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DO DOCUMENTÁRIO
BRASILEIRO
Índice
03 / Diferentes olhares: rotas da representatividade no documentário nacional
05 / Conclusão
06 / Sobre a AIC
Desafios e perspectivas
econômicas do documentário
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Desafios e perspectivas econômicas do documentário
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Desafios e perspectivas econômicas do documentário
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Desafios e perspectivas econômicas do documentário
A consolidação do streaming no Brasil e no mundo tem aberto portas para 34% do 19% do 16% do
catálogo catálogo catálogo
produções documentais, sendo um campo interessante de oportunidades
para quem deseja retratar histórias sobre a realidade que o cerca.
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Desafios e perspectivas econômicas do documentário
Tal aumento de demanda aquece o mercado brasileiro, vide os investimentos a Associação Brasileira das Emissoras Públicas, Educativas e Culturais
crescentes em produções locais – tanto os conduzidos pelas próprias redes (ABEPEC), que visava incentivar a produção documental brasileira e a
de streaming, como a partir da compra de conteúdo de produtores externos. criação de pontes entre produtores independentes e emissoras públicas.
Após quatro edições do DOCTV, por exemplo, foram inscritos 3 mil projetos
No comparativo com as outras linhas de produção fílmica, o documentário documentais, que resultaram em 170 documentários produzidos. O programa
se encaixa como um segmento mais independente e dada a sua importância também realizou 44 oficinas de formatação de projetos, que contaram com
para a compreensão da cultura e dos caminhos históricos do país, mais ainda mais de 1300 participantes.
que outros gêneros, o documentário tem no incentivo público e privado, um
espaço essencial para o seu desenvolvimento. O programa foi um marco nacional do fomento público à produção
documental nos anos de 2010 e, posteriormente, o DOCTV foi expandido
Sobre esse ponto, é válido destacar o lançamento, em 2003, do Programa de para toda a América Latina, reunindo atores culturais como TVs, órgãos
Fomento à Produção e Teledifusão do Documentário Brasileiro (DOCTV) — públicos, fundações e conselhos responsáveis pelo gerenciamento da
uma iniciativa do Ministério da Cultura, em parceria com indústria audiovisual de não-ficção na região.
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Desafios e perspectivas econômicas do documentário
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Documentário brasileiro:
contexto histórico
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Documentário brasileiro: contexto histórico
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Documentário brasileiro: contexto histórico
anos 60
Mas foi na década de 60, com a difusão das ideias do Cinema Novo
e do Cinema Verdade, que o documentário brasileiro ganha uma
identidade reconhecida nacional e internacionalmente, a partir da
exposição de mazelas e problemáticas sociais do país, bem como,
da difusão de diferentes perspectivas de construção fílmica, como o
uso de vozes em off “condutoras do espectador”, como no clássico
A Opinião Pública (1967), de Arnaldo Jabor; em conduções mais
subjetivas, como nos filmes Lavra-dor (1968), de Paulo Rufino ou
Indústria (1969), de Ana Carolina Teixeira; ou em documentários de
múltiplas perspectivas, como no curta-documental, A Entrevista (1966),
de Helena Solberg.
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Documentário brasileiro: contexto histórico
• Notícias de uma Guerra Particular (1999), de Kátia Lund • Um Passaporte Húngaro (2003), de Sandra Kogut.
e João Moreira Salles.
• Ônibus 174 (2002), de José Padilha.
• A negação do Brasil (2000) – filme de Joel Zito Araújo, um dos
principais documentaristas negros do país e que veio a influenciar • Justiça (2004) e Morro dos Prazeres (2013) de Maria Augusta Ramos.
toda uma série de novos cineastas a partir de suas obras.
• A Alma do Osso (2004), de Cao Guimarães – outro cineasta de obra
• Diferentes trabalhos de Kiko Goifman, como Sexo e Claustro (2005), influente e com papel determinante no documentário nacional.
FilmeFobia (2008) e Periscópio (2013).
• O premiado Elena (2012), de Petra Costa.
• Casa Grande e Senzala (2000), série de Nelson Pereira dos Santos.
• E diferentes obras de Carlos Nader, único diretor a ganhar
• Edifício Master (2002), de Eduardo Coutinho. duas vezes o Prêmio É Tudo Verdade e autor de filmes como
Homem Comum (2015).
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Documentário brasileiro: contexto histórico
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Diferentes olhares:
rotas da representatividade
no documentário nacional
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Diferentes olhares: rotas da representatividade no documentário nacional
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Diferentes olhares: rotas da representatividade no documentário nacional
Nesse sentido, foi possível observar, por exemplo, que o trabalho de O próprio O Caso Homem Errado, que retrata o assassinado de um operário
documentaristas mulheres têm um importante papel no desenvolvimento negro pela polícia no Rio Grande do Sul, está disponível na GloboPlay. Outros
do gênero documental no país a partir do trabalho de cineastas como Ana exemplos nesse sentido, dentre muitos outros, são as produções: Mulheres
Carolina Teixeira, Helena Solberg, Sandra Kogut, bem como do trabalho Negras: Projetos de Mundo (2016), dirigido por Day Rodrigues e disponível no
mais recente de diretoras como Petra Costa, Camila de Morais – que dirigiu Spcine Play; Transversais (2022), dirigido por Emerson Maranhão e disponível
O Caso do Homem Errado (2018) –, Susanna Lira (dentre outros, tem na Netflix; Kbela (2015), Yasmin Thayná e disponível no YouTube; Meu Corpo
como destaque Torre das Donzelas, de 2018) e Eliana Caffé (Era o Hotel é Político (2017), de Alice Riff e disponível na GloboPlay e Bixa Travesty (2017),
Cambridge, de 2016). de Kiko Goifman e Claudia Priscilla, disponível na GloboPlay.
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Diferentes olhares: rotas da representatividade no documentário nacional
Vale frisar que um dos esforços principais para a produção fílmica de povos
originários veio a partir de iniciativas como o projeto Vídeo nas Aldeias (VNA)
que, surgido em 1986 por iniciativa da ONG Centro de Trabalho Indigenista
fundada por Vincent Carelli, tem como principal objetivo colher registros
documentais do cotidiano de tribos brasileiras.
Divino Tserewahú
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Entrevista: Julio Wainer
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Entrevista: Julio Wainer
Os documentaristas sempre foram uma categoria muito preocupada com as questões sociais, políticas e na medida que os canais de
expressão se fecharam, em 1964, o documentário e o cinema em geral viraram um polo de resistência. Naquele momento os cineastas se
usaram das ferramentas cinematográficas onde, inclusive, a questão de documentário ou ficção não era relevante: em última instância eram
filmes, vídeos, ferramentas de comunicação. Vinham (assim como o Vídeo Independente e o Vídeo Popular) de uma tradição latina, que valoriza
a criatividade, muito diferente da tradição anglo-saxã, que alimenta os rigores do que é ou não lícito na ética do documentário. A instauração do
campo exclusivo do documentário junto ao público veio com os filmes e as discussões propostos por Eduardo Coutinho a partir dos anos 1990.
A tradição do engajamento nas questões sociais foi dando espaço ao interesse por personagens em sua singularidade. Um filme que é um
marco para mim nesse sentido é o “Ônibus 174” (José Padilha, 2002). O documentário mergulha no perfil e na história do personagem Sandro,
recusando a categoria genérica “meninos de rua” (que anos antes apresentaria filmes generalizantes sobre “camponeses do semi-árido”,
“operários do ABC” ou “mulheres oprimidas”).
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Entrevista: Julio Wainer
Há um autor que eu uso muito que é o Bill Nichols em aula e que fala sobre os “modos” do documentário. O “modo” mais recente
descrito por Nichols é o Performático, quando a pessoa fala primeiro de si e de sua experiência, para depois extrapolar e traçar
suas percepções sobre o mundo. O filme “existe”, nesse sentido, a partir do momento que a gente conhece o autor, identificando
o ponto de vista. O João Moreira Salles vai nessa linha em “Santiago”, ele se expõe de maneira muito corajosa. A Petra tem o Elena
que também tem esse lugar, que identifica o lugar de fala dela para falar da irmã que morreu. No filme “Democracia em Vertigem”
ela conta que é filha de pais revolucionários e avós conservadores, então ela se coloca como esse híbrido estranho, de figura
deslocada. Esses filmes vêm do movimento importante de identificação do próprio lugar de fala.
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Entrevista: Julio Wainer
Eu costumo dizer que cada vez há uma identificação entre documentário e ficção. Aquela categoria de festival “documentário” ou “ficção” é
uma questão menor, ambos são “filmes” antes de tudo. A discussão contemporânea é: qual a diferença do documentário para o jornalismo?
Pra mim são duas propostas de representação da verdade, e de certa forma opostas. O Jornalismo acredita em uma verdade e o jornalista é
aquela pessoa que, a partir de seus códigos e procedimentos, consegue ter acesso a essa “uma verdade”. O documentarista não acredita em
“uma verdade”, e sim em versões do real. A sua, a minha, a do personagem, essas versões da verdade. Uma das maneiras de você acessar essa
verdade é entender como o filme foi feito, em especial os ruídos da comunicação. Você mencionou uma cena de Cabra Marcado para Morrer em
que o Coutinho interrompe o entrevistado, pede pra retomar e o cara travou, aí ele assume um discurso religioso de negação da militância dele
de 20 anos antes. É na hesitação do documentarista, no seu erro ou na sua fragilidade (no caso de Santiago) que você pode acessar um resvalo
do momento de verdade. O documentário, acredito, é um produto para poucas pessoas. Um documentário muito bem-sucedido vai ter muito
menos espectadores que o telejornal de menor audiência da TV aberta. E sendo para poucos, tem o privilégio de mostrar a complexidade da
vida e celebrar essa complexidade.
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Entrevista: Julio Wainer
O streaming virou a grande oportunidade contemporânea. Você acaba sendo visto em todo o mundo, como não seria de outra maneira.
Os editais andaram congelados, o governo que se encerra não tinha interesse no setor. Mas não é apenas uma questão de verba. Quem quer
fazer filmes vai fazer como pode, sempre foi assim. Hoje, além do streaming, vale frisar que a tecnologia é também mais acessível. Uma forma
de pensar é: quais filmes estão para serem feitos? Nas minhas aulas procuro mostrar os filmes como frutos das ferramentas de representação
da época com o momento social e político. Eu já comentei que as pessoas estão perplexas no momento político atual. E em relação às
ferramentas, de que maneira têm sido usados os novos canais e tecnologias? Como os drones têm sido usados? As GoPro? As plataformas
de comunicação? Os celulares? Tudo isso pode ser usado a favor do documentarista, fiel à sua época e aos seus lugares. Além disso, temos
a responsabilidade de usar e refletir sobre esse imenso manancial de imagens e sons que estão sendo produzidos e mediados, armazenados.
Precisamos valorizar os arquivos. Se o documentarista é um profissional que resgata a memória e propõem sugestões para a sociedade, temos
que usar arquivos como matéria-prima para entender os processos que estamos atravessando.
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Conclusão
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Conclusão
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Sobre a AIC
A Academia Internacional
de Cinema (AIC)
É uma escola de cinema, com sede em São Paulo. É reconhecida pela
excelência, demonstrada pelos mais de 3500 filmes produzidos por seus
alunos ao longo de mais de 18 anos de existência. A escola oferece cursos
livres, de férias, online, semestrais e de formação profissional em várias
áreas do audiovisual.
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