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DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS

COORDENAÇÃO DO CURSO DE COMUNICAÇÃO


SOCIAL E JORNALISMO

ABC DO JORNALISMO INVESTIGATIVO

“Inteligência, Ética e Coragem”

O jornalismo investigativo é uma arma poderosa contra a corrupção,


a impunidade e a dilapidação do património público. Mas é também
uma arma que, mal manejada, expõe pessoas honestas aos
maiores vexames, quando não se transforma directamente em
instrumento de calúnia, injúria e difamação.
(José Carlos de Assis, “os sete mandamentos do jornalismo
investigativo”)

Para Estudantes do 2º Ano – ISPOCAB


Benguela - 2024
____________________________________________
Por: Domingos Januário Mateus, Msc
Jornalista e Mestre em Ciências da Comunicação e Jornalismo

Por: Domingos Januário Mateus, Msc 2


INDICE

1. O papel do Jornalismo de
Investigação………………………………...pag.3
1.1. Como se faz e como se
caracteriza…………………………….……..pag.5
1.2. As fases do Jornalismo de
Investigação……………………………....pag.8
1.3. Jornalismo de Investigação vs. Investigação
jornalística………………..pag.8
2. A Responsabilidade Social do Jornalista.
………………………………..pag.33
3. O Código Deontológico dos jornalistas
……………………………..…..pag.34. 4. Conflito de direitos: direito
da (à) informação – liberdade de imprensa…..pag.34
5. O Sigilo profissional no
jornalismo…………………………………....pag.36
5.1. Ética no jornalismo de
investigação…………………………………..pag.38
6. O Segredo de
justiça………………………………………………....pag.39
7. A Entidade Reguladora da Comunicação
Social…………………………..pag.41
8. O problemático relacionamento dos jornalistas com as fontes
noticiosas. ….pag.42
9. Constrangimentos Organizacionais – Teorias Informadoras da
notícia. …..pag.43
10. A investigação e as novas tecnologias
–Ciberjornalismo…………….…pag.43
11. Casos Práticos - Alguns casos com impacto social.
…………………....pag.47

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O PAPEL DO JORNALISMO DE INVESTIGAÇÃO

Numa época em que a cobertura jornalística foi posta em causa, em


grande medida devido a propagação de notícias falsas, ou dito de
outra forma, devido ao crescimento da desinformação, e em que os
cidadãos têm cada vez mais dificuldades em seleccionar fontes de
informação credíveis, urge reflectir sobre o papel do jornalismo na
sociedade democrática. Não é possível imaginar uma democracia
saudável sem órgãos de comunicação capazes de garantir
cidadãos informados, capazes de participar no debate público e
tomar decisões com base em factos verdadeiros.
Os problemas que afectam o jornalismo podem assumir as suas
particularidades em função da realidade de cada um dos meios,
mas é inegável que a diminuição do número de profissionais nas
redacções tem afectado o mais importante: a qualidade do
jornalismo.

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O jornalismo de investigação: “uma forma superior de jornalismo”
Toda a actividade jornalística pressupõe a investigação dos factos,
ou dito de forma, a recolha de informação e a capacidade de a
transmitir aos cidadãos. Mas se é verdade que investigar é a base
de todo o processo jornalístico, não podemos esquecer que existe
um tipo de jornalismo cuja especificidade reside precisamente na
investigação, entendida não apenas como capacidade de reportar
os factos, mas enquanto processo de desvendar ou revelar o que
se encontrar oculto ou escondido. Falamos do jornalismo de
investigação, que apesar de nem sempre ser de fácil ou unânime
definição, é considerado por muitos como “uma forma superior de
jornalismo”, na medida em que embora “ancorado no mesmo
quadro de valores que o jornalismo quotidiano, estabelecendo o
mesmo compromisso com a ética, sujeito à mesma lei, o jornalismo
de investigação rodeia-se, todavia, de outros cuidados” (Coelho &
Silva, 2018, p. 82). É precisamente nesses cuidados que nos
pretendemos centrar neste primeiro capítulo, onde começamos por
estabelecer uma comparação entre o jornalismo tradicional, ou
quotidiano, e o jornalismo de investigação. Nesta distinção entre
tipos de jornalismo, é fundamental uma abordagem histórica, com
início nos Estados Unidos da América, onde encontramos boa parte
das raízes do jornalismo investigativo. Para além da análise da
história, que nos ajudará a compreender como emerge o jornalismo
de investigação, sobretudo a partir da década de 1960, fazemos
uma breve passagem pelo desenvolvimento da área em Portugal,
com destaque para um dos casos que ajudou a quebrar a falta de
tradição deste tipo de jornalismo no nosso país. Neste primeiro
capítulo abordamos ainda dimensões como os valores notícia, a
importância das fontes de informação e as questões éticas que se
colocam a um jornalismo que muitos também chamam de
“denúncia” (cf. Nobre-Correia, 2018). No caminho que percorremos
neste capítulo não esquecemos conceitos como o de
“whatchdogjournalism” ou de “accountability”, igualmente

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importantes para se compreender a função, a sustentabilidade e o
impacto do jornalismo de investigação na sociedade.

É inegável que toda a actividade jornalística pressupõe


investigação, todavia falar de jornalismo de investigação implica
falar de mais do que a simples produção jornalística do quotidiano.
O jornalismo de investigação é uma prática mais aprofundada do
jornalismo, na medida em que implica uma “dose maior de
investimento”.O jornalismo investigativo é mais amplo que isso - é
um conjunto de metodologias que são um ofício e podem levar anos
para dominar (Kaplan, 2013, p. 10).
O jornalismo investigativo envolve expor ao público
questões que estão ocultas – seja deliberadamente por
alguém em uma posição de poder, ou acidentalmente,
por trás de uma massa desconexa de factos e
circunstâncias que obscurecem o entendimento. Ele
requer o uso tanto de fontes e documentos secretos
quanto divulgados. A cobertura convencional de notícias
depende amplamente – e, às vezes, inteiramente – de
materiais fornecidos pelos outros (por exemplo, pela
polícia, governos, empresas, etc.); ela é
fundamentalmente reactiva, quando não, passiva. A
cobertura investigativa, em contraste, depende de
materiais reunidos ou gerados a partir da própria
iniciativa do(a) repórter (e por isso ela é frequentemente
chamada de “cobertura empreendida” – em inglês,
“enterprisereporting”)” (Hunter &Hanson, 2013, p. 8).

O jornalismo de investigação ou jornalismo investigativo faz parte


do que os norte-americanos têm denominado DepthReporting e se
assemelha notavelmente à Press d´Explication, cunhada na Europa
pelos franceses.

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Como se faz e como se caracteriza enquanto tipo de jornalismo
específico

Quanto às necessidades temáticas, para começar uma investigação


o jornalista necessita de um primeiro dado, que provavelmente
provirá de uma fonte de confiança. Depois, deverá desdobrar sua
experiência e talento para descobrir o que é, cruzar dados em
busca de informação relevante, analisar documentos em busca de
provas, ir a campo, se necessário, e convencer quem quer que seja
que possa colaborar com a investigação. Se um jornalista tem
vocação e comprometimento com o que faz, nada disso deve
constituir um obstáculo intransponível. Mas é mais complexo quanto
às exigências práticas à realização do jornalismo de investigação
nos meios de comunicação de massa. Primeiro, precisa-se de
tempo. Não há uma só investigação que possa ser feita de um dia
para outro. Segundo o estudo, leva-se, em média, de seis meses a
três anos para realizar um trabalho de jornalismo de investigação.
Na maioria das investigações, o jornalista leva aproximadamente
um ano. Para poder investir tanto tempo, é imprescindível contar
com recursos económicos que permitam ao jornalista destinar esse
tempo exclusivamente à investigação e que o protejam de outras
tarefas distractivas.
Além disso, precisa de dinheiro para a investigação, que inclui
viagens e gastos extras. Ambos os requisitos implicam um forte
compromisso do meio de comunicação com o jornalismo de
investigação, o que nem sempre existe.

QUALIDADES DO JORNALISTA INVESTIGADOR


Rodrigues (1994), atendendo à forma de relacionar-se com a
informação que se comunica, distingue entre o jornalista informador
e o jornalista investigador.
Segundo o autor, o jornalista informador é aquele que, com as
técnicas habituais da profissão, elabora uma informação procedente

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de uma fonte atribuível e/ou de um fato que, por sua configuração
espacial e temporal, esteve na superfície da realidade e apto a ser
um valor noticiável irrefreável em curto prazo.
O jornalista investigador, em contrapartida, é aquele que, utilizando
técnicas habituais da profissão ou outras específicas e/ou
habitualmente atribuíveis a profissões alheias à sua (detective,
advogado, historiador, etc.), elabora uma informação produto de um
número indeterminado de fontes (atribuíveis ou não) e de uma
análise pessoal de dados, contrastados com maior ou menor
eficácia, que o levam a comunicar uma notícia sobre uma realidade
que, por sua própria configuração e natureza, destinava-se a
permanecer oculta durante um período de tempo indefinido.
O jornalista de investigação precisa, em primeiro lugar, ter todas as
virtudes indagatórias, muitas delas tangentes ao detectivesco. O
cepticismo, a incredulidade sistemática, a intuição, a tenacidade, o
rigor, o sentido do método e a persistência, a audácia e,
obviamente, o conhecimento profundo e detalhado dos factos.
Sobretudo, recusar essa natural inclinação a aceitar comodamente
a versão oficial dos acontecimentos que os porta-vozes de turno
fornecem. Faz-se necessário, para isso, uma permanente atitude
inquisitiva e métodos indagatórios sistemáticos. O jornalista
investigador precisa aprofundar-se nas causas das coisas, ou seja,
realizar uma análise profunda dos temas.
O jornalista investigador informa ao leitor os fatos ocultos que
ocorrem na sociedade, mas, ao mesmo tempo, torna-se consciência
crítica e orientador de ideias.

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Qualidades do jornalista investigador de acordo com Caminos Marcet (1997).

TRABALHO EM EQUIPA
A dependência do investigador com relação à empresa para a qual
trabalha tem levado alguns profissionais a pensarem que os
jornalistas que investigam por sua conta para vender
posteriormente suas investigações ao meio de comunicação que
melhor lhe pague -freelancer - são as pessoas ideais à prática
dessa modalidade jornalística.
Na prática, o trabalho do freelancer não garante melhores
resultados ou investigações mais profundas e independentes. O

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trabalho em equipe é proveitoso para a investigação, pois no
momento de entrevistar uma fonte, enquanto um jornalista se
concentra em sua resposta e nas possíveis perguntas, o outro (ou
os outros) pode recolher as reacções ou os gestos do entrevistado.
Também é mais factível na hora de cobrir uma grande variedade e
diversidade de fontes que, no caso de um só investigador, pode
resultar muito trabalhoso e, às vezes, impossível de abranger em
sua totalidade.

Considera-se que a equipa ideal deva ser integrada por três


jornalistas.

Talentos da equipe de investigação ideal.

1.2. AS FASES DO JORNALISMO DE INVESTIGAÇÃO


O jornalismo de investigação toma da investigação científica,
especificamente da investigação social, as técnicas de obtenção da
informação: observação (participante ou não), entrevista e
investigação documental. O método de concepção e elaboração da
investigação também é similar em ambas as actividades, ainda que,
no caso dos trabalhos jornalísticos, este se aplique com menos
rigor, deixando espaço à improvisação. Segundo Del Río (1998),
pode-se dizer que o método da reportagem e a investigação social
realizam os mesmos passos; a única diferença está no rigor com
que se realizam.

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Segundo Rodríguez (1994), a investigação jornalística se concretiza
sempre a partir de um processo, mais ou menos laborioso, no qual
o jornalista se esforça para descobrir pistas, fatos, relações e
quaisquer outros pedaços da realidade, conducentes a demonstrar
o objectivo motor da pesquisa pontual que se tenha empreendido, e
este processo, por sua vez, será concretizado mediante o uso de
uma série de técnicas e estratégias genéricas ou específicas,
ortodoxas ou heterodoxas, que permitam mergulhar, com maior ou
menor sucesso, na realidade escondida que o jornalista pretende
fazer aflorar com seu trabalho.

O autor assinala como ponto de partida um simples rumor ou uma


confidência que desencadeará o processo de pesquisa. A análise
do rumor ou da confidência permitirá ao jornalista de investigação
definir o campo de pesquisa. Posteriormente, passará a buscar
fontes de informação, as quais serão listadas, analisadas e
ordenadas. Isto permitirá ao investigador obter detalhes sobre
pessoas, entidades e fatos, os quais conformarão uma base de
dados para a pesquisa. Os dados obtidos precisam ser

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confirmados. Finalmente, elabora-se o relatório final da pesquisa e
publicam-se os resultados.

Rodríguez (1994) apresenta o esquema de pesquisa, que aparece


na figura abaixo:

Em suma, o processo de pesquisa no jornalismo investigativo


consta de cinco passos fundamentais: detecção de fatos
investigáveis, busca de fontes, confirmação da informação,
publicação da pesquisa e repercussão da pesquisa.
O jornalista de investigação terá chegado à detecção de uma
notícia. Com a notícia detectada, o jornalista pode seguir no
processo de investigação.

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Quando a informação tenha chegado à direcção do meio de
comunicação, e não ao jornalista de investigação em particular, ela
deverá decidir quem é a pessoa mais capacitada para efectuar a
tarefa.
● O processo de investigação no jornalismo investigativo
consta de cinco passos fundamentais: detecção de
factos investigáveis, busca de fontes, confirmação
da informação, publicação da pesquisa e
repercussão da pesquisa.
● Geralmente, os factos relevantes ao jornalismo
investigativo se ocultam por trás de um filtro informativo,
o qual costumam transpor por um processo
comunicador voluntário ou involuntário.
● Podem ser distinguidos três níveis no processo
comunicador: público, privado e reservado, sendo este
último o mais apetecível ao jornalista investigador.
● Os três níveis básicos anteriores são os que configuram
os canais informativos, sendo estes: institucional,
publicações de interesse geral, publicações
especializadas e técnicas, actos públicos e privados,
publicações privadas, confidências, publicações
reservadas e filtragens.
● Quando o jornalista se encontra na posse das
informações, deve analisá-las sob três dimensões
complementares: conteúdo, contexto e veracidade. Se a
análise se mostra positiva, o jornalista de investigação
terá chegado à detecção de uma notícia.

Por esta razão, aos jornalistas investigativos de êxito não lhes


importa ir atrás de um caso a partir de um informe confidencial,
ainda quando não resulte uma grande história. Quando a
informação confidencial é boa e se consegue um produto
comunicativo de qualidade, é muito possível que o repórter se veja
envolvido em um caso da actualidade.

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ACOMPANHAMENTO DOS FUROS DE REPORTAGEM

Caso ocorra um INCÊNDIO EM UM HOSPITAL, a notícia será


coberta por um jornalista geral ou por um repórter judicial. Ele pode
ir ao local da conflagração e perguntar ao chefe do departamento
de bombeiros a causa, pedir a ele um cálculo dos danos, da
gravidade das lesões e da quantidade de homens e de
equipamentos empregados para extinguir o fogo.
Em seguida, pode retornar à redacção do jornal, escrever a história
ou passar por telefone a informação a outro repórter que a redija
para a seguinte edição. A notícia poderia ser precisa e completa,
mas não seria de investigação, como já explicado.
Em tais circunstâncias, o jornalista de investigação recorre ao
cenário dos fatos posteriormente, como o detective de polícia que
dá acompanhamento ao relatório de um incidente apresentado por
um oficial. Usando as ferramentas de investigação, o repórter busca
documentos e faz perguntas.

Quem é o proprietário do hospital?


Quando foi a última vez que o corpo de bombeiros
inspeccionou o edifício?
Que mostrou essa inspecção?
Foi advertido aos donos sobre um perigo de incêndio ou se
lhes ordenou instalar equipamentos de segurança, como por
exemplo detectores de fumaça?

Depois, compara toda esta informação e, se for prudente, começa a


investigação.

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As notícias sobre acontecimentos do dia podem dar lugar a algum
tipo de investigação de acompanhamento e podem trazer
resultados surpreendentes.

Nas agências de notícias, há momentos especiais nos quais se


exige que todos os repórteres concentrem suas capacidades e
energias em um informe de interesse público imenso e imediato.
Entre esses momentos imprevisíveis, contam-se o desastre natural
como um furacão, um tornado, um terramoto ou uma inundação, um
acontecimento nacional grave como uma acção militar ou o
assassinato de uma figura pública e um acidente local de grandes
consequências, como o naufrágio de um barco, a queda de um
avião, um derrame de petróleo ou o desmoronamento de uma mina.
Quando se produzem essas notícias, os jornalistas não precisam
ponderar sobre a importância do caso.
Espontaneamente, reúnem-se ao redor do núcleo de informação,
para inteirar-se dos poucos fatos que se conheçam e para trocarem
ideias com outros repórteres e chefes de redacção quanto ao modo
com que se poderia escrever o artigo e, depois, saem e se
dispersam em todas as direcções. O jornalista de investigação
chega então a analisar com atenção o cenário e a estabelecer a
cronologia dos factos.

1.3. JORNALISMO DE INVESTIGAÇÃO VS.


INVESTIGAÇÃO JORNALÍSTICA

Para alguns autores, as diferenças entre jornalismo e jornalismo de


investigação são inexistentes.

Diezhandino (1994) afirma que o jornalismo de investigação não é


mais que um rótulo vistoso e bem-sonante que responde a uma
falácia, já que a própria essência do bom jornalismo está
precisamente na permanente investigação.

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Assim, segundo Muñoz (1994), o jornalismo e a investigação
deveriam ser conceitos inseparáveis, vinculando, assim, a prática
do jornalismo de investigação à investigação pessoal exercida por
um jornalista para apresentar, por meio dela, a matéria-prima que
servirá para a redacção de suas notícias.

Segundo García Márquez (1996), a investigação não é uma


especialidade do ofício, mas todo o jornalismo deve ser
investigativo por definição.

Para Caminos Marcet (1997), muitos especialistas e profissionais


afirmam, acertadamente, que qualquer trabalho jornalístico deveria
ser, ao mesmo tempo, investigação.

Para eles, a essência do jornalismo bem realizado se sustenta com


base na investigação e na confirmação permanente dos dados com
que o jornalista elabora sua informação.

Como o indicam vários jornalistas de investigação espanhóis, com


expressões como "é jornalismo puro" (Eduardo Martín de Pozuelo),
"é jornalismo em estado puro" (Francisco Mercado) ou "qualquer
trabalho jornalístico deveria ser de investigação" (RamónTijeras), o
jornalismo alcança seu maior grau de qualidade e profissionalismo
justamente com o jornalismo de investigação. Segundo Caminos
Marcet (1997), por não se investigar actualmente, tem-se chamado
jornalismo de investigação àquilo que deveria ser o jornalismo.

De acordo com o autor, como analogia, pode-se dizer que o


jornalismo bem feito mostra uma fotografia da realidade, enquanto o
jornalismo de investigação mostra uma radiografia dessa realidade.
Esse mesmo autor estabelece uma comparação entre o jornalismo
de rotina e o jornalismo de investigação, que pode ser observada a
seguir:

JORNALISMO DE
JORNALISMO DE ROTINA
INVESTIGAÇÃO
Pessoas de relevância pública ou Com pessoas fora dos
Relações privada no circuito habitual da circuitos habituais da
informação. notícia.

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Informadores não habituais,
Agenda Fontes oficiais ou atribuíveis.
nem sempre atribuíveis.
Relação com Estreita/quotidiana/de
Dúvida/protecção.
a fonte cumplicidade.
Busca Espera que o fato se produza e que Busca o oculto e rejeita
noticiosa a fonte apresente os dados. versões oficiais.
Informação Conhecida por outros meios. Própria.
Produto lógico de seu
Exclusivas Por filtragem.
trabalho.
Planeament
Diário. Sem tempo.
o
Pressão Hora de fechamento. De todo tipo.

Jornalismo de rotina e o jornalismo de investigação, de acordo com Caminos


Marcel (1997).

Prado (2006) assinala os seguintes traços distintivos entre o


jornalismo de investigação e o jornalismo de rotina.

JORNALISMO DE ROTINA
a) O jornalismo trabalha sempre com pessoas através dos canais
habituais e que actuam oficialmente. Sua agenda é composta,
quase sempre, por fontes oficiais.

b) A relação entre jornalista e fonte é estreitíssima. A iniciativa é


sempre da fonte. Portanto, são fontes atribuíveis porque trabalham
a seu encargo (razão pela qual se possa dizer o que e quem o diz).
Em certas ocasiões, este jornalismo pode ter acesso a notícias
exclusivas, já que a relação entre jornalista e fonte é tão estreita
que pode ocorrer uma filtragem.

c) O jornalismo de rotina espera para que os fatos se dêem, ou


seja, prioriza o trabalho previsível.

d) Normalmente, trabalha com informação conhecida pelos demais


meios de comunicação.

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e) Está estreitamente vinculado ao planeamento, ao tempo de
produção e ao trabalho diário.

JORNALISMO DE INVESTIGAÇÃO
a) A agenda do jornalista é formada por fontes que não
desempenham um papel muito importante. Para seu trabalho,
comparará fontes testemunhais, documentos, estatísticas, etc., sem
privilegiar uma em detrimento da outra.

b) Não publica nunca um furo apenas pelo fato de ter uma notícia
exclusiva. O principal do trabalho é chegar a provar hipóteses em
torno dos fatos investigados, antes do que lançar um furo
informativo.

c) Normalmente, os dados oficiais são simples pistas para iniciar a


investigação, pois quando se trata de abusos de poder, ou casos de
corrupção, a versão oficial tenderá a ocultar ou distorcer os fatos.

d) Existe uma grande independência entre jornalista e fonte. O


jornalista trabalha com fontes que, quase sempre, pretendem não
ser identificadas.

e) A informação que publica está longe da concorrência. Por


trabalhar um tema em segredo, não há perigo de outro meio de
comunicação também desenvolver informação paralela.

f) A actualidade não representa nenhuma pauta específica, é a


mesma coisa um tema ser ou não actual. O jornalista descobre
fatos, adianta-se a eles e não os espera, diferentemente do que faz
o jornalismo de rotina.

● Para alguns autores, não existem diferenças entre jornalismo


e jornalismo de investigação, argumentando eles que este
último não é outra coisa senão o jornalismo bem feito.

No entanto, existem diferenças palpáveis entre jornalismo de rotina


e jornalismo de investigação, atendendo-se a aspectos como a
relação com a fonte, a exclusividade da informação, a pressão e o
planeamento, entre outros.

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O jornalismo de investigação se baseia na investigação jornalística,
que se concretiza sempre a partir de um processo mais ou menos
laborioso, no qual o jornalista se propõe a descobrir pistas, fatos,
relações (...) que levem à demonstração do objectivo motor da
investigação pontual que tenha estabelecido, e este processo, por
sua vez, será concretizado mediante o uso de uma série de
técnicas e estratégias (...) que permitirá buscar, com maior ou
menor êxito, a realidade escondida que o jornalista pretende
explicitar com seu trabalho.

O jornalismo investigativo é um ramo pequeno, mas importante do


jornalismo, que se mantém em primeiro plano, cujos elementos
principais são:
• Produz o tipo de artigo que os meios de comunicação de
massa recolhem e difundem e que não teria sido revelada sem o
empenho do repórter.
• Oferece à audiência uma história de importância pública,
cujas peças teve que obter de fontes diversas e, às vezes,
obscuras.
• Revela uma história que pode ser contrária à versão
anunciada por funcionários governamentais ou empresariais,
provavelmente interessados em ocultar a verdade.
• Tem como resultado uma história que geralmente é publicada
na primeira página de um jornal, ou que encabeça os tele-noticiários
nocturnos.

Definições sobre jornalismo de investigação, apresentadas por


reconhecidos autores.

AN
AUTOR DEFINIÇÃO
O

Por: Domingos Januário Mateus, Msc 19


O jornalismo de investigação se baseia na investigação
jornalística, que se concretiza sempre a partir de um processo
mais ou menos laborioso, no qual o jornalista se propõe a
descobrir pistas, fatos, relações (...) que levem à
199 demonstração do objectivo motor da investigação pontual que
Rodríguez
4 tenha estabelecido, e este processo, por sua vez, será
concretizado mediante o uso de uma série de técnicas e
estratégias (...) que permitirá buscar, com maior ou menor
êxito, a realidade escondida que o jornalista pretende explicitar
com seu trabalho.
O jornalismo investigativo é um ramo pequeno, mas importante
do jornalismo, que se mantém em primeiro plano, cujos
elementos principais são:

● Produz o tipo de artigo que os meios de comunicação


de massa recolhem e difundem e que não teria sido
revelada sem o empenho do repórter.
● Oferece à audiência uma história de importância
199 pública, cujas peças teve que obter de fontes diversas
Gaines
6 e, às vezes, obscuras.
● Revela uma história que pode ser contrária à versão
anunciada por funcionários governamentais ou
empresariais, provavelmente interessados em ocultar a
verdade.
● Tem como resultado uma história que geralmente é
publicada na primeira página de um jornal, ou que
encabeça os telenoticiários nocturnos.

O jornalismo investigativo é a reportagem que se realiza por


iniciativa e trabalho do jornalista, sobre assuntos de
importância que algumas pessoas ou organizações desejam
manter em segredo.

Os três elementos básicos do jornalismo investigativo,


199 segundo o autor, são:
Reyes
6
● Que a investigação tenha sido realizada pelo repórter.
● Que o tema da informação seja importante para o
público.
● Que exista quem se empenhe em esconder estes
assuntos do público.

O jornalismo de Investigação é, mais que um gênero, uma


filosofia de trabalho que impulsiona as pessoas a indagar na
199
Quesada vida com o distanciamento do cientista, a imaginação do
8
escritor e a honestidade e a valentia com que estão
alicerçados a história e o prestígio dessa profissão.

Por: Domingos Januário Mateus, Msc 20


O jornalismo de investigação assume a parte mais delicada e
difícil nessa missão de defesa da transparência democrática,
ao trazer à luz os casos frequentemente ocultos e invisíveis
por sua própria natureza.
200
Ansón
1 A publicação de uma história de investigação é um
acontecimento em si e normalmente introduz, agrega ou revive
um tema na agenda midiática. Dessa maneira, não faz mais do
que enriquecer o debate público, agregando temas e
argumentos.

O jornalismo de investigação é a busca e difusão de


informação relacionada a eventos com valor jornalístico (ou
seja: com graus consideráveis de improbabilidade de
ocorrência do fato, e de altas probabilidades de impacto
histórico e psicológico), eventos e informação que outros
(indivíduos, grupos, empresas, instituições, organizações
governamentais ou não governamentais, classes sociais ou o
próprio sistema em seu conjunto) mantêm ocultos e querem
impedir que sejam conhecidos e difundidos em um âmbito
social maior do que aquele circuito dos que têm acesso a esse
conhecimento.

200 Ou seja, a matéria do jornalismo de investigação, seu objeto, é


Faundes
1 a informação oculta, reservada, secreta, e suas fontes, aquelas
que estão fechadas. Estas últimas características (informação
oculta e fontes fechadas) o diferenciam de qualquer outro tipo
de formas jornalísticas, ainda que sejam de denúncia, mas que
trabalhem com informação socialmente disponível por meio de
fontes abertas.

Isso não significa que o jornalismo de investigação trabalhe


exclusivamente com informação oculta. Necessariamente,
deve-se usar todo tipo de fontes e todo tipo de dados. Mas os
dados ocultos, o conseguir a abertura de fontes fechadas,
proporcionam-lhe o carácter próprio.

O jornalismo investigativo é determinado pela metodologia que


o profissional emprega para a obtenção dos dados: uma
200
Garcia Lucero especial relação com determinadas fontes de informação e a
1
busca de objectivos concretos relacionados ao papel de crítica
social que os meios de comunicação devem desempenhar.
O jornalismo de investigação é o que investiga os segredos do
200
Galeano poder, e que define sua própria coragem e sua própria
2
importância em função do desafio que escolhe.

Por: Domingos Januário Mateus, Msc 21


Quinze
jornalistas
O jornalismo de investigação é aquele que busca revelar algo
latino-american 200
que a opinião pública ignora e que sobre o qual tem sido
os reunidos em 4
enganada.
um seminário
na Argentina
O jornalismo investigativo se caracteriza pelo fato de a
investigação jornalística ser realizada pelo jornalista e não pela
justiça, pela polícia ou por particulares interessados. Ou seja, é
uma investigação que parte da iniciativa própria do jornalista e
200
Santoro que é desenvolvida plenamente por ele. Ficam excluídas,
4
então, as reportagens que se limitam a gravar os resultados de
investigações ou operações policiais, assim como os relatos
que se baseiam inteiramente em filtragens de expedientes
judiciais.
O princípio básico do jornalismo de investigação consiste em
200 revelar sistemas com a demonstração documental e/ou
Torre
5 testemunhal de que alguém oculta algo e que esse algo afecta
negativamente o cenário público.
O jornalismo de investigação é a investigação efectuada pelo
próprio jornalista em torno de um fato que é relevante para a
sociedade e cujos autores e/ou cúmplices tentam manter
oculto em defesa de interesses próprios. Assim, por exemplo,
200
Fuentes as últimas tendências na indústria da moda podem ser muito
6
atrativas ao público, porém, conta com a aberta colaboração
das fontes, dos fabricantes que, de fato, beneficiam-se com a
história relatada, razão pela qual não se trata de jornalismo
investigativo.

Na realidade, cientistas e policiais procuram o mesmo: a verdade


oculta.
Para que uma investigação seja considerada dentro do género,
deve descobrir essa "verdade oculta" ou onde, na busca do fato
incorrecto, como assinala Gaines (1996), haja existido alguma
tentativa de ocultar a informação.
Maioritariamente, os repórteres e a bibliografia actual sobre
jornalismo coincidem quanto ao fato de apenas o jornalismo de
investigação conseguir efectivamente iluminar as zonas escuras da
sociedade, conquistar o conhecimento a propósito de algo e reduzir
a incerteza.

Por: Domingos Januário Mateus, Msc 22


A tarefa de "cão de guarda" que o sistema democrático atribui à
imprensa potencializa-se quando se fala de jornalismo de
investigação.

ÁREAS TEMÁTICAS DO JORNALISMO DE INVESTIGAÇÃO

Segundo Cardoso (2002), o jornalismo de investigação distingue-se


das demais rotinas profissionais tradicionais fundamentalmente pela
selecção de determinados temas e por sua maior profundidade no
tratamento do objecto ou assunto que aborda. Uma das questões
mais importantes a levar em conta na hora de decidir fazer uma
investigação jornalística é a escolha do tema.
Segundo Geneteau (2001), o jornalismo de investigação pode ser
realizado em qualquer âmbito temático, em qualquer secção do
jornal: da informação política até a económica, passando pela de
sociedade, desportos, espectáculos, etc. Suas possibilidades são
infinitas e seu campo temático ilimitado. Entre os mais abordados e
de maior profundidade nessa modalidade jornalística estão os
políticos, sociais, económicos, desportivos, locais, de notícia
inesperada, histórico ou os relacionados a informações já
publicadas.

Por: Domingos Januário Mateus, Msc 23


Montserrat Quesada (1999) estabelece três grandes grupos
temáticos do jornalismo de investigação:

O jornalismo de investigação é de vital importância, por ser um


jornalismo vigoroso, que rompe com a rotina e que possibilita ao
meio de comunicação, ao profissional que o pratica e ao público
saírem do quotidiano, descobrir o que existe além da informação
rotineira que configura o grosso dos conteúdos difundidos dia a dia
pelos meios de comunicação.

1.4. FONTES. IMPORTÂNCIA DAS FONTES

Existe a crença de que o jornalista de comunicação é o epicentro da


investigação jornalística. Contudo, aponta Caminos Marcet (1997),
o investigador, ainda sendo fundamental sua tarefa, não é nada

Por: Domingos Januário Mateus, Msc 24


sem uma boa agenda, sem boas fontes de informação. As fontes
são a essência da actividade informativa e constituem o selo de
distinção dos meios de comunicação. O jornalismo de investigação
não poderia ser realizado sem um bom conhecimento das fontes de
informação. Para ser jornalista, qualquer que seja a especialização,
sempre se necessitará das fontes.
Entende-se por fonte de informação a pessoa, o órgão, a entidade
ou a instituição que fornece a informação ou a notícia ou, pelo
menos, os dados básicos para um trabalho jornalístico. Incluem-se
nessa definição, segundo o autor, arquivos, bibliotecas, estatísticas
e todos os meios de consulta que possam contribuir para completar
e para aprofundar as informações que serão elaboradas.

Toda investigação jornalística deve estar sustentada na maior


veracidade, na maior segurança e legalidade possíveis. As fontes,
em sua maioria, acedem a estampar a informação que fornecem. O
investigador deve ter acesso às fontes com uma dose de suspicácia
e desconfiança. Não pode estar seguro do dado que lhe chega, até
que este seja verificado, comparado e comprovado. Por muita
credibilidade que a pessoa aparente, por muito verosímil que
pareça seu relato, nunca se estará seguro dos verdadeiros
interesses que a moveram a apresentar uma informação. Todo dado
documental deve ser submetido a uma validação do suporte

Por: Domingos Januário Mateus, Msc 25


documental, que se realizará em três campos ou aspectos
diferentes.

O profissional que não confirme suficientemente seus dados não


somente se arrisca a ter problemas pessoais de índole jurídica ou
outros, arrisca também o prestígio do restante da profissão.

INFORMANTE VS CONFIDENTE

As fontes pessoais podem ser classificadas em fontes oficiais e


fontes oficiosas.

• Fonte oficial.
A fonte oficial será aquela à qual se possam aplicar os seguintes
rótulos classificatórios:
a) Ser preferencialmente uma fonte pontual.
b) Ser pública, ainda que algumas vezes com traços de privada.
c) Ser voluntária.
d) Com tendência a ser bem mais assídua do que ocasional.

Este tipo de fonte costuma facilitar informação mais ou menos


institucionalizada e assumir sua paternidade. O valor de suas
comunicações é notável para o informador, porém, bem mais
relativo para o investigador.

Por: Domingos Januário Mateus, Msc 26


• Fonte oficiosa.
A fonte oficiosa, em contrapartida, será:
a) Preferencialmente, de ordem geral (sem esquecer seu
componente pontual).
b) Confidencial, ainda que possa ser também privada.
c) Tanto voluntária quanto involuntária.
d) Tanto assídua quanto ocasional.

Sua informação é bem mais singularizada e original e não costuma


assumir sua paternidade. O valor de suas comunicações é muito
alto para o investigador, mas pode representar um risco ao
informante, no caso de não se contrastar suficientemente seus
dados.
A informação que passa destas duas classes de fontes até o
jornalista é mediada, desde o emissor, por um filtro de confiança
e/ou de interesse.
O grau de confiança, em especial, é determinante para que uma
fonte oficial possa comportar-se como oficiosa a um determinado
jornalista e não assim com seus demais colegas de profissão. O
interesse, é óbvio, subjaz em todo processo comunicativo iniciado
sob a instância de uma parte e, é lógico também, matiza a estrutura
informativa com sua cor particular. Em contrapartida, a relação entre
jornalista, informantes e confidentes é mediada por um filtro no qual
contam especialmente a amizade e a credibilidade, em ambas as
direcções.
A amizade é algo que se consegue (ou não) com o contacto
pessoal mais ou menos continuado entre ambas as partes.
A credibilidade, pelo contrário, só se consegue com o tratamento
profissional (o jornalista informando com seriedade e respeitando os
pactos com a fonte; a fonte respeitando os acordos com o jornalista
e credenciando o fato de que boa parte de sua informação está
fundamentada). Para o jornalista investigador, as fontes oficiosas

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são as mais apetecíveis. Duas dessas fontes oficiosas são o
informante e o confidente.

O informante mantém uma relação ocasional com o jornalista. Em


muitos casos, limitada a uma simples chamada telefónica ou a um
ou vários encontros pessoais para informar, sem mais, ou para
pactuar com o jornalista as condições sob as quais se mostra
disposto a passar alguma informação, documentação ou pacote de
documentação já elaborada.

O informante ocasional é uma fonte inesperada e, em infinitas


ocasiões, de enorme rentabilidade informativa.

Com o confidente se estabelece uma relação habitual, produto de


um contacto pessoal mais ou menos prolongado. Pode-se dizer que
o informante vai em busca da qualidade profissional do jornalista,
enquanto o confidente, ademais, busca a qualidade humana. Por
isso, o rigor no trabalho e a honestidade pessoal, em grande
medida, sempre aumentam a qualidade da agenda do jornalista.

Em relação com todo facto a investigar, o jornalista depara-se com


dois grandes blocos de possíveis fontes: as implicadas e as alheias.
Fontes implicadas

Por: Domingos Januário Mateus, Msc 28


As fontes implicadas são as que, em um sentido ou outro, têm algo
a ver com os fatos em via de investigação, sejam como afectados,
protagonistas, testemunhas ou como críticos.
Fontes alheias
As fontes alheias, por outro lado, são as que nada têm a ligá-las
directamente ao facto investigado, mas, pela natureza desse fato e
por sua própria qualificação humana e/ou profissional, podem
fornecer dados de interesse técnico ou noticiável ao jornalista.

Avaliação da credibilidade da informação


Por lógica, o jornalista investigador deve avaliar a credibilidade da
informação que obtém, porém, é enormemente difícil avaliar a
veracidade de algo que se desconhece.
A esse respeito, Rodríguez (1994) aponta que ele só encontrou
duas possibilidades de realizar esta tarefa: o senso comum e o
trabalho metódico.
A avaliação da credibilidade de uma fonte é, na maior parte dos
casos, bem mais difícil. Faz-se necessário recorrer aos dotes de
observação, qualidade desejável em todo jornalista de investigação;
assim como sondar os ambientes pelos quais a fonte em questão
se move. Recomenda-se utilizar, no transcurso de uma conversa

Por: Domingos Januário Mateus, Msc 29


longa ou durante o decorrer de diversas entrevistas, dados
notavelmente variados, informações proporcionadas pela fonte em
algum momento ou encontro anterior e pedir a ela sua confirmação.

CUSTO DA INFORMAÇÃO
Para obter dados, especialmente se são de qualidade, deve-se
pagar sempre algum tipo de preço. O custo mais conhecido, ainda
que na maioria das vezes não reconhecido por aqueles que o
pagam, dentro do jornalismo em geral e do jornalismo de
investigação em particular, é o que se define como valor económico
da informação, entendendo-se como o dinheiro a ser pago para que
se tenha acesso a alguma informação.
Este pagamento pode segmentar-se em três tópicos diferentes,
ainda que muitas vezes complementares: o custo decorrente dos
gastos de trabalho (deslocamentos, refeições, comunicações, etc.),
os custos originados por subornos e propinas, e os custos da
compra de documentos ou de pacotes documentais mais ou menos
elaborados.

a) Custos derivados dos gastos de trabalho.


O custo derivado dos gastos de trabalho é o único reconhecido sem
dificuldades por jornalistas e editores.
Investigar significa um investimento económico sempre notável em
gastos com transporte, hotéis, diárias, telefonia, materiais, etc.

b) Custos originados por subornos e propinas.


Estes custos são menos reconhecidos pelos jornalistas de
investigação.
Contudo, uma porta ou um arquivo que contenha informação
importante tem quatro maneiras de abrir-se: pela habilidade do
jornalista no saber conquistar a confiança da pessoa adequada;

Por: Domingos Januário Mateus, Msc 30


pela compra dessa confiança mediante o pagamento de suborno ou
propina (ou mediante a realização de algum favor não
necessariamente económico); por pressão (coação) sobre a pessoa
indicada; ou mediante um acesso ilegítimo de qualquer tipo.

ESTRATÉGIAS DE INVESTIGAÇÃO JORNALÍSTICA.


A prática do jornalismo de investigação tem, na actualidade,
algumas estratégias e técnicas claramente definidas, que foram
sendo elaboradas pela experiência jornalística de um bom número
de profissionais que exercem esta modalidade. Rodríguez (1994)
seleccionou sete estratégias de trabalho:

A infiltração do próprio jornalista no centro do facto investigado é


uma estratégia muito efectiva, mas altamente arriscada. A infiltração
admite muitos e distintos graus, tendo como condição necessária o
facto de o próprio jornalista ter que adoptar, durante um período
mais ou menos longo de tempo, uma personalidade e/ou costumes
alheios aos que lhe são habituais, escondendo totalmente sua
identidade profissional e seus objectivos. Segundo Wallraff (1985),
deve-se disfarçar para desmascarar a sociedade, deve-se enganar
e desfigurar-se para descobrir a verdade.

Por: Domingos Januário Mateus, Msc 31


Segundo Wallraff (1985), deve-se disfarçar para desmascarar a
sociedade, deve-se enganar e desfigurar-se para descobrir a
verdade.
Suas obras mais destacadas são:
• Cabeça de turco (1999).
• Com os perdidos do melhor dos mundos (2000).
• O jornalista indesejável (2000).

No seu livro, "Cabeça de turco", o autor se propôs a deixar em


evidência a discriminação sofrida pelos estrangeiros na Alemanha,
em especial mostra aquela sofrida pelos turcos. O jornalista se
disfarçou de turco, assumindo a personalidade de Alí Sinirlioglu.
Para ocultar seu aspecto alemão, colocou peruca e bigode pretos,
lentes de contacto escuras e pó no rosto. Além disso, praticou um
alemão básico, quase balbuciante, durante vários meses.
O nome e a documentação eram de um cúmplice turco, que
também o aconselhou com relação a como mover-se nesse
submundo. Nas décadas de setenta e de oitenta do século
passado, os turcos eram a camada social mais discriminada da
Alemanha. De fato, ainda na actualidade continuam discriminados.

Infiltração de Terceiros (dirigida)

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Esta estratégia de infiltração, diferentemente da anterior, não exige
que seja o próprio jornalista a se mimetizar no ambiente a
investigar, mas exige dele uma participação também activa na
consecução das informações buscadas. Em geral, consiste em
infiltrar no campo a ser investigado uma terceira pessoa, dirigida,
orientada e capacitada pelo jornalista. Esta é uma estratégia que
não deve ser confundida com o uso de confidentes, apesar dos
pontos aparentemente comuns a aproximá-las.

PARTICIPAÇÃO NOS FACTOS INVESTIGADOS

Esta estratégia pressupõe que o jornalista tome parte activa nos


fatos que investiga ou sobre os quais pretende informar. Na
realidade, o jornalista de investigação se torna co-protagonista do
fato informativo. Sua actuação desencadeia o fato noticioso com a
pretensão de poder prová-lo a partir de seu próprio testemunho
directo.

RAPOSA NO GALINHEIRO

Com este nome, Rodríguez (1994) define uma estratégia pessoal


de investigação que, pelo risco que envolve, requer uso
extremamente selectivo, cauto e moderado. É uma estratégia muito
delicada, já que pode escapar facilmente do controle do jornalista.
Em todo caso, só deve ser empregada em casos em que a
investigação tenha ficado paralisada, sem remédio, ou quando não

Por: Domingos Januário Mateus, Msc 33


houver nenhum canal apropriado para iniciar o trabalho. Em todos
os casos, deve-se reservá-la para assuntos de certa envergadura e
importância. A aplicação dessa estratégia, em sua concepção, é
simples. Mas deve ser planejada à medida de cada situação, de
cada objectivo e do jornalista que a empregue. Exige duas
habilidades: ter bons contactos e suficientes molas de segurança.

JORNALISTA INGÊNUO
"Jornalista ingénuo" é o nome posto por Rodríguez (1994) numa
estratégia muito usada por ele. As possibilidades de aplicar a
estratégia do jornalista ingénuo são tão variadas quanto o são os
objectivos buscados com ela. É demolidora quando se usa como
fórmula para comparar a sinceridade de um entrevistado com sua
realidade. O trabalho do jornalista não consiste em convencer o
implicado a ser sincero. Não tem por que pôr-lhe as provas
acusadoras sobre a mesa e forçá-lo a ser sincero para que não
fique, ainda, como embusteiro perante a opinião pública. O
jornalista, se assim o estima, não tem por que dar ao entrevistado
mais de uma oportunidade de defesa ou de justificação, antes de
publicar o que tem bem comprovado e documentado sobre ele. A
estratégia do jornalista ingénuo permite realizar um interrogatório
útil no qual as perguntas mais fortes perdem sua carga de acusação
para se converterem em meras suspeitas opináveis.

Por: Domingos Januário Mateus, Msc 34


SUPLANTAÇÃO DA PERSONALIDADE
Esta é uma estratégia especialmente delicada porque, ao ser
usada, pode-se cair com muita facilidade em alguma transgressão
da lei. Consiste em fazer-se passar por outra personalidade,
habitualmente com referência a suas funções ou atribuições ou, o
que vem a ser o mesmo, mas sem problemas legais, em fazer com
que os demais acreditem, sem terem afirmado tal coisa, que o
jornalista goza de identidade e/ou de qualidade que não lhe é
própria. Usar esta estratégia com refinamento exige ter uma base
suficiente de psicologia prática e de domínio da linguagem
manipuladora, fazendo-se com que um receptor descodifique
erroneamente um significado incluído na mensagem do emissor.

INSTRUMENTOS NECESSÁRIOS À INVESTIGAÇÃO


JORNALÍSTICA

A fotografia é o suporte básico, por excelência, do jornalista


investigador. Sempre que possível, é aconselhável ao jornalista
trabalhar com equipamento ou com um fotógrafo profissional. E,
caso possível, que saiba escolhê-lo de acordo com as
necessidades do trabalho a realizar.

Por: Domingos Januário Mateus, Msc 35


Nem todos os bons fotógrafos são bons para todo tipo de situação.
Cada um tem suas próprias habilidades e limitações, as quais
devem ser reconhecidas e exploradas. Utilizar um excelente
fotógrafo de entrevista para um trabalho de espionagem, e
vice-versa, por exemplo, é arriscar-se ao fracasso, pois a
mentalidade e a técnica exigidas para um e outro caso são
substancialmente distintas.

No jornalismo investigativo, nem sempre é possível ou aconselhável


trabalhar com um fotógrafo. Há situações nas quais, por falta de
previsão, por impossibilidade de entrada ao fotógrafo, ou por
segurança, o investigador é o único que tem oportunidade de
fotografar. Será preciso, portanto, que todo bom profissional de
investigação tenha a suficiente capacitação técnica em fotografia.
Adquirir os rudimentos básicos para fazer fotografias impecáveis é
fácil.

INFOGRAFIA
Do ponto de vista etimológico, o termo procede da união entre
informação e gráfico, sendo inicialmente utilizado no jornalismo
anglo-saxão. Alguns autores, como se verá a seguir, concebem este
termo como a ligação entre informática e desenho gráfico.
O ideográfico deve apresentar a mensagem informativa de maneira
autónoma, isto é, deve explicar-se por si mesmo, ter unidade
informativa plena e independente. Um ideográfico pode enunciar
uma história e completar uma informação que também se oferece
textualmente, ou contá-la completa.

Por: Domingos Januário Mateus, Msc 36


GRAVAÇÃO
O campo da gravação é o segundo apoio clássico no trabalho do
jornalista de pesquisa. Não obstante, em certas ocasiões, não se
aproveitam todas as possibilidades oferecidas por esta técnica.

VEÍCULO
Considera-se veículo tudo aquilo que sirva para o transporte.
Rodríguez (1994) apontou quatro funções básicas, além das óbvias,
para o jornalista de investigação.

Por: Domingos Januário Mateus, Msc 37


• Acompanhamento.
Para seguir um carro pela cidade, geralmente recomenda-se utilizar
uma moto. Porém, isto é uma tarefa sumamente complexa e que
poucas vezes dá resultado: ou o investigador chega muito perto e é
descoberto; ou fica muito longe e perde o objectivo. O
acompanhamento por rodovia é um pouco mais fácil, ainda que
nem sempre exitoso. O acompanhamento profissional requer a
montagem de uma infra-estrutura de comunicação portátil e o uso
de diferentes veículos, com bons condutores que se alternem no
trabalho, o que, raras vezes, está ao alcance do jornalista de
investigação.

• Guarda.
Mais factível que o método anterior é montar guardas sobre algum
objectivo durante um dado período de tempo. A esse respeito,
Rodríguez (1994) indica alguns conselhos básicos que se observam
a seguir:
- Não se deve usar um carro ou furgão chamativo, seja por si
mesmo ou por elementos acrescentados.
- Sempre que possível, e sempre que se deva permanecer muitas
horas, deve-se estacionar correctamente o veículo; com a previsão
suficiente, pode-se escolher o lugar mais apropriado e, inclusive,
trocar regularmente de veículo, utilizando-se os de alguns amigos.
- Caso se escolha um ângulo adequado, seja a partir do interior do
veículo ou pelos retrovisores externos, pode-se fotografar a cena ou
a pessoa investigada.
- Um casal de sexos diferentes sempre é menos suspeito dentro de
um veículo do que dois homens sozinhos.
- Quando se começa uma vigia, deve-se mantê-la até esgotadas as
suas possibilidades.

• Base.

Por: Domingos Januário Mateus, Msc 38


Em determinados trabalhos, o jornalista de pesquisa pode precisar
de alguma base transportável, a partir da qual possa realizar com
certa tranquilidade actividades muito específicas. Um veículo é ideal
para isso.
Há várias ocasiões nas quais um veículo pode servir como base:
para entrevistas que requeiram segurança, como ponto de contacto
ou localização, etc.

• Defesa.
Um veículo pode ser usado também como ferramenta defensiva e
de segurança. Seria desejável que o jornalista investigador,
notavelmente aquele que queira trabalhar em campos informativos
de certo risco, adquirisse uma boa técnica de condução e se
preocupasse em manter seu veículo em perfeito estado. Saber
manobrar com rapidez e eficácia não só permite sair de situações
de apuros como também possibilita deparar-se com elas com
alguma possibilidade de êxito.
Usar um veículo para o trabalho de investigador aconselha ter em
mente algumas normas elementares de segurança, como as
seguintes:

- Manter sempre as portas fechadas com trava e os vidros fechados


enquanto se trabalha (com a excepção dos momentos em que se
façam fotografias).
- Quando se realiza uma campanha, manter o veículo em uma zona
na qual se possa manobrar com facilidade de modo a sair
rapidamente Em uma vigilância com risco, é melhor manter a
marcha engatada durante todo o tempo.
- Deve-se vigiar constantemente pelos retrovisores para evitar
acompanhamentos.
Em caso de ser seguido, ou como simples precaução, é
aconselhável realizar alguma das muitas manobras de despiste
possíveis, como, por exemplo, reduzir a marcha, esperar para que a

Por: Domingos Januário Mateus, Msc 39


luz de um semáforo fique amarela para, então, sair do local a toda a
velocidade. Ou parar em uma esquina, alguns poucos minutos,
deixar que passem os carros que vinham atrás e, no momento em
que o semáforo volte a ficar vermelho, sair rapidamente para uma
rua perpendicular àquela na qual se circulava. Ou entrar em algum
estacionamento (já conhecido) que tenha saídas para diversas ruas,
etc.

2. A RESPONSABILIDADE SOCIAL DO JORNALISTA.

Segundo Faundes (2001), traduzida para um discurso actualmente


vigente, a pauta ética universal pode ser expressa em quatro
grandes critérios de acção social e simultaneamente pilares da
construção de uma sociedade nova:

● Democracia participativa das maiorias: que assegure o


exercício do poder pelas maiorias que ocupam a base e o
corpo do actual sistema piramidal que predomina na actual
sociedade.
● Desenvolvimento participativo e sustentável centrado no
bem-estar das maiorias e no respeito à natureza (justiça
social, vida digna, cuidado do ambiente e de seus recursos).
● Direitos humanos (expressão globalizada e jurídica do
consenso valórico universal).
● Diversidade (reconhecimento de que os seres humanos são
diferentes e que devem interagir como tais).

Segundo o autor, estes mesmos quatro "D" devem ser erigidos


como critérios fundamentais à decisão ética dos jornalistas
investigadores no objectivo de darem respostas às perguntas
expostas na figura abaixo:

Por: Domingos Januário Mateus, Msc 40


A maneira que os jornalistas têm para adquirir a habilidade
necessária à elaboração das mensagens informativas é por meio da
socialização, em outras palavras, da interiorização de critérios
organizacionais e profissionais aceitos pela comunidade jornalística
como as maneiras correctas de exercer o trabalho jornalístico.

Por meio dos processos de socialização, os jornalistas, pouco a


pouco, vão assumindo atitudes semelhantes àquelas dos demais
integrantes do colectivo, passando a se sentirem identificados
dentro e pela organização. Socializar-se, nas rotinas jornalísticas,
equivale a aprender a satisfazer as expectativas organizacionais na
produção informativa. O contexto da socialização é a organização
noticiosa. A socialização inclui a aceitação de alguns valores e a
adaptação a algumas normas já estabelecidas e que, em princípio,
podem ser vistas como imposições por se contraporem a algumas
concepções e aos princípios dos jornalistas, antes de pertencerem
à instituição.
Segundo Alsina (1989), várias trilhas estão criadas para colocar a
andar pensamentos, ideias ou critérios; mas, na organização
jornalística, as principais vias de socialização são a revisão, pelos
superiores, seus comentários ou reprimendas, as reuniões
redaccionais e os contactos informais entre os jornalistas.
Para um jornalista, segundo De León Vázquez (2003), seu trabalho
de repórter, exercido com liberdade e responsabilidade, é uma das

Por: Domingos Januário Mateus, Msc 41


condições necessárias ao alcance dos estados de justiça,
democracia, liberdade, desenvolvimento e mudança na sociedade.

PARTE II
3. O CÓDIGO DEONTOLÓGICO DOS JORNALISTAS –
(APENAS) UM INSTRUMENTO MORAL?

4. CONFLITO DE DIREITOS: DIREITO DA (À) INFORMAÇÃO –


LIBERDADE DE IMPRENSA

Sendo a liberdade de imprensa um direito de tão reconhecida


importância e alcance, cuja protecção goza do mesmo privilégio que
o direito à vida e à integridade pessoal, - poderá este ser restringido
pelo estatuto profissional que impede a imprensa de ser pouca
rigorosa ou parcial? Quem sabe se a “Liberdade de Imprensa”,
consagrada como é, assumindo um carácter amplo possa vir a ser
uma imprensa menos imparcial e menos rigorosa, e cada vez mais
sensacionalista, pois é certo que a Constituição da republica de
Angola apenas obriga a que a imprensa possa ser livre, nada
referindo quanto à qualidade dessa imprensa. O jornalista deve
noticiar factos que correspondem à verdade, ele encontra-se
vinculado a uma “verdade jornalística”, que nem sempre
corresponde à verdade material. O que se exige, então, ao
jornalista, é que use dos seus meios e das suas estratégias para
alcançar esta verdade, que não precisa de ser absoluta ou
judicialmente comprovável. Claro está que o jornalista tem que usar
fontes fidedignas e tem que sempre dar prioridade às informações
exactas.
Alguns autores fazem notar que a liberdade de imprensa é uma
subcategoria da liberdade de expressão e de informação, quando
exercida através dos meios de comunicação social, e por isso goza

Por: Domingos Januário Mateus, Msc 42


da tutela do mesmo regime constitucional, incluindo a proibição de
censura ou o direito de resposta e de rectificação.

A liberdade de expressão e os direitos de se informar e de ser


informado, são direitos individuais. O direito de informar é em
simultâneo um direito individual e um direito institucional. A
liberdade de imprensa é necessariamente um direito institucional.

Em qualquer caso, são direitos fundamentais, pois são


indispensáveis e nucleares numa sociedade livre e democrática, já
que só é possível garantir a dignidade da pessoa humana e um
aprofundamento da democracia participativa com uma ampla
liberdade de circulação de informação e com uma efectiva liberdade
de expressão e de imprensa, desde que responsáveis, credíveis,
fundamentadas e legítimas.

● A liberdade de imprensa é uma questão


essencial para o Jornalismo, porque garante
a independência dos órgãos de comunicação
social, sendo uma das manifestações da
liberdade de expressão consagrada nos
estados democráticos. Antes de ser um
direito dos jornalistas, é um bem da
sociedade e sobretudo um princípio
fundamental das sociedades democráticas.

A Comunicação Social é de grande importância para o


funcionamento de uma sociedade democrática, pois além de
garantir as informações para a população, na formação da opinião
pública, contribui para uma educação cívica.

Quando o Jornalista relata uma história em que existe a


participação de um arguido num processo-crime, é obrigação do

Por: Domingos Januário Mateus, Msc 43


Jornalista, tanto moral e deontológico, de descreve-lo como
inocente, até que a prova seja ao contrário. E este princípio
fundamental do direito penal.

Existem ainda algumas normas que disciplinam as relações da


publicidade do processo e sua narração com os meios de
Comunicação Social, proibindo especificamente:
a) A reprodução de documentos ou peças inseridos nos autos,
antes da leitura da sentença em primeira instância, já que durante a
audiência final que os mesmos estão sujeitos ao princípio do
contraditório;
b) A transmissão gravações radiofónicas ou imagens de qualquer
ato processual, incluindo a audiência de julgamento, com a intenção
de evitar fatos que sejam falsos, pela sua transmissão parcial e
descontextualizada;
c) A publicação da identificação das vítimas de crimes mais graves,
como o tráfico de pessoas ou contra a honra ou reserva da vida
privada;
d) A publicação de conversações ou comunicações interceptadas
com escutas telefónicas no âmbito do processo, mesmo que este
não esteja sujeito ao segredo de justiça, sem o consentimento dos
intervenientes. Visa impedir a devassa e salvaguardar o direito à
palavra.

Com estas normas premeditadas para as mídias, objectivam evitar


os julgamentos antes de tempo, realizados em praça pública,
através de informação veiculada pelos meios de comunicação
social, até porque a violação de qualquer uma delas constitui crime
de desobediência simples.

É no segredo de Justiça, que se impõe não só aos sujeitos


processuais, mas todos aqueles que, por alguma razão, venham a

Por: Domingos Januário Mateus, Msc 44


ter contacto com o processo submetido a segredo, isto é, a sua
violação do segredo de justiça que constitui crime.

5. O SIGILO PROFISSIONAL NO JORNALISMO


O sigilo profissional está intimamente ligado com o acesso às fontes
de informação e nenhum jornalista pode ser prejudicado ou lesado
por não revelar as suas fontes (vide CRA e códigos dos jornalistas).
Este enquadramento jurídico permite que os jornalistas se sintam
livres para mediatizar situações mais delicadas e as fontes sintam
confiança para transmitir às redacções dados sensíveis. Na óptica
de Carvalho et al (2012, p.215):
Este direito do público à informação fundamenta o
jornalismo de investigação; o sigilo das fontes
jornalísticas garante-o. De facto, o direito de
manter o sigilo sobre a origem da informação, de
não ser punido por não revelar as fontes, ao
permitir o estabelecimento de uma relação de
confiança entre o jornalismo e a fonte de
informação, é um elemento essencial para a
obtenção de novas informações.
Nos dias de hoje, a protecção do sigilo profissional tem vindo a ter
mais proeminência com o aumento do jornalismo de investigação e
muitas são as normas internacionais que acolhem este direito como
sendo imprescindível à actividade de qualquer jornalista. Todavia,
os mais cépticos consideram que a não revelação da identidade da
fonte pode constituir um entrave à boa administração da justiça e
colocar em causa o rigor da informação.
A doutrina maioritária tem vindo a defender que este direito deve
abarcar todos os meios de comunicação, todas as pessoas
envolvidas na produção de informação, não somente os jornalistas
e directores e que o próprio sigilo de correspondência dos
jornalistas deverá ser respeitado quer no domicílio, quer no local de
trabalho (Carvalho et al 2012, p. 218). No entanto, apesar deste

Por: Domingos Januário Mateus, Msc 45


direito ser indispensável para a investigação jornalística, a sua
protecção não é absoluta.

O relacionamento entre os órgãos de comunicação social e os


tribunais sempre foi pautado por alguma animosidade. Estes nem
sempre andam de braço dado e nem é isso que se deseja face ao
modus operandi de cada um. Por um lado, a comunicação social
funciona com a máxima celeridade e imediatismo, uma vez que a
grande missão é tornar público o que é de interesse para a
comunidade, por outro lado, a justiça tem o seu tempo, as suas
complexidades, os seus métodos de apuramento da verdade”
(Poças, 2018, p.4). Para que haja uma harmonização e não uma
tensão constante é importante que a justiça saiba comunicar com
os órgãos de comunicação social até porque “os media
representam importante mediador na relação com o povo,
destinatário último da sua actividade, possibilitando o
apaziguamento da comunidade através do conhecimento de que
“foi feita justiça” (Lourenço, 2013, p. 1). Mais do que tentar perceber
a relação entre a comunicação social e a justiça é importante
averiguar de que forma comunica a justiça. Os tribunais e os média
têm reclamado por uma estrutura mais eficaz que facilite a
comunicação entre as comarcas e os jornalistas.

5.1.ÉTICA NO JORNALISMO DE INVESTIGAÇÃO

Segundo García Luis (2004), a ética é considerada um fenómeno


social único e qualitativamente peculiar, que se expressa como uma
forma de apropriação prático-espiritual do mundo, esfera da
consciência, da actividade e das relações dos homens,
caracterizada pela contraposição entre o bem e o mal e
inter-relacionadas com todas as demais esferas da vida social. Na
maioria dos escritos que se ocupam do assunto, lê-se que a palavra
"ética" deriva do grego éthos, que quer dizer costume.

Por: Domingos Januário Mateus, Msc 46


Éthos faz referência à atitude da pessoa para com a vida, à atitude
interior. Sendo assim, éthos é a raiz ou a fonte de todos os actos
particulares.
Em termos práticos, pode-se aceitar ser a ética a disciplina que se
ocupa da moral, de algo que compete aos actos humanos
exclusivamente e que os qualifica como bons ou maus, sob a
condição de que eles sejam livres, voluntários, conscientes.

No jornalismo de investigação, uma porção dos limites éticos é


dada pelas implicações legais das actividades dos repórteres. Os
princípios e valores morais são os principais reitores da conduta. É
assim que qualquer acção pode ser julgada, dependendo do marco
ético que se utilize para justificá-la e dos valores que são prioritários
para quem julga. Segundo Faundes (2001), cabe conceber a ética
como uma norma, um conjunto de políticas e pautas de
comportamento que deve ser aplicado ao jornalismo de
investigação.

A maioria dos debates sobre ética no jornalismo de investigação


tem se concentrado na metodologia, ou seja, na forma de obtenção
dos dados. Geralmente, os cidadãos crêem que o jornalista se
propõe a conseguir material para um artigo a qualquer preço,
opinião que deve ser tomada em conta pelo investigador. As
revelações e informações que dependem de métodos duvidosos
podem diminuir a legitimidade e a credibilidade da reportagem.

As questões de ética não se limitam aos métodos: a corrupção é


outra questão importante. Por corrupção não se deve considerar
só o jornalista que paga por informação, mas também aqueles
jornalistas que aceitam subornos por reprimir uma revelação, ou
pelo contrário, para tornar pública alguma anomalia pela qual o
subornador seja beneficiado.

Por: Domingos Januário Mateus, Msc 47


Quando o alvo da investigação é uma personalidade pública, ou
um facto a envolver a intimidade de pessoas, é quando se torna
mais evidente o actuar moral do investigador: que deve ou não
fazer?
Se bem que geralmente se presuma que o direito à intimidade de
uma figura pública seja interpretado diferentemente do de um
cidadão comum, cabe analisar se o que se está por revelar influi
determinantemente naquilo que se investiga.
O jornalista investigador, assim como qualquer outro profissional do
meio, deve ter bastante clareza de sua função na sociedade. Ainda
que ela agradeça a clareza em temas ou assuntos um pouco turvos,
não se deve, por isso, violar certas normas e princípios. Segundo
Faundes (2001), existem perguntas básicas que devem ser feitas
sob o ponto de vista da ética aplicada ao jornalismo de
investigação, apresentadas na figura 1.12.

6. O SEGREDO DE JUSTIÇA
A sociedade acordou, sobretudo devido à cobertura jornalística dos
grandes acontecimentos judiciais, com um claro problema de
relacionamento entre o segredo de justiça e o direito à informação.
Se o início da violação do segredo de justiça, um instituto jurídico
fundamental, verifica-se mesmo nos gabinetes judiciais, é nos
meios de comunicação social que se dá a ampliação da difusão de
elementos processuais que, muitas vezes, se encontram cobertos
pelo segredo de justiça. O problema configura uma gravidade maior,
se levarmos em consideração que, deontologicamente, os
jornalistas são abrangidos pelo Sigilo Profissional. Estas

Por: Domingos Januário Mateus, Msc 48


circunstâncias fazem com que o Jornalismo e o Sistema Judiciário
andem, praticamente, de costas voltadas, em prejuízo do
aprofundamento da democracia.
O segredo de justiça recai sobre os processos judiciais e comporta
um regime diverso, consoante sejam processos criminais ou cíveis.

Desta forma, o seu cumprimento vai complementar-se com o dever


de segredo profissional a que estão sujeitos os diversos
profissionais da justiça, entre os quais, os magistrados judiciais, os
magistrados do Ministério Público (MP), os advogados e os diversos
funcionários do sistema judicial, e não só.

O respeito pelo segredo de justiça é muito importante para um


eficaz funcionamento do sistema judicial, pelo que torna-se
particularmente importante o conhecimento desse regime jurídico
pelos diversos intervenientes judiciais e sociais. Por isso, fica,
desde já, claro que não só os magistrados e outros profissionais da
justiça devem reconhecer a importância e respeitar esse instituto
jurídico, que é fundamental – não só para a eficácia da investigação
criminal, como também, para uma boa execução da justiça.
Atendendo à grande apetência que os cidadãos mostram, hoje,
pelas matérias relacionadas com o crime e com o processo criminal,
e ciente da grande luta pelas audiências que os media travam hoje,
os jornalistas devem estar atentos à questão do segredo de justiça.

Em alguns países e muito recentemente, começou mesmo a


admitir-se a transmissão televisiva em directo de audiências, tendo
tido grandes repercussões sobre a opinião pública.

Com a prática do jornalismo em directo, protagonizada pela rádio e


pela televisão e a mediatização dos próprios processos judiciais, a
justiça foi transformada num espectáculo e empurrada para um
grande abismo. Actualmente, está a tornar-se natural julgar

Por: Domingos Januário Mateus, Msc 49


suspeitos de práticas criminais, na praça pública, julgamento esse
que, quase sempre, antecede a apreciação e a decisão judiciais e
nem permite o recurso. Hoje, são, por vezes, os assuntos
relacionados com o crime, a fonte da audiência para os media. E,
quando o crime envolver personalidades sobejamente conhecidas
no seio da opinião pública, o campo da informação parece não ter
limites.
Perante matérias judiciais, permite-se que os jornalistas narrem
circunstanciadamente, dentro dos limites da lei, o teor dos actos
processuais que não estejam cobertos pelo segredo de justiça ou
cujo decurso for permitido a assistência do público em geral.

O INTERESSE PÚBLICO E A RESPONSABILIDADE SOCIAL DOS


MÉDIA

A ponderação entre o dever de informar e o segredo de justiça


remete-nos também para o conceito de interesse público. Este é
um conceito de difícil conceptualização e com um certo grau de
subjectividade, com presença não só no Código Deontológico, mas
também no Estatuto do Jornalista e em alguns estatutos editoriais
dos órgãos de Comunicação Social.
Segundo Martins (2017, p.194), “determinado assunto não é de
interesse público por ter impacto num elevado número de pessoas,
embora esse factor não seja negligenciável. Mas enquadra-se no
conceito se contribui para que os cidadãos tomem decisões
informadas e conscientes”.

Para Mascarenhas (2016) recorre-se frequentemente à dicotomia


entre “interesse público” e “interesse do público”. Segundo o
jornalista, trata-se de “um jogo de palavras com maus fundamentos:
primeiro, porque ofusca o conceito de “interesse”, que é a vontade
de juntar algo a um património; segundo e mais grave, porque

Por: Domingos Januário Mateus, Msc 50


coloca o público numa posição desprimorosa de ter interesse no
que não deve e só o jornalista, sobranceiro, é que sabe o que deve
interessar ao público”. Assim sendo, face ao enunciado
anteriormente, aconselha a que se mantenha o binómio entre
“interesse” e “curiosidade” (p. 42).

Os jornalistas devem, assim, nunca esquecer que o seu


compromisso sagrado é com o público e que devem noticiar tudo o
que considerarem de relevante interesse público e do público. Os
jornalistas têm de ponderar, caso a caso, se a informação que
obtêm tem relevante interesse público e tratá-la na obediência aos
princípios deontológicos da profissão e de acordo com as regras
jornalísticas, como a confirmação dos factos e das informações e o
obrigatório estabelecimento do contraditório.

7. A ENTIDADE REGULADORA DA COMUNICAÇÃO SOCIAL


(ERCS)
(Os Estudantes devem pesquisar)

8. O PROBLEMÁTICO RELACIONAMENTO DOS JORNALISTAS


COM AS FONTES NOTICIOSAS.

O que é notícia depende da fonte e da forma como o jornalista a


procura e alcança (Santos, 2003, p. 18). Gomes Canotilho e Vital
Moreira (2007) definem o conceito de fonte de informação como o
“objecto de informação”, abrangendo não apenas os meios de
informação (…), mas também, as situações ou relações de facto, as
opiniões e os juízos de valor sobre que versa a informação” (p.583).

Por: Domingos Januário Mateus, Msc 51


Ao jornalista cabe observar, entrevistar e averiguar a veracidade da
informação que é fornecida pela fonte “enquanto membro ou
representante de um ou mais grupos (organizados ou não), de
utilidade pública ou de outros sectores da sociedade” (Gans,1979,
p.80 citado por Santos, 2003, p. 24).

Para Sigal (1973, p. 119 citado por Santos, 2003, p.18) “A notícia
não é o que os jornalistas pensam, mas o que as fontes dizem
mediadas pelas organizações noticiosas, rotinas jornalísticas e
convenções, numa clara demonstração de fabrico e negociação
entre os agentes sociais ou construção social- (…)”, ou seja, as
fontes apresentam-se como canais de informação, sendo
imprescindíveis à construção da notícia. Existem diversos canais de
informação. O autor agrupa-os em três categorias:

os de rotina, os informais e os de iniciativa. Os primeiros dizem


respeito a “acontecimentos oficiais, comunicados e relatórios,
conferências de imprensa e encontros com porta-vozes.”; os
segundos “destinam-se a encontros reservados e restritos, fugas de
informação, relatórios de outras organizações noticiosas e
entrevistas com jornalistas e 28 editoriais.”; os últimos incluem
“entrevistas conduzidas por iniciativa do jornalista, acontecimentos
espontâneos com um testemunho jornalístico em primeira-mão e
pesquisa independente e análises dos próprios jornalistas” (Santos,
2003, p.19).
Por seu turno, para que este direito se concretize é impreterível que
o jornalista arregace as mangas e inicie uma investigação
jornalística. Gradim (2000) distingue as fontes consoante
estabeleçam uma relação com o jornal (internas e externas), em
relação ao estatuto (oficiais ou oficiosas) e em relação às suas
características (humanas ou documentais) (p. 79). É também a par
das institucionais e oficiais ou estáveis e provisórias que Gans
distingue entre conhecidos e desconhecidos “e conclui que os

Por: Domingos Januário Mateus, Msc 52


primeiros (Presidentes, candidatos presidenciais, membros do
governo e do parlamento, outros funcionários superiores do Estado)
aparecem nas notícias cerca de quatro vezes mais que do que os
segundos” (Santos, 2003, p. 24).

Neste campo, Carvalho et al. (2012) alertam para a dependência


dos jornalistas relativamente a este tipo de fontes: se o jornalista se
limita à informação oficial, facilmente se converte num porta-voz do
poder, tanto mais que este recorre cada vez mais a outros
jornalistas que o assessoram na elaboração de informações,
fornecidas de forma e em ocasiões escolhidas, de modo a obter
efeitos favoráveis aos seus interesses (pp. 185-186). Para evitar
esta situação, o jornalista deve procurar as suas próprias fontes e
sempre que possível confrontar a informação destas com a
informação proveniente de fonte oficial. Todavia, para que isso
aconteça é necessário que seja facultado o acesso a essas
mesmas fontes, sem as quais é difícil fazer prova do que se
pretende investigar.

9. CONSTRANGIMENTOS ORGANIZACIONAIS – TEORIAS


INFORMADORAS DA NOTÍCIA.

10. A INVESTIGAÇÃO E AS NOVAS TECNOLOGIAS


(CIBERJORNALISMO)

A Internet comporta muitas vantagens e desvantagens ao jornalista


de investigação como usuário, sendo detalhadas a seguir.
Entre as vantagens, encontram-se:
✔ O imediatismo no alcance da informação necessária ao
jornalista de investigação em tempo real.

Por: Domingos Januário Mateus, Msc 53


✔ O grande caudal de informação de todo tipo, proporcionado
pela Internet, e que se encontra a seu alcance, ainda que
provenha do país mais remoto da Terra.
✔ A rapidez em obter a informação de que necessita,
consultando pela rede e apoiando-se nas possibilidades
abertas pelo hipertexto e pelo hipermídia: arquivos, bibliotecas
e enciclopédias, entre outros, poupando o deslocamento ao
lugar no qual os documentos se conservam e sem ter que
manejá-los fisicamente, com a grande economia de tempo
que isto significa.
✔ O baixo custo que implica obter toda essa informação, apenas
ao preço de uma chamada local, facilita a conexão com
qualquer provedor do mundo. Como exemplo, é possível
compilar dados da biblioteca de uma universidade nos
Estados Unidos, ao mesmo preço que lhe significaria
consegui-los junto à biblioteca mais próxima de seu lugar de
trabalho, que possivelmente não possua os dados que
procura.
✔ A possibilidade que se apresenta de contatar usuários de todo
o globo e de até entrevistá-los sem ter que se deslocar ou
conhecê-los previamente; poder realizar entrevistas via
correio electrónico e manter conversas com pessoas de seu
interesse, graças aos newsgroups.
✔ Trocar informação com outros profissionais que realizem
investigações no mesmo campo temático, de maneira
interactiva e em tempo real.
✔ Conseguir informação de amplo espectro e de fontes diversas,
sobretudo humanas, que possibilitarão apresentar a notícia, a

Por: Domingos Januário Mateus, Msc 54


reportagem, as crónicas e outros, sob um maior número de
pontos de vista.
✔ A veracidade que os protagonistas do facto em si podem
comprovar, na hora de contarem suas próprias experiências,
que pode ser muito distinta daquela oficialmente facilitada ao
jornalista pelo poder estabelecido.
✔ A liberdade de expressão que a rede propícia e que, no
momento, não é controlada por nenhum poder, com todos os
usuários podendo expressar-se livremente, o que proporciona
ao profissional da comunicação uma informação recente e de
primeira mão, sem passar pela peneira da censura.
✔ A possibilidade representada pelo ter a seu alcance todo este
caudal de informação, por todas as vantagens enunciadas,
sem ter que deslocar-se, saindo de seu lugar de trabalho.
Graças a um computador, pode ter acesso a um sem-fim de
documentos inimagináveis, paralelamente sendo o próprio
computador portátil a lhe permitir uma grande mobilidade,
ajudando-lhe a alcançar o máximo rendimento a partir de
qualquer lugar e a qualquer hora.

Como desvantagens, reconhecendo-se:


✔ O grande caudal de informação que a rede proporciona ao
jornalista. Por ser ele tão grande e encontrar-se de maneira
um tanto caótica introduzido nessa grande teia, o jornalista se
vê na obrigação de seleccionar entre tanta informação. Uma
selecção que deve fazer para encontrar aqueles documentos
pertinentes e para que ela resulte proveitosa. O jornalista
deve ser um especialista na matéria que aborda e, na rede, no
referente a essa mesma matéria.

Por: Domingos Januário Mateus, Msc 55


✔ Quando o jornalista realiza uma entrevista pela rede, perde o
contacto pessoal e profissional com seu entrevistado. As
entrevistas ou reportagens que se façam dessa forma podem
ser feitas em série, como resposta a um questionário
previamente introduzido na rede, ou em tempo real, trocando
informação ambos os protagonistas - mais similar a uma
entrevista face a face, mas perdendo os matizes de gestos, da
voz do entrevistado, etc.
✔ A desvantagem anterior redunda naquela que se denomina
vantagem de poder trocar informação com outros
profissionais, com os quais também faltará o contacto humano
e profissional.
✔ Outra desvantagem está ligada à diversidade de fontes a seu
alcance, tanto as provenientes do caudal bibliográfico quanto
todas as obtidas por intermédio de outros internautas. O
jornalista deve verificar a confiabilidade dessas fontes das
quais obtém uma valiosa e única informação, assim como
comprovar a veracidade dessa informação.

No actual ambiente, é necessário que os jornalistas de investigação


aprendam a elaborar notícia multimídia, assim como a usar
extensivamente o computador, as telecomunicações e novas
tecnologias como a Internet, o vídeo, o CD-ROM e outros
periféricos.
Igualmente, deve integrar à sua rotina diária o uso de ferramentas,
de modo a desenvolver habilidades no trabalho com
correspondências internas e externas, a participação em salas de
reuniões, em videoconferências e no chat.

Por: Domingos Januário Mateus, Msc 56


Eduardo Rodríguez (2011) aponta ser muito possível que o trabalho
do jornalista de investigação melhore com o uso das novas
ferramentas que a Internet está facilitando:

• Entre as vantagens da Internet para o jornalista de


investigação como usuário, encontram-se: o grande caudal de
informação a sua disposição, o baixo custo de obtenção dessa
informação e a possibilidade de trocar informação com outros
profissionais. Assim, entre as desvantagens sobressai a
necessidade de seleccionar toda a informação disponível.
• Entre as ferramentas que a Internet está facilitando e que
podem melhorar o trabalho do jornalista de investigação,
encontram-se: Crowdsourcing, Crowdmap, Geocommons, Open
Facebook Search, Radian 6, Yougetsignal e Freebase.
• O efeito das tecnologias digitais no jornalismo de investigação
se manifesta principalmente em três vertentes: dinâmica de
construção da notícia; situação dos meios tradicionais; habilidades
necessárias ao desenvolvimento profissional nas novas condições.

Por: Domingos Januário Mateus, Msc 57


11. CASOS PRÁTICOS - ANÁLISE COMPARADA DE ALGUNS
CASOS DE JORNALISMO DE INVESTIGAÇÃO COM IMPACTO
SOCIAL.

PRIMEIRAS MANIFESTAÇÕES

Segundo Gaines (1996), o Novo Testamento da Bíblia poderia ser


considerado como jornalismo de investigação, ao ser possível
categorizá-lo como um trabalho de equipa, que não era a versão
oficial do governo romano, mas a que ele queria ocultar.
Assim, diversos novelistas como Charles Dickens escreveram
histórias que puseram a descoberto certas injustiças sociais. Em
algumas ocasiões, eles escassamente dissimularam seus
personagens, mas nunca usaram nomes reais, e assim como as
crónicas investigativas de hoje, alguns de seus escritos apareceram
primeiro como séries jornalísticas.
Contudo, o surgimento do jornalismo de investigação ocorreu nos
Estados Unidos.
Ainda que a maioria dos historiadores do jornalismo coincida em
associar o nascimento do jornalismo de investigação com o
surgimento do movimento "muckraker", os albores da
especialidade podem ser situados com certa clareza documental no
ano de 1721, quando James Franklin criticou no The New England
Courant os planos do governo, em Boston, de vacinar a população
contra a varíola.

Outros historiadores do jornalismo norte-americano mencionam os


trabalhos de pioneiros da investigação jornalística envolvidos na
denúncia de assuntos que as autoridades da colónia preferiam fazer
com que não se tornassem públicas.

Segundo Aucoin (1997), posteriormente, na década de 1880, Henry


Demarest Lloyd publicaria uma série de artigos, expondo a

Por: Domingos Januário Mateus, Msc 58


corrupção dominante na política e nos negócios dos EUA daquele
momento.
Concretamente, a série incluía "The Story of a Great Monopoly"
(1881) e "The Political Economy of Seventy-Three Million Dollars"
(1882), ambas publicadas no Atlantic Monthly, junto a "Making
Bread Dear" (1883) e "Lords of Industry" (1884), difundidas estas
através da North American Review.
Esses quatro artigos causaram tal alvoroço que Lloyd foi descrito,
desde então, como o primeiro jornalista de investigação
norte-americano.

Outros dois nomes destacáveis, do trabalho da especialidade são o


de Nellie Bly que, aos seus dezoito anos, trabalhava para o
Pittsburg Dispatch.
O estilo jornalístico de Bly era marcado pelas histórias de primeira
mão sobre as vidas da gente da rua; costumava conseguir suas
reportagens com base nas aventuras que ela mesma vivia de
maneira encoberta, inventando personalidades e identidades
fictícias que lhe permitiam contar "a partir de dentro" uma situação.

Em 1887, Bly foi contratada por Joseph Pulitzer para escrever no


New York World e, nos anos seguintes, dedicou-se exclusivamente
a escrever sobre a pobreza, sobre as condições de vida e de
trabalho dos nova-iorquinos, o que frequentemente a obrigava a
viver directamente as condições de vida que pretendia denunciar,
chegando inclusive a fingir enfermidades para poder ter acesso ao
manicómio de Blackwell's Island, onde descobriu como os pacientes
eram alimentados com comida infestada de vermes e que sofriam
todo tipo de abusos por parte do pessoal que os atendia.
Descobriu, ainda, que alguns pacientes não estavam
psicologicamente enfermos, mas que sofriam por enfermidades
físicas ou que haviam sido reclusos ali, à força, por seus familiares.
As duras críticas vertidas no jornal por Bly sobre as condições
daquele manicómio obrigaram as autoridades a efectuarem
reformas para resolver aquelas situações (Kroeger, 1994).

Outro precoce exemplo de Jornalismo de Investigação foi o trabalho


de Jacob A. Riis para o Scribner's Magazine, em 1899, com uma

Por: Domingos Januário Mateus, Msc 59


série de artigos intitulados "How The Other Half Lives". Em
Dezembro daquele ano, Benjamin Flower fundava a revista The
Arena, especializada nesse tipo de jornalismo.
Durante seus primeiros anos de vida, Flower publicou um grande
número de artigos sobre pobreza, exploração no trabalho, moradias
inabitáveis, desemprego e trabalho infantil.

MUCKRAKERS

Denominação dada pelo presidente norte-americano Theodore Rooswelt aos


jornalistas de investigação.

● Roosevelt disse que os jornalistas imitavam um "raspador de esterco".


● Há imundície no solo - disse o presidente em sua intervenção ante os
jornalistas, em 14 de abril de 1906- e esta deve ser raspada com o
ancinho; existem tempos e lugares nos quais este trabalho é o mais
importante de todos os que se podem realizar. Mas o homem que nunca
faz outra coisa, que nunca pensa, fala ou escreve, salvo sobre suas
façanhas com o ancinho, rapidamente se converte, não em uma ajuda à
sociedade, não em uma incitação ao bem, mas em uma das mais
potentes forças do mal.

O termo "muckrakers" seria um elogio àqueles jornalistas que buscavam nos


bastidores dos fatos até encontrar neles elementos não revelados.

Esses jornalistas expuseram publicamente a corrupção no governo,


nas grandes empresas e a compararam com as míseras condições
de vida da população. Sua idade de ouro, agrega esta catedrática,
foi de 1902 a 1912. No diário "New York World", um jovem repórter,
chamado Joseph Pulitzer, fazia os empresários de New York
tremerem com suas investigações. Anos mais tarde, seu
sobrenome seria o nome de um prémio às melhores reportagens de
investigação em seu país.

Era um imigrante húngaro que havia combatido na Guerra de


Secessão. Motivado por sua visão da verdade, fundou, em 1878, o
"Post Dipatch" de São Luís. Só cinco anos mais tarde é que seria o
director do "World", onde terminaria de aplicar tudo o que acreditava
saber sobre jornalismo. As ordens que implantou sob o seu

Por: Domingos Januário Mateus, Msc 60


mandato foram: divulgar toda fraude e todo engano, combater todas
as irregularidades públicas e os abusos e batalhar pelas pessoas
com verdadeira sinceridade.

O jornalismo deve calar fundo, sem medo, atrevendo-se a


desmascarar tanto o presidente da república quanto o policial do
povo. Seu jornal diário levou adiante investigações que
denunciaram o tráfico de escravos, os edifícios mal construídos e a
forte corrupção que comprometia a política com dinheiro de obscura
procedência.
Entre os chamados Muckrakers, Lincoln Steffens denunciou o modo
com que a corrupção era comum nos municípios dos Estados
Unidos, enquanto Ida Tarbell seguiu passo a passo os movimentos
de John D. Rockefeller, mostrando que não só com suor e esforço o
futuro magnata chegaria a construir o império económico liderado
pela companhia petrolífera "Standard Oil".

Só na década de setenta é que se começaria a falar de jornalismo


de investigação com nome próprio. Quando, em 1972, o caso
WATERGATE, escândalo político mais significativo dos Estados
Unidos, após a Segunda Guerra Mundial, encerrava-se com a
renúncia do então presidente norte-americano Richard Nixon,
entre os profissionais da imprensa de Washington e de outros
lugares do país começariam a ser utilizadas as palavras que
denominariam o que, para muitos, viria a ser uma das mais
polémicas modalidades do jornalismo moderno: Jornalismo de
investigação. Em 1975, é fundado o Investigative Reporters and
Editors (IRE), o qual estabeleceu as bases para o desenvolvimento
do jornalismo de investigação como actividade social específica.

Caso de Estudo.

O escândalo Watergate
Este caso é simbólico para o jornalismo de investigação em todo o
mundo, pelo nível de repercussão que teve e porque o próprio
presidente dos Estados Unidos naquele momento, Richard Nixon,
teve que deixar seu cargo em virtude da gravidade das acusações.

Por: Domingos Januário Mateus, Msc 61


A investigação foi realizada por dois jornalistas do diário
Washington Post, Robert Woodward e Carl Bernstein, cujos dados
biográficos aparecem nas figuras abaixo:

Em 1973, Harley R. Bierce e Myrta J. Pulliam, que lideravam a


equipe investigadora do Indianapolis Star junto a Richard E. Cady e
William Anderson, começaram a primeira investigação em equipa
para o Star, sobre o departamento de polícia da cidade, que duraria
seis meses.
Descobriram subornos, extorsão e roubos por parte dos policiais em
Indianápolis e conseguiram, entre outros prémios, um Pulitzer
(Dygert, 1976).
Em investigações posteriores, trataram de expor a corrupção
policial no âmbito nacional. Este grande projecto seria a germinação
de uma semente que daria lugar a uma organização nacional de
jornalistas investigativos, semente que havia sido plantada pelo
jornalista do Chicago Tribune, RonKoziol, com a ajuda do
académico Paul Williams, anteriormente ganhador de um prémio
Pulitzer como editor de investigação.

● O jornalismo de investigação tornou-se um


movimento em si mesmo com os "muckrakers", que
expuseram publicamente a corrupção do governo e

Por: Domingos Januário Mateus, Msc 62


das grandes empresas, comparando-a com as
condições de vida da população.
● Depois dessa etapa, verifica-se um período de
relativo vazio no jornalismo de investigação, que
durará até a década de sessenta do século vinte,
quando emerge definitivamente como uma prática
extraordinária.

O conceito jornalismo de investigação foi cunhado nos Estados


Unidos quando do Escândalo Watergate. Ainda que existissem
muitas investigações jornalísticas anteriormente, o facto é
reconhecido como o seu início.

Reconstrução dos Factos


Em 1969, quando o senador Edward Kennedy saiu de uma ponte
em Chappaquidick, Massachusetts, afogando-se a jovem que ia
com ele e que trabalhava em sua campanha, não se conheceram
logo as circunstâncias.

Os jornalistas não sabiam se Kennedy estava ocultando informação


sobre o ocorrido naquela noite, mas, sim, davam-se conta de que
podia ter-se sentido tentado a isso.
As repercussões políticas podiam ser grandes e, para ele, poderia
ser vantajoso controlar a difusão da informação. Tendo isso em
mente, recolheram depressa informação independente das
agências do governo.
Examinaram o cenário, conversaram com quaisquer testemunhas
que pudessem encontrar e depois compararam suas descobertas
com as afirmações de Kennedy.
Reportaram numerosas discrepâncias com o relato do senador, que
o levaram a revisar sua versão.
Se bem que nem todas as afirmações erróneas ou imprecisas da
notícia sejam uma conspiração para ocultar os fatos, sim, é possível
que a fonte distorça a informação para fazer parecer mais heróico
ou mais vilão um indivíduo ou grupo do que outro. Também podem
ser exagerados os fatos à medida que se repita o relato. Outras
vezes, devido ao afã, ocorrem erros involuntários.

Por: Domingos Januário Mateus, Msc 63


Ao recolher informação sobre o senador Kennedy e Chappaquidick,
os repórteres estavam reconstruindo o fato, pouco depois de ter
acontecido. Mas eles também utilizam suas capacidades
investigativas para retroceder no tempo e esclarecer qualquer erro
nos eventos históricos.
Décadas depois do assassinato do presidente Kennedy, o público
continua mostrando-se céptico com relação às versões oficiais do
acontecido naquele dia em Dallas.

As circunstâncias foram novamente investigadas e reportadas em


diários, revistas, livros, na televisão e no cinema. Para fazer essas
reportagens, os jornalistas investigativos reconstruíram, nos mais
mínimos detalhes físicos, o incidente nas ruas de Dallas, como a
localização e a velocidade do automóvel de Kennedy, o tamanho e
a velocidade das balas e a distância e o ângulo com o qual
puderam ter sido disparadas.

Reexaminaram os relatórios de autópsia e a composição dos


materiais. Quando uma reportagem dessa natureza se mostra
altamente técnica, jornalistas e chefes de redacção costumam
precisar da colaboração de um cientista perito.

Os relatórios investigativos sobre o assassinato de Kennedy não


tinham coincidido e não foram concludentes. Mas estavam em
desacordo com a conclusão do relatório Warren de que Oswald foi o
único assassino e apresentaram outras teorias. A ferramenta
favorita do repórter investigativo, o documento, pode durar por
centenas de anos.

Foram conservadas anotações do diário de Cristóvão Colombo em


suas viagens e ainda existem documentos de julgamentos
entabulados por pessoas que fizeram reclamações relativas aos
descobrimentos de Colombo, que oferecem versões diferentes da
sua.
Os historiadores militares buscam documentos oficiais do governo,
cartas, fotografias e mapas, e visitam os locais de batalhas do
passado buscando obterem nova informação e apreciações.
Amiúde, um jornalista investigativo propõe-se conhecer algo novo a

Por: Domingos Januário Mateus, Msc 64


respeito de um delito infame, recorrendo a informes de polícia,
localizando testemunhas anos depois e examinando o cenário.
Dependendo do tempo que possa investir em um projecto dessa
natureza, o repórter cria uma cronologia escrita dos fatos tal como
são conhecidos e compara os momentos e as distâncias, para tratar
de determinar quais versões são mais confiáveis.
O resultado de uma pesquisa desse tipo pode ser a reconstrução de
alguns novos detalhes interessantes, que dêem uma nova
orientação de modo a se recontar a história ou inclusive a indicar
que se condenou a pessoa errada.

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VIEIRA, Joaquim (2007), Jornalismo Contemporâneo. Os media
entre a Era de Gutenberg e o paradigma digital, Lisboa, Ed. Edeline.

Por: Domingos Januário Mateus, Msc 65


Por: Domingos Januário Mateus, Msc 66
Domingos Januário Mateus,

Jornalista sénior da Radiodifusão Nacional de Angola, há quatro


décadas, onde é Editor-chefe na Rádio Benguela;

Mestre em Ciências da Comunicação e Jornalismo, pela


Universidade Europeia do Atlantico em Madrid-Espanha;

Licenciado em Ciências da Educação, pela Universidade Dr.


Agostinho Neto;

Docente no Instituto Superior Politécnico Católico de Benguela -


Navegantes, onde lecciona as cadeiras de Teoria da
Comunicação, Géneros Jornalísticos, Métodos de Análise do
Texto e do Discurso e Jornalismo Investigativo;

Foi Docente Universitário, no Instituto Superior de Ciências da


Educação de Benguela e no Instituto Superior Politécnico Jean
Piaget de Benguela, para além de ter leccionado em vários
Institutos e Escolas Secundárias.

Por: Domingos Januário Mateus, Msc 67

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