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Cinema Brasileiro: conheça a

história, curiosidades e premiações

Central do Brasil, Walter Salles, 1998 | Fonte: https://bit.ly/2koK2Ut


Introdução.............................................................................................. 3
O surgimento do cinema no Brasil.................................................5
Movimento Cinema Novo — um marco nacional...................... 7
Principais filmes e premiações do cinema nacional...............10
Conclusão............................................................................................. 16
Sobre a AIC........................................................................................... 17
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Introdução

Da simples reprodução de imagens em movimento a produções milionárias; de


Paris, com os irmãos Lumière, aos blockbusters hollywoodianos. O cinema é
hoje a sétima arte, responsável por grandes sucessos da nossa cultura pop.

O Pagador de Promessas, Anselmo Duarte, 1962 | Fonte: https://bit.ly/2kIldTJ

Produções mundias arrastam multidões às salas de cinema para se


emocionarem com dramas, rirem com comédias ou fantasiarem com filmes de
super-heróis. Mas e o Brasil nesse contexto?
INTRODUÇÃO 4

Todo mundo já ouviu falar de Central do Brasil (1999), filme que levou Fernanda
Montenegro aos tapetes vermelhos do Oscar. Mas quais outras obras merecem
menções honrosas? Quais movimentos do cinema nacional deixaram um
legado para as produções seguintes?

A arte imita a vida da mesma forma que a vida imita a arte e conhecer mais
sobre o cinema nacional é conhecer mais sobre a nossa própria história.
Com isso em mente, preparamos este material, que pode ser lido como uma
grande homenagem à sétima arte brasileira.

Aqui, você descobre quando e como aconteceu a primeira exibição cinematográfica


no país; conhece mais sobre o Cinema Novo, sua importância e seus principais
representantes; relembra as produções brasileiras com maior sucesso
internacional, as que tiveram maior bilheteria aqui mesmo no país e ainda ganha
uma lista com 6 grandes produções das duas últimas décadas. Confira!

Central do Brasil, Walter Salles, 1998 | Fonte: https://bit.ly/2mlQigd


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A Saída dos Operários da Fábrica Lumière, Irmãos Lumière, 1895 | Fonte: https://bit.ly/2mj096p

O surgimento do cinema no Brasil

O primeiro filme a ser assistido em solo brasileiro foi o “La Sortie de l’usine
Lumière à Lyon” (ou A Saída dos Operários da Fábrica Lumière). Essa é uma das
primeiras produções cinematográficas do mundo, produzida e distribuída pelos
irmãos Auguste Marie Louis Nicholas Lumière e Louis Jean Lumière. Trata-se
de um curta-metragem mudo e em preto e branco, com cerca de um minuto.
O SURGIMENTO DO CINEMA NO BRASIL 6

A exibição no Brasil foi feita em 1895, em uma sala do Jornal do Comércio,


em Petrópolis, no Rio de Janeiro. Como o custo dos ingressos era bastante
elevado, o evento ficou destinado à elite carioca. A primeira sala fixa de
cinema surge no ano seguinte, na então capital do país, sob os comandos do
italiano Paschoal Segretto.

É justamente o irmão de Paschoal, Affonso Segretto, quem inicia a produção


cinematográfica do Brasil. “Uma Vista da Baía Guanabara”, é considerado o
primeiro filme brasileiro. Nele, que também é um curta, o cineasta registra a
sua chegada pelo Oceano Atlântico.

Apesar de faltarem registros, acredita-se que o filme tenha sido exibido pela
primeira vez no dia 19 de junho de 1898. Atualmente, essa é a data em que se
comemora o Dia do Cinema Brasileiro. Em 1929, o Brasil assiste ao primeiro
filme com som, com a comédia “Acabaram-se os otários”, de Luiz de Barros.

Acabaram-se os otários”, Luiz de Barros, 1929 | Fonte: https://bit.ly/2lWi6HU


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Movimento Cinema Novo —


um marco nacional

Diversos filmes foram produzidos no Brasil entre as décadas de 1930 e 1960.


Em sua maioria, eles eram influenciados por Hollywood. É a partir do fim dos
anos 50 que isso começa a ser questionado e surge a necessidade de se fazer
um cinema novo e diferente, com mais cara de Brasil.

Características do Cinema Novo

O principal mote do Cinema Novo é definido por um de seus maiores


representantes, Glauber Rocha. Nas palavras do cineasta, ele precisava apenas
de “uma câmera na mão e uma ideia na cabeça”.

A busca por uma identidade cinematográfica brasileira é o cerne das


produções desse período. No geral, elas criticavam os dramalhões e as
chanchadas, geralmente imitações quase fiéis ao que era feito em Hollywood.

A falta de recursos era uma realidade das produções da época e o movimento não
buscava escondê-la, pelo contrário, se apropriou disso na construção da linguagem
cinematográfica. Assim, a produção brasileira também passa a mostrar os
grandes contrastes sociais do Brasil, retratando inclusive a miséria e a violência.

A “estética da fome” é outra expressão de Glauber Rocha para explicar o que ele
buscava levar às telas. Outra característica do período é a utilização de câmeras
mais leves, que trazem maior movimento e dinamismo às cenas, inclusive
às reportagens.
MOVIMENTO CINEMA NOVO — UM MARCO NACIONAL 8

Considerado subversivo, o Cinema Novo enfrentou o Golpe Militar em 1964,


viu seu principal representante ser enviado ao exílio e precisou se adaptar. Na
chamada Segunda Fase, o movimento acaba sendo desacreditado, uma vez que
era mais difícil usar a arte como instrumento político. É nesse momento que
o cinema ganha cores e filmes mais bem acabados tecnicamente substituem a
“estética da fome”.

A Terceira Fase do Cinema Novo é concomitante ao Tropicalismo e traz


influências do movimento, como elementos da fauna e flora brasileira e a
vontade de romper com uma “arte bem comportada”. O movimento é dissolvido
na década de 1970, com a criação da Embrafilme, que passou a produzir filmes
mais alinhados ao regime militar.

Deus e o Diabo na Terra do Sol, Glauber Rocha, 1964 | Fonte: https://bit.ly/2NB44XR
MOVIMENTO CINEMA NOVO — UM MARCO NACIONAL 9

Vidas Secas, Nelson Pereira dos Santos e Ruy Guerra, 1963 | Fonte: https://bit.ly/2kQFk1V

Principais representantes do Cinema Novo

Como já falamos, Glauber Rocha é um dos principais nomes do Cinema Novo


no Brasil. Ele é o responsável por clássicos como “Barravento” (1962), “Deus
e o Diabo na Terra do Sol” (1964) e “O Dragão da Maldade contra o Santo
Guerreiro” (1968), que chegou a vencer na categoria de Melhor Diretor no
Festival de Cannes.

Nelson Pereira dos Santos e Ruy Guerra são outros diretores de destaque do
movimento, com “Vidas Secas” (1963) e “Os Fuzis” (1964), respectivamente. “Cinco
Vezes Favela” (1962) traz cinco diferentes histórias, cada uma assinada por um
diretor e foi um dos primeiros filmes da época a alcançar projeção internacional.
Cacá Diegues dirige o terceiro episódio, “Escola de Samba, Alegria de Viver”, e é
um dos poucos diretores da época que segue em atividade até hoje.
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Principais filmes e premiações


do cinema nacional

Não é de hoje que o cinema nacional ganha destaque em festivais


internacionais de cinema ou arrasta multidões às exibições nacionais. Neste
tópico, você conhece as principais produções brasileiras, com destaque para os
indicados ao Oscar, os maiores sucessos de bilheteria e os mais aclamados pela
crítica nos últimos anos.

Indicações ao Oscar

O primeiro filme brasileiro indicado ao Oscar, foi o “O Pagador de


Promessas” (1962), de Anselmo Duarte, que concorreu na categoria Melhor
Filme Estrangeiro. Depois disso, o cinema nacional passa três décadas sem
indicações, para chegar três vezes à disputa nos anos 90. Os representantes
foram “O Quatrilho” (1996), “O Que É Isso, Companheiro?” (1998) e “Central do
Brasil” (1999).

Esse último filme, de Walter Salles, deixou sua marca no cinema nacional e
também internacional. A indicação à Melhor Filme Estrangeiro não foi a única
no Oscar daquele ano. Fernanda Montenegro perdeu o título de Melhor Atriz
para Gwyneth Paltrow, por sua atuação em “Shakespeare Apaixonado” (1998),
mas detém o título de primeira latino americana a concorrer na categoria.

“Cidade de Deus” (2002), por sua vez, lidera como produção com o maior
número de indicações. Foram quatro: Melhor Direção, Melhor Roteiro
Adaptado, Melhor Edição e Melhor Fotografia.
PRINCIPAIS FILMES E PREMIAÇÕES DO CINEMA NACIONAL 11

A indicação mais recente do cinema brasileiro ao Oscar foi também a nossa


primeira participação em uma categoria de animação. “O Menino e o Mundo”
(2014), de Alê Abreu, concorreu como Melhor Animação, mas foi desbancado por
“Divertida Mente” (2015), da Pixar.

Maiores bilheterias

Os dois maiores sucessos de bilheteria do Brasil são produções com temáticas


religiosas. “Nada a Perder” (2018) e “Os Dez Mandamentos” (2016) venderam mais
de 11 milhões de ingressos cada, apesar da polêmica de salas vazias na estreia.

“Tropa de Elite 2: O Inimigo Agora é Outro” (2010), de José Padilha, leva a medalha
de bronze, com um público que também ultrapassa as 11 milhões de pessoas.
Na sequência da lista, temos “Dona Flor e Seus Dois Maridos” (1976) e “Minha
Mãe é uma Peça 2” (2016), com 10 e 9 milhões de espectadores respectivamente.

Outros destaques de bilheteria são as produções infantis. Diversos filmes


dos Trapalhões bateram os 5 milhões de espectadores e o filme mais assistido
de 2019 é “A Turma da Mônica — Laços” (2019), que já conta com um público
superior a 2 milhões de pessoas.

A Turma da Mônica — Laços, Daniel Rezende, 2019 | Fonte: https://bit.ly/2moTIPr


PRINCIPAIS FILMES E PREMIAÇÕES DO CINEMA NACIONAL 12

Destaques recentes

2003, 2010 e 2013 foram respectivamente os melhores anos do cinema nacional,


tanto em volume de produção, quanto em retorno nas bilheterias — foram
127 longas só em 2013. As leis de incentivo cultural contribuem para esses
números, assim como a profissionalização do mercado. Como prestigiar o
nosso cinema nunca é demais, relembre (ou conheça) os maiores destaques das
duas últimas décadas.

“O Auto da Compadecida” (2000), de Guel Arraes

O filme é baseado na peça homônima de Ariano Suassuna, de 1955. A produção


audiovisual foi inicialmente uma série de televisão, posteriormente adaptada
ao cinema. A comédia mostra as aventuras de João Grilo e Chicó pelo Sertão da
Paraíba e foi a maior bilheteria nacional no ano de 2000. Ganhou as premiações
de Melhor Roteiro, Melhor Diretor, Melhor Lançamento e Melhor Ator (para
Matheus Nachtergaele) no Grande Prêmio Cinema Brasil.

“O Bicho de Sete Cabeças” (2000), de Laís Bodanzky

Outro sucesso dos anos 2000, o longa conta a história de Neto (Rodrigo
Santoro), internado em um hospital psiquiátrico após ser flagrado com um
cigarro de maconha por seu pai. Denso, o filme trata da relação entre pais e
filhos, do consumo de drogas e dos abusos de instituições clínicas.

Foi o longa mais premiado no Festival de Brasília e no Festival de Recife em


2000 e, em 2015, integrou a lista dos 100 Melhores Filmes Brasileiros de Todos
os Tempos feita pela Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema).
PRINCIPAIS FILMES E PREMIAÇÕES DO CINEMA NACIONAL 13

“Carandiru” (2003), de Hector Babenco

Superprodução, o filme é inspirado no livro “Estação Carandiru”, do médico


Drauzio Varella. Com mais uma memorável atuação de Rodrigo Santoro, o filme
venceu o Grande Prêmio Cinema Brasil nas categorias Melhor Direção e Melhor
Roteiro e chegou a ser indicado à Palma de Ouro, no Festival Internacional de
Cannes, também na categoria de direção. O longa também integra a lista da
Abraccine de 100 Melhores Filmes Brasileiros de Todos os Tempos.

Carandiru, Hector Babenco, 2003 | Fonte: https://bit.ly/2lUIMZJ


PRINCIPAIS FILMES E PREMIAÇÕES DO CINEMA NACIONAL 14

“Hoje eu Quero Voltar Sozinho” (2014), de Daniel Ribeiro

O longa de Daniel Ribeiro, que já deu aulas na Academia Internacional de


Cinema (AIC), é inspirado no curta-metragem “Eu Não Quero Voltar Sozinho”,
protagonizado pelos mesmos atores. O filme foi aclamado especialmente pela
forma delicada com que aborda dois temas ainda considerados tabus no Brasil:
a deficiência e a homossexualidade. Em 2014, o filme foi selecionado para
representar o Brasil no Oscar, mas não chegou a ser indicado como Melhor
Filme Estrangeiro na competição.

Hoje eu Quero Voltar Sozinho, Daniel Ribeiro, 2014 | Fonte: https://bit.ly/2koBRaB

“Que horas ela volta” (2015), de Anna Muylaert

O drama de Anna Muylaert levou às telonas uma realidade muito comum aos
grandes centros urbanos do país, especialmente do Sudeste brasileiro. Nele, vemos
a relação entre a empregada nordestina Val (Regina Casé) e seus patrões, até que
a chegada de sua filha a faz questionar a realidade em que vive.

O filme faturou 7 premiações no Grande Prêmio do Cinema Brasileiro e Regina


Casé levou o Prêmio Especial do Júri por sua atuação no Festival de Sundance.
O filme também foi a aposta do Ministério da Cultura no Oscar, mas também
não ficou entre os indicados.
PRINCIPAIS FILMES E PREMIAÇÕES DO CINEMA NACIONAL 15

“Bacurau” (2019), de Kleber Mendonça Filho

Bacurau é um faroeste brasileiro que se passa em uma cidade fictícia do


Nordeste e mistura fantasia e suspense. A história se passa em um futuro
próximo e mostra os mistérios que rondam uma comunidade que sumiu do
mapa. O longa já conquistou o Prêmio do Júri no Festival de Cannes, sendo
apenas o segundo filme brasileiro a vencer nessa categoria, depois de
“O Pagador de Promessas” (1962).

Bacurau, Kleber Mendonça Filho, 2019 | Fonte: https://bit.ly/2lTLHSh


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Conclusão

O cinema faz parte da cultura de um povo e não seria diferente no Brasil.


Por meio dele, é possível conhecer nossa história, visto que muitas vezes as
obras são reflexo de seu tempo. Isso fica bastante visível no Cinema Novo, mas
não deixa de ser uma realidade ainda hoje em dia — e filmes como “Bacurau”
(2019) e “Divino Amor” (2019) são exemplos disso.

Conhecer os títulos de maior bilheteria e os mais aclamados pela crítica


internacional ajuda a entender o recebimento dessas produções pelos públicos
internos e externos, algo muito importante para quem trabalha ou pretende
trabalhar com cinema.

Desenvolver grandes projetos, trabalhar em superproduções, bater recordes


de público e até mesmo chegar ao Oscar já não parecem sonhos assim tão
distantes não é mesmo? A gente espera que este texto mantenha-o inspirado e
motivado em seus próximos passos.

Divino Amor, Gabriel Mascaro, 2019 | Fonte: https://bit.ly/2mpDkhF


A Academia Internacional de Cinema (AIC) é uma escola
de cinema, com sedes em São Paulo e no Rio de Janeiro. É
reconhecida pela excelência, demonstrada pelos mais de
3200 filmes produzidos por seus alunos ao longo de 15 anos
de existência. A escola oferece cursos livres, de férias, online,
semestrais e de formação profissional em várias áreas
do audiovisual.

O curso principal é o Filmworks, um curso técnico em direção


cinematográfica com duração de 2 anos, que é reconhecido
pela Secretaria de Educação do Rio de Janeiro, assim como pela
Secretaria de Educação de São Paulo.

A metodologia combina teoria e prática, desenvolvendo nos


AIC alunos habilidades para atuar no mercado profissional de
audiovisual, com técnica e criatividade. O corpo docente é
formado por professores e cineastas reconhecidos. A escola
também abriga e realiza uma série de eventos e palestras,
proporcionando uma série de discussões sobre o audiovisual.

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