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FUTEBOL ALTERNATIVO
DEZ. 2015 e JAN. 2016 -- N. 1
No ano em que o primeiro draft do
futebol brasileiro foi realizado no
Brasileirão Feminino 2015, a ADECO
(SP) até tentou chegar as finais, mas
parou nas semifinais no confronto
contra o Rio Preto. Byanca foi uma
das responsáveis pela boa campanha
na segunda fase da competição
(Foto: Tasso Marcelo/AllSports).
BEM-VINDOS
S
im, o título é totalmente futebolística. Deu trabalho, mas valeu
clichê, mas esse é o a pena, por conhecer mais sobre o
pensamento. O Série Z, como assunto e apresentar mais uma mídia
blog, agora também é a Série especializada para todos que amam
Z, como revista. Você que já esse lado do futebol.
acompanha o trabalho feito São 80 páginas de futebol
desde 2013 terá a experiência de mais alternativo. A grande maioria, inédita.
uma plataforma com a marca. Algumas matérias do blog estão
Dessa vez, mais do que uma aqui, mas repaginadas e merecem
vontade, a Série Z é resultado de um estar nesse novo começo, pois foram
Trabalho de Conclusão de Curso em importantes em dados momentos.
Jornalismo, pela Faculdade Maringá. Temos a colaboração de amigos,
Desde as primeiras conversas, lá também. Vamos fazer uma viagem
no final de 2014, com o orientador pelo alternativo. Começando por
da pesquisa, tudo foi pensado para Macau, passando pelas experiências de
chegarmos neste ponto. O estudo “torcedores” brasileiros pelo mundo,
rendeu um capítulo específico sobre ver onde Toró está jogando, conversar
futebol alternativo, uma oportunidade um pouco com Marco Bianchi,
de oferecer referência para futuros descobrir o confronto entre Benício e
trabalhos. O FA chegou às bancas Neymar e chegar até Hong Kong, onde
examinadoras de trabalhos de a bola vai rolar depois do Natal.
faculdade. O texto científico sobre Vai começar...
o tema ainda será pensado em qual
forma será publicado. Aliás, a produção Felipe Augusto
contou com muitas colaborações de Criador e editor
pessoas que vivem a alternatividade do blog e revista Série Z
EDITOR REVISÃO
Felipe Augusto Felipe Augusto
Ronaldo Nezo
ORIENTAÇÃO
Ronaldo Nezo COLABORADORES
Álisson Albino
PROJETO GRÁFICO e Benicio Junior
DIAGRAMAÇÃO Dibradoras - Site
Felipe Augusto Kaique Augusto
João Vitor Poppi
E
S 6
C
A
L 24 30
A
Ç 14 34
à 44
O
50
62 68
70
76
CONEXÃO FUTEBOL BOLA DE CAPOTÃO
6 6 ENTREVISTA: BRUNO 50 O TÍTULO GOIANO
50
FIGUEIREDO DE 1992
54 ENTREVISTA: MARCO
APITO INICIAL BIANCHI
14
14 BRASILEIROS PELO 60 UM CARIBE X SÃO
MUNDO PAULO ESCONDIDO
54
22 CRÔNICA: CINCO MIL
VOZES
PELEJA
24 24 AMISTOSO: GRÊMIO
MARINGÁ X URSO
LADO B
30 30 ONDE ESTÃO JOE
COLE E TORÓ...
CAMISA 12
CONTEXTO
34
34 FUTEBOL NA REGIÃO
METROPOLITANA
62 62 CRÔNICA: QUANDO
ENFRENTEI NEYMAR
65 CRÔNICA: A
38 INTERIOR URUGUAIO HISTÓRIA DE UM TÍTULO
E COPA 2030
ESCRETE
38 68 68 AS DIBRADORAS
SÃO AS CONVIDADAS
GUIA
70 70 SEMIFINAIS HK
SENIOR SHIELD 2015/16
6
“ MENTE SÃ,
CORPO SÃO
”
É dessa maneira que Bruno Figueiredo, jogador do CPK, clube do Macau vem
tratando o futebol. Jornais locais já o chamaram de um “verdadeiro globetrotter”
da bola, também pudera, o meio-campo tem passagens por Hong Kong, Índia,
Polônia, Irã, entre outros. Santista de nascimento almejava a estabilidade no
futebol e em sua nova morada encontrou.Vê de perto certa evolução no futebol
macauense, onde tem deixado seus gols e tem muita história para contar
Vamos começar pelo presente. São Você nasceu em Santos. Ficou uma
vários países e clubes. O que te levou a vontade lá atrás de jogar pelo time da
essas experiências? sua cidade?
Vivo no futebol desde os quatro anos de Isso é uma questão que qualquer um que
idade, e nós brasileiros parece-me que vive no futebol, responderia que sim, o
nascemos com o sonho de ser jogador Santos Futebol Clube teve em minha vida
de futebol, famoso e poder viver bem. Eu, durante anos, com certeza adoraria poder
por um acaso desde pequeno gostaria ter me firmado lá e poder ter atuado pelo
de ser jogador por gostar daquilo que profissional, mas Deus quis que fosse de
fazia, gostar de treinar e buscar sempre a outro jeito.
estabilidade financeira. Calhou de poder
viajar e conhecer lugares, onde também Como foi enfim, atuar por um clube da
é uma paixão minha, mas com o passar sua cidade, a Portuguesa Santista?
do tempo, penso eu que todos buscamos Olha, para mim foi ótimo poder atuar na
firmar-se em um lugar e por lá construir Briosa, tive no grupo em uma época de
sua família. Assim busco hoje em Macau, muitos jogadores de nome, como: Souza,
e venho concretizando bem isso. Rico, Ronaldo (goleiro), entre
7
outros. Pude aprender muito e assim ir
adquirindo experiência para mais tarde.
E claro, ser da cidade ajudava muito por
conhecer todos, ter o apoio da grande
maioria que conhecia o meu trabalho e
também estar com a minha família.
8
Até o final de 2014, defendia
o Ka I, seu segundo clube no
Macau (Foto: Acervo Pessoal).
9
ótimo e o time era de primeira divisão
havia caído aquele ano, me informei INFO CONEXÃO FUTEBOL
sobre tudo que tinha lá, sabia da guerra
com Iraque e tal. Mas nada me abalava
Bruno Nogueira Figueiredo
na decisão de ir jogar fora. Adorei a
Meia | 29 anos
experiência, fui muito bem, fiz 16 gols, e
estava para renovar, mas como sempre Santos (SP)
empresários bloqueando de alguma 1,81 m | 75Kg
forma, querendo mais dinheiro, essas Ambidestro
coisas de negociações.
Clubes: Santos (2003), Ponte Preta (2004),
Em 2011, você chegou a Hong Kong. O Portuguesa Santista (2005-2006), Guarujá (2007),
país, atualmente, se consolidou como Grêmio Pinheiros (2008), Marcílio Dias (2008),
um mercado para estrangeiros. Na Payam Mashhad - Irã (2009/10), Atlético CP -
época, você atuava com compatriotas, Portugal (2009/10), Belenenses - Portugal (2010/11),
mas era ainda uma experiência essa Monte Carlo - Macau (2011), Sham Shui Po - Hong
abertura?
Kong (2011/12), Windsor Arch Ka I - Macau (2012),
Já existiam muitos brasileiros atuando em
Sparta Brodnica - Polônia (2011/12), Vasco SC - Índia
Hong Kong, chegamos vindos de Macau,
o treinador do Sham Shui Po assistiu uma (2012/13), Vllaznia Shkoder - Albânia (2012/13),
Windsor Arch Ka I - Macau (2013-2014) e CPK (2015).
“
até hoje o que aconteceu que o treinador
Iraque e tal. Mas não me dava oportunidade de atuar,
me mantinha no banco e não colocava
nada me abalava de jeito nenhum durante os jogos. Foi
realmente frustrante para mim, por que
na decisão de ir
”
via meus amigos atuando, querendo
e pedindo a minha ajuda. Só que o
jogar fora. Adorei a treinador não me colocava. Pior de tudo
experiência, fui muito era saber que eu estava em um ótimo
momento, um dos melhores da minha
bem, fiz 16 gols. carreira, fisicamente e mentalmente.
Acabou que acordamos em eu sair do
time, tive uma proposta de outro time de
lá, mas o Sham Shui Po ameaçou cancelar
meu visto se fosse, e assim sendo, caso
cancelado teria que deixar o país por seis
10
meses. Resolvi então voltar para o Brasil e não é a mesma coisa, treinávamos as
esperar outra proposta com o sentimento seis da manhã e depois nada mais. Eu
de que ali era um lugar onde poderia ter sempre fazia um trabalho a parte à
feito minha vida pessoal e profissional. tarde, para me ocupar, até que um dia
me cansei daquilo e fui conversar com
Como foi sua passagem pela Polônia? a diretoria. Mesmo com o que ganhava
Tive a oportunidade de conhecer o (era bom), para continuar lá teria que
país, que é lindo e muito bom de se ser muito melhor, tentei aumentar, não
morar apesar do frio. Povo fanático pelo aceitaram. Resolvi então procurar outros
futebol como os brasileiros. Tive que me rumos e sair de lá, sai amigavelmente, e
adaptar ao estilo de jogo mais duro, tive naquele momento estava gostando de
que aprender a ser mais duro também, lá, conhecendo lugares e pessoas, mas a
porém, sempre tentando mostrar a vida sozinho me matava.
qualidade brasileira em dribles, técnica.
Uma coisa havia aprendido ao longo de O ano de 2015 foi sua quarta
todas essas andanças, os estrangeiros temporada no futebol de Macau. Sua
precisam ser diferentes dos locais, fazer primeira passagem foi em 2011, voltou
algo diferente, para realmente mostrar em 2013 e desde 2014 está no futebol
que você vale o investimento. local. Percebeu alguma melhora no
esporte nesse período?
E pela Índia? Dou muito valor para Macau, como
Fui para Índia satisfeito com o que disse é onde estou hoje, onde venho
deixei lá (na Polônia). Tive proposta de colhendo frutos. Criando e estabilizando
renovação até de outros times, mas a minha vida. Hoje tenho minha namorada
Índia me procurou com uma proposta que mora comigo e também trabalha
muito boa e de longo prazo, onde por aqui, estou longe da família, mas
naquela época me vinha na cabeça aprendemos a viver com isso e matamos
sossegar em um lugar e fazer a minha a saudade por Skype, Facetime, essas
vida, cansado de rodar mundo afora, coisas. Tenho os planos de casar e ter
mesmo adorando viajar. Só que nem filhos por aqui. Daqui uns cinco, seis anos
tudo é mil maravilhas e dinheiro não parar de jogar e continuar morando por
compra felicidade. Fiquei seis meses aqui. O esporte vem melhorando. A cada
sozinho na Índia, tinha amigos, mas ano que passa tem melhorias e espero
11
continuar ajudando para cada vez mais
melhorar. De 2011 à hoje vê-se melhorias
exorbitantes e venho trabalhando dia
a dia buscando mais melhorias para
transformar Macau em um excelente
mercado como Hong Kong, Tailândia,
entre outros.
12
AS HISTÓRIAS de BRUNO
FIGUEIREDO
13
APITO INICIAL
MEU MUNDO É
14
O FUTEBOL!
V
ocê é brasileiro.
Apaixonado por futebol,
mais ainda pelo seu clube
de coração! A “vida”
então te leva para fora de
seu País, seja por sonho
ou circunstâncias, longe dos estádios
que você tanto frequentava. Sua nova
morada é um local onde o futebol não
é tão visto, mas está lá...
Em 2013, o Ministério das Relações
Exteriores divulgou que 2,5 milhões
de brasileiros moram no exterior.
Esse número leva em consideração
relatórios e matrículas de Consulados
e Embaixadas do Brasil. É certo que há
mais brasileiros do que o apresentado,
devido a situação irregular de muitos,
que preferem não participar de
pesquisa sobre tal estimativa.
São várias as circunstâncias
que levam os “tupiniquins” para
“desbravarem” novas terras: educação,
trabalho, vida pessoal. Para aqueles
que amam futebol, conhecer o esporte
local é uma das primeiras coisas a
serem feitas e alguns convivem com
uma alternatividade futebolística, seja
em Cracóvia, norte da Polônia; Faro,
sul de Portugal ou em Tallinn, norte da
Estônia!
São milhões de brasileiros espalhados
pelo mundo. Muitos deles carregam
consigo a paixão pelo futebol e assim
permanecem em sua nova casa
15
Paulo é torcedor e sócio de “carteirinha” do Wisla
Krakow (Foto: Acervo Pessoal).
17
Com a “amarelinha”, Marco foi cercado pelos
gibraltarianos em paritida (Foto: Acervo Pessoal).
19
Seja na Estônia ou Brasil, o clube de Antonio é
alvinegro (Foto: Acervo Pessoal).
21
APITO INICIAL
M
e chamo João. Sou conhecido na minha cidade
como “Joãozinho 5 mil”. Pode parecer estranho,
mas esse apelido, eu ganhei por ser um assíduo
frequentador do estádio Cinco Mil Vozes, local que
joga meu time, o Cinco Mil Futebol Clube. Percebeu
que tudo tem cinco mil no meio? Pois é.
Isso porque, a cidade que moro, Dez Mil (sim, esse é o nome),
no interior do país tem como grande ponto de lazer, o estádio que
veio primeiro que o clube. O futebol amador utilizava o estádio, não
arena, que recebe outros eventos, também. O local nasceu com o
“lema” de comportar a metade da população do município.
O futebol amador era forte e então, os clubes resolveram se unir
(parece mentira) e profissionalizar uma equipe para a cidade. Nasceu
assim, o Cinco Mil, em homenagem ao nosso estádio.
Começamos na segunda divisão estadual. O primeiro ano foi
de experiência e o acesso não veio, mas a torcida lotou o estádio,
colocando metade do município lá dentro. Na temporada seguinte
mais preparados, nos enchemos de orgulho com o acesso e o título.
Uma festa na cidade!
22
Permanecemos na primeira a 0. Foi indescritível. No jogo de volta
divisão sem sustos, durante quatro lotamos o “Cinco Milão”. Controlamos
anos. Sempre com a melhor média a partida. O jogo caminhava para o
de público. Na quinta temporada empate sem gols, mas em um contra-
montamos um time muito bom para ataque nos acréscimos fechamos
os padrões locais. Nossa categoria de o placar. O acesso era nosso. Que
base era a melhor do estado, buscamos “troço louco”. Não fomos campeões,
jogadores de fora e deu até para trazer mas conseguimos um calendário e as
um folclórico atacante. “sobras” da grande mídia.
Fomos campeões! Que dia A felicidade, no entanto virou
fantástico! O melhor da história de espanto. A federação diz que iremos
Dez Mil! O próximo passa era buscar a participar da “nova” divisão, mas
vaga em uma divisão nacional. O grupo não poderemos jogar em casa. Me
estava fechado e queria continuar. perguntei o que há de errado com
Como o campeonato é “escondido”, os o estádio. O gramado é bom. Os
jogadores não ficaram visados. vestiários são confortáveis. Mesmo com
Desde que entramos no profissional poucas cadeiras, o concreto sustenta
temos a maior média de ocupação a empolgação da torcida. Pode não
dos campeonatos que disputamos. ser moderno, mas é funcional. Tudo
Mantivemos isso no Nacional, que isso será desconsiderado por causa da
foi duro. Conseguimos a vaga para a capacidade? Oras, temos um estádio
segunda fase na última rodada, com que coloca metade de uma cidade.
um 1 a 0 difícil. Não podemos criar do nada cinco
Na fase final, quatro jogos restavam mil lugares. Agora ficamos assim,
para o acesso. Colocar o estado no esperando que possamos convencer os
cenário do futebol nacional. Nas dirigentes a liberarem o nosso estádio.
oitavas, dois empates, mas fizemos Se subimos em um estádio para cinco
mais gols fora e nos classificamos para mil pessoas é nele que devemos
o confronto do acesso. continuar até onde o nosso time nos
O primeiro jogo era fora. Não levar.
acreditei no que vi. Ganhamos por 3
23
PELEJA
ESCONDIDO
TEXTOS FELIPE AUGUSTO
24
Noite de quarta-feira, 14 de agosto de 2015. Em Maringá, o
tradicional dia da feira livre, ao lado do estádio. Talvez muitos
nem perceberam, mas os refletores do Willie Davids estavam
ligados, a bola ia rolar. Em campo, Grêmio Maringá e URSO
Mundo Novo. Os dois clubes que se preparavam para buscar
os acessos em suas respectivas divisões estaduais, mas que não
conseguiram ao final delas.
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26
No lado de fora do campo, os treinadores falavam. Ora contra o
árbitro, ora com o time. O Grêmio abriu o placar, em chute cruzado
de Douglas, aos 15 do primeiro tempo. O jogo melhorou. As faltas
aumentaram. Em certo momento, falta dura no ataque do URSO,
nada de cartão. Foi aí que Jandaia esbravejou: “O professor, os
caras tão dando tesourinha. A gente vem do Mato Grosso do Sul
e a várzea é aqui”. O jogo seguiu, um buraco no gramado fez com
que Leto saísse de campo por um momento, com dores, retrato da
partida, de marcação pesada.
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Zé Teca, um apaixonado pelo URSO. O senhor tem mais de 15 anos
de clube. É um faz-tudo! No profissional é massagista. Na base é
auxiliar técnico. E anos atrás era jogador do clube, tanto que nas suas
andanças pelo futebol, o Willie Davids foi palco para mostrar o que
sabia. Numa conversa rápida, todo humilde ele conta boa parte de sua
história. Deixa escapar que torce pelo Santos, mas demonstra tamanho
afeto pelo URSO, que fica claro para quem torceria em um confronto
que parece distante atualmente. Zé Teca é mais um entre vários
brasileiros que trabalham no anonimato, amam um clube pequeno e
acima de tudo, o futebol.
28
29
LADO B
13
DA
PRIMEIRA
PARA A
TERCEIRA
No ápice de suas carreiras, eles mostraram seu futebol
nas primeiras divisões nacionais e até mesmo, nas
principais competições continentais ou na Copa do
Mundo. Atualmente, eles defendem clubes da terceira
divisão, por muitos aspectos, seja idade, físico e
“esquecimento”. A Série Z demonstra 12 jogadores que
agora estão no lado B do futebol, seja na Inglaterra,
Espanha, Japão e Brasil
30
Joe Cole – Coventry City
(Inglaterra)
Autor de um dos mais
belos gols na Copa do
Mundo 2006, Joe Cole era
aquele meia que formava
um “quadrado mágico” na
seleção inglesa, ao lado
de Beckham, Lampard e
Gerrard, o que fez com que
até Galvão Bueno dissesse
que quem realmente era
bom naquele time, fosse o
meia inglês que participou
do começo e afirmação da
Era Abramovich no Chelsea.
(Foto: Facebook
Coventry City FC)
(Foto: Facebook
Wigan Athletic)
33
CONTEXTO
FUTEBOL?
Elenco do Mandaguari, campeão do norte paranaense
(Foto: Acervo Jornal do Povo).
34
S
ou natural de Maringá, 105 mil reais. Possivelmente, o clube
noroeste paranaense. que entrar nessa, já começa “em
Fui criado em Floriano, débito”. Por 100 mil reais a menos,
um distrito da cidade. um clube pode se filiar como amador.
Minhas opções de futebol Uma disparidade! Não que os clubes
“profissional” ao longo do amadores tenham que pagar mais.
tempo se resumiram ao Willie Davids, Além da taxa de filiação, os clubes
estádio da cidade, para ver clubes, devem arcar com uma taxa anual de
obviamente, maringaenses. Mas algo alvará de licenciamento de dois mil a
incomoda. Não ter a oportunidade quatro mil reais, com taxas de registro
de ver os municípios da região para profissionais, juniores e juvenis
metropolitana com clubes profissionais. de 200, 60 e 40 reais, respectivamente,
Não poder vê-los nos estádios entre outros.
“vizinhos”. Nesse cenário, as cidades da
O Willie Davids, em seu nome traz: região mantêm o futebol apenas no
estádio regional. E há razão para isso. nível amador. A Liga Desportiva de
O Cianorte, por exemplo, que não faz Maringá (LDM) realiza anualmente
parte da região metropolitana, mas o Campeonato Amador Regional,
está relativamente próximo à cidade, conhecido como Super Amador ou
mandou o jogo contra o Corinthians Amadorzão. Em 2015, oito equipes
em 2005, pela Copa do Brasil, no WD disputaram o título: Sarandi, São Jorge
(como é conhecido). Muitos torcedores (São Jorge do Ivaí), Itambé, Castelo
da região acompanham, atualmente Branco (Presidente Castelo Branco),
o Maringá FC e o Grêmio Maringá. Munhoz de Melo, Atlético Marialva,
Sem contar o apoio das décadas de Santa Fé e Iguatemi (distrito de
1960 e 1970, época de ouro do futebol Maringá). Os sete primeiros fazem parte
maringaense. da Região Metropolitana de Maringá.
Mesmo assim, ainda fica aquela Até maio de 2010, a RM Maringá
questão. E os nossos vizinhos? O era composta por 13 cidades: Astorga,
futebol mudou, se globalizou e ficou Ângulo, Doutor Camargo, Floresta,
mais caro. A taxa de filiação cobrada Iguaraçu, Itambé, Ivatuba, Mandaguaçu,
pela Federação Paranaense de Futebol Mandaguari, Marialva, Maringá,
(FPF) para clubes profissionais é de Paiçandu e Sarandi. Posteriormente,
35
12 cidades foram incluídas: Atalaia,
Bom Sucesso, Cambira, Floraí, Flórida,
Jandaia do Sul, Lobato, Munhoz de
Mello, Ourizona, Presidente Castelo
Branco, Santa Fé e São Jorge do Ivaí. Associação Atlética Astorga
Em 2012, Nova Esperança também Disputou a primeira divisão paranaense entre
foi incluída. A RM ainda pode crescer, 1958 e 1962 sem grandes campanhas.
já que mais oito cidades podem ser
inclusas: Marumbi, Santo Inácio,
Colorado, Paranacity, Engenheiro
Beltrão, Fênix, Barbosa Ferraz e Quinta
do Sol. Um total de 36 cidades, caso
seja aprovado.
Tendo o PIB em reais de 2008 de
cada cidade como comparativo, das 25
(sem contar Maringá) atuais cidades
da RM Maringá, 11 delas não tem PIB
maior do que a taxa de filiação da FPF.
Apenas Sarandi (cerca de 740 mil),
Marialva (630 mil) e Mandaguari (510
mil) possuem um PIB maior que 500 Nova Esperança Esporte Clube
mil reais. As outras 11 cidades têm Participou de três edições da primeira divisão
PIB entre 102 mil e 375 mil reais. Com estadual: 1961 a 1963. Não teve grandes
uma taxa incompatível com a renda é resultados.
explicável a razão das cidades “vizinhas”
não terem clubes profissionais.
Lembrando, é apenas um exemplo,
uma comparação. Dinheiro público tem
outras prioridades.
A região de Maringá é apenas um
caso, onde o futebol profissional não
se desenvolve devido a taxas fora da
realidade impostas pelas federações.
E quantas dessas cidades já tiveram
clubes ditos profissionais? Confira ao
lado (alguns escudos encontrados não
possuem uma qualidade de imagem Indecapa Futebol Clube
boa, mas vale o registro): Segundo clube profissional de Nova Esperança, o
Indecada surgiu em 1976, para a disputa da se-
gunda divisão e depois disso não há registros do
clube.
36
Mandaguari Esporte Clube
Sem dúvidas, o maior clube da região metropolitana de Maringá. Em 1960, com
uma base de jogadores paraguaios, a equipe foi campeã do Norte e chegou ao vice-
campeonato estadual, vencido pelo Coritiba.
Águia Futebol
Em 2001, o futebol mandaguariense retornou com título. O Águia foi campeão da
terceira divisão, mas não disputou a segundona em 2002. Em 2004, se transferiu para
Maringá.
37
CONTEXTO
O INTERIOR
URUGUAI
E A COPA 2030
Ainda não há nada definido, mas é para pensar:
será que o interior uruguaio comporta uma Copa do Mundo?
38
E
m 2013, Julio Grondona, então cidades contam com um futebol forte
presidente da Associação e o principal, com torcida. Enquanto
do Futebol Argentino (AFA) o Uruguai tem um monopólio
garantiu que a Copa do futebolístico em Montevidéu.
Mundo de 2030 seria sediada A FIFA exige que os estádios para a
em conjunto por Uruguai e Copa do Mundo devem ter no mínimo
Argentina, pois esta edição celebrará o 30 mil lugares, se bem que o que se vê
centenário da competição e a escolha nas últimas edições são estádios com
por esses países levaria em conta que mais de 40 mil lugares. Provavelmente
os selecionados fizeram a final em seriam dez sedes (neste caso, cinco
1930 vencida pela Celeste, sede da para cada país), como na África do Sul
competição. em 2010.
A ideia do Mundial ser realizado Em 1930, a Copa do Mundo do
em solo sul-americano surgiu como Uruguai poderia muito bem se chamar
uma surpresa e logo foi se perdendo Copa do Mundo de Montevidéu,
no tempo, seja pela morte de Julio em pois os três estádios que foram sede
2014 ou pelos escândalos envolvendo eram da capital uruguaia. Esse cenário
a FIFA. “Não se fala muito da Copa. preocupa para uma possível volta
Os rumores tomam força quando do torneio para o país: a situação
se disputam jogos importantes das do interior uruguaio. “Montevidéu e
(Eliminatórias e) Copa e quando se Punta Del Este são cidades com uma
fala dizem que será compartilhada estrutura, no mínimo, razoável para
com a Argentina, porque não temos a atendimento ao turista e não teriam
infraestrutura para um Mundial”, conta problemas na questão de hotelaria
a uruguaia Rossina López Cuevasanta, e de transporte. Colonia ainda tem a
22 anos, estudante e auxiliar contábil. vantagem de estar a menos de 100
Uma Copa do Mundo exige km de barco de Buenos Aires e o
estrutura e estádios por todo o país, transporte fluvial entre as duas cidades
mesmo que a capital comporte mais é normal”, conta o jornalista Victor de
de uma arena. Assim fica a dúvida Andrade, 38 anos, que já viajou cinco
quanto às sedes. A Argentina não vezes para o Uruguai, como turista,
deve ter problemas quanto a isso, sendo a última em março de 2015.
levando em consideração que várias Entretanto, Victor cita que o interior
39
apresenta problemas. “As cidades mandando seus jogos fora da capital.
são pequenas, pouca rede hoteleira As cidades têm uma população
e transporte apenas de ônibus”. semelhante ao número de lugares que
Punta Del Este teria a vantagem de os estádios devem contar, mas isso não
ser “grudada” em Maldonado, cidade é o pior, a torcida dos dois clubes não
interiorana que segundo Victor possui comportam possíveis arenas. O estádio
o melhor estádio fora da capital. do Plaza conta com 15 mil lugares,
Segundo o Censo 2011, a capital do enquanto o de Las Piedras comporta
país praticamente comporta metade 12 mil pessoas. Como vimos existe uma
da população. Montevidéu tem uma grande diferença.
população de um milhão e 305 mil “O Estádio Suppici, de Colonia del
pessoas, sendo que o Uruguai conta Sacramento, teria que sofrer inúmeras
com cerca três milhões e 300 mil obras de estrutura para ser uma sede
pessoas. A diferença é considerável de Copa do Mundo, comparando
para Ciudad de la Costa, a segunda com os estádios que vi jogos na Copa
maior cidade uruguaia, com 112 de 2014. O Suppici até tem uma boa
mil pessoas, mas que fica na região estrutura para o Campeonato Uruguaio,
metropolitana da capital, apesar de ser mas fica muito longe para ser sede
de outro departamento. da Copa de 2030”, conta Victor, que
Essa disparidade reflete no futebol. assistiu jogos do Mundial de 2014 em
A temporada 2015/16 do Campeonato Curitiba e São Paulo.
Uruguaio da Primeira Divisão conta Na temporada 2012/13, o volante
com 16 clubes, onde apenas duas Pedro Mondardo, 21 anos, defendeu o
equipes não são da capital: Plaza Cerro Largo (Melo, 52 mil, nona maior
Colonia (Colonia del Sacramento, 26 cidade) e segundo ele, os próprios
mil, vigésima maior cidade) e Juventud moradores do interior, apesar da paixão
(Las Piedras, 71 mil pessoas, sétima pelo clube, o tratam como um segundo
maior cidade) são os representantes time. “Todos da cidade gostam e
não capitalinos da elite uruguaia, apoiam o clube, tem torcida organizada
sendo que o segundo fica na região que não para de apoiar, mas claro que
metropolitana de Montevidéu, seus primeiros times são os da capital
mesmo que em outro departamento, como Peñarol, Nacional e Defensor, por
Canelones. Sud América e El Tanque isso os jogos contras os grandes times
Sisley são de Montevidéu, mas vêm eram os que mais enchiam”.
40
Estádio Raul Goyenola, em Tacuarembó,
capacidade para oito mil pessoas
41
Parque Artigas, estádio em
Paysandu, 27 mil lugares e
que recebeu a Copa América,
em 1995
42
Ciudad de la Costa, Salto (104 mil), Artigas, que tem a capacidade de 25 mil
Paysandu (87 mil), Maldonado (84 mil), e já foi sede de uma Copa América, mas
Rivera (79 mil) são as maiores cidade os seus dois clubes não condizem com
do “interior” uruguaio e destas, apenas o tamanho da cidade, pois o Estudiantil
uma possui representantes na segunda Sanducero e o Paysandú Bella Vista,
divisão. Tal divisão que em 2015/16 também disputam as ligas amadoras
conta com 15 clubes, destes apenas regionais.
cinco são do interior: Tacuarembó “O Uruguai sediou a primeira Copa
(Tacuarembó, 54 mil), Atenas (San do Mundo em 1930. Experiência eles
Carlos, 27 mil), Cerro Largo (Melo), têm, mas muita coisa mudou, o interior
Deportivo Maldonado (Maldonado) e do país é formado de cidades pequenas
Rocha (Rocha, 25 mil). O Oriental não é sem muitos meios de locomoção e a
de Montevidéu, e sim de La Paz, mas é hotelaria não sei se aguentaria tantas
o mesmo caso do Juventud. O Boston pessoas. Acho que sozinho o país não
River e o Huracán são capitalinos, conseguiria receber uma copa hoje,
mas jogam fora da cidade, sendo que mas com o auxilio da Argentina, sim”,
o segundo disputa suas partidas em cita Pedro Mondardo.
Rivera. Apenas o Tacuarembó e o O cenário não é favorável para o
Deportivo Maldonado têm sede em interior uruguaio. Montevidéu deverá
uma cidade interiorana com mais de ter, caso o Uruguai seja sede, dois ou
40 mil pessoas, número “mínimo” de três estádios na competição. A situação
capacidade dos estádios construídos do interior fica comprometida. Levantar
para as últimas edições da Copa. elefantes brancos em um dos países
O maior estádio do interior uruguaio mais equilibrados da América do Sul
fica em Rivera, o Atilio Paiva Oliveira, não parece estar em pauta, mas tirar o
que comporta 27 mil pessoas. A interior dessa festa é injusto. Levando
cidade conta com o Frontera Rivera em conta o futebol: Melo, Las Piedras
que atualmente faz parte do futebol e Maldonado estão na frente, mas isso
amador uruguaio, depois de grave não é garantia de sucesso pós-copa
crise financeira no começo do século. pelo contexto atual.
Paysandu conta com o estádio Parque
43
2-3-5
MOVIMENTAÇÃO
TÁTICA E
ÍMPETO
OFENSIVO
44
45
U
ma das quartas de final mais
alternativas das Copas do
Mundo. Essa foi Senegal e
Turquia, que com propostas
de jogo distintas fizeram
0
um grande jogo capaz de
nos ensinar muito, pois foi repleto de
perspectivas táticas que viriam a evoluir e X
se firmar na atual década – revelando que
aquele era um momento de transição.
A equipe africana era de vocação
ofensiva e iniciou o duelo propondo o jogo, Copa do Mundo 2002
postada em um 4-3-3 com um triangulo
de base alta no meio de campo. A Turquia
atuou em um 4-4-2 (quase) britânico e
sofreu bastante nos trinta minutos iniciais
com a imposição física de Senegal.
46
O técnico Bruno Metsu adiantou sua
equipe para marcar no campo ofensivo,
desarmar mais perto do gol para colocar
toda verticalidade senegalesa em boas
situações, além de bloquear a saída de
1
bola turca com os meias centrais e forçar
DIOUF FADIGA
O camisa 11 recua,
tira a referência de
marcação dos
zagueiros e cria um
grande espaço para os
pontas infiltrarem.
47
com o último. não estava em uma jornada feliz e acabou
Foram trinta minutos de superioridade substituído por Mansiz. A equipe turca
mantendo o ritmo sempre alto, mas aos mostrou-se moderna, sendo armada pelos
pouco a intensidade física diminuiu e a meias centrais (ou volantes) Tugay e,
Turquia, que conseguiu manter o zero no principalmente, Basturk, que qualificava a
placar mesmo em uma situação em que saída de bola e subia seu posicionamento
foi dominada, igualou o jogo no restante se colocando como opção, quebrando as
da primeira etapa e conseguiu colocar em linhas de marcação adversária e dando o
prática suas estratégias para dominar o último passe.
segundo tempo. A Turquia dominou os espaços
Com passes curtos para acionar os lados vencendo o duelo no centro de campo.
de campo e troca de posicionamentos A movimentação da seleção do técnico
a seleção vermelha encontrou espaço e Senol Gunes funcionava como uma
criou claras chances de gol – duas delas engrenagem com as subidas de Basturk,
perdidas pela estrela Hakan Sukur, que variando taticamente pro 4-1-3-2, Emre, o
DAVALA
48
extremo pela esquerda, fechava pelo centro criado dentro da proposta de jogo e
se aproximando de Tugay e abrindo um movimentação já citada: Erdem (entrou
corredor para as subidas do lateral Ergun. na vaga de Emre) acelerou a saída de bola
O 4-3-3 de Senegal ficou com setores fazendo a diagonal da esquerda para o
distantes: o tridente ofensivo não recebia centro, acionou o meia/ponta direita Davala
o apoio dos meio campistas (muito fortes que com espaço cruzou pra Mansiz desviar
fisicamente, mas pesados), sentindo e anotar o gol de ouro.
muito a falta de Papa Bouba Diop se Senegal tinha o drible e a velocidade,
deslocando pelo meio. Criou-se um grande a Turquia tinha o bom passe e a
espaço entre estes setores, pois os pontas movimentação inteligente. Boas e
participavam pouco da recomposição diferentes qualidades, mas venceu quem
defensiva – ao contrário dos extremos foi mais aplicado, compacto e soube usar
turcos que voltavam até o fundo de campo. e ocupar melhor os espaços. A força tática
Aos três minutos da prorrogação vermelha se sobrepôs.
o gol da épica classificação turca foi
CAMARA
DIOUF
FADIGA
49
BOLA DE CAPOTÃO
50
D
esbancamos a capital. Vila Nova e Atlético e o “intruso” do
É assim que João Paulo interior, o Goiatuba.
Vilarinho, 30 anos, se A campanha no quadrangular final
refere ao título goiano foi perfeita, com vitórias em todos
do Goiatuba em 1992. os seis jogos. João Paulo tinha sete
Também pudera, foram anos. Ele não se lembra exatamente
25 anos de espera para que um clube em quantos jogos foi ao Divino Garcia
do interior se sagrasse campeão Rosa. Segundo ele, entre seis ou sete.
estadual. O CRAC, em 1967, foi o Nos dois jogos mais importantes
último, antes do Azulão do Sul, a daquela caminhada, contra Atlético e
quebrar a hegemonia goianiense. Até Vila Nova, ele estava lá e se recorda
aquele ano, além dos dois citados, bem.
apenas o Anápolis, em 1965, também No jogo contra o Atlético, pela
havia conquistado o título. O fato foi quarta rodada, o Divino Garcia Rosa
tão comemorado, que Orlando Lelê, estava lotado e um lance transformou
treinador da equipe campeão, disse. a atmosfera do estádio. “O Goiatuba
“Jogamos água no chope deles”. pressionou o Atlético de maneira
Foi um campeonato longo. absurda durante todo o segundo
Começou em julho e terminou em tempo. E o Atlético só dando ‘bago’
dezembro. Eram 16 clubes que na pros lados. Até que aos 41 minutos do
primeira fase jogavam entre si em segundo tempo, num chuveirinho pra
dois turnos. Foram 30 jogos na área e um bate e rebate interminável,
primeira fase! Na segunda fase, o Pirata chutou meio errado, a bola ia
um quadrangular, com um início sair, mas bateu no joelho do zagueiro
preocupante do clube, porém com três atleticano André e a bola foi morrer
vitórias nas últimas rodadas e assim de mansinho na rede. O estádio foi
a vaga no quadrangular final chegou, abaixo!”.
composto pelo trio da capital, o Goiás, “O mito! Camisa 10! Me lembro
51
que soltaram na imprensa que ele Orlando Lelê quebraram um tabu, em
já tinha contrato com o Goiás, para plena capital, que foi invadida por cerca
desestabilizar o time”, esse era de 800 goiatubenses.
Estrela, o ídolo daquele menino. Ao lado de João Paulo, nesse e
Foi então que ele desestabilizou os em todos os jogos, seu pai, Márcio
adversários da capital na fase final, Vilarinho, companheiro de estádio. Ele
mas principalmente, no jogo do título, relembra emocionado um momento em
contra o Vila Nova. “Naquela noite, especial, após o segundo gol da “final”.
o Estrela foi Zico! Ele acabou com a “(Depois do gol) ele foi lá perto da
defesa do Vila Nova. E ali, o Azulão torcida e bateu no braço gritando: Aqui
do Sul sagrou-se campeão goiano de tem raça! Aqui tem raça! Nunca me
1992”, lembra João Paulo, que tomado esqueci disso. Daí perguntei para ele, o
pela emoção, chorou ao ver o segundo que era raça”. O pai então respondeu:
gol. “Raça é o que o jogador tem que ter
Foi assim, que Marolla; Claúdio, para fazer o time ganhar”. Márcio que
Reinaldo, Edvaldo Costa e Jorge Luís; um ano depois, morreu.
Fernando, Cachola e Estrela; Lenílson, Do pai para o filho, do filho para o
Pirata e Tornado, comandados por pai...
52
GOIATUBa
esporte clube
“
Aqui tem raça! Aqui
Fundação: 5 de maio de 1970
tem raça! Nunca
Cidade: Goiatuba (GO)
me esqueci disso.
Daí perguntei Site/Facebook: goiatubaec.webcindario.com
/ @GoiatubaEsporteClube
para ele, o que era
Estádio: Divino Garcia Rosa (15000 pessoas)
raça”. O pai então
Alcunha: Azulão do Sul
respondeu: “Raça é
”
o que o jogador tem Títulos: Estadual (1992), Estadual da Segunda
Divisão (1984 e 1997) e Copa Goías (1993)
que ter para fazer o
Participações Nacionais: Copa do Brasil
time ganhar. (1993), Brasileirão Série B (entre 1994 e
1997) e Brasileirão Série C (2003)
53
UM PAPO
BOLA DE CAPOTÃO
ASSAZ PERTINENTE
Marco Bianchi, ao lado de Paulo Bonfá, marcaram uma geração que pôde misturar
diversas paixões em um mesmo programa: futebol, música e humor. Tudo isso, entrelaçado.
O Rockgol, seja como semanal ou campeonato, usou o humor no futebol, com uma pitada
de informação, mesmo que a comédia fosse o ponto alto e fez também, com que cantores,
baixistas, guitarristas e bateristas de bandas de rock (em sua maioria) se tornassem
jogadores de futebol, com narrações e comentários assaz pertinentes da dupla. O Série Z
conversou com Marco Bianchi, que conta um pouco sobre o Rockgol
e monta até a sua seleção do campeonato.
54
(Foto: Facebook Marco Bianchi)
55
Marco ao lado de uma das suas
inspirações, Roberto Avallone (Foto:
Facebook/Marco Biachi).
projeto Libertadores 2150, uma meta tão por mero oportunismo, para posar de
folclórica quanto longe para abastecer defensor dos frascos e comprimidos. Para
meu vasto cabedal de comentários assaz isso, em vez de assistir a jogos infames,
pertinentes. cita escalações e fatos antigos em
detalhes, aproveitando-se nitidamente do
Futebol alternativo trata de clubes fato de que ninguém poderá contestar
pequenos, divisões inferiores, um facilmente tais narrativas. E a postura
outro lado do futebol. Você gosta de serve tanto para agradar os torcedores
acompanhar esses campeonatos por de times menores quanto para se
interesse mesmo ou o programa te destacar no concurso de beleza dos
trouxe isso? debates esportivos, ostentando “pseudo-
Com tantos times e estados, é natural memória-de-elefante” e falsa sabedoria.
que a cobertura esportiva de âmbito
nacional às vezes se restrinja aos E sobre o quadro “Jogo duro... de
grandes clubes e às maiores torcidas. assistir!”. Aliás é assim que se escreve
Mas isso gera antipatia que é dirigida ou não tem uma forma correta? Como
à imprensa e ao chamado Eixo Rio-SP. surgiu a ideia do quadro? E o por quê?
Meu personagem populista, demagogo Escreveu certo! Esse quadro foi uma saída
e inescrupuloso assumiu tal discurso que sugeri para ganharmos imagens de
56
jogos, já que nunca detivemos direito
de imagens sobre nenhuma competição
oficial. O ambiente do futebol amador
e de várzea é um prato cheio e rendeu
“
Criei o projeto grandes momentos ao programa, sempre
combinado a locuções divertidas e
Libertadores edições peculiares.
”
vasto cabedal de Foi engraçado e interessante apresentar
os músicos daquela forma irreverente,
comentários assaz talvez isso tenha gerado maior afinidade
pertinentes. entre espectadores, narradores e
músicos.
57
Kim Perninha
[Kim - Catedral]
Boina Chiliquenta
[Gilmar Bola 8 - Nação Zumbi] [Toni Garrido - Cidade N
Lobato
[Marcelo Lobato - O Rappa]
58
o time de
Juninho Papito
[Supla]
marco bianchi
Cléééston
Negra] [Cléston - Detonautas]
Kikozam Bianchi
ti [Kiko Zambianchi]
]
59
BOLA DE CAPOTÃO
1
9
8
7
60
Um jogo escondido na história do São
Paulo e uma das poucas partidas da seleção
caribenha. A disputa tem personagens como
Latapy, Neto e Marin...
E
ra 16 de março de 1987, uma mais chama a atenção é Russell Latapy,
segunda-feira à noite, com meia trinitino que na época era capitão
30 mil pessoas, o Estádio da equipe nacional sub-19 e quase
Nacional (atual Hasely duas décadas depois participou de um
Crawford) de Trinidad e momento histórico para o futebol local:
Tobago, em Port of Spain a participação na Copa do Mundo de
recebeu um dos amistosos mais 2006. No Mundial, jogou pouco, apenas
alternativos, aleatórios e escondidos os 24 minutos finais da partida contra o
da história: São Paulo e Caribbean Paraguai.
All Stars. Informações são mínimas. A partida terminou 2 a 0 para o
Imagens inexistentes (se encontrarem, São Paulo. O primeiro gol só saiu aos
me avisem). Vídeo, então!!! 27 minutos do segundo tempo, em
O São Paulo, campeão brasileiro cobrança de falta de Neto. Sim, o ídolo
de 1986, conseguiu o título daquele corinthiano, que foi contratado em
certame, somente em 25 de fevereiro 1987, depois de passagem pelo Bangu!
de 1987. Três semanas depois estava Quatro minutos depois, foi a vez de Pita
em Trinidad e Tobago. Antes disso, marcar, após passe de Zé Teodoro.
disputou a Marlboro Cup, em Miami, A história, porém, não termina por
contra o Millionarios, Deportivo Cali e aí. Após o jogo, uma homenagem
a seleção americana. Ficou em terceiro foi feita a Jackie Bell, ex-treinador da
lugar. seleção jamaicana, já falecido, na época.
O Tricolor contava com a base da Quem recebeu foi a filha dele, Natasha.
seleção brasileira na Copa de 1986: Mas o que interessa é quem entregou
Muller, Oscar, Silas… e Careca. O a homenagem: José Maria Marin, preso
parceiro de Maradona no Napoli era o em maio de 2015, por envolvimento
mais aguardado no país, mas devido em casos de corrupção ligados a
ao contrato, que havia se encerrado em FIFA. Marin foi enviado ao amistoso,
5 de março, o jogador ficou no Brasil, como representante da Confederação
mas não o renovou e rumou a Itália. Brasileira de Futebol e quatro anos
A base da seleção caribenha era antes era governador de São Paulo.
composta por jogadores de Trinidad Aqui está, um jogo com muita
e Tobago, Jamaica, Haiti e Antilhas história…
Holandesas. Entre os jogadores, o que
61
CAMISA 12
Quando
enfrentei Neymar!
por BENÍCIO JÚNIOR
U
m domingo que se vizinha de Inajá, era um dos jogadores
tornaria histórico para do clube. A ideia era que fosse
a pequena cidade de realizada lá, mas como a cidade é um
Paranacity, o Santos pouco menor, o jogo foi realizado em
Futebol Clube veio fazer Paranacity.
uma visita, com o time Foram dois dias de amistosos no
que tinha (um futuro) grande craque estádio municipal Péricles Ribeiro,
do futebol brasileiro e mundial Neymar, sábado e domingo. As partidas serviram
que hoje brilha no Barcelona. como peneira para poder escolher
Um dos olheiros do Santos falou alguns destaques da região para fazer
para um colega meu, o Amarildo: “Esse um teste no clube.
menino Neymar vai jogar mais que o Muitos moleques apareceram.
Robinho, de tão bom que ele é”. No Da região inteira. No sábado, eu não
primeiro dia do teste, ele fez mais de joguei. Não teve como eu entrar em
cinco gols, ninguém conseguia parar campo. Na hora fiquei frustrado e
o ‘homem’. Muitos tentaram e não depois que acabou o primeiro jogo, eu
conseguiram de tanta habilidade que fiquei triste e pensei que havia acabado
ele tinha. meu sonho de ser jogador, de ganhar a
O jogo contra o Santos foi vida e ajudar minha família.
agendado pela Prefeitura, pois No vestiário, quando estava
Alexandre, que hoje mora na cidade acabando de me arrumar para ir
62
“
Quando fui dar o bote nele, para
tomar a bola tomei dois chapéus
”
e quando ele foi dar o terceiro,
eu o derrubei e fiz a falta.
63
embora chegou uma notícia que me que não deu em nada. Na sequência,
deixou feliz. O treinador, o Jair, disse mais um momento, quando fui dar
que o nosso time, que foi campeão o bote nele, para tomar a bola tomei
da Liga de Colorado um ano antes dois chapéus e quando ele foi dar o
(com um gol do título marcado por terceiro, eu o derrubei e fiz a falta. O
mim, aliás, foi um dos dias mais felizes estádio veio abaixo e todos começaram
de minha vida com um chute de bico a gritar e ficaram impressionados, com
fora da área) ia começar jogando no o moleque que era bom de bola.
domingo. Fui embora feliz! No decorrer do jogo ainda tomei um
Foi difícil dormir! Fui dormir cedo! tapa na cara e o juiz não deu falta. Um
Contava as horas para poder entrar em pouco mais para frente consegui parar
campo contra o Santos. o Neymar, com uma falta na entrada da
‘Beleza’, chegou o grande jogo, o área. Tirando isso, o jogo já estava 7 a 1
estádio estava cheio. A partida estava para o Santos e o Neymar já tinha feito
marcada para às 9 horas. Jair disse que cinco gols no primeiro tempo.
todos os titulares deveriam chegar às Em outra parte do jogo, cinco
8h15 para começar a preparação. Eu fui jogadores se juntaram para pará-lo.
da minha casa até o campo pensando Eu fui o primeiro a tentar tomar a
que meu sonho estava cada vez mais bola, mas ninguém conseguiu. Ele deu
perto e que podia jogar no Santos chapéu sem deixar a bola cair e muitas
Futebol Clube. Eu sabia que ia jogar, já coisas mais...
fui me preparando psicologicamente Não consegui achá-lo em campo.
para não fazer ‘coisa errada’. Eu soube Ele era muito rápido, era impossível
que ia marcar o camisa 10, se eu fosse marcá-lo individualmente. Joguei só
bem poderia conseguir meu espaço o primeiro tempo da partida, porque
para fazer parte da categoria de base. O tinha muito molecada esperando para
camisa 10 era Neymar!!! entrar. Até hoje o pessoal lembra do
Começou o jogo. Na primeira jogo, me encontra na rua e tira sarro:
bola tomei um drible ‘vergonhoso’. “Você tomou dribles do Neymar”. Foi
O estádio todo começou a gritar um momentos mais importante em
tirando sarro de mim, mas não abaixei minha vida e posso falar que joguei
a cabeça, continuei jogando para não contra o time do Rei do Futebol.
ficar feio. Toquei na bola, dei um passe,
64
CAMISA 12
(Foto: Gabriel Bicho)
A
pós o Genus vencer o primeiro mochila três camisas do Genus, fora
jogo da final do Campeonato a que eu estava vestido. Atrás uma
Rondoniense por 2 a 1, eu só galera bebendo. Com tanto barulho
pensava em viajar para Vilhena, para e o total desconforto do ônibus, era
assistir a partida de volta. Mas sem impossível dormir, o jeito foi passar a
grana para as passagens, não seria tão noite imaginando como seria aquela
fácil assim. De última hora, a torcida final. Chegamos na hora do almoço,
organizada conseguiu dois ônibus, conseguimos o ginásio municipal para
bem rodados e nada confortáveis, com tomar um banho e esticar o corpo.
os bancos bem duros. Arrumei uns Banho tomado e camisa da sorte no
trocados de última hora para pagar a corpo, partimos para o bar de frente ao
caravana e entrei no busão rumo ao estádio fazer aquele aquecimento.
cone sul. Chegada a hora da partida,
Começava ali minha saga rumo a entramos no estádio Portal da
final do estadual, 700 km e 12 horas Amazônia, nós em cerca de sessenta
de chão até chegar a Vilhena. Na apaixonados pelo aurigrená da capital
65
e cerca de dois mil torcedores do volantes, somente um meia e um
VEC. Antes de a bola rolar, um locutor atacante e pensei: ‘’Nossa vantagem
insuportável tentava animar a torcida é muito pequena para ele fazer isso”.
do time da casa e aproveitava para nos E era. Com 30 minutos de jogo o
provocar. O jogo nem tinha começado Vilhena já ganhava a partida por 2 x 0,
e a gente mesmo em um número muito nossa vantagem já tinha ido embora,
menor fazia muito mais barulho que a copos e garrafas voavam em nossa
torcida local. Peguei a camisa amarela direção enquanto a torcida deles
da mochila e fiquei com ela na mão, comemorava e nos xingava. Ainda sim,
achei que daria sorte, besteira, mas continuamos cantando e apoiando,
quem é que entende torcedor? até o intervalo de jogo. Com o fim do
O jogo começa. Nosso técnico entra primeiro tempo, confesso que bateu
com um time retranqueiro, quatro uma tristeza. Lembrava que já tinha
visto esse filme em 2009. Resolvi
guardar a camisa amarela que
estava na minha mão, é claro
que a culpa era dela! Prometi
que se a gente fosse campeão,
não beberia nada de álcool
na comemoração. Antes de
começar a segunda etapa,
percebi que um caminhão de
bombeiros chegou ao estádio,
para o VEC a vitória e o título
já estaria certo, mas como
diz o filósofo da bola Muricy
Ramalho, a bola pune.
66
(Foto: Gabriel Bicho)
67
ESCRETE
A saga da
pequena dibradora
/dibradoras
@dibradoras
@dibradoras
SITE
dibradoras.com.br
68
Aos 4 anos:
“Mãe, quero jogar futebol.”
“Filha, por que não natação? Ajuda a crescer, faz bem
pro pulmão.”
Compra touca, compra óculos, matricula na aula.
Odeia aula. Ela quer futebol.
Aos 5 anos:
“Mãe, quero jogar futebol.”
“Filha, por que não karatê? Esporte oriental, tão bom
para disciplina.”
Compra quimono, compra faixa, leva na aula. Ela até
gosta, é divertido. Mas ela quer futebol.
Aos 7 anos:
“Mãe, quero jogar futebol.”
“Mas filha, por que não jazz? Tão feminino, tão
delicado e nem é rosa como balé.”
Compra body, compra meia calça, faz o coque. Ela
quase morre de desgosto.
Aos 8 anos:
“Mãe, quero jogar futebol.”
“Mas filha, tão violento, ó como ficam suas canelas,
parece um menino. E nem tem escolinha para você.”
Não compra nada, porque ela não quer fazer mais
nada.
Aos 9 anos:
“Mãe, eu vou jogar futebol: agora tem uma escolinha
no clube.”
“Por que não… outra coisa?”
“Por favor, mãe.”
Com um sorriso inversamente proporcional ao dia
que comprou sua sapatilha do jazz, ela foi com o pai
comprar sua primeira chuteira. Não pestanejou e já
pediu uma caneleira para se proteger dos roxos que a
mãe tanto falava.
Vendo a alegria da filha, não vou dizer que a mãe
nunca mais reclamou. Reclamou, se preocupou, foi
assistir a poucos jogos porque morria de medo de ver
a filha se machucar. Mas quando a menina saía para
cada treino, para cada jogo, a mãe via sua filha feliz. E
aí, ela se deparou com o primeiro “por que não?” que
valia a pena:
(Foto: Andrea Corradini/Projeto “Se a faz feliz, por que não?”
Gameface)
69
GUIA
Sandro - Kitchee Wellingsson-Southern District Roberto - Eastern Lucas Silva - South China
(Foto:Facebook Kitchee). (Foto: Ken Popo). (Foto: Facebook Eastern). (Foto: Facebook South China).
GUIA
semifinais
HK SENIOR SHIELD
2015/16
70
VAI TER CAMPEÃO EM
HONG KONG
F
inal de ano e as competições passou um período treinando a equipe,
de futebol ficam escassas, mas porém sem sucessos.
dificilmente o planeta fica sem Apenas clubes da primeira divisão
uma partida em algum dia participam, ou seja, uma espécie
do ano. Após o Natal, caso de “Copa da Liga da elite”. Apesar
você não encontre o sono, de começar em uma temporada e
procure um streaming pela internet e terminar em outra, apenas a final será
tente assistir as semifinais da HK Senior disputada em 2016. A Senior Shield
Shield 2015/16, uma das copas da começou em setembro, com a fase
cidade-Estado asiática, que rolam às 5 preliminar. Em outubro, as quartas de
horas, nos dias 26 e 27 de dezembro. final foram disputadas e em dezembro
A Senior Shield é a competição serão conhecidos os finalistas que se
entre clubes mais antiga que se tem enfrentam no dia 24 de janeiro. Todos
registro na Ásia, disputada desde 1895. os confrontos foram e serão em jogo
Em seus 120 anos, a competição já único.
teve 38 campeões diferentes e muitos Southern District, Kitchee, Eastern
dos clubes que levantaram taças e South China são os postulantes
nem existem mais. O South China é o as vagas na final. As quatro equipes
maior campeão da competição, com reúnem 18 jogadores que foram
31 títulos, 22 a mais que o Eastern, convocados para as últimas partidas
segundo da lista e atual campeão. da seleção local, em novembro, para
Os dois clubes, aliás, as Eliminatórias da Copa do Mundo
protagonizaram uma das melhores da Rússia 2018. Oito deles foram
histórias da competição, quando em titulares. Todas as equipes contam
1982, se enfrentaram na final da taça e com brasileiros, 14 no total, sendo
o Eastern contou com uma participação dois naturalizados que são titulares do
ilustre: Bobby Moore. O inglês que selecionado de Hong Kong.
levantou a taça de campeão do mundo A Série Z prepara um guia da
em 1966 foi convidado pela equipe, aos semifinal da competição, para você
40 anos, apenas para a disputa da final leitor ficar antenado e se “der na telha”
e deu sorte, com a vitória por 4 a 0. O procurar alguma transmissão no dia.
zagueiro atuou por 12 minutos e ainda Aproveite!
71
A terceira batalha SOUTHERN
O Southern District, que disputou a segunda DISTRICT
divisão em 2014/15, é o grande azarão das semifinais.
A equipe teve que iniciar a Senior Shield na fase
preliminar e vai para sua terceira partida da copa. O
adversário é difícil, o Kitchee, atual campeão nacional. Nome completo: Southern District
Recreation & Sports Assn Ltd
É a primeira vez que a equipe disputa a competição, Fundação: 2002
pois estreia na Premier League local, onde ocupa Cidade: Hong Kong (Distrito Sul)
a sexta colocação (até o fechamento da edição). O Site: www.sdfc.org.hk
sucesso nos seus 15 anos de existência rendeu a Facebook: /HKSDFC
contratação de estrangeiros, entre eles, os brasileiros Estádio: Aberdeen Sports Ground (9000
pessoas)
Tomás, defensor, que disputou todos os jogos da Títulos: HK Junior Challenge Shield Cup
atual temporada e Wellingsson, meia, que tem gols na (2010/11)
época e é um dos artilheiros da equipe.
A classificação para a inédita final deve passar,
também, pelas mãos do goleiro Tse Tak Him, que
chegou essa temporada ao clube e é presença
constante na lista de convocados do selecionado local.
KITCHEE 1
03/10
PEGASUS 0
TABELA
HK SENIOR SHIELD
2015/16 SOUTH CHINA 4
04/10
YUEN LONG 0
EASTERN 2
04/10
74
SEMIFINAL FINAL
SOUTHERN DISTRICT 2
26/12, sábado, às 5 horas
KITCHEE 1
SOUTHERN DISTRICT
24/01, domingo, às 5 horas
EASTERN
SOUTH CHINA 2
Pen:
27/12, domingo, às 5 horas EASTERN 4 X 3
EASTERN 2
*ATUALIZADO
75
FUTEBOL UTÓPICO
AS SETE DIVISõES
DA COPA 2018
PARTE I
E
se a cada quatro anos, a Copa Copa do Mundo já podem ser vistos.
do Mundo não fosse a única Antes vamos aos processos de
competição de seleções do divisão. A Copa do Mundo tem
mundo? Imagine então, sete 32 seleções, restavam assim 177
campeonatos mundiais. Sete confederações. Com esse número é
divisões de uma Copa do possível fazer mais cinco formatos
Mundo. No blog, a Série Z já imaginou iguais ao Mundial. A última divisão
isso após o sorteio dos grupos da Copa tem 17 seleções. Com as eliminações
de 2014, mas agora vamos melhorar. definidas, a terceira divisão já contaria
Das 209 confederações filiadas a com quatro seleções classificadas.
FIFA, 67 seleções já sabem que não irão África e Ásia são os continentes
para a Rússia e em que “posição” ficou com maior número de seleções fora
nas respectivas eliminatórias. É quase da Copa, devido à baixa relação entre
metade. São 23 da Concacaf, sete da número de confederações nacionais e
Ásia, três da Oceania e 34 da África! vagas na Copa do Mundo. O futebol
Todos os selecionados da Europa e africano é mais forte que o asiático
América do Sul continuam com chances e por isso ganha mais vagas nas
de ir para a terra da Vodka. “primeiras” divisões.
Tendo as seleções eliminadas e com A partir da próxima página, vocês
a pontuação final definida, os esboços conferem a distribuição das vagas e as
de como ficariam as últimas divisões da seleções que já estariam classificadas.
76
Copa do Mundo G
Europa (2); América do Norte, Central e Caribe (4); Ásia
(4); África (3) e Oceania (4).
Copa do Mundo F
Europa (5); América do Norte, Central e Caribe (6); Ásia
(10); África (9) e Oceania (2).
Copa do Mundo e
Europa (6); América do Norte, Central e Caribe (6); Ásia
(10); África (9) e Oceania (1).
77
Copa do Mundo d
Europa (6); América do Norte, Central e Caribe (6); Ásia
(9); África (10) e Oceania (1).
Copa do Mundo C
América do Sul (1), Europa (9); América do Norte,
Central e Caribe (6); Ásia (4); África (11) e Oceania (1).
Concacaf: Nicarágua
África: Moçambique, Botsuana e Benin
Nicarágua (Foto:FIFA).
Copa do Mundo
América do Sul (4); Europa (14); América do Norte,
Central e Caribe (3); Ásia (4), África (5) e os dois
vencedores da repescagem intercontinental;
Europa: Rússia
78
No fim da carreira, o gigante Jan Koller,
com 2,02 metros, voltou a França
para jogar pelo AS Cannes, clube que
estava na terceira divisão local. Entre
dezembro de 2009 e junho de 2011, o
tcheco até que foi bem com seus 20
gols, em 44 partidas (Foto: Divulgação).
Hinos
Em azul e branco
São cantadas as tuas glórias
Oratório, todos conhecem teu valor
Homenageando tua história
Nossa Senhora de Fátima te abençoou
Valente guerreiro, grande vencedor