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Proposta de abordagem textual | grupo III | exame de 2020 | 2ª Fase

O cartoon, da autoria de Predrag Srbljanin, ilustra, na perfeição, o quanto as novas


tecnologias se apoderam do ser humano, aprisionando-o, desde o mais velho ao mais novo,
quase que o obrigando a desligar-se do real contacto.

Objetivamente, a figura é composta por dois indivíduos, do sexo feminino e masculino, que
seguram um telemóvel e, na outra mão, a trela dos respetivos cães que passeiam. O facto de
ambos estarem de costas voltadas representa o alheamento a que se vão entregando, em prol
das tecnologias, de pequenos aparelhos que têm um impacto expressivo nas suas vidas, assim
como o quanto estão absortos pelo mundo que lhes é trazido por eles, ignorando o real. O
vestuário dos indivíduos é outro elemento de destaque, uma vez que este parece ser mais
antigo; logo, aparentemente, desfasados do tempo das tecnologias. Por sua vez, os cães estão
virados para eles próprios, entregues ao lado instintivo, ao quererem, principalmente um deles,
com a sua pata – «tocar» – no que realmente importa.

Neste sentido, a ilustração constitui um alerta contundente para mostrar que o ser
humano se deixa deslumbrar por aparelhos tecnológicos, preferindo o mundo virtual ao real e
ignorando as consequências nefastas que este comportamento vai, gradual e irreversivelmente,
criando em si. Por esta razão, a atitude canina é a que sobressai: os seres irracionais comportam-
-se, paradoxalmente, de forma racional, como se a pata que um deles estende fosse uma
chamada de atenção para a importância do toque, do convívio. É, neste contexto, que se pode
balizar o vestuário das personagens: parece que o contacto efetivo e real, cada vez mais, está a
cair em desuso.

Em suma, a imagem, de forma exímia, visa consciencializar a sociedade para a importância


da recuperação de atitudes que deveriam ser inerentes ao ser humano, como não deixar
«tocar», de falar, pessoal e não tanto virtualmente.

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