HABERMAS, J. – Mudança estrutural da esfera pública. RJ. 2003
Para o conceito de opinião pública
Podemos configurar, segundo Habermas, a opinião pública com dois significados, dependendo da forma em que ela seja apelada, temos as funções de “publicidade” como uma instância crítica e publicidade com uma instancia receptora, sendo elas utilizadas para programas, pessoas e instituições. Podemos diferenciar as duas da seguinte forma: a primeira crítica (no exercício do poder político) a segunda manipulativa (difundida de modo demonstrativo); uma voltada para opinião pública outra para não publica. Entretanto, elas não estão numa relação de norma e fato, ou seja, a grandeza ideal e a figura ideal da opinião não são unificadas. Ao obter a análise das normas constitucionais em relação a realidade constitucional dos Estados, o autor mostra a dificuldade de identificar a opinião pública no comportamento dos cidadãos que estão menos engajados, onde ele caracteriza isso de Landshut. Pois elas teriam sido subordinadas a manipulação da publicidade, que direcionam esse cidadão aos interesses dos outros membros. Por outro lado, ele lembra que as instituições do estado social-democrata precisam da opinião publica intata para legitimar a dominação pública. Como se caso não existisse essa opinião publica faltaria a democracia moderna. No texto de Habermas, é mostrado que há dois caminhos para conceitualização a opinião pública, o primeiro com uma posição mais liberalista e o outro que se limita a critérios institucionais. O liberalismo tinha o intuito de salvar a comunicação, pois havia um público pensante e outro apenas aclamativo. O impasse fica mais claro porque como a mensagem é difundida em meios de comunicação em massa constantemente, aquela mensagem fica sendo levada como verdade, então ele argumenta que "é possível reconhecer que uma opinião pública nunca teve tanta dificuldade de se impor.” Ou seja, os manipuladores ficam difundindo sua mensagem para as massas, e dessa forma ele consegue se perpetuar em um grande nível hierárquico de representação. O institucional a população expõe sua opinião pública e o Parlamento aplica elas na sua política, seria a ideia de que, a opinião pública reina, mas não governa. Porém Leibholz diz ser incorreto o Parlamento como porta-voz da opinião pública, pois se o partido eleito é da vontade da maioria, então isso já seria opinião pública. Sendo assim “a vontade da maioria dos cidadãos ativos passa a ser identificada como a vontade global do povo numa democracia de partidos em funcionamento a vontade da maioria partidária que esteja no governo e domine o parlamento...". Habermas destacando esses dois conceitos, acrescenta que a opinião do povo independente do governo, raramente mantém uma função politicamente relevante, mostrando a opinião pública computada em determinadas instituições políticas, dando-lhe um caráter fictício. É mostrado no texto que vários estudiosos apresentaram definições de opinião pública, por exemplo, Schaffle já vai apresentar a opinião pública como uma reação informe da massa, definindo como expressão das perspectivas, julgamentos de valor do público em geral ou específico. Assim a opinião pública passa a ser um instrumento de pesquisa da Psicologia Social, onde Tarde vai apresentar opinião de massa como um produto de um processo de comunicação próprio das massas, onde não está ligado a dominação política. Os avanços metodológicos fizeram com que a definição fosse transformada. Primeiro o público, depois massa, depois em grupo. E a opinião pública é entendida como resulto da discussão e do confronto racional entre grupos com interesses opostos. Esta opinião não apresenta uma concordância total do grupo. O conceito de opinião pública, fixado nas instituições do exercício do poder não alcança a dimensão dos processos informais da comunicação, desenvolveu o seu significado estratégico como ficção do direito público levando a sua existência marginal não levada a sério pelos sociólogos. “Deveriam ser designados como opinião pública todos aqueles modos de comportamento de quaisquer grupos populacionais que sejam adequados para modificar ou até mesmo para alterar as estruturas, práticas e metas da dominação" [282]. Porém a opinião publica continua sendo objeto da dominação. Para obtermos um conceito de opinião pública historicamente com sentido e democrático será obtido a partir da mudança estrutural da esfera pública. Conflitos entre a publicidade pública e a "publicidade" crítica precisa ser levado a sério, pois medem a democratização, já q as opiniões não públicas estão em grande número enquanto "a" opinião pública é mera ficção. É necessário que aja opinião pública num comparativo para que a realidade constitucional tenha um desenvolvimento no qual as opiniões possam ser empiricamente mensuradas conforme o grau de seu caráter público; para chegar em assertivas seguras. Seguindo esse modelo, o autor traz setores de comunicação politicamente relevantes; o sistema das opiniões informais, pessoais e não públicas. Primeiramente a informais seriam o nível mais baixo, seriam questões culturais indiscutíveis, e questões muito complicadas de se manter um posicionamento, como per exemplo a pena de morte. No nível médio, as questões fundamentais de experiencias da própria vida, como por exemplo, guerra e paz. No terceiro e último nível traz obviedades da indústria cultura, geralmente debatidas nesse bombardeio publicitário no seu tempo de lazer, e que possuem um caráter efêmero e artificial. Essas opiniões se formam em um intercâmbio de gostos determinadas em grupo, controladas pela moda que são passageiras. O conceito de opinião não pública ou quase pública, são referidas a instituições reconhecidas enquanto divulgações, anúncios, explicações, discursos, etc. Essas circulam num círculo relativamente estreito entre a imprensa política, jornalismo opinativo e os órgãos consultivos. Apesar de serem para um publico amplo não comportam um pensamento conforme o modelo liberal. Uma minoria privada de pessoas já pertence aos partidos e a essas associações públicas. Essa mediação conduzido pelas esferas publicas só será possível com a participação da população em todos os níveis poderá causar uma correspondência reciproca entre as opiniões publicas das pessoas privadas e das opiniões quase-publicas. C.W. Mills diz que em um público as pessoas expressam suas opiniões na mesma frequência que as recebem, rebatem aquilo q discordam, e assuntos frequentemente debatidos são resolvidos mais rápidos, quando esse contexto é aprisionado numa comunicação de "massa" é prejudicada. numa massa, menos pessoas expressam opiniões do que as recebem pois elas são manipuladas através de meios comunicativos de massa, sendo impossível pro individuo responder com eficácia, pois ele não tem autonomia para a formação de opinião numa discussão.