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Salvador 19 de Junho de 2023

O CINEMA BRASILEIRO EM FOCO

Hoje, eu Roque Araujo, vou Lembrar que o Cinema Brasileiro está


completando 125 Anos, tudo começou com a chegada de
Afonso Segreto no Brasil.

Em 19 de Junho de 1898, Afonso realizou a primeira filmagem nesta


terra.
Nascido em San Martino de Cileno, na Itália, Segreto foi o ES de Paris
primeiro cinegrafista e diretor de cinema do Brasil, para onde veio em
1897, trazendo vistas cinematográfica de seu Pais exibidas por seu
Irmão, Paschoal Segreto, no salão de novidades de seu pais, no rio de
Janeiro, a 19 de Junho de 1898, Regresso de uma viagem á Itália, onde
fora buscar equipamentos de filmagem e novas vistas,registrou as
primeiras Imagens do Brasil em movimento:Tomadas das Fortalezas e
de Navios de Guerra na Baía do Rio,feitas a bordo do navio francês
Brasil.
Em seu Segundo Registro cinematográfico, enfocou as comemorações
do terceiro aniversário de morte do Marechal Floriano Peixoto, a 29 de
junho do mesmo Ano,e o desembarque do Presidente Prudente de
Morais e sua comitiva no Arsenal da Marinha,seis dias depois, foi o tema
de sua terceira vista carioca.
Sempre para a Empresa Paschoal Segreto, colheu flagrantes históricos
políticos e

Paisagísticos da antiga capital do país até os primeiro anos do século


xx, onde teria ensinado os rudimentos da técnica cinematográfica a
diversos profissionais. Depois de uma temporada em são Paulo, à frente
de um ateliê fotográfico, retornou á Itália, onde Morreu quase
anonimamente.

O que eram as chanchadas?

As chanchadas foram um gênero de filme brasileiro que teve seu auge entre as
décadas de 1930 e 1950. Elas eram comédias musicais, misturadas com
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elementos de filmes policiais e de ficção científica. Esse tipo de humor, porém,


não pode ser considerada uma invenção brasileira, pois fitas assim também
eram comuns em países como Itália, Portugal, México, cuba e argentina.
Quando o gênero chegou por aqui, a crítica nacional o considerava um
espetáculo vulgar, por isso ele foi apelidado de chanchada – palavra de origem
controversa, mas que pode ter surgido na língua espanhola, significando
porcaria’’. A aversão dos críticos, no entanto, não prejudicou o sucesso de
bilheteria desses filmes.

“Com seu humor quase sempre ingênuo, às vezes malicioso e até picante, a
chanchada se impôs como um entretenimento de massa”, diz o jornalista Sérgio
augusto, autor do livro este mundo é um pandeiro – a chanchada de Getúlio a
JK. Para conquistar o público, as primeiras produções apresentavam grandes
astros do rádio, como Carmen Miranda e Francisco Alves. Mais tarde, a dupla
de comediantes Oscalito e Grande Otelo iria se tornar a sensação dessas fitas.
Apesar da influência do cinema americano, que volta e meia tinha filmes sendo
parodiados, as chanchadas costumavam ser essencialmente brasileiras,
tratando de problemas do cotidiano e fazendo humor com uma linguagem de
fácil compreensão.

Segundo o diretor Carlos Manga, um dos mais importantes do gênero, a


estrutura das histórias era dividida em quatro partes: mocinho e mocinha se
metem em apuros; cômico tenta protegê-los; vilão leva vantagem; vilão é
vencido. Mesmo com essa fórmula bastante simplista, o público lotou os
cinemas brasileiros para assistir as chanchadas até meados da década de 50.
O desenvolvimento da TV no país, o surgimento do cinema novo - outro estilo
de filme, mais politizado – e o desgaste natural do gênero fizeram com que as
chanchadas fossem perdendo espaço. Mas elas entraram para história ao
marcar um dos períodos mais produtivos do cinema nacional.

O CINEMA NOVO

“uma câmera na mão uma idéia na cabeça’’


Jovens frustrados com a falência das grandes companhias cinematográficas
paulistas como a
Vera cruz resolveram lutar por um cinema com mais realidade, mais conteúdo
e menor custo. Vai nascendo o cinema novo.

Tudo começa em1952,com o Primeiro Congresso Paulista de Cinema e o


Primeiro Congresso Nacional do Cinema Brasileiro.
Por meio desses Congressos, foram discutidas novas idéias para a produção
de filmes nacionais.
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Uma nova temática de obras já começa a ser abordada e concluída mais.


Adiante,por uma fase do cinema que se concretiza na década de 50.

Essa nova fase pôde ser bem refletida a partir do filme “Rio, 40 graus” (1955)
de Nelson Pereira dos Santos.
As propostas do neo-realismo italiano que Alex Viana vinha divulgando,foram
à inspiração do autor do filme
“Rio, 40 graus, era um filme popular, mostrava o povo ao povo, suas idéias
eram claras e sua linguagem simples dava visão do distrito federal.
Sentia-se pela primeira vez no cinema brasileiro o desprezo pela retórica. o
filme foi realizado com um orçamento mínimo e ambientado em cenários
naturais: o maracanã, o corcovado, as favelas, as praças da cidade, povoada
de malandros, soldadinhos, favelados, pivetes e deputados ’’. surgia o cinema
novo.

Empolgados com essa onda neo-realista e frustrada com a falência dos


grandes estúdios da Vera Cruz paulistas, cineastas do rio de janeiro e da
Bahia, resolveram elaborar novos ideais ao cinema brasileiro. Tais ideais,
agora, seriam totalmente contrários aos caríssimos filmes produzidos pela
vera cruz e a versos ás alienações culturais que as chanchadas refletiam.

O que esses jovens queriam era a produção de um cinema barato, feito com
’’uma câmera na mão e uma idéia na cabeça’’. Os filmes seriam voltados à
realidade brasileira e com uma linguagem adequada à situação social da
época. Os temas mais abordados estariam fortemente ligados ao
subdesenvolvimento do pais.

Outra característica dos filmes durante o cinema novo é que eles tinham
imagens com poucos movimentos, cenárias simplórios e falas mais longas do
que o habitual.
Muitos ainda eram rodados em preto e branco.

O cinema novo em sua primeira fase

“Na primeira fase desse movimento, os filmes começavam a abordar uma


temática voltada ao nordeste e a todos os problemas que a região abrigava”.
Estréiam filmes importantes com ” vida seca ’’ e ‘’deus e o diabo na terra do
sol’’.
O núcleo mais popular do cinema novo na época era composto por. Glauber
Rocha, Nelson Pereira dos Santos,Roberto Pires, Joaquim Pedro de Andrade,
Carlos Diegues, Paulo Cesar Sarassem, Leon Hirszman, David Neves, Ruy
Guerra e Luis Carlos Barreto.
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Ao redor dessas personalidades, o cinema novo foi composto por três


importantes fases.
A primeira delas, vai de1960 a 1964.
Nesse período os filmes voltados ao cotidiano e a mitologia do nordeste
brasileiro, com os trabalhadores rurais e as misérias da região era abordada
também a marginalização econômica, a fome a violência,o opressão e a
alienação religiosa.
Algumas das produções que melhor expressa essa fase são os filmes vidas
secas 1963, de Nelson Pereira dos Santos, os fuzis 1963, de Ruy
Guerra,“Deus e o Diabo na Terra do Sol” 1964, de Glauber Rocha.
“Vidas Secas” exibe a melhor performance da direção de Nelson Pereira dos
Santos.
a obra, uma adaptação do livro de Graciliano Ramos representou o Brasil no
festival de Cannes de 1964, onde dominou a temática do campo.
Já o filé de Glauber Rocha,“Deus e o Diabo na Terra do Sol”, de acordo com o
livro de Carlos Roberto de Souza, a fascinante aventura do cinema brasileiro,
era a “libertação completa da linguagem cinematográfica de seus entraves
coloniais Glauber Rocha dava expansão a que o próprio instinto vital da
cultura brasileira explodisse com liberdade na tela, entrando em choque
mortal com o cinema estrangeiro.

Também exibido em Cannes, embora sem ter alguma premiação, o filme de


Glauber Rocha foi considerado o auge do cinema novo e conseguiu, alem de
um bom publico, vario elogios, inclusive da critica francesa.
O cinema novo acaba, mas deixa grandes filmes na história.
A boa dose de realismo e a audácia precursores do movimento não resistem
por muito tempo à repressão da época.
Mas mesmo assim, as fases finais do cinema novo trouxe grande filmes,
como Macunaíma, estrelado pelo brilhante Grande Otelo.

A segunda fase do cinema brasileiro agora tem um novo propósito. Os


cineastas analisavam agora, os equívocos da política desenvolvimentista e
principalmente da ditadura militar.
os filmes também faziam reflexão sobre os novos rumos da história nacional.
Nessa fase, que vai de 1964 à 1968, obras características são: o desafio
(1965), de Paulo Cezar Saraceni, o bravo guerreiro (1968), de Gustavo Dahl,
terra em transe (1967), de Glauber Rocha.
“Terra em Transe” conquistou dois prêmios no festival de Cannes.
De acordo com depoimentos de Glauber Rocha, que aparecem na coleção
100 anos de república, o cineasta afirma que ele faz é contra `` a ditadura
estética e comercial do cinema americano, contra a mentalidade conservadora
dos critico se a favor do público, não paternalizando, ou seja pensando que
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uma mensagem mastigada vai mudar a consciência e acabar com a


alienação.
A terceira e ultima fase do cinema novo, que vai de 1968 a 1972 é, agora,
influenciada pelo tropicalismo.
O movimento levava suas atitudes às ultimas conseqüências e extravasou
por meio do exotismo brasileiro, com palmeiras, periquitos, colibris,
samambaias, índios, araras, bananas. Um marco dessa fase é o filme
Macunaíma (1969),de Joaquim Pedro de Andrade.
A obra se utilizava de uma das grandes figuras da chanchada, Grande Otelo,
que estrelava como um herói sem nenhum caráter.
Descreve o livro a fascinante aventura do cinema brasileiro, de Carlos Roberto
de Souza, Otelo vive ’’o brasileiro preguiçoso e fanfarrão, sensual e
despravado, que luta para ganhar dinheiro sem trabalhar’’
Mas logo a repressão política deu fim ao movimento e até alguns dos seus
cineastas tiveram de se exilar.
Grande parte das produções foram fracassos comerciais.
Alem disso, ”se os diretores do cinema novo procuraram se adaptar às novas
circunstâncias, mantendo-se fiéis um grande público, a parcela mais jovem do
grupo de realizadores que se formava a sua volta recusou-se a isso’’, como
completa o livro de Carlos Roberto de Souza.
Surge então um novo movimento no pais, o cinema marginal.

PORNOCHANCHADA: DOS 70 AOS 80

A pornonchachada surgiu no começo dos anos 70 e durou até meado dos 80,
quando perdeu espaço para a invasão do pornô americano. O /;que me faz
refletir: por que, já que o produto nacional era muito mais criativo, implícito,
engraçado, com história e muitas vezes mais sensual até, pela insinuação
instigante? Só tenho uma resposta: pela sacanagem mesmo. Na época
ninguém pensava muito no que eu citei, já que o grande barato era assistir um
filme inteiro para ver cinco ou seis cenas com peitinhos e bundinhas á vista e
uma ou outra com um amassa mais forte. E dá-lhe imaginação aos
espectadores tarados. Com a chegada do pornô explícito, o que se via às
vazes na pornochanchada conseguia-se analisar detalhadamente em
abundância com “upgrades’’para outros detalhes anatômicos, além de ver
realmente aquilo que se fantasiava.

Pense bem: tesão por tesão, o que é melhor, a “fantasia criativa’’ou o “sexo
escancarado’’? Situações apimentadas do cotidiano nacional, perfeitamente
inseridas na nossa realidade ou puro sexo casual, muitas vezes surreal e
inalcansável por nós, reles mortais? Na minha sincera opinião, eu fico com os
dois. São linhas distintas, feitas de maneiras diferentes, com direcionamentos
singulares andando paralelamente. Por mim, poderiam muito bem conviver
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pacificamente, e uma não acabaria com a outra. Mas foi em outra época, em
oura situação, em que a história brasileira tem um pouco de culpa.

A pornochanchada, de certa maneira, foi uma evolução das chanchadas


brasileiras dos anos 50 e uma resposta ao cinema italiano, que na época fazia
comédias que flertavam com a sacanagem. O que mudou a “cara’’ da
pornochanchada foram essas inspirações cinematográficas, aliada a histórias
simples, à latente sexualidade dos anos 70 e a um precário orçamento.
Orçamento esse que em muitas vezes era patrocinado pela Embrafilme, do
governo. Sim, o governo militar até gostava da pornochanchada, pois não
havia nenhuma alusão política ou filosofal, insinuava sem mostrar e entretia o
povão, desviando a atenção de idéias potencialmente perigosas ao sistema
repressor. Um verdadeiro circo romano. Daí a grande rivalidade com os
produtores e diretores do “novo’’ cinema brasileiro da época, que lutavam
contra a censura e não entendiam a liberdade dada às produções da “boca do
lixo’’ (ou até entendiam, mas se sentiam injustiçados).

Os anos 70 foram do erotismo, da revolução sexual, da descoberta do nú em


revistas masculinas. Da libertação do corpo e da mente. O que explica o
grande sucesso da pornochanchada. O que foi um alívio, devido a uma
grande ressaca ideológica e algumas vaze incompreensível do cinema novo.
Foi enterrado por um estilo solto, criativo, de fácil entendimento, de produção
baixa e que proporcionava uma renda muito maior – e conseqüentemente um
grande gerador de empregos.

Criou verdadeiras musas na época, o que dava um sabor mais especial:


Aldine Müller, Helena Romos, Vera Fischer, Matilde Mastrangi... E também
tinha seus ídolos, que inspiravam o machão’’ brasileiro, como David Cardoso.
Sem esquecer de mencionar Antonio Fagundes ( e sua famosa cueca
vermelha ) Nuno Leal Maia, Jardel Filho...

Alguns dos filmes mais significativos da pornochanchada: “Viúva


Virgem’’(1972), que foi considerado a primeira pornchanchada,” A Superfêmea”
(1973), que lançou a então ex-Miss Brasil Vera Fischer ao cinema, “ O
Estripador de Mulheres’’ (1978), com Aldine Müller, “O Amante de Minha
Mulher’’ (1979), como David Cardoso, “mulher Objeto’’ (1981), considerado o
maior sucesso de Helena Ramos e o polêmico “Amor, Estranho Amor’’(1982),
que teve como principais protagonistas Vera Fischer, Matilde Mastrangi e Xuxa.

Roque Araujo
DRT. R j - 003 Lv 1- Fls 2
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