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CONCEITOS BASILARES

DAS CIÊNCIAS SOCIAIS


UNIDADE IV
FORMAÇÃO DA SOCIEDADE BRASILEIRA
Elaboração
Aline Sabbi Essenburg

Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
SUMÁRIO

UNIDADE IV
FORMAÇÃO DA SOCIEDADE BRASILEIRA.................................................................................................................................... 5

CAPÍTULO 1
ESTRUTURAÇÃO DO BRASIL COMO NAÇÃO E UNIDADE POLÍTICA......................................................................... 5

CAPÍTULO 2
IDENTIDADES BRASILEIRAS...................................................................................................................................................... 7

CAPÍTULO 3
FORMAÇÃO DO PENSAMENTO SOCIAL BRASILEIRO A PARTIR DO FINAL DO SÉCULO XIX........................ 10

CAPÍTULO 4
CONSTITUIÇÃO E DESENVOLVIMENTO DA SOCIOLOGIA NO BRASIL DOS
ANOS 1930 ATÉ O PRESENTE................................................................................................................................................. 13

CAPÍTULO 5
CORRENTES DE PENSAMENTO NA EDUCAÇÃO BRASILEIRA E A FORMAÇÃO DOS PROFESSORES......... 20

REFERÊNCIAS................................................................................................................................................26
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FORMAÇÃO DA
SOCIEDADE BRASILEIRA
UNIDADE IV

Capítulo 1
ESTRUTURAÇÃO DO BRASIL COMO NAÇÃO E
UNIDADE POLÍTICA

Não havia unidade nacional, nem sentimentos de nacionalidade e patriotismo quando


a corte portuguesa chegou ao Brasil em 1808, sequer havia uma unidade territorial. Era
flagrante a falta de unidade política entre os vários núcleos coloniais, sendo que alguns
preferiam se relacionar diretamente com Lisboa, residência da família real, ao invés de
se reportarem à sede da colônia instalada no Rio de Janeiro. Foi somente a partir de
1822, com a Proclamação da Independência do Brasil, que um pequeno sentimento de
nacionalidade começou a ser gestado.

Durante o período regencial ocorreram revoltas – a exemplo da Sabinada, a Cabanagem,


e a Farroupilha – que corroboram a falta de identidade de um povo. Elas eram oriundas
de desejos regionalistas, e os insurgentes não almejavam mudanças nacionais, mas
provincianas. O caráter separatista se mostrava presente, especialmente na Revolução
Farroupilha no Rio Grande do Sul, a qual lutava pela separação do Estado, transformando-o
em uma República.

Foram os enfrentamentos com inimigos externos que fomentaram algum sentimento de


pertencimento nacional. A Guerra do Paraguai, de 1864 até 1870, e a vitória brasileira
estabelece um marco e a criação de símbolos que instituem sentimento de nação, através
da criação da bandeira e do hino nacional.

Dom Pedro II tem sua imagem construída como um grande líder da nação brasileira, e é
quando ocorre a criação dos primeiros heróis nacionais. É neste contexto que a unidade
acontece atrelada à centralização e unificação territorial do país, e de sua população que
passa a elaborar uma memória e uma história enquanto nação.

Outro fator importante para a ideia patriótica é a constituição do HGB (Instituto Histórico
e Geográfico do Brasil), nos anos 1838. A esse instituto ficou destinada a escrita de uma

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narrativa histórica brasileira, reunindo as diversidades em torno do recém-surgido


sentimento de nacionalismo. Fato também considerável foi a criação da AIBA (Academia
Imperial de Belas Artes) a fim de promover uma identidade nacional se valendo de
um gênero de pintura denominado pintura histórica, o qual constrói uma imagética
para servir de guia para os sujeitos, quanto ao desenvolvimento de uma história. O
pintor Pedro Américo foi o responsável pela criação da obra conhecida como O Grito
do Ipiranga, representando, de forma naturalista ainda que fantasiosa, o momento em
que Dom Pedro I declara a Independência do Brasil. Embora o momento tenha ocorrido
em 1822, a tela foi elaborada em 1888.

É dessa forma, inundada por antagonismos em várias facetas sociais no Brasil, que nossa
sociedade é formada e as ideias de nação e unidade política se delineiam. Mas é válido
observar que existe uma entre proprietário e trabalhador, cada vez mais sedimentada. Ao
invés de termos o processo cultural formador de instituições, no Brasil, o que prevaleceu
foi o personalismo, de modo a ser o Estado construído como vontade pessoal do que pelo
reflexo coletivo. De todo modo, é a construção da ideia de Independência que sedimenta
no povo o ânimo nacional ao reconhecer o Brasil como nação, corroborado com as
diversas constituições, depois da primeira em 1824, que compreendem o surgimento
do Estado brasileiro.

https://sagres.org.br/artigos/2.%20Reconstru%C3%A7%C3%A3o%20da%20
Na%C3%A7%C3%A3o%20no%20Brasil.pdf.

Aproveite para ler Brasil: Formação do Estado e da Nação, organização de Isván


Jancsó. Disponível em:

https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/2591278/mod_resource/content/1/
CHIARAMONTE_JC_metamorfoses_conceito_nacao.pdf.

Assista o vídeo: https://youtu.be/97E7i4BM85s.

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Capítulo 2
IDENTIDADES BRASILEIRAS

Muitos foram os cientistas sociais e historiadores que debateram a formação cultural


e histórica brasileira, bem como a sua identidade. Alguns nomes importantes são:
Sérgio Buarque de Holanda, Gilberto Freyre, Darcy Ribeiro, Roberto DaMatta e Carlos
Rodrigues Brandão. Antônio Cândido escreveu no prefácio do livro Raízes do Brasil
(1967), de autoria de Sérgio Buarque de Holanda:

Os homens que estão hoje um pouco para cá ou um pouco para lá dos


cinquenta anos aprenderam a refletir e a se interessar pelo Brasil,
sobretudo em termos de passado e em função de três livros: Casa grande
e senzala, de Gilberto Freyre, publicado quando estávamos no ginásio;
Raízes do Brasil, de Sérgio Buarque de Holanda, publicado quando
estávamos no curso complementar; Formação do Brasil contemporâneo,
de Caio Prado Júnior, publicado quando estávamos na escola superior.
São estes os livros que podemos considerar chaves, os que parecem
exprimir a mentalidade ligada ao sopro de radicalismo intelectual e
análise social que eclodiu depois da Revolução de 1930 e não foi, apesar
de tudo, abafado pelo Estado Novo. [...] Para nós, há trinta anos, Raízes
do Brasil trouxe elementos como estes, fundamentando uma reflexão que
nos foi da maior importância. Sobretudo porque o seu método repousa
sobre um jogo de oposições e contrastes, que impede o dogmatismo e
abre campo para a meditação de tipo dialético. Num momento em que
os intérpretes do nosso passado ainda se preocupavam, sobretudo com
os aspectos de natureza biológica, manifestando, mesmo sob aparência
do contrário, a fascinação pela “raça”, herdada dos evolucionistas, Sérgio
Buarque de Holanda puxou a sua análise para o lado da psicologia e da
história social, com um senso agudo das estruturas. Num tempo ainda
banhado de indisfarçável saudosismo patriarcalista, sugeria que, do ponto
de vista metodológico, o conhecimento do passado deve estar vinculado
ao presente. E, do ponto de vista político, que ainda, sendo o nosso
passado um obstáculo, a liquidação das “raízes” era um imperativo do
desenvolvimento histórico. Mais ainda: em plena voga das componentes
lusas avaliadas 2 sentimentalmente, percebem o sentido moderno da
evolução brasileira, mostrando que ela se processaria conforme uma
perda crescente das características ibéricas, em benefício dos rumos
abertos pela civilização urbana e cosmopolita, expressa pelo Brasil do
imigrante, que há quase três quartos de século vem modificando as linhas
tradicionais. [...] Casa - grande e senzala e Sobrados e mucambos foram
etiquetados livros de sociologia, mas a verdade é que sua originalidade e
vigor residem no que contêm não de teoria sociológica, mas de história
social, no caso de Freyre uma história social inspirada na antropologia

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da grande família brasileira, da sua vida privada e sexual [...] quando a


história e a antropologia ainda se ignoravam reciprocamente, Gilberto
Freyre atinou (trinta ou quarenta anos antes da terceira geração de
historiadores da École des Annales) com o partido que se podia tirar da
aplicação de métodos antropológicos [...] (CÂNDIDO apud HOLANDA,
1995, p. 09-20).

Por este ponto de vista não se pode duvidar que a formação cultural da sociedade
brasileira foi criada na diversidade e complexidade. É necessário ressaltar que tal
formação interferiu na vida de homens e mulheres e, para entender, é preciso refletir
sobre os panoramas nacionais e suas diversidades de vivências culturais (BRANDÃO,
2009). Indígenas, brancos e negros compõem etnicamente a híbrida população brasileira,
como bem demonstrou a obra Casa grande e senzala, de Gilberto Freyre, inovando na
reprodução de práticas negligenciadas da história nacional em temas como sexualidade e
cotidiano. É a pluralidade a grande característica da cultura brasileira, portanto devemos
nos apossar das culturas, conforme nos ensina Darcy Ribeiro (1995, p. 20):

Surgimos da confluência, do entrechoque e do caldeamento do invasor


português com índios silvícolas e campineiros e com negros africanos,
uns e outros aliciados como escravos. [...] A sociedade brasileira e a
cultura brasileiras são conformadas como variantes da versão lusitana 3
da tradição civilizatória europeia ocidental, diferenciadas por coloridos
herdados dos índios americanos.

De característica plural, o país é composto por elementos culturais mesclados em suas


expressões linguísticas, rituais e religiosas, em um multiculturalismo, que é o fundamento
da nossa identidade. Entretanto, foram os hegemônicos padrões culturais europeus que
prevaleceram sobre as culturas africanas e indígenas, ainda que não as tenham extinguido,
a exemplo dos negros e suas expressões abafadas na época da colonização. Seus lugares
sagrados estiveram sob controle da autoproclamada superioridade cultural e civilizatória
europeia e hoje são constituintes da rica diversidade que compõe a cultura do país.

A composição étnica do Brasil enfatiza aspectos relevantes para a identidade nacional,


como as expressões artísticas, os costumes, as crenças, o saber regional, a linguagem
e sotaques. Direcionar o olhar para a história, portanto, é fundamental para esse
entendimento. Assim nos conta Darcy Ribeiro:

Para os que chegavam, o mundo em que entravam era a arena dos seus
ganhos, em ouro e glórias. Para os índios que ali estavam, nus na praia,
o mundo era um luxo de se viver. Este foi o encontro fatal que ali se
dera. Ao longo das praias brasileiras de 1500, se defrontaram, pasmos
de se ver em uns aos outros tal qual eram, a selvageria e a civilização.

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Suas concepções, não só diferentes, mas opostas, do 5 mundo, da vida,


da morte, do amor, se chocaram cruamente. Os navegantes, barbudos,
hirsutos, fedentos, escalavrados de feridas de escorbuto, olhavam o que
parecia ser a inocência e a beleza encarnadas. Os índios, esplêndidos de
vigor e de beleza, viam, ainda mais pasmos, aqueles seres que saíam do
mar (RIBEIRO, 1995).

De fato, somos uma nação híbrida, entretanto, ainda vigoram preconceitos e falta de
entendimentos históricos, o que faz com que problemas seculares prevaleçam, dentre
eles, a educação (separamos o último capítulo para tocarmos novamente nesse assunto).
Para uma sociedade, de fato, democrática, o respeito ao diferente é essencial, o que
denota o respeito à própria nação.

[...] estamos nos construindo na luta para florescer amanhã como uma
nova civilização, mestiça e tropical, orgulhosa de si mesma. Mais alegre,
porque mais sofrida. Melhor, porque incorpora em si mais humanidade.
Mais generosa, porque aberta à convivência com todas as raças e todas
as culturas e porque assentada na mais bela e luminosa província da
Terra (RIBEIRO, 1995, p. 455).

Não silenciar a pluralidade cultural é o intento da contemporaneidade e o espaço escolar


mostra-se profícuo para tal, tendo em vista que ele ganhou muito espaço no cotidiano,
sobretudo urbano.

[...] a diversidade cultural é a riqueza da humanidade. Para cumprir sua


tarefa humanista, a escola precisa mostrar aos alunos que existem outras
culturas além da sua. Por isso, a escola tem que ser local como ponto de
partida, mas, tem que ser internacional e intercultural, como ponto de
chegada. [...] Escola autônoma significa escola curiosa, ousada, buscando
dialogar com todas as culturas e concepções de mundo. Pluralismo não
significa ecletismo, um conjunto amorfo de retalhos culturais. Significa
sobretudo diálogo com todas as culturas, a partir de uma cultura que se
abre às demais (GADOTTI, 1992, p. 23).

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Capítulo 3
FORMAÇÃO DO PENSAMENTO SOCIAL BRASILEIRO A
PARTIR DO FINAL DO SÉCULO XIX

Não podemos deixar de destacar Gilberto Freyre como expoente para a formação de
um pensamento social brasileiro. Tido como o mito da democracia racial brasileira,
pelo fato de afirmar que a brasilidade é edificada com a miscigenação entre o negro,
o índio e o branco, seu pensamento recai sobre o caráter nacional. Assim, se debruça
sobre religião, economia, culinária, sexualidade, política, dentre outras temáticas. Mas
cabe enfatizar que ele não dá ênfase à união física entre os grupos, mas à simbólica, ou
melhor, histórica e cultural. O livro de Boas denominado The Mind of Primitive Man foi
fundamental para Freyre, momento em que percebeu a relevância de separar os efeitos
do ambiente e culturais dos traços raciais. Foi neste viés que ele escreveu Casa Grande e
Senzala, de modo a fazer uma análise da formação do brasileiro a partir do seu dia a dia.

Casa-Grande e Senzala demonstra a sociedade escravocrata e mestiça. Os negros


(exaltado, mesmo sendo mostrado como obediente aos colonizadores) e os índios são
contemplados no primeiro e segundo capítulos, respectivamente, seguido da abordagem
do colonizador europeu.

O negro é, também, responsável pelo traço dionisíaco do caráter


brasileiro; é ele que ameniza o apolíneo presente no ameríndio, marca
tão patente em seus rituais. A dança, por exemplo, nos primeiros tem
caráter sensual, enquanto nos segundos é puramente dramática. A
alegria do africano contrabalançou o caráter melancólico do português
e a tristeza do indígena. A alegria e a bondade do africano são em grande
parte responsáveis pela doçura que marca as relações senhor/escravo
no Brasil (BASTOS, 2004, p. 231).

Gilberto Freyre, nascido em Pernambuco, protagonizou a produção cultural brasileira,


dando sua parcela de contribuição na construção de um país mais fidedigno na sua
participação do mundo moderno. Da sua tese Social Live in Brazil in the Middle of 19th
Century surgiu a obra Casa-Grande e Senzala, na qual apresenta seu entendimento a
respeito da sociedade brasileira, narrando a contribuição do negro na sua formação. Na
década de 30, o autor voltou a afirmar esta edificação colonial e patriarcal enfatizando
os anos da extorsão mercantil do período da cana-de-açúcar.

Segundo sua visão, a cultura daquele período se desenrolou de forma cortês, pois os
portugueses, índios e negros complementavam-se socialmente. Os primeiros, careciam
da alegria que os negros trouxeram, mesclando com a tristeza dos índios, formatando
a população que surgia neste trópico.

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A ideologia marxista influenciou fortemente o pensamento latino-americano no início de


1900, sobretudo Sérgio Buarque de Holanda, Caio Prado Junior e o próprio Freyre. Em
seguida, houve um mergulho no contexto dos trabalhadores, abordando os agrupamentos
agrícolas, as jornadas de trabalho e os ordenados. Neste viés, se dá uma ênfase na
indústria brasileira, na reforma agrária, nos movimentos e questões sociais, econômicas
e políticas durante o regime militar.

Monteiro Lobato (1882-1948) influenciou a política, a indústria e a cultura nacionaia,


ainda que suas obras não sejam tão estudadas quanto sua influência supõe. Envolveu-se
com problemas debatidos entre 1910 e 1940, foi adido comercial dos Estados Unidos,
preso na ditadura militar, abandonou sua cadeira na Academia Brasileira de Letras.
Em 1945, foi se empenhar nas traduções de suas obras, alterando seu domicílio para a
Argentina.

O autor rejeitou todas as manifestações artísticas de vanguarda vindas da Europa como


o futurismo, o cubismo, o dadaísmo ou o surrealismo. Nacionalista e crítico, criou seus
personagens neste perfil. Quando houve a abolição da escravidão, Monteiro Lobato tinha
seis anos de idade e presenciou a mudança da forma de trabalho. Na sua obra Negrinha
(1920), o autor expõe seu ponto de vista sobre a questão social, que não pretende ser
sociológica, ainda que a faça sem conotação científica, mas narrativa. Acreditava que
a sociedade brasileira no começo do século XX tratava de forma complicada a herança
escravagista. A personagem, título de sua obra, é uma menina de sete anos, que perdeu
os pais escravos, e era obrigada a ficar calada em um canto da sala. Proibida de brincar,
passava fome e frio. Inácia, ou melhor, Dona Inácia, era a patroa daquela criança, e muito
admirada na comunidade, sobretudo na igreja. Desse modo, a narrativa se constitui
em uma crítica social, que questiona a modernidade prometida pela República nos
direitos civis e observa a posição subordinada dos negros após a Abolição, mantendo a
predominância da aristocracia agrária.

Em 1875, chega ao Rio de Janeiro, vindo do Ceará, um nome de grande destaque para
o intelectualismo brasileiro, João Capistrano Honório de Abreu (1853-1927). Deu aula
no Colégio Aquino, colaborou com o jornal O Globo, foi redator da Gazeta de Notícias,
nomeado oficial da Biblioteca Nacional e do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro,
e escreveu a tese O Descobrimento o Brasil e o seu Desenvolvimento no Século XVI.
Foi partidário do determinismo sociológico, mas migrou do positivismo para o realismo
histórico. Suas análises se prestavam a ser imparciais e meticulosas, portanto, bastante
objetivas. Dessa forma, principiou as suas observações analisando o ambiente, os
elementos geográficos, raciais, psíquicos, econômicos, salientando a importância do sujeito
comum e das massas na evolução da história. Por outro lado, Capistrano minimizou a
influência dos heróis e dos guias. Capítulos da História Colonial, 1500-1580 é sua principal

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obra, a que o alçou ao mérito de grande historiador. Conforme dito anteriormente, ao


diminuir a importância dos heróis no desenrolar da história, seria de se esperar que
construísse uma teoria da literatura brasileira que alteraria o mito do bom selvagem.

Diplomado na Faculdade Livre de Direito no Rio de Janeiro, Francisco José de Oliveira


Viana (1883-1951) foi diretor do Instituto de Fomento Agrícola do Estado do Rio de
Janeiro a partir de 1926. Quatro anos depois publicou Populações Meridionais do
Brasil e Idealismo na Constituição. Viana foi também consultor jurídico do Ministério
do Trabalho e arquiteto da Previdência Social, caracterizando-se como um trabalhista,
conforme se atesta no escrito Direito do Trabalho e Democracia Social. Atuou como
ministro do Tribunal de Contas da União até a sua aposentadoria, em 1940.

Alguns teóricos definem sua obra como conservadora e como sendo apresentada com
serenidade, e é questionada no sentido de não designar aos negros um papel de destaque
na formação social do Brasil. Outras produções de sua autoria são Instituições Políticas
Brasileiras e O Caso do Império. O autor galgou o título de imortal na Academia Brasileira
de Letras em 1937.

Ainda desse período, podemos falar em Luís Pereira Barreto (1840-1923), que supunha
o amálgama entre a ciência e a instrução pública como maneira civilizatória do país.
Em Filosofia Teológica (1874) e Filosofia Metafísica (1876), analisou o Brasil sob os
preceitos de Auguste Comte.

Outros filósofos que se pautaram no positivismo foram: Alberto Sales, Pedro Lessa,
Paulo Egydio, Júlio de Castilhos e Benjamin Constant Botelho de Magalhães.

Opondo-se ao positivismo, estão os pensadores em torno de questões sociais, jurídicas


e culturais, o que se dá com grande ênfase na Faculdade de Direito de Recife, sobretudo
com Tobias Barreto (1839 – 1889). Esse retoma as ideias kantianas, sendo precursor
na discussão da filosofia, enquanto ciência, no ambiente acadêmico no país. Discorria
sobre o culturalismo na sociedade e no direito, de modo a dialogar o determinismo e a
liberdade dos sujeitos.

O culturalismo herda os preceitos de Recife e adentra as questões antropológicas e


sociais, supondo que o comportamento psicológico é condicionado pela cultura, de
modo a influenciar o pensamento dos sujeitos. Sob essa teoria, está Raimundo Farias
Brito (1862 – 1917), autor de uma rica produção filosófica produzida no país. Em seus
trabalhos, coloca Deus como fundamento explicativo da natureza e como base para os
preceitos morais da sociedade.

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Capítulo 4
CONSTITUIÇÃO E DESENVOLVIMENTO DA SOCIOLOGIA NO
BRASIL DOS ANOS 1930 ATÉ O PRESENTE

Em 1889, foi proclamada a República; estinguiu-se a influência econômica portuguesa e


iniciou-se a da Inglaterra. No campo cultural, passou a prevalecer a inspiração francesa.
Neste momento marcado pelo positivismo de Comte, apareceram os primeiros elementos
de uma sociologia pré-científica, elaborados por Florentino de Menezes (1886 – 1959),
Paulo Egydio (1842 – 1906) e Silvio Romero (1851 – 1914). Este último, mostrou-se
crítico, folclorista e historiador das produções literárias nacionais, imprimindo uma
brasilidade em seus escritos.

A Revolução de 1930, as mudanças sociais conforme o aumento da industrialização, a


queda das oligarquias e a estruturação do Estado Nacional resultam da reprodução do
que foi desenvolvido na Europa, na questão das ciências sociais.

Paralelo a isto, o ensino superior no Brasil caminhava com a fundação da Universidade


de São Paulo (1934), profundamente influenciada pela produção europeia. Surgiu neste
período a Escola Livre de Sociologia e Política (1933), para compreender a ampliação e
diversificação social do trabalho. É Florestan Fernandes (1920 – 1995) quem afirma que
as produções sociológicas sofrem interferência da institucionalização da sociologia, e que,
graças às universidades, os profissionais da área ganharam uma carreira academicamente
regulamentada.

Os trabalhos Gilberto Freyre (1900 – 1987) e Caio Prado Junior (1907 – 1990) qualificam
a produção, se comparada ao período anterior. Aparecem novos teóricos influenciados
pelos professores da USP e pelos europeus que vieram para compor a Escola Livre de
Sociologia e Política. Um desses foi Fernando de Azevedo (1894 – 1974) que, no texto
“Princípios de Sociologia”, comprovou domínio sociológico e exibiu uma compilação
pessoal da ciência. Outro escrito do mesmo autor foi A Cultura Brasileira e a Sociologia
Educacional.

Tristão de Ataíde (1893 – 1983) trouxe a publicação “Preparação à Sociologia”, e Arthur


Ramos (1903 – 1949) apresentou As Ciências Sociais e os Problemas de Após-Guerra.
Cabe citarmos ainda, Delgado de Carvalho (1884 – 1980), Djacir Menezes (1907 – 1996)
e Antônio Carneiro Leão (1887 – 1966) como produtores de trabalhos que compõem a
nova geração de pensadores.

Apesar de esta ciência sociológica ter surgido apenas de forma sistematizada, com a
criação da Universidade de São Paulo, no Brasil já existia um entendimento da sociologia
desde o fim dos anos 1800, e que foi aumentado pela obra Os Sertões, de Euclides da

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UNIDADE IV | Formação da Sociedade Brasileira

Cunha (1866 – 1909). Ele entendia que o positivismo e a república trariam a ordem e o
progresso através da melhor característica brasileira, que era justamente a mistura das
raças. Ele acreditava, inclusive, que as três expedições a Canudos falharam porque foram
executadas por filhos de negros e índios enfrentando o sertanejo, que era o aprimoramento
da raça brasileira. Na obra Os Sertões, Cunha deixa clara a ideia de que a raça branca
não representava os brasileiros. A mistura era importante, entretanto, precisaria ser
efetuada uniformemente, porque a mestiçagem tendia a enfraquecer a raça degenerando
os litorâneos e atrasando os sertanejos. Esses seriam serenos, apesar de rudes.

O darwinismo social encontrado por alguns estudiosos na obra citada pode ser visto
também em produções de Raimundo Nina Rodrigues (1862 – 1906), influenciador da
historiografia nacional quando investiga a guerra de Canudos.

Nina Rodrigues já indicava que negros e mestiços retardavam o progresso nacional, e


precisavam ser conduzidos por uma elite, por outros países, pois careciam de harmonia
comunitária. Seu trabalho se firmou sobre o cientificismo, ligando o darwinismo social
ao conceito de raça, levando à sugestão de branqueamento da população e segregação
dos outros grupos.

Sílvio Romero e Oliveira Vianna (1883 – 1951) partilhavam da impressão de que a


genética herdada da raça africana era prejudicial ao país, por produzir pessoas fisicamente
defeituosas e de índole deficiente, gerando, consequentemente, os problemas sociais.
Essa ideia foi contrariada por Manoel Bonfim (1868 – 1932), que declarava, em A
América Latina, Males de Origem, que o problema residia na história de escravidão
imposta pelos portugueses.

Plínio Salgado (1895 – 1975) conheceu o fascista Mussolini quando viajou à Itália em
1930. Ao regressar ao Brasil, o teórico fundou um movimento fascista. Com o Manifesto
de Outubro, elaborou as diretrizes para a fundação da Ação Integralista Brasileira, que
tinha a finalidade de harmonizar o dualismo brasileiro.

O mineiro Fernando de Azevedo se fez presente na criação da Universidade de São


Paulo, onde foi Mestre de Sociologia. Era um aristocrata de ideias humanistas, buscava a
conciliação entre as preocupações liberais e socialistas. Na sua obra A Cultura Brasileira,
retomou o conceito da unidade brasileira marcada em absurdos éticos, culturais e
regionais.

Em Raízes do Brasil, Sérgio Buarque de Holanda (1902 – 1982), baseou-se na pesquisa


de “primeira mão”, ou seja, não pautada nas traduções dos fatos. Assim, foi um dos
precursores na utilização do método tipológico de Marx Weber. E, na obra Visão do
Paraíso, vem a contestar a visão estereotipada que os europeus tinham do Brasil.

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Formação da Sociedade Brasileira | UNIDADE IV

A Segunda Guerra Mundial constituiu-se em um momento intrincado da história. A


polarização entre Estados Unidos da América e União Soviética como potências inimigas
deixou o planeta dividido. No pensamento pós-guerra do Brasil, surgiu uma maior
criticidade acerca de sua própria sociedade multifacetada e particular, e o nacionalismo
passou a figurar fortemente no cenário brasileiro. Entretanto, cabe ressaltar que Gerd
Bornheim (1929 – 2002) colocava-se crítico à noção de uma filosofia nacional. O teórico,
que auxiliou na divulgação das ideias de Martin Heidegger no país, salientou que o ato
filosófico é natural do sujeito.

Novos assuntos circundavam o debate de então: Octávio Guilherme Velho (1942)


apresentou Campesinato e Capitalismo Autoritário; Caio Prado Junior (1907 – 1990)
trouxe A Revolução Brasileira; Sociedade de Classes e Subdesenvolvimento veio com
Florestan Fernandes; Industrialização e Atitudes Operárias com Leôncio Martins
Rodrigues (1934). Delineou-se uma nova configuração social, cujas reflexões resultaram em
ideias originais desenvolvidas por brasileiros, superando a mera repetição de pensamentos
estrangeiros.

Alberto Guerreiro Ramos (1915 – 1982) contribui com A Redução Sociológica, na qual
censurou o colonialismo cultural. Neste viés, o autor entendia ser deficiente e alienada
a sociologia produzida no país, justamente por ter sido uma nação dependente e, assim,
reprodutora dos teóricos estrangeiros.

Na obra Assimilação e Populações Marginais no Brasil, Emílio Willems (1905 – 1997)


adquiriu importância na observação acerca da participação de imigrantes germânicos
na construção da história do Brasil. Luís Aguiar Costa Pinto (1920 – 2002), profissional
jovem, optou pela pesquisa sobre a mobilidade social de grupos étnicos. Tales de Azevedo
(1904 – 1995) empenhou seus estudos no aumento dos grupos negros em Salvador.

Em todas as partes do mundo, a sociologia sofreu enorme desconstrução depois da


Segunda Guerra Mundial, e inúmeros profissionais foram para a América, a fim de
continuarem seus estudos. O romance de Graciliano Ramos (1892 – 1953), Memórias
do Cárcere, data deste período e apresenta a realidade social e cultural do povo do início
dos anos 1900 no Brasil. Em sua obra, o autor relata a prisão sem julgamento formal,
que suportou no governo de Getúlio Vargas. Começa a narrativa com sua perseguição e
demissão do cargo que ocupava, e a desenvolve nos porões do navio, adentrando a prisão,
na conhecida Colônia Correcional de Ilha Grande. Seus escritos seguem até seu retorno
ao primeiro presídio, antes de ser solto. Ramos retrata o perfil psicológico dos outros
presos e o seu próprio comportamento de presidiário, e conclui que, mesmo quando em
convívio familiar, já se sentia encarcerado. Na visão do romancista, a verdadeira prisão
seria o sistema político.

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UNIDADE IV | Formação da Sociedade Brasileira

As minhas conclusões eram na verdade incompletas e movediças. Faltava-


me examinar aqueles homens, buscar as barreiras que me separavam
deles, vencer esse nojo exagerado, sondar-lhes o íntimo, achar lá dentro
coisa superior às combinações frias da inteligência. Provisoriamente
segurava-me a estas. Por que desprezá-los ou condená-los? Existem – e
é o suficiente [...] Quando muito chegamos a divisá-los através de obras
de arte. É pouco: seria bom vê-los de perto sem máscaras (RAMOS,
1969, p. 275-276).

Nelson Pereira (1928 – 2018) filmou uma película homônima (Memórias do Cárcere) e
repetiu a fala acerca da natureza humana dos presos. Este filme estreou em 1984, época
clamada pelas eleições diretas para escolha do presidente da república e do fim do AI5 -
Ato Institucional nº 5 – promulgado em 1968, o qual suspendia a liberdade individual
através da cassação dos direitos políticos. O conceito de cárcere, tratado nessas obras,
versa sobre um tipo de prisão social que, segundo eles, estava vigente no Brasil.

Aquele cárcere, na realidade, é uma metáfora da nossa sociedade. No


espaço exíguo da prisão, a dinâmica de cada um é mais clara. A classe
média militar, o operário, o jovem, a mulher, o negro, o nordestino, o
sulista. O encontro com o prisioneiro comum, o ladrão, o assaltante. O
homossexual. Graciliano registrou tudo isso lutando contra os próprios
preconceitos, deixando um testemunho generoso, aberto (SANTOS,
2005, p. 357).

O raciocínio econômico do país se constituía através de diagramas interpretativos e com


a lei da oferta e da procura. Celso Furtado (1920 – 2004) produziu trabalhos nos quais se
contrapunha a esta doutrina e sugeria que a economia fosse analisada historicamente. Para
o autor, o subdesenvolvimento se dava devido à economia influenciada pelo capitalismo
internacional. Dirigiu o hoje denominado Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico
e Social (BNDES) e a Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE),
durante o governo de João Goulart e o de Juscelino Kubitscheck, respectivamente.

Desenvolvimento e Subdesenvolvimento, alargado em Teoria e Política do


Desenvolvimento Econômico, Um Projeto para o Brasil, A Pré-Revolução Brasileira,
O Mito do Desenvolvimento Econômico e Formação Econômica no Brasil são obras de
Furtado, sendo clássica a última, devido à amplitude do estudo histórico e econômico
dos colonizadores até a atualidade.

Durante os anos 1960, a intelectualidade passou a se preocupar com a reforma agrária


e os movimentos rurais e urbanos. Depois de 1964, os estudiosos orientaram seus
trabalhos amparados pelo marxismo, e os direcionaram para questões sócio-políticas
e econômicas, enfatizando a dificuldade em expressar sua ideologia durante o período
ditatorial.

16
Formação da Sociedade Brasileira | UNIDADE IV

Os comunistas se associaram aos militantes católicos e surgiu a Teoria da Libertação,


com a aproximação aos movimentos rurais e a criação da Comissão Pastoral da Terra,
fomentadora do MST (Movimento dos Trabalhadores sem Terra). A estabilidade foi
extinta, sobreposta pelo Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), existente
até os dias de hoje.

A ideia marxista tomou mais corpo nas cátedras, e suas teorias alcançaram mais esferas
de atuação, de modo que a sociologia se debruçou sobre os operários fabris em pontos
opostos: aumento da indústria e baixa adesão sindical, desigualdade social e acesso aos
bens materiais, migração rural e urbanismo, modernidade e tradição.

A classe operária foi observada de forma diversa de outrora, considerando o chamado


“chão-de-fábrica”, revendo processos e tecnologias. Os interesses sociais do universo
profissional passaram a ser vistos atrelados à vida fora do trabalho, incluindo as famílias
e as redes de relacionamentos. Os trabalhadores passaram a ser pensados partindo das
suas concepções, da relevância da situação humana e da construção da identificação social.

Dentre o pensamento de realce nacional também estava o de Mário Ferreira dos Santos
(1907 – 1968), que versava sobre as ciências sociais, econômicas e histórico-culturais.
O filósofo lançou a Filosofia Concreta, na qual defendeu a necessidade de superação da
abstração filosófica resultante da fragmentação do conhecimento.

Começam a surgir no Brasil diversos pensadores com teorias diferentes, enriquecendo


a ciência social e filosófica, mas ainda carecia de uma maior amplitude a fim de abarcar
todas elas, ou a maior parte. Assim, ao verificar diversas áreas do saber, seria preciso
fazer o entrelaçamento de todas elas, e isso se deu por meio do método dialético concreto:
observar de perto os objetos para depois se afastar e verificar o todo.

Com seu trabalho, sobretudo em Teoria do Conhecimento – Gnosiologia e Criteriologia


(1954) e Lógica e Dialética (1959), Mário Ferreira nos apresentou o que vem a ser a
decadialética e sua relevância para a edificação de um conhecimento que se caracteriza
como indubitável.

O termo cunhado pelo filósofo faz referência aos dez campos dialéticos que podem
verificar profundamente o conhecimento, almejando-o concreto. E o processo não é
excludente, ou seja, não são construídos novos conceitos, mas um é influenciado por
outro, ocorrendo, assim, mudanças e aprimoramentos, em uma existência tensional.
É saliente em seu trabalho, a afirmação de que nenhum conceito consegue findar a
experiência, fato esse, coerente com as pesquisas na esfera histórica e cultural. Desse
modo, o positivismo e o relativismo deixaram seus extremos e, tudo o que contextualizava
uma ideia, recebeu atenção.

17
UNIDADE IV | Formação da Sociedade Brasileira

O pensamento voltado para o conhecimento sistematizado marcou os estudos na


contemporaneidade, que primavam pela aquisição da prática de pesquisa, semelhante
aos núcleos dos países “evoluídos”. Essa abordagem se intensificou com a Teoria da
Modernização, no estudo da mudança de uma sociedade tradicionalista para uma moderna.
A década de 50 ficou marcada por uma sociologia original e nacionalista, desejando que
o país se afastasse do seu papel de colônia. Na referida Teoria, o desenvolvimento é
percebido com uma transição da sociedade rural para uma industrial.

O viés científico, com aprimorados procedimentos de pesquisa, gerou algumas


consequências, como a crescente tecnificação, a utilização generalizada de instrumentos
de pesquisa, o caráter rotineiro e coletivo das atividades, o aumento intensivo de recursos
financeiros, além de espaços, equipamentos e profissionais técnicos e administrativos.

A briga entre o sistema e a reação das ciências sociais no Brasil teve o ponto mais alto
com o golpe de 1964. Ao contrário do esperado, os militares não atentaram para o fato
de o movimento revolucionário, derrotado na guerrilha, ter direcionado sua ofensiva
para a ampliação dos cursos de pós-graduação como núcleos de pesquisa, especialmente
após a Reforma Universitária de 1969.

Nos primeiros anos do regime militar, no período que se estende


entre 1964 e 1969, os prognósticos pessimistas pareciam confirmar-
se. As cassações de professores universitários logo depois do golpe, e
posteriormente, com impacto ainda maior, aquelas que se seguiram
ao AI-5, levou a pensar que as ciências sociais entrariam em recesso
no Brasil. Neste mesmo período‚ foi aplicada a reforma universitária,
que com assessoria americana encontra a vontade da comunidade
acadêmica. Embora importantes ambos os fenômenos não chegaram a
abalar fundamentalmente o futuro desenvolvimento das ciências sociais
ainda que certos centros universitários como a USP e UFRJ possam ter
sofrido individualmente um impacto maior. Isto, em primeiro lugar,
porque um número importante de cientistas sociais cassados permaneceu
no país, inclusive auto-organizados em centros como o CEBRAP, e em
segundo lugar, nenhuma instituição chegou a ser fechada ou mesmo
esvaziada, permanecendo nos seus cargos a maioria dos quadros docentes
(GERMANI, 1964, p. 46).

Foi a Reforma de 69 a introdutora do sistema departamental e de novas regras para a


atividade sociológica, as quais abrangeram a pós-graduação e uma nova estrutura dos
cursos. Aumentou a influência dos trabalhos de Erving Goffman, devido ao marxismo
e ao estruturalismo, e a suas diversas vertentes referenciarem as ciências sociais. A
Representação do Eu na Vida Cotidiana; Manicômios, Prisões e Conventos, e Esgrima
são trabalhos publicados nessa época.

18
Formação da Sociedade Brasileira | UNIDADE IV

Mestre em ciências sociais e doutor em sociologia pela Universidade de São Paulo, Luiz
Pereira (1933 – 1985) licenciou-se como pedagogo e atuou em três assuntos: dimensão
educacional dos processos sociais, processo de desenvolvimento e as várias faces do
modo de produção capitalista brasileiro.

É a década de 1980 que marca o final do governo militar e a promoção da abertura política,
resultando no fim do bipartidarismo. Assim, muitos que militavam nas universidades
passaram a buscar o poder na vida política.

O Partido Trabalhista Brasileiro recebeu a filiação de Darcy Ribeiro e passou a contar


com a contribuição direta de sociólogos, como o que viria a ser presidente da república,
Fernando Henrique Cardoso. O Partido dos Trabalhadores foi o que recebeu em seus
quadros a maioria dos que figuravam nas ciências sociais enquanto esperavam sua
oportunidade, entre esses destacam-se Florestan Fernandes, Antônio Candido Mello e
Souza (1918 – 2017) e Francisco Weffort (1937).

Foi a junção da política formal com a teoria social que originou uma nova Constituição
(1988) estabelecida de forma congressual, conhecida como Constituição Cidadã e,de
fato, não muito amparada pela realidade.

Esta união da formalidade política com a teoria culmina com os novos pressupostos
constitucionais quando a ciência social é completamente absorvida pelo ideal marxista
e suas pesquisas ampliam-se para questões pontuais, denominadas minorias, a exemplo
das particularidades femininas, das favelas, dos menores de idade, da violência urbana,
da violência rural, do engajamento e da arte panfletária. A sociologia se desmembrou
em vários conceitos e alcançou cada grupo ditando os comportamentos coletivos em
detrimento dos individuais.

Foi Florestan Fernandes o precursor de uma nova época na sociologia nacional, suscitando
um olhar diferente sobre o passado e o presente sociológicos, de modo a revelar a visão
do brasileiro, descendente de índios, portugueses, africanos, asiáticos. Apresentou a
história baseada na formação das classes sociais marcada por lutas diversas. Mudanças
Sociais no Brasil, O Negro no Mundo dos Brancos, A Integração do Negro na Sociedade
de Classes são obras de relevo.

19
Capítulo 5
CORRENTES DE PENSAMENTO NA EDUCAÇÃO BRASILEIRA
E A FORMAÇÃO DOS PROFESSORES

Depois do século XVIII e o surgimento do capitalismo e da propriedade privada, o


convívio comunitário foi reduzido, ficando as mulheres mais reclusas no seio familiar.
É quando a família burguesa ascende e as crianças, dentro desse âmbito, começam a ser
tratadas com mais atenção, tanto afetiva quanto socialmente, afinal a responsabilidade
dos pais vigorava: a mãe educava (vida privada) e o pai provinha (vida pública). Com
a infância inteiramente dada no interior das famílias, surgiu a necessidade de instruir
e cuidar com cada vez mais afinco e, consequentemente, escolarizá-las. Aparecem as
primeiras instituições, objetivando transmitir o conhecimento científico aos filhos da
burguesia, formando e preparando-os para a vida adulta e o trabalho.

A história da educação de pessoas com necessidades especiais acompanhou, de algum


modo, as práticas educativas para as demais crianças. Mas a preocupação com elas
começou a se delinear apenas a partir do século XIX, na ocasião da sociedade urbana/
capitalista/industrial. A infância como a entendemos atualmente era inexistente em
toda a antiguidade até a era moderna. Somente a partir de então, as crianças passam a
ser consideradas como tendo uma função histórica e social específica.

Com a era industrial e a peremtoriedade da produção e da lucratividade, as mulheres


adentraram o mercado, configurando um novo modelo familiar, o que gerou inúmeros
movimentos sociais em busca de um espaço educacional para as crianças. É nesse momento
que se configurou a educação infantil aos moldes do assistencialismo, atendendo as
classes menos abastadas. Aqui se iniciaram dois caminhos opostos: os filhos dos ricos
eram submetidos a severas disciplinas e à intelectualidade enciclopédica por meio de
preceptores; já os pobres, caracterizados de carentes ou deficientes, eram levados para
asilos, onde recebiam alimentação e cuidados, e raramente aprendiam um ofício.

Em 1837, Friedrich Froebel, na Alemanha, edificou os Kindergarden (Jardins de


Infância), para os menores de oito anos, e acreditava que o aprendizado dependia
dos interesses de cada sujeito. Saiba mais em:

https://www.researchgate.net/publication/337722331, Friedrich_Froebel._O_
Contexto_Europeu_do_Seculo_XIX_e_os_Jardins_de_Infância.

Já em fins do século XIX e início do século XX, inúmeros teóricos da área da filosofia,
pedagogia e psicologia se debruçaram sobre as problemáticas da aprendizagem, a exemplo
de Piaget, Vygotsky, Freinet, Emília Ferreiro, Paulo Freire etc. Se havia a preocupação
com a aprendizagem, havia também com as crianças que não seguiam um padrão de

20
Formação da Sociedade Brasileira | UNIDADE IV

normalidade e eram, consequentemente, excluídas desse processo. Concomitantemente


ao reconhecimento da infância, se dá a visibilidade das pessoas com deficiência; ademais,
a ideia de assistencialismo e filantropia, direcionadas às classes menos favorecidas, era
dispensada, também, aos deficientes.

De grande influência na educação brasileira são: Montessori, Piaget, Vygotsky, Freinet,


Wallon, Dewey e os brasileiros Freire e Libâneo.

A considerável diminuição de mão de obra, devido às duas Guerras Mundiais, fomentou


o movimento de integração dos sujeitos com necessidades educativas especiais. A crise
do petróleo também incentivou os programas sociais, uma vez que esses minimizavam
as verbas governamentais.

Em território brasileiro, os jesuítas, no século XVI, foram precursores a formular uma


política educacional formal, trazendo também os ensinamentos da fé católica aos
indígenas: a aculturação se iniciou. A primeira escola elementar brasileira foi construída
em 1549, em Salvador. Esse foi somente o início de inúmeras construções de colégios e
templos em todo o país, que adentraram até o final do século XVIII, consolidando uma
pedagogia que ainda vigora na rede internacional da Companhia de Jesus.

Influenciadas pelas noções assistencialistas e filantrópicas aos moldes europeus (que


vigoravam desde o século XVIII), foram criadas as instituições para pobres e filhos de
ex-escravos, os chamados asilos, internatos e creches. Elas eram destinadas aos cuidados
gerais, como higiene e alimentação dos filhos dos trabalhadores. Não há como negar que
havia ali um caráter higienista e médico, considerados como um favor da filantropia às
famílias de baixa renda. Enquanto isso, os Jardins de Infância objetivavam a educação
pedagógica dos mais afortunados. Os primeiros desses surgiram em 1875, na cidade de
São Paulo e, em 1877, no Rio de Janeiro.

No final do século XIX e começo do XX, ocorria uma propensão no mundo inteiro a
reformar os sistemas de ensino, sob o título escola nova ou escola-novista, objetivando a
superação do tradicionalismo e a austeridade na educação que não seguia as modificações
sociais.

Pode-se pois dizer que nos primeiros 50 anos do Império, as poucas escolas
normais do Brasil, pautadas nos moldes de medíocres escolas primárias,
não foram além de ensaios rudimentares e mal sucedidos. Em 1867,
Liberato Barroso, registrando a existência de apenas quatro instituições
desse gênero no país – no Piauí, em Pernambuco, na Bahia e no Rio
–, lamentava o fato de que,em virtude de suas deficiências, “nenhum

21
UNIDADE IV | Formação da Sociedade Brasileira

aproveitamento notável tinham elas produzido até então”, de forma


que a escola normal era ainda uma instituição “quase completamente
desconhecida” (TANURI, 1979, p. 22).

Esse movimento foi acompanhado pelo nosso país, quando inseriu a psicologia na área
educativa com a aplicação de testes de inteligência para poder identificar os deficientes
intelectuais. Assim, muitos profissionais da psicologia que atuavam na área educacional
chegaram ao Brasil para ministrar cursos, dentre eles estava a russa Helena Antipoff, em
1929, que se fixou no país e influenciou sobremaneira o cenário da educação especial.

As instituições destinadas à idade pré-escolar se expandiram no final dos anos de 1970 e,


após a Constituição Federal de 1988 e a criação doEstatuto da Criança e do Adolescente
(ECA) em 1990, a educação foi reconhecida como seu direito, dever dos Estados e sua
oferta foi de responsabilidade das unidades municipais – para crianças de zero a seis anos
-, embora seja clara a falta de direcionamento para essa faixa etária até os dias atuais.

Com a obrigatoriedade do ensino fundamental, amplificou-se a preocupação com


a instrução das camadas jovens, mesmo de caráter técnico. Mas a demanda não
conseguia ser atendida, principalmente devido à migração do campo para as cidades,
fomentando a urgência da formação de mais professores. As novas necessidades
da década de 1970 interferiram nessa formação, assim, se outrora os professores se
habilitavam pelos cursos normais, passaram a se formar já no 2º grau profissionalizante,
denominado magistério. Outro ponto importante na reforma de ensino de 1º e 2º
graus foi a regulamentação das licenciaturas curtas, conforme o capítulo V, artigo
29 e 30 da Lei nº 5.692/71.

Art. 29. A formação de professores e especialistas para o ensino de


1º e 2º graus será feita em níveis que se elevem progressivamente,
ajustando-se às diferenças culturais de cada região do País, e com
orientação que atenda aos objetivos específicos de cada grau, às
características das disciplinas, áreas de estudo ou atividades e às fases
de desenvolvimento dos educandos. Art. 30. Exigir-se-á como formação
mínima para o exercício do magistério: a) no ensino de 1º grau, da 1ª
à 4ª séries, habilitação específica de 2º grau; b) no ensino de 1º grau,
da 1ª à 8ª séries, habilitação específica de grau superior, ao nível de
graduação, representada por licenciatura de 1º grau obtida em curso
de curta duração; c) em todo o ensino de 1º e 2º graus, habilitação
específica obtida em curso superior de graduação correspondente a
licenciatura plena. § 1º Os professores a que se refere a letra a poderão
lecionar na 5ª e 6ª séries do ensino de 1º grau se a sua habilitação houver
sido obtida em quatro séries ou, quando em três mediante estudos
adicionais correspondentes a um ano letivo que incluirão, quando for
o caso, formação pedagógica. § 2º Os professores a que se refere à letra
b poderão alcançar, no exercício do magistério, a 2ª série do ensino

22
Formação da Sociedade Brasileira | UNIDADE IV

de 2º grau mediante estudos adicionais correspondentes no mínimo


a um ano letivo. § 3° Os estudos adicionais referidos nos parágrafos
anteriores poderão ser objeto de aproveitamento em cursos ulteriores.

Cabe ainda enfatizar que o ensino de filosofia e de sociologia havia sido excluído em
1971, em meio ao regime militar. Na ocasião, os conteúdos filosóficos eram tidos como
não adequados aos interesses dos governantes.

Durante os anos 60, com o impacto da ideologia da cultura tecnicista,


de influência norte-americana, a educação humanista, dita clássica,
sofreu grande abalo. O ensino de Filosofia, assim como o do Latim, por
exemplo, acabou cedendo à formação científica, que passou a significar
uma suposta modernização e adequação às novas demandas da realidade
econômica do país (BIRCHAL; KAUARK; MARQUES, s/d).

Foi em 2008 que as referidas disciplinas passaram a ser compulsórias, durante o governo
socialista do presidente Lula, implantada pelo ministro da Educação de então, Fernando
Haddad1. O objetivo era levar os alunos a se aproximarem dos ideais concebidos sobre
o que era a participação individual nas manifestações sociais.

“Após quase 40 anos, as disciplinas de filosofia e sociologia foram novamente


incorporadas ao currículo do ensino médio, em junho de 2008, com a entrada em vigor
da Lei nº 11.684. A medida tornou obrigatório o ensino das duas disciplinas nas três
séries do ensino médio. Elas haviam sido banidas do currículo em 1971 e substituídas
por educação moral e cívica. A nova legislação deu força de lei ao Parecer nº 38/2006,
do Conselho Nacional de Educação (CNE), que tornava obrigatória a inclusão de
filosofia e sociologia no ensino médio sem estabelecer, no entanto, em que série
deveriam ser implantadas.” (Fonte: http://portal.mec.gov.br/component/tags/tag/
filosofia-e-sociologia-no-ensino-medio).

O atraso de investigações filosóficas e sociológicas contrapunha o Brasil, um país de


capitalismo tardio, a outros mais avançados, fato que se traduzia na submissão científica
e cultural. Diante disso, o que se via era a importação e reprodução do pensamento
europeu em detrimento da criação de um nacional.

A velocidade com o que o capitalismo norte-americano se desenvolveu conduz a uma


diferença grande entre a sociologia estadunidense e a brasileira. Aquela também derivou
da europeia, mas assim como o sistema capitalista, a disciplina avançou com igual
agilidade. Enquanto no Brasil e nas demais nações latino-americanas, de igual modo nas
africanas, o que se viu foi uma sociologia atrasada, parelha com o parco desenvolvimento
da estrutura do sistema vigente.

1 Lei promulgada em 2/6/ 2008. O texto integral pode ser encontrado em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/
lei/l11684.htm.

23
UNIDADE IV | Formação da Sociedade Brasileira

A economia colonial e a sociedade escravagista impuseram a utilização da mão de obra


cativa e usurparam parte das riquezas locais para o povo colonizador, derivada desta
anomalia na relação de trabalho. Diante desta realidade abjeta, evidencia-se a ausência
de espaço para o estudo da sociologia e da filosofia, que seriam ciências contestadoras
desta prática.

Somente após a crise de 1929, como diz Cardoso de Mello (1986), a industrialização
brasileira começou a se desenvolver com mais velocidade e a economia cafeeira de São
Paulo a estimulou com o capital monetário acumulado, modificando a mão de obra em
mercadoria, e implementando um mercado consumidor. E assim perdurou até 1955,
quando a economia se desamarrou da produção do café. Essa demora da estruturação
do capitalismo brasileiro colocou o Brasil em uma situação de inferioridade na partilha
do trabalho no mercado internacional.

Da mesma forma que o país demorou a se estruturar no modelo capitalista, ficando para
dependente e imitador dos modelos científicos, também no campo intelectual há um
retardo. Um dos motivos desse atraso é que a criação de instituições de nível superior e
a construção de uma tradição científica surgiram muito após outros países. O que se viu
foi uma enorme reprodução da cultura europeia e norte-americana e uma concentração,
sobretudo no Rio de Janeiro e em São Paulo, das produções nacionais.

Comparando com as matrizes europeias e norte americanas, tivemos um caminho


lento, podendo ser visto também no pensamento político, que desde a proclamação da
República foi o positivismo. Esta situação acarretou, portanto, um total descompasso
entre nosso país e a Europa, visto que a compreensão sociológica só foi iniciada após a
década de 1930.

Há ainda que enfatizar que há tempos vigora a preocupação com a formação dos
professores no país. Já em 1882, Rui Barbosa criticava a educação superior, sobretudo
de Direito. Ademais, em síntese temos:

» 1890 – 1930: Criação de escolas normais, sob ideais iluministas e positivistas.

» 1930 – 1961: Influências de ideais escalanovistas.

» A partir de 1961: Concepção produtivista

De todo modo, as licenciaturas no país estão sob constante desafio para se adaptar ao
novo século, extremamente tecnológico e que prima pela interatividade e pelo pensamento
crítico. Conforme sinaliza Perrenoud (2002, p. 17): “a formação não tem nenhum motivo
para abordar apenas a reprodução, pois deve antecipar as transformações”.

24
Formação da Sociedade Brasileira | UNIDADE IV

Para saber mais sobre a formação dos professores no Brasil, acesse o link a seguir:

https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/histedbr/article/view/8639868/7431.

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