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Para se pensar numa

geografia do comércio no
espaço metropolitano da
Grande Vitória (ES) . Uma
análise do subcentro
comercial de Laranjeiras
Geografia
Universidade Federal do Espírito Santo (UFES)
14 pag.

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Para se pensar numa geografia do comércio no espaço metropolitano da Grande Vitória
(ES). Uma análise do subcentro comercial de Laranjeiras¹.

Pedro Ivo Guedes Barbosa (Geógrafo)²


Universidade Federal do Espírito Santo
pedroivoguedes@click21.com.br

Resumo:
O presente trabalho propõe, no âmbito de um estudo de caso, prestar uma contribuição
à temática da descentralização das atividades varejistas. Para tanto, sugere-se a análise
da estrutura varejista do bairro Laranjeiras situada no Município de Serra – integrante
da Região Metropolitana da Grande Vitória (RMGV), cuja rede urbana é comandada
pela capital Vitória (ES). Mais especificamente, procura-se prestar uma contribuição ao
entendimento da estrutura comercial do referido bairro, analisando a área na qual a
descentralização se materializou de maneira mais representativa no Município de Serra.
A identificação das áreas de maior intensidade do uso do solo por atividades centrais, e
a relação que possuem com a gênese e o desenvolvimento das atividades comerciais,
serão consideradas a partir do zoneamento do uso do solo que se propõe para a área de
estudo. O zoneamento do uso do solo foi também utilizado como referência para se
analisar os padrões de localização das atividades no subcentro comercial de Laranjeiras.
A partir da correspondência entre os padrões observados com quadro teórico
considerado a respeito, procurou-se explorar a complexidade e o significado que o
processo de descentralização assume na reestruturação da cidade de Vitória e da sua
rede urbana que compreende os Municípios de Vitória, Cariacica, Viana, Vila Velha,
Fundão, Guarapari e Serra. Este último está contido o bairro Laranjeiras, objeto de
análise desta pesquisa.

Palavras-chave: descentralização espacial/ estrutura varejista/ subcentro comercial.

Introdução

A temática da descentralização varejista da Área Central enseja discussões de cunho


social, econômico, político e, em última análise, cultural. Contudo, em sua expressão
maior, o processo de descentralização varejista possibilita referendar o espaço urbano
em um quadro sintético analítico no que tange sua organização interna.

Pensar as formas de comércio na cidade ilumina os debates atuais sobre a organização


e gestão das cidades e regiões metropolitanas, uma vez que o alargamento do tecido
urbano embota novas possibilidades de atuação dos agentes modeladores do espaço
urbano.

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Segundo Correa, tais agentes seriam o Estado, os proprietários dos meios de produção
(os industriais), os proprietários fundiários, os promotores imobiliários e os grupos
sociais excluídos (CORREA, 2005). As relações entre estes agentes enumerados pelo
autor citado atuam em conjunto na cidade, combinando variadas estratégias que
convergem no objetivo da maximização dos lucros provenientes das vantagens
competitivas que a produção do espaço urbano para novos territórios possibilita, em
termos econômicos.

Pensar a cidade abre pressupostos para um debate extremamente frutífero, porém,


dotado de uma responsabilidade teórico-metodológica colocada no seio da dinâmica do
espaço urbano e da (re) produção. Lefebvre alerta para a impossibilidade da existência
de uma única ciência capaz de abstrair em totalidade o fenômeno urbano. Em suas
palavras:

Cada ciência especializada selecciona em el fénomeno global um cierto


“campo” o “ámbito”, su propio campo. Ambito que enfoca a sua manera. Lo
que no tenemos por qué hacer es elegir entre la tesis que preconiza la
fragmentación y aquella que preconiza la visión global. Además, cada
ciencia se fragmenta en disciplinas especializadas em segundo grado
(LEFEBVRE, 1985. P.56).

O autor citado em seu livro-texto indica o caminho da especialização dos saberes das
ciências que se dedicam à compreensão do urbano, como a historia, a antropologia, a
sociologia, a geografia e a economia, por exemplo. Todavia, é notória a crítica da
especialização, embora necessária. Como denuncia Nietchzie, somos apenas homens;
isto é, a totalidade é fugidia à experiência da compreensão da dimensão que o urbano
assume atualmente, em última análise pela capacidade fragmentada de abstração da
realidade por parte do Homem atual. Descartes ainda se faz presente.

De imediato, Roncayolo clarifica o dialogo com Lefebvre ao afirmar que “[...] o tema é
em si parcial, mas pode, pelas relações supostas ou descobertas, revelar bem mais que
ele mesmo e ordenar uma reflexão mais geral” (RONCAYOLO, 1996. p. 31).

Voltando a análise proposta no presente artigo, pensando o urbano pelo viés do


comércio, Silvana Pintaudi colabora ao debate em tela quando afirma, a respeito do
aparelho comercial urbano, que “[...] a análise das formas comerciais, cuja natureza é

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social, bem como a de suas transformações, que tem durações desiguais, revelam-nos
contradições internas das categorias espaço e tempo materializados em objetos
sociais” (PINTAUDI, 2001.p.143).
Ainda segundo a autora supracitada:

[...] as formas comerciais são, antes de mais nada, formas sociais; são as
relações sociais que produzem as formas que, ao mesmo tempo, ensejam
relações sociais. Analisar as formas comerciais, que são formas espaciais
históricas, permite-nos a verificação das diferenças presentes no conjunto
urbano, o entendimento das distinções que se delineiam entre espaços
sociais. Em suma, coletivamente, as formas comerciais dão ensejo à análise
das diferenças (PINTAUDI, 2001. P.145).

Compreender um subcentro comercial remete à compreensão das contradições do centro


urbano tradicional de uma cidade. Contradições estas que, num determinado momento,
suscitaram a saída do aparelho comercial e da prestação de serviços deste centro
tradicional para outras áreas da cidade e/ ou de sua hinterlândia, cujo espaço oferecia
possibilidades de lucratividade que o citado centro já não mais ofertava. Portanto, a
análise dos objetos sociais denuncia um universo amplo de pesquisas e reflexões sobre
a crise dos centros urbanos tradicionais ou CBD.

A necessidade do estudo das formas comerciais pelo viés da descentralização intra-


urbana se mostra mediante dois pólos complementares de compreensão. No plano
epistemológico, a descentralização promove ruptura epistemológica do paradigma
clássico sobre a compreensão de centro, periferia e a relação centro-periferia. No plano
ontológico, a descentralização produz novos entendimentos da estrutura urbana com
mudanças no espaço intra-urbano, segundo proposição de Villaça (1998), ou apenas
espaço urbano; uma vez que sua compreensão remete à análise interna da cidade, numa
escala conceitual delineada por Correa (2005).

Neste artigo objetiva-se discorrer sobre a organização do espaço comercial da Região


Metropolitana da Grande Vitória (RMGV), apreendendo como objeto de análise o
bairro Laranjeiras, situado no Município de Serra – integrante da rede urbana
comandada pela capital Vitória. Suas especificidades locais e relações com o processo
geral de reestruturação urbana pela qual Vitória vivencia atualmente. O apelo à teoria da
descentralização se justifica em razão do estágio atual de desenvolvimento deste
processo de reestruturação espacial, cujas bases não são explicadas por teorias
importadas que não se adéquam à realidade capíxaba.

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O espaço fragmentado pela continuidade: As novas centralidades intra-urbanas

As transformações que as cidades, principalmente européias, conheceram no Pós-


Segunda Guerra Mundial, em virtude das reconstruções de centros urbanos totalmente
arrasados pelos conflitos, institucionalizando novas formas de planejamento e
concepção destes centros, levaram Jean Labasse a questionar que “[...] na cidade
clássica antes da Revolução Industrial a centralidade se exercia pelo centro. Mas o que
ocorre hoje em dia?” (LABASSE, 1970. p.10). O equacionamento desta questão pode
começar a ser apreendido pelas categorias processos e formas espaciais.

A maioria dos autores convergem para um entendimento único acerca do processo de


descentralização das atividades de comércio e serviços localizados na Área Central.
Num dado momento, a Área Central perdeu seu poder atrativo às atividades comerciais
(varejistas), passando a ser considerada como um entrave à lucratividade das empresas,
lojas e escritórios ali situados. Problemas como insegurança, assaltos, violência, falta de
espaços para estacionamento, poluição atmosférica e sonora e distância
demasiadamente grande do centro em relação à maioria dos bairros da cidade, fato este
que se reflete no tempo gasto pelo consumidor e dinheiro para o custeio do transporte
público. Conseqüentemente, áreas não-centrais passaram a concentrar sedes e filiais de
muitas empresas, lojas e escritórios que antes se situavam apenas na Área Central.

Villaça indica que os centros metropolitanos atingiram seu alcance territorial,


econômico e social máximo na década de 1950. Doravante, os centros começaram a
sofrer mudanças estruturais em suas funções urbanas, principalmente no que tange ao
comércio varejista e à prestação de serviços. Tal fato levou Andréia de Oliveira
Tourinho a afirmar que “[...] o centro e a centralidade intra-urbanos constituem tema
recente, que passa a ser questionado em sua própria concentração apenas a partir da
década de 1950; e, sobretudo na década de 1970”. (TOURINHO, 2006, p.277).

Santos assinala, em relação às modificações observadas no centro, que o fenômeno da


dispersão pode ocorrer, se uma cidade atinge, em alguns bairros centrais, uma densidade
demográfica e econômica importante, criando-se centros secundários para a distribuição
de mercadorias e serviços. (SANTOS, 1989).

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O processo de Descentralização veio a equacionar os problemas que as instituições
instaladas na Área Central começavam a perceber. Segundo Filho, a descentralização do
comércio varejista iniciou-se na década de 1920, em várias cidades norte-americanas.
(FILHO, 2004).

Na década de 1930, objetivando um entendimento deste fenômeno, Charles Colby


identificou dois conjuntos de forças, centrífugas e centrípetas que modelam o espaço
urbano. As forças centrífugas explicam os fatores de repulsão da atividade comercial
para fora da Área Central. Já as forças centrípetas atuam num sentido inverso, ou seja,
num sentido de permanência ou atração das atividades comerciais para a Área Central
ou uma outra localidade que se tornará central.

Para Colby, as forças centrífugas, que respondem aos fatores de repulsão, seriam:
constante valorização do solo e os aumentos de impostos e alugueis; congestionamento
do trafego e o alto custo do sistema de transporte; dificuldade de obtenção de espaço
para a expansão das atividades; restrições legais implicando a ausência de espaço e
ausência ou perda de amenidades.

Já os fatores de atração para áreas não-centrais, que correspondem às forças centrípetas,


seriam: grandes parcelas de terras desocupadas, a baixo custo e impostos; infra-estrutura
implantada; facilidades de transportes; qualidades atrativas do sítio, como topografia,
drenagem e arborização, por exemplo; ausência de restrições legais para edificação e
funcionamento das atividades a serem implantadas e presença de amenidades físicas e/
ou sociais. (COLBY, 1958. Apud FILHO, 2004).

Mello destaca que os fatores que respondem pela presença do processo de


descentralização das atividades do setor terciário tradicional nos espaços urbanos das
cidades são: o crescimento espacial e demográfico da cidade aliado às facilidades de
transporte, infra-estrutura implantada, qualidades atrativas do sítio e amenidades.
(MELLO, 1997).

Friederichs e Goodman salientam que a acessibilidade do centro é um fator


fundamental, levado em consideração pelos residentes da cidade, quando estes fazem
suas decisões de compra. Neste sentido, a expansão da atividade comercial buscará
áreas onde a acessibilidade se refletirá em uma maior lucratividade. Segundo estes

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autores, a acessibilidade de um centro depende de sua posição geográfica dentro da
cidade; sua integração com o transporte público; freqüência deste transporte;
localização dos pontos de ônibus e acesso para estacionamento de carros particulares.
(Friederichs e Goodman, 1987).

Castells afirma em seu livro – A Questão Urbana – que a desconcentração da função


comercial conduz à criação de centros-de-troca periféricos, servindo às áreas urbanas
determinadas, ou aproveitando-se de uma situação na rede dos fluxos cotidianos da
metrópole. (Castells, 1983).

Clarificando, tal fenômeno promoveu mudanças na concepção de espaço urbano,


que antes era considerado como monofuncional. As mudanças no padrão de
localização do comércio varejista fornecem uma característica nova ao espaço
urbano. A policentralidade passa a ser uma característica explicativa das
mudanças ocorridas na organização interna das grandes cidades capitalistas.
Ocorre uma mudança no espaço intra-urbano das cidades.

O processo de descentralização, como já fora indicado acima, teve inicio, pelo menos
em relação a estudos de casos realizados, na década de 1920, em várias cidades norte-
americanas. Foi neste país, também, que a maioria das contribuições teóricas sobre esta
problemática nasceram. Com a Escola de Chicago a Geografia Urbana teve notável
impulso nos estudos acerca da estrutura varejista dos centros das cidades, além de
estudos sobre o processo de descentralização e a formação de Subcentros comerciais.

Um dos primeiros estudos que objetivavam fornecer uma base conceitual a localização
dos bens e serviços de uma cidade, foi realizado por Walter Christaller, na década de
1930. Christaller tentou encontrar as leis que determinariam o número, o tamanho e a
distribuição das cidades. Para Christaller, a principal função de uma cidade é a de ser o
centro de uma região. Conseqüentemente, os lugares que são centros de regiões ele
denomina de lugares centrais. Os bens e serviços ofertados num lugar central são
denominados bens e serviços centrais. O alcance de um bem é a distância que a
população dispersa dispõe-se a percorrer para comprar um bem oferecido em um lugar
central. (Getis e Getis, 1984).

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A teoria em tela, contudo, não fornece bases explicativas quando inserimos a
problemática do crescimento demográfico e da desigual distribuição de renda dentro do
espaço urbano. A este respeito, Milton Santos elaborou uma teoria urbana sobre os
paises subdesenvolvidos, a qual fornece explicações sobre os parâmetros acima
levantados.

A teoria dos dois circuitos da economia urbana é uma adaptação da teoria dos Lugares
Centrais de Christaller. No entanto, a desigual distribuição de renda é levada em
consideração, conformando dois circuitos econômicos. Um Superior composto por
atividades legais; e outro Inferior, composto por atividades não-legais. (SANTOS,
2004). A localização da atividade comercial na cidade sofre modificações conceituais
quando analisamos pelo viés da distribuição de renda e acessibilidade.

Outros estudos sobre o padrão de localização da atividade comercial foram realizados,


tendo como objeto as grandes cidades norte-americanas. Dentre os vários estudos
destaca-se o trabalho de Malcolm J. Proudfoot, na década de 1930. O estudo de
Proudfoot baseou-se na análise de nove cidades norte-americanas, nas quais o autor
elaborou uma classificação da estrutura varejista em cinco tipos: distrito central de
negócios, centro periférico de negócios, eixos principais de negócios, rua de comércio
de bairro e grupo de lojas isoladas. (Proudfoot, 1958. Apud Filho, 2004).

Este estudo serviu de referência para vários outros estudos, como os de Vance (1970) e
Berry (1968), por exemplo. Este último propôs uma classificação do padrão de
localização das atividades varejistas baseada na evolução da estrutura varejista num
determinado local.

O espaço comercial da Região Metropolitana da Grande Vitória: O subcentro comercial


de Laranjeiras.

No Brasil, a ampliação de formas capitalistas de produção e consumo tem provocado


mudanças significativas nos processos de produção da cidade, sobretudo a partir dos
anos 70. Esta dinâmica propiciou o aumento do número de grandes equipamentos
comerciais e de serviços com destaque para os shoppings centers e hipermercados, até
mesmo em cidades médias, visto que nas grandes cidades estes empreendimentos são de

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magnitude expressiva. Nesta perspectiva, há necessidade de se destacar que essas novas
formas de comercialização não significam apenas novas opções para o consumo, mas
provocam mudanças nas formas tradicionais de comércio; pois, como destaca Lefèbvre,
vivemos numa “sociedade de consumo dirigido” (LEFEBVRE, 1991. p.56).

O subcentro comercial de Laranjeiras, originalmente, foi concebido há vinte e sete (27)


anos pelo decreto nº 583 de 1975, como um conjunto residencial. O Parque Residencial
Laranjeiras tinha 1855 casas na sua inauguração. Atualmente, são mais de duas mil
unidades, considerando as residências construídas no entorno do bairro.

O Parque Residencial Laranjeiras pode ser concebido como resultado, dentre outros
empreendimentos, da política capixaba de habitação que se configurou enquanto
possibilidade de obtenção de moradia mediante crédito expansível para vários e vários
anos. A atuação das COHABs estava direcionada no sentido de construção de moradias
de baixo custo.

O bairro Laranjeiras, como já descrito acima, não ofertava qualidades em potencial para
qualquer empresa do ramo varejista. Neste estudo será adotada a concepção de que os
grandes projetos industriais do Espírito Santo, a partir da década de 1960, como a Vale do
Rio Doce (atual Vale) e a Companhia Siderúrgica de Tubarão (atual Arcelor Mittal
Tubarão), por exemplo, foram os responsáveis diretos pela construção do bairro e pelo
seu crescimento, tanto em termos comerciais quanto em termos de atração populacional.
Mais recentemente, na década de 1990, os promotores imobiliários e o marketing espacial
que valoriza e especula todo o bairro Laranjeiras e o seu entorno, corroboram com a
dinâmica espacial deste bairro.
Atualmente, O bairro Laranjeiras possui uma área de coesão espacial de comércio e
serviços concentrados na Avenida Central que corta o bairro em forma de arco,
interligando a Avenida Civit nas duas extremidades. A Avenida central possui,
aproximadamente, hum (01) quilometro de extensão, na qual está disposto quase
exclusivamente todo o aparelho comercial do bairro.

O arruamento paralelo e transversal à Avenida central também possui pontuações de


comércio e serviços, contudo, de maneira dispersa, fato que não caracteriza uma
estrutura comercial definida. O aparelho comercial se torna rarefeito à medida que se

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distancia da Avenida central. Doravante, as residências predominam, remetendo à antiga
“função” predominante do bairro, isto é, moradia.

Em Laranjeiras, a evolução progressiva da concentração de estabelecimentos


comerciais na mesma área em que se deu a gênese da função residencial do bairro
denuncia que o surgimento do subcentro comercial não está associado à instalação de
empreendimentos imobiliários voltados para atividade comercial.

Tal característica permite pensar numa organização em que a estrutura comercial está
assentada sobre um processo espontâneo, no que tange a gênese do subcentro comercial.
As variadas lojas ocupam, atualmente, o que foi outrora residências. Muitas destas
residências foram demolidas para o aproveitamento apenas do terreno. Em muitos
exemplos, houve a junção de vários lotes para abrigar lojas comerciais que exigem
terrenos maiores em virtude da necessidade de espaço para o estoque das mercadorias.

A materialização do aparelho comercial numa única área de coesão coaduna, portanto,


à forma clássica de estrutura comercial que o subcentro de Laranjeiras se manifesta na
organização interna do Município de Serra e seu rebatimento na rede urbana da RMGV.
O que se abstrai de concreto é que a estrutura comercial em Laranjeiras ocorreu (e ainda
ocorre) pelo incremento no número de atividades funcionais centrais na Avenida
central; e não no alargamento dessas atividades para outras áreas do bairro.
O entendimento da configuração espacial permite inferir reflexões no âmbito da
percepção do arranjo comercial em Laranjeiras, compreendendo seus processos atuais
que moldam o espaço visando sempre à lucratividade do capital ampliado e imobilizado
nas lojas varejistas e salas comerciais e consultórios de serviços diversos. Para este
entendimento foi necessário mapear a intensidade do uso do solo, que possibilitou
realizar um zoneamento das atividades centrais por quarteirão.

Fonte: Barbosa, 2008

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A centralidade em Laranjeiras, basicamente, está expressa numa única via de
circulação, conformando uma coesão interna de comércio varejista e prestação de
serviços mais tradicionais, como consultórios odontológicos, por exemplo.
Conformando uma estrutura que se assemelha numa configuração em “espinha de
peixe”.

Uma área de coesão indica uma expressão espacial de alcance horizontal limitada, em
termos de contigüidade. Neste sentido, afirma-se que no subcentro de Laranjeiras, à
exemplo de outros modelos de núcleos secundários estudados, à medida que se afasta
do núcleo o comércio e serviços afrouxam-se. Acordou-se prudente afirmar que, assim,
inicia-se uma área de rarefação comercial, onde o comércio torna-se constelar. Isto é,
pontuações de lojas que não se configuram enquanto uma estrutura coesa. Assim,
identificou-se essas características no subcentro comercial. É uma lacuna ainda não
preenchida na literatura clássica sobre centralidades intra-urbanas a maneira como se
estrutura as áreas que se afastam do núcleo dos subcentros comerciais.

Desta forma, o presente estudo adotou estes termos como explicativos das
características descritas acima. Áreas de rarefação e comércio constelar.

Outra característica essencial sobre sua configuração espacial é o processo horizontal de


polarização. Sendo assim, a verticalização perfaz números desconsideráveis na
paisagem de Laranjeiras pelo fato desta polarização ocorrer horizontalmente e não
verticalmente. Não que a verticalização não esteja presente, mas não exerce função
central em termos de atração comercial.

Formato em espinha de peixe, onde as ruas paralelas e transversais que tangenciam a


Avenida central e sua reprodução tanto arquitetural quanto nas formas de vendas; e a
polarização horizontal da atividade varejista parecem ser termos complementares e
elucidativos da organização espacial do subcentro comercial de Laranjeiras.

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Considerações finais

Acordou-se por encerrar este artigo justificando-o enquanto uma contribuição teórico-
metodológica à Geografia urbana capixaba e aos estudos sobre as centralidades intra-
urbanas de cidades médias.

Os resultados obtidos pela pesquisa devem ser apreendidos pela especificidade do


fenômeno urbano que assume variadas formas e processos, em razão de sua própria
característica mutável e dinâmica.

O estudo da centralidade intra-urbana de Vitória, mediante um estudo de caso na sua


região metropolitana enseja discussões ainda carentes no Espírito Santo sobre a própria
rede urbana de Vitória, além de estudos mais específicos sobre cidades médias no
referido Estado.

Assim, crê-se que o presente artigo, resultado de pesquisa acadêmica, contribuiu,


parcialmente, ao entendimento das relações entre centro e periferia na atualidade no
espaço urbano metropolitano fragmentado pelo discurso da unicidade. Conquanto, a
unicidade das novas tecnologias, no bojo do processo técnico atual informacional,
produz espaços fragmentados e funcionais específicos.

A apreensão do espaço urbano por parte dos civitas não se faz mais pelo centro em
direção aos arrabaldes das cidades; mas, a organização espacial atual fomenta um
entendimento compartimentado da cidade, em setores de produção. Sejam eles,
econômicos, sociais ou culturais. O surgimento e consolidação dos subcentros
comerciais corroboram com essas assertivas à medida que valorizam certos “pedaços”
do espaço da cidade e da rede urbana, justificando a falta de apreensão da população em
relação à cidade como um todo.

Referências

Castells, Manuel. A Questão Urbana. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983.

Correa, Roberto Lobato. O Espaço Urbano. 4ºed. São Paulo: Ática, 2005.
___________________. A Rede Urbana. Rio de Janeiro: Ática, 1993.

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Filho, Vitor Ribeiro. A Área Central e sua dinâmica: uma discussão. Sociedade e
Natureza. Uberlândia. vol 16. nº 31. p.155-167. dezembro, 2004.

Friedrichs; Goodman et al. The changing Downtown. A comparative study of


Baltimore and Hamburg. Walter the Gruyter. Berlin. New York, 1987.

Getis, Arthur e Getis, Judith. A teoria dos lugares centrais de Christaller. Orientação/
USP. São Paulo. nº 05. p.87-90. outubro de 1984.

Lefebvre, Henri. La Revolucion Urbana. São Paulo: Ática, 1985.


_______________. A vida cotidiana no mundo moderno. São Paulo: Ática, 1991.

Mello, J. B. F de. 1997. Explosões e Estilhaços de Centralidades no Rio de Janeiro.


GEO UERJ. Rio de Janeiro. ano I. p.51-64 janeiro, 1997.

Pintaudi, S. M. A Cidade e as Formas do Comércio. In: Carlos, A . F. Alessandri


( org ). Novos Caminhos da Geografia. São Paulo: Contexto, 2001. p.143-159.

Reis, Luiz Carlos Tosta dos. O processo de descentralização das atividades varejistas
de Vitória: Um estudo de caso. 2001. p.192. Dissertação (Mestrado em Geografia).
Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro.

_________________________. Descentralização e desdobramento do Núcleo


Central de Negócios na cidade capitalista: Estudo comparativo entre Campo
Grande e Praia do Canto, na Grande Vitória-ES. 2007. p. Tese (Doutorado em
Geografia). Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro.

Santos, Milton. O Espaço Dividido: os dois circuitos da economia urbana nos países
subdesenvolvidos. São Paulo: EDUSP, 2004.

_______________. Manual de geografia urbana. 2ºed. São Paulo: Hucitec, 1989.

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Tourinho, Andréa de Oliveira. Centro e centralidade: uma questão recente. In:
Carlos, A. F. A e Oliveira, A. U de. (orgs). Geografias das Metrópoles. São Paulo:
Contexto, 2006. p.277-299.

Villaça, Flávio. Espaço Intra-urbana no Brasil. São Paulo. Studio Nobel. FAPESP:
Lincoln Institute, 1998.

Abstract:

This paper proposes, in a case study, make a contribution to the issue of decentralization
of retail activities. To that end, it is suggested the analysis of the structure of retail
Laranjeiras district, located in the city of Serra - of the metropolitan region of Vitoria
(RMGV), whose network is controlled through urban capital Vitoria (ES). More
specifically seeks to provide a contribution to understanding the structure of the retail
district, examining the area where the decentralization is materialized in a more
representative in the city of Serra. Identifying the areas of greatest intensity of land use
activities by central, and the relationship they hold with the genesis and development of
retail activities, will be considered from the zoning of land use that is proposed for the
study area. The zoning of land use was also used as a reference to examine the patterns
of location of retail activities in subcentro of Laranjeiras. From the correspondence
between the patterns observed with respect considered the theoretical framework,
sought to explore the complexity and significance that the process of decentralization is
the restructuring of the city of Victoria and its urban network that includes the
municipalities of Victoria, Cariacica, Viana, Old Town, Fundão, Guarapari and Serra.
The latter is in the neighborhood Laranjeiras, subject to review of this research.

Keywords: decentralization space/ retail structure/ subcentro trade.

Resumen:

Este documento propone, en un estudio de caso, hacer una contribución a la cuestión de


La descentralización de actividades del comercio minorista. Con ese fin, se sugiere el
análisis de la estructura del comercio al por menor Laranjeiras barrio ubicado en la
ciudad de Sierra - de la región metropolitana de Vitoria (RMGV), cuya red se controla
a través de zonas urbanas de capital Vitoria (ES). Más concretamente se trata de ofrecer
una contribución a la comprensión de la estructura del distrito comercial, examinando la
zona donde la descentralización se materializa en un Consejo más representativo en la
ciudad de Serra. Identificar las áreas de mayor intensidad de uso de la tierra por
actividades centrales, y la relación que poseen con la génesis y el desarrollo de
actividades comerciales, serán considerados a partir de la zonificación del uso del suelo
que se propone para el área de estudio. La zonificación de uso de la tierra también se
utilizó como referencia para examinar los patrones de localización de actividades
comerciales en el subcentro de Laranjeiras. De la correspondencia entre los patrones
observados en relación con examinó el marco teórico, se trató de explorar la
complejidad y la importancia que el proceso de descentralización es la reestructuración
de la ciudad de Victoria y su red urbana que incluye los municipios de Victoria,

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Cariacica, Viana , Vila Velha, Fundão, Guarapari y Serra. Este último se encuentra en el
barrio Laranjeiras, con sujeción al examen de esta investigación.

Palabras-clave: descentralización/ estructura espacial/ subcentro comercio al por menor.


Résumé:

Ce document propose, dans une étude de cas, apporter une contribution à la question de
La décentralisation des activités de détail. À cette fin, il est suggéré l'analyse de la
structure du commerce de détail Laranjeiras quartier situé dans la ville de Sierra - de la
région métropolitaine de Vitoria (RMGV), dont le réseau est contrôlé par des capitaux
urbains Vitoria (Espagne). Plus précisément, vise à fournir une contribution à la
compréhension de la structure du quartier commercial, l'examen de la zone où la
décentralisation est matérialisé dans un plus représentatif dans la ville de Serra.
Identifier les zones de plus grande intensité de l'utilisation des terres par les centrales
d'activités, et la relation qu'ils possèdent avec la genèse et le développement des
activités commerciales, seront considérés du point de zonage de l'utilisation des terres
qui est proposée pour la zone d'étude. Le zonage de l'utilisation des terres a aussi servi
de référence afin d'analyser les caractéristiques de l'emplacement des activités
commerciales dans subcentro de Laranjeiras. De la correspondance entre les tendances
observées en ce qui a examiné Le cadre théorique, a cherché à explorer la complexité et
l'importance que le processus de décentralisation est la restructuration de la ville de
Vitoria et de son réseau urbain qui comprend les municipalités de Vitoria, Cariacica,
Viana , Vila Velha, Fundão, Guarapari et de la Serra. Celle-ci est dans le quartier de
Laranjeiras, l'objet d'un réexamen de cette recherche.

Mots-clés: décentralisation espace/ la structure de détail/ commerce subcentro.

Notas:
¹Texto parcial integrante das pesquisas de monografia de conclusão do curso de Bacharelado em
Geografia da UFES.

²Aluno mestrando do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo pela UFES.

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