira, 13 de Setembro de 2023

Mundo

O comboio de Kim entrou na Rússia

e não se sabe o que leva na bagagem
João Pedro Pincha
EUA acreditam que
Pyongyang se prepara para
fornecer armas a Moscovo,
que desmente e admite
enviar ajuda humanitária
Foi num comboio altamente blinda-
do, composto por umas 90 carrua-
gens e que não se desloca a mais de
50 quilómetros/hora, onde suposta-
mente as refeições incluem vinhos
franceses de luxo e iguarias de várias
cozinhas internacionais, que Kim
Jong-un chegou a território russo para
um encontro com Vladimir Putin.
Em Khasan, uma estação ferroviá-
ria na fronteira entre a Coreia do Nor-
te e a Rússia, junto à costa do PacíÆco,
o líder norte-coreano tinha à espera o
ministro do Ambiente russo, o gover-
nador da região e uma fanfarra militar.
No seu Telegram, citado pela agência
noticiosa Tass, o ministro sublinhou
a Kim que os dois países têm boas rela-
ções há 75 anos. “Todos estes anos
temo-nos apoiado e ajudado mutua-
mente, não apenas como vizinhos,
mas também como parceiros próxi-
mos”, escreveu Alexander Kozlov.
Este primeiro encontro entre Kim
e um responsável político russo não
foi apenas de cortesia, de acordo com
o governador da região de Primorski,
Oleg Kojemiako, segundo o qual
foram discutidos eventuais projectos
agrícolas e turísticos comuns.
O filet mignon da visita de Kim esta-
rá reservado, no entanto, para o
encontro com o homólogo russo, cujas
data e localização permanecem um
mistério. Os analistas ocidentais espe-
culam que o comboio norte-coreano
não se dirige para Vladivostok, onde
Putin esteve ontem, e que é provável
que a reunião entre ambos decorra no
cosmódromo de Vostochni, uns 2000
quilómetros mais a norte. O Presiden-
te russo, de resto, conÆrmou que vai
estar hoje naquele local.
O porta-voz do Kremlin sublinhou
a importância da visita, mas não
entrou em detalhes sobre o que vai
estar na agenda. “Haverá negociações
entre as duas delegações e, depois
disso, se necessário, os líderes conti-
nuarão a sua comunicação num for-
mato cara a cara”, disse Dmitri
Peskov, adiantando apenas que em
cima da mesa estarão “as relações
bilaterais, a situação na região e na
arena global”. O vice-ministro dos
Negócios Estrangeiros russo, Andrei
Rudenko, admitiu à Tass que um dos
pontos a discutir poderá ser o forne-
cimento de ajuda humanitária à
Coreia do Norte, um dos países mais
isolados do mundo e sujeito a fortes
sanções internacionais devido ao seu
programa nuclear.
Em Washington, desconÆa-se de
que a moeda de troca dessa ajuda
seja o envio de armas e munições
para a Rússia usar na Ucrânia. O por-
ta-voz da Casa Branca para a segu-
rança nacional, John Kirby, assegu-
É provável que a rou que as negociações entre Mosco-
vo e Pyongyang “estão a avançar” e
Coreia do Norte que a recente visita à capital norte-
queira ter acesso coreana de Serguei Shoigu, ministro
da Defesa russo, serviu para tentar
a tecnologia “convencer Pyongyang a vender
que lhe permita munições de artilharia”.
Para que tal aconteça, alguns ana-
desenvolver a frota listas acreditam que é provável que a
de submarinos Coreia do Norte queira ter acesso a
tecnologia que lhe permita desenvol-
nucleares e ver a sua frota de submarinos nuclea-
satélites res e satélites. E, acrescenta o corres-
pondente da BBC em Moscovo, Steve
Ronseberg, na imprensa russa corre
já a ideia de a Rússia deixar de apoiar
as resoluções do Conselho de Segu-
Kim Jong-un à chegada à rança da ONU que sancionam o pro-
estação ferroviária de Khazan, grama nuclear norte-coreano — e que
junto à fronteira impedem as transacções de arma-
EPA
mento com Pyongyang.
A este propósito, a presidência da
Coreia do Sul emitiu um comunicado
na terça-feira em que pede à Rússia
que “aja responsavelmente enquan-
to membro permanente do Conselho
de Segurança”. O governo de Yoon
Suk-yeol garantiu que está a monito-
rizar atentamente a deslocação de
Kim e admite “alguma preocupação
por várias razões”.
Peskov desvalorizou as declara-
ções americanas. “Como sabem, na
implementação das relações com os
nossos vizinhos, incluindo a Coreia
do Norte, são os interesses dos nos-
sos dois países que importam, não
são os avisos de Washington”, disse
o porta-voz de Putin.
Sublinhando o “simbolismo” da
visita, que é a primeira deslocação de
Kim ao estrangeiro desde a eclosão da
pandemia, em 2020, o analista fran-
cês Antoine Bondaz disse ao Le Monde
que não acredita que a Coreia do Nor-
te venha a fornecer armas à Rússia.
Por um lado, “a indústria de Defesa
norte-coreana em matéria de arma-
mento convencional está a passar por
grandes diÆculdades” e, por outro, os
riscos políticos para a Rússia são con-
sideráveis, sustenta o investigador de
Sciences Po. “Se, em teoria, as entre-
gas de armas norte-coreanas permi-
tissem travar a contra-ofensiva ucra-
niana e obrigar Kiev a renunciar deÆ#
nitivamente aos territórios ocupados,
o risco talvez valesse a pena, mas nada
indica isso neste momento.”

Líder republicano da Câmara dos Representantes

pede inquérito para destituir Joe Biden
O líder republicano da Câmara dos
Representantes dos EUA, Kevin
McCarthy, pediu ontem a abertura
de um inquérito de destituição ao
Presidente democrata Joe Biden, um
passo que, certamente, dividirá ain-
da mais os legisladores numa altura
em que discutem a aprovação de
uma legislação que evite a paralisa-
ção do Governo norte-americano.
Muitos no partido de McCarthy
Æcaram furiosos quando a câmara,
então controlada pelos democratas,
interpôs por duas vezes um processo
de impeachment ao então Presidente
republicano Donald Trump, em 2019
e 2021, embora este tenha sido absol-
vido no Senado nas duas ocasiões.
Alguns congressistas do Çanco mais
à direita do Partido Republicano dis-
seram que tentariam afastar
McCarthy do cargo de líder da Câma-
ra dos Representantes, se ele não
seguisse em frente com um esforço
de impeachment contra Joe Biden.
“Estou a instruir as nossas comis-
sões na câmara para abrirem um
inquérito formal de impeachment
contra o Presidente, Joe Biden”, dis-
se McCarthy aos jornalistas. “Iremos
onde as provas nos levarem.”
Os republicanos, que agora con-
trolam à justa a câmara, acusaram
Biden de lucrar quando era vice-
presidente, entre 2009 a 2017, com
os empreendimentos comerciais no
estrangeiro do seu Ælho Hunter
Biden, embora não tenham apre-
sentado provas.
McCarthy disse que os congressis-
tas de várias comissões vão começar
a reunir provas de uma possível má
conduta Ænanceira.
Um antigo parceiro de negócios do
Ælho do Presidente disse numa
audiência no Congresso que Hunter
Biden vendeu a “ilusão” de acesso ao
poder enquanto o seu pai era vice-
-presidente, de acordo com uma
transcrição divulgada no mês passa-
do. A Casa Branca aÆrmou que não
há base para qualquer investigação.
Kevin McCarthy
sucumbiu à
pressão da ala
mais à direita do
Partido
Republicano no
Congresso
Os democratas têm procurado
retratar a conversa republicana
sobre o impeachment como um
esforço para desviar a atenção do
público dos problemas legais de
Trump, que enfrenta quatro acusa-
ções criminais separadas, enquanto
concorre à nomeação do seu parti-
do para enfrentar Biden nas eleições
presidenciais de 2024.
Trump tem pressionado os repu-
blicanos para tentarem destituir
Biden do cargo. Vários republicanos
de extrema-direita aÆrmaram que
não votarão a favor de projectos de
lei de despesa obrigatórios, a menos
que McCarthy dê luz verde a um
inquérito de destituição.
A Constituição dos EUA dá ao
Congresso o poder de destituir fun-
cionários federais, incluindo o Pre-
sidente, por traição, suborno e
“outros crimes graves e contraven-
ções”. Um presidente pode ser des-
tituído do cargo se a Câmara dos
Representantes aprovar artigos de
destituição por maioria simples e o
Senado votar por uma maioria de
dois terços para o condenar após a
realização de um julgamento.
É pouco provável que qualquer
tentativa de destituição de Biden seja
bem-sucedida. Mesmo que a Câmara
dos Representantes, controlada
pelos republicanos, vote a favor da
destituição de Biden — uma perspec-
tiva incerta, dada a estreita margem
de 222-212 votos — é quase certo que
fracassaria no Senado, controlado
pelos democratas. Reuters
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Inundações no Leste da Líbia:
“Há corpos por todo o lado”
António Saraiva Lima
Tempestade Daniel
provocou colapso de duas
barragens em Derna
e deixou milhares de
mortos e desaparecidos
“Não estamos a falar de uma ou de
duas pessoas mortas, mas de cerca
de dez membros de cada família
mortos”, elucida, em declarações à
Reuters, Walid Abdulati, cunhado de
uma mulher que chora de forma
audível, no aeroporto de Trípoli,
depois de ter sido informada através
de uma chamada telefónica de que
a maioria dos seus familiares morreu
ou está desaparecida.
A passagem da tempestade Daniel
pela Líbia foi devastadora. As chuvas
fortes que atingiram, nos últimos
três dias, a região leste do país do
Norte de África provocaram o colap-
so de duas barragens no rio Wadi
Derna e um enorme tsunami de
água, lama e entulho desceu das
montanhas e, ganhando volume,
atingiu violentamente a cidade por-
tuária de Derna, que chegou a ter
zonas em que o nível da água atingiu
os três metros de altura.
A tempestade — a mesma que, na
semana passada, matou 18 pessoas
na Grécia e que provocou o caos na
região da Tessália — também atingiu
Bengasi (a segunda cidade maior do
país), Susa, Al-Marj e Bayda, entre
outras localidades, mas os estragos,
apesar de signiÆcativos, não estão ao
mesmo nível de gravidade da catás-
trofe que se abateu sobre Derna.
Ao início da tarde de ontem já
tinham sido recolhidos mais de mil
cadáveres só naquela localidade,
com cerca de 125 mil habitantes. As
estimativas das autoridades apon-
tam, porém, para um cenário mais
catastróÆco, uma vez que há quase
dez mil pessoas desaparecidas.
Citado pela Al-Jazeera, TaqÆq
Shukri, porta-voz do Crescente Ver-
melho na Líbia, diz que foram conÆr-
madas 2084 mortes e que, para além
dos mortos e dos desaparecidos, há
perto de 20 mil deslocados. O Minis-
tério do Interior do governo da região
leste da Líbia fala, no entanto, em pelo
menos 5200 mortes conÆrmadas.
FotograÆas e vídeos publicados em
diversos sites noticiosos internacio-
nais e nas redes sociais mostram árvo-
res derrubadas, veículos virados ao
contrário, estradas destruídas e casas
inundadas com a água acastanhada
que desceu pelo vale montanhoso e
que só parou no mar Mediterrânico.
“Há corpos por todo o lado: no
mar, nos vales e debaixo dos edifí-
cios”, descreveu Hichem Chkiouat,
ministro líbio da Aviação Civil. “Não
estou a exagerar quando digo que
25% da cidade [de Derna] desapare-
ceu. Muitos, muitos edifícios colap-
saram. Há um número enorme de
vítimas, que está a aumentar a cada
hora. Não temos os números exac-
tos, mas é uma calamidade.”
“As correntes ainda não pararam”,
contou o jornalista local Jawher Ali.
“[A água] invadiu as ruas da cidade
e derrubou os prédios. Depois de o
sol ter nascido, muitas ruas da cida-
de estavam destruídas. Havia cadá-
veres a Çutuar na água.”
A tempestade Daniel formou-se a
4 de Setembro e evoluiu para um
ciclone tropical mediterrânico
depois de ter atingido a Grécia e ain-
da antes de entrar novamente em
terra, na Líbia, no domingo. Após ter
perdido força, ainda atingiu o Egipto,
na segunda-feira, mas apenas com
chuva moderada.
Caos e disputas de poder
Entre as missões de salvamento que
foram mobilizadas para encontrar
sobreviventes ou recolher os corpos
das vítimas mortais, informou o
Ministério do Interior líbio, há equi-
pas em embarcações à procura das
“muitas famílias” de Derna “que
foram varridas para o mar”.
Governo líbio diz que 25%
da cidade portuária de
Derna “desapareceu”
ESAM OMRAN/REUTERS
Público • Quarta-feira, 13 de Setembro de 2023 • 21
Nações Unidas, Estados Unidos,
Alemanha, Egipto, Itália, Irão, Qatar
e Turquia, entre outros, promete-
ram enviar meios e fundos para
ajudar nas operações de resgate,
de remoção dos destroços e de
reconstrução das zonas afectadas.
A ajuda internacional é particular-
mente urgente e necessária na Líbia,
um país mergulhado no caos há
mais de uma década e onde o poder
político e militar é disputado por
facções rivais.
Na sequência da intervenção mili-
tar da NATO, em 2011, e do derrube
do regime do general Muammar Kha-
daÆ, a Líbia entrou em guerra civil e,
apesar de alguns avanços alcançados
sob mediação da ONU, continua sem
encontrar uma solução política, pelo
que ainda é governada por duas enti-
dades: uma com sede em Trípoli,
reconhecida internacionalmente; e
a outra no Leste do país.
Em declarações à BBC, o jornalista
líbio Abdulkader Assad não tem
dúvidas em aÆrmar que esta disputa
pelo poder está a diÆcultar uma res-
posta mais célere e organizada à tra-
gédia causada pelas inundações:
“Não há equipas de resgate, não há
socorristas treinados na Líbia. Tudo
aquilo que foi feito nos últimos 12
anos esteve relacionado com a guer-
ra. Há dois governos na Líbia (…) e
isso está a atrasar a ajuda.” À Reu-
ters, um membro dos serviços de
assistência rápida na Líbia, traça um
cenário dramático: “Não há nada
para salvar as pessoas.”
ESAM OMRAN AL-FETORI /REUTERS
Mundo
Ajuda tarda
em chegar às
zonas remotas
de Marrocos
Número de mortos do
sismo subiu para 2901,
enquanto o número de
feridos mais do que
duplicou, para 5530
Muitos sobreviventes do terramoto
em Marrocos permaneciam ontem
em abrigos improvisados depois da
quarta noite ao relento, enquanto os
aldeões das zonas montanhosas
devastadas manifestaram a sua frus-
tração por ainda não terem recebido
qualquer ajuda das autoridades.
O número de mortos do sismo de
magnitude 6,8 que atingiu as mon-
tanhas do Alto Atlas na noite de sex-
ta-feira subiu para 2901, enquanto
o número de feridos mais do que
duplicou, para 5530, informou a
televisão estatal.
Foi o terramoto mais mortífero do
país norte-africano desde 1960 e o
mais forte em mais de um século.
As equipas de salvamento de Espa-
nha, Reino Unido e Qatar estão a
ajudar as equipas de busca marro-
quinas, enquanto Itália, Bélgica,
França e Alemanha disseram que as
suas ofertas de assistência ainda não
tinham sido aprovadas.
A situação era mais desesperada
para as pessoas que se encontravam
em zonas remotas isoladas por des-
lizamentos de terras que bloquearam
as estradas de acesso, enquanto nos
locais acessíveis os esforços de socor-
ro estavam a ser intensiÆcados com
a montagem de acampamentos e a
distribuição de alimentos e água.
Mehdi Ait Bouyali, de 24 anos,
estava acampado ao longo da estrada
de Tizi n’Test, que liga vales remotos
à cidade histórica de Marraquexe,
com outros sobreviventes que tam-
bém tinham fugido das suas aldeias
destruídas. Segundo ele, o grupo
recebeu alimentos e cobertores de
pessoas que passavam de carro, mas
nada do Estado. “As aldeias do vale
foram esquecidas. Precisamos de
qualquer tipo de ajuda. Precisamos
de tendas”, disse, criticando os
esforços de ajuda do Governo.
As esperanças de encontrar sobre-
viventes começam a desvanecer-se,
sobretudo porque muitas casas tra-
dicionais de tijolo de barro, comuns
no Alto Atlas, se desÆzeram em
escombros sem deixar bolsas de ar.
O epicentro do terramoto foi a
cerca de 72km a sudoeste de Marra-
quexe, onde alguns edifícios histó-
ricos da cidade velha, Património
Mundial da UNESCO, Æcaram dani-
Æcados. Reuters
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22 • Público • Quarta-feira, 13 de Setembro de 2023

Economia Inƍação voltou a subir em Portugal no mês passado

Preços dos
NUNO FERREIRA SANTOS

alojamentos
turísticos
pressionam
a inƍação
Preços dos serviços de alojamento
aceleraram em Agosto e são agora
os que registam uma variação mais forte
face ao ano passado
Onde é que os preços mais
Sérgio Aníbal
subiram no último ano?
Variação homóloga Com mais uma subida de 10% só no
dos preços, em % mês de Agosto, os preços dos quartos
de hotel ou do alojamento local pas-
Serviços de alojamento saram a ser, entre as diversas subclas-
Julho 13,7 ses de bens e serviços utilizadas pelo
Agosto 18,1 Instituto Nacional de Estatística (INE),
Frutas os que tiveram um maior agravamen-
14,6 to face ao ano passado, contribuindo
17,7 de forma signiÆcativa para que a inÇa-
ção voltasse a subir em Portugal no
Açúcar
mês passado.
18,9 Os dados deÆnitivos dos preços
17,4 suportados pelos consumidores
Recolha de lixo ontem publicados pelo INE vieram
12,5 conÆrmar que, em Agosto, se assistiu,
12,5 pela primeira vez após nove meses
seguidos de recuo da inÇação, a uma Crescimento do turismo está a contribuir para a subida de preços
Gás
nova aceleração dos preços. A taxa
7,7 de inÇação homóloga, que tinha sido sentidos não só pelos turistas estran- com os critérios apenas usados em que os preços dos combustíveis
12,1 de 3,1% em Julho, subiu para 3,7%. E geiros, como também pelos nacio- Portugal (3,7%). recuaram, criaram-se as condições
Produtos hortícolas no ranking das subidas de preços no nais. O contributo da subida de pre- A subida da inÇação homóloga dos para que se assistisse a uma retoma
15 último ano passou a estar um novo ços nestes serviços para o total da preços dos serviços de alojamento, muito signiÆcativa da taxa de variação
11,2 líder: os serviços de alojamento. Este inÇação é relevante. De acordo com no entanto, não foi o principal motivo homóloga dos preços dos combustí-
Água mineral, refrigerantes subgrupo de serviços inclui os preços o INE, o contributo do subsubgrupo por parte da aceleração da inÇação veis. Se, em Julho, este indicador ain-
e sumos de frutas suportados por quem utiliza um “Hotéis, motéis, pousadas e serviços total registada em Agosto. da era claramente negativo, revelan-
hotel, uma pousada ou qualquer de alojamento similares” (que faz do uma descida de preços face ao
13,9
outro tipo de alojamento temporário, parte do subgrupo “Serviços de alo- Combustíveis sobem de novo mesmo mês do ano passado de 18%,
11,1
e registou, só em Agosto, uma subida jamento”) para a variação mensal de O principal problema foi que, em em Agosto a variação homóloga nega-
Animais de estimação de preços de 9,9%. A taxa de inÇação 0,3% registada no total dos preços em Agosto, ao contrário do que vinha tiva passou a ser de apenas 2,6%.
e produtos relacionados homóloga passou de 13,7% em Julho Portugal foi de 0,163 pontos percen- acontecendo desde a segunda meta- Os preços dos combustíveis “con-
12,3 para 18,1% em Agosto — mês em que tuais. de do ano passado, os preços dos tribuíram em 0,7 pontos percentuais
10,7 se realizou a Jornada Mundial da O contributo é ainda maior para a combustíveis voltaram a registar uma para o aumento da variação homólo-
Café, chá e cacau Juventude em Lisboa. evolução da taxa de inÇação harmo- trajectória ascendente acentuada. ga do Índice de Preços no Consumi-
11,4 A subida forte dos preços dos alo- nizada, aquela que usa um critério De acordo com os dados do INE, o dor”, que em Agosto foi de 0,6 pontos
10,2 jamentos ao longo do último ano uniforme ao dos outros países da preço do gasóleo subiu 10,5% face ao percentuais, de 3,1% para 3,7%.
ocorre numa conjuntura de cresci- União Europeia e que inclui os con- valor registado em Julho, contribuin- O INE conÆrmou ainda que a taxa
Serviços para a manutenção
mento forte do sector do turismo em sumos feitos por não residentes no do só por si com mais de 0,2 pontos de inÇação homóloga subjacente,
e reparação de habitações
Portugal, com taxas de ocupação ele- cálculo do peso de cada bem e servi- para a variação mensal total do Índi- que exclui os preços da energia e dos
10,7 vadas, e um reforço do seu peso nas ço. É o facto de os preços dos serviços ce de Preços no Consumidor (IPC) de bens alimentares, desceu de 4,7%
10,1 exportações nacionais muito signiÆ# de alojamento serem dos que mais 0,3%. Já na gasolina, a subida dos pre- em Julho para 4,5% em Agosto, tendo
Seguros relacionados com a saúde cativo. A forte procura que se tem sobem que faz com que, neste ços foi de 8,1%, com um contributo a inÇação nos bens energéticos pas-
10,1 vindo a registar a partir do momento momento, a taxa de inÇação harmo- de um pouco mais de 0,1 pontos para sado de -14,9% para 6,5% (com a aju-
10,0 em que a crise pandémica deixou de nizada em Portugal (5,3% em Agosto) a inÇação mensal total. da decisiva dos combustíveis) e a
afastar os turistas contribui para colo- seja substancialmente maior do que Acrescentando a isto o facto de inÇação nos bens alimentares caído
Fonte: INE PÚBLICO
car pressão sobre os preços que são a taxa de inÇação calculada pelo INE Agosto de 2022 ter sido um mês em de 6,8% para 6,4%.
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Sem travão
Rendas vão subir 6,9%
em 2024, confirma o INE
Rafaela Burd Relvas
Este ano, o Governo impôs
limite de 2% à actualização
das rendas, mas não revela
se irá implementar medida
semelhante para 2024
Sem uma intervenção do Governo,
as rendas actualmente em vigor
poderão mesmo ser sujeitas a uma
actualização de 6,9% no próximo
ano. O dado deÆnitivo foi divulgado,
ontem, pelo Instituto Nacional de
Estatística (INE), conÆrmando a esti-
mativa inicial que já tinha sido publi-
cada no Ænal do mês passado. O
Governo continua, para já, sem escla-
recer se irá impor algum travão a esta
actualização, à semelhança do que
fez neste ano.
Em causa estão as normas do Novo
Regime do Arrendamento Urbano
(NRAU) e do Novo Regime do Arren-
damento Rural que determinam que
os senhorios podem actualizar o
valor das rendas estabelecidas nos
contratos de arrendamento em vigor,
anualmente, em função da variação
média dos últimos 12 meses do índice
de preços no consumidor, sem a
componente de habitação, registada
em Agosto do ano anterior a que res-
peita a actualização, de acordo com
os dados apurados pelo INE.
Esse indicador, segundo os valores
agora conÆrmados pelo instituto,
Æxou-se em 6,94% em Agosto deste
ano, o que signiÆca que o coeÆciente
de actualização de rendas no próxi-
mo ano será de 1,0694. É preciso
recuar até 1993 (altura em que este
indicador chegou aos 8%) para
encontrar um aumento anual mais
elevado.
SigniÆca isto que, por cada 100
euros de renda, os senhorios pode-
rão pedir mais 6,94 euros por mês no
próximo ano, se assim o entenderem
(já que a actualização não é obriga-
tória). Assim, e a título de exemplo,
uma renda que hoje seja de 500
euros poderá ser actualizada para
534,7 euros a partir de 2024.
Isto, se o Governo não vier a inter-
vir nesta matéria, tal como fez este
ano. Perante os elevados níveis de
inÇação registados já desde o ano
passado, o executivo decidiu impor
um limite à actualização de rendas
em 2023, impedindo que a mesma
fosse feita de acordo com a inÇação
e determinando uma taxa de actua-
lização mais baixa.
Em concreto, deÆniu que as rendas
só poderiam ser actualizadas num
máximo de 2%, muito abaixo da
actualização de 5,43%, que, tendo em
conta a inÇação do ano anterior, os
senhorios poderiam implementar se
o Governo não tivesse imposto aque-
le travão. Em contrapartida, e para
compensar os senhorios afectados
por este limite, o Governo decidiu
conceder um apoio para cobrir as
perdas dos proprietários, uma com-
pensação atribuída por via Æscal.
Contudo, para já, o Governo con-
tinua sem esclarecer se será imposto
novo travão à actualização de rendas.
Há vários meses que tem sido ques-
tionado sobre este assunto, mas man-
teve, até agora, que este assunto
Æcaria “em análise até existirem
dados deÆnitivos”. Após a divulgação
dos dados deÆnitivos ontem, o
PÚBLICO questionou novamente o
Ministério da Habitação sobre este
tema, sem resposta até ao fecho da
edição.
Mais Habitação com limites
A ser aplicado um travão, essa não
será a única medida para limitar os
preços das rendas no próximo ano.
No âmbito do Mais Habitação, recor-
de-se, as rendas dos novos contratos
(relativos a imóveis sobre os quais já
tenham sido celebrados contratos de
arrendamento nos cinco anos ante-
riores à entrada em vigor da nova lei)
só poderão ser, no máximo, 2% supe-
riores aos valores praticados ante-
riormente (um aumento ao qual
podem somar-se os coeÆcientes de
actualização anuais dos três anos
anteriores, se os mesmos ainda não
tiverem sido aplicados).
Senhorios
poderão fazer
a maior
actualização de
rendas em 30
anos, caso não
haja intervenção
Ao mesmo tempo, Portugal está
longe de ser um caso isolado na Euro-
pa no que diz respeito a mecanismos
de controlo de rendas. Em França e
na Alemanha, por exemplo, já são
aplicados limites, a nível nacional,
quanto aos valores praticados nas
novas rendas. Olhando para o exem-
plo alemão, desde 2015 que a legisla-
ção em vigor determina que a renda
estabelecida num novo contrato não
poderá ser mais do que 10% superior
aos valores apurados, a nível regio-
nal, no índice de rendas.
Há ainda outros países onde não
há limites a nível nacional, mas em
que foram criadas regras à escala
regional. É esse o caso da Catalunha,
que impôs novas regras de controlo
de rendas em 2020.
Trabalhadores dispensados
em Palmela são já 425, Governo
estuda apoio a quem os readmitir
Victor Ferreira
Empresas Rangel
e Novacoat também
prescindiram de
trabalhadores com
contratos a termo
O número de trabalhadores com con-
trato a termo dispensados nas empre-
sas fornecedoras da Volkswagen
Autoeuropa cresceu drasticamente
nas últimas 24 horas, totalizando ago-
ra 425. No Governo cresce a preocu-
pação com o impacto da paragem
forçada de nove semanas na Autoeu-
ropa, tendo o Ministério do Trabalho
admitido que irá estudar a hipótese
de dar apoios às empresas que cha-
mem os dispensados de volta e os
readmitam antes do Æm desta crise
laboral provocada pela falta de uma
peça essencial para os motores do
único modelo que a Volkswagen mon-
ta em Portugal.
Essa hipótese foi transmitida pelo
ministério de Ana Mendes Godinho
(na foto) durante um encontro que se
realizou ao Ænal da tarde de ontem
com a comissão coordenadora das
comissões de trabalhadores do Par-
que Europa.
Os representantes dos trabalhado-
res deste complexo industrial, onde
trabalham 11 mil pessoas, levaram
informações actualizadas sobre a
situação laboral das quase 9000 pes-
soas que desde segunda-feira estão
ou em layoff ou em paragem ao abrigo
de mecanismos internos de gestão de
horas.
A maioria desses trabalhadores
enfrenta perdas salariais de 5% a 33%,
mas os precários que viram os con-
tratos a prazo terminados, quando a
Volkswagen anunciou uma paragem
forçada de 11 de Setembro até 12 de
Novembro, enfrentam a situação pior,
com perda total do rendimento, se
não preencherem os requisitos para
acesso ao subsídio de desemprego.
Na segunda-feira, a comissão
coordenadora contabilizava cerca
de 300 trabalhadores dispensados,
nos quais se incluem 100 pessoas na
Autoeuropa, mas ontem o total já
ascendia a 425. Tudo porque na
Rangel não houve acordo para os
quase 100 precários que prestavam
serviço em Palmela (onde tinha 600
trabalhadores) e que, por isso, pas-
sam a estar oÆcialmente desempre-
gados a partir da próxima sexta-fei-
ra, dia 15 de Setembro. Além disso,
também na fábrica Novacoat há cer-
ca de 40 pessoas a dispensar nas
mesmas circunstâncias.
Público • Quarta-feira, 13 de Setembro de 2023 • 23
Economia
É para essas situações que o
ministério prometeu estudar uma
solução. Segundo apurou o PÚBLI-
CO, junto de um dos representantes
laborais, o Governo poderá vir a dar
apoios às empresas que readmitam
estes trabalhadores antes de 12 de
Novembro. Ainda há “aspectos téc-
nicos” por deÆnir, acrescentou a
mesma fonte, e Æcou já agendada
nova reunião entre as duas partes
para daqui a uma semana, a 19 de
Setembro, na qual pode haver novos
desenvolvimentos.
Na origem desta crise laboral está
a interrupção de fornecimento de
uma roda dentada usada pelo grupo
Volkswagen em diferentes motores
das suas marcas, desde a própria VW
à Seat ou a Skoda. A fábrica que pro-
duz essa peça, em regime de subcon-
Dispensas agora tratação, foi parcialmente destruída
conhecidas por violentas cheias que afectaram a
Eslovénia no início de Agosto.
aumentam o Há mais quatro fábricas do grupo
número de novos na Alemanha e uma na República
Checa com paragens forçadas, mas
desempregados apenas em alguns turnos. A Autoeu-
causados pela ropa é, até ao momento, a única a
interromper totalmente as opera-
paragem forçada ções industriais. Tal interrupção
na Autoeuropa no repercute-se em cadeia nas inúme-
ras empresas que, a partir de Portu-
parque industrial gal, fornecem a Autoeuropa, muitas
em Palmela delas sediadas no Parque Europa e
sem outros clientes além da fábrica
da Volkswagen.
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Circulação Condicionada | A11
Na A11, de 13 a 15 de setembro e de 18 a 20 de setembro, das
21h às 7h, realizaremos trabalhos de beneficiação do pavimento
que implicarão alguns cortes de tráfego nos seguintes locais:
Datas: Acessos afetados:
Ramo de entrada na A11 (Nó da EN15) no sentido
EN15 - Lousada
13 a 15 de setembro
Ramo de saída da A11 para Caíde de Rei e Lixa (Nó de
EN15), no sentido Castelões (A4) - Lousada (A42)
Ramo de entrada na A11 (Nó da EN15) no sentido
EN15 - Lousada
18 a 20 de setembro
Ramo de saída da A11 para Caíde de Rei e Lixa (Nó de
EN15), no sentido Castelões (A4) - Lousada (A42)
Os condicionamentos e desvios estarão
devidamente sinalizados nos locais.
Para mais informações consulte
regularmente o site Ascendi utilizando o
código QR ao lado, aceda a www.ascendi.pt
ou ligue 229 767 767 (24H).
Ascendi Norte, Auto-Estradas do Norte, S.A.
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24 • Público • Quarta-feira, 13 de Setembro de 2023
Economia
Empresas com barragens chamadas a
registar as centrais no cadastro predial
Pedro Crisóstomo
Governo lança um novo
inventário nacional dos
imóveis. Diploma abrange
construções “assentes”
no domínio público
As empresas que exploram barragens
em Portugal para produzir energia,
como a EDP, a Iberdrola e a Movhera,
vão ter de declarar os edifícios e as
construções dos empreendimentos
hidroeléctricos no registo predial
nacional.
A decisão nasce pela mão do Gover-
no, que inscreveu essa orientação no
novo regime jurídico do cadastro pre-
dial. O diploma entrará em vigor a 21
de Novembro e, por coincidência,
surge numa altura em que a Autori-
dade Tributária e Aduaneira (AT) se
prepara para avaliar dezenas de cen-
trais hidroeléctricas para passar a
cobrar Imposto Municipal sobre Imó-
veis (IMI) às concessionárias.
Embora o decreto-lei já tenha sido
aprovado no Conselho de Ministros
de 1 de Junho e já esteja publicado em
Diário da República desde 23 de Agos-
to, as implicações relativamente às
barragens têm passado despercebi-
das. Mas, lendo o diploma, não há
dúvidas de que as centrais hidroeléc-
tricas concessionadas a privados têm
de fazer parte do novo inventário
nacional.
Em primeiro lugar, o decreto prevê
uma norma especíÆca que obriga ao
cadastro dos “imóveis do domínio
público do Estado” — como os palá-
cios, os museus, as bibliotecas, os
teatros nacionais ou as instalações
militares — e, relativamente a estes
prédios, deÆne que a operação cadas-
tral só se inicia daqui a quatro anos, a
2 de Janeiro de 2027.
Mas o mesmo artigo contém uma
segunda norma prevendo que Æcam
sujeitos a cadastro já a partir de
Novembro — desde a “entrada em
vigor” deste diploma — os “edifícios
ou construções incorporados ou
assentes em domínio público do
Estado”.
É o caso dos centros produtores
hidroeléctricos explorados pela EDP
e outros privados, tendo em conta
que os imóveis estão “assentes” no
domínio público hídrico (pense-se
nos leitos dos rios, albufeiras, mar-
gens ou zonas adjacentes). E, em rela-
ção a estes bens, o registo tem de ser
feito já, não apenas em 2027. Basta
que os imóveis em causa façam parte
“do património de uma pessoa singu-
lar ou colectiva” e estejam “dotados
de autonomia económica em relação
DR
Secretário de Estado Nuno ao terreno onde se encontrem
Santos Félix mandou o fisco implantados”. Mais uma vez, esta
actuar até ao final do ano, de especiÆcidade do diploma vem abar-
forma a acautelar a liquidação car as barragens, porque é o que se
do IMI que ainda pode reclamar passa com as centrais exploradas
pelas eléctricas.
A operação do registo vincula as
concessionárias: o diploma refere de
forma explícita que o “titular cadas-
tral” (responsável por fazer o registo)
Legislação surge é “o titular da concessão ou licença
em paralelo com ao abrigo da qual tenham sido efec-
tuadas as construções”. Uma regra
orientação dada que se aplica às empresas “indepen-
à Autoridade dentemente de a ediÆcação ou cons-
trução reverter subsequentemente”
Tributária e para o domínio privativo ou para o
Aduaneira (AT) domínio público do Estado quando o
contrato terminar, diz o decreto.
para cobrar IMI A Movhera — empresa formada por
das centrais um núcleo de três accionistas que em
NELSON GARRIDO
2020 comprou à EDP seis barragens
no Douro por 2200 milhões de euros
—, ao ter concretizado o negócio com
a maior eléctrica nacional, passou a
ser a concessionária da utilização pri-
vativa desses bens. E o novo diploma
é claro ao prever que o registo cadas-
tral cabe às empresas, independen-
temente do destino dos imóveis quan-
do a concessão acabar. Desde que se
cumpra a tal condição dupla de os
imóveis fazerem parte do património
de uma entidade e, ao mesmo tempo,
estarem em causa construções com
“autonomia económica” em relação
ao terreno.
Para além das centrais hidroeléc-
tricas, há outros “equipamentos con-
cessionados em domínio público do
Estado” — como os cafés e restauran-
tes nas praias — que também Æcam
sujeitos ao processo cadastral, escla-
receu ao PÚBLICO o Ministério da
Coesão Territorial.
O ministério conÆrmou que são os
titulares da concessão ou da licença
que devem “proceder ao levantamen-
to cadastral” dos imóveis. Para isso,
terão de fazer “uma operação de exe-
cução simples”.
Cobrar o IMI
O inventário nacional ajudará o
Estado a centralizar informação
sobre os terrenos e outros imóveis
privados ou públicos, dados que
hoje estão dispersos por várias enti-
dades da administração pública, do
Instituto dos Registos e do Notariado
(IRN) à Direcção-Geral do Território
(DGT), passando pela própria AT.
No caso das barragens, a criação
desta base de dados coincide com um
momento de trabalho importante no
Æsco na área do IMI, uma vez que a AT
foi chamada pelo Governo a avaliar
os edifícios e as construções das bar-
ragens, para apurar o valor patrimo-
nial tributário (VPT) dos aproveita-
mentos hidroeléctricos, inscrever os
prédios nas matrizes prediais e avan-
çar com a cobrança do IMI.
A AT terá de dar passos nesse sen-
tido nos próximos meses, porque, em
Fevereiro, o secretário de Estado dos
Assuntos Fiscais, Nuno Santos Félix,
mandou o Æsco actuar até ao Ænal do
ano, de forma a acautelar a liquidação
do IMI que ainda pode reclamar (de
2019 para cá).
O cadastro centralizado poderá,
neste contexto, ser importante para
a AT estar a par de elementos relevan-
tes para concretizar os seus próprios
procedimentos de decisão e inspec-
ção (só a EDP explora 49 centrais).
De acordo com o novo decreto, o
Sistema Nacional de Informação
Cadastral passa a integrar “os dados
de caracterização e de identiÆcação
dos prédios inscritos na carta cadas-
tral”. Na prática, incluirá informação
sobre a localização administrativa e
geográÆca dos prédios, sobre a con-
Æguração geométrica dos imóveis
inscritos na carta cadastral, da res-
ponsabilidade da Direcção-Geral do
Território (DGT); terá informação
sobre a propriedade e “outros direitos
reais sobre prédios cadastrados e res-
pectivos titulares”, da responsabilida-
de do IRN; e ainda a “informação
relativa ao atributo do valor patrimo-
nial tributário dos prédios cadastra-
dos, da responsabilidade da AT”.
O objectivo é cadastrar todo o ter-
ritório, tornando possível identiÆcar
e caracterizar os imóveis “em articu-
lação com o registo predial e com a
inscrição matricial” (relevante para
aplicar o IMI).
Haverá, espera o Governo, uma
melhor “articulação de dados de enti-
dades da administração pública” (e
também de comunicação com os
cidadãos) para se conhecer o territó-
rio, os “titulares”, e para promover a
“segurança jurídica” e assegurar que
há “coerência entre a informação
constante do cadastro predial, do
registo predial e da matriz predial a
respeito de cada prédio neles identi-
Æcado”.
Haverá um Balcão Único do Pré-
dio, que, explica o Governo, “garan-
te a interoperabilidade dos dados
detidos pelas entidades da adminis-
tração pública, designadamente da
AT e do IRN”.
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De seg a sex das 09H às 18H
ORDEM DOS ENFERMEIROS
ELEIÇÕES PARA OS ÓRGÃOS NACIONAIS
Mandato 2024 - 2027
CONVOCATÓRIA
Nos termos do artigo 9.º, n.º 5, do Regulamento Eleitoral da Ordem
dos Enfermeiros, e ao abrigo das disposições aplicáveis do Estatuto
da Ordem dos Enfermeiros, convoco todos os membros efectivos
com inscrição em vigor na Ordem dos Enfermeiros para a assembleia
eleitoral nacional a realizar no dia 15 de novembro de 2023.
A assembleia eleitoral funcionará entre as 8h00 e as 20h00 em
secções de voto nas sedes das secções regionais da Ordem dos
Enfermeiros do Continente e da Região Autónoma da Madeira, e entre
as 7h00 e as 19h00 na Região Autónoma dos Açores, e nas secções
de voto que vierem a ser constituídas e divulgadas até 10 dias úteis
antes do acto eleitoral.
Os cadernos eleitorais estarão disponíveis, em suporte electrónico,
para consulta pelos membros, e eventual reclamação de incorrecções,
entre o dia 29 de setembro e o dia 9 de outubro, nas respectivas
Secções Regionais.
A Mesa da Assembleia Geral designa uma Comissão Eleitoral,
composta por cinco membros efectivos, em representação de cada
uma das Secções Regionais:
FERNANDO RUI PIRES MARTINS (membro n.º 39909)
HUGO MIGUEL DE BARROS CARDOSO (membro n.º 391)
MARIA LUÍSA GOUVEIA BAETA (membro n.º 28158)
MARIA JOÃO DA SILVA COELHO (membro n.º 57897)
MARIA DE FÁTIMA GONÇALVES MOREIRA (membro n.º 27156)
Nos termos do artigo 2.º, n.º 1, do Regulamento Eleitoral da Ordem
dos Enfermeiros, as eleições para os órgãos que compõem a Ordem
dos Enfermeiros realizam-se por sufrágio universal, directo e secreto,
presencialmente, electronicamente ou por outros meios tecnológicos
legalmente validados, conforme estatuído no n.º 1 do artigo 51.º do
Estatuto.
As candidaturas serão apresentadas até 1 de outubro de 2023, de
acordo com os artigos 16.º e 17.º do Regulamento Eleitoral da Ordem
dos Enfermeiros.
Nos termos das disposições aplicáveis do Regulamento Eleitoral
da Ordem dos Enfermeiros, até 21 dias antes da data marcada
para as eleições, serão enviados a todos os eleitores os elementos
documentais necessários ao exercício do voto, presencial e por
correspondência.
Lisboa, 13 de setembro de 2023
O Presidente da Mesa da Assembleia Geral
Manuel António Belo Costa
OFEREÇA
FILMES & SÉRIES
MAIS INFORMAÇÕES: loja.publico.pt | 210 111 010
ORDEM DOS ENFERMEIROS
SECÇÃO REGIONAL DA REGIÃO AUTÓNOMA
DOS AÇORES
ELEIÇÕES PARA OS ÓRGÃOS REGIONAIS
Mandato 2024 – 2027
CONVOCATÓRIA
Nos termos do artigo 9.º, n.º 5, do Regulamento Eleitoral da Ordem
dos Enfermeiros, e ao abrigo das disposições aplicáveis do Estatuto
da Ordem dos Enfermeiros, convoco todos os membros efectivos
com inscrição em vigor na Ordem dos Enfermeiros para a assembleia
eleitoral regional a realizar no dia 15 de novembro de 2023.
A assembleia eleitoral regional funcionará entre as 7h00 e as 19h00
em secção de voto na sede da Secção Regional da Região Autónoma
dos Açores da Ordem dos Enfermeiros (Rua Dr. Armando Narciso,
n.º 2, 9500-185 Ponta Delgada), e nas secções de voto que vierem a
ser constituídas e divulgadas até 10 dias úteis antes do acto eleitoral.
Os cadernos eleitorais estarão disponíveis, em suporte electrónico, para
consulta pelos membros, e eventual reclamação de incorrecções, entre o
dia 29 de setembro e o dia 9 de outubro, na respectiva Secção Regional.
A Mesa da Assembleia Geral designa uma Comissão Eleitoral,
composta por cinco membros efectivos, em representação de cada
uma das Secções Regionais:
FERNANDO RUI PIRES MARTINS (membro n.º 39909)
HUGO MIGUEL DE BARROS CARDOSO (membro n.º 391)
MARIA LUÍSA GOUVEIA BAETA (membro n.º 28158)
MARIA JOÃO DA SILVA COELHO (membro n.º 57897)
MARIA DE FÁTIMA GONÇALVES MOREIRA (membro n.º 27156)
Nos termos do artigo 2.º, n.º 1, do Regulamento Eleitoral da Ordem
dos Enfermeiros, as eleições para os órgãos que compõem a Ordem
dos Enfermeiros realizam-se por sufrágio universal, directo e secreto,
presencialmente, electronicamente ou por outros meios tecnológicos
legalmente validados, conforme estatuído no n.º 1 do artigo 51.º do Estatuto.
As candidaturas serão apresentadas até 1 de outubro de 2023, de
acordo com os artigos 16.º e 17.º do Regulamento Eleitoral da Ordem
dos Enfermeiros.
Nos termos das disposições aplicáveis do Regulamento Eleitoral
da Ordem dos Enfermeiros, até 21 dias antes da data marcada
para as eleições, serão enviados a todos os eleitores os elementos
documentais necessários ao exercício do voto, presencial e por
correspondência.
Ponta Delgada, 13 de setembro de 2023
O Presidente da Mesa da Assembleia Regional
Pedro Miguel Machado Carreiro e Silva
Dá-se conhecimento público de que se encontram
abertos processos de recrutamento de pessoal
em regime de contrato de trabalho por tempo
indeterminado para a NOVA School of Law da
Universidade Nova de Lisboa:
• 1 vaga de Técnico Superior (m/f), para o Serviço
Académico;
• 1 vaga de Técnico Superior (m/f), para o Serviço de
Apoio a Estudantes;
aos quais se podem candidatar os indivíduos que
reúnam as condições fixadas nos avisos disponíveis
no endereço:
https://novalaw.unl.pt/legislacao-e-documentos-de-
gestao/recursos-humanos/nao-docentes/
O processo de recrutamento e seleção encontra-se
aberto, para efeitos de entrega de candidaturas, até ao
dia 21/09/2023.
Público • Quarta-feira, 13 de Setembro de 2023 • 25
CLASSIFICADOS
ORDEM DOS ENFERMEIROS
SECÇÃO REGIONAL DO CENTRO
ELEIÇÕES PARA OS ÓRGÃOS REGIONAIS
Mandato 2024 - 2027
CONVOCATÓRIA
Nos termos do artigo 9.º, n.º 5, do Regulamento Eleitoral da Ordem
dos Enfermeiros, e ao abrigo das disposições aplicáveis do Estatuto
da Ordem dos Enfermeiros, convoco todos os membros efectivos
com inscrição em vigor na Ordem dos Enfermeiros para a assembleia
eleitoral regional a realizar no dia 15 de novembro de 2023.
A assembleia eleitoral regional funcionará entre as 8h00 e as 20h00
em secção de voto na sede da Secção Regional do Centro da
Ordem dos Enfermeiros (Avenida Bissaya Barreto n.º 185, 3000-076
Coimbra), e nas secções de voto que vierem a ser constituídas e
divulgadas até 10 dias úteis antes do acto eleitoral.
Os cadernos eleitorais estarão disponíveis, em suporte electrónico,
para consulta pelos membros, e eventual reclamação de incorrecções,
entre o dia 29 de setembro e o dia 9 de outubro, na respectiva Secção
Regional.
A Mesa da Assembleia Geral designa uma Comissão Eleitoral,
composta por cinco membros efectivos, em representação de cada
uma das Secções Regionais:
FERNANDO RUI PIRES MARTINS (membro n.º 39909)
HUGO MIGUEL DE BARROS CARDOSO (membro n.º 391)
MARIA LUÍSA GOUVEIA BAETA (membro n.º 28158)
MARIA JOÃO DA SILVA COELHO (membro n.º 57897)
MARIA DE FÁTIMA GONÇALVES MOREIRA (membro n.º 27156)
Nos termos do artigo 2.º, n.º 1, do Regulamento Eleitoral da Ordem
dos Enfermeiros, as eleições para os órgãos que compõem a Ordem
dos Enfermeiros realizam-se por sufrágio universal, directo e secreto,
presencialmente, electronicamente ou por outros meios tecnológicos
legalmente validados, conforme estatuído no n.º 1 do artigo 51.º do
Estatuto.
As candidaturas serão apresentadas até 1 de outubro de 2023, de
acordo com os artigos 16.º e 17.º do Regulamento Eleitoral da Ordem
dos Enfermeiros.
Nos termos das disposições aplicáveis do Regulamento Eleitoral
da Ordem dos Enfermeiros, até 21 dias antes da data marcada
para as eleições, serão enviados a todos os eleitores os elementos
documentais necessários ao exercício do voto, presencial e por
correspondência.
Coimbra, 13 de setembro de 2023
A Presidente da Mesa da Assembleia Regional
Ana Paula Morais
AVISO
INTERRUPÇÃO DO FORNECIMENTO DE ÁGUA
Na sequência de trabalhos a realizar no âmbito da Empreitada de “Renovação
Integral da Linha Férrea do Norte - Ovar/Gaia”, da responsabilidade da
Infraestruturas de Portugal, esta Empresa Municipal será obrigada a
interromper o fornecimento de água no dia 14 de setembro no período
compreendido entre as 14h e as 18h, sendo afetadas as seguintes artérias da
freguesia de Gulpilhares:
- Rua e Travessa das Moutadas;
- Rua da Leira;
- Praceta Comandante Jaques Cousteau;
- Travessa das Marinhas.
De forma a evitar eventuais danos nas instalações ou habitações, deverá
V. Exa. considerar a instalação predial em carga, assegurando-se que
todas as torneiras se encontram fechadas, conforme o preceituado no
Regulamento dos Sistemas Públicos e Prediais de Abastecimento de
Água e de Drenagem de Águas Residuais do Município de Vila Nova de
Gaia, não se responsabilizando esta empresa por quaisquer prejuízos
decorrentes deste tipo de situação.
O Conselho de Administração apresenta, desde já, as suas desculpas pelo
incómodo causado, garantindo, todavia, que os trabalhos serão executados
com a máxima celeridade de forma a minorar as dificuldades dos
moradores.
Para qualquer esclarecimento queira por favor utilizar o seguinte contacto:
Linha Verde – 800202767
Vila Nova de Gaia, 12 de setembro de 2023
O Conselho de Administração
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26 • Público ClassiÄcados • Quarta-feira, 13 de Setembro de 2023

ORDEM DOS ENFERMEIROS ORDEM DOS ENFERMEIROS ORDEM DOS ENFERMEIROS

SECÇÃO REGIONAL DA REGIÃO AUTÓNOMA
DA MADEIRA
ELEIÇÕES PARA OS ÓRGÃOS REGIONAIS
Mandato 2024 - 2027
CONVOCATÓRIA
Nos termos do artigo 9.º, n.º 5, do Regulamento Eleitoral da Ordem
dos Enfermeiros, e ao abrigo das disposições aplicáveis do Estatuto
da Ordem dos Enfermeiros, convoco todos os membros efectivos
com inscrição em vigor na Ordem dos Enfermeiros para a assembleia
eleitoral regional a realizar no dia 15 de novembro de 2023.
A assembleia eleitoral regional funcionará entre as 8h00 e as
20h00 em secção de voto na sede da Secção Regional da Região
Autónoma da Madeira (Rua Visconde Cacongo, n.º 35 - Santa Maria
Maior, 9060-036 Funchal), e nas secções de voto que vierem a ser
constituídas e divulgadas até 10 dias úteis antes do acto eleitoral.
Os cadernos eleitorais estarão disponíveis, em suporte electrónico,
para consulta pelos membros, e eventual reclamação de incorrecções,
entre o dia 29 de setembro e o dia 9 de outubro, na respectiva Secção
Regional.
A Mesa da Assembleia Geral designa uma Comissão Eleitoral,
composta por cinco membros efectivos, em representação de cada
uma das Secções Regionais:
FERNANDO RUI PIRES MARTINS (membro n.º 39909)
HUGO MIGUEL DE BARROS CARDOSO (membro n.º 391)
MARIA LUÍSA GOUVEIA BAETA (membro n.º 28158)
MARIA JOÃO DA SILVA COELHO (membro n.º 57897)
MARIA DE FÁTIMA GONÇALVES MOREIRA (membro n.º 27156)
Nos termos do artigo 2.º, n.º 1, do Regulamento Eleitoral da Ordem
dos Enfermeiros, as eleições para os órgãos que compõem a Ordem
dos Enfermeiros realizam-se por sufrágio universal, directo e secreto,
presencialmente, electronicamente ou por outros meios tecnológicos
legalmente validados, conforme estatuído no n.º 1 do artigo 51.º do Estatuto.
As candidaturas serão apresentadas até 1 de outubro de 2023, de
acordo com os artigos 16.º e 17.º do Regulamento Eleitoral da Ordem
dos Enfermeiros.
Nos termos das disposições aplicáveis do Regulamento Eleitoral
da Ordem dos Enfermeiros, até 21 dias antes da data marcada
para as eleições, serão enviados a todos os eleitores os elementos
documentais necessários ao exercício do voto, presencial e por
correspondência.
Funchal, 13 de setembro de 2023
A Presidente da Mesa da Assembleia Regional
Cristina Bárbara Pestana
SECÇÃO REGIONAL DO NORTE
ELEIÇÕES PARA OS ÓRGÃOS REGIONAIS
Mandato 2024 - 2027
CONVOCATÓRIA
Nos termos do artigo 9.º, n.º 5, do Regulamento Eleitoral da Ordem
dos Enfermeiros, e ao abrigo das disposições aplicáveis do Estatuto
da Ordem dos Enfermeiros, convoco todos os membros efectivos
com inscrição em vigor na Ordem dos Enfermeiros para a assembleia
eleitoral regional a realizar no dia 15 de novembro de 2023.
A assembleia eleitoral regional funcionará entre as 8h00 e as 20h00
em secção de voto na sede da Secção Regional do Norte da Ordem
dos Enfermeiros (Rua Latino Coelho, n.º 352, 4000-314 Porto), e nas
secções de voto que vierem a ser constituídas e divulgadas até 10
dias úteis antes do acto eleitoral.
Os cadernos eleitorais estarão disponíveis, em suporte electrónico,
para consulta pelos membros, e eventual reclamação de incorrecções,
entre o dia 29 de setembro e o dia 9 de outubro, na respectiva Secção
Regional.
A Mesa da Assembleia Geral designa uma Comissão Eleitoral,
composta por cinco membros efectivos, em representação de cada
uma das Secções Regionais:
FERNANDO RUI PIRES MARTINS (membro n.º 39909)
HUGO MIGUEL DE BARROS CARDOSO (membro n.º 391)
MARIA LUÍSA GOUVEIA BAETA (membro n.º 28158)
MARIA JOÃO DA SILVA COELHO (membro n.º 57897)
MARIA DE FÁTIMA GONÇALVES MOREIRA (membro n.º 27156)
Nos termos do artigo 2.º, n.º 1, do Regulamento Eleitoral da Ordem
dos Enfermeiros, as eleições para os órgãos que compõem a Ordem
dos Enfermeiros realizam-se por sufrágio universal, directo e secreto,
presencialmente, electronicamente ou por outros meios tecnológicos
legalmente validados, conforme estatuído no n.º 1 do artigo 51.º do
Estatuto.
As candidaturas serão apresentadas até 1 de outubro de 2023, de
acordo com os artigos 16.º e 17.º do Regulamento Eleitoral da Ordem
dos Enfermeiros.
Nos termos das disposições aplicáveis do Regulamento Eleitoral
da Ordem dos Enfermeiros, até 21 dias antes da data marcada
para as eleições, serão enviados a todos os eleitores os elementos
documentais necessários ao exercício do voto, presencial e por
correspondência.
Porto, 13 de setembro de 2023
O Presidente da Mesa da Assembleia Regional
Manuel Jorge Freitas de Almeida
SECÇÃO REGIONAL DO SUL
ELEIÇÕES PARA OS ÓRGÃOS REGIONAIS
Mandato 2024 - 2027
CONVOCATÓRIA
Nos termos do artigo 9.º, n.º 5, do Regulamento Eleitoral da Ordem
dos Enfermeiros, e ao abrigo das disposições aplicáveis do Estatuto
da Ordem dos Enfermeiros, convoco todos os membros efectivos
com inscrição em vigor na Ordem dos Enfermeiros para a assembleia
eleitoral regional a realizar no dia 15 de novembro de 2023.
A assembleia eleitoral regional funcionará entre as 8h00 e as 20h00
em secção de voto na sede da Secção Regional do Sul da Ordem
dos Enfermeiros (Rua Castilho, n.º 59 – 8.º Esq., 1250-068 Lisboa), e
nas secções de voto que vierem a ser constituídas e divulgadas até 10
dias úteis antes do acto eleitoral.
Os cadernos eleitorais estarão disponíveis, em suporte electrónico,
para consulta pelos membros, e eventual reclamação de incorrecções,
entre o dia 29 de setembro e o dia 9 de outubro, na respectiva Secção
Regional.
A Mesa da Assembleia Geral designa uma Comissão Eleitoral,
composta por cinco membros efectivos, em representação de cada
uma das Secções Regionais:
FERNANDO RUI PIRES MARTINS (membro n.º 39909)
HUGO MIGUEL DE BARROS CARDOSO (membro n.º 391)
MARIA LUÍSA GOUVEIA BAETA (membro n.º 28158)
MARIA JOÃO DA SILVA COELHO (membro n.º 57897)
MARIA DE FÁTIMA GONÇALVES MOREIRA (membro n.º 27156)
Nos termos do artigo 2.º, n.º 1, do Regulamento Eleitoral da Ordem
dos Enfermeiros, as eleições para os órgãos que compõem a Ordem
dos Enfermeiros realizam-se por sufrágio universal, directo e secreto,
presencialmente, electronicamente ou por outros meios tecnológicos
legalmente validados, conforme estatuído no n.º 1 do artigo 51.º do
Estatuto.
As candidaturas serão apresentadas até 1 de outubro de 2023, de
acordo com os artigos 16.º e 17.º do Regulamento Eleitoral da Ordem
dos Enfermeiros.
Nos termos das disposições aplicáveis do Regulamento Eleitoral
da Ordem dos Enfermeiros, até 21 dias antes da data marcada
para as eleições, serão enviados a todos os eleitores os elementos
documentais necessários ao exercício do voto, presencial e por
correspondência.
Lisboa, 13 de setembro de 2023
O Presidente da Mesa da Assembleia Regional
Carlos Alberto Gonçalves Alves Francisco

MUNICÍPIO DE BRAGA
Edital n.° 1681/2023
Sumário: Discussão pública — alteração ao alvará de loteamento
n.° 40/2007 — processo n.° 1/2001/199/0 — E/21718/2023
Discussão Pública — Alteração ao Alvará de Loteamento
n.° 40/2007 — Processo n.° 1/2001/199/0 — E/21718/2023
João Vasconcelos Barros Rodrigues, Vereador do Pelouro do
Urbanismo, Ordenamento e Planeamento, da Câmara Municipal de
Braga, no uso de competências subdelegadas por despacho do Sr.
Presidente da Câmara Municipal de Braga de 2021/10/18:
Faz saber que, nos termos do artigo 27.°, n.° 2, ex vi artigo 22.° n.° 2 do
Decreto-Lei n.° 555/99, de 16 de dezembro, alterado e republicado pelo
Decreto-Lei n.° 136/2014, de 9 de setembro e alínea e) do n.° 1 e n.° 4 do
artigo 112.° do Decreto-Lei n.° 4/2015, se encontra aberto um período
de discussão pública, pelo prazo de 10 dias úteis, tendo por objeto a
alteração ao Lote 23, do alvará de loteamento n.° 40/2007, sito no Lugar
de Simães, Sernades, Fojo ou Cernada de Baixo da freguesia de Este
São Mamede, atualmente inserida na União de Freguesias de Este (São
Pedro e São Mamede), deste concelho, em que é requerente Cláudia
Manuela Fernandes, que consiste na introdução de um anexo, destinado
a uso complementar à habitação; no aumento da área destinada ao uso
de habitação; no aumento da área de implantação, da área de construção
e da volumetria e na implantação de uma piscina. Consequentemente, o
referido lote passa a apresentar um anexo com a área de 11,20 m2, acima
da cota de soleira, alterando a tipologia para 1G + 2H e Anexo; 112,60m2
de área de implantação; 304,60 m2 de área de construção; 913,80 m3
de volume de construção e uma piscina com a área de 20,40 m2 no
logradouro posterior do referido lote. As referidas alterações implicam
modificações aos valores globais do loteamento, passando este a ter a
área total de implantação de 8 687,09 m2; a área total de construção
de 22 452,15 m2 e volume de construção de 67 356,45 m3, mantendo -se
as restantes prescrições do alvará em vigor. Não há lugar à execução
de obras de urbanização. Durante o referido prazo, contado a partir
da publicação do presente edital no Diário da República, poderão os
interessados apresentar por escrito as suas reclamações, relativamente
à pretendida operação urbanística. Mais se torna público que o processo
respeitante à alteração à operação de loteamento, acompanhado da
informação técnica elaborada pelos Serviços Municipais, se encontra
disponível para consulta, na Direção Municipal de Gestão do Território
(DMGT), sita no Edifício do Pópulo, Braga.
Para constar se mandou passar o presente edital e outros de igual
teor que vão ser afixados nos lugares de estilo, publicitado no site do
Município, publicado no Diário da República e num jornal de âmbito
nacional.
28 de agosto de 2023
O Vereador,
João Vasconcelos Barros Rodrigues
Dá-se conhecimento público de que se encontra
FACULDADE DE CIÊNCIAS DA UNIVERSIDADE DO PORTO aberto processo de recrutamento de pessoal
EDIFÍCIO
Dá-se conhecimento público que se encontra aberto um em regime de contrato de trabalho por tempo DIOGO CÃO
processo de recrutamento e seleção de um Técnico Superior,
indeterminado para a NOVA FCSH para: DOCA DE ALCÂNTARA
em regime de contrato de trabalho a termo incerto, ao abrigo do NORTE, LISBOA
Código de Trabalho, para os Serviços de Recursos Humanos, • 1 vaga de Técnico Superior (m/f), referência CT- (JUNTO AO
MUSEU DO ORIENTE)
da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, ao qual TS-048/2023/NAQ, ao qual podem candidatar-se
podem candidatar-se os indivíduos que reúnam as condições indivíduos que reúnam as condições fixadas no
fixadas no aviso disponível nas Notícias do SIGARRA FCUP/
aviso disponível no endereço HORÁRIO:
Recrutamento, no seguinte endereço:
https://fcsh.unl.pt/faculdade/concursos_para_nao_docentes/ 2.ª – 6.ª FEIRA: 9H – 19H
https://sigarra.up.pt/fcup/pt/cnt_cand_geral.concursos_list SÁBADO: 11H – 17H
Processo de recrutamento n.º 396 O prazo limite para a submissão das candidaturas
Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, 13 de setembro
é 10 dias úteis a contar da data da publicação do
presente anúncio.
de 2023 INFO: 210 111 010
Fundada em 1988 pelo Professor Doutor Carlos Garcia, a Associação Portuguesa de Familiares e Amigos de Doentes de Alzheimer - Alzheimer Portugal é
uma Instituição Particular de Solidariedade Social. É a única organização em Portugal, de âmbito nacional, constituída há mais de 30 anos especificamente
para promover a qualidade de vida das pessoas com demência e dos seus familiares e cuidadores. Tem cerca de dez mil associados em todo o país.
Oferece Informação sobre a doença, Formação para cuidadores formais e informais, Apoio domiciliário, Apoio Social e Psicológico e Consultas
Médicas da Especialidade.
Como membro da Alzheimer Europe, a Alzheimer Portugal participa ativamente no movimento mundial e europeu sobre as demências, procurando reunir e divulgar os conhecimentos mais
recentes sobre a Doença de Alzheimer, promovendo o seu estudo, a investigação das suas causas, efeitos, profilaxia e tratamentos.
Contactos
Sede: Av. de Ceuta Norte, Lote 15, Piso 3 Quinta do Loureiro, 1300-125 Lisboa - Telefones: 213 610 460 - Fax : 21 361 04 69 - E-mail: geral@alzheimerportugal.org
Centro de Dia Prof. Doutor Carlos Garcia: Av. de Ceuta Norte, Lote 1, Loja 1 e 2 Quinta do Loureiro, 1350-410 Lisboa - Telefone: 213 609 300 - E-mail: geral@alzheimerportugal.org
Lar, Centro de Dia e Apoio Domiciliário «Casa do Alecrim», Rua Joaquim Miguel Serra Moura, n.º 256 - Alapraia, 2765-029 Estoril - Telefone: 214 525 145 - E-mail: casadoalecrim@alzheimerportugal.org
Horário de Atendimento: Quartas e sextas, entre as 9h e as 13h
Núcleo do Ribatejo da Alzheimer Portugal: R. Dom Gonçalo da Silveira n.º 31 «A, 2080-114 Almeirim - Telefone: 243 000 087 - E-mail: geral.ribatejo@alzheimerportugal.org
Delegação Norte da Alzheimer Portugal: Centro de Dia «Memória de Mim», Rua do Farol Nascente, n.º 47A R/C, 4455-301 Lavra - Telefone: 229 260 912 | 226 066 863 - E-mail: geral.norte@alzheimerportugal.org
Delegação Centro da Alzheimer Portugal: Centro de Dia do Marquês, Urb. Casal Galego - Rua Raul Testa Fortunato n.º 17, 3100-523 Pombal - Telefone: 236 219 469 - E-mail: geral.centro@alzheimerportugal.org
Núcleo do Algarve da Alzheimer Portugal: Urbanização do Pimentão, lote 2, Cave, Gabinete 3, Três Bicos, 8500-776 Portimão - Telemóvel: 965 276 690 - E-mail: geral.algarve@alzheimerportugal.org
Delegação da Madeira da Alzheimer Portugal: Avenida do Colégio Militar, Complexo Habitacional da Nazaré, Cave do Bloco 21 - Sala E, 9000-135 Funchal - Telefone: 291 772 021 - Fax: 291 772 021 - E-mail: geral.madeira@alzheimerportugal.org
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têm direito
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COLECÇÃO NOVELA GRÁFICA VII

LEVOIR, SÉRIE VII, 2023 | Livro 3 – ASSOMBRADA COMPRE AQUI
O PÚBLICO apresenta Assombrada. Uma obra marcante e autobiográfica,
escrita pela autora iraniana Shaghayegh Moazzami, que cresceu de acordo
com as tradições e os costumes do Irão. Um país onde a liberdade
não está ao alcance das mulheres e a falta de direitos é uma realidade.
Não perca esta obra impressionante sobre a mentalidade conservadora
iraniana e sobre a falta de liberdade e de emancipação. loja.publico.pt

Colecção de 10 volumes inéditos em português. PVP unitário 13,90 €. Preço total da colecção 139 €. Periodicidade semanal à quinta-feira, entre 31 de Agosto e 2 de Novembro de 2023. Stock limitado.
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Os conteúdos disponibilizados ao Utilizador assinante não poderão ser copiados, alterados ou distribuídos salvo com autorização expressa do Público – Comunicação Social, S.A.
28 • Público • Quarta-feira, 13 de Setembro de 2023
Ciência e Ambiente Stress e ansiedade
Voltar ao
Tiago Ramalho
Muitos portugueses regressam por
estes dias ao trabalho depois das tra-
trabalho após dicionais férias de Verão. Mas uma
ou duas semanas de descanso não
garantem um retorno feliz: voltar ao
emprego por estes dias pode ser
as férias pode sinónimo de ansiedade, stress e até
alguma tristeza. O repentino regres-
so às rotinas diárias e o Æm do tempo
deixar-nos
livre para estar com a família e ami-
gos são os principais responsáveis
por estes sentimentos, mas também
há responsabilidade das empresas
ansiosos
— o regresso pode acarretar maior
sofrimento, se os trabalhadores não
se sentirem valorizados.
O risco de que estes sintomas sur-
jam é agravado pelas condições
socioeconómicas e pelo próprio
emprego. “A maioria de nós já expe-
rienciou situações de trabalho onde
nos sentimos melhor ou pior. E se um
Não é só o desejo de prolongar as férias. local de trabalho nos causa maior
stress e ansiedade ao longo do ano, o
Regressar ao trabalho pode implicar risco de esse stress e ansiedade se
manterem durante mais tempo no
stress e ansiedade, sobretudo regresso das férias é signiÆcativamen-
te maior”, alerta Alexandra Antunes,
em empresas com piores condições membro da direcção da Ordem dos
Psicólogos. “São sintomas normais,
que acabam por se dissipar com o
regresso à rotina. Não é algo com que
tenhamos de estar muito preocupa-
dos, apenas devemos Æcar atentos, se
isto se mantiver”, diz.
A ansiedade nos primeiros dias de
trabalho e diÆculdades em retomar a
rotina diária do emprego — e, nalguns
casos, dos Ælhos — são naturais. “Será
mais estranho ver alguém que deseja
regressar ao trabalho. Pode signiÆcar
que estes momentos de pausa não são
gratiÆcantes, nem dão prazer, como
seria desejável”, nota Alexandra
Antunes, reforçando que os sintomas
não devem prolongar-se ou serem
demasiado intensos.
A conjuntura dos últimos anos,
desde a crise pandémica à inÇação,
também são motivos de agravamento
destes sintomas, naquilo a que alguns
investigadores chamam “depressão
pós-férias”. Não é, ainda assim, nem
depressão, nem uma doença — são
apenas sintomas. “As condições
socioeconómicas têm vindo a agra-
var-se nos últimos anos, em especial
com a covid-19 e o aumento do custo
de vida. As diÆculdades habitacio-
nais, a diÆculdade em chegar ao Æm
SIMPSON33/GETTY IMAGES/ISTOCKPHOTO
do mês, em comprar alimentação ou
material escolar para as crianças é
uma preocupação muito grande,
depois vemos situações de ansiedade,
de depressão”, considera Alexandra
Antunes. “Os relatos são preocupan-
tes — porque estas condições não têm
só impacto no regresso das férias, têm
também impacto directo na saúde
mental e psicológica.”
Estes sintomas pós-férias não são
uma “criação” recente. Em 2009
uma equipa alemã relatava que os
efeitos positivos das férias na saúde
mental desapareciam rapidamente
depois do retomar do trabalho, num
artigo na revista cientíÆca Journal of
Occupational Health. Um estudo
neerlandês encontrou os mesmos
resultados, publicados em 2012 no
Journal of Happiness Studies. “Esta
investigação, como muitos outros
estudos prévios, mostra que os tra-
Risco de que estes
sintomas surjam é
agravado pelas
condições
socioeconómicas
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balhadores melhoram o seu bem-
estar durante as férias, mas não
depois”, rematam os autores.
As conclusões continuam a ser sus-
tentadas por estudos mais recentes.
Mas há outros pontos importantes,
como a recepção no trabalho. “Ter
preocupações e inquietações sobre
questões de trabalho tem uma grande
probabilidade de reduzir os benefí-
cios obtidos com as férias”, conclui
um estudo de 2022 de uma equipa
liderada por Julie Ménard, da Univer-
sidade do Quebeque (Canadá).
A empresa também conta
Não há como evitar a discussão sobre
o papel das empresas e dos locais de
trabalho, explica Thomas Roulet,
sociólogo da Universidade de Cam-
bridge (Reino Unido), que estuda o
bem-estar no contexto de trabalho.
“O ambiente conta. A actual era de
incerteza e mudança muito acelera-
da (seja cultural, tecnológica ou polí-
tica) torna muito difícil para as pes-
soas regressarem das férias, porque
têm de se adaptar e ser ágeis. Neste
contexto, o trabalho já não é tanto
uma rotina expectável, mas sim um
constante desaÆo fora da zona de
conforto. E as férias, assim, são
bolhas de paz”, diz, numa resposta
por email.
“Há uma importância cada vez
maior em ter locais de trabalho sau-
dáveis e cada vez mais há preocupa-
ção [das empresas] com a saúde men-
tal dos trabalhadores. Isto está obvia-
mente relacionado com a forma como
os empregadores dão espaço ao tra-
balhador para ele exercer as funções
de que mais gosta, para conciliar os
horários ou simplesmente termos um
local de trabalho para o qual gosta-
mos de ir e onde nos sentimos valori-
zados”, frisa Alexandra Antunes.
Os desaÆos para as empresas são
também eles grandes. É importante
gerir as ausências dos trabalhadores
e, em simultâneo, criar um contexto
que valorize essas pessoas — seja atra-
vés dos salários, do ambiente no local
de trabalho ou das funções atribuídas.
“As empresas que gerem melhor esta
situação e conseguem ter quem cubra
as funções de quem está fora conse-
guem proporcionar um regresso mais
fácil das férias”, destaca Thomas Rou-
let. Há exemplos concretos do que
não funciona bem: a ansiedade com
a caixa de emails a abarrotar de men-
sagens ou o stress de saber que che-
garão dezenas de pedidos de trabalho
nas primeiras horas do regresso das
férias são os “clássicos” — mas nem
sempre os “clássicos” são bons.
Como contornar
“É essencial, quando deixamos o tra-
balho por um período de tempo,
delegar as funções noutras pessoas,
sempre que isto é possível, e desligar
completamente — não ver o email e
não atender chamadas. São recomen-
dações fulcrais para podermos desli-
gar”, remata Alexandra Antunes.
“Isto é verdade durante as férias,
como deveria ser verdade no dia-a-
dia. Quando deixamos o trabalho, é
importante sabermos desligar, por-
que isso permite-nos usufruir dos
momentos que dedicamos a nós pró-
prios e a quem está à nossa volta.”
Estes conselhos são simples, mas
resumem a melhor forma, na opinião
de Alexandra Antunes e de Thomas
Roulet, de conseguir aproveitar as
férias para repousar.
Mas terá o teletrabalho mudado
estas dinâmicas? “Torna mais difícil
para as pessoas desligarem-se do tra-
balho. Ir de férias para fora [do local
de trabalho ou onde habitam] tem um
papel importantíssimo, porque impli-
ca uma pausa notória no trabalho e
permite recuperar verdadeiramente
a energia”, diz o sociólogo da Univer-
sidade de Cambridge.
“O teletrabalho ou o trabalho
híbrido tem revelado vantagens,
porque permite uma conciliação da
vida familiar e laboral muito mais
eÆcaz e os estudos têm mostrado
que é uma mais-valia. No entanto, há
este risco. Como os horários são
menos rígidos, as pessoas acabam
por prolongar o horário de trabalho
para momentos que não seriam
desejáveis, como a hora de jantar”,
alerta Alexandra Antunes.
Crianças ansiosas
Ter Ælhos cria ainda mais pressão,
realçam os investigadores: além das
rotinas do trabalho, é necessário
adaptar-se às rotinas escolares e ao
acompanhamento das crianças,
sobretudo em idade mais precoce.
Mas a ansiedade também afecta as
crianças no regresso das férias de
Verão? Por vezes, pode acontecer.
“Para muitas crianças, o regresso
à escola pode ser excitante, mas para
outras pode criar uma certa ansieda-
de — sobretudo se forem para um
novo ciclo escolar, mudarem de
escola ou de cidade, ou para quem
já sofre de alguma ansiedade de
separação”, diz a pedopsiquiatra
Catarina Amaral. Os sintomas podem
ser variados, mas resultam geral-
mente numa alteração daquele que
é o padrão habitual da criança: alte-
rações do sono, dores de cabeça ou
de barriga, resistência em ir para a
escola ou a repetição de perguntas
com um grau de preocupação são
alguns dos sinais mais comuns.
“Normalmente, estes sintomas
desaparecem rapidamente depois de
uma ou duas semanas do início da
escola”, diz a pedopsiquiatra. “Se
houver uma ansiedade mais prolon-
gada, por exemplo, durante todo o
primeiro mês, ou se os sintomas
forem muito agressivos, é importante
procurar ajuda.”
Um conselho para os pais é não
descurar estas preocupações.
“Devem tentar lidar com isto de uma
forma calma e valorizar os aspectos
positivos”, acrescenta. Poderá ser
também importante todas as escolas
terem “momentos em que as crianças
vão conhecer a escola com os pais”.
“Noctívagas” têm maior
probabilidade de desenvolver
diabetes do que as “madrugadoras”
Filipa Almeida Mendes
Equipa analisou dados de
mais de 63 mil enfermeiras.
Cerca de 11% referiram ter
um cronótipo nocturno
Investigadores do Brigham and
Women’s Hospital, hospital universi-
tário da Faculdade de Medicina da
Universidade de Harvard (EUA), des-
cobriram que o “cronótipo noctur-
no”, ou seja, deitar-se tarde e acordar
tarde, está associado a um risco 19%
maior de diabetes em mulheres, ten-
do em consideração os factores rela-
cionados com o estilo de vida.
O estudo, publicado na revista
Annals of Internal Medicine, revela
que as pessoas que dormem e acor-
dam mais tarde têm um estilo de vida
menos saudável e, consequentemen-
te, correm maior risco de desenvolver
diabetes do que as pessoas que se
deitam e acordam mais cedo.
“O cronótipo, ou ciclo circadiano,
refere-se à hora preferida de dormir
e acordar de uma pessoa e é parcial-
mente determinado geneticamente,
pelo que pode ser difícil de alterar”,
diz Tianyi Huang, autor do estudo,
em comunicado. “As pessoas que
pensam que são ‘noctívagas’ podem
precisar de prestar mais atenção ao
seu estilo de vida, porque o seu cro-
nótipo nocturno pode aumentar o
risco de diabetes tipo 2.”
Os cientistas tinham já descoberto
que as pessoas com horários de sono
mais irregulares correm maior risco
de desenvolver diabetes e doenças
cardiovasculares. Além disso, tam-
bém já tinha sido revelado que as
pessoas com cronótipos nocturnos
têm maior probabilidade de ter
padrões de sono irregulares. Agora,
exploraram a relação entre o cronó-
Cronótipo refere-se à horade dormir e acordar de uma pessoa
Público • Quarta-feira, 13 de Setembro de 2023 • 29
Ciência e Ambiente
tipo e o risco de diabetes e analisaram
também o papel dos factores relacio-
nados com o estilo de vida.
Estilos de vida
A equipa analisou dados de 63.676
enfermeiras, entre os 45 e os 62 anos,
sem antecedentes de cancro, doenças
cardiovasculares ou diabetes. Os
dados foram recolhidos entre 2009 e
2017 e mencionados no estudo Nur-
ses’ Health Study II (uma das maiores
investigações sobre os factores de
risco das principais doenças crónicas
nas mulheres). Alguns parâmetros
explorados foram o cronótipo auto-
relatado — até que ponto os partici-
pantes se consideravam uma pessoa
noctívaga ou madrugadora —, a ali-
mentação, o peso e o índice de massa
corporal, o tempo de sono, os com-
portamentos tabágicos, o consumo
de álcool, a actividade física e a histó-
ria familiar de diabetes.
Cerca de 11% das participantes refe-
riram ter um cronótipo “deÆnitiva-
mente nocturno” e 35% um cronótipo
“deÆnitivamente matutino”. A restan-
te população, cerca de metade, não
se identiÆcava nem como noctívaga,
nem como madrugadora.
O cronótipo nocturno foi associado
As pessoas
‘noctívagas’
podem precisar
de prestar mais
atenção ao seu
estilo de vida
Tianyi Huang
GREGORY PAPPAS
a um risco 72% superior de diabetes
antes de se ter em conta os factores
relacionados com o estilo de vida.
Depois de considerados estes facto-
res, o cronótipo nocturno foi associa-
do a um aumento de 19% do risco de
diabetes. Entre as participantes com
os estilos de vida mais saudáveis, só
6% tinham cronótipos nocturnos.
Entre as pessoas com os estilos de
vida menos saudáveis, 25% tinham
cronótipos nocturnos.
Os investigadores observaram que
as pessoas noctívagas eram mais pro-
pensas a consumir álcool em grandes
quantidades, a ter uma má alimen-
tação, a dormir menos horas por
noite, a fumar e a ter um peso, índice
de massa corporal e taxas de activi-
dade física pouco saudáveis.
“Quando controlamos os compor-
tamentos de um estilo de vida pouco
saudável, a forte associação entre o
cronótipo e o risco de diabetes foi
reduzida, mas ainda se manteve, o
que signiÆca que os factores de estilo
de vida explicam uma proporção
notável desta associação”, diz Sina
Kianersi, co-autor do estudo.
A relação entre o cronótipo noctur-
no e o risco de diabetes só foi obser-
vada nas enfermeiras que trabalha-
vam em turnos diurnos e não naque-
las que trabalhavam à noite. “Quando
o cronótipo não coincidia com o horá-
rio de trabalho, veriÆcámos um
aumento do risco de diabetes tipo 2”,
frisa Huang. “Esta foi outra descober-
ta muito interessante que sugere que
um horário de trabalho mais perso-
nalizado pode ser benéÆco.”
“As enfermeiras de meia-idade com
um cronótipo nocturno eram mais
propensas a referir estilos de vida
pouco saudáveis e tinham um risco
acrescido de diabetes em compara-
ção com as que tinham um cronótipo
matinal. A contabilização do índice
de massa corporal, da actividade físi-
ca, da dieta e de outros factores modi-
Æcáveis do estilo de vida atenuou
grande parte, mas não a totalidade,
do aumento do risco de diabetes”,
concluem os autores no estudo.
O Nurses’ Health Study inclui prin-
cipalmente enfermeiras caucasianas,
pelo que são necessários estudos para
ver se os padrões são consistentes em
todas as populações. Além disso, é
possível que outros factores contri-
buam para o cronótipo de uma pes-
soa, a propensão para hábitos pouco
saudáveis e o risco de diabetes.
No futuro, os cientistas querem
investigar os determinantes genéti-
cos do cronótipo e a associação com
doenças cardiovasculares em popu-
lações mais diversiÆcadas.
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30 • Público • Quarta-feira, 13 de Setembro de 2023

Cultura Prémio Gulbenkian Património — Maria Tereza e Vasco Vilalva 2023

“Romântico
e misterioso”,
eis o premiado
(e renovado)
Chalet Ficalho
A reabilitação desta casa aristocrática
de veraneio conta uma história de condes
e de alojamento local. A família teima
em mantê-la sua há mais de um século
Reportagem
Joana Amaral Cardoso Texto
Rui Gaudêncio Fotografia
Esta é uma história romântica. Com
aroma a cedro e a mar, num
quarteirão que, embora no centro
do moderno bulício de Cascais,
constitui uma página refrescada do
património português. Hoje, o
Chalet Ficalho aperalta-se uma vez
mais, para receber o Prémio
Gulbenkian Património — Maria
Tereza e Vasco Vilalva. Para a
família dos antigos condes de
Ficalho, e em particular para uma
das herdeiras, Maria de Jesus
Chaves, dona da obra, a reabilitação
do edifício oitocentista vem com o
sentimento de dever cumprido,
partilhado com o arquitecto Raúl
Vieira. Para a cidade, pode bem ser
o desvelar de um mistério.
Os telhados são pontiagudos,
encimados por um torreão, o jardim
é frondoso. Um baloiço esconde-se
no arvoredo e a casa de jantar, com
as portadas vermelho-escuras a
deixar entrar o sol de Setembro
pelas frinchas, parece saída de uma
pintura Çamenga, com a fruta fresca
nas taças a pedir uma trinca. O
painel de azulejos dedicado a Santa
Helena data de 1904 e tem a
assinatura de Bordallo Pinheiro,
iluminando uma escada de carvalho
testemunha da omnipotência da
madeira — do chão aos tectos e às
paredes — neste chalet que marca e
intriga Cascais desde 1897.
“Tinha um ar romântico e
misterioso”, descreve Maria de
Jesus. A sobrinha, Mafalda, relata a
curiosidade dos conterrâneos por
“aquela casa antiga que todos
adoram”. O acervo inclui um
oratório do século XVIII que é da
dona da obra e não nasceu com a
casa, mas também armários cedidos
por amigos. “Houve um movimento
muito simpático de entusiasmo —
todos a querer ajudar e contribuir.
Não vou esquecer.”
Há felicidade no ar por se
constatar que o Chalet Ficalho se
manteve (quase) tal e qual sempre
foi ao cabo de um projecto encetado
em 2017 e de cerca de dois anos de
cuidadosas obras, durante as quais
Maria de Jesus viveu na cave desta
casa aristocrática — “sem telhado,
com andaimes, um pouco
inconfortável quando chovia”,
sorri. A sua “força” é destacada por
todos os que se reúnem para a
entrega dos 50 mil euros do prémio.
“Exemplo particularmente
representativo da arquitectura de
luxo de veraneio que se instala em
Cascais a partir do último quarto do
século XIX”, como sublinhou o júri,
o Chalet Ficalho foi reabilitado com
O projecto de
reabilitação
desta casa de
veraneio
aristocrática
edificada em
1897 foi
conduzido por
uma das
herdeiras,
Maria de Jesus
Chaves, com o
apoio do
arquitecto
Raúl Vieira,
amigo da
família e há
muitos anos
frequentador
da residência
“profundo respeito pela traça confessa Maria de Jesus —, numa rua
original” e “recurso exemplar a de moradias que dispõe de uma
técnicas e saberes artesanais área verde prima do Jardim
tradicionais”. De casa mandada Botânico de Lisboa (o conde de
construir pela condessa Maria Ficalho, pai da condessa Maria
Josefa de Melo (1863-1941) passou a Josefa, foi um dos seus fundadores).
alojamento local com nove quartos, Mas no desaÆo de não
solução que permite abrir a descaracterizar um edifício até há
residência ao exterior, mantendo-a pouco escudado por muito mais
ao mesmo tempo na e para a palmeiras e cedros (a idade e o
família. O que é menos certo é escaravelho deram conta de duas
resistir à pressão imobiliária que dezenas) a família nunca hesitou.
incide sobre o Bairro dos Museus — As obras iniciaram-se em Janeiro
“tivemos ofertas faraónicas”, e em Agosto o chalet abria ao
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turismo. A casa estival foi assim
reconvertida “sem perder o sentido
de casa”, diz a historiadora de arte
Raquel Henriques da Silva, uma das
juradas do Vilalva. “Estas casas têm
o espírito [do movimento] Arts and
Crafts, são peças integrais; ferros,
madeiras, vitrais, tudo conta.”
A vigiar tudo estava uma dona da
obra com “ideias determinadas” e o
apoio de Raúl Vieira, arquitecto e
grande amigo. “Ele sempre realizou
os sonhos da minha vida”, conta
Maria de Jesus. Perante uma casa
que conhece há décadas, ia
concordando com a dona da obra e
os seus irmãos — oito, incluindo Ana
Maria, sócia de Maria de Jesus; dois
deles já falecidos — e muitos
sobrinhos. “A preocupação era que,
se invocássemos os donos originais,
eles concordariam com tudo o que
Æzéssemos. É um exercício mental,
uma forma de sentir que estou a
respeitar a casa”, resume o autor
deste projecto que mereceu a
unanimidade do júri presidido por
António Lamas e composto ainda
pelo arquitecto Gonçalo Byrne, pelo
musicólogo Rui Vieira Nery e pelo
director do Panteão Nacional,
Santiago Macias.
O Prémio Vilalva é atribuído há 15
anos a projectos de excelência na
área da conservação, recuperação,
valorização ou divulgação do
património português, imóvel ou
móvel.
“Uma alma fortíssima”
O caso do Chalet Ficalho é todo um
romance. Maria de Jesus, de
jovialíssimos 70 anos, foi a única
dos irmãos, e das sobrinhas, que
não se casou no palacete
classiÆcado. “Fiquei numa tristeza.
Os meus irmãos estavam os três na
guerra [colonial]…” Não eram as
circunstâncias certas. Mas as
memórias de todos os outros
tempos felizes estão lá. “Esta casa
tem uma alma fortíssima. Foi
fascinante nascer aqui”, garante ao
PÚBLICO, com o átrio de mosaico
sob os pés. Cresceu com “pessoas
muito interessantes, muito
românticas, todas a lutar por ideais,
a lutar pelo seu país”.
O seu trisavô, Francisco Manuel
de Melo Breyner, foi um dos
Vencidos da Vida, o grupo de
intelectuais da Geração de 70 do
século XIX a que também
pertenceram Ramalho Ortigão ou
Eça de Queiroz, por exemplo. Mas
na origem de tudo está a quinta
condessa de Ficalho. A Ælha de
Francisco, Maria Josefa,
divorciou-se. “Uma coisa gravíssima
na altura”, recorda Maria de Jesus.
“Há detalhes que não foram
acabados; achamos que por causa
do divórcio — e do exílio, com [a
implantação da] República.”
Aponta para a salinha junto à
entrada. O chão é em pinho e há um
desnível em relação ao hall.
Destinava-se “a receber o carvalho,
que nunca chegou a ser posto”.
Também o tecto “está preparado
para receber madeira e não tem”.
Ao lado das escadas, outra prova
de amor. Atrás de um reposteiro
aveludado está uma das inovações
da reabilitação: um elevador cujo
interior foi forrado com uma
fotograÆa da condessa Josefa e do
seu cão-de-água português,
vendo-se de lado a avó de Maria de
Jesus. A visita do PÚBLICO ao chalet
foi farejada pelo afável cão-d’água
português da dona da obra, que
partilha cor e nome com os animais
das suas antepassadas.
Empoleirada numa porta
Maria de Jesus vai sendo chamada, a
espaços, para agilizar o check-in de
uma hóspede. Com as sobrinhas,
atenta nas janelas, previne a
entrada de pombos, afofa as alvas
roupas de cama de uma suite. A
“Esta casa tem uma
alma fortíssima.
Foi fascinante
nascer aqui”, diz
Maria de Jesus,
dona da obra e
uma das herdeiras
de uma família
de “românticos”
cabeceira foi criada com madeira
retirada nas obras e assim
reaproveitada, especiÆca. As janelas
ainda têm vidro-bolha, “porque
assim a casa brilha muito mais”. O
director da obra e os trabalhadores
que diariamente com ela se
cruzavam brincavam, porque pediu
“para não tirar os sons das portas”.
“Para saber o que é que se passa na
casa! Pelo som, sei quem está a abrir
a porta”, ri-se, embora alguns
hóspedes se queixem do chiar.
Para a sobrinha, Mafalda, a casa
era mais misteriosa do que
romântica. Os avós viveram longos
anos e seguiram-se partilhas e
alguma paragem do tempo. “Na
minha geração [o chalet] não era
misterioso, porque vinha tudo para
aqui brincar”, ilumina-se Maria de
Jesus. “O jardim estava cheio de
gente, que a minha avó não deixava
entrar ninguém em casa — nem para
ir à casa de banho. Entrávamos às
escondidas e íamos roubar
chocolate aonde ela o escondia.”
As aventuras até podiam chegar
ao torreão, que Raúl Vieira ampliou
e dividiu em dois quartos. Neles
ainda moram algumas das arcas que
guardavam “fatos antigos, chapéus,
cartas e manuscritos” que a família
está a transcrever. Com as obras, o
chalet passou a ter casas de banho
em todos os quartos e foram
corrigidos erros dos telhados.
Na época, os projectos de
arquitectura raramente eram
assinados. Maria de Jesus tem o livro
de obra e por isso sabe de cor todos
materiais usados ou que se planeava
usar, tal como as muitas propostas
de empreiteiros ou de equipas de
restauro — um tecido pintado foi
recuperado por uma restauradora
que trabalhou no manto da rainha
D. Amélia. Raquel Henriques da
Silva ajuda a situar o projecto
recorrendo ao historiador Pedro
Falcão, que o atribui a Manuel
Ferreira dos Santos.
A reabilitação do chalet foi feita
com recurso a empréstimo. Agora,
há que cumprir o Æto da
auto-sustentabilidade de uma casa
que se auto-sustentou durante anos.
Uma das portas de correr do piso
térreo não deslizava, e não era dos
rolamentos. “AÆnal era a casa que
estava a cair e que estava sustentada
em cima das portas.”
Lá fora, o azul da piscina cintila
junto a um muro que também não
existia e a obreira desta reabilitação
premiada descreve como a cor que
rodeia a pedra dominante na casa é
pigmento tirado da terra do jardim.
O Jardim Botânico de Lisboa vai
agora ajudar a repor algumas
espécies, mas Raúl Vieira dá o caso
por terminado. “No Æm, parece que
a casa se estava a rir.” Por estes dias
o chalet aÆxa lotação esgotada, mas
em breve fará jus ao desejo da
família. Não haverá hóspedes numa
altura muito especial. “O Natal já
está bloqueado.”
Público • Quarta-feira, 13 de Setembro de 2023 • 31
O Van Gogh roubado na
pandemia foi devolvido
num saco azul do Ikea
Leonor Alhinho
Detective de arte Arthur
Brand ajudou polícia dos
Países Baixos a recuperar
o óleo subtraído do Museu
Singer Laren em 2020
O detective de arte Arthur Brand
recuperou, em cooperação com as
autoridades dos Países Baixos, uma
obra do pintor Vincent Van Gogh que
tinha sido roubada de um pequeno
museu localizado nas imediações de
Amesterdão durante a pandemia.
O Jardim do Presbitério Neunen na
Primavera, pintura datada de 1884
com etiqueta posterior de 1885, retra-
ta um local da pequena aldeia onde
viveram os pais de Van Gogh e onde
o artista também residia à data. O
óleo sobre tela está avaliado entre os
três e os seis milhões de euros.
Batiam as 3h15 do dia 30 de Março
de 2020 (curiosamente, o aniversário
de Van Gogh) quando o alarme do
museu Singer Laren disparou. A polí-
cia acorreu ao local, mas o assaltante
já tinha saído, e com ele a obra de tom
soturno. As imagens de vigilância
mostravam um homem a partir uma
das portas de vidro e a sair com a pin-
tura debaixo do braço direito.
Mais de um ano depois, em Abril
de 2021, as autoridades prenderam
um suspeito. Nils M. viria a ser conde-
nado a oito anos de prisão efectiva
por este assalto, bem como pelo rou-
bo, cinco meses depois, de Dois Rapa-
zes Sorrindo, de Frans Hals, que nun-
ca chegou a aparecer.
Ontem, Arthur Brand, apelidado
de “Indiana Jones” do mundo artísti-
co, conÆrmou que, em cooperação
com as autoridades do país, foi possí-
vel reaver a pintura de Van Gogh.
Citado pela Agência France Presse,
confessou que este foi “um dos
melhores momentos da sua vida”.
Richard Bronswijk, da unidade de
crimes artísticos da polícia dos Países
Baixos, diz não haver dúvidas sobre
O óleo de 1884 retrata a aldeia onde Van Gogh vivia com os pais
Cultura
a autenticidade da pintura.
O jornal britânico The Guardian
avança que, alguns meses depois do
assalto, Arthur Brand soube, através
de uma fonte “do mundo do crime”,
de alguém que tinha comprado o Van
Gogh roubado. Tratava-se do traÆcan-
te de arte Peter Roy K.
Peter Roy, condenado a 12 anos de
prisão por importação e exportação
de cocaína em grande escala, pre-
tendia usar o Van Gogh para nego-
ciar uma redução de pena. Quando
constatou que tal negociação não
seria possível, o homem, que enfren-
ta agora acusações de receptação de
artigos roubados, quis devolvê-lo,
porque lhe causava “uma enorme
dor de cabeça” tê-lo consigo, segun-
do conÆdenciou a Brand.
Anteontem, a obra de arte foi
entregue ao detective, em Amester-
dão, embrulhada em plástico bolha,
dentro de uma fronha de almofada
e num saco azul do Ikea. A entrega
foi feita por um homem cuja identi-
dade não foi revelada por questões
de segurança, e que não teria qual-
quer ligação ao crime.
O museu Groninger, proprietário
da obra, garante que, embora tenha
sofrido danos, a pintura se encontra
em bom estado, adianta a Reuters.
Jardim na Primavera, como tam-
bém é conhecido o óleo, está agora
no Museu Van Gogh de Amesterdão
para avaliação, e poderá demorar
semanas ou meses a regressar ao
Groninger.
A polícia enalteceu o papel decisivo
do detective de arte no processo. O
Jardim do Presbitério Neunen na Pri-
mavera junta-se a Os Cavalos de Hitler,
de Picasso, e a um anel que um dia
pertenceu a Oscar Wilde na lista de
casos resolvidos por Arthur Brand.
Entretanto, a pintura Dois Rapazes
Sorrindo, de Frans Hals, continua
desaparecida, mas o “Indiana Jones”
da arte tem esperança de que tam-
bém esta obra desaparecida regresse
rapidamente à proveniência. Texto
editado por Inês Nadais
MARTEN DE LEEUW/COURTESY OF GRONGINGER MUSEUM/REUTERS
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32 • Público • Quarta-feira, 13 de Setembro de 2023
Guia
motores
publico.pt/motores
Alfa Romeo faz vénia ao espírito
desportivo com Giulia e Stelvio
A italina Alfa Romeo quer ser, cada vez mais, uma marca premium de cariz
desportivo. E os novos Giulia e Stelvio Quadrifoglio são os seus últimos trunfos
Carla B. Ribeiro
Na Alfa Romeo, o espírito de compe-
tição está, historicamente, presente
no momento de apresentar modelos
de estrada. Um propósito que se repe-
te com os novos Giulia e Stelvio Qua-
drifoglio, com encomendas disponí-
veis desde Julho, a partir de 118.450€
e 140.150€, respectivamente.
Os valores mostram bem o cam-
peonato que a Alfa Romeo disputa:
o dos veículos premium, com acaba-
mentos de qualidade superior, equi-
pamentos distintos, como o sistema
de som Harman Kardon e as decora-
ções em carbono, e muita, muita
tecnologia, entre a qual se destacam
os faróis adaptativos de matriz full-
LED ou o novo painel de instrumen-
tos digital com o histórico design
telescópico.
A cereja no topo: o comportamen-
to em estrada, que pudemos com-
provar em traçados nacionais,
nomeadamente algumas que inte-
gram, ou já integraram, a lista de
troços do Rali de Portugal. A beneÆ#
ciar esse comportamento está a rela-
ção peso-potência (devido à escolha
de materiais ultraleves, como o alu-
mínio usado na construção do motor
e a Æbra de carbono presente no veio
de transmissão, capot, spoiler e
saias), o motor de 2,9 litros, de seis
cilindros em V, trabalhado para pas-
sar a debitar 520cv, e detalhes técni-
cos, como o diferencial mecânico de
deslizamento limitado.
A dinâmica também é inÇuenciada
pela suspensão Alfa Link, com triân-
gulos duplos com eixo de direcção
semivirtual, à frente, e uma solução
multibraços, atrás, que assegura um
bom nível de conforto mesmo em
traçados muito sinuosos.
A marca salienta ainda o facto de,
graças a uma aÆnação especíÆca, ter
conseguido melhorias no “compor-
tamento e tracção do automóvel,
optimizando a transferência de biná-
rio e aumentando a estabilidade, agi-
lidade e velocidade nas curvas”. Já a
“música” à sua passagem Æca a cargo
do sistema de escape Akrapovic, refe-
re-se em comunicado.
O Giulia chega com jantes de 19” e
No Giulia Quadrifoglio e no
Stelvio Quadrifoglio, a
dinâmica é influenciada pela
suspensão Alfa Link, com
triângulos duplos com eixo
de direcção semivirtual,
à frente, e uma solução
multibraços, atrás
Peugeot e-3008 é um SUV fastback eléctrico
O SUV compacto da marca do leão assume uma presença
chega em 2024 e assenta na nova plataforma STLA Medium,
terá dois níveis de acabamento, Allure e GT, e três
mais emocional, com linhas de um fastback. O modelo, que
motorizações eléctricas (210cv, 230cv de longa autonomia
e 320cv Dual Motor, de quatro rodas motrizes).
MAXSAROTTO
o Stelvio com jantes de 21”, sendo que,
em ambos os casos, exibem as des-
portivas pinças de travão vermelhas.
E, tal como não se faz rogado nas ace-
lerações (o Giulia Quadrifoglio cum-
pre a aceleração de 0 a 100km/h em
3,9 segundos; o Stelvio Quadrifoglio,
em 3,8s), é assertivo nas travagens,
e
m,
TIBO/THE GOOD CLICK
contando com um sistema electrome-
cânico, que combina o controlo de
estabilidade com o sistema de trava-
gem e limita a distância de paragem.
No interior, em qualquer um dos
modelos, é exposta a paixão pelo
desporto, com detalhes em Æbra de
carbono ou o volante a couro e alcân-
tara com costuras pretas. E nem a
tecnologia Æca à margem dessa decla-
ração, com o novo painel de instru-
mentos a estrear um ecrã TFT de
12,3”, onde se pode aceder a toda a
informação do veículo e aos parâme-
tros relacionados com as tecnologias
de condução autónoma, podendo
ser conÆgurado mediante a vontade
do condutor: Evolved Relax e Herita-
ge, como na restante gama Alfa
Romeo, e a exclusiva Race.
Na segurança, ambos os modelos
concentram um conjunto de avança-
dos sistemas de assistência ao condu-
tor, capaz de oferecer uma condução
autónoma de nível dois, como o crui-
se control adaptativo, o assistente de
ângulos mortos e o aviso de saída da
faixa de rodagem.
Novidade
Renovado VW ID.3
reclama ser mais
eficiente e sustentável
Com mexidas no design, a última
geração de sistemas de
assistência e com materiais de
melhor qualidade que primam
por ser, garante a marca, mais
sustentáveis, o familiar compacto
100% eléctrico da Volkswagen
surge com uma actualização de
meio de vida para reclamar um
lugar entre as preferências dos
automóveis sem emissões.
Por forma, chamam a atenção o
design e aerodinâmica
melhorados, com aberturas de
arrefecimento de ar optimizadas
e um novo pára-choques que faz
com que o capot pareça mais
comprido. Já no interior,
destaque para a percepção de se
estar a entrar num ambiente
onde a qualidade dá cartas,
sendo que a VW sublinha o facto
de ter recorrido a materiais
sustentáveis, descartando o uso
das peles de origem animal.
Em Portugal, o modelo será
proposto nas versões Pro (desde
42.460€), com bateria de 58kWh,
e Pro S (a partir de 48.415€), com
unidade de acumulação de
energia de 77kWh, ambas com
204cv. A versão GTX, mais
potente e reactiva, deverá chegar
ao mercado durante o próximo
ano.
Em termos de autonomia, a
versão Pro garante conseguir
percorrer até 428km, enquanto a
Pro S atinge um alcance de até
559km. Em ambas as versões, o
carregamento em corrente
alternada faz-se a uma potência
de até 11kW; em corrente
contínua, a capacidade de carga
é diferente para cada uma das
versões: a primeira admite
carregamentos até 120kW; a
segunda, até 170kW.
Entre o equipamento de série,
destaque para a inclusão de
sensores de estacionamento
dianteiros e traseiros, cruise
control adaptativo e faróis
dianteiros em LED.
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Cinema
Porto
Cinema Trindade
R. Dr. Ricardo Jorge. T. 223162425
Paris, Texas M12. 21h30; Umberto Eco
- A Biblioteca do Mundo M12. 14h30, 18h;
A Conspiração do Cairo M14. 19h30;
Retratos Fantasmas 17h15, 21h45; O Crime
É Meu M12. 14h20, 16h; Curtas de Kleber
Mendonça Filho 19h30
Cinemas Nos Alameda Shop e Spot
R. dos Campeões Europeus 28 198. T. 16996
Retaliação M12. 13h15, 15h40, 18h15,
20h40; Barbie M12. 14h20, 17h40, 21h10;
Oppenheimer M14. 13h10, 17h, 20h50;
Pôr do Sol M12. 21h15; Os Super Fixes! M6.
13h40 (VP); The Equalizer 3: Capítulo
Final M16. 13h50, 16h50, 20h30; Os
Super-Heróis da Selva 2 M6. 14h15, 16h40,
19h (VP); The Nun II: A Freira Maldita M16.
Sala Atmos - 13h20, 16h10, 18h55, 21h40;
Fala Comigo 16h05, 18h50, 21h30
Medeia Teatro Municipal Campo Alegre
R. das Estrelas. T. 226063000
A Conspiração do Cairo M14. 18h30, 21h45
Aveiro
Cinemas Nos Glicínias
C.C. Glicinias, Lj 50. T. 16996
Retaliação M12. 13h05, 15h30, 18h, 20h45,
23h30; Elemental M6. 14h (VP); Barbie M12.
18h15, 21h, 23h45; Oppenheimer M14.
13h40, 17h30, 21h15; Gran Turismo M12.
18h30; The Equalizer 3 M16. 13h30, 16h15,
19h, 21h45, 00h20 ; Os Super-Heróis da
Selva 2 M6. 13h20, 15h45 (VP); The Nun II:
A Freira Maldita M16. 13h15, 16h, 18h45,
21h30, 00h15; Fala Comigo 22h, 00h25
Braga
Cinemas Nos Braga Parque
Quinta dos Congregados. T. 16996
Retaliação M12. 13h50, 16h30, 19h, 21h25,
00h30; Barbie M12. 13h40, 16h20, 19h,
21h40, 00h25; Oppenheimer M14. 14h,
18h, 22h; Gran Turismo M12. 13h05, 17h, 21h,
00h05; Blue Beetle M12. 18h30, 21h20,
00h15; Os Super Fixes! M6. 13h, 15h10 (VP);
The Equalizer 3: Capítulo Final M16. 13h10,
15h50, 18h30, 21h10, 24h ; The Nun II: A
Freira Maldita M16. 13h30, 16h10, 18h50,
21h30, 00h10; After - Depois de Tudo 13h15,
15h45, 18h35, 21h, 23h35; Fala
Comigo 13h15, 16h, 18h40, 21h15, 00h20
Cineplace Nova Arcada - Braga
Av. De Lamas. T. 253112913
Retaliação M12. 19h30, 21h30; A Pequena
Sereia M6. 18h50 (VP); Umberto Eco
- A Biblioteca do Mundo M12. 21h40;
Elemental M6. 14h30, 16h40 (VP); Missão
Impossível M12. 21h10; Barbie M12. Sala
Atmos - 13h30, 16h, 18h30, 21h10;
Oppenheimer M14. 13h40, 17h20, 21h;
Meg 2: O Regresso do Tubarão
Gigante M12. 21h30; Gran Turismo M12.
19h; Tartarugas Ninja: Caos Mutante M6.
13h, 15h10, 17h20 (VP); Os Super Fixes! M6.
13h50, 15h40, 17h30, 19h20 (VP); The
Equalizer 3: Capítulo Final M16. 14h20,
16h40, 19h, 21h20; Os Super-Heróis da
Selva 2 M6. 14h10, 16h, 17h50, 19h40 (VP);
The Nun II: A Freira Maldita M16. 14h, 14h40,
15h, 16h20, 17h, 17h20, 18h40, 19h20, 19h40,
21h, 21h40, 22h; Fala Comigo 21h50;
Corrida Maluca M6. 13h, 15h, 17h (VP)
Castelo Branco
Cinebox
C.C. Alegro Castelo Branco. T. 760789789
Retaliação M12. 14h05, 16h35, 21h35;
Elemental M6. 11h10 (VP); Barbie M12.
19h05; Os Super Fixes! M6. 11h (VP); The
Equalizer 3: Capítulo Final M16. 19h10,
21h40; Os Super-Heróis da Selva 2 M6.
14h10, 16h40 (VP); The Nun II: A Freira
Maldita M16. 14h, 16h30, 19h, 21h40
Estreias
Umberto Eco
A Biblioteca do Mundo
De Davide Ferrario. ITA. 2022.
80m. Documentário. M12.
Davide Ferrario levou a sua
câmara para Ælmar as estantes e
os livros que o italiano Umberto
Eco (1932-2016) acumulou em
vida.
The Nun II: A Freira Maldita
De Michael Chaves. Com Taissa
Farmiga, Bonnie Aarons, Storm
Reid, Anna Popplewell. EUA.
2023. 110m. Terror. M16.
Quatro anos após “The Nun: A
Freira Maldita”, a irmã Irene volta
a ver-se a braços com Valak, a
freira demoníaca neste Ælme de
terror, o nono da saga-mãe “The
Conjuring”.
Um Amor na Escócia
De Tim Mielants, Bouli Lanners.
Com Michelle Fairley, Bouli
Lanners, Andrew Still. BEL/FRA/
GB. 2021. 99m. Drama. M12.
Um homem quase a chegar aos
60 anos tem um AVC e perde a
memória. Uma mulher que trata
dele diz-lhe, mentindo, que antes
desse acontecimento os dois
estavam apaixonados.
Os Super-Heróis da Selva 2
De Laurent Bru, Yannick Moulin,
Benoît Somville. FRA. 2023.
89m. Animação. M6.
Para evitar uma catástrofe
durante a época das chuvas,
Maurice e os seus amigos animais
viajam à volta do mundo para
tentar encontrar o tatu, descobrir
o antídoto e salvar a selva outra
vez.
Retaliação
De Nimród Antal. Com Liam
Neeson, Noma Dumezweni,
Embeth Davidtz, Matthew
Modine. EUA. 2022. 91m.
Thriller, Acção. M12.
Liam Neeson é um homem que
Æca preso no seu próprio carro,
tudo porque lhe dizem que, caso
tente sair, o carro explodirá.
The Nun II: A
Freira Maldita
Público • Quarta-feira, 13 de Setembro de 2023 • 33
Cartaz, críticas, trailers
e passatempos em
cinecartaz.publico.pt
Coimbra
Casa do Cinema de Coimbra
Av. Sá da Bandeira 33. T. 239851070
A Ilha de Moraes M12. 21h30; Umberto
Eco - A Biblioteca do Mundo M12. 19h45;
Retratos Fantasmas 14h30; O Crime
É Meu M12. 17h45; Para Cá do Marão 17h;
S.Ó.S. 16h20
Cinemas Nos Alma Shopping
R. Gen. Humberto Delgado. T. 16996
Retaliação M12. 14h, 16h40, 19h20, 21h40;
Umberto Eco - A Biblioteca do Mundo M12.
21h10; Elemental M6. 14h40, 18h (VP);
Missão Impossível 13h55, 17h20, 20h50;
Barbie M12. 14h10, 17h40, 20h40;
Oppenheimer M14. 13h40, 17h30, 21h15;
Pôr do Sol - O Mistério do Colar de São
Cajó M12. 13h30, 16h10, 19h, 21h50; Um
Filme do Caraças M14. 19h10, 22h10;
O Crime É Meu M12. 14h, 16h40, 19h30,
22h20; Os Super Fixes! M6. 14h20, 16h30
(VP); Os Super-Heróis da Selva 2 M6. 13h20,
16h, 18h20 (VP); Alibi.com 2 M12. 13h50,
16h20, 18h50, 21h20
Cinemas Nos Fórum Coimbra
Fórum Coimbra. T. 16996
Elemental M6. 15h (VP); Barbie M12. 14h50,
18h, 21h10; Gran Turismo M12. 14h30,
18h20, 21h40; The Equalizer 3: Capítulo
Final M16. 13h30, 16h10, 18h50, 21h30; The
Nun II: A Freira Maldita M16. 13h50, 16h30,
19h10, 21h50; Fala Comigo 18h30, 21h20
Figueira da Foz
Cinemas Nos Foz Plaza
C. C. Foz Plaza, R. Condados. T. 16996
Retaliação M12. 14h45, 17h, 19h10, 21h30;
Elemental M6. 15h, 18h (VP); Barbie M12.
14h30, 17h45, 21h15; Oppenheimer M14.
13h45, 17h15, 20h45; Pôr do Sol - O Mistério
do Colar de São Cajó M12. 21h; Os Super
Fixes! M6. 14h, 16h45 (VP); Fala Comigo 19h,
21h45
Gondomar
Cinemas Nos Parque Nascente
Praceta Parque Nascente, nº 35. T. 16996
Retaliação M12. 13h15, 15h30, 17h50, 21h20,
23h40; Elemental M6. 11h20, 14h, 16h30
(VP); Missão Impossível M12. 14h40, 18h,
22h10; Oppenheimer M14. 15h, 18h50,
22h30; Pôr do Sol M12. 21h50, 00h25; Meg 2
15h20, 18h15, 20h50, 23h30; Gran
Turismo M12. 13h30, 16h20, 19h20, 22h20;
Tartarugas Ninja: Caos Mutante M6. 11h10,
15h50 (VP); Um Filme do Caraças M14.
13h40, 16h10, 19h, 21h40, 00h10; Blue
Beetle M12. 13h, 18h10, 21h, 23h50; The
Equalizer 3: Capítulo Final M16. 13h10,
15h40, 18h20, 21h10, 24h; Os Super-Heróis
da Selva 2 M6. 11h, 13h05, 15h10, 17h20,
19h30; The Nun II: A Freira Maldita M16.
13h20, 16h, 18h40, 21h30, 00h30; Fala
Comigo 14h30, 16h50, 19h40, 22h, 00h35
Guimarães
Castello Lopes - Espaço Guimarães
25 de Abril, Silvares. T. 253539390
Umberto Eco - A Biblioteca do Mundo M12.
13h20; Elemental M6. 14h20, 17h20 (VP);
Barbie M12. 18h50; Oppenheimer M14.
19h30; Gran Turismo M12. 21h; Tartarugas
Ninja: Caos Mutante M6. 15h10 (VP); The
Equalizer 3: Capítulo Final M16. 14h30,
16h50, 19h10, 21h30; Os Super-Heróis da
Selva 2 M6. 13h10, 15h, 16h55 (VP); The Nun
II: A Freira Maldita M16. 14h35, 16h55, 19h15,
21h35; After - Depois de Tudo 13h15, 15h20,
17h25, 19h30, 21h35
Castello Lopes - Guimarães Shopping
Lugar das Lameiras. T. 253520170
Elemental M6. 13h50 (VP); Barbie M12.
18h10; Oppenheimer M14. 13h35, 17h05,
20h35; Meg 2: O Regresso do Tubarão
Gigante M12. 19h, 21h25; Gran Turismo M12.
Guia
13h45, 18h15, 21h; Os Super Fixes! M6.
16h30 (VP); The Equalizer 3: Capítulo
Final M16. 14h30, 16h50, 19h10, 21h30; Os
Super-Heróis da Selva 2 M6. 13h15, 15h10,
17h05 (VP); The Nun II: A Freira Maldita M16.
14h35, 16h55, 19h15, 21h35; After - Depois
de Tudo 13h15, 15h20, 17h25, 19h30, 21h35
Maia
Castello Lopes - Mira Maia Shopping
Mira Maia Shopping, Estrada Real nº 95 -
Lugar das Guardeiras. T. 229419241
Umberto Eco - A Biblioteca do Mundo M12.
13h10; Elemental 13h10 (VP); Barbie M12.
19h10, 21h25; Oppenheimer M14. 17h30;
The Equalizer 3: Capítulo Final M16. 14h30,
16h50, 19h10, 21h30; Os Super-Heróis da
Selva 2 M6. 15h05, 17h (VP); The Nun II:
A Freira Maldita M16. 14h35, 16h55, 19h15,
21h35; After - Depois de Tudo 13h15, 15h20,
17h25, 19h30, 21h35
Cinemas Nos MaiaShopping
C.C. Maiashoping, Lj 2.43. T. 16996
Retaliação M12. 14h, 16h40, 19h10, 21h40;
Elemental M6. 13h30, 16h (VP); Missão
Impossível - Ajuste de Contas: Parte
Um M12. 21h; Barbie M12. 13h20, 16h10,
21h20; Pôr do Sol - O Mistério do Colar de
São Cajó M12. 18h10, 21h10; Drácula:
O Despertar do Mal M16. 18h40; Um Filme
do Caraças M14. 13h40, 16h20, 19h, 21h30;
Corrida Maluca 13h50, 16h30, 18h45 (VP)
Matosinhos
Cinemas Nos MarShopping
Leça da Palmeira. T. 16996
Retaliação M12. 12h30, 15h, 17h20, 19h30,
22h, 00h10; Elemental M6. 10h40, 13h30,
16h10 (VP); Barbie M12. 18h40, 21h20, 24h;
Oppenheimer M14. 13h40, 17h30, 21h10; Meg
2 M12. 21h50, 00h20; Gran Turismo M12.
17h50, 20h50, 23h50; The Equalizer 3:
Capítulo Final M16. 12h50, 15h50, 18h30,
21h30, 00h05; Os Super-Heróis da Selva
2 M6. 10h30, 12h40, 14h50, 17h10 (VP); The
Nun II: A Freira Maldita M16. 13h, 15h30, 18h,
21h, 23h40; Corrida Maluca M6. 10h50 13h10,
15h40 (VP); The Nun II: A Freira Maldita M16.
Sala Imax - 13h50, 16h20, 19h, 21h40, 00h30
Cinemas Nos NorteShopping
C.C. Norteshopping, Lj 1117. T. 16996
Retaliação M12. 13h40, 16h10, 18h40,
21h30, 24h; Barbie M12. Sala Atmos - 20h30;
Oppenheimer M14. 13h30, 17h30, 22h,
23h20; Gran Turismo M12. Sala Atmos -
13h30, 17h, 20h40, 23h40; The Equalizer 3:
Capítulo Final M16. Sala Atmos - 12h40,
15h30, 18h20, 21h10, 00h20 ; Os
Super-Heróis da Selva 2 M6. 10h30, 12h50,
15h20, 17h50 (VP); The Nun II: A Freira
Maldita M16. Sala NOS XVISION - 13h,
15h40, 18h30, 21h20, 00h10; After - Depois
de Tudo 12h40, 15h, 17h40, 20h20, 22h40;
Fala Comigo 13h10, 16h, 18h50, 21h50,
00h30; The Nun II: A Freira Maldita M16.
12h30, 15h10, 18h10, 20h50, 23h30
Ovar
Castello Lopes - Vida Ovar
C.C. Dolce Vita. T. 960254838
The Equalizer 3: Capítulo Final M16. 19h30,
21h45; Os Super-Heróis da Selva 2 M6.
15h25 (VP); The Nun II: A Freira Maldita M16.
17h15; After - Depois de Tudo 13h20
Paços de Ferreira
Cinemas Nos Ferrara Plaza
Ferrara Plaza, Rua da Carvalhosa. T. 16996
Retaliação M12. 13h40, 16h15, 18h45, 21h50;
Barbie M12. 15h30, 18h15, 21h20;
Oppenheimer M14. 19h40; Meg 2 M12. 15h,
18h, 21h40; The Equalizer 3: Capítulo
Final M16. 13h20, 16h, 18h30, 21h30; Os
Super-Heróis da Selva 2 M6. 14h, 16h30
(VP); Corrida Maluca M6. 13h10 (VP)
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34 • Público • Quarta-feira, 13 de Setembro de 2023
Guia
Lazer
TEATRO
O Canto do Cisne
PORTO Sala Estúdio Perpétuo.
De 11/9 a 17/9, às 19h30. M/12.
10€
Estreada no dia que marca o 50.º
aniversário da Seiva Trupe, a peça
centra-se num velho actor, que se
interroga sobre o teatro, o seu
ofício, as glórias, os insucessos, a
aproximação do Æm, o vazio, a
vida e o seu sentido. O clássico de
Anton Tchékhov é aqui levado à
cena na versão de Nuno Cardoso.
Na pele do protagonista está Júlio
Cardoso, hoje com 85 anos, actor
histórico e um dos fundadores da
companhia portuense. Um
“monólogo sobre a dignidade do
ser humano e a passagem do
tempo” alinhado para abrir a nova
temporada do Teatro Nacional de
São João.
Frida Kahlo, a Filha da Grande
Manhã
GUARDA Teatro Municipal.
Dia 13/9, às 21h30. M/14. 5€
Pelo Trigo Limpo Teatro Acert,
uma peça que aponta o foco à
mulher que é muito mais do que
“um ícone da pintura mexicana ou
uma mulher de Çores na cabeça
com bordados coloridos e
sobrancelhas aparentes”, detalha
a sinopse. José Rui Martins (que
também encena) e Nuno Cash
fazem uma adaptação livre dos
escritos de Frida Kahlo,
percorrendo os momentos mais
marcantes de um percurso
moldado pela “emancipação sem
estereótipos e preconceitos” como
forma de sobrevivência. Do elenco
fazem parte Ariana Neves,
Mariana Rebelo, Pedro Sousa, Rui
Damasceno e Sandra Santos.
EXPOSIÇÃO
Manuel Jardim e o Modernismo
em Portugal
COIMBRA Museu Nacional de
Machado de Castro. De 7/9 a 7/1.
Terça a domingo, das 10h às 18h.
8€
O centenário da morte de Manuel
Jardim (1884-1923) dá o mote à
exposição que reúne obras do
pintor português e de artistas seus
contemporâneos como Amadeo
de Souza-Cardoso, Guilherme de
Santa-Rita, Eduardo Viana ou
Almada Negreiros. No trabalho da
primeira geração do movimento
modernista nacional, sobressaem
elementos como a Ægura feminina,
a natureza-morta, o retrato, o
auto-retrato ou a paisagem.
Jogos Jogue também online.
Palavras-cruzadas, Euromilhões 5 14 36 40 42 2 11
bridge e sudoku em
1.º Prémio 39.000.000€
publico.pt/jogos
Esta informação não dispensa a consulta da lista oficial de prémios
Cruzadas 12.188 Paulo Freixinho
palavrascruzadas@publico.pt
Horizontais: 1. (...) Correia, nasceu há 100 anos. “O (...) é que sobe e o carro é que
geme”. 2. Chame em socorro. Muito grande. 3. (...) digitais, eficácia começa a ser
questionada e há países a recuar. 4. Oração que os Muçulmanos fazem a Alá,
antes de nascer o Sol. Lugar de paragem. 5. Interjeição que designa nojo ou
desprezo. Dizer mal (fig.). 6. Inflamar-se. Cidade libanesa destruída após
passagem da tempestade Daniel. 7. Miado. Governador árabe. Prefixo que exprime
a ideia de privação. 8. Excluía. Sem preparação. 9. Face inferior do pão. Símbolo
de decilitro. Molibdénio (s. q.). 10. Nova livraria de Lisboa, dedicada a obras
produzidas por mulheres. Notícia em primeira mão. 11. Oco sem cem. Desfazer
em grânulos, em pó.
Verticais: 1. Embarcação grande. Que tem cara de fome. 2. Armada Portuguesa.
Virgem do paraíso maometano. Argola. 3. Assunto. Duplique. 4. Alegre em
extremo. A ti. 5. Suave. Vão aumentar 6,9% em 2024, confirmou o INE. 6. Endereço
na Internet. Muitos (fig.). 7. Camareira. Protela. Prefixo, de origem latina, que
exprime a ideia de união, companhia. 8. Ofício. Imensidade (fig.). 9. Armar o pano
de um guarda-chuva. Meu (...), espectáculo de Caetano Veloso que esteve em
Lisboa e ruma agora ao Porto. 10. Ligado (inglês). Enfeitar. Símbolo de hectare.
11. Instituto do Emprego e Formação Profissional. Invalidar.
Solução do problema anterior
Horizontais: 1. RuiPinto. CE. 2. ETAR. Livrar. 3. Soe. Br. 4. IP. Picardia. 5. Falível. In. 6. Es. Canelado.
7. MAI. AMI. As. 8. Ramos. Ada. 9. Ida. Esnocar. 10. Porec. Rei. 11. Otomano.
Verticais: 1. Recife. Ripa. 2. Ut. Pasmado. 3. Ias. Amaro. 4. Propício. ET. 5. Eiva. Seco. 6. Nl. Cena.
7. TI. Alemanha. 8. Ovar. Lido. 9. Dia. Acro. 10. Cabinda. AE. 11. Erra. Osíris.
João Fanha © Alastair Chisholm 2008
Bridge bridgepublico@gmail.com Sudoku www.indigopuzzles.com
Dador: Este NORTE Muito simples. Na segunda vaza Sul
Ƅ 963 Problema 12.146 (Fácil)
Vul: Todos deve começar por encaixar a sua
Ɔ 8764 segunda figura de copas antes de
Ƈ 852 jogar um pau para o 10. Assim que
ƅQ103
OESTE ESTE Este fizer o Valete de paus e voltar
Ƅ 874 Ƅ 52 um trunfo, Sul prende a vaza e volta a
Ɔ 53 Ɔ QJ1092 jogar pau para a Dama. Em mão, Este
Ƈ 1097643 Ƈ QJ pode ainda jogar uma segunda volta
ƅ74 ƅAKJ9 de trunfo, mas já não terá resposta na
SUL
Ƅ AKQJ10 vaza seguinte, quando fizer mais uma
Ɔ AK vaza de paus. De notar que se Este
decidir atacar copas em vez de
Solução 12.144
Ƈ AK
ƅ8652 trunfo, Sul deve cortar e tirar o Ás e
Rei de ouros antes de regressar aos
Oeste Norte Este Sul paus, precavendo-se contra a
1Ɔ X eventualidade de Oeste se desfazer
passo 2ƅ passo 4Ƅ dos seus ouros e assim evita que haja
Todos passam um corte nesse naipe também.
Leilão: Qualquer forma de Bridge. Considere o seguinte leilão:
Carteio: Saída: 5 Ɔ. Sul faz o Ás de Oeste Norte Este Sul
copas sobre o 10 de Este. Qual é o 1Ƈ 4Ɔ ?
seu plano para cumprir este contrato? O que marca com a seguinte mão?
Solução: A uma mesa de partida Ƅ 64 Ɔ Q1082 Ƈ A87 ƅ KJ107
livre, Sul pode verificar de imediato
que tinha 9 vazas seguras. Para
Resposta: O dobre nesta altura seria
competitivo, por um lado prometeria
realizar a décima vaza teria bastantes uma mão com valores próximos ao Problema 12.147 (Médio)
possibilidades, a saber: o naipe de de uma abertura e, por outro lado,
paus dividido 3-3; uma figura grande comprimento no outro rico: espadas.
e o Valete de paus colocados em Ora, esta mão está longe desses
Oeste (difícil, por causa da abertura parâmetros, esta seria a mão ideal
de Este que praticamente assegura a para aplicar um dobre punitivo. Mas,
presença de Ás e Rei na sua mão); se está já mais do que demonstrado que
Este tiver o Ás e o Rei de paus e o dobre competitivo, para estas
apenas duas cartas de trunfo, o que situações, é claramente mais eficaz
dará tempo a Sul de vir a cortar um do que o dobre punitivo. Então o que
pau no morto. fazer com esta mão? Primeiro cerre Solução 12.145
Na segunda vaza, sem grandes os dentes, depois passe sem dar a
esperanças, Sul jogou um pau para mais pequena impressão de que
o 10 do morto e… um cabide! esteve a pensar. O parceiro, em
Porquê? O 10 do morto perdeu para posição de reabertura, pode ainda
o Valete de Este que se apressou a produzir um dobre de chamada! E
encaixar o Ás e o Rei de paus, no nessa altura (e só nessa altura)
qual Oeste baldou a sua última podemos esboçar um largo sorriso e
copa, por fim uma copa de Este para passar, transformando esse dobre
o corte de Oeste. Como poderia Sul em punitivo. A boa voz: passe, e sem
evitar este corte? hesitações.
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CINEMA
A Viagem dos Cem Passos
Cinemundo, 19h
Desde sempre que a família
Kadam convive de perto com
todas as subtilezas do mundo da
culinária: os seus cheiros, sabores
e segredos mais delicados. Agora,
depois de serem obrigados a
deixar a sua Índia natal, os Kadam
instalam-se numa pequena e
pitoresca aldeia no Sul de França,
que julgam ser o local ideal para
abrir um restaurante cujos sabores
especiais cativem o paladar dos
seus habitantes. Realizada por
Lasse Hallström e escrita por
Steven Knight, uma comédia
gastronómica com Helen Mirren,
Om Puri, Manish Dayal e Charlotte
Le Bom. É uma adaptação da obra
homónima de Richard C. Morais
que se tornou um best-seller
internacional.
O Terramoto
Cinemundo, 21h05
Em 2015, o Ælme-desastre
norueguês Bølgen: Alerta Tsunami
mostrou um tsunami a ameaçar
Møre og Romsdal. O Terramoto
passa-se três anos após esse
evento, com o geólogo Kristian
Eikjord (Kristoèer Joner) e a
família agora a verem-se a braços
com uma nova ameaça: um
terramoto que está prestes a
causar destruição em Oslo. Desta
feita, em vez de Roar Uthaug, o
Ælme tem atrás das câmaras John
Andreas Andersen, o director de
fotograÆa tornado realizador.
Bird — O Fim do Sonho
AXN Movies, 21h10
Em 1988, Clint Eastwood realiza
um Ælme que constitui um tributo
à memória do músico Charlie
Parker, um virtuoso do saxofone
que revolucionou o jazz nos anos
40. Conhecido pela carinhosa
alcunha de “Bird”, Parker e o
trompetista Dizzy Gillespie
formaram em 1944 o primeiro
dueto de bebop. Parker viciou-se
no consumo de heroína e álcool e
a sua vida privada foi uma
sucessão de falhanços e tragédias,
contrastando com o sucesso que
obteve como músico. Acabaria por
morrer, vítima de ataque cardíaco,
com apenas 34 anos. É de realçar
a banda sonora, que foi premiada
com um Óscar em 1989. Forest
Whitaker, o protagonista, ganhou
o prémio de melhor actor no
Festival de Cinema de Cannes.
SÉRIES
O Suspeito
Disney+, streaming
Estreia. Joe (Aidan Turner) é um
psicólogo clínico que aconselha a
polícia britânica. Desta feita,
Televisão
RTP1
6.00 Bom Dia Portugal 10.00 Praça da
Alegria 12.59 Jornal da Tarde 14.22
Topíssima 15.08 A Nossa Tarde 17.30
Portugal em Directo 19.07 O Preço
Certo
19.59 Telejornal
21.01 Primeira Pessoa: Pedro
Abrunhosa
21.43 Joker
22.44 Natália 100
00 Anos
23.56 S.W.A.T.:
Força de
Intervenção
0.43 Anatomia de Grey 1.32Janela
Indiscreta 2.24 Topíssima
SIC
6.00 Manhã SIC Notícias 8.15 Alô
Portugal 10.05 Casa Feliz 13.00
Primeiro Jornal 14.50 Linha Aberta
16.00Júlia 18.10 Cheias de Charme
18.25 Morde & Assopra
18.45 Flor do Caribe
19.10 Casados no Paraíso
19.57 Jornal da Noite
22.10 Sangue Oculto
22.55 Flor sem Tempo
0.00 Travessia
0.40 Terra Brava 1.40 Casados no
Paraíso 2.40 Passadeira Vermelha
Os mais vistos da TV
Segunda-feira, 11
Futebol - Euro 2024...
% Aud. Share
RTP1 22,2
Festa É Festa VII - Verão TVI 8,0
Joker RTP1 7,5
Flor do Caribe SIC 7,5
Casados no Paraíso... SIC 6,9
FONTE: CAEM
RTP2
5.59 A Fé dos Homens 6.32 Repórter
África 7.00 Espaço Zig Zag 1 0.45
Feitos em Portugal 11.12 Churchill na
Madeira 12-02 O Veterinário de
Província 12.51 Moda Portugal 13.23
Nô Bai, Guiné-Bissau 13.53 Folha de
Sala 14.00 Sociedade Civil 15.04 A Fé
dos Homens 15.37 Destino: Portugal
16.04 Quando os Animais Selvagens
Vivem na Cidade 16.55 Espaço Zig Zag
20.38 Folha dee Sala
20.42 Espaçoss
Incríveis de
Gorge Clarke
21.30 Jornal 2 22.01 Mr. Selfridge
22.46 Folha de Sala 22.54
Insubmissa23.58 Folha de Sala 0.05
Sociedade Civil 1.09 Os Crimes de
Sommerdahl 1.56 Idiotas, Ponto 2.28
Embaixadores da Esperança 2.44
Joga Quem Quizzer 3.09 O Portugal
De... Adriano Moreira 4.03 Folha de
Sala4.09 Concertos Comentados
Casa da Música 5.04 Cidades
Impossíveis 5.53 Folha de Sala
TVI
6.15 Diário da Manhã 10.05 Dois às 10
12.58 TVI Jornal 14.55 A Herdeira
16.05 Goucha 18.00 Big Brother
19.30 Supertaça
ç de Futebol
Feminino 2023
023
21.30 Jornal Nacional
21.55 Festa é Festa
22.55 Queridos
dos
Papás
0.00 Big Brother
other 2.15 Doida por Ti
3.00 Mistura Fina 3.20 O Princípio da
Incerteza
Público • Quarta-feira, 13 de Setembro de 2023 • 35
RTP1 17,4%
42,7
RTP2 0,7
15,8 SIC 13,1
TVI
15,3
18,3 13,5
Cabo
15,6
38,2
TVCINE TOP
17.50 O Bom Patrão 19.50 Morbius
21.30 Crónicas de Vesper 23.25 Magic
in the Mountains 0.45 Um Noivado
Planeado 2.15 Golias
FOX MOVIES
17.47 O Preço de 5 Jogadores 19.30 A
Águia e o Falcão 21.15 Duelo no Rio
Diablo 22.41 O Homem Com a Morte
nos Olhos 0.20 Noite de Violência 1.59
Cimarron
HOLLYWOOD
16.25 Heat - Cidade sob Pressão 19.15
Matrix 21.30 Um Crime no Expresso do
Oriente 23.25 Matar ou Morrer 1.05
Annabelle
AXN
16.15 S.W.A.T.: Força de Intervenção
17.50 The Rookie 19.30 Mentes
Criminosas 21.10 Hudson & Rex 22.00
DOC 0.12 The Good Doctor 1.52
Chicago Fire
FOX
17.04 Investigação Criminal: Los
Angeles 18.45 FBI 20.26 Magnum P.I.
22.15 A Verdade da Mentira 23.02
Velocidade Furiosa 1.22 Investigação
Criminal: Los Angeles
DISNEY CHANNEL
17.15 A Maldição de Molly McGee 18.05
Hamster & Gretel 18.55 Kiff 19.15 Os
Green na Cidade Grande 20.25 A
Maldição de Molly McGee 21.10
Miraculous - As Aventuras de Ladybug
DISCOVERY
16.20 Mestres do Restauro 18.14 Maine
Cabin Masters 19.06 Aventura à Flor da
Pele 21.00 Desmontar a História: as Sete
Maravilhas 23.54 Desmontar a História
HISTÓRIA
17.34 O Preço da História 19.34
O Preço da História na Estrada 22.15
Tesouros Malditos 23.41 O Inexplicável
ODISSEIA
16.49 Mortos de Tanto Rir! 18.23 Uma
Quinta, 9 Filhos e 1000 Ovelhas 20.42
Espanha Desde o Ar: A Sua História
22.31 Austrália Autêntica Desde o Ar
23.25 Finlândia Desde o Ar 0.20
Espanha Desde o Ar: A Sua História
Guia
depois de lhe ter sido
diagnosticada a doença de
Parkinson, está a ajudar no caso
de uma mulher que foi
esfaqueada e encontrada num
cemitério e que diz que as 21
facadas que levou foram dadas
por ela própria. Baseada no livro
homónimo de Michael Robotham
de 2004, esta minissérie de cinco
episódios tem como autor Peter
Berry.
A Outra Rapariga Negra
Disney+, streaming
Estreia. Nella (Sinclair Daniel) é
uma assistente editorial numa
grande editora de livros em Nova
Iorque. É a única mulher negra
que trabalha lá, até ao dia em que
ganha uma nova colega, que
rapidamente se torna sua amiga.
Mas esta presença marca também
o início de acontecimentos muito
estranhos que revelarão o passado
obscuro da editora. Baseada no
livro homónimo de Zakiya Dalila
Harris, este misto de comédia,
drama e mistério tem produção
executiva de Rashida Jones.
Hotel Portofino
AXN White, 21h25
Estreia T2. Na década de 1920, em
plena ascensão do fascismo, um
hotel em Itália é gerido por uma
família britânica, os Ainsworth,
com Bella (Natasha McElhone) à
cabeça. É essa a premissa desta
série de época criada por Matt
Baker em 2022 que chega agora à
segunda temporada. Já há uma
terceira a caminho.
DOCUMENTÁRIO
Quando os Animais Selvagens
Vivem na Cidade
RTP2, 16h
Estreia. Nesta série documental
vemos animais em teoria
selvagens cujo ambiente foi
mudado radicalmente pela
intervenção humana, passando a
viver em cidades. Aqui foca-se a
costa oriental da América do
Norte e a Çoresta que vai do
Quebeque até à Flórida.
MÚSICA
Natália 100 Anos
RTP1, 22h44
A escritora e poeta Natália Correia
nasceu em Setembro de 1923. Para
assinalar os seus cem anos, várias
vozes subiram, em 2022, ao palco
da Aula Magna para cantarem as
suas palavras. Entre elas, SoÆa
Escobar, Viviane, Ana Bacalhau,
Mafalda Veiga, Maria João, Rita
Redshoes e Amélia Muge. Com
direcção musical de Renato Júnior.
À mesma hora, a RTP2 passa
também a primeira parte do
documentário Insubmissa.
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36 • Público • Quarta-feira, 13 de Setembro de 2023

Guia

Meteorologia
JORNAL PORTUGAL
Viana do Castelo
PRÓXIMOS DIAS PORTO
Quinta-feira, 14 Sexta-feira, 15 Sábado, 16
Bragança
17 º
27º
26º
17º 27º 16º 23º 15º 22º
Braga 13º
29 º Índice UV Alto Índice UV Médio Índice UV Médio
17 º Vila Real
19º Porto Vento Fraco Vento Fraco Vento Fraco
1m
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27 º 14º
16º

Viseu
Guarda
MEDIDOR DE CO2 QUALIDADE DO AR
Aveiro 28 º
26º 15º 26º Mauna Loa, Havai Portugal
15 º 13º Partes por milhão Porto Coimbra
(ppm) na atmosfera
Coimbra Valores por semana Lisboa Évora
28º
15º Semana de 27 Ago. 419,27
Castelo Branco Faro
Há um ano 416,42
ESTAS SÃO AS FERRAMENTAS PARA LER O MUNDO Leiria 28º Há dez anos 394,45
15º Semana de 13 Ago. 419,31
26º Excelente Razoável
APRESENTAÇÃO DA PLATAFORMA TRUE 17º
— CRIAÇÃO DE JORNAIS ESCOLARES Nível de segurança 350 Mau Não é saudável
Nível pré-industrial 280 Nada saudável Perigoso
Santarém
Portalegre

O jornalismo Lisboa
16º
32 º
14º
28º
SOL LUA
15 Set. 03h40

escolar hoje
28 º 22 Set. 20h32
18º Évora
Setúbal 31º 29 Set. 10h57
29º 17º Nascente Poente Nascente Poente
18º
07h16 19h49 6 Out. 14h48 05h31 19h27

UMA CONFERÊNCIA Sines Beja EUROPA

27º 31º Estocolmo
Helsínquia
19º 17 º Oslo
19º Talín

1m Riga
Copenhaga

Vílnius
Dublin Berlim
Amesterdão
Londres Varsóvia
Sagres 27º
14 DE SETEMBRO, A PARTIR DAS 14H30 20º Bruxelas
BIBLIOTECA ALMEIDA GARRETT, PORTO 23º Faro Praga
19º Paris
Viena Budapeste
22º Genebra
SAIBA MAIS EM PUBLICO.PT/PUBLICO-NA-ESCOLA 0,8m
Açores Milão

Corvo Roma
Istambul
Madrid
Flores Lisboa
Graciosa 24º
26º Atenas
22º 1m
São Jorge 27º
21º
O NOSSO 24º
1,2m
JORNAL Faial
Terceira TEMPERATURAS ºC
ESCOLAR Pico
Min. Máx. Min. Máx.
26º São Miguel
24º 20º Amesterdão 9 19 Roma 18 30
1m Atenas 19 30 Viena 18 29
Ponta Delgada
Berlim 9 21 Bissau 25 34
Sta Maria Bruxelas 11 20 Buenos Aires 10 16
Madeira Bucareste 15 33 Cairo 24 33
Porto Santo Budapeste 17 30 Caracas 19 33
Copenhaga 10 18 Cid. do Cabo 12 19
Madeira
25º 28º 28º 25º Dublin 13 17 Cid. do México 13 29
20º 21º
0,5m 1m Estocolmo 8 17 Díli 22 32
Frankfurt 11 23 Hong Kong 25 32
Funchal Genebra 14 22 Jerusalém 18 27
Istambul 17 28 Los Angeles 18 31
MARÉS Preia-mar Baixa-mar *de amanhã Kiev 14 28 Luanda 22 26
Londres 13 21 Nova Deli 26 34
PÚBLICO na Escola apoiado por:
Leixões m Cascais m Faro m
Madrid 17 28 Nova Iorque 16 24
08h57 1.0 08h31 1,1 08h28 1,0 Milão 18 27 Pequim 16 28
15h11 3.2 14h46 3,3 14h48 3,2 Moscovo 8 20 Praia 26 31
Oslo 7 18 Rio de Janeiro 24 34
TRUE apoiado por: 21h24 0.8 20h58 0,9 20h53 0,8 Paris 15 24 Riga 14 25
03h31 3.1 03h05 3,1 03h04 3,1 Praga 13 26 Singapura 27 33
Fontes: AccuWeather; Instituto Hidrográfico; NOAA-ESRL
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Público • Quarta-feira, 13 de Setembro de 2023 • 37

Os “grandes” não estão a perder mais pontos do que nos últimos anos Desporto

Pontos perdidos pelos da frente

nesta edição da Liga são “normais”
Os pontos estão pela hora da morte no arranque da Liga 2023/24. Que o digam os melhores
da temporada anterior, que têm sofrido em campo para os conquistar de uma maneira pouco vista
MANUEL FERNANDO ARAUJO/EPA

Luís Francisco
No seu conjunto, os quatro primeiros
da Liga 2022/23 já perderam 12 pon-
tos nas primeiras quatro jornadas
desta edição da prova. É um total
ligeiramente abaixo do que se tem
visto nos últimos nove anos, mas ape-
nas marginalmente: entre 2014/15 e
2022/23, os mais bem colocados da
época anterior deixaram fugir, em
média, 12,33 pontos neste período de
arranque da competição. Apesar das
polémicas e das questões que se
levantam sobre a competência e o
momento de forma dos “grandes”, a
verdade é que os números nos falam
de normalidade.
O que tem sido novidade neste
arranque de temporada 2023/24 é a
diÆculdade para garantir resultados
positivos. O FC Porto, que lidera com
10 pontos em 12 possíveis a par de
Boavista e Sporting, só garantiu dois
dos seus triunfos com golos depois
dos 90’ (Rio Ave e Farense) e empatou
com o Arouca já no tempo de com-
pensação. Na outra partida, foi obri-
gado a virar o marcador frente ao
Moreirense. O Sporting, por seu tur-
no, também só bateu o Vizela depois
dos 90’ e somou triunfos à justa sobre
Famalicão e Casa Pia, empatando em
Braga na outra partida. quem veja o copo meio vazio e quem Liga, a macrocefalia é óbvia: BenÆca, primeiras jornadas, seguindo-se FC foi na segunda jornada, quando o
O BenÆca, que perdeu no Bessa na o veja meio cheio. Os primeiros garan- FC Porto e Sporting estão sempre lá Porto (25) e Sporting (26). Em oito Sporting empatou em casa com o
jornada de abertura, viu o Boavista tem que os “grandes” estão mais fra- e o Sp. Braga só falhou por duas edições, o Sp. Braga perdeu 36, Paços de Ferreira, o FC Porto trouxe
dar a volta ao resultado no tempo de cos, os segundos gostam de pensar vezes, permitindo as “gracinhas” de enquanto o Vitória perdeu oito em o mesmo resultado da visita ao Marí-
compensação e quando jogava com que estes podem ser sinais positivos Vitória (em 2016/17) e Estoril 2017/18 e o Estoril outros tantos em timo, o Sp. Braga perdeu em Vila do
10, por expulsão de Petar Musa. de maior competitividade no futebol (2013/14). E, somando os pontos per- 2014/15. Conde e o BenÆca saiu derrotado de
Somou ainda três triunfos: goleada português. didos nas primeiras quatro jornadas Um factor que pode inÇuenciar Arouca.
sobre o Vitória (que teve uma expul- desde 2014/15, percebe-se que os três esta contabilidade é a ocorrência, ou O Sporting é quem mais vezes
são logo aos 18’), bateu o Estrela por Sempre os mesmos “grandes” são bem mais eÆcazes do não, de partidas entre estas equipas defronta os rivais nas quatro jornadas
2-0 com o segundo golo depois dos Quando olhamos para o lote de equi- que quem os acompanha de perto: mais bem classiÆcadas, mas até nisso de abertura, com 10 clássicos nas 10
90’ e triunfou tangencialmente no pas que tem ocupado os quatro pri- em 10 edições da Liga, o BenÆca a época 2023/24 não foge à média. Já temporadas mais recentes (incluindo
terreno do Gil Vicente. meiros lugares nas últimas edições da cedeu apenas 17 pontos nas quatro houve um Sp. Braga-Sporting, sim, a actual). Seguem-se, por esta ordem,
Entre os quatro primeiros da edi- mas noutras cinco edições da prova Sp. Braga (6 partidas), FC Porto (5),
ção anterior, só o Sp. Braga conseguiu nos anos mais recentes também só BenÆca (4) e Vitória (1).
também ganhar por mais de um golo PONTOS PERDIDOS ATÉ À 4.ª JORNADA* houve um duelo de topo até à 4.ª jor- Só em seis ocasiões nas dez tempo-
nesta Liga 2023/24, no triunfo por 4-2 nada. O calendário ditou dois em radas mais recentes um dos quatro
em Chaves (a equipa da casa jogou 2023/24: SC Braga 5 Benfica 3 FC Porto 2 Sporting 2 TOTAL: 12 2022/23 (total de pontos perdidos: 13) primeiros classiÆcados da época ante-
com 10 a partir do minuto 80). De 2022/23: SC Braga 8 Sporting 5 FC Porto 3 Benfica 0 TOTAL: 16 e 2020/21 (13) e três em 2019/20 (19 rior encerrou a 4.ª jornada da edição
resto, empatou com o Sporting, per- 2021/22: SC Braga 5 FC Porto 2 Sporting 2 Benfica 0 TOTAL: 9 pontos perdidos — o máximo no seguinte sem perder qualquer ponto:
deu em casa com o Famalicão sofren- 2020/21: SC Braga 6 FC Porto 5 Sporting 2 Benfica 0 TOTAL: 13 período em análise). o BenÆca fê-lo em 2022/23, 2021/22 e
do um golo na compensação e venceu 2019/20: SC Braga 8 Sporting 5 Benfica 3 FC Porto 3 TOTAL: 19 Só numa época, em 2014/15, não 2020/21; o Sporting em 2017/18 e
tangencialmente em Arouca graças 2018/19: FC Porto 3 Benfica 2 SC Braga 2 Sporting 2 TOTAL: 9 houve duelos até à 4.ª jornada entre 2016/17; o FC Porto em 2017/18. Esta
um golo depois dos 90’. 2017/18: Vitória SC 8 Benfica 2 FC Porto 0 Sporting 0 TOTAL: 10 os quatro melhores da edição ante- época, o Sp. Braga já deixou cinco
Perante estes resultados, há, como 2016/17: FC Porto 3 Benfica 2 SC Braga 2 Sporting 0 TOTAL: 7 rior, mas isso não impediu que eles pontos pelo caminho, o BenÆca três,
sempre — e deixando de lado os que 2015/16: SC Braga 6 Benfica 3 FC Porto 2 Sporting 2 TOTAL: 13 perdessem um total de 13 pontos no FC Porto e Sporting dois. Atendendo,
gostam de resumir a questão à conta- 2014/15: Estoril 8 Sporting 6 Benfica 2 FC Porto 2 TOTAL: 18 arranque da temporada. Talvez por- às diÆculdades sentidas em campo,
bilidade de erros ou decisões duvido- *Pelos quatro primeiros da temporada anterior que — caso raríssimo — houve uma podiam ser bem mais. Mas, feitas as
sas das equipas de arbitragem —, ronda em que nenhum deles ganhou: contas, está tudo normal.
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38 • Público • Quarta-feira, 13 de Setembro de 2023

Desporto

“Portugal vai conquistar o coração

dos adeptos” no Mundial de râguebi
David Andrade
O antigo internacional
inglês Jon Callard afirma
que é “um prazer ver
a habilidade” dos jogadores
portugueses
Foi internacional inglês — esteve no
Mundial de 1995 na África do Sul —,
fez parte da equipa técnica da Ingla-
terra no Campeonato do Mundo de
2007, tendo o papel de trabalhar de
perto com a “lenda” Jonny Wilkinson
e, neste Verão, auxiliou na prepara-
ção de Portugal para a sua segunda
participação na mais importante
competição de râguebi, repetindo a
mesma função: reforçou a equipa
técnica do seleccionador nacional
Patríce Lagisquet, assumindo o papel
de “especialista” de jogo ao pé. Jon
Callard, em entrevista ao The Rugby
Paper, a publicação especializada
em râguebi mais vendida no Reino
Unido, admitiu estar rendido à “habi-
lidade” dos portugueses, deixando
uma certeza: “Portugal vai conquis-
tar o coração dos adeptos” no Mun-
dial 2023.
Jon Callard, ex-internacional inglês, elogiou forma de jogar dos “lobos”
Teve uma carreira de sucesso
como defesa, sempre com a camiso-
la do Bath Rugby, um dos principais
clubes ingleses — destacava-se pelo
seu exímio jogo ao pé —, mas, desde
1998, Jon Callard passou a assumir
funções técnicas.
DR
Começou como adjunto de Andy
Robinson no Bath, em 2000 assumiu
o comando do clube do Sudoeste da
Inglaterra, dois anos depois Callard
foi escolhido para liderar os sub-21
ingleses, e, em 2007, fez parte da
equipa técnica do “XV da rosa” que,
em França, foi vice-campeão mun-
dial, após perder a Ænal no Stade de
France contra a África do Sul.
Sendo uma referência no râguebi
inglês e tendo trabalhado algumas
semanas com Portugal na prepara-
ção para o Mundial 2023, Callard
conversou com o The Rugby Paper,
onde traçou à publicação o perÆl de
um dos adversários do País de Gales,
uma das quatro selecções britânicas
em França. E Jon Callard não foi
comedido nos elogios aos “lobos”.
Após um mês no Centro de Alto
Rendimento do Jamor a trabalhar
com a selecção nacional, o consultor
da World Rugby deÆniu Samuel Mar-
ques, o principal chutador portu-
guês, como “um fenomenal atleta”,
destacando ainda o terceira-linha
Nicolas Martins, que Callard compa-
rou a Olivier Magne, um dos melho-
res Çanqueadores da história do
râguebi francês.
O treinador inglês explicou ao The
Rugby Paper que, após várias sema-
nas a trabalharem a tempo inteiro na
preparação para o Mundial, os joga-
dores portugueses “ganharam visi-
velmente conÆança”, acrescentando
que “seria excelente” se os “lobos”
pudessem “aplicar os seus pontos
fortes” e “mostrassem ao mundo do
râguebi o que fazem”. “Seria emo-
cionante. Muitos jogadores ainda são
amadores”, aÆrmou.
Callard, que aponta como princi-
pal lacuna do râguebi português “a
falta de exposição às equipas do pri-
meiro nível”, o que resulta “em erros
não forçados”, considera que Portu-
gal tem “um ou dois jogadores” que
podem jogar no principal campeo-
nato inglês, e acredita que, pela for-
ma como a equipa portuguesa joga,
vai “conquistar os corações dos
adeptos”: “Têm um estilo de ataque
que lembra o estilo francês das déca-
das de 1980 e 90. Os portugueses são
velocidade e movimento. É um pra-
zer assistir à sua habilidade. Eles
correm, correm, correm… Às vezes
preferia que chutassem a bola, mas
é preciso dar poder aos jogadores.
Se eles querem continuar a correr,
tens apenas de os deixar correr.”
Com o apoio de :

A política parou o futebol na Roménia

“Kosovo é Sérvia” foi a frase ouvida
da voz de adeptos romenos e exibida
em tarjas, ontem, em Bucareste. Foi
com isto que alguns adeptos da selec-
ção da Roménia Æzeram com que a
partida frente ao Kosovo estivesse
interrompida durante 45 minutos.
Aos 22 minutos de jogo, as tarjas e
os cânticos, acompanhados de
tochas, levaram a selecção kosovar a
abandonar o terreno de jogo, em pro-
testo com as acções dos adeptos da
Roménia — um dos cinco países da
União Europeia que não reconhecem
a independência da ex-nação sérvia.
A partida de qualiÆcação para o
Euro 2024 foi suspensa pelo árbitro
francês Willy Delajod (que até já arbi-
minassem. A partida foi retomada sob
a ameaça da UEFA de que seria sus-
pensa deÆnitivamente caso compor-
tamentos deste tipo se repetissem.
Escócia quase no Euro 2024
Dos restantes jogos destaque para a
desilusão (para já) escocesa. Caso
Noruega e Geórgia empatassem no
grupo A, então a Escócia iria tornar-se
o primeiro país, além da anÆtriã Ale-
manha, a garantir a presença no cer-
Classificações
GRUPO A
Jornada 5
tame de futebol do próximo ano.
A premissa, de contornos inespe-
rados, justiÆca-se pela campanha
perfeita dos escoceses, com cinco
vitórias em cinco jogos — entre as
quais frente a Espanha e Noruega.
O problema é que enquanto a Escó-
cia disputava um jogo particular fren-
te a Inglaterra, para celebrar os 150
anos do primeiro jogo internacional
de futebol da história, os noruegueses
estavam a agarrar-se como podiam à
GRUPO C
Jornada 5
improvável possibilidade de irem ao
Europeu. Guiada pelo jovem Nusa,
que fez duas assistências, a Noruega
teve Haaland e Odegaard a desenha-
rem um 2-0 que impediu os escoceses
de celebrarem.
Dos jogos de ontem nota ainda para
o duelo entre Itália e Ucrânia, que
acabou por ter um perÆl semelhante
ao que os italianos tinham tido no
empate com a Macedónia do Norte.
A equipa de Luciano Spalletti vol-
GRUPO F
Jornada 5
tou a ter períodos de jogo de alto
nível, com dinâmica, criatividade,
criação de oportunidades de golo e
momentos de autêntico “massacre”.
Chegou inclusivamente ao 2-0 (golos
de Frattesi), mas, tal como com os
macedónios, deixou o adversário
crescer.
Yarmolenko reduziu e a Itália ainda
foi obrigada a sofrer, quando os pri-
meiros 30/35 minutos sugeriam uma
vitória mais do que confortável.
GRUPO I
Jornada 6

trou na Liga portuguesa, ao abrigo do Espanha-Chipre 6-0 Itália-Ucrânia 2-1 Bélgica-Estónia 5-0 Suíça-Andorra 3-0
Noruega-Geórgia 2-1 Malta-Macedónia do Norte 0-2 Suécia-Áustria 1-3 Israel-Bielorrússia 1-0
protocolo de cooperação de arbitra- Roménia-Kosovo 2-0
gem entre Portugal e França), que, J V E D M-S P J V E D M-S P J V E D M-S P J V E D M-S P
em conjunto com os responsáveis da Escócia 5 5 0 0 12-1 15 Inglaterra 5 4 1 0 16-2 13 Bélgica 5 4 1 0 13-1 13 Suíça 6 4 2 0 17-5 14
UEFA, considerou que não havia con- Espanha 4 3 0 1 16-3 9 Itália 4 2 1 1 6-4 7 Áustria 5 4 1 0 12-4 13 Roménia 6 3 3 0 9-4 12
dições para a partida continuar, até Noruega 5 2 1 2 7-8 7 Ucrânia 5 2 1 2 6-7 7 Suécia 5 2 0 3 11-8 6 Israel 6 3 2 1 7-7 11
pela insistência kosovar em não par- Geórgia 5 1 1 3 5-13 4 Macedónia do Norte 5 2 1 2 7-12 7 Azerbaijão 4 0 1 3 2-11 1 Bielorrússia 6 1 1 4 4-11 4

ticipar no jogo enquanto as tarjas Chipre 5 0 0 5 2-17 0 Malta 5 0 0 5 1-11 0 Estónia 5 0 1 4 2-16 1 Kosovo 6 0 4 2 5-8 4
Andorra 6 0 2 4 3-10 2
fossem exibidas e os cânticos não ter-
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Vingegaard e Roglic abrem “guerra
civil” contra o seu líder na Vuelta
Diogo Cardoso Oliveira
A equipa Jumbo correu
individualmente,
uma estratégia com base
racional, mas também
bastante discutível
Ontem, na Volta a Espanha, viu-se
um dos Ænais de etapa mais curiosos
dos últimos anos no ciclismo mun-
dial, numa tirada ganha por Jonas
Vingegaard. Sepp Kuss, da Jumbo,
era e é o líder da corrida, seguido dos
colegas Primoz Roglic e Vingegaard.
Com a vitória na Vuelta praticamen-
te garantida para a equipa neerlan-
desa, esperava-se que Kuss, que
trabalhou para Primoz e Roglic nos
últimos anos, fosse protegido pelos
seus “amigos” e colegas até à etapa
Ænal. De repente, Vingegaard atacou.
“Roubou”, primeiro, o segundo
lugar de Roglic e começou a colocar
em perigo o primeiro, de Kuss. Eis
que Roglic atacou também, deixando
o líder para trás (chegou pouco antes
Capital sem pátria
Opinião
José Manuel Constantino
Marx tinha razão: o capital não tem
pátria. Mas a nacionalidade da
propriedade conta e conta muito.
O modo como regimes não
democráticos, como aqueles que
se abrigam em torno dos países
árabes, se inÆltraram no mundo
dos negócios de desporto, que não
apenas o futebol, revelam uma
tendência em que o poder obscuro
do capital tudo envolve e tudo
compra.
Um trabalho apurado descobre
que por detrás das modalidades
desportivas economicamente mais
poderosas e dos negócios que lhes
estão associados está o poder do
capital árabe, seja resultado de uma
economia saudável e escrutinada,
seja o resultado dos lados mais
obscuro do mundo do capitalismo.
A instância olímpica, porventura
a última reserva moral de um
de João Almeida, que segue em déci-
mo). Esta é a interpretação de quem
não aceitará a “guerra civil” numa
equipa que apenas precisava de con-
trolar a corrida.
Outra leitura, menos dramática, é
suportada por factos. E os factos
dizem-nos que Vingegaard, que pare-
ce ser o mais forte dos três, ganhou
um minuto a toda a gente, podendo
desporto respeitado, não Æcou
imune a este vírus, e os escândalos
em que se envolveram algumas
Æguras proeminentes aí o estão a
provar. Nada assegura que o
problema não tenha recaídas.
Direitos humanos, respeito pelas
minorais étnicas, sociais ou sexuais,
respeito pelos direitos laborais,
tudo é esquecido em função do
sacrossanto poder do capital. E
como o capital não tem fronteiras,
descobrimos uma série de
organizações desportivas nacionais
com a presença de capitais
oriundos desses países num
movimento de captação de poder
que faz as delícias de quem deles
beneÆcia, mas que hipotecam a
independência dessas
organizações.
O movimento migratório, para a
alguns desses países, de grandes
atletas em Ænal de carreira e de
outros técnicos desportivos não
coloca, na generalidade dos casos,
qualquer problema de consciência
moral, como não coloca a crescente
designação de dirigentes desses
países para estruturas de topo do
MANUEL BRUQUE/EPA
ser uma opção mais válida em caso
de um azar ou fraqueza de Kuss — no
fundo, a Jumbo garantiu ainda mais
a vitória na Vuelta, não conÆando a
100% na terceira semana de Kuss. E
esta leitura baterá certo com a boa
disposição de Kuss no Ænal da etapa,
aos risos e abraços com os colegas,
minutos depois de ter sido atacado
pelos próprios companheiros.
movimento desportivo mundial.
A estratégia de controlo obedece
a um cuidado movimento junto das
principais alavancas do desporto na
sua dimensão de negócio e o futebol
não é distinto do que se procurou
no golfe ou no automobilismo.
Esta tendência, de investimento
de regimes não democráticos de
várias latitudes do globo em
organizações e projectos
desportivos, não é de hoje e
moldará o desporto nos próximos
anos. Resta aspirar que nesta
submissão ao mundo dos negócios
o desporto possa dar algum
contributo para a democratização
destes países no sentido de
respeitarem os direitos humanos no
seu entendimento mais extensivo, e
não para agravar a suspeição em
torno da transparência e
integridade das suas competições e
de quem as governa.
Infelizmente, da parca
informação explorada e disponível
na comunicação social nacional, o
caminho tem sido tormentoso e o
balanço preocupante. Este jornal
tem sido uma honrosa excepção, na
Público • Quarta-feira, 13 de Setembro de 2023 • 39
Classificações
16.ª ETAPA
1. Jonas Vingegaard (TJV) 2h38m23s
2. Finn Fisher-Black (UAE) a 43s
3. Wout Poels (TBV) a 49s
GERAL INDIVIDUAL
1. Sepp Kuss (TJV) 57h18m10s
2. Jonas Vingegaard (TJV) a 29s
3. Primoz Roglic (TJV) a 1m33s
Jonas Vingegaard não teve
rivais à altura na etapa
de ontem da Vuelta
As respostas serão conhecidas pos-
sivelmente já hoje, na subida ao Angli-
ru, onde Vingegaard poderá acabar
o dia de camisola vermelha. E aí se
verá se foi “guerra civil” ou apenas
estratégia bem medida. Fica a “pulga
atrás da orelha” sobre o plano de ter
Vingegaard, Roglic e Kuss a correrem,
aparentemente, uns contra os outros.
Para já, rendeu uma vitória.
investigação dos circuitos que o
capital de vários países árabes tem
feito pela Europa e por Portugal
num esforço de esclarecimento que
deve ser saudado. Até porque esse
trabalho contrasta com o silêncio da
generalidade de outros meios de
comunicação social perante uma
ocorrência que está a conÆgurar o
desporto das próximas décadas.
Regressemos a Marx, esse
defunto, cujas ideias ainda não
deixam de inquietar as mentes mais
brilhantes, seja para o defender,
seja para o contestar. Em tempos de
globalização e de neoliberalismo, há
capital com rosto e, como é da sua
própria natureza, existe para se
reproduzir. Cabe às dinâmicas
democráticas e respeitadoras dos
direitos humanos defender os
termos dessa reprodução e
demonstrar que o neoliberalismo e
o poder do capital, como o
“espírito” do tempo, não podem ser
deixados sozinhos na evolução da
humanidade.
Presidente do Comité Olímpico
de Portugal
Desporto
Breves
Ténis
Simona Halep
suspensa por quatro
anos por doping
A tenista romena Simona
Halep, antiga número um do
ranking WTA, foi ontem
suspensa por quatro anos
devido a duas violações dos
regulamentos antidoping,
anunciou a Agência
Internacional de Integridade
do Ténis (ITIA). A atleta de 31
anos, que já estava suspensa
desde Outubro de 2022, pode
recorrer da decisão. Um painel
de especialistas
independentes e que não tem
acesso à identidade da pessoa
cujos dados avalia, analisou o
passaporte biológico de Halep
e concluiu que a vencedora de
Roland Garros em 2018 e
Wimbledon em 2019 “usou
substâncias ou métodos
proibidos” durante 2022 com
base numa colecta e análise
de 51 amostras de sangue.
Futebol
Portugal goleia
e lidera qualificação
para o Euro sub-21
A selecção portuguesa de
futebol sub-21 assumiu ontem
a liderança do Grupo G de
qualificação para o
Campeonato da Europa de
2025 da categoria, ao golear a
Bielorrússia por 5-0, no
segundo jogo no
agrupamento. Na partida
disputada em Armavir, na
Arménia, uma vez que os
bielorrussos estão
sancionados pela UEFA devido
à guerra na Ucrânia, a equipa
das “quinas” marcou por Fábio
Silva, aos nove e 34 minutos, o
último de penálti, Henrique
Araújo (26’), João Marques
(44’) e Rodrigo Gomes (89’).
Com este resultado, Portugal
lidera o grupo com seis pontos
em dois jogos.
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Quarta-feira, 13 de Setembro de 2023

BARTOON LUÍS AFONSO

Mariana Mortágua e o direito fundamental

dos não residentes a fazerem os seus negócios
notícia, tendo igualmente apagado trabalho em Portugal. O direito de Outra vez: não digo que a
Sementes as correspondentes publicações propriedade e a liberdade proposta do Bloco seja boa ou que
de alfarroba nas redes sociais. Claro que se económica não são como o direito seja eÆcaz. O que digo é que os que
especulou sobre a seriedade do à vida. Podem, e devem se for não aceitam sequer discuti-la
DN, uma vez que foi o único órgão preciso, conhecer restrições. fazem-no por uma questão de
de comunicação social a fazer esse Não estou a dizer que a proposta princípio. E digo também que têm
erro. Mas não vejo que seja esse o do Bloco é boa ou que ela será os princípios invertidos. Os bons
caminho. Como disse o poeta José eÆcaz no combate à crise da princípios aqui exigiriam que se

U
Carmo Afonso
m título do Diário de
Notícias (DN) dava
conta de uma
proposta de Mariana
Mortágua, para
combater a crise da
habitação, na qual, supostamente,
proibia a venda de casas a
estrangeiros.
O alvoroço instalou-se. De vários
lados ouviram-se acusações graves
à líder do Bloco: desde “xenofobia
progressista e do bem” a “delírio
revolucionário criminoso.” Não
foram suaves as reações ao título
da notícia do DN. Importa aqui
fazer já um atalho: Mariana
Mortágua nunca defendeu a
proibição da venda de casas a
estrangeiros, mas, sim, a não
residentes (à exceção de
portugueses não residentes).
Tratou-se de um erro do DN, que,
aliás, acabou por apagar o título da
Régio: “Não vou por aí.”
É diferente pretender proibir a
venda de casas a estrangeiros e
proibir essa venda a não
residentes. Não está em causa um
critério de nacionalidade, mas sim
o uso que será dado às casas. O
Bloco não quer excluir os
estrangeiros da possibilidade de
comprarem casa em Portugal,
apenas aqueles que não residem cá
e que o querem fazer para
investimento ou negócio.
A proposta do Bloco de que
falava Mariana Mortágua está mais
do que esclarecida e o título foi
apagado. Lamentavelmente, os
críticos ferozes não recuaram nas
suas acusações. Mantiveram-nas.
Esta falta de integridade inquina o
debate público e seria um
excelente tema para um artigo.
Mas, outra vez, “não vou por aí”.
Porque insistem os críticos de
Mariana Mortágua em criticá-la
quando está claro que a proibição
visa apenas não residentes?
Arrisco dizer que, desde o início,
nunca foi a xenofobia de Mortágua
que os preocupou. Têm uma
intolerância visceral a qualquer
restrição ao direito de propriedade
e ao direito a fazer negócios —
mesmo que estejamos a falar de
cidadãos estrangeiros com
condições socioeconómicas
esmagadoras em comparação a
quem vive dos rendimentos do seu
habitação. Esse não é o ponto desta
discussão. O ponto aqui é que a
direita, e infelizmente algumas
pessoas que se dizem de esquerda,
não aceitam discutir a
possibilidade de restringir o direito
de propriedade numa situação de
emergência. É disto que se trata.
Há milhares de pessoas que não
conseguem arrendar casa e ainda
menos comprar uma. Há outras
tantas que não estão a conseguir
pagar as prestações dos
empréstimos. Uma geração inteira,
à exceção daqueles que tiveram
ajuda familiar, está excluída do
sonho de ter uma casa digna para
viver. Mas nada disto faz acender a
indignação e a revolta dessas
pessoas. Com isso, podem muito
bem. O problema é se a Mariana
Mortágua se atreve a propor que
cidadãos não residentes em
Portugal sejam proibidos de fazer
cá investimentos imobiliários. Aí
sim, cai o Carmo e a Trindade.
protegesse quem quer ter uma casa
para morar em detrimento de
quem quer fazer negócios
imobiliários, ou seja, exigiriam que
se discutisse a proposta.
São pessoas que adoram os
exemplos vindos de fora,
sobretudo os exemplos dos países
ricos. Seria então conveniente que
tivessem presente que na
Dinamarca os estrangeiros não
podem mesmo comprar casa, salvo
uma autorização especial do
Governo para o efeito. Os
dinamarqueses, esses temíveis
revolucionários de
extrema-esquerda. ReÆro este caso
simplesmente para reforçar que é
possível numa social-democracia
europeia defender o interesse dos
nacionais e que a nossa postura
perante a União Europeia peca por
mansa. E acredito mesmo que
teremos de ir por aí.
Advogada

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