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Resíduos sólidos e

aterros sanitários:
em busca de um novo olhar
Gemmelle Oliveira Santos

Resíduos sólidos e
aterros sanitários:
em busca de um novo olhar

Fortaleza - 2015
Resíduos sólidos e aterros sanitários: em busca de um novo olhar.

© 2015 Gemmelle Oliveira Santos


Impresso no Brasil / Printed in Brazil

Revisão:

Editoração eletrônica:
Marta Braga

Impressão:
Imprima Soluções Gráficas

Ficha catalográfica
SÚMARIO

Capítulo 1 ________________________________________ 00
(Des)envolvimento, consumo e resíduos sólidos: um debate necessário _ 00

Capítulo 2 ________________________________________ 00
Os impactos dos resíduos sólidos no ambiente _________________ 00

Capítulo 3 ________________________________________ 00
Gestão integrada e gerenciamento dos resíduos sólidos ___________ 00

Capítulo 4 ________________________________________ 00
Aterros de resíduos sólidos urbanos ________________________ 00

Capítulo 5 ________________________________________ 00
Gases de aterros sanitários ______________________________ 00

Capítulo 6 ________________________________________ 00
Revegetação e recuperação paisagística de aterros sanitários _______ 00

Referências ________________________________________ 00
Resíduos sólidos e aterros sanitários: em busca de um novo olhar

Apresentação

Nos últimos anos recebi inúmeras solicitações dos estudantes de gra-


duação e pós-graduação do Instituto Federal do Ceará - IFCE para que es-
crevesse um livro sobre os assuntos debatidos em sala, mas só agora resolvi
fazê-lo.
A maior demanda dos discentes se referia ao fato dos conteúdos relati-
vos aos resíduos sólidos e aos aterros sanitários sempre estarem pulveriza-
dos em várias fontes, o que dificultava seu entendimento e os desinteressava
pelo tema, levando-os a estudar outra disciplina.
Neste livro, o conhecimento sistematizado teve por objetivo maior sa-
nar a dificuldade encontrada pelos discentes e ampliar a discussão sobre
o tema dos resíduos sólidos e aterros sanitários a partir da consulta a uma
vasta quantidade de pesquisas e estudos feitos inter(nacionalmente).
O Capítulo 1, intitulado (DES)ENVOLVIMENTO, CONSUMO E RESÍ-
DUOS SÓLIDOS: UM DEBATE NECESSÁRIO, inicia o leitor ao tema de
forma bem interativa, apresenta muitas curiosidades e críticas sobre o modo
de vida humano e suas conseqüências para a natureza e para a própria so-
ciedade.
O Capítulo 2, intitulado OS IMPACTOS DOS RESÍDUOS SÓLIDOS NO
AMBIENTE, foge do mundo das curiosidades para provar cientificamente o
quanto os descuidos com os resíduos sólidos tem poluído e contaminado a
natureza e adoecido as pessoas.
O Capítulo 3, intitulado GESTÃO INTEGRADA E GERENCIAMENTO
DOS RESÍDUOS SÓLIDOS, mostra quantas alternativas temos para mane-
jar os resíduos produzidos pela sociedade e por onde cada município deve
caminhar para mudar sua situação em relação ao tema.
O Capítulo 4, intitulado ATERROS DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBA-
NOS, explora em detalhes os aspectos técnicos, construtivos e operacionais
desses empreendimentos já que os lixões estão proibidos no Brasil pela Lei
12.305/2010, que trata da Política Nacional de Resíduos Sólidos.

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Gemmelle Oliveira Santos

O Capítulo 5, intitulado GASES DE ATERROS SANITÁRIOS, apresenta


os processos que influem na geração e composição desses gases para que,
de forma centrada, possa ser discutida a (in)viabilidade do aproveitamento
energético do gás metano.
Por fim, o Capítulo 6, intitulado REVEGETAÇÃO E RECUPERAÇÃO
PAISAGÍSTICA DE ATERROS SANITÁRIOS, é um alerta para que as enor-
mes áreas destinadas a esses empreendimentos não sejam simplesmente
abandonadas após uso, mas sofram recuperação ambiental.
Espero contribuir para ampliação dos seus conhecimentos sobre os te-
mas aqui abordados e boa leitura!

Gemmelle Oliveira Santos

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Resíduos sólidos e aterros sanitários: em busca de um novo olhar

Prefácio

O Professor Gemmelle Oliveira Santos tem dedicado grande parte de


suas atividades acadêmicas ao estudo da problemática dos resíduos sólidos.
Sua monografia do Curso de Especialização em Educação Ambiental, bem
como sua dissertação de Mestrado em Saúde Pública e sua tese de Doutora-
do em Engenharia Civil (Saneamento Ambiental), trataram de temas rela-
cionados com os resíduos sólidos urbanos, tendo lhe proporcionado muitos
conhecimentos e experiência sobre o assunto.
Além de suas atividades acadêmicas, o Professor Gemmelle desenvol-
veu diversos trabalhos e serviços de consultoria relacionados à gestão de
resíduos sólidos.
Tudo isso resultou na aquisição de conhecimentos que lhe propiciaram
as condições para escrever este importante livro, o qual aborda este impor-
tante tema.
O livro discute, com pertinência, a grande geração de resíduos sólidos
atualmente, não só como consequência do crescimento populacional, espe-
cialmente nas áreas urbanas, mas também devido ao modelo de desenvolvi-
mento vigente, que “busca atender padrões de produção/consumo infinitos
a partir de uma base natural finita”, como ressalta o autor.
Essa grande produção de resíduos sólidos tem resultado em muitos im-
pactos ambientais nos meios físico, biótico e antrópico, havendo necessi-
dade de que medidas de gestão sejam adotadas, as quais busquem desde a
redução da geração de resíduos até a sua correta destinação final. Para isso,
como bem é destacado no livro, é necessário o cumprimento da Lei Federal
nº 12.305/2010, que contém as diretrizes relativas à gestão integrada e ao
gerenciamento de resíduos sólidos.
Ênfase maior é dada, no livro, aos aterros sanitários; tema bem aborda-
do nos três últimos capítulos. A destinação final de resíduos sólidos é ainda
muito precária no Brasil, onde predominam os lixões, com seus graves pro-
blemas ambientais, e poucos municípios dispõem de aterros sanitários.

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Gemmelle Oliveira Santos

A emissão de gases em aterros sanitários é outro tema bem discutido.


Realmente, trata-se de um dos problemas que necessitam de solução na exe-
cução de aterros, pois esses gases (metano e gás carbônico) contribuem para
o aquecimento global, além dos riscos de incêndios e explosões.
O último capítulo aborda um tema novo na literatura sobre aterros sa-
nitários - a revegetação e recuperação paisagística. O autor cita alguns tra-
balhos sobre o plantio de vegetação na camada final de cobertura de aterros
sanitários, entre eles o que desenvolveu em seu doutorado no Aterro Sani-
tário de Caucaia, Ceará, onde foram cultivadas cinco gramíneas, as quais
alcançaram bons resultados de crescimento e sobrevivência.
Segundo o autor, este livro teve como “objetivo maior sanar a dificulda-
de encontrada pelos discentes” em encontrar livros sobre gestão de resíduos
sólidos. Seu objetivo foi plenamente alcançado.
Com certeza, este livro será bastante utilizado por alunos e professores
de diversos cursos de graduação e pós-graduação. Como foi escrito em lin-
guagem simples, sem, contudo, fugir dos fundamentos técnicos, poderá ser
usado por outras pessoas que queiram ampliar seus conhecimentos sobre
resíduos sólidos.
Sem dúvida, o livro constitui uma importante contribuição para a solu-
ção de um grave problema urbano - os resíduos sólidos.

Suetônio Mota
Professor Titular do Departamento
de Engenharia Hidráulica e Ambiental da UFC

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Resíduos sólidos e aterros sanitários: em busca de um novo olhar

Capítulo 1

(Des)envolvimento, consumo e
resíduos sólidos: um debate necessário

Você já se perguntou por que geramos resíduos1?


Geramos resíduos como consequência do crescimento da população, dos
avanços tecnológicos, do aumento da produção/consumo, entre outros pro-
cessos.
O crescimento da população imprime grande pressão sobre os recur-
sos ambientais2. Todos, ao mesmo tempo, precisam de alimentos, roupas,
diversas formas de energia (elétrica, combustíveis etc), bens (duráveis e não
duráveis) e serviços, sendo que tal demanda é incompatível com a disponibi-
lidade da natureza e seu ritmo de recuperação. Por isso, a crescente lista das
necessidades humanas - às vezes desnecessárias - “permite” e até “justifica”
grandes injustiças sociais e ambientais.
Dados da Organização das Nações Unidas (ONU) estimam que em 2015
a população mundial superou os sete bilhões de habitantes. Dados do IBGE3
de 2015 apontam que o nosso país tem mais 200 milhões de brasileiros e a
pergunta é: como atender a sonhos de consumo e lazer infinitos a partir de
um planeta finito?
Vejamos um pouco a realidade do Brasil:
Em 1940, aproximadamente 31,2% da população brasileira vivia em
áreas urbanas e 68,8% vivia em áreas rurais. Em 2010, o cenário era total-
mente diferente, pois 84% dos brasileiros passaram a morar em áreas urba-
nas e 16% em áreas rurais. O que isso significa?

1
Em alguns momentos do livro iremos utilizar o termo Resíduo para abreviar a expressão Resíduo Sólido Urbano - RSU.
2
Entende-se por recursos ambientais a atmosfera, as águas interiores, superficiais e subterrâneas, os estuários, o mar
territorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a flora (Art. 3º, V, Lei 6.938/81).
3
IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

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Gemmelle Oliveira Santos

Significa uma mudança radical no estilo de vida das pessoas, em seus


costumes e hábitos. Significa que as grandes cidades só “sobrevivem”
(cidade como sinônimo de ecossistema) porque retiram dos ambientes vi-
zinhos (outros municípios) todos os insumos e matérias-primas, dentre os
quais a água, os alimentos e até pessoas; hoje, muito mais, as grandes cida-
des devolvem4 para os municípios vizinhos os resíduos que produzem, esta-
belecendo uma relação duplamente injusta.
A população flutuante (oriunda do turismo em alguns casos) representa
uma preocupação extra aos municípios receptores quando o assunto é a ge-
ração de resíduos sólidos e a limpeza urbana.
Vejamos um exemplo:
O Censo do IBGE de 2010 aponta que as três cidades mais populosas do Estado
do Ceará são Fortaleza (2.447.409 habitantes), Caucaia (324.738 habitantes) e
Juazeiro do Norte (249.936 habitantes), mas se for considerado que na época
das romarias, Juazeiro do Norte recebe até 600.0005 visitantes (fiéis de Padre
Cícero) a geração de resíduos na cidade pode aumentar 2,5 vezes nesse perío-
do, sobrecarregando o sistema de coleta pública e reduzindo a vida útil da área
de destino final. Essa mesma preocupação também pode ser estendida para
outro município cearense: Canindé - que recebe as romarias de São Francisco
- sem contar a drástica realidade vivida pelos municípios litorâneos, onde as
praias ficam tomadas por visitantes e seus resíduos.

Os avanços tecnológicos também impulsionam a geração de resíduos


sólidos, especialmente resíduos que podem ser classificados como perigo-
sos6.
Da Revolução Industrial aos dias de hoje observa-se a produção de mer-
cadorias em escala cada vez maior, a enorme variação entre marcas, estilos e
cores, a disputa no mercado pela oferta de preços baixos e por melhores con-
dições de pagamento, o aumento no nível de consumo médio das famílias e
o incentivo à “cultura do desperdício”, como um comportamento “bom” e
“desejável”.
O surgimento do “e-lixo ou lixo tecnológico” é bom exemplo do impacto
dos avanços tecnológicos na geração de resíduos sólidos. Produtos eletroele-
4
Uma avaliação cuidadosa sobre o destino final dos RSU coletados em grandes cidades brasileiras pode mostrar o
quanto os pequenos municípios sofrem com tais resíduos. Em alguns casos, os aterros sanitários que esses pequenos
municípios recebem até trazem benefícios enquanto estão em operação, mas quando desativado, o aterro passa a ser um
problema exclusivo do município que o abriga.
5
Informação extraída do portal G1 em 19/11/2013.
6
Resíduo perigoso: aqueles que, em razão de suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxi-
cidade, patogenicidade, carcinogenicidade, teratogenicidade e mutagenicidade, apresentam significativo risco à saúde
pública ou à qualidade ambiental, de acordo com lei, regulamento ou norma técnica (Lei 12.305/2010, Art. 13, II).

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Resíduos sólidos e aterros sanitários: em busca de um novo olhar

trônicos recém adquiridos parecem “lentos” no ano seguinte e de aparência


ultrapassada.
Você sabia?
Nos países desenvolvidos, a vida média de um computador é estimada em ape-
nas 2 anos, sendo que sua fabricação consumiu em média 240 kg de combustí-
veis fósseis, 22 kg de produtos químicos e 1500 litros de água (Trecho do Filme
A HISTÓRIA DAS COISAS).

Estimativas feitas pela ONU apontam que em 2012 foram descartadas


50 milhões de toneladas de “e-lixo” no mundo.
Um estudo da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI)
publicado em 2013 estima, ao considerar os eletrônicos de grande e pequeno
porte, que o Brasil já estaria gerando cerca de 1 milhão de toneladas anuais
de “e-lixo”. Cabe lembrar que as principais substâncias químicas (mercú-
rio, cádmio, arsênio, chumbo etc.) presentes nesse tipo de resíduo não são
removidas antes do seu descarte final; daí a preocupação que temos com os
impactos do consumo desenfreado na geração de resíduos e destes sobre a
saúde pública e ambiental.
Você sabia?
Segundo a ONU, algumas empresas de má fé, situadas nos países centrais, es-
tão enviando computadores para os países mais pobres não porque estejam
preocupados com a inclusão digital ou com a melhoria da educação nesses pa-
íses: elas estão simplesmente se livrando de forma desonesta e ilegal de equi-
pamentos cujo descarte seria problemático em seus países e cuja reciclagem é
ainda técnica e economicamente pouco interessante (Trecho do Filme A HIS-
TÓRIA DAS COISAS).

No Brasil ainda não há legislação7 específica que controle a emissão e


recepção de “lixo tecnológico”. A Lei 12.305/2010, que trata da Política Na-
cional de Resíduos Sólidos, prevê no Artigo 338 que são obrigados a estru-
turar e implementar sistemas de logística reversa9, mediante retorno dos
produtos após o uso pelo consumidor, de forma independente do serviço
público de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos, os fabricantes,
7
Além de não possuir legislação específica sobre o tema do “e-lixo”, o Brasil é o maior produtor per capita de resíduos
eletrônicos entre os países emergentes, segundo a ONU.
8
A logística reversa também deverá ser implantada para: I - agrotóxicos, seus resíduos e embalagens, II - pilhas e ba-
terias, III - pneus, IV - óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens, V - lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e
mercúrio e de luz mista (Lei 12.305/2010, Art. 33).
9
Logística reversa: instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto de ações, pro-
cedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para rea-
proveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada. (Lei
12.305/2010, Art. 3º, XII).

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Gemmelle Oliveira Santos

importadores, distribuidores e comerciantes de produtos eletroeletrônicos e


seus componentes, mas pouco avançou no país.
É importante considerar ainda o impacto do aumento da produção/
consumo na geração dos RSU. O setor empresarial/industrial, por exemplo,
investe pesado na elaboração de novos produtos e na sua divulgação junto
aos meios de comunicação, sendo que a maior parte dos consumidores não
sabe como os produtos foram fabricados, que conseqüências ambientais o
processo produtivo gerou, quantos trabalhadores adoeceram na manipula-
ção daquele produto, para onde foi o efluente e o resíduo industrial ineren-
tes a cada processo fabril. Os consumidores simplesmente compram e des-
percebidamente (alguns até percebem) alimentam práticas insustentáveis.
O modelo de (des)envolvimento vigente extrai além da capacidade de
suporte da natureza, produz usando muita energia e produtos químicos,
pulveriza nas cidades seus produtos e problemas, estimula o consumo por
meio da obsolescência planejada e perceptiva.
Historicamente (re)produzimos um modelo de (des)envolvimento que
é socialmente injusto, moralmente indefensável e ambientalmente insusten-
tável (PORTILHO, 2005). É socialmente injusto porque apenas uma peque-
na parcela da população tem acesso aos benefícios desse modelo enquanto
que a grande maioria amarga os prejuízos. É moralmente indefensável por-
que consegue fazer crer à população que os bens que as empresas produzem
são imprescindíveis à sua existência. É ambientalmente insustentável por-
que busca atender padrões de produção/consumo infinitos a partir de uma
base natural finita.
Você sabia?
As três últimas décadas consumiram 33% dos recursos naturais; 75% das zo-
nas de pesca do planeta estão sendo exploradas ao máximo ou além da sua
capacidade de suporte ((Trecho do Filme A HISTÓRIA DAS COISAS).
Já ultrapassamos ou excedemos em 40% a capacidade de restauração da bios-
fera, levando-se em conta o consumo de alimentos, recursos naturais e energia
(MAGERA, 2005).

Não há motivos para duvidar da nossa capacidade de destruir a natu-


reza. Nos Estados Unidos, por exemplo, 90% dos produtos adquiridos pela
população viram lixo em menos de 6 meses (Trecho do Filme A HISTÓRIA
DAS COISAS). Como é que podemos gerir um planeta com esse nível de
rendimento?

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Resíduos sólidos e aterros sanitários: em busca de um novo olhar

Vejamos o que diz um analista de vendas dos Estados Unidos:


A nossa enorme economia produtiva exige que façamos do consumo a nossa for-
ma de vida, que tornemos a compra e o uso de bens em rituais, que procuremos
a nossa satisfação espiritual, a satisfação do nosso ego no consumo. Precisamos
que as coisas sejam consumidas, destruídas, substituídas e descartadas a um
ritmo cada vez maior (Trecho do Filme A HISTÓRIA DAS COISAS).

Pelo relato, percebemos que o entusiasmo do sistema produtivo vigente


está na criação de bens/mercadorias que possam virar lixo o mais rápido
possível. Caso isso não ocorra, eles mudam a aparência das coisas para que
você se sinta “atrasado”, “antigo”, mas tudo se resolve se você for às com-
pras. A mídia diz isso todo tempo!
Para Abreu (2001) somos invadidos a todo o momento pelo desejo de
consumir mais e mais supérfluos, transformados em necessidades pelo mer-
cado, e que rapidamente viram lixo.
Você sabia?
Vemos mais publicidade em um ano que as pessoas há 50 anos viram em toda
a vida; temos mais coisas, mas nossa felicidade está declinando; temos muitas
coisas e menos tempo livre (Trecho do Filme A HISTÓRIA DAS COISAS).

Para Herculano (2005) as sociedades humanas não apenas produzem


e consomem; elas criam um conjunto de idéias, de valores e de significados
sobre sua produção e seu consumo.
Vamos resumir?
A geração dos resíduos sólidos tem suas raízes vinculadas a grandes forças mo-
trizes (crescimento populacional, avanços tecnológicos e aumento da produ-
ção/consumo) de difícil controle e abandono. O debate aqui iniciado precisa
fazer parte das preocupações da sociedade como um todo. Individualmente,
cada um(a) deve reduzir seu consumo, repensar a forma de consumir e usu-
fruir da natureza, pois o ritmo vigente é insano.

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Resíduos sólidos e aterros sanitários: em busca de um novo olhar

Capítulo 2

Os impactos dos resíduos sólidos


no ambiente

Os Resíduos Sólidos Urbanos (RSU)10 causam impactos11 que se mani-


festam de forma interativa no meio físico (ar, água e solo), biótico (fauna e
flora) e antrópico (homem e suas relações históricas, culturais, econômicas,
políticas etc).
Os impactos ao meio físico, especialmente ao ar, acontecem em função
da liberação de gases durante os processos de decomposição dos RSU e tam-
bém em decorrência da queima proposital ou acidental de resíduos.
No caso de áreas de despejo onde haja, mesmo que precariamente, algum tipo
de espalhamento, compactação e cobertura dos resíduos, as poeiras suspensas
vindas dos próprios resíduos e produzidas durante as etapas de operação tam-
bém contribuirão para a poluição do ar no local (SISINNO, 2002, p.33).
Além desses aspectos, determinados componentes dos RSU, como os
papéis e as sacolas plásticas, podem gerar poluição atmosférica ao serem
carregados pelo vento e atingir populações próximas ou distantes da área de
disposição inicial. É comum observar a presença desses dois materiais em
galhos de árvores, cercas e até na fiação elétrica a medida que nos aproxima-
mos de um depósito de resíduos.
Ainda sobre a poluição do ar, a pesquisa realizada por Aronica et al.
(2009) numa área de disposição de resíduos sólidos existente em Palermo
(Itália), traz um resultado alarmante: os autores constataram concentração

10
Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) englobam os classificados como domiciliares (originários de ativida-
des domésticas em residências urbanas) e os de limpeza urbana (os originários da varrição, limpeza de
logradouros, vias públicas e outros serviços de limpeza urbana) conforme a Lei 12.305/2010 (Artigo 13,
I).
11
Qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qual-
quer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afe-
tam: I - a saúde, a segurança e o bem-estar da população; II - as atividades sociais e econômicas; III - a
biota; IV - as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; V - a qualidade dos recursos ambientais
(CONAMA 01/86).

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Gemmelle Oliveira Santos

elevada de gases de aterro no ar a uma distância de 4 km da área estudada. Isso


mostra que a direção dos ventos precisa ser considerada na escolha das áreas
que abrigarão os aterros sanitários, pois o vento deve passar primeiro nas áre-
as residenciais e depois na área do aterro (residências - aterro). Caso contrário
(aterro - residências), a população estará sempre exposta ao odor dos resíduos.
Da pesquisa de Acurio et al. (1997) entende-se que a poluição do ar
pode provocar distúrbios respiratórios, não só pela poeira suspensa, mas
também pelo cheiro desagradável dos resíduos e efeito irritante de algumas
substâncias voláteis que causam cefaléia e náuseas, problemas de visão e
inflamação da mucosa ocular.
Os impactos dos RSU ao solo estão, na maior parte dos casos, associa-
dos à infiltração do lixiviado produzido na digestão desses resíduos em áreas
de disposição. O trabalho desenvolvido por Sisinno e Moreira (1996) consta-
tou que as maiores concentrações dos metais pesados foram observadas no
solo do sítio limítrofe ao aterro controlado de Niterói (RJ) e no sedimento
da vala do aterro.
Laureano e Shiraiwa (2008) mapearam a condutividade elétrica do
subsolo do aterro sanitário de Cuiabá (MT) através do método eletromagné-
tico indutivo e do radar de penetração no solo. Conforme os autores, as áreas
não impermeabilizadas estão sendo fontes de contaminação do subsolo. Um
bom exemplo é que as medidas de condutividade elétrica efetuadas na área
livre de resíduos não superaram 10 mS/m12 enquanto que as áreas com resí-
duos apresentaram valores maiores que 100 mS/m.
Os impactos à água a partir dos RSU se manifestam através da poluição
dos recursos hídricos tanto superficiais quanto subterrâneos. Conforme Si-
sinno (2002):
Os resíduos sólidos contêm espécies químicas que podem ser carreadas pelas
chuvas e entrar em contato com os cursos d’água superficiais e subterrâneos
através de escoamento superficial e infiltração. Dessa forma, poderá haver o
comprometimento do uso dessas fontes e da biota aquática, com risco de ocor-
rer intoxicações em um grande número de pessoas (SISINNO, 2002, p.33).

Para Rebouças (1992) apud Eckhardt et al. (2009):

Enquanto a contaminação de um manancial de superfície geralmente consti-


tui-se em um problema visível, facilmente identificável por mudança da cor
da água, presença de espuma, odor e aparecimento de organismos aquáticos
12
mS/m - miliSiemens por metro

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Resíduos sólidos e aterros sanitários: em busca de um novo olhar

mortos, a contaminação dos aquíferos é invisível e pode transformar-se em um


problema crônico, na medida em que só venha a ser identificado por meio de
seus efeitos na saúde pública.

Outras pesquisas apontam a influência negativa das áreas de disposição


de RSU na qualidade das águas:
Santaella, Paiva e Leitão (1999) avaliaram as mudanças ocorridas na
qualidade das águas subterrâneas nas proximidades do lixão do Jangurussu
(Fortaleza-CE) considerando quatro poços artesianos. A concentração mé-
dia de DQO13 na água do poço 1 foi de 50 mg/L, poço 2 (90,8 mg/L), poço
3 (60 mg/L) e no poço 4 (65,5 mg/L). Uma das conclusões do trabalho foi
que o aqüífero constituído pela formação Barreiras têm sofrido modifica-
ções pela disposição inadequada de resíduos sólidos, intensificadas na época
de estiagem.
Melo e Jucá (2000), em três áreas de disposição de resíduos (Muribe-
ca, Aguazinha e aterro metropolitano de Salvador), entre vários objetivos,
avaliaram o grau de contaminação das águas superficiais e subterrâneas da
área circunvizinha aos aterros. Os autores encontraram resultados de DQO
nas águas subterrâneas variando entre 40 à 159 mg/L e do ponto de vista
microbiológico essas águas estavam contaminadas com 105 (Aguazinha) e 106
(Muribeca) Unidades Formadoras de Colônia de Coliformes Termo-Toleran-
tes - UFCCTT/100 mL.
Gonçalves Coelho et al. (2002) realizaram um estudo para mostrar as
conseqüências ambientais da má disposição de resíduos sólidos no aterro
sanitário do município de Uberlândia (MG), com conseqüente avaliação do
nível de contaminação das águas do lençol freático. Os autores detectaram
DQO variando entre 1.213 a 1.924 mg/L, nitrogênio amoniacal (6,9 - 8,1
mg/L) e cloretos (193,0 - 329,0 mg/L), além de metais pesados (Cobre: 0,4
mg/L; Zinco: 0,3 - 0,8 mg/L).
Silva Lima (2003) desenvolveu um trabalho cujo objetivo foi detectar
os danos aos recursos hídricos superficiais e subterrâneos existentes na vi-
zinhança do lixão de São Pedro da Aldeia (RJ). Entre os resultados alcança-
dos, o que mais preocupou o autor foi a alta condutividade elétrica do lixi-
viado: 15.400 μS/cm14, pois esse parâmetro mantém relação com compostos
e elementos químicos diversos (cloreto, sódio, manganês, magnésio, cálcio)
13
DQO - Demanda Química de Oxigênio
14
μS/m - microSiemens por metro

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Gemmelle Oliveira Santos

que contribuem para as alterações na qualidade das águas subterrâneas da


região.
Lago, Elis e Giacheti (2006) desenvolveram um trabalho cuja finalida-
de foi avaliar as potencialidades da integração dos métodos geofísicos na
caracterização geoambiental da área do aterro sanitário da cidade de Bauru
(SP). De forma complementar, os autores analisaram as águas dos poços de
monitoramento permanente instalados no aterro e encontraram contamina-
ção biológica de 20.000 UFCCTT15/100 mL.
Os RSU também impactam o meio biótico (fauna e flora) e esses impac-
tos são mais representativos quando se observa que o “verde” de remanes-
centes áreas do meio urbano, contrasta com a multiplicidade de cores dos
mais diversos tipos de resíduos depositados (papel, papelão, PET16, metais,
vidros, cerâmicas, trapos, plásticos, borrachas etc). Quanto à fauna, os re-
síduos sólidos podem prender aves, répteis, felinos e levá-los a morte por
sufocamento, emaranhamento e/ou ingestão conjunta com restos de ali-
mentos existentes.
Com relação ao meio antrópico (homem e suas relações históricas, cul-
turais, econômicas, políticas etc), os RSU impactam negativamente de vá-
rias formas. Conforme Santos (2008):
Quando transmitem doenças diretamente ou por vetores abrigados; causam
acidentes (tanto terrestres quanto marítimos e aéreos); adentram nas residên-
cias em decorrência de inundações; exalam odores ao se degradarem ou serem
queimados; são ingeridos pelas comunidades de catadores e; quando limitam
a aquisição de recursos17 para o município em decorrência do descaso com o
tema (SANTOS, 2008, p.42).

Dito de outra forma,


A presença dos resíduos sólidos municipais nas áreas urbanas é muito signi-
ficativa, gerando problemas de ordem estética, de saúde pública, pelo acesso
a vetores e animais domésticos, obstruindo rios, canais e redes de drenagem
urbana, provocando inundações e potencializando epidemias de dengue e de
leptospirose, entre outras (FERREIRA e ANJOS, 2001, p.694).

Os impactos à saúde se potencializam quando se investiga as popula-


ções residentes nas proximidades das áreas de disposição de resíduos.
15
UFCCTT - Unidades Formadoras de Colônias de Coliformes Termo Tolerantes
16
PET - Politereftalato de Etileno
17
A Política Nacional de Resíduos Sólidos, Lei 12.305/2010, prevê que os estados e municípios só acessarão os recursos
da União para ações e programas de interesse em resíduos sólidos e para empreendimentos e serviços relacionados à
gestão de resíduos sólidos se apresentarem seus Planos de Resíduos.

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Resíduos sólidos e aterros sanitários: em busca de um novo olhar

No estudo de Rêgo, Barreto e Killinger (2002) foi observado que as


crianças apresentavam problemas respiratórios decorrentes do odor desa-
gradável provocado pelos resíduos e pela queima destes a quase 15 metros
da residência.
Catapreta e Héller (1999) destacam que crianças expostas à ausência de
coleta domiciliar de resíduos sólidos possuem 40% a mais de probabilidade
de apresentarem doenças diarréicas, parasitárias e dermatológicas em rela-
ção às não expostas.
Um estudo feito pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS)
concluiu que a disposição adequada de RSU resulta na redução de 90% das
moscas, 65% dos ratos e 45% dos mosquitos (Moraes, 2007).
Observa-se em Acurio et al. (1997) sete principais problemas de saúde
associados às substâncias presentes nos locais de disposição de resíduos:
i) anomalias imunológicas; ii) câncer; iii) danos ao aparelho reprodutor e
defeitos de nascença; iv) doenças respiratórias e pulmonares; v) problemas
hepáticos; vi) problemas neurológicos e; vii) problemas renais.
Quando estamos falando da interferência dos RSU na saúde da popu-
lação não podemos esquecer dos trabalhadores dos sistemas de gerencia-
mento, tanto garis quanto catadores. Há diversos trabalhos que apontam
problemas de pele, irritação da mucosa ocular, gastroenterites, dermatites
de contato, infecções, cortes, quedas dos veículos coletores, atropelamentos,
perda auditiva, desgaste físico, vômito de sangue, picadas de insetos, incha-
ços nos tornozelos e joelhos (Velloso, Santos e Anjos, 1997; Anjos e Ferreira,
2000; Miglioransa et al., 2004; Porto et al., 2004; Santos, 2008; Silva Pires,
2009; Oliveira Silva, 2009; Alves, 2010).
Vamos resumir?
Os descuidos com os resíduos sólidos provocam a poluição e contaminação
do ambiente e da sociedade. Os resultados das pesquisas aqui apresentados
são a prova científica que os céticos precisam para reconhecer o tamanho do
problema e passar a contribuir para a solução. É importante lembrar também
que alguns impactos podem ultrapassar gerações, por isso é no mínimo ético
buscar evitá-los ou minimizá-los.

21
Resíduos sólidos e aterros sanitários: em busca de um novo olhar

Capítulo 3

Gestão integrada e gerenciamento


dos resíduos sólidos

A Lei 12.305/2010 traz as diretrizes relativas à gestão integrada e ao


gerenciamento de resíduos sólidos e os define como:
Gestão: conjunto de ações voltadas para a busca de soluções para os resíduos
sólidos, de forma a considerar as dimensões política, econômica, ambiental,
cultural e social, com controle social e sob a premissa do desenvolvimento sus-
tentável (Artigo 3°, XI).
Gerenciamento: conjunto de ações exercidas, direta ou indiretamente, nas eta-
pas de coleta, transporte, transbordo, tratamento e destinação final ambien-
talmente adequada dos resíduos sólidos e disposição final ambientalmente
adequada dos rejeitos, de acordo com plano municipal de gestão integrada de
resíduos sólidos18 ou com plano de gerenciamento de resíduos sólidos, exigi-
dos na forma desta Lei (Artigo 3°, X).

Sob tais perspectivas, cada município deve empreender esforços para


mudar sua situação em relação aos RSU e as iniciativas podem partir do es-
tímulo a não geração, redução, reutilização, reciclagem, tratamento dos re-
síduos sólidos e disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos. Em
outras palavras, precisamos abandonar o velho hábito de usar e jogar fora ou
de coletar e jogar fora, para pensar melhor o destino final dos materiais que
geramos e que estão no nosso meio (casa, trabalho, rua etc).
Zanta e Ferreira (2003) lembram que a hierarquização dessas estraté-
gias é função das condições legais, sociais, econômicas, culturais e tecnoló-
gicas existentes no município, bem como das especificidades de cada tipo de
resíduo.
No Brasil, existem duas importantes referências sobre os resíduos sóli-
dos: a Norma Brasileira 10.004/2004 e a Lei Federal 12.305/2010. Ambas
definem os resíduos sólidos de forma bem semelhante:
18
O conteúdo mínimo do plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos está no Art. 19 da referida lei.

23
Gemmelle Oliveira Santos

Norma 10.004/2004: resíduos nos estados sólido e semi-sólido, que resultam


de atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola,
de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenien-
tes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e
instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas
particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos
ou corpos de água, ou exijam para isso soluções técnica e economicamente
inviáveis em face à melhor tecnologia disponível.
Lei 12.305/2010: material, substância, objeto ou bem descartado resultante
de atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede, se
propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou semissó-
lido, bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades
tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos
d’água, ou exijam para isso soluções técnica ou economicamente inviáveis em
face da melhor tecnologia disponível.

A Norma 10.004/2004 classifica os resíduos sólidos em dois grupos:


Perigosos (Classe I) e Não Perigosos (Classe II). Já a Lei 12.305/2010 classi-
fica os resíduos sólidos quanto à origem em onze grupos e quanto à pericu-
losidade em duas classes: Perigosos e Não Perigosos.
Pela Norma, o processo de classificação de resíduos envolve a identifi-
cação do processo ou atividade que lhes deu origem e de seus constituintes
e características e a comparação destes constituintes com listagens de resí-
duos e substâncias cujo impacto à saúde e ao meio ambiente é conhecido.
Pela Norma, os resíduos Perigosos são aqueles que apresentam periculo-
sidade ou inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade. Já a Lei Fe-
deral 12.305/2010 é mais abrangente e os define como: aqueles que, em razão
de suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxici-
dade, patogenicidade, carcinogenicidade, teratogenicidade e mutagenicida-
de, apresentam significativo risco à saúde pública ou à qualidade ambiental.
A Norma 10.004/2004 divide os resíduos Não Perigosos (Classe II) em
duas categorias: IIA (Não Inertes) e IIB (Inertes), a saber:
IIA: aqueles que não se enquadram nas classificações de resíduos classe I - Pe-
rigosos ou de resíduos classe IIB - Inertes, nos termos desta Norma. Os resídu-
os classe IIA - Não inertes podem ter propriedades, tais como: biodegradabili-
dade, combustibilidade ou solubilidade em água.
IIB: quaisquer resíduos que, quando amostrados de uma forma representativa,
segundo a ABNT NBR 10.007, e submetidos a um contato dinâmico e estático
com água destilada ou desionizada, à temperatura ambiente, conforme ABNT
NBR 10.006, não tiverem nenhum de seus constituintes solubilizados a con-
centrações superiores aos padrões de potabilidade de água, excetuando-se as-

24
Resíduos sólidos e aterros sanitários: em busca de um novo olhar

pecto, cor, turbidez, dureza e sabor, conforme anexo G.


A Lei 12.305/2010 não traz essa subdivisão e coloca que “resíduos não
perigosos são aqueles não enquadrados na definição de perigosos”. Quanto
à origem, a Lei classifica os resíduos em:
a) resíduos domiciliares: os originários de atividades domésticas em residên-
cias urbanas;
b) resíduos de limpeza urbana: os originários da varrição, limpeza de logra-
douros e vias públicas e outros serviços de limpeza urbana;
c) resíduos sólidos urbanos: os englobados nas alíneas “a” e “b”;
d) resíduos de estabelecimentos comerciais e prestadores de serviços: os gera-
dos nessas atividades, excetuados os referidos nas alíneas “b”, “e”, “g”, “h” e “j”;
e) resíduos dos serviços públicos de saneamento básico: os gerados nessas ati-
vidades, excetuados os referidos na alínea “c”;
f) resíduos industriais: os gerados nos processos produtivos e instalações in-
dustriais;
g) resíduos de serviços de saúde: os gerados nos serviços de saúde, conforme
definido em regulamento ou em normas estabelecidas pelos órgãos do Sisna-
ma e do SNVS;
h) resíduos da construção civil: os gerados nas construções, reformas, reparos
e demolições de obras de construção civil, incluídos os resultantes da prepara-
ção e escavação de terrenos para obras civis;
i) resíduos agrossilvopastoris: os gerados nas atividades agropecuárias e sil-
viculturais, incluídos os relacionados a insumos utilizados nessas atividades;
j) resíduos de serviços de transportes: os originários de portos, aeroportos, ter-
minais alfandegários, rodoviários e ferroviários e passagens de fronteira;
k) resíduos de mineração: os gerados na atividade de pesquisa, extração ou
beneficiamento de minérios.

Todas essas classificações demonstram o quanto os municípios e os


geradores precisam de planejamento para realizar a gestão integrada e o
gerenciamento dos seus resíduos sólidos com economia e respeito ao meio
ambiente. Sem esta clareza, como será possível estimular a não geração, re-
dução, reutilização, reciclagem, tratamento dos resíduos sólidos e disposi-
ção final ambientalmente adequada dos rejeitos?
A não geração19 e a redução da geração dos RSU deve ser induzida atra-
vés do princípio da prevenção e precaução (Artigo 6°, I, Lei 12.305/2010),
do estímulo à adoção de padrões sustentáveis20 de produção e consumo de
19
A não geração é o fundamento maior do princípio dos três erres (3 R’s): reduzir, reciclar e reutilizar.
20
Padrões Sustentáveis: produção e consumo de bens e serviços de forma a atender as necessidades das atuais gerações
e permitir melhores condições de vida, sem comprometer a qualidade ambiental e o atendimento das necessidades das

25
Gemmelle Oliveira Santos

bens e serviços (Artigo 7°, III), dos programas e ações de educação ambien-
tal (Artigo 19, X) e da ecoeficiência (Artigo 6°, V).
Para Zanta e Ferreira (2003) a redução na fonte pode ocorrer por meio
de mudanças no produto, pelo uso de boas práticas operacionais e/ou pelas
mudanças tecnológicas e/ou de insumos do processo.
A reutilização, definida como processo de aproveitamento dos resíduos
sólidos sem sua transformação biológica, física ou físico-química (Artigo 3°,
XVIII) é uma opção de destinação final ambientalmente adequada de RSU e,
para tanto, demanda uma política pública que a potencialize via adoção dos
sistemas de coleta seletiva nas cidades.
Conforme entendido em Bidone e Povinelli (1999) a reutilização consis-
te no reaproveitamento de resíduos da mesma forma como ele foi descarta-
do, sendo submetido a pouco ou a nenhum tratamento.
Zanta e Ferreira (2003) lembram que o reaproveitamento dos resíduos
não é total, frente às tecnologias existentes atualmente, existindo sempre
uma parcela que deverá ser encaminhada à destinação final em ambos os
domínios (privado e público). Cabe lembrar que, em alguns casos, o rejeito
do processo de reaproveitamento tem características piores que o resíduo
que o formou.
A reutilização possui relevância econômica, ambiental e social já que
impede investimentos periódicos de compra, reduz o descarte inadequado
de RSU e permite a comercialização de um material que ainda possui va-
lor agregado. Sua aplicabilidade em larga escala depende de vários fatores
dentre os quais a existência de um projeto municipal bem elaborado (sem
excessos) e a sensibilização da comunidade através dos trabalhos contínuos
de educação ambiental.
Quanto à reciclagem21, cada vez mais crescente por conta das preocu-
pações sócio-ambientais e pelo retorno financeiro que proporciona, é con-
ceitualmente entendida como uma transformação artesanal ou industrial do
material para formar o mesmo ou outro(s) produto(s) para uso posterior
(Pereira Neto, 2007).
gerações futuras (Art. 3º, XIII, Lei 12.305/2010).
21
Grippi (2006) traz todo um histórico sobre a reciclagem dos materiais. A reciclagem do papel é tão antiga quanto sua
própria descoberta, no ano 105 d.C. O plástico, produzido por Alexander Parkes em 1862, começou a ser reciclado em
suas próprias indústrias para o reaproveitamento das perdas de produção. As latas de alumínio, surgidas nos Estados
Unidos em 1963, começaram a sofrer reciclagem em 1968 e o vidro, descoberto ocasionalmente há 4 mil anos por nave-
gadores fenícios, passou a ser coletado separadamente em 1960 nos Estados Unidos.

26
Resíduos sólidos e aterros sanitários: em busca de um novo olhar

O objetivo da reciclagem é, conforme o Banco do Nordeste do Brasil -


BNB (1999):
[...] reaproveitar materiais já utilizados, reintroduzindo-os no processo pro-
dutivo e economizando, desta forma, recursos naturais que deixam de ser ex-
traídos para a produção de novos materiais e áreas de disposição de resíduos,
como aterros sanitários, aumentando sua vida útil (BNB, 1999, p.238).

Entende-se de Mota (2003) que a reciclagem é importante porque di-


minui a poluição do solo, água e ar, melhora a limpeza da cidade e a quali-
dade de vida da população, prolonga a vida útil dos aterros sanitários, gera
empregos para a população não qualificada e receita com a comercialização
dos recicláveis22.
Informações disponíveis no endereço eletrônico23 do Compromisso Em-
presarial para Reciclagem - CEMPRE mostram que o Brasil recicla 96,2%
das latas de alumínio existentes no mercado nacional, 77,4% do papelão,
49,5% do papel, 47% do PET, 46% do vidro. Outros resultados apontam os
países líderes em cada tipo de resíduo: vidro (Suíça: 91% reciclado) e papel
(Coréia do Sul: 91,6%).
Cabe lembrar que, para se sustentarem em larga escala, tanto a reuti-
lização quanto a reciclagem demandam a implantação da coleta seletiva24.
A Lei 12.305/2010 define a coleta seletiva como a coleta de resíduos
sólidos previamente segregados conforme sua constituição ou composição
(Artigo 3°, V). Quanto à execução da coleta seletiva no município, a literatu-
ra aponta três estratégias principais: de casa em casa, em postos de entrega
voluntária e em usinas de triagem (Mota, 2003; Tenório; Espinosa, 2004).
A relevância da coleta seletiva é destacada em vários momentos da Lei
12.305/2010, a saber: como instrumento da Política Nacional de Resíduos
Sólidos (Artigo 8º, III), como pré-requisito para os estados e municípios
acessarem aos recursos da União destinados ao setor (Artigo 16, § 3º e Artigo
18, § 3º, II), como parte integrante do conteúdo dos planos (Artigo 19, XIV e
XV), como prática obrigatória para os consumidores que moram em cidades
cujo sistema de coleta seletiva foi estabelecido no plano municipal (Artigo
22
Um estudo feito por Monteiro Filha e Modenesi (2002), com 180 cidades brasileiras, comprovou que numa usina de
reciclagem que recebe 150 toneladas por dia, podem ser criados 40 postos de trabalho, absorvendo assim a mão-de-obra
que vive dos lixões e permitindo a venda dos reciclados.
23
www.cempre.org.br (Acesso: 12 jan 2011).
24
Na implantação da coleta seletiva, o destino final dos materiais separados deve ser previamente pensado, pois muitos
programas esbarram nesse desafio. É de fundamental importância realizar uma pesquisa de mercado, conhecer as de-
mandas da população local, diagnosticar a rede de recicláveis da cidade e o potencial de cada material, como observa a
literatura (Calderoni, 2003; Mota, 2003; Tenório e Espinosa, 2004).

27
Gemmelle Oliveira Santos

35), como parte da responsabilidade compartilhada do titular dos serviços


públicos de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos (Artigo 36, II).
Caldenori (2003), ao revisar o histórico oficial da coleta seletiva como
política pública, aponta para o início do processo na Itália em 1941, China
(em 1950) e Austrália (em 1990). No Brasil, há dois registros de experiên-
cias pioneiras sistemáticas de coleta seletiva: uma no bairro São Francisco
(Niterói - RJ) em 1985 e outra no bairro Vila Madalena (São Paulo - SP) em
1989.
Conforme publicação do jornal O POVO25 de 02/06/2012, um projeto
de coleta seletiva está sendo colocado em prática entre a Prefeitura de For-
taleza e as associações de catadores de material reciclado. Desde o começo
de 2013 já foram recolhidos mais de 190 toneladas, alcançando cerca de 73
mil residências nos bairros das Regionais II e IV. Segundo a Prefeitura, os
bairros Aldeota, Vila União, Dionísio Torres, Meireles e Fátima foram es-
colhidos para o início do programa por já possuírem certa organização e
experiência com coleta seletiva.
Em Fortaleza, existem mais de 20 associações e/ou grupos organizados
de catadores, dentre os quais: Associação Viva a Vida (Otávio Bonfim), ACO-
RES - Associação Ecológica dos Coletores de Materiais Recicláveis da Ser-
rinha e Adjacências, SOCRELP - Sociedade Comunitária de Reciclagem de
Lixo do Pirambu, ASCAJAN - Associação dos Catadores do Jangurussu, As-
sociação dos Agentes Ambientais Rosa Virgínia (Santa Rosa), RECICLAN-
DO - Associação Cearense dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Resíduos
Recicláveis (Tancredo Neves), ARAN - Associação dos Recicladores Amigos
da Natureza (Bom Sucesso), Associação Maravilha (Vila União), UCAJIR -
Grupo de Catadores do Jardim Iracema, BRISAMAR - Associação do Ser-
viluz, Raio de Sol (Genibaú), Grupo Moura Brasil, Grupo de Catadores da
Rosalina.
A Prefeitura de Fortaleza, por meio da Lei 10.340/2015, tem buscado
obrigar os grandes geradores de resíduos (acima de 100 L/dia) a separar e
doar seus recicláveis para as associações e/ou grupos organizados de cata-
dores. Além disso, a Lei tem exigido a apresentação e cumprimento dos pla-
nos de resíduos e punido severamente os estabelecimentos irregulares por
meio da Secretaria de Urbanismo e Meio Ambiente (SEUMA) e/ou Agência
de Fiscalização do Município (AGEFIS) e/ou Secretaria Executiva Regional
25
www.opovo.com.br (Acesso: 02 jul 2012).

28
Resíduos sólidos e aterros sanitários: em busca de um novo olhar

(SER). Em apenas 10 dias do mês de maio de 2015, 144 multas foram apli-
cadas26.
Para Mota (2003) a coleta seletiva traz várias vantagens para o proces-
so da reciclagem: melhora a qualidade dos materiais, diminui a geração de
rejeitos, exige menor área de instalação das usinas e menores gastos com a
instalação de equipamentos de separação, lavagem e secagem dos resíduos.
Conforme a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Públi-
ca e Resíduos Especiais - ABRELPE (2010), 3.205 municípios brasileiros
(57,6%) indicaram a existência de iniciativas de coleta seletiva, sendo 1.324
municípios da região Sudeste, 923 do Sul, 624 do Nordeste, 205 do Norte e
129 municípios do Centro Oeste do país27.
Na medida em que a reciclagem é uma alternativa complementar para
os resíduos inorgânicos, a compostagem pode ser executada para os orgâni-
cos.
A Lei 12.305/2010 inclui a compostagem entre as opções de destinação
final ambientalmente adequada de RSU e prevê que, no âmbito da responsa-
bilidade compartilhada pelo ciclo28 de vida dos produtos, o plano municipal
de gestão integrada de resíduos sólidos deve implantar sistema de compos-
tagem e articular com os agentes econômicos e sociais formas de utilização
do composto produzido (Artigo 36, V).
Entende-se da literatura (Bidone e Povinelli, 1999; Junkes, 2002; Rus-
so, 2003; Zanta e Ferreira, 2003; Pereira Neto, 2007) que a compostagem
é um processo de tratamento biológico aeróbio e controlado, que propicia a
esterilização e humificação dos resíduos orgânicos, gerando como produto
final um fertilizante que poderá ter vários usos e aplicações na agricultura,
em parques e jardins, na biorremediação de aterros, no controle da erosão e
na recuperação de áreas degradadas.
Bertoldi et al. (1985) apud Russo (2003) classificam os sistemas de
compostagem quanto ao ambiente, em sistemas abertos29 e sistemas fe-
chados. Nos primeiros, a compostagem é realizada ao ar livre, em pátios de
maturação, em pilhas revolvidas ou pilhas estáticas arejadas. Nos sistemas
26
Matéria publicada no Portal de Notícias G1: http://g1.globo.com/ceara/noticia/2015/05/133-empresas-sao-multa-
das-por-descarte-errado-de-lixo-em-fortaleza.html
27
Ciclo de vida do produto: série de etapas que envolvem o desenvolvimento do produto, a obtenção de matérias-primas
e insumos, o processo produtivo, o consumo e a disposição final (Art. 3º, IV, Lei 12.305/2010).
28
Os municípios pesquisados pela ABRELPE representam 49,6% da população urbana total do Brasil, mostrando os
limites da pesquisa.
29
Nos sistemas abertos, o tempo para que o processo se complete pode variar de 3 a 4 meses (GRIPPI, 2006).

29
Gemmelle Oliveira Santos

fechados, a compostagem ocorre em dispositivos especiais, designados por


bioestabilizadores, digestores, torres e células de fermentação.
A compostagem é um processo bioquímico altamente complexo, visto
que os componentes orgânicos biodegradáveis presentes passam por etapas
sucessivas de transformação sob à ação de diversos grupos de microrganis-
mos. Para Pereira Neto (2007):
os processos bioquímicos que ocorrem na massa para formação do húmus não
são completamente entendidos pela comunidade científica. Várias substâncias
tais como amido, proteínas, polissacarídeos, hemiceluloses, lignina são ataca-
das por uma colônia sucessiva de microrganismos promovendo a mineraliza-
ção e humificação dos resíduos orgânicos.

Chang et al. (2006) complementa que:


as principais condições ideais para a compostagem ocorrer são: relação car-
bono/nitrogênio entre 20 e 40:1, umidade entre 50 e 65%, adequado forneci-
mento de oxigênio, partículas de dimensões pequenas e espaço suficiente para
a circulação de ar.

Conforme Magalhães et al. (2006) a compostagem se processa em duas


etapas distintas: na primeira, há a degradação ativa e, na segunda, ocorre a
maturação (humificação) do material orgânico; etapa em que é produzido o
composto orgânico propriamente dito.
De uma maneira mais específica e compilando estudos feitos por Cam-
pbell (1999), Kiehl (1985), Pereira Neto (2007), pode-se subdividir a com-
postagem em quatro fases: mesófila, termófila, mesófila novamente e a cri-
ófila. É importante lembrar que as três primeiras fases (mesófila, termófila,
mesófila) compõem a digestão, onde ocorre a fermentação e a bioestabiliza-
ção e, a quarta (criófila) marca a maturação, momento em que o composto
está em processo de humificação.
Conforme Pereira Neto (2007), a compostagem é um dos processos bio-
lógicos de tratamento mais antigos de que o homem tem conhecimento. Os
primeiros relatos datam da antiguidade:
Os índios Maias, na América, por exemplo, ao plantar milho, colocavam um ou
mais peixes no fundo da cova oferecendo-os aos deuses e com isso realizavam,
sem saber, uma adubação orgânica com matéria prima de fácil decomposição
e rica em nutrientes. Já no Oriente, a compostagem se dava pela restituição
ao solo dos restos de cultura e pela incorporação de estercos de animais (LIN-
DENBERG, 1992 apud JUNKES, 2002, p.38).

30
Resíduos sólidos e aterros sanitários: em busca de um novo olhar

Conforme o Instituto Brasileiro de Administração Municipal - IBAM


(2001), no Brasil, o composto orgânico oriundo dos RSU deve atender a va-
lores estabelecidos pelo Ministério da Agricultura para que possa ser comer-
cializado: matéria orgânica total - mínimo de 40% (tolerância: menos 10%),
nitrogênio total - mínimo de 1% (tolerância: menos 10%), umidade - máxi-
mo de 40% (tolerância: mais 10%), relação carbono/nitrogênio - máximo
18/1 (tolerância: 21/1), índice de pH - mínimo de 6 (tolerância: menos 10%).
Assim, Tenório e Espinosa (2004) preferem enquadrar o composto pro-
duzido como um condicionador de solo e não como um adubo ou fertilizante
já que não possui a quantidade de macronutrientes exigidos pelas especifi-
cações agrícolas. Segundo os autores, o composto geralmente contém uma
quantidade total de nitrogênio, fósforo e potássio entre 1,5 a 2,5% do peso,
enquanto que o adubo deve ter no mínimo 24%, ou seja, uma diferença de
doze vezes.
Pinto (1979) lembra que o composto com alta relação C/N não estará
completamente degradado, e se for aplicado nas culturas nessa proporção, os
microrganismos consumirão o nitrato ou o amônio do solo para formar pro-
teínas. Esse consumo se prolongará até que o composto se estabilize, redu-
zindo, dessa forma o teor de nitrogênio do solo e o crescimento das plantas.
Devido ao fato de a compostagem se basear em um processo bioquími-
co, o controle de umidade é de vital importância para a atividade microbio-
lógica. O ideal é manter um teor de umidade entre 40% e 60% de peso seco
da matéria orgânica (PINTO, 1979).
Para Pereira Neto (1996), a variabilidade do teor de umidade está atre-
lada a vários parâmetros, tais como, a granulometria, tipo de matéria orgâ-
nica, configuração geométrica do sistema utilizado, tipo de sistema se aberto
ou fechado, forma de aeração, o tipo de processo, se aeróbio, anaeróbio ou
misto.
As questões positivas e negativas dos impactos decorrentes da compostagem
dos RSU são importantes para o conhecimento dos executores de qualquer
projeto para que seja assegurada a preservação do meio ambiente, melhoria
nas condições de saneamento e benefícios a população envolvida com o pro-
cesso (VAILATI, 1998 apud JUNKES, 2002, p.41).

Outra alternativa de destinação final ambientalmente adequada de RSU


prevista na Lei 12.305/2010 é a utilização de tecnologias de recuperação e
aproveitamento energético.

31
Gemmelle Oliveira Santos

A literatura (Basto Oliveira, 2000; Henriques, 2004; MAPA A30, 2005;


EPE , 2008; Godlove, 2010; Guerreiro, 2010; FEAM , 2010; Paterno, 2011)
31 32

inclui nessa categoria as tecnologias relacionadas à digestão anaeróbia (e


acelerada) em biodigestores, pirólise, gaseificação, plasma, incineração e
aproveitamento do gás de aterro.
Os aspectos que justificam o interesse por essas tecnologias são: redu-
ção da quantidade de RSU a dispor, obtenção de receitas (venda de diversas
formas de energia, créditos de carbono), mitigação da emissão de gases de
efeito estufa, uso de uma fonte de energia renovável e local, menor área para
instalação, maior controle sobre efluentes, recepção infinita de dejetos, en-
tre outras.
Contra tais tecnologias, exceto digestão anaeróbia (e acelerada) em bio-
digestores e o aproveitamento do gás de aterro, prevalecem as questões rela-
cionadas ao maior custo por tonelada ou m3 processado e os dilemas acerca
da emissão de gases tóxicos (dioxinas, furanos etc.).
O envio de RSU para unidades de recuperação e aproveitamento ener-
gético é expressivo nos países desenvolvidos, especialmente no Japão, onde
aproximadamente 72% do que é coletado tem esse destino e na Dinamarca
(~ 55%), conforme Guerreiro (2010).
Na França existem 129 usinas produzindo energia a partir da queima
dos RSU; nos Estados Unidos são 87 usinas (15 milhões de MWh33/ano) e na
Alemanha, 68 usinas, conforme Paterno (2011).
Como cada material tem uma capacidade potencial de desprender de-
terminada quantidade de calor quando submetido à queima, o trabalho de-
senvolvido por Soares (2011) mostrou que uma amostra de RSU pode ter
poder calorífico de até 4.526,67 kcal/kg. Já um estudo da Empresa de Pes-
quisa Energética - EPE (2008) mostrou o poder calorífico de vários mate-
riais: borracha (6.780 kcal/kg), plásticos (6.300 kcal/kg), papel (4.030 kcal/
kg), couro (3.630 kcal/kg), têxteis (3.480 kcal/kg) etc.
Basto Oliveira (2000), a fim de sintetizar os potenciais de geração de
energia elétrica utilizando os RSU, apontou 22 TWh34/ano para a tecnolo-
gia B.E.M (biomassa-energia-materiais); 6,8 TWh/ano para a incineração, 3
30
MAPA - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
31
EPE - Empresa de Pesquisa Energética, vinculada ao Ministério de Minas e Energia
32
FEAM - Fundação Estadual do Meio Ambiente (Belo Horizonte)
33
MWh - Mega Watt Hora
34
TWh - Tera Watt Hora

32
Resíduos sólidos e aterros sanitários: em busca de um novo olhar

TWh/ano para consórcio de compostagem e recuperação do metano (Tecno-


logia Dranco) e 2,1 TWh/ano para o aproveitamento do biogás dos aterros.
Os aterros, sob as concepções mais recentes da engenharia sanitária e
ambiental, podem representar a alternativa que reúne as maiores vantagens
para os rejeitos nos países em desenvolvimento, considerando a redução
dos impactos, aspectos econômicos, culturais e o aproveitamento dos seus
subprodutos (lixiviado e gás).
Vamos resumir?
Existem muitas alternativas para os resíduos sólidos produzidos pela socieda-
de. Somente a soma das diversas práticas pode minimizar as conseqüências
negativas inerentes aos resíduos. Cada município precisa conhecer suas poten-
cialidades e considerar a gestão e o gerenciamento dos seus resíduos como um
investimento e não um custo.

33
Resíduos sólidos e aterros sanitários: em busca de um novo olhar

Capítulo 4

Aterros de resíduos sólidos urbanos

Entre os componentes do sistema de gerenciamento integrado de RSU


o aterro sanitário é o mais complexo, sendo seu correto planejamento, cons-
trução e operação, um desafio.
A NBR 8419/1992 define um aterro sanitário como:
Técnica de disposição de resíduos sólidos urbanos no solo, sem causar danos à
saúde pública e à sua segurança, minimizando os impactos ambientais, méto-
do este que utiliza princípios de engenharia para confinar os resíduos sólidos
à menor área possível e reduzi-los ao menor volume permissível, cobrindo-os
com uma camada de terra na conclusão de cada jornada de trabalho, ou a in-
tervalos menores, se necessário (ABNT 8419/2002).

Segundo Mota (2003) a escolha de um local para a execução de um


aterro sanitário deve ser feita observando: a) afastamento adequado de
áreas urbanas; b) distância satisfatória de recursos hídricos superficiais; c)
afastamento do lençol freático; d) disponibilidade de material de cobertura;
e) distância não muito grande das áreas de coleta e; f) facilidades de acesso
(sistema viário).
Algumas considerações podem ser feitas sobre esses critérios:
1ª: se o aterro sanitário for instalado em terreno muito distante da área urbana
e de coleta, ficará caro o transporte dos resíduos e se perderá muito tempo
nas estradas para ir deixar os resíduos e voltar para a coleta. Por outro lado,
se o aterro for instalado em terreno próximo da área urbana, provocará pro-
blemas para a população com relação aos odores, desvalorização dos imóveis
e ainda poderá despertar nas famílias mais carentes o interesse na catação de
materiais dentro do aterro, o que não será permitido (exceto em esteiras de-
vidamente organizadas). Além disso, os aterros não podem ficar próximos de
aeroportos, pois a presença das aves (ex.: urubus) trazem riscos aos voos.
2ª: se o aterro for instalado em uma área próxima a recursos hídricos pode
acabar por alterar a faixa marginal prevista no Código Florestal como Área de
Preservação Permanente (APP); pode também contaminar tais recursos hídri-
cos por meio do lixiviado produzido. Por outro lado, se for instalado em um
terreno onde não exista nenhum recurso hídrico, cabem aqui duas perguntas:

35
Gemmelle Oliveira Santos

onde será lançado o lixiviado após tratamento, já que a recirculação, quando


existe, muitas vezes não utiliza todo o volume produzido e, qual o custo de se
construir estações elevatórias para bombear o lixiviado tratado até encontrar
um recurso hídrico que possa recebê-lo.
3ª: o aterro sanitário deve ser instalado em um terreno sem a presença de
águas subterrâneas ou onde haja água bem distante da superfície, reduzindo
o risco de contaminação por lixiviados. É importante realizar diversas son-
dagens na área selecionada para melhor locar cada setor do aterro (balança,
portaria, administração etc), deixando para instalar as células de resíduos nas
áreas de menor risco de contaminação, ou seja, onde o lençol freático for baixo.
É importante impermeabilizar o fundo das células de resíduos com solo argilo-
so e, dependendo da disponibilidade financeira, com manta.
4ª: a rotina operacional de um aterro sanitário envolve espalhar, compactar
e cobrir com solo os resíduos sólidos. Se o aterro for instalado em uma área
com baixa disponibilidade de material de cobertura (jazida) ficará inviável sua
operação, pois é muito caro adquirir o volume de solo necessário para um em-
preendimento dessa natureza. Em alguns aterros, o volume de solo utilizado
chega a 30% do volume de RSU recebidos.
Você sabia?
No Estado do Ceará, segundo o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômi-
co e Social - BNDES (2013), existem seis aterros (Horizonte, Pacatuba, Sobral,
Maracanaú, Aquiraz e Caucaia), mas segundo a Secretaria do Meio Ambiente -
SEMA, criada em 2015, existem cinco aterros sanitários (Maracanaú, Aquiraz,
Caucaia, Sobral e Brejo Santo).

Conforme publicação do jornal O POVO35 de 02/09/2013, estão sendo


pensados 14 planos regionais de gestão integrada de resíduos sólidos para o
Estado do Ceará, cada um com seu respectivo aterro sanitário. Cada plano re-
gional abrangerá vários municípios, a saber: Região Metropolitana de Fortale-
za (RMF) “A” (5 municípios), RMF “B” (8), Litoral Leste (8), Litoral Oeste (16),
Litoral Norte (13), Chapada da Ibiapaba (8), Sertão Norte (20), Sertão de Cra-
teús (12), Sertão dos Inhamuns (5), Sertão Centro-Sul (24), Cariri (26), Médio
Jaguaribe (15), Sertão Central (11) e Maciço de Baturité (12 municípios).
Quando resolvida a questão da localização de um aterro sanitário, o
controle sobre o(a)s sistema de impermeabilização de base, rede de drena-
gem de líquidos, quantidade e tipologia dos resíduos, processo de espalha-
mento e compactação, número de passadas do veículo compactador, altura
das camadas e da célula, inclinação dos taludes, tipo de material empregado
nas camadas intermediárias e finais, sistema de drenagem de gases etc. pas-
sam a ser os fatores que influenciam no comportamento do aterro sanitário
e no uso futuro da área.
35
www.opovo.com.br (Acesso: 02 jul 2012).

36
Resíduos sólidos e aterros sanitários: em busca de um novo olhar

O sistema de impermeabilização de base tem o objetivo maior de impe-


dir, ou reduzir, a infiltração dos líquidos (chamados de lixiviado, chorume
ou percolado) no solo e ainda, segundo Araújo (2001) e Borba (2006), im-
pedir que o biogás migre por fendas do terreno podendo acumular-se sob
edifícios ou outros lugares fechados próximos ou dentro do aterro.
Vejamos um exemplo noticiado em revistas e jornais:
No Shopping Center Norte, na Vila Guilherme (SP), técnicos da Companhia de
Tecnologia de Saneamento Ambiental de São Paulo (CETESB), em setembro
de 2011, encontraram grande concentração de gás metano no subsolo, pois os
prédios foram construídos em um terreno que funcionava como depósito de
lixo. Os responsáveis pelo empreendimento foram orientados a monitorar a
substância e arranjar meios de dar vazão a ela36.

Os sistemas de impermeabilização inferior envolvem a aplicação, ora


isolada ora combinada, de uma manta impermeável de PEAD37 e solos ar-
gilosos compactados. Pelo fato das duas alternativas juntas encarecerem o
aterro sanitário, é mais comum o emprego isolado dos solos argilosos, prin-
cipalmente se há disponibilidade desse material no terreno escolhido, mas a
modalidade aplicada varia entre os estados brasileiros.
Quando definida a opção que será empregada como camada de imper-
meabilização, deve-se executar a rede de drenagem para os lixiviados com o
objetivo de conduzí-los da célula de resíduos para a estação de tratamento.
Assim, a redução do volume de líquidos do interior da massa de resíduos
permitirá os recalques e o aumento da estabilidade do maciço, reduzindo
seu risco de desmoronamento, aumentando sua capacidade de carga.
O sistema de drenagem de líxiviados mais comum é composto por dre-
nos secundários ligados a um dreno principal (modelo conhecido por “espi-
nha de peixe”). Nesse sistema, duas modalidades de dreno podem ser apli-
cadas: dreno cego e dreno tubular. No primeiro caso, a escavação da vala no
fundo da célula de resíduos é preenchida com brita, geralmente n°4, e com
um material drenante (ex.: areia grossa). No segundo caso, são implantados
dentro do leito de brita um tubo perfurado de PVC38, PEAD ou manilhas de
concreto. Existem ainda os casos onde mantas revestem tais drenos.
O correto dimensionamento desses drenos depende do volume de li-
xiviados que será gerado no interior do maciço de RSU e essa estimativa
36
Até o dia 3 de outubro de 2014, diversas matérias sobre esse assunto ainda estavam na internet.
37
PEAD - Polietileno de Alta Densidade
38
PVC - Cloreto de Polivinila

37
Gemmelle Oliveira Santos

envolve inúmeros e imprecisos processos influenciados pela(o) biodegrada-


ção da fração orgânica, infiltração de águas pluviais, solubilização de com-
ponentes orgânicos e inorgânicos, teor de umidade dos RSU e dos solos e
suas capacidades de campo e ponto de murcha, entre outros.
Alguns métodos e modelos conhecidos na literatura (Suíço, Racional,
Balanço Hídrico, Capacidade de Campo, Moduelo 2, HELP39) ajudam a es-
timar o volume de lixiviados a drenar em aterros sanitários, porém, esses
métodos - exceto os dois primeiros - necessitam de um grande número de
dados/informações e mesmo assim ainda falham nas previsões como cons-
tatam os autores (Capelo Neto, 1999; Corrêa Sobrinho, 2000; Lins, 2003;
Ferreira, 2005; Padilla, 2007; Silva, 2008; Tozetto, 2008).
Embora importante, estimar e monitorar o volume de lixiviados pode
ser inviável em aterros sanitários por diversos fatores (distância dos aterros
em relação aos centros de pesquisa, tamanho da área, presença de grandes
volumes de resíduos, agitada rotina operacional do empreendimento), o que
de certo modo justifica a construção e instrumentação de células experimen-
tais de pequeno porte, também denominadas Lisímetros.
No Brasil, os Lisímetros são usados com certa freqüência, mas seu pre-
enchimento com resíduos sólidos urbanos - que apresentam grande diver-
sidade de materiais em termos de volume e composição - dificulta estimar
com precisão o volume de lixiviado produzido pelos restos de alimentos em
degradação.
Um experimento realizado em Fortaleza-CE mostrou que entre 0,075
e 0,092 litros (L) de lixiviado são gerados por quilograma (Kg) de resíduo
(restos de alimentos)40.
Outro desafio relacionado aos lixiviados gerados no aterro sanitário é
providenciar seu tratamento (Capelo Neto, 1999; Oliveira e Pasqual, 2004;
Gomes e Silva, 2005; Lima et al., 2005; Lins, 2003; Celere et al., 2007; Silva
e Santos, 2010; Monte e Santos, 2010; Medeiros e Santos, 2011a), sendo
comum e ao mesmo tempo questionável a adoção de lagoas de estabilização
como tecnologia isolada.
Com o fim da instalação dos drenos de lixiviado, é o momento de
se acompanhar a quantidade e tipologia dos RSU que chegam ao aterro
39 HELP - Hydrologic Evaluation of Ladfill Performance
40 Pesquisa do Prof. Gemmelle Santos, concluída, mas ainda não publicada. Titulo provisório: ESTUDO DA GERAÇÃO
DE LIXIVIADOS EM LISÍMETROS DE PEQUENO PORTE PREENCHIDOS COM RESTOS DE ALIMENTOS

38
Resíduos sólidos e aterros sanitários: em busca de um novo olhar

sanitário. Nesse sentido, a pesagem dos resíduos na entrada do aterro e o


registro das informações no setor administrativo podem ser consideradas o
início do processo de controle e permitem, entre outros aspectos, monitorar
a vida útil do empreendimento e alterar (ou manter) sua forma de operação
(rampa, área ou trincheira). Além disso, a identificação do tipo de resíduo
(domiciliar, poda, capina etc.) permite direcionar os veículos de coleta ao
setor adequado, otimizando a rotina.
Após as etapas de registro, uma variável importante a ser monitorada
no aterro sanitário é a composição física, química e biológica dos resíduos.
Conforme o IBAM (2001):
as características físicas (composição gravimétrica, geração per capita, densi-
dade aparente, teor de umidade, compressibilidade), químicas (poder calorífi-
co, pH, composição química, relação carbono/nitrogênio) e biológicas (popu-
lação microbiana, agentes patogênicos) podem variar em função de aspectos
sociais, econômicos, culturais, geográficos e climáticos, ou seja, os mesmos
fatores que também diferenciam as comunidades entre si e as próprias cidades
(IBAM, 2001, p.33).

A composição gravimétrica traduz o percentual de cada componente


(ex. vidro) em relação ao peso total da amostra analisada.
O conhecimento dessa característica possibilita o aproveitamento das
frações recicláveis para comercialização e da matéria orgânica para a pro-
dução de composto. Além disso, essa variável é uma informação básica para
várias atividades, como monitoramento de aterros sanitários, implementa-
ção da coleta seletiva e análise de viabilidade de usinas de compostagem e
reciclagem.
Quando a composição gravimétrica é realizada por regiões da cidade,
ajuda, na perspectiva de Castilhos Júnior et al. (2003), a efetuar um cálculo
mais justo da tarifa de coleta e destinação final dos resíduos. De forma com-
plementar, Melo e Jucá (2000) afirmam que essa variável física constitui
uma informação importante na compreensão do comportamento dos resí-
duos, aterrados ou não.
O método utilizado nos estudos de determinação da composição gravi-
métrica é o do quarteamento, a saber: processo de divisão em quatro par-
tes iguais de uma amostra pré-homogeneizada, sendo tomadas duas partes
opostas entre si para constituir uma nova amostra e descartadas as partes
restantes. As partes não descartadas são misturadas totalmente e o processo

39
Gemmelle Oliveira Santos

de quarteamento é repetido até que se obtenha o volume desejado (NBR


10.007/2004).
Em um estudo de composição gravimétrica os resíduos podem ser ana-
lisados (% massa/massa) quanto a presença de vários componentes: restos
de alimentos, coco verde, resíduos de jardim, papel, papelão, jornal, plástico
rígido, plástico flexível, PET, ferro, alumínio, embalagem cartonada (tetra-
pak), vidro escuro (azul, verde, marrom), vidro claro (branco ou transpa-
rente), trapos, borracha, fralda e outros (areia, isopor, pilhas, baterias, fios,
entre outros).
A composição gravimétrica feita com os resíduos sólidos domiciliares
de Fortaleza-CE em 2015 mostrou os seguintes resultados: 37,5% são resí-
duos classificados como orgânicos, 41,6% são recicláveis e 20,9% são rejei-
tos. Em 2014, os percentuais foram 41,2% de orgânicos, 44,6% de recicláveis
e 14,2% são rejeitos41.
A geração per capita relaciona a quantidade de resíduos gerada diaria-
mente e o número de habitantes de determinada região. Muitos técnicos
consideram de 0,5 a 0,8 kg/hab.dia como a faixa de variação média para
o Brasil (IBAM, 2001), mas em Fortaleza-CE, por exemplo, esses valores
ficam entre 1,817 e 1,968 kg/hab.dia36. Os dados de outras cidades do Brasil
são apresentados por Figueiredo (2011): Natal-RN (1,51 kg/hab.dia), Brasí-
lia-DF (1,72 kg/hab.dia), Recife-PE (1,46 kg/hab.dia), Belo Horizonte-MG
(1,82 kg/hab.dia). Isso mostra que as indicações do IBAM (2001) estão de-
satualizadas.
A densidade aparente traduz o peso do resíduo solto em função do volu-
me ocupado livremente, sem qualquer compactação, expresso em kg/m3. Na
ausência de dados mais precisos são adotados os seguintes valores: 230 kg/
m3 para o resíduo domiciliar, 280 kg/m3 para o resíduo de serviços de saúde,
1.300 kg/m3 para o resíduo da construção civil.
Santos (2012) realizou um estudo para determinar a densidade aparen-
te dos resíduos sólidos domiciliares de Fortaleza-CE recém coletados. O va-
lor médio encontrado foi 188 kg/m3 após 90 ensaios. O menor valor encon-
trado foi 147 kg/m3 e o maior 223 kg/m3. O resultado da densidade aparente
que mais se repetiu durante os ensaios foi 200 kg/m3 (Moda) e a dispersão
(Desvio padrão) entre os dados foi igual a 18. Esses resultados estão bem
próximos da literatura: 150 kg/m3 (Mercedes, 1997), 239 kg/m3 (Carneiro et
al., 2000), 198 kg/m3 (Lima e Sirliuga, 2000) e 200 kg/m3 (RECESA, 2009).
41
Pesquisa da ECOFOR concluída, mas ainda não publicada.

40
Resíduos sólidos e aterros sanitários: em busca de um novo olhar

O teor de umidade representa a quantidade de água presente nos resí-


duos sólidos, medida em percentual do seu peso. Este parâmetro se altera
em função das estações do ano e da incidência de chuvas, podendo-se esti-
mar um teor de umidade variando em torno de 40 a 60%.
Em Santos (2012) também são encontrados resultados para o teor de
umidade dos resíduos sólidos domiciliares de Fortaleza-CE recém coleta-
dos. Após 24 horas no interior da Estufa (1ª pesagem) a umidade média
das dez amostras analisadas ao mesmo tempo foi 15,1%. Após 48 horas (2ª
pesagem) a média das dez amostras foi 25,5%. Após 72 horas (3ª pesagem) a
média das dez amostras foi 36,9%. Por fim, o teor de umidade presente nos
resíduos sólidos após 96 horas (4ª pesagem) variou de 31,5% (amostra nº9)
a 42,8% (amostra nº2) e a média das dez amostras foi 37,7%. Os resultados
alcançados estão abaixo dos encontrados na literatura.
A compressibilidade é a redução do volume que uma massa de resíduos
pode sofrer quando compactada. Submetido a uma pressão de 4 kg/cm², o
volume do resíduo pode ser reduzido de um terço (1/3) a um quarto (1/4) do
seu volume original.
Em resumo, o conhecimento detalhado sobre os RSU é vantajoso não
só para o pessoal responsável pelo aterro sanitário, mas para o planejamen-
to do sistema de gerenciamento como um todo. Como entendido em IBAM
(2001), este conhecimento pode auxiliar na estimativa das quantidades a
coletar em cada região da cidade, no dimensionamento de veículos de coleta
e estações de transferência, na implementação de programas de coleta sele-
tiva, reciclagem e compostagem, na fabricação de inibidores de cheiro etc.
Passadas as análises dos resíduos, é hora de despejá-los no aterro sani-
tário. Os processos de espalhamento e compactação passam a representar as
variáveis críticas. É comum a literatura recomendar que essas etapas sejam
efetuadas, sempre que possível, de baixo para cima, a fim de se obter um
melhor resultado.
Catapreta (2008) destaca a compactação dos RSU como o principal pa-
râmetro a ser controlado dentre os aspectos operacionais dos aterros sanitá-
rios, dada a sua importância, tanto no que se refere à otimização da disposi-
ção, quanto da melhoria de propriedades geomecânicas dos resíduos.
Quanto maior a compactação dos resíduos menor a presença de oxi-
gênio na massa, o que, sob esse aspecto, diminui o processo aeróbio, tendo

41
Gemmelle Oliveira Santos

como conseqüência uma possível antecipação na produção de metano (Bor-


ba, 2006). Boa compactação aumenta a produção de biogás (Maciel, 2003;
Guedes, 2007; Camacho, 2006) e favorece o processo de decomposição bio-
lógica (Brito Filho, 2005).
O processo de compactação permite ainda uma redução volumétrica
que gera maior estabilidade do maciço e aumento da vida útil do aterro sa-
nitário. Assim, os RSU recém espalhados na frente de serviço passam a ter
pesos específicos maiores a medida que sofrem compactação.
Com a compactação exercida pelo maquinário existente no aterro sani-
tário, os valores dos pesos específicos tendem a aumentar, sendo encontra-
dos vários registros na literatura: 7,4 kN/m3 (Mercedes, 1997); 7,8 kN/m3
(Gripp e Oliveira, 2000); de 8,0 a 12,4 kN/m3 (Lima e Surliuga, 2000); de
7,0 a 11,0 kN/m3 (Catapreta e Simões, 2007).
Certamente, o alcance de pesos específicos maiores depende de vários
fatores: modo de operação do aterro sanitário, comportamento de cada
componente dos resíduos frente à pressão do equipamento, fase de decom-
posição, existência ou não de líquidos e gases (questões relacionadas a poro
-pressões), número de passadas, espessura da camada de RSU etc.
Conforme o IBAM (2001), para uma boa compactação, o espalhamento
do lixo deverá ser feito em camadas não muito espessas (máximo de 50 cm),
com o trator dando de três a seis passadas sobre a massa de resíduos. Essa
mesma espessura também é recomendada por Russo (2003). Johannessen
(1999) recomenda camada de resíduos de 30 a 50 cm. Catapreta (2008) re-
comenda não mais do que 60 cm. Já Lange et al. (2002) aplicaram camadas
de 30 cm.
Carvalho (2002), referindo-se ao aterro municipal de Santo André (SP),
destaca que os resíduos sólidos foram compactados por tratores de esteira
AT D6 (15 toneladas) ou AT D8 (30 toneladas) com 3 a 5 passadas no talude
e mesma quantidade na camada acabada. O autor refere ainda camadas de
resíduos variando entre 30 e 60 cm.
De acordo com Caterpillar (2001) apud Catapreta (2008), qualquer que
seja o equipamento utilizado na compactação, devem ser realizadas de 3 a 4
passadas para obter os melhores resultados. Mais do que 4 passadas não au-
mentam os valores dos pesos específicos dos resíduos de forma econômica.
A inclinação do talude de aterros sanitários é outra variável a ser

42
Resíduos sólidos e aterros sanitários: em busca de um novo olhar

controlada. Nos estudos são encontradas várias aplicações à depender das


condições dos RSU (atrito, coesão, efeito fibra), altura da camada de RSU,
extensão das bermas etc.
O IBAM (2001) recomenda 1V:3H42. Outros estudos referiram-se a
inclinações de 1V:2H (Fortuna Oliveira, 2002; Carvalho, 2002; Catapreta,
2008); 1V:2,5H (Corrêa Sobrinho, 2000) e 1V:3H (Pierobon, 2007; Zhang
et al., 2008). Tal inclinação mantém importante relação com os processos
de (não)rompimento do aterro e estabilidade.
Outra variável crítica em aterros sanitários é o controle sobre a exe-
cução das camadas de cobertura intermediárias e finais. Conforme enten-
dido em publicação do Instituto de Pesquisas Tecnológicas - IPT (2000),
o sistema de cobertura tem a função de proteger a superfície das células
de resíduos sólidos, eliminar a proliferação de vetores, diminuir a taxa de
formação de líquidos percolados, reduzir a exalação de odores, impedir a
catação, permitir o tráfego de veículos coletores sobre o aterro, eliminar a
queima de resíduos e a saída descontrolada do biogás. Por todos esses moti-
vos é fundamental utilizar solos de qualidade nessas etapas e não entulho de
construção, como já observado em alguns aterros do Brasil.
Conforme entendido em Jucá et al. (2009), um sistema de cobertura fi-
nal de aterro é composto por seis componentes básicos: camada superficial,
camada de proteção, camada de drenagem, barreira hidráulica ou de gás,
camada de coleta de gás e camada de base. Porém, a utilização simultânea
desses componentes para os sistemas de cobertura final muitas vezes é invi-
ável ou desnecessária, dependendo basicamente da condição climática e do
balanço hídrico do local.
Jucá et al. (2009) citam 04 (quatro) tipos principais de camadas de
cobertura (convencionais, barreira capilar simples, barreira capilar dupla,
evapotranspirativas) e as definem como:
Convencionais: sistema de cobertura usualmente utilizado com compactação
de uma camada de solo argiloso, com baixa permeabilidade saturada (valor
menor ou igual a 10-9 m/s) diretamente sobre a massa de resíduos [...] e que
tem como objetivo evitar a penetração excessiva de precipitação, porém, pode
apresentar alguns problemas, tais como ressecamento e formação de fissuras e
trincas43, quando utilizadas em alguns tipos de climas.

42
V (Vertical), H (Horizontal).
43
As trincas na camada de cobertura do aterro sanitário favorecem a fuga descontrolada dos gases, o que além de preju-
dicar o sistema de extração para aproveitamento energético provoca o lançamento in natura dos gases para a atmosfera.

43
Barreira capilar simples: sistemas construídos com uma camada de solo de
granulometria fina (silte ou argila) sobre uma camada de material granular
(areia ou cascalho) e que funciona como barreira hidráulica para controlar a
infiltração da água na superfície do aterro em função da intensificação do fe-
nômeno da capilaridade.
Barreira capilar dupla: para evitar a perda de água por evaporação na camada
superior argilosa da barreira capilar simples, pode ser utilizada uma barreira
capilar dupla. Nesse tipo de barreira, a camada de material granular superior
exerce duas funções importantes: na época de seca, ela impede que a água ar-
mazenada na camada de material fino migre por capilaridade para a camada
de material granular e, em época de chuva, funciona como um dreno, condu-
zindo lateralmente a água que infiltra na cobertura e prevenindo a saturação
da camada de material fino.
Evapotranspirativas: são sistemas vegetados com plantas nativas capazes de
resistir e sobreviver às condições locais. O princípio dessas camadas é a utili-
zação do solo local com capacidade de armazenamento de água de precipitação
pluviométrica de modo que ela seja evapotranspirada através da vegetação na-
tiva, e a sua infiltração no aterro não oco2
No caso brasileiro, a maior parte dos aterros sanitários utiliza o sistema
convencional já que há possibilidade de extração do material de cobertura
(solo) na própria área do aterro ou nas proximidades, além do baixo custo
desse tipo de material quando comparado, por exemplo, as geomembranas/
mantas. Mesmo assim, observa-se nos estudos que as camadas convencio-
nais variam principalmente em espessura e no tipo de material que as com-
põem.
Capelo Neto e Castro (2005) sugerem uma camada de cobertura final
de 60 cm de espessura e que seja de um material de baixa permeabilidade.
Nesse mesmo sentido, publicação da RECESA (2008) afirma que os ma-
teriais a serem utilizados devem ser impermeáveis, resistentes a processos
erosivos e com características de fertilidade adequadas ao estabelecimento
de vegetação.
Ojima e Hamada (1994) comentam que os aterros brasileiros adotam
uma cobertura constituída de camada de solo argiloso fortemente compac-
tada, de espessura igual a 80 cm. Ainda segundo esses autores, a permeabili-
dade não deve ser superior a 10-6 cm/s e, para minimizar o aparecimento de
fendas proveniente do ressecamento excessivo e recalques, deve ser adicio-
nada sobre a cobertura final, uma proteção constituída de uma camada de
terra vegetal de 20 cm de espessura. Sobre esta camada de terra é executado
o plantio de vegetação rasteira.
Resíduos sólidos e aterros sanitários: em busca de um novo olhar

Ensinas (2003) relatou que a camada de cobertura final do aterro Delta


(Campinas - SP) é composta de 20 cm de terra, 60 cm de argila compactada
e 20 cm de “terra vegetal”.
No aterro de Extrema (RS) ocorreu aplicação de uma camada de co-
bertura final de 70 cm de argila e sobre esta uma camada de 30 cm de solo
orgânico com o plantio de gramíneas (REICHERT e ANJOS, 1997).
O fechamento de um aterro sanitário em Rio das Ostras (RJ) ocorreu
com uma camada de solo argiloso de 30 cm sobre a camada de lixo (PIRES,
2007).
Em Catas Altas (MG) a cobertura final consistiu em uma camada de 50
cm de argila compactada (Lange et al., 2002).
Em estudo realizado numa célula do aterro sanitário que recebe os RSU
de Fortaleza-CE foi verificado, após 100 medições diretas com trena milime-
trada, camadas de cobertura variando entre 14 cm (camada intermediária) e
50 cm (camada final) (MEDEIROS e SANTOS, 2011b). Uma curiosidade des-
tacada pelos autores é que o fluxo de gás era maior nas camadas mais finas.
Em estudo realizado na camada do aterro sanitário de São Leopoldo
(RS) foi verificado cobertura variando entre 30 e 90 cm (SOARES et al.,
2011).
Outra variável crítica em aterros sanitários é o dimensionamento do
sistema de drenagem de gases já que sua geração, composição, migração
e captação sofrem influencia dos critérios operacionais até então mencio-
nados. É muito difícil realizar um estudo seguro sobre gases em um aterro
onde todas as informações até aqui descritas são desconhecidas.
O sistema de drenagem44 de gases mais comum é composto por drenos
verticais que evoluem em altura com o preenchimento do aterro sanitário.
Nesse sistema, um tubo perfurado de PVC reforçado (ou manilhas de con-
creto) é envolvido por britas n°4 contidas por tela metálica semelhante a
utilizada na construção civil.
Há aterros em que os drenos não possuem essa proteção mecânica, o
que prejudica seu funcionamento, pois a medida que a digestão dos resíduos

44
A drenagem de gases pode ser classificada em passiva ou ativa. No primeiro caso, os gases buscam os drenos de forma
espontânea. A massa de resíduos é que exerce pressão para que o gás seja direcionado para o dreno, onde a pressão
é menor e semelhante à atmosfera, por isso a drenagem passiva é pouco efetiva quanto à capacidade de extração. No
segundo caso, os drenos são conectados a sopradores, na realidade podem ser chamados de “sugadores”, havendo maior
resgate do gás existente no interior do aterro.

45
Gemmelle Oliveira Santos

se processa no interior do aterro há movimento de massa e isso acaba em-


purrando, até desmontando ou obstruindo o dreno.
Há também, conforme a ATDRX (2001), a opção de se instalar drenos
de gases de forma horizontal e este modelo é apropriado para aterros pro-
fundos e quando é preciso recuperar rapidamente seu gás, pois nessa mo-
dalidade de drenagem há uma maior superfície de contato entre os gases e o
dreno (e vice-versa).
O volume de gás que será gerado no aterro sanitário é ao mesmo tempo
uma incógnita e o ponto de partida para o dimensionamento/espaçamen-
to do sistema de drenagem e as estimativas dos volumes vêm sendo reali-
zadas, em inúmeros aterros e com fragilidades, com os métodos propostos
pela USEPA A45, IPCC46, Banco Mundial, Baseline (Kumar et al., 2004; Tsave,
Soupios e Karapidakis, 2006; Tsai, 2007; Weitz, Coburn e Salinas, 2008;
Abushammala et al., 2010).
Vamos resumir?
Os municípios brasileiros não podem mais dispor seus resíduos em lixões por
isso devem se organizar para construir seus aterros sanitários ou participar
de consórcios. Um aterro sanitário é um empreendimento caro que exige pla-
nejamento durante sua elaboração, rigor durante sua instalação e disciplina
durante sua operação. O uso futuro da área depende dos cuidados que foram
adotados durante sua vida útil. Vale aqui a máxima que diz: é melhor prevenir
que remediar, pois os descuidos com os aterros tem inviabilizado o uso futuro
da área, tamanha sua insegurança geotécnica e ambiental.

45
USEPA - International Panel on Climate Change
46
IPCC - International Panel on Climate Change

46
Resíduos sólidos e aterros sanitários: em busca de um novo olhar

Capítulo 5

Gases de aterros sanitários

A disposição e confinamento dos Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) nos


aterros sanitários permitem a instalação dos mecanismos físicos, químicos
e biológicos envolvidos na degradação aeróbia e anaeróbia, gerando inevitá-
veis resíduos em sua maioria no estado líquido e gasoso.
A digestão aeróbia ocorre quando há influência da atmosfera sobre os
RSU, pois a camada de cobertura ainda não foi executada, e os componentes
orgânicos passam por reações bioquímicas que resultam em dióxido de car-
bono e vapor de água.
De acordo com o Instituto de Pesquisas Tecnológicas - IPT (2000), a diges-
tão aeróbia é um processo breve, durando de alguns dias a aproximadamente
um mês em aterros rasos com profundidade de até 3,0m. Já a International So-
lid Waste Association - ISWA (2010) defende que a decomposição aeróbia pode
durar seis ou mais meses, dependendo do contato dos resíduos com o ar da su-
perfície do aterro.
Para Pacheco (2004), se o ar atmosférico (ou oxigênio puro) for bor-
bulhado para o interior do aterro, a digestão aeróbia pode se prolon-
gar por um período maior e grandes quantidades de dióxido de carbono
(CO ) e hidrogênio (H ) são produzidas, principalmente se o aterro esti-
2 2
ver seco.
É importante lembrar que, se não há um projeto de exploração energé-
tica do gás do aterro sanitário, é melhor que predomine a fase aeróbia, pois
a produção de dióxido de carbono e seu lançamento na atmosfera é menos
nociva que o metano. Caso exista a exploração energética é melhor que pre-
domine a fase anaeróbia, pois é dela que virá o metano.
A digestão anaeróbia, por sua vez, é iniciada quando não há mais oxigê-
nio no interior da célula de resíduos sólidos. Existem várias descrições dos
processos envolvidos na digestão anaeróbia dos RSU em aterros sanitários

47
Gemmelle Oliveira Santos

(PESSIN et al., 2002; GOMES et al., 2002; CASTILHOS JÚNIOR, GOMES


e PESSIN, 2003; ARAÚJO, 2001; CETESB47, 2006; USACE48, 2008; ISWA,
2010) que permitem entender que ocorre, em linhas gerais, hidrólise da ma-
téria orgânica complexa em moléculas solúveis, conversão dessas moléculas
em ácidos orgânicos mais simples, dióxido de carbono e hidrogênio, e final-
mente, formação do metano a partir da decomposição dos ácidos ou redu-
ção de dióxido de carbono com o hidrogênio.
Assim, inúmeros processos isolados e combinados antecedem a for-
mação dos gases nas áreas de disposição de RSU. Para a USACE (2008), o
mecanismo de formação de gases em aterros é regido por reações químicas,
processos de volatilização e decomposição biológica, assim descritos:
As reações químicas entre os materiais que compõem os resíduos ocorrem
pela presença de água, sendo imprevisíveis as reações que podem ocorrer em
função da diversidade de compostos. A volatilização ocorre até que se estabe-
leça um equilíbrio químico dentro do aterro e a taxa na qual os compostos se
volatilizam depende de suas propriedades físicas e químicas. A decomposição
biológica ocorre em fases através dos mecanismos aeróbios e anaeróbios. O
calor gerado a partir dos processos biológicos tende a acelerar a taxa de reação
química e volatilização (USACE, 2008, p.2).

Algumas publicações (TCHOBANOGLOUS, THESSEN e VIGIL, 1994;


ATDRX49, 2001; USACE, 2008; USEPA, 2009) descrevem a geração de ga-
ses em aterros sanitários por meio de um diagrama de fases. Desses autores
entende-se, resumidamente, que:
1ª Fase (Ajuste inicial): os resíduos são depositados no aterro e sua fra-
ção biodegradável sofre decomposição biológica aeróbia. A fonte principal
de microrganismos é o solo ou lodo de estações de tratamento ou a recircu-
lação do lixiviado50.
2ª Fase (Transição): decrescem os níveis de oxigênio e começa a fase
anaeróbia. O nitrato e o sulfato podem servir como receptores de elétrons em
reações de conversão biológica e os microrganismos iniciam a conversão do
material orgânico complexo em ácidos orgânicos e outros produtos interme-
diários. Há elevação das concentrações de CO2 dentro do aterro.
47
CETESB - Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental
48
USACE - United States Army Corps of Engineer
49
ATDRX - Agency for Toxic Substances & Diseace Registry
50
Os lixiviados são definidos como os líquidos provenientes de três fontes principais: umidade natural dos resíduos
sólidos, água de constituição dos diferentes materiais que sobram durante o processo de decomposição e líquido prove-
niente de materiais orgânicos pelas enzimas expelidas pelas bactérias (REICHERT, 2000 apud d CASTILHOS JÚNIOR,
GOMES e PESSIN, 2003).

48
Resíduos sólidos e aterros sanitários: em busca de um novo olhar

3ª Fase (Ácida): há conversão microbiológica dos compostos da eta-


pa anterior em compostos com baixa massa molecular, como o ácido acético.
O dióxido de carbono é o principal gás gerado e também serão produzidas
quantidades menores de hidrogênio.
4ª Fase (Metanogênica): predominam microrganismos estritamen-
te anaeróbios que convertem ácido acético e gás hidrogênio em CH4 e CO2.
A formação do metano e dos ácidos prossegue simultaneamente, embora a
taxa de formação dos ácidos seja reduzida.
5ª Fase (Maturação): a umidade continua migrando pela massa de
lixo e porções de material biodegradável até então não disponíveis acabam
reagindo. A taxa de geração do gás diminui consideravelmente, pois a maio-
ria dos nutrientes disponíveis foi consumida nas fases anteriores e os subs-
tratos que restam no aterro são de degradação lenta. Dependendo das medi-
das adotadas no fechamento do aterro, pequenas quantidades de nitrogênio
e oxigênio podem ser encontradas.
Uma caracterização laboratorial bem profunda dos lixiviados pode in-
diretamente indicar a fase de digestão em que os resíduos se encontram,
como bem demonstrou Silva e Santos (2010).
Em função dessas fases, a velocidade e o volume da produção de gases,
bem como sua composição, são específicos de cada aterro e ao mesmo tempo
diferentes em cada ponto do aterro. Além disso, Castilhos Júnior, Gomes e
Pessin (2003) lembram que:
Embora essa divisão do processo de digestão anaeróbia em fases facilite bas-
tante o entendimento dos fenômenos de estabilização biológica dos RSU e seus
impactos sobre a composição dos lixiviados e emissões gasosas, na prática, du-
rante a vida de um aterro, essas fases não são tão bem definidas (CASTILHOS
JÚNIOR, GOMES e PESSIN, 2003, p.33).

A literatura (TCHOBANOGLOUS, THESSEN e VIGIL, 1994; JOHAN-


NESSEN, 1999; ATDRX, 2001; EEA, 2004; USEPA, 2005; USACE, 2008)
aponta os principais fatores que afetam a geração de gases nos aterros sani-
tários: composição dos resíduos, tamanho das partículas, temperatura, umi-
dade, pH, geometria, operação, cobertura do aterro e idade dos RSU, etc.
Dela entende-se que:
(I) Quanto maior o percentual de materiais biodegradáveis maior a
taxa de geração de gases. Já o(a) início e duração da geração depende
da natureza dos materiais dispostos no aterro (altamente degradável,

49
Gemmelle Oliveira Santos

lentamente degradável etc.), ou seja, alguns componentes logo dispa-


ram a geração de gases; outros demoram mais;
(II) O tamanho das partículas tem relação com a velocidade de degra-
dação, que é maior em resíduos menores, tanto nos processos aeróbios
quanto nos anaeróbios;
(III) A temperatura interna e externa dos aterros sanitários tem im-
portante significado no processo de decomposição dos RSU, pois atua
na cinética das reações químicas e na atividade dos microrganismos.
Geralmente, quanto mais elevada for a temperatura maior será a ativi-
dade bacteriana, com limites de tolerância, pois estamos nos referindo
a seres vivos;
Uma pesquisa em desenvolvimento em Fortaleza-CE teve por objetivo moni-
torar o comportamento da temperatura em dois Lisímetros preenchidos ex-
clusivamente com restos de alimentos. No Lisímetro 1, a maior temperatura
interna foi 42,7ºC e a menor foi 24,4ºC. No Lisímetro 2, a maior temperatu-
ra foi 45,7ºC e a menor 25,7ºC. A amplitude da temperatura no Lisímetro 1
foi 18,3ºC e no Lisímetro 2 foi 20,0ºC. As temperaturas médias observadas
nos dois Lisímetros (31,3 e 31,5ºC) apontam para provável predominância
de microrganismos mesófilos. Picos de temperatura se repetiram com certa
freqüência ao longo do monitoramento. No geral, a temperatura interna no
Lisímetro 1 superou a temperatura externa em 33 das 70 medições (47,1%),
tendo ficado (média) 3,9ºC acima da temperatura ambiente (valor máximo
alcançado: 12,9ºC). A temperatura interna no Lisímetro 2 superou a externa
em 35 das 70 medições (50,0%), tendo ficado, em média, 4,4ºC acima (valor
máximo: 15,9ºC). A freqüência de temperaturas internas maiores que as ex-
ternas ocorreram predominantemente no meio do período de monitoramento,
ficando claro que a massa de resíduos passou por três fases de degradação:
primeira (ajuste inicial), segunda (degradação ativa) e terceira (maturação).
Os dois Lisímetros mostraram correlação positiva entre os resultados da tem-
peratura interna e o horário da medição ao longo do dia, mostrando influencia
do ambiente externo51.

(IV) A umidade depende de vários fatores [composição e condições ini-


ciais dos RSU, clima, procedimento de operação do aterro, in(existên-
cia) de recirculação de líquidos etc.] e geralmente seu aumento favorece
a geração de gases. Se a umidade for muito baixa há grande atraso na
decomposição dos RSU, pois ela é transporte difuso de bactérias e nu-
trientes. Geralmente, podemos dizer que aterro secos geram pouco gás;
(V) O pH é um importante parâmetro de acompanhamento do processo
Pesquisa do Prof. Gemmelle Santos, concluída, mas ainda não publicada. Titulo provisório: MONITORAMENTO DA
51

TEMPERATURA DE DEGRADAÇÃO DE RESTOS DE ALIMENTOS EM LISÍMETROS DE PEQUENO PORTE

50
Resíduos sólidos e aterros sanitários: em busca de um novo olhar

de decomposição. Inicialmente, o aterro tem um pH ácido que tende a


neutralidade quando a fase metanogênica vai predominando e em pH
neutro há condição ideal de produção de gás;
(VI) A geometria, operação e cobertura do aterro influencia na produ-
ção de gases sob vários aspectos: aterros com altura elevada e com um
sistema eficiente de impermeabilização da camada de cobertura fomen-
tam o predomínio de atividade anaeróbia. Da mesma forma, a correta
compactação realizada durante a operação do aterro aumenta a densi-
dade dos resíduos, o que propicia o encurtamento da fase aeróbia.
(VII) A idade dos RSU tem influência na qualidade e volume dos gases.
Geralmente, resíduos novos geram mais gás e com mais metano en-
quanto que os resíduos antigos podem ter sua capacidade potencializa-
da através da recirculação dos líquidos percolados no aterro.
A recirculação tem um efeito positivo na formação de CH4 por aumen-
tar o teor de água, fornecer e distribuir nutrientes e biomassa (ZHANG, HE
e SHAO, 2008; ABUSHAMMALA et al., 2010). Além disso, é uma opção
complementar de tratamento do lixiviado uma vez que propicia a atenuação
de constituintes pela atividade biológica e por reações físico-químicas que
ocorrem no interior do aterro. A recirculação diminui também o volume do
lixiviado em função da evaporação que ocorre no platô do aterro se o solo
estiver quente.
Cabe destacar que os parâmetros até então comentados influenciam
não só a geração e composição dos gases, mas também as previsões dos vo-
lumes a serem gerados nos aterros sanitários. Assim, inúmeros trabalhos
preveem tais volumes com métodos teóricos que se baseiam em equações de
primeira ordem e seus autores reconhecem as limitações desses métodos, a
exemplo dos trabalhos elaborados por:
(I) Cortázar e Monzón (2007) - que estimaram para o aterro de Meruelo
I (Cantabria - Espanha) uma produção máxima de gases para o ano de
1992 da ordem de 1.437.000 m3;
(II) Nozhevnikova et al. (1993) - que estimaram a produção anual de
resíduos sólidos em grandes cidades da Rússia em 37,5 milhões de tone-
ladas e emissão de 1,2 - 2,4 milhões de m3 de metano/ano;
(III) Samuelsson et al. (2001) - que avaliaram quatro áreas de disposição

51
Gemmelle Oliveira Santos

da Suécia (Filborna, Hagby, Häljestorp e Härlövs Ängar) e estimaram,


respectivamente, emissão de 308 kg de metano/hora, 49 kg/h, 136 kg/h
e 142 kg/h;
(IV) Manna, Zanetti e Genon (1999) - que, estudando uma célula do
aterro sanitário da cidade de Turim (Itália), estimaram produção de 2
milhões de m3 de biogás para o período compreendido entre janeiro de
1984 e dezembro de 1990;
(V) Aronica et al. (2009) - que estimaram emissão de 7.519,97 - 10.153,7
m3/h de biogás no aterro Bellolampo (Palermo - Itália) entre novembro
de 2005 e julho de 2006;
(VI) Jingura e Matengaifa (2009) - que, apresentando um panorama
da produção de biogás no Zimbabué (África) a partir da produção de
RSU nas 19 principais cidades do país, estimaram entre 7.923.712 -
35.656.704 de m3 de biogás/ano;
(VII) Braeutigam et al. (2009) - que estimaram para o aterro Lomas Los
Colorados (Chile) uma produção média de 70 milhões de m3 de biogás
por ano;
(VIII) Chiemchaisri, Juanga e Visvanathan (2007) - que estimaram
uma emissão de metano da ordem de 115,4 a 118,5 Gg/ano na Tailân-
dia, considerando que em 2004 haviam 425 locais de descarga no país,
sendo 95 aterros sanitários e 330 lixões;
(IX) Al-Ghazawi e Abdulla (2008) - que estimaram o potencial de gera-
ção de metano do aterro ‘Rusaifeh’ e do aterro ‘Akaider’ (Jordânia) para
o ano de 2005 em, respectivamente, 46,2 e 27,7 Gg;
(X) Tsatsarelis e Karagiannidis (2009) - que demonstraram que o ater-
ro de “Etoloakarnania” (Grécia) tem potencial para aproximadamente
2 mil toneladas de metano/ano durante 15 - 30 anos.
É importante lembrar que algumas estimativas feitas pelos autores con-
sideraram uma única área de disposição de RSU enquanto outras considera-
ram várias. Alguns estudaram isoladamente os aterros sanitários enquanto
outros estudaram todas as opções de disposição sobre o solo.
El-Fadel, Findikakis e Leckie (1997) resumiram o potencial de influ-
ência da maioria dos fatores discutidos na geração de gases, permitindo
enquadrar como baixo potencial de favorecimento: densidade, tamanho

52
Resíduos sólidos e aterros sanitários: em busca de um novo olhar

das partículas, nutrientes, bactérias e hidrogênio; médio potencial de fa-


vorecimento: composição do lixo, temperatura e pH; alto potencial de fa-
vorecimento: umidade. Quanto a inibição da geração de gases, os autores
referem-se a sulfatos e metais (baixa inibição), tóxicos (média) e oxigênio
(alta).
Como já se sabe, parte dos gases gerados nos aterros sanitários escapa
para a atmosfera por processos de percolação nas camadas de cobertura. Es-
sas emissões parecem representar um problema de poluição difusa comum a
maior parte das áreas de disposição de RSU dos países, como se observa nas
várias pesquisas encontradas:
Marion e Peter (1998) realizaram um estudo com o objetivo de escolher
o melhor formato de uma camada de cobertura para fins de oxidação do
metano em um aterro da região baixa da Áustria. Os autores relataram que
o metano do aterro é drenado para mover um motor a gás e, mesmo assim,
há perdas pelas camadas de 0,1 - 0,4 m3/m2/h, considerando os ensaios rea-
lizados com câmaras estáticas de 2,25 m2.
Park e Shin (2001) estudaram a emissão de gases pela superfície de um
aterro da Coréia do Sul com câmaras de 1.256 cm2 e verificaram fluxo de CH4
variando entre 0,0055 e 0,5477 m3/m2/h no inverno e entre 0,0416 - 2,4137
m3/m2/h no verão. Quanto ao CO2, os autores mediram fluxo variando en-
tre 0,0136 e 0,5172 m3/m2/h no inverno e entre 0,0121 - 2,639 m3/m2/h no
verão. Conforme os autores, até 30% dos gases gerados no aterro estudado
pode fugir pela superfície caso não seja implantado um sistema de extração
forçada com sopradores.
Ensinas (2003) determinou o vazamento de gases pela superfície do
aterro sanitário Delta A (Campinas - SP) usando uma peça de coleta de gás
conectada a um medidor de vazão. A peça de alumínio, de 610 x 410 x 80
mm, foi enterrada 40 mm na superfície do aterro e ligada a um bolhômetro
de 10 mL. O autor realizou medições em 05 partes do aterro e a fuga pela
camada de cobertura (sem trincas) foi de 0,0057 Nm3/m2/dia.
Maciel (2003) desenvolveu um trabalho cujo objetivo principal foi ava-
liar o comportamento geotécnico da camada de cobertura do aterro expe-
rimental da Muribeca (PE) no que se refere à percolação e emissão do gás.
O autor utilizou detector de gás, manômetro, termômetro e placas de fluxo
de 0,16 m2, constatando fluxo de CH4 variando entre 1,2 e 4,2 x 10-3 g/m2/s.
Laurila et al. (2006) estudaram os fluxos de gases pelas camadas de

53
Gemmelle Oliveira Santos

cobertura de três aterros sanitários da Finlândia (Ämmässuo, que possui 50


hectares (ha); Kiimassuo - 5 ha; Seutula - 16 ha). Os autores observaram flu-
xos médios de 74 m3/ha/h de CH4 no primeiro aterro, que está em atividade
e com resíduos recentes; 15 m3/ha/h de CH4 no segundo aterro, que está ati-
vo e possui camada de cobertura complementar de composto; 0,5 m3/ha/h
de CH4 no terceiro aterro, que está inativo.
Milke, Holman e Khire (2006) estudaram os fluxos de gases pelas ca-
madas de cobertura de um aterro da Nova Zelândia (Christchurch). Os auto-
res mediram os fluxos de CH4 variando entre 0,020 - 0,095 g/m2/min a 38
metros (m) de um poço de extração, menor que 0,005 g/m2/min a 62m do
poço e entre 0,375 e 1,49 g/m2/min a 120m do poço de extração.
Stern et al. (2007), antes de aplicar uma cobertura biologicamente ativa
sobre a camada de um aterro sanitário da Flórida (Estados Unidos), verifi-
caram, após 34 ensaios na cobertura com placa estática, fluxo médio de 18,1
g/m2/h de CH4. Com a disposição de uma camada de 50 cm de espessura à
base de resíduos de compostagem sobre a cobertura convencional, os auto-
res verificaram uma emissão 10 vezes menor de CH4.
Scheutz et al. (2008), estudando emissões atmosféricas no solo de co-
bertura do aterro Grand’Landes (oeste da França) com câmaras estáticas
de 1.217 cm2 cravadas a 4,5 cm na cobertura, encontraram fluxo máximo de
29 g/m2/d de CH4 e traços de compostos orgânicos não-metano. Segundo
os autores, além do metano e do dióxido de carbono, o gás de aterro pode
conter mais de 200 compostos orgânicos, incluindo alcanos, aromáticos, hi-
drocarbonetos, embora todos estes sejam vestigiais, ou seja, formem até 1%
(v/v) do gás de aterro.
Jha et al. (2008), estudando emissões de GEE em um aterro da cidade
de Chennai (Índia) durante duas campanhas de campo (dezembro de 2003
e setembro de 2004), verificaram fluxo de CH4 variando entre 1,0 e 23,5
mg/m2/h, fluxo de CO2 variando entre 39,0 e 906 mg/m2/h e fluxo de N2O
variando entre 6,0 e 460 μg/m2/h.
Georgaki et al. (2008), avaliando o uso da técnica da resistividade elé-
trica acoplada a câmaras estáticas de 29,54 litros nas estimativas de emis-
sões de CH4 e CO2 em cinco pontos da superfície de um aterro existente na
ilha de Creta (sul da Grécia), verificaram fluxo máximo de 17 g/m2/h de CH4
e de 33 g/m2/h de CO2. Conforme os autores, a principal razão para os baixos
valores encontrados foi a elevada idade de aterramento dos resíduos, além
das condições do solo empregado na cobertura e o acúmulo superficial de

54
Resíduos sólidos e aterros sanitários: em busca de um novo olhar

lixiviado (ou água precipitada).


Fernandes (2009) desenvolveu um trabalho cujo objetivo foi avaliar a
emissão de gás, enfocando o metano, num aterro sanitário experimental ins-
talado numa área da central de tratamento de resíduos sólidos da BR-040,
região noroeste de Belo Horizonte. No aterro experimental foram realizados
15 ensaios na camada de cobertura, que resultaram no diagnóstico de fluxos
de CH4 variando entre 23,24 e 337,67 g/dia/m2 e o fluxo de CO2 variando
entre 29,09 e 233,24 g/dia/m2.
Berto Neto (2009) desenvolveu um trabalho cujo objetivo foi estudar as
emissões fugitivas de CH4 e CO2 em lixões e aterros sanitários no estado de
São Paulo, considerando o ar ambiente, a interface solo-ar e os dissipado-
res verticais. As áreas estudadas foram Araraquara, Brotas, Campinas, Jaú,
Ribeirão Bonito, Ribeirão Preto, São Carlos e aterro Bandeirantes (SP). O
autor identificou o menor fluxo de CH4 pela camada de cobertura na área de
Ribeirão Bonito (5,66 g/m2/d) e o maior fluxo em Bandeirantes (148,20 g/
m2/d). Quanto ao CO2, o menor fluxo foi em Brotas (17,78 g/m2/d) e o maior
fluxo em Campinas (223,04 g/m2/d).
Johnsson (2010) avaliou os fluxos de gases pela camada de cobertu-
ra de três aterros sanitários da Suécia (Lassabacka, Härlövs ängar e Onsjö)
com câmaras de 0,09 m2. Foram observados fluxos médios de 0,06 g/m2/h
para o CH4 e 1,26 g/m2/h de CO2 no primeiro aterro (que mede 18 hectares,
tem aproximadamente 1,1 milhões de toneladas, foi inaugurado em 1962 e
encerrado em 1979), fluxos médios de 0,0004 g/m2/h de CH4 e 4,45 g/m2/h
para o CO2 no segundo aterro (que mede 56 hectares, tem aproximadamente
1,0 milhão de toneladas, foi inaugurado em 1960 e encerrado em 2002), e
fluxos médios de 0,0015 g/m2/h de CH4 e 2,93 g/m2/h de CO2 no terceiro
aterro (que mede 4,5 hectares, tem aproximadamente 216 mil toneladas, foi
inaugurado em 1955 e encerrado em 1976).
Mariano e Jucá (2010) desenvolveram um trabalho cujo objetivo foi de-
terminar as emissões de gás através das camadas de cobertura da Célula 1 do
aterro de resíduos sólidos de Aguazinha, Olinda (PE). Os autores utilizaram
placa de fluxo estática em 19 locais do aterro e constataram fluxo de CH4
variando entre 7 e 146 kg/m2/ano. A área estudada possui 20 hectares, sua
operação foi iniciada em 1988 e, atualmente, recebe 400 toneladas/dia de
RSU e a espessura média de resíduo depositado é de 20 m.

55
Gemmelle Oliveira Santos

No estudo de Capaccioni et al. (2011) as emissões de gases pela camada


de cobertura de um aterro sanitário existente em um distrito da cidade de
Fano (Itália), após realização de 1183 medições pontuais com placa estática
entre 2005 e 2009, foram de 3,8 g/m2/d para o CH4 e de 13,1 g/m2/d para
o CO2.
Nava-Martinez, Garcia-Flores e Wakida (2011) determinaram as emis-
sões na superfície de um antigo lixão existente em Tijuana (México), com
placa estática em seis amostragens realizadas durante fevereiro de 2006 e
junho de 2007 em oito locais cada. Os autores encontraram fluxo de CH4
variando entre 0,17 e 2441,81 g/m2/h e associaram essa grande variabilidade
as fissuras existentes no terreno.
Santos (2012) instalou uma Célula Experimental de Resíduos Sólidos
Urbanos (RSU) numa área não utilizada do Aterro Sanitário Metropolitano
Oeste de Caucaia (ASMOC), Região Metropolitana de Fortaleza. As estima-
tivas das emissões de gases foram realizadas por meio de ensaios com placa
de fluxo estático na cobertura convencional (branco) e nas coberturas cul-
tivadas, além das medições feitas no dreno; todos em duas campanhas. Os
gases emitidos pela cobertura (branco) foram (em %) menores que os emiti-
dos pelo dreno, mostrando retenção: 1ªC = 11,6% de CO2, 6,5% de CH4, 9,1%
de O2 e 72,7% de outros gases; 2ªC = 14,9% de CO2, 9,4% de CH4, 7,2% de
O2 e 68,5% de outros gases. Em relação aos fluxos mássicos houve aumento
entre as campanhas (média): 2,5 x 10-3 e 3,6 x 10-3 g/m2.s de CH4 (1ªC e 2ªC,
respectivamente), 1,2 x 10-2 e 1,5 x 10-2 g/m2.s de CO2 (1ªC e 2ªC). Os fluxos
volumétricos foram (média): 4,0 x 10-6 e 5,7 x 10-6 m3/m2.s de CH4 (1ªC e
2ªC) e 7,0 x 10-6 e 8,8 x 10-6 m3/m2.s de CO2 (1ªC e 2ªC).
O trabalho de Santos (2012) também mostrou que uma forma de redu-
zir a emissão de gases pela cobertura do aterro sanitário se dá pelo cultivo
de gramíneas. A camada de cobertura cultivada com capim Mombaça, por
exemplo, em comparação com a camada de cobertura convencional (branco)
reduziu em até 62% (em massa) a emissão de CH4 na segunda campanha.
Caso a redução pudesse ser garantida por um período de ano, o capim Mom-
baça teria a capacidade de reduzir a emissão, em média, de 32 kg/m2.ano de
CH4 (considerando os dados da primeira campanha como referência) e 44
kg/m2.ano (2ª C52). Para o CO2 a capacidade de redução alcançaria, em mé-
dia, 148 kg/m2.ano (1ª C) e 184 kg/m2.ano (2ª C). Em termos volumétricos, a
52
C = Campanha.

56
Resíduos sólidos e aterros sanitários: em busca de um novo olhar

capacidade de redução seria de, em média, 23 m3/m2.ano de CH4 (1ª C) e 32


m3/m2.ano (2ª C). Para o CO2 a capacidade de redução alcançaria, em média,
42 m3/m2.ano (1ª C) e 50 m3/m2.ano (2ª C).
Como se observa, condições muito particulares a cada local estudado
devem determinar o fluxo dos gases pelas camadas de cobertura.
Vamos resumir?
Inúmeros processos isolados e combinados favorecem ou inibem a formação
dos gases nas áreas de disposição de RSU. O conhecimento aprofundado sobre
esses processos pode decidir sobre a (in)viabilidade do aproveitamento do gás
metano. A grande lista de pesquisas apresentada permite perceber que o tema
tem despertado o interesse de muitas pessoas no mundo todo e que o início dos
entendimentos já começa a ser trilhado.

57
Resíduos sólidos e aterros sanitários: em busca de um novo olhar

Capítulo 6

Revegetação e recuperação paisagística


de aterros sanitários

Os aterros sanitários são empreendimentos com vida útil limitada e


após seu encerramento devem receber adequado monitoramento geotécnico
e ambiental, além de medidas que o (re)aproximem visualmente da paisa-
gem natural vizinha.
Para Freitas Magalhães et al. (2005), boa parte dos aterros não pos-
sui cobertura vegetal, causando grandes transtornos à população que tenha
acesso direto e indireto. Dentre esses efeitos negativos tem-se a suspensão
de partículas de solo (poeira), surgimento de processos erosivos e, conse-
quentemente, a exposição da massa de resíduos, contribuindo para o vaza-
mento de lixiviados e gases.
A implantação de cobertura vegetal sobre aterros sanitários é uma das
importantes medidas de reintegração da área a paisagem local, sendo uma
prática recomendada em alguns planos de recuperação ou no processo de
licenciamento ambiental propriamente dito (ANDRADE e MAHLER, 2000;
TEIXEIRA, FRANÇA e LACERDA, 2006; SÃO CARLOS, 2008).
Para Londe e Bitar (2011), o uso da cobertura vegetal nas camadas de
cobertura final de aterros sanitários, como medida mitigadora dos impactos
ambientais, poderá ser uma opção coerente, prática e econômica, embora
apresente dificuldades de adaptação em função das características geomé-
tricas da área (declividade do terreno) e da composição física e química do
substrato.
Nesse mesmo sentido, Einloft et al. (1997) apud SOUZA (2007) afir-
mam que revegetar um aterro sanitário não é tarefa simples, pois há defici-
ência de nutrientes, alta declividade, e dificuldade em selecionar espécies e
métodos para a revegetação.

59
Gemmelle Oliveira Santos

Além desses aspectos, as áreas que receberam RSU geralmente perderam


solo, vegetação e fauna e os distúrbios sofridos em função das atividades de
recebimento e armazenamento de resíduos impedem a regeneração natural
da área (SOUZA, 2007), sendo fundamental a atuação humana no processo
de recuperação ambiental.
Para Magalhães (2005), a reabilitação ambiental de um aterro envolve
fatores dependentes de características biológicas, climáticas e ambientais
intrínsecas ao local de estudo. Assim, é necessário conhecer as espécies ve-
getais que podem ser incluídas, visando adequá-las corretamente no local
onde serão implantadas.
Para a USEPA (2010), o material de cobertura final deve ser adequa-
do em relação aos parâmetros agronômicos mínimos, já que as gramíneas,
apesar de muito adaptáveis, crescem melhor em solos moderadamente dre-
nados, com pH superior a 5,5 e níveis médios de fósforo e potássio. Ainda se-
gundo a publicação, a mistura de sementes e as taxas de semeadura podem e
devem ser ajustadas para as condições específicas do local, sendo importan-
te considerar na escolha das espécies sua tolerância à contaminação química
dos solos provocada pelos resíduos.
As técnicas mais utilizadas para a recuperação de taludes de aterros
sanitários são, conforme Einloft et al. (1997) apud SOUZA (2007): método
de placas de grama, plantio em covas, hidrossemeadura, semeadura a lanço,
sacos de aniagem e plantio em covas. Ainda segundo os autores, para a im-
plantação das espécies será necessário um estudo da flora da região, dando
continuidade a fisionomia da vegetação local.
Entende-se dos vários autores revisados por Londe e Bitar (2011) que:
(I) O método de placas de grama é empregado para revestir taludes de
cortes e aterros quando se deseja obter uma rápida proteção já que as
placas constituem-se de uma porção de terra com gramíneas enraizadas
e sua implantação é realizada normalmente sobre uma delgada camada
de solo fértil, colocada uniformemente sobre a superfície do talude.
(II) A técnica de plantio em covas consiste no preparo do solo para a
distribuição das plântulas. Como vantagens deste método, ressaltam-se
a economia para as pequenas áreas, a utilização de mão-de-obra não
especializada e o favorecimento da entrada de novas espécies, confe-
rindo uma maior biodiversidade - principalmente quando existirem

60
Resíduos sólidos e aterros sanitários: em busca de um novo olhar

áreas próximas potencialmente fornecedoras de propágulos - garantin-


do maior autossustentabilidade do sistema. Como desvantagens, des-
tacam-se o aporte considerável de recursos para grandes áreas, o que
muitas vezes a torna inaplicável; e o baixo rendimento em áreas íngre-
mes e riscos operacionais.
(III) O processo de hidrossemeadura consiste em um método mecani-
zado, que por uma via aquo-pastosa recobre o talude com um coquetel
de sementes e outros materiais que induzem a fixação das sementes
ao solo, favorecendo o estabelecimento e o crescimento das plantas. O
procedimento da hidrossemeadura ocorre por meio de um maquiná-
rio especializado, constituído de um tanque com pás giratórias num
eixo horizontal e moto-bomba para aplicação. As misturas utilizadas
são constituídas pelos seguintes materiais: corretivos de pH do solo,
adubos químicos e orgânicos, celulose ou papelão picado para manter
a suspensão homogênea e após a aplicação conservar a umidade, ade-
sivo específico para fixar as sementes de gramíneas e leguminosas, e a
celulose.
(IV) Na semeadura a lanço as sementes são espalhadas no terreno, ma-
nual ou mecanicamente, e incorporadas superficialmente ao solo por
meio de grade. A semente deve ficar ao redor de 3 cm de profundidade.
As vantagens da semeadura a lanço são a rapidez e a economia; no en-
tanto, a semeadura é irregular, e a emergência, desuniforme.
(V) O plantio em sacos de aniagem ou aplicação de “sacos verdes” con-
siste em uma técnica que facilita a introdução de vegetação rasteira e
arbustiva em taludes íngremes de corte. São utilizados sacos de ania-
gem preenchidos com uma mistura de sementes, capim picado, subs-
trato e fertilizantes. Após o enchimento dos sacos eles são fechados e
fixados nos taludes por meio de grampos de aço ou estacas de bambu ou
madeira. A germinação das sementes começa a ocorrer após o terceiro
dia da colocação dos sacos no campo. As raízes começam a penetrar no
talude favorecendo a fixação definitiva das plantas, promovendo boa
revegetação.
(VI) A técnica de plantio em covas consiste no preparo do solo para a
distribuição das plântulas. Como vantagens deste método, ressaltam-se
a economia para as pequenas áreas, a utilização de mão-de-obra não

61
Gemmelle Oliveira Santos

especializada e o favorecimento da entrada de novas espécies, confe-


rindo uma maior biodiversidade - principalmente quando existirem
áreas próximas potencialmente fornecedoras de propágulos - garantin-
do maior autossustentabilidade do sistema. Como desvantagens, des-
tacam-se o aporte considerável de recursos para grandes áreas, o que
muitas vezes a torna inaplicável; e o baixo rendimento em áreas íngre-
mes e riscos operacionais.
Para Alberte, Carneiro e Kan (2005) a medida que sejam identificadas
células de lixo a serem encerradas, os taludes e patamares do aterro devem,
em toda a sua extensão, ser cobertos imediatamente por vegetação adequa-
da.
Griffith et al. (1994) apud MEINERZ et al. (2009) defendem que a im-
plantação de um estrato arbustivo vigoroso é o primeiro passo para se atin-
gir bons resultados em longo prazo e a consequente estabilização ecológica
do local. O estrato implantado deve ser autosustentável e conseguir dar su-
porte as futuras “ilhas de vegetação arbórea” que serão pontos de dispersão
de propágulos, compostas por árvores de alto poder de regeneração natu-
ral e com algum atrativo a fauna silvestre, principalmente a ornitofauna,
de modo a induzir a sucessão natural da área. Além disso, a USEPA (2010)
recomenda que durante o período de estabelecimento, o local deve ser ge-
renciado quanto ao controle e eliminação de espécies invasoras.
Algumas experiências com revegetação de áreas de disposição de RSU
são encontradas na literatura:
(I) Beli et al. (2005), ao avaliarem a recuperação da área do antigo lixão
do município de Espírito Santo do Pinhal (SP) quatro anos após a sua
desativação, observaram a presença de árvores frutíferas como a ba-
naneira (Musa spp), mamoeiro (Carica papaya L.), goiabeira (Psidium
guajava L.) e outras que permitem o repovoamento de pássaros e ani-
mais característicos da região. Segundo os autores, nasceram também
árvores nativas como a fixeira (Schizolobium parahyba), o capim ele-
fante (Pennisetum purpureum), o capim colonião (Panicum maximum)
e a mamona (Ricinus communis L.);
(II) Teixeira, França e Lacerda (2006) relatam que a primeira etapa
das obras do Plano de Recuperação de Área Degradada (PRAD) da ver-
tente esquerda do aterro municipal de Juiz de Fora (MG) se deu com

62
Resíduos sólidos e aterros sanitários: em busca de um novo olhar

a conformação da camada final de confinamento dos resíduos e com a


cobertura vegetal por meio de sementes e grama em placas, fazendo-se
a recomposição das mesmas nos locais onde não houve o crescimento
de vegetação;
(III) Meinerz et al. (2009) afirmam que o antigo lixão de Toledo (PR)
foi transformado em aterro sanitário, sendo rotina no novo empreendi-
mento os processos de compactação e cobertura diária dos RSU, além
da colocação de cobertura vegetal rasteira adequada e definitiva com o
objetivo de conter processos erosivos, evitar a exposição de materiais
contaminantes e a propagação de vetores, assim como estabelecer um
cinturão verde que sirva de barreira vegetal e melhore o seu aspecto
estético;
(IV) Pereira et al. (1999) se reportam ao processo de revegetação do
aterro sanitário de Maricá (RJ), quando 8700 m2 foram arborizados e
4500 m2 foram gramados, após seleção das espécies estabelecida por
critérios específicos e interdependentes, baseados em suas característi-
cas intrínsecas (folhagem, floração, frutificação, caule, copa etc.), fun-
cionais (forma espacial, de revestimento etc.) e complementares (adap-
tabilidade, etc.);
(V) Oliveira (2004), ao examinar os estudos ambientais dos aterros
sanitários de Campinas, Holambra, Paulínia e Vinhedo (SP) e realizar
visitas técnicas, observou revegetação em áreas situadas próximas aos
aterros, com mudas de eucaliptos e árvores nativas, viveiros de produ-
ção de mudas no próprio local e “cortina vegetal” mitigadora do impac-
to visual. Ainda segundo o autor, os órgãos ambientais responsáveis
pelo licenciamento não exigem a apresentação de projetos de uso futuro
da área, apenas gramínea como revegetação;
(VI) Carneiro e Irgang (1998), estudando a flora de um aterro encerrado
da zona norte de Porto Alegre (RS), encontraram espécies que tiveram
seus diásporos transportados provavelmente junto com o material de
aterro, espécies provenientes dos remanescentes de vegetação natural
vizinhos e espécies cujos diásporos foram transportados de locais mais
longínquos através do vento, pessoas e veículos. Os autores encontra-
ram ainda a Cynodon dactylon (grama bermuda) cobrindo 41,69% da
área do aterro;

63
Gemmelle Oliveira Santos

(VII) Jorge, Baptisti e Gonçalves (2004) relatam que, entre os servi-


ços básicos de conservação e manutenção de um aterro encerrado, deve
ocorrer a implantação e conservação do revestimento vegetal das su-
perfícies do aterro. Os autores citam o caso do plantio de gramas em
placas realizado no aterro sanitário Vila Albertina (SP);
(VIII) Lima et al. (2009), com o objetivo de avaliar o processo de rege-
neração natural da vegetação do entorno de um aterro sanitário no mu-
nicípio de Fernandes Pinheiro (PR), encontraram na composição florís-
tica a ocorrência total de 312 indivíduos, distribuídos em 22 gêneros, 30
espécies e 14 famílias, com bom potencial de regeneração.
(IX) Santos (2012) realizou o plantio planejado de cinco gramíneas
(grama Bermuda e capins Andropogon, Massai, Buffel e Mombaça)
sobre a camada de cobertura final de uma célula de RSU instalada na
Região Metropolitana de Fortaleza-CE. Mesmo colocadas sobre solo de
aterro sanitário e sem tratamento especial na cobertura ou no cultivo,
as sementes dos quatro capins estudados e da grama Bermuda apre-
sentaram germinação dentro dos prazos biológicos previstos. Assim, há
sobrevivência dessas espécies sobre solo de aterro sanitário com indica-
dores de desenvolvimento menores, mas que demonstram claro início
de um processo de revegetação do aterro, sendo fundamental a ajuda
humana. Entre os cultivos, o capim Mombaça foi o que apresentou a
maior Taxa de Aparecimento de Folhas, Taxa de Alongamento das Fo-
lhas, Comprimento Médio das Folhas, Produção de Matéria Seca Total
Aérea e Teor de Matéria Seca nas duas campanhas, mas todos os culti-
vos apresentaram indicadores de desenvolvimento, rendimento forra-
geiro e a estimativa produção/hectare menores que os observados na
literatura, com algumas exceções. O capim Massai foi o que apresentou
o maior valor para o parâmetro Filocrono (Fil) nas duas campanhas e
isso significou que ele e os demais demoraram para apresentar folhas
sucessivas, indicando baixo desenvolvimento vegetal, com algumas ex-
ceções. Os valores do parâmetro Comprimento Médio das Folhas, nas
duas campanhas, foram os que melhores se assemelharam aos resul-
tados constantes na literatura, mostrando boa relação entre as carac-
terísticas morfogênicas e estruturais da pastagem. A condição alcalina
do solo, somada a baixa concentração de macro e micronutrientes, alto

64
Resíduos sólidos e aterros sanitários: em busca de um novo olhar

grau de compactação da camada de cobertura e baixa permeabilidade à


água influenciaram negativamente a fertilidade do substrato e o desen-
volvimento dos cultivos.
Uma pesquisa53 em desenvolvimento no Aterro Sanitário de Caucaia
(Ceará) identificou vegetais de 24 gêneros, com exemplares da Caatinga e de
outros biomas (nomes populares): chanana, salsa, bucha vegetal, catinguei-
ra, angico branco, acácia, milho de cobra, capim elefante, urtiga, mutamba,
jucá, acerola, ciúme, alfavacão, mamona, bucinha, feijão bravo, mata-pasto,
jurema, cajá, mororó, leucena, carnaúna e mandacaru. Segundo os autores,
o tempo de encerramento da célula (aproximadamente 20 anos) e suas múl-
tipas transformações físicas, químicas e biológicas; a presença de sementes
nos resíduos sólidos domiciliares; a presença de diversas sementes nos so-
los provenientes das atividades da limpeza urbana realizada em Fortaleza
e Caucaia, especialmente na poda, raspagem e capina, depositados sobre a
célula estudada durante anos; a presença de remanescentes naturais dos ar-
redores do aterro e o transporte de sementes pela ação dos ventos, chuvas
e animais (pássaros, morcegos, abelhas etc); o transporte de sementes de
locais diversos pelo movimento de pessoas e veículos e a existência de um
regime de chuvas (média do período) em torno de 1.319 mm (Figura 29) no
município contribuíram para o processo de instalação e crescimento.
Londe e Bitar (2011) explicam que a cobertura vegetal contribui para li-
mitar a propagação dos gases e compensar parte dos prejuízos sofridos pela
população durante o período de operação do aterro.
A vegetação entra como um importante agente de impedimento físico à ação
dos processos erosivos sobre os taludes, impedindo a ação direta da chuva so-
bre o solo através da folhagem e dos resíduos vegetais que formam uma cama-
da protetora que acaba por absorver o impacto da chuva [...] e ainda promovem
a manutenção da umidade do solo (GOMES e SILVA, 2002 apud MANHAGO,
2008, p.8).

Para Angelis Neto, Angelis e Oliveira (2004):


[...] por ocasião da escolha das espécies, é importante considerar que existem
três grandes grupos nos quais se pode enquadrar a maior parte da vegetação: o
grupo das arbóreas, o das arbustivas e da vegetação ervada. A ervada (gramíne-
as e leguminosas) atua na camada de 5 a 25 cm, protegendo o solo da erosão e
atuando na formação de húmus, além de implantar-se rapidamente. A arbusti-
va liga as camadas do solo a uma espessura de 1,0 a 1,5m e a arborescente, pela

Pesquisa da mestranda Vanisse Matos e do Prof. Gemmelle Santos em andamento. Titulo provisório: ESTUDO DO
53

PROCESSO DE REVEGETAÇÃO DO ATERRO SANITÁRIO METROPOLITANO OESTE DE CAUCAIA - ASMOC

65
Gemmelle Oliveira Santos

importância das raízes, permite a coesão das camadas de solos em profundida-


de. O ideal seria utilizar equilibradamente os três tipos de vegetação. Segundo
este mesmo autor a escolha das espécies deve levar em consideração: tipo de
solo, condições climáticas, dispensar operações de manutenção, rusticidade,
vigor, elevado potencial de dispersão, ocorrência natural na região, sistema
radicular, heterogeneidade das espécies, capacidade para associação com mi-
corrizos, alta capacidade para reciclar nutrientes (ANGELIS NETO, ANGELIS
e OLIVEIRA, 2004, p.12).

O processo de revegetação de aterros sanitários pode definir diferentes


alternativas de reutilização futura dessas áreas. Volpe-Filik et al. (2007), a
partir de um estudo de caso realizado junto ao aterro sanitário de Sapo-
pemba (SP), defendem a criação de parques urbanos em aterros sanitários
desativados. Segundo os autores, a área desativada, por meio de um abai-
xo-assinado, foi transformada em área de lazer, centro olímpico e parque e
vem sendo utilizada pela população das mais diferentes maneiras.
Na cidade de São Paulo, a Secretaria Municipal do Meio Ambiente com
a colaboração do Departamento de Limpeza Urbana realizou um levanta-
mento sobre a viabilidade ambiental da implantação de parques/áreas ver-
des em seis aterros encerrados (SCHUELER e MAHLER, 2009) e conforme
Barros, Jardineiro e Bitencourt (2011) a reutilização dos antigos aterros no
município está prevista no Plano Diretor Estratégico (Lei 13.430/02) e nos
Planos Regionais Estratégicos (Lei 13.885/04) e pelo fato dessas extensas
áreas estarem situadas, na sua maioria, nas zonas periféricas - onde há ca-
rência de espaços públicos e de lazer - deverão ser incorporadas ao Sistema
Municipal de Áreas Verdes.
Além disso, Hauser, Weand e Gill (2001) lembram que a cobertura ve-
getal de aterros pode oferecer mais proteção ambiental a um menor custo
[...]. Os autores destacam ainda que coberturas vegetais corretamente apli-
cadas apresentam potencial para um reduzido custo de manutenção em lon-
go prazo.
As leguminosas e as gramíneas ocupam lugar de destaque entre as es-
pécies utilizadas na recuperação ambiental de aterros sanitários. Conforme
Manhago (2008) isso se deve à grande similaridade que ambas possuem em
relação às características de interesse: facilidade de se estabelecerem facil-
mente em solos cuja constituição química, física e biológica são impróprias
para o rápido crescimento e estabelecimento de outras plantas.
As leguminosas, conforme entendido em Pereira (2006), são plantas

66
Resíduos sólidos e aterros sanitários: em busca de um novo olhar

capazes de fixar nitrogênio no solo e esta fixação biológica é um processo em


que o nitrogênio atmosférico é incorporado diretamente nas plantas após
ser transformado em amônia. Além disso, as leguminosas apresentam raízes
com arquitetura e profundidade que permitem estabilizar solos com pou-
ca estabilidade, por isso têm um papel importante na revegetação de áreas
degradadas, principalmente na consorciação com gramíneas, favorecendo o
desenvolvimento da vegetação pela incorporação de nitrogênio.
Conforme entendido em Pereira (2006) as gramíneas apresentam um
crescimento rápido, baixa exigência de fertilidade do substrato, alta capaci-
dade de perfilhamento e seu sistema radicular proporciona um melhor su-
porte mecânico para o talude. Como plantas pioneiras, as gramíneas têm
importância fundamental do ponto de vista ecológico, ajudando na recupe-
ração, proteção e revitalização do solo.
As gramíneas de estação quente são mais adaptadas a solos pobres e
condições áridas, tornando-se adequadas para sistemas de cobertura de
aterros sanitários, bem como para a maioria dos locais contaminados por
resíduos (USEPA, 2010). Ainda segundo a USEPA (2010), essas gramíneas
adaptam o ambiente para a inclusão de outras espécies e sua biomassa é
bem superior a das gramíneas de estação fria, indicando uma maior contri-
buição para a fertilidade do solo e para o sequestro de carbono.
Einloft et al. (1997) apud SOUZA (2007), ao discutirem a recomposição
vegetal de taludes de aterros sanitários, afirmam que em muitos casos uma
só espécie não contém todas as características desejáveis, então deve-se op-
tar por aquelas que tenham o maior número de características.
Vamos resumir?
Os aterros sanitários têm vida útil limitada, mesmo que durem 20-30 anos em
operação. As enormes áreas destinadas a esses empreendimentos não podem
simplesmente sofrer abandono; precisam interagir ecologicamente com a pai-
sagem vizinha. A maior dificuldade até então encontrada diz respeito à escolha
de espécies vegetais que sobrevivam às condições do solo de cobertura do ater-
ro sanitário, mas as pesquisas reunidas aqui podem (re)animar os municípios
e pesquisadores para um futuro comum.

67
Gemmelle Oliveira Santos

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Resíduos sólidos e aterros sanitários: em busca de um novo olhar

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