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Lesão de aumento de volume

Patologia: Herpes simples

Tipo de lesão fundamental: vesículas

Etiologia:
herpes simples pode ser causada por dois tipos de vírus, o HSV-1 e o HSV-2,
os quais são semelhantes na estrutura e mecanismo de doença, porém diferem
antigenicamente pela localização anatômica de predileção e epidemiologia.
O HSV-1 se dissemina predominantemente por meio da saliva ou de lesões
periorais ativas, adaptando-se melhor às regiões facial, oral e ocular. Os locais
envolvidos com mais frequência são a faringe, a mucosa oral, os lábios, os
olhos e a pele acima da cintura. A infecção genital pelo HSV-1 é incomum,
embora estudos recentes tenham mostrado um aumento na proporção de
herpes genital causado pelo HSV-1 em países desenvolvidos.
O HSV-2 se adapta melhor às regiões genitais, sendo transmitido,
predominantemente, por meio do contato sexual e envolve a genitália e a pele
abaixo da cintura. Lesões orais e faríngeas causadas pelo HSV-2 também são
possíveis, mas improváveis.
A história natural da infecção pelo HSV inclui a infecção primária, latência e
infecção recorrente. A infecção primária está relacionada à exposição inicial de
um indivíduo sem anticorpos contra o vírus.
A infecção pelo HSV-1 secundária, recorrente ou recrudescente, ocorre com
a reativação do vírus.
A infecção pelo HSV-2 representa uma das doenças sexualmente
transmitidas mais comuns em todo o mundo.

Características clínicas:
De início, na mucosa afetada aparecem diversas vesículas puntiformes, que
rapidamente se rompem e formam várias pequenas lesões, avermelhadas.
Essas lesões iniciais aumentam de tamanho e desenvolvem áreas centrais de
ulceração, recobertas por uma fibrina amarela. As ulcerações adjacentes
podem coalescer e formar lesões maiores rasas e irregulares.
Tanto a mucosa oral móvel quanto a aderida podem ser afetadas, e o número
de lesões é altamente variável. Em todos os casos, a gengiva se encontra
aumentada, dolorosa e eritematosa.
Não é incomum o envolvimento de a mucosa labial ultrapassar a linha úmida
e incluir a borda adjacente da vermelhidão dos lábios. Vesículas satélites na
pele perioral são comuns. A autoinoculação para os dedos, olhos e áreas
genitais pode ocorrer. Os casos brandos geralmente se resolvem dentro de
cinco a sete dias; os casos graves podem persistir por duas semanas.
Queratoconjuntivite, esofagite, pneumonia, meningite e encefalite representam
complicações raras.

Características histopatóligicas:
As células epiteliais infectadas exibem acantólise, núcleo claro e aumentado,
alterações denominadas degeneração balonizante. Ocorre fragmentação
nuclear com condensação da cromatina ao redor da periferia do núcleo.
Quando ocorre fusão entre as células epiteliais infectadas, aparecem células
epiteliais multinucleadas.

Diagnóstico:
A biopsia e a citopatologia são os procedimentos diagnósticos mais
utilizados, sendo o último menos invasivo e com melhor custo-benefício. O
exame microscópico revela alterações características nas células epiteliais
infectadas. Somente o VZV produz alterações semelhantes, mas estas duas
infecções geralmente podem ser diferenciadas pelas características clínicas.
Caso haja necessidade, a imunofluorescência direta, imuno-histoquímica,
hibridização in situ ou PCR podem ser realizados para o diagnóstico definitivo
da infecção pelo HSV e sua tipificação.
Os testes sorológicos são úteis na documentação de exposição recente ou
passada de infecção pelo HSV, sendo utilizada principalmente em estudos
epidemiológicos.

Tratamento e prognóstico:
No passado, o tratamento da gengivoestomatite herpética primária era
sintomático. Entretanto, quando os antivirais são administrados na fase
prodrômica da doença, podem ser benéficos. O aciclovir sistêmico e os dois
medicamentos mais novos, valaciclovir e fanciclovir, apresentam eficácia
semelhante contra o HSV.
A terapia supressiva a longo prazo da recidiva com medicação antiviral é
reservada para os pacientes com mais de seis recidivas por ano, os que sofrem
de eritema multiforme desencadeado pelo HSV e os imunocomprometidos.
A dor associada ao herpes secundário intraoral é de pouca intensidade, e
muitos pacientes não necessitam de tratamento.
Hospedeiros imunocomprometidos com infecção pelo HSV frequentemente
necessitam de medicação antiviral intravenosa (IV). Além disso, indivíduos
gravemente imunocomprometidos, como pacientes submetidos a transplante
de medula óssea e aqueles com AIDS, muitas vezes necessitam de doses
orais profiláticas de aciclovir, valaciclovir ou fanciclovir.

Referências:
Patologia oral e maxilofacial, Neville – 2016.

Múltiplas vesículas preenchidas por líquido no vermelhão do lábio.


. Células
epiteliais alteradas exibindo degeneração balonizante, marginação da
cromatina e multinucleação.

Múltiplos locais atingidos pela infecção herpética recorrente, secundários à


disseminação do fluido viral sobre os lábios fendidos.
Ulcerações amareladas generalizadas nas mucosas.

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