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ARQUITECTURA

Um retrato cubista para a


arquitectura portuguesa
Jorge Figueira e Bruno Gil coordenam o projecto do Centro de Estudos
Sociais da Universidade de Coimbra, que, até 2021, quer fazer um retrato da
história, da contemporaneidade e das perspectivas futuras da arquitectura
portuguesa na Europa e no mundo.

Sérgio C. Andrade
17 de Julho de 2019, 15:58 (actualizado a 18 de Julho de 2019, 9:04)

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O que é a arquitectura portuguesa, fora da sua moldura mais divulgada e
celebrada, tanto em Portugal como lá fora? É a esta questão que quer
responder o projecto (EU)ROPA: Rise of Portuguese Architecture, uma
iniciativa do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra
(CES/UC) que já está em curso, e que foi apresentada publicamente ao
final da tarde desta terça-feira no Porto, na Fundação Instituto Marques
da Silva (FIMS), parceira do projecto.

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Jorge Figueira, arquitecto, professor e investigador do CES (e crítico do


PÚBLICO), partilha com Bruno Gil, também professor e investigador
deste centro da UC, a coordenação do projecto, que reúne perto de duas
dezenas de investigadores de diferentes áreas de trabalho nos domínios
da arquitectura, e tem como consultores figuras como Alexandre Alves
Costa, Eduardo Souto de Moura ou o director do Centro Canadiano de
Arquitectura, em Montréal, Mirko Zardini.

“A certa altura, o entendimento daquilo que é a arquitectura portuguesa


tem sido feito pelos outros, a partir dos críticos internacionais, como
Kenneth Frampton ou os italianos”, disse ao PÚBLICO Jorge Figueira, no
final da sessão na FIMS, apresentando (EU)ROPA: Rise of Portuguese
Architecture como “uma resposta da academia, da investigação
portuguesa, no sentido de uma afirmação que não entende a arquitectura
portuguesa como algo emoldurado, fechado, acabado e bem composto”.
Pelo contrário, a arquitectura portuguesa, na sua história, na sua
contemporaneidade e nas perspectivas de futuro é “uma criatura
complexa”, que o colectivo de investigadores do CES quer agora analisar
numa espécie de retrato cubista deste objecto.

“O projecto tem uma componente de construção do mito, mas também


de demolição do mito. Há uma genealogia e uma explicação dos
fundamentos, mas também uma componente crítica. Queremos
observar, hoje, se há uma resiliência e se há um futuro para a
arquitectura portuguesa” – acrescenta Jorge Figueira –, e “confrontar a
sua história, ideias e métodos, com um mundo em transformação”.

Na sessão na FIMS, foram enunciadas as onze questões (“What?”, na


inventariação de um projecto que aposta também na internacionalização)
a que os diferentes investigadores vão tentar dar resposta. São questões
como a portugalidade, a história, o fascismo, o colonialismo, o social, a
educação, a investigação, a cultura pop, o feminismo, etc. – cada uma
delas tendo sido apresentada numa curta intervenção pelos
investigadores respectivos, alguns deles a trabalhar em parceria com
outros estudiosos desses temas.

Ainda que esta inquirição remonte às origens da nacionalidade e da


portugalidade na arquitectura e na forma como ela se foi expressando
através dos séculos e de estilos – o românico, o gótico, o renascença, o
modernismo… –, a baliza temporal da pesquisa estará entre 1966 – “é o
ano da inauguração da Piscina das Marés em Leça da Palmeira, de Álvaro
Siza”, nota Figueira – e 2016, ano de apresentação do projecto do CES à
Fundação Ciência e Tecnologia (FCT), sua principal financiadora.

“Mas estamos sempre a voltar atrás, ao Estado Novo, por exemplo,


porque é no Estado Novo que a ideia da arquitectura portuguesa se
imprime com este sentido nacionalista que nós queremos resgatar, antes
que alguém pegue nele”, diz o investigador e crítico, lembrando a recente
afirmação de Timothy Garton Ash em entrevista ao PÚBLICO: “Não
podemos deixar a nação para os populistas”. “O Estado Novo, os anos 30
e 40 estão sempre a chamar-nos, há essa componente nacionalista da
arquitectura portuguesa, que é inevitável discutir e confrontar”, realça
Jorge Figueira, que, de resto, iniciou a apresentação do projecto na FIMS
lembrando Cottinelli Telmo, o arquitecto que foi tanto o realizador do
celebrado filme A Canção de Lisboa (1933), como o coordenador da
Exposição do Mundo Português (1940) e um dos animadores do 1.º
Congresso Nacional dos Arquitectos (1948).

(EU)ROPA: Rise of Portuguese Architecture é um trabalho para concluir no


ano lectivo 2020/21, num programa que tem três objectivos
fundamentais: mapear os fundamentos da arquitectura portuguesa; criar
uma base de dados, onde os resultados das investigações irão sendo
apresentados; e criar uma rede de jovens investigadores por toda a
Europa, com a realização de workshops temáticos segundo um calendário
ainda a estabelecer.

No final, os coordenadores do projecto propõem-se organizar uma


exposição e um congresso – em local e data ainda a definir – para a
apresentação dos trabalhos, que serão ainda retratados num conjunto de
filmes documentais e registados numa sucessão de fascículos temáticos,
que deverão também dar origem a uma súmula em versão inglesa.

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Além da FIMS, o desenvolvimento deste projecto conta com o apoio da


Casa da Arquitectura, em Matosinhos, e da Fundação de Serralves, onde
no próximo mês de Dezembro terá lugar um colóquio sobre a relação da
obra de Siza com a Europa, associado à exposição Álvaro Siza –
(In)disciplina, que decorrerá de 19 de Setembro a 5 de Janeiro de 2020,
com curadoria de Nuno Grande e Carles Muro.

Notícia corrigida: Alexandre Alves Costa é um dos vários consultores


do projecto.

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sandrade@publico.pt

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