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UNIDADE III

Segurança biológica e doenças adquiridas em laboratório

Níveis de segurança biológica

Existem recomendações e orientações básicas que são consideradas como condições mínimas
para todos os laboratórios com relação aos níveis de segurança biológica de acordo com os
grupos de risco de 1 a 4.

Apesar de que algumas recomendações possam ser julgadas como não necessárias para alguns
organismos do grupo de risco 1, as mesmas podem ser consideradas com o propósito
de realização de atividades mais seguras.

Já os laboratórios que apresentam a finalidade de diagnósticos e cuidados de saúde (saúde


pública, clínicos ou hospitalares), são configurados no mínimo para o nível 2 de segurança
biológica, visto que os laboratórios não tem um controle completo de todas as espécimes que
recebem.

Os agentes laboratoriais podem estar expostos a organismos em grupos de risco que são mais
elevados do que o previsto, portanto deve ser levado em consideração essas questões quanto
a elaboração dos planos e políticas de segurança biológica.

Em vários países, os laboratórios clínicos são obrigados a estarem oficialmente acreditados,


sendo, portanto, necessário a adoção e a utilização de cuidados padrão nesses casos.

As condutas para os laboratórios de base, com os níveis 1 e 2 de segurança biológica, devem


ser amplas e com muitos detalhes, uma vez que são primordiais para os laboratórios de todos
os níveis de segurança biológica.

No nível 1 está envolvido o trabalho dos agentes com menor grau de risco para os indivíduos
que estão em contato com eles, sendo recomendado, por exemplo, para a pipetagem, um
dispositivo mecânico além da utilização dos outros equipamentos de proteção.

Já o nível 2 corresponde aos agentes de risco moderado tanto para os indivíduos como para
o meio ambiente, sendo adequada a utilização de uma cabine de segurança biológica além
dos equipamentos de proteção individual.

Para os laboratórios de confinamento com nível 3 de segurança biológica, e laboratórios de


confinamento máximo com nível 4, as condutas são o objetivo com relação às modificações e o
complemento visto que o trabalho com os agentes patogénicos são muito perigosos.

O nível 3 está relacionado com a manipulação dos agentes infecciosos que podem causar
doenças muito sérias ou em certos casos podem ser letais.

Todos os procedimentos devem ser realizados na cabine de segurança biológica, devendo ser
utilizadas máscaras faciais ou respiradores além de todos os outros equipamentos de proteção
individual.

O nível 4 está relacionado com o organismo receptor ou doador com o potencial patogênico.
Nesse caso é indicado a utilização da roupa protetora completa, descartável e ventilada através
da pressão positiva. Nesses casos os pipetadores automáticos são obrigatórios além de todos os
outros equipamentos de proteção individual.

Código de práticas

O código de práticas corresponde a uma relação das práticas e normas mais importantes que
compõem a base das técnicas de microbiologia.

A experiências dos laboratórios e os programas nacionais para laboratórios, podem auxiliar na


construção das práticas e normas escritas para garantirem um desempenho mais seguro.

É fundamental que cada laboratório adote um manual de segurança ou de trabalho, onde exista
a identificação de todos os perigos conhecidos e potenciais, e que estejam detalhados todas as
práticas e normas tendo como objetivo a eliminação ou a minimização de todos os perigos.

As boas técnicas de microbiologia são primordiais para garantir a segurança nos laboratórios,
todos os equipamentos laboratoriais especializados são considerados como auxiliares desta
segurança, mas não devem e não podem nunca substituir as normas.

Acesso ao laboratório

É obrigatório que esteja exposto em todas as portas das salas, o símbolo e o sinal internacional
de risco biológico (figura 1), nos locais onde existe a manipulação de microrganismos que fazem
parte do grupo de risco 2, 3 e 4.

Nas áreas de trabalho é permitido a entrada apenas dos indivíduos que estão autorizados,
sendo que as portas devem sempre permanecerem fechadas.

Nenhuma criança está autorizada a entrar ou ter contato nas áreas de trabalho do laboratório.

Quanto ao acesso aos locais onde estão os animais é necessária uma autorização especial,
nenhum outro animal pode entrar no laboratório além dos que já estão.

QUANTO A PROTEÇÃO INDIVIDUAL NO LABORATÓRIO:

OBRIGATÓRIO:

 Utilização permanente de capas, jalecos ou batas.


 Utilização de luvas apropriadas em todas as atividades que estão relacionadas com a
possibilidade de contato direto ou de forma acidental com materiais potencialmente
infecciosos ou infectados.
 Retirar e descartar a luva cuidadosamente após a sua utilização.
 Lavar sempre as mãos antes e depois de tirar as luvas ao manusear material
potencialmente infectante. Antes e depois de atendimento a pacientes, ou
procedimentos laboratoriais diversos. E antes da saída de todas as áreas de trabalho do
laboratório.
 Utilização de óculos de segurança, como também as viseiras ou outros dispositivos para
a proteção, nos casos onde é obrigatório a proteção nos olhos e cuidado com o rosto.
PROIBIDO

 Utilização de roupas de epi fora da área do laboratório


 Utilização de sandálias ou chinelos nos laboratórios
 Comer, beber, fumar na área do laboratório, ou alimentar-se dentro das áreas de
trabalho dele.
 Não se deve utilizar lentes de contato nas áreas do laboratório.
 Guardar roupas de proteção individual utilizadas no laboratório no mesmo armário
junto com outras roupas.

Normas

A seguir será abordado as várias normas que devem sempre ser respeitadas em um laboratório,
por exemplo:

 É terminantemente proibido realizar a pipetagem com a boca;


 Não se pode colocar na boca nenhum material;
 Não se pode lamber nenhum rótulo;
 Os procedimentos técnicos precisam ser realizados de uma maneira que exista a
redução quanto a formação dos aerossóis e gotículas;
 Não deve ser limitada a utilização das agulhas e seringas hipodérmicas, as mesmas não
podem ser substituídas por pipetas ou qualquer outro procedimento;
 Em caso de acidente, por exemplo, a aspiração de algum fluido deve ser notificada
imediatamente para o supervisor responsável.
 Todos os acidentes precisam ser documentados, ou seja, devem ser registrados por
escrito imediatamente.
 É necessário que todas as normas quanto a limpeza esteja escrita de forma bastante
detalhada.
 Todos os líquidos que estiverem contaminados de forma química ou física devem
ser descontaminados previamente antes de serem lançados nos esgotos sanitários. De
acordo com o caso pode ser necessário a existência de um sistema de tratamento de
efluentes, devendo ser realizado a avaliação dos riscos quanto ao agente ou agentes
que estão sendo manipulados.
 Todos os documentos escritos que por algum motivo tenham que sair do laboratório,
necessitam estar protegidos quanto a contaminação dentro do laboratório.

Equipamentos de proteção individual e equipamentos de proteção coletiva

Ministério do Trabalho

A função do Ministério do Trabalho é comprovar a qualidade dos equipamentos de proteção


que estão disponíveis no mercado por meio da emissão de um certificado que é chamado de
certificado de aprovação (CA).
A comercialização ou fornecimento de qualquer equipamento de proteção sem o certificado de
aprovação é considerado como um ato criminal, o que significa que tanto o comerciante como
o empregador vão estar sujeitos às penalidades previstas em lei

Através da Lei n° 6.514 de 22 de dezembro de 12 de 1997 toda empresa é obrigada a


fornecer de forma gratuita a todo seus funcionários os equipamentos de proteção
individual estando em completo estado de conservação, de acordo as necessidades do
trabalho e os riscos aos quais o trabalhador vai estar exposto.
Equipamentos de Proteção

Existem dois tipos de equipamentos de proteção que devem ser utilizados

 Equipamentos de proteção coletiva (EPCs);


 Equipamentos de proteção individual (EPIs).

Equipamento de proteção coletiva

Os equipamentos de proteção coletiva(EPCs) como o próprio nome diz, possuem a função de


proteger ou socorrer de forma coletiva todos os indivíduos.

Esses equipamentos listados a seguir precisam estar instalados ou posicionados nos locais que
são considerados como estratégicos, alguns exemplos destes equipamentos são:

 Cabines de segurança mais conhecidas como capelas;

 Chuveiros de emergência;
 Lavador de olhos;
 Equipamentos de socorro;
 Luminárias de emergência;
 Isolamentos acústicos;
 Extintores;
 Hidrantes;
 Chuveiro automático ou sprinklers;
 Cones de sinalização.

Extintores

A finalidade dos extintores é combater os princípios de incêndio, existem quatro tipos existentes
que são:

 Espuma;
 Água pressurizada;
 Dióxido de carbono;
 Pó químico;
 Extintores de espuma.
Extintores de espuma

Os extintores de espuma são indicados para os incêndios em combustíveis comuns (classe A) e


líquidos inflamáveis. O agente extintor neste caso é a espuma (bicarbonato de sódio e sulfato
de alumínio) somado a um estabilizador, que é o gás carbônico, sendo então o agente propulsor.

Extintores de água

Os extintores de água pressurizada atuam por meio do resfriamento do material combustível


que está em combustão. O agente propulsor neste caso é um gás (dióxido de carbono e
nitrogênio).

Extintores de dióxido de carbono

Estes extintores de dióxido de carbono vão agir sobre o fogo por meio da exclusão do oxigênio
através do abafamento e também por uma ação de resfriamento.

Extintor de pó químico

O extintor de pó químico é o agente extintor composto pelo bicarbonato de sódio ou


bicarbonato de potássio, que vai obter um tratamento para tornar-se higroscópico (a
higroscopia é a propriedade que determinados materiais possuem de absorver a água). O agente
propulsor neste caso é o dióxido de carbono ou nitrogênio.

Chuveiro automático ou sprinklers

Outro equipamento importante de proteção coletiva é o chuveiro automático ou sprinklers,


sendo um tipo de instalação de proteção contra incêndio formado por uma série de crivos que
tem o objetivo de borrifar de forma automática a água no local do foco inicial de um incêndio
para evitar a propagação por meio da sua extinção.

Chuveiros automáticos

Todos os chuveiros automáticos precisam estar com os seus registros sempre abertos, é
necessário que exista um espaço livre de 1,00 m abaixo e ao redor dos pontos de saída dos
chuveiros automáticos, tendo como objetivo garantir a dispersão da água de forma eficiente.

Hidrantes

Os hidrantes são utilizados para o combate de incêndio, sendo formados pela mangueira,
requinte, esguicho e um conjunto de instalação, tendo a função de atuarem de forma
autossuficiente, devendo estar situados estrategicamente para que toda a área esteja protegida
completamente.

Equipamentos de proteção individual

Os equipamentos de proteção individual(EPIs) são dispositivos de uso individual, devendo ser


manipulados por todos os funcionários. A finalidade é oferecer a proteção para todos os riscos
que são suscetíveis que podem prejudicar a segurança e a saúde de todos os empregados,
assegurando um mínimo de desconforto sem tirar a liberdade de movimento de quem está
usando.
Os principais equipamentos de proteção individual que devem ser utilizados são:

 Luvas;
 Óculos;
 Máscaras;
 Protetores auriculares;
 Capacetes;
 Sapatos apropriados;
 Avental.

Todos os equipamentos de proteção individual são fundamentais na prevenção de acidentes e


doenças envolvidos com o trabalho, é obrigatório o fornecimento desses equipamentos de
proteção para todos os funcionários.

Entrega dos equipamentos de proteção individual

Os materiais devem ser entregues nas seguintes situações:

 Nos casos onde os cuidados não conseguem oferecer uma completa proteção contra
aos riscos de acidentes de trabalho ou de doenças ocupacionais.
 Enquanto as medidas de proteção coletiva ainda estão sendo implantadas.
 Para atender às situações de emergência.

Toda empresa é obrigada a providenciar para todos os empregados, sem nenhum custo, os
equipamentos de proteção individual devendo estar adequados ao risco e em perfeito estado
de conservação e funcionamento, nos casos em que as medidas de ordem geral não garantem
uma proteção completa contra os riscos de acidentes e danos à saúde de todos os empregados.

Obrigações Específicas para Empregador, Empregados, Fabricante e Importador

Existem algumas obrigações que são específicas para o empregador, para os empregados e
também para o fabricante ou o importador, seguem abaixo todas essas obrigações:

Obrigações para o empregador

As obrigações para o empregador são:

 Utilizar o equipamento adequado ao risco para cada atividade;


 Exigir o uso dos equipamentos para todos os funcionários do setor envolvido;
 Fornecer ao trabalhador somente os equipamentos que estão aprovados através do
Órgão Nacional competente relativo à segurança e à saúde no trabalho;
 Orientar todos os trabalhadores com relação a utilização adequada e à conservação;
 Substituir todos os equipamentos que forem danificados;
 Ser o responsável pela higienização e manutenção periódica de todos os equipamentos.

O gerenciamento de todos os equipamentos de proteção individual é fundamental para o


empregador, visto que em uma auditoria deve ser comprovado, por exemplo, o uso efetivo de
protetores auriculares, respiradores, capacetes, luvas entre outros;
Caso o empregador não consiga comprovar a utilização será condenado a pagar indenizações
em função da inexistência de provas quanto à utilização efetiva dos equipamentos de proteção
individual.

Obrigações para o empregado

As obrigações para o empregado estão listadas a seguir:

 Utilização dos equipamentos apenas para a finalidade destinada;


 Ser o responsável pela guarda e conservação;
 Comunicar imediatamente ao empregador qualquer alteração que possa deixar
impróprio o equipamento;
 Cumprir todas as determinações do empregador quanto a utilização adequada;
 Caso o funcionário não queira utilizar o equipamento, esta atitude será considerada
como uma falta grave.

Obrigações do fabricante ou do importador

As obrigações do fabricante ou do importador são as seguintes:

 Estar cadastrado no Órgão Nacional competente com relação à segurança e saúde do


trabalho;
 Solicitar o certificado de aprovação periodicamente;
 Requerer um novo certificado de aprovação quando existir alteração referente às
especificações do equipamento;
 Ser o responsável pela manutenção da qualidade dos equipamentos de proteção
individual que deram origem ao certificado de aprovação;
 Comercializar apenas os equipamentos de proteção individual que possuam o
certificado de aprovação;
 O equipamento deve sempre ser vendido portando todas as instruções técnicas no
idioma nacional, com todas as orientações relativas à sua utilização, manutenção e
restrição quanto a utilização.
 Deve constar nos equipamentos de proteção individual o número do lote de fabricação.
 É dever manter a qualidade de todos os equipamentos de proteção individual que
deram origem ao certificado de aprovação;
 Todos os equipamentos precisam ser testados em laboratórios para a comprovação
quanto à qualidade e, ainda, serão avaliados pelo auditor fiscal e pelos profissionais da
área de segurança.

Não se pode comercializar ou vender nenhum equipamento sem o certificado de aprovação, a


validade é de cinco anos para os equipamentos com laudos de ensaio que não tenham sua
conformidade avaliada no Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade
Industrial (SIMMETRO), dois anos para os equipamentos de proteção que foram desenvolvidos
até a data de publicação desta norma e no caso de não existirem normas técnicas nacionais ou
internacionais oficialmente reconhecidas ou laboratório capacitado para a realização dos
exames.

O gerenciamento dos equipamentos de proteção individual deve sempre ser realizados com
base na NR 6 levando em consideração os principais pontos que são:
A seleção do equipamento a ser utilizado pelo empregado deve ser realizada com base no
critério técnico.

O empregador deve exigir a utilização dos equipamentos de proteção individual, visto que a
recusa injustificada pelo empregado quanto a utilização dos equipamentos de proteção
individual é considerada como um ato faltoso.

Só deve ser oferecido ao empregado os equipamentos de proteção individual que


forem aprovados pelo órgão nacional responsável pela segurança e saúde do trabalhador.

O funcionário precisa ser orientado e treinado com relação a utilização adequada dos
equipamentos de proteção individual, o treinamento para a utilização dos equipamentos é
primordial para o programa de gerenciamento.

Todo o treinamento com os funcionários deve sempre ser documentado, visto que nos
processos judiciais e administrativos pode ser utilizado como uma prova para justificar de que o
preparo era realizado de forma satisfatória.

Todo equipamento quando estiver danificado ou extraviado precisa ser substituído


imediatamente, sendo fundamental também que exista um programa de gerenciamento dos
equipamentos de proteção, prevendo a periodicidade de substituição dos mesmos, orientando
que os trabalhadores comuniquem imediatamente quando os equipamentos forem danificados
ou extraviados. A higienização e a manutenção dos equipamentos devem ser realizadas
periodicamente.

Organismos geneticamente modificados


A seguir será estudado as Lei n° 8.974/95, Lei n°11.105 que estão relacionadas com a fiscalização
dos organismos geneticamente modificados, gestão das comissões internas de biossegurança
e as principais funções das comissões internas de biossegurança.

Lei n° 8.974

No Brasil, a legislação sobre biossegurança iniciou através da Lei 8.974/95, que inicialmente
apresentou todas as normas de biossegurança para regular a manipulação e a utilização de todos
os organismos geneticamente modificados

Lei n° 11.105

A Lei n° 11.105 de 24 de março de 2005 foi promulgada com o objetivo de determinar os


mecanismos relacionados com a fiscalização referente aos organismos geneticamente
modificados e seus derivados por meio dos seguintes itens:

 Construção;

 Cultivo;
 Produção;
 Manipulação;
 Transporte;
 Transferência;
 Importação;
 Exportação;
 Armazenamento;
 Pesquisa;
 Comercialização;
 Consumo;
 Liberação no meio ambiente;
 Descarte.

“As principais diretrizes desta lei estão associadas com um grande estímulo para um importante
avanço científico na área de biossegurança e biotecnologia, como também quanto a proteção à
vida e à saúde humana, animal e vegetal. (SALIBA, 2008)”

Todos os órgãos financiadores ou patrocinadores públicos, privados, internacionais ou qualquer


outro tipo de organizações que desenvolvem atividades relacionadas com os organismos
geneticamente modificados são obrigados a cumprirem esta lei, além de serem obrigados a
comprovar a sua idoneidade técnico-científica por meio do Certificado de Qualidade em
Biossegurança (CQB) que deverá ser emitido pela Comissão Técnica Nacional de
Biossegurança (CNTBio).

Todas as instituições que precisam prestar contas a este órgão estão envolvidas com
o ensino, pesquisa científica e o desenvolvimento tecnológico como também à prestação dos
serviços que estejam relacionados com organismos geneticamente modificados.

Comparações entre as duas leis

Ao ser comparado as duas leis (Lei 8.974/1995 e Lei n° 11.105/2005) pode ser observado que
houve um certo retrocesso uma vez que a lei anterior era mais rigorosa com relação a liberação
de transgênicos em território nacional, os dados mostram que desde a aprovação desta lei
nenhum pedido de liberação comercial de transgênicos foi negado, e de acordo com vários
estudiosos neste assunto estão sendo aprovadas pesquisas incompletas que possuem
conclusões erradas.

Nestes últimos anos foram aprovadas algumas variedades de soja e de milho resistentes ao
herbicida 2,4 D que por incrível que pareça foi utilizado pelos Estados Unidos durante a guerra
do Vietnã, sendo considerado altamente tóxico.

Em 2019, uma resolução normativa tratando sobre OGMs foi publicada no Diário Oficial da
União, chamada de normativa número 23. Nela, pode-se ver uma reformulação a respeiro da
liberação planejada no meio ambiente de organismos geneticamente modificados da classe de
risco 1.
Gestão das Comissões Internas de Biossegurança

O papel das Comissões Internas de Biossegurança (CIBio) é primordial com relação as questões
de biossegurança, a composição destas comissões deve ser constituída por especialistas que
possuam conhecimento e experiência para realizarem todas as atividades que estão envolvidas
com a engenharia genética, manipulação, produção e transporte dos
organismos geneticamente modificados.

Os membros das CIBio são os responsáveis quanto a nomeação do responsável legal da


instituição, devendo ser constituída no mínimo por três especialistas que façam parte das áreas
compatíveis.

Também pode ser incluído um membro externo à comunidade científica como um colaborador
da empresa que tenha condições para retratar os interesses da comunidade.

“É primordial que exista a criação de um regulamento interno com o objetivo de facilitar o


funcionamento, garantindo a padronização de todas as atividades, como também a definição
da agenda das reuniões, entre outras atividades. (SALIBA, 2008)”

Principais funções das comissões internas de biossegurança

Algumas das principais funções das comissões internas de biossegurança são as seguintes:

 Assegurar que os responsáveis técnicos por todos os projetos saibam da necessidade de


cumprimento de todas as normas de biossegurança estando de acordo com todas as
recomendações das comissões.
 Solicitar o certificado de Qualidade em Biossegurança (CQB) através da apresentação
dos documentos que estão definidos por lei.
 Devem ser realizadas pelo menos uma reunião semestral e outras extraordinárias todas
as vezes que forem necessárias.
 Promover treinamentos em biossegurança para garantir que todos os envolvidos
estejam cientes de seus riscos.
 Estabelecer programas de prevenção de acidentes.
 Submeter anualmente à Comissão Técnica Nacional de Biossegurança o relatório das
atividades desenvolvidas sob pena de perder o certificado de Qualidade em
Biossegurança.

Assuntos éticos controversos


Este item reúne assuntos bastante controversos, mas que precisam sem dúvida alguma serem
discutidos com um enfoque bastante ético, como por exemplo o começo da vida, engenharia
genética, aborto, reprodução assistida, transplante de órgãos, pacientes terminais, eutanásia
e morte assistida.

Começo da vida
Na Constituição da República Brasileira de 1988, mais conhecida como Constituição Cidadã está
previsto e assegurado o direito à vida. Existe uma grande discussão por parte dos pesquisadores
quanto ao início da vida, ou seja, não se pode ainda afirmar com exatidão quando realmente a
vida começa sendo que para alguns pesquisadores ela inicia por volta de vinte e quatro a trinta
e seis horas após a fecundação, onde inicia as divisões dando origem ao embrião.

Para algumas pessoas e nações, todos os grandes avanços da ciência na área da saúde, não
podem e não devem de nenhuma forma impedir a vida, e sim permitir a vida, por meio do
respeito de todos os princípios da bioética como a beneficência, não-maleficência, autonomia e
a justiça ou equidade.

Engenharia genética

A engenharia genética tem como definição um grupo de processos que permitem a manipulação
dos genes de um organismo. Normalmente este processo diferente da atividade normal
reprodutivo deste, vai ocorrer por meio do isolamento, manipulação e a introdução do DNA em
um ser vivo.

Um grande risco que pode existir no futuro caso não existam normas éticas que considerem
estas questões é a possibilidade de rejeição ou eliminação de embriões e fetos com defeitos
genéticos, devido uma sociedade que está na busca de filhos perfeitos e com características
físicas preestabelecidas principalmente pelos próprios pais e a sociedade em geral.

Outra questão que precisa ser levada em consideração é o preconceito racial por meio da
identificação dos genes que estão relacionados com as raças, visto que em algumas raças pode
existir a discriminação em função de ações que são consideradas como antissociais.

Uma tendência bastante comum nos casais que buscam à fertilização in vitro, é a escolha do
sexo.

Aborto

De acordo com a Legislação Brasileira o aborto ou a interrupção da gravidez no Brasil é


considerada como um ato criminoso.

Quanto ao ponto de vista ético, existem três posições diferentes sobre o embrião:

 Pode ser considerado como um indivíduo que já pertence a comunidade, não sendo
feito, portanto, nenhum tipo de diferença entre os vários estágios de desenvolvimento
humano como embrião, feto, recém-nascido, criança, adulto.

Neste caso desde a concepção, já existe um novo membro na sociedade, ou seja, o óvulo que
foi fertilizado torna-se um novo membro desta comunidade. Esta posição ética não concorda
com qualquer tipo de pesquisa que for realizada com os embriões e nem com a prática do
aborto.

 O embrião não é considerado como uma vida, sendo classificado como uma “coisa”,
esta posição tem apresentado um grande crescimento nos últimos anos, devido as
várias técnicas de reprodução artificial.
 O embrião pode ser transferido, congelado, estocado e utilizado para a pesquisa.

“O embrião humano é uma entidade biológica, durante o período que não é colocado um projeto
parental para a formação da criança, o mesmo[DS1] pode ser utilizado como material para
pesquisas com a finalidade de experimentação científica.

(VEATCH, 20014)”

“O Ministério da Saúde estima que anualmente são realizados mais de um milhão de abortos
induzidos, sendo o aborto clandestino a quinta causa de morte materna no país.”

Modalidades do aborto não espontâneo

O aborto é dividido em três modalidades:

 Provocado pela gestante;


 Provocado por terceiro, mas sem o consentimento da gestante;
 Provocado por terceiro, através do consentimento da gestante.

Código Penal

O Código Penal vigente criado através do Decreto Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940, pelo
presidente Getúlio Vargas durante chamado período do Estado Novo, consta duas possibilidades
onde a prática do aborto é apontada como uma atividade lícita:

 Quando a gravidez é decorrente de um estupro, sendo denominado como um aborto


sentimental.

 Quando não existe outra forma de salvar a vida da gestante, sendo denominado de
aborto necessário ou terapêutico.

Posteriormente mais especificamente a partir de 13 de abril de 2012 por uma decisão


considerada como histórica para o Supremo Tribunal Federal através da direção do Ministro
Marco Aurélio Mello, o aborto para casos de feto anencéfalo (ausência completa do cérebro)
foi considerado também como um ato lícito ou legal.

Atualmente o Brasil é o quarto país do mundo com maior ocorrência de fetos anencéfalos,
estando atrás somente dos países como Chile, México e Paraguai, a incidência é de um em cada
mil nascimentos.

Reprodução assistida

Os procedimentos relacionados com a reprodução assistida iniciaram no final do século XVIII,


porém obtiveram êxito em 1978 através nascimento de Louise Brown o primeiro bebê gerado
in vitro e em 1984 na Austrália por meio do nascimento de Baby Zoe que foi o primeiro bebê
que nasceu a partir de um embrião congelado.

Normas éticas para a utilização das técnicas de reprodução assistida

As normas éticas para a utilização das técnicas de reprodução assistida foram instituídas no
Brasil por meio da Resolução do Conselho Federal de Medicina nº 1358/1992, sendo atualizada
posteriormente por meio da Resolução do Conselho Federal de Medicina nº 1957/2010 e por
último foram atualizadas através da Resolução do Conselho Federal de Medicina nº 2168/2017.

Alterações da Resolução do Conselho Federal de Medicina em vigor

Nesta resolução em vigor foram acrescentadas importante questões como a possibilidade dos
indivíduos que não possuem problemas diagnosticados quanto a reprodução mas querem
utilizar as técnicas de reprodução assistida, como uma forma para o congelamento dos
gametas, embriões e tecidos germinativos, ou seja estes indivíduos querem planejar o aumento
da sua família, de acordo com um calendário pessoal, levando em consideração por exemplo
todos os projetos de estudo e trabalho.

Quanto ao descarte e a doação foi reduzido de cinco para três anos o tempo mínimo para
o descarte de embriões, este novo critério está relacionado com os casos onde existe uma
condição de abandono, existindo um descumprimento do contrato pré- estabelecido entre o
paciente e o serviço de reprodução assistida que não consegue entrar em contato com os
responsáveis pelo material genético criopreservado.

Nesta resolução está considerada a idade máxima para a participação como doador que é de 50
anos para os homens e 35 anos para as mulheres.

Transplante de órgãos

Com relação ao aspecto ético, é indispensável que o doador dê o consentimento em


vida possuindo plena condição de decisão no caso da retirada de um órgão ímpar como o rim
ou no caso de morte acidental, para que a doação possa ocorrer é obrigatório a autorização da
família para a retirada de qualquer órgão.

“Toda doação de um órgão para o transplante deve ser gratuita, sendo considerado como crime
qualquer tipo de tráfico remunerado de pessoas e órgãos entre países e instituições. (VEATCH,
20014).”

Na prática infelizmente ainda existe atualmente um comércio negro, que segundo a Organização
Mundial da Saúde (OMS), movimenta mais de US$ 600 milhões e US$ 1,2 bilhões a cada ano por
meio de venda ilegal de órgãos.

A maior parte destes transplantes são efetuados na África do Sul e Índia, por volta de 10% de
todos os transplantes de rins no mundo inteiro são comprados clandestinamente.

“O Brasil atualmente é a maior referência mundial quanto a área de transplantes, sendo


considerado como o maior sistema público de transplantes em todo o mundo. O Sistema Único
de Saúde é responsável por 96% de todos os procedimentos.”

Em números absolutos o Brasil ocupa o segundo lugar de maior transplantador em todo o


mundo, perdendo apenas para os Estados Unidos.
Pacientes terminais

Durante a progressão de algumas doenças, pode chegar um determinado momento onde não
existe mais nenhum recurso disponível, portanto a morte do paciente passa a ser inevitável.

Nestes casos, toda a terapêutica disponível não é mais capaz de aumentar ainda mais a
sobrevida do paciente, mas apenas conseguir prolongar este processo lento da morte.

A atuação da equipe de saúde, precisa sempre estar comprometida por meio de dois princípios
morais que são:

 Preservação da vida;
 Alívio do sofrimento.

Estes dois princípios vão se complementar na grande maioria dos casos, mas existem algumas
situações onde os dois princípios podem ser considerados como antagônicos; neste caso um
deles vai prevalecer sobre o outro.

Em boa parte dos casos a progressão da doença vai levar a morte, sendo então apontada como
um processo natural, onde não existe mais possibilidades para ser combatida, o que significa
que enquanto existe alguma possibilidade quanto a preservação da vida a equipe de
saúde deve trabalhar a todo custo para que possa reverter este quadro, porém nos casos onde a
morte é inevitável, a equipe deve então estar preocupada em aliviar o sofrimento do paciente.

Eutanásia e morte assistida

A eutanásia é uma palavra de origem grega e tem como significado “boa morte” ou “morte sem
dor”, não sendo aceita pela grande maioria dos países uma vez que acaba ferindo a conduta
ética, moral e legal.

“O Uruguai em 1934 foi o primeiro país no mundo a permitir a eutanásia, nos países onde esta
prática é permitida ela vai ocorrer posteriormente a aprovação do médico ao ser confirmado que
o paciente apresenta um prognóstico não favorável e irreversível.”

Esta prática também é permitida nos seguintes países: Holanda, Bélgica, Suíça, Colômbia Canadá
e Estados Unidos.

Existe uma outra possibilidade de morte que chamada de “suicídio assistido” onde é o próprio
paciente vai provocar a morte, normalmente por meio da ingestão de um medicamento.

A diferença entre estas práticas é que a eutanásia é realizada por meio da intervenção de um
profissional da saúde enquanto que o suicídio assistido é realizada pelo próprio paciente.

Esta conduta pode ser dividida em dois tipos:

 Ativa;
 Passiva.
Na ativa, um exemplo seria a injeção intravenosa de potássio ocasionando a morte rápida, já
a passiva seria a suspensão dos cuidados vitais, e que vai levar o paciente ao óbito em um
período de tempo variável, ambas as situações são consideradas proibidas.

Existe uma grande diferença entre o tratamento dos pacientes terminais comparado com
a eutanásia, visto que no tratamento do paciente terminal todos os cuidados são focados
para promoção do conforto, diminuição do sofrimento do paciente.

Nestes casos toda a equipe de saúde continua mantendo todos os cuidados referentes a higiene
e o tratamento para a dor. Desta forma, os analgésicos e ansiolíticos devem ser administrados
com o objetivo de reduzir o sofrimento do paciente como também para atuar na redução da
função cardiorrespiratória e de forma indireta para acelerar a morte do paciente.

E então? Gostou do que foi mostrado? Aprendeu mesmo tudo? Agora, só para ter certeza de
que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vou resumir tudo o que foi
abordado.

Foi estudado inicialmente a segurança biológica e doenças adquiridas em laboratório


através da abordagem dos níveis de segurança biológica, código de prática, acesso ao
laboratório, proteção individual no laboratório e normas.

Posteriormente foi estudado os equipamentos de proteção individual e equipamentos de


proteção coletiva, através da abordagem da função do Ministério do Trabalho, os equipamentos
de proteção coletiva e individual e as obrigações específicas para empregador, empregados,
fabricante e importador.

Na sequência foram estudados os organismos geneticamente modificados através das leis n°


8.974/95 e n°11.105 relacionadas com a fiscalização dos organismos geneticamente
modificados, gestão das comissões internas de biossegurança e as principais funções das
comissões internas de biossegurança.

E por último, foi estudado os assuntos éticos controversos sendo abordado o começo da vida,
engenharia genética, aborto, reprodução assistida, transplante de órgãos, pacientes terminais,
eutanásia e morte assistida.

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