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Língua não indo-europeia I - Exercícios sobre Construção Serial (CS)

1- A partir dos exemplos de Lawal, como se pode caracterizar uma CS em


iorubá?

2- Como se apresenta a CS em baulê, de acordo com Creissels e Kouadio?

Ditransitive constructions in Baule

Denis CREISSELS Jérémie KOUADIO


Université Lumière (Lyon2) Université d’Abidjan-Cocody
denis.creissels@univ-lyon2.fr kouadinj@yahoo.fr

(6) a. Bè wànndì-lí bà-lí.


3PL run-PFV come-PFV
‘They arrived running.’

b. Bè à fìn lɔ́ à bá.


3PL PRF leave there PRF arrive
‘They have returned from there.’

c. Bé fá’à bé sá bɛ̂ bé dí’à lìkě.


3PL take-NEG 3PL hand left 3PL eat-NEG thing
‘One does not eat with the left hand.’

d. Ǹ kɔ̀ buàkê ǹ trà ábìjân.


1SG go Bouaké 1SG surpass Abidjan
‘I go to Bouaké more often than to Abidjan.’

But on the other hand, the SVCs of Baule are particularly problematic with respect to
the distinction between serialization proper and covert coordination. The only clear
things in the analysis of the SVCs of Baule are that: (a) the verbs involved in SVCs
show no evidence of undergoing decategorialization, and (b) the verb in V2 position
cannot be analyzed as subordinated to the verb in V1 position, since in the absence of an
NP between the two verbs, the verb in V1 position shows the demarcative high tone
(see section 2.1). By contrast, as discussed in detail in Marta Larson’s works, the
monoclausal nature of the SVCs of Baule is questionable, and the possibility of an
analysis in terms of covert coordination must be considered.

3- Em que aspectos a análise da CS de Pal para o baulê difere da apresentada


por Creissels e Kouadio?

Descrição e análise de construções seriais em baulê- Tese de doutorado, Dayane


Cristina Pal, 2010, USP.

(13)
Be sin-ni l be wo-li.
3pl passar-PERF ali 3pl ir-PERF

‘Eles passaram ali e foram embora’

Temos nesse exemplo duas construções coordenadas sem conectivos que representam,
portanto, dois eventos diferentes. As marcas gramaticais aparecem pospostas ao
primeiro e ao segundo verbo, e o pronome sujeito também vem repetido junto aos
verbos. Apesar de não haver conectivos entre eles, não é possível classificar essa
construção como serial, uma vez que há dois eventos consecutivos coordenados. No
nível sintático, a repetição das marcas gramaticais e do pronome sujeito junto aos
verbos parece ser um indicativo de que a construção é formada por orações
coordenadas. Um de nossos colaboradores, no momento da tradução, não hesitou em
elaborar duas orações e afirmar que se tratava de uma sequência de ações. Entendemos
que a escolha por uma ou outra estrutura sintática resultou, então, da elaboração do
falante sobre a cena. A diferença entre elas está na escolha por construir sintaticamente
a cena como eventos sequenciais, tal qual nas orações coordenadas, ou um único evento,
como em construções seriais.

2.4.5 Composição dos argumentos

Prototipicamente, os verbos em CS compartilham ao menos um argumento. Aikhenvald


& Dixon (op.cit.) distinguem argumentos principais (core arguments) de argumentos
periféricos (peripheral arguments) e definem os primeiros como ‘ básicos’, argumentos
do verbo conceitualmente necessários, como especificado no item lexical, e os
segundos, ‘oblíquos ou adjuntos’, os quais são menos dependentes da natureza do verbo
e podem ser opcionalmente incluídos (AIKHENVALD, 2006: 12). Ambos podem pertencer à
CS como um todo.
Essa propriedade, porém, não se restringe às CS e, portanto, não é a característica que as
distingue de outras construções. Estruturas coordenadas ou subordinadas também têm
argumentos compartilhados pelos verbos, o que não as caracteriza, contudo, de imediato,
como construções seriais. Os argumentos requeridos por um verbo em uma CS podem
diferir daqueles requeridos pelo mesmo verbo em outro tipo de construção. “Os argumentos
de uma CSC não são um simples somatório de argumentos de seus componentes; além
disso, um verbo que é transitivo quando usado sozinho pode tornar-se menos transitivo
numa SVC” (AIKHENVALD, 2006: 13). Essa mudança na valência de um dos verbos na CS
pode existir por influência da valência do verbo ao qual ele está combinado, o que indica
que o número de argumentos requeridos na construção serial não é o mesmo dos verbos em
construções simples; pois resulta da combinação e adequação de ambos à construção. A
autora nos apresenta o seguinte exemplo do ibo (LORD, 1975: 28, 33-4 apud AIKHENVALD,
2006: 13).

(14)
o ti-ri nwoké ahu okpo
Ele bater-TEMPO homem REL soco
‘Ele bate naquele homem’(lit. Ele bate um soco naquele homem)

(15)
o ti-gbu-ru nwoké ahu
Ele bater-matar-TEMPO homem REL
‘Ele bate naquele homem até a morte’ (lit. bater-matar)

Em ibo, o verbo ti ‘bater’ requer dois argumentos internos: nwoké ‘homem’, e okpo
‘soco‘. No exemplo (15), por sua vez, que representa uma estrutura serial, o mesmo verbo
requer apenas um argumento interno nwoké ‘homem’, indicando, então, a mudança de
valência. Nesse caso, por se tratar de uma construção serial, o verbo gbu ‘matar’, que
também compõe a série, compartilha os argumentos externo e interno com o verbo ti
‘bater’, bem como a marca temporal. Os verbos comportam-se sintaticamente como se
fossem um único verbo que significasse ‘bater até a morte’. A estrutura argumental da CS
resulta, então, de uma reestruturação dos valores de transitividade dos verbos que a
compõem, o que implica a quantidade de argumentos que irão compartilhar. Contudo, o fato
de esses verbos compartilharem ao menos um argumento – o sujeito, por exemplo – não
caracteriza por si só a construção como uma serialização. A mudança de valência de um
verbo e o fato de esses verbos compartilharem não apenas o argumento externo, mas
também o interno são características que, analisadas em conjunto, podem delinear uma
construção como a apresentada acima como uma CS.
O exemplo a seguir, de nosso corpus do baulê, também ilustra esse caso:

(16) kle mon wla i ti kle n  a tu a tɔ


i
3Osg chapé REL coloc 3Osg cabeç chapé DET 3Ssg RES arran RES. cair
u ar a u car

‘O chapéu que estava na sua cabeça caiu’

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