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Resumo Honey – Prevenção de IACS – ESEnfC – 21/22

IACS/Infeção nosocomial/Infeção hospitalar - Infeções adquiridas pelos doentes em consequência dos cuidados e
procedimentos de saúde prestados e que pode também afetar os profissionais de saúde durante o exercício da sua
atividade.
• Da prestação de cuidados de saúde, tais como tratamentos médicos ou intervenções cirúrgicas, ou como
consequência do contacto com locais onde se prestam esses cuidados.
• De cuidados prestados na comunidade (atenção primária, cuidados continuados).
• Da transmissão de uma infeção adquirida na comunidade e introduzida em instituições de saúde por
pacientes, profissionais ou visitantes.

Impactos das IACS

• Morbilidade.
• Mortalidade.
• Qualidade de vida.
• Económicos (diretos – para os doentes – e indiretos).

Epidemiologia
• Mortalidade estimada = 10%.
• 2 a 20 vezes mais frequentes em populações de alto risco (unidades neonatais e de terapia intensiva), em
comparação a pessoas de países com alta renda, especialmente associada as dispositivos médicos.

Tendência crescente e fatores das IACS


• Multirresistência de bactérias a antibióticos.
• Aumento da esperança de vida e envelhecimento da população (comorbilidades e maior vulnerabilidade).
• Complexidade de cuidados (necessidade de recorrer a UCI ou internamentos longos).
• Aumento do uso de inovações tecnológicas na saúde cada vez mais invasivas.
• Uso de terapia imunossupressora em maior número de doentes.
• Recursos humanos insuficientes para a necessidade de cuidados.
• Infraestruturas/materiais/equipamentos/processos dificultadores da prevenção e controlo de infeções.

Programa de Prevenção e Controlo de Infeção e Resistência aos Antimicrobianos


• Objetivos:
o Redução da taxa de IACS.
o Promoção do uso correto de antimicrobianos.
o Diminuição da taxa de microrganismos com resistência a antimicrobianos.

Precauções Básicas do Controlo da Infeção


• Colocação do doente

o Avaliação e registo do risco do doente até 24h da admissão na unidade de saúde e depois
periodicamente.

▪ A identificação precoce de doentes com risco de colonização ou infeção, permite


desencadear procedimentos diagnósticos e de isolamento imediatos, com melhoria da
qualidade e segurança para doentes, profissionais e visitas.
o Colocação do doente deve ter por base a minimização do risco (quarto individual/local afastado das
zonas de maior circulação) e/ou tipo de isolamento se necessário.

▪ Evitar deslocações desnecessárias do doente entre serviços.

• Higiene das mãos

o Uma das medidas mais importantes para a redução da transmissão de agentes infeciosos entre
doentes, durante a prestação de cuidados.

o Antes de proceder à higiene das mãos:


▪ Unhas curtas, limpas, sem verniz, sem extensões.
▪ Remover adornos.
▪ Feridas cobertas com penso impermeável.
▪ Expor antebraços.

o Produto
▪ Solução antissética de base alcoólica (se estiverem visivelmente limpas).
➢ Não usar em prestação de cuidados de saúde a doentes com suspeita ou
confirmação de infeção por Clostridium difficile e Baccillus anthracis.

▪ Água e sabão antimicrobiano (se estiverem sujas/contaminadas com matéria orgânica e


após procedimentos a doentes com infeções gastrointestinais).

• Etiqueta respiratória

o Cobrir boca e nariz ao espirrar ou tossir.


o Utilizar toalhete de uso único para conter as secreções e eliminação imediata, ou tossir/espirrar para
o braço/manga.
o Higienizar as mãos após contacto com secreções respiratórias.
o Evitar tocar nas mucosas dos olhos, boca ou nariz.
o Manter distância > 1m sempre que possível.

• Utilização de EPI
o A Seleção do EPI deve ser baseada na avaliação do risco de transmissão e contaminação de
microrganismos.
▪ Proporcionam proteção adequada aos, de acordo com o risco associado ao procedimento.

o Utilização
▪ Disponível junto ao local de utilização.
▪ Uso único.
▪ Colocação e remoção segura.
➢ Remoção imediatamente após procedimento/cuidado e eliminação em contentor
próprio.
➢ Após remoção de qualquer EPI as mãos devem ser higienizadas.

▪ Não transportar/circular para outras áreas.


▪ Se houver sinal de deterioração, substituir imediatamente.
▪ Armazenamento em locais e áreas próprias.
▪ Utilizar em situações de risco de exposição a sangue ou outros fluidos orgânicos.

o Pode ser indicado luvas duplas nos procedimentos de maior risco de exposição a fluidos orgânicos
(cirurgias ortopédicas, urológicas ou ginecológicas).
▪ Depende da natureza da tarefa, probabilidade de contacto com fluidos, necessidade de
isolamento e alergia a materiais.
▪ Não usar luvas quando não há previsão de exposição a sangue ou outros fluidos orgânicos,
exceto se utente estiver com ou suspeita infeção.
o Óculos ou máscara com viseira.
▪ Usar quando há risco de salpicos de fluidos orgânicos para a face, e, durante procedimentos
geradores de aerossóis (entubações traqueais, endoscopias brônquicas, sessões de
balneoterapia).

o Máscara cirúrgica e respiratórias.


▪ Utilizar quando há risco de salpicos de fluidos orgânicos para a mucosa respiratória.
▪ Ajustar bem boca e o nariz e adequar à finalidade.
▪ Remover no final do procedimento, alteração na integridade da máscara e de acordo com as
instruções do fabricante.

o Touca.
▪ Ajustar à cabeça e cobrir todo o cabelo.
▪ Utilizar nas áreas protegidas e durante procedimentos cirúrgicos.
▪ Utilizar nos procedimentos geradores de grande quantidade de aerossóis/ salpicos de
fluidos orgânicos.
▪ Substituir/eliminar entre sessões ou se estiver contaminada.

o Proteção de pés.
▪ Antiderrapante, limpo e apoiar e cobrir todo o pé.
▪ Se proteção de pés, remover antes de sair da área específica.

• Descontaminação de equipamento clínico


o Utilização
▪ Após contaminação com sangue e fluidos orgânicos.
▪ Após cada utilização e em intervalos regulares predefinidos, como parte do procedimento
de limpeza.
▪ Antes de inspeção, manutenção e reparação.

o Classificação do equipamento clínico


▪ Uso único – embalagem com respetivo símbolo.
▪ Uso num único doente – pode ser reutilizado no mesmo doente.
▪ Reutilizável – pode ser usado mais do que uma vez e/ou em mais do que um doente. Exige
descontaminação obrigatória entre doentes e entre o mesmo doente.

o Álcool – atuação rápida, ideal na atividade de fungos, vírus e


bactérias Gram+/-, não atua na presença de matéria orgânica,
evapora rapidamente deixando superfícies secas.

o Glutaraldeído – atua em todos os microrganismos e esporos,


irritante para a mucosa e pele, utilizado em tratamentos
endoscópicos e material termo-sensível.

o Cloro – ideal para a contaminação por vírus, boa atividade


microbiana, eficácia reduzida na presença de matéria orgânica,
barato, validade curta.

o Classificação de Spaulding – classifica os dispositivos médicos quanto ao risco de infeção:

▪ Elevado/Crítico – material introduzido em locais estéreis do organismo (necessidade de


esterilização).
▪ Intermédio/Semicrítico – material que não entre em contacto com locais estéreis do
organismo, mas pode estar em contacto com mucosas e pele não integra (necessária
desinfeção).
▪ Baixo/Não crítico – material que entre em contacto com a pele integra, ou que não esta em
contacto direto com o doente (necessária limpeza).

• Controlo ambiental
o Limpo, seco e em bom estado
de conservação.

o Derrame de sangue e fluidos


orgânicos é um evento de
risco, deve ser removido de
imediato, de forma segura, por
profissionais treinado para o
efeito e de acordo com as
normas instituídas.

• Manuseamento seguro da roupa


o A roupa do doente e da cama, mobiliário e objetos próximos do doente ficam contaminados com a
sua própria flora.
o Roupa usada deve ser considerada como contaminada e manuseada com cuidado para não
contaminar o ambiente ou o fardamento.
o Após a remoção colocar de imediato em contentor junto do local de produção.
o Encher sacos com roupa suja até 2/3 da capacidade, para correto encerramento.
o Armazenar em local apropriado e fechado, bem ventilado e ao abrigo do calor.
o Roupa limpa deve ser acondicionada numa área reservada em armários fechados, com prateleiras
que suportem limpeza e desinfeção.

• Recolha segura de resíduos


o Resíduos da prestação de cuidados de saúde devem ser triados e eliminados no local de produção e
separados imediatamente de acordo o grupo I, II, III e IV.

o Contentores devem manter-se fechados (sistema de fecho intermédio) e identificados com a data
de abertura e de encerramento. Devem permitir a abertura sem mãos.

o Depois de acondicionados no saco e/ou contentor, os resíduos não devem ser manipulados.

o Sacos de recolha de resíduos e


contentores de corto perfurantes, só
devem ser cheios até 2/3, para
encerramento seguro.

o Contentores reutilizáveis e com saco a


forrar o seu interior, devem ser
facilmente higienizáveis e mantidos
limpos.

• Práticas seguras na preparação/administração de injetáveis


o Usar técnica asséptica para evitar a contaminação do material.
o Não administrar medicamentos a múltiplos doentes usando a mesma seringa (mesmo que a agulha
tenha sido mudada).
o Usar sempre que possível embalagens de dose única.
o Se for necessário usar embalagens de doses múltiplas, a agulha, a seringa e/ou sistema e
prolongamentos devem estar estéreis.
• Exposição a agentes microbianos no local de trabalho
o O risco de exposição a agentes microbianos transmissíveis pelo sangue e fluidos orgânicos é um risco
importante para os profissionais de saúde e todos os profissionais devem conhecer os
procedimentos a seguir no caso de ocorrer exposição significativa:
▪ Traumatismo percutâneo com cortantes/perfurantes contaminados.
▪ Exposição de feridas ou outras lesões da pele.
▪ Exposição de mucosas (incluindo a ocular) a salpicos de sangue ou outros fluidos orgânicos.

• Limpeza de superfícies
o A transferência de
microrganismos dos doentes
para as superfícies ambientais e
destas para o doente ocorrem
por via de contato através de
mãos contaminadas, a limpeza e
desinfeção das superfícies são
fundamentais para reduzir os
microrganismos e prevenir a
infeção cruzada.

o Pretende reduzir a carga bacteriana, remover contaminantes, sujidade e manter a integridade e


funcionalidade das superfícies e equipamentos.

o Segue os seguintes princípios:


▪ Cima para baixo (1º teto e por fim chão).
▪ Zona mais afastada para a mais próxima da saída.
▪ Do mais limpo para o mais sujo.
▪ Água quente ou morna e detergente.
▪ Sem varrer/sacudir.

Na admissão à unidade de saúde, deve assumir-se que todo o doente está colonizado/infetado com
microrganismos e podem constituir-se reservatório/fonte potencial para transmissão cruzada.
A aplicação das PBCI durante a prestação de cuidados é determinada pelo nível de interação entre o prestador de
cuidados e o utente e, o grau de exposição previsto ao sangue ou outros fluidos orgânicos.
Passa pela promoção de boas práticas tendo por base as PCBI e a implementação de feixes de intervenção de
suporte aos procedimentos e dispositivos invasivos, a redução do consumo de antibióticos e a vigilância da
resistência aos antimicrobianos.
• Estratégia primária de eficácia comprovada para a minimização do risco de infeção.
• Garante a segurança dos cidadãos, profissionais de saúde e de os que contactam com os serviços de saúde.

Precauções Dependentes das vias de transmissão


• Da fonte para o hospedeiro
o Contacto
▪ Direto - de pessoa a pessoa durante a prestação de cuidados.
▪ Indireto - através de equipamento contaminado.

o Gotículas: microrganismos não permanecem no ar durante muito tempo e não se deslocam mais de
1m.

o Aérea: microrganismos permanecem no ar em forma de partículas livres em suspensão e podem


deslocar-se mais de 1m.
• Via aérea (Partículas < 5μm)
o Localização do doente
▪ Quarto individual com pressão negativa.
▪ Sistema de ventilação com ≥12 trocas de ar/h.
➢ Se impossível doente com máscara de alta eficiência.

▪ Porta fechada.
▪ Disponibilidade de materiais e equipamentos.
▪ Saída do quarto - máscara de alta eficiência (FFP).

o Proteção respiratória
▪ Antes de entrar no quarto - bata, luvas, máscara FFP e proteção ocular. Retirar após sair.

o Resíduos tipo III

• Gotículas (Partículas ≥ 5μm)


o Localização do doente
▪ Preferencialmente quarto individual.
▪ Quarto partilhado/coorte - afastamento ≥
1 m.
▪ Disponibilidade de materiais e
equipamentos.
▪ Porta pode estar aberta, mas
preferencialmente fechada em pandemia
sempre fechada.
▪ Saída do quarto máscara cirúrgica.

o EPIs
▪ Distância ≤ 1m - bata, luvas e máscara cirúrgica e proteção ocular.

o Resíduos tipo III

• Contacto - Indicado para todos os doentes com suspeita ou confirmação de infeção ou colonização por
microrganismos epidemiologicamente importantes.
Pode ser contacto direto (mãos do profissional) ou indireto (superfícies/utensílios contaminados).
o Localização do doente
▪ Quarto individual.
▪ Se multirresistentes obrigatório.
▪ Disponibilidade de materiais e equipamentos.
▪ Porta fechada sempre que possível.
▪ Transporte do doente limitado.

o EPIs
▪ Antes de
entrar no
quarto
bata/avental,
luvas.

▪ Retirar antes
de sair.

o Resíduos tipo III


• Educação do doente e da família - Sensibilização e responsabilização do doente e família para adesão às
medidas de precaução (avaliação sistemática da adesão).

• Precauções do doente - Utilizar lenços de papel para expetorar e tapar a boca quando tosse ou espirra e
higienizar mãos após tossir, espirrar e assoar-se.

• Precauções da família - Restringir o número de visitantes, lavar as mãos ao entrar e sair do quarto, colocar
máscara quando entrar no quarto (aérea e gotículas) e retirar após sair (aérea), usar bata (aérea e contacto)
e abrir a porta o mínimo de vezes possível.

• Feixes de intervenções – conjunto de intervenções que quando agrupadas e implementadas promovem


melhor resultado e maior impacto do que o efeito de cada intervenção individualmente.
o Cada intervenção está bem definida, suportada por evidência científica proveniente de, pelo menos,
uma revisão sistemática de múltiplos ensaios controlados.
o Qualquer exceção ao cumprimento do feixe de intervenção deve ser fundamentada clinicamente e
registada no processo clínico.

• Prevenção de IACS no cateterismo vesical (infeção urinária)


o Utilizado na retenção/obstrução uretrovesical.
o Permite uma medição rigorosa do débito urinário.
o Permite maior conforto em fim de vida.
o No Perioperatório:
▪ Cirurgia urológica ou de estruturas contíguas.
▪ Cirurgia prolongada (remover na UCPA).
▪ Necessidade de infusões ou diuréticos de grande volume durante a cirurgia.
o Promove a cicatrização de feridas abertas em doente incontinentes (sacro e/ou perineal).
o Utilizado em imobilização prolongada por lesões torácicas ou lombares potencialmente instáveis,
múltiplas lesões traumáticas (exemplo.: fraturas pélvicas).
o Taxa de infeção (2,4% em 100 internados).
▪ Sem cateter = 0,9%
▪ Com cateter = 7,4%
• Prevenção de IACS em local cirúrgico
o ILC é toda a infeção relacionada com o procedimento cirúrgico que ocorre no local da incisão
cirúrgica ou próximo dela (pele, tecido subcutâneo, tecido mole profundo e/ou qualquer parte
anatómica) nos primeiros 30 dias após a cirurgia ou até 1 ano nas cirurgias de colocação de prótese,
implante ou transplante.

• Prevenção de IACS relacionada com cateter periférico


o Extremidades inferiores estão associadas a maior risco de infeção do que as superiores.
▪ Veias das mãos apresentam menor risco de flebite do que as do punho ou do braço.

o Cateteres de teflon/poliuretano estão associados a menos infeções do que os de cloreto de


polivinilo ou polietileno.

o Agulhas de aço têm a mesma taxa de infeções que os cateteres teflon, mas têm maior risco de
infiltração de líquidos intravenosos nos tecidos subcutâneos.

o Técnica "sem toque" na inserção e uso de luvas limpas, reduz o risco de infeção.

o Utilização de clorexidina a 2% na assepsia da pele é mais eficaz na prevenção da ICS do que


iodopovidona a 10% ou álcool a 70%.

o Pensos de compressas e pensos transparentes estão associados à mesma taxa de infeção.

o Pensos poliuretano, transparentes e


semipermeáveis não necessitam de ser
substituídos durante o tempo de
permanência do cateter (exceto se
danificados) pois não há aumento do
risco de tromboflebite.

o Incidência de tromboflebite e
colonização bacteriana dos cateteres
aumenta quando os cateteres
permanecem > 72h.

Esterilização - eliminação ou destruição de todas as formas de vida por meios físicos ou químicos (inclui os esporos).
• Física • Química – material termossensível
o Vapor saturado (autoclave) – materiais o Óxido de etileno – irritante para os olhos,
termorresistentes, inócuo, não poluente, barato pele e aparelho respiratório. Risco
o Calor seco (estufas de panpinett – material cancerígeno, mutagénico e neurológico.
condutor) o Plasma de peróxido de hidrogénio
o Radiações (α e β) o Glutaraldeído e formaldeído (líquidos)
o Micro-ondas

Etapas de esterilização:
• Lavagem (com água e sabão de preferência em máquina e deve ser feita na central de esterilização)
• Secagem (extremamente importante para que o material vá para os processos de esterilização bem seco)
• Embalagem
• Esterilização
• Armazenamento (nas centrais de esterilização e depois nos serviços)
Esterilização com calor seco
• O agente de esterilização é o ar quente.
• O equipamento adequado é a estufa.
• A destruição das bactérias dá-se pela oxidação dos seus constituintes.
• Desvantagens:
o Demora cerca de 60 minutos (moroso).
o Temperatura de 160ºC (baixo poder de penetração do calor seco).
o Incerteza sobre o processo – em desuso.

Esterilização com calor húmido/vapor saturado


• O agente de esterilização é o vapor saturado.
• O equipamento adequado são os autoclaves (horizontais ou verticais).
• A esterilização dá-se pela coagulação das proteínas dos microrganismos destruindo a ligação peptídica.
• O vapor deve encontrar-se na fase de saturação – limiar do estado líquido para o gasoso.
• Neste processo devem ser observados os seguintes parâmetros:
o Vapor o Tempo (de acordo com o tamanho e
o Pressão tipo de aparelho – orientações do
o Temperatura fabricante)
• Vantagens:
o Destruição dos microrganismos nas formas vegetativas e esporuladas, num curto espaço de tempo.
o Aplicável em todos os materiais termo-resistentes, inclusive nos maus condutores de calor.
o Possível controlo de eficácia do processo (temperatura e tempo, 120ºC – 134ºC, 15’).
o Inócuo para os materiais e para as pessoas.
o É o método mais económico de esterilização.
o Não deixa resíduos tóxicos.
o Eficaz pela facilidade de penetração.

• Desvantagens:
o Dificuldade de completa extração do ar da câmara de esterilização.
o Não esteriliza todos os materiais (degradação de materiais termo-sensíveis, borrachas, plásticos).
o Deterioração a médio prazo de objetos cortantes (gumes, pontas, brocas dentista).

Esterilização com óxido de etileno


• Processo que utiliza um produto químico – gás (C2H4O) para destruir os microrganismos.
• A esterilização pela ação do óxido de etileno é baseada na ação do gás sobre os microrganismos (provoca
bloqueio em certas ligações das moléculas DNA e RNA nas nucleoproteínas das bactérias).
• Vantagens:
o Não deteriora os materiais.
o Possível controlo de eficácia do processo.
o Destruição de todos os microrganismos nas formas vegetativas e esporuladas.
o Aplicável a todos os materiais termo-sensíveis (esteriliza a baixas temperaturas).

• Desvantagens:
o Ciclo demorado.
o Deixa resíduos tóxicos nos materiais.
o Exige condições especiais de instalação.
o Pode ser perigoso para as pessoas.
o O material que tenha sido previamente esterilizado por radiações não pode ser esterilizado por
óxido de etileno.
o Mais caro que os agentes de esterilização convencionais.
• Precauções:
o Evitar o contacto com as diferentes partes do corpo (lavar com água a zona do corpo atingida).

o Evitar respirar os vapores do óxido de etileno (dores de cabeça e náuseas) – se isso acontecer,
dever-se-á respirar de imediato ar puro.

o A área onde estão armazenadas as botijas de


óxido de etileno deverá ser ventilada e a
temperatura desse local não deverá exceder os
30ºC.

o Não fumar junto do equipamento.

o Ter em consideração as recomendações


contidas nas botijas e nos equipamentos.

Esterilização com plasma de peróxido de hidrogénio

• Este método de esterilização é utilizado como alternativa para artigos termossensíveis.


• É ecologicamente viável pois é um sistema de esterilização atóxico – H2O2 + gerador de ondas
eletromagnéticas que origina plasma de baixa temperatura e o vácuo que permite o início do processo.
• Não deixa resíduos tóxicos no final do processo.
• Os produtos de degradação são o oxigénio e a água, não necessitando de período de arejamento.
• Não requer controle exaustivo de monitorização.
• Ciclo de esterilização demora cerca de 1 hora/45º - 55º.

Testes de Funcionalidade
• Físicos (através de instrumentos que controlam parâmetros físicos – temperatura, tempo e pressão – a
verificar em cada ciclo).
o Manómetros – controlo da pressão.
o Termómetros – controla da temperatura.
o Cronómetros – controlo do tempo (pode estar incorporado no registo térmico).

• Químicos (através de instrumentos que detetam erros dos parâmetros de esterilização).


o Tiras de papel impressas com químicos reativos que mudam de cor, sensíveis à variação do vapor
saturado, tempo e temperatura.
▪ Devem ser colocadas em carga, em todas as embalagens.
▪ Sempre que há reparação devem ser colocadas em várias embalagens pela câmara.

• Biológicos (dispositivos inoculados com esporos resistentes à esterilização).


o Tiras de papel inoculadas permeáveis ao vapor (em laboratório).
o Ampolas com meio de cultura incorporado num disco inoculado.

Colocação da carga
A carga deve ser colocada corretamente, permitindo a livre circulação do vapor e penetração nas embalagens.
• Nunca deve ocupar mais de 75% da capacidade total da câmara esterilizadora.
• Não colocar embalagens frágeis com outras volumosas e pesadas (mais leves colocadas superiormente).
• Tabuleiros metálicos e taças devem ser colocados na vertical.

O transporte deve ser feito em contentores limpos e fechados, usados apenas para isso.
No armazenamento, nos serviços, é necessário implementar uma política de utilização de materiais para assegurar
uma correta gestão de stock.

Embalagens
As embalagens pretendem servir de suporte ao material e protege-lo da contaminação externa. Por isso o
manuseamento dos invólucros deve ser evitado, para manter a integridade dos materiais.
As embalagens podem ser:
• Duras (exemplo: tambores, caixas de metal perfuradas e equipadas com filtros) – oferece menor seguraça.
• Semi-duras (exemplo: tabuleiro embrulhado em panos secos).
• Moles (exemplo: papel, manga mista, tecido).

A validade da esterilização depende do tipo de embalagem:


• Sacos de papel e manga.
o Termosselados – 12 meses
o Selados com fita – 6 meses
• Embalagem dupla.
o Envelope – 28 dias

Características das embalagens:


• Deve permitir penetração adequada ao agente esterilizador.
• Formar barreira bacteriana entre a atmosfera (exterior) e o material (interior estéril).
• Deve ser porosa ao ar, para que se faça o vácuo no seu interior (permite a extração do ar do seu conteúdo
pelo vácuo).
• Resistente à temperatura de 150ºC (suporta, sem alterações, as condições de esterilização).
• Resistente à tração e tensão em seco e húmido.
• Hidrófuga (não permite a penetração do ar e evita a humidade).

A danificação dos invólucros e a sua perda de integridade deve-se principalmente a:


• Humidade (condições ambientais inadequadas no armazenamento).
• Manuseamento inapropriado.
• Rotação deficiente de stocks.

Na embalagem deve constar:


• Data de esterilização.
• Número de lote de esterilização.
• Identificação do material e número de operador.
• Testemunho de esterilização.

Gestão dos resíduos hospitalares


O despacho ministerial 242/96 de 13 de agosto regulamenta a classificação dos resíduos sólidos hospitalares, sendo
classificados por grupos de separação, possibilitando o recurso de tecnologias de tratamento distintas. Resíduo é
qualquer substância/objeto de que o detetor se desfaz ou pretende.

• Perigosos – apresentam características de perigosidade para a saúde/ambiente


• Hospitalares – resultante de atividades médicas em unidades de prestação de cuidados de saúde, podendo
ser de:
o Atividades de prevenção o Investigação (relacionada com
o Diagnóstico humanos ou animais)
o Tratamento o Quaisquer outras que envolvam
o Médico-legais procedimentos invasivos (acupuntura,
o Ensino piercings e tatuagens)
o Reabilitação

As operações de triagem, recolha, transporte, condições de armazenamento e tratamento dos resíduos devem ser
organizadas, tendo em conta os aspetos quantitativos e qualitativos dos resíduos de cada hospital.
O objetivo da gestão dos resíduos pretende maximizar a proteção ambiental e da saúde dos trabalhadores,
minimizando também os custos económicos do sistema.
O volume e características dos resíduos dependem das:
• Dimensões e tipo de cuidados prestados
• Quantidade de objetos de uso único utilizados (proporcionais à importância e diversificação das atividades
hospitalares)

Para racionalizar a gestão de resíduos hospitalares é necessário:


• Atualizar (bi)anualmente os inventários de resíduos gerados
• Estudar circuitos dos diferentes resíduos
• Formar, informar e sensibilizar o pessoal do hospital para a importância individual na triagem de resíduos
• Prever locais e condições de armazenamento adequados
As agulhas são um resíduo
muito perigoso, porque
A má triagem/acondicionamento incorreto dos resíduos hospitalares podem são um reservatório de
resultar em: agentes patogénicos
(podem sobreviver por
• Risco biológico - resíduos contaminados e microrganismos patogénicos
algum tempo devido à
• Riscos químicos – citostáticos
presença de sangue) e são
• Riscos físicos – instrumentos corto-perfurantes
um caminho direto à
corrente sanguínea pela
introdução direta na pele.
Para evitar infeções associadas a microrganismos transmitidos pelo sangue, como
as hepatites B/C e SIDA, as agulhas:
• Não devem ser recapsuladas, quebradas ou retiradas das seringas descartáveis com as mãos
• Devem ser acondicionadas imediatamente após o seu uso em recipientes resistentes à perfuração que
devem estar localizados o mais perto possível

Classificação de resíduos hospitalares


De acordo com o despacho 242/96 publicado no D.R. nº 187, II série, de 13/08/96, os não perigosos são os do
grupo I e II e os perigosos os dos grupos III e IV.
• Grupo I (comparados aos urbanos) – não apresentam exigências especiais no tratamento.
o Embalagens e invólucros comuns, resíduos dos serviços gerais e serviços de apoio, resíduos
resultantes da confeção dos alimentos e restos de alimentos servidos aos doentes

• Grupo II (hospitalares não perigosos) – não sujeitos a tratamentos específicos, equiparados aos urbanos
o Material ortopédico, fraldas e resguardos descartáveis não contaminados e sem vestígios de sangue,
material de proteção individual utilizado nos serviços de apoio e gerais, embalagens de
medicamentos ou de outros produtos de uso clínico e frascos de soros não contaminados
• Grupo III (risco biológico) – (suspeita de) contaminação, suscetível a inceneração ou outro pré-tratamento
eficaz (micro-ondas/desinfeção química), permitindo posterior eliminação com resíduos urbanos
o Resíduos infeciosos ou suspeitos (das unidades e BO), material utilizado em diálise, peças
anatómicas não identificáveis, resíduos que resultam da administração de sangue e derivados,
sistemas de soros, sacos coletores, material contaminado e vestígios de sangue

• Grupo IV (específicos) – inceneração obrigatória


o Materiais cortantes e perfurantes, citostáticos e material utilizado na sua manipulação e
administração, produtos químicos e fármacos rejeitados

o Peças anatómicas identificáveis, fetos, placentas e cadáveres de animais de experiência


laboratorial

Neste momento existe apenas uma unidade de inceneração de resíduos hospitalares em Portugal – lisboa
O tratamentos dos resíduos segue as etapas:
• Triagem
• Armazenagem
• Transporte
• Sistema de tratamento

Os medicamentos fora de prazo ou que por qualquer razão não estejam em condições de serem utilizados deverão
ser entregues na farmácia comunitária dentro de um saco de plástico fechado.
A farmácia comunitária encaminha estes resíduos para uma empresa licenciada para este efeito, através da
entidade gestora Valormed.
Os resíduos citotóxicos/citostáticos produzidos em casa deverão ser entregues nos hospitais onde o doente está a
ser seguido, dentro de uma embalagem e com a indicação “Medicamento citotóxico/citostático” para eliminação da
forma mais adequada.
Cerca de 80% dos resíduos hospitalares são equiparados a urbanos, e apenas 20% são perigosos.
O plano estratégico dos resíduos hospitalares, cujos objetivos e ações estabelecidos para o período de 2011 a 2016
neste plano, foram baseados nos eixos estratégicos:
• Eixo I – Prevenção.
• Eixo II – Informação, conhecimento e inovação.
• Eixo III – Sensibilização, formação e educação.
• Eixo IV – Operacionalização da gestão.
• Eixo V – Acompanhamento e controlo.

As recomendações gerais no tratamento de resíduos são:


• Triagem correta dos resíduos.
• Reduzir ao mínimo manipulação dos resíduos.
• Usar apenas 2/3 da capacidade dos sacos de recolha.
• Sacos devem ser bem fechados, evitando extravasamento durante a remoção e transporte.
• Objetos cortantes e perfurantes devem ser acondicionados em contentores imperfuráveis que fechem
hermeticamente.
• Armazenamento local dos resíduos deve possuir condições que permitam limpeza e manutenção regular,
sendo seguro contra roedores, infestantes e outros.
• Definir política de triagem e acondicionamento dos resíduos.
• Sensibilizar o pessoal para uma correta triagem de resíduos.
Critérios de uso de EPI
Pretende-se minimizar a necessidade de EPI, usando-os adequadamente e otimizando o seu acesso.

Utilização de luvas
Procedimento cirúrgico Luvas esterilizadas cirúrgicas
Procedimento invasivo Luvas esterilizadas de procedimento
Procedimento com contacto com sangue/fluidos Luvas não esterilizadas de nitrilo/latex/neopreno de
procedimento
Procedimento de limpeza ambiental/material Luvas não esterilizadas nitrilo/latex/neopreno
específicas para limpeza
Caso não se trate de nenhum dos acima, não é necessário usar luvas
EPI´s em situações pandémicas
SARS-CoV-2 pode transmitir-se por:
• Gotículas - partículas ≥ 5 µm.
• Contacto direto ou indireto (fluidos orgânicos e superfícies
contaminadas).
• Aérea (partículas ≥ 5 µm) aquando de procedimentos geradores de
aerossóis.

Preparação pré-cirúrgica das mãos


As infeções do local cirúrgico são as IACS mais comuns, dependendo do tipo e técnica cirúrgica/doente/tempo de
internamento pré-op. Como tal, na higiene pré cirúrgica:
• Proibido unhas artificiais ou extensores em BO.
• Mãos visivelmente sujas = lavar com água e sabão antes de iniciar a preparação pré-cirúrgica das mãos.
• Preparação pré-cirúrgica das mãos pode ser efetuada com SABA ou com água e sabão antimicrobiano.
• Atenção especial aos espaços interdigitais, polpas dos dedos, polegar, punho e antebraços.
• Após HM evitar contaminação – usar torneira de encerramento automático ou comando por pedal ou
cotovelo.
• Contraindicado o uso de escovas na preparação pré-cirúrgica das mãos.

Antes da 1ª cirurgia do dia – limpar a sujidade dos leitos ungueais com estilete, sob água corrente e sabão com pH
neutro, mas não usar escova.
Recorre-se às técnicas com:
• Água e sabão antimicrobiano
o Molhar as mãos e antebraços com água à temperatura corporal e aplicar 5mL de sabão
antimicrobiano, cobrir toda a superfície até 5cm acima do cotovelo .

o Friccionar mãos e antebraços, primeiro um dos braços seguido do outro (dedos, mãos e antebraços
devem ser vistos com 4 lados), dar especial atenção aos espaços interdigitais e polegar.

o Remover o sabão antimicrobiano sob água corrente.

o Repetir a técnica: friccionar ambos os braços com sabão antimicrobiano até 5cm acima do cotovelo.

o Remover o sabão antimicrobiano sob água corrente.

o Secar as mãos e antebraços com toalhete estéril descartável, um para cada braço, no sentido distal
para proximal, garantindo a sua secagem antes de calçar as luvas esterilizadas.

• SABA
o Colocar SABA nas mãos, friccionando as mãos e antebraços.

o Usar a quantidade de SABA de forma a manter as mãos e antebraços húmidos até 5cm acima do
cotovelo.

o Friccionar mãos e antebraços, 1º um braço seguido do outro – dedos, mãos e antebraços devem ser
vistos com 4 lados.

o Friccionar uma mão sobre a outra, especial atenção aos espaços interdigitais, polegar e punhos.

o Garantir que as mãos e antebraços ficam bem secos antes de calçar as luvas esterilizadas.

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