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Técnicas de Medição

Profa. Fernanda Caroline Jaques

2015
Copyright © UNIASSELVI 2015

Elaboração:
Profa. Fernanda Caroline Jaques

Revisão, Diagramação e Produção:


Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri


UNIASSELVI – Indaial.

389.005
J36t Jaques, Fernanda
Técnicas de medição/ Fernanda Jaques. Indaial :
UNIASSELVI, 2015.

142 p. : il.

ISBN 978-85-7830-936-7

1. Metrologia. I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci.

Impresso por:
Apresentação
Como saber se algo vai bem ou vai mal? Como avaliar se as condições
de trabalho são adequadas? Como podemos propor melhoria sem conhecer
de fato, sem quantificar? São essas e outras perguntas que responderemos ao
longo dos estudos desta disciplina.

A segurança do trabalho é uma ciência prevencionista em sua origem,


e ela busca sempre proporcionar melhorias para que as condições saudáveis
de trabalho sejam mantidas, ou, se necessário, sejam melhoradas.

Entenderemos por que a importância de um caderno de técnicas


de medição; entenderemos qual o objetivo de se medir alguma coisa;
conheceremos as áreas da segurança do trabalho que utilizam as medições
diretas, além dos agentes que são avaliados nas formas qualitativa e
quantitativa.

Ao longo dessa disciplina cada agente será apresentado, um a um,


às normas que são aplicáveis a eles e quais os quesitos mais importantes a
considerar para determinação da exposição ocupacional do trabalhador.

Só com a disseminação do conhecimento é possível melhorar


categoricamente o atendimento a quesitos legais e proporcionar melhores
condições de trabalho aos trabalhadores.

Fernanda Caroline Jaques

III
UNI

Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto


para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há
novidades em nosso material.

Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é


o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura.

O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por
exemplo.

Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente,


apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o
assunto em questão.

Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.

Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de


Desempenho de Estudantes – ENADE.
 
Bons estudos!

IV
V
VI
Sumário
UNIDADE 1 - ENTENDENDO O QUE É MEDIÇÃO.................................................................... 1

TÓPICO 1 - CONCEITO....................................................................................................................... 3
1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................... 3
2 O QUE É MEDIÇÃO E PARA QUE SERVE................................................................................... 3
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 7
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................... 8

TÓPICO 2 - MEDIÇÃO EM SEGURANÇA DO TRABALHO .................................................... 9


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................... 9
2 RISCOS OCUPACIONAIS QUE ENVOLVEM TÉCNICAS DE MEDIÇÃO.......................... 9
3 MEDIR X AVALIAR........................................................................................................................... 12
4 MEDIÇÕES EM HIGIENE OCUPACIONAL............................................................................... 13
4.1 MEDIÇÕES EM ERGONOMIA............................................................................................ 14
RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 15
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................... 16

TÓPICO 3 - AMOSTRAGEM.............................................................................................................. 17
1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................... 17
2 AVALIAÇÃO DO RISCO.................................................................................................................. 17
3 PREPARAÇÃO PRELIMINAR AO PROCESSO DE AVALIAÇÃO.......................................... 19
4 ELABORAÇÃO DO GRUPO HOMOGÊNEO DE EXPOSIÇÃO – GHE................................. 21
5 ESTRATÉGIAS DE AMOSTRAGEM............................................................................................. 22
LEITURA COMPLEMENTAR............................................................................................................. 26
RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 31
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................... 32

TÓPICO 4 - PRIMEIROS PASSOS PARA A AMOSTRAGEM ................................................... 33


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................... 33
2 RESULTADOS DA MEDIÇÃO – LIMITE DE TOLERÂNCIA.................................................. 33
3 PARA QUE SERVEM OS RESULTADOS?.................................................................................... 35
LEITURA COMPLEMENTAR............................................................................................................. 37
RESUMO DO TÓPICO 4..................................................................................................................... 39
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................... 40

UNIDADE 2 - TÉCNICAS DE MEDIÇÃO PARA AGENTES FÍSICOS


E ERGONÔMICOS.................................................................................................... 41

TÓPICO 1 - INTRODUÇÃO À AVALIAÇÃO DOS AGENTES FÍSICOS................................. 43


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................... 43
2 AGENTES FÍSICOS AVALIADOS QUALITATIVAMENTE..................................................... 44
3 AGENTE BIOLÓGICOS.................................................................................................................... 44
3.1 INSALUBRIDADE DE GRAU MÁXIMO......................................................................... 44
3.2 INSALUBRIDADE DE GRAU MÉDIO............................................................................. 45

VII
4 AGENTE UMIDADE.......................................................................................................................... 45
5 AGENTES RADIAÇÕES NÃO IONIZANTES............................................................................. 46
6 AVALIAÇÃO DE RADIAÇÕES IONIZANTES........................................................................... 49
7 AGENTE FRIO.................................................................................................................................... 50
8 AGENTE PRESSÃO HIPERBÁRICA.............................................................................................. 51
9 AGENTE CALOR................................................................................................................................ 52
10 AGENTE RUÍDO.............................................................................................................................. 52
11 AGENTE VIBRAÇÃO...................................................................................................................... 57
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 59
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................... 60

TÓPICO 2 - PRINCIPAIS AGENTES FÍSICOS – CÁLCULO E DETERMINAÇÃO............... 61


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................... 61
2 DETERMINAÇÃO DA VIBRAÇÃO.............................................................................................. 61
3 DETERMINAÇÃO DO RUÍDO....................................................................................................... 64
4 DETERMINAÇÃO DO CALOR...................................................................................................... 69
RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 75
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................... 76

TÓPICO 3 - AVALIAÇÃO DOS AGENTES ERGONÔMICOS.................................................... 77


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................... 77
2 ILUMINAMENTO.............................................................................................................................. 77
3 DINAMOMETRIA............................................................................................................................. 79
4 CONDIÇÕES GERAIS DE CONFORTO....................................................................................... 80
LEITURA COMPLEMENTAR............................................................................................................. 82
RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 95
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................... 96

UNIDADE 3 - TÉCNICAS DE MEDIÇÃO PARA AGENTES QUÍMICOS............................... 97

TÓPICO 1 - AGENTES QUÍMICOS.................................................................................................. 99


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................... 99
2 INTRODUÇÃO AOS AGENTES QUÍMICOS............................................................................. 99
3 AERODISPERSOIDES OU AEROSSÓIS...................................................................................... 104
4 GASES E VAPORES........................................................................................................................... 106
5 SOLVENTES ORGÂNICOS............................................................................................................. 106
LEITURA COMPLEMENTAR............................................................................................................. 107
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 114
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................... 115

TÓPICO 2 - AMOSTRAGEM DE AGENTES QUÍMICOS........................................................... 117


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................... 117
2 TIPOS DE AMOSTRAGEM............................................................................................................. 117
3 TIPOS DE MONITORAMENTO.................................................................................................... 118
3.1 INSTRUMENTAÇÃO............................................................................................................... 118
3.2 DESCRIÇÃO DOS MÉTODOS DE AMOSTRAGEM.................................................... 121
3.3 CÁLCULO DA VAZÃO........................................................................................................... 122
3.3.1 O Cálculo da vazão............................................................................................................... 122
4 MÉTODOS E AMOSTRADORES................................................................................................... 123
4.1 AMOSTRAGEM POR TUBOS (GASES E VAPORES).................................................. 123
4.2 AMOSTRAGEM POR TUBOS COLORIMÉTRICOS (DIRETA)........................................... 124

VIII
4.3 AMOSTRAGEM POR BORBULHADOR OU IMPINGER (GASES E VAPORES)............ 124
4.4 AMOSTRAGEM POR ESPECTOMETRIA DE INFRAVERMELHO (DIRETA)................ 124
4.5 AMOSTRAGEM POR MONITORES PASSIVOS.................................................................... 125
4.6 AMOSTRAGEM DE AERODISPERSOIDES............................................................................ 125
LEITURA COMPLEMENTAR............................................................................................................. 130
RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 139
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................... 140
REFERÊNCIAS....................................................................................................................................... 141

IX
X
UNIDADE 1

ENTENDENDO O QUE É MEDIÇÃO

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Ao final desta unidade você será capaz de:

• entender a importância de se medir para poder avaliar, interpretando re-


sultados posteriores;

• monitorar e controlar todas as exposições aos riscos ambientais;

• identificar e controlar as exposições agudas a agentes ambientais;

• realizar as medições ou ser capaz de contratar serviços especializados com


critério, dentro das metodologias e padrões existentes;

• propor melhorias quando evidenciado que os resultados de uma medição


são superiores ao tolerável;

• não só medir, mas avaliar ambientes e situações do trabalho em ergonomia


e em higiene ocupacional.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em quatro tópicos, e ao final de cada
um deles você encontrará atividades que servirão de apoio para seu
conhecimento.

TÓPICO 1 - CONCEITO

TÓPICO 2 - MEDIÇÃO EM SEGURANÇA DO TRABALHO

TÓPICO 3 – AMOSTRAGEM

TÓPICO 4 - PRIMEIROS PASSOS PARA A AMOSTRAGEM

1
2
UNIDADE 1
TÓPICO 1

CONCEITO

1 INTRODUÇÃO
Antes de sair medindo tudo por aí e aplicando todas as técnicas a serem
utilizadas na segurança do trabalho, é importante entender um pouco sobre a
medição. Pode parecer um pouco conteúdo de Ensino Médio, ou - desculpe aos
mais novos - conteúdo de Ensino Fundamental, mas ter a base é essencial.

Entender o que é uma medição, o que é uma avaliação, para que elas
servem e conhecer as unidades de medida fará com que você, acadêmico, lá na
frente, na hora de interpretar os dados, consiga ter uma linha de raciocínio concisa
e que te ajudará a visualizar além dos resultados, para que você avalie e busque
alternativas para o que necessita de melhoria e, assim, isso tudo possibilite um
ambiente de trabalho mais sadio ao trabalhador.

2 O QUE É MEDIÇÃO E PARA QUE SERVE


Vamos iniciar então com o entendimento do que é medição. Você saberia
explicar o que é medição? Não? Você responderia: “É ir lá e medir...” Bom, quase
isso, mas por que essa necessidade e para que serve?

Medição é uma maneira que foi encontrada para determinarmos um valor


numérico para a característica de um objeto, uma situação ou um evento. É um
método que atribuí uma graduação ao que primeiro classificamos qualitativamente
e que passamos a necessitar qualificar numericamente. Um exemplo bem rotineiro:
quando dizemos que João engordou, estamos de certa forma comparando ele com
uma referência anterior da qual se tinha lembrança, mas para sabermos o quanto
João engordou é necessária uma medição. Então, João pesava anteriormente 70
quilos, e agora está pesando 90 quilos. Para determinarmos isso foi necessária
uma medição, no caso, uma pesagem. Poderíamos utilizar outro tipo de
medição, ou unidade de medida, para este mesmo caso, onde, por exemplo, em
vez de concluirmos que João engordou através do peso, iremos medir a largura
abdominal do João, que antes era de 98 centímetros e agora é de 125 centímetros.

3
UNIDADE 1 | ENTENDENDO O QUE É MEDIÇÃO

FIGURA 1 – ILUSTRAÇÃO DE FITA MÉTRICA

FONTE: Disponível em: <https://pixabay.com/pt/fita-m%C3%A-


9trica-medi%C3%A7%C3%A3o-polegadas-29455/>. Acesso em: 19
ago. 2015.

Entenda, sem uma medição é impossível graduarmos e fica difícil


determinarmos qual foi a melhoria atingida ou mesmo o quanto houve de perda,
ou seja, a medição foi criada para facilitar, principalmente, comparações entre
objetos e eventos, sendo um processo fundamental em todas as ciências.

Para medir é necessária a existência e definição das unidades de medida,


como no exemplo dado anteriormente, onde citamos duas: os quilos e os
centímetros. Dependendo do que se vai medir, escolhe-se a unidade de medida
mais adequada.

NOTA

Unidade de medida é um número mínimo que representa uma grandeza física


e serve de padrão.

O ato de medir envolve também a existência de instrumentos de medição


graduados, que fornecem certa precisão no que está sendo avaliado. Seguem
alguns exemplos de eventos que são constantemente medidos e suas respectivas
unidades de medida:

4
TÓPICO 1 | CONCEITO

QUADRO 1 – EXEMPLOS DE UNIDADES DE MEDIDA

Eventos Unidades
Área Metro quadrado, quilômetro quadrado, are, hectare etc.
Capacidade Barril, galão, saca etc.
Comprimento Metros e seus múltiplos, pé, jarda, légua, milha etc.
Densidade Quilograma por metro cúbico, quilograma por litro etc.
Energia Caloria, quilowatt hora, frigoria etc.
Força Newton, quilograma força, poundal.
Massa Grama, quilo, arroba, quilate etc.
Potência Watt e quilowatt.
Pressão Pascal, psi, atm, bar, mca (metro da coluna d’água)
Temperatura Grau Celsius, Grau Fahrenheit, Kelvin etc.
Tempo Ano, minuto, hora, segundos, era, séculos etc.
Vazão Metros cúbicos por segundo (m³/s); Litros por segundo (L/s)
Velocidade Metros por segundo, rotações por minuto etc.
Volume Litros, metros cúbicos etc.
Som Decibel. A frequência do som é medida em hertz.
Eletricidade Volt, Ampere, Ohm
FONTE: O autor

Algumas dessas unidades de medida são mais comumente usadas nas


medições ocupacionais, são elas:

• Área: É o espaço em superfície bidimensional, ou seja, comprimento vezes a


largura. Na segurança do trabalho utiliza-se para representação em croquis
do ambiente de trabalho, formação do volume (tridimensional), entre outros.
Onde a principal representação é em metros quadrados (m²).

• Comprimento: Dado em metros e seus múltiplos e submúltiplos, é comum nas


descrições de campo e do ambiente aparecer constante na informação de pé
direito (comprimento – altura: do chão ao teto), ou trazendo distâncias.

• Pressão: Mede a ação de um tipo de força sobre um determinado espaço, podendo


este ser líquido, gasoso ou mesmo sólido. A pressão pode ser favorável ou
desfavorável para o homem. Na segurança do trabalho estudamos as condições
anômalas do ambiente, como a pressão da água nas profundezas do oceano
(condição hiperbárica) em um trabalho de um mergulhador, por exemplo,
ou o trabalho de um piloto de helicóptero em altitude (condição hipobárica).
Também utilizamos muito o controle da pressão de determinado gás ou fluido,
por exemplo, em vasos de pressão ou recipientes de armazenamento, onde a
pressão é acompanhada através de um manômetro.

5
UNIDADE 1 | ENTENDENDO O QUE É MEDIÇÃO

• Velocidade: Utilizada dentro da avaliação de vibração ocupacional, é o


movimento de um ponto oscilando em torno de um ponto de referência. Na
higiene ocupacional medimos a aceleração, dada em metros por segundo ao
quadrado (m/s2). O número de vezes que ocorre o movimento completo em
determinado tempo também pode aparecer através da unidade de frequência,
em geral indicada em hertz (Hz).

• Som: É uma  onda longitudinal, resultante de compressão  mecânica  ou  onda


mecânica; que se propaga de forma circuncêntrica, apenas em sólidos, líquidos ou
gasosos. Possui uma  velocidade  de  oscilação  ou  frequência que se mede
em hertz (Hz) e uma amplitude ou energia que se mede em decibéis.

• Volume: O  volume  de um corpo, uma substância química, gás, vapor é a


quantidade de espaço ocupada por este. Volume tem unidades de tamanho
cúbicos (por exemplo, cm³, m³, etc.); ou seja, muito usado na mensuração de
concentração do agente no ambiente.

• Vazão: É um volume de um fluido específico que passa por uma determinada


seção de um conduto livre ou forçado por uma unidade de tempo. Utilizada na
amostragem de agentes químicos, a vazão consiste no fluxo de entrada de ar
que é definido por método determinado, para a quantificação da concentração
da substância química no ambiente que entra em contato com a via respiratória
do trabalhador.

Lê-se vazão pela seguinte fórmula:


Q = v.a
Onde a = área (m²) e v é a velocidade de escoamento (m/s), resultando em
Q vazão, dada em m³/s.

Muitas unidades de medida são usadas direta e indiretamente em todas as


áreas, inclusive na segurança do trabalho. Não se preocupe, acadêmico, se algum
termo apresentado ainda não fizer muito sentido para você, pois vamos explorar
melhor a aplicação destas unidades de medida ao longo do caderno de estudos.
Esta foi apenas uma pincelada do que ainda iremos estudar.

6
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico você viu que:

• Medição  é uma maneira que foi encontrada para determinarmos um valor


numérico para a característica de um objeto, uma situação ou um evento.

• Sem uma medição é impossível graduarmos e fica difícil determinarmos qual


foi a melhoria atingida ou mesmo o quanto houve de perda.

• Unidade de medida é um número mínimo que representa uma grandeza física


e serve de padrão.

• Para a realização de medições é necessária a escolha dos equipamentos/


instrumentos certos.

7
AUTOATIVIDADE

1 Ligue as unidades de medidas ao evento correto:

• Pascal • Temperatura

• Decibel • Metabolismo

• Metros quadrados • Força

• RPM • Ruído

• Newton • Área

• Graus Celsius • Vibração

• Caloria • Pressão

2 Para que são feitas as medições em segurança do trabalho?

3 O que você entendeu por unidade de medida?

8
UNIDADE 1
TÓPICO 2

MEDIÇÃO EM SEGURANÇA DO TRABALHO

1 INTRODUÇÃO
Agora, acadêmico, você saberia dizer qual unidade de medida é mais usada
na área da segurança do trabalho? Você tem ideia do que é medido em segurança
do trabalho? Para isso, temos que relembrar assuntos importantes como os riscos
ocupacionais, higiene ocupacional, insalubridade, ergonomia. Você deve tê-los
conhecido melhor quando estudou os fundamentos da segurança do trabalho, as
matérias importantes que são a base do seu curso.

Neste tópico faremos uma iniciação da importância e necessidade da


disciplina.

2 RISCOS OCUPACIONAIS QUE ENVOLVEM


TÉCNICAS DE MEDIÇÃO
Os riscos ocupacionais são resultado da exposição do trabalhador
aos perigos existentes na atividade laboral. E você lembra quais são os riscos
ocupacionais? Não lembrou? Vamos lá!

Os riscos ocupacionais são divididos de acordo com seu tipo, são cinco:

• Riscos Físicos: são decorrentes de uma exposição do trabalhador a algum tipo


de energia.

• Riscos Químicos: são decorrentes da exposição do trabalhador a algum tipo de


produto químico.

• Riscos Biológicos: são decorrentes de uma exposição do trabalhador durante o


período de trabalho a uma quantidade significativa de agentes biológicos.

• Riscos de Acidente: estes são decorrentes de uma má condução, de um descuido,


de uma imprudência ou de negligência durante o exercício do trabalho.

• Riscos Ergonômicos: são os riscos decorrentes da maneira como o trabalhador


interage com máquinas, equipamentos, mobiliários; são os riscos que
proporcionam inicialmente desconforto ao trabalhador e que podem se agravar
a problemas de saúde, normalmente doenças do tipo osteomusculares.
9
UNIDADE 1 | ENTENDENDO O QUE É MEDIÇÃO

NOTA

Você deve tê-los conhecido melhor quando estudou sobre a CIPA – Comissão
Interna de Prevenção de Acidentes, que é responsável por realizar o Mapa de Riscos
Ambientais das empresas.

É importante entender os riscos, para entender quais deles envolvem


quantificações através de uso de equipamentos.

Na verdade, nem todos estes riscos possuem agentes que são passíveis
de uma medição. Por exemplo, o risco de acidente é um risco que envolve mais a
probabilidade, ou seja, a chance de uma lesão acontecer com o trabalhador. Não
é possível medir de forma direta, apenas pode-se trabalhar eles estatisticamente,
ou melhor, eles não possuem uma energia quantificável, ou uma característica -
química, física ou biológica - envolvida de forma direta.

FIGURA 2 – PLACA COM ESTATÍSTICAS DE ACIDENTE DE TRABALHO EM CAN-


TEIRO DE OBRA

FONTE: Disponível em: <http://www.towbar.com.br/loja/MaisProduto.as-


p?im=n&Produto=4210>. Acesso em: 2 set. 2015.

Por isso, o foco das medições visa apenas explorar os agentes passíveis
de quantificação, que podem ser mensurados através de unidades de medida.
Vamos explorar bastante os agentes físicos, químicos, alguns ergonômicos e dar
uma leve pincelada nos agentes biológicos.

Os agentes químicos para segurança do trabalho, mais precisamente para


a higiene ocupacional, tratam-se dos contaminantes presentes nos processos
de trabalho, onde, dependendo do processo, estão espalhados no ar, em forma
de gases, vapores, poeiras ou fumos, em diferentes concentrações no ambiente.

10
TÓPICO 2 | MEDIÇÃO EM SEGURANÇA DO TRABALHO

São essas concentrações que são alvo dos diferentes métodos de medição e
avaliação. Por exemplo, em uma marmoraria sabe-se que o lixador de mármore
está exposto à poeira com um agente químico prejudicial à saúde em determinada
concentração, conhecido como sílica livre cristalizada. Ao mensurarmos o quanto
da concentração desse agente tem no ambiente e qual o tempo de exposição do
trabalhador enquanto executa a atividade de lixar, poderemos concluir se este
agente prejudicial, no caso a sílica, está em quantidade superior permitida ao
que as normas e legislação pertinentes determinam, e se pode ou não fazer mal à
saúde do trabalhador.

ATENCAO

Higiene Ocupacional é a ciência que estuda os riscos ambientais do trabalho,


riscos físicos, químicos e biológicos. A Higiene Ocupacional não trata de riscos ergonômicos,
riscos de poluição, de meio ambiente, situações, acidentes, riscos mecânicos. A Higiene
Ocupacional também é conhecida por Higiene do Trabalho e Higiene Industrial, expressão
comum nos países norte-americanos.

Os agentes físicos que também são estudados pela higiene ocupacional e


ainda pela ergonomia são energias oriundas de uma fonte na qual o trabalhador
interage de forma habitual em seu ambiente de trabalho, como, por exemplo, o
agente calor. Quando um forjeiro trabalha criando ferramentas em ferro e retira
aquelas peças do forno, ele está exposto ao calor excessivo, que, se for demasiado,
pode provocar desidratação e até a morte. Portanto, é importante conhecermos a
temperatura à qual ele está exposto e qual o nível de desgaste energético que ele
sofre durante a execução da tarefa, para que não estejamos submetendo-o a uma
condição insalubre.

Da mesma forma acontece com os agentes biológicos estudados na


higiene ocupacional, estes são micro-organismos patogênicos que em grandes
quantidades podem trazer doenças a quem tem contato ou mesmo frequenta o
ambiente contaminado.

E
IMPORTANT

A insalubridade é caracterizada no caso de o trabalhador ficar em contato com


agentes nocivos à saúde durante a sua jornada, seja pela natureza, intensidade ou tempo de
exposição a esses agentes, acima dos limites tolerados.

11
UNIDADE 1 | ENTENDENDO O QUE É MEDIÇÃO

Percebe-se que todos os agentes mencionados anteriormente se encaixam


perfeitamente na ideia de medição, ou seja, é necessário saber o quanto desses
agentes há no ambiente de trabalho, para que se possa concluir se estes podem
ou não ser prejudiciais, e, se sim, deve-se procurar caminhos para que estes sejam
reduzidos quanto à sua quantidade/intensidade, ou mesmo outras medidas,
como diminuir a exposição do trabalhador à situação insalubre existente.

3 MEDIR X AVALIAR
Ao pensarmos em medição, na verdade estamos nos referindo a apenas
uma parte de um processo maior, o de uma avaliação. A medição faz parte do
diagnóstico, enquanto avaliar vai mais além, de certa forma é ter o diagnóstico e
concluir sobre ele. “Medir não é avaliar”.

Acontece que um processo de avaliação de um risco parte, primeiramente,


de uma antecipação, reconhecimento, assim como preconiza a NR-9 – Programa
de Prevenção de Riscos Ambientais - Portaria MTE nº 3.214, de 8 de junho de
1978, uma avaliação qualitativa. Já a avaliação quantitativa é mensurar (medir)
alguns agentes para se controlar, significa que a avaliação do risco deixa de ser
subjetiva e passa a ser certa, saindo do qualitativo, tornando-se quantitativa e
permitindo-se ser ainda mais conclusiva.

“Avaliar [...] deve ser julgar, apreciar tecnicamente. Significa aprender


e entender, avaliando no sentido amplo, ou seja, emitindo um julgamento
profissional sobre a exposição do trabalhador” (SESI, p. 24, 2007).

Saiba que existem milhares de técnicas para se realizar as medições


quantitativas, porém é impossível falar de todas, sendo assim, serão abordadas
ao longo deste tópico as mais utilizadas.

Alguns aspectos importantes da avaliação:

• Ajuda empresários a provar que estão conformes.

• Pode contribuir para os fiscais provarem que a empresa não está conforme.

Em algumas vezes faz-se necessário avaliar de forma apenas qualitativa


e utilizar do julgamento profissional. Porém, devemos estabelecer alguns
critérios: “[...] o julgamento profissional pode permitir inferências concernentes
às concentrações de exposição das partes do período que não foram amostradas.
Um conhecimento confiável concernente à operação/processos é necessário para
fazer este julgamento” (NIOSH – ABHO, 2015).

12
TÓPICO 2 | MEDIÇÃO EM SEGURANÇA DO TRABALHO

4 MEDIÇÕES EM HIGIENE OCUPACIONAL


Como já foi dito anteriormente, no Brasil a higiene ocupacional é
representada, ou melhor, foi inserida dentro das empresas através do PPRA -
Programa de Prevenção de Riscos Ambientais, onde a higiene ocupacional é a
ciência que trata dos riscos químicos, físicos e biológicos.

A higiene ocupacional busca ANTECIPAR, RECONHECER, AVALIAR


(o que passa pelo processo de medir) e CONTROLAR a exposição aos riscos
ambientais, a fim de preservar a saúde do trabalhador e o não surgimento de
doenças ocupacionais no meio de trabalho.

As medições quantitativas entram na terceira etapa do PPRA, na etapa


de AVALIAÇÃO. Na verdade, um programa adequado de higiene ocupacional
não só produz conformidade legal perante o PPRA, como também o excede,
no sentido de que vai muito mais além de etapas; e sim, ele pode acarretar em
significativa melhoria aos trabalhadores.

E
IMPORTANT

As etapas do PPRA são:


• Antecipar
• Reconhecer
• Avaliar
• Controlar

Para detalhamento das unidades de medidas e limites de tolerância


em higiene ocupacional a norma de referência no Brasil é a NR-15 - Atividades
e Operações Insalubres, Portaria nº 3.214, de 8 de junho de 1978. Nela são
encontrados os critérios comparativos que devem ser utilizados para que, ao se
obter os resultados das medições, seja possível estabelecer se aquela é uma situação
de insalubridade ou não. Ela estabelece ainda, para alguns agentes, os cálculos que
devem ser seguidos para o alcance do resultado do agente que está sendo avaliado.

No Brasil ainda temos as Normas de Higiene Ocupacional, as NHOs,


elaboradas pela Fundacentro. Estas, de ordem propriamente técnica, demonstram
os métodos para a realização de avaliações quantitativas em higiene. Temos ainda
as normas internacionais da NIOSH – National Institute of Occupational Safety
and Health; as diretivas europeias, e algumas ISO - International Organization
for Standardization, que também oferecem técnicas e parâmetros referentes a
avaliações de inúmeros agentes.

Para o agente calor utiliza-se, por exemplo, um termômetro de Índice de


Bulbo Úmido Termômetro de Globo. Para medição do ruído, audiodosimetria ou
também decibelimetria. Para químicos a quantificação se dá em ppm, ou em mg/m³.
13
UNIDADE 1 | ENTENDENDO O QUE É MEDIÇÃO

4.1 MEDIÇÕES EM ERGONOMIA


As medições em ergonomia são realizadas para precisar de forma
científica a situação dos postos de trabalho. Por exemplo: quando um
trabalhador exerce grande esforço com a coluna vertebral, a intensidade
do esforço é quantificada. Alguns aparelhos servem para mensurar a força
realizada na tarefa. A quantificação pode mensurar ainda a luminosidade
existente, o ruído na faixa do conforto acústico e a velocidade do ar, a
temperatura, entre outros.

FONTE: Adaptado de <http://trabalhosaudeseguranca.blogspot.com.br/2009/12/gestao-em-er-


gonomia-industrial.html>. Acesso em: 2 nov. 2015.

FIGURA 3 – DINAMÔMETRO

FONTE: Disponível em: <http://fisicasemneura.blogspot.com.br/2011/05/dinamo-


metro-o-que-e-para-que-serve-quem.html>. Acesso em: 2 novt. 2015.

Os instrumentos científicos que podem quantificar o trabalho dos


funcionários são instrumentos de conhecimento técnico, em que se têm valores
quantitativos:

• Eletromiografia de superfície.

• Dinamometria.

• Metabolimetria ou Medida do Dispêndio de Energia no Trabalho.

• Determinação do IBUTG (Índice de Bulbo Úmido Termômetro de Globo).

• Decibelimetria.

• etc.

14
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico você viu que:

• Os agentes de risco estão divididos em físicos, químicos, biológicos, ergonômicos


e de acidentes.

• O agente acidente não é foco dos estudos das técnicas de medição.

• Avalia-se os agentes quantitativamente para verificar se há uma situação de


exposição insalubre ou mesmo de desconforto extremo ao trabalhador.

• Medir não é avaliar.

• A avaliação de um risco vai além do processo de medição, ou seja, a medição é


apenas uma parte.

• No Brasil, as medições em higiene ocupacional estão contempladas na NR-9 e


NR-15.

• A NR-9 traz as etapas do programa, que são: Antecipar, Reconhecer, Avaliar e


Controlar, onde medir, por sua vez, está inserido dentro da etapa de avaliação.

• NHO são normas técnicas de higiene que tratam especificamente de


metodologias de avaliação dos agentes.

• Na ergonomia a quantificação serve para mensurar a força exercida em algumas


tarefas, a luminosidade existente, o ruído na faixa do conforto acústico e a
velocidade do ar, a temperatura, entre outros.

• Alguns instrumentos de medição em ergonomia são: medidor de pressão sonora;


dinamômetro, Índice de Bulbo Úmido Termômetro de Globo; luxímetro etc.

15
AUTOATIVIDADE

1 Diferencie medir de avaliar.

2 A Higiene Ocupacional estuda quais tipos de risco?

3 Coloque em ordem as etapas da higiene ocupacional.


Avaliar; Controlar; Reconhecer; Antecipar.

4 O que é ergonomia?

5 Assinale quais opções abaixo são riscos ergonômicos:

a) ( ) Baixa luminosidade.
b) ( ) Manuseio de herbicida.
c) ( ) Queda de nível.
d) ( ) Postura inadequada.
e) ( ) Exposição a organismos patogênicos.
f) ( ) Movimento repetitivo.

16
UNIDADE 1
TÓPICO 3

AMOSTRAGEM

1 INTRODUÇÃO
A segurança do trabalho, infelizmente, ainda é uma área de pouco
investimento, área que normalmente é vista como dinheiro jogado fora, dinheiro
sem retorno. Talvez por causa disso, mas não só por isso, há muitos estudos
envolvendo maneiras de aperfeiçoar as avaliações a fim de se ter um resultado
satisfatório e que permita a sugestão de melhorias.

Essa otimização é alcançada pela utilização de uma técnica muito


difundida, a amostragem. Na impossibilidade de avaliarmos todas as exposições
em todos os trabalhadores, são seguidos alguns passos que permitem que se
conheça a realidade de trabalho dos trabalhadores em inúmeras atividades sem
despender grandes investimentos e horas de estudo.

Nesse tópico conheceremos estes passos, o conceito de amostragem, grupo


homogêneo de exposição, e mais algumas técnicas que irão permitir a realização
das medições com o rigor necessário que o processo exige.

2 AVALIAÇÃO DO RISCO
A Avaliação de Risco é um processo que mede os riscos para a
segurança e saúde dos trabalhadores decorrentes dos perigos identificados no
desenvolvimento das atividades. Para se avaliar o risco, o avaliador deve levar
em consideração a diferença das definições de Perigo e Risco, conforme segue:

• Perigo: fonte, situação ou ato com potencial para provocar danos humanos
em termos de lesão ou doença ou uma combinação destas.

• Risco: combinação da probabilidade de ocorrência de um evento perigoso


ou exposição com a gravidade da lesão ou doença que pode ser causada
pelo evento ou exposição.

FONTE: Disponível em: <https://qualidadeonline.files.wordpress.com/2010/12/ohsas-18001.


ppt>. Acesso em: 2 nov. 2015.

17
UNIDADE 1 | ENTENDENDO O QUE É MEDIÇÃO

Para se ter um risco é preciso exposição, não há risco sem exposição, há


apenas perigo sem exposição. Vamos usar um exemplo bem figurativo: o de um
leão, o leão seria um perigo, se ele estiver sozinho. Quando colocamos alguém
perto, existe o risco de esta pessoa ser atacada. Com o leão na jaula, este risco
é diminuído potencialmente. Veja a figura a seguir para clarear um pouco este
conceito que acabamos de ver.

FIGURA 4 – RISCO

Exposição Perigo

Exposição Risco Perigo

FONTE: O autor

Para o levantamento dos perigos e reconhecimento do risco é importante:

• Circular pelo ambiente de trabalho e observar o processo produtivo e as


atividades desenvolvidas pelos trabalhadores, identificando as fontes
geradoras, as possíveis trajetórias e meios de propagação dos agentes
existentes no ambiente de trabalho e que possam causar danos aos
trabalhadores expostos.

• Obter dados existentes na empresa, indicativos de possível comprometimento


da saúde decorrente do trabalho, por meio de consultas de registos de
acidentes de trabalho e de problemas de saúde, CATs, atestados médicos,
registros de faltas relacionadas ao trabalho etc.

• Analisar as operações não rotineiras e intermitentes (por exemplo, operações


de manutenção, alterações nos ciclos de produção, limpeza eventual de
máquinas).

• Avaliar a eficácia das medidas de controle existentes.


FONTE: Disponível em: <https://www.unifei.edu.br/files/arquivos/APOSTILA_Nocoes_de_Higie-
ne_Ocupacional_e_Seguranca_do_Trabalho.pdf>. Acesso em: 2 nov. 2015.

18
TÓPICO 3 | AMOSTRAGEM

Para a fase de reconhecimento do risco e posterior caracterização é


recomendável que a mesma seja acompanhada por uma pessoa da empresa que
tenha conhecimento dos processos. É importante também que os colaboradores
estejam, de alguma forma, envolvidos nesta etapa.

3 PREPARAÇÃO PRELIMINAR AO PROCESSO DE AVALIAÇÃO


O processo de avaliação, levantamento e amostragem envolve uma série
de passos que, se realizados como indicado, tornam a amostragem e a avaliação
assertivas.

Inicia-se todo o processo pelo levantamento, conhecendo a empresa que


se vai avaliar, e para isso é necessário um levantamento preliminar dos dados da
empresa, tais como: quantos setores, cargos, funções, qual a jornada de trabalho,
além de dados convencionais, como: nome fantasia, razão social, código de atividade
econômica principal, ramo de atividade, grau de risco da atividade, endereço,
endereço do ambiente do trabalhador a ser avaliado e número total de funcionários.

Todas essas informações são recolhidas junto à empresa que irá ser
avaliada, e para isso é importante que o responsável forneça todos estes dados de
forma consciente e conjunta.

Outras informações podem ser recolhidas para o enriquecimento do


estudo e também do relatório com os resultados das avaliações que serão geradas.
Por exemplo:

• Organograma (se disponível).

• A atividade da empresa e produtos desenvolvidos pela indústria.

• Fluxograma e descrição do processo produtivo e respectivas atividades e tarefas.

• Descrição das tarefas exercidas de acordo com as funções.

Além de todos estes itens, o profissional que vai a campo realizar a


avaliação ambiental deverá verificar e avaliar também:

a) Documentação da Empresa: o profissional deverá verificar a existência de


documentações que comprovem as ações implantadas na área de segurança e
saúde no trabalho, como:

• Ordens de serviço

• Registro de treinamentos

• Fichas de entrega de EPI

19
UNIDADE 1 | ENTENDENDO O QUE É MEDIÇÃO

• Procedimentos de trabalho

• Avaliações ambientais anteriores que possam auxiliar na elaboração do PPRA.

E deverá ainda avaliar se estas documentações estão adequadas aos


critérios legais.

b) Instalações da empresa: deverá tomar nota das instalações da empresa,


caracterizando o ambiente de trabalho, como: arranjo físico, ventilação,
iluminação, metragens da área física, condições gerais de higiene, tipo de
construção, cobertura, paredes, janelas, piso, mobiliário, divisória etc.

c) Risco: nesta etapa o avaliador deverá identificar os perigos/fatores de riscos:

• Físicos: ruído, vibrações, pressões anormais, temperaturas extremas, radiações


ionizantes, radiações não ionizantes.

É comum a quantificação para os seguintes agentes:

• Ruído: as avaliações quantitativas de ruído deverão seguir os procedimentos


da Norma de Higiene Ocupacional - NHO 01 da Fundacentro e os limites de
tolerância estabelecidos pela NR-15.

• Calor: as avaliações quantitativas de calor deverão ser realizadas sempre


que sejam identificadas fontes deste agente. A quantificação deverá seguir
os procedimentos técnicos da Norma de Higiene Ocupacional - NHO 06 da
Fundacentro e os critérios estabelecidos pela NR-15.

NOTA

Os equipamentos para avaliações quantitativas deverão ser calibrados


anualmente em laboratório acreditado pelo INMETRO – RBC.

• Agente vibração: a avaliação deve ser feita primeiramente de forma qualitativa


e, se necessário, prever a quantificação.

• Químicos: compostos ou produtos previstos na NR-15 (Anexos 11, 12 e 13) e


ACGIH.

20
TÓPICO 3 | AMOSTRAGEM

Para realizar a avaliação das substâncias químicas com existência de


limites de tolerância (conceito que entenderemos melhor posteriormente) na
NR-15 e ACGIH, o profissional deverá avaliá-las de forma qualitativa, através da
verificação do rótulo, Fichas de Segurança de Produtos Químicos (FISPQ), forma
de contato e medidas de controle adotadas pela empresa e prever a quantificação.

• Biológicos: avaliação qualitativa, identificando a atividade (fonte geradora).

• Ergonômicos: deverão ser consideradas aquelas atividades com evidências


extremas deste agente, como: carga excessiva, movimento repetitivo e trabalho
noturno.

4 ELABORAÇÃO DO GRUPO HOMOGÊNEO DE EXPOSIÇÃO


– GHE
O conceito de GHE foi criado tornando-se essencial no processo de
avaliação dos agentes, pois infelizmente é muito inviável economicamente, e
também em termos de execução, realizarem-se avaliações quantitativas dos
agentes de risco para cada trabalhador durante toda a jornada de trabalho dele.
Então, a criação de grupos, quando bem-criados e representativos dos seus
integrantes, facilita perfeitamente na interpretação de um resultado quantitativo,
pois quando se avalia apenas um indivíduo daquele grupo, já é possível julgar se
o resultado obtido é representativo dos demais membros do grupo, servindo o
resultado para todos.

Então, Grupo Homogêneo de Exposição é aquele conjunto de trabalhadores


que estão expostos a um determinado agente de forma muito parecida. Não que
todos os representantes precisem experimentar a mesma exposição todos os dias,
mas a probabilidade destes trabalhadores estarem expostos com uma distribuição
semelhante é a mesma (VENDRAME, 2011).

Um GHE não é homogêneo porque todos exercem a mesma atividade,


ou porque trabalham no mesmo setor, um grupo homogêneo é chamado assim
porque busca incluir indivíduos expostos aos mesmos tipos de riscos.

Este critério de homogeneidade surge quando a média do resultado


obtido para um agente avaliado é representativa da média do grupo.

21
UNIDADE 1 | ENTENDENDO O QUE É MEDIÇÃO

FIGURA 5 – CLASSIFICAÇÃO DE GRUPO HOMOGÊNEO E EXPOSIÇÃO

FONTE: O autor

Ao observar o ambiente de trabalho da Figura 4, por exemplo, é possível


verificar pessoas expostas à mesma situação, aos mesmos riscos. Esses trabalhadores
podem ser colocados em um mesmo GHE, porém, ao se verificar um risco diferente,
ou em intensidades diferentes, este agrupamento merece mais cuidado.

Nem sempre um grupo com mesma função, até, pode estar exposto da
mesma maneira a todos os riscos. Por exemplo, um grupo de dez prensistas
constitui um grupo homogêneo para a exposição a agentes químicos, mas não
constitui para o agente ruído, já que cinco trabalham com prensa hidráulica e
cinco com prensa excêntrica (VENDRAME, 2011).

Se qualquer membro do grupo estiver exposto a intensidade diferente ou


mesmo a um agente diferente, é necessário dividir o grupo de estudo, o GHE,
criando subgrupos, ou GHEs menores, onde os integrantes realmente possuam
exposição similar a todos os agentes presentes.

5 ESTRATÉGIAS DE AMOSTRAGEM
Primeiro, um breve histórico da estratégia de amostragem em higiene
ocupacional por Fantazini & Saliba Filho (2010):

22
TÓPICO 3 | AMOSTRAGEM

A demanda por uma estratégia de amostragem adequada evoluiu e


consolidou quando se verificou, de modo crescente, que o simples
ato de medir, intuitivamente, não representava certeza sobre uma
situação de exposição. Nos Estados Unidos, o NIOSH, percebeu que os
empresários tinham dificuldades em provar que estavam respeitando
os limites de exposição, assim como os fiscais tinham dificuldade em
provar que os limites estavam sendo desrespeitados. Era inaceitável
que aquele tipo específico de avaliação, a de exposição do trabalhador,
não fosse tão confiável e fundamentada quanto qualquer outra
avaliação [...] o NIOSH reuniu estatísticos e higienistas para que
gerassem uma abordagem mais específica, foram criados novos
conceitos válidos até hoje. Estamos falando do Manual de Estratégia
de Amostragem NIOSH, lançado em 1977. Hoje há outras publicações
de fundo que tratam do tema, de forma geral, notadamente o livro de
mesmo objetivo da AIHA, de 1991 [...] Uma norma europeia trata do
assunto desde 1995, sendo dedicada aos agentes químicos. Disponível
em: <http://www.abho.org.br/wp-content/uploads/2014/02/artigo_
estrategiadeamostragem.pdf>. Acesso em: 2 nov. 2015.

O processo de amostragem começa muito antes de qualquer medição. É


um processo de conhecimento progressivo sobre a exposição dos trabalhadores,
para uma avaliação (julgamento) da exposição e seu devido controle. Na verdade,
a estratégia de amostragem exige conhecimento de gestão dos riscos ocupacionais.
Para otimizar ainda mais os trabalhos de estratégia de amostragem, foi criada outra
maneira de caracterização: O Exposto de Maior Risco – EMR. Grupos homogêneos
inteiros podem ser caracterizados preliminarmente a partir da avaliação de um
único exposto, o EMR, claro que sob circunstâncias adequadas (SESI, 2007).

UNI

Avaliar, quantificar; ou seja, fazer isso com mais confiabilidade e menor esforço.

O exposto de maior risco que se consegue evidenciar é o trabalhador, pois


este possui uma maior proximidade da fonte contaminante, ou que fica sujeito
a linhas de correntes de ar, onde o agente é aparentemente mais intenso, ou que
se movimenta de uma fonte para a outra (VENDRAME, 2011). Ou seja, este seria
o indivíduo supostamente mais exposto do grupo. Pode ser identificado por
julgamento (qualitativo) profissional, o “worst case” (JAQUES, 2014).

23
UNIDADE 1 | ENTENDENDO O QUE É MEDIÇÃO

NOTA

Em um processo de avaliação deve-se ter uma postura imparcial, estritamente


profissional, pois durante esse processo os trabalhadores tendem a se expor ao risco mais
do que o habitual.

Quando possível realizar a identificação do exposto de maior risco, fica


claro que se este apresentar o resultado de alguma avaliação quantitativa abaixo
dos limites, o grupo de exposição que ele representa poderá ser descaracterizado
para aquele determinado risco. Por exemplo, se no ambiente de trabalho a fonte de
determinada máquina libera vapores de óleos minerais, o trabalhador que opera a
máquina e fica ao seu redor durante todo o expediente pode ser considerado o EMR,
e se ao avaliarmos esse agente quantitativamente, o resultado para ele der baixo,
abaixo do nível de ação, por exemplo, podemos concluir que dificilmente para os
demais trabalhadores da empresa que não estão em contato próximo com a fonte do
agente, terão resultados superiores ao encontrado para o EMR, isso então diminui a
necessidade da realização de avaliações para um universo maior de amostrados.

Agora, isto não serve de forma contrária, se este EMR apresentar alguma
exposição acima do limite, ou caso não seja possível definir o exposto de maior
risco, deve se apelar para a amostragem aleatória.

UNI

vale frisar, que outros fatores podem influenciar essa exposição, tais como,
circulação do ar, movimentação, fatores pessoais etc. por isso a necessidade do cuidado na
eleição do EMR.

A amostragem aleatória é indicada para avaliação de determinado agente


em um grupo homogêneo de exposição. Os resultados encontrados no processo de
amostragem devem ser representativos de todos os outros integrantes do grupo.

Portanto, se o resultado para o avaliado EMR for baixo, ou irrelevante,


pode-se concluir que os demais trabalhadores do mesmo grupo homogêneo de
exposição estarão ainda menos expostos à concentração daquele agente. Agora,
se o resultado for significativo, ou seja, estar dentro do nível de ação ou ainda
acima do limite de tolerância, daí então é necessário partir para a amostragem
realizando mais avaliações dentro do mesmo grupo.
24
TÓPICO 3 | AMOSTRAGEM

FIGURA 6 – CONCEITO DE EXPOSTO DE MAIOR RISCO

FONTE: O autor

Observe que na Figura 5 o exposto de maior risco, mesmo fazendo parte


de um grupo homogêneo de exposição, está mais próximo da fonte ruidosa, sendo
a pessoa certa para ser escolhida como alvo de uma avaliação quantitativa. Se ele
trabalha na pior condição do grupo e não obtiver valores de níveis de pressão
sonora elevados, é certo que os demais do grupo também não vão apresentar.

NOTA

A amostragem aleatória, se possível, deve ser feita até mesmo por sorteio,
essa escolha oferece resultados bastante próximos da realidade de exposição.

25
UNIDADE 1 | ENTENDENDO O QUE É MEDIÇÃO

LEITURA COMPLEMENTAR

Higiene Ocupacional: importância, reconhecimento e desenvolvimento

Importância

As doenças ocupacionais, que constituem uma das grandes “epidemias


silenciosas”, incapacitam e matam trabalhadores, a cada dia, em todo o mundo,
muitas vezes de maneira insidiosa e sem que o nexo causal seja estabelecido, por
razões que incluem falta de atendimento médico, diagnósticos incorretos e, em
alguns casos, períodos de latência muito longos. Problemas graves, como câncer e
disfunção endócrina podem ter origem ocupacional. É possível encontrar muitos
agentes cancerígenos em ambientes de trabalho, por exemplo, amianto, arsênico,
benzeno, cádmio, formaldeído, compostos de níquel, certos óleos minerais e pós
de certas madeiras duras, entre outros.

De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), a cada ano,


infortúnios ocupacionais matam mais de 2,3 milhões de pessoas; quanto às doenças
ocupacionais, ocorrem perto de 160 milhões de novos casos. Entretanto, a atenção
que recebem, por exemplo, de agências internacionais e nacionais, de governos e da
mídia, de empresários e de trabalhadores, não está de acordo com sua magnitude
e impacto humano, social e econômico. Não podemos esquecer que as doenças
ocupacionais, muito menos visíveis dos acidentes de trabalho são significativamente
subestimadas; a Organização Panamericana de Saúde/Organização Mundial da
Saúde (OPAS/OMS) estima que, na América Latina, os casos notificados de doenças
ocupacionais representam, no máximo, 5% daqueles que realmente ocorrem.

Existem estratégias e técnicas preventivas que poderiam evitar grande


parte dessas “doenças negligenciadas”. Porém, sua aplicação depende da
vontade política de muitos tomadores de decisão, inclusive em nível de governo,
de empresa e dos trabalhadores – o que nem sempre existe, veja-se o exemplo da
silicose, doença perfeitamente prevenível, que continua matando em nossos dias,
apesar de conhecida desde a antiguidade.

Além disso, mesmo havendo percepção e aceitação dos riscos e da necessidade


de preveni-los, resta o obstáculo da escassez de profissionais competentes nessa área.

É impossível resolver o problema das doenças ocupacionais sem praticar


a prevenção primária de riscos nos locais de trabalho, que é justamente o objetivo
final da Higiene Ocupacional.

O impacto positivo da prática da Higiene Ocupacional, não só quanto


à saúde dos trabalhadores, mas também quanto à proteção ambiental,
desenvolvimento sustentável e globalização decente, ainda não foi inteiramente
percebido por todos os tomadores de decisão.

26
TÓPICO 3 | AMOSTRAGEM

Infelizmente, existem muitas iniciativas e projetos com metas que, para


serem alcançadas, requerem a contribuição da Higiene Ocupacional, e que, apesar
disso, não incluem em sua agenda a disponibilidade de higienistas ocupacionais.

Saúde do Trabalhador

Muitos idealistas, que lutam pela saúde dos trabalhadores, ignoram


a extensão dos conhecimentos necessários para assegurá-la e protegê-la, e não
parecem preocupados com a escassez, ou até com falta, de higienistas ocupacionais
adequadamente formados e competentes. Mesmo organizações de trabalhadores
poucas vezes incluem o desenvolvimento da Higiene Ocupacional entre suas
prioridades. Por que isso acontece? Não queremos profissionais especializados
para tratar-nos se estivermos doentes? Ou para nos representar em uma causa
jurídica? Ou para construir nossa casa? Por que não fazemos essa exigência
quando se trata de defender nossa saúde no trabalho?

Proteção Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

A Higiene Ocupacional, se bem praticada, pode contribuir


consideravelmente para a proteção do meio ambiente. Por exemplo, se um
produto químico tóxico for eliminado de um processo de trabalho, ou utilizado
com rigoroso controle, não afetará nem a saúde dos trabalhadores nem o meio
ambiente e os recursos naturais. Portanto, a boa prática da Higiene Ocupacional
contribui para um desenvolvimento econômico, social e sustentável.

Globalização

A globalização poderia contribuir para melhores padrões de vida no


mundo, desde que as políticas de comércio levassem em consideração questões
sociais, tais como direitos humanos, saúde dos trabalhadores, proteção ambiental
e desenvolvimento sustentável.

Muitos avanços tecnológicos podem ser utilizados para a melhora


das condições de trabalho e para a proteção ambiental em âmbito mundial.
Tecnologias limpas e seguras podem e devem ser cada vez mais desenvolvidas,
utilizadas e compartilhadas universalmente. A tecnologia de informação pode
dar uma contribuição imensa para intercâmbios de conhecimentos e experiências
quanto à ocorrência de riscos ocupacionais, sua prevenção e controle.

Infelizmente, as regras da globalização são, com frequência, ditadas pelos


mercados financeiros, e a perspectiva de lucro se sobrepõe às preocupações quanto
às dimensões sociais. Por exemplo, acontece que, conforme as normas referentes
à saúde e ao meio ambiente se tornam mais rigorosas, e seu cumprimento mais
dispendioso em certos países, processos de trabalho poluidores e com muitos
riscos são transferidos para outros lugares.

27
UNIDADE 1 | ENTENDENDO O QUE É MEDIÇÃO

Porém, se a prática correta da Higiene Ocupacional “acompanhasse”


qualquer processo de trabalho, para onde quer que fosse transferido, muitos dos
aspectos negativos da globalização poderiam ser eliminados.

Reconhecimento da Higiene Ocupacional

A Higiene Ocupacional, como ciência praticada profissionalmente, foi


reconhecida oficialmente no Brasil em agosto de 2014, graças a sua inclusão na
Classificação Brasileira de Ocupações (CBO).

O fato de, até agora, não existirem diretrizes oficiais quanto à formação
de higienistas ocupacionais tem permitido que pessoas não qualificadas sejam
responsáveis pelo bem inestimável que é a saúde de nossos trabalhadores.
Portanto, é essencial que, ao lado desse reconhecimento oficial, sejam adotadas
diretrizes adequadas para o desenvolvimento da Higiene Ocupacional.

No Brasil, a Norma Regulamentadora NR-9 do Ministério do Trabalho


e Emprego – que requer que os locais de trabalho tenham um Programa de
Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) existe há muito tempo, exigindo
competências de uma especialidade que oficialmente não existe. O resultado
desastroso dessa situação paradoxal tem sido o desvirtuamento do PPRA que, em
vez de um programa abrangente, eficaz e sustentável de prevenção, em muitos
casos, se resume a um simples laudo enumerando problemas sem dar soluções;
também ocorre que riscos importantes não são sequer mencionados. A falta de
profissionais competentes tem contribuído para essa situação. Esse é apenas
um exemplo, pois outras Normas também exigem, para sua correta aplicação,
conhecimentos de Higiene Ocupacional.

A formação adequada em Higiene Ocupacional constitui um aspecto de


fundamental importância.

Por meio de formação e experiência, os higienistas ocupacionais devem


ser capazes de realizar uma série de tarefas, principalmente:

• Prever (antecipar) fatores de risco para a saúde e o meio ambiente que podem
estar associados aos diferentes tipos de trabalho e atuar para preveni-los já
nas etapas de planejamento e projeto de processos (incluindo equipamentos,
matérias-primas, produtos químicos etc.) e locais de trabalho.

• Reconhecer agentes e fatores de risco (produtos químicos e poeiras, agentes


físicos e biológicos, fatores ergonômicos e psicossociais) que podem estar
presentes em locais de trabalho, determinar as condições de exposição e
entender seus possíveis efeitos na saúde e bem-estar dos trabalhadores.

• Avaliar a exposição dos trabalhadores a agentes e fatores de risco, por meio


de métodos qualitativos e/ou quantitativos e interpretar os resultados obtidos,
com vistas a eliminar a exposição, ou reduzi-la a níveis aceitáveis.

28
TÓPICO 3 | AMOSTRAGEM

• Projetar e/ou recomendar medidas de prevenção e controle de riscos, eficientes


e econômicas, e integrá-las a programas bem gerenciados e sustentáveis.

• Reconhecer agentes que podem ter impacto sobre o meio ambiente e contribuir
para a proteção ambiental. Aspectos que devem ser mais enfatizados:

0 prevenção primária de riscos, particularmente na fonte (e.g., tecnologias


limpas, substituição de materiais tóxicos, práticas de trabalho seguras);
0 participação dos trabalhadores;
0 desenvolvimento de soluções pragmáticas para controle de riscos, aplicáveis
em pequenas empresas.

“Fazer” higienistas ocupacionais não é somente uma questão de formação,


pois além de conhecimentos, são necessários experiência e fidelidade a um código
de ética, bem como compromisso e perseverança.

Em vista da multiplicidade de fatores ocupacionais de risco (químicos, físicos,


biológicos, ergonômicos e psicossociais) e das possibilidades para sua prevenção
e controle, esse campo requer formação especializada. Além disso, é importante
a abordagem multidisciplinar, envolvendo várias ciências e profissões, incluindo
a Medicina do Trabalho, a Higiene Ocupacional, a Engenharia de Segurança, a
Ergonomia e a Psicologia do Trabalho. Portanto, higienistas ocupacionais devem
trabalhar bem integrados em equipes multidisciplinares de saúde e segurança
ocupacionais. Por outro lado, em muitos casos, ainda é necessário criar condições
para a aceitação dos higienistas ocupacionais, lado a lado com todos os outros
profissionais de saúde e segurança ocupacional e ambiental.

Qualidade é um aspecto critico

A competência deve ser alcançada, verificada e mantida. Portanto, a


acreditação de cursos e a certificação de profissionais são de importância fundamental.

Cursos de formação em Higiene Ocupacional devem satisfazer certos


requisitos básicos quanto ao currículo, corpo docente, instalações e infraestrutura
(incluindo sistemas de informação).

Deveriam ser estudadas soluções para o desenvolvimento e a iniciação


de cursos de pós-graduação que sejam realmente strictu sensu em Higiene
Ocupacional, pois o fato é que ainda não existe em nosso país uma massa crítica
suficiente de possíveis professores universitários com doutorado especificamente
em Higiene Ocupacional.

Muitos dos poucos cursos existentes não cobrem todos os conhecimentos


necessários, justamente devido a esse tipo de barreira. Trata-se de um tema que
merece análise urgente e amplo debate entre os educadores da área de SST. Além
disso, os profissionais devem demonstrar e manter competência. Nesse sentido, a
ABHO já tem um programa de certificação.

29
UNIDADE 1 | ENTENDENDO O QUE É MEDIÇÃO

Conclusão

Uma etapa importante foi o reconhecimento das ocupações de Higienista


Ocupacional e de Técnico em Higiene Ocupacional pela CBO, a exemplo do
reconhecimento da ISCO 2008 da OIT. Porém, a luta pela proteção da saúde dos
trabalhadores continua e um de seus aspectos cruciais reside no estabelecimento
de diretrizes adequadas para o desenvolvimento da profissão, o que inclui
formação, código de ética, verificação e manutenção de competência profissional.

FONTE: Goelzer, Berenice I. F. Artigo: Higiene Ocupacional: importância, reconhecimento e


desenvolvimento. Disponível em: <http://www.abho.org.br/wp-content/uploads/2014/02/higie-
neocupacional_berenice.pdf>. Acesso em: 2 nov. 2015.

30
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico você viu que:

• Grupo Homogêneo de Exposição é aquele conjunto de trabalhadores que estão


expostos a um determinado agente de forma muito parecida.

• Quando qualquer membro do grupo possuir uma exposição de intensidade


diferente ou mesmo a um agente diferente, é necessário dividir o grupo de
estudo, o GHE, criando subgrupos, ou GHEs menores, onde os integrantes
realmente possuam exposição similar a todos os agentes presentes.

• O exposto de maior risco que se consegue evidenciar é o trabalhador que está


aparentemente exposto a algum risco de forma mais intensa dentro do mesmo
GHE.

• Se não é possível definir o exposto de maior risco, deve-se apelar para a


amostragem aleatória.

• A amostragem aleatória é indicada para avaliação de determinado agente em


um grupo homogêneo de exposição, onde dentro de um GHE se escolhe um
indivíduo aletoriamente, sem quaisquer indicações.

31
AUTOATIVIDADE

1 Imagine uma padaria, onde você será o profissional que irá realizar o
reconhecimento de riscos ambientais. Nela temos dois padeiros e um
assistente, no balcão de vendas temos três atendentes e, muito próximo à
porta do estabelecimento, tem-se o caixa.

a) Como você dividiria os grupos homogêneos de exposição? Explique os


critérios utilizados para estes agrupamentos.

b) É possível eleger um exposto de maior risco com base nestas informações


passadas? Explique por quê.

2 Qual o principal benefício de se utilizar técnicas de amostragem?

32
UNIDADE 1
TÓPICO 4

PRIMEIROS PASSOS PARA A AMOSTRAGEM

1 INTRODUÇÃO
Vamos aprender as técnicas de medições de agentes físicos químicos, entre
outros, mas para isso é importante entender muito bem o objetivo de se avaliar e
como proceder ao obter os resultados. Precisamos ter total entendimento sobre o
que eles oferecem.

Como já vimos, avalia-se para que seja possível ter comparações, comparar
com um padrão. Neste tópico entenderemos alguns conceitos importantes em
torno disso, que aparecem na higiene ocupacional e de certa forma também na
ergonomia, os quais complementarão nossos estudos posteriores.

2 RESULTADOS DA MEDIÇÃO – LIMITE DE TOLERÂNCIA


Ao prosseguirmos com nossos estudos, já saberemos medir o quanto de
ruído, por exemplo, o trabalhador recebe durante sua jornada de trabalho, já
teremos obtido um resultado em decibel. E agora? Como saber se este ruído é alto
(corrigindo: alto não, intenso)? É aí que nos deparamos com muitas pegadinhas.
Como saber se este nível de pressão sonora é suportável? O que é suportável,
quanto em decibel é suportável, ou melhor, tolerável, aos ouvidos humanos, à
sanidade mental e física de quem está exposto, de quem executa determinada
atividade todos os dias, durante, quem sabe, mais de 30 anos?

É respondendo a estes questionamentos que o estudo das condições


de trabalho evoluiu, e estabeleceu limites para que o trabalhador não viesse a
adoecer por condições de trabalho prejudiciais, agressivas e degradantes.

Um dos primeiros conceitos que vamos abordar é o limite de tolerância. O


termo é autoexplicativo, mas o esmiuçaremos.

Limite de Tolerância (LT)

É a quantidade máxima de que o ser humano é capaz de aceitar sem que


venha a ter algum dano à saúde, ou seja, é uma concentração ou intensidade máxima
do agente (dado em unidade de medida), que foi estabelecida através de estudos
de grupos populacionais onde uma média de indivíduos expostos foi estudada e
até determinado ponto eles não apresentaram sintomas de danos à saúde.
33
UNIDADE 1 | ENTENDENDO O QUE É MEDIÇÃO

Você, acadêmico, já ouviu falar naquela máxima popular: “a diferença


entre um remédio e um veneno está só na dosagem”. Bom, esta é a ideia de limite
de tolerância, onde, ao estudarmos o ambiente de trabalho e a exposição do
trabalhador de uma forma prevencionista, foram criados os limites de exposição
do trabalhador a essas situações de exposição, a fim de proteger a saúde dos
mesmos em longo prazo.

Limite de Tolerância é a intensidade ou concentração máxima, relacionada


com a natureza e o tempo de exposição ao agente físico ou químico, que não
causará danos à saúde da maioria dos trabalhadores expostos durante sua vida
laboral (SESI, 2007).

Os limites de tolerância expostos pela NR-15 – Anexo 11 são todos para


jornada de até 48 horas semanais. Já pela legislação internacional ACGIH, todos
são para uma jornada de 40 horas semanais.

Acadêmico, apenas tenha cuidado com uma possível falsa interpretação


de limite de tolerância, pois limite de tolerância não é um valor abaixo do qual
não há doenças. Trata-se, na verdade, de um valor que possui razoável segurança,
para a maioria dos expostos contra determinados efeitos da exposição a um
agente ambiental (SESI, 2007).

Valor Teto (VT)

Também de acordo com a NR-15, algumas substâncias químicas


apresentam o que chamamos de Valor Teto, que é uma concentração máxima que
em nenhum momento da jornada de trabalho pode ser ultrapassada, pois se caso
for, já pode causar graves prejuízos à saúde do trabalhador.

Valor Máximo (VM)

“Já o valor máximo, para substâncias químicas, é um valor obtido por


meio de aplicação de um fator de desvio que se ultrapassado pode distorcer a
concentração média ponderada durante a jornada de trabalho”. Disponível
em: <https://www.forma-te.com/mediateca/finish/9-higiene-e-seguranca-no-
trabalho/28207-documentos-e-normas>. Acesso em: 2 nov. 2015.

Dose

Na higiene ocupacional outro termo muito utilizado é dose, fala-se muito


em dosimetria.

Dose é uma quantidade de algo (químico, físico ou biológico) que


biologicamente poderá ter impacto num organismo; quanto maior a quantidade
(concentração, intensidade) em relação ao tempo de exposição ao agente, maior
a dose.

34
TÓPICO 4 | PRIMEIROS PASSOS PARA A AMOSTRAGEM

Nível de Ação (NA)

Encontraremos também o termo Nível de Ação. Este termo provém da


margem de segurança necessária a um prevencionista.

Nível de ação refere-se à metade do limite de tolerância. Pois antes de


chegarmos a este limite, é necessária a tomada de ações para reduzir a exposição
a determinado agente.

Ao se atingir 50% da dose, então se começa a estudar medidas para que


não aproximemos a exposição do trabalhador ao limite de tolerância.

3 PARA QUE SERVEM OS RESULTADOS?


É importante fixarmos que o objetivo maior de se avaliar um agente é
determinar a concentração ou intensidade que este agente está incidindo em
um trabalhador ou em um grupo homogêneo de exposição, para podermos
estabelecer medidas de controle de exposição para este agente.

Por isso anteriormente foi dito que a avaliação é parte integrante de um


processo maior, onde, no Brasil, em higiene ocupacional, este é representado
pelo PPRA – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais. Assim, antecipa-se,
reconhece-se, avalia-se um agente, quantifica-se este agente para posteriormente
prever o controle deste agente.

Vale lembrar que as avaliações e seus resultados podem tanto ajudar


empresários a provar que estão conformes, quanto podem contribuir para os
fiscais provarem que a empresa não está conforme. Por isso não basta ficar apenas
na interpretação dos resultados e na inércia da segunda possibilidade, fazendo-se
necessária a tomada de decisão e ações de melhorias.

Na ergonomia não é muito diferente. Apesar de pouco se falar de


programas ergonômicos, a análise de risco ergonômico, depois de emitir seus
resultados, também prevê melhorias de processos e medidas de controle ao
agente de risco.

Caso o agente, comprovadamente, fundamentadamente, de acordo com


as normas e legislação de referência, puder vir a causar algum dano à saúde do
trabalhador, estudos e alternativas de minimização do impacto terão de ser realizados.

Algumas das medidas imediatas que podem ser adotadas, caso algum agente
venha a ultrapassar o limite de tolerância ou mesmo estar no nível de ação, são:

35
UNIDADE 1 | ENTENDENDO O QUE É MEDIÇÃO

• Redução do tempo de exposição do trabalhador; se este, por exemplo, trabalha


oito horas direto exposto ao agente, uma alternativa é diminuir a exposição dele,
relocando-o na execução de outra tarefa longe do risco durante sua jornada de
trabalho.

• Substituição da fonte geradora; por exemplo, caso o agente seja um determinado


produto químico, cuja concentração do composto principal é bastante tóxico,
pode-se estudar a substituição do produto por outro menos agressivo, com outra
composição, claro que sem afetar demasiado o processo no qual ele é utilizado.

• Adoção de medidas de redução e/ou contenção do agente na fonte, como a


implantação de EPC – Equipamento de Proteção Coletiva. Por exemplo, caso
um maquinário seja muito ruidoso, provavelmente eliminando o ruído deste
reduziria potencialmente o ruído recebido pelo trabalhador, há a opção de se
realizar um isolamento acústico.

• Adoção de EPI – Equipamento de Proteção Individual, que vise reduzir ou até


mesmo neutralizar a exposição ao agente nocivo.

• Alternativas específicas para cada caso que culminem da efetiva redução da


intensidade ou concentração que atinge os trabalhadores.

36
TÓPICO 4 | PRIMEIROS PASSOS PARA A AMOSTRAGEM

LEITURA COMPLEMENTAR

O Supremo Tribunal Federal (STF) concluiu hoje (4 de dezembro de


2014) o julgamento do Recurso Extraordinário com Agravo (ARE) 664335, com
repercussão geral reconhecida, e fixou duas teses que deverão ser aplicadas a pelo
menos 1.639 processos judiciais movidos por trabalhadores de todo o país que
discutem os efeitos da utilização de Equipamento de Proteção Individual (EPI)
sobre o direito à aposentadoria especial.

Na primeira tese, os ministros do STF decidiram, por maioria de votos, que


“o direito à aposentadoria especial pressupõe a efetiva exposição do trabalhador a
agente nocivo à sua saúde, de modo que se o Equipamento de Proteção Individual
(EPI) for realmente capaz de neutralizar a nocividade, não haverá respaldo à
concessão constitucional de aposentadoria especial”.

A outra tese fixada no julgamento, também por maioria de votos, é a de


que, “na hipótese de exposição do trabalhador a ruído acima dos limites legais
de tolerância, a declaração do empregador no âmbito do Perfil Profissiográfico
Previdenciário (PPP), no sentido da eficácia do Equipamento de Proteção Individual
(EPI), não descaracteriza o tempo de serviço especial para a aposentadoria”.

O julgamento foi retomado na sessão desta quinta-feira (4) com o voto-vista


do ministro Luís Roberto Barroso. Por unanimidade de votos, o Plenário negou
provimento ao recurso do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que questionava
decisão da Primeira Turma Recursal da Seção Judiciária de Santa Catarina, segundo a
qual, mesmo que o uso de EPI elimine ou reduza a insalubridade, a circunstância não
afasta a contagem do tempo de serviço especial se houve exposição ao agente nocivo.

No Supremo, o INSS alegou que a decisão violaria os artigos 201 (parágrafo


1º) e 195 (parágrafo 5º) da Constituição Federal, que tratam da aposentadoria
especial e da necessidade de haver fonte de custeio para a criação, majoração ou
extensão de benefício ou serviço da seguridade social.

Segundo o INSS, se a nocividade dos agentes presentes no ambiente de


trabalho é eliminada ou reduzida a níveis toleráveis pela utilização de EPI eficaz,
com a correspondente desoneração da contribuição previdenciária destinada ao
custeio do Seguro de Acidente do Trabalho (SAT) – que é paga pelo empregador
–, não há direito à aposentadoria especial.

37
UNIDADE 1 | ENTENDENDO O QUE É MEDIÇÃO

Embora o argumento do INSS tenha sido abrangido pela primeira tese


fixada pelo STF, o Plenário negou provimento ao recurso porque, no caso dos
autos, o trabalhador é um auxiliar de produção que trabalhou, entre 2002 e 2006, no
setor de usinagem de uma empresa de Chapecó (SC), onde era exposto, de modo
habitual e permanente, a ruídos que chegavam a 95 decibéis. Essa circunstância
está abrangida pela segunda tese fixada pelo STF na sessão desta tarde.

FONTE: Supremo Tribunal Federal. Disponível em: <http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticia-


Detalhe.asp?idConteudo=281259>. Acesso em: 2 nov. 2015.

38
RESUMO DO TÓPICO 4
Neste tópico você viu que:

• Limite de tolerância é uma concentração ou intensidade máxima do agente onde


uma média de indivíduos expostos não apresentará sintomas de danos à saúde.

• Valor máximo é um valor obtido por meio de aplicação de um fator de desvio


que se ultrapassado pode distorcer a concentração média ponderada durante a
jornada de trabalho.

• Valor Teto é uma concentração ou intensidade que em nenhum momento da


jornada de trabalho pode ser ultrapassada, pois se caso for, já pode causar
prejuízos severos ou irreversíveis à saúde do trabalhador.

• Dose é uma quantidade de algo (químico, físico ou biológico) que biologicamente


poderá ter impacto num organismo; quanto maior a quantidade (concentração,
intensidade) em relação ao tempo de exposição ao agente, maior a dose.

• Nível de ação refere-se à metade do limite de tolerância, 50% da dose, a


partir deste nível é necessária a tomada de ações para reduzir a exposição a
determinado agente.

39
AUTOATIVIDADE

1 Considere que em determinado grupo de exposição, após avaliação da


concentração de exposição à substância química dióxido de cloro, obteve-
se como resultado da avaliação para jornada de 48 horas semanais a
concentração de 0,06ppm. Na NR-15 - Anexo 11, o limite de tolerância para
o dióxido de cloro é de 0,08ppm para 48 horas por semana.

a) Por que a adoção de medidas de ação se faz necessária neste caso?

b) Algum nível foi ultrapassado?

c) Caso a empresa resolva mexer no modo de procedimento de trabalho,


retirando os trabalhadores da área de exposição por pelo menos três horas
da sua jornada total e colocando-os para fazer outras tarefas em local livre de
agente químicos, essa medida pode ser eficiente? Por quê?

40
UNIDADE 2

TÉCNICAS DE MEDIÇÃO PARA


AGENTES FÍSICOS E ERGONÔMICOS

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Nessa unidade vamos:

• conhecer quesitos mínimos necessários à avaliação dos agentes físicos e


agentes ergonômicos;

• identificar e controlar as exposições ocupacionais aos agentes físicos;

• estudar e analisar os agentes ergonômicos;

• realizar as medições, ou ser capaz de contratar serviços especializados com


critério, dentro das metodologias e padrões existentes;

• propor melhorias quando evidenciado que os resultados de uma medição


são superiores ao tolerável;

• não só medir, mas avaliar ambientes e situações do trabalho em ergonomia


e em higiene ocupacional.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos, e ao final de cada um de-
les você encontrará atividades que servirão de apoio para seu conhecimento.

TÓPICO 1 – INTRODUÇÃO À AVALIAÇÃO DOS AGENTES FÍSICOS

TÓPICO 2 – PRINCIPAIS AGENTES FÍSICOS – CÁLCULO E DETERMINAÇÃO

TÓPICO 3 – AVALIAÇÃO DOS AGENTES ERGONÔMICOS

41
42
UNIDADE 2
TÓPICO 1

INTRODUÇÃO À AVALIAÇÃO DOS AGENTES FÍSICOS

1 INTRODUÇÃO
Os agentes físicos são agentes que interagem com o ser humano através
de energia, onde o que quantificamos são as intensidades energéticas, que,
dependendo da quantidade de horas de exposição do trabalhador ao agente,
pode acarretar em algum dano à saúde ao longo da sua vida laboral.

Nos itens a seguir vamos estudar cada um desses agentes físicos,


conhecendo as normas aplicáveis e verificando quais destes podem ser
mensurados com o uso de equipamentos.

Os agentes físicos também são tratados pela higiene ocupacional e a


norma do trabalho, a norma regulamentadora que trata destes agentes, é a NR-15
- Atividades e Operações Insalubres. Temos ainda as Normas Técnicas de Higiene
Ocupacional - NHOs e a Fundacentro, que também devem ser consultadas ao se
realizar um processo de avaliação destes agentes.

Os agentes físicos são:

• Calor

• Frio

• Vibração: vibração de mãos e braços e de corpo inteiro

• Ruído

• Pressão anormal

• Radiações ionizantes

• Radiações não ionizantes

• Umidade

43
UNIDADE 2 | TÉCNICAS DE MEDIÇÃO PARA AGENTES FÍSICOS E ERGONÔMICOS

2 AGENTES FÍSICOS AVALIADOS QUALITATIVAMENTE


Alguns agentes físicos são avaliados no ambiente de trabalho de forma
qualitativa, ou seja, por inspeção no local de trabalho. O agente umidade é
sempre avaliado desta forma qualitativa, já que não há técnica para outra forma
de avaliação e nem a legislação brasileira preconiza de forma diferente.

Para o agente radiação, tanto ionizante como não ionizante, existem


aparelhos que fazem a leitura quantitativa destes, porém não é muito comum fazer
a leitura através destes aparelhos, por alguns motivos: primeiro, o próprio custo
do aparelho, que acaba não viabilizando a mensuração; depois, a própria norma,
que para radiações não ionizantes estabelece a insalubridade por inspeção no
local de trabalho, e ainda, para radiações ionizantes há procedimentos específicos
da CNEN – Comissão Nacional de Energia Nuclear que preveem o controle do
risco de forma mais incisiva que a própria NR-15.

O agente frio, pela NR-15, também pode ser caracterizado como insalubre
apenas por inspeção no local de trabalho, para trabalhos em câmaras frias. Porém,
outras normas trazem limites de exposição mais específicos e vêm sendo usadas
como referência para enquadramento deste agente.

Temos ainda as pressões anormais, que é o trabalho sob condições


hiperbáricas, e conforme a NR-15, Anexo 6, o trabalhador exposto a essas
condições deve receber o adicional de insalubridade.

Para vibrações, até o ano de 2014 a nossa legislação não estabelecia limite
de tolerância para este agente, e então, quando eram feitas avaliações quantitativas
deste agente, os resultados eram comparados com normas internacionais. Agora,
com a nova edição do Anexo 8 da NR-15, há uma preocupação maior em se
avaliar quantitativamente este agente, apesar de ainda o custo do equipamento
para avaliação exigir um alto investimento.

3 AGENTE BIOLÓGICOS
O anexo 14 da NR-15, trata da exposição a agentes biológicos, mas salienta
que a insalubridade é caracterizada por meio de avaliação qualitativa, definido
dois graus de insalubridade para agentes biológicos, grau máximo e grau médio.

3.1 INSALUBRIDADE DE GRAU MÁXIMO


Trabalhos ou operações em contato, de forma permanente, com:

44
TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO À AVALIAÇÃO DOS AGENTES FÍSICOS

• Pacientes em isolamento por doenças infectocontagiosas, bem como objetos de


seu uso, não previamente esterilizados.

• Carne, glândulas, vísceras, sangue, ossos, couros, pelos e dejeções de animais


portadores de doenças infectocontagiosas (Carbúnculo, Brucelose, Tuberculose).

• Esgotos (galerias e tanques).

• Lixo Urbano (coleta e industrialização).

3.2 INSALUBRIDADE DE GRAU MÉDIO


Trabalhos e operações em contato com pacientes, animais ou com material
infectocontagioso, também de forma permanente, em:

• Hospitais, serviços de emergência, enfermarias, ambulatórios, postos de vacinação


e outros estabelecimentos destinados aos cuidados da saúde humana (aplica-se
unicamente ao pessoal que tenha contato com os pacientes, bem como aos que
manuseiam objetos de uso desses pacientes, não previamente esterilizados).

• Hospitais, ambulatórios, postos de vacinação e outros estabelecimentos


destinados ao atendimento e tratamento de animais (aplica-se somente ao
pessoal que tenha contato com tais animais).

• Contato em laboratórios, com animais destinados ao preparo de soro, vacinas e


outros produtos.

• Laboratórios de análise clínica e histopatologia (aplica-se tão só ao pessoal técnico).

• Gabinetes de autópsias, de anatomias e histoanatomopatologia (aplica-se


somente ao pessoal técnico).

• Cemitérios (exumação de corpos).

• Estábulos e cavalariças.

• Resíduos de animais deteriorados.

4 AGENTE UMIDADE
A avaliação por umidade é de caráter qualitativo e está prevista na NR-15,
em seu Anexo 10, o qual esclarece que as atividades realizadas em locais alagados
ou encharcados são passíveis de produzir danos à saúde do trabalhador através
do contato direto com o agente. Alguns exemplos de trabalho em local encharcado
são: lavador de veículos, cultivo de arroz etc.
45
UNIDADE 2 | TÉCNICAS DE MEDIÇÃO PARA AGENTES FÍSICOS E ERGONÔMICOS

A atribuição de insalubridade apenas para ambientes encharcados não


significa a ausência do risco em outras situações, como a de um auxiliar de
cozinha, que faz a lavação dos pratos. Neste caso o risco existe, porém, com
medidas de controle, como o uso de luvas, botas e avental impermeáveis, é
possível neutralizar os efeitos danosos à saúde do trabalhador.

5 AGENTES RADIAÇÕES NÃO IONIZANTES


As radiações não ionizantes são radiações que não são capazes de arrancar
elétrons dos átomos, ou seja, não produzem ionização, pois não têm energia
suficiente para isso. Elas se propagam em todas as direções, através de ondas, e
estão agrupadas dentro do espectro, como podemos verificar na figura a seguir:

FIGURA 7 - ESPECTRO DAS RADIAÇÕES NÃO IONIZANTES

Fornos de
microondas
Linhas de Ultravioleta Raios - X
trasmissão de Rádio Rádio FM Infravermelho médicos
energia elétrica AM TV
Frequência (MHZ)

10-4 1 10-2 10-4 10-6 10-8 10-10 10-14

Microondas Raios - X
e gama
RADIOFREQUÊNCIA

Radiação não ionizante Radiação ionizante

FONTE: Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pd=S0034-72992008000100020


&script=sci_arttext>. Acesso em: 30 out. 2015.

As radiações não ionizantes estão sempre nos cercando. Sofremos


interações com estas ondas eletromagnéticas a todo o momento, são formas
comuns: a luz, o calor e as ondas de rádio. Estas radiações podem ser divididas
em sônicas e eletromagnéticas.

A radiação eletromagnética são ondas que se autopropagam pelo


espaço. Ela é composta de um campo elétrico e outro magnético, que oscilam
perpendicularmente um ao outro e em direção da propagação de energia.

Muitas operações industriais utilizam radiação não ionizante, como as


soldas. A solda de PVC, por exemplo, possui uma frequência de ressonância da
molécula de cloro em 27 MHz.

Vamos falar agora de cada grupo separadamente.


46
TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO À AVALIAÇÃO DOS AGENTES FÍSICOS

Grupo das radiofrequências e micro-ondas:

A banda de micro-ondas é considerada a partir de 300 Mega Hertz - MHz


e vai até os 300 Giga Hertz - GHz, que é o limiar do espectro de luz, o início do
infravermelho. Já as ondas de rádio são frequências ainda mais baixas do que as de
micro-ondas. Os efeitos à saúde desta faixa são de predomínio térmico, onde uma
frequência acima de 3000 MHz proporciona um aquecimento superficial, entre
1000 MHz e 3000 MHz, um aquecimento das camadas de gordura, e abaixo de 1000
MHz um aquecimento profundo das regiões internas do organismo, e há riscos
ainda maiores ao considerarmos os efeitos ao cristalino do olho (SESI, 2007).

A avaliação dessas radiações é muito complexa e necessita de instrumentação


específica. Para conduzir uma avaliação deste tipo é requerido que se consulte a
ACGIH para maiores orientações, e também o manual da NIOSH. Lembrando que
pode ocorrer uma série de efeitos não térmicos cuja natureza ainda é desconhecida.
Pesquisas relacionadas à exposição a celulares e ondas de rádios são recorrentes.

E
IMPORTANT

Ao ser lançado, o telefone celular sempre operou em banda de micro-ondas,


inicialmente as bandas eram com frequência de 900 MHz, do celular analógico, indo ao
GSM com 1800 a 1900 MHz, e atualmente, os 3G com 2450 MHz, e com a banda ainda mais
moderna, Wimax, em torno de 3500 MHz. Já se tem inclusive tecnologias que usam banda
C 6000 MHz e banda KU 14000 MHz, em empresas especiais, como as de rastreamento de
caminhões e comunicações via satélite.
Os estudos sobre problemas de saúde relacionados à radiação não ionizante ainda são muito
superficiais e teóricos, porém, há demonstrações de que as micro-ondas podem causar,
além de queimaduras, danos ao sistema reprodutor. Há também estudos sobre problemas
causados por radiações emitidas por celulares e radiofrequências.

Grupo das radiações infravermelhas:

Esta radiação é também estudada juntamente com o calor, onde a carga


radiante é medida pelo termômetro de globo no índice de IBUTG, que iremos
estudar mais adiante, esta é pouco penetrante no corpo humano, os efeitos
dela são praticamente superficiais. Também é possível encontrar os limites de
exposição junto à ACGIH, que podem ser consultados ao se fazer as avaliações.

Grupo da Luz:

Há limites de exposição à luz quando ela é muito intensa, estabelecidos


pela ACGIH, porém, normalmente a maior problemática é em relação à pouca
iluminação. Veja que a luz é tratada mais como questões de conforto, com ênfase
em ergonomia, como já vimos na Unidade 1.

47
UNIDADE 2 | TÉCNICAS DE MEDIÇÃO PARA AGENTES FÍSICOS E ERGONÔMICOS

Grupo da radiação ultravioleta:

Para parametrização deste tipo de radiação, também há indicação de se


seguir as determinações da ACGIH para exposição dos olhos e pele a radiações
não ionizantes do tipo ultravioleta.

Na avaliação deste agente pode ser usado um tipo de instrumentação


chamado radiômetro, que fará a leitura no comprimento de onda que vai da faixa
de 180nm a 400nm. A intensidade é fornecida em W/cm². Quando realizado este
tipo de avaliação, a caracterização será com base nos TLVs® da ACGIH.

A NR-15, em seu Anexo 7, caracteriza a exposição por meio de inspeção


no local de trabalho, enquadrando a insalubridade em grau médio, não definindo
limite de tolerância.

Grupo do Laser:

Observe que este grupo não é uma fonte nova de radiação. Na verdade,
qualquer faixa do espectro pode ser emitida no formato LASER, que quer dizer:
Amplificação de luz por Emissão Estimulada de Radiação.

A avaliação da exposição a laser é complexa e específica, mas a ACGIH


também traz limites de exposição. Para mais informações, pode-se consultar a
FISP - Ficha de Informações de Segurança do Produto - do laser, pois sim, já que
este é comercializado como um produto.

FIGURA 8 – ILUSTRAÇÃO FEIXE DE LASER

FONTE: Disponível em: <http://br.freepik.com/fotos-gratis/feixe-de-la-


ser_23754.htm>. Acesso em: 19 out. 2015.

48
TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO À AVALIAÇÃO DOS AGENTES FÍSICOS

6 AVALIAÇÃO DE RADIAÇÕES IONIZANTES


As radiações ionizantes possuem energia suficiente para ionizar os átomos
e  moléculas, podem danificar as células e modificar o material genético (DNA),
causando doenças graves. Propagam-se através de ondas e possuem frequências
maiores no espectro, são os raios alpha, beta, gama e raios X; e não são normalmente
medidas, por isso a avaliação no Brasil requer o atendimento claro à norma NHO
05 da Fundacentro, aos procedimentos da Comissão Nacional de Energia Nuclear -
CNEN e também diretrizes estabelecidas pela Vigilância Sanitária.

FIGURA 9 – PAREDE DE PROTEÇÃO E PORTA BLINDADA CONTRA RADIAÇÃO

FONTE: Proteção Radiológica. Disponível em: <http://rle.dainf.ct.utfpr.edu.br/hipermidia/images/


documentos/Protecao_radiologica.pdf>. Acesso em: 19 out. 2015.

O monitoramento dessas radiações normalmente envolve a colocação


de dispositivos de monitoramento de radiação em vários locais, ou pessoas,
ambiente que está sendo avaliado, onde o objetivo é estimar a dose recebida pelo
trabalhador durante as suas atividades envolvendo radiação ionizante.

As doses equivalentes são obtidas com o uso de dosímetros que são


colocados em uma posição que forneça uma medida representativa da exposição
nas partes do corpo exposto à radiação. Se o trabalhador estiver exposto
a diferentes tipos de radiação, faz-se necessária a utilização de diferentes
dosímetros, monitorando inclusive a radiação externa; a contaminação interna; a
área, e posteriormente comparando os resultados aos limites.

49
UNIDADE 2 | TÉCNICAS DE MEDIÇÃO PARA AGENTES FÍSICOS E ERGONÔMICOS

FIGURA 10 – MONITOR PESSOAL PARA MEDIDA DE DOSES OCUPACIONAIS

FONTE: Proteção Radiológica. Disponível em: <http://rle.dainf.ct.utfpr.edu.


br/hipermidia/images/documentos/Protecao_radiologica.pdf>. Acessado
em: 19 out. 2015.

7 AGENTE FRIO
A Portaria 3.214/78, NR-15 – Anexo 9 classifica como exposição ao frio
as atividades ou operações realizadas no interior de câmaras frigoríficas, ou em
locais que apresentem condições similares e que exponham os trabalhadores ao
frio, sem a proteção adequada. Serão consideradas insalubres em decorrência de
laudo de inspeção realizada no local de trabalho. Ou seja, temos novamente um
caso de julgamento profissional, porém a Portaria 158, de 10/04/2006, estabelece
através da NR-29, Tabela 1, que a jornada de trabalho em locais frigoríficos deve
observar o regime a seguir.

QUADRO 2 – REGIME DE EXPOSIÇÃO AO FRIO EM LOCAIS FRIGORÍFICOS


Faixa de temperatura Máxima exposição diária permissível para pessoas adequadamente
de bulbo seco (°C) vestidas para exposição ao frio
15,0 a -17,9 (*) Tempo total de trabalho no ambiente frio de 6 horas e 40 minutos, sendo
12,0 a -17,9 (**) quatro períodos de 1 hora e 40 minutos alternados com 20 minutos de
10,0 a -17,9 (***) repouso e recuperação térmica, fora do ambiente frio.
Tempo total de trabalho no ambiente frio de 4 horas, alternando-se 1 hora de
-18,0 a -33,9
trabalho com 1 hora de repouso e recuperação térmica, fora do ambiente frio.
Tempo total de trabalho no ambiente frio de 1 hora, sendo dois períodos de
-34,0 a -56,9 30 minutos com separação mínima de 4 horas para repouso e recuperação
térmica, fora do ambiente frio.
Tempo total de trabalho no ambiente frio de 5 minutos, sendo o restante da
-57,0 a -73,0
jornada cumprida obrigatoriamente fora do ambiente frio.
Não é permitida exposição ao ambiente frio seja qual for a vestimenta
Abaixo de -73,0
utilizada.
Legenda:
(*) Faixa de temperatura válida para trabalhos em zona climática quente, de acordo com o mapa
oficial do IBGE.
(**) Faixa de temperatura válida para trabalhos em zona climática subsequente, de acordo com
o mapa oficial do IBGE.
(***) Faixa de temperatura válida para trabalhos em zona climática mesotérmica, de acordo com
o mapa oficial do IBGE.
FONTE: (BRASIL, 2006)

50
TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO À AVALIAÇÃO DOS AGENTES FÍSICOS

8 AGENTE PRESSÃO HIPERBÁRICA


A pressão hiperbárica é considerada uma pressão anormal e por isso
também é classificada como “risco físico”. Quanto mais perto do centro da Terra
estivermos, maior será a força da gravidade exercida sobre nós, ou seja, maior a
camada de atmosfera terrestre sobre nós.
 
O fator de risco ocorre quando o homem está sujeito a pressões maiores
do que a pressão atmosférica normal, aquela aproximadamente ao nível do
mar. Estas situações acontecem quando a pessoa está abaixo do nível da Terra,
como em mergulhos, por exemplo. Nesse caso, quanto maior a profundidade,
maior será a pressão exercida sobre a pessoa.

O trabalho sob condições hiperbáricas faz com que o trabalhador, antes


de iniciar e ao terminar suas tarefas nessas condições, necessite passar por um
período de compressão (descida - imergir) e descompressão (subida - emergir).

De acordo com o Anexo 6 da NR-15, que estabelece  critérios para o


planejamento das compressões e descompressões, o limite superior de pressão é
de 3,4 kg/cm², estabelecendo ainda o período máximo de trabalho para cada faixa
de pressão, conforme é apresentado no quadro a seguir.

QUADRO 3 – LIMITE DE EXPOSIÇÃO A PRESSÕES ANORMAIS DE ACORDO COM A JORNADA


DE TRABALHO

PRESSÃO DE TRABALHO PERÍODO MÁXIMO


(Kg/cm2) (horas)
0 a 1,0 8
1,1 a 2,5 6
2,6 a 3,4 4

FONTE: Segurança do Trabalho. Disponível em: <http://segurancadotrabalhonwn.com/pressao-


-hiperbarica/>. Acesso em: 2 nov. 2015.

O Anexo 6 também fornece tabelas para descompressão para vários


períodos de trabalho, levando em consideração a pressão exercida.

Quando o mergulhador excede o limite de tempo ou de profundidade,


ou os dois, o aumento da pressão faz com que o nitrogênio contido no
ar respirado, ar mandado mecanicamente, se dissolva nos tecidos do
corpo, e se o mergulhador não observar as medidas de segurança e
realizar a subida de forma rápida, o processo de expelir o nitrogênio
pode acontecer de forma repentina, causando formação de bolhas
na circulação sanguínea e nos tecidos, e por último, compressões
nervosas, obstrução de artérias, vasos linfáticos, veias, provocar
reações químicas perigosas no sangue. A soma de alguns desses itens
pode levar à morte. Disponível em: <http://segurancadotrabalhonwn.
com/pressao-hiperbarica/>. Acesso em: 2 nov. 2015.vv

51
UNIDADE 2 | TÉCNICAS DE MEDIÇÃO PARA AGENTES FÍSICOS E ERGONÔMICOS

9 AGENTE CALOR
Há mais de uma variável para se avaliar calor, para a avaliação do agente
calor é necessário o cálculo do índice de sobrecarga térmica, este índice pode ser
levantado ao analisarmos os parâmetros abaixo:

• Temperatura do ar
• Velocidade do ar
• Carga Radiante
• Umidade Relativa do Ar
• Metabolismo do indivíduo, por meio da atividade física da tarefa

E para estipular estes parâmetros é necessário adotar algum critério, o


critério apresentado a seguir é o utilizado pela NHO-06, que é com base no Índice
de Bulbo Úmido Termômetro de Globo – IBUTG. Para chegarmos ao IBUTG,
temos alguns sensores:

• Termômetro de Bulbo Seco – Que é o termômetro comum, de contato direto


com o ar.
• Termômetro de Bulbo Úmido Natural – É um termômetro que possui um pavio
imerso em água (destilada).
• Termômetro de Globo – É um sensor (termômetro) posicionado no centro de
uma esfera (externamente pintada de preto fosco) de cobre com um diâmetro
de seis polegadas, que absorverá a radiação infravermelha.

No Tópico 2 iremos aprender os cálculos que são necessários para se


estabelecer o IBUTG e as variáveis envolvidas para verificar se o agente pode ficar
acima ou abaixo dos limites de tolerância presentes na NR-15, Anexo 3.

10 AGENTE RUÍDO
O agente físico ruído é muito significativo, pois é encontrado na maioria dos
processos industriais e de construção, e por isso este agente merece bastante atenção.

O ruído se propaga através de ondas mecânicas sonoras pelo ar,


perpendicularmente em todas as direções. Ele é mensurado através do nível de
pressão sonora – NPS (N/m2 ou Pa).

NOTA

Os sons de frequência inferior a 20 Hz chamam-se infrassons e no ser humano


podem provocar náuseas e perturbações intestinais. Esta faixa de som não é captada pelo
ouvido humano, mas pode ser captada por outros animais.

52
TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO À AVALIAÇÃO DOS AGENTES FÍSICOS

Os infrassons são produzidos também pelos movimentos da crosta terrestre, de frequência


demasiado baixa para o ser humano. Esses sons são registrados pelos sismógrafos
e podem alertar para a ocorrência de um sismo ou erupção vulcânica.

FONTE: Adaptado de <http://eeappaulas.blogspot.com.br/2013/04/aula-estrutura-do-


ouvid
o.html>. Acesso em: 2 nov. 2015.

Os  sons de frequência superior a 20 000 Hz são os ultrassons. Estes sons


também não são captados pelo ouvido humano, embora possam ser captados
por outros animais. Os ultrassons são de grande utilidade, por exemplo, na
medicina, onde são utilizados para a realização de ecografias. Também  são
utilizados com sucesso na pesca para identificar cardumes de peixes, assim
como pelos sonares em geral.

FONTE: Disponível em: <http://www.aulas-fisica-quimica.com/8f_07.html>. Acesso em: 2 nov. 2015.

A faixa de som audível para o ser humano vai de uma faixa de 20µPa (limiar
da audição), cerca de 20Hz até 200Pa (limiar da dor), aproximadamente 20000 Hz.

FIGURA 11 – FAIXA DE SOM AUDÍVEL


s
- son
Ultra

20 000 Hz

Sons
desagradáveis
Sons audiveis

5 000 Hz

Sons
musicais
s
- son

20 Hz
Infra

0 Hz

FONTE: Espectro sonoro. Disponível em: <http://www.explicatorium.


com/CFQ8/Som_Espectro_sonoro.php>. Acesso em: 2 nov. 2015.

53
UNIDADE 2 | TÉCNICAS DE MEDIÇÃO PARA AGENTES FÍSICOS E ERGONÔMICOS

Mesmo assim, a faixa audível ainda é uma faixa muito grande, impossível
de utilizar em uma escala linear, por isso a unidade de medida utilizada é o dB,
que é uma escala logarítmica.

Como é impossível mensurar esta escala de pressão sonora de forma


linear, foi criada uma escala logarítmica, conhecida por decibel (dB). O decibel
não é uma unidade em si, ele na verdade é uma relação adimensional dada pela
seguinte relação:

NPS= 20* Log10 (P/P0)[dB]


Onde P0=20µPa

Os níveis de pressão sonora em dB não podem ser somados diretamente,


pois eles estão em uma escala logarítmica. Dessa maneira, se quiser saber qual
o NPS em um ambiente que contém várias fontes de ruído, deve-se transformar
estes níveis para Pa, somá-los e depois convertê-los novamente para dB. Pode-se
utilizar a seguinte expressão para esta transformação:

NPStotal = 10* LOG (10L1/10+10L2/10); onde L1 e L2 são fontes ruidosas.

Da mesma maneira, também não é possível subtraí-los diretamente,


portanto cuidado.

No caso de se realizar a avaliação da exposição do trabalhador, deve-se


transformá-los em DOSE antes de somá-los. O conceito de dose de ruído associa
o nível de pressão sonora com o tempo de exposição do trabalhador, assim, para
determinar o Limite de Exposição para o ruído é necessário conhecer o NPS –
Nível de Pressão Sonora e o tempo de exposição.

UNI

A cada 3 dB para mais ou para menos no nível de pressão sonora, trata-se do


dobro ou a metade da potência sonora.

Observe a tabela a seguir, criada por Fantazzini (2001), que facilita a


determinação da combinação entre os níveis de pressão sonora (dB).

54
TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO À AVALIAÇÃO DOS AGENTES FÍSICOS

TABELA 1 – COMBINAÇÃO DE VALORES EM DB


Diferença entre niveis Quantidade a ser adicionada ao
( em dB) maior nivel (em dB)
0,0 3,0
0,2 2,9
0,4 2,8
0,6 2,7
0,8 2,6
1,0 2,5
1,5 2,3
2,0 2,1
2,5 2,0
3,0 1,8
3,5 1,6
4,0 1,5
4,5 1,3
5,0 1,2
5,5 1,1
6,0 1,0
6,5 0,9
7,0 0,8
7,5 0,7
8,0 0,6
9,0 0,5
10,0 0,4
11,0 0,3
13,0 0,2
15,0 0,1
FONTE: Fantazzini (2001)

Você lembra quais os tipos de ruído tratados pela higiene ocupacional, área
da segurança do trabalho?

Os dois tipos de ruído são: ruído impacto, que é


aquele  que  apresenta  picos  de  ener-gia  acústica  de  duração  inferior a  1  (um)
segundo,  a intervalos  superiores  a  1  (um)  segundo. E o ruído contínuo ou
intermitente, que é o que não é ruído de impacto e que se repete ao longo da
exposição em jornada diária.

Bom, sabendo que você já conhece os diferentes tipos de ruídos, contínuo


e intermitente e de impacto, vamos em frente, falando um pouco sobre os
medidores de pressão sonora.

Existem dois tipos básicos de medidores de pressão sonora em segurança


ocupacional, que são: o de medição pontual, conhecido popularmente como
“decibelímetro”, e o audiodosímetro ou dosímetro de ruído, este quantifica a
exposição do trabalhador aplicando o conceito de dose, que é o resultado em uma
ponderação para diferentes tipos de ruídos relacionado com o tempo de exposição
e o tempo máximo permitido de forma cumulativa durante a jornada de trabalho.
55
UNIDADE 2 | TÉCNICAS DE MEDIÇÃO PARA AGENTES FÍSICOS E ERGONÔMICOS

FIGURA 12 – DECIBELÍMETRO (DISPLAY)

FONTE: Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=8r0Ij-


z1x0SQ>. Acesso em: 2 nov. 2015.

Mesmo os medidores mais simples devem possuir, no mínimo, dois tipos


de resposta de leitura dinâmica: a lenta (SLOW) e a rápida (FAST) devem possuir
escalas de Ponderação: tipo A e tipo C. Alguns modelos de medidores apresentam
também escala linear e resposta do tipo impulse, alguns ainda mais sofisticados
são capazes de registrar milhares de medições e representá-las em bandas de
oitava e também bandas de terço de oitava.

Para realizar a leitura do ruído de impacto utiliza-se a resposta dinâmica


do tipo FAST e escala do tipo de ponderação do tipo C. Para a avaliação do ruído
contínuo ou intermitente utiliza-se a reposta dinâmica lenta (SLOW) e o circuito
de Ponderação A.

FIGURA 13 – CURVAS DE PONDERAÇÃO DE RUÍDO

FONTE: Disponível em: <http://www.bksv.com/>. Acesso em: 2 nov. 2015.

56
TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO À AVALIAÇÃO DOS AGENTES FÍSICOS

TUROS
ESTUDOS FU

A seguir, no Tópico 2, iremos nos aprofundar no risco ruído e veremos como


realizar os cálculos necessários à determinação dos níveis de exposição do trabalhador.

11 AGENTE VIBRAÇÃO
O agente vibração se divide em dois tipos: Vibrações de Mãos e Braços
(VMB) e Vibrações de Corpo Inteiro (VCI), ambos são decorrentes do contato direto
com o agente, através do uso de algum maquinário, que seria a fonte geradora.

A vibração de corpo inteiro acontece quando todo o corpo está exposto


àquela vibração, por exemplo, no interior de um veículo.

Já a vibração de mãos e braços ocorre por meio de ferramentas vibratórias,


como marteletes, motosserras etc.

Na vibração, além de mensurarmos a intensidade (a energia mecânica


envolvida), temos uma outra variável importante, a direção (vetor), que é como
essa energia vibratória irá atingir o corpo humano.

Semelhante aos movimentos oscilatórios do ruído, na vibração medimos


a aceleração, que pode ser dada através de dB, ou em m/s², onde:
dB = 20 LOG a/a0
sendo:
a= aceleração; a0 = aceleração de referência.

O equipamento que realiza a medição de vibração é conhecido por


acelerômetro. Da mesma forma que o ruído, ele mede por faixas de frequência,
lineares ou ponderadas, e sob circuitos diferentes também.

Nas vibrações localizadas ou vibrações de mãos e braços a avaliação até


2014 era feita exclusivamente com base nos procedimentos técnicos especificados
pela norma internacional ISO 5349:2001, onde a aceleração de peça vibratória
deve ser determinada em um sistema de coordenada triortogonal, em um ponto
próximo ao ponto no qual a vibração entra na mão (ponto de acoplamento).
Porém, no Anexo 8 da NR-15, a maneira de realização da avaliação não muda,
apenas os limites de tolerância nacionais foram criados.

As direções vão depender do tipo da pegada, do equipamento, sempre


com base no terceiro metatarso, de forma a acomodar diferentes configurações das
peças de trabalho. Um sensor pequeno é montado, a fim de registrar com precisão
um ou mais componentes ortogonais da fonte vibratória na faixa dos 5 aos 1500 Hz.
57
UNIDADE 2 | TÉCNICAS DE MEDIÇÃO PARA AGENTES FÍSICOS E ERGONÔMICOS

ATENCAO

A avaliação da vibração deve ser feita para CADA direção (eixo X, eixo Y, eixo Z),
visto que a vibração é uma grandeza vetorial (possui magnitude e direção).

As vibrações de corpo inteiro são especificadas pela norma internacional


ISO 2631-1:1997, onde as vibrações em ângulo reto, transmitidas ao ser humano,
devem ser medidas nas direções corretas de um sistema ortogonal de coordenadas
que tenham sua origem na posição do coração, conforme a figura a seguir
demonstra. Lembrando que há também novos limites de exposição estabelecidos
pela NR-15 – Anexo 8.

FIGURA 14 – VETORES DE VIBRAÇÃO

FONTE: EBAH. Disponível em: <http://www.ebah.com.br/content/


ABAAAAIycAL/acustica?part=2>. Acesso em: 30 mar. 2014.

58
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico você viu que:

• Os agentes físicos são agentes que interagem com o ser humano através de
energia, onde o que quantificamos são as intensidades energéticas, que,
dependendo da quantidade de horas de exposição do trabalhador ao agente,
podem acarretar em algum dano à saúde.

• Todos os agentes físicos são avaliados, primeiramente de forma qualitativa, por


inspeção no local de trabalho. Porém, alguns destes agentes não são passíveis
de medição quantitativa, são eles: umidade, radiação e frio.

• As radiações não ionizantes são radiações que não são capazes de arrancar
elétrons dos átomos, ou seja, não produzem ionização, pois não têm energia
suficiente para isso.

As radiações ionizantes possuem energia suficiente para ionizar os átomos


e moléculas, podem danificar as células e modificar o material genético (DNA),
causando doenças graves.

• O agente calor é determinado através do cálculo do índice de sobrecarga térmica,


este índice pode ser levantado ao analisarmos os parâmetros: Temperatura do
ar, Velocidade do ar, Carga Radiante, Umidade Relativa do Ar, Metabolismo
do indivíduo por meio da atividade física da tarefa.

• O ruído se propaga através de ondas mecânicas sonoras pelo ar perpendicularmente


em todas as direções. Ele é mensurado através do nível de pressão sonora – NPS
(N/m2 ou Pa). A faixa de som audível para o ser humano vai de uma faixa de
20µPa (limiar da audição) até 200Pa (limiar da dor).

• O agente vibração se divide em dois tipos: Vibrações de Mãos e Braços (VMB) e


Vibrações de Corpo Inteiro (VCI), ambos são decorrentes do contato direto com
o agente, através do uso de algum maquinário, que seria a fonte geradora.

59
AUTOATIVIDADE

1 Posicione os tipos de radiação nas faixas corretas no espectro de radiações.

a) Em que faixa de frequência se encontra a luz visível?

b) De qual lado se encontram as radiações ionizantes e de qual lado as não


ionizantes?

c) Diferencie radiações ionizantes das não ionizantes.

2 Tanto o agente frio quanto o calor são determinados através da leitura de


temperatura. Porém, o calor necessita do cálculo de um índice. Que índice é
esse e a partir de que dados ele é obtido?

3 Imagine uma fábrica onde as fontes ruidosas de determinado ambiente são


o exaustor, prensa, máquina de corte e compressor de ar. Um trabalhador
fica exposto a esta fonte de forma contínua durante toda sua jornada de
trabalho de oito horas.

a) Qual tipo de medidor de pressão sonora é indicado para avaliar a exposição


a este agente?

b) Explique o conceito de dose.

c) Qual curva e qual tempo de resposta devem ser adotados nessa avaliação?

60
UNIDADE 2 TÓPICO 2

PRINCIPAIS AGENTES FÍSICOS – CÁLCULO E


DETERMINAÇÃO

1 INTRODUÇÃO
Alguns agentes físicos exigem um aprofundamento maior de conteúdo
para que possamos determiná-los e compará-los aos limites de tolerância. No
tópico anterior fizemos uma breve introdução a todos os agentes, mas agora,
neste tópico, entenderemos melhor o calor, ruído e vibração.

Todos os três possuem parâmetros e limites estabelecidos pela legislação


brasileira, a norma regulamentadora NR-15 entre seus anexos, sendo que para
estes agentes tem-se ainda as normas de higiene ocupacional específicas que
trazem os procedimentos técnicos: as NHOs da Fundacentro. A NHO 1 para
ruído; a NHO 6 para calor e as NHOs 9 e 10 para vibração de corpo inteiro e de
mãos e braços, respectivamente.

É importante destacar que o conhecimento não é estático e sempre pode


haver alterações na legislação de referência ou mesmo no método de avaliação,
a fim de prover melhorias, como é o caso do agente vibração, que recebeu a
definição de limites de exposição ocupacional recentemente.

Acadêmico, chegou a hora de separar sua calculadora e cair de cabeça nos


cálculos, pois esta é a área da segurança do trabalho onde estes são mais exigidos,
claro que aliados à necessidade de uma interpretação adequada dos resultados.
Vamos lá!

2 DETERMINAÇÃO DA VIBRAÇÃO
Anteriormente à edição da Portaria MTE 1.297/2014, que alterou o Anexo
8 da NR-15, já era claro que as avaliações de vibrações ocupacionais desde 1983,
com o surgimento das normas ISO, deixaram de ser determinadas de forma
apenas qualitativa, inclusive com limites de exposição a esse agente definidos
pela ACGIH (TLVs) (SESI, 2001).

Porém, agora, com a nova edição, que estabelece critérios para caracterização
da condição de trabalho insalubre decorrente da exposição às Vibrações de Mãos
e Braços (VMB) e Vibrações de Corpo Inteiro (VCI), as avaliações quantitativas
deste agente estão ainda mais fundamentadas.
61
UNIDADE 2 | TÉCNICAS DE MEDIÇÃO PARA AGENTES FÍSICOS E ERGONÔMICOS

As NHOs 9 e 10 - para vibração de corpo inteiro e de mãos e braço, não


dispensam o que chamamos de avaliação preliminar do risco, que nada mais é
que o preenchimento de alguns dados e determinação qualitativa da exposição à
vibração. Alguns destes dados são:

• Tempo de realização da tarefa

• Número de ciclos da tarefa

• Equipamento avaliado

• Condições gerais do equipamento

• Tempo de exposição

• Jornada de trabalho

• Se há evidência de dores ou problemas de saúde relacionada à execução da


atividade.

• Descrição detalhada de como é a operação com o equipamento e execução da


tarefa, entre outros.

Para a determinação quantitativa da exposição à vibração é necessário


utilizarmos um equipamento específico, o acelerômetro, que fornece a magnitude de
uma vibração, isto é, a aceleração, que deve ser expressa por um valor médio da raiz
quadrada (rms) em cada eixo x, y e z, bem como a aceleração resultante nos três eixos.

DICAS

Você pode voltar ao tópico anterior (Tópico 1) e verificar a figura dos vetores
para relembrar os eixos x, y e z e a posição deles.

Na vibração de corpo inteiro (VCI) o sensor do acelerômetro é colocado


normalmente sobre o assento, sempre na posição indicada, nos casos de a fonte serem
veículos, devendo ser posicionado no ponto de transmissão da vibração emanada da
superfície para o corpo. Para vibração de corpo inteiro oriunda de plataformas, o
sensor é colocado sob os dois pés dos trabalhadores, na posição em pé.

Já na vibração de mãos e braços (VMB) o sensor é posicionado sob os


dedos indicador e médio, simulando a pegada da ferramenta manual avaliada.

62
TÓPICO 2 | PRINCIPAIS AGENTES FÍSICOS – CÁLCULO E DETERMINAÇÃO

Em ambos os casos, o equipamento fornecerá valores de Aceleração


Média Resultante (AMR) considerando os três eixos ortogonais para cada ciclo
de avaliação realizado. É necessária a realização de cálculo para obter-se a AREP
(Aceleração Resultante de Exposição Parcial), que é a aceleração média resultante
representativa da exposição ocupacional relativa à componente de exposição,
ocorrida em uma parcela de tempo (nos respectivos ciclos).

E então, posteriormente, tendo o resultado do cálculo da aceleração


resultante de exposição parcial, é que será possível calcular a Aceleração Resultante
de Exposição (ARE) que corresponde à aceleração média resultante representativa
da exposição ocupacional DIÁRIA, considerando os três eixos ortogonais.

E ainda temos a AREN, que é a Aceleração Resultante de Exposição


Normalizada, ou seja, esta considera o efetivo tempo de exposição do trabalhador
ao agente.

Outro parâmetro é o VDVR - Valor da Dose de Vibração Resultante, é


o valor da dose de vibração representativo da exposição ocupacional diária,
considerando a resultante dos três eixos de medição, ou melhor, considerando o
maior valor resultante dos três eixos de medição (FUNDACENTRO, 2012).

UNI

As fórmulas complexas e necessárias à obtenção destes cálculos estão


disponíveis na NHO 9 da Fundacentro, nela é possível verificar o passo a passo de cada fase
da determinação destas variáveis.

A caracterização da condição insalubre, de acordo com a NR-15, dar-se-á


se superados quaisquer dos limites de exposição ocupacional diária à VCI, abaixo:

a) valor da aceleração resultante de exposição normalizada (AREN) de 1,1 m/s2;

b) valor da dose de vibração resultante (VDVR) de 21,0 m/s1,75.

E para VMB o valor de aceleração resultante de exposição normalizada


(AREN) não pode ultrapassar 5 m/s2, de acordo com NR-15 – Anexo 8.

63
UNIDADE 2 | TÉCNICAS DE MEDIÇÃO PARA AGENTES FÍSICOS E ERGONÔMICOS

3 DETERMINAÇÃO DO RUÍDO
Para a determinação da avaliação de ruído ocupacional utilizamos o
“decibelímetro” ou o dosímetro de ruído.

Existem procedimentos de avaliação para ambas as situações e inclusive


para medição de ruído de impacto determinado pela NHO 1.

Para determinação do ruído pontual ocupacional, o ideal é que o


decibelímetro seja posicionado no posto de trabalho, nas proximidades da zona
auditiva do trabalhador.

FIGURA 15 – ILUSTRAÇÃO DE DECIBELÍMETRO

FONTE: Ibérica (imagem da esquerda). Disponível em: <http://www.pce-iberi-


ca.es/medidor-detalles-tecnicos/instrumento-de-ruido/decibelimetro-sl-2900.
htm>. Projeto Acústico (imagem da direita). Disponível em: <http://www.proje-
toacustico.com.br/equipamentos>. Acesso em: 19 out. 2015.

Ao se optar por avaliação utilizando-se os dosímetros de ruído, um dos


procedimentos é que o microfone deve ser posicionado sobre o ombro da pessoa
avaliada, preso na vestimenta, próximo à zona auditiva do trabalhador.

O dosímetro de ruído deve ficar instalado durante toda a jornada de


trabalho do avaliado, para que ele forneça um resultado da realidade de exposição
do trabalhador. Porém, devido à dificuldade de acompanhar e colocar o aparelho
fazendo uma avaliação na jornada de oito horas ou mais, admite-se que a avaliação
cubra pelo menos 75% da jornada, fazendo-se uma avaliação de seis horas,
para jornada padrão de oito horas. Porém, vale ressaltar que posteriormente é
necessário normalizar o valor obtido para a jornada do trabalhador.

64
TÓPICO 2 | PRINCIPAIS AGENTES FÍSICOS – CÁLCULO E DETERMINAÇÃO

FIGURA 16 – ILUSTRAÇÃO DE DOSÍMETRO DE RUÍDO

FONTE: Disponível em: <http://4.bp.blogspot.com/_Fjv8S4jai-


QE/SrPeijMEQAI/AAAAAAAAAAk/cqDJneMgkko/s320/DOSIME-
TRO+QUEST+NOISE+PRO+DLX.gif>. Acesso em: 19 out. 2015.

FIGURA 17 – POSIÇÃO DO MICROFONE DO DOSÍMETRO DE RUÍDO NO


TRABALHADOR

Microfone
posicionado
próximo à zona
auditiva do
trabalhador

Fio ou
cabo

Audiodosímetro

FONTE: O autor

O Anexo 1 da NR-15 tenta ainda explicar um efeito comum que justifica


a adoção atual de audiodosímetro para determinação do ruído ocupacional ser
a opção mais acertada. Mas como esta norma foi criada em 1972, ela considerava
que a maioria das avaliações utilizava apenas o decibelímetro de leitura pontual.

Este efeito chama-se efeito combinado, pois no decorrer da jornada de


trabalho podem ocorrer dois ou mais períodos de exposição a ruído a diferentes
níveis de pressão sonora. Nestes casos, então, devem ser considerados os seus
efeitos combinados, de forma que se realiza a soma das seguintes frações:

C1 + C2 + C3 + ... Cn
T1 T2 T3 Tn

65
UNIDADE 2 | TÉCNICAS DE MEDIÇÃO PARA AGENTES FÍSICOS E ERGONÔMICOS

O conceito de efeito combinado do Anexo 1 da NR-15 é aprimorado com


a utilização da dose, como já foi mencionado.

A dose de ruído é a ponderação para diferentes situações acústicas,


de acordo com o tempo de exposição e o tempo máximo permitido, de forma
cumulativa na jornada (SESI, 2007).

Onde a dose é:
D = Te1 / Tp1 + Te2 / Tp2 +......... Ten / Tpn
Onde:
D = Dose de Ruído
Te = Tempo de exposição a um determinado nível
Tp = Tempo permitido de exposição para este nível.

Se o valor da dose for menor ou igual a 1, ou seja, 100%, a exposição está


dentro do limite de tolerância; se ultrapassar 1 ou 100%, significa que há risco
potencial do trabalhador adquirir surdez ocupacional (SESI, 2007).

De acordo com o Anexo 1 da NR-15, o limite de tolerância para ruído


contínuo ou intermitente ocupacional é 85 dB (A) para uma jornada de trabalho
de oito horas, 48 horas semanais, que equivale a uma Dose de 100%.

UNI

No caso do Ruído Contínuo, o Limite de Tolerância é a própria DOSE. Ou


seja, 100%.

O fator de dobra (FDD, IDD, ER ou “q”) é o incremento em decibel que é


adicionado a um nível de ruído, implicando na duplicação da dose de exposição
ou a redução para a metade do tempo máximo permitido.

Atualmente, temos dois tipos de fator de dobra, o de 3 decibel (NHO-01),


baseados em estudos que evidenciam que esta dobra sempre acontece quando
dobramos a distância da fonte ruidosa. E temos a dobra de 5 decibel trazida pela
nossa NR-15.

66
TÓPICO 2 | PRINCIPAIS AGENTES FÍSICOS – CÁLCULO E DETERMINAÇÃO

TABELA 2 – LIMITE DE TOLERÂNCIA PARA RUÍDO CONTÍNUO OU


INTERMITENTE

Nível de Pressão Tempo de


Sonora (dB) exposição
85 8h
86 7h
87 6h
88 5h
89 4h e 30min
90 4h
95 2h
100 1h
105 30min
110 15min
115 7min

FONTE: (BRASIL, 1978)

O limite de exposição ocupacional para ruído é de 85 dB(A), que


corresponde a 100% da dose diária permitida. Se diminuíssemos essa exposição
para apenas quatro horas, considerando o FDD de 5, teríamos uma exposição a
80 dB(A), ou de 50% (de dose), o que também conhecemos como nível de ação.

Se dobrássemos a exposição, ou seja, se o trabalhador ficasse exposto a 16


horas diárias, ainda considerando o FDD de 5, com 90 dB(A), teríamos 200% da
dose de exposição, dobrando o limite diário permitido.

Veja a tabela a seguir, que mostra um comparativo entre os diferentes


FDD e também explica visualmente como funciona essa dobra da exposição ao
ruído ocupacional.

TABELA 3 – COMPARATIVO DE LIMITE DE EXPOSIÇÃO

EXPOSIÇÃO NHO 1, ACGIH / USA. NR 15 - MTE / BR


DOSE em %
(tempo em horas) FDD= 3 FDD= 5
24 h 79 dB(A) 75 dB(A) 25%
16 h 82 dB(A) 80 dB(A) 50% (nível de ação)
100% (limite de
8h 85 dB(A) 85 dB(A)
tolerância)
4h 88 dB(A) 90 dB(A) 200%

FONTE: O autor

67
UNIDADE 2 | TÉCNICAS DE MEDIÇÃO PARA AGENTES FÍSICOS E ERGONÔMICOS

Entenda que se você tem a informação do fator de dobra (FDD) e a dose


diária, é possível encontrar o nível de pressão sonora em decibel através das
fórmulas a seguir, e o mesmo acontece vice-versa: se temos o valor em decibel, é
possível determinar a dose de exposição.

Agora, vamos conhecer os cálculos para a determinação da dose através


do dB, onde temos para:

Q=3 (fator de dobra 3)


D= TE x 100 x 2^ (NE - 85)
480 3

Q=5 (fator de dobra 5)


D= TE x 100 2^ (NE - 85)
480 5

Lavg = 16,61 x log 480 x D + 85


TE 100

Leq = 10 x log 480 x D + 85


TE 100

UNI

Quando utilizamos o fator de dobra q=3, tratamos popularmente do nível


médio equivalente, conhecido por LEQ, e quando utilizamos o fator de dobra q=5, estamos
falando do LAVG. Todos os dois, na verdade, se referem a nível médio de exposição.

Os dosímetros de ruído fornecem tanto o valor de Lavg para o tempo


de amostragem realizado, quanto o valor de Leq, mas para conhecimento, estes
valores são calculados através da seguinte fórmula:

Para calcularmos o Lavg - Nível Médio de Exposição “q=5”:

Lavg = 16,61 x log 480 x D + 85


TE 100

Para calcularmos o Leq - Nível de Exposição Equivalente “q=3”:

Leq = 10 x log 480 x D+ 85


TE 100

68
TÓPICO 2 | PRINCIPAIS AGENTES FÍSICOS – CÁLCULO E DETERMINAÇÃO

TE= Tempo de exposição em minutos

D= Dose em %

4 DETERMINAÇÃO DO CALOR
O calor, de acordo com a NR-15 - Anexo 3, é obtido através do cálculo
do IBUTG e da taxa calórica resultante da atividade metabólica necessária para
realização da tarefa.

O aparelho que mede o IBUTG - Índice de Bulbo Úmido e Termômetro de


Globo é o medidor de estresse térmico, que é um conjunto de termômetros digitais
(termômetro de bulbo seco, termômetro de bulbo úmido natural, termômetro globo).

FIGURA 18 – MEDIDOR DE ESTRESSE TÉRMICO

FONTE: Disponível em: <http://www.100instrumentos.com.br/


ceminstrumentos/Assets/product_images/grandes/Foto%20
4278%20copy.jpg>. Acesso em: 19 out. 2015.

Este aparelho é colocado no ambiente de realização da tarefa que se está


avaliando, onde espera-se a sua estabilização, que demora cerca de 15 minutos, e
posteriormente se faz a leitura dos parâmetros.

Como o trabalhador dificilmente fica exposto a uma condição única ou uma


tarefa única, a avaliação também é feita em ciclos, com base em uma hora - 60 minutos.

Para os ambientes sem carga solar o IBUTG é calculado por:

IBUTG = 0,7 Tbn + 0,3 Tg

Já para ambientes externos com carga solar, usa-se:

IBUTG = 0,7Tbn + 0,2 Tg + 0,1 Tbs

69
UNIDADE 2 | TÉCNICAS DE MEDIÇÃO PARA AGENTES FÍSICOS E ERGONÔMICOS

Onde:
Tbs – termômetro de bulbo seco
Tbn – termômetro de bulbo úmido natural
Tg – termômetro globo

A Portaria 3.214/78 – NR-15 - Anexo 3 - Limites de Tolerância para Exposição


ao Calor estabelece dois tipos de limites: regime de trabalho intermitente com
períodos de descanso no próprio local de prestação de serviço; regime de trabalho
intermitente com período de descanso em outro local (de descanso).

QUADRO 4 – CLASSIFICAÇÃO DA ATIVIDADE COM O REGIME DE TRABALHO INTERMITENTE,


COM DESCANSO NO LOCAL DE TRABALHO
REGIME DE TRABALHO
INTERMITENTE COM DESCANSO NO TIPO DE ATIVIDADE
PRÓPRIO LOCAL
DE TRABALHO (por hora) LEVE MODERADA PESADA
Trabalho contínuo até 30,0 até 26,7 até 25,0
45 minutos trabalho
30,1 à 30,6 26,8 à 28,0 25,1 à 25,9
15 minutos descanso
30 minutos trabalho
30,7 à 31,4 28,1 à 29,4 26,0 à 27,9
30 minutos descanso
15 minutos trabalho
31,5 à 32,2 29,5 à 31,1 28,0 à 30,0
45 minutos descanso
Não é permitido o trabalho, sem a adoção de
acima de 32,2 acima de 31,1 acima de 30,0
medidas adequadas de controle

FONTE: Brasil (1978)

QUADRO 5 – TAXAS METABÓLICAS POR ATIVIDADE

TIPO DE ATIVIDADE Kcal/h


SENTADO EM REPOUSO 100
TRABALHO LEVE
Sentado, movimentos moderados com braços e tronco (ex.: datilografia). 125
Sentado, movimentos moderados com braços e pernas (ex.: dirigir). 150
De pé, trabalho leve, em máquina ou bancada, principalmente com os braços. 150
TRABALHO MODERADO
Sentado, movimentos vigorosos com braços e pernas. 180
De pé, trabalho leve em máquina ou bancada com alguma movimentação. 175
De pé, trabalho moderado em máquina ou bancada, com alguma movimentação. 220
Em movimento trabalho moderado de levantar ou empurrar. 300
TRABALHO PESADO
Trabalho intermitente de levantar, empurrar ou arrastar pesos (ex.: remoção com pá). 440
Trabalho fatigante. 550
FONTE: Brasil (1978)

70
TÓPICO 2 | PRINCIPAIS AGENTES FÍSICOS – CÁLCULO E DETERMINAÇÃO

QUADRO 6 – MÁXIMO PERMISSÍVEL DE IBUTG MÉDIO PONDERA-


DO, DE ACORDO COM O METABOLISMO MÉDIO PONDERADO

M (Kcal/h) MÁXIMO IBUTG


175 30,5
200 30,0
250 28,5
300 27,5
350 26,5
400 26,0
450 25,5
500 25,0
FONTE: Brasil (1978)

Para o cálculo do regime de trabalho intermitente com descanso em local


diferente do local de trabalho, temos:

M = (Mt x Tt) + (Md x Td)


60

Sendo:

Mt - taxa de metabolismo no local de trabalho.


Tt - soma dos tempos, em minutos, em que se permanece no local de trabalho.
Md - taxa de metabolismo no local de descanso.
Td - soma dos tempos, em minutos, em que se permanece no local de descanso.

Assim, o IBUTG é dado através:

IBUTG = (IBUTGt x Tt) + (IBUTGd x Td)


60

Sendo:
IBUTGt - IBUTG no local de trabalho.
Tt - soma dos tempos, em minutos, em que se permanece no local de trabalho.
IBUTGd - IBUTG no local de descanso.
Td - soma dos tempos, em minutos, em que se permanece no local de descanso.

Tendo estes resultados, é só comparar com os quadros com o Anexo 3 da


NR-15 para determinar se a situação encontrada é insalubre, onde:

IBUTG < M (LT (Limite de Tolerância) – Quadro 2, Anexo 3)

71
UNIDADE 2 | TÉCNICAS DE MEDIÇÃO PARA AGENTES FÍSICOS E ERGONÔMICOS

Material Complementar

Modelo de ficha de campo para avaliação de ruído dosimetria:

Empresa:

Jornada:
Cidade/UF:

Setor: Cargo:

Funcionário:

Data:
_____/_____/________

Hora inicial: Hora final:

Calibração Inicial: Calibração Final:

LAVG medido: LEQ medido:

Tempo Total Avaliado


Valor da DOSE:
em minutos:

Equipamento
Equipamento:
Calibrador n°:

Marca: Marca:

Modelo: Modelo:

Nº: Nº:

Ass. Funcionário

Ass. Responsável

Ass. Responsável pela Avaliação

72
TÓPICO 2 | PRINCIPAIS AGENTES FÍSICOS – CÁLCULO E DETERMINAÇÃO

Modelo de ficha de campo para avaliação de calor:

Empresa:
Cidade/UF:
Setor: Cargo:
Funcionário: Jornada:
Data: _____/_____/________

Atividade:

1 ☐ IBUTG c/ carga solar ☐ IBUTG s/ carga solar Hora Inicial: Hora Final:
O quê:

Fonte:

2 ☐ IBUTG c/ carga solar ☐ IBUTG s/ carga solar Hora Inicial: Hora Final:
O quê:

Fonte:

3 ☐ IBUTG c/ carga solar € IBUTG s/ carga solar Hora Inicial: Hora Final:
O quê:

Fonte:

4 ☐ IBUTG c/ carga solar ☐ IBUTG s/ carga solar Hora Inicial: Hora Final:
O quê:

Fonte:

73
UNIDADE 2 | TÉCNICAS DE MEDIÇÃO PARA AGENTES FÍSICOS E ERGONÔMICOS

Temperatura Temperatura Tempo de Tipo de atividade Taxa de


Temperatura
Ciclos de bulbo de bulbo Exposição (Leve/Morada/ metabolismo IBUTG
de globo (tg)
seco (tbs) úmido (tbn) (min) Pesada) (kcal/h)

Média IBUTG

Equipamento:
Marca:
Modelo:
Nº:

Ass. Funcionário

Ass. Responsável

Ass. Responsável pela Avaliação

FONTE: O autor

74
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico você viu que:

• Para avaliação da vibração de corpo inteiro (VCI) deve-se seguir instruções da


NHO 9 e limites de tolerância da NR-15 - Anexo 8.

• Para avaliação da vibração de mãos e braços (VMB) deve-se seguir instruções


da NHO 10 e limites de tolerância da NR-15 - Anexo 8.

• Para avaliação de ruído as normas de referência são NHO 1 e NR-15 - Anexo 1.

• Para avaliação de calor, NHO 6 e limite de tolerância estabelecidos da NR-15 -


Anexo 3.

• A dose de ruído é a ponderação para diferentes situações acústicas, de acordo


com o tempo de exposição e o tempo máximo permitido, de forma cumulativa
na jornada.

• De acordo com o Anexo 1 da NR-15, o limite de tolerância para ruído contínuo


ou intermitente ocupacional é 85 dB (A) para uma jornada de trabalho de oito
horas, 48 horas semanais, que equivale a uma Dose de 100%.

• O IBUTG é resultante da leitura das temperaturas do conjunto de termômetros:


termômetro de bulbo seco, termômetro de bulbo úmido natural, termômetro
globo.

75
AUTOATIVIDADE

1 Indique um exemplo de situação de avaliação de vibração VCI e um exemplo


de situação de avaliação VMB.

2 Numa determinada indústria a exposição ocupacional de um trabalhador


com jornada de oito horas é a seguinte:

2 horas com exposição a 92 dB(A).


3 horas com exposição a 87 dB(A).
3 horas de exposição a 85 dB(A).

Demonstre, através de cálculos, se a exposição ultrapassa o limite de


tolerância.

3 Para um trabalhador exposto durante seis horas a determinada situação


ocupacional obteve-se um resultado de Lavg igual a 87 dB(A). Qual o valor
de dose?

4 Um operador de forno carrega um forno com as peças por cinco minutos,


espera no mesmo local a carga ficar no ponto de retirada por mais cinco
minutos e depois retira, demora para retirar a carga por mais cinco minutos,
repetindo esse procedimento durante toda sua jornada de trabalho. No
levantamento ambiental obteve-se a seguinte leitura:

Tg = 35° C.
Ts = 33° C.
Tbn = 27° C.

Observação: O trabalho é realizado em local fechado e a atividade é


considerada moderada.

Verifique se o limite de tolerância foi excedido.

76
UNIDADE 2 TÓPICO 3

AVALIAÇÃO DOS AGENTES ERGONÔMICOS

1 INTRODUÇÃO
A Norma Regulamentadora que rege os parâmetros ergonômicos é a
NR-17 – Portaria 3.751 de 1990 do TEM. Ela estabelece que o empregador deve
proporcionar condições de trabalho que permitam a adaptação do próprio
trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a
proporcionar um máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente.

Ao avaliar a adaptação das condições de trabalho e as características


psicofisiológicas dos trabalhadores, o empregador deve realizar a análise
ergonômica do trabalho que verifique as condições do ambiente de trabalho,
como: levantamento, transporte e descarga de materiais; o mobiliário; os
equipamentos; postos de trabalho e a própria organização do trabalho,
garantindo o mínimo de condições necessárias à realização da atividade laboral.

FONTE: Disponível em: <http://www3.mte.gov.br/seg_sau/pub_cne_manual_nr17.pdf>. Acesso


em: nov. 2015.

Diferente da higiene ocupacional, alguns agentes físicos são analisados


pela ótica do conforto ambiental, ou seja, de acordo com a NR-17, não apenas
devemos avaliar situação danosa à saúde que implique diretamente na aquisição
de doença ocupacional, caso o limite de tolerância seja ultrapassado, mas sim,
devemos proporcionar condições de trabalho que de maneira nenhuma venham,
mesmo que indiretamente, causar algum malefício à saúde, como, por exemplo,
doenças de cunho psíquico, como o estresse.

E sob esse aspecto, alguns agentes são separados e analisados de forma


diferente na ergonomia, são eles: iluminação, ruído de conforto acústico,
levantamento e carregamento de carga, conforto térmico, entre outros.

2 ILUMINAMENTO
De acordo com a NR-17 em seu item 17.5.3, em todos os locais de trabalho,
postos, deve haver iluminação adequada, podendo ser natural ou artificial,
apropriada à natureza da atividade, ou seja, que permite a realização da atividade
sem causar mal-estar decorrente da falta de iluminamento.

77
UNIDADE 2 | TÉCNICAS DE MEDIÇÃO PARA AGENTES FÍSICOS E ERGONÔMICOS

Para isso, os níveis de iluminamento mínimos a serem observados nos


locais de trabalho são os valores de iluminância. Estes estão estabelecidos na NBR
5413, norma brasileira registrada no INMETRO, como consta no item 17.5.3.3 da
mesma Norma Regulamentadora.

Esta medição deve ser feita no campo de trabalho onde se realiza a tarefa
visual, para isso utiliza-se um equipamento chamado luxímetro, com fotocélula
corrigida para a sensibilidade do olho humano e em função do ângulo de incidência.

Os resultados fornecidos pelo aparelho e os parâmetros para comparação


da iluminância são dados em lux.

Vale ressaltar que a NR-17 remete fundamentalmente à Norma Brasileira


- NBR 5413, tratando apenas das iluminâncias recomendadas nos ambientes de
trabalho. Porém, o iluminamento adequado não depende só da quantidade de lux
que incide no plano de trabalho, depende também da refletância dos materiais, das
dimensões do detalhe a ser observado ou detectado, do contraste com o fundo etc.

Ater-se apenas aos valores preconizados nas tabelas, sem levar em conta
as exigências da tarefa, pode conduzir a projetos de iluminamento totalmente
ineficazes. A situação mais desejada seria aquela em que, além do iluminamento
geral, o trabalhador dispusesse de fontes luminosas individuais nas quais pudesse
regular a intensidade. Uma costureira, por exemplo, pode necessitar de maior
iluminamento quando trabalha sobre um tecido escuro e um menor e menos
ofuscante se o tecido for claro. Um ambiente com terminais de vídeo excessivamente
iluminados pode provocar ofuscamentos desnecessários (MTE, SIT, 2002).

FIGURA 19 – IMAGEM DE UM LUXÍMETRO E SEU SENSOR

FONTE: Segurança do Trabalho. Disponível em <http://segurancado-


trabalhonwn.com/equipamentos-de-medicao-de-seguranca-do-tra-
balho/>. Acesso em: 19 out. 2015.

78
TÓPICO 3 | AVALIAÇÃO DOS AGENTES ERGONÔMICOS

3 DINAMOMETRIA
É a ciência  que se refere a todo tipo de processos que têm em vista a
medição de forças, bem como a medição da distribuição de pressões (ADRIAN;
COOPER, 1995).

Pode designar-se também como qualquer tipo de controle de força ou


alargamento por uma tração, extensão ou compressão, podendo ser construído
um instrumento por diferentes tipos de produto (FENOLL, 2002).

“O dinamômetro, que é o equipamento que mensura o comportamento


da carga alargada ou da tensão por deformação, mensura através da tensão de
uma mola, do deslocamento do ar, ou da extensão de ligas metálicas, fornecendo
valores de força em unidades como Kgf (quilogramas força)”.

FONTE: Disponível em: <http://incrivelhooke.blogspot.com.br/>. Acesso em: nov. 2015.

Entre os principais objetivos que indicam a utilização da dinamometria


no âmbito ocupacional, pode-se apontar: 

• Análise da técnica de movimento.

• Análise da condição física.

• Controle da sobrecarga.

• Influência de fatores externos (força de reação do solo - FRS).

• Influência de fatores internos (forças articulares e musculares).

Observe na figura a seguir a ilustração que foi extraída de um teste a ser


realizado para admissão de trabalhadores em concurso público dos Correios.

79
UNIDADE 2 | TÉCNICAS DE MEDIÇÃO PARA AGENTES FÍSICOS E ERGONÔMICOS

FIGURA 20 – ILUSTRAÇÃO DE TESTE DE DINAMOMETRIA MUSCULAR

FONTE: Disponível em: <http://concubras.com.br/teste-fisico-correios-a-


valiacao-da-capacidade-fisica-e-laboral-acfl>. Acesso em: 4 out. 2015.

4 CONDIÇÕES GERAIS DE CONFORTO


O item 17.5.2 da NR 17 ainda faz alusão, além da iluminância, a outros
parâmetros que devem ser controlados no ambiente de trabalho, como:

a) índice de temperatura efetiva, que deve estar entre 20ºC e 23ºC;

b) velocidade do ar, que não deve ser superior a 0,75 m/s;

c) umidade relativa do ar, não podendo ser inferior a 40%.

“A climatização dos locais de trabalho onde há solicitação intelectual e


atenção constante, frequentemente é obtida pelo sistema de ar-condicionado. Na
grande maioria das situações de trabalho, não há o emprego de fontes de calor
radiante para a execução das tarefas”.
Disponível em: <http://academico.escolasatelite.net/system/application/materials/uploads/25/
guia-de-estudo-no-03-parte-2---introducao-a-ergonomia.pdf>. Acesso em: nov. 2015.

80
TÓPICO 3 | AVALIAÇÃO DOS AGENTES ERGONÔMICOS

A abordagem para verificar as condições de conforto térmico inicia-se


por uma fase exploratória. Essa fase compreende a observação da situação de
trabalho, complementada por entrevistas com os trabalhadores a respeito do
conforto térmico. A seguir, faz-se necessário conhecer os seguintes parâmetros:
temperatura efetiva, velocidade do ar e umidade relativa e a estratégia de medição
para se verificar a conformidade ou não com a legislação sobre conforto térmico.

FONTE: Disponível em: <https://www.passeidireto.com/arquivo/17284244/ministerio-do-traba-


lho---nr-17-comentada/11>. Acesso em: nov. 2015.

É indispensável conhecer a carga de trabalho e o tipo de vestimenta utilizado.


A ação dos profissionais de segurança e saúde ocupacional deve privilegiar a busca
conjunta de soluções para reduzir a exposição do trabalhador, aumentar o grau de
satisfação por meio da reorganização do trabalho ou de medidas técnicas.

Os critérios de medição do conforto térmico devem levar em conta a


atividade real, e a medição deve ser realizada na altura do tórax do trabalhador.

São utilizados o termo higrômetro e o termo anemômetro, mas há


instrumentos que permitem a leitura de todos os parâmetros. Vale ressaltar
que a temperatura não é a temperatura do ar. A temperatura efetiva é um
índice desenvolvido por Yaglou (1927) com o intuito de apreciar o conforto
térmico. É definida como a temperatura ambiente com ar calmo, saturado em
vapor d’água que produz a mesma sensação térmica do ambiente estudado.
A determinação da temperatura efetiva é obtida por meio da introdução em
ábaco específico dos seguintes parâmetros: temperatura do ar, temperatura de
bulbo úmido e velocidade do ar.

Os casos mais problemáticos evidenciam ineficiência do sistema


de ventilação. Outro indício é a diminuição da umidade relativa a valores
inferiores ao recomendado pela NR-17 no período da tarde, geralmente com
temperaturas externas superiores.

Velocidade do ar superior ao preconizado pode evidenciar a existência


de postos em que as saídas de ar situam-se sobre a cabeça e tronco dos
funcionários. Nessas saídas, não raro pode ser observado acúmulo de poeira.

FONTE: Disponível em: <https://www.passeidireto.com/arquivo/17284244/ministerio-do-traba-


lho---nr-17-comentada/11>. Acesso em: nov. 2015.

81
UNIDADE 2 | TÉCNICAS DE MEDIÇÃO PARA AGENTES FÍSICOS E ERGONÔMICOS

E
IMPORTANT

A título de curiosidade, conhecendo-se esses parâmetros do ambiente, o tipo


de vestimenta, sexo do trabalhador e a carga de trabalho, é possível calcular os índices
Predicted Mean Vote – PMV e Predicted Percentage of Dissatisfied – PPD de acordo com a
norma ISO 7730-74. Essa norma recomenda para as condições de conforto PMV entre -0,5 e
+0,5 e PPD inferior a 10% de insatisfação.

LEITURA COMPLEMENTAR

MEDIDAS DE CONTROLE DO RUÍDO


 
Marcos Paiva Matos & Ubiratan de Paula Santos
 
Embora seja o ruído um dos agentes mais comuns nos locais de trabalho,
e existirem medidas eficazes no seu controle, ainda são poucas as empresas que
adotam medidas de controle e programas de conservação auditiva.

O senso comum sugere sempre o uso de protetores auriculares para evitar


os efeitos do ruído. Nas discussões diárias entre trabalhadores e empresários e nas
ações dos serviços que avaliam os ambientes de trabalho, a tônica é a discussão
entre medidas coletivas versus medidas individuais, estas sempre preferidas pelas
empresas, apesar de referirem pouca adesão dos trabalhadores.

É preciso reconhecer que este debate é muito mais amplo, porque amplas
são as possibilidades contidas nas expressões coletivas e individuais.

Preliminarmente é necessário afirmar que todo esforço deve ser realizado


na criação de ambiente e condições de trabalho adaptadas ao homem, e que a
discussão proteção coletiva x individual não faz sentido.

Como em todo campo da saúde do trabalhador, também neste a


participação dos trabalhadores na discussão das medidas de controle do ruído
é importante, não apenas por razões de natureza democrática, mas porque eles
podem desempenhar papel determinante no monitoramento ambiental, na
identificação de problemas e soluções em suas atividades diárias.

Para reduzir o ruído, é importante relembrar que o som se propaga no ar


e nos sólidos sob forma de vibração. A maior parte das fontes sonoras produz,
simultaneamente, ruídos aéreos e ruídos transmitidos por vibrações de sólidos.

82
TÓPICO 3 | AVALIAÇÃO DOS AGENTES ERGONÔMICOS

As viabilidades técnicas de redução do ruído devem ser buscadas


incessantemente, pois normalmente o ruído tem múltiplas causas e todas elas
devem ser estudadas e tratadas.

As medidas de controle do ruído, essenciais no PCA, podem ser


resumidas de maneira sucinta a três grupos em conformidade com as soluções
propostas. Pela extensão do tema, afeto à higiene industrial na área de acústica,
procuramos sistematizar um conjunto de medidas e exemplos que possibilitam
uma introdução às inúmeras alternativas possíveis de controle.

 Intervenção na fonte emissora:

1. Eliminação ou substituição com máquina mais silenciosa.


2. Modificação no ritmo de funcionamento da máquina.
3. Aumento da distância e redução da concentração de máquinas.
 
Intervenção sobre a propagação:

4. Suportes antivibrantes.
5. Enclausuramento integral.
6. Enclausuramento parcial.
7. Barreiras.
8. Silenciadores.
9. Tratamento fonoabsorvente.
 
Intervenção sobre o trabalhador:

10. Isolamento em cabine silenciosa.


11. Redução do tempo de exposição.
12. Equipamentos de proteção individual.
 
A) INTERVENÇÃO SOBRE A FONTE EMISSORA

Consistem basicamente nos seguintes aspectos:

• aumento da distância da fonte emissora;


• redução da concentração das máquinas;
• substituição por máquinas mais silenciosas;
• alteração no ritmo de funcionamento;
• melhoria ou adequação da manutenção preventiva;
• alteração na fonte emissora.

Para atuar sobre a fonte emissora é importante projetar as plantas industriais


e demais atividades, visando a necessidade de um ambiente controlado. Modificar
uma máquina ou um processo de produção já em andamento é uma tarefa mais
difícil do que projetar um ambiente silencioso, antes de colocá-lo em atividade.

83
UNIDADE 2 | TÉCNICAS DE MEDIÇÃO PARA AGENTES FÍSICOS E ERGONÔMICOS

  Para controlar ou reduzir o nível de emissão de ruído de máquinas e


equipamentos, diversos procedimentos podem ser utilizados, tais como:

• A escolha de fontes de energia e de transmissão que permitam regulagens de


velocidade, pois este fator contribui muito para que a máquina seja mais silenciosa;
• munir de silenciadores as saídas de ar de válvulas pneumáticas;
• utilizar modelos de ventiladores mais silenciosos ou colocar silenciadores nos
condutores do sistema de ventilação;
• escolher o tipo adequado de bomba no sistema hidráulico;
• dotar de silenciadores as entradas dos compressores de ar;
• instalar motores e transmissões elétricas mais silenciosas;
• equipar os sistemas hidráulicos com reservatório de óleo bem reforçado
(bastante massa);
• dotar de amortecedores os circuitos hidráulicos;
• munir os condutores dos sistemas de ventilação de silenciadores de modo a
evitar que o ruído se propague dos locais ruidosos para locais silenciosos;
• evitar ou reduzir os choques entre os componentes das máquinas;
• reduzir progressivamente os movimentos alternativos, e se possível eliminá-los;
• substituir partes metálicas por partes plásticas, mais silenciosas;
• blindar as partes ruidosas das máquinas.

Importante papel atribui-se à manutenção e modificação das instalações


existentes, uma vez que se pode diminuir ou eliminar os ruídos gerados pelo impacto
ou atrito de partes, causados por defeitos de operação ou manutenção inadequada.

Nestes casos podem ser tomadas medidas simples, como:

• manter lubrificadas e em bom estado as engrenagens;


• reduzir a altura de queda dos produtos para recipientes e contentores;
• aumentar a rigidez dos contentores e tratá-los acusticamente;
• amortecer os choques com uso de revestimentos de borracha ou plástico de
grande resistência a desgaste.

Também nos sistemas de transporte de materiais, diversas medidas


podem ser observadas:

• Os transportadores de tela são mais silenciosos que os de rolo;


• a adaptação da velocidade da tela deve ser feita conforme a quantidade de
pessoas a transportar para evitar ao máximo as paradas, pois os arranques
sempre geram níveis elevados de ruído;
• uma lubrificação bem feita das engrenagens e partes móveis também contribui
para evitar geração ou aumento dos níveis de ruído.
 
Alguns exemplos:

1. Substituição por máquinas ou atividades mais silenciosas

84
TÓPICO 3 | AVALIAÇÃO DOS AGENTES ERGONÔMICOS

Ventiladores:

Substituir por ventilador com menor velocidade (giros/m), mas com


diâmetro maior para manter igual capacidade. O ruído de um ventilador aumenta
(com a quinta potência) com o aumento do número de giros.

Correias:

Não utilizar correias velhas, elas devem ter boa elasticidade.

• Substituir correias dentadas por trapezoidais;


• manter tensão adequada.

Equipamento a ar comprimido portátil:

• Substituir por elétricos.

Engrenagens:

• Utilizar baixa velocidade e carga reduzida;


• substituir engrenagens com dentes de metal por de material plástico.
 
2. Alterações na fonte emissora

As rápidas vibrações das moléculas de ar que produzem ruído podem


originar-se de causas mecânicas e aerodinâmicas. Diversas medidas que atuem
nelas podem contribuir para a redução do ruído. Por exemplo:

Causas mecânicas:

Quando a vibração de ar decorre de vibrações de um corpo:

• Reduzir a força aplicada.


• Reduzir a superfície vibrante.
• Reduzir a capacidade de emissão da superfície vibrante (revestindo-a com
material amortecedor).

Por exemplo, em prensas ou guilhotinas, utilizar punções com seções


angulares em relação ao plano de trabalho. Isso permite distribuir no tempo a
energia global aplicada, com menor emissão de ruído.

Causas aerodinâmicas:

• Reduzir a velocidade do fluido.


• Reduzir a turbulência do fluido.

85
UNIDADE 2 | TÉCNICAS DE MEDIÇÃO PARA AGENTES FÍSICOS E ERGONÔMICOS

Por exemplo, um ventilador deve trabalhar nas condições de máximo


rendimento – giro e capacidade. Nesta condição as pás criam menos turbulência
no ar e menor nível de ruído.
 
3. Distância da fonte e redução da concentração de máquinas

Em áreas livres, sem reflexão do ruído, a cada duplicação da distância da


fonte, o nível de pressão sonora se reduz em 6 dB.

Esta condição não se encontra na prática em locais industriais, apenas em


operações a céu aberto (pedreiras, por exemplo). Mas, nas indústrias com adequação
de leiaute, se pode conseguir reduções importantes dos níveis de ruído.
 
B) INTERVENÇÃO SOBRE A PROPAGAÇÃO

Toda vez que tratamos de vibrações ou oscilações, aparece o conceito


de ressonância. Uma maneira de visualizar este fenômeno, dentro do campo da
mecânica, pode ser o seguinte: imaginemos um elemento inercial (uma massa) e
um elemento elástico (uma mola) que ligue o primeiro a um plano de referência.

Com o sistema em equilíbrio, estiramos a mola (ressonância) e a soltamos.


A massa oscilará em torno de seu ponto de equilíbrio.

A frequência desta oscilação será independente do alongamento causado


inicialmente, pois dependerá somente das constantes de massa e do ressonante
(mola). Podemos dizer que a frequência é algo próprio do sistema, o que
denominamos frequência própria ou frequência de ressonância. Se em vez de
uma excitação brusca (ao estirar o ressonante) aplicarmos uma força variável
com o tempo e de uma frequência igual à de ressonância, as oscilações irão
adquirir amplitude máxima. Por sua vez, nesta frequência o sistema necessita de
um mínimo de energia para começar a oscilar. Na verdade, necessita apenas da
energia dissipada pela fricção interna do ressonante e do atrito com o ar.

Por outro lado, se vibrarmos o sistema com uma força de outra frequência,
os deslocamentos que se obtém serão de muito menor amplitude. Podemos dizer
que, em última instância, o fenômeno de ressonância pode explicar-se como um
comportamento seletivo com a frequência de um sistema mecânico.

O fenômeno da ressonância mecânica adquire também importância


especial do ponto de vista de segurança de estruturas, como pontes, edifícios,
redes de alta tensão etc. Tanto isto é verdade que uma falha na avaliação das
forças atuantes (e suas frequências) pode levar à destruição das estruturas citadas.
 
As intervenções sobre a propagação podem ser resumidas em:

1. blindagem e barreiras

86
TÓPICO 3 | AVALIAÇÃO DOS AGENTES ERGONÔMICOS

A blindagem pode ser um bom meio de se reduzir os níveis de ruído,


quando a diminuição na fonte for inviável ou insuficiente. Para isso recomenda-se:

• utilizar metal na blindagem exterior (chapa metálica, grossa e pesada);


• utilizar material absorvente de som no interior, como, por exemplo, lã de vidro,
lã de rocha, espuma de poliuretano ou borracha;
• instalar na blindagem portas de visita fáceis de abrir para facilitar a manutenção.

Exemplos de tratamentos acústicos de uma máquina:

a) máquina sem tratamento acústico – os níveis de ruído no ponto M variam


entre 84 e 90 dB;
b) montagem de máquina sobre um amortecedor de vibração – há uma redução
dos níveis de ruído na frequência próxima a 200 Hz;
c) a colocação de uma simples barreira diminui o ruído de médias e altas
frequências;
d) blindagem rígida – há uma redução de maior intensidade começando em
frequências mais baixas;
e) blindagem com isolamento – há uma acentuada diminuição dos níveis de
ruído com particular incidência em altas frequências;
f) blindagem rígida e montagem da máquina sobre amortecedor de vibração
– nas frequências baixas ocorre uma acentuada atenuação e nas frequências
elevadas a atenuação é semelhante ao caso anterior;
g) blindagem com isolamento e montagem da máquina sobre amortecedor de
vibração – o ruído de frequências inferiores a 150 Hz desaparece e a atenuação
das frequências elevadas é maior que no caso anterior;
h) dupla blindagem com isolamento e montagem antivibratória – os ruídos
de frequências elevadas desaparecem e há uma nova atenuação nas baixas
frequências. Muitas vezes é necessário prever uma abertura na blindagem
para ventilação. Nestes casos:
i) blindagem com janela e montagem antivibratória – comparando com o exemplo
“f”, verifica-se a grande importância que a janela desempenha na elevação
geral dos níveis de ruído de frequências elevadas e a pequena importância nas
baixas frequências;
j) blindagem com janela, com atenuação de ruído e montagem antivibratória –
em relação ao caso anterior, as frequências elevadas sofreram uma atenuação
bem acentuada.

2. Silenciadores

São utilizados para evitar a propagação do ruído por via aérea. Podem ser
de tipo dissipativo ou de ressonância.

Os silenciadores dissipativos consistem no tratamento do conduto por


meio de revestimento com materiais fonoabsorventes porosos. Os silenciadores
de ressonância consistem no tratamento do conduto com materiais nos quais o
ruído se dissipa pelo fenômeno de ressonância.

87
UNIDADE 2 | TÉCNICAS DE MEDIÇÃO PARA AGENTES FÍSICOS E ERGONÔMICOS

 3. Tratamento Fonoabsorvente

Quando um som incide sobre uma barreira, somente uma pequena


proporção de energia sonora atravessa esta barreira. A maior parte deste som é
refletido com um ângulo de incidência ou absorvido, a depender do coeficiente
de absorção do material que forma a barreira.

A capacidade de isolamento acústico de uma parede separando duas salas


é chamada de índice de atenuação e é expressa em decibéis.

A energia sonora é absorvida todas as vezes que a onda sonora se


encontra com um material poroso. Os materiais utilizados para esta finalidade
são chamados de materiais absorventes e podem absorver de 50% a 90% da
energia sonora incidente, conforme a frequência. Num local onde existem muitos
materiais absorventes, o nível de ruído diminui regularmente com o coeficiente
de absorção dos materiais. Entretanto, se a sala é formada por paredes lisas e
duras, com certeza a absorção será insuficiente e o nível sonoro poderá ser igual
em qualquer ponto da sala.

Para ruídos de banda larga de frequência e superfícies de diferentes


áreas e tipos, as características do local podem ser definidas por uma constante
chamada “R”, que pode ser relacionada de forma relativamente simples com o
nível de pressão sonora médio do local e a potência acústica da fonte.
 
R= aS
------
1-a em que: “a” é o coeficiente médio de absorção do local e “S” é a área
total da superfície.
O coeficiente é definido por:
a1 S1 + a2 S2 + .....an Sn
--------------------------
S1 + S2 + ......Sn em que: a1, a2 e an são coeficientes de absorção das
superfícies S1, S2, Sn.

Se a superfície absorve totalmente o som (não reflete nada) tem um


coeficiente de absorção = 1 e se a superfície é totalmente refletiva (não absorve
nada), tem o coeficiente = 0.
 
Alguns exemplos:

Em prensas mecânicas podem ser colocados anteparos de vidro de


segurança (espessura 6mm), que permitem ao operador olhar o ponto de
operação, mas refletem o ruído produzido no estampar, principalmente quando
se usa ar comprimido de alta frequência para extração de peças. Reduções de l0
dB têem sido notadas nestes casos.

88
TÓPICO 3 | AVALIAÇÃO DOS AGENTES ERGONÔMICOS

Nos locais de trabalho em que o teto, as paredes e o piso são revestidos


de materiais duros, os sons quando atingem estas superfícies são quase todos
refletidos para o interior do ambiente.

O nível do ruído ambiente decresce rapidamente quando nos afastamos


da máquina, mas a partir de certo ponto permanece constante. O ruído causado
pela reverberação, isto é, a reflexão do ruído nas paredes e o ruído causado por
outras fontes, tornam-se mais elevados que o próprio ruído da máquina.

Nestes casos, o ambiente pode ser melhorado tomando-se as seguintes


providências:

• revestir o teto com material absorvedor acústico, como, por exemplo, painéis de
lã de rocha que reduzem a reflexão do ruído. Com esta medida, a reverberação
da onda sonora pode ser reduzida sensivelmente;
• montar tetos e paredes com material altamente absorvente;
• escolher o material que oferecer maior coeficiente de absorção para o tipo de
ruído que se quiser tratar.

A vibração das máquinas pode ser causada ou acentuada por um desgaste


de partes metálicas, desbalanceamento da máquina ou até mesmo por causa de
um parafuso mal apertado. Estando a máquina em bom estado, pode ela possuir
uma vibração ainda significativa. Nestes casos deve-se evitar que a vibração
se propague pela estrutura da edificação. Para tanto, podem ser adotadas as
seguintes providências:

• isolar as máquinas das vibrações por meio de suportes rígidos e independentes.


Fixar as máquinas sobre estes suportes de forma que elas fiquem de forma
estável recorrendo a elementos elásticos isolantes, como, por exemplo, placas
de borracha ou molas de aço – colocar as máquinas pesadas sobre fundações
especiais, completamente isoladas da edificação;
• isolar das vibrações as superfícies das máquinas para assim diminuir a emissão
do ruído através das estruturas;
• procurar isolar os painéis fora da superfície vibrante da máquina para diminuir
a área vibrante e em consequência o ruído.

Tabela - Valores médios de Coeficientes de absorção acústica FREQUÊNCIAS (Hertz)

MATERIAIS 125 250 500 1.000 2.000 4.000


Reboco áspero, cal 0,03 0,03 0,03 0,03 0,04 0,07
Reboco liso 0,02 0,02 0,02 0,02 0,03 0,06
Superfície de concreto 0,02 0,03 0,03 0,03 0,04 0,07
Tapetes de borracha 0,04 0,04 0,08 0,12 0,03 0,10
Taco colado 0,04 0,04 0,06 0,12 0,10 0,17
MATERIAIS 125 2500 500 1.000 2.000 4.000
Tapete de veludo 0,05 0,05 0,10 0,24 0,42 0,60

89
UNIDADE 2 | TÉCNICAS DE MEDIÇÃO PARA AGENTES FÍSICOS E ERGONÔMICOS

Chapa leve de lã de madeira, de 25cm, em


0,04 0,13 0,52 0,75 0,61 0,72
parede rígida
Feltro de fibra natural de 5mm, diretamente
0,09 0,12 0,18 0,30 0,55 0,59
na parede
Madeira compensada de 3mm, a 50mm da
0,25 0,34 0,18 0,10 0,10 0,06
parede, Espaço vazio
Lã mineral de 50mm, coberta de papelão
0,74 0,54 0,36 0,32 0,30 0,17
denso
Vidro plano de 3-4mm com 50mm de
0,23 0,11 0,09 0,01 0,01 0,03
espaço e amortecimento nas bordas
Caixões de chapa perfurada com chapas de
feltro de lã de vidro de 30mm suspensos 0,30 0,43 0,61 0,62 0,85 0,86
a 180mm
Chapa perfurada, forrada de lã na frente,
0,01 0,03 0,10 0,16 0,17 0,20
40-50mm de espaço vazio
PRODUTOS COMERCIALIZADOS 125 250 500 1.000 2.000 4.000
Terma-Mil espessura 30mm Marca: Acustic-
- 0,48 0,80 1,00 0,97 0,83
Termic
Acustic-Mil espessura 25,4 mm marca
- 0,24 0,65 0,87 0,99 1,03
Acustic-Termic
Art Custic-Mod 60/65 marca: Art Spuma
0,24 0,77 0,63 0,67 0,71 0,83
Ltda.
Eucavid Painel densidade 40kg/m² marca
0,25 0,48 0,66 0,87 0,94 0,94
Eucatex
Eucavid Feltro espessura 25mm marca
0,23 0,49 0,58 0,77 0,87 0,92
Eucatex
Eucavid Feltro espessura 50mm marca
0,39 0,70 0,95 0,94 0,96 0,95
Eucatex
Isoacustic marca Eucatex - - 0,35 0,65 0,77 0,65
PRODUTOS COMERCIALIZADOS 125 250 500 1.000 2.000 4.000
Forrovid marca Santa Marina 0,57 0,81 0,64 0,66 0,43 0,25
Therma Kust marca Santa Marina 0,20 0,62 0,99 0,64 0,43 0,27
Pistofibra marca Santa Marina 0,08 0,30 0,67 0,90 0,94 -
Mini Sonex 20/35 marca Trorion-Illbruck 0,04 0,12 0,28 0,44 0,60 0,73
Mini Sonex 35/35 marca Trorion-Illbruck 0,06 0,20 0,45 0,71 0,95 0,89
Sonex 75 50/75 marca Trorion-Illbruck 0,07 0,32 0,72 0,88 0,97 1,01
Sonex 75 75/75 marca Trorion-Illbruck 0,13 0,53 0,90 1,07 1,07 1,00
Sonex 125 50/125 marca Trorion-Illbruck 0,09 0,32 0,58 0,73 0,88 0,95
Sonex 125 75/125 marca Trorion-Illbruck 0,14 0,55 0,96 1,06 1,02 1,09

* Estas referências foram obtidas através de catálogo de produtos dos respectivos fabricantes

C) INTERVENÇÃO SOBRE O OPERADOR

1. Redução do tempo de exposição

90
TÓPICO 3 | AVALIAÇÃO DOS AGENTES ERGONÔMICOS

• redução da jornada;
• reorganização do trabalho;
• aumento das pausas.

2. Proteção sobre o indivíduo

a) Cabines isolantes. São locais onde os trabalhadores permanecem por períodos


de tempo, intercalados no horário de trabalho. Esta medida também é
classificada como barreira ao som, entretanto, como interfere geralmente
em reduzido número de trabalhadores, usualmente só os operadores das
máquinas preferem considerá-la como não sendo coletiva.
b) Protetores auriculares. Conforme já referido, o Programa de Conservação
Auditiva-PCA, os protetores auriculares encontram indicações bem precisas;
necessitam ser bem indicadas e conhecidas as suas limitações.

Existem diversos tipos de protetores auriculares que podem ser usados


conforme o tipo e aplicação desejável. Os principais tipos são os circum-auriculares
(conchas) e os de inserção (plug).

b. 1. Protetores circum-auriculares – conchas

São formados por duas conchas atenuadoras de ruído colocadas em torno


dos ouvidos e interligadas através de um arco tensor. Essas conchas devem possuir
bordas revestidas de material macio para permitir um bom ajuste na região do
ouvido. A haste pode ficar posicionada sobre a cabeça, atrás da cabeça ou sob o
queixo. Os protetores deste tipo são recomendados para as exposições intermitentes,
devido à facilidade de remoção e colocação. Esse tipo de protetor é inadequado para
exposição contínua, onde o pressionamento da área circum-auditiva apresenta grande
desconforto, sendo provável a não utilização do protetor durante toda a jornada.
Possuem atenuação média de 20 a 40 dB, concentrada nas frequências médio-altas.
Por ser muito pesado, causa desconforto no seu uso, particularmente pelo fato de que
o poder de atenuação é tanto maior quanto mais pesado for o material que o constitui
e a pressão exercida sobre o arco que prende as duas conchas.

b.2. Protetores de inserção

Os protetores de inserção são aqueles colocados no interior do canal


externo do ouvido. Tendem a ser mais confortáveis que os circum-auriculares
para exposições de longa duração, especialmente em ambientes quentes e úmidos.

Existem três tipos básicos:

Pré-Moldado: São fabricados em material flexível como silicone, PVC e


outras formulações elastoméricas. Os de silicone são os que apresentam maior
durabilidade e resistência à deformação e ao endurecimento, fatores importantes
para a qualidade do equipamento. A atenuação e o conforto dos protetores
também dependem do tamanho e do seu ajuste correto dentro do canal auditivo.

91
UNIDADE 2 | TÉCNICAS DE MEDIÇÃO PARA AGENTES FÍSICOS E ERGONÔMICOS

Protetores Auriculares Descartáveis: São fabricados em espuma de vidro,


espuma de baixa expansão ou ainda com algodão parafinado. A principal vantagem
deste tipo de protetor é o conforto. Normalmente são encontrados em tamanho
único. Este tipo de protetor não é recomendado para ambientes que apresentam
frequentes variações de nível de pressão sonora, pois a remoção e inserção
do protetor por várias vezes, durante a jornada de trabalho, pelo trabalhador,
contribuem para a ocorrência de lesões no pavilhão externo, ocasionadas por
sujeiras e corpos estranhos. É o mais indicado para a utilização com outros EPIs.
Devido ao pouco volume, não apresenta problemas quando utilizado em locais
com espaço limitado, como ocorre com a concha. Não é recomendado para pessoas
que apresentam algum tipo de patologia nos ouvidos externo e médio.

Protetores Tipo Moldável: São constituídos de um tipo de silicone e sua


forma final é moldada no próprio canal auditivo. Este protetor, se bem utilizado,
fornece tão boa atenuação quanto os outros protetores, e é muito utilizado em
ambientes onde as condições de calor e umidade são desfavoráveis à utilização
de outros protetores. Os protetores de inserção possuem atenuação média que
varia conforme a frequência do ruído. Para frequências mais agudas pode ser tão
eficaz quanto o protetor tipo concha.

b.3. Capacete ou Elmo

Fornece atenuação média de até 50 dB. Por proteger todo o crânio, protege
também contra a transmissão do ruído por via óssea.

São indicados para uso em curtíssimo período de tempo e para níveis que
não ultrapassam a 135 dB.

Para fins práticos, sugerimos considerar valores médios de atenuação que,


embora inferiores aos teóricos, são mais condizentes com a realidade.

Tabela - Características e atenuação indicativa de protetores auditivos

TIPO DE PROTETORES
CARACTERÍSTICA ATENUAÇÃO* INCONVENIENTES
AURICULARES
Disponível em vários
Dificuldade de
  tamanhos. Feito de
  encontrar tamanho
INSERÇÃO borracha, silicone,
15 – 20 dB exato, dificuldade em
MULTIUSO plástico ou polímeros
manter limpo
expansivos
INSERÇÃO USO
Disponível em espuma 10 – 20 dB  
DESCARTÁVEL
Composto por duas
  conchas de plástico Para ser eficaz precisa
 
  revestidos por ter certo peso e aderir
20 – 40 dB
CONCHA poliuretano e unidos por bem à orelha
arco de metal

* Atenuação média, com maior eficácia para frequências médio-altas.

92
TÓPICO 3 | AVALIAÇÃO DOS AGENTES ERGONÔMICOS

É preciso ter presente, entre outras, a grande variação da real atenuação


entre os indivíduos e que na prática a atenuação é sempre inferior ao divulgado
pelas empresas vendedoras, em média 10 dB a menos.

Estudos têm evidenciado também que 10-15% dos indivíduos que usam
protetores têm atenuação abaixo do limite inferior da capacidade de redução dos
protetores. Erros no posicionamento, manutenção e trocas inadequadas, tempo
efetivo de uso, estão entre as causas mais comuns.

Escolher o protetor adequado geralmente não é fácil. Habitualmente, são


fornecidos aos trabalhadores protetores de inserção muito pequenos e conchas
sem boa aderência e desconfortáveis.

Protetores velhos e sujos também aumentam a ineficiência.

O tempo de utilização durante a jornada também exerce grande influência.


Curtos tempos de interrupção no uso reduzem de maneira significativa a eficácia
de proteção.

Quando da indicação do uso de protetor, deve ser levada em conta sua


interferência na compreensão da voz e na percepção de sinais, importantes no
trabalho.

Em indivíduos com audição normal (limiares para todas as frequências


menor do que 25 dB) e naqueles com hipoacusia grave, o uso de protetores influi
muito pouco na capacidade auditiva, mas para indivíduos com alterações médias
pode ocorrer redução da inteligibilidade, que varia de 10% a 40%.

O uso de protetores também interfere na percepção da localização do


som, fato relevante para permitir o reconhecimento de sinais de alarme, cuja
interferência pode ser causa de acidentes de trabalho.

Merluzzi sugere as seguintes recomendações para o uso de protetores


auditivos, considerando a situação auditiva dos indivíduos:

1. Indivíduos normais ou com hipoacusia leve (graus 1º e 2º), o protetor exerce


pouca interferência na comunicação.
2. Indivíduos com hipoacusia 3º e 4º graus (média): o uso deve ser avaliado com
muita atenção. Se há necessidade de perceber sinais acústicos, usar protetor
com menor atenuação.
3. Indivíduos com hipoacusia média-grave (5º grau): uso desaconselhável se
necessita perceber sinais acústicos.
4. Nos casos de déficit auditivos mistos ou neurossensoriais (grau 6 e 7) é
desaconselhável o uso para déficit pantonal superior a 40 dB HTL, se houver
necessidade de percepção de sinais acústicos.

93
UNIDADE 2 | TÉCNICAS DE MEDIÇÃO PARA AGENTES FÍSICOS E ERGONÔMICOS

5. Para déficit pantonal transmissivo superior a 40 dB HTL, o uso de protetor


não é necessário, uma vez que o ruído atinge a cóclea atenuando de 40 dB em
decorrência da alteração no aparelho de transmissão.
6. Em casos de déficit neurossensorial pantonal superior a 70 dB, não há
necessidade de proteção, por ser ineficaz.

Com base nas considerações feitas sobre o uso de protetores no capítulo


referente ao PCA e neste, de maneira resumida sugere-se que sejam observadas
as seguintes orientações para o uso deste tipo de EPI:

1. Sua indicação deve integrar o Programa de Conservação Auditiva, em que o


protetor pode ser parte auxiliar.
2. A indicação do protetor deve levar em conta o trabalho desenvolvido e a
situação auditiva do indivíduo exposto.
3. Deve ser constituído por materiais inertes e ser o mais confortável possível.
4. Deve ser indicado predominantemente para uso em curtos períodos na jornada
de trabalho.
5. O trabalhador deve poder optar entre os tipos de protetor, observadas as
recomendações técnicas. A adesão ao protetor como um aspecto do PCA deve
substituir o uso coercitivo, demonstradamente ineficaz.
6. Para exposição superior a 100 dB, recomenda-se testar a capacidade de proteção
de cada protetor.
FONTE: Disponível em: <http://www.segurancaetrabalho.com.br/textos-ruido-2.htm>. Acesso
em: 2 nov. 2015.

94
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico você viu que:

• Os níveis de iluminamento mínimos a serem observados nos locais de trabalho


são os valores de iluminância. Estes estão estabelecidos na NBR 5413, norma
brasileira registrada no INMETRO.

• O iluminamento adequado não depende só da quantidade de lux que incide no


plano de trabalho, depende também da refletância dos materiais, das dimensões
do detalhe a ser observado ou detectado, do contraste com o fundo etc.

• Dinamometria é a ciência que se refere a todo tipo de processos que têm em


vista a medição de forças, bem como a medição da distribuição de pressões.

• O dinamômetro é o equipamento que mensura o comportamento da carga


alargada ou da tensão por deformação.

• O item 17.5.2 da NR-17 ainda faz alusão, além da iluminância, a outros parâmetros
que devem ser controlados no ambiente de trabalho, como: índice de temperatura
efetiva, que deve estar entre 20ºC e 23ºC; velocidade do ar, que não deve ser superior
a 0,75 m/s; umidade relativa do ar não podendo ser inferior a 40%.

95
AUTOATIVIDADE

1 Consulte, com auxílio da internet, em qualquer site de busca em navegadores


padrões, a NBR 5413 e determine o nível de iluminância necessário a tarefas
realizadas nos seguintes ambientes:

• Sala de cirurgia
• Biblioteca
• Chão de fábrica de indústria metalúrgica

2 É comum, no ambiente de trabalho com ar-condicionado, as pessoas não


estarem contentes com a temperatura do local, mesmo que esta esteja dentro
do que é estabelecido pela norma. Quais outros fatores, além da temperatura
efetiva, podem estar influenciando no desconforto térmico do ambiente?

96
UNIDADE 3

TÉCNICAS DE MEDIÇÃO PARA


AGENTES QUÍMICOS

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Ao final desta unidade você será capaz de:

• conhecer quesitos mínimos necessários à avaliação dos agentes químicos


no ambiente de trabalho;

• identificar os diferentes agentes químicos que podem interagir com o ser


humano no ambiente de trabalho;

• conhecer os métodos de avaliação de agentes químicos;

• consultar o método adequado de avaliação e saber aplicar;

• aplicar a legislação pertinente comparando os resultados das avaliações


aos agentes químicos.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em dois tópicos, e ao final de cada um
você encontrará atividades que servirão de apoio para seu conhecimento.

TÓPICO 1 – AGENTES QUÍMICOS

TÓPICO 2 – AMOSTRAGEM DE AGENTES QUÍMICOS

97
98
UNIDADE 3
TÓPICO 1

AGENTES QUÍMICOS

1 INTRODUÇÃO
Quantos agentes químicos você conhece? Quantos destes são utilizados
pelas indústrias no ambiente de trabalho? Inúmeros, não é mesmo? Imagine
ainda que novas substâncias são criadas todos os dias para tornar as atividades e
os processos mais eficientes.

Considere ainda que um efeito danoso à saúde resultante da exposição a


um agente químico pode levar anos para apresentar sintomas.

Bom, agora você pode imaginar a complexidade que é o estudo de


agentes químicos no meio ocupacional e estabelecer limites de tolerância para
estes agentes. Mesmo assim, o estudo de reconhecimento destes agentes é
extremamente importante, e para isso se faz necessário conhecer o comportamento
de substâncias e compostos semelhantes.

Neste primeiro tópico vamos entender em que grupos se dividem os agentes


químicos e quais as características destes grupos e seus respectivos agentes.

2 INTRODUÇÃO AOS AGENTES QUÍMICOS


Os agentes químicos são substâncias químicas presentes no ambiente de
trabalho, e que, em função da maneira como são utilizados, como matéria-prima,
material auxiliar etc., podem entrar em contato com o corpo humano, provocando
desde uma irritação na pele até uma reação em órgãos internos.

No ambiente laboral, os agentes químicos se apresentam de diversas


maneiras e em diferentes estados físicos. Podemos encontrá-los nas formas de:

• Aerodispersoides: São partículas sólidas ou líquidas de tamanho reduzido,


que são geradas e projetadas no local de trabalho mecanicamente, e ficam em
suspensão por certo tempo, podendo ser inaladas pelo trabalhador.

o Sólidos ou líquidos.

99
UNIDADE 3 | TÉCNICAS DE MEDIÇÃO PARA AGENTES QUÍMICOS

• Gases e vapores: Os gases são espécies de soluções que ocupam todo o espaço
de um ambiente ou um recipiente onde se encontram. Os gases são substâncias
encontradas naturalmente em estado gasoso, podem ser liquefeitos por
resfriamento ou aumento de pressão. Já o vapor é uma substância geralmente
em estado líquido que, por aumento de pressão ou temperatura, passa para o
estado gasoso, portanto poderíamos dizer que um vapor é um gás próximo do
seu ponto de condensação. Ambos possuem um comportamento muito parecido
e, portanto, em termos de avaliação são tratados de forma muito semelhante.
Podem se dividir em:

o Orgânicos e inorgânicos.

E eles podem interagir com o ser humano de várias formas, sendo


principalmente através das vias respiratórias, causando diferentes efeitos
adversos à saúde, e que, de acordo com Schneider; Gamba e Albertini (2011), são:

• Irritantes: são compostos que causam inflamação nas membranas mucosas.

• Asfixiantes: são substâncias que interferem com o transporte de oxigênio tanto


nos pulmões quanto nas células vermelhas do sangue, reduzindo a quantidade
de oxigênio em tecidos e órgãos, sendo o cérebro o órgão mais suscetível à
carência de oxigênio. A exposição a asfixiantes pode ser letal.

• Anestésicos: têm um efeito depressivo sobre o sistema nervoso central,


particularmente no encéfalo.

• Narcóticos: substâncias capazes de causar sonolência, tontura, vertigem ou


mesmo desmaio.

• Alergênicos: são substâncias que, em algumas pessoas, o sistema de


imunidade reconhece como "estranhas" ou "perigosas" e que podem produzir
hipersensibilidade da pele e pulmões.

• Mutagênicos: compostos químicos comprovadamente mutagênicos para


células germinativas de seres humanos.

• Teratogênicos: são substâncias que agem durante a gravidez, causando efeitos


adversos no feto. Estes efeitos incluem morte do ovo fertilizado, do embrião ou do
feto, má formação, retardamento do crescimento e déficit funcional pós-natal.

• Cancerígenos: podem iniciar ou acelerar o desenvolvimento de câncer, ou


seja, a proliferação de células malignas ou potencialmente malignas, são
substâncias tóxicas crônicas, pois os efeitos se manifestam, geralmente, após
longos períodos de exposição, ou de exposição repetida, podendo não ser
evidentes por muitos anos.

• Pneumoconióticos: Podem danificar os tecidos do sistema pulmonar,


enrijecendo-o e diminuindo a capacidade respiratória.
100
TÓPICO 1 | AGENTES QUÍMICOS

Outras formas de interação dos agentes químicos com o ser humano se dão
através da via cutânea, pelo contato dermal, ou pelo contato com o olhos. Mesmo
assim, por ambas as vias, os agentes químicos, dependendo do tipo do agente, podem
causar os mesmos efeitos, independentemente da via de absorção do organismo.

De acordo com a NR-9 do MTE - Portaria 25/1994, os agentes químicos são


substâncias, compostos ou produtos que possam penetrar no organismo através
da via respiratória, nas formas de poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases ou
vapores, ou que, pela natureza da atividade de exposição, possam ter contato ou
serem absorvidos pelo organismo através da pele ou por ingestão.

Um agente químico classificado como asfixiante simples necessita que no


ambiente de trabalho haja no mínimo uma concentração de oxigênio de 18% em
volume para que este agente não se torne imediatamente prejudicial à saúde do
trabalhador.

FIGURA 21 – ILUSTRAÇÃO DE ASFIXIA

FONTE: Disponível em: <http://www.hospitalflaviosantos.com.


br/txt.php?id=372>. Acesso em: 15 set. 2015.

Para se conhecer as substâncias químicas com as quais um trabalhador tem


contato na sua atividade laboral, algumas coisas devem ser observadas. Primeiro,
deve-se fazer um inventário dos produtos químicos utilizados, depois consultar
a FISPQ – Ficha de Informações de Segurança do Produto Químico, observando
a nomenclatura específica da substância e o número de CAS, que é um número
com um registro único no banco de dados do Chemical Abstracts Service.

NOTA

A FISPQ - Ficha de Informações de Segurança do Produto Químico - é um


documento para comunicação dos perigos relacionados aos produtos químicos. A FISPQ é o
meio de o fornecedor divulgar informações importantes sobre os perigos dos produtos químicos
que fabrica e comercializa. E deve ficar à disposição de todos os que trabalham com o produto.

101
UNIDADE 3 | TÉCNICAS DE MEDIÇÃO PARA AGENTES QUÍMICOS

O que consta numa FISPQ:

1 – Identificação do produto e da empresa


Traz a informação do nome comercial do produto químico conforme o
rótulo, o nome da empresa fabricante, endereço e telefone.

2 – Identificação de perigos
Apresenta os perigos mais importantes e efeitos adversos à saúde
humana do produto; efeitos ambientais, perigos físicos; químicos e, se for o
caso, perigos específicos.

3 – Composição e informações sobre os ingredientes


Esta seção informa se o produto químico é uma substância ou uma mistura.

– No caso de ser uma substância, o nome químico ou comum será informado.


– No caso de ser uma mistura, a natureza química do produto será informada.

4 – Medidas de primeiros-socorros
Informa as medidas de primeiros-socorros, os primeiros atendimentos
a serem tomados em caso de acidente, e também indicação de quais as ações
que de forma nenhuma devem ser feitas.

5 – Medidas de combate a incêndio


Esta seção informa quais são os meios de extinção apropriados e os que
não são recomendados.

6 – Medidas de controle para derramamento ou vazamento


Contém as informações referentes:

• Às instruções específicas de precauções pessoais.


• Procedimentos a serem adotados em relação à proteção ao meio ambiente.
• Procedimentos de emergência e acionamento de alarmes.
• Métodos de limpeza, coleta, neutralização e descontaminação do ambiente
ou meio ambiente.

7 - Manuseio e armazenamento
O manuseio e armazenamento descreve os procedimentos de segurança
que devem ser realizados.

8 – Controle de exposição e proteção individual


São indicados parâmetros de controle para sustâncias e ingredientes,
limites de tolerância, e/ou indicadores biológicos ou outros limites.

102
TÓPICO 1 | AGENTES QUÍMICOS

9 – Propriedades físicas e químicas


Essa seção inclui informação detalhada sobre o produto químico,
incluindo sua aparência e cor.

10 – Estabilidade e reatividade
Esta seção indica:

a) estabilidade química: Indica se a substância ou mistura é estável ou instável


em condições normais de temperatura e pressão.
b) reatividade: Descreve os perigos de reatividade da substância ou mistura
nesta seção.
c) possibilidade de reações perigosas: Estabelece se a substância ou mistura
reage ou polimeriza, liberando excesso de pressão ou calor, ou gerando
outras condições perigosas.
d) condições a serem evitadas: Lista as condições a serem evitadas, tais
como: temperatura, pressão, choque/impacto/atrito, luz, descarga estática,
vibrações, envelhecimento, umidade e outras condições que podem resultar
em uma situação de perigo;
e) materiais incompatíveis: Lista as classes de substâncias ou as substâncias
específicas com as quais a substância ou mistura pode reagir para uma
situação de perigo (por exemplo, explosão, liberação de materiais tóxicos
ou inflamáveis, liberação de calor excessivo);
f) produtos perigosos da decomposição: Lista os produtos perigosos da
decomposição, resultantes do manuseio, armazenagem e aquecimento.

11 – Informações toxicológicas
Esta parte da FISPQ é utilizada principalmente por médicos,
toxicologistas e profissionais da área de segurança do trabalho. É fornecida
uma descrição completa, dos vários efeitos toxicológicos no corpo humano,
bem como os dados disponíveis para identificar esses efeitos.

12 – Informações ecológicas
Essas informações visam auxiliar em casos de vazamentos/
derramamentos, bem como nas práticas de tratamento de resíduos.

13 – Considerações sobre tratamento e disposição


Informa sobre os métodos recomendados para tratamento e disposição
segura dos produtos, e esses devem ser ambientalmente aprovados.

14 – Informações sobre transporte


Contém informações sobre códigos e classificações de acordo com
regulamentações nacionais e internacionais para transporte dos produtos.

103
UNIDADE 3 | TÉCNICAS DE MEDIÇÃO PARA AGENTES QUÍMICOS

15 – Regulamentações
Contém informações sobre as regulamentações especificamente
aplicáveis ao produto químico.

16 – Outras informações
Fornece qualquer outra informação, como, por exemplo, necessidades
especiais de treinamento, o uso recomendado e possíveis restrições ao produto
químico podem ser indicados.
FONTE: Disponível em: <http://segurancadotrabalhonwn.com/o-que-e-fispq-ficha-de-seguran-
ca-de-produtos-quimicos/>. Acesso em: 28 set. 2015.

3 AERODISPERSOIDES OU AEROSSÓIS
As substâncias químicas se apresentam no ambiente como partículas
sólidas ou líquidas, com diâmetro aerodinâmico na faixa de 0,01 a 100 micrômetros
(μm) e ficam dispersas no ar (em meio gasoso).

O que define a nomenclatura desses aerodispersoides ou aerossóis são


seu estado físico e o tamanho de suas partículas, dado em micrômetros (μm), ou
seja, 1 × 10-6 m.

Os aerodispersoides em estado sólido são divididos em:

• Poeiras: com tamanhos de partícula que vão de 0,1 a 100μm.

• Fibras: também com tamanhos de partícula que vão de 0,1 a 100μm, porém o
comprimento destas partículas possui uma relação três vezes maior que a largura.

• Fumos metálicos: com tamanho de partícula <0,1μm.

• Fumaças (smoke): com tamanho de partícula também inferior a 0,1μm.

FIGURA 22 – DIFERENÇA ENTRE PARTÍCULAS DE POEIRA E DE FIBRA


Aprox.
0,75
Aprox. µm
0,25
µm

Aprox. 0,25 µm

Aprox. 0,25 µm

FONTE: O autor

As partículas em estado líquido são divididas em:

104
TÓPICO 1 | AGENTES QUÍMICOS

• Neblinas: de tamanho de 2 a 60μm.

• Névoas: com tamanho de partícula de 0,01μm a 10μm.

Quando falamos do tamanho destas partículas, nos referimos a partículas


muitíssimo pequenas. Observe as demonstrações a seguir, onde a figura da
esquerda é um fio de cabelo humano, cortado em sua seção, ali é possível ver
o cabelo não pelo comprimento, mas pela sua espessura. Na figura ao lado, as
partículas das quais estamos nos referindo são do tamanho daquelas apresentadas
no interior da imagem à sua direita, ou seja, muitas vezes menor. Portanto, é
impossível vê-las a olho nu, ainda mais se estiverem muito dispersas no ambiente,
ou melhor, apenas podemos enxergá-las quando estão agrupadas.

FIGURA 23 – TAMANHO DAS PARTÍCULAS

Cross section of a human hair


(magnified to 60 µm)

Coarse Particles Fine Particles


(10 µm) (2.5 µm)

FONTE: Disponível em: <http://ciese.org/


FONTE: Disponível em: <http:// curriculum/airproj/pm_size/>. Acesso em:
www.tudointeressante.com. 30 mar. 2015.
br/2014/01/9-coisas-sensacionais-
-e-macabras-ao-serem-aumen-
tadas-com-um-microscopio.html>.
Acesso em: 30 mar. 2015.

Outra classificação das partículas é realizada de acordo com a capacidade


inalatória do ser humano, ou seja, quanto mais finas as partículas, mais fundo
o aparelho respiratório elas alcançam. A figura a seguir mostra o tamanho das
partículas e os termos utilizados para dividi-las: inalável, torácica e respirável.

FIGURA 24 – FRAÇÃO INALÁVEL

Nariz Boca
FRAÇÃO INALÁVEL
Faringe
Partículas < 200 µm
Laringe

FRAÇÃO TORÁCICA
Partículas < 25 µm
Brônquios
Traquéia
FRAÇÃO RESPIRÁVEL
Partículas < 10 µm
Alvéolos

FONTE: Almeida (2013)

105
UNIDADE 3 | TÉCNICAS DE MEDIÇÃO PARA AGENTES QUÍMICOS

4 GASES E VAPORES
Os gases podem se apresentar no ambiente em partículas muito menores,
se comparadas aos aerodispersoides, chegando na ordem de nanômetros (nm),
1×10−9 m.

O comportamento dos gases e vapores nos locais de trabalho está relacionado


ao fato de que os líquidos, dependendo de sua natureza e temperatura, sofrem com
a pressão de vapor, e se misturam ao ar de forma bastante homogênea. Dependendo
das correntes de ar, essa dispersão pode ser mais rápida ou mais lenta.

A geração/ dispersão de um gás pode variar de acordo com a área de


superfície de contato do líquido, da temperatura e da movimentação de ar. No
entanto, ele não varia quanto à sua pressão de vapor, que, se em igual temperatura,
sempre será a mesma, independentemente da quantidade da substância em sua
forma líquida. O gás de cozinha, por exemplo, o GLP (gás liquefeito de petróleo),
quando está dentro do botijão, sua forma é líquida, mas à medida que vamos
utilizando-o, ele vaporiza. A pressão de vapor deste gás, se em igual temperatura,
sempre é a mesma, não dependendo da quantidade de líquido dentro do botijão.

5 SOLVENTES ORGÂNICOS
Os solventes orgânicos merecem uma atenção especial, devido às suas
propriedades serem muito usadas na indústria. Os solventes são uma mistura
de substâncias químicas que podem dissolver outros materiais, como tintas,
vernizes, resinas etc., são usados como limpadores e desengraxantes.

Por serem derivados de petróleo, possuem natureza volátil e, em sua


maioria, inflamável, tornando-os muito perigosos para o ser humano e até ao
meio ambiente, pois também são muito solúveis em água.

São separados em grupos de acordo com suas propriedades químicas:

• Hidrocarbonetos alifáticos (cadeia aberta): Ex.: hexano.

• Hidrocarbonetos cíclicos (cadeia fechada): Ex.: meticiclohexano.

• Hidrocarbonetos halogenados: Ex.: clorifórmio.

• Hidrocarbonetos aromáticos (com anel de benzeno): Ex.: benzeno, tolueno,


xileno, etilbenzeno.

• Álcoois: Ex.: etanol, metanol.

• Cetonas: acetonas.

• Glicóis: Ex.: dietilenoglicol.

106
TÓPICO 1 | AGENTES QUÍMICOS

• Éteres: éter etílico.

• Ésteres: Ex.: acetato de etila.

• Aldeídos: Ex.: aldeído fórmico.

LEITURA COMPLEMENTAR

NR-15 - ATIVIDADES E OPERAÇÕES INSALUBRES


ANEXO XI

AGENTES QUÍMICOS CUJA INSALUBRIDADE É CARACTERIZADA POR


LIMITE DE TOLERÂNCIA E INSPEÇÃO NO LOCAL DE TRABALHO

1. Nas atividades ou operações nas quais os trabalhadores ficam expostos a


agentes químicos, a caracterização de insalubridade ocorrerá quando forem
ultrapassados os limites de tolerância constantes do Quadro nº 1 deste Anexo.

2. Todos os valores fixados no Quadro nº 1 - Tabela de Limites de Tolerância são


válidos para absorção apenas por via respiratória.

3. Todos os valores fixados no Quadro nº 1 como “Asfixiantes Simples”


determinam que nos ambientes de trabalho, em presença destas substâncias, a
concentração mínima de oxigênio deverá ser 18 (dezoito) por cento em volume.
As situações nas quais a concentração de oxigênio estiver abaixo deste valor
serão consideradas de risco grave e iminente.

4. Na coluna “VALOR TETO” estão assinalados os agentes químicos cujos limites


de tolerância não podem ser ultrapassados em momento algum da jornada de
trabalho.

5. Na coluna “ABSORÇÃO TAMBÉM PELA PELE” estão assinalados os agentes


químicos que podem ser absorvidos por via cutânea e, portanto, exigindo na
sua manipulação o uso de luvas adequadas, além do EPI necessário à proteção
de outras partes do corpo.

6. A avaliação das concentrações dos agentes químicos através de métodos


de amostragem instantânea, de leitura direta ou não, deverá ser feita pelo
menos em 10 (dez) amostragens, para cada ponto - ao nível respiratório do
trabalhador. Entre cada uma das amostragens deverá haver um intervalo de,
no mínimo, 20 (vinte) minutos.

7. Cada uma das concentrações obtidas nas referidas amostragens não deverá
ultrapassar os valores obtidos na equação que segue, sob pena de ser
considerada situação de risco grave e iminente.
107
UNIDADE 3 | TÉCNICAS DE MEDIÇÃO PARA AGENTES QUÍMICOS

Valor máximo = L.T. x F. D. Onde:


L.T. = limite de tolerância para o agente químico, segundo o Quadro nº 1.
F.D. = fator de desvio, segundo definido no Quadro nº 2.

QUADRO Nº 2
L.T. F.D.

(pp, ou mg/m³)
3
0a1
2
1 a 10
1,5
10 a 100
1,25
100 a 1000 acima de 1000
1,1

8. O limite de tolerância será considerado excedido quando a média aritmética


das concentrações ultrapassar os valores fixados no Quadro nº 1.

9. Para os agentes químicos que tenham "VALOR TETO" assinalado no Quadro


nº 1 (Tabela de Limites de Tolerância) considerar-se-á excedido o limite de
tolerância quando qualquer uma das concentrações obtidas nas amostragens
ultrapassar os valores fixados no mesmo quadro.

10. Os limites de tolerância fixados no Quadro nº 1 são válidos para jornadas de


trabalho de até 48 (quarenta e oito) horas por semana, inclusive.

10.1 Para jornadas de trabalho que excedam as 48 (quarenta e oito) horas semanais
dever-se-á cumprir o disposto no art. 60 da CLT.

QUADRO Nº 1

TABELA DE LIMITES DE TOLERÂNCIA


Grau de insalubridade
Absorção Até 48 horas/semana a ser
AGENTES também considerado no
Valor teto
QUÍMICOS p/pele ppm* mg/m3** caso de sua caracterização
Acetaldeído 78 140 máximo
Acetato de cellosolve + 78 420 médio
Acetato de éter
monoetílico de
etilenoglicol - - -
(vide acetado de
cellosolve)
Acetato de etila 310 1090 mínimo
Acetato de 2-etóxi
etila (vide acetato de - - -
cellosolve)
Acetileno Axfixiante simples -

108
TÓPICO 1 | AGENTES QUÍMICOS

Acetona 780 1870 mínimo


Acetonitrila 30 55 máximo
Ácido acético 8 20 médio
Ácido cianídrico + 8 9 máximo
Ácido clorídrico + 4 5,5 máximo
Ácido crômico
- 0,04 máximo
(névoa)
Ácido etanoico (vide
- - -
ácido acético)
Ácido fluorídrico 2,5 1,5 máximo
Ácido fórmico 4 7 médio
Ácido metanoico
- - -
(vide ácido fórmico)
Acrilato de metila + 8 27 máximo
Acrilonitrila + 16 35 máximo
Álcool isoamílico 78 280 mínimo
Álcool n-butílico + + 40 115 máximo
Álcool isobutílico 40 115 médio
Álcool sec-butílico
115 350 médio
(2-butanol)
Álcool terc-butílico 78 235 médio
Álcool etílico 780 1480 mínimo
Álcool furfurílico + 4 15,5 médio
Álcool metil amílico
(vide metil isobutil - - -
carbinol)
Álcool metílico + 156 200 máximo
Álcool n-propílico + 156 390 médio
Álcool isopropílico + 310 765 médio
Aldeído acético (vide
- - -
acetaldeído)
Aldeído fórmico
- - -
(vide formaldeído)
Amônia 20 14 médio
Anidro sulfuroso
(vide dióxido de - - -
enxofre)
Anilina + 4 15 máximo
Argônio Asfixiante simples -
Arsina (arsenamina) 0,04 0,16 máximo
Benzeno (Excluído pela Portaria nº 3, de 10 de março de 1994)
Brometo de etila 156 695 máximo
Brometo de metila + 12 47 máximo
Bromo 0,08 0,6 máximo
Bromoetano (vide
- - -
brometo de etila)
Bromofórmio + 0,4 4 médio
Bromometano (vide
- - -
brometo de metila)
1,3 Butadieno 780 1720 médio
n-Butano 470 1090 médio

109
UNIDADE 3 | TÉCNICAS DE MEDIÇÃO PARA AGENTES QUÍMICOS

n-Butano (vide álcool


- - -
n-butílico)
sec-Butanol (vide
- - -
álcool sec-butílico)
Butanona (vide metil
- - -
etil cetona)
1-Butanotiol (vide
- - -
butil mercaptana)
n-Butilamina + + 4 12 máximo
Butil cellosolve + 39 190 médio
n-Butil mercaptana 0,4 1,2 médio

Diamina (vide hidrazina) - - -


Diborano 0,08 0,08 máximo
1,2-Dibramoetano + 16 110 médio
o-Diclorobenzeno 39 235 máximo
Diclorodifluormetano (freon 12) + 780 3860 mínimo
1,1 Dicloroetano 156 640 médio
1,2 Dicloroetano 39 156 máximo
1,1 Dicloreotileno (vide cloreto de
- - -
vinilideno)
1,2 Dicloroetileno 155 615 médio
Diclorometano (vide cloreto de
- - -
metilino)
1,1 Dicloro-1-nitroetano + 8 47 máximo
1,2 Dicloropropano 59 275 máximo
Diclorotetrafluoretano (freon 114) 780 5460 mínimo
Dietil amina 20 59 médio
Dietil éter (vide éter etílico) - - -
2,4 Diisocianato de tolueno (TDI) + 0,016 0,11 máximo
Diisopropilamina + 4 16 máximo
Dimetilacetamida + 8 28 máximo
Dimetilamina 8 14 médio
Dimetiformamida 8 24 médio
l,l Dimetil hidrazina + 0,4 0,8 máximo
Dióxido de carbono 3900 7020 mínimo
Dióxido de cloro 0,08 0,25 máximo
Dióxido de enxofre 4 10 máximo
Dióxido de nitrogênio + 4 7 máximo
Dissulfeto de carbono + 16 47 máximo
Estibina 0,08 0,4 máximo
Estireno 78 328 médio
Etanol (vide acetaldeído) _ _ _
Etano Asfixiante simples _
Etanol (vide etílico) _ _ _

Etanotiol (vide etil mercaptana) _ _ _


Éter decloroetílico + 4 24 máximo
Éter etílico 310 940 médio

110
TÓPICO 1 | AGENTES QUÍMICOS

Éter monobutílico do etileno glicol


_ _ _
(vide butil cellosolve
Éter monoetílico do etileno glicol
_ _ _
(vide cellosolve)
Éter monometílico do etileno glicol
(vide _ _ _
metil cellosolve)
Etilamina 8 14 máximo
Etilbenzeno 78 340 médio
Etileno Asfixiante simples _
Etilenoimina + 0,4 0,8 máximo
Etil mercaptana 0,4 0,8 médio
n-Etil morfolina + 16 74 médio
2-Etoxietanol + 78 290 médio
Fenol + 4 15 máximo
Fluortriclorometano (freon 11) 780 4370 médio
Formaldeído (formol) + 1,6 2,3 máximo
Fosfina (fosfamina) 0,23 0,3 máximo
Fosgênio 0,08 0,3 máximo
Freon 11 (vide flortriclorometano) _ _ _
Freon 12 (vide diclorodiflormetano) _ _ _
Freon 22 (vide clorodifluormetano) _ _ _
Freon 113 (vide 1,1,2,tricloro-1,2,2-
_ _ _
trifluoretano)
Freon 114 (vide
_ _ _
declrorotetrafloretano)
Gás amoníaco (vide amônia) _ _ _
Gás carbônico (vide dióxido de
_ _ _
carbono
Gás cianídrico (vide ácido cianídrico) _ _ _
Gás clorídrico (vide ácido clorídrico) _ _ _
Gás sulfídrico 8 12 máximo
Hélio Asfixiante simples _
Hidrazina + 0,08 0,08 máximo
Hidreto de antimônio (vide estibina) _ _ _
Hidrogênio Asfixiante simples _
Isobutanol (vide álcool isobutílico) _ _ _
Isopropilamina 4 9,5 médio
Isopropil benzeno (vide cumeno) _ _ _
Mercúrio (todas as formas exceto
_ 0,04 máximo
orgânicas)
Metacrilato de metila 78 320 mínimo
Metano Asfixiante simples _
Metanol (vide álcool metílico) _ _ _
Metilamina 8 9,5 máximo
Metil cellosolve + 20 60 máximo
Metil ciclohexanol 39 180 médio
Metilclorofórmio 275 1480 médio
Metil demeton + _ 0,4 máximo
metil etil cetona 155 460 médio
Metil isobutilcarbinol + 20 78 máximo

111
UNIDADE 3 | TÉCNICAS DE MEDIÇÃO PARA AGENTES QUÍMICOS

Metil mercaptana (metanotiol) 0,04 0,8 médio


2-Metoxi etanol (vide metil
_ _ _
cellosolve)
Monometil hidrazina + + 0,16 0,27 máximo
Monóxido de carbono 39 43 máximo
Negro de fumo(1) 3,5 máximo
Neônio Asfixiante simples _
Níquel carbonila (níquel
0,04 0,28 máximo
tetracarbonila)
Nitrato de n-propila 20 85 máximo
Nitroetano 78 245 médio
Nitrometano 78 195 máximo

1 - Nitropropano 20 70 médio
2 - Nitropropano 20 70 médio
Óxido de etileno 39 70 máximo

(1) (Incluído pela Portaria DNSST nº 9, de 9 de outubro de 1992)

Óxido nítrico (NO) 20 23 máximo


Óxido nitroso (N2O) Asfixiante simples -
Ozona 0,08 0,16 máximo
Pentaborano 0,004 0,008 máximo
n-Pentano + 470 1400 mínimo
Percloroetíleno 78 525 médio
Piridina 4 12 médio
n-propano Asfixiante simples -
n-Propanol (vide álcool
- - -
n-propílico)
iso-Propanol (vide álcool
- - -
isopropílico)
Propanona (vide acetona) - - -
Propileno Asfixiante simples -
Propileno imina + 1,6 4 máximo
Sulfato de dimetila + + 0,08 0,4 máximo
Sulfeto de hidrogênio (vide gás
- - -
sulfídrico)
Systox (vide demeton) - - -
1,1,2,2,Tetrabromoetano 0,8 11 médio
Tetracloreto de carbono + 8 50 máximo
Tetracloroetano + 4 27 máximo
Tetracloroetileno (vide
- - -
percloroetileno)
Tetrahidrofurano 156 460 máximo
Tolueno (toluol) + 78 290 médio
Tolueno-2,4-di-isocianato (TDI)
(vide 2,4 - - -
di-isocianato de tolueno)
Tribromometano (vide
- - -
bromofórmio)

112
TÓPICO 1 | AGENTES QUÍMICOS

Tricloreto de vinila (vide 1,1,2


- - -
tricloroetano)
1,1,1 Tricloroetano (vide metil
- - -
clorofórmio)
1,1,2 Tricloroetano + 8 35 médio
Tricloroetileno 78 420 máximo
Triclorometano (vide
- - -
clorofórmio)
1,2,3 Tricloropropano 40 235 máximo
1,1,2 Tricloro-1,2,2 trifluoretano
780 5930 médio
(freon 113)
Trietilamina 20 78 máximo
Trifluormonobramometano 780 4760 médio
Vinibenzeno (vide estireno) - - -
Xileno (xilol) 78 340 médio

* ppm - partes de vapor ou gás por milhão de partes de ar contaminado.


** mg/m3 - miligramas por metro cúbico de ar
FONTE: Disponível em:< http://www.guiatrabalhista.com.br/legislacao/nr/nr15_anexoXI.htm>
Acesso em: 9 set. 2015.

113
RESUMO DO TÓPICO 1

Neste tópico você viu que:

• Os agentes químicos são substâncias, compostos ou produtos que possam


penetrar no organismo através da via respiratória, nas formas de poeiras,
fumos, névoas, neblinas, gases ou vapores, ou que, pela natureza da atividade
de exposição, possam ter contato ou serem absorvidos pelo organismo através
da pele ou por ingestão.

• Para se conhecer a substância química deve-se fazer um inventário dos


produtos químicos utilizados pela mesma, depois a consulta à FISPQ – Ficha de
Informações de Segurança do Produto Químico, observando a nomenclatura
específica da substância e o número de CAS.

• Aerodispersoides podem ser sólidos (poeiras, fibras, fumos e fumaças) e


líquidos (névoas e neblinas).

• Gases e vapores podem ser orgânicos e inorgânicos.

• Os efeitos adversos da exposição acentuada aos agentes químicos à saúde


humana são: Irritantes; Asfixiantes; Anestésicos; Narcóticos; Alergênicos;
Mutagênicos; Teratogênicos; Cancerígenos; Pneumoconióticos.

• Os solventes são uma mistura de substâncias químicas que podem dissolver


outros materiais, como tintas, vernizes, resinas etc. São usados como limpadores
e desengraxantes.

114
AUTOATIVIDADE

1 Qual a diferença entre aerodispersoides e aerossóis?

2 Explique com suas palavras o que significa cada efeito adverso à saúde que
os agentes químicos podem causar no ser humano.

3 Consulte a FISPQ da Aguarraz e o número de CAS.

4 Pesquise a FISPQ da soda cáustica, identifique os EPIs que devem ser


utilizados e indique o limite de tolerância segundo a NR-15, Anexo 11.

5 Os fumos metálicos são um tipo de aerodispersoides, cite um exemplo de


atividade que gere estes fumos.

6 A sílica livre cristalizada é uma substância química presente na poeira de


uma marmoraria. Pesquise e explique qual dos efeitos a alta exposição a esse
agente químico pode causar no ser humano.

115
116
UNIDADE 3
TÓPICO 2

AMOSTRAGEM DE AGENTES QUÍMICOS

1 INTRODUÇÃO
Agora que conhecemos os agentes químicos e a forma como eles estão
dispersos no ambiente, iremos partir para um tema mais técnico, o de amostragem
e avaliação dos agentes químicos.

Dependendo do agente a ser avaliado, há um método mais adequado de


amostragem e monitoramento e uma norma para a realização da avaliação que
deve ser seguida.

2 TIPOS DE AMOSTRAGEM
Existem basicamente dois tipos de amostragem para os agentes químicos:
amostragem instantânea ou em tempo real e amostragem contínua ou integrada.

A amostragem instantânea ou em tempo real é aquela cuja coleta é


realizada em um período curto, que varia entre segundos a 10 minutos, através
da leitura direta que obtemos no momento da coleta, onde a concentração média
é estabelecida após algumas leituras, e posteriormente, os valores lidos são
aplicados na fórmula abaixo e então tem-se a concentração do agente:

C Média = (C1 x T1) + (C2 x T2) + (C3 x T3) + ... (Cn x Tn)
Jornada (8h)

Sendo: C = concentração
T = tempo

Já a amostragem contínua ou integrada é aquela coletada por um


período mais longo de tempo, variando de mais de 10 minutos até horas, de
forma contínua. Nesta avaliação já é representativa a exposição de uma jornada
de trabalho ou da atividade laboral avaliada. Em sua maioria, as amostras
coletadas não fornecem resultado direto e devem ser mandadas a um laboratório
especializado (VENDRAME, 2011).

117
UNIDADE 3 | TÉCNICAS DE MEDIÇÃO PARA AGENTES QUÍMICOS

DICAS

Os aparelhos de medição de leitura direta fornecem, no próprio local avaliado


(de trabalho), a concentração do contaminante. E os aparelhos com leitura indireta são
acoplados de amostradores que devem ser enviados para laboratório especializado que
fornecerá o resultado.

3 TIPOS DE MONITORAMENTO
Temos o monitoramento de pessoas e o de área. O monitoramento de
área tem como objetivo estudar o grau de contaminação de um local específico
em relação ao tempo. Coloca-se o aparelho em pontos estratégicos de dispersão
do agente. Este tipo de avaliação é mais utilizado para determinar medidas de
controle. Exemplo: Avaliação da dispersão de um agente em uma capela de
laboratório, para verificar a eficiência de exaustão da mesma.

O monitoramento de pessoal é aquele realizado no indivíduo, no caso


trabalhador, a fim de se avaliar o ciclo de atividade do trabalhador. Como em
grande parte a exposição ao agente químico se dá por via respiratória, a avaliação
é feita próxima à zona respiratória, através de equipamento portátil. Exemplo:
Avaliação de poeiras respiráveis e sílica cristalina no trabalhador.

O monitoramento ainda se divide de acordo com sua forma:

• Monitoramento ativo: Neste tipo de avaliação são utilizadas bombas de


amostragem de ar, onde a amostra é capturada ao passar por um coletor, ou
ainda, equipamentos de leitura direta, onde o agente é capturado de forma
instantânea e convertido eletronicamente, fornecendo um resultado no
momento da avaliação.

• Monitoramento passivo: O amostrador, neste caso, fica em lugar de exposição


e o agente migra até o equipamento (VENDRAME, 2011).

3.1 INSTRUMENTAÇÃO
Aparelhos de leitura direta fornecem, no próprio local avaliado (de trabalho),
a concentração do contaminante. Possuem sensores eletroquímicos, podem ser
acrescidos de tubos detectores reativos ou colorimétricos com bombas acopladas.

118
TÓPICO 2 | AMOSTRAGEM DE AGENTES QUÍMICOS

Certamente usados para leitura de gases e vapores, os mais utilizados são


os indicadores colorimétricos ou por tubos de detecção colorimétrica, consistem
em passar uma quantidade de ar conhecida por meio do reagente, o qual sofre
mudança de cor, caso haja presença do contaminante (SESI, 2007).

FIGURA 25 – BOMBA MANUAL COLORIMÉTRICA PARA MEDIÇÃO DE GASES


E VAPORES

FONTE: Disponível em: <http://www.cmengenharia.com.br/index.php?op-


tion=com_content&view=article&id=19&Itemid=1>. Acesso em: nov. 2015.

Aparelhos com leitura indireta se dividem em dois tipos, os para avaliação


ativa e os para avaliação passiva.

Aparelho para avaliação ativa indireta: utiliza-se de amostradores


acompanhados por bombas, estes amostradores necessitam que a amostra, após
ser avaliada, seja enviada para um laboratório, para se obter o resultado.

A amostragem consiste na passagem de um volume de ar definido por


intermédio de uma bomba gravimétrica, calibrada com a vazão adequada. Temos
vários tipos de amostradores indicados para os diferentes agentes químicos,
entre eles: tubos de carvão ativado, sílica gel, cassetes de PVC, cassete de éster de
celulose, balões etc.

119
UNIDADE 3 | TÉCNICAS DE MEDIÇÃO PARA AGENTES QUÍMICOS

FIGURA 26 – BOMBA GRAVIMÉTRICA EM TRABALHADOR


COM AMOSTRADOR TIPO CASSETE DE PVC

FONTE: Disponível em: <http://www.unimetro.com.br/>.


Acesso em: 25 set. 2015.

Aparelho para avaliação passiva indireta: Mais conhecidos como


monitores passivos, ou OVM – Organic Vapor Monitors, são meios de coletas,
também para gases e vapores que agem através da difusão–absorção, sem usar
bombas de sucção, ou outro meio mecânico de entrada de ar.

FIGURA 27 – MONITOR (OVM) PARA AMOSTRAGEM PASSIVA

FONTE: Disponível em: <http://www.envexp.com/products/9-Indus-


trial_Hygiene/IH-Industrial_Hygiene/IH2-Vapor_Monitors_(OVM)>.
Acesso em: 25 set. 2015.

120
TÓPICO 2 | AMOSTRAGEM DE AGENTES QUÍMICOS

3.2 DESCRIÇÃO DOS MÉTODOS DE AMOSTRAGEM


Todos os métodos analíticos para a realização das avaliações ambientais
de químicos são determinados e descritos por entidades nacionais (Fundacentro)
e internacionais (NIOSH, OSHA, NHO) e atendem a especificações mundialmente
aceitas.

Para cada agente que se pretende avaliar existe um método que discrimina
o tipo de amostradores, o equipamento, a vazão de ar a ser regulada etc.

É imprescindível a consulta deste método antes da realização de qualquer


avaliação. Cada agente químico possui, além de uma nomenclatura específica,
um número de CAS, que é um número com um registro único no banco de dados
do Chemical Abstracts Service. Ao consultar o método observando este número,
pode-se ter certeza de que o método escolhido é realmente o método correto da
substância que se deseja avaliar.

DICAS

Os métodos analíticos são disponibilizados no site da OSHA:


<http://www.osha.gov/dts/sltc/methods/toc.html>
Da NIOSH:
<http://www.cdc.gov/niosh/docs/2003-154/>
Assim como as técnicas para avaliação são disponibilizadas pela Fundacentro (NHOs), na
página:
<http://www.fundacentro.gov.br/dominios/CTN/indexPublicacao.
asp?D=CTN&Pagina=NHO&?D=CTN&C=2179&menuAberto=196>.

Antes de conhecermos alguns métodos de amostragem, vamos entender


coisas importantes inerentes ao processo de amostragem.

O branco de campo é um amostrador idêntico àqueles que serão


usados para as amostras de campo, mas que deve ser aberto e fechado
imediatamente sem exposição ao ar ou passagem de ar com auxílio
de bombas. Possui a finalidade do controle sobre a manipulação das
amostras, no caso de contaminação nas etapas de acondicionamento,
transporte, estocagem no laboratório e análise. Disponível em: <http://
www.nersat.com.br/wp-content/uploads/2012/09/SEGURITO-72.
pdf>. Acesso em: nov. 2015.

O branco de campo permitirá identificar a contaminação e tomar decisões,


tais como, repetir as amostragens, ou seja, se o branco de campo apresentar

121
UNIDADE 3 | TÉCNICAS DE MEDIÇÃO PARA AGENTES QUÍMICOS

contaminação é provável que as amostras também a apresentem, e então se


conclui que estão invalidadas. A realização dos brancos de campo é recomendada
na metodologia OSHA, NIOSH e EPA (ALMEIDA, 2013).

3.3 CÁLCULO DA VAZÃO


O cálculo da vazão e o processo de calibração das bombas aparecem na
Norma NHO 7 da Fundacentro de calibração de bombas, que descreve o método
de bolha de sabão, porém existem calibradores eletrônicos que utilizam o mesmo
princípio e são bem mais viáveis.

Tanto as calibrações feitas por um ou por outro equipamento devem ser


realizadas sempre de maneira que se coloque os amostradores certos, ou melhor,
os tipos que serão utilizados, bem como todos os acessórios. A calibração das
bombas sempre deve ser realizada antes e depois de uma coleta.

A calibração por bolha irá fornecer a vazão a partir do tempo que a bolha
demora para percorrer a bureta, ou no caso do calibrador eletrônico, ele fornecerá
o valor de forma direta, o valor da vazão no momento da leitura.

FIGURA 28 – CALIBRADORES DE VAZÃO

FONTE: Disponível em: <http://www.segure.com.br/equipamentos.html>.


Acesso em: 12 set. 2015.

3.3.1 O Cálculo da vazão


Vazão inicial (Qi) - Calcular a média aritmética dos tempos obtidos e
determinar a vazão inicial por meio da expressão:

122
TÓPICO 2 | AMOSTRAGEM DE AGENTES QUÍMICOS

Qi = V x 60
Tm

Onde:

Qi = vazão inicial nas condições de calibra-


ção, em litros por minuto (Vmin)
V = volume utilizado da bureta, em litros (I)
tm = tempo médio, em segundos (s)

4 MÉTODOS E AMOSTRADORES

4.1 AMOSTRAGEM POR TUBOS (GASES E VAPORES)


Para avaliação de gases e vapores são utilizados amostradores do tipo
tubos (de vidro) de carvão ativado, carvão de casca de coco, sílica gel.

Normalmente estes são fechados com tampas apropriadas e levados ao


laboratório após a avaliação, devidamente identificados, para serem analisados.
Até serem analisadas pelo laboratório, as amostras devem ser estocadas de acordo
com as recomendações do método.

Esse tipo de amostragem é feito utilizando-se de bomba gravimétrica


calibrada, com a vazão adequada (também devem ser consultados a vazão e o
tipo de tubo para cada agente, como descreve o método).

Alguns tubos apresentam duas seções do tubo absorvente que devem ser
analisadas separadamente, e os resultados deverão ser apresentados. Estas duas
seções existem para calcular o breakthrough, que é o procedimento que permite
decidir sobre a representatividade da amostra.

ATENCAO

Breakthrough - consiste na separação das duas seções do tubo, colocação em


frascos, adição de solvente e agitação, para dessorção do agente químico. Ponto a partir do
qual começa-se a detectar uma concentração do contaminante no efluente do tubo, ou seja, o
momento em que o absorvente não consegue mais reter o contaminante. Na prática, devemos
evitar a sua ocorrência, ou seja, evitar saturação do absorvente e perdas do contaminante para
o ambiente. Segundo a NIOSH, uma amostra será válida quando na seção backup a quantidade
de contaminante é de até 25% da quantidade encontrada na seção analítica. Nesses casos,
somam-se as quantidades de contaminantes nas duas seções para determinar a concentração.

123
UNIDADE 3 | TÉCNICAS DE MEDIÇÃO PARA AGENTES QUÍMICOS

4.2 AMOSTRAGEM POR TUBOS COLORIMÉTRICOS


(DIRETA)
Passa-se o ar pelo reagente com a utilização de bombas aspiradoras, que
podem ser do tipo pistão ou fole.

O fluxo de ar é forçado a passar pelo interior do tubo. Os tubos


colorimétricos são tubos de vidro com recheio de uma mistura que contém um
reagente que muda de cor em contato com um agente específico.

O resultado da amostragem é indicado instantaneamente pelo tamanho


da área colorida sob uma escala equivalente de concentração em ppm. Estes
devem ser do mesmo fabricante da bomba.

4.3 AMOSTRAGEM POR BORBULHADOR OU IMPINGER


(GASES E VAPORES)
Esse método exige maiores cuidados, pois basicamente consiste em passar
um volume de ar conhecido por meio de bomba gravimétrica calibrada por um
líquido absorvente específico para o tipo de contaminante avaliado (SESI, 2007).

4.4 AMOSTRAGEM POR ESPECTOMETRIA DE


INFRAVERMELHO (DIRETA)
A espectrometria de infravermelho (espectroscopia IV ou IR) é um tipo
de espectrometria de absorção a qual usa a região do infravermelho do espectro
eletromagnético. Como as demais técnicas de espectrometria, ela pode ser usada
para identificar um composto ou investigar a composição de uma amostra.

A espectrometria de infravermelho se baseia no fato de que as


ligações químicas das substâncias possuem frequências de vibrações
específicas, as quais correspondem a níveis de energia da molécula
(chamados nesse caso de níveis vibracionais). Tais frequências
dependem da forma da superfície de energia potencial da molécula,
da geometria molecular, das massas dos átomos e, eventualmente, do
acoplamento vibrônico. Disponível em: <http://www.uems.br/pgrn/
arquivos/7_2013-09-30_14-01-35.pdf>. Acesso em: nov. 2015.

As ligações podem vibrar de seis modos: estiramento simétrico,


estiramento assimétrico, tesoura, torção (twist), balanço (wag) e rotação. Os
resultados normalmente são apresentados como uma concentração ou como
um gráfico, é um instrumento caro, mas interessante em aplicações, que vão de
avaliação prévia até resposta a material perigoso (como em espaços confinados).

124
TÓPICO 2 | AMOSTRAGEM DE AGENTES QUÍMICOS

4.5 AMOSTRAGEM POR MONITORES PASSIVOS


Os amostradores passivos constituem um procedimento para obter
amostras ambientais sem necessidade de forçar a passagem de ar por bombas
utilizando o fenômeno de difusão e absorção. Apenas utilizados para gases e
vapores, caracterizam-se pela passagem da molécula de um ambiente de maior
concentração para um de menor concentração, por um meio permeável.

A amostragem consiste em, basicamente, remover o monitor de sua


embalagem, normalmente metálica, e pendurá-lo na zona respiratória de avaliado;
após o tempo de amostragem recomendado retira-se o monitor, remove-se a
membrana permeável e coloca-se dentro de um plástico, encaminhando-o para
o laboratório.

Não se deve utilizar estes tipos de amostradores quando for avaliar


compostos reativos ou polares, tais como as aminas, fenóis, aldeídos e álcoois
de baixo peso molecular; quando suspeitar-se de concentrações extremamente
baixas; e para compostos com baixo coeficiente de recuperação.

4.6 AMOSTRAGEM DE AERODISPERSOIDES


A amostragem de aerodispersoides é realizada através de bombas de
sucção (gravimétricas), com um fluxo de vazão que varia de 1 litro/min. a 4 litros/
min. A vazão de amostragem dependerá do volume de ar necessário para que
se tenha uma massa de material particulado suficiente para efetuar as análises
(SESI, 2007). Quando o método indica que as vazões sejam ainda menores do que
os fluxos das bombas de sucção, são indicados redutores de vazão.

Utilizam-se dentro deste tipo de amostragem vários tipos de amostradores


com filtros, porta-filtros e suportes diferentes. Por exemplo: para a avaliação de
poeira contendo sílica livre é realizada com cassete de PVC (cloreto de polivina,
com membrana de 5μm de porosidade; já para a coleta de poeiras metálicas e
fumos utiliza-se um filtro de éster de celulose com porosidade de 0,8μm.

FIGURA 29 – TIPOS DE AMOSTRADOR CASSETE

FONTE: Disponível em: <https://breathebrdotcom.wordpress.com/cate-


gory/cassete/>. Acesso em: 28 set. 2015

125
UNIDADE 3 | TÉCNICAS DE MEDIÇÃO PARA AGENTES QUÍMICOS

As partículas aerodispersas são distribuídas em classes granulométricas


em uma faixa de diâmetro mais ou menos ampla. A classificação mais recente,
realizada pela ACGIH (1994), leva em consideração o diâmetro aerodinâmico das
partículas e a fração de penetração, conforme a tabela a seguir.

TABELA 4 – FRAÇÕES CARACTERIZADAS PELA SEPARAÇÃO EM RELAÇÃO À DIMENSÃO DA


PARTÍCULA E EFICIÊNCIA DE INGRESSO NO TRATO RESPIRATÓRIO

Fração inalável Ponte de corte em 100 μm.


Fração torácica Ponte de corte em 10 μm.
Fração respirável Ponte de corte em 4 μm.

FONTE: O autor

O termo “ponto de corte” é usado para descrever a eficiência dos seletores


de partículas. Define em que tamanho de partícula ocorre a separação das
partículas finas e grossas. Refere-se ao tamanho das partículas que o seletor irá
separar com uma eficiência, geralmente, de 50%.

Os separadores de partículas são utilizados para separar frações de poeira


na faixa de granulometria de interesse. O funcionamento dos separadores é
função das dimensões das partículas e da velocidade de ingresso das mesmas no
trato respiratório.

Miniciclone: é o separador de partículas mais difundido e utilizadov nas


coletas de higiene ocupacional. O mais utilizado é o ciclone de nylon, ele separa
partículas de 10mm de diâmetro. E o sistema de separação é mecânico-físico.

FIGURA 30 – MINICICLONE

FONTE: Disponível em: <file:///C:/Users/usuario/Downloads/


NHO08%20(1).pdf>. Acesso em: 28 set. 2015.

126
TÓPICO 2 | AMOSTRAGEM DE AGENTES QUÍMICOS

Este tipo de amostragem pode ser realizado pelos agentes abaixo, listados
na nossa NR-15:

Nos processos de extração há proporções variáveis dos tipos das fibras.


O amianto marrom e o azul são os mais importantes economicamente e os mais
prejudiciais à saúde, e por isso vêm sendo proibidos em vários países, como
França, Itália e Alemanha.

NR-15 ANEXO Nº 12 – Poeiras Minerais (Asbestos)

Exposição às fibras de asbesto respiráveis ou poeira de asbesto em suspensão


no ar originada por minerais, materiais ou produtos que contenham asbesto.

Possui um comprimento próximo de: > 5 μm e o diâmetro próximo de: <


3 μm. Relação comprimento e diâmetro: > 3

De acordo com a NR-15, o limite de tolerância para fibras respiráveis


asbesto do tipo crisotila = 2,0 fibras/cm³. A avaliação ambiental deverá ser
realizada em intervalos não superiores a seis meses. Os registros das avaliações
deverão ser mantidos por período mínimo de 30 anos. Os asbestos da classe dos
anfibólios estão proibidos.

NR-15 ANEXO Nº 12 – Poeiras Minerais (Manganês e seus compostos)

Oriundos das atividades de extração, tratamento, moagem, transporte do


minério e outras operações, para jornada de oito horas por dia. Poeiras: até 5 mg/m³
no ar. Atividades de metalurgia, fabricação de compostos de manganês, fabricação
de baterias e pilhas secas, fabricação de vidros especiais e cerâmicas, fabricação e
uso de eletrodos de solda, fabricação de produtos químicos, tintas e fertilizantes,
para jornada de oito horas por dia. Para os fumos metálicos o limite de tolerância
é até 1 mg/m³ no ar. A ACGIH traz limites diferentes que devem ser consultados.

NR-15 ANEXO Nº 12 – Poeiras Minerais (Sílica Livre Cristalina)

As três formas mais importantes da sílica cristalina, do ponto de vista da


saúde ocupacional, são o quartzo, a tridimita e a cristobalita. Estas três formas
de sílica também são chamadas de sílica livre ou sílica não combinada, para
distingui-las dos demais silicatos. Os limites de tolerância para poeiras contendo
sílica livre cristalizada, que devem ser calculados em função da porcentagem de
quartzo contido no ar amostrado, são estabelecidos da seguinte forma:

Para poeira respirável:

LT = 8 mg/m³
% quartzo + 2

127
UNIDADE 3 | TÉCNICAS DE MEDIÇÃO PARA AGENTES QUÍMICOS

Para poeira total:

LT = 24 mg/m³
% quartzo + 3

Tanto a concentração como a percentagem do quartzo, para a aplicação


deste limite, devem ser determinadas a partir da porção que passa por um seletor
com as características no quadro a seguir, conforme mostrado abaixo:

QUADRO 7 – APLICAÇÃO DO QUARTZO


Diâmetro Aerodinâmico (um)
% de passagem pelo seletor
(esfera de densidade unitária)
maior ou igual a 2 90
2,5 75
3,5 50
5,0 25
10,0 0 (zero)
FONTE: Brasil (1978)

Sempre será entendido que "quartzo" significa sílica livre cristalizada.


Os limites de tolerância fixados são válidos para jornadas de trabalho de até 48
horas por semana. Se a jornada de trabalho exceder 48 horas semanais, os limites
deverão ser deduzidos, sendo estes valores fixados pela autoridade competente.

Na suspensão de partículas sólidas, com diâmetro aerodinâmico inferior a


0,1 μm, geradas em um processo térmico, formadas pela condensação de vapor, após
sublimação ou volatilização de um metal, algumas vezes este processo é acompanhado
de uma reação química geralmente de oxidação. Estas partículas floculam, ou seja, as
partículas pequenas (moléculas) se unem formando outras de tamanho maior.

É comum encontrarmos presença de outros particulados em ambientes de


produção que utilizam processos de solda e corte. Dessa forma, fazer duas coletas
em paralelo, usando um cassete com o ciclone e um sem, pode ajudar a entender o
comportamento da exposição aos aerodispersoides do ambiente (ALMEIDA, 2013).

DICAS

Conheça a Associação Brasileira de Higienistas Ocupacionais, lá é possível


encomendar livros especializados e o guia de TLVs® (com os limites de tolerância para
inúmeras substâncias) da ACGIH. Acesse: <http://abho.org.br/>.

128
TÓPICO 2 | AMOSTRAGEM DE AGENTES QUÍMICOS

Modelo de ficha de campo para avaliação de químicos:

Empresa:
Cidade/UF:
Setor: Cargo:
Funcionário: Jornada:
Função: GHE:
Data: _______/_______/________

Descrição da Atividade:

Agente: Classificação:
CAS:
Amostrador nº: Tipo:
Hora
Vazão (Q) Método: Hora Inicial:
Final:
Volume Método: Q inicial: Q final:
Tempo estimado: Q média:
Volume Estimado: Volume coletado:
Data da coleta: Tempo de Coleta:

OBS:

Equipamento:
Marca:
Modelo:
Nº:

Ass. Funcionário

Ass. Responsável

Ass. Responsável pela Avaliação

FONTE: O autor

129
UNIDADE 3 | TÉCNICAS DE MEDIÇÃO PARA AGENTES QUÍMICOS

LEITURA COMPLEMENTAR

NR-15 - ATIVIDADES E OPERAÇÕES INSALUBRES


ANEXO XII
LIMITES DE TOLERÂNCIA PARA POEIRAS MINERAIS

ASBESTO

1. O presente Anexo aplica-se a todas e quaisquer atividades nas quais os


trabalhadores estão expostos ao asbesto no exercício do trabalho.

1.1. Entende-se por “asbesto”, também denominado amianto, a forma fibrosa


dos silicatos minerais pertencentes aos grupos de rochas metamórficas
das serpentinas, isto é, a crisotila (asbesto branco), e dos anfibólios, isto é, a
actinolita, a amosita (asbesto marrom), a antofilita, a crocidolita (asbesto azul),
a tremolita ou qualquer mistura que contenha um ou vários destes minerais.

1.2. Entende-se por “exposição ao asbesto” a exposição no trabalho às fibras de


asbesto respiráveis ou poeira de asbesto em suspensão no ar originada pelo
asbesto ou por minerais, materiais ou produtos que contenham asbesto.

1.3. Entende-se por “fornecedor” de asbesto o produtor e/ou distribuidor da


matéria-prima “in natura”.

2. Sempre que dois ou mais empregadores, embora cada um deles com


personalidade jurídica própria, levem a cabo atividades em um mesmo local
de trabalho, serão, para efeito de aplicação dos dispositivos legais previstos
neste Anexo, solidariamente responsáveis contratante(s) e contratado(s).

2.1. Compete à(s) contratante(s) garantir os dispositivos legais previstos neste


anexo por parte do(s) contratado(s).

3. Cabe ao empregador elaborar normas de procedimento a serem adotadas em


situações de emergência, informando os trabalhadores convenientemente,
inclusive com treinamento específico.

3.1. Entende-se por “situações de emergência” qualquer evento não programado


dentro do processo habitual de trabalho que implique o agravamento da
exposição dos trabalhadores.

4. Fica proibida a utilização de qualquer tipo de asbesto do grupo anfibólio e dos


produtos que contenham estas fibras.

4.1. A autoridade competente, após consulta prévia às organizações mais


representativas de empregadores e de trabalhadores interessados, poderá
autorizar o uso de anfibólios, desde que a substituição não seja exequível e
sempre que sejam garantidas as medidas de proteção à saúde dos trabalhadores.
130
TÓPICO 2 | AMOSTRAGEM DE AGENTES QUÍMICOS

5. Fica proibida a pulverização (spray) de todas as formas do asbesto.

6. Fica proibido o trabalho de menores de dezoito anos em setores onde possa


haver exposição à poeira de asbesto.

7. As empresas (públicas ou privadas) que produzem, utilizam ou comercializam


fibras de asbesto e as responsáveis pela remoção de sistemas que contêm
ou podem liberar fibras de asbesto para o ambiente deverão ter seus
estabelecimentos cadastrados junto ao Ministério do Trabalho e da Previdência
Social/Instituto Nacional de Seguridade Social, através de seu setor competente
em matéria de segurança e saúde do trabalhador.

7.1. O referido cadastro será obtido mediante a apresentação do modelo Anexo I.

7.2. O número de cadastro obtido será obrigatoriamente apresentado quando da


aquisição da matéria-prima junto ao fornecedor.

7.3. O fornecedor de asbesto só poderá entregar a matéria-prima a empresas


cadastradas.

7.4. Os órgãos públicos responsáveis pela autorização da importação de fibras de


asbesto só poderão fornecer a guia de importação a empresas cadastradas.

7.5. O cadastro deverá ser atualizado obrigatoriamente a cada 2 (dois) anos.

8. Antes de iniciar os trabalhos de remoção e/ou demolição, o empregador e/


ou contratado, em conjunto com a representação dos trabalhadores, deverão
elaborar um plano de trabalho onde sejam especificadas as medidas a serem
tomadas, inclusive as destinadas a:

a) proporcionar toda proteção necessária aos trabalhadores;


b) limitar o desprendimento da poeira de asbesto no ar;
c) prever a eliminação dos resíduos que contenham asbesto.

9. Será de responsabilidade dos fornecedores de asbesto, assim como dos fabricantes


e fornecedores de produtos contendo asbesto, a rotulagem adequada e suficiente,
de maneira facilmente compreensível pelos trabalhadores e usuários interessados.

9.1. A rotulagem deverá conter, conforme modelo Anexo:

- a letra minúscula “a” ocupando 40% (quarenta por cento) da área total da etiqueta;
- caracteres: “Atenção: contém amianto”, “Respirar poeira de amianto é
prejudicial à saúde” e “Evite risco: siga as instruções de uso”.

9.2. A rotulagem deverá, sempre que possível, ser impressa no produto, em cor
contrastante, de forma visível e legível.

131
UNIDADE 3 | TÉCNICAS DE MEDIÇÃO PARA AGENTES QUÍMICOS

10. Todos os produtos contendo asbesto deverão ser acompanhados de “instrução


de uso” com, no mínimo, as seguintes informações: tipo de asbesto, risco à
saúde e doenças relacionadas, medidas de controle e proteção adequada.

11. O empregador deverá realizar a avaliação ambiental de poeira de asbesto nos


locais de trabalho, em intervalos não superiores a 6 (seis) meses.

11.1. Os registros das avaliações deverão ser mantidos por um período não
inferior a 30 (trinta) anos.

11.2. Os representantes indicados pelos trabalhadores acompanharão o processo


de avaliação ambiental.

11.3. Os trabalhadores e/ou seus representantes têm o direito de solicitar


avaliação ambiental complementar nos locais de trabalho e/ou impugnar os
resultados das avaliações junto à autoridade competente.

11.4. O empregador é obrigado a afixar o resultado dessas avaliações em quadro


próprio de avisos para conhecimento dos trabalhadores.

12. O limite de tolerância para fibras respiráveis de asbesto crisotila é de 2,0 f/cm3.

12.1. Entende-se por “fibras respiráveis de asbesto” aquelas com diâmetro


inferior a 3 micrômetros, comprimento maior que 5 micrômetros e relação
entre comprimento e diâmetro superior a 3:1.

13. A avaliação ambiental será realizada pelo método do filtro de membrana,


utilizando-se aumentos de 400 a 500x, com iluminação de contraste de fase.

13.1. Serão contadas as fibras respiráveis conforme subitem 12.1 independentemente


de estarem ou não ligadas ou agregadas a outras partículas.

13.2. O método de avaliação a ser utilizado será definido pela ABNT/INMETRO.

13.3. Os laboratórios que realizarem análise de amostras ambientais de fibras


dispersas no ar devem atestar a participação em programas de controle de
qualidade laboratorial e sua aptidão para proceder às análises requeridas
pelo método do filtro de membrana.

14. O empregador deverá fornecer gratuitamente toda vestimenta de trabalho


que poderá ser contaminada por asbesto, não podendo esta ser utilizada fora
dos locais de trabalho.

14.1. O empregador será responsável pela limpeza, manutenção e guarda da


vestimenta de trabalho, bem como dos EPI utilizados pelo trabalhador.
14.2. A troca de vestimenta de trabalho será feita com frequência mínima de duas
vezes por semana.

132
TÓPICO 2 | AMOSTRAGEM DE AGENTES QUÍMICOS

15. O empregador deverá dispor de vestiário duplo para os trabalhadores


expostos ao asbesto.

15.1. Entende-se por “vestiário duplo” a instalação que oferece uma área para
guarda de roupa pessoal e outra, isolada, para guarda da vestimenta de
trabalho, ambas com comunicação direta com a bateria de chuveiros.

15.2. As demais especificações de construção e instalação obedecerão às


determinações das demais Normas Regulamentadoras.

16. Ao final de cada jornada diária de trabalho, o empregador deverá criar


condições para troca de roupa e banho do trabalhador.

17. O empregador deverá eliminar os resíduos que contêm asbesto, de maneira que
não se produza nenhum risco à saúde dos trabalhadores e da população em geral,
de conformidade com as disposições legais previstas pelos órgãos competentes
do meio ambiente e outros que porventura venham a regulamentar a matéria.

18. Todos os trabalhadores que desempenham ou tenham funções ligadas


à exposição ocupacional ao asbesto serão submetidos a exames médicos
previstos no subitem 7.1.3 da NR-7, sendo que por ocasião da admissão,
demissão e anualmente devem ser realizados, obrigatoriamente, exames
complementares, incluindo, além da avaliação clínica, telerradiografia de
tórax e prova de função pulmonar (espirometria).

18.1. A técnica utilizada na realização das telerradiografias de tórax deverá


obedecer ao padrão determinado pela Organização Internacional do
Trabalho, especificado na Classificação Internacional de Radiografias de
Pneumoconioses (OIT-1980).

18.2. As empresas ficam obrigadas a informar aos trabalhadores examinados, em


formulário próprio, os resultados dos exames realizados.v

19. Cabe ao empregador, após o término do contrato de trabalho envolvendo


exposição ao asbesto, manter disponível a realização periódica de exames
médicos de controle dos trabalhadores durante 30 (trinta) anos.

19.1. Estes exames deverão ser realizados com a seguinte periodicidade:

a) a cada 3 (três) anos para trabalhadores com período de exposição de 0 (zero) a


12 (doze) anos;
b) a cada 2 (dois) anos para trabalhadores com período de exposição de 12 (doze)
a 20 (vinte) anos;
c) anual para trabalhadores com período de exposição superior a 20 (vinte) anos.

19.2. O trabalhador receberá, por ocasião da demissão e retornos posteriores,


comunicação da data e local da próxima avaliação médica.

133
UNIDADE 3 | TÉCNICAS DE MEDIÇÃO PARA AGENTES QUÍMICOS

20. O empregador deve garantir informações e treinamento aos trabalhadores,


com frequência mínima anual, priorizando os riscos e as medidas de proteção
e controle devido à exposição ao asbesto.

20.1. Os programas de prevenção já previstos em lei (curso da CIPA, SIPAT etc.)


devem conter informações específicas sobre os riscos de exposição ao asbesto.

21. Os prazos de notificações e os valores das infrações estão especificados no


Anexo III.

22. As exigências contidas neste anexo entrarão em vigor em 180 (cento e oitenta
dias) a contar da data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.

ANEXO Nº 1

MODELO DO CADASTRO DOS UTILIZADORES DO ASBESTO


I - IDENTIFICAÇÃO
Nome______________________________________________________________________________
Endereço:________________________________________________
Bairro:________________ Cidade:___________________Telefone:_________CEP:______________
CGC:__________________________________________________________________
Ramo de Atividade:_______________________
CNAE___________________________________
II - DADOS DE PRODUÇÃO
1. Número de Trabalhadores
• Total:________________ Menores:_________________ Mulheres: _________________________
• Em contato direto com o asbesto: ____________________________________________________
1. Procedência do asbesto
Nacional ( )
Importado ( )
Nome do(s) fornecedor(es) ____________________________________________________________
3. Produtos Fabricados
Gênero de produto que contém asbesto
Utilização a que se destina

4. Observações: ________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________

NOTA: As declarações acima prestadas são de inteira responsabilidade da empresa, passíveis


de verificação e eventuais penalidades facultadas pela lei.

____/ ____/____ _________________________


Assinatura ou carimbo

134
TÓPICO 2 | AMOSTRAGEM DE AGENTES QUÍMICOS

a
ANEXO II

H1

}
}
"a"
40% de H

ATENÇÃO
H CONTÉM AMIANTO
H2
60% de H Caracteres
gráficos
Respirar poeira de amianto
é prejudicial à saúde.
Evite riscos: siga as
instruções de uso

ANEXO III

Item Subitem Prazo Infração

- 2.1 P4 I4
- 3 P2 I2
- 4 P1 I4
- 5 P1 I4
- 6 P1 I4
- 7, 7.2, 7.4 P1 I3
- 8 P2 I3
- 9, 9.1, 9.2 P4 I3
- 10 P4 I3
- 11, 11.1, 11.2 e 11.4 P4 I3
- 12 P4 I4
- 14, 14.1, 14.2 P3 I3
- 15 P4 I3
- 16 P1 I1
- 17 P4 I4
- 18, 18.2 P3 I2
- 19, 19.1 P1 I1
- 20, 20.1 P1 I1

MANGANÊS E SEUS COMPOSTOS

1. O limite de tolerância para as operações com manganês e seus compostos


referente a extração, tratamento, moagem, transporte do minério, ou ainda a
outras operações com exposição a poeiras do manganês ou de seus compostos,
é de até 5mg/m3 no ar, para jornada de até 8 (oito) horas por dia.

135
UNIDADE 3 | TÉCNICAS DE MEDIÇÃO PARA AGENTES QUÍMICOS

2. O limite de tolerância para as operações com manganês e seus compostos


referente à metalurgia de minerais de manganês, fabricação de compostos de
manganês, fabricação de baterias e pilhas secas, fabricação de vidros especiais
e cerâmicas, fabricação e uso de eletrodos de solda, fabricação de produtos
químicos, tintas e fertilizantes, ou ainda outras operações com exposição a
fumos de manganês ou de seus compostos, é de até 1mg/m3 no ar, para jornada
de até 8 (oito) horas por dia.

3. Sempre que os limites de tolerância forem ultrapassados, as atividades e


operações com o manganês e seus compostos serão consideradas como
insalubres no grau máximo.

4. O pagamento do adicional de insalubridade por parte do empregador não o


desobriga da adoção de medidas de prevenção e controle que visem minimizar
os riscos dos ambientes de trabalho.

5. As avaliações de concentração ambiental e caracterização da insalubridade


somente poderão ser realizadas por engenheiro de segurança do trabalho ou
médico do trabalho, conforme previsto no art. 195 da CLT.

6. As seguintes recomendações e medidas de prevenção de controle são indicadas


para as operações com manganês e seus compostos, independentemente dos
limites de tolerância terem sido ultrapassados ou não:

- Substituição de perfuração a seco por processos úmidos.


- Perfeita ventilação após detonações, antes de se reiniciarem os trabalhos.
- Ventilação adequada, durante os trabalhos, em áreas confinadas.
- Uso de equipamentos de proteção respiratória com filtros mecânicos para áreas
contaminadas.
- Uso de equipamentos de proteção respiratórios com linha de ar mandado, para
trabalhos, por pequenos períodos, em áreas altamente contaminadas.
- Uso de máscaras autônomas para casos especiais e treinamentos específicos.
- Rotatividade das atividades e turnos de trabalho para os perfuradores e outras
atividades penosas.
- Controle da poeira em níveis abaixo dos permitidos.

7. As seguintes precauções de ordem médica e de higiene são de caráter


obrigatório para todos os trabalhadores expostos às operações com manganês
e seus compostos, independentemente dos limites de tolerância terem sido
ultrapassados ou não:

- Exames médicos pré-admissionais e periódicos.


- Exames adicionais para as causas de absenteísmo prolongado, doença,
acidentes ou outros casos.
- Não admissão de empregado portador de lesões respiratórias orgânicas, de
sistema nervoso central e disfunções sanguíneas para trabalhos em exposição
ao manganês.

136
TÓPICO 2 | AMOSTRAGEM DE AGENTES QUÍMICOS

- Exames periódicos de acordo com os tipos de atividades de cada trabalhador,


variando de períodos de 3 (três) a 6 (seis) meses para os trabalhos do subsolo e
de 6 (seis) meses a anualmente para os trabalhadores de superfície.
- Análises biológicas de sangue.
- Afastamento imediato de pessoas com sintomas de intoxicação ou alterações
neurológicas ou psicológicas.
- Banho obrigatório após a jornada de trabalho.
- Troca de roupas de passeio/serviço/passeio.
- Proibição de se tomarem refeições nos locais de trabalho.

SÍLICA LIVRE CRISTALIZADA

1. O limite de tolerância, expresso em milhões de partículas por decímetro cúbico,


é dado pela seguinte fórmula:

L.T. = 8,5 mppdc


(milhões de partículas por decímetro cúbico)
% quartzo + 10

Esta fórmula é válida para amostras tomadas com impactador (impinger) no


nível da zona respiratória e contadas pela técnica de campo claro. A percentagem
de quartzo é a quantidade determinada através de amostras em suspensão aérea.

2. O limite de tolerância para poeira respirável, expresso em mg/m3, é dado pela


seguinte fórmula:

L.T. = 8 mg/m³
% quartzo + 2

3. Tanto a concentração como a percentagem do quartzo, para a aplicação deste


limite, devem ser determinadas a partir da porção que passa por um seletor
com as características do Quadro n° 1.

QUADRO Nº 1

Diâmetro Aerodinâmico (um)


% de passagem pelo seletor
(esfera de densidade unitária)
menor ou igual a 2 90
2,5 75
3,5 50
5,0 25
10,0 0 (zero)

137
UNIDADE 3 | TÉCNICAS DE MEDIÇÃO PARA AGENTES QUÍMICOS

4. O limite de tolerância para poeira total (respirável e não respirável), expresso


em mg/m3, é dado pela seguinte fórmula:

L.T. = 24 mg/m³
% quartzo + 3

5. Sempre será entendido que "quartzo" significa sílica livre cristalizada.

6. Os limites de tolerância fixados no item 5 são válidos para jornadas de trabalho


de até 48 (quarenta e oito) horas por semana, inclusive.

6.1. Para jornadas de trabalho que excedem a 48 (quarenta e oito) horas semanais,
os limites deverão ser deduzidos, sendo estes valores fixados pela autoridade
competente.

7. Fica proibido o processo de trabalho de jateamento que utilize areia seca ou


úmida como abrasivo.

8. As máquinas e ferramentas utilizadas nos processos de corte e acabamento de


rochas ornamentais devem ser dotadas de sistema de umidificação capaz de
minimizar ou eliminar a geração de poeira decorrente de seu funcionamento.
FONTE: MTE, NR-15, Anexo 12. Disponível em: <http://www.guiatrabalhista.com.br/legislacao/
nr/nr15_anexoXII.htm>. Acesso em: 9 set. 2015.

138
RESUMO DO TÓPICO 2

Neste tópico você viu que:

• Branco de campo é um amostrador idêntico àqueles que serão usados para


as amostras de campo com a finalidade do controle sobre a manipulação das
amostras, no caso de contaminação nas etapas de acondicionamento, transporte,
estocagem no laboratório e análise.

• Para avaliação de gases e vapores são utilizados amostradores do tipo tubos


(de vidro) de carvão ativado, carvão de casca de coco, sílica gel. Esse tipo de
amostragem é feito utilizando-se de bomba gravimétrica calibrada, com a vazão
adequada (também devem ser consultados a vazão e o tipo de tubo para cada
agente, como descreve o método).

• Para avaliação por bomba manual colorimétrica o fluxo de ar é forçado a passar


pelo interior do tubo. Os tubos colorimétricos são tubos de vidro com recheio
de uma mistura que contém um reagente que muda de cor em contato com um
agente específico.

• Impinger (gases e vapores): trata-se de um recipiente específico com um líquido


absorvente para o tipo de contaminante avaliado, onde por meio de bomba
gravimétrica o fluxo passará por esse recipiente, fazendo com que o líquido
capture o contaminante.

• Espectrometria de absorção, a qual usa a região do infravermelho do espectro


eletromagnético para realizar a leitura da concentração do contaminante no ar.

• Os amostradores passivos para gases e vapores constituem um procedimento


para obter amostras ambientais sem necessidade de forçar a passagem de ar
por bombas utilizando o fenômeno de difusão e absorção.

• A amostragem de aerodispersoides é realizada através de bombas de sucção


(gravimétricas), com um fluxo de vazão que varia de 1 litro/min a 4 litros/min e
amostradores do tipo cassete.

139
AUTOATIVIDADE

1 Faça um levantamento de que materiais são necessários para uma avaliação


de poeira respirável.

2 Para que tipos de avaliações são mais indicados os métodos de leitura direta?

3 Qual a diferença entre o monitoramento direto e o indireto?

4 O que é e para que serve um calibrador de vazão? Cite uma unidade de


medida de vazão das bombas gravimétricas.

5 Para um resultado de concentração de poeira respirável de 42 mg/m³ e um


percentual de quartzo de 23,5%. Calcule o limite de tolerância para este
agente e identifique se este pode ou não estar acima deste limite. Lembrando
que para uma situação de jornada de trabalho de 8h diária, 44 semanais.

140
REFERÊNCIAS
ADRIAN, M.; COOPER, J. Biomechanics of Human Movement. Boston:
McGraw-Hill, 1995. 

ALMEIDA, E. Curso de higiene ocupacional para resultados: módulo de agentes


químicos. Rio de Janeiro: Universidade Petrobrás, 2013.

BALBANI, Aracy Pereira Silveira; MONTOVANI, Jair Cortez. Telefones


celulares: influência nos sistemas auditivo e vestibular. Rev. Bras.
Otorrinolaringol. 2008, v. 74, n. 1, p. 125-131.

BRASIL. NR-15 – Atividades e Operações Insalubres: Portaria MTB n.


3.214, de 8 de junho de 1978. Disponível em: <http://portal.mte.gov.br/data/
files/8A7C816A36A27C140136A8089B3 44C39/NR-15%20(atualizada%20
2011)%20II.pdf>. Acesso em: 20 mar. 2015.

BRASIL. NR-17 – Ergonomia. Disponível em: <http://www.guiatrabalhista.com.


br/legislacao/nr/nr17.htm>. Acesso em: 20 mar. 2015.

BRASIL. NR-29 – Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde no Trabalho


Portuário:
Portaria SIT n. 158, de 10 de abril de 2006. Disponível em: <http://portal.mte.gov.
br/data/files/ 8A7C812D311909DC013147E76FC20A2A/nr_29.pdf>. Acesso em:
20 mar. 2015.

BRASIL. NR-9 - Programa de Prevenção de Riscos Ambientais: Portaria SSST n.


25, de 29 de dezembro de 1994. Disponível em: <http://portal.mte.gov.br/data/files/
FF8080812BE914E6012BEF1CA0393B27/nr_09_at.pdf.>. Acesso em: 20 mar. 2015.

BRASIL. Decreto n. 3.048, de 6 de maio de 1999. Aprova o Regulamento da


Previdência Social e dá outras providências. Disponível em: <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/ d3048compilado.htm>. Acesso em: 20 mar. 2015.

BRASIL. FUNDACENTRO. 2012. Disponível em: <http://www.fundacentro.gov.


br/noticias/2012>. Acesso em: 2 nov. 2015.

CIESE. Forma. In: Size, Shape and Health Effects of Particulates - Air Pollution:
What’s the Solution? Disponível em: <http://ciese.org/curriculum/airproj/pm_
size/>. Acesso em: 30 mar. 2015.

EBAH. Acústica. EBAH. Disponível em: <http://www.ebah.com.br/content/


ABAAAAIycAL/ acustica?part=2>. Acesso em: 30 out. 2015.

141
FENOLL, R.M.S. Servei de Dinamometria. Disponível em:
<http://www.iiqab.csic.es/servdinamocat.htm>. Acesso em: 2 nov. 2015.

JAQUES, R. Curso de higiene ocupacional para resultados: módulo de higiene


ocupacional. Rio de Janeiro: Universidade Petrobrás, 2014.

LEX — EUR. Diretiva Europeia CEE — Relativa aos trabalhadores ligados


à exposição a agentes biológicos durante o trabalho. Portaria 90/679
da CEE. Disponível em: <http://eur-lex. europa.eu/legal-content/PT/
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MENDONÇA, P. Curso de higiene ocupacional para resultados — módulo


agentes físicos. Rio de Janeiro: Universidade Petrobrás, 2014.

MSPC. Sons e decibéis I-20. 2008. Disponível em: <http://www.mspc.eng.br/


tecdiv/ somdb120.shtml>. Acesso em: 2 jun. 2015.

NIOSH – ABHO. Manual de Estratégia de amostragem. Disponível em: <http://


www.abho.org.br/wp-content/uploads/2015/02/Manual_NIOSH_Estrategia_
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SCHNEIDER, R. P.; GAMBA, R. C; ALBERTINI, L. B. Manuseio de produtos


químicos. Capítulo 3 Produtos Químicos e Saúde Humana. Disponível em:
<http://www3.icb.usp.br/corpoeditorial/ARQUIVOS/residuos_quimicos/
manual/3_PRODUTOS_QUIMICOS_SAUDE_HUMANA.pdf>. Acesso em: 2
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SESI. Técnicas de avaliação de agentes ambientais: manual do Sesi. Brasília:


Serviço Social da Indústria, 2007.

SESI. Manual de avaliação para o PPRA. Brasília: Serviço Social da Indústria, 2013.

VENDRAME, A. C. Agentes químicos — reconhecimento, avaliação e controle


na higiene ocupacional. São Paulo: Editora do Autor, 2011.

142

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