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06/05/2015 Turismo, 

Desenvolvimento Local e Pobreza no município de Porto Seguro­BA

   

Turismo, desenvolvimento local e pobreza no
 Por
MARCELO município de Porto Seguro ­ BA
SANTANA
 
SILVA* & FÁBIO
MATOS Fonte: 1 Introdução
FERNANDES** http://www.portalbrasil.net/2004/imagens/brasil_ba_portoseguro.jpg
Como  um  dos  fenômenos  marcantes  da
* Professor da atualidade, o turismo é uma das mais pujantes
Faculdade de atividades  econômicas  mundiais,
Tecnologia e principalmente  o  setor  de  serviços,  sendo
Ciências – FTC­ considerado  um  dos  três  líderes  mundiais  em
Jequié­BA  e da produtividade,  com  a  conseqüente  ampliação
Faculdade da da  oferta  de  emprego  e  geração  de  renda.
Cidade do Entretanto,  seu  desenvolvimento  sempre  esteve  pautado  no  mesmo  molde  de  qualquer
Salvador­BA outra  atividade  humana  –  o  enfoque  econômico.  Enquanto  o  turismo  pode  contribuir
** Professor da sensivelmente  para  o  desenvolvimento  sócio­econômico  e  cultural  de  amplas  regiões
Faculdade de naturais,  tem,  ao  mesmo  tempo,  o  potencial  para  degradar  o  ambiente  natural,  as
Tecnologia e estruturas sociais e a herança cultural dos povos.
Ciências – FTC­
Segundo  Coriolano  (1998:  24)  o  desenvolvimento  local,  significa  acima  de  tudo,  um
Jequié­BA
desenvolvimento  em  escala  humana,  atendendo  às  demandas  sociais.  Nele,  o  homem
  passa a ser a medida de todas as coisas e não apenas os índices quantitativos e o lucro.
O potencial turístico da região Nordeste, foi enaltecido por diversos estudos realizados por
agências  de  fomento  regionais  e  internacionais,  sendo  destacados  os  atributos  naturais,
culturais  e  a  abundância  de  mão­de­obra  com  custos  baixos  existentes  na  região.  O
turismo  foi  considerado  a  alternativa  econômica  mais  viável  e,  nos  últimos  anos,  amplos
investimentos  foram  feitos,  com  verbas  do  Prodetur  e  também  da  iniciativa  privada.
Ampliaram­se ofertas de hotéis e pousadas, expandiram­se os aeroportos, foram abertas e
recuperadas  rodovias  e  desenvolvidos  projetos  relacionados  ao  abastecimento  de  água,
tratamento  do  esgoto  e  do  lixo.  Com  estes  Investimentos,  aumentou  o  fluxo  de  turístico
para  a  região  Nordeste,  aumentando  significativamente  em  algumas  cidades  a  sua
população  com  a  emigração,  porém  as  avaliações  do  processo  sinalizam  a  necessidade
de reformulação de políticas no setor que prezem  pela  maior  transparência  e  participação
efetiva  dos  diversos  atores  envolvidos,  principalmente  a  classe  popular,  que  precisa  ser
ouvida e deve participar de todo o processo.
Para  Coriolano  (2001:  36)  o  desenvolvimento  para  a  escala  humana  e  o  turismo  para
benefício  local  significa  adotar  políticas  que  possam  ocasionar  trabalho  e  ocupação  para
todos,  tanto  quanto  atuar  no  campo  da  proteção  social  e  de  programas  emergenciais
quando  necessários,  mas  requer,  sobretudo,  o  homem  no  centro  do  poder,  de  forma  que
possa  promover  a  sua  realização.  Significa  implementar  atividades  de  revalorização  do
lugar  e  das  pessoas.  As  atividades  planejadas  voltam­se  para  o  desenvolvimento  social  e
cultural do grupo e as atividades econômicas passam a contribuir para que isso aconteça.
O  turismo  pode  ser  uma  forma  viável  de  conciliar  esses  dois  pólos,  o  crescimento  do
trabalho e do bem­estar­social.

C lique  e
O município de Porto Seguro, no estado da Bahia, é hoje o pólo turístico que  mais  cresce
cadastre ­se  para no  país.  Sua  natureza  exuberante  guarda  ainda  muitos  dos  traços  descritos  na  histórica
re ce be r os carta de Pero Vaz de Caminha – a “Certidão de Nascimento” do Brasil.
inform e s m e nsais
da R e vista Espaço Desde,  1973,  todo  o  município  é  tombado  pelo  Patrimônio  Histórico  Nacional  e  no  ano
Acadê m ico
2000  foi  elevado  à  condição  de  Patrimônio  Natural  Mundial,  pela  Unesco.  Apostando  na
vocação  turística,  durante  a  década  de  90,  a  cidade  ganhou  investimentos  maciços  em
infra­estrutura.  Através  do  Prodetur,  o  Programa  de  Desenvolvimento  de  Turismo  no
Nordeste, que consiste numa parceira entre o Estado e o  BID  –  Banco  Interamericano  de
Desenvolvimento  ­,  foram  investidos  US$  73.564  milhões  nas  cidades  de  Porto  Seguro,
Santa Cruz de Cabrália e Belmonte (ARAÚJO, 2002: 10)
Segundo  Araújo  (2002:  12)  com  a  crise  da  Vassoura  de  Bruxa,  cerca  de  200.000
empregos na lavoura cacaueira foram perdidos desde o começo da  crise.  Sem  opções  de
para  onde  ir,  grande  parte  desses  lavradores  e  suas  famílias  migrou  para  as  grandes
cidades  da  região,  amontoando­se  nas  periferias.  Em  Porto  Seguro,  já  havia  um  grande
déficit habitacional  que  se  acumulara  ao  longo  dos  anos  e  a  cidade  não  estava  preparada
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para  abrigar  a  nova  onda  migratória.  Assim,  os  novos  habitantes  da  cidade  abrigaram­se
em casebres feitos da noite para o dia em qualquer local que estivesse desabitado, sobre
mangues  e  encostas  de  morros  nas  periferias  da  zona  urbana,  sem  mínimo  de
planejamento.
De  acordo  com  o  IBGE,  o  censo  demográfico  de  Porto  Seguro  em  1991  foi  de  34.  661
habitantes, em 1996 foi de 64.957 habitantes, isso representa um crescimento de 87,40%
em  apenas  cinco  anos,  equivalente  a  uma  taxa  média  de  crescimento  de  17,58%  a.a.,  e
no  último  censo  de  2000  foi  de  95.721  habitantes,  o  que  representa  um  crescimento  de
176,  16%  em  apenas  nove  anos  com  relação  ao  ano  de  1991,  equivalente  a  uma  taxa
média de crescimento de 19,57% a.a. (www.ibge.gov.br, em 25/10/03)
2 Problema
A  pobreza  é  um  fenômeno  complexo  que  se  caracteriza  por  um  conjunto  de  fatores  que
definem  o  nível  de  qualidade  de  vida  de  um  povo.  O  Índice  de  Desenvolvimento  Humano
dimensiona a pobreza com base em dados sobre a educação, saúde e renda da população
e não apenas insuficiência de recursos financeiros.
O  documento  “Turismo  e  Redução  da  Pobreza”  elaborado  com  base  na  reunião  de  alto
nível  sobre  Turismo  e  Desenvolvimento  em  LDC´s  (49  países  menos  desenvolvidos)  nas
Ilhas  Canárias/Espanha,  em  2001  e  contribuições  das  delegações  da  WSSD.  O  relatório
reflete  os  objetivos  da  OMT  quanto  aos  fatos  irrefutáveis  gerados  dos  benefícios  do
turismo,  para  serem  amplamente  divulgados  para  toda  a  sociedade  e  que,  a  população
mais  pobre  do  mundo  deve  se  beneficiar  do  desenvolvimento  do  turismo.  Este  relata  as
experiências de turismo com resultados reais na redução da pobreza, identificando o que é
conhecido sobre a contribuição que o turismo pode oferecer para a eliminação ou alívio da
pobreza nas comunidades locais.
Segundo  Araújo  (2002:  15)  a  cidade  possui  um  intenso  fluxo  turístico,  possuindo  31.131
leitos  e  sua  migração  é  devido  à  crise  da  lavoura  cacaueira,  contribuindo  para  a  brusca
alteração  da  paisagem  de  Porto  Seguro:  de  um  lado  encontra­se  a  cidade  vista  pelos
turistas,  de  ocupação  predominantemente  hoteleira  e  alto  valor  especulativo;  de  outro,
encontram­se  os  assentamentos  espalhados  sobre  a  área  de  manguezal  e  loteamentos
ocupados de forma clandestina ao longo da BR­367 Porto Seguro – Eunápolis.
Apostando  na  vocação  turística,  durante  a  década  de  90,  a  cidade  ganhou  investimentos
maciços  em  infra­estrutura.  Através  do  Prodetur,  o  Programa  de  Desenvolvimento  de
Turismo  no  Nordeste,  que  consiste,  numa  parceria  entre  o  Estado  e  o  BID  –  Banco  de
Interamericano  de  Desenvolvimento,  foram  investidos  US$  73.564  milhões  nas  cidades  de
Porto Seguro, Santa Cruz de Cabrália e Belmonte.
O aeroporto de Porto Seguro foi ampliado, a cidade ganhou sistema de tratamento de água
e  esgotamento  sanitário,  trechos  de  rodovias  foram  construídos.  Investiu­se  em
“marketing”: a Secretaria de Meio Ambiente de Porto Seguro foi criada em 1997 e a Costa
do  Descobrimento  ganhou  três  APA`s  (Áreas  de  Proteção  Ambiental):  Coroa  Vermelha,
Santo Antônio e Caraíva/Trancoso. Para uma cidade sem leis de Uso e Ocupação do Solo,
pode­se afirmar que a década de 90 a cidade passou por rápidas transformações.
Porém,  tanto  investimento  em  dez  anos  –  e  tem­se  a  pretensão  de  chegar  até  2010  –  já
deixou  algumas  seqüelas  visíveis  na  paisagem  da  cidade  e  suscita  a  dúvida  se  suas
intervenções  são  realmente  em  nome  de  um  turismo  sustentável,  que  conserve  o  meio
ambiente e proporcione melhora nas condições de vida da população local.
Um deles, foi a construção do trecho da rodovia BA­001, que liga Porto Seguro a Trancoso.
Segundo a publicação feita no jornal O Diário, de Porto Seguro/BA, do dia 27 de janeiro de
2001, os 87 Km de estrada nova que ligam Porto Seguro a Trancoso e ao Arraial d`Ajuda,
via  conexão  com  a  BR  367,  são  utilizados  por  apenas  10%  dos  veículos  e  às  custas  de
US$  32  milhões  investidos  no  trecho  (ao  invés  dos  US$  10,620  milhões  citados  pela
Bahiatursa).  O  jornal  ainda  cita  que  o  traçado  da  estrada  não  foi  discutido  com  a
comunidade  e  sua  implantação,  no  vale  do  Rio  Buranhém,  provocou  deslizamento  e
erosões.
Segundo Araújo  (2002:  20)  o  Prodetur  também  investiu  em  saneamento  e  99%  do  esgoto
encontra­se  implantado  na  cidade  baixa,  porém  não  foi  destinada  verba  para  as  ligações
domiciliares, e o Rio dos Mangues que abastece a cidade continua sendo poluído.
Outro ponto que causou bastante polêmica na cidade foi construção do Terravista  Resort,
pertencente  ao  Club  Méd,  inaugurado  em  dezembro  de  2002.  Construído  numa  área
anteriormente  destinada  ao  Parque  Balneário  e  Reserva  Ecológica  das  Barreiras
Vernelhas,  o  Club  Méd  Trancoso  teve  suas  licenças  ambientais  aprovadas  pelos  órgãos
competentes.

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3 Resultados
Na  Bahia,  estudo  desenvolvido  por  Almeida  Neto,  Gottschall  e  Cypriano  (1997:  17)  para
Porto Seguro, apontou os seguintes impactos decorrentes  da  concentração  da  população
e da migração sobre o local: falta de controle sobre os novos assentamentos; favelização;
invasão  de  terras  privadas  ou  inadequadas  para  urbanização;  superprodução  de  esgoto  e
lixo  e  conseqüente  poluição;  crescimento  exagerado  do  comércio  informal  com
degradação do comércio formal; sobrecarga da infra­estrutura existente; massificação das
áreas  de  lazer  e  praias;  declínio  da  auto­estima  da  comunidade  local  e  desestruturação
Referências social; incapacidade de gestão do problema por parte do poder público municipal.
bibliográficas
Além disso, Araújo (2002: 15) comenta que a implantação da indústria de papel e celulose
ALMEIDA NETO , C .,
GO TTSC HALL, C  E e  outros  fatores,  como  a  seca  e  a  crise  na  lavoura  de  cacau,  têm  levado  uma  imensa
C R YPR IANO , C .A, quantidade  de  pequenos  lavradores  a  se  deslocarem  das  áreas  rurais  para  as  periferias
de  C . A das  cidades  litorâneas  do  sul  da  Bahia.  Atraídos  pela  possibilidade  de  sobrevivência  com
contextualização
da Costa do os  empregos,  subempregos,  e  outras  ocupações    informais  geradas  pela  atividade
Descobrimento. turística,  nos  novos  moradores  amontoam­se  em  favelas.  O  bairro  “O  Baianão”,  por
Se cre taria de exemplo,  é  uma  favela  de  Porto  Seguro  que  abriga  mais  de  20.000  pessoas  que,  em  sua
C ultura e  Turism o
do Estado da maioria, vive de atividades ligadas ao turismo. Sua localização estratégica – de outro lado
Bahia, 1997, da rodovia – evita a exposição direta do problema para os visitantes. A tensão social  vivida
AR AÚJO , C ristina na periferia de Porto Seguro gera questionamentos sobre quem são os beneficiados com a
Pe re ira de . política  de  incentivo  ao  turismo,  assim  como  também  coloca  em  questão  a  necessidade
Turismo e de  uma  avaliação  mais  criteriosa  dos  impactos  ambientais,  culturais  e  sociais  (grifo
Desenvolvimento
Local. FAU/USP, nosso).
2002
Do  ponto  de  vista  ambiental,  a  urbanização  desordenada  e  especulação  imobiliária  ligada
BENEVIDES, Irle no ao  turismo  de  massa  comprometeram  até  hoje  a  maioria  dos  ecossistemas  costeiras  da
Porto. “Para uma
agenda de Costa  do  Descobrimento,  riquíssimos  em  diversidade  biológica.  A  maior  parte  das
discussão do restingas e brejos costeiros foram, e ainda estão sendo, substituído por empreendimentos
turismo como hoteleiros,  condomínios  turísticos,  centros  de  show  e  barracas  de  praias.  Áreas  de
fator de
desenvolvimento mananciais,  florestas  e  manguezais  estão,  por  sua  vez  sendo  aos  poucos  invadidos  por
local” R O DR IGUES, loteamentos habitacionais populares e de classe média, bairros de periferias e favelas.
Adyr Balle strari,
(org), Turism o e Além  da  destruição  dos  ecossistemas,  este  processo  de  ocupação  alterou  grande  parte
De se nvolvim e nto das  paisagens  mais  próximas  a  Porto  Seguro  e  Santa  Cruz  Cabrália,  comprometendo
Local, São Paulo:
HUC ITEC , 1996, irreversivelmente a sua beleza e atratividade.  O  crescimento  populacional  exponencial  e  a
p.23­41. pressão demográfica sazonal dos turistas, vêm gerando graves problemas de saneamento,
C AVAC O ,
ocasionando  inúmeros  depósitos  irregulares  de  lixo  e  a  poluição  dos  lençóis  freáticos,
C arm inda, cursos de água, e conseqüentemente, das praias mais freqüentadas pelos banhistas.
“Turismo rural e
desenvolvimento Do ponto de vista cultural, este processo muda totalmente os costumes, a cultura e até a
local” R O DR IGUES, fala local. As festas e a forma típica da região, mantém­se apenas nos povoados menores
Adyr Balle strari,
(org), Ge ografia e ou mais afastados. A cultura do  Extremo  Sul  é  rica  e  original,  porém  desconhecida  e  até
Turism o: re fle x õe s ignorada  pelos  empresários  do  turismo,  que  vendem  da  região  um  retrato  cultural
te óricas e fantasioso,  inspirado  da  cultura  negra  da  região  do  Recôncavo  baiano.  O  turismo  pode
e nfoque s
re gionais, São “mercantilizar” as culturas locais, tornando­as objetos de consumo, causando dessa forma
Paulo: HUC ITEC , danos irreversíveis à identidade da comunidade anfitriã.
1996.
Os  danos  causados  pelo  turismo,  invasivo  e  sem  planejamento,  podem  ser  irreversíveis
C O R IO LANO , Luzia
Ne ide  M.T. Do local minando, por completo, a identidade cultural do povo receptor. O que está sendo feito, em
ao global: O termos de preparação da população  para  que  seja  preservada  a  riqueza  cultural  em  Porto
turism o litorâne o Seguro? Qual a participação dos nativos na estruturação de cada destino turístico­cultural?
ce are nse . “O
Desenvolvimento Socialmente,  poucos  são  os  nativos  que  se  beneficiam  do  turismo.  O  custo  de  vida  em
local e o turismo”.
C am pinas, SP:
geral  (alimentação,  aluguel,  etc.),  ficou  muito  mais  alto.  A  maioria  tem  emprego  de  baixa
PAPIR US, 1998. qualificação  e  salário  pequeno,  além  de  sazonal,  vivendo  em  subúrbios  ou  favelas.  Essa
____________, Luzia marginalização,  a  prostituição  e  o  tráfico  de  drogas,  também  estimulados  pelo  turismo
Ne ide  M.T. O “festivo”  ali  promovido,  geram  um  contexto  social  de  pobreza,  criminalidade  e  violência
Desenvolvimento muito parecido ao que ocorre na periferia de Salvador, Rio de Janeiro e São Paulo.
voltado às
condições Paradoxalmente, o turismo que está sendo implantado na Costa do Descobrimento visa a
humanas e o
turismo
“descentralização  da  atividade  turista”  e  o  aumento  de  demanda  por  lugares  exóticos,
comunitário. “dissociados  da  experiência  cotidiana  do  cidadão  (RELATÓRIO  DO  FÓRUM  SÓCIO
C am pinas. SP. AMBIENTAL DO EXTREMO SUL DA BAHIA, 2003: 02).
2001.

DO C UMENTO
4 Conclusões
“TUR ISMO  E
R EDUÇ ÃO  DA
O  direcionamento  deste  artigo  parte  do  pressuposto  de  que  as  pessoas  colocam­se  a
PO BR EZA”. O MT. mercê da incerteza sobre a prosperidade de suas localidades em relação ao turismo. São
INSTITUTO ainda  carentes  os  conhecimentos  sobre  essa  atividade  com  relação  ao  combate  a
BR ASILEIR O  DE pobreza,  pelo  fato  de  ser  o  turismo  uma  atividade  de  valorização  recente,  ou  pelo  fato  de
GEO GR AFIA E

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ESTATÍSTIC A que, de um modo geral, as escolas negligenciam as informações sobre o turismo. Faltam,
(IBGE).
portanto, as condições necessárias para uma tomada de consciência a seu respeito.
KR IPPENDO R F,
Jost. Sociologia do Tal pressuposto nos leva a necessidade de conhecer as relações que são formados  entre
turism o. Para uma os  moradores  locais  e  o  turista,  bem  como  as  relações  entre  aquelas  pessoas  e  os
nova compreensão
do lazer e das recursos turísticos ao serem implementados como produtos utilizados pelo turista.
viagens. R io de
Jane iro: Ed.
Nesse  propósito,  existem  várias  indagações  a  procura  de  respostas  relacionadas  aos
C ivilização valores que os moradores de uma localidade atribuem à implementação do turismo. Como
Brasile ira, 1989. pode o Turismo contribuir para o Desenvolvimento Local? Como o Turismo pode combater
MASTNY, Lisa. Do pobreza? Como os moradores recebem a chegada do turista? Qual é a consideração sobre
Rio a Joanesburgo: o  significado  do  turismo  para  o  desenvolvimento  local?  Como  os  recursos  tidos  a  nível  de
novos caminhos
para o turismo comunidade, como valor de uso, seriam considerados por seu valor de troca? Que ligações
internacional. afetivas  se  estabelecem  entre  as  pessoas  e  patrimônio  natural  ou  histórico?  Como  a
R e vista do Te rce iro comunidade  coloca  suas  manifestações  folclóricas,  artesanais  típicas  à  disposição  do
Se tor.
www.re ts.rits.org.br. turismo?  As  pessoas  são  particularmente  sensíveis  ao  turismo  e  desenvolvimento  local?
Como os habitantes de um município identificam o turismo? Como fazem sua estimativa?
O  DIÁR IO . Jornal
de  Porto
Como fazem sua avaliação social em termos de risco­benefício ou de custo­benefício? Tais
Se guro/BA, 27 de indagações  constituem  variáveis  integrantes,  cujo  objeto  de  investigação  é  o  uso  do
jane iro de  2001 turismo na luta contra a pobreza.
O LIVEIR A,
Manfre do A. A Deve  ser  essencialmente  um  processo  que  valoriza  as  pessoas.  Lembra  Oliveira  (1998)
A tualidade dos que:  não  pode  permitir  que  o  discurso  dos  Direitos  Humanos  seja  monopolizados,
Direitos Humanos. precisamente por aqueles que mais os violam. Faltam políticas que objetivem  e  viabilizem
Fortale za: O  PO VO
8/12/98. esses  direitos,  tornando  os  propósitos  e  benefícios  concretos  para  todas  as  pessoas,
sobretudo  para  as  populações  mais  pobres.  Inexistem  políticas  de  redistribuição  das
R ELATÓ R IO  DO
FO R UM SÓ C IO
riquezas,  de  uma  forma  mais  eqüitativa.  Daí  a  proposta  de  desenvolvimento  local,  de
AMBIENTAL DO desenvolvimento  na  escala  humana,  de  turismo  de  base  local  para  mudar  o  eixo  de
EXTR EMO  SUL DA interesse  das  ações.  Falar  de  eqüidade  em  países  de  economia  liberal  pode  soar  como
BAHIA, Porto
Se guro, jun, 2003.
ironia ou ideologia e não como alguma coisa viável.
R O DR IGUES, Adyr Porto  Seguro  e  quaisquer  outros  municípios  que  conseguirem  introduzir  um
Balle strari. Turismo desenvolvimento voltado para a escala humana tornam­se mais preparados à promoção do
e
Desenvolvimento
turismo.  Os  lugares  que  não  respeitam  o  direito  humano,  com  desigualdades  gritantes,
Local, São Paulo: onde  há  guerra,  violência,  fome  e  pobreza  inviabilizam  o  turismo.  Nesses  lugares,  o
HUC ITEC , 1997 turismo incomoda e é incomodado.
http://www.e spacoacade m ico.com .br ­ C opyright © 2001­2005 ­ Todos os dire itos re se rvados

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