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Baralho ou Tarot?
Tarot é o nome que se dá ao tradicional Tarot contendo 78 cartas.
Respeito ao óraculo
Devemos inicialmente, ter em mente que o baralho é um método
de autoajuda, e não devemos profaná-lo, fazendo a ele,
perguntas irrelevantes ou de futilidades, um bom exemplo disso é
"devo trair meu marido", está pergunta profana o baralho, pois é
algo que você deve decidir por si, dentro da sua moral e costumes. O
Baralho é um bom conselheiro, mas não devemos ficar
escravizados de seus conselhos, devemos sempre lembrar, que
seu uso terapêutico, o ajuda a ter mais firmeza em suas decisões,
mas ele não deve ser o mestre de sua vida e tomar as decisões
que cabem a ti, tomá-las Lembre-se de respeitá-lo e agradecê-lo
ao fim de cada consulta ou auto-consulta, mantê-lo limpo e bem
guardado.
Respeito a outros oraculistas
Devemos ser cientes que, cada oraculista, muitas vezes vê em de
outras escolas, e métodos de aprendizado, não existe certo ou
errado, "Verdadeiro/Real método", e sim aquele que cada um
aprendeu, e funciona para si e seus demais (Pois o oráculo,
sempre ira funcionar, independente de cada escola seguida),
lembre-se de respeitar seus colegas oraculistas, e pegar deles,
aquilo que lhe for útil e coerente.
O Corte
"Ficarei desempregado?"
Etc...
O que evitar?
Você, como oraculista, deve ter o bom senso de saber dizer ao seu
consulente o que não se deve perguntar, pois determinadas
coisas, não são parte do direito sair dizendo as pessoas, como por
exemplo, uma pergunta sobre morte, não lhe cabe o direito de
responder algo que está na mão do criador, então tenha em
mente, que perguntas sobre
Morte
Traição
Não invente, não adicione informações que você não sabe, apenas
para criar clientela, isso a longo e a curto prazo, lhe gera apenas
carga astral a qual você não tem necessidade alguma de ter. Seja
verdadeiro, e responda apenas aquilo que você realmente saiba e
que esteja descrito no baralho.
Limpeza do Baralho
Meu costume, é de fazer isso uma vez por semana, mas você deve
fazer quando sentir necessidade.
Luciana Kluki
Faço consultas com Petit Lenormand, via skype, caso tenha interesse, você
pode entrar em contato comigo, via Facebook :
https://www.facebook.com/carrocacigana
Eadeptus http://eadeptus.com.br/
Método Francês
Ferradura
7 Cartas - Tiradas aleatoriamente pelo consulente
Devem ser dispostas pelo oraculista da forma descrita acima, deverão ser tiradas de
uma única
vez, a qualquer ordem de embaralhamento feito pelo consulente.
Essa tirada pode ser feita para perguntas com validade de até 6 meses ao máximo.
Carta número 2 - Momento da pergunta, o exato momento em que o consulente está lhe
consultando
Carta número 6 - Obstáculos (seja você mesmo, ou terceiros) e/ou adversidades que
podem
surgir no trajeto
Carta número 7 - Vitória final, como será o desfecho da pergunta
2 Triângulos
7 Cartas, devem ser dispostas pelo oraculista da forma descrita acima, deverão ser
tiradas de
uma única vez, a qualquer ordem de embaralhamento feito pelo consulente.
A validade dessa pergunta pode ser determinada pelo consulente, por exemplo 3
meses, 6
meses, 12 meses.
Em sua ordem numérica, partindo de baixo para cima, mas iniciando sempre de carta
número 1
5-6-7
São cartas negativas, momento que o consulente precisa pensar em seus obstáculos
(que podem
ser internos ou externos)
O Triangulo superior (Cartas 2-3-4) São as cartas favoráveis o que o consulente tem
para reverter
sua atual situação.
LEMBRE-SE essa tirada deve ser feita, como a ordem descrita (disposição de cartas,
seguindo a
numeração de sua ordem)
MÉTODO BRASILEIRO
3 cartas
Passado/Presente/Futuro
Baralho deve ser embaralhado pelo consulente e o mesmo, deve dispor as cartas na
ordem mais
relevante, as perguntas, podem ser feitas para períodos de até 12 meses.
Carta número 2 - Presente, o momento atual ao qual ele se refere em sua pergunta
Pergunta e Resposta
Baseando em 3 cartas que se correlacionam, você deverá encontrar uma única resposta
ao seu
consulente
Baralho deve ser embaralhado pelo consulente e o mesmo, deve dispor as cartas na
ordem mais
relevante, as perguntas, podem ser feitas para períodos de até 12 meses.
4 Cartas
Luciana Kluki
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Mlle Lenormand: Profetisa ou feiticeira?
Ronald Decker, Thierry Depaulis e Michael Dummet
Gostaria de partilhar com todos os estudantes, profissionais, pesquisadores e apaix
onados, a
tradução do capítulo 6, Mlle Lenormand: Prophet or Sorcerer? do livro A Wicked Pack
of Cards
The Orignis of the Occult Tarot, de Ronald Decker, Thierry Depaulis e Michael Dumme
t St.
Martin’s Press – New York – 1996, três das maiores referências mundiais na história
das cartas.
O texto é a biografia mais completa e fidedigna de Mlle. Lenormand, trazendo inform
ações
importantes sobre sua vida, sua forma de trabalho e as ferramentas que utilizava no
seu ofício,
bem como a relação de seu nome com baralhos como o Grand Jeu, Petit Lenormand e out
ros.
Esse texto é muito importante para compreendermos a história do baralho Petiit Leno
rmand e até
que ponto ele, realmente, estaria ou não, ligado à Mlle Lenormand.
Além disso, teremos a oportunidade de conhecer a vida da Sibila dos Salões e de com
o construiu
a sua imagem e fama através de inteligentes e ousadas formas de marketing pessoal,
valendose
de plágios e inverdades, tornando difícil separar de si, a realidade da fantasia.
De qualquer forma, sua fama é inegável: foi a mais célebre e famosa cartomante da h
istória!
Tradução e apresentação de Alexsander Lepletier
Mademoiselle Lenormand
“Mlle Lenormand, a célebre mística francesa, marcou profundamente a história, de fo
rma que a
mera referência à sua passagem seria supérflua. Basta dizer que foi Mlle. Lenormand
que previu
para Napoleão sua fenomenal ascensão e sua posterior queda repentina. Mlle Lenorman
d foi
uma das grandes profetisas vivas, tendo sido reconhecida pela nobreza da Europa.” É
dessa
forma que um baralho de 52 cartas, fabricado pela The United States Playing Card Co
mpany of
Cinccinati, chamado Gypsy Witch, é apresentado em seu folheto.
O nome de Mlle Lenormand é, provavelmente, mais conhecido que o de Etteilla e seus
discípulos. Não só foi a vidente mais popular das primeiras décadas do século XIX,
como se
mantém como a adivinha mais célebre de todos os tempos. Sua popularidade parece dev
erse
bastante aos seus escritos, nos quais diz ter estado com pessoas famosas e ter ser
tornado a
confidente da Imperatriz Josefina, de quem publicou as alegadas “memórias secretas”
. Embora
sejam praticamente esquecidos hoje em dia, Mlle. Lenormand escreveu quatorze livros
, nenhum
sobre suas teorias do Tarô ou métodos de cartomancia, e sim sobre sua carreira e su
as ligações
com pessoas importantes. Sua preocupação não era a de popularizar uma teoria ou sis
tema
práticos, mas propagar a crença em seus poderes como uma sibila.
Senhorita Lenormand
Retrato de MarieAnne Lenormand
Apesar disso, seu nome ainda é associado a um estranho conjunto de cartas, o Grand
Jeu de
Mlle. Lenormand, ainda produzido pela Grimaud, a principal empresa francesa fabrica
nte de
cartas. Embora esse baralho, bastante popular, tenha 54 cartas, sendo 52 cartas “no
rmais” e
duas figuras extras, ele tem sido confundido, algumas vezes, com um baralho de Tarô
, como
deixam claro os títulos de dois livros recentes: Le Tarot de Mlle Lenormand (Paris,
1989), de
Dicta e Françoise, e Votre Personalité Révélée par Le Tarot de Mlle Lenormand (Pari
s, 1992) de
Carole Sédillot. O mesmo acontece com uma derivação da tradição Lenormand, o “Petit
Lenormand”. Nesse caso, o baralho é composto de 36 cartas e ainda é produzido no pa
íses
germânicos, onde parece ser uma especialidade local.
É fácil compreender que o Grand Jeu de Mlle. Lenormand e seus primos alemães não tê
m
relação alguma com o tarô. Que os últimos não têm nada a ver com Mlle. Lenormand se
rá
claramente explicado e mostraremos que a sibila não era tão interessada em previsõe
s através
de cartas. MarieAnne Lenormand (17721843) é, finalmente, a figura mais proeminente
de uma
época que assistiu os últimos magos fora de moda darem lugar aos modernos oraculist
as que
parecem ter proliferado sob o reinado de Napoleão (180415).
O começo de Mademoiselle Lenormand
Apesar de clamar às “altas ciências”, a primeira principal ocupação de Etteilla, qu
e era prever o
futuro com as cartas, teve suas raízes na sociedade francesa. Embora uma lei puniss
e “pessoas
fizessem da adivinhação e prognósticos ou interpretação de sonhos” seu ofício, Pari
s estava
cheia de cartomantes durante os primeiros anos do século XIX. Uma notícia de 1804 d
iz: “A
polícia repreende leitores de cartas (“ tireurs de cartes”) em vão, pois surgem nov
os todos os
dias.” Os arquivos de polícia revelam muitas dessas pessoas a quem Éloïse Mozzani e
videncia
num dos mais bem documentados capítulos de seu livro (Mozzani, 1988, capítulo XV, L
es tireurs
des cartes sous Napoléon). Cidadão “Irénée” anunciava, em 1802, que ele continuava
a ler
cartas, oferecendo explorar o passado, descrever o presente e prever o futuro graça
s aos seus
estudo da arte da Necromancia. Ele tinha, ainda, segredos exclusivos, como ler a cl
ara de um
ovo e a borra do café, além vender águadecolônia. Detido, Irénée confessou se chama
r Bonier.
Outra busca policial feita no apartamento de uma mulher chamada Gilbert, no mesmo,
ano,
revelou que ela possuía três baralhos, incluindo um que se chamava “Thot”’. Um home
m
chamado Lyonnais predizia o futuro na rue de Bucy. Quando a polícia chegou, apreend
eu “dois
baralhos contendo figuras estranhas, cada um”.
Madame Lacoste, a mulher Grangou, o cidadão Meyer, Mademoiselle Virignie, os Somone
ts,
Madame Lebrun, a viúva Chevalier, sob o pseudônimo de “Madame Renard” – Madame Rapo
sa
– são somente alguns poucos nomes dentre os muitos praticantes citados por Mozzani
que foram
detidos e presos por curtos períodos pela polícia durante os anos de 18019. Mlle Le
normand era
exatamente do mesmo tipo, exceto por ter escrito muitos livros. Isso fez uma grande
diferença.
Embora tenha enchido seus livros com episódios de sua vida e as pessoas com quem en
controu
e, embora muitas obras tenham sido publicadas ao longo de sua carreira (há, pelo me
nos, seis
biografias, sem mencionarmos notas em dicionários), não é fácil delinear a vida rea
l de Mlle
Lenormand. Muitas de suas afirmações são ilegítimas, muitas de suas biografias são
forjadas,
reconhecidas ou não. Logo após sua morte em 1843, três livros foram publicados. O p
rimeiro
deles, La Sibylle de XIXe siècle, consiste no que pretende serem profecias feitas p
ela própria
Mlle Lenormand, escrito pouco antes de sua morte, com um comentário sobre elas e um
a
pequena biografia da autora (a biografia é anônima).
O autor do comentário intitulase Hortensius Flamel, um pseudônimo, obviamente. O no
me
Flamel é claramente emprestado do célebre suposto alquimista do século XVI, Nicolas
Flamel,
mas o primeiro nome soa estranho. A identidade de Hortensius Flamel tem sido sujeit
a a muita
discussão; devemos deixar nossas considerações sobre o assunto até o próximo capítu
lo.
Parágrafos inteiros da biografia, incluídos no livro, são repetições, palavra por p
alavra, de uma
carta anteriormente publicada numa revista semanal chamada Le TamTam (nº 29 de 915
de
julho de 1843). Essa carta foi enviada ao editor por um senhor chamado Monsieur Alb
oise e
alega ser baseada em documentos não publicados vindos de Alençon, local de nascimen
to da
sibila.
Alboise – JulesÉdouard Alboise (ou Alboize) du (ou de) Pujol (180554) – foi um cola
borador
permanente da revista, como é indicado na página principal. Ele era um dramaturgo,
administrador de teatro, autor (sempre como colaborador) de pobres vaudevilles e su
perficiais
romances de época. De acordo com a nota sobre “Lenormand” no Nouvelle Biographie Gé
nerale
(Vol. 29, 1859), Alboise du Pujol era um parente de Mlle Lenormand, que teria casad
o com sua
sobrinha e herdado papéis particulares a partir dos quais planejava publicar um “Me
morial”.
Porém, sua morte, como foi dito, impediuo de realizar o projeto.
Logo após, em 1843, Francis Girauld, um poeta obscuro, publicou Mademoiselle Lenorm
and: sa
biographie, ses prédictions extraordinaires, ao qual ele adicionou uma “introdução
filosófica nas
ciências ocultas”, apresentando a história da adivinhação, leitura de mãos, cartoma
ncia com os
Tarôs Egípcios e o Jogo de Picket “como explicado pelas profetisas do século XIX”.
A capa alega
que é a única biografia “oficial”. A introdução e explicação da cartomancia com o T
arô são
plagiados de Julia Orsini, Le Grand Etteilla ou l’art de tirer les cartes, publicad
os em Lille em
1838, enquanto a biografia é amplamente derivada de “La Sibylle du XIXe siècle” par
a os
primeiros anos e dos escritos de Mlle Lenormand.
Ainda no mesmo ano, uma voz cética foi erguida por Louis Du Bois num folheto de 20
páginas
intitulado De Mademoiselle Lenormand et de ses deux biographies, récemment publiées
(“Sobre
Mlle Lenormand e suas duas biografias recentemente publicadas”, Paris 1843). Basead
o no livro
de Girault, o autor ataca, impiedosamente, a veracidade de Mlle Lenormand e suas af
irmações
de ter feito profecias acertadas, sem oferecer evidências sólidas. Du Bois, que se
denominava
bibliotecário da École centrale de l’Órne (i.e. o departamento do qual Alençon é a
capital), abre
seu panfleto declarando que MarieAnne Lenormand não nasceu em 1772, como afirmado,
tanto
por Girault, como em La sibylle de XIXe siècle, mas a 16 de setembro de 1768, porém
, mais uma
vez, sem citar qualquer evidência.
Dois anos depois, NarcisseHonoré Cellier du Fayel, “professeur à l’Àthénée royal, d
irecteur du
jornal Le génie des Femmes,publicou La vérité sur Mademoiselle Lenormand (Cellier d
u Fayel,
1845), contando como conheceu Mlle Lenormand em seus últimos anos. Embora, primeira
mente
cético, foi convencido pelos seus talentos, tornandose um amigo íntimo. Sua descriç
ão é mais
plausível que as anteriores e soa honesta a maioria das vezes.
Logo apareceram biografias em dicionários como o Dictionnaire des sciences occultes
de Abbé
Migne, (1855), no Nouvelle Biographie Générale depuis les temps plus reculés jusqu’
à nos jours
(Vol. 29, 1859) de FirminDidot, e na nova edição de Biographie Universelle Ancienne
et Moderne
(Vol. 24, c.1860), de Michaud. Elas refletem opiniões muito diferentes: as ferozes
notas de Collin
de Plancy são equilibradas pela biografia mais complacente assinada por L. Boyeldie
u d’Auvigny
no dicionário de Lecanu. Porém, Lecanu, ansioso por mostrar distanciamento, acresce
ntou
comentários críticos. A Nouvelle Biographie oferece uma nota favorável pela Ed. de
Manne, mas
a Biographie universelle é duramente crítica sob a caneta de Du Bois.
Mademoiselle (Senhorita) Lenormand
A Senhorita (Mlle.) Lenormand, além da prática da cartomancia, publicou vários livr
os.
Outra parte não tão grandiosa foi pesquisada, em 1911, por Alfred Marquiset em seu
La célèbre
Mademoiselle Lenormand. Marquiset é bastante sarcástico, mas bem divertido. Porém,
seu livro
é o mais bem documentado até agora. Ele usou arquivos policiais bem como dedicatóri
as e
manuscritos. O livro mais recente sobre Mlle Lenormand, Mademoiselle Lenormand: la
reine de
la voyance (1990), de Dicta Dimitriads, não traz informações reais, sendo fortement
e
romanceado e usando, ainda, as mesmas histórias confusas e supersticiosas como fize
ram
Flamel, Girauld e outros, de forma a apresentar sua heroína de forma bajuladora. Nã
o é surpresa
que a biografia de Marquiset não seja nem mencionada!
MarieAnne Lenormand nasceu em Alençon, na Normandia, em 27 de Maio de 1772. Até mes
mo
sua chegada ao mundo é cercada de controvérsia. Como vimos, um de seus muitos biógr
afos
mantém que ela nasceu a 16 de setembro de 1768. Algumas décadas mais tarde, Ed. de
Manne
apresentou a sua data completa de nascimento, contradizendo Du Bois. Pesquisas rece
ntes nos
livros paroquiais de Alençon confirmaram que MarieAnneAdelaïde Lenormand nasceu e f
oi
batizada no mesmo dia, 27 de maio de 1772. Seu pai, JeanLouisAntoine Lenormand era
um
comerciante de tecidos e morreu no ano seguinte. Sua mãe, MarieAnne Gilbert, com qu
em
JeanLouis Lenormand casara em 1767, teve outro marido em 1774, Isaac Rosay–
Desfontaines.
Infelizmente, ela faleceu em 1777, deixando MarieAnne órfã aos 5 anos de idade. Isa
ac Rosay
casouse de novo e mais outra vez em 1779, pois a segunda faleceu. Dessa forma, Mari
eAnne
Lenormand era uma estranha para os seus pais legais.
De acordo com a carta de Alboise para a Le TamTam, reproduzida por Flamel e Girauld
. Marie
Anne deixou Alençon, indo para Paris, Não é certo se ela se juntou ao seu padrasto,
Isaac
RosayDesfountaines, que tinha se estabelecido lá e aberto uma loja na rue du Colomb
ier, ou
outro comerciante – talvez com a indicação de Isaac – ou, ainda, se ela foi simples
mente atraída
pela capital e saiu sem planos. Uma vez em Paris, é dito que reencontrou um conterr
âneo,
JacquesRené Hébert, que se tornaria famoso entre 1790 e 1794 com o seu Le Père Duch
ese, o
mais bruto e violento jornal do período revolucionário. Ela se apaixonou por ele? N
ão há nada
certo, mas não é provável que tenham sido amantes uma vez que a última confidente d
e Mlle
Lenormand, N.H. Cellier du Fayel, revela que ela morreu “em sua pureza natural de
nascimento”.
Nada muito confiável pode ser estabelecido sobre os anos seguintes. De acordo com D
imitriadis,
que não só confia em Flamel e Giraud, mas acrescenta muitos detalhes ainda desconhe
cidos,
MarieAnne Lenormand estava vivendo em precárias condições quando decidiu deixar Par
is para
ir para Londres e visitar o célebre Dr. Gaal, com quem se encontrou em setembro de
1789.
Entretanto, Du Bois e Cellier apontaram que Gaal não só era desconhecido naquela ép
oca, como
nem tinha deixado sua terra natal, a Alemanha. Além disso, ele não tinha exposto em
francês
suas pesquisas sobre crânios até 1808. Mesmo sendo uma profetisa, não seria razoáve
l que a
jovem Mlle Lenormand tenha ouvido falar das teorias de Gaal em 1789! Também é uma
extravagante superstição que ela tenha viajado sozinha para outro país aos dezesset
e anos.
MarieAnne Lenormand nos diz que em 1793 ela era secretária de Monsieur d’Amerval de
la
Saussotte. Numa longa nota nos seus Souvenirs prophétiques d’une sibylle, ela expli
ca como
d’Amerval de La Saussotte, um opositor da realeza, planejou ajudar a rainha Marie-
Antoinette a
escapar da prisão. MarieAnne se juntou ao plano, mas somente teve sucesso em encont
rarse
com a rainha na prisão. Maria Antonieta, ela conta, tinha um baralho para ler a sor
te.
Infelizmente, como mostra Alfred Marquiset, tudo nessa história é uma farsa. Mlle L
enormand
usou a moldura de um caso real – o “Caso dos Cravos” – e, simplesmente, mudou os no
mes,
colocando o seu no lugar de um homem chamado Gonse e acrescentando alguns detalhes.
A seguir, encontramos MarieAnne sendo detida na companhia de François Flammermont e
Louise Gilbert. De acordo com um documento arquivado reproduzido por Cellier du Fay
el em
1845, eles foram sentenciados à prisão e multados em 10 livres no dia 20 de Floréal
do ano II (9
de maio de 1794) por serem “diseurs de bonne fortune” (leitores da sorte). O ato me
nciona que
eles usavam “convites” e “cartas”. Todavia, Alfred Marquiset mostrou dúvidas quanto
a esse
documento que foi publicado somente em 1845 e “deve ter vindo direto da fábrica Len
ormand”.
No seu livro de 1814, Mlle Lenormand queixouse de ter sido presa “sob o terrível si
stema do
Terror” (ou seja, 1794); mas ela explica a sua estadia na prisão por “ter pregado u
ma
contrarrevolução”!
A primeira evidência documentada que temos de Mlle Lenormand é nada mais que um jor
nal
diário chamado Le mot à l’orreille, ou le Don Quichotte des dames (“A palavra no ou
vido, ou Don
Quixote das senhoras”), cuja primeira edição apareceu no dia 11º Vendémiaire, ano V
I (2 de
outubro de 1797). Era uma gazeta simples, cheia de humor e notícias do Conseil des
CinqCents
(Parlamento). A única alusão à divinação é a “previsão” do tempo na sua quinta ediç
ão. Le mot à
l’oreille não parece ter tido muito sucesso: depois de oito edições, Mlle Lenormand
desistiu.
Todavia, é interessante ler que ela é “editoraproprietária” – na verdade ela se col
oca como
‘rédactrice’, o que nos leva a crer que ela escreveu todos os artigos e que seu en
dereço seja
“1153 rue de Tournon, Faubourg SaintGermain”.
É provável que esse seja o atual nº 5 da mesma rua. Embora a rue de Tournon não ten
ha
mudado desde aqueles dias — muitos dos edifícios são do final do século XVIII — a n
umeração
atual só foi introduzida em 1805. Antes disso, eram usados sistemas diferentes base
ados em
todo o distrito envolvendo números altos. É verdade que JacquesRené Hérbert tinha s
eu
negócio lá até 1792. Foi inferido que MarieAnne Lenormand foi a sucessora de Herber
t em sua
loja, mas não temos indícios reais de sua situação durante a revolução. Cellier du
Fayel cita que
ela só se estabeleceu em 1799 (embora saibamos que ela já havia se estabelecido lá
desde
1797), acrescentando que o número 1153 rue de Tournon se tornaria o número 9. Para
Marquiset, ela viveu no número 9 “por volta de 1798”, mudandose depois para o númer
o 5. Mas,
numa carta que Mlle Lenormand enviou à Imperatriz no dia 28 de novembro de 1804, el
a ainda
dá o endereço como “rue de Tournon nº 1153, fabourg SaintGermain”. A situação se to
rna
complicada com o arranjo das premissas: nº 5 e nº 7 de um prédio com três lojas e u
ma entrada
principal. Uma vez numerado ‘5’, a localização na rue de Tournon permaneceria o end
ereço da
célebre sibila até seus últimos dias.
Lenormand e Robespierre
Lenormand atende Robespierre, um dos líderes da Revolução Frances (17891799)
Já era Mlle Lenormand popular? Não há evidências, a não ser em seus próprios escrit
os. Ela
realmente leu a sorte para o conde de Provença, que se tornaria o Rei Luís XVIII, b
em como para
Mirabeau, general Hoche, Camille Desmoulins, Danton, SaintJust, Marat, Barras, Robe
spierre,
Talleyrand, o ator Talma e, por último, mas não pior, Joséphine de Beauharnais? Lou
is du Bois
demonstrou que isso seria logicamente impossível para muitos deles, já em 1843. Cel
lier du
Flamel duvidou de qualquer celebridade. Para ele, MarieAnne Lenormand viveu humilde
mente
até 1800.
Alfred Marquiset ofereceu uma boa reconstrução hipotética da ascensão de Mlle Lenor
mand: “O
primeiro lugar em que fez suas tentativas foi nos barcos das lavadeiras, sempre apa
ixonadas
uma “necromancia”. Por alguns centavos elas a alimentava com maravilhosas esperança
s e elas
não resistiriam a contar aos seus clientes tais maravilhas. Passo a passo, ela cheg
ou aos
comerciantes, então à burguesia e às mulheres do mundo através de suas criadas. Daí
até a alta
sociedade só era preciso mais um passo. Encontrandose com pessoas de alto nível, Ml
le
Lenormand aprimorou sua educação preocupandose com o conhecimento específico que
precisaria para o seu ofício. Desenvolvendo sua astúcia normanda, ela pôde arrumar
relações
secretas em todos os lugares e deslumbrar, frequentemente, com suas revelações, ten
do pago
para isso de seu próprio bolso”.
A vidente de Joséphine
No dia 2 de maio de 1801, MarieAnne Lenormand foi convidada a ir até La Malmaison,
a
residência de Joséphine de Beauharnais, numa aldeia a oeste de Paris. MarieJosèphe-
Rose
Tascher de La Pagerie, a primeira esposa de Napoleão Bonaparte, nasceu na Ilha da M
artinica
em 1763. Ela se casou com Alexandre de Beauharais em 1779, então, depois da morte d
e
Beharnais em 1794, casou com Bonaparte em 1796. Como o convite foi anônimo, Mlle
Lenormand não tinha a menor ideia de quem encontraria. Foi pela sua arte da quiroma
ncia que
ela identificou Joséphine – a quem, aparentemente, não reconhecera, apesar dos seus
primeiros
contatos durante o Terror. Não somente estava ela diante da esposa do primeiro côns
ul, como o
próprio Napoleão Bonaparte estava lá. O único problema é que nossa única fonte diss
o é o
próprio livro de Mlle Lenormand, “Les Oracle sibyllins…” de 1817.
Lenormand e Josephine
Lenormand faz pevisões para Josephine, esposa de Napoleão Bonaparte
É incerto que ela tenha mesmo se tornado parte das relações de Joséphine, uma vez q
ue Alfred
Marquiset cita um cartãopostal de 28 de novembro de 1804 na qual Mlle Lenormand dir
igese à
Imperatriz como uma “sybille [sic para sybille] française”, “implorando humildement
e à Sua
Majestade Imperial para em sua bondade concederlhe um grande favor: o 'livro do des
tino’
disselhe ‘que receberia um pequeno trabalho de sua digníssima pessoa”.
Mais uma vez, é difícil separar o que é verdade e o que pura invenção. Mademoiselle
Ducrest,
que visitava Joséphine de Beauharnais frequentemente, concorda que ela tinha inclin
ações para
superstições e adivinhação. Alfred Marquiset também se refere à Duquesa d’Abramtès
e à
‘Mademoiselle Avrillon’, ambas dando evidência de que Josephine teria consultado Ml
le
Lenormand, diretamente ou através de um mensageiro. Todavia, historiadores provaram
que as
duas últimas foram forjadas como muitas outras memórias no período Napoleônico. O q
ue é
óbvio é que MarieAnne Lenormand se aproveitou bastante da situação. Não só contou s
obre
seus alegados encontros com Joséphine com riqueza de detalhes em muitos de seus liv
ros,
como ainda publicou Mémoires Historiques et secrets de l’imperatrice Joséphine, Mar
ieRose
Tascher de La Pagerie, em duas edições, 1820 e 1827, orgulhandose de ter sido confi
dente e
conselheira de Joséphine.
Relatos mais sérios evidenciam grandes contrastes. Um documento policial relata: “h
á multidões
na Lenormand, a famosa leitora de cartas da rue de Tournon”, e acrescenta que Mette
rnich, o
estadista austríaco, então embaixador em Paris, visitoua em 1808. JacquesBarthélémy
Salgues, no seu Des erreurs et des préjugés répandus dans la société (“Dos erros e
preconceitos
na sociedade”) foi forçado a confessar que “longas filas de carruagens” esperavam e
m frente à
“famosa senhorita L.R.”, significando Lenormand. Então, Mlle Lenormand estava em vo
ga e rica.
Parece que ela comprou uma casa de campo em Migneaux (perto de Poissy, Yvelines), p
or volta
de 1802 e, provavelmente, mais tarde, um apartamento na rue de la Santé, em Paris.
Talleyrand,
Mme de Staël e Talma podem têla consultado.
Mas há um lado negro. No seu L’hermite de la chausée d’Antin, VictorÉtienne Jouy co
nta: “Há
uma sibila moderna em Paris cuja reputação e sustento se baseiam somente na creduli
dade
infantil das mulheres da melhor sociedade…”, “é no centro de Paris, na rue de Tourn
on, no
enigmático letreiro do Bureau de Correspondence générale”. Os arquivos policiais re
velam que
ela era constantemente detida e presa. Em dezembro de 1803 ela foi mandada para a p
risão no
“Madelonnetes” por sua “sala de estar ser um antro de conspiradores”. Os relatos po
liciais
multiplicaram. Em setembro de 1804 contase que “Mlle Lenormand, que reside na rue d
e
Tournon engana tolos todos os dias”.
O grande assunto de 1809 foi o divórcio de Napoleão de Joséphine. Mlle Lenormand fo
i detida
em 15 de dezembro como consta nos relatórios policiais. “A mulher Normand [sic], qu
e ganha a
vida lendo a sorte, foi presa. Quase todo o tribunal costumava consultála sobre atu
alidades. Ela
fez horóscopos para as pessoas mais importantes e ganhava mais de 20.000 francos po
r ano
com o ofício”. Mas temos outra testemunha: a própria MarieAnne Lenormand. Ela usou
um livro
de 602 páginas (Les souvenirs prophétiques d’une sibylle…), publicado em 1814, para
nos dizer
porquê e como ela foi para cadeia por alguns dias em 1809. Ela foi interrogada sobr
e seus
clientes, técnicas e previsões e, então, liberada. A verdadeira razão da sua detenç
ão, ela conta,
foi por ter previsto o divórcio de Napoleão de Joséphine e tentado impedilo. Desde
então, a
polícia pareceu deixála em paz.
Lenormand recebe ordem de prisão
A cartomante Lenomand recebeu várias ordens de prisão
Em 181213, Mlle Lenormand tinha uma livraria na rue du PetitLionSaintSulpice (ou Pe
tit
BourbonSaintSulpice, a rua próxima, depois da Tournon), que deve ter comprado de um
antigo
livreiro, Fréchet, em cerca de 1810. Foi nesse endereço que ela publicou seus prime
iros livros.
Le souvenirs prophétiques foi publicado “à Paris, chez l’autir, rue de Tournon, nº
5, et à son
magasin de librairie, rue du PetitBourbonStSulpice, nº1 ("pode ser adquirido com o
autor,… e
em sua livraria… "). O livro foi editado por Lenormant, um editor que não tem qualq
uer relação
com MarieAnne. A gravura mostra a chegada dos policiais na sala de consultas de Mll
e
Lenormand. Um prefácio (Petit avanttout) apresenta o livro que é organizado como um
a história
sequencial: primeiro, Ma vision, então Le réveil ("O despertar"), Le depart, ("A pa
rtida"), Premier
interrogatoire ("Primeiro interrogatório"), Deuxième interrogatoire, seguido pelos
onze dias de sua
prisão, algumas “reflexões”, “uma palavra no ouvido”, o “billet doux”, uma viagem a
o inferno, uma
Description de l’île d’Elbe e, por último, mas não menos importante, algumas 282 pá
ginas de
notas!
Como podem imaginar, não precisamos resumir esse livro sufocante cujo propósito era
mostrar o
quão brilhante ela se comportou e o quão ridícula foi à polícia e, é claro, promove
r sua arte e
previsões. Nesse fluxo de situações falsas e digressões históricas, ainda assim con
seguimos
pegar algumas das técnicas divinatórias da sibila. Em “Le rèveil” (pp.89) ela lista
alguns de seus
instrumentos, os quais explica em generosas notas: O espelho flamejante de Luca Gau
rico, as
trinta e três varetas gregas, sua “cabale de 99 de Zoroastre”, sem mencionar seus g
rimórios, sua
varinha divinatória, seu precioso talismã… Mas a primeira pergunta dos policiais é
sobre leitura
de cartas: “Vou faites le cartes (26)?” (“Você lê as cartas?”). Na sua resposta ela
lhe oferece uma
leitura. Mas a promissora nota 26 é decepcionante. Estranhamente, Mlle Lenormand in
sere um
conto popular conhecido como “A história de Grenadier Richard”, onde um soldado ass
iste uma
missa com um baralho de cartas na mão e, quando repreendido, explica que cada carta
tem um
significado bíblico. No segundo interrogatório, ela é, mais uma vez questionada sob
re as cartas.
MarieAnne Lenormand encontra uma oportunidade de nos contar a origem das cartas de
jogar
na sua nota número 31, referindose ao Abbé de Longuerue e a Jacquemin Gringonneur.
Surpreendentemente, não há uma nota sequer sobre o tarô em toda a obra!
O livro foi um evento único. Reviews apareceram no Le Nain Jaune de 20 de março de
1815 e no
Le Journal des Débats, onde Hofman, seu editor, publicou uma série de artigos em ag
osto e
começo de setembro de 1815. MarieAnne Lenormand respondeu no Le Courrier de 20 de
setembro.
A volta dos Bourbons
MarieAnne Lenormand sempre alegou ser da realeza. Não só tinha simpatia pela famíli
a real em
1793 como, é claro, previu a Restauração de 181415 (mas não previu os “Cem dias de
Napoleão”!). Era de se esperar que, depois de um pequeno livro celebrando o anivers
ário da
morte de Joséphine, ela publicou La sibylle au tombeau de Louis XVI (A sibila no tú
mulo de Louis
XVI, Paris, 1816), onde ela se encontra com um anjo que lhe narra a batalha de Wate
rloo através
de um generoso vasto relato!… Logo depois, em 1817, Les oracle sibyllins foi public
ado. Esse
volumoso livro é a continuação do seu Souvenirs prophétiques e no mesmo estilo, ela
tenta
provar que previu a queda de Napoleão. Nós sabemos que o imperador gostava de ler a
s obras
de Mlle Lenormand, mas que não acreditava na bizarra visão que tinha. Ela revela um
pouco de
sua técnica e, particularmente, seu método de leitura de cartas. Ela, claramente, u
sa um jogo de
piquet, ex. baralho de 32 cartas. Ela cortava três vezes e dispunha as cartas em oi
to montes.
Então, começava a leitura. Apesar de citar as cartas que tirou para a leitura, ela
não tem
problemas em descrever seus significados!
Algumas linhas à frente ela dá mais explicações: “O Rei de Espadas, junto com o 8 d
e ouros,
significa que um homem habilidoso parou julgamentos, se possível, o avanço de uma d
oença…
Felizmente, o 9 de copas, que está no topo, diz que verá, rapidamente, o fim de sua
s cruéis
preocupações” (pp. 1512). Como se pode ver, seu sistema é bem simples, sem nenhuma
teoria
elaborada. Uma grande revelação nos espera na página 159: O uso de cartas de tarô –
escrito
tharots, na época – é, finalmente, mencionado por Mlle Lenormand. Como sempre, ela
é bem
vaga: “O Louco, que estou tirando de sua mão significa que seus projetos são insust
entáveis”, diz
ela (p.159). E então: “Mas eu vejo o Diabo ao lado da Morte” (p. 160). Nenhum signi
ficado é
dado, mas uma vez que o consulente bateu em sua mesa e derrubou suas “78 cartas de
tharot”,
podemos supor que não foram boas notícias. Os nomes das cartas de tarô mencionadas
por Mlle
Lenormand não podem ser encontradas no Grand Etteilla I, onde são chamadas,
respectivamente: Folie, Force majeure e Mortalité. Fol, Diable e Mort são nomes clá
ssicos no tarô
de Marselha.
Outras técnicas divinatórias são mencionadas no resto do livro: économancie (ex.: p
revisão com
uma bacia de água fresca com folhas de louro e verbena, mais sal!), o aço eléctre (
que "só tem
na Europa"), os nove pontos do livro de Thoth (sem qualquer explicação), leitura de
mãos, é claro
(com uma grande nota 14), onomancia, com a clara do ovo, chumbo derretido etc. Ela
lista o que
trazia consigo: “meus diferentes tharots, meu grande grimório, minhas famosas chave
s [de
Salomão], Cornélius Agrippa, minhas varas gregas, meu espelho mágico, o tratado dos
sonhos,
segundo Joseph, minha famosa varinha divinatória, 9 dracmas de chumbo fresco, sete
pedaços
de cera…, borra de café, o anel cigano” (p. 337). Isso é, no mínimo, a parafernália
de uma
feiticeira. Nenhum método cartomântico é apresentado, mas há uma descrição de como
Mlle
Lenormand usa as suas varas gregas: “Pego minhas 33 varas gregas e jogoas aqui e al
i, numa
área triangular, porém tiro, com cuidado, o terrível Agamenon e seus seguidores, fa
zendo isso de
novo, sete vezes” (p. 196).
Em outubro, uma nova oportunidade foi dada à Mlle Lenormand para aumentar sua fama
“internacional”. Para lutar contra Napoleão, o Czar Russo, o Imperador Austríaco e
o Rei da
Prússia uniramse, em 1815, no que foi conhecido como “SainteAlliance”. Em outubro e
novembro de 1818 reuniuse um congresso em Aachen para decidir o futuro da França. M
arie
Anne Lenormand decidiu ir lá por sentir sua presença necessária. Para impressionar
os
monarcas a quem iria aconselhar, alugou uma carruagem, deixando Paris em grande ost
entação.
Mas foi parada na fronteira pela alfândega belga. O estranho equipamento que funcio
nários da
alfandega encontraram na bagagem de Mlle Lenormand levantou suspeitas, então ela fo
i enviada
para Tournai e, então para Mons, para que se descobrisse quais eram os seus planos.
Aparentemente, nada perigoso, pois a liberaram três dias depois. Depois do congress
o, foi para
Bruxelas onde, ela nos conta, foi fervorosamente recebida.
Pelo menos todos esses eventos foram assunto para um novo livro que ela própria pub
licaria no
ano seguinte, embora esteja datado 1818: La sibylle au congès d’AixlaChapelle em 18
18, sendo
seu título feito, claramente, a partir do L’observateur au congrès, ou Relation his
toriques et
anecdotiques du Congrès d’AlaixlaChapelle em 1818 (“O observador no congresso, ou
considerações históricas e pessoais do Congresso de Aachen", Paris, A. Eymery, 1818
”). O
último livro foi escrito pelo jornalista CharlesMaxime de Villemarest e dá conta da
tão comentada
presença de Mlle Lenormand em Aachen, descrevendo como ela, em primeira mão, espalh
ou
rumores e situações de pessoas bem informadas (pp.1512). O livro da própria Mlle Le
normand,
por outro lado, é mais um guia turístico, contando como ela foi para Bélgica – sob
domínio da
Holanda, então – foi parada pela alfândega e, finalmente, chegou a Achen, da qual o
ferece uma
descrição completa, emprestada, em grande parte, do Guide des étranger, de J.B. de
Bouge ou
Itinéraires de la ville d’AixlaChapelle (Guia do estrangeiro ou Passeios na cidade
de Aachen,
Bruxelas, 1806). Ela fala muito pouco sobre ter encontrado pessoas importantes lá,
mas dedica
uma grande parte à descrição de um encontro com um profeta chamado Muller. Muller,
tendoa
convidado a ir à Bruxelas, possibilita que ela termine o livro com um tour pela cap
ital belga.
Tarôs também são usados nesse livro. O índice traz um capítulo promissor intitulado
Y atil
quelque de philosophique dans les Tharots? (“Há algo filosófico no Tarô?”). Pelo me
nos iremos,
aqui, saber o que Mlle Lenormand achava do tarô. Ela nos preparou para isso: Aciona
ndo sua
“grande cabale”, ela divide suas figuras egípcias (“mês tableaux égyptiens”) em nov
e (p. 51). Ela
comenta que, embora um baralho pareça algo frívolo, é merecedor de atenção filosófi
ca. Mais à
frente, ela descreve os utensílios familiares que a cercavam e menciona os tarôs, “
figuras
emblemáticas e hieroglíficas” (p. 193). Depois de termos aguentado uma descrição co
mpleta de
Aachen, chegamos agora, tremendo de emoção, ao centro da contribuição de Mlle Lenor
mand
para a teoria do tarô. Decepcionantemente, o capítulo é somente a descrição de seu
quarto no
Hôtel de Bellevue. A única frase que ela dedica ao tarô é seguinte: “mês tarots m’o
ffrent de
singulières réflexions” (‘minhas cartas de tarô me oferecem algumas curiosas reflex
ões’)!
Uma das obrasprimas de Mlle Lenormand foi, certamente, Mémoires historiques et secr
ets de
l’impératrice Joséphine, MarieRose Tascher de La Pagerie, première épouse de Napole
on
Bonaparte; orné de cinq gravures, portrait et facsimilé (Paris, 1820, 2 vol.), onde
ela conta a vida
da primeira esposa de Napoleão. Não será surpresa se você ouvir dizer que a heroína
da história
é, na realidade, Mlle Lenormand no seu papel de confidente e conselheira da imperat
riz. Ela não
deixa de mencionar e destacar seus grandes méritos e visões históricas. Alguns mese
s antes,
um “Prospecto” da assinatura anunciava o livro, alardeando “o luxo da tipografia, a
s finas
gravuras”. Os compradores podiam assinar “au magasin de libraire, rue du Petit-
BourbonSt
Sulpice, nº 1”. Essa seria a última menção da livraria de Mlle Lenormand, pois nenh
um dos dois
volumes dá esse endereço. Os livros seguintes não o mostram.
Mem,óris históricas e secretas da Imperatriz Joséphine
"Memórias históricas e secretas da Imperartriz Joséphine"
Reprodução do busto da Imperatriz no www.fr.wikipedia.org
O Mémoires historiques et secrets… rapidamente levou a reações negativas. J.M. Desc
hamps,
secretária particular de Joséphine, protestou com uma carta bastante sólida no Le C
urrier
Constitutionnel and Le Courrier Français de 8 de novembro de 1820. Na La Gazzete de
France
de 4 de dezembro de 1820, Colnet mostrou que a obra era uma confusão de erros. Embo
ra ela
tente apresentar Joséphine de forma positiva, os admiradores de Napoleão chamaram d
e traição.
O julgamento de Marquiset é duro: “é um romance cruel”, “quase tudo é falso na obra
” e, mais,
“além desses anacronismos, o Mémoires é essencialmente a história de Napoleão sem
imaginação e equivocadamente contada”. Historiadores modernos não são menos crítico
s. Eles,
geralmente, tomam a obra de Mlle Lenormand sobre Joséphine como puramente um logro.
Para
Pr. Jean Tulard eles são “inteiramente apócrifos”.
Apesar disso, o Mémoires historiques deve ter tido algum sucesso e pode ter sido o
primeiro
bestseller publicado por Mlle Lenormand. Chegou à segunda edição aumentada com as ú
ltimas
palavras de Napoleão em Saint Helena. Sua fama cruzou fronteiras: Mémoires historiq
ues foi
traduzido para o alemão em 1822 sob o título: Historische und geheine Denkwürdigkei
ten der
Kaiserin Josephine… ersten Gemahlin Napoleon Bonaparte…, traduzido por August von
Blumröder e publicado pela Sondershausen. Finalmente, uma tradução para o inglês, f
eita por
Jacob M. Howard apareceu nos Estados Unidos, em 1847, em Chicago e na Filadélfia,
simultaneamente: Historical and secret memoirs of the empress Joséphine (MarieRose
Tascher
de La Pagerie), firt wife of Napoleão Bonaparte. Translated from the French by M. H
oward. Foram
reeditados várias vezes em 1848, 1850, 1852, 1854 e mais tarde, até a virada do séc
ulo.
Parece que Mlle Lenormand se sentiu humilhada com a reação sarcástica da imprensa
parisiense. Em 25 de fevereiro de 1821 ela deixou Paris e se estabeleceu em Bruxela
s. Os
clientes vieram, rapidamente, consultar seus oráculos. Mas a polícia foi igualmente
rápida em
prendêla e Mlle Lenormand foi detida em 18 de abril de 1821. Após prestar depoiment
os e
passar por revistas, ela foi indiciada por fraude e levada a julgamento em Louvain.
Em 7 de junho
ela foi sentenciada a 1 ano de prisão e multada em 3 florins. Ela entrou com recurs
o contra a
sentença, sendo novamente levada a julgamento perante a corte de Bruxelas. A senten
ça de
prisão foi retirada e Mlle Lenormand multada em 15 francos que se recusou a pagar.
Livre, Mlle
Lenormand deixou Bruxelas em 15 de agosto de 1821.
Toda essa história deu origem a um novo livro. Souvenirs de la Belgique foi publica
do em 1822,
“à Paris, chez l’auteur, rue de Tournon, nº 5, et MM. les principaux libraire de la
capitale”. Marie
Anne Lenormand contanos duas memórias de “100 dias de má sorte”, aos quais acrescen
ta
suas “notas históricas e políticas”. O livro foi ilustrado com um retrato da autora
em sua prisão em
Bruxelas. Como nas obras anteriores, há notas de rodapé e finais; há, até mesmo, no
tas de
rodapé para as notas finais! As 415 páginas são salpicadas com lições de história,
digressões de
fatos, e citações em francês, latim e até inglês (sem qualquer referência). É uma n
arrativa
fantasiosa do que aconteceu do começo ao fim. No seu obsessivo desejo de provar que
estava
certa, ela anexa 80 páginas de documentos autênticos (declarações de testemunhas, m
inutas de
audiências, memorandos que foram publicados em defesa de sua posição).
Todas as “vítimas” mencionaram cartas comuns e de tarô usadas para previsões. Como
em seu
Sibylle au congrès d’Aixlachapelle, Mlle Lenormand evita responder perguntas direta
s sobre o
tarô. No capítulo intitulado Mon interrogatoire (“Meu interrogatório”), onde ela re
porta perguntas e
respostas à sua maneira, um consulente pergunta: “O que esses tharots, que parecem
ter
hieróglifos, significam?” (p.39). Mas sua reposta tem a ver com quiromancia!
De volta a Paris, MarieAnne Lenormand dedicouse a escrever uma pilha de livros, os
quais
aparecem em várias listas em suas obras publicadas. Em outubro de 1824, logo após a
morte de
Louis XVIII, ela publicou uma visão do “anjo protetor da França no túmulo de Louis
XVIII”, no qual
previu um longo e feliz reinado de Carlos X – que foi deposto pela Revolução de 183
0. A morte
do Czar Alexander I, em 1825 inspirou um novo canto na obra de Catherine II em seu
túmulo. Ela
oferece uma assinatura de quarenta e quatro obras adicionais suas, entre as quais f
oram
anunciados, mas nunca apareceram, suas próprias memórias e livros sobre o filho de
Joséphine,
Eugène de Beauharnais e sobre a Rainha Guilhermina.
De acordo com Dicta Dimitriadis, Mlle Lenormand viajou para Londres, de novo, em 18
22 e
juntouse a uma sociedade chamada “Membros of Mercurii” e chegou a dirigir uma revis
ta
intitulada “The Straggling astrologers of the 19th century”, em 1824. Tudo isso é c
ontradito por
uma carta de Mlle Lenormand em 20 de janeiro de 1823 para Messrs. Truttel e Würtz,
comerciantes de livros, em Paris, negociando a venda de três dúzias de cópias de se
u
“Souvenirs de la Belgique” por 178 francos e esperando aumentar os negócios com ele
s durante
“esse ano, 1823”. É difícil imaginar como ela poderia viver em Londres entre 1822 e
1824,
quando estava publicando seu Souvenirs de la Belgique (1822), em Paris, e então, L’
ange
protecteur de la France ao tombeau de Louis XVIII (1824)! Como era de se esperar, e
la nunca
fez alusão a essas maravilhosas aventuras em suas publicações posteriores.
Seus últimos anos
Depois da Revolução de julho de 1830, um monarca novo, mais liberal, ocupou o trono
francês.
Contrariamente às suas previsões, seis anos antes, Carlos X foi expulso da França e
seu primo
LouisPhilippe se tornou rei da França. MarieAnne Lenormand era monarquista, mas par
ece ter
sido apoiadora dos antigos Bourbons. Sua fama estava minguando, também, apesar do a
poio de
Guizot, um dos mais influentes ministros do governo e Émelie de Girardin, uma dos p
rincipais
nomes da imprensa. Ela, também, converteu NarcisseHonoré Cellier du Fayel, um prósp
ero
advogado que queria encontrarse com a “charlatã”. Cellier du Fayel foi convencido p
or seus
oráculos e, em pouco tempo, tornouse seu confidente e biógrafo.
Na sua Biografia de 1843, Francis Girault nos conta como, em 1835, chegou à sala de
consulta
de Mlle Lenormand uma mulher velha e pobre, desconhecida por ela. A mulher confesso
u ser a
viúva de FouquierTinville, o sinistro promotor público da Revolução Francesa que fo
i
guilhotinado em 1795. Claro que ela teve muito o que falar e seus escritos secretos
eram de
grande interesse para a sibila. Mas essa vem a ser outra farsa: como lembra Alfred
Marquiset,
Mme FourquierTinville morrera sete anos antes!
A veia literária de MarieAnne Lenormand ainda não tinha se esgotado. Entre 1831 e 1
833,
quatro últimos livros foram lançados pela sua "fábrica" e muitos outros foram anunc
iados.
Publicado em janeiro de 1831 e dedicado, L’ombre de Henri IV au palais d’Orléans (“
A sombra de
Henri IV no palácio de Orleans [ex.: o PalaisRoyal]”.) uma mistura chata de visões,
diálogos e
aulas de histórias e notas de rodapé para mostrar o quão precisa era a sua previsão
de eventos
de 2022 de dezembro e que deveriam ter aparecido em 20 de dezembro de 1830. Se tive
ssem,
poderíamos, finalmente, ter testado as extraordinárias profecias de Olivarius, de 1
542. Philippe
DieudonnéNoël Olivarius, ela nos conta em suas notas de rodapé (2), página 16, escr
eveu 919
previsões até 1982. Ela se orgulha de ter comprado esse único manuscrito que foi ca
çado “em
todas as bibliotecas”. O próprio Papa maravilhouse. Cinco livros são reproduzidos e
m L’ombre
de Henri IV (pp. 1828), com notas explicando o significado de “algumas velhas expre
ssões
francesas”.
Lenormand na prisão
Essa não foi a primeira vez que Mlle Lenormand falou sobre esse mago desconhecido.
Ela já
tinha publicado uma de suas previsões em 1820, no “Mémoires historiques et secrets…
”. De
acordo com ela, é Napoleão quem é mencionado na profecia de Olivárius para Marie-
Anne em
1814. Mais livros foram publicados nos próximos livros: um em “Le petit homme rouge
au
château des Tulieries” (julho, 1831), outro em “Manifeste des dieux sur les affaire
s de France”
(janeiro, 1832) e os livros 8 a 10 foram apresentados no último livro publicado por
Mlle
Lenormand, “Arrêt suprême des dieux de l’Olympe”, data em 28 de fevereiro de 1833.
O ridículo “estilo literário antigo” dos textos de Olivarius é tão obviamente forja
do que Alfred
Marquiset dedicou um apêndice inteiro para revelar esse “attrapenigaud” (charlatani
smo,
impostura). Ele não só mostra que não há qualquer verdade nas afirmações de Lenorma
nd, mas
que o logro foi desenvolvido por outros escritores. Henri Dujardin, L’oracle pour 1
840 (Paris,
1839), diz que conhece três pessoas chamadas Olivarius, das quais, um deixou um liv
ro, “Petri
Joannis Olivarii Valentini de prophetia et spiritu profético liber”, publicado em B
asel, em 1543, a
ser encontrado na Biblioteca Real sob inventário número Z 985. Você se surpreenderi
a se
ouvisse que essa referência é falsa? Um dos outros dois Olivarius foi Philipe-
DieudonnéNoël,
cujo texto é, atualmente, apresentado como um livro publicado em 1544 e intitulado
“Prévisions
d’un solitaire”, e um terceiro escreveu o celebrado “Prophétie d’Orval” (outra prof
ecia forjada que
foi publicada pela primeira vez no Journal des villes et des campagnes de 20 de jun
ho de 1839).
Eugène Bareste deu mais crédito ao Olivarius em seu popular “Prophéties: La fin des
temps,
avec une notice”, do qual foram publicadas quatro edições, em 1840.
Le petit homme rouge au château des Tuileries; La vérité à HolyRood; Prédictions et
c ("O
pequeno homem vermelho no castelo de Tuileries"; "A Verdade em HolyRood"; "Previsõe
s” etc),
publicados em julho de 1831, introduzem um novo profeta: o Petit Homme Rouge (O Peq
ueno
Homem Vermelho). Em 1831, MarieAnne Lenormand nos conta que uma velha e curvada
mulher apareceu no castelo de Tuileries laçando maldições contra os Bourbons. Ela e
ra a
encarnação da República de 1793. O Petit Homme Rouge estava lá e replicou. Sua long
a fala
revelou que era o organizador de todos os eventos passados desde 1789. Por que Loui
s XVI
perdeu o trono? Porque Blondinet (“loiro”), por entendermos ser esse seu nome, deci
diu que o rei
não mais poderia reinar. Quem protegeu Napoleão? O pequeno homem vermelho, é claro!
Os
leitores dos Oráculos Sibilinos de Mlle Lenormand repararam que o pequeno homem ver
melho
tinha sido mencionado na obra (p.340).
De fato, MarieAnne Lenormand não inventou o Petit Homme Rouge. Provavelmente, ela t
eve a
ideia a partir de um curto folheto contra Napoleão, publicado em 1814 e intitulado
“Le petit
homme rouge”. As seis páginas descrevem a última assembleia de Napoleão encontrand
ose
nas Tuilleries e a chegada de um pequeno homem vermelho, um gênio aterrorizante, um
‘homem
de fogo’, cujo contato queimava quem o tocava. Essa criatura infernal estava lá par
a levar
Napoleão para o Inferno. O Petit Homme Rouge fez outra aparição algum tempo depois
do livro
de Mlle Lenormand. Messrs de Pixérécourt, Brazier e Carmouche escreveram uma peça c
om o
mesmo nome: Le petit homme rouge, folieféerie romantique em quatre actes et vaudevi
lles,
imitée du genre anglais (Vaudeville de quatro atos loucos e extravagantes, em estil
o inglês),
apresentada no Théâtre de la Gaieté, em março de 1832. A música era de Alexandre Pi
ccini.
Aventuras foram publicadas, anonimamente, em 1843 sob o título Memoirs et prophétie
s du petit
homme rouge, par une sybille [sic], depuis la SaintBarthélemy jusqu’à la nuit des t
emps. Como
veremos mais tarde, Paul Christian iria ressuscitálo num livro publicado em 1863: L
’homme
rouge des Tuileries.
Novas revelações e previsões foram publicadas em 1832 com o Manifeste des dieux sur
les
affaires de France: apparition de S.A.R. la feue Mme la duchesse douairière d'Orléa
ns (Marie
LouiseAdélaïde de BourbonPentièvre), descendante de Louis XIV à son fils Louis-
Philippe Ier,
roi des Français, Révélations (Manifesto dos deuses sobre os negócios franceses: ap
arição de
S.A.R a última viúva de Orléans, descendente de Luis XIV, para seu filho Louis-
Philippe I, Rei da
França. Revelações), publicado em 21 de janeiro de 1832 por Mlle Lenormand, “editeu
rlibraire” e
Dondey Duprey père et fils, que foram os tipógrafos de parceiros de Mlle Lenormand
desde 1824.
Embora amparados por mais páginas das profecias de Olivarius, essas recomendações f
oram
publicadas em fevereiro de 1833 sob o título Arrêt suprême des dieux de l’Olympe em
faveur de
Mme la duchesse de Berry et de son filleul le duc d’Aumale d’Orleans (Henri Eugène-
Philippe
Louis).(Decreto supremo dos deuses do olimpo em afilhado, duque de Aumale-
Orléans...) “Essa
pequena brochura [ela nos avisa na contracapa da folha de rosto] foi anunciada para
19 de
novembro de 1832. Amigos não oficiais me fizeram retirar a promessa de adiar essa p
ublicação
até 28 de fevereiro de 1833. “Já basta, disse um deles, que você foi capaz de preve
r o
nascimento do Duque de Bordeaux, o nobre heroísmo de sua mãe”. É certo: Mme a Duque
sa de
Berry será resgatada de Blaye”.
MarieCaroline, Duquesa de Berry tentou incitar algumas províncias contra Louis-
Philippe, em
1832; ela foi detida e presa em Blaye, perto de Bourdeaux. Porém, uma vez mais Mlle
Lenormand não previu o fim burlesco dessa ventura fadada ao fracasso. Ela não soube
que a
duquesa estava, secretamente, grávida – não de seu marido legítimo, uma vez que o D
uque de
Berry tinha sido assassinado em 1820. Em 1833, alguns meses após o livro ser public
ado, a
Duquesa de Berry deu a luz a uma filha inesperada que escandalizou muitas pessoas e
desacreditou a causa Legitimista por muitos anos. Poderia, muito bem, ter desacredi
tado Mlle
Lenormand uma vez que esse seria o seu último livro.
Todavia, muitos outros escritos estavam sendo preparados. Na lista onde registra se
us trabalhos
publicados, MarieAnne Lenormand anuncia alguns novos livros por vir: “Les mystères
de Blaye”,
“Jeanne d’Arc au Louvre”, com o horóscopo da Duquesa de Berry, “La sibylle à Londre
s”, “Louise
Wilhelmine de Prusse, ou les infortunes d’une grande reine”, com o qual já nos depa
ramos,
“Anecdotes historiques, politiques, etc. sur la reine d’Angleterre” (Caroline-
AmélieElisabeth de
Brunswick); “Particularités secretes sur la princese Caroline d’Anglaterre, premièr
e épouse de
S.A.R. le prince de SaxeCobourg”, o qual jamais nos consolaremos de ter perdido, e,
por último
o há muito esperado “Mémoires historiques, politiques, souvenirs, confessions, corr
espondances
secretes de Mlle Lenormand”, cujos dez volumes, infelizmente nunca apareceram.
O renome de Mlle Lenormand, embora, provavelmente, em declínio, ainda chamava a ate
nção
de alguns leitores da sorte. Em 1838, uma Mlle Brunet distribuía panfletos onde se
apresentava
como discípula de Mlle Lenormand. MarieAnne manifestouse, imediatamente, na la Gazz
ete
des Tribunaux, lembrando seus leitores que ela não tinha alunos. Então, foi um simp
les adepto
que publicou, em 1842, Le rèvèlateur du destin ou Livre merveilleux des bramines, p
our connaître
le présent, le passé et l’avenir, par um apdete de Mlle Lenormand (“O revelador do
destino, ou o
Maravilhoso livro dos Brâmanes, de forma a saber o presente, passado e futuro, por
um adepto
de Mlle Lenormand"). Uma simples coleção de oráculos no catálogo da Bibliothèque Na
tionale
atribuída a Aguste Martres
O fim chegou em 25 de junho de 1843. MarieAnne Lenormand faleceu em seu apartamento
na
rue de la Santé. Seu funeral, em 27 de junho, foi extraordinário. A igreja foi cobe
rta com enfeites,
o carro fúnebre foi puxado por quatro cavalos enfeitados e seguido por cem pessoas!
Não restam
dúvidas que essa cerimônia barroca foi cuidadosamente preparada. Foi um acontecimen
to
importante no mundo da adivinhação: a terra tremeu e tudo saiu do lugar. A jogada d
e Mlle
Lenormand reviveu o interesse em sua carreira e deu aos jornais boas razões para cr
ônicas
sarcásticas. Um longo artigo, por Jules Jain, apareceu no sério Journal des Débats
(de julho de
1843), outro por Léo Lespès, no seu concorrente Le Constitutionnel (suplemente de 1
6 de julho).
Le Charivari, Le Globe e, pelo menos, outros três publicaram artigos sobre sua vida
. Antes de
julho acabar, foram publicadas biografias que analisamos no começo do capítulo. A l
enda se
cristalizou e um exército de “alunos”, “adeptos” ou discípulos foram rápidos em se
rivalizar.
A sucessão de Mlle Lenormand
O único herdeiro dos bens de Mlle Lenormand foi o seu sobrinho de 37 anos, Michel-
Alexandre
Hugo, um segundo tenente da infantaria, filho de sua irmã mais nova, MartheSophie.
Sua
fortuna foi estimada em 500.000 francos, mas, na verdade, eram somente 120.000, dos
quais
perto de 80.000 foram deixados como heranças pessoais e mais em várias reivindicaçõ
es
concedidas pelo tribunal. Na edição de 16 de julho, o jornal parisiense Le Charivar
i publicou um
pequeno artigo sobre a sucessão de Mlle Lenormand, concluindo que ela não tinha nen
hum
sucessor (a), porém um grande número de senhoras leitoras da sorte dividiriam a suc
essão entre
si. O artigo mostra espanto com o número de profissionais, então, atuando em Paris,
que
estabelecia em cerca de 50, que divulgavam seus serviços nos jornais e quem presumi
a serem
todas mulheres. Ele escolhe três para descrever separadamente. A primeira, Mme Clém
ent,
descrevia os anúncios como “uma encantadora adivinha cuja jovem reputação se equipa
rava à
de Mlle Lenormand”.
Que ela alegava ter previsto o futuro de MarieLouise, segunda Imperatriz de Napoleã
o e de sua
própria queda, isso já sabemos; se assim fosse, ela não poderia ser tão jovem. Ela
se
especializou em previsões, por meio de cartas, de desastres grandes e pequenos, ves
tia manto
preto e capuz vermelho e viveu, segundo o artigo, no andar térreo sob um notário. I
nfelizmente,
não é dado o seu endereço, mas em 25 de julho, um mês depois da morte de Mlle Lenor
mand,
Mme Clément reivindicou a sucessão instalandose no mesmo apartamento térreo na rue
de
Tournon, 5, onde a famosa sibila fez suas consultas por muitos anos. Em seu livro,
publicado
alguns anos mais tarde, Mlle Lelièvre nos conta como o sobrinho de Mlle Lenormand,
encontrando entre suas coisas, uma carta escrita a ela por Mlle Lelièvre, com bons
comentários
acerca do destinatário, escreveu para lhe oferecer uso do apartamento e seu conteúd
o; ele
ofereceu, também, convencer os clientes de sua tia a serem transferidos para ela, d
izendo que
seria a única capaz de ser sua sucessora. Mlle Lelièvre recusou, sabendo que precis
ava de mais
estudos e consciente de que nem o apartamento de Mlle Lenormand, nem a sua mobília
lhe
concederiam o talento requisitado. De olho em Mme Clément, ela declara que consider
aria isso
puro charlatanismo. Evidentemente, o tenente Alexandre Hugo, então, descobriu Mme C
lément e
fezlhe a mesma oferta, que foi prontamente aceita.
As duas outras senhoras descritas pelo Charivari foram Mme Albin e Mme Melchior, am
bas tendo
a borra de café como seu oráculo de preferência. Mme Albin era especializada em con
sultas para
previsão de casamentos, heranças e outros eventos felizes. Mlle Melchior era idosa
e dedicava
as manhãs às tarefas domésticas, deixando o fim da tarde para fazer encorajantes pr
evisões por
20 sous a consulta, para sua pobre clientela.
Antes de julho de 1843 terminar, a editora LangeLévy publicou La sibylle du XIXe si
ècle, de
Flamel, já mencionado. Num prefácio, o editor, escrevendo sob o nome de A. Gallus,
esclareceu
que, após quarenta e oito horas da morte da sibila, ele recebeu um pequeno caixão d
e um
remente anônimo. A carta que o acompanhava dizia que, alguns meses antes, Mlle Leno
rmand,
de quem ele era um amigo próximo, confioulhe o caixão, instruindolhe a publicar as
profecias
manuscritas contida nele após sua morte. Gallus, revelando a crença de que o remete
nte era um
dos executores testamentários de Mlle Lenormand, explica que publicaria essas grand
es
profecias de forma célere. Ele não pondera porque um executor procederia de forma t
ão
clandestina, nem revela os passos que deu para verificar a autenticidade do manuscr
ito, mesmo
pela comparação de caligrafia. Ao invés disso, ele convidou Hortensius Flamel, “o c
élebre autor
de Le Livre rouge”, para escrever um comentário.
A publicação, como um todo, traz os sinais de uma farsa. Flamel pode, possivelmente
, ter feito,
ele mesmo, as profecias; mais provavelmente ele pode ter sido colocado como um cúmp
lice. As
profecias, duas por página, variam em precisão, uma vez que são muito vagas ou muit
o obscuras
para se provarem erradas. Que o reino se tornaria um Império, pela segunda vez, se
provou
correto em poucos anos; que as pessoas viajariam pelo ar demorou mais ainda para se
verificar.
Que a Suíça seria invadida por todos os lados e deixaria de existir, em pouco tempo
, foi um tiro
fora do alvo; igualmente que a Cruz substituiria o Corão em Constantinopla.
O breve comentário de Flamel é superficial e composto, em grande parte, por general
idades.
“Certas pessoas possuem o poder de prever o futuro, e Mlle Lenormand o tinha em alt
o nível;
suas previsões eram invariavelmente precisas”. Que comentário mais claro poderia se
r feito
sobre profecias já, totalmente, explícitas? Só o último parágrafo do comentário rev
ela um motivo
a mais para a publicação. “Quando ouvimos falar da morte de Mlle Lenormand, nos per
guntamos
se uma nova estrela brilharia nos céus proféticos para substituir a que acabara de
perecer.
Olhamos e um raio luminoso nos alcançou. Como Arquimedes, o que introduz as ciência
s
ocultas, eu gritei, “Eureca”. Mme Clément é a nova perita que erguerá, para nós, os
véus que
cobrem o futuro”. É de se duvidar que Flamel tivesse o menor interesse no assunto,
mas o editor
estava, certamente, interessado em reforçar a alegação de Mme Clément à sucessão. O
comentário de Flamel é seguido por uma biografia de Mlle Lenormand, anônima, que ve
rificamos
ter sido baseada na carta de Alboise de Pujol para o Le TamTam, publicada um mês an
tes. A
partir dela, ficamos sabendo que ela começava suas consultas perguntando para o con
sulente
detalhes pessoais, incluindo sua data de nascimento, as iniciais de seu nome de bat
ismo e local
de nascimento, sua cor, animal e flor favoritos e o animal que mais detestava. Tamb
ém tomamos
ciência das variedades técnicas divinatórias das quais se valia. No meio da biograf
ia, é colocada
uma breve menção a Mme Clément: “Não nos esqueçamos de dizer que já nesse tempo, um
a
sibila igualmente famosa, uma estrela dos céus proféticos, proferia seus oráculos e
leituras do
futuro. Na Alemanha, Mme Clément previu o futuro de grandeza da Imperatriz Marie-
Louise”. A
repetição da frase sobre a nova estrela, sugere que Flamel teve alguma participação
na
composição da biografia, que termina com mais um elogio a Mme Clément: “A última si
bila não
está morta. Aqui está outra que surge, não menos ilustre, não menos formidável: é a
pitonisa de
Delfos, é Mme Clément. Seu tripé está erguido, seu livro do destino, aberto; suas c
artas, prontas.
A ela pertence o reino do futuro.”
“Nunca vimos Mme Clément”, continua o autor, “mas ouvimos muito a seu respeito; e o
que
ouvimos foi tão extraordinário que seria preciso um volume inteiro para contar… É n
a caverna da
sibila falecida, na mesma casa onde Mlle Lenormand viveu que a profetisa do momento
faz suas
maravilhosas previsões. O passado é de Mlle Lenormand”, conclui seu biógrafo, “o fu
turo
pertence a essa estrela profética, Mme Clément. Assim com as sibilas, como com os r
eis: a sibila
morreu, vida longa à sibila”.
Os louvores extravagantes de Mme Clément podem sugerir algum grau de conluio entre
o
tenente Hugo e os autores dessa ilegítima obra pósmorte, uma vez que o sucesso de M
me
Clément seria importante para Hugo como beneficiário do aluguel. A suspeita pode se
r
equivocada; e a motivação para a vasta promoção de Mme Clément permanece obscura.
Pouco depois, no mesmo ano, foi publicada a biografia de Mlle Lenormand por Francis
Girault
plagiada de várias fontes. Girault publicou como apêndice algumas ligações com Alex
andre
Hugo. Primeiro, uma carta datada de 22 de julho de Hugo para os editores, Breteau e
Pichery,
referindose ao livro de Flamel, denunciando as profecias com os mais fortes termos
como
“falaciosas” – um julgamento com o qual Du Bois, posteriormente, concordou – e acus
ando
Breteau e Pichery de publicálas. Os editores acusados, evidentemente, não viram raz
ão para
resposta, mas Girault respondeu, entregando o manuscrito de sua biografia a Hugo, n
a rue de
Tournon, 5, negando qualquer responsabilidade pelo livro de Flamel da sua parte ou
de Messrs
Breatrau e Pichery. Em sua resposta de 29 de julho, Hugo se desculpou por sua falsa
acusação
e aceitou a obra de Girault como a biografia oficial de sua tia.
Mlle. Lenormand na leitura das cartas
Mlle. Lenormand não preparou sucessoras
Ilustração e legenda adicionada pelo editor do site Clube do Tarô
A esperança de Mme Clément em se tornar tão famosa quanto Mlle Lenormand foi frustr
ada e se
LangeLévy esperava que ela publicasse, com eles, algum livro que escrevera, frustra
ramse
também, por ela têlos publicado por sua conta. Em 1844 ela produziu um livreto de 6
4 páginas,
Le Corbeau sanglant, ou l’Avenir dévoilé (“O Corvo Sangrento, ou o Futuro Revelado”
). O título
se refere, explica Mme Clément, à técnica divinatória romana de examinar as entranh
as de um
corvo. A capa traz o endereço da autora, como própria editora, e como “a casa ocupa
da por Mlle
Lenormand, rue de Tournon, 5”. O frontispício é uma gravura litografada de Mme Clém
ent, uma
bela senhora usando um cocar de aparência Asteca, do qual seu cabelo cai em cachos.
O
método divinatório que explica segue diretamente a tradição de Etteilla, as cartas
que usava
sendo as do jeu égyptien ou de Thot (o tarô de Etteilla numerado de 1 ao Louco, com
78 cartas).
Ela afirma ser clara ao explicar seu sistema, mas não consegue. A tiragem é simples
: as treze
primeiras cartas são viradas e lidas, então dezenove e, finalmente, vinte e uma. As
cartas lidas,
são, a cada momento, devolvidas ao maço que é reembaralhado antes de ser tirado o p
róximo
conjunto de cartas. É dada uma lista se significados das 78 cartas, baseada em Ette
illa, porém,
sem qualquer referência à sua posição invertida. Embora o instrumento seja o baralh
o de Etteilla,
o coração de Mme Clément está na astrologia. As cartas numeradas do naipe de ouros
são
identificadas com símbolos “cabalísticos” dos planetas, a cabeça e cauda do dragão
e a parte da
fortuna, aos quais são associadas 12 previsões de acordo com as 12 “casas” (signos)
zodiacais
em que estiverem. Mme Clément, volta, na segunda parte do livro, ao que acredita se
r mais
interessante para o público, um horóscopo para homens e mulheres de acordo com o mê
s que
nasceram, seguido de uma descrição de vários temperamentos (fleumático, sanguíneo e
tc) e de
como ler a personalidade pelas características físicas.
Certamente não há, aqui, uma grande sibila: somente uma praticante inexperiente.
Em 1852, Mme Clément publicou outro livreto, Le Flambeau de l’avenir (“A Tocha do f
uturo”), do
mesmo tamanho, ainda da rue de Tournon, 5, denominado “a antiga livraria de Mlle Le
normand”.
Abaixo do nome da autora está inscrito algo meio patético: “a sucessora de Mlle Len
ormand”. A
mesma gravura de Mme Clément meio borrada, forma o frontispício. É interessante res
saltar que
Mme Clément usa, repetidamente, o termo de Etteilla “cartomancia” e, embora o livro
seja
supostamente sobre a técnica de “cartomancia”, não há virtualmente nada nele sobre
o uso de
cartas. Tal inconsequência só leva à suspeita de que a pobre senhora não está em se
u juízo
perfeito. Sob o “sistema” principal ela diz que se deve, primeiro, perguntar ao con
sulente para
que se conheçam detalhes pessoais do mesmo como o que gosta e o que não gosta (a pr
ática
atribuída à Mlle Lenormand). Ela passa, imediatamente para o segundo “sistema”, que
não é
sistema nenhum além de um discurso confuso sobre a astrologia e as virtudes cardina
is,
aludindo às obras do “grande Thot”. Ela termina com citações históricas de previsõe
s acertadas.
Em 1847 havia um livro interessante publicado, fora do meio literário cartomântico:
Justifications
des sciences divinatoires (“Justificativas das ciências divinatórias”) por Mlle A.
Lelièvre. O
catálogo da Bibliothèque Nacionale apresenta o nome do autor como um pseudônimo de
Marc
François Guillois, mas essa atribuição é, praticamente, um absurdo. Pseudônimos ou
supostos
pseudônimos são, para bibliotecários, como atribuições de obras de arte a artistas
individuais são
para historiadores da arte: eles os investigam religiosamente, mas, quando não há e
vidências
sólidas, eles irão se valer do mais inconsistente fundamento para uma identificação
. Guillois foi o
autor de textos políticos publicados em 1795, 1797, 1801, 1816 e 1831; não há motiv
os para que
se suspeite dele como autor de obras sobre artes divinatórias em 1847. Além disso,
não é
apenas uma questão de pseudônimo. O livro de Mlle Lelièvre é dedicado à condessa Ma
rie
d’Adhémard com expressões da mais profunda gratidão por sua ajuda e amizade, conten
do um
amplo conteúdo autobiográfico, dando nomes a várias pessoas como Monsieur Saint-
Prix, que,
em 1830 tomoua como aluna no ThéâtreFrançais e tratoua como uma filha (p.49). O liv
ro seria
completamente inútil se tudo isso fosse fictício, mas o endereço da autora está imp
resso na
capa, de forma que seria fácil identificar qualquer farsa. Não há motivo para não a
ceitar Mlle
Lelièvre, como um escritor posteriormente o fez, como uma sibila genuína escrevendo
sob seu
próprio nome.
A maior preocupação do livro é recontar como Mlle Lelièvre veio, em 1840, a adotar
a profissão
de leitora da sorte. Embora Mme Clément em momento algum seja mencionada, denegrir
suas
alegações de ser a sucessora de Mlle Lenormand é, claramente, algo secundário. A au
tora conta
(p.66) como uma amiga sua pede à Mlle Lenormand para tomar Mlle Lelièvre como sua p
upila,
mas Mlle Lenormand responde dizendo que não tem alunos. Entretanto, ela permite que
Mlle
Lelièvre tire as cartas em sua presença. Numa nota de rodapé, Mlle Lelièvre diz, “T
enho diante
de mim uma carta tirada por uma certa senhora” – certamente, Mme Clément – “afirman
do ser
ela a única discípula de Mlle Lenormand. Ela é, meramente, a única a ter reivindica
do o título
com o intuito de enganar as pessoas. Essa senhora não é mais discípula de Lenormand
que eu
e, talvez, menos”. Já foi dito como, após a morte de Mlle Lenormand, seu sobrinho o
fereceu o
apartamento de sua tia à Mlle Lelièvre e ela rejeitou a proposta. O livro foi reedi
tado no ano
seguinte com um novo título Prophéties de la nouvelle sibylle. Não é apropriado, um
a vez que o
livro não contém profecias, mas é obviamente feito para conter a alegação implícita
de ser a
verdadeira sucessora de Mlle Lenormand; ela descreve, ingenuamente, como sonhou que
Mlle
Lenormand lhe disse “Você me substituirá e seu nome fará o meu ser esquecido”.
Mlle Lelièvre praticava quiromancia e cartomancia, a última tanto com baralho comum
, como com
os tarôs egípcios de Etteilla. Seu livro não contém nenhuma instrução para essas ar
tes, depois
de uma longa seção autobiográfica, ele consiste em uma série de casos falando sobre
previsões
bemsucedidas, efetuadas por várias técnicas divinatórias. A seção de cartomancia re
pete as
fantasias contidas no livro de Frédéric de la Grange, Le grand livre du destin que
foi publicado
dois anos antes sobre a história da arte. Marie Ambruget e Fiasson aparecem na obra
, como na
obra de la Grange. Sua história sobre o Duque de Orleans, Mariette e Brivazac, é at
ribuída a
“memórias secretas”. Mlle Lenormand, estamos seguros disso, tinha o livro de Thot s
empre sob
seus olhos; nesse caso, Mlle Lelièvre a imita.
De acordo com Éloïse Mozzani, Mlle Lelièvre morreu em 1849. É muito difícil dizer q
ue tanto ela
quanto Mme Clément provaram ser a real sucessora de Mlle Lenormand. Outas cartomant
es
fizeram similares alegações com fundamentos menos consistentes. Mme Lacombe, que mo
rreu
em 1846, trabalhava no número 1 da rue Boucher, estabeleceuse ocupando o lugar de M
lle
Lenormand, enquanto em 1848, Mme Morel divulgavase numa publicidade impressa como
“amiga íntima e discípula de Mlle Lenormand”, o que nunca foi. Entretanto, não nos
surpreende
que em 1854, Mme Eugénie Bonnejoy Pérignon revelou a escolha de Mlle Lenormand de u
m
sucessor, concedido após sua morte, e que deveria ser provado que não seria nenhuma
das
senhoras que se afirmavam como tal, mas um homem. Ele era Edmond; porém sua históri
a está
reservada para o próximo capítulo.
Mlle Lenormand era, realmente, uma “cartomante”?
MarieAnne Lenormand constantemente se denominava sibila ou “profetisa” (pythonisse)
e
costumava sustentar seus livros em suas visões e profecias. Quando se permitia fala
r sobre suas
técnicas divinatórias ela evocava um impressionante catálogo de instrumentos mágico
s: o
espelho flamejante de Luca Gaurico, as trinta e três varas gregas, a “cabale de 99
de Zoroastre”,
alguns grimórios, uma varinha divinatória, seus preciosos talismãs, o aço électre,
as chaves de
Salomão, o anel cigano, a(s) flecha(s) de Abaris, uma lupa mágica etc. As cartas nã
o foram
esquecidas, mas não foram, obviamente, colocadas em primeiro lugar. Tarô, sempre es
crito
como tharots, não é frequentemente mencionado. Quando elas o usam, é como os outros
instrumentos, de forma confusa e nebulosa, geralmente, qualificada como “misterioso
”, “mágico”
etc., o que lhe permite manter tudo muito vago.
Entretanto, vários relatos – registros policiais e publicações literárias – revelam
que ela usava
tarôs e cartas comuns como todos os “tireuses de cartes”. Os documentos que foram u
sados
para acusála em Bruxelas, em 1821, e que ela obsequiosamente reproduz no final do s
eu
Souvenirs de la Belgique, dizem todos que ela recebia seus clientes com cartas comu
ns e
tharots, dependendo do que pudessem pagar.
Cartas de jogar usuais no século 19 na Europa
Exemplo de cartas de jogar na Europa, durante o século 19, utilizáveis por Mlle. Le
normand.
Ilustração das cartas e legendas adicionadas pelo site Clube do Tarô.
No seu L’hermite de la chaussée d’Antin (Paris, 1813), Victor Étienner Jouy explica
como ela
operava: “passado, presente e futuro serão expostos juntos sob seus olhos graças a
um simples
baralho. Entretanto, devo dizer que essas cartas são muito maiores que as outras, d
ecoradas
com hieróglifos tarotées em forme d’hiéroglyphes]. A feiticeira as embaralha, medit
ando de forma
edificante, e as combina através das habilidosas combinações de Etteilla”. Outro re
lato
inesperado é dado pelo Barão Karl August von Malchus (17701840). Embora sendo um
economista e estar longe de acreditar em leitura da sorte, Malchus consultou Marie-
Anne
Lenormand entre 1810 e 1814. Se suas memórias, que foram publicadas pela primeira v
ez no
Die Geheimwissenschaften de Carl Kieserwetter (Leipzig, 1895) não foram forjadas, t
emos aqui
uma ótima descrição do ritual da sibila.
Malchus confirma que ela começa com perguntas para extrair detalhes pessoais do con
sulente e,
então, começa a jogar as cartas. Por estar familiarizado com diferentes padrões de
cartas como
eram usadas nos países de língua alemã, Karl August von Malchus ficou impressionado
com o
número de cartas usados por Mlle Lenormand e oferece uma descrição detalhada delas.
Tarokkarten, alle deutsche Karten [“cartas normais alemãs” antigas, por exemplo, co
m naipes
alemães], Whistkarten [significando, provavelmente, cartas francesas modernas], Kar
ten mit
Himmelskörperen bezeichnet [“cartas com corpos celestes”], mit nekromantischen Figu
ren etc. A
sibila insistia em que se cortasse com a mão esquerda e, surpreendentemente, mistur
ava cartas
de baralho diferentes! Por exemplo, 25 cartas de um baralho de tarô, 6 de outro, 10
de um
terceiro. “Ela separava as cartas escolhidas e as dispunha na mesa de acordo com um
a ordem
específica; todas as cartas de cima eram colocadas ao lado”. Ela continuava com a l
eitura de
mãos.
Pode causar surpresa o relato de “corpos celestes” e “figuras necromânticas”, por s
er algo
parecido com o que observamos no “Grand jeu de Mlle Lenormand”. Como Malchus morreu
em
1840, não pode ter visto o “Grand jeu” que só foi publicado em 1845. Porém, muitos
tipos de
cartas divinatórias foram publicadas, somente em 1845 e muitos tipos de cartas divi
natórias
foram produzidas desde o começo do século XIX. A maioria continha alegorias emprest
adas do
Grand Etteilla. Um baralho chamado “Petit Necromancien” foi produzido por Robert em
cerca de
1810.
Podemos considerar Lenormand uma seguidora de Etteilla? A reposta é não. Não só o s
eu
método é simples e vago, como seu uso constante de um baralho de 32 cartas indica q
ue ela não
seguia Etteilla. Suas alusões ao tarô são tardias (nenhuma antes de 1817), sendo es
quivas e
nada claras. Vimos que ela não usava o Grand Etteilla uma vez que as três cartas qu
e cita em
“Les Oracle Sibyllins”, em 1817, não apresentam nomes típicos que Etteilla lhes atr
ibuía, mas sim
os que são atribuídos ao tarô de Marselha. Outro fato notório é Mlle Lenormand nunc
a menciona
Etteilla em nenhum de seus livros! Contudo, alude a Moult, Nostradamus, Cagliostro,
a quem
dedica longas notas, Nicolas Flamel, o Conde de SaintGermain e Mesmer, sem falar de
pessoas
“mais sérias” como Lavater ou Gaal. Não há uma só palavra sobre Etteilla ou seus di
scípulos,
nenhuma alusão às suas teorias. Court de Gebelin também não é mencionado.
Entre as 248 notas de seu Souvenirs prophétiques (1814), ela tem uma nota sobre Her
mes a
quem lista com outros “cabalistas” [!] na página 268. Sua nota nº238 (pp. 5823) dá,
simplesmente, uma breve apresentação de numerologia, porém é referida como “Science
des
Signes”. Provavelmente, o que se pretende aqui é o opus magnum de D’Odoucet, mas é
impossível de se verificar se a citação pertence a algum dos três volumes. Há uma e
nigmática
alusão ao Livro de Thot em Les oracles sibyllins (p.176): Mlle Lenormand diz que el
a segue par
les dixneuf points du livre de Thot (“pelos dezenove pontos do Livro de Thot”) para
a qual não dá
qualquer explicação. E, vimos que V.E. Jouy, descrevendo negativamente suas atuaçõe
s
negativamente, alude às “habilidosas combinações de Etteilla”. Mas isso é, provavel
mente,
alguma confusão feita pelo escritor.
O nome de Mlle Lenormand também está ligado a um baralho cartomântico especialmente
projetado, o Grand Jeu de Mlle Lenormand, ainda editado pela Grimaud, a principal p
rodutora de
cartas. Baseado num baralho de 52 cartas, ele inclui duas cartas extras representan
do um
homem e uma mulher, significadores dos consulentes. Como Prof. Detlef Hoffmann obse
rvou, as
cartas não seguem nenhum sistema identificável, sendo assim, “um dos complicados ba
ralhos
divinatórios”. Cada uma das 52 cartas mostra uma cena central (“grand sujet”) cerca
do por
símbolos diferentes. No canto superior esquerdo, há uma miniatura de uma carta norm
al, no
canto direito superior, uma letra aparece com um tema geomântico abaixo; entre eles
há uma
constelação celeste. Na parte esquerda inferior duas figuras são separadas por uma
flor.
O Grand Jeu Lenormand
Cartas do "Grand Jeu", mais um jogo associado à cartomante Lenormand
Ilustração e legenda adicionadas pelo site Clube do Tarô.
Esse baralho de cartas “astromitológicoherméticas” apareceu pela primeira vez, dois
anos
depois da morte de Lenormand. Era vendido com uma coleção de 5 livros sob o título
genérico
de Grand jeu de sociètè et pratiques secretes de Mlle Lenormand (“O grande jogo da
sociedade e
práticas secretas de Mlle Lenormand”), por Mme la comtesse de.... O editor dá seu e
ndereço –
mas não o seu nome – como 46 rue Vivienne.
O primeiro volume, Explication et application des cartes astromytholhermétiques, av
ec de
nombreux exercices sur les fleurs, les animaux et d’um double dictionnaire de fleur
s
emblématiques, é uma explicação das cartas com muitos exercícios de flores, animais
, cores e
talismãs, junto com um tratado de geomancia e um dicionário de flores emblemáticas.
Sua capa
promete “um baralho de 54 cartas coloridas”. Uma publicidade colocada no fim do ter
ceiro
volume diz que as cartas foram impressas em litografia colorida por Engelmann e Gra
f, a célebre
companhia que introduziu a litografia na França e foi pioneira na sua aplicação com
cores, da
qual esse livro está entre seus primeiros exemplares.
A coleção continua com a parte 2: Astrologie ancienne et moderne contenant toutes l
es tables
nécessaires pour dresser toutes sortes de thème, en quel lieu et pour quel que ce s
oit; suivi d’um
traté des nombres cabalistiques (“Astrologia antiga e moderna contendo todas as tab
elas
necessárias para desenhar todos os tipos de mapas em qualquer lugar, para qualquer
um,
seguida de um tratado sobre números cabalísticos”). Parte 3: Traité complet de chir
omancie
ancienne et moderne; suivi d’um petit traité de physiognomonie et craniologie, d’ap
rés Lavater et
Gall (“Tratado completo de quiramancia antiga e moderna; seguido por um pequeno tra
tado sob
fisiognomonia e craniologia, segundo Lavater e Gall”), publicado atualmente “au dép
ôt du Grand
jeu de société”. Parte 4: Le jeu de la fortune, ou response des dieux, déesses, dem
idieux et
héros de l’antiquité aux questions qui leur sont adressées sur les destinées humain
es (“O jogo da
sorte ou resposta dos deuses, deusas, semideuses e heróis da antiguidade para quest
ões às
quais são perguntados sobre destinos humanos”). Parte 5: Les oracles de douze sibyl
les, ou
solutions par les nombres aux questions proposées (“Oráculos das doze sibilas, ou s
oluções para
perguntas propostas por números”), todos publicados em 1845.
Essa “obra imensa”, “bem escrita e arranjada”, é, supostamente para ser colecionada
pela
“femme d’esprit”, de quem o nome deve permanecer oculto. As explicações das cartas
são vagas
reminiscências do Petit Etteilla, mas atribuem vários significados para diferentes
assuntos. Em
qualquer caso, eles não correspondem à menor alusão encontrada nos escritos de Mlle
Lenormand. Além disso, é claro que ela usava um baralho de 32 cartas. Os volumes se
guintes
trazem indícios óbvios de uma obra apócrifa: nem seu estilo nem sua terminologia te
m qualquer
relação com qualquer tema de Mlle Lenormand. O volume 1 foi reeditado por Breteau e
m 1865.
Era vendido com a nova edição das cartas “astromitológicasheméticas”, impressas em
litografia
de crayon por Bertatus e coloridas à mão.
O Grand jeu de Mlle Lenormand fez surgir uma cópia adiantada: por volta de 1850 a e
ditora de J.
F. Aug. Reiff publicou um baralho de 55 cartas cujos títulos das cartas têm a marca
Wahsage
Karten der berühmten Mlle Lenormand (“Cartas divinatórias de Mlle Lenormand”). As c
artas são
arranjadas de forma diferente: a cena central está na parte inferior da carta e fig
uras pequenas
aparecem no centro. As constelações foram omitidas.
Baralhos mais recentes surgiram por volta de 1850 sob o nome de “Petit Lenormand”.
Sua
composição de 36 cartas aponta para países germânicos ao invés da França, onde tal
composição não era usual desde o século XVII; sua iconografia simples não tem nada
a ver com
o “Grand jeu de Mlle Lenormand” nem com os métodos de leitura de cartas próprios de
Mlle
Lenormand. As miniaturas de cartas que, por vezes, substituem as marcas francesas n
a parte
central superiora, mostram padrões de naipes típicos da Alemanha e França. Cada car
te tem
somente um símbolo: um anel, um navio, um coração etc. Fabricantes de carta alemães
,
austríacos e, até mesmo, belgas e suíços fabricavam e ainda fabricam esses “Petit L
enormands”.
Incrivelmente, esse tipo de cartas nunca foi produzido na França.
Jogo de Kaspar
Cartas do "Jogo da Esperança" de J. Kaspar Hechtel, impressas em Nuremberg,
no final do séc. XVII. Todas as ilustrações do posterior "Petit Lenormand"
já estão presentes neste jogo: o Cavaleiro, o Navio, a Casa, o Urso, o Anel, etc.
Veja mais detalhes em O Jogo da Esperança, um jogo que virou oráculo
Ilustração e legenda adicionadas pelo site Clube do Tarô. Fonte : www.lenormand-
museum.de.
Detlef Hoffman mostrou que seu protótipo pode ter, claramente, vindo de um lindo ba
ralho de
cartas peculiares chamado Das Spiel der Hofnung Le jeu de l’esperance (“O jogo da
esperança”), publicado por volta de 1800 por G.P.J. Bieling de Nuremberg. Surpreend
entemente,
ele não é um baralho divinatório, mas um jogo de tabuleiro! O folheto que o acompan
ha [Das
Spiel der Hofnung (sic), mit einer neuen Figurenkarten von 36 illum. Blättern. Zwit
e verbesserte
Auflage], ex. O jogo da esperança, com novas cartas ilustradas (feitas) de 36 ilumi
nuras. A
segunda edição, ampliada, descreve as regras: as cartas devem ser arranjadas para f
ormar um
quadrado de 36x36 em ordem numérica. Dois dados são usados e cada jogador move seu
peão
de acordo com os dados até a trigésima sexta carta. Como nos jogos de tabuleiro, há
casas que
de sorte e azar. Todavia, nas últimas linhas do texto dizem que “com as mesmas cart
as podese
fazer um divertido jogo de adivinhação”. É um sistema simples de pergunta/resposta
usando
somente 32 cartas dispostas em 8 fileiras de 4 cartas. As cartas são gravadas e bel
amente
coloridas à mão. Cada uma possui duas cartas em miniatura: uma de naipes alemães
conhecidos como “padrão Ansbach” e o a outra do assim chamado “padrão bávaro-
parisiense”
(naipes franceses). Os símbolos e números são os mesmos nos baralhos posteriores.
* * *
No final, a carreira de Mlle Lenormand provou ser muito bemsucedida. Seu moderno se
nso de
publicidade e seu uso da mídia do momento – livros circunstanciais, artigos da impr
ensa, mesmo
os adversos, sem falar da grandiosidade de seu funeral – concederamlhe fama univers
al. A
única coisa que lhe interessava era deixar seu nome para posteridade. Nenhuma teori
a ou
mensagem. Ela não criou ou inspirou a criação de qualquer baralho de cartas divinat
órias.
Escreveu muitos livros, porém, todos focados em suas visões e encontros históricos.
Ela mal
sabia o que era o tarô e nunca mencionou Court de Gebelin, Etteilla ou seus seguido
res. Mas os
anos não eclipsaram seu nome: ela permanece a maior cartomante de todos os tempos.
Contato com o tradutor:
Alexsander Lepletier: www.lenormando.blogspot.com
Informações retiradas do website: http://www.clubedotaro.com.br/
Os Naipes
Os Naipes ajudam a complementar sua leitura, então é importante, utilizá-los, nesse
tópico,
estaremos abordando o significado e as palavras chaves de cada Naipe, é importante
que o
Oraculista, esteja sempre pesquisando e estudando sobre os naipes, afim de estar
aumentando
seu vocabulário e palavras chaves, trazendo consigo, mais informações para trazer
ao seu
consulente, uma tiragem mais precisa.
Paus: Fogo - Criatividade, agir, espiritual, energia, força, Animo, inspiração, Pai
(gerador)
Ouros : Terra - TUDO que for material, realização, esforço, estudo, inteligência e
prática.
A corte
Rainha de ouros - afetiva porém muito prática e pés firmes no chão, Autoritária,
independente,
materialista
Valete de espadas - falta de experiencia mas sabe se comunicar muito bem, tem bom
jogo de
cintura, sabe usar as palavras
Espadas
ÁS- Desenvolvimento progressivo, inteligência, coragem, precisão e clareza
Paus
8- preguiça, nova fase, novo ciclo, boa energia porem precisa vencer seu abatimento
e
passividade mental.
10- força de vontade, saber defender tudo aquilo que você conquistou, descontrole,
opressão,
disfarce, alto controle.
Ouros
ÁS- Saber expressar tudo aquilo que você quer de maneira espontânea, equilíbrio,
exito, felicidade,
vitalidade, cuidado com o orgulho e ego
8- portas se abriram, a fim de ter o inicio de um novo ciclo (em todos os sentidos
seja negativo
ou positivo), saber os seus caminhos
Copas
ÁS- Realização, saber olhar intimamente seu interior, alegria
6- meditar sobre o que está lhe ocorrendo, tomar medidas, não olhar para trás.
7- força, hora de criar suas raízes, colha seus frutos, saber que o que você
cultivou pode ser
repassado
10- Ser fiel a si mesmo, relações (em todos os sentido) feliz e harmonioso.
Significado das cartas e suas palavras chaves
É muito importante que o oraculista entenda o significado de cada carta, de seus
símbolos, e
esteja sempre ampliando suas palavras chaves (que podem variar de acordo com a
escola
aprendida de cada tutor), as palavras chaves e significados aqui atribuídos, foram
descritos pelas
minhas guias espirituais, Pomba Gira Rainha Cigana da estrada e Cigana Esmeralda.
Palavras Chaves: estabilidade, segurança, uma casa real, seu corpo/Sua mente
5- Árvore - tem raízes fortes, e pode gerar frutos, aprenda a ver na arvore as
qualidades de força
e geração de fruto que pode ser o que você procura, ou tudo aquilo que você gera
dentro e fora de
você. (tem relação com saúde, e o ciclo que a vida anda)
7- A serpente - Sabedoria, saiba agir na surdina, espreitar, também pode ser sinal
de falsidade,
mas é mais voltado a falsidade de "falsos" boatos. A serpente também é relacionada
a uma
figura feminina. uma pessoa venenosa. A serpente é associada a sabedoria, pois a
serpente
troca de pele uma vez por ano, isso renova o seu ser, o que as vezes precisamos
fazer.
10 - A foice - Corte brusco, o fim de uma colheita, pois você colhe aquilo que
plantou. Fim de
relações, saiba ver o lado positivo dessa carta, pois todo fim da colheita, vem
para que novas
sementes e raízes sejam plantas, firmadas e crescidas.
Palavras chave: Disputa, sofrer por uma situação que já se conformou, conformismo,
sofrimento,
algo não dará certo
12- Pássaros- saiba ser livre, saiba que não se deve aprisionar ninguém, saiba
conviver em
grupo, e saber que as pessoas vem e vão por, desacordos por algum motivo, saiba
crescer com a
liberdade, mas acima de tudo, saiba que não se pode aprisionar, nada, e que você é
responsável
pelos seus atos.
14- Raposa - Seja esperto, saiba ser inteligente e astuto como uma raposa. Cuidado
com pessoas
que abusam da esperteza para criar situações favoráveis a si.
16- As estrelas - Espiritualidade, saiba ouvir aquelas "voz" que fala ao seu
coração, tenha
mais fé nas situações e em você mesmo. Acredite mais em você. Seus sonhos podem ser
realizar
18- Cão - Fidelidade, saiba ser fiel a ti mesmo, e aos outros, levar a vida com
leveza e alegria,
crer e ter amizades solidas e sinceras. Mas Tome cuidado com o amor exacerbado, não
torne-se
cego de amor.
Palavras chave: amizade, fidelidade (em todos os aspectos)
Palavras chave: publico, grupos, reuniões, saber conversar com outras pessoas
21- A Montanha - Saiba ver se os problemas que você tem enfrentado não é de sua
própria
origem, veja se você não se tornou a montanha que não deixa você sair do lugar que
coloca
obstáculos a sua própria frente para lhe desanimar, saiba reconhecer que você
também erra, e que
nem sempre os outros são responsáveis por aquilo que você traça. Por outro lado, a
montanha
pode representar um grande obstáculo, e até mesmo pessoas que lhe atrapalham o
caminho.
Palavras chave: tomar uma decisão, procurar novas possibilidades, decidir por si.
25- O Anel- alianças podem ser formadas, o circulo representa o infinito, seja em
um
relacionamento ou em negócios Boa oportunidade surgindo.
29- A mulher (A Dama) - Pode ser uma mulher (mãe/esposa/amiga etc). Ligado a
energia
feminina, cuidadora/sensível/acolhedora etc
31- O Sol - Alegria, saiba ver sua força, sua luz interior, aquilo que lhe abriga.
Ao mesmo tempo
que remete ao seu orgulho e vaidade, saiba ver como são suas atitudes, é uma ótima
carta a alto
estima, e planos darem certo. E em seu negativo, remete pessoa orgulhosa, e que
gosta de
passar por cima dos outros.
Palavras chave: segurança, destino em suas mãos, sob seu controle, alto controle,
ser dono de
seu destino
34- peixes - águas tranquilas que te levam a todos os lugares, ou águas turbulentas
que
35- A Ancora - O que te prende em seus caminhos (de forma negativa), o que lhe
atravanca e
não te deixa ir para frente. O que lhe faz sentir seguro e confiante, firme que
nada poderá lhe
derrubar.
36- A cruz - A grande vitória, não importa por quantos maus caminhos tens passado,
a sua
determinação vai vencer tudo. Ninguém carrega fardo tão pesado que não possa
carregar, sua
vitória é garantida, tenha fé.
Imagens do deck:
Luciana Kluki
Faço consultas com Petit Lenormand, via skype, caso tenha interesse, você pode
entrar em contato
comigo, via Facebook : https://www.facebook.com/carrocacigana
Mlle. Lenormand,
A FAMOSA
CARTOMANTE
http://www.britishmuseum.org/research/collection_online/collection_object_details/
collection_ima
ge_gallery.aspx?partid=1&assetid=1494981&objectid=3159788