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Os Lusíadas – resumo dos cantos

CANTO I
O Poeta indica o assunto global da obra na Proposição, pede inspiração às
ninfas do Tejo na Invocação e dedica o poema ao Rei D. Sebastião, na Dedicatória. A
Narração inicia-se in medias res, isto é, a meio da viagem entre Lisboa e a Índia,
quando os deuses do Olimpo se reúnem em consílio para decidirem se os Portugueses
deverão chegar à Índia. Vénus e Marte defendem e apoiam os Portugueses; Baco é-
lhes contrário. Apesar de a decisão final, tomada por Júpiter, ir ao encontro do interesse
dos Lusitanos, Baco prepara-lhes várias ciladas que culminam com o fornecimento de
um piloto por ele instruído para os conduzir à destruição no porto de Quíloa. Vénus
intervém, afastando a armada do perigo com «ventos contrairos» e fazendo-a retomar o
caminho em direção a Mombaça. No final do Canto, o Poeta reflete sobre a fragilidade
do Homem, o «bicho da terra tão pequeno», mero joguete nas mãos dos deuses.

CANTO II
O rei de Mombaça, influenciado por Baco, convida os Portugueses a entrarem
no porto da sua cidade para os destruir. Vasco da Gama, ignorando estas intenções,
aceita o convite, pois os dois condenados que mandara a terra colher informações
tinham regressado com a boa notícia de que aquela era uma terra de cristãos. Na
realidade, tinham sido enganados por Baco, disfarçado de sacerdote. Mas Vénus estava
atenta e, ajudada pelas Nereidas, afasta a armada, da qual se põem em fuga os
emissários do rei de Mombaça e o falso piloto. Vasco da Gama, apercebendo-se do
perigo que corria, dirige uma prece à «Divina Guarda» para que lhe mostre como atingir
a terra que procura, a Índia. Vénus comove-se e sobe ao Olimpo para pedir a Júpiter que
proteja os Portugueses, ao que ele acede e, para a consolar, vaticina futuras glórias aos
Lusitanos. Envia então Mercúrio a terra que, em sonhos, indica a Vasco da Gama o
caminho até Melinde onde, entretanto, lhe prepara uma calorosa receção. Os
Portugueses são efusivamente recebidos em Melinde e o rei visita a armada, pedindo a
Vasco da Gama que lhe conte a história do seu país.

CANTO III
Após uma invocação do Poeta a Calíope, musa da História, Vasco da Gama
inicia a narrativa da História de Portugal. Começa por situar Portugal na Europa e
referir as histórias de Luso e Viriato. Segue-se a formação da nacionalidade e depois o
tratamento dos feitos guerreiros dos reis da primeira dinastia, desde D. Afonso
Henriques a D. Fernando.
Nesta narrativa, Vasco da Gama procura sobretudo destacar a ação dos reis e
heróis que forjaram o território nacional em lutas com castelhanos e mouros. Salientam-
se os episódios da Batalha de Ourique no reinado de D. Afonso Henriques e os da
Formosíssima Maria, da Batalha do Salado e de Inês de Castro, no reinado de D.
Afonso IV.
CANTO IV
Prosseguindo a narrativa da História de Portugal ao rei de Melinde, Vasco da
Gama conta agora a história da segunda dinastia, desde os reinados de D. João I até D.
Manuel. Destaca-se o episódio da Batalha de Aljubarrota. O canto termina com a
partida das naus e as palavras profeticamente pessimistas proferidas pelo Velho do
Restelo, que condena a «glória de mandar» e a «vã cobiça» que levam à partida dos
portugueses para o longínquo Oriente em busca da Fama, em vez de o fazerem junto do
país combatendo os mouros no Norte de África.

CANTO V
Terminada a narrativa do reinado de D. Manuel, Vasco da Gama vai contar as
diversas peripécias da viagem entre Lisboa e Melinde, onde se encontra, dando especial
relevo às «perigosas/ Cousas do mar». Chama a atenção do rei para fenómenos naturais
extraordinários como o Fogo de Santelmo ou a Tromba Marítima, bem como para os
inúmeros perigos e obstáculos que os portugueses tiveram que enfrentar, desde a
hostilidade dos nativos na costa ocidental africana (episódio de Fernão Veloso), à
passagem do Cabo das Tormentas (episódio do Adamastor), sem esquecer a terrível
doença do escorbuto. O canto termina com a censura do Poeta aos seus contemporâneos
que desprezam a arte e a poesia – necessárias para o conhecimento e louvor dos feitos
dos heróis.

CANTO VI
Terminada a narrativa de Vasco da Gama, a Armada sai de Melinde conduzida
por um piloto que orientará os navegadores até Calecut.
Temendo que com a chegada à Índia os Portugueses façam esquecer os seus
feitos, Baco decide incitar os deuses contra eles, pedindo a Neptuno que convoque o
consílio dos «deuses do mar» aos quais apresenta os seus argumentos. Apesar da
oposição de Vénus, os deuses, indignados, apoiam as pretensões de Baco e mandam
«soltar os ventos» para fazer naufragar a Armada.
Surge, então, uma violenta tempestade (episódio da tempestade) que apanha os
marinheiros desprevenidos. Perante a violência dos elementos e vendo a armada em
perigo, Vasco da Gama dirige uma prece à «Divina guarda» ouvida por Vénus que,
desta maneira, contraria a «danada tenção» de Baco, mandando as Ninfas seduzir os
ventos para os acalmar.
Passada a tempestade, a armada avista Calecut e Vasco da Gama agradece a
Deus. O canto termina com considerações do Poeta sobre o valor da Fama e da Glória.
CANTO VII
A armada chega finalmente a Calecut. O Poeta elogia a expansão portuguesa
como cruzada, criticando as nações europeias que não seguem o exemplo português.
Após a descrição da Índia, conta os primeiros contactos entre os portugueses e os
naturais, através de um mensageiro enviado por Vasco da Gama a anunciar a sua
chegada. Por seu lado, um mouro indiano, Monçaide, visita a nau de Vasco da Gama e
descreve-lhe a província do Malabar, onde se encontram, após o que o Capitão e outros
nobres portugueses desembarcam e são recebidos pelo governador da cidade (o Catual)

e depois pelo rei de Calecute(o Samorim). O Catual visita a armada e pede a Paulo da
Gama, irmão de Vasco da Gama, que lhe explique o significado das figuras das bandeiras
portuguesas. A terminar, o poeta invoca as Ninfas do Tejo e do Mondego, enquanto se
lamenta da incompreensão e perseguição de que é alvo, e promete apenas cantar quem o
merecer .

CANTO VIII
Paulo da Gama explica ao Catual o significado dos símbolos das bandeiras
portuguesas, contando-lhe episódios da História de Portugal nelas representados. Baco
intervém de novo contra os portugueses, aparecendo em sonhos a um sacerdote
brâmane, indispondo-o contra os portugueses através da informação de que vêm com o
intuito da pilhagem.
Após violenta discussão, o Samorim ordena a Vasco da Gama que regresse às
naus pretendendo a troca de fazendas portuguesas por especiarias. No entanto, o Catual,
subornado pelos muçulmanos, retém Vasco da Gama no caminho pedindo-lhe que
aproxime as naus de terra com o intuito de as destruir. Perante a recusa de Vasco da
Gama, o Catual propõe a partida dos portugueses mediante a entrega das fazendas que
traziam. O canto termina com considerações do Poeta sobre o poder do ouro.

CANTO IX
Vencidas as dificuldades encontradas na Índia, a armada enceta o regresso à
pátria. Vénus prepara uma recompensa para os Portugueses. Com esse intuito, dirige-se
a Cupido, seu filho, e com ele forma a «ínsula divina» habitada por ninfas, às quais
influirá «secretas afeições» para bem receberem os navegadores lusos. Os nautas
avistam a ilha e, quando desembarcam, veem as ninfas, as quais se deixam perseguir e
seduzir. Conduzindo o Gama ao cume de um «monte alvo e divino», Tétis mostra-lhe a
razão daquele encontro – o prémio merecido pelos «longos trabalhos». Após a
explicação da simbologia da Ilha, o Poeta termina com uma exortação aos que
pretendem alcançar a Fama, incitando-os a refrearem a cobiça, a ambição e a tirania, e
a praticarem a justiça com leis equitativas para grandes e pequenos.
CANTO X
Ainda na Ilha dos Amores, Tétis e as Ninfas oferecem um banquete aos
marinheiros. Após nova invocação a Calíope e das profecias de uma Ninfa sobre as
proezas futuras dos portugueses no Oriente, Tétis conduz Vasco da Gama ao cume de
um monte para lhe revelar a Máquina do Mundo, mostrando-lhe os lugares onde
chegará o império português. Por fim, Tétis despede-se dos navegadores que embarcam
para a Pátria. O Poeta termina o seu poema manifestando grande desencanto pela
decadência da pátria, que vive numa «apagada e vil tristeza», e lamentando- se pelo
esquecimento a que foi votado por aqueles a quem canta – uma «gente surda e
endurecida». Conclui com uma exortação ao rei D. Sebastião, incitando-o a continuar a
glória dos Portugueses.

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