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REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE

INSTITUTO MÉDIO DE PLANEAMENTO FÍSICO E AMBIENTE

CURSO DE TÉCNICO MÉDIO DE PLANEAMENTO FÍSICO E AMBIENTE

PRODUZIR A DOCUMENTAÇÃO TÉCNICA PARA


INTERVENÇÕES EM ASSENTAMENTOS INFORMAIS

CERTIFICADO VOCACIONAL “5” EM GESTÃO DE RECURSOS

TERRITORIAIS E AMBIENTAIS

Moçambique

i
Ficha Técnica

Módulo

PRODUZIR A DOCUMENTAÇÃO TÉCNICA PARA INTERVENÇÕES EM


ASSENTAMENTOS INFORMAIS

Propriedade

Instituto Médio de Planeamento Físico e Ambiente

Autor:

Consórcio:

ENAIP-Entidade Italiana de Formação Professional;


Faculdade de Arquitectura e Planeamento Físico da Universidade Eduardo
Mondlane e Instituto Superior Dom Bosco (ISDB)

Maputo, Julho de 2017


Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

Índice
Agradecimentos ......................................................................................................................... 7

Glossário .................................................................................................................................... 8

Lista de Acrónimos ................................................................................................................... 12

1. Introdução ....................................................................................................................... 1

1.1. Unidade de Competência Padrão que deu origem ao Módulo............................... 2

1.2. Duração do Módulo ................................................................................................. 4

1.3. Resultados de Aprendizagem do Módulo ............................................................... 4

Estruturação do Módulo..................................................................................................... 4

2. Unidade nº 01: Mapear os Factores críticos e irregulares em assentamentos informais


6

2.1. Duração da Unidade: ............................................................................................... 6

2.2. Introdução à Unidade Didáctica .............................................................................. 6

2.3. Resultados Esperados na Unidade .......................................................................... 6

2.4. Evidências Requeridas da Unidade Didáctica .......................................................... 7

2.5. Recursos de ensino necessários .............................................................................. 7

2.6. Tópico 1: Analisar a documentação e cartografia disponível ................................. 9

2.6.1. Resultados de aprendizagem ........................................................................... 9


2.6.2. Actividades e tarefas de aprendizagem do tópico ........................................... 9
2.6.3. Parâmetro de correcções ............................................................................... 11
2.7. Tópico 2: Identificar as lacunas na localização de equipamento social e infra-
estruturas de serviço ........................................................................................................ 12

2.7.1. Resultados de aprendizagem ......................................................................... 12


2.7.2. Actividades e tarefas de aprendizagem do tópico ......................................... 13
2.7.3. Parâmetro de correcções ............................................................................... 14
2.8. Tópico 3: Actualização da documentação cartográfica e descritiva ..................... 16

2.8.1. Resultados de aprendizagem ......................................................................... 16

iii
Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

2.8.2. Actividades e tarefas de aprendizagem do tópico ......................................... 16


2.8.3. Parâmetro de correcções ............................................................................... 18
2.9. Tópico 4: Organizar as novas informações para o cadastro.................................. 19

2.9.1. Resultados de aprendizagem ......................................................................... 19


2.9.2. Actividades e tarefas de aprendizagem do tópico ......................................... 19
2.9.3. Parâmetro de correcções ............................................................................... 21
2.10. Tópico 5: Causas que resultam em problemas evidentes de ocupação territorial
23

2.10.1. Resultados de aprendizagem ..................................................................... 23


2.10.2. Actividades e tarefas de aprendizagem do tópico ..................................... 23
2.10.3. Parâmetro de correcções ........................................................................... 25
2.11. Resumo da Unidade ........................................................................................... 27

3.1. Duração da Unidade: ............................................................................................. 28

3.2. Introdução à Unidade Didáctica: ........................................................................... 28

3.3. Resultados Esperados na Unidade ........................................................................ 28

3.4. Evidências Requeridas da Unidade Didáctica ........................................................ 29

3.5. Recursos de ensino necessários ............................................................................ 30

3.6. Tópico 1: Organização de encontros com a comunidade para minimizar a


insuficiência de serviços ................................................................................................... 31

3.6.1. Resultados de aprendizagem ......................................................................... 31


3.6.3. Parâmetro de correcções ............................................................................... 33
3.7. Tópico 2: Elaboração de propostas de intervenção urgente ................................ 35

3.7.1. Resultados de aprendizagem ......................................................................... 35


3.7.2. Actividades e tarefas de aprendizagem do tópico ......................................... 35
3.7.3. Parâmetro de correcções ............................................................................... 36
3.8. Tópico 3: Mecanismos de comunicação permanente entre a comunidade e as
instituições........................................................................................................................ 38

3.8.1. Resultados de aprendizagem ......................................................................... 38

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Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

3.8.2. Actividades e tarefas de aprendizagem do tópico ......................................... 38


3.8.3. Parâmetro de correcções ............................................................................... 39
3.9. Tópico 4: Salvaguardas sociais e ambientais ......................................................... 40

3.9.1. Resultados de aprendizagem ......................................................................... 40


3.9.2. Actividades e tarefas de aprendizagem do tópico ......................................... 40
3.9.3. Parâmetro de correcções ............................................................................... 41
3.10. Resumo da Unidade ........................................................................................... 44

ANEXO 1:Texto do tópico 1 da unidade 1: Análise da documentação e cartografia disponível


.................................................................................................................................................. 46

Exercícios de auto-avaliação ......................................................................................... 55


ANEXO 2: (A) Texto 1 do tópico 2 da unidade 1: Identificação de lacunas na Localização de
equipamento social e infra-estruturas de serviço ................................................................... 57
ANEXO 2: (B) Texto 2 do tópico 2 da unidade 1: Aspectos relativos a princípios e normas
sobre dimensionamento e localização de equipamentos e infra-estruturas .......................... 61

Exercícios de auto-avaliação ......................................................................................... 66


ANEXO 3: Texto do tópico 3 da unidade 1: Actualização da documentação cartográfica
descritiva .................................................................................................................................. 67

Exercícios de auto-avaliação ......................................................................................... 72


ANEXO 4: Texto do tópico 4 da unidade 1: Novas informações para o cadastro ................... 73

Exercícios de auto-avaliação ......................................................................................... 79


ANEXO 5: Texto do Tópico 5 da unidade 1: Causas que resultam em problemas evidentes de
ocupação territorial ................................................................................................................. 80

Exercícios de auto-avaliação ......................................................................................... 84


ANEXO 6: Texto do tópico 1 da unidade 2: Organização de encontros com a comunidade
para minimizar a insuficiência de serviços .............................................................................. 85

Exercícios de auto-avaliação ......................................................................................... 87


ANEXO 7: Texto do tópico 2 da unidade 2: Elaboração de propostas de intervenção urgente
.................................................................................................................................................. 89

Exercícios de auto-avaliação ......................................................................................... 92

v
Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

ANEXO 8: Texto do tópico 3 da unidade 2: Mecanismos de comunicação permanente entre a


comunidade e as instituições................................................................................................... 93

Exercícios de auto-avaliação ......................................................................................... 95


ANEXO 9: Texto do tópico 4 da unidade 2: Salvaguardas sociais e ambientais ...................... 97

Exercícios de auto-avaliação ....................................................................................... 100


Bibliografia ............................................................................................................................. 102

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Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

Agradecimentos

O Instituto Médio de Planeamento Físico e Ambiente agradece pelo seu contributo na


elaboração deste Módulo Produzir a documentação técnica para intervenções em
Assentamentos Informais, as seguintes individualidades e instituições:

À ENAIP-Entidade Italiana de Formação Profissional;

À Faculdade de Arquitectura e Planeamento Físico da Universidade Eduardo Mondlane;

Ao Instituto Superior Dom Bosco

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Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

Glossário

A infra-estrutura urbana: conjunto de equipamentos e objectos técnicos de engenharia que


associado aos recursos humanos, desempenham a função de prestar serviços essenciais
para a sociedade.

Área de influência de um equipamento: área delimitada pelos pontos do território cujo


afastamento ao equipamento corresponde ao valor de irradiação (ver definição). Para a
delimitação da área de influência, a medição da irradiação é feita sobre as vias de
comunicação, tendo em conta tanto as características físicas do território (morfologia),
como a rede de transportes públicos.

Assentamentos Informais (Slums): Zonas urbanas que não oferecem aos seus residentes
condições de vida minimamente aceitáveis, referente a habitação como serviços de infra-
estruturas e equipamentos sociais. Essas condições são de diferente natureza e devem ser
estudadas e resolvidas com estratégias diversas. A condição de slum é a consequência de
dimensões regionais, nacionais e globais do subdesenvolvimento de certas regiões, de
nações e de cidades, com raízes num complexo de causas sociais, económicas, culturais e
políticas e em circunstâncias que não se podem compreender e resolver senão juntando
esforços em todas essas frentes (Forjaz, 2004 citado por Bettencourt, 2011)

Carta: Representação simbolizada, variando de acordo com as escolhas criativas do Autor,


de acidentes e características seleccionados de uma realidade geográfica, elaborada para
ser utilizada quando as relações espaciais são de importância primordial.

Cartografia Topográfica: Cartografia de finalidade múltipla, mostrando os acidentes


naturais e artificiais existentes na natureza, de acordo com a escala de representação, sem
privilegiar nenhum em particular.

Cartografia: Disciplina lidando com a concepção, produção, disseminação e estudo de


cartas.

Cobertura Fotográfica: Conjunto de fotografias, organizadas em fiadas, que cobre uma


região, obedecendo a critérios constantes de um plano de voo.

Comunidade local: agrupamentos de famílias ou indivíduos, vivendo numa circunscrição


territorial de nível de localidade ou inferior, que visa a salvaguarda de interesses comuns
através da protecção de áreas habitacionais, áreas agrícolas, sejam cultivadas ou em pousio,
florestas, locais de importância cultural, pastagens, fontes de água e áreas de expansão.

Curva de Nível: Representação altimétrica do terreno, consistindo numa linha que resulta
da intersecção de uma superfície de nível com o terreno.

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Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

Densidade habitacional: o quociente, expresso em fogos por hectare, entre o número de


fogos edificados ou edificáveis e a área de uma unidade de ordenamento.

Densidade populacional: quociente entre a população prevista e a superfície bruta ou


líquida considerada (unidade: habitante / hectare).

Desenvolvimento sustentável: desenvolvimento baseado numa gestão ambiental que


satisfaz as necessidades da geração presente sem comprometer o equilíbrio do ambiente e
a possibilidade das gerações futuras satisfazerem também as suas necessidades.

Equipamento de utilização colectiva: edificações, públicas ou privadas, destinadas à


prestação de serviços colectivos nas áreas de saúde, educação, assistência social, segurança,
protecção civil e religião, entre outras, à prestação de serviços de carácter económico, como
mercados ou feiras, e à prática de actividades culturais, desportivas, de recreio e lazer.

Espaços verdes e de utilização colectiva: espaços livres, entendidos como espaços


exteriores que se prestam a uma utilização menos condicionada, a comportamentos
espontâneos e a uma estadia descontraída por parte da população utente.

GPS Diferencial: Método utilizado para reduzir o erro das observações GPS, de um receptor
isolado, por meio das correcções obtidas de observações de outro receptor, fixo num ponto
de coordenadas conhecidas.

GPS: Sigla que significa Global Positioning System, isto é, Sistema de Posicionamento Global.
É um sistema mundial de navegação e posicionamento, baseado numa constelação de
satélites, operado pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos da América.

Irradiação: valor máximo do tempo de percurso ou da distância percorrida pelos


utilizadores entre o local de origem (normalmente residência) e o equipamento (destino), a
pé, ou utilizando transportes públicos, medindo-se em minutos ou quilómetros.

Meio ambiente: Conjunto de agentes físicos, químicos, biológicos e dos factores sociais
susceptíveis de exercerem um efeito directo ou indirecto, imediato ou a longo prazo, sobre
todos os seres vivos, afectando seu metabolismo e comportamento. O meio
ambiente compreende a actuação interdependente dos factores bióticos e abióticos.
Os factores abióticos ou sem vida são o clima, o tempo, a luminosidade (luz solar), a água, o
solo, o ar, a pressão atmosférica, a temperatura etc..

Mudança Climática: Mudança no estado médio do clima e na sua variabilidade que persiste
durante um período prolongado de tempo (décadas ou mais). Mudança climática natural é a
provocada pela variabilidade climática natural observada ao longo de períodos comparáveis.

Operação de loteamento: a acção que tenha por objecto ou por efeito a divisão em lotes,

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Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

qualquer que seja a sua dimensão, de um ou vários prédios, desde que pelo menos um dos
lotes se destine imediata ou subsequentemente a construção urbana.

Operações Urbanísticas: os actos jurídicos ou as operações materiais de urbanização, de


edificação ou de utilização do solo e das edificações nele implantadas para fins não
exclusivamente agrícolas, pecuários, florestais, mineiros ou de abastecimento público de
água.

Ordenamento territorial: conjunto de princípios, directivas e regras que visam garantir a


organização do espaço nacional através de um processo dinâmico, contínuo, flexível e
participativo na busca do equilíbrio entre o Homem, o meio físico e os recursos naturais,
com vista à promoção do desenvolvimento sustentável.

Parcela: de acordo com a FIG – Federação Internacional de Agrimensores (Federation


Internationale des Geometres), as parcelas são unidades de registos bem definidas por
limites formais ou informais que delimitam a extensão de terra para uso exclusivo de
indivíduos (famílias, sociedade ou grupos comunitários). Os limites das Parcelas podem ser
definidos por demarcação física sobre o terreno por uma descrição matemática, geralmente
baseada em um sistema de coordenadas.

Perímetro urbano: linha poligonal fechada que no PPUBCC delimita o solo qualificado como
urbano, que resulta da identificação dos solos urbanizados, solos cuja urbanização seja
possível programar e pelos solos afectos à estrutura ecológica necessários ao equilíbrio do
sistema urbano.

Planeamento territorial: processo de elaboração dos planos que definem as formas


espaciais da relação das pessoas com o seu meio físico e biológico, regulamentando os seus
direitos e formas de uso e ocupação do espaço físico.

Planimetria: Informação gráfica bidimensional, descritiva dos pormenores topográficos que


integram a Cartografia.

População-base: número da população a partir do qual se justifica a criação de determinado


equipamento. Pode ser indicado, de modo genérico, em número de habitantes, ou mais
detalhadamente, num determinado estrato populacional, ou mesmo em número de utentes
do equipamento. A população-base é a população que serve de suporte a uma “unidade
mínima” de equipamento (ver definição).

Simbologia Cartográfica: Conjunto de símbolos usados em Cartografia para representação


dos Objectos cartográficos.

Talhão: área de terreno resultante de uma operação de loteamento licenciada ou


autorizada nos termos da legislação em vigor.

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Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

Território: realidade espacial sobre a qual se exercem as interacções sociais e as do Homem


com o ambiente e que tem a sua extensão definida pelas fronteiras do país.

Unidade mínima de equipamento: equipamento cujas dimensões e características


representam o limiar a partir do qual se verificam condições de viabilidade económica e
funcional da sua instalação.

Vulnerabilidade: nível segundo o qual sistemas naturais (biológicos e geofísicos) e sistemas


humanos (socioeconómicos) são susceptíveis à mudanças climáticas e incapazes de conviver
com seus impactos adversos. É o grau que um sistema humano ou natural é capaz de resistir
frente aos impactos das mudanças climáticas, como a variabilidade climática e os efeitos
externos.

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Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

Lista de Acrónimos

CMCM Conselho Municipal da Cidade de Maputo


CRM Constituição da República de Moçambique
DGOTDU Direcção Geral do Ordenamento Territorial e Desenvolvimento
Urbano (Portugal)
DINOTER Direcção Nacional de Ordenamento do Território e Reassentamento
FAPF Faculdade de Arquitectura e Planeamento Físico
INGC Instituto Nacional de Gestão de Calamidades Naturais
LA Lei do Ambiente
LOT Lei de Ordenamento do Território
LT Lei de Terras
MITADER Ministério da Terra Ambiente e Desenvolvimento Rural
PEU Plano de Estrutura Urbana
PGU Plano Geral de Urbanização
POT Política de Ordenamento do Território
PP Plano de Pormenor
PPU Plano Parcial de Urbanização
RLOT Regulamento da Lei de Ordenamento do Território
RLT Regulamento da Lei de Terras
UEM Universidade Eduardo Mondlane
UN-Habitat Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos

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Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

1. Introdução

Bem-vindo ao Módulo de “Produzir a documentação técnica para intervenções em


Assentamentos Informais”.

Este módulo trata da gestão de intervenções em assentamentos informais, onde


particularmente irá abordar questões de organização de uma intervenção, caracterização e
levantamentos necessários e elaboração de medidas e documentos técnicos de base para
intervenção em assentamentos informais e sua posterior gestão.

Levantar dados sobre as irregularidades em assentamentos informais, actualizar mapas de


forma sistemática, elaborar medidas para solucionar situações de risco ambiental e social e
para garantir oferta de serviços básicos, constituem áreas de actuação prioritárias deste
módulo.

Assim, no final do módulo esperamos que o formando seja capaz de:


 Mapear os factores críticos e irregulares em assentamentos informais; e
 Elaborar medidas de urgência para assegurar serviços básicos aos residentes.

A Unidade está relacionada com outras Unidades que tratam especificamente de técnicas
de planeamento como a “Elaboração de Planos de Pormenor” e “Produzir a documentação
técnica para elaboração de planos de reassentamento”.

Em termos de conteúdos que constituem este Módulo, para a partilha com os seus
educandos rumo aos resultados esperados, são aqui sugeridas 2 unidades:

 Factores críticos e irregulares em assentamentos informais;


 Medidas de urgência para assegurar serviços básicos aos residentes.

Estimado formador! Para além dos conteúdos o manual, apresenta igualmente um conjunto
de ferramentas metodológicas e princípios psicopedagógicos que vão apoiar o processo de
sua ministração, não funcionando como medida de imposição.

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Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

1.1. Unidade de Competência Padrão que deu origem ao Módulo

UC GR 054004 Produzir a documentação técnica para intervenções em assentamentos


informais
Registo de Unidade de Competência

Título da Unidade de Produzir a documentação técnica para intervenções em assentamentos


Competência informais

Descrição da Unidade de Competência


A Unidade de Competência indica as tarefas principais do técnico médio na gestão institucional de
assentamentos informais no que diz respeito ao levantamento de dados sobre as irregularidades e
actualização sistemática de mapas bem como na elaboração de medidas para solucionar situações de risco
ambiental e social e para garantir oferta de serviços básicos.
O técnico deve possuir um bom conhecimento dos padrões e de regras de localização de equipamentos e
infra estruturas e capacidades de trabalhar em equipa, em coordenação com especialistas e técnicos de
outros sectores e serviços. No final desta Unidade o candidato será capaz de:
 Mapear os factores críticos e irregulares em assentamentos informais; e
 Elaborar medidas de urgência para assegurar serviços básicos aos residentes
Esta Unidade está relacionada com as Unidades que tratam especificamente de técnicas de planeamento
como a Elaboração de Planos de Pormenor e “Produzir a documentação técnica para elaboração de planos de
reassentamento

Código: Nível do QNQP: 5

Gestão de Recursos Territoriais e Planeamento Físico e


Campo: Sub Campo:
Ambientais Ambiente

Data de Registo: Data de Revisão do Registo:

Elementos de
Critérios de Desempenho Contextos de Aplicação
Competência
1. Mapear os a) Analisa a documentação e
CONTEXTO
factores críticos e cartografia disponível
irregulares em b) Identifica lacunas na localização Aplicável no âmbito das actividades
assentamentos de equipamento social e infra técnico- administrativas nas
informais estruturas de serviço. intervenções de gestão de planos de
c) Actualiza a documentação gestão de assentamentos informais.
cartográfica e descritiva
Parte das actividades se desenvolve na
d) Organiza as novas informações
instituição/ serviço.
para serem incluídas no
cadastro A integração dos dados pode requerer
e) Identifica as causas que visitas no terreno e encontros com
resultaram em problemas comunidades.
evidentes de ocupação
MEIOS DE TRABALHO
territorial
Documentação legislativa sobre as
Evidências Requeridas
principais normas, procedimentos de

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Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

planeamento e instrumentos de
Evidências de Produto e/ou
controlo
Desempenho
Relatórios, tabelas, gráficos e
Relatório técnico sobre a cobertura de
estatísticas de dados sobre as
equipamento e serviços
características do território.
Inquéritos sobre as características
Acesso a Banco de dados e cadastro
residenciais e infra estruturais socio-
económicas Equipamento informático de escritório
Evidências de Conhecimento
Implicações jurídicas- sociais, económicas
e ambientais na gestão dos
assentamentos informais urbanos
Factores que concorrem na
determinação e consolidação dos
assentamentos informais
Apresenta exemplos de casos sobre o
melhoramento de assentamentos
informais
Elementos de
Critérios de Desempenho Contextos de Aplicação
Competência
a) Organiza encontros com a
2. Elaborar medidas CONTEXTO
comunidade local para minimizar a
de urgência para
ineficiência de serviços Aplicável no âmbito das actividades
assegurar
b) Elabora uma proposta de técnico- administrativas nas
serviços básicos
intervenções urgentes intervenções de gestão de planos de
aos residentes
c) Estabelece mecanismos de assentamentos informais, em
comunicação permanente entre a coordenação com outros sectores
comunidade e as instituições.
Parte das actividades se desenvolve na
d) Garante a observância da
instituição/serviço
salvaguardas sociais e ambientais
A integração dos dados pode requerer
Evidências Requeridas
visitas no terreno e encontros com
comunidades.
Evidências de Produto e/ou
Desempenho MEIOS DE TRABALHO
Define uma escala de prioridade das Documentação legislativa sobre as
necessidades em temos de serviços e principais normas, procedimentos de
infra estruturas. planeamento e instrumentos de
Elabora relatórios técnicos sobre o controlo
estado de melhoramento dos Relatórios, tabelas, gráficos e
assentamentos informais estatísticas de dados sobre as
Identifica soluções jurídico-legais características do território.
Evidências de Conhecimento Acesso a Banco de dados e cadastro
Noção de serviços de base e prestações Equipamento informático de escritório
mínimas requeridas.

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Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

1.2. Duração do Módulo

Caro Formador!

Você está a iniciar a mediação do Módulo de Produzir documentação técnica para


intervenções em Assentamentos Informais. Este módulo tem 60 horas totais ou normativas,
das quais, 45 horas fazem parte do contacto directo e 15 horas referem ao trabalho
independente. Partindo do princípio de que as abordagens actuais sobre o processo de
ensino-aprendizagem priorizam a aprendizagem activa, surge assim a necessidade de
organizar e planificar a aprendizagem de modo a garantir a qualidade da formação,
colocando o formando como o actor principal deste processo formativo. As tarefas que o
formando deve realizar devem merecer muita atenção e dedicação.

Atenção! Tudo deve ser feito em prol da qualidade da formação.

1.3. Resultados de Aprendizagem do Módulo

Ao ministrar este módulo, deve-se ter em conta que o mesmo visa


levar os formandos a desenvolver os seguintes resultados:

 Mapear os factores críticos e irregulares em assentamentos


informais; e
 Elaborar medidas de urgência para assegurar serviços básicos aos residentes.

Estruturação do Módulo

Este Módulo é constituído por 2 Unidades. Cada uma delas desdobra-se em tópicos, que por
sua vez, constituem os temas identificados em função dos resultados de aprendizagem. E
para o alcance dos resultados preconizados, o módulo apresenta um conjunto de
orientações metodológicas cujo foco é uma aprendizagem baseada na acção onde o centro
do processo de ensino-aprendizagem deve ser o formando.

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Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

Módulo
Produzir documentação técnica para intervenções em
Assentamentos Informais

Unidade 1 Unidade 2
Mapeamento de factores críticos e Elaboração de medidas de urgência para
irregulares em assentamentos informais assegurar serviços básicos aos residentes

Apesar de apresentar as orientações metodológicas para a sua ministração, o processo de


planificação das sessões é imprescindível, pelo que, caro formador, sempre que possível
faça as planificações das sessões onde deve por em prática algumas das recomendações
aqui avançadas.

O manual em momento nenhum deve ser visto como único material ou via para alcançar os
resultados almejados, senão que é necessário integrar tantos outros recursos que podem
ser áudios, visuais e audiovisuais. Portanto explore todas as condições a seu dispor para a
recolha de informações bem como aproveitar outros meios como os laboratórios e outros
recursos informáticos.

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Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

2. Unidade nº 01: Mapear os Factores críticos e irregulares

em assentamentos informais

Tópico 1: Analisar a documentação e


cartografia disponível

Tópico 2: Identificar as lacunas na Localização de


equipamento social e infra-estruturas de serviço.

UNIDADE 1: Mapear os Tópico 3: Actualizar a documentação


factores críticos e irregulares cartográfica e descritiva
em assentamentos informais Tópico 4: Organizar as novas informações para o
cadastro

Tópico 5: Identificar as causas que resultaram


em problemas evidentes de ocupação territorial

2.1. Duração da Unidade:


Caro formador, para a ministração da presente Unidade Didáctica são
necessárias 30 horas, distribuídas em 15 teóricas e 15 práticas.

2.2. Introdução à Unidade Didáctica

Boas-vindas à primeira unidade do Módulo Produzir documentação


técnica para intervenção em assentamentos informais. Esta unidade trata
de mapeamento de factores críticos e irregulares em assentamentos
informais. A percepção dos factores críticos e irregulares são a base para o entendimento e
caracterização dos assentamentos informais. Portanto, essa unidade irá trazer as lacunas e
estudar as soluções possíveis sob ponto de vista da estruturação territorial e distribuição de
equipamentos básicos, bem como em termos de documentação técnica e informação de
cadastro necessário para intervir e após uma intervenção em assentamentos informais.

2.3. Resultados Esperados na Unidade

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Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

 Analisar a documentação e cartografia disponível;


 Identificar lacunas na localização de equipamento social e infra estruturas de serviço;
 Actualizar a documentação cartográfica e descritiva;
 Organizar as novas informações para serem incluídas no cadastro;
 Identificar as causas que resultaram em problemas evidentes de ocupação
territorial.

2.4. Evidências Requeridas da Unidade Didáctica

Ao fim do estudo da unidade, o formando deverá apresentar as


seguintes evidências:

 Lista de conteúdos mínimos da documentação cartográfica e descritiva necessária


para intervenção em assentamentos informais;
 Lista dos factores de localização de equipamentos sociais e infra-estruturas de
serviços;
 Lista de elementos cartográficos para actualização da cartografia com base em
levantamentos de campo e leitura e restituição de imagens satélites;
 Lista dos passos para actualização da documentação cartográfica e descritiva;
 Inquérito para levantamento de nova informação para actualização do cadastro;
 Relatório de visita de campo a um caso de estudo: “bairro ou assentamento informal
nas cidade de Maputo ou Matola”;
 Lista de problemas e causas que resultam em problemas de ocupação territorial.

2.5. Recursos de ensino necessários

Para complementar e auxiliar o conteúdo apresentado na presente


unidade, deverão ser usados outros recursos didácticos que ajudarão a
assimilar e atingir os resultados esperados, dentre os quais:

 Manuais, artigos e textos de apoio indicados em referências bibliográficas do


manual;
 Acesso a artigos e materiais electrónicos (sala de informática equipada com
internet);
 Equipamento logístico sempre que necessário que permitam as visitas e trabalhos de
campo, podendo variar de acordo com os locais e objectivos das visitas;
 Computador e retroprojector;
 Documentários (no mínimo dois vídeos doe curta duração, não excedendo os 10
minutos):

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Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

o O primeiro deverá descrever de forma simples e breve a origem dos


assentamentos informais e problemas a ele associado, tendo como caso um
país de preferência de nível social e económico comparado ao de
Moçambique (da África subsahariana, América Latina ou Ásia).
o O segundo deverá dar continuidade ao primeiro e mostrar de forma breve
conversas com pessoas/moradores que vivem ou que fazem as suas vidas nos
assentamentos informais por forma a perceber o nível de vida contado na
primeira pessoa.
o Os vídeos (documentários) podem ser encontrados facilmente no Site
www.youtube.com ou qualquer outra fonte que o formador achar
conveniente para o efeito.
Caro formador, alguns dos recursos podem ser elaborados ou produzidos pelo próprio
formador, mas outros não.

Um dos exemplos de material a ser produzido é o presente Manual didáctico do formador.


Entretanto, há outros materiais ou recursos que formador pode contemplar neste manual
que poderão efectivamente servir de apoio para o formador, sobretudo, aqueles específicos
para cada área modular, que podem utilizar diferentes meios de suporte como mapas,
gráficos, vídeo, gravações, etc.

8-106
Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

2.6. Tópico 1: Analisar a documentação e cartografia


disponível

Caro formando, estamos a iniciar o Tópico 1 da Unidade 1 que irá debruçar sobre o
levantamento e análise da documentação e cartografia de base para início de intervenção
em assentamentos informais, incluindo documentação legislativa sobre principais normas,
procedimentos de planeamento e instrumentos de controlo, dentre outros.

2.6.1. Resultados de aprendizagem


 Fazer o levantamento da documentação técnica, legislativa e
cartográfica necessária e disponível para intervenção no território;
 Caracterizar a documentação e cartografia disponível para
intervenção em assentamentos informais.

2.6.2. Actividades e tarefas de aprendizagem do tópico


Neste tópico cada um dos formandos vai trabalhar para
aperfeiçoar as suas capacidades de identificação, análise e
interpretação de cartografia e documentação técnicas de
intervenção no território com ajuda do formador através de
actividades direccionadas para o efeito por forma a atingir os
resultados esperados.

Actividade 1
1. Peça aos formandos para terem em mão o Texto do tópico
1 guardados nos seus materiais. Oriente a discussão de
conceitos relevantes e peça para que leiam o Texto ponto a
ponto, revendo os principais documentos e lista de cartografia
necessário para intervenção no território, particularmente em
assentamentos informais.

2. Divida a turma em dois grupos, o primeiro será responsável


por listar e explicar de forma muito breve o conteúdo e
importância da documentação legislativa e técnica relacionada
a intervenção no território e em assentamentos informais e o
segundo será responsável por listar e explicar o conteúdo da
cartografia necessária para o mesmo efeito. Peça aos

9-106
Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

formandos para que não só utilizem o Texto do tópico 1 como


referência mas também as suas próprias experiências
concretas e referentes aos conteúdos já leccionados em todos
os módulos anteriores.

3. Os grupos apresentam as suas tarefas através de um


representante de cada grupo que dirigindo-se a turma
sintetiza a discussão que tiveram em grupo, abrindo sempre
espaço para debate e sempre que necessário esclarecimento
de cada um dos pontos apresentados.

4. No final faça uma síntese elucidando os aspectos que os


formandos devem reter para atingir os resultados do tópico.

Actividade 2

1. Usando o computador e o projector faça uma projecção do


Recursos necessários:
primeiro vídeo documentário que se pretenda que seja breve
e com carácter introdutório sobre os assentamentos informais
- Computador e por forma que os formandos percebam a dimensão deste e os
retroprojector
problemas associados ao mesmo, em seguida peça aos
- Texto do tópico
- Glossário de conceitos sobre formandos para que comentem fazendo comparação com
território e assentamentos casos semelhantes que acontecem nas suas cidades ou país.
informais.
- Um vídeo descreve a origem 2. Agora, divida a turma em três grupos dessa vez, onde cada
dos assentamentos um deles irá fazer o exercício de associar os resultados da
informais e problemas a ele actividade 1 (listagem e caracterização da documentação e
associado, (pode ser da
cartografia necessária para intervenção em assentamentos
África subsaariana, América
Latina ou Ásia).
informais), com o caso visto no documentário apresentado.

Método/ Técnica a aplicar: Por exemplo, o vídeo pode ter caracterizado aspectos como
elevada densidade e riscos de inundação, os grupos deverão
- Apresentação e discussão
portanto, associar essa informação com a necessidade de um
de conceitos.
- Discussão em grupos mapa de densidades e a forma como esse deve ser tratado e
- Trabalho em grupo ainda um mapa de riscos com identificação de todos os riscos
- Apresentação dos que identificaram com base no vídeo.
resultados em plenária
- Feedback do formador. O segundo passo, será listar em forma de títulos e subtítulos
- Projecção em PowerPoint todos os pontos arrolados no vídeo e outros complementares
- Analise do vídeo e discussão
que possam ser descritos em forma de documento para
- Apresentação de resultados
constituir o diagnóstico da situação actual da zona de

10-106
Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

intervenção, considerando a área identificada no vídeo como


referência.

2.6.3. Parâmetro de correcções


Notas: Os parâmetros de correcção seguintes são a base para as respostas,
devendo o formador considerar todas as respostas dadas de outra forma
desde que válidas por parte dos formandos.

O formador deve na base dos exercícios de auto-avaliação aqui propostos, elaborar mais
exercícios para os formandos sempre que for necessário, mantendo foco nos conteúdos e
resultados estabelecidos pelo tópico.

1. A Política de Ordenamento Territorial tem como princípio o respeito pela forma


existente de povoamentos e de ocupações de espaços, remetendo-nos a acções
dentro de assentamentos já consolidados como o caso concreto dos assentamentos
informais.
2. Baseando-se nas definições e caracterizações, o formador orienta os formandos a
encontrar 3 exemplos de assentamentos informais e a caracterizá-los. Podendo
chegar a conclusão depois da caracterização, se realmente são ou não
assentamentos informais.
3. As intervenções em assentamentos informais de acordo com a Lei do Ordenamento
do Território enquadram-se a nível Autárquico e dentro dos Planos de Pormenor.
4. A – 5; B – 3; C – 1; D – 6; E – 4; F – 2.
5. O mapa de densidades esclarece a relação entre o ambiente construído e os espaço
livre, e futuramente irá ser importante para o cálculo de áreas públicas (praças,
jardins, serviços, estacionamento e outros) necessárias em todo assentamento e sua
distribuição.
6. Qual a relação entre mapas de riscos e o mapa de densidades? A relação entre mapa
de riscos e densidades dá-nos ideia do número de populações, infraestruturas,
serviços e qualquer outro bem (elemento) afectado por um determinado risco na
área de intervenção.

𝑛ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 ℎ𝑎𝑏𝑖𝑡𝑎çõ𝑒𝑠 2590


7. a) 𝑫𝒆𝒏𝒔𝒊𝒅𝒂𝒅𝒆 𝒉𝒂𝒃𝒊𝒕𝒂𝒄𝒊𝒐𝒏𝒂𝒍 = á𝑟𝑒𝑎 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑜 𝑎𝑠𝑠𝑒𝑛𝑡𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜
=
144 𝑘𝑚2
= 17,99 ℎ𝑎𝑏𝑖𝑡𝑎çõ𝑒𝑠/𝐾𝑚2
b) Número de população = 2590x7 = 18130 habitantes.
𝑛ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 ℎ𝑎𝑏𝑖𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒𝑠 1810
𝑫𝒆𝒏𝒔𝒊𝒅𝒂𝒅𝒆 𝒑𝒐𝒑𝒖𝒍𝒂𝒄𝒊𝒐𝒏𝒂𝒍 = = = 125,90 ℎ𝑎𝑏./𝐾𝑚2
á𝑟𝑒𝑎 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑜 𝑎𝑠𝑠𝑒𝑛𝑡𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 144 𝑘𝑚2

8. Se densidade é 7 habitações/Hectar, a área total para 4207 casas será dado por:
4207
Á𝒓𝒆𝒂 = = 601 𝐻𝑎
7
Logo, sendo que 1Km2 = 100Ha, então 601 Ha corresponderá a 6,01 Km2.

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Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

2.7. Tópico 2: Identificar as lacunas na localização de


equipamento social e infra-estruturas de serviço

Caro formando! O Tópico 2 da Unidade irá tratar de identificação de lacunas na localização


de equipamento social e infra-estruturas de serviços urbanos. Serão abordados neste
tópico em primeiro lugar as questões de conceito e diferença entre equipamento e infra-
estruturas e os procedimentos técnicos para a sua quantificação (dimensionamento) e
localização num assentamento humano, por fim iremos estudar as principais lacunas
existente na localização e distribuição dos equipamentos e infra-estruturas de serviços.

Para uma aprendizagem efectiva deste tópico, o formando precisará de matérias dos
outros módulos que tratam de equipamentos e infra-estruturas e sua quantificação,
portanto procure garantir que tenha domínio dessas matérias.

2.7.1. Resultados de aprendizagem


 Assimilar os conceitos de equipamento social e de infra-
estruturas de serviço urbano, bem como as diferenças existentes
entre estes conceitos.
 Identificar os factores de localização e distribuição dos equipamentos sociais e infra-
estruturas de serviços.
 Identificar as lacunas na localização de equipamentos social e infra-estruturas de
serviço.

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Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

2.7.2. Actividades e tarefas de aprendizagem do tópico


Neste tópico, cada um dos formandos vai trabalhar para
aperfeiçoar as suas capacidades nos conceitos entre
equipamento social e infra-estruturas de serviço, identificação
dos factores de localização, distribuição e quantificação dos
Recursos necessários: assentamentos informais e das lacunas na localização dos
equipamentos e infra-estruturas.
- Computador e data show
- Texto do Tópico
Actividade 1
- Glossário de conceitos sobre
equipamentos sociais e 1. Peça aos formandos para terem em mão o Texto do tópico
infra-estruturas de serviço.
2 guardado nos seus materiais. Discutam os conceitos
- Um vídeo: Documentário
que descreva de forma relevantes e leiam o Texto ponto a ponto, revendo a lista
simples e breve as de equipamentos, factores e lacunas na localização de
dificuldades na escassez e equipamentos sociais e infra-estruturas de serviço.
ausência de equipamentos e Actividade 2
serviços em um
assentamento informal 1. Divida a turma em dois grupos, o primeiro será
contado na primeira pessoa
responsável por listar e explicar de forma breve os factores
pelos moradores do mesmo.
de localização de equipamentos sociais e o segundo será
Método/ Técnica a aplicar: responsável pela listagem e indicação dos factores de
- Apresentação e discussão
localização das infra-estruturas de serviço, durante o
de conceitos com base no trabalho os formandos devem sempre que possível fazer
glossário referencia a assentamentos informais que conheçam nas
- Discussão em pequenos suas cidades e bairros.
grupos
2. Os grupos apresentam as suas tarefas, abrindo sempre
- Actividades individuais
- Apresentação de tarefas e
espaço para debate e sempre que necessário
debate esclarecimento de cada um dos pontos apresentados.
- Projecção de vídeo e sua Actividade 3
análise
- Discussão e feedback 1. Usando o computador e o retroprojector faça uma
projecção do vídeo documentário que retrate na primeira
pessoa (moradores) as dificuldades no acesso e
necessidades de equipamento social e infra-estruturas de
serviço em assentamentos informais
2. Em seguida, peça aos formandos para que comentem
sobre as lacunas na distribuição, acesso e localização de
equipamentos no assentamento informal descrito no
vídeo, fazendo comparação com as realidades dos
assentamentos informais das suas cidades e bairros,
durante os comentários vai escrevendo no quadro preto
com auxílio de giz em pó (ou branco com auxílio de

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Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

marcadores) os principais pontos referidos no que


concerne as lacunas.
3. No final faça uma síntese elucidando os aspectos que os
formandos devem reter para atingir os resultados do
tópico.

2.7.3. Parâmetro de correcções

Notas: Os parâmetros de correcção seguintes são a base para as respostas,


devendo o formador considerar todas as respostas dadas de outra forma desde que válidas
por parte dos formandos.

O formador deve na base dos exercícios de auto-avaliação aqui propostos, elaborar mais
exercícios para os formandos sempre que for necessário, mantendo foco nos conteúdos e
resultados estabelecidos pelo tópico.

1. Equipamentos sociais são estruturas físicas através das quais a população residente
de um dado território tem acesso aos bens e serviços de que necessita para a sua
sobrevivência e realização e quando falamos de serviços de infra-estruturas,
referimo-nos não só com o conjunto de elementos estruturais ou físicos mas
também a gestão e manutenção dos mesmos e adicionalmente com a qualidade do
serviço prestado por tais elementos.

2. Classificação:
a. Creche – nível de unidade/bairro e função social educacional.
b. Hospital Central de Maputo (na cidade de Maputo) – nível provincial (Cidade
de Maputo) e função social de saúde
c. Fontanário – nível de bairro e infra-estrutura técnica de abastecimento de
água
d. Escola primária – nível de bairro e função social educacional
e. Mercado – nível de bairro e função de equipamentos comerciais
f. Avenida de Moçambique (EN1) – nível nacional e infra-estrutura técnica de
arruamentos

3. Os critérios de localização definem as condições a ter em conta na escolha de


equipamentos para um determinado assentamento.
a. Complementaridade e incompatibilidades com outros estabelecimentos ou
equipamentos existentes; necessidades da população; irradiação e área de
influência do equipamento.

14-106
Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

b. Para avaliar com certeza se a população realmente precisa do referido


equipamento e evitar que após a construção o mesmo não seja abandonado
por falta de utentes, desperdiçando um investimento.

4. Estudos ou condições a terem em conta para alocar uma Escola Primária num
determinado assentamento informal: número de população do bairro em idade
escolar, sobretudo crianças, densidade habitacional para a localização da escola
levando em consideração a área de cobertura e o tempo que as crianças deverão
percorrer a pé até a escola (irradiação) e existência ou não de outras escolas nas
proximidades.

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Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

2.8. Tópico 3: Actualização da documentação


cartográfica e descritiva

Caro formando! O Tópico 3 irá tratar da actualização da documentação cartográfica e


descritiva necessária para intervenção em Assentamentos Informais. Nesse tópico será
importante fazer uma breve síntese da documentação cartográfica e descritiva necessária
antes de referirmo-nos aos métodos possíveis para actualização cartográfica e da
documentação, fazendo menção aos que se aplicam a realidade do nosso país.

2.8.1. Resultados de aprendizagem


 Identificar e dominar as regras básicas para actualização de
documentação cartográfica e descritiva.
 Identificar os métodos e passos para elaborar e actualizar a
cartografia necessária para intervenção em assentamentos
informais.
 Descrever os passos para actualizar a documentação cartográfica e descritiva.

2.8.2. Actividades e tarefas de aprendizagem do tópico

Neste tópico cada um dos formandos vai trabalhar para


aperfeiçoar as suas capacidades relativamente as técnicas
e/ou métodos para levantamento de dados para actualização
de cartografia para intervenção em assentamentos informais,
com auxílio das seguintes actividades:

Actividade 1

1. Peça aos formandos para terem em mão o Texto do tópico


3 guardado nos seus materiais. Discutam os conceitos
relevantes e leiam o Texto ponto a ponto, revendo
principalmente as regras básicas e os passos para
elaboração/actualização de cartografia e documentação
descritiva.

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Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

Actividade 2

1. Apresente e caracteriza o caso de estudo aos formandos


(com base na fotografia área retirada do Google Earth e
Recursos necessários: fotos do local apresentados com recurso aos PowerPoint) e
introduza também a fotografia aérea impressa (satélite)
- Computador e data show
- Texto do tópico impressa aos formandos.
- Quadro preto e giz 2. De seguida, divida a turma em dois grupos, o primeiro será
- Glossário de conceitos responsável listar todos elementos importantes para
sobre equipamentos
sociais e infra-estruturas actualização da cartografia e possíveis de serem
de serviço. levantados no terreno com base no estudo de caso e o
- Fotografia aérea
(satélite) ou extraída do
segundo será responsável por listar todos elementos
Google Earth com físicos possíveis de identificar numa fotografia aérea para
qualidade mínima efeitos de actualização de uma cartografia.
aceitável
3. Os grupos apresentam as suas tarefas, abrindo sempre
Método/ Técnica a aplicar: espaço para debate e sempre que necessário
- Discussão de conceitos esclarecimento de cada um dos pontos apresentados. No
- Caso de estudo de um fim, peça aos formandos para compararem os resultados
bairro informal da cidade
conhecido (fotografias
obtidos pelos dois grupos.
aéreas e fotos do local). 4. No final faça uma síntese elucidando os aspectos e
- Discussão em grupo necessidade de complementaridade entre os elementos
- Trabalho pratico em
grupos sobre elementos possíveis de se identificarem com auxílio de uma boa
de actualização fotografia área e os levantamentos de campo.
cartográfica (…)
- Apresentação e discussão
dos resultados Actividade 3
- Feedback do formador
- Simulação SIMULAÇÃO
- Brainstorming
- Síntese final 1. Usando os resultados das actividades anteriores, o caso de
estudo e outros conhecimentos adquiridos, simulem em
conjunto os passos necessários para actualização da
informação cartográfica e descritiva para intervenção na
zona em causa (caso de estudo).
2. Em jeito de braimstroming (chuva de ideias), os formando
vão listando os passos que acham que devem ser
obedecidos para actualização da informação cartográfica e
descritiva na zona de estudo, enquanto o formador vai
escrevendo no quadro preto todos eles.
3. No fim, em jeito de síntese, organize as ideias todas
enunciadas pelos formandos.

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Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

NOTA: Deia liberdade aos formandos para que não se


apeguem aos passos descritos no texto do manual,
estando livres de enunciar os mesmos da maneira como
lhes convier e depois discutam a relevância de cada um
dos pontos levantados.

2.8.3. Parâmetro de correcções

Notas: Os parâmetros de correcção seguintes são a base para as respostas, devendo o


formador considerar todas as respostas dadas de outra forma desde que válidas por parte
dos formandos.

O formador deve na base dos exercícios de auto-avaliação aqui propostos, elaborar mais
exercícios para os formandos sempre que for necessário, mantendo foco nos conteúdos e
resultados estabelecidos pelo tópico.

1. Dados primários são dados recolhidos directamente no campo (zona de intervenção)


a partir de técnicas diversas que incluem inquéritos, observação, entrevistas, dentre
outros. Nos assentamentos informais dado a escassez de informação/dados e a sua
desactualização, a recolha de dados primários é fundamental para actualização da
mesma e das bases cartográficas.
2. Actualização de cartografia consiste na restituição dos elementos que se alteraram
em função do tempo, de modo que este represente correctamente a situação actual
da área pretendida.
3. Marque com V (Verdadeiras) e F (Falsas)
a. V
b. F
c. F
d. V
e. F
4. O método de foto interpretação e digitalização identifica elementos como: natureza,
ambientes construídos, limites e relações com o meio e outros.
Teodolitos, níveis, estações totais, GPS (Global Position System) e outros. Função:
levantamentos de coordenados de pontos diversos, alturas, medição de distâncias,
alinhamentos, entre outras medidas.

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Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

2.9. Tópico 4: Organizar as novas informações para o


cadastro

Caro formando! O tópico 4 irá tratar de como organizar e incorporar novas informações
para actualizar o cadastro no contexto da intervenção em assentamentos informais. Deverá
se apresentar o conceito geral de cadastro para fins de ordenamento territorial e a sua
importância, de modo a definir o tipo de informação possível de se fazer levantamento
localmente (área de intervenção) por forma a complementar caso exista um cadastro da
área pretendida.

2.9.1. Resultados de aprendizagem


 Assimilar o conceito de cadastro e seus objectivos para
efeitos de ordenamento e ocupações territoriais.
 Discutir a importância e funções a que se destina o cadastro.
 Definir as informações necessárias para elaborar e complementar o cadastro
territorial.

2.9.2. Actividades e tarefas de aprendizagem do tópico

Neste tópico cada um dos formandos vai trabalhar para


aperfeiçoar as suas capacidades nos conceitos, na
identificação e levantamento de dados necessários para
constituição e actualização do cadastro, com auxílio das
seguintes actividades:

Actividade 1

1. Peça aos formandos para terem em mão o Texto do tópico


4 guardado nos seus materiais. Discutam os conceitos
relevantes e leiam o Texto ponto a ponto, revendo no fim
os conceitos de cadastro e sua importância.
2. Em seguida, apresente o caso de estudo (com auxílio do
PowerPoint), explicando na prática com base no exemplo

19-106
Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

todos o conceito e importância elucidados no primeiro


passo da actividade.
Recursos necessários:

- Computador e data show


Actividade 2
- Texto do Módulo
- Glossário de conceitos
1. Divida a turma em dois grupos, e ainda baseando-se no
sobre cadastro e
elementos de suporte ao caso de estudo apresentando durante a actividade
cadastro. anterior, o primeiro grupo será responsável por fazer a
- Caso de estudo: um ligação de todos elementos do cadastro do caso de estudo
cadastro existente, que com a função fiscal do cadastro, e o segundo fará o mesmo
tenha no mínimo
exercício ligando os elementos com a função legal e de
informação sobre parcela,
proprietário e direitos do apoio a gestão da terra.
proprietário (pode ser em 2. Os grupos deverão explorar de forma criativa a função ou
forma de fichas e mapas importância fiscal, legal e de gestão da terra do cadastro e
cadastrais). de todos elementos do cadastro apresentados no caso de
Método/ Técnica a aplicar: estudo fazer a sua ligação com uma destas funções.
3. Os grupos apresentam as suas tarefas, abrindo sempre
- Leitura e discussão dos
espaço para debate e sempre que necessário
conceitos com base no
texto esclarecimento de cada um dos pontos apresentados.
- Análise de um Caso com 4. No final faça uma síntese elucidando os aspectos que os
base na projecção em formandos devem reter para atingir os resultados do
PowerPoint tópico.
- Discussão do caso e
consolidação
- Actividade pratica
Actividade 3
(trabalho em grupos )
- Discussão com os Os formandos irão fazer uma simulação para elaboração de
formandos (em grupo e
inquéritos para levantamento de informação para formar e/ou
depois no geral) a
relevância e importância completar o cadastro de uma determinada área, seguindo os
do cadastro na passos:
intervenção em
assentamentos informais. 1. Divida a turma em três grupos, em que o primeiro será
- Apresentação da síntese responsável por elaborar questões que deverão incorporar
(exposição) um inquérito para obter informações sobre o proprietário,
- Simulação de elaboração
o segundo sobre a propriedade e o terceiro sobre os
de inquéritos
- Actividade prática com
direitos dos proprietários em relação as propriedades.
base em inquéritos 2. Os grupos apresentam rapidamente as tarefas, e no fim
- Apresentação e discussão faça uma síntese elucidando a importância da ferramenta
de resultados e feedback. do inquérito e entrevistas no levantamento de
informações para completar informações sobre o cadastro.

20-106
Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

2.9.3. Parâmetro de correcções

Notas: Os parâmetros de correcção seguintes são a base para as respostas, devendo o


formador considerar todas as respostas dadas de outra forma desde que válidas por parte
dos formandos.

O formador deve na base dos exercícios de auto-avaliação aqui propostos, elaborar mais
exercícios para os formandos sempre que for necessário, mantendo foco nos conteúdos e
resultados estabelecidos pelo tópico.

1. O Cadastro como sistema de informação baseia-se na parcela e nos dados referentes


aos proprietários e os direitos.

2. O Cadastro Técnico Multifinalitário consiste no uso do cadastro na sua forma


geométrica somada a descritiva com base para lançamento de informações de
usuários diversos.

3. O cadastro imobiliário contém registos dos atributos físicos e abstractos relativos às


parcelas identificadas nos mapas e tem por unidade o imóvel, geralmente
estabelecido para fins tributários, enquanto que cadastro fiscal diz respeito à
questão de taxação das propriedades em valores monetários, objectivando a
arrecadação de impostos.
Os dois cadastros têm como fim a arrecadação de receitas e a diferença reside no
facto de o cadastro fiscal não conter necessariamente a parte cartográfica com a
localização dos imóveis, incidindo mais sobre a descritiva.

4. Sistema cartográfico do cadastro: compreende os documentos e produtos gráficos


necessários para a representação especial dos elementos que constituem o sistema
cadastral, desde a localização global da área de estudo até o detalhe das parcelas e
suas relações com a envolvente; e
Sistema descritivo do cadastro: corresponde a parte descritiva do cadastro e diz
respeito às informações sobre o imóvel e seus direitos, proprietário e a parcela e os
respectivos direitos.

5. As principais funções do cadastro são:


 Fornecimento de informações para a tributação imobiliária;

21-106
Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

 Fornecimento de informações para o registo de imóveis;


 Fornecimento de informações para o planeamento e a gestão urbana e rural.

6. (a) – Governo ou sociedade; (b) – indivíduos; c governo ou sociedade; (d) –


indivíduos; (e) – governo ou sociedade; (f) – indivíduos; (g) – indivíduos; (h) –
indivíduos; (i) – governo ou sociedade; (j) – indivíduo.

7. Complete a tabela com informações possíveis de serem recolhidas em campo para


actualização ou criação de uma base de cadastro
(a) Nome, Número de identificação, Profissão, Endereço, Estado civil e se é
pessoa física, singular, colectivo.
(b) Identificação, uso destinado, origem, endereço, superfície, valor.
(c) Direito à propriedade e direito de uso.

22-106
Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

2.10. Tópico 5: Causas que resultam em problemas evidentes de


ocupação territorial

Caro formando! O tópico 5 irá abordar questões relativas as causas que resultam em
problemas evidentes de ocupação territorial. A unidade deverá ser bastante interactiva,
tentando se apoiar do conhecimento de base trazido pelos formandos em relação ao que
acontece ou problemas que eles identificam como existentes nos assentamentos informais
das suas cidades, e em conjunto a turma estudará os conceitos de ocupação territorial, os
problemas de ocupação no geral e as causas que resultam nos tais problemas, em
particular nos assentamentos humanos moçambicanos.

2.10.1. Resultados de aprendizagem


 Consolidar o conceito de assentamento informal e suas
características.
 Identificar os principais problemas de ocupação territorial nos
assentamentos informais.
 Identificar as causas que resultam em problemas de ocupação territorial de forma
geral e em particular no contexto moçambicano.

2.10.2. Actividades e tarefas de aprendizagem do tópico


Neste tópico cada um dos formandos vai trabalhar para
aperfeiçoar as suas capacidades na identificação das causas
que resultam os problemas evidentes de ocupação territorial,
com auxílio das seguintes actividades.

Actividade 1

1. Visita de Estudo: tendo escolhido uma área de estudo com


características claras de um assentamento informal nas
cidades de Maputo ou Matola, onde estejam evidentes os
problemas de ocupação territorial, a visita terá dois
objectivos: (i) identificação na prática das características de
assentamentos informais, e (ii) identificação prática dos
problemas de ocupação territorial e as respectivas causas.
2. A Visita deverá ser de carácter de observação e de
interacção, que deverão incluir conversas com as

23-106
Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

estruturas do bairro e moradores, por forma a conhecer a


Recursos necessários:
história do surgimento do bairro, o modo de vida dos
- Computador e data show moradores, as dificuldades e desafios do dia-a-dia, dentre
- Texto do tópico
- Glossário de conceitos outros aspectos relevantes.
- Transporte e outros 3. No fim da visita, cada estudante deverá elaborar um
aspectos logísticos para
visita a um local de estudo
relatório muito breve, entre 3 a 5 páginas relatando a visita
(exemplos: Chamanculo C, de estudos, os principais pontos recolhidos, no que
Polana Caniço, George concerne a caracterização, problemas e aspectos
Dimitrov, Mafalala, e
outros). evidenciados pelos moradores e estruturas do bairro.

Método/ Técnica a aplicar:


Actividade 2
- Visita de campo,
(exemplos: Chamanculo C, 1. Em sala de aulas, peça aos formandos para terem em mão
Polana Caniço, George o Texto do tópico 5 guardado nos seus materiais. Discutam
Dimitrov, Mafalala, e
outros). os conceitos relevantes sobre assentamentos informais e
- Trabalho individual leiam o Texto ponto a ponto, revendo as características, os
(elaboração de relatório da
visita)
problemas e causas dos problemas de ocupação territorial
- Apresentação e discussão em assentamentos informais, e sempre fazendo uma
os conceitos apresentados ligação dessa teoria com aspectos verificados na visita de
no glossário mais
relevantes para o tópico. campo.
(grupos de cochicho)
- Discussão sobre a
Actividade 3
relevância e importância os
factores e as lacunas de
localização de 1. Divida a turma em dois grupos, o primeiro será
equipamentos sociais e responsável por listar e explicar os problemas associados
infra-estruturas de serviço. aos assentamentos informais e o segundo será responsável
- Feedback do formador
por listar e justificar as causas que resultam nos problemas
dentro dos assentamentos informais.
Método/ Técnica a
2. Os grupos apresentam as suas tarefas, abrindo sempre
aplicar: (continuação)
espaço para debate e sempre que necessário
- Trabalho prático em esclarecimento de cada um dos pontos apresentados.
grupo sobre os 3. No final e em forma de síntese, peça voluntários entre os
problemas de formandos para sugerirem relações entre os problemas
assentamentos informais enunciados pelo grupo 1 e as causas enunciados pelo
e as causas que resultam
grupo 2, e escrevendo no quadro estabeleça uma relação
nesses problemas.
entre problemas e causas como resultados das
- Apresentação dos
contribuições dos estudantes.
trabalhos e discussão
- Síntese final do
formador

24-106
Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

2.10.3. Parâmetro de correcções

Notas: Os parâmetros de correcção seguintes são a base para as respostas,


devendo o formador considerar todas as respostas dadas de outra forma desde que válidas
por parte dos formandos.

O formador deve na base dos exercícios de auto-avaliação aqui propostos, elaborar mais
exercícios para os formandos sempre que for necessário, mantendo foco nos conteúdos e
resultados estabelecidos pelo tópico.

1. Assinale com X os aspectos seguintes que caracterizam as condições de vida de uma


família em assentamentos informais.
a. (__) Acesso minimamente adequado à água potável.
b. ( X ) Ausência do título de propriedade.
c. ( X ) Espaço insuficiente para o agregado.
d. (__) Acesso inadequado ao saneamento, mas aceitável a outras infra-
estruturas.
e. (__) Qualidade razoável da estrutura da habitação.

2. Os aspectos principais que caracterizam os assentamentos informais em


Moçambique: Ocupação desordenada e espontânea; Sem acessos; Sem saneamento
básico; Sem água potável; Sem espaço habitacional definido e suficiente; Sem
habitação segura e durável.

3. (...)
a. O parágrafo resume os principais problemas relacionados com as formas de
ocupação do território que resultaram em assentamentos informais,
importando voltar a referir a falta de planeamento com antecedência e falta
de acesso adequado a infra-estruturas básicas em áreas que viriam a ser
ocupados para albergar o número crescente da população urbana nas
cidades.

b. Alta densidade habitacional (muitas famílias em pouco espaço); Ocupação de


zonas de risco (erosão e zonas de inundação frequentes); Ausência
documentação de titularidade do talhão e da habitação; Inadequada
integração na estrutura urbana da cidade (ruas, estradas, topografia);
Escassez de equipamentos básicos e infra-estruturas de serviços e
Inexistência de espaços públicos organizados.

25-106
Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

4. Baixa renda; aspectos sociespaciais; falta de habitação; mercado informal;


problemas de gestão da terra; sistema jurídico disfuncional.

5. (várias descrições podem ser válidas, o formador deverá ajudar os formandos a


enquadrar as suas descrições dentro dos objectivos das perguntas)

26-106
Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

2.11. Resumo da Unidade

Em forma de síntese, a unidade tratou de estudar os factores críticos e irregulares em


assentamentos informais divididos em 5 tópicos, a saber: (1) análise da documentação e
cartografia disponível; (2) localização de equipamento social e infra-estruturas de serviço;
(3) actualização da documentação cartográfica e descritiva; (4) novas informações para o
cadastro; e (5) causas que resultam em problemas evidentes de ocupação territorial.

Para intervenção em assentamentos informais é fundamental a realização de um estudo de


levantamento da situação actual do local, obtendo informações que se deverão juntar aos
dados já existentes, podendo ser organizada em documentação escrita e cartográfica que
será necessária para o desenho da intervenção.

Assim, os dados já existentes (dados secundários) e os dados levantados em campo usando


diversos métodos (dados primários), servirão de base para a constituição de um diagnóstico
da situação actual e desenho da cartografia de apoio ao mesmo: mapa de inserção urbana,
mapa de identificação de riscos, mapa viário, mapa de densidades, mapa de usos do solo e
mapa de análises fundiárias e urbanísticas.

Os equipamentos sociais e infra-estruturas urbanas são dimensionados e alocados tendo em


conta diversos factores, podendo se resumir na distância que as pessoas percorrem até ao
serviço ou equipamento (irradiação), na sua área de influência e número de população a ser
servida.

A actualização da documentação descritiva e cartográfica faz-se essencialmente pelo


levantamento do campo usando vários métodos que podem incluir entrevistas, inquéritos
levantamentos topográficos e outros. Dentre vários métodos usados para actualização da
cartografia os levantamentos terrestres e a digitalização das fotografias aéreas.

A informação do cadastro deverá ser actualizada também com base nos levantamento de
dados primários em campo, tendo em como objectivo levantar informações sobre o
proprietário, informações sobre a parcela e sobre os direitos da parcela e imóvel associado
ao proprietário.

Assentamentos Informais são zonas em constante crescimento que não oferecem aos seus
residentes condições de vida minimamente aceitáveis, apesar de existirem neles aspectos
bastante atractivos, sobretudo no que diz respeito à sua localização favorável em relação
aos centros de emprego e de serviços. Em suma constituem causas que resultam em
problemas evidentes de ocupação territorial e formação de assentamentos informais: baixa
renda, aspectos sociespaciais, falta de habitação de interesse social, rigidez do mercado
formal, problemas de gestão da terra e o sistema judiciário disfuncional.

27-106
Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

3. Unidade nº 02: Elaboração de medidas de urgência


para assegurar os serviços básicos aos residentes

Tópico 1: Organizar encontros com a


comunidade para minimizar a ineficiência
de serviços
Tópico 2: Elaborar propostas de intervenção
UNIDADE 2: Elaborar medidas urgente
de urgência para assegurar os Tópico 3: Estabelecer mecanismos de
serviços básicos aos residentes comunicação permanente entre a comunidade e
as instituições
Tópico 4: Garantir observância de Salvaguardas
sociais e ambientais

3.1. Duração da Unidade:

Caro formador, para a ministração da presente Unidade Didáctica são


necessárias 30 horas, distribuídas em 15 teóricas e 15 práticas.

3.2. Introdução à Unidade Didáctica:

Bem-vinda a segunda unidade do Módulo Produzir documentação


técnica para intervenção em assentamentos informais. Esta unidade
trata de Elaboração de medidas de urgência para assegurar os serviços básicos aos
residentes. As intervenções em qualquer assentamento consolidado requer grandes custos
de investimento financeiro como é o caso dos assentamentos informais onde por essas
razões (alto custo de intervenção) as intervenções deverão ser priorizadas de acordo com o
financiamento existente. Nessa ordem de ideias e pelas grandes lacunas que detectamos
em relação aos serviços básicos nos assentamentos informais, é importante conhecer as
medidas e saber responder com urgência à provisão de serviços básicos para o
melhoramento das vidas das populações em assentamentos informais.

3.3. Resultados Esperados na Unidade

 Identificar os procedimentos a ter em conta na organização


de encontros com a comunidade local para minimizar a ineficiência
de serviços em assentamentos informais.
 Identificar as técnicas de elaboração de propostas de intervenções urgentes.

28-106
Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

 Conhecer os mecanismos de comunicação permanente entre a comunidade e as


instituições e as formas/regras para o seu estabelecimento.
 Identificar e conhecer as regras de respeito e observância das salvaguardas sociais e
ambientais para intervenção em assentamentos informais.

3.4. Evidências Requeridas da Unidade Didáctica

Ao fim do estudo da unidade, o formando deverá apresentar as seguintes


evidências:

 Lista de equipamentos e infra-estruturas de serviços alvo de melhorias em


assentamentos informais (com base no caso de estudo apresentado);
 Lista dos aspectos gerais a considerar na organização de encontros com a
comunidade;
 Lista de aspectos técnicos a relevantes na preparação de encontros com a
comunidade para discussão com vista a minimizar a insuficiência de serviços;
 Lista de acções requeridas para minimizar a insuficiência de serviços em
assentamentos informais;
 Lista e análise das principais áreas críticas para intervenção em assentamentos
informais;
 Lista de critérios de elegibilidade e priorização de intervenções em assentamentos
informais;
 Síntese do processo de organização e elaboração de propostas de intervenção
urgente em assentamentos informais;
 Lista de mecanismos de comunicação permanente entre comunidades e instituições;
 Lista dos principais actores na garantia da comunicação permanente entre a
comunidade e as instituições.

29-106
Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

3.5. Recursos de ensino necessários

Para complementar e auxiliar o conteúdo apresentado na presente


unidade, deverão ser usados outros recursos didácticos que ajudarão a
assimilar e atingir os resultados esperados, dentre os quais:

 Manuais, artigos e textos de apoio indicados em referências bibliográficas do


manual;
 Acesso a artigos e materiais electrónicos (sala de informática equipada com
internet);
 Equipamento logístico sempre que necessário que permitam as visitas e trabalhos de
campo, podendo variar de acordo com os locais e objectivos das visitas;
 Computador e retroprojector.

Caro formador, alguns dos recursos podem ser elaborados ou produzidos pelo próprio
formador, mas outros não.

Um dos exemplos de material a ser produzido é o presente Manual didáctico do formador.


Entretanto, há outros materiais ou recursos que pode contemplar neste manual que
poderão efectivamente servir de apoio para o formador, sobretudo, aqueles específicos
para cada área modular, que podem utilizar diferentes meios de suporte como mapas,
gráficos, vídeo, gravações, etc.

30-106
Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

3.6. Tópico 1: Organização de encontros com a


comunidade para minimizar a insuficiência de serviços

Caro Formando! O Tópico 1 da Unidade irá debruçar sobre a organização de encontros com
a comunidade para minimizar a insuficiência de serviços em assentamentos informais,
onde com auxílio do material da unidade anterior iremos perceber quais os principais
serviços a ter em conta em assentamentos humanos, e discutir os que mais tem faltado em
assentamentos informais, em seguida analisar factores que concorrem para organização
com sucesso de encontros com a comunidade para estudar a insuficiência de serviços com
objectivo de minimizá-los.

3.6.1. Resultados de aprendizagem


 Fazer o levantamento dos principais serviços que devem ser
alocados para melhoramento da vida da população em
assentamentos informais;
 Descrever os passos e procedimentos para organização de encontros com a
comunidade para discutir e minimizar a insuficiência de serviços básicos.

3.6.2. Actividades e tarefas de aprendizagem do tópico


Neste tópico cada um dos formandos vai trabalhar para
aperfeiçoar as suas capacidades na organização de encontros
e reuniões comunitárias de um modo geral e mais específico
na preparação de encontros para a discussão de aspectos
relacionados com a insuficiência de serviços numa
determinada comunidade, com auxílio das seguintes
actividades:

Actividade 1

1. Peça aos formandos para terem em mão o Texto do tópico


1 guardado nos seus materiais. Discutam os conceitos
relevantes e leiam o Texto ponto a ponto, revendo
aspectos gerais e técnicos a considerar.
Actividade 2

31-106
Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

1. Apresenta com recurso ao retroprojector ou data show, o


caso de estudo aos formandos, descreve as principais
Recursos necessários:
características do assentamento informal sobretudo
- Computador e referentes as condições dos equipamentos sociais e infra-
retroprojector ou data show estruturas de serviços.
- Texto do Módulo
2. Divida a turma em dois ou mais grupos conforme o
- Glossário de conceitos gerais
- Caso de estudo: apresente número de formandos, onde cada um dos grupos irá voltar
com recurso a fotografias, a analisar o caso de estudo apresentado e de forma breve
imagens aéreas e descrições listar ou referir-se aos equipamentos e serviços de infra-
um assentamento informal estruturas da zona referente ao caso de estudo.
enfocando-se nas
3. Os grupos deverão propor novos serviços, melhorias,
dificuldades e inexistência de
equipamentos sociais e ampliação e outras acções com vista ao melhoramento da
infra-estruturas de serviços. qualidade de vida das populações da área de intervenção.
NOTA: Poderão usar como auxílio secundários os materiais
Método/ Técnica a aplicar:
dos outros tópicos do presente módulo ou ainda de outros
- Leitura e discussão do texto módulos relacionados.
- Discussão dos conceitos Actividade 3
apresentados no glossário
- Projecção em PowerPoint e 1. Nos mesmos grupos da actividade anterior, os formandos
discussão
irão:
- Trabalho em grupos com
foco no estudo de caso
a. Listar e explicar os aspectos gerais de organização
- Trabalho reflexão e síntese de encontros com a comunidade e o segundo será
em grupos responsável por
- Apresentação de resultados b. Listar e explicar os aspectos técnicos na preparação
de tarefas e discussão
de encontros com a comunidade para discussão
- Síntese final
com vista a minimizar a insuficiência de serviços
- Simulação sobre aspectos
ligados a insuficiência de (organização de material técnico, apresentação,
equipamentos e infra- etc.).
estruturas de serviços na 2. Os grupos apresentam as suas tarefas, abrindo sempre
área espaço para debate e sempre que necessário
- Reflexão final em grupos esclarecimento de cada um dos pontos apresentados.
- Feedback do formador 3. No final faça uma síntese dos aspectos importantes para
reter, sempre que possível focado na apresentação feita
pelos grupos.

Actividade 4

SIMULAÇÃO

1. Tomando como base apenas um grupo, simule um debate


em tornos dos mesmos, em que os representantes do
grupo base farão papel de autoridades ou estruturas do

32-106
Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

bairro, outro grupo agirão como técnicos e os restantes


como moradores (população alvo).
2. Na simulação faça com que as estruturas de bairro dirijam
o encontro, que será para debater aspectos ligados a
insuficiência de equipamentos e infra-estruturas de
serviços na área, solicitando intervenção e debate de todos
em como resolver os problemas identificados nos
exercícios anteriores, com auxílio sempre do material
teórico distribuído.

3.6.3. Parâmetro de correcções

Notas: Os parâmetros de correcção seguintes são a base para as respostas, devendo o


formador considerar todas as respostas dadas de outra forma desde que válidas por parte
dos formandos.

O formador deve na base dos exercícios de auto-avaliação aqui propostos, elaborar mais
exercícios para os formandos sempre que for necessário, mantendo foco nos conteúdos e
resultados estabelecidos pelo tópico.

1. Em projectos de intervenção sobre os serviços e equipamentos urbanos em


assentamentos informais é sempre fundamental garantir a participação da
comunidade da área de intervenção, porque além de serem as pessoas que melhor
conhecem a sua realidade, serão os utentes dos serviços e irão ajudar a preservá-los.

2. Os líderes comunitários, secretários e chefes dos quarteirões têm um conhecimento


profundo dos membros (população) da comunidade que dirigem, por isso todo o
processo de intervenção com a comunidade deverá respeitar a estrutura
comunitária de base que é uma das garantias para o sucesso.

3. Formas e métodos de comunicação a serem usados durante encontros com a


comunidade:
 Métodos e técnicas de fácil compreensão, mesmo em canais de comunicação
audiovisual (porta-a-porta, panfletos, cartazes, rádio, televisão).
 Conhecimento e respeito pela cultura da comunidade para marcação das datas para
as reuniões com a comunidade.
 A forma de comunicar durante os encontros deve ser simples, e muito interactivo
por forma a envolver o máximo possível muito a comunidade durante os encontros.
 O respeito e consideração pela opinião de cada membro da comunidade.

33-106
Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

4. Há necessidade de preparar informação e fazer mapeamento dos serviços existentes


através da cartografia mapa de infra-estruturas e localização de serviços, e ao
mesmo tempo fazer um levantamento prévio da condição de cada serviço mapeado,
se estão em funcionamento ou não.

5. A afirmação correcta dentre as que se seguem é: (c) Para levar a cabo uma
intervenção em assentamentos informais é sempre fundamental garantir a
participação da comunidade da área de intervenção, porque além de serem as
pessoas que melhor conhecem a sua realidade, serão os utentes dos serviços e irão
ajudar a preservá-los.

6. A afirmação falsa é a seguinte: (c) Na preparação de encontros com a comunidade


para discutir minimização da insuficiência de serviços é importante que a equipa
tenha conhecimento da situação do relevo e apenas os serviços de infra-estruturas
nos bairros que fazem fronteira com a área de intervenção.

34-106
Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

3.7. Tópico 2: Elaboração de propostas de intervenção urgente

Caro formando! O Tópico 2 da Unidade 2 do presente módulo irá debruçar


sobre a elaboração de propostas de intervenção urgente em assentamentos informais,
tendo como base as conclusões do diagnóstico para intervenção onde se pode perceber as
principais lacunas e problemas encontradas na área de intervenção.

3.7.1. Resultados de aprendizagem


 Discutir os resultados de diagnóstico para observância dos
principais problemas ou áreas críticas de intervenção num
assentamento informal;
 Identificar e descrever os passos e procedimentos para elaboração de propostas de
intervenção urgente.

3.7.2. Actividades e tarefas de aprendizagem do tópico


Neste tópico cada um dos formandos vai trabalhar para
aperfeiçoar as suas capacidades na preparação e organização
de projectos de intervenção urgente em assentamentos
Recursos necessários:
informais, com auxílio das seguintes actividades:
- Computador e
retroprojector/data show
- Texto do Módulo
- Glossário de conceitos
Actividade 1
gerais
1. Peça aos formandos para fazerem um levantamento em
Método/ Técnica a aplicar: conjunto (a turma) das principais áreas críticas para
intervenção em assentamentos informais.
- Trabalho de reflexão
individual 2. Em forma de braimstroming (chuva de ideias), os
- Brainstorming formandos vão dando sugestões, enquanto o formador
- Trabalho em grupo para com auxílio do quadro vai registando e dividindo em áreas
análise de diferentes de intervenção próximas.
temáticas
3. Divida as áreas de intervenção em grupos correspondentes
- Apresentação e discussão
dos resultados a temas prioritários como: equipamentos, infra-estruturas,
- Síntese final do formador organização social, serviços, transportes, dentre outras.
(exposição). 4. No final, façam uma síntese das áreas prioritárias de
intervenção em assentamentos informais.

35-106
Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

Actividade 2

1. Divida a turma em dois ou mais grupos segundo conforme


o número de formandos, um dos grupos será responsável
por listar e explicar os critérios de elegibilidade e
priorização de áreas e intervenções necessárias em
assentamentos informais e o outro será responsável por
sintetizar os processos de organização e elaboração de
propostas de intervenção urgente em assentamentos
informais.
2. Os grupos apresentam as suas tarefas, abrindo sempre
espaço para debate e sempre que necessário
esclarecimento de cada um dos pontos apresentados.
3. No final faça uma síntese dos aspectos importantes para
reter, sempre que possível focado na apresentação feita
pelos grupos.

3.7.3. Parâmetro de correcções

Notas: Os parâmetros de correcção seguintes são a base para as respostas,


devendo o formador considerar todas as respostas dadas de outra forma desde que válidas
por parte dos formandos.

O formador deve na base dos exercícios de auto-avaliação aqui propostos, elaborar mais
exercícios para os formandos sempre que for necessário, mantendo foco nos conteúdos e
resultados estabelecidos pelo tópico.

1. Densidade populacional e configuração urbana. Exemplos: Chamanculo e George


Dimitrov, bairros com alta densidade e não planificadas foram consideradas
prioritárias pelo Município.
Nota: Considerar explicação por palavras próprias e vários outros exemplos dos
formandos.

2. Aspectos que não são considerados critérios para priorização de intervenções em


Assentamentos Informais: (d) religião e (f) número de habitantes idosos.

3.
FASES OBJECTIVOS
Caracterização Levantamento e caracterização dos assentamentos informais
Classificação Definir de acordo com a classificação diferentes grupos de assentamentos

36-106
Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

que orientem o tipo de intervenção


Elegibilidade Eleição dos assentamentos a serem objectos de intervenção
Priorização Priorização de actuação nas áreas que se enquadram nos critérios de
elegibilidade

4. Ir de encontro aos critérios de eleição do referido assentamento e ser área


prioritária crítica no bairro dentre as restantes.

5. Não concordo. Porque a apesar da intervenção urgente em assentamentos informais


significar intervenção com flexibilidade para que se responda em curto espaço de
tempo ao problemas do assentamento, não significa dispensar algumas fases de
elaboração e implementação do projecto, que são muito importantes para garantir a
qualidade da intervenção, aspecto esse que é fundamental.

6. Estabelecimento de uma equipa ou comissão de gestão; elaboração de Termos de


Referência; contratação de consultoria; desenho do projecto; execução de obras;
avaliação pós-intervenção.

37-106
Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

3.8. Tópico 3: Mecanismos de comunicação


permanente entre a comunidade e as instituições

Caro formando! O Tópico 3 da Unidade irá abordar questões relacionados


com a comunicação permanente entre a comunidade e as instituições quer sejam do
Estado ou privadas, com interesse na comunidade. A comunicação permanente com a
comunidade local de qualquer assentamento é fundamental para o fortalecimento das
relações e sucesso das intervenções.

3.8.1. Resultados de aprendizagem


 Discutir a importância do estabelecimento da comunicação
permanente com a comunidade;
 Identificar e discutir sobre mecanismos e os principais actores
sociais importantes para estabelecimento da comunicação permanente entre a
comunidade e as instituições.

3.8.2. Actividades e tarefas de aprendizagem do tópico


Neste tópico cada um dos formandos vai trabalhar para
reforçar os seus conhecimentos relacionados aos mecanismos
de comunicação permanente entre comunidades e as
instituições, com auxílio das actividades seguintes:

Actividade 1
Recursos necessários:
1. Peça aos formandos para terem em mão o Texto do tópico
- Computador e
retroprojector/data show 3 guardado nos seus materiais. Discutam os conceitos
- Texto do tópico relevantes e leiam o Texto ponto a ponto, revendo
- Glossário de conceitos gerais aspectos gerais e técnicos a considerar.
-
Método/ Técnica a aplicar: 2. No fim, faça uma síntese da elucidando a importância do
estabelecimento da comunicação permanente entre as
- Leitura e análise do texto
instituições e a comunidade.
- Discussão baseada n o texto
- Projecção de aspectos Actividade 2
essenciais em PowerPoint
(síntese ) 1. Divida a turma no mínimo em dois grupos, um dos grupos
- Trabalho prático em grupo (2
será responsável por listar e explicar os mecanismos de
grupos)
- Apresentação dos resultados comunicação permanente entre comunidades e as
em plenária instituições e o outro será responsável por listar os
- Feedback do formador
principais actores intervenientes quando se estabelece

38-106
Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

comunicação entre comunidade e as instituições, referindo


as funções de cada um deles.
2. Os grupos apresentam as suas tarefas, abrindo sempre
espaço para debate e sempre que necessário
esclarecimento de cada um dos pontos apresentados.
3. No final faça uma síntese dos aspectos importantes para
reter, sempre que possível focado na apresentação feita
pelos grupos.

3.8.3. Parâmetro de correcções

Notas: Os parâmetros de correcção seguintes são a base para as respostas, devendo o


formador considerar todas as respostas dadas de outra forma desde que válidas por parte
dos formandos.

O formador deve na base dos exercícios de auto-avaliação aqui propostos, elaborar mais
exercícios para os formandos sempre que for necessário, mantendo foco nos conteúdos e
resultados estabelecidos pelo tópico.

1. Concordo. Permite acompanhar o desenvolvimento das comunidades ao mesmo


tempo que se conhece de perto os problemas vividos pelos membros da
comunidade no dia-a-dia, permitindo uma procura conjunta de soluções.

2. Afirmações correctas: (a); (d); (e) e (g).

3. Sobre os mecanismos existentes que ajudam a manter a comunicação permanente


entre comunidades e as instituições.
a. Conselhos consultivos de bairro e distrito, plenárias de orçamento
participativo, provedor do Munícipe, presidências abertas, audiências
realizadas pelos vereadores municipais.
b. Orçamentação participativa cria espaço de convivência democrática através
de debate público para a tomada de decisões sobre a alocação de recursos
públicos em prol do desenvolvimento da comunidade. Num assentamento
informal é sempre fundamental debater e aprovar os projectos prioritários
junto da comunidade local.
c. O conselho consultivo de bairro faz a discussão e tomada de decisão sobre
vários assuntos, identificação de problemas e discussão sobre as soluções
relativas aos problemas locais e canalização de preocupações da comunidade
para as estruturas do nível do Bairro e Distrito, enquanto que a

39-106
Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

orçamentação participativa discute direccionamento de orçamentos já


existentes para implementação de actividades chaves para a comunidade.

4. Transmitindo informação diariamente para a comunidade, vindo das instituições e


entre a comunidade e difundir o desenvolvimento do dia-a-dia da comunidade.

3.9. Tópico 4: Salvaguardas sociais e ambientais

Caro formando! O Tópico 4 da Unidade irá abordar questões relacionados as salvaguardas


sociais e ambientais a se terem em conta nas intervenções em assentamentos informais.
Nesse tópico, iremos estudar o conceito e objectivos das salvaguardas sociais e ambientais,
as categorias e principais instrumentos de salvaguardas sociais e ambientais.

3.9.1. Resultados de aprendizagem


 Identificar as categorias de salvaguardas sociais e ambientais;
 Identificar e analisar os principais instrumentos de
salvaguardas sociais e ambientais.

3.9.2. Actividades e tarefas de aprendizagem do tópico


Neste tópico cada um dos formandos vão trabalhar para
reforçar os seus conhecimentos relacionados as salvaguardas
sociais e ambientais, seus objectivos, categorias e
instrumentos, com auxílio das seguintes actividades:

Actividade 1

1. Peça aos formandos para terem em mão o Texto do tópico


4 guardado nos seus materiais. Discutam os conceitos
relevantes e leiam o Texto ponto a ponto, revendo
aspectos gerais e técnicos a considerar.

40-106
Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

Actividade 2
Recursos necessários:
1. Divida a turma em três grupos, o primeiro será
- Computador e responsável por analisar e discutir os objectivos da
retroprojector /data show
- Texto do tópico
definição de critérios de actuação para garantir as
- Glossário de conceitos salvaguardas sociais e ambientais na intervenção em
gerais assentamentos informais, o segundo será responsável por
Método/ Técnica a aplicar: discutir as diferentes categorias de salvaguardas sociais e
ambientais e o terceiro grupo será responsável por discutir
- Grupo de cochicho para
análise dos conceitos as principais técnicas de avaliação das salvaguardas sociais
- Discussão dos conceitos e ambientais.
(glossário)
- Trabalho prático em grupos 2. Os grupos apresentam as suas tarefas, abrindo sempre
- Apresentação dos espaço para debate e sempre que necessário
resultados esclarecimento de cada um dos pontos apresentados.
- Análise e discussão dos
resultados 3. No final faça uma síntese dos aspectos importantes para
- Síntese final reter, sempre que possível focado na apresentação feita
pelos grupos.

3.9.3. Parâmetro de correcções


Notas: Os parâmetros de correcção seguintes são a base para as respostas,
devendo o formador considerar todas as respostas dadas de outra forma
desde que válidas por parte dos formandos.

O formador deve na base dos exercícios de auto-avaliação aqui propostos, elaborar mais
exercícios para os formandos sempre que for necessário, mantendo foco nos conteúdos e
resultados estabelecidos pelo tópico.

1. O sistema de salvaguardas sociais é uma ferramenta de desenho de projecto, com o


intuito de orientar o usuário na avaliação de alternativas técnicas, económicas e
sociais potenciais, descrevendo possíveis impactos ambientais e sociais bem antes
do comprometimento de fundos de investimento, bem como de guiar a eventual
implementação do projecto para minimizar, mitigar, compensar e monitorar
possíveis impactos negativos, se não for possível evitá-los.

2. A afirmação que não constitui objectivo do estabelecimento de salvaguardas sociais


e ambientais é: b) Promover o desenvolvimento de forma sustentável e eficaz, sem
se preocupar com os princípios de respeito aos direitos humanos e o meio ambiente.
3. Validar os argumentos dos formandos conforme a justificação.
Legislação a ser referenciada na justificação das respostas:
 Lei do Ambiente – Lei no 20/97 de 1 de Outubro.

41-106
Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

 Regulamento relativo ao processo de auditoria ambiental – Decreto no 32/2003


de 12 de Agosto.
 Regulamento sobre padrões de qualidade ambiental e de emissão de efluentes –
Decreto no 18/2004 de 2 de Junho.
 Regulamento sobre o processo de avaliação do impacto ambiental – Decreto no
45/2004 de 29 de Setembro.
 Regulamento sobre a inspecção ambiental – Decreto no 11/2006 de 15 de Junho.
4. Sobre o primeiro passo no processo de implementação das salvaguardas sociais e
ambientais:
a. Exame Ambiental Inicial é a primeira revisão interna para avaliar os efeitos
razoavelmente previsíveis das acções propostas para o meio ambiente e para
as populações locais e deve levar em consideração todos requisitos mínimos
estabelecidos pela legislação ambiental, culminado com uma Decisão Limiar
escrita, que é uma decisão formal, por parte da equipa das salvaguardas
ambientais e sociais, quanto à possibilidade de uma acção do projecto
proposto poder afectar significativamente o meio ambiente.

b. Correspondência: A1 – B2; A1 – B4; A3 – B1 e A4 – B3.

5. Principais instrumentos: Avaliação de impacto social e ambiental; Protecção de


habitats naturais; Reassentamento involuntário; Recursos culturais físicos e Sistemas
de denúncia e responsabilização.
6. É importante estabelecer o sistema de denúncias e responsabilização como uma
ferramenta importante nas salvaguardas sociais e ambientais para ajudar a garantir
a monitoria e defesa dos direitos sociais e ambientais da comunidade onde se
implementa um determinado projecto.
7. Os requisitos mínimos que englobam a avaliação de impacto social e ambiental são:
 Avaliar os potenciais impactos das acções do projecto proposto sobre os recursos
físicos, biológicos, socioeconómicos e culturais físicos; bem como sobre a saúde e a
segurança humanas.
 Todas as actividades potenciais do projecto devem respeitar plenamente as normas
existentes nas legislações ambiental, de saúde e de trabalhadores nacionais, e
devem também condizer com acordos internacionais aplicáveis sobre meio ambiente
e direitos humanos.
 Determinar a viabilidade do projecto e ponderar alternativas, indicando eventuais
custos para minimizar, mitigar, compensar e monitorar possíveis impactos, incluindo
aqueles associados a necessidades institucionais, de capacitações e de
monitoramento.
 As comunidades afectadas e organizações da sociedade civil devem ser envolvidos o
mais cedo possível na elaboração do projecto, para aconselhamento e

42-106
Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

consentimento, e são incluídos, quando necessário, nos esforços de monitoramento


durante todo o ciclo de implementação.
 Havendo necessidade de Avaliações Ambientais, consultores independentes são
contratados. Painéis consultivos independentes são convocados durante a
preparação e implementação de projectos de alto risco.

43-106
Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

3.10. Resumo da Unidade

Em forma de síntese, a unidade tratou de estudar as medidas de urgência para assegurar os


serviços básicos aos residentes divididos em 4 tópicos, a saber: (1) organização de encontros
com a comunidade para minimizar a ineficiência de serviços; (2) elaboração de propostas de
intervenção urgente; (3) mecanismos de comunicação permanente entre a comunidade e as
instituições; e (4) salvaguardas sociais e ambientais.

A organização de encontros com a comunidade para minimizar a ineficiência deve obedecer


alguns aspectos gerais e técnicos. Dentre os aspectos gerais destacamos o respeito pela
organização comunitária, diversos actores sociais, culturas locais e mecanismos de
comunicação, enquanto que relativamente aos aspectos técnicos, a equipa deve ter
conhecimento mínimo da situação de serviços da área de intervenção, preparar a
informação e fazer mapeamento dos serviços da área indicando a condição de cada um
deles e colocar durante os encontros a comunidade no centro da discussão.

A elaboração de propostas de intervenção urgente muitas está associado a escolha dos


locais de intervenções e de actividades ou projectos prioritários. Para a escolha de
assentamentos informais onde intervir primeiro é necessário se analisarem factores como
localização, grau de consolidação, nível socioeconómico (vulnerabilidade social), situação
urbanística e legal, existência de infra-estruturas e equipamentos básicos, riscos a saúde
humana, organização comunitária e programas e projectos existentes. A actividades
escolhidas devem ir de encontro aos factores de selecção da área de intervenção e
representar uma área crítica no bairro dentre outras.

A comunicação permanente entre a comunidade e as instituições quer do Estado e todas


que tenham interesses na comunidade podem ser feitas através de vários mecanismos,
dentre os quais: conselhos de bairro e distrito, plenárias de orçamento participativo,
provedor do munícipe, presidências abertas, audiências realizadas pelos vereadores
municipais. Na comunicação permanente entre a comunidade e as instituições é
fundamental destacar ainda o papel dos diversos actores sociais como Assembleia
Municipal, Organizações da Sociedades Civil, Mídia, Sector privado e associações e grupos
comunitários.

As salvaguardas sociais e ambientais resumem-se como diferentes ferramentas ou técnicas


que visam de forma geral identificar e guiar a eventual implementação do projecto por
forma a minimizar, mitigar, compensar e monitorar possíveis impactos negativos, se não for
possível evitá-los. As acções propostas para salvaguardas sociais e ambientais podem ser
classificadas em quatro categorias: Exclusão categórica, determinação negativa,
determinação negativa com condições e determinação positiva.

44-106
Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

Dentre os instrumentos ou ferramentas para salvaguardas sociais e ambientais, destacamos:


avaliação de impacto social e ambiental, protecção de habitats naturais, reassentamento
involuntário, recursos culturais físicos e sistemas de denúncias e responsabilização.

45-106
Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

ANEXO 1:Texto do tópico 1 da unidade 1: Análise da


documentação e cartografia disponível

O tópico irá abordar a análise da documentação e cartografia necessária e disponível para


uma intervenção em assentamentos informais, sendo dividida em duas partes: (1)
enquadramento da intervenção em assentamentos informais dentro do quadro da
legislação nacional sobre o ordenamento territorial, normas e estratégias; e (2) intervenção
em assentamentos informais: documentação e cartografia necessária e disponível.

1. Enquadramento da intervenção em assentamentos informais

Em Moçambique independente, o sistema de planeamento urbano e territorial teve início


na década de 80, aquando da 1ª Reunião Nacional de Planeamento Urbano, em que foram
definidos os tipos de intervenções prioritárias necessárias as 12 cidades existentes no país,
referindo “na altura” as dez capitais provinciais mais as vilas de Nacala e Chókwè. (Battino,
2000)

A partir desse período foram elaborados alguns planos para criação de novas áreas urbanas
bem como a requalificação de outras em várias cidades do país, promovidos pelo Governo
de nível central (na altura MICOA, hoje MITADER)1 e financiados por alguns programas de
cooperação internacional. Destaca-se aqui a iniciativa “Melhoramento de Assentamentos
Informais” implementado com apoio do UN-Habitat (Programa das Nações Unidas para os
Assentamentos Humanos) em bairros das cidades de Maputo, Manica e Nacala.

Ordenar o território seja em zonas de expansão territorial urbana, de requalificação,


reordenamento e/ou melhoramento dos assentamentos é uma acção rigorosamente
legislada na República de Moçambique. Desde logo, a Constituição da República estabelece
na alínea e). ponto 2 do artigo 117 que o Estado adopta políticas visando: promover o
ordenamento do território com vista a uma correcta localização das actividades e a um
desenvolvimento sócio- económico equilibrado (CRM, 2004). Podemos assim dizer que o
Ordenamento do território, enquanto Política Pública2 é essencialmente uma tarefa do
Estado e de outros poderes públicos que tem como objectivo final o desenvolvimento
sustentável.

1
MICOA – Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental, foi extinguido tenho sido criado no seu lugar
com o novo Governo eleito em 2014 o MITADER – Ministério da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural.
2
Políticas Públicas são um conjunto de acções e decisões do governo, voltadas para a solução (ou não) de
problemas da sociedade. (Simões, 2008)

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Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

Importa destacar que a Política de Ordenamento do Território (Resolução no 18/2007 de 30


de Maio) tem como princípio o desenvolvimento socioeconómico através do uso
sustentável da terra e outros recursos naturais, considerando as formas existentes de
povoamento e de ocupação do espaço. O respeito pela forma existente de povoamento e
de ocupação do espaço remete-nos à acções dentro de assentamentos humanos já
estabelecidos, sejam eles de forma correcta ou incorrecta.

Uma intervenção no território (assentamento humano) deverá observar além da


Constituição da República e Política de Ordenamento Territorial, o cumprimento dos
seguintes instrumentos legais:

 Lei no 19/97 de 1 de Outubro – Lei de Terras;


 Lei no 20/97 de 1 de Outubro – Lei do Ambiente;
 Decreto no 66/98 de 8 de Dezembro – Regulamento da Lei de Terras;
 Decreto no 60/2006 de 26 de Dezembro – Regulamento do Solo Urbano;
 Lei no 19/2007 de 18 de Julho – Lei de Ordenamento do Território;
 Decreto no 23/2008 de 1 de Julho – Regulamento da Lei do Ordenamento do
Território.
Os instrumentos para intervir no ordenamento do território podem ser os mais diversos em
função dos níveis territoriais, devendo ser utilizados aqueles que melhor se adequem às
situações e ofereçam maiores garantias para o alcance dos objectivos pretendidos. A Lei de
Ordenamento do Território estabelece a elaboração de instrumentos para a intervenção a
nível nacional, provincial, distrital e autárquico.

Segundo o Regulamento da Lei de Ordenamento Territorial os instrumentos são elaborações


reguladoras e normativas do uso do espaço nacional, urbano ou rural, vinculativos para as
entidades públicas e para os cidadãos, conforme o seu âmbito e operacionalizados segundo
o sistema de gestão territorial.

Em termos de transformação física, intervir em assentamentos informais significa chegar ao


detalhe ou pormenor das acções de transformação do território, seja na delimitação e/ou
regularização dos talhões, reestruturação e/ou ampliação da rede viária, abertura de novas
vias, construção de valas de drenagem dentre outras acções. No quadro legal moçambicano
essas acções de detalhe e pormenor enquadram-se a nível autárquico no Plano de
Pormenor, que são instrumentos considerados de carácter técnico-executivo destinado a
promover a pormenorização de um Plano de Estrutura ou Plano Geral/Parcial de
Urbanização e a realização de projectos de intervenção urbanística localizada e parcial,
pública ou privada, em um centro urbano.

O rápido e descontrolado crescimento dos assentamentos informais tem-se tornado uma


preocupação em Moçambique, particularmente nas zonas urbanas razão pela qual o
Governo definiu em 2011 a Estratégia de Intervenção nos Assentamentos Informais em

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Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

Moçambique (MICOA, 2011) a nível nacional e a nível Municipal o Município de Maputo


estabeleceu a Estratégia Municipal e Metodologia de Intervenção em Assentamentos
Informais (CMCM, 2010).

Característica da habitação e vias de acesso em Infra-estruturas básicas e saneamento do meio em


Assentamentos Informais, Bairro da Malanga, Maputo Assentamentos Informais, Bairro da Mafalala, Maputo

2. Intervenção em assentamentos informais: documentação e cartografia necessária e


disponível

Caro formando, é de extrema importância que os Governos locais e de nível central


consigam estabelecer mecanismos que permitam o levantamento de dados de forma
regular e sistemática para que possam suportar a elaboração de relatórios prioritários de
diagnóstico e análise da situação actual em zonas de intervenção de um projecto urbano.

Outra questão fundamental que o formando deve ter em conta, é o reconhecimento e se


possível a classificação dos assentamentos informais de uma determinada região ou cidade,
que permite estabelecer prioridades e definir o tipo de intervenção em cada um dos
assentamentos.

Por exemplo, o Município de Maputo na sua Estratégia Municipal e Metodologia de


Intervenção em Assentamentos Informais (CMCM, 2010) definiu as categorias de
assentamento informal em toda a cidade de Maputo com base no traçado viário (regular e
irregular) e na densidade das edificações (baixa, média e alta).

Assim, os assentamentos informais da cidade de Maputo estão divididos em seis categorias:

A) Planificada de alta densidade (ex.: alguns assentamentos localizados nos bairros de


Maxaquene A, Hulene A);
B) Planificada de média densidade (ex. alguns assentamentos localizados nos bairros de
Polana Caniço A, Ferroviário, Laulane);

48-106
Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

C) Planificada de baixa densidade (ex. alguns assentamentos localizados nos bairros de


Albasine, Mahotas);
D) Não planificada de alta densidade (ex. alguns assentamentos localizados nos bairros de
Chamanculo C, Mafalala);
E) Não planificada de média densidade (ex. alguns assentamentos localizados nos bairros
de Chamanculo A, George Dimitrov);
F) Não planificada de baixa densidade (ex. alguns assentamentos localizados nos bairros
de Costa do Sol, Inhagoia A).
Essa categorização (e caracterização) de cada um dos assentamentos constitui uma base
para que a autoridade Municipal estabeleça princípios, tipos e prioridades de intervenção.

O conjunto de dados de suporte a preparação e intervenção nos assentamentos informais


podem ser classificados em dois tipos, a saber:

 Dados primários são aqueles que conseguimos recolher directamente em trabalhos


e visitas de campo através de inquéritos, entrevistas e levantamentos.
 Dados secundários são aqueles dados obtidos através de documentos, estudos,
pesquisas e relatórios já realizados, que podemos também encontrar em livros,
publicação, artigos da internet e outros.

Assim, toda a documentação e informação existente e que consigamos recolher sobre a


zona de intervenção, (sejam em forma de textos, mapas e outros) são considerados dados
secundários importantes que junto dos dados primários irão constituir o diagnóstico da
intervenção.

Todos os aspectos socioeconómicos e culturais referentes a zona de intervenção


(assentamento informal) deverão ser complementados pelos dados de natureza física e
urbana que serão obtidos através de levantamentos no terreno e dos mapas já existentes
sobre a área de intervenção.

Em suma, o diagnóstico é um conjunto de relatórios, mapas e toda documentação


necessária para aprofundar e melhorar o nosso conhecimento sobre os aspectos físicos,
urbanísticos, fundiários, sociais e económicos da zona de intervenção, para permitir a
definição correcta de directrizes e estratégias de intervenção.

Os aspectos mais críticos levantados nos assentamentos deverão ser mapeados de forma
sintética em mapas que resumam os aspectos relevantes que poderão merecer mais
detalhes nas fases posteriores. Assim, caro formando, os mapas devem conter informações
que permitam no mínimo:

 Localizar e caracterizar o assentamento em relação aos assentamentos vizinhos e a


malha a malha urbana da cidade – mapa de inserção urbana;

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Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

 Identificar os riscos existentes no assentamento, sejam ambientais ou de qualquer


outra natureza – mapa de identificação dos riscos;
 Caracterizar e hierarquizar o sistema viário – mapa viário;
 Identificar as diferentes densidades dentro do assentamento – mapa de densidades;
 Identificar os usos do solo no assentamento – mapa de uso do solo;
 Caracterizar a forma urbana dos talhões – mapa de análise fundiária e urbanística.
Eis abaixo, a descrição e exemplos de cada um dos mapas acima referidos tomando como
base a cartografia desenvolvida pelo Município de Maputo para o trabalho de requalificação
urbana do bairro de Chamanculo C:

a) O mapa de inserção urbana deverá mostrar a relação do assentamento com os


bairros vizinhos e como a sua malha (desenho urbano) se encaixa ou se articula com
o resto da cidade, identificando os seus os limites, os principais eixos de entrada,
saída e ligação do assentamento com a sua envolvente e a resto da cidade.

Exemplo de mapa de enquadramento e inserção urbana do Bairro de Chamanculo C dentro da Cidade de


Maputo (CMCM, 2013)

b) O mapa de identificação de riscos deve marcar os contornos e diferenciar os


diferentes riscos a que o assentamento está exposto, seja de natureza ambiental (ex.
inundações) como também as causadas pela acção humana e que terão ou não

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Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

influência no ambiente (ex. Poluição, deficiente saneamento do meio). Com base


nessa informação é possível avaliar o nível de risco e vulnerabilidade de um
determinado assentamento pois seremos capazes por exemplo de identificar a
quantidade de remoções das habitações, infra-estruturas e reajustes no desenho
urbano (regularização fundiária por via de riscos). As informações aqui levantadas
na identificação dos riscos também irão permitir o melhor desenho das estratégias
de intervenção do projecto.

Exemplo de mapa com identificação de algumas zonas de riscos ambientais (CMCM, 2013)

c) O mapa viário deverá mapear, caracterizar e definir a hierarquia actual das vias de
acesso (pedonal, automóvel, ciclável e outros). Com base nesse mapeamento pode-
se identificar a capacidade das vias para suportar o tráfego actual do assentamento e
ao mesmo tempo averiguar a capacidade do mesmo de suportar outras infra-
estruturas (abastecimento água, electricidade, esgoto e saneamento).

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Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

Exemplo de mapa de rede viária, bairro de Chamanculo C (CMCM, 2013)

d) Mapa de densidades deverá identificar o número de edificações sobre uma


determinada área do assentamento, consequentemente o número de habitantes e
actividades nessa área. O mapa deverá esclarecer a relação entre o ambiente
construído e os espaço livre, e futuramente irá ser também importante para o
cálculo de áreas públicas (praças, jardins, serviços, estacionamento e outros)
necessárias em todo assentamento e sua distribuição.
As densidades habitacional e populacional (também chamada demográfica) de um
determinado assentamento são calculadas com base nas fórmulas que se seguem:
𝑛ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 ℎ𝑎𝑏𝑖𝑡𝑎çõ𝑒𝑠
𝑫𝒆𝒏𝒔𝒊𝒅𝒂𝒅𝒆 𝒉𝒂𝒃𝒊𝒕𝒂𝒄𝒊𝒐𝒏𝒂𝒍 =
á𝑟𝑒𝑎 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑜 𝑎𝑠𝑠𝑒𝑛𝑡𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜

𝑛ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑎 𝑝𝑜𝑝𝑢𝑙𝑎çã𝑜
𝑫𝒆𝒏𝒔𝒊𝒅𝒂𝒅𝒆 𝒑𝒐𝒑𝒖𝒍𝒂𝒄𝒊𝒐𝒏𝒂𝒍 =
á𝑟𝑒𝑎 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑜 𝑎𝑠𝑠𝑒𝑛𝑡𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜

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Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

Exemplo de densidades de ocupação dos domicílios no Bairro de Chamanculo C, cidade de Maputo (CMCM,
2013)

Exemplo de densidades populacional (demográfica) por bairro na cidade da Matola (A. Mussa, D. Ceita, base
informática da GEOLAB - UEM)

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Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

e) O mapa de uso do solo identifica cada uso/actividade a que o assentamento está


actualmente destinado, desde habitação, serviços, comércio, misto, fábrica,
equipamento especial, dentre outros. No caso dos assentamentos informais, o mapa
permitirá avaliar o equilíbrio entre a distribuição da função habitacional e o resto das
funções que servem ao homem dentre elas lazer e equipamentos públicos.

Exemplo de Mapa de uso das edificações (CMCM, 2013)

No exemplo acima (uso das edificações) nota-se que o uso predominante é a residencial,
que ocupa cerca de 90% da área total do assentamento, verificando por consequência um
défice de reserva de áreas e equipamentos para outras funções vitais como serviços e
equipamentos comunitários.

f) O mapa de análise fundiária e urbanística faz o levantamento do desenho urbanístico


actual, em termos de parcelas identificadas (fisicamente) e as vias de acesso, que nos vai
permitir avaliar o nível de reajustes que possamos ter no projecto de intervenção. Com
base nesse mapa será possível verificar as possíveis barreiras impostas pela legislação
para a legalização das áreas ocupadas para as diferentes funções.
Por outro lado, dependendo da análise e objectivo que se pretende atingir o mapa
fundiário poderá também representar a condição de ocupação dos domicílios de uma
determinada área.

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Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

Exemplo de mapa da situação fundiária do bairro de Chamanculo C (CMCM, 2013). Nota: Ver inserção urbana
do bairro de Chamanculo C, no exemplo do mapa de inserção urbana da alínea a.

Porque os mapas caracterizam o mesmo território e todos conterão informações valiosas, é


necessário que os mesmos sejam lidos e analisados de forma cruzada de modo a obter mais
consistência na orientação das directrizes e estratégias de intervenção do projecto.

Exercícios de auto-avaliação

1. Estabeleça a relação entre os princípios da Política de


Ordenamento do Território e a intervenção em Assentamentos Informais.
2. Identifique e caracterize pelo menos 3 assentamentos informais na sua cidade com
base no que aprendeu durante as aulas e nas definições estabelecidas pelo
documento da Estratégia Nacional de Intervenção em Assentamentos Informais
(MICOA, 2011).
3. Enquadre as intervenções em assentamentos informais dentro do quadro legal
nacional, indicando a que nível e tipo de instrumento (plano) pertence, segundo a
Lei do Ordenamento do Território.
4. Estabeleça a relação entre os elementos e os conteúdos.

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Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

Elementos (mapas) Conteúdos (descrição)


A Identificação de riscos 1 Forma urbana dos talhões
B Densidades 2 Actividade a que o terreno (talhões) está
destinado
C Análise fundiária 3 Indica a concentração de pessoas ou edificações
D Inserção urbana 4 Diferencia as estradas principais das
secundárias, das terciárias, dos caminhos, etc.
E Rede viária 5 Mapeia os perigos ambientais, sociais, e todo
outro tipo de ameaça
F Uso do solo 6 Estabelece a relação da área de estudo com
outros áreas vizinhas e o resto da cidade

5. Qual a importância da identificação correcta das densidades?


6. Qual a relação entre mapas de riscos e o mapa de densidades?
7. Considere um assentamento com área de 144Km2 em que as habitações têm em
média uma área de 60m2 e o agregado familiar é de 7 pessoas por família:
a. Calcule a densidade habitacional sabendo que no assentamento existem um
total de 2590 habitações.
b. Qual é a densidade populacional do assentamento?
Num bairro em expansão no Município de Boane, a densidade habitacional é de 7
habitações/Hectar. Qual será a área total do bairro em Quilómetros quadrados, sabendo
que no total já existem cerca de 4207 casas no novo bairro.

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Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

ANEXO 2: (A) Texto 1 do tópico 2 da unidade 1: Identificação


de lacunas na Localização de equipamento social e infra-
estruturas de serviço

Caro formando! O tópico 2 irá abordar questões relativas a equipamento social e infra-
estruturas de serviços dentro de um assentamento informal, divididos em dois textos nos
quais:

 O primeiro texto do tópico 1 em jeito de introdução irá abordar os conceitos e


aspectos gerais sobre equipamento social e infra-estruturas de serviços e a
classificação dos equipamentos e infraestruturas de serviços;
 O segundo texto do tópico 2 irá abordar os aspectos relativos aos princípios e
normas sobre dimensionamento e as lacunas na localização de equipamentos e
infra-estruturas.
Caro formando! Lembre-se que sempre que possível os conteúdos do tópico e das
unidades do presente módulo deverão ser relacionadas com conteúdos de outros módulos
que tratam de assuntos semelhantes como por exemplo o módulo 5 sobre Quantificar
necessidades de equipamentos sociais.

Texto 1 do tópico 2 da unidade 1: Conceitos e aspectos gerais sobre equipamentos e infra-


estruturas

Em qualquer assentamento humano é fundamental a existência, funcionamento e a


correcta localização de equipamentos sociais e infra-estruturas que irão permitir a
realização em pleno do direito ao acesso igual aos serviços básicos, contribuindo também
para o equilíbrio social do assentamento humano.

Equipamentos sociais ou colectivos são estruturas físicas através das quais a população
residente (ou activa) de um dado território tem acesso aos bens e serviços de que necessita
para a sua sobrevivência e realização (Antunes, 2001). Por exemplo: creches, mercados,
escolas, hospitais, e outros.

A infra-estrutura urbana pode ser entendida como o conjunto de equipamentos – objectos


técnicos de engenharia (Santos, 2004) – que associado aos recursos humanos,
desempenham a função de prestar serviços essenciais para a sociedade.3 Por exemplo:
rede de serviços e distribuição de energia eléctrica, de água potável (tanques de

3
http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/meio_ambiente/arquivos/EIA_Capitulo_II_MeioSocioeconomico_p
arte5.pdf, acesso a 01 de Junho 2016

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Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

distribuição, fontanários, etc), rede de esgotos e outros, nesses exemplos incluem-se os


serviços de atendimento e manutenção das redes.

Com base nos conceitos de equipamentos sociais e infra-estruturas de serviços urbanos


podemos entender que quando falamos de serviços de infra-estruturas, estamos
preocupados não só com o conjunto de elementos estruturais ou físicos mas também com
a gestão e manutenção dos mesmos e adicionalmente com a qualidade do serviço prestado
por tais elementos.

A competência ou responsabilidade pela provisão dos equipamentos e serviços de infra-


estruturas normalmente é do Estado ou governo local, o governo pode terciarizar os
serviços envolvendo o sector privado no investimento, gestão e/ou manutenção dos
serviços. De um modo geral, as funções e responsabilidade do Estado no que concerne a
equipamentos e serviços de infra-estruturas se resumem na construção, manutenção,
exploração, concessão, financiamento, licenciamento dentre outras.

Há equipamentos que podem ser totalmente de natureza privada, que são construídos e
explorados pelo sector privado que além de servir a população de um determinado local
têm um fim lucrativo, diferentemente dos de natureza pública que são mais de cariz social.
Nalguns casos a gestão dos equipamentos e/ou infraestruturas públicas estão
concessionados a privados com objectivos de que os mesmos contribuíam para a sua
manutenção ao mesmo tempo que serve a população e tem fins lucrativos para os
explorados ou conceicionistas.

Exemplo de mapeamento da localização de serviços e infra-estruturas (G. Linassi, 2011)

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Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

2. Classificação dos equipamentos sociais e infra-estruturas de serviços

De um modo geral, as cidades, vilas e sedes distritais moçambicanas estão hoje divididas
em Postos Administrativos ou Distritos Municipais (Ex: na cidade de Maputo falamos de
Distritos Municipais enquanto Beira e Nampula falamos de Postos Administrativos),
Bairros, Unidades e Quarteirões. Dessa forma, os equipamentos e infraestruturas podem
ser classificados de acordo com os seus níveis de actuação dentro das cidades, mas
também existirão equipamentos e infra-estruturas que servem a áreas maiores que
cidades, como Distritos, Províncias, Região ou até Nacional.4

Assim sendo, os equipamentos quanto ao nível de actuação podem ser:

 Equipamentos de nível de quarteirão e unidade. Ex: Creches, pequenas lojas.


 Equipamentos de nível de bairro. Ex: Farmácia, escola primária, postos de saúde,
ruas terciárias (automóvel e pedonais), fontanários.
 Equipamentos de nível de cidade. Ex: Escolas secundárias, hospitais, cinemas,
serviços de notariado, cemitérios, lixeira, ETAR5,
 Equipamentos de nível provincial e regional. Ex: Hospital provincial, serviços
alfandegários, barragens.
 Equipamentos de nível central/nacional. Ex: Ministérios, estradas nacionais.

Exemplo de equipamentos de nível de Bairro e sua localização

4
Adaptado do INPF (1986), Manua de Normas…
5
ETAR – Estação de Tratamento de Águas Residuais.

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Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

Por outro lado, segundo INPF (1986), os equipamentos podem ser classificados quanto a sua
função em:

 Equipamentos Administrativos
 Equipamentos sociais (escolares, de saúde, de recreito e cultura)
 Equipamentos comerciais e de abastecimento
 Equipamentos especiais (cemitério, lixeira, terminal de transportes públicos)
 Infra-estruturas técnicas (arruamentos, drenagem de águas pluviais, abastecimento
de água, saneamento, recolha de lixo)

60-106
Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

ANEXO 2: (B) Texto 2 do tópico 2 da unidade 1: Aspectos


relativos a princípios e normas sobre dimensionamento e
localização de equipamentos e infra-estruturas

Os padrões mínimos para alocação de um determinado equipamento social, sua dimensão,


nível ou área que ocupa deve ser baseado no modo de vida da população local e o nível
económico. Por exemplo, a necessidade em termos de creche em países como
Moçambique e China é muito elevado em relação a países como Noruega e Portugal,
porque as taxas de natalidade nos primeiros é muito elevada, porém o nível económico da
Noruega é muito mais elevado que o de Moçambique, logo há necessidade de avaliar
também o nível económico e financeiro do país o que muitas vezes também determina a
importância e/ou influência do sector privado e das parcerias entre os sectores público e
privado no investimento em equipamentos e infra-estruturas.

Conclui-se assim que as normas que definem os standard’s mínimos de provisão de


equipamentos e infra-estruturas variam de país para país e tem como ponto-chave para a
sua definição a relação entre necessidades e a situação económica do pais em causa, para
que as normas estabelecidas sejam possíveis de cumprir em maioria ou quase todos os
casos.

Da mesma forma, o dimensionamento e a distribuição de infra-estruturas para a provisão


de serviços numa determinada região tem haver com factores relativos a população
existente actual e futura (previsão de crescimento/projecção da população), as densidades
populacionais e habitacionais actuais e futura as quais devem ser acautelados pelos
instrumentos de ordenamento territorial caso existam e estejam em implementação.

Outro ponto de vista (DGOTDU, 2002 citado por CONDESSA6, s/d), menciona outros
aspectos que servem de indicadores necessários à programação e caracterização dos
diferentes equipamentos sociais e infra-estruturas de serviços, onde se destacam:

 Irradiação corresponde ao valor máximo do tempo de percurso ou da distância


percorrida pelos utilizadores entre o local origem (normalmente residência) e o
equipamento (destino), a pé, ou utilizando transportes públicos, medindo-se em
minutos ou quilómetros.
Exemplo 1: As crianças de uma determinada área do bairro percorrem trinta e cinco
minutos até a Escola Primária mais próxima. A irradiação corresponderá ao valor de
35 minutos.

6Instituto Superior Técnico/Departamento de Engenharia Civil e Construção, Lisboa


(http://www.civil.ist.utl.pt/~joanaca/prucivil_2006_2007/aulas/Aula22.pdf - visitado a 01 de Junho 2016)

61-106
Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

Exemplo 2: Os moradores do Bairro Guava percorrem dois quilómetros e meio até


ao posto de saúde mais próximo. A irradiação corresponderá ao valor de 2,5
quilómetros.

 Área de influência de um equipamento é delimitada pelos pontos do território cujo


afastamento ao equipamento corresponde ao valor de irradiação. Para a
delimitação da área de influência, a medição da irradiação é feita sobre as vias de
comunicação, tendo em conta tanto as características físicas do território
(morfologia), como a rede de transportes públicos.

Exemplo: A área de influência de uma Escola Primária é de 500 metros, quando o


mesmo consegue ter condições para ser frequentada por crianças que vivem num
raio máximo de 500 metros, obedecendo as irradiações adequada em cada zona e
país.

 População-base: valor da população a partir do qual se justifica a criação de


determinado equipamento. Pode ser indicado, de modo genérico, em número de
habitantes, ou mais detalhadamente, num determinado estrato populacional, ou
mesmo em número de utentes do equipamento. A população-base é a população
que serve de suporte a uma “unidade mínima” de equipamento. Entende-se por
unidade mínima, o equipamento cujas dimensões e características representam o
limiar a partir do qual se verificam condições de viabilidade económica e funcional.

Exemplo: No bairro de George Dimitrov existem cerca de 2,500 crianças com idade
inferior aos 5 anos. Aqui entenda-se população base especificada (de forma
detalhada) de acordo com um estrato populacional as crianças com idade inferior a
5 anos de idade. A unidade mínima de equipamento requerida deverá ser creche
construída e distribuídas de acordo com a população-base e sua localização.
A alocação de um determinado tipo de equipamento tem por base questões relativas ao
funcionamento e à gestão do mesmo, visando o estabelecimento de condições adequadas
para a prestação de um serviço de qualidade, cujo critério é apresentado mediante um ou
vários indicadores. Este(s) indicador(es) pode(m) reflectir valores mínimos, preferenciais
ou máximos de utentes, consoante a especificidade do equipamento e do sector em causa.

Os critérios de dimensionamento devem se basear em directrizes ou indicadores que nos


permitam calcular área do terreno e área de construção de um determinado equipamento
a servir um número certo de população durante o seu período de funcionamento. Tanto as
infraestruturas também seguem o mesmo foco ou seja, são dimensionadas tendo em conta
a população a ser servida ou a usar a tal infra-estrutura (Exemplo: Infra-estruturas de
abastecimento de água, estradas, etc.).

62-106
Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

Os critérios de localização definem as condições a ter em conta na escolha da localização


dos equipamentos. Essas condições referem-se sobretudo a complementaridades e
incompatibilidades com outros estabelecimentos, bem como a características especiais a
que os locais deverão obedecer. Aqui deve-se fazer um levantamento claro das
necessidades da população e outros equipamentos existentes, bem como do estudo da
irradiação e área de influência do equipamento. Com base nesses dados e a existência de
condições naturais e inserção no tecido urbano existente poder-se-á decidir sobre a
localização de um determinado equipamento.

Exemplo de irradiação e área necessária para alguns equipamentos básicos7


EQUIPAMENTO IRRADIAÇÃO ÁREA NECESSÁRIA (m2)
Área de construção Área do terreno
Escola Secundária 2 a 5Km 1000 4000
Mercado - 900 3600
Farmácia 0,25 Km 60 240
Campo de jogos 2 a 3 Km 200 11200
Centro de saúde 1 hora 100 400

Exemplo da localização e análise de equipamentos através dos seus raios de abrangência a nível da cidade de
Nacala-Porto, (E. Mavie, 2013 – FAPF, UEM)

7
Adaptado do INPF (1986) e DGOTDU (2002)

63-106
Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

Exemplo da localização e análise de equipamentos de cultura e lazer através dos seus raios de abrangência a
nível de Bairro Passo dos Fortes, Chapecó (2013)

2. Lacunas na localização de equipamentos sociais e infra-estruturas de serviços

A existência e o acesso aos equipamentos sociais e infra-estruturas de serviços contribui


positivamente para a melhoria da qualidade de vida da população, determinando em
algumas vezes a escolha do local de residência das famílias. Por exemplo, a existência de
infra-estruturas de estradas em condições que ligam o local facilmente com o resto da
cidade e o acesso aos equipamentos sociais de apoio à infância (creches) pode ser um factor
contribuinte para a escolha do local de residência de um agregado familiar com crianças em
idade de frequentar creches.

O desenvolvimento dos serviços e equipamentos sociais tem por objectivo uma cobertura
territorial equitativa, eliminando lacunas e assimetrias, promovendo uma maior
harmonização das respostas sociais e a valorização das parcerias.8

Com isso, pretende-se dizer que o acesso igual aos serviços e equipamentos constituem
igualmente um factor importante na luta pelas desigualdades sociais e redução das
diferenças contribuindo para o equilíbrio da qualidade de vida da população.

Segundo Maricato (2003) Citado por Mello e Braga (s/d), verifica-se que nas cidades há uma
tendência das camadas de alta renda de concentrar também os equipamentos
comunitários.

8
Plano Director Municipal de Odivelas (2009)

64-106
Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

Podemos citar alguns exemplos em Moçambique, particularmente na cidade de Maputo


onde os bairros como Polana Cimento ou Sommerchild concentram os maiores e mais
importantes equipamentos e serviços em relação a bairros como Chamanculo C ou George
Dimitrov.

A população de baixa renda que vive em áreas distantes do centro da cidade (áreas
suburbanas e per urbanas) da cidade, ficam sujeitas de um modo geral a um tipo de
transporte precário; saneamento deficiente; drenagem insuficiente; difícil acesso aos
serviços de saúde, educação e creches; menos oportunidades de emprego (emprego
formal); maior exposição à violência (marginal ou policial); discriminação residencial, social;
difícil acesso a justiça oficial, entre outros problemas.

Assim, estes e outros factores levam-nos a concluir que as principais lacunas na localização e
distribuição de equipamentos sociais e dos serviços de infra-estruturas originam:

 Desigualdades sociais
A localização e distribuição de equipamentos e infra-estruturas devem obedecer a
critérios sócio-espaciais (exemplo: demografia) de forma a garantir igualdade social,
particularmente no uso e acesso aos mesmos. De um modo global, o volume global
de deslocações que a população realiza para aceder a determinados serviços e a
disponibilidade de recursos em condições não muito diferentes para todos em
relação ao tempo e distância, tornam-se premissas para se alcançar as condições de
equidade nas cidades.
Para se ter uma ideia clara, analisemos a cidade de Maputo, onde por exemplo os
moradores de bairros como Magoanine C ou Mahotas não tem alguns serviços e os
poucos que têm são de baixa qualidade comparados com o número de serviços e
qualidade dos mesmos aos moradores de Polana Cimento.

 Baixa qualidade de vida da população


A qualidade de vida inferior é consequência da falta de acesso aos serviços e infra-
estruturas que devem servir a população, falta de acesso a escolas, hospitais, água a
qualquer hora e de boa qualidade, energia eléctrica, dentre outros.

 Aumento do grau de vulnerabilidade da população.


A distribuição dos Equipamentos interfere no grau de vulnerabilidade e de qualidade
de vida da população e que portanto sua localização deve ser planeada para
minimizar as desigualdades.

65-106
Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

Exercícios de auto-avaliação

1. Qual é o factor que diferencia infra-estruturas urbanas de equipamentos sociais?


2. Classifique os equipamentos e serviços seguintes quanto ao nível de actuação e sua
função:
a. Creche
b. Hospital Central de Maputo (na cidade de Maputo)
c. Fontanário
d. Escola primária
e. Mercado
f. Avenida de Moçambique (EN1)
3. Os critérios de localização definem as condições a ter em conta na escolha de
equipamentos para um determinado assentamento.
a. Identifique as condições referidas em 3.
b. Porque é importante conhecer os hábitos da população de um determinado
assentamento para alocar um novo serviço ou equipamento?
4. Quais devem ser os estudos ou condições a terem em conta para alocar uma Escola
Primária num determinado assentamento informal?

66-106
Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

ANEXO 3: Texto do tópico 3 da unidade 1: Actualização da


documentação cartográfica descritiva

Caro formando! O tópico irá abordar questões relativas à actualização da documentação


cartográfica e descritiva já levantada para a intervenção em um assentamento informal. E
porque para o alcance dos resultados aqui esperados, é necessário recorrer às
aprendizagens anteriores, iremos antes demais fazer uma recapitulação breve do tópico 1,
lembrando a cartografia e documentação mínima necessária para intervenção em
assentamentos informais e em seguida iremos abordar sobre a actualização da informação
cartográfica e descritiva destacando as regras básicas, os métodos e os passos a serem
seguidos durante o processo de actualização de cartografia e documentação.

1. Introdução a actualização da documentação cartográfica e descritiva

Para uma intervenção em assentamentos informais como em qualquer outra intervenção


sobre o território é necessário o levantamento, descrição e o mapeamento de dados que
caracterizam a área de intervenção (documentação cartográfica e descritiva).

Como vimos no tópico 1, basicamente a informação recolhida antes de entrarmos em


contacto directo com a área de intervenção são dados secundários que poderão se traduzir
em relatórios de diagnóstico e mapas que carecem sempre de actualizações com base nas
visitas e trabalhos de campo, dados primários, outras bibliografias e métodos
complementares. A cartografia de base para intervenção em assentamentos informais
resume-se em mapas de inserção urbana, mapa de identificação de riscos, mapa viário,
mapa de densidades, mapa de uso de solo e mapa de análises fundiárias e urbanística.

2. Actualização da cartografia e documentação

Caro formando, a actualização de uma base cartográfica consiste na restituição dos


elementos que se alteraram em função do tempo, de modo que este represente
correctamente a situação actual da área pretendida.

Num assentamento informal, as obras e as actividades no geral que transformam o


ambiente físico, acontecem com uma velocidade muito alta e sem conhecimento no geral
das autoridades locais particularmente dos municípios, por isso toda a cartografia de base

67-106
Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

a ser usada para desenho de uma intervenção em assentamentos informais deve ser
actualizada dentro das possibilidades técnicas disponíveis para cada caso.

a) Regras básicas a ter em conta no processo de actualização da documentação


cartográfica

O processo de actualização da documentação cartográfica deve obedecer algumas regras


importantes, dentre eles:

 Fazer constar a descrição dos materiais usados para actualização e todos os seus
parâmetros de aquisição; isto deve constar aonde?
 Apresentar a descrição das metodologias utilizadas no processamento e tratamento
das imagens utilizadas, no caso de imagens aéreas ou satélites;
 Considerar que as actualizações podem ser realizadas com dados colhidos
directamente em campo, desde que a qualidade seja adequada nas escalas
utilizadas e ao nível de detalhamento exigido, apresentar registos de campo, como
planilhas, listas ou anotações;
 Fazer a descrição das metodologias utilizadas para o levantamento e cartografia;
 Apresentar a cópia digital das imagens utilizadas em formatos de arquivos de uso
corrente.
b) Métodos e tipos de levantamento usados para actualização de cartografia

Existem vários métodos para actualização da informação cartográfica que normalmente são
os mesmos métodos de base usados para elaboração inicial de cartografia que podem se
resumir nos seguintes:

 Levantamentos terrestres;
 Sensoriamento remoto; e
 Levantamentos aerofotogramétricos (que incluem restituição de fotos aéreas
dentre outros – ver tabela a seguir).
MÉTODOS TIPOS DE LEVANTAMENTO OU PROCESSO
Levantamento terrestres Levantamento geodésico
Levantamento topográfico
Levantamentos cadastrais
Sensoriamento remoto Sensoriamento remoto
Levantamento Planeamento de voo
aerofotogramétricos Processamento de imagens
(recobrimento fotográfico Fotografias aéreas
Fotointerrpetação e fotoidentiticação
Planeamento e medição de apoio terrestre
Aerotrinagulação
Restituição fotogramétrica

68-106
Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

Reambulação
Edição gráfica
Desenho final
Digitalização Digitação vectorial
Digitalização raster
Fonte: adaptado da informação de Dos Santos (2013).

No caso de Moçambique, relativamente as poucas experiências realizadas na intervenção


em assentamentos informais e de acordo com os recursos disponíveis, usam-se mais
frequentemente os métodos de levantamento terrestres (topográficos e cadastrais), as
fotografias aéreas, fotointerpretação e digitalização, métodos estes que iremos descrever
em seguida9:

 Levantamento terrestres: são os levantamento realizados no terreno da área de


intervenção e para a sua realização e dependendo da precisão que se deseja atingir
faz-se o uso de equipamentos específicos como teodolitos, níveis, estações totais,
GPS (Global Position System) e outros.
Normalmente, realizam-se os levantamentos topográficos e os cadastrais que
caracterizam-se pelo levantamento e determinação e restituição dos limites das
propriedades dentro de uma escala adequada para a elaboração do projecto.

Exemplo do resultado de um levantamento topográfico para uma determinada área de intervenção. Notam-se
as curvas de níveis e respectivas cotas – linhas castanhas, e as condicionantes ambientais à ocupação – áreas
verdes. (http://www.projetareaprovar.com.br/2011/05/levantamento-topografico-e-planta-da.html)

9
Descrição baseada em DOS SANTOS (2013)

69-106
Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

 Fotografias aéreas são bastante empregados em trabalhos de fotointerpretação e


actualização de cartografias já existentes, porque constituem a representação fiel do
terreno (área) que eles representam.
A ciência do exame da imagem fotográfica com a finalidade de deduzir os seu
significado é a fotointerpretação, através de uma examinação sobre as imagens
onde são identificadas elementos como: natureza, ambientes construídos, limites e
relações com o meio e outros.

Fotografia aérea de parte do bairro da Maxaquene, Cidade de Maputo (Google Earth, 2015)

 A digitalização não é um processo de bases cartográficas, mas sim a conversão de


dados analógicos em dados digitais. Portanto, essa etapa pressupõe a existência de
bases cartográficas convencionais (mapas impressos ou até fotografias aéreas) que
serão convertidas para meios digitais que pode ser vectorial (linhas) ou raster (pixels
que compõem uma imagem).
O levantamento da informação para actualização da documentação, particularmente
o relatório inicial do diagnóstico da situação actual da área de intervenção é feita
essencialmente com base no levantamento de terreno (a semelhança da cartografia)
e outros métodos que incluem entrevistas, conversas e inquéritos aos moradores,
observação etc..
c) Passos para actualização de documentação cartográfica e descritiva

De um modo geral, a actulização da cartografia e documentação para intervenção numa


determinada área deve obedece vários passos, dentre os quais destacam-se:

1o passo: Levantamento de todos os dados bibliográficos, cartográficos e geográficos


existente.

70-106
Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

2o passo: Aquisição de fotografia aérea (imagem satélite) da zona de intervenção


actualizada.

3o passo: Reconhecimento e levantamento de campo, todos aspectos necessários para


mapeamento bem como inquéritos e entrevistas para completar informação importante
para os relatórios de diagnóstico da área de intervenção.

4o passo: Digitalização dos dados cartográficos levantados, em caso destes não forem
fornecidos, já num formato que permita comparação directa por meio de sobreposição com
a imagem satélite.

5o passo: Sobreposição dos dados (mapas) digitalizados com a imagem satélite actualizada
da zona de intervenção.

6o passo: Levantamento e análise dos pontos de incongruência, de transformação e


evolução territorial com base na imagem satélite actualizada e o mapa digitalizado. Análise
da informação descritiva obtida e levantada no terreno e seu enquadramento e confronto
com informação existente.

7o passo: Actualização gradual do mapa digitalizado com base nos dados analisados, fazendo
prevalecer os dados da imagem satélite actualizada.

8o passo: Produção dos mapas actualizados e documentação descritiva finais.

71-106
Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

Exercícios de auto-avaliação
1. Explique o que são dados primários e diga a sua importância e/ou
relevância numa intervenção em assentamentos informais.
2. Em que consiste o processo de actualização de cartografia?
3. Marque com V (Verdadeiras) e F (Falsas) as alíneas referente a afirmação que se
segue.
O processo de actualização da documentação cartográfica deve obedecer alguns
aspectos importantes, dentre eles:
a. As actualizações podem ser realizadas com dados colhidos directamente em
campo, desde que a qualidade seja adequada nas escalas utilizadas e ao nível
de detalhamento exigido.
b. Deve constar a descrição dos materiais usados para actualização, não sendo
necessários incluir os seus parâmetros de aquisição da mesma.
c. Apresentar cópia digital das imagens utilizadas em formatos de arquivos que
podem não ser actualizados (formato antigos).F
d. Descrever as metodologias empregadas para o levantamento e cartografia.
e. Descrever as metodologias empregadas no processamento e tratamento das
imagens utilizadas, caso não sejam satélites.
4. Que tipos de informações podem ser actualizadas numa cartografia usando métodos
de foto interpretação e digitalização?
5. No levantamento terrestres, que equipamentos normalmente são usados para
aquisição de dados que nos permitam actualizar a cartografia? Explique a função
destes.

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Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

ANEXO 4: Texto do tópico 4 da unidade 1: Novas


informações para o cadastro

Caro formando! O texto do tópico aborda questões relativas à novas informações para o
cadastro, basicamente os conceitos, funções e conteúdos do cadastro e como obter e
organizar toda informação nova para o cadastro, que é fundamental para o trabalho em
assentamentos informais, onde um cadastro organizado irá ajudar no sucesso da
elaboração de intervenção, sua implementação e gestão futura.

1. Introdução ao Cadastro e conceito

O conceito de cadastro tem variado segundo os seus objectivos e funções, mas todas
estabelecem ligações directas entre o cadastro e a gestão do solo, seja urbano ou rural.

Etimologicamente o termo cadastro tem duas proveniências:

 Do grego – Catastichon, que significa lista, agenda, e é o que mais se aproxima da


definição actual.
 Do francês Cadastre, que significa registo público dos bens imóveis de um
determinado território, o registo de bens privados de um determinado indivíduo.
De forma generaliza, o Cadastro é um sistema de informação baseado na parcela, que
contém um registo de direitos, obrigações e interesses sobre a terra. Normalmente inclui
uma descrição geométrica das mesmas, unida a outros arquivos que descrevem a natureza
dos interesses de propriedade ou domínio e, geralmente, o valor da parcela e das
construções que existem sobre ela. (Oliane, 2016)

Na intervenção em assentamentos informais é fundamental a actualização dos dados


descritivos sobre a propriedade e o proprietário para que se complete a informação
necessária referente ao cadastro.

2. Tipos de Cadastro

De acordo com sua finalidade, uso ou informação, o cadastro podem existir vários tipos de
cadastro, dentre os quais:

 Cadastro Territorial: é um registo público sistematizado dos bens imóveis de uma


jurisdição contemplado nos seus três aspectos fundamentais: o jurídico, o
geométrico e o económico. (ERBA 2025 citado por Neris, s/d)

73-106
Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais


Cadastro Imobiliário: é constituído por uma parte cartográfica, composta de cartas
que indicam a divisão em parcelas e por uma parte descritiva, que contém registos
dos atributos físicos e abstractos relativos às parcelas identificadas nos mapas e
tem por unidade o imóvel (constituído pelo lote e edificações ou benfeitorias, se
houver), geralmente estabelecido para fins tributários. (Carneiro, 2000 citado por
Neris, s/d)
 Cadastro Fiscal: este termo diz respeito à questão de taxação das propriedades em
valores monetários, objectivando a arrecadação de impostos.
 Cadastro Legal ou Jurídico: trata do direito à posse da terra, baseado em
documentação descritiva, devidamente registado no Cartório de Registro de
Imóveis da jurisdição a que pertence
 Cadastro Técnico Multifinalitário10: é o uso do cadastro na sua forma geométrica
somada a descritiva com base para lançamento de informações de usuários
diversos (concessionárias de serviços públicos, municípios, proprietários, entre
outros).
Em relação ao agrupamento de informação, o cadastro é constituído por dois sistemas,
sendo eles:

 O sistema cartográfico do cadastro: compreende os documentos e produtos gráficos


necessários para a representação especial dos elementos que constituem o sistema
cadastral, desde a localização global da área de estudo até o detalhe das parcelas e
suas relações com a envolvente.
 O sistema descritivo do cadastro: corresponde a parte descritiva do cadastro e diz
respeito às informações sobre o imóvel e seus direitos, proprietário e a parcela e os
respectivos direitos.

3. Funções básicas e benefícios do cadastro

Dentre as principais funções do cadastro, destacam-se:

 Fornecimento de informações para a tributação imobiliária;


 Fornecimento de informações para o registo de imóveis;
 Fornecimento de informações para o planeamento e a gestão urbana e rural.
Os benefícios de possuir um sistema cadastral eficiente podem ser relacionados em
indivíduos e governo ou sociedade.11

a) Para os indivíduos:

10
Multifinalitário – destinado a múltiplos fins.
11
De acordo com Henssen & Williamson (1990) citado por Neris (s/d)

74-106
Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

 Aumenta a segurança jurídica e geométrica12 das propriedades imobiliárias, que


resultará em um maior interesse de investimento financeiro na terra ou na
propriedade;
 Os recursos financeiros necessários para estes investimentos passam novamente a
estabelecer um aumento na segurança jurídica, seja para pedir um empréstimo
mais fácil ou um crédito mais barato em longo prazo (hipoteca);
 Os procedimentos referentes a terra ficam mais fáceis, baratos, rápidos e seguros.
Por causa disso, melhora o acesso a terra. No entanto, transferências de terra não
registadas são frequentemente caras, de procedimento inseguro e levam muito
tempo para serem concretizadas;
 Aumento na segurança jurídica e geométrica da propriedade resultará na redução
das disputas de limites e litígios. Portanto, reduz os custos financeiros para o
governo e para os indivíduos.
b) Para o governo ou sociedade:

 Um sistema cadastral permite ao governo estabelecer um eficiente sistema


equitativo de arrecadação de imposto sobre a propriedade imobiliária. Este
imposto, baseado em valor real precisa de informações sobre as dimensões
geométricas, localização geográfica, uso da terra e proprietário;
 Para actividades voltadas ao desenvolvimento da terra, no caso da reforma agrária
ou reordenamento territorial, os dados do cadastro e do registro imobiliário,
constituem um mecanismo necessário sobre a situação desejada;
 O cadastro e o registo imobiliário podem fornecer a base para várias actividades,
por exemplo: estatísticas da população e dos imóveis, distribuição dos serviços
públicos, localização das áreas de risco para a população e muitas outras;
 Os dados básicos da planta cadastral também podem servir de base para outras
plantas, possibilitando com isso economia de tempo e custos.
O cadastro ainda pode ter outros múltiplos benefícios, quando o mesmo poder cobrir a
totalidade ou maioria parte de áreas administrativa como cidades ou país, dentre os
quais13:

 Inventário de propriedade: nomeando um número único de identificação para cada


parcela territorial, é possível ter a lista completa de todas as parcelas territoriais
dentro de uma jurisdição. Por outro lado, é possível descobrir a situação e registar
todos os atributos desta parcela;
 Implementação e monitoramento de projectos: o cadastro técnico pode facilitar a
exibição e expansão geográfica dos projectos para o sector público e privado.

12
Segurança geométrica refere-se a segurança sobre os limites que circunscrevem a parcela e o respectivo
tamanho.
13
Onyeka (2005) citado por Neirs (s/d)

75-106
Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

Conectando dados cadastrais aos locais de projecto e detalhando seus custos


dentro de uma determinada jurisdição;
 Prevenção de crime e descoberta: a polícia pode incluir os antecedentes penais de
indivíduos em um banco de dados e interligar com o cadastro técnico, que mostra
geograficamente o domicílio deste indivíduo. Com isso ajudará a reduzir os
suspeitos quando certos tipos de crimes forem cometidos nesta região;
 Administração de utilidade (de serviços): a administração de utilidades recorre ao
acto de organizar e controlar o próprio uso dos serviços fornecidos para o público
em geral, por exemplo electricidade, água, sistema de esgoto, comunicação,
correspondências, óleo e gás. Estes serviços são providos, frequentemente, ao
longo da superfície terrestre e linhas subterrâneas. A própria distribuição e
administração de utilidades requerem um inventário dos espaços ocupados. Com o
cadastro técnico, a administração de utilidades públicas poderia saber onde os
serviços são requeridos.
 Administração de escolas: com o crescimento das cidades, os bancos de dados
cadastrais são actualizados. Desse modo, as administrações de escolas poderiam
saber quando as crianças começam a viajar distâncias longas, indevidamente, para
frequentar escolas. O Estado teria oportunidade de organizar ou construir novas
escolas nos locais mais próximos das residências dessas crianças.

4. Informações necessárias para constituição do cadastro e sua estruturação

Uma das características de assentamentos informais em qualquer parte de mundo é a


ausência do cadastro, o que torna à partida um exercício fundamental quando se pretende
intervir em assentamento informal por mais que o mesmo seja para efeitos de estudos e de
preparação de propostas de intervenção ou ajustes fundiários na área que se pretende
intervir.

Para o processo de gestão da terra, a existência de uma base cadastral ou mapa de


cadastros é fundamental para que se conheçam quem são os ocupantes, como ocupam e
qual o fim destinado a cada pedaço de terra numa determinada área.

O princípio básico de um sistema de cadastro deve avaliar informações acerca do


proprietário, da parcela e da administração do direito à propriedade, eis abaixo o conjunto
de informações que devem fazer parte de um processo de cadastro:

76-106
Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

Esquema da informação a constar no cadastro (Oliane, 2016)

A estruturação da informação do cadastro é basicamente composta por três níveis


destacados no esquema acima, nomeadamente proprietário, parcela e direitos, onde
deverão constar as seguintes informações:

a) Informações sobre o proprietário: Nome, Número de identificação, Profissão,


Endereço, Estado civil e se é pessoa física, singular, colectivo, etc.;
b) Informações sobre a Parcela: identificação, uso destinado, origem, endereço,
superfície, valor; e
c) Direitos da parcela e imóvel associado ao proprietário: direito à propriedade e
direito de uso.
Como referimos, num assentamento informal normalmente essa informação não está
organizada relativamente ao objectivo de gestão da terra e as pessoas ocupam segundo as
suas necessidade à margem da lei (ausência de registo).

Nesse caso, para intervenção por mais que não se pretenda fazer reajuste fundiário é
sempre bom ter a informação cadastral organizada por isso há necessidade de levantar
esses elementos (novos) para que façam parte de uma base organizada e mapeada (mapa
de cadastro).

O levantamento desses novos dados para o cadastro pode ser feito através de entrevistas,
inquéritos e auxiliado por vários outros materiais ou equipamentos, como imagem satélite
de alta resolução (depende muito dos objectivos, área e escala onde se possa reconhecer
cada imóvel), GPS, nível, teodolito e outros.

77-106
Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

Exemplo de uma ficha de informação cadastral expedita manualmente

Exemplo de uma ficha de informação cadastral expedita eletronicamente

78-106
Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

Exercícios de auto-avaliação
1. E que se baseia o Cadastro como sistema de informação?
2. Em que consiste o cadastro multifinalitário?
3. Diferencie o cadastro imobiliário do cadastro fiscal.
4. Existem dois grandes grupos ou sistemas de agrupamento de informações no
cadastro. Indique-os e diga em que consiste cada um deles
5. Quais as principais funções do cadastro?
6. Dos benefícios do cadastro que se seguem, indique aqueles que constituem
benefícios para os indivíduos ou benefícios para o governo e sociedade:
a. Economia de tempo e custos no levantamento de informações para outras
finalidades.
b. Maior Facilidade para pedido empréstimo ou um crédito mais barato em
longo prazo;
c. Facilidade na distribuição dos serviços públicos e localização das áreas de
risco para a população;
d. Facilidades nos procedimentos referentes a terra tornando-se baratos,
rápidos e seguros;
e. Sistema de arrecadação de impostos mais eficiente.
f. Maior acesso a terra;
g. Aumento da segurança jurídica e geométrica das propriedades imobiliárias;
h. Redução de conflitos de terras;
i. Facilidade na produção de estatísticas da população e dos imóveis,
j. Maior interesse de investimento financeiro na terra ou na propriedade;
7. Considerando que o princípio básico de um sistema de cadastro deve avaliar
informações acerca do proprietário, da parcela e da administração do direito à
propriedade. Complete a tabela com informações possíveis de serem recolhidas em
campo para actualização ou criação de uma base de cadastro
Grupo de informações Dados a serem recolhidos
Sobre a parcela (a)
Sobre o proprietários (b)
Sobre os direitos (c)

79-106
Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

ANEXO 5: Texto do Tópico 5 da unidade 1: Causas que


resultam em problemas evidentes de ocupação territorial

Caro formando! O tópico irá abordar questões relativas às causas que resultam em
problemas evidentes de ocupação territorial, assumindo de antemão que o surgimento e
crescimento descontrolado dos assentamentos informais são também consequência de
problemas de ocupação territorial. Assim, iremos nos referir de um modo global sobre: (1)
conceito e principais características dos assentamentos informais; (2) problemas de
ocupação territorial nos assentamentos informais; e (3) as causas que resultam em
problemas evidentes de ocupação territorial. Com auxílio do caso de estudo e exemplos,
iremos sempre fazer referências aos assentamentos informais que ocorrem nas cidades
moçambicanas.

1. Conceito e principais características dos assentamentos informais

Apesar de existirem vários conceitos de assentamentos informais que nos são trazidos por
muitos autores e especialistas em planeamento físico, eles convergem na caracterização de
elementos físicos estruturais e ausência e/ou deficiência de serviços básicos.

Os slums14 são zonas urbanas que não oferecem aos seus residentes condições de vida
minimamente aceitáveis. Essas condições são de diferente natureza e devem ser estudadas
e resolvidas com estratégias diversas. A condição de slum é a consequência de dimensões
regionais, nacionais e globais do subdesenvolvimento de certas regiões, de nações e de
cidades, com raízes num complexo de causas sociais, económicas, culturais e políticas e em
circunstâncias que não se podem compreender e resolver senão juntando esforços em
todas essas frentes (Forjaz, 2004 citado por Bettencourt, 2011)

Uma família que vive em um Assentamento Informal é um grupo de indivíduos que vivem
sob o mesmo tecto e em uma ou mais das seguintes condições: ausência do título de
propriedade, acesso inadequado à água potável, acesso inadequado ao saneamento e
outras infra-estruturas, má qualidade estrutural da habitação e espaço insuficiente para o
agregado. (UN-Habitat, 2003)

Dos conceitos apresentados acima, podemos identificar as condições em que as pessoas


(famílias) vivem em Assentamentos Informais bem como as características da estrutura

14
Palavra inglesa referente a assentamentos informais (ou do brasileiro – favela)

80-106
Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

física dos assentamentos, como consequência de acções não tomadas por falta de recursos
e falta de planificação na maioria dos casos do Estado.

Apesar de as condições de vida dos habitantes de um assentamento informal não serem


muito favoráveis, há outros aspectos positivos a anotar nessas área, como referido pelo
MICOA (2011), que em Moçambique, Assentamentos Informais são zonas em constante
crescimento que não oferecem aos seus residentes condições de vida minimamente
aceitáveis, apesar de existirem neles aspectos bastante atractivos, sobretudo no que diz
respeito à sua localização favorável em relação aos centros de emprego e de serviços. A
densidade habitacional é elevada, crescendo em forma de mancha contínua, tendo como
características as seguintes condições:

 Ocupação desordenada e espontânea;


 Sem acessos;
 Sem saneamento básico;
 Sem água potável;
 Sem espaço habitacional definido e suficiente;
 Sem habitação segura e durável.

2. Problemas de ocupação territorial nos Assentamentos Informais

Em Moçambique, o crescimento não planificado das áreas precárias e peri-urbanas foi


sendo agravado pela ausência de instrumentos de planeamento do uso do solo, sua
execução e controlo. Como resultado, a maior parte da população urbana passou a residir
em áreas sem acesso adequado à infra-estruturas básicas e equipamento social e em
unidades habitacionais precárias, sem segurança de posse da terra. (Forjaz et al, 2006)

Caro formando! Resumem-se acima os principais problemas relacionados com as formas de


ocupação do território que resultaram em Assentamentos Informais:

 Ausência de planeamento com antecedência.


 Fraco acesso a infra-estruturas básicas e equipamentos sociais em áreas que viriam
a ser ocupados para albergar o número crescente da população urbana nas cidades.
Outros aspectos evidentes nos assentamentos informais que advém de problemas de
ocupação territorial:

 Alta densidade habitacional (muitas famílias em pouco espaço);


 Ocupação de zonas de risco (erosão e zonas de inundação frequentes);
 Ausência documentação de titularidade do talhão e da habitação;
 Inadequada integração na estrutura urbana da cidade (ruas, estradas, topografia);
 Escassez de equipamentos básicos e infra-estruturas de serviços;
 Inexistência de espaços públicos organizados.

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Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

3. Causas que resultam em problemas evidentes de ocupação territorial

A característica principal de Assentamentos Informais e outros locais que resultaram em


problemas evidentes de ocupação territorial é a ilegalidade ou informalidade, que remete-
nos à falta de documentação que reconheçam a propriedade dos talhões e das habitações
aos moradores dessas áreas. Outro aspecto evidente é a falta de dados ou registo por parte
das autoridades (municipais) do nível de crescimento, população, bens etc, o que leva
também a que os mesmo não estando registados não possam contribuir com efectividade
para as receitas fiscais da cidade através do pagamento dos devidos impostos.

Portanto, caro formando, são inúmeras as causas que resultam em problemas evidentes de
ocupação territorial e consequentemente na formação ou surgimento de assentamentos
informais. Vamos a seguir apresentar algumas das várias causas (apontadas por Fernandes,
2011) que também podem ser reconhecidas como causas de surgimento de assentamentos
informais nas cidades moçambicanas, são eles: baixa renda; aspectos socioespaciais; falta
de habitação de interesse social; resultado do mercado formal; problemas de gestão urbana
e sistema jurídico disfuncional.

 a) Baixa renda: A pobreza e outros aspectos económicos, especialmente a


distribuição desigual da riqueza e a criação de empregos, desempenham um papel
muito importante na determinação do processo de assentamentos informais.
Embora a maioria dos habitantes de assentamentos informais sejam, de facto
pobres, a pobreza não é a única causa do loteamento informal de terras.
 b) Os aspectos socioespaciais estão ligados a falta de capacidade e recursos da
administração pública, mais especificamente os municípios em acompanhar o
crescimento das populacional e as necessidades da população urbana, resultando
disso que não conseguem prover a população com talhões suficientes e urbanizados
(com acesso a serviços básicos) a custo acessível a todos.
 c) Escassez de habitação de interesse social15: A produção insuficiente de habitação
de interesse social é agravada pelas condições não adequadas dos projectos de
habitação existentes (muitos dos quais ilegais de alguma forma, muitas vezes por
causa da falta de registo ou licenças municipais, ou violações de normas de
construção).
Outro aspecto ligado a falta de habitação de interesse social, particularmente em
Moçambique é a quase inexistência ou altas taxas de juros praticados pelas
instituições financeiras (bancos) em programas de habitação e por sua vez a
dificuldade de aceitação para créditos de população de baixa renda que não

15
Entenda-se Habitação de interesse social por habitação destinada a população de baixa renda, muitas vezes
através de projectos habitacionais promovidos pelo Estado.

82-106
Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

conseguem ter acesso aos empréstimos pela exigências feitas na hora de inscrição
ou faltas de garantias comprovadas.

 d) Informalidade na aquisição de terra: Combinado com a distribuição e acesso


desigual às infra-estruturas urbanas, o processo formal de aquisição de terras é
caracterizado por ser muito moroso, burocrático, com elevado índice de corrupção e
as vezes por praticar preços elevados para a maioria da população de baixa renda.
 e) Deficientes mecanismos de gestão da terra: o sistema de gestão da terra tanto a
nível central (nacional) como local (municípios) é bastante complexo e por vezes
burocrático. Apesar de ser obrigatório segundo a lei o envolvimento e participação
efectiva da população alvo em todas as fases elaboração e implementação de
qualquer instrumento de ordenamento territorial, na prática esse aspecto não se
tem verificado porque muitas vezes os planos são elaborados sem a devida
participação e abertura para os munícipes e a implementação por vezes são um
insucesso por falta de aceitação por parte destes, principalmente em áreas já
consolidadas.
 f) Sistema jurídico disfuncional: a combinação de obrigações financeiras, os longos
processos de licenciamento, as normas contratuais formais, cadastro deficiente e os
mecanismos de resolução de conflitos ineficientes produziram um contexto jurídico
de difícil acesso a pessoas de baixa renda, contribuindo para o assentamento
informal. Os pobres não dispõem de recursos jurídicos, financeiros e outros
necessários para defender-se e a seus direitos à terra e, mais do que outros grupos
sociais, sofrem o impacto da ordem jurídica de exclusão.

No land, No house, No House (Não há terra, não há Campanha de autoridades municipais para evitar
casa, NÃO HÁ VOTO) – Manifestação popular durante construções desordenadas em áreas de restrição,
época de campanha eleitoral na África do Sul Nacala, Moçambique. Lê-se na placa da foto: Zona de
(https://libcom.org/library/the-no-land-no-house-no-vote- protecção, proibido fazer machamba. (Foto: Dinis Dinis,
campaign-still-2009) 2014)

83-106
Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

Exercícios de auto-avaliação
1. Assinale com X os aspectos seguintes que caracterizam as
condições de vida de uma família em assentamentos informais.
a. (__) Acesso minimamente adequado à água potável.
b. (__) Ausência do título de propriedade.
c. (__) Espaço insuficiente para o agregado.
d. (__) Acesso inadequado ao saneamento, mas aceitável a outras
infraestruturas.
e. (__) Qualidade razoável da estrutura da habitação.
2. Que aspectos principais caracterizam os assentamentos informais em Moçambique?
3. “Em Moçambique, o crescimento não planificado das áreas precárias e peri-urbanas
foi sendo agravado pela ausência de instrumentos de planeamento do uso do solo,
sua execução e controlo. Como resultado, a maior parte da população urbana passou
a residir em áreas sem acesso adequado à infraestruturas básicas e equipamento
social e em unidades habitacionais precárias, sem segurança de posse da terra”
a. Com base no parágrafo em 4, identifique os problemas em assentamentos
informais moçambicanos e as respectivas causas.
b. Identifique outros aspectos evidentes em assentamentos informais
moçambicanos resultantes ou não das causas enunciadas acima.
4. Identifique e discuta com base nos conhecimentos adquiridos durante o tópico e
suas próprias palavras as principais causas que resultam em problemas evidentes de
ocupação territorial.
5. Observando as imagens que se seguem:
a. Descreva as duas imagens.
b. Debruce sobre as causas e problemas descritos em cada uma das imagens.

A B

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Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

ANEXO 6: Texto do tópico 1 da unidade 2: Organização de


encontros com a comunidade para minimizar a insuficiência
de serviços

Caro formando! O presente tópico irá abordar questões relativas a organização de


encontros com a comunidade para minimizar a insuficiência de serviços básicos, fazendo
uma recuperação rápida da necessidade global de serviços básicos em assentamentos
humanos, a importância da garantia da participação comunitária em trabalhos de
intervenção em assentamentos informais, a preparação e os principais factores/aspectos a
serem considerados na interacção com a comunidade para discutir aspectos relacionados
com os serviços básicos.

1. Contexto geral sobre organização de encontros com a comunidade para minimizar a


insuficiência de serviços

Como vimos na unidade anterior, uma das características dos assentamentos informais é a
insuficiência de equipamentos sociais e infra-estruturas de serviços que possam responder
ao número da população, o que contribui para a má qualidade de vida dos mesmos.

Uma das intervenções chaves no caso de assentamentos informais é a melhoria e provisão


de infra-estruturas de serviços básicos através de novas construções, ampliação e
reabilitação dos sistemas obsoletos existentes. Assim, para levar a cabo esse tipo de
intervenção e outras em assentamentos informais é sempre fundamental garantir a
participação da comunidade da área de intervenção, porque além de serem as pessoas que
melhor conhecem a sua realidade, serão os utentes dos serviços e irão ajudar a preservá-
los.

2. Aspectos a considerar na organização de encontros com a comunidade

Na organização de encontros com a comunidade, temos que tomar em consideração vários


aspectos fundamentais para a organização com sucesso dos mesmos. Alguns deles:

 Organização da comunidade/estrutura comunitária


Em Moçambique, as comunidades locais, bairros e quarteirões possuem uma
estrutura administrativa comunitária muito sólida e normalmente esses líderes
comunitários, secretários, chefes dos quarteirões têm um conhecimento profundo
dos membros (população) da comunidade que dirigem. Todo o processo de
intervenção com a comunidade deverá respeitar a estrutura comunitária de base.

85-106
Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

 Actores sociais e suas respectivas funções


Além da estrutura comunitária local (do bairro/comunidade) é fundamental que
outros actores sociais internos (associações comunitárias, pequenos grupos,
empresas e organizações da comunidade) e externos (sector privado, estado
representado por empresas públicas, município e outros) participem e sejam
consultados e considerados na organização e realização de encontros em suas áreas
de interesse dentro da comunidade.

 Respeito pelas culturas locais


A questão do conhecimento e respeito da identidade cultural e costumes locais de
qualquer região são fundamentais para quem pretende discutir aspectos ligados ao
modo de vida de uma certa comunidade. Aspectos esses que nos assentamentos
informais estão muito ligados a forma como usam ou lidam com ausência de
determinados serviços básicos.

 Mecanismos de comunicação:
É muito importante estabelecer de princípio os mecanismos de comunicação com a
comunidade, muitas das vezes a porta de entrada na comunidade são as estruturais
comunitárias locais, que devem perceber e ajudar a mobilizar a comunidade:
a) É sempre bom na divulgação da informação usarem-se métodos e técnicas de
fácil compreensão seja através dos canais de comunicação audiovisual (porta-a-
porta, panfletos, cartazes, rádio, televisão).
b) Outro aspecto fundamental ligado ao conhecimento e respeito pela cultura da
comunidade têm haver com a marcação das datas para as reuniões com a
comunidade que terá de ser de preferência um dia e hora em que a maioria da
população da comunidade está em dias de repouso das actividades de
subsistência, por exemplo: devem considerar se a maioria das pessoas da
comunidade vão a machamba, a pesca ou outra actividade com dias e horários
específicos.
c) A forma de comunicar durante os encontros devem ser simples, e muito
interactivo por forma a envolver o máximo possível muito a comunidade
durante os encontros.
d) O respeito e consideração pela opinião de cada membro da comunidade e
outros participantes no encontro são fundamentais para que se alcance
resultados positivos.

3. Aspectos técnicos na preparação de encontro para discussão de insuficiência de


serviços com a comunidade

86-106
Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

Na preparação de encontros com a comunidade para discutir um tema específico que


nesse caso é minimização da insuficiência de serviços é necessário que se observem por
parte da equipa técnica alguns aspectos fundamentais:

a) É importante que a equipa tenha conhecimento da situação dos serviços de infra-


estruturas na zona de intervenção.
b) Há necessidade de preparar informação e fazer mapeamento dos serviços existentes
através da cartografia mapa localização d serviços e infra-estruturas, e ao mesmo
tempo fazer um levantamento prévio da condição de cada serviço mapeado, se estão
em funcionamento ou não.
c) A estratégia deve sempre ser de dar oportunidade inicialmente para que a comunidade
inicie a falar e dar toda informação possível, sobre os serviços que tem no bairro, a sua
localização, o seu estado de funcionamento que também servirá para fazer a
actualização e confrontar com a informação preparada inicialmente.
d) O centro de discussão durante os encontros deve ser sempre a comunidade, por ser
assuntos que lhes afectam diariamente, por isso mais uma vez a listagem das
necessidades e a sua priorização deve ser feira de forma aberta e considerando sempre
a opinião de toda a comunidade presente.

Exercícios de auto-avaliação
1. Qual o papel dos membros da comunidade local em projectos de
intervenção sobre os serviços e equipamentos urbanos em assentamentos
informais?
2. Qual a importância dos chefes dos quarteirões e secretários dos bairros (líderes
comunitários locais) na organização de encontros com a comunidade?
3. Refira sobre as formas e métodos de comunicação a serem usados durante
encontros com a comunidade.
4. Em relação aos aspectos de carácter técnico, que informação cartográfica deve ser
preparada e como esta deve ser tratada para encontros com a comunidade para
discutir como minimizar a insuficiência de serviços?
5. Escolha a afirmação correcta dentre as que se seguem:
a. Para realização de uma intervenção em assentamentos informais é sempre
fundamental garantir a participação da comunidade local, porque além de
serem as pessoas que melhor conhecem a sua realidade, serão potenciais
gestores e financiadores de futuros serviços.
b. Para levar a cabo uma intervenção em assentamentos informais é sempre
fundamental garantir a participação das comunidades vizinhas da área de
intervenção, porque além de serem as pessoas que melhor conhecem a sua
realidade, serão os utentes dos serviços e irão ajudar a preservá-los.

87-106
Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

c. Para levar a cabo uma intervenção em assentamentos informais é sempre


fundamental garantir a participação da comunidade da área de intervenção,
porque além de serem as pessoas que melhor conhecem a sua realidade,
serão os utentes dos serviços e irão ajudar a preservá-los.
6. Das afirmações que se seguem, apenas uma é falsa, indique-a:
a. Em Moçambique, as comunidades locais, bairros e quarteirões possuem uma
estrutura administrativa comunitária muito sólida que normalmente têm um
conhecimento profundo dos membros da comunidade que dirigem.
b. O conhecimento e respeito pela identidade cultural e costumes locais de uma
comunidade são fundamentais para quem pretende discutir aspectos ligados
ao modo de vida de uma certa comunidade.
c. Na preparação de encontros com a comunidade para discutir minimização da
insuficiência de serviços é importante que a equipa tenha conhecimento da
situação do relevo e apenas os serviços de infraestruturas nos bairros que
fazem fronteira com a área de intervenção.

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Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

ANEXO 7: Texto do tópico 2 da unidade 2: Elaboração de


propostas de intervenção urgente

Caro formando! O presente tópico irá abordar questões relativas a elaboração de


propostas de intervenção urgente nos assentamentos informais, tendo como base as
conclusões do diagnóstico prévio para intervenção e antecedidos pela escolha do
assentamento e definição das actividades prioritárias para intervenção.

Elaboração de propostas de intervenção urgente em outras palavras significa a escolha de


um ou alguns projectos pontuais num conjunto de vários projectos de intervenção cuja
execução terá um impacto positivo na melhoria da vida das pessoas de um determinado
assentamento, que deverá ser antecedido de uma análise e discussão para priorização, não
significando com isso que as outras actividades ou projectos sejam menos importantes.

O tópico deverá resumir em linhas gerais: (1) os critérios de elegibilidade e priorização de


assentamentos e projectos urgentes e (2) Organização e elaboração de propostas de
intervenção.

1. Os critérios de elegibilidade e priorização


Os critérios de elegibilidade e priorização podem ser definidos para a escolha do
assentamento informal onde intervir e escolha do projecto para programação e execução
nesse assentamento.

Num contexto de fundos insuficientes para intervenção particularmente nos


assentamentos informais onde os custos de execução de obras de melhoramento são
muito elevados, há sempre necessidade de proceder a priorização para eleger os bairros
prioritários de intervenção e actividades ou projectos prioritários.

Como referido no primeiro tópico da unidade anterior, o Município de Maputo procedeu o


levantamento e a categorização de todos os assentamentos informais da cidade de Maputo
na Estratégia Municipal e Metodologia de Intervenção em Assentamentos Informais
(CMCM, 2010) por forma a priorizar a sua intervenção.

Os critérios usados pelo Município foram:

 Densidade populacional – foram definidos os assentamentos com baixa, média e


alta densidade populacional
 Configuração da malha urbana – o levantamento permitiu classificar a malha
urbana de todos os assentamentos humanos em áreas planificadas e não
planificadas.

89-106
Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

Com base nesses critérios o Município priorizou a intervenção em assentamentos


classificados como áreas não planificadas de alta densidade, como exemplo temos a
intervenção levada a cabo pelo entidade em áreas do Bairro Chamanculo C e também
George Dimitrov.

Vários outros critérios podem e devem ser associados a estes para a priorização da
intervenção, dentre eles:

 A localização – uma das características dos assentamentos é a localização dos


mesmos em áreas impróprias para desenvolvimento urbano como áreas
ambientalmente sensíveis e áreas de restrição a ocupação urbana (exemplo: áreas
de mangais, áreas de erosão, ao lado ferrovias, cursos de água);
 Grau de consolidação – que tem haver com o tempo de existência do
assentamento informal, número de famílias e outros aspectos;
 Nível socioeconómico/vulnerabilidade social – ligado ao número de famílias em
situação de vulnerabilidade económica considerando os limites da pobreza do país;
 Situação urbanística e legal – onde verificam-se se os assentamentos possuem
possibilidade de legalização das parcelas (regularização fundiária) que pode estar
também ligado a sua localização em zonas de riscos ou restrição (primeiro ponto);
 Existência de infraestruturas e equipamentos básicos – os assentamentos
humanos devem ter no mínimo condições de habitabilidade que dizem respeitos ao
acesso aos serviços de infraestruturas e equipamentos básicos;
 Riscos a saúde humana – devem ser analisados os assentamentos que pela
localização, tipo de actividades, vulnerabilidade colocam ou não em risco a saúde
dos moradores.
 Organização comunitária – cada assentamento tem capacidades de organização
própria, e quando assim acontece os projectos de intervenção podem aproveitar as
capacidades comunitárias locais para servir e trazer bons resultados a intervenção.
 Programas e projectos existentes – o levantamento dos programas e projectos
existentes irá facilitar a não duplicação de esforços em áreas de intervenção,
redirecionando os investimentos para outras actividades.
No esquema que se segue16 podemos definir as fases principais do processo de eleição e
priorização da intervenção.

FASES Caracterizaçã Classificaçã Elegibilidad Priorização


o o e

OBJECTIV
16
Adaptado
OS de COELHO eLevantamento – HBISP, SP (2008)
MACHADOe (s/d) e SMHClassificação Priorização de
Eleição dos
caracterização dos das actuação nas
assentamentos
assentamentos assentamentos áereas que se
a serem
informais em grupos que enquadram nos
orientem o tipo
objectos de 90-106
critérios de
intervenção
de intervenção elegibilidade
Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

Primeiro definem-se os objectivos que levarão a caracterização, classificação e eleição


(escolha) do assentamento onde se pretende intervir. Com isso feito, haverá necessidade
de analisar no conjunto das actividades dentro do assentamento escolhido para
intervenção qual ou quais deles vão de encontro aos critérios de eleição do referido
assentamento, com base no iremos definir a área de intervenção.

Além de ir ao encontro aos critérios, o projecto ou actividades a seleccionar para


intervenção deverá ainda representar uma área crítica no bairro dentre as restantes.

2. Organização e elaboração de propostas de intervenção


A intervenção urgente em assentamentos informais deverá sempre que possível ser flexível
por forma a que se responda em curto espaço de tempo ao problemas do assentamento,
não significando com isso que ela tenha de dispensar algumas fases de elaboração e
implementação do projecto, que são muito importantes para garantir a qualidade da
intervenção, aspecto esse que é fundamental.

Assim, a equipa de intervenção deverá se organizar e seguir no mínimo as fases seguintes:

1o. Estabelecimento de um equipa ou comissão de gestão do projecto – que será composta


pela equipa técnica, comunidade local e apoiada mais tarde pelos consultores e
empreiteiros se for o caso de existirem. Terá a função principal de coordenar, administrar e
supervisionar a execução do projecto.

2o. Elaboração de Termos de Referências – documento que deverá orientar o processo de


contratação de consultorias através de empresas, consultores individuais e outros,
dependendo da dimensão ou nível de execução e como foi acordado de princípio.

3o. Contratação de consultoria – segundo os Termos de Referência e os regulamentos e leis


aplicáveis.

4o. Desenho do projecto – que poderá compreender o anteprojecto, reuniões e discussões


com a equipa de gestão e o projecto final.

5o. Execução das Obras – que deverá incluir lançamento de concurso, contratação de
empreiteiros, execução das obras, acompanhamento, supervisão e fiscalização.

6o. Avaliação Pós-intervenção – que deverá ser realizada no mínimo 6 meses após a
conclusão das obras, junto da comunidade do assentamento alvo do projecto avaliando o
alinhamento dos objectivos e resultados traçados pelo projecto com os resultados
alcançados no terreno e o impacto deste para a comunidade.

91-106
Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

Exercícios de auto-avaliação
1. Explique com base em exemplos concretos, os critérios usados pelo
Município de Maputo para classificar os Assentamentos Informais e
priorizar a intervenção nestes.
2. Dos aspectos que se seguem, apenas dois não são considerados critérios para
priorização de intervenções em Assentamentos Informais. Indique qual:
a. Nível socioeconómico.
b. Organização comunitária.
c. Grau de consolidação.
d. Religião.
e. Situação legal.
f. Número de habitantes idosos.
3. Sobre a elegibilidade e priorização de intervenções em Assentamentos Informais,
completa a tabela indicando os objectivos ou fases no lugar das letras A, B, C e D:
FASES OBJECTIVOS
Caracterização (A)
(B) Definir de acordo com a classificação diferentes grupos de assentamentos
que orientem o tipo de intervenção
Elegibilidade (C)
Priorização (D)

4. Indique dois factores fundamentais na escolha de actividades prioritárias para


intervenção em Assentamentos Informais.
5. Intervir com urgência em Assentamentos Informais significa ser rápido e dispensar
maior número possível de passos ou fases na preparação do mesmo. Concorda com
a afirmação? Justifique.
6. Sintetize as fases para organização e preparação de propostas de intervenção
urgente em assentamentos informais.

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Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

ANEXO 8: Texto do tópico 3 da unidade 2: Mecanismos de


comunicação permanente entre a comunidade e as instituições

Caro formando! Pretende-se que o presente tópico apresente as bases para que se discuta
em aula a importância do estabelecimento de uma comunicação permanente entre as
comunidades locais e as instituições, sejam do estado ou outras que tenham interesses ou
participem em intervenções de desenvolvimento da comunidade. Assim, o texto referente
ao tópico estará divido em (i) importância da comunicação permanente com a comunidade
e (ii) mecanismos de comunicação permanente e os principais actores sociais que actuam
na comunidade.

1. Importância da comunicação permanente com a comunidade

A participação e contribuição dos membros da comunidade em projectos de


desenvolvimento local são fundamentais para o sucesso da mesma, pois só assim elas se
identificam e sentem-se reconhecidos e apoderam-se dos resultados do projecto, servindo
para construção de uma base sólida que permitirá a manutenção e possível replicação do
projecto a partir de iniciativas locais.

Com ou sem projecto é ainda mais importante que existam formas de comunicação
permanente entre as autoridades municipais e instituições diversas com as comunidades
locais, que de um modo geral irá permitir acompanhar o desenvolvimento das
comunidades ao mesmo tempo que se conhece de perto os problemas vividos pelos
membros da comunidade no dia-a-dia, permitindo uma procura conjunta de soluções.

O estabelecimento de uma comunicação permanente das instituições com a comunidade


ajuda ainda:

 A fortalecer as associações comunitárias existentes;


 A desenvolver as capacidades das lideranças locais e a relação destes com os
membros da comunidade;
 Estabelecer uma relação aberta com a comunidade de forma que estes possam ter
oportunidade de acesso a informações sobre o desenvolvimento do município e
outras áreas em que se insere a sua comunidade;
 A fomentar e manter a população minimamente mobilizada para actividades de
desenvolvimento dentro da comunidade;

93-106
Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

 A acompanhar o desenvolvimento e crescimento da comunidade em todas áreas


(social, ambiental, económica, e outras);
 A estabelecer durante elaboração/implementação de projectos a participação das
famílias e outros membros da comunidade nas principais decisões;
 Facilitar projectos de avaliação pós-intervenção, no caso de terem havido
intervenções na comunidade.

2. Mecanismos de comunicação permanente e os principais actores sociais que actuam


na comunidade

Sendo fundamental o estabelecimento da comunicação entre a comunidade e as


instituições, no caso de Moçambique ao nível municipal já foram introduzidos várias
formas e mecanismos para o efeito, cujo fim único é de manter sempre uma interacção e
relação de proximidade junto da comunidade.

Dentre os mecanismos estabelecidos para comunicação permanente entre a comunidade e


as instituições municipais, destacamos17:

 Conselhos Consultivos de Bairro e Distrito: que são órgãos de participação e


consulta ao nível do Bairro, onde se faz a discussão e tomada de decisão sobre
vários assuntos, bem como a identificação de problemas e discussão sobre as
soluções relativas aos problemas locais e canalização de preocupações da
comunidade para as estruturas do nível do Bairro e Distrito;
 Plenárias do Orçamento Participativo: que tem objectivo principal de criar espaço
de convivência democrática através do debate público para a tomada de decisões
sobre a alocação de recursos públicos em prol do desenvolvimento da comunidade;
 Provedor do Munícipe: órgão instituído na estrutura orgânica do Conselho
Municipal e a quem compete receber e analisar as preocupações levantadas pelos
munícipes quer seja individual ou colectiva, o que já acontece no Município de
Maputo;
 Presidências Abertas: onde o Presidente do Conselho Municipal efectua visitas aos
Distritos e Bairros municipais para apresentar as realizações do Município e através
destas, procede a comícios públicos nos quais abre espaço para a auscultação das
preocupações dos munícipes, quer seja individual ou colectivamente;
 Audiências realizadas pelos vereadores municipais: ao nível do Distritos e Bairros
do município, onde as comunidades expõem os seus problemas aos Vereadores
Municipais.

17
Adaptado de DIÁLOGO, 2013.

94-106
Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

O Conselho Municipal é o principal actor envolvido na governação das áreas municipais de


Moçambique e tem trabalhado activamente com as estruturas comunitárias localmente
estabelecidas (secretários dos bairros e chefes dos quarteirões).

Além do Conselho Municipal, outros actores tem função importante no desenvolvimento


das comunidades, dentre eles:

 Assembleia Municipal, que discute, delibera e toma decisões referentes ao


desenvolvimento municipal muitas vezes propostos pelo Conselho Municipal.
 Organizações da Sociedade Civil, que constituem muitas vezes grupo de cidadãos
organizados para dar voz as preocupações das comunidades locais.
 Mídia (imprensa), particularmente as rádios e jornais comunitárias que procuram
difundir os desenvolvimentos e o dia-a-dia das comunidades.
 Sector privado, que constituem muitas vezes alternativa ao Estado e contribuem de
igual forma para o desenvolvimento das comunidades.
 Associações e grupos comunitários, compostos por membros da comunidades com
um foco específico que está ligado a uma área de preocupação da comunidade no
geral.

Exercícios de auto-avaliação
1. É sempre importante que existam mecanismos estabelecidos de
comunicação permanente entre a comunidade e as instituições em fases
de execução de projectos específicos e mesmo quando não existam
projectos na comunidade. Concorda com a afirmação? Argumente.
2. Das afirmações abaixo, indica aqueles que constituem importância do
estabelecimento de uma comunicação permanente entre a comunidade e as
instituições:
a. Acompanhar o desenvolvimento e crescimento da comunidade.
b. A fortalecer as associações comunitárias futuras.
c. Facilitar projectos de avaliação pós-intervenção, nas intervenções havidas
nos bairos vizinhos.
d. Estabelecer uma relação aberta com a comunidade.
e. A desenvolver as capacidades da lideranças locais e a relação destes com os
membros da comunidade.
f. Manter a população minimamente mobilizada e em alerta para os problemas
de nível municipal.
g. Garantir durante elaboração/implementação de projectos a participação das
famílias e outros membros da comunidade nas principais decisões.

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Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

3. Sobre os mecanismos existentes que ajudam a manter a comunicação permanente


entre comunidades e as instituições.
a. Identifique-os.
b. Qual importância da orçamentação participativa como instrumento de
comunicação? Como esse pode ser aplicado nos assentamentos informais?
c. Diferencie os conselhos consultivos de bairro da orçamentação participativa.
4. Como a imprensa pode ser usado como instrumento de comunicação permanente
entre comunidade e instituições?

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Manual: Produzir a documentação técnica para
intervenções em assentamentos informais

ANEXO 9: Texto do tópico 4 da unidade 2: Salvaguardas


sociais e ambientais

Os assentamentos informais muitas vezes se desenvolvem em áreas ambientalmente


sensíveis, sem condições mínimas para o desenvolvimento das actividades humanas. Por
isso, todas intervenções dentro de assentamentos informais tem de levar em
considerações as salvaguardas sociais e ambientais, para garantir que o projecto de
intervenção crie condições para acautelar, transformar e minimizar os riscos identificados,
contribuindo para o desenvolvimento sustentável.

O tópico 4 irá tratar essas questões relativas a salvaguardas sociais e ambientais a ter em
conta nas intervenções em assentamentos informais, abordando o conceito/definição, os
objectivos, categorias e os principais instrumentos de salvaguardas sociais e ambientais.

1. Conceito e objectivos das salvaguardas sociais e ambientais

O sistema de salvaguardas sociais é uma ferramenta de desenho de projecto, com o intuito


de orientar o usuário na avaliação de alternativas técnicas, económicas e sociais potenciais,
descrevendo possíveis impactos ambientais e sociais bem antes do comprometimento de
fundos de investimento, bem como de guiar a eventual implementação do projecto para
minimizar, mitigar, compensar e monitorar possíveis impactos negativos, se não for
possível evitá-los. (Ferreira e Stoner, 2013)

O objectivo da utilização das normas e instrumentos de salvaguardas sociais e ambientais é


de:

 Promover o desenvolvimento de forma sustentável e eficaz, com base nos


princípios de respeito aos direitos humanos e ao meio ambiente.
 Identificar, avaliar e gerir os riscos e impactos sociais e ambientais do projecto de
uma maneira consistente com as Normas Ambientais e Sociais.
 Adoptar abordagem hierárquica de mitigação a fim de antecipar e evitar riscos e
impactos; caso não seja possível evitar, minimizar riscos e impactos; uma vez que os
riscos e impactos tenham sido minimizados, mitigá-los; e caso os impactos e riscos
residuais permaneçam, compensá-los.

2. Avaliação de projecto e categorias de salvaguardas sociais e ambientais

Em Moçambique, as leis e regulamentos (quadro legal) sobre ambiente está estabelecido e


devem todos eles serem cumpridos para efeitos de intervenção relativos as salvaguardas
sociais e ambientais, dentre eles destacam-se:

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 Lei do Ambiente – Lei no 20/97 de 1 de Outubro.


 Regulamento relativo ao processo de auditoria ambiental – Decreto no 32/2003 de
12 de Agosto.
 Regulamento sobre padrões de qualidade ambiental e de emissão de efluentes –
Decreto no 18/2004 de 2 de Junho.
 Regulamento sobre o processo de avaliação do impacto ambiental – Decreto no
45/2004 de 29 de Setembro.
 Regulamento sobre a inspecção ambiental – Decreto no 11/2006 de 15 de Junho.
A implementação de salvaguardas sociais e ambientais significa a avaliação de determinado
projecto por forma a chegar a conclusões sobre o impacto deste sobre as questões e
ambientais do local onde é implementado e arredores.

Assim, a implementação das ferramentas de salvaguardas deve iniciar com a avaliação do


projecto ou Exame Ambiental Inicial, como uma primeira revisão interna, para avaliar os
efeitos razoavelmente previsíveis das acções propostas para o meio ambiente e para as
populações locais. A avaliação do projecto dever levar em consideração todos requisitos
mínimos estabelecidos pela legislação ambiental, culminado com uma Decisão Limiar
escrita.

O Exame Ambiental Inicial deve fornecer um breve relato como base para a Decisão Limiar
recomendada, que é uma decisão formal, por parte da equipa das salvaguardas ambientais
e sociais, quanto à possibilidade de uma acção do projecto proposto poder afectar
significativamente o meio ambiente.

Uma Avaliação Ambiental é um estudo independente detalhado dos efeitos adversos


significativos, razoavelmente previsíveis, das acções propostas ao meio ambiente, usada
como base para a definição dos cursos de acção para minimizar, mitigar, compensar e
monitorar impactos.

Na Decisão Limiar, classificamos as acções propostas para o projecto de acordo quatro


categorias de salvaguarda:

 Exclusão Categórica: acções sem impactos no meio ambiente;


 Determinação Negativa: acções sem impactos significativos para o meio ambiente;
 Determinação Negativa com Condições: acções com menor impacto, com medidas
dirigidas para mitigação;
 Determinação Positiva: impacto ambiental significativo que requer Avaliação
Ambiental e redesenho do projecto.

3. Principais instrumentos de salvaguardas sociais e ambientais

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Os instrumentos constituem as diversas técnicas de avaliação das salvaguardas sociais e


ambientais para acautelar o cumprimento de padrões ambientais mínimos, onde
destacamos:

3.1 Avaliação de Impacto Social e Ambiental, que engloba os seguintes requisitos mínimos:

 Avaliar os potenciais impactos das acções do projecto proposto sobre os recursos


físicos, biológicos, socioeconómicos e culturais físicos; bem como sobre a saúde e a
segurança humanas.
 Todas as actividades potenciais do projecto devem respeitar plenamente as normas
existentes nas legislações ambiental, de saúde e de trabalhadores nacionais, e
devem também condizer com acordos internacionais aplicáveis sobre meio
ambiente e direitos humanos.
 Determinar a viabilidade do projecto e ponderar alternativas, indicando eventuais
custos para minimizar, mitigar, compensar e monitorar possíveis impactos,
incluindo aqueles associados a necessidades institucionais, de capacitações e de
monitoramento.
 As comunidades afectadas e organizações da sociedade civil devem ser envolvidos o
mais cedo possível na elaboração do projecto, para aconselhamento e
consentimento, e são incluídos, quando necessário, nos esforços de monitoramento
durante todo o ciclo de implementação.
 Havendo necessidade de Avaliações Ambientais, consultores independentes são
contratados. Painéis consultivos independentes são convocados durante a
preparação e implementação de projectos de alto risco.
3.2 Protecção de Habitats Naturais

O objectivo dessa acção é assegurar que o desenvolvimento ambientalmente sustentável


seja promovido através do apoio à gestão sustentável, protecção, conservação,
manutenção e reabilitação de habitats naturais, bem como à funções de ecossistemas e de
biodiversidade associadas.

Junto ao Exame Ambiental Inicial, a protecção do Habitat dever ter abordagem de


precaução e protecção do ecossistema para a conservação dos recursos naturais, bem
como para a gestão do desenho do projecto, ponderando os benefícios esperados do
projecto contra os potenciais custos ambientais.

3.3 Reassentamento Involuntário

O objectivo é sempre minimizar o reassentamento involuntário o máximo possível. Quando


não for viável, deve-se garantir que as pessoas deslocadas sejam assistidas para recuperar
e melhorar seus modos e padrão de vida, em termos reais, em relação aos níveis anteriores
ao deslocamento.

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 Todas as alternativas viáveis de desenho do projeto são consideradas para evitar ou


minimizar o reassentamento involuntário.
 Através de dados socioeconómicos e levantamentos feitos anteriormente, avalia-se
os impactos económicos e sociais potenciais, que podem ser causados pelos
reassentamentos involuntários.
 Nos casos em que o reassentamento é inevitável, trabalha-se para garantir que as
pessoas reassentadas tenham a oportunidade de participar do planeamento,
implementação e monitoramento do programa de assentamento, com atenção
especial a definição dos benefícios de compensação para grupos vulneráveis.
3.4 Recursos Culturais Físicos

As actividades dos projectos devem garantir a preservação de recursos culturais físicos,


evitando a sua destruição ou dano, incluindo sítios arqueológicos, paleontológicos,
históricos, arquitectónicos e sagrados, em plena conformidade com as leis nacionais e
acordos internacionais de preservação histórica.

 As intervenções ou acções de qualquer projecto devem consultar as populações


locais para documentar a presença e a importância de recursos culturais físicos.
 O projecto deve conter planos de gestão e conservação para lidar adequadamente
com ocasionais descobertas de recursos culturais físicos.
 O projecto deve conter e divulgar os planos de mitigação junto da comunidade
local.
3.5 Sistemas de Denúncias e Responsabilização

Para ajudar a garantir a monitoria e defesa dos direitos sociais e ambientais da comunidade
onde se implementa um determinado projecto, é necessário haver sempre um mecanismo
que funcione, no qual se possa reportar de forma ordeira as falhas no cumprimento dos
objectivos e acordos previstos no início do projecto, que tenha como consequência
impactos sociais e ambientais, de forma que se possa responsabilizar as entidades
envolvidas.

Exercícios de auto-avaliação
1. Explique o conceito das salvaguardas sociais e ambientais como um
instrumento de trabalho.
2. Das afirmações abaixo, indique as que não constitui objectivo do
estabelecimento de salvaguardas sociais e ambientais:

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a. Gerir risco de projectos de intervenção de uma maneira consistente com as


Normas Ambientais e Sociais.
b. Promover o desenvolvimento de forma sustentável e eficaz, sem se
preocupar com os princípios de respeito aos direitos humanos e o meio
ambiente.
c. Identificar, avaliar e gerir os riscos e impactos sociais e ambientais de
determinado projecto.
d. Adoptar abordagem hierárquica de mitigação a fim de antecipar e evitar
riscos e impactos.
3. Em Moçambique, as leis e regulamentos (quadro legal) sobre ambiente está
estabelecido e devem todos eles serem cumpridos para efeitos de intervenção
relativos as salvaguardas sociais e ambientais.
a. Argumente a afirmação, dando exemplos de alguns instrumentos legais
nacionais que podem ser usados na aplicação de quaisquer ferramenta
relativo as salvaguardas sociais e ambientais.
4. Sobre o primeiro passo no processo de implementação das salvaguardas sociais e
ambientais:
a. explique os conceitos de Avaliação ambiental inicial e Decisão limiar
recomendada.
b. Faça correspondência entre elementos da coluna A (categorias) e da coluna B
(acções):

A B
A1 - Exclusão Categórica B1 - Acções com menor impacto, com
medidas dirigidas para mitigação;
A2 - Determinação Negativa B2 - Acções sem impactos no meio ambiente;
A3 - Determinação Negativa com Condições B3 - Impacto ambiental significativo que
requer Avaliação Ambiental e redesenho do
projecto.
A4 - Determinação Positiva B4 - Acções sem impactos significativos para o
meio ambiente;
5. Identifique os principais instrumentos de salvaguardas sociais e ambientais.
6. Porque é importante estabelecer o sistema de denúncias e responsabilização como
uma ferramenta importante nas salvaguardas sociais e ambientais?
7. Enuncie os requisitos mínimos que englobam a avaliação de impacto social e
ambiental.

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intervenções em assentamentos informais

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