Ex.mos Srs. Foi com desagrado e pesar que recebi este email. Infelizmente, confesso que não me surpreende e traduz, de um modo requintado, alguns aspetos que reiteradamente fui reportando e em relação aos quais fui demonstrando preocupação. Ao longo dos mais de 8 anos em que relaciono com o Instituto, sistematicamente os pais foram mantidos alheios aos assuntos importantes da vida da escola, tratados como estranhos ao Instituto e estou certa que várias vezes teriam podido ajudar. Tenho dificuldade em entender as razões para tal e por vezes, no caso dos alunos que apenas frequentam a escola ao sábado (como tem sido o caso dos meus filhos, na maioria dos anos), tive mesmo que fazer um esforço para não pensar a atitude da direção da escola como um ato de desinteresse ou abandono, dado que não me lembro de ver os responsáveis pelo Instituto a circularem por lá. Esta ausência foi igualmente notada, várias vezes, por vários pais inclusive nas audições dos alunos. Mas este desinteresse não se traduzirá apenas nos alunos do sábado e pode ser notado em pequenas coisas, desde o tratamento dos vários assuntos até mesmo no nível de degradação (e arrisco-me mesmo a chegar à limpeza) das próprias instalações. Foi seguramente notado por vários pais na desorganização com que aconteceram alguns eventos da escola, na escolha dos espaços (que várias vezes pareceram soluções de última hora) e mesmo no modo menos elogioso como, nos eventos, faltaram referências aos alunos que foram ganhando prémios, sempre em nome do Instituto. Igualmente devem ser referidos os casos do acesso ao ensino articulado, como o caso do meu filho que acabou por ter sido resolvido, apesar de ter ficado em primeiro lugar no ano em que concorreu (com 19.08 valores). O Instituto não o conseguiu defender, apesar de existir uma portaria clara sobre o assunto, permitindo à Escola Filipa de Lencastre tomar as decisões que entende sobre a admissão de alunos. Não consta que exista qualquer denúncia na DGEstE, para além da minha. Mais absurdo ainda, é o caso de alunos de outros anos que têm prémios internacionais e que alguns demoraram a ser subsidiados e outros que assim estão até hoje! Voltando ao tema do vosso email, custa-me a acreditar que o nível de gravidade deste impasse que agora é comunicado, por inevitabilidade de o esconder mais, seja assim tão recente. Parece-me até um gesto egoísta, devo confessar, porque nesta altura de férias, os pais ficam impedidos de perseguir outras alternativas, em vésperas do país parar para férias. Tal como indicado na carta anexa ao email, a suspensão do Alvará aconteceu em janeiro. Existiram certamente várias oportunidades para o assunto ser transmitido, para reportar as dificuldades, para ter a humildade de pedir ajuda. Imagino que esta seja a última mensagem que precisam de ouvir mas não posso deixar de a enviar. Não deixa de ser semelhante, apesar de noutra escala, a outras preocupações que já senti com o Instituto e não creio ter sido a única a fazê-las chegar ao longo dos anos (ou pelo menos parte delas). Não foi isso que fui ouvindo nos corredores, o interesse dos outros pais é semelhante ao meu e a preocupação naturalmente comparável, ou mesmo maior dado o caso particular de alguns pequenos génios com que a escola foi presenteada e não soube valorizar ou capitalizar, cujos pais estarão certamente em choque com o email que receberam. Considero-me uma pessoa interessada, culta, preocupada com os meus educandos mas também sempre disponível para contribuir para uma educação e uma sociedade mais responsável, muito para além dos limites do universo dos meus filhos. Talvez por isso não consigo deixar de exprimir tristeza, por todos os professores que contribuíram sistematicamente, por vezes com sacrifício pessoal, mas que foram os grandes responsáveis por conduzir todos os alunos aos pequenos sucessos que foram conseguindo. Como vos disse, no passado, senti mesmo revolta quando utilizaram as minhas palavras contra eles. Quando o que sempre quis dizer, tal como escrevi, foi que as suas responsabilidades se deviam concentrar nas atividades de transmissão de conhecimento e não ser sobrecarregados com assuntos administrativos, procura de espaços, de marcação de exames, de informar os pais, entre outros, que competiriam certamente à direção. Estranho também que até anteontem não houve lugar a qualquer comunicação, nem no momento em que foi solicitada a renovação das matrículas e consequente pagamento de donativos? Custa-me aceitar que este pagamento tenha sido solicitado indevidamente por uma escola que não tinha alvará desde janeiro? Que matrículas foram estas afinal? Acima de tudo, considero que este momento representa a maior falta de respeito que já vi o Instituto protagonizar: com os excelsos professores que, como referido, mantiveram todas as suas atividades com a mesma energia, apesar de não terem sido recompensados por esse esforço; com os alunos, maiores prejudicados e interessados em prosseguir e, por último, com os pais, que depositaram em vós um voto de confiança, perdoando devaneio atrás de devaneio. Não obstante este meu desabafo, farei chegar o texto, tal como me pedem, ao Sr. Secretário de Estado. Não o conseguirei fazer, perdoem a franqueza, com a mesma veemência e convicção com que o faria se as circunstâncias fossem outras. Lamento que um assunto desta importância e gravidade tenha sido transmitido por email não havendo, uma vez mais, a capacidade de dar a cara e assumir o problema, correndo o risco da situação se tornar efetivamente irremediável. Exijo desde já uma reunião com a direção do Instituto, com a máxima urgência, se possível ainda esta semana, sendo que passarei o assunto a terceiros para tentar avaliar o real ponto de situação e tentar perceber se ainda se poderá vislumbrar alguma solução, dado que me parece necessária uma ação imediata.
Com os meus cumprimentos,
Madalena Fernandes (encarregada de educação do Tomás e Mariana Santos)