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SÉRIO PROBLEMA

Por
Alex McAnders
McAnders Books
Direitos autorais © 2023

*****

Sério Problema
Capítulo 1
Quin
Não consigo acreditar que Lou me convenceu a fazer isso. Em um momento ele está falando
que meu pau vai cair se eu não o usar e no momento seguinte eu estou gritando com ele sobre como
isso não é o que se espera da faculdade. Ele então me diz que é exatamente isso que se espera da
faculdade. E o pior é que ele estava certo, pelo menos para mim.
Levei muito tempo para decidir ir para a faculdade. Não é que eu não acreditasse no ensino
superior. Eu sou totalmente a favor. É que eu não fui para uma escola secundária tradicional. Na
nossa escola, explorávamos nossos interesses, devorávamos como se fosse um pacote de Oreo e
depois conduzíamos uma aula onde ensinávamos isso para aqueles que não eram tão apaixonados
pelo tópico.
Sempre que eu explico isso para os outros, eles não conseguem entender. Mas na minha
escola funcionava. A minha era uma escola especial para crianças que aprendiam muito rápido e eu
fui seu primeiro formando. Quando completei 18 anos, eu tinha o equivalente a vários graus
avançados em diferentes matérias, então, o que ir para a faculdade iria me trazer?
Depois de me formar no ensino médio, eu permaneci dando aulas e agi como vice-diretor. E
no ano seguinte, eu viajei. Passei algumas semanas na África e na Ásia e depois terminei a viagem
mochilando pela Europa.
A viagem ajudou a colocar as coisas em perspectiva. Sim, eu tinha muitas informações
teóricas sobre vários temas. Mas, no auge da matrícula, minha escola secundária tinha apenas 50
estudantes. Além disso, eles eram todos como eu. Todos nós aprendíamos informações rapidamente
e todos viemos do mesmo background de coberturas de Nova York.
Eu era esperto o suficiente para descobrir que havia mais na vida do que isso. Sim, os três
meses que passei viajando o mundo me deram alguma perspectiva. Mas a perspectiva era de que eu
não sabia nada sobre as coisas que realmente importavam e de que eu não era bom em coisas
humanas.
Nunca estive apaixonado. Nunca fiz sexo. Nunca tive um melhor amigo. E eu não sabia
como conversar com as pessoas para conseguir alguma dessas coisas.
Então, em vez de achar que poderia reinventar a roda, fiz o que todos os outros da minha
idade fizeram, encontrei uma escola o mais diferente possível do meu colégio e me matriculei. Não
há lugar mais diferente de Nova York do que o Tennessee. E para contrastar com os prédios de 50
andares e a selva de concreto, escolhi a Universidade do Leste do Tennessee, onde a caminhada pelo
campus era quase uma trilha na natureza.
Então preenchi meu questionário de compatibilidade de colega de quarto e consegui Lou, o
cara mais gay que já conheci na minha vida. Esse cara é louco por garotos. Eu cresci com dois pais e
uma mãe e nem eu sabia quantos caras haviam que eram atraídos por outros caras. Lou podia
scanear uma sala cheia de meninos com suas namoradas e conseguir um encontro em 20 minutos.
Eu estava longe disso. Eu estava aberto para namorar rapazes ou garotas, mas ainda não
tinha conseguido o número de ninguém no mês que estive aqui. Lou argumentou que era porque eu
nunca saía do nosso quarto. Eu disse a ele que ele só estava tentando me mandar embora para poder
trazer caras para o nosso lugar. Ele disse, “Claro”, e então jogou na minha cara o motivo pelo qual
eu estava aqui.
“Você não pode conhecer pessoas novas se mantendo trancado neste quarto. E, por mais
que eu te ame, Quin, você não vai conseguir o que quer de mim. Não me interprete mal, você é um
gato e qualquer cara… ou garota, eu acho, ficaria feliz em não resistir ao que você tem a oferecer.
“Mas eu prefiro ter pelo menos uma pessoa com quem eu possa falar sem as coisas ficarem
estranhas porque nos pegamos. E você é meu colega de quarto, então parabéns, você é essa pessoa.
O que significa que o único lugar onde você passa cada minuto acordado da sua vida é o único lugar
onde você não deveria estar.”
“Eu vou para a aula,” eu rebati.
“Ah! Tanto faz. Olha, você quer provar que não veio aqui apenas para observar o comum
até que seu pai lhe dê um emprego em Wall Street e o iate da família? Então, quero que você saia por
aquelas portas e se divirta, jovem,” ele disse apontando.
“Ouch, Lou!”
“Se não é verdade, então faça. Mingle com as pessoas.”
“Pare com isso!”
“Prove que estou errado! Não fique apenas falando que quer ter uma vida. Consiga uma
vida.”
“Eu vou!” Eu disse furioso.
“Bom!”
“Bom!”
“E eu quero prova. Quando eu voltar aqui esta noite, quero ver um cara — ou uma garota
— nu naquela cama e quero ver alguma vergonha, senhor. Muita.”
“Haverá! Haverá muita vergonha, para você. Por causa do quão errado você estava… e
coisas do tipo.”
“Bom.”
“Bom.”
“Estou falando sério, Quin.”
“Eu também.”
Então agora, aqui estou eu marchando pelo campus até a única festa que minha pesquisa de
última hora encontrou. O time de futebol da Universidade do Leste do Tennessee ganhou contra a
Universidade do Oeste do Tennessee, seus rivais interestaduais, mais cedo no dia e a fraternidade de
futebol estava dando uma festa. Nada disso soava divertido, mas eu estou indo… porque Lou me
enganou para isso. Tanto para eu ser o inteligente.
Tudo bem. Eu vou. Conseguirei uma prova de que estive lá. Depois irei para um café e lerei
um livro no meu telefone.
Sei que ele mencionou aquela coisa sobre encontrar alguém nu na minha cama, mas não tem
como isso acontecer. Eu não poderia perder minha virgindade nem se estivesse em uma piscina
cheia de paus. Acredite em mim, eu já tentei. Não sei o que tem em mim que ninguém quer estar
junto, mas ninguém quer.
Além disso, costumo gostar de caras mais velhos, e não vou encontrar isso no campus
universitário. A menos que eu considere professores, mas não vou por esse caminho. Não mesmo.
Parece que vou apenas passar o resto da minha vida como um solitário e triste virgem.
Fiz com que eu mesmo me desanimasse? Acho que sim. Agora realmente, não estou no
clima para festa.
Ao virar a esquina, pude ouvir a música antes que a casa da fraternidade surgisse à vista. Era
intimidador. Eu tinha que tirar proveito da minha raiva pelo que Lou havia dito para me manter em
movimento.
Cara a cara com o meu iminente desastre, quase congelei. Simplesmente não sou bom nesse
tipo de coisa. Não há a menor possibilidade de eu conseguir me enturmar ou socializar, ou o que
quer que seja que as pessoas da minha idade fazem.
Novo plano. Eu não entraria. Iria, no entanto, obter prova de que estive ali. Iria até uma das
meia dúzia de pessoas paradas do lado de fora, pediria para tirar uma selfie com eles e então sairia
dali o mais rápido possível.
Olhando ao redor, vi pessoas fumando, pessoas conversando em roda com copos vermelhos
e um cara parado sozinho. Essa situação facilitou a escolha. Eu só tinha que ir até ele, pedir para tirar
uma selfie, tirá-la, agradecer e ir embora. Eu conseguia fazer isso. Não era um completo estranho à
interação humana. Podia falar com uma pessoa.
Apertando os lábios, endureci minha resolução e fui até ele. Não iria pensar muito. Só faria o
que tinha que fazer e pronto.
“Com licença, posso tirar uma selfie com você?” perguntei ao cara de costas para mim.
“Você quer uma selfie comigo? Por quê?” disse o cara com um tom de desafio na voz
enquanto se voltava para mim.
Uau!
Sabe aquele sentimento que você tem quando vê algo que tira o seu fôlego? Um calorzinho
começa na ponta dos seus dedos e dispara pelo seu braço até se instalar no seu rosto e te trazer uma
tontura de calor? Foi isso que aconteceu quando nossos olhos se encontraram. O cara era belíssimo.
Sua pele amorenada contrastava com seus cabelos negros como a noite e olhos azuis como
uma piscina. Sua mandíbula parecia talhada em mármore. Havia covinhas, muitas covinhas, em suas
bochechas, abaixo do seu lábio inferior, na ponta do seu queixo. Elas estavam por toda parte.
Mais do que isso, ele era grandão. Tinha alguns centímetros a mais que eu e era duas vezes
mais largo. Isso não diz muito, levando em consideração o quanto sou magro. Mas seus músculos
ondulantes pareciam ter músculos. Deus, ele era lindo.
Eu não conseguia falar e ele claramente estava esperando que eu falasse. Ele tinha feito uma
pergunta. Qual era mesmo? Ah, sim! Era por que eu queria uma selfie com ele, e ele parecia
incomodado com isso.
Eu o fiz ficar bravo? Era estranho pedir para tirar uma selfie com um completo estranho?
Provavelmente era. Droga! No que diabos eu estava pensando?
“Desculpe”, gaguejei antes de forçar minhas pernas a se moverem na direção oposta.
Dei dois passos antes dele falar novamente.
“Espere! Não vá.”
Eu parei.
“Desculpe. Não quis ser grosseiro. Se você quer tirar uma selfie, eu tiro com você.”
“Não, tudo bem”, disse eu, querendo olhar para ele novamente mas com receio de que se o
fizesse não iria conseguir respirar.
“Não, sério. Tudo bem. Pode tirar uma. Não sei por que alguém iria querer uma. Mas, tudo
bem. Ficarei feliz em tirar uma com você.”
Foi então que olhei para ele novamente. Percebi o que ele estava dizendo. Ele falava como
um cara que estava acostumado a pessoas pedindo para tirar fotos com ele. Eu sabia um pouco
sobre isso. Isso era em parte por que escolhi uma universidade no meio do nada. Eu queria estar
onde eu não seria reconhecido como Quin Toro, o garoto esquisitão.
Mas essa era a minha situação. Por que as pessoas pedem selfies para ele? Ele era o cara com
a aparência mais incrível que já vi. Será que estranhos aleatórios se aproximam dele deslumbrados
por sua beleza? Não me surpreenderia se assim fosse.
“Ei, ahn, eu não pedi uma selfie porque eu sei quem você é. Eu não te reconheço. Eu não sei
quem você é”, expliquei.
O cara fez com a cabeça um movimento rápido para trás, surpreso. Enquanto eu observava,
sua pele clara ficou cor-de-rosa.
“Ah! Okay. Então…” Ele balançou a cabeça como se tentasse sacudir algo ali. “Desculpe,
mas por que você quer uma selfie comigo?”
“Não era você. Era alguém”, eu disse a ele.
“Você queria tirar uma selfie com qualquer pessoa? Por quê?”
Eu suspirei quando minha situação voltou à minha mente.
“É meu colega de quarto. Ele disse que eu precisava sair e me divertir. Disse que precisava
de uma prova…”
“E a selfie seria a prova?”
“É.
“Então, depois que você tirou a selfie… o que mais? Você irá embora?”
“É.”
O lindo rapaz me olhou como se eu fosse o estranho que sou. Um sorriso se espalhou pelo
seu rosto. Isso teria me feito me sentir mal, se não deixasse eu querer derreter em uma poça na
grama.
“Isso vai soar loucura, mas você já está aqui. Por que não entra e realmente se diverte?”
“Eu não sou bom nesse tipo de coisa. Sabe, essa coisa social.”
“Por sorte, isso é algo em que sou muito bom. Que tal fazermos um acordo? Eu te dou a sua
selfie como prova para o seu colega de quarto, mas você tem que entrar e tentar se divertir de
verdade. Vou apresentar você a algumas pessoas. Assim, quando seu colega de quarto perguntar
sobre a noite, você não terá que mentir,” ele disse com o rosto explodindo em covinhas.
Eu olhei para ele. “Por que você faria isso?”
Ele me olhou, confuso, torcendo a cabeça.
“Talvez eu esteja apenas sendo simpático. Talvez eu pense que você seja um cara legal e que
seria legal sair juntos. Talvez eu esteja flertando.”
Um arrepio me percorreu ao ouvir a palavra “flertando”. O que estava acontecendo? Esse
cara gostava de mim? Estava acontecendo algo entre nós? Ia ter um homem nu na minha cama
cheio de vergonha quando o Lou chegasse em casa depois de tudo?
Espere, eu estava ficando excitado? Acho que sim. Não, eu definitivamente estava.
“Ah, okay,” eu disse, certo de que estava ficando vermelho feito um pimentão.
“Cage, a propósito?”
“O quê?”
“Meu nome.” Ele me encarou. “E o seu nome é?”
“Ah. Quin.”
“Legal. Eu gosto desse nome.”
“Obrigado. Meus pais deram ele para mim,” eu disse, perdendo o controle sobre minha
língua.
Cage riu.
“Quer dizer, obviamente meus pais me deram ele.”
“Não é óbvio. Meus pais não me deram o nome de Cage.”
“Quem deu? Um tio ou alguém assim?”
“Não, eu mesmo.”
“Então, qual é o seu nome de batismo?”
Cage me olhou, com pensamentos correndo em sua cabeça. “Que tal eu te levar para dentro
e te mostrar por aí?”
“Então, acho que vamos deixar essa questão de lado?”
Cage riu desconfortavelmente.
Enquanto ele me guiava escada acima, para o pórtico e depois para a república, era difícil
tirar meus olhos dele. Quando o fiz, fui surpreendido pelo que vi. Eu não sabia o que esperava, mas
certamente não era isso. A grande sala de estar estava ligeiramente mobiliada, mas cheia de pessoas.
Todos tinham copos vermelhos em mãos e conversavam entre si como se fossem amigos.
“A festa ainda está bem no começo,” Cage explicou.
“Como assim?” Eu disse, elevando minha voz acima da música country-pop.
“Vão vir mais pessoas mais tarde.”
“Mais do que isso?” Eu perguntei, olhando ao redor do que parecia uma horda.
Cage riu. “Sim.”
“Caramba. OK.”
“Cage!” Um cara robusto disse, abraçando Cage e derramando uma parte de sua bebida na
camisa de Cage. “Ops, eu te molhei?”
“Tudo bem,” Cage disse casualmente. “Dan, esse é o Quin.”
Dan se virou para mim e olhou. “Quin!” Ele disse por fim, dissipando o constrangimento.
“Ele está tentando te recrutar?”
“O quê?” Eu perguntei, confuso.
“Ele está tentando te colocar no time de futebol?”
Eu olhei para ele, sem entender o que estava acontecendo. Ele estava falando sério? Eu não
parecia exatamente o tipo de cara que corre em direção a homens de 90 kg.
“Time de futebol?”
Dan se virou para Cage, confuso.
“Nós jogamos no time de futebol,” Cage explicou.
“Sério?”
Dan abraçou Cage novamente. “Cage não apenas joga no time de futebol. Ele é o time.”
Olhei para Cage em busca de uma explicação.
Ele sorriu, humilde. “Sou o quarterback.”
“Esse cara não é só o quarterback,” Dan disse, zombando. “Ele é quem vai nos levar ao
campeonato nacional e depois vai se profissionalizar.”
“Ahhhh! Agora entendi. A selfie. Você pensou que eu estava pedindo uma selfie porque
você é um jogador de futebol famoso.”
“Eu não sou um jogador de futebol famoso,” ele disse rapidamente.
“Claro que é famoso. Não há ninguém que não saiba quem ele é,” Dan disse, orgulhoso.
Eu olhei para Cage esperando sua reação. Cage me olhou de volta e riu desconfortavelmente.
“Nem todo mundo sabe quem eu sou.”
“Diga uma pessoa que não sabia,” Dan desafiou.
Ele me deu um sorriso cúmplice. “Quin, você quer beber algo? Acho que você precisa beber.
Me acompanhe.”
“Foi bom te conhecer, Quin,” Dan disse antes de sair andando.
“Então, você é um quarterback?”
“Não ouviu? Eu não sou só um quarterback, eu sou o time,” Cage disse, autocritico.
Eu ri. “Eu ouvi. Você vai se profissionalizar? Tenho um par de tios que jogaram na NFL.”
Cage olhou de volta para mim, surpreso. “De verdade?”
“Sim. Quer dizer, eles são amigos da família. Então, sabe, “tios”,” eu esclareci.
“Eles gostaram?”
“De jogar para a NFL?”
“É.”
“Eu acho que sim. Você está animado para ser recrutado?”
“Certo,” Cage disse sem muito entusiasmo, antes de se virar para encher dois copos
vermelhos com cerveja.
“Você não parece animado.”
“Não. É fantástico. Mal posso esperar. É, ah, tudo que venho trabalhando para conseguir,”
ele disse, entregando-me um copo e levantando o dele para um brinde com o meu. “Para novos
amigos.”
Toquei minha caneca na dele e tomei um gole. “Essa cerveja é horrível,” eu disse olhando
para o meu copo.
Cage riu. “Não, me diga o que realmente pensa.”
“Quero dizer que ela não é muito boa,” eu expliquei.
Cage riu ainda mais. “Você realmente não tem filtro, né?”
Eu fiquei parado. Não era a primeira vez que eu ouvia isso. A última foi com o último cara
por quem me apaixonei.
“Acho que não. Isso é ruim?”
“Na verdade, é até refrescante.”
“Oh. Ok,” eu disse, me apaixonando por ele ainda mais.
“Você tem um sorriso bonito.”
“Eu nem percebi que estava sorrindo,” eu lhe disse.
“Você estava,” ele disse olhando para mim com um sorriso próprio.
“Você também. É muito bonito,” eu disse sentindo meu coração bater forte, sem saber o
que fazer a respeito.
Cage parou de rir e olhou nos meus olhos. Deus, como eu queria beijá-lo.
“Suponho que se eu perguntar se você está se divertindo, você me dirá a verdade.”
“Estou me divertindo,” eu disse me aproximando caso ele quisesse me beijar.
Cage observou-me com um olhar travesso nos olhos. Eu poderia jurar que ele estava se
aproximando para beijar-me quando ele disse, “Por que eu não te apresento para mais algumas
pessoas.”
” Mais pessoas? Já conheci duas. Quantas mais uma pessoa pode conhecer em uma noite?”
“Ha-ha. Um pouquinho mais que isso,” ele disse, passando o braço pelos meus ombros e me
conduzindo para longe.
Sentir seu toque fazia todas as partes de mim tremerem. Eu me sentia tão pequeno em seus
braços. Ele era tão grande e forte. Eu não podia acreditar que tinha conhecido alguém como ele.
Não conseguia acreditar que ele estava agindo como se estivesse interessado em mim. Será que um
cara assim poderia ser gay? As possibilidades faziam meu peito apertar.
Cage me conduziu pela festa, me apresentando a uma pessoa atrás da outra. Ele falava sério
quando disse que era bom em situações sociais. Todos que ele me apresentava ficavam pendurados
em suas palavras. E quando era minha vez de falar, eles também prezavam minhas palavras.
Eu não conseguia descobrir se todos estavam sendo simpáticos, ou se estar com Cage tinha
me transformado em uma versão mais interessante de mim mesmo. Independentemente do que
fosse, eu amava aquela sensação. Esses tipos de interações sempre foram difíceis para mim, mas ao
lado de Cage, eu era uma pessoa diferente.
O que era ainda melhor do que isso era como ele aproveitava todas as oportunidades para
me tocar. Ele tocava meu ombro quando me apresentava. Seu dedo indicador descansava levemente
no meu peito quando enfatizava algo. E nós ficávamos ombro a ombro, como se já fossemos um
casal, e ele esbarrava seu ombro no meu quando ria.
Eu estava uma bagunça quando ele terminava comigo e não conseguia parar de pensar na
outra coisa que Lou tinha sugerido. Como seria Cage nu na minha cama?
Com um dos amigos dele acenando os braços contando uma história, eu não conseguia tirar
meus olhos de Cage. Com toda a sua atenção no amigo, Cage discretamente retirou seu celular do
bolso e deu uma olhada. Guardando-o rapidamente, ele esperou os movimentos do amigo cessarem
e então olhou entre o amigo dele e eu.
“Pessoal, eu preciso sair”, disse ele envolvendo sua grande mão no meu bíceps.
“Eu também”, eu respondi rapidamente.
“Sim? Para onde você vai?”, ele perguntou com entusiasmo.
“De volta para o meu quarto.”
“E onde é isso?”
“Plaza Hall?”
“Serio? Eu vou com você”, disse ele apertando meu braço.
Meu coração parou. Ele estava indo comigo? Será que era isso? Eu não podia acreditar que
finalmente estava acontecendo. Orei para que ninguém olhasse para baixo porque não tinha como
esconder minha excitação.
Engoli em seco e fiz esforço para falar.
“Tudo bem.”
Depois de algumas despedidas, nós saímos para a noite. Eu estava ansioso por causa do
terror e do desejo. Enquanto o silêncio entre nós se prolongava, eu me perguntava por que ele não
falava nada. Não era ele quem supostamente era bom nisso? Eu estava prestes a murmurar algo
quando ele finalmente falou.
“Está uma noite clara.”
“O quê?”
“Dá para ver todas as estrelas”, disse ele se virando para mim. “Está com frio?”
“O quê?”
“Você está tremendo.”
Eu estava tremendo. “Acho que estou nervoso”, admiti.
“Por que você está nervoso?”
Meu rosto ficou quente. “Não sei”.
Cage me olhou. “Você é um cara bonito. Sabia disso?”
“Você também é”, eu disse ainda mais nervoso.
“Obrigado. Está feliz por ter vindo hoje à noite?”
“Sim, com certeza”, respondi, enquanto meu olhar caía no chão.
“Nós chegamos”, ele disse quando nos aproximamos da porta do meu prédio.
“Nós chegamos”, eu repeti, com o coração acelerado. “Você quer entrar?”
“Entrar?” Cage perguntou, surpreso.
“Sim”, respondi timidamente.
“Hmmm”, ele murmurou antes da porta abrir e uma menina sair.
“Cage!” Ela disse antes de envolver os braços ao redor dele e erguer-se na ponta dos pés
para beijar seus lábios.
Minha boca se abriu chocada. O que estava acontecendo? O que tinha acabado de
acontecer?
A loira petite, com características angulosas, voltou-se para mim. “Quem é este?”
“Ah, este é o Quin. Quin, esta é a Tasha.”
Tasha me olhou com suspeita enquanto Cage parecia desconfortável.
“Tasha é minha namorada.”
“Como você conhece Cage?” Tasha me perguntou.
Eu estava muito chocado para falar.
“Quin me pediu uma selfie.”
Tasha se virou para Cage surpresa. “Oh. Você deu uma para ele?”
“Ainda não,” Cage disse com um sorriso.
“Eu posso tirar,” Tasha se ofereceu. “Me dê seu celular,” ela disse se aproximando com a
mão estendida.
Ainda sem palavras, entreguei a ela o meu celular e me posicionei ao lado de Cage.
“Diga xis”, ela disse.
“Xis”, Cage respondeu enquanto eu olhava estarrecido.
“Aqui está”, disse ela me devolvendo meu celular. “Confira.”
Eu olhei para baixo e vi minha humilhação completa retratada. “Sim.”
“Okay. Vamos embora. Estou com fome”, Tasha disse, entrelaçando seu corpo com Cage e
o puxando para longe.
“Foi bom te conhecer, Quin,” ele disse olhando para mim enquanto se afastava.
“Sim. Foi bom conhecer… você”, eu murmurei, seguro de que ele não podia mais me ouvir.
Assisti enquanto o casal perfeito se afastava. Claro, ele tinha uma namorada. E, claro, ela
parecia aquilo. Doeu no coração vê-los partir.
Eu não posso acreditar que pensei que ele estava interessado em mim. Ninguém nunca está
interessado em mim. Como pude ser tão tolo? Como poderia pensar que um cara como ele poderia
estar interessado em um cara como eu?
Uma vez que os dois desapareceram na escuridão, eu entrei no prédio. Subindo as escadas
num estado de choque, queria chorar. Por que ninguém nunca retribui meu interesse?
“Não me diga que você foi até um café e leu um livro”, disse Lou, me tirando do meu transe.
“O que você está fazendo aqui?” Eu perguntei não esperando vê-lo.
“Ah! O encontro foi um fiasco. Mas não mude de assunto. Eu não vejo um homem nu no
seu braço. Não vejo, infelizmente, uma mulher nua. Não vejo nenhum sinal de vergonha. “
Peguei meu celular, procurei a foto de Cage e eu, e a mostrei para Lou.
“Quem é esse?”
“Cage.”
“Por que você parece tão desolado, Cordeiro?”
“Ele tem uma namorada”, eu lhe disse antes de olhar em seus olhos e chorar.
“Ahhh”, Lou disse antes de me envolver com seus braços e me apertar forte.
“Qual o meu problema, Lou?” Eu perguntei antes que ele me guiou para a minha cama,
deitou-se ao meu lado e me segurou enquanto eu chorava.
Capítulo 2
Cage
Uau! Eu nunca senti algo assim na minha vida. Olhando para Quin, eu mal conseguia me
controlar. Eu não podia manter minhas mãos longe dele. Eu poderia ter ficado com ele na festa a
noite toda. Pela primeira vez em muito tempo, eu me senti vivo.
Voltar à realidade foi um golpe duro para mim. Quando recebi a mensagem de Tasha, senti
que o chão tinha sido arrancado debaixo de mim. Eu queria ficar lá com o Quin. Eu queria ver até
onde iria. Mas, eu havia prometido a Tasha que a levaria para jantar, independente de ganharmos ou
não o jogo. Eu sempre cumpria minhas obrigações e eu havia feito uma com Tasha.
“Então, eu queria conversar com você sobre algo”, disse Tasha quebrando o silêncio
enquanto caminhávamos.
“Sobre o quê?”
Tasha me olhou animada e corou. Vê-la se mostrando emocional era algo pouco comum.
Uma nuvem escura costumava seguir Tasha, afetando todos ao seu redor.
Eu tinha que presumir que ela não estava feliz com sua vida. Claramente eu era uma parte de
sua insatisfação. Mas sempre que eu tentava conversar com ela sobre isso, ela me acusava de tentar
estragar a boa coisa que tínhamos.
Qual era essa coisa boa? Ela não estava feliz. Eu não estava feliz. E nós nunca fazíamos
amor.
“Você conhece a Vi, certo?” Tasha perguntou borbulhando.
“Sua melhor amiga Vi com quem você passa todo o seu tempo. Sim, eu a conheço.”
“Você não precisava dizer assim.”
“Você me perguntou se eu conhecia a menina sobre quem você sempre fala.”
“Por que você está tentando começar uma briga? Eu estou tentando fazer algo bom para
você.”
Eu me peguei tentando controlar meu temperamento. Eu estava me sentindo tenso. Eu não
queria ter deixado Quin, mas fiz isso por causa de Tasha. Eu não pude nem pedir seu número
quando voltamos para sua casa. Embora, provavelmente isso fosse melhor. A maneira como ele me
fazia sentir só levaria a tomar decisões das quais eu me arrependeria.
Eu tinha coisas maiores a considerar. Eu havia trabalhado toda a minha vida para jogar na
NFL. Estar com uma garota como Tasha ajuda a vender a imagem de mim como o rosto de uma
franquia. Pelo menos, é o que meu pai diz. E tinha sido seu sonho que eu jogasse futebol
profissional há mais tempo do que tinha sido o meu. Eu não podia decepcioná-lo.
“Me desculpe. Acho que ainda estou me sentindo mal pelo jogo. Está me deixando um
pouco nervoso.”
Tasha sorriu. “Você está perdoado”, disse ela, envolvendo seus braços nos meus. “E, acho
que tenho algo que vai fazer você se sentir melhor.”
“Ok”, eu disse forçando um sorriso. “O que é?”
“Bem, lembra de como conversamos sobre apimentar as coisas no… quarto?”
Eu olhei para Tasha desconfiado. Apimentar as coisas era algo que ela tinha levantado e
quando fez, parecia que tinha algo muito específico em mente que não mencionava.
“Lembro.”
“Então, eu conversei com a Vi…”
“Ok”, eu disse confuso.
“Eu falei com a Vi e perguntei a ela se estaria interessada em se juntar a nós quando
estivéssemos… juntos. E ela disse sim”, disse Tasha rindo nervosamente.
Eu parei de andar e encarei ela. Demorou um segundo para compreender o que ela estava
dizendo.
“Você quer dizer, tipo um ménage à trois?”
“Sim”, ela disse ficando bem vermelha.
“Tasha, por que você faria isso?”
“O que você quer dizer?”
“Por que você convidaria outra pessoa para a nossa cama… e sem falar comigo primeiro?”
“Eu pensei que você iria gostar. Não é que todo cara quer estar com duas belas mulheres ao
mesmo tempo?”
“Nem todo cara. E, se você tivesse me perguntado, eu teria lhe dito que sou do tipo um cara,
uma garota… mas apenas se você tivesse me perguntado.”
“Eu achei que você iria gostar,” ela disse de coração partido.
“Bem, eu não gosto. E, não sei por que você sugeriria isso.”
“Talvez seja porque não fazemos amor há tempo.”
“E isso é culpa minha? Você é a que passa todo o seu tempo com a Vi.”
“O que você está dizendo?”
“Estou dizendo que não sou eu quem não quer fazer amor.”
“Bem, você poderia ter me enganado.”
“Então, se você está tão infeliz, talvez não devêssemos ficar juntos.”
Tasha congelou olhando para mim. “Por que você diria isso? Por que você diria isso?”
“Não é o que parece óbvio?”
“Não. Fomos feitos um para o outro. Eu seria a esposa perfeita para você. Você sabe disso.
Você vai ser convocado e se tornar o quarterback titular de um grande time da NFL e eu vou cuidar
da casa e começar uma instituição de caridade. Nós conversamos sobre isso, amor. Nosso futuro
está resolvido.”
Ela estava certa. Nós tínhamos conversado sobre isso e foi exatamente isso que dissemos.
Mas agora que eu estava na minha graduação e não podia mais adiar a inscrição no draft, eu
começava a ter minhas dúvidas. Isso não era culpa dela, entretanto. E eu não deveria descontar nela.
“Você está certa. Me desculpe, Tasha. Estou apenas de mau humor hoje. Mas, por favor, não
fale mais sobre ménages, okay?”
Assim que eu disse isso, vi a luz nos olhos de Tasha se apagar.
“Certo”, ela concordou antes de continuarmos nosso caminho para o restaurante em
silêncio.
“Eu te disse para não fazer essa disciplina, Rucker.”
“Treinador, era algo que eu tinha interesse”, eu tentei explicar pela milésima vez.
“Introdução à Educação Infantil? De que um quarterback titular do Dallas Cowboys ou L.A.
Rams precisa com uma aula sobre educação infantil?”, perguntou meu treinador, um pouco mais que
irritado.
“Olhe,” disse finalmente perdendo a calma. “Fiz todos os cursos que você me recomendou,
querendo ou não. Participo de todo treino que você agendar e me esforço tanto até sentir vontade
de vomitar…”
“E veja onde você está por causa disso. Uma das melhores perspectivas em uma classe de
draft competitiva. Você deveria estar me agradecendo por ter te pressionado tanto.”
Peguei meu fôlego. “E estou. Mas, Treinador, eu precisava fazer pelo menos uma aula que
fosse para mim.”
“Mas por que essa?”
“É o que me interessa.”
“Ainda assim, você não compareceu a uma única aula desde o início do ano?”
“Isso é porque começa 20 minutos depois do fim do treino. Pensei que poderia correr até lá
quando terminasse. Mas às vezes o treino se prolonga, ou tenho que tomar um banho de gelo. Às
vezes estou simplesmente exausto.”
“Bem, você deveria ter pensado nisso antes de escolher a aula, porque este professor não é
tão compreensivo com os desafios dos estudantes-atletas quanto os outros. Esse acha que você deve
assistir às aulas e fazer as provas para passar. E se você não passar nesta aula, não poderá jogar no
trimestre da primavera. Isso significa que essa equipe não vencerá e ninguém irá te recrutar.”
“Entendi. Vou começar a ir às aulas.”
“Não só isso. Você terá um tutor. Pedirei a alguém da minha equipe para encontrar um para
você. Quando é sua próxima aula?”
Olhei para o relógio na parede do escritório do treinador.
“Agora.”
“Então vá correndo para lá.”
“Treinador, fica do outro lado do campus. Quando eu chegar lá, terão sobrado apenas cinco
minutos.”
“Parece que você vai ter que correr, não é?”
“Treinador, acabamos de fazer 20 minutos de sprints.”
“Não responda, apenas corra. Eu estou falando sério. Vá, vá, vá!”
Saindo do escritório, fiz o que me disseram e corri. Eu estava ainda com as minhas chuteiras,
camisa de compressão e calças acolchoadas. A aula era no terceiro andar de um prédio no outro lado
do campus. Não ia dar tempo de me trocar.
Eu não sabia como tinha me metido nessa bagunça. Na verdade, eu meio que sabia. Foi um
ato de rebeldia. Sim, eu sabia que isso impactaria no treino, mas pensei que isso me daria uma
desculpa para sair mais cedo. Estava errado. E agora meu futuro todo estava em jogo.
Entrando no prédio e na escada, estava totalmente sem fôlego. Felizmente ninguém
conseguia ouvir minha respiração ofegante por causa do barulho ensurdecedor das minhas chuteiras
de metal ecoando no concreto. Não haveria como entrar na sala de aula discretamente. Quando abri
a porta da sala de aula, todos já estavam olhando. Havia 50 estudantes e um professor furioso
olhando para mim.
“Desculpe. Por favor, continuem,” disse ofegante e bastante humilhado.
Sentado na primeira cadeira vazia, repousei a cabeça na mesa para recuperar o fôlego de
forma discreta. Novamente senti vontade de vomitar, mas não ia acontecer aqui.
Recuperando-me, levantei-me dando-me conta que não tinha pegado minha mochila do
armário. Não que eu tivesse o caderno desta aula ou algo assim. Eu tinha desistido de ir há muito
tempo. Mas teria sido bom ter algo na minha frente para que eu não parecesse um idiota.
Pegando meu celular, fiz o melhor que pude para fingir que estava tomando notas. Não
estava, porque não fazia ideia sobre o que o professor estava falando. Parecia que todo mundo
entendeu, no entanto. Todos estavam muito concentrados na mulher que estava à nossa frente. Isso
é, todos estavam prestando atenção exceto uma pessoa. E quando o vi, fiquei sem fôlego.
Era o Quin, e ele estava olhando para mim. Nossos olhos se cruzaram por um segundo, e
então ele desviou o olhar. Tudo dentro de mim formigava. Pude sentir imediatamente minha
respiração acelerar.
Só de vê-lo causava algo em mim. Eu tinha recebido uma segunda chance com ele. Não iria
deixá-lo escapar da minha vida novamente.
“E, é isso. Na próxima aula teremos um teste sobre o que abordamos nas últimas duas
semanas. Estejam preparados,” disse a professora antes de voltar sua atenção para mim. “Sr. Rucker,
posso ver você um momento?”
Não estava esperando por isso. Pior ainda, Quin estava sentado do lado oposto da sala que
tinha uma saída diferente. Ele não estava olhando para mim e iria embora antes que eu pudesse pedir
para ele me esperar.
“Sr. Rucker,” a mulher asiática de cabelos grisalhos chamou novamente.
“Estou indo,” disse a ela, mantendo o olho em Quin, enquanto ele se aproximava da porta.
Nadando contra a corrente de pessoas, me aproximei da professora enquanto ela apagava o
quadro. Ela estava demorando e isso me estava matando. Quando Quin desapareceu, meu coração
afundou. Ele se foi novamente e eu me senti um lixo.
“Entrar cinco minutos antes do fim da aula não é considerado comparecer. Pelo menos não
no meu livro.”
“Eu sei. E peço desculpa por isso. Corri aqui do treino. Mas prometo que não vou me
atrasar novamente.”
“Soube que precisa passar nesta matéria para continuar podendo jogar na próxima
temporada.”
“Isso mesmo, senhora.”
“Então, acredito que você deva levar esta aula um pouco mais a sério.”
“E prometo que vou… daqui para frente.”
“Se não quer estar aqui…”
“Mas eu quero estar aqui.”
“Por quê?” Ela perguntou de forma sincera.
“Porque é um assunto pelo qual me interesso muito. Ensinar crianças é algo que sempre quis
fazer.”
“E o futebol? Ouvi dizer que você tem uma carreira profissional promissora.”
“Futebol é algo que eu sou bom. É uma benção. Mas não é…”
Eu não terminei a frase. Aquela era uma caixa que eu não queria abrir agora.
“Bem, se você está realmente levando essa aula a sério, terá muito o que procurar.”
“Eu tenho consciência disso, e estou disposto a trabalhar. Vou contratar um tutor.”
“É?”
“Sim, senhora. Na verdade…” eu disse subitamente tendo uma ideia. “Podemos continuar
com isso na próxima aula? Prometo que estarei aqui na hora certa.”
“É bom mesmo. Lembre-se, a presença é obrigatória.”
“Entendi. Estou de olho. Estarei aqui. Prometo,” eu disse batendo minhas chuteiras no
carpete enquanto eu andava em direção à porta.
Assim que eu estava no corredor, varri os dois lados à procura dele. Ele não estava lá. Onde
ele teria ido tão depressa?
A maioria dos alunos estava entrando na escada para descer. Corri para lá e me juntei a eles.
Espreitando por cima da multidão, eu não conseguia vê-lo. Eu estava prestes a me odiar por não ter
saído mais cedo quando vi as costas de alguém que só poderia ser o Quin saindo da escada para o
andar principal.
“Com licença. Com licença,” eu disse apertando para passar por todos.
Isso só me adiantou alguns segundos e, quando eu cheguei lá, ele havia sumido de novo.
Olhando em cada sala de aula enquanto eu corria, eu não o via. Eu estava prestes a desistir
da esperança quando abri a porta do prédio e avistei seu sexy corpo a distância. Calor percorreu o
meu corpo. Era como um raio de sol num dia nublado.
Correndo em direção a ele, diminuí a velocidade quando estava há poucos metros de
distância. Eu não podia perder a compostura só porque estava prestes a falar com o cara mais bonito
que já tinha visto. Eu tinha que fingir que beijá-lo não era a única coisa em que podia pensar desde o
momento em que nos conhecemos.
“Quin?” eu disse tentando ser tão casual quanto podia.
Ele parou e se virou. Ele não parecia tão feliz em me ver quanto eu estava em vê-lo. Isso
acionou uma pontada no meu peito, mas eu a ignorei.
“Pensei que era você. Como tem passado? Tem ido a grandes festas desde a última vez que
eu vi você?” eu disse com um sorriso.
Quando ele não respondeu, eu disse, “Cage. Cage Rucker. Nós nos conhecemos na festa
Sigma Chi.”
“Eu me lembro”, ele disse friamente. Ai! Lá estava aquela pontada de dor novamente.
“Como está a Tasha? Esse era o nome da sua namorada, certo?”
“Tasha? Ah, sim. Ela está bem. Está ótima. Ah, eu fiz alguma coisa para te aborrecer? Se eu
fiz, eu sinto muito”, eu disse querendo desesperadamente vê-lo sorrir novamente.
Quin me encarou com uma expressão frustrada e depois cedeu.
“Não. Você não fez nada de errado. Não ligue para mim. Eu estou apenas sendo idiota.”
“Você? Sendo idiota? Acho difícil de acreditar”, eu disse com um sorriso.
Ele me encarou novamente. Dessa vez, parecia que ele estava sondando minha alma.
“Por que você diria isso?”
“Eu não sei. Acho que você me parece uma pessoa realmente inteligente.”
Ele suavizou a intensidade de seu olhar.
“Não sou inteligente em nada que importa”, ele disse antes de continuar andando.
Eu alcancei ele.
“Eu não acredito nisso. Na verdade, eu aposto que você é muito bom em Introdução à
Educação Infantil. Aposto que você é o melhor da turma.”
Quin me olhou quando eu disse isso.
“Você é, não é?”
Quin desviou o olhar.
“Que coisa. Ok. Então isso vai tornar a próxima coisa que vou dizer menos constrangedora.
Acontece que eu preciso dessa aula para continuar elegível para o futebol e, por fim, para o draft da
NFL. E, como não tenho ido às aulas, estou um pouco atrasado. Eu realmente preciso de um tutor.
O programa de futebol está disposto a pagar pelo seu tempo.”
“Eu não posso ser seu tutor”, ele disse de forma desdenhosa.
“Por que não?”
“Eu simplesmente não posso. Desculpe.”
“Tudo bem. Então, que tal se eu tornar a oferta um pouco mais atraente?”
“O que você quer dizer?”
“Quando estávamos na festa, você disse que não era bom em ser sociável, o que eu não
entendo, porque você parecia perfeitamente confortável com isso.”
“Eu só estava confortável porque…”
“Por causa de quê?” eu perguntei na esperança de que ele dissesse por minha causa.
“Nada.”
“Bem, se você quiser me dar aulas no que você é bom, posso te dar aulas no que eu sou
bom.”
“Você quer dizer ser uma estrela do futebol que todo mundo quer ter por perto.”
“Primeiro de tudo, isso doeu. Segundo, há um pouco mais em mim do que isso.”
“Eu sei. Me desculpe. Vê? Eu não sou bom nisso,” Quin exclamou.
Eu peguei a mão dele o mais casualmente que pude. Tentei fingir que era apenas algo que eu
fazia quando conversava com as pessoas, mas a verdade é que eu estava louco para fazer isso.
“Você é bom nisso. Pelo menos, você pode ser. Deixe-me te ajudar. Eu sei que posso te
ajudar com isso. E quando estiver pronto, você será uma estrela do futebol que todos querem ter
por perto como eu,” eu disse com um sorriso sarcástico.
Quin riu. Eu tive um formigamento tão intenso que achei que meus dentes iam cair.
“Então, o que você me diz?”
Quin retirou sua mão da minha. Ele não foi sutíl. Acho que estava tentando enviar uma
mensagem sobre limites. Tudo bem, eu poderia respeitar isso.
“Certo,” Quin disse com um sorriso.
“Certo?” eu repeti derretendo nos seus olhos.
“Certo”, ele confirmou para minha alegria absoluta.
“Ouvi dizer que haverá uma prova nos próximos dias.”
“É daqui a dois dias e cobre duas semanas de material.”
“Parece muito.”
“É”, ele confirmou.
“Parece que suas aulas de reforço devem começar imediatamente”, eu sugeri querendo
passar todo o tempo acordado com ele.
“Que tal hoje à noite? Vou preparar um plano de aula e vamos a partir daí.”
“Um plano de aula? Você não está brincando.”
“Eu não estou. Você também não pode, se quiser passar na prova.”
“Eu não vou.”
Quin hesitou. “E você não tem nenhum compromisso com a sua namorada ou algo assim,
tem?”
Ser lembrado da Tasha foi um balde de água fria no meu entusiasmo descontrolado de
passar a noite com Quin. Meu sorriso diminuiu.
“Até se eu tivesse algum compromisso, cancelaria. Passar na matéria e jogar futebol vem em
primeiro lugar. Ela entenderia.”
“Certo. Então, vejo você à noite. ”
“Devo pegar seu número?” perguntei a ele, sem perder a oportunidade desta vez.
“Sim. Me dê seu telefone.”
Entreguei a ele e ele digitou. Um segundo depois, ouvi o telefone no bolso dele tocar.
“Você sabe onde eu moro. Vou enviar por mensagem a hora e o número do meu quarto”,
disse Quin profissionalmente.
“Então faremos isso em sua casa?”
“A menos que você tenha um lugar melhor. Poderíamos ir para uma biblioteca, mas não sei
quanto à conversa eles permitirão. “
“Não, seu lugar é ótimo. Estou ansioso para isso.”
“Você está ansioso para estudar?” Ele perguntou, me lembrando que isso não era um
encontro.
“Claro. Introdução à Educação Infantil é pelo que vivo. Pergunte a qualquer um.”
Quin riu. Isso derreteu meu coração.
“Até mais tarde, Bochechas,” ele disse com um sorriso antes de se virar e sair. Eita, estava
encrencado.
Capítulo 3
Quin
‘Até mais tarde, Bochechas?’ Eu realmente disse isso? No que eu estava pensando? Por que
aceitei qualquer parte disso?
Não havia como resistir a ele. Quando ele olhava para mim, me fazia sentir como se eu fosse
a única pessoa no mundo. O tempo parava quando eu falava com ele. Como eu conseguiria ficar
sozinho com ele tempo suficiente para ajudá-lo a passar em sua matéria?
Eu deveria ter continuado a recusar ajudá-lo. Mas, a oferta dele foi bastante atraente. Eu vim
para a faculdade para uma coisa, e não foi para a educação formal. Foi para aprender coisas que eu
não havia e não poderia aprender com livros. Era toda a sutil troca que ocorria durante as conversas.
Pra mim, a vida seria mais eficiente se todo mundo apenas dissesse o que estava pensando e
seguisse em frente. Mas, entendi que não era assim que as coisas funcionavam. Havia uma dança
nisso e eu tinha que aprender os passos.
Não poderia pedir um professor de dança melhor do que Cage, embora. O que ele me
ofereceu era a única coisa que eu vim para a faculdade aprender. Como poderia recusar sua oferta de
ajuda?
Só tinha que continuar lembrando a mim mesmo de que ele tinha uma namorada, e não
importa o que eu estivesse pensando, estava apenas na minha cabeça. Ele nunca iria me amar de
volta. O nosso era um encontro de conveniência. Era só isso. E depois que tirássemos um do outro
o que queríamos, seguiríamos caminhos separados.
Uma onda de dor percorreu meu corpo pensando nisso. Claramente, esta havia sido uma
péssima ideia. Não havia como eu sobreviver a isso. Mas já era tarde para desistir agora. E, tenho
que admitir, mal podia esperar para vê-lo de novo.
“Lou, você não pode estar aqui hoje à noite”, disse a ele quando cheguei ao meu quarto.
“Carneirinho, eu te disse, se você for ficar com algum garoto, coloque uma meia na
maçaneta da porta.”
“Que tipo de meia?”
Lou me olhou chocado. “Espera, o quê?”
“Tipo, é uma meia de academia ou uma daquelas meias curtas? Porque a meia curta
provavelmente ficaria melhor na maçaneta da porta.”
“Espera. Espera! Do que estamos falando? Você vai trazer um garoto aqui esta noite …
[suspiro], ou uma garota? “
“Cage virá.”
Lou abriu a boca de surpresa. “O garoto da foto do Quin melancólico?”
“Sim. Mas é só para estudar. Vou dar aula particular para ele.”
“Você tem uma aula com ele. Como você está me contando isso só agora?”
“Ele não apareceu na aula até hoje. E ele estava usando seu uniforme de futebol”, disse eu
com um sorriso se formando em meu rosto.
“Você quer dizer aqueles bem justos que os jogadores de futebol usam.”
“Ah-uh”, eu disse sentindo meu rosto esquentar.
“Ah! Ele não está vindo apenas para estudar, está?”
“Não, ele está”, eu disse trazendo as coisas de volta à realidade. “Ele precisa passar na
matéria para jogar futebol no próximo semestre, e pediu para eu ajudá-lo.”
“Então, você está segurando a vida dele em suas mãos completamente irresistíveis?”
Olhei para minhas mãos me perguntando como mãos poderiam ser irresistíveis.
“Quer dizer, não exatamente. Mas, de certa forma. “
“Meu Deus, vocês dois vão se agarrar.”
“Nós não vamos. Ele ainda tem uma namorada. Isso não mudou. “
“Quem sabe ele queira que você se junte a eles. Você toparia, não toparia? Quer dizer, você
de todas as pessoas, com seus pais e tudo mais.”
“Pra te falar a verdade, não acho que gostaria. Vejo o que meus pais têm, e é ótimo. Amo
todos eles e eles se amam. Mas, não estou certo de que é para mim.”
“Então, vamos ter que separar os dois?” Lou perguntou com um olhar diabólico nos olhos.
“Não! Eu também não vou fazer isso. Se ela é quem ele quer estar com ele, então… tudo
bem. Eu estou bem com isso. ”
“Quanto te doeu dizer isso?”
“Muito. Mas, vai ter que ser verdade. Não quero estar com alguém que não queira estar
comigo.”
“Você é um homem melhor do que eu”, disse Lou, desistindo.
“Não sei se sou melhor, mas estou muito mais sozinho.”
“Ahhh!” Lou disse se levantando e me abraçando. Com os braços ainda enrolados em mim,
ele disse: “Esse garoto vai devastar você, não vai?”
“Provavelmente.”
“Fique tranquilo, eu estarei aqui para pegar os cacos, Carneirinho. Sempre estarei. “
“A menos que você tenha um encontro romântico?”
“A menos que eu tenha um encontro romântico. Mas, tirando isso, estarei bem aqui”, disse
ele se afastando e me dando um sorriso irresistível.
Capítulo 4
Cage
Eu consigo fazer isso. Posso passar um pouco de tempo com Quin, sem me apaixonar
perdidamente por ele, e sem arruinar toda a minha vida para ficar com ele. Tenho certeza de que
consigo. Porém, quanto mais próximo ficava o horário do nosso encontro, mais claro se tornava que
eu não teria voz na situação.
Como é possível que todo cara, ou garota, ou quem quer que ele esteja interessado, não veja
tudo o que eu vejo nele e o conquiste? Eu não entendo. O cara é lindo e adoravelmente desajeitado.
Eu poderia passar meus dedos por seu cabelo escuro e ondulado até me perder nele.
Ah, e os olhos dele. Nem me faça começar a falar sobre os olhos dele, aqueles olhos
vulneráveis e sedutores. Só de pensar neles já me deixa excitado. Como é que ele consegue fazer isso
comigo?
É como… qual é aquela coisa que os animais liberam para atrair um parceiro? Feromônios?
É como se ele estivesse liberando feromônios e não há nada que eu possa fazer para resistir.
Realmente não deveria ter pedido para ele me ajudar a estudar. Provavelmente, ele era a
última pessoa que eu deveria ter procurado. Como vou conseguir me concentrar com ele ao alcance
dos meus braços? Foi um grande erro. Mas, não consigo esperar. E o tempo nunca passou mais
devagar na minha vida.
Esperei no The Common até a hora do nosso encontro, em vez de ir para casa e voltar.
Talvez ficar com a Tasha fosse uma opção, considerando que ela morava no andar acima do dele.
Mas as chances eram de que ela estava com a Vi.
As duas eram inseparáveis. Não era à toa que ela sugeriu que a Vi se juntasse a nós no sexo.
Elas faziam tudo juntas. Por que não isso?
Depois de uma espera dolorosamente longa para eu ir até lá, me apressei através do
quarteirão. Entrando no prédio assim que alguém saía, subi as escadas de dois em dois degraus e bati
na porta dele. Ouvi um alvoroço do lado de dentro antes de uma voz desconhecida dizer: “Só quero
ver”, e a porta se abriu.
“Olá,” eu disse para o cara de aparência travessa diante de mim.
“Sou o Lou, prazer em conhecê-lo,” ele disse sem me oferecer a mão nem me convidar para
entrar.
“Cage.”
“A estrela do futebol?” Lou disse com um sorriso.
“Eu acho. O Quin está aqui?”
“Está sim. E qual é a sua intenção com o meu amigo?”
“LOU!” Quin gritou atrás dele. Empurrando Lou para o lado e colocando seu corpo entre
nós dois, Quin disse: “Desculpe por isso. Ele estava de saída.”
O corpo de Quin estava tão perto do meu.
“Tudo bem. Lou, eu te convidaria para ficar e curtir com a gente, mas nós temos duas
semanas de trabalho de aula para revisar… A menos que Quin acredite que podemos fazer os dois
ao mesmo tempo?”
“Não podemos e o Lou estava de saída. Tchau, Lou.”
“Tchauzinho,” disse Lou, passando por mim para permitir que Quin me convidasse para
entrar.
“Desculpe por isso. Lou tem boas intenções.”
“É sempre bom ter um amigo que olhe por você.”
“Verdade. Então, bem-vindo ao meu quarto.”
Eu olhei em volta. “É assim que a outra metade vive?”
“Do que você está falando?”
“Os dormitórios do Plaza são bem elegantes.”
“Sua namorada também não mora aqui?”
“Sim, mas isso não torna nada menos impressionante. Além disso, ela compartilha seu
quarto com duas colegas de quarto. Seu lugar é melhor decorado do que a minha casa.”
“Você mora na fraternidade?”
“Não. Não sou membro. Eu sei, um jogador de futebol que não pertence à Sigma Chi,
inconcebível. Mas, a vida na fraternidade ficava um pouco fora do meu bolso.”
“Onde você mora?” Quin perguntou, me conduzindo ao sofá da sala de estar.
“Em casa com meu pai.”
“Não com a sua mãe?” Quin perguntou, reunindo os livros e sentando-se ao meu lado.
“Minha mãe morreu quando eu nasci.”
Quin parou. “Sinto muito por ouvir isso.”
“Não precisa pedir desculpas. Aconteceu muito tempo atrás.”
“Então, sempre foi só você e o seu pai.”
“Isso mesmo. E às vezes, só eu.”
“Do que você está falando?”
“Nada. A gente precisa estudar. Tenho a impressão de que temos muito a revisar,” eu disse
mudando de assunto.
Embora eu nunca tenha conhecido minha mãe, o assunto ainda era um ponto sensível para
mim. Principalmente por causa do meu pai. Ele jamais diria isso, mas acredito que a perda dela tenha
sido um golpe duro para ele. Pelo menos essa era a minha suposição.
Quin começou me mostrando o fluxo de trabalho mais organizado que eu já vi na minha
vida.
“Aqui é o que vamos ter que revisar até quinta-feira”, ele disse indo direto ao assunto.
Seu jeito assertivo quase foi suficiente para me distrair do seu joelho flutuando a centímetros
do meu enquanto segurava o livro didático. Ou, do cheiro que eu senti quando ele se inclinou para
apontar algo numa página oposta. Oseu doce aroma de musk fazia ficar excitado. Inclinar-me para a
frente era tudo que eu podia fazer para esconder.
“Você continua se inclinando para frente, está tudo bem com suas costas?”
“Minhas costas? Sim. É por isso que eu continuo me inclinando, por causa das minhas
costas. Preciso mantê-las alongadas. Você sabe, por causa dos treinos.”
“Se você quiser, podemos ir para a mesa da sala de jantar? As cadeiras têm um pouco mais
de apoio”, Quin sugeriu gentilmente.
“É, talvez seja melhor.”
Estava prestes a me levantar quando percebi que ainda estava visivelmente excitado.
“Ah, talvez daqui a pouco.”
“Suas costas estão realmente doendo, né?”
“Sim, estão doendo bastante.”
“Que droga. Sinto muito. Gostaria que você tivesse dito algo antes. Pode parecer estranho,
mas posso te dar uma massagem se você quiser. Eu me ensinei há alguns anos. Não tive muitas
oportunidades para praticar, mas acho que ainda sou bastante bom.”
“Umm…”
“Desculpe, é esquisito? Oferecer para te dar uma massagem é estranho, não é?” Quin disse,
murchando diante dos meus olhos.
“Não, de jeito nenhum. Eu adoraria. Realmente ajudaria… minhas costas.”
“Tem certeza?”
“Você não faz ideia do quanto,” eu disse com um sorriso.
“Ok. Então…”
Quin olhou em volta. “Minha cama provavelmente seria mais confortável.”
Não havia como eu conseguir me levantar agora.
“Acho que o sofá vai ser suficiente.”
“Certo.”
Quin se levantou e começou a alongar os dedos.
“Tire a roupa até onde se sentir confortável e deite-se.”
Calor subiu às minhas bochechas. Ele acabou de me dizer para me despir até onde me
sentisse confortável? A ideia de me despir para ele me deixou tão excitado que meu pau começou a
pulsar. Só Deus sabia o que aconteceria se eu tirasse as calças. Não havia como eu fazer isso. Mas, eu
poderia tirar a camisa.
Ao tirá-la lentamente, eu espreitei para Quin. O jeito que ele me olhava me causava todo tipo
de sensação. Eu teria que pensar em muitos jogos de baseball se eu não quisesse ejacular em minha
cueca assim que ele me tocasse. Valeu o risco, no entanto. Eu precisava das mãos dele em mim. E
quando me deitei e ele subiu em cima de mim, eu estava no céu.
Com ele puxando e amassando meus músculos, eu me perdi. Jesus, como isso era bom. Era
melhor que sexo, pelo menos, qualquer sexo que eu já tivesse tido. E não demorou muito antes que
eu sentisse o início familiar de uma sensação que ia se intensificando.
Meu Deus, eu estava gozando.
“Preciso ir ao banheiro,” disse eu, jogando o cara menor no sofá.
Por sorte eu sabia onde o banheiro ficava e estava aberto. Fechei a porta atrás de mim, mal
consegui abaixar as calças rápido suficiente antes de explodir em orgasmo.
Gemi, lutando contra o grito de prazer. Consegui pegar a maior parte de meu esperma na
minha mão em vez de borrifar no teto. Mas junto veio uma tontura que me jogou filosoficamente ao
chão. Bati contra o chão com um baque.
Capítulo 5
Quin
“Está tudo bem aí?” perguntei ao ouvir o que parecia ser o porta-toalhas quebrando seguido
por alguém caindo no chão.
“Estou bem,” Cage gritou de volta. “Mas, acho que quebrei algo. Desculpe por isso.”
“Não se preocupe com isso, seja lá o que for. Tem certeza de que está bem?”
“Sim. Só preciso de um momento.”
Eu o assustei. Eu sei que o fiz. Sentado em cima dele, eu estava ficando duro e de algum
modo ele sentiu. É por isso que ele me empurrou e correu para o banheiro como se estivesse em
chamas.
Por que ofereci para lhe dar uma massagem? Quão estranho foi isso? Estou estragando tudo.
Mas ele disse que as costas dele estavam doendo e apenas saiu. Se alguém diz que as costas
estão doendo, oferece para dar uma massagem, não é?
Ah! Eu não sei. Não sei nada. Por que sou tão ruim nisso?
“Tem certeza de que não precisa de ajuda aí?”
“Está tudo sob controle,” disse Cage antes de abrir a torneira e eventualmente sair.
Caramba, ele estava bonito parado ali com a camisa fora. Seus ombros musculosos e
volumosos, seus peitorais robustos, seus abs. Como ele tinha abs sem flexionar? Ele estava somente
parado ali. Como?
Me olhando com os olhos mais derretidos como de um filhote, ele disse, “Desculpa sobre
isso?”
“Não, eu que peco desculpas,” disse a ele me sentindo mal por ultrapassar os limites.
“Pelo que você está se desculpando,” ele me perguntou como se não soubesse.
“Você sabe, porque…”
“…Porque você estava disposto a me ajudar em uma matéria que preciso passar para ter
algum tipo de vida, e eu que tornei as coisas estranhas?”
“Vocês que tornou as coisas estranhas? Eu sou o rei de tornar as coisas estranhas.”
“Você pode até ser o rei de alguma coisa, mas isso é comigo. Olha, por que não voltamos ao
estudo.”
“Como estão suas costas?”
“Estão muito melhores agora, obrigado,” ele disse pegando a camisa e a vestindo. “Isso
ajudou muito. Agora consigo me concentrar. Estou um pouco sonolento, mas, definitivamente
consigo me concentrar.”
Retomando de onde paramos, cobrimos muito material até Lou voltar.
“Ainda nisso? Vocês dois simplesmente não param, não é?” Lou falou brincando.
Lou estava claramente fazendo Cage se sentir desconfortável.
“É, acho que eu deveria ir.”
“Não me deixe te impedir,” Lou disse. “Você nem vai saber que estou aqui.”
“Ou, poderíamos apenas ir para o meu quarto,” eu sugerir.
“Não!” ele disse rapidamente. “Digo, talvez possamos retomar amanhã. Tem muita coisa
acontecendo aqui na minha cabeça e preciso processar tudo”, ele disse, fazendo um círculo com a
mão sobre sua cabeça.
“Ah, sim. Dormir ajuda a manter as informações. Então, amanhã. Se você quiser começar
mais cedo, minha última aula termina às quatro.”
“Parece ótimo. Que tal nos encontrarmos na sala de estudos na próxima vez? Assim não
perturbamos o Lou.”
“Ah, você não precisa se preocupar comigo. Vocês podem estudar onde quiserem”, Lou
acrescentou enquanto nos observava.
“Sim, poderíamos estudar aqui,” confirmei.
Cage gaguejou suas palavras. “Acho que a sala de estudos seria melhor. Quer dizer, se for ok
para você.”
Fiquei desapontado que eu tinha estragado tudo tão profundamente que ele não queria voltar
ao meu quarto, mas compreendi.
“Não, está bem. Estaremos cobrindo o restante do material, então talvez você queira trazer
algo para beliscar.”
Lou acrescentou, “Sendo o Quin, será uma sessão longa e dura. Muito longa… se é que me
entende…”
“…Ok, eu vou nessa. Me manda um SMS,” Cage disse antes de escapar, lançando um olhar
para Lou ao fazer.
“O que foi aquilo? Vai ser uma sessão longa e dura?” perguntei aos Lou chateado.
“Muito longa,” ele disse com um sorrisinho.
“O que você estava fazendo?”
“Você disse que ele tem uma namorada?”
“Sim, ele tem uma namorada!”
“Muito interessante,” ele disse, sorrindo para mim como se soubesse de tudo e eu não
soubesse de nada. “Muito… interessante,” continuou ele antes de desaparecer no quarto e não
retornar.
Não dormi muito naquela noite. Quando não estava tentando descobrir o que Lou via que
eu não via, estava pensando em como havia tornado tudo estranho com o Cage, ou como seria ver o
corpo dele nu novamente.
Eu estava uma bagunça completa. Aquele homem mexia comigo. E, depois de vê-lo apenas
pela terceira vez, não conseguia tirá-lo da minha cabeça.
Por que ele tinha que ter uma namorada? Por que ele tinha que ser tão perfeito? E, por que
ele tinha que ter aquelas covinhas? Alguém me explica por que ele tinha que ter tantas covinhas
adoráveis?
No dia seguinte, durante a hora de estudo, foi menos estranho do que a noite anterior. A
maior parte do tempo, nos concentramos no material didático e apenas desviamos do assunto
quando fomos jantar.
“Eu trouxe um sanduíche extra, quer um?” Disse a ele, retirando-o da minha bolsa.
“Você trouxe um sanduíche extra?” Ele perguntou, mais surpreso do que eu poderia
imaginar.
“Sim. Quer? Imaginei que tivesse muita coisa rolando na sua cabeça e talvez esquecesse de
trazer algo para comer.”
“Nossa! Não estou acostumado com tanta consideração.”
“O que? Fala sério. Você é um famoso jogador de futebol. Deve ter pessoas fazendo coisas
por você o tempo todo.”
“Não é a mesma coisa,” ele disse, pegando o sanduíche. “Obrigado, a propósito. Sim, há
uma diferença entre alguém fazer algo por você porque recebe algo em troca, e alguém fazer algo
apenas por ser gentil.”
“Eu entendo. Existem muitas pessoas que te veem como um degrau no caminho para
conseguir o que querem. Você é apenas um objeto para elas. Esquecem que você também tem
sentimentos. E, talvez, seus desejos não estejam de acordo com as expectativas de todos para você.”
“Nossa! Exatamente,” ele disse, olhando para mim e transformando-me novamente num
monte estrondoso de paixão juvenil.
“O que?” Perguntei quando seu olhar se tornou intenso demais.
“Como você sabe expressar tão perfeitamente esse sentimento?”
O que eu deveria responder a isso? Eu gostava do Cage. Gostava muito dele, talvez mais do
que deveria. Então, eu não queria assustá-lo. Pelo menos não ainda.
Além disso, escolhi a escola no meio do nada por um motivo. Vir para cá foi a melhor
chance que tive de passar despercebido. Eu só queria que alguém me visse como um cara normal,
pelo menos uma vez. Isso era errado da minha parte? Eu realmente não sabia.
“Meus tios jogaram na NFL. Eles me contaram.”
“Ah. Sim, eles acertaram,” confirmou Cage, relaxando o olhar.
Terminando nossos sanduíches, voltamos ao trabalho. À meia-noite, havíamos abordado
tudo.
“Então, é isso?” Cage perguntou.
“É tudo que vai cair na prova amanhã. Acha que entendeu tudo?”
“Você é um ótimo tutor. Se eu não entendi algo, a culpa não seria sua. Aliás, conversei com
meu técnico. Ele disse que você precisa entrar em contato com o escritório dele para receber
pagamento.”
“Ah. Não se preocupe com isso,” eu disse.
“Você se esforçou tanto para me ajudar. Ninguém poderia ter explicado tudo melhor do que
você. Nem mesmo o professor. Você merece ser pago pelo seu trabalho duro.”
“Certo,” concedi.
Cage me olhava de um jeito estranho e eu não consegui entender por quê.
“Já que você não está empolgado com o pagamento, que tal aquela outra coisa que
prometi?”
“Certo, as aulas de ‘Como não ser desajeitado.'”
Cage riu. “Não sei se posso ensinar tudo isso. Mas pensei que poderíamos jogar uma partida
de futebol americano no parque.”
“Nos seus dias de folga do futebol, você joga ainda mais futebol? Você realmente deve amar
jogar.”
Cage me deu um sorriso tímido. “Você pensaria isso.”
“Então me diga, Sr. Especialista, como jogar futebol no parque vai ajudar a me sentir menos
deslocado em uma festa?”
Cage pareceu pensativo. “Estive pensando nisso. A razão pela qual me sinto tão à vontade
em situações sociais é porque sei que, não importa o que aconteça, conseguirei lidar. Além disso, sei
que se eu disser algo estúpido, o que acontece… muitas vezes, tudo ficará bem. O mundo não vai
implodir. Não vou ser mandado para o deserto para viver sozinho. Minha vida provavelmente
continuará a mesma.
“E, a única maneira de chegar a essa conclusão é porque estive em muitas situações sociais
confortáveis e desconfortáveis e meus caminhos através delas. Você precisa dessas situações. Precisa
de suas próprias oportunidades para se adaptar.
“Então, quando estiver familiarizado com as situações mais comuns que surgem e souber o
que fazer e dizer quando elas ocorrerem,” ele ergueu as mãos, “terminei.”
Eu olhei para o Cage, a mente em parafuso.
“Isso é genial. Você está absolutamente certo. O conforto social é baseado na experiência. A
familiaridade traz conforto. Então, a resposta é estar disposto a se sentir desconfortável. Não tenho
certeza se teria pensado nisso.”
“Acho que sou bom para alguma coisa, afinal,” disse Cage orgulhoso.
“Embora eu não seja exatamente um jogador de futebol. Então, não tenho certeza se ser
atropelado por esportistas me vai me encher de confiança como você acha que fará.”
“Você vai ter que confiar em mim,” disse Cage com uma piscadela.
Por que ele tinha que piscar? Ele não percebe que estou fazendo o meu melhor para vê-lo
como um amigo? Por que ele tinha que me lembrar o quão sexy ele é?
Ofereci a ele um adeus demorado que se transformou em um abraço estranho, e voltei para
o meu quarto e cama. Aconchegado, ouvi Lou entrar no apartamento e se aproximar da minha
porta.
“Sei que você não está dormindo”, disse ele sem bater. “Sei que você está se escondendo aí
porque não quer me dizer como foi. Ou, ele está aí com você. Vocês estão fazendo isso? Meu Deus,
vocês dois estão fazendo isso!”
“Boa noite, Lou!” Eu disse precisando que as provocações terminassem.
“Noite, Cordeirinho”, ele respondeu sorrindo enquanto saía.
A ideia de Cage e eu nus juntos permaneceu na minha mente pelas próximas três horas.
Culpo o Lou por isso. Quando acordei, já estava atrasado para a aula. Correndo pelo campus e
entrando abruptamente pelas portas do auditório, senti o que Cage havia sentido.
Enquanto todos se viravam para me olhar, o único que realmente me importava era Cage.
Ele estava lá? Ele tinha conseguido?
Quando o vi meu coração palpitou. Ele estava sorrindo para mim. Foi como tomar cinco
xícaras de café de uma vez.
Professor Nakamura levantou uma folha de exercícios e apontou para um lugar vago. Era do
outro lado da sala, longe de Cage. Talvez fosse melhor assim. Eu não tinha certeza se conseguiria
olhá-lo nos olhos considerando todas as coisas que o fiz fazer nos meus sonhos na noite anterior.
Com o cérebro trabalhando mais lentamente devido à falta de sono, eu estava longe de
terminar quando a aula acabou. Pensei que continuaria respondendo às perguntas até alguém me
dizer para parar. Ficando de olho no professor, não perdi quando Cage entregou seu papel e disse
algo a ela. Ela olhou para mim imediatamente depois e então Cage piscou para mim novamente
enquanto saía.
Quando eu era o único restante, professor Nakamura disse, “Cage me contou que você
passou a noite o ajudando nos estudos, então vou lhe dar mais 20 minutos.”
“Obrigado, professor”, eu agradeci aliviado.
Os 20 minutos foram escassos. Mas eu terminei, graças ao Cage. O cara estava fazendo algo
comigo do qual eu não seria capaz de voltar atrás. Mal podia esperar para o nosso encontro de
futebol americano acontecer para poder vê-lo de novo. Ele era tudo o que eu conseguia pensar até
que isso acontecesse.
Quando o vi estacionar sua caminhonete e se aproximar de mim na entrada do parque, não
pude evitar de sorrir. Ele também estava sorrindo. Deus, como eu amava o modo como ele sorria.
Quase compensava o stress que eu sentia sobre o que iria acontecer a seguir.
“Está pronto para isso?” Cage perguntou parecendo confiante e maravilhoso.
“Não.”
“Está nervoso?”
“Um medo paralisante seria o termo mais adequado.”
“Não há nada para se preocupar. Seja você mesmo. Se disser algo estranho, continue sem se
abalar. Lembre-se que o mundo não vai acabar, e ninguém aqui será menos constrangedor que
você.”
“Duvido muito. E seus colegas de equipe vão me massacrar. Não sei se você sabia disso, mas
eu não sou um cara grande.”
“Tudo é relativo”, Cage disse com um sorriso.
“Como assim?”
“Cage!” Uma voz disse chamando minha atenção. Eu me virei e olhei. Era uma criança
quem tinha dito isso. Ele deveria ter uns dez anos e era um dos 15 do mesmo grupo.
“Vocês estão prontos para jogar um pouco de futebol?” Cage gritou entusiasmado.
“Siiiiim!” Eles gritaram de volta.
“Nós vamos jogar com as crianças?” Perguntei confuso.
“Eu organizo esse evento com as crianças da liga local de Futebol Americano mirim.
Quando nenhum de nós tem jogos, passo um tempo com eles aprimorando suas habilidades. Ferro
afia ferro”, ele disse com um sorriso.
“Então, eu devo praticar minha socialização com crianças?” Perguntei confuso.
“Eu não comecei muito difícil para você, comecei?”
Eu ri. “Não, acho que posso lidar com isso.”
“Essa é a autoconfiança que eu estava esperando”, ele disse antes de correr para o grupo.
Cage tinha um talento natural com crianças. Ele as tratava como adultos sem esquecer a
idade delas.
“Em que time o grandão está?” Um dos garotos perguntou se referindo a mim.
“Eu não sei,” Cage respondeu e olhou para mim. “Me diga, Quin, para que time você joga?”
“Você quer dizer, em qual time eu estou jogando?” Corrigi inseguro se ele estava
perguntando o que eu pensava que estava.
“Não foi isso que eu perguntei?” Cage falou com um olhar de quem já sabia a resposta.
“Não”, uma criança corrigiu. “Você disse, para que time você joga.”
“Oh. Minha falha. Quin, em qual time você vai jogar?”
“Qual time geralmente vence?” Perguntei.
Cage olhou para as crianças que estavam divididas em camisas vermelhas e azuis.
“Geralmente o time vermelho.”
“Isso não é verdade,” uma criança do time azul protestou. “Nós vencemos na última vez.”
“Mas, foi por sorte?”
“Não!” ele protestou.
“Então vamos ver se vocês conseguem repetir. Vocês ficam com o grandão.”
“Sim!” Ele disse empolgado levantando o punho.
Era só uma criança, mas se sentir desejado para um esporte de equipe era bom.
Achando que toda essa coisa seria moleza, eu estava enganado. Ser muito maior do que
todos os outros se tornou uma desvantagem. O objetivo do jogo era arrancar a bandeira do cinto da
pessoa que estava com a bola. No entanto, a cintura de uma criança de dez anos é
surpreendentemente perto do chão. O máximo que eu conseguia fazer era bloqueá-los de correr
enquanto um dos meus colegas pegava a bandeira deles.
O papel de Cage no jogo era o de quarterback designado. Não importava qual equipe estava
recebendo, ele era o que jogava a bola. Não só seus lançamentos eram precisos, mas as crianças
sabiam como pegar.
“Vejo alguns futuros astros da NFL ali”, Cage me disse enquanto as crianças comiam fatias
de laranja durante o intervalo.
“Você gosta disso, não gosta?”
“Eu realmente gosto”, ele disse com um sorriso.
“Por isso está fazendo a ‘Introdução à Educação Infantil’?”
Ele apertou os lábios e acenou com a cabeça.
“Você já pensou em ensinar ao invés de ir para o draft?”
“O tempo todo. Mas eu não posso. Há muitas pessoas contando comigo.”
“Eu entendo isso.”
“Entende mesmo?”
“Entendo,” eu disse a ele, pensando no mundo que deixei para trás.
Estava ficando mais difícil pensar nele apenas como um cara por quem eu estava caidinho
ou a quem eu estava ajudando. Cage estava começando a parecer um amigo. Eu tinha certeza de que
ele era alguém com quem eu poderia compartilhar coisas, se precisassem ser compartilhadas. E, as
coisas que eu estava escondendo dele sobre minha vida estavam começando a pesar sobre mim.
“Tenho a sensação de que você não gosta muito de revelar coisas sobre si mesmo”, disse
Cage, percebendo minha hesitação.
“Eu não sei o que eu sou.”
“Sei como é essa sensação”, ele disse com um sorriso triste.
“Eu sei o que você é.”
“E o que seria?”
“Você é um jogador de futebol atraente com uma namorada, que está se preparando para
virar profissional.”
“Você acha que eu sou atraente?”
“Merda, eu disse isso?”
“Disse”, disse Cage, divertido.
“Eu quis dizer que você é popular. Tipo, você está em alta. Você é o cara do momento.”
“Não tenho certeza se foi isso que você quis dizer,” ele disse convencido.
A verdade era que eu também não estava. O homem era sexy pra caramba e não havia como
negar isso.
“Bem, não importaria mesmo se fosse o que eu quis dizer. A outra coisa que eu disse é que
você tem uma namorada. Eu definitivamente disse isso.”
O sorriso de Cage desapareceu. “Sim, existe isso.”
“E, como está a Tasha, a propósito,” Perguntei, não querendo realmente saber, mas
querendo que ele se lembrasse dela antes de soltar mais um de seus sorrisos irresistíveis.
“Ela está bem”, respondeu ele sério. “Ela vai sair com a melhor amiga durante o fim de
semana. Acho que vão fazer trilha ou algo assim.”
“Você não foi com elas?”
“Não. Eu sempre me sinto como um intruso quando estou com elas. Ei, talvez nós quatro
poderíamos sair juntos?”
“Isso parece a pior ideia que eu já ouvi”, respondi sinceramente.
“Sim, provavelmente é”, ele disse pensativo. “Você quer, talvez, pegar algo para comer
depois que terminarmos aqui?”
Olhei para os olhos gentis e claros de Cage. Eu queria passar cada momento do resto da
minha vida com ele. Claro que eu queria pegar algo para comer com ele depois disso.
“Eu não posso”, disse a ele, querendo dizer que eu não deveria.
“Ah, tá. Vai fazer algo com o Lou, depois?”
“Com o Lou?”
“Sim, vocês dois parecem próximos. Parecia quase como se ele estivesse com um pouco de
ciúmes quando eu cheguei.”
“Ciúmes? Lou? Não, ele é só um pouco superprotetor comigo, acho.”
“Tem certeza porque parecia um pouco mais que isso? E, quero dizer, ele é um cara bonito.
Eu não sei se você gosta de caras ou não, mas…”
“Eu gosto”, disse a ele, querendo que ficasse claro.
Ele sorriu antes de se controlar.
“Bem, então, tenho certeza de que ele também é. Por que você não…,” ele parou para
escolher as palavras com cuidado. “Por que você não tenta algo com ele?”
“Você está dizendo que eu deveria?”
“Você é, tipo, um cara incrível. Você merece estar com alguém que te faça feliz. Se o Lou
puder fazer isso, então por que não?”
Olhei para Cage enquanto uma dor atingia meu peito. Ele estava tentando me passar para
outra pessoa. Eu queria que ele me quisesse. Queria que ele sentisse ciúmes de que alguém quisesse
ficar comigo.
Mas ele não sentiu. Eu fui um tolo por alimentar a ideia de nós dois juntos. Ele não gostava
de mim desse jeito, e isso doeu.
Capítulo 6
Cage
O que eu estava dizendo? Eu não queria que o Quin ficasse com o Lou. Eu não queria que o
Quin ficasse com ninguém. Inferno, eu não sabia o que eu queria, seja em relação ao Quin, ao
futebol, ou a qualquer coisa. Eu era a última pessoa que deveria dar conselhos sobre
relacionamentos. Tudo que você tinha que fazer era passar dois minutos com Tasha e eu para saber
disso.
“Devemos voltar para o jogo”, Quin me disse, parecendo muito mais triste do que quando
nos sentamos.
Eu estava estragando as coisas com ele. Pensei que isso seria algo divertido que poderíamos
fazer juntos, mas estava colocando tudo a perder.
“Sim. Provavelmente devemos voltar”, repeti, disposto a fazer qualquer coisa para parar de
falar.
Ao retornar ao jogo, fiz questão de que as crianças se divertissem muito, mesmo que a
pessoa que eu mais queria que se divertisse, não estivesse se divertindo.
“Vamos jogar novamente no próximo fim de semana?” Uma das crianças me perguntou
com a mãe atrás dela.
“Eu tenho um jogo no próximo fim de semana. E acho que você também, não é?”
perguntei, olhando para a mãe dela.
Ela balançou a cabeça.
“Ah é, eu esqueci”, disse a garotinha sorrindo.
“Vou avisar seu treinador. Deve ser em algumas semanas.”
“Certo, obrigada, Cage,” ela disse acenando adeus.
A mãe dela disse ‘Obrigada’ de boca fechada, e as duas se foram.
“Há alguém que não te ame?” Quin perguntou, me virando.
“Tudo o que eu me importo é com um,” eu disse sem pensar.
“Quem seria?”
Eu queria que fosse algo casual e flertado. Claro, o Quin me instigaria sobre isso.
“Só qualquer um.”
“Só qualquer um?”
“Eu quis dizer, ficaria feliz desde que tivesse alguém para me amar.”
“E você tem isso, não é?”
“Tenho?” Eu perguntei, imaginando de quem ele estava falando.
“Sim. Tasha.”
Isso tinha que parar. Toda vez que o Quin mencionava a Tasha, ele me fazia dizer algo sobre
nosso relacionamento, o que nem sempre era verdade. Sim, ela e eu estávamos juntos e estávamos
tentando fazer funcionar. Mas tentar fazer funcionar, e ter sucesso, não são a mesma coisa.
“Tasha e eu não somos o que todos vêem.”
“Ah”, disse Quin, me dando de repente toda sua atenção.
“Sim. Quero dizer, estamos namorando há um tempo e já falamos sobre o nosso futuro
juntos. Mas, às vezes, parece que algo está faltando. Na verdade, sente-se isso muitas vezes.”
“O que você acha que está faltando?”
“A presença dela, para começar. Ela nunca está por perto. E está tudo bem quando eu estou
no auge da temporada de futebol com treinos duas vezes ao dia. Isso até poderia funcionar se eu
fosse selecionado e tivesse que passar um terço do ano na estrada. Mas ela não deveria querer passar
mais tempo comigo do que passa? Eu não deveria querer passar mais tempo com ela?”
“Você não quer passar tempo com ela?”
“Não é que eu não queira passar tempo com ela. É que não me importo se passo tempo com
ela ou não. É difícil dizer isso em voz alta, mas é a verdade.”
“Se você não quer passar tempo com ela, por que você está com ela?”
“Não é que eu não queira passar tempo com ela.”
“Entendo. Entendo. Mas para mim, parece que se vocês dois estão falando em, hum,
passarem bastante tempo juntos, você deveria estar ansioso por isso.”
“Não posso discutir com isso,” eu disse a ele.
“Então, por que você não está?”
Olhei para o Quin, sem saber o que dizer. Queria dizer que era porque ela não era ele. Mas
isso parecia injusto.
“Porque ela não me dá aquele borbulhar no estômago,” eu disse, querendo dizer a mesma
coisa.
“Isso é importante,” disse Quin, de repente de melhor humor do que antes. “Você já sentiu
isso por alguém antes?”
“Por uma pessoa,” lhe disse, esperando que ele não perguntasse mais.
“Quem é?” perguntou Quin hesitante.
Olhar nos seus lindos olhos era demais. Eu não podia fazer isso, não com ele, não comigo
mesmo.
“Alguém por quem eu não deveria sentir isso.”
“Ah,” disse Quin, desanimado.
“Então, mudou de ideia para pegar algo para comer? Sempre posso comer algo. E a Tasha
não voltará da caminhada com a Vi por algumas horas.”
“Não. Eu deveria ir,” disse Quin, resignado.
“Tudo bem. Isso é justo. Você se divertiu?”
“Teve seus momentos,” ele disse com um sorriso.
“Você ainda confia em mim para ensiná-lo a ser a vida da festa?”
“Primeiramente, eu nunca confiei em você para ser um milagreiro.”
Eu ri.
“Mas estou disposto a ver o que você tem a oferecer,” disse Quin com um sorriso.
Puxa, como eu amava o seu sorriso.
“Tudo bem. Acho que passei na prova, aliás.”
“Bom! Acho que não sou um tutor tão ruim assim. Embora eu esperasse que você tivesse
feito mais do que apenas passar.”
“Tenho certeza que passei. E você é um tutor incrível. Mal posso esperar para ver o que
você tem reservado para mim na próxima vez.”
“Acho que você vai descobrir,” disse Quin com um sorriso malicioso.
Espera, o Quin estava flertando comigo? No entanto que ele quisesse dizer, enviou uma
sensação pelo meu corpo e me abalou até o núcleo. Quando aquele cara fazia algo, ele fazia direito.
“Mal posso esperar para descobrir,” eu disse antes de levá-lo de volta ao campus e voltar
estranhamente ao meu caminhão.
Eu nunca quis tanto beijar alguém na minha vida. Eu sabia que não poderia e não estava
nem certo se Quin estava interessado em algo assim. Pelo menos consegui estabelecer que ele se
interessava por homens. Por enquanto, isso era suficiente. Eu poderia sobreviver com essa
esperança por um tempo.
Quando Tasha mandou uma mensagem de texto dizendo que havia trânsito e que ela não
voltaria ao campus até tarde, dirigi para casa. Provavelmente era para o melhor. Depois de passar o
dia com Quin, minha cabeça estava em outro lugar.
Após uma viagem de quarenta minutos, virei na rua vazia que levava à minha casa. O
caminhão do meu pai estava na entrada com as luzes acesas.
“Ah não,” eu disse, sabendo como seria o resto da noite.
Estacionando ao lado do caminhão do meu pai, desci e olhei pelas janelas. Ele não estava lá.
Era um sinal pior que ele tinha conseguido entrar em casa. Pelo menos se estivesse desmaiado, a
noite dele teria acabado.
Abrindo a porta do caminhão, eu me inclinei e desliguei. Com as chaves na mão, olhei para a
cabana. As luzes da sala de estar e da cozinha iluminavam o chão do lado de fora das janelas. A TV
estava em volume alto. Respirei fundo, me posicionei, e fiz a curta caminhada até a porta da frente.
Ao entrar, o lugar estava uma bagunça. Não estava do jeito que eu tinha deixado. As
lâmpadas brilhavam do chão onde foram jogadas, o sofá estava virado, a TV estava de lado e coisas
que costumavam estar na geladeira agora estavam espalhadas entre os dois cômodos.
“Não quero ouvir isso,” meu pai resmungou, chamando minha atenção para a mesa da
cozinha.
O homem de cabelos ruivos estava com sua usual cor rosa avermelhada. Como eu
suspeitava, ele tinha uma garrafa quase vazia de Lonehand Sour Mash Whiskey em suas mãos. O
melhor de Tennessee.
“Pai…”
“Não quero ouvir. Você sabe quanto eu sacrifiquei por você?”
“Eu sei, pai. Você sacrificou tudo”, segui o nosso roteiro enquanto olho em volta para ver
por onde eu deveria começar a limpeza.
“Foi isso mesmo, tudo! Eu malditamente sacrifiquei tudo. E para quê?”
“Assim eu poderia me tornar uma grande estrela,” eu disse, antecipando algumas páginas.
“Não venha com essa. Não fale comigo assim,” ele resmungou. “Eu deveria ir. Devia entrar
no meu maldito caminhão e nunca mais voltar pra esse lugar de merda novamente.”
Essa sempre era a parte que mais doía. Se pensa que eu deveria ter me acostumado com ele
falando de ir embora, mas nunca consegui. Talvez seja porque eu sabia que a partida dele estava em
minhas mãos.
Meu pai viu do que eu era capaz no campo de futebol muito antes de qualquer outra pessoa.
Ele percebeu que eu seria um dos principais prospectos do draft da NFL e que isso traria milhões de
dólares. Ele sempre deixou claro que estaria por perto para isso. Não dava para prever o que ele faria
uma vez que pegasse a sua parte, mas até lá, eu tinha quase certeza de que ele não iria a lugar algum.
“Isso aqui não seria um pardieiro se você parasse de destruir o lugar.”
“Vá se foder!”
“Belo exemplo, pai. Bonito jeito de falar com o seu filho.”
“Você não é meu filho.”
“Ah, pai, não começa de novo.”
Esse era um novo subenredo que ele adicionou ao nosso roteiro há algum tempo. A história
era que eu o envergonhava por não viver de acordo com o meu potencial, então eu não poderia ser
filho dele.
“Você não é. Você é apenas um bebê que eu roubei pensando que podia ganhar algum
dinheiro…”
“Chega, pai! Eu não aguento mais! Quer ir embora? Toma!”
Recolhendo o braço, joguei as chaves do caminhão dele com tanta força que estilhacei a
janela e elas desapareceram na noite.
“Quer ir? Pegue o seu maldito caminhão e vai. Se quer ficar por aqui e me suga até o osso
pelo resto da eternidade, então fica. Eu só não dou mais a mínima. Está me ouvindo? Eu não
aguento mais isso.”
Cheio de raiva, fui para o meu quarto. A cabana tremeu quando bati a porta atrás de mim.
Encarando a porta, ofegava de fúria. As lágrimas escorriam pelo meu rosto em fúria. Eu não estava
chorando pelas coisas que ele disse, era porque eu estava preso.
Não tinha mãe, nem família. Ele era tudo o que eu tinha. Sem ele, eu estava só. Mas a única
maneira de eu conseguir tirar a voz horrível dele da minha cabeça seria se permitir que ele fosse.
Por mais odioso que ele fosse, eu sabia que não estaria na situação em que estava se não
fosse por ele. Quando estava sóbrio, ele me lembrava disso todos os dias. E, ele estava certo.
Sim, era eu no campo para os treinos às 6 da manhã e correndo às 7 da noite. Mas tudo o
que ele fez durante dezesseis anos foi me levar de um lugar para outro e ficar à margem assistindo a
mim jogar.
Eu sabia o que ele estava fazendo. Ele estava de olho no seu investimento. E, quando eu
tinha 10 anos e implorava a ele em lágrimas para fazer qualquer coisa que não jogar mais um futebol,
ele me forçou a continuar.
Verdade seja dita, eu não teria nada sem ele. Não minha bolsa de estudos. Não minha
namorada apaixonada por futebol. E nem a minha chance de jogar na NFL. Eu não sei quem eu
seria sem tudo o que ele fez. Mas, será que o preço que paguei foi alto demais?
Todos os meus pensamentos conflitantes pararam quando ouvi um som aterrorizante.
“Não,” eu disse correndo de volta para a sala de estar e encontrando meu pai desaparecido.
Ele estava ligando seu caminhão. Ele estava fazendo isso. Ele estava partindo. Eu não queria
que ele fosse.
Correndo para fora, eu o vi cambaleando enquanto trocava as marchas procurando a ré. Tão
bêbado quanto estava, ele iria se matar. Eu tinha que impedir ele.
“Pai!” Gritei correndo até a porta do seu caminhão e a abrindo com força.
“Saia de cima de mim!”, Ele gritou enquanto eu me esticava sobre ele e pegava novamente as
chaves.
Ele não ofereceu muita resistência depois disso. Estávamos ambos sem fôlego e atordoados.
“Você realmente ia, não é?” Eu perguntei a ele olhando em seus olhos em busca da verdade.
“Você não é meu filho”, foi a única coisa que ele respondeu.
Machuca-lo era tão fácil para ele que ele nem parecia mau quando disse isso. Ele falou como
se fosse um fato.
“Sabe, às vezes eu desejo que eu não fosse. Mas eu sou. E você é o meu pai”, eu disse
resignado. “Vamos, deixa eu te ajudar a ir para a cama.”
“Eu não quero ir para a cama”, ele resmungou.
“Então eu vou te colocar em frente à TV. Você quer isso?”
A boca dele se contraiu como se ele estivesse tentando se lembrar de como fazer beicinho.
“Sim.”
“Certo. Deixe-me te ajudar a entrar.”
Ele se inclinou em minha direção e na da porta, e eu o segurei em meus braços.
Foi o início de algumas semanas muito difíceis. Não tenho certeza de quanto isso foi
diferente para o meu pai. Mas, para mim, foi quando percebi que, se eu não cuidasse dele a cada
oportunidade que tivesse, ele poderia ir embora.
Eu ainda frequentava os treinos, jogos, e aulas, mas não muito mais que isso. A única coisa
que trouxe certa alegria à minha vida foram as poucas horas semanais que eu passava com o Quin.
Eu mal estava cumprindo minha parte do nosso acordo, mas eu disse a ele que estava tendo alguns
problemas em casa e ele pareceu entender.
Acho que ele percebeu o quão estressado eu estava. Definitivamente, eu não me sentia o
mesmo. A coisa estranha era que a Tasha nem percebeu. Ela não notou que eu não estava por perto
tanto quanto antes e que minha vida estava desmoronando ao meu redor. Comecei a me perguntar
se era isso que eu deveria esperar para o resto de nossas vidas juntos.
Com os exames finais e o fim do semestre rapidamente se aproximando, Quin sugeriu que a
gente aumentasse nosso tempo de estudo. Embora eu estivesse em dia com tudo o que foi
mencionado em sala de aula desde que voltei a frequentar, ainda havia algumas semanas de material
que Quin não havia me atualizado.
“A prova final vai cobrir todo esse material”, disse Quin com a expressão séria que sempre
colocava quando falávamos sobre tutoria.
“Como você continua me lembrando”, eu disse sorrindo.
“Você precisa passar nesta disciplina. Não é engraçado”, ele insistiu.
“Eu sei.”
“Então do que você está rindo?”
“De você”, eu disse provocando.
“Ah, é legal. Ria do cara que está tentando te ajudar.”
“Vamos, não é assim. O que acontece é que surge essa pequena ruga na sua testa sempre que
começa a ficar preocupado comigo. E quando aparece, eu sei que vou levar uma bronca sobre a
importância de passar nessa matéria. Nesse ponto, tenho quase certeza de que você se preocupa
mais com isso do que eu, e é como se meu futuro inteiro dependesse disso.”
Quin me olhou por um segundo e então relaxou e riu.
“Certo. Acho que fiquei um pouco intenso sobre isso.”
“Um pouco?”
“Só um pouco”, ele insistiu. “O problema é que eu quero isso pra você. Você passou a vida
trabalhando pra isso. Não posso ser o responsável por você não conseguir.”
Eu olhei dentro dos olhos preocupados de Quin e me aproximei dele. Segurei seus ombros
com cada mão e apertei.
“Quin, isso é muito doce da sua parte. Não tenho certeza se alguém na minha vida se
importa comigo mais do que você. Mas, você tem que saber, se eu não conseguir o que estou
buscando, você não é o culpado. Tudo o que faço e já fiz, foi minha escolha. Você é simplesmente o
anjo sentado no meu ombro sussurrando no meu ouvido tentando me fazer fazer a coisa certa.
Agradeço por isso.”
“Só quero que você tenha tudo o que merece. Você está tão perto.”
Eu soltei Quin e observei o campus através da janela da sala de estudo.
“Eu também quero, mas sinto como se estivesse queimando a vela nos dois lados. Entre a
escola e o futebol, e olhando pelo meu pai, mal consigo respirar.”
“O que há de errado com seu pai?” Quin perguntou preocupado.
“O que não está errado com ele?” Eu disse, procurando em minha mente o que eu poderia
contar a ele que pudesse explicar. “Ele apenas precisa de mim por perto bastante. Só isso.”
“Se ajudar, talvez a gente pudesse se encontrar na sua casa,” Quin disse hesitante e com um
toque de algo mais nos olhos.
Quando ele me olhava daquele jeito, eu geralmente perdia toda a resistência. Por mais que eu
quisesse voltar nossos encontros para um lugar onde poderíamos estar sozinhos, não tinha certeza se
queria expô-lo à minha vida. Ele não falava muito sobre isso, mas tudo nele me dizia que ele vinha
de uma casa estável e com dinheiro. Minha vida era exatamente o oposto.
Gostava de ser visto por ele como o famoso jogador de futebol sem nenhuma preocupação.
Eu gostava quando todo mundo pensava assim, porque a verdade estava tão longe dessa fantasia.
Não sabia se estava pronto para que Quin me visse como eu realmente era.
“Vou pensar sobre isso,” eu disse.
“Por que não só dizer sim?” Ele perguntou suavemente.
De repente, senti como se essa não fosse apenas uma solicitação para mudar nosso local de
encontro. De algum modo, senti como se ele estivesse me pedindo para… eu não sei, escolher ele,
ou algo do tipo.
“Vou pensar sobre isso. Mas, estou aqui agora. Talvez nós deveríamos começar a trabalhar?”
O pedido de Quin me perturbou pelo resto da noite. Estaria eu lendo demais nisso? Não
acho que sim. Ele me perguntou por que eu simplesmente não dizia sim. Era uma ótima pergunta.
Parecia que dois mundos estavam me atormentando. O primeiro era o que eu conhecia por
toda minha vida. Incluía meu pai, Tasha, a fama do futebol e um grande pagamento. O outro incluía
Quin, a felicidade e uma vida que não conseguia nem imaginar.
Escolher uma vida com Quin significaria abrir mão de jogar na NFL? Era difícil dizer. Eu
tinha ouvido falar de alguns ex-jogadores que se declararam bissexuais. Mas, na medida do que eu
sabia, não havia jogadores atuais que o tivessem feito.
E se eu me declarasse, como exatamente eu deveria me declarar? No mínimo, ser gay era
aceitável. Todo mundo torce pelo cara gay que enfrenta a pressão social e vence. Quem torce
quando alguém se declara bissexual? Ninguém. E eu seria isso, certo?
Não sou tolo ao ponto de acreditar que, só porque Quin me excita como ninguém fez antes,
todos os sentimentos que eu tinha por garotas enquanto crescia não significavam nada. Claro, fui
atraído por caras antes de Quin, mas isso não muda o que eu sentia por Tasha quando nos
conhecemos.
O motivo de eu estar questionando meu futuro com ela não é porque estou questionando
meu interesse em mulheres. É porque estou questionando se Tasha e eu funcionamos juntos. Ela
claramente quer passar mais tempo com a melhor amiga do que comigo. E, agora que Quin me
mostrou como é ser amado, estou me perguntando se o que Tasha está me oferecendo é suficiente.
Quem vai apoiar essa luta. Que organização vai me dar um prêmio pela coragem de admitir
isso? E, sem a sociedade pressionando a NFL, que time vai convidar uma pessoa como eu para seus
vestiários?
Então, escolher o mundo com Quin parece renunciar ao futebol, o que também significa
renunciar a ter um pai. Porque, não posso ter certeza de como a NFL reagiria a um jogador
abertamente bissexual. Mas posso ter certeza de como meu pai reagiria a um filho que não chegou à
NFL.
Ao mesmo tempo, acho que estou me apaixonando por Quin. Nunca senti isso por
ninguém. Não consigo parar de pensar nele. Fantasio em tocá-lo. Não vejo a hora de vê-lo.
Eu achei que amava Tasha. Eu realmente achava. Mas foi porque eu não sabia o que era o
amor nem como ele se sente. Isso que sinto é sobre o que as pessoas escrevem canções. Eu entendo
agora. E, entendo todos aqueles filmes que sugeriam que o amor tinha um custo.
Meu custo seria tudo o que tenho. Eu poderia ter fama, família e estabilidade financeira pela
primeira vez na minha vida. Ou, eu poderia ter amor. Essa era a escolha que eu tinha que fazer.
Capítulo 7
Quin
“Você sabe que vai ter que tomar uma atitude com ele eventualmente, certo?” Lou disse com
os cotovelos na mesa e um pedaço de bife pendurado no garfo.
“Eu não sei disso,” protestei.
“Você não espera que ele o faça, espera?”
“Não estou esperando que ninguém o faça. Não estou esperando nada.”
“Ah, Cordeirinho, às vezes você me deixa tão triste.”
“Não há nada para sentir tristeza. Não está acontecendo nada entre nós.”
“Isso é o que me deixa tão triste. De um lado há você, um adorável e desavisado pedaço de
amor que não consegue perder a virgindade…”
“Você também é virgem,” lembrei-o rapidamente.
Ele colocou a mão em seu peito e me lançou um olhar triste.
“Mas no meu caso, é por escolha. Estou me guardando para o homem certo. E você? Você
quer se livrar da sua como se fosse a peste. No entanto, você está preso a um cara que claramente
está apaixonado por você, mas não consegue enxergar além do relacionamento falso em que se
encontra. Trágico!”
Quando não respondi, Lou disse, “Não vai dizer nada?”
“Não. Acho que você disse tudo. E estou meio triste.”
“Espere, eu não disse que você estava triste. Você é ótimo. Você é bonito e inteligente, e
vem de uma boa família…”
“O que minha família tem a ver com isso?”
“Você é material para casamento! Algum cara precisa colocar uma aliança nisso.”
“Nossa, isso progrediu rapidamente.”
“Esse é o meu ponto. Você está se movendo muito devagar. Invista naquele homem, de
preferência com ele deitado de costas e você cavalgando nele como um cowboy. Ou, você é ativo?
Não consigo dizer com você. Qual é a sua preferência? Você gosta estilo cowboy solitário ou
cavalgada de lado?”
“Qual é qual?” Perguntei confuso.
“Não importa. Você gosta de dar ou receber?”
“Eu não sei. Ambos, talvez.”
“Então, você é versátil? Eu vi você no chuveiro. Isso faz sentido.”
“Quando você me viu no chuveiro?”
“Quando eu não te vi no chuveiro? Esse não é o ponto.”
“Então qual é o ponto?”
“O ponto é que você é versátil e aquele homem, Cage, é definitivamente ativo.”
“Você acha?”
“Eu sei dessas coisas,” disse ele confiante.
“Mas você nunca fez sexo?”
“Você não precisa ter feito sexo para sentir a energia. Aquele rapaz tem uma energia
dominadora séria. Ele é um quarterback, pelo amor de Deus. Ele está acostumado a ter o controle…
segurando a bunda das pessoas. É coisa de quarterback.”
“Entendi.”
“E, normalmente, ele seria o que tomaria a iniciativa. Mas, neste caso, você vai ter que
encontrar sua energia e ter coragem.”
“A sério, quando foi que você me viu no chuveiro?”
“Isso é você tentando mudar de assunto para não ter que pensar em avançar as coisas.”
“Não, isso é eu me perguntando se preciso começar a trancar a porta do banheiro.”
Lou colocou a mão no peito. “Eu tenho tão pouco. Você realmente quer me tirar isso
também?”
Eu olhei para Lou me perguntando se ele estava me provocando novamente. Não que eu
fosse tímido sobre meu corpo. Roupas eram consideradas opcionais em minha casa enquanto
crescíamos.
Mas, houve momentos em que pensei em Cage no chuveiro. A ideia de me curvar e passar a
bola para aquele quarterback geralmente me fazia ter que resolver as coisas com as minhas próprias
mãos… E depois novamente quando eu voltava para o meu quarto.
Deus, aquele homem me fazia sentir coisas. Principalmente, o que ele me fazia sentir era
sede — o corpo humano só tem tanto fluido — e… dor.
Meu telefone tocou, impedindo-me de explorar a situação do chuveiro com Lou qualquer
que seja o ponto de vista. Tirando meu telefone, fiquei surpreso ao ver o nome de Cage.
Levantei o dedo pedindo a Lou que me desse um momento.
“Cage, o que houve? Você nunca me liga.”
Lou reagiu com uma alegria infantil. Eu o ignorei.
“Você acha que poderíamos fazer nossa sessão de estudos na minha casa esta noite?” Cage
perguntou parecendo angustiado. “Se a prova final não fosse amanhã, eu não pediria. Mas…”
“Não. Claro. Tem algo acontecendo com seu pai?”
“Hum, sim. Ele está tendo um dos seus dias ruins e não acho que devo deixá-lo sozinho.”
“Sinto muito ouvir isso. Sim, eu posso passar lá. Só me diga quando.”
O telefone ficou em silêncio.
“Cage?”
“Estou aqui. Hum, antes de você vir, provavelmente há algo que você deveria saber.”
“Ok.”
“Não temos muito.”
“O que você quer dizer?”
“Quero dizer, frequento a escola com uma bolsa de estudos e meu pai não está trabalhando
no momento. Ele não trabalha há um tempo.”
“Devo trazer lanches, ou… algo?”
“Quero dizer, se você quiser. Mas, isso não é o que estou tentando dizer. Só acho que você
não deveria esperar muito. Eu não sou… Não espere muito.”
“Você estará lá?” Perguntei esclarecendo.
“Sim, claro.”
“Então, sua casa terá tudo de que eu preciso.”
Cage ficou novamente em silêncio.
“Cage?”
“Estou aqui. Vou te enviar minha morada por mensagem. Eu ofereceria para te buscar,
mas…”
“Não se preocupe com isso. Vou chamar um serviço de carona ou algo do tipo.”
“É meio longe. Se você entregasse suas horas de tutoria, tenho certeza de que o programa de
futebol te reembolsaria por isso.”
“A menos que você esteja se deslocando todos os dias da Flórida, tenho certeza de que
posso lidar com isso.”
“Ok. Te vejo então.”
“Até mais.”
Terminei a ligação e fiquei olhando para o meu telefone.
“Ouuuuu!” exclamou Lou animadamente. “Quin e Cage sentadinhos numa árvore. B E I J A
N D O.”
“Cala a boca.”
Lou esticou a língua simulando um beijo de língua.
“Você é nojento,” eu disse com um sorriso.
“Estou apenas orgulhoso que meu Cordeirinho vai receber um pouco de carinho.”
“Você é ridículo,” eu disse, ainda olhando para o meu telefone.
“Ok, o que há de errado?”
“Cage está envergonhado de eu ver a casa dele.”
“Eu entendo isso.”
Olhei para Lou surpreso.
“Por que ele deveria estar envergonhado? Ele não deveria estar envergonhado. O que ele
tem o tornou quem ele é e eu gosto dele… muito.”
“Diz o cara cuja família vale, tipo, um bilhão de dólares. E, você compartilhou esse fato com
ele?”
“Eu não quis fazer disso um problema. Além disso, esse dinheiro não é meu, é dos meus
pais.”
“Não. Você simplesmente tem acesso a quanto quiser quando quiser.”
As palavras de Lou machucaram. Ele não estava errado. E, por mais que eu gostaria de
acreditar que isso não me moldou, o fez. Assim como como Cage foi criado o moldou.
“Mais importante do que a quantia impiedosa de riqueza da sua família, você já contou ao
Cage sobre a outra coisa? Porque para mim, isso parece um tiquinho mais importante do que ser
capaz de comprar um avião com seu cartão de crédito.”
“Ainda não surgiu a oportunidade”, admiti sabendo que Lou estava certo.
“Então, talvez você devesse tratar disso. Porque, ele precisa saber com quem está se
envolvendo… sabe, caso ele venha a criar coragem e te convide para sair. Ou, você o convide. Você
sabe que essa é uma opção, certo?”
“Ele tem namorada.”
“Pelo que você me contou, preciso perguntar, ele tem mesmo?”
“Ele tem.”
Lou recostou e cruzou os braços. “Ok.”
“Mas, você tem razão. Ele talvez precise saber.”
“Esse é o meu Garoto Prodígio”, disse Lou com um sorriso sério.
Cage não exagerou quando disse que morava longe. Para chegar a um treino às 7 da manhã,
ele teria que sair de casa às 6 e acordar às 5:30, no mínimo. A quantidade de dedicação que seria
necessária para fazer isso todos os dias durante anos, senão a vida inteira, era impressionante.
E, quanto mais próximo chego da casa dele, mais nervoso me sinto. Seja lá o que for que o
está deixando envergonhado, tenho certeza que seria capaz de aceitar. Mas, o que eu tenho para
contar para ele pode ser demais.
Contar a ele pode ser o fim do que temos… você sabe, seja lá o que for. Esta noite poderia
ser a última noite em que ele olhava para mim como se eu fosse a única pessoa no mundo. Isso
doeria.
Quando o carro parou em frente à casa de Cage, eu estava quase tendo um ataque de pânico.
Tudo ao meu redor era demais para pedir a alguém para suportar. Cage tinha toda a sua vida pela
frente. Ele seria um famoso jogador de futebol com milhões de fãs. Eu seria um fardo em sua vida.
Não seria justo pedir a ele para lidar com as minhas coisas. Ele tinha as coisas dele
acontecendo. Junte isso ao que ele estava lidando com seu pai, e minhas coisas começaram a parecer
algo que era melhor eu guardar para mim.
Cage saiu pela porta da frente antes que eu pudesse ligar para ele avisando que estava aqui.
Deixando uma boa gorjeta para o motorista, eu saí e me aproximei dele. Ele vestia uma camisa
xadrez, shorts, e estava descalço. Eu nunca tinha visto os pés dele.
Eu não tinha fetiche por pés, mas os dele eram largos e pareciam fortes. Isso fez pensar em
outras partes dele pelas quais eu tinha um certo interesse. Mas logo afastei o pensamento sabendo
que eu não queria conhecer o pai dele pela primeira vez com uma enorme protuberância nas calças.
“Você chegou”, Cage disse desconfortavelmente. “Teve algum problema para encontrar o
lugar?”
“Não, foi bem fácil.”
“Era longe, certo?”
“Você não mora perto do campus. Você cresceu por aqui?” Perguntei, olhando para a
espessa floresta que cercava a cabana.
“Desde que me lembro. Você disse que cresceu em Nova York, certo?”
“Manhattan”, eu esclareci.
“Certo. Então este lugar deve ser…”
“Onde o Pé Grande vive? Praticamente.”
Cage riu, parecendo relaxado pela primeira vez.
“Bem, o Pé Grande realmente vive a alguns quilômetros daqui, então você não está longe.
Ótimo cara, aliás. Você nem nota o pelo depois de conversar com ele por um tempo.”
Eu ri e, assim, ambos nos sentimos confortáveis.
“Vamos entrar. Temos muitas coisas para conversar”, Cage disse, me guiando para dentro.
Com a porta fechada, olhei ao redor do espaço. Após o aviso de Cage, eu não sabia o que
esperar. Certamente era mais bonito do que eu imaginava.
Quando criança, passei muito tempo nas Bahamas. Ambos os meus pais tinham casas lá e
frequentemente jantávamos em casas de vizinhos. Esta cabana era muito mais bonita do que muitas
delas.
Claro, eu não poderia dizer ao Cage que o lugar dele era melhor do que os lugares nas
Bahamas onde tínhamos nossas casas de inverno. Eu não achei que ele entenderia da maneira que eu
pretendia. Então, em vez disso, eu disse: “Deve ter sido legal crescer aqui.”
“Foi legal. Se não um pouco isolador.”
“Entendo o que você quer dizer. Um dos meus pais é dono de uma ilha só com a casa nela.
Então, substitua as árvores ao redor deste lugar por água e os pássaros por tubarões, e você tem
todos os meus verões desde que eu tinha três anos”, eu disse com um sorriso.
“Você disse que seu pai é dono de uma ilha?”
Congelei percebendo o que eu tinha dito. Não apenas o Cage estava me olhando como se eu
fosse um alienígena, alguém no sofá à nossa frente se virou e me encarou. Cage seguiu meu olhar.
“Pai, este é o Quin. Ele é o meu…”
Cage fez uma pausa me deixando mais do que ansioso para ouvir como ele iria me descrever.
“Ele é meu bom amigo. Ele está me ajudando a passar na matéria que eu estava te
contando.”
“É um prazer conhecer você, Senhor”, eu disse ao homem ruivo.
O pai de Cage me examinou, grunhiu, e então voltou a assistir TV.
“Devemos ir para o meu quarto”, Cage me disse.
“Foi bom te conhecer, Senhor,” eu disse, sem receber resposta.
Entrando no quarto do Cage, ele fechou a porta atrás de nós.
“Você tem que desculpar meu pai. Ele não está num bom dia.”
“Ele me pareceu bem.”
“Bem, bem é relativo. Podemos nos sentar na cama.”
Tirei meus sapatos, despejei o conteúdo da minha mochila no centro da cama e sentei-me de
pernas cruzadas. Cage se juntou a mim, procurando algo em meus olhos.
“O quê?”
“Você está esperando que eu esqueça que acabou de dizer que seu pai possui uma ilha?”
“Ah, isso.”
“É, isso.”
“É pequena. Todo mundo nas Bahamas possui uma ilha.”
“Todo mundo nas Bahamas possui uma ilha?” Cage perguntou, chocado.
“Ok, isso não é verdade. Não sei por que disse isso. Na verdade, isso também não é verdade.
Sei porque disse isso, e foi porque não quero que você pense que somos tão diferentes.”
“Nós somos diferentes,” Cage disse, direto ao ponto. “Mas tudo bem. Eu gosto das suas
diferenças. Só espero que você não fique muito desapontado com as minhas.”
“Eu simplesmente não faço ideia do que você está falando. Você é a pessoa mais normal que
eu conheço. Claro, a única outra pessoa que conheço aqui é o Lou, então isso não diz muita coisa.”
Cage riu. “Então a barra está baixa.”
“Você só precisa lidar comigo e já superou 99% da população.”
Cage riu. “Vamos lá, você não é tão ruim assim. Talvez 95% da população,” ele provocou.
“Você está certo. Pensando bem agora, é 95%. Eu me corrijo.”
Cage riu novamente. Deus, como eu amava ouvir sua risada.
“Sabe, você faz isso bastante,” Cage disse com um sorriso.
“O quê?”
“Se diminuir.”
“Eu faço?”
“Sim.”
“Não percebi que estava fazendo isso.”
“Você faz. Deveria ser mais gentil com meu amigo. Ele é um ótimo cara,” Cage disse,
brincando.
“Ótimo é um termo relativo.”
“Lá vai você de novo. Aceite o elogio.”
“É mais fácil falar do que fazer. E se eu dissesse que você é o cara mais incrível que já
conheci e que toda vez que estou com você, eu desejo que o tempo nunca acabe?”
Cage congelou.
“Não é tão fácil aceitar um elogio agora, é?”
“Você realmente sente isso?”
“Ah, aquilo foi meio que… intenso, não foi?”
“Não, sério, você sente isso?”
“Isso importa? Você tem uma namorada.”
“Por que importa se eu tenho uma namorada?”
“Importa porque, se eu pensasse isso, seria porque eu queria que algo mais acontecesse entre
nós do que é possível.”
“E se fosse possível?”
“Como assim?”
“Quero dizer, e se eu não tivesse uma namorada?”
Olhei nos lindos olhos de Cage, que estalavam de intensidade. Ele estava falando sério.
Estava considerando terminar com a namorada por minha causa.
“Tem coisas sobre mim que você não sabe,” eu disse, sem conseguir me conter.
“Quê? Que você é mais adorável do que eu já acho que você é?”
“Não, para. Tem coisas que preciso te contar antes que você faça ou diga algo de que não
poderemos voltar atrás.”
“Ah, você está falando sério.”
“Estou.”
Cage se remexeu desconfortável. “Ok. Diga lá.”
Meu coração batia forte.
“Por onde eu começo? Ok. Eu mencionei que meu pai tem uma ilha.”
“Sim, eu me lembro de algo assim.”
“Foi há dez minutos atrás. Eu espero que você se lembre.”
Cage deu uma risada. “Sim, eu me lembro.”
“Bom, ele tem uma ilha porque ele é muito rico.”
“Tipo, quanto rico?”
“Tipo, ele tem uma ilha, rico.”
Cage deu risada. “Entendi. E você cresceu muito rico?”
“Sim.”
“Eu imaginei. Isso era o que você estava com medo de me contar? Que você cresceu com
sua própria ilha?”
“Longe disso.”
Cage se recostou, surpreso. “Ok.”
Toquei minha testa me perguntando se estava suando. Eu estava começando a suar.
“Veja só. Eu cresci com dois pais.”
“Então, seus pais são gays? Grande coisa.”
“Na verdade, eles não são. E nem é minha mãe.”
“Ah, então sua família é poliamorosa.”
“Sim, e meus pais são bissexuais.”
“Que legal!”
“É?” Perguntei, surpreso.
“Sim. E você é poliamoroso?”
“Eu não acho. Acredito que estou procurando por uma só pessoa.”
“Eu também me sinto assim. Quer dizer, se a pessoa que eu me preocupo precisasse disso,
eu consideraria. Mas, se eu tivesse escolha, eu escolheria estar com uma pessoa,” ele disse com um
sorriso.
“Ok. Isso é ótimo. Mas…”
“Tem um ‘mas’?”
Procurei as palavras.
“Eu sou… meio que… o garoto-propaganda para um relacionamento poliamoroso,
especificamente um com dois homens e uma mulher.”
“Como assim você é o garoto-propaganda para isso?”
“Porque, você sabe como descobriram uma maneira de dois homens terem um bebê com
uma mulher?”
“Quer dizer, eu ouvi algo sobre isso, mas presumi que não fosse verdade,” Cage explicou.
“Você pensou que não era verdade?” Perguntei, atônito.
“Sim. Por quê? É?”
Fiquei olhando para Cage, chocado. Ele tinha ouvido falar disso e tinha descartado como
romancE. Isso significava que poderíamos ter passado muito tempo sem ter que falar sobre isso.
Preso na tempestade que era a minha vida, nunca imaginei que havia pessoas que simplesmente não
acreditavam nisso.
“Espera, você está dizendo que a ciência descobriu como dois homens poderiam ter um
bebê juntos?”
“Uma mulher é necessária para o procedimento, mas sim, eles sabem como.”
“Como você sabe disso?”
Toquei minha testa, meu coração batendo forte contra meu peito.
“Porque minha família conhece o médico que criou o procedimento.”
“Sua família conhece o médico?”
“Sim.”
“Isso é incrível. Como sua família conhece o médico?”
“Porque…” engoli em seco. “Eles o conheceram quando ele realizou o procedimento em
meus pais.”
“Espera… Você?”
“Sim. Eu fui… o primeiro.”
“Você foi o primeiro filho nascido de dois homens tendo um bebê?”
“Uma mulher faz parte do procedimento, mas sim. E, eu sou meio famoso por isso. Meu
rosto tem estado na capa de praticamente todas as revistas que existem. Vim para East Tennessee
porque esperava que os paparazzi não conseguissem me encontrar aqui. Até agora deu certo, mas é
só uma questão de tempo até minha localização vazar.”
“Isso é incrível.”
“Se você acha isso difícil de acreditar, aperte o cinto porque tem mais.”
“Certo”, ele disse, com a boca agora permanentemente aberta.
“O procedimento tem um efeito colateral.”
“Ah!” Ele disse, parecendo preocupado.
“Não é necessariamente ruim”, eu rapidamente lhe disse. “Embora possa ser, às vezes.”
“Qual é o efeito colateral?”
“Os filhos que vêm do procedimento são todos muito inteligentes.”
“Quão inteligentes?”
“Muito inteligentes.”
“Estamos falando de quão inteligentes? Tipo, construir uma máquina do tempo inteligente?”
“Não. Mas, acho que uma das crianças está construindo um dispositivo de tunelamento
quântico, que é tecnicamente uma máquina do tempo, mas você tem que ter o tamanho de uma
partícula quântica para viajar nela”, brinquei.
Cage não riu.
“Mas essa é ela. E, física quântica não é minha especialidade.”
“Então, qual é?”
“Eu consigo fazer conexões que outras pessoas poderiam perder.”
“O que você quer dizer?”
“Quero dizer, eu faço observações.”
“Como o que?” Cage perguntou, cético. Ele não estava acreditando em mim.
“Como, eu sei que você é adotado.”
“O quê?” Cage disse, surpreso.
Eu o peguei.
“Sim. E não foi por causa do cabelo ruivo, também. Pais de cabelos ruivos têm filhos de
cabelos pretos o tempo todo. São as covinhas.”
“O que você quer dizer?” Cage perguntou, cativado.
“Covinhas são um traço genético, o que significa que devem ser transmitidos pelos seus pais.
Mas elas não são um grupo coletivo. Ou seja, ter uma covinha no queixo não te faz mais propenso a
ter uma covinha na bochecha. Isso significa que você teria que herdar cada covinha separadamente.
E as que você tem de cada lado do seu lábio inferior são chamadas de ‘fovea inferior anguli oris’ e
são muito raras.
“A probabilidade de você herdar todas as suas covinhas de um único pai é muito baixa.
Estou falando extremamente baixa. Para que seu pai não tenha nenhuma covinha e você tenha
tantas, cada membro da família dele teria que ter covinhas há gerações. E já que isso é ainda menos
provável, a resposta óbvia é provavelmente a correta, ou seja, que você foi adotado.”
Eu não poderia ter me orgulhado mais de mim mesmo por fazer essas observações. Alguém
mais teria notado algo tão fácil de passar despercebido? Mesmo que tivessem notado, teriam
conseguido juntar todas as peças como eu fiz? Eu não acho que sim.
Poder fazer isso sob demanda para Cage, com certeza deve ter o impressionado. Eu queria
tanto impressionar Cage. Eu queria que ele achasse que eu era especial de uma maneira boa. Eu
desejava ardentemente que ele visse que minha diferença poderia ser útil e algo que ele gostaria em
sua vida. Eu faria qualquer coisa para que ele não me visse como o esquisito que todo mundo via.
Enquanto eu olhava para Cage, muita coisa mudava em seu rosto. A expressão de espanto
que ele parecia ter enquanto eu explicava minha teoria, se transformou em algo mais. Ele não estava
feliz. Parecia que ele estava lutando com algo, e antes que as palavras saíssem da sua boca, eu sabia
que tinha cometido um erro.
“Eu não sou adotado”, disse Cage, firmemente.
Ele não sabia. Droga!
“Você está certo.”
“O quê?” Ele perguntou, confuso.
“Eu me enganei.”
“O que você quer dizer, você se enganou.”
“Eu estava pensando em, ah, o que era mesmo?”
Minha mente girava, tentando encontrar algo que ele acreditaria e que não me fizesse parecer
um completo idiota.
“Covinhas de bumbum.”
“O quê?”
“Eu estava pensando em covinhas de bumbum. Sabe, aquela reentrância que algumas
pessoas têm na bochecha do bumbum. Isso requer que ambos os pais a tenham.”
Cage me olhava confuso.
“Então, você me disse tudo aquilo, e o que você queria dizer eram covinhas no bumbum.”
“Sim”, eu disse, querendo que ele acreditasse em mim.
“Eu não tenho covinhas no bumbum.”
“Ah, então acho que nada do que eu disse se aplica.”
“Alguma coisa que você acabou de me contar é verdade? Quero dizer, sobre você ser o
primeiro filho nascido desse jeito e o negócio todo de gênio?”
Tão aliviado quanto eu estava por ele parecer disposto a deixar minha teoria de adoção para
trás, eu novamente senti o peso de ter me revelado a ele.
“Você pode pesquisar”, confirmei.
Cage me olhava sem saber o que pensar. Lentamente, puxando seu celular, ele digitou meu
nome.
“Qual é o seu sobrenome?”
“Toro. Quin Toro”, disse sentindo uma pontada aguda no peito.
A expressão de Cage mudou à medida que os resultados da pesquisa apareciam. Ele estava
assustado com tudo. Silenciosamente, ele pesquisou página após página, lendo os artigos antes de ir
para a próxima.
“É verdade. Você é um gênio.”
“E um esquisito”, acrescentei.
“Não. Você é incrível”, disse Cage, olhando para mim com admiração.
Uma onda quente atravessou-me. Eu poderia ter chorado. Fiz tudo o que pude para não
chorar. Eu vinha com tanta bagagem. Ainda assim, ele parecia não se importar. Mais do que isso, ele
via isso como algo positivo. Nunca me senti mais apaixonado por alguém na minha vida.
“Por que você não mencionou nada disso antes? Se eu tivesse o que você tem, seria a
primeira coisa que eu falaria para as pessoas.”
“Não seria.”
“Ah, eu acho que seria”, ele disse, me dando seu primeiro sorriso em muito tempo. Eu
estava ficando viciado neles.
“Não seria”, disse eu, incapaz de esconder minha tristeza sobre o assunto. “Mas obrigado
por dizer isso. Talvez devêssemos voltar ao trabalho?”
“Ah, certo. Temos uma prova amanhã.”
Cage pausou, me encarando.
“Você tem o livro inteiro memorizado?”
“Não é assim que funciona. Pelo menos, não para mim. Eu tenho que estudar como você.
Apenas fica mais fácil para mim.”
“Ah. Ok”, disseu Cage, voltando sua atenção para os livros que estavam espalhados pela
cama entre nós.
Ao informá-lo sobre os últimos tópicos que ele havia perdido antes de se juntar à turma,
achei difícil me concentrar. De vez em quando, ele levantava o olhar para mim. E quando o fazia,
me presenteava com um sorriso que derretia meu coração.
Continuei insistindo, pois Cage precisava entender o material para a prova. Porém, era difícil
não me derreter ao mergulhar naquele olhar. Nunca mais queria ficar longe dele. Saber que isso era
impossível me partia o coração.
“É isso aí. Acho que você entendeu”, eu disse, quando ele conseguiu repetir tudo sem
precisar do livro-texto.
“Acho que sim”, ele respondeu, orgulhoso. “Demorou um pouco.”
“Demorou?”, perguntei, pegando meu celular. “Já são 1:30?”
“O tempo voa quando você está se divertindo”, ele disse com um olhar encantadoramente
travesso.
“Serviços de carros compartilhados funcionam a essa hora?”
“Sim, na cidade. Mas você não vai conseguir um carro para vir até aqui.”
“Talvez um táxi.”
“Você pode dormir aqui. Tenho treino antes da aula amanhã. Posso te levar de volta de
manhã cedo.”
“Dormir aqui?” Eu perguntei, sentindo meu coração acelerar. “Eu acho que posso durmir
no sofá.”
“Você não vai dormir no sofá. Além do mais, meu pai provavelmente adormeceu lá.”
“Então, no chão?”
“Eu não vou deixar você dormir no chão! Você só está aqui até tarde por causa de mim. Se
alguém deve dormir no chão, esse alguém sou eu.”
“Eu não posso deixar você dormir no chão. Não seria bom para as suas costas. Como está
sua coluna, aliás?” perguntei, lembrando-me do problema que ele havia mencionado na primeira
noite em que comecei a ajudá-lo.
“Minhas costas?”
“Sim. Lembra no meu quarto?”
“Ah, sim! Não, está um pouco tensa, mas não tão ruim quanto antes. Provavelmente foi só o
nervosismo daquela noite.”
“Você estava nervoso por não poder jogar no próximo semestre?”
“Algo do tipo.”
“Então, se nenhum de nós vai dormir no chão, onde vamos dormir?” perguntei, na
esperança de saber o que ele sugeriria.
“Podemos dividir a cama.”
“Você tem certeza de que é uma boa ideia?”
“Por que não seria? Só vamos dormir.”
Ou não dormir, considerando o quão acelerado estava o meu coração só de pensar nisso.
“Eu acho que sim. Tudo bem.”
“Tudo bem”, ele disse confiantemente.
Nós arrumamos a cama e nos encaramos.
“Gostaria de trocar de roupa? Provavelmente não vai querer dormir de calça jeans.”
“Eu estou bem”, respondi-lhe, agitado como o diabo.
“Certeza? Porque eu vou me tornar mais confortável”, ele disse, tirando a camisa. “Veja”.
Eu realmente vi. O homem parecia um deus. Seus braços musculosos, o peito definido, tudo
nele enviava arrepios pelo meu corpo que terminavam entre as minhas pernas.
“Vamos lá. Você pode ficar confortável”, ele disse com um sorriso.
Eu queria muito ficar nu com ele. Era o começo de cada uma das minhas fantasias. Não
sabia se deveria, mas não conseguia mais resistir.
“Tudo bem”, disse eu, lentamente tirando a minha camisa.
“Caramba!” exclamou Cage, assim que minha camisa estava na minha mão.
“O quê?”
“Você está em forma, hein?”
“Genética”, admiti, sentindo-me um pouco envergonhado.
“Legal. Então, você vai dormir de jeans?”
“E você?”
“Não”, ele disse sem dar sinal de que iria tirar as calças.
Fiquei olhando para ele, esperando. Ele realmente faria isso? Se o fizesse, talvez eu também
fizesse. O que ele estava esperando?
Quando ele, finalmente, soltou o botão das calças, meu pau ficou duro. Sem uma camisa,
não havia nada para esconder minha ereção. O que deveria fazer?
Ele não estava olhando para mim quando abaixou suas calças. Quando saiu delas e as
empurrou para o lado, não levantou o olhar. Comecei a me perguntar por quê, até que vi o contorno
de seu pau grande esticado por cima da cueca boxer. Cage estava duro. Muito duro. Pelo menos
espero que estivesse, pois ele já era enormemente impressionante.
Não podia acreditar no que estava acontecendo. Estávamos apenas nos acomodando para ir
para a cama, ou havia algo mais rolando? Contemplei-o inteiro, o que fez meu pau rígido pulsar.
Quando ele finalmente encontrou meu olhar sem desviar o olhar, disse:
“E você?”
Meu pau pulou novamente. Não havia como esconder minha excitação mesmo que eu
quisesse. Eu queria escondê-la?
Não acho que queria. Eu queria que ele me visse por completo. Eu queria ver tudo nele. E
com seus olhos ainda presos aos meus, eu desci minha calça, ficando apenas de cueca na frente dele.
Cage fez nada além de me encarar, até que, por um breve momento, desviou o olhar para dar
uma espiada em mim. Isso o fez sorrir.
“Deveríamos ir para a cama?” ele me perguntou.
“Tudo bem”, respondi sem ter certeza do que aconteceria em seguida.
Nós dois subimos na cama e nos deitamos sob os lençóis, ambos encarando o teto.
“Acho que devo apagar as luzes”, Cage disse a mim.
“Suponho que sim”, respondi, mal conseguindo escutá-lo por causa das batidas do meu
coração.
Cage saiu da cama novamente, apagou a luz pelo interruptor próximo à porta e retornou à
cama no escuro.
Levou um tempo para meus olhos se ajustarem à escuridão, mas era uma noite com luar.
Ainda sem ter certeza do que estava acontecendo, fiquei deitado de costas, sem olhar para ele. Em
nenhum momento ele se moveu. Ele já havia adormecido? Alguém poderia adormecer tão
rapidamente?
Com o silêncio ensurdecedor que nos envolvia, não aguentava mais. Cage estava tão perto
que era uma tortura não tocá-lo. Eu tinha que pelo menos ver o belo corpo cujo calor me consumia.
Então, como se fosse a coisa mais natural do mundo, eu virei e me acomodei de lado.
Enterrado nas sombras, abri os olhos. Ele estava de frente para mim. Seus olhos estavam
fechados. Talvez ele estivesse dormindo. Se estivesse, significava que eu podia olhá-lo sem
interferências. Eu podia examinar cada contorno de seu rosto angular e masculino.
Cage era o homem mais lindo que eu já tinha visto. Seus cabelos ondulados repousando
suavemente sobre a testa, os ombros largos descobertos, o peitoral levemente peludo, eu queria
desesperadamente tocá-lo. Sentir o calor de sua pele ao lado da minha seria suficiente para viver o
resto da minha vida.
Querendo estar mais perto dele, movi minha mão para cama entre nós. Eu estava a menos
de trinta centímetros do corpo dele adormecido e não ousava me aproximar mais. Eu queria. Meu
Deus, como eu queria, mas sabia que não podia… até que, como se sentindo minha presença, Cage
moveu sua mão entre nós a alguns centímetros da minha.
Eu podia sentir o calor dele em mim. Mal conseguia respirar. Separando meus lábios
enquanto meu coração pulsava, eu não aguentava. Eu precisava estar mais perto. Estar longe dele
doía demais.
Movendo lentamente meus dedos, estiquei-os. Eles não eram compridos o suficiente. Ele
estava ali mesmo. Eu podia praticamente senti-los. Eu precisaria mover minha mão inteira se
quisesse seu toque. Eu poderia fazer isso, no entanto? Eu deveria fazer isso?
Meu dilema não importava porque como se ele também precisasse, sua mão forte atravessou
e pousou sobre a minha. Foi ele quem fez. Poderia ter sido um reflexo de alguém adormecido, mas
eu não acho que era. Ele queria segurar minha mão e eu queria segurar a dele.
Então, movendo-me delicadamente, deixei seus dedos caírem entre os meus. Quando se
entrelaçaram, foi tudo que eu tinha imaginado. Tentei respirar sem fazer barulho, mas foi o
momento mais erótico da minha vida. Seu toque era um vento rodopiante que envolvia meu corpo
quente e nu.
Estava apaixonado por Cage. Não podia mais negar. E tocando-o ao luar, não havia outro
lugar no mundo onde eu preferiria estar. Eu queria que esse momento durasse para sempre. Durou
por horas, mas finalmente, meu coração exausto desacelerou e eu adormeci.
Capítulo 8
Cage
Estou me apaixonando por Quin. Não posso negar. Mesmo enquanto beiro a madrugada
sem conseguir dormir o suficiente, tudo o que posso pensar é em como eu poderia tocá-lo como fiz
na noite passada.
Quando ouvi ele colocar a mão na cama entre nós, estendi a minha em busca da dele. Não
sabia se eu deveria ou se ele iria querer, mas não conseguia me conter. Eu preciso do Quin. Eu
anseio por estar com ele. Sinto que enlouqueceria sem ele. E estar tão perto sem poder envolvê-lo
nos meus braços era tortura.
Estava prestes a me aliviar da agonia dolorosa quando mudei de posição e algo zumbiu.
Quando isso aconteceu, percebi que ainda estava meio adormecido porque isso me acordou. Eu
conhecia o som. Era o meu despertador. Eu tinha esquecido de desligá-lo.
Provavelmente seria mais correto dizer que eu não tive coragem para desligá-lo. Desde que
conheci Quin, conseguir oito horas de sono era impossível. Mesmo que eu estivesse na cama a
tempo de conseguir, sozinho na escuridão era quando eu pensava mais nele. Então tê-lo aqui agora
era como um sonho se tornando realidade.
O alarme tocou novamente. Ah, sim, o alarme. Eu não queria que ele acordasse Quin.
Em vez de deixá-lo tocar como costumava fazer, abri os olhos e avaliei onde eu estava. Eu
estava do lado direito da cama. O despertador estava do lado esquerdo. Eu teria que alcançá-lo por
cima de Quin.
Sem pensar, me inclinei sobre o cara debaixo de mim e desliguei o alarme. Com ele
desligado, percebi onde eu estava. Embora nossos corpos não estivessem se tocando, eu estava
pairando sobre ele. Congelei e olhei para baixo. Ele estava de costas olhando para cima.
Meu Deus, como eu queria me inclinar e beijá-lo. Eu estava bem ali. Ele estava tão perto. E
então ele abriu os olhos.
Fiquei olhando para ele, pego de surpresa. Ele sorriu, ou foi um rubor?
“Bom dia”, ele disse com uma voz rouca matinal.
Olhando para ele, relaxei.
“Bom dia”, eu disse, dando uma última olhada nele e então rolei de volta para o meu lado da
cama. “Desculpe por isso”, eu disse a ele.
“Não, eu gostei”, ele disse sorrindo de orelha a orelha.
“Você gostou do alarme?”
“Ah, pensei que você estava referindo-se a…” Ele corou de novo. “Estava ótimo. Isso
significa que temos que levantar? Está tão cedo.”
“Eu tenho que ir para o treino. É uma longa viagem.”
“Tudo bem”, ele disse, remexendo o corpo adoravelmente.
Observando-o se acomodar, eu estava prestes a me levantar quando notei algo. Eu estava
com um sério problema matinal. Claro, estava mais do que contente em mostrar para ele meu
membro turgido na noite passada. Mas eu estava tão excitado por estar com ele que perdi todas as
inibições.
Depois de uma noite de sono, por mais curta que tenha sido, eu não estava tão audacioso.
Sim, ainda estava tão excitado como sempre. Mas, nós não estávamos deitando na cama. Estávamos
saindo dela. Isso fazia a diferença.
“Podemos dormir um pouco mais, certo?” Quin perguntou olhando para mim, seus olhos
maravilhosos me implorando para segurá-lo.
“Você pode, mas eu tenho que levantar. A final do campeonato é no sábado. Este é nosso
último treino completo antes do jogo. Não posso me atrasar.”
“Tudo bem,” Quin disse, desapontado.
Olhando nos olhos dele, tentei pensar na próxima vez que poderia trazê-lo de volta aqui.
“Quer vir ao jogo? Você já foi alguma vez?”
“Você quer que eu vá ao seu jogo?” Ele perguntou sorrindo.
“Claro. Por que não iria querer?”
“Eu não sei. Pensei que poderia ser seu espaço viril ou algo assim.”
“Espaço viril?”
“Você sabe, um lugar para sua namorada e todos os seus amigos do futebol se encontrarem
e fazerem coisas de futebol.”
“Primeiro de tudo, o estádio acomoda 20.000 pessoas. Há espaço para todos. Em segundo
lugar, Tasha não comparece a um dos meus jogos há sei lá quanto tempo. Você deveria ir. Assim,
poderá ver do que se trata todo o alvoroço.”
“Eu consigo entender todo o alvoroço daqui,” ele disse, fazendo meu coração derreter.
“Quero dizer, por que é tão importante para mim passar na matéria pela qual ficamos a noite
toda estudando.”
“Oh, sim. Certo.”
“Eu posso conseguir alguns ingressos para você. Pode trazer o Lou.”
“Não sei se ele gosta muito de futebol.”
“Ele gosta de jogadores de futebol?” Perguntei com um sorriso.
“Ele gosta de qualquer um com um …”
“Então diga a ele que todos em campo são garantidos de ter um …” disse eu com um
sorriso.
Quin riu. Eu amava ouvi-lo rir.
“Vou ver.”
“Legal.”
“Vocês vão ganhar?”
“Para você? Farei de tudo. Não teria conseguido passar na matéria sem você.”
“Você ainda não passou,” ele me lembrou.
“Mas eu vou passar. Estou confiante. Você é um bom professor. Obrigado.”
“Isso significa que a minha hora de ensinar para você acabou?”
Eu olhei para Quin percebendo pela primeira vez.
“Acho que sim.”
A ideia de não ter um pretexto para estar com ele partiu meu coração.
“Você definitivamente tem que ir ao jogo. Eu realmente quero que você vá. Prometa-me que
irá mesmo que Lou não vá.”
Quin olhou nos meus olhos e sorriu.
“Eu vou. Eu prometo.”
“Bom. Agora, eu acho que tenho que me levantar.”
Relutei um pouco ao descobrir que agora estava apenas parcialmente excitado. Isso
significava que eu poderia mostrar-me interessante para Quin sem tornar a situação incrivelmente
estranha para a nossa viagem de 40 minutos de volta para o campus.
Saindo da cama, tentei fazer com que ele tivesse uma boa visão de mim enquanto ajustava
meus calções. Dei tempo suficiente para ele me observar, antes de virar e ir para o banheiro. Havia
apenas um na casa e ficava fora do meu quarto. Deixando Quin, fechei a porta do quarto atrás de
mim e fiz o que tinha que fazer para me preparar para o dia.
Quando voltei para o quarto, Quin já estava vestido. Enquanto ele cuidava dos negócios
matinais, fiz um smoothie para o café da manhã e arrumei minha bolsa preparando-me para sair.
Nossa viagem de volta à cidade consistiu principalmente em ele me questionando sobre o
que tínhamos repassado na noite anterior. Com a ajuda dele, realmente me senti preparado. Não
conseguia imaginar ninguém me preparando tão bem quanto ele. Eu realmente queria ir bem na
prova por ele.
Quando eu mencionei a ideia de terminar com Tasha, não obtive a resposta que esperava.
Acho que estava esperando algo um pouco mais entusiasmado dele. Se eu fosse desmontar o meu
mundo para ficar com ele, queria sentir que não seria em vão.
Sua resposta foi positiva, mas não motivadora. Isso deixou tudo ainda inteiramente a meu
cargo. Foi muito para pensar. Mas, antes disso, eu tinha um treino, uma prova e o que
provavelmente era o maior jogo da minha vida.
As equipes da NFL podem pedir uma fita de vídeo sua no início do ano letivo. Depois de
passar pelas centenas de horas que recebem de todo o país, as equipes selecionam onde enviarão
seus olheiros.
Os Jogos Bowl são onde os olheiros vêm vê-lo pessoalmente. As partidas do college bowl
são jogos televisionados e muito frequentados durante as férias de inverno. Eles permitiam que os
olheiros vissem como jogávamos sob pressão. No final da temporada do bowl, a maioria das equipes
sabia quem colocar em seu quadro de drafts. Os jogos bowl eram o que permitia aos jogadores virar
profissionais.
Como veterano, seria o último jogo bowl da minha vida. Precisava correr bem, senão tudo o
que todos sacrificaram para me trazer até aqui teria sido em vão. Mas, não era como se meu
relacionamento com meu pai estivesse em jogo e o peso disso fosse um elefante no meu peito. Não,
não era nada disso.
“Boa sorte no treino!” Quin me desejou quando o deixei em seu dormitório.
“Obrigado.”
“Te vejo na aula. E não se preocupe, você não vai precisar de sorte para essa. Você está
preparado,” ele disse com um sorriso.
“Obrigado… por tudo,” eu disse, completamente apaixonado por ele.
Eu o vi se afastar. Deus, como a bunda dele era linda. Ele olhou para trás uma última vez
antes de desaparecer no prédio.
Enquanto eu estava ali, o que eu queria ficou claro. Eu não podia mais imaginar um futuro
sem Quin nele. Ele rapidamente se tornou tudo para mim. O que diabos eu deveria fazer agora?
Felizmente, eu não tinha tempo para pensar sobre isso. Se eu não fosse para o treino
imediatamente, eu ia me atrasar. Independente da minha decisão, provavelmente afetaria as minhas
perspectivas na NFL e eu precisaria da ajuda do treinador. Então, a última coisa que eu queria era
estar em sua lista negra.
“Você está atrasado!”
“Me desculpe, treinador. Fiquei a noite toda estudando”, eu disse enquanto passava
correndo por ele a caminho do vestiário para me trocar.
Ele veio um passo atrás.
“Estudando, é? É engraçado que você esteja estudando sem um tutor. Você melhor não
estar me enrolando, Rucker. Se você não passar nessa matéria, será suspenso do time. Não vai ter
nada que eu possa fazer a respeito.”
“Prometo, eu tenho um tutor. Vou dizer a ele para se registrar com vocês, mas acho que ele
não precisa do dinheiro. Passarei na matéria, ele é incrível. Estou preparado.”
“Você precisa estar.”
“Treinador. Estou pronto.”
“Huh”, ele resmungou me olhando suspeitamente.
Não pude dizer o que o treinador estava pensando ou o que isso significaria, então tirei isso
da minha cabeça, dando tudo de mim no treino. Estava à beira do vômito ao fim.
“Tenho que ir, treinador, tenho exame”, eu disse a ele, olhando para o grande relógio no
extremo do estádio.
“Faça-o e volte aqui! Temos mais jogadas para revisar.”
“Entendido, treinador.”
Tirei meu capacete e as proteções superiores antes de correr pelo campus. Ao contrário da
primeira vez, desta vez, cheguei no começo da aula. Não havia mais lugares perto do Quin, então
peguei um na frente.
“Boa sorte, Sr. Rucker”, disse a professora enquanto me entregava o exame.
“Obrigado”, respondi antes de procurar pelo único incentivo que importava.
Quin sorriu para mim e sussurrou, “Você consegue.”
Eu sussurei um “Obrigado” de volta.
Acontece que Quin estava certo. Nunca na vida fiz um exame tão fácil. Não fingi que isso
tinha a ver com outro motivo que não fosse a preparação de Quin. Era como se ele soubesse o que
iria cair na prova. O cara era incrível.
Me preocupou um pouco ser a primeira pessoa a entregar a prova. Entreguei antes de Quin.
Não tinha como estar certo. Provavelmente não revisei minhas respostas o suficiente. Mas não dava
para evitar. Eu tinha que voltar para o treino.
Ao entregar, a professora me deu um olhar surpreso. Não estava prestes a fazer nada que
indicasse que achei fácil. Sabia que seria tentar a sorte.
Mas fiz contato visual com Quin quando sai. Dei a ele um olhar convencido, mostrando que
havia sido fácil. Ele se conteve para não rir e voltou ao exame.
Ao sair da sala, pensei em esperar por ele. Ele não poderia estar muito atrás. Mas, eu havia
dito ao treinador que voltaria assim que terminasse. Além disso, não queria ser o otário na sala de
espera com sua roupa de futebol e chuteiras.
Correndo de volta para o campus, cheguei a tempo para a análise do jogo. Tínhamos muito
para revisar. Depois, o time fez outra passada pelas jogadas. O treinador estava nos preparando
como Quin havia me preparado para o exame. Então, quando voltei ao vestiário, eu estava exausto.
Tudo o que eu queria era ir para casa.
Ao ligar meu celular, encontrei uma mensagem do Quin.
‘Como foi?’
‘Muito fácil’, eu respondi. ‘É bom que você tenha roubado o exame. Nunca teria passado
sem isso.’
Achei engraçado, mas Quin não respondeu.
‘Você estará lá no sábado, certo?’
‘Não perderia por nada’, ele respondeu imediatamente.
‘Vou deixar os ingressos na bilheteria.’
‘Ok. Obrigado.’
‘Não. Eu que agradeço!’ Eu disse, não sabendo como expressar minha gratidão.
Eu sabia que não merecia ter alguém como Quin na minha vida. Minha vida estava uma
bagunça. Eu tinha uma namorada que não amava. Não queria sair de casa com medo de que quando
voltasse meu pai tinha ido embora. E minha carreira estava prestes a me afastar dele.
Quin era um cara incrivelmente incrível que merecia mais do que alguém como eu. Ele foi
alguém que literalmente faria história. Além disso, ele era doce, atencioso e brilhante. Quem era eu
comparado a tudo isso?
“Você vai estar no jogo no sábado, certo, pai?” perguntei a ele quando o encontrei bebendo
na frente da TV.
“Sim”, ele respondeu sem olhar para mim.
Eu não parei de olhar para ele. Por mais que eu tentasse ignorá-lo quando Quin disse, suas
palavras ficaram presas. Sem saber sobre os arroubos de raiva de meu pai sobre eu não ser seu filho,
Quin havia dito que eu era adotado.
Isso não poderia ser coincidência. Quin era um cara extremamente inteligente. Ele sabia tudo
sobre covinhas. Não havia como ele ter se confundido com covinhas do bumbum. Não tinha como.
E, além das covinhas, havia mais coisas que não eram tão obscuras. Meu pai era um ruivo
autêntico que ia do pálido ao rosado de sardas. Quin havia dito que ruivos tinham filhos de cabelos
escuros o tempo todo. E era o que eu havia me dito enquanto crescia.
Mas, além disso, meu pai era canhoto enquanto eu era destro. Ele gostava de comidas que eu
achava repugnante. Ele era super peludo enquanto eu, aos 22, ainda tinha dificuldade para crescer
pelos faciais. E, eu estava quase certo de que ele era daltônico. Ou ele simplesmente rejeitava a
pressão social de combinar suas meias fortemente.
Nada disso significava nada por si só. Mas juntando tudo? Sempre me fez pensar. Agora
acrescente a isso os delírios do meu pai e o que Quin disse sobre covinhas, e eu não pude mais
ignorar.
“O quê?” Meu pai disse, sentindo meu olhar.
Eu perguntava a ele sobre isso enquanto ele ainda estava meio sóbrio? Será que minha
pergunta seria a coisa que finalmente o faria ir embora? Eu não podia lidar com isso. Não agora,
pelo menos.
“O quê?” Ele perguntou de novo, dessa vez um pouco irritado.
“Seu ingresso estará na bilheteria”, eu disse a ele, desviando o olhar e indo para o meu
quarto.
Ele grunhiu em resposta.
“Moleque?”
“Você sabe que eu não gosto quando você me chama assim”, eu disse a ele.
“Sabe que os olheiros estarão lá no sábado, certo?”
“Eu sei.”
“Está preparado?”
“O treinador nos preparou.”
“Bom. Quem era aquele rapaz que você trouxe ontem à noite?”
Interrompi minha saída assim que ele mencionou Quin. Se eu fosse ter uma vida com Quin,
em algum momento, eu teria que conversar com ele sobre isso.
“Eu te falei. Ele é meu tutor.”
“Ele não foi embora ontem à noite.”
“Ficamos até tarde preparando para a prova que fiz hoje.”
Ele grunhiu sem tirar os olhos de mim.
“A propósito, eu sei que você gosta dela, mas acho que não está dando certo entre a Tasha e
eu.”
“Faz dar certo. Ela é boa para você. Os times vão gostar dela.”
“Eu não posso ficar com alguém porque algum time pode gostar da maneira como ficamos
juntos. Há mais na vida do que isso.”
“Você sabe quanto eu sacrifiquei para chegar onde você está? Você nem começaria a
imaginar.”
“E eu agradeço por isso, pai. Mas não vejo o que isso tem a ver com quem eu namoro.”
“Não vai estragar tudo agora, Moleque.”
“Eu não estou estragando nada. Só estou dizendo que ela talvez não seja a certa.”
“E quem é?”
“Eu não sei. Mas há muitas pessoas por aí.”
“E nenhuma delas faria o que ela pode fazer por você.”
“Você quer dizer ficar ao meu lado no dia do recrutamento e parecer bonita? Não posso
basear minha vida em um momento que terá mais a ver com como eu jogo no sábado, do que com
quem eu tenho relações.”
“Não estrague isso, Moleque.”
“Eu já falei, não me chame assim.”
“Eu vou te chamar do que eu quiser, Moleque.”
“Tá bom, acabou”, eu disse a ele, vendo para onde a conversa estava indo.
“Não vire as costas para mim”, ele disse após eu sair para o meu quarto e fechar a porta atrás
de mim.
“Não estrague tudo. Não vá estragar isso, Moleque. Isso é a melhor coisa que vai acontecer
com você. Não jogue tudo fora por um caso qualquer.”
Ele me tinha entendido. Ele sabia o que eu estava insinuando com Quin e ficou claro que ele
não aprovava. Mas não importava. Eu estava me apaixonando por ele e não havia nada que meu pai
pudesse fazer para mudar isso.
Se Quin me permitisse, eu iria fazê-lo meu. Para os outros, poderia parecer uma escolha, mas
não era. Eu não achava que poderia suportar ficar longe dele se tentasse. Ele me tinha e nada que
acontecesse mudaria isso. Nem meu pai. Nem o que algum olheiro diria. Nada.
‘Você pegou os ingressos?’ Eu mandei uma mensagem para Quin enquanto estava no
vestiário, esperando para entrar em campo.
“Guarde seu celular, Rucker. Concentre-se no jogo”, o treinador disse, me fazendo voltar a
colocá-lo na mochila antes de eu receber uma resposta de Quin.
Segurando o máximo que pude, eu olhei para a tela até o celular sair da vista. Ainda nada. Eu
tinha mandado uma mensagem para ele ontem e ele tinha me dito que ele e Lou estariam aqui. Eu
tinha dito a ele que faria o possível para ganhar o jogo para que ele pudesse aproveitar. Ele apenas
me disse que estava ansioso para isso, mas nada mais.
Eu esperava mais dele. A verdade era que eu estava tendo dificuldades para interagir com ele
desde que nossa aula terminou. A aula tinha sido nossa desculpa para passar tempo juntos. Sem isso,
a única coisa que restava eram meus sentimentos intensos por ele. Mas eu não me sentia bem em
expressar como me sentia enquanto ainda estava em um relacionamento com Tasha.
Tasha, por outro lado, não estava em lugar algum. Eu tinha deixado ingressos para ela na
bilheteria, como sempre fiz, mas não falava com ela há dias. Eu diria que nosso relacionamento
estava acabado, exceto que, mesmo quando ela sumia assim, ela reaparecia e me lembrava do sonho
que tínhamos tido, onde eu viajava pelo país jogando para a NFL e ela se envolvia com alguma
caridade.
Eu não sei o que era sobre aquele sonho que sempre me fazia desculpar a incompetência do
nosso relacionamento, mas fazia. Isso tinha que parar, porém. Eu não tinha certeza do que eu queria
que fosse a minha vida, mas estava sentindo-me mais confiante de que não era aquilo.
Como eu lhe dizia isso? Como eu dizia isso ao meu pai?
Entrando em campo, eu olhei ao redor para as arquibancadas. O lugar estava lotado. Eu
sabia onde eram os assentos de Quin, mas não tinha como vê-los daqui. Para além da primeira fila
próxima ao campo, o estádio se tornava um borrão de pontos coloridos e chacoalhando.
Normalmente, era assim que eu preferia. Mas hoje, havia uma pessoa que eu desejava conseguir
identificar.
Quin estava aqui ou não? De qualquer forma, eu iria jogar como se estivesse jogando só para
ele. Eu queria que ele se orgulhasse de mim. Eu queria que ele pensasse que eu era digno de alguém
tão incrível quanto ele.
Nosso time de ataque entrou em campo para começar o jogo. Como quarterback, observei a
linha defensiva à procura de todas as fraquezas que o treinador havia nos instruído a detectar. Não vi
nada até que meu tight end se movimentou, indicando que pensava que poderia abrir um buraco
para nosso running back.
Havíamos feito essa jogada em dezenas de jogos. O outro time sabia disso. Isso significava
que o time adversário estaria procurando se ajustar assim que nos comprometêssemos com a jogada.
Então, se eu decidisse pela jogada e esperasse que a defesa se comprometesse…
“Laranja, 52, verão, hike,” falei, revelando meu plano aos meus colegas de time.
Como esperado, nosso tight end abriu um buraco na linha defensiva deles. Assim que ele o
fez, nosso running back avançou por trás de mim procurando uma oportunidade de avanço.
Envolvendo seus braços em nada, ele atacou a linha fazendo com que a defesa desabasse em sua
posição. O safety direito se movimentou para impedir nosso running back, caso ele conseguisse
passar. E o homem que estava defendendo nosso wide receiver favoreceu sua direita para apoiar o
safety avançando.
Foi quando nosso wide receiver se soltou e correu campo abaixo. Era isso. Ele estava livre.
Eu só tinha que continuar de pé tempo suficiente para que ele alcançasse a linha de dez jardas.
Os grunhidos de homens de 300 libras reverberavam em meus ouvidos. Eles estavam
chegando. Meu coração batia acelerado.
‘Mantenha a calma. Espere por isso,’ orientei-me.
Quando nossos jogadores não puderam mais segurar a linha deles, o linebacker deles cortou
através dela como uma bala através do metal. Ele iria me pegar. Eu tinha que lançar. Recuando meu
braço, eu soltei. No segundo em que a bola saiu das minhas pontas dos dedos, um trem de carga me
atingiu, me deixando caído no chão como um morto.
Ali deitado, ouvi o fascínio coletivo da multidão. Eles estavam observando alguma coisa. Era
meu passe. Eu tinha conseguido fazer a tempo. Ele estava girando quarenta jardas pelo ar. Demorou
um pouco para chegar lá. Quando chegou, os gritos da multidão foram ensurdecedores.
“Touchdown!” O locutor gritou.
20.000 pessoas pularam aos seus pés. Celebração. Agonia. A emoção de tudo aquilo foi
incrível. Dan correu até mim e me ajudou a levantar.
“Issso aí!” Ele gritou dando um tapa nas minhas costas.
Jogando fora de campo vendo todos enlouquecerem, havia apenas uma pessoa que eu
esperava que tivesse visto aquilo. Procurei sua seção novamente. Havia muitas pessoas e ficava
muito longe. Eu não o via. Partiu meu coração pensar que ele poderia não estar lá.
Joguei como um homem possuído pelo resto do primeiro tempo. Nunca tinha feito um jogo
tão perfeito em minha vida. Eu tinha minha linha ofensiva para agradecer por isso, é claro. E, não
importava o quão bem eu lançasse se meus receptores não apanhassem. Mas, havia um nome que a
multidão falava enquanto saíamos de campo para o intervalo, o meu.
Voltando rapidamente para o vestiário, a única coisa que me importava era checar minhas
mensagens. Teria dado tudo para ver o nome do Quin aparecer. Arrancando minha luva para
desbloquear o telefone, joguei-a de lado e iluminei a tela.
Haviam duas mensagens dele. Uma dizia, ‘Comprei os ingressos. Chegando agora!’ E a outra
dizia, ‘UAAAAU!!!!’ Era só isso, mas foi o suficiente.
Eu estava tão feliz que sentia como se estivesse embriagado. Ele tinha me visto fazer o que
eu faço de melhor. Não poderia me sentir melhor se tentasse.
Entrei em campo para o segundo tempo fora de mim. Senti como se estivesse brilhando.
Sentia-me intoxicado. Foi bom começarmos o segundo tempo jogando na defesa. Isso me deu
alguns minutos extras para me recompor.
Por mais que eu tentasse focar, não pude deixar de procurar Quin na multidão. Ele estava lá
em algum lugar. Agora eu podia sentir seu olhar sobre mim. Queria me exibir para ele. Assim, com
meu capacete na mão voltando ao campo, fiz uma série de jogadas que garantiriam nossa vitória.
Comecei com alguns passes que nos aproximaram da end zone. Precisava estar a trinta jardas
de distância. Só isso.
Quando meu último passe nos levou até lá, reuni os caras em um amontoado e fiz a
chamada do grande lance. Eles me olharam com questionamento, mas eu era o quarterback deles.
Eles ouviram.
Na linha, chamei o hike. Com a bola na mão, puxei para trás meu braço pronto para lançá-la.
Depois de uma série contínua de passes, a linha defensiva recuou. Foi quando abaixei a bola,
coloquei-a sob meu braço e investi.
Pegos de surpresa, o time adversário demorou para reagir. Isso abriu uma brecha no flanco.
À minha frente, eu podia ver a end zone. Eu queria aquele touchdown. Queria que Quin me visse
fazer isso.
Correndo em minha direção estava o free safety. Ele chegaria até mim antes que eu chegasse
ao gol. Eu tinha duas opções. Eu poderia fugir para fora dos limites, ou poderia arriscar minha vida
e seguir em frente.
Eu queria isso. Queria muito. Aumentando a velocidade fiz minha escolha. Nada iria me
parar.
Quando ficou à distância de um braço, o safety investiu. Foi quando eu pulei no ar. Eu iria
pular por cima dele. Já o tinha visto em filmes e nos jogos mais espetaculares. Eu podia fazer isso.
Ao deixar o chão, observei o safety cortar debaixo de mim. Eu não estava alto o suficiente.
Teria que pisar nele para passar por cima. Mas quando meu pé procurou seu corpo, senti a mão dele.
Foi difícil entender o que aconteceu depois disso. O que sei é que ouvi um estalo. Foi
quando meu corpo atingiu o solo.
Não havia nada, e então houve um estrondo de fogo. A dor que me consumia era diferente
de tudo que eu já tinha sentido. Era a minha perna esquerda. Algo nela havia estilhaçado.
Disseram-me que os atletas sabem o momento em que uma lesão põe um fim à sua carreira.
Eu costumava me perguntar como seria isso. Não precisava mais me perguntar. Porque naquele
momento, eu sabia que era o fim.
Capítulo 9
Quin
“Meu Deus! O que acaba de acontecer? Por que ele não está se levantando? Lou, o que está
acontecendo? Lou?” perguntei, me virando para ele.
Com o rosto pintado nas cores da escola, Lou encarava o campo com a boca aberta. Como
todos os outros, ele estava sem palavras.
Voltei a olhar e vi os paramédicos correndo para o campo. Cage se contorcia em tanta dor
que eles mal podiam chegar até ele. Eu não podia acreditar no que estava vendo. Era um pesadelo.
Em poucos instantes, um paramédico estava empurrando uma maca até Cage. Precisaram de
dois homens para colocá-lo nela. Lágrimas rolavam pelo meu rosto assistindo àquilo. Eu estava em
choque. Não sabia o que poderia fazer para ajudar, mas eu tinha que fazer algo.
“Eu preciso ir até ele”, disse a Lou.
“Sim. Claro. Para onde vamos?”
“Não sei. O vestiário?”
“Vá na frente”, ele disse, me incentivando.
Ao me dirigir para as escadas, percebi que havia um problema, eu não fazia ideia para onde
estava indo. Não era apenas a minha primeira vez no estádio da universidade, era o primeiro estádio
que eu já tinha visitado. Mal conseguíamos encontrar o banheiro.
Apesar disso, descemos as escadas da arquibancada e circulamos entre os quiosques de
lanchonete.
“Com licença, como chego aos vestiários?” perguntei a um dos seguranças.
“É proibido para visitantes”, respondeu o homem robusto.
“Mas, meu amigo está ferido. Eu preciso vê-lo.”
“Proibido”, repetiu ele, olhando para outro lado.
Levamos quase uma hora para dar a volta no estádio e descobrir onde era a entrada para os
níveis inferiores. Chegamos a tempo de ver uma ambulância partir com as luzes piscando.
“Você acha que era o Cage?” perguntei a Lou.
“Eu imagino”, ele disse com simpatia.
“Eles provavelmente o levaram para o hospital mais próximo, certo?”
“Faz sentido.”
“Precisamos conseguir uma carona para o hospital.”
“Estou cuidando disso”, disse Lou, puxando o seu telefone e organizando a viagem.
Devido ao congestionamento ao redor do estádio e ao trânsito, levou uma hora para
chegarmos à sala de emergência. Eu já estava à beira da loucura de preocupação. Fomos deixados na
porta principal, eu entrei rapidamente com Lou me seguindo.
“Estou procurando o quarto de Cage Rucker. Ele acabou de chegar. Provavelmente estava
de uniforme de futebol”, disse à mulher robusta atrás do balcão.
“Eu o vi entrar. Acho que o levaram para fazer uma ressonância magnética.”
“Ótimo. Onde eu encontro isso?”
“Vai demorar um pouco até ele ser transferido para um quarto.”
“Então, onde eu espero por isso?”
A mulher estendeu a mão em direção aos assentos em frente ao balcão dela.
“Certo. Quando devo retornar?”
“Espere uma hora.”
Fiquei desapontado por tudo estar levando tanto tempo, mas sabia que era inevitável. A
coisa mais importante era que Cage estava sendo atendido. Eu estava disposto a esperar aqui a noite
toda, desde que isso estivesse acontecendo.
Eu não precisava disso para perceber o quanto me importava com ele. A dor que sentia ao
pensar no que Cage passou era insuportável. Tudo que eu queria era envolvê-lo em meus braços e
nunca mais soltá-lo.
Lou e eu nos sentamos e esperamos conforme me foi dito. Uma hora depois, retornamos
para perguntar. Cage tinha sido transferido para uma sala no terceiro andar. Ela não tinha certeza se
eu poderia vê-lo ainda, mas nos deixou subir e conferir.
Ao sair do elevador, vi alguns rostos familiares. No corredor, estavam Tasha e o pai de Cage.
Ambos se viraram e nos viram. Eu não sabia o que deveria fazer.
Continuei em direção a eles. À medida que me aproximava, o pai de Cage caminhou até
mim. Havia algo na expressão dele que me confundiu. Ele não se parecia com uma pessoa dominada
pela preocupação, como eu achava que estaria. Em vez disso, havia algo no olhar dele que fez meu
coração se apertar.
“Você é o amigo do Cage, certo? O preparador?” Ele disse com os olhos fixos em mim.
“Sim, senhor,” respondi, sentindo um arrepio na espinha.
“Venha aqui”, ele disse, fazendo um sinal para que eu me afastasse de Lou.
Engoli em seco, não gostando do rumo que as coisas estavam tomando. O homem ruivo e
robusto era aterrorizante. E quando finalmente me aproximei dele, ele colocou os braços em volta
do meu ombro, apertou como se fosse uma morsa, e me empurrou para uma sala vazia.
Antes que eu pudesse perceber o que estava acontecendo, o corpulento homem tinha me
imobilizado contra a parede. Ele estava me controlando. Eu não conseguia me soltar. Com seu
hálito quente e carregado de álcool invadindo meu ouvido, ele disse:
“Eu sei o que você é. Eu posso dizer. Se você contatar o meu garoto novamente…” O pai
de Cage fez uma pausa, tirou algo do cinto dele, e cravou sua ponta afiada na minha barriga. “… eu
vou abrir sua barriga como se fosse uma porca. Você está me ouvindo? Se você entrar em contato
com ele, se você mandar mensagem pra ele, se você chamá-lo de alguma forma, eu vou matar você,
depois vou matar o seu namorado lá fora. Depois vou achar sua família e matá-los também. Você
está entendendo o que eu estou dizendo?”
Eu estava em choque. Não conseguia me mover. Quando eu não respondi, ele empurrou a
lâmina ainda mais fundo na minha barriga. Eu senti a lâmina entrando em mim.
“Eu entendo”, respondi aterrorizado.
“Bom. Não quero ver a sua cara novamente. Vá embora daqui”, ordenou antes de me soltar.
Assim que seu aperto afrouxou, escapei de sua presa e do quarto.
“O que?” Lou perguntou, vendo-me aproximar dele com terror nos olhos.
“Vamos embora!” Exigi, agarrando seu braço e arrastando-o para o elevador.
“O que você está fazendo? Acabamos de chegar.”
“Vamos embora!” Insisti, sem ousar olhar para trás.
Assim que as portas do elevador se abriram, eu entrei. Lou me seguiu, confuso. Apertei
continuamente o botão do lobby até que as portas se fechassem. Ainda sem me sentir seguro, me
encostei na parede vendo os números dos andares diminuir.
“Quin, você está sangrando”, Lou disse, captando minha atenção.
Ele estava apontando para uma mancha vermelha crescendo na minha camisa onde o pai de
Cage tinha me esfaqueado. Não doeu até eu levantar minha camisa e ver.
“Não é nada. Eu estou bem.”
“O que ele fez com você?” Lou perguntou horrorizado.
“Ele não fez nada. Vamos apenas embora.”
“Quin?”
“Só vamos embora!” Eu gritei.
Lou não falou mais nada.
Não consegui sair do hospital rápido o suficiente. De volta ao nosso quarto na república,
tranquei a porta atrás de nós e deixei Lou na sala para ir para meu quarto.
“Quin, você está bem?”
Não respondi. Ao invés disso, tranquei a porta do meu quarto e me sentei no canto mais
distante.
Eu iria dar ao pai de Cage o que ele queria. Eu nunca iria contatar Cage novamente. Se ele
me buscasse, eu não retornaria sua mensagem.
Eu não duvidava que ele me mataria. O olhar nos olhos dele me dizia que ele era capaz de
matar todos ao meu redor. O pai de Cage era louco. Eu poderia estar me apaixonando por Cage,
mas eu estaria disposto a morrer para estar com ele?
Capítulo 10
Cage
“A boa notícia, Sr. Rucker, é que você é jovem. Com tempo para se curar e reabilitar, você
poderá jogar futebol novamente”, disse o médico em um tom calmante.
“Isso é bom”, disse meu pai, mais feliz do que eu.
“A má notícia é que o tempo de recuperação será longo. Você certamente está fora da
temporada.”
“Este é o último ano dele. Ele não teria mais tempo antes de um draft para se provar. Não,
ele tem que voltar antes do final desta temporada. Não importa o que você tenha que fazer.”
“Curar não funciona assim”, o médico tentou explicar ao meu pai. “Isso leva tempo. Ele não
poderia voltar antes do final da temporada mesmo que quisesse.”
“Ele pode jogar. Ele vai apenas sentir um pouco de dor, certo? Meu garoto já jogou com dor
antes. Ele é resistente.”
O médico olhou para meu pai com compaixão.
“Entendo a sua paixão pela carreira do seu filho. Mas, se ele jogar antes de estar pronto, sua
volta será curta e ele poderá causar danos que não só ameaçarão suas perspectivas a longo prazo,
mas poderão prejudicar sua mobilidade pelo resto da vida.”
“Não me importo. Conserte-o. Coloque-o naquele campo.”
“Pai!”
“Você precisa chegar àquele draft. Eu sacrifiquei demais para você não conseguir agora.”
“Ele está falando de eu não poder andar”, esclareci.
“Eu sabia que você deveria ter entrado no draft no ano passado”, ele disse me olhando com
ódio. “Eu te disse. Você não escutou. Agora, olhe para você. Manco. Inútil. Um grande saco de
nada.”
“Senhor Rucker, gostaria de lembrar que seu filho deverá ser capaz de jogar futebol
novamente. Ele pode ter uma recuperação completa.”
“E quem irá se importar?” Meu pai retrucou.
O médico estava experimentando um pouco do que eu vinha lidando a vida inteira. Ver o
horror no rosto do médico de alguma forma me confortou. Me mostrou que eu estava justificado
em odiar meu pai nos momentos em que o fiz.
“Não se preocupe, meu garoto. Você sara rápido. Sempre foi assim. Você jogará antes do
final da temporada. Confie em mim.”
“Não vou”, disse sem me dar conta.
“Você vai sim.”
“Estou lhe dizendo que não vou. Eu não me importo se não houver dor. Não me importa se
eu puder dançar por horas. Eu não vou jogar novamente esse ano. Talvez nunca mais jogue.”
“Você vai jogar de novo”, meu pai insistiu.
“Você já me perguntou se eu queria jogar futebol?”
“Não importa porque você é bom nisso.”
“Importa, Pai. Importa o que eu penso disso.”
“Eu vi você lançando esses passes hoje. Nenhum quarterback sai do pocket para correr com
a bola para um touchdown se não amam o que fazem.”
“Bem, acho que você está errado, porque tem uma parte de mim que está aliviada por saber
que nunca mais terei que jogar novamente.”
“Você vai jogar de novo. Eu garanto isso”, disse meu pai, com seus olhos se estreitando em
mim.
“Não, pai. Eu não vou”, disse, assumindo uma posição firme pela primeira vez na vida.
“Acabou. Você me forçou a isso minha vida toda, mas você ouviu o médico. Acabou.”
“Esse homem não sabe quem você é. Eu sei.”
“Você não sabe, Pai. Nunca soube. Não vou fazer isso de novo. Acabou.”
Depois de vinte e dois anos, eu não tinha certeza do que me dera a coragem para dizer isso a
ele. Talvez tenha sido conhecer Quin e perceber que eu podia ter uma vida fora do futebol. Antes
dele, todos os meus amigos e as pessoas com quem namorei estavam lá por Cage Rucker, a estrela
do futebol e prospecto da NFL. Quin era o cara mais atencioso e maravilhoso que eu já havia
conhecido e ele não se importava nem um pouco com quem eu era. Além disso, ele era famoso o
suficiente para ambos nós.
Por mais dolorosa que fosse, talvez minha lesão fosse uma bênção. Era a minha escapatória.
O médico foi muito claro. Minha temporada acabou. O treinador e meus colegas de equipe
entenderiam isso. E embora seja assunto das mídias esportivas por algum tempo, eles rapidamente
se esquecerão de mim.
Depois disso, eu poderia ter a liberdade para fazer o que realmente quero fazer. Ainda não
tinha certeza do que era. Mas eu tinha certeza de que incluiria Quin.
Meu pai deixou meu quarto no hospital sem dizer mais uma palavra. Era óbvio que ele
estava indo embora para se embriagar. Ele voltaria, porém. Eu conhecia meu pai. Ele não desistiria
do seu pato dos ovos de ouro tão facilmente. Eu poderia ter tomado minha decisão sobre isso, mas
o que eu queria nunca importou para ele. Ele não desistiria de conseguir o que queria.
“Lamento por isso,” disse o médico compreensivo.
“Acidentes acontecem,” eu disse a ele, escondendo o alívio que sentia por minha carreira no
futebol poder finalmente acabar.
“Eu me referia ao seu pai.”
“Ah. Sim,” eu finalmente disse, anestesiado para o seu constante coração partido.
“Obrigado.”
“Você tem alguma outra pergunta?”
“Sim. Alguém mais veio me ver? Talvez houvesse um cara, altura de 1,75m, cabelo escuro e
desgrenhado, bonito que só ele?”
“Posso checar. Mas suas visitas não foram restritas. Então, se ele veio, você o teria visto.”
“Tudo bem. Obrigado,” eu disse desapontado.
Eu entendi, no entanto. Sim, algo estava se desenvolvendo entre nós. Mas ainda não
estávamos no nível de ‘correr para a cama do hospital um do outro’.
Não havia dúvida de que eu queria vê-lo. Ele era a única pessoa que eu me importava que
viesse. Todos os outros eram ótimos e eu os apreciava por isso. Mas olhando em seus lindos olhos
sempre alegrava meu dia. Fazer isso agora me faria sentir que tudo iria ficar bem.
Quando o jogo acabou, houve um desfile sem fim de companheiros de equipe e treinadores
entrando e saindo do meu quarto. Todos me olhavam como se eu estivesse morrendo. Era óbvio
que eu estava fora da temporada. Eles poderiam descobrir o que isso faria com minhas perspectivas
para a NFL.
Eu fingi como se estivesse devastado. Mas cada vez que alguém batia na minha porta, eu
tinha que esconder minha empolgação de que seria Quin e começaríamos nossa nova vida juntos.
Depois de não receber notícias do Quin no primeiro dia, eu estava certo de que receberia no
dia seguinte. Eu não recebi. Na verdade, não recebi notícias de muitas das pessoas que pensei que
receberia. Eu sabia que parte da razão era que as férias de inverno haviam começado e a maioria da
escola tinha ido para casa.
Dan não podia pagar para voar para casa nas férias de inverno, então ele visitou algumas
vezes. Tasha que cresceu uma hora de distância também fez o mesmo. Meu pai nunca voltou depois
daquele primeiro dia. E, confusamente, Quin nunca apareceu.
Tentei não me sentir desolado. Ele era um bom cara. Se ele não veio me visitar, deveria
haver um bom motivo.
Por mais que eu tentasse, não conseguia descobrir o que era. O melhor que eu pude chegar a
uma conclusão, foi que ele havia reservado um voo para casa imediatamente após o jogo. Se esse
fosse o caso, ele não teria tempo. Mas, por que ele não teria ao menos me mandado uma mensagem?
Quando percebi que ele não ia, decidi mandar uma mensagem para ele.
‘Não te prometi um jogo de arrepiar?’ Eu escrevi
Fiquei olhando para meu telefone esperando uma resposta. Um dia se passou e nada veio.
Eu estava prestes a mandar outra mensagem quando Tasha chegou para me levar pra casa.
Eu teria pedido ao meu pai para fazer isso, mas ele também não estava respondendo minhas
mensagens. Eu não queria pensar no que isso poderia significar. Ele não poderia estar tão irritado
comigo, poderia?
Ele teve que ter ouvido o que o médico disse. Se eu tentasse voltar esta temporada, poderia
causar danos permanentes. Se não fosse por isso, eu provavelmente teria jogado na NFL por dez
anos, não porque eu queria, mas porque ele queria.
Eu era um bom filho. Isso tinha que ser suficiente. Como isso poderia não ser suficiente para
ele?
“Você está pronto?” Perguntou Tasha, em um tom sombrio.
Senti como se algo estivesse acontecendo com ela.
“Sim. Obrigado por estar fazendo isso. Não sei o que está acontecendo com meu pai.”
“Claro,” ela disse pegando minha bolsa enquanto eu me ajeitava nas minhas muletas.
A viagem de volta para minha casa foi longa e silenciosa. Eu não tinha certeza do que
deveria dizer a ela. Jogar futebol estava no coração do sonho que nos uniu. Ela não estava no meu
quarto quando contei ao meu pai o que eu tinha. Mas ela sabia que minha temporada havia acabado.
E ela era inteligente o suficiente para adivinhar que significava que minha entrada fácil para a NFL
tinha ido embora.
O que nos restava? Eu precisava por um fim ao nosso relacionamento. Eu não podia fazer
isso agora porque ela estava em meio a me fazer um favor. Mas eu teria que fazer isso, quer ouvisse
ou não de Quin novamente.
Ao chegarmos na minha garagem, a caminhonete do meu pai não estava lá. Senti uma azia
no estômago. Disfarcei dizendo a mim mesmo que ele estava em um bar se embriagando.
Estava prestes a sair do carro quando Tasha me parou.
“Podemos conversar?”
“Certo. O que houve?”
“Acho que é meio ruim fazer isso agora, mas enfim. Acho que devemos terminar.”
Eu não sabia se estava mais aliviado ou preocupado. Certamente, nosso namoro estava para
acabar e ela dizer isso significava que eu não precisava falar. Mas, com tudo em minha vida
mudando e Quin desaparecido, eu esperava que pudéssemos esperar ao menos mais alguns dias para
ter essa conversa.
“Eu concordo,” eu disse a ela.
“Você concorda?” Ela perguntou como se tivesse dito isso como um teste.
“Claro. Você estava comigo porque queria ser a esposa de um jogador de futebol. Você não
se importava comigo. Se importava, não agiu como se importasse.”
“Você acha que eu não me importava com você?”
“Se você tivesse que escolher entre mim e Vi, quem escolheria?”
“Vi é minha melhor amiga.”
“Exatamente. Sinto que deveria ter sido seu melhor amigo. Ou melhor, deixe-me reformular
isso. Sinto que a pessoa com quem vou passar o resto da minha vida deveria ser meu melhor amigo.
E eu deveria ser o deles. Você tem seu melhor amigo e não sou eu.”
“Então, você está me culpando por isso?”
“Não estou culpando ninguém. Existiam provavelmente coisas que eu poderia ter feito para
ser um namorado melhor.”
“Sim, existiam. Tantas coisas!”
“Isso é justo. E eu não sei o quanto fazer essas coisas teria feito diferença. Acho que você
simplesmente encontrou alguém que ama mais do que a mim, e… eu encontrei alguém que amo
mais do que você.”
“Você está interessado em outra pessoa?”
“Sim, eu estou. Mas, assim como você.”
“Você acha que eu quero namorar a Vi?”
“Acredito que você esteja apaixonada por ela. E estou feliz por você. Eu penso que vocês
dois podem ser realmente felizes juntos.”
“Você está dizendo que sou lésbica? Vá se danar, Cage!” ela disse, recusando-se a aceitar a
ideia.
Me movi para sair e então parei.
“Olha. Sei o quão difícil é escapar da caixa em que colocamos nossas vidas. Quando somos
crianças, pensamos que sabemos o que queremos e continuamos buscando isso, mesmo quando
percebemos que não é. Mas há uma libertação quando você não permite que os sonhos dos outros
te definam… mesmo quando a outra pessoa não te responde,” disse eu, com seriedade.
“Adeus, Cage,” disse Tasha, sem me dar espaço.
“Adeus, Tasha. Obrigado pela carona,” eu disse, jogando minha bolsa no ombro e saindo de
muletas.
Tasha não esperou eu chegar à porta para sair. Eu não a culpo. Provavelmente ela não estava
pronta para aceitar o que sentia por sua melhor amiga, e eu a forcei a encarar isso. Se a situação fosse
invertida e ela estivesse dizendo isso sobre o Quin, eu provavelmente ficaria chateado também.
Mas, não resta dúvida que ela estava apaixonada pela Vi. Eu não havia percebido isso até dar
voz aos meus pensamentos, mas tudo fazia perfeito sentido.
A garota estava praticamente desolada quando eu disse que não queria ter um ménage com
ela. Eu não sabia se ela era lésbica, ou bissexual, mas Tasha tinha sentimentos não resolvidos e ela
precisava terminar conosco tanto quanto eu.
O único problema era que a pessoa por quem eu estava apaixonado talvez não sentisse o
mesmo por mim. Tinha se passado dias desde o jogo e Quin sumiu. Por quê? Eu não entendia. O
que havia mudado?
A única coisa que me ocorria era que ele não era mais meu tutor. Seria isso? Tudo o que eu
achava que estava acontecendo entre nós estava apenas na minha cabeça? Será que eu era apenas um
filhote abandonado para ele, e assim que ele encontrou um lar para mim, estava pronto para desistir?
Eu não queria pensar sobre isso agora. Eu tinha assuntos mais urgentes para resolver, como
como iria me acertar com meu pai. Ele obviamente estava muito chateado. O homem não havia se
preocupado com seu único filho enquanto eu estava no hospital. Eu teria ficado chateado se não
tivesse me acostumado. O padrão para ele era tão baixo que tudo que ele tinha que fazer era voltar
para casa, e isso seria suficiente.
Equilibrando-me em meu pé bom, peguei minhas chaves e entrei. O que encontrei me
surpreendeu. Eu estava esperando encontrar o lugar todo bagunçado. Não estava. Parecia até mais
limpo do que da última vez que vi. Isso era estranho porque meu pai não limpava nada há anos.
Atravessando a cozinha até a sala de estar, percebi que o lugar não havia sido limpo. As
coisas estavam faltando. As garrafas de bebida que ficavam na mesa de vidro ao lado do sofá se
foram. Assim como a caneca de café do meu pai e seu copo favorito.
Um temor tomou conta de mim lentamente conforme percebi o que estava acontecendo.
Largando minha bolsa, rapidamente fui até o quarto do meu pai. Há muito tempo ele instalou uma
fechadura na porta. Ele se certificava de trancá-la sempre que saía. Eu não sabia o que ele guardava
lá dentro e não queria saber. Mas, quando girei a maçaneta desta vez, ela abriu.
O quarto estava uma bagunça. Havia papéis e decorações de casa por toda parte. O que ele
estava fazendo com todas essas coisas? E por que manter decorações de casa em seu quarto?
Fazendo meu caminho através da tralha, naveguei até o que eu realmente queria ver.
“Está vazio,” eu disse olhando para o armário. “Todas as roupas dele sumiram.”
Rapidamente, virei-me para a cama dele. Parte da razão para ele ter colocado uma fechadura
na porta foi perceber que eu tinha encontrado seu esconderijo debaixo dela. Era uma caixa de metal
sob pranchas soltas de madeira. Dentro, ele tinha mais dinheiro do que um homem desempregado
deveria ter. E em cima do dinheiro estava uma arma.
Jogando minhas muletas de lado, caí no chão e fiz meu caminho passando por cima da tralha
para debaixo de sua cama. Se o dinheiro e a arma dele haviam sumido, ele também havia ido
embora. Meu coração acelerou enquanto eu chegava mais perto. Seria isso? Ele teria feito o que
ameaçou fazer?
Puxando as pranchas, encontrei a caixa de metal. Lá estava ela. Eu não queria abri-la, mas
tive que fazer isso. Rezei a Deus para que tudo ainda estivesse lá. Porém, ao abrir a tampa, não
estava. A arma e o dinheiro se foram. A única coisa que restou foi uma identidade com a foto do
meu pai nela.
Ele me deixou. Ele realmente tinha ido embora. Arrastei-me para fora debaixo de sua cama e
peguei meu telefone. Meu primeiro pensamento foi ligar para Quin. Eu queria desesperadamente
falar com ele. Eu precisava falar com ele.
“Não sei por que não recebi notícias suas, mas gostaria de conversar”, enviei uma mensagem
esperando, além da esperança, receber uma resposta.
Não recebi. Nem naquele dia, nem no próximo. Estava sozinho no mundo. Não tinha
ninguém, não tinha nada.
A dor da perda me dominou, me jogando na escuridão. Dias antes, eu tinha tudo e alguém
que amava. Eu tinha perdido tudo e agora mal conseguia manter a sanidade.
Provavelmente teria mergulhado na desesperança para sempre se não fosse por uma coisa, a
fome. Eu não tinha dinheiro para comprar nada, então tive que comer o que tinha nos armários. Isso
durou uma semana e meia antes de acabar.
Por sorte, o semestre de primavera estava prestes a começar. Eu não poderia perder minha
bolsa de estudos no meio do ano letivo, mesmo com uma lesão. E junto com minha bolsa vieram as
refeições subsidiadas.
Eu ficaria bem, desde que frequentasse as aulas e encontrasse um emprego. Ambas as coisas
significavam que eu precisaria me reengajar na vida. Eu não estava pronto para isso, mas a minha
disposição não importava. Tratava-se de sobrevivência.
“Dan, você poderia me dar uma carona? Preciso voltar ao campus para pegar minha
caminhonete”, eu disse ligando para ele em vez de mandar mensagem.
“Claro, cara. Tudo o que você precisar. Só me avisa.”
Foi bom ouvir a voz de outra pessoa. Eu estava ficando louco vivendo sozinho no meio do
mato. Eu tinha hesitado em fazer isso, mas conversar com o Dan me lembrou que eu ainda tinha
amigos.
“Você já se matriculou nas aulas?” Ele perguntou durante a longa viagem para o campus.
“Ainda não.”
“Você precisa fazer isso.”
“Eu sei. Me lembrou, você sabe de algum emprego do campus que eu poderia conseguir?
Estou meio sem dinheiro.”
“Claro. Tem uma vaga onde eu trabalho. Posso te conseguir um emprego lá sem problema.
E você nem precisa ficar de pé para fazer.”
Por mais hesitante que eu estivesse em ligar para o Dan, eu saí do seu carro com um novo
ânimo para a vida. Ao passar para a minha caminhonete, eu me lembrei de como fui sortudo por ter
quebrado a perna esquerda em vez da direita. Dirigir não seria divertido, mas era possível.
Do estacionamento do estádio, segui o Dan até o centro de atividades do estudante. Lá
encontramos com o chefe dele. Havia uma vaga para um trabalho atrás da recepção, como Dan
havia dito. Como era fã de futebol, o gerente me deu o emprego na hora.
“Quando você gostaria de começar?” Ele perguntou.
“Será que amanhã é muito cedo?”
“Não. Será perfeito.”
“Quando começarei a receber? Vou precisar de dinheiro para gasolina para chegar até aqui.”
“Vou apressar o primeiro pagamento. Depois será a cada duas semanas.”
“Muito obrigado!” Disse, aliviado. “Você não sabe o quanto isso significa para mim.”
No dia seguinte, eu estava lá para o treinamento e o trabalho era ainda mais fácil do que Dan
havia dito. Tudo que eu tinha que fazer era observar enquanto as pessoas passavam seus crachás
pelo scanner e então comparar a imagem em meu monitor com a pessoa que entrava. Era um
trabalho monótono, mas não sei onde estaria sem ele.
Com nem todos de volta das férias ainda, quase ninguém vinha. Mas quando o semestre
começava, era outra história. As aulas também começavam para mim. Eu tinha me inscrito para mais
aulas de educação. Era tarde demais para mudar minha formação de esportes para educação, mas
cumprir as exigências abriria mais algumas portas.
Entrando nas salas de aula pela primeira vez, eu sempre olhava ao redor à procura de Quin.
Ele havia feito uma aula de educação infantil, ele poderia ter feito outra. Se fez, não foi nenhuma
que eu tinha me inscrito. E com um campus de 30.000 estudantes, as chances eram muito pequenas
de eu vê-lo.
Ele queria me ver novamente? Tive que supor que não. Se ele quisesse, teria respondido a
qualquer uma das inúmeras mensagens que eu lhe tinha enviado. Era difícil para mim acreditar que
tinha acabado assim. Quin foi uma das poucas pessoas que eu pensei que não se importariam se eu
não pudesse jogar futebol. Mesmo assim, ele desapareceu no mesmo momento que todos os outros.
Fazendo tudo que podia para tirá-lo da minha mente, me concentrei na aula. Mas cada vez
que eu o fazia, eu me lembrava de que era Quin quem tinha me ajudado a reformular a maneira
como eu tirava notas e estudava. Eu me lembrava de como ele estava entusiasmado e de como isso
me fazia rir. Depois, eu acabava me perdendo numa sequência interminável de coisas sobre ele de
que sentia falta. A única coisa que me trazia de volta à realidade era a fome ou o bip do scanner no
trabalho.
Perdido em pensamentos sobre Quin, dessa vez foi um bip que me tirou deles. Lembrando
onde eu estava, olhei para o monitor fazendo o meu trabalho. A imagem que surgiu era de alguém
chamado Louis Armoury. Fazia-me pensar no amigo do Quin, o Lou.
Sem ter tempo de olhar, logo aparece um segundo nome, Quinton Toro. Meu coração
parou. Meu rosto ficou queimando e rapidamente levantei os olhos.
Era ele. Eu não conseguia respirar. Ele e Lou estavam a três metros de mim e nenhum dos
dois estava olhando para o meu lado.
Eu congelei, sem saber o que fazer. Ele não tinha morrido ou desistido da escola. Lá estava
ele. Mesmo que tivesse perdido o seu celular, ele poderia ter encontrado um meio de me contatar.
Eu tinha sofrido um acidente. Era sua responsabilidade como amigo entrar em contato.
Devo falar com ele agora?
Enquanto passavam, Lou parecia seu habitual eu energético. Quando falava, seus braços
pulavam selvagemente. Quin, por outro lado, parecia que carregava o peso do mundo em seus
ombros. Ele parecia angustiantemente triste. Meu peito se contraiu sentindo sua dor. Por que meu
Quin estava tão triste?
“Quin!” Eu disse, incapaz de me conter.
Ambos os caras se viraram e olharam para mim. Quin tinha uma expressão de choque que se
derreteu em alegria que rapidamente se dissolveu em angústia e então finalmente pânico. Ele recuou
como se tivesse visto um fantasma e depois correu. O que estava acontecendo com ele?
“Fique longe dele!” Lou me disse como se eu tivesse arruinado sua vida.
Eu estava em choque. O que eu deveria dizer a isso?
“Espera! Eu não entendo. O que eu fiz?”
“Só fique longe”, disse Lou antes de se retirar pelo corredor e entrar na instalação.
Eu sentei atordoado e perplexo. O que eu poderia ter feito que provocaria aquela reação de
Quin? Ele estava traumatizado por me ver quebrar a perna? Isso era ridículo, mas era a única coisa
que eu conseguia pensar.
Com tudo o que aconteceu entre nós, eu sabia que não podia deixar as coisas terminarem
com ele fugindo de mim assim. Eu pelo menos precisava de uma explicação. Se eu tinha feito algo,
precisava saber o que era.
Deixando a recepção desatendida, eu peguei minhas muletas e corri atrás deles. O corredor
dava para uma sala multiuso. Havia um bar de sucos à direita, uma área com pesos no meio, uma
parede de escalada à esquerda. Eu não podia me ausentar muito tempo da recepção, então escolhi
uma direção e dei um tiro.
Caminhando em direção à parede de escalada, meu olhar saltava para todos na área. Achei
que tinha escolhido mal até que vi meu cara sentado no colchonet com o rosto nas mãos e Lou o
consolando. Eu precisava saber o que estava perturbando tanto Quin. Eu precisava salvá-lo disso.
“Quin!”
Quin olhou para cima em pânico, prestes a fugir.
“Por favor não vá. Eu não posso me mover tão rápido e não posso ficar tanto tempo. Mas,
eu preciso saber. O que eu fiz? Por que você me odeia tanto?
“Eu pensei que tínhamos uma boa coisa. Mas então eu me machuquei e você desapareceu.
Agora você está fugindo de mim como se estivesse apavorado por sua vida?
“Nada disso faz sentido. Você costumava ser a única coisa na minha vida que fazia sentido.
Me ajude a entender o que mudou. Você me deve isso. Por favor!”
Tanto Quin quanto Lou me olharam como se eu tivesse três cabeças. Por que ninguém
estava dizendo nada?
“É por causa do seu pai”, cuspiu Quin.
Eu me sobressaltei chocado. De todas as coisas que ele poderia ter dito, essa seria a última
coisa que eu teria imaginado.
“O que tem meu pai?”
Quin não respondeu.
“Ele ameaçou esfolar Quin como um porco se ele entrasse em contato com você de novo.
Ele disse que mataria Quin, depois ele me mataria, e depois ele iria atrás da família de Quin.”
As palavras me atingiram como um soco na cara. Tive que me forçar a falar.
“Ele o quê? Quando?”
“No hospital,” disse Quin, se recompondo e se levantando.
“Você veio ao hospital. Eu não pensei que tinha vindo.”
“Claro que eu vim.”
Lou adicionou, “Esperamos na sala de espera por duas horas para te ver.”
“Então, o que aconteceu?” Eu disse olhando entre os dois.
“Seu pai me puxou para uma sala, enfiou o que eu acho que era uma faca de caça na minha
barriga, e disse que sabia o que eu era.”
“Eu não posso acreditar nisso!” Eu disse, com minha mente girando.
“Você não pode contar a ele que falamos com você. Ele disse que, se descobrisse, nos
mataria,” explicou Quin.
“Meu pai se foi.”
Quin me olhou confuso: “O que você quer dizer com ‘se foi’?”
“Eu quero dizer, quando eu voltei do hospital, todas as coisas dele tinham sumido. Ele havia
ameaçado me deixar por anos. Ele finalmente fez isso. Eu não acho que ele vai voltar. Eu não acho
que você tenha que se preocupar com ele mais.”
“Cage!” Uma voz chamou por trás de mim.
Eu me virei. Era meu chefe.
“Você não pode deixar a recepção desatendida.”
“Desculpe. Estou indo.”
Eu voltei meu olhar para Quin.
“Eu não sei o que dizer sobre o que aconteceu com você, com vocês dois. Tudo o que posso
dizer é que sinto muito. Nunca quis colocar vocês nessa situação. Se você não quiser nunca mais
falar comigo, eu entendo. Mas, eu gostaria que sim. Talvez nós poderíamos apenas nos encontrar e
conversar?”
“Cage!”
“Estou indo! Por favor, Quin. Por favor,” eu disse, não querendo deixar seus olhos suaves e
vulneráveis, mas sabendo que tinha que fazer isso.
Capítulo 11
Quin
“Você sabe que se for falar com ele e o pai dele descobrir, está colocando todos que você
conhece em risco, certo? Incluindo eu,” perguntou Lou.
Lou estava certo e essa era a razão pela qual eu nunca respondi a nenhuma das mensagens de
Cage. Eu queria. Quando apareciam no meu telefone, me destroçavam. Eu queria estar com ele. Eu
queria cuidar dele e relaxar em seus braços. Mas eu não podia.
O pai de Cage enfiou uma faca no meu estômago em um hospital. Ele rompeu a pele. Ainda
estava sangrando quando eu cheguei em casa. Eu não duvidava que ele seria capaz de empurrar um
pouco mais e me cortar. E mesmo que eu estivesse disposto a arriscar minha vida para estar com
Cage, eu não estava disposto a arriscar a vida de Lou ou dos meus pais.
“Ele disse que pai dele tinha ido embora,” lembrei Lou.
“Mas, o que isso significa? Foi embora para o fim de semana? Foi embora para uma viagem?
Ele voltará em uma semana ou um mês?”
“Se você não quiser que eu fale com ele, eu não falarei. Não vou colocar você em perigo. Me
diga para não fazer isso e nós sairemos pela porta dos fundos agora mesmo.”
Eu tentei não parecer desesperado para ganhar sua aprovação, mas não conseguia evitar.
Tudo em mim implorava que ele dissesse que estava tudo bem. Eu precisava falar com Cage. A dor
de estar longe dele me impediu de comer e dormir. Lou sugeriu que viesse ao centro de atividades
porque tudo que eu tinha forças para fazer era deitar na cama e ele estava preocupado comigo.
“Querido, você não pode deixar de vê-lo por minha causa. Você sabe que eu não posso fazer
isso com você”.
“Que tal isso? Eu poderia falar com ele e descobrir se o pai dele realmente se foi. Se eu tiver
a impressão de que ele pode voltar a qualquer momento, ou se ele vai voltar de qualquer maneira, eu
me afastarei. Nesse caso, não seria por sua causa. Seria porque eu não consigo confiar nele. E, se eu
não posso confiar nele, qual seria o ponto de estar com ele?”
Lou sorriu. “Bem, há um pouco mais em estar com alguém do que isso. Mas eu aprecio o
que você está dizendo.”
Ele fechou os olhos e suspirou com resignação.
“Confio em você, querido. Vá conversar com ele. Sei que você não colocaria a mim ou a
ninguém que se preocupa em perigo. E, para o que vale, acho que Cage não colocaria você nessa
situação também.”
“Certeza, Lou. Porque eu não preciso.”
Lou riu. “Você precisa. Não finja que não precisa. Vá. Eu vou ficar aqui escalando essa
parede sozinho.”
Lou olhou ao redor e viu um cara bonito, de pele morena, colocando sapatos de escalada.
“A não ser que eu consiga que essa delícia de homem me amarre.”
“Não seria, ‘amarre você’?”
“Você ouviu o que eu disse. Vá. Tenho um trabalho com corda para fazer.”
Observei Lou se aproximar do cara e puxar uma conversa. Logo depois, vi Lou se alongando
diante dele. O cara estava interessado.
Me surpreendia o quanto era fácil para Lou conversar com os caras. Ele não sabia se seriam
compreensivos ou não. Ele apenas fazia o que queria e de alguma forma sempre dava certo. Era
como se ele tivesse algum tipo de dispositivo que lhe dizia quais caras estavam abertos a estar com
outros caras. Era como um radar embutido ou algo assim.
Por mais inteligente que eu fosse, nunca conseguia entender o que os outros estavam
pensando. Era isso que tornava as festas tão desconfortáveis para mim. Se eu pudesse prever o
comportamento das pessoas, eu poderia relaxar.
Mas, para mim, as pessoas eram uma série de eventos aleatórios. Raramente faziam o que
diziam querer fazer, tornando difícil para mim entender quando estavam brincando. Por que não
podiam apenas dizer o que estavam pensando e fazer as coisas que diziam que queriam fazer?
Essa era uma das razões pelas quais eu gostava de estar perto de Cage. Sim, ele era o cara
mais bonito de todos. Mas, mais do que isso, ele era simples. Ele fazia o que dizia que ia fazer.
Cage compartilhava coisas sobre si mesmo que me diziam quem ele era. Ele era exatamente
o homem que se apresentava como tal. Ele era o tipo de cara com quem eu poderia desligar meu
cérebro e relaxar. Eu sempre me sentia seguro quando estava perto dele. Então, por que eu
questionaria se ele me manteria seguro agora?
Percebendo que não havia motivo, virei para o corredor da recepção e voltei em direção a
Cage. Assim que ele entrou em meu campo de visão, nossos olhos se encontraram. Ele me fez
derreter. As faíscas estavam de volta.
“Você veio”, disse Cage, demonstrando quanto queria que eu estivesse aqui.
“Antes de você dizer qualquer coisa, preciso saber com certeza. Seu pai vai voltar?”
Cage abriu a boca para falar e então baixou a cabeça.
“Eu não sei.”
“Eu pensei que você disse que ele se foi?”
“Eu disse. E, ele foi. Mas, ele é meu pai. Não quero que seja.”
“Você sabe para onde ele foi?”
“Não. Eu não sei para onde ele vai quando sai de nossa casa. Aprendi cedo que não deveria
perguntar. Eu sei que há um bar onde ele bebe. Mas além disso…” Cage deu de ombros.
“Então, como eu saberia que ele não apareceria um dia, nos veria juntos e então ficaria
furioso comigo?”
“O quê?”
“Apocalypse Now?”
Cage me olhou confuso. “Você está invocando o apocalipse?”
Eu não ri, mas queria. “Não. É um filme que assisti com meus pais. Não era apropriado para
a minha idade.”
“Ok. Para responder sua pergunta, eu não sei. Mas, acho que sei por que ele ameaçou você.”
“Por quê?”
“Ele pensou que você atrapalharia meu caminho para me tornar um jogador de futebol
rico.”
“Como eu interferiria nisso?”
“Acho que ele viu o quanto eu gostava de você. Acho que ele pensou que os times da NFL
não iriam me escolher se eu estivesse com um homem.”
“Ah. Isso é verdade?” Eu perguntei, lembrando de como o mundo dos esportes tratou meu
tio depois que descobriram que ele estava em um relacionamento com um homem.
Meu tio foi o MVP de vários Super Bowls. Ele transformou isso em um negócio bilionário.
Mas depois que as coisas com ele e sua família se tornaram públicas, meus pais me contaram que
tudo mudou.
“Pode ser verdade”, Cage admitiu. “Mas não importa mais porque” ele gesticulou em direção
à sua perna, “isso.”
Eu olhei para o gesso.
“Eu nunca tive a chance de dizer o quanto sinto muito pelo que aconteceu com você.”
“Tudo bem. Eu não estou tão triste quanto a isso. Quero dizer, estou triste que você não
teve a chance de me dizer. Mas eu não estou triste por ter me machucado.”
“Mas, eu ouvi que você está de fora da temporada e não pode entrar no draft. E seus
sonhos?”
“Eles nunca foram meus sonhos. Eu estava vivendo os sonhos de todos os outros por mim,
e a lesão me permitiu criar os meus próprios.”
“Sério? E quais são seus sonhos?”
Cage riu. “Ainda estou trabalhando nisso. Agora estou focado em descobrir como sobreviver
sem futebol, sem meu pai… e sem a Tasha.”
Uma dor aguda aflorou no meu peito ao ouvir o nome da namorada dele.
“O que aconteceu com a Tasha?”
“Nós terminamos.”
Senti outra pontada de dor, mas desta vez era a onda de esperança me submergindo.
“Eu sinto muito.”
“Não deveria. Já era mais do que hora. Acho que ela estava apaixonada pelo melhor amigo
dela.”
“Sério?”
“Sim. Demorei um pouco para perceber e ela ainda não aceitou, mas é verdade.”
“Nossa! Ok.”
“Há uma coisa sobre meu sonho que descobri, no entanto”, Cage disse com um sorriso.
“O quê?”
“Você. Porque, quando sonho, sonho com você.”
Fiquei paralisado olhando para ele. Fiquei sem palavras, mas meu corpo reagiu a suas
palavras, desejando mais.
“Me desculpe, exagerei”, ele disse, baixando o olhar.
“Não, foi na medida certa.”
Eu sabia que deveria ter dito mais, ou contado a ele o quanto ele também significava para
mim, mas não disse. Não sei porquê.
Cage olhou para o lado. “Há algo que preciso perguntar para você.”
“O que é?”
“Tem a ver com meu pai.”
“Ah. Tudo bem. Pergunte.”
“Sei que você disse que estava brincando – ou algo assim – depois que disse. Mas o que você
disse é verdade?”
“Sobre ele não ser seu pai biológico?”
“Sim”, ele disse, sem olhar para mim.
“Eu acredito que sim. Sempre há uma pequena chance de que seus genes tenham se formado
exatamente da maneira correta. Mas na maioria das vezes, a explicação mais simples é a correta.”
Cage olhou para mim com tristeza. “Então, se ele não é meu pai, quem é? E o que aconteceu
com minha mãe. Ela morreu quando eu nasci? Ou, ela ainda pode estar viva?”
Eu olhei para Cage sem saber como responder.
“Desculpe, não sei por que estou te perguntando isso.”
“Podemos descobrir.”
“Como?”
“Eu te disse que tem coisas que eu sei fazer. Eu poderia te ajudar a descobrir.”
“Sério?”
“Sim. Mas eu não posso fazer nada que coloque em perigo as pessoas que me importo.”
“Você está falando do meu pai, ou de quem quer que ele tenha sido?”
“Sim.”
“Eu vou te proteger. Eu vou te manter seguro. Não há como eu deixar ele ou qualquer outra
pessoa fazer algo com você”, ele disse, fazendo meu coração disparar.
“Eu acredito em você.”
“Por onde começamos?'”
“Na cena do crime.”
Por mais que eu quisesse estar perto dele, precisava de um tempo para processar tudo.
Então, em vez de continuar falando sobre isso em uma mesa em seu local de trabalho, marcamos
para eu encontrá-lo em sua casa no dia seguinte. Seria sábado e eu poderia ir mais cedo.
Ele terminou a conversa dizendo: “É um encontro”. Será que era mesmo um encontro? Ou
ele estava usando a expressão de forma coloquial? Eu queria que fosse um encontro. Eu queria que
cada momento que passasse com ele fosse um passo que nos aproximasse mais.
“Trouxe sorvete”, eu lhe disse quando cheguei ao seu lugar no dia seguinte.
“Você trouxe sorvete?”
“E algumas outras coisas. Leite, suco, algumas pizzas congeladas, algumas refeições
prontas… e sorvete.”
“Então, você trouxe compras?”
“Você disse que seu pai estava fora. Eu não sabia quem fazia as compras. E eu já estava no
supermercado…”
“Pegando sorvete…”
“É. Então, pensei por que não pegar algumas coisas. Você sempre pode simplesmente
colocá-las no seu freezer se não as quiser.”
Cage riu. “Obrigado. Você vai tornar realmente difícil para eu parar de sonhar com você.”
“Mas quem disse que eu quero que você pare?” Eu perguntei, sentindo minhas bochechas
corarem.
“Ponto válido”, ele disse, olhando para mim como se quisesse me beijar.
Eu não sabia o que fazer. Eu também queria beijá-lo. Mas, como um cara de muletas beija
um cara que está com duas sacolas de compras pesadas?
Em vez de me beijar como eu estava desesperado para que ele fizesse, ele me levou para
dentro.
“Eu coloco essas coisas no lugar”, Eu disse a ele, indo para a cozinha.
“Você chamou isto de cena do crime, então eu não arrumei. Eu queria, mas não quis mexer
em algo que o detetive Quin poderia precisar para desvendar o caso”, ele disse em tom de
brincadeira.
“Não. Isso foi bom.”
“Por onde começamos?”
“No começo. O que você sabe sobre sua mãe?”
“Nada.”
“Você tem uma foto dela ou o nome dela?” Eu perguntei, juntando-me a ele na sala de estar
antiquada.
“Não. Nada.”
“O que acha de uma certidão de nascimento?”
“Eu tenho uma dessas. Deixe-me pegar.”
Quando ele me encontrou na porta, estava usando apenas uma muleta. Mas dentro de casa,
ele a largou e se moveu aos tropeços.
Quando ele voltou para a sala com um pedaço de papel na mão, eu perguntei: “Como está
sua perna?”
“Melhor com você por perto”, ele disse com um sorriso.
“Não dói.”
“Não tanto. Acho que estou bem.”
Olhei para ele com desconfiança, mas deixei passar. Peguei o papel dele e olhei para ele.
“Isso é falso”, eu disse sem pensar.
“O quê?”
“Isso não é a sua certidão de nascimento. De onde você tirou isso?”
“Meu pai disse que pegou no hospital onde nasci. Por que você acha que é falso?”
“Quando se tem dois pais biológicos, o que consta na certidão de nascimento é uma questão.
Certidões de nascimento tornam-se algo a que se dá atenção. Nunca vi nenhuma que se pareça com
a sua.”
“A que você está se referindo?”
“Tudo. O nome da sua mãe é Jane Doe e o nome do seu pai é Joe Rucker?”
“Sim. Eles não sabiam o nome da minha mãe, então colocaram Jane Doe.”
“Eles não sabiam o nome da sua mãe, mas sabiam o do seu pai? Como isso funcionaria? Ele
estava presente no seu nascimento, mas não sabia o nome da sua mãe?”
“Eu nunca perguntei.”
“Você nunca perguntou?” Perguntei, cético.
“Meu pai não era fã de perguntas.”
Voltei meu olhar para a certidão.
“Diz aqui que o seu nome de nascimento é ‘Menino’.”
“Sim, meu pai disse que nunca se deu ao trabalho de me dar um nome,” Cage respondeu,
baixando a cabeça.
“Cage, você tem um nome.”
“Eu inventei Cage.”
“Não é isso que eu quero dizer. Eu quero dizer que alguém te deu um nome. Você tem um
nome. Assim como a sua mãe.”
“Claro que ela tinha um nome. Só não sei qual era.”
“Não é isso que eu quero dizer. Eu quero dizer que algo me diz que ela não está morta. Esta
certidão é falsa.”
“Se ela não está morta, quem ela é? Onde ela está? Como acabei aqui?” Cage perguntou
desesperado.
Pensei em suas perguntas e observei o quarto bagunçado cheio de móveis desgastados.
“O que o seu pai fazia para viver?”
“Eu não sei. Ele não era fã de perguntas.”
“Você nunca perguntou o que seu pai fazia todos os dias?”
“Estou achando que tivemos infâncias diferentes. O que meu pai fazia todos os dias era
beber. Acho que não era todo dia. Ele me ensinou muito sobre futebol. Pelo menos quando eu era
mais jovem. Mas, quando ele não estava desaparecido, ele geralmente fazia o que você viu ele
fazendo quando esteve aqui.”
Lembrei do homem ruivo e frio que vi me olhando por cima do ombro do sofá. A TV
estava ligada e havia algo nele que me dizia que ele estava bêbado.
“Sinto muito que você tenha que crescer assim,” eu disse, com o coração partido por Cage.
“É o que eu conhecia,” ele disse casualmente. “Sabe de uma coisa? Eu posso te mostrar
isso,” ele disse, me levando para a porta oposta ao seu quarto. “Eu também não toquei nesse
quarto.”
Entrei no espaço bagunçado onde objetos de valor da casa cercavam uma cama de casal.
Mais precisamente, estava cheio de coisas que pareciam que poderiam ter sido valiosas mas não
eram.
“Seu pai arrombava casas,” eu disse, assim que percebi.
Olhei para Cage, que novamente baixou a cabeça.
“Você sabia?” Perguntei surpreso.
“Eu suspeitava. É por isso que eu não perguntei. Quando criança, encontrei uma pilha de
dinheiro e uma arma. Algo me dizia que ele não tinha ganhado o dinheiro de forma legal.”
“Onde você encontrou isso?”
“Há uma caixa de metal escondida no chão, debaixo da cama.”
Liguei a lanterna do meu celular e engatinhei embaixo da cama.
“Está vazia. Eu chequei quando voltei do hospital. Foi assim que eu soube que ele não
voltaria.”
Havia muitas coisas debaixo da cama comigo. Principalmente era mais do que estava em
volta dela. Mas havia um caminho limpo que levava a tábuas de madeira curvadas. As removi,
pegando um punhado de poeira. Encontrei a caixa de metal e a abri. Não estava vazia. Havia uma
carteira de identidade nela?
“O que é isso?”
“Ah, certo. A identidade. Sim, eu vi isso. Eu não sei. Eu só imaginei que era um lugar onde
ele trabalhou quando era mais jovem.”
Eu olhei a foto. Ele parecia vinte anos mais jovem do que quando estava me esfaqueando
com a faca de caçador dele. Engatinhei de debaixo da cama e mostrei a Cage.
“Ele trabalhou em um hospital.”
“E daí?”
“É onde as pessoas geralmente têm bebês.”
“O que você está querendo dizer?”
“Estou dizendo que acho que sei qual é o hospital onde você nasceu.”
Capítulo 12
Cage
Meu coração afundou. Com menos de uma hora de investigação, Quin já havia descoberto
onde eu nasci. Eu não sabia o que pensar. Por um lado, minha pele formigava com a ideia do que
poderíamos descobrir se cavássemos mais fundo. Por outro, Quin disse que minha mãe ainda
poderia estar viva. E se ela estivesse?
“O que você acha que aconteceu? Como você acha que acabei vivendo aqui com…,” peguei
a identidade de Quin. “Com esse homem?”
“É possível que sua mãe tenha chegado ao hospital sem identificação e tenha morrido dando
à luz,” disse Quin.
“Mas, você não acredita nisso,” eu confirmei.
“Seu pai arrombava casas e roubava coisas de valor. Faria sentido que ele tivesse te roubado
também.”
“Por que ele faria isso?”
“Talvez ele te via como algo de valor? Eu não sei.”
“Mas, por que eu?”
“Pode ser que você fosse o único disponível, talvez. Talvez ele tenha visto algo em você e
sabia quem você se tornaria?”
“Você acha que ele viu que poderia me transformar na sua máquina de fazer dinheiro na
NFL?”
“Talvez.”
“Isso é ridículo. Eu era um bebê. Como ele poderia saber disso?”
“Talvez você não fosse um bebê quando ele te pegou. Talvez você fosse mais velho, mas
muito jovem para se lembrar de outra vida. Estou apenas especulando aqui,” admitiu Quin,
embaraçado.
“Então, como descobrimos a verdade?” Eu disse, incentivando-o a descobrir mais sobre
minha origem.
Quin pensou por um segundo e então se virou para mim com um brilho nos olhos.
“Há algumas coisas. A primeira é: precisamos verificar se alguma criança com a sua idade e
descrição já desapareceu.”
“Qual é a segunda coisa?”
“Precisamos encontrar aquele hospital,” disse Quin com uma intensidade que eu nunca tinha
visto nele expressar.
O homem que eu observava juntando as pistas era diferente do cara inseguro que eu levei à
festa na noite em que nos conhecemos, ou aquele que jogava futebol de bandeirinha com crianças de
dez anos. Ele era atraente antes, mas agora estava absurdamente gato. Deus, eu estava apaixonado
por ele. Se eu não achasse que isso o distrairia de desvendar os segredos do meu passado, eu o
beijaria intensamente.
Vê-lo focar em mim era um nível de afeto incrível, que me fazia sentir visto de uma maneira
que um passe de futebol nunca fez. Como eu poderia suportar deixá-lo ir? Eu nem sabia se seria
capaz de suportar vê-lo se afastar de mim, nem por uma noite. Eu estava completamente
apaixonado por esse cara e nunca mais queria me separar dele.
“Meu telefone não tem bom sinal aqui. Você tem um computador que eu possa usar?”
“Não.”
“Você não tem um computador?”
“Eu sempre usei o da escola. Universidade e colégio tinham laboratórios de informática.”
Quin olhou para mim surpreso.
“Meu pai preferia ficar fora do radar.”
“Considerando o que ele fez, entendo por que.”
“Você pode usar meu celular se precisar pesquisar alguma coisa. É lento, mas acessa a
internet.”
“Tá bom. Existem alguns bancos de dados de crianças desaparecidas que posso verificar.”
“Como você sabe sobre bancos de dados de crianças desaparecidas?” Perguntei um pouco
preocupado.
“Meus pais são ricos pra caramba e eu fui uma espécie de criação Frankenstein de última
geração. Quando você cresce sabendo disso, fica curioso para saber como é um banco de dados de
crianças desaparecidas,” ele disse com um sorriso dolorido.
“Jesus! Então, você passou a vida com medo de ser sequestrado.”
“E possivelmente assassinado. Sim. Tem muita gente que acredita que eu não deveria existir.
Eu sempre tive medo de que alguém descobrisse uma maneira de corrigir esse erro,” disse ele,
largando o sorriso.
“O erro de você ter nascido?”
“Sim.”
“Nossa! Sinto muito que você tenha crescido assim,” falei sentindo meu coração se partir
por ele.
“É tudo o que eu conhecia,” ele falou com familiaridade.
Percebendo que ele tinha repetido o que eu tinha dito de propósito, isso quebrou a tensão.
Eu ri.
“Bem, vamos ver se eu vivi o seu pesadelo,” eu disse entregando a ele meu telefone.
“Não o meu pesadelo inteiro.”
“Certo. Porque eu não fui assassinado.”
“Estava me referindo a aparecer na sala de aula e perceber que estou nu. Mas suponho que
isso também,” ele disse com um sorriso.
“Acho que é verdade o que dizem, o pesadelo de um homem é a fantasia de outro. Porque
você aparecer na sala de aula nu seria o começo de um dia muito bom para mim.”
Quin olhou para cima do meu celular e corou. Deus, como ele era adorável.
“Estou te distraindo. Me desculpe. Vou deixar você trabalhar. Vou esquentar uma das pizzas
para o almoço. Você está com fome?”
“Tem coisas que eu não me importaria de colocar na minha boca, mas não sei se é pizza,”
Quin se arrependeu imediatamente do que disse. “Desculpe-me, não sou muito bom em flertar.
Acho que gosto tanto de você que às vezes esqueço como usar as palavras.”
“Você acabou de dizer que gosta de mim?” Falei sentindo isso rodopiar por dentro de mim
como caramelo quente.
“Claro que eu gosto de você. Eu gostei de você desde o momento em que te vi na festa. Na
noite em que nos conhecemos, eu estava esperando que você fosse me levar para casa e fazer coisas
comigo. Mal pude respirar nas semanas em que estive longe de você. Eu…”
Então foi quando eu o beijei.
Seus lábios eram como um pessego suave pressionado contra os meus. Tensos no início,
lentamente relaxaram. Ao fazê-lo, eu deslizei minha mão para os cabelos dele, enfiando meus dedos
em seus cachos escuros. Sua cabeça caiu em minha mão.
Suavemente separando meus lábios, ele acompanhou. Inclinando minha cabeça, minha
língua entrou na boca dele em busca da sua. Elas se tocaram com uma faísca.
Curvando a ponta da minha língua convidando a dele, nossas línguas dançaram uma com a
outra. Formigamentos percorreram meu corpo ao segurá-lo. Meu pau ficou duro enquanto eu me
perdia.
Não sabendo se Quin desejava isso, eu alivia minha pegada prestes a me afastar. Foi quando
Quin deslizou as mãos pelo meu corpo e para as minhas costas. Ele puxou meu peito para ele,
removendo o espaço entre nós. Quando fez isso, meu pau duro pressionou nele.
O sangue subiu à minha cabeça e eu fiquei tonto. Eu queria estar com ele tão
desesperadamente que sofria por ele. E quando senti seu pau duro pressionar minha coxa, quase
perdi o controle.
Afastou meus lábios dos dele, mergulhando minha bochecha em seu cabelo bagunçado.
“Não pare,” ele sussurrou dificultando ainda mais para eu me afastar.
“Não deveria te distrair. Isso é importante para mim,” eu disse a ele, não certo se era mais
importante que beijá-lo.
Quin não respondeu, nem se moveu. Nós dois continuamos nos segurando com nossos paus
duros pressionados um contra o outro. Com ele em meus braços, eu me perguntei como seriam seus
lábios macios envolvendo meu pau. Eu estremeci só de pensar. Quin sentiu e o pau dele também
estremeceu em resposta.
Jesus, eu queria ele. Eu queria tudo sobre ele. Mas, eu queria que a primeira vez que
estivéssemos juntos fosse em algum lugar especial e significativo. Eu não queria que fosse uma
interrupção da pesquisa em registros de crianças sequestradas. E eu não queria que fosse no cenário
de um crime.
“Eu realmente me importo com você,” eu sussurrei, meus lábios bem acima do ouvido dele.
“Eu também me importo com você,” Quin me disse antes de lentamente soltar seu aperto.
Nosso desapego foi gradual e doloroso. Levou tudo em mim para descolar dele.
“Se sua mãe ainda estiver viva, vamos encontrá-la. Eu prometo,” ele me disse.
Eu acreditei nele. Se havia alguém no mundo que poderia descobrir, tinha que ser ele.
“Obrigado”, eu disse, lutando para desviar meus olhos dele. “Vou esquentar aquela pizza.”
“Obrigado. Vou voltar à busca.”
Nos dois ficamos quietos por um tempo depois disso. Fiquei quieto porque minha cabeça
estava a mil. Não sabia por que ele estava quieto. Mas de vez em quando ele olhava para mim e me
pegava o encarando. Eu não sabia por que não conseguia sustentar o olhar dele.
Eu me sentia um adolescente nervoso quando estava perto dele. O que ele estava fazendo
comigo? Seja lá o que fosse, eu não queria que ele parasse.
Coloquei a pizza fatiada na mesa onde ele estava focado no meu celular. Ao sentir o cheiro,
ele levantou o olhar.
“Você não está em nenhuma delas”, ele disse, desapontado.
“Como você pode ter certeza?”
“Não posso estar totalmente certo. Mas você tem uma característica distintiva que deveria
ter sido óbvia até mesmo quando bebê.”
“O que seria isso?”
“Suas covinhas”, disse Quin com um sorriso. “Talvez você não tivesse todas elas. Mas
covinhas no queixo são bastante consistentes ao longo da vida de uma pessoa.”
“Você sabe muito sobre covinhas”, eu disse, provocando-o.
“Eu tenho uma fraqueza”, ele respondeu.
“Covinhas?”
“Não. Você”, ele disse, fazendo minhas pernas tremerem.
“Acho que você não dá a si mesmo crédito suficiente pelas suas habilidades de flerte.”
“Acho que eu precisava da inspiração”, ele disse, dizendo exatamente a coisa certa para me
fazer querer beijá-lo novamente.
“E agora, o que fazemos?” Eu perguntei, aberto a qualquer possibilidade.
“Eu sugeriria que fôssemos ao hospital, mas há um problema.”
“Qual é o problema?”
“O hospital não existe.”
Eu olhei para ele confuso. “Então a identidade do meu pai é falsa?”
“Eu não acho que seja, porque o lugar costumava existir. Consigo encontrar registros dele
online. Só que não existe mais. Verifiquei mapas. Ele não aparece em nenhum deles.”
“Você consegue encontrar o endereço?”
“Sim.”
“Então devemos ir. Se nada mais, pelo menos verei onde nasci. Fica perto?”
“Uma hora e meia de distância, é perto?
Olhei para o relógio da cozinha. “Chegaríamos lá por volta das 4 da tarde.”
“Devemos ir se é isso que queremos. Vamos fazer isso?”
“Não há motivo para parar agora.”
“Você acha que há uma chance de encontrarmos seu pai no caminho?” Quin perguntou
hesitante.
“Honestamente, eu acho que nunca mais verei aquele homem novamente, seja quem for.”
“E como você se sente sobre isso?” Quin perguntou, me olhando intensamente. “Quero
dizer, sei que ele não era seu pai biológico. Mas ele ainda te criou.”
“Mas ele me roubou de alguém que teria me amado como ele não conseguiu… ou não
quis?”
Quin não respondeu.
“O que sei é que se for entre ele ou você, Quin, eu escolho você.”
Foi difícil me ouvir dizer isso. Quin estava certo. Ele ainda me criou. E até que ele
finalmente foi embora, meu maior pesadelo era que ele fosse embora.
Mas então ele fez isso e Quin confirmou todas as coisas sobre ele que eu suspeitava há muito
tempo. Eu não sabia quem era o homem que fingia ser meu pai, e ao deixar isso rondar minha
cabeça, eu tinha que me perguntar se ele algum dia me amou.
Por outro lado, eu não poderia ter certeza sobre como Quin se sentia por mim, mas estava
quase certo de que o amava. O que é mais, eu precisava dele. Quin era o homem sem o qual eu não
poderia viver, não aquele que me fazia sentir que eu não valia nada.
Terminando a pizza, nós dois entramos na minha caminhonete e partimos.
“Como você não sabe dirigir?” Eu perguntei, dando-lhe uma cutucada.
“Cresci em Manhattan. Quem precisa de carro lá?”
“Você não disse que passava seus verões nas Bahamas, numa ilha?”
“Sim. E se fosse um carrinho de golfe, eu seria o melhor. Mas, já que você provavelmente
quer sobreviver à viagem, você deve dirigir. Se você não se importa com isso, posso assumir.”
“Não, não. Sobreviver a uma viagem de carro é sempre algo que eu espero.”
“Lá está. Mas não diga que eu não ofereci”, disse ele, me olhando com um de seus adoráveis
sorrisos.
Durante a viagem de uma hora e meia, fiz muitas perguntas que não achava que podia fazer
antes.
“Você já teve um namorado?”
“Não. E você? “
“Não. Namorada?”
“Não. E você? Alguém antes de Tasha?”
“Algumas. Tinha uma garota com quem eu saía no primeiro ano. Não durou muito. Tive
alguns namoros no ensino médio, mas nenhum deles foi muito sério.”
“Você já esteve apaixonado antes?” Quin perguntou, puxando a artilharia pesada.
“Achei que estivesse apaixonado por Tasha. Quer dizer, poderíamos ter estado em algum
momento. É difícil dizer agora. Certamente tinha sentimentos por ela. Mas agora estou me
perguntando se o que sentia por ela qualifica.”
“Qualifica como amor?”
“Sim. Quer dizer, era definitivamente algo, só que não… Digamos que tive motivos para
repensar as coisas.”
“Entendi”, Quin disse, sem fazer mais perguntas.
“E você? Já esteve apaixonado?”
“Achei que estivesse.”
“Sério?” Perguntei surpreso.
“Ele era um verdadeiro príncipe.”
“Ele era um cara legal, huh?”
“Não. Quer dizer, ele era um príncipe de verdade. Não acho que ele me via da mesma
forma, no entanto. E ele era muito mais velho que eu.”
“Quanto mais velho?” Perguntei, não esperando ouvir isso.
“Não sei.”
“Não, me diga. Ele era tipo, dez anos mais velho ou algo assim?”
“Provavelmente mais perto de 15. Mas ele era um grande cara. Pensei que tínhamos muito
em comum.”
“Você pensou que tinha muito em comum com um príncipe?”
“Algumas coisas.”
Naquele momento, eu mudei de assunto. Se Quin acreditava que tinha muito em comum
com um príncipe da vida real, o que isso dizia sobre nós dois? Eu estava tão longe de ser um
príncipe quanto alguém poderia estar.
Cresci numa pequena cabana no meio do nada, criado por alguém que provavelmente me
sequestrou e agora mal conseguia ter dinheiro para comprar comida. Que chance nós dois tínhamos
de ficar juntos? Eu estava começando a achar que não era muita.
“Estamos chegando perto”, disse Quin, olhando as árvores enquanto passavam rapidamente
pela janela.
“Como você sabe? Essa é uma das suas superpotências?”
“Não. Os marcos quilométricos correspondem aos endereços.”
“Eu não sabia disso.”
“Nem todo estado faz isso e nem todos os lugares no estado são consistentes.”
“Não parece ter muito aqui”, eu disse, examinando a estrada vazia à frente, ladeada por
árvores.
“Está perto. Espere, vire ali”, Quin disse, apontando para um caminho através das árvores
que mal podia ser considerado uma estrada.
Virei para lá e não demorou muito até que uma instalação decrépita de dois andares veio à
vista. Era de um branco desbotado e parecia uma escola, com sua fachada alternando entre saliências
e reentrâncias. Muitas das janelas estavam fechadas com tábuas e grande parte delas estava pichada.
“Hospital do Condado de Falls”, disse Quin, lendo a placa acima da entrada principal. “Foi
aqui que ele trabalhou.”
“E, pode ser que eu tenha nascido aqui.”
“É uma possibilidade.”
“Então, por que estamos aqui, detetive?”
“Não sei. Achei que se estivéssemos frente a frente com o local, saberíamos o que fazer em
seguida.”
Quin e eu saímos do caminhão e ficamos olhando para o prédio.
“Você não acha que ainda há registros lá dentro, acha?” Eu perguntei.
“Não. Os registros médicos são informações sensíveis. Eles teriam sido os primeiros a serem
retirados.”
“Então não sei o que vamos encontrar aqui”, eu disse a ele.
“Nem eu. Mas, vamos supor que você nasceu aqui. As chances são de que este era o hospital
mais próximo da sua mãe, certo?”
“Ela pode ter estado viajando na época e simplesmente tropeçou neste lugar depois de entrar
em trabalho de parto. Talvez seja por isso que eles não sabiam o nome dela.”
“Isso é uma possibilidade. Mas a maioria das mulheres no final do terceiro trimestre não está
muito disposta a fazer longas viagens. Acho que o cenário mais provável é que este era o hospital
mais próximo de onde ela morava.”
“Certo. E o que isso significa?”
“Significa que ela veio de uma das comunidades ao redor.”
“Você viu o mapa. Não há nada aqui além de estradas longas e árvores.”
Quin olhou para mim. “Devíamos dar uma volta.”
“Certo”, eu disse, não querendo discordar dele.
Os olhos de Quin moveram-se rapidamente, como se seu cérebro estivesse em
superatividade. Voltamos para o caminhão e seguimos pelo estacionamento em direção à estrada
vazia.
“Qual caminho?” perguntei a ele.
“Vimos o que tinha naquele caminho na ida. Vamos seguir nesta estrada”, Quin disse,
completamente focado.
Até agora, eu não percebia o quanto era interessante assistir alguém pensar. Olhando para ele
o máximo que podia, via seus olhos examinarem cada árvore e cada curva na estrada em busca de
evidências. Esse era o meu cara fazendo isso. Eu sabia que não podia oficialmente reivindicá-lo
como meu cara, mas ainda assim, me excitava pensar nisso.
Ao nos aproximarmos de uma estrada à esquerda, ele olhou intensamente para ela.
“O que foi?”
“Para onde você acha que isso leva? Por que o condado colocaria isso aí? Não é grande o
suficiente para ser uma estrada de acesso à rodovia. Mas o condado teve que pagar por ela, o que
significa que alguém convenceu os membros do comitê de orçamento. Faça a curva”, ele decidiu.
Fiz o que me foi ordenado. Por um longo trecho, a nova estrada era idêntica àquela de que
havíamos desviado. A elevação estava aumentando, porém. Logo, ambos desejávamos ter trazido
nossos casacos.
Quando vimos neve no chão, soubemos que havíamos entrado nas Great Smoky Mountains.
“É lindo”, eu disse, maravilhado com a forma como o sol poente lançava sombras por trás
das árvores cobertas de neve que se estendiam como ondas na distância.
“O quê? Ah, sim”, disse Quin, ao perceber momentaneamente a floresta ao invés de apenas
as árvores.
“Você pode imaginar ver essa vista todos os dias? Quão incrível seria isso?” Eu disse,
pensando que estava falando para Quin, mas acabei falando para mim mesmo.
“Lá! Olha!”
“Bem-vindo a Snow Tip Falls? Fala sério, esse lugar está totalmente fora do mapa. Este lugar
está, literalmente, ausente do mapa. Você acha que ainda tem gente morando aqui?”
“Só há uma maneira de descobrir”, disse Quin com um sorriso.
Após mais meio quilômetro, nos aproximamos de algo que pareciam ser paredes
deterioradas de ambos os lados da estrada.
“Isso é um muro? Você acha que é propriedade particular?”
“Há uma chance de já ter sido. Mas se ainda é, estão fazendo um péssimo trabalho em
manter a segurança. Os muros só correm por uns dez metros.”
“Parece que eles costumavam ser mais longos.”
“Com a vegetação crescendo no entulho, não parece que alguém tentou repará-lo na última
década.”
“Você acha que devemos continuar?” Perguntei, questionando nossa decisão.
“Se eles não quisessem que nós estivéssemos aqui, por que colocariam uma placa de boas-
vindas?”
“Bom ponto”, eu disse, acelerando e rapidamente vendo nossos primeiros prédios.
Realmente era uma cidade funcional. E havia mais sinais de vida do que eu poderia ter
imaginado. Embora a cidade fosse escassa, havia um posto de gasolina, um restaurante e o que
parecia ser uma mercearia de propriedade familiar.
“O que fazemos?” Perguntei ao detetive que examinava a cidade tão intensamente quanto
tudo o mais.
“Vamos entrar e dizer oi?”
“Você quer ser social? Você? O cara que eu tive que forçar a ir a uma festa?” Eu disse, rindo.
“Algum lugar aqui podem estar as respostas para o seu passado. Não quero criar falsas
expectativas. Mas, sua mãe pode ter vivido aqui. É possível que ela ainda viva.”
Dor apertou meu peito ao ouvir as palavras de Quin. Ele estava certo. Se meu pai trabalhava
no hospital e esse era o hospital mais próximo, este pode ter sido o lugar onde ela morou. Meu
coração acelerou com a possibilidade.
“Para onde vamos?”
“Vamos ver se a loja geral tem jaquetas?”
Estacionei a caminhonete em frente ao aconchegante prédio de madeira e respirei fundo.
“Você está bem?” Quin perguntou, me observando encarar o prédio.
“É um pouco avassalador.”
“Não quero que você crie expectativas. Isso pode ser apenas outra cidade no meio do nada.”
“Certo. Ou, poderia ser aqui que descubro a coisa que me pergunto sobre toda minha vida.”
“Pode ser também. Mas, não podemos esperar que seja.”
“Você tem razão. Preciso me controlar. Ok, estou bem.”
Nós dois saímos do conforto da caminhonete aquecida e fomos atingidos pelo ar frio da
noite. Eu tinha um pouco de corpulência para me manter aquecido, mas podia ver o ar frio cortar
Quin como uma faca. Era apenas alguns metros até a porta, mas eu rapidamente envolvi meus
braços em volta dele para mantê-lo aquecido. Foi a primeira vez que o segurei assim. Isso me
excitou imediatamente.
Entrando apressadamente na loja geral, não fui rápido em soltá-lo. Um sino tocou quando
entramos. Ainda segurando Quin, um homem gordo, de pele escura e com um rosto amigável se
aproximou.
“Posso ajudar vocês dois?” Ele perguntou de uma maneira que imediatamente me fez
questionar se era gay.
“Sim. Vocês vendem jaquetas?” Eu disse me esquecendo que Quin ainda estava em meus
braços e que havia algo de incomum nisso.
“Nós vendemos algumas. Estão bem aqui,” ele disse nos levando ao lado mais distante da
pequena loja. “Vocês dois estão aqui para ver as cachoeiras?”
“As cachoeiras?” Quin perguntou enquanto segurava minha cintura, não me deixando soltá-
lo.
“Sim. Existem algumas cachoeiras a alguns quilômetros de distância. São de tirar o fôlego
nesta época do ano.”
“Aposto que são,” eu respondi. “Quin, isso parece incrível.”
“Vocês deveriam verificar. Infelizmente, está escurecendo, então provavelmente não iriam
querer ir hoje à noite.”
“Realmente parece incrível. Mas estamos apenas de passagem. E temos uma longa viagem de
volta.” Quin disse como se tivesse um plano.
“Passem a noite. Há uma pousada aqui perto.”
“Talvez façamos isso. Mas, nós estamos realmente curiosos sobre a história da cidade. Há
quanto tempo este lugar existe?” Quin perguntou casualmente.
“A cidade? Desde os anos 1920. Começou como um centro para distribuição de
moonshine.”
“Sério?” Perguntei intrigado.
“Sim, é tudo muito interessante. Mas quem poderia contar mais sobre isso é a Sonya. Ela é
quem administra a pousada. É uma espécie de historiadora não oficial da cidade. Meu marido
também sabe bastante, mas Sonya é quem gosta de falar sobre isso. Tom pode ser um pouco
ranzinza às vezes. Vocês dois são casados?”
Foi só então que soltei Quin. Não sei por que fiz isso. Não era como se a ideia de casamento
me assustasse. E, não era como se eu não considerasse passar minha vida com Quin. Acho que ainda
não estava preparado para ser perguntado algo assim, considerando que Quin e eu ainda estávamos
apenas descobrindo as coisas.
“Não,” me apressei em responder para que Quin não tivesse que fazer isso. “Apenas
amigos.”
“Bons amigos,” Quin acrescentou, fazendo-me sentir um arrepio.
“Como vocês dois se conheceram?”
“Nós frequentamos a Universidade do Leste do Tennessee. Ele era um tutor brilhante. Eu
era o jogador idiota,” eu disse com uma risada.
“Sim, meu Tom é o brilhante entre nós. Ele é médico. Acho importante encontrar alguém
acima de sua liga,” ele disse piscando para mim.
Ri. “Bom, Quin aqui certamente está acima da minha liga.”
“Isso não é verdade,” Quin objetou. “Você está acima da minha liga. O principal
quarterback?”
“Não mais.” Eu disse ao nosso novo amigo apontando para o meu gesso.
“Oh!” Ele disse olhando para isso. “Acho que também temos algumas muletas por aqui em
algum lugar. Se você precisar usar, eu as trarei para você. Você pode apenas devolvê-las antes de ir.”
“Nossa! Obrigado. Acho que está começando a doer um pouco.”
“Vou pegá-las,” ele disse, indo rapidamente para o fundo da loja.
“Ele é tão simpático,” eu disse para Quin.
“Realmente é. Você acha que devemos ficar por aqui?”
“Pensei que você estava dizendo que devíamos voltar.”
“Só estava vendo quais informações ele daria voluntariamente. Ele está claramente tentando
nos fazer ficar.”
“Não é legal que ele pensou que estávamos juntos e ainda assim foi tão simpático?”
Perguntei.
“Eu também notei isso. Não esperava me sentir tão bem-vindo no Tennessee.”
“Cuidado aí. Há muitas pessoas acolhedoras no Tennessee. Você me conheceu no
Tennessee.”
“Você sabe o que eu quis dizer. O leste do Tennessee não é exatamente a cidade de Nova
York.”
“Quer dizer que o whiskey é muito melhor?”
“Sim, era exatamente isso o que eu queria dizer.”
Olhei para Quin surpreso. “Isso é sarcasmo que detecto?”
Quin olhou para mim como se eu o tivesse pego fazendo algo errado.
“Não. O sarcasmo funciona com você. Dá um toque de rebeldia,” eu disse com um sorriso.
“Então, você gosta de garotos rebeldes?”
“Gosto de você do jeito que você é,” eu disse a ele, realmente falando sério.
Quin olhou nos meus olhos, derretendo meu coração.
“Desculpe pela demora. Demorei um pouco para encontrá-las lá no fundo,” o homem disse
voltando para nós.
“Sem problemas,” eu disse, tirando os olhos do cara que poderia olhar por horas.
“Vamos levar estas jaquetas,” Quin disse entregando-as ao nosso amigo.
“Ah! Eu não acho que posso…”
Quin me interrompeu. “Eu cuido disso.”
“Tem certeza?”
“Claro. Não se preocupe com isso. Talvez você possa pensar em alguma maneira de me
recompensar,” disse ele com um sorriso.
“Talvez,” respondi.
Sim, ele estava se tornando bom em flertar. Tive que colocar minhas mãos nos bolsos para
esconder o quanto ele estava ficando bom nisso.
“Desculpe, qual o seu nome?” Quin perguntou enquanto se aproximava do caixa.
“Glen.”
“Glen, da loja de conveniência. Entendi.”
“E vocês são…?” Glen perguntou.
“Eu sou o Quin e este é o Cage.”
“Prazer em conhecê-los.”
“Acreditamos realmente que Cage tem família por essas bandas.”
“Sério? Em qual área?”
“Não temos certeza,” respondeu Quin.
“É um ótimo lugar para se viver,” disse Glen com um sorriso.
“Existe algum Ruckers que vive na cidade?”
“Ruckers? Que eu saiba, não. Esse é um sobrenome de casado?”
“É o sobrenome do pai dele. Seu pai adotivo. Acreditamos que Cage nasceu no Hospital do
Condado de Fall.”
“Ah, sim. Esse lugar fechou uns dez anos atrás. Uma pena. Tom agora é o único médico em
cinquenta milhas.”
“Nossa! Não consigo imaginar isso,” disse Quin sinceramente.
“De fato, mantém ele ocupado. Então, querem indicações para o B&B?”
Quin olhou para mim como se ainda estivesse pensando nisso. Eu sabia que não dependia
de mim. Eu não poderia pagar mesmo se quisesse.
“Claro, por que não,” disse Quin com um sorriso.
“Ótimo. O lugar é administrado por Sonya. Ela gosta de ser chamada de ‘Dr. Sonya’,
provavelmente porque Tom detesta isso. “Ela não é médica,” ele diz. Sempre digo a ele, você não
precisa ser um médico para ser chamado de doutor. Mas ele é só um ranzinza,” disse Glen com um
sorriso.
Vestindo nossos casacos, voltamos para a caminhonete nos sentindo realmente bem a
respeito da cidade. Glen causou uma ótima primeira impressão.
O B&B era a meio quilômetro dali. Era fácil imaginar que a caminhada até a cidade seria
uma experiência relaxante. Agora estava escuro, mas mesmo nas sombras, o lugar parecia um postal.
O B&B tinha que ser o destaque. Era uma fazenda reformada e aparentava ser caro. Havia
uma grande varanda circundando o exterior marrom, coberta de telhado de ardósia, e uma pequena
escada que levava até ela.
Em frente à porta principal estava uma mulher pequena, em seus 60 anos, que não usava
casaco. Devia estar congelando enquanto se abraçava para se aquecer.
“Sejam bem-vindos!” Disse a mulher com um sorriso cativante.
“Olá,” eu disse esperando Quin e colocando meu braço ao redor dele enquanto nos
aproximávamos. Se as pessoas fossem nos confundir com um casal e Quin fosse entrar no jogo, eu
iria aproveitar da situação.
“Glen me disse que vocês viriam. Entrem, entrem. Está frio aqui fora.”
Ao entrar, o interior não decepcionou. Era simples, mas limpo e muito bem arrumado. Os
pisos do corredor e as paredes da entrada eram de pinheiro escuro. Os móveis da sala eram beges
com estampas florais e pareciam confortáveis. E as pequenas mesas espalhadas pela sala eram de
madeira escura e elegantes.
“Não podemos nos dar ao luxo de ficar aqui,” murmurei para Quin antes de me lembrar que
ele passava o verão em uma ilha particular. “Quero dizer, eu não posso me dar ao luxo de ficar
aqui.”
“Não se preocupe com isso,” disse Quin sinceramente. “Este é o lado bom de ter que me
preocupar em ser sequestrado todos os dias. Deixe-me compartilhar isso com você,” ele disse com
um sorriso.
Senti-me desconfortável vendo ele pagar pelo nosso quarto sem eu poder ajudar. Mas eu
sabia que as únicas alternativas seriam dirigir duas horas de volta ou dormir na minha caminhonete.
Eu não iria fazer Quin sofrer para satisfazer meu orgulho.
“Beleza,” disse eu, ciente de que os únicos problemas estavam na minha cabeça.
“Glen disse que vocês vieram para ver as cachoeiras,” disse a mulher energética com um sutil
sotaque jamaicano.
“Quin?” Falei, não tendo certeza do que ele diria.
“Na verdade estamos aqui fazendo uma pesquisa de família para o Cage.”
“Sério? Vocês têm família na área?” Ela disse focando seus olhos verdes em mim.
“Não sabemos. Estamos esperançosos, mas sua suposição é tão boa quanto a nossa.”
“Bem, você sabe que essa cidade costumava ser uma baía de piratas.”
“Piratas?” Perguntei.
“Nem tanto os que navegavam na água. Mais os que corriam na terra. Um homem começou
a cidade e então convidou seus amigos contrabandistas a se estabelecerem aqui para diminuir o custo
da distribuição. Foi um grande sucesso.”
“Sério? Uau!” eu disse fascinado.
“Vocês viram o muro na entrada?”
“Sim, vimos,” eu me adiantei.
“Costumava cercar toda a cidade. A escola era o antigo depósito e armazém de destilaria. A
loja de Glen era os escritórios financeiros. Podia pedir ao Titus para dar-lhes um passeio amanhã, se
quiserem.”
“Titus?” Quin perguntou.
“Ele tem mais ou menos a idade de vocês. É um ótimo moço. Vocês vão gostar dele.
Avisarei a ele.”
Foi então que alguém desceu as escadas. Ele tinha os cabelos escuros e brilhantes como a
Dra. Sonya e era magro. Ele parecia ter uns 17 anos, mas poderia ser mais novo. E ele não tinha
nem perto da energia vigorosa da Dra. Sonya.
“Mãe, sabe onde estão meus tênis? Não consigo encontrá-los,” disse ele, olhando fixamente
para nós dois.
“Se você deixasse no mesmo lugar quando tira, não teria que sair à procura deles a cada dois
dias,” disse Sonya com a exaustão de uma mãe.
“Mãe!” Ele disse, envergonhado.
“Eu te ajudo a procurar mais tarde. Por que você não prepara o quarto dois para os nossos
hóspedes. Desculpem, quais são os seus nomes?”
“Eu sou o Cage e esse é o Quin.”
“Vocês já me conhecem. E este é meu filho, Cali.”
“Oi”, ele disse com um sorriso tímido. O garoto nos encarava fascinado. Não acho que ele
tenha sido indelicado. No entanto, considerando que eu era novo em mostrar afeto por outro cara,
isso me deixou constrangido.
“Cali? Agora”, disse a mãe dele, mandando-o voltar para o andar de cima.
Sonya revirou os olhos como se dissesse: “Crianças”.
“Todo mundo é tão simpático aqui”, eu disse a ela, finalmente soltando Quin.
“É uma cidade muito acolhedora. E vocês dois vão se sentir muito à vontade aqui. Glen e
Tom são o nosso casal gay residente, mas não pensem que são os únicos. Eu costumava lecionar na
escola. Acredite, eu sei”, disse ela com um sorriso.
“Você mora aqui há muito tempo?” Quin perguntou de novo, virando o detetive.
“Mudei-me para cá três anos antes do Cali nascer. Fiquei fascinada pela história.
“Então, uns 20 anos?”
“Neste Junho”, disse Sonya com um sorriso. “O tempo voa, não é?”
“Você não saberia de nenhuma mãe que tenha morrido durante o parto ou de nenhum bebê
que tenha desaparecido uns 21 ou 22 anos atrás, saberia?”
“Ah, não, nada disso. Isso foi antes que eu chegasse, mas é uma cidade pequena. Fofoca
persiste. Não ouvi nada desse tipo, no entanto. É isso que vocês dois estão pesquisando?”
“É uma teoria de trabalho”, disse Quin, de maneira clínica.
“Uma teoria de trabalho? Então, essa é uma investigação que vocês estão tentando resolver”,
disse Sonya entusiasmada.
“Esperamos que sim”, Quin acrescentou.
“Que emocionante! Essa não é o tipo de coisa que você sai perguntando às pessoas, mas vou
ver o que consigo descobrir”.
“Você faria isso? Seria maravilhoso. Acreditamos que ela tenha dado à luz no Hospital do
Condado de Falls.”
“Vou ficar de olho”, disse ela, encantada.
“Está pronto”, Cali disse, reaparecendo no alto da escada.
“Cali vai mostrar a vocês o quarto. Não sei se vocês já comeram, mas o restaurante ao lado
do lugar do Glen fica aberto até as 21h.”
“Obrigado. Vamos dar uma olhada”, eu disse a ela, me sentindo muito em casa.
Ao me aproximar do pé da escada, parei.
“Acabei de perceber que esqueci as muletas no caminhão.”
“Quer que eu vá buscar?” Quin ofereceu-se.
“Acho que estou bem”, eu disse, estendendo uma mão para Quin enquanto agarrava o
corrimão com a outra.
Cali esperou por nós no topo das escadas. Assim que chegamos lá, ele perguntou,
“De onde vocês são?”
“Universidade de East Tennessee”, eu disse a ele.
“Estava pensando em me candidatar.”
“Você deveria. Você é do segundo ano? Terceiro?”
“Segundo”, ele disse, olhando para trás por cima do ombro.
“É uma boa escola”, eu disse a ele, tentando chacoalhar seu olhar que estava preso em nós.
“Esse é o quarto?”
“Sim. Se precisarem de alguma coisa, me avisem”, disse ele, sem jeito.
“Acho que Titus vai nos dar um passeio amanhã”, eu disse a ele.
“Ah”, disse ele imediatamente, parecendo decepcionado.
“Tem alguma coisa em particular que devemos ver?”
“As cataratas são legais”, ele disse, sorrindo de novo.
“Vamos dar uma olhada.”
Cali não foi embora.
“Enfim. Obrigado por nos mostrar nosso quarto.”
“Sim. Estou no corredor se precisarem de alguma coisa.”
“Entendi”, eu disse com um sorriso.
Quando ele saiu, entramos e fechamos a porta atrás de nós.
“Acho que alguém está encantado”, eu disse para Quin que me olhou divertido.
“Sim, ele não conseguia parar de olhar para você”.
“Ciúmes?”
“Devo ficar?” Quin perguntou com um sorriso.
“Você nunca precisa se preocupar se eu quero estar com alguém que não seja você”, eu disse
a ele.
Quin sorriu.
“Além disso, eu quis dizer, acho que ele estava focado em você”.
“O quê?” Perguntou Quin, pego de surpresa.
“Você não viu isso? Ele estava olhando para mim porque toda vez que ele olhava para você,
ele ficava vermelho”.
“Sério?”
“Quin, como você não viu? Você é a pessoa mais observadora que eu já conheci.”
“Acho que não percebo esse tipo de coisa”, ele disse, como se estivesse se dando conta disso
pela primeira vez.
“Então, o que acha? É possível que minha mãe fosse daqui?”
“Não posso dizer ainda. É possível.”
Caindo em silêncio, ambos voltamos nossa atenção para a única cama queen-size.
“Todos continuam pensando que somos um casal”, eu disse, quebrando o constrangimento.
“Nós somos um casal?”
Eu encarei Quin. “Você quer ser?”
“Eu te disse o que sinto por você”, disse Quin, envergonhado.
“E fui eu quem te beijou”, lembrei a ele.
“Então, somos?” Ele perguntou novamente.
“Eu quero ser.”
Não acrescentei que queria ser para o resto de nossas vidas.
“Eu também quero ser.”
Eu sorri ouvindo suas palavras.
“Então, acho que somos.”
“Acho que somos”, disse Quin, me dando um sorriso que me fez sentir fantástico. “O que
vamos fazer?”
“Talvez devamos comer algo? Já faz um tempo desde aquela pizza.”
“Certo. E então, o que vamos fazer depois disso?” Quin perguntou com um leve rubor.
“O que você quer fazer depois?”
“Não sei. O que você quiser fazer”, disse Quin, me deixando excitado novamente.
Eu sabia o que queria fazer. Só não tinha certeza se ele estava pronto para isso.
“Vamos improvisar”, eu disse a ele, sentindo-me embriagado de emoção.
“Ok”, ele disse agora corando.
Saindo do nosso quarto, rumamos para o caminhão e dirigimos até o restaurante. Eu estava
tremendo, muito excitado pelo que nós poderíamos fazer quando voltássemos.
Estacionando na frente, observamos através das grandes janelas enquanto nos
aproximávamos. Era como qualquer outro em uma cidade pequena. O lugar estava envelhecido,
porém limpo. A decoração insinuava que estava lá desde a década de sessenta. E não havia outros
clientes dentro.
“Sente-se onde quiser. Estarei aí em um segundo”, um homem robusto gritou da cozinha
quando entramos.
“Acho que podemos sentar em qualquer lugar”, repeti pegando a mão de Quin e levando-o a
um dos estandes contra a parede perpendicular às janelas.
“Nunca perguntei, você come de tudo? Parece algo que um namorado deveria saber”, eu
disse, adorando o timbre de voz.
“Tento comer saudável, mas enchi seu congelador de pizzas congeladas e sorvete. E, grande
parte disso foi realmente pra mim. Então…”
Ri. “Entendi.”
Quin estava com os braços relaxados na mesa à nossa frente enquanto se inclinava em minha
direção. Eu me inclinei para frente, envolvendo suas mãos com as minhas. Eu amava segurar suas
mãos macias. Eram um Ponto bem menores que as minhas.
Minha mente se iluminou ao pensar em outras partes dele que eu poderia segurar mais tarde.
Estava prestes a dizer o que estava pensando quando o homem corpulento da cozinha apareceu à
nossa frente e nos entregou os cardápios. Soltei as mãos de Quin e peguei a folha de papel laminado
dele.
“Não temos mais nada além do frango frito, hambúrgueres e sanduíches. Talvez estejamos
sem presunto fatiado, mas teria que verificar”, ele disse, esperando por perguntas.
“Bem, eu sei o que quero se você souber. Estou faminto.”
“Hambúrguer e batatas fritas, por favor”, disse Quin, devolvendo o menu ao homem
corpulento de barba por fazer.
“O mesmo”, eu disse, devolvendo o menu e volto ao que estava dizendo. “Então, já fez algo
com um cara antes?” Eu perguntei sentindo minha ereção pulsar.
“Nada”, respondeu Quin, radiante.
“Nada mesmo?”
“Não. Você está desapontado?”
“Por que eu estaria desapontado?”
“Eu não sei. Talvez as coisas fossem mais fáceis se eu tivesse.”
“Bem, eu também não fiz nada com um cara, se isso te faz sentir melhor.”
“Não sei se faz.”
“Já pensei nisso, no entanto. E pensei em fazer isso com você.”
“No que você pensou?”
Peguei suas mãos novamente.
“Deixe me ver. Já pensei em beijar você”.
“Também já pensei nisso”, ele disse com um sorriso.
“Pensei em lentamente tirar sua roupa e beijar você… lá”, eu disse sugestivamente.
“Onde?”
“Você sabe onde. Já pensei em deslizar minha mão pelo seu corpo e apertá-lo”, disse
inclinando-me. “Pensei em te levar na minha boca. Pensei em correr a língua ao longo da borda do
seu pau e ver se conseguia fazê-lo se contorcer.”
“Eu também”.
Continuei encarando os olhos de Quin. Não queria nunca mais olhar para outro lugar.
Quando não pude resistir a ele, inclinei-me ainda mais por cima da mesa e o beijei. Nossos lábios se
demoraram um no outro, causando um calafrio na minha espinha. O beijo continuou até o som de
alguém grunhindo em desgosto estragou o clima.
Ao ouvi-lo, voltei ao meu assento, incerto de como me sentir. Continuava olhando para o
Quin, com ele sabendo o que eu estava pensando antes que eu dissesse qualquer coisa.
“Esquece isso”, Quin implorou. “Você sabe que nenhum lugar pode ser perfeito.”
Claro, eu sabia que Quin estava certo. Mas eu não gostei dele ter que lidar com isso. E
enquanto eu estivesse com ele, ninguém jamais desrespeitaria Quin ou nosso relacionamento.
Devagar, comecei a vasculhar o salão para ver quem havia feito esse som. Nosso garçom
estava de volta à cozinha fazendo nossos hambúrgueres. Provavelmente não teríamos conseguido
ouvi-lo sobre a fritura, se fosse ele. E a única outra pessoa no lugar era um jovem vestido como um
garçom.
Eu olhei para o garçom me perguntando quanto tempo levaria para eu dar uma surra nele. O
menino não devia ter mais de 20 anos e claramente tinha uma arrogância na sua postura. Seus
cabelos loiros despenteados destacavam seu maxilar incrivelmente quadrado. Seus recursos angulares
falavam de quão magro e musculoso ele era. E, mais do que tudo, parecia que ele estava procurando
uma briga. Parece que ele achou uma.
“Você tem algum problema com algo”, eu disse fazendo ele levantar a cabeça e olhar para
mim.
“O quê?” Ele disse, usando isso como desculpa para trazer a bandeja um pouco mais perto.
“Eu disse, você tem algum problema com algo?” repeti, saindo do estande e mostrando para
quem ele estava falando.
Em qualquer comparação, eu era um cara grande. Os únicos caras maiores eram os de 300
libras que se atiravam em mim no campo. Este menino não devia pesar mais do que 170
completamente encharcado. No entanto, ele continuou vindo como se tivesse algo a provar.
“Sim, eu tenho um problema com algo. Eu tenho um problema com vocês dois. Você vai
fazer algo a respeito disso?”
“Cage, não.”
“É, Cage, não”, ele zombou fazendo o meu sangue ferver. “Vocês dois aparecem aqui
pensando que podem fazer o que quiserem? Essa não é o tipo de cidade. Não aceitamos o tipo de
vocês aqui.”
Era isso. Eu só precisava ouvi-lo dizer isso e iria fazer do dia dele o pior de sua vida.
“E que tipo somos?” perguntei lentamente, pronto para atacar.
“Que tipo? Os …”
“Nero!” O cozinheiro gritou, interrompendo-o. “Venha aqui!”
O cara se calou, mas não desviou o olhar.
“Eu disse para você vir aqui. Agora!”
Eu estava pronto para acabar com ele. Mas ao invés de dar esse passo final, ele olhou para o
chão e seguiu para a cozinha. Continuei em pé enquanto observava.
“O que está fazendo falando com meus clientes dessa maneira? Eu disse, o que está fazendo
falando com as pessoas dessa maneira? Fale!”
“Eu não sei”, ele disse, evitando os olhos do cozinheiro.
“Você não sabe, hein? Então, saia daqui e não volte até descobrir. Vá! E vou descontar um
dia de pagamento pelo que você disse.”
“Eu não disse nada!” O cara implorou.
“Você disse o suficiente. Agora saia antes que eu mude de ideia e o demita em vez disso.”
O cara deslizou para fora do restaurante, encarando-me quando saiu. Eu estava disposto a
terminar minha refeição com Quin e encontrá-lo lá fora, se ele fosse esperar. Mas ele não esperou.
Não demorou muito para que ele desaparecesse na escuridão da noite.
“Peço desculpas por isso. O garoto, ele tem alguns problemas. A mãe dele é muito
complicada. Eu só o mantenho por perto por causa dela.
“Mas deixe-me assegurar a vocês que acolhemos todos os tipos aqui em Snow Tip Falls. Na
verdade, sabe de uma coisa, seus jantares são por conta da casa. Sinto muito por isso de novo.
Sério,” disse o cozinheiro, antes de voltar sua atenção para as nossas refeições.
Acalmando-me, voltei ao nosso recanto e encontrei os olhos de Quin.
“Você já passou por algo assim antes?” Perguntei a ele, sabendo que eu nunca tinha passado.
“Não exatamente assim. Mas, nunca demora muito para alguém me lembrar que eu não sou
como todo mundo.”
“Você está querendo dizer que você é mais atraente? É essa a diferença de que você está
falando?” Perguntei com um sorriso, tentando salvar o clima.
“Não. Mas eu imagino que este deve ser um problema diário para você,” ele disse, sorrindo
para mim.
Eu ri. “Talvez. Mas a única pessoa que eu me importo que pense isso é você,” eu disse a ele,
sendo sincero.
“Eu acho,” ele disse, permitindo que sua alma se acomodasse em meus olhos.
“Bom,” eu disse a ele, quase incapaz de tirar meus olhos dele.
Não demorou muito para que o cozinheiro trouxesse nossa comida e pedisse desculpas
novamente. O hambúrguer estava excelente. Com o jantar resolvido, tudo em que eu conseguia
pensar era o que faríamos a seguir.
“Tenham uma boa noite, agora. Espero vê-los novamente,” o cozinheiro disse quando nos
levantamos para ir.
“O que você está fazendo?” Eu sussurrei quando Quin pegou uma nota de vinte de sua
carteira e a deixou na mesa. “Ele disse que os hambúrgueres eram por conta da casa.”
“Eu sei, mas nós éramos os únicos clientes lá. Foi uma noite fraca para ele. Tudo bem, Cage.
Vamos embora,” ele disse, deixando o dinheiro na mesa e me levando para fora.
De volta ao caminhão, voltei-me para ele.
“Você realmente é um ótimo cara, não é?”
Quin me deu um sorriso adoravelmente tímido e eu imediatamente comecei a pensar em
todas as coisas que eu faria com ele. Eu não podia voltar para a pousada rápido o suficiente.
Felizmente, a cidade não tinha semáforos nem placas de parada. E quando saímos do caminhão e
estávamos atrás da porta fechada do nosso quarto, eu olhei para o cara deslumbrantemente bonito
na minha frente e finalmente me deixei levar.
Olhando em seus olhos, eu corri para ele. Com uma fúria borbulhante, envolvi meus braços
nele, agarrando a parte de trás da sua cabeça. Ao encontrar seus lábios, eu me senti tonto. Eu queria
beijá-lo para sempre e quando ele entreabriu os lábios e nossas línguas dançaram, meu corpo
fervilhou, precisando dele.
Rapidamente o livrando de sua camisa, meus lábios voltaram a encontrar seu lóbulo da
orelha. Com minha língua traçando as ondulações em sua orelha, ele gemeu. Quando entrei tocando
a parte externa do seu canal, ele riu.
Novamente mordiscando seu lóbulo da orelha, lambi a cavidade onde seu queixo encontrava
seu pescoço. Eu queria ter todo ele. Beijando sua pele alva, eu tive isso. Eu queria conhecer cada
canto dele. E, parando em sua clavícula saliente, usei minha virilha para envolvê-lo em meus braços
e levá-lo para a cama.
Adorei segurá-lo. Isso era como eu iria carregá-lo sobre o limiar quando o tempo chegasse.
Eu nunca mais quis ficar longe dele. Então, quando o coloquei no centro da cama, subi nele. Com
minhas coxas se apoiando em suas pernas, ele levantou e puxou minha camisa.
“Nossa!” Quin gemeu olhando para cima, para mim.
Sua apreciação do meu corpo me deixou louco. Juntando seus pulsos, eu os prendi acima de
sua cabeça. Inclinando-me para frente, eu o beijei. Foi elétrico. Fez todas as partes de mim
formigarem. Eu teria ficado ali beijando-o pelo resto da noite, se seu peito liso e esbelto não
invadisse minha mente.
Eu queria segurar cada parte dele. Eu queria saber como era acariciar seu corpo com as
pontas dos meus dedos. Então, encerrando nosso beijo de fazer os joelhos tremerem, sentei-me e
envolvi minhas grandes mãos em seu corpo esguio.
Agarrando seus flancos, meus polegares estavam a apenas alguns centímetros de distância
um do outro. A sensação me fez querer protegê-lo. Fez-me querer circular minha língua em volta de
sua aréola. Ele gemeu quando eu fiz isso, então eu fui mais longe, puxando seu mamilo protuberante
com meus dentes.
Isso o deixou louco. Provocando-o, seu peito se elevou. E, mudando para o outro mamilo,
seu corpo dançou de prazer.
Levando meus joelhos mais para baixo na lateral de suas pernas, eu tive que esticar meu
queixo para beijar a cavidade que caía abaixo de sua caixa torácica. Minhas mãos estavam em ambos
os lados de seu quadril. Apertando minha aderência, seus jeans pressionavam contra sua carne.
Embora eu estivesse beijando lentamente a barriga de Quin, meus pensamentos estavam
totalmente nas minhas mãos. Elas contornavam suas curvas lentamente em direção ao seu zíper. Eu
congelei quando minha mão esquerda tocou algo se projetando além de seu quadril. Era seu pau
duro. Eu não estava preparado para o tamanho dele. Minha respiração ficou presa.
Apoiando minha mão nele, eu o explorei, incapaz de fazer qualquer outra coisa. Ele era
longo e grosso. Eu o apertei. Quando o fiz, seu pau saltou. Ele estava muito duro. Isso fez meu pau
pular em uníssono.
Eu tinha que tocar sua carne quente. Eu precisava vê-lo. Então, movendo minhas mãos para
seu botão, desabotoei-o, abri o zíper e tirei os jeans dele.
Ajoelhando-me no fim da cama, eu olhava para o belo homem deitado à minha frente em
sua cueca boxer. Ele me olhava ansiando pelo meu toque. Seu peito subia e descia em expectativa
pelo meu retorno. Quando viu que eu desviava o olhar para sua cueca, seu cacete novamente se
contraiu. Era ali que ele me queria e eu lhe dei o que ele desejava.
Passando minha mão em seu cacete proeminente uma última vez, segurei a cintura de sua
cueca e puxei-a para baixo. Seu pau era tão grande que tive que ajudá-lo a sair. Mas, quando ficou
livre, saltou ereto. Foi uma visão impressionante. E ele era grande. Seu comprimento e grossura
rivalizavam com os meus.
Com ele completamente nu, eu perdi o controle. Passando minhas mãos por suas coxas,
ambas as minhas mãos envolveram seu cacete. Ainda havia mais que suficiente dele exposto para
tocar a ponta da minha língua na crista de sua cabeça. Quando se tocaram, ele inalou.
Eu não lhe dei a chance de relaxar. Provocando a crista de seu pau, suas mãos dispararam
para baixo e agarraram os lençóis. Enquanto os puxava, eu passava minha língua fazendo cócegas
nele. Ele mal conseguia respirar.
Quando ele estava quase escalando as paredes, fiz o que queria desde a primeira vez em que
imaginei seu corpo quente nu. Abrindo os lábios, empurrei sua cabeça para dentro da minha boca.
Pude sentir o sabor do suspiro que precede o orgasmo. Isso me excitava tanto quanto a ele. Eu tinha
o cacete do Quin na minha boca. Era a parte mais sensível e secreta dele e estava dentro de mim,
tornando-nos um.
Empurrando-o tão fundo na minha garganta quanto pude, soltei uma de minhas mãos para ir
mais longe. Para minha surpresa, minha garganta o engoliu. Meus músculos apertados apertaram a
cabeça de seu pau sugando a vida dele. Quin bateu na cama de prazer. Eu estava disposto a ficar
assim pelo tempo que pudesse, mas ele puxou meu cabelo querendo ser liberado. Tirando-o da
minha garganta, ele ofegou em busca de ar.
Ele não aguentava mais estar na minha garganta, mas eu não estava pronto para parar de
aumentar seu prazer. Eu queria ver meu namorado gozar. Então, molhando minha boca o máximo
que pude, massageei-o com uma mão enquanto lavava as ranhuras de sua cabeça com minha boca.
Não demorou muito antes de seu aperto em meu cabelo apertar novamente. Ele não estava
me tirando dele. Desta vez, ele estava me incentivando a ir mais fundo. Fodendo-o com minha boca,
movi minha mão mais rápido. Seu corpo se agitou levantando o peito. Os músculos de suas pernas
se contraíram. Então, com a força de uma mangueira de incêndio, o homem mais lindo que eu já
tinha visto soltou seu gozo na minha boca.
Parecia que ele nunca iria parar de gozar. Eu bebi tudo. Mesmo quando seus fluidos
cessaram, seu pau continuava se contraindo. Qualquer movimento que eu fizesse enviava seu corpo
em espasmo. Eu não conseguia me mexer e ele não conseguia levantar os braços.
Quando me senti seguro para me afastar dele, o soltei e rastejei para cima em seu corpo. Eu
queria abraçá-lo. Eu queria envolvê-lo em meus braços e sentir seu calor contra meu peito nu. Era
incrível ter seu corpo nu em meus braços.
Segurei-o até que ele adormeceu indefeso. Eu amava muito esse cara. Olhando para ele, eu
não conseguia perceber o que had feito para ter tanta sorte.
Quin era o amor da minha vida. Eu tinha certeza disso. E não queria mais me separar dele.
Capítulo 13
Quin
Eu tive sonhos muito bons depois de adormecer nos braços de Cage. Eu não pretendia
adormecer. No momento em que ele me proporcionava a experiência sexual mais incrível da minha
vida, eu pensava sobre o quanto queria ver meu namorado nu. Eu queria tocar o pênis de outro
homem pela primeira vez. Mas, mais do que isso, eu queria me sentir próximo de Cage.
Isso não aconteceu, é claro, porque seu sexo oral era muito bom. Isso é injusto de se dizer. A
verdade é que tudo que ele fez foi aclamadamente bom. Eu nunca tinha sido beijado daquela
maneira ou em nenhum desses lugares.
Eu estava prestes a explodir tantas vezes enquanto suas grandes mãos se moviam sobre mim.
Considerei o feito da minha vida que eu não tivesse feito isso.
Eu sabia o que eu queria a seguir, porém. Eu queria dar a ele uma fração do prazer que ele
me deu. Eu queria que ele estivesse dentro de mim. Eu queria que nós dois nos tornássemos um. Eu
não me importava como. Mas se receber um sexo oral podia ser tão bom, a melhor coisa que eu
poderia fazer provavelmente seria retribuir.
A ideia disso me enviou um sentimento quente correndo por dentro. Como seria segurar sua
parte mais íntima em minhas mãos? Eu queria descobrir.
Sentindo-me mais acordado a cada momento, fiz meu plano. Talvez eu o acordaria
envolvendo meus lábios em torno do seu pau matinal. Isso era algo que pessoas não-virgens faziam,
certo? Tinha que ser.
Não sentindo mais seus braços ao meu redor, eu estava prestes a abrir meus olhos e ir em
busca de seu corpo quando uma batida na porta me despertou. Lembrando onde eu estava, meus
olhos se arregalaram. Olhei para a esquerda e depois encontrei Cage à minha direita. Ele também
tinha levantado a cabeça.
Bem, tanto faz para acordá-lo com uma chupada. E enquanto eu pensava em um novo
plano, ouvi o roçar de papel. Olhei para a porta. O som vinha de um bilhete sendo deslizado por
debaixo dela.
Sentindo-me movimentar, Cage olhou para mim.
“Bom dia”, eu lhe disse com um sorriso.
Seus olhos cansados se enrugaram enquanto formavam um sorriso em resposta. “Bom dia.
Como você dormiu?”
“Como uma rocha. E você?”
“Estava um pouco inquieto.”
“Foi porque eu não te dei nenhum alívio, certo? Adormeci de repente. Eu ia te acordar com
um boquete. Eu tinha todo um plano.”
Cage riu. “Tudo bem. Temos muito tempo para isso.”
“Temos agora”, eu disse com um sorriso diabólico.
“Temos. Mas, não está um pouco curioso para descobrir o que alguém colocou embaixo da
nossa porta?”
Ele não estava errado. A intrigante situação ecoava na minha mente. Nunca me senti mais
vivo do que ao tentar decifrar o passado misterioso de Cage. Além de prender minha atenção por ser
algo em que sou bom, estava fazendo aquilo por Cage. Por ele, interessava dez vezes mais construir
essa história.
Eu estava descobrindo algo que mudaria para sempre a vida de Cage, algo que ele andou
questionando por toda a vida. Se eu pudesse fazer isso por ele, seria a melhor forma de mostrar o
quanto me importo. Portanto, sim, eu estava muito além de “um pouco curioso” sobre o bilhete que
foi colocado embaixo da nossa porta.
“Acho que sim”, respondi, não querendo que ele pensasse que não queria cobri-lo de
carinhos pelo corpo.
“Eu também. Eu iria até lá, mas estou um pouco limitado”, ele disse com um sorriso.
“Exatamente! Eu sempre esqueço que você quebrou a perna.”
“Eu também”, ele disse, rindo.
“Não está doendo?” Reparei que estava para ir pegar o bilhete, totalmente nu e tão duro
quanto uma rocha.
“Eu não estava brincando quando disse que dói menos quando estou com você.”
“Acha que está piorando andando sobre ela?”
“Boa pergunta. Mas acho que meu corpo me avisaria se eu precisasse aliviar. Ontem à noite,
quando estava de joelhos olhando para você, não senti nada. E esta manhã, não está 100%, mas não
diria que dói.”
“Talvez seja a adrenalina? Ela pode reduzir a dor”, sugeri.
“Talvez. Mas até meu corpo me dizer para parar, por que não continuar?”
“Porque você sabe que deve descansar?”
“Vou descansar na segunda-feira quando voltarmos para a faculdade.”
“Espero que possamos descobrir alguma coisa hoje”, eu disse a ele.
“Espero que sim. Isso me faz pensar o que estaria no bilhete.”
“É, eu iria sair da cama para pegar, mas estou nu e bem ‘acordado’”, confessei.
“Isso é pra ser ruim?” Cage disse com um sorriso. “Estou ansioso pela cena.”
Cage sabia como me fazer sentir confortável com qualquer coisa. Então, sem cerimônia,
joguei os lençóis para o lado, me deslizei para fora da cama e fiz questão de dar a ele uma boa visão
do meu corpo.
“Caramba, você é sexy”, ele disse me deixando ainda mais excitado.
Ao me virar, eu me inclinei, oferecendo a ele uma vista completa da minha bunda.
“Está tentando me dar ideias?”
Me levantei e o encarei.
“Estava esperando que você já tivesse as ideias.”
“Mal consigo pensar em outra coisa.”
Era bom ouvir isso. Sem pensar se eu deveria voltar para a cama e receber meu prêmio pelo
espetáculo, desdobrei o bilhete e o li.
“O que diz?”
“Diz que o Titus está lá embaixo esperando para começar o tour.”
“Titus?”
“A Dra. Sonya sugeriu que alguém chamado Titus nos mostrasse a cidade. Acho que ele está
lá esperando. Que horas são?”
Nós dois olhamos em volta procurando um relógio. Como não encontramos, peguei meu
celular que estava amassado no pé da cama.
“Meu celular está descarregado”, Cage disse olhando para o dele.
“Ainda tenho um pouco de bateria e já são 11:05”, disse surpreso.
“Droga! Fico pensando há quanto tempo ele está nos esperando.”
“Não sei. Mas confirmamos com a Dra. Sonya que queríamos o passeio?”
“Não queremos, por acaso?”
“Claro. Só estou dizendo que não é culpa nossa ele estar esperando.”
“Provavelmente deveríamos descer, certo?”
“Provavelmente”, concordei.
“Mas você poderia vir até aqui por um segundo?”
Fui caminhando até o lado da cama dele.
“Um pouco mais perto.”
Aproximei-me o suficiente para ele pegar a minha mão. Ele não pegou.
“Mais perto”, disse ele com um sorriso malicioso.
Quando estava o mais perto possível da cabeça dele, Cage segurou meu pau e envolveu-o
com os lábios. A sensação me deixou nas nuvens. Não perdeu tempo e começou a me chupar ao
mesmo tempo que me masturbava. Eu havia conseguido me segurar na noite anterior, mas naquela
manhã, não resisti. Gozei mais rápido do que nunca. Quando isso aconteceu, coloquei a mão na
cabeça dele para me apoiar.
“Pronto”, Cage disse se afastando com um grande sorriso no rosto.
Levei um tempo para me recompor.
“Eu poderia ter feito isso com você”, disse a ele vendo o aproveitamento que perdi.
“Mas, eu fiz isso com você”, ele disse com um sorriso. “Olhando pra você todo nu e
gostoso, como eu não faria? Enfim, é hora do nosso passeio”, ele disse saindo da cama sabendo que
ele havia ganhado.
Observei pensando o quanto era injusto que ele tivesse me chupado duas vezes enquanto eu
ainda não tinha sequer tocado nele. Precisava descobrir como colocar minhas mãos nele. E
enquanto ele encontrava sua camisa e se vestia, vi o enorme volume na frente de sua calça de
moletom. Parecia que ele era ainda maior do que eu.
“Uau!” eu disse deixando claro o que estava pensando.
“Gostou do que viu?”
“Sim, muito mesmo.”
“Talvez eu te dê isso mais tarde.”
Minha ereção, que finalmente estava diminuindo após ter sido chupada, repentinamente
mudou de direção. Eu nunca estive tão duro como estava antes dele me chupar, mas estava quase lá.
“Você está ficando duro de novo? Não me faça ir até aí”, ele disse provocante.
“Isso deveria ser uma ameaça? Porque eu… hum”,
Eu realmente não era bom nesse negócio de flertar.
“Deixa pra lá. Precisamos ir.”
Cage riu. “Sim, precisamos.”
Depois que ambos nos vestimos, nos revezamos no banheiro e então descemos. Um cara
estava sentado no sofá da sala. Ele era alto, com cabelo castanho desgrenhado, um rosto acolhedor e
um grande e belo sorriso. Parecia ter uns vinte e um ou vinte e dois anos. Seja lá como fosse, parecia
mais velho do que eu e poderia estar na mesma idade do Cage.
“Oi”, ele disse se levantando e se aproximando de nós no pé da escada. Seu sorriso era
radiante. “Dra. Sonya me ligou ontem dizendo que vocês dois estavam procurando por um tour pela
nossa cidade.”
“Sim, queríamos saber mais sobre ela”, eu disse assumindo a dianteira.
“Suponho que queiram conhecer as cachoeiras.”
“Isso e outras coisas”, eu disse olhando para Cage.
“Vocês estão prontos para ir, ou precisam de algum tempo? A Dra. Sonya arrumou um
pequeno brunch para nós, já que vocês perderam o café da manhã. Imagino que vocês estivessem
ocupados esta manhã?”, Titus disse insinuando. “Estou brincando. Não preciso adivinhar o que dois
caras bonitos como vocês estavam aprontando”, ele disse com uma risada de quem entende o jogo,
“Enfim, querem partir agora?”
Depois de tudo isso, fiquei atônito. Ele basicamente disse que sabia que estávamos
transando. Mesmo sendo péssimo com questões sociais, realmente não sabia como deveria
responder a isso.
“Estamos prontos”, Cage respondeu dando um passo à frente. “Estamos realmente ansiosos
por isso.”
“As cachoeiras são lindas. Elas estão cobertas de neve, se me permite a expressão. Foi isso
que deu à cidade o seu nome. Na verdade, uma junta da cidade deu o nome. Eles acharam que seria
melhor para o turismo. O que vocês acham, funcionou? Foi o nome que trouxe vocês dois para cá?”
“Não. Viemos porque achamos que eu poderia ter parentes aqui.”
“Bem, a população não é tão grande. Quem você está procurando? Talvez eu a conheça.”
“Meu sobrenome é Rucker. Mas não acho que meus pais tenham o mesmo sobrenome.”
“Sim, não conheço nenhum Rucker.”
“A Dra. Sonya disse que perguntaria por aí.”
“Ela é muito boa nisso. O que você acha, devemos ir? Eu tenho a cesta aqui,” ele disse, se
abaixando para pegar uma cesta de piquenique de vime.
“Sim, vamos.”
Titus se virou e nos guiou para fora.
“Espero que não se importem se pegarmos minha caminhonete. Ela acomoda três pessoas
bem confortavelmente.”
“Não, tudo bem.”
“Qual de vocês é… é Cage ou Quin? Quem é quem?”
“Eu sou Cage e esse é o Quin.”
“E você, Quin? Se importa em sentar no banco de trás? Eu sugeriria que você sentasse na
frente conosco. É um banco inteiriço, afinal. Mas acho que você estará mais confortável atrás.”
“O banco de trás está bom”, eu disse, encontrando minha voz.
“Então tudo bem. Vamos.”
Titus nos levou de volta para a cidade repetindo algumas das coisas que já tínhamos ouvido.
A escola costumava ser um armazém de moonshine. A loja geral do Glen costumava ser o escritório
principal do chefe do moonshine, e que costumava haver uma muralha em volta da cidade. Daí ele
fez uma U-volta e nos levou além da pousada.
“A proibição do álcool terminou no final dos anos 1920, não foi?” Eu perguntei, tendo não
aprendido sobre este período da história americana na minha escola.
“1933,” Titus corrigiu. “Entre 1920 e 1933, essa cidade foi a cidadezinha mais rica do
Tennessee. A quantidade de riqueza concentrada rivalizava com a de Beverly Hills ou o centro de
Nova York.”
“Então o que aconteceu?” Cage perguntou.
“A mesma coisa que acontece com a maioria das ideias quando seu tempo passa. As pessoas
seguiram em frente e foram embora. Alguns poucos ficaram. Eles mantiveram a comunidade viva
durante os tempos difíceis. Não os tempos secos de álcool. Esses provavelmente seriam os tempos
úmidos para isso.
“Mas as pessoas daqui fizeram o que puderam. Em certo ponto alguém pensou que poderia
transformar este lugar em uma instalação de processamento de uísque do Tennessee. Mas isso não
deu certo.”
“O que mudou?”
“Eco-turismo”, Titus explicou. “Ao menos é isso que a Dra. Sonya chama. Ela disse que
veio para cá porque achou que seria um lugar lindo para se estabelecer. Temos mais cachoeiras do
que qualquer parte do Tennessee. E com o hiking e a escalada se tornando modas, ela convenceu o
povo a renomear a cidade com foco nisso. Ela dizia que o dinheiro simplesmente entraria.”
“Deu certo?” Cage perguntou.
“É difícil de dizer. A população aumentou. De vez em quando temos pessoas como vocês
que aparecem querendo ver as cachoeiras. Mas tem sido difícil colocar a cidade no mapa.”
“Divulgar um lugar como este deve ser difícil”, eu considerei.
“Não. Quero dizer, tem sido difícil literalmente colocar a cidade no mapa. Se você abrir o
seu celular, não poderá nos encontrar se quiser. Acho que tem a ver com a mudança de nome. Pelo
menos, foi o que me disseram. E nós somos desincorporados. Muitas coisinhas se somam.
“Mas é uma cidade linda. Muitas pessoas amigáveis. Muito acolhedora. As pessoas só
precisam ouvir falar de nós. O que estou querendo dizer é, quando vocês voltarem de onde vieram,
contem para as pessoas”, ele disse com um largo sorriso.
“Com certeza faremos isso”, Cage disse entusiasmado. “Aliás, e você pode ser muito jovem
para saber disso, mas você já ouviu falar de alguém que talvez tenha morrido ao dar à luz? Deve ter
sido por volta da época em que você nasceu.”
“Minhas memórias não vão tão longe assim”, disse Titus com um sorriso rápido.
“Claro. E bebês desaparecidos?”
“Você quer dizer, tipo, sequestrados? Ou, neste caso, ‘bebênaped’, eu acho.”
“É.”
“Não. Nunca ouvi falar de nada disso por aqui. É esse tipo de pessoa que você está
procurando?”
“Nós não sabemos”, disse eu, interferindo. “Apenas suspeitamos que foi numa cidade perto
do Hospital do Condado de Falls.”
“Ah, eu me lembro daquele lugar. Eu nasci lá. Claro, eu não me lembro de ter nascido. Mas
era para lá que eu ia para qualquer coisa relacionada à saúde antes do Dr. Tom se mudar pra cá.
Você já conheceu o Glen, certo? Foi isso que a Dr. Sonya estava dizendo.”
“Conhecemos sim. Cara legal. Ele nos deu minhas muletas, as quais eu esqueci novamente”,
disse Cage, percebendo isso pela primeira vez.
“Eu notei o seu problema na perna. Que tipo de lesão é essa? Parece que você já jogou
algum esporte antes, certo?”
“Lesão da época do futebol americano.”
“Eu costumava jogar futebol americano no colégio. Temos um programa de futebol
americano muito bom por aqui. Não temos muitas oportunidades de viajar para jogos. As verbas
nesta cidade estão sempre um pouco apertadas. Mas tem potencial. Você jogava na East
Tennessee?”
“Jogava. Minha temporada acabou.”
“Lamento por isso. Sempre pensei em ir para lá.”
“Por que você não vai?” Perguntei.
“Grana. Tempo. Motivação. Escolha aí. Eu estava pensando em estudar algo que eu poderia
trazer de volta pra cá.”
“Essa é uma ideia brilhante”, disse eu, apreciando sua lealdade à cidade.
“É, mas daí eu fico preso em quais deveriam ser as opções.”
“É pra isso que serve a universidade, ajudar você a descobrir o que quer fazer.”
“É, você está certo. Preciso pensar mais sobre isso. Agora que tenho dois amigos que
frequentam a universidade, talvez seja algo a se considerar”, disse Titus com outro sorriso acolhedor.
Começando a uns vinte minutos fora da cidade, iniciamos nosso tour pelas cachoeiras
congeladas. Ninguém as superestimou. Elas eram deslumbrantes. Todas pareciam estar congeladas
no meio do fluxo, criando estalactites que chegavam a ter mais de seis metros de comprimento.
“Meus amigos e eu costumávamos nadar pelados aqui quando éramos crianças”, disse Titus
enquanto olhávamos uma das quedas d’água do nosso caminhão estacionado. “Quando não estava
congelada, claro. Sim, por mais bonitas que sejam no inverno, são o dobro de bonitas no verão.
Talvez mais. São pedras preciosas escondidas.”
“Você está certo. Nunca vi nada parecido”, disse eu.
“Bem, isso não é muito significativo, visto que você é da cidade grande”, brincou Cage.
“Ah, qual cidade?” Perguntou Titus.
“A Grande Maçã”, Cage se adiantou por mim.
“Uau! Como era lá?”
Eu hesitei, sem ter certeza de quanto deveria dizer. Minha infância não poderia ser
comparada a nada que alguém que cresceu aqui poderia ter tido. E, eu mencionei que eu tinha dois
pais e uma mãe? Ele parecia estar bem com Cage e eu, mas eu não podia esquecer a reação do
garçom na noite anterior.
“É… diferente”, eu disse.
“Aposto que sim. Os carros são a única coisa que você ouve?”
“Depende de onde você está.”
“Nem consigo imaginar isso. Você está ouvindo isso? É o doce som do nada. Nada supera
isso.”
“Cresci a cerca de um quilômetro de distância do nosso vizinho mais próximo”, Cage se
adiantou.
“Então, vocês dois são os extremos”, disse Titus com um sorriso.
“Certamente tivemos experiências de crescimento diferentes”, disse Cage.
“Não somos tão diferentes”, corrigi, não gostando da distância que ele estava colocando
entre nós.
“Mais claro. Não consigo nem imaginar o mundo no qual você cresceu. Ou o que é estar na
sua situação.”
“Que tipo de situação?” Titus perguntou inocentemente.
Cage e eu nos encaramos. Era bom saber que ele não ia sair por aí revelando qualquer coisa
que pudesse me deixar desconfortável.
“Eu cresci sob muita pressão para fazer algo especial”, resumi.
“Você nunca me disse isso”, afirmou Cage, procurando em suas memórias.
“Achei que tivesse dito quando conversamos sobre… coisas.”
“Não. Eu me lembro muito bem dessa conversa. Você não mencionou isso.”
Suspirei. “Bem, eu sinto assim. Não posso simplesmente fazer o que quero da minha vida.
Sinto que todos esperam que eu faça algo que mude o mundo.”
“Mudar o mundo?” Titus disse brincando. “Uau! Isso é muita pressão.”
“Mais do que um pouco”, esclareci.
“Então, como você vai fazer isso? Quais são seus planos para mudar o mundo?” replicou
Titus.
“Não faço ideia. Achei que pudesse descobrir sozinho. Depois achei que poderia descobrir
se viajasse de mochila pela Europa. Não. Ainda não sei.”
“Você viajou de mochila pela Europa?” Perguntou Titus, atônito.
“Sim.”
“Uau! Você também?” Ele disse, virando-se para Cage.
“Não. Essa nunca foi realmente uma opção para mim.”
“Cage estava muito ocupado aperfeiçoando suas habilidades para jogar na NFL.”
“Você vai jogar na NFL?”
“Não mais. Essa parte da minha vida acabou.”
“Sinto muito por isso. Mesmo!” Disse Titus com simpatia.
“Não sinta. Nunca foi o meu sonho.”
“Qual é o seu sonho?”
“Casar… ter uma família… criar alguns filhos. Talvez eu pudesse ensinar futebol americano
em algum lugar”, disse Cage, olhando para mim.
Por mais agradável que o sonho dele soasse, eu tinha que admitir que não se encaixava no
que eu sabia que tinha que fazer. Pelos meus pais e todas as famílias da minha escola, eu precisava
mostrar ao mundo que nós não éramos desajustados e erros. Eu precisava me destacar e mudar o
mundo fazendo com que todos se sentissem gratos que crianças nascidas de dois pais e uma mãe
existam. Eu precisava justificar a nossa existência.
Quando eu não respondi, Titus quebrou a tensão mencionando a comida que a Dr. Sonya
tinha preparado para nós. Ela tinha nos feito sanduíches de ovo frito com queijo derretido e
presunto entre muffins ingleses torrados. O sabor foi realçado com uma geleia azeda misturada com
mel.
“Eles são bons”, disse Titus, saboreando. “Ela não cozinha com frequência, mas sempre que
traz algo para uma feira ou evento escolar, os dela são sempre os primeiros que procuro. Ela é do
Caribe, sabe? Jamaica, acho. O frango jerk dela é de morrer por ele.”
“Ela é da Jamaica? Eu sou das Bahamas”, falei, feliz em saber que alguém era das
proximidades.
“Pensei que você tinha dito que era de Nova York?”, Titus perguntou.
“Ele passava os verões nas Bahamas”, esclareceu Cage.
Titus apenas me encarou pelo espelho retrovisor depois disso. Não conseguia identificar o
que ele estava pensando, mas sentia que estava pavimentando o caminho para ele achar que eu era o
esquisito que todos viam em mim.
“Já vimos todas as quedas d’água?” perguntei, querendo mudar de assunto.
“Nem mesmo perto. Eu só tenho te levado para aquelas que não exigem muita caminhada.”
“Não precisa se preocupar comigo. Posso andar um pouco”, esclareceu Cage.
“Tem certeza?” Titus perguntou, duvidoso.
“Não acho que conseguiria fazer uma trilha de três quilômetros, mas podemos ir mais longe
do que fomos.”
“Certo então. Vamos nessa”, disse Titus, ligando novamente sua caminhonete.
Titus dirigiu por mais vinte minutos e estacionou o caminhão à beira da estrada.
“Quão longa é a trilha?” perguntei a ele.
“Cerca de meio quilômetro. Talvez um pouco menos.”
“Tem certeza de que está preparado para isso? Não precisamos…”, disse-lhe, conferindo
com Cage.
“Estou bem. Sério.”
Eu não queria dizer a Cage que ele não podia ou não deveria fazer isso se ele disse que estava
bem. Eu tinha dificuldade em acreditar que alguém que tivesse uma lesão como a dele pudesse
caminhar meio quilômetro. Parecia loucura. Mas eu tinha que confiar em Cage. Ninguém sabia como
ele se sentia, exceto ele.
A caminhada até o rio foi um encanto coberto de neve. Nós recebíamos uma boa quantidade
de neve em Nova York e o Central Park sempre era bonito no inverno, mas eu nunca tinha visto
nada como isso.
Quanto mais nos aprofundávamos na floresta, mais as árvores ficavam cobertas de neve. Era
lindo. Eu não imaginava que lugares assim existissem na vida real.
O único som que ouvia era o crunch da neve debaixo de nossos pés. Além disso, havia um
leve zumbido à medida que a brisa cortava as árvores. Tinha que ser uma das experiências mais
relaxantes de todas. Eu não sabia que a vida podia ser tão pacífica.
Com Titus à frente, eu continuamente olhava para trás para ver como Cage estava. Ele
parecia bem, assim como tinha dito que estaria. Eu não tinha certeza de como. Tenho certeza de que
ajudou o fato de não haver colinas ou áreas irregulares. Mas mesmo assim, fiquei impressionado
com Cage. Eu sabia que não tinha como fazer o que ele estava fazendo. Isso me fazia querer estar
com ele ainda mais.
“Aqui é”, disse Titus nos guiando para uma clareira.
Olhei para a vista à nossa frente. A quarenta pés de distância, havia um lago congelado com
cem pés de largura. Na extremidade oposta, havia uma face de rocha de trinta pés de altura. Icicles
esticavam-se do topo até a base. Parecia uma cortina feita de gelo. Foi incrível.
“Uau!” eu disse, incapaz de compreender a beleza do lugar.
“Isso é impressionante”, disse Cage, tão impressionado quanto eu.
“Vem. Deixa eu te mostrar uma coisa”, disse Titus, nos conduzindo adiante.
Titus se aproximou da borda do lago congelado com a gente a reboque.
“Isso é seguro?” perguntei, nunca tendo andado no gelo antes.
“Claro que é. Este aqui está congelado há tempos. O que você precisa cuidar é do gelo cinza.
Quando é azul, está sólido. Quando está coberto de neve como esse, precisamos ter cuidado. Mas,
na maior parte do tempo, está tudo bem.”
Isso me tranquilizou saber que Titus sabia tanto sobre lagos congelados. Provavelmente era
uma coisa que todo garoto crescia sabendo por aqui. Eu não conseguia imaginar todas as maneiras
como a criação dele era diferente da minha. A criação de Cage teria sido mais semelhante à de Titus?
Tudo que eu sabia sobre Cage quando o conheci e me apaixonei por ele, era que ele era um
astro do futebol. Por causa do meu tio e dos pais da minha escola, eu era muito confortável com
atletas profissionais. Mas Cage era mais do que isso. Ele era um garoto que cresceu no meio do nada,
cercado por árvores e com um pai que o tratava como se a única coisa para que ele prestasse fosse o
futebol. Isso não poderia ser mais diferente das minhas experiências.
Claro, cuja vida poderia ter sido semelhante à minha? Acho que os outros garotos da minha
escola talvez tenham tido uma experiência parecida. Mas eu só poderia ter uma vida feliz com uma
mão cheia de pessoas, a maioria das quais eram uma geração mais nova do que eu?
Não parecia certo para mim. Então, se não eles, por que não um cara que veio de um mundo
completamente diferente, como Cage?
Eu olhei de volta para Cage para ver se ele discordava da avaliação de Titus do gelo. Quando
ele não reagiu, peguei o que Titus disse como fato. Segui os passos de Titus para o gelo e, em alguns
pés, ele olhou para trás e me corrigiu.
“Você nunca quer andar em linha reta no gelo. Espalhe. Isso reduz o risco”, ele disse.
Eu não via a lógica nisso, mas ouvi e saí do caminho limpo dele. Para mim, Titus ter andado
naquilo era uma prova de que o lugar era forte o suficiente para nos suportar. Mas ele cresceu aqui
enquanto eu passava meus invernos numa ilha tropical. O que eu sabia?
Quanto mais atravessávamos o lago, mais percebia que a cortina de gelo à nossa frente não
era um muro. Era um grupo de estalactites escalonadas que pareciam ser uma única peça à distância.
Mais surpreendente do que isso era a gruta que estava escondida atrás dela.
“No verão, quando a água está fluindo, é uma experiência diferente. Mas quando tudo está
congelado assim, acho que é algo especial”, disse Titus, nos guiando através de uma fissura nas
estalactites para dentro da gruta.
Parado lá dentro, olhando ao redor de sua profundidade de três metros, eu estava
maravilhado. A visão era assustadoramente bela.
“Estamos como num desses filmes de sobrevivência”, disse eu, tentando entender o que
estávamos vendo.
“Eu posso ver isso”, concordou Titus. “Você consegue imaginar Hollywood vindo aqui e
filmando um filme? Isso seria algo, não seria? As Cachoeiras de Snow Tip têm tanto potencial. Só
precisam de alguém para reconhecer isso e nos dar uma chance.”
“Talvez o marketing possa ser algo que você estude na universidade”, eu lhe disse. “Você
definitivamente tem a personalidade certa para isso. Está nos vendendo como é maravilhoso aqui.”
“É algo a se considerar”, Titus disse com um sorriso. “Nunca tinha pensado nisso.”
“Você deveria ouvir o Quin, ele é muito inteligente”, disse Cage, capturando minha atenção.
Era incrível ter um namorado que falava coisas legais sobre mim. Quão sortudo eu era?
Tudo que eu sabia sobre ele me dizia que ele era um cara legal. Quero dizer, ele passava seu tempo
livre jogando futebol americano sem contato no parque com crianças de 10 anos. Quem faz coisas
assim?
Eu sorri para Cage e peguei sua mão. Ele pegou e retribuiu com um sorriso. Não era um
sorriso de vergonha. Era um que me dizia que ele estava contente. Eu gostava de ver isso. Sempre
tinha tantas coisas passando pela minha mente que era difícil encontrar a paz.
Ficamos na gruta e apreciamos a paisagem por mais de uma hora. Metade do tempo foi Titus
respondendo à minha pergunta sobre como era crescer aqui. Ele falava muito. Mas isso estava bom,
porque ele era fácil de se ouvir.
A maneira como ele descreveu sua infância soava muito parecida com a minha, mas sem o
dinheiro e as viagens. Era frequentar uma escola pequena. Você realmente conhecia seus colegas de
classe quando fazia isso. Faziam tudo juntos.
A grande diferença entre nossas experiências era que, depois da formatura, as crianças da
minha escola podiam seguir caminhos diferentes. Podiam conhecer novas pessoas e explorar o
mundo. Aqui, ninguém saía da cidade. Se você não gostava de alguém no ensino médio, tinha que
lidar com essa pessoa pelo resto da vida.
“Está ficando tarde. Vocês devem estar bem famintos”, disse Titus, finalmente ficando sem
assunto.
“Podemos voltar”, disse Cage, verificando comigo.
Enquanto estávamos sentados, ele me puxou para os braços dele. Eu poderia ter ficado lá
para sempre. Mas, a única coisa que comemos no dia foi os lanches da Dra. Sonya. Eu estava de
acordo com isso, mas Cage era um cara muito maior do que eu.
“Sim, vamos voltar”, concordei. “Mas, esse tour foi incrível. A cidade é de tirar o fôlego.”
“Obrigado! Fico feliz que tenha gostado. Lembre-se, diga às pessoas”, Titus brincou ao se
levantar.
“Ou, você mesmo pode contar a eles quando começar na East Tennessee no próximo
semestre”, lembrei-lhe.
Titus riu. “Sim, tem isso também.”
Com Titus novamente à frente, segurei a mão de Cage e segui o grupo. Continuei me
perguntando como seria andar nos sapatos de Cage, então fiz a próxima melhor coisa. Encontrei as
pegadas dele na neve e sincronizei nossos passos.
Como ele era quase 15 cm mais alto que eu, seus passos eram mais longos. Eu precisava
saltitar um pouco para acompanhar. Saltando à frente para equiparar seu passo, perdi o equilíbrio e
escorreguei. Saindo da mão de Cage, o gelo veio rápido em minha direção. Bati no chão com um
estalo.
Em um segundo, meu corpo congelou de choque. O estalo que ouvi foi do gelo quebrando.
Eu estava cercado por água fria e afundando como uma pedra.
Não conseguia respirar. A água estava muito fria. Minha cara estava submergindo. Tudo
estava acontecendo muito rápido. Comecei a entrar em pânico.
Perdendo a noção de que lado estava para cima, agitei meus braços até que minha testa bateu
em algo duro. Era a planície de gelo. Eu tinha nadado além do ponto em que caí. Estava muito frio.
Meu coração batia incontrolavelmente. Eu teria que me acalmar. Como eu poderia, porém? Tudo
em mim gritava para eu respirar.
Forçando-me a desacelerar, ouvi algo. As pessoas estavam gritando. Não conseguia entender
o que estavam dizendo, mas olhando para cima, podia ver suas imagens borradas. Um deles estava
apontando para longe de mim. Havia algo na água de que ele estava me alertando? Geralmente era
isso que significava quando a pessoa apontava para algo de um barco.
Não, não era isso. Eles queriam que eu voltasse para onde caí. Estavam me indicando a
abertura.
Virei-me, forçando meus membros, que rapidamente congelavam, a me empurrar em direção
ao buraco no gelo. As sombras acima foram ficando maiores. Algo entrou na água à minha frente.
Era a mão de alguém, eu tinha que pegá-la. Não estava no controle do meu ângulo, ou qualquer
outra coisa, mas agarrando nossas mãos, fui arrastado em direção à abertura.
Com a mão livre, encontrei a borda do gelo, a empurrei para fora da água e para o ar.
Girando, agarrei-me ao gelo e tirei a cabeça para fora. Foi Cage quem segurou minha mão. Ele
estava deitado de bruços e estava puxando-me para fora.
Preso naquela posição, ele não podia fazer muito mais uma vez que consegui colocar a
cabeça para fora da água. Então, após uma respiração profunda, eu fiz o resto.
“Você tem que chutar com os pés. Chute com os pés!” Titus insistiu.
Sem pensar, eu o fiz. Isso ajudou. O que ajudou mais foi quando eu puxei o corpo de Cage e
me arrastei para cima. Foi então que percebi que quanto mais plano meu corpo ficava, mais eu subia
quando chutava.
Agarrando o braço de Cage, depois o lado, e depois as calças, meu corpo deixou a água
congelante. Repousando no gelo ao lado do meu salvador, eu estava exausto e traumatizado, mas
estava vivo e aparentemente seguro.
“Cage, se arraste para trás. Quin, você tem que rolar para longe do buraco”, Titus nos
instruiu de longe.
Nós dois fizemos o que nos foi dito e, eventualmente, estávamos no que parecia ser gelo
sólido. Levantando-me, eu só queria sair do lago. Rastejando com as mãos e os joelhos, desta vez eu
olhava para baixo a cada passo.
Quando estávamos nos aproximando da beirada e meu pulso não mais pulsava em meus
ouvidos, eu me levantei. Movendo-me lentamente e com firmeza, eu consegui voltar para a margem.
Eu estava aliviado e abalado. Eu olhei em volta para me localizar e encontrei Cage correndo em
minha direção. Olhando para baixo em minha direção, ele segurou meus braços.
“Você está bem? Se machucou?”
Essa era uma boa pergunta. Será que eu estava machucado? O som do estalo ao bater no
gelo ecoou em minha mente. Havia uma dor na parte de trás da minha cabeça onde ela havia se
chocado.
“Acho que sim”, eu disse, tocando minha cabeça onde ela bateu.
“Deixe-me ver. Você está sangrando?”
Eu retirei minha mão e olhei para ela. Cage se movimentou em volta de mim para ver por si
mesmo.
“Acho que não. Acho que estou bem.”
“Jesus, Quin”, ele disse novamente, olhando em meus olhos e me abraçando.
“Estou bem”, eu o assegurei, não convencido de que realmente estava.
“Porra, Titus, o que diabos você estava pensando, nos levando em gelo fino?” Cage gritou,
virando-se para ele.
“Me desculpe. Eu não pensei que ele estava fino. Está congelado o inverno todo. Não foi eu
que disse para você não andar em fila?” Ele disse, gritando comigo.
“Não culpe ele.”
“Só estou dizendo que, se ele tivesse seguido minhas instruções, nada teria acontecido.”
“Estou bem, Cage. Não é culpa dele. Ele está certo. Ele me disse para não andar atrás das
pessoas e eu fiz. Mas, tudo acabou bem. Agora eu só quero ir embora.”
“Podemos ir?” Cage perguntou para Titus, irritado.
“Claro. Só me sigam”.
Titus liderou o caminho e todos nós ficamos quietos no caminho de volta. Quanto mais
caminhávamos, mais eu questionava se estava bem. Parei para me reajustar.
“Qual é o problema?”
“Minha cabeça dói”, eu admiti.
Cage olhou para a parte de trás da minha cabeça novamente.
“Talvez você esteja com uma concussão. Sua cabeça bateu bem forte no gelo.”
“Posso te levar ao Dr. Tom e fazer um check-up, se quiser.”
“Sim, isso provavelmente seria melhor”, Cage concordou.
“Dr. Tom? É o marido do Glen, certo?” Eu perguntei.
“Sim”, Titus confirmou.
“Devemos ver ele”, eu disse, pensando menos em mim e mais no motivo de termos vindo à
Snow Tip Falls.
Continuando de volta para o caminhão, chegamos lá com meus dentes batendo. Minhas
roupas molhadas estavam congelando rapidamente.
“Me deixe ligar o aquecedor. Você pode querer tirar o que está molhado”, disse Titus,
destrancando o caminhão.
“Não consigo mover meus braços. Eles estão muito frios”, eu disse a eles, começando a me
sentir entorpecido.
“Eu vou te ajudar. Aqui, sente-se na frente, perto das saídas de ar”, disse Cage, me
direcionando para a porta do passageiro da frente e tirando minha jaqueta e camisa.
De peito nu, eu estava tão frio quanto estava com a jaqueta congelada. Mas quando Cage
passou sua jaqueta para mim, eu fui imediatamente envolvido pelo calor do corpo de Cage. Sentia
tão bem.
“Você vai querer tirar suas calças também. Só até secarem”, Titus disse com o caminhão
ligado.
Eu olhei para Cage em busca de confirmação.
“Sim, provavelmente”, ele concordou.
Eu movi minha mão para desabotoá-las e não consegui controlar meus dedos para fazer isso.
“Deixe-me fazer isso”, Cage se ofereceu antes de mover a mão para as minhas calças.
Eu estava muito frio e desconfortável para fazer muito disso. Mas tê-lo me despir me
aqueceu um pouco. Com as minhas calças, sapatos e meias fora, subi para o banco da frente do
caminhão. Eu me movi para o meio do banco esperando que Cage se juntasse a nós. Não era só que
eu queria me aconchegar nele para aproveitar seu calor corporal. É que eu me sentia melhor quando
estava nos braços dele. Poderia usar um pouco disso agora.
Depois que ele colocou minhas roupas molhadas na frente de uma ventilação, ele deslizou
para o lado de mim e nós partimos. Seu abraço em mim foi automático. Eu me aninhei em seus
braços, grato por tê-lo lá.
Eu não podia estar certo se adormeci no caminho de volta ou não. Não me sentia perfeito
depois de bater a cabeça, mas também não me sentia nauseado. Náusea é o sinal clássico de uma
concussão. Então, pelo menos eu não tinha isso.
Quando estávamos passando pela loja geral do Glen, em sua maior parte eu estava me
sentindo melhor. Não iria contar isso a nenhum deles. Eu queria uma desculpa para conversar com
o médico da cidade sozinho.
O lugar onde paramos era um prédio de dois andares com revestimento branco. Se eu
tivesse que imaginar a casa de um médico de uma pequena cidade, seria esta. Seu consultório era um
prédio separado de aparência semelhante à esquerda da casa principal, mas um pouco mais afastado.
Colocando minhas calças e sapatos de volta, o frio da água rapidamente retornou. Sendo
atingido pelo ar quente no caminhão, ele não me afetava tanto. Mesmo havendo uma leve brisa,
consegui chegar ao consultório sem que meu membro congelasse. Fiquei feliz com isso. Eu mal
havia começado a usar ele para o seu propósito pretendido. Eu não queria perdê-lo agora.
“Dr. Tom?” Titus chamou, trazendo um homem latino mais velho para a sala de espera.
Ele parecia mais sério do que seu marido. Também tinha um físico diferente. Enquanto Glen
era construído como um urso de pelúcia, o Dr. Tom era mais corpulento. Ambos pareciam gostar de
uma boa refeição, no entanto. Isso deveria ser o que anos de felicidade conjugal numa pequena
cidade parecia.
“Titus, o que houve? Quem é ele?” O homem disse com um leve sotaque espanhol.
“Eu estava mostrando a eles a cachoeira e o Quin caiu no gelo. Ele bateu a cabeça na queda
então pensei em trazê-lo para que você pudesse examiná-lo.”
O Dr. Tom se virou para mim. “Quin, certo?”
“Sim”, confirmei.
“Por que não vem comigo até meu consultório”, ele disse, me conduzindo até lá.
Atrás da porta fechada, o médico me indicou a maca de metal no meio do quarto.
“Sente-se. Deixe-me dar uma olhada em você. Está sentindo algum enjoo ou dor de
cabeça?” Ele perguntou, sentando-se à minha frente e iluminando meus olhos com uma luz.
“Não tenho enjoo. Tive uma leve dor de cabeça, mas quase passou agora.”
“Certo, e formigamento nas extremidades? Dedos das mãos? Dos pés?” Ele disse, apertando
meus dedos.
“Estive na água por menos de um minuto. O Cage me resgatou rapidamente.”
“Cage? É o seu amigo lá fora?”
“Sim.”
“Vocês dois vieram para a cidade para ver as quedas congeladas?”
“Não, na verdade.”
“O que trouxe vocês?”
“Estamos procurando os pais do Cage.”
“Ah”, disse o médico, cruzando os braços e se recostando. “Quais são os nomes deles?”
“Não sabemos. A mãe dele está listada como Jane Doe em sua certidão de nascimento.”
“Isso é incomum.”
“Era o que eu pensava.”
“Mas por que você está procurando por ela aqui?”
“Porque o pai do Cage… ou pelo menos, o homem que o criou, tinha uma identificação do
Falls County Hospital. Isso me fez pensar que ele trabalhou lá por volta da época em que Cage
nasceu. Se ele não era seu pai biológico, e trabalhava no hospital, só tem um jeito de ele pegar um
bebê.”
“Você está fazendo uma séria acusação aí. E isso ainda não explica por que você viria até
aqui.”
“Nós verificamos o hospital…”
“Está fechado.”
“Sim. Pensei que se a mãe dele estava naquele hospital, ela provavelmente era daqui perto.
Seu marido disse que você costumava trabalhar lá.”
O Dr. Tom se movimentou desconfortavelmente.
“Sim, já faz alguns anos.”
“Você estava lá há vinte e dois anos atrás?”
O médico instintivamente tocou sua barba cinza salpicada.
“Estava.”
“Algum bebê desapareceu ou mãe morreu durante o parto naquela época? Essa foi a história
que o pai do Cage contou a ele. Disse que a mãe dele morreu.”
“Qual era o nome do pai do seu amigo?”
“A identificação dizia Joe Rucker.”
Fiquei observando qualquer reação que ele pudesse ter ao ouvir o nome. Ele não teve
nenhuma. Não houve nenhuma reação casual ou confirmação. Ele estava em branco. Por que ele
não tinha nenhuma reação? Se o nome não significava nada para ele, não seria natural desconsiderá-
lo automaticamente?
“Entendi.”
“Você o conhecia?”
“Não posso dizer que sim”, ele disse com rosto inexpressivo.
“Você sabe de qualquer situação que poderia colocar o nascimento do Cage lá?”
“Você entende que eu não poderia te dizer mesmo que soubesse. Existe algo chamado sigilo
médico.”
“Certo. Eu sei. Mas, se houvesse um bebê desaparecido, alguém não estaria procurando por
ele?”
O médico apenas me encarou. A reação dele deveria me dizer algo? Estava faltando algo que
alguém melhor na leitura das pessoas perceberia?
“Por mais que eu gostaria de ajudá-lo, esse não é um assunto que eu poderia discutir com
alguém que acabou de aparecer na rua. Você realmente caiu no gelo?”
“Cai. Por que eu mentiria sobre isso?”
“Existem todo tipo de pessoas neste mundo.”
“Você está sugerindo que há algo no que eu estou dizendo?”
“Não estou dizendo se há ou não. Não é meu lugar.”
Fiquei olhando para o Dr. Tom, certo de que ele estava esperando uma pergunta de
sequência. Demorou um pouco para eu descobrir qual era.
“Então, de quem é o lugar?”
O médico desfez o cruzar de braços e começou a preencher papéis como se não tivesse feito
a pergunta.
“Vocês tiveram a chance de conhecer muitas pessoas na cidade?”
“Conhecemos algumas. Há alguém que devemos conhecer?”
“Não sei se há alguém que vocês deveriam conhecer, mas tem alguns personagens
interessantes. Nero é alguém que vocês podem achar divertido. Ele é um pouco ríspido, mas é um
bom garoto.”
“Nero?”
“Sim. Há mais alguma coisa médica com que eu possa te ajudar”, disse ele, me conduzindo
para fora.
“Não. Obrigado. A quem eu pago pela consulta?”
“Não se preocupe com isso. Você não tinha nada errado. É por conta da casa”, disse ele, me
olhando com um sorriso forçado.
Estava prestes a ir embora quando me ocorreu algo.
“Na verdade, talvez haja mais uma coisa que eu gostaria de discutir.”
“O que seria?”
“Você é casado?”
“Sim.”
“Com um homem?”
“Sim?” Disse o médico, preocupado com o rumo da minha pergunta.
“Estou aqui com meu namorado.”
“Tá.”
“Nós talvez faremos algo pela primeira vez mais tarde. Estou ciente que existem coisas que
podem tornar essas coisas um pouco mais fáceis… você sabe, na hora de deslizar para dentro.”
O Dr. Tom se virou, pegou um pequeno tubo de um armário e me entregou.
“Obrigado”, eu disse. “Nero, certo?”
O médico me deu um sorriso apertado.
“Interpreto isso como sim.”
Saí de seu escritório e me juntei aos dois rapazes.
“Tudo certo?” Cage perguntou preocupado.
“Ah sim. É só um galo na cabeça. Estou bem. Você acha que ele deveria dar uma olhada no
seu gesso?”
“Não vejo por que ele faria”, disse Cage com um tom seco.
“Porque você acabou de caminhar uma milha nele. Estava quebrado, não estava?”
“Acho que meu pai estava certo. Eu me curo rápido.”
Eu não queria discutir com Cage sobre como ele se sentia, então mudei de assunto e todos
voltamos para o caminhão de Titus. Quando estávamos de volta à pousada, Titus deixou claro que
não se juntaria a nós.
“Lamento que tenha terminado dessa maneira”, disse Titus, visivelmente desapontado.
“Sinceramente, estou bem. É apenas algo que aconteceu. A propósito, você conhece alguém
de nome Nero?”
“Sim, claro. O que tem ele?”
“Onde poderíamos encontrá-lo se estivéssemos procurando?”
“Acho que ele faz alguns turnos no restaurante.”
“Espere, como ajudante de garçom?”
“Sim. Por quê?”
Olhei para Cage, que me olhava com a mesma curiosidade de Titus.
“Estava apenas perguntando. Obrigado por nos mostrar o lugar.”
Peguei minha carteira e lhe entreguei duas notas de vinte reais.
“Oh, não, você não precisa. Especialmente depois do que aconteceu?”
“Estou te dizendo. Está tudo bem. Foi um ótimo passeio. Estamos gratos por isso. Insisto.”
“Bem, se você insiste”, ele disse, exibindo seu sorriso brilhante.
“E, se precisarmos de mais informações sobre a cidade, você acha que podemos te ligar?”
“Claro. Basta me avisar.”
“Obrigado, tenha um bom dia”, despedi-me antes de tirar Cage do caminhão e entrar na
casa.
“Por que estava perguntando sobre o ajudante de garçom da noite passada”, ele me
perguntou enquanto cruzávamos a sala de estar?
“Como foi o passeio?” Dra. Sonya disse cruzando da cozinha. “Foi longo.”
“Foi… muito agradável, obrigado”, Cage respondeu, aliviando-me de ter que fazer a
conversa amigável.
“Vocês viram muitas das cachoeiras?”
“Vimos. Eram lindas.”
“Oh, que bom! Fico feliz que tenham gostado.”
“Por falar nisso, você tem algum jeito de secar essas roupas molhadas?” Cage perguntou,
segurando minha camisa e jaqueta, que havia pego do caminhão de Titus.
Dra. Sonya reagiu com surpresa brincalhona.
“Então, imagino que o passeio foi movimentado”, ela brincou.
Ambos nós rimos.
“Foi sim.”
“Ninguém se feriu, certo?”
“Estou bem”, eu lhe disse.
“Que bom. Eu posso cuidar disso”, ela disse, pegando minhas roupas das mãos de Cage.
Em seguida, olhou para minha calça.
“Quer me dar essas também?”
“Estou bem, obrigado.”
“Como quiser. Cali e eu estamos prestes a jantar. Gostariam de se juntar a nós?”
“Obrigado, mas já temos planos”, interrompi.
Cage me olhou confuso. Ele provavelmente já estava com bastante fome, então eu estava
tirando comida da boca do lobo.
“Sim, infelizmente, já temos planos”, Cage confirmou.
“Oh! O que vocês dois vão fazer?”
“Ahhh…”, Cage disse, olhando para mim.
“Coisas de namorado”, eu disse.
Dra. Sonya segurou o riso.
“Vão lá”, ela disse, caminhando para longe sem dizer mais nada.
Cage virou-se para mim.
“Aprecio seu entusiasmo, mas realmente preciso comer algo primeiro.”
“Vamos. Só que vamos pegá-lo no restaurante.”
Expliquei a Cage o que o Dr. Tom tinha me dito e o que eu achava que isso significava.
“Então, você acha que aquele homofóbico tem informações que podem nos ajudar?”
“Foi isso que ele insinuou.”
“Tenho certeza de que ele estará no clima para compartilhar depois de tirarmos um dia de
salário dele.”
“Nós não fizemos nada com ele. Ele foi quem falou algo para nós.”
“E tenho certeza de que ele verá dessa maneira.”
“Sarcasmo?” confirmei.
“Sim, sarcasmo. Ele não vai querer falar conosco. E não estou certo de que vou querer falar
com ele.”
“Então eu falarei.”
“Não acho que ele vai querer falar com você também.”
“Espero que queira, porque acho que ele pode ter as respostas para o que aconteceu com sua
mãe.”
Cage não me contestou depois disso. Depois de descansar alguns minutos no nosso quarto,
fomos para o caminhão de Cage e voltamos ao restaurante. Entrando, estava mais cheio do que na
noite anterior. Havia um casal grisalho em uma das mesas e um homem calvo e assustador sentado
no canto, mexendo na comida com os dedos.
“Já vou atender vocês”, disse o cozinheiro robusto da cozinha.
Sentamos em nossa cabine anterior e começamos a procurar sinais do ajudante de garçom.
Não vimos nenhum. O cozinheiro parecia estar fazendo tudo sozinho. E quando nos entregou os
cardápios, ele adicionou: “Hoje estamos sem tudo, exceto o jantar de frango, o hambúrguer,
cachorros-quentes, e ainda temos algo de torta.”
“Vou querer o jantar de frango”, Cage disse sem olhar para o cardápio.
“Frito ou assado.”
“Assado.”
“Fritas ou purê de batatas?”
“Purê de batatas. E uma Coca.”
“Peço o mesmo, com fritas, obrigado”, eu lhe disse.
O homem pegou nossos cardápios e nos trouxe as Cocas. Depois, ele foi para a cozinha e
começou a preparar tudo.
“Por que nos dar os cardápios se ele está sem metade do que está nele?” Cage me perguntou
com um sorriso.
“Hábito?” Eu disse, pensando o mesmo.
“Acho que sim. Embora, pareça que este lugar está aqui há um tempo e é a única opção na
cidade. Não acho que alguém mais aqui precisa do cardápio para saber o que quer”, Cage apontou.
“Verdade”, concordei. “Não sei.”
“A propósito, como você está se sentindo?” Cage perguntou, franzindo o cenho para mim.
“Estou bem. Mas ainda estou um pouco com frio.”
“Sério?” Cage perguntou, estendendo a mão através da mesa.
Eu grunhi de relutância em segurar as mãos aqui depois do que havia acontecido na noite
anterior.
“Não. Não vou deixar você se sentir constrangido por demonstrarmos afeto em público. Se
eu estivesse com uma garota, ninguém acharia nada disso. Não vou agir de forma diferente porque
você é um cara.”
Relaxei os braços cruzados e ele pegou minhas mãos.
“Quin, tenho orgulho de estar com você. Quero que todos aqui saibam que fui eu quem te
conquistou e eles não. Se têm um problema com o fato de sermos dois homens, então, podem se
resolver comigo lá fora. Mas eu não vou deixar isso mudar a gente. Vou lutar por isso”, ele disse,
levantando minhas mãos aos seus lábios e beijando-as.
Meu coração pulsou ao ouvir sua declaração. Como ele podia ser tão confiante ao estar
comigo? Meus pais estiveram juntos por vinte anos e foram melhores amigos por uma década antes
disso, mas até eles agiam de maneira diferente quando estavam juntos em público em comparação
com quando estavam com minha mãe.
Quando meus pais estavam em eventos sem minha mãe, mal faziam mais do que colocar os
braços em volta dos ombros do outro. Mas quando um deles estava com minha mãe, eles seguravam
as mãos dela, beijavam-na, faziam o que bem entendiam. Como Cage, um cara que só tinha
namorado mulheres até me conhecer, se sentia mais à vontade expressando seu afeto em público do
que dois homens que se amam loucamente há vinte anos?
Apesar de não conseguir explicar, saber a diferença tornava Cage ainda mais irresistível. Ele
era tudo o que eu poderia querer em um homem. Estar com ele não mudava minha história ou o
que eu sabia que tinha que conquistar na minha vida. Mas, talvez existisse uma maneira de ter
ambos.
Será que ele realmente estava interessado apenas em se estabelecer em algum lugar e criar
uma família? Quer dizer, isso soava incrível. E a ideia de construir uma família com ele se sentia
maravilhosa e certa.
Mas, eu não poderia ter uma vida pequena e privada. Era minha responsabilidade provar que
crianças como eu, de famílias como a minha, poderiam mudar o mundo. Eu não poderia fazer isso
vivendo em um lugar tão isolado como Snow Tip Falls.
Afastando isso da minha mente, foquei em algo mais imediato.
“Não acho que Nero esteja aqui esta noite”, falei para Cage.
“Também acho que não.”
“O que nós fazemos?”
“Como assim?”
“Amanhã é segunda-feira. Temos aula de manhã”, lembrei.
“Você quer voltar?”
“Não deveríamos? Você não precisa trabalhar?”
“Posso encontrar alguém para cobrir meus turnos.”
“Você não precisa trabalhar? Podemos voltar no próximo fim de semana.”
Cage desviou o olhar, entristecido.
“Como sempre, você está certo. É só que as respostas finalmente pareciam estar tão perto.
O que você acha que o Nero sabe?”
“Não consigo nem adivinhar. Poderia ser qualquer coisa. Mas ele não está aqui e não
sabemos se voltará amanhã ou nunca.”
“Você está certo. Devemos ir. Depois de comermos, é claro”, ele disse firmemente.
“É claro”, disse eu, com uma risada. “Acho que já te fiz passar fome o suficiente por um
dia.”
Olhei em seus olhos, perdendo-me neles. Precisava tocá-lo. Assim, liberei uma de minhas
mãos e acariciei sua bochecha com o polegar. Ele era tão lindo e perfeito. Queria ser dele. Queria
que fôssemos um só.
Quando o jantar chegou, comemos, Cage um pouco mais rápido do que eu. O grandalhão
mal comeu alguma coisa o dia todo.
“Alguém aí se interessa por uma tortinha?” O cozinheiro perguntou quando recolheu nossos
pratos.
Cage olhou para mim claramente querendo que eu dissesse sim.
“Certo, de que sabor?” perguntei.
“É de mirtilo. Duas fatias ou uma?”
“Só uma. Só preciso de uma mordida”, falei para Cage.
“Só uma, obrigado”, Cage disse ao cozinheiro.
“Quer que eu aqueça?”
Cage olhou para mim e eu assenti. “Por favor.”
“Sorvete do lado?”
“Com certeza”, respondeu Cage, sem precisar me consultar.
O cozinheiro trouxe a torta fumegante com dois garfos e comemos em silêncio. Eu não
estava falando porque tudo o que conseguia pensar era em me jogar nos braços dele nua. Eu tinha
visto o contorno de seu membro. Ele era grande. Como seria sentir aquilo me penetrando?
Dr. Tom me deu um lubrificante. Era o que eu estava insinuando. Só conseguia imaginá-lo
espalhando-o entre as minhas nádegas e massageando meu cu com ele. Ele enfiaria um dedo para
me abrir primeiro? Fiquei duro só de pensar.
Tinha que acontecer em algum momento, certo? Talvez eu durma na casa dele hoje à noite.
Talvez ele me acompanhe até o meu quarto quando voltarmos para a universidade e então entre
atrás de mim. Minha pele formigou de antecipação. Sentia que estava enlouquecendo à espera disso.
“Devemos ir?” Cage perguntou quando a torta tinha acabado.
“Tudo bem”, respondi com um sorriso, ainda pensando no que poderia acontecer a seguir.
Fui até o caixa e paguei a conta, depois me juntei a Cage a caminho da porta. Ele estendeu a
mão para mim e eu entrelacei as nossas. Parecia tão certo. Estávamos prestes a nos despedir e subir
na caminhonete quando alguém chamou nossa atenção.
“Rapazes!”
Nos viramos ao ver Titus. Ele estava com uma mulher que parecia uma versão mais velha e
feminina dele. Ela, porém, parecia levar a vida mais a sério do que ele.
“Titus”, Cage disse, apertando minha mão para garantir que eu não recuasse de seu toque.
Titus conduziu a mulher até nós e parecia genuinamente feliz em nos ver.
“Cage, Quin, essa é minha mãe. Mãe, esses são os dois caras a quem dei um tour hoje.”
“Prazer em conhecê-la”, ambos dissemos.
“Prazer em conhecê-los. Titus não para de falar de vocês dois. Ele me disse que vai para a
Universidade do Leste do Tennessee agora.”
Olhamos para Titus que ficou vermelho.
“Eu só mencionei que dei um tour para eles e disse que estava pensando em fazer algumas
aulas. Quin estava me dizendo como isso poderia ajudar a cidade”, disse Titus.
“A cidade está perfeita do jeito que está”, disse a mãe dele, categoricamente. “Não sei por
que você acha que as coisas seriam melhores se estivéssemos cheios de turistas.” Ela olhou para nós.
“Sem ofensas.”
“Não me ofendo”, disse Cage educadamente.
“Nós dificilmente seremos invadidos por turistas. Eu apenas acho que a cidade se sairia
melhor se tivéssemos um pouco mais de dinheiro circulando por aqui.”
“Sua geração e essa fixação por dinheiro.”
Titus riu. “Eu mal penso que querer ser bem-sucedido começou com a minha geração. Você
já ouviu falar da revolução industrial? Magnatas ladrões? Eu acho que as pessoas querem algo mais
para suas vidas antes mesmo de eu aparecer.”
Sua mãe bufou. Titus nos olhou e deu de ombros, confuso mas divertido.
“Enfim, vocês dois acabaram de jantar?”
Cage respondeu. “Sim. Nós comemos o frango.”
“É domingo, então é o que está no menu. E outra coisa, mãe, se tivéssemos mais pessoas
passando pela cidade, talvez o Bill pudesse ter mais de uma opção aos domingos”.
“Nunca ouvi você reclamar das refeições de domingo dele.”
“Bem, considere isso como minha reclamação registrada.”
“Anotado”, disse a mãe dele, descontente.
“De qualquer forma, vocês vão voltar para a pousada?”
“Sim. E depois vamos pegar a estrada”, explicou Cage.
“Ah! Porque eu ia dizer que sei onde encontrar o Nero amanhã, se vocês ainda estiverem à
procura dele.”
“Sério?” Perguntei, animado.
“Sim.” Titus olhou para a mãe dele, que estava nos observando conversar. “Ele tem este
evento que ele organiza nas segundas-feiras à noite. É uma espécie de um encontro social. Nada de
especial. Mas eu ia dizer que poderia levá-los, se quisessem ir.”
“Ah!” Disse Cage, olhando para mim.
Eu não sabia o que dizer para ele. Eu estava tão interessado em falar com Nero quanto ele,
talvez mais. Mas nós dois tínhamos aulas e ele tinha que trabalhar.
“Podemos te mandar uma mensagem sobre isso?” Disse, sabendo que eu e Cage teríamos
que considerar essa possibilidade.
“Claro”, disse Titus antes de trocarmos números e seguirmos nossos próprios caminhos.
No calor do caminhão, assistimos Titus entrar e se sentar a uma mesa com a mãe. Ela sorriu
pela primeira vez quando o cozinheiro veio à mesa. Ambos sorriam. Claramente havia algo mais
acontecendo entre os dois.
“Então, o que você acha? Ficamos por aqui e tentamos conversar com Nero no ‘encontro
social’ dele amanhã?” Cage perguntou, virando-se para mim.
“Também podemos voltar para casa e voltar amanhã depois do seu trabalho?”
“Poderíamos. Mas são duas horas até lá, duas horas de volta aqui e depois mais duas horas
para chegar em casa. Consigo pensar em formas melhores de gastar nosso tempo”, ele disse com um
sorriso.
Eu fiquei excitado assim que ele disse isso. Ele estava certo. Eu conseguia pensar em várias
coisas melhores que poderíamos fazer com nosso tempo.
“Fica a seu critério, Quin. É o seu dinheiro. Mas, se quisesse ficar mais uma noite, talvez eu
pudesse torná-la interessante”, ele disse, me dando arrepios.
“É mesmo? Como?”
Cage colocou a mão atrás do meu pescoço e puxou meus lábios para os dele. Eu fiquei fraco
em seu abraço. O calor de seus lábios derreteu qualquer resistência que eu tinha em relação a ficar.
Com os dele ondulando nos meus, eu entreabri os lábios e convidei sua língua para entrar.
Enquanto nossas línguas dançavam, minha cabeça girava. O beijo dele era como uma brisa
quente num dia frio. Tudo parecia tão bom. E, quando ele me libertou de meu transe, eu estava
disposto a fazer qualquer coisa para que recomeçasse.
“Acho que valeria a pena ficar mais uma noite por isso”, disse a ele, fazendo o meu melhor
para não pular em cima dele ali mesmo.
Cage sorriu. “Que bom. Fico feliz que você acha”, ele disse, com um brilho nos olhos.
Eu não conseguia evitar de tocar nele enquanto voltávamos para a pousada. Coloquei minha
mão na coxa dele, massageando seus músculos. Tudo nele era tão grande. Não demorou muito para
eu mover minha mão para o pênis dele. Eu não conseguia evitar, a coisa era enorme.
Suas calças de moletom não ocultavam nada. Eu não conseguia mais esperar. Tinha que ver.
Precisava segurá-lo em minhas mãos. Então, enquanto ele dirigia, me inclinei sobre o colo dele,
segurei a cintura de suas calças e puxei para baixo.
Cage me ajudou, se movendo para permitir que as calças e a cueca deslizassem até a coxa.
Seu pênis era tão grande que ficou preso enquanto as calças desciam. O eixo grosso foi a primeira
coisa que vi. Mas, ao ter que deslizar a mão e ajudar, eu consegui ver tudo quando ele saltou a
pôlelgadas dos meus lábios.
Eu nunca havia segurado um pênis antes e a sensação fez meu coração disparar. Eu não
conseguia envolvê-lo com uma só mão. O máximo que eu podia fazer era segurá-lo firme enquanto
baixava a cabeça e colocava a ponta dele na minha boca.
Ele gemeu assim que sentiu minha respiração quente envolvê-lo. Eu nunca tinha feito isso
antes, mas aprendo rápido. Eu sabia o que ele tinha feito que me enlouquecera. E, colocando minha
língua para trabalhar na coroa do seu membro, senti o caminhão diminuir a velocidade.
Colocando o caminhão no estacionamento, mas não desligando, ele esticou as pernas, me
dando acesso mais fácil. Ao fazer isso, revelou mais do seu comprimento oculto. Uau!
Colocando uma segunda mão sob a primeira, ainda havia espaço para uma terceira. Sentindo
suas veias pulsando contra minhas palmas, eu empurrei a ponta dele o mais fundo na minha garganta
que pude. Não era muito longe.
Excitado tanto quanto ele, eu girei a cabeça, puxando-a para trás antes de retorná-la aos
limites da minha garganta. Enquanto fazia isso, eu o masturbei com ambas as mãos. Suas pernas se
contorceram.
Quando ele colocou a mão na minha cabeça, soube que estava perto.
“Ahhh!” ele gemeu, se contorcendo na cadeira.
Ao ouvir isso, intensifiquei o ritmo. Açoitando com minha língua de um lado para outro,
apertei meu cerco ao seu membro. Deslizando ao longo de sua curva, finalmente, estalei a língua
contra a base da sua cabeça, fazendo com que ele explodisse.
Sem retirá-lo de mim, recebi tudo em minha garganta. Não sabia se era o que ele queria, mas
eu desejava conhecer tudo sobre ele. Eu queria saber qual era o sabor do sêmen de Cage.
Engolindo tudo, era um misto de azedo e doce. Ele permaneceu em silêncio enquanto
continuava a vir. Foi ao parar que, ofegante, inalou ar.
“Meu Deus, você é tão bom nisso. Como se tornou tão bom?” Ele perguntou, levando-me a
sentar e soltá-lo.
Não queria soltar o seu viril membro. Eu poderia segurá-lo para sempre. Era mais robusto e
impressionante que a alavanca do caminhão a um passo de distância.
Eu não podia acreditar que estava olhando para o membro de Cage. Era o pênis do meu
namorado e era a coisa mais linda que eu já tinha visto.
Ele estendeu a mão e tocou meu queixo com seu dedo. Inclinando-se para a frente, beijou
meus lábios.
“Sério, como você é tão bom nisso?”
“Acho que me inspirei”, respondi contente por ter conseguido dar a ele tanto prazer.
Cage baixou a mão e se recostou.
“Não acho que posso me mexer. Sério, acho que minhas pernas estão paralisadas”, ele
brincou. “Acho que nunca mais poderei andar.”
“Oh, não! Sua carreira no futebol!”
Cage riu.
“Isso é o que vou fazer. Vou culpar o meu abandono nos boquetes do meu namorado.
Foram tão bons que perdi o uso das pernas. Tenho certeza de que a mídia esportiva entenderia
isso.”
“Eu entenderia”, confirmei com um sorriso.
Ficamos em silêncio enquanto Cage recobrava suas forças. Estávamos a menos de 20
segundos de avistar a Pousada. Concluímos a viagem, estacionando na frente, e vagarosamente,
fomos para dentro. Eu ainda usava o casaco de Cage, então ele cruzou os braços tentando se
proteger do frio.
Entramos e olhamos em volta, esperando não ter que explicar a ninguém onde estivemos.
Não havia ninguém por perto. Em vez disso, encontramos minhas roupas dobradas sobre a mesa de
centro da sala de estar. Ao lado, meu casaco pendia, com um bilhete preso.
“Não sabia se você ficaria outra noite. Então, foi ótimo conhecê-lo e espero vê-lo
novamente. Ou, te vejo para o café da manhã.”
“Devemos deixar um bilhete dizendo que ficamos, não deveríamos?” perguntei, incerto do
que seria esperado.
“Ou isso, ou ela verá minha caminhonete.”
Olhei pela janela e vi a caminhonete iluminada pelas luzes da sala.
“Acho que você está certo. E ela tem o número do meu cartão de crédito. Não há
necessidade de deixarmos um bilhete.”
Pegando minhas roupas, nos dirigimos para cima e nos recolhemos para o nosso quarto. A
cama estava feita. Mal podia esperar para bagunçá-la novamente.
“Acho que preciso de um banho”, Cage disse parecendo bastante relaxado.
“Devo te acompanhar?” perguntei, me perguntando se deveria fazer isso como parte das
minhas funções de namorado.
“Não. Com essa coisa, é mais trabalho do que diversão”, ele disse, referindo-se ao seu gesso.
“Então, eu poderia lavar suas costas para você.”
“Obrigado, mas eu dou conta. Você quer ir primeiro para o banho? Provavelmente vou
demorar.”
“Acho que sim”, respondi ainda querendo envolvê-lo nos meus braços. Mas em vez disso,
peguei minha camisa dobrada e entrei no banheiro, fechando a porta atrás de mim.
Tirando a roupa, não conseguia parar de pensar em como o pau duro de Cage se sentia nas
minhas mãos. Estava começando a pensar que nunca mais tocaria num pênis além do meu. E que
fosse o de Cage, me deixava vibrando de excitação.
Não houve um momento no banho em que não estivesse completamente duro. Eu estava
tão excitado que me sentia exultante. Depois de sair, considerei colocar minhas roupas de volta, mas
qual seria o ponto? Então, enrolado na toalha, voltei a encontrar com Cage.
“Deus, não consigo parar de olhar para você”, ele disse, passando os olhos por mim. Sua
atenção fez meu pênis duro pulsar. Ele viu e sorriu.
“Já volto”, disse ele, me substituindo atrás da porta do banheiro.
Não sabia o que fazer enquanto esperava. Embora não estivesse frio no quarto, não estava
quente o suficiente para ficar nu. Isso era um problema porque eu não queria me vestir.
Além disso, não sabia quanto tempo Cage levaria. A melhor opção parecia ser ficar
confortável debaixo dos lençóis. Eu queria desesperadamente que ele pensasse em sexo comigo,
então, o que eu poderia fazer para conseguir isso?
O que decidi foi colocar o tubo de lubrificante que Dr. Tom me deu no criado-mudo do
lado do banheiro e me acomodar no outro lado da cama. Para ter certeza de que ele não perderia,
apaguei todas as outras luzes, exceto a lâmpada do criado-mudo que iluminava o lubrificante como
se fosse um refletor.
Se ele ainda não percebesse depois disso, eu diria algo. Eu o queria tão desesperadamente
que tremia de antecipação. Deslizei minha mão por debaixo dos lençóis e pressionei meu pênis
quando a pressão se tornou demasiada.
Os minutos pareciam horas à espera dele sair. Estava prestes a explodir de tensão quando,
para minha alegria, ouvi o chuveiro sendo desligado e ele retornou ao quarto.
Ele se aproximou da cama como um homem saindo das sombras. O jeito como a toalha
repousava em seu quadril era incomparavelmente mais atraente do que quando estava em mim. Seu
tórax nu e esculpido lembrava o de super-heróis em filmes. Eu podia ver cada ondulação de seus
músculos salientes. Mas havia apenas uma saliência pela qual eu me importava. Essa, com certeza,
não me decepcionou.
Seu pênis duro se estendia pela frente, sendo eventualmente enterrado pelas dobras da
toalha. Eu mal podia esperar para senti-lo novamente. Quando ele se aproximou da beira da cama e
olhou para a mesa de cabeceira, ele riu. Eu tinha quase certeza que seu riso significava que eu o veria
logo.
“Você trouxe isto com você?”, ele perguntou pegando o lubrificante e examinando-o.
“Não. Peguei com o médico,” respondi.
“Você sempre está um passo à frente de todos.”
Fiquei curioso sobre o que ele queria dizer com isso, mas não queria estragar o clima.
“Você já usou lubrificante antes?”, perguntei sabendo que eu não havia.
“Uma ou duas vezes. Mas não da maneira como vamos usar agora. Mal posso esperar para
experimentar.”
“Nem eu,” disse a ele, querendo que ele entrasse na cama imediatamente.
Deixando cair sua toalha, permitindo que seu pênis duro saltasse para fora, Cage devolveu o
pequeno frasco para a mesa de cabeceira e se juntou a mim debaixo dos lençóis. Pressionei meus
antebraços contra meu peito e deslizei em sua direção, de rosto voltado para ele. Com os braços
envolvendo-me suavemente, eu absorvia o calor de seu corpo.
“Como fazemos isso?”, Cage perguntou.
“Como você quiser,” respondi, nervoso.
“Você está com frio,” ele disse, puxando-me para mais perto.
Eu amava estar em seus braços. A sensação me deixava embriagado. Precisando beijá-lo,
inclinei a cabeça para olhá-lo. Ele estava esperando por isso, pois assim que eu fiz isso, inclinou-se e
encontrou meus lábios.
Frente a frente, nossos pênis se tocaram. Nós dois sentimos. Quando ele me beijou
repentinamente com mais intensidade, soube que isso o excitava tanto quanto a mim.
Sem pensar, inclinei meus quadris, esfregando seu pênis contra meu abdômen e o meu
contra sua perna. Rapidamente, ele começou a fazer o mesmo. Nunca imaginei como isso poderia
ser bom. E quando ele passou a mão em minha bunda e enterrou seus dedos entre minhas nádegas
para puxar meu corpo mais para perto, meus quadris se moviam incontrolavelmente. Eu queria que
ele me fodesse. Precisava que ele soubesse que eu queria.
Brevemente soltando de minha nádega, Cage estendeu a mão buscando algo atrás dele.
Quase não perceberia, se não fosse por um estalo e um som borbulhante que me excitei. E quando
sua mão voltou e seus dedos testaram meu ânus, levantei minha perna concedendo-lhe total acesso.
Cage me beijou com seus dedos cobertos de lubrificante penetrando em mim. A pressão foi
quase demais. Fez com que eu interrompesse o beijo e gemesse. Em resposta, ele retirou o dedo.
Rapidamente retornou seu objetivo, pulsando a pressão até que, como um balão, meu orifício se
abriu.
O dedo espesso de Cage estava dentro de mim. Cage estava dentro de mim. Com isso, veio
um lampejo de dor que rapidamente retrocedeu. A sensação tornou-se fantástica. Movimentando-me
novamente para beijá-lo, ele então começou a me penetrar lentamente com o dedo, depois adicionou
outro, alargando mais meu orifício.
Os dedos de Cage sentiram-se gloriosos, mas havia algo que eu queria ainda mais. Então,
esperando que ele não interpretasse mal, afastei-me de seus lábios. Rodei, e ele não retirou seus
dedos até que eu tivesse completamente virado. Com eles fora, pressionei minhas costas contra seu
peito e procurei seu pênis com minhas nádegas.
Sabendo que não podia apenas ficar deitado agora que sabia como era tê-lo dentro de mim,
esfreguei minha bunda contra ele. Quando ele não se movimentou, levantei meus quadris buscando
a ponta dele.
Com sua glande entre minha carne pressionando acima do meu orifício, ele assumiu.
Movendo a ponta para o meu alvo, ele segurou o lado de meu quadril. Tudo que pude fazer foi
respirar fundo, preparando-me para receber aquilo que tanto sonhara.
Ao contrário de seus dedos, a cabeça de seu pênis era avassaladora. Por mais que ele me
tivesse dilatado, quando ele avançou, percebi que não havia sido suficiente.
Ele continuava testando-me, pressionando-se com mais força. Cada vez eu estremecia,
depois rapidamente relaxava. Podia sentir que ele estava avançando mais com cada pulsar.
Finalmente, quando Cage agarrou sua grande mão ao redor do meu lado, travando-me no lugar, ele
empurrou seu pênis sem aliviar.
Por mais que doesse, eu não queria que ele parasse. Era dor ou prazer? Eu não sabia. O que
eu sabia era que queria o pênis de Cage em mim e, então, como se eu tivesse renascido, ele entrou
provocando uma onda de agonia que rapidamente foi seguida por um mar de prazer.
“Sim!”, gemi, precisando de mais.
Assim que disse isso, ele empurrou mais forte.
“Ahhh!”, gritei.
Ele era demais, mas eu queria mais. Queria que ele continuasse empurrando até que nós dois
nos tornássemos um. Finalmente, ele atingiu um ponto onde não podia entrar mais. Foi quando ele
recuou e depois penetrou novamente. Seu pênis me vibrava como um violino. Fez minha visão
escurecer e minhas pernas amolecerem.
Se me dessem cem anos, eu jamais teria imaginado o quão bom o pênis de Cage se sentia.
Minha cabeça estava girando. Ele estava me fodendo. O pênis de Cage Rucker estava dentro de
mim. E conforme ele me penetrava mais rápido e com mais força, senti um nó se formando no
interior da minha coxa que lentamente subia até meus testículos.
Eu estava prestes a gozar somente com a penetração. Como isso era possível? Eu não tinha
me tocado. Cage também não. Ainda assim, meus testículos formigavam e senti uma dor crescente.
Apertei os maxilares na esperança de fazer algo para impedi-lo. Não consegui. Então,
perdendo o controle de mim mesmo, meus dedos dos pés se contraíram, meus músculos apertaram,
e explodi em orgasmo.
Eu grunhi nesse momento, mas o som se perdeu quando Cage gemeu. Ele gemeu mais alto
do que eu já havia ouvido alguém na minha vida. Estávamos gozando juntos.
Levei minha mão até a dele enquanto se cravava no meu quadril. Eu estava ficando tonto.
Eu queria ficar com ele, vivenciando cada momento, mas tudo estava demais. Seu pau, o que eu
sentia por ele, os eventos do dia, tudo estava vindo à tona.
Enquanto isso acontecia, respirei profundamente pela última vez. Ao soltar o ar, minha visão
escureceu. Eu estava em meio ao maior prazer da minha vida e, ao me perder nele, fui aos poucos
desmaiando.
Capítulo 14
Cage
Sexo com Quin era como eu sempre imaginei que sexo deveria ser. Sexo com Tasha e as
outras garotas estava bem. Ninguém tinha do que reclamar. Mas com Quin, eu me sentia como um
homem em chamas.
Estar com Quin fazia algo comigo. Eu me sentia completo quando estava com ele.
Segurando-o, eu pensava em cercas brancas de palito e crianças correndo no quintal. Ele era minha
outra metade. Eu tinha certeza disso. Não havia dúvida de que eu estava apaixonado por ele.
Eu continuei abraçado a ele a noite toda. Depois de ter adormecido e rolado para o lado
perdendo o contato com ele, acordei apenas o suficiente para estender minha mão em busca de seu
corpo. Só quando o encontrei, consegui voltar a dormir.
Na manhã seguinte, acordei com ele aninhado em meus braços. Eu podia sentir o cheiro do
cabelo dele. Havia um toque de morango nele. Eu poderia ter ficado ali para sempre e quase
ficamos. Não pensamos em nos levantar até depois das 11. Naquela hora, ambos estávamos com
mais fome do que qualquer outra coisa.
“O que faremos hoje?” perguntei-lhe, enquanto ele se afastava de mim com relutância.
“Comer algo?”
“E depois, nas próximas 10 horas antes de irmos ao clube do livro do Nero ou seja lá o que
for?”
“Eu não acho que vai ser um clube do livro”, disse Quin me levando a sério.
“Estou brincando. Sim, algo me diz que o Nero não se diverte com uma frase bem
construída,” eu brinquei.
“Provavelmente não,” Quin concordou sorrindo.
Deus, como eu amava ver aquele homem sorrir.
Nós dois nos revezamos no banheiro e então descemos. Dr. Sonya estava circulando.
“Bom dia,” ela disse corando.
Estava bem claro que ela sabia o que tínhamos feito na noite anterior. Olhando para ela,
tentei lembrar o quanto tínhamos sido barulhentos. Eu não tinha sido silencioso. Olhei em volta,
pensando na espessura das paredes. Provavelmente não eram muito grossas. Oops!
“Bom dia,” eu disse envergonhado.
Quin pareceu não perceber a brincadeira dela.
“Está mais para boa tarde,” ele corrigiu.
“Eu sei. E imaginei que vocês dois poderiam ter criado um apetite.”
“Definitivamente estamos com fome,” disse Quin, parecendo não entender a insinuação da
Dr. Sonya.
“Ótimo! Porque eu trouxe uma seleção de doces para vocês. Estava esperando que não
fossem desperdiçados. Deixe-me pegar,” ela diz indo em direção à cozinha. “Sintam-se à vontade.”
Quin e eu nos sentamos à mesa redonda no canto do café e nos acomodamos. Dr. Sonya
voltou com uma seleção de croissants, pães doces e frutas. A única coisa que poderia melhorar isso
seria bacon. Mas bacon melhora tudo, então isso não estava dizendo muito.
“Quais são os planos de vocês para hoje?” Ela perguntou ficando por ali enquanto
experimentávamos seus doces.
“Ainda não temos certeza,” disse eu, separando um croissant e colocando um pedaço na
boca. “Isso está muito bom.”
“Eles são feitos localmente. Temos um jovem chef de doces em mãos. Tenho feito tudo o
que posso para incentivar seus interesses.”
“Eles são realmente crocantes,” Quin colaborou.
“São excelentes,” concluiu a Dra. Sonya antes de mudar de assunto. “Posso contar com a
agradável companhia de vocês por mais uma noite, ou vocês vão voltar hoje?”
Quin respondeu. “Vamos encontrar Titus à noite. Mas vamos voltar depois. Temos aulas e
ele tem trabalho,” ele disse, decidindo por nós dois.
Era o que tínhamos discutido, mas eu pensei que íamos jogar um pouco mais na hora. Este
lugar não era barato, então eu podia ver por que ele não queria ficar mais uma noite. Mas, do jeito
que ele falou, me deu a impressão de que ter que voltar tinha mais a ver comigo do que com ele.
O cara era brilhante. Ele faltar uma ou duas aulas não afetaria de modo algum as suas notas.
Eu era o único que tinha de lutar com tudo. Eu estava quase certo de que ele queria voltar para que
eu não ficasse para trás.
É muito gentil da parte dele cuidar de mim assim. É a primeira vez na minha vida que
alguém faz isso. Mas, ao mesmo tempo, eu estava gostando aqui. Havia algo que me fazia sentir que
eu pertencia. Eu esperava que Quin sentisse o mesmo.
“Bem, foi um prazer recebê-los. Espero vê-los novamente. Cali vai ficar decepcionado por
ter perdido vocês. Ele gostou bastante de vocês dois. Eu disse a ele que se quiser ver vocês, ele
deveria se inscrever na Universidade de East Tennessee. Ele tem enrolado quanto a isso. Mas
conhecer vocês dois pode ter dado o empurrão que ele precisava.”
“É uma ótima faculdade,” Quin disse. “Se ele decidir que quer um tour, ficarei feliz em dar
um.”
“Seria maravilhoso. Eu vou avisá-lo. Ele vai adorar isso.”
Eu não pude evitar um lampejo de ciúmes ouvindo Quin oferecer seus serviços de guia.
Talvez ele estivesse tentando sair de sua zona de conforto, mas eu não pude deixar de lembrar o
quanto o garoto estava apaixonado por Quin. Eu tinha falado para Quin sobre isso, então ele
definitivamente sabia. E agora era com ele que Quin estava escolhendo se esforçar além do normal?
Pensando bem, eu estava provavelmente analisando demais. Quin era um cara incrível e
caras incríveis fazem coisas boas para as pessoas. Ajudar Cali a ficar animado sobre a faculdade era
uma coisa boa. Eu só não queria pensar no meu namorado com mais ninguém. Eu queria ser o
único a cuidar dele pelo resto de nossas vidas.
“Sim, avise-nos. Podemos levá-lo a fazer um tour,” eu disse garantindo que Cali não ficasse
muito animado com isso.
“Maravilha! Tenho seu número, Quin. Vou repassá-lo. Tenho alguns recados para fazer. Mas
aqui está o meu cartão. Sinta-se à vontade para me ligar se precisar de algo mais”, disse ela, dando-
lhe o cartão.
“Então, o que vamos fazer até a noite?” perguntei, pegando um pedaço de melão.
“Podíamos dar uma volta de carro.”
“Acho que já vimos tudo o que tínhamos para ver. Mas, poderíamos mandar uma mensagem
para o Titus para ver se ele tem alguma sugestão.”
“Você acha que ele vai se importar?” disse Quin com um sorriso.
“Por que ele se importaria?” perguntei, já tirando meu celular e mandando uma mensagem
para ele.
‘Alguma sugestão do que eu e o Quin poderíamos fazer hoje’, digitei e enviei.
Levou menos de dez segundos para meu telefone tocar.
“É o Titus. Quem responde a uma mensagem com uma ligação?” perguntei surpreso. “Alô?”
“Cage! Eu estava esperando ouvir de vocês dois! Lembra quando eu disse que a Snow Tip
Falls tem um time de futebol americano do colégio muito bom?”
“Lembro.”
“Bem, isso foi eu me gabando um pouco porque eu sou o treinador.”
“Você treina o time?”
“Treino. É apenas algo que eu faço para manter o programa em funcionamento. Coach
Thompson, o cara que treinou nosso time, morreu no ano passado.”
“Lamento ouvir isso.”
“Obrigado. E, não querendo deixar os caras sem um treinador, eu me voluntariei. Mas eu
estava pensando, quão incrível seria se você, com sua experiência, viesse e desse uma pequena
palestra para eles? Nada formal. Acho que eles ficariam animados. Talvez você possa inspirá-los a se
mexer.
“E, honestamente, eu não faço ideia do que estou fazendo. Estou tentando, mas sempre
preciso de feedback. O que você acha? Tem algum interesse em vir e conversar com uns jovens
talentosos?”
“Eu adoraria,” eu disse olhando para o Quin. “Terei que conversar com o Quin a respeito,
mas acho que podemos passar por lá.”
“Sério? Isso seria incrível! Vou te mandar o endereço. E se você chegarem por volta das
duas, vou dar um tour na escola. Ela tem uma rica história.”
“Vou conversar com o Quin.”
“Ótimo! Até logo,” disse Titus terminando a ligação.
“O que ele disse?” Quin perguntou sem tirar os olhos de mim.
“Ele quer que eu vá lá e converse com o time de futebol americano do colégio.”
“Você concordou?”
“Não é como se tivéssemos algo mais para fazer,” eu lhe disse.
Quin não discordou.
Nas próximas horas, nós ficamos por ali, demos uns amassos e devolvemos as muletas que o
Glen me emprestara.
“Foram úteis?” Glen perguntou.
“Definitivamente!” eu disse, mal tendo usado elas.
“Como tem sido a estadia de vocês? Fizeram algum progresso para resolver o seu mistério?”
“O Dr. Tom sugeriu que conversássemos com o Nero,” respondeu Quin.
“Com o Nero?” Glen perguntou confuso.
“É. Você sabe por que ele diria isso?”
“Tom não é muito conversador quando se trata de falar o que sabe sobre as pessoas. Isso
torna complexo puxar assunto com ele.”
“O que você sabe sobre o Nero?” Quin perguntou no modo detetive.
“Não muito. Ele cresceu aqui, frequentou a escola, jogou no time de futebol. Ele sempre
pareceu um pouco zangado. Vejo ele de vez em quando trabalhando de garçom no restaurante.”
“Nós vimos ele lá,” eu disse. “Ele não ficou feliz em nos ver.”
“Como assim?”
“Eu estava segurando a mão do Quin e ele comentou.”
“Sério? Isso me surpreende.”
“Por quê?” Quin perguntou.
“Não sei. Tom é o médico dele, assim como é para todos na cidade. E, ele tem alguns
problemas de raiva, mas sempre foi respeitoso conosco. Ele nunca insinuou algo homofóbico. Até
chegou a me dar a impressão em algum momento de que via o Tom como uma figura paterna.”
“O que aconteceu com o pai dele?” eu perguntei para o Glen.
“Não sei. Mas, acho que ele nunca o conheceu. É difícil crescer sem um pai.”
“Pode ser difícil crescer com um,” eu respondi.
“Sim,” Glen concordou. “Quando os pais nos decepcionam, isso deixa marcas.”
“Sei um pouco sobre isso,” eu disse olhando para Quin, que cresceu com três pais amorosos.
Ele nos olhava em branco.
Pegando alguns lanches, fomos para o colégio da cidade. Ele parecia um armazém
convertido. Era mais um lugar que não aparecia no mapa do meu celular.
Ao chegarmos ao estacionamento, vimos Titus em sua caminhonete nos esperando. Quando
estacionamos ao lado dele, ele saiu. Seu largo sorriso estava maior do que nunca. Ele realmente tinha
uma maneira de fazer as pessoas se sentirem bem recebidas.
O tour de Titus começou no prédio principal da escola. No passado, ali era o local onde eles
estocavam a cachaça depois de engarrafá-la. Nos anos 50, a cidade ganhou alguns estudantes a mais
e o local foi convertido numa escola. Desde então, a área construída vem crescendo.
Eu achava que os armários do meu colegial eram ruins. Parece que eram de alto padrão
comparados com o que o time de Snow Tip Falls tinha. O campo também não era muito melhor.
“Não é muito, mas é sobre a garra dos jogadores e não a qualidade do campo. Isso é o que
eu sempre digo para eles,” disse Titus nos mostrando o lugar.
“Você está certo,” eu disse sinceramente.
“Tem alguns caras no time que têm um potencial real. Se tivéssemos equipamentos
melhores… e um melhor treinador,” ele disse com uma risada autodepreciativa, “alguns desses
jovens poderiam ir longe. Alguns até poderiam conseguir uma bolsa na East Tennessee. Você
saberia algo sobre isso, certo? Talvez você possa conversar com eles sobre isso.”
Meu coração se derreteu com seu pedido. “Ficaria feliz em ajudar. Qualquer coisa que eu
possa fazer, é só me dizer.”
O sorriso de Titus em resposta era genuíno. Ele se importava com os garotos. Não havia
dúvidas de que ele era um bom rapaz.
“Você é Cage Rucker?” Um dos garotos me perguntou quando entramos no campo para o
treino.
Olhei para Quin. Quin sorriu.
“Sim,” eu disse, gostando de ser reconhecido.
Tinha sido reconhecido centenas de vezes ao longo dos anos. Mas essa era a primeira vez em
muito tempo que me afetava. Não estava certo do motivo.
“Cali, você está na equipe de futebol?” eu perguntei quando ele se juntou a nós no campo,
uniformizado.
Ele corou, olhando para mim.
“Sim. Eu sou o chutador.”
“Ele tem um pé de ouro, esse aí,” Titus disse, encorajador.
Cali ficou vermelho e então espiou Quin para ver se ele tinha ouvido. Quin tinha. Cali estava
apaixonado pelo meu namorado, e muito.
Cali era um cara menor, com um estilo que sugería emo. Vê-lo no time me surpreendeu.
Fez mais sentido ao descobrir que ele era o chutador. Não é preciso ter o porte de um
linebacker para chutar uma bola de futebol a 80 jardas. E, claro, para se exibir para Quin antes do
início do treino, foi exatamente isso que Cali fez. Ele, sem dúvida, era bom o suficiente para jogar
em uma escola como East Tennessee. Alguns dos garotos ali também eram.
Para minha constante surpresa, Titus não apenas quis que eu falasse com eles, ele me
convenceu a conduzir o treino. Acabou por ser divertido. Havia algo nisso que parecia certo, apesar
de eu ter certeza que Quin estava morrendo de tédio.
“Agradeço por você fazer isso pelas crianças”, disse Titus enquanto voltávamos para nossos
caminhões.
“Sério, foi um prazer”, respondi.
“Cage estava em seu elemento,” Quin disse a ele.
Não pensei que Quin teria notado isso, mas ele estava certo. Isso era definitivamente o que
eu queria fazer com a minha nova vida.
“Vocês me permitiriam levá-los para jantar como agradecimento? Poderíamos ir para o
esquema do Nero depois.”
“Acho legal”, respondi, sem dar a Quin a chance de opinar.
A verdade é que trabalhar com as crianças me deu uma euforia e eu ainda não estava pronto
para descer dela. Voltando para o restaurante, Quin e eu procuramos por Nero ao entrar.
“Ele não está aqui”, Titus se adiantou. “Ele ajuda com a correria nos fins de semana”, Titus
disse, zombando do quão poucas pessoas eram necessárias para ser considerado uma correria em
Snow Tip Falls.
“Você conhece bem o Nero?” Quin perguntou, voltando ao papel de investigador.
“Estudamos juntos. Ele era um ano abaixo de mim, mas estava em algumas das minhas
aulas. Nós jogamos juntos no time, no entanto.”
“Time de futebol?” eu perguntei.
“É o único time que temos em Snow Tip Falls”, Titus disse de forma auto-depreciativa. “Só
podemos nos dar ao luxo de ter uma atividade extracurricular aqui. Então, espero que ninguém
esteja interessado em basquete feminino.”
“Ah, que chato!” eu disse, compreendendo as garotas.
“Eu também venho de uma escola pequena. Os esportes não eram realmente uma coisa lá”,
Quin contribuiu.
“E quanto a olimpíadas de matemática, ou seja lá como isso se chama? Uma escola de gênios
teria que se sair bem nisso, certo?” Eu perguntei querendo que Quin se sentisse parte da conversa.
“Nós não éramos incentivados a fazer coisas desse tipo.”
“Por quê?” perguntei, surpreso.
“Nós já nos destacávamos o suficiente. Se fizéssemos algo assim e vencêssemos — o que,
considerando as crianças da minha escola, acredito que teríamos — isso aumentaria o ressentimento
que as pessoas tinham conosco. Sempre nos disseram para fazer o máximo para não nos destacar até
que fosse necessário.”
“Isso é um pouco triste”, disse, imaginando como seria minha vida se me pedissem para
esconder quem eu era.
“É o que precisávamos fazer”, Quin disse com um meio sorriso.
“Então, você não poderia se destacar de forma alguma, era crucificado na imprensa sempre
que alguém escrevia sobre você, e tinha sempre que se preocupar em ser sequestrado?”
“Sim”, Quin confirmou, com tristeza nos olhos.
Não disse, mas tudo sobre Quin de repente fez sentido. A primeira vez que saímos, foi
porque eu prometi ensiná-lo a ser mais sociável. Desde então, sempre me perguntei como ele não
tinha aprendido a habilidade. Não precisa ser o alma da festa para conversar com pessoas em uma.
Mas, se você cresce aprendendo a temer todos fora do seu círculo, como poderia ser
diferente de Quin? E, honestamente, era admirável que Quin fosse tão normal quanto era.
“Vocês dois vão ter que me incluir no que estão falando”, disse Titus, com dificuldade para
acompanhar nossa conversa.
Olhei para Quin. Parecia que ele não queria falar sobre isso.
“Talvez mais tarde”, disse a Titus antes de mudar de assunto.
Terminamos o jantar e conversamos um pouco mais até que finalmente acertamos a conta.
Apesar de Titus ter se oferecido para pagar, Quin insistiu. Titus resistiu até eu intervir.
“Deixe ele. Acredite em mim.”
Titus hesitou, mas concordou. Não pude dizer o que Titus estava pensando, mas era óbvio
que ele estava acostumado a ser o cara. Talvez eu devesse ter dito a Quin para deixá-lo fazer isso,
mas a verdade é que, considerando o que eu sabia sobre a riqueza da família de Quin, isso parecia
injusto. Além disso, era algo que Quin queria. Eu tinha dificuldade em não dar ao meu namorado o
que ele quer.
“Então, que história é essa do Nero?” perguntei enquanto caminhávamos até os caminhões.
“Seria melhor se você visse,” Titus explicou.
“Tá, então”, disse, olhando para Quin, que estava segurando minha mão.
Quin não disse nada até que estivéssemos sozinhos no caminhão, seguindo Titus em estradas
estreitas pelo bosque.
“Sim, isso definitivamente não é um clube do livro”, ele disse, olhando as árvores à medida
que passavam pela janela. “Você acha que isso é uma boa ideia?”
“Você acha que devemos voltar? Ainda posso virar o caminhão.”
“Você acha?” Quin me perguntou. “Estamos indo apenas porque queremos falar com o
Nero. Poderíamos facilmente voltar no próximo fim de semana ou no seguinte. Você ouviu Titus,
Nero trabalha nos finais de semana intensos.”
“Você acha que podemos confiar no Titus?” Eu perguntei a Quin, me perguntando se minha
avaliação de Titus estava errada.
“Ele não parece ser um cara mau.”
“Você acha que ele nos levaria para a floresta para nos matar?”
Eu pretendia que fosse uma brincadeira e então lembrei da história de Quin com sequestro.
“Não. Eu não acho. Isso só parece o início de todo filme de terror já feito. Eu não acho que
seja um.”
“Você provavelmente está certo.” Eu pausei. “Então, quando chegarmos lá, você confere o
celeiro e eu verifico a cabana de ferramentas. Tenho certeza de que podemos encontrar um telefone
em algum lugar”, disse eu olhando para Quin para ver sua reação.
Ele me olhou em branco. “O quê?”
“É uma referência a filme de terror”, eu expliquei.
“Ah.”
Eu não acho que Quin entendeu.
“Sim, esta estrada meio que me lembra a que leva à minha casa. Estou supondo que seja um
pouco diferente das que levam ao lugar onde você cresceu.”
Quin olhou ao redor novamente. “Não é nem de longe parecido.”
Fazia sentido. Quin cresceu em Nova York. Eu podia entender por que dirigir em uma
estrada como esta no escuro pode assustá-lo.
“Quin, se algo acontecer, eu vou te proteger. Eu te prometo. Ok?”
Quin me olhou. “Ok.”
Ele não apenas disse que acreditava em mim, ele agiu como se acreditasse. Tendo ganho sua
confiança, de jeito nenhum eu a trairia agora. Não importava o que acontecesse, eu ia proteger Quin.
Eu estava pronto para morrer tentando, se fosse necessário.
Quando finalmente chegamos na frente de um celeiro iluminado, as coisas não pareciam
mais seguras. Havia vários caminhões estacionados na frente e a luz interna cintilava.
“Você tem certeza de que é ok estarmos aqui?” Eu perguntei a Titus com a mesma atenção
agressiva que eu tinha antes de um grande jogo.
“Você queria vê-lo, certo? Ele estará aqui.”
“Essa não foi uma resposta”, eu esclareci.
“Tenho certeza de que você ficará bem. Você parece que pode se cuidar.”
“Por que o Cage precisaria se cuidar?” Quin perguntou, trazendo um bom ponto.
“Você quer vê-lo ou não?” Titus perguntou, encarando-nos.
Eu olhei para Quin. Eu sabia que não importava o que acontecesse, eu poderia me defender.
Mas e Quin. Valia a pena colocá-lo em perigo?
“Esta é a nossa chance de falar com ele”, Quin apontou. “Ele pode ter as respostas para
tudo. Eu diria que devemos arriscar.”
Eu sorri. Eu não pensaria menos dele se ele tivesse dito que deveríamos voltar. Mas lá estava
ele pensando em mim, não em si mesmo. Sem dúvida, eu estava me apaixonando por ele, se já não
estava apaixonado.
“Ok. Vamos entrar”, eu disse a Quin. “Isso melhor não dar errado”, ameacei rasgar Titus em
pedaços se desse.
Eu não sabia o que esperar, mas assim que pisamos pelas portas do celeiro, tudo fez sentido.
Havia cerca de 20 pessoas ali. Todas estavam de frente para um círculo desenhado no chão, onde
dois caras estavam se esmurrando.
Era uma luta de boxe de punhos nus. Embora chamá-la assim desse mais respeitabilidade do
que merecia. Era um clube de luta, puro e simples. As pessoas vinham aqui para se agredir.
Agora, uma das pessoas que todos estavam torcendo era Nero. Ele estava sangrando pelo
nariz, mas seus olhos selvagens diziam que não tinha chance de perder.
Os olhos dele não mentiam. Seus movimentos rápidos permitiram que ele desse um gancho
de esquerda e um uppercut. Enquanto assistíamos, ele derrubou o adversário.
Eu não dei a ele o crédito que merecia quando o desafiei no restaurante. Ele não era grande,
mas era rápido. Eu não tinha mais certeza se poderia vencê-lo. Ele tinha um instinto assassino que
eu nunca havia sentido. Isso tornava Nero perigoso.
Eu considerei tirar Quin deste lugar. Eu não estava mais seguro de que poderia protegê-lo
aqui.
“Você!” Nero gritou me vendo logo dentro das portas.
Era tarde demais para ir a qualquer lugar. Teríamos que jogar este jogo. Eu não poderia nos
tirar daqui, mesmo que quisesse. E eu não queria. O que eu queria era ter certeza de que Quin não se
machucaria.
“Vocês se conhecem?” Titus perguntou se inclinando para mim.
“Nos encontramos”, respondi sentindo meu sangue começar a ferver.
“Havia algo que você não me contou?” Titus perguntou preocupado.
“Sim. Muito,” Eu respondi, mantendo meus olhos fixos no homem sem camisa e
machucado que caminhava em nossa direção.
Os cabelos loiros de Nero estavam despenteados. Seu rosto estava sujo. E seu tórax, magro e
musculoso, estava machucado de pancadas. Isso me contou como ele lutava. Ele protegia o rosto em
sacrifício ao corpo. Eu lembraria disso se as coisas dessem errado.
“Que porra você está fazendo aqui, viado?” Ele disse, chegando com tudo.
“O que você disse?” Perguntei, me preparando para quebrar suas costelas por isso.
“Calma, Nero! Desnecessário!” Titus disse se metendo entre nós.
“Você trouxe eles aqui? Por que diabos você fez isso?”
“Nero, eu sei que você acabou de sair de uma luta, então sua adrenalina está a mil ou o que
seja. Mas você precisa se acalmar!”
“Sim, Nero, é melhor você ouvir seu amigo e se acalmar”, eu disse preferindo derrubá-lo em
vez disso.
“Quer dizer algo para mim? Você me fez perder dois dias de pagamento.”
“Foi sua burrice que fez isso,” eu deixei claro.
“Ok, vocês dois. Acho que ambos precisam relaxar”, Titus declarou.
“Talvez o que precisamos é resolver isso no ringue”, disse Nero, com os olhos arregalados.
“Sim, precisamos. Aponte o maldito caminho”, respondi, tirando o meu paletó e a minha
camisa.
Tudo em volta de mim se desvaneceu, substituído por um zumbido alto nos meus ouvidos e
a visão em túnel que eu tinha no início de um jogo. Caminhando para o círculo mal delineado, os
caras ao redor se afastaram.
Entrei e imediatamente lembrei da minha perna. Já estava além do ponto de sentir dor, mas
não teria todos os meus movimentos. Enfrentar um cara rápido como o Nero seria um problema.
Eu não me importava.
“Viado, huh? Está pronto para esse viado te surrar?”
Nero riu e me encarou com um sorriso insano. Tudo que eu ia fazer, teria que ser rápido
porque não tinha dúvidas, o cara era louco.
“Pare!” Ouvi alguém gritar atrás dele.
Reconheci a voz. Era Quin, mas não podia me distrair com ele. Eu estava nisso. Eu tinha
algo a provar para Quin. Se não para Quin, então para mim mesmo… ou, mais precisamente, para
meu pai.
Meu primeiro golpe acertou em cheio no peito dele, jogando-o para trás. Provavelmente, ele
nunca havia sido atingido tão forte na vida. Eu podia ver isso nos seus olhos.
Foi aí que eu avancei para o ataque. Desta vez, ele se curvou protegendo o torso, então
acertei ele no pulso e no rosto. Ele cambaleou.
Sabia que se eu desse a ele um segundo para respirar, ele me eliminaria. Eu não conseguia me
mover rápido. Eu tinha que confiar na minha força. Então, pronto para quebrar minha mão no
queixo dele, eu puxei meu punho para trás a tempo de ouvir,
“Você tem que parar! Ele é seu irmão!”
Eu congelei. “O quê?”
Foi quando Nero passou um por mim, acertando meu queixo. Caí de joelhos. Não era que
ele me havia derrubado. Eu simplesmente não queria mais lutar.
Quin havia gritado que Nero era meu irmão. Isso era verdade? Eu tinha que saber. Não
havia como eu brigar com minha família.
“Pare!” Quin disse, entrando correndo no ringue e se colocando entre Nero e eu.
Por um segundo pensei que Nero iria atacar Quin. Se ele fizesse isso, irmão ou não, eu iria
matá-lo. Mas ele não fez. E demorou um segundo para ele processar as palavras do Quin, mas
quando ele fez, ele baixou os punhos e olhou para nós dois.
“Meu irmão?” Ele disse rapidamente se acalmando. “Titus, quem são essas pessoas?”
Titus olhou para Nero tão confuso quanto ele.
“Do que você está falando, Quin?” perguntei, me recompondo e me levantando.
Em pé, Quin me levou para fora do ringue e longe dos curiosos.
“Lembra de como eu sabia que você era adotado?”
“Você disse que meu pai não tinha covinhas e que a probabilidade de nenhum dos meus pais
ter era quase impossível.”
“Olhe para ele. As covinhas dele nas bochechas, abaixo do lábio, no queixo.”
Eu olhei para Nero. Ele tinha mesmo uma covinha em seu queixo e nas duas laterais abaixo
dos lábios. Mas e daí? Não tinha muita gente com isso?
“Quin, não é muito para se basear.”
“Mas pense nisso. Por que um médico, que provavelmente trabalhou no hospital onde você
nasceu, nos diria para conversar com um cara com o mesmo conjunto raro de covinhas que você
tem?”
Eu olhei de volta para Nero. Será que Quin estava certo? Será que Nero poderia ser meu
irmão?
“Que porra está acontecendo?” Nero disse, nos encarando.
Como eu devia lidar com isso? Como eu ia dizer para um babaca homofóbico que meu
namorado acha que podemos ser irmãos porque ele é um expert em covinhas? Eu não tinha certeza,
mas quando ele e Titus nos seguiram para longe da multidão, eu sabia que teria que ser honesto.
“Sério, quem é vocês dois e que porra está acontecendo?” Nero disse enquanto Titus ficava
ao lado.
Sabendo que não tinha como fugir disso, eu ergui meus ombros e me resignai ao que fosse
acontecer a seguir.
“Meu nome é Cage. Este aqui é meu namorado, Quin. Alguns dias atrás, eu descobri que o
homem que me criou pode não ser meu pai biológico. Acreditamos que ele pode ter me levado do
hospital onde nasci, Falls County Hospital.
“Nós estivemos aqui nos últimos dias porque acreditamos que minha mãe biológica pode ter
vivido nessa cidade. Não sabemos se ela está viva ou morta. Não sabemos nada. Tudo é pura
especulação.
“Mas, Quin é inteligente, muito inteligente. E ele disse que você tem um traço raro que eu
também tenho. E a única maneira de nós dois termos esse traço é sermos irmãos.”
Nero me encarou, mais calmo do que eu imaginaria que ele ficaria. O que eu estava
contando para ele era insano. Porém, tudo que ele fez foi olhar para mim com uma expressão de
dúvida.
“Que traço é esse?” Nero perguntou.
Respirei fundo antes de responder.
“São suas covinhas.”
“Minhas covinhas?”
“Sim. Algumas covinhas são raras.”
Nero me olhou estranhamente.
“Covinhas?” Ele se virou para Titus. “Titus tem as maiores covinhas que eu já vi. Isso me
faz parente dele também? Metade das pessoas dessa cidade tem covinhas. “
“É a combinação delas”, disse Quin, defendendo-se. “Covinhas não são raras. Bem, certas
são, como as de baixo do seu lábio. Mas, elas não são raras o suficiente para importar. Ter todas elas
ao mesmo tempo…? As chances são baixas.”
Os olhos de Nero passaram de um para o outro. “Por que vocês vieram até aqui?”
“Falei para você. Viemos aqui porque penso que minha mãe biológica pode ser desta
cidade.”
“Não. Quero dizer, por que você veio aqui esta noite? Está tentando dizer que simplesmente
apareceu aqui por acaso?”
“Nós viemos te procurar”, eu lhe disse.
“Imaginei isso. Por quê?”
Eu olhei para Quin.
“Porque depois que perguntei sobre a mãe do Cage, o Dr. Tom disse que deveríamos
conversar com você.”
“Dr. Tom?” Nero disse, repentinamente abalado.
“Sim. Eu o vi ontem. Perguntei a ele porque o marido dele mencionou que trabalhou no
hospital na época em que Cage nasceu. Ele não me disse nada, mas sugeriu que você seria alguém na
cidade com quem eu poderia estar interessado em conversar. Acho que ele disse isso porque sabe
que vocês dois são parentes.”
Nero olhou fixamente para Cage. “Não. Não, isso é bobagem. Vocês estão inventando isso.”
“Não estamos”, eu lhe disse. “Juro por tudo o que é mais sagrado, nós não estamos.”
Não sabia como perguntar o que sabia que precisava a seguir. Abri minha boca na esperança
de que as palavras sairiam. Demorou um pouco, mas elas saíram.
“Diga-me, sua mãe está viva?” perguntei, o coração pulsando em meu peito.
“Sim,” ele disse hesitante. “Você não vai contar essa bobagem para ela se é o que está
pensando.”
Quin tomou a palavra. “Ela já falou sobre algo assim? Ela mencionou um filho morrendo
após o parto ou sendo sequestrado ou algo assim?”
Nero recuou. “Não. Não. Quem te colocou nisso? Foi você, Titus? Você armou isso?”
“Eu apenas conheci esses dois fazendo um tour. Não tinha ideia sobre isso.”
Nero virou-se para nós furiosamente.
“Com quem vocês estiveram falando? Vocês acharam que seria engraçada bagunçar com a
cabeça de uma mulher doente?”
“Sua mãe está doente?” perguntei, de repente assustado em perdê-la.
“Não. Não vou dizer mais nada. Prove para mim que isso é real. Prove para mim que você é
quem diz ser.”
“Você quer ver nossos RGs?” perguntei.
“Eu não quero ver seus malditos RGs. Eu quero que vocês provem para mim que tudo que
disseram é real.”
“Como devemos fazer isso?” Perguntei a ele, esperando que ele fosse razoável.
“Eu sei como,” Quin disse, chamando nossa atenção.
“Você sabe? Como?” perguntei.
“Poderíamos fazer um teste de DNA. Tenho um tio que trabalha na área de genética. Eu fui
batizado em sua homenagem. Ele nos ajudaria a descobrir tudo isso. O teste seria capaz de nos dizer
se vocês dois são parentes, mesmo que sejam apenas primos.”
Nero olhou para Quin desconfiado.
“Não. Não vou fazer isso. Vocês estão inventando tudo isso. É tudo bobagem.”
Titus se virou para Nero. “E se não for? Passei os últimos dois dias com eles, e eles são caras
decentes. E se ele realmente for seu irmão? Sei que, se eu tivesse um irmão, gostaria de saber. E se
eles estiverem dizendo a verdade, Nero? Imagine isso.”
Nero se voltou para Titus. “Isso é muito, você sabe. É demais.”
“Eu sei, mas e se? Como você se sentiria se tivesse um irmão e o afastasse?” Titus disse,
colocando a mão no ombro de Nero.
Nero suavizou enquanto seus pensamentos rodavam. Ele parecia torturado antes de parecer
resignado.
“Escute, eu não quis dizer todas aquelas coisas sobre viadagens. É só que quando vi vocês
dois sentados lá, parecendo tão felizes, eu pensei, ‘e eu?’ Sabe? Por que todo mundo menos eu tem
que ser feliz? Eu não quis ofender vocês.”
Eu olhei para Quin em busca de sua reação. Não estava certo de que estava disposto a
perdoá-lo.
“Tudo bem”, disse Quin, sendo a boa pessoa que é.
“Sim. Você está perdoado”, confirmei. “Mas, não diga merda como essa novamente. Você
me ouviu?” disse, querendo parecer uma ameaça, embora não estivesse de humor para ameaçar.
“Não, eu não vou dizer. Não sou assim. Pergunte ao Titus.”
Titus apenas deu de ombros, sem tomar partido.
“De qualquer forma, eu não quis dizer. Vocês dois parecem ser pessoas legais. Mas, não
posso deixar vocês contarem qualquer coisa disso para minha mãe. Não até que haja uma prova. Ela
não aguentaria se vocês estivessem errados ou mentindo ou algo assim. Ela não é assim, sabe?”
“Então, você fará o teste?” Quin perguntou.
“Eu farei esse teste.”
Eu olhei para o cara desarrumado e sem camisa à nossa frente. Ele não era mais o homem
raivoso e selvagem do ringue. Ele estava vulnerável e assustado.
Este era o verdadeiro ele? Esse cara era meu irmão? Não conseguia acreditar que, após me
sentir sozinho por tanto tempo, eu poderia ter uma família de verdade.
“Como fazemos isso, Quin? Temos que cuspir num tubo ou algo assim?” perguntei,
precisando de respostas de repente.
“Quer dizer, nós poderíamos fazer isso se vocês quisessem fazer um desses testes de
ancestralidade.”
“Você quer dizer como nos comerciais?” Nero questionou.
“Sim. Mas eles demoram semanas. Se conseguíssemos amostras de sangue, eu poderia enviá-
las ao meu tio durante a noite. Tenho certeza de que ele faria o possível para agilizar e poderíamos
ter a resposta em alguns dias.”
“Vamos fazer isso”, disse a ele.
“Sim. Dias soam melhor do que semanas”, Nero confirmou.
“Certo. A única questão é, como conseguimos as amostras de sangue aqui em Snow Tip
Falls?”
“Dr. Tom”, sugeriu Nero.
“Você acha que ele vai aceitar?” perguntou Quin.
“O Dr. Tom e eu nos damos bem. Se eu pedisse, ele poderia aceitar”, disse Nero.
“Quando?” perguntou Quin. “Porque estamos voltando à faculdade esta noite.”
“Quin, acho que podemos ficar mais uma noite se isso significar conseguir as amostras de
sangue.”
Nero interrompeu. “Não. Ele pode fazer isso ainda hoje à noite.”
“Sério? Então, ligue para ele”, eu lhe disse.
“Não. Se eu ligasse para ele, ele diria para eu passar lá na manhã seguinte. Tenho uma ideia
melhor”, disse Nero, recolhendo suas roupas e se vestindo.
Quando todos nós retornamos aos nossos caminhões, seguimos em caravana para a cidade.
Demorou um tempo para que tudo parecesse familiar novamente. Quando isso aconteceu,
estávamos estacionando em frente à casa que visitamos no dia anterior. Nos fundos, o escritório do
Dr. Tom. Na frente, uma bonita casa de dois andares que brilhava.
“Alguém ainda está acordado,” eu disse a Quin. “Você realmente acha que isso é uma boa
ideia?”
“Qual parte?”
“Tudo. Qualquer coisa. Não queremos irritar a única pessoa que será capaz de fazer o
exame.”
“Não conhecemos esta cidade, nem como as coisas aqui funcionam. Talvez as pessoas façam
isso o tempo todo por aqui.”
“Você acha que as pessoas aparecem na casa dele no meio da noite pedindo exames
genéticos o tempo todo?” Eu perguntei com um sorriso.
“Você entendeu o que eu quis dizer.”
“Sim, eu entendi. Mas isso não foi exatamente o que eu perguntei. Você acha que descobrir
se Nero é meu irmão é uma boa ideia? Quero dizer, o cara organiza lutas clandestinas e usa insultos
homofóbicos. Tudo isso pode terminar mal?”
“Pode”, Quin admitiu. “Qualquer coisa pode terminar mal. Nós poderíamos terminar mal.
Mas, o fato de que pode terminar mal não significa que não devamos tentar fazer com que termine
bem.”
Me abalou quando ele sugeriu que as coisas entre nós poderiam acabar mal. Ele realmente
acreditava nisso? Eu estava pronto para mergulhar de cabeça nesse relacionamento com Quin. Não
só ele é a coisa mais linda que já vi, mas ninguém nunca fez por mim o que ele fez nos poucos meses
que o conheço. Quin é um bom partido e eu pretendia me agarrar a ele com todas as minhas forças.
Estacionados em frente à casa, Quin e eu seguimos Nero e Titus para a varanda. A porta da
frente se abriu antes mesmo de chegarmos lá. Glen e Dr. Tom saíram usando roupões.
“Nero, Titus, são vocês?” Dr. Tom perguntou enquanto nos aproximávamos. “O que está
acontecendo?”
Eles não responderam. Quando o Dr. Tom nos viu, eles não precisaram responder.
“Vejo que você encontrou o Nero”, ele disse a Quin, com uma expressão estoica.
“Sim, eu encontrei. Mas não antes dos dois tentarem se matar”, Quin lhe disse.
“Huh. E você, o que está fazendo aqui?”
“Precisamos de um exame de sangue”, explicou Quin.
“Voltem de manhã.”
“Você sabia que eu poderia ter um irmão?” Nero perguntou ao Dr. Tom.
Ele não respondeu.
“Você sabia”, afirmou Nero, chocado. “Depois de todas aquelas coisas que eu te contei,
você não pôde me dizer que minha mãe talvez não fosse louca?”
Pela primeira vez, a expressão impassível do Dr. Tom vacilou. O arrependimento o inundou.
“Existem muitas coisas que um médico não pode divulgar para ninguém, por mais…”
“Isso é besteira!” Nero interrompeu. “Eu era um garoto chorando por todas as merdas que
estavam acontecendo e você nunca sequer sugeriu que isso poderia ser uma possibilidade.”
“Isso não é verdade. Eu insinuei. Disse que às vezes as coisas não são o que parecem.”
“E isso deveria significar algo para um garoto de dez anos? Parecia apenas um monte de
besteira adulta para mim. Como eu deveria saber que você estava me dizendo que eu tinha um irmão
e que minha mãe não era louca? Não. Você é um babaca.”
Dr. Tom recuperou a compostura.
“Tudo bem. Sou um babaca. Se é só isso, todos podem ter uma boa noite.”
“Espere”, eu disse, impedindo-o de sair. “Olha, não te conheço. Mas, estou com a sensação
de que você me conhece, pelo menos um pouco. Não sei porque você não teria contado ao Nero
que ele poderia ter tido um irmão. Não me importo. Tudo o que sei é que por 22 anos fui privado de
ter uma família, pelo menos uma que se importasse comigo. E que, se você tirar 20 minutos do seu
tempo, pode ser capaz de acabar com isso.
“Não é isso que os médicos são supostos a fazer, curar as pessoas das doenças? Bom, essa é
a minha doença. Me ajuda. Vai levar apenas dois minutos.”
Os olhos do Dr. Tom saltavam entre nós quatro, mas mesmo assim ele não se mexia.
“Só faça, Tom”, Glen disse, comovido.
“Estão acontecendo coisas, Glen.”
Glen pôs a mão no ombro de seu marido e lhe falou com carinho. “Só faça.”
O médico cedeu ao olhar para o amor empatia em seus olhos.
“Tudo bem. Sigam-me até o meu escritório. Mas, eu não sei onde posso conseguir um teste
genético.”
“Eu tenho um lugar. Meu tio trabalha em genética e…”
“Quin Toro!” Dr. Tom parou e se virou para olhar Quin. “Você é o Quin Toro. Eu não
acredito. Depois que você partiu, eu pensei que poderia ser você, mas não achei que havia qualquer
chance”, disse ele, de repente, impressionado.
Já tive muitas pessoas me reconhecendo pelo futebol, mas nenhuma delas olhou para mim
da maneira como o Dr. Tom olhou para Quin. Era como se ele estivesse olhando para um deus.
“Você o conhece, doutor”, perguntou Nero, confuso.
“Sim, você está olhando para um milagre”, Tom proclamou. “Eu tenho seguido tudo que
posso sobre a sua vida. Você nos deu a Glen e a mim a esperança de que poderíamos ter uma família
um dia”, ele disse, com lágrimas se formando em seus olhos. “O procedimento é caro, então temos
guardado dinheiro. Mas, você… você é tudo para nós”, ele disse, ficando sem fôlego.
Quin ouviu educadamente e depois se virou para mim. Havia dor em seus olhos. Eu não
entendia completamente. Mas, estava começando a entender algumas das coisas que ele me contara
sobre a sua vida.
Ele disse que sentia pressão para realizar grandes coisas. Eu pensei que ele estava falando
sobre a pressão que todos sentimos para termos sucesso. Mas, não.
Como é para Quin saber que as pessoas olham para ele como o Dr. Tom fez? Como é para
ele saber que precisa fazer jus a isso?
A pressão que senti para chegar à NFL era nada em comparação. A vida de Quin era algo
que eu não conseguia imaginar. O que diabos alguém como ele estava fazendo com um zé ninguém
como eu?
“Me desculpe,” disse o Dr. Tom, recompondo-se. “Venha, deixe-me lhe dar o que precisa,”
disse ele a Quin.
Pegando uma pequena ampola de sangue de Nero e de mim, o médico rotulou-as e entregou
a Quin.
“Isso deve ser mais do que suficiente,” disse ele composto.
“Obrigado,” Quin respondeu.
“Sim, obrigado,” eu disse antes de olhar para Nero. Nero desviou o olhar ainda irritado com
o homem latino barbudo.
Parados em frente aos nossos caminhões, Quin se virou para Nero.
“Avisaremos assim que soubermos de algo.”
“Ok.”
“Posso pegar o seu número?” eu perguntei a ele tão nervoso quanto estaria em um primeiro
encontro.
“Sim. Qual é o seu número? Eu vou te mandar uma mensagem.”
Disse a Nero e alguns segundos depois meu celular vibrou.
“Recebi,” eu disse a ele.
“Legal.”
“Então, acho que estamos voltando,” eu disse a eles.
“Ok,” Nero disse relutante em dizer adeus.
Em vez de se afastar, Nero jogou os braços em volta de mim, puxando-me para perto.
Pensei que ele estava me abraçando. Ele estava, na verdade, puxando minha orelha para sua boca.
Ele sussurrou, “Sério, sinto muito pelo que eu disse. Isso não combina comigo. Tudo bem?”
“Tudo bem,” eu o tranquilizei.
“Isso não combina comigo,” ele repetiu.
“Está tudo bem, Nero. Um novo começo.”
Nero se afastou e sorriu. “Sim. Um novo começo.”
Eu percebi. Ele estava tão cheio de covinhas quanto eu. Se o Dr. Tom não tivesse
praticamente confirmado, agora eu não teria dúvida. Eu estava olhando para o meu irmão.
“Quin, foi bom te conhecer,” disse Nero oferecendo a ele sua mão.
“Bom te conhecer também,” disse Quin educadamente antes de nós dois entrarmos no meu
caminhão e partirmos.
A maior parte das duas horas de volta à escola foi em silêncio. Os últimos três dias foram
pesados. Não apenas aconteceram coisas entre Quin e eu, mas eu poderia ter encontrado minha
família, e eu poderia ter percebido que Quin e eu não estávamos destinados a ficar juntos.
Quin tinha coisas maiores que precisava realizar em sua vida. Eu vi isso agora. Ele não estava
destinado a viver a vida que eu imaginava para mim.
Isso não significava que eu não queria estar com ele. Eu tinha me apaixonado por ele
profundamente. Mas, em que ponto eu viraria uma distração para ele fazer algo incrível que mudaria
o mundo?
Eu o levei até seu prédio e nós dois ficamos no caminhão com o motor ligado.
“Este fim de semana foi…” Quin começou a dizer, deixando a frase no ar.
“Foi algo,” eu completei.
Quin riu. “Sim.”
“Agora que estou de volta, provavelmente vou ter que fazer alguns turnos extras no
trabalho. Mas quero te ver.”
“Eu também quero te ver,” ele disse com um sorriso. “Afinal, você é meu namorado.”
“Sim, eu sou,” eu disse, tendo esquecido.
Com isso, inclinei-me, coloquei minha mão atrás do seu pescoço e puxei seus lábios para os
meus. O beijo era elétrico. O calor entre nós se intensificava. Tê-lo novamente em minhas mãos fez
meu corpo formigar.
“Cage!” ouvi alguém dizer.
Afastei-me de onde mais queria estar para ver Tasha olhando para dentro do caminhão. Ela
parecia chocada. Atrás dela estava sua melhor amiga Vi, porque, claro, ela estava. Com a boca ainda
aberta, ela correu para a porta do prédio.
“Suponho que ela não sabia?” Quin perguntou.
“Ela não precisava saber. Ela terminou comigo. Além do mais, tenho orgulho de ter você
como meu namorado. Você é bom demais para mim.”
Quin sorriu. “Você quer subir?” ele perguntou com o sorriso mais tímido e fofo.
“Obrigado pelo convite, mas eu deveria ir para casa. Tenho aula de manhã e a viagem foi
longa.”
Quin pareceu desapontado. “Ok. Quando vou te ver de novo?”
Pensei sobre isso. Uma parte de mim queria subir para o quarto com ele e nunca mais perder
ele de vista pelo resto da minha vida.
“Quando você acha que receberá os resultados do teste?”
“Ah. Vou ligar para o tio Quinton amanhã de manhã. Vou enviá-lo assim que puder depois
disso. Vai chegar até ele no dia seguinte. Não tenho certeza se ele conseguirá examiná-lo
imediatamente, mas suponho que ele terá tudo pronto na sexta?”
“Uau, isso é rápido. É bom conhecer pessoas.”
“Às vezes, é útil. Então, quando você acha que eu vou te ver?”
“Que tal eu te mandar uma mensagem?” Eu disse a ele.
“Ah! Ok. Sim, me envie uma mensagem.”
Sorri, o beijei mais uma vez, e então o observei se afastar. Ele era a pessoa mais sexy que eu
já tinha visto. Não podia acreditar que alguém como ele queria estar comigo.
Só quando Quin estava fora da minha vista que uma dor atingiu minha perna quebrada. Eu
estremeci. De onde tinha vindo isso? Durante todo o fim de semana, eu não senti nada. De repente,
a dor era insuportável.
Foi preciso tudo o que eu tinha para me concentrar na estrada em vez da dor na minha
perna. 40 minutos foram suficientes para me esgotar. Então, quando cheguei em casa e encontrei a
casa tão vazia quanto deixei, arrastei-me para a cama e desmaiei.
Eu tinha dito a Quin que precisava dormir em casa porque tinha uma aula cedo. Isso era
verdade, mas na manhã seguinte eu não consegui ir. Eu estava com muita dor. Mal conseguia chegar
ao banheiro para encontrar meus analgésicos. Eles eram fortes, então começaram a fazer efeito
rapidamente. Bonão antes de eu perder minha única outra aula no dia e garantir que estaria atrasado
para o trabalho.
‘Eu enviei! Não falta muito agora!’ Quin me enviou uma mensagem.
A leitura do texto foi seguida imediatamente por uma aperto no meu peito. Por que eu
estava sentindo isso? Sim, algo estava errado, mas o quê? Quero dizer, eu sabia o que estava errado,
mas o que eu ia fazer sobre isso?
‘Ele enviou,’ eu mandei uma mensagem para o Nero. ‘Não vai demorar muito.’
‘Ótimo,’ ele respondeu algumas horas mais tarde. ‘Quando acha que você vai saber?’
‘O Quin acha que será na sexta-feira.’
Depois disso ele não me deu mais notícias. Eu não tinha certeza por que. Também não sabia
por que eu não respondi a mensagem do Quin. Eu queria responder. Queria puxá-lo para meus
braços e abraçá-lo como havia feito em Snow Tip Falls. Por que eu não estava?
Enquanto refletia sobre isso, me perguntei se era porque a minha vida estava suspensa.
Talvez eu tivesse cometido um erro ao desistir do futebol. Eu não amava, mas eu sendo um
quarterback titular na NFL não seria algo de que Quin poderia se orgulhar? Nosso par não faria mais
sentido assim?
Eu nunca poderia ser igual ao Quin. Ninguém poderia. Mas minha fama não poderia
contribuir com algo para uma vida como a dele?
Por mais que isso parecesse lógico, ainda havia o problema de que eu não queria fazer isso.
Eu me afastei do futebol por um motivo. Eu abri mão do dinheiro, do estilo de vida, até do
relacionamento com meu pai, ou quem quer que ele fosse, para me livrar disso. Mas, seria vantajoso
lutar para voltar a isso por Quin?
Se fosse por qualquer pessoa, seria por ele. Provavelmente teria que fazê-lo se quisesse ficar
com ele. Eu realmente queria estar com ele. Talvez eu não estivesse respondendo às suas mensagens
porque não estava pronto para assumir esse compromisso. Só queria que houvesse outra maneira de
ficarmos juntos para sempre sem ter que me comprometer com uma vida que eu não queria.
A semana passou sem que eu mandasse uma mensagem para ele, mas pensei nele todos os
dias. Ansiava por vê-lo, por tê-lo em meus braços. Parecia que minha pele estava sendo arrancada do
meu corpo sem ele. Me sentia paralisado sem ele, mas não conseguia me forçar a entrar em contato.
Eu estava apenas passando os dias, sabendo que eventualmente ouviria dele novamente.
Descobrir se Nero era meu irmão iria colocar Quin e eu em contato de uma forma ou de outra.
Na sexta-feira quando acordei, peguei minhas muletas e dirigi para o campus. Depois que
minhas aulas terminaram, fui para o centro de atividades estudantis para meu turno no trabalho.
Hoje foi um dia em que a dor na minha perna irradiou para a coxa e os quadris. Mesmo sentado, a
dor não aliviava.
Apesar de como me deixavam zonzo, eu estava pensando em tomar um comprimido. Estava
tentando reduzir a quantidade que estava tomando. Sentia que estava ficando um pouco dependente
deles. Eles não só faziam a dor da minha perna passar. Eles brevemente me permitiam esquecer
quanto eu precisava do Quin.
Decidindo que não aguentava mais a dor, me arrastei até minha mochila e peguei minha
receita. Eu estava com dificuldade de abrir a tampa quando ouvi o bip de alguém passando o cartão
de identificação para entrar.
Meus olhos se voltaram para o computador e vi um rosto que não via há algum tempo. Era
o Lou, o colega de quarto do Quin. Meu coração afundou porque a última vez que ele havia entrado,
tinha sido com…
Olhei para além do monitor na entrada. O Quin estava parado atrás do Lou com a cabeça
baixa. Vê-lo fez meu coração disparar. Levantei rapidamente sem sentir nenhuma das dores que
sentia momentos antes.
“Quin!”
“Ahh, agora você lembra o nome dele?” Lou disse, irritado.
“O quê?”
“Você o chama de seu namorado, você tira a….” Lou abaixou a voz. “Tira a virgindade dele,
e depois não o contata por 5 dias? Que tipo de merda é essa? Sabe, se você só queria dar uma
aliviada, não precisava brincar com os sentimentos dele para conseguir. Caras como você acham que
podem tratar as pessoas do jeito que quiserem…”
“Não é assim, Lou. Eu queria contatar o Quin todos os dias.”
“Então, por que não fez, hein? Por que não fez?”
“É complicado.”
“É complicado, é? Parece bem simples para mim. Ou você quer ficar com um cara incrível,
maravilhoso e atencioso como o Quin, ou não.”
“Eu quero!”
Lou me encarou, tão confuso e frustrado quanto eu me sentia. “5 dias!”
“Eu sei! Lou, pode nos dar um minuto.”
“Você acha que vou deixá-lo aqui para você machucá-lo de novo. De jeito nenhum!
Qualquer coisa que você tem para dizer a ele, pode dizer na minha frente.”
Quin olhou para cima. Seus olhos pareciam vermelhos como se ele tivesse chorado. Eu tinha
sido a causa? Claro que tinha. Meu peito doeu ao pensar nisso. Mas que diabos eu estava fazendo?
Eu tinha que descobrir.
Quin tocou levemente o ombro do Lou. “Lou, pode nos dar um minuto?”
Lou olhou para Quin e parou. “Você tem certeza? Porque vai precisar de alguém que
defenda você se não for fazê-lo sozinho.”
“Tenho certeza, Lou”, disse Quin com dor nos olhos.
Lou olhou para mim ainda fervendo de raiva. Eu não podia culpá-lo por isso. Provavelmente
não teria sido tão gentil se a pessoa machucando Quin fosse alguém que não eu.
“Vou estar logo ali dentro, tá? Só dizer meu nome e eu vou estar aqui.”
“Obrigado”, disse Quin sinceramente.
Assim que Lou desapareceu na esquina, Quin e eu nos viramos um para o outro. Eu queria
desesperadamente abraçá-lo.
“Como você tem estado?”, perguntou Quin com a voz fraca.
“Não está bom”, eu disse a ele honestamente. “Toda a caminhada que fiz no último fim de
semana me pegou assim que você saiu da caminhonete. Estou tomando esses remédios apenas para
me impedir de desmaiar”, eu disse, mostrando a garrafa ainda em minha mão.
“Lamento ouvir isso. Eu acho que você estava se esforçando demais.”
“Você tentou me fazer parar. Várias vezes. Mas é como se, quando estou com você, a dor
desapareça e eu acho que posso fazer qualquer coisa.”
“Por que você não me mandou mensagem, Cage? Isso é algo que você simplesmente não
faz? Lembro-me do seu relacionamento com a Tasha e como vocês dois não passavam tanto tempo
juntos. Isso é como você faz relacionamentos? Porque não sei se posso fazer isso se essa é a sua
expectativa. Eu quero que você seja meu namorado. E, eu não sei muito sobre como essas coisas
funcionam, mas acho que não pode funcionar assim.”
Uau! Eu tinha esquecido da Tasha. Pensando bem, era isso que eu fazia com ela. A diferença
era que Tasha preferia ter seu espaço.
Mas, eu não evitei mandar mensagem para Quin porque não me importava se estava ou não
com ele. Eu não enviei mensagem para ele porque estar com ele incluía um compromisso que estava
sendo difícil para mim fazer. Olhando para ele agora, a decisão ficou muito mais fácil.
Quando eu estava com ele, toda a minha dor sumia. Eu tinha certeza de que ele era a pessoa
com quem eu deveria estar. Eu só tinha que encarar e fazer minha parte para que nosso
relacionamento desse certo.
“Não é isso. O que eu sentia pela Tasha não se compara ao que sinto por você.”
“Então o que é, Cage? Me ajude a entender o que está acontecendo”, ele implorou, seus
olhos se enchendo de lágrimas.
“Tenho muitas coisas na minha cabeça. Muitas coisas estão acontecendo, sabe. Eu posso ter
um irmão que não sabia que existia. Eu posso ter uma mãe. Como eu posso entender isso? E, eu
estive pensando que…” Eu baixei minha cabeça para reunir forças. “Estive pensando que deveria
voltar para o futebol.”
“Você está pensando em jogar futebol novamente? Eu pensei que você disse que não
gostava.”
“Estive pensando que talvez seja o melhor… para nós”, disse eu, observando de perto sua
reação.
“Para nós?” Ele perguntou sem revelar seus sentimentos sobre isso.
“Sim. Seria difícil, mas eu ainda poderia chegar à NFL. Essa lesão não vai durar para sempre.
E, eu talvez não seja escolhido tão alto quanto seria antes de tudo isso. Mas com o tempo, eu
poderia chegar a uma posição inicial. Tenho certeza que sim.”
“Se é isso que você quer”, Quin cedeu.
“Eu acho que é o melhor.”
“Para nós?”
“Sim.”
“Okay. Se é isso que você quer fazer, deve fazer.”
“O que você acha, você gostaria de ser o namorado do primeiro jogador de futebol
abertamente gay na NFL?” perguntei tentando dar um sorriso.
“Eu só quero ser seu namorado. Não me importa o que você é”, disse Quin, tão doce e
carinhoso como sempre.
Mesmo que ele não tenha dito, eu sabia que meu retorno ao futebol fazia diferença para ele.
Ele precisava estar com alguém tão especial quanto ele era. Eu estava disposto a ser isso para ele.
“E, eu só quero ser seu namorado. Quero isso mais do que qualquer coisa”, eu disse a ele,
me inclinando sobre o divisor e pegando sua mão.
“Eu te amo, Cage”, ele disse, fazendo meu coração voar.
“Quin, eu também te amo”, eu disse antes de mover para os lábios do meu namorado e me
perder em seu beijo.
Me afastando, olhei para ele inundado de calor. Não podia acreditar que tinha ficado longe
dele por tanto tempo. Tínhamos muito para nos atualizar.
“Recebi uma ligação do meu tio,” Quin disse de repente, interrompendo minha euforia.
“Seu tio com os resultados?” eu disse, soltando sua mão e me afastando.
“Sim. Você quer saber o veredito?”
Eu queria saber os resultados? Claro que eu queria… acho. O que saber deles mudaria?
Provavelmente tudo.
Eu nem mesmo sabia o que significaria ter uma família. O homem que me criou e depois
desapareceu, não era o que uma família deveria ser. Eu sempre soube disso. E se eu pudesse ter essa
outra coisa com Nero e… minha mãe?
“Eu quero saber”, eu disse me preparando para qualquer coisa.
Capítulo 15
Quin
Os dias em que eu não tive notícias de Cage foram os piores dias da minha vida. A única vez
em que eu não pensava nele era quando dormia e, mesmo assim, eu sonhava com ele. No começo,
era porque eu não via a hora de ouvir novamente dele. Depois foi porque eu precisava entender por
que não tinha.
Eu estava um caos e o pobre Lou teve que lidar com isso. Ele me ouviu perguntar
repetidamente por que eu não tinha notícias de Cage. Foi ele quem sugeriu que descobríssemos
quando seria o próximo turno de Cage e aparecêssemos lá. A super habilidade do Lou
definitivamente era entender os relacionamentos com os caras. Eu o amava por isso.
Embora tenha sido uma ideia do Lou fazer isso, quando fizemos foi por minha conta. Não
importava o motivo do desaparecimento do Cage, eu sabia que tinha que entregar a ele os resultados
de seu teste genético. Isso era muito importante para ele. Eu não esperava que ele dissesse tudo o
que disse, mas eu gostei.
Na verdade, eu até gostei que ele estava voltando para o futebol. A vida dos sonhos que ele
estava descrevendo quando estávamos em Snow Tip Falls parecia incrível. Eu adoraria uma vida
simples com ele e uma família. Mas, eu tinha responsabilidades com os outros. Inferno, eu tinha uma
responsabilidade com as crianças como eu que ainda nem tinham nascido.
Ser o namorado do primeiro jogador de futebol da NFL a se assumir se enquadrava nesse
sonho. Eu não precisaria descobrir como mudar o mundo se eu fosse isso. Cage e eu mudaríamos o
mundo juntos apenas por nos amarmos.
O problema era que essa não era o fim da história. Havia algo que eu sabia que ele não sabia.
Havia uma parte de mim que desejava que ele não quisesse saber o resultado do teste. Nesse caso,
poderíamos congelar tudo da maneira como estava e viver assim para sempre. Mas, não era o caso.
E tudo o que eu podia fazer era dizer a ele que eu o amava.
“Eu preciso saber,” ele disse, se afastando de mim.
Eu engoli em seco e me preparei.
“Você e Nero são irmãos,” eu disse a ele.
“Nós somos irmãos?”
Cage olhou para mim, atônito.
“Sim.”
“Isso significa que eu tenho uma mãe.”
“Você tem.”
“Meu Deus,” ele disse caindo sentado numa cadeira. “Não acredito nisso.”
“Tem mais.”
“O quê?”
“Você não são apenas irmãos. São irmãos de pai e mãe. Vocês compartilham o mesmo pai e
a mesma mãe.”
Cage me olhou atônito. Sua boca abriu sem conseguir processar tudo.
“Eu preciso contar a ele,” ele disse, desesperado em busca do seu telefone.
Aflito, Cage encontrou o número de seu irmão e ligou para ele.
“Nero, recebemos os resultados… Sim. Nós somos… irmãos,” disse Cage, com lágrimas
formando-se em seus olhos.
Houve uma longa pausa antes de Cage falar novamente. As lágrimas escorriam pelo seu
rosto enquanto ele ouvia. Cage olhou para mim e balbuciou, “Ele está chorando.”
“Sim,” ele disse, voltando sua atenção para a chamada. “Eu definitivamente gostaria de
conhecer nossa mãe… Que tal amanhã? Eu posso dirigir até… Ok. Então, acho que te verei, e a
nossa mãe, então… Eu sei, certo,” disse Cage, com um sorriso.
Cage terminou a chamada e ficou olhando para seu telefone.
“Vou subir amanhã.”
“Posso ir com você? Quer dizer, se você quiser. Posso nos reservar um quarto para o fim de
semana caso você queira passar a noite,” eu disse a ele, querendo fazer parte do que seria o
momento mais importante da vida de Cage.
“Claro que pode! Nada disso estaria acontecendo se não fosse por você. Eu quero você lá,”
disse Cage, sinceramente.
Um alívio inundou-me ao saber que ele queria que eu estivesse lá. Eu tinha certeza de que ele
descobriria que tinha um irmão e as coisas entre nós terminariam. Eu não podia competir com isso.
“Você quer sair para comer alguma coisa esta noite? Por minha conta. Posso talvez passar a
noite na sua casa e nós podemos sair de manhã,” eu sugeri, querendo estar com ele tanto quanto ele
me permitisse.
“Eu gostaria disso,” disse Cage, com um sorriso.
Foi incrível ver seu sorriso novamente. Era o que eu mais sentia falta. Bem, talvez não fosse
o que eu mais sentia falta. O que eu mais sentia falta eu esperava recuperar ainda essa noite, de volta
à sua casa.
Depois de fazer planos com Cage, encontrei-me com Lou e assisti ele escalar a parede de
escalada por um tempo. Fiz um esforço pouco entusiasmado para participar, mas eu estava muito
animado por encontrar Cage. Havia uma pizzaria que eu queria levar Cage. Quando eu fui com Lou,
achamos o lugar romântico, por mais estranho que fosse estar lá com ele. Mas era o lugar perfeito
para um encontro.
Sentar à mesa em frente a Cage parecia exatamente como em Snow Tip Falls. Com o rosto
iluminado pela vela na mesa, ele se inclinou e colocou sua mão sobre a minha. Meu coração batia
forte olhando nos olhos dele. Deus, como eu o amava. Mal podia me conter de tanto amor.
“Você ainda tem algum daquele sorvete na sua casa?” perguntei de maneira sugestiva.
“Tenho,” ele disse com um sorriso. “Quer ir para minha casa e ver o que acontece?”
Cage sabia como me excitar. Sua sugestão me fez ter que enfiar as mãos nos bolsos para me
levantar. A viagem para a casa dele não fez nada para diminuir o calor que borbulhava entre nós. Por
isso, ao chegar na sua cabana, nem fingimos ir buscar o sorvete. Fomos direto para seu quarto e
arrancamos as roupas um do outro.
Embora Cage tenha sido quem iniciou as coisas na última vez, desta vez fui eu quem estava
totalmente sobre ele. Beijando-o, minha língua procurava a dele. Girando em torno da dele, puxei ele
mais para dentro de mim. Eu queria Cage dentro de mim e não me importava com qual parte.
Cravando minhas unhas em sua pele nua, agarrei ele. Isso enlouquecia Cage. Empurrando
uma mão na frente da calça dele, ele estava duro. Eu não havia esquecido como ele era incrivelmente
grande, então estava pronto desta vez.
Caindo de joelhos, baixei a calça dele. Estava olho no olho com a cueca volumosa dele.
Esfreguei meu rosto contra ela, querendo sentir o cheiro dele. Ele cheirava a sexo. Isso fazia meu
pau doer.
Rapidamente, removi os shorts dele, agarrei-o com as duas mãos e o empurrei na minha
boca. Tão grande! Ele era uma boca cheia. Mas eu babava em cada centímetro dele que conseguia
engolir. Passando a língua na base do pau dele, movi minhas mãos para frente e para trás sobre seu
impressionante membro.
“Ahhh!” ele gemeu enquanto eu fazia isso.
Ele só conseguiu aguentar por tanto tempo. Segurando a parte de trás da minha cabeça com
as suas mãos grandes, ele me puxou para cima e me levou para a sua cama. Não demorou muito para
ele me despir completamente. Então, com nós dois duros e nus, Cage subiu em cima de mim.
“Eu quero que você me foda. Quero sentir você dentro de mim,” ele disse, para minha
surpresa.
Eu não sabia porque pensei que ele não iria querer aquilo, mas estava mais do que feliz em
dar-lhe.
Mesmo que eu fosse penetrá-lo, estava claro que Cage ainda teria o controle.
“Eu tenho algo”, ele disse, inclinando-se ao meu lado para pegar uma garrafa em sua gaveta
do criado-mudo.
Eu reconheci. Era o lubrificante. Ele colocou ao meu lado enquanto eu deitava e então
abaixou e pegou meu pau com a boca.
Meu Deus, ele sabia o que fazia. Em segundos, minha perna começou a tremer. Ele não
desistiu de mim, no entanto. Vendo quão perto eu estava, ele pegou uma porção de lubrificante na
palma da mão e espalhou atrás dele e no meu pau.
Mesmo o aperto de sua mão me levou mais perto do orgasmo. Eu era indefeso à sua
vontade. Vendo-me lutando, ele não perdeu tempo em mover seus quadris sobre meu pau. Com a
mão guiando-o, ele tocou a ponta do meu pau em seu buraco.
Foi então que senti uma das maiores sensações da minha vida. Levando todo o seu tempo,
Cage me levou para dentro dele.
“Sim”, eu gemi perdendo a cabeça.
Eu mal conseguia me segurar muito mais. Com a pele formigando e queimando, senti-o me
engolir e sentar no meu colo. A sensação era incrível. Olhando para cima, Cage olhava para baixo,
oprimido e hipnotizado. Ele pôde ver que eu estava perdendo rapidamente meu controle. E quando
ele começou a movimentar os quadris contra mim, cedi à luta e explodi.
“Ahhhh!” Eu gritei, rasgando os lençóis.
Parecia ser o que Cage estava esperando, pois assim que eu me libertei, ele agarrou seu pau e
se masturbou até gozar.
Exausto, Cage desabou no meu peito. Com ele ofegante, pensei que era assim que íamos cair
no sono. Não foi, porque assim que eu me retraí dele, ele agarrou seus braços em torno de mim e
me rolou para que eu estivesse ao lado dele. Foi então que ele me puxou para seus braços. Eu não
desejava estar em nenhum outro lugar.
Diferentemente da última vez, desta vez eu fiquei acordado pensando em como tudo havia
sido agradável. Eu não pensei que eu estava no comando. Foi uma das razões pelas quais eu nunca
pensei seriamente em namorar mulheres. Mas aparentemente, eu estava no comando. Cage foi o
único que despertou isso em mim. Eu estava muito feliz que ele fez isso também. A sensação era
diferente de qualquer coisa que eu tivesse experimentado antes.
“Eu não sabia que você gostava disso”, eu disse a ele, querendo ouvir sua voz.
“Eu também não. Mas eu sempre quis tentar e você tem um pênis incrível.”
Eu corei. “Obrigado. O seu também é muito bom.”
“Você acha?”
“É incrível.”
“Então me dê um minuto e eu vou te dar de novo.”
“Tudo bem”, eu disse, sentindo-me excitado novamente.
“O minuto acabou, porque acho que estou pronto”, ele disse com uma risada.
Eu abaixei a mão e agarrei. Ele definitivamente estava. Subindo em cima de mim novamente,
desta vez ele levantou minhas pernas e colocou a parte de trás das minhas coxas no seu peito.
Pegando o lubrificante, ele espalhou uma quantidade generosa entre minhas nádegas e no seu pau.
Com a vista dele desta vez, ele colocou a ponta no meu buraco e se inclinou para me beijar.
Foi enquanto ele me beijava que ele se empurrou para dentro. Entrar nele não demorou quase tanto
quanto da primeira vez. Então, apoiando-se em cima de mim, ele se equilibrou e me fodeu
loucamente.
Tendo recentemente gozado, nossa nova sessão durou e durou. Quando ele estava satisfeito
com aquela posição, ele me torceu para outra. Eu fiz tudo o que ele queria e amei.
Transamos até que eu não tivesse mais forças para levantar meus braços. Eu era seu boneco
de pano. E quando ele finalmente gozou em seguida me masturbou, não sobrou nada para nenhum
de nós fazer a não ser colapsar nos braços um do outro e adormecer.
Quando acordei na manhã seguinte, não consegui esquecer que meu namorado muito grande
passou a noite me fodendo. Eu mal conseguia andar direito. Senti um estranho prazer. Gostava de
ser lembrado de que estive com Cage e de que ele me dominou. Eu queria uma vida inteira disso,
mesmo sabendo que minha bunda não o aguentava tão cedo.
“Como você está se sentindo esta manhã?” Cage me perguntou com um sorriso.
“Com dores. Mas, bem”, respondi corando.
“Eu estou um pouco cansado. Acho que meu pau não funciona mais. Está desgastado.”
“Sim, entendo a sensação. Mas não é meu pau.”
Nós dois rimos.
“Então você está pronto para sentar por uma hora e meia de viagem”, ele perguntou
zombeteiramente.
“Mal posso esperar!” Eu disse, me perguntando se conseguiria suportar.
Misericordiosamente, não saímos imediatamente. Ele preparou nosso café da manhã
enquanto eu ficava pela cozinha. E comi me apoiando numa parede. Foi só depois disso que estava
pronto para ir.
Dirigindo até Snow Tip Falls, percebi que Cage estava animado, mas nervoso. Eu também
estava nervoso. E se a mãe dele não gostasse de mim? E se ela fosse contra a ideia de seu filho estar
com outro homem?
Nero disse que nos chamar de “bichas” não era ele. Aquilo tinha que ter vindo de algum
lugar, não era? E se tivesse vindo dela?
Nero sugeriu que nós deveríamos nos encontrar na lanchonete, já que nenhum lugar em
Snow Tip Falls aparecia no mapa. Passando pela placa de boas-vindas da cidade, muitas memórias
voltaram. Era difícil acreditar que estivemos aqui uma semana atrás e que ficamos apenas por três
dias. Parecia que tínhamos construído uma vida inteira de memórias naquele tempo.
Vindo de Nova York, eu nunca imaginei que gostaria de passar tempo em algum lugar com
um ritmo tão lento, mas eu gostei. Quase parecia que essa era a velocidade na qual você deveria viver
a vida.
Chegando ao restaurante, perguntei a ele se deveríamos fazer o check-in com a Dr. Sonya e
deixar nossas malas antes de encontrar Nero. Cage não viu necessidade. Eu concordei, então fomos
direto para lá.
“Vocês estão com fome?” Nero perguntou quando entramos.
Ele parecia uma pessoa diferente daquela que tínhamos conhecido. Para começar, ele tinha
um sorriso no rosto. Tudo nele parecia mais leve.
“Vai se juntar a nós?” Cage disse, tão feliz em estar com Nero quanto Nero estava feliz por
estar com ele.
“Sim, vou me juntar a vocês,” ele disse entusiasticamente.
“Você ainda não terminou o turno”, o cozinheiro gritou da cozinha.
“Tem mais alguém aqui? Volto ao trabalho quando alguém entrar”, ele disse com bravura.
“Vocês querem hambúrgueres? Vou pedir para ele preparar alguns para a gente. Escolham um
lugar,” ele disse antes de voltar para a cozinha.
“Ele parece feliz em te ver,” eu disse a Cage.
Por mais nervoso que Cage parecia antes de chegarmos, ele agora estava radiante. Se Nero
não fosse seu irmão, teria adivinhado que ele estava apaixonado por ele. Talvez Cage estivesse, mas
apenas de uma maneira fraternal.
Como filho único, eu não sabia como os dois se sentiam. Será que é isso que acontece
quando você tem um irmão? Deve ser bom ter alguém em quem possa contar e que esteja sempre
com você. Sempre pensei que essa era a função de um namorado. Mas, pensando bem, isso também
é algo que a família faz.
Quando Nero voltou, tudo que pude fazer foi recostar e ouvir os dois conversando. De vez
em quando, Nero fazia uma pergunta para nós dois. Ele até me fez algumas perguntas diretamente.
Eu tentava manter minhas respostas curtas, porém. Eu sabia por que tínhamos vindo, e eu queria
que isso fosse o mínimo sobre mim possível.
Quando terminamos o almoço, a expressão no rosto de Nero mudou. Uma sombra tomou
conta dele.
“Então, vocês querem conhecer nossa mãe?”
“Sim”, disse Cage com a inocência de um garoto de dez anos.
Ao levantar-me, peguei minha carteira para pagar.
“Eu pago”, disse Nero.
“Tudo bem, eu pago”, disse eu, não querendo deixá-lo naquela situação.
“Não, eu insisto”, Nero disse.
Eu estava prestes a recusar quando Cage me interrompeu.
“Nero disse que vai pagar!”, ele disse abruptamente.
Isso me surpreendeu. Eu havia claramente o irritado. Mas, ao mesmo tempo, eu não poderia
deixá-lo pagar por mim. Isso seria injusto. Nero talvez não soubesse disso. E Cage talvez não tenha
percebido quão injusto seria. Mas eu sabia, então eu não poderia deixar isso acontecer.
“Posso pelo menos deixar a gorjeta?”
“A gorjeta?” Nero perguntou confuso.
Cage rosnou. Ele não estava feliz.
“Para o cozinheiro”, esclareci.
“Se ele quer dar gorjeta ao cozinheiro, deixe-o dar gorjeta ao cozinheiro”, o cozinheiro
gritou da cozinha.
Não percebi que ele podia nos ouvir.
Nero riu. “Tudo bem, você pode deixar a gorjeta.”
Retirei o suficiente para pagar a refeição e deixei na mesa. Tentei fazer isso de maneira que
Nero não soubesse quanto eu estava deixando, mas ele percebeu. Seus olhos me encararam,
divertidos com o que eu fiz. Agradeço por ele ter deixado passar.
“Vocês querem deixar a caminhonete aqui e ir comigo, ou me seguem?” Nero perguntou.
Cage olhou para mim.
“Faça o que você quiser,” eu disse, não querendo irritá-lo ainda mais.
“Vamos seguir você,” Cage disse entrando em sua caminhonete.
O caminho para a casa de Nero acabou sendo longo. Eles viviam a 25 minutos fora da
cidade. Isso era bom, porque me deu tempo para conversar com Cage.
“Como você está se sentindo?”
“Nervoso. Com medo. E se ela não gostar de mim?”
“Cage, ela vai amar você. Todo mundo ama. Só espero que ela goste de mim.”
Cage não respondeu. Isso significa que ele estava preocupado com a mesma coisa?
Provavelmente eu não deveria ter vindo. Eu percebi isso agora. Mas já era tarde demais para
ele me deixar na pousada sem piorar nossa situação. Então, optei por manter minha boca fechada e
ser o mais invisível possível.
Cage estava conhecendo sua mãe pela primeira vez. Eu só queria que ele se sentisse
confortável. Ele parecia estar passando por momentos difíceis. Ele não precisava de todas as
complicações que eu trouxe junto com o que ele já estava passando.
Quando a caminhonete de Nero encostou, foi em um parque de trailers pouco habitado. Eu
não sabia o que esperava, mas certamente não era isso. Olhei para Cage para julgar sua reação. Ele
não teve nenhuma. Eu podia perceber que ele estava tenso, mas provavelmente não tinha nada a ver
com onde estávamos.
Seguindo Nero até uma casa móvel envelhecida que me lembrava o escritório de um canteiro
de obras, estacionamos ao lado da caminhonete de Nero e nos juntamos a ele na frente dela. Nero
olhou para Cage com simpatia nos olhos. Parecia que queria dizer algo a Cage antes de convidá-lo
para entrar. Mas ele não o fez.
“Vamos,” ele disse nervosamente antes de nos guiar pelas escadas instáveis até a porta da
frente.
Aguardando no pé da escada, coloquei a mão no corrimão. Tintas descascadas grudaram na
minha palma da mão. Discretamente limpei-as e esperei minha vez para subir e entrar.
Dentro era desgastado, mas arrumado. Os pisos de linóleo, o papel de parede floral e os
armários de cozinha de madeira haviam desbotado no mesmo tom de bege. Também era muito
pequeno. À direita da porta estava a cozinha. À esquerda, a sala de TV e, além disso, um pequeno
corredor com três portas.
Eu me virei para Cage. Seus olhos estavam presos na mulher sentada no sofá em frente à
TV. Com seus cabelos escuros e grisalhos, feições angulares e rosto cheio de covinhas, só poderia
ser ela. Ela havia sido, claramente, tão bonita quanto Cage era atraente. Mas o tempo, e uma vida
dura, a alcançaram.
Sem ter se virado quando entramos, Nero a chamou.
“Mãe?” disse Nero, fazendo-a se virar.
Ao ver Nero, a mãe de Cage se virou para nos examinar. Ela parecia confusa.
“Mãe, lembra que eu disse que ia trazer alguns amigos?”
Ela não disse nada, mas os olhos se moveram entre nós três.
“Este é o Cage e o namorado dele, Quin,” disse Nero, falando devagar.
“Prazer em conhecê-la,” Cage disse, avançando. Ele ergueu a mão para apertar a dela, mas
quando ela não se moveu, ele abandonou o gesto.
“Prazer em conhecê-la,” Eu disse, questionando se deveria estar ali.
“Mãe, descobri algo sobre o Cage que você precisa saber.”
Os olhos dela se voltaram para Nero.
“Cage é… meu irmão.”
Sua expressão cada vez mais confusa indicava que ela havia entendido.
“Seu irmão?” ela disse devagar.
“Sim, mãe. Quin fez nosso exame de sangue e tudo mais. Ele é meu irmão.”
“Seu irmão?”
“Sim. Nosso sangue indica que temos o mesmo pai… e mãe.”
Ela parecia extremamente confusa depois disso. Enquanto ela lutava para entender o que
Nero estava dizendo, Cage se adiantou.
“Mãe, você sabe quando você dizia que levaram seu bebê e disseram que ele morreu? Mãe,
este é seu filho. Ele é seu bebê,” disse Nero, emocionado. “Você estava certa, mãe. Ele estava vivo.
Este é ele.”
“Prazer em conhecê-la,” Cage disse novamente.
Ela o olhou da mesma forma do sofá.
“Augustus?” Ela disse, olhando para ele.
“Meu nome é Cage,” ele disse a ela.
“Eu te batizei de Augustus,” ela disse devagar, derretendo-se em lágrimas. “Eles te tiraram
de mim e me disseram que você havia morrido. Eu sabia que você não havia morrido. Pedi para te
mostrar. Eles não conseguiram. Eles não conseguiram,” ela disse, estendendo a mão para Cage,
visivelmente abalada.
Jogando-se nos braços de sua mãe, ambos se abraçaram chorando. Eu não conseguia
imaginar o que Cage estava passando. Mas era bom saber que eu havia feito isso por ele.
Provavelmente foi a coisa mais gratificante que eu já fiz.
Logo, Nero juntou-se a eles no sofá e abraçou os dois. Os três choraram e se abraçaram sem
dizer uma palavra. Eu não conseguia escapar do momento. Lágrimas escorriam pelo meu rosto tanto
quanto o delas.
No entanto, aquele era um momento privado deles. Eu não deveria estar ali. Sem que
nenhum deles percebesse, eu saí de mansinho e fui para a caminhonete. Ao entrar, eu me agasalhei e
pensei.
Este era um mundo diferente de qualquer coisa que eu poderia ter imaginado há pouco
tempo. Eu cresci entre bilionários e gênios. Eu sabia que pessoas tinham vidas como a de Nero e sua
mãe, mas somente por filmes e TV. É difícil ver algo como real se essa é a sua única referência.
Mas, sentado na caminhonete olhando ao redor, agora era tudo muito real. Eu não sabia o
que pensar sobre isso.
Eu estava na caminhonete por cerca de trinta minutos antes de Cage sair e se juntar a mim.
“Você saiu,” ele disse.
“Quis dar um pouco de privacidade para vocês.”
Os olhos de Cage se abaixaram sem ele responder.
“Você fez isso. Você e seu grande cérebro encontraram minha mãe. Só posso te agradecer.”
“Claro,” respondi não sabendo o que mais dizer.
“Não é ‘claro’. A vida toda eu me perguntava como ela seria e como seria ouvir a voz dela.
Você me deu isso. E eu acho que ninguém mais no mundo poderia ter dado.”
Respondi com um sorriso contido. Eu não sabia o que eu deveria dizer.
Os olhos de Cage deixaram os meus enquanto ele ponderava o que diria a seguir.
“Eu quero passar mais tempo com ela… com os dois. Mas, eu não quero que você se sinta
obrigado a ficar aqui. Se importa se eu te deixar na pousada? Provavelmente seria mais confortável
do que ficar sentado nesse caminhão frio. Talvez você possa ligar para o Titus. Tenho certeza que
ele queria te ver.”
Eu não sabia o que esperava que Cage dissesse, mas não foi isso. Talvez eu achasse que ele
me incentivaria a entrar. Talvez eu pensasse que ele gostaria de me incluir nesse momento. Mas,
pensando bem, provavelmente era apenas uma fantasia.
Cage acabara de encontrar sua mãe pela primeira vez. Ele tinha tantas perguntas para ela. O
que eu faria além de sentar lá? Ele estava certo, seria melhor eu ir para outro lugar em vez de ser o
cara estranho sentado no carro durante os momentos mais importantes de sua vida.
“Não gostaria que você tivesse que me deixar.”
“Esta é a Snow Tip Falls. Você não pode exatamente chamar um Uber,” ele disse com um
sorriso. “Eu deixo você e volto aqui.”
“Tudo bem,” eu concordei, sentindo Cage se afastar lentamente.
Cage foi até a porta da frente e Nero saiu para falar com ele. Nero olhou para mim enquanto
Cage falava. Eu odiava ser o babaca que estava quebrando aquele momento maravilhoso. Eu me
sentia péssimo.
Ambos Cage e ele voltaram para a caminhonete. Enquanto Cage entrava, Nero veio até a
minha porta.
Ele tirou a mão do bolso e bateu na porta, depois deu um passo para trás. Entendi isso
como um sinal de que ele queria que eu saísse. Quando me movi, ele me envolveu em seus braços.
“Cage disse que você foi quem nos reuniu,” ele sussurrou no meu ouvido. “Obrigado.
Obrigado!”, ele falou, dando um tapa nas minhas costas e se afastando.
“De nada,” foi a única coisa que consegui responder.
Eu realmente não conseguia entender o que aquele momento significava para eles. Como
poderia? Eu cresci com mais amor e família do que sabia como lidar. Mas o momento não passou
completamente despercebido por mim. Será que eu faria na minha vida algo maior do que havia
feito por eles? Eu não sabia.
Cage e eu não falamos muito na viagem de volta à cidade. Ele estava perdido em
pensamentos. O lado egoísta de mim desejava que alguns desses pensamentos fossem sobre mim.
Provavelmente era pedir demais.
Ao chegarmos na pousada da Dra. Sonya, Cali rapidamente veio até nós para nos
cumprimentar. Parado na frente da porta, na varanda, ele nos olhava com um brilho nos olhos.
Antes que eu pudesse sair, a Dra. Sonya se juntou a ele.
“Parece que vou deixar você em boas mãos,” Cage disse olhando os dois.
“Não se preocupe comigo. Vá. Passa um tempo com a sua família. Você merece isso. Eu
vou ficar bem”, disse a ele.
“Eu te amo,” Cage disse inclinando-se e me dando um beijo.
“Eu também te amo,” eu disse antes de pegar minha bolsa e sair do carro.
Caminhando para a varanda, Cage não esperou eu chegar lá antes de ir embora. Virei para
vê-lo partir. Tive a impressão de que ele não olhou para trás. Não podia ter certeza, mas
definitivamente parecia assim.
“Bem-vindo de volta!” disse a Dra. Sonya entusiasmada. “É bom te ver de novo”, ela
colocou o braço em volta de mim e me conduziu para dentro. “O Cage vai voltar?”
“Não sei,” falei sinceramente. “Nós encontramos a mãe dele.”
Ela soltou um grito de entusiasmo. “Sério? Isso é incrível!”
“É mesmo. É muito maravilhoso.”
“Bem, vamos ter que fazer alguma coisa para comemorar,” ela concluiu fazendo-me sentir
em casa.
Deixei minha bolsa no meu quarto e deitei na cama pensando em tudo. Não pude deixar de
me sentir ansioso. Não tinha certeza por quê.
Talvez fosse pelo fato de ele não ter me mandado mensagem por uma semana. Isso
realmente me machucou. E o pior era que eu ainda não sabia o que havia causado isso. Se eu não
sabia o que provocou isso, como saber se eu não estava provocando novamente agora?
Depois de ficar louco pensando nisso, decidi descer.
“Você tem algum plano para o jantar? Gostaria de se juntar a nós?” perguntou a Dra. Sonya
na cozinha.
“Acho que não tenho planos. Não conversei com o Cage, no entanto.”
“Então, que tal você se juntar a nós, e se precisar ir embora, vai?”, ela sugeriu com um
sorriso.
“Parece ótimo. Obrigado,” eu disse a ela antes de me juntar a Cali na sala de estar assistindo
à TV.
Pude sentir a inquietação de Cali enquanto eu estava ali com ele. Sempre tendo sido o
tímido, eu sabia como ele se sentia.
“Há quanto tempo você joga futebol?” perguntei, fazendo suas bochecham ficarem bem
vermelhas.
Cage pode ter acertado. Parecia mesmo que ele tinha uma queda por mim.
“Desde o primeiro ano do ensino médio,” ele eventualmente sussurrou.
“Que legal. Você está pensando em com frequência a East Tennessee?”
“Estou pensando nisso.”
“É uma boa escola. Acho que você vai gostar de lá. Se quiser uma visita, me avise.”
Cali não respondeu, mas as bochechas dele ficaram bem vermelhas com a minha sugestão.
Eu teria que ter cautela no que dizia a ele. A última coisa que eu queria era machucá-lo ou iludi-lo.
Com menções frequentes ao Cage, eu passei o resto da noite com os meus dois anfitriões.
Após o jantar, a Dra. Sonya sugeriu uma partida de Scrabble.
“Tenho que te avisar. Sou bem bom”, a Dra. Sonya disse orgulhosa. “Há um grupo de nós
na cidade que joga e eu não perdi nenhuma partida em dois anos.”
Eu concordei educadamente e então os venci por 50 pontos.
A Dra. Sonya olhou para o tabuleiro em choque.
“Precisamos jogar de novo,” ela anunciou.
Jogamos novamente e o resultado foi semelhante. Mas, mais importante, foi divertido.
Desviou minha mente do Cage. Então, quando ele enviou uma mensagem dizendo que ia dormir lá,
doeu menos.
Deitando na cama sozinho e acordando sozinho, tentei não deixar minha imaginação voar.
O único motivo pelo qual Cage não havia retornado era porque queria passar tempo com a família.
Isso fazia total sentido. Não tinha nada a ver comigo ou como ele se sentia sobre nós. Ele precisava
desse tempo e eu estava disposto a dar a ele.
Não obtive notícias dele até quase 11h da manhã, quando me disse que viria por volta das
19h para me buscar.
‘Você está se divertindo?’ Eu escrevi em resposta.
Ele levou 30 minutos para me responder. ‘Com certeza! Te conto tudo mais tarde.’
Eu estava tentando, mas estava cada vez mais difícil não levar isso para o lado pessoal. Não
importava o quanto eu me convencia do contrário, eu não conseguia esquecer minha insegurança.
Para tirar a mente disso, mandei mensagem para Titus. Em menos de um minuto, ele me
ligou de volta.
“Quin! Como você está? Estava justamente pensando em você dois.”
“Estou mandando mensagem porque estou na cidade.”
“Sério! Vamos nos encontrar! Quando vocês dois estão livres?”
Expliquei a ele onde Cage estava e o que estavam fazendo, então ele sugeriu que fôssemos
pescar no gelo.
“Você já fez o buraco,” Titus brincou.
Embora eu nunca tenha ido pescar no gelo, fiz muita pesca em águas rasas durante meus
verões nas Bahamas. Na maioria dos dias, era a única coisa a fazer.
Depois de um dia no gelo, não conseguimos pescar nada. Titus disse que era porque os
peixes não estavam mordendo. Meu palpite era por causa da conversa sem fim dele.
Estava tudo bem para mim, entretanto. O que eu faria com um peixe além de devolvê-lo à
água? E Titus era interessante para conversar… quer dizer, ouvir. Ele tinha ideias sobre muitas
coisas, a maioria das quais envolviam Snow Tip Falls.
“Você pensou mais sobre ir para a Universidade do Leste do Tennessee?” Eu perguntei a
ele, sabendo que ele se encaixaria perfeitamente.
“Sim, pensei. Devo dizer que vocês dois me inspiraram. Eu vou preencher uma inscrição
para o próximo semestre”, ele disse com um sorriso.
“Isso é incrível!”
“Sim. E, talvez quando eu estiver lá, eu encontre um cara legal como você fez”, ele disse
com um sorriso compreensivo.
Fiquei olhando para Titus, sem querer expressar minha surpresa. Realmente não deveria ter
sido surpreendido. A única coisa que deveria ter aprendido com as pessoas com quem cresci é que
você não precisa parecer ou agir de uma maneira específica para gostar de alguém do mesmo sexo.
“Então, você é… gay? Bissexual?”
A cabeça de Titus balançou enquanto ele respondia.
“Vamos dizer, eu sou aberto”, disse ele com outro dos seus sorrisos brilhantes. “Eu nunca
disse isso para ninguém antes.”
“Obrigado por compartilhar isso comigo. Se você vier para a E.T. terei que te apresentar ao
meu colega de quarto, Lou. Eu não conheço muitas pessoas na escola como nós… Eu não conheço
outras pessoas de verdade. Mas, ele será capaz de te dizer todos os lugares para conhecer caras. Essa
é a especialidade dele.”
“Ele parece ser uma ótima pessoa para se conversar.”
“Ele é uma ótima pessoa”, disse eu, não podendo dizer o suficiente sobre Lou.
O resto do nosso dia foi passado discutindo quando cada um de nós percebeu que gostava
de caras. Eu também compartilhei minha criação pelos três pais. Ele ficou fascinado com isso.
Depois que ele expressou um enorme interesse em conhecê-los, eu prometi que os
apresentaria a ele. Claro que eu teria preferido passar o dia com Cage. Mas o dia que tive com Titus
foi bem bom.
Em geral, o fim de semana acabou sendo melhor do que qualquer um que eu teria se tivesse
ficado na escola e permitido que Cage viesse sozinho. Gostei de Titus, Dr. Sonya e Cali. Quando
Cage veio me buscar, prometi que voltaria para passar mais tempo com eles.
“Você será sempre bem-vindo”, Dr. Sonya me disse na minha partida.
“Como foi seu tempo com Nero e sua mãe?”, perguntei a Cage assim que entrei no
caminhão.
“Foi incrível”, ele confirmou.
Cage parecia diferente. A tensão que o envolveu enquanto subíamos tinha sumido. Ele
parecia mais tranquilo e mais resolvido.
Durante a próxima hora e meia, Cage me contou o que descobriu sobre o mistério
envolvendo seu nascimento.
“Eu não pude fazer todas as perguntas que queria. Ela não está totalmente consciente,
mentalmente”, Cage explicou. “Dr. Tom acha que ela tem algum tipo de demência. Ela tem um
conjunto incomum de sintomas, entretanto. E quanto mais eu estava lá, melhor ela ficava. Nero
disse que ele não a via tão lúcida assim em anos. Foi por isso que decidi dormir lá e passar o dia.
Quanto mais eu estava lá, mais ela era capaz de me contar. Eu não queria arriscar sair e perder o
impulso.”
“Isso faz sentido. Fico feliz que você conseguiu passar bastante tempo com ela.”
“Sim”, ele disse, deixando a conversa morrer.
Embora ele não dissesse, era claro que havia algo mais em sua mente. Tudo isso me
preenchia de pavor. Eu queria perguntar a ele o que ele aprendeu sobre Nero e talvez sobre o pai
deles, mas não ousei mencionar. Neste momento, eu só queria chegar em casa sem que um desastre
acontecesse. Pensei ter conseguido até que Cage estacionasse o caminhão em frente ao meu lugar e
desligasse o motor.
“Você quer subir?” Perguntei, esperando que fosse o caso.
“Na verdade, precisamos conversar.”
O sangue retirou-se do meu rosto ao ouvir essas palavras. Fui como um cervo diante dos
faróis.
“Sobre o quê?”
“Eu te contei que quanto mais tempo eu passei com minha mãe, melhor ela ficou, certo?”
“Sim.”
“Acho que vou me mudar para Snow Tip Falls e ficar lá por um tempo.”
Meus dedos formigaram e senti um vazio na garganta que me fez querer vomitar.
“E as aulas? Você vai dirigir de lá para cá? É uma longa viagem.”
“Acho que vou abandonar a escola por agora.”
“Mas você está tão perto. Este é o seu último semestre?”
“Minha mãe precisa de mim. Nero precisa de mim. Ele tem cuidado dela sozinho todo esse
tempo. Tem sido difícil para ele. Ele disse que ela nem sempre está tão sob controle como estava
neste fim de semana. Ele precisa de ajuda e eles são minha família.”
Minha próxima pergunta fez o calor passar pela minha face.
“E nós? Você vai voltar para me ver?”
Cada segundo em que Cage não respondia sugava a vida de mim. Pensei que isso fosse
doloroso até que ele falou.
“Não tenho certeza de que deveríamos ficar juntos.”
“O quê?” Disse eu, começando a suar. “Mas, você disse que me amava.”
“E eu amo. Você não precisa questionar isso. Eu amo.”
“Então, o quê?”
“Você é um cara incrível, o cara mais incrível que eu já conheci. Mas eu não sou o suficiente
para você.”
“O que você quer dizer, você não é suficiente? Você é tudo que eu sempre quis.”
“Não sou. Pensei que poderia ser. Mas não posso. Não quero jogar futebol americano mais.
Eu sei o quanto isso é importante para você.”
“Eu nunca disse que você jogar futebol era importante para mim. Nunca disse isso.”
“Você não precisou. Lembra quando eu falei sobre o que era meu sonho? Como tudo que eu
queria era me estabelecer em algum lugar e criar uma família? Como eu queria uma vida simples?”
“Sim.”
“É verdade. E eu não tenho dentro de mim a capacidade de viver a vida de outra pessoa.
Mesmo que essa outra vida seja por você.”
“Mas eu nunca te pedi isso.”
“Não, mas seja honesto, quando eu te disse que ia voltar para o futebol, você não sentiu
alívio? Seja honesto!”
Eu pensei sobre isso. “Não foi exatamente alívio,” eu expliquei.
“Ok. Era que comigo sendo o primeiro jogador de futebol assumidamente gay, nós dois
fazíamos sentido juntos?”
Eu o encarei. Ele estava certo. Era exatamente assim que eu sentia.
“Eu imaginei. Não fazemos sentido juntos sem o futebol. Eu gostaria que fosse diferente,
mas essa é a verdade.”
“Cage, eu te amo,” eu lhe disse, não conseguindo mais segurar minhas lágrimas.
“Quin, eu também te amo. E se você me disser que consegue imaginar tendo uma vida
simples comigo em Snow Tip Falls, em vez de você ir para algum lugar incrível e mudando o
mundo, então eu estarei completamente entregue. Diga-me que você não precisa disso e prometo
passar o resto da minha vida com você sem hesitar. Apenas me diga isso,” ele implorou.
As lágrimas escorriam pelo meu rosto percebendo o que eu tinha que dizer.
“Cage, você não pode imaginar a responsabilidade que eu tenho. As pessoas estão
dependendo de mim.”
“E, com a minha mãe, você não pode imaginar a responsabilidade que eu tenho. Ela e Nero
estão dependendo de mim,” ele disse, seus olhos se enchendo de lágrimas.
“É isso?” Eu perguntei a ele, desesperado para que ele dissesse que não era.
“Acho que sim,” ele disse, destroçando meu coração.
Eu sabia que deveria ter dito algo depois disso. Qualquer coisa. Mas, eu não conseguia. A
dor que sentia me desligou do meu corpo. Eu flutuava em algum lugar acima de nós dois olhando
para baixo. Eu sentia pena do garoto que chorava sem parar no banco do passageiro da caminhonete
do Cage. Mas eu não conseguia senti-lo. Seria demais.
Eu fiquei grato quando ele abriu a porta e saiu no frio. Qualquer coisa era melhor do que vê-
lo sofrer. Agora, ele só precisava chegar em casa e ao seu apartamento antes que suas pernas
falhassem e ele desmoronasse.
Desejando que ele fosse adiante, passo a passo, ele subiu as escadas. Quando ele pegou a
chave e tentou inseri-la na fechadura foi quando eu não conseguia mais segurar. Subitamente
afogando-me em dor, o mundo ao meu redor girou. Felizmente, eu não precisei abrir a porta. Uma
cara amigável a abriu e agora estava olhando para mim.
“Você está bem?” Lou perguntou. “Quin, você está bem?”
Eu queria dizer que não. Eu queria contar a ele que Cage e eu havíamos terminado e que não
voltaríamos a ficar juntos. Eu não consegui. Tudo que eu pude fazer foi me aproximar dele e cair
nos braços de Lou.
“Ele me machucou,” foi o que eu disse. “Eu não sei o que fazer,” eu expliquei antes de
passar o resto da noite sufocando em minhas lágrimas.
Tão devastado quanto fiquei quando Cage não me mandou uma mensagem de volta, não se
comparava ao que senti nas próximas semanas. Uma coisa ficou clara para mim. Eu não fui feito
para isso.
Talvez eu seja mais fraco que os demais. Lou passava por caras como se fossem pipocas.
Nenhum deles sequer deixava manteiga em seus dedos. No entanto, eu namorei um cara, e terminar
com ele me deixou catatônico. Eu deveria ter percebido que não fui feito para o amor.
Não em vinte anos eu encontrei alguém para me amar de volta. Por que isso? Eu pensei que
fosse algo que eu poderia escapar em uma escola no meio do nada. Mas, o problema real era que,
não importa onde eu fosse, eu estava lá. A coisa que ninguém amava em mim… era eu.
Lou fez o seu melhor para me tirar da cama e pelo menos me fazer frequentar as aulas, mas
eu não conseguia fazer nem isso. Parte de mim sabia que não importasse o assunto, eu
provavelmente conseguiria estudar uns poucos dias antes do exame e passar. A outra parte era que
eu não via mais o ponto na escola.
Qual era o propósito de qualquer coisa? Por que eu deveria sair da cama, exceto para comer
e ir ao banheiro? Com toda a minha inteligência, eu não conseguia descobrir isso. Então, ao invés
disso, eu deitei ali, eu chorei, e permiti que meus pensamentos girassem infinitamente em torno do
Cage.
Um segundo eu o amava. No próximo segundo, eu o odiava. Mas a cada momento, eu
amaldiçoava a falha fatal em mim que me tornava inamável.
“Quin, você tem que sair da cama!” disse Lou enfaticamente. “Se não for por você, por mim.
Há um cheiro vindo daqui que faz com que os caras que eu trago pra casa pensem que estou usando
o quarto para guardar cadáveres.”
“Desculpe,” eu disse, não querendo ser o peso que eu era.
Lou suspirou e então rastejou para a minha cama, me envolvendo com seus braços.
“Vamos lá, Lamb Chop, você precisa sair disso. Há outros caras lá fora. Acredite em mim. E
um cara gostoso como você teria a sua escolha. Você só precisa sair de casa. Lamb Chop, como faço
para você sair deste quarto?”
“Eu não sei,” eu lhe disse honestamente.
“Ok, talvez isso fosse pedir demais. Como posso te fazer sair dessa cama?”
Eu não respondi.
Lou saltou e olhou ao redor.
“Isso é tudo. Eu estava tentando ser o bonzinho, mas você não me deixou escolha. Cadê?”
“O que?”
“Seu telefone.”
“Não ligue para o Cage.”
“Você acha que eu quero ligar para o Cage, aquele ratão maldito? Ah não. Ele precisa
queimar no inferno pelo que fez com você.”
“Ele estava fazendo isso por sua…”
“Se você me disser que ele teve que fazer isso por sua mãe doente, eu juro por Deus que vou
enlouquecer. Você não tem o direito de defendê-lo até ser capaz de ficar de pé o suficiente para
tomar um banho. Está me ouvindo? Eu disse, está me ouvindo?”
“Sim.”
“Bom. Agora, onde está seu celular?”
“Na gaveta.”
Lou olhou para o criado-mudo e encontrou um cabo de carregador impedindo a gaveta de
fechar. Eu não senti vontade de explicar como isso aconteceu e ele não perguntou.
Em vez disso, ele pegou o celular, desbloqueou-o com meu dedo e procurou nos contatos.
“Quem você está ligando?” perguntei, percebendo que tinha alguns números que não
gostaria que ele ligasse.
“Alô, Sr. Toro? Hi, você não me conhece, mas eu sou o colega de quarto do Quin… É um
prazer conhecer você também.”
Minha cabeça se ergueu. “Você ligou para o meu pai? Baixo nível!” Ele nem estava na minha
lista de pessoas que eu não queria enfrentar. Virei-me e enterrei a cabeça no travesseiro.
“Escute. Estou ligando porque estou tendo um probleminha com Quin…”
“Você ligou para o meu pai?” Eu resmunguei.
“Sim. Eu não consigo tirá-lo da cama”, disse Lou ao meu pai. “Sabe por quê? É porque
algum cara partiu o coração dele.”
“O quê? Não!” Eu gritei tentando pegar o telefone. Lou se esquivou.
“Eu sei! Eles são terríveis, não são? …De qualquer forma, eu estava me perguntando se você
tinha alguma maneira de fazê-lo pelo menos tomar um banho ou algo do tipo? …Sim, realmente
está cheirando meio mal por aqui.”
“Não!” Eu disse, mortificado.
“Ok. Você conseguiu”, disse Lou, abaixando o telefone. “Quin, eu peguei seu pai. Ele quer
falar com você.”
“Eu odeio você!” disse a ele, falando sério.
“Mas, eu amo você”, ele disse, me entregando o telefone com um sorriso e saindo do meu
quarto.
Eu olhei para o telefone e respirei fundo. Não era que eu não quisesse falar sobre isso com o
Papai Laine. Foi apenas humilhante. Eu queria que ele se orgulhasse de mim. Mas agora, mais do
que em qualquer outro momento, estava claro que eu não era alguém de quem se devia ter orgulho,
especialmente de um cara forte o suficiente para juntar dois carros de corrida como ele podia.
“Pai?” disse eu, me esforçando para parecer composto.
“Quin, me desculpe. Me desculpe muito, Quin.”
Foi quando eu me desmontei. Agonias me tomaram enquanto o muco escorria pelo meu
rosto.
“Dói muito, pai. Por que tem que doer tanto?”
“Porque é isso que é o amor. Às vezes, dói.”
“Mas por quê?”
Meu pai ficou em silêncio do outro lado da linha.
“Tudo bem, levante da cama, se vista. Estarei aí em quatro horas.”
“O quê?”
“Seu colega de quarto me pegou no jato voltando para Nova York. Vou fazer uma parada
para te ver. Vamos jantar juntos e vamos conversar sobre isso.”
“Como assim?”
“Falo sério. Levante da cama. Se vista. Eu estarei aí em quatro horas.”
“A mamãe e o papai estão com você?”
“Não. Eles estão de volta em Nova York. Serei somente eu. Vamos ter uma conversa de pai
e filho sobre relacionamentos amorosos entre homens. Esta conversa já está mais do que atrasada.”
Por mais que eu não quisesse, depois da ligação, me obriguei a sair da cama e tomar um
banho.
“Aleluia!” Lou gritou da sala.
“Eu odeio você”, eu resmunguei, com as gotas do chuveiro abafando minha voz.
Eu não odiava ele. Lou era o melhor amigo que eu já tive. Provavelmente eu teria passado
fome se não fosse por ele, porque não havia como eu ir até a porta para pegar minhas entregas de
comida.
Ele também se importava comigo da maneira que eu esperava que o Cage se importasse. Lou
merecia mais da vida universitária do que ter que cuidar de mim.
Voltando ao meu quarto limpo, senti o cheiro de que Lou falava. Meu quarto tinha cheiro de
tumba. Abri uma janela. Eu não queria que meu pai me visse assim.
Todos os meus pais, mas principalmente o Papai Laine, esperavam grandes coisas de mim. E
aqui estava eu, incapaz de me alimentar depois de ter o coração partido por um cara. Eu não era tão
especial quanto ele pensava que eu era.
Fiquei sentado na beirada da minha cama de toalha por um longo tempo. Tinha gastado
muita energia para tomar banho. Precisava descansar. Quando recebi a mensagem do meu pai
dizendo que ele tinha pousado, forcei-me a me vestir.
“Ele surgiu!” disse Lou quando entrei na sala.
Dei-lhe um olhar de ressentimento. Isso não o impediu de correr até mim e me abraçar.
“E você cheira bem! Eu tinha minhas dúvidas sobre ligar para o seu pai, mas olha para o
meu Cordeirinho agora.”
Eu não resistia ao seu abraço. Na verdade, estava me fazendo bem. Mas quando o interfone
tocou, ele me soltou para que eu pudesse responder.
“Alô?”
“Quin, sou eu, seu pai.”
“Estou descendo.”
“Você não vai convidá-lo para subir?”
“Por que eu faria isso?”
“Para eu poder conhecê-lo. Qualquer árvore da qual você caiu deve ser… hummm!”
Eu dei-lhe um olhar irritado e fui em direção à porta. Na verdade, minha vida toda as
pessoas me diziam o quanto meus pais eram bonitos, mas principalmente o Papai Laine. Eu não
precisava que Lou tivesse fantasias sobre ele e depois me contasse. Eca!
Tentei deixar Lou para trás, mas quando saí do quarto, ele também saiu.
“O que você está fazendo?”
“Só quero garantir que você chegou bem ao térreo”, disse ele com um sorriso maroto.
“Tanto faz”, eu disse, pois não tinha energia suficiente para lutar contra ele.
Lou me seguiu até embaixo com um sorriso no rosto.
“Pai”, disse eu, olhando para meu pai logo após a porta.
Lou soltou um suspiro. Ele nem precisava me dizer que eu nunca conseguiria ser como o
Papai Laine. Era óbvio. Papai Laine passou de uma situação tão pobre que ele e sua mãe não tinham
como aquecer a casa durante os invernos de Wisconsin. Agora, tinha bilhões de dólares sob gestão
em sua firma de investimentos. Como se não bastasse, ele ainda se parecia com o cara que aparecia
nos comerciais de perfume, velejando em um iate.
Não importava o que eu fazia, nunca poderia me igualar a ele. E agora, Lou também sabia
disso.
“E, quem é esse?” Papai perguntou.
“Este é o meu colega de quarto, Lou.”
“Prazer em conhecê-lo, Lou”, disse meu pai com um de seus encantadores sorrisos. Lou deu
uma risadinha boba, depois se recompôs e ofereceu a mão ao meu pai.
“Prazer em conhecê-lo também, Sr. Toro.”
“Obrigado por cuidar do meu filho. Ele realmente precisa ser cuidado.”
“Pai!”
“Claro. Tudo pelo meu cordeirinho… Quero dizer, Quin.”
“E obrigado por me ligar. Parece que cheguei em boa hora.”
Eu o olhei confuso e então olhei para mim mesmo. Achei que tinha conseguido me
recompor bem.
“Vamos? Foi bom conhecer você, Lou. Na próxima vez que eu estiver na cidade, teremos
que sair para jantar juntos.”
“Vou adorar, Sr. Toro,” disse Lou, corando.
Sim, eu tinha certeza de que ele iria.
Enquanto caminhávamos, papai colocou o braço em torno de mim. Sentia bem tê-lo por
perto. Mas, talvez ele tenha feito isso apenas para arrumar o meu cabelo.
“O que você está fazendo?”
“Você se olhou no espelho antes de sair de casa?”
“Não todo mundo se preocupa tanto com a aparência quanto você, pai.”
A verdade era que eu tinha esquecido de fazer isso. E, embora eu tenha conseguido me
vestir, escovar o cabelo completamente me escapou. Um passo de cada vez.
Como sempre, papai me levou ao melhor restaurante que encontrou. Considerando que
estávamos na zona leste do Tennessee, não era nada parecido com os de Nova York ou Los
Angeles, mas era bom. Por algum motivo, eu mal conseguia sentir o gosto da comida, mas isso
provavelmente tinha mais a ver com Cage do que com o chef.
“Então, me fale, o que está acontecendo, Quin? Quem é o cara que partiu o seu coração?”
Apesar de qualquer falha que o Papai Laine possuía, ele sempre ouvia com atenção. E, desta
vez, parecia sentir genuinamente a minha dor.
“Sabe, seu pai uma vez partiu o meu coração.”
“Não era essa a história que ele contava. Ele disse que foi você quem partiu o coração dele.”
“Acho que depende da perspectiva. Era uma época louca.”
“Você está falando do furacão?”
“Sim. Foi insano. Você não pode imaginar. E eu era um garoto naquela época. Eu ainda não
tinha entendido o que era mais importante. Era o seu pai que era importante… e a sua mãe. O que
eles precisavam e queriam é que era importante.”
“O que é importante para o Cage é cuidar da mãe dele”, eu lhe contei.
“É assim que deve ser.”
“Mas, dói. Eu o amava. E ele me amava. Ele me disse isso.”
“Tenho certeza de que ele amou e de que você amou. E isso é maravilhoso, pelo tempo que
durar. Mas, às vezes, amar alguém significa deixá-lo ir.
“Você acha que seus pais e eu queríamos que você se mudasse para tão longe? Você não
acha que preferiríamos que você morasse conosco para sempre? Você é o nosso pequeno milagre.
Mesmo que você não seja mais tão pequeno”, disse papai com um sorriso.
“Vocês provavelmente não queriam. Mas eu precisava sair para me encontrar”, ainda me
sentia culpado por ter partido.
“E sabemos disso. Queremos que você seja tudo o que puder ser, não apenas para nós, mas
para todos. Então, você pode amar esse cara, mas às vezes amar alguém significa deixá-lo partir.”
“Dói, pai. Dói muito.”
Eu podia ver que eu tinha deixado meu pai triste.
“Você sabe que não precisa fazer nada disso, certo?”
“O que você quer dizer?”
“Estou falando da escola. Você provavelmente já é mais inteligente que todos aqui.”
“Eu não sou.”
“Não é mesmo? E, mesmo que você não tenha as informações agora, você não conseguiria
aprendê-las em uma semana? Quin, você decidiu ir para a universidade para se descobrir, o que é
admirável. Mas não é como se você não pudesse fazer isso sozinho. Não existe uma fórmula mágica
que as universidades descobriram que faz as pessoas saírem completamente formadas no final.
“Quin, você tem um destino. Você vai mudar o mundo. Não há dúvida sobre isso. E fazer
uma disciplina chamada ‘Introdução à Educação Infantil’ não vai te levar até lá. Quin, volte para casa
e junte-se à empresa.”
“Pai…”
“Todo mundo sabe que você vai mudar o mundo. Quer saber um segredo? O segredo é que
sei como.
“Você, Quin, vai trabalhar comigo e vai direcionar seu incrível poder cerebral para um
conjunto de portfólios de negócios e vai encontrar o que acabará curando o câncer, ou reciclando
plásticos, ou o que for. Depois, você vai dar a eles os recursos financeiros necessários para mudar a
vida como conhecemos. É assim que você vai mudar o mundo.
“Estar aqui não te ajuda a fazer isso. Na verdade, atrasa. Você vai mudar o mundo, filho.
Cage tem suas responsabilidades e você tem as suas.”
“E se eu não quiser fazer nada disso? Parece tão egoísta dizer, mas e se eu apenas quiser me
casar e ter filhos como o Papai Reed fez. Isso também não pode ser bom?”
Papai me olhou como se eu tivesse duas cabeças.
“Quin, é isso que você quer?”
“Eu não sei. Talvez.”
Olhei para cima, para o papai, e foi impossível não ver a decepção em seus olhos. Levou um
tempo para ele conseguir esconder.
“Filho, eu te amo. Qualquer que seja sua escolha, estarei satisfeito. Mas deixe-me perguntar
isso. Mesmo que não seja isso que você quer, o que o mantém aqui?
“Você não pode fingir — e, dói ter que dizer isso, mas — Cage fez sua escolha. Ele poderia
ter escolhido você. Ele não escolheu. Então, não importa se você o escolher, pois ele deixou claro o
que quer. E, acredite em mim, tudo que você pode fazer é respeitar isso.”
Não queria chorar na frente do meu pai, mas queria chorar. O que doía mais era saber que
ele estava certo. Cage poderia ter encontrado uma maneira. Ele não precisou desistir da escola. Ele
não precisava terminar comigo.
Ele deveria ter nos dado a chance de resolver as coisas. Em vez disso, ele se afastou de nós.
Isso me disse tudo que eu precisava saber sobre o que ele sentia por mim.
“Você está certo, pai. Eu preciso deixá-lo ir. E, todos os dias que eu passo aqui são dias
desperdiçados quando eu poderia estar fazendo o que nasci para fazer. Não tem sentido ficar aqui.
“Vou arrumar minhas coisas. Estou voltando para casa.”
Capítulo 16
Cage
Sentado à mesa almoçando com Nero e minha mãe, pensei novamente em quão sortudo eu
era. O homem que me criou não era um pai. Ele não me tratava como família. Isso era o que ter
uma família deveria ser.
Após uma conversa tensa com o Dr. Tom sobre o que aconteceu, ele admitiu que havia
pessoas no hospital que sabiam sobre o meu sequestro. Joe Rucker era um faxineiro lá. O dia que eu
desapareci foi o último dia que ele apareceu para trabalhar.
Aparentemente, meu desaparecimento foi imediatamente encoberto. O hospital estava já
lutando para permanecer aberto e as pessoas que administravam o local decidiram que admitir que
perderam um bebê fecharia o lugar. Eles decidiram que, como o único hospital na área, mais bem
poderia ser feito se eles permanecessem abertos. Então, em vez de denunciar, sacrificaram a mim e a
minha mãe pelo “bem maior” e disseram a ela que eu havia morrido.
Minha mãe disse que nunca acreditou nisso. Ela disse que continuou pedindo para ver meu
corpo e disseram que ela não podia. Eventualmente, disseram a ela que havia sido acidentalmente
cremado e tentaram dar-lhe dinheiro para ela se afastar.
Ela não pegou o dinheiro, mas no final, isso não importava. Minha mãe era uma ninguém do
meio do nada. Ninguém acreditaria nela em vez de um bando de pessoas com ‘Dr.’ na frente de seus
nomes.
Tenho a sensação de que foi isso que a quebrou. Nero me contou que ela agiu como uma
louca durante a maior parte de sua infância. O comportamento dela era de uma mulher torturada.
De acordo com Nero, eventualmente, ela parou seu comportamento errático. Nero disse que
ficou aliviado quando isso aconteceu, mas that também foi quando sua decadência começou. A cada
dia ela se desconectava mais da realidade até que parou de ir ao trabalho completamente e estavam
prestes a serem expulsos de sua casa.
Foi quando Nero assumiu e cuidou dos dois. Com 13 anos, Nero conseguiu seu primeiro
emprego. Era um trabalho de merda que não pagava muito, mas era suficiente para manter um teto
sobre suas cabeças. E desde então, ele tem feito o que precisa para sobreviver.
Eu ainda não tinha um emprego em Snow Tip Falls, mas estava procurando. Nero precisava
de ajuda e eu ia dar isso a ele. Por enquanto eu estava fazendo isso cuidando de nossa mãe enquanto
ele fazia o que tinha que fazer durante o dia. Mas as coisas iriam mudar assim que houvesse uma
vaga de emprego em qualquer lugar da cidade.
Limpei a mesa quando todos terminaram de comer. Limpando os pratos e deixando-os para
secar, pude sentir Nero me olhando.
“O que foi?” Perguntei sabendo que ele frequentemente precisava ser instigado a dizer o que
estava em sua mente.
“Acha que poderíamos dar uma caminhada?”
“Evidentemente”, disse a ele, sentindo-me desconfortável.
Eu só estava morando aqui há algumas semanas, então tudo entre nós ainda era novo. Mas
essa foi a primeira vez que ele sugeriu que fizéssemos uma caminhada. Fez-me pensar na última vez
que conversei com Quin.
Levei tudo o que tinha para não pensar em Quin. Na maioria das vezes, eu falhava. A única
coisa que me impedia de ligar para ele era que eu deletei o número do seu telefone. Eu tinha que
fazer isso. Eu não era forte o suficiente para simplesmente não ligar para ele. Eu precisava colocar
uma montanha de obstáculos entre nós para me impedir de voltar para ele. Deletar o número dele
foi apenas o primeiro.
Terminando o que estava fazendo, considerei pegar uma jaqueta. Estava ficando mais
quente, então nenhum de nós pegou. Saindo do trailer para o ar fresco do início da primavera, segui
Nero e nós entramos na floresta.
“Há um lugar para onde eu ia quando tudo ficava demais para mim quando era criança. Quer
ver?”
“Claro”, respondi sentindo uma onda de culpa por não ter estado aqui para cuidar do meu
irmãozinho até agora.
Caminhamos em silêncio por quase 45 minutos e paramos quando nos aproximamos da
beira de um vale. A dor na minha perna vinha e ia desde que achei aqui. Mas, na última semana,
tinha passado. Tenho certeza de que em breve poderia remover o gesso.
“É aqui”, disse Nero, olhando a cachoeira abaixo. Após um longo inverno, estava
descongelando. Tentei imaginar o quão bonito parecia quando estava quente e as flores cobriam o
vale. Snow Tip Falls realmente era um lugar de tirar o fôlego.
“É bom. É tranquilo”, disse a ele agradecido.
“Escute, eu queria conversar com você sobre você ficar por aqui…”
“Você tem algum problema comigo ficando aqui?”
“Não! De jeito nenhum. Você estar aqui foi a melhor coisa que já me aconteceu.”
“Obrigado! Pra mim também”, eu disse, me sentindo recompensado pelas decisões difíceis
que tive que tomar.
“É só que você está aqui o tempo todo.”
“Você quer que eu encontre outro lugar para morar?”
“Não! Estou me expressando mal. O que estou tentando perguntar é, você não tem aulas?
Quando você chegou aqui, pensei que estava tirando uns dias de folga. Mas, já se passaram semanas.
Não precisa voltar em breve?”
“Ah! Pois é. Eu larguei tudo.”
“Você largou tudo?” Nero perguntou surpreso.
“Você não disse que este era o último semestre e que só tinha três aulas para se formar?”
“Sim. Mas, eu preciso estar aqui com você. Eu preciso ajudar com a mãe.”
“E eu agradeço isso. Eu realmente agradeço…” Nero me olhou, medindo o que falaria em
seguida. “É só que, eu pensei que a escola fosse importante. Quer dizer, eu nunca pensei isso. Mas
depois que eu conheci você e Quin, eu…”
E ele parou.
Eu não tinha certeza do que estava acontecendo. Nada que Nero me contara sobre ele
mesmo me levou a acreditar que ele valorizasse a escola. Então, de onde vinha isso?
Eu não queria pressioná-lo de maneira alguma, mas estava claro que, se ele fosse para a
faculdade, isso mudaria sua vida. Nero não era o brutamontes estúpido que pensei ser quando nos
conhecemos pela primeira vez. Ele era atencioso, vulnerável e bastante engenhoso. Se ele fosse
exposto ao mundo externo, não havia como prever quem ele se tornaria.
“A escola é importante”, eu disse aproveitando a deixa.
“Mas, você só tinha três aulas restantes e desistiu. Se é tão importante, e estava tão perto, por
que saiu?”
“Eu saí por você e pela mãe.”
“Hmm. Ok. E, eu agradeço isso. É só que eu achei que era realmente importante.”
“É realmente importante! É só que vocês dois são mais importantes.”
Nero não respondeu a isso. Eu obviamente não esclareci as coisas para ele. E, honestamente,
eu poderia entender o porquê. Era uma questão de prioridades e responsabilidades. Mas, ao mesmo
tempo, eu não percebi que poderia estar dando um exemplo para meu irmão mais novo. Eu era
novo nisso.
“Por que Quin não veio nos visitar?”
“O quê?” Eu perguntei surpreso. À medida que a pergunta ecoava na minha mente, senti um
aperto no coração e ondas de dor dispararam através da minha perna em cura.
“Eu disse, por que Quin não veio nos visitar?”
“Ah! É porque…”
Enquanto eu começava a dizer, percebi que nunca tinha dito isso em voz alta antes. Eu
lutava para não desabar de joelhos com o pensamento.
“Nós terminamos.”
“O quê?” Nero perguntou, chocado. “Eu gostava dele!”
“Eu também”, admiti, sentindo isso pela primeira vez.
“O que aconteceu?”
“Agora tenho responsabilidades.”
“Espere! Você terminou com ele por causa de nós?”
“Eu quer dizer…” Eu não quis dizer isso.
“Não!” Ele disse virando-se para mim com raiva. “Apenas não!”
“Do que você está falando, não?”
“Eu gostava dele. Ele era realmente bom para você, Cage. Vocês dois faziam um belo par”,
disse ele angustiado.
“Há mais em estar com alguém do que a aparência juntos.”
“Eu sei disso. Não sou um idiota. Mas, você não disse que foi ele quem descobriu tudo e que
ele foi a razão de você ter nos encontrado?”
“Foi ele.”
Nero balançou a cabeça e gesticulou com as mãos como se tivesse apresentado seu
argumento em uma bandeja.
“E você terminou com ele por isso?”
“Foi mais do que isso.”
Nero olhou para cima e se remexeu, arrependido.
“Foi o que eu disse para vocês dois, não foi.”
“Você quer dizer quando nos chamou de bichas?”
Nero se abaixou em uma posição agachada e enterrou o rosto nas mãos. Ele gemeu,
humilhado.
“Não, Nero, não foi isso. Sério. Não teve nada a ver com a gente terminar.”
Nero olhou para mim e se sentou.
“Então o quê? Por que você terminou com ele? Não poderia ser por nós. Você não poderia
ter jogado tudo de bom que tinha na vida por nossa causa”, ele implorou.
Eu me sentei ao lado dele.
“Eu não joguei tudo fora.”
“Você abandonou a escola. Terminou com seu namorado. Você não gostava do Quin?”
Eu pensei sobre isso. “Eu amava ele.”
“E porque você nos conheceu, agora você não tem nada. Somos como uma doença que
arruinou sua vida.”
“Você e a mãe não arruinaram minha vida.”
“Sério? Não parece assim. Isso é culpa minha, não é?”
Eu me sentei ao lado de Nero.
“Não é sua culpa.”
“É minha culpa. Quando eu te contei as coisas que eu disse sobre como as coisas eram, eu
estava falando porque precisava de ajuda. Mas, eu só precisava de ajuda. Eu não precisava que você
sacrifique tudo para estar aqui por nós. Eu só precisava de um pouco de ajuda. Eu não posso deixar
você desistir de sua vida por nós.”
“Nero, é uma escolha minha.”
“Mas, não é só você que está sendo afetado. Você está tomando decisões por todos nós.”
Eu não entendia o que ele estava dizendo. Como eu estava tomando decisões por ele e pela
mãe?
“A escute, você amava ele, certo?”
Um nó apareceu na minha garganta.
“Sim, eu amava ele.”
“Você ainda ama ele?”
Eu não consegui dizer as palavras, então apenas balancei a cabeça afirmativamente.
“Então lute por ele. É isso que eu gostaria que alguém fizesse por mim.”
“Não é tão simples.”
“É tão simples… não é? Você luta pelas coisas que ama.”
“Mas, a vida dele é muito maior do que qualquer coisa que eu possa oferecer.”
“Você está dizendo que ele espera que você pague por ele, ou algo assim?”
“Não! Ele definitivamente não precisa disso.”
“Então o que?”
“É que eu só quero uma vida simples aqui com minha família. A vida dele é muito maior.”
“Então, não há nada que possa fazer para resolver isso? Não existe uma maneira de vocês se
encontrarem no meio do caminho?”
“Eu não sei.”
“Vocês tentaram antes de terminarem?”
“Não,” admiti envergonhado.
“Por que não?”
“Eu… Eu … Jesus, eu não sei. Eu pensei que tinha que deixá-lo ir para que pudesse ser feliz
e eu ficaria aqui para cuidar de todos vocês.”
“Você não pode fazer isso, Cage. Você não pode nos tornar, eu e mamãe, o motivo pelo
qual você desistiu do homem que ama. Não coloque isso sobre nós. Lute por ele!”
“Eu achei que deveria ser o irmão mais velho, mais sábio”, eu disse tentando ser
descontraído. Nero não aceitou isso.
“Então aja como tal, irmão. Lute pelo Quin. Vá atrás do homem que você ama!”
Nero estava certo. Tudo o que ele disse estava correto. Existia um meio-termo entre o que
Quin precisava e o que eu precisava fazer. Eu estava muito envolvido na tempestade de emoções
que acompanham a chegada de uma nova família para ver isso antes, mas havia.
O que eu estava pensando ao desistir de Quin sem lutar? Sim, ele precisava mudar o mundo.
E isso poderia levar ele para longe. Ou, talvez não. Talvez houvesse uma maneira de ele mudar a
vida de todos daqui. Talvez Nero pudesse cuidar da mamãe sempre que eu precisasse visitá-lo.
De qualquer forma, eu queria Quin em minha vida. Eu queria abraçá-lo e fazer amor com
ele. Eu queria que Quin fosse a pessoa a quem eu contasse meus segredos e eu queria ser essa pessoa
para ele.
Eu não precisava jogar futebol para ser esse cara. Eu não precisava ser especial em nenhum
aspecto. Tudo que eu tinha que fazer era continuar escolhendo ele não importa o quê. E o que eu
estava percebendo era que não precisava ser uma escolha entre minha nova família e o amor da
minha vida.
“Meu Deus, o que eu fiz?”
“Vá atrás dele!” Nero insistiu me empurrando para me levantar.
Meus pensamentos rodopiavam. Eu não tinha o número dele. Eu o havia deletado. Precisava
encontrar alguém que o tivesse. Eu precisava voltar para minha caminhonete.
Correndo de volta pelo caminho, comecei a tropeçar na direção da corrida. Eu me sentia
sobrecarregado. Meu gesso estava me atrapalhando. Eu ainda precisava dele? Eu tinha certeza que
não. Então, ajoelhando-me, segurei o gesso esfarelando em minhas mãos e o arranquei de mim.
Jogando-o de lado, senti como se estivesse no campo de futebol novamente. Eu não me
sentia tão livre há meses. Minhas passadas eram longas e fortes. Saltando sobre córregos e cruzando
ravinas, cheguei de volta em uma fração do tempo que levou para ir.
Correndo para dentro, corri até minha pilha de coisas no chão.
“Por que está com tanta pressa?” minha mãe perguntou enquanto eu procurava por minhas
chaves e sapatos.
“Mamãe, eu te amo, mas cometi um grande erro que preciso corrigir.”
“Você finalmente recuperou o juízo em relação ao seu namorado?”
Eu a olhei para trás, chocado.
“Como você sabia?”
“Eu sou sua mãe. Uma mãe sabe dessas coisas,” ela disse com um sorriso. “Agora vá buscá-
lo.”
Eu sorri, incapaz de amá-la mais.
Correndo para minha caminhonete, acelerei em direção à cidade. Meu primeiro pensamento
foi ir até a Dra. Sonya. Eu sabia que ela tinha o número dele. Mas quanto mais eu me aproximava,
mais percebia que esse não poderia ser o plano.
Havia passado muito tempo. Uma ligação não seria suficiente. Eu precisava vê-lo. Eu já o
tinha confundido demais. Ele precisava ver que eu estava falando sério.
Ele não merecia o que eu fiz com ele. E, eu não merecia ele. Mas, merecesse ou não, eu ia
deixar ele saber que eu não queria viver sem ele. Ele precisava saber que eu faria o que fosse
necessário para mantê-lo.
Meu pé pesado me levou de volta ao campus em metade do tempo que normalmente levaria.
Conforme me aproximava de sua casa, meu coração batia de medo. E se o que eu tinha a dizer não
fosse suficiente? O que eu faria então?
Seja lá o que eu tenho que fazer, eu vou fazer. Quin é meu homem. Ele é o amor da minha
vida e, não importam as consequências, vou lutar até o meu último suspiro para estar com ele.
Não encontrando uma vaga de estacionamento, estacionei minha caminhonete na calçada e
criei a minha própria. Eu não ligava. O que eu tinha para dizer a ele não podia esperar mais um
minuto. Então, saindo correndo de minha caminhonete com o motor ligado e a porta aberta, me
aproximei da porta da frente do prédio dele e alcancei o interfone.
O timing de tudo isso não poderia ter sido pior… ou talvez melhor. Porque enquanto eu
estava ali esperando o interfone acender em resposta, um rosto apareceu do outro lado do vidro da
porta. Era Tasha. De todas as pessoas, por que ela?
“Por favor, abra a porta. Eu sei que as coisas não terminaram bem entre nós, mas eu tenho
que ir ver Quin. Por favor!”
Eu estava meio esperando que Tasha virasse as costas e saísse chateada. Em vez disso, ela
abriu a porta. Enquanto eu olhava para ela, ela sorria. Eu não tinha certeza do porquê até ver quem
estava atrás dela. Era sua melhor amiga, Vi. Vi também estava sorrindo, e eu não entendi a conexão
até olhar para baixo e ver que elas estavam de mãos dadas.
“Vá buscá-lo,” Tasha me disse, não precisando falar mais nada.
“Obrigado!” eu disse, enquanto passava correndo por ela e subia as escadas três de cada vez.
Chegando à porta do Quin, estava exausto e vibrando de emoção. Não sabia como tinha
conseguido ficar longe dele por tanto tempo. Bati na porta tentando me acalmar. Assim que fiz, ela
se abriu bruscamente. Um rosto bastante chateado me encarou de dentro.
“Lou, onde ele está?”
“Foi embora! Ele foi embora por sua causa!”
“O quê? Para onde? Quando?” Eu perguntei enquanto ultrapassava ele e via que metade dos
móveis da sala estava faltando.
“Você o feriu. Ele decidiu abandonar a escola por sua causa.”
“O quê? Não! Quando ele foi?”
“Uma hora atrás.”
“Uma hora atrás?”
“A família dele veio e o levaram embora. Provavelmente estão voando agora. Acho que você
chegou tarde demais.”
“Não! Isso não pode estar acontecendo.”
“Por que você se importa? Você só quer ele para ter alguém que possa ferir novamente.”
Olhei para o Lou devastado que ele pensasse assim. Mas, ele estava certo. Tudo o que eu fiz
foi machucar o Quin. Quin provavelmente estava melhor sem mim. … Mas talvez “estar melhor”
nem sempre seja o melhor.
“Lou, sei que você me odeia. E você tem todo o direito de fazer isso. Eu não tratei o Quin
como ele merecia ser tratado. Mas, ele é a pessoa mais especial do mundo para mim. E, mesmo que
eu tenha que passar o resto da minha vida compensando ele, mesmo que eu tenha que persegui-lo ao
redor do mundo para fazer isso. Eu farei.
“Eu amo esse homem. Eu o amo mais do que pensei que era possível. Então, se há algo que
você possa me dizer, qualquer coisa que me permita dizer a ele o quanto fui idiota, serei eternamente
grato. Por favor, Lou. Por favor!”
O olhar do Lou era de gelo, até que em um instante quando sua tensão derreteu e lágrimas
acumularam em seus olhos.
“Por que nenhum cara nunca diz essas coisas sobre mim?” Lou disse, emocionado. “Okay,
vamos.”
“Pra onde estamos indo?”
“Para o aeroporto. Eles podem não ter partido tanto tempo atrás quanto eu disse. Mas, eles
estão pegando um jato particular, então se não chegarmos logo, eles partirão.”
Lou não precisou dizer mais nada. Correndo de volta para minha caminhonete, subimos e
corremos para o aeroporto. Não era aquele de onde minha equipe partia quando viajávamos para
jogos, era o dos aviões particulares. Nunca estive lá e não sabia nada sobre isso.
Chegando, achei um lugar aberto ao lado da entrada do prédio. Saindo correndo, entrei no
terminal e olhei ao redor. O lugar era muito menor do que eu jamais imaginara. Eu podia ver todos
no espaço aberto com um único varrer de olhos. Fiz uma segunda varredura para ter certeza, Quin
não estava aqui.
“Ali!” Lou disse apontando para uma porta marcada ‘Saída’.
Ele não precisou dizer mais nada. Correndo para lá, alguém gritou, “Hey!”
Saindo do terminal, pisei no pátio. Ainda, não havia sinal do Quin. Será que eles se foram?
Será que eu estava atrasado demais?
Não. Havia apenas um local onde ele poderia estar. Estava em um avião circulando o pátio e
se dirigindo para a pista. Eu corri atrás dele.
“Quin! Espere! Pare! Não vá! Eu preciso falar com você!” Eu gritei.
Não adiantou. Mal podia me ouvir com o rugido do motor. Tudo que eu pude fazer foi
correr em direção à pista e esperar que ele me visse.
Correndo como se fosse para um touchdown, eu pulei tudo no meu caminho e contornei as
coisas que não consegui. Estava a sessenta metros de distância quando o avião passou acelerando.
Eu não pude pará-lo. Mas enquanto cruzava à minha frente, eu vi um rosto familiar em uma das
janelas. Era o Quin. Nossos olhares se encontraram.
Não foi o suficiente, no entanto. Nada que eu fiz tinha sido suficiente. Com a força de um
foguete, o avião se aproximou do final da pista e decolou. Ele estava se afastando. Quin se foi. Eu
tinha esperado demais. Acabou.
Vendo seu avião desaparecer no ar, diminuí a velocidade me rendendo. No segundo em que
o fiz, fui derrubado por um linebacker. Talvez ele não fosse tão grande. Talvez fosse apenas que eu
não tinha visto o golpe chegar.
Seja o que for, meu rosto agora estava pressionado contra o chão. Um homem estava de
joelhos nas minhas costas. Toda esperança estava perdida.
“Você tem noção de como é ilegal correr em um pátio? É um crime federal. Você vai para a
cadeia por muito tempo,” um homem grande, furioso e sem fôlego gritou no meu ouvido.
Se eu não ia estar com o Quin, o que importava se eu estava na cadeia? Estava percebendo
que, sem o Quin, nada importava. Ele se foi e foi tudo minha culpa. Eu não me importava com o
que acontecia comigo agora porque eu tinha deixado a melhor coisa da minha vida escapar. Daqui
para frente, eu merecia tudo que recebesse.
Quando outro homem se juntou a nós, pegaram meus braços e me puseram de pé. Não
resisti. Eu ia deixá-los fazer seu trabalho. Meu ânimo estava esgotado. A vontade de continuar estava
esgotada… até que ouvi algo que não esperava.
O avião que tinha decolado com o Quin estava dando a volta e descendo.
“Espere, olhe,” eu disse aos caras chamando a atenção deles para o avião aterrissando.
Os três nós observamos o avião. Assim que ele tocou o chão e parou, a porta se abriu.
Alguém saiu correndo. Era Quin Toro, o amor da minha vida, e ele estava correndo para mim.
Dois trens de carga não conseguiriam me impedir depois disso. Me livrando dos meus
captores e correndo para o Quin, eu não parei até estar bem na frente dele. Ele pulou em meus
braços.
“Você está aqui! Eu não queria ir embora sem me despedir,” Quin declarou.
“Por que você está indo? Por favor, não vá.”
“Por que não deveria? Não tenho nada que me faça ficar.”
“Do que você está falando? Você tem o Lou e a escola. Mas, mais do que isso, você me tem.
Eu te amo, Quin. Fui louco por não ter feito tudo o que podia para estar com você.”
“Mas você estava certo, Cage. Nós dois temos responsabilidades. Não podemos negar isso.”
“Não, não podemos. Mas estou disposto a fazer o que for preciso para tê-lo em minha vida.
Irei onde você precisar que eu vá e farei o que você precisar que eu faça. Só peço que você me ame.”
“Eu nunca gostaria de afastá-lo de sua família, Cage. Eu não posso fazer isso com você.”
“Mas, eu quero que você seja minha família. Você é tão importante para mim quanto Nero e
minha mãe. É por sua causa que eu os tenho. Eu te amo, Quin Toro. Quero te amar pelo resto da
minha vida. Por favor, esteja comigo”, disse eu com um sorriso.
“Não sei, Cage. Eu quero. Eu quero mais do que tudo no mundo, mas…”
“Quin, o que você está fazendo?”, disse uma voz atrás dele.
Nós nos viramos para ver o cara com aparência mais James Bond que eu já tinha visto na
minha vida. Ele estava com um casal muito atraente. Só podiam ser os pais de Quin.
“O homem está te dizendo que te ama e que está disposto a descobrir as coisas. Quin, você
tem que saber quando ganhou.”
“Mas, e as minhas responsabilidades? Você disse que eu tenho que mudar o mundo.”
“Você disse ao nosso filho que ele precisa mudar o mundo?”, disse o cara de cabelo claro
para James Bond chocado.
“Eu digo muitas coisas, Quin. Você deveria saber disso sobre mim até agora. E eu posso
nem sempre estar certo. Mas, do que tenho certeza é que quando você encontra alguém que ama e
que te ama o suficiente para arriscar ser atropelado por um avião para ficar com você, você descobre
o jeito. Quin, você é um cara inteligente. Descobra.”
Eu me virei para Quin que me olhou de volta.
“O que você acha, Quin. Quer descobrir o jeito?”
O sorriso dele iluminou meu coração.
“Sim, Cage. Nós vamos descobrir. Eu te amo. Quero estar com você, não importa o que seja
necessário.”
Foi então que eu me inclinei e o beijei. Seus lábios nunca estiveram mais doces. Perdido na
maravilha de seu toque, eu sabia que Quin e eu estávamos prestes a viver o resto de nossas vidas
felizes para sempre.
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Continue lendo para dar uma olhada em "Pedindo por problemas", o próximo livro da série.
Capítulo 1
Kendall
Quantas vezes você colocou algo na boca e pensou: 'Isso não tem bom gosto. Eu deveria
engolir?' E então você engole e se arrepende. Mas segundos depois, você esquece o quanto odiou e
coloca mais na boca?
Bem, era eu ontem à noite e estou pagando o preço esta manhã. Como alguém pode beber
uísque? Tem gosto de terra e parece que estou engolindo lava. Eu deveria ter apenas mantido na
boca e cuspir quando ninguém estivesse olhando. Ninguém realmente se importa se você engole,
certo? Eles só se importam que você esteja lá fazendo o esforço.
Bem, chega para mim. Eu sei que é um clichê as pessoas acordarem com ressaca e jurarem
que nunca mais vão beber. Mas, eu realmente não vou. Eu nunca mais vou beber. Nem vinho, nem
uísque, nem sequer uma cidra. Acabei com a bebida. E enquanto estou nisso, preciso reconsiderar
minha relação com barulhos altos e o sol.
"Você pode parar com isso, por favor?" Eu disse ao meu colega de quarto Cory antes de
gemer e me virar me sentindo terrível.
"Eu estava vestindo minhas calças", Cory respondeu confuso.
"E você pode fazer isso em silêncio?"
"De quantas maneiras existem para vestir as calças?"
Eu gemi. "Não estou me sentindo bem."
"Você quer que eu pegue um copo de água ou algo assim? Eu vou sair para tomar café. Quer
que eu traga um bagel para você?"
Eu pensei em um bagel com cream cheese e salmão e quase vomitei. O que Cory estava
tentando fazer, me matar? Nosso quarto na república não era muito grande, ele estava tentando ficar
com tudo para si mesmo? Eu gemi em resposta e me enrolei em uma bola.
Cory ficou calado por um momento e depois sentou-se na beirada da minha cama e passou
os dedos pelos meus cabelos, arranhando meu couro cabeludo. Isso era tão bom que quase me fez
esquecer que ele tinha uma namorada.
Além da maneira como ele punha as calças com barulho, ele era um cara muito doce. Ele era
o tipo de cara com quem eu gostaria de sair se todo gay não me visse como excêntrico, assexuado,
ou um irmão.
"Posso imaginar que você se divertiu muito ontem à noite?"
"Não me lembro", admiti.
"Você desmaiou?"
"Sim", eu disse, enterrando o rosto no travesseiro.
"Uau, isso é difícil", ele disse, esfregando minha cabeça um pouco mais forte.
O homem tinha mãos mágicas. Se eu fosse um cachorro, minha perna estaria tremendo
agora. Namorada ou não, se ele quisesse se enfiar na cama e me abraçar, eu não teria objeções.
Ele não faria isso, entretanto. Porque, além de ser irritantemente hetero, ele era o cara mais
puro que eu conhecia. Não importa quão inocente, ele provavelmente consideraria isso como
traição. O homem era apenas um bom cara. Provavelmente passarei o resto da minha vida
procurando por um gay como ele.
"Posso te fazer uma pergunta?" Cory perguntou sério.
"Se eu vou me casar com você? Se você vai continuar acariciando minha cabeça desse jeito, a
resposta é sim."
Cory riu. "Vou guardar isso em mente, mas essa não é a pergunta."
"Oooooh", gemi desapontado.
"Estou me perguntando por que você tem um pedaço de papel preso à sua camiseta."
"O quê?"
Cory moveu seus dedos mágicos do meu couro cabeludo e puxou algo pendurado na minha
camiseta. Era a que eu estava usando quando saí na noite anterior. E até o momento em que minhas
memórias apagaram, o papel preso não estava lá.
Eu me virei para dar uma olhada melhor. Inclinando-o para cima, vi algumas palavras.
"Está escrito de cabeça para baixo", eu disse a ele enquanto os restos do uísque mexiam no
meu cérebro.
Cory riu de novo. "Deixe-me pegar isso para você."
Ele soltou o alfinete e encarou o bilhete. "Lagoa Willow @ 14h. O que isso significa?"
O que isso significava? Eu conhecia a Lagoa Willow. Era o meu lugar favorito no campus.
Era para onde eu ia quando precisava de um momento para pensar. Mas e o "@ 14h"?
Eu estava me virando para perguntar ao Cory se ele tinha lido corretamente quando uma
imagem de repente piscou na minha mente. Era de um rapaz de tamanho e forma indistinguíveis e
ele se inclinava para mim.
"Oh meu Deus! Eu beijei um rapaz!" Eu disse, sentando direito.
Aparentemente, foi um pouco rápido demais, porque vieram com isso todas as coisas que eu
tinha consumido na noite anterior. Se nosso dormitório não fosse tão perto do banheiro, eu nunca
teria conseguido. Mas quando voltei do trono de porcelana, me senti como um tigre na caça. Isso
durou cerca de 30 segundos antes de me lembrar que o sol era o diabo e eu tive que me esconder de
novo sob os lençóis.
Eu não era exatamente um daqueles gays populares que tinham um cara diferente na cama
todos os fins de semana. Eu adoraria explicar isso dizendo que estava me guardando para o
casamento, mas não era isso. Os caras simplesmente não estavam interessados em mim.
No ensino médio, eu poderia culpar por ser o único rapaz assumido lá. Mas, por que era
igual na faculdade? A Universidade de East Tennessee até tinha um clube LGBTQIA+. Eu era
membro dele nos meus primeiros dois anos aqui. Como durante esse tempo ninguém me pediu para
sair, decidi dar um tempo neste ano.
O que um garoto tem que fazer para conseguir um beijo? Aparentemente, é ficar bêbado a
ponto de não se lembrar do que sentiu ou com quem foi. Ótimo!
"Você está bem?" Meu colega de quarto perguntou, olhando para mim preocupado.
Ele iria fazer de algum sortudo um ótimo marido um dia.
"Acho que beijei um garoto."
"Eu ouvi. Quem?"
"Eu não sei."
"Como você não pode saber?"
"Porque, ao contrário de você, alguns de nós tomam decisões ruins e fazem coisas com
estranhos completos de quem não se lembram", expliquei.
"Às vezes, também tomo decisões ruins."
"Claro que sim, Senhor-praticamente-casado-desde-os-dezessete. Você provavelmente nem
sabe o que é uma decisão ruim."
"Eu não sou perfeito."
"Ah, claro."
"Seja lá o que for. Então, você acha que o cara com quem você beijou é o mesmo que
escreveu isso?"
Eu me levantei. "Acho que sim, agora."
"Então, isso é como um convite?"
"Para se encontrar às 14h no meu lugar favorito?"
"Sim", disse Cory com crescente empolgação. "Isso é meio romântico."
"É, não é?"
"Você se lembra de algo sobre o cara?" Ele disse com mais interesse do que qualquer
homem hetero deveria ter.
Procurei na minha memória. "Tudo o que consigo lembrar é de alguém se inclinando para
mim. Só isso."
"E sobre o ângulo? Inclinando-se para a frente? Curvando-se?"
"Ele estava se curvando. E ele era grande. Lembro-me disso."
"Grande como realmente grande. Ou apenas maior que você."
"Ei, nós temos o mesmo tamanho", lembrei a Cory.
"Eu não estava fazendo um julgamento. Estava tentando estabelecer uma referência."
"Acho que ele era grande. Tipo, acho que me lembro dos dele terem mãos grandes."
"Mãos grandes", disse Cory de maneira sugestiva.
"O quê?" Eu disse corando.
"Só estou dizendo."
Cory sorriu. Além de tudo o que é ótimo nele, ele também era o melhor amigo gay quando
eu precisava que ele fosse. Eu sabia que não significava nada e que ele estava sendo solidário. Mas,
permitia que minhas fantasias corressem soltas de vez em quando.
"Certo, Innuendo, controle-se. Não sabemos nada sobre ele. Pelo que sabemos, ele pode ser
grande porque era uma estátua com a qual eu tinha comportamentos inadequados na minha
embriaguez."
"Mas uma estátua escreveria um bilhete para você te encontrar no Willow Pond às 2?"
Pensei sobre isso. Cory estava certo. Quem escreveu a nota era humano. O cara que eu beijei
era de carne e osso. Isso significa que eu tinha conhecido alguém que gostava de mim e eu dele? Os
milagres são reais?
"Kelly e eu vamos fazer uma caminhada, então tenho que ir buscar o café da manhã. Mas
você vai encontrá-lo, certo?"
"Você quer dizer o estranho que pode estar arranjando o lugar para me assassinar?"
"Não, me refiro ao cara que te beijou sob as estrelas e deixou um rastro para você encontrá-
lo de novo."
Você vê o que quero dizer sobre Cory ser bom demais para ser hétero?
Cory se levantou e pegou suas chaves e carteira.
"Kendall, pelo tanto que ouvi você se queixar sobre não ter ninguém, não há como você não
ir. Esse pode ser o cara com quem você passa o resto da sua vida."
"Sim, porque ele me mata e joga meu corpo no lago."
Cory riu. "Okay. Faça o que precisar. Mas se eu voltar hoje à noite e você não tiver
conhecido esse cara. Vou ficar muito desapontado com você."
"Sim, Pai."
"Bom garoto, filho", disse ele antes de se ajoelhar na minha cama e beijar meus cabelos.
Ugh! O que eu disse sobre o Cory ser perfeito? Não há como a namorada dele saber o quão
incrível ele é.
Chega do cara indo encontrar a namorada e que eu nunca terei. Era hora de pensar sobre
quem quer que seja que tenha pregado a nota em mim com um alfinete de segurança. Tive que
admitir que era pelo menos um pouco romântico.
Ele percebeu que eu não me lembraria da noite e queria garantir que nos veríamos de novo?
Tinha que ser isso, certo? Não que ele não quisesse colocar o número dele no meu celular para a
polícia encontrar? Ou, talvez fossem as duas coisas.
Sentindo lentamente minha força voltar, procurei meu celular no bolso. Quando não o
encontrei, procurei na minha mesa de cabeceira. Também não estava lá. Eu estava tão bêbado que
perdi meu celular?
Merda! Ele custava $800 e eu ainda estou pagando por ele. Eu nunca mais vou beber. É uma
coisa boa que, além dos meus pais, a única outra pessoa nele era o cara com quem moro. Graças a
Deus por ser impopular.
Precisando comer algo, eventualmente fui até o refeitório e enchi minha bandeja. Eu não
sabia o que iria segurar, então peguei um pouco de tudo. Olhando para cima, um cara que reconheci
da aula me viu e fez sinal para eu me juntar ao grupo dele. Neguei com a cabeça sabendo que não
conseguiria manter uma conversa no meu estado.
Além disso, quis ver o que eu podia lembrar antes das 14h. Se eu não soubesse como ele é,
como iria encontrá-lo quando chegasse lá? Como eu sabia que ele não estava me olhando agora?
Olhei para cima e explorei o ambiente. Havia muitas pessoas. A maioria delas estava
envolvida em conversas ou olhava para o prato. O único que não estava, estava olhando para mim.
Depois de um momento de contato visual, ele veio até mim.
"Ei Kendall, você recebeu meu texto sobre o grupo de estudos? Quer se juntar?" Ele
perguntou timidamente.
Eu o reconhecia. Era o cara da aula de psicologia que sempre ficava me olhando. Eu não
conseguia entender o que havia com ele. Sempre havia algo no meu rosto ou ele apenas olhava para
o cara atrás de mim?
"Acho que perdi meu celular", disse antes de limpar minha boca reflexivamente.
"Sério? Que chato!"
"Diga-me sobre isso."
"Você precisa do meu número novamente?"
"Não tenho onde guardá-lo."
"Certo", disse ele parecendo desapontado. "De qualquer forma, estamos nos encontrando na
quinta-feira no Commons. Seria ótimo se você pudesse vir."
"Acho que tenho algo para fazer na quinta-feira, mas talvez", respondi, pois não queria ir.
"Oh, tudo bem. Só me avise."
Ele sorriu e voltou para sua mesa. Eu tinha que me perguntar sobre ele. O cara estava
sempre me convidando para participar de uma coisa ou de outra. Quantos eventos sociais ele
organizava?
Terminando minhas panquecas, senti-me humano o suficiente para voltar ao meu quarto e
preparar-me para o dia. Domingo era um dia tranquilo no dormitório. A maioria das pessoas
geralmente estava se recuperando dos efeitos da noite de sábado.
Tomando um banho, não pude deixar de imaginar quem foi que tinha fixado o bilhete na
minha camiseta. E se Cory estivesse certo e fosse o amor da minha vida? As chances de ser ele eram
baixas, mas isso não significava que não pudesse acontecer.
O pensamento disso me fazia vibrar de excitação. Como seria se aninhar nos braços de um
cara e adormecer? Como seria ter um namorado ou fazer sexo? Eu não sabia nada sobre essas coisas.
Tudo que eu sabia era que, não importava quem fosse esse cara, eu faria tudo o que pudesse
para não estragar isso. Eu estava cansado de estar sozinho. Eu queria saber como era o amor.
Com a hora do nosso encontro se aproximando e as borboletas voando no meu estômago,
encontrei a camiseta mais bonita que tinha e combinei-a com uma calça da mesma cor preta.
Enrolando uma pulseira de couro cravejada no meu pulso, fiquei diante do espelho e observei.
Com certeza este cara ficaria desapontado ao me ver na luz do dia, mas era o melhor que eu
podia fazer. Ajeitando meus cachos rebeldes na minha testa, eles voltaram a cair. Sim, isso era o
melhor que ia ficar para mim. Teria que ser suficiente.
Incapaz de adiar mais, saí do meu quarto e fui para o Lago Willow. Eu estava tão nervoso
que mal conseguia respirar. O que aconteceria se eu não conseguisse reconhecê-lo? E se ele me
visse, percebesse que tinha cometido um grande erro e depois me deixasse ali esperando?
A ideia quase foi suficiente para me fazer voltar, mas não o fiz. Eu continuei passo a passo
até o lago aparecer à vista. O lugar estava praticamente vazio. O único ali era um cara parado na
margem olhando para os patos.
Seria ele? Não podia ser. Eu só conseguia ver as costas dele, mas por elas, pude perceber que
ele estava num nível muito acima do meu. Imagine ombros largos o suficiente para carregar o
mundo e braços fortes o suficiente para esmagá-lo nas mãos.
Seus cabelos dourados cintilavam à medida que o reflexo do lago batia neles. A visão dele
ameaçava tirar meu fôlego. Quando ele se virou e nossos olhos se encontraram, aconteceu. Era ele,
o cara da noite passada. Eu teria reconhecido ele em qualquer lugar.
Todas as minhas memórias voltaram. Bêbado, eu tinha me aproximado dele na festa e tinha
dito que ele era o cara mais lindo que eu já tinha visto. Eu esperava que ele me desse um soco ou
algo assim. Ao invés disso, ele perguntou meu nome e conversamos o resto da noite.
Na maioria das vezes eu continuava dizendo a ele como ele era lindo e tentava beijá-lo
enquanto ele me afastava e ficava corado. Caramba, eu tinha esquecido disso. Eu tinha feito um
papelão.
Ele só me beijou porque eu não o deixava em paz até ele fazer isso. Mas então ele escreveu
algo num papel e me disse que era para o dia seguinte e que se eu ainda estivesse interessado então,
eu deveria encontrá-lo aqui.
Acho que ele agiu da forma como agiu para ser um cavalheiro. Ele deve ter visto o quanto eu
estava bêbado e não queria se aproveitar de mim. Mas como alguém pode ser tão atraente e
atencioso? Claramente tinha algo errado com ele.
“Kendall! Você veio”, ele disse com um sorriso através de um sotaque do Tennessee rural.
Meu Deus, ele se lembrava do meu nome. Qual era o dele?
“Claro”, eu disse dando um passo até ficar a uma distância de um braço dele. “Como eu não
poderia…”
“Você não lembra meu nome, não é?" Ele brincou.
“Lembro. É um…”
Meus pensamentos despencaram.
“Tudo bem. Você estava meio bêbado ontem à noite. Estou só feliz que você veio.”
“A nota ajudou. Estava pregada em mim.”
Ele riu. “É, eu não queria que você perdesse… como o seu celular.”
“Então, eu perdi meu celular.”
“Foi o que você me disse.”
“Droga! Eu estava meio esperando que você tivesse ele.”
“Por que eu teria ele?”, ele perguntou, ainda sorrindo.
“Eu estava só esperando. Então, você vai me fazer perguntar seu nome?”
“Ah. É Nero.”
“Kendall.”
“Lembro.”
“Certo. Eu tenho que ser honesto. Não me lembro de muita coisa da noite passada. As
únicas coisas que lembro vieram para mim cerca de 60 segundos atrás. Desculpa.”
“Sem problemas. O que você quer saber? Eu me lembro de tudo.”
Pensei por um segundo. “Hum, a gente se beijou?”
Nero riu. “Sim, a gente se beijou.”
“Foi bom?”
“Foi para mim.”
“E eu estava te beijando, então provavelmente foi bom para mim também.’
Nero ficou corado.
“O que você me contou sobre si mesmo que eu posso ter esquecido?”
“Acho que não te contei quase nada.”
“Por quê?”
“Você não perguntou. Mas eu perguntei muito sobre você. Sei que você é de Nashville.”
“Nascido e criado”, eu confirmei.
“Sei que você é do terceiro ano.”
“Verdade.”
“E, eu sei que você é o cara mais lindo que eu já vi. Mas, você não precisava me dizer isso.”
Minhas bochechas arderam ao ouvir suas palavras. Claramente não era verdade, mas ouvi-lo
dizer isso enviou um pulso através de mim que se instalou no meu sexo me deixando excitado.
“Você é muito gato também”, eu disse a ele sabendo que estava vermelho como um tomate.
“Obrigado!”
“Já que conhece tanto sobre mim, acho que eu deveria perguntar sobre você.”
"Ok. Fala."
"De onde você é?"
"É uma cidade pequena a cerca de duas horas daqui."
"E que ano você está cursando?"
"Estou no primeiro ano. Tirei uns anos de folga depois do ensino médio."
"Qual é a sua graduação?"
"No momento? Futebol", ele disse com um riso.
"Futebol?" Eu disse, sentindo o ar se esvair de nossa bolha.
"Sim. Estou aqui graças a uma bolsa de estudos. Então, no momento eu estou respirando e
comendo isso.”
Eu olhei para Nero sem ouvir mais nada depois que ele disse "futebol." Uma dor se espalhou
até o fundo do meu estômago até eu ser forçado a interrompê-lo.
"Não! Me desculpe, não. Eu não posso fazer isso. Futebol? Inferno, não!" Eu disse, me
afastando e apontando meu dedo. Eu olhei para ele novamente enquanto o choque se espalhava por
seu belo rosto. Por que ele tinha que ser jogador de futebol?
"Puuta que pariu!" Eu gritei de pura frustração antes de sair tempestuosamente sem olhar
para trás.
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Pedindo por problemas


(Romance Gay)
Por
Alex McAnders
Direitos autorais 2023 McAnders Publishing
All Rights Reserved
‘Beijando seu corpo, eu tomava sua carne entre meus dentes. Aplicando pressão, ele gemeu.’
Imagine conhecer um rapaz que tem tudo o que você não quer em um cara, mas então ele te beija e
é a melhor sensação da sua vida.
_____
NERO
A maioria das pessoas não consideraria a Universidade de East Tennessee uma grande cidade. Mas
quando você vem de uma pequena cidade como Snow Tip Falls, é mais do que você pode lidar. E
quando você viveu sua vida com segredos e o universo do futebol joga essa grande luz sobre você,
isso é suficiente para te levar ao limite. Pelo menos, me levou.
Ainda bem que Kendall estava lá para me segurar. Ele não lembra do dia em que nos conhecemos,
mas eu sim. Foi o momento em que confirmei o que sempre pensei, que gosto de rapazes.
Mas o que eu faço agora que o treinador, e a lei, determinaram que eu veja Kendall três dias por
semana? O que isso significa para as minhas perspectivas na NFL? O que significa para o meu
coração tantas vezes partido?
KENDALL
Eu não gosto de jogadores de futebol. Eles tornaram a minha vida um inferno no ensino médio.
Acontece que ser gay, e estranho, não foi uma boa combinação.
Agora, na universidade, meu sonho é ajudar os outros como terapeuta. Isso começa ao me tornar
um conselheiro estudantil. Então talvez eu não devesse ter desenhado uma imagem de um jogador
de futebol pendurado em uma forca no questionário de empatia do meu professor.
De qualquer maneira, ele me disse que eu tinha que enfrentar minha aversão de frente para obter o
que eu queria. Agora estou aconselhando o pior dos piores, Nero Roman, um jogador de futebol
cujo corpo ondulante não consigo parar de imaginar nu... e em cima do meu.
Acontece que há mais do que eu esperava embaixo de sua aparência rústica. E agora eu preciso
descobrir como parar de ter sentimentos pelo meu cliente jogador de futebol, antes que ele me
machuque como tantos caras já fizeram antes?

*****

Pedindo por problemas


Jogando minhas pernas em volta de sua cintura, sentei-me em seu colo pressionando minha
virilidade dura contra o seu estômago. Envolvendo meus braços em torno de seu pescoço, voltei
minha atenção para o nosso beijo.
Ele passou os dedos pelo meu cabelo, lentamente tomando o controle. Quando ele agarrou e puxou,
eu amei. Pressionando seu peito contra o meu, ele separou nossos lábios e introduziu a sua língua.
Encontrando a minha, eles dançaram.
Perdi-me na sensação. Levado a outro mundo, tudo o que eu conseguia pensar era em nosso beijo.
Eu queria mais. Eu queria que nós dois nos tornássemos um só.
Sem pensar, me descobri moendo minhas pernas abertas contra o tronco dele. Eu não pude evitar.
Tudo sentia-se muito bem. A mistura disso com o beijo era um vício que eu imediatamente me
entreguei. Portanto, quando Nero se abaixou e tirou minha camisa, eu olhei para ele precisando
saber o que aconteceria a seguir.
Leia mais agora
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Antes Dele Ser Famoso


(Harém Reverso)
Por
Alex McAnders
Direitos autorais 2023 McAnders Publishing
All Rights Reserved
Um encontro furtivo na faculdade assombra Drue Bishop quando seu amor não correspondido reaparece como o ator
mais famoso do mundo. Há um desejo latente em sua segunda chance no amor. Mas sexo, angústia e lágrimas tornam
este romance MMF um tanto emocional.
E se no último dia de faculdade, você tivesse uma experiência sexual que abrisse seu mundo para
algo que nunca havia considerado antes? E se fosse com alguém tão belo que levou anos para deixar
de pensar neles? E se, quando você pensou que havia superado essa pessoa, descobrisse que ela
havia se tornado o ator mais famoso do mundo?
Drue Bishop não precisa se perguntar. Quando conheceu o deslumbrante aspirante a ator Scot
Townson, eles eram calouros na faculdade. Drue nunca havia considerado estar com um cara antes
de Scot. Mas na noite anterior à formatura, quando seus dois corpos nus se encontraram, isso
moldou o resto da vida de Drue.
Como se vive o resto da vida depois de estar com o homem mais sexy do mundo? A resposta de
Drue? Muito sexo. Quem poderia imaginar que o destino o levaria ao amor da sua vida? E poderia
seu verdadeiro amor ser Scot?
Escrito pelo aclamado autor best-seller internacional A. Anders, este independente super picante
inclui cenas MF, MM e MMF, bem como um final de HEA. Repleto de reviravoltas de uma história
de amor complicada, 'Antes que Ele Fosse Famoso: Romance Bissexual MMF' irá te levar às lágrimas tão
intensamente quanto te excita.

*****

Antes Dele Ser Famoso


“Vocês dois deviam apenas transar logo de uma vez e acabar com isso”, disse Paul, assistindo Drue
abraçar Will com força, enquanto Will lutava de forma brincalhona para escapar.
“Você gostaria disso, não é?” Drue provocou Paul. “Você gostaria de me ver ter relação com Will.
Você deita na cama à noite pensando nisso, não é mesmo?”
Com Will inclinado para a frente tentando se libertar, Drue simulou fazer sexo com seu melhor
amigo. “Ahh! Sim! Will, você é tão apertado. Will, estou quase... Ah. Ahh. Ahh!”
“Nojento!” Will repreendeu.
“Você é doente”, Paul retrucou, se voltando para a fogueira.
“Me deixa ir”, Will exigiu. “Me solte!”
Drue obedeceu. Livre, Will se afastou de Drue e sentou-se ao lado de R.J. em frente à fogueira. Drue
riu, olhando para seus amigos. Todos tinham uma expressão desconfortável no rosto. Drue estava
satisfeito.
Drue se juntou a Will ao lado da fogueira. Ele virou-se para os amigos, mudando o assunto. “Se
pudesse ter uma garota da escola aqui agora, quem vocês escolheriam?”
Ainda olhando para a fogueira, Paul sorriu. “Tiffany, porque sabemos que ela ia topar.”
“Nã, Tiffany não toparia. Agora, Emily, ela toparia”, R.J. falou.
“Você está louco”, Paul retrucou. “Tiffany e Brett já fizeram. Você sabe que ela faria de novo. Emily
provavelmente nem viu um cara nu ainda.”
“Vocês dois estão errados”, Drue interveio. “Tanya.”
"Tanya?" Paul protestou, virando-se para Drue. “Quem iria querer transar com a Tanya?”
“Você está falando sério?” Drue perguntou surpreso. “Will, me apoie nisso. Tanya é a garota mais
irresistível da escola.”
“Ela é bem irresistível", Will cedeu.
“Obrigado.”
“Vocês dois não sabem do que estão falando”, R.J. objetou.
“Aquelos peitos? Aquela bunda? Diga-me que, caso ela estivesse nua na sua frente agora, pedindo a
você que transasse com ela, que você não faria isso.”
“Quer dizer, se ela estivesse aqui nua me pedindo, claro que eu faria”, Paul admitiu. “Mas não vou
correr atrás.”
“Eu correria. Trabalharia duro o dia todo. Faria horas extras por isso”, Drue brincou. “Então,
quando conseguisse, me esforçaria a noite toda.”
Drue jogou os quadris pra frente, simulando sexo. Gemendo cada vez mais alto, ele fingiu ter um
orgasmo. Sentou de novo e atirou seu imaginário sêmen em direção aos amigos.
“Eca!” Paul protestou. “Você é nojento. Vou me deitar.”
“Eu também”, disse R.J., seguindo o amigo para a barraca deles.
Paul se voltou para Drue e Will. “Ajustem os alarmes para as cinco. Precisamos estar no rio bem
cedo se quisermos chegar ao segundo acampamento até as três.”
“Tanto faz”, Drue zombou.
“Estou falando sério. Precisamos estar no rio às 5:30.”
“Ok, ditador”, Drue retrucou, chamando o amigo de ditador.
“Tanto faz”, Paul cuspiu antes de se juntar a R.J. em sua barraca.
Will se levantou.
“Para onde você vai?”
“Vou dormir. Você vem?”
“Acho que sim”, Drue respondeu relutantemente.
Ele não queria ir dormir. Ele estava se divertindo deixando seus amigos enojados. Poderia continuar
a noite toda.
Mas sentar-se sozinho no meio da floresta não seria divertido de modo algum. Ele sabia que, se
fosse dormir, ainda poderia ter um outro cara com quem implicar. Esse cara era seu favorito, Will.
Depois de ajeitar a fogueira, Drue seguiu Will até a barraca. A noite estava quente o suficiente para
dormir por cima do saco de dormir. Foi o que os meninos fizeram. Will deitou-se de costas para
Drue, e Drue, não gostando de ser ignorado, se aconchegou atrás de Will como uma colher.
Quando ele envolveu seus braços em torno de Will, Will não lhe deu a resposta desejada. Elevando a
aposta, esfregou o nariz e os lábios no pescoço de Will. Will deuuma risada e puxou seu pescoço
para longe.
“Pare.”
Satisfeito por ter obtido uma reação, ele descansou a cabeça no travesseiro de Will. Drue não sabia
por que também não soltava Will. Drue começou a aconchegar-se com seu melhor amigo quando
ambos tinham quatorze anos. Ele começou a fazer isso para irritá-lo. Will sempre foi o mais
envergonhado com as investidas de Drue, então ele foi o alvo da maior parte do tormento de Drue.
Mas conforme os anos passavam, Will resistia cada vez menos. Drue presumiu que tivesse quebrado
seu espírito. Will agora cedia às investidas de Drue com muito menos resistência. Na verdade, a
única vez que Will ainda resistia era quando Paul ou R.J. estavam assistindo.
R.J. uma vez defendeu Will, dizendo para Drue parar de o intimidar. Mas Drue decidiu que R.J. não
entendia a relação deles. Apesar de tudo, Drue sabia que Will levava na esportiva. Afinal, ele nunca
fingiria afecto por Will se Drue não se importasse genuinamente com seu amigo.
Ficando confortável na privacidade de sua tenda, Drue aconchegou-se a seu amigo. Puxando-o mais
para perto, ele sentiu algo que nunca tinha sentido antes. A mão de Will de repente segurou a sua.
Drue inicialmente pensou que Will estava tentando tirar a dele, mas não estava. A mão de Will
permaneceu na dele, como se Will estivesse segurando a mão de Drue no lugar.
À medida que a noite avançava, Drue podia sentir algo mais incomum. Ele conseguia sentir o
batimento cardíaco de Will. Estava começando a acelerar. Drue pensou em perguntar ao seu amigo
se tudo estava bem. Mas não fez. Em vez disso, ele soltou o aperto em Will para ver o que
aconteceria. A mão de Will apertou a volta de Drue, forçando-o a ficar.
“Drue, está acordado?” Will sussurrou.
Drue percebeu imediatamente que algo estranho estava prestes a acontecer. Ele hesitou, mas depois
respondeu. “Sim.” Drue pôde sentir o coração de Will batendo forte.
“Eu tenho algo que preciso te contar,”
“O que é?” Drue sussurrou, sentindo seu próprio coração acelerar.
“Eu…”
Will começou, inseguro se poderia terminar.
“Estou apaixonado por você.”
Drue congelou. Ele nunca esperaria ouvir essas palavras em um milhão de anos. Will era seu melhor
amigo e ele definitivamente se importava com ele, mas não tinha esse tipo de sentimentos por Will.
Ele não tinha esse tipo de sentimentos por nenhum rapaz.
Drue tentou puxar seu braço ao redor de seu amigo. Will segurou Drue, não permitindo que ele se
movesse. Drue lutou mais e finalmente se soltou.
“Desculpe,” Will sussurrou, virando-se para olhar para Drue. “Eu não devia ter dito isso.”
“Isso é verdade?” Drue perguntou, sem saber o que dizer.
“Não. Eu…” Will parou. Ele não conseguia mais negar. Will olhou para seu amigo nos olhos e lhe
disse a verdade. “Sim. É verdade.”
Drue não conseguia falar. Ele olhava para o rosto de Will, iluminado pela suave luz da fogueira, e
parecia que ele estava chorando.
“Desde quando?”
“Não sei. Talvez por um ano.”
“Você é… gay?”
“Não. Quer dizer, não sei.”
“Mas não foi você que disse que gostava da Sheryl?”
“Sim.”
“Isso era verdade?”
“Eu não sei. Quero dizer, eu gosto dela.” Will fez uma pausa. "Só que não tanto quanto eu gosto de
você."
Os dois rapazes se olharam, esperando que o outro falasse. Quando Will reuniu coragem e
lentamente aproximou seus lábios dos de Drue, Drue recuou alarmado.
“Eu não gosto de você assim.”
Will congelou. “O que você quer dizer?”
“Não é você. Eu simplesmente não gosto de nenhum rapaz assim.”
“Mas eu não entendo. Eu pensei que era isso que você queria.”
“Por quê?”
“Por causa da maneira que você age o tempo todo.”
Foi então que Drue percebeu que todas suas insinuações a Will haviam ido longe demais. Ele nunca
teria feito nada disso se achasse que havia alguma chance de Will ser gay. Will era quem mais resistia
aos seus gestos. Drue considerava Will o menos provável entre seus amigos de ser gay.
“Will, eu só estava brincando. Não quis te levar a pensar que algo poderia acontecer entre nós.”
Will se afastou devagar. Seu rosto se contorcia de dor. O coração de Drue doía ao vê-lo.
“Me desculpe, cara. Eu não sabia. Jamais teria feito tudo isso se soubesse.”
As palavras de Drue apenas pioraram o estado de Will. Will estava humilhado e devastado ao
mesmo tempo. Seu coração batia forte. Seu pulso rebentava em seus ouvidos. Uma dor pontiaguda
se formou na nuca de Will. E como se sentisse um prego sendo martelado em seu crânio, era
excruciante.
“Você está bem, cara?” Drue perguntou, vendo seu amigo sofrer.
“Não,” Will murmurou.
“O que está acontecendo?” Drue perguntou, desesperado.
“Eu não sei. Minha cabeça dói. Parece que um espinho está sendo pressionado no meu cérebro.
Eu...”
Com um espasmo e um gemido, Will repentinamente ficou silencioso e desabou.
“Will? Will! Acorde, Will. Paul, R.J., ajudem! Will, levante!”
Os dois garotos que dormiam se levantaram rapidamente da barraca em direção à de Drue.
“O que aconteceu,” Paul implorou.
“É o Will. Ele desmaiou ou algo assim. Ele estava reclamando de dor de cabeça e depois
simplesmente desmaiou. O que fazemos?”
R.J. abriu o zíper da barraca do garoto e colocou a cabeça para dentro. “Tente acordá-lo,” ele
insistiu.
“Eu já tentei.”
“Tente de novo.”
“Ele não está acordando. Sério, caras, o que fazemos?”
Os garotos se olharam. Paul respondeu, “Precisamos levá-lo para um hospital.”
Puxando o corpo flácido de Will para fora da barraca, os três garotos o levaram para o carro de Paul.
Demorou alguns minutos para chegar lá, mas quando deitaram Will no banco de trás, abandonaram
suas tralhas de acampamento e correram em direção à cidade mais próxima.
Dez minutos após começarem a viagem de vinte minutos, Will pareceu recuperar a consciência.
Embora seus olhos estivessem abertos, sua fala estava arrastada e ele não conseguia lembrar o nome
deles.
Ao empurrá-lo para a sala de emergência, os plantonistas do hospital pegaram Will dos garotos. Ao
vê-lo sendo levado, Paul abraçou Drue. Drue estava chorando.
Ao ver Will ser levado pelas portas giratórias, Drue se perguntava se tudo isso era sua culpa. Ele
tinha certeza de que tinha causado pelo menos boa parte da situação. Por que mais teria acontecido
naquele momento? Como não teria algo a ver com o que ele disse a Will?
“O que estava acontecendo logo antes de ele desmaiar?” a enfermeira perguntou aos garotos. Paul e
R.J. olharam para Drue.
“Estávamos conversando.”
“Só isso?”
“Como assim?” Drue perguntou, começando a se desesperar.
“Vocês estavam brigando ou fazendo algo que poderia ter provocado o episódio?”
“Brigando?” Drue pensou sobre a conversa deles. O que tinha acontecido. Eles poderiam considerar
aquilo uma briga?
“É importante que me diga a verdade. Vocês dois estavam brigando antes de ele desmaiar?”
“Não, nós não estávamos. Estávamos apenas conversando. Era tudo o que estávamos fazendo.”
Drue olhou para Paul e R.J. Eles olharam para ele como se não acreditassem nele. Por que não
acreditariam nele? O que mais eles achavam que ele e Will estariam fazendo?
“Eu juro, estávamos apenas conversando.”
“Está bem,” a enfermeira concedeu. “Ele tem alguma alergia?”
“Ele tem intolerância à lactose,” Drue informou. “E ele diz que amendoim faz seu estômago se
sentir estranho.”
“Isso é tudo?”
“Sim.”
“Ele já teve uma convulsão como essa antes?”
“Não que eu saiba.” Drue se voltou para seus amigos e eles balançaram a cabeça em concordância.
A enfermeira olhou para Drue. “Você tem o número de telefone e o endereço dos pais dele?”
“Sim.”
“Vamos precisar.”
“Okay. O Will vai ficar bem?”
“Vamos fazer de tudo para ajudá-lo. Você fez bem em trazê-lo aqui. Pode ter salvado a vida dele.”
Essa garantia não fez Drue se sentir melhor. Afinal, ele havia sido a causa disso. Se o seu melhor
amigo vivesse ou morresse, seria sua culpa.
Observando a enfermeira se afastar, Drue não conseguiu conter suas lágrimas. Seus dois amigos o
envolveram em seus braços. Drue sabia que não conseguiria seguir em frente sem o Will. Will
significava tudo para Drue. Ele não seria capaz de viver consigo mesmo se fosse a causa da morte de
seu melhor amigo.
Scot fez sua última cruzada para à esquerda do palco, garantindo que ficaria sob a luz. Ele tinha a
fala final na peça e, assim que a pronunciasse, sua carreira de ator no ensino médio estaria acabada.
Scot ouvia o som da buzina de nevoeiro. Era o sinal de que sua fala estava chegando.
“Ele foi e se enforcou”, começou o colega de Scot.
“E então não restou ninguém,” Scot concluiu.
Com essas palavras, as luzes se apagaram e a plateia irrompeu em aplausos. Scot absorveu a
adoração. Ele sabia que o apreço da plateia era para todo o elenco, mas seu jornal escolar tinha
escrito que sua atuação era o que fazia o show. Ele sabia que boa parte dos aplausos era para ele.
Avançando para a reverência final, ele encontrou a mão de Christine. Ela havia sido sua dama
principal e sua namorada na vida real desde que os ensaios começaram.
“Você foi muito bom”, ela sussurrou em seu ouvido momentos antes das luzes se acenderem.
Com as luzes brilhantes de novo sobre ele, Scot liderou o elenco em uma reverência. Quando a
plateia não parou de aplaudir, Scot reverenciou novamente. Sentindo os aplausos começarem a
diminuir, Scot sinalizou para Christine ir. Ela soltou sua mão e caminhou para a frente do palco.
Acenando para sua mãe avançar, Christine pegou as dozes rosas que ela carregava e voltou para o
elenco. Enquanto ela fazia isso, um dos outros membros do elenco trouxe um homem atraente de
meados dos anos vinte ao palco. Scot falou sobre os aplausos restantes.
"Como alguns de vocês sabem, cinco de nós na peça somos finalistas e iremos nos formar daqui a
um mês. Participei de todas as peças desde o primeiro ano de universidade. Christine participou de
todas menos uma. Bill participou quase de todas, assim como Lilly e Maria. Nós, estudantes do
último ano, gostaríamos de agradecer ao Sr. Reed por dirigir todas essas peças, por moldar nossas
vidas..." Scot engasgou e lutou para manter a calma. "E por ser nosso mentor e nosso amigo.
Obrigado Sr. Reed. Nós te apreciamos e sentiremos sua falta."
A plateia irrompeu em aplausos novamente. O homem bonito deu um passo à frente com lágrimas
nos olhos, aceitou as rosas e acenou para o público. Depois, o elenco e o diretor saíram do palco e
os aplausos desvaneceram-se em um burburinho.
Nos bastidores, Scot e o elenco se abraçaram em parabéns. Foi agridoce. Esta seria a última vez que
todos estariam juntos. Após três shows por ano durante quatro anos, este grupo tinha se tornado
uma família. Entre eles, Scot era o irmão mais velho e o Sr. Reed era seu pai.
"Todos podem sair e falar com seus pais, mas dentro de cinco minutos eu quero todos vocês de
volta aqui para desmontar o cenário", proclamou o Sr. Reed.
Scot saiu pela porta do palco à procura de seus pais e irmã. Eles o cumprimentaram
entusiasticamente. Eles tinham apreciado sua performance tanto quanto todos e significava tudo
para Scot tê-los ali para seu último espetáculo do ensino médio.
Com a promessa de Scot de que não chegaria muito tarde, sua família se foi e ele voltou para os
bastidores. O Sr. Reed era o único que estava lá. Scot considerou abordá-lo agora, mas desistiu.
O Sr. Reed olhou para cima, avistando Scot. "Pegue uma Makita. Comece pelos cenários de fundo e
vá avançando. Não quero que vocês fiquem aqui mais tempo do que precisam. Todos vocês
deveriam estar comemorando."
Scot pegou uma bateria e uma furadeira e foi ao trabalho.
"Para onde você quer ir depois disso?" Christine perguntou a Scot. "Minha mãe me deu o cartão
dela e um limite de cem dólares."
"Podemos ir ao Leona's. As pizzas ficarão por menos de cem."
"Certo, vou dizer a todos para nos encontrarem no Leona's depois."
Uma hora depois, os alunos terminaram de desmontar o cenário. Famintos e cobertos de poeira, eles
se reuniram na frente do palco.
"Você quer ir comigo?" Christine perguntou a Scot com brilho nos olhos.
"Eu vim no carro da minha mãe", Scot explicou
"Eu posso te trazer de volta para pegá-lo depois."
"Não. Eu deveria ir dirigindo. Mas pode ir na frente. Eu preciso falar com o Sr. Reed sobre algo. Te
encontro lá."
"Oh, o que está acontecendo?"
"Não, são apenas algumas coisas da universidade. Vá na frente. Te encontro lá."
"Tudo bem".
Christine pegou sua mão e apertou. Era o que eles faziam quando estavam em público, em vez de
beijar. Scot sorriu e apertou a mão dela de volta. Observando Christine e os outros saírem, Scot
voltou sua atenção para o palco. Quando o Sr. Reed saiu, foi com suas rosas e um punhado de
equipamento de áudio.
"Você precisa de ajuda com isso?" Scot ofereceu, correndo até ele.
"Está tudo bem, eu dou conta. Vá se juntar aos seus amigos."
"Não, eu posso te ajudar. Aqui."
Scot pegou metade do equipamento do Sr. Reed e seguiu-o para fora.
“Só preciso guardar isso no meu escritório e então tudo estará feito."
Ambos caminharam pelo campus em silêncio. A mente de Scot girava.
“Parabéns por ter entrado no Beloit College, a propósito. Como foi quando contou aos seus pais?"
“Eles não entendem," Scot explicou.
“Para ser honesto, Scot, eu também não entendo. A maioria das pessoas daria tudo para ir para a
Universidade de Chicago. É uma escola muito prestigiosa."
“Eu sei. Foi meio que por isso que eu quis conversar com você esta noite."
“Você quis conversar?"
“Sim."
“Agora? Você não quer comemorar com seus amigos?"
“Eu disse a eles que os encontraria depois."
“Certo. Bem, vamos guardar isso e conversar."
Scot e seu professor guardaram o equipamento num armário do seu escritório e sentaram-se. Scot
estava tão nervoso que se perguntava se ia desmaiar.
“Então, o que há, Scot?"
De repente, na posição que planejava por tanto tempo, percebeu que não sabia o que realmente iria
dizer. Scot nunca soube o que deveria e não deveria dizer. Essa era uma das razões porque amava
tanto atuar; as falas sempre estavam escritas para ele.
“Qual é o problema, Scot?"
Scot tocou o rosto quando se deu conta de que estava chorando. Ele estava tremendo. Esses eram
os nervos de palco que deveria ter tido antes de uma performance, mas nunca teve. Por um
momento, considerou fugir, mas sabia que não teria outra chance.
“Sr. Reed, acho que tenho sentimentos por você."
O aposento silenciou. Seu professor olhava para ele, de olhos arregalados e estarrecido. Ambos, de
repente, prendiam a respiração. Scot estava tentando não entrar em pânico. O Sr. Reed fazia o
mesmo.
“Não sei o que dizer," admitiu seu professor. “Acho que é natural alguém desenvolver sentimentos
por seu professor. Não é nada incomum," tentando convencer a si mesmo, disse o Sr. Reed.
“Sr. Reed, você gosta de rapazes?"
O professor olhou para ele sentindo a pressão do pânico aumentar.
“Não sei se essa é uma pergunta adequada para você estar me fazendo."
“Você está dizendo que não gosta de rapazes?" Perguntou Scot, sentindo o coração começar a se
partir.
“Eu não estou dizendo nada. Estou perguntando de onde tudo isso está vindo. Fiz algo que faria
você pensar que este tipo de conversa seria ok?"
Scot sentiu uma sensação penetrante passar pelo seu peito. As lágrimas rolavam pelo seu rosto
incontrolavelmente. Ele começou a pensar que havia cometido um erro.
“Você acabou de dizer que eu poderia vir e falar com você sobre qualquer coisa, só isso. Mas me
desculpe, eu não deveria ter dito nada. Me desculpe."
Scot levantou-se para sair. Sr. Reed estava à beira de deixá-lo ir quando disse “Espere!"
Scot virou-se e encarou seu professor.
“Você está certo. Eu te disse que poderia vir falar comigo sobre qualquer coisa. Sente-se. Vamos
conversar. Você tem dezoito anos. É um adulto. Vamos conversar como adultos."
Scot se sentou e enxugou as bochechas. Ele estava envergonhado por se emocionar, mas apenas
levemente. Seu professor era a única pessoa com a qual ele sentia que não precisava esconder seus
sentimentos. Com o Sr. Reed, Scot podia ser ele mesmo.
O Sr. Reed mexeu-se desconfortavelmente em sua cadeira antes de voltar a olhar nos olhos do Scot.
“Você me fez uma pergunta. Eu vou responder. Eu gosto de homens? É complicado. Eu gosto de
alguns homens e gosto de algumas mulheres. Isso se chama ser bissexual.”
“Acho que eu também sou assim”, interrompeu Scot.
O Sr. Reed assentiu. “Então você sabe que pode ser confuso. Os sentimentos podem se tornar
difíceis de navegar.”
“Os meus não são. Eu sei que tenho sentimentos por você e tenho há muito tempo. Eu imaginei
que eu era muito jovem antes, mas agora eu tenho dezoito e é legal.”
“Espera, quando começaram seus sentimentos? Sabe de uma coisa? Esqueça. Eu não quero saber
disso. Isso já está desconfortável o suficiente.”
Scot apertou os lábios, entristecido com a avaliação do seu professor.
“Então você tem sentimentos por mim. Eu ouço o que você está dizendo e reconheço seus
sentimentos”, o Sr. Reed fez uma pausa. “Isso te faz sentir melhor?”
“Eu não sei o que você quer dizer.”
“Eu também não. Isso é só algo que ensinam aos professores a dizer. Deixe-me cortar a conversa
fiada e falar com você como um ser humano. Scot, eu entendo o que você está dizendo. Eu
agradeço por você ter dito isso para mim...”
“Mas você não sente o mesmo?”
“Eu não disse isso.”
Scot se animou, vendo um vislumbre de esperança.
“O que eu ia dizer é que você é meu aluno. Não tenho certeza se estou legalmente autorizado a dizer
mais do que isso.”
“Mas eu tenho dezoito anos.”
“Mas eu ainda sou o seu professor.”
“Sim, mas tipo, por mais um mês.”
“Sim, por mais um mês.”
Scot olhou para o Sr. Reed com crescente expectativa. “Você está dizendo que, se tivéssemos essa
mesma conversa depois que eu me formasse, você diria algo diferente?”
O homem atraente olhou para o seu aluno procurando palavras. “Você não está namorando a
Christine?”
“Meio que sim. Mas não é sério.”
“Ela acha que é sério?”
“Eu não sei”, admitiu Scot.
“Bem, isso é bem importante. Você sempre tem que levar em consideração os sentimentos dos
outros.”
“Tá bom”, disse Scot, já pensando num plano.
“Scot, eu fiz algo para encorajar a maneira como você se sente a meu respeito? Eu disse algo que te
encorajou a se sentir assim?”
“Sim, você foi um ótimo cara e sempre esteve lá por mim. É assim que você me incentivou a me
sentir dessa maneira.”
O belo homem apertou os lábios, perdido em pensamentos. Scot o olhou, questionando-se.
“Sr. Reed, eu fiz algo errado ao dizer como me sinto?”
O Sr. Reed se recompôs. “Não, Scot, você não fez nada de errado. Nunca se envergonhe dos seus
sentimentos.”
Scot sorriu. “E quanto a você? Quais são os seus sentimentos?”
Seu professor olhou para ele pensativo. “Eu te conheci quando você tinha catorze anos.”
“Mas eu tenho dezoito agora. Eu não sou mais uma criança.”
“Eu sei. Você se tornou um homem incrivelmente atraente. Isso é inegável.”
Scot endireitou-se ao ouvir as palavras de seu professor. “Então, você também tem sentimentos por
mim?”
“Scot, às vezes, quando você se importa muito com alguém, esses sentimentos podem se
transformar em algo mais. No entanto, é meu dever como professor reprimir esses sentimentos.”
“Eu gostaria que você não fizesse isso,” disse Scot, vulnerável.
Mr. Reed agarrou o braço de sua cadeira. “Talvez você devesse ir.”
Scot viu uma oportunidade. Era a chance de fazer sua jogada. Mas o quê? O que ele poderia fazer
considerando tudo o que seu professor havia dito?
“Depois que eu me formar, você acha que poderíamos fazer algo juntos... como um encontro,
talvez?”
Mr. Reed desviou o olhar. Sua mente estava em conflito. Alguma coisa saiu de sua boca antes que ele
pudesse se impedir. “Sim. Eu gostaria disso.”
“Ok. Legal,” disse Scot com um sorriso.
Scot se levantou empolgado. Ele nunca havia desejado tanto que o ano letivo acabasse em toda a sua
vida.

O amigo de Drue, Will, passou a noite no hospital The Dell’s. Drue, Paul e R.J. ficaram lá com ele.
Na manhã seguinte, Will parecia totalmente recuperado. Foi quando ele foi levado de helicóptero
para um hospital em Chicago. Depois de ser examinado por um especialista em cérebro lá, Will foi
diagnosticado com um coágulo sanguíneo bloqueando parcialmente uma artéria em seu cérebro.
O médico disse que foi sorte o coágulo ter se movido quando se movimentou em vez de enquanto
eles estavam fazendo rafting. Não apenas Will poderia ter caído na água tornando mais difícil o seu
resgate, mas Will poderia ter sofrido danos aos pulmões enquanto lutava para respirar.
Apesar do diagnóstico do médico, Drue não conseguia deixar de se sentir responsável pela condição
do amigo. Na primeira vez que os dois conseguiram falar, Will o dissuadiu da ideia. Will disse a Drue
que ele havia salvado sua vida. Nenhum dos garotos mencionou sobre o que era a conversa deles
naquela noite até depois que o medicamento para dissolver o coágulo remanescente no cérebro de
Will não funcionou.
“Cirurgia?” Drue perguntou, incapaz de esconder sua preocupação.
Will encarou Drue enquanto seu amigo andava de um lado para o outro em seu quarto.
“Sim. Os médicos disseram que vão esperar mais dois dias. Mas se até lá não tiver diminuído, eles
vão marcar a cirurgia para mim.”
“Quando seria a cirurgia?”
“No mesmo dia.”
“No mesmo dia?”
“Sim. Eles disseram que não sabem por que um jovem de dezoito anos teria um coágulo cerebral.
Eles disseram que é raro.”
“Quão raro?” perguntou Drue.
“Eles disseram que sou apenas o terceiro adolescente que já viram com isso.”
Foi ficando mais difícil para Drue respirar. “Eles disseram algo sobre a cirurgia?”
“O que você quer dizer?”
“Quero dizer como quão arriscado é.”
“Eles disseram que geralmente não é muito arriscado. Mas eles não sabem por que tive o coágulo,
então pode haver complicações.”
Os dois garotos se encararam sabendo o que isso significava. Will foi o único a reconhecer.
“Drue, em dois dias, eu posso morrer.”
“Isso não é verdade.”
Drue sentou-se ao lado de Will na beira da cama e passou os braços em volta dele.
"É verdade. Foi o que eles disseram. Os outros dois adolescentes que eles atenderam morreram.
Eles disseram que iriam usar o que aprenderam com o caso deles para me ajudar, mas em dois dias
eu posso estar morto."
As lágrimas escorriam pelas bochechas de Drue enquanto ele apertava o amigo com mais força. "Vai
ficar tudo bem. Eu sei que sim."
Will não respondeu.
“Você precisa pensar positivo. Nada vai acontecer com você, entendeu? Em algumas semanas, nós
vamos nos formar, depois vamos sair para nos divertir durante o verão e então ir para a
universidade. Mas você precisa pensar positivo. Você não pode pensar dessa forma.”
Os garotos ficaram sentados, perdidos em seus pensamentos. Foi Will quem quebrou o silêncio.
“Sabe do que mais eu me arrependeria se eu morresse?”
“Do quê?”
“De morrer virgem.”
Drue fez uma pausa e olhou para o amigo. Encarando-o, Drue começou a rir. Will deu um sorriso
em resposta.
“Estou falando sério. Não quero morrer virgem.”
“Ninguém quer.”
“Então, você vai me ajudar?”
Drue parou de sorrir, percebendo que o amigo estava falando sério.
"Ajudar você com o quê?"
“Você sabe, a deixar de ser virgem.”
“Como?”
“Você sabe.”
“O quê? Você quer dizer, tipo, ter sexo comigo?”
“Shhh! Não fale tão alto. Mas, eu quero dizer… sim.”
“Will…”
“Seria tão terrível assim? Você gosta de mim, não é?”
“Você é meu melhor amigo.”
“Ok. Então pense em mim como um daqueles miúdos da ‘Make-A-Wish’.”
“Will, me fazer pensar em você como um miúdo da ‘Make-A-Wish’ não é o caminho para me fazer
ter sexo contigo.”
“Então o que?”
Drue encarou Will, sem palavras.
“Por favor, Drue. Eu não quero morrer virgem.”
“Você não vai morrer.”
“Mas eu poderia morrer e você sabe disso.”
Drue baixou a cabeça em admiração. “Will, eu não acho que conseguia fazer sexo com você.”
“Por quê não?” ele perguntou vulneravelmente. “Eu sei que você gosta de mim. Percebo que você
fica excitado, às vezes quando dormimos de conchinha.”
“Eu nunca fiquei excitado e não diga que dormimos de conchinha.”
“Por quê não? É isso que nós fazemos. E eu sinto quando você fica excitado." Will fez uma pausa.
"Eu também fico assim.”
Os olhos de Drue desviaram-se pelo chão. Ele sabia que Will estava certo. Ele costumava ficar
excitado ao dormir de conchinha com o amigo. Sem dar muita importância à razão, ele costumava
encostar isso nas costas do Will na esperança de deixá-lo desconfortável. Ele nunca considerou que
isso poderia ser um sinal de alguma forma de atração.
“Will, não sei se consigo fazer isso por você, cara. Qualquer outra coisa, juro. Qualquer outra coisa
que você queira, farei por você.”
Will virou-se para Drue afastando-se. Olhando para o seu amigo, os olhos de Will derreteram-se de
vulnerabilidade. De repente, engasgado, ele se obrigou a falar.
“Há mais uma coisa que você pode fazer.”
“É só dizer, Will.”
Will engoliu. “Eu posso... me desnudar para você?”
O coração de Drue de repente acelerou. Nunca havia ouvido algo tão íntimo quanto o pedido de
Will. O rosto de Drue corou e ele sentiu seu pau endurecer.
Drue sabia que tinha que responder rápido. Ele tinha dito qualquer coisa e realmente pretendia
cumprir. Ele simplesmente não havia considerado que poderia haver algo mais pessoal do que sexo.
“Si...” Drue limpou a garganta e tentou novamente. “Sim.”
Com o coração de ambos batendo como tambores graves, Will se levantou. Sem dizer uma palavra,
ele se moveu em direção à porta, trancou-a e então se posicionou em frente a Drue. Lentamente
colocando sua mão sob sua camiseta, ele respirou fundo e a puxou para cima. Quando a camisa
cobriu seu rosto, Drue olhou para o peito de Will. Ele já havia visto antes, mas agora, a pele lisa e
perfeita de Will fez o pau de Drue pulsar.
Quando os olhos de Drue encontraram os de seu amigo novamente, Drue percebeu que Will estava
tremendo. Seu corpo se contorcia erraticamente e suas respirações entrecortadas elevavam seu peito
nu em solavancos.
Will deu um longo suspiro e então colocou suas mãos no botão de suas calças jeans. Sabendo o que
aconteceria a seguir, o corpo de Drue se aqueceu. O calor emanava dele. Enquanto observava as
mãos de seu amigo desabotoar suas calças, Drue começou a suar.
Will, agora tremendo descontroladamente, desabotoou suas calças e as empurrou até os tornozelos.
Inclinando-se, Will percebeu que seu pau estava completamente duro. Esse era o momento. Ele se
levantaria e Drue o veria puxando sua cueca. Quase nada ficaria escondido.
Will se levantou e, incapaz de se conter, Drue olhou para o pau coberto de seu amigo. Restringido
pela sua cueca, projetava-se além do perfil de seu quadril. O pau de Will era muito maior do que
Drue poderia ter imaginado. Seu amigo era enorme. O próprio pau de Drue pulsou novamente. Ele
podia sentir a umidade contra sua pele.
Com apenas uma coisa a fazer, Will pegou a cintura de suas cuecas e as baixou. Seu enorme pau
saltou para fora. Ao se levantar e se afastar de suas roupas, ele estava agora nu e ereto. Olhando para
seu amigo, Drue tinha que admitir que seu melhor amigo Will era um homem lindo.
Will ficou ali, tremendo e olhando para Drue. O olhar de Drue o percorreu como um banho quente.
Drue estava examinando todo ele. Will olhou para a virilha de Drue e viu algo lutando para sair. Will
desejava ardentemente que pudesse ver todo o garoto que amava, mas não teve coragem de
perguntar. Em vez disso, ele pediu algo que seu amigo jamais negaria.
“Posso pedir mais uma coisa?” disse o garoto tremendo.
“O que é?” Drue respondeu num sussurro rouco.
“Você pode me abraçar?”
Drue olhou nos olhos de seu amigo. “Sim.”
Lentamente, Will subiu na cama. Virando-se de costas para Drue, colocou as mãos sob a cabeça e
esperou. Ele sentiu o braço de Drue tocar a pele sensível de seu lado. Will estremeceu.
“Isso está bom?” Drue perguntou com a voz rouca.
“Está ótimo,” Will respondeu, se perdendo no toque de seu amor.
Inexplicavelmente excitado, Drue abraçou o corpo nu de seu melhor amigo. Ele o havia abraçado
tantas vezes antes, mas nunca foi assim. Não era mais uma piada. Ele não estava tentando provocar
Will. Ele estava abraçando seu amigo nu porque eles se amavam. Drue não tinha certeza de como
descrever aquele amor, mas naquele momento parecia ser algo mais que platônico.
A palma de Drue repousava sobre o peito jovem de Will. Drue engoliu em seco. Querendo mais e
sabendo que Will também o queria, ele devagar começou a esfregar o corpo nu de Will. Era,
inquestionavelmente, excitante. Pensando sobre o pênis de Will e sabendo que estava a apenas
alguns centímetros de distância, Drue mudou a direção de sua carícia e viajou para o sul.
O abdômen plano de Will tensionou quando Drue o tocou, mas Drue não parou por aí.
Empurrando um pouco mais, sua mão finalmente tocou o que estava procurando. Os dedos
inexperientes de Drue pressionaram contra o pênis de seu amigo. Estava duro como pedra e,
sentindo o calor da mão de outro garoto, tremeu pedindo por mais.
Drue não sabia o que estava acontecendo com ele. Por que estava fazendo isso? Por que estava
acariciando as bolas apertadas de outro garoto? Isso ia além do pedido de seu amigo. Estava
excitando-o. Ele queria mais. Ele não queria que essa experiência parasse.
Ouvindo sua própria respiração acelerar, Drue moveu lentamente sua mão para o caule do pênis
massivo de Will. Drue o segurou em suas mãos. Era muito maior que o dele. Precisando sentir ainda
mais, seguiu em direção à ponta. A jornada nunca parou. Continuou muito depois do que suas mãos
virgens estavam acostumadas. E quando encontrou a cabeça em forma de cogumelo e parou, a
cabeça estava coberta de um fluido escorregadio.
Passando a palma da mão sobre a glande de seu amigo, Will estremeceu. Jogando os quadris para
trás, encontrou-se com o pênis vestido de Drue. Will reconheceu a sensação. O traseiro nu de Will
estava tocando o pênis duro de seu amor e a sensação lhe tirou o fôlego. Lutando para respirar, ele
encostou o traseiro em Drue. Drue empurrou seus quadris para a frente e Will ofegou.
De repente, Drue deslizou sua mão pelo pênis de Will e pressionou seu próprio pênis vestido contra
o traseiro nu de seu amigo. Sentiu-se incrível. Ele estava acariciando o pênis de outro garoto. Ele
tinha outro ser humano pressionado contra ele. Ele estava dando prazer a outro garoto.
Drue apertou o pênis e acariciou mais rápido. Will gemeu. Drue empurrou seu pênis contra o
traseiro nu. Parecia que os gemidos de Will eram seus. Drue sentiu como se fosse gozar. Não podia
ser. Ele não se havia se tocado, no entanto, assim como o pênis de Will que estava prestes a ejacular,
o dele também.
"Ah! Ahhh!" Gemido de Will.
"É... É isso!" Drue ecoou, não mais conseguindo se conter.
Quando uma sensação dolorosa subiu por sua coxa interna, seu saco tornou-se uma bola de
eletricidade. Drue teve um orgasmo explosivo. Ele continuou acariciando o enorme pênis de seu
amigo até que ele também gozou. E sentindo a mão pulsar poderosamente em seu aperto,
prolongou seu próprio orgasmo.
Drue não conseguia parar de gozar. Era algo que ele nunca havia experimentado em sua vida.
Quando pensou que seu corpo iria relaxar, ele se contraiu novamente. Com isso veio um
tensionamento reflexivo de seu pênis. Drue nunca havia experimentado tanto prazer quanto
segurando o pênis de seu melhor amigo em sua mão.
Drue percebeu que havia algo nele que não podia admitir antes. Ele tinha um desejo que não havia
explorado. Segurar o corpo nu de um garoto em seus braços parecia natural para ele. Drue
finalmente aceitou isso. Will o tinha feito chegar à essa conclusão. Mas o que tudo isso significava?
O que Drue deveria fazer agora?
Scot encarava o número não discado exibido em seu telefone. Era o número do Sr. Reed. Ele havia
ligado e deixado uma mensagem tantas vezes desde a formatura, mas nunca seu professor o havia
retornado. Scot estava se perguntando se deveria desistir. Não havia muito tempo antes de ele partir
para a faculdade. Talvez, ao invés de passar todos os dias e noites pensando no homem que amava,
ele deveria estar focado em se preparar para isso.
"Que se dane."
Scot pressionou o botão de ligar e levou o telefone ao ouvido. Tocou como sempre fazia. Uma,
duas, três vezes. Depois da quarta, iria para o correio de voz. Scot prometeu a si mesmo que esta
seria a sua última tentativa.
O coração de Scot afundou quando ouviu o quarto toque começar. De repente parou. Havia uma
pausa.
“Alô?” disse a voz do outro lado da linha.
“Alô, Sr. Reed?”
“Scot.”
“Oi, hum, eu me formei,” Scot disse, de repente sem palavras.
“Sim. Eu me lembro. Eu estava lá.”
“Sim. Então, eu estava me perguntando se você gostaria de sair algum dia?”
Houve uma longa pausa.
“Sr. Re...”
“Claro,” seu professor disse, fazendo o coração de Scot acelerar.
“Que tal vir até a minha casa?”
“Ok,” respondeu Scot, sentindo sua excitação crescer.
“Por que não dizemos amanhã às oito. Você consegue?”
“Sim. Eu posso fazer isso.”
“Ok. Então te vejo nessa hora.”
A ligação terminou e Scot olhou para o seu telefone incredulamente. Algo estava fervilhando dentro
dele e quando a sensação atingiu seu cérebro, Scot saltou da cama e gritou em celebração.
“Uhuuuul!”
Scot não podia acreditar. Estava acontecendo. O homem sobre quem ele tinha fantasiado por tanto
tempo o havia convidado para ir à sua casa.
Mas para quê? Seria para jantar? Seria para sexo?
O pensamento de fazer sexo com o Sr. Reed imediatamente endureceu sua excitação. Ele pensou em
como seria ser segurado nos braços fortes de seu professor. Imaginando seu professor despir-lhe
lentamente. Ele precisava se masturbar e precisava fazer isso agora.
Rasgando a abertura de suas calças, ele puxou seu membro longo. Masturbando-se, ele chegou
rápido ao clímax. Quando terminou, ele se deitou na cama exausto. Mas de novo, imaginando o Sr.
Reed removendo a camisa e deslizando a mão pelo corpo dele, ficou novamente totalmente ereto.
Agarrando seu membro, ele se masturbou uma segunda vez.
No dia seguinte, Scot chegou ao apartamento de seu professor. Ele estava vestido com sua roupa
mais elogiada. Levou uma eternidade para escolhê-la e no meio da escolha, ele teve que se acariciar.
Ele imaginou como a roupa que vestia ficaria espalhada pelo chão do professor. O pensamento o
dominava.
“Entre,” disse o Sr. Reed, apontando Scot para a mesa de jantar. “Eu preparei jantar. Espero que
você goste de espaguete.”
Scot mal conseguia falar. “Eu gosto. É uma das minhas comidas preferidas.”
“Ótimo. Sente-se. O que você gostaria de beber?”
Scot não sabia o que deveria dizer. Ele queria que o professor o visse como um adulto. “Cerveja?”
Mr. Reed riu. “Que tal algo sem álcool?”
“Ok. O que você tiver está bom.”
“Coca-Cola?”
“Claro.”
Depois de conduzir Scot para sua cadeira, o Sr. Reed trouxe a comida e a bebida para a mesa.
Servindo-se e conversando, a maioria era sobre a preparação de Scot para a faculdade. Levou metade
da noite até ele começar a se sentir confortável, no entanto, pela sobremesa, ele encontrou sua
coragem e olhou nos olhos do homem que amava.
“Você é o meu professor favorito de todos os tempos,” Scot declarou.
“Obrigado, Scot. E não conte a ninguém, mas você é o meu aluno favorito. Sabe, você é realmente
talentoso. Se levasse a atuação a sério, poderia ser um grande ator.”
“Você realmente acha?”
“Sim. Não são muitas pessoas que vão te dizer isso, mas boa parte de conseguir sucesso como ator
está na aparência. Você tem uma ótima aparência. Você é clássicamente bonito. Os rapazes querem
ser você e as garotas querem estar com você”
Scot engoliu em seco, sabendo o que iria dizer em seguida. "E os rapazes? Eles também querem
estar comigo?"
O professor de Scot olhou para ele como nunca antes. Essa troca de olhares fez os joelhos de Scot
tremerem.
“Sim, Scot, os rapazes também querem estar com você.”
“E você, Sr. Reed? Você quer estar comigo?”
O coração de Scot batia acelerado enquanto observava o homem que amava lutando para encontrar
uma resposta. Ele parecia atormentado. Scot nunca quis fazer seu professor sentir-se tão dividido,
mas esperava além de toda esperança que a resposta fosse sim.
“Scot…” Sr. Reed abriu a boca e então mudou de ideia sobre o que iria dizer. “Gostaria de levar
nossa sobremesa para o sofá?”
"Claro", ele disse com uma esperança explodindo.
Os dois pegaram seu bolo de chocolate e sentaram-se no sofá. Scot sentou primeiro e notou o quão
perto seu professor estava sentado ao lado dele. Antes ele não havia sido totalmente sincero, mas ao
sentir o perfume suave e o cheiro másculo de seu professor, ficou completamente exaltado.
Scot congelou segurando seu prato. Sentiu-se como uma criança sem saber o que fazer. Seu
professor pegou o prato dele e colocou-o de lado. Pegando a mão de Scot na sua, o Sr. Reed não
deixou de notar o quanto o seu jovem aluno estava tremendo.
“Scot, sim. Eu quero estar com você. Eu te vi crescer, amadurecendo em um adulto e tão
frequentemente tive que me lembrar que você era apenas uma criança. Mesmo quando você dizia
algo além da sua idade e eu ficava impressionado, eu tinha que me lembrar que você ainda era uma
criança. Então, agora que você é um adulto, estou dividido.
“Eu me importo muito com você, mas não sabia qual era a coisa certa a fazer. Você diz que tem
sentimentos por mim. Eu também tenho sentimentos por você. Acho que eu te amo. E esse é o
motivo pelo qual não posso deixar nada acontecer entre nós.”
O coração de Scot parou. Ele se sentiu como se estivesse caindo impotente em um abismo. Não
conseguia respirar. O pânico se instalou, retorcendo seu estômago e mandando uma onda de dor
por seu corpo que ameaçava fazê-lo chorar.
"Mas por quê, Sr. Reed? Você disse que me amava e eu também te amo. Não sou mais seu aluno.
Podemos ficar juntos."
“Scot, eu não te liguei de volta porque não sabia o que deveria fazer. Mas então eu pesquisei.
Estudos dizem que quando figuras autoritárias têm relações sexuais com seus alunos abaixo de uma
certa idade, isso tem um efeito duradouro na capacidade dos alunos de confiar nos outros.”
“Mas eu tenho dezoito anos, Sr. Reed. Você não precisa se preocupar com isso. Eu confio em
você.”
"E estou retribuindo a sua confiança sendo o adulto."
“Mas Sr. Reed, eu te amo,” implorou Scot, à beira das lágrimas.
“E eu também te amo. E o fato de eu te dizer que nada pode acontecer entre nós, por mais que eu
queira, é como você pode saber que eu te amo. Scot, eu te amo muito.”
“Senhor Reed, eu preciso de você.”
Scot não havia planejado dizer isso. Ele nem sabia o que significava. Ele só sabia que era verdade.
“Não, você não precisa”, respondeu o Sr. Reed com simpatia.
“Eu preciso. Eu preciso de você. Ninguém jamais me entenderá como você faz. Eu nunca
conseguirei dizer a ninguém as coisas que te contei. Eu não posso mostrar a ninguém quem eu sou.
Eu simplesmente não consigo. Sr. Reed, eu não posso viver sem você”, disse Scot, já não
conseguindo conter as lágrimas.
“Está tudo bem você pensar assim, mas você vai superar. E algum dia você vai encontrar alguém de
sua idade e você vai amá-lo e ele vai te amar. Você vai ser feliz. E você, Scot Townson, vai ser uma
enorme estrela.
“Então um dia, quando os fãs estiverem gritando por você e você tiver tudo o que sempre quis, você
vai olhar para o que estou te dizendo agora e saber que sempre foi amado. Não em palavras, mas em
atos. Eu te amo, Scot. Eu te amo muito. Nunca se esqueça disso.”
Scot reconheceu a resolução na voz de seu professor. Sua resposta foi firme. Não havia nada que
Scot pudesse dizer para mudar sua opinião. Seu coração estava se partindo.
Scot não queria que seu professor soltasse sua mão. Por mais que doesse, ele não queria que aquele
momento terminasse. Ele queria se agarrar ao seu mentor para sempre. Scot estava certo de que não
precisava de qualquer sucesso que o Sr. Reed descreveu. A única coisa que ele precisava era do
homem que amava.
Enxugando as lágrimas do rosto, Scot finalmente encontrou a força para falar. “Senhor Reed?”
“Sim, Scot?”
“Você acha que pode me dar um abraço? Isso seria aceitável?”
“Sim, Scot. Eu gostaria muito disso.”
Scot soltou a mão de seu professor e se levantou. Quando seu professor estava de pé na frente dele,
Scot envolveu o homem que amava em seus braços. Por muito tempo ele apertou seus corpos
juntos.
Ele queria se lembrar de cada ângulo e sensação. Scot passou a mão pelas costas do Sr. Reed,
memorizando suas curvas e contornos. Ele queria segurar aquele momento em sua mente pelo
tempo que vivesse.
Ele sabia que nunca mais seria o mesmo depois que o Sr. Reed saísse de sua vida. Mas, mais do que
isso, Scot se perguntava se algum dia teria a coragem de se abrir assim novamente. O coração de
Scot afundou ao considerar o que se sentiria a solidão por uma vida inteira. Sacudindo esse
pensamento de sua mente, ele apertou mais forte e se perdeu no aroma intoxicante do belo homem.
Quando Drue recebeu a notícia de que seu melhor amigo havia morrido durante a cirurgia, ele ficou
inconsolável. Enquanto Drue chorava, seu corpo se contorcia violentamente. Ele foi informado pelo
psicólogo da escola depois de ser retirado da aula. O conselheiro não entendeu a enxurrada de
emoções cruas de Drue até que percebeu a verdadeira natureza do relacionamento deles.
Drue não havia apenas perdido um amigo, ele havia perdido um amante. A mente jovem de Drue
era um caos de sentimentos. Isso era algo que Drue teria que enfrentar. Era algo com o qual ele teria
que aprender a lidar. Observando o menino devastado sentado à sua frente, o conselheiro ofereceu
suas condolências.
O vazio eterno que Drue sentia realmente se intensificou enquanto ele estava deitado na cama aquela
noite, pensando na última vez em que ele e Will estiveram juntos. Ele pensava no que os dois tinham
feito. Questionava-se se havia sido um erro permitir que seu amigo morresse virgem. Ele começou a
lamentar tanto a sua decisão.
Os sentimentos sexuais que ele tinha por Will eram intensos. Ele sempre os tinha. Deitado no
escuro e sabendo que Will se foi, ele agora podia admitir isso a si mesmo. Foi a última noite deles
juntos que provou isso para ele.
Doeu em Drue considerar o que poderiam ter sido um para o outro se Will tivesse sobrevivido.
Além disso, destruiu Drue pensar no que seus sentimentos por Will significavam. O que esses
sentimentos faziam dele? O prazer que sentiu com Will significava que ele gostava de meninos?
Com a morte de Will ocorrendo logo antes dos exames, Drue recebeu uma dispensa na formatura.
Drue então passou o resto do verão tentando lidar com sua perda. Seu melhor amigo se foi. Ele não
podia acreditar. O garoto que despertara algo assustador dentro dele o deixou sozinho para lidar
com isso.
Drue sentia falta do sentimento de Will em seus braços. Drue ansiava pela sensação de segurar seu
pênis. Drue se perguntava como seria se ele tivesse dito sim quando seu melhor amigo sugeriu sexo.
Drue imaginava como seria quando Will empurrasse seu pênis enorme dentro dele.
Todas as manhãs durante o verão, Drue acordava com um turbilhão de pensamentos divergentes.
Seus sentimentos por Will, seu desejo de gostar apenas de meninas, ele não conseguia se reorganizar.
Ele pensou em tirar um ano sabático antes de começar a faculdade. Seus pais recusaram. Em vez
disso, Drue fez o seu melhor para se recompor. Arrumando suas malas para a escola, ele lentamente
começou a desviar sua atenção para a próxima etapa de sua vida.
No dia em que Drue chegou ao campus da Beloit College, as coisas começaram a melhorar. Havia
muitos veteranos amigáveis por perto e mais de um se ofereceu para ajudá-lo a se estabelecer em seu
quarto. Drue conheceu seu colega de quarto, que se tornou um cara legal, e durante o almoço, ele
fez amizade com duas garotas.
Drue tinha que admitir que, apesar de como o ensino médio terminou, a faculdade começava com
promessa. Uma coisa que Drue não conseguia superar, no entanto, era a saudade inexplicável que
sentia em seu coração. Havia um enorme vazio nele deixado por seu amigo e a agonia disso o
deixava sentindo-se apenas meio vivo.
Ele precisava de algo. Ele precisava de alguém. Ele tinha certeza de que, se não preenchesse o
abismo em breve, como seu melhor amigo, ele estava prestes a morrer.
Scot chegou ao campus se sentindo incompleto. Ele sentia como se uma parte dele tivesse sido
arrancada. Ele não estava sobre o homem que amou por tanto tempo e sua ausência deixou um
buraco em seu coração que ele tinha certeza que nunca poderia ser preenchido. Quem poderia
preencher a lacuna em sua vida deixada por alguém tão magnífico como seu mentor? Como ele
poderia se abrir para alguém como fez com o Sr. Reed?
Com sua família ausente e seu vazio o dominando, Scot decidiu sair de seu quarto. Havia uma sala
de jogos no campus e, sem ter para onde ir, ele foi para lá.
Encontrando a sala vazia, ele se aproximou da mesa de bilhar. Arrumando as bolas, ele deu uma
tacada. Foi uma tacada limpa. Admirando seu trabalho, ele ouviu o barulho da maçaneta da porta.
Algo no som da maçaneta da porta fez seu coração se contrair. Não havia razão para isso. Mas ele
sentiu algo. De repente, seu corpo estava reagindo como se tudo em sua vida estivesse prestes a
mudar.
Ao ouvir a porta rangendo, Scot não sabia o que fazer. Ele foi atingido por uma onda de pânico.
Encarando a porta, Scot não conseguia respirar.
Sem nada mais a fazer no fim de seu primeiro dia, Drue e as garotas decidiram conferir a sala de
jogos da faculdade. Todo o caminho até lá, Drue teve uma sensação estranha. Era como se ele
estivesse se dirigindo para algo avassalador. Ele engoliu em seco enquanto tentava descobrir o que
estava acontecendo, mas não conseguia.
Quando finalmente estava de pé diante da porta fechada da sala de jogos, ele estava tremendo. Ao
estender a mão para a maçaneta, ele congelou.
“O que há de errado?” uma das garotas perguntou a ele.
“Nada,” ele disse, confuso.
Isso não era verdade. Ele sentiu seu coração acelerar. Era como se houvesse algo atrás da porta que
mudaria para sempre a sua vida.
Drue empurrou a maçaneta para entrar. Seu fôlego se suspendeu. Seus joelhos tremiam. Seu corpo
parecia estar em chamas. E, a partir daquele momento, a vida de Drue nunca mais seria a mesma.
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