Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Objetivamente, a figura é composta por dois indivíduos, do sexo feminino e masculino, que
seguram um telemóvel e, na outra mão, a trela dos respetivos cães que passeiam. O facto de
ambos estarem de costas voltadas representa o alheamento a que se vão entregando, em prol
das tecnologias, de pequenos aparelhos que têm um impacto expressivo nas suas vidas, assim
como o quanto estão absortos pelo mundo que lhes é trazido por eles, ignorando o real. O
vestuário dos indivíduos é outro elemento de destaque, uma vez que este parece ser mais
antigo; logo, aparentemente, desfasados do tempo das tecnologias. Por sua vez, os cães estão
virados para eles próprios, entregues ao lado instintivo, ao quererem, principalmente um deles,
com a sua pata – «tocar» – no que realmente importa.
Neste sentido, a ilustração constitui um alerta contundente para mostrar que o ser
humano se deixa deslumbrar por aparelhos tecnológicos, preferindo o mundo virtual ao real e
ignorando as consequências nefastas que este comportamento vai, gradual e irreversivelmente,
criando em si. Por esta razão, a atitude canina é a que sobressai: os seres irracionais comportam-
-se, paradoxalmente, de forma racional, como se a pata que um deles estende fosse uma
chamada de atenção para a importância do toque, do convívio. É, neste contexto, que se pode
balizar o vestuário das personagens: parece que o contacto efetivo e real, cada vez mais, está a
cair em desuso.