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Sergio Avila Rizo
A MÍDIA EXTERIOR NA
CIDADE DE SÃO PAULO
2ª Edição
São Paulo
Edição do Autor
2014
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Hoje ela não sabe que escrevo,
sequer sabe ler ou o que é um
livro, mas desde seu nascimento,
há 8 meses, ela me motiva a ser
a cada dia uma pessoa melhor.
Para Helena
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Sumário
Introdução ......................................................................... 15
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Agradecimentos
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Aos meus pais irmãos e familiares um agradecimento
especial por toda energia positiva. Por fim um agradecimento à
minha companheira Juliana e à minha bebê Helena: as mulheres
da minha vida!
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Prefácio da 2ª Edição
Quando em 2008 surgiu a primeira oportunidade de
escrever um livro sobre a história da publicidade ao ar livre na
cidade de São Paulo eu não pensava em realizar algo mais do
que organizar o grande número de informações e materiais que
colecionava colocando uma linearidade temporal e o respectivo
contexto geográfico. Contudo, revisando o material escrito e
olhando minha trajetória hoje, cerca de 6 anos depois da
primeira edição, vejo que o “livrinho” foi além desta simplista
organização de dados e teve um papel muito importante na
minha carreira abrindo portas e oportunidades nos âmbitos
pessoal, acadêmico e profissional.
Síndrome de vira-lata à parte, mas creio que parte do
êxito se relaciona à pouca produção sobre a temática disponível.
No Brasil não existem muitos livros que tratam da publicidade
exterior como um todo ou cercando determinado recorte espacial
para sua existência. Temos como referência alguns livros
tratando da história da propaganda no Brasil, um ou outro livro
tratando especificamente do outdoor e alguns estudos
acadêmicos que conseguiram ser publicados. Suponho que em
quantidade objetiva não estejamos falando de algo que supere o
número de dedos das mãos!
Assim, embora escrita intencionalmente de maneira
muito simples e objetiva, creio que esta publicação pode ajudar a
compreender a publicidade e o avanço das tecnologias utilizadas
dentro de um contexto do desenvolvimento econômico e social
da cidade. Neste sentido, como exemplo, podem ser citadas as
campanhas desenvolvidas no período pós-guerra, que eram
pintadas a mão por verdadeiros artistas ao passo que os produtos
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exibidos em grande parte se relacionavam com o “american way
of life”, e as campanhas de cigarros eram muito comuns.
Décadas depois a publicidade nas ruas era mais massiva e as
artes reluziam a liberação sexual em pleno período de ditadura
militar.
Nos últimos 6 anos aconteceram muitas coisas, tais como
a efetivação da Lei 14.223/2006 (“Lei Cidade Limpa”) e a
licitação para publicidade em mobiliário urbano. Em decorrência
disto muitas empresas fecharam, outras mudaram de ramo ou de
cidade, mas, curiosamente a publicidade exterior voltou a
receber investimentos financeiros em índices superiores a todas
as outras mídias. É o que aponta o Projeto Inter-Meios, que
cadastra e organiza os investimentos em mídia no Brasil. Em
2013, por exemplo, os investimentos em mídia exterior bateram
a marca histórica de 1 bilhão de reais, e o crescimento projetado
dá conta é de 20% ao ano. Assim, seja pela inserção das mídias
em espaço privado, pelo mobiliário urbano paulistano ou pelo
desenvolvimento de outras cidades brasileiras, a atividade
continua a crescer.
Neste período tive a oportunidade de desenvolver uma
dissertação de mestrado, defendida na Universidade de São
Paulo (USP) no ano de 2012, na qual comparava a inexistência
da publicidade ao ar livre em São Paulo com a ampla existência
na cidade de Buenos Aires. Este estudo, denominado “ESTUDO
COMPARATIVO DA MÍDIA EXTERIOR EM SÃO PAULO E
BUENOS AIRES”, possibilitou-me adquirir maior
conhecimento sobre a política e os atores sociais envolvidos na
atividade publicitária e sua relação com as intervenções
espaciais. Não foi algo simples, envolveu um trabalho de campo
muito intenso, entrevistas em espanhol e a produção de um
acervo com mais de 5.000 fotos, mas foi algo muito
engrandecedor. Parte das análises desta dissertação - que esta
disponível no endereço eletrônico: http://www.teses.usp.br – foi
compilada no capítulo 5 desta 2ª edição. É um capítulo pequeno
e sucinto no qual apresentamos as datas e personagens
importantes para que se possa entender um pouco sobre a
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sequência de eventos relacionados à proibição da publicidade na
terra da garoa e a respectiva maior licitação de equipamentos de
mobiliário urbano com publicidade do mundo, sim, aconteceu
aqui! Não foi em Nova Iorque, Paris nem em Londres, foi aqui
em São Paulo, o que podemos refletir a respeito?
Boa leitura!
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Introdução
A escolha do tema que abordamos na presente obra, é
fruto de inquietações profissionais e acadêmicas que perduram
por mais de uma década. Ao lidar profissionalmente com o
licenciamento de anúncios, nos deparamos com uma série de
questões próprias da inserção da publicidade ao ar livre no
ambiente urbano, questões estas que enveredam particularidades
socioculturais e econômicas.
Em todos os lugares do mundo encontramos anúncios ao
ar livre, e em cada local verificamos conjunturas particulares
relacionadas à cultura e mercado locais. A integralidade
economica propria do momento que vivemos faz com que São
Paulo tenha também um contexto particular no tocante à
inserção dos anúncios ao ar livre em sua paisagem.
A partir desta interpretação, rememoramos uma
atividade, seus atores e sua influência na cidade de São Paulo,
iniciando assim a procura por painéis desde os períodos mais
remotos de sua história, na perspectiva de demonstrar a inserção
da publicidade na paisagem paulistana através dos tempos.
Desta forma, a proposta deste livro é apresentar tal
temática de forma simplificada e introdutória dada a escassez de
referências bibliográficas. Além disso, não pretendemos esgotar
todo o assunto nesta pequena obra.
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Capítulo I
Comunicação e Mídia
Das pinturas rupestres ao advento tecnológico
contemporâneo, verificamos que a especialização dos métodos de
comunicação está intimamente ligada ao desenvolvimento dos
modos de vida do “bicho humano”!
A representação do cotidiano através de desenhos originou a
escrita e, em se tratando dos métodos visuais de representação e
organização da informação, pouco a pouco convencionaram-se
sistemas mais complexos para transmitir ou receber mensagens.
Nos chama a atenção a evolução das opções dos suportes
para a gravação das informações. O homem primitivo, por exemplo,
desenhava nas paredes das cavernas os fatos à sua volta utilizando
elementos visuais simples (próprios daquele momento).
Nesse sentido, quebrando certos paradigmas, tivemos no
Brasil sociedades muito antigas que implementaram sistemas
diferenciados de comunicação por meio de pintura em cavernas.
Alguns exemplos podem ser verificados no Parque Nacional da
Serra da Capivara, na caatinga piauiense.
A arqueóloga Niéde Guidon1, que defende a teoria segundo
a qual o homem habita a região há aproximadamente 50.000 anos,
afirma que ali está uma das maiores concentrações de sítios
catalogados com pinturas rupestres do mundo. Talvez, futuramente,
com maior aporte de recursos financeiros para pesquisa, sejam
encontradas mais informações sobre esses povos na região.
1
Niéde Guidon, natural de Jaú/SP é Pós-Doutora em Arqueologia pela Université Paris 1
(Panthéon-Sorbonne). Atualmente é pesquisadora da Fundação Museu do Homem
Americano. Sua teoria, uma vez aceita, mudaria a história da ocupação humana nas
Américas. Para maiores informações: http://www.fumdham.org.br
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Figura 01: Pinturas rupestres no Parque Nacional da Serra da Capirvara.
18
Um exemplo bem familiar desse método pode ser encontrado na
literatura de cordel brasileira.
2
O que significa o surgimento de instituições políticas complexas, hierarquia social
diversificada e outros sistemas e convenções aplicadas ao povo em geral.
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Na Idade Média3, o cartaz também teve caráter instrutivo em
virtude de sua utilização para transmitir informações à população,
analfabeta em sua maioria. O clero e a nobreza naturalmente
detinham a produção dos mesmos.
Embora se observe no mundo oriental o desenvolvimento
dos impressos a partir dos tipos móveis4 por volta do século XI, foi
somente no século XV que, com a criação da tipografia pelo alemão
Johann Gutenberg, houve o amplo desenvolvimento da produção de
impressos no ocidente. No Brasil, a indústria gráfica teve início
somente com a chegada da família real, em 1808. A instalação da
corte no país promoveu, entre outras coisas, a criação das primeiras
tipografias brasileiras.
Em 1682 há registros em Londres do primeiro jornal a ser
sustentado quase que exclusivamente por anúncios: “A Collection
for the Improvement of Husbandry and Trade” (Coletânea para
aperfeiçoamento da Agricultura e do Comércio). No decorrer dos
séculos seguintes, a presença dos jornais e dos cartazes se
intensificou, acompanhando inclusive o desenvolvimento dos
métodos gráficos.
O desenvolvimento das artes gráficas ocorreu num período
histórico concomitante ao da Primeira Revolução Industrial (Século
XVIII), iniciada na Inglaterra. Tal revolução transformou a
sociedade a partir de mudanças significativas nos processos
produtivos, até então artesanais, e nos quais o produtor detinha os
meios necessários para a produção. A partir da revolução industrial,
os artesãos foram pouco a pouco sendo transformados em
trabalhadores assalariados que passaram a prestar serviços para o
intermediário comerciante. Esse por sua vez implementou diversas
ações para aumentar a produção, visando ampliar o lucro e buscar
novos mercados. Esse foi o inicio da formação de uma sociedade
capitalista, em que o aumento da produção levou os fabricantes à
concorrência.
3
Período compreendido entre a queda do Império Romano e a chegada dos europeus ao
continente americano, em 1492.
4
Os “tipos móveis” são pequenos punções metálicos que contêm as letras do alfabeto invertidas em
alto relevo. A união dos caracteres em uma matriz possibilita a composição das frases,
posteriormente imersa em tinta e batida no papel, ocasionando a impressão. A Bíblia de 42 linhas
foi o primeiro livro impresso, em 1456.
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Se a necessidade de se comunicar é algo inerente ao ser
humano, a partir deste período histórico parte da comunicação
passou a ser direcionada e organizada para atender aos anseios do
novo modo de produção. Os cartazes e os jornais passaram a ser
grandes provedores de publicidade justamente para contribuir na
difusão dos bens de consumo. Assim, consolidou-se em escala
macro, a intenção (necessidade de divulgação) que dominou
praticamente toda a comunicação nos séculos seguintes.
No final do século XVIII houve um grande avanço nas artes
gráficas através do desenvolvimento da litografia por Alois
Senefelder. A litografia é um processo artesanal baseada na repulsa
recíproca da gordura e da água.
Esse processo é extremamente artesanal: sobre uma pedra
calcária, com sua face coberta por um composto químico gorduroso,
a imagem é desenhada com lápis dermatográfico e a repulsão da
água por parte da gordura permite que a tinta a ser impressa se
acumule somente no desenho, e sob a face, coloca-se o papel a ser
devidamente prensado, passando assim a tinta da base para o papel.
Esse processo possibilitou a produção de impressos coloridos e em
grandes formatos além de favorecer a produção em escala.
Na segunda metade do século XIX, na França, a litografia
foi utilizada na produção de cartazes, principalmente daqueles que
divulgavam os espetáculos da agitada Paris.
Os artistas pioneiros na utilização dessa técnica foram Julés
Cheret e Henri Toulouse-Lautrec. Esses cartazes apresentavam
grande impacto visual através da constante ilustração de belas
mulheres em cores vivas, visando divulgar, sobretudo, cabarés e
teatros. A distinção desse padrão artístico foi tal, que dele se
originou o estilo “Art Noveau” que muito influenciou diversas
escolas artísticas. Na cidade de Paris utilizou-se tanto desses
cartazes que surgiu nessa época a organização do setor técnico,
contemplando, sobretudo, a regulamentação da profissão dos
coladores de cartazes e leis específicas.
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Figura 03: Cartaz de Moulin Rouge (Toulouse-Lautrec).
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dos diversos meios de comunicação ou “mídias”, sobretudo da
grande máquina de veiculação de imagens: a televisão.
Nessa ocasião, teve início um movimento sem precedentes
de ampliação das mensagens comerciais e seus apelos, em função
das grandes empresas multinacionais, que transformam os meios de
comunicação em mídias.
O termo mídia é uma adaptação para o português de
“media”, palavra inglesa oriunda do latim “médium”, que foi
integrado na linguagem publicitária para designar os veículos
modernos de divulgação de mensagens em massa. Assim, no jargão
publicitário, o jornal, a revista, o rádio, a TV, e a publicidade ao ar
livre são mídias.
Atualmente, as mídias mais difundidas são a televisão, o rádio,
a mídia impressa (jornais e revistas), a mídia eletrônica (internet) e os
cartazes, painéis e placas que podem ser vistos no espaço público.
Painéis indicativos
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Painéis publicitários em vias urbanas
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tecnologias diferenciadas e formatos especiais. Estas características
podem fazer do painel um referencial para caracterizar a via
enquanto importante eixo de fluxos. Os painéis eletrônicos são
exemplo disso. Seu custo é muito alto e, portanto, sua existência é
uma confirmação de grande fluxo na via em que se encontra.
As vias que possuem cotidianos engarrafamentos de
trânsito qualificam positivamente a localização de mídia exterior
para este segmento.
A combinação fluxo e impacto reflete nas escolhas dos tipos
e tamanhos, gerando painéis fora dos padrões, sobretudo em função
das recorrentes solicitações por maiores dimensões.
Para compreendermos o funcionamento dos anúncios
publicitários em painéis, vale a pena antes conhecer os principais
atores que fazem parte deste contexto:
Anunciante: empresa ou entidade que pretende promover
seu(s) produto(s), serviço(s) ou marca(s). É o anunciante
que disponibiliza o capital para o investimento em
propagandas nas diversas mídias;
Agência de publicidade: empresa contratada pelo
anunciante para criar e planejar as campanhas
publicitárias e escolher as mídias adequadas para a
veiculação das propagandas;
Exibidora: empresas que realizam a mediação entre os
anunciantes e os locais para instalação de painéis. Elas
localizam pontos de interesse, realizam contratos com
os proprietários dos locais, instalam e realizam a
manutenção dos painéis. Geralmente, o anunciante
solicita à exibidora sua relação de locais, e, em função
das características da localização do painel obtém-se o
perfil do tipo de público predominante, que é a
característica determinante para se efetivar uma
veiculação (contratação de diversos painéis para a
exibição de uma campanha por prazo predeterminado);
Espectador: consumidor dos produtos do anunciante, e,
portanto, sua importância é crucial neste sistema.
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Todas as mensagens desenvolvidas pelas agências, são
produzidas visando exibir da melhor maneira, os produtos ao
espectador. As campanhas publicitárias são criadas pelas agências
com a finalidade de promover produtos, serviços ou costumes, e são
desenvolvidas para as mais diversas mídias pelo departamento de
criação, com base em um “briefing”.5
O departamento de criação da agência de publicidade é a
“alma” da agência, pois é do trabalho de seus profissionais, que
sairão as propagandas. Esses profissionais conhecem as minúcias de
cada mídia, além dos conceitos psicológicos e de semiótica que irão
nortear a escolha adequada de imagens, cores e textos, para que a
mensagem final seja bem aceita pelo espectador (consumidor).
A publicidade é responsável pela adequada exposição dos
produtos e serviços. Para tanto, são realizadas diversas pesquisas para
determinar as ações antes e durante o lançamento das campanhas.
Após o lançamento das campanhas as pesquisas funcionam como
termômetro da receptividade do público consumidor.
A partir das afinidades do público a ser atingido e da verba
disponível, são planejadas as campanhas. É desta forma, por
exemplo, que uma determinada marca de chocolate voltada para o
público infantil é anunciada nas capas dos “gibis” e não em
programas informativos de rádio. Existe uma lógica para a
utilização da verba do anunciante com a melhor relação de
custo/benefício, para a difusão das mensagens ao público adequado.
Vale lembrar, que com a ampla propagação do consumo, não
é particularidade de determinada classe social o acesso aos produtos,
de modo que a publicidade não ignora os diversos extratos sociais.
Sob esse aspecto não existe impedimento algum para instalação de
anúncios publicitários, inclusive nas regiões mais pobres:
5
O termo breafing corresponte ao conjunto de informações que definem as diretrizes das
campanhas publicitárias (público alvo, conceito da campanha, etc).
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buscando exclusivamente possibilitar sua visualização para
determinada via que não participa do contexto social do local
de instalação. É o que ocorre geralmente nas rodovias e nos
morros ocupados por favelas.
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aluguel do espaço pago pela exibidora torna-se a principal fonte de
renda para o núcleo familiar locador.
Normalmente, as campanhas são veiculadas em roteiros pré-
determinados e com quantidade mínima de painéis. As agências têm
acesso ao roteiro das exibidoras, e solicitam a reserva de pontos em
função dos objetivos da campanha, versus as características geográficas
do entorno do painel e da via onde se localiza.
Para exibição em painéis “outdoor”, são estabelecidos contratos
quinzenais, enquanto nos painéis “back-light” e “front-light” geralmente
são estabelecidos contratos semestrais ou anuais com o anunciante.
Comumente, as exibidoras oferecerem os pontos onde ainda
não foi instalado painel algum, em que existe apenas um contrato de
exclusividade com o dono do local. Apenas no fechamento do
contrato com o anunciante se instala a peça.
Como a instalação desses painéis é muito cara, apenas
algumas empresas se arriscam em sua instalação antes de ter um
contrato fechado com o anunciante. O mais comum é que as
empresas esperem até conseguir um contrato, quando então o
anunciante acerta o pagamento da primeira parcela. Na ocasião a
exibidora tem um prazo de 30 dias para instalação da peça.
Com esta prática, a veiculação de uma campanha viabiliza
a instalação de um painel, que continuará no local após o término
da primeira exibição, e será oferecido a outros anunciantes.
Painéis eleitorais
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Painéis culturais ou de utilidade pública
Outras classificações
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brasileira, englobando, inclusive, as novas modalidades digitais e outros tipos
de mídia. Em fevereiro de 2009, o Intermeios, projeto que monitora os
investimentos brutos em publicidade no Brasil, reuniu representantes de
diversos segmentos para discutir oficialmente que tipos de anúncio compõem a
Mídia Exterior ou “Out Of Home”, possibilitando a correta apuração dos
investimentos no setor. As divisões adotadas são as seguintes:
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Capítulo 2
A inserção da mídia exterior na
cidade de São Paulo
Os meios de comunicação são proporcionais e adequados às
sociedades em função do tempo e espaço em que se encontram. Desse
modo, o “painelzinho” mais rudimentar que se possa encontrar no
passeio iconográfico proposto é a materialização dos modos de vida
de uma época, assim, não podemos nos furtar a apresentar
minimamente a cidade através dos tempos.
Naturalmente, os painéis e outros elementos que remetem à
publicidade ao ar livre (antecedendo até um conceito mais complexo
de mídia exterior), surgiram em São Paulo como modo de indicar os
estabelecimentos que serviam às funções mais elementares do
cotidiano da Villa de Piratininga.
Como exemplo, temos a seguir no desenho de bico de pena de
Clóvis Graciano, a indicação das casas que vendiam vinho em fins do
século XVI e início do século XVII: o ramo verde colocado na porta.
Figura 05: Ramo verde colocado nas casas que vendiam vinho em fins do século XVI.
31
“A vila de São Paulo foi transformada no século XVII em
“capital“ do Bandeirismo. Foi elevada a categoria de cidade em 1711
e passou a ser a “cabeça” de um território equivalente a uma terça
parte do Brasil atual. Nem por isso desenvolveu-se ou conheceu dias de
riqueza e de glória. Pelo contrário, viu seus homens partirem em busca
de ouro e pedrarias, sem que muitos deles regressassem, morrendo no
decorrer dessas empreitas. Gomes Freire de Andrade, visitando a então
Vila de Piratininga, por volta de 1737, considerou-a simplesmente
“formosa mas sem dote”... (AZEVEDO, 1956, pg. 46)
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Figura 07: Esquina do Largo do Capim e descida do Cubatão 1862/1863.
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que já desempenhavam um importante papel na atividade
exportadora, atacadista e varejista.
Surgiam, nesse período, os primeiros painéis de rua, panfletos
e propagandas, além das chamadas bulas de remédios (cartazes
contemplando as propriedades de elixires e remédios milagrosos).
“Bonds”
6
Revista Memória Depto. Patr. Hist. Eletropaulo Ano III N.6
34
A cidade de São Paulo, nesse contexto, com sua privilegiada
posição geográfica, passou a ser importante entreposto do transporte
dos imigrantes que chegavam ao Brasil pelo Porto de Santos. Assim,
durante o trajeto entre Santos e outras regiões do Estado, muitos
imigrantes acabavam por ficar em São Paulo, fato que foi determinante
para o crescimento populacional da cidade.
“Com o iminente fim da mão-de-obra escravista, aliada ao
preconceito racial, estimulou-se a importação de uma gigantesca massa de
imigrantes europeus, cuja maioria era de italianos, chegando a cerca de 70
mil em 1887.” (LOVE, 1982 25-30)
Fonte: Prefeitura da Cidade de São Paulo, 2008. Adaptado por Sergio Avila Rizo.
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Quadro 03: Imigrantes estrangeiros que entraram no Estado de São Paulo no período 1885-1959
Não
Período Total Italianos Portugueses Espanhóis Japoneses Diversos
especificados
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Figura 09: “Casa Allemã” - sinergia entre os anúncios e o estilo arquitetônico.
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tinham deixado. Graças à prática de construção aprendida em sua
pátria, souberam adaptar às exigências do novo clima e da nova terra
os modelos aos quais sua bagagem sentimental os ligava. Entre 1880 e
1900, criaram alamedas e ruas inteiras de São Paulo, que deles
receberam um caráter unívoco definido. Surgia a São Paulo fim-de-
século, que de tal ponto de vista, poderíamos chamar de “a cidade da
saudade.” (BRUNO, E. S, 1953)
Resolução n°6
Concede ao Cidadão Alberto Müller o estabelecimento de Columnas de Propaganda”
O Cidadão Dr. João Alvares de Siqueira Bueno, Intendente de Justiça e
Polícia, faz saber que a Câmara adoptou a seguinte resolução:
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Art. I°. - A Câmara Municipal da Capital, concede permissão ao cidadão
Alberto Müller, pelo prazo de 15 annos para o estabelecimento de “Columnas
de Propaganda” sob as seguintes condições:
I°. Dando algum resltado pecuniário satisfsctório para os cofres da Municipalidade.
2°. Não prejudicar o trânsito público nem condições
estheticas ou de embellezamento da cidade.
3°. Sendo unicamente assentadas as “Columnas” nas seguintes ruas e praças: -
Largo de São Farncisco, São Paulo e Concórdia - Praça da República, Arouche,
Guayanazes, General Ozório, Liberdade e do Payssandú, Rua 25 de março (ao
lado do rio Tamanduatehy); aterrado do Gazômetro e do Carmo; Av. da
Intendencia e Rangel Pestana; ruas da Liberdade e do Gazometro, na parte não
calçada, devendo a Intendencia de Obras Municipaes, marcar os pontos nos
logares acima designados.
Art. 2°. - Fica estabelecido o imposto annual de 50$000, de cada parte.
Art. 3° - Fica prohibida a collocação de cartazes ou outros annúncios nas paredes
das casas, ficando estabellecida a multa de 50$000 para os contraventores.
Art. 4°. As “Columnas“ deverão ser assentadas de conformidade com a planta apresentada.
Art. 5°. Ficam ressalvados os direitos de terceiros, cumpra-se e publique-se.
Pasquim e cartaz
39
Figura 11: Exemplo de anúncio em jornal.
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Cartaz em bonde
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Figura 14: Anúncio na parte frontal do bonde.
Cartaz e teatro
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A São Paulo cosmopolita
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difícil citar todas. Podemos listar como referência: a implantação de
parques e praças; os sistemas de distribuição de eletricidade, água e
telefonia; os calçamentos e o surgimento dos primeiros arranha-céus.
Além desses fatores, houve uma maior aceleração da
atividade industrial, sobretudo quando as importações foram
comprometidas durante a Primeira Guerra Mundial (pós 1914).
A cidade pós década de 1920 pulsava no ritmo da
construção de um novo paradigma urbano caracterizado pela
verticalização do centro. Os maiores exemplos do processo de
verticalização são a construção do Edifício Martinelli e do Prédio do
Banco do Estado de São Paulo, que por algum tempo foram os
maiores prédios de concreto armado construídos na América Latina.
A publicidade se adequa a essa nova morfologia urbana.
44
Cia. Antárctica, cuja instalação era muito comum, sobretudo nos
períodos de carnaval. Ainda encontramos esse tipo de suporte nas
festas italianas que ocorrem nos bairros da Moóca, Brás e Bela
Vista. À direita, na mesma foto nota-se o luminoso da UFA Palace
que ajudava a identificar não só aquele cinema como toda uma
região onde existiam diversos cinemas, a Cinelândia paulistana.
Figura 16: Av. São João com o Edifício Martinelli ao fundo contendo os anúncios da
“Cerveja Caracú” e “Sabonete Gessy creme dental”. Observamos à direita o luminoso do
UFA- Palace, que ajuda a identificar a região dos cinemas, a “Cinelândia”.
Ao centro, um pórtico com anúncio da “Antártica”
45
“No Brasil, os primeiros cartazes murais apareceram em 1929. Eram
cartazes de uma só folha, medindo 1,12 por 0,76 m. Os cartazes vinham para
o Brasil, já impressos, geralmente nos Estados Unidos. Eram cartazes de
anunciantes comerciais e de filmes de exibição nos cinemas. Eram
adaptados ao consumidor brasileiro, imprimindo-se sobre eles o texto em
português, ou simplesmente pintando-se a mão esse texto, cartaz por cartaz,
o que sem dúvida constituía um processo muito trabalhoso”7
Figura 17:
Cartaz do movimento
Constitucionalista – “VOCÊ
tem um dever a CUMPRIR.
Consulte a sua consciencia!”
7
São Paulo (município) - Departamento de Informação e Documentação Artísticas. Centro
de Pesquisa de Arte Brasileira. O cartaz em São Paulo. Pesquisa 3. São Paulo, 1980. Pg. 27
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Após a derrota dos “Constitucionalistas”, a indústria passou a
ter um lugar tão ou mais importante do que teve na época da Primeira
Guerra Mundial, e a produção industrial se intensificou com força total.
A partir dos poucos registros sobre as empresas que
executavam serviços de pintura de placas e vitrines, encontramos
referências da segmentação por especialidade técnica.
Havia quem fosse especilizado em anúncios em bondes, em
rodovias, quem só fizesse reclames de lojas, pinturas de vitrines,
pinturas de placas metálicas (vale lembrar que não haviam as chapas
galvanizadas de hoje, muito leves e de fácil manuseio) etc.
Os ofícios e a maneira de fazer as coisas em geral, eram
muito influenciados pela cultura dos imigrantes e migrantes,
sobretudo da região nordeste do país e do estado de Minas Gerais.
As oficinas falavam as línguas de vários lugares, do italiano ao
português com sotaque nordestino, e era desses lugares que surgiam
as referências para a criação da publicidade ao ar livre.
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como: o prolongamento da Av. Nove de Julho; a construção das
pistas de tráfego no vale do Anhangabaú; o alargamento da ruas da
Liberdade, Duque de Caxias e da Avenida São João; a construção
da ligação Rebouças-Eusébio Matoso; a Avenida Rio Branco; o
primeiro trecho da Avenida Vinte e Três de Maio; a Ponte das
Bandeiras; e o prolongamento da Avenida Pacaembu.
A combinação dessas obras estruturais com o amplo processo
de verticalização, caracterizou a gênese da paisagem e da organização
viária nos moldes contemporâneos, principalmente porque lançaram a
base para a inserção dos veículos automotores na rotina paulistana.
Desse conceito podemos supor o momento que os anúncios
publicitários encontraram seu efetivo lugar na paisagem, seja nos
tapumes dos grandes prédios em construção, seja nas novas
avenidas que ligavam os bairros (que em sua maioria também
estavam em pleno desenvolvimento).
Figura 19: Tabuletas pouco maiores do que o cartaz, formando uma segunda
moldura à propaganda.
48
Figura 20: Década de 1940 - Painel 3,00m x 2,00 m, série de 20 painéis.
Artista: Mário Zanini.
Figura 21: Década de 1940 - Painel 8,00mx 4,00 m, instalado na Av. São João.
49
Figura 22: “Meias Ibram” - Painel 10,00m x 5,00 m, instalado na Av. Ipiranga.
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Figura 23: Painéis que remontam, provavelmente, à década de 1950, tendo como referência veículos
do final dos anos 1940 (Central de Outdoor).
Figura 24: Painéis que remontam, provavelmente, à década de 1950, tendo como referência veículos
do final dos anos 1940 (Central de Outdoor).
51
Figura 25: Painéis que remontam, provavelmente, à década de 1950, tendo como referência
um veículo identificado como sendo, talvez, um Morris (Central de Outdoor).
52
Figura 27: Painéis que remontam, provavelmente, à década de 1950 (Central de Outdoor).
Figura 28: Painéis que remontam, provavelmente, à década de 1950 (Central de Outdoor).
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Figura 29: Pintura em“oitão de prédio”, na Av. São João, próximo à Pça. do Correio.
Figura 30: Pintura em lateral de prédio. A data provável dos anúncios remonta às décadas de 1940/1950, tendo
como referência um veículo DKV (Informações gentilmente cedidas por Claudio Pereira, Central de Outdoor).
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Figura 31: Viaduto do Chá, 1953.
Figura 32: Diversos Painéis tipo “Topo de Prédio”, na região do Vale do Anhangabaú. (Década de 1950)
55
montadoras no país.
Os painéis eram executados caso a caso, visando se
adapatar a essa nova paisagem da cidade, ora aproveitando a
medida de uma estrutura pré-existente, ora criando algo
específico para determinado cliente.
Iniciava-se assim uma ampla disputa por pontos para a
instalação de anúncios, culminando no acúmulo de painéis em
determinados pontos da cidade. Muitas vezes esses painéis
ocupavam o espaço que o terreno permitisse, e, como não
havia padronização de medidas ou regras, sempre se
arrumava um jeito de encaixar mais e mais painéis em
determinados terrenos.
Figura 33: Década de 1960 - painéis sem padronização na Rua Ascendino Reis .
56
Figura 34: Painéis que remontam, provavelmente, à década de 1960, tendo como referência
um veículo da época (Central de Outdoor).
Figura 35: Painéis que remontam, provavelmente, à década de 1950, tendo como referência
o veículo da época e o painel do então candidato Carvalho Pinto (Central de Outdoor).
57
Figura 36: Painéis que remontam, provavelmente, à década de 1950, tendo como referência
o veículo Citroen 1947 (Central de Outdoor).
58
Figura 38: Detalhe da foto anterior, com diferentes tipos de publicidade: painel, cartaz em
muro, anúncio em ponto de ônibus e anúncio em ônibus. (Central de Outdoor).
Figura 39: Painéis que remontam, provavelmente, à década de 1950, tendo como referência o veículo
Cadilac 1940/1950 (Central de Outdoor).
59
Figura 40: Painéis que remontam, provavelmente, à década de 1950 (Central de Outdoor).
60
Figura 42: Painéis fotografados na década de 1950.
Arte ou Publicidade?
61
Figura 43: Campanha da Firestone - foram criados dois pneus gigantes - o maior com 21
metros de altura e o menor, com 17 metros de altura
62
Gigantografia
...realmente isso fazia o outdoor muito feio de ser olhado. Foi então que
comecei a fazer uns estudos para tentar diminuir o número de pontos da
retícula porque é claro que, teoricamente, o ponto da retícula maior pode nos
8
Processo de impressão em que a imagem é gravada numa matriz em folha de metal flexível
através da aplicação de fotolito e luz. A área em que existe arte é sensível à recepção de tinta por
meio de um cilindro de borracha, enquanto as demais áreas expelem a tinta. A matriz recebe a
tinta e transfere para o papel. Cada chapa é utilizada para aplicação de uma cor e o processo
completo de impressão colorida compreende quatro cores: amarelo, magenta, ciano e preto.
9
O cartaz em São Paulo – Pesquisa 3 – 1980.
63
dar uma maior nitidez de detalhe, mas claro que esse detalhe nós também
estudamos do ponto de vista do poder definidor do olho humano. Embora o
estudo fosse supérfluo, visto que o outdoor sempre é olhado de longe. Então
não adiantava nada acentuar uma retícula mais fina para acentuar detalhes
finíssimos que depois seriam perdidos, sujando um pouco como barulho de
fundo na comunicação da sensação das cores que nos daria a imagem colorida
do cartaz.”10
Serigrafia
Novos parâmetros
10
O cartaz em São Paulo – Pesquisa 3 - 1980
64
Quadro 04. Participação do investimento Publicitário e quantidade de profissionais
Fonte: Prefeitura da Cidade de São Paulo, 2008. Adaptado por Sergio Avila Rizo.
65
integravam, as empresas que instalavam painéis ainda eram vistas com
ressalvas, em virtude do amadorismo, quando comparadas às empresas
dos demais segmentos publicitários. Os padrões dos equipamentos de
publicidade e comerciais eram precários, ao mesmo tempo em que não
havia uma interação entre as empresas que permitisse compreendê-las
como parte de um segmento propriamente dito.
66
basicamente dimensionados em funçaõ das medidas múltiplas
das chapas que existiam em cada época. Enquanto isso os novos
painéis eram desenvolvidos com as mesmas medidas múltiplas
dos cartazes de bondes.
67
cartazes de 16 folhas e sua consequente substituição pelos de 24
(padrão adotado em vários países estrangeiros), optou-se pela
colocação de uma nova tabuleta de 16 ao lado da anterior,
nascendo assim o brasileiríssimo cartaz de 32 folhas”
Central de Outdoor
68
Com a crescente tendência de homogeneização da
paisagem, podemos entender que a padronização do “outdoor”
estabeleceu uma ruptura entre um momento em que a publicidade
poderia ser entendida como casual e “artesanal”, e outro momento
em que ela se torna um efetivo meio de comunicação de massa,
extremamente eficaz para comunicação no espaço urbano.
A atuação da Central de Outdoor foi determinante para a
criação de uma cultura de melhoria da imagem do segmento, a
partir das próprias empresas filiadas. Assim, teve início uma ampla
mudança na atividade publicitária ao ar livre.
“Os 12.000 quadros existentes na capital paulista antes da Central de Outdoor
foram reduzidos para pouco mais de 5.000. Todos com 32 folhas coladas no sentido
horizontal.
- realizar manutenção periódica tanto dos quadros como dos locais onde eles estão
afixados,
69
Figura 49: Campanha Telefunken.
70
ao congestionamento visual.
71
Capítulo 3
Aspectos econômicos e
legislação da mídia exterior
Enquanto a economia brasileira vivia o chamado “Milagre
Econômico” - ocasionado pelo acelerado crescimento da indústria,
principalmente no eixo Rio de Janeiro-São Paulo, que gerava uma
importante demanda de trabalho para a publicidade, no campo da
política, as décadas de 1960 e 1970 (especificamente a partir de
1964 com o decreto AI-5) representaram a perda das liberdades
públicas, o bipartidarismo e a ampla influência da censura sobre os
meios de comunicação.
A influência desse momento para a propaganda em geral
foi notória. Para se ter idéia da situação, o governo militar
ameaçou criar um departamento só para controle da publicidade.
Como esforço para evitar esse tipo de ação, alguns publicitários
estabeleceram um código de postura comum, que buscava através
da Auto-Regulamentação Publicitária, estabelecer normas éticas, a
fim de evitar a inserção de campanhas consideradas apelativas,
ofensivas ou desleais ao consumidor e à concorrência.
Assim, em 1980, foi fundado o CONAR (Conselho
Nacional de Auto-Regulamentação Publicitária), por iniciativa das
seguintes instituições: ABA (Associação Brasileira de
Anunciantes), ABAP (Associação Brasileira de Agências de
Publicidade), ABERT (Associação Brasileira de Rádio e Televisão),
ANER (Associação Nacional dos Editores de Revistas.), ANJ
(Associação Nacional de Jornais) e Central de Outdoor.
A autorregulamentação publicitária brasileira tornou-se
referência internacional, inspirando a criação de entidades
similares em diversos países.
72
Painéis Luminosos
“Noite ilustrada”
Outdoors mudam de cara e conquistam espaço
73
especializada em propaganda ao ar livre. “O sucesso foi imediato”,
diz Barsanti. O primeiro painel luminoso da Pintex foi
encomendado pela Souza Cruz, como arremate de uma campanha
publicitária dos cigarros Hollywood. Pintado à mão, ele logo se
tornou uma atração na confluência das avenidas Ibirapuera e
República do Líbano, em São Paulo.
74
Apesar do sucesso, os back-lights correm em faixa própria e,
pelo seu alto custo, não ameaçam a hegemonia dos outdoors. Cada
painel luminoso sai para a Souza Cruz por aproximadamente 50
milhões de cruzeiros por ano, incluindo os custos de sua confecção, a
despesa com a iluminação, a manutenção e o aluguel do terreno. “É
uma publicidade cara mas compensa”, garante Ricardo Viveiros,
diretor da Central de Outdoor de São Paulo. “Daí o seu sucesso.” Os
back-lighs também não parecem ameaçar outra forma de publicidade
noturna: os luminosos de neon, como o que enfeita a fachada da loja
Jean Daniel, na Rua Augusta, de São Paulo, ou os que há anos a Coca-
Cola mantém em várias cidades do país. “As duas formas de
publicidade funcionam e convivem harmoniosamente”, diz Valentim
75
Sola, 57 anos, dono da Publitas, que fabrica painéis luminosos e neons.
“E a noite ganha em beleza”. (Edição 888 de 09/1985 página 94 a 95)
Figura 52: Lonas pintadas cobrindo fachadas com arquitetura “de outros tempos” na
Av. Prestes Maia, região central de São Paulo, em 2000.
76
Aerografia
77
Figura 53: Pintura em aerografia
Década de 1980
78
De 1986 a 1991, o país assistiu a suscessivas tentativas de
estabilização econômica. Vale lembrar:
O Plano Cruzado em 1986;
O Plano Bresser em junho de 1987;
O Plano Verão em janeiro de 1989;
O Plano Collor I em abril de 1990;
O Plano Collor II em fevereiro de 1991.
Mas, independente da moeda e do plano monetário em
vigor, uma coisa era certa: a necessidade de anunciar!
Assim, esse período ficou marcado como um momento em
que a publicidade melhor se organizou, e a mídia exterior se
consolidou efetivamente, oferecendo, além dos “outdoors”, os
painéis “back-light” e “front-light” como possibilidades de
veiculação publicitária diferenciada.
Os painéis “front-light” diferiam dos painéis “back-light”
pois apresentavam iluminação externa por holofotes, facilitando a
manutenção. Enquanto num painel “back-light” de 40,00 m² eram
necessárias cerca de 40 lâmpadas fluorescentes de 2,00 m de
comprimento e alta potência, em painéis “front-light” de mesma
medida eram utilizadas apenas 4 ou 5 holofotes
Além disso, com a escassez dos espaços para
publicidade devido ao vertiginoso adensamento populacional, e à
intensa urbanização ocorrida na cidade de São Paulo, a difusão
desses novos tipos de painéis foi favorecida, uma vez que sua
instalação exigia menor área. Assim, mesmo com estruturas
muito mais caras que o “outdoor” convencional, os painéis
luminosos foram bem recebidos pelo mercado.
Contudo, tais painéis surgiram no momento em que a
cidade estava em franca deterioração, sobretudo da região central.
Nesse contexto, a Prefeitura de São Paulo (gestão 1989/1992) lançou
um plano de requalificação urbana para algumas áreas da região
central da cidade denominado Eixo Sé-Arouche. Apresentamos
abaixo alguns trechos do texto base deste plano:
79
uma cidade que tem desprezado sua memória. Trabalho de parceria entre a
Prefeitura de São Paulo e a iniciativa privada.
A área central concentra usos e atividades diversos que geram uma grande
concentração de usuários. No entanto, desde a década de 1960, o setor imobiliário
vem investindo em setores mais valorizados da cidade, e o centro passando por um
processo de deterioração física e ambiental.
80
dos melhores pontos de visualização das mensagens para o maior
número de pessoas, é natural que as empresas exibidoras passassem
a buscar pontos de publicidade, inclusive nas grandes vias, a partir
desse período (início da década de 1990).
A promoção de leis para regular a utilização da
paisagem urbana também ocorre nesta época e um dos principais
protagonistas foi o Sindicato das Empresas de Publicidade
Exterior do Estado de São Paulo (SEPEX-SP), criado para, entre
outras coisas, promover a autorregulação da atividade
publicitária ao ar livre junto ao poder público. Vale lembrar que
anteriormente ao SEPEX-SP temos o registro da existência da
AEPAL (Associação das Empresas de Propaganda ao Ar Livre).
Embora não tenhamos muitas informações sobre essa
associação, sabemos que foi muito importante na constituição do
SEPEX-SP.
SEPEX-SP
81
eletrônicos, mobiliário urbano etc., no Estado de São Paulo, o
SEPEX-SP é gerenciado por uma Diretoria Executiva que tem o
apoio dos Departamentos Jurídico, Técnico e Administrativo.
Além disso, disponibiliza também às empresas, ao poder público
e à população, o serviço de ouvidoria, que recolhe as denúncias
de irregularidades, buscando a manutenção e a harmonia entre
publicidade exterior e paisagem urbana.
Globalização
82
Para a publicidade como um todo, esse período foi
marcado pelo grande investimento das multinacionais em
propaganda no Brasil e no mundo.
A cidade de São Paulo aparece nesse cenário como
principal conglomerado de população economicamente ativa, e,
naturalmente, os esforços das “novas” empresas foram focados
na indução ao consumo a essa imensa massa de pessoas.
Legislação
11
Quota - é o coeficiente que, multiplicado pela testada do imóvel onde se situa o anúncio,
possibilita obter a área total máxima dos anúncios permitida no imóvel, expressa em metros
quadrados.
12
XVI - Testada ou alinhamento - é a linha divisória entre o imóvel de propriedade
particular ou pública e o logradouro ou via pública.
83
3. Proposição de regras estéticas e de segurança para
se obter a licença. Todo anúncio devia, entre outras
coisas: a) ser mantido em bom estado de conservação,
no que tange à estabilidade, resistência dos materiais e
aspecto visual; b) receber tratamento final adequado em
todas as suas superfícies, inclusive na sua estrutura,
ainda que não utilizada para anunciar; c) atender às
normas técnicas pertinentes à segurança e estabilidade
de seus elementos; d) atender às normas técnicas
emitidas pela Associação Brasileira de Normas
Técnicas - ABNT, pertinentes às distâncias das redes de
distribuição de energia elétrica ou a parecer técnico
emitido pelo órgão público estadual ou empresa
responsável pela distribuição de energia elétrica; e) não
prejudicar a visualização de bens e imóveis
significativos; f) não prejudicar a visibilidade de
sinalização de trânsito ou outro sinal de comunicação
institucional, destinado à orientação do público, bem
como a numeração imobiliária e a denominação dos
logradouros; g) quando, com dispositivo luminoso, não
produzir ofuscamento ou causar insegurança ao trânsito
de veículos e pedestres e edificações vizinhas; h)
quando, com dispositivo luminoso de luz intermitente,
pisca-pisca ou jogo de luzes, em período noturno,
compreendido das 24h (vinte e quatro horas) às 6h (seis
horas), não prejudicar, a edificação em que estiver
instalado ou as edificações vizinhas; i) não prejudicar,
por qualquer forma, a insolação ou a aeração da
edificação em que estiver instalado ou a dos imóveis
edificados vizinhos; j) não apresentar conjunto de
formas e cores que se confundam com as
convencionadas internacionalmente para as diferentes
categorias de sinalização de trânsito; k) não apresentar
conjunto de formas e cores que se confundam com as
consagradas, para a prevenção e o combate a incêndio,
pelas normas de segurança etc.
84
4. Classificação do painel em função das suas
dimensões e características técnicas e solicitação de
documentação proporcional à respectiva
característica em que o anúncio se enquadrasse.
Os anúncios passaram a ser classificados em:
Especial: quando apresentar pelo menos uma das
seguintes características: a) área total de anúncio
superior a 30,00 m²; b) altura máxima superior a 6,00
m; c) esteja instalado em empena cega e apresente área
total de anúncio superior a 30,00 m²; d) possua
dispositivo mecânico; e) possa apresentar problemas
afetos à segurança da população; f) esteja instalado em
cobertura de edificação;
Complexo: quando apresentar pelo menos uma das
seguintes características: a) área total de anúncio
superior a 5,00 m² e igual ou inferior a 30,00m²;
b) altura máxima superior a 4,00 m e igual ou inferior a
6,00 m; c) esteja instalado em empena cega e apresente
área total de anúncio igual ou inferior a 30,00 m²;
Transitório: quando permanecer exposto pelo prazo
máximo de 30 (trinta) dias e apresentar as seguintes
características: a) área total de anúncio igual ou inferior a
2,00 m²; b) altura máxima igual ou inferior a 3,00 m; c)
não possua qualquer dispositivo luminoso; d) veicule
mensagem esporádica atinente a promoções, ofertas
especiais e similares; e) seja único deste tipo no imóvel; f)
não avance sobre o passeio;
Balão ou inflável: quando permanecer exposto pelo prazo
máximo de 30 dias e apresentar as seguintes
características: a) ser inflado por ar ou gás estável; b)
possuir ou não dispositivo luminoso; c) ser único deste tipo
no imóvel; d) ter sua projeção, em qualquer situação,
contida nos limites do imóvel, não podendo avançar sobre
os imóveis vizinhos nem sobre o logradouro;
De finalidade cultural: quando for integrante de
programa cultural, de plano de embelezamento da
85
cidade ou alusivo a data de valor histórico;
De finalidade político-partidária, na forma prevista na
legislação eleitoral federal;
Simples: Quando não se enquadrar em alguma das
categorias anteriores.
Tipologia em função do local da instalação:
Na fachada;
Na marquise;
Na cobertura
Na empena cega
Na área livre do imóvel edificado
Nos "shopping centers", hipermercados,
centros de feiras e salões, centros de lazer e
edificações similares;
Em imóvel particular não edificado;
Em obra de construção civil particular;
Em bens públicos.
86
Como podemos ver a Lei n° 12.115 de 1996, era bem
completa e previa uma série de regras, justamente para tentar
racionalizar o uso publicitário na paisagem através de critérios técnicos.
Figura 55: Lonas impressas em alta resolução fixadas em” outdoors”. Av. da Consolação, 2006.
87
Figura 56: Painel Eletrônico e outros tipos de painel. Av. da Consolação, 2006.
A Lei 13.525/2003
13
Plano Diretor Estratégico - Lei Municipal nº 13.430, de 13/09/2002 revisado em 2014.
88
I - 1º Nível - aquelas utilizadas como ligação da Capital
com os demais municípios do Estado de São Paulo, e
com os demais estados da Federação;
II - 2º Nível - aquelas não incluídas no nível anterior,
utilizadas como ligação com os municípios da Região
Metropolitana, e com as vias do 1º nível;
III - 3º Nível - aquelas não incluídas nos níveis anteriores,
utilizadas como ligações internas no Município.
1 - coletoras;
2 - vias locais;
3 - ciclovias;
4 - vias de pedestre.
14
Em se tratando de bens de valor cultural, classificados como bens tombados
individualmente, áreas tombadas e áreas envoltórias, deverá ser ouvido o Conselho
Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico Cultural e Ambiental da Cidade São
Paulo - CONPRESP
89
2. Restringe a utilização das estruturas de madeira para
anúncios publicitários situados nas vias constantes do
Anexo I, e nas vias coletoras situadas no perímetro do
centro expandido;
90
XIV - estrutura para disposição de sacos plásticos de lixo e os
destinados à reciclagem;
XV - grade de proteção de terra ao pé de árvores;
XVI - protetores de árvores;
XVII - quiosque para venda de lanches e produtos em parques;
XVIII - lixeiras;
XIX - relógio (tempo, temperatura e poluição);
XX - estrutura de suporte para terminal da Rede Pública de
Informação e Comunicação;
XXI - suportes cilíndricos para afixação gratuita de pôster para
eventos;
XXII - painéis de mensagens variáveis para uso exclusivo de
informações de trânsito;
XXIII - colunas multiuso;
XXIV - estações de transferência.
91
Artigo 59 - O Poder Público Municipal deverá observar os seguintes
prazos na tramitação dos pedidos de autorização:
II - 45 (quarenta e cinco) dias para expedir o Alvará de Instalação de
Anúncio ou indeferir o pedido de autorização para anúncio complexo ou
especial, contados a partir da data do seu protocolamento;
III - 30 (trinta) dias para deferir ou indeferir o pedido de autorização para
anúncio complexo ou especial, contados a partir da data em que o
interessado comunicar a instalação do anúncio de acordo com o Alvará
de Instalação expedido, nos termos do artigo 55.
Parágrafo 1.º - O curso dos prazos previstos neste artigo ficará suspenso
durante a pendência do atendimento, pelo interessado, de exigências
feitas em “comunique-se”.
Parágrafo 2.º - Decorridos os prazos estabelecidos nos incisos I e II deste
artigo, o interessado deverá comunicar o órgão competente e, após 15
(quinze) dias desta comunicação, não havendo o indeferimento do
pedido, poderá instalar o anúncio.
Parágrafo 3.º - A instalação prevista no parágrafo anterior não exime o
interessado de atender a todas as disposições desta lei e recolher, de
imediato, a Taxa de Fiscalização de Anúncios - TFA.
Figura 58: Sequência de painéis “outdoor” destinados a projetos artísticos no Centro Cultural
São Paulo, face para a Av. 23 de Maio - sentido centro (1999)
92
Figura 59: Grandes empresas anunciando em Mobiliário Urbano, Tela de Proteção
(envelopamento) e Topo de Prédio (2002).
93
Figura 60: Empenas e topos de prédio na Av. Prestes Maia (2002).
94
Figura 62: Projeto “Especial”, com cenografia tridimensional no topo do painel, situado na
Av. Brig. Faria Lima (2003).
95
Figura 64: Concorrência de Empenas na Rua Bernardino de Campos (2003).
96
Figura 66: Rua Santa Ifigênia (1999).
97
Figura 68: Painel tipo Topo de prédio no Conjunto Nacional. Av. Paulista, 2006.
98
digital em ambientes privados ou em transportes públicos (ônibus e
metrô).
Com essa mudança de paradigma, houve uma mudança
conceitual na atividade, que passou a se chamar: “Out of home”.
Assim, mesmo com uma legislação tão proibitiva, a atividade
publicitária exterior apresentou crescimento, conforme podemos
verificar nos gráficos a seguir.
99
Fonte: Projeto Intermeios, 2009. Adaptado por Sergio Avila Rizo.
100
Mídia Internacional
Investimentos em propaganda - Brasil x Outros Países
Advertising Expenditure Brazil vs Other Countries
101
Mídia “Out of home”
ACADEMIAS
· Monitores LCD com conteúdo e publicidade.
AÉREO
· Adesivo de bandeja - lado externo da bandeja de refeição, no
avião;
· Balão - ar quente ou frio; adequação de formato ao
produto/embalagem;
· Cabeçote - encosto de cabeça nas poltronas de avião;
· Dirigível;
· Faixa rebocada por avião;
· Monitores LCD com conteúdo e publicidade a bordo;
· Sky Midia - helicóptero com mensagens luminosas na base.
AEROPORTO
· Adesivo de esteira;
· Aerovídeo - circuito fechado de TV - sala de espera;
· Carrinhos de bagagem - placas frontais;
· Carrinhos elétricos - placas frontais, laterais e estande de espera;
· Display fotográfico;
· Monitores LCD com conteúdo e publicidade;
· Orientador de estacionamento;
· Painéis - adesivos e luminosos, internos e externos;
· Tapumes - quando em obras.
BANCA DE JORNAL
· Monitores LCD com conteúdo e publicidade;
· Paineis luminosos, adesivos e displays.
102
CINEMA
· Cartaz / luminoso;
· Combo, saco de pipoca;
· Display no chão da sala de espera;
· Monitores LCD com conteúdo e publicidade, na sala de espera;
· Telão com exibição de mensagens;
DIVERSOS
· Bebedouros - painel frontal e lateral;
· Caixa eletrônico 24 horas - tela do monitor;
· Passe escolar;
· Postais publicitários;
· Raios laser - em shows e eventos;
· Tapa-sol em papelão para automóveis;
· Toalha de mesa em lanchonetes e restaurantes;
· Trio elétrico;
· Videotronics - mensagens eletrônicas nos pontos de venda.
ELEVADORES
· Monitores LCD com conteúdo e publicidade.
ESTÁDIO/GINÁSIO DE ESPORTES
· Display na lateral das traves.
· Painel fixo e móvel;
· Placar eletrônico;
ESTRADA
· Painel Fixo.
LOJAS EM GERAL
· Monitores LCD com conteúdo e publicidade.
MATERNIDADES
· Monitores LCD com conteúdo e publicidade, nos quartos.
METRÔ
· Adesivagem / envelopamento de vagões;
· Monitores LCD com conteúdo e publicidade, nos vagões;
· Painéis nas estacões e na parte interna dos trens.
103
ÔNIBUS
· Busdoor - painéis adesivos internos e externos /
envelopamento;
· Monitores LCD com conteúdo e publicidade, internos;
· Terminal rodoviário - painéis e circuito fechado de televisão.
PADARIA
· Cupom;
· Monitores LCD com conteúdo e publicidade.
PRAIA
· Boatdoor;
· Guarda-sol;
· Guarita de salva-vidas;
· Jangadas;
· Sacos ou sacolinhas para lixo,
RUAS E AVENIDAS
· Abrigo de ponto de ônibus - Painéis luminosos, frontal e
lateral;
· Backlight / frontlight - painéis em diversos formatos;
· Bikedoor;
· Cartaz rebocado por carros;
· Coletor de papel / lixeira - adesivos laterais;
· Display ecológico - protetor para árvores;
· Empena - painel gigante na parede de prédios em pintura ou
tela vinílica;
· Grades de proteção para pedestres;
· Orientador / sinalizador de ruas e avenidas;
· Painel com relógio e temperatura;
· Painel eletrônico;
· Painel luminoso em topo de prédio, em acrílico ou neon;
· Triedo - front-light trifásico.
SHOPPING CENTERS
· Carrinho de bebê - placas adesivas;
· Estacionamento - sinalizacao interna;
104
· Monitores LCD com conteúdo e publicidade, em corredores,
saídas etc.;
· Portas de elevador;
· Portas de entrada e saída.
TÁXI
· Adesivo nas portas ou envelopamento do veículo;
· Adesivo no encosto do banco e Takeone;
· Luminoso no teto;
· Monitores LCD com conteúdo e publicidade.
TELEFONE
· Cartões telefônicos;
· Painel luminoso em cabine telefônica;
· Patrocínio de caixa postal.
TREM
· Envelopamento;
· Lixeiras;
· Monitores LCD com conteúdo e publicidade;
· Paineis nas estações.
105
Figura 69: Exemplos de mídia “out of home”
106
Figura 70: Exemplos de mídia “out of home”
107
Mídia Alternativa
108
Capítulo 4
A proibição da mídia exterior
em São Paulo e sua volta
Não existem estudos consensuais sobre o real impacto da
publicidade ao ar livre em São Paulo que possam subsidiar a ideia de
sua eliminação como forma de contenção da poluição visual. De um
lado temos a prefeitura que não executa a contento a fiscalização da
atividade, e de outro uma grande quantidade de equipamentos de
mídia exterior nas ruas, legalizados ou não. O assunto é tão polêmico
que poderíamos dedicar um livro (ou mais) para tratar da questão do
congestionamento visual na cidade, particularmente aquela causada
pela mídia exterior.
De todo modo, podemos afirmar que, no bojo das relações
capitalistas, a publicidade nas ruas responde a uma demanda
específica de incentivar o consumo e ela ocorre de maneira mais ou
menos espontânea e genuína em função da sociedade, do espaço e do
período histórico.
Dessa forma, a materialidade que vamos tratar agora resulta
da proibição da veiculação publicitária ao ar livre através dos
outdoors e painéis, em detrimento da viabilização da maior licitação
que se tem notícia, para implantação de equipamentos de mobiliário
urbano (abrigos de ônibus e relógios de rua) com publicidade.
Existem rumores de que o estopim para a proibição da
publicidade ao ar livre a partir de 2006 possa ter sido causado por
algum litígio entre empresários do setor e interesses políticos,
contudo, não podemos confirmar este fato.
Segundo alguns empresários do setor, o próprio jargão da lei
14.223/2006, “Cidade Limpa”, promete muito mais do que realiza.
Para o empresário Luiz Fernando Rodovalho, atual presidente da
109
FENAPEX (Federação da Publicidade Exterior): “Ninguém vai ser
contra a uma lei que propõe que a cidade fique limpa, mas a
confusão que se cria é que o jargão não corresponde aos
acontecimentos. A publicidade exterior nas ruas foi eliminada, se era
uma atividade que poderia causar algum tipo de congestionamento
visual porque ela não era devidamente fiscalizada? Porque eu e
tantos outros empresários que atuavam no segmento há décadas
fomos sumariamente destituídos do nosso direito de livre iniciativa?
Não acho que existiu uma Lei Cidade Limpa porque a cidade
continua com seus problemas de zelo público do espaço público
como ocorre há anos – até porque São Paulo é muito, mas muito
grande. O que se efetivou, na minha opinião deveria se chamar “Lei
Kassab”.
Para entender o contexto que explica a indignação do
empresário, vale lembrar a sucessão dos fatos: em 2005, José Serra
assume a prefeitura de São Paulo e, após alguns meses de trabalho,
promove um Projeto de Lei para proibição dos anúncios publicitários.
Serra – contradizendo sua promessa de cumprir todo mandato – se
ausenta da Prefeitura no ano seguinte (2006) para concorrer ao cargo
de governador (e vence o pleito).
Dessa forma, o então vice-prefeito Gilberto Kassab (ex-
secretário de Planejamento da Gestão de Celso Pitta, de 1997 a 2000),
assume a prefeitura e prioriza o Projeto de Lei que é aprovado no fim
do ano de 2006.
A Lei 14.226 foi aprovada impondo fortes restrições aos
anúncios indicativos e proibindo os anúncios publicitários na cidade
de São Paulo.
Um dos trunfos da lei foi a possibilidade de autuação direta,
sem notificação – o que é uma medida questionada por grande parte
dos especialistas – e o pagamento de R$ 10 mil para cada propaganda
irregular. Dessa forma, após um período de apresentação da lei, a
fiscalização saiu às ruas realizando as temidas autuações.
O impasse sobre a inconstitucionalidade da lei saltou para
diversas instâncias e gerou uma guerra de liminares. Na queda de
braço prevaleceu a posição da prefeitura e as liminares ganhas por
diversos empresários foram sistematicamente caçadas nas instancias
estadual e federal.
110
A restrição à veiculação publicitária em equipamentos de
mídia exterior não significou que as verbas publicitárias para este fim
deixaram de existir. Elas simplesmente migraram para outros meios,
conforme indica o presidente da ABAP:
O presidente da ABAP (Associação Brasileira de Agências de
Publicidade), Dalton Pastore, prevê que parte da verba usada
atualmente pelos anunciantes migre para outras mídias - rádios,
TVs e jornais, por exemplo - e também para esses locais
“públicos”. “Ninguém vai reduzir sua necessidade de vendas e seu
investimento em vendas pela falta de outdoor”, afirmou Pastore15.
15
Caderno Cotidiano, Folha.com, disponível em:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u126392.shtml, acesso em: 20/01/2011.
16
Caderno Cidades, Jornal O Estado de São Paulo, disponível em:
http://www.estadao.com.br/arquivo/cidades/2007/not20070205p15869.htm, acesso em 20/01/2011.
17
Fonte: http://www.clearchanneladshel.com/content.aspx?ID=4&ParentID=0&MicrositeID=0&Page=1
(acesso em 22/01/2011).
111
do globo18; a francesa JCDecaux, presente em cerca de 1.600 cidades
em 45 países19; e a espanhola CEMUSA (Corporación Europea de
Mobiliário Urbano S.A.), presente em mais de 100 cidades na Europa
e nas Américas20.
O Prefeito Gilberto Kassab ganha notoriedade ao priorizar a
implantação do referido projeto que passa a ser chamado de “Cidade
Limpa”. Este jargão tem um sentido de grande abrangência, mas a lei
em si trata apenas da publicidade ao ar livre.
A utilização política da temática “limpeza” ou
“higienização” como jargão no campo político não é algo novo.
Recorda-se, por exemplo, do jingle de Jânio Quadros na campanha
presidencial dos anos de 1960 e da prefeitura de São Paulo nos anos
de 1980:
"Varre, varre, varre, varre, varre, varre, vassourinha/ Varre,
varre a bandalheira/Que o povo já está cansado/ De sofrer desta
maneira/ Jânio Quadros é a esperança deste povo abandonado."
18
Fonte: http://www.clearchanneladshel.com/content.aspx?ID=4&ParentID=0&MicrositeID=0&Page=1
(acesso em 22/01/2011).
19
Fonte: http://www.jcdecaux.com/en/The-JCDecaux-group/Markets (acesso em 22/01/2011).
20
Fonte: http://www.cemusadobrasil.com.br/cemusa-cemusa-mundo.php (acesso em 22/01/2011).
112
para sanear diversas frentes públicas tais como o enterramento de fios
e cabos, o transporte público e a segurança:
21
Caderno Cotidiano, Folha.com, disponível em:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u126392.shtml , acessado em:
20/01/2011.
113
ruas comerciais etc. Um exemplo a ser seguido é o das ruas
Amauri, no Itaim Bibi, e Oscar Freire, nos Jardins, onde a
comunidade, com apoio da Prefeitura, incluiu o enterramento dos
fios ao realizar obras de embelezamento das ruas. A partir de
agora, precisamos incluir o enterramento em todas as intervenções
importantes que o Estado ou a comunidade realizarem em áreas da
cidade (Serva, 2008, pg 101).
B) Transporte público
C) Segurança
22
Notícias,São Paulo, Estadao.com, disponível em:
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20100828/not_imp601582,0.php, acessado em
21/01/2011.
114
Art. 8º. Os abrigos a serem instalados deverão ser compostos
por estrutura e painéis publicitários, ocupando, no solo, o menor
espaço possível.
115
4) O prazo de concessão das duas licitações é de 25 anos;
23
PROJETO DE LEI 01-0047/2010 do Executivo, disponível em:
http://camaramunicipalsp.qaplaweb.com.br/iah/fulltext/projeto/PL0047-2010.pdf. Acesso
em 21/01/2011.
24
Disponível em:
http://www.camara.gov.br/internet/deputado/Dep_Lista.asp?Legislatura=54&Partido=PSD&
SX=QQ&Todos=None&UF=QQ&condic=QQ&forma=lista&nome=&ordem=nome&orige
m=. Acesso em Janeiro/2012.
116
governadores (SC e AM) 25, 3 deputados estaduais por São
Paulo26 e 10 vereadores do município do qual é prefeito27. Essa
análise não foi aprofundada, mas pode ser tema de análises
futuras.
O jargão “Cidade Limpa” se transforma em instrumento
midiático e o êxito de suas medidas oferta relativo
credenciamento político para tratar de temas relacionados ao
combate da poluição e sustentabilidade. Prova disso está no
discurso do Prefeito Gilberto Kassab na abertura do encontro
“C40” (Climate Leadership Group) em São Paulo que reuniu de
31 de maio a 3 de junho de 2011 prefeitos e representantes de
importantes cidades do mundo para tratar de temas relacionados
ao aquecimento global e mudanças climáticas. 28
Implantamos a inspeção veicular, que diminuiu a poluição;
temos a cidade limpa sem poluição visual; fizemos a captura do
metano nos aterros sanitários; começamos a implantar a nova
frota de ônibus a etanol; ampliamos, desde 2005, de 13 para 15
milhões de metros quadrados nossas áreas verdes; colaboramos
com o Estado investindo no metrô; em parceria com a Companhia
de Saneamento Básico do Estado, a Sabesp, fizemos um programa
que despoluiu 100 córregos; chegamos a 200 km de vias com
prioridade para ônibus; temos 1,2 mil linhas de ônibus que
utilizam 15 mil veículos, desde microônibus até biarticulados.
25
Disponível em: http://www.psd.org.br. Acesso em Janeiro/2012.
26
Disponível em: http://www.al.sp.gov.br. Acesso em: Janeiro/2012.
27
Disponível em: http://www.camara.sp.gov.br. Acesso em Janeiro/2012.
28
. Foram tratados temas como exploração e troca de novas ideias sobre transporte, energia,
arrecadação de fundos, uso de terras e descarte de resíduos, problemas essenciais na garantia
da sustentabilidade e da qualidade de vida de seus cidadãos.
http://www.c40saopaulosummit.com/site/conteudo/index.php?in_secao=26. Acesso em
22/01/2011.
117
abrigos de ônibus com o consórcio formado pelas empresas:
Odebrecht, grupo Ruas, Kalitera Engenharia e TV Bandeirantes
denominado “Grupo Ótima” e 1000 relógios de rua com a francesa
JCDecaux.
Figura 72: Um dos modelos do abrigo de ônibus de São Paulo. Foto extraída do website do
Grupo Ótima: http://www.otima.com/abrigos.php , acesso junho/2014.
Figura 73: Relógio de Rua implantado em SP. Foto extraída do website da JCDecaux:
http://www.jcdecaux.com , acesso junho/2014.
118
Para a Gestão 2013-2016, Gilberto Kassab não concorreu, e
a eleição foi vencida por Fernando Haddad. Entretanto, ainda não
obtivemos dados da atual gestão para saber sobre os
encaminhamentos e o retorno financeiro para a cidade em si. O que
podemos atestar é que os equipamentos possuem sim grande
qualidade. Essa qualidade reflete o perfil de anunciantes que podem
pagar por um circuito de publicidade qualificada.
Dessa forma, se por um lado hoje se observa no mobiliário
urbano uma publicidade com grande padrão de qualidade e
acabamento pressupõe-se por outro que anunciantes menores não
consigam se adaptar a esse novo padrão. Aquele modelo de
publicidade espontâneo, inusitado e mambembe, que em grande parte
reflete a cultura paulistana ficou apenas nas páginas dos livros.
119
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Referências eletrônicas
121
Créditos
(fotos e ilustrações)
Crédito / Página:
Todos os esforços foram feitos para identificar as fontes das imagens aqui
reproduzidas. Estamos prontos a corrigir eventuais falhas ou omissões em futuras
edições
122
A Coleção Espaços Mal Vistos aborda os espaços julgados
de acordo com conceitos historicamente construídos. Dentro desse
enfoque, o primeiro livro da coleção foi “Cemitérios”, de Eduardo
Rezende. Trazemos agora o segundo volume, ligado à publicidade
(Mídia Exterior).
Posteriormente serão lançados títulos que irão contemplar
outros espaços percebidos com algum tipo de preconceito pela
maioria da sociedade. Assim, com essa coleção, procuramos contestar
tabus através do acesso à cultura e educação.
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Sobre o Autor
Sergio Avila Rizo é geógrafo
formado pela USP, com mestrado no
PROLAM-USP e atua no segmento de
mídia exterior desde 1995.
Suas atividades compreendem a
docência nível superior, consultoria em
comunicação e na área de legislação para
publicidade ao ar livre.
Meios de contato:
E-mail: sergio.rizo@usp.br
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