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Universidade Federal de Pernambuco - UFPE

Comunicação Social

Disciplina: História da mídia

Professor(a): Fabiana Morais

Acadêmica: Daniele Cristina Santos Leite

HABERMAS, J. – Mudança estrutural da esfera pública. RJ. 2003

Para o conceito de opinião pública


Podemos configurar, segundo Habermas, a opinião pública com dois significados,
dependendo da forma em que ela seja apelada, temos as funções de “publicidade” como uma
instância crítica e publicidade com uma instancia receptora, sendo elas utilizadas para
programas, pessoas e instituições. Podemos diferenciar as duas da seguinte forma: a primeira
crítica (no exercício do poder político) a segunda manipulativa (difundida de modo
demonstrativo); uma voltada para opinião pública outra para não publica. Entretanto, elas não
estão numa relação de norma e fato, ou seja, a grandeza ideal e a figura ideal da opinião não são
unificadas.
Ao obter a análise das normas constitucionais em relação a realidade constitucional dos
Estados, o autor mostra a dificuldade de identificar a opinião pública no comportamento dos
cidadãos que estão menos engajados, onde ele caracteriza isso de Landshut. Pois elas teriam
sido subordinadas a manipulação da publicidade, que direcionam esse cidadão aos interesses
dos outros membros.
Por outro lado, ele lembra que as instituições do estado social-democrata precisam da
opinião publica intata para legitimar a dominação pública. Como se caso não existisse essa
opinião publica faltaria a democracia moderna.
No texto de Habermas, é mostrado que há dois caminhos para conceitualização a
opinião pública, o primeiro com uma posição mais liberalista e o outro que se limita a critérios
institucionais. O liberalismo tinha o intuito de salvar a comunicação, pois havia um público
pensante e outro apenas aclamativo. O impasse fica mais claro porque como a mensagem é
difundida em meios de comunicação em massa constantemente, aquela mensagem fica sendo
levada como verdade, então ele argumenta que "é possível reconhecer que uma opinião pública
nunca teve tanta dificuldade de se impor.” Ou seja, os manipuladores ficam difundindo sua
mensagem para as massas, e dessa forma ele consegue se perpetuar em um grande nível
hierárquico de representação. O institucional a população expõe sua opinião pública e o
Parlamento aplica elas na sua política, seria a ideia de que, a opinião pública reina, mas não
governa. Porém Leibholz diz ser incorreto o Parlamento como porta-voz da opinião pública,
pois se o partido eleito é da vontade da maioria, então isso já seria opinião pública. Sendo assim
“a vontade da maioria dos cidadãos ativos passa a ser identificada como a vontade global do
povo numa democracia de partidos em funcionamento a vontade da maioria partidária que esteja
no governo e domine o parlamento...".
Habermas destacando esses dois conceitos, acrescenta que a opinião do povo
independente do governo, raramente mantém uma função politicamente relevante, mostrando a
opinião pública computada em determinadas instituições políticas, dando-lhe um caráter
fictício.
É mostrado no texto que vários estudiosos apresentaram definições de opinião pública,
por exemplo, Schaffle já vai apresentar a opinião pública como uma reação informe da massa,
definindo como expressão das perspectivas, julgamentos de valor do público em geral ou
específico. Assim a opinião pública passa a ser um instrumento de pesquisa da Psicologia
Social, onde Tarde vai apresentar opinião de massa como um produto de um processo de
comunicação próprio das massas, onde não está ligado a dominação política.
Os avanços metodológicos fizeram com que a definição fosse transformada. Primeiro o
público, depois massa, depois em grupo. E a opinião pública é entendida como resulto da
discussão e do confronto racional entre grupos com interesses opostos. Esta opinião não
apresenta uma concordância total do grupo.
O conceito de opinião pública, fixado nas instituições do exercício do poder não alcança
a dimensão dos processos informais da comunicação, desenvolveu o seu significado estratégico
como ficção do direito público levando a sua existência marginal não levada a sério pelos
sociólogos. “Deveriam ser designados como opinião pública todos aqueles modos de
comportamento de quaisquer grupos populacionais que sejam adequados para modificar ou até
mesmo para alterar as estruturas, práticas e metas da dominação" [282]. Porém a opinião
publica continua sendo objeto da dominação.
Para obtermos um conceito de opinião pública historicamente com sentido e
democrático será obtido a partir da mudança estrutural da esfera pública. Conflitos entre a
publicidade pública e a "publicidade" crítica precisa ser levado a sério, pois medem a
democratização, já q as opiniões não públicas estão em grande número enquanto "a" opinião
pública é mera ficção. É necessário que aja opinião pública num comparativo para que a
realidade constitucional tenha um desenvolvimento no qual as opiniões possam ser
empiricamente mensuradas conforme o grau de seu caráter público; para chegar em assertivas
seguras.
Seguindo esse modelo, o autor traz setores de comunicação politicamente relevantes; o
sistema das opiniões informais, pessoais e não públicas. Primeiramente a informais seriam o
nível mais baixo, seriam questões culturais indiscutíveis, e questões muito complicadas de se
manter um posicionamento, como per exemplo a pena de morte. No nível médio, as questões
fundamentais de experiencias da própria vida, como por exemplo, guerra e paz. No terceiro e
último nível traz obviedades da indústria cultura, geralmente debatidas nesse bombardeio
publicitário no seu tempo de lazer, e que possuem um caráter efêmero e artificial. Essas
opiniões se formam em um intercâmbio de gostos determinadas em grupo, controladas pela
moda que são passageiras. O conceito de opinião não pública ou quase pública, são referidas a
instituições reconhecidas enquanto divulgações, anúncios, explicações, discursos, etc. Essas
circulam num círculo relativamente estreito entre a imprensa política, jornalismo opinativo e os
órgãos consultivos. Apesar de serem para um publico amplo não comportam um pensamento
conforme o modelo liberal. Uma minoria privada de pessoas já pertence aos partidos e a essas
associações públicas.
Essa mediação conduzido pelas esferas publicas só será possível com a participação da
população em todos os níveis poderá causar uma correspondência reciproca entre as opiniões
publicas das pessoas privadas e das opiniões quase-publicas.
C.W. Mills diz que em um público as pessoas expressam suas opiniões na mesma
frequência que as recebem, rebatem aquilo q discordam, e assuntos frequentemente debatidos
são resolvidos mais rápidos, quando esse contexto é aprisionado numa comunicação de "massa"
é prejudicada. numa massa, menos pessoas expressam opiniões do que as recebem pois elas são
manipuladas através de meios comunicativos de massa, sendo impossível pro individuo
responder com eficácia, pois ele não tem autonomia para a formação de opinião numa
discussão.

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