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Apontamentos – Assepsia e antissepsia em Endodontia

Os profissionais de Medicina Dentária têm sido sujeitos a vários desafios de controlo


de infeção, desde infeções como a Hepatite B e SIDA, até ao ressurgimento da
Tuberculose. É por vezes confuso o modo de implementar as todas as indicações e
“guidelines” que existem com o objetivo de controlar a infeção.
Para que sejam utilizadas as medidas de controlo de infeção adequadas é fundamental
entender os princípios deste controlo e sua monitorização.

É recomendado que o funcionamento dos ciclos de esterilização seja verificado,


usando indicadores biológicos com um controlo semanal. A importância deste
controlo, não deve contudo ser demasiadamente enfatizada, uma vez que não assegura
outros aspetos tais como o processamento prévio dos materiais. “Limpar primeiro,
desinfetar depois”.
Uma má utilização (inadequada ou em excesso) dos desinfetantes pode acarretar
consequências nefastas para a saúde dos profissionais e integridade dos equipamentos.
Descoloração ou desintegração das superfícies expostas, problemas respiratórios,
alergias, irritações oculares e outras manifestações clínicas podem surgir após o uso
continuado a certos agentes químicos desinfetantes. Estes aspetos devem levar a rever
os protocolos instituídos.
A causa mais comum de falha no processo de esterilização é o erro humano.

Processamento dos materiais contaminados

l Os materiais contaminados devem ser manuseados com luvas domésticas e


outras proteções para evitar cortes e picadas com os instrumentos cortantes
l Pré-limpeza – remoção das sujidades com gazes embebidas em desinfectante e
colocadas em solução desinfectante com detergente; cuba de ultrassom

Erros no processamento de materiais podem comprometer a eficácia da esterilização

l Limpeza imprópria, restos orgânicos


l Acondicionamento inadequado
l Carregamento excessivo
l Tempo, temperatura ou pressão inadequada
l Falta de manutenção do autoclave
l Uso de equipamento inadequado

Sugestões para a desinfeção de superfícies:

- Superfícies que sejam difíceis de esterilizar (ex: botões da cadeira. Botões da


seringa do ar/água, fotopolimerizador, devem ser cobertos com um material .
Estas coberturas devem ser removidas depois de cada paciente.
- As instruções dos fabricantes sobre a utilização dos desinfetantes
(concentrações, manuseamento) devem ser rigorosamente seguidas.
- Usar luvas de borracha para limpar e desinfetar os instrumentos.
- Usar produtos que limpem e desinfetem, simultaneamente, pode ser uma boa
opção.
- Toalhetes de desinfeção podem ser preferíveis ao uso de sprays desinfetantes
(para evitar o excesso de químicos dispersos no ambiente)

Um aspeto básico do controlo de infeção, por vezes esquecido com o aparecimento de


novas tecnologias, é que os princípios fundamentais não se alteraram ao longo dos
anos:

- Realizar uma limpeza e higiene eficaz das mãos


- Imunização contra doenças para as quais existem vacinas
- Usar equipamento de proteção individual apropriado
- Esterilizar todos os equipamentos reutilizáveis com uso intra-oral
- Usar máscara, viseira e roupa adequada
- Prevenir a infeção cruzada com técnicas assépticas e assepsia ambiental
- Prevenir lesões com instrumentos cortantes, usando práticas de trabalho
seguras

Proteção para o paciente:

- Utilização de colutório antisséptico, pré-operatoriamente


- Cobertura (babete, óculos..)

Infelizmente, estas regras básicas não são ainda seguidas por todos os profissionais,
sendo frequentemente descritos incidentes que ocorrem devido a estes descuidos.
Deve ser realçado que nenhum protocolo de controlo de infeção, por mais rigoroso
que seja, evita acidentes por erro humano. Devemos, contudo, fazer o que estiver ao
nosso alcance no sentido de prevenir a infeção cruzada. A falha na aplicação das
medidas individuais apropriadas pode vai aumentar o risco de contaminação
microbiana e infeção cruzada.

Atualmente têm surgido produtos com o rótulo “eco-friendly”, pois muitos dos
produtos de controlo de infeção são descartáveis, podendo ser tóxicos para o
ambiente. Uma nova era de estratégias está a ser desenvolvida no sentido de diminuir
a acumulação de lixo, utilizando-se produtos recicláveis e reutilizáveis (papel e
plástico recicláveis e biodegradáveis) : “Dentisteria verde”.

Soluções de limpeza usadas para descontaminar instrumentos antes da esterilização,


podem atualmente conter variadas enzimas para melhorar a remoção de detritos. Estes
componentes são biodegradáveis, evitando a introdução de químicos potencialmente
perigosos para as águas e o ambiente.

Aerossóis e salpicos, produzidos durante muitos dos procedimentos dentários, são


uma fonte potencial de transmissão de várias doenças aos profissionais e pacientes, na
clínica dentária.
l Microrganismos da boca e trato respiratório podem ser transportados em
aerossóis, gerados durante procedimentos dentários, tais como a
destartarização com instrumentos ultrassónicos e o uso de brocas de alta
rotação com refrigeração, e contaminar a pele e mucosas da boca, trato
respiratório e olhos dos profissionais e seus auxiliares.

O uso de um aspirador de saliva e um aspirador cirúrgico de pequeno diâmetro


contribui para reduzir a disseminação de aerossóis.

Cadeia de infeção

-Agente etiológico -bactérias, fungos e vírus – virulência nº de unidades formadoras


de colónias e nº de inoculações ocorridas
- Transmissibilidade –contágio direto (sobreposição de superfícies ou à distância) e
contágio indireto (aerossóis, instrumentos, equipamentos, águas e vetores)
- Hospedeiro – virulência do agente infecioso, resistência do hospedeiro, quantidade
do agente infecioso

Polpa viva – ausência de infeção ou infeção superficial junto de zonas de cárie:


Anti-sepsia superficial + assepsia

Polpa necrosada– presumível existência de bactérias em toda a cavidade pulpar


Anti-sepsia + assepsia

Necessidade do uso de medidas preventivas

l Uso de máscaras e óculos de proteção


l Colutório antibacteriano pré-operatório
l Aspirador de alto volume
l Uso de dique
l Sistema de ventilação eficaz
l Os aparelhos de ar condicionado devem ser desligados e o ambiente ser
submetido à ventilação natural. O filtro deve ser limpo frequentemente.
l Desinfecção das linhas de água do equipamento (peróxido de hidrogénio)

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