Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
net/publication/280133597
CITATIONS READS
0 1,049
1 author:
SEE PROFILE
Some of the authors of this publication are also working on these related projects:
All content following this page was uploaded by Júlio César Riccó Plácido da Silva on 19 July 2015.
1 – Introdução
A configuração do cinema brasileiro nos dias atuais, vem sendo construída em uma
relação sistemática da política x novas tecnologias, que gerou a possibilidade do cinema
brasileiro existir no circuito cinematográfico internacional.
Mesmo com os avanços tecnológicos por muito tempo o único cartão de visitas
internacional do cinema brasileiro foi um faroeste produzido pela Vera Cruz, mesmo que
marcadamente influenciado por John Ford e Akira Kurosawa, Lima Barreto conseguiu
realizar um esquema narrativo moldado no western Americano.
2 - Revisão Bibliográfica
Com esta ação política dos Estados Unidos a Belle Époque terminou principalmente
por conta desta ação que se tornou altamente rentável a um grupo pequeno de pessoas.
A partir do declínio da Belle Époque nos anos de 1912 a 1932 surgiu grandes
manifestações restritas aos limites geográficos de cada região, fato por serem uma produção
de iniciativas pessoais, de aventureiros ou apaixonados por cinema, esse período foi
nomeado segundo Giannasi (2007) por ciclos regionais.
Nesse período limitaram-se a produção de filmes curtos, que poderiam ser cine
jornais, clipes musicais, festas familiares, inaugurações, enfim todo um apanhado que torna-
se rentável ao produtor.
Esse ciclo que começou por iniciativas pessoais, mal conseguiu ir além de suas
fronteiras geográficas. Sem estabilidade financeira que propiciasse o estabelecimento de
uma industria, mas acabou sendo soterrados pelo cinema sonoro industrial norte-americano.
Este ciclo teve inicio na década de 30, e deixa de ser um cinema silencioso, fazendo
com que o custo de produção fique mais encarecida. Com tal avanço tecnológico e o
encarecimento do custo de produção só algumas empresas sobreviveram a esse novo
modelo de produção como a Cinédia e a Brasil Vita, que seguia os moldes do modelo
Americano.
Fonte: http://www.milenio.com.br/ogersepol/principal/brasil/Imagem2.jpg
Fonte: http://www.cinemabrasileiro.net/images/vera_cruz_estudio_de_filmagem.jpg
Como os investimentos da Vera Cruz nos orçamentos para produção de filmes era
de qualidade comparada com as produções estrangeiras, com isso a companhia foi se
endividando o que levou a companhia ao desmoronamento, pois não foi arquitetado um
planejamento da circulação e distribuição de seus filmes (BERNARDET, 2004).
Entre 1936 a 1966, o INCE ( Instituto Nacional de Cinema Educativo) sob o comando
do cineasta Humberto Mauro que foi responsável pela realização de 357 filmes.
No ano de 1976 o INC é extinto e suas atribuições passam para a Embrafilme que
também comanda a política do cinema educacional até sua extinção. A partir de 1990, a
produção de filmes e programas educacionais passa a ser produzidas pela Fundação
Roquette Pinto (Rede das TV`s educativas criada durante o período militar) e atualmente se
resume ao atual Projeto Escola.
Filmes criados nesse ciclo ganharam diversos prêmios, mas com grandes
dificuldades tanto em sua distribuição como para a exibição, pelo fato de serem produzidos
pelos próprios cineastas ou em associações e com recursos próprios, ou contribuição dentre
a equipe ou em empréstimos de forma aventureira.
Críticos da época consideravam que o publico não estava preparado para se ver nas
telas de forma tão árida ou hermética. Mas mesmo assim os cineastas do cinema novo,
destacavam-se com a intermediação do INC que apoiou as duas vertentes da época (tanto a
expressão cultural e artística como a produção em escala industrial).
Mais uma vez no final da década de 60 o cinema passa por mais uma transformação
tecnológica que encarece novamente a produção de qualquer filme, devido ao constante uso
do cinema colorido e tornando a câmera mais pesada, colocou-se o enceramento do ciclo do
cinema novo junto com a extinção do INC, pois com o surgimento de projetos encabeçados
pela Embrafilme que a partir de 1969 evidenciou grandes mudanças na produção
cinematográfica.
Assim nasceu um novo projeto político com o objetivo de controlar todas as etapas
da realização cinematográfica. Em 1975, é lançado, pelo governo, a PNC (Política Nacional
da Cultura) atendendo a reivindicações feitas durante o I Congresso da Industria
Cinematográfica em 1972.
Com a parada quase que total da produção de filmes sendo que de 1991 a 1993,
nenhum longa brasileiro de ficção foi produzido, só três títulos que ainda estavam inéditos
foram lançados em 1992 no mercado exibidor (ALMEIDA & BUTCHER, 2003).
Seguindo linhas totalmente contraria ao Cinema Novo, que neste momento buscava
dialogar com os órgãos estatais para continuar produzindo diante das dificuldades
tecnológicas e mercadológicas.
Devido ao contexto geral o ciclo não teve fôlego e durou apenas três anos.
Esse ciclo importante que ocorreu nos anos de 75 a 80, concentrou-se na cidade de
São Paulo, e que teve vários trunfos a seu favor, por se localizar perto de escritórios de
distribuidores e exibidores na região onde teve seu inicio.
Almeida & Butcher (2003) acrescentam que com a nova filosofia do mercado
brasileiro traz um impacto de imediato em altos níveis de desemprego e um crescente
empobrecimento da classe media brasileira, provocando o fechamento de 1/3 das salas de
cinema no período de 1990 a 1995.
Para que o cinema retomasse a ser algo rentável, a industria brasileira através da
livre iniciativa privada tornou-se inviável para um cinema que foi fortemente subsidiado
durante os últimos vinte anos.
Essa nova política é vigente até os dias atuais e baseia-se na renuncia fiscal.
3 – O Filme O cangaceiro
O cangaceiro é o filme mais famoso da Vera Cruz e ganhador do prêmio de melhor
filme de aventura e menção honrosa pela trilha sonora no Festival de Cannes em 1953
analisado anteriormente.
Foi um projeto apresentado para Franco Zapari e que não foi aceito inicialmente,
mas depois de muitas negociações ele foi aprovado e custou cerca de 19 milhões na época
e depois foi vendido para Columbia Pictures.
Ainda temos nos anos noventa uma retomada desse gênero nos fimes O Cangaceiro
de Aníbal Massaini Neto (remake do filme homônimo de 1953), Corisco e Dadá de
Rosemberg Cariry e Baile Perfumado de Paulo Caldas e Lírio Ferreira.
Fonte: http://www.milenio.com.br/ogersepol/principal/brasil/Imagem41.jpg
Essa afinidade com o western e a temática nacional e assim pode-se dizer que é um
típico northeastern, devido ao fato do western ser construído em um universo totalmente
polarizado onde existem forças de permanência e forças do progresso que são responsáveis
pela imposição e estabilização de uma ordem.
Fonte: http://orbita.starmedia.com/cinema_net/Cangaceiro.jpg
Fonte: http://www.filmreference.com/images/sjff_01_img0089.jpg
Fonte: http://parceiros.cineclick.com.br/noticias/img_noticias/img_news3_23052008ocangaceiro.jpg
Fonte: http://revistaquem.globo.com/Revista/Quem/foto/0,,14271292,00.jpg
Há uma oposição nítida entre moral e imoral, amor altruísta e amor possessivo,
educado e selvagem, ordem e desordem. O duelo cristaliza o embate de forças que o filme
trata de assumir como princípio essencial de sua composição.
A montagem paralela sublinha oposição das duas agonias: Galdino exibe os dedos
cheios de anéis, cujo brilho comenta ironicamente um fim resultante da vaidade e ambição
sem limites, Teodoro agarra um punhado de terra para declamar seu amor pelo sertão, seu
corpo funde-se à terra e desaparece. Voltamos ao tableau elegíaco da abertura. O
cangaceiro transforma-se em arquétipo, isto é, a face adulterada do sertanejo de boa índole.
Fonte: http://filmescopio.50webs.com/fotos/lbarreto.jpg
Começou no cinema como assistente de Del Picchia, depois emprestou uma câmera
e começou a fazer algumas gravações e a descobrir o mundo do cinema.
Sua primeira tentativa de filme com o nome “Como se faz um jornal”, para o Estado
de S. Paulo. Nos anos 40, fez fotografias de reportagem, foi redator da Rádio Tupi e trabalho
para o DEIP ( Departamento Estadual de Imprensa e Propaganda) de São Paulo, realizando
cine jornais e documentários, "Fazenda Velha" (1944). "Seu Bilhete, por Favor" e "A Carta de
46" - ambos de 1946 e "Caçador de Bromélias" (1946), feito para o Serviço Nacional da
Malária.
Em setembro de 1951 e anunciado que a realização do filme foi aprovada, mas sua
produção só se iniciaria no ano seguinte. Lima Barreto visita a Bahia, pesquisando o
cangaço, mas as locações são realizadas em Vargem Grande do Sul, no interior de São
Paulo.
A filmagem é lenta e se arrasta por nove meses, e é de longe a mais cara que o
cinema brasileiro conheceu até então. Finalmente concluído no final do ano, o filme é
lançado em janeiro de 1953, encabeçando um circuito de 24 salas em São Paulo, e pouco
mais tarde em circuito nacional.
Fonte: http://filmescopio.50webs.com/fotos/lbarreto.jpg
E ainda o melhor filme do Festival de Edimburgo. Era a consagração - para Lima
Barreto e para a Vera Cruz, que, no entanto, chegava muito tarde para a produtora: afogada
em dívidas. Meses depois a Vera Cruz vende os direitos do filme à Columbia Pictures, que o
distribuiu durante anos por todo o mercado internacional, com enormes rendimentos.
Em junho de 1954, já nos estertores, a Vera Cruz produz "São Paulo em Festa",
documentário de longa metragem sobre os festejos do IV Centenário de São Paulo, dirigido
por Lima Barreto. É o último filme da companhia e será o único longa metragem do diretor
nos próximos seis anos.
Falida a Vera Cruz, Lima Barreto realiza três documentários: "Arte Cabocla" (1955),
premiado com um Saci, "O Livro" (1957) e "O Café" (1959); o último e eventuais outros que
não deixaram rastros são filmes institucionais de encomenda.
Inicia uma coluna para o jornal O Dia, escreve contos, novelas, argumentos e
roteiros, ensaia uma história do cinema em São Paulo - e continua procurando produção
para "O Sertanejo".
No final dos anos 60, dois de seus roteiros - "Inocência" e "Um Certo Capitão
Rodrigo" recebem o prêmio do Instituto Nacional do Livro de melhor adaptação
cinematográfica de obra literária, respectivamente em 1968 e 1969. Oito anos depois, pobre
e doente, morando numa casa de cômodos semi destruída na Bela Vista, Lima Barreto ainda
tinha forças para mais uma vez anunciar a filmagem de "Inocência". Embora não por ele,
"Quelé do Pajeú" e "Inocência" foram afinal filmados, o primeiro por Anselmo Duarte e o
segundo por Walter Lima Jr.
5 - Considerações Finais
O cinema tem um papel muito significativo na cultura mundial, mas necessita de uma
atualização constante e necessária para todos os profissionais que trabalham nesse meio,
assim o estudo tanto da história do cinema brasileiro como de cineastas como Lima Barreto
são de supra importância.
O filme de Lima Barreto fica inexplicável segundo Rocha (2003) o fato do cinema
brasileiro chegar á temática do cangaço apenas em 1953, quando a literatura, através de
diversos autores, já formavam um ciclo sobre o cangaceiro, personagem indispensável no
romanceiro popular do Nordeste, e que criou um drama de aventuras convencional e
psicologicamente primário, ilustrado pelas místicas figuras de chapéus de couro, estrelas de
prata e crueldade cômicas.
6 - Referências Bibliográficas
ALMEIDA, P. S.; BUTCHER, P. Cinema: desenvolvimento e mercado. Rio de Janeiro:
Aeroplano, 2003.
ROCHA, G. Revisão Crítica do Cinema Brasileiro. São Paulo: Cosac & Naify, 2003.