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INFORMAÇÕES DO EDITAL/FAG
A prova apresentará três sugestões de produção textual. Caberá ao vestibulando, após analisar todos os
aspectos solicitados, definir uma proposta e desenvolver um tema, mobilizando todos os recursos linguísticos
que lhe permitam evidenciar sua competência comunicativa. Espera-se que o candidato demonstre
capacidade para utilizar os diferentes recursos gramaticais no texto (morfológicos, sintáticos, semânticos e
textual/discursivo).
A redação é corrigida por dois professores. Cada um atribui uma nota de 0 a 10, fazendo-se a média aritmética
para determinar a nota final. Caso a diferença entre as notas dos dois primeiros corretores seja maior que 5
pontos, é realizada uma terceira correção, atribuindo-se uma nova nota que será somada às notas anteriores
e realizada uma nova média aritmética. As correções seguem os seguintes critérios:
I - Estrutura / Estilo: Título; Letra legível; Coerência, coesão e clareza.
II – Tema e Desenvolvimento: Fidelidade ao tema; Dissertação (introdução – desenvolvimento – conclusão).
III Correção Gramatical: Ortografia; Acentuação; Pontuação; Concordância verbal e nominal/Vocabulário
elaborado.
PONTOS: 10
DISSERTAÇÃO
- Título – conforme edital;
- Introdução (contexto/tema/tese);
- Desenvolvimento (vários argumentos);
- Usar sempre os conectivos;
- Conclusão (retomar tema/tese e apresentar breve proposta de intervenção).
EXEMPLOS DE DISSERTAÇÃO
Segundo uma pesquisa realizada em março de 2020, pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), a
estimativa do total do número de indivíduos em situação de rua no Brasil é de aproximadamente 221.869 pessoas.
Nesse sentido, a pandemia do novo Coronavírus contribuiu demasiadamente para o aumento desse índice e
intensificou o processo de exclusão social decorrente do miserável cenário dessa parcela da população, que não se
enquadra no contexto econômico. Dessa forma, essa realidade é um desafio a ser enfrentado não somente pelo
Estado, mas também pela população em geral.
No contexto relativo à situação dos moradores de rua no Brasil, pode-se mencionar o poema “O Bicho”, escrito
por Manuel Bandeira no final da década de 40. O poeta pernambucano registra a miséria humana nos grandes
centros urbanos – movida pelo sistema capitalista e pelo abuso de poder da classe dominante – e denuncia o abismo
presente na sociedade brasileira. Atualmente, é possível traçar um paralelo a essa realidade, visto que a insuficiência
de vagas em abrigos e a falta de alimento e de higiene estão entre as principais causas da permanência das pessoas
nas ruas.
Ademais, é válido ressaltar que está previsto na Constituição Federal de 1988 o direito à moradia, sendo esse um
dos requisitos básicos à sobrevivência humana. Entretanto, a perda do emprego, a queda de renda e a consequente
perda da moradia durante a pandemia corroboraram para o aumento do número de pessoas sem teto no Brasil.
Posto isso, a exclusão social das pessoas em situação de rua é um sério problema a ser enfrentado, tendo em vista
a ausência de políticas públicas efetivas que garantam o previsto na Constituição.
Portanto, no que tange à situação das pessoas que estão nas ruas, cabe ao Governo Federal ampliar os serviços de
abrigamento, de alimentação e de higiene à população por meio da instalação de novos centros de serviços, com a
finalidade de aumentar a assistência à população de rua. Além disso, é de suma importância que ocorra uma
mudança cultural por parte da sociedade em relação às pessoas em situação de rua, mediante o amparo de
Organizações Não Governamentais e de Instituições Religiosas, com a finalidade de promover uma sociedade mais
igualitária e digna para todos os habitantes.
A letra da música “Pobreza por Pobreza”, do cantor e compositor Luiz Gonzaga, retrata a fome e a pobreza no
sertão brasileiro. Fora das canções, a insegurança alimentar afeta mais da metade da população brasileira, ou seja,
aproximadamente 116 milhões de indivíduos sofrem diariamente com a problemática. Certamente, mesmo com a criação
de programas sociais, o problema da fome não é solucionado e faz-se presente independente da região ou Estado,
afetando milhões de famílias pela incerteza de uma alimentação digna e de boa qualidade.
De fato, a insegurança alimentar é um problema de saúde pública, de tal forma que a má alimentação aumenta
o risco de desenvolvimento de doenças crônicas e mentais, o que sobrecarrega o Sistema Único de Saúde (SUS), que já
possui alta ocupação. E ainda, as crianças são a faixa etária mais atingida pela epidemia da fome, tendo seu
desenvolvimento físico comprometido pela escassez de alimentos. Além do mais, segundo o artigo 6º da Constituição
Federal de 1988, todo cidadão tem direito à alimentação, elemento básico e essencial para a sobrevivência humana.
Logo, é inaceitável que vários indivíduos adoeçam ou, até mesmo, cheguem a óbito pela desnutrição.
Desse modo, pode-se culpar a desigualdade social e a alta inflação como principais fatores para o agravamento
da insegurança alimentar. É evidente que o Brasil apresente alto potencial agrícola, entretanto, existe uma alta
concentração fundiária e de renda, ou seja, grande parte do dinheiro do país está nas mãos de apenas 10% da população.
Como também, o território brasileiro possui quinze milhões de desempregados, e esses, muitas vezes, não usufruem de
capital para a compra de alimentos, o que afeta diretamente o quadro de fome e de pobreza nacional.
Logo, a solução da questão parece distante, e envolve uma série de fatores estruturais que estão impregnados
na sociedade brasileira, fornecer cestas básicas não resolve o problema, apenas o adia, é preciso oferecer condições para
que o cidadão tenha possibilidade de se autossustentar por meio de um trabalho e remuneração digna. Do mesmo modo
que, o Governo Federal deve criar políticas públicas específicas no meio social e melhorar a qualidade da educação
brasileira, com objetivo de proporcionar uma boa qualificação profissional o que, reduz a má distribuição de renda e a
insegurança alimentar. Somente com essas mudanças, a fome não será um problema social, o qual Luiz Gonzaga relata
na música “Pobreza por Pobreza”.
Laura Machado
Em “Campo Geral“, Guimarães Rosa narra a história do amadurecimento de Mignilim, um menino que teve uma
infância difícil no sertão mineiro. Ao fim da história, o personagem coloca os óculos pela primeira vez e descobre que
diversas dificuldades da sua vida foram causadas pela sua miopia e pela falta de “visão própria“ sobre o mundo. Assim,
traça-se um paralelo com os motoristas brasileiros, que muitas vezes só adquirem consciência sobre o trânsito após
causarem ou sofrerem algum acidente. Dessa forma, a consciência no trânsito, tanto em um âmbito individual como
coletivo, é a solução para a maioria dos problemas que nele acontece.
De acordo com Kant, o homem somente se torna emancipado quando tem condições de pensar e entender por si
mesmo. Ademais, os motoristas emancipados teriam conhecimento sobre os acidentes de trânsito cotidianos do Brasil,
isso somente não bastaria, a emancipação precisa aliar-se com uma preocupação genuína com as outras pessoas no
trânsito, que podem sofrer as consequências de seus “descuidos”. Afinal, de acordo com o filósofo Roman Krznaric, “a
empatia é o antídoto“, e se fosse posta em prática por um público suficientemente grande, certamente causaria
mudanças importantes.
Sobre outro prisma, o homem prático e emancipado teria de se atentar também ao fato de o Brasil ser um país
rodoviarista, e perceberia que parte dos acidentes no trânsito acontecem também por trabalhadores caminhoneiros
exauridos, que trabalham uma quantidade imensa de horas em condições extremamente desfavoráveis à saúde e ao bom
desempenho do seu trabalho. Nesse ínterim, o descontentamento dessa classe foi expresso em uma grande greve em
2018, que teve notável repercussão - o bastante para concretizar alguns de seus pleitos. Logo, se uma parcela maior da
sociedade tomasse consciência desses problemas, uma solução estaria no horizonte.
À luz do exposto, a insegurança no trânsito é um problema por si só. Entretanto, em um país que usa o meio
rodoviário como seu principal modo de transporte, a inversão desta é urgente. Portanto, as autoridades rodoviárias,
aliadas às autoescolas, deve utilizar meios como imagens chocantes e multas para criar uma consciência maior no
trânsito, para que, assim, as estradas se tornem mais seguras e o motorista coloque os seus “óculos” antes dos desafios
e tragédias.
Gabriella Daghetti
No século XVIII, durante a Revolução Francesa, o mundo teve conhecimento dos ideais de liberdade, igualdade e
fraternidade. No entanto, no que diz respeito aos desafios enfrentados pelos dependentes químicos, esses princípios
perpetuam- se nos livros e não desejavelmente na prática. Isso se evidencia pela negligência do poder público perante o
dilema, sendo necessárias medidas eficazes para combater os entraves do tratamento de dependentes químicos no
Brasil.
A princípio, convém ressaltar que o uso de drogas teve um crescimento exponencial, assim como, o número de
dependentes químicos no país. Nesse sentido, a cantora norte-americana Amy Winehouse, em sua canção "Rehab"
exprime seu desinteresse em se reabilitar de seu vício em drogas, que a levou à morte meses depois. Sob essa lógica, é
evidente que grande parcela dos viciados não aceita buscar ajuda de tratamentos, resistindo à dependência química.
Nesse contexto, segundo a alegoria da Caverna de Platão, indivíduos que não possuem esclarecimento crítico perante
alguma adversidade encontram-se presos, em que apenas sombras da realidade são visíveis. Ademais, outro problema
ao tratamento de viciados químicos é a facilidade com que esses conseguem as substâncias, como é o caso da
dependência alcoólica, que basta o dependente comprar em lojas e mercados comuns. Essa facilidade também abrange
as drogas ilícitas, pelo fato das punições serem ineficientes no caso do forte poder do tráfico de drogas, dificultando a
possibilidade de um tratamento eficaz, devido à lotação das poucas unidades existentes de centros de reabilitação.
Em consequência disso, é evidente a negligência estatal com o tratamento desses cidadãos brasileiros. De tal maneira,
é imprescindível pontuar que o governo federal disponibilizou cerca de R$90 milhões de reais em 2018 para o tratamento
de cerca de 20 mil dependentes químicos. Contudo, tendo-se em vista um país com aproximadamente 1,2 milhão de
jovens e adultos viciados apenas em cocaína, tal montante torna-se irrisório. Sob esse viés, é notório o sucateamento do
Sistema Único de Saúde (SUS), já que esse oferece apenas 0,34% dos leitos que seriam necessários para o tratamento de
dependentes químicos. Além disso, é importante destacar que, no país, o tratamento do dependente químico é centrado
apenas na desintoxicação, não enfatizando a necessidade de reintegrá-lo à sociedade civil. Outro obstáculo para o
tratamento de dependentes químicos é a alta quantidade de dinheiro necessária para executar o procedimento, que
mesmo não tendo um valor fixo, varia de R$600 à R$12.000, de acordo com as características do tratamento, como,
tempo de internação, tipo e duração.
À luz do exposto, como afirma Célio Luis Barbosa: "Tratar a dependência química não é apenas curar os efeitos que as
drogas causam no indivíduo, é reorganizar o indivíduo por completo". Portanto, faz-se necessário que o Poder Legislativo
- Câmara dos Deputados e Senado Federal - proponha e aprove leis federais, por meio de votações, que garantam
punições mais severas ao tráfico de drogas. Além disso, é imprescindível que o Ministério da Saúde envie verbas para a
construção de clínicas humanizadas para os indivíduos viciados voltadas à desintoxicação e à promoção da saúde,
mediante a contratação de profissionais especializados nesse público. Associados a isso, nessas clínicas poderão ser
ofertados cursos profissionalizantes para a reintegração social e econômica desses indivíduos na sociedade. Sendo assim,
atenuar-se-ão os desafios do tratamento de dependentes químicos da sociedade brasileira.
A partir do século XVIII, com a Revolução Industrial, a produção em carga escala, a maior demanda e as mais
diversas características do trabalho atual obrigaram o trabalhador a aumentar sua carga-horária de labor e
encaixar-se nos novos padrões. Assim, as indústrias e os serviços passaram a funcionar 24 horas por dia, sem parar,
a fim de conseguir maximizar a eficiência, mesmo que isso coloque em risco a saúde dos funcionários. Nesse
contexto, é inegável que o grupo social que trabalha à noite pode ser prejudicado mental e fisicamente por essa
modalidade laboral.
Conforme o ilustre filósofo Arthur Schopenhauer, “O maior erro que um homem pode cometer é sacrificar a
sua saúde a qualquer outra vantagem“. No entanto, a realidade dos mais de 14 milhões de brasileiros
desempregados não permite que a situação seja praticada, forçando-os a aceitar tarefas — como o trabalho
noturno — que poderão prejudicá-los, para conseguir sustentar as suas famílias. Dessa forma, trocando o dia pela
noite, a desregulação do sono resulta no aumento do cansaço e da indisposição do funcionário, dando abertura a
possíveis problemas psicológicos, inclusive, a depressão. Não somente, o desencontro entre as rotinas dos
familiares, os quais, geralmente, possuem a vida diurna ativa, contribui com a sensação de solidão do sujeito, que
passa o dia descansando e a noite trabalhando.
Sob outra perspectiva, a saúde física do trabalhador noturno também é colocada em risco, interno ou
externamente ao serviço. Associando-se diretamente ao trabalho, o silêncio nas ruas, a falta de movimentação e o
cansaço contribuem com o aumento de acidentes leves ou graves — a depender da tarefa executada —, mas que
podem até mesmo causar a morte. Ademais, o perigo nas cidades durante a noite é maior, devido à ausência de
pessoas nas ruas, agravando a possibilidade de crimes e assaltos contra esses trabalhadores, inocente seres
humanos que necessitam desses empregos para sobreviverem. Com isso, o desespero por um lugar no mercado de
trabalho se sobrepõe à saúde e à vida desses indivíduos.
Diante do exposto, ações devem ser tomadas para que, no trabalho noturno, haja a diminuição dos riscos à
saúde. Portanto, cabe ao Ministério do Trabalho assegurar uma assistência especializada para esses indivíduos, por
meio da criação de planos de saúde direcionados aos principais problemas — físicos e mentais — enfrentados por
eles. Com isso, eventuais transtornos decorrentes do serviço no período da noite poderão ser rapidamente
diagnosticados e tratados. Paralelamente, as empresas devem garantir a segurança dos trabalhadores mediante a
contratação de equipes de vigilância e a instalação de câmeras, de forma que o operário possa executar suas tarefas
sem temer pela sua vida, e o pensamento de Schopenhauer possa se concretizar.
No contexto da Revolução Industrial, na Inglaterra, a estátua de Edward Colton - traficante de escravos -, foi
derrubada, ação impulsionada pelo movimento Black Lives Matter. Nesse sentido, o questionamento das pessoas
perante a destruição do monumento como forma de protesto se intensificou, dado que figuras que cometeram
atrocidades e os antiéticos são vistos como heróis. Logo, medidas urgentes para retirada dessas estátuas de locais
públicos, assim como seu não enaltecimento, devem ser colocados em prática, criando uma reparação histórica.
Convém ressaltar, a princípio, que os movimentos iconoclastas têm como principal motivador a correção
histórica, uma vez que a homenagem a monumentos que ferem os direitos humanos e a igualdade de gênero e de
cor contribui para a desvalorização da luta de movimentos sociais. Considerando-se o contexto, em São Paulo, a
estátua do Bandeirante escravista Borba Gato foi destruída como forma de protesto — tornando evidente, então,
que os ícones que contrariam a ética devem ser retirados do espaço público, visto que não são algo de que os
indivíduos deveriam se orgulhar.
Ainda sob essa ótica, a alocação desses monumentos em museus, somada às explicações do que ocorreu de
fato nos acontecimentos marcantes da história é imprescindível, pois, de acordo com o filósofo George Santana,
“aqueles que não podem lembrar o passado estão condenados a repeti-lo“. Ademais, os campos de concentração
de Alemanha, que estão abertos para visitação, retratam que não há necessidade de cultuar líderes genocidas ou
autoritários para se conhecer a história.
À luz do exposto, providências devem ser tomadas com o fito de assegurar uma reparação histórica. Portanto,
cabe ao governo realocar monumentos, por via da colocação desses em museus — com placas de identificação que
expliquem o seu contexto, expondo outras visões da história —, para que eles não incentivem a repetição de
comportamentos imorais. Igualmente, é papel da escola — instituição social de Durkhein —, por meio da disciplina
de humanas, formar cidadãos que têm um conhecimento acerca da existência de figuras que fizeram parte da
história, porém, repudiando as atitudes que se opuseram aos preceitos éticos, para que, assim, seja possível
garantir o bem-estar de todos os indivíduos — conforme previsto no art. terceiro da Constituição Federal de 1988.
Um negócio que apenas produz dinheiro é um negócio pobre, disse Henry Ford, um dos grandes
difusores do automóvel, e mais do que isso, da cultura do carro, que transformou veículo individual em
uma “necessidade“ em vez de uma comodidade. Porém, esse individualismo gera uma enorme
ineficiência no transporte urbano, colocando o ir e vir em cheque.
Primeiramente, é preciso apresentar as causas de tamanha ineficiência, sendo a mais proeminente
delas o enorme aumento na quantidade de veículos automotores — cerca de 77% nos últimos 10 anos —
o que gera grande pressão no sistema rodoviário. Além disso, existem graves problemas com o sistema
público de transporte, originados principalmente por falta de verba, materializando-se como frotas
insuficientes, altos preços e qualidade duvidosa. Vale ressaltar, também, que ações do sistema também
geram um estigma contra ele, caracterizando o transporte público como “coisas de pobre“.
Consequentemente, esse aumento da quantidade de carros e os problemas da mobilidade coletiva
geram contexto preocupante ao fluxo urbano. Um exemplo gritante é a cidade de São Paulo, onde se
gasta, em média, 77 horas em trânsito por ano, sendo a sexta cidade mais congestionada do mundo.
Adicionalmente, os problemas de mobilidade como engarrafamentos também acarretam males
ambientais, como a poluição do ar, sonora e visual.
Conclusivamente, devido à enorme quantidade de carros e de um sistema público atrasado, a
mobilidade urbana se apresenta com grave ineficiência. A fim de remediar esses fatores, primeiro é
necessária uma mudança cultural em relação ao transporte, com o intuito de encorajar o uso de meios
alternativos — desde a bicicleta até o patinete elétrico — que ocupam menos espaço e geram menos
problemas. Também é preciso o investimento no sistema público, das frotas de veículos e na
infraestrutura, para enfatizar e desistigmatizar o transporte coletivo. Assim, será possível melhorar o fluxo
urbano e assegurar o direito de ir e vir.
Eduarda Matos
De acordo com o filósofo Jean-Jacques Rousseau, "o homem nasce livre e por toda parte encontra--se
acorrentado". Nesse sentido, os indivíduos vêm sendo, de alguma maneira, acorrentados pelos múltiplos e
errôneos padrões impostos pela sociedade. Em analogia a isso, é indubitável que o comportamento de manada,
isto é, a tendência dos cidadãos de seguir um influenciador ou um grupo — sem reflexão pessoal — e a manipulação
da opinião pública são, infelizmente, recorrentes hodiernamente— conjuntura que exige esforços a fim de reverter
esse cenário e efetivar maior senso crítico, autenticidade e singularidade na comunidade brasileira.
Convém ressaltar, a princípio, que com advento da Segunda Revolução Industrial, o homem alcançou um nível
imensurável de desenvolvimento, o que possibilitou avanços em inúmeros setores — destacando-se o meio digital.
No entanto, percebe-se que apesar das vantagens desse desenvolvimento, houve a polarização máxima das mídias
sociais — Instagram, Twitter e Facebook — e, consequentemente, a efetivação de padrões de comportamento, de
beleza e de identidade. Ademais, cabe mencionar, que a manipulação da opinião pública é efetiva ao longo da
história. Um exemplo evidente disso foi a criação do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), durante a Era
Vargas, que era responsável por controlar, influenciar e persuadir a população a respeito da imagem do presidente
— o que caracteriza um equívoco.
Importa salientar, ainda, a obra de José Saramago, "Ensaio sobre a cegueira", que retrata uma sociedade que,
paulatinamente, torna-se cega. Nessa perspectiva, sem dúvidas, a cegueira atual é causada pela reprodução
desmedida de estereótipos pelos cidadãos, uma vez que tendem a homogeneizar os comportamentos, os ideais e
os anseios sociais. Outrossim, vale enfatizar que essas formas de padronizar a sociedade não são responsáveis por,
muitas vezes, gerar problemas psicológicos - como ansiedade, depressão e fobias sociais — uma população
relacionada à frustração de não conseguir alcançar os moldes impostos.
À luz do exposto, são necessárias medidas eficazes no intuito de mitigar os comportamentos de manada e a
manipulação da opinião pública. Portanto, em primeiro lugar, a comunidade precisa verificar a veracidade das
informações recebidas, por meio de senso crítico, de modo a evitar a manipulação. Por último, as primeiras
instituições sociais elencadas por Durkheim — escola e família — devem incentivar as crianças a evitar o
comportamento de manada, por intermédio de autocontrole para que elas sejam autênticas, únicas e originais, ao
invés de padronizadas e facilmente controladas. Somente assim, será possível soltar as correntes propostas pelo
filósofo e vislumbrar a atenuação das condutas de manada e da manipulação da opinião pública no Brasil.