Disciplina: CAP05-08911 História da África e Currículos
na Educação Básica Docente: José Roberto Aluna: Gabrielle Reginatto do Carmo Matrícula: 201710292511 Período: 2021.1
Na Introdução da parte “Correntes de Estudos Africanistas no Brasil”, do livro “Brasil:
raízes do protesto negro”, do intelectual Clóvis Moura, há um esforço para construir o negro como objeto de estudo no Brasil. Trazido ao país por conta da escravidão, ele era forçado a se integrar nessa sociedade escravocrata, e esse é o ponto de início dos estudos sobre os negros no Brasil. Para o autor, qualquer um que fosse estudá-lo, acabava esbarrando nesse problema, algo que ao mesmo tempo também afastava o próprio objeto do foco do estudo, pois aquele que se debruçasse sobre o tópico iria então focar na condição de escravo, e não numa identidade negra brasileira. Aqueles que estudavam o negro após o final da escravidão enfrentavam o mesmo dilema. Mesmo com a abolição, os negros não conseguiram inserção nessa sociedade violenta, cujo o racismo estava institucionalizado na própria formação do Estado. Dessa maneira, mesmo se os intelectuais desejassem realizar um estudo sobre o negro brasileiro, acabavam esbarrando na questão da escravidão, ou melhor, agora do ex-escravo. Clóvis Moura tratou do Lusotropicalismo e da ciência como uma das tendências de estudo sobre o negro no Brasil. Criticando a visão racista de Gilberto Freyre que defende a aptidão do Português para a colonização pela falta de preocupação com a cor, numa espécie de democratização do sistema colonial, essa perspectiva teórica trazida pelo autor colabora para a disseminação do racismo e a relativização de seus horrores na História. Acreditar que existiu um tipo melhor de colonizador é ignorar todos os anos de exploração e escravidão trazidos pelo Sistema Colonial. Num movimento de desumanização da figura do negro no Brasil, Gilberto Freyre e seu lusotropicalismo colaboraram para o maléfico mito da democracia racial brasileira, totalmente descolado da realidade e história do país. Portanto, não há nenhum traço antirracista no lusotropicalismo, muito pelo contrário: ele colabora para a disseminação de uma historiografia racista sobre a construção do Brasil.