Você está na página 1de 3

É de pleno conhecimento a ocorrência de diversos tipos de revoluções

ao longo da história e de seus períodos. As mesmas podem ocorrer nos


diferentes setores e aspectos de uma sociedade. A humanidade já presenciou
diversas revoluções econômicas, sendo elas tangentes ao comércio, à indústria
e à agricultura. Uma revolução nada mais do que um fenômeno que altera as
estruturas até então regentes da economia. Deve-se destacar que elas
ocorrem quando a demanda não está sendo atendida.

Da mesma forma, o setor agricultor, essencial para o atendimento das


necessidades básicas pessoais e também para a estabilidade financeira,
também não permaneceu estático, sendo mudado em variadas circunstâncias.
Sendo assim, os relatos históricos, mostram transformações no ramo desde a
pré-história, com a ação do hominídeos, uma vez que este é um setor básico e
fundamental economicamente falando.

Portanto, é importante destacar a revolução agrícola ocorrida entre os


séculos X e XI, período chamada de Baixa Idade Média. A mesma foi uma
resposta ao crescimento populacional e demográfico, ao baixo rendimento dos
bens produzidos e ao consequente aumento na necessidade por produtos
agrícolas. A utilização do arado, instrumentos com a finalidade de abrir buracos
no solo, surgimento de instrumentos e equipamentos mais eficazes e melhorias
no processos de adubação foram principais avanços no processo produtor que
perpetuava na Europa Medieval. Precipuamente, é primordial contextualizar os
fatores que influentes nesta revolução. Com isso, convém ressaltar que a
insuficiência do modelo de tração leve, o qual originou a utilização de métodos
de tração pesada, uma vez que a primeira era limitada pelas formas manuais
de lavrar o solo, resultando em má semeadura do solo. Além do mais o
transporte por meio dos animais não permitia que grandes quantidades de
matéria orgânica chegassem até as áreas cultivadas.

É válido ressaltar, todavia, que, além do supracitado superpovoamento


do continente em relação à capacidade de produção, o conseguinte aumento
dos preços, a subdivisão de propriedades agrícolas, que as tornou pequenas, a
degradação dos servos e camponeses e as dificuldades enfrentadas pela
nobreza e pelo clero explicitaram a necessidade de mudanças pertinentes no
cultivo e a adoção da tração pesada que, em menor escala, havia precedido
dos anos anteriores. Com isso, a Europa superpovoada e intensamente
explorada do cultivo de tração leve tornara-se subpovoada e pouco explorada
com o advento dos meios de tração pesada e novos métodos de distribuição do
adubo, na virada do ano 1000. Esse tipo de mecanismo permitira triplicar a
quantidade produzida e também a população. Com isso, o cultivo podia se
desenvolver em áreas de vastas pastagens que, até então, eram pouco
exploradas pelo cultivo através da tração leve, especialmente em locais de
complexo tratamento sem a arado pesado, como em regiões de colinas e altos
planaltos da Europa Central, os vales e planaltos dos Alpes, do Jura e dos
Cárpatos, além de regiões setentrional do Báltico e da Escandinávia, nas quais
o predomina o frio intenso.

É preciso advertir também sobre o avanço rumo ao Mar do Norte e ao


Mar Báltico, feito que desenvolveu a incrível infraestrutura proveniente das
cidades medievais. De tal modo, ocorreu a construção de diques, sistemas de
drenagens e de comportas para o favorecimento da operação, ocasionando
aventuras militares em regiões pouco conhecidas e também atraía a
população, tanto nobre, quanto camponesa, para esses locais. Todavia, o
desenvolvimento agrícola nas regiões superpovoadas foi lento e demorado. Por
outro lado, o desenvolvimento de novas regiões implicaram mudanças nas
regiões antigas. Portanto, o aumento da produtividade, que causaram diversas
mudanças nas relações sociais, levaram a um forte aumento de excedente e
de renda para os senhores feudais. Contudo, as taxas cobradas nos feudos se
perpetuarem e continuaram a aumentar, embora o poder dos senhores
diminuísse, fazendo a população reivindicar, com sucesso, a redução de taxas.
Houve então o surgimento de uma nova sociedade, formada por ricos
lavradores, camponeses pobres, empreendedores de origem burguesa e
senhorial, trabalhadores sem terra, artesãos, comerciantes, e clérigos e
senhores laicos com um amplo monopólio industrial.

Ademais, dos séculos XI ao XIII, foi desencadeada por consequência


desse processo, uma série de atividades não agrícolas, artesanais, comerciais
e industriais. Resultante da explosão demográfica, a qual quadruplicou a
população europeia, entre elas estão: os novos artesanato rurais, os qual
produzia ferramentas necessárias ao uso do sistema de tração pesada e que
depois se expandiu para a venda nas cidades; o crescimento da siderurgia,
estimulado pelo aumento da demanda por ferro, o que condicionou a expansão
agrícola e artesanal; a proliferação do uso de moinhos, estando eles ao longo
dos rios da Europa ou sendo os mesmos movidos pelo vento, aliviando os
camponeses de árduas tarefas. Em suma, nasceu dessas inovações a
expansão do comércio, uma vez que os artesãos desejavam trocar os produtos
de suas reservas, multiplicando os mercados e feiras nos vilarejos, na mesma
medida em que houve o aumento da demanda por produtos de luxo,
especiarias e metais preciosos que eram trazidos de regiões longínquas, como
do Oriente. Por conseguinte, o financiamento dessas expedições, o
investimento em mercados menos arriscados deram origem ao Capitalismo,
datando do século XII as primeiras sociedades constituídas por ações
conhecidas. No mesmo sentido, o reforço dos centros de povoamento existente
e a constituição de novos centros fez com que os Burgos beneficiados por
localizações centrais dessem origem às primeiras cidades europeias,
ocasionado pelo corrente êxodo rural, surgindo, então, associações de
camponeses que buscavam o direito de circular livremente pelo Burgos e sob
menores cargas de impostos. Na mesma linha, a Igreja viu o seu excedente
aumentar e possuir maior capacidade de investimento, uma vez que possuía o
sentido de vida no Ocidente e o poder econômico. Sendo assim, a revolução
agrícola, que nutriu o impulso demográfico, urbano e econômico, impulsionou
também a formação de novas escolas, universidades e intelectuais em meio a
todo esse descrito processo, essencial para a constituição dessa nova
sociedade.

Você também pode gostar