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EXEMPLO DE CARTA DO LEITOR – Unioeste – 5,8

Gabriela Hyppolito dos Santos


Cascavel, 1 de agosto de 2021.
Prezado senhor editor,
Segundo o epicurismo — uma corrente filosófica helenística —, a comida era considerada um
prazer natural e necessário. Nesse sentido, parece-me que a relação hodierna das pessoas com os
alimentos tornou-se ainda mais complexa, envolvendo, por exemplo, a obesidade. Isso posto,
prezado editor, interessei-me pelo texto "Obesidade: um problema individual ou social?", de Marta
Jaramillo Cardona, publicado no site "latinoamérica21.com", visto que discute a responsabilização —
subjetiva ou coletiva — dessa condição, a qual, a meu ver, deve-se a ambos os agentes.
Inicialmente, a autora problematiza a valorização do famigerado "indivíduo autônomo e
autorregulado" e de certos discursos midiáticos similares, responsáveis por culpabilizar inteiramente
o sujeito pela obesidade — o qual, na minha visão, possui apenas parcela da culpa. Dessa forma, caro
editor, entendo que embora não seja possível dissociar as escolhas individuais de tal excesso de peso,
é fundamental ampliar e sensibilizar o olhar para essa questão. Afinal, para além dos fatores
genéticos, reconheço que a dieta e o sedentarismo atrelados à obesidade, por vezes, decorrem de
problemas de acessibilidade, uma vez que produtos industrializados são, em geral, mais baratos em
detrimento aos orgânicos — bem como a outros gastos para praticar exercícios físicos.
Ainda em relação ao texto, o termo "globesidade" é citado para conferir o caráter mundial —
e, por conseguinte, coletivo — de obesidade. Nessa ótica, vale acrescentar que o desenvolvimento
capitalista da sociedade de consumo, para mim, pode ser relacionado ao excesso de peso, já que
conforme o sociólogo de Frankfurt, Theodor Adorno, tudo pode ser convertido em mercadoria —
inclusive a comida. Como resultado, prezado senhor, a publicidade e o status de certas marcas e
alimentos influenciam os hábitos alimentares populacionais — positiva ou negativamente —
evidenciando, na minha opinião, tendências artificiais de comportamentos exteriormente
produzidos.
Como última análise, considero imperativo compreender a obesidade como resultado
conjunto de fatores internos e externos ao indivíduo. Portanto, senhor editor, concordo com
Cardona ao atribuir importância à "institucionalização da obesidade, como um problema de saúde
pública", de modo a aperfeiçoar o tratamento — médico e social — destinado às pessoas com
obesidade. Assim, os direitos à alimentação e à saúde — previstos pela Constituição Federal de 1988
— poderão ser melhor conciliados.
Atenciosamente, Maria

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