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PRÉ-LAVAGEM

Antes de qualquer ação deve-se considerar que TODOS os artigos estão contaminados com
matéria orgânica visível ou não e devem ser limpos adequadamente. Assim, a passagem de
todos os artigos e instrumentais num jato de água corrente é fundamental para facilitar a
limpeza posterior.

A pré-lavagem é a etapa que antecede a lavagem (limpeza) e deve ser realizada com todos os
artigos que serão reprocessados por meio de imersão em detergente enzimático durante 5 a
10 minutos.

Esta imersão deve ser completa, de forma que todo o instrumental tenha total contato com a
solução enzimática pelo período determinado. A imersão deve ser feita em recipiente plástico
com tampa ou diretamente na cuba ultrassônica.

Importante: não utilizar nessa etapa nenhum desinfetante (glutaraldeído 2%, álcool 70% ou
em hipoclorito).

LAVAGEM

A lavagem (limpeza) é a etapa mais importante nos processos de esterilização e desinfecção, já


que resíduos de matéria orgânica – biofilme – visíveis ou não, podem proteger micro-
organismos causadores de infecção no instrumental clínico e cirúrgico. O processo de limpeza
remove o material orgânico e inorgânico acumulado, como sangue, saliva, restos de materiais.

A literatura mundial aponta, há mais de uma década, a estreita correlação entre o biofilme e a
esterilização e desinfecção de artigos.

A permanência do biofilme nos instrumentos pode inviabilizar os processos de esterilização,


isolando os micro-organismos do agente esterilizante.

A desinfecção de qualquer instrumento também estará comprometida caso a limpeza não seja
eficiente.

Ressalta-se que a limpeza do artigo contaminado, após sua utilização, deve ser iniciada o mais
rápido possível para que não ocorra ressecamento da matéria orgânica, manchas e pontos de
corrosão do instrumental. Quanto menor for o tempo entre o descarte ao final do uso e a pré-
lavagem e lavagem, melhor!

A lavagem dos artigos pode ser feita de 2 formas:

Manual – com escovas de material plástico com cabo. Jamais utilizar esponjas ou palhas de
aço, bem como insumos e/ou materiais abrasivos para que não retire a camada passiva do aço
que protege e o mantém íntegro.

Automatizada / Ultrassônica – a lavagem ultrassônica é mais eficaz que a limpeza manual e


deve-se optar por ela sempre que possível.

SECAGEM / INSPEÇÃO VISUAL

A secagem é etapa que não deve ser esquecida e faz parte do correto preparo dos artigos para
posterior desinfecção ou esterilização. Realizar imediatamente após a lavagem utilizando-se
papel-toalha, segundo normas da Vigilância Sanitária.

A inspeção visual é de extrema importância e deve ser realizada logo após a secagem do
instrumental. Essa fase ratifica a eficácia da limpeza realizada no início do reprocessamento e
recomenda-se fazer com lentes de aumento (lupas).

EMBALAGEM / BARREIRA

A embalagem/barreira dos materiais é etapa essencial para garantia do sucesso no processo


de esterilização e, sobretudo, pós-esterilização.

Existe no mercado odontológico uma gama enorme de materiais utilizados como embalagem
para esterilização, porém, não se pode esquecer que a principal finalidade da embalagem para
esterilização é funcionar como barreira e garantir que o instrumental permaneça estéril até o
momento de seu uso. A manutenção da esterilidade e a manutenção da eficácia de todo o
processo.

Barreira é termo atualmente adotado pelos especialistas em esterilização.

A falta de informação e a intenção de “economizar” levam grande parte dos profissionais da


área odontológica a escolher equivocadamente o material empregado na barreira.
Por conta disse, seguem algumas opções viáveis de barreiras de esterilização preconizadas
pela ANVISA:

Quais as principais barreiras?

►Não-tecido: Spunlace e SMS–Spunbondeb Meltblown Spunbondeb.

►Papel crepado.

►Papel Grau Cirúrgico.

►Caixas Perfuradas envoltas por grau cirúrgico.

Papel Grau Cirúrgico – Está disponível em formato auto selante ou em bobinas. Neste último,
deve-se utilizar seladora que garanta 10 mm de selamento, no mínimo.

Ficar atento ao grau de aderência entre as duas lâminas. Fraca aderência possibilita abertura
de pacotes durante a autoclavagem ou manipulação dos pacotes, levando à contaminação do
material esterilizado.

Papel Crepado - Utilizado em serviços odontológico de larga escala e substitui o tecido de


algodão. Para utilização do papel crepado, o profissional deve dominar a técnica asséptica de
dobramento do papel e execução do pacote para que não ocorra contaminação dos artigos no
momento de abertura.

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Toucas: As toucas são direcionadas para a proteção do paciente. Já imaginou que


desconfortável seria se você estivesse recebendo um atendimento odontológico e um cabelo
do dentista caísse em sua boca? Uma extrema falta de higiene, por isso é muito incomum
vermos dentistas não utilizando toucas.
Se seu dentista não as utiliza, fique atento, pois é provável que não seja o único equipamento
de proteção individual que ele não utiliza.

Máscara: Ao respirar sem a máscara o profissional fica extremamente suscetível ao contato de


gotículas durante um procedimento, podendo facilmente ser contaminado por vírus. Além da
proteção do profissional as máscaras também protegem o paciente, que também poderia ser
contaminado pelas gotas de saliva, quando o dentista se aproximasse ou conversasse perto da
boca do paciente.

Óculos: Os óculos trabalham de forma parecida das máscaras, nesse caso, não são
utilizados em cima da respiração e sim protegendo a sua mucosa ocular, que pode ser
contaminada por um agente que pode estar flutuando pelo ar.
Os óculos muitas vezes são esquecidos pelos dentistas. É importante lembrar que doenças
como Hepatite C podem ser transmitidos por via da saliva do infectado, caso ela caia dentro do
olho.

Jalecos: Os jalecos protegem o corpo e a roupa do profissional de agentes que podem vir a
contaminá-lo. Os mais indicados para a área odontológica são os de gola padre com punhos de
elástico, que garantem que o profissional não seja infectado por serem extremamente
vedados e os punhos de elástico garantem que a manga do jaleco não fique solta, evitando
enroscamentos que podem atrapalhar um procedimento.

Sapatos fechados: A utilização de sapatos fechados previne o profissional de acidentes


ocasionados pela derrubada de instrumentos cortantes que podem machucar o pé do
profissional, podendo causar uma contaminação.
Por isso, é imprescindível um sapato completamente fechado, sem detalhes ou pequenos
furos, de preferência produzidos em couro sintético.

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O lixo odontológico consiste em um resíduo produzido por meio de procedimentos


efetuados dentro do consultório, considerando que os dentistas fazem usos de vários
materiais contaminantes que exigem cuidados no momento de descarte.

Nesse sentido, conforme a Resolução RDC nº 33/03, os resíduos odontológicos são


classificados nos seguintes grupos: A (potencialmente infectante), B (químicos), C
(rejeitos radioativos), D (resíduos comuns) e E (perfurocortantes).

Desse modo, é fundamental que as clínicas identifiquem, classifiquem e separem


adequadamente o seu lixo, com o propósito de proporcionar a segurança durante a
assistência na prestação de serviços aos pacientes. Logo, o cuidado na hora do
descarte de lixo é primordial no meio da saúde.

4-

São importantes aliadas no controle de infecção das superfícies e mobiliários da clínica


odontológica. O objetivo das barreiras é evitar infecção cruzada, evento bastante comum em
procedimentos clínicos. Sua principal função é proteção das mãos da Equipe de Saúde Bucal.

Como a maioria dos procedimentos odontológicos é clínica, devemos nos preocupar com a
proteção das superfícies que ficam em contato e no entorno do paciente e profissionais.

Superfícies e mobiliários - estão sujeitos ao toque das mãos, respingos e aerossóis.


Atualmente, são produzidos cadeiras e mochos mais lisos e sem costuras, pontas
autoclaváveis, equipamentos com comandos acionados com os pés, dentre outras adaptações.
Botões e alças - devem ser recobertos com barreira impermeável (do tipo filme plástico),
campo de algodão estéril ou material não-tecido (TNT), em casos cirúrgicos. As barreiras
devem ser trocadas entre cada atendimento, promovendo limpeza e desinfecção, com álcool a
70% ou ácido peracético, a cada troca.
Insumos descartáveis - importantes barreiras que atuam de forma positiva no controle da
infecção cruzada odontológica. Ex: ponta da seringa tríplice, “sacolés” nas canetas de alta e
baixa rotação e outros.
Sobreluvas de plástico - são barreiras bastante utilizadas em situações onde há trabalho a
quatro mãos ou quando o CD se encontra sem auxiliar e, durante o atendimento, necessite
buscar objetos ou abrir gavetas.

Todas as barreiras devem ser colocadas somente sobre as superfícies que serão utilizadas em
cada atendimento. Não é correto “plastificar” a sala clínica. Esta conduta, embora dê a falsa
aparência de controle de infecção, acarreta em aumento considerável de infecção cruzada,
pois dificilmente a equipe de trabalho dispõe de tempo para trocar todas as barreiras no
intervalo de pacientes.

Basicamente, devemos utilizar barreiras nas seguintes superfícies:

Em botões da cadeira, alça do refletor, encosto do mocho e as pontas da unidade de sucção,


aplicar filme de PVC;

As superfícies da bancada e do carrinho auxiliar, cobrir com pano de campo descartável;

As pontas como caneta de alta rotação, envolver em protetor descartável de látex ou


“sacolés”;

As manoplas, cones e controle de aparelhos de raios X, cabos de espelho (não odontológicos),


envolver com filme de PVC;

Em se tratando de bicos seringa tríplice e seus encaixes, usar preferencialmente pontas


descartáveis; não dispondo de descartáveis, cobrir com tubo plástico descartável (canudo de
refrigerante);

As mangueiras, botões de controle de periféricos e cabos de fibra ótica de fotopolimerizador,


envolver com tubo plástico ou sacolés

Importante: durante o atendimento clínico é necessário ter por perto sobreluvas para evitar
infecção cruzada. São grandes aliadas para economia de tempo e preservação da cadeia
séptica do procedimento.

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As causas de falhas na esterilização são decorrentes de eventuais problemas no


funcionamento do esterilizador ou erros na técnica de esterilização. As falhas no
processo requerem um exame minucioso em todas as partes do esterilizador,
procedimentos de empacotamento, carga ou técnicas utilizadas (NIEHEUS, 2004).
Alguns problemas mais comuns que podem levar a ineficiência do processo são
listados abaixo: • Carga Incorreta: os materiais nunca devem ser empilhados um sobre
o outro e não devem tocar quaisquer das paredes da câmara. Como regra geral, todos
os pacotes devem ser colocados de maneira que, caso contenham água, ela escorra
para fora permitindo que o vapor possa circular entre eles. • Ar: considerando que a
carga a ser autoclavada é aquecida pela penetração do vapor, é necessário que todo o
ar seja eliminado, para que o vapor possa facilmente Introdução 5 penetrar no interior
do conteúdo geral do lote (carga). A presença de ar na câmara interna retarda a
penetração do vapor nos pacotes. • Falhas Humanas: tempo e temperatura são
fatores críticos no processo de esterilização, controlados pelo operador em
equipamentos não equipados com comandos automáticos. Ciclos com duração abaixo
do recomendado por normas técnicas implicam em uma esterilização ineficiente,
enquanto que ciclos com duração acima podem danificar os materiais esterilizados

Para que haja coerência no processo de esterilização, planos de validação devem ser
estabelecidos, incluindo os seguintes aspectos: qualificação do esterilizador, validação
do produto e validação do processo (PINTO, 2000). Requalificações deverão ser
executadas periodicamente para detectar qualquer alteração do processo. Uma
requalificação simples deve ser executada anualmente. Uma alteração significante no
produto, embalagem ou no processo exige revalidação. O INMETRO não prevê
nenhuma validação de autoclaves, sendo a única norma disponível, a NBR ISO
11134/2001, não havendo lei que torne compulsória a conformidade a esta norma
nem mesmo ao se lançar a autoclave no mercado consumidor. As autoclaves
necessitam também de avaliação ao longo de sua vida útil (GUÍA, 1996).

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