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SARAU DA ALEPON
Publicação Oficial da Academia de Letras, Ciências e Artes de Ponte Nova/MG
Junho/2023
Expediente
Revista Sarau da ALEPON
Publicação Oficial, N.8
Distribuição Gratuita
Circulação – Junho de 2023
Conselho Editorial
Júlio César de Oliveira
Gilson José de Oliveira
Alfredo Padovani - Registro Profissional 08.779
Editores / Revisores
Gilson José de Oliveira
Alfredo Padovani
Páginas
50 páginas
8
Fotos: Divulgaçã o
O público marcou presença na noite de autógrafos de Luciano Sheikk
O Cé u das Artes Ruy 3 ª E d i ç ã o d o P r o j e t o poesia, um romance e 4
Meherb, localizado no Educaçã o, Arte e Cultura. O livros de pesquisa. Já o
Centro Histó rico de Ponte fotó grafo Costa Melo lançou artista plá stico e acadê mico
Nova, é um espaço pú blico uma revista de fotogra ias Ademar Figueiredo
municipal, construı́do com de Ponte Nova, destacando organizou uma exposiçã o de
verba federal. O local abriga os espaços histó ricos. artes plá sticas, explicada
a Biblioteca Municipal e O e s c r i t o r e por ele quanto a ordem de
recebe ou promove eventos acadê mico Luciano Sheikk apresentaçã o que melhor
culturais. Na noite de 30 de fez um relato de suas obras, ajudaria a compreensã o do
março de 2023, promoveu a lembrando os 4 livros de visitante.
Estiveram
presentes alunos da
Escola Municipal
Reinaldo Alves Costa
e de uma faculdade de
Ponte Nova.................
V á r i o s
acadê micos da Alepon
compareceram,
prestigiando o
desempenho dos
c o l e ga s , Ad e m a r e
Sheikk.
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Estudantes também prestigiaram a Noite Cultural
i
l ú d co
“O Lú dico apresenta valores especı́ icos para todas as fases da vida humana.
O Lú dico resgata a participaçã o das pessoas com uso da imaginaçã o. A educaçã o
lú dica está distante da concepçã o ingê nua de passatempo, brincadeira vulgar,
diversã o super icial. Ela é uma açã o inerente na criança, no adolescente, no
jovem e no adulto e aparece sempre como uma forma transacional em direçã o a
algum conhecimento, que se de ine na elaboraçã o constante do pensamento
individual em permutaçõ es com o pensamento coletivo.”
Revista Sarau dedicam parte do seu Nos velhos tempos, o
destaca uma das tempo contando povo se reunia ao redor
atividades lú dicas mais histó rias por aı́ . Sã o da fogueira para
antigas: Contar elas: Maria das Graças d i a l o g a r, n a r r a r
Histó rias. Uma volta ao Bigon Sanches e Ester acontecimentos.
passado que se faz Alves Magalhaes Contavam e repetiam
presente e contagia. Trindade. histó rias, para guardar
Vamos conhecer duas Contar histó rias é a suas tradiçõ es e sua
a c a d ê m i c a s q u e mais antiga das Artes. lı́ngua.
Maria das Graças Bigon Sanches e Ester Alves Magalhã es Trindade fazem
parte da Alepon, na Sessã o Poesia. Elas desenvolvem um trabalho voluntá rio de
Contaçã o de Histó rias nas escolas e entidades, desde que convidadas. Já se
apresentaram nas escolas: Senador Antô nio Martins, Carlos Trivellato, Luıś
Martins Soares Sobrinho, Reinaldo Alves Costa, Quadra Esportiva do Bairro
Triâ ngulo (Semana do Idoso), Encontro de “Vides” - Divinó polis, Escola D. Bosco e
Escola José Maria da Fonseca.
Recriando textos, poesias, estó rias, vã o espalhando sementes de alegria, de vida.
E uma atividade prazerosa que transmite valores e desperta interesses pela cultura.
-Olá ! Eu sou Graça! Nos revestimos de Aqui e ali
- Olá ! Eu sou Ester! alegria Estamos a caminho
Somos professoras. E com muita emoçã o Levando o nome da
Gostamos da arte A “estó ria” lui. Alepon
De representar. No palco, ou atrá s da E o nosso compromisso
Provocar o riso cortina De educadoras
A emoçã o A magia acontece! E sempre uma novidade
E criar um tempo novo. Faz tempo Nã o tem idade
Esticamos um varal. Que vivemos Pra se ouvir “estó rias.”
Amarramos uma cortina. 11
Nessa aventura.
O mê s de março de 2023
foi muito especial para o
cidadã o Joã o Bosco de Freitas
Mucci. Ele tomou posse como
membro efetivo da Academia
Lı́ b ano-Brasileira de Letras,
Artes e Ciê ncias. O ano é
marcante para os libaneses que
vieram para o Brasil. Sã o 140
anos de imigraçã o. O pai de
Joã o Bosco, Daniel Mucci,
Reinaldo e João Bosco: encontro de craques
vendedor de seguros e goleiro
do Pontenovense Futebol Clube (há quem diga que poderia ser
pro issional), deixou o Lıb ́ ano em busca de uma vida melhor. Nas margens
do rio Piranga, em Ponte Nova, encontrou trabalho e a professora Lilá
Freitas (Acadê mica da ALEPON). O casal formou uma famıĺia com muitos
ilhos e muitos artistas.
A A c a d e m i a L ı́ b a n o - Compõ e-se a ALB de 40 membros
Brasileira de Letras, Artes e efetivos, acadê micos de honra,
Ciê ncias (ALB) é uma instituiçã o s ó c i o s c o r r e s p o n d e n t e s n o
cultural inaugurada em 09 de exterior, membros colaboradores e
setembro de 2022, com sede no Rio membros a iliados.
de Janeiro, cujo objetivo é o de O cantor Joã o Bosco tomou
cultivar e preservar a criatividade posse e foi diplomado pelo Cô nsul
literá ria, intelectual, artıśtica e os Geraldo do Lıb ́ ano no Rio Janeiro,
valores culturais do Lı́ b ano e Alejandro Bitar. Ele ocupa a cadeira
á r a b e s n o B r a s i l , a l é m d e de nº 20, cujo o patrono é o saudoso
salvaguardar, promover e divulgar compositor Tito Madi. O pró prio
as obras literá rias, artıśticas e de acadê mico escreveu sua biogra ia.
c i ê n c i a d o s s e u s p a t r o n o s , Vale a pena conferir.
f u n d a d o r e s e a c a d ê m i c o s .
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Os acadêmicos Alfredo Padovani, Dona Lilá Mucci e o cantor João Bosco
H á u m a s u s p e i t a d e q u e a d e s c o n i a d o s d a c o l ô n i a á ra b e
escassez de cabelos na cabeça in lui na pontenovense. Como primeiro ilho
quantidade do sono. Enquanto isso homem ajudei em sua redençã o.
meu nariz aponta para a linha do nada
onde tudo se reparte em ideias, ilhas e Cresci em meio aos matagais,
continentes. Meus olhos con irmam trilhas, mata-burro, veredas e grutas;
tudo. A minha boca é toda ouvidos para descalço, tive os pé s regulados para
o meu coraçã o. Os meus ouvidos andar por esses caminhos ao som de
atentam para outras bocas. pios de uma fauna alegre e ingê nua;
matuto, vivia contando estrelas,
Amamentado pelo meu violã o, ouvindo carrilhõ es e sonhava muito.
moro na estrada. Sem saber quem sou e
nem porque vim, eu vou. Da primeira Quando os libaneses se reuniam
vez que nasci, lá pelo ano de 1946, em nossa casa, se entendiam naquela
trouxe comigo uma grande alegria para lın
́ gua de quem gosta de montar em
o meu pai que até aquele momento camelo. Eu achava aquilo meio
contabilizava o feito de cinco moças e estranho. Era como clamar no deserto.
mais os olhares interrogativos e
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Logo depois eu aprendi a fumar, cidade natal. Angela, minha
m a t a r a s a u l a s d e u m C o l é g i o companheira insepará vel em todas
Salesiano, e fui apresentado a um anjo essas andanças e mã e dos nossos
de grande topete negro, envergado ilhos, foi criada em Ponte Nova mas
sobre uma guitarra, cuja cançã o dizia t a m b é m é n a t u r a l d a C i d a d e
para mim: Vai Joã o, ser torto na vida. Maravilhosa. Bem que eu devia ter
Passei pela terra de Aleijadinho e o descon iado que aquelas Congadas e
meu coraçã o que até entã o era vadio, Folias me trariam até Clementina de
icou barroco. Subi e desci ladeiras. Jesus. O meu coraçã o icou ativo e
Descobri que na vida existem mais cantou: “Atividade no Abano / Antes
hipó teses que teoremas. Supor é que o fogo se apague”.
melhor que demonstrar e na dú vida
mora a vontade de continuar. Eu sou do signo de Câ ncer, por isso
pre iro uma toca, entretanto aprendi a
Foi assim que deixei a memó ria, o contrariar o meu signo vá rias vezes,
patrimô nio de sé culos construı́dos por isso gosto tanto de viajar por esse
pelas mã os do homem, o calçamento mundo afora, só nã o consigo contrariar
em forma de pé -de-moleque, o silê ncio o meu signo de mineiro.
das almas, o barulho interno de minha
alma. Calcei os sapatos, peguei o trem e Eu sei que esse deveria ser um retrato
vim pra cá , onde as ruas sã o largas, pintado ou desenhado, falado ou
retas e simé tricas; as sirenes sã o escrito do autor pelo pró prio autor,
cortantes e os pastores das almas sã o mas quando se trata de revelar-me,
barulhentos. O vizinho nã o mora ao pre iro assim, meio de lado (do jeito
lado, as á rvores sã o introvertidas e os que a gente anda no samba), no lugar
pios das aves sã o intrigantes. de frente ou verso. O silê ncio, a
liberdade e a terceira margem do rio
Quando nasci da segunda vez, o meu foram inventados em Minas Gerais.
coraçã o bateu a lito. Mas logo que vi o
mar, serenei pois tudo que havia O amor é o meu dia de folga. Meu
existido voltou subitamente e volta melhor trabalho é a minha famı́lia,
sempre quando estou caminhando no minha alegria é Rubro-Negra. Quem
c a l ç a d ã o q u e va i d o L e b l o n a o sabe de mim é o meu violã o. Nesse im
Arpoador. Aı,́ o que foi e o que poderia de semana, se eu nã o for pra Belô , a
vir a ser andam comigo, incluindo as gente se cruza do calçadã o.
sementes, o pã o de queijo e a goiabada
cascã o. João Bosco
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Pontenovense, viveu a infâ ncia e a
mocidade em Anna Florê ncia, onde
moraram seus pais, Alfredo de Souza
Rodrigues (vindo de Alé m Paraıb́ a) e Edina
Braga Rodrigues (nascida em Cataguases).
Ludovina aposentou-se de cargo efetivo na
Superintendê ncia Regional de Ensino e foi
diretora da Escola Municipal Dr. José
Mariano. Foi també m professora na FAVAP-
Faculdade de Ciê ncias Humanas do Vale do
Piranga, ministrando Teoria Literá ria e
Introduçã o ao Estudo de Texto.
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Por Alfredo Padovani
No ú ltimo dia 26 de fevereiro, a Rá dio O rá dio era o lugar onde se brincava
Sociedade Ponte Nova completou 80 anos de calouro e concorria a prê mios nos
de existê ncia. Lá no distante ano de 1943, programas de auditó rio. Onde se vibrava
surgia uma emissora no interior de Minas, sem poder ver com os des iles das escolas e
fruto da coragem e determinaçã o de blocos carnavalescos. Onde, em frente ao
pessoas empreendedoras, reunidas em radinho à pilha, muitas vezes as lá grimas
torno da Associaçã o Comercial e Industrial rolaram ao ouvir as mú sicas româ nticas. O
rá dio, esse velho e insepará vel amigo, que
de Ponte Nova. Quantas histó rias, notıćias,
vem me trazendo emoçõ es desde que me
prestaçõ es de serviços foram irradiadas
entendo por gente. Esse rá dio que um dia
atravé s dos seus microfones! E até difıćil de me permitiu falar aos seus microfones,
quanti icar. Fato é que a emissora faz parte realizando um sonho de criança.
do cotidiano da cidade e da regiã o.
Viva o rá dio com todas as suas
i m p e r f e i ç õ e s e p e r f e i ç õ e s d e u m
equipamento que une e faz companhia.
Vivam os locutores, sonoplastas, té cnicos,
redatores e todo seu pessoal de apoio.
Parabé ns à Rá dio Ponte Nova! Que sua vida
seja longa até onde suas ondas possam
encontrar um ouvinte.
O esporte, mais precisamente o futebol, chegou ao bairro por volta de 1912 e logo
ganhou adeptos. Durante quase 30 anos, vá rias equipes esportivas surgiram e acabaram
em Palmeiras. As mais duradouras foram “Marianos" e "Brasil". O nú cleo inicial do que
viria a ser o Palmeirense se formou em 1913 com o nome de Brasil Futebol Clube. Trinta
anos depois, em 10 de outubro de 1943, surgiu o Esporte Clube Palmeirense, reunindo
todos os desportistas do bairro sob uma mesma bandeira. O ato aconteceu no Cine Brasil,
em assembleia presidida pelo professor Antô nio do Carmo Pinheiro.
Já o Está dio Má rio Lobo, o Pau D’Alho, tem o inıćio de sua construçã o em 1945, em
terreno doado pela prefeitura, atravé s do prefeito Cid Martins Soares. Em 1949, o
Palmeirense tornou-se campeã o da cidade jogando já no seu Está dio.
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A Sede Social, na Travessa Antô nio Gomes de Queiroz, projeto arquitetô nico do
engenheiro Aldo Aviani, só icaria pronta em setembro de 1974.
Esse valioso patrimô nio da cidade, chamado Palmeirense nã o é só fıśico, é
també m a memó ria de muita gente querida, muitas realizaçõ es, promoçõ es, eventos,
presenças e ausê ncias.
Trata-se de um Clube que tem sua marca no
cená rio esportivo mundial, dado que por aqui
passaram també m atletas que brilharam na
seleçã o brasileira de futebol, de vô lei, de
handebol, e artistas que dançam, cantam e
representam mundo afora. E uma histó ria de
arrojo e determinaçã o.
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Graça Bigon, acadê mica ilosofar e poetar.
da Alepon, professora O livro revela uma
de Geogra ia, acaba de autora preocupada com
publicar seu livro de a bondade do mundo,
poesia, Germinaçã o. com pessoas boas, com
Nele, reú ne poesias de relacionamentos que
Fotos: Gilson José de Oliveira
“Eu nã o consigo entender o homem aqui na terra destruindo á rvores, lorestas.
Tudo, tudo é belo”. Ou seja, a esté tica da poesia se casa com esté tica da vida, até porque
a vida nã o pode dissociar-se da poesia.
En im, é um vir e ir dentro de si, levando algo que construa o mundo, ou pelo
menos ajude a construir, e algo trazendo que a eleve, transcenda, poeticamente
ressigni icando. Saudamos com alegria a publicaçã o de Graça Bigon. Declamadora,
colaboradora sempre presente, agora acadê mica, entrando nesse processo de
germinaçã o da poesia.
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Fazendas Antigas: Um passeio
pela História de Ponte Nova
Os acadê micos da Alepon, Gilson José
de Oliveira e Alfredo Padovani, lançaram, no
inal de 2022, a revista Fazendas Antigas,
um passeio pela histó ria de Ponte Nova, por
ocasiã o dos seus 156 anos de emancipaçã o
polıt́ica. Alfredo, jornalista, Gilson, iló sofo e
teó logo, pó s-graduado em Histó ria do
Brasil, abordam o protagonismo polıt́ico e
Fotos: Alfredo Padovani
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Fazenda Esperança/Resende: produtora de café no passado e doces especiais na atualidade
Fotos: Album de Famıĺia
A arte pode levar qualquer pessoa
aos lugares mais distantes, belos e
sofisticados do mundo. Assim
aconteceu com o cantor Léo Belico,
nascido em Piedade de Ponte Nova,
quando era distrito de Ponte Nova. Lá
pelos anos de 1950, o bancário de
profissão, cantor de bailes e casas
noturnas de Belo Horizonte resolveu
fazer a mala e partiu para Buenos Aires.
Fez tanto sucesso cantando sambas e
boleros numa boate daquela cidade, que
acabou sendo convidado para se
apresentar numa das mais importantes
Léo aos 30 anos no auge do sucesso emissoras de rádio da capital portenha.
Não demorou muito estava cantando na
Casa Rosada, sede do governo argentino.
Filho de pais músicos, Léo começou cantando no coro da igreja e logo a família ganhou
espaço nos saraus musicais de Ponte Nova. Mudou-se para Belo Horizonte e lá passou a se
apresentar em casas noturnas e na Rádio Guarani. Já havia ingressado como office boy no
Banco Credireal e depois no Banco Mineiro da Produção (que depois se tornou Bemge). De
férias em Buenos Aires, ele frequentava os bares e boates quando, por acaso, foi
descoberto por um produtor da Rádio El Mundo.
No início da década de 1960, com saudades das terras mineiras, resolveu voltar para
BH. No Brasil e com fama internacional,
participou de vários programas de
televisão em São Paulo e da famosa
Rádio Nacional do Rio de Janeiro. Em 30
de abril de 1968, animou o baile dos 50
anos de fundação da Sociedade
Esportiva 1º de Maio como principal
atração da Orquestra de Gilberto
Santana. Nos primeiros anos da década
de 1970, participou do Programa
Mineiros Frente a Frente, da TV
Itacolomi de BH. Ele defendeu Ponte
Nova com sua voz marcante e afinada.
Léo faleceu em 2011. 24
Léo já aposentado em seu apartamento em BH
150 Anos do Hospital Nossa Senhora das Dores
Marco importante da história de
Ponte Nova, o Hospital Nossa Senhora
das Dores completa 150 Anos neste
2023. Sua construção evoca uma época
de enfrentamento das dificuldades, de
empreendimentos vultosos, de união do
povo para as grandes causas.
Também o Imperador Dom Pedro II, em visita ao Hospital, no dia 30 de junho de 1886, fez a
doação de 400$ (Quatrocentos réis). O padre Gerônimo Migliarini, que colaborava
generosamente nas atividades do Hospital, instituiu, em 1904, a Romaria 13 de Maio que
desde aquele ano até hoje continua sendo o Dia do Hospital.
Uma comissão foi constituída para administrar a obra, tendo a frente o médico Leonardo
José Teixeira da Silva, auxiliado pelo Frei Paulino Vicente Fabbri.
Na noite de 3/5, Luciano Sheikk ministrou palestra sobre suas pesquisas, as quais
ilustram o livro “A Histó ria da Literatura em Ponte Nova” - publicado em 2013 como
projeto da Alepon. Em seguida, houve sorteio de exemplares do livro “Poesia Ensinada aos
Jovens”, de Ivo Barroso, provenientes de doaçã o à Câ mara Municipal.
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Sheikk destacou os pioneiros da e contistas, mencionou a atuaçã o da
literatura local, a começar pelo jornal O Alepon (desde 1994) e de outras
Rio Doce, de 1886, mencionando nomes instituiçõ es para viabilizar a ediçã o de
de poetas e cronistas que se sobressaıŕam livros. Concluiu falando sobreo
na cidade e se projetaram na regiã o, no jornalismo cultural de hoje, expresso por
Estado e no Brasil. Ele deu ainda espaço diversos setores, incluindo a coluna Arte
para quem difundiu a literatura nos & Cultura da Folha de Ponte Nova.
jornais e nas escolas.
O palestrante lembrou o
Suplemento Literá rio do Jornal do Povo
(meados dos anos 1950). Citou escritoras
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Fotos: Album de Famıĺia
A Diretoria Cultural da 7ª Sub Secção da Ordem dos Advogados (OAB), coordenada pelo
acadêmico, professor e advogado Wander Silva, através do Projeto Ponte Nova Canta,
presta homenagem ao ex-jogador do Clube Atlético Mineiro e Seleção Brasileira, Reinaldo
de Lima, chamado pela torcida do Galo de Rei. O evento acontece em 18/08/2023, no
auditório da OAB, no Centro Histórico de
Ponte Nova (19 horas). A entrada é franca,
mediante apresentação de senha. A ideia é
homenagear personalidades ponte-
novenses, principalmente aquelas ligadas as
artes e cultura.
Escritor já tarimbado de
outras publicações, Dr. João Lisboa
vai desvelando, ao correr dos contos, etnias, intrigas mundiais, viajar pela filosofia, mas é
com naturalidade, sua ampla e também enriquecer o vocabulário, dado que expõe
profunda cultura, vasta visão de um repertório clássico que exige, até mesmo do
mundo. Ampla, porque abarca uma leitor mais familiarizado com um linguajar elevado, a
variedade de temas que vão da presença amiga do dicionário.
medicina mais avançada até as
religiões, da arte à história, dos Seus contos são curtos e possuem trama que
avanços tecnológicos ao passado flui e prende. Convidam a viajar, imaginar, criar e
remoto, da ecologia à enologia. recriar. E possuem a característica de encerrar o
Projeta acontecimentos a trezentos enredo abruptamente, com a presença do inusitado,
anos futuro, delineando como da incerteza, o inesperado. Assim como na vida, as
poderia ser o mundo daqui a dois narrativas são atravessadas por fatos que
séculos e meio. Mas não é um interrompem os sonhos, impõem mudanças de rota,
sobrevoo super ficial: desce à surpreendem o leitor, assim como na vida, fica-se na
profundidade, com domínio suave mão quando não se tem segunda possibilidade. Bem
sobre dos assuntos que vai na linha do que propõe Edgar Morin, a história é
espalhando pelo livro. Ler seus muito mais eivada de incertezas. Preparamo-nos
contos é apreender paisagens, intensamente para algo, mas o inesperado muda ou
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interrompe o planejado.
Dr. João Lisboa cria história de um espaço mal Ler a presente obra é
também universos assombrado, de forças um momento de prazer, de
sobrenaturais, contatos invisíveis que movem e conhecer melhor o estilo de
reiterados com situações removem nossos grande escritor que é João
em que a lógica não tem a ambientes, de porteiras que Lisboa, de fôlego, de grande
explicação. O universo se abrem sozinhas, de capacidade inventiva e
conspira além do que é telhados que assoviam e narrativa, surpreendente.
visível e sensível. Nele, a atiram pedras. O que faz
margem para a influência inferir, não poucas vezes,
do invisível é constante e que as forças do universo
possível, abordada como não são apenas físicas. Há
corriqueira e usual na vida. conspirações para o bem e
De fato, cada leitor tem sua para o mal.
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Fotos: Arquivo Pessoal
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A contaçã o de difusã o de valores tidos identidades culturais via
histó rias é uma forma como necessá rios para o memó ria oral. Diferentes
lú dica de transmissã o de estabelecimento de uma modos de expressã o vã o
conhecimentos e um convivê ncia harmoniosa sã o estimulados, o que
poderoso estı́ m ulo à entre os humanos. facilita as interaçõ es e até
imaginaçã o. Por auxiliar o entendimento das
n o d e s e nvo lv i m e n t o Assim, mais do que pró prias emoçõ es. Tudo
f ı́ s i c o , c o g n i t i v o u m a a ç ã o e d u c a t i v a isso sem falar que a
e socioemocional das prazerosa, ela atividade ajuda a
crianças, se destaca como proporciona aos reinventar o espaço da
uma importante aliada da p e q u e n o s sala de aula, tornando-o
e d u c a ç ã o i n f a n t i l . u m a c o m p r e e n s ã o mais divertido e atrativo
Considera-se uma das alargada do mundo, bem aos sentidos.
maneiras mais antigas de como a construçã o das
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Foi lançado, em 3/12/21, o livro
asilo, etc...), falecimentos, alguns casamentos, inauguraçõ es. Para isso, foram fontes os
jornais antigos como O Rio Casca, da dé cada de 1910, o Eco Infantil, dé cada de 1930, A Voz
de Rio Casca, da dé cada de 1950 do sé culo passado, Livros de atas, como da Câ mara, da
SSVP, do Comercial Esporte Clube, O Rio Casca em Jornal, dé cadas 70/80, Arquivos da
prefeitura, da Câ mara e de escolas.
O autor Glá ucio Batista, popularmente conhecido como Gulau, usou como
metodologia a divisã o por meses, encadeando as efemé rides por ordem cronoló gica
dentro de cada mê s.
O registro mais antigo que consta no livro é de 14 de março de 1693, ocasiã o em que
Antô nio Rodrigues Arzã o, bandeirante, visitou a nascente do rio Casca e encontrou nã o só
o primeiro ouro de Minas Gerais, como també m uma casa grosseira de tá buas.
O registro mais recente consta de 21 de novembro de 2021, como a data em que o
autor recebeu a biogra ia de Marleyde de Paula Mucida
Miranda, Leidinha, vice-prefeita no lançamento do livro
e agora prefeita, destacada como a primeira mulher a
ocupar esse cargo no municıp ́ io.
Efemé rides religiosas sã o anotadas, como a morte
do Mons. Antô nio Russo, em 27-01-1986, gramense cuja
Foto: Alfredo Padovani
Amı́ l car de Castro nasceu em Pará , entre outros, alé m de ter trabalhado
Paraisó polis - MG, a 8 de junho de 1920 e como diagramador de livros na Editora
faleceu Belo Horizonte, a 21 de novembro Vozes.
de 2002. A p ó s r e c e b e r u m a b o l s a d a
Fundaçã o Guggenheim e o Prê mio
Estabeleceu-se em Belo Horizonte Viagem ao Exterior no XV Salã o Nacional
em 1934 e formou-se em Direito na de Arte Moderna, em 1967, viajou para os
Universidade Federal de Minas Gerais Estados Unidos, ixando-se em Nova
(UFMG) em 1945, onde conheceu Otto Jersey. Em 1971 retornou a Belo
Lara Resende e Hé lio Pellegrino. Horizonte, dedicando-se a atividades
artı́ s ticas e educacionais. Dirigiu a
Frequentou a Escola Guignard Fundaçã o Escola Guignard (1974/77),
entre 1944 e 1950, onde estudou onde ensinou expressã o bidimensional e
desenho com Alberto da Veiga Guignard e t r i d i m e n s i o n a l . Fo i p ro fe s s o r d e
escultura igurativa com Franz composiçã o e escultura na Escola de
Weissmann. Mudou-se para o Rio de Belas Artes da UFMG (1979/90) e de
Janeiro em 1953, iniciando sua carreira escultura na Fundaçã o de Arte de Ouro
de diagramador nas revistas Manchete e Preto-FAOP (1979).
A Cigarra. Participou do Grupo
Neoconcreto no Rio de Janeiro (1959- Amı́lcar de Castro é considerado
1961), e elaborou a reforma grá ica do pelos crıt́icos e historiadores da arte um
Jornal do Brasil (1957/59). Durante os dos escultores construtivos mais
anos 60 fez a diagramaçã o dos jornais representativos da arte brasileira
Correio da Manhã , Ultima Hora, Estado de contemporâ nea.
Minas, Jornal da Tarde e A Provın ́ cia do
35
Coral Vozes do Piranga apresentando-se na Matriz de São Sebastião,
sob a regência do maestro Délcio Stavanato
O coral participa també m das apresentaçõ es da Alepon, sempre com grande adesã o e
agradá vel recepçã o do pú blico.
O maestro Dé lcio Stavanatto dirige o Coral desde sua fundaçã o, em 1995. Exıḿ io
arranjador, instrumentista, compositor, professor, tem se aperfeiçoado també m em canto
barroco.
Camila Batista dirige a Sete de Setembro, que tem mais de 70 anos de existê ncia e é
patrimô nio cultural do municıp
́ io. Já a banda Santıśsima Trindade tem como maestro o
Paulo Cé sar Gomides.
de poas
voz à arte, principalmente a literatura. Pensam que
entidades como uma Academia de Letras
requeiram esmolas. Que uma Fundação requeira
auxílio, como se fora pedinte assentada numa
praça. Pedintes também tem sua dignidade! Mas
não é o caso aqui: entidades culturais que de fato
Recebemos com entusiasmo o livro produzem pesquisa, são imprescindíveis, são
Dicionário de escritores e poetas são-joanenses, parte da governança, porque agentes da justa
do amigo Nilo da Silva Lima. Antes e acima de tudo, guarida à identidade de um município. Não podem
meu amigo de origem e destino. Em seguida, Nilo é ser olhados com desdém e desprezo por quem está
um poeta que já proclamei Maior, porque do andar no poder central do município. Merecem incentivo
real, institucional.
de cima, da cobertura, no edifício da literatura
brasileira, do espaço reservado aos grandes.
A gestão da cultura, resguardados os critérios
Também hoje um dos grandes críticos literários do
técnicos, tem que abrir programas de apoio a esta
Brasil, de uma forja própria, estilo único, que produção, como faz a Alepon, aqui em Ponte Nova,
encontra alma na obra que avalia, desvenda a Arca, em Rio Casca, a Acla, em Manhuaçu, as
segredos das costuras dentro do texto, enxerga a academias de Mariana e, pelo visto, a Academia de
beleza rara e pinça com olhos de lince as pérolas São João Del Rei.
incrustadas no subsolo invisível para o comum dos
leitores. Um grande crítico literário! Nilo da Silva Lima, urucaniense, residente há
quase 40 anos em São João del Rei, de uma tacada
Mas é também cronista, contista e vai só presta um grande serviço a cidade em que se
trabalhando romances, tudo de fina estampa, de abrigou, aos próceres da literatura, portanto,
construtores de um jeito de expressar acoplado a
um prazer de leitura que pede mais e mais. Acima
uma história e a uma gênese, mas acerta também
de tudo, a milhares de pés, sobrevoa com sua
uma urgência de outros municípios, que é
poesia, ora majestosa, rica, ora breve e bem
compreender que literatura, música, artesanato,
talhada, de costura de palavras tão bem etc.., não são madeiras podres eivadas de
arranjadas, que parecem estrelas nascentes, no escorpiões e cupins à beira do caminho. São
brilho e no ritmo. esteios da sociedade, que devem ser conhecidos,
destrinchados na alma do povo, e para isso, tem
“Dicionário de escritores e poetas são- que entrar no orçamento. Uma cidade precisa
joanenses” é um trabalho excepcional, utilíssimo, t a p a r
necessário, feito com esmero, destinado a indicar também os
o endereço inicial de celebridades como Otto Lara buracos da
Resende, ou de gente um tanto esquecida, mas de memória e
f a z e r
um valor literário supremo, caso de Oranice
t a m b é m
Franco. Nilo lança um pantheon para veneração e
pontes entre
estudo, indicando fontes primárias e secundárias
o passado, o
a quem deseja mergulhar no entendimento da presente e o
memória e razão de ser dessa gente. futuro.
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Como era linda aquela Professora
elegante, discreta, bem vestida,
a me ensinar as coisas desta vida,
como se fosse a minha genitora!
Como agradecimento
Ele reage na bolha aquecida
No cordã o que nos une
Num afeto fetal
Mã e sorri!
Sentindo os movimentos
De um ser que já vem
Em seus braços icar
Nasceu! Cresceu!
Amor de mã e permanece
Na alegria ou dor
E nã o esquece
Do alimento natural
Que ela lhe concebia
As noites indormidas
Cançõ es de ninar
Acalento dos choros
Por uma dorzinha qualquer
Você mã e, sofria demais
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A pensar estou
pensamento sou
pensando…
senciê ncia ...
penso
existê ncia
presente
O tesouro me faço
Estava ali e nã o o vimos fato
Um minuano cá lido o levou
Paramos e repousamos valor
me tenho
No momento em que a vida se recompô s
farto
E no entanto, entã o…
O tesouro corre com amplas asas
presente
Paramos e repousamos
se faça
Quando o vimos, já se foi farto
45 fato
Quando em sua vida Refazer o interior,
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Sou assim...
Pessoa negra, eu sou!
Fundamento de uma raça
Cor, pele, Ubuntu
Sou porque nó s somos
Arvore genealó gica antiga
Ancestralidade, tempos imemoriais
Pigmentaçã o intensa
Negritude no cabelo crespo
Na pele escura, triguenho
Parda, afrodescendente
Nariz largo, lá bios carnudos
Membros alongados, poucos pê los
Caracterıśticas fenotıṕ icas.
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corações
abnegados
abrigam
lágrimas
alheias
amor
PONTE NOVA-MG
ABR/2023
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Guardei meus versos cortados
Nos meus recortes
Dentro do vaso de porcelana
Molhei com á gua
Para aliviar a dor do corte
Enfeitei com rosas brancas
E coloquei na minha varanda
Eis que o inusitado vento
Derrubou aquela porcelana
Tã o bela e soberana
No chã o frio e branco
Espalhando seus estilhaços
Ferindo as pé talas e os versos.
Versos feridos e molhados
Choram no meio das pé talas
Que lamentam as horas do vento
Inclino o meu corpo
E amparo meus versos molhados
Pingando gotas de poesia!
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SARAU
SARAU
50
A
LE
PON