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O Problema da Demarcação

Pseudociências
A demarcação (distinção entre o que é científico e o que não) é um problema que em que
questionou os filósofos durante bastante tempo. Para tal existiam três processos distintos: a
verificabilidade, o critério da confirmibilidade ou o falcificacionismo de Popper.

Começando pela verificabilidade, este critério defende que uma dada teoria é científica se for
composta por proposições empiricamente observáveis sendo então verificáveis empiricamente.
Segundo Popper as teorias científicas são leis universais, mas como é impossível observar
absolutamente todos os casos, uma proposição deste tipo não é verificável, logo o uso da
verificabilidade não é uma resposta para o problema da demarcação

Seguindo então para o critério da confirmibilidade, este defende que uma teoria é científica se esta
for confirmável, ou seja se for parcialmente verificável pela experiência. O problema deste critério é
que constitui um argumento indutivo em que por mais que se observe um número enorme de casos
é impossível verificarmos que sempre foi assim e sempre será no futuro, como já tinha concluído
David Hume. Posto isto, segundo este critério como não podemos observar todos os casos, também
não podemos pôr de parte que no futuro aconteça o oposto da teoria, logo também não é uma
resposta para o problema da demarcação visto que apenas podemos verificar parcialmente os
enunciados universais.

A investigação científica, defende Popper, começa então com um facto/problema, sendo então
formadas conjeturas para os resolver. Depois da formulação da conjetura irão ser deduzidas
consequências observáveis, prevendo então o que pode acontecer se a conjetura for verdadeira.
Essas conjeturas vão ser sujeitas então a uma tentativa de falsificação, onde podem ser refutadas ou
corroboradas. Logo para uma teoria ser considerada científica é necessário que esta seja
empiricamente falsificável.

Popper conclui então que para uma teoria ser considerada científica deve ser colocada sobre testes,
não para verificar se é verdadeira, mas para verificar se esta é falsa (falsificabilidade). Portanto
segundo Popper uma teoria é científica se esta for empiricamente falsificável, ou seja, pode
demonstrar-se que é falsa (podemos descobrir que é falsa, mas não é necessariamente uma teoria
falsa).

O critério da falsificabilidade vai permitir então estabelecer uma distinção entre o que é e o que não
é científico, como por exemplo a Parapsicologia e a Psicologia

A Parapsicologia é pseudociência que investiga acontecimentos paranormais e psíquicos como a


clarividência, precognição e telepatia. Um dos testes que se faz habitualmente nesta pseudociência
é a tentativa de adivinhação de uma carta de uma pessoa sem usar quaisquer órgãos sensoriais
(audição, visão etc.). O problema é que, como existe um número limitado de cartas, há sempre
probabilidade de a pessoa adivinhar corretamente a carta, independentemente da existência de
poderes psíquicos, estando então de certa forma sempre legitimada independentemente dos
resultados pois há sempre a justificação que a previsão funciona em certas ocasiões, sendo então
irrefutável. Concluímos então que não é possível que seja submetida ao critério da falsificabilidade,
não constituindo então uma ciência segundo Popper (daí ser considerada uma pseudociência).

A Psicologia, por outro lado, é uma ciência pois é falsificável. Esta explica os comportamentos
humanos e processos mentais através de teorias consistentes, que podem ser submetidas a testes
empíricos para verificar se são falsas (falsificabilidade) algo que não se verificava na Parapsicologia,
daí uma ser considerada uma ciência (a Psicologia) e outra não (a Parapsicologia).

Em suma, segundo Popper uma teoria diz-se científica se esta for empiricamente falsificável, ou seja,
é possível que seja provado que é falsa (refutando-a). Este critério permite-nos fazer então a
distinção entre o que é uma ciência, como a Psicologia e uma Pseudociência, como a Parapsicologia,
pois como a Parapsicologia não é falsificável não constitui uma ciência, contrariamente à Psicologia.

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