Título: Mrs Dalloway Editora: Livros do Brasil Lugar e data: janeiro de 2015 1. Mrs Dalloway trata-se de um romance; 2. O seu tema principal é o amor e o drama que existe nas relações das personagens. Também são retratadas diversas aventuras vividas por estas. 3. Personagens principais:
Clarissa Dalloway: Uma mulher de média idade, nos seus 50 anos.
Elegante, egoísta, fútil, sensual e romântica.
Septimus: Jovem, nos seus 30 anos, poético, inteligente,
mentalmente instável e doente.
4. A história passa-se toda num único dia, em junho, numa quarta-
feira do ano de 1923 em Westminster, Londres.
5.
A personagem principal do livro, Clarissa Dalloway, é uma mulher de meia-
idade, nos seus 50 anos. Clarissa é uma dama da sociedade inglesa, muito tradicional, que em si não possui nada de particular e especial, pelo contrário. Ela não tem nenhum talento artístico, intelectual e não sabe falar de política. É uma mulher com muito poucas qualidades, mas, no entanto, é bastante preocupada com a sua posição na sociedade, dando festas e recebendo diversas pessoas em sua casa para poder manter a sua boa postura e fazer prevalecer a sua boa imagem. O enredo da história começa numa quarta-feira, de manhã. Clarissa sai de casa para comprar flores para a festa que vai dar na noite do mesmo dia. Conforme Clarissa vai caminhando pelas ruas de Westminster, conseguimos ter o acesso total a tudo o que se passa por dentro da sua cabeça. Com o desenrolar da história, conseguimos perceber que talvez, por dentro da cabeça desta mulher tão fútil, frívola e ignóbil não existam apenas coisas inúteis e ignorantes também. Para alem de sabermos o que vai na cabeça de Clarissa enquanto esta caminha, conseguimos saber o que vai na cabeça de quem se cruza com ela. Uma dessas pessoas que eventualmente se cruza com Clarissa durante essa caminhada pelo centro da cidade de Londres, vem a ser Septimus Warren Smith, um veterano da primeira guerra mundial, acompanhado pela sua mulher Lucrezia. Embora esta personagem e Clarissa nunca chegaram a conversar e não se conhecerem por completo, Septimus vai assumir um papel de protagonista na mesma história. Paralelemente, enquanto acompanhamos o dia de Clarissa Dalloway e conhecemos as outras personagens, também acompanhamos o dia de Septimus, apesar destas personagens terem histórias de vida e personalidades completamente diferentes. Septimus lutou na primeira guerra mundial ao qual perde o seu melhor enquanto este também lutava. Sofre de traumas emocionais (stress pós- traumático) desencadeado pela guerra e depois de alguns anos desta ter acabado, começam a ser notáveis as perturbações geradas pela doença. Como naquela época a ciência não era tao desenvolvida, não se conseguia fazer um diagnóstico certo a Septimus, fazendo com que toda a gente à volta dele pensasse que ele estava simplesmente a enlouquecer. Septimus começa a pensar no seu próprio suicídio e avisa toda a gente que vai acabar por o cometer. Começa também a ter delírios, no qual fala com os mortos, entre eles o seu melhor amigo ex combatente. Com tudo isto a acontecer a Septimus, a sua mulher Lucrezia fica desesperada com a sua situação. Tenta então levar o marido a diversos psiquiatras para o tentar curar das suas perturbações e impedir que tenha um horrível desfecho. Quando Clarissa chega a casa, descobre que o seu marido Richard, tinha sido convidado para almoçar com Lady Bruton, e faz com que esta fique com ciúmes. No entanto, na mente de Clarissa existe outra coisa que a perturba ainda mais. Uma visita de Peter Walsh, o seu primeiro amor, ao qual se recusara a casar há quase 30 anos. Durante o almoço, Richard é informado que Peter está de volta da India, o que fez com que um sentimento de ameaça tomasse conta dele. Por conta disto, Richard compra flores a Clarissa, porém este tem dificuldade em expressar os seus sentimentos, então, entrega-lhas sem um «amo-te». Do outro lado da história, Septimus e a sua mulher viajam até uma casa de repouso, recomendada por Sir William Bradshaw, o seu novo psiquiatra. Ao chegarem, Septimus é deixado sozinho numa sala de espera, e durante o tempo em que não tem ninguém à sua volta, começa a ter novas alucinações com o seu falecido amigo e a reconhecer que nunca mais conseguiria sentir nada na vida. É então que aproveita e atira-se da janela em que se encontrava. O passado continua imerso numa névoa de incerteza e presente na história de Clarissa. Tudo o que tinha passado, ainda não tinha realmente passado. Continua a haver os olhares e as meias palavras. Diversas memórias sobrevoavam na cabeça de Clarissa. Uma delas é Sally Setton, a sua melhor amiga da juventude, no qual partilhavam um sentimento estranho de amor. Peter Walsh tinha ciúmes de Sally, uma rapariga que na altura era extremamente elegante, sensual e que fumava. A noite aproximava-se e a festa também. Peter Walsh voltava do parque, dirigia-se a casa de Clarissa pois também tinha sido convidado. Durante o tempo em que estivera no parque, Clarissa não saía da sua cabeça, só ela importava, e sempre foi assim. Apesar dos longos anos que passou na India, Peter nunca esquecera Clarissa. Já na festa, Clarissa é surpreendida pela presença de Sally. Está diferente, com cinco filhos, fazendo com que ganhasse uma figura bastante maternal. Tudo o que lembrava a Clarissa da antiga Sally era unicamente o fum o do tabaco que ela continuava a fumar. Entretanto, Peter envolve-se numa conversa com Richard e Sally, recordando-se dos velhos tempos, emocionado e com uma lágrima no canto do olho. Clarissa viu toda a sua vida a passar diante dos seus olhos num só dia, naquele dia. O dia em que se questionou verdadeiramente da sua existência. A festa terminou, mas Clarissa não voltou, não era mais ela que estava ali.
1. O título do livro é Mrs Dalloway simplesmente pelo facto de ser o
nome da personagem principal e é escolhido o seu nome de casada para dar a entender que é uma mulher pertencente à sociedade. 2. Sempre tive interesse em ler um romance de Virginia Woolf então optei por escolher este. Também acho relevante apresentar este livro pelo facto de falar sobre preconceito e irrelevância, temas falados nas aulas de português. 3. 4. Num romance em que se prenuncia a doença, a velhice e a ideia de que alguém vai morrer, não é a vida, mas a festa que se contrapõe à ideia da morte. A festa, os detalhes da festa, o vestido que Clarissa escolhe pra aquela noite, elementos aos quais se agarra Clarissa, dessa maneira agarrando-se a uma ilusória concretizante e tentando ignorar as marcas da nossa passagem, da vida que se escorre: os dias, as horas, tudo o que foi e que está para sempre acabado. Que a nossa vida pode ser resumida e vista num só dia.