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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

DISCIPLINA: PRÁTICA PEDAGÓGICA EM EDUCAÇÃO INCLUSIVA


ALUNA: GABRIELLE REGINATTO DO CARMO
MATRÍCULA: 201710292511
ANO: 2021

Não preciso imaginar para pensar na realidade de um aluno com algum tipo de defi-
ciência. Na minha família, meu irmão de 14 anos foi diagnosticado há 2 anos com transtorno
de déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) e desde então vem em tratamento. Passa se-
manalmente por uma psicóloga, fonoaudióloga e psicopedagoga, e, atualmente, apresentou
uma melhora muito grande no processo de aprendizagem, mas nem sempre foi assim.
Antes de termos um diagnóstico, já tínhamos uma certa desconfiança de que para ele a
escola era mais complicada do que foi para nós. Pouco se interessava pela leitura, suas notas
eram baixas e sempre teve dificuldade de ser aprovado. Na área das humanidades, conta que
nunca conseguiu prestar atenção nos professores, pois se perdia nas palavras. Em Português,
apresentava uma escrita e leitura péssimas, e na Matemática não conseguia fazer contas que
nós consideramos básicas.
Apesar de sempre ter demonstrado que precisava de um auxílio mais cuidadoso, nós só
fomos procurar ajuda no final do seu quinto ano do ensino fundamental II. Infelizmente a aju-
da chegou tarde demais para aquele ano letivo, pois ele já havia sido reprovado. Ficou extre-
mamente desanimado com a escola e dizia em alto e bom tom que não gostava de estudar.
Percebemos que a forma como ele aprendia era totalmente diferente na nossa quando
o diagnóstico veio. Ele não consegue aprender com tanta facilidade, e por isso não conseguiu
se adequar ao ensino tradicional. Hoje, sabemos que não é ele quem tem que se adequar, e sim
a escola, que até então só o tinha como mais um aluno “problemático” ou “bagunceiro”.
O ano seguinte da reprovação foi muito difícil para sua autoestima, pois ele se autode-
nominava um “fracassado”. Felizmente, conseguimos reverter esse quadro com um acompa-
nhamento psicológico tanto dentro quanto fora da escola. Ele começou a receber certos tipos
de tratamento como a realização de provas assistidas e a leitura de algum trecho que é de seu
interesse toda semana com a psicopedagoga da escola.
Hoje, suas notas melhoraram bastante e ele não tem tanta dificuldade assim para estu-
dar, mas isso só aconteceu porque a escola adaptou parcialmente seu currículo para recebê-lo.
Para ajudá-lo, nós fazemos de seus interesses o ponto de partida para a aprendizagem. Games
digitais, experimentos com alguns objetos e memes são recursos que conseguem chamar sua
atenção.
A partir desse contexto, a proposta abaixo é voltada justamente para aqueles que apre-
sentam alguma dificuldade de aprendizagem. A minha ideia é montar um plano de aula da dis-
ciplina de História que seja capaz de trabalhar um conhecimento específico dentro da Base
Nacional Comum Curricular a partir de ferramentas mais leves e dinâmicas. Tomei os interes-
ses de meu irmão como ferramenta e o material didático foi todo voltado para a apresentação
e formulação de memes.
1. PROPOSTA
A ideia inicial do plano de aula aqui apresentado é a de promover o conhecimento
programado pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para o sétimo ano do ensino fun-
damental II a partir de adaptações curriculares e atividades que sejam capazes de melhorar a
experiência escolar tanto de alunos com dificuldade de aprendizagem quanto aqueles que
apresentam algum tipo de transtorno de aprendizagem.
No ensino de História, a série em questão começa a entender o mundo moderno a par-
tir de relações continentais entre a América, Ásia, África, Oceania e Europa a partir de conti-
nuações e rupturas com o mundo antigo. Cultura material e imaterial, colonização, apagamen-
to cultural, expansão marítima, renascimento, mercantilismo e capitalismo são pontos-chave
para a abordagem do professor de História, previstos pela BNCC.
Tendo esse horizonte, a proposta ronda a ideia da promoção de um conhecimento his-
tórico que seja capaz de tocar a realidade do alunado e inserir seu contexto e suas disposições
orgânicas, mesclando tópicos históricos com uma reflexão sobre a produção da história. A
maior finalidade é que, ao final das aulas, eles sejam capazes de se reconhecerem como sujei-
tos históricos.
Utilizaremos como ferramenta memes na tentativa de dinamização do processo educa-
cional e aproximação a realidade em que os alunos estão inseridos. Os memes, materiais que
rodam na internet e são responsáveis pela circulação de ideais e sentimentos, entrarão em cena
para mostrarmos como podemos fugir do tradicional para promovermos o conhecimento his-
tórico, como verdadeiros aliados. Assim, o ensino de história será mais dinâmico e fará mais
sentido para a realidade dos alunos.
A ideia é não deixar ninguém para trás. Sabemos que quando a aula é conduzida so-
mente por um material didático mais tradicional como livros e apostilas, aquele aluno com al-
gum distúrbio de aprendizagem vai se distanciar e não participará da construção do conheci-
mento. Seu desempenho será baixo e ele ou a própria família vão começar um processo de ex-
clusão que afeta diretamente a aprendizagem. Para que isso não aconteça, procuraremos cha-
mar a atenção por vias alternativas, como é o caso dos memes aqui em questão.
Levar em consideração essas particularidades é um fator de grande importância para a
condução da aula, e isso não significa segregar todos aqueles que apresentam alguma dificul-
dade de aprendizagem trazidas ou pela presença de alguma deficiência, ou por um desinteres-
se próprio encontrado na subjetividade do aluno. Nesses casos, precisamos nos reinventar e
fazer com que a escola e aula se adaptem a essa situação, e não o aluno, pois o contrário acaba
gerando uma segregação e até mesmo exclusão. Nós, professores, precisamos nos capacitar
para que consigamos atender esse corpo estudantil da melhor maneira possível, atendendo
suas necessidades.
2. OBJETIVOS
Teremos três objetivos em mente, o primeiro é a promoção de uma reflexão sobre a re-
alidade histórica em que os alunos estão inseridos a partir da exposição dos memes e também
por uma comparação com sociedades antigas, mais precisamente àquela advinda com o mun-
do moderno. Procuraremos também relacionar a produção de conhecimento histórico com os
feitos da turma no presente, mostrando como eles são sujeitos históricos. Por último, ao mos-
trar que os memes também podem ser considerados parte de uma cultura imaterial, provocare-
mos reflexões sobre como eles são agentes culturais que atuam no presente.
3. NÚMERO DE AULAS
Por estamos num período em que dependemos das aulas remotas para que evitemos
uma maior transmissão do corona vírus, nossas aulas serão transmitidas por plataformas onli-
ne. Elas contarão com dois tempos de aula durante duas semanas, totalizando quatro tempos
de aula.
Iremos separá-las da seguinte maneira: na primeira semana durante o primeiro tempo,
a aula será mais teórica justamente para alinhar com os parâmetros da BNCC que dizem res-
peito as habilidades de conceituação da modernidade, mercantilismo, expansão marítima, co-
lonialismo e renascimento. Dessa forma, refletiremos sobre como esses conceitos foram capa-
zes de descrever determinadas situações e como a história que estamos construindo no presen-
te será contada daqui a anos da mesma forma que contamos sobre o passado.
Fazendo sempre o uso de imagens e checando com os alunos se eles estão entendendo,
daremos sempre uma interpretação para as figuras. Partindo para o segundo tempo da primei-
ra semana, o professor desenrolará um novelo de lã em sua mão, formando uma verdadeira
teia com esse movimento. Vendo que só é possível fazer esse movimento se nenhum dos lados
for solto, provocará a reflexão de para todos sermos sujeitos históricos, precisamos de coope-
ração, e como nosso contexto, a sala (online), nos permitiu isso. Nossa realidade nos permite
ou, infelizmente, impossibilita certas opções, e as coisas se tornam mais prováveis quando
agimos na coletividade.
No primeiro tempo da segunda semana, mostraremos o seguinte material didático:
Abrindo para debate, perguntaremos o que eles sentem ao verem as imagens e se elas
possuem algum tipo de relação sobre o contexto em que estão estudando. No intuito de fazê-
los refletirem sobre a matéria, pediremos para que se reúnam em grupos e produzam adapta-
ções as imagens ou criem novas. Nos tempos finais, apresentaremos as criações dos estudan-
tes, sem divulgação dos nomes para que não se sintam expostos a fim de mostrá-los que o pe-
daço de papel que contaram sobre uma realidade, acontecimento ou um contexto de forma sa-
tírica, engraçada, triste ou feliz faz parte da cultura imaterial de suas vidas. Eles devem se en-
xergar como produtores de cultura.
4. METODOLOGIA
Utilizamos a sequência didática, pois entendemos que o conhecimento precisa ser
construído ao longo do processo de aprendizagem. Para isso, a divisão dos tempos com cada
um uma tarefa e reflexão, será um auxílio para ir aos poucos ensinando a História a partir de
realidades distintas.
5. RECURSOS DIDÁTICOS
• Memes previamente selecionados
• Novelo de lã
6. REFERÊNCIAS
GLAT, Rosana. Dificuldades de aprendizagem. Disciplina Educação Inclusiva e Cotidiano
Escolar. Curso de Pedagogia. Modalidade a Distância, UERJ, Consórcio CEDERJ, 2020.

GLAT, R. Inclusão Escolar de alunos com transtornos de aprendizagem de aprendizagem.


Disciplina Educação Inclusiva e Cotidiano Escolar. Curso de Pedagogia. Modalidade à Dis-
tância, UERJ, Consórcio CEDERJ, 2020.

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