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Lorena
2019
FLÁVIA MOUTINHO RODRIGUES SILVEIRA
Lorena
2019
AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO
CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE
Aos meus pais que sempre apoiaram e amaram incondicionalmente seus filhos e
fizeram de tudo para que pudessem conquistar tudo o que sempre almejaram.
Ao Alexandre, pela paciência, puxões de orelha e principalmente pelo carinho e
companheirismo.
Ao meu amigo Ariel, por me socorrer sempre que necessário, por ser um irmão de
alma e acreditar em mim, mesmo quando eu mesma não acreditava.
A minha amiga Lara, que tornou o final dessa jornada muito mais leve e divertido.
A Professora Patrícia Da Rós, pelo auxílio a este trabalho.
A todos que de certa forma, contribuíram para a realização deste trabalho
RESUMO
The emergence of cosmetics can be contextualized along with the history and evolution of
humanity. There are records of more than 30 thousand years ago, reporting the use of body
paintings. The use of cosmetics was also evidenced in Egypt and Ancient Greece. In the
Middle Ages, repression of embellishment came back to value in the seventeenth and
eighteenth centuries. After the first war, with female emancipation, it was noticed the need
for industrialized cosmetics, since women were no longer producing their own cosmetics in
a homemade way. Large-scale cosmetic production was then initiated. It is known that this
is a market that moves billions of dollars a year. It is very dynamic and marked by high
investment in innovation. Cosmetics are products intended for hygiene and personal care
and may consist of natural or synthetic substances. Within this definition are the lipsticks.
Lipstick is an affordable and basic cosmetic of generally low cost. They are cosmetic
products designed to modify the natural appearance of the lips giving them a different
complexion and present varied colors. In general, its formulation consists in the dispersion
of pigments with a combination of waxes, fats and vegetable oils. The inorganic pigments
used in lipsticks are mainly composed of metallic elements that do not always have the
desired purity. These pigments are often contaminated with heavy metals such as lead,
cadmium, chromium, arsenic, mercury, aluminum, manganese and titanium. Heavy metals
may be bioaccumulative, posing a great risk to human health. Because it is a product directly
applied to the lips, its use can generate impact by absorption and ingestion of metallic
elements. In this context, the analysis of possible contaminants in the formulation of
lipsticks becomes necessary and of primary importance. This work consisted of a general
study on lip cosmetics, characterizing the components and formulations of lipsticks, the
production process used, the quality tests involved. Was realized a review on the main
contaminants found in lip products and their respective concentrations, followed by
comparison with the federal legislation to verify compliance with the regulatory aspects
regarding the commercialization of these products in Brazil. It was concluded that the lead
content in the analyzed lipsticks is lower than the 20 ppm established by the legislation for
contaminants in pigments. It was not possible to relate the price of the products marketed
with the content of contaminants. The present work shows that the legislative base is
essential to ensure safe concentrations of metallic impurities in cosmetics.
Figura 1 – Uso de cosméticos: no Egito antigo (a) e no período pós-guerra (b). ................ 22
Figura 2 – Gráfico da participação das companhias no setor de maquiagem no Brasil. ..... 26
Figura 3 – Exemplos de batons. ........................................................................................... 26
Figura 4 – Componentes presentes na formulação de um batom. ....................................... 27
Figura 5 – Estrutura química do principal triglicerídeo do óleo de rícino. .......................... 28
Figura 6 – Palmeira de onde é extraída a cera de carnaúba (a) e cera de carnaúba (b). ...... 30
Figura 7 – Arbusto de candelila (Euphorbia cerífera) (a) e cera de candelila (b). .............. 30
Figura 8 – Representação da cera de abelha. ....................................................................... 31
Figura 9 – Representação da Ozoquerita: antes do processamento (a) e após o processamento
(b). ........................................................................................................................................ 32
Figura 10 – Exemplos de pigmentos usados nas formulações de batons. ........................... 35
Figura 11 – Etapa de adesão aos moldes. A base fluída é vertida nos moldes para a formação
das balas. .............................................................................................................................. 38
Figura 12 – Realização de testes para avaliação de estabilidade e qualidade de um batom.
............................................................................................................................................. 39
Figura 13 – Concentração média de chumbo em amostras de batons de cores variadas. .... 54
Figura 14 – Concentração de chumbo dos batons comercializados no Brasil em relação aos
países em que foram fabricados. .......................................................................................... 55
Figura 15 – Comparativo entre teor de chumbo nas amostras e o preço dos batons
comercializados. .................................................................................................................. 55
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Classificação dos cosméticos quanto à categoria que estão inseridos e o grau de risco
que apresentam. ..................................................................................................................... 20
Quadro 2 – Aspectos analisados em um batom pronto. ....................................................... 39
LISTA DE TABELAS
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 16
2 OBJETIVOS .................................................................................................................... 18
3 METODOLOGIA ........................................................................................................... 19
4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA....................................................................................... 20
4.1 Cosmetologia................................................................................................................. 20
4.2 A história da cosmetologia .......................................................................................... 21
4.3 Mercado de cosméticos brasileiro ............................................................................... 23
4.4 Cosméticos labiais ........................................................................................................ 26
4.4.1 Integrantes da formulação ....................................................................................... 27
4.4.1.1 Base líquida............................................................................................................. 28
4.4.1.1.1 Silicones ................................................................................................................ 29
4.4.1.2 Agentes de consistência .......................................................................................... 29
4.4.1.2.1 Óleos vegetais hidrogenados .............................................................................. 29
4.4.1.2.2 Ceras ..................................................................................................................... 29
4.4.1.3 Emolientes ............................................................................................................... 32
4.4.1.4 Aditivos estabilizadores ......................................................................................... 33
4.4.1.5 Conservantes........................................................................................................... 34
4.4.1.6 Antioxidantes .......................................................................................................... 34
4.4.1.7 Fragrâncias ............................................................................................................. 34
4.4.1.8 Pigmentos ................................................................................................................ 35
4.4.1.9 Agentes nacarantes ................................................................................................ 36
4.5 Processo de produção dos batons ............................................................................... 36
4.5.1 Controle de matérias-primas quanto ao cumprimento das especificações .......... 36
4.5.2 Fabricação do corpo branco..................................................................................... 36
4.5.3 Coloração do corpo branco ...................................................................................... 37
4.5.4 Adição de agentes nacarantes .................................................................................. 37
4.5.5 Adição de fragrância e de princípios ativos ............................................................ 37
4.5.6 Adesão aos moldes .....................................................................................................37
4.5.7 Acondicionamento em estojo.................................................................................... 38
4.6 Testes para avaliação da qualidade de produtos labiais .......................................... 38
4.7 Metais pesados .............................................................................................................. 39
4.7.1 Alumínio ..................................................................................................................... 40
4.7.2 Chumbo...................................................................................................................... 40
4.7.3 Cádmio ....................................................................................................................... 41
4.7.4 Cromo ........................................................................................................................ 41
4.7.5 Arsênio ....................................................................................................................... 42
4.7.6 Mercúrio .................................................................................................................... 42
4.8 Principais métodos de análise empregados em cosméticos labiais .......................... 42
4.8.1 Espectrometria de absorção atômica (AAS) .......................................................... 42
4.8.2 Espectrometria de emissão óptica com plasma indutivamente acoplado (ICP-OES)
............................................................................................................................................. 43
4.8.3 Espectrometria de massa com plasma indutivamente acoplado (ICP-MS) ........ 44
4.8.4 Fluorescência de raio X (FRX) ................................................................................ 44
4.9 Legislação ..................................................................................................................... 45
5 DISCUSSÃO.................................................................................................................... 47
5.1 Exploração dos artigos selecionados .......................................................................... 47
6 CONCLUSÃO ................................................................................................................. 57
REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 58
16
1 INTRODUÇÃO
A cosmetologia pode ser definida como a ciência que estuda os cosméticos desde sua
composição e processo produtivo até pesquisas de inovação e comercialização. Para
Ribeiro (2010), consiste em uma ciência multidisciplinar que envolve conhecimentos em
física, química, biologia e ciências políticas. É uma ciência que vem se desenvolvendo
intensamente e sofrendo mudanças constantes para se adequar à evolução das necessidades
dos consumidores.
O surgimento dos cosméticos pode ser contextualizado juntamente com a história e
a evolução da humanidade. É uma ciência que sempre fez parte da vida do homem, desde a
pré-história até os dias de hoje (KUMAR, 2005). Existe registro de mais de 30 mil anos
atrás, relatando o uso de pinturas corporais. O uso de cosméticos também foi evidenciado no
Egito e na Grécia Antiga. Na Idade média, houve repressão do embelezamento que só
retornou nos séculos XVII e XVIII. Após a primeira guerra, com a emancipação feminina,
viu-se a necessidade de cosméticos industrializados, uma vez que as mulheres foram
deixando de produzir seus próprios cosméticos de forma caseira. Iniciou-se então, a
produção cosmética em larga escala.
Com a evolução tecnológica, esta área vem alcançando proporções maiores, atraindo
consumidores cada vez mais exigentes com a eficácia e qualidade dos produtos oferecidos.
De acordo com dados do Euromonitor (2018), o Brasil ocupa, atualmente, a quarta posição
mundial em consumo de produtos cosméticos. Pesquisas realizadas pela L’Oréal
Finance (2017) apontam que mercado de maquiagens tem se destacado como o mais
dinâmico, atuando tanto em segmentos profissionais e de luxo quanto de massa. Dentre os
produtos comercializados, o batom revelou-se como o protagonista do segmento.
O batom é um dos produtos mais consumido pelas mulheres no mundo. É composto
por uma mistura de ceras, óleos, antioxidantes, conservantes, perfumes e agentes de
coloração. Óxidos de ferro, zinco, cromo, titânio, costumam ser os mais utilizados na
pigmentação de batons (DRAELOS, 2001). Esse cosmético específico possui a função de
realçar e colorir os lábios, protegendo-os de queimaduras solares, promovendo ação
lubrificante ou disfarçando imperfeições indesejadas.
Dentre as principais matérias-primas constituintes dos cosméticos labiais,
encontram-se emolientes, umectantes, espessantes, conservantes, perfumes, agentes de
coloração, entre outras (HERNANDEZ; MADELEINE; FRESNEL, 1999). Os corantes e
pigmentos são os componentes que mais detêm elementos metálicos (HERNANDEZ;
17
2 OBJETIVOS
3 METODOLOGIA
4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
4.1 Cosmetologia
Quadro 1 – Classificação dos cosméticos quanto à categoria que estão inseridos e o grau de risco que apresentam.
Categorias Grau de Risco
Produtos de higiene Grau 1 – Produtos com risco mínimo
Cosméticos Grau 2 – Produtos com risco potencial
Perfumes
Produtos de uso infantil
Fonte: Brasil (2005).
O risco dos produtos classificados como nível 1 são considerados como tendo um
risco mínimo. Ex.: maquiagem (pós compactos, bases líquidas, sombras, rímel, delineadores,
batons em pasta e líquidos), perfumes, sabonetes, shampoos, cremes de barbear, pastas
21
dentais, cremes hidratantes, géis para fixação de cabelos, talcos perfumados, sais de banho,
etc. Entretanto, os produtos de risco nível 2 são considerados como um risco mais acentuado.
Os produtos que fazem parte dessa classe de cosméticos são: xampus anticaspa, desodorantes
e sabonetes líquidos íntimos femininos, desodorantes de axilas, talcos antissépticos,
protetores labiais e solares, cremes depiladores, repelentes, tinturas para cabelos, sprays para
fixação e modeladores de penteados, clareadores de pelos, enxaguatórios bucais, esmaltes,
óleos para massagens, etc. (BRASIL, 2005).
Quanto às suas funções, a cosmetologia apresenta três principais: Função decorativa
(de caráter estético, promovendo aperfeiçoamento da região aplicada); função conservadora
(visando proteção da pele); função corretiva (para modificação ou correção de pequenas
estruturas ou alterações na pele, lábios ou outros locais).
Tabela 1 – Mercado mundial de cosméticos – ranking dos 15 maiores mercados de cosméticos em 2016.
Posição País Faturamento (R$ bilhões)
1 USA 80,0
2 China 50,7
3 Japão 32,1
4 Brasil 30,2
5 Reino Unido 17,9
6 Alemanha 16,5
7 França 14,4
8 Índia 11,7
9 Coréia do Sul 11,6
10 Itália 10,2
11 México 9,1
12 Rússia 8,9
13 Espanha 7,9
14 Canadá 7,6
15 Argentina 7,6
Fonte: ABIHPEC (2017).
Óleo de rícino [CAS 8001-79-4] – INCI Name: Castor (Ricinus communis) Oil.
Nomes comerciais: Beraoil® V1500, óleo de mamona, óleo ricinoléico (Brandão, 1996). Sua
fórmula está representada na Figura 5.
4.4.1.1.1 Silicones
4.4.1.2.2 Ceras
A cera usada nos batons é uma combinação de três tipos de cera, isto é, cera de abelha,
cera de candelila e a cera de carnaúba. A combinação é utilizada a fim de obter ponto de
fusão e dureza adequada à mistura, uma vez que estas características estão diretamente
ligadas à aparência e estabilidade do batom.
30
Figura 6 – Palmeira de onde é extraída a cera de carnaúba (a) e cera de carnaúba (b).
Cera sintética: C30-45 Alquil meticone [CAS mistura] – INCI Name: C30-45
Alkyl Methicone. Nome commercial: Dow Corning® MAS-C30. É obtida através da
modificação do polidimetilsiloxano com hidrocarboneto de elevada massa molecular. Esta
cera apresenta características de silicones e hidrocarbonetos. É emoliente e utilizada para
controle de viscosidade. Apresenta ponto de fusão próximo à 70 °C.
4.4.1.3 Emolientes
característico. Ao ser fundida, apresenta-se sob o aspecto de líquido amarelo límpido. Porém,
quando submetida à aquecimento prolongado ou elevadas temperaturas torna-se escura
liberando forte odor rançoso. É solúvel em álcool, clorofórmio, éter, acetona e benzeno. É
não solúvel em água.
Apesar de possuir propriedades emolientes, utilizada sozinha não é absorvida pela
pele. Quando misturada à óleos vegetais adequados obtém-se uma mistura emoliente que
penetra na pele e melhora a absorção de princípios ativos.
Atua também como coalescente para os demais componentes do batom.
Manteiga de Karité [CAS 68424-60-2] – INCI Name: Shea Butter (Butyrospermun
parkii). De nome comercial Lipex 512™. É uma gordura vegetal refinada e desodorizada. É
extraída do fruto de Karité, proveniente de uma árvore africana. É um triglicerídeo composto
por ácidos graxos oleico, esteárico e linoleico, apresentando alto teor de insaponificáveis.
Suas características conferem propriedades de absorção de radiações ultravioletas,
aumentando o fator de proteção solar em formulações cosméticas.
Apresenta também, excelentes propriedades umectantes e emolientes, conferindo
acabamento sedoso, macio e hidratante aos lábios.Segundo Engasser (2000), quando a
manteiga de Karité é utilizada em excesso, prejudica a fixação do batom aos lábios. Para
aumentar a adesão, utiliza-se maior quantidade de ceras, diminuindo a quantidade de
emolientes, conferindo dureza à bala. Em geral, quanto menor a quantidade de cera utilizada,
maior o deslizamento e o brilho da bala.
4.4.1.5 Conservantes
São substâncias que são adicionadas como ingrediente aos Produtos de Higiene
Pessoal, Cosméticos e Perfumes com a finalidade de inibir o crescimento de microrganismos
durante sua fabricação e estocagem, ou para proteger os produtos da contaminação
inadvertida durante o uso (ANVISA, 2012).
Diversas condições devem ser levadas em consideração para a escolha do
conservante adequado; dentre elas, atoxicidade, eficácia em baixas concentrações, eficácia
no pH do processo produtivo, resistência à luz e calor, solubilidade na base da formulação e
interação com os outros componentes do batom.
4.4.1.6 Antioxidantes
Os antioxidantes são empregados para retardar a oxidação, visto que muitos dos
componentes são susceptíveis a este processo, o qual promove o desenvolvimento de odor
desagradável de ranço. Como exemplos, tem-se o BHA (butilhidroxoanisol), BHT
(butilhidroxitolueno), palmitato de ascorbila (ascorbyl palmitate) e tocoferóis (tocoferol),
principalmente na presença de lipídeos insaturados (ENGASSER, 2000; DOOLEY, 2007;
TAGLIARI; STULZER, 2007; LAUFFER 1972).
A concentração usada é escolhida de acordo com a susceptibilidade dos componentes
da formulação sofrerem oxidação. As reações de oxidação também podem ser iniciadas
através da incidência da luz ultravioleta. Portanto, é comum, nas formulações de cosméticos,
serem também adicionados agentes bloqueadores de UV.
4.4.1.7 Fragrâncias
4.4.1.8 Pigmentos
Após a adição de corantes pode ser necessário algum ajuste na composição do corpo
branco. Por exemplo, para um batom de alta cobertura, com grande concentração de
corantes, é necessário modificar a proporção dos óleos fluídos para compensar o efeito
pastoso e a redução do brilho da película depositada. Neste caso, é fundamental alterar a
escolha e proporção das ceras, ajustando a resistência à ruptura do batom
(PRUINÉRAS, 1994).
Essa adição deve ser realizada após descartar a necessidade de ajustes no processo.
Para os ajustes, podem ser necessárias elevações de temperatura da massa colorida, podendo
levar à degradação da fragrância ou princípio ativo.
Figura 11 – Etapa de adesão aos moldes. A base fluída é vertida nos moldes para a formação das balas.
Para evitar que as balas sejam deterioradas na manipulação, estas devem estar frias
quando retiradas dos moldes. Em seguida, são fixadas nos estojos. Devido ao sistema
complexo de cristalização dos batons, suas características máximas serão obtidas após 24
horas da moldagem adequada (GOUVÊA, 1993; PRUNIÉRAS, 1994). Para melhorar o
aspecto externo, o batom é flamejado. O produto então é embalado para distribuição (KIRK;
OTHMER, 1979).
4.7.1 Alumínio
Nos produtos cosméticos, a base de mica é encontrada nos agentes colorantes. Este
apresenta o alumínio em sua composição natural (KUMAR; GUPTA, 2012). Para
Klaassen (2001) não é possível afirmar que elevadas concentrações de alumínio presentes
no tecido nervoso causam a doença de Alzheimer. Entretanto, a maior concentração pode
ser consequência desta doença, posto que ela diminui a eficácia da barreira
hematoencefálica, tornando-a vulnerável à entrada de alumínio no cérebro (KLAASSEN;
WATKINS, 2012).
4.7.2 Chumbo
sintomas de envenenamento são compostos por fraqueza, vômitos, perda de apetite, náuseas
e convulsões.
A taxa de eliminação do chumbo do organismo é mais lenta que sua taxa de absorção,
classificando-o como bioacumulativo. Gondal et al. (2010) descrevem que ao ser absorvido
pelas células sanguíneas, o chumbo é disseminado para outros tecidos. É acumulado
preferencialmente no fígado, rins e sistema nervoso.
4.7.3 Cádmio
4.7.4 Cromo
4.7.5 Arsênio
4.7.6 Mercúrio
Desta forma, ao sofrerem excitação por uma fonte de energia, os elétrons realizam
um salto quântico. E, ao devolveram a energia recebida para o meio (na forma de fóton de
luz), voltam para sua camada orbital de origem. A energia devolvida absorve a radiação
ultravioleta emitida pelo cátodo oco. Os outros elétrons presentes em solução não
pertencentes ao mesmo elemento constituinte do cátodo oco utilizado não serão capazes de
causar interferência, uma vez que absorverão apenas radiação com comprimento de onda
referente ao elemento químico do qual fazem parte (VOGEL et al., 2002).
Em condições ideais, a quantidade de radiação absorvida está diretamente
relacionada com a concentração de átomos no estado fundamental (KRUG; ROCHA, 2006).
A atomização pode ser realizada de formas diferentes: em chama (do inglês Flame
Atomic Absorption Spectrometry - FAAS) ou eletrotermicamente em forno de grafite (do
inglês Graphite Furnace Atomic Absorption Spectroscopy – GFAAS). A atomização em
chama é desvantajosa já que uma pequena porção de amostra é submetida à chama e percorre
rapidamente a trajetória da radiação, diferentemente do tubo de grafite, onde a amostra é
atomizada em sua totalidade e submetida à radiação por um período maior
(PERKINELMER, c2011).
Por apresentar melhor seletividade e sensibilidade que a atomização em chama, a
GFAAS é utilizada na determinação de baixas concentrações (µg/L) de elementos contidos
nos mais variados tipos de amostras. (WELZ; SPERLING, 1999).
Outras características que tornam a GFAAS utilizada em análises de rotina em larga
escala são citadas em Qiao, Vaeroy e Morkrid (1991) e Oshita et al. (2003) como: volume
amostral necessário menor que outros métodos; é possível realizar análise direta (sem
decomposição); caracterização simultânea; rapidez; entre outros.
Em Melo Júnior (2007), a FRX é definida como um método de análise que se baseia
na utilização de um feixe de raios X com a finalidade de produzir excitação nos átomos da
amostra. Após a excitação, os átomos presentes geram radiação secundária conhecida como
“fluorescente”. A radiação secundária emitida é específica de cada elemento que é
constatada e mensurada pelo equipamento (JENKINS, 1999). Como a intensidade dos raios
X fluorescentes é função da concentração, a análise quantitativa pode ser realizada através
da quantidade e dos comprimentos de onda dos raios emitidos (BLEICHER; MELO;
SOBRAL, 2000).
45
4.9 Legislação
Com base no decreto 79.094, na RDC nº 48/2006 e na RDC n° 44/2012, foi montada
a Tabela 3, que representa o limite de contaminantes permitidos para batons desde o ano de
2013 e será utilizada para avaliar a concentração dos metais encontrados nos batons
estudados neste trabalho.
5 DISCUSSÃO
Soares (2012), desenvolveu um método para análise de batons, o qual foi utilizado
para analisar 22 amostras de batons de diferentes marcas e cores, produzidos em diversos
países. As amostras foram submetidas à espectrometria de absorção atômica com forno de
grafite (EAAFG), utilizando um espectrômetro de absorção atômica PerkinElmer AAnalyst
400, equipado com forno de grafite (HGA 800) e uma lâmpada de cátodo oco para Pb da
PerkinElmer. Dentre as 22 amostras investigadas, 21 apresentaram chumbo em sua
composição. A concentração do metal pesado variou de 0,27 a 4,45 ppm, sendo que as
maiores concentrações de chumbo foram evidenciadas em batons das cores vermelho e
marrom, conforme mostra a Tabela 5. Entretanto, todas elas encontram-se dentro do limite
estabelecido pela legislação (total de 20 ppm de metais pesados).
(FRX) e posteriormente foram realizadas leituras por espectrometria de emissão óptica com
plasma indutivamente acoplado. Os resultados podem ser visualizados na Tabela 7. De
acordo com os resultados apresentados na Tabela 7, nota-se que foram encontrados diversos
elementos metálicos, porém, não foram detectados os considerados de elevada toxicidade,
como: chumbo (abaixo do limite de quantificação 2,50 ppm), arsênio e mercúrio. Foram
identificados outros elementos metálicos, de toxicidade considerável como o alumínio, o
cádmio e o cromo. Contudo, estes cumprem os limites para metais pesados como impurezas
em pigmentos e corantes.
Tabela 7 – Concentração de metais nas amostras pela análise de ICP-OES (ppm ou μg/g).
Amostra Cor Valor Al Pb Cd Cr
1 Vermelho Caro 562,50 <2,50 0,50 0,35
2 Rosa Caro 687,50 <2,50 0,30 0,62
3 Vermelho Caro 1.065,00 <2,50 0,40 0,52
4 Rosa Caro 1.942,50 <2,50 0,50 1,55
5 Vermelho Médio 86,50 <2,50 0,80 1,07
6 Rosa Médio 234,50 <2,50 0,25 0,82
7 Vermelho Médio 515,00 <2,50 0,40 0,52
8 Rosa Médio 507,00 <2,50 0,30 0,45
9 Vermelho Barato 8,27 <2,50 <0,25 0,30
10 Rosa Barato 687,50 <2,50 <0,25 0,25
11 Vermelho Barato 35,80 <2,50 <0,25 0,40
12 Rosa Barato 1.570,00 <2,50 <0,25 0,57
Fonte: Adaptado de Maehata (2016).
pesados como impurezas em pigmentos e corantes. Não foi possível estabelecer padrão entre
as cores e a concentração dos metais.
Tabela 8 – Valores de concentração de Cd, Cr, e Pb obtidos para as amostras de batom lidas em triplicata
em ppm.
Amostra País de origem Cor Cd Cr Pb
1 China Vermelho <LQ* <LQ* <LQ*
2 Brasil Vermelho <LQ* <LQ* 0,11±0,01
3 EUA Vermelho <LQ* <LQ* <LQ*
4 China Rosa <LQ* 0,3±0,1 0,55±0,05
5 Brasil Rosa <LQ* 1,2±0,2 0,43±0,03
6 EUA Rosa <LQ* <LQ* <LQ*
7 China Laranja <LQ* 0,20±0,03 0,3±0,1
8 Brasil Laranja <LQ* 0,7±0,2 0,50±0,07
9 EUA Laranja <LQ* 3,8±0,2 0,22±0,02
Nota: * – limite de quantificação.
Fonte: Adaptado de Batista (2015).
Dentre as cores selecionadas para todos os estudos analisados, os tons mais escuros
apresentaram o maior teor de chumbo. A Figura 13 representa o gráfico da concentração
média de chumbo em função das cores investigadas. A tonalidade marrom apresentou a
54
maior quantidade do metal pesado analisado, seguida das tonalidades vermelha, rosa, cor de
boca, laranja e roxa. Este resultado se deve à maior quantidade de pigmentos em tonalidades
mais escuras. Os batons de cores laranja e roxo, apesar de possuírem maior quantidade de
pigmentos que os batons de cores rosa e cor de boca, tiveram poucas amostras analisadas,
comprometendo assim a média do teor de chumbo.
3,5
Concentração de Chumbo em ppm
2,5
1,5
0,5
0
Cores de Batons
Cor de Boca Rosa Vermelho Marrom Laranja Roxo
Figura 14 – Concentração de chumbo dos batons comercializados no Brasil em relação aos países em
que foram fabricados.
2,5
Concentração média de Chumbo
2
em ppm por batom
1,5
0,5
0
Países em que foram produzidos
China Brasil EUA França
Figura 15 – Comparativo entre teor de chumbo nas amostras e o preço dos batons comercializados.
50
45
40
35
Preços dos batons (R$)
30
25
20
15
10
0
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5 5
Concentração média de chumbo (ppm)
Fonte: Própria autora.
56
6 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
BONO, A.; MUN, H. C.; RAJIN, M. Effect of various formulation on viscosity and melting
point of natural ingredient based lipstick. Studies in Surface Science and Catalysis, v. 159,
p. 693-696, 2006.
BÖRJESSON P.; BERGGREN R.; GANNING B. Diet of harbor porpoises in the Kattegat
and Skagerrak seas: accounting for individual variation and sample size. Marine Mammal
Science, v. 19, 38-58, 2003.
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