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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

CENTRO DE CIÊNCAS AGRÁRIAS


CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA QUÍMICA

MARCOS CELIN SCHETTINO

ESTUDO DA DEGRADAÇÃO QUÍMICA DO POLIURETANO COM BASE DE


POLIÉTER PROVENIENTE DA INDÚSTRIA DE FIOS DIAMANTADOS

ALEGRE - ES
2016
MARCOS CELIN SCHETTINO

ESTUDO DA DEGRADAÇÃO QUÍMICA DO POLIURETANO COM BASE DE


POLIÉTER PROVENIENTE DA INDÚSTRIA DE FIOS DIAMANTADOS

Projeto de pesquisa apresentado ao Curso


de Engenharia Química do Centro de
Ciências Agrárias da Universidade Federal
do Espírito Santo, como requisito parcial
para avaliação da disciplina de Trabalho de
Conclusão de Curso II.
Orientador: Iara Rebouças Pinheiro
Coorientador: Luiz Felipe Gonçalves Gava

ALEGRE – ES
2016
ESTUDO DA DEGRADAÇÃO QUÍMICA DO POLIURETANO COM BASE DE
POLIÉTER PROVENIENTE DA INDÚSTRIA DE FIOS DIAMANTADOS

MARCOS CELIN SCHETTINO

Projeto de pesquisa apresentado ao Curso


de Engenharia Química do Centro de
Ciências Agrárias da Universidade Federal
do Espírito Santo, como requisito parcial
para avaliação da disciplina de Trabalho de
Conclusão de Curso II.

Aprovado em __ de dezembro de 2016.

____________________________________
Prof. Drª Iara Rebouças Pinheiro (
Universidade Federal do Espírito Santo
Orientadora

____________________________________
Eng.º Luiz Felipe Gonçalves Gava
Coorientador

____________________________________
Prof. Drª Audrei Gimenez Barañano
Universidade Federal do Espírito Santo

____________________________________
Químico Gustavo Garcia Junco
Universidade Federal do Espírito Santo
Dedicatória

À Deus, meus pais e minha irmã.


Agradecimentos

À Deus, por ter me dado o dom da sabedoria, e ter me acompanhado sempre que
eu mais necessito.

A Universidade Federal do Espírito Santo, por ter sido palco de todo o meu
aprendizado, e por ter cedido toda a sua estrutura para a execução desse trabalho.

À Gramazini Export Ltda, pela inspiração para o conteúdo desse trabalho, e pelo
fornecimento de matéria prima para a execução dos experimentos.

À minha professora e orientadora Iara Rebouças Pinheiro, que vem me


acompanhando e dando oportunidade desde o início da minha caminhada na
universidade, e que mais uma vez esteve comigo me orientando nesse trabalho.

Ao meu amigo Luiz Felipe Gonçalves Gava por sua amizade, por toda a ajuda
durante o curso, e pelo apoio e coorientação nesse trabalho

Aos meus amigos, por todo o apoio e companheirismo.

À minha família, por todo o amor oferecido e por ter sido pilar de toda minha vida.

Gratidão!
RESUMO

SCHETTINO, Marcos. Estudo da degradação química do poliuretano com


base de poliéter proveniente da indústria de fios diamantados. 2016.
Projeto do Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Engenharia
Química) – Universidade Federal do Espírito Santo, Alegre, ES. Orientador:
Iara Rebouças Pinheiro. Coorientador: Luiz Felipe Gonçalves Gava.

Um dos maiores gastos da indústria do mármore e granito é o uso de fio-


diamantado para corte de rochas ornamentais. Tais fios são compostos por um
cabo de aço, pérolas diamantadas, as quais são os reais responsáveis pelo
corte, e por um polímero que recobre o cabo de aço com o objetivo de protegê-
lo do atrito com a rocha durante o corte. Baseado em sustentabilidade e
reciclagem, o presente trabalho aborda o reaproveitamento das pérolas
diamantadas dos fios, que precisam passar por um processo de retirada do
poliuretano injetado. Com objetivo de remover o poliuretano contido nos cabos
foram testados 10 reagentes químicos. Na primeira etapa os fios
permaneceram em contato com os reagentes por 96h e ao final a massa
residual foi seca e pesada. Na segunda foi avaliado o efeito da temperatura
variando entre 95ºC e 105ºC e da agitação constante na degradação do
material, a fim de selecionar aquele que melhor degradasse as propriedades
estruturais do polímero, para facilitar a sua retirada. A partir da análise dos
resultados, observou-se que o ácido sulfúrico foi o reagente mais efetivo na
degradação do poliuretano, considerando a massa de amostra de 1,4043
gramas, no tempo de 549,7 segundos, utilizando um volume de 75 mL de
reagente mantido em alta temperatura e sob agitação.

Palavras-chave: fio-diamantado, poliuretano, degradação.


ABSTRACT

SCHETTINO, Marcos. Study of chemical degradation making polyether based


polyurethane from the Diamond Wire Industry. 2016. Final Course Assignment.
(Bachelor degree in Chemical Engineering) – Federal University of Espírito Santo,
Alegre, ES. Adviser: Iara Rebouças Pinheiro. Co-adviser(s): Luiz Felipe Gonçalves
Gava.

One of the biggest expenses of the marble and granite industry is the use of diamond
wire cutting ornamental rocks. Such wires are composed of a steel cable, diamond
pearl, the real responsible for cutting, and by a polymer that covers the steel cable in
order to protect it from rubbing against the rock during the cutting process. Based on
sustainability and recycling, the research focus on reuse of diamond pearl of wires
that need to undergo a process of removal of polyurethane injected during the
production process. Ten chemical reagents were tested intended remove the
polyurethane injected. In the first step, the wares were kept in contact with the
reagents for 96h and then the residual mass was dried and its weight calculated. In
the second step the effect of temperature and agitation on the degradation of the
material were evaluated intended select the one that the most degraded the polymer.
From the result analyses, were observed that the sulfuric acid was the most effective
in the degradation of the polyurethane, considering a mass of 1.4043g, in 549.7
second, using a volume of 75mL maintained in a temperature range of 95ºC and
105ºC and under agitation.

One of the biggest expenses of the marble and granite industry is the use of diamond
wire cutting ornamental rocks. Such wires are composed of a steel cable, diamond
pearl, the real responsible for cutting, and by a polymer that covers the steel cable in
order to protect it from rubbing against the rock during the cutting process. Based on
sustainability and recycling, the research focus on reuse of diamond pearl of wires
that need to undergo a process of removal of polyurethane injected during the
production process. Ten chemical reagents were tested intended remove the
polyurethane injected. In the first step, the wares were kept in contact with the
reagents for 96h and then the residual mass was dried and its weight calculated. In
the second step the effect of temperature and agitation on the degradation of the
material were evaluated intended select the one that the most degraded the polymer.
From the result analyses, were observed that the sulfuric acid was the most effective
in the degradation of the polyurethane, considering a mass of 1.4043g, in 549.7
second, using a volume of 75mL maintained in a temperature range of 95ºC and
105ºC and under agitation.

Keywords: diamond wire, polyurethane, degradation.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Equação química de formação do grupo uretano p.


165
Figura 2 - Exemplos de aplicação de PU’s p.
1618
Figura 3 – Fio Diamantado p.
1619
Figura 4 - Representação do processo de injeção do PU’s. p.
1720

Figura 5 - Sobras do processo de injeção p.


2327

Figuras 6 (a) e (b) - Amostras de reagentes utilizados nos testes. p.


3126

Figura 7 - Amostra após contato de 96 horas em solução de Água Raz p.


2732
Figura 8 - Amostra após contato de 96 horas em solução de Álcool p.
Etílico. 2833
Figura 9 - Amostra após contato de 96 horas em solução de Álcool p.
Isopropílico 2833
Figura 10 - Amostra após contato de 96 horas em solução de Metanol p.
2934

Figura 11 - Amostra após contato de 96 horas em solução de Tinner. p.


2934

Figura 12 - Amostra após contato de 96 horas em solução de Xileno. p.


3035
Figura 13 - Amostra após contato de 96 horas em solução de Acetona. p.
3136

Figura 14 - Amostra após contato de 96 horas em solução de Ácido p.


Clorídrico 3237
Figuras 15 (a) e (b) - Amostra após contato de 96 horas em solução de p.
Ácido Nítrico. 3538
Figura 16 - Amostra após contato de 96 horas em solução de Ácido p.
Sulfúrico 3639

Figura 17 - Aparato experimental para tratamento térmico e agitação. p.


3740
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................. 11
2 OBJETIVOS ..................................................................................................................... 13
2.1 GERAIS ....................................................................................................................................... 13
2.2 ESPECÍFICOS ................................................................................................................................. 13
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA............................................................................................. 15
3.1 POLÍMEROS ................................................................................................................................... 15
3.2 POLIURETANO ............................................................................................................................... 16
3.2.1 PROPRIEDADES DO POLIURETANO....................................................................................... 17
3.3 POLIURETANO NA INDÚSTRIA DO MÁRMORE E GRANITO .................................................... 18
3.3.1 FIOS DIAMANTADOS......................................................................................................... 1918
3.4 DEGRADAÇÃO DE POLIURETANO ............................................................................................. 20
3.5 REAGENTES .................................................................................................................................. 21
3.5.1. ACETONA ............................................................................................................................. 21
3.5.2. ÁCIDO CLORÍDRICO.............................................................................................................. 22
3.5.3. ÁCIDO NÍTRICO .................................................................................................................... 22
3.5.4. ÁCIDO SULFÚRICO ............................................................................................................... 22
3.5.5. ÁGUA RAZ ............................................................................................................................ 23
3.5.6. ÁLCOOL ETÍLICO ................................................................................................................... 23
3.5.7. ÁLCOOL ISOPROPÍLICO ........................................................................................................ 23
3.5.8. METANOL............................................................................................................................. 23
3.5.9. TINNER ................................................................................................................................. 24
3.5.10. XILENO ............................................................................................................................... 24
4 MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................ 25
4.1. MATERIAIS .................................................................................................................................... 25
4.1.1. REAGENTES .......................................................................................................................... 25
4.1.2. EQUIPAMENTOS .................................................................................................................. 25
4.1.3. MATÉRIA PRIMA .................................................................................................................. 27
4.2. MÉTODOS...................................................................................................................................... 28
4.2.1. TRATAMENTOS FÍSICO-QUÍMICOS DAS AMOSTRAS ........................................................... 28
4.2.2. INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA E AGITAÇÃO NO TRATAMENTO DAS AMOSTRAS ............ 29
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES ...................................................................................... 31
5.1 TRATAMENTOS FÍSICO-QUÍMICOS DAS AMOSTRAS .............................................................. 31
5.1.1 ACETONA ...................................................................................................................... 403737
5.1.2 ÁCIDO CLORÍDRICO....................................................................................................... 423838
5.1.3 ÁCIDO NÍTRICO ............................................................................................................. 433939
5.1.4 ÁCIDO SULFÚRICO ........................................................................................................ 444040
5.2 INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA E DA AGITAÇÃO NO TRATAMENTO DAS AMOSTRAS
454141
5.2.1. ÁCIDO CLORÍDRICO ..................................................................................................... 464141
5.2.2. ÁCIDO NÍTRICO ............................................................................................................ 464242
5.2.3. ÁCIDO SULFÚRICO ....................................................................................................... 474242
6 CONCLUSÃO ...................................................................................................... 504545
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 524747
11

1 INTRODUÇÃO

A presença dos polímeros na vidas das pessoas aumenta a cada dia, podendo ser
usados em vestimentas, embalagens de alimentos, nos meios de transporte e de
comunicações, etc. É difícil imaginar uma atividade humana que não envolva o uso
de polímeros (DE PAOLI, 2008).

A sociedade se mostra cada vez mais dependente desses materiais, estando


presentes em produtos que as pessoas nem imaginam sua presença. Em cada
produto diferente a matéria prima utilizada irá variar, de acordo com as propriedades
requisitadas no seu uso, respeitando as características de cada polímero. Algumas
destas propriedades são: resistência mecânica, resistência térmica, estabilidade
frente a substâncias químicas, resistência elétrica e permeabilidade a gases (DE
PAOLI, 2008).

Dentre os diversos polímeros existentes podemos citar o poliuretano. Este material é


destacado pela sua alta resistência mecânica, resistindo a exposição em condições
extremas. Isso inclui a alta tensão e o cisalhamento à que são expostos, por
exemplo nos fios diamantados durante a fragmentação das rochas ornamentais
(FIORIO, 2011).

A aplicação dos polímeros na indústria do mármore e granito começa com o uso do


poliuretano para o beneficiamento das rochas, desde a retirada dos blocos nas
pedreiras até a produção de peças sofisticadas.

O grande avanço na indústria do mármore e granito foi a utilização do fio


diamantado, diminuindo o tempo para fragmentação do bloco de 3 a 4 dias para 3 a
4 horas, além de melhorar a qualidade do corte. Um impedimento para a total
aceitação do fio é o seu custo, desde a etapa de compra do próprio até a obtenção
da máquina onde ele será inserido junto com o bloco para o corte, chamada de tear
multifio (DE OLIVEIRA E FILGUEIRA, 2008).

O fio diamantado é composto por um cabo de aço, pérolas diamantadas e uma


camada de poliuretano a base de poliéter que recobre o fio. O processo de
recuperação consiste na retirada das pérolas presentes no fio e o descarte dos
outros componentes. O preço de um fio diamantado gira em torno de 3000 reais,
enquanto o investimento do tear multifio se inicia em 700 mil reais.. Com o elevado
12

preço do jogo de fios diamantados, uma das formas de reduzir o valor dpoder
baratear a produção é reutilizar as pérolas diamantadas. Isso é dado pelo fato de o
cabo romper antes da pérola ser totalmente consumida.

A camada de poliuretano presente no fio é o principal alvo no processo de


reciclagem, por dar sustentação às pérolas, evitando assim que a mesma se
movimente no cabo durante o corte, mantendo o corte homogêneo e o fio menos
maleável, evitando o rompimento do cabo.

No entanto, esses materiais (polímeros) têm uma durabilidade limitada, que é


definida pelos seus processos de degradação, muitas vezes mais curta ou mais
longa do que o desejado. O processo de degradação consiste no processo inverso
da estabilização, sendo que degradação é qualquer reação química que altera a
qualidade de interesse de um material polimérico ou de um composto polimérico,
podendo ser causada por eventos diferentes, dependendo do material, da forma de
processamento e do seu uso (DE PAOLI, 2008).

Ainda segundo DE PAOLI (2008), uma das formas de degradação existente é a


degradação química, onde o polímero é exposto a um reagente químico, que destrói
suas propriedades. Como o intuito é eliminar todo o poliuretano presente no fio, esse
tipo de degradação é válido para esta aplicação

Diante do exposto, o presente trabalho busca promover a remoção do poliuretano


através da degradação química utilizando-se de diferentes reagentes químicos.
13

2 OBJETIVOS

2.1 GERAIS

Estudar a degradação química do poliuretano com base de poliéter utilizando


diferentes reagentes químicos com princípios químicos diferentes (ácidos, bases,
sais e compostos orgânicos).

2.2 ESPECÍFICOS

Avaliar qual reagente químico possui a melhor capacidade de degradar a massa do


poliuretano presente no fio diamantado. - subproduto da indústria do mármore e
granito.
14
15

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 POLÍMEROS

Um polímero é uma macromolécula composta por muitas unidades de repetição


denominadas meros, ligadas por ligação covalente. A palavra polímero é advinda do
grego poli (muitos) e mero (unidade de repetição). A composição básica para
produção de um polímero é o monômero, que é uma molécula com uma (mono)
unidade de repetição (CANEVAROLO Jr., 2012).
A classificação dos polímeros pode ser dada em duas categorias: polímeros de
adição e de condensação. Os polímeros de adição são aqueles onde há adição ou
soma de vários monômeros igual e sem perda de massa. E os polímeros de
condensação são formados a partir de reações de condensação da química
orgânica com a eliminação de pequenas moléculas, como água, ácido clorídrico ou
metanol (CAROTHERS, 1929 apud AKCELRUD, 2007).
Dentre os polímeros de condensação, têm-se como exceção o poliuretano, que
apesar de não haver eliminação de moléculas na polimerização, ela geralmente é
classificada como polímero de condensação (PERUZZO E CANTO, 1998).
Outra maneira de classificar os diferentes tipos de polímeros é de acordo com o seu
comportamento mecânico, podendo ser diferenciado em elastômeros, em fibras e
em plásticos.
Os elastômeros são polímeros que em temperatura ambiente podem deformar-se,
no mínimo, duas vezes o seu comprimento inicial, e retornar ao comprimento original
rapidamente após o esforço. Quando se define os polímeros por fibras, têm-se
polímeros onde a orientação das cadeias e dos cristais é feita de modo forçado
durante a fiação, aumentando a resistência mecânica desse tipo de polímero. E em
plásticos, onde o polímero é um material sólido em temperatura ambiente, e que se
subdivide em: baroplásticos, termorrígidos e termoplásticos. Os termoplásticos, que
são alvo do presente estudo, são plásticos que sob um aumento substancial da
temperatura e marginal da pressão amolecem, podendo ser moldados. Novas
aplicações de temperaturas e pressões reiniciam o processo. (CANEVAROLO Jr.,
2012)
Podem ser levados em conta também, propriedades como leveza, resistência e
flexibilidade, que possibilitam que estes materiais sejam empregados em aplicações
16

de designer e auto desempenho, casos das indústrias automobilística, aeroespacial


e arquitetura. Além dessas propriedades os plásticos, apresentam ainda, excelente
relação custo/benefício (PLASTIVIDA, 2009).

3.2 POLIURETANO

Os poliuretanos (PU’s) foram desenvolvidos por Oto Bayer, em 1937, são formados
pela reação de poliadição de um isocianato (di ou polifuncional) com um poliol em
presença de outros aditivos, sendo esta formulação variável de acordo com as
propriedades desejadas do produto final, podendo atender diversos segmentos do
mercado (CARVALHO, 2008). Desde quando foi desenvolvido, é considerado um
dos polímeros melhor sucedidos com um mercado que movimenta bilhões de
dólares no mundo todo (MAÎTRE e PERDIX, 2004 apud HERNÁNDEZ, 2007). Os
isocianatos podem ser aromáticos ou alifáticos. Os compostos hidroxilados podem
variar quanto à massa molar, natureza química e funcionalidade. E os polióis podem
ser poliésteres, poliéteres, ou possuir estrutura hidrocarbônica. (HERNÁNDEZ,
2007)

Os PU’s representam uma classe de polímeros que são capazes de serem aplicados
em áreas distintas, como setores automobilísticos, medicinais e industriais. São uma
importante classe de polímeros termoplásticos e termorrígidos devido a suas
propriedades mecânicas, térmicas e químicas, que podem ser diferenciadas de
acordo com as matérias primas utilizadas para sua produção (FIORIO, 2011).

O elemento estrutural que caracteriza os poliuretanos é o grupo uretano. As ligações


uretano resultam principalmente da reação de um isocianato (R-N=C=O) com um
álcool (R’-OH). O átomo de hidrogênio do grupo hidroxila é transferido ao nitrogênio
do isocianato, conforme a figura Figura 1. (LU, 2003 apud FIORIO, 2011)
17

Figura 1: Equação química de formação do grupo uretano


(Fonte: O autor)
Após ser exposto a transformação e passar pelo processo de extrusão ou de
injeção, o poliuretano necessita de um tempo de cura, para melhorar o desempenho
do produto e finalizar as ligações cruzadas. O tratamento consiste em manter a peça
produzida em uma estufa por um determinado período de tempo e determinada
temperatura, afim de levar o polímero a sua forma final, onde todas as ligações
cruzadas já foramestejam formadas.

3.2.1 PROPRIEDADES DO POLIURETANO

3.2.1.1 PROPRIEDADES MECÂNICAS

Para avaliar as propriedades mecânicas, são realizados ensaios que medem


dependência tensão-deformação, também a nível molecular. Assim, as
características dos PU’s, que se refletem nas suas propriedades mecânicas, podem
ser quantificadas através de métodos estabelecidos por normas técnicas. As
propriedades mecânicas a serem avaliadas para um PU’s dependem das condições
as quais ele será submetido durante seu o uso (HERNÁNDEZ, 2007).

3.2.1.2 PROPRIEDADES ELÁSTICAS

Quando são avaliadas as propriedades elásticas, o corpo de prova é estendido a


uma velocidade padrão constante até a sua ruptura de acordo com a norma ASTM
D412.
18

A resistência à tração é avaliada pela carga aplicada por unidade de área no


momento da ruptura. O alongamento representa aumento percentual do
comprimento da peça sob tração, no momento da ruptura. Essas características irão
variar de acordo com a estrutura do polímero (HERNÁNDEZ, 2007).

3.2.1.3 PROPRIEDADES TÉRMICAS

As propriedades térmicas dos PU’s são observadas quando o calor é fornecido ou


removido do material. A capacidade de transferir calor, é medida pela condutividade
térmica. As E as modificações do material em relação a sua dimensão são
estimadas através da expansão térmica e pela estabilidade térmica (HERNÁNDEZ,
2007).

3.3 POLIURETANO NA INDÚSTRIA DO MÁRMORE E GRANITO

O poliuretano está presente dentro da chamada indústria do mármore e granito


devido a sua diversidade de aplicações.

A presença deste polímero vai desde a produção de resinas de PU com alto


desempenho, precisão e resistência, produção de perfis para teares multifios e
revestimentos para volantes. Além disso, também é utilizado como revestimento
para fios diamantados, utilizados em cortes de rochas na extração da pedreira e no
beneficiamento.

Figura 2 - Exemplos de aplicação de PU’s


(Fonte Cachoeiro Stone Fair)
19

3.3.1 FIOS DIAMANTADOS

Os fios diamantados são utilizados no processo de beneficiamento de rochas


ornamentais, desde a retirada do bloco na pedreira até a fragmentação do bloco em
chapas.

Figura 3 – Fio diamantado


(Fonte: O Autor)

O fio é composto por pérolas diamantadas que são compósitos constituídos de


partículas de diamante distribuídos numa em uma matriz metálica ligante, que são
colocadas em um cabo de aço produzido especialmente para essa finalidade. O fio é
plastificado com um polímero muito resistente, capaz de aguentar as condições que
o fio é expostode exposição durante o corte.

As partículas de diamante são ligadas à matriz metálica, por meio do processo de


sinterização, onde ocorre uma combinação de interações químicas e físicas, e se faz
necessário um rígido controle dos parâmetros de processamento para evitar ataque,
dissolução e/ou grafitização do diamante, o que pode afetar o desempenho final do
corte (DEL VILLAR, 2001 apud DE OLIVEIRA, 2008). As pérolas são as principais
responsáveis pelo corte da rocha, por possuírem diamante sintético, material que é
altamente cortante devido a sua alta dureza, que lhe dá características capazes de
riscar e penetrar outro material menos duro.

Com o objetivo de fixar as pérolas no cabo para evitar que as mesmas se


movimentem no fio durante o corte, é injetado sobre o fio uma camada de polímero
com o auxílio de um molde acoplado, de acordo com a figura Figura 4. Esse
polímero é um poliuretano a base de poliéter resistente à hidrólise, com
20

propriedades dinâmicas, estabilidade de dureza e resistência a abrasão


(PLASTIPRENE).

Figura 4 - Representação do processo de injeção do PU


(Fonte: China Steady Machinery)

O papel do poliuretano no fio diamantado é o de impedir que o cabo de aço tenha


contato com a rocha e com a água utilizada para resfriar o fio durante o corte.
Porém, com o atrito causado pelo contato com a rocha, algumas partes desse
poliuretano podem se soltar, comprometendo a vida útil do fio.

Ao se ter o fio rompido antes do desgaste total da pérola, esse fio segue para o
processo de remontagem, onde é retirado todo o poliuretano que restou e após isso
são retiradas as pérolas do cabo de aço, que retornam ao início do processo.

3.4 DEGRADAÇÃO DE POLIURETANO

A degradação de poliuretano, de maneira geral, é dada por um processo irreversível


que leva a uma alteração significativa no material, sendo observada pela mudança
nas características do polímero em questão, alterando a massa molar, estrutura
química e força mecânica e/ou sua fragmentação (LI; VERT, 1995; INNOCENTINI-
MEI; MARIANI, 2005).
21

A degradação pode ser dividida em duas etapas. Na primeira se têm a divisão da


cadeia principal, produzindo intermediários de baixa massa molar. E na segunda
etapa, que a qual pode até eliminar por completo o polímero original, pode produzir
gás carbônico, metano e água (KLOSS, 2007).

Existem diversos tipos de caracterização da degradação, um deles é de acordo com


os agentes utilizados, sendo divididos em agentes físicos, biológicos e químicos. Os
agentes físicos aplicados são as radiações, a temperatura e os atritos. Os biológicos
são realizados por microrganismos (fungos e bactérias) e os agentes químicos
utilizados são água, ácidos, bases, solventes entre outros (KLOSS, 2007).

Quando utilizados agentes químicos para a degradação, a variação de algumas


condições do meio pode influenciar positivamente ou negativamente na velocidade e
no nível de degradação. Algumas das condições são a temperatura, a agitação do
meio, pH e pressão, que são considerados uma mistura de agentes físicos e
químicos, visando a máxima degradação em um menor tempo.

3.5 REAGENTES

Dentre os possíveis reagentes com capacidade de degradar o poliuretano


(SPILLTECH), foram selecionados 10 para a realização do estudo.

3.5.1. ACETONA

As cetonas são substâncias orgânicas, onde o grupo funcional carbonila é ligada a


dois átomos de carbono. A cetona mais conhecida é a propanona, também
conhecida como acetona, ela é caracterizada por ser incolor, de odor e sabor
característicos, muito solúvel em água e em solventes orgânicos comuns (como éter
etílico e benzeno), é inflamável e evapora facilmente. Seu ponto de ebulição é 56 °C
(SOLOMONS, 1996).
22

3.5.2. ÁCIDO CLORÍDRICO

O ácido clorídrico (HCl) é um composto inorgânico, geralmente na forma de gás


incolor, que pode ser obtido industrialmente através da reação de síntese direta, via
subprodutos da cloração de compostos orgânicos, pelo método de Mannheim ou
através de reações do tipo ‘Hargreaves’. Na síntese direta, que é a mais usada, o
ácido clorídrico é obtido pela combustão do hidrogênio na presença de cloro. Devido
ao seu alto grau de ionização, é um ácido forte e corrosivo (TOLENTINO E FOREZI,
2014). A uma concentração de 38%, seuS eu ponto de ebulição é 10984,8 °C
(TOLENTINO E FOREZI, 2014). (SCIENCIA)

3.5.3. ÁCIDO NÍTRICO

O ácido nítrico (HNO3) é obtido industrialmente a partir do oxigênio e do nitrogênio


presente no ar e na água. Primeiro é produzido NO, depois reage com 02 O2 e
produz NO2 e após reagir com água, forma o HNO3. É um ácido forte, e altamente
dissociável em solução aquosa. Geralmente é utilizada para produzir substância que
atuam como componentes de fertilizantes inorgânicos, e também na produção de
explosivos. Seu ponto de ebulição é 83°C (QUIMITEC, 2013).

3.5.4. ÁCIDO SULFÚRICO

O ácido sulfúrico (H2SO4) é classificado como ácido mineral forte, sendo o principal
dos ácidos derivados de enxofre. É considerado o produto químico mais fabricado e
utilizado no mundo. É obtido através da reação entre moléculas de anidrido sulfúrico
(SO3) com água. Seu ponto de ebulição é 270°C (PERUZZO e CANTO, 1998).
23

3.5.5. ÁGUA RAZ

A água raz é composto por hidrocarbonetos alifáticos, de evaporação média e larga


curva de destilação. É usado para lavagem a seco, diluente de tintas e vernizes e
também em produtos agrícolas. Seu ponto de ebulição é 61°C (CHEMISOL, 2016).

3.5.6. ÁLCOOL ETÍLICO

O álcool etílico, também conhecido como etanol, é obtido através da fermentação de


carboidratos, hidratação do etileno ou redução a acetaldeído. São solúveis tanto em
substâncias polares como em substâncias apolares. Seu ponto de ebulição é de
78,3 °C (SOLOMONS, 1996).

3.5.7. ÁLCOOL ISOPROPÍLICO

O álcool isopropílico é um álcool que possui uma cadeia de três carbonos e a


hidroxila se liga no carbono secundário. Possui apenas 1% de água, e possui grande
capacidade de solvência, principalmente de substâncias orgânicas naturais. Seu
ponto de ebulição é 82,6 °C (IMPLASTEC).

3.5.8. METANOL

O metanol também é um álcool, conhecido como álcool metílico. Este álcool tem
inúmeras aplicações industriais e também é utilizado na produção de biodiesel. Ele é
24

produzido a partir do gás natural, que inicialmente é transformado em gás de


síntese, uma mistura de CO e H2, com o uso de vapor d'água e catalisadores a base
de níquel. Na sequência, o gás de síntese é transformado em metanol com o auxílio
de catalisadores a base de Cu e Zn (MOTA, 2014).

3.5.9. TINNER

O tinner é uma mistura de solventes, obtidos a partir da destilação de frações do


petróleo, capaz de dissolver substâncias ‘insolúveis’, como tintas, óleos e gorduras.
Seu ponto de ebulição é entre 62 °C e 74 °C (CHEMISOL, 2016).

3.5.10. XILENO

O xileno é um solvente aromático, obtido através da destilação de frações pré-


selecionadas de petróleo, com características físico-químicas controladas. É
utilizado como solvente de tintas, devido ao seu elevado poder de solvência. Seu
ponto de ebulição está entre 130 °C e 140 °C (CHEMISOL, 2016).
25

4 MATERIAIS E MÉTODOS

4.1. MATERIAIS

4.1.1. REAGENTES
De acordo com os reagentes disponíveis nos laboratórios do curso de Engenharia
Química do CCAE/UFES, foram feitos experimentos aplicando: acetona, ácido
clorídrico, ácido nítrico, ácido sulfúrico, água raz, álcool isopropílico, álcool etílico,
metanol, xileno e tinner. Todos foram utilizados em sua forma concentrada, de
acordo com o fornecido pelo fabricante.

4.1.2. EQUIPAMENTOS

Diversos equipamentos foram utilizados neste trabalho, todos contidos nos


laboratórios de engenharia química da Universidade Federal do Espírito Santo.

4.1.2.1. BALANÇA ANALÍTICA

O papel da balança nos experimentos foi a pesagem inicial e final do poliuretano


utilizado, afim de se analisar a perda de massa das amostras. Balança analítica da
marca Shimadzu, modelo AUY 220. MARCA/MODELO

4.1.2.2. CAPELA

A reação de alguns reagentes com o poliuretano é capaz de liberar gases tóxicos.


Utilizou-se a capela com o intuito de retirar os gases do laboratório, não sendo
prejudicial para quem está realizando o experimentovisto que possui um sistema de
26

exaustão, evitando a intoxicação durante a realização do experimento.


MARCA/MODELOCapela da marca AmazonLab.

4.1.2.3. AGITADOR MECÂNICO

Após os primeiros experimentos, os reagentes que se destacaram na degradação do


polímero foram utilizados em outros experimentos, variando algumas características
do meio, como a agitação. Para estes testes foi utilizado o agitador. Agitador da
marca Marconi, modelo MA 502/D.

4.1.2.4. BÉQUERES

Todos os experimentos foram realizados em béqueres de vidro.

4.1.2.5. CHAPA AQUECEDORA

Para a segunda etapa do trabalho, foi utilizada uma chapa aquecedora para a
elevação da temperatura do reagente. Promovendo uma mescla entre agentes
químicos e físicos. Chapa aquecedora da marca CLC, modelo FE-201.

4.1.2.6. TERMOPAR

Para a segunda etapa do trabalho, foi utilizado um termopar modelo 6801 II da


marca Salcas para que se possa controlar a temperatura do reagentea temperatura
a qual o reagente foi exposto fosse controlada.
27

4.1.3. MATÉRIA PRIMA

A matéria prima utilizada para o estudo da decomposição do poliuretano foram as


‘sobras’ do processo de injeção do poliuretano no fio diamantado, mostrado na figura
5.

Figura 5 – Sobras do processo de injeção


(Fonte: O autor)
28

4.2. MÉTODOS
O fluxograma abaixo representa todas as etapas realizadas nesse trabalho.

Tratamentos físico- Análise dos


Coleta de matéria
quimicos das resultados do
Prima
amostras primeiro tratamento

Tratamento com Análise dos


temperatura e resultados do
agitação segundo tratamento

Fluxograma 1 – Representação dos experimentos realizados.

(Fonte: O autor)

4.2.1. TRATAMENTOS FÍSICO-QUÍMICOS DAS AMOSTRAS

A matéria-prima foi repartida em pedaços cilíndricos de aproximadamente 3,6


centímetros cada com a utilização de uma lâmina. Após a fragmentação da matéria
prima, cada pedaço foi pesado com o auxílio da balança analítica e anotou-se suas
massas iniciais. Foram preparados os béqueres com 40 mililitros de cada reagente
utilizado. Com os béqueres prontos e as amostras pesadas, cada fragmento foi
mergulhado em um béquer e deixado em repouso na solução por 4 dias. Após 4
dias, foi retirado todo o reagente do béquer e o que restou de cada amostra FOI foi
levado E secolavada e seca, em temperatura ambiente, por 24 horas, afim de se
retirar todo o reagente absorvido pela amostra. Após a secagem, as amostras foram
novamente pesadas e suas massas anotadas. As massas iniciais (Mo) e as massas
finais (Mf) foram obtidpesadas através da pesagem da amostra com o auxílio da
balança analítica;
29

as massas Mf também foram pesadas com o auxílio da balança analítica, após a


amostra ficar em solução e após o processo de secagem. A perda foi calculada de
acordo com a equação i.

𝑃𝑒𝑟𝑑𝑎 = 𝑀𝑓 − 𝑀𝑜 (i)

E a Perda (%), foi dada pela seguinte equação.

100𝑥𝑃𝑒𝑟𝑑𝑎
𝑃𝑒𝑟𝑑𝑎(%) = (ii)
𝑀𝑜

4.2.2. INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA E AGITAÇÃO NO TRATAMENTO DAS


AMOSTRAS

Foram selecionados 3 reagentes dentre os que mais degradaram as massa das


amostras testadas na etapa 4.2.1 para dar continuidade aos experimentos que
verificaram a influência da agitação durante o tratamento químico das amostras.

As mesmas condições iniciais de amostra foram mantidas (cilíndrica e com 3,6


centímetros de comprimento). Porém, agora foram utilizados 75 mililitros de
reagente, por réplica, que foi a quantidade necessária para que o agitador e a
amostra conseguissem permanecer submersos.

O béquer foi levado para uma chapa aquecedora, e imerso em um recipiente com o
auxílio de uma panela com glicerina, onde foi variada a temperatura do reagente da
temperatura ambiente até 100°C, simultaneamente, foi introduzido no béquer um
agitador mecânico com agitação na escala 1 do agitador mecânico.

Após percepção de degradação integral da amostra, ao se visualizar que não existia


mais parte sólida de poliuretano, o processo foi interrompido, e assim, calculado qual
reagente necessitou de menos tempo para degradar a mesma massa de
poliuretano.
30
31

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Apresenta-se, a seguir, os resultados dos tratamentos físico-químicos realizados nas


amostras do poliuretano, e, por último, apresenta-se os dados obtidos com a
influência da temperatura e da agitação nas amostras de poliuretano.

5.1 TRATAMENTOS FÍSICO-QUÍMICOS DAS AMOSTRAS

Os testes físico-químicos das amostras foram realizados em triplicata, em um total


de 10 reagentes.

(a)
32

(b)

Figuras 6. (a) e 6. (b) – Amostras de reagentes utilizados nos testes


(Fonte: O autor).
A primeira etapa de experimentos foi realizada em triplicata, onde foi realizado o
mesmo teste, com os mesmos reagentes e com as mesmas características.

As tabelas com os valores referentes a cada experimento da triplicata seguem no


anexo Anexo I. A tabela a seguir mostra os resultados médios obtidos nessa etapa.

Tabela 1 – Média dos resultados dos experimentos dos Testes Físico-químicos.

Reagente Mo (g) Mf (g) Perda (g) Perda (%) Desvio Padrão (%)
Acetona 1,301 1,2672 0,0338 2,6583 1,7277
Ácido Clorídrico 1,301 1,0401 0,2612 20,3346 11,3513
Ácido Nítrico 1,313 1,0148 0,2987 22,7257 18,8623
Ácido Sulfúrico 1,365 0 1,3650 100,0000 0
Água Raz 1,268 1,3181 -0,0506 -3,8730 3,5420
Álcool Etílico 1,313 1,3381 -0,0248 -2,1699 6,4642
33

Álcool Isopropílico 1,408 1,4791 -0,0714 -5,0970 3,1066


Metanol 1,423 1,4332 -0,0099 -0,6878 6,8306
Tinner 1,336 1,3865 -0,0504 -3,7097 2,0741
Xileno 1,466 1,5373 -0,0712 -4,9084 4,0585

Onde Mo é a massa inicial da amostra; Mf é a massa final do reagente, após a exposição ao reagente
e após o processo de secagem; e Perda é a diferença entre Mo e Mf, em gramas e em porcentagem.

Foi possível observar que alguns reagentes obtiveram um ganho de massa no final
da exposição e processo de secagem, pelo aumento da massa no final do
experimento. Foram eles: Água Raz, Álcool Etílico, Álcool Isopropílico, Metanol,
Tinner e Xileno. Abaixo podeNas Figuras 7, 8, 9, 10, 11 e 12 pode--se observar a
situação final de cada amostra mergulhada em cada um desses experimento.

Figura 7 – Amostra após contato de 96 horas em solução de Água Raz


(Fonte: O autor).
34

Figura 8 – Amostra após contato de 96 horas em solução de Álcool Etílico


(Fonte: O autor).
35

Figura 9 Amostra após contato de 96 horas em solução de Álcool Isopropílico


(Fonte: O autor).
36

Figura 10 – Amostra após contato de 96 horas em solução de Metanol


(Fonte: O autor).
37

Figura 11 – Amostra após contato de 96 horas em solução de Tinner


(Fonte: O autor).
38

Figura 12 – Amostra após contato de 96 horas em solução de Xileno


(Fonte: O autor).

As figuras Figuras 7 a 12 mostram que as amostras mergulhadas em contato com


esses reagentes continuaram visualmente integrasíntegras, não alterando nenhuma
característica, como formato, tamanho e cor, parecendo não haver nenhum tipo de
39

degradação; p o que pode ser explicado pelo fato das amostras testadas
apresentarem resistência-se resistentes quimicamente a estes reagentes.

Ao analisar a tTabela 1, dos resultados médios, é possível perceber que houve


aumento na massa final em relação a inicial, pois esses reagentes tiveram a
capacidade de absorver parte dos reagentes e não a de degradar sua massa.

Dessa forma temos que, nessa primeira batelada de experimentos os reagentes que
apresentaram resultados significativos foram: Ácido Sulfúrico, Ácido Nítrico, Ácido
Clorídrico e Acetona, em ordem crescente, de acordo com o percentual da massa
degradada. Observando os resultados na Ttabela 1, é possível verobservar que no
béquer a amostra de poliuretano em solução com o reagente ácido sulfúrico a
amostra foi é capaz de degradar integralmente sua massadegradada, sendo, por
enquanto, o reagente mais interessante para o objetivo do estudo. Os ácidos nítrico
e clorídrico e a acetona também foram capazes de degradar a amostra ddoe
poliuretano, mesmo que em menor intensidade quando comparado ao ácido
sulfúrico. Em seguida, as fotos das amostras e detalhes em cada um desses
reagentes:
40

5.1.1 ACETONA

Figura 13 - Amostra após contato de 96 horas em solução de Acetona


(Fonte: O autor).
.

Aparentemente a amostra colocada na solução de acetona não sofreu


degradaçãonão apresentou alteração, pois continua com a mesma forma, tamanho e
41

cor., porém, a amostra sofreu leve degradação, e sua massa final foi levemente
menor do que a massa inicial nesse experimento, praticamente imperceptível.
42

5.1.2 ÁCIDO CLORÍDRICO

Figura 14 – Amostra após contato de 96 horas em solução de ácido Clorídrico


(Fonte: O autor).

A amostra colocada em solução de ácido clorídrico sofreu uma degradação laminar


(em forma de escamas), desmanchando o material dessa maneira. A amostra
passou a apresentar uma cor amarelada, e teve o tamanho reduzido. O reagente foi
43

considerado eficiente, visto que houve uma por ter havido uma redução considerável
da na massa da amostra.

5.1.3 ÁCIDO NÍTRICO

(b)
(a)

Figuras 15.(a) e 15.(b) – Amostra após contato de 96 horas em solução de ácido nítrico
(Fonte: O autor)
A amostra colocada em solução de ácido nítrico foi bastante degradada, como é
possível observar nas imagens. O ácido nítrico é um ácido muito forte, e com isso,
degradou a amostra em farelos, de acordo com a figura Figura 17, deixando a
amostra com uma coloração dourada. Esse reagente também foi um dos mais
eficientes, pois no final do processo de secagem, a massa presente no béquer era
menor do que a inicial.
44

5.1.4 ÁCIDO SULFÚRICO

Figura 16 – Amostra já degradada após contato de 96 horas em solução de ácido sulfúrico


(O Autor).

A amostra mergulhada na solução de ácido sulfúrico foi a que sofreu maior


degradação. Esse reagente é um ácido muito forte, que conseguiu degradar 100%
45

da massa da amostra antes mesmo de completar os 4 dias (96 horas)em menos de


3 dias (72h) de exposição. Sendo o reagente mais eficiente dessa primeira leva de
experimentos, da primeira parte da pesquisa.

Dos primeiros experimentos executados para a primeira etapa do estudo, pode-se


concluir que os 3 reagentes mais eficazes foram: ácido clorídrico, ácido nítrico e
ácido sulfúrico.

Dentre todos os reagentes testados o ácido sulfúrico foi o que conseguiu atacar o
poliuretano com maior eficiência, consumindo integralmente a amostra, em todos os
testes realizados. Depois, os ácidos nítricos e clorídrico conseguiram,
proporcionalmente, degradar as amostras com intensidades muito próximas, sendo
igualmente eficientes.

Após a montagem do aparato, foi possível continuar com a segunda parte dos
experimentos, verificando a influência da temperatura e da agitação na degradação
das amostras de poliuretano.

5.2 INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA E DA AGITAÇÃO NO TRATAMENTO DAS


AMOSTRAS

Os ensaios realizados com os reagentes ácido clorídrico, ácido nítrico e ácido


sulfúrico, selecionados na etapa anterior do trabalho, foram feitos em triplicatas.

O aparato do experimento foi montado conforme a figura 17, e seguiu a mesma


estrutura para todos os ensaios realizados:
46

Figura 17 – Aparato experimental para tratamento térmico e agitação


Fonte: (O autor).

5.2.1. ÁCIDO CLORÍDRICO

Após serem expostas a uma solução de glicerina, que se encontrava a temperaturas


variando entre 95°C e 105°C, com 3 repetições de experimentos, foi possível
concluir que os ataques às amostras com ácido clorídrico não sofreram influência
significativa quando expostas a temperatura elevada e agitação constante. A
solução, porém, liberou gás cloro durante o aquecimento, pois o cloro, ao ser
aquecido, passou da fase líquida para fase vapor, se desprendendo do hidrogênio, e
evaporando.

Em todas os 3 ensaios observou-se que mesmo após decorrerem 30 minutos de


exposição, a amostra de poliuretano continuou, aparentemente, parecida com seu
aspecto inicial, havendo variação apenas na cor da amostra, que apresentou um tom
de amarelo mais intenso comparada à cor inicial.

5.2.2. ÁCIDO NÍTRICO

Após serem expostas a temperatura variando entre 95°C e 105°C, com 3 repetições
de experimento, as amostras de poliuretano foram totalmente degradadas nos
ensaios com ácido nítrico. Durante o processo de degradação, a solução de ácido
nítrico liberou gases amarelos/verdes, e ao final da degradação, a solução
apresentou uma coloração verde escuro. Essa característica é dada pois ao ser
exposto a temperatura, o ácido nítrico é transformado em óxido nítrico, que
apresenta uma coloração verde. Logo ao ser exposto à atmosfera, o óxido nítrico
produz óxido nitroso e nitrato, que possuem coloração amarela, marcante na
amostra de poliuretano (FLORA FILHO, 2000).

Os resultados das 3 exposições foram:


47
Tabela 2 – Resultados da etapa 2 com Ácido Nítrico.

Experimento Mo (g) Tempo (s)


1 1,4631 923
2 1,431 812
3 1,4198 703
M 1,4380 812,7

Em média, o ácido nítrico precisou de 812,7 segundos para degradar integralmente


uma amostra de 1,4380 gramas de poliuretano, sob as condições expostas.

Na etapa anterior, o mesmo reagente precisou de 96 horas de exposição para


degradar, em média, 0,2987 gramas da amostra.

5.2.3. ÁCIDO SULFÚRICO

Após serem expostas a temperaturas variando entre 95°C e 105°C, nas 3 repetições
as amostras de poliuretano foram degradadas integralmente, atingindo o objetivo
principal do trabalho. Ao decorrer da degradação, a solução assumiu colorações
diferentes, de acordo com o progresso da degradação. Inicialmente, a solução com
ácido sulfúrico pura era incolor; ao passardecorrer do experimento, assumiu
coloração rosa claro; com o início do processo de degradação, a amostra
apresentou coloração roxa e por último, após a total degradação, assumiu coloração
preta.

Os resultados das 3 exposições foram:

Tabela 3 – Resultados da etapa 2 para Ácido Sulfúrico.

Experimento Mo (g) Tempo (s)


1 1,351 513
2 1,4228 562
3 1,439 574
M 1,4043 549,7

Em média, o ácido sulfúrico precisou de 549,7 segundos para degradar


integralmente uma amostra de 1,4043 gramas de poliuretano, sob as condições
expostas.
48

Na etapa anterior, o mesmo reagente precisou de menos de 9672 horas de


exposição para degradar, em média, 1,365 gramas da amostra.
49
50

6 CONCLUSÃO

A partir dos resultados apresentados nesse trabalho, foi possível concluir que o
melhor reagente, dentre os testados, para a degradação química do poliuretano com
base de poliéter proveniente da indústria de fios diamantados foi o ácido sulfúrico.

Esse resultado foi obtido pela análise da composição das amostras, onde o ácido
sulfúrico foi capaz de degradar a massa dae amostra em menor tempo quando
comparado ao ácido nítrico e ao ácido clorídrico.

Os experimentos realizados na segunda etapa com o ácido clorídrico não


alcançaram o objetivo do estudo, o qual era encontrar um reagente que degradasse
toda a amostra em menor tempo, porém pois foi observado que após 30 minutos de
experimento, a amostra ainda não havia sofrido alteração.

Os resultados dos experimentos utilizando ácido nítrico também foram eficientes, e


conclui-se que o reagente também possui as características desejáveis no presente
trabalho.

Para sugestão de futuros trabalhos, seria interessante variar as concentrações dos


gases utilizados e verificar se em menores concentrações também são capazes de
degradar o poliuretano a base de poliéter.
51
52

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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55
56

ANEXO 1:

Tabela dos experimentos 1:

Reagente Mo (g) Mf (g) Perda (g) Perda (%)


Acetona 1,2882 1,2632 0,025 1,9407
Ácido Clorídrico 1,2555 0,8425 0,413 32,8953
Ácido Nítrico 1,3166 0,7309 0,5857 44,4858
Ácido Sulfúrico 1,3543 0 1,3543 100,0000
Água Raz 1,315 1,4174 -0,1024 -7,7871
Álcool Etílico 1,2604 1,3704 -0,11 -8,7274
Álcool Isopropílico 1,3888 1,509 -0,1202 -8,6550
Metanol 1,3799 1,485 -0,1051 -7,6165
Tinner 1,4235 1,51 -0,0865 -6,0766
Xileno 1,429 1,5652 -0,1362 -9,5311

Tabela dos experimentos 2:

Reagente Mo (g) Mf (g) Perda (g) Perda (%)


Acetona 1,227 1,1702 0,0568 4,6292
Ácido Clorídrico 1,3007 1,0757 0,225 17,2984
Ácido Nítrico 1,2869 1,124 0,1629 12,6583
Ácido Sulfúrico 1,2875 0 1,2875 100,0000
Água Raz 1,1592 1,1695 -0,0103 -0,8885
Álcool Etílico 1,4368 1,3765 0,0603 4,1968
Álcool Isopropílico 1,4101 1,4513 -0,0412 -2,9218
Metanol 1,3708 1,288 0,0828 6,0403
Tinner 1,3711 1,4014 -0,0303 -2,2099
Xileno 1,4711 1,4995 -0,0284 -1,9305

Tabela dos experimentos 3:

Reagente Mo (g) Mf (g) Perda (g) Perda (%)


Acetona 1,3878 1,3683 0,0195 1,4051
Ácido Clorídrico 1,3478 1,2021 0,1457 10,8102
Ácido Nítrico 1,3369 1,1894 0,1475 11,0330
Ácido Sulfúrico 1,4532 0 1,4532 100,0000
Água Raz 1,3284 1,3675 -0,0391 -2,9434
Álcool Etílico 1,2429 1,2675 -0,0246 -1,9792
Álcool Isopropílico 1,4242 1,4771 -0,0529 -3,7144
Metanol 1,5192 1,5266 -0,0074 -0,4871
Tinner 1,2137 1,2482 -0,0345 -2,8425
Xileno 1,4984 1,5473 -0,0489 -3,2635

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