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J. Braz. Soc. Ecotoxicol., v. 1, n.

2, 2006, 1-5
JBSE
SETAC – Brazil

Distribuição Espacial das Concentrações de Mercúrio em


Sólidos em Suspensão no Alto Rio Madeira – Rondônia
J. P. DE O. GOMES,* E. L. DO NASCIMENTO, R. DE ALMEIDA,
W. R. BASTOS,1 J. V. E. BERNARDI1 & P. R. H. B. DE BARROS2
1
Laboratório de Biogeoquímica Ambiental, Fundação Universidade Federal de Rondônia, UNIR,
Rodovia BR 364, km 9,5, CEP 789000-500, Porto Velho, RO
2
FURNAS – Centrais Elétricas do Brasil S.A.

RESUMO

O principal objetivo deste trabalho foi estudar a distribuição espacial de Hg em sólidos em suspensão no trecho do Alto
Rio Madeira, compreendido entre sua formação pela confluência dos rios Beni e Mamoré até a cidade de Porto Velho,
RO, utilizando-se técnicas de análise geoestatística. As coletas foram realizadas no período de 22 a 29 de novembro de
2003, sendo em seguida determinados os teores de Hg total por espectrofotometria de absorção atômica com geração de
vapor frio. Os resultados revelam aumento médio das concentrações de Hg no Alto Rio Madeira, a partir de sua formação
(rios Beni e Mamoré) e ao longo de seu curso, principalmente na área de entrada de seus principais afluentes da margem
direita (rios Jaci-Paraná e Mutum-Paraná), demonstrados pela técnica de Krigagem Ordinária Pontual. O uso da técnica
geoestatística possibilitou observar o aporte importante de Hg dos afluentes que reforçam a tese da origem natural do
Hg ou ainda a redisponibilização do Hg inativo nas áreas de florestas próximas ao garimpo com o intenso uso da terra
na região.
Palavras-chave: geoestatística, sólidos em suspensão, mercúrio, rio Madeira.

ABSTRACT

Spatial distribution of mercury concentration in suspension solids of the upper Madeira river – Rondônia
The main goal of this work was going to study the spatial distribution of mercury in suspension solid in the upper Ma-
deira river, comprehended between its formation by Beni and Mamoré rivers until Porto Velho’s city, using geostatistical
analysis techniques. The samplings were performed in November 22th to 29th, 2003, and soon after, the total mercury was
determined by atomic absorption spectrophotometer coupled cold vapor generation. The results revealed average increase
in Hg concentrations at the Upper Madeira river, from its formation (Beni and Mamoré rivers) and along its course, but
mostly in the area of its main right bank affluents (Jaci-Paraná and Mutum-Paraná rivers), demonstrated by Pontual Kriging
technique. The geostatistical technique used allowed to observe important increase of Hg in the main tributaries, which
suggests the natural source of Hg or its redisponibilization from forests areas near gold mining by the regional land use.
Key words: geostatistic, suspension solids, mercury, Madeira river.

INTRODUÇÃO 1993; Guyot et al., 1999; Filizola-Júnior, 1999). De acordo


com Guyot et al. (1999), o transporte de sólidos em suspensão
A Bacia de drenagem do rio Madeira, devido à sua no rio Madeira chega a 40 × 106 t.ano–1, tornando-o um veículo
importância quanto ao fluxo de sólidos em suspensão de transporte e dispersão de poluentes orgânicos e inorgânicos,
carreados ao rio Amazonas, tem sido avaliada por vários a exemplo de elementos-traço adsorvidos às partículas em
autores (Sioli, 1967; Meade et al., 1985; Martinelli et al., suspensão.

*Corresponding author: João Paulo de Oliveira Gomes, e-mail: labmerc@unir.br/joaopaulo@unir.br.

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36 J. Braz. Soc. Ecotoxicol., v. 1, n. 2, 2006 Gomes et al.

O transporte de Hg adsorvido aos sólidos em suspensão regular. A amostragem dos principais afluentes foi realizada
na bacia do rio Madeira, oriundo das atividades de garimpagem apenas no ponto central do rio.
de ouro, da erosão dos solos marginais e da queima de floresta, As amostras foram coletadas a ±25 cm abaixo da
tem sido o foco das discussões sobre a dinâmica e superfície da lâmina d’água, obtendo-se de forma geral maior
disponibilidade do Hg na bacia do rio Madeira (Pfeiffer & composição de partículas menores que 63 µm ou 250 mesh,
Lacerda, 1988; Maurice-Bourgoin et al., 2000; Lechler et al., que são elementos-chave no transporte de elementos-traço.
2000). Em laboratório, as amostras foram submetidas a um processo
Entretanto, estudos sobre um modelo de distribuição de filtragem a vácuo em filtro de celulose de 0,45 µm de
espacial dos sólidos em suspensão relacionando-os com a diâmetro de poro (Meade et al., 1985). Posteriormente, as
distribuição de Hg, ainda é um estudo sem referência na bacia amostras foram submetidas a uma extração ácida proposta por
do rio Madeira. Atualmente, procedimentos de avaliação da Bastos et al. (1998), e a quantificação das concentrações de
distribuição espacial de Hg baseados na modelagem espacial Hg foi realizada por EAA (Espectrofotometria de absorção
têm sido utilizados, principalmente através de métodos geoesta- atômica com sistema de injeção em fluxo – FIMS 400 – Perkin
tísticos, como a técnica de variografia e Krigagem. Pois os Elmer©).
mapas de isoteores gerados através das técnicas geoestatísticas Para a construção dos mapas de isoteores dos sólidos
são ferramentas úteis para identificar gradientes de concentração em suspensão e concentrações de Hg foi utilizada a técnica
de um elemento químico (Wasserman & Queiroz, 2004). Deste de Krigagem ordinária pontual com interpolador a partir de
modo, o principal objetivo deste trabalho foi modelar a semivariogramas, utilizando-se o aplicativo Surfer 8 ©. O
distribuição espacial das concentrações de mercúrio nos sólidos processo de Krigagem estima o valor de uma variável, em uma
em suspensão (TSS) no trecho do Alto rio Madeira, RO, posição Z(xi) não amostrada, a partir de uma pré-análise espacial
utilizando-se técnicas geoestatísticas. do conjunto de amostras utilizando-se semivariogramas
experimentais. O valor estimado no processo de Krigagem é
ÁREA DE ESTUDO dado por:
Ν
O rio Madeira é o maior afluente da margem direita do Ζ ( χο ) = ∑ λ Ι Ζ ( χΙ )
rio Amazonas, tendo 1.459 km de extensão, a partir da Ι=1

confluência dos rios Mamoré e Beni, e vazão média de 23.000 Em que: N é o número de vizinhos medidos, Z(χ i)
m3/s. Seus rios formadores são originários ou recebem grande utilizados na estimativa da variável e λi são os ponderadores
influência dos Altiplanos Andinos, cuja região de relevo elevado aplicados a cada Z(xi), os quais são selecionados de forma que
origina-se de rochas vulcano-sedimentares de idade Terciária. a estimativa obtida seja não tendenciosa. Assim, tem-se o
Devido às suas características limnológicas o rio Madeira é estimador não tendencioso da Krigagem ordinária pontual dado
classificado como um rio de água branca, rico em material pela fórmula: E[Z0 – Z*] (Guerra, 1988).
dissolvido e particulado, com transparência média de 10 a 50
cm (Sioli, 1967).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A área de estudo situa-se no Alto Rio Madeira,
compreendendo desde a sua formação pelos rios Mamoré e Os resultados referentes à carga total de sólidos em
Beni, seus afluentes da margem direita (rio Jaci-Paraná e rio suspensão (TSS) no Alto Rio Madeira (Figura 2), corroboram
Mutum-Paraná) e seu mais importante afluente da margem os estudos realizados por Sioli (1967), Martinelli et al. (1993),
esquerda (rio Abunã), chegando até a Cachoeira de Santo Filizola-Junior (1999) e Guyot et al. (1999), em que se
Antônio, Porto Velho (Figura 1). Neste trecho de cerca de 360 evindencia a origem da carga sólida transportada no rio Madeira
km, o rio Madeira apresenta 18 cachoeiras, com desnível pela drenagem de rios provenientes da região Andina, princi-
aproximado de 72 m e índice de declividade de 20 cm/km. palmente por influência do rio Beni (TSS = 415,68 mg.L–1)
que possui carga sólida suspensa 11 vezes superior à do rio
METODOLOGIA Mamoré no período de vazante (TSS = 30,63 mg.L–1). Já os
afluentes do Alto Rio Madeira têm pequena contribuição no
A amostragem foi realizada no período de 22 a 29 de fluxo sedimentar, devido à pouca quantidade de sólidos em
novembro de 2003, início das chuvas na região e conseqüente suspensão na ordem de 10 até 100 vezes menos partículas que
aumento do nível fluviométrico do rio Madeira. Para elaboração o rio Madeira. Atuando em conjunto com os processos de erosão
do desenho experimental empregou-se a metodologia proposta marginal no canal do rio Madeira para o enriquecimento de
por Bernardi et al. (2001), utilizando-se um receptor de GPS. elementos-traço no talvegue desse rio.
Estabeleceu-se 11 transectos em uma área de 250 km de Neste estudo, os valores médios de Hg adsorvidos aos
extensão no rio Madeira, sendo 3 pontos por transecto (margens sólidos em suspensão no Alto rio Madeira variaram de 5,67
esquerda e direita e centro do canal), distribuídos em uma malha a 247,02 µg.kg–1 (Figura 2). Esses valores estão acima dos
Distribuição Especial das Concentrações de Mercúrio em Sólidos... J. Braz. Soc. Ecotoxicol., v. 2, n. 1, 2006 37

encontrados por Maurice-Bourgoin et al. (2000) no rio Beni utilizados como áreas de manutenção de balsas e dragas no
(2-8 µg.kg–1) e no rio Madeira (10 µg.kg–1) no final da década período auge da mineração de ouro entre as décadas de 1970
de 1990. Na Figura 2 observa-se que ocorre aumento médio e 1990. Não se descarta também a possibilidade da entrada
nas concentrações de Hg adsorvido aos sólidos em suspensão de Hg proveniente das florestas devido ao atual intenso uso
no rio Madeira após a sua formação e ao longo do seu curso, da terra pela atividade de agropecuária.
principalmente nos pontos de confluência com os seus afluentes Durante a intensa mineração de ouro na região a perda
(P4 – rio Jaci-Paraná; P8 – rio Mutum-Paraná; P11 – Igarapé de Hg no processo chegou a atingir de 40% a 45% do total
Araras), embora apresentem menor quantidade de sólidos em utilizado lançado diretamente no rio Madeira e o restante do
suspensão. Observam-se também grandes variações de Hg nas Hg sublimava para a atmosfera na ordem 55% a 60% (Pfeiffer
regiões próximas à confluência com esses afluentes (P11, P9, & Lacerda, 1988). Uma vez que a deposição da maior parte
P8, P6, P5 e P4), onde ocorrem maiores concentrações de Hg, do Hg atmosférico originado em garimpos na Amazônia ocorre
possivelmente relacionadas ao enriquecimento por Hg dos solos a cerca de 20 a 40 km da fonte (Lacerda et al., 2004), é provável
marginais de foresta devido à deposição atmosférica de Hg que a maior parte do Hg perdido para a atmosfera em Rondônia
proveniente da queima do amálgama Hg-Au no garimpo. Isso tenha sido depositada nesses solos marginais de florestas. E
pode estar relacionado à redisponibilização do mercúrio atualmente com o intenso uso da terra, esse Hg estaria sendo
remanescente, pois esses afluentes foram intensivamente redisponibilizado para os cursos d’água.

Porto Velho
9.020.000
Desenho amostral P1
P3 P2
9.000.000 BRASIL
Rio Madeira P4 Amazonas
8.980.000 P5 Rio Jaci-Paraná Amazonas
ira
P6 de Porto Velho
8.960.000 P7 Ma
P10 Rio Amazonas Pará
P8 BR-364
8.940.000 Acre BR Mato
-3
Rio Abunã P9 Rio Mutum-Paraná 64 Grosso Acre
8.920.000 P11 80 km Mato
Rondônia Grosso
8.900.000 Igarapé Araras BOLÍVIA
BR
-3

8.880.000
64

BOLÍVIA
8.860.000
Rio Beni
Rio Mamoré
240.000 280.000 320.000 360.000 400.000

Figura 1 — Localização da área de estudo.

550 260

500 240

220
450
200
400
180
350
160
TSS (mg.L )

Hg (µg.kg )
–1

–1

300 140

250 120

100
200
80
150
60
100
40
50 20

0 0
P1ME
P1C
P1MD
P2ME
P2C
P2MD
P3ME
P3C
P3MD
P4ME
P4C
P4MD
JACI
P5ME
P5C
P5MD
P6ME
P6C
P6MD
P7ME
P7C
P7MD
P8ME
P8C
P8MD
MUTM
P9ME
P9C
P9MD
P10ME
P10C
P10MD
ABUNÃ
P11ME
P11C
P11MD
MAMORÉ
BENI

Sólidos em suspensão (TSS) Concentrações de Hg

Figura 2 — Concentrações de mercúrio e total de sólidos em suspensão no Alto Rio Madeira.


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A análise espacial dos sólidos em suspensão através Os mapas de isoteores dos sólidos em suspensão, gerados
da técnica geoestatística de variografia ajustou-se a um modelo pela técnica de Krigagem ordinária pontual (Figuras 4A e B),
semivariográfico anisotrópico esférico (Figura 3A). Este demonstram as variações nas concentrações de sólidos em
modelo explica a dependência espacial dos sólidos em suspensão nos pontos de confluência com os seus principais
suspensão até a distância de 38.000 m (a), ou seja, existe afluentes (águas pretas), que nascem nos Pacaás Novos.
dependência espacial entre os valores separados por distâncias Drenando solos de formação quaternária, ou seja, que sofrem
maiores do que o intervalo de amostragem (25 km). Desta menos intemperismo, conseqüentemente ocorre menor liberação
forma, a amostragem sistemática em malha utilizada se de sedimentos. Para as concentrações de Hg, o modelo ajustado
adequou ao alcance obtido, explicando que todos os pontos foi o modelo anisotrópico linear (Figura 3B). Esse tipo de modelo
dessa malha podem ser usados para a interpolação de valores não atinge o patamar, ou seja, a variável apresenta aumento
pela técnica de Krigagem. constante de variabilidade à medida que a distância é incrementada.
O patamar obtido (C = 10.000) indica a variância segundo Sendo esse tipo de modelo utilizado para modelar fenômenos
a qual a função se estabiliza no campo aleatório. Deste ponto que possuem capacidade infinita de dispersão. O efeito pepita
em diante, considera-se que não há mais dependência espacial na origem dos dados (Co = 80) indica pequenas desconti-
entre as amostras, porque a variância da diferença entre os nuidades relacionadas à variabilidade das concentrações de
pares de amostras torna-se aleatória. A dispersão espacial dos Hg em pequena escala não captada pela amostragem. Os mapas
sólidos em suspensão com taxa de anisotropia de 2.0 e tolerância de isoteores das concentrações de Hg, gerados pela técnica
angular de 56º com direção 21 indica que essa variável possui de Krigagem (Figuras 5A e B), demonstram a influência
direção preferencial de variação: Noroeste. E o efeito pepita exercida pelos afluentes amostrados para o aumento da média
(Co = 1.400) indica que há descontinuidade entre valores regional das concentrações de Hg ao longo do Alto Rio Madeira.
separados por distâncias menores do que o usado no intervalo Tendo a concentração de Hg do rio Mutum-Paraná ultrapassado
de amostragem. a média mundial que é de 200 µg.kg–1.

Sólidos em suspensão (mg.L )


–1 500 –1
30.000 Hg (µg.kg )
Direção: 21,0 Tolerância: 56,0 450 Direção: 3,0 Tolerância: 56,0
A B
25.000 400
350
20.000 300
250
15.000
200
10.000 150

C 100
5.000
Co
a
Co
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 .00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00
10 2 3 4 5 6 10 2 3 4 5 6
Distância (m) Distância (m)

Figura 3 — Semivariogramas dos sólidos em suspensão (A) e das concentrações de Hg (B).

350 ppm 8.990.000


A Escala gráfica
330 ppm B Escala gráfica 370 ppm
8.944.000 0 1000 3000
23
0 0 1000 3000 350 ppm
Projeção universal transversa de mercator 310 ppm Projeção universal transversa de mercator 330 ppm
Datum horizontal: WGS 84 290 ppm 8.988.000 Datum horizontal: WGS 84 310 ppm
0 270 ppm 330 290 ppm
21 250 ppm 270 ppm
8.942.000 250 ppm
Latitude

Latitude

19
0 230 ppm 8.986.000
310

230 ppm
210 ppm ra
adeir
a 170 dei 210 ppm
29

Rio M
190 ppm Ma 190 ppm
0

170 ppm Rio 170 ppm


0

8.984.000
25
0
21

130
330
290
25

150 ppm 150 ppm


0

8.940.000
35

350

230
0

110 130 ppm 130 ppm


110 ppm 210 110 ppm
90 8.982.000 190 90 ppm
90 ppm 170 70 ppm
8.938.000 70 ppm 50 ppm
50 ppm 27,8 Rio Jaci-Paraná 30 ppm
Rio Mutum-Paraná
30,6
30 ppm 8.980.000 10 ppm
286.000 288.000 290.000 292.000 294.000 340.000 344.000 348.000 352.000
Longitude Longitude

Figura 4 — Mapas de isoteores dos sólidos em suspensão (mg.L–1 = ppm) nos pontos de
confluências com os afluentes: Mutum-Paraná (A) e Jaci-Paraná (B).
Distribuição Especial das Concentrações de Mercúrio em Sólidos... J. Braz. Soc. Ecotoxicol., v. 2, n. 1, 2006 39

235 ppm 8.990.000


A Escala gráfica
225 ppm B Escala gráfica 85 ppm
8.944.000 0 1000 3000 215 ppm 0 1000 3000 82 ppm
Projeção universal transversa de mercator 65 205 ppm Projeção universal transversa de mercator
Datum horizontal: WGS 84 195 ppm 8.988.000 79 ppm
Datum horizontal: WGS 84 52
185 ppm 76 ppm
175 ppm 73 ppm
8.942.000 165 ppm 70 ppm
Latitude

Latitude
155 ppm 8.986.000
75 145 ppm ra 67 ppm
dei
85
a 135 ppm
adeir Ma 64 ppm
Rio M 125 ppm
95
105 115 ppm Rio 49 61 ppm
8.984.000

65
8.940.000 125
105 ppm 58 ppm
95 ppm 52 55 ppm
145
85 ppm 55
70
52 ppm
65 75 ppm 58
165 65 ppm 8.982.000 61 4
6 67
49 ppm
175 55 ppm 70 46 ppm
8.938.000 185 45 ppm
35 ppm 43 ppm
Rio Mutum-Paraná
247 84 Rio Jaci-Paraná 40 ppm
25 ppm 8.980.000
286.000 288.000 290.000 292.000 294.000 340.000 344.000 348.000 352.000
Longitude Longitude

Figura 5 — Mapas de isoteores de Hg (µg.kg–1 = ppb) nos sólidos em suspensão dos


pontos de confluência com os afluentes: Mutum-Paraná (A) e Jaci-Paraná (B).

CONCLUSÕES GUYOT, J. L., JOUANNEAU, J. M. & WASSON, J. G., 1999, Characterisation


or river bed and suspensed sediments in the Rio Madeira drainage basin
Este estudo revela que, mesmo com a significativa redução (Bolivian Amazonia). Jour. of South Amer. Earth Scien., 12: 401-410.
nos lançamentos de Hg proveniente das atividades de mineração LACERDA, L. D., SOUZA, M. & RIBEIRO, M. G., 2004, The effects of
de ouro na região, o Hg continua sendo transportado pelos land use change on mercury distribuition in soils of the Alta Floresta,
Southern Amazon. Envirom. Pollut., 129(2): 247-255.
sólidos em suspensão no Alto Rio Madeira, principalmente
nas áreas em torno dos principais afluentes, rios Jaci-Paraná LECHLER, P. J., MILLER, J. R., LACERDA, L. D., VINSON, D. J. C.,
BONZONGO LYONS, W. B. & WARWICK, J. J., 2000, Elevated mercury
e Mutum-Paraná. Esta contribuição de Hg proveniente dos concentrations in soils, sediments, water and fish of the Madeira River
principais tributários pode estar relacionada às intensas práticas basin, Brazilian Amazon: A function of natural enrichments? Scien. of
agropecuárias, como a queimada de florestas e o avanço da the Tot. Environ., 260: 87-96.
produção de soja, resultando no aumento da erosão dos solos MARTINELLI, L. A., FORSBERG, B. R., VICTORIA, R. L., DEVOL, A.
marginais. Portanto, recomenda-se a continuidade do monitora- H., MORTATTI, J., FERREIRA, J. R., BONASSI, J. & DE OLIVEIRA,
E., 1993, Suspended sediment load in the Madeira River. Mitt. Geol.
mento na região, sobretudo pela potencial biodisponibilidade
Paanont. Inst. Univ. Hamburg, 74: 41-54.
e pelo efeito biomagnificador do Hg para a diversificada biota
MAURICE-BOURGOIN, L., QUIROGA, I., CHINCHEROS, J. & COURAU,
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River and mercury exposure in riparian Amazonian populations. Scien.
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