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Autofellatio

Juliana Duarte
2013
Para aqueles que não querem ser reprimidos em seus desejos, que
possuem a imaginação mais fértil e as mais sinceras fantasias
Sumário
Nova era___________________________________________7

Samuel____________________________________________11

Egas______________________________________________15

Amigos____________________________________________19

O Site_____________________________________________23

Os Afiliados________________________________________27

Cordas____________________________________________30

Cópia_____________________________________________33

Água e Fogo________________________________________36

Cama, Mesa e Banho_________________________________41

Gás______________________________________________47

Força_____________________________________________53

Loucura___________________________________________59

A Punição_________________________________________73

Vida______________________________________________84
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Nova Era

Eu vivo num mundo de imbecis.


É inevitável que eu também tenha me contaminado por esse
mundo. Mas quero acreditar que uma parte de mim ainda é só
minha.
A força da minha família foi uma das coisas que mais afetou o
meu cérebro.
O nome “Egas” já era bastante conhecido no submundo. Em
especial, pela influência do meu irmão.
A estréia dele no primeiro ano do segundo grau foi memorável.
Ele fez história naquele colégio. Poucos meses depois que ele
apareceu, aquele lugar não seria mais o mesmo.
Cláudio fundou uma organização intitulada Fellatio. Reuniu
quase todos os colegas para formar uma espécie de gangue, restrita
apenas a homens.
Rumores começaram a se espalhar. Até os professores ouviam
algumas coisas, embora não soubessem de onde viesse. Se
tivessem ficado sabendo de todas as histórias, a coisa não teria ido
tão longe.
Mas Cláudio sempre foi extremamente cuidadoso, nos menores
detalhes. Em primeiro lugar, ele ocultou sua identidade. Todos
apenas identificavam o líder da gangue como Egas. Mas ninguém
sabia quem era.
As meninas não ficaram nem um pouco satisfeitas com a
situação e decidiram reagir. Fundaram outra gangue intitulada
Cunnilingus. A líder também se manteve no anonimato.
E foi nesse momento que começou a guerra.
Claro que as coisas costumavam acontecer nas madrugadas, em
becos escondidos. Tudo longe da escola, embora também tenham

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ocorrido alguns atos lá por perto. Até mesmo um em público, em


pleno horário escolar.
Como as coisas estavam começando a ficar perigosas, Cláudio
inventou regras para manter a ordem. Se elas não existissem, tudo
seria descoberto e seria dado um fim à brincadeira.
O mais fantástico foi ele ser capaz de manter todos quietos.
Não se revelou nada. Por três anos aquilo prosseguiu,
ininterruptamente. Até que Cláudio se formou e começou a
faculdade.
Mas já estava feito. A turma dele virou história e o nome Egas
uma lenda. Muitos até hoje nem ficaram sabendo que foi meu
irmão quem organizou tudo.
Hoje ele cursa o primeiro ano da faculdade e acalmou os
ânimos um pouco. Dizem que isso se chama amadurecimento, mas
não estou tão certo. Para mim é acomodação. Ele se cansou da
diversão e virou um sujeito sério, aplicado aos estudos.
Eu pensava que ele daria início a uma nova “Era Egas” na
faculdade, mas isso não aconteceu. Foi uma decepção, na verdade.
Eu esperava que Cláudio fosse uma pessoa mais séria e
comprometida. Mas ele simplesmente largou tudo e virou um bom
menino.
Claro que isso foi uma grande perda para nosso colégio, pois as
coisas ficaram calmas. Os novatos só ficavam sabendo das
histórias e não acreditavam em metade delas.
Eu não estava nada satisfeito com isso. Vivi de perto a situação.
Meu irmão algumas vezes me levava para assistir escondido,
enquanto praticava suas atividades da organização. Posso dizer que
aprendi muito com as lições dele.
Três anos. Da quarta a sexta série eu vivi essa realidade. Eu a
senti. Apesar de nunca participar, era como se eu assistisse a um
teatro extremamente profissional.
E de repente tudo acabou. Entrei na sétima série. Ao pisar no
meu colégio eu não conseguia mais sentir a vida nele; a emoção da

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caçada. A adrenalina de ser a qualquer momento o caçador ou a


presa.
Havia somente corredores vazios e alunos bem comportados.
Os veteranos faziam questão de relatar com detalhes as histórias
dos velhos tempos, com orgulho. E todos sentem uma honra em
estudar no colégio em que pisou o lendário Egas. Não importava
mais se as histórias fossem verdadeiras. O mistério, o limite entre a
verdade e a fantasia, também sempre fascinou.
No segundo grau, alguns manifestavam o desejo de fundar uma
nova organização, mas aquilo não seria possível. Afinal, somente
ele conhecia as regras. Somente ele possuía a experiência e
capacidade de liderança para lidar com algo tão grandioso.
Por isso nada mais aconteceu. E os alunos mantiveram–se
conformados com o fim de tudo.
Mas eu jamais iria me conformar. Por isso em algum momento
decidi que era hora de eu fazer alguma coisa a respeito. Afinal,
além dele, somente eu seria capaz.
Eu jamais aceitaria aguardar passivamente até a minha chegada
ao primeiro ano para dar início à nova era. Eu já possuía
experiência para iniciar tudo naquele instante.
O colégio descobriu que algo novo estava prestes a acontecer.
Porque eu ofertei a eles. Eu não poderia me mostrar. Dessa forma,
decidi iniciar tudo da maneira mais segura: através da internet. E
foi lá que iniciei a minha própria organização: Autofellatio.
Eu não ficaria satisfeito em somente seguir os passos do meu
irmão. Desejava superá–lo. Fui treinado por ele desde tenra idade.
E posso dizer que dominei um feito que nem mesmo ele seria
capaz.
Aulas de yoga. Minha mãe resolveu me colocar nelas desde
pequeno, já que ela mesma sempre foi muito envolvida com essas
coisas estranhas que vêm da Índia. Mas naquele instante eu não
sabia que meus exaustivos treinos teriam para mim uma utilidade
suprema.

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Eu me perguntava se os meus colegas estavam preparados para


a nova era. E eu mesmo me surpreendi com o entusiasmo que vi.
Minha turma tem vinte e nove alunos: dez meninos e dezenove
meninas. E com essa quantidade de força feminina, uma reação já
era esperada. Uma nova organização foi fundada para reagir:
Autocunnilingus. Em um primeiro momento, pensei se tratar de
um blefe.
Mas isso era apenas um detalhe. Fiquei extremamente satisfeito
com a reação delas. Decidi que já era o momento de começar a
instruí–los nas grandes artes.
Eu precisaria de muita sorte. Afinal, teria que encarar o desafio
de fazer aquilo sobreviver por cinco anos e não somente três,
como na era Cláudio. A minha missão era ainda mais
extraordinária. E eu a aceitava com prazer. Principalmente para
provar a ele que eu era capaz.

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Samuel

Minha família é grande. Somos quatro irmãos.


Cláudio é o mais velho. Tem 18 anos e cursa biblioteconomia.
Ainda não sei que raios é isso.
Marcela tem 17 anos. Acho que ela sempre amaldiçoou o fato
de não estar na mesma turma de Cláudio para poder participar da
diversão. Mesmo assim, ela já viu algumas confusões na escola de
perto, já que também é do segundo grau.
Estudamos todos no mesmo colégio. O segundo grau fica no
andar de cima. Infelizmente sempre tive que acompanhar tudo do
primeiro andar. Em compensação, Cláudio me levava para assistir
de camarote aos encontros noturnos.
Meu nome é Samuel e tenho 12 anos. No final do ano farei 13.
Estou na sétima série.
Minha irmã mais nova é a Sara e tem 11 anos. Está na sexta
série e nesse ano completará seus 12 anos. Ela ainda não ficou
menstruada.
Aqui em casa é o seguinte: todo mundo sabe detalhes da vida
de todo mundo. Detalhes pessoais, inclusive. Ou eu deveria dizer,
principalmente esses.
Sexo é um assunto liberado. Talvez até demais. Nossos pais
sempre conversaram sobre isso conosco com bastante liberdade. E
nós quatro temos “conversado” uns com os outros sobre o
assunto desde pequenos. Acho que nossos pais não sabem dessas
conversas entre nós.
Antigamente eu e Sara éramos sempre deixados de fora.
Somente Cláudio e Marcela tinham relações sexuais. E isso já é
algo muito antigo. Antes mesmo da fundação do Fellatio. Ou seja,
antes dos quatorze anos dela os dois já faziam sexo. Foi com ela
que Cláudio aprendeu a maioria das coisas que sabe hoje.

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Conforme os anos passavam, Cláudio decidiu que já era hora de


me iniciar no assunto e permitiu que eu assistisse algumas vezes
enquanto eles transavam. Marcela também não se importa. E ela
diz que assim que Sara tiver a menarca também poderá ser
instruída. Por isso ela está tão ansiosa.
Na verdade eu acho um pouco injusto, já que eu comecei a
assistir quando era bem mais novo que ela. Mas Sara diz que não
se incomoda em esperar, pois assim fica “mais emocionante”.
Confesso que eu mesmo ainda não realizei o ato propriamente
dito. Já testei diversas técnicas de masturbação que Cláudio me
ensinou. Já masturbei Marcela e ela já me masturbou. Mas isso foi
tudo.
Desconfio que eles estejam aguardando a menstruação da Sara.
Talvez minha primeira vez seja com ela. Sinceramente, sempre
acreditei que essa seria uma honra muito grande, já que Cláudio e
Marcela perderam a virgindade juntos. Nada melhor para honrar o
nome da família Egas.
Aliás, Cláudio sempre achou muito engraçado que ninguém
nunca tenha se dado ao trabalho de verificar os sobrenomes na
lista de chamada dos alunos. Dessa forma seria muito fácil
descobrir que o líder era ele. Na verdade ele fez de propósito,
usando o próprio sobrenome, pois ele achava muito divertido o
risco de ser descoberto. Mas os trouxas nunca fizeram a conexão
óbvia.
Há uma razão para isso. Nós geralmente somos conhecidos
pelo sobrenome do meu pai: Viana. Portanto, ninguém costuma
verificar nosso sobrenome do meio.
Claro que eu resolvi deixar a questão da perda da minha
virgindade à própria sorte. Estou brincando com isso ao fundar o
Autofellatio.
Eu só espero que meus colegas sejam pessoas sérias como eu e
Cláudio. Afinal, essa organização é extremamente séria e só são
permitidos membros respeitáveis e não qualquer idiota.

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Eu recebi uma educação excepcional. Aprendi desde cedo que


sexo não tem nada a ver com tabus e deve ser algo respeitável. Eu
não diria que é sagrado. Não há problema em haver brincadeiras,
contanto que não passe do nível da tolerância.
Eu divido o quarto com Cláudio. Marcela e Sara dividem quarto
também. Quando Cláudio e Marcela querem fazer sexo costumam
usar nosso quarto. Cláudio me avisa e pede para que eu fique no
quarto de Sara até que os dois terminem. Às vezes eles querem um
pouco de privacidade.
Na minha opinião, sexo é a terceira necessidade do ser humano,
depois de comer e dormir. Você não morre se não faz, mas é
sempre agradável que ele faça parte da sua vida, como sempre fez
parte da minha. Aprendi a me masturbar antes mesmo de aprender
a ler e escrever.
Tenho verdadeiro fascínio por sexo. É quase uma obsessão.
Tudo o que faço costuma ter relação com isso. O meu irmão já
assistiu a maioria dos filmes eróticos que tem nas locadoras perto
da nossa casa e já baixou vários pela internet. Ele diz que a maioria
é lixo. Que são poucos os que sabem fazer um filme bom de
verdade. Ele sempre disse que queria ser diretor de cinema para
mostrar como se faz um filme erótico de alto nível. Mas foi fazer
biblioteconomia! Vai entender.
Por isso eu digo que ele me desapontou um pouco. Antes eu o
venerava como um herói. Mas há um ano tudo isso acabou. Não
sei o que aconteceu.
Ele continua vidrado em sexo, mas não tanto como nos velhos
tempos. Eu me pergunto se isso tem a ver com as ocupações dele
na faculdade. Ele virou um CDF! Nada contra. Eu mesmo
costumo ir bem no colégio, mas nem por isso troco o sexo pela
escola, por favor.
Eu gostaria muito de fazer sexologia. Mas como não sei se tem
esse curso na universidade para a qual irei, talvez eu me contente

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em cursar algo como enfermagem. Ao menos assim terei contato


com o corpo humano, que é algo que sempre me fascinou.
Mas ainda é muito cedo para pensar no meu futuro. Até lá,
muita coisa pode acontecer.

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Egas

Minha família é de classe média, mas estudamos num dos


colégios particulares mais caros e respeitáveis da cidade. Um
colégio que, teoricamente, não permite que nada saia um pontinho
fora da linha.
Mas eu acho que o colégio deveria agradecer a generosidade da
família Egas. Afinal, me parece que algumas pessoas vieram
estudar aqui exatamente por causa dos boatos sobre a guerra. Os
infelizes que vieram esse ano por esse motivo se desapontaram ao
saber que os alunos da turma de Cláudio já estão frequentando a
universidade, como adultos comportados.
Há um mês eu divulguei o site da minha organização na internet.
Eu sou um aluno bem quieto. Daqueles que ninguém nem nota
que está ali no cantinho. Quem já percebeu minha presença deve
me considerar tímido. Sou um pouco tímido sim, mas também sou
bastante sério. Depende da ocasião.
Pensando melhor, duvido muito que alguém não tenha notado
minha presença. Isso porque eu sou negro. Toda minha família é
negra. E como estudo numa escola de burgueses, é raro ver
alguém da minha cor. Você até vê alguns mulatos, mas um negro?
Difícil. Sou o único da minha turma. Isso não passaria
despercebido.
Antes de entrar na sala, peguei alguns livros no meu armário.
Claro que eu havia feito todos os deveres. Eu não era o mais
inteligente da turma, mas minhas notas estavam sempre acima da
média. Em parte porque eu sabia que meus pais estavam fazendo
um grande esforço para manter três filhos num colégio caro como
aquele.
Por outro lado, alguns colegas meus não pareciam nem aí.
Certamente não se importariam em repetir o ano. Os pais deles

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deveriam ter dinheiro até para limpar o traseiro, portanto não se


importariam em pagar a eles um ano a mais de colégio.
Sentei na minha cadeira, que ficava encostada na janela.
Infelizmente do primeiro andar eu não tinha uma vista tão boa.
Não via a hora de ir para o segundo grau. Eu queria terminar logo
o colégio. Os anos se arrastavam com uma lentidão irritante, como
se os ponteiros do relógio sentissem preguiça de se mexer.
Escola é um tédio. Estudamos coisas que não importam.
Felizmente na sétima série começamos a estudar os órgãos sexuais
humanos em ciências. Assistir àquelas aulas era uma das únicas
coisas que me animava a levantar pela manhã.
Apesar de ficar quieto no meu canto, tenho dois amigos na sala:
o Bruno e o Jonas. Falo com eles de vez em quando. O Bruno
gosta de fingir que é engraçado. O Jonas é bem estranho. Assusta–
se com qualquer coisinha e tem várias manias.
Mas amigo é amigo. Você tem que conviver. Além do mais, é
companhia de colégio. Não sabemos muita coisa da vida do outro.
É muito raro eu trocar palavras com uma menina. Na minha
turma as coisas são bem separadas: meninas só conversam entre si.
Com os meninos é a mesma coisa. Quase como se fosse proibido
que um entrasse no universo do outro.
Eu não ligo para essas coisas. Para mim tanto faz. Nunca me
importei em conversar com meus colegas. Não faz tanta falta. Ao
menos tenho dois amigos para quando preciso fazer trabalhos em
grupo.
Mas naquele dia houve uma ocorrência infeliz. A professora
sorteou os grupos e acabei ficando com pessoas com quem eu
particularmente não simpatizava: Eduardo, o CDF da turma;
Marcos, um cara que se achava o máximo porque era alto e bom
no basquete; Lúcia, uma patricinha fofoqueira; Virgínia, uma
múmia.

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Decidimos que íamos nos reunir na casa de alguém para fazer o


trabalho. Todo mundo começou a dar desculpas, que teria faxina,
que teria visitas e no final acabou sendo lá em casa.
Era a primeira vez que colegas meus pisavam na minha casa.
Como nunca tive amigos mais próximos além do Bruno e do Jonas,
que eu só via no colégio, nunca convidei ninguém para ir lá. Para
mim meu único amigo era meu irmão. E éramos muito amigos,
portanto eu não precisava de mais ninguém. Eu também me dava
bem com minhas duas irmãs.
Permanecemos na sala a tarde inteira. Minha mãe trouxe um
lanche para nós. Quando terminamos a maior parte do trabalho,
dividimos as tarefas restantes.
Marcos sugeriu que víssemos um filme, já que sobrou um
tempo. Mas eu descartei essa ideia no mesmo instante. Para isso
precisaríamos entrar no meu quarto e isso era completamente
inviável, principalmente com duas meninas presentes. Afinal, o
quarto estava cheio de coisas de sexo para todos os lados. Tanto
pôsteres cobrindo as paredes como objetos suspeitos e coleções de
filmes pornôs. Coisa do meu irmão.
Aliás, meu irmão apareceu por ali. Ele escutou a sugestão e
convidou a todos para entrar. Claro que eu não deixei. Ele não
insistiu e riu da minha cara. Entrou no quarto de novo.
– Que idade tem o seu irmão, Samuel?
Lúcia também perguntou se ele tinha estudado na nossa escola
e rapidamente fez a conexão.
– Então ele era da turma do Egas! Que sorte a dele.
Ainda bem que ela não perguntou se ele participou da guerra e
nem pediu mais detalhes sobre a situação. Se bem que eu não iria
dá–los da mesma forma.
– Vocês já ouviram falar naquele site?
Eles comentaram alguma coisa sobre meu site, mas não
manifestaram muito interesse. Talvez achassem que era falso. E,

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mesmo sendo verdadeiro, não seria capaz de substituir a diversão


daquela época.
– Se tivesse um grupo de meninas eu gostaria de participar.
Mas Lúcia parecia achar que a possibilidade de criação de um
novo grupo feminino seria pouco provável. Eu também achava.
Eu fiquei aliviado quando eles foram embora. O tempo todo
fiquei com medo que eles de repente resolvessem entrar no meu
quarto. Ou que aparecesse alguém da minha família identificando
o sobrenome Egas. Era possível que o próprio Cláudio fizesse isso,
só para me sacanear.
Mas foi melhor assim. E eu cuidaria para evitar encontros
posteriores na minha casa. Não queria correr outro risco como
esse. Mas nada tinha acontecido ainda. A possibilidade de correr
riscos sempre agradou ao meu irmão, mas não me agradava tanto
assim. Eu preferia ter as coisas sob meu controle.

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Amigos

O nosso trabalho em grupo terminou de maneira bem


previsível: Marcos e Lúcia não ajudaram em nada. Eduardo fez
questão de se ocupar de quase tudo para ter certeza de que sairia
da melhor maneira possível. Eu e Virgínia até ajudamos um pouco,
mas Eduardo dispensou a maior parte da ajuda. Por mim tudo
bem.
No intervalo, o pessoal comentou alguma coisa sobre o grupo
que criei.
– Esse líder diz ser irmão de Egas.
– Isso não significa nada. Ele jamais igualaria a experiência do
verdadeiro.
Eles não sabiam que eu havia assistido a cada sessão do Fellatio
de muito perto. E que havia sido treinado pessoalmente por
Cláudio desde pequeno.
As pessoas possuem a mania de criticar aquilo que não
compreendem.
– Ele também disse que é capaz de realizar autofellatio.
– Está contando vantagem. Você não deve acreditar em
qualquer mentira que lê.
Eu não estava com muita vontade de escutar as conversas.
Resolvi sair da sala e subir para o terraço. Encostei–me à viga e
acendi um cigarro. Cláudio fumava desde os quatorze anos.
Portanto, fiz questão de superá–lo. Coloquei meu primeiro cigarro
na boca aos onze.
Mas eu fumava só de vez em quando. Cláudio também não era
um fumante compulsivo.
Alguém subiu. Apaguei o cigarro no mesmo instante. Era
Bruno.
– Que está fazendo aí em cima?

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Ele sentou–se ao meu lado e começou a comentar a sorte que


tive ao ficar no mesmo grupo do mais inteligente da turma. Depois
disse que até teria interesse em participar da nova organização se
ela realmente vingasse.
Fiquei levemente incomodado com a presença dele, mas não
comentei nada. Afinal, eu preferia ficar sozinho um pouco.
– Quer ir ao fliperama na saída da escola? Eu e Jonas estamos
pensando em ir.
Eu raramente saía com os dois. Sinceramente, não estava muito
a fim. Disse isso a ele. Mas ele fez questão que eu fosse mesmo
assim. Acabei acompanhando–os.
Não me diverti muito. Bruno e Jonas jogaram em várias
máquinas de arcade e riram bastante. Bruno era particularmente
bom em uma delas e conhecia várias técnicas. Eu apenas assisti na
maior parte do tempo, sem muito interesse.
Depois compramos cachorros–quentes. Eles conversaram
sobre coisas que nem me recordo. Eu apenas ficava quieto. Nem
prestei atenção, pois meu pensamento estava longe.
Eu tentava entender o que estava fazendo ali naquele lugar:
naquele shopping cheio de jovens vestidos estranhamente. Não
tinha muita gente da nossa idade. A maioria era o pessoal mais
velho.
– Pena que as meninas não têm muito interesse em nós agora.
Elas sempre gostam dos rapazes mais velhos. Não vejo a hora de
entrar no segundo grau.
O comentário de Bruno foi bem infeliz. Eu não via a hora de
sair de lá.
Quando voltei para casa, Cláudio percebeu que eu estava bem
desanimado.
– O que você tem? Quer assistir a um filme para se animar?
– Já assisti de tarde.
Contei a ele o filme que vimos. Só pela descrição, ele
considerou péssimo. Tinha toda a razão. Só o Cláudio sabia

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selecionar filmes de qualidade. Portanto, vimos juntos um filme


erótico novo que ele havia comprado.
Ele sempre assistia primeiro para depois me mostrar. E isso não
tinha nada a ver com me impedir de ver cenas fortes, mas evitar
que eu assistisse a filmes imbecis e perdesse meu tempo.
Para ele os melhores eram os que mostravam cenas fortes, mas
com elegância. Ele era excelente na análise de filmes. Também
escrevia contos eróticos. Já li alguns. São realmente bons.
No meio do filme, Cláudio interrompeu para chamar Marcela.
E os dois fizeram sexo ao meu lado enquanto assistíamos. Para
mim foi mais interessante ver o filme do que assistir ao que eles
estavam fazendo, já que eu via os dois juntos frequentemente.
Numa parte, mostrou uma cena de um sujeito que fazia
autofelação.
– Sei fazer isso.
Cláudio olhou para mim.
– Sério? Faz aí.
– Preciso de preparação antes.
– Marcela, prepare o Samuel.
– Não quis dizer isso. Eu me referia a alongamentos. Vou
deixar para outro dia. Preciso fazer a lição do colégio.
Acabei não vendo o filme até o fim e fui fazer a lição no quarto
da Sara enquanto os dois continuavam. Depois a própria Sara
ficou sabendo da história e queria ver também a minha habilidade.
– Hoje não.
Infelizmente eu realmente precisava estudar. Já estava perto das
provas e eu não poderia perder nem um minuto naquela noite. Fui
dormir bem tarde por causa disso.
– Você nunca vai arrumar namorada, Cláudio?
– Ninguém consegue substituir Marcela na cama. Duvido que
eu encontre uma menina que satisfaça todos os requisitos.
Eu também era muito exigente. Por isso eu não ligava para as
minhas colegas ou para nenhuma menina que eu conhecia. Só ao

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olhar para elas desconfiava que não estivessem à altura. Somente


Sara, porque já era, de certa forma, iniciada nas exigências da casa.
Eu jamais iria aceitar uma mulher frágil e inocente. Tampouco
uma prostituta vulgar. Procurava uma pessoa que fosse especialista
em sexo, mas que o fizesse com nobreza.
Mas a verdade era que eu não procurava ninguém. O que eu
mais prezava era a minha solidão e exigia o meu direito absoluto a
ela.

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Autofellatio

O Site

Não demorou muito para que o assunto da sala fosse o meu site.
No começo ninguém levou a sério. Por isso, resolvi provar a eles o
meu conhecimento.
Escrevi diversos textos sobre os objetivos da organização. A
cada noite eu dava mais detalhes e o pessoal começou a se
interessar.
Resolvi dar a cartada final de que eu era extremamente sério nas
minhas palavras. Por isso, coloquei vídeos dos encontros do
Fellatio nas madrugadas. Cláudio filmou todos eles ou mandou
alguém filmar – eu, em boa parte das vezes – Fiz questão de
mostrar tudo, com detalhes. Postei também fotos e áudios.
Peguei escondido, mas o Cláudio descobriu rapidinho. Em vez
de me xingar, ele me entregou os “vídeos especiais” que ele
guardava num local reservado e fez questão que eu postasse
também.
Os meus colegas ficaram muito impressionados. Quando eu
apenas escrevia mensagens, por mais fortes que fossem, não
possuía tanto impacto como a provocação visual. Aquilo
proporcionou um efeito tremendo.
As outras duas turmas da sétima série e inclusive o pessoal do
segundo grau também estavam acessando o meu site. Verifiquei
que o número de acessos aumentou consideravelmente.
Cláudio selecionou as melhores fotos. Pareciam tiradas por um
profissional. Na maior parte dos áudios era possível ouvir a voz
poderosa de Cláudio, ordenando com detalhes as ações que os
membros de Fellatio deveriam realizar. Ele dava as tarefas e
inflamava a emoção com um discurso fenomenal, quase como se
recrutasse soldados para uma guerra.

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Em muitos vídeos Cláudio aparecia, fazendo coisas com uma


frieza absoluta. Meus colegas estavam impressionados com aquele
negro misterioso. Os vídeos foram feitos na madrugada e estava
muito escuro. Eu esperava que meus colegas que foram na minha
casa naquele dia não o reconhecessem. Se bem que isso não faria
tanta diferença. Contanto que não soubessem quem era o líder,
não teria problemas.
Embora Cláudio se destacasse, não haveria como confirmar
quem estava coordenando a operação. Meus colegas estavam
cheios de teorias. Um afirmava que era o negro, outro que era o
sujeito de boné ou o cara alto e musculoso. E ninguém chegava a
um consenso. Achei excelente que eu tivesse atiçado a curiosidade
deles.
Mas o que eu realmente queria não aconteceu. Em vez de se
animarem para participar da minha organização, o pessoal estava
mais interessado em analisar todos os vídeos com detalhes. Aquilo
era coisa do passado. Estava na hora de construir o presente.
Depois de obter a confiança deles, comecei a escrever novos
discursos todos os dias, à meia–noite. E o tempo todo eu me
perguntava se meus colegas estariam à altura de corresponder
àquele desafio. Ao menos as imagens e áudios de Fellatio iriam
inspirá–los.
Logo comecei a dar a eles lições sobre sexo. A cada madrugada
eu explicava com detalhes muitas possibilidades, contando o que
eu aprendi sobre o assunto ao longo da minha vida, fosse por
experiência ou através das instruções de Cláudio.
Fiquei tão empolgado que comecei a dar detalhes sobre minha
vida e a falar sobre a família Egas. Relatei minhas primeiras
experiências de masturbação quando era bem pequeno. Contei a
liberdade que tinha com minha família e como as coisas
aconteciam na minha casa.
Até adicionei uma foto do meu quarto, tomando o cuidado para
tirar de lá qualquer porta–retrato ou utensílio pessoal meu que

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Autofellatio

pudesse me identificar diretamente. Mostrei a coleção de vídeos,


os pôsteres, os utensílios complexos de sexo e masturbação que
Cláudio havia encomendado pela internet ao longo da vida. Todo
o dinheiro dele era exclusivamente empregado para artigos de sexo.
Contei sobre minha experiência: como meu irmão sempre
transava na minha frente com minha irmã; como eu introduzia
objetos entre as pernas dela. Não deixei passar nenhum detalhe.
Meus colegas estavam fascinados. Não havia possibilidade de
ser mentira. Afinal, eu sabia demais para mentir.
Confesso que eu apenas menti num único detalhe: que eu já
possuía vida sexual ativa com minha irmã mais nova e que nós
quatro realizávamos experiências de sexo grupal. Cláudio me
prometeu que isso aconteceria assim que Sara menstruasse, mas eu
não quis esperar mais um ou dois anos para contar aquilo. Um dia
eu faria com que isso se tornasse verdade, então não haveria
problemas em adiantar o meu futuro.
Aproveitei e disse que eu fumava desde os onze e já tinha
experimentado várias bebidas alcoólicas bem antes disso. Cláudio
também já tinha me oferecido algumas drogas, mas eu as utilizava
com moderação para não me viciar.
Tudo na minha vida era feito com moderação, com exceção do
sexo. Embora eu nunca tivesse realizado o ato em si, eu sabia me
virar muito bem com métodos alternativos.
Eu não esperava que aquilo fosse dar tão certo. As pessoas
daquele colégio começaram a me venerar! Eu apenas me
identifiquei como um aluno da sétima série. Havia três turmas. Nas
outras duas havia ainda mais garotos do que na nossa, portanto era
maior a probabilidade de eu estar nelas. Ninguém ia desconfiar.
Até o pessoal do segundo grau ficou pasmo ao constatar o
conhecimento de um menino de 12 ou 13 anos. Mas o mais genial
era a maneira com que eu me expressava.
Uma das coisas da qual eu mais me orgulhava era do meu
português. Era minha matéria preferida na escola. Eu sabia me

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Juliana Duarte

expressar perfeitamente. Nada dos termos ofensivos e vulgares


que você encontra na internet. Eu era um verdadeiro mestre na
arte das palavras.
Passei a escrever textos bem artísticos com descrições
minuciosas das grandes aventuras que já tive em minha casa. A
grande maioria era verdade. Como sempre, as únicas mentiras que
eu acrescentava era sobre o fato de eu transar com minhas irmãs.
Os garotos das três turmas começaram a se afiliar no site. O
pessoal das séries mais avançadas também ficou interessado, mas
preferiam aguardar até que uma organização da série deles surgisse.
Acho que eles não ficariam muito à vontade para brincar com
crianças, embora percebessem que eu era uma pessoa madura.
Essa era a impressão que eu pretendia gerar.
Mas as meninas da minha sala também criaram sua própria
organização. Havia uma garota que postava num outro site coisas
que me deixaram bastante curioso. Claro que nem chegava aos pés
da minha experiência. Eu não aceitaria uma imitação barata como
aquela e comecei a zombar do site das meninas. Elas fizeram o
mesmo conosco, embora não tivessem argumentos tão geniais
quanto os meus. Mas eu estava realmente com vontade de
provocá–las. Eu precisava de adversárias ferozes para que a guerra
pudesse ser iniciada.

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Autofellatio

Os Afiliados

Não coloquei no site todo o material do Cláudio de uma vez.


Resolvi divulgar os melhores vídeos um a cada madrugada. Sempre
havia uma nova foto ou áudio que meus colegas aguardavam para
conferir.
Eu não estava satisfeito só com aquilo. Não via a hora de
começarmos a criar a nossa própria história. E para isso eu
precisava de pessoas fortes. Estava pensando em testá–los em
provas. Somente os aprovados seriam permitidos a fazer parte da
minha organização.
E a cada noite eu aproveitava para escrever uma nova
mensagem e contar mais curiosidades sobre minha vida. Sempre
havia algo novo acontecendo. Claro que Cláudio também estava
acompanhando meu site. Ele mesmo fez questão de realizar
algumas coisas divertidas com Marcela para que eu contasse. Ele
não estava mais nem aí para aquele colégio. Digamos que ele
estava me ajudando só por satisfação pessoal.
Obviamente, meus colegas adoravam quando eu comentava
sobre o Cláudio. Eles faziam questão de ficar por dentro da vida
do Egas. E eu dava notícias bem atualizadas. Claro que eu nunca
citava nomes.
Naquele dia jogamos basquete na aula de educação física. Como
sempre, Marcos fazia questão de impor a sua autoridade. Como eu
não era muito bom em esportes, era sempre um dos últimos a ser
escolhido. As únicas atividades físicas que eu sei fazer bem são
yoga e masturbação.
Marcos assumiu a liderança do time e me escolheu por último.
Na hora do jogo, ele me empurrou e depois me deu uma bolada na
cara. A princípio não entendi o motivo de tudo aquilo. Por isso
resolvi conversar educadamente com ele no fim do período.

27
Juliana Duarte

– Foi sem querer.


Mas acabei descobrindo o motivo. Aquilo era por causa do
trabalho em grupo. Lembro que eu o critiquei por ele ter ficado
quieto na hora da apresentação. Ele acabou deixando a parte dele
para mim e na hora fiquei sem saber o que dizer lá na frente da
turma.
Eu não sou de guardar rancores. Aquilo era coisa do passado.
Se fosse para alguém ficar com raiva, deveria ser eu. Resolvi
ignorá–lo.
Na hora do intervalo, como de costume, subi no terraço para
fumar. Quando havia alguém presente, eu precisava me esconder
num canto para fazer isso. Felizmente naquele dia ninguém me
incomodou.
No final da aula, Bruno e Jonas me convidaram de novo para
sair, mas eu resolvi recusar. Mesmo assim, saí à tarde sozinho, para
pensar. Levei um bloco comigo para rabiscar os primeiros testes.
Eu não queria apenas repetir os feitos de Cláudio. Precisava criar
algo novo.
Decidi que para ser admitido na organização, os meus colegas
precisavam masturbar um homem, filmar e me enviar por e–mail.
Eu iria aprovar o vídeo. Afinal, eu não iria aceitar nenhum
membro que fosse preconceituoso contra homossexuais. Mas
como alternativa para os teimosos, permiti algum tipo de atividade
erótica com animais.
No outro dia, meus colegas estavam comentando sobre isso em
sala de aula. Fiquei bastante satisfeito com a indignação deles. Se
pretendiam participar apenas para brincar com as mulheres,
estavam muito enganados.
Sim, meus planos era dar o foco a atividades heterossexuais, a
não ser que os membros possuíssem outras preferências. No
entanto, desde o começo eu quis deixar claro que meus objetivos
iam muito além de um mero jogo.

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Autofellatio

Através dessa estratégia, acredito que consegui eliminar boa


parte do lixo. Naquele mesmo fim de semana, recebi alguns vídeos
com as imagens requisitadas por mim. Depois pedi para que o
próprio Cláudio analisasse e desse sua opinião.
– Esse é falso. Montagem.
Eu nem tinha percebido. Não admitia mentiras e fiz questão de
dispensar imediatamente os falsificadores. Até anotei os nomes
dos elementos para me certificar de mantê–los bem longe das
atividades da organização.
Mas fiquei satisfeito em aprovar um bom número de membros.
Selecionei os melhores vídeos e anotei os nomes numa lista.
Classifiquei os que considerei mais aptos para que no futuro os
incumbisse das atividades mais importantes.
Enquanto isso, a líder da organização feminina requisitou
exatamente a mesma coisa. Pediu para que as mulheres
mandassem vídeos masturbando umas às outras. Claro que para
elas foi bem mais fácil e ela rapidamente conseguiu recrutar um
número de membros impressionante.
Aquilo me aborreceu um pouco. Eu não aceitava ser copiado e
enviei a ela minha primeira ameaça. Elas já estavam comprando
briga desde o começo. Por isso fiz questão de organizar a primeira
missão. Dessa forma as mocinhas já seriam punidas e, ao mesmo
tempo, eu verificaria a potencialidade dos membros.

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Juliana Duarte

Cordas

Expliquei qual seria a primeira tarefa. Seria necessário capturar


um dos membros de Autocunnilingus. Eles iriam se reunir na
madrugada e retirar toda a roupa da menina. Iriam amarrá–la e
amordaçá–la. Em especial, manter as cordas ou correntes de forma
que dificultasse o fluxo sanguíneo dos seios. Expliquei com
detalhes várias técnicas possíveis para obter o efeito desejado.
Para isso, de preferência sugeri que escolhessem uma vítima de
seios mais desenvolvidos. O ato deveria ser filmado e fotografado.
A menina deveria ser colocada em posição submissa e humilhada.
No entanto, não deveria ser tocada. Estaria de joelhos e
posteriormente poderia ser pendurada.
Solicitei que enviassem o material completo a mim, e que ele
fosse de alta qualidade. Aqueles que se mostrassem mais aptos
seriam escolhidos como os membros de elite de Autofellatio.
O ato foi feito.
Naquela mesma madrugada recebi os vídeos e fotos. Selecionei
os melhores. Eu e Cláudio verificamos a atuação de cada membro.
Identifiquei a menina imediatamente. Era Virgínia, da minha
turma, que tinha seios um pouco mais aparentes do que as
meninas de sua idade, o que provavelmente foi o motivo da
escolha. Ela manteve–se em silêncio absoluto do início ao fim e
não reagiu. Apenas mantinha–se séria.
Até mesmo eu me admirei com o profissionalismo que aquilo
foi realizado. As peças de roupa da menina forma tiradas uma a
uma. As cordas e correntes foram posicionadas com cuidado e
nenhum dos membros tocou nos seios dela diretamente. Percebi
que não foi realizado com perfeição, já que eles eram iniciantes,
mas o resultado foi satisfatório.

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Autofellatio

Virgínia foi colocada de joelhos e baixou a cabeça. Depois ela


foi pendurada de certa altura. Foi bem interessante.
Percebi que aquilo foi realizado numa ordem quase matemática.
Expressei a minha opinião sobre isso no site. Elogiei pelo
profissionalismo, mas tentei deixá–los à vontade. Creio que eles
tenham se intimidado pela minha seriedade e acabaram sendo
extremamente frios no processo. Embora tenha me deixado
satisfeito, permiti certa liberdade para o próximo ato.
Estava em dúvida se deveria ou não postar o vídeo e as fotos
para expor a menina. Pedi a opinião de Cláudio. Eu já sabia o que
ele ia dizer. Claro que ele me sugeriu colocar no site. Dessa forma
aquilo iria impressionar os demais membros e atiçar a raiva da
organização feminina, para que reagisse.
Fiz questão de começar com algo bem leve, apenas para
prepará–los.
No outro dia, a minha turma estava em polvorosa. Virgínia foi
à aula sem problema algum e pareceu não se importar muito. A
única coisa que me desapontou foi constatar que nenhum dos
membros da minha organização eram colegas meus, mas alunos
das outras turmas. Perguntei–me quando meus colegas se
prontificariam a participar. Talvez o novo vídeo despertasse a
curiosidade.
Meus dois amigos ficaram bem impressionados com o ocorrido.
– Aquilo foi sinistro. Não achei que fossem tão longe.
– Não era você que dizia ter interesse em participar, Bruno? –
perguntou Jonas.
Sinceramente, comparando com os vídeos do Cláudio, aquilo
foi levíssimo.
Jonas ficou todo apavorado, como sempre. Ele se apavorava
por qualquer coisa. Resolvi não fazer nenhum comentário. Não
manifestei o mínimo interesse e no intervalo fui lá para cima fumar.
Infelizmente havia alguns alunos no meu terraço naquele dia.
Portanto, tive que experimentar uma leve crise de abstinência até a

31
Juliana Duarte

hora da saída. Dessa vez fui obrigado a negar o convite dos dois
para sair. Eu precisava fumar.
Assustei–me um pouco ao constatar minha necessidade. Em
casa resolvi perguntar ao Cláudio se aquele desejo era normal.
– Você só fuma um cigarro por dia. Então por enquanto está
tranquilo. Não esquenta com isso.

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Autofellatio

Cópia

Como esperado, as meninas reagiram. No outro dia colocaram


no site de Autocunnilingus um menino nu, acorrentado a um poste
e com uma sacola na cabeça. Não consegui identificar o sujeito por
causa da sacola.
Aquilo tudo estava me incomodando profundamente. A falta
de criatividade delas era uma decepção. Resolvi colocar a seguinte
mensagem no meu site:

À que se intitula líder de Autocunnilingus

Se não possui a criatividade e a decência de propor um desafio original,


sugiro que não o proponha. Vergonhosa atuação da organização feminina.
Manifesto aqui o meu repúdio ao plágio.

Atenciosamente

Egas

A resposta foi imediata:

Àquele que se intitula Egas

Questiono a sua autoridade para utilizar esse nome. Mostre–me que é


digno dele. Sugiro que manifeste de outra forma a sua inveja quanto ao
número de membros de Autocunnilingus.

Atenciosamente

Fifi

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Juliana Duarte

Aquela garota estava mesmo querendo me deixar com raiva.


Ela colocou uma saudação e uma despedida praticamente iguais às
minhas.
Óbvio que eu possuía autoridade para usar aquele nome, sendo
que estava registrado na minha certidão de nascimento. E eu já
havia explicado com detalhes toda a minha história. Quem era ela
para me questionar?
Inveja quanto ao número de membros? A quantidade jamais se
comparou à qualidade e nunca foi invejada. Disse isso tudo a ela
na minha mensagem seguinte e aproveitei para manifestar também
o meu repúdio ao apelido da mocinha.
Ainda batemos boca assim por algum tempo. Eu postava as
minhas mensagens no meu site e ela escrevia as respostas no dela.
Até que eu desisti de perder meu precioso tempo com isso, pois
percebi que não valeria a pena. A resposta viria com o nosso
próximo ato. Dessa vez eu desejava algo digno.

Membros de Autofellatio

O tema do próximo ato será os insetos. Tão amados e desejados pelas


nossas musas, finalmente lhes será dado aquilo que merecem. Numa caixa
será colocada a noiva sacrifício e nela lacrada. Que lá dentro se deleite com os
seus amantes apaixonados de patas cabeludas.

Em eterno contorcionismo

Egas

O vídeo me foi enviado na mesma madrugada. A menina nua


foi colocada numa caixa infestada de baratas, aranhas, centopéias,
minhocas, moscas, lesmas e diversos artigos interessantes como
esses. Eles até acrescentaram coisas a mais, para deixar a coisa toda

34
Autofellatio

mais emocionante. Fiquei bastante satisfeito. A caixa foi lacrada e,


após aberta, foi filmado o estado da menina aterrorizada tentando
se livrar dos insetos. Não identifiquei quem era.
Em troca, elas enterraram um dos membros da nossa
organização. Comecei a desconfiar que elas ainda não estivessem
pegando o espírito da coisa. Aquilo deveria ter algo a ver com sexo.
Por isso, me vi no direito de plagiar o ato delas também, mas de
maneira mais original. Os nossos membros encheram de lama o
corpo de uma menina, mas esfregaram com as próprias mãos, em
todas as partes.
Dessa vez foi a tal líder da gangue das meninas que me acusou
de copiá–la. Obviamente o comentário não me afetou de forma
alguma. Na verdade, fiz questão de ignorá–la.
Comecei a pensar se estava fazendo do jeito certo. Tudo ainda
parecia leve demais, muito controlado. Uma mera brincadeira.
Ainda não estava no nível que eu queria.

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Juliana Duarte

Água e Fogo

Naquela noite, ao chegar em casa, prestei atenção no reflexo de


meu próprio rosto no espelho. Não poderia existir no mundo
alguém tão especial como eu. A minha companhia perfeita talvez
fosse eu mesmo no sexo feminino.
O mais próximo disso eu enxergava na minha irmã: quase a
minha idade, mesma educação que a minha. E um dia, muito em
breve, o corpo dela seria meu.
Deitei na minha cama. Peguei a minha boneca inflável, quase
do meu tamanho – sob encomenda – e comecei a fazer sexo com
ela. Mas aquilo ainda não me bastava.
Estava na hora de obrigar os meus escravos a encostar no
corpo de uma mulher.
A próxima tarefa aconteceu embaixo d’água. Requisitei que um
dos membros, também sem roupas, arrastasse a menina para
dentro da piscina, a abraçasse e a acariciasse.
Houve um pequeno problema nessa operação. O sujeito insistiu
tanto que quase afogou a menina. Ela desmaiou e teve que ser
recuperada com uma respiração boca–a–boca realizada de maneira
completamente errada. Mas de alguma forma misteriosa a garota
acabou acordando.
Aquilo foi muito comentado na escola. Eu estava começando a
ser criticado. Mas a culpa não era minha e sim dos estúpidos que
não souberam fazer a coisa direito. Fiz questão de me defender no
site e requisitei mais cuidado nas tarefas seguintes.
– Isso é loucura. Já está passando dos limites.
Bruno começou a criticar bastante o que andava acontecendo.
Jonas apenas concordava com a cabeça, com seus olhos
arregalados.

36
Autofellatio

Mas eu nem havia começado. Aquilo eram apenas os


preliminares. Nem mesmo serviu para aquecimento. Eu estava
testando a capacidade dos meus homens. Só depois que os
primeiros testes fossem realizados eu poderia iniciar as tarefas mais
pesadas.
No entanto, o primeiro ato de crueldade em troca desse erro
veio das próprias meninas, que amarram o menino e literalmente o
colocaram para assar na churrasqueira. Elas não chegaram a
machucá–lo gravemente, mas aquilo foi bem perigoso.
Se elas já queriam jogar pesado, eu aceitava. Mandei enterrarem
a garota num caixão. Eles desenterraram um cadáver e colocaram a
menina ao lado do defunto. Depois o defunto foi despedaçado em
cima dela, que foi melecada pelas vísceras.
O próximo vídeo das garotas foi bastante artístico. Elas
trajaram roupas íntimas negras, colocaram máscaras, cintas–liga e
portavam chicotes. E chicotearam o garoto, que estava sem roupas.
– Muito leve. Vocês são muito crianças. Quando haverá uma
penetração?
Cláudio só se divertia. Ele tinha razão. Estávamos nos achando
muito adultos por mexer com aquelas coisas de gente grande.
Sendo que o corpo das meninas ainda nem era suficientemente
sexy para que usassem aquelas cintas–liga.
Claro que as garotas ficaram muito orgulhosas de sua atuação.
Naquele vídeo identifiquei uma colega nossa: Lúcia, uma das
garotas mais metidas de nossa sala e provavelmente uma das mais
ricas do colégio. Se ela estava participando daquilo, eu não
duvidava que houvesse mais performances artísticas como essa.
Marta, outra colega nossa, também estava lá. Ela era a melhor
amiga de Lúcia. E as duas comentavam em altas vozes na sala de
aula sobre suas “atuações perfeitas”. Houve alguns colegas nossos
que elogiaram, mas outros ficaram quietos.
– O ato de Autofellatio no cemitério foi muito mais poderoso.

37
Juliana Duarte

Quem comentou isso foi Marcos, o líder do time de basquete.


Eu sabia que ele não estava participando somente porque não teve
coragem de enviar um vídeo para mim em que ele masturbava
outro homem.
Claro que ele estava morrendo de vontade de participar. Resolvi
dar uma chance a ele.
Escrevi um bilhete, recortando letras de uma revista, ou minha
letra poderia ser identificada. Pensei em colocar dentro do armário
dele.
Verifiquei se não havia ninguém nas proximidades. Quando me
aproximei de lá e estava prestes a fazer isso, fui empurrado no
chão.
– Eu sabia que você estava planejando alguma coisa! Você quer
se vingar pelo jogo de basquete naquele dia, hã?
Mas que sujeito insistente! Ele fazia questão de comprar briga.
Ele desejava e arrumaria qualquer motivo para isso. Claro que
naquele momento fiquei com muita raiva dele e desisti da idéia do
bilhete.
Eu não respondi e apenas segui o meu caminho em silêncio.
Ele não gostou de ser ignorado e segurou na gola da minha camisa.
– Peça desculpas.
Fiz como ele ordenou. Ele me largou.
– Frangote.
Eu preferi não discutir, mesmo depois dessa ofensa vergonhosa.
Subi no meu terraço e fui fumar. E o Jonas subiu lá! Tive que
apagar o cigarro às pressas.
– Nossa, que cheiro! Será que o pessoal do segundo grau andou
fumando por aqui?
Jonas era muito inocente. Sentou–se ao meu lado. Como desejei
que ele saísse de lá. Aqueles dois só me perturbavam.
– Eu vi o que aconteceu. Não ligue. O Marcos implica com
muita gente gratuitamente. Você fez bem em não falar nada.

38
Autofellatio

E ele ainda conversou um pouco comigo sobre isso, tentando


me deixar tranquilo. Sinceramente, eu nem estava pensando mais
naquilo. Não dava a mínima para aquele sujeito ou para quem quer
que fosse.
Mas claro que eu não seria mal educado com o Jonas depois de
ele ter subido lá para me “ajudar”. Eu agradeci e depois ele saiu de
lá. Até me esqueci de acender outro cigarro.
Resolvi que era hora de humilhar um pouco as meninas. Acho
que fiquei com um pouco de raiva depois de assistir as minhas
duas colegas se gabando. Mandei que os meninos filmassem um
vídeo urinando em cima da menina. Dentro da boca dela, inclusive.
No dia seguinte, Eduardo chegou lá na frente da sala fazendo
um pronunciamento. Ele começou a criticar aquelas “briguinhas
idiotas” da internet. Chamou todos os participantes de animais
estúpidos, embora tenha usado termos polidos para isso. Disse que
aquilo tudo era um desrespeito muito grande e ameaçou contar
tudo aos professores se aquilo não fosse finalizado imediatamente.
Alguns colegas meus o apoiaram, mas ele também foi vaiado
bastante, principalmente por Lúcia e Marta.
Ora, todos os que foram envolvidos concordaram em participar
da guerra. Portanto, eu não via nenhum problema nisso. Deixei
muito claro desde o começo que os participantes estariam sujeitos
a humilhações, atentado ao pudor ou até mesmo a possíveis
estupros sob sua inteira conta e risco.
No dia seguinte a situação tomou um rumo totalmente
diferente. Certamente o discurso de Eduardo chegou aos ouvidos
da líder feminina, pois naquele mesmo dia foi realizada uma nova
performance.
Fiquei sabendo que no final da aula algumas garotas prenderam
Eduardo e o obrigaram a participar daquilo à força. Filmaram tudo
numa sala branca, em que as meninas estavam trajadas com
uniformes de enfermeira, com saias extremamente curtas e decote.
Colocaram Eduardo sobre uma mesa branca, arrancaram as roupas

39
Juliana Duarte

dele, quebraram os óculos e o encheram de injeções, em diferentes


partes do corpo.
Era o primeiro ato realizado com alguém de fora. E exatamente
aquilo faria a situação começar a se complicar.

40
Autofellatio

Cama, Mesa e Banho

Eduardo ficou absolutamente calado depois do ocorrido. Na


aula do dia seguinte foi ridicularizado. Eu soube que ele tentou
trocar de escola, mas os pais dele não permitiram. E ele foi
obrigado a aturar tudo em silêncio.
Lúcia se gabou o dia inteiro. Eduardo evitou chegar perto dela
por um bom tempo. Ela estava extremamente satisfeita com o
medo que ele sentia.
– Samuel, você poderia me emprestar o seu caderno?
Ele acabou faltando algumas aulas depois do ocorrido, para
evitar a vergonha até que os ânimos se acalmassem. Como eu era
considerado um aluno aplicado, não foi surpresa que ele tenha
pedido o caderno para mim. Emprestei sem problemas.
– O que está achando de toda essa palhaçada?
Eu não respondi.
– Depois dessa até sinto vontade de participar mesmo. Só para
dar a lição que Lúcia merece.
Comecei a pensar se não estava na hora de propor um desafio
mais leve para a admissão dos novos membros. Propus que os
novatos enviassem um vídeo de si mesmos se masturbando, mas
isso deveria ser feito de uma maneira original. Ou poderiam
masturbar uma menina, com objetos inusitados. Eu iria analisar o
vídeo e classificar se era bom o suficiente.
Marcos me enviou um vídeo bem interessante. Ele colocou na
menina uma maquiagem carregada, arrumou–a com um vestido
rendado e fez um penteado nos cabelos dela. Depois disso, ele
destruiu tudo. Rasgou o vestido, embaraçou os cabelos, borrou a
maquiagem completamente, com as mãos e com o auxílio de uma
mangueirinha.

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Juliana Duarte

Aquilo tudo aconteceu dentro do banheiro. Depois disso ele


começou a masturbá–la com as quinas do mármore, com
embalagens de xampus, pentes, escova de dentes e por fim enfiou
a cabeça dela dentro do vaso.
Não foi exatamente algo extraordinário, mas eu me diverti.
Cláudio também aprovou e permiti que ele participasse.
O próximo candidato foi Eduardo. Aquilo foi digno de um
vídeo original de Autofellatio. Ele utilizou uma pessoa que parecia
ser a irmã dele. Eles estavam numa cozinha e havia até panelas no
fogo e comida sendo preparada. Ele estava vestindo um uniforme
de cozinheiro, com avental e chapéu branco.
Colocou a menina sobre a mesa, onde havia uma toalha
quadriculada de branco e vermelho. Deitou–a sobre um prato
gigante, de bruços. Colocou uma maçã na boca dela e começou a
cortar vegetais ao redor da menina nua. Ele fez uma obra de arte
naquele prato enorme e por fim derramou um caldo quente sobre
o corpo da garota.
Embora ele não a tenha masturbado no verdadeiro sentido da
palavra, eu me apaixonei por aquele vídeo. Cláudio também
elogiou muito. Eu o aceitei na mesma hora. Decidi incluí–lo como
membro de elite. Fiz questão de apresentar o vídeo no site.
Aquela era a madrugada do ato masculino. O próprio Eduardo
fez questão de fazer parte da operação. E realmente escolheram a
própria Lúcia. Pelo modo como o vídeo foi feito, percebi que ela
tinha sido capturada à força também. Certamente ela havia
resistido.
O corpo daquela menina era simplesmente divino.
Provavelmente aquele vídeo se passava em algum quarto de motel
bastante chique. A cama era arredondada, o lençol vermelho–vivo
e havia espelhos por todos os lados. Toda a decoração era
vermelha e havia balões dessa cor flutuando.
Colocaram Lúcia deitada lá. Eduardo e mais dois meninos
pressionavam os balões contra o corpo dela, especialmente contra

42
Autofellatio

os seios. Apoiaram a garota com os travesseiros em diferentes


posições, para enfiar os balões, que produziam grandes estouros.
Eles abraçavam–na para que os balões estourassem entre eles. E
havia uma música bastante graciosa e sugestiva ao fundo...
Até Cláudio estava começando a elogiar a atuação. Apesar de
nossa inocência e das performances relativamente clichês, a forma
que os vídeos eram feitos, os ângulos e situações eram admiráveis.
Até que eles foram gentis com Lúcia. E, apesar da resistência,
algo me dizia que ela estava gostando daquilo. Cláudio me
confirmou que ela de fato estava sentindo prazer, já que ele era
especialista nessas análises.
Mas o próximo desafio foi extremamente perigoso, por um
único motivo: ele foi realizado no próprio colégio, em plena luz do
dia.
Várias meninas entraram com uniformes tradicionais de
estudantes ginasiais: saias extremamente curtas, sapatinhos,
lacinhos rosados e camisa social branca. Elas pegaram os próprios
materiais escolares para masturbar os garotos: lápis, canetas,
estojos, borrachas, etc. E começaram a perseguir os meninos!
Eu fiquei realmente surpreso. Foi inesperado. Elas se
responsabilizaram pelos meninos de suas próprias turmas. No caso
da nossa sala, estávamos em desvantagem, pois havia bem mais
meninas do que meninos. E já havia um considerável número de
meninas participantes por lá.
Lúcia, Marta e Virgínia vestiam os uniformes. Havia também
uma estudante chamada Daniela que escolheu sair correndo atrás
de mim.
Logo vi que aquilo não daria certo. Talvez as meninas não
conseguissem dominar os meninos normalmente, mas além de
estarem em grupo alguns dos nossos colegas concordaram em
ajudá–las a sacanear colegas nossos com quem eles não
simpatizavam.

43
Juliana Duarte

Eu achava que ninguém tivesse nada contra mim, mas Marcos


se prontificou a ajudar Daniela. Se fosse somente ela,
provavelmente eu teria escapado. Mas como a situação assim
exigia, resolvi correr para o terraço.
Lá em cima, Marcos, que era mais forte e mais alto que eu,
conseguiu me segurar pelos braços. Daniela deu um sorrisinho.
– Pode baixar as calças dele – falou Marcos.
Ela ia fazer isso, mas Virgínia chegou lá em cima.
– Deixa, Daniela. O Samuel é legal. Se eu fosse você, fazia no
Marcos.
Marcos deu de ombros.
– Faça, se quiser. Posso dar um soco na sua cara sem o menor
esforço.
Daniela fitou–o com frieza e as duas saíram de lá. Marcos me
fitou com desprezo.
– CDF covarde.
E ao dizer isso, também se retirou.
Eu não me assustei realmente. Para mim tanto faz, como
sempre. Teria sido até divertido. Resolvi fumar um pouco antes de
descer, até que a situação já estivesse mais calma.
As meninas fizeram aquilo quinze minutos antes de tocar o
sinal. Portanto, mesmo com toda aquela confusão, os professores
tontos não perceberam nada. Apenas estranharam ao ver as
meninas com aquelas roupas, mas elas logo recolocaram os
uniformes. Se não tivessem trazido, não teriam sido permitidas a
assistir às aulas.
Ainda consegui assistir ao primeiro período, pois cheguei assim
que a professora ia fechar a porta.
Naquele dia o pessoal estava bem animado, comentando sobre
o que aconteceu. Ninguém mais se importava em envolver gente
de fora. E parte dos nossos colegas, que não tiveram coragem de
enviar os vídeos para se tornar membros, ficaram satisfeitos em
poder assistir ou ter alguma participação mais direta.

44
Autofellatio

Já estávamos começando a usar métodos mais pesados. Antes


estavam muito inocentes. Eu assistia com orgulho como minhas
crias estavam evoluindo. E as meninas, graças às minhas
provocações, evoluíam junto. Mas se não fosse assim, não teria a
menor graça.
No intervalo eu e o Bruno tivemos que ajudar o Jonas, que
estava apavorado. Ele quase tinha sido pego por uma das meninas
e ainda estava traumatizado com o fato.
– Não aconteceu nada – Bruno só ria – então fica tranquilo. Foi
divertido.
– Não vai querer participar também? – resolvi perguntar.
– Ah, não sei – respondeu Bruno, ainda rindo – acho que não.
Sou muito covarde para essas coisas. Não tanto quanto o Jonas,
mas eu não seria capaz de me envolver nisso. E você?
Dei de ombros.
– Só se você participar – resolvi dizer.
– Então esquece. Vamos nos divertir com coisas para nossa
idade. Nossos colegas estão amadurecendo rápido demais.
– Você chama isso de amadurecimento? – perguntou Jonas,
com seus olhos vidrados de quem levou um choque elétrico – Eles
piraram!
– Vamos jogar videogame lá em casa essa tarde? – convidou
Bruno.
Eu estava tão animado com o desempenho das meninas que
aceitei. Fomos até a casa de Bruno e jogamos a tarde inteira. A
irmã mais velha dele também estava por lá. Bruno convidou para
que ela jogasse também.
– Esse jogo é para crianças. Por que você não aproveita que
está na série do irmão do Egas e participa da coisa toda?
Bruno não respondeu. Eu sabia que a irmã dele também
estudava no nosso colégio, mas não tinha certeza sobre a série.
– Eu estou acompanhando o site – disse ela – está bem
divertido. Há vídeos ótimos lá. Eu não sabia que até crianças

45
Juliana Duarte

sabiam produzir coisas de alto nível. E aquele sujeito do site


também diz umas coisas interessantes.
– Ele tem sorte em ter uma família como aquela – falou Bruno
– você é uma decepção como irmã e nunca me ensinou nada.
– E por que eu iria me ocupar de você? Tenho meu namorado
para isso. Aliás, andam dizendo na minha sala que aquela famosa
irmã do Egas estuda na minha turma. Aquela que transa com ele.
Ela não podia estar falando de Sara. Só podia ser da Marcela.
Então ela era estudante do terceiro ano. Não me preocupei muito.
Bruno também não acreditou e o assunto terminou por aí.
E mesmo que alguém acreditasse na história, duvidei muito que
Marcela fosse contar alguma coisa. A não ser que ela estivesse
muito a fim de me sacanear.
Quando cheguei em casa nossos pais não estavam. Marcela
estava andando pelada pela casa. Eu já a havia visto sem roupas
tantas vezes que nem virei os olhos.
Resolvi perguntar se ela tinha comentado alguma coisa sobre o
site com os colegas dela. Ela disse que deu umas indiretas, só para
se divertir. Mas também disse para que eu não me preocupasse,
pois ela não contaria nada que me comprometesse.
– Fica tranquilo, irmãozinho. Não vou estragar sua
brincadeirinha.
Ela me abraçou e me deu um beijo na bochecha. Eu odiava
quando me tratavam como criança.

46
Autofellatio

Gás

Eu era da sétima série C. Havia alguns membros que se


destacavam na nossa turma, mas em especial havia dois famosos:
Flávio, da 7ªA, e Nicole, da 7ªB.
Classifiquei Flávio como um membro de elite. Talvez fosse o
melhor. Ele era fantástico. Eu tinha vontade de um dia ir até a 7ªA
e apertar a mão dele, só para parabenizá–lo. Cláudio também
simpatizou com o sujeito. E foi exatamente esse aluno quem
tomou a dianteira no próximo ato da nossa gangue.
Ele e o resto do pessoal vestiram roupas negras: jaquetas de
couro, botas, luvas e mais um bando de parafernálias. Flávio até
arrumou uma moto. Fiquei sabendo que ele tinha rodado duas
vezes. Já tinha quinze anos. As meninas infelizmente não tinham
nenhum membro mais velho, portanto estávamos em vantagem.
Além disso, o sujeito era muito forte. Podia imobilizar facilmente
qualquer menininha da nossa série.
Dessa vez eles usaram duas meninas e as levaram para um beco
escuro. Derrubaram umas latas de lixo e enfiaram as duas lá dentro.
Arrancaram as roupas e começaram a enfiar nelas um monte de
objetos de metal, garrafas, latas e coisas estranhas que encontraram
lá dentro.
Assistir aquilo foi bem pesado, pois dessa vez as meninas
gritaram. Geralmente ninguém reagia e aceitava tudo em silêncio,
pois uma reação da parte delas significava mais pontos para nós.
Mas nessa ocasião seria difícil que elas não manifestassem
alguma reação. Isso porque ocorreu pela primeira vez um estupro.
Aliás, dois.
Fiquei sabendo que eram duas meninas da 7ªA que ele odiava.
Elas também estavam participando da guerra e ele fez questão de
aproveitar a oportunidade e produzir um espetáculo.

47
Juliana Duarte

Somente ele realizou o ato em si. Os outros apenas ajudaram a


imobilizá–las.
Não foi um estupro violento. Eu já tinha assistido a filmes com
cenas bem piores. E não foi elaborado, sendo que ele foi bem
direto. Ainda assim, aquilo provocou alguma reação nos nossos
colegas.
Alguns começaram a ficar assustados, tanto meninos como
meninas. E estavam todos com muito medo de Flávio.
Desnecessário dizer que Jonas não parava de tremer e de se
queixar conosco, pedindo para que nós o protegêssemos.
– Você está com medo das meninas? – Bruno riu – Para com
isso.
Mas havia razões mais do que justificadas para isso. Nicole, da
7ªB, era a razão desse medo. Isso porque, em troca do que
aconteceu com as duas, ela aceitou violentar um garoto também.
Foi um menino da turma dela.
Lúcia, Marta e Daniela, da nossa turma, também participaram,
mas só para ajudar a segurar o menino. Naquele dia, todas elas
estavam vestindo terno e gravata. Usavam também chapéu coco e
bengala. O aspecto visual foi bastante elegante.
Era uma sala clara e colorida. Parecia uma festa, com globos de
luz. Tocava uma música animada. Elas introduziam as bengalas no
menino e Nicole até mesmo realizou uma felação.
Aquilo foi fantástico. Agora eu havia me tornado um grande fã
de Nicole e de Flávio. Logo eles viriam a realizar mais estupros, de
maneiras muito originais. Um dos maiores desejos do pessoal era
que chegasse o dia em que um deles seria capturado por uma das
gangues. Afinal, humilhar aqueles dois membros poderosos seria
uma tarefa fenomenal.
Obviamente eles não se permitiam ser capturados e mantinham
os seus reinados absolutos, de poder e fama. Pela escola, ambos
eram venerados e respeitados. As meninas fugiam com medo de
Flávio e os meninos corriam para bem longe da vista de Nicole.

48
Autofellatio

Sim, era verdade que vários alunos possuíam fantasias de serem


violentados por eles, mas o orgulho de ser membro da gangue era
mais forte.
Eu estava começando a desconfiar que Nicole fosse a líder de
Autocunnilingus. Só podia ser. A não ser que a líder se mantivesse
bem escondida, como eu.
Muitos começavam a se questionar se Flávio seria o irmão de
Egas e o líder de Autofellatio.
Ora, aquela guerra só teria um fim quando o líder de uma das
gangues fosse capturado. No caso das antigas gangues, Fellatio e
Cunnilingus, por três anos aquilo se estendeu e até o fim a
identidade dos líderes não foi descoberta. Agora com os dois na
faculdade, aquilo já nem fazia muita diferença.
– Você não tem curiosidade de saber quem era a líder de
Cunnilingus? – perguntei a Cláudio um dia.
Mas ele apenas sorriu e deu de ombros.
– E você é um covarde, sabia? Eu sempre participei ativamente.
– Eu sou cuidadoso – retruquei – afinal, se eu nem mesmo for
membro do grupo e me mantiver sempre quieto, só dando ordens
de longe, jamais levantarei suspeitas. Por acaso um rei vai para a
guerra?
– Se tiver honra, ele vai.
Para mim a honra era extremamente importante. Claro que a
covardia não era a razão de eu não aparecer. Nunca tive medo da
situação e morria de vontade de participar e demonstrar minhas
habilidades superiores, mas eu precisava me segurar. Eu me sentia
muito mais poderoso apenas comandando meus peões, sem mover
um dedo.
Eu podia até mesmo mandar em Flávio. Aquilo sim se chamava
força. E descrevi com detalhes no site como deveria ocorrer o
próximo ato. Aliás, o próximo estupro. Já estávamos numa fase
avançada. A partir dali, o sexo seria obrigatório em todas as vezes,
como costumava acontecer na época da primeira era Egas.

49
Juliana Duarte

Dessa vez eu exigi um sexo grupal com os membros de elite.


Deveriam capturar três meninas. No mínimo três homens
deveriam participar. Sim, já não éramos crianças. Aqueles a quem
eu comandava já eram homens feitos. Claro que Flávio seria
requisitado para comandar a operação, como frequentemente
acontecia.
Peguei pesado. Seria um ato dentro de um esgoto. Os homens
estariam nus, usando somente máscaras de gás. Onde eles iriam
obter as máscaras, era problema deles. Mas com aquele bando de
burgueses estudando no colégio, bastava requisitar que seus pais
encomendassem algumas do exterior e trouxessem no dia seguinte.
Os três nos proporcionaram um espetáculo. Havia mais
membros em volta para auxiliar a segurar as meninas. Pegaram a
primeira delas e os três realizaram um selo hermético. Esfregaram
fezes nelas. Flávio fez um cunnilingus tão poderoso que a menina
não parou de gritar e gemer até o final.
– Flávio deve conseguir fazer levantamentos de peso com
aquela língua – comentou Lúcia, com um sorriso.
Eu dispensava os comentários estúpidos. Desejei que Flávio
usasse Lúcia de uma maneira bem cruel.
Eu estava no comando, oras. Poderia ordenar que capturassem
quem eu quisesse. Mas se eu começasse a apontar muitos alunos
da 7ªC como vítimas, poderiam desconfiar que o líder de
Autofellatio estivesse aqui. Resolvi deixar a critério deles, como de
costume. A sorte poderia sorrir para mim.
Eu fiquei extremamente satisfeito quando Marcos foi capturado
pelas meninas. Dessa vez, além de Nicole, a própria Lúcia auxiliou
no ato. E aquela Daniela também me impressionou. Eu apenas
ficava fantasiando o que ela teria feito em mim naquele dia se
Virgínia não tivesse interferido.
Mas era melhor assim. Eu jamais seria tocado, pois eu apenas
usaria o cérebro.

50
Autofellatio

Foi realmente bonito o show das meninas. Foi numa sala. Elas
se vestiram de empregadas domésticas e atacaram com seus
espanadores de pó. Usaram vários móveis como acessórios: mesas,
cadeiras, escrivaninhas, televisores. Quase senti pena de Marcos,
pois chegou um ponto em que ele simplesmente não aguentava
mais.
Como sempre, eu apenas assistia aos vídeos: fossem os nossos
– que eram imediatamente enviados a mim para serem colocados
no site – ou os das meninas. Além da suspeita em relação à Nicole,
eu não tinha a menor idéia de quem poderia ser a dona do site. Pelo
jeito aquela menina inocente e sem experiência, que antes só ficava
me copiando, estava com ótimas ideias.
Nesse ponto, não eram poucos que questionavam sobre os
líderes. Os membros já estavam com experiência suficiente para
atacá–los. De certa forma, eu me sentia poderoso por ser tão
desejado. Eu sabia que todos tinham muito mais curiosidade de
saber quem eu era do que conhecer a líder das mulheres. Afinal, eu
era irmão do cara que deu início a tudo.
E ainda havia uma razão superior para que eu fosse pego.
Todos tinham quase certeza de que a história do autocunnilingus
da líder das meninas era um blefe, já que ela mesma não tinha
mencionado nada sobre isso. Só tinha dado esse nome ao grupo
para contrapor ao meu.
Mas no meu caso, eu mesmo já tinha afirmado que sabia fazer o
autofellatio. Que desde pequeno eu treinei até aprender essa arte
com maestria. Por isso, a maior fantasia das meninas era encontrar
o líder para obrigá–lo a realizar aquela maravilha diante delas. E
elas não paravam de falar nisso.
Lúcia era quem mais insistia no assunto e começou a atiçar a
curiosidade das outras meninas da minha turma. Até os meus
colegas estavam curiosos. Fiquei sabendo que Nicole prometeu me
obrigar a fazer isso de qualquer maneira e que usaria a força.
Disseram que o próprio Flávio mencionou curiosidade também,

51
Juliana Duarte

mas muita gente achava que ele estava dizendo isso para que as
suspeitas de que o líder fosse ele sumissem. O que não aconteceria
facilmente. Ao menos a existência de Flávio servia para encobrir a
minha identidade.
O pessoal estava tão louco e entusiasmado que logo
começariam a usar métodos ainda mais fortes. Agora as crianças já
tinham aprendido a transar. Acho que eram poucos os alunos da
sétima série que ainda eram virgens àquela altura. Ao menos isso
era verdade quanto aos membros. Se bem que algumas vezes eles
capturavam até gente de fora. Felizmente até ali ninguém tinha
notado a minha existência para se dar ao trabalho de pegar uma
pessoa normal, comportada e sem graça como eu.
E naquele tempo todo, os professores da escola estavam
praticamente alheios à situação. Ou fingiam estar. Mas aquilo não
iria durar muito.

52
Autofellatio

Força

Uma das pessoas com quem eu mais estava impressionado era


Eduardo. Ele tinha se transformado. Era verdade que continuava
inteligente e estudioso como sempre. Mas ao mesmo tempo se
orgulhava em fazer parte dos restritos membros de elite de
Autofellatio.
– Samuel, você pode me emprestar seu caderno de novo?
Nossa, como ando ocupado e distraído!
Eu sabia exatamente com o que ele andava ocupado. Mas eu
emprestei, é claro.
No intervalo fui até o terraço para relaxar. Eu precisava mesmo
de um pouco de descanso de toda aquela loucura. Coordenar
aquela organização gigantesca e ainda arranjar tempo para estudar
era demais.
Coloquei o cigarro na boca e fechei os olhos. Aquela sensação
refrescava a minha alma.
Eu estava tão tranquilo que acabei adormecendo. Acordei com
alguém me cutucando e chamando meu nome.
– Nossa, Samuel! Você fuma?!
Levei um susto e acordei de súbito. Era Bruno. Apressei–me
em apagar o cigarro.
– Há pouco tempo – apressei–me em dizer – só às vezes...
Ele me olhou com uma expressão estranha.
– Não devia. Isso faz mal. Não dá para acreditar que uma
pessoa como você...
Eu não precisava escutar aqueles discursos. Levantei–me.
– Vim aqui porque já acabou o intervalo e você não apareceu. A
professora pediu para que eu te procurasse.

53
Juliana Duarte

Aquilo não era nada bom. Eu não podia começar a chamar a


atenção da turma, chegando atrasado, depois da hora do intervalo.
Precisava me manter no anonimato como sempre.
Ao entrar na sala, todos olharam para nós dois, é claro. Aquilo
me incomodou um pouco. Senti uma sensação ruim. Aquele frio
que senti me fez pensar na sensação desconfortável que eu sentiria
no dia em que eu fosse descoberto.
Mas era bobagem se preocupar. Nunca ninguém ficou sabendo
sobre o Cláudio. Então não havia motivo algum para que eu
levantasse suspeitas.
Fiquei sabendo que haveria mais um trabalho em grupo. Como
cheguei atrasado, a professora me colocou no grupo que havia
menos membros.
Para o meu azar, era o grupinho das meninas. Exatamente as
perigosas: Lúcia, Marta e Daniela. Claro que elas tinham escolhido
fazer o trabalho juntas. E como elas não conseguiam falar de outro
assunto ultimamente, eu já desconfiava sobre o que eu teria que
escutar até que a aula terminasse. Até parece que elas iam
comentar sobre o trabalho.
– O próximo tema para nossa nova performance sexual será
pijamas! – comentou Lúcia, toda animada.
As outras duas riram.
– A Fifi é genial – comentou Marta – as ideias dela são perfeitas.
– Eu tenho pijamas e pantufas de coelhinhos! – disse Daniela,
fingindo uma voz meiga – Travesseiros encantadores! Vamos
encher um quarto de bichinhos de pelúcia e fazer os nossos
príncipes se deleitarem com cheiro de talco de bebê.
– Bem que o próximo tema poderia ser maternidade!
– Aí daríamos leitinho para os menininhos, na mamadeira. Ou
no peito...
Eu estava realmente entediado com aquela conversa. Elas
estavam me ignorando completamente. Achei ótimo, mas se

54
Autofellatio

soubesse que o meu grupo seria aquele, eu teria continuado


dormindo lá no terraço.
– Como eu gostaria que Flávio me raptasse... – comentou Lúcia,
sonhadora.
– Eu também! – exclamou Daniela.
E as três deram gritinhos.
Sinceramente, das três, Daniela ainda me parecia a mais
assustadora. Não sei se era uma lembrança daquele dia, mas algo
nela me sugeria que se ela realmente quisesse poderia ser tão cruel
como Nicole.
Mas... claro que eu não estava assustado. Eram os membros da
minha organização quem deveriam se assustar, não eu.
– Que cheiro! – comentou Daniela – O que é isso?
– Acho que é cigarro – falou Lúcia – Tem alguém fumando
aqui dentro?
Daniela estava mais perto de mim e, sem nem pedir licença,
segurou a manga da minha camiseta e cheirou. Senti uma leve
irritação com aquilo, mas não fiz nada.
– Você fuma?
As três olharam para mim imediatamente.
Por um momento comecei a suar. Desde que eu tinha me
gabado no site de fumar desde os onze anos, sempre desconfiei que
qualquer pessoa relacionaria o cigarro diretamente a mim.
Mas pelo visto era só curiosidade mesmo. Acho que elas não
fizeram a relação.
– Eu estava lá no terraço. Tinha um pessoal do segundo grau
fumando e eu estava perto.
A resposta as convenceu. Elas não acreditavam realmente que
eu fumasse. Até parece que o quietinho, tímido e inteligente garoto
anônimo seria um fumante compulsivo...
– Qual o seu nome mesmo? – perguntou Lúcia.
– Samuel.

55
Juliana Duarte

Percebi que ao menos a mim elas respeitavam um pouco.


Acredito que eu era um dos únicos garotos da sétima série ainda
tratado com gentileza e respeito, já que eu sempre fiquei na minha.
– Ah, é mesmo – falou Lúcia – já fizemos um trabalho na sua
casa uma vez.
– Por que não participa da Autofellatio? – Daniela sorriu –
Você tem vergonha?
– Só não estou a fim...
– Acho que ele tem medo – Lúcia também sorriu – transar não
dói, sabia? É bom demais. Tá, só dói um pouquinho no começo,
mas depois acostuma.
– Eu adoraria transar com um negro – falou Daniela, me
fitando com malícia – nessa escola só tem um bando de brancos
azedos. Quero experimentar algo mais exótico.
As três riram. Preferi ficar quieto. Aquele comentário tinha me
incomodado um pouco. Mas eu não descobri se o comentário me
agradou ou não. Provavelmente não. Desejei que aquela aula
terminasse de uma vez.
Decidi que naquela noite eu iria planejar um ato extremamente
violento para apagar o sorrisinho delas. Eu queria ver se elas
diriam de novo que sexo não dói.
Recrutei Flávio e Eduardo na linha da frente. Além deles,
chamei os demais membros de elite, mas permiti que alguns
novatos assistissem também, para aprender como se faz.
Eu já havia requisitado uma missão no cemitério anteriormente.
Mas naquela época eles eram apenas criancinhas. Portanto, estava
na hora de retornar ao local, como adultos.
Dessa vez haveria uma sessão de necrofilia. Além disso, ordenei
que introduzissem membros dos cadáveres nas garotas que iriam
capturar. Foram duas. Fiz questão de indicar Daniela como uma
das vítimas. Escolhi uma menina de outra turma também, para
disfarçar. Era a primeira vez que eu apontava vítimas, portanto
seria algo novo.

56
Autofellatio

E ordenei também que fizessem as garotas consumir pedaços


de cadáveres. Depois de vomitar, deveriam engolir o próprio
vômito. E assim foi feito. Depois de tudo, foram estupradas
impiedosamente. Requisitei que não hesitassem em rasgá–las.
No dia seguinte, Daniela foi à aula, mas caminhava cambaleante.
As meninas tiveram que ajudá–la. Eu apenas fitava a cena e,
mesmo com minha seriedade eterna, por dentro eu sorria com
satisfação. Um prazer sádico e delicioso que somente eu tinha a
honra de sentir. Que gosto bom ele tinha. Gostei tanto que desejei
fazer mais.
Mas antes disso, as próprias meninas decidiram utilizar objetos
cortantes na sessão seguinte. Trajaram longos vestidos roxos e
verdes, guirlandas e portaram espadas. Fizeram o “ritual” numa
floresta e arrancaram sangue do menino. Por fim, colocaram o
pênis dele para assar na fogueira.
Agora sim aquilo estava virando uma guerra verdadeira. Eu
precisava sentir o gosto da carne e do sangue. Mandei que fizessem
a menina enfiar o dedo nela mesma e depois que esse dedo fosse
amputado.
Eu estava tão maluco que já estava planejando uma sessão de
corte de carne e cirurgia. Comentei sobre isso no site. Alguns
loucos como eu apoiavam com prazer. Mas depois da amputação,
o pessoal começou a ficar realmente com medo.
Sinceramente, o medo deles também me assustava. Até ali,
todos mantiveram um voto de silêncio quase absoluto. Mas a
situação começou a ficar grave. E se delatassem para os
professores? Para a polícia? Aquilo não era mais nenhuma
brincadeira.
Mas era exatamente ali que eu desejava chegar. E não queria
mais parar.
Naquele dia, o meu irmão pronunciou uma frase que me deixou
extremamente orgulhoso.
– Samuel... nem eu cheguei tão longe.

57
Juliana Duarte

Mas ele não estava elogiando. Olhava–me com reprovação.


– Toma cuidado. Isso é sério.
– E por que logo você está me falando isso? – desafiei – Não
foi você que realizou aqueles vídeos com flagelações violentas?
– Mas amputação é outra história. E pela sua cara de louco,
você não vai parar aí. Qual será o próximo passo além das
cirurgias? Sacrifícios de animais?
– Sim. Obrigado pela idéia fantástica.
– Você pode até acabar matando alguém se continuar tão
fanático.
– Não possuo nenhuma relação com isso. Minhas mãos estão
limpas. Eu não fiz nada.
– Agora pretende fugir da sua responsabilidade? Não sabia que
era tão covarde.
– Eu estava só brincando.
Ser chamado por ele de covarde era uma ofensa muito grande.
Sempre desejei superá–lo. Mas por que em vez de se ajoelhar aos
meus pés ele estava me criticando?
– Você está com inveja – falei.
Mas Marcela também estava a favor dele. Mesmo assim, eu não
iria ceder. Levei muito tempo até conseguir educar os meus
colegas da maneira que eu queria e fazê–los chegar àquele nível.
Eu não poderia parar agora.
– Samuel. Para com isso, por favor.
Mas nem mesmo Sara eu era capaz de escutar. Porque eu só era
capaz de ouvir o que queria.

58
Autofellatio

Loucura

Eu estava firme nas minhas ideias da cirurgia e sacrifício de


animais. Mas queria saber se havia alguém de fibra para colocar a
ideia em prática. No site, desafiei a todos os corajosos para se
pronunciarem. Comecei a ameaçar colocar os membros covardes
para fora do grupo. Somente os fortes permaneceriam.
Foi nesse ponto que alguns começaram a sentir um medo
extremo de mim. Outros passaram a me repudiar. Alguns
realmente sentiam vontade de abandonar a organização antes que
as coisas se tornassem graves. Mas eu também não iria deixar que
qualquer um saísse sem minha permissão. Se alguém colocasse o
rabinho entre as pernas e fugisse seria punido pelos demais
membros do grupo; violentado e mutilado por eles.
Eu anunciei todas essas coisas, pois estava amando sentir o
poder. Estava ansioso para ver qual seria a resposta da senhorita
Fifi, líder de Autocunnilingus. Iria também revelar a sua face
covarde?
E descobri que até mesmo ela estava colocando o pé atrás.
Estava receosa, pois a situação estava realmente perigosa. Eu sabia
disso, mas eu aprendi a amar o perigo. Aquilo me dava prazer. A
adrenalina; o suor, a excitação percorrendo minhas veias. O poder
que eu sentia em silêncio toda vez que adentrava pelos portões do
colégio.
Comecei a fazer discursos poderosos no site, incitando a todos.
Mas a única coisa que eu conseguia produzir era o terror. No início
uns poucos loucos estavam me apoiando, mas depois se chegou
quase a um consenso de que a situação estava passando dos limites.
E eu precisava ser parado.

59
Juliana Duarte

Eles poderiam simplesmente se negar a cumprir as minhas


ordens. Mas quem garantia que eles sairiam ilesos se ousassem me
desobedecer pela primeira vez?
Naquela manhã, a primeira coisa que fizeram foi ir até a 7ªA
conversar com Flávio. Depois ele dirigiu–se pessoalmente a 7ªB
para falar com Nicole sobre o assunto. Os dois afirmaram com
veemência que não eram os líderes da organização e que também
estavam preocupados com a situação.
Eu não consegui acreditar quando escutei aquilo. Até mesmo
aquelas duas pessoas admiráveis achavam que a situação estava
passando dos limites. Foi só nesse momento que comecei a me
questionar se eu estava de fato indo longe demais.
Flávio e Nicole passaram nas três turmas da sétima série e
deram o mesmo discurso. Solicitaram aos dois líderes para que a
situação fosse controlada. E tudo isso aconteceu só por causa da
menina que teve o dedo decepado, que com certeza estava se
sentindo a vítima da história. O idiota que a mutilou até já tinha
pedido desculpas a ela. Fiquei com muita raiva disso.
Aliás, a menina que perdeu o dedo estava acompanhando os
dois de sala em sala, só para fazer a coisa toda ficar mais dramática.
Quando os três entraram em nossa sala para dar o recado, senti
a raiva me corroendo por dentro. Antes eu admirava Flávio e
Nicole como heróis. Mas os dois tinham virado covardes! Estava
bastante óbvio que aquela mensagem era dirigida a uma única
pessoa: exclusivamente a mim, é claro. Já que o colégio inteiro
estava contra mim e até os professores já tinham escutado algo
sobre a história.
Todos concordaram em não contar aos professores detalhes do
que aconteceu. Não mencionaram a eles a mutilação ou ferimentos.
E nem os estupros. Afinal, aquilo foi combinado entre nós desde o
começo: nada seria contado, ou no mínimo metade de nós iria
passar umas férias na prisão. Ao menos nesse ponto os canalhas
ainda tinham alguma honra.

60
Autofellatio

Flávio ainda estava falando. O discurso estúpido não terminava!


Naquele momento meu corpo tremia de ódio e nervosismo. Eu
suava e meu coração acelerava.
Subitamente, eu me levantei. Empurrei a cadeira com força.
Todos olharam na minha direção.
E, sem me pronunciar ou dar quaisquer satisfações, eu saí pela
porta em passos apressados.
Depois disso eu corri. Subi no terraço e me deitei. Ainda com
as mãos tremendo e suando, segurei minha carteira de cigarros.
Deixei até o cigarro cair no chão e peguei outro. Acendi o isqueiro.
Não sei se aquele cigarro me fez ficar mais ou menos nervoso, mas
o meu coração acelerou num ritmo louco.
Eu estava respirando rápido. Sentia–me mal, de tanto
nervosismo. Aquilo tudo era uma porcaria. O que eu estava
fazendo? Onde eu andava com a cabeça aquele tempo todo?
Passei a mão pelo rosto e senti o suor. Será que eu havia me
delatado ao sair da sala? Tinham me descoberto? Eu já não sabia se
eu desejava ou não que soubessem de uma vez quem eu era. Assim
aquilo tudo acabava de uma vez.
Mas eu não queria que terminasse. Eu recém tinha começado a
sentir o poder. Eu estava com ideias muito loucas. Bebidas,
drogas... eu poderia tornar a coisa toda extremamente poderosa.
Eu tinha o poder de controlar mentes, de manipular os cérebros e
submetê–los à minha vontade.
Tinha funcionado muito bem até ali, mas por que acabou de
repente? Talvez eu tivesse ido rápido demais. Sim, só havia
criancinhas mesmo naquele colégio. Eles não seriam capazes de
compreender os meus ensinamentos e sentir o peso da minha
experiência admirável.
Mas pensando melhor... eu os treinei tão bem que eles se
tornaram até mais especialistas que eu. Afinal, eu tinha mentido no
site sobre o sexo. Nem mesmo em algo tão simples eu tinha
experiência! E se descobrissem quem eu era e, por alguma desgraça

61
Juliana Duarte

do destino, ficassem sabendo que eu era virgem? O pessoal ia se


reunir em bando para me...
E aquilo ainda seria pouco. Eles seriam cruéis. Não teriam
piedade. No mínimo iam ficar completamente putos ao
descobrirem que eu estava apenas assistindo a tudo de fora e
brincando com eles. E poderiam até propor que utilizassem os
meus preciosos métodos cirúrgicos em mim, já que eu queria tanto.
Só naquele instante eu senti um medo real pela primeira vez.
Mas e quanto à líder? Ela também estava escondida. Então eu
não iria aparecer de jeito nenhum se ela não se revelasse primeiro.
Ouvi muitas vozes lá embaixo. Eu não sabia o que estava
acontecendo.
Duas pessoas subiram no terraço. Eram Bruno e Jonas. Nem
me dei ao trabalho de esconder o cigarro, pois Bruno já sabia. E
devia ter contado para o Jonas.
Os dois mantiveram–se de pé na minha frente. E ficaram
quietos. Aquilo me incomodou bastante.
– Que foi? A professora está pedindo para eu voltar?
Os dois resolveram se sentar. Eu não gostei nada da expressão
deles. Senti até um pouco de irritação.
– Querem que eu tire o cigarro da boca?! – perguntei, de
repente – É isso?
Minha voz soou um pouco mais agressiva do que eu pretendia.
– Você pode voltar?
Eu não sabia se queria retornar para aquela sala. Estava muito
bem lá em cima.
– Não.
Os dois ficaram quietos. Até que se levantaram e foram embora,
sem nem se despedirem. Achei aquilo bem estranho, mas resolvi
não dar a mínima.
Mais três pessoas subiram. Eram Flávio, Nicole e a menina de
dedo cortado.

62
Autofellatio

Ao vê–los lá em cima diante de mim o meu coração quase


parou. Eles não tinham nenhuma razão para ir até lá me procurar.
Mas... eles não poderiam ter descoberto! Eu não disse nada! E
ninguém mais sabia de nada! Seria absurdo que eles tivessem feito
a conexão simplesmente pela minha saída da sala.
Sim, eles não sabiam. No máximo talvez desconfiassem. Então
eu deveria fingir que não sabia de nada, como sempre. Não seria
difícil convencê–los. Afinal, eu sequer estava participando da
organização. Eles nem deviam saber da minha existência.
Eles me fitaram com atenção por um longo tempo. Eu me senti
extremamente incomodado com o olhar deles. Comecei a ficar
nervoso.
Mas eu precisava me acalmar. Estava tudo sob controle.
– Por que saiu da sala? – perguntou Nicole, de repente.
Eu precisava dar uma boa resposta. Tentei passar a impressão
de que não estava nervoso e fiquei bastante sério, fingindo
indiferença.
– Eu não estava me sentindo bem.
Péssima resposta. Mas não consegui pensar em outra melhor,
pois meu coração estava acelerado.
– Você sabe alguma coisa sobre o líder de Autofellatio? –
prosseguiu ela.
Por que ela não dizia logo que desconfiava de mim? Mas ela
não teria argumentos para isso. Seria possível que ela apenas
pensasse que eu saí da sala por saber de alguma informação
qualquer que não queria revelar?
– Não sei. Sequer sou membro da organização de vocês. Por
que a pergunta?
Eles me analisaram novamente e silenciosamente. Até ali, só
Nicole falava.
– Qual o seu nome?
– Samuel.
– Nome completo?

63
Juliana Duarte

Aquilo era alguma brincadeira? Algum teste?


– Samuel Viana.
– Só isso?
– Sim. Por quê?
– Porque na sua lista de chamada está escrito: “Samuel Egas
Viana”.
Agora sim meu coração explodiu. A maldita lista de chamada!
Cláudio sempre brincou com isso, deixando de propósito os dois
sobrenomes na lista para ver se os idiotas se ligavam. Por três anos
os babacas não se deram conta de verificar uma coisa tão simples.
Mas no meu caso, bastaram seis meses para que tivessem a
“ideia genial” de fazer a coisa mais óbvia do mundo.
Aquela era a minha derrota. Adiantava dizer que eu era outro
Egas? Não era um sobrenome tão comum assim. Eu estava
encurralado. Resolvi parar de me fingir de trouxa desentendido.
– Puta que pariu.
E ao falar isso, baixei a cabeça. Só então eu me dei conta que
ainda estava com o maldito cigarro na boca. Mais uma razão para
confirmarem que era eu. Se eu tivesse me lembrado que estava
com o cigarro, já teria me entregado desde que eles subiram, em
vez de fazer toda aquela encenação estúpida.
Resolvi levantar o rosto. Agora os três me fitavam
impressionados. Mas também havia um pouco de... raiva no olhar.
Principalmente por parte das duas meninas.
– Foi mal pelo seu dedo – resolvi dizer – aliás, quem é você
mesmo?
– Fernanda, da 7ªA. Líder de Autocunnilingus.
Eu me espantei. Aquilo era mesmo verdade?
No mesmo instante senti vontade de dizer “Bem feito. Mereceu
perder o dedo”. Mas eu não disse. Afinal, a minha situação já era
delicada demais para que eu me permitisse fazer observações
gratuitas.

64
Autofellatio

Mas saber que a menina que perdeu o dedo era a líder me


deixou um pouco mais tranquilo. Afinal, ela não era vítima
nenhuma. Também tinha sua parcela de culpa na história.
– Ela nos revelou hoje de manhã – falou Flávio – por isso
resolvemos passar nas turmas para ver se conseguíamos encontrar
o outro líder.
– Parabéns. Vocês o encontraram. O que pretendem fazer
agora?
Eu não consegui conter a ironia e o desagrado na minha voz.
Senti vontade de perguntar: “Vão decepar o meu dedo? Vão me
queimar vivo? Despedaçar o meu corpo? Me obrigar a fazer
autofelação agora mesmo na frente de vocês?”
Acho que ninguém sabia direito o que fazer comigo. Mas Flávio
certamente não ia fazer nada. Quem estava realmente com raiva de
mim eram as meninas. E a líder e o membro mais forte da
organização delas estavam exatamente ali na minha frente.
– Vai parar com isso? – perguntou Fernanda – Mutilação,
cirurgias, sacrifícios...
– Já parei.
Dei mais uma tragada no cigarro. Quando meu coração batia
mais depressa com a tragada eu sentia o êxtase mais forte que o
nervosismo.
– Desejam mais alguma coisa?
Eu estava provocando. Como eu me deliciava em fazer isso.
Eu; uma pessoa extremamente séria e respeitável.
– Esse é o fim – falou Fernanda – apenas falta decidir o
vencedor.
– Eu ganhei – falei, imediatamente – porque você entregou a
sua identidade primeiro.
Nem se tratava mais de Autofellatio. A vitória era minha. E de
mais ninguém. Nenhum daqueles membros fracos, passivos
cordeirinhos obedientes, a mereciam.
– Veremos.

65
Juliana Duarte

Fernanda desceu as escadas.


Aquilo foi um pouco preocupante. O que ela quis dizer com
isso? Será que aqueles dois eram os únicos que sabiam da
identidade dela? Se fosse assim, minha vitória não estava garantida.
– Toda a sua turma já sabe sobre você – falou Nicole – afinal,
eu mesma requisitei que sua professora lesse em voz alta seu nome
inteiro na chamada.
– Vadia.
Aquele xingamento saiu sem querer. Era raríssimo que algo
assim saísse da minha boca. Mas ela sorriu, plenamente satisfeita.
– Extremamente vadia – corrigiu ela.
E desceu pelas escadas, com o mesmo sorriso malicioso no
rosto. Eu já sabia o que aquilo significava. Ela iria preparar uma
vingança de alto nível. Afinal, quem eu era? Um pirralho de doze
anos, magrinho e fraquinho. Acho que foi isso o que aquela
menina viu ao descer as escadas. Uma presa fácil. E deliciosa,
principalmente agora que ela sabia quem era o pirralho.
Agora foi a vez de Flávio me fitar. Um cara de 15 anos, alto e
musculoso, que tinha obedecido minhas ordens cegamente aquele
tempo todo. Só estávamos nós dois lá.
Confesso que ao perceber a minha situação me senti
extremamente frágil e quase tive vergonha de mim mesmo. Será
que ele me desprezaria? Acho que ele esperava muito mais de mim.
Mas talvez ele fosse capaz de ver além das aparências. De enxergar
em mim aquele cara que tinha uma força de liderança
impressionante e uma vontade admirável.
– Confio em você, Egas. Ainda podemos ganhar.
E ele também foi embora. Depois que os três desceram,
finalmente consegui encostar–me de novo na viga e respirar fundo.
Resolvi apagar o cigarro, ou teria um ataque asmático. Então os
três subiram somente para dar informações pretensiosas e falar
frases de efeito.

66
Autofellatio

Resolvi levantar–me. Estava na hora de encarar a realidade


inevitável da qual eu havia me escondido por tanto tempo.
Desci as escadas. Atravessei o corredor, com o coração na mão.
E finalmente entrei pela porta da minha sala.
Assim que eu abri aquela porta, um silêncio mortal se abateu
sobre o local. Eu sentia que todos aqueles olhos me devoravam.
Provavelmente a professora estava comentando exatamente sobre
a situação, pois ela também se calou quando entrei.
Era impossível fingir que eu estava alheio aos olhares, mas
tentei não fitar ninguém no longo caminho até a minha cadeira.
Mas assim que me sentei, a professora disse algo completamente
inesperado:
– Acho que vocês precisam conversar com Egas. Então darei
licença para que tenham sua conversa particular e ele lhes dê
satisfações. Mais tarde estarei de volta.
Ela saiu e fechou a porta.
Também devia estar decepcionada comigo. Sempre me portei
como um anjo na frente dos meus colegas e principalmente diante
dos professores. Sempre me saí bem nos estudos. É claro que
ninguém jamais desconfiou que fosse eu.
A presença da professora era a única coisa que poderia me
salvar, mas ela não teve piedade.
Repousei a mão sobre a testa e suspirei. Eu não ia conseguir
disfarçar meu nervosismo. Não fazia a menor ideia do que ia
acontecer agora.
Nem os meus colegas sabiam como agir direito. Não sabiam se
me xingavam ou se me tratavam como herói. Mas como a maioria
dos alunos eram meninas, a probabilidade de eu ser linchado era
maior.
Percebi que minhas mãos estavam tremendo. Eu não podia
acreditar que ia me portar como um covarde na hora mais
importante. Sempre fui extremamente sério e seguro de mim. Eu
não podia estragar tudo agora.

67
Juliana Duarte

Pela primeira vez eu era o centro das atenções. E não estava


gostando tanto daquilo quanto eu pensei que gostaria. Eu não fazia
a menor ideia de que iria sentir aquela sensação desgraçada.
Mas o comentário de Flávio me trouxe um pouco de
esperanças. Esperanças de que ao menos os garotos não
estivessem com raiva de mim. E afinal, por que estariam? Talvez
por saber que o líder deles esteve se escondendo o tempo todo em
vez de estar atuando na linha da frente. Estava atrás das cortinas
manipulando seus bonecos de ventriloquismo.
– Impressionante – Eduardo foi o primeiro a falar.
Mas ele não falou mais nada. Ainda estava pasmo ao descobrir
que era eu.
Marcos também me olhava com uma expressão bem estranha.
Quase sentia medo. Por acaso ele achava que eu iria me vingar por
causa dos empurrões?
– Ah, que desperdício, Virgínia – falou Daniela, de repente –
naquele dia eu quase enfiei o lápis no Egas. E por sua culpa eu não
fiz!
– Bem, eu tenho outro aqui – falou Virgínia, erguendo um lápis.
Eu não fiquei muito satisfeito com aquela conversa. Lúcia
também me fitava bastante impressionada. O olhar das meninas
expressava uma vontade de me pegar a qualquer custo. Claro que
era tentador ser desejado por elas e principalmente ser odiado. Mas
graças à minha educação de alto nível, acrescentei alguns
elementos de sadismo nas minhas lições de sexo que
possivelmente seriam usados contra mim.
A professora não ficou fora por muito tempo. E em vez de
falar sobre o assunto, começou a passar a matéria. Até parece que
alguém estava prestando atenção.
Odiei admitir para mim mesmo que eu estava com medo que
tocasse o sinal do intervalo.
E quando o sinal tocou, eu não fui capaz de fugir da sala. Nem
tentei. Eu sabia que ninguém me deixaria sair, por isso mesmo

68
Autofellatio

continuei sentado lá. Eu duvidava muito que a ala masculina fosse


me defender das dezenas de meninas que queriam meu couro.
Em pouco tempo, o pessoal das outras duas turmas invadiu a
nossa sala. E eu logo me vi rodeado por muitas meninas. Por que
será que aquilo era tão assustador? Mas estávamos no colégio.
Teoricamente, elas ainda não poderiam fazer nada.
Aquilo se tornou um pouco preocupante. A maioria dava
sorrisinhos maliciosos e perigosos. E o tempo todo eu achava que
o meu porte de menininho era o que as tinha feito perder o
respeito. Talvez eu já não parecesse tão assustador assim.
Eu via nelas a vontade de fazer em mim algo cruel ao extremo.
E no segundo seguinte, muitas começaram a exigir que eu
fizesse a autofelação imediatamente, ali, na frente delas.
Resolvi ignorá–las. Mas aquilo era muito difícil. Elas não
paravam de falar.
De repente, Daniela se aproximou e me segurou pelo braço. Eu
o retirei imediatamente.
– Oh, Egas se assustou com o meu toque. Será que sou tão
assustadora assim?
E as meninas riram. Sinceramente, eu me senti humilhado. Se
aquelas vaquinhas faziam questão de se fazer de engraçadinhas,
não sabiam com quem estavam mexendo. Sim, elas sabiam. Mas se
deixaram enganar pela minha aparência e se esqueceram de como
eu poderia ser perigoso.
Daniela cheirou de novo a minha camiseta, como naquele dia.
– Você está realmente fedendo a cigarro. Onde está
escondendo a sua carteira?
Ela começou a procurar, tocando nos bolsos da minha calça,
sem o menor cuidado. As outras meninas riram da minha
resistência. Será que eu estava agindo como um idiota? Resolvi dar
a ela de uma vez a droga da carteira de cigarros.
Ela segurou aquilo fingindo estar impressionada.

69
Juliana Duarte

– Então aqui está o “fumante desde os onze anos”. Mas ele só


tem doze, então acho que essa informação não significa muito
coisa.
Eu exigia respeito. Talvez os membros do meu grupo também
pensassem que eu merecia uma punição, por isso não me
defendiam.
Mas por acaso alguém alguma vez já defendeu uma vítima que
era capturada por um dos grupos? Isso nunca aconteceu, porque
era contra as regras. As regras que eu mesmo estabeleci como
absolutas. Estava na hora de pagar o preço delas. E todo mundo
sabia que quanto mais a vítima resiste, mais covarde e digna de
pena ela é. Se você é um sujeito respeitável e forte, deve aguardar
com seriedade e frieza absoluta que elas façam tudo o que querem,
até que fiquem satisfeitas.
Foi só nesse instante que senti o peso daquela brincadeira
estúpida. Eu sentia prazer em assistir à humilhação de todos, mas
jamais se passou pela minha cabeça a desgraça que seria se eu
mesmo fosse humilhado. O dia da minha humilhação sempre foi o
espetáculo mais aguardado. Somente aquilo poderia fechar tudo
com chave de ouro.
E em vez de impor a minha autoridade e manter a frieza, eu
não conseguia disfarçar o nervosismo, embora ele estivesse
misturado a um pouco de raiva. Acho que até eu perdi o respeito
por mim mesmo ao me dar conta da besteira que tinha feito.
Cláudio tinha autoridade, já que sempre participou de tudo. No
fundo eu não tinha participado por covardia sim. Mas ainda não
tinha conseguido admitir isso para mim mesmo. E ninguém teria
respeito por um cara que estava escondido. Até a líder das meninas
participou nas linhas da frente.
Não havia nem o que argumentar. Eu não podia resistir.
Merecia aquela punição. Mas o que ouvi a seguir quase fez meu
coração parar.
– A irmã dele estuda na sexta série. O nome dela é Sara.

70
Autofellatio

Quem falou isso foi uma menina que chegou.


– Ah! – sorriu Daniela, deliciada – A irmã com quem você
adora transar.
– Isso é mentira – falou a menina da porta – Ela me disse que
ainda é virgem.
Como aquela informação foi um deleite para as meninas. E veio
a única pergunta que eu não queria responder:
– Você é virgem, Egas?
Eu estava suando, mas resolvi responder, na defensiva:
– As informações do site não são falsas. A minha única mentira
foi contar que eu fazia sexo com minha irmã mais nova. Mas o
resto é verdadeiro. Podem perguntar ao meu irmão, se desejarem.
Mas ninguém nem queria saber mais do meu irmão. A única
coisa que elas queriam fazer era sorrir maravilhadas ao constatar a
minha virgindade. Aquilo que elas estavam loucas para retirar de
mim, da maneira mais vergonhosa que pudessem pensar.
– Você estava nos usando para suas fantasias – falou Lúcia –
portanto, temos todo o direito de usar você para as nossas.
– Acredito que isso deva ser resolvido entre eu e a líder de
vocês – desafiei.
Eu estava com muita vontade de revelar quem era, para que os
rapazes fossem atrás dela também, para intimidá–la, da mesma
forma que estavam fazendo comigo. Mas para a minha decepção,
todos já sabiam quem era. Ela apareceu lá.
– Os seus amiguinhos já se vingaram de mim naquele dia, como
pode ver – ela levantou o dedo decepado – portanto, está na hora
de você receber a punição que merece.
– E o vencedor? – perguntei – Como isso será decidido?
– Eu aguentei todo o meu tormento sem reclamar. Você
vencerá se não chorar, garotinho. Pois a sua irmãzinha será
cruelmente estuprada na sua frente. E depois você será violentado
mil vezes por nós, até que nos implore de joelhos para parar.
Todas as meninas da organização irão experimentá–lo ao menos

71
Juliana Duarte

uma vez. Já que você tem experiência com sexo e o ama tanto,
como sempre disse no seu site, tenho certeza de que vai gostar.

72
Autofellatio

A Punição

Elas me aguardavam no final da aula. Claro que não fugi ou


resisti. Seria estupidez. Ao menos no momento final eu deveria
fazer jus ao meu nome.
Praticamente todas as meninas das três turmas participariam
daquilo. E dessa vez permitiriam platéia. Como se tratava de um
caso especial, todos os meninos também poderiam assistir ao vivo
em vez de simplesmente ver o vídeo na internet. Por mim tudo
bem. Àquele ponto, já nem faria diferença. Os garotos da sétima
série faziam questão de assistir ao meu lendário desempenho ao
vivo. Eu não sei que tipo de show eles esperavam, já que eu estaria
em posição passiva. Mas nenhum deles poderia interferir. Aquilo
era expressamente proibido.
Como haveria muita gente, elas resolveram fazer aquilo não
muito longe do colégio. Fomos a pé até o local. Ainda
caminhamos bastante até chegar num terreno aberto, mas que nos
garantiria o mínimo de privacidade. Era um tipo de praça deserta.
Mas tinha até banco para que alguns garotos se sentassem para
assistir. Alguns ficaram de pé e outros se sentaram no chão.
O clima era de animação. Todos estavam ansiosos. Eu estava
bastante tenso, mas decidi que não iria demonstrar, independente
do que acontecesse. Nem se me mutilassem ou fizessem algum
tipo de cirurgia insana em mim, eu não abriria a boca. Claro que se
isso acontecesse de verdade eu não teria pleno poder para decidir
como reagiria na situação. Mas eu precisava resistir mais que todos.
Eu me perguntei se o meu treinamento até aquele dia seria
suficiente para isso. Quanto tempo eu aguentaria?
Finalmente as meninas se acomodaram. Todas estavam de pé,
formando um cerco ao meu redor. Algumas resolveram segurar os
meus braços para me imobilizar. Eu permiti que fizessem isso sem

73
Juliana Duarte

problemas. E mesmo que aquilo não fosse feito, eu não teria dado
um passo.
O primeiro ato aconteceria com a minha irmã. Elas tiraram
toda a roupa dela e a colocaram de joelhos, envolvendo–a com
cordas e correntes. Uma referência óbvia à primeira realização de
Autofellatio.
As meninas carregavam grandes sacolas e naquele momento
despejaram o conteúdo no chão: eram bonecos e manequins.
Imediatamente elas desmembraram os bonecos e esfregaram as
criaturas no corpo de Sara, pressionando contra os seios dela. Ela
quase não tinha seios. Mesmo assim, a expressão dela não foi
muito boa.
Elas começaram a retirar os braços e mãos dos manequis,
enfiando os dedos de plástico e todos aqueles membros dentro de
Sara, inclusive na boca. Ela estava tentando se segurar. Aquela
menina era forte. Digna da família Egas. Mesmo não tendo
participado de nenhum ato diretamente, ela adquiriu o nosso
orgulho.
Por outro lado, ela não tinha nada a ver com a história. Mas eu
também não poderia fazer nada para evitar.
Agora estavam tentando enfiar nela as pernas dos manequins.
Dessa vez foi mais forte e Sara gritou. Havia várias meninas ao
redor dela, enfiando diversos pedaços de bonecos em qualquer
orifício visível.
As meninas apertaram as cordas e correntes. Apertavam cada
vez mais. Sara começou a respirar mais rápido. As meninas
começaram a apalpá–la, algumas tiraram as roupas e deitaram
sobre ela.
Os meninos gostaram bastante dessa parte. Elas melecaram
Sara de beijos em todos os lugares do corpo. Arrancaram a terra e
o capim, esfregaram tudo no corpo dela e a lamberam.
Começaram a enfiar pedrinhas e até pedregulhos dentro dela

74
Autofellatio

também. Colocavam na boca e a faziam engolir. Fizeram com que


comesse a areia.
Logo chegou outra menina com um monte de compras da
cantina do colégio. Havia pastéis, mini–pizzas, enroladinhos de
queijo, cachorros–quentes, balinhas, latas de refrigerante, sucos e
até um prato de comida com um almoço completo, com arroz,
feijão, bife, salada e batata frita.
Começaram a enfiar as comidas uma por uma por todos os
orifícios. Melecaram o corpo dela da cabeça aos pés. As meninas
iam enfiando e lambendo. E para finalizar com elegância, houve
uma perfomance múltipla de cunnilingus.
Eu não achei aquilo muito forte. Acho que a intenção delas não
era realmente torturar a minha irmã, já que ela não tinha culpa de
nada, mas só realizar um aquecimento para agradar à platéia antes
do show principal.
E logo liberaram minha irmã, que não sabia o que fazer ou para
onde ir. Ela estava tão confusa que correu até onde eu estava,
embora tivesse um pouco de dificuldade de caminhar. Ela resistiu
admiravelmente. Como era forte.
– Samuel... o que eu faço agora?
– Me aguarde no colégio – respondi – no final da tarde vou
buscar você.
– Nada disso – falou Fernanda, no mesmo instante – você
assistiu a ela. Ela tem todo o direito de assisti–lo também.
Eu suspirei.
– Ela já está cansada de me assistir todo dia na minha casa.
A própria Sara confirmou. Mas as meninas não ficaram muito
desapontadas.
– Hoje será especial. Porque faremos o seu irmãozinho gritar e
chorar. Portanto, pode ficar aí. Pode ser que se estenda até a noite.
Eu dei de ombros. Para mim não fazia diferença. Eu nem
mesmo pisquei um olho ou expressei a menor reação enquanto
assistia ao que fizeram com Sara, embora meu coração pulsasse

75
Juliana Duarte

feito louco. Elas pareceram um pouco decepcionadas, mas


também não iam mutilar a menina só para me fazer piscar um olho.
Era mais fácil mexer diretamente em mim.
Eu só torcia para que Sara ficasse bem quietinha enquanto
olhasse. Provavelmente ela já sabia que eu não desejava ver
nenhuma reação da parte dela.
As meninas me fitavam deliciadas. Tinham aguardado muito
tempo por aquele dia. Finalmente iam obter o que queriam. Minha
única função seria aguentar tudo absolutamente sem reação.
Muitas meninas estavam loucas para serem as primeiras.
Particularmente Daniela, Lúcia e Nicole olhavam para mim com
sorrisinhos de quem queria me partir em pedacinhos para devorar
cada bocado com prazer.
Mas quem fazia questão de ser a primeira era a líder. Fernanda
deu um passo adiante. Eu tinha certeza de que ela faria aquilo bem
devagarzinho, para sentir o sabor de cada porção do meu corpo.
Ela estava exatamente na minha frente e me fitava com uma
expressão de triunfo. Ela não teria piedade. E eu me decepcionaria
se tivesse. Queria mesmo que me mostrasse o que sabia fazer
melhor em vez de fazer um espetáculo tão leve como fez em
minha irmã. Aquilo quase me fez bocejar. Havia apenas uma parte
estética bem elaborada e pouco conteúdo efetivo.
Decidi que ficaria quieto do início ao fim.
Ela segurou nos meus ombros, passou as mãos pelos meus
braços e pelo meu peito, por cima da camisa, talvez pensando por
onde começar. Todos assistiam com detalhes cada movimento de
Fernanda.
Primeiro ela queria passar as mãos em mim, por cima da roupa.
Acariciou o meu rosto e meus cabelos. As mãos foram descendo
mais e ela estava tocando minhas pernas.
Confesso que senti um arrepio ao sentir aquelas mãos tocando
em mim. A única garota em quem eu já havia tocado era Marcela.
Nem mesmo em Sara eu já tinha colocado a mão. Aquele dia seria

76
Autofellatio

uma experiência bem diferente. Mas eu jamais iria deixar


transparecer meu nervosismo.
Ela testava cada parte do meu corpo com extrema atenção e
cuidado. Massageou o meu rosto e o meu pescoço. Encostou
levemente em mim para sentir o meu cheiro. Segurou a minha mão
e a encostou no rosto dela.
Eu sabia que o fato de ser o líder não era o único motivo de as
meninas estarem tão loucas e com tanto desejo. Também era por
eu ser negro. Nenhum negro havia participado daquilo ainda. As
meninas ainda não conheciam como era o corpo de um homem
negro assim, ao vivo. Qual era o cheiro dele e o sabor.
Eu era um prêmio perfeito. E elas fariam questão de desfrutar
cada parte dele. Ela estava fazendo aquilo para tentar gerar alguma
reação em mim, fosse nervosismo ou desejo.
Após apalpar cada parte do meu corpo, ela finalmente passou
as mãos nas minhas nádegas e encostou no meu pênis, ainda por
cima da roupa. Ela queria verificar se eu estava ficando excitado.
Ela não tirou a mão e fitou o meu rosto atentamente. Encarei o
olhar dela, com bastante seriedade.
Mesmo com tão pouco, o público se deleitava com o espetáculo
dos líderes. Ela resolveu iniciar aquilo de verdade.
Passou as mãos pelo meu peito, por dentro da camisa. Apalpou
as minhas costas. Ela introduziu a mão dentro da minha calça.
Ela sentiu o formato do pênis e do escroto e começou a me
masturbar. Eu realmente não sabia se eu deveria me deixar levar
pela excitação ou continuar com minha indiferença.
Aquela menina sabia fazer direitinho. Movia para cima e para
baixo, fazia pressão, movimentos rotativos e percebeu exatamente
o momento certo de excitar a glande. Ela fez uma coisa incrível.
Era a primeira vez que eu sentia aquilo: a sensação percorrendo
todo o meu corpo no momento em que ela fez aquela pressão e
direcionou para baixo.

77
Juliana Duarte

Depois ela introduziu o dedo no meu ânus. E logo vieram mais


dedos. O tempo todo, enquanto fazia o que queria, não deixava de
fitar o meu rosto. Independente do que eu sentisse, mantive–me
com a mesma expressão séria do início ao fim.
Mas claro que o público desejava ver exatamente o que estava
acontecendo, embora imaginar também fosse bastante desejável.
Ela finalmente tirou a mão. Com um cuidado extremo, retirou
minha camisa. Ela lançou–a na direção das meninas, que deram
gritinhos e brigaram para ter a minha camisa só para si.
Para mim aquilo ainda estava um pouco devagar. Esperava que
ela fosse mais criativa dali para frente. E de fato as coisas logo se
tornaram mais rápidas.
Ela baixou as minhas calças e a cueca. Introduziu um anel no
meu pênis para reter o fluxo sanguíneo. Apertou algumas cordas
ao redor e voltou a me masturbar.
Aquilo já não estava tão bom quanto antes. Começou a doer
um pouco, mas não me importei. Ela era realmente ingênua se
esperava que eu fosse me incomodar por tão pouco.
Mas ela manteve aquela pressão por um tempo muito longo.
Comecei a respirar mais rápido e a suar. Ela apertava cada vez
mais e comecei a sentir uma dor aguda. Meu coração começou a
acelerar.
Extremamente satisfeita, ela fez uma felação em mim. Ela foi
bem violenta no processo e aquilo não foi exatamente agradável.
Obviamente, minha expressão mantinha–se inalterável, na medida
do possível.
Logo uma menina abriu uma sacola com diversos brinquedos
de masturbação. Eu já conhecia a maioria deles, mas ela fez
questão de usar vários ao mesmo tempo. Dessa vez Daniela fez
questão de auxiliar.
Para mim aquilo já era suficiente como preliminares. Já tinha
até passado dos limites. Elas queriam me deixar exausto antes
mesmo de começar.

78
Autofellatio

Principalmente quando enfiaram o maldito gancho no meu


ânus e começaram a puxar. Arrancou um pouco de sangue no
processo. Eu quase me manifestei naquele momento. Apenas
respirei mais depressa. Lúcia observava cada expressão minha com
satisfação. E introduziu em mim uma vela acesa.
Comecei a entender o jogo delas. Primeiro elas iriam me mutilar
e machucar completamente por dentro. Só então dariam início à
transa propriamente dita, para me fazer sofrer no processo.
A única coisa que eu deveria ter seria a resistência. Mas
estávamos apenas no começo e eu já sentia dores extremas.
Comecei a me questionar se seria mesmo capaz de manter a razão.
Lúcia e Marta também avançaram e começaram a passar as
mãos em mim. Enquanto isso, era a vez de Nicole realizar a
felação, enquanto Virgínia introduzia diversos objetos.
Logo havia um bando de garotas ao meu redor, fazendo com o
meu corpo exatamente o que queriam. Talvez eu devesse
considerar aquilo um paraíso; uma verdadeira dádiva dos deuses.
Mas eu já estava tão cansado, tão exausto e com tanta dor, que não
queria mais saber de nada daquilo. Eu não conseguia mais sentir
prazer. Na única vez em que eu precisava, eu não conseguia.
Fernanda foi a primeira a ser penetrada. Depois de tanta
masturbação e tortura, senti muita dor. Ao mesmo tempo, ainda
havia algum traço de prazer. E logo eu estava penetrando e sendo
penetrado por várias meninas.
Muitas me obrigaram a fazer sexo com elas, embora eu não
fosse capaz. Eu simplesmente não aguentava mais. Elas me
mantiveram ali a tarde toda. Eu não apresentei a menor resistência.
Percebi que elas fitavam a minha expressão a cada segundo,
aguardando que eu implorasse por um intervalo, gritasse de dor ou
chorasse.
Decidi que precisava inverter os papéis. Passar de dominado a
dominador. Eu também poderia causar dor nelas. E apagar aqueles
sorrisinhos maliciosos.

79
Juliana Duarte

Mas eu não consegui. Mal conseguia me manter em pé. Não


conseguia ejacular, não conseguia me excitar, não era capaz de
fazer nada. E elas continuavam insistindo! Eu não era capaz e
desabei no chão.
Claro que elas riram muito da minha cara. Mas o que elas
esperavam? Será que as meninas pensavam que um homem é
capaz de ejacular diversas vezes seguidas e de penetrar dezenas de
mulheres seguidamente sem cansar? Nem mesmo Cláudio é capaz
desse feito. Para minha idade portei–me espetacularmente. Eu
sabia o suficiente sobre sexo para constatar que, considerando as
condições em que eu me encontrava, fui extremamente resistente.
Eu apenas me aborrecia com a ignorância delas, que não
conheciam o funcionamento do corpo de um homem.
O meu consolo foi que ao menos a maior parte dos meninos
que assistiam iria compreender a minha situação. Mas pensando
melhor, eu não estava nem aí para nenhum deles. Eu sentia uma
dor cortante, suava e sentia o meu corpo tremer. Não dava mais.
Eu estava no meu limite.
Agora elas queriam me obrigar a fazer autofelação. Naquele
instante eu me perguntei por que elas não pediram para que eu
fizesse aquilo no começo, quando ainda estava inteiro. Não havia
mais a menor condição. Eu não poderia nem fazer o aquecimento,
pois até me mexer estava difícil. E estava completamente fora de
questão eu ter uma ereção naquele estado.
Mas era aquele mesmo o plano delas. Elas queriam me obrigar a
fazer aquilo mesmo machucado. As meninas me rodearam, me
colocaram sentado, forçaram as minhas costas. Óbvio que não
daria certo.
Aquele único movimento seria decisivo entre a vitória e a
derrota. Com dificuldade, apenas fiz uns aquecimentos de yoga e
demonstrei que tinha flexibilidade suficiente para realizar posições
bem difíceis com meu corpo.

80
Autofellatio

Não realizei a autofelação, pois estava completamente quebrado.


Mas acho que aquela pequena demonstração foi suficiente para
provar que eu seria capaz daquele feito.
E que fossem para o inferno todas aquelas pessoas
extremamente supérfluas. Se elas achavam que aquilo era uma
demonstração de poder, desafiei a líder a demonstrar o
autocunnilingus, para fazer jus ao nome. Obviamente, ela não era
capaz e se negou.
Após aqueles últimos aquecimentos, eu me deitei no chão. Fitei
todos aqueles rostos ao meu redor. E ao fitar todas aquelas
pessoas eu não vi nada.
E confirmei aquilo que eu sempre soube:
Eu realmente vivo num mundo de imbecis.
Fui direto para o hospital. Tive até que fazer umas pequenas
cirurgias. Mas não foi nada muito grave.
Eu não sabia se eu estava me sentindo extremamente frágil ou
poderoso. Deitado naquela cama de hospital eu me sentia fraco.
Ao mesmo tempo, uma sensação estranha corria dentro de mim,
ao pensar que suportei tudo aquilo. Manifestei muito pouco a
minha dor ao longo do processo. Não chorei e nem implorei por
piedade. Mas senti dores desgraçadas como nunca antes na minha
vida.
No final, aquilo tudo havia sido uma palhaçada. Eu mereci
aquela punição, que, pensando bem, não tinha sido tão forte
comparado ao que fiz.
O meu terror foi muito maior no momento da descoberta.
Quando tive que encarar todos aqueles olhares, todas as meninas
ao meu redor na sala de aula fazendo terrorismo psicológico. Eu
não sabia ainda o que ia acontecer. Comparado àquilo, até que o
ato em si não me traumatizou tanto quanto eu pensava que faria.
Sara ficou quieta, assistindo tudo. Ela também foi para o
hospital, para remover as pedrinhas que as meninas colocaram nela.
Mas tirando isso, ela estava bem.

81
Juliana Duarte

Com exceção da minha família, eu considerava o resto do


mundo um grande lixo. Repleto de pessoas odiosas. Naquele dia
eu tinha confirmado que nenhuma delas prestava. Nenhuma
daquelas coisas fazia mais diferença: autofellatio, autocunnilingus,
perder, ganhar. Era tudo a mesma porcaria.
Qual a diferença em demonstrar poder diante daquele bando de
macacos estúpidos? Qual a diferença de ser venerado por aqueles
bichos?
Mas eu nunca quis guardar rancores. Esqueci até da raiva por
um momento.
Acabei esquecendo uma diferença crucial entre minha era e a
antiga. Cláudio era respeitado porque tinha vários amigos. Todos
se divertiam juntos, rapazes e moças. Era uma brincadeira saudável
de sexo grupal, embora algumas vezes eles se empolgassem demais
e fizessem coisas que não deviam.
Mas eu acabei indo longe demais. Não estava mais pensando
em me divertir. Não queria fazer amigos ou ensinar alguma coisa a
eles. Queria apenas demonstrar meu poder e autoridade.
Exatamente por isso fui odiado.
O médico me avisou que eu tinha duas visitas. Achei que fosse
alguém da minha família, provavelmente os meus irmãos. E
permiti que entrassem.
Mas eram Jonas e Bruno, que estavam muito preocupados. Eles
imediatamente arrastaram cadeiras para se sentar e começaram a
perguntar se eu estava bem.
Já tinha até esquecido deles. Nunca liguei de verdade para eles.
Só saía ou conversava com os dois quando não tinha mais nada
para fazer.
Mas eles não falaram sobre o que aconteceu. Falaram sobre
outros assuntos. Contaram coisas simplórias. E aquilo me fez
sentir tranquilo, de uma maneira inexplicável.
Bruno me disse que se eu já me sentisse completamente
recuperado, podia assistir a um filme na casa dele naquele dia. Mas

82
Autofellatio

eu queria apenas descansar. Agradeci ao convite, mas resolvi voltar


para casa.
Naquele fim de dia, eu apenas deitei na minha cama. Estava
com muito sono. Mas o Cláudio queria conversar comigo.
Ele e Marcela me deram sermões. Será que eles não entendiam
que eu já tinha recebido a minha punição pelo que tinha feito? Mas
essa não era a opinião deles. Eles não gostaram nem um pouco do
que aconteceu com Sara e me culparam. Eu já esperava por isso.
Eu mesmo me vi na obrigação de me desculpar com Sara. Ela
provavelmente me desculpou, mas estava muito quieta.
– Queria que minha primeira vez tivesse sido com você – foi o
que ela disse.
Mas que preocupação boba para um momento como aquele.
Tranquilizei–a, dizendo que ao menos eu seria o primeiro homem
a penetrá–la. Embora ela não tivesse sido minha primeira. Mas nós
dois estávamos tão quebrados que eu não queria mais pensar em
sexo pelo menos durante as semanas seguintes. Também não
queria assistir aos filmes de Cláudio por um bom tempo.
Pedi para que ele mudasse a decoração do quarto ao menos até
que eu melhorasse. Só ao olhar para aquelas paredes, eu já me
sentia mal. Ele percebeu que eu estava mal mesmo e atendeu às
minhas solicitações. Mas ele disse que quando eu melhorasse o
meu desejo ia voltar e eu mesma faria questão de ter a antiga
decoração de volta.
Mas por enquanto eu só queria dormir. Esquecer de tudo. Ao
menos até a chegada da manhã.

83
Juliana Duarte

Vida

Você já notou como a vida é estúpida?


Ninguém tem nada melhor para fazer. Ninguém sabe o que
fazer. Por isso, se um idiota qualquer inventa uma organização
ridícula na internet, todo mundo aceita participar. Por um único
motivo:
Porque você não tem nada a perder.
Eu mesmo sacrifiquei o único desejo que eu tinha em troca
daquele capricho. Queria ter a minha primeira transa com minha
irmã. Para mim aquilo seria algo especial. Único; mágico. Mas eu
joguei isso fora. Joguei no lixo os sentimentos dela por causa
daquela brincadeira que nunca valeu nada.
Estava na hora de descobrir as coisas que realmente
importavam na minha vida. Provavelmente não era muita coisa.
Mas exatamente por serem poucas eu não poderia perdê–las.
Decidi que iria começar a aprender alguma coisa de útil. Não
naquele colégio; não com aquelas pessoas fúteis. Mas com umas
poucas que ainda se salvavam no meio delas.
Isso é o ser humano. Provavelmente as pessoas que eu
desprezava também me desprezavam tanto quanto. Se eu
considerava os membros daquelas organizações apenas pedaços de
lixo, o líder delas seria o mais fútil de todos. Era um raciocínio
lógico. Mas eu me negava a aceitá–lo.
Eu sentia ódio de todos por não ter coragem de admitir que o
maior otário sempre fui eu. Porque eu tinha a necessidade de ser
aceito. Amigos não eram o bastante para mim. Eu precisava ser
famoso, especial, desejado. Aquelas eram coisas grandes e dignas
da pessoa superior que eu era.
Por causa desse pensamento infantil, acabei me esquecendo das
pessoas que sempre estiveram ao meu lado. E minha

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Autofellatio

personalidade já estava tão distorcida, tão suja, que era difícil


conseguir mudar. Pela primeira vez senti vergonha de mim mesmo.
Quando cheguei na escola, as pessoas não zombaram da minha
cara. Na verdade, sentiam algo que girava em torno do respeito e
do medo. Mas como sempre, os maiores sentimentos sempre
seriam o ódio e a inveja.
A maioria fez questão de se manter bem longe. As meninas não
se aproximavam de mim, mesmo que estivessem em grupinhos.
Confesso que ainda vi algumas darem sorrisinhos e risadinhas.
Pensei em encará–las para que ficassem quietas, mas eu não queria
mais comprar briga. Agora queria apenas ficar na minha, como
sempre foi. Mas aquilo seria possível depois de tudo o que
aconteceu?
O pessoal não estava mais falando sobre as organizações.
Depois daquele último ato, aquilo tudo foi finalizado. Ninguém
queria saber quem ganhou e quem perdeu. Nem eles se
importavam mais.
Claro que as meninas postaram o meu vídeo na internet. Não
fez a menor diferença para mim e para ninguém, já que todos
tinham assistido ao vivo.
Quando eu entrei na sala de aula, muitos murmúrios
imediatamente começaram. Resolvi ignorá–los. E a aula aconteceu
normalmente. Alguns professores ficaram sabendo de certas
histórias, embora a maioria não tenha sido confirmada. E
acabaram abafando o caso e desmentindo tudo para não trazer má
reputação àquele colégio respeitável.
Os pais dos alunos também não tiveram muito que reclamar, já
que felizmente o pessoal não se acovardou e não revelou nada. E
aquilo iria morrer assim. Viraria um rumor do colégio, como na
época do Cláudio. A diferença era que a gangue dele tinha durado
três anos. A minha tinha sobrevivido por apenas seis meses,
embora eu tenha conseguido superá–lo admiravelmente mesmo
em tão pouco tempo. Mas eu já não queria superá–lo.

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Juliana Duarte

Foi bem chato ter que me reunir de novo com o grupinho das
meninas para fazer o trabalho. Só falamos sobre o trabalho
naquela ocasião, mas algumas vezes elas se entreolhavam e
olhavam para mim de uma maneira que não me agradou. Eu não
sabia por quanto tempo aquilo ainda iria durar. E elas queriam
fazer o trabalho na minha casa, para que Marta e Daniela
pudessem conhecer o meu irmão. Eu disse que não havia a menor
possibilidade de aquilo acontecer.
No intervalo, para cumprir meu ritual diário, subi no terraço
vazio para fumar. Jonas e Bruno foram até lá e se sentaram ao meu
lado. Resolvi apagar o cigarro, já que eles estavam perto.
– Vocês não deviam andar comigo – sugeri – ou vão falar mal
de vocês também.
– Não importa – falou Bruno – esqueça essas pessoas.
Eu não entendia porque eles estavam me defendendo. Talvez
porque conhecessem o verdadeiro Samuel. Sabiam que no fundo
eu conseguia ser uma boa pessoa. Ser educado e gentil. Será que
aquele era meu verdadeiro eu que eu ocultava por trás daquela
máscara de poder, arrogância e grandeza?
Eu não precisava mais esconder quem eu era. Ao menos não
quando eu estava com aqueles dois. Naquele dia decidi que
aceitaria o convite para ver o filme ou jogar videogame.
Provavelmente aquela era a coisa mais verdadeira e sincera que eu
seria capaz de fazer.

FIM

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