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ÍNDICE

Índice 02
Editorial 03
Origens e Evolução do Rito Adonhiramita 04
A “Coluna” de Harmonia 11
Os Grandes Filósofos – Tales de Mileto 15
Simbolismo e Silêncio 16
Irmão Convidado – O Que é Tolerância, Afinal? 17
Homenagem ao Dias das Mães - Mater 19
Calendário de Atividades 2° Trimestre de 2016 EV 20
Administração do Biênio 2015-2017 21
Junte-se a Nós! 22
Créditos 23

¼ HORA – ANO I – NÚMERO 7 – MAIO DE 2016 2


EDITORIAL

Amados Irmãos e Amigos.


Chegamos ao exemplar número SETE de nossa revista digital. SETE é considerado o mais
místico dos números, e em relação a esta publicação refere-se ao mês de maio de 2016 EV De
igual relevância, maio tem seu nome derivado da deusa grega Maya, mãe de Hermes e considerada a
deusa da fertilidade para os romanos; é dedicado às noivas, e àquela que é a própria materialização
da fecundidade da Natureza: a MÃE!
Neste sentido nós, Filhos da Viúva, membros da ARLS Scripta et Veritas, N° 1.641,
e colaboradores da revista Um Quarto de Hora, prestamos a justa e merecida homenagem às nossas
mães, esposas, cunhadas e sobrinhas, que obtiveram a maior Graça que o GADU pode
conceder a uma mulher: dar à luz. A Deus, cabe prover a estes maravilhosos seres, as merecidas
bênçãos e recompensas, e a nós, simples homens, mortais, maridos e filhos, resta registrar a nossa
eterna e sincera gratidão. Muito obrigado, e parabéns a todas as MÃES deste pequeno planeta azul!
Nossa revista permanece com o firme propósito de estreitar os laços fraternais que unem a
todos os Maçons espalhados pela superfície da Terra, e ao mesmo tempo difundir o Rito
Adonhiramita, praticado pela nossa augusta Oficina, e ainda tão carente de literatura dedicada.
O Calendário de Atividades do primeiro semestre de 2016 EV de nossa Loja encontra-se
devidamente atualizado para que os Amados Irmãos possam nos honrar trabalhando conosco em
nossas Sessões, fortalecendo nossas Colunas e nos iluminando com suas Luzes.
Volto a ressaltar, por oportuno, que os artigos aqui publicados não representam a posição
oficial do Grande Oriente do Brasil, ou do Excelso Conselho da Maçonaria Adonhiramita, refletem
apenas a opinião individual e particular de seus autores.
Desejo a todos uma boa leitura.
Que o GADU nos guie e ilumine!

SERGIO EMILIÃO
Editor

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ORIGENS E EVOLUÇÃO DO RITO ADONHIRAMITA

Muitos Maçons possuem dúvidas a quando tratamos de matérias de nosso


respeito das origens do Rito Adonhiramita, e domínio. Sem contar também que alguns
não apenas os praticantes de outros Ritos, o Amados Irmãos chegam a expressar certa
que deve ser considerado normal. Mas muitos aversão à prática de nosso Rito, o que não
Amados Irmãos Adonhiramitas também, o que apenas é lamentável, mas se constitui num
é igualmente compreensível, já que há uma comportamento profundamente antimaçônico.
profusão de ideias e teses a esse respeito, e isso Mas volto a defender aqui a tese de
deixa principalmente os Aprendizes um pouco nosso ancestral Irmão Voltaire, símbolo do
confusos e apreensivos. Livre Pensamento, que afirmava: “Posso não
Vez por outra vejo algumas Peças de concordar com uma única palavra do que
Arquitetura publicadas sobre a matéria, e não dizeis, mas defenderei com a própria vida o
concordo com a opinião expressa na maioria direito que tendes em proferi-las”.
delas, mesmo porque a quase totalidade dos Outro ponto a ser considerado é a fonte
textos foi produzida por Maçons praticantes de onde buscamos as informações. A literatura
outros Ritos. Não que isto seja algo reprovável dedicada ao Rito Adonhiramita é bastante
ou sem validade, mas normalmente somos escassa, portanto, é de se supor que as fontes
mais felizes quando investigamos assuntos mais confiáveis devem ser encontradas nos
com os quais estamos familiarizados, pois anais da Oficina Chefe do Rito, ou seja, no
somos mais habilitados a perceber equívocos e Excelso Conselho da Maçonaria
conclusões baseadas em falsos pressupostos Adonhiramita, denominado de Sublime

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Capítulo dos Cavaleiros Noaquitas até 1973. certos. Mas quem são os hebreus senão
Pelo que pude verificar a maioria dos textos cidadãos egípcios seguidores da fé monoteísta
sobre o tema que circulam no meio Maçônico implantada por Akhenaton naquelas terras que
possuem fontes diferentes desta, e assim decidiram sair do Egito e fundar uma nação
sendo, vou me aventurar nesta seara com base liderados pelo Moisés bíblico, não é verdade?
em nossas próprias raízes. Mas isto é assunto para outra ocasião, talvez
Primeiramente o que temos que ter em mais adequada aos Graus Filosóficos.
mente é que origem e data de formalização são Quanto à afirmação do autor não
coisas distintas. Da mesma forma que a apenas de existirem Rituais Litúrgicos no
Maçonaria Especulativa como um todo, as Período Operativo, mas também de serem
origens do Rito Adonhiramita se perdem no praticados no século XIII, devemos levar em
tempo, até porque sua construção é resultado conta que os primeiros Rituais da Maçonaria
de um processo e não de uma criação Especulativa não foram inventados no século
premeditada. Assim sendo, não é possível XVIII, mas sim reformulados como veremos
estabelecer sua “paternidade” ou mesmo a adiante. Portanto, não devemos considerar esta
“data de seu nascimento”. hipótese como absurda, nem duvidar de suas
Segundo Oscar Argollo na obra “O pesquisas.
Segredo da Maçonaria” a primeira referência A data considerada como início formal
oficial da prática do Rito Adonhiramita se dá de nosso Rito é o ano de 1744, quando ocorreu
ainda no período considerado Operativo, no a publicação da 1ª edição da obra intitulada
ano de 1616, constando na época que eram Cathecisme de Franc-Maçons (Catecismo dos
adotados 7 Graus. Este autor cita que em 1248 Franco Maçons) de autoria do abade Luiz
a Catedral de Colônia, foi construída por Travenol que utilizava o pseudônimo, ou
Maçons Operativos que utilizavam em sua talvez Nome Histórico de Leonardo Gabanon,
Loja o Ritual do Egito (Mizraim em hebraico), na qual alude o questionamento do Arquiteto
e que este Catecismo é considerado o Rito do Templo de Salomão se chamar Adonhiram
Adonhiramita Primitivo. e não Hiram Abiff. Esta dúvida, aliás, existe
Surpreso? Não devia. A influência da praticamente desde a publicação da
Doutrina das Antigas Tradições Egípcias em Constituição de Anderson em 1723, pois nesta
nossa sublime Ordem, e particularmente no época não existia a Lenda do Terceiro Grau. O
Rito Adonhiramita, são óbvias demais. Ainda primeiro ensaio sobre este mito aparece em
duvida? Observe o Delta Sagrado, o “Olho que 1726 como uma Lenda Noaquita (veja aí os
Tudo Vê”, a Abóbada de nossos Templos, o Cavaleiros Noaquitas, nossa antiga
Pavimento Mosaico, as duas Colunas denominação) relacionada à procura do corpo
Solsticiais e por aí afora. Os Amados Irmãos do Patriarca Bíblico Noé efetuada pelos seus 3
que como eu também são Fratres Rosacruzes filhos: Sem, Cam e Jafet. Albert Pike, um dos
certa e claramente percebem estas influências mais renomados autores Maçônicos em sua
simplesmente observando a liturgia de nossas obra “Moral e Dogma” argumenta que o
Sessões. verbete Abiff é um título (assim como Adon
Com certeza alguns Amados Irmãos que significa “senhor”), uma corruptela da
estão pensando: “mas nossas bases expressão Abi, ou Aba, que quer dizer “pai”
doutrinárias são o Templo de Salomão, e por (era assim que Jesus se referia a Deus). Há
conseguinte a Tradição Hebraica”. Estão quem julgue o Rito Adonhiramita como

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irregular em virtude de ter efetuado alterações Tschoudy, ou “Cavaleiro de Lussy”, o
na Lenda do 3° Grau, um dos Landmarks, mas verdadeiro autor dos textos originais que
se a posição de Pike não for suficiente para seu nortearam a publicação da coletânea como
convencimento do contrário sugiro a consulta veremos adiante.
ao List of Lodges, publicado anualmente pela A tese defendida por autores que
Grande Loja da Inglaterra. Mas julgo ser mais apoiam a hipótese da autoria da Compilação
adequado aprofundar esta questão no Grau de Preciosa pertencer a Gillemain de Saint Victor
Mestre Maçom. é bastante simplista, e sustenta sua
Resta comprovado, portanto, que o argumentação nos fatos da coleção ter sido
Rito Adonhiramita era praticado antes de 1781, publicada após a morte de Tschoudy, e dos
data da publicação da 1ª edição da Recueil comentários da edição abordarem fatos
Précieux de La Maçonnerie Adonhiramite posteriores a ela, o que é por demais óbvio,
(Compilação Preciosa da Maçonaria apesar de não comprovar absolutamente nada.
Adonhiramita), o que não podia gerar Admitir este fato como prova é a mesma coisa
conclusão diferente, pois só pode ser que considerar que caso venhamos a publicar o
compilado, ou resumido, aquilo que já é trabalho de algum Amado Irmão já falecido a
existente. obra passará a ser de nossa autoria.
O que podemos afirmar com certeza é Na versão em circulação no meio
que o Rito Adonhiramita como o conhecemos Maçônico mais conhecida há também uma
atualmente, pelo menos no que diz respeito aos menção de que não costumamos dar crédito a
Graus Simbólicos, surgiu na França, aliás, pesquisadores brasileiros, o que é outra
como a maioria dos demais, incluindo o Rito inverdade e uma enorme injustiça com nossos
Escocês Antigo e Aceito. Isto não é de se autores Maçônicos. Mas há que se considerar
surpreender, pois apesar da Maçonaria que levantar tamanha suspeita 200 anos após
Especulativa ter se originado formalmente nas os fatos é no mínimo estranho. Mesmo sendo o
ilhas britânicas, a Maçonaria local se espírito de contestação e investigação
enveredou pela disputa política entre os desejável e saudável em todo místico e
Hanover e os Stuarts pela coroa, Maçom, questionar os fatos pelo simples fato
negligenciando seus aspectos filosóficos, e a de duvidar ou levantar polêmica não nos leva a
França da época oferecia um território neutro e nenhum progresso, isto não é bom, nem útil,
mais favorável à discussão filosófica. As nem glorioso. Neste sentido, e mesmo que a
próprias Doutrinas, tanto do Rito dúvida tenha se instaurado a partir da leitura de
Adonhiramita quanto do Rito Escocês Antigo trechos de obras de autores estrangeiros
e Aceito foram publicadas em solo norte- notáveis como Albert Mackey (1807-1881) na
americano, território mais neutro ainda. Encyclopaedia of Freemasonry (Enciclopédia
Este fato é fundamental para o da Franco-Maçonaria), célebre pelos seus
esclarecimento de outra dúvida ligada ao Rito Landmarks adotados oficialmente pelo Grande
Adonhiramita que diz respeito à autoria da Oriente do Brasil; e Allec Mellor (Maçom
Compilação Preciosa. Na verdade nem francês Iniciado em 1969) no Dictionnarie des
Theodore Henry, o Barão de Tschoudy, nem Franc-Maçons et de la Franc-Maçonnerie
Louis Gillemain de Saint Victor, nem Louis (Dicionário dos Francos-Maçons e da Franco-
Travenol foram seus criadores. Eles foram seus Maçonaria), esta pode ter se ocasionado de um
reformadores, sendo o primeiro, o Barão de simples erro de interpretação, senão vejamos:

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A afirmação do Amado Irmão Mellor é Ademais não haveria nenhuma razão
a seguinte: “Em seu livro "Orthodoxie para que os Maçons contemporâneos de Saint
Maçonnique" (Ortodoxia Maçônica), Jean Victor permitissem tamanha injustiça com uma
Marie Ragon, atribuiu ao Barão de Tschoudy obra sua cuja autoria fosse atribuída a outro. E
a criação da Franco-Maçonaria além disso que outra razão teria levado os
Adonhiramita. É um erro total”. Enquanto primeiros Grandes Patriarcas de nosso Rito a
Mackey afirma: “A criação do Rito conceber tal situação, teimosia? Não me parece
Adonhiramita foi atribuída erroneamente por provável, pois sinceramente a paternidade da
Ragon ao Barão de Tschoudy, criador da Compilação Preciosa em nada obscurece a
Ordem da Estrela Flamejante”, e completa Doutrina ali contida. Por isso tudo prefiro
mais adiante: “Thory e Ragon erraram ambos confiar nos anais de nossa Oficina Chefe.
ao darem-lhe um 13º, a saber: o Noaquita ou Para entendermos de forma correta a
o Cavaleiro Prussiano. Praticaram esse erro, História e os verdadeiros fatos temos que
porque Saint-Victor inserira este Grau no fim recuar no tempo até 1717, quando na reunião
do seu segundo volume, mas somente como das Lojas “O Ganso e a Grelha” (The Goose
uma curiosidade Maçônica, que tinha sido and the Gridion), da Igreja de São Paulo; a “A
traduzida do alemão, como ele disse, pelo Coroa” (The Crown), de Parker Lane, próximo
Senhor de Berage”. Ambos estão certos, como a Drury Lane; a “A Macieira” (Apple Tree), de
vimos anteriormente. Tschoudy de fato não foi Charles Street, em Couvent Garden, e a “O
o criador do Rito Adonhiramita porque ele já Copazio e as Uvas” (The Rummer and the
existia antes dele nascer inclusive; e o segundo Grapes), de Channel Row, Westminster, o
erro, relativo ao 13° Grau, realmente foi Grão-Mestre George Payne criou uma
cometido por Guillemain de Saint Victor. comissão presidida pelo Reverendo James
Notem bem que nenhum dos dois autores Anderson encarregada de juntar todas as Old
questiona a autoria da Compilação Preciosa, Charges, que resultou na publicação em 1723
portanto, esta tese é apenas de Maçons da Constituição Maçônica mais conhecida
brasileiros. Estes Maçons, no entanto, como “Constituição de Anderson”.
deixaram de se perguntar a razão de Jean Marie É necessário atentar que a comissão foi
Ragon e Claude Thory terem atribuído, ainda instituída para organizar as “Antigas
que erroneamente, a criação do Rito Ordenações”, ou seja, tratava-se de práticas já
Adonhiramita ao Barão de Tschoudy já que ele existentes. Apesar de ser confundido por
não é sequer citado na Compilação Preciosa. É alguns como o criador da Maçonaria
bem provável que eles soubessem que ele era Especulativa, o pastor James Anderson foi na
seu verdadeiro autor. verdade seu editor, ou quem as publicou, da
Quanto à inexistência de provas mesma maneira que fez o ritualista Louis
documentais sobre a autoria da Compilação Gilllemain de Saint Victor com a Compilação
Preciosa o próprio autor do texto contestador Preciosa décadas mais tarde.
nos fornece a pista quando cita que a principal A intenção da comissão presidida por
obra publicada de Tschoudy foi a L' Étoile Anderson, portanto, era adequar os Rituais
Flamboyant (A Estrela Flamígera), de 1766. praticados pela Maçonaria Operativa aos
Quem não reconhece os traços da Doutrina novos fins pretendidos. E esta nova finalidade,
Adonhiramita nesta obra é porque não a leu, ou e até certo ponto revolucionária, era que
desconhece o Rito Adonhiramita. daquela data em diante a Ordem não seria mais

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Operativa, e abrigaria qualquer membro que sua Doutrina. É claro que existem outros Ritos
fosse submetido a uma cerimônia de Iniciação. que dão maior ênfase ao Plano Material e ao
Ocorre que as alterações propostas pela progresso moral e prático do ser humano. Esta
comissão não foram aceitas por algumas Lojas diversidade corrobora uma vez mais a Beleza
autônomas que em 1733 fundaram a Grande de nossa Doutrina que abriga correntes
Loja do Regime Escocês Aceito, e diferentes de pensamento num contexto
denominaram a Potência fundada em 1717 de fraternal. Somos todos Amados Irmãos.
Grande Loja dos Modernos. Mais adiante, com as publicações de
Anos mais tarde, em 1758, outra Saint Victor, e de uma tradução do Rito dos
comissão foi formada, desta feita com a Cavaleiros Noaquitas feita do alemão, o Rito
intenção de unir as duas Potências e normalizar Adonhiramita passa a ter 13 Graus,
a ritualística, surgindo a Grande Loja Unida da configuração que prevaleceu até 1973, quando
Inglaterra. Porém, a conclusão desta tarefa só então absorveu os 33 Graus do Rito Escocês
se deu em 1813. Antigo e Aceito.
É fácil deduzir a partir destes fatos que Quanto ao Barão de Tschoudy, já que
Lojas trabalhando com ritualísticas diferentes não concordava com as correntes que
dessem origem a “escolas”, que reunindo, estabeleciam a denominação de Hiram Abiff
acrescentando ou substituindo etapas dos para o Arquiteto do Templo de Salomão,
Rituais se estabeleciam sob o nome do original vejam bem, a denominação e não a
que as influenciava. Assim temos o Rito ou personagem, fundou o Conselho do Imperador
Ordem de Heredom (Kilwinning) que surgiu do Oriente, presidido por um Maçom chamado
em 1758 com a criação do Conselho dos Pirlet que o encarregou de redigir os Rituais do
Imperadores do Oriente e do Ocidente, que na Capítulo. Tschoudy ordenou o Capítulo em 15
mesma intenção de normatizar a ritualística, Graus, criando o Rito do Cavaleiro de Santo
criou comissões, cujas conclusões originaram André, que era uma síntese filosófica dos
o Rito da Perfeição, ou Escocês, com 25 Graus demais, e considerado o seu Arcano. Tschoudy
(representando as 5 Energias Solares então solicita formalmente que seus textos
multiplicadas pelos 5 Pontos da Perfeição), e jamais sejam publicados, talvez por receio de
que mais tarde, em 1801, seria acrescido de repetir-se o ocorrido com Samuel Prichard e
outros 8 Graus, resultando no atual Rito sua Dissected Masonry (Maçonaria
Escocês Antigo e Aceito com 33 Graus; O Rito Dissecada). Após sua morte, em 28 de maio de
de Namur, com 33 Graus (simbolizando as 33 1769, o Capítulo deixa de observar seu pedido
vértebras da coluna dorsal a serem estimuladas e publica o Ritual do Cavaleiro de Santo
para a ascensão espiritual) que não foi adiante; André, juntamente com outros que redigira na
O Rito Francês ou Moderno com 7 Graus comissão, entre eles o Grau de Cavaleiro
(representando os 7 chakras principais), e o Kadosch, que só foi aceito na hierarquia
Rito Adonhiramita com 12 Graus (relacionado Maçônica depois de sua reformulação,
ao ciclo zodiacal). Observem que todos estes transformando-se no Grau 30 do Rito Escocês
Ritos referiam-se a princípios filosóficos e Antigo e Aceito, enquanto o Grau de Cavaleiro
metafísicos para seus respectivos escopos em de Santo André se consolidaria como Grau 29.
seu nascedouro, o que contraria a tese de que a Essa reforma se expandiu pela Europa
Maçonaria Especulativa em suas origens e através de Portugal a Maçonaria
abordava exclusivamente aspectos morais em Adonhiramita chegou ao Brasil de forma

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regular em 15 de novembro de 1815, com a Azuis incluindo o Rito Adonhiramita. Em
fundação da Loja Comércio e Artes, que 1863 houve uma dissidência no Grande
passou a reunir fortes lideranças políticas da Oriente do Brasil liderada por Joaquim
época, prestando obediência do Grande Saldanha Marinho, dando origem ao Grande
Oriente Lusitano. Em 30 de março de 1818, D. Oriente do Vale dos Beneditinos, que deu
João VI atendendo reivindicação dos Regentes grande importância ao Rito Adonhiramita,
do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, ocasião na qual chegou a registrar mais Lojas
decreta o fechamento de todas as Lojas que o Grande Oriente do Brasil. Em 1869 foi
Maçônicas nos territórios portugueses, em fundada a Loja Aliança, e em 1872 a Loja
virtude de indícios do seu envolvimento com a Redempção, formando assim um triângulo que
Revolução Pernambucana de 1817, e do Grão- possibilitou a fundação em 24 de abril de 1873
Mestre de Portugal, Gomes Freire, na do Grande Capítulo dos Cavaleiros Noachitas.
Revolução Portuguesa. Com o retorno da Em 1929, o então Grão-Mestre em
Família Real a Portugal em 1821, a Loja Exercício no Grande Oriente do Brasil, Mario
Comércio e Artes se reinstala no Rito Bhering, faz prevalecer a orientação do
Adonhiramita (conforme Balaústre de 2 de Congresso de Lausane em 1875, que sugeria a
julho de 1821), deliberando nesta data seu separação dos Graus Filosóficos dos Graus
desdobramento para fundação e Instalação das Simbólicos e funda a Grande Loja, levando a
Lojas Esperança de Nictheroy e União e Patente do Supremo Conselho de Montezuma
Tranquilidade, formando desta forma a base consigo, e deixando o Supremo Conselho do
para a fundação em 17 de junho de 1822 do Brasil na irregularidade. O curioso é que de
Grande Oriente Brasílico. Essas 3 Lojas já acordo com o próprio Congresso de Lausane as
reunidas como Potência resolveram incluir na Lojas Simbólicas criadas pela Grande Loja se
sua Constituição a prática do Rito Moderno de tornam irregulares, pois o conceito do
modo a facilitar seu reconhecimento pela Congresso é de não haver interferência entre os
Grande Loja da Inglaterra, desvinculando-se Graus Simbólicos e os Filosóficos. Outro
assim do Grande Oriente Lusitano, porém, detalhe interessante é que o Rito Escocês então
continuaram trabalhando no Rito praticado na Grande Loja era o Rito Escocês
Adonhiramita até 21 de outubro de 1821, Retificado, reformado pelo Barão de
quando por determinação do então Grão- Tschoudy, e que também usa gravatas brancas,
Mestre D. Pedro I foi fechada. com apenas duas relevantes diferenças
O Grande Oriente do Brasil é reaberto inseridas na época: o Grande Arquiteto do
em 23 de novembro de 1831, tendo José Templo é Hiram, e o lado esquerdo é o
Bonifácio como Grão-Mestre, e trabalhando primeiro a ser trabalhado.
no Rito Moderno. Em 1832 é fundado o Em 1951 o Grande Oriente do Brasil
Supremo Conselho do Rito Escocês de tornou-se Potência Simbólica, governando
Montezuma, e o Rito Adonhiramita sofre certo apenas os 3 primeiros Graus. A Oficina Chefe
abandono neste período, retomando seu do Rito Adonhitamita a partir de 1953 passou
crescimento em 1833 com a fundação da Loja a denominar-se Muito Poderoso e Sublime
Sabedoria e Beneficência, que abateu Colunas Capítulo dos Cavaleiros Noaquitas para o
em 1850. Em 1839 foi fundada a Loja Firmeza Brasil. Em 2 de junho de 1973, ano em que se
e União, mesmo ano em que o Grande Oriente comemorava o centenário da criação do
do Brasil instituiu o Grande Colégio dos Ritos Grande Capítulo Noaquita pelo Grande

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Oriente do Brasil, ocorreu uma reforma ser praticado na França, e passou a ser
administrativa que o transformou no Excelso trabalhado apenas no Brasil, faz o caminho
Conselho da Maçonaria Adonhiramita, inverso de retorno à Europa, instalando uma
adotando os 33 Graus praticados pelo Rito Oficina Chefe em Portugal. Atualmente no
Escocês Antigo e Aceito, tendo o Grande Brasil algumas Potências independentes e
Inspetor Aylton de Menezes, membro da Grandes Lojas também o praticam.
ARLS Scripta et Veritas (nosso Em 2013 a Maçonaria Adonhiramita
segundo Venerável Mestre no biênio 1968- sofre uma cisão. Atualmente, pelo menos até
1970), assumido o título utilizado até nossos esta data, existem duas instituições
dias de Grande Patriarca Regente, que reconhecidas pelo Grande Oriente do Brasil
corresponde ao seu primeiro mandatário. através de Tratado ministrando os Graus
Neste mesmo ano houve outra cisão no Filosóficos (4 a 33) de nosso Rito: o Excelso
Grande Oriente do Brasil, originando os Conselho da Maçonaria Adonhiramita,
Orientes Independentes. Houve também uma ECMA, com sede no Oriente do Rio de
intervenção da Polícia Militar no Palácio Janeiro, e o Excelso Conselho da Maçonaria
Maçônico da Rua do Lavradio, número 97, Adonhiramita para o Brasil, ECMAB, com
Oriente do Rio de Janeiro, onde funcionava a sede no Oriente de Belém, Pará.
sede do Grande Oriente do Brasil. Então o Posso não ter convencido os Amados
Excelso Conselho da Maçonaria Adonhiramita Irmãos com minha argumentação, o que aliás
ingressou com ação judicial arguindo sua nunca foi minha intenção, pois respeito e prezo
condição de Pater-Familia do Grande Oriente a diferença de opiniões, mas deixo registrado o
do Brasil, pleiteando e conquistando a entendimento de um Maçom praticante do Rito
condição de fiel depositário do imóvel, acerca de sua própria História.
reabrindo assim seu funcionamento sob a
tutela dos Amados Irmãos Adonhiramitas que Bibliografia
se revezavam no local em vigília de 24 horas
História do Rito Adonhiramita no Brasil,
pelo período de quase um ano até a decisão
Domingos Fernandes Dias, Ex Grande
final da ação. Patriarca Regente do Excelso Conselho da
No ano de 2010 o Rito Adonhiramita Maçonaria Adonhiramita.
que desde o final do século XVIII deixou de

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A “COLUNA” DE HARMONIA

O que é Harmonia? Simbologia, o tema é tratado da seguinte


É importante sabermos o que vem a ser maneira: “A Harmonia implica,
Harmonia para que então possamos falar sobre essencialmente, em uma determinada
a “Coluna” de Harmonia. correspondência de partes opostas, cujo
Encontramos no Novo Dicionário relacionamento dá surgimento a algo
Aurélio as seguintes notas: 1 - Disposição bem especificamente oculto, a totalidade
ordenada entre as partes de um todo; 2 - Paz harmonizada. Nota-se, desde então, que essa
entre as pessoas; 3 - Consonância ou sucessão totalidade, esse algo novo, é especificamente,
agradável de sons. o que subordina as partes opostas, a uma
Já no Grande Dicionário Maçônico de normal que é dada por ele. Deste modo, nota-
Rizzardo da Camino, vemos que Harmonia se, ainda, a presença dos opostos, que, para
significa: “O equilíbrio que no dualismo cooperarem na formação de algo
maçónico, se faz necessário como prática do especificamente novo é mister que em algo se
bom senso, a observância das atitudes e analoguem”.
comportamento harmónico. O ajustamento Harmonia é a concórdia que a Ordem
das notas musicais resulta na harmonia da exige de seus membros, recomendando-a
música. Na administração maçónica, muito particularmente nos trabalhos das Lojas.
encontra-se o Mestre de Harmonia, que tem o A harmonia é facilmente alcançada
encargo de programar a música que rege os devido ao alto nível de compreensão, de
sons, é um conduto harmonioso para a educação, de tolerância e espírito de renúncia
meditação e o ingresso para o interior de cada que são dotados e que também, na maioria das
ser humano”. vezes, aquiescem porque são conscientizados
Em Nicola Aslan, no seu Grande que devem enxergar as verdades por várias
Dicionário Enciclopédico de Maçonaria e janelas e, realmente, em inúmeras ocasiões, a

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verdade do nosso Irmão é mais exata que a energia.
nossa. Para os Lamas tibetanos a religião é som.
A Música no tempo do Império A energia sonora é encarada como possuidora
Romano de um poder espiritual além da compreensão
Depois de muitas guerras e a partir do humana.
Imperador Otávio ou Augusto, Roma passou a E bom dizer, também, que nos tempos
viver uma fase de prosperidade e riquezas. bíblicos, o Rei David tocava harpa. Os egípcios
Nesse clima propício, floresceram as Artes. Na tinham liras, alaúdes e chocalhos de metal,
Judéia nascia o Redentor. seus soldados usavam trombetas e tamborins.
Sob o império de Augusto e dos seus Na África ainda se usa o tambor para enviar
sucessores, desenvolveu-se o interesse pela mensagens, E na França, Inglaterra e
música, tanto entre os músicos profissionais Alemanha, os menestréis viajores contavam
como entre os amadores, com destaque para a suas histórias em trovas. Hodiernamente,
música vocal e para os tocadores de órgão, respeitadas as diversas crenças, encontramos
flauta e cítara. O próprio Nero, aficionado da sons como fator atuante em diversos caminhos
música, estimulou a criação de conjuntos da espiritualidade.
filarmônicos. Na igreja católica, vários são os hinos em
A alta sociedade romana cultivou a arte louvor a santos, os cantos gregorianos e o Te-
musical com obstinação e seus membros Deum. Nas igrejas evangélicas, também estão
costumavam cantar louvores apoteóticos aos presentes os cânticos. Nas sessões espíritas
césares, nas horas jubilosas, ou para lamentar têm-se os pontos dos santos. No candomblé a
suas perdas, nos dias de funeral. batida dos atabaques. Nas Fraternidades
Um outro tipo de música nasceu naquela Brancas os sons vocálicos, os mantras, etc.
Roma imperial e pagã: a que os cristãos O efeito da música no homem.
perseguidos iam cantar e executar nas A música, que é um modelo físico de
catacumbas, chorando seus mártires e energia manifesto no mundo exterior,
louvando o Redentor. demonstra certos padrões espirituais de
Um pouco de História energia, normalmente só acessíveis por
Segundo as mais antigas Escolas percepções internas altamente desenvolvidas.
Esotéricas ou Colégios Iniciáticos, o Universo A música, como uma mensagem sonora,
teria sido formado a partir da Vibração do Som deve penetrar nos sentidos do ouvinte
da Voz da Inteligência Criadora. As antigas causando-lhe sensações as mais variadas:
Tradições do Leste, do Oriente Médio e do alegria, tristeza, exaltação, depressão agrado,
Oeste concordam extraordinariamente nesse euforia, desagrado, etc.
ponto. Vejamos os exemplos: “- No princípio Se um compositor, pela força de sua
era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, o música, consegue atuar sobre o ouvinte com as
Verbo era Deus”. (Evangelho segundo São sensações correndo em sua mente, então
João); “E disse Elohim: haja Luz, e houve alcança o seu objetivo.
Luz”. (Sepher Bereschit) Nunca sabemos quantas janelas temos no
Observamos que quando o Elohim disse espírito, na alma, enquanto não começamos a
"Faça-se a Luz", não foi a Luz a primeira abri-las. Os maiores prazeres deste mundo
manifestação da Criação. Por isso, dão os nunca irão ao encontro do coração passivo.
antigos tanta importância ao som em si, Cada um de nós responde de maneira
preocupando-se extremamente em construir e diferente a uma certa obra artística. Essa
desenvolver da melhor maneira as suas resposta depende de milhares de fatores
melodias. condicionados à enorme quantidade de
Na China, se dava, segundo fontes e individualidade que possuímos dentro de nós.
pesquisas, muito maior destaque à participação É bem possível que os antigos tivessem razão
durante uma execução musical do que à quando acreditavam que os padrões da música
audição passiva, pois o som é poder e a música, afetam os padrões da vida.

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A música torna a vida melhor através de orquestral usada na consagração do primeiro
um poder a ela inerente, com a condição Freemason’s Hall em 1776 está ainda
importante de que controlemos a música e não preservada na Livraria da Grande Loja.
permitamos que eventuais controladores nos Independentemente do Rito e do Grau da
controlem. Sessão ritualística, mais do que o estudo, o
A música na Maçonaria. emprego da música na Maçonaria parece-nos
A música Maçónica é a composta com de grande importância, porque a sua função
destinação exclusiva para o cerimonial ou principal está voltada e ligada à liturgia e ao
ritualística Maçônica, geralmente composta Ritual.
por músico Maçom. É natural que o ouvinte A “Coluna” de Harmonia.
Maçom possa captar na letra e na música, A Maçonaria, desde o período mais
explícitos ou velados, elementos da simbologia primitivo de sua história, beneficiou-se com o
Maçónica. auxílio da música no desempenho de seus ritos
O canto sagrado, emitido corretamente, e cerimónias.
unindo ritmo, acento, entonação e atitude O principal objetivo da música, quer no
mental corretos, vem a tomar-se um valioso preparo do ambiente, tornando-o solene,
auxiliar, tanto para as meditações como para os inspirador e belo, quer como complemento dos
Rituais Maçónicos. trabalhos, é o de contribuir para a elevação dos
Pode-se afirmar, pois, que o som sagrado nossos sentimentos de amor e bondade.
é o arco, o ser é a flecha e o GADU é A música faz parte dos trabalhos
o alvo. Mirando-se atentamente, deve-se maçónicas e o bom rendimento das Cerimónias
penetra-Lo, tomar-se uno com Ele como a e Sessões Ritualísticas é função, em razão
flecha cravada no alvo. Ouvir o Som Sagrado direta, do bom funcionamento da “Coluna” de
por uma audição interior direta é pôr se a Harmonia.
caminho da auto realização unitiva do homem Nas Lojas Maçónicas da Europa do
exterior com o Ser Divino interior. século XVII as “Colunas” de Harmonia eram
O uso da música e do canto nos Rituais constituídas por conjuntos de sopro formados
Maçônicos tem como objetivo unificar o ser basicamente por clarinetas, trompas, fagotes e
exterior com o ser interior. Produz-se, com esta como de base quase sempre possuíam cravos
prática, um tipo de meditação sonora. Segundo ou pianos e contavam com a participação de
os mais antigos Colégios Iniciáticos, o cantores amadores ou profissionais. Tão
Universo teria sido criado a partir da vibração grande era o interesse dispensado às “Colunas”
do som, sendo a Harmonia o elemento de Harmonia, que muitas Lojas organizavam e
equilibrante. editavam hinários e cancioneiros Maçónicos
A Música Maçónica teve origem na para execução durante as Sessões.
Maçonaria Operativa. Depois, já na Maçonaria “Coluna” de Harmonia é o conjunto de
Especulativa, o gosto pela música nas Lojas cantores, músicos, instrumentos musicais,
Maçónicas se desenvolveu ainda mais e tomou equipamentos eletrônicos, acessórios, e o
foros de grande participação. conjunto de partituras, discos e fitas,
Talvez, devido a parte litúrgica que é destinados, no todo ou em parte, sob a direção
executada em nossas Reuniões, os músicos que e coordenação do Mestre de Harmonia, à
ingressaram na Ordem como Mozart, Liszt, musicalização das Sessões Ritualísticas e
Beethoven, Haydn, Sibelius, e outros, não outras Cerimónias realizadas por uma Loja
resistiram e compuseram obras maravilhosas. Maçónica.
O primeiro Livro da Constituição da Deve-se ressaltar a importância da
primeira Grande Loja, compilado pelo Dr. função do Mestre de Harmonia, que, atentado
James Anderson e publicado em 1723, incluía o fato de que, se deve haver compatibilidade e
quatro cantos. As edições posteriores adequação entre o sentido do evento de uma
continham também seção de canções similares. Sessão e a música que o acompanha, não é
A pauta musical manuscrita da música difícil entendermos que nem toda música pode

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entrar nos Templos Maçónicas, daí a necessário;
importância do desempenho do Mestre de e) Selecionar a sonoplastia e trechos
Harmonia, cuja escolha, nunca improvisada, musicais para os trabalhos ritualísticos;
deve recair num Irmão interessado, criterioso e f) Organizar e gravar a sequência
com suficiente bom senso para manter a musical adequada;
compatibilidade e adequação evento x música. g) Sugerir ao Venerável um treinamento
A função do Mestre de Harmonia, vale prévio, particularmente antes das Sessões mais
lembrar, embora de grande importância, não é complexas.
privilégio de nenhum doutor em música.
É importante falar que, verificadas as Sebastião Caetano da Silva Junior
dimensões e condições acústicas do Templo, é
necessário embasar a “Coluna” de Harmonia Bibliografia
com um toca-discos, um tape-deck com Barros de Araújo, Zaly - Coluna de Harmonia
indicador numérico para controlar a marcação - Editora Maçónica "A Trolha";
dos trechos gravados, amplificador, caixas Tavares Barbosa, Antonio Carlos - Uma Noite
acústicas de forma que o som seja bem audível. de Música Maçónica - Revista “A Trolha” –
Finalmente, mostramos quais as Dezembro de 1994;
competências específicas do Mestre de Alces da Salva, Jogo - Música e Maçonaria -
Harmonia: Revista “A Trolha” – Setembro de 1992;
a) Dirigir a execução da “Coluna” da Stewart, R.J. - Música e Psique – Editora
Harmonia; Cultrix.
b) Assessorar o Venerável Mestre;
c) Manter em perfeito estado de NE: Palestra proferida na ARLS Duque de
conservação, organização e funcionamento os Caxias pelo autor em 26.10.1995 EV
equipamentos da “Coluna”;
d) Propor a aquisição do material

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OS GRANDES FILÓSOFOS – TALES DE MILETO
(Mileto, 624 a.C. – 546 a.C.)

Os gregos posteriores à época de Tales A Escola de Mileto, a qual fundou e


o consideraram como o fundador da Ciência, cujos componentes eram naturais da cidade
da Matemática e da Filosofia gregas, deste nome, grande centro comercial situado
atribuindo-lhe a paternidade da maior parte do no litoral da Ásia Menor, possuía uma filosofia
saber. materialista, científica e monística. O
Acredita-se que tenha sido educado problema que mais atraiu a atenção dos
com os padrões da Ciência Oriental, pois filósofos desta Escola foi o da natureza física
visitou o Egito e a Babilônia. Talvez o que do Universo. Eles acreditavam que todas as
parecesse aos gregos uma gama de realizações coisas podem ser reduzidas a certo elemento
nada mais fosse que o fruto da erudição dos primário ou matéria original, fonte de tudo e ao
povos mais antigos. qual tudo voltaria no fim. Para Tales, essa
Seu mais célebre feito, de acordo com matéria original era a Água, conclusão a que
o relato de Heródoto, foi a predição de um chegou ao perceber que todas as coisas contêm
eclipse do Sol, que se concretizou para quando umidade, enquanto que, para outros membros
estava previsto. O fenômeno impediu a luta era o Fogo, o Ar, e o Infinito.
que estava para acontecer entre os medos e os Embora parecendo ingênua, as
lídios, e os fez entender os benefícios da paz. conclusões da filosofia milésia tinham real
Esta frustrada batalha transformou-se no importância, porque derrubou as crenças
primeiro acontecimento histórico capaz de ser mitológicas dos gregos sobre a origem do
dado com absoluta precisão, pois, mundo, justificando-as por uma explicação
investigações astronômicas modernas puramente racional, revivendo e ampliando as
comprovaram que o único eclipse registrado na ideias egípcias sobre a eternidade do Universo
Ásia Menor à época de Tales deu-se em 28 de e a indestrutibilidade da matéria.
maio de 585 a.C., data que ele previu.

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SIMBOLISMO E SILÊNCIO

O silêncio é exigido aos Iniciados em que se plasmam as grandes coisas para


desde a mais alta antiguidade, e tão grande era saírem com o tempo à luz meridiana da vida
o valor que os antigos davam a esta virtude, completamente amoldadas e majestosas”.
que a divinizaram sob a forma de uma criança Por isso não é de estranhar que tanto no
com os dedos sobre os lábios, como se ela Ocultismo como em Maçonaria, o Símbolo
recomendasse não falar. seja sempre acompanhado de silêncio. E de
O segredo e o silêncio existiram fato, pelo silêncio, a alma isola-se do mundo
sempre, inseparáveis, nos Antigos Mistérios, sensorial, tranquiliza-se, e, arrefecidas as
como em todos os sistemas de culto. Achava paixões ela pode contemplar-se a si mesma.
Aristóteles que as coisas mais difíceis de serem Por meio do silêncio, o Iniciado
realizadas eram: primeiro, guardar um consegue exercer domínio sobre as palavras.
segredo; e segundo, manter o silêncio. Por isto Pode então dedicar-se à meditação e à reflexão
o silêncio foi exaltado em todas as Escolas silenciosas, ele encontrará, sem dúvida, o
Iniciáticas como eterno dever do homem. sentido oculto dos Símbolos.
Pitágoras, por exemplo, submetia os Pelo domínio de si mesmo e pela
seus discípulos a uma prova de silêncio que reforma de seu caráter, o Iniciado procura
durava anos. Sabe-se que os Iniciados de regenerar a sua própria personalidade. Adquire
Elêusis, ao saírem do antro onde se encontrava então uma firmeza serena que lhe facilita o
o leito de Perséfone, colocavam um dedo sobre discernimento da Verdade, objetivo final do
os lábios para significar que a experiência por Iniciado.
que tinham passado era inefável. Assim, do
ponto de vista Iniciático, considera-se o Bibliografia
silêncio como uma virtude essencial, pois, ASLAN, Nicolas – Estudos Maçônicos sobre o
como dizia Carlyle, “o silêncio é o elemento Simbolismo.

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O QUE É TOLERÂNCIA, AFINAL?

É muito comum algum Irmão pedir a os quais devemos “cavar masmorras”) e que a
palavra e dizer: “- A tolerância é uma das tolerância é uma virtude (para a qual devemos
maiores virtudes maçônicas!” Mas, o que “levantar templos”), podemos concluir que a
significa ser tolerante? Vamos examinar as virtude deve combater os vícios, e não reforçá-
seguintes situações e refletir se devemos ou los. Vícios como a arrogância, o desrespeito ao
não ser tolerantes com as mesmas: Irmãos que próximo, o egoísmo, a ignorância e o orgulho
ignoram o bom senso e usam da palavra por devem ser sim combatidos, jamais tolerados.
um tempo muito maior do que o necessário; O que devemos tolerar são as
Irmãos que se expressam de maneira truculenta diferenças. Diferenças de opiniões, diferenças
e agressiva, muitas vezes batendo malhetes ou de pontos de vista, diferenças políticas e
esmurrando altares; Irmãos que, inebriados religiosas. Isso sim é tolerância: aceitar as
pela vaidade, querem ser tratados com diferenças naturais que existem entre os seres
privilégios e regalias dentro do Templo; humanos de bem, desde que tais diferenças não
Irmãos que insistem em afrontar os configurem erro ou vícios. Aceitar o próximo
procedimentos ritualísticos; ou Irmãos que é, antes de mais nada, um ato de amor. Daí ser
profanam o Templo com assuntos levianos, a tolerância uma das mais belas virtudes. O que
corriqueiros e desnecessários. não podemos é confundir a tolerância com
Será que devemos realmente tolerar alguns defeitos de caráter. Tenhamos sempre
tais atitudes? em mente que aceitar erros não é tolerância, e
Será justo, ao rechaçarmos tais posturas sim conivência, ou, pior ainda, cumplicidade.
sermos condenados à fogueira como Aceitar erros é errar junto com quem errou.
intolerantes? Em minha opinião, aturar tais Além disso, aceitar erros ou vícios que podem
atitudes não significa ser tolerante. Partindo da e devem ser mudados não é tolerância e sim
premissa de que tais atitudes são vícios (para covardia.

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Portanto, sigamos em frente cultuando NE: Peça de Arquitetura publicada na revista
a virtude da tolerância e combatendo os vícios “O Malhete, n° 54”, outubro de 2013 EV
da conivência e da covardia. Devemos tolerar
as diferenças e não os erros. Lutemos para
corrigir nossos erros ao invés de acusarmos de
intolerantes aqueles que combatem nossos
vícios.

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HOMENAGEM AO DIA DAS MÃES

MATER

Algumas vezes me ocupei


De fazer um poema.
Um poema prenhe da
Ternura que há em mãe.
Aí fico,
Mãe é... Mãe é... mãe.
Desisto. Me calo.
E em silêncio ouço.
Porque mãe é a voz de Deus
Dizendo: Haja o mundo.

In “Manhã de Setembro – Poemas e Alguns Causos”

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CALENDÁRIO DE ATIVIDADES
2° TRIMESTRE 2016 EV

MÊS DIA GRAU CLASSIFICAÇÃO


1 1 Sessão Ordinária
8 1 Sessão Ordinária
ABRIL 15 1 Sessão Ordinária
22 NÃO HAVERÁ SESSÃO
29 1 Sessão de Finanças
6 2 Sessão Magna de Elevação
13 2 Sessão Ordinária
MAIO
20 2 Sessão Ordinária
27 NÃO HAVERÁ SESSÃO
3 2 Sessão Ordinária
10 2 Sessão Ordinária
JUNHO
17 2 Sessão Ordinária
24 3 Sessão Ordinária

Observações:

a) O Calendário poderá sofrer alterações em conformidade com a necessidade dos Trabalhos

4 Grau de Aprendiz Maçom


6 Grau de Companheiro Maçom
1 Grau de Mestre Maçom
2 Trabalhos Suspensos

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Augusta e Respeitável Loja Simbólica
SCRIPTA ET VERITAS N° 1.641
 BENFEITORA DA ORDEM 
FUNDADA EM 10.09.1965
FEDERADA AO GRANDE ORIENTE DO BRASIL
JURISDICIONADA AO GRANDE ORIENTE DO BRASIL NO RIO DE JANEIRO

RITO Adonhiramita
ENDEREÇO Palácio Maçônico da Rua do Lavradio, n° 97, Templo 6, Centro
ORIENTE Rio de Janeiro
ESTADO Rio de Janeiro
SESSÕES Todas as sextas-feiras, às 19:30h
INTERNET www.scriptaetveritas.com.br

COMPOSIÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO
BIÊNIO 2015 – 2017 EV

LUÍS CLÁUDIO PEREIRA DERBLY


Venerável Mestre
FLAMARION GOMES TAVARES FERNANDO SANTOS PEDROZA DE ANDRADE
1° Vigilante 2° Vigilante
SERGIO ANTONIO MACHADO EMILIÃO ARLINDO JORGE DE CAMPOS
Orador Secretário
ISAAC DOMINGOS DA SILVA MARINEU DOS REIS SANTA ISABEL
Tesoureiro Chanceler
WINSTON DE MATTOS RICARDO GONÇALVES DE AZEVEDO
Deputado Estadual Deputado Federal

COMPOSIÇÃO DOS DEMAIS CARGOS

HENRIQUE DA SILVA PEREIRA


Cobridor Interno
CARLOS ALBERTO BORGES DA SILVA PAULO EDUARDO MIRANDA CUNHA
Mestre de Cerimônias Hospitaleiro
EDISON GUIMARÃES FRANÇA SWAMI CAETANO DA SILVA
Arquiteto 2° Experto
ALBERTO JOSÉ PINHEIRO GRAÇA LEONARDO HERMÍNIO EPEL
Mestre de Harmonia Porta Estandarte
EMIR CARVALHO DE SOUZA
Porta Bandeira
LEONARDO HERMÍNIO EPEL
Garante de Amizade – Manitoba - Canadá

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JUNTE-SE A NÓS!

Você Amado Irmão, praticante de qualquer Rito Maçônico e não apenas o Adonhiramita,
membro regular de outras Lojas, e que tem prestigiado nossa publicação, não se sente impelido a
participar de nossa empreitada?
Nossa revista, como o Amado Irmão bem sabe, não possui qualquer finalidade lucrativa ou
comercial, e não tem outro objetivo que não seja o de fomentar o debate e a pesquisa sobre a Doutrina
de nossa sublime Ordem, exercendo desta forma, e ao mesmo tempo, a máxima do Livre Pensamento,
permitindo aos Amados Irmãos tornarem públicas suas ideias sobre a simbologia e a História de nossa
Ordem, além de estimular a prática do nobre ideal de todos os Maçons de “aprender para saber, e
saber para ensinar”.
Se este também é seu sentimento, e o Amado Irmão possui alguma Peça de Arquitetura que
gostaria de compartilhar com outros Maçons, junte-se a nós!
Neste sentido, a ARLS SCRIPTA ET VERITAS, n° 1.641, Benfeitora da Ordem, não
apenas abre as portas de nosso sagrado Templo para honradamente receber o Amado Irmão em nossas
Sessões nos auxiliando em nossos Trabalhos, mas também franqueia as páginas da revista digital UM
QUARTO DE HORA, para publicação de sua opinião sobre qualquer tema de interesse Maçônico
relacionado ao Grau de Aprendiz Maçom.
Para que seu texto seja publicado em nossa revista basta enviá-lo em meio digital para o
endereço eletrônico “quartodehora@scriptaetveritas.com.br”, acompanhado de uma fotografia sua
nos formatos JPEG ou PNG, e um pequeno currículo maçônico nos moldes do exemplo abaixo:

NOME CIVIL (PROFANO)


Nome Histórico (se for o caso)
Grau Maçônico
Loja a que Pertence e Oriente
Rito que pratica
Data da Iniciação
Comendas e condecorações

Não hesite! Sozinhos nada podemos, mas juntos de tudo somos capazes! Esperamos por você
em nosso próximo número!

Fraternalmente,
Sergio Emilião
Editor

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CRÉDITOS

A presente publicação foi produzida com o software Microsoft Office Professional Plus 2013©,
utilizando as fontes Calibri e Times New Roman, corpos 12 e 16, em espaçamento simples;
As imagens utilizadas foram retiradas da internet, sendo portanto de domínio público; e dos CD
ROMs da série “Clipart Maçônica” comercializados pela empresa Arte da Leitura, e editadas com a
utilização do software gráfico vetorial CorelDRAW X7©;
As fotografias dos AAm IIrm foram colhidas no acervo fotográfico da Loja, ou disponibilizadas
pelos próprios Amados Irmãos;
O conteúdo desta publicação é Iniciático e não pode ser divulgado no meio profano;
Comentários, críticas, sugestões e contribuições de textos podem ser encaminhados para o e-mail:
quartodehora@scriptaet.com.br.

UM QUARTO DE HORA é uma publicação periódica e sem fins lucrativos, editada pela
Augusta e Respeitável Loja Simbólica SCRIPTA ET VERITAS, N° 1641, Benfeitora da Ordem,
Rito Adonhiramita, fundada em 10 de setembro de 1965, federada ao Grande Oriente do Brasil
– GOB, e jurisdicionada ao Grande Oriente do Brasil no Rio de Janeiro – GOB-RJ. A Loja
funciona todas as sextas-feiras, às 19:30 horas, no Templo n° 6 do Palácio Maçônico da Rua do
Lavradio, n° 97, Centro, Rio de Janeiro, RJ.

Edições anteriores podem ser solicitadas através do e-mail:quartodehora@scriptaetveritas.com.br,


ou baixadas diretamente do site www.scriptaetveritas.com.br.

Capa “Mestre Adonhiramita” – Sergio Emilião


Arte, compilação, revisão e diagramação – Sergio Antonio Machado Emilião

Rio de Janeiro, maio de 2016 EV

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