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Introdueao a0 pensamento de Bakhtin José Luiz Fiorin Profs do Departament Liga ta Fade de lot, ease iis Hunansd Uiaidaded Sn ala Os géneros do discurso Ariane ariade ds treo do dca ifs poi ered vr da aividade aa egress dese vided comport wo ree degre do dca gues Bfracondesecaplondoe 3 wedide aria era e Aermolre fe me compose Babin (197279) ‘Como jd se dise, a leinura da obra bakhtiniana sofeu toda sore de vicistudes. Cada um leo Bakhtin que serve a seus prop sitos. Com o conetito de géneres do dicure no foi diferente. No Brasil, o discuiso pedagégico apropriow-se dele. Depots que os Pa- imettos Curiclares Nacionais extabeleceram que oensino de Pos- rugutsfosse Fito com base nos aéneros, apaeceram muitos livros diditicos que vtem 0 genero como um conjunto de propriedadee formais aque o texto deve obeecer.O género&, assim, um produ- to, €seuensino rorna-se, ento, normative, Sob a aparéncia de uma revoluglo no ensino de Portugués esse dentro da mesma pert pecdiva normativa com que se ensnava gramtica. ‘Desde a Grécia, 0 Ocidente opera com a nogio de géneto, He agrupa os textos que tém carateriticas epropredades comuns. As- sim, os gers sto tipos de textos que tim tagos comuns, Na me- dda em que eles eram vstos come tm ol de propriedades formas, fas ¢ imutéves, adquiriam um carver normative. As poéicas do IWTAOBUGAD AO FERSAMERTO DE BAKRTIN clasicismo, por exemplo, dziam come deveia ser composta uma rapid, uma epopéa etc A histria litera oscil ene perfodos em que os gneros so rgidamente codificados eaqueles em que a for- mas so mais livees,em que se abandonam as formas as Bakhtin ndo vai teorizar sobre o gener, levando em conta o produto, mas o proceso de sua producto. Inteessam-lhe menos 2» propriedades formais dos géncros do que a mancita como cles se ‘Seu ponto de partida€o vincalo intrinseca existenteentee a» utliza;io da linguagem eas atividades humanas. Os enunciados de- vem ser vistos na sua fungio no proceso de interagio. ‘Os eres humanos agem em determinadas esfers de atvidades, asda escola asda igreja, a8 do tabalho num jamal 2s do trabalho numa ibrica, as da politica, as das relagées de amizadee assim por lanve, Ess esferas de atvidadesimplicam a ulizago da lingua- >» ‘gem na forma de enunciados. No se produzem enunciadas fora 2 clas exferas de ao, © que significa que eles sto dererminados plas condiges espectias e pels finalidades de cada ser, Esa ers de aso ocasionam 0 aparecimento de certs tipos de enunciados, que se esabilizam precaramentee que mudam em fungio de alte rages nessasexeras de atvidades S6 se age na intrasio, si se dia no agi agit motva eros tipos de enunciados, 0 que quer dizer ‘que cada esfera de utlizagio da lingua clabora tipos relatvamente crtves de enunciados. (Os glneros so, pois, ipas de enunciados relatvamente«s- vei, caracterzados por urn conteddo temiticn, uma consteusso composicional eum estilo, Falamos sempre por meio de géneros no incetior de uma dada esfera de atividade. © gtnero esabelece, pois, ma interconexso da linguagem = ‘om avida socal. A linguagem peneirana vida por mio dos enun- ciadosconerets¢, so mesmo tempo, ples enuncade vida ein- troduz na inguagem. Os géneos exo sempre vincuados a um do- José Luin Fiaria imino da avidade humana, relletindo suas condighes especfica © suas finalidads. Conte temitico, estilo e organiza compos- clonal constzoem o todo que consi o enuncado, que € marcado pela epecifcdade de uma esfera de agio. ‘© contsido emuico nfo ¢ 0 assunto epectin de um tex to, mas um dominio de senso de que se ocupaogénero. Asim, as cartas de amor apresentam o conteido temdtico das ages amo- tosis Cada uma ds cares ata de urn assunt epecfico (po exeni- plo, © rompimento de Xe Y, por eusa de ma tao) dentro do ‘mesmo conteido tematic. As aus versa sobre wm ensinamento -de um programa de curso, As senteneas tim como contcid temic ‘ico uma dcisojudical. ‘Aconstrugio composicional 0 modo de organiza o texto, de exruturi-o, Por exemple, endo 3 cara uma comunicago dife- Fida, é preciso ancori-la num tempo, num espago © num reac de interlocugo, para que os déticos usados possim ser compen aids. E por iso que as carts azem a indicagto do locale da data em que foram esritas €6 nome de quem esteve eda pessoa para quem se excreve 0 ato esilitico € uma slegio de meioslingisticos. Estilo 6 pois, uma seledo de cers meios exci, rascoldgicos grama- ‘icais em fangio da imagem do interlocuore de como se presume sun comprensio responsive aia do enunciado, Hi, asi, um exo oficial, que usa formas respeitoss, como nos requeimentos,discut- sos parlamencares, ete um estilo objetvo-neutro, em que hé mia ‘detifieagf entre olocutore seu interlocutor, como ma expsigbes clencficas,em que se usa um jargio mareado por uma “objetvide- Ae” uma “neuralidad”s rn exo familia, em que se vo ier Jocuto fora do Ambit das hicrarquis eds convenes soci, como nas brincadeiras com os amigos, marcadas por uma aude pessoal «uma informaldade com rlago &linguagems; um estilo fatimo, em que hi urna espécie de fusio entre os parceres da comunica- 2 INTRODUCAG AO PEUSAMENTO OE BAKATIN 0, como nas cars de amor, de onde emerge rodo um modo de traamento do domisio daquilo qu € mais privado, akdin no pretend fier um catlog dos gtneros, com 2 descrisio de cada estilo, de ada eeu composicional, de cada

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