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SBPJor – Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo

14º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo


Palhoça – Unisul – Novembro de 2016
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Jornalismo de dados e conhecimento científico:


uma aproximação possível

Marília Gehrke1
Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Resumo: A perspectiva da notícia como forma de conhecimento, trazida inicialmente por Ro-
bert Park, parece uma abordagem pertinente para pensar nas transformações e no futuro do jor-
nalismo. Por meio de discussão teórica e da criação de um modelo para reportagem, pretende-se
mostrar que o jornalismo de dados reúne características que permitem aproximá-lo da ciência,
semelhante ao que sugere Philip Meyer, elevando o grau de conhecimento produzido. Acredita-
se que é possível inserir o jornalismo de dados dentro do continuum proposto por Park, mas em
um ponto específico e próximo do conhecimento sobre, ou seja, do conhecimento científico, que
pode ser checado.

Palavras-chave: jornalismo; conhecimento; jornalismo de precisão; jornalismo de dados; co-


nhecimento científico.

Introdução

De forma pioneira, o jornalista e sociólogo Robert Park discutiu, em 1940, que


tipo de conhecimento é produzido pela notícia. Utilizando as categorias trabalhadas por
William James, situou a notícia em algum lugar do continuum cujas extremidades são
formadas pela familiaridade com (acquaintance with) e pelo conhecimento sobre (kno-
wledge about). Respectivamente, essas categorias representam o saber adquirido no dia
a dia, sob experimentação, e o saber formal e científico.

1
Jornalista, mestranda do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Informação da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul (PPGCOM/UFRGS) e membro do Grupo Jornalismo Digital - JORDI
(UFRGS/CNPq).

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Parece oportuno resgatar a abordagem trazida por Park à medida que está posto
um cenário jornalístico em transformação. A internet não é apenas um ator, mas sim a
responsável por um novo ecossistema (ANDERSON, BELL E SHIRKY, 2013) em que
o público tem cada vez mais participação, o formato tradicional das empresas de comu-
nicação já não faz muito sentido e que o próprio jornalista questiona quais são suas tare-
fas e potencialidades.
A proposta deste artigo é mostrar que o jornalismo de dados, cuja técnica envol-
ve coleta, análise e apresentação de informações, reúne características que permitem
aproximá-lo da ciência, elevando o grau de conhecimento produzido. Um segundo obje-
tivo é estabelecer um modelo a ser seguido em reportagens, visando o método científi-
co. Para tanto, faz-se necessário retomar a abordagem de Philip Meyer sobre o jornalis-
mo de precisão – que viria a embasar o jornalismo de dados – desenvolvida da metade
para o final dos anos de 1960, com ideais científicos.
Por meio de revisão bibliográfica, que procura explicar e discutir um assunto,
tema ou problema com base em materiais publicados (MARTINS E TEÓPHILO, 2009),
este trabalho apresenta discussão teórica sobre as ideias de Robert Park e em seguida
um apanhado evolutivo do que hoje é conhecido como jornalismo de dados. Discute-se,
então, a interseção entre os dois conceitos e propõe-se um modelo. A partir das contri-
buições de Philip Meyer, que acredita na necessidade de empurrar o jornalismo na dire-
ção da ciência, busca-se um avanço: sugere-se que o jornalismo de dados receba uma
posição específica e próxima do conhecimento sobre dentro do continuum proposto por
Park.

2. O conhecimento no jornalismo

Jornalista que se tornou sociólogo, Robert Park (1940) foi o primeiro a pensar no
tipo de conhecimento produzido pela notícia. Pelo contexto em que foi aplicado, o ter-
mo notícia é sinônimo de jornalismo – e assim será empregado neste artigo. Sob a ótica
de Park, a notícia tem como função orientar o homem e a sociedade no mundo. “A no-
tícia é ‘algo que faz as pessoas falarem’, tende a ter caráter de documento e está limita-

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da, em suas características, a eventos que trazem mudanças repentinas e decisivas”


(PARK, 1940, p. 669, tradução livre).2
O autor difere a notícia da história porque a primeira não está preocupada com o
passado ou com o futuro, mas com o presente. Em geral, é a ideia de atualidade que
permite a novidade da notícia. Park (1940) diz que eventos da atualidade costumam ser
esperados, mas não necessariamente são previsíveis. “A especificidade da notícia, por-
tanto, não consiste em suas temáticas, comuns a outros tipos de relatos, mas ao trata-
mento que recebe o tema e as funções sociais que cumpre” (MACHADO, 2005, p. 28).
Park (1940) classifica a notícia como uma mercadoria perecível, de característica transi-
tória e efêmera. Em sua forma elementar, aponta que a notícia é apenas um flash que se
tornará um registro maior se as circunstâncias exigirem.
Para sistematizar a ideia da notícia como forma de conhecimento, Park segue
duas categorias de conhecimento elaboradas pelo psicólogo e filósofo William James,
que foi seu professor em Harvard: acquaintance with, ou seja, familiaridade com, que é
uma forma de conhecimento não sistemático, mas intuitivo e do senso comum; e kno-
wledge about, o conhecimento sobre, que é formal. A notícia, conforme o autor, estaria
situada em um continuum entre esses dois extremos, juntamente com outras formas de
conhecimento.
Ao localizar a notícia no continuum, Park se torna o primeiro a definir a natureza
do conhecimento produzido pelo jornalismo. Identifica, também, o jornal como uma
instituição social voltada a atender demandas comunicativas de uma sociedade comple-
xa (MACHADO, 2005). Considera que a civilização se sustentava, à época, sobre uma
base econômica; e busca explicar a comunicação como fenômeno social ou cultural
(MAROCCO E BERGER, 2008).
No texto de James (1890), que serviu de base para Park, é possível perceber as
diferenças entre os dois tipos de conhecimento.

Há duas formas de conhecimento amplamente e praticamente distinguíveis:


podemos chamá-las, respectivamente, de conhecimento de familiaridade [kno-
wledge of acquaintance] e conhecimento sobre [knowledge-about] [...]. Eu sou

2
No original “News is ‘something that will make people talk’, tends to have the character of a public
document, and is characteristically limited to events that bring about sudden and decisive changes”
(PARK, 1940, p. 669).

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familiar com muitas pessoas e coisas, das quais sei muito pouco, exceto sua
presença nos lugares onde as encontrei. Eu conheço a cor azul e a vejo, e o sa-
bor da pêra quando a experimento; eu conheço uma polegada quando movo
meu dedo através dela; um segundo de tempo, quando eu o sinto [...] a diferen-
ça entre duas coisas eu percebo; mas sobre a natureza interna desses fatos ou o
que faz eles serem o que são eu nada posso dizer. Eu não posso transmitir fami-
liaridade para quem não passou por eles. Eu não posso descrevê-los, fazer um
homem cego adivinhar como é o azul, definir silogismo para uma criança ou
dizer a um filósofo em que distância o respeito é o que é e que difere de outras
formas de relação. No máximo posso dizer aos meus amigos irem a alguns lu-
gares e agirem de certa forma que esses objetos provavelmente virão (JAMES,
1890, tradução livre).3

Pela classificação de James, que originalmente nada tem a ver com as notícias,
mas com a psicologia, é possível conceber que o conhecimento por familiaridade é mais
superficial e envolve um contato de experimentação, enquanto que o conhecimento so-
bre requer algo mais intrínseco, um conhecimento pouco mais aprofundado e sistemáti-
co.
Apropriando-se das categorias de James para inserir a notícia, Park (1940) expli-
ca que acquaintance with, ou familiaridade com, é o tipo de conhecimento que alguém
adquire de forma inevitável no contato com as pessoas e com o mundo. É um conheci-
mento que não parte de uma investigação formal, mas que vem com o uso. É um conhe-
cimento incorporado ao hábito.
Ele ainda relaciona outras formas de acquaintance with: conhecimento clínico
(ao menos se for um produto de experiência própria); habilidades e conhecimento técni-
co; e tudo aquilo que pode ser aprendido por experimentação indireta e inconsciente.
Park (1940, p. 672) diz que este conhecimento sintético não tende a ser articulado nem

3
No original “There are two kinds of knowledge broadly and practically distinguishable: we may call
them respectively knowledge of acquaintance and knowledge-about [...] I am acquainted with many peo-
ple and things, which I know very little about, except their presence in the places where I have met them.
I know the color blue when I see it, and the flavor of a pear when I taste it; I know an inch when I move
my finger through it; a second of time, when I feel it pass; an effort of attention when I make it; a differ-
ence between two things when I notice it; but about the inner nature of these facts or what makes them
what they are, I can say nothing at all. I cannot impart acquaintance with them to anyone who has not
already made it himself. I cannot describe them, make a blind man guess what blue islike, define to a
child a syllogism, or tell a philosopher in just what respect distance is just what it is, and differs from
other forms of relation. At most, I can say to my friends, go to certain places and act in certain ways, and
these objects will probably come” (JAMES, 1890, disponível online).

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comunicável. “Se ele se torna comunicável será nas máximas práticas e na sabedoria
popular e não na forma de hipótese científica”.4
Em contraste à familiaridade com há o conhecimento sobre, ou knowledge
about. Park classifica esse conhecimento como formal, que atingiu algum grau de exati-
dão e precisão. Basicamente porque sai do âmbito das ideias e avança para uma realida-
de concreta. Descreve Park (1940, p. 672): “Tal conhecimento é formal, racional e sis-
temático. Está baseado na observação e em um fato que foi checado, classificado, regi-
mentado e alinhado a esta ou aquela perspectiva, de acordo com o ponto de vista do
investigador”.5
O conhecimento sobre, conforme Park, abrange os seguintes tipos de conheci-
mento científico: filosofia e lógica, relacionadas às ideias; história, preocupada princi-
palmente com eventos; e as ciências naturais ou classificatórias, que se preocupam em
primeiro lugar com as coisas. Knowledge about é utilizado por Park como sinônimo de
jornalismo científico – que contrasta com outras formas de conhecimento porque é co-
municável. “É comunicável porque seus problemas e soluções estão situados não me-
ramente em termos lógicos e inteligíveis, mas em formas que podem ser checadas por
experimento ou referência a uma realidade empírica a qual esses termos se referem”
(PARK, 1940, p. 674).6
Park diz que as duas formas coexistem. Reconhece que acquaintance with, ou
familiaridade com, que está ligado ao acúmulo gradual de experiências de vida, pode
gerar insights e se tornar o primeiro passo para grandes descobertas. Afinal, o que seri-
am os cientistas sem suas percepções cotidianas? O mesmo pode ser pensado no jorna-
lismo.
Afirma que, se é inesperado o que acontece, não é totalmente inesperado o que
se torna notícia. Basicamente questões do cotidiano acabam entrando no noticiário, co-
mo nascimentos e mortes, condições do plantio, política, tempo. “Parece que a notícia,

4
No original “If it gets itself communicated at all, it will be in the form of practical maxims and wise saws
rather than in the form of scientific hypotheses” (PARK, 1940, p. 672).
5
No original “Such knowledge is formal, rational and systematic. It is based on observation and fact but
on fact that has been checked, tagged, regimented, and finally ranged in this and that perspective, accord-
ing to the purpose and point of view of the investigator” (PARK, 1940, p. 672).
6
No original “It is communicable because its problems and solutions are stated not merely in logical and
in intelligible terms but in such forms that they can be checked by experiment or by reference to the em-
pirical reality to which these terms refer” (PARK, 1940, p. 674).

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como forma de conhecimento, contribui com seus registros de evento não só para a his-
tória e a sociologia, mas para o folclore e a literatura; contribui não somente para as
ciências sociais, mas para as humanidades” (PARK, 1940, p. 681).7
As ideias de Robert Park inspiraram outros autores, décadas depois, a discutirem
sua proposta. Meditsch (1997, p.2) entende que o jornalismo é uma forma de produção
de conhecimento, mas faz algumas ressalvas: avalia que essa forma de conhecimento
“tanto pode servir para reproduzir outros saberes quanto para degradá-los, e é provável
que muitas vezes faça essas duas coisas simultaneamente”.
O autor resgata três principais interpretações. A primeira não define o jornalismo
como forma de conhecimento, mas como um ideal abstrato a alcançar – nesta mesma
abordagem está a ideia de que o jornalismo não produz conhecimento válido, mas de-
grada o saber. A segunda abordagem, em que menciona Park, Meditsch (1997, p. 3)
esclarece que se compreende o jornalismo como uma ciência menor e não inútil. “[...]
Park começa a definir o jornalismo a partir do que tem de diferente, do que lhe é especí-
fico como forma de conhecimento da realidade”. Uma terceira abordagem citada por
Meditsch justamente segue esta linha do diferente, de que o jornalismo revela a realida-
de de uma forma única e original. Acrescenta, ainda, que o jornalismo não apenas re-
produz o conhecimento que ele próprio produz, mas reproduz o conhecimento de outras
instituições sociais.
Genro Filho (1987) defende que o conhecimento gerado socialmente pelo jorna-
lismo ocorre por meio das categorias universal, particular e singular. As informações
são cristalizadas pelo singular, classificado pelo autor como a matéria-prima do jorna-
lismo. Ainda que a angulação seja caracterizada pela singularidade, o conteúdo da in-
formação está associado ao particular e ao universal, que seriam os horizontes do conte-
údo.
Meditsch (1997, p. 7) diz que a fragilidade e a força do jornalismo residem no
fato de ele operar no campo lógico da realidade dominante. Admite que há algum co-
nhecimento de fundo. “[...] O conhecimento do jornalismo será forçosamente menos

7
No original “Thus it seems that news, as a form of knowledge, contributes from its record of events not
only to history and to sociology but to folklore and literature; it contributes something not merely to the
social sciences but to the humanities” (PARK, 1940, p. 681).

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rigoroso do que o de qualquer ciência formal mas, em compensação, será também me-
nos artificial e esotérico”.
As contribuições de autores que buscam identificar o modo de produção do co-
nhecimento do jornalismo são essenciais, mas neste artigo o ponto de partida de Park é
que recebe destaque por sua originalidade e pela possibilidade de avanços, já que o tex-
to foi escrito em uma realidade de comunicação de massa, que não inclui o uso contínuo
do computador pessoal e da internet. Acredita-se que há semelhanças entre o jornalismo
como forma de conhecimento de Park, em especial no extremo que envolve o conheci-
mento científico, e a ideia de Philip Meyer de aproximar o jornalismo da ciência.
A partir da metade dos anos de 1960, Meyer (1991) começou a trabalhar com a
possibilidade de uso do método científico ao que chamou de jornalismo de precisão, que
incorporava ferramentas de coleta e análise de dados à busca disciplinada da ciência em
nome de uma verdade verificável. Park (1940, p. 682) dizia que as ciências sociais, mais
recentes do que as exatas, começaram a alcançar níveis de “precisão científica”.
No texto de Park, o uso do termo “precisão” está mais associado à ciência de
uma forma geral, e não do jornalismo. Marocco e Berger (2008, p. 11) interpretam que a
notícia é “Dotada de um contexto interpretativo, que se pode conseguir observando pe-
ríodos de tempo extensos e através de técnicas quantitativas e qualitativas precisas ine-
rentes ao que [Park] considera ‘jornalismo de precisão’”. Ainda que dê pistas sobre isso,
a expressão “jornalismo de precisão” não aparece no texto original de Park. Essa con-
cepção viria a ser trabalhada por Philip Meyer anos mais tarde.

3. Do jornalismo de precisão ao jornalismo de dados

O jornalismo guiado por dados, ou simplesmente jornalismo de dados, deriva de


técnicas do jornalismo de precisão e da Reportagem Assistida por Computador (RAC),
conforme Träsel (2014). Compreende, segundo o autor, a aplicação da computação e
dos saberes sociais na coleta, no processamento, na interpretação e na apresentação de
dados. A definição de alguns autores é construída em cima de um hibridismo que rela-
ciona análise estatística, ciência da computação, visualização, web design e reportagem.

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A combinação dessas técnicas costuma ser utilizada em projetos investigativos, com


conteúdo orientado por dados (CODDINGTON, 2014).
Pensado por Meyer (1991) no final dos anos 1960, o jornalismo de precisão trata
da aplicação de métodos científicos sociais e comportamentais à prática do jornalismo.
O RAC, por sua vez, consiste no uso de computadores com fins de coleta e análise de
dados para aperfeiçoar as notícias. Coddington (2014) explica que o foco da RAC está
na análise quantitativa – tem raízes na análise estatística, já usada no jornalismo de pre-
cisão. Também envolve a pesquisa online e entrevistas por e-mail.
Ainda que técnicas de RAC tenham sido utilizadas em um momento específico
de 1952, pela CBS, na tentativa de antecipar o resultado da eleição presidencial (GRAY,
BOUNEGRU E CHAMBERS, 2012), a prática ficou conhecida no final dos anos 1980
e início dos anos 1990, com o frequente uso de computadores nas redações. Nesse perí-
odo, o jornalismo de precisão foi reformulado como RAC (CODDINGTON, 2014).
Já o jornalismo de dados assumiu a posição da RAC no jornalismo contemporâ-
neo em se tratando de análise e visualização de informações. Neste artigo, as ideias de
Philip Meyer, que por tabela estão presentes no DNA do jornalismo de dados, são traba-
lhadas para aproximar a prática do conhecimento científico.
A obra original sobre jornalismo de precisão foi escrita em 1969-1970 e atuali-
zada em 1978. Por conta de mudanças tecnológicas, o livro foi reformulado e publicado
no início dos anos de 1990 acrescido da palavra “novo” (MEYER, 1991). “O novo jor-
nalismo de precisão é o jornalismo científico [...]. Significa tratar o jornalismo como se
fosse uma ciência, adotando método científico, objetividade científica, e ideais científi-
cos no processo inteiro de comunicação de massa” (MEYER, 1991, p. 6).8
O autor defende que a possibilidade do uso de ferramentas de amostra, análise
em computador e estatística inferencial servem para alavancar o trabalho do repórter
sem modificar a natureza da profissão, que consiste em encontrar e explicar fatos. Sob
esse ponto de vista, o jornalista parece ter mais autonomia ao ir em busca dos fatos, sem
necessariamente esperar que uma fonte oficial dê pistas. Nesse cenário, o jornalismo de
precisão dilui a passividade e a inocência jornalística. “Para se defender da manipula-
8
No original “The new precision journalism is scientific journalism [...]. It means treating journalism as if
it were a science, adopting scientific method, scientific objectivity, and scientific ideals to the entire pro-
cess of mass communication” (MEYER, 1991, p. 6).

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ção, a mídia precisa de mais autoconfiança, e a melhor forma de adquiri-la é por meio
do conhecimento” (MEYER, 1991, p. 3-4)9.
Franciscato (2006) observa que, na segunda metade do século XX, diante da
crítica sobre o jornalismo como produtor de um relato fiel da realidade, além de ques-
tões a respeito da dependência de fontes e da superficialidade temática e na abordagem
dos fatos, surgiram propostas para revigorar o jornalismo. Uma delas era justamente o
jornalismo de precisão.
O jornalismo de precisão ganhou destaque na época de surgimento do New
Journalism, nos anos 1960, em que a noção de objetividade no relato dos fatos ficou em
segundo plano para dar lugar a uma característica literária. O problema foi a incorpora-
ção, nos textos, de aspectos fora da realidade. Para Meyer (1991), essa corrente empur-
rou o jornalismo no sentido da arte – o que pode ser um problema quando não se tem
disciplina –, quando o mais apropriado seria impulsionar o jornalismo na direção da
ciência, com ferramentas de busca e análise de dados para se chegar a uma verdade veri-
ficável.
Para amparar tal convicção, Meyer (1991) cita as observações do físico Lawren-
ce Cranberg (1989), para quem o jornalismo é uma ciência. Em sua perspectiva, o jorna-
lista e o cientista social têm em comum o compartilhamento do conhecimento e a com-
preensão da humanidade – ainda que o jornalista não costume ser visto como um prati-
cante da ciência.
Conforme Cranberg (1989), textos que remetem aos princípios do jornalismo
não chegam a mencionar uma ciência do jornalismo, mas citam a função primária do
jornalismo em comunicar à humanidade o que seus membros fazem, sentem e pensam.
Para o funcionamento da ciência, teóricos reconhecem a importância da capacidade de
observação e raciocínio, que tanto o jornalista quanto o cientista carregam consigo.

[...] Ainda que muitos jornalistas pensem que são praticantes da literatura, exis-
te uma vasta lacuna entre a escrita imaginativa para entretenimento e os crité-
rios de exatidão, equidade e objetividade do jornalismo. Essas normas clara-
mente separam o jornalista do escritor de ficção e fazem do jornalista um

9
No original “To defend against being manipulated, the media needs more self-confidence, and the best
route to self-confidence is through knowledge” (MEYER, 1991, p. 3-4).

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membro desenvolvido do sistema de investigação institucionalizada que cha-


mamos de ciência (CRANBERG, 1989, p. 48, tradução livre).10

Franciscato (2006) lembra que a ciência e o jornalismo têm em comum o fato de


ambos serem construções, mas pontua que trabalham com dois quadros teóricos dife-
renciados, que fundamentam diferentes visões e da inserção social. Sobre o método de
apuração jornalística, que em tese seria composto por um conjunto de habilidades e téc-
nicas, avalia que houve uma simplificação provocada por poucos recursos e pela carac-
terística do trabalho jornalístico, que exige agilidade.
Para os jornais que veiculam basicamente comunicados de imprensa, Meyer
(1991) avalia que falta apostar na construção de um corpo de conhecimento, uma ciên-
cia da informação. No caso do jornalismo, três elementos são fundamentais para se al-
cançar esse aspecto: a busca da informação, a evolução e análise do material e a comu-
nicação, de modo que a informação chegue até as pessoas que precisam dela.
O autor esclarece que dados brutos, por si só, não são suficientes. É preciso que
o jornalista compreenda-os e disponibilize-os em forma de estrutura, de maneira que
possa ser entendido pelo público. A partir daí, exemplifica que o jornalista poderia criar
um esquema estrutural, ou um esboço. Esse modelo teórico teria em sua descrição os
trechos essenciais do processo, com possibilidade de ser testado.
O uso de métodos científicos, em que esse esquema inicial representa uma hipó-
tese, remete a uma maior precisão do que a observação do próprio jornalista cruzada
com as percepções das fontes. A partir do apanhado teórico de Meyer (1991), acredita-
se que os testes de hipóteses poderiam ser feitos por meio do cruzamento de informa-
ções, facilitado pelo uso de softwares. Procedimentos como esses aproximam o papel do
repórter ao do cientista, como lembra o autor, na medida em que ambos trabalham com
a realidade e buscam a operacionalização e o teste de teorias.

4. No cruzamento dos conceitos, um modelo


10
No original “[...] Although many journalists may think of themselves as literary practitioners, there is a
vast gap between imaginative writing for entertainment and the requirements of the Canons of Journalism
for accuracy, fairness, and objectivity. The later standards clearly set the journalist apart from the writer
of fiction and make the journalist a full-fledged member of the system of institutionalized inquiry that we
call science”.

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A soma das contribuições de Robert Park, na perspectiva da notícia como forma


de conhecimento, e de Philip Meyer, no sentido de empurrar o jornalismo na direção da
ciência para permitir uma verdade verificável, por meio do jornalismo de precisão, pode
ser sintetizada no modelo a seguir. A partir do cumprimento de tal esquema no processo
de reportagem, acredita-se que seja viável aproximar o jornalismo de dados do conhe-
cimento sobre, um dos extremos do continuum proposto por Park.

Figura 1 – Modelo aplicável ao jornalismo de dados

FONTE – Modelo elaborado pela autora, 2016.

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O ponto de partida do modelo acima é a elaboração de hipóteses, que podem


surgir tanto do saber adquirido pela experimentação (familiaridade com), do dia a dia da
reportagem, quanto do conhecimento formal (ou conhecimento sobre). Em uma pauta
sobre política, por exemplo, uma hipótese pode ser o aumento na quantidade de viagens
por parte de deputados federais em períodos que antecedem as eleições nos municípios.
Para comprovar ou refutar a hipótese, avança-se para a segunda etapa do modelo, que
prevê a coleta (em portais de transparência ou via Lei de Acesso à Informação11, por
exemplo) e a sistematização de dados. Na sequência, o teste de hipótese pode ser efetu-
ado pelo cruzamento das informações levantadas. Por fim, em caso afirmativo, espera-
se que os números sejam complementados pelo trabalho de reportagem e que tanto a
forma de construção quanto os dados utilizados sejam disponibilizados ao público.
Ao mostrar seu método as informações utilizadas no trabalho, o jornalista se
aproxima do conhecimento sobre, que pode ser checado (PARK, 1940). Além da possi-
bilidade de verificação das informações veiculadas, criar e/ou disponibilizar bancos de
dados para o público e para outras instituições, inclusive jornalísticas, integra a tendên-
cia de colaboração apontada por Anderson, Bell e Shirky (2013) como possibilidade
para o futuro do jornalismo.
Como o conhecimento sobre pressupõe uma análise sistemática, Park (1940, p.
673) considera que é possível antecipar (ou prever) condições futuras de um fenômeno.
“Isso nos permite especular com alguma segurança como, e com que alcance, uma es-
pecífica intervenção ou interferência em uma situação presente pode determinar a situa-
ção que está predestinada a sucedê-la”.12 Esse tipo de análise sistemática é útil no traba-
lho do jornalista, que pode monitorar algumas situações.
É claro que aproximar o jornalismo da ciência requer mudanças e rigor. Cran-
berg (1989) menciona responsabilidade e preparação profissional – que vai desde o en-
sino até os locais de trabalho, por meio de quem contrata e supervisiona os jornalistas.
Meditsch (1997, p. 11), fala em aumentar a exigência sobre a formação profissional dos

11
Passou a vigorar no Brasil no mês de maio de 2012 e é aplicável a órgãos públicos das esferas munici-
pal, estadual e federal.
12
No original “It permits us to speculate with some assurance how, and to what extent, any specific inter-
vention or interference in a present situation may determine the situation that is predestined to succeed it”
(PARK, 1940, p. 673).

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jornalistas, que passam a ser produtores e reprodutores do conhecimento. “Ao se deixar


de considerar o jornalismo apenas como um meio de comunicação para considerá-lo
como um meio de conhecimento, estará se dando um passo no sentido de aumentar a
exigência obre os seus conteúdos”.
Weaver e McCombs (1980, p. 492) citam o interesse dos editores e a necessida-
de de recursos. “Sem os recursos e o tempo necessários para empregar métodos científi-
cos sociais, muitos jornalistas vão continuar sendo agentes passivos de transmissão que
dependem enormemente de algo que outra pessoa pensa ou sabe [...]”13.
Meyer (1991) alertava há algumas décadas que, para se tornar jornalista, seria
necessário muito mais do que dedicação, energia e talento para a escrita. Esses requisi-
tos ainda permanecem essenciais, mas não bastam: o jornalista precisa ser filtro, trans-
missor, organizador e o responsável por coletar, interpretar e entregar as informações.
As novas atribuições dos jornalistas ainda são discutidas. Anderson, Bell e
Shirky (2012, p. 50) sugerem que, cada vez mais, os jornalistas precisam ir além do
conhecimento técnico da área e apresentar diferenciais. “O jornalismo tem duas grandes
barreiras de linguagem a transpor. Uma é a da estatística e a da capacidade de interpre-
tar dados. A outra é a da competência técnica – ou seja, o jornalista precisa aprender a
escrever código”.
Na visão dos autores, cada vez se tornará mais insustentável manter jornalistas
nas redações para produzir informações de baixo valor. Para fazer esse trabalho, o uso
de algoritmos, que é uma sequência de regras programadas para atingir determinado
objetivo, deve se tornar mais frequente. Por isso, o papel de contextualização que sem-
pre coube à reportagem continua fundamental – mas agregado a outros tipos de conhe-
cimento.

Considerações finais

No original “Without resources and time needed to employ social science methods, many journalists
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will continue to be rather passive transmitting agents who depend largely on what somebody else thinks
or knows [...]” (WEAVER E MCCOMBS, 1980, p. 492).

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14º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo
Palhoça – Unisul – Novembro de 2016
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O jornalismo como forma de conhecimento e o jornalismo de precisão – que


viria a originar o jornalismo de dados – podem ser pensados de forma conjunta para
aprimorar a prática da reportagem em um cenário de transformações. Se na comunica-
ção de massa o papel do público era passivo, na atualidade a configuração é outra. O
leitor, que também é consumidor, demanda um conteúdo claro e contextualizado. Dessa
forma, faz sentido pensar na prática jornalística como método científico, de maneira que
o público saiba, desde o início, qual é o ponto de partida, como a pauta foi trabalhada e
de onde vêm as informações que compõem determinado conteúdo.
Mesmo que as abordagens de Robert Park e Philip Meyer já tenham atravessado
algumas décadas, parece pertinente alinhá-las para se pensar no jornalismo de dados
como um jornalismo mais próximo da ciência à medida que busca fornecer subsídios
para uma maior contextualização. Com o aumento na divulgação de dados de transpa-
rência por parte de órgãos públicos, o jornalista precisa ter mais conhecimento sobre
como acessar as bases de dados e tornar as abordagens mais interessantes ao público. O
uso de técnicas distantes de sua formação inicial, como estatística e programação para o
trabalho com banco de dados, aliado à ideia de contar histórias e transformar números
em narrativas compreensíveis, tende a ser o diferencial do jornalista neste novo cenário.
Entende-se ter mostrado, neste artigo, que é possível utilizar a ideia de método
científico associado às técnicas de reportagem do jornalismo. Empurrar o jornalismo de
dados na direção da ciência, situando-o mais próximo do extremo do conhecimento so-
bre, parece pertinente à medida que esse desenvolve apuração, investigação, contextua-
lização e visualização das informações, ou seja, um apanhado completo do que geral-
mente se espera de uma produção jornalística que gera conhecimento.
Para tanto, acredita-se na viabilidade do modelo apresentado neste trabalho, que
prevê a construção de hipótese, teste e apresentação do método e dos dados emprega-
dos. Essa é uma potencialidade ainda a ser explorada e que pode representar o diferen-
cial do uso de dados como possibilidade de reinvenção e sobrevivência do jornalismo
em um cenário de transformações.

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