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e Conservação
Objetivo da Unidade:
ʪ Material Teórico
ʪ Aula Prática
ʪ Referências
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ʪ Material Teórico
Nível de biossegurança 2: neste nível, o risco é maior que no primeiro, mas ainda
está associado a um baixo grau de contaminação biológica. Antes que ocorra o
descarte, é necessária a esterilização de todo material biológico. O processo de
centrifugação somente pode ser realizado de maneira isolada e vedada. Além
disso, enquanto estão sendo analisadas as amostras, o acesso é restrito;
Nível de biossegurança 3: neste nível, há manipulação de agentes biológicos que
podem provocar doenças graves em seres humanos e, por isso, a manipulação dos
agentes biológicos deve ocorrer por meio de cabines de biossegurança e roupas
adequadas;
Uso de EPI´s
Os Equipamentos de Proteção Individual (EPI`s) devem ser utilizados de forma obrigatória nas
atividades laboratoriais. Isso inclui o uso de luvas descartáveis ou luvas especiais para frio e
calor, avental ou jaleco, touca, sapatos fechados, óculos e máscaras. Os sapatos e a proteção
dos sapatos devem ser considerados necessários em atividades realizadas em ambientes a
partir do Nível de Biossegurança 2 (NB II).
Uso de EPC`s
Os Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC`s) se destinam à proteção dos trabalhadores. Em
ambientes laboratoriais, por exemplo, encontramos: capelas de exaustão; capelas ou cabines
de uxo laminar; lavador de olhos e de face, portátil e xo; chuveiro de emergência, portátil
e xo; kits de tratamento para acidentes com químicos ácidos, cáusticos e solventes; sistema
de limpeza de sala a vácuo; contenedores de plástico duro com pedal de diversos tamanhos e
capacidades, para descarte de resíduos infectantes; contenedores de plástico duro com pedal
de diversos tamanhos e capacidades, para descarte de resíduos de risco; tapete de membrana
de polietileno limpadora de sapatos, de entrada de ambientes; termômetro; e medidor de
umidade de área.
Riscos acidentais: são, de forma geral, todos os tipos de riscos aos quais os
pro ssionais estão expostos e que podem ser prevenidos com o uso de
equipamentos de segurança como EPI’s e EPC’s.
Coleta de Sangue
Para coleta de amostras de sangue, devem ser observadas as informações relacionadas à
requisição do material, à identi cação das amostras, à identi cação completa do paciente
(com nome completo, idade, sexo, endereço, telefones, número do registro, uso
medicamentoso, presença de anomalias preexistentes etc.) e ao médico solicitante.
É coletada uma amostra de sangue total na quantidade necessária para realização dos exames
solicitados. Dependendo do exame, é necessária a coleta em tubo com anticoagulante, como
para realização do hemograma, em que o anticoagulante de escolha é o EDTA (tubo tampa
roxa).
As amostras biológicas que apresentarem hemólise, lipemia e presença acentuada de
bilirrubina, deverão ser recoletadas, pois podem ser ine cientes nos processos e nos
resultados. Devem ser seguidos critérios de conservação e transporte das amostras para que
não haja alterações nos constituintes sanguíneos. Por m, o descarte das amostras deve
seguir os protocolos estabelecidos pelas Normas Brasileiras de Biossegurança.
Calçar luvas;
A coleta do sangue pode ser realizada com seringa ou com material de coleta à
vácuo;
Para coleta com seringa, deve-se conectar a agulha à seringa. A agulha deve estar
rme para assegurar que não solte durante o uso. Deve ser removida a capa da
agulha e a coleta deve ser realizada com bisel voltado para cima. Além disso, deve-
se realizar o garroteamento;
Para coleta à vácuo, segure rme o sistema agulha-adaptador com uma das mãos
e, com a outra, pegue o tubo de coleta a ser utilizado, conectando-o ao adaptador.
Com o tubo de coleta dentro do adaptador, pressione-o com o polegar, até que a
tampa tenha sido penetrada. Assim, o sangue começará a uir para dentro do
tubo. Quando o tubo estiver cheio e o uxo sanguíneo cessar, remova-o do
adaptador, trocando-o pelo tubo seguinte. O tubo subsequente deverá ser acoplado
em ordem especí ca a cada um dos exames solicitados, sempre seguindo a
sequência correta de coleta.
Importante!
Escolher uma região de punção envolve algumas considerações, como:
não selecionar um local no braço do mesmo lado onde ocorreu
mastectomia; não selecionar um local no braço em que o paciente foi
submetido a uma infusão intravenosa; não selecionar um local com
hematoma, edema ou contusão; e não selecionar um local com
múltiplas punções.
Importante!
Hematomas podem ser gerados no paciente quando o procedimento de
coleta não é realizado de forma adequada, geralmente quando a veia é
perfurada e o sangue extravasa.
O plasma corresponde a 55% do volume sanguíneo total. Na sua fração acelular, encontram-
se vitaminas, hormônios e anticorpos, que serão distribuídos para diversos tecidos e órgãos.
Já os leucócitos e as plaquetas constituem os elementos gurados do sangue. A Figura 1
demonstra a estrutura sanguínea em suas subdivisões.
Figura 1
Fonte: Adaptado de ANTUNES, 2020
Hemácias
Hemácias (ou eritrócitos) são células produzidas pela medula óssea durante o processo de
eritropoiese. Não possuem núcleo e apresentam formato bicôncavo, com diâmetro de
aproximadamente oito micrômetros. É através de uma célula-tronco hematopoiética, que o
processo eritropoiético inicia. O proeritroblasto, célula precursora, vai perdendo seu conteúdo
nuclear, rico em RNA mensageiro, e dá origem à molécula de hemoglobina na hemácia
madura, que tem a função de transporte de oxigênio e gás carbônico. A hemoglobina contida
no interior das hemácias é uma metaloproteína composta de quatro moléculas proteicas de
estrutura terciária (cadeias de globina) e quatro grupamentos heme que contêm ferro.
Leucócitos
Os leucócitos, também denominados glóbulos brancos, compreendem um grande grupo de
células, que se apresentam com formas, tamanhos, números e funções diferentes no
organismo, mas que, em geral, participam da resposta imunológica para defesa do
organismo.
A classi cação dos leucócitos ocorre com base na presença de grânulos no citoplasma ou com
base na morfologia dos seus núcleos:
Seguindo essa classi cação, temos os monócitos e os linfócitos, que são leucócitos
agranulares e mononucleares; e os neutró los, os basó los e os eosinó los, que são células
granulocíticas e polimorfonucleares, conforme ilustra a Figura 2.
Figura 2
Fonte: Adaptado de ANTUNES, 2020
Os linfócitos são células pequenas, com o núcleo ocupando praticamente todo o espaço do
citoplasma, e se diferenciam em linfócitos B, linfócitos T CD4, linfócitos TCD8 e células NK,
também conhecidas como células natural killers.
Os basó los estão presentes em menor quantidade na corrente sanguínea. Possuem grande
quantidade de grânulos densos que se coram com o corante básico azul púrpura. O núcleo é
grande e com formato irregular, porém de difícil visualização devido à presença dos grânulos.
Os eosinó los possuem grânulos que se coram com o corante ácido eosina, assumindo
coloração vermelha. O núcleo é bilobulado, com os lobos conectados por um lamento. Os
eosinó los estão envolvidos principalmente em respostas contra parasitas helmintos e em
processos alérgicos.
Plaquetas
As plaquetas são células incompletas, geradas a partir da fragmentação dos megacariócitos.
Elas cam em circulação por aproximadamente oito a nove dias, até serem removidas por
fagócitos do baço. Sua superfície externa é rica em polissacarídeos e glicoproteínas, que
apresentam papel essencial na adesão e agregação plaquetária, participando do processo de
coagulação.
Eritrograma
O eritrograma tem a função de avaliar a quantidade de hemácias presentes na amostra do
paciente e identi car possíveis alterações através da avaliação da morfologia celular.
RDW: Red cell Distribution Width, que se refere à presença de anisocitose, ou seja, à
diferença de tamanho;
O Quadro 1 apresenta as alterações morfológicas que podem estar presentes nos eritrócitos
quando avaliados no microscópio. Elas podem ser agrupadas segundo as variações de
tamanho (anisocitose), de forma (poiquilocitose) e de cor (anisocromia).
Leucograma
O leucograma é o exame realizado com intuito de apresentar as alterações encontradas nos
leucócitos sanguíneos. As células são avaliadas por meio da contagem do número total de
leucócitos presentes na amostra. Além disso, deve ser realizada a contagem diferencial para
identi car os diferentes tipos de leucócitos.
Os valores de referência para o número total de leucócitos estão entre 4.000 a 11.000/mm3.
Quadros com alterações no número de leucócitos estão associados a leucopenia (redução) ou
leucocitose (aumento).
A microscopia revela alterações morfológicas presentes nos leucócitos, que são importantes
para auxiliar no quadro diagnóstico. Essas alterações são encontradas no núcleo e no
citoplasma das células, conforme mostra o Quadro 2 a seguir.
Alterações Alterações
Leucócito
Nucleares Citoplasmáticas
Linfócitos (células de
Não apresenta Lipídios
Mott)
Fonte: ANTUNES, 2020
Plaquetograma
O plaquetograma se refere à análise da série plaquetária no sangue, em que são avaliados o
número de plaquetas presentes na amostra. O PDW (platelet distribution width) fornece o
resultado da amplitude da superfície das plaquetas quanti cadas, enquanto o MPV (mean
platelet volume) indica o volume médio plaquetário.
Exames Citológicos
Fixação do Espécime
O processo de xação é realizado por meio de substâncias químicas que interagem com os
componentes moleculares dos próprios tecidos e tem como objetivos inibir a autólise e o
sobrecrescimento bacteriano, prevenir a solubilidade dos componentes celulares e manter
intacta a citoarquitetura e a ultraestrutura. O etanol a 95%, por exemplo, é utilizado como
agente de xação. Também podem ser utilizados o isopropanol a 80%, o metanol a 100%, o
propanol a 80% e o glutaraldeído a 3% para microscopia eletrônica.
Em relação a isso, esfregaços diretos podem ser realizados a partir da imersão em solução
xadora. Os materiais biológicos podem ser espécimes ginecológicos, escovados ou biópsia
por aspiração, que permanecem em etanol a 95%.
Quando o espécime não for ginecológico, o material deve ser entregue fresco, logo após a
coleta. Caso isso não seja possível, ele deve ser mantido sob refrigeração. Nesses casos,
soluções xadoras, como o álcool, interferem na aderência das células à lâmina e na
penetração dos corantes nas células.
Aos materiais biológicos obtidos por expectoração é possível acrescentar uma solução
xadora, como o álcool etílico para conservação, caso não possam ser enviados a fresco.
A amostra deve ser obtida por coleta endocervical e vaginal, não deve ser coletada durante
período menstrual e a paciente não deve ter feito duchas vaginais, não deve ter tido relações
sexuais, nem ter utilizado absorventes internos, cremes, espermicidas ou medicamentos pela
via vaginal. Além disso, também não podem ter sido realizados procedimentos ginecológicos,
como colposcopia, ecogra a transvaginal, endoscopia ginecológica ou histeroscopia. Por m,
se a paciente realizou biópsia de colo uterino, é preciso esperar pelo menos 20 dias para
realizar a coleta.
A paciente deve estar em posição ginecológica, para que possa ser colocado o
espéculo;
Caso a amostra esteja em base líquida, deve-se utilizar a escova do fabricante Rovers®, a
Cervex-Brush®, que é colocada no orifício cervical e, fazendo pressão sobre o cérvix, deve-se
girar cinco voltas em sentido horário.
Figura 3
Fonte: GAMBONI, 2013
Coloração de Papanicolaou
É um método de coloração policrômico, que consiste em uma coloração nuclear e um
contraste citoplasmático, com a vantagem de proporcionar de nição nuclear ótima e
transparência citoplasmática.
A coloração nuclear é basó la, enquanto a citoplasmática pode ser azul, verde-azulado, cor-
de-rosa ou laranja, dependendo do tipo de célula.
quadrados, com dimensões de 1x1 mm, o que perfaz uma área total de 3x3 mm ou 9 mm2 de
área de contagem.
Os quatro quadrados dos cantos, da área dividida, possuem dezesseis quadrados menores, que
são utilizados para contagem de leucócitos. O quadrado central está dividido em quatrocentos
quadrados menores, divididos em 25 grupos de dezesseis quadrados cada, tipicamente
utilizados para a contagem de eritrócitos e plaquetas. Assim, as células são adicionadas na
câmara e difundem-se por capilaridade até atingirem uma altura máxima de 0,1mm.
Para a contagem, deve ser ajustada a objetiva do microscópio para 10x, de forma a focar num
dos nove quadrados, e para 40x, de forma a permitir a contagem. Em seguida, efetua-se a
contagem em relação a uma área delimitada por três linhas. As células que se encontram
dentro da área limitada e em contato com o limite esquerdo e superior são contabilizadas,
enquanto que as que se encontram em contato com o limite direito e inferior não são
contabilizadas.
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ʪ Aula Prática
Lâmina de microscopia;
Lâmina extensora;
Procedimento Técnico
Identi car a lâmina de microscopia. Nessa etapa, sempre utilizar uma lâmina de
boa qualidade, limpa e seca. A presença de vestígios de gordura inviabiliza a
realização da distensão sanguínea
Colocar uma pequena gota de sangue (20 µL) próxima a uma das extremidades da
lâmina;
Puxar a lâmina extensora em movimento para trás, tocando a gota com o dorso,
em um ângulo 45° (observe as Figuras 5 e 6 a seguir);
Figura 5 – Procedimento para confecção de extensões
sanguíneas
Fonte: Adaptada de SILVA, 2015
Figura 6 – Sequência para preparo do esfregaço
hematológico
Fonte: Adaptada de MARTY, 2015
Resultado Esperado
Espera-se uma lâmina com esfregaço sanguíneo uniforme e com presença de cauda, para
posterior coloração e visualização da morfologia das células sanguíneas. A seguir, veja uma
imagem de esfregaço satisfatório e da área da lâmina adequada para realização da leitura.
Material Necessário
Lâminas de microscopia;
Corante May-Grunwald;
Corante Giemsa;
Cronômetro;
Microscópio.
Procedimento Técnico
Cobrir a lâmina com o corante de May-Grunwald e deixar atuar por dois minutos;
Acrescentar 20 gotas (1 mL) de água destilada tamponada, com pH 7,0-7,2, deixar
atuar por um minuto e homogeneizar;
Cobrir com a solução de Giemsa diluída (1 gota de corante Giemsa para cada 1 mL
de água destilada) e deixar atuar por 13-15 minutos. O tempo de permanência
dependerá da espessura do esfregaço sanguíneo;
Resultado Esperado
A lâmina corada deve apresentar uma tonalidade rosa uniforme. Na visualização ao
microscópio, as plaquetas apresentam-se com coloração púrpura. As células eosinofílicas têm
cor alaranjada, as basofílicas têm tonalidade azul-escuro e as neutrofílicas podem apresentar
cor rosa ou lilás. É importante observar que lâminas muito avermelhadas são um indicativo de
acidez excessiva, enquanto lâminas azuladas indicam alcalinidade excessiva.
Material Necessário
Tubo de ensaio;
Câmara de Neubauer;
Lamínula;
Pipeta automática;
Sangue total.
Procedimento Técnico
Material Necessário
Tubo de ensaio;
Câmara de Neubauer;
Lamínula;
Pipeta automática;
Sangue total.
Procedimento Técnico
Contar os leucócitos dos quatro retículos laterais e realizar a soma das contagens
de cada um;
Valores de Referência
Material Necessário
Pipeta automática;
Lâmina de microscopia;
Procedimento Técnico
Pipetar 200 µL de corante Azul de Cresil Brilhante (ACB) em um tubo de ensaio
pequeno;
Valores de Referência
Adultos: 1 a 3%;
Material Necessário
Pipeta de Westergren;
Cronômetro.
Procedimento Técnico
Valores de Referência
Homens:
Mulheres:
Material Necessário
Lâminas e lamínulas;
Cubas de Coplin ou similares;
Xilol ou similar;
Xilol fenicado (10 mL de fenol para cada litro de xilol) ou xiloletanol absoluto em
proporção de 1:1;
Microscópio.
Procedimento técnico
Hematoxilina: 2 minutos;
OG-06: 1 minuto;
EA-36: 2 minutos;
Xilol: 1 minuto;
Xilol: 1 minuto;
Xilol: 1 minuto.
Resultado Esperado
Lâminas com material cérvico-vaginal impregnadas em para na para visualização de
alterações citopatológicas.
Tipo IV: ativo – movimento rápido mas sem direção especí ca.
Fazer uma diluição de 1:20 com líquido diluidor de leucócitos ou solução isotônica
de NaCl ou água destilada;
Livros
Vídeo
Coloração de Papanicolaou
COLORAÇÃO DE PAPANICOLAU
Instrução Prática para Coleta de Papanicolaou
ʪ Referências
BAIN, B. J. Células sanguíneas: um guia prático. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016.
GAMBONI, M.; MIZIARA, E. F. Manual de Citopatologia Diagnóstica. São Paulo: Manole, 2013.
JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Histologia básica. 11. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
2007.
MARTY, E.; MARTY, R. M. Hematologia Laboratorial. 1. ed. São Paulo: Editora Érica , 2015.
VIEIRA, A. D. C. et al. Bioquímica clínica: líquidos corporais. 1. ed. Porto Alegre: Grupo A, 2021
ZAGO, M. A. et al. Hematologia – Fundamentos e Prática. 1. ed. São Paulo: Atheneu, 2001.