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Jseg CHomsd}¢ 4992 )14e6] 7G, Lingitistica Cartesiana Um capitulo da histéria do pensamento racionalista Noam Chomsky Professor de Lingiistica Massachusetts Institute of Technology Traiducdo de Francisco M. Guimaries Epirora Da_UNivER- Eprrora Vozes Liwrrapa j, SIDADE DE S. PAULO Petrépolis Sao Paulo 1972 1972, | { Introdugao A OBSERVAGAO de Whitehead, freatien- temente citada, e reproduzida na pégina anterior, oferecs um fundamento itil para discussio da histéria da Lingiifstica no periodo moderno, Aplicada a teoria da estrutura da lingua- gem, sua afirmagio 6 inteiramente correta no que se refere a0 século XVIII e a0 inicio do séeulo XIX. A Lingitistica mo- derma, porém, dissociou-se conseientemente da teoria lingiiis tica tradicional e tentou construir uma teoria da linguagem de modo inteiramente novo e independente. As contribuigées & teo- ia lingiifstica feitas pela tradigao européia anterior foram em geral de pequeno interesse para os lingtiistas profissionais, que se ocuparam com temas muito diferentes, num quadro intelec- tual que nao acolhe bem os problemas que deram origem a0 estudo lingiistico antigo ou a compreensio que realizon; e estas contribuigdes so atualmente em grande parte desconhecidas 00 consideradas com disfarcdvel desprezo. Os poucos estudos mo- dernos da histéria da Lingliistiea tomaram tipicamente a po- sigo de que «tout co qui est antérieur au XIX* sidcle, n’étant, pas encore de la linguistique, peut étre expédié en quelques Jignes»* [tudo quanto € anterior ao século XIX, no sendo ainda lingiifstica, pode ser despachado em algumas linhas]. Nos lltimos anos, houve um visivel despertar do interesse por ques- tées que na verdade eram estudadas de modo sério € fecundo durante os séeulos XVIT, XVIII e no comego do séeulo XIX, embora raramenle desde entio, Ainda mais, este retorno, a3 preocupagdes cléssicas levou & redescoberta dé muita coisa que era bem compreendida naquele periodo, que chamarei o pe- 9 viodo da «Lingiifstica cartesianas, por motivos que serio de- Jineados adiante. Um cuidadoso estudo dos paralelos entre a Lingiiistiea car- tesiana ¢ certas criagdes contemporineas pode mostrar-se re- compensador de muitas maneiras. Uma exposicéo completa iria muito além dos limites deste ensaio, e qualquer tentativa de fazer uma exposicio séria, além do mais, inteiramente pre- matura, em vista do triste estado do campo da historia da Lingiiistiea (0 que em parte € conseqiiéncia do desdém pelo ‘trabalho antigo, que mareou o perfodo moderno). Limitar-me-ci aqui a algo menos ambicioso, a saber, um esboco preliminar © fragmentério de algumas das idéias ‘diretrizes da Lingiistica eartesiana, sem fazer qualquer andlise explicita da relacio delas com o trabalho atual, que procura esclarecer e desenvolver es- tas idéias. O leitor, familiarizado com o trabalho atual na cha- mada

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