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Em Portugal, à mesma data, contabilizavam-se quase 850 mil casos de infeção que
resultaram em 17 mil mortes (Fonte: Direção-Geral da Saúde - DGS).
03 O Sistema Europeu de
Farmacovigilância
O SNF está articulado com o Sistema Europeu de Farmacovigilância, o que permite uma
avaliação mais detalhada do perfil de segurança de todos os medicamentos e, em particular,
das vacinas contra a COVID-19, permitindo análises mais robustas dos dados (p.e., algoritmos
complexos que analisam um sistema de informação com mais de 16 milhões de casos de
reações adversas a medicamentos (RAM) registadas e detetam potenciais problemas (“sinais”),
mesmo que de frequência muito rara), e assim decidir quanto à necessidade de implementar
medidas de minimização do risco de utilização de um medicamento. Tal como para todos os
outros medicamentos, também os casos de suspeita de RAM potencialmente associados à
vacinação são agregados e analisados através da base de dados europeia, EudraVigilance, da
Agência Europeia de Medicamentos (EMA, em inglês). A componente pública deste sistema
pode ser consultada em https://www.adrreports.eu/pt/index.html.
Todos os meses, e para todos os medicamentos autorizados, a EMA publica um resumo relativo
aos sinais de segurança discutidos na reunião do Comité da Avaliação do Risco em
Farmacovigilância (PRACi, em inglês). As recomendações específicas podem ser consultadas em
https://www.ema.europa.eu/en/human-regulatory/post-
authorisation/pharmacovigilance/signal-management/prac-recommendations-safety-
signals#list-of-safety-signals-discussed-since-september-2012-section.
i
O PRAC é constituído por 2 representantes de cada Autoridade Nacional do Medicamento dos
Estados membros da União Europeia, integrando dois representantes do INFARMED.
Farmacovigilância
04 de vacinas
As vacinas são medicamentos com características particulares, sendo que a sua
farmacovigilância se reveste também de aspetos especiais. No caso da sua administração
a milhares de milhões de pessoas, como nas vacinas contra a COVID-19, obriga ao
seguimento de qualquer acontecimento adverso detetado após a sua administração para
perceber se as características e frequência destes acontecimentos ocorre de acordo com
o esperado. Isto não exclui a possibilidade de se tratar apenas de uma coincidência
temporal pós-vacinal, pelo que é necessário proceder posteriormente a uma análise
qualitativa e quantitativa detalhada destas ocorrências. Por esta razão, e tal como
acontece com qualquer suspeita de reação adversa, a notificação no âmbito do SNF não
pressupõe necessariamente a existência de uma relação causal com a vacina
administrada.
Tabela 2. Número de casos de RAM entre o período de 06.05 a 30.05.2021 (valores cumulativos)
Dados 06.05.2021 13.05.2021 20.05.2021 30.05.2021
Nº total de administrações * 3 658 504 4 172 916 4 661 514 5 790 080
Nº total de casos de RAM** 5 359 5 665 6 141 6 695
N.º casos de RAM/1 000 1,5 1,4 1,3 1,2
administrações (‰)
Nº total de casos graves de RAM ** 2 362 2 453 2 591 2 738
N.º de casos graves de RAM/1 000 0,65 0,59 0,56 0,47
administrações (‰)
* Fonte: DGS
**Fonte: Portal RAM
Ao longo do tempo, o número de casos de suspeitas de reações adversas a uma vacina contra
a COVID-19 tem aumentado, mas se considerarmos o número de administrações de vacinas
para o mesmo período, esse número tem diminuído, quer no caso de considerarmos o
número total de casos, quer no caso de casos graves.
O número total de administrações para cada uma das vacinas aprovadas, o número
total de casos de RAM, bem como o número de casos de RAM por cada 1 000 doses
administradas, ao dia de 30 de maio de 2021, pode ser observado nas tabelas 3, 4 e 5.
Grupo etário (em anos) Casos de RAM graves Casos de RAM não graves
Dos 0 aos 9 0 2
Dos 10 aos 19 6 3
Dos 20 aos 29 306 545
Dos 30 aos 39 561 943
Dos 40 aos 49 602 876
Dos 50 aos 59 442 643
Dos 60 aos 69 246 272
Dos 70 aos 79 187 111
Dos 80 aos 89 157 93
≥90 54 38
Desconhecido 177 431
*Fonte: Portal RAM.
As notificações de casos de RAM na faixa etária dos 0 aos 9 anos dizem respeito a
transmissões verticais, onde existiu inoculação da gestante (tabela 6).
Tabela 7. Distribuição de casos de RAM por género*
*Os casos de reações adversas graves (incluindo os casos fatais) são avaliados com
prioridade, tendo um período máximo de 15 dias desde que são comunicados até ao seu
envio para o EudraVigilance. Para os casos de reações adversas não graves, esse período
é de 90 dias. Essa diferença pode criar uma distorção (artificial) entre a proporção de
casos graves notificados versus os não graves. Além disso, podem não ser comunicadas
ao SNF todas as reações adversas ocorridas ou estas encontrarem-se em processamento.
*Um caso é composto por várias potenciais reações adversas, o que implica que a soma
destas seja superior à de casos. Para que um caso seja considerado grave, basta que pelo
menos uma destas reações suspeitas tenha originado uma situação classificada pelo
notificador (profissional de saúde ou utente) como grave.
*Apesar de o termo “reação adversa” pressupor pelo menos uma relação causal possível
com o medicamento suspeito, ao contrário do termo “acontecimento adverso”, todas as
notificações espontâneas provenientes de profissionais de saúde ou da população em
geral são consideradas “reações adversas suspeitas”.
Fonte: Guideline on good pharmacovigilance practices (GVP) – Module VI (Rev 2).
Pontos de atenção
Síndrome de trombose com trombocitopenia (TTS)
Trata-se de uma reação adversa muito rara associada à utilização das vacinas Vaxzevria
e Janssen (vacinas de vetor viral não-replicativo) e que se caracteriza pela ocorrência de
fenómenos trombóticos associados a trombocitopenia (baixa contagem plaquetária)
nas primeiras três semanas após a administração da vacina. Em Portugal, não foi
comunicado ao SNF nenhum caso definitivo de TTS associado a estas vacinas, que
continua a monitorizar todos os casos suspeitos.
É importante que nos casos de suspeita de eventos trombóticos como os acima referidos
possa ser investigada a presença concomitante de trombocitopenia e vice-versa,
existindo já diversos documentos de orientação clínica sobre os procedimentos de
diagnóstico e tratamento destas situações raras, entre os quais a recomendação e guia
de diagnóstico da International Society on Thrombosis and Haemostasis (ISTH)7.
A administração das vacinas contra a COVID-19 é feita por via intramuscular (IM), não
estando recomendada a sua administração de forma diferente daquela que é
preconizada no Resumo das Características do Medicamento (RCM) ou no Folheto
Informativo (FI).
BIBLIOGRAFIA CITADA
INFORMAÇÃO ADICIONAL