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UNIVERSIDADE SALVADOR

BACHARELADO EM JORNALISMO

MANUELA LOPO OGANDO SANTOS COSTA

DO AMERICOCENTRISMO À GLOBALIZAÇÃO:

COMO A NETFLIX PODE PROMOVER TRANSFORMAÇÕES SOCIOCULTURAIS


ATRAVÉS DO ENTRETENIMENTO NO BRASIL

Salvador

2022
MANUELA LOPO OGANDO SANTOS COSTA

DO AMERICOCENTRISMO À GLOBALIZAÇÃO:

COMO A NETFLIX PODE PROMOVER TRANSFORMAÇÕES SOCIOCULTURAIS


ATRAVÉS DO ENTRETENIMENTO NO BRASIL

Projeto de Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Curso de Bacharelado em
Jornalismo da UNIFACS (Universidade
Salvador), como requisito parcial para obtenção
do título de Jornalista.

Orientadora: Prof. Dra. Amanda Aouad Almeida

Salvador

2022
RESUMO

O presente projeto visa analisar como, através dos anos, a popularização do serviço
de streaming por assinatura da Netflix ajudou a afastar o entretenimento consumido
no Brasil do americocentrismo, além de tornar a plataforma em uma espécie de
“educadora informal”, intensificando o processo de globalização no país, e
desencadeando transformações socioculturais na sociedade brasileira. Desta forma,
esse trabalho planeja argumentar que os Estados Unidos, apresar de ainda ser uma
referência mundial na produção e distribuição de filmes e séries de grande sucesso,
perdeu parte de seu monopólio histórico no entretenimento apreciado pelos
brasileiros. Além de, também, explorar como a Netflix proporcionou um inovador, mais
simplificado, e mais seguro meio de acesso à diversas obras internacionais, gerando,
assim, uma nova oportunidade educacional, onde o brasileiro, através do seu lazer,
pode absorver novas culturas, e se informar sobre assuntos sociopolíticos de outros
países ao redor do globo, devido ao valor educacional presente no entretenimento.

Palavras-chave: Entretenimento; Streaming; Americocentrismo; Globalização;


Educação; Brasil.
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO......................................................................................................05
2. OBJETIVOS..........................................................................................................08
2.1. OBJETIVO GERAL....................................................................................08
2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS......................................................................08
3. JUSTIFICATIVA...................................................................................................09
4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA............................................................................12
4.1. THE AMERICAN WAY...............................................................................12
4.2. A CHEGADA DE UM NOVO GIGANTE NO MERCADO
BRASILEIRO.............................................................................................14
4.3. IMPACTO CULTURAL ATRAVÉS DA DIVERSIDADE DE
CONTEÚDO..............................................................................................16
4.4. IMPACTO SOCIAL ATRAVÉS DA EDUCAÇÃO
INFORMAL................................................................................................19
5. METODOLOGIA...................................................................................................22
6. REFERÊNCIAS....................................................................................................24
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1. INTRODUÇÃO

Quando nos referimos a filmes e séries, o domínio norte-americano sobre esses


produtos de entretenimento está implícito. Graças ao poder de Hollywood, no decorrer
de décadas da história do cinema e da televisão, os Estados Unidos têm comandado
a produção e exportação de obras que, através de muito planejamento e investimento,
ganharam fama. Por serem trabalhos de grande qualidade, apresentados por
criadores talentosos, a popularização de seu ofício só se multiplicou através dos anos,
conquistando um lugar permanente na mente de diversas pessoas.

A eventual familiaridade com a forte e persistente cultura estadunidense, além


da falta de firmes competidores na área, também fez com que esses produtos
acabassem sendo consumidos mundialmente, desfrutando de grande sucesso em
todos os continentes. O monopólio americano, por décadas, dificilmente foi desafiado,
especialmente em países onde a aplicação de capital no mercado do entretenimento
não era uma prioridade.

Porém, com o surgimento da internet, e posteriormente, de plataformas como


a Netflix, isso começou a mudar. O americocentrismo começou a perder espaço e,
apesar do país norte-americano ainda ter sua cultura enraizada em inúmeras nações,
o processo de globalização, assim como os esforços da própria plataforma, fez com
que muitos, através do entretenimento, enxergassem um mundo muito maior e
diverso.

O presente trabalho visa analisar como esse fenômeno de descentralização,


referente a origem e conteúdo de obras cinematográficas e televisivas, desencadeou
uma transformação no padrão de consumo do entretenimento no Brasil, e como,
subsequentemente, a plataforma da Netflix se tornou uma educadora informal,
expandindo o conhecimento sociocultural da sociedade brasileira.

Para melhor compreender esse fenômeno, irei utilizar como exemplo


produções presentes na própria Netflix, que, entre os anos de 2015 e 2021,
alcançaram grande sucesso no país. Assim, poderei analisar, de forma mais clara,
como, ao longo desse período, diferentes trabalhos não estadunidenses conseguiram
alcançar uma popularidade antes apenas reservada para obras americanas e poucas
produções nacionais.
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Em primeiro lugar, irei analisar o início dessa transformação com o sucesso da


série Narcos (2015-2017). A produção é majoritariamente estadunidense, porém a
série ganhou destaque pela atuação principal do ator soteropolitano Wagner Moura,
assim como a direção do cineasta carioca José Padilha, que dirigiu grandes sucessos
nacionais como Tropa de Elite (2007) e Tropa de Elite 2 (2010). Através dessa série,
podemos observar o início do interesse por um entretenimento produzido por
diferentes talentos, desmistificando a ideia de que somente trabalhos dominados por
mãos norte-americanas poderiam se tornar fenômenos mundiais.

Após esse acontecimento, durante os próximos seis anos, podemos observar


um aumento no consumo de produções internacionais no Brasil, cada vez mais
afastadas da visão americana. Trabalhos europeus, como a websérie alemã Dark
(2017-2020), o mistério/thriller francês Lupin (2021) e o drama policial La Casa de
Papel (2017-2021), que se tornou um colosso da cultura pop mundial, são alguns
exemplos de obras que atingiram um enorme sucesso no país.

Outro grande destaque do serviço muito consumido pelos brasileiros são as


produções originais da Ásia Oriental, em especial, obras oriundas da Coreia do Sul e
do Japão. Os dramas coreanos e as animações japonesas, conhecidos popularmente
como “doramas” e “animes”, respectivamente, também dominam a plataforma, que
investe pesado na criação e aquisição desse conteúdo.

A Netflix também aposta em produções nacionais. Séries como 3% (2016),


Sintonia (2019) e Coisa Mais Linda (2019) se destacam e, apesar de não existirem
cotas para produção de conteúdo local dentro de plataformas de streaming, em 2019,
a empresa decidiu investir 350 milhões de reais em conteúdo brasileiro. Já em 2021,
durante o evento Mais Brasil na Tela, o serviço prometeu continuar seu investimento
no país, anunciando uma variedade de 40 produções brasileiras em 2022, esforços
que, apesar do curto intervalo de tempo, já podem ser verificados, graças ao sucesso
do filme Esposa de Aluguel (2022), estreando Caio Castro e Thati Lopes.

Essa pluralidade presente no catálogo da Netflix expõe o brasileiro à novos


tipos de culturas não americanas, assim como contribui para o crescimento do
consumo e criação de obras nacionais. Esse fato ajuda a afastar o entretenimento
visto no país do domínio norte-americano, trazendo não só novos pontos de vista e
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realidades, mas uma nova apreciação pela arte audiovisual, independente de suas
origens.

Por fim, essa grande transformação sociocultural, entretanto, pode melhor ser
resumida no lançamento da série sul-coreana Squid Game (2021), que é divulgada
como Round 6 no Brasil. A obra, além de ser uma produção original da Netflix, de
acordo com dados da própria empresa, em seu ano de lançamento, atingiu 111
milhões de contas, ao redor do mundo, em seus primeiros 17 dias no serviço.
Atualmente, ainda segue como a produção de mais sucesso presente na plataforma,
batendo recordes de visualizações, e expondo que a demanda por diferentes séries
internacionais justifica a aposta nesses novos conteúdos.
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2. OBJETIVOS
2.1. OBJETIVO GERAL

Apresentar quais foram os impactos socioculturais que o variado catálogo de


filmes e séries da Netflix provocou na sociedade brasileira.

2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

o Compreender como os norte-americanos dominaram o entretenimento


consumido pelo público brasileiro, devido a consolidação do americocentrismo
no país.
o Analisar o surgimento e popularização da Netflix no Brasil.
o Ilustrar como a Netflix, graças ao seu investimento na produção e/ou
distribuição de obras internacionais, promove a diversificação de conteúdo em
sua volumosa lista de títulos.
o Exibir o valor do entretenimento como uma importante ferramenta de educação.
o Expor o impacto cultural que a plataforma propagou ao impulsionar a
globalização no entretenimento cinematográfico e televisivo consumido no
Brasil.
o Apresentar como o acesso a mais filmes e séries internacionais, através da
plataforma da Netflix, atua como uma educação informal para a sociedade
brasileira, divulgando diferentes culturas e problemas sociopolíticos globais.
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3. JUSTIFICATIVA

O interesse pelo tema desse projeto nasceu diante de dois motivos principais:
minha paixão pessoal pelo entretenimento audiovisual, com que planejo trabalhar no
futuro, e a ausência, em minhas pesquisas, de um estudo aprofundado sobre o tópico
citado.

Ao analisar monografias com temáticas similares, pude observar que os


trabalhos examinados já exploraram os visíveis impactos das plataformas de
streaming de filmes e séries na maneira como a população brasileira consome esses
tipos de entretenimento. Entretanto, não encontrei, em nenhum deles, um
aprofundamento sobre as transformações socioculturais referentes a diversificação da
origem das obras consumidas, e o que isso significa para a sociedade em relação a
educação.

As pesquisas sobre essas transformações, muitas vezes, exclusivamente


examinam os resultados que as evoluções tecnológicas trouxeram para o consumo
dessas criações, ou exploram a evolução do relacionamento de empresas que
trabalham com video on demand com seus assinantes.

De acordo com Mercedes Mendes, analista e account manager da BB Media,


só no Brasil existem 62 plataformas de streaming. O número não é chocante, já que
o relatório de adoção de Streaming Global, de 2021, da consultora australiana Finder,
informa que o Brasil ocupa o segundo lugar no número de adultos com pelo menos
um serviço de streaming, ficando atrás apenas da Nova Zelândia (64,58% e 65,26%,
respectivamente). Ademais, segundo o mesmo relatório, a plataforma preferida dos
consumidores brasileiros é a Netflix, que lidera com 52,69% dos assinantes do
mercado.

Devido a popularização dessas plataformas, especialmente a Netflix, podemos


observar o surgimento de novos hábitos de consumo. A modernização do processo
de como consumimos o entretenimento (o declínio dos discos físicos), a comunicação
dessa corporação com seus clientes (presença constante nas mídias sociais), e
populares estratégias de marketing (propagandas localizadas) são os principais
objetos de estudo desses projetos, entretanto, essas pesquisas geralmente ignoram
uma das mais importantes transformações que planejo argumentar nesse trabalho: a
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diversificação do entretenimento e expansão da consciência sociocultural da


população brasileira devido ao acesso ao vasto catálogo internacional da Netflix.

O Brasil, historicamente, importava a maioria do seu entretenimento dos


Estados Unidos, e, em menor escala, criava o seu próprio. Quando nos referimos ao
cinema, quase todas as obras internacionais populares no país eram norte-
americanas, com algumas exceções notáveis sendo de origem europeia. Apesar
disso, é importante afirmar que algumas criações do cinema brasileiro também
conseguiram chegar ao mesmo nível de popularidade, como os filmes Tropa de Elite
(2007) e Cidade de Deus (2002). Entretanto, o domínio da cinematografia discutida
no país eram as produções hollywoodianas.

A televisão, por outro lado, tem uma história mais complexa. Primeiramente,
sendo aberta ou fechada, os filmes, séries, e até desenhos, eram, em grande parte,
estadunidenses. As produções cinematográficas, quando saiam de cartaz, após um
tempo, iam para a televisão. Séries televisivas norte-americanas também disfrutavam
do sucesso, assim como os desenhos, que eram exibidos em programas populares,
como a TV Globinho, e em canais fechados, como o Cartoon Network e a Nickelodeon.

O meio, porém, apresentava uma diversidade maior em seu conteúdo quando


comparado ao cinema. Além da popularidade de programas japoneses (animados e
live action), devido a diáspora nipônica ocorrida no país, a grande diferença da TV é
a força dos trabalhos latino-americanos. Comédias brasileiras como A Grande
Família, assim como a famosa sitcom mexicana Chaves, são obras que transcendem
gerações, e revelam como a televisão nacional usufruía de uma programação muito
mais variada que o cinema.

No entanto, apesar do sucesso dessas séries, o amor pelas novelas no Brasil


é uma das maiores heranças latinas do país. Produções brasileiras, assim como
outras criadas por países vizinhos da região, fazem parte da nossa cultura, e são uns
dos poucos trabalhos que competem, com grande força, contra o americocentrismo
no entretenimento do país.

Além do seu papel na quebra desse monopólio estadunidense, uma das mais
fortes características das novelas é a apresentação e discussão de problemas
culturais, sociais e políticos em suas tramas. O sucesso, e aprovação, de várias
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novelas que, através de suas histórias, debateram temas controversos, expõe, de


maneira clara, como o entretenimento pode ser usado como ferramenta de educação.

Assim, podemos observar que o combate contra o americocentrismo, as


sementes da globalização, e a educação informal através do entretenimento já
estavam, de certa maneira, presentes nas obras consumidas pelo Brasil, devido,
justamente, a os diferentes contextos apresentados. Porém, através desse projeto,
planejo argumentar que, com o surgimento da internet, e de plataformas como a
Netflix, esse fenômeno tomou proporções nunca vistas.

No passado, o brasileiro só consumia suas próprias criações, trabalhos


estadunidenses, e poucos outros produtos estrangeiros. Hoje, com o acesso a Netflix,
barreiras foram quebradas, diversas produções internacionais conseguiram
atravessar continentes, e reduzir o americocentrismo presente no mercado,
expandindo, assim, o acervo cultural da sociedade brasileira, e educando a população
sobre a diversidade cultural e realidades sociopolíticas em grande escala.
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4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Antes de argumentarmos a essência desse projeto, é necessário esclarecer,


em primeiro lugar, todo o contexto histórico que acorrentou a sociedade brasileira a
enxergar, através de lentes norte-americanas, qual tipo de entretenimento é
considerado de alto valor perante o coletivo.

Ao entender melhor a história do americocentrismo no país, podemos ligar o


passado de um Brasil que possuía seu entretenimento quase completamente
dominado pelos Estados Unidos, com algumas exceções de própria origem latina,
europeia e asiática, à um novo Brasil, que pode desfrutar de uma ampla lista de filmes
e séries globais, graças ao sucesso de plataformas como a Netflix.

A capacidade do entretenimento como ferramenta de educação também deve


ser citada. Em um país em que o ensino de alta qualidade é reservado apenas para
uma pequena porção da sociedade, o contato com diferentes culturas mundiais, assim
como o aprofundamento em seus respectivos problemas sociopolíticos, é restrito. O
acesso em grande escala à Netflix transforma a plataforma em uma espécie de
educadora informal, apresentando novas visões de mundo, e ampliando o acervo
cultural dos brasileiros.

Assim, ao apresentarmos o afastamento do entretenimento do


americocentrismo, graças ao processo de globalização, amplificado pelo surgimento
da internet, e outras tecnologias provenientes dela, conseguimos explorar as
repercussões que esses acontecimentos desencadearam em aspectos socioculturais
no Brasil.

4.1. THE AMERICAN WAY

Os Estados Unidos é o único país no mundo a liderar, em escala global,


diversas áreas financeiras, políticas e culturais. A versatilidade exibida pela nação,
desde a declaração de sua independência da soberania britânica em 1776, até o seu
reconhecimento mundial existente nos dias de hoje, apresenta como a pátria
conseguiu consolidar, e manter, seu poder multidimensional durante os séculos.
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Durante os anos 30, os Estados Unidos toma a decisão de disseminar sua


cultura além de suas fronteiras, para, assim, poder recuperar a força de sua economia,
abalada pelo crash da Bolsa de Valores em 1929, além de combater o alastramento,
devido a Segunda Guerra Mundial, do nazifascismo na América Latina, e contrariar o
sentimento antiamericano que crescia na região.

Na época, um dos mais importantes países do continente era o Brasil.


Entendendo isso, o presidente Franklin D. Roosevelt (1933-1945) decide implementar
a Política da Boa Vizinhança, substituindo, de certa maneira, a muito criticada velha
Doutrina de Monroe. A nova estratégia encorajava a troca cultural entre os países, se
utilizando do entretenimento, principalmente do cinema, para aproximar as nações.

Importantes diretores como Orson Welles (1915-1985), e Walt Disney (1901-


1966) visitam o país, até criando o personagem Zé Carioca, que acompanha o Pato
Donald no filme Aquarela do Brasil (1942). Artistas brasileiros como Carmem Miranda
(1909-1955), o músico Heitor Villa-Lobos (1887-1959) e o cineasta Luiz Carlos Barreto
(1928) também participam dessa transação, indo para Hollywood, e trabalhando na
indústria cinematográfica.

Para organizar esse intercâmbio, foi criando o Office of the Coordinator of Inter-
American Affairs (OCIAA), um birô interamericano responsável por coordenar essas
relações culturais, e econômicas, com a América Latina.

Uma seção particularmente importante na Divisão de Informações era a de


filmes. O Birô deu grande atenção a esse meio de comunicação social,
convencido de sua extraordinária capacidade de penetração ideológica.
Elaborou, por isso, um programa de proporções ambiciosas, tanto para filmes
de ficção, como para documentários. (MOURA, 1985, n.p.)

Já após a época da Segunda Guerra, a relação entre os Estados Unidos e a


União Soviética atinge níveis críticos, e o comunismo começa a ameaçar a
dominância americana na região. O conceito do American Way of Life (em português,
Estilo de Vida Americano), que passa a ser utilizado pela mídia durante a Guerra Fria,
se espalha pelo mundo. Durante essa época conturbada da história, o uso de
propaganda políticas através de vários meios foi implantado, e, novamente, um dos
mais eficientes foi o entretenimento.
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Através do cinema, a divulgação do estilo americano colocou a cultura dos EUA


como um exemplo a ser seguido nas civilizações ocidentais, combatendo, com
sucesso, o comunismo empurrado pela União Soviética, além de outros ideais
nacionalistas, em muitas nações, principalmente no Brasil.

Isso acabou estabelecendo, no país, o americocentrismo, que não é nada mais


que o etnocentrismo americano.

Etnocentrismo é uma visão do mundo onde o nosso próprio grupo é tomado


como centro de tudo e todos os outros são pensados e sentidos através dos
nossos valores, nossos modelos, nossas definições do que é a existência.
(ROCHA, 1984, p. 5)

Eventualmente, o avanço, e solidificação, dessa dominação cultural acaba


enraizando a presença norte-americana no entretenimento consumido pelos
brasileiros. Agora, não era somente os Estados Unidos que enxergava o mundo
através de seus ideais, mas também muitos outros países, principalmente os menos
desenvolvidos como o Brasil. Isso fez com que o país passasse a basear diferentes
construções sociais e culturais através de uma visão americanizada, até quando
esses princípios não condissessem com a realidade histórica da nação.

4.2. A CHEGADA DE UM NOVO GIGANTE NO MERCADO BRASILEIRO

Há 40 anos atrás, a ideia de que poderíamos consumir obras audiovisuais, sem


utilizar discos físicos para acessar o conteúdo, ou ter ele ocupando espaço no disco
rígido do seu computador, era apenas um sonho. Entretanto, a partir da década de
90, isso começa mudar, e os primeiros passos da nova tecnologia de streaming podem
ser observados.

Streaming é uma tecnologia de transmissão contínua que consegue, através


de um buffer (região de memória que age como uma área de armazenamento
temporário de dados), distribuir conteúdo digital sem a necessidade de
armazenamento em um dispositivo.

Atualmente, há duas modalidades existentes. A primeira a surgir foi o live


streaming, que transmite, em tempo real, o conteúdo digital na internet. A
popularização da ferramenta foi despertada, nos meados dos anos 90, graças a
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provedora de internet Progressive Networks. A qualidade do áudio era inferior ao do


rádio, mas a inovação acabou conquistando a curiosidade de muitos ouvintes.

No Brasil não foi diferente. A primeira transmissão de live streaming no país


ocorreu no ano de 1996. A Embratel, em parceria com a IBM e o jornal O Globo,
convidaram o cantor baiano Gilberto Gil, e sua banda, para realizar uma performance
da música “Pela Internet” no escritório da empresa de telecomunicações. A
apresentação inédita foi um marco histórico para o país, cimentando a popularização
das transmissões pela internet entre os brasileiros.

Por outro lado, a outra modalidade é o streaming on demand. Com os avanços


tecnológicos durante as próximas décadas, se tornou possível armazenar produtos
audiovisuais digitais em servidores, que podem ser acessados, através de algum site
ou aplicativo, a pedido do usuário do serviço. Essa é a modalidade atualmente
utilizada pela plataforma da Netflix.

A gigante do streaming americana, entretanto, não alcançou seu sucesso


inicial devido a esse tipo de serviço. A Netflix foi fundada em 1997 por Reed Hastings
e Marc Randolph. Eles tiveram a ideia de alugar e receber DVDs através dos correios,
e, no ano seguinte, lançaram um website para alcançar esse objetivo. Durante a virada
do milênio, a empresa continuou a estrear outras novidades em sua plataforma, como
o seu serviço de assinatura e sistema de recomendações personalizadas. Entretanto,
em 2007, a maior mudança da marca é introduzida: a possibilidade de streaming para
seus assinantes.

Após anos de sucesso em seu país de origem, em 2010, a Netflix dá seus


primeiros passos internacionais. O Canadá é o primeiro a receber o serviço e, no ano
seguinte, juntamente com os primeiros controles remotos com um botão Netflix, a
plataforma é lançada na América Latina.

Durante o evento de lançamento, em São Paulo, o então fundador e diretor-


geral da empresa, Reed Hastings, afirmou que a escolha de lançar a plataforma no
Brasil foi feita “porque é um país com uma economia que cresce muito. Além da paixão
que os brasileiros têm por vídeos. Quando testamos o serviço, não havia nenhum
outro lugar como o Brasil, com tamanha paixão por vídeo.” (HASTINGS, 2011, n.p.).
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A Netflix não divulga seus números, porém, devido a um erro Conselho


Administrativo de Defesa Econômica (Cade), ocorrido no ano passado, documentos
sigilosos foram revelados, e mostraram que, em janeiro de 2021, o serviço tinha 19
milhões de assinantes brasileiros. Esse número reflete 10% do total de 200 milhões
de assinantes ao redor do mundo, mostrando que os brasileiros representam uma
fatia significativa dos clientes da empresa.

Atualmente, segundo a própria Netflix, a plataforma não está disponível


somente na China, Crimeia, Coreia do Norte, Rússia e Síria. Mais de 190 países
utilizam o serviço de streaming, com a plataforma até investindo em produções locais
e originais.

A revelação desses números demonstra que a demanda por esse tipo de


entretenimento, no Brasil, é alta, e o elevado e consistente consumo desses trabalhos
audiovisuais apresenta uma oportunidade para a aplicação do acervo cultural no país,
além do acesso a possíveis diferentes filmes e séries criados em outros lugares além
dos Estados Unidos.

4.3. IMPACTO CULTURAL ATRAVÉS DA DIVERSIDADE DE CONTEÚDO

Para ampliar o seu alcance, aumentar os lucros, além de satisfazer a política


interna internacional da Netflix, a empresa entende que é necessário analisar como
as preferências de conteúdo de cada país, além da falta de infraestrutura, pode afetar
as metas de expansão da plataforma.

Entendemos que a conhecimento da Netflix nesses novos mercados é [de


sucesso] misto, e que existem diferenças culturais, e algumas variações nas
preferências de conteúdo, em todo o mundo. Também existem desafios com
a banda larga e as infraestruturas de pagamento em alguns países. Mas
também acreditamos na crescente onipresença da internet e no rápido
progresso tecnológico, e que histórias excelentes, e de alta qualidade, têm
apelo universal, que transcende fronteiras. (NETFLIX, 2022, n.p, tradução
nossa)

A plataforma afirma que, devido a essas diferenças culturais, é necessário


estudar e implementar, cuidadosamente, o que cada nação demanda. Já que
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diferentes culturas consomem diferentes conteúdos, o investimento pesado na


licenciatura e produção de séries locais é um dos maiores objetivos da Netflix.

É por isso que cada vez mais licenciamos e produzimos conteúdo ao redor
do globo, e os assinantes da Netflix, em todo o mundo, podem desfrutar cada
vez mais dos mesmos filmes e séries de TV, ao mesmo tempo, livres de
modelos de negócios convencionais e restrições desatualizadas. Além disso,
estamos desenvolvendo um número crescente de originais em idiomas
diferentes do inglês, de lugares como México, França, Itália, Japão e Brasil,
para citar apenas alguns. Com nossa distribuição global, a Netflix está bem
estruturada para trazer histórias envolventes de muitas culturas, para
pessoas em todo o mundo. (NETFLIX, 2022, n.p, tradução nossa)

O sucesso internacional de vários filmes e séries não estadunidenses mostram


como o investimento na licenciatura e produção de trabalhos locais podem ser
lucrativos. A série espanhola La Casa de Papel é um grande exemplo, se tornando
uma referência mundial na cultura pop, tendo até parte do figurino dos seus
personagens utilizado em protestos internacionais.

A atual maior produção original da Netflix também não é norte-americana. A


série sul-coreana Round 6 bateu recordes de visualização durante sua estreia e
segue, ainda hoje, como a série mais assistida na plataforma, alcançando 111 milhões
de contas globais em seus primeiros 17 dias de lançamento.

Essa aposta, e seu resultado, também podem ser claramente observados no


Brasil. O primeiro grande sucesso do serviço que expôs e divulgou artistas brasileiros
foi a série Narcos. A produção é majoritariamente norte-americana, porém, a atuação
de Wagner Moura, e a direção de José Padilha, foram mundialmente elogiadas, e são
consideradas o grande destaque da série.

Esse acontecimento apresentou a força do talento brasileiro, ainda que não


haja grande incentivo do governo local para a produção dessas obras. Apesar das
cotas para conteúdo nacional serem exigidas na TV paga desde 2011, em 2017, a
proposta de estender essas cotas às plataformas de vídeo on demand foi rejeitada
durante uma reunião do Conselho Superior de Cinema, presidida pelo então Ministro
da Cultura, Sérgio Sá Leitão. (DE SÁ, 2017, n.p.)

Essa falta de apoio governamental não é só recente. O Brasil, historicamente,


não dedica parte de seu capital para as artes. Em 2005, o cineasta Nélson Pereira
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dos Santos, antes de participar do projeto Jovens Artistas na Universidade Federal de


Minas Gerais (UFMG), foi entrevistado pelo boletim da instituição, e em resposta à
pergunta “é possível fazer cinema no Brasil sem apoio governamental?”, afirmou:

Não. Está provado que é muito difícil, não há condições. Quando aquele
presidente (Fernando Collor de Melo) fechou a Embrafilme e liquidou todos
os meios de apoio à cultura, a produção cinematográfica chegou a zero. O
cinema brasileiro, acostumado com o paternalismo estatal, praticamente
morreu. E só com a primeira lei de incentivo, a Rouanet, começou a botar a
cabeça para fora. Depois, veio a Lei do Audiovisual, que fez o cinema
renascer. E ele irrompeu de novo. (DOS SANTOS, 2005, n.p.)

Por outro lado, independente da decisão do conselho, a Netflix segue


investindo em produções nacionais. Em 2022, a plataforma continua a anunciar o
início da produção de diversos filmes e séries brasileiros. Elisabetta Zenatti, vice-
presidente de conteúdo da Netflix Brasil, afirma que essa escolha solidifica o
compromisso da Netflix com indústria audiovisual brasileira.

Queremos que os nossos parceiros de criação e produção tenham a melhor


experiência ao trabalhar conosco para podermos levar histórias incríveis aos
nossos membros. Embora o cenário hoje seja muito diferente do que quando
começámos, há uma coisa que não muda: o nosso compromisso com a
comunidade criativa brasileira. O Brasil é parte fundamental da nossa
estratégia. (ZENATTI, 2022, n.p.)

A atual origem, e os artistas por trás da produção de muitos filmes e séries de


grande sucesso, presentes na Netflix, mostra que o processo de globalização também
atinge o entretenimento. A diversificação desse conteúdo apresenta a quebra do
paradigma do domínio hollywoodiano, abrindo espaço no mercado global para
trabalhos criados por diferentes talentos internacionais.

O país norte-americano ainda detém grande parte da fatia do entretenimento


consumido mundialmente, graças a sua histórica dedicação a área das artes. Essa
soberania é, obviamente, difícil de ser quebrada enquanto o talento e investimento
necessário para mantê-la não é paralisado. Os Estados Unidos, como previamente
dito, compreende o poder financeiro e cultural presente nesse mercado, e dedica
grande parte de seu tempo e capital para a produção de novas obras.

Entretanto, pela primeira vez em décadas, graças a esforços da Netflix, a


licenciatura e produção de filmes e séries locais diversificou o tipo de conteúdo
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audiovisual consumido pelos brasileiros. O país sempre teve o alto consumo de obras
latino-americanas, como novelas e séries, além de alguns filmes e animações
internacionais. Porém, nessa escala, esse afastamento do entretenimento do
americocentrismo consumido pelos brasileiros nunca foi antes visto.

O Brasil, por décadas, tinha o costume de consumir, na maior parte do tempo,


essas obras estadunidenses. Agora, com o sucesso de vários trabalhos
internacionais, isso muda. Quais são as ramificações dessa transformação cultural no
Brasil? O que muda quando o americocentrismo perde força e passamos a também
consumir um conteúdo criado sem a visão norte-americana? Esse projeto visa,
justamente, responder essas questões.

4.4. IMPACTO SOCIAL ATRAVÉS DA EDUCAÇÃO INFORMAL

Além de questionar o impacto cultural que o afastamento do entretenimento do


americocentrismo teve na sociedade brasileira, também planejo, com esse projeto,
analisar o impacto social que esse fenômeno gerou na esfera da educação, e sua
importância no desenvolvimento do acervo cultural da população.

O cinema, como previamente dito, foi, e ainda é muito utilizado para a


propagação de culturas ao redor do globo. Xavier (2008), em entrevista com a revista
Educação & Realidade, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS),
afirma que esse tipo de entretenimento sempre foi questionado sobre seu potencial
educativo.

Desde o período do cinema mudo fez-se explícito o interesse pela análise da


dimensão educativa do cinema em seus vários gêneros. De um lado, o
cinema incorpora aquela dimensão formadora própria às várias formas de
arte que cumprem um papel decisivo de educação (informal e cotidiana); de
outro, ele pode se inscrever de forma mais sistemática no processo educativo
[...]. (XAVIER, 2008, p. 14)

Desta maneira, podemos entender que o consumo de filmes e séries também


pode significar o consumo de informações importantes. Já que, segundo Gaspar
(2002), o aprendizado informal pode sim ser definido como uma educação
espontânea, não institucionalizada, e que, muitas vezes, ocorre de maneira
involuntária.
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Na educação informal, não há lugar, horários ou currículos. Os


conhecimentos são partilhados em meio a uma interação sociocultural que
tem, como única condição necessária e suficiente, existir quem saiba e quem
queira ou precise saber. Nela, ensino e aprendizagem ocorrem
espontaneamente, sem que, na maioria das vezes, os próprios participantes
do processo deles tenham consciência. (GASPAR, 2002, p. 173)

Conseguimos, através desse meio educacional, reter diversas informações de


maneira passiva através do entretenimento. Com a sua aposta na produção de
conteúdo local, a Netflix proporciona aos seus assinantes, em grande quantidade, a
possibilidade de assistir obras criadas por países diferentes, e o brasileiro pode, sem
muito esforço, absorver as críticas e realidades sociais, políticas e culturais de outras
nações, através de seus próprios trabalhos.

O poder da educação passiva pode ser melhor compreendido através da


chamada Pirâmide de Aprendizagem de William Glasser. Glasser (1986), decidiu
pesquisar as formas mais comuns, e mais eficientes, de como as pessoas retem
informações durante seu aprendizado. Graças a esse estudo, após compilar os dados,
o psiquiatra elaborou uma pirâmide de aprendizagem. A teoria afirma que nós
aprendemos 10% lendo; 20% ouvindo; 30% observando; 50% vendo e ouvindo; 70%
discutindo com outros; 80% fazendo; e 95% ensinando aos outros.

A pirâmide ainda é dividida entre a educação passiva e a educação ativa, a


primeira, porventura, representando os primeiros 50% do aprendizado. Assim,
podemos compreender que a estratégia de educação existente ao, somente,
assistirmos filmes e séries tem uma eficiência de 50%. Ainda podemos argumentar
que o número pode aumentar com a utilização da internet, e a participação ativa dos
consumidores.

O sucesso da Netflix acarreta ainda mudanças nos processos de produção e


distribuição de conteúdo, que passam a ter uma participação maior do
espectador. Os consumidores das novas mídias, em geral, abandonaram a
postura passiva de apenas assistir a um programa na sala de estar de sua
casa. Agora, eles discutem acontecimentos de episódios em redes sociais,
avaliam uma atração que visualizaram, criam campanhas para salvar suas
séries favoritas do cancelamento, dentre outras atitudes. (TEXEIRA, 2015,
p.3)
21

Ao afastarmos o entretenimento consumido no Brasil do americocentrismo, as


discussões online de tópicos apresentados nessas obras crescem a uma escala
global. O brasileiro, agora mais informado do que nunca sobre as realidades
sociopolíticas e culturais de outros países, graças a evolução da origem do conteúdo
que consome, pode, assim, finalmente enxergar o entretenimento internacional além
das lentes norte-americanas.
22

5. METODOLOGIA

Como previamente mencionado na justificativa deste projeto, ao investigar


outras monografias que examinam temas similares, não pude encontrar nenhum
trabalho que abordasse, especificamente, os impactos socioculturais da Netflix no
Brasil. Devido a essa deficiência, a natureza dessa pesquisa será básica, e terá o
objetivo exploratório de familiarizar o leitor com o tópico, assim como explorar as
ramificações desse acontecimento.

O presente projeto também irá utilizar uma abordagem mista referente a sua
pesquisa, para, assim, melhor compreender essas transformações, promovidas pelo
conteúdo disponível Netflix, na sociedade brasileira.

Primeiramente, porque planejo analisar o serviço de streaming da Netflix, e o


impacto cultural do afastamento do americocentrismo presente no entretenimento
consumido no Brasil devido ao seu catálogo, se torna necessário, nesta porção do
trabalho, a utilização de dados de natureza quantitativa, onde utilizarei procedimentos
de coleta bibliográficos e documentais para enriquecer minha pesquisa.

Através da observação do sucesso de diversas obras não americanas,


adicionas à plataforma entre os anos de 2015 e 2021, pretendo provar que o
entretenimento consumido no Brasil pode ser definido, nesses últimos anos, pelo
distanciamento do histórico monopólio estadunidense no mercado brasileiro das artes
audiovisuais.

Já na segunda parte do projeto, onde irei discutir as possíveis transformações


sociais no país, possibilitadas pela Netflix, graças ao valor do entretenimento como
ferramenta de educação informal e passiva, a natureza dos dados se tornam
qualitativos. Entretanto, os procedimentos de coleta serão os mesmos presentes na
primeira fatia do trabalho.

Ao argumentar a importância do consumo de diferentes pontos de vista


culturais, além da discursão de problemas sociopolíticos globais, que, muitas vezes,
somente podem ser tratados com a nuance que merecem em produções criadas em
seus próprios países de origem, planejo explorar como o mencionado afastamento do
americocentrismo pode afetar o acervo cultural, social e político dos brasileiros. Já
23

que, mais do que nunca, a possibilidade de aprendizagem através do consumo de


filmes e séries se encontra mais acessível e segura para o público.
24

6. REFERÊNCIAS

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<https://about.netflix.com/pt_br>. Acesso em: 07 de dez. 2022.

A Netflix anuncia o início da produção de filmes e séries brasileiros, incluindo quatro


novos títulos a estrear em breve. NETFLIX, 05 de set. 2022. Entretenimento.
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production-of-upcoming-brazilian-films-and-series>. Acesso em: 08 de dez. 2022.

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foca-imposto.shtml>. Acesso em: 08 de dez. 2022.
25

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