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Indíce

Introdução à Enfermagem ........................................... 01


Enfermagem em Pediatria ......................................... 107
Enfermagem em Obstetrícia ...................................... 175
Noções de Farmacologia ........................................... 219
Psicologia Aplicada à Enfermagem........................... 267
Clínica Médica........................................................... 281
Dietoterapia ............................................................... 339
Enfermagem em Saúde Mental ................................. 363
Ética em Enfermagem ............................................... 427
Enfermagem em Clínica Cirúrgica............................ 459
Saúde Coletiva........................................................... 483
Enfermagem em Centro Cirúrgico ............................ 531
Enfermagem em Urgências e Emergências............... 579
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 1 INTRODUÇÃO À ENFERMAGEM








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Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 2 INTRODUÇÃO À ENFERMAGEM

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PRINCÍPIOS GERAIS

Princípios são guias de ação e devem ser lembrados ao executarmos qualquer cuidado de
enfermagem

OBJETIVOS DAS TÉCNICAS DE ENFERMAGEM

1. Segurança
2. Conforto
3. Economia

Quanto à SEGURANÇA, visam prevenir:

• contaminação de materiais:
• acidentes (quedas, queimaduras):
• doenças cruzadas:
• erros, esquecimentos:

Quanto ao CONFORTO, têm por finalidade evitar:

• posições incômodas:
• úlceras de decúbito
• ruídos desnecessários e outros fatores que incomodem o paciente

Quanto a ECONOMIA, procuram poupar:

• tempo – fazendo todo com método, organização


• esforço – planejando o trabalho, não fazendo movimentos desnecessários
• material – usando o material de modo correto e mantendo-o sempre em ordem

MÉTODO DE TRABALHO

1. Preparo psicológico do paciente


2. Observação da unidade do paciente
3. Preparo do material
4. Execução da técnica

Normas:

a) da esquerda para a direita


b) de cima para baixo
c) do mais distante para o mais próximo
d) movimentos amplos e sem repetição
e) postura correta

5. Anotação no prontuário
6. Limpeza e ordem no material

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TÉCNICA DA LAVAGEM DAS MÃOS

Finalidades
- diminuir o número de microorganismos
- eliminar suijidades, substâncias tóxicas e medicamentosas
- evitar a disseminação de doenças
- proteger a saúde dos profissionais

Indicações
As mãos devem ser lavadas
- ao se iniciar o dia de trabalho
- antes de manipular material estéril
- antes e após o cuidado ao paciente
- na presença de sujeira visível nas mãos
- após a utilização do banheiro e manipulação de material sujo ou contaminado
- ao término do dia de trabalho

Procedimentos
- Providenciar material: sabão (de preferência líquido), toalha de papel
- Abrir a torneira, molhar as mãos, passar sabão, friccionar bem, limpar as unhas
- Passar a mão ensaboada sobre a torneira
- Enxaguar, e, com as mãos em concha, jogar água sobre a torneira
- Fechar a torneira e enxugar as mãos com toalha de papel, jogando-as no lixo após o uso
Observações:
- molhar e lavar as mãos sempre com as pontas dos dedos direcionadas para baixo
- lavar bem entre os dedos e as unhas
- antes de qualquer procedimento de enfermagem, deve-se lavar as mãos ou passar uma
solução de álcool (1 litro) com glicerina (20 ml)
- se necessário, repetir o procedimento após enxaguar as mãos

MANUSEIO DE MATERIAL ESTERILIZADO

Ao manusear o material esterilizado com técnica asséptica, deve-se obedecer a algumas


normas a fim de mantê-lo estéril
- é fundamental lavar as mãos com água e sabão antes de manusear o material esterilizado
- utilizar material com embalagem íntegra, seca, sem manchas, com identificação (tipo de
material e data de esterilização)
- trabalhar de frente para o material
- manipular o material ao nível da cintura para cima
- evitar tossir, espirrar, falar sobre o material exposto
- não fazer movimentos sobre a área esterilizada
- certificar-se da validade e adequação da embalagem
- trabalhar em ambiente limpo, calmo, seco e sem corrente de ar
- manter certa distância entre o corpo e o material a ser manipulado
- obedecer aos demais princípios da assepsia
A técnica de enfermagem preconizada no manuseio de material esterilizado é
a) Pacote
- abri-lo, iniciando-se pela extremidade oposta ao manipulador
- proteger o material exposto com o campo esterilizado que o envolvia
- tocar com as mãos somente na parte externa do pacote

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- não guardar como material esterilizado um pacote aberto anteriormente
b) Seringa descartável
- rasgar os invólucros no local onde se encontra a parte terminal do êmbolo
- manter estéril a parte interna do êmbolo, a parte interna do cilindro e a ponta da seringa
c) Agulha descartável
- abrir o invólucro no sentido canhão-bizel ou rasgar lateralmente próximo ao canhão
- fixa-la à ponta da seringa através do canhão
- manter a agulha protegida até o momento do seu uso

TÉCNICA DE CALÇAR LUVAS ESTÉREIS

O uso de luvas de borracha estéreis é indicado:


- ao manusear material esterilizado, utilizando técnica de assepsia cirúrgica
- ao manipular áreas da pele e/ou mucosas infeccionadas do paciente
- para autoproteger-se ao manipular material contaminado (não é obrigatório ser luva
estéril)

Os procedimentos de enfermagem são:


- abrir o pacote de luva, posiciona-la com a palma da mão virada para cima e entalcar as
mãos com a gaze que acompanha o pacote, fora da área do campo esterilizado
- com a mão direita, levantar a parte de cima do campo à direita, e com a mão esquerda
retirar a luva pela parte interna do punho
- calçar a luva na mão direita, atentando para não contaminar a sua parte externa
- com a mão esquerda levantar a parte de cima do campo à esquerda e colocar a mão
direita enluvada dentro da dobra da luva
- calçar a luva na mão esquerda, atentando para não contaminar a mão enluvada
- ajeitar as luvas externamente com as mãos enluvadas
- após o uso, retirar a luva de uma das mãos puxando-a externamente sobre a mão,
virando-a pelo avesso. Quanto à outra mão enluvada, segura-la pela parte interna,
puxando-a e virando-a pelo avesso

Seqüência de técnica de calçar luvas : a) Retirar a luva do pacote; b) calçar a mão direita;
c) retirar a outra luva do pacote, com a mão enluvada; d) calçar a luva com a mão esquerda.

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PRECAUÇÕES UNIVERSAIS

A enfermagem pode desconhecer que está atendendo paciente considerado portador são, ou
seja, transmissor de determinada infecção.
Para não colocar em risco a saúde desses profissionais, recomenda-se a adoção de
precauções universais, ou seja, medidas de precauções com sangue e fluidos corpóreos para o
cuidado com qualquer paciente

CUIDADOS GERAIS

- lavar as mãos sempre que necessário


- usar luvas na venopunção e ao manipular sangue e outros fluidos corporais, mucosas e
pele não-íntegra
- usar avental de proteção em procedimentos com risco de contaminação e com qualquer
tipo de matéria orgânica
- evitar contato direto dos profissionais com as lesões de pele dos pacientes e
equipamentos contaminados

COM MATERIAIS CONTAMINADOS

- dependendo do grau de contaminação, pode-se fazer a descontaminação prévia antes do


processo de limpeza do material
- utilizar luvas para manusear material contaminado
- evitar deixar exposto o material contaminado no meio ambiente
- após o uso de material perfuro-cortante
• desprezá-lo em recipiente de parede rígida, tendo-se o cuidado de não preenche-lo
em mais do que 2/3 da sua capacidade
• não reencapar, dobrar ou quebrar as agulhas utilizadas
• não remover as agulhas das seringas

VERIFICAÇÃO DE SINAIS VITAIS

Normalmente, temperatura, pulso e respiração permanecem mais ou menos constantes. Sua


variação pode indicar enfermidade. Por esta razão, são chamados “sinais vitais”.
Pela importância de cada um dos sinais vitais, a enfermagem deve ser bem exata na sua
verificação e anotação. Fazem-se gráficos para demonstrar não só as variações mas também a
relação de cada um deles com os demais.

TEMPERATURA

Temperatura corporal é o grau de calor mantido pelo corpo. Pode ser verificada na região
axilar, inguinal, bucal e retal. A axilar é a mais comumente verificada e o seu valor normal varia no
adulto entre 36 e 37ºC.

1. Temperatura Axilar
MÉTODO

1. Explicar ao paciente o que vai fazer

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2. Enxugar o termômetro com uma bola de algodão e sacudi-lo cuidadosamente até que a
coluna do mercúrio desça abaixo de 35ºC (usar movimentos circulares = força
centrífuga).
3. Enxugar a axila com a roupa do paciente (a umidade abaixa a temperatura da pele, não
dando a temperatura real do corpo)
4. Colocar o termômetro com o reservatório de mercúrio bem no côncavo da axila, de
maneira que o bulbo fique em contato direto com a pele.
5. Pedir ao paciente para comprimir o braço de encontro ao corpo, colocando a mão no
ombro oposto.
6. Após 7 minutos, retirar o termômetro, ler a temperatura e limpa-lo com uma bola de
algodão.
7. Fazer o mercúrio descer e recolocar o termômetro na solução desinfetante.
8. Anotar no gráfico com linha azul contínua.

CONTRA INDICAÇÕES

Furunculose axilar, pessoas muito fracas e magras

OBSERVAÇÕES

1. Fazer anti-sepsia do termômetro com álcool a 70%


2. Não deixar sozinho um paciente com termômetro

2. Temperatura Inguinal

1. O método é o mesmo variando apenas o local – o termômetro é colocado na região


inguinal.
2. É mais comumente usada nos recém-nascidos. Nesse caso, manter a coxa da criança
flexionada sobre o abdome.

3. Temperatura Bucal

MÉTODO:

1. Usar o mesmo método indicado nos itens 1 e 2 da temperatura axilar. Lavar o


termômetro com água.
2. Depois de enxugara o termômetro com a bola de algodão, coloca-lo sob a língua do
paciente, recomendando que o conserve em posição mantendo a boca fechada por 3
minutos.
3. Retirar o termômetro, limpa-lo com uma bola de algodão, ler a temperatura e anota-la no
papel, escrevendo a letra B para indicar o local onde foi verificada.
4. Fazer o mercúrio descer e lavar o termômetro com água e sabão.
5. Anotar a temperatura no quadro gráfico, escrevendo a palavra BUCAL verticalmente, na
coluna onde a mesma foi anotada.

OBSERVAÇÕES

1. O termômetro especial, longo e chato, propicia mais segurança e rapidez de


aquecimento.

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2. Não verificar temperatura bucal de pacientes em delírio, inconscientes, que estejam com
lesões na boca ou sofram das vias respiratórias.
3. É contra indicada a verificação de temperatura bucal logo após a ingestão de alimentos
gelados ou quentes. Também não se deve verificar a temperatura bucal em crianças e
doentes mentais.
4. O termômetro deve ser individual.

3. Temperatura Retal

MÉTODO

1. Usar o mesmo método indicado nos itens 1 e 2 da temperatura axilar.


2. Lubrificar com vaselina ou óleo e introduzir 2cm pelo ânus.
4. Retirar o termômetro depois de 3 minutos, limpá-lo com uma bola de algodão, ler a
temperatura, anota-la no papel escrevendo a letra R para indicar o local onde foi
verificada .
5. Fazer o mercúrio descer, lavar o termômetro com água e sabão e recoloca-lo na solução
desinfetante.
6. Anotar a temperatura no quadro gráfico, escrevendo a palavra retal verticalmente na
coluna onde a mesma foi anotada..

OBSERVAÇÕES

1. Este processo é o mais usado nas maternidades e serviços de pediatria, devendo cada
criança ter um termômetro individual, de tipo apropriado, isto é, com o reservatório de
mercúrio curto e arredondado e de vidro mais grosso. É indicado também para pacientes
adultos em estado grave ou inconscientes.
5. Em se tratando de criança, segurar-lhe as pernas para evitar que se debata enquanto está
sendo verificada a temperatura.
6. É contra-indicado verificar a temperatura retal em casos de inflamação, obstrução ou
operação do reto.

PULSO

É mais comumente verificado na artéria radial, podendo ser usada também a pediosa, a
temporal e a carótida. Na palpação do pulso verifica-se freqüência, ritmo e tensão.

MÉTODO:

1. Manter o paciente confortável (deitado ou sentado). O braço apoiado na cama, mesa ou


no colo.
2. Colocar o dedo indicador, médio ou anular sobre a artéria, fazendo leve pressão,
suficiente para sentir a pulsação.
3. Procurar sentir bem o pulso antes de iniciar a contagem.
4. Contar os batimentos durante 30 ou 60 segundos.
5. Anotar no gráfico com traço vermelho continuo.

OBSERVAÇÕES:

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1. Nunca usar o polegar para verificar o pulso, pois sua pulsação pode ser confundida com
a do paciente.
2. Nunca verificar o pulso com as mãos frias.
3. Em caso de dúvida, repetir a contagem.
4. Não verificar o pulso logo após exercícios.
5. Não fazer pressão forte sobre a artéria, pois isso pode impedir de sentir os batimentos do
pulso.

PULSO APICAL RADIAL:

Para verificação são necessárias duas pessoas: enquanto uma conta o pulso radia, a outra
consta os batimentos do ápice cardíaco com o auxílio de um estetoscópio.
Para uma contagem precisa, deve ser usado um único relógio e contar durante um minuto.

RESPIRAÇÃO

A freqüência respiratória normal do adulto oscila entre 16 a 20 respirações por minuto. Em


geral a proporção entre freqüência respiratória e ritmo do pulso é, aproximadamente, de 1:4.
Como a respiração, em certo grau, está sujeita a controle voluntário, deve ser contada sem
que o paciente perceba.

MÉTODO:

1. Deitar o paciente ou senta-lo confortavelmente.


2. Observar os movimentos de abaixamento e elevação do tórax. Os dois movimentos
(inspiração e expiração) somam um movimento respiratório.
3. Colocar a mão no pulso do paciente a fim de disfarçar a observação.
4. Para ter certeza, contar sempre por um minuto.
5. Anotar no gráfico com linha azul pontilhada.

OBSERVAÇÕES:

1. Não permitir que o paciente fale.


2. Não contar a respiração logo após esforços.

PRESSÃO ARTERIAL

É a pressão exercida pelo sangue nas paredes das artérias. Depende da força de contração do
coração, da quantidade de sangue circulante e da resistência das paredes dos vasos.
1. Preparo psicológico:
- explicar ao paciente o que vai fazer.
- Explicar que vai verificar duas vezes para ter certeza da pressão.
2. Deixar o paciente deitado ou sentado, com o braço comodamente apoiado, ao nível do
coração.
3. Enrolar a manga, deixando o braço a descoberto, evitando compressão
4. Colocar o manguito 4 cm acima da prega do cotovelo, prendendo-o sem apertar
demasiado nem deixando muito roxo.
5. Não deixarem as borrachas se cruzarem devido aos ruídos que produzem.
6. Colocar o marcador de modo que fique bem visível.

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7. Localizar com os dedos a artéria branquial na dobra do cotovelo. Colocar o estetoscópio
no ouvido (curvatura voltada para frente), e segurar o diafragma do estetoscópio sobre a
artéria, evitando pressão muito forte.
8. Fechar a válvula de ar e insuflar rapidamente o manguito ate o desaparecimento de todos
os sons (aproximadamente 200 mm).
9. Abrir a válvula vagarosamente.
10. Observar no manômetro o ponto em que são ouvidos os primeiros batimento (pressão
sistólica).
11. Observar o ponto em que o som foi ouvido por ultimo ou sofreu uma mudança nítida
(pressão diastólica).
12. Retirar o ar e repetir a operação para confirmar).
13. Retirar o todo o ar do manguito, removê-lo e deixar o paciente confortável. Sendo
necessário verificar a pressão em intervalos periódicos, o manguito pode ficar no braço
sem compressão.
14. Anotar no quadro gráfico e quando solicitado, anotar também no relatório de
enfermagem, a pressão máxima e a mínima.

OBSERVAÇÕES:

1. Em caso de dúvida, ou sendo necessário repetir a verificação, esvaziar completamente o


manguito antes de fazer a nova medida.
2. Determinar a pressão arterial sem demora para evitar possíveis alterações.

QUADRO GRÁFICO

Os quadros gráficos variam de hospital para hospital, tanto no tipo de anotações como na
maneira de preenchê-los. É necessário, porém, que cada hospital adore um padrão de preenchimento
conhecido por todos que ali trabalham.
É importante evitar as rasuras e utilizar sempre a cor estipulada.
Logo após a entrada do paciente, o cabeçalho deve ser completamente preenchido,
incluindo: nome completo, n.º de registro, enfermaria ou quarto, n.º do leito, data, n.º de dias de
internação.

1. Data da internação – Anotar: dia, mês e ano. Os dias seguintes, só o dia. Mudando o
mês, deve ser anotada data completa. Exemplo: 29/01/90 – 30 –
31 – 19/02/90 – 2 - 3, etc.
2. Número de dias de internação – Pode ser considerado o º dia como dia 1, ou então,
contar após passar a noite ou 12 horas. Assim, se o paciente foi admitido após o almoço,
seu primeiro dia será o seguinte, e se admitido pela manhã, será contado já como 1º dia.
3. Dias após operação – segue o mesmo processo só que ao invés de anotar em azul, a
marcação será em vermelho.
4. Os gráficos têm como ponto de partida a linha normal geralmente mais acentuada. Ao
redor dos valores normais, pontos de partida, será feito um círculo na mesma cor e tipo
da representação gráfica:

temperatura – azul contínuo


pulso – vermelho contínuo
respiração – azul pontilhado
diurese – verde contínuo
peso – preto contínuo

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5. Para temperatura, cada linha equivale a 2ºC. Para pulso, cada linha equivale a 4. Para
respiração, diurese e peso, os quadros variam muito e na maioria deles os valores são
colocados de acordo com as necessidades do caso, ou seja, se o paciente pesa 60 quilos,
é dado esse peso como valor normal e colocados valores acima e abaixo. O importante é
que sejam estipulados os valores das linhas.
6. Costuma-se ocupar os espaços entre as linhas para marcar as variações menores que as
estipuladas para as linhas. Exemplo: para marcar 86 de pulso, a bolinha ficará entre a 1ª
e 2ª linhas, acima do valor 80.
7. No lugar determinado pela verificação, será feito um ponto cheio também na cor
correspondente e as linhas deverão ser traçadas com régua, chegando bem próximas a
esses pontos.
8. Na parte superior ou inferior do gráfico (depende da rotina do hospital e também da
temperatura do paciente) podem ser anotadas com flecha vermelha a cirurgia e o tipo de
anestesia, e com flecha azul se recebeu sangue ou plasma, bem como a quantidade.
Podem ser anotadas também nestas linhas (sem flecha): vacinas, antibióticos.
9. No dia da retirada dos pontos, escreve-se também, verticalmente nesta coluna – ablação
de pontos, parcial ou total, conforme ocorrer o fato.
10. Geralmente, os dados referentes a micções, vômitos evacuações, são transcritos no dia
anterior, já que são verificados pela manhã.

(GRÁFICO PÁG. 34)

ADMISSÃO, ALTA E TRANSFERÊNCIA DE PACIENTE

ADMISSÃO

O ideal é que a admissão seja feita pelo (a) enfermeiro (a), que fará a entrevista, o exame
geral e o histórico de enfermagem.
A maneira de receber um paciente depende da rotina de cada ambiente hospitalar. Em
qualquer caso porém o atendimento deverá ser afável e gentil e feito por alguém que possa dar todas
as informações necessárias.
1. Mostrar as dependências do hospital e explicar a rotina: local e hora do banho, refeições,
visita médica, repouso e recreação, serviços religiosos, visitas, apetrechos necessários.
2. Arrolar roupas e valores.
3. Apresentar à equipe de enfermagem e companheiros de quarto ou enfermaria.
4. Encaminhar ao banho de admissão. Vestir roupa apropriada.
5. Preparar o prontuário.
6. Avisar a cozinha e demais serviços interessados.
7. Verificar sinais vitais, peso, altura e anotar no relatório. Registrar ainda: a hora de
entrada, os sintomas observados e as queixas do paciente.

ALTA

A alta do paciente, devido a implicações legais, deve ser dada por escrito e assinada pelo
médico.

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A Enfermagem deve:

1. Avisar o paciente com antecedência.


2. Dar ao paciente orientação precisa sobre os cuidados pós-alta.
3. Avisar a família, a tesouraria e a cozinha.
4. Providencias os medicamentos necessários.
5. Avisar ao Serviço Social ou interessar-se pela sua situação após a saída do hospital.
6. Reunir os objetos pertencentes ao paciente e providenciar sua roupa.
7. Entregar na secretaria o prontuário completo.

TRANSFERÊNCIA

A transferência do paciente é feita da mesma maneira que a alta. Deve-se avisar a tesouraria,
cozinha e outros departamentos.
A unidade para onde o paciente será transferido deverá ser antecipadamente avisada, para
que esteja preparada para recebê-lo.
O prontuário deve estar completo e será entregue à chefe da outra unidade.
O paciente será transportado de acordo com seu estado geral.
O prontuário é a descrição concisa da história do paciente e de sua família, seus hábitos e
antecedentes pessoais, sua condição física e estado mental.
Nele deverá constar também, detalhadamente, os resultados das pesquisas de laboratório, os
sintomas observados, a evolução da doença e o tratamento ministrado durante o período de
internação.

PARTES DO PRONTUÁRIO:

1. Capa.
2. Quadro gráfico.
3. Ordens médicas.
4. Relatório de enfermagem.
5. Exames complementares.
6. Folha de evolução.
OBJETIVOS:

1. Auxilia no diagnóstico e tratamento.


2. Constitui valioso material para ensino.
3. Oferece dados e informações para pesquisas e estatística.
4. É documento para fins legais.

REGRAS GERAIS QUE ORIENTAM A REDAÇÃO:

1. * registrar os dados a caneta e nunca a lápis, em letra legível e sem rasuras. Não é
aconselhável pular a linha entre uma anotação e outra, deixar parágrafo ao iniciar a
frase, ou manter espaço em branco entre o ponto final e a assinatura. Um outro
aspecto a ser considerado é a cor da tinta utilizada: via de regra, são aceitas como
padrão a cor azul para plantão diurno e a cor vermelha para o plantão noturno.
* verificar o tipo de impresso utilizado na instituição e a rotina que orienta o seu
preenchimento.
2. * preencher ou completar adequadamente o cabeçalho, inclusive a data.,
* indicar o horário toda vez que a anotação for realizada.

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* ler a anotação anterior antes de realizar o novo registro.
* Realizar a anotação em seguida à prestação do cuidado, à observação de
intercorrências, informação recebida ou condutas tomadas, registrando-se a hora
exata do evento.
* Registrar os fatos de forma descritiva, completa, exata e objetiva, evitando-se
julgamentos.
* Evitar palavras desnecessárias como “paciente”, pois a folha de anotação é
individualizada e, portanto, já indica que é dele.
* Atentar para não rasurar a anotação, tendo em vista o caráter legal de toda a
documentação do paciente. É contra-indicada a utilização de corretor para retificar
erros que porventura aconteçam durante a realização da anotação. Neste caso,
recomenda-se utilização da palavra sigo entre vírgulas, redigindo-se em seguida a
informação correta. Por exemplo, foi dado banho de leito no paciente e o profissional
de enfermagem, ao anotar, escreve banho de aspersão: “Tomou banho de aspersão
com auxílio, digo, dado banho no leito.” Em caso de Ter anotado em papeleta
trocada, passar um traço sobre o registro e anotar “erro, paciente errado”.
* Distinguir na anotação a pessoa que transmite a informação. Assim, quando é o
paciente que informa, utilizam-se verbos na terceira pessoa do singular: “Informa
que ...”, “refere que ...”, “Queixa-se de ...”. Outra situação é a informação dada por
um acompanhante ou por um membro da equipe. Pr exemplo: “A mão refere que a
criança ...”, ou “Segundo a nutricionista ...”.
* Registrar a evolução de enfermagem de forma organizada, mantendo uma
seqüência lógica.
* Utilizar a terminologia adequada. As abreviaturas devem ser evitadas, exceto as
padronizadas institucionalmente.
* Evitar anotações estereotipadas e uso de termos gerais como “segue em observação
de enfermagem” ou “sem queixas”, que não fornecem nenhuma informação
relevante e não são indicativas de assistência prestada.
* Realizar as anotações freqüentemente pois, se nenhuma anotação foi feita no
decorrer de várias horas, pode-se legalmente acusar que nenhuma assistência foi
prestada ou que ninguém cuidou do paciente.
3. * registrar todas as medidas de segurança adotadas para proteger o paciente, bem
como medidas relativas à prevenção de complicações.
* realizar as observações no sentido céfalo-caudal
* assinar a anotação.

AMBIENTE E UNIDADE DO PACIENTE

O paciente necessita de ambiente seguro e confortável para se restabelecer. A


agressão ou injúria pode ser causada por ação mecânica, térmica, química, radioativa,
bacteriana, elétrica, pelas condições climáticas e pelas condições relativas ao ambiente.
As medidas de segurança preconizadas contra essas agressões são:
- agressão mecânica: pode ser evitada usando-se grades na cama, pisos secos e
limpos, transporte de pacientes com técnica, contenção adequada quando
necessário, revisão periódica dos equipamentos;
- agressão térmica: provocada por incêndios e queimaduras decorrentes da
aplicação inadequada de bolsa de água quente, cobertores elétricos, placas de
bisturi e aparelhos. O incêndio pode ser prevenido pela manutenção adequada
dos sistemas de condução de energia elétrica, não sobrecarga dos circuitos,
vigilância quanto a vazamento de gases e líquidos inflamáveis. A obediência aos

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avisos relativos à prevenção de incêndios, o treinamento de pessoal diante de um
incêndio hipotético deve ser considerado;
- agressão química: pode ser evitada, mantendo-se medicamentos e soluções longe
do alcance do paciente, utilizando-se as drogas em doses e intervalos corretos,
verificando-se o prazo de validade da droga, desprezando-os quando vencidos ou
deteriorados;
- agressão elétrica: pode ser evitada não sobrecarregando os circuitos e mantendo-
se os fios e aparelhos em boas condições;
- agressão radioativa: a manipulação de aparelho radioativo deve ser feita por
pessoal treinado, e a alteração tecidual em paciente submetidos a radioterapia
deve ser comunicada;
- agressão bacteriana: causada por microorganismo patogênico. A equipe deve
aplicar rigorosamente os conhecimentos de assepsia médica e cirúrgica, e
técnicas de desinfecção e esterilização devem ser empregadas corretamente. O
ambiente deve ser limpo, livre de insetos e roedores;
- condições climáticas: o ambiente deve ser ventilado, com temperatura adequada
e sem umidade excessiva; o paciente deverá usar roupas adequadas conforme a
temperatura ambiente e evitar correntes de ar;
- condições ambientais: o ambiente deve ser limpo, arejado, livre de odores
desagradáveis, com boa iluminação e livre de ruídos. A disposição do mobiliário
deve ser funcional, sem prejudicar a deambulação do paciente e o fluxo do
pessoal, além de oferecer harmonia ao conjunto;
- segurança psicológica: relativa à prevenção de distúrbios emocionais. Deve-se
proporcionar ambiente calmo, tranqüilo, limpo e agradável. A equipe deve zelar
por uma atitude que transmita confiança e encorajamento ao paciente.

NORMAS PARA ORDEM E LIMPEZA

Um ambiente limpo e organizado fornece uma boa impressão do serviço ao paciente e aos
seus acompanhantes, como também auxilia no controle das infecções, na eficiência do trabalho, na
economia de material e na prevenção de acidentes.
Para manter o ambiente em ordem e limpo, a enfermagem deve observar os seguintes
procedimentos:
- remover todo material desnecessário do local de trabalho, das enfermarias e
mesas de cabeceira;
- manter em locais apropriados os materiais de uso geral, roupas e pertences dos
pacientes;
- evitar deixar materiais, roupas e lixo no chão;
- observar as condições da enfermaria, mantendo o alinhamento dos móveis,
distância adequada entre os móveis, iluminação e ventilação adequadas, roupas
de cama limpas e esticadas;
- evitar a guarda de alimentos na mesa de cabeceira ou em qualquer outro local não
apropriado;
- fazer a limpeza úmida, ou seja, não usar panos secos ou objetos que promovam a
suspensão das partículas contaminadas;
- utilizar luvas para fazer a limpeza, principalmente de objetos contaminados;
- não misturar sabão com hipoclorito de sódio, pois o sabão neutraliza a ação
desinfectante do cloro;
- para desencrostar, deixar de molho em solução detergente os materiais com
crostas de sujeira, sondas e luvas;

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 15 INTRODUÇÃO À ENFERMAGEM
- em materiais de borracha, retirar o excesso de sabão e não usar temperatura
elevada na lavagem e desinfecção dos materiais.

LIMPEZA DA UNIDADE DO PACIENTE

Existem dois tipos de limpeza:


- limpeza diária ou concorrente: é feita diariamente após a arrumação de cama e
consiste na limpeza de parte do mobiliário da unidade do paciente;
- limpeza de unidade, geral ou terminal: é a limpeza de todo o mobiliário da
unidade do paciente.

LIMPEZA TERMINAL

Indicações

- Por ocasião do óbito, alta ou transferência do paciente;


- Por permanência prolongada no leito.

Finalidades

- manter a unidade limpa e com aspecto agradável a fim de favorecer o


ajustamento do paciente no hospital;
- remover microrganismos e sujidades para prevenir infecções.

Material utilizado

- Balde com água;


- Sabão em pedra;
- Panos;
- Folhas de jornal;
- Espátula (se for cama com molas).

Procedimentos

- arejar o ambiente;
- desocupar mesa de cabeceira, cadeira, cama. Colocar os materiais em local
apropriado;
- desfazer a cama e colocar as roupas no hamper; recomenda-se também
encaminhar para a lavanderia o cobertor;
- colocar o material a ser utilizado no assento da cadeira e a folha de jornal
embaixo da cama para aparar as sujidades da mola;
- limpar um dos lados do travesseiro, colocá-lo sobre a mesa de cabeceira (parte
lima sob parte limpa) e limpar o outro lado do travesseiro (parte suja);
- abrir o impermeável sobre o colchão e limpar a parte exposta. Dobrar o
impermeável, limpar, dobrar, colocar sobre o travesseiro (obedecendo sempre
parte limpa sobre parte limpa) e limpar o restante do impermeável;
- limpar o colchão. Dobrá-lo limpar a sua outra metade;
- limpar a parte da cabeceira da cama: grades, laterais, estrado. Levantar o estrado
e limpar as molas (com auxílio de uma espátula envolvida com uma tira de pano)
e parte interna da cama;
- abaixar o estrado, virar o colchão e limpar a outra metade do colchão;

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 16 INTRODUÇÃO À ENFERMAGEM
- limpar a parte dos pés da cama: grades, manivela, laterais, estrado. Levantar o
estrado, limpar as molas e a parte interna da cama;
- limpar os pés da cama;
- forrar o chão com jornal, colocar o material sobre ele e proceder à limpeza da
cadeira e parede próxima à unidade;
- deixar a unidade em ordem.

PREPARO DA CAMA HOSPITALAR

FINALIDADES:

1. Preparar um leito seguro e confortável.


2. Manter a unidade com aspecto agradável.

TIPOS DE PREPARO:

a) Cama fechada.
b) Cama aberta sem doente.
c) Cama aberta com doente.
d) Cama para operado.

CAMA FECHADA

É aquela que está desocupada aguardando a chegada do paciente. Deve ser arrumada
aproximadamente 2 horas após Ter sido feita a limpeza geral.

TIPOS DE PREPARO:

• 2 lençóis.
• 1 lençol móvel.
• 1 impermeável.
• 1 colcha.
• Toalhas de rosto e banho
• Material acessório conforme a rotina do hospital (bacias, comadre, cuba-rim, etc.).

MÉTODO:

1. Colocar a cadeira aos pés da cama e sobre ela o travesseiro e o cobertor.


2. Colocar a roupa no espaldar da cadeira, observando a ordem em que será usada e a
técnica de dobradura.

Dobradura: usar movimentos amplos, segurando a ponta superior. Dobrar duas


vezes no sentido da largura (ponta com ponta). Dobrar uma vez no sentido do
comprimento e colocar na cadeira observando que as pontas fiquem no lado
esquerdo (voltadas para a cama).

Ordem na qual a roupa deve ser colocada na cadeira:

* toalhas. * lençol móvel


* fronha * impermeável

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 17 INTRODUÇÃO À ENFERMAGEM
* colcha * lençol
* sobre lençol

3. Pegar a roupa pelo lado direito e colocá-la sobre o centro do colchão de modo que a
dobra do meio corresponda ao meio da cama.
4. Ajeitar o primeiro lençol, deixando a bainha rente aos pés (se o lençol não for muito
extenso), prendendo-o por baixo e fazendo a dobra ao cobrir o canto (ver figura).

MODO DE FAZER OS CANTOS DA CAMA

5. Colocar o impermeável a dois palmos de distância da cabeceira e depois o lençol


móvel, prendendo-o por baixo do colchão.
6. Estender o lençol de cima, colocando a bainha rente ao colchão na cabeceira da
cama, fazendo uma prega no centro aos pés da cama.
7. Colocar o cobertor a dois palmos da cabeceira, prendendo-o juntamente com o
lençol.
8. Cobrir o cobertor com a colcha, fixando-a neste, através de pequena dobra.
9. Vestir o travesseiro com a fronha e coloca-lo na metade da cama já pronta,
observando que a abertura da fronha fique voltada para o lado oposto ao da porta de
entrada.
10. Ajeitar as toalhas na cabeceira ou suporte próprio.
11. Fazer os cantos aos pés da cama.

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 18 INTRODUÇÃO À ENFERMAGEM
12. Endireitar a cadeira.
13. Passar para o outro lado da cama, dobrar a roupa para cima, peça por peça.
14. Completar a cama, continuando pelos pés e encerrando na cabeceira.
15. Colocar o travesseiro no lugar.
16. Verificar se está tudo em ordem e providenciar o material acessório conforme a
rotina do hospital.

CAMA ABERTA

É aquela que está sendo ocupada por um paciente que pode locomover-se.

MATERIAL:

• Devem ser levadas as diversas peças de roupas para serem trocadas aquelas que
forem necessárias.
• Recipiente com pano para limpeza.

MÉTODO:

1. Iniciar soltando o lençol de baixo pela cabeceira do lado esquerdo, com movimentos
rápidos.
2. Ao chegar a cadeira (deve estar ao pé direito da cama), virá-la e continuar a soltar os
lençóis.
3. Afastar a mesinha de cabeceira.
4. Colocar o travesseiro na cadeira, e a toalha, na mesinha.
5. Iniciar a dobradura da roupa trazendo a peça do mais distante para o mais próximo.
Usar movimentos amplos.
6. Colocar as roupas dobradas e em ordem no espaldar da cadeira, de modo que as
pontas fiquem do lado esquerdo.
7. Ao chegar no lençol de baixo, remover as migalhas (sem agitar), dobrando-o e
colocando-o na cadeira.
8. Passar pano úmido em toda extensão da cama, iniciando pela cabeceira da esquerda
para a direita.
9. Virar o colchão.
10. Pegar a roupa pelo lado direito e colocá-la de modo que a dobra do meio
corresponda ao meio da cama.
11. Ajeitar o primeiro lençol, deixando a bainha rente aos pés (se o lençol não for muito
extenso), prendendo-o por baixo e fazendo a dobra ao cobrir o canto (ver figura).
12. Colocar o impermeável, a dois palmos de distância da cabeceira e depois o lençol
móvel, prendendo-os por baixo do colchão.
13. Estender o lençol de cima, colocando a bainha rente ao colchão na cabeceira da
cama, fazendo uma prega no centro, aos pés da cama.
14. Colocar o cobertor a dois palmos da cabeceira.
15. Cobrir o cobertor com a colcha, fixando-a neste através de pequena dobra, e rebater
o lençol sobre a colcha.
16. Recolocar a mesinha de cabeceira no seu lugar e colocar o travesseiro na metade da
cama já pronta, com a abertura da fronha voltada para o lado oposto a porta de
entrada.
17. Ajeitar as toalhas de cabeceira.
18. Fazer os cantos aos pés da cama.
19. Endireitar a cadeira.

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 19 INTRODUÇÃO À ENFERMAGEM
20. Passar para o outro lado da cama, dobrar a roupa para cima, peça por peça.
21. Completar a cama, continuando pelos pés e encerrando na cabeceira.
22. Colocar o travesseiro no lugar.
23. Fazer a dobra na roupa num ângulo de 90º, no lado que for melhor para o paciente.

OBSERVAÇÕES:

1. Quando necessitar trocar as roupas, deixe-as já dobradas e em ordem de uso: colcha,


cobertor, lençol de cima, lençol móvel, impermeável e lençol de baixo.
2. As roupas de cama devem ser colocadas com as letras para cima.
3. Caso não haja hamper, improvisar o receptor de roupa usada. Nunca jogar roupa no
chão.

MANEIRA DE TROCAR FRONHAS:

1. Colocar a fronha limpa pelo avesso.


2. A medida que for retirando a fronha usada, ir colocando a limpa.

CAMA COM DOENTE

É a cama ocupada por paciente que não pode se locomover do leito.


Deve ser feita evitando-se cansar o paciente, o qual deverá ser afastado sempre para o lado
contrário àquele em que se está trabalhando. O doente ficará em decúbito lateral ou dorsal,
conforme sua preferência e estado.
Em caso de doente grave, a cama deverá ser feita por duas pessoas, para evitar esforço
demasiado do paciente e da enfermagem e obter andamento mais rápido do cuidado.
Geralmente a arrumação da cama é feita durante o banho no leito, para evitar perda de
tempo e de esforço.

FINALIDADES:

1. Proporcionar conforto ao paciente pela mudança de roupa.


2. Estimular a circulação pela mudança de posição.
3. Observar o aspecto geral do paciente.

MÉTODO:

1. Providenciar e dobrar a roupa de cama necessária, colocando-a no espaldar da


cadeira.
2. Desmanchar a cama, iniciando à esquerda do paciente.
3. Dobrar os cobertores, deixando só o necessário com o paciente.
4. Colocar o paciente para o lado esquerdo dobrando sobre ele as roupas de cama.
5. Ir retirando, gradativamente, o lençol, o impermeável e o lençol de baixo, ao mesmo
tempo em que coloca os limpos sobre o colchão, fazendo os cantos e prendendo-os.
6. Passar o paciente para o lado já pronto.
7. Continuar a retirada gradativa da roupa usada e colocação da limpa, fazendo os
cantos.
8. Peça por peça, colocar a roupa usada no hamper, deixando o impermeável ao lado.
9. Trocar a fronha.
10. Deixar o paciente confortavelmente no centro da cama.
11. Trocar o lençol de cima, evitando descobrir demasiadamente o paciente.

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 20 INTRODUÇÃO À ENFERMAGEM
12. Fazer os cantos aos pés da cama.
13. Colocar a colcha.
14. Dobrar o lençol sobre a colcha e finalizar fazendo o canto.

CAMA PARA OPERADO

É feita para aguardar paciente que está na sala de cirurgia ou em exame sob anestesia.

FINALIDADES:

1. Proporcionar conforto e segurança ao paciente.


2. Facilitar a colocação do paciente no leito.
3. Prevenir infecção.

MATERIAL:

O mesmo que cama fechada, acrescido de:


• forro para cabeceira.
• lenços de papel ou gaze.
• cuba-rim.
• aparelho de pressão e estetoscópio.
• bolas de algodão.
• comadre sendo homem coloca-se papagaio).

MÉTODO:

1. Providenciar a roupa de cama, que deverá ser totalmente trocada.


2. Dobrar a roupa e colocar na cadeira, em ordem de uso.
3. Retirar a roupa de cama e fazer a limpeza.
4. Colocar o lençol de baixo da mesma maneira que na cama simples.
5. O oleado com o lençol móvel poderá mudar de altura dependendo da cirurgia.
6. Colocar as demais peças sem fazer os cantos.
7. No pés, dobrar deixando as peças rente ao colchão.
8. Enrolar ou dobrar tudo para o lado que melhor se adaptar à entrada do paciente.
- Em tempo frio, colocar bolsa de água quente e não enrolar.
- Pode-se também dobrar em forma de leque no sentido da largura.
9. Na cabeceira, dobrar um forro em leque, colocando os travesseiros junto ao leito
apoiado aos varais da cama.
10. Deixar na mesinha só o material necessário para o paciente.
11. Providenciar água fresca.
12. Dependendo da cirurgia, providenciar frascos de drenagem, oxigênio, aspirador. etc.

CUIDADOS HIGIÊNICOS COM O PACIENTE

Os hábitos de higiene pessoal variam muito, razão pela qual se deve ter muito tato na
abordagem do paciente a este respeito. Muitas vezes, é necessário orientar os pacientes quanto aos
bons hábitos de higiene, tendo-se o devido cuidado para não provocar constrangimentos.

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 21 INTRODUÇÃO À ENFERMAGEM
HIGIENE ORAL

A promoção e a manutenção de boas condições de higiene da boca e dos dentes é


fundamental para a saúde e conforto do paciente. É hábito, no nosso meio, a escovação dos dentes,
pela manhã, ao se levantar, após as refeições e ao se deitar. Certas condições patológicas
predispõem a irritação e a lesão da mucosa oral, como estado de coma, hipertemia, sendo
necessário, nesses casos, uma maior freqüência da higiene oral. A higiene oral compreende: a
limpeza dos dentes, das gengivas, bochechas, língua e lábios.
A higiene oral tem por finalidades:
- Conservar a boca livre de resíduos alimentares.
- Evitar o mau hálito.
- Manter a integridade da mucosa bucal.
- Proporcionar conforto e bem estar ao paciente.
- Prevenir a cárie dentária.

HIGIENE ORAL DE PACIENTE COM DEPENDÊNCIA PARCIAL DE ENFERMAGEM

São procedimentos de enfermagem:


- Preparar o material:
• 1 par de luvas de procedimento;
• escova de dentes (na falta usar espátulas envolvidas em gases);
• creme dental ou solução dentifrícia;
• copo com água (canudo se necessário);
• cuba-rim;
• saco de papel (para desprezar espátulas e gazes);
• toalha de rosto;
• lubrificante para os lábios, se necessário (vaselina, manteiga de cacau ou
similar).
- Informar o paciente sobre o que vai ser feito.
- Selecionar o material, dispondo-o sobre a mesa de cabeceira e ao alcance do
paciente.
- Posicioná-lo, elevando o decúbito da cama, se não houver contra- indicação.
- Colocar a toalha cobrindo o pescoço e o tórax.
- Auxiliar o paciente conforme o seu grau de dependência, orientando-o se
necessário.
- A escovação deverá ser no sentido da gengiva para o dente, lavar a língua e o
palato.
- Dar água para bochechar, e aproximar a cuba-rim para escoar o líquido da boca.
- Secar os lábios e o queixo com a toalha.
- Lubrificar os lábios, se houver indicação.
- Retirar o material, lavar e guardá-lo.
- Anotar na papeleta o procedimento e anormalidades.

HIGIENE ORAL DE PACIENTES COM DEPENDÊNCIA TOTAL OU INCONSCIENTES

- Lavar as mãos.
- Preparar o material:
• um par de luvas de procedimento;
• espátula com gases;
• solução dentifrícia ou água bicarbonatada de 1% ou 3%;

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 22 INTRODUÇÃO À ENFERMAGEM
• saco de papel;
• toalha de rosto;
• lubrificante para os lábios.

- Dispor a bandeja com o material sobre a mesa de cabeceira.


- Colocar toalha de rosto para proteger a roupa de cama e do paciente.
- Elevar o decúbito, se não houver contra-indicação
- Molhar a gaze da espátula com a solução ou água bicarbonatada e proceder à
higiene, trocando-se as espátulas com gazes tantas vezes quantas forem
necessárias, e jogando-as em seguida no saco de papel.
- Lavar os dentes, gengivas, palato, bochechas, língua e lábios, com movimentos
firmes e delicados.
- Usar aspirador caso necessite.
- Passar lubrificante nos lábios e língua, se houver necessidade.
- Recolher o material, colocando a unidade em ordem.
- Manter o paciente em posição confortável.
- Anotar na papeleta o procedimento e anormalidades.

CUIDADO COM AS DENTADURAS

É da responsabilidade da enfermagem a manutenção das dentaduras, zelando para que


não se extraviem ou se quebrem, durante a permanência do paciente no hospital.
Quando o paciente estiver impossibilitado de cuidar da sua dentadura, devemos lavá-la
com pasta ou solução dentifrícia e enxaguá-la com água corrente. Segurar a dentadura com as mãos
enluvadas. Oferecer água com solução dentifrícia para o paciente bochechar, após a limpeza da
boca com a espátula e gazes.

HIGIENE DOS CABELOS E COURO CABELUDO

A higiene dos cabelos e couro cabeludo inclui:


- Pentear e escovar os cabelos, mantendo-os de tal forma que proporcione boa
aparência ao paciente. Durante a execução, deve-se observar presença de pediculose,
tomando-se medidas necessárias para o caso, quando necessário;
- Lavagem dos cabelos e couro cabeludo, para mantê-los livres de sujidades.

A higiene dos cabelos e o couro cabeludo tem por finalidades:


- Conservar os cabelos e o couro cabeludo limpos, proporcionando conforto e bem-
estar ao paciente acamado.
- Estimular a circulação do couro cabeludo.
- Completar a higiene corporal.

Procedimentos:
- lavar as mãos.
- Preparar o material.
• 1 par de luvas de procedimento;
• 2 jarros com água morna;
• balde;
• bacia;
• bolas de algodão;
• xampu, sabonete ou sabão líquido;

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 23 INTRODUÇÃO À ENFERMAGEM
• impermeável;
• toalha de banho.
- Providenciar o material, colocando-o sobre a mesa de cabeceira e o balde sobre a
cadeira forrada com jornal.
- Fechar portas e janelas para evitar corrente de ar.
- Isolar a cama com biombos, se necessário.
- Posicionar em decúbito dorsal horizontal com o travesseiro sob os ombros do paciente,
forrando a cabaceira e o próprio travesseiro com impermeável e toalha.
- Ocluir os ouvidos do paciente com bolas de algodão para evitar entrada de água.
- Posicionar a bacia sob a cabeça, segurando-se a nuca com uma das mãos e, com a
outra, proceder à lavagem, molhando, ensaboando e friccionando bem, o cabelo e o
couro cabeludo.
- Enxaguar até tirar todo o sabão, despejando a água do jarro delicadamente sobre a
cabeça. Desprezar a água da bacia no balde, sempre que for necessário.
- Escorrer bem a água do cabelo, impedir o seu contato com a água suja, retirar a bacia,
proteger a cabeça enrolando-a na toalha e posicionar o travesseiro.
- Pentear o cabelo e deixar o paciente confortável no leito.
- Deixar a unidade em ordem.
- Anotar na papeleta o procedimento e anormalidades, se houver.

OBSERVAÇÕES:

- O procedimento é facilitado quando for executado por duas pessoas.


- Observar contra-indicações ou cuidados especiais aos pacientes graves ou submetidos
a cirurgia de cabeça e pescoço.
- Repetir o procedimento se necessário, até a retirada de toda sujidade.

BANHO NO LEITO

O banho proporciona bem-estar, facilita a circulação, remove odores, abre os poros,


estimula as glândulas sudoríparas, dá oportunidade para observação do estado da pele e verificação
de anormalidades, como: úlceras de decúbito, erupções, edema.
O banho representa o principal método de tratamento da pele.

TIPOS DE BANHO

1. Aspersão – banho de chuveiro.


2. Imersão – banho na banheira, paciente totalmente imerso, exceto a cabeça.
3. Ablução – banho na banheira ou bacia, em que o paciente se lava jogando pequenas
porções de água sobre o seu corpo.
4. Leito – usado para pacientes acamados.

PROCEDIMENTOS:

- Lavar as mãos.
- Preparar o material:
• 1 par de luvas de procedimento;
• bacia;
• jarro com água morna;
• saboneteira com sabonete;

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 24 INTRODUÇÃO À ENFERMAGEM
• pano ou luva de banho(2);
• toalha de banho e de rosto;
• roupa de cama e para o paciente;
• folha de jornal;
• desodorante (optativo);
• pente ou escova para os cabelos;
• talco ou álcool;
• material para higiene oral;
• comadre;
• hamper;
• biombos.
- cumprimentar o paciente e explicar-lhe o que vai ser feito;
- fechar portas e/ou janelas para evitar corrente de ar;
- cercar a cama com biombo de se necessário;
- dispor o material na seguinte ordem:
a) sobre a mesinha de cabeceira: jarro, bacia, pano de banho, saboneteira com
sabonete, pente, desodorante, talco ou álcool e material para higiene oral;
b) sobre o espaldar da cadeira: roupa de cama e do paciente, dobrada e colocada em
ordem de uso;
c) sobre o chão, forrado com jornal: comadre e o balde para recolher água usada da
bacia;
d) hamper aos pés da cama.

- oferecer comadre ou papagaio;


- proceder à higiene oral;
- abaixar a cabeceira da cama, se não houver contra-indicações;
- soltar a roupa da cama, retirar a colcha, cobertor e o travesseiro, se possível;
- retirar camisola ou pijama, mantendo o paciente coberto com lençol (e cobertor se
estiver frio);
- manter o paciente em decúbito dorsal;
- proteger com a toalha a área do corpo a ser lavada, mantendo as demais cobertas com
lençol;
- preparar o pano de banho, segurando-o sobre a bacia: molhar o pano, jogando-se a
água do jarro, e ensaboar;
- afastar a toalha e lavar com movimentos firmes, cobrindo novamente;
- colocar o pano ensaboado sobre a borda da bacia e preparar o outro para enxaguar,
jogando-se a água do jarro no pano e sobre a bacia. Afastar a toalha e passar o pano,
retirando-se todo o sabonete. Enxugar em seguida;
- despejar a água da bacia no baldo, quando necessário.
O banho deve obedecer a seguinte ordem:
Usando toalha de rosto:
- lavar rosto, orelhas, pescoço
usando toalha de banho:
- lavar braços e axilas iniciando-se com a distal e depois a proximal;
- lavar tórax anterior e o abdômen;
- lavar os membros inferiores, primeiro o distal e depois o proximal;
- lavar os pés, imergindo-os na bacia colocada sobre a cama, forrada com a toalha.
Enxaguar com água limpa;
- desprezar a água que foi utilizada na lavagem dos pés;

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 25 INTRODUÇÃO À ENFERMAGEM
- colocar o paciente em decúbito lateral, forrar a cama com a toalha, lavar as costas e
enxugar;
- massagear as costas com creme, álcool ou talco, conforme descrito na massagem de
conforto;
- voltar o paciente em decúbito dorsal, vestir a camisola ou a parte superior do pijama;
- colocar a toalha e a comadre sobre o paciente e oferecer o pano ou luva de banho com
sabonete para proceder a higiene íntima (se estiver impossibilitado, executar o
procedimento ou solicitar um auxílio, se o paciente for do sexo oposto);
- despejar a água do jarro sobre a região perineal para enxaguar. Enxugar com a toalha
ou lençol móvel;
- oferecer a bacia com água limpa e sabonete para o paciente lavar as mãos;
- pentear os cabelos, limpar e cortar as unhas dos pés e mãos, se necessário;
- proceder à arrumação de cama;
- deixar o paciente confortável e com a campainha ao seu alcance;
- colocar o material em ordem;
- anotar na papeleta o cuidado prestado e anormalidades.

OBSERVAÇÕES:
- Dar banho, de preferência pela manhã antes do desjejum, ou quando solicitado pelo
paciente.
- Enxaguar bem para retirar todo o sabão.
- Levar sempre o pano de banho aquecido até o paciente.
- Expor somente a região que está sendo lavada.
- Desprezar a água da bacia, sempre que necessário.
- Evitar molhar a cama.
- Manter o pano de banho firme na palma da mão, feito acolchoado.
- Enxugar bem os locais onde há duas superfícies próximas como: axilas, espaços
interdigitais, região inguinal.
- A colocação da camisola ou parte superior do pijama pode ser feita no final do banho
ou após a troca da roupa de cama, se o paciente estives muito sujo de fezes, secreções
etc.
- A toalha de banho será usada para enxugar a área genital, quando for desprezá-la no
hamper. Quando for reaproveitá-la, deve-se usar o lençol móvel (se limpo).
- Em pacientes ambulantes, a enfermagem deve supervisionar o banho no chuveiro e
ajudar na higiene (nos pacientes parcialmente dependentes).

ASSISTÉNCIA AO EXAME FÍSICO


7
O diagnóstico do paciente traça as diretrizes para o tratamento e cuidados de
enfermagem. Para que um diagnóstico seguro seja estabelecido há necessidade de um exame
completo, que consta de exame físico e exame psíquico do paciente.

MÉTODOS DE EXAME

São quatro os métodos universalmente usados para o exame físico:

1. Inspeção – é a observação do estado geral do paciente, coloração da pele,


presença de deformações.
2. Palpação – pode ser definida como a arte de sentir com as mãos. É usada para
examinar tecidos e órgãos.

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 26 INTRODUÇÃO À ENFERMAGEM
3. Percussão – é efetuada com leves pancadas das pontas dos dedos sobre uma área
do corpo. O som produzido revela o estado dos órgãos internos.
4. Ausculta – consiste em escutar ruídos no corpo, especialmente para verificar o
funcionamento do coração, do pulmão, da pleura e de outros órgãos. Para a
ausculta é necessário estetoscópio.

ATRIBUIÇÕES DA ENFERMAGEM EM RELAÇÃO AO EXAME FÍSICO

PREPARO DO MATERIAL:

1. Para exames simples de rotina, preparar bandeja contendo:

• termômetro
• esfigmomanômetro
• estetoscópio
• martelo de percussão
• lanterna
• abaixador de língua
• fita métrica
• oftalmoscópio
• otoscópio
• cuba-rim, bolas de algodão
• vidro com álcool
• saco de papel
• toalha

2. Para exames especiais, o material vaza conforme o exame: espéculo vaginal ou


retal, luvas, lubrificantes, lâminas, tubos para cultura, etc.

PREPARO DO PACIENTE E DO AMBIENTE:

1. Explicar ao paciente o que vai ser feito, a fim de obter a sua colaboração.
2. Verificar sua higiene corporal.
3. Oferecer-lhe a comadre.
4. Levá-lo para sala de exame, ou cercar a sua cama com biombo.
5. Dispor o material para o exame sobre a mesa de cabeceira.
6. O modo de cobrir o paciente depende da posição em que deve ficar para o exame e
também do costume de cada hospital. De um modo geral, deve-se:
- Evitar descobrir o paciente mais do que o necessário, procurando também não
atrapalhar o médico.
- Usar roupas folgadas ou lençóis para permitir mudanças de posição com maior
rapidez.
- Não permitir que o paciente sinta frio descobrindo só a região a examinar.
- Deixá-lo o mais seguro e confortável possível.

ASSISTÊNCIA AO EXAME FÍSICO – MÉTODO:

1. Certificar-se da temperatura e iluminação da sala: fechar as janelas se tiver frio e


providenciar um foco de luz se a iluminação for deficiente.

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 27 INTRODUÇÃO À ENFERMAGEM
2. Verificar T.P.R..P.A, peso, altura e anotar no prontuário.
3. Despir a camisola do paciente, cobrindo-o com lençol ou toalha.
4. Avisar o médico que o paciente está pronto para o exame.
5. Colocar-se junto a cama, do lado oposto àquele que estiver o médico.
6. Entregar-lhe os objetos à medida que necessitar.

CUIDADOS COM O MATERIAL:

1. Colocá-lo em solução desinfetante pelo tempo necessário.


2. Lavá-lo com água e sabão.
3. Prepará-lo para esterilização.
4. Guardar todo o material em seus respectivos lugares.

ASPECTOS A SEREM OBSERVADOS:

1. Deixar o paciente a sós com o médico ou enfermeiro sempre que julgar oportuno.
2. Procurar manter o paciente em posição confortável, evitando esforço e exposição
desnecessária.
3. Durante a ausculta do tórax, e quando o médico/enfermeiro pedir ao paciente para
tossir, ensiná-lo a virar o rosto e a proteger a boca e narinas com um lenço.
4. Antes do exame ginecológico, proceder à higiene externa, quando necessária.

POSIÇÕES

A enfermagem deve colocar o paciente em posição funcional e confortável, zelando


para que ele se sinta protegido, evitando porém que o modo de cobri-lo interfira com o exame.
Em muitos casos é útil usar perneiras, campos fenestrados ou triangulares, ou lençol
dobrado em diagonal.
Entre as posições mais comuns, temos:

1. DECÚBITO HORIZONTAL OU DORSAL

O paciente se deita de costas, com as extremidades inferiores em extensão ou


ligeiramente flexionados para permitir o relaxamento dos músculos abdominais.
Sobre a cabeça colocam-se uma ou mais almofadas se for necessário maior
relaxamento dos citados músculos.
Os braços cruzam sobre o tórax ou são colocados ao longo do tronco.
Para exame, o paciente será coberto com um lençol que não fique preso no colchão.
Costuma-se chamar de decúbito dorsal à posição em que o paciente está com as
pernas flexionadas.(Demonstrar no laboratório)

2. POSIÇÃO DE FOWLER

Posição em que o paciente fica semi-sentado, com apoio nos joelhos e nos pés.
Usada para descanso e conforto. Em caso cardíacos, usada para facilitar a respiração.
Pode ser improvisada com uma cadeira virada colocada sobre o colchão, de modo que
o paciente fique recostado.
O suporte pode ser improvisado com cobertor enrolado em lençol, preso ao estrado da
cama. (Demonstrar no laboratório)

3. DECÚBITO VENTRAL

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 28 INTRODUÇÃO À ENFERMAGEM

É a posição em que o paciente fica deitado sobre o abdome.


É usada para exames de coluna vertebral e da região cervical.
Para conforto, existe decúbito ventral de longa e de curta duração.

Longa duração

Os braços fletidos voltados para cima ou então, distendidos ao longo do corpo. Os pés
permanecem fora da cama. A cabeça voltada para o lado, repousa sobre pequeno travesseiro.
Nas mulheres, para proteção do busto, pode-se colocar almofada no abdome.

Curta duração

Mãos pendentes, cabeça voltada para o lado, sem travesseiro, e os pés sobre a cama.
(Demonstrar no laboratório)

4. DECÚBITO LATERAL OU SIMS

Pode ser “ direita” ou “esquerda”, conforme deitado sobre o lado direito ou esquerdo.
Muitos consideram Sims, só o decúbito lateral esquerdo: deitar o paciente sobre o lado
esquerdo, colocar-lhe sob a cabeça um travesseiro pequeno para servir de apoio. Colocar o braço
esquerdo para trás do corpo e este ligeiramente inclinado para frente, de modo a fazer reagir parte
do peso do corpo sobre o peito. O braço direito é colocado em qualquer posição que seja
confortável ao paciente. Flexionar-lhe as pernas, ficando a direita em ângulo agudo, bem próximo
ao abdome, a esquerda, menos flexionada.
O paciente é coberto com um lençol ou cobertor, expondo-se as partes necessárias, por
meio de dobras do lençol.
Esta posição é geralmente usada para exames vaginais, retais e lavagem intestinal.
(Demonstrar no laboratório)

Decúbito Lateral ou SIMS

5. GENU-PEITORAL

Conforme o nome indica, o paciente se mantém ajoelhado e com o peito descansado na


cama.

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 29 INTRODUÇÃO À ENFERMAGEM
Os braços flexionados nos cotovelos, repousam sobre a cama auxiliando a amparar o
paciente.
Para que o peso do corpo recaia sobre o peito e os joelhos, estes devem ficar
ligeiramente afastados um do outro: as pernas estendidas sobre a cama, formando ângulo reto com a
coxas.
Para cobrir o paciente nesta posição, usar dois lençóis comuns ou um especial com
abertura no centro.
Esta posição é usada para exames vaginais e retais. (Demonstrar no laboratório)

Genupeitoral

6. GINECOLÓGICA

A pessoa fica deitada de costas, com as pernas flexionadas sobre as coxas, a planta dos
pés sobre o colchão e os joelhos bem afastados um do outro.
Cobre-se a cliente com um lençol em diagonal de modo que uma pinta fique sobre o
peito e a outra sobre a região vulvar. As outras pontas são enrolada nos pés e ajustadas aos
tornozelos. (Demonstrar no laboratório)

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 30 INTRODUÇÃO À ENFERMAGEM

Ginecológica

7. LITOTOMIA

É considerada uma modificação da ginecológica.


A paciente é colocada em decúbito dorsal, com os ombros e a cabeça ligeiramente
elevador. As coxas, bem afastadas uma da outra são flexionadas sobre o abdome. (Demonstrar em
laboratório)

Litotomia

Para manter as pernas nesta posição de flexão usam-se suportes para os joelhos ou
suportes com alças para os pés.

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 31 INTRODUÇÃO À ENFERMAGEM
As nádegas da paciente devem ficar um pouco fora da mesa ou colchão. Para cobrir a
paciente existe um lençol especial, com perneiras e abertura no centro.
É uma posição usada para parto, operação ou exame de períneo, vagina e bexiga.
(Demonstrar no laboratório)

8. TREDELEMBURG

Posição em que o corpo fica inclinado, com a cabeça no plano mais baixo.
As pernas podem ficar flexionadas (requer mesa especial) ou então num plano mais
elevado que o resto do corpo, usando-se par isso suportes ou tijolos nos pés da cama.
Usada para facilitar drenagem de secreções bronquicas e para melhorar a circulação
venosa, especialmente no caso de varizes.
Em cirurgia, esta posição é usada para operações nos órgãos da região pélvica, por
deslocar o intestino para a parte superior do abdome. (Demonstrar no laboratório)

9. POSIÇÃO ERETA OU EM PÉ

Usada para exames de certas anormalidades ortopédicas ou neurológica.


O paciente deve estar de chinelos, ou não sendo possível, o chão deverá ser forrado.
Também chamada posição ortostática.

RESTRIÇÃO DE MOVIMENTOS

INDICAÇÕES:

1. Para evitar a queda da cama de crianças, pacientes semiconscientes ou inconscientes.


2. Nos casos de agitação pós-operatória, principalmente em operados do crânio.
3. Em alguns tipos de exames e tratamentos.
4. Em doentes mentais que constituem perigo para si e para os demais pacientes.
5. Crianças ou adultos, com afecções na pele, para evitar que se cocem.
6. Nos casos em que o paciente não colabora, para manutenção de sondas, cateteres,
curativo e soro.

MEIOS USADOS:

* lençóis * cama com grade


* faixas elásticas * sacos de areia
* coletes * atadura (simples e gessada)
* tábuas * aparelho de tração
* talas

RESTRIÇÃO POR MEIO DE LENÇÕIS

- Dobrar quatro lençóis em diagonal, até formar faixa de uns 25 cm de largura.

1. Restrição do ombro:

Colocar a faixa sob as costas do paciente, passando pelas axilas, cruzando sob o
travesseiro e amarrando aos varais da cabeceira da cama.

2. Restrição do abdome:

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 32 INTRODUÇÃO À ENFERMAGEM

Colocar um dos lençóis sobre o abdome do paciente e outro inferiormente, sob a região
lombar. Torcer juntas as pontas dos dois lençóis, amarrando no estrado da cama.

3. Restrição dos joelhos:

Passar a ponta do lado direito sobre o joelho direito e por baixo do esquerdo: a ponta
do lado esquerdo sobre o joelho esquerdo e por baixo do joelho direito, amarrando as pontas no
estrado da cama.

RESTRIÇÃO COM FAIXAS ESPECIAIS OU ALGEMAS

1. Usar faixa de crepe ou algodão duplo de uns 15 cm de largura e pelo menos de 1 metro de
comprimento.
2. Avaliar cuidadosamente a necessidade de fazer ou manter a restrição de movimentos.
3. Anotar sempre no relatório os pacientes que estão com restrição, e a causa determinante da
mesma.
4. Vigiar com freqüência o local da restrição. Se o paciente ficar sob restrição durante muito
tempo, tirá-las duas vezes ao dia, lavando o local com água e sabão, passando talco, e
protegendo o local com flanela.
5. Ter cuidado para não apertar demasiadamente. Devem passar dois dedos entre a algema e
o local.
6. Nunca restringir os ombros sem restringir o abdome.
7. Não fixar restrição de mão à cabeceira da cama.
8. Quando se coloca a contenção no abdome, deve-se evitar ajustar o lençol sobre a região
epigástrica.

MOVIMENTAÇÃO E TRANSPORTE DE PACIENTE

O primeiro fator importante ao mover ou levantar o paciente, é o emprego de uma boa


mecânica corporal por parte da enfermeira ou de qualquer pessoa que a ajude. A enfermagem deve
evitar esforços desnecessários, prevenindo, assim, danos não só para si como para o paciente.
Os movimentos devem ser planejados. É bom fazer uma pequena contagem para todos
agirem juntos, somando forças.

MUDANÇAS DE POSIÇÃO

1. Virar o paciente em decúbito lateral a braços:

1. Cruzar as pernas do paciente.


2. Colocar uma das mãos no ombro do paciente e a outra na região lombar e, com um
impulso virar o paciente para o lado esquerdo ou direito.
3. Colocar um travesseiro entre as pernas, um aparando o dorso e outro no abdome para
recostar o braço.

2. Virar o paciente em decúbito lateral com auxílio do lençol móvel:

1. Soltar o lençol móvel de um lado.


2. Cruzar a perna do paciente para o lado que se quer virar.
3. Colocar o paciente um pouco mais para a beira do leito, no lado oposto ao que se vai virá-
lo.

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 33 INTRODUÇÃO À ENFERMAGEM
4. Pegar as duas partes do lençol móvel, puxar vagarosamente para cima até o paciente ficar
virado de lado.
5. Colocar um travesseiro entre as pernas, um para suportar o dorso e outro no abdome.
6. Deixar o paciente confortável e o ambiente em ordem.

3. Para colocar em decúbito ventral:

É preciso primeiro colocá-lo em decúbito lateral e a seguir colocar uma das mãos no
ombro e outra na região coxofemoral para auxiliar o paciente a ficar na posição adequada.
Colocar travesseiros sob as pernas, peito e o abdome, deixando o ambiente confortável.

COMO LEVAR O PACIENTE PARA A CABECEIRA DO LEITO

QUANDO O PACIENTE AJUDA:

1º Método:

1. Pedir ao paciente para flexionar os joelhos e firmar os pés no colchão.


2. Colocar um dos braços debaixo do ombro do paciente até a axila oposta.
3. Colocar o outro braço na altura da região lombar.
4. Pedir ao paciente que dê um impulso para trás, no momento em que o enfermeiro ou
auxiliar terminar de contar 3.
5. Levantar o paciente para a cabeceira com movimento ritmado.

2º Método:

1. Pedir ao paciente para flexionar os joelhos e firmar os pés no colchão.


2. Pedir ao paciente que segure na cabeceira do leito.
3. Ajuda o paciente para a deslocar-se para a cabeceira do leito.

QUANDO O PACIENTE NÃO PODE AJUDAR:

São necessárias duas pessoas:


- A 1ª, coloca um dos braços no ombro e o outro na região glútea.
- A 2ª, coloca um dos braços na região lombar e o outro na altura dos joelho.
Num movimento ritmado, as duas levantam o paciente para a cabeceira.

Nota: Para abaixar o paciente, usa-se a mesma técnica, com exceção do 2º método quando o
paciente ajudar.

PREPARO DA MACA

MATERIAL:

• Acolchoado coberto totalmente com plástico.


• Coberto, colcha.
• Travesseiro pequeno.

TÉCNICA:

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 34 INTRODUÇÃO À ENFERMAGEM
Idêntica ao do preparo da cama.

Nota: Quando não há acolchoado, improvisar com 1 cobertor, 1 plástico e 1 lençol. Trocar a
roupa da maca cada vez que for usada.

COMO PASSAR O PACIENTE DO LEITO PARA MACA E VICE VERSA

Com auxílio do lençol móvel:

- São necessárias 4 pessoas.


1. Preparar a maca.
2. Avisar o paciente.
3. Descer em leque a colcha e o lençol protetor que o está cobrindo.
4. Soltar o lençol móvel e enrolar as pontas bem próximo do paciente.
5. Colocar a maca paralela ao leito, encostadas neste.
6. As pessoas devem se colocar na seguinte ordem:
- duas ao lado da cama: uma apoiando a cabeça e a região lombar e a outra a região
glútea e as pernas.
- as outras duas colocam-se do lado maca segurando o lençol móvel.
7. Ritmadamente as quatro pessoas, num só movimento, passam o pacienta para a maca.
(Obedecer ordem de comando 1 2 3)

A braços:

- São necessárias 3 pessoas.


1. Preparar a maca.
2. Avisar o paciente.
3. Colocar um lençol sob o paciente e abaixar a colcha e o lençol protetor que o está
cobrindo.
4. Envolver o paciente com o lençol.
5. Colocar a maca em ângulo reto com o leito (cabeceira da maca e os pés do leito).
6. As pessoas se colocam ao lado do paciente por ordem de altura:
- a mais alta na cabeceira: colocar um braço no ombro e outro na cintura;
- a media, no meio: coloca um braço na região dorsal cruzando-o com o da cabeceira e o
outro na região femoral;
- a mais baixa nos pés: coloca um dos braços na região lombar cruzando com a do meio
e o outro, na região poplitea ou panturrilha.
7. Inspirar profundamente e num movimento simultâneo, colocar o paciente, na beira da
cama, levanta-lo colocando-o sobre o peito.
8. Caminhar vagarosamente.
9. Colocar o paciente cuidadosamente na maca.
10. Soltar o lençol que o está envolvendo e cobri-lo devidamente.

COMO SENTAR O PACIENTE EM POLTRONA E CADEIRA DE RODAS

MATERIAL:

• cadeira de rodas ou poltrona;


• lençol;
• 2 travesseiros médios com fronhas;

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 35 INTRODUÇÃO À ENFERMAGEM
• travesseiros pequenos com fronhas;
• roda de espuma; impermeável;
• pijama; roupão; chinelos para o paciente;
• escadinha: saco de areia.

PREPARO DA CADEIRA:

1. Fazer um acolchoado com o cobertor, a fim de forrar a cadeira.


2. Colocar o lençol em diagonal sobre o acolchoado.
3. Colocar a cadeira bem próxima do leito e encostada no mesmo, para o lado dos pés e um
pouco obliquamente em relação a cama.
4. Calça-la (com a trava ou saco de areia).

PREPARO DO PACIENTE:

1. Agasalhá-lo bem.
2. Verificar o pulso.
3. Abaixar a roupa do leito em leque
4. Virar o paciente de lado, colocando um dos braços no ombro mais próximo do paciente e o
outro, na região poplitea. O braço mais distante do paciente se apoia no ombro do
enfermeiro ou auxiliar, que com um impulso, senta-o no leito.
5. Fazê-lo levantar apoiando-se nos ombros da enfermeira que o segura pela cintura.
6. Virar e sentar o paciente na cadeira.
7. Calçar os chinelos e cobri-lo.
8. Observar suas reações e controlar o pulso.

COMO PASSAR O PACIENTE DA CADEIRA PARA O LEITO

1. Colocar a cadeira junto ao leito, na mesma posição como para fazer o paciente sentar.
2. Travar as rodas, calçá-las ou pedir alguém que ajude segurando a cadeira.
3. Ajudar o paciente a erguer-se, fazê-lo sentar-se à beira do leito, usando uma escadinha.
4. Tirar o roupão e os chinelos.
5. Deitar o paciente e deixá-lo em posição confortável.
6. Verificar as reações e o pulso.
7. Deixar a unidade em ordem.

CONFORTO

Proporcionar conforto é uma das funções primordiais da enfermagem.


O paciente deve ser atendido como pessoa humana, insto é, levar em consideração os
vários problemas que ele apresenta, a fim de proporcionar-lhe melhores cuidados.
O desconforto pode ser: psicológico, espiritual ou físico.

Como causas do DESCONFORTO PSICOLÓGICO, podemos citar:

- saudades da família, solidão;


- preocupações financeiras;
- mudança dos hábitos, com restrição da liberdade;
- falta de atenção da equipe médica ou de enfermagem;
- receio de sua não reabilitação;

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 36 INTRODUÇÃO À ENFERMAGEM
- medo do desconhecido, da dor;
- exposição do próprio corpo.

Para diminuir esta situação, a enfermagem deve:

- conversar com o paciente: esclarecê-lo, encorajá-lo, saber dos seus problemas;


- ser discreta a respeito de sua moléstia;
- respeitar sua individualidade;
- procurar, ao máximo, satisfazer suas necessidades e promover passatempos;
- não expor o paciente mais que o necessário.

O DESCONFORTO ESPIRITUAL é sentido por muitos pacientes pela:

- dificuldade de ir a igreja;
- falta de isolamento para fazer suas orações;
- medo da morte.

Para minorar este desconforto a enfermagem deve:

- interessar-se pela vinda de seu conselheiro espiritual (padre, rabino, pastos. etc.);
- ajudar o paciente, a chegar à Capela;
- informá-lo sobre o horário dos cultos.

Vários fatores influem para o DESCONFORTO FÍSICO do paciente:

- frio ou calor excessivo;


- longo tempo na mesma posição;
- postura incorreta;
- atrito de roupas sobre a ferida ou locais doloridos;
- roupa de cama suja, enrugada ou úmida;
- ruídos, barulho;
- odor desagradável;
- roupas apertadas;
- falta de habilidade do pessoal para movimentá-lo.

Para promover o melhor conforto físico do paciente devemos:

- Evitar todas as causas externas que possam incomodá-lo: odores forte. Barulho,
excesso de cobertas, má posição de travesseiros, roupas úmidas e enrugadas.
- Ao lidar com o paciente fazê-lo delicadamente, porém, com firmeza.
- Evitar mãos frias.

MEIOS DE PROPORCIONAR CONFORTO FÍSICO

I. ROLO

FINALIDADES:

1. Evitar que o paciente escorregue na cama, quando recostado.


2. Diminuir tensão dos músculos abdominais.

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 37 INTRODUÇÃO À ENFERMAGEM

MATERIAL NECESSÁRIO:

• rolo (já pronto), travesseiro ou cobertor;


• lençol.

MÉTODO:

1. Dobrar o lençol em diagonal e nele enrolar o travesseiro, o cobertor ou o rolo.


2. Flexionar os joelhos do paciente e colocar por baixo o rolo.
3. O rolo forrado pode também ser colocado entre os pés do paciente e a cama.

II. ENCOSTO (quando a cama não for articulada)

FINALIDADE:

Manter o paciente sentado. É usado para pacientes cardíacos, asmáticos, convalescentes e


com drenagem.

MATERIAL:

Encosto, travesseiros pequenos, rolo.

MÉTODO:

1.Preparar o rolo, envolvendo-o no lençol dobrado diagonalmente.


2. Colocá-lo sobre a cadeira, assim como o encosto e os travesseiros.
3.Auxiliar o paciente a sentar-se.
4. Retirar os travesseiros e colocar o encosto em posição correta.
5. Ajustar os travesseiros: os das costa são colocados em forma de V, tendo o apoio por
baixo.
6.Recostar o paciente, calçando-lhe a cabeça e os braços com travesseirinhos.
7.Flexionar-lhe os joelhos, colocando por baixo do mesmo o rolo.

III. RODA DE BORRACHA OU ESPUMA

FINALIDADE: Diminuir pressão

MÉTODO:

1.Encher a roda de ar, cobrindo a válvula com um pedaço de gaze.


2.Insuflar ar suficiente para diminuir a pressão (cheia em demasia, se torna incomodativa).
3.Colocar a fronha.
4.Colocar sob o paciente, com a válvula voltada para um dos lados ou entre as pernas do
paciente.

IV. ARCO DE PROTEÇÃO (armação de madeira ou de ferro com arcos)

FINALIDADE: Proteger uma determinada região do corpo, contra o peso das cobertas.
V. ARGOLAS DE ALGODÃO

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 38 INTRODUÇÃO À ENFERMAGEM
FINALIDADE: Diminuir a pressão dos cotovelos, calcanhares, joelhos.

MÉTODO:

1.Fazer um argola com algodão de 10 cm de diâmetro.


2.Cobrir o algodão enrolando a atadura de gaze.

VI. SACOS DE AREIA

FINALIDADE:

1.Erguer uma região do corpo.


2.Manter o membro em posição.

MÉTODO:

1.Colocar o saco numa fronha.


2.Colocá-lo sob a região ou lateralmente para manter a posição.

VII. ARRUMAÇÃO DOS TRAVESSEIROS

PARA RETIRAR:

1.Escorregar um braço sob a cabeça e com a mão na espádua, levantar um pouco o paciente.
2.Com a mão livre, remover o travesseiro e colocá-lo sobre a cama, retirando vagarosamente o
braço de sob a cabeça.

PARA COLOCAR:

1.Colocar o travesseiro sobre a cama.


2.Suspender a cabeça do paciente do modo acima descrito.
3.Colocar o travesseiro do lado oposto.
4.Com a mão livre, puxá-lo para debaixo da cabeça.
5.Se o paciente usar dois travesseiros, não colocar exatamente um sobre o outro. Procurar
fazer com que a cabeça e o pescoço fiquem bem apoiados no travesseiro.

PARA DIMINUIR TENSÃO ABDOMINAL:

- Flexionar os joelhos, colocando sob os mesmos um travesseiro, rolo ou cobertor enrolado e


coberto com fronha ou lençol.

PARA DIMINUIR TENSÃO DOS MÚSCULOS INTERCOSTAIS:

- Colocar sobre os quadris um travesseiro pequeno e macio.

PARA MATER O PACIENTE DE UM LADO:

1.Virá-lo sobre esse lado.


2.Virar o travesseiro diagonalmente sobre a cabeça do paciente, de modo a ficar bem adaptado
ao pescoço e ombros.
3. Colocar um segundo travesseiro junto às costas.

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 39 INTRODUÇÃO À ENFERMAGEM
4. Colocar um travesseiro pequeno ao lado do paciente, para suporte do abdome.
5. Colocar um travesseiro pequeno entre os joelhos flexionados.

MASSAGEM

FINALIDADE:

1.Produzir relaxamento muscular.


2.Aumentar a circulação sangüínea.

MOVIMENTOS COMUNS:

1.Deslizamento – pode ser superficial e profunda. A superficial consiste em movimento


longos, leves e rítmicos. A profunda é mais forte, sendo em geral centrípeta, e visa
principalmente esvaziar as veias e os vasos linfáticos, por pressão mecânica.
2. Amassamento – consiste em agarrar o músculo, removê-lo e apertá-lo de acordo com o
contorno da massa muscular.
3. Fricção – é um profundo movimento circular em que os dedos não deslizam sobre a pelo,
mas a pele se move com os dedos.
4. Percussão – consiste em dar palmadas ou bater de leve no tecido.
5. Vibração – é um impulso vibratório ou agitante comunicado aos tecidos do paciente por
meio de contínua vibração do ombro, braço, mão e dos executante.

MATERIAL:

- óleo, glicerina, álcool 70%

MÉTODO:

1.Aquecer o ambiente.
2. Explicar ao paciente o que vai fazer e colocá-lo em posição confortável.
3. Descobrir a área a ser massageada e unta-la com óleo.
4. Executar o cuidado delicadamente, executando alguns ou todos os movimentos de
massagem.

OBSERVAÇÕES:

1.Nunca se deve tentar fazer massagem sobre a roupa do paciente.


2.Convêm que a mão do massagista esteja livre de calosidade e asperezas.
3. O ideal é que a massagem seja feita sobre uma mesa firme e de altura adequada.
4. A duração da massagem de uma região pode variar de 3 a 15 minutos.
5. A massagem como tratamento deve ser prescrita e feita por pessoal especializado.

COLOCAR COMADRE

1º MÉTODO:

1.Trazer a comadre e colocá-la na cadeira.


2.Dar uma dobra em triângulo na roupa do leito.
3.Ensinar o paciente a levantar o corpo, apoiando os pés no leito.

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 40 INTRODUÇÃO À ENFERMAGEM
4.Colocar a comadre.

2º MÉTODO:

1.Virar o paciente em decúbito lateral.


2.Ajustar a comadre na região.
3.Virar o paciente sobre a mesma.

RETIRAR COMADRE

Levar para a unidade do paciente o seguinte material:


• 1 jarro com água
• 1 bacia pequena
• 1 saco de papel
• papel higiênico

MÉTODO:

1.Dar uma dobra em triângulo na roupa do leito.


2. Oferecer papel higiênico (colocar depois no saco de papel).
3.Fazer irrigação externa.
4.Retirar a comadre, ensinando o paciente a levantar o corpo ou virando-o em decúbito lateral.
5. Cobrir a comadre e colocá-la na cadeira.
6.Oferecer a água para o paciente lavar as mãos.
7.Deixar o paciente confortável e o ambiente em ordem.
8.Levar o material para despejar, lavar, desinfetar e guardar.

OBSERVAÇÕES:

1. A comadre deve ser carregada coberta.


2. Deve ser colocada e retirada o mais discretamente possível.
3. Colocar a comadre com delicadeza, sempre acolchoada ou aquecida.
4. Quando for necessário, cercar o leito com biombo.
5. Deixar o paciente só, exceto nos casos graves ou pacientes muito enfraquecidos.
6. Ao retirar a comadre, cobri-la imediatamente.
7. Sempre que o paciente fizer sua higiene sozinho, oferecer água e sabão para lavar as mãos.
8. Lavar a comadre cuidadosamente, primeiro com água fria, a fim de não coagular as
proteínas. A seguir, passar água quente.
9. Observar fezes e urina com atenção, no que diz respeito a consistência, cor , odor. Se for
acompanhada de dor ou esforço demasiado, anotar no prontuário.
10. Após o uso, colocar no hamper os panos protetores da comadre.

COLOCAR E RETIRAR PAPAGAIO

MÉTODO:

1. Preparar psicologicamente o paciente.


2. Aquecer com água quente.
3. Levar para junto do paciente.
4. Dar uma dobra em triângulo na roupa do leito.

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 41 INTRODUÇÃO À ENFERMAGEM
5. Entregar o papagaio (se ele estiver fraco e impossibilitado, ajudá-lo).
6. Deixá-lo sozinho e colocar a campainha ao seu alcance.
7. Depois de alguns minutos, trazer uma bacia com água para o paciente lavar as mãos.
8. Levar o papagaio e a bacia para despejar, lavar e colocar no local apropriado.

OBSERVAÇÕES

1. Colocar o papagaio sobre a cadeira. Nunca no chão, sobre a mesa de cabeceira ou no seu
interior.
2. Antes de oferecer o papagaio ao paciente, verificar se está em boas condições higiênicas,
se não está furado, trincado, etc.

CUIDADOS COM AS FLORES

Flores contribuem para alegrar o ambiente e torná-lo mais agradável para o paciente. Toda
pessoa dá muito valor às flores, não só pela beleza, mas também porque muitas vezes significam
uma mensagem de esperança e afeto. Algumas flores bem dispostas convertem um quarto triste
num ambiente cálido e aconchegante.
Assim, o arranjo das flores, é fator de grande importância e deve ser executado com prazer
e gosto artístico, de modo a proporcionar ao paciente um agradável espetáculo pelo conjunto de
cores das flores e folhagens.

ASPECTOS A SEREM OBSERVADOS:

1. Diariamente:
- retirar as flores, lavar o vaso com água e sabão e colocar água fresca.
- cortar as hastes obliquamente, de preferência em água corrente, para evitar entrada de ar
no caule.
- Retirar as folhas amareladas e pétalas murchas.

2. Não deixar nenhuma folha imersa na água.


3. A quantidade de água no vaso deve ser o suficiente para que cada flor fique imersa até meia
extensão do caule.
4. O vaso deve condizer com o tipo de flor.
5. Não manter flores na correnteza, luz direta do sol ou outra fonte de calor, porque perdem o viço.
6. Não amontoar flores num só vaso: elas perdem a beleza e murcham depressa.
7. Eliminar das hastes o excesso de folhagem evitando assim que a água se torne turva e exale
cheiro desagradável.
8. Se o paciente desejar, à noite as flores são retiradas dos aposentos embora a quantidade de
oxigênio que elas absorvem à noite não seja suficiente para acarretar qualquer prejuízo para a
saúde.
9. Ao retirar ou jogar fora as plantas murchas, deve ser solicitada autorização do paciente.
10. Em alguns hospitais, a CCIH proíbe a entrada de flores ao doente, por soltarem asperginos no
ambiente contribuindo para o aumento de infecção hospitalar.

HIGIENE EXTERNA FEMININA

É a lavagem da vulva e do períneo.

FINALIDADES:

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 42 INTRODUÇÃO À ENFERMAGEM
1. Limpeza e conforto da paciente.
2. Prevenir o aparecimento da infecção.
3. Combater a infecção quando já está instalada.

INDICAÇÕES:

• Diariamente, pela manhã, na ocasião do banho.


• Após micção ou defecação.
• Em caso de corrimento abundante.

MATERIAL:

• Jarro com água tépida


• Cuba-rim, com 4 quadrados de algodão, gaze ou luva de pano.
• Sabonete
• Saco de lixo
• Luva de procedimentos
• Comadre
• Toalha
• Impermeável ou forro
SOLUÇÕES:

• água e sabão

MÉTODO:

1.Orientar o paciente sobre o cuidado


2.Preparar o material
3.Preparar o ambiente:
- cercar a cama com biombos;
- desocupar a cadeira aos pés do leito.
4.Trazer o material colocando a comadre na cadeira e a bandeja na mesinha
5.Colocar a paciente em posição ginecológica, protegendo-a com a roupa de cama e
cobrindo-a com uma toalha.
6. Colocar o impermeável, e a comadre sob a paciente.
7. Calçar a luva.
8. Colocar dois quadrados de algodão sobre a vulva para evitar que a água escorra pela
região inguinal, molhando o leito.
9.Irrigar a vulva, com água ou solução anti-séptica.
10. Molhar um quadrado de algodão, ensaboar, e lavar a região vulvar por fora, do lado
mais distante; de cima para baixo sem retornar.
11. Proceder do mesmo modo para lavar internamente.
12. Colocar sempre o algodão usado no saco de lixo.
13. Irrigar a região vulvar.
14. Enxugar com o algodão que está sobre a vulva.
15. Secar primeiro o lado mais distante e, depois, o mais próximo.
16. Retirar a comadre e o impermeável, colocando-os na cadeira.
17. Deixar a paciente confortável e o ambiente em ordem.
18. Levar o material, lavar, desinfetar, guardar.
19. Anotar no prontuário.

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 43 INTRODUÇÃO À ENFERMAGEM

OBERVAÇÕES:

1.Por ser a região genital muito sensível fazer a lavagem externa com delicadeza.
2.Observar a temperatura da água para não queimar a paciente.
3.Expor a paciente só o necessário.
4.Evitar molhar o leito.
5.Tratando-se de paciente magras, idosas, com escaras, em tempo frio, acolchoar bem a
comadre ou aquece-la.
6.Se a paciente puder fazer a lavagem externa sozinha, esta deve ser feita no final do banho.
7.Em ortopedia, nos pacientes, com aparelho gessado abrangendo a região coxofemoral
deve-se fazer a lavagem externa sem irrigação.

HIGIENE EXTERNA MASCULINA

MÉTODO:

1.Conversar com o paciente sobre o que será feito.


2.Preparar o material (idem ao da lavagem externa feminina).
3.Preparar o ambiente:
- cercar a cama com biombo;
- desocupar a mesa de cabeceira.
4.Trazer o material, colocando a comadre na cadeira e a bandeja na mesinha.
5.Colocar o impermeável sob o paciente para proteção da cama.
6.Retirar a calça do pijama.
7.Colocar o paciente em posição sobre a comadre protegendo-o com a roupa de cama e
cobrindo-o com a toalha.
8.Calçar a luva.
9.Tomar um quadrado de algodão na mão esquerda e levantar o pênis.
10. Fazer uma pequena irrigação.
11. Molhar outro algodão na água e sabão e ensaboar a região.
12. Irrigar toda a região, tirando bem o sabão.
13. Enxugar com algodão ou gaze.
14. Retirar as luvas.
15. Colocar a mesa no lugar.
16. Retirar a comadre e o impermeável, colocando-os na cadeira.
17. Vestir a calça do pijama.
18. Deixar o paciente confortável e o ambiente em ordem.
19. Levar o material, lavar, desinfetar e guardar.
20. Retirar o biombo.
21. Anotar no prontuário.

PEDICURE

São cuidados prestados aos pés.

FINALIDADES:

1.Limpeza dos pés.


2. Remoção de crostas
3. Remoção de sujidades não removíveis só com a lavagem dos pés.

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 44 INTRODUÇÃO À ENFERMAGEM
4.Limpeza e cuidados com as unhas.

MATERIAL:

Bandeja contendo:
• Jarros com água quente e fria.
• Bacia.
• Vidro com sabão líquido ou sabonete.
• Recipiente com gazes, bolas de algodão e cotonetes.
• Lixa.
• Tesoura
• Luva de banho.
• Ataduras de crepom.
• Saco de papel.
• Impermeável.

MÉTODO:

1. Explicar ao paciente o que vai fazer.


2. Preparar o ambiente.
3. Preparar o material.
4. Colocar a bandeja sobre a mesa de cabeceira.
5. Soltar a roupa aos pés do leito.
6. Dar uma dobra na roupa do leito, expondo os pés do paciente.
7. Colocar o impermeável protegido com a toalha de banho sob os pés do paciente.
8. Flexionar os joelhos.
9. Colocar água na bacia e mergulhar os pés do paciente, um de cada vez ensaboando-os
e escovando-os.
10. Deixar cada pé imerso na água durante alguns minutos.
11. Cortar as unhas, limpando-as com cotonetes.
12. Lixar os pés.
13. Passar vaselina nos pés ou deixar com gaze vaselinada, envolvendo-os com atadura.
14. Deixar o paciente confortável.
15. Deixar o ambiente em ordem.
16. Lavar e guardar o material.
17. Anotar no prontuário.

TRATAMENTO DE PEDICULOSE

Os pedículos são parasitas hematófagos que podem viver no corpo humano, encontrados
no cabelo e nas regiões pilosas do corpo.

FINALIDADES:

1. Higiene e conforto do paciente.


2. Evitar a propagação.

MATERIAL:

• Cuba-rim com5 a 6 pedaços de gaze.

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 45 INTRODUÇÃO À ENFERMAGEM
• Cuba redonda com a solução indicada
• Toalha grande.
• Impermeável.
• Alfinetes de segurança.
• 1 par de luvas de procedimento.
• Acessório – biombo.

SOLUÇÃO PRESCRITA

MÉTODO:

1.Conversar com o paciente sobre o cuidado.


2. Preparar o ambiente:
- cercar o leito com o biombo.
- colocar a cadeira aos pés do leito.
3.Trazer a bandeja colocando-a na mesa de cabeceira.
4. Calçar as luvas.
5. Colocar o impermeável sobre o travesseiro e sobre este, a toalha.
6. Dividir o cabelo em partes e aplicar a solução com as gazes, fazendo fricções no couro
cabeludo e, no final, embeber os cabelos com a solução.
7. Prender bem o cabelo, amarrando a toalha na cabeça, fixando-a com alfinete.
8. O impermeável deve permanecer, a fim de não molhar o travesseiro.
9. Retirar as luvas.
10. Levar a bandeja para a sala de material e fazer a devida desinfecção.
11. Deixar o paciente confortável e o ambiente em ordem.
12. Anotar no prontuário.

PONTOS A SEREM OBSERVADOS:

1.A fim de evitar a propagação do pedículos:


- Deixar o paciente isolado dos demais.
- O saco de papel e gazes usados no tratamento, devem ser queimados.
- As roupas devem ser colocadas imediatamente em solução desinfetante.
- O tratamento de pediculose deve ser feito à noite e a lavagem dos cabelos, na manhã
seguinte; se for feito durante o dia, lavar a cabeça duas ou três horas depois.

2.No caso de pedículos corporais ou pubianos é aconselhada a raspagem dos pêlos.


3. A fim de prevenir a pediculose no hospital, as roupas e a cabeça de cada paciente devem
ser observadas no ato de admissão e diariamente por ocasião do banho.

REMOÇÃO DE LENDEAS

Lêndeas são ovos do pedículos do douro cabeludo, que precisam ser removidos para
extermínio completo dos pedículos.

MATERIAL:

Bandeja contendo:
• Cuba redonda com vinagre ou ácido acético a 5% (solução aquecida).
• Bolas de algodão.
• Saco de papel.

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 46 INTRODUÇÃO À ENFERMAGEM
• Pente fino.
• Impermeável coberto.
• Luva de procedimento.

MÉTODO:

1. Orientar o paciente sobre o cuidado.


2. Preparar o ambiente.
3. Preparar o material.
4. Proteger o travesseiro com impermeável.
5. Mergulhar as bolas de algodão no vinagre e passar ao longo do cabelo; o vinagre ataca
a cápsula gelatinosa da lêndea, soltando-a
6. Passas pente fino.
7. Proceder a lavagem dos cabelos.
8. Deixar o paciente confortável e o ambiente em ordem.
9. Anotar no prontuário.

PONTOS A SEREM OBSERVADOS:

1. Fazer a aplicação de vinagre diariamente, até a remoção completa de todas as lêndeas.


2. Lavar a cabeça com água e sabão, após cada aplicação.
3. Secar bem os cabelos.
4. Passar diariamente um pente fino, para certificar-se da eficácia do tratamento.
5. Orientar o paciente sobre a pediculose e os cuidados para evita-la e combatê-la.

ALIMENTAÇÃO DO PACIENTE

Uma dieta bem balanceada inclui alimento suficiente, em quantidade e qualidade para
manter o crescimento, reconstrução dos tecidos e para fornecer energia para as atividades do
organismo, ao mesmo tempo estimulando e regulando os processos fisiológicos.
Para que a dieta preencha as suas finalidades, o alimento precisa ser bem digerido e
assimilado, estando esses dois processos sujeitos à influência de inúmeros fatores, muitos dos quais
podem ser favorecidos por um cuidado de enfermagem eficiente.

FATORES QUE FAVORECEM A DIGESTÃO E ASSIMILAÇÃO DOS ALIMENTOS

1. Boa aparência e cheiro agradável dos alimentos.


2. Preferências individuais (devem ser satisfeitas o quanto possível).
3. Ausência de emoções fortes.
4. Ambiente agradável e calmo.
5. Ausência de fadiga física e mental.
6. Regularidade no horário das refeições.
7. Posição cômoda.

NO CASO DO PACIENTE PODER ALIMENTAR-SE SOZINHO

MÉTODO:

1. Verificar se a dieta está correta.


2. Colocar a bandeja armada sobre a mesa de refeições.
3. Colocar os pratos e copos ao seu alcance: cortar a carne e o pão, se for necessário.

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 47 INTRODUÇÃO À ENFERMAGEM
4. Se o paciente recusar a refeição ou deixar de comer alimentos necessários à sua dieta,
persuadi-lo explicando-lhe o valor da dieta adequada.
5. Terminada a refeição, retirar a bandeja e oferecer material de higiene bucal.
6. Deixar o paciente confortável e a unidade em ordem.

NO CASO DO PACIENTE NÃO PODER ALIMENTAR-SE SOZINHO

MÉTODO:

1. Verificar se a dieta está correta.


2. Colocar a bandeja sobre a mesa de refeições.
3. Proteger a camisola do paciente com o guardanapo.
4. Servir pequena quantidade de alimento de cada vez e, vagarosamente animar o
paciente a aceitar toda a refeição.
5. Se o paciente estiver impossibilitado de ver, descrever-lhe os alimentos antes de
começar a alimentá-lo.
6. Limpar a boca do paciente sempre que necessário.
7. Terminada a refeição oferecer água ao paciente.
8. Remover a bandeja.
9. Fazer a higiene oral do paciente, deixá-lo confortável e a unidade em ordem.
10. No relatório, anotar: hora da alimentação, dieta, quantidade ingerida, reações.

PONTOS A SEREM OBSERVADO:

1. Evitar, o quanto possível, interromper a alimentação do paciente para tratamento.


2. Os alimentos quentes devem ser servidos quentes e os frios, servidos frios.
3. Servir os alimentos em pequenas porções, dando ao paciente oportunidade de repetir.

ALIMENTAÇÃO POR SONDA (GAVAGE)


É o método empregado para introduzir líquidos no estômago por meio de uma sonda. A
introdução desta sonda pode ser feita pelo nariz ou pela boca.

INDICAÇÕES: a alimentação por sonda pode ser usada:

1. Após operação na boca, que exigem mucosa bucal limpa e em repouso.


2. Condições da boca ou estômago que tornam a deglutição dolorosa ou impossível.
3. Em pessoas debilitadas ou com impossibilidade de deglutir.

MATERIAL NECESSÁRIO:

1. Sonda gástrica (Einhon ou Levin).


2. Lubrificante: xilocaina geléia ou sol. Fisiológica (subs. Hidrosolúveis).
3. Seringa de 10 ou 50 cm³ .
4. Impermeável coberto com forro de pano.
5. Tiras de esparadrapo.
6. Copo com água.

PREPARO DO PACIENTE E DO AMBIENTE:

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 48 INTRODUÇÃO À ENFERMAGEM
1. No caso do paciente estar consciente, explicar cuidadosamente o que se vai fazer, a
fim de obter a sua cooperação e facilitar a introdução da sonda; auxilia-lo a sentar-se
recostado ou conservá-lo em decúbito dorsal, a cabeça inclinada para trás.
2. Proteger o paciente com o impermeável coberto, desocupando a mesa de cabeceira.

MÉTODO:

1. Colocar a bandeja com o material necessário sobre a mesa de cabeceira.


2. Calcular até que ponto a sonda precisa ser introduzida para alcançar o estômago,
assinalando com esparadrapo. (da ponta do nariz ao lóbulo da orelha; do lóbulo da
orelha ao processo xifóide; A sonda deve ser introduzida aberta).
3. Lubrificar a sonda e introduzi-la por uma das narinas.
4. A medida que esta for introduzida, pedir ao paciente para deglutir. Às vezes, um gole
de água auxiliar a descida da sonda.
5. No caso de paciente inconsciente, verificar se a sonda não esta na traquéia,
mergulhando sua extremidade livre num copo com água, observando se não há
formação de bolhas de ar.
6. Estando a sonda no estômago, esperar alguns minutos, para que a respiração se
normalize, e os espasmos acabem. Fixar a sonda no nariz com tiras de esparadrapo.
7. Ligar a seringa à sonda e por ela despejar o alimento vagarosamente evitando que a
seringa se esvazie.
8. Terminada a introdução dos alimentos, despejar um pouco de água a fim de remover
partículas que tenham ficado aderentes à sonda.
9. Fechar a sonda.
10. Deixar o paciente confortável, em repouso, a fim de reter o alimento.
11. Retirar o material, deixando a unidade em ordem.
12. Anotar no relatório: hora, dieta, reações.

PONTOS A SEREM OBSERVADOS:

1. Tratando-se de paciente inconsciente e havendo dúvidas: se a sonda está no estômago,


aconselha-se:
- injetar ar pela sonda e aplicar o ouvido sobre o epigástrio do paciente: um som de
cascata indica estar a sonda no estômago;
- aspirar um pouco de secreção.

2. A introdução da sonda pela boca, é feita muito raramente, em caso de obstrução das
fossas nasais.
3. Os medicamentos por via oral, prescritos, são administrados pela sonda.
4. Para retirar a sonda, apertá-la com firmeza e puxá-la rapidamente com cuidado para
evitar a introdução de gotículas de alimento ou água na traquéia. (sonda deve estar
fechada)

ALIMENTAÇÃO PELA GASTRONOMIA

É a introdução de alimentos líquidos no estômago, por meio de uma sonda nele


introduzida através da parede abdominal.

MATERIAL NECESSÁRIO:

• Recipiente contendo alimento.

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 49 INTRODUÇÃO À ENFERMAGEM
• Seringa de 25 a 50 cm³
• Copo com água

MÉTODO:

1. Explicar ao paciente o que vai se fazer, desocupando a mesa de cabeceira.


2. Trazer o material para junto do paciente.
3. Levantar ligeiramente a cabeceira da cama.
4. Comprimir a sonda com os dedos polegar e indicador da mão esquerda, abrir a pinça e
despejar o alimento com seringa, contínua e vagarosamente.
5. Adaptar o corpo da seringa à extremidade livre da sonda.
6. Terminada a introdução do alimento, despejar um pouco de água pela sonda para lavá-
la; fechar a sonda.
7. Deixar tudo em ordem e anotar no relatório.

LAVAGEM GÁSTRICA

É a introdução de líquido na cavidade gástrica, seguida de sua remoção por meio de


sondagem.

Finalidades:

- preparar o estômago para exames ou cirurgias;


- estancar hemorragia gástrica ou esofágica com o uso de líquidos gelados;
- remover do estômago conteúdo gástrico excessivo ou nocivo, como nos casos de
intoxicação medicamentosa ou envenenamento.

Material:

a) bandeja contendo
- funil ou seringa de 20 ml;
- balde ou jarro;
- solução prescrita;
- cuba-rim.
- Gazes, toalha, sonda de Fauchet ou de Levin, que é a mais usada, o número conforme
o paciente; xilocaína ou água;
- Impermeável, toalha.

Método:

- explicar ao paciente o que vai ser feito;


- lavar as mãos;
- sentar o paciente ; se inconsciente, colocá-lo com a cabeceira elevada;
- proteger o toráx com o impermeável forrado com a toalha;
- passar a sonda (seguir o método da sondagem nasogástrica)
- adaptar na sonda a seringa ou o funil, injetando a solução e evitando a penetração de
ar;
- virar a extremidade da sonda para o balde, que deve ficar a um nível inferior;
- repetir a técnica até que saia água limpa ou após uma avaliação médica;
- retirar a sonda após comprimi-la com uma pinça, evitando líquido na faringe;
- durante a lavagem gástrica observar náuseas, dispnéia, cianose e palidez;

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 50 INTRODUÇÃO À ENFERMAGEM
- recolher o material, lavar e guardar;
- lavar as mãos;
- fazer anotações do volume injetado e drenado, de suas características e das reações do
paciente.

APLICAÇÕES QUENTES E FRIAS

As aplicações externas de calor e frias têm objetivas de ajudar as funções naturais do


corpo. É um dos tratamentos mais antigos e os pacientes recebem-no muito bem, encontrando alívio
após sua aplicação. Modernamente além dos raios solares, água fria ou quente, vapor, compressa,
há as aplicações elétricas, raios infravermelhos, bolsas elétricas, duchas, etc.
O calor age estimulando ou acalmando, de acordo com a temperatura, tempo de aplicação
e local onde é aplicado. O calor moderado relaxa os músculos, calor em grau mais elevado facilita a
circulação, pela dilatação dos vasos sangüíneos e diminui a dor local.
O frio diminui a circulação pela contração dos vasos sangüíneos, retarda a supuração de
abcesso, diminui a dor local.

I – APLICAÇÕES QUENTE

INDICAÇÕES:

- Relaxar os tecidos.
- Facilitar a supuração.
- Aliviar a congestão.
- Aumentar a circulação do local onde é aplicado.
- Aquecer e dar conforto ao paciente.

BOLSA DE ÁGUA QUENTE

MATERIAL:

• Bolsa de borracha.
• Jarro com água quente.
• Coberta de flanela para a bolsa.

MÉTODO:

1. Verificar as condições da bolsa.


2. Colocar a água na bolsa.

aquecer pés, mãos.


¾ da bolsa -
local em que haja suporte ósseo.

abdome
1/3 da bolsa –
epigástrio

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 51 INTRODUÇÃO À ENFERMAGEM

3. Retirar o ar da bolsa, colocando-a sobre uma superfície plana, deixando a água chegar
até o gargalo.
4. Fechá-la bem.
5. Colocar a coberta.
6. Aplicar no local indicado.
7. Terminada a aplicação, retirar a bolsa.
8. Colocar a coberta no hamper.
9. Esvaziar a bolsa, deixar escorrer, encher de ar e guardá-la

OBSERVAÇÕES:

1. Para os pacientes inconscientes e crianças, envolver em toalha para maior proteção.


2. Vigiar para não queimar o paciente.
3. Nunca colocar bolsa quente sob o paciente.

COMPRESSAS QUENTES

MATERIAL:

Bandeja contendo:
• bacia com água quente.
• 2 compressas.
• 2 pedaços de flanela.
• Toalha de rosto.
• Impermeável.

MÉTODO:

1. Explicar o que vai ser feito.


2. Cercar o leito com biombos.
3. Fechar janelas e portas.
4. Trazer o material para junto do paciente.
5. Forrar o leito com o impermeável e a toalha.
6. Colocar a compressa na água quente, com as pontas para fora.
7. Torcer a compressa.
8. Experimentar o calor da compressa, na face interna do braço e colocá-la no paciente.
9. Cobri-la com flanela e com o impermeável.
10. Preparar a outra compressa que irá substituir a que está no paciente.
11. Fazer a aplicação durante 20 a 30 minutos.
12. Terminado o tratamento, secar o local envolvendo-o com flanela, por alguns minutos.
13. Deixar o paciente confortável e o ambiente em ordem.
14. Levar o material, lavar e guardar.
15. Anotar no prontuário.

OBSERVAÇÕES:

1.Mudar as compressas sem expor o local.


2.Observar a cor da pele no local.

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 52 INTRODUÇÃO À ENFERMAGEM
3.Torcer muito bem as compressas, sê necessário com auxílio de uma toalha ou torcedor
específico.

II. APLICAÇÕES FRIAS

INDICAÇÕES:

- Para abaixar a febre.


- Diminuir a congestão e inflamação.
- Controlar hemorragias.
- Diminuir a dor.

Contra indicações: Estase circulatória, estados de desnutrição, pacientes debilitados e


idosos.

BOLSA DE GELO

MATERIAL:

Bandeja contendo:

• bolsa de gelo.
• Coberta de flanela para a bolsa.
• Cuba redonda com gelo picado.

MÉTODO:

1. Passar os pedaços de gelo na água, para tirar as arestas.


2. Encher a bolsa até a metade.
3. Retirar o ar da bolsa e fechá-la bem.
4. Verificar que não esteja vazando.
5. Colocar a proteção de flanela.
6. Colocá-la no paciente no local indicado.
7. Deixá-la até que o gelo derreta, e renová-la.
8. Terminado o tratamento, esvaziar a bolsa, lavá-la, enxugá-la, enchê-la de ar e
guardá-la.

OBSERVAÇÕES:

1. Não fazer aplicações frias demoradas, porque podem causar necrose dos tecidos.
2. Vigiar constantemente o paciente.
3. Em alguns casos, é aconselhável colocar bolsa de água quente nos pés do paciente, que está sob
o tratamento de aplicações frias.

COMPRESSAS GELADAS

Geralmente usadas para aplicar na testa ou sobre os olhos, para diminuir congestão e dor.

MATERIAL:

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 53 INTRODUÇÃO À ENFERMAGEM
Bandeja contendo:

• Cuba redonda com gelo picado.


• Compressas dobradas

MÉTODO:

1. Preparar o paciente e o ambiente.


2. Levar o material para junto do paciente.
3. Umedecer as compressas no gelo e torcê-las.
4. Aplicá-las no local indicado.
5. Trocá-las a cada 3 minutos durante meia hora.
6. Terminado o tratamento, lavar, enxugar e guardar o material.
7. Anotar no prontuário.

ESCARAS DE DECÚBITO

“AS ESCARAS EXISTEM DEVIDO À FALTA DE CUIDADOS DE ENFERMAGEM”

Escara é uma lesão com tendência à gangrena ou necrose dos tecidos.


É devida à irrigação sangüínea defeituosa, ocasionada por pressão demorada e
consequentemente falta de nutrição do tecido.

CAUSAS PREDISPONENTES:

Anemia. Má circulação.
Avitaminose. Obesidade.
Desidratação Caquexia.
Diabete. Paralisias.
Edema generalizado Pouca vitalidade
Febre alta. Incontinência de fezes ou urina.

CAUSAS IMEDIATAS:

- Pressão (peso longas horas na mesma posição)


- Fricção (rugas e migalhas na roupa de cama, defeitos do colchão)
- Falta de asseio.
- Aplicação imprópria de aparelhos de gesso ou restrição.
- Excesso de calor e frio.

REGIÕES MAIS PROPÍCIAS: sacra, ilíaca, glútea, escapular, joelhos, tornozelos, calcaneo,
orelhas, parte superior da cabeça, artelhos, entre duas superfícies (axilas, seios), qualquer superfície
que esteja sofrendo pressão constante.

CONSEQUENCIAS:

- Sofrimento e desconforto desnecessários para o paciente.


- Fácil entrada para qualquer infecção, podendo levar à morte.

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SINTOMAS:

1.Rubor.
2.Calor.
3.Dor
4.Tumor
5.Ulceração

MEIOS DE EVITAR ESCARAS:

- Vigilância contínua.
- Proteção das proeminências ósseas, evitando-se a superposição dos membros.
- Abolição de qualquer pressão exagerada sobre qualquer ponto do corpo, zelando
principalmente pelas proeminências.
- Apoios bem distribuídos em colchões, esponjas.
- Mudança constante de posição (2 em 2 horas).
- Manter a cama limpa, seca e os lençóis bem esticados. Retirar imediatamente a roupa
úmida.
- Utilizar sempre roupa seca, passada e macia.
- Proteger a pele com algodão nas partes onde houver contatos com os aparelhos.
- Banhos freqüentes.
- Enxugar sem esfregar.
- Para pessoas de pele normal ou seca fazer massagem com vaselina ou óleo.
- Executar movimentos passivos dos membros – com isso há irrigação muito melhor nas
zonas afetadas e aumento de sua resistência.
- Cuidar do estado geral do paciente, corrigindo (hipoproteinemia, deficiência vitamínica
e combatendo a anorexia).

TRATAMENTO: Curativo com Soro Fisiológico a 9% e medicação preventiva; é indicado expor


paciente ao sol, especialmente das 08:00 às 10:00 horas.

FERIDAS

1.Classificação das feridas


a) Ferida asséptica: não contaminada.
Exemplo: feridas operatórias.
b) Ferida séptica: contaminada.
Exemplo: feridas laceradas.

2.Tipos de cicatrização

Pode ser por primeira, Segunda e terceira intenção.


- A cicatrização por primeira intenção é a volta do tecido normal sem presença de
infecção e os bordos do ferimento estão bem próximos;
- Por Segunda intenção é aquela em que não acontece aproximação de superfícies,
necessitando-se de grande quantidade de tecidos de granulação para fechar o ferimento.
- Por terceira intenção ocorre quando é necessário o fechamento secundário de uma ferida.
Às vezes a ferida é deixada aberta e suturada mais tarde ou é aberta por deiscência.

3.Fatores que afetam a cicatrização normal.

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 55 INTRODUÇÃO À ENFERMAGEM
São eles: idade, nutrição, condições de vascularização, edema e inflamação do local.

4.Soluções anti-sépticas mais usadas

Anti-sépticos são substâncias químicas capazes de inibir o crescimento e a proliferação


dos germes:
- soro fisiológico, para limpar a ferida e também servir como emoliente;
- povidine tópico ou tintura a 1% (PVPI): usado para anti-sepsia da pele e nos curativos
como secante e cicatrizante;
- permanganato de postássio (KMnO4): é adstringente, desinfetante e desodorante;
- éter para remover esparadrapo e gorduras que ficam na pele;
- água oxigenada (H2O2): em contato com matéria orgânica, age destruindo a bactéria pelo
processo de oxidação.
- Álcool iodado: é considerado ótimo desinfetante e anti-séptico, cuja ação é secante e
cicatrizante;
- As pomadas, principalmente antibióticas, utilizadas como ação tópica só em situações
especiais e com prescrição médica.

3.Princípios científicos relacionados a um curativo.

a) Princípios de microbiologia: envolvem a técnica asséptica correta, principalmente


em relação ao manuseio de material estéril.
b) Princípios físicos: incluem os movimentos de execução, mobilização e
imobilização.
c) Princípios químicos e farmacológicos: utilizam-se das substâncias químicas, dos
anti-sépticos e dos medicamentos usados.
d) Princípios de sociologia: consistem na orientação ao paciente e à família quanto à
prevenção ou tratamento, como nos casos de colostomia, gastronomia e outros.

6.Curativo

É um cuidado que se dispensa a uma ferida.

Finalidades:
- evitar contaminação das feridas limpas;
- facilitar a cicatrização;
- facilitar a circulação local;
- reduzir a infecção das lesões contaminadas;
- promover conforto ao paciente;

Material necessário:

- geralmente existe um carrinho montado com todo o material necessário ou uma bandeja;
- na parte superior do carrinho são colocados: pacotes de gaze, pomadas, pacotes de
ataduras, luvas, cuba-rim forrada com plástico ou papel, impermeável forrado com um
pano;
- a parte lateral contém uma bacia com solução desinfetante para receber as pinças
contaminadas;
- balde forrado com saco plástico para receber o material contaminado em geral.

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 56 INTRODUÇÃO À ENFERMAGEM
O pacote de curativo é composto de uma pinça deste de rato; de uma pinça de dissecção ou
anatômica; de uma pinça hemostática (Kocher ou pean); de gazes dobradas e de bolas de algodão.

Considerações gerais:

- desprezar a 1ª porção da solução anti-séptica, antes de despejá-la pela primeira vez;


- não tocar o material estéril nas bordas dos frascos de solução;
- começar os curativos pelos mais limpos (assépticos) e os infectados (sépticos) por
último;
- usar luvas, quando o curativo for contaminado;
- colocar nos frascos pequena quantidade de soluções, mais ou menos 100 ml, para evitar
proliferação de contaminação. Esterilizar os frascos, conforme a rotina da clínica;
- nos casos de paciente em isolamento, as soluções anti-sépticas são utilizadas só na
quantidade certa para cada curativo, e a bandeja fica no local;
- limpar com solução desinfetante o carrinho, antes e depois do uso;
- não conversar ao manipular material estéril ou sobre a ferida;
- considerar contaminado qualquer objeto que toque em locais não esterilizados;
- retirar o lixo do balde, fechando o material sobre a mesa de cabeceira, abrir o pacote
dentro da bandeja e colocar as pinças usadas na cuba-rim, sob o papel.

Método:

- conferir a prescrição médica;


- limpar o carrinho e preparar o material, observando a data de esterilização do pacote de
curativos;
- preparar o ambiente;
- lavar as mãos;
- levar o carrinho de curativos para unidade do paciente;
- explicar ao paciente o que vai ser feito;
- expor o local do curativo, tendo o cuidado de não expor o paciente de modo
desnecessário;
- pedir ao paciente que mantenha as mãos afastadas do ferimento e do material estéril;
- abrir a primeira parte do pacote, apanhar a primeira pinça e com esta apanhar a bola de
algodão, umedecê-la em éter, soltar o esparadrapo que está fixando o curativo antigo e
colocar dentro do saco de lixo;
- remover, com movimentos delicados, todas as marcas de esparadrapo;
- abrir a 2ª parte do pacote de curativo, apanhar a Segunda pinça com a mão direita e a
terceira pinça (auxiliar) com a mão esquerda;
- apanhar um gaze usando a pinça auxiliar e passá-la para a Segunda pinça sem tocar uma
pinça na outra;
- colocar a pinça auxiliar sobre o pano do pacote, deixando para fora a parte onde não
tocou;
- apanhar com a mão esquerda a solução fisiológica, umedecer a bola de gaze que está
montada na pinça. Fazer isso sobre a cuba forrada, afim de evitar molhar a cama;
- limpar o ferimento com a solução fisiológica do seguinte modo: nas feridas assépticas,
limpar de dentro para fora e as sépticas de
fora para dentro;
- desprezar a pinça na bacia que contém a solução desinfetante;
- pincelar o ferimento com o anti-séptico indicado, secar usando a terceira pinça;
- cobrir o local usando a terceira pinça, fixando com esparadrapo ou bandagem, conforme
a prescrição;

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 57 INTRODUÇÃO À ENFERMAGEM
- desprezar a pinça na bacia;
- deixar o paciente em posição confortável e o ambiente em ordem;
- enrolar o material sujo que está na cuba-rim e deixá-lo no balde de lixo;
- levar o carrinho de curativos ao local apropriado para desinfecção;
- checar o cuidado prestado e registrar o aspecto da lesão, assim como as anormalidades
encontradas, as reações do paciente, as soluções e medicamentos usados.

7.Tipos de curativos
a) Fechado: quando as extremidades são fixadas com esparadrapo ou atadura;
b) Aberto: indicando nas incisões limpas e secas, deixando-se a ferida exposta.

8.Retirada de pontos

Os pontos são retirados do sétimo ao décimo dia de pós-operatório, só com prescrição


médica. Em geral os pontos são retirados intercalados.
Faz-se a limpeza da incisão cirúrgica, umedecendo-se os pontos com solução fisiológica.
Com a pinça anatômica, segura-se a extremidade do fio e com a lâmina de bisturi ou gilete corta-se
na parte inferior ao nó. Coloca-se uma gaze próximo à incisão, para depositar os pontos retirados.

BANDAGEM

Atadura ou bandagem é uma faixa usada para envolver, prender e proteger partes lesadas,
ou, ainda, manter curativos e talas no lugar.
As ataduras mais usadas são de gaze, crepom e elástico.

TAMANHOS A SEREM USADOS:

Dedos e pedartículos ..................................................... 1,5 cm.


Mão e pé ........................................................................ 4 a 5 cm.
Cabeça e olhos ............................................................... 5 a 6 cm.
Braço e perna ................................................................. 5 a 7 cm.
Ombro e tórax ................................................................ 7 a 10 cm.
Quadril, coxa e abdome ................................................. 10 a 15 cm

FORMAS FUNDAMENTAIS DE ATADURAS E SUA UTILIZAÇÃO:

1.CIRCULAR OU ORBICULAR – as voltas se sobrepõe. Usada para fixar a atadura no


início e no fim, e também em partes cilíndricas e curtas do corpo: testa, pescoço, pulso.

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 58 INTRODUÇÃO À ENFERMAGEM

2.ESPIRAL
a) Pode ser lenta e apressada: na lenta, cada volta recobre 2/3 da largura da anterior e na
apressada ou oblíqua, as voltas não se tocam entre si. (ver figura).
b) Pode ser ainda simples e reversa: na simples cada volta recobre parta da largura
anterior e na reserva, também chamada espiral com inversos, em cada volta se inverte
a atadura, de forma tal que sua parte interna fica sendo externa, e na seguinte volta,
vice-versa. (Ver figura). A simples é indicada em partes cilíndricas: dedos, braços e
tronco. Enquanto a espiral com inversos é mais indicada para as partes cônicas do
corpo: antebraço, coxa, perna.
c) Ascendente e descendente. Na ascendente inicia-se da parte inferior do segmento
corporal (mais usada), e na descendente faz-se-a envoltura de cima para baixo.

Atadura Espiral: a) Lenta, as voltas de bandagem sobem em espiral,


de maneira que cada volta cubra parte da volta anterior. b)
Apressada: as voltas da bandagem não se tocam entre si.

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 59 INTRODUÇÃO À ENFERMAGEM
ATADURA ESPIRAL. a) Lenta, as voltas da bandagem sobem em espiral, de maneira que cada
volta cubra parte da volta anterior. b) Apressada, as voltas da bandagem não se tocam entre si.

3.CRUZADA OU EM OITO – Também conhecida como espica ou espiga. Consiste em


cruzar a atadura em forma de 8. É usada sobretudo nas articulações (cotovelo, joelho,
punho, tornozelo), nas partes cilíndricas do corpo (braço, tórax), nas ligações da mão e
pulso, cabeça e pescoço.

Atadura emoito da mão e do pulso


Atadura cruzada pra olho

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 60 INTRODUÇÃO À ENFERMAGEM
4.RECORRENTE – Aplicada na cabeça (capacete), pontas dos dedos e cotos de amputação.
Após a fixação circular, aplicar a atadura com idas e vindas lateralizadas, finalizando com
atadura circular.

MÉTODO:

1.Explicar o que vai fazer, colocando-o em posição cômoda.


2.Colocar-se de frente para o paciente.
3.Colocar a atadura sobre o segmento corporal, de modo que o rolo se abra para cima.
4.Aplicar no sentido do ponteiro de um relógio, salvo se a pessoa é canhota.
5.Segurar a extremidade com a mão esquerda, enquanto a direita leva o rolo.
6.Ao passar a atadura, as duas mãos devem tracionar o rolo uniformemente.
7.Desenrolar a atadura à medida que for atingindo a superfície corporal.

8.A fixação terminal pode ser feita com alfinete, esparadrapo ou, então, cortando a
extremidade da atadura ao comprido, envolvendo o membro e marrando as duas
extremidades.

PONTO A SEREM OBSERVADOS:

1. A atadura deve ser bem feita e apresentar aspecto agradável.


2. Ao aplicar uma atadura observar:
- O local e a extensão da lesão.
- As condições da circulação.
- Presença de tumor e edema.
3. Ao passar uma atadura, evitar pregas e rugas.
4. As ataduras devem ficar firmes, indeslocáveis, adaptando-se às formas corporais, sem
serem muito apertadas.
5. Para controlar a todo momento as condições de irrigação sangüínea, é necessário deixar
descobertos os dedos e pedartículos.
6.Ao passar uma atadura, colocar o membro em posição funcional.

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 61 INTRODUÇÃO À ENFERMAGEM
7.As talas para imobilização devem ser resistentes e leves.
8.Evitar que dias superfícies corporais fiquem em contato para evitar escaras ou
aderências.
9.Correr com o rolo sempre da esquerda para a direita.
10. Todas as voltas deverão sempre percorrer o caminho mais curto; do contrário
deslocam-se com facilidade.
11. A porção terminal da atadura não deverá ser aplicada em parte do corpo que se estreita
porque se desajusta facilmente.
12. A largura da atadura deve ser de acordo com o diâmetro do membro ou parte do corpo
a ser enfaixado.
13. Caso queira exercer compressão, as ataduras deverão ser acolchoadas.
14. Ao colocar alfinete ou fazer nós cuidar para que não fiquem sofre o ferimento,
saliência óssea, lado em que o paciente deita ou outro lugar que possa incomodá-lo.
15. Caso seja necessário um segundo rolo de atadura, coloca-se a sua extremidade de
inicial sob a extremidade terminal da primeira.

PARA RETIRAR A ATADURA:

1.Caso a atadura esteja aderente, umedece-la com soro fisiológico aquecido.


2. As ataduras de gaze devem ser removidas com auxílio da tesoura, enroladas em papel e
despejadas no lixo.
3.Ataduras muitos sujas devem ser removidas com pinças ou luvas.
4.Ir retirando a atadura e, gradativamente, enrolando-a

CUIDADOS COM O MATERIAL RETIRADO:

1.Se a atadura está muito suja ou contaminada, o melhor é jogá-la fora.


2. Caso contrário, pode ser desinfetada e lavada com água e sabão. A seguir enrolá-la
ainda úmida em redor de um lápis ou pedaço de madeira.

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 62 INTRODUÇÃO À ENFERMAGEM
ATADURA DO DEDO. Fixa-se a atadura no pulso com várias voltas, começando na extremidade
do dedo em direção à sua raiz. A primeira parte é uma bandagem espiral com uma bandagem
recorrente para cobrir a ponta do dedo, e mais acima espiral com inverso.

ATADURAS IMPROVISADAS

As ataduras de pano ou improvisadas têm a mesma finalidade que as de faixa. Na prática e


nos socorros de urgência as ataduras de pano desempenham importante papel.

Material necessário: Panos de uso pessoal ou caseiro. Ex.: lenços e guardanapos (quadrados),
toalhas de mão e rosto (retangular)

FORMAS MAIS USADAS:

1.Duas pontas – Tiras de pano ou pano dobrado em forma de ataduras de faixa. É usada
para cabeça, pescoço, olhos, nariz, mandíbula, mama, cotovelo, coxa, joelho.
2. Triangular – Pano triangular aberto. É usada para cabeça, mão, pé, coto de amputação.
3. Quatro pontas – Um pano triangular aberto, com uma ponta fendilhada, usada para
ombro, e suspensório mamário.

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ATADURA DA MÃO, COM TRIÂNGULO.


As figura 1, 2, 3 e 4 esclarecem os diversos passos desta bandagem.

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ATADURA DA CABEÇA, COM TRIÂNGULO


Aplica-se a base da bandagem sobre a testa e suas extremidades são levadas para trás, cruzando-as
como mostra a figura 2. Essas extremidades são atadas sobre a testa (nó firme e direto – figura 3). O
vértice do triângulo é dobrado sobre as extremidades cruzadas (4).

TÉCNICA DO PREPARO DO CORPO APÓS A MORTE

a) Objetivo

- preparar o corpo após morte;


- cercar o leito com biombos;
- colocar o corpo em posição correta;
- elevar a cabeça com travesseiro a fim de prevenir alterações da cor;
- trazer o material, colocando-o na mesa de cabeceira;
- fechar os olhos do morto, usando bolas de algodão embebidas em éter;
- colocar prótese dentárias (caso existam);

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 65 INTRODUÇÃO À ENFERMAGEM
- sustentar a mandíbula com ataduras, para manter a boca fechada;
- soltar a roupa do leito;
- retirar a colcha e colocar no hamper;
- despir o morto;
- retirar cateteres venosos, sondas e cânulas (caso existam);
- tamponar os orifícios naturais do corpo;
- proceder à higienização do corpo (se necessário);
- trocar curativos (se necessário)
- colocar a etiqueta de identificação no tórax anterior;
- vestir o corpo;
- amarrar os pés e as mãos usando ataduras;
- virar o morto em decúbito lateral, estendendo o lençol em diagonal;
- retirar o lençol móvel, deixando o impermeável;
- envolver o corpo no lençol;
- colocar a etiqueta no lençol à altura do tórax;
- transportar o corpo para o necrotério;
- lavar e guardar o material usado;
- fazer anotações no prontuário, relatório de enfermagem;
- proceder a limpeza da unidade.

TRICOTOMIA

É a retirada dos pêlos de uma determinada área.


É usada para preparar uma área para cirurgia ou exame.

MATERIAL:
• Luvas de procedimento.
• Cuba-rim.
• Cuba redonda com água.
• Vidro com éter.
• Aparelho de gilete com gilete nova.
• Sabão.
• Papel higiênico.
• Gaze.
• Saquinho para lixo

ACESSÓRIO:
• Biombo.
• Quebra-luz.

MÉTODO:

1.Explicar ao paciente o que vai ser feito.


2.Preparar o ambiente e o material.
3.Descobrir a área indicada.
4.Com o auxílio de uma gaze, aplicas a solução de sabão na área a ser manuseada.
5.Esticar a pele com a mão esquerda.
6.Com movimentos amplos e suaves, raspar os pêlos em direção ao seu crescimento.

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 66 INTRODUÇÃO À ENFERMAGEM
7.Sempre que houver excesso de pêlo no aparelho, retirá-lo com auxílio do papel
higiênico.
8.Retirar o excesso de sabão com auxílio da gaze, verificando se o campo está bem feito.
9.Para desengordurar a região, passar gaze embebida em éter.
10. Anotar no relatório e assinar.
11. Arrumar o material.

OBSERVAÇÕES:

1.Se a área for grande, molhar pequenas porções de cada vez.


2.Se necessário cortar antes o excesso de pelo com a tesoura.
3.Em tricotomia da região abdominal, limpas a cicatriz umbilical com o auxílio de
cotonetes ou palitos montados, embebidos em éter.
4.A área a ser tricotomizada deve ser sempre ampla.

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CATETERISMO VESICAL

É a introdução de uma sonda na bexiga através do orifício externo ou meato urinário.

FINALIDADES:

1.Preparo pré-operatório, para diminuir o perigo de lesão vesical.


2.Para evitar que o paciente urine de forma espontânea após operações perineais.
3.Aliviar distensão vesical pela retenção de urina.
4.Para determinar se a incapacidade de urina se deve à retenção ou supressão da urina.
5.Para evitar a constante umidade em paciente com incontinência.
6.Para obter uma amostra estéril de urina (casos excepcionais).

MATERIAL:

1.Pacote esterilizado de uma cuba-rim, contendo:


- Pinça pean montada com 1 tampão.
- Gazes.
- Sonda de nelaton (se não for utilizado material descartável).
2.Vidro com solução anti-séptica.
3.Luva esterilizada.

PREPARO DO PACIENTE:

Todo cateterismo vesical deve ser feito com um rigor absoluto de assepsia. Os órgãos
vizinhos sendo contaminados, exigem limpeza cuidadosa, tendo muito cuidado na introdução da
sonda.
O preparo do campo compreende lavagem externa muito bem feita. Em algumas torna-se
necessário fazer a depilação do monte de vênus, pelo menos parcialmente.

MÉTODO:

1.Tendo-se o material preparado explicar à paciente o que vai fazer.


2. Colocar a paciente em posição ginecológica protegida com o lençol, como se faz para a
lavagem externa; ou então colocar perneiras e proteger o abdome.
3. Observar que haja boa iluminação, pois é um fator de grande importância para facilitar a
introdução da sonda.
4.Abrir o pacote, colocando o anti-séptico na cúpula.
5.Calçar as luvas.
6.Lubrificar a sonda no anti-séptico.
7.Com a pinça na mão direita, fazer a anti-sepsia, afastando os grandes lábios com a mão
esquerda. Tomas muito cuidado para não tocar com a mão direita em algum lugar,
porque esta mão deve ficar asséptica para pegar a sonda. A anti-sepsia é feita com o 1º
gaze nos grandes lábios, o 2º nos pequenos lábios, o 3º limpa o meato e o 4º fica sobre o
meato.
8.Em seguida pegar a sonda de Nelaton na mão direita, deixando a ponta lubrificada presa
nos dedos polegar e indicador e com os outros dedos, segurar a parte restante; deixar
apenas o pavilhão da sonda solto perto do dedo mínimo.
9.Com a mão esquerda, abrir os grandes lábios, deixar cair i gaze que ficou no meato.
Com a mão direita, introduzir a sonda e esperar escoar a urina.

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 68 INTRODUÇÃO À ENFERMAGEM
OBSERVAÇÕES:

• Antes de fazer a sondagem em paciente com RETENÇÃO URINÁRIA, procurar todos os


meios para fazê-lo urinar.

- Abrir uma torneira perto do paciente.


- Fazer lavagem externa com água aquecida.
- Colocar a paciente sobre uma comadre com água quente.
- Colocar bolsa de água quente na região hipogástrica.
- Pingar água quente sobre o clitóris.
- Colocar as mãos do paciente em água quente.

** Para pacientes com INCONTINÊNCIA URINÁRIA é preferível usar absorventes e


calças plásticas especiais para adulto. Em caso de paciente homem pode ser adaptado um
tubo de borracha (externo), tipo condom, ligado a um intermediário.
1. Iluminar bem o local para visualizar o meato: usar foco de luz.
2. Nunca forçar a introdução da sonda.
3. No caso de longa retenção e se a bexiga estiver distendida, nunca retirar toda urina de
uma só vez devido ao perigo de choque ou hemorragia vesical.
4. Se a sondagem produzir dor, anotar e notificar imediatamente.
5. No homem a sonda precisa ser introduzida 18 a 20 cm, enquanto na mulher 5 a 8 cm são
suficientes para atingir a bexiga.

CATETERISMO VESICAL MASCULINO

Técnica idêntica a anterior, com exceção de:


1. Não há necessidade de colocar em posição ginecológica.
2. O pênis deve ser elevado quase perpendicularmente ao corpo para colocar a uretra em
linha reta.
3. Anti-sepsia do local:
- Com o polegar e indicador da mão esquerda afastar o prepúcio que cobre o meato.
- Com a pinça montada, limpar toda a glande e, por último, o meato urinário.

SONDA VESICAL DE DEMORA

As sondas de demora são usadas quando a sonda precisa permanecer por mais tempo na
bexiga, para drenagem contínua ou intermitente.
As mais usadas são a de Foley (2 vias) e a de Owens (3 vias).

MATERIAL:

Acrescentar ao material de cateterismo:

• recipiente com a sonda indicada.


• Seringa com5 a 15 ml de água destilada (a quantidade depende da especificação do
fabricante).
• Intermediário.
• Tubo coletor.
• Esparadrapo.

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 69 INTRODUÇÃO À ENFERMAGEM
TÉCNICA:

1.Após fazer a sondagem conforme técnica, fechar a sonda.


2. Adaptar a seringa na via apropriada e instilar água.
3.Puxar um pouco a sonda para verificar se está segura.
4.Adaptar o intermediário, colocando a extremidade na bolsa coletora.
5.Prender a sonda na coxa do paciente, a fim de permitir que se mova livremente no leito
ou deambule.
6.Verificar se a sonda está livre de compressão e funcionando perfeitamente.

A fixação da sonda lateralmente na coxa, elimina o ângulo penianoscrotal, prevenindo o


aparecimento de fístula.

OBSERVAÇÕES:

1.Para evitar refluxo da urina para a bexiga: zelar para que i recipiente coletor fique
sempre mais baixo que a entrada da sonda na bexiga, e não permitir que o frasco encha
demais.
2.Para prevenir infecções, além da máxima assepsia, deve-se evitar excesso de sondagens.
3.Em caso de irrigação ou drenagem contínua é preferível uma sonda com 3 vias.
4.Controlar e anotar reações e queixas do paciente, bem como o volume e aspecto da
urina.
5.Geralmente o paciente com drenagem deve beber grande quantidade de líquidos: cerca
de 3 litros por dia.

PARA RETIRAR A SONDA:

1.Adaptar a seringa na via apropriada, retirando a água destilada, esvaziando, assim, o


balão.
2.Depois, é só puxar a sonda.

ENEMA

É a introdução de água ou solução no intestino e é indicada especialmente para:

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 70 INTRODUÇÃO À ENFERMAGEM

1.Aliviar constipação.
2.Preparar para cirurgia, exames e parto.

Usa-se o termo LAVAGEM INTESTINAL para os casos de introdução de grande


quantidade (1.000 a 2.000 ml), geralmente feita com irrigador, que exerce maior pressão, e
CLISTER, para pequenas quantidades (250 a 500 ml), feita com funil ou material industrializado.

Soluções mais usadas (Para 1.000 ml de água)

• Água de torneira.
• 2 colheres de sopa de sabão líquido.
• 1 a 2 c.s. de glicerina.
• ½ c.s. de cloreto de sódio (solução fisiológica).

MATERIAL:

Bandeja contendo:

• Luva de procedimentos.
• Cuba-rim.
• Vaselina.
• Papel higiênico.
• Sonda retal: adultos n.º 20 a 30. Crianças n.º 14 a 20.
• Forro.
• Para lavagem intestinal: suporte, intermediário, irrigador , pinça para fechar a sonda.
• Para clister: funil ou seringa de 50 ml.

MATERIAL ACESSÓRIO:

• biombo.
• Comadre.

MÉTODO:

1.Preparo do material:
- adaptar o intermediário ao irrigador.
- Ligar a sonda retal ao intermediário, fechando-a e colocando-a dentro do irrigador.
- Colocar a solução indicada, no irrigador.
- Colocar a cuba-rim, o papel higiênico e o irrigador completo na bandeja.

2.Preparo do ambiente:
- cercar o leito com biombos.
- Desocupar a mesa de cabeceira.
- Levar o suporte, a comadre e a bandeja, colocando-a na mesa de cabeceira
- Pendurar o irrigador no suporte, 60 cm acima do nível do leito.

3.Preparo do paciente:
- orientar sobre o tratamento: quando a solução precisa ser retida esclarecer o paciente
sobre isso.

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- colocar em decúbito lateral ou posição genu-peitoral.
- colocar o forro sob o paciente.
- Não expor demasiadamente o paciente.
4.Lubrificar a sonda com vaselina, numa extensão de aproximadamente 6 cm.
5.Retirar o ar da sonda, fazendo correr um pouco de solução na cub-rim.
6.Solicitar ao paciente que respire profundamente, afastar a prega interglútea e introduzir a
sonda 6 a 10 cm.
7.Abrir a sonda e deixar a solução correr vagarosamente, solicitando ao paciente que faça
profundos movimentos respiratórios para facilitar a introdução do líquido.
8.Quando a solução estiver acabando, pinçar a sonda e retirá-la.
9.Deixar correr o restante da água na comadre e desprender a sonda, envolvendo-a em
papel higiênico e colocando-a na cuba-rim.
10.Cobrir o paciente e se possível deixá-lo na mesma posição por 10 a 15 minutos.
11.Colocar o paciente na comadre e deixar o papel higiênico a mão, ou levá-lo ao
banheiro.
12.Levar o material para a sala de utilidades.
13.Trazer material para lavagem externa e para o paciente lavar as mãos.
14.Retirar a comadre.
15.Deixar o ambiente em ordem.
16.Anotar no prontuário: hora, efeito.
17. Lavar e preparar o material.

OBSERVAÇÕES:

• Atualmente acredita-se que o decúbito esquerdo não é mais eficiente do que o direito.
Para alguns enemas recomenda-se a posição genu-peitoral: assim, mais líquido é
drenado para o colon.

1.Durante o enema deve-se Ter as seguintes precauções:


- Respeitar a sensibilidade do paciente e convencê-lo do tratamento.
- Não expor demasiadamente o paciente.
- Nunca forçar a introdução da sonda.
- Deixar a água correr lentamente para evitar a contração muito rápida do intestino.
- Enquanto o líquido correr, verificar sempre o irrigador para não entrar ar.
- Se há dor, interromper momentaneamente o tratamento.
- Se o líquido não corre, fazer pequenos movimentos com a sonda e substituí-la se
estiver obstruída.

2.Se houver alguma dificuldade na introdução da sonda, retirá-la e verificar a causa que
pode ser devido a:
- Aumento da contração muscular do reto: neste caso deixar correr um pouco de água
morna sobre o reto, pois o calor relaxa o músculo.
- Dobras na sonda: se o tubo escolhido estiver em boas condições e a borracha ainda
nova isto não acontecerá. A sonda deve ser bem lubrificada e cuidadosamente
inserida no paciente, seguindo a direção para baixo, e ligeiramente para a esquerda.
- Presença de coprólitos no reto: neste caso, deve-se calçar uma luva, lubrificar o dedo
indicador da mão direita e introduzi-lo no reto, quebrar as fezes, reduzir a massa e
retirar as partículas.
- Crescimento do reto: quando isto for observado, notificar a enfermeira ou o médico.
3.Se o paciente não puder reter o enema por 10 minutos, colocá-lo imediatamente na
comadre.

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 72 INTRODUÇÃO À ENFERMAGEM
4.Se o paciente não expelir a lavagem dentro de meia hora, é necessário fazer
sinfonagem para que o líquido seja eliminado do organismo.
5.Pode ser usado material industrializado, já com a solução preparada e também sonda
plástica descartável.

PROTÓCLISE, MURPHY OU GOTA A GOTA

É a lavagem e remoção de material estagnado no intestino, através do processo de gota-


gota.
Ao material básico usado para lavagem intestinal, ao invés do intermediário simples, usar
um equipo de soro.

CUIDADOS:

1.A enfermagem deve observar o número de gotas que o paciente mostra capacidade de
absorver, geralmente 10 a 20 gotas por minuto.
2.Se o tubo fixar obstruído, movê-lo para diante e para trás, apertá-lo um pouco para
expelir o material fecal ou mesmo forçar uma pequena quantidade de solução com a
seringa. Através da sonda. Se não der resultado, remover a sonda para limpeza.
3.Em tempo frio, manter a solução aquecida, colocando uma bolsa de água quente sobre o
intermediário, próxima à nádega do paciente.
4.Por ser tratamento longo, o doente deve mudar de posição, auxiliado pela enfermagem.

Lavagem vaginal

Consiste na introdução de soluções na vagina, proporcionando uma sensação de limpeza e


bem-estar à paciente.
A lavagem vaginal só deve ser feita com prescrição médica, pois as aplicações freqüentes
podem retirar ou diminuir a secreção fisiológica que protege a vagina. Pode ocorrer também o
perigo de infecção através de materiais não estéreis.

Indicações:

- preparar a paciente para cirurgia ginecológica;


- diminuir infecção vaginal;
- lavar secreções vaginais anormais.

Materiais:

a) bandeja contendo
- sonda para irrigação vaginal;
- frasco ou irrigador completo com a solução;
- cuba-rim, comadre, gazes, suporte e luvas.

Método:

- lavar as mãos;
- montar o irrigador ou o frasco com a solução e pinçar;
- adaptar a sonda à extensão, retirar o ar e pinçar;

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 73 INTRODUÇÃO À ENFERMAGEM
- adaptar a sonda à extensão, retirar o ar e pinçar;
- explicar à paciente o que vai ser feito;
- preparar a unidade da paciente, fechando janelas e cercando a cama com biombo;
- levar o material e colocar sobre a mesa de cabeceira;
- pendurar o irrigador no suporte a mais ou menos 50 cm;
- colocar o impermeável forrado;
- colocar a paciente em posição ginecológica sobre a comadre;
- fazer uma anti-sepsia e introduzir a sonda na vagina;
- abrir a pinça e deixar cair a solução bem lentamente;
- deixar a paciente sobre o impermeável ao término da irrigação;
- deixar a unidade em ordem;
- guardar o material;
- lavar as mãos;
- fazer as anotações no prontuário das reações da paciente e do líquido drenado.

COLHEITA DE MATERIAL PARA EXAMES

Diagnosticar é função do médico: os exames de laboratório, porém, indispensáveis muitas


vezes para confirmação de um diagnóstico, são preparados pela enfermagem.

EXAME DE URINA

I. SIMPLES PESQUISA DIVERSAS:


1. Instruir o paciente sobre o exame.
2. Fazê-lo urinar em recipiente bem limpo.
3. Transferir para o vidro previamente rotulado.

II. URINA PARCIAL


1. Instruir o paciente sobre o exame.
2. Solicitar que faça lavagem externa (ou fazê-la).
3. Fazê-lo urinar em recipiente limpo, orientando-o para que despreze o primeiro jato.
4. Enviar imediatamente ao laboratório.

III. URINA PARA CULTURA


1. Mesma técnica anterior, só que o recipiente deve estar esterilizado:
- de preferência o paciente deve urinar diretamente no frasco.

IV. URINA DE 24 HORAS


1. Instruir o paciente sobre o exame a fim de obter a sua cooperação.
2. Preparar recipiente adequado, com capacidade de 2.000 ml.
3. Desprezar a 1ª micção da manhã, anotando a hora.
4. Colher todas as outras, inclusive a primeira da manhã seguinte ao completar as 24 horas.
5. Enviar toda a urina, ou uma amostra ao laboratório.

PONTOS A SEREM OBSERVADOS

1.Instruir o paciente sobre a conveniência de não evacuar na comadre em que deve ser colhida
a urina para exame; levar-lhe duas comadres se for o caso e colher a urina em primeiro
lugar.
2. O ideal é sempre enviar ao laboratório a 1ª urina da manhã.

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 74 INTRODUÇÃO À ENFERMAGEM
3. Caso a colheita não possa ser feita sem contaminação, em virtude do período menstrual ou
secreção vaginal abundante, avisar o médico.
4. Cuidar para não contaminar a parte externa do recipiente.
5. Sempre enviar junto com o material a requisição do médico.
6. Não sendo possível enviar diretamente ao laboratório, guardar o material na geladeira.

EXAME DE FEZES

I. PARA PESQUISAS DE PARASITAS INTESTINAIS:


1. Instruir o paciente sobre o exame.
2. Preparar um pote ou latinha bem limpa, rotular e tampar.
3. Fazer o paciente evacuar em comadre limpa, colher pequena quantidade de fezes com uma
espátula desprezando as fezes das bordas e depositan-do-as no centro do recipiente.
4. Enviar ao laboratório com a requisição.

II. PARA PESQUISA DE OXIURUS:

Método de Grahan ou fita durex: antes de qualquer higiene, fazer uma compressão anal com
durex e estender na lâmina.

III. PARA CULTURA DE FEZES:

1.Fazer o paciente evacuar em comadre esterilizada.


2.Colher pequena quantidade de fezes com espátula esterilizada colocando no centro de uma
Placa de Petri também esterilizada, já rotulada.
3.Enviar ao laboratório com a requisição.

PONTOS A SEREM OBSERVADOS:

1.Instruir o paciente sobre a conveniência de não urinar em comadre que deve servir para
a colheita de fezes.
1. Em se tratando de crianças, colher o material da própria fralda.
2. Cuidar para não contaminar a parte externa do recipiente.

EXAME DE ESCARRO

MÉTODO:

1. Instrui o paciente na véspera sobre o exame a ser feito.


2. Rotular um pote bem limpo, com tampa adequada.
3. Colher a amostra em jejum, depois do paciente Ter enxaguado a boca com água
simples (o paciente deverá tossir ou escarrar, não apenas cuspir no recipiente).
4. Enviar ao laboratório, com a requisição.

OBSERVAÇÕES:

1. Se desejar um espécime estéril, usar recipiente previamente esterilizado.


2. Instruir o paciente no sentido de não contaminar a parte externa do recipiente.

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 75 INTRODUÇÃO À ENFERMAGEM
3. No caso de ser pedido escarro de 24 horas, providenciar recipiente graduado com
tampa, e instruir o paciente sobre a maneira de fazer a colheita.

EXAME DE SANGUE

MÉTODO:

1. Instruir o paciente sobre o exame a ser feito.


2. Providenciar o material: o mesmo usado para EV, acrescido do tubo de ensaio,
esterilizado e rotulado, contendo, ou não, anti-coagulante, conforme o caso.
3. Observar o mesmo método para aplicação de EV até o aparecimento de sangue na
seringa. Depois disso:
- não retirar o garrote e nem pedir ao paciente que abra a mão;
- colher a quantidade necessária;
- retirar a agulha, comprimir o vaso com algodão e pedir ao paciente para ficar com o
braço fletido durante alguns minutos;
- separar a agulha da seringa e deixar que o sangue escorra vagarosamente pela parede
do tubo, evitando, assim, hemólise.
- Se houver anti-coagulante, movimentar o tubo para misturar bem o conteúdo.
4. Enviar ao laboratório com a requisição.

OBSERVAÇÕES:

1. A quantidade a ser colhida varia de 3 a 10 ml.


2. Em geral, as colheitas de sangue devem ser feitas com o paciente em jejum.

MODELO DE RÓTULO

NOME DO HOSPITAL
NOME DO EXAME
NOME DO PACIENTE
ENFERMARIA LEITO
DATA:
HORA:

ASSINATURA:

ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS

A administração de medicamentos é um dos deveres de maior responsabilidade. Requer


conhecimentos de farmacologia e terapêutica médica no que diz respeito à ação, dose, métodos e
perigos da administração de drogas.
Exige precisão, pontualidade e eficiência.

VIAS DE ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS

1. Gastrointestinal:
Oral-bucal.

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 76 INTRODUÇÃO À ENFERMAGEM
Sub-lingual.
Gástrica.
Retal.
Duodenal.
2. Respiratória
3. Vaginal
4. Cutânea
5. Ocular
6. Nasal
7. Auricular
8. Parenteral:
intramuscular intra-arterial
subcutânea intra-articular
intradérmica intra-raquiana Usadas só
endovenosa intra-pericárdia por médicos
intra-pleural
intra-cardiaca

REGRAS GERAIS

- Todo medicamento deve ser prescrito pelo médico.


- A prescrição deve ser escrita e assinada. somente em caso de emergência, a
enfermagem pode atender prescrição verbal, que deverá ser transcrita pelo médico
logo que possível.
- Os medicamentos administrados devem ser anotados no prontuário do paciente, bem
como observações sobre intolerância à droga, intoxicação medicamentosa, resultados
obtidos.
- Ao preparar a bandeja de medicamentos, não conversar.
- Ter sempre à frente, enquanto preparar o medicamento, o cartão de medicamento, a
ordem médica ou o relatório de enfermagem.
- Ler o rótulo do medicamento três vezes, comparando-o com a prescrição:
a) antes de retirar o recipiente do armário;
b) antes de colocar o medicamento no cálice;
c) antes de repor o recipiente no armário.
- Nunca administrar medicamento sem rótulo.
- Verificar data de validade do medicamento.
- Não administrar medicamentos preparados por outras pessoas.
- Colocar o cartão e o cálice de medicamento, não administrar até que a mesma seja
esclarecida.
- Nunca tocar a mão em comprimidos, cápsulas, etc.
- Surgindo qualquer dúvida acerca do medicamento, não administrar até que a mesma
seja esclarecida.
- Identificar o paciente antes de administrar o medicamento, solicitando que diga seu
nome completo e certificando-se da exatidão do mesmo pelo cartão de medicamento
ou prontuário.
- Seguir a regra dos 5 acertos: medicamento certo, paciente certo, dose certa, hora certa,
via certa.
- Ao despejar o medicamento no cálice, levantá-lo à altura dos olhos e colocar a unha do
polegar esquerdo no traço que corresponde às seguintes indicações: colher de sopa,
colher de sobremesa, colher de chá, colher de café respectivamente 15, 10, 5 e 3 cm³.

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 77 INTRODUÇÃO À ENFERMAGEM
- Satisfazer o quanto possível aos pedidos dos pacientes, quanto ao gosto, que pode ser
melhorado dissolvendo-se o medicamento em suco de frutas, ou acrescentando açúcar,
se não houver contra indicação.
- Ter sempre o cuidado de limpar com uma gaze a boca dos vidros de medicamentos,
antes de guardá-los.
- Ao colocar o medicamento no cálice, manter o rótulo do frasco voltado para a palma
da mão a fim de não sujá-lo.
- Se faltar medicamentos, colocar o frasco ou a caixa vazia sobre a mesa da chefe da
unidade, avisando-a
- Certificando-se sobre as ordens de controle hídrico, dietas, jejuns, suspensão de
medicamentos, antes de prepará-los.

ANOTAÇÕES NO RELATÓRIO DE ENFERMAGEM

- O medicamento só pode ser checado após a administração.


- Quando o medicamento não foi dado por estar em falta, recusa do paciente, jejum, etc.
circula-se o horário em azul. Na coluna de observação , anota-se o motivo.
- Quando o medicamento deixo de ser dado por esquecimento, erro, etc., circula-se o
horário em vermelho e na coluna de observações descreve-se a causa. O vermelho
indica sempre relaxamento.
- É de boa norma rubricar a medicação dada, para evitar problemas.

REGRAS GERAIS PARA DILUIÇÃO

- Todas as drogas que provocam irritações e sem paladar, devem ser diluídas caso não
haja contra-indicação.
- Água fresca deve ser usada para aumentar o paladar se não houver contra-indicação.
- Os medicamentos amargos podem ser diluídos na água. Diminui-se o amargor
colocando-se gelo na boca antes e depois da medicação.
- Os xaropes devem ser administrados puros.
- Os salicilatos, digital, irritam a mucosa gástrica e podem produzir náuseas e vômitos.
Devem ser servidos desmanchados e com leite.
- O gosto do iodeto de potássio e solução de lugol podem ser disfarçados diluindo-os em
suco de uva ou laranja.
- O ácido clorídrico pode ser diluído em uma grande quantidade de água fria.
- O óleo de rícino ou outros óleos podem ser misturados com suco de laranja ou limão.
Gelo também desestimula as papilas gustativas. É bom tomas com substâncias
efervescentes (coca-cola, etc.).

HORÁRIO DE ADMINISTRAÇÃO

Para que produzam efeito satisfatório, muitas medicações tem horários que são mais
convenientes e estes devem ser preferidos.
- Os catárticos devem ser administrados de maneira a que sua ação ocorra a tempo
determinado: os salinos devem ser administrados antes do café da manhã e os outros
catárticos à noite.

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 78 INTRODUÇÃO À ENFERMAGEM
- Os medicamentos amargos devem ser administrados de 10 a 30 minutos antes das
refeições.
- O ácido clorídrico deve ser tomado durante as refeições.

OBERVAÇÕES GERAIS

- Os medicamentos em pó devem ser dissolvidos.


- Drogas que podem manchar ou estragar os dentes (ácidos) devem ser administradas
por meio de canudinho e bem diluídas.
- Pacientes inconscientes não devem tomas medicação por via oral.
- Gotas devem ser medidas com conta-gotas, mantendo-o em ângulo de 45º.
- Dissolver os medicamentos para os pacientes que têm dificuldade em deglutir.

VIA ORAL, BUCAL OU PEROS

É a administração de medicamento pela boca.

MATERIAL:

• Pratinhos.
• Conta-gotas.
• Cálice graduado.
• Copinhos.

MÉTODO:

1. Lavar as mãos.
2. Colocar os medicamentos nos cálices e pratinhos.
3. Diluir o medicamento, se for necessário.
4. Levar a bandeja para junto do paciente.
5. Perguntar o nome do paciente, fazendo a verificação no cartão ou relatório.
6. Colocar o medicamento no copo, se for líquido: se for comprimido, colocar na mão do
paciente ou na sua boca.
7. Oferecer-lhe água.
8. Verificar se o paciente deglutiu o medicamento: nunca deixá-lo sobre a sua mesa de
cabeceira.
9. Terminada a distribuição, levar a bandeja para copa.
10. Cancelar no relatório.
11. Lavar os cálices e pratinho com água e sabão, enxugar e guardar.

VIA SUBLINGUAL

Consiste em colocar o medicamento debaixo da língua e deixar que seja absorvido pela
mucosa bucal.

MÉTODO:

1. Dar água para o paciente enxaguar a boca.


2. Colocar o medicamento sob a língua e pedir colaboração no sentido de abster-se de
engolir a saliva por alguns minutos, a fim de que a droga seja absorvida.
3. Anotar no prontuário.

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 79 INTRODUÇÃO À ENFERMAGEM

VIA GÁSTRICA

É feita através da introdução da sonda naso-gástrica. É utilizada para pacientes


inconscientes, pessoas impossibilitadas de deglutir.
Os medicamentos sólidos são dissolvidos em água e introduzidos com seringa.
Ver alimentação por gavage.

VIA RETAL

É a introdução de medicamento no reto, através de supositórios e clister medicamentoso.

Supositório

MÉTODO:

1. Colocar o supositório sobre uma gaze numa cuba-rim ou bandeja pequena.


2. Explicar ao paciente o que vai fazer e colocá-lo em decúbito lateral.
3. Proteger o polegar e indicador da mão direita com dedeiras de borracha ou gaze.
4. Introduzir o supositório no reto, delicadamente, e pedir ao paciente que o retenha.
5. Anotar no prontuário.

OBSERVAÇÕES:

Muitas vezes o paciente o coloca, sem auxílio da enfermagem.


Os supositórios devem ser guardados na porta da geladeira.

VIA VAGINAL

É a introdução e absorção de medicamentos no canal vaginal. O medicamento pode ser


introduzido sob a forma de :
1. Velas, tampões, supositórios, comprimidos.
2. Óvulos.
3. Lavagens e irrigações.

VIA CUTÂNEA

É a introdução de medicamentos por fricção na pele: ação local ou geral.

VIA NASAL

Consiste em levar à mucosa nasal um medicamento líquido, com a finalidade de facilitar a


drenagem de secreções e a aeração.

MATERIAL:

• Frasco de medicamento.
• Conta-gotas.
• Gaze ou bolinhas de algodão.
• Cuba-rim.

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 80 INTRODUÇÃO À ENFERMAGEM

MÉTODO:

1. Levar o material até a unidade do paciente.


2. Preparar o paciente, inclinando sua cabeça para trás.
3. Retirar, através do conta-gotas a dosagem prescrita.
4. Pingar a medicação na parte superior da cavidade nasal, evitando que o conta-gotas
toque a mucosa.
5. Solicitar ao paciente que permaneça nesta posição por mais alguns minutos.
6. Anotar no relatório de enfermagem.
7. Lavar e guardar o material.

VIA OCULAR

É a aplicação de colírio ou pomada na conjuntiva ocular.

MATERIAL:

Bandeja contendo:
• Colírio ou pomada.
• Conta-gotas.
• Algodão, gaze ou lenço de papel.
• Cuba-rim.

APLICAÇÃO DE COLÍRIO:

1. levar o material até a unidade do paciente.


2. Preparar o paciente, deixando-o na posição correta (manter a cama um pouco inclinada
para trás).
3. Retirar, através do conta-gotas, a quantidade de medicação prescrita.
4. Afastar com o polegar a pálpebra inferior, com auxílio do lençol, apoiando a mão na
face do paciente.

5. Solicitar ao paciente que olhe para cima e pingar a medicação ... médio do fundo
do saco ocular inferior.
6. Enxugar o excesso de líquido.
7. Anotar o tratamento no relatório de enfermagem.
8. Lavar e guardar o material.

APLICAÇÃO DE POMADA:

1. Afastar a pálpebra inferior com o polegar.


2. Colocar o medicamento com auxílio de uma espátula ou próprio tubo.
3. Após a aplicação, solicitar ao paciente que feche lentamente as palpebras., e faça
movimentos giratórios do globo ocular.
4. Com auxílio do algodão, retirar o excesso de pomada e fazer uma fricção sobre o olho,
para que a medicação se espalhe.

VIA AURICULAR

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 81 INTRODUÇÃO À ENFERMAGEM
Consiste em introduzir o medicamento no ouvido.

MATERIAL:

• Medicamento a ser usado.


• Conta-gotas.
• Cuba-rim.
• Gaze ou bola de algodão.

MÉTODO:

1. Levar o material à unidade do paciente.


2. Preparar o paciente, deixando-o sentado com a cabeça inclinada para o lado, ou em
decúbito lateral.
3. Retirar, através do conta-gotas, a medicação prescrita.
4. Entreabrir a orelha, e pingar a medicação, evitando que o conta-gotas toque o orifício
interno do ouvido.
5. Anotar o tratamento no relatório de enfermagem.
6. Lavar e guardar o material.

VIA PARENTERAL

Em sentido amplo, via parenteral é a administração de um agente terapêutico por via


diferente à do aparelho digestivo (para = ao lado, fora; entero – intestino).
No sentido usual, é a introdução do medicamento através de injeção, que consiste na
introdução, em tecido ou órgão de uma droga, por meio de pressão, utilizando-se para isso seringa e
agulha ou “hipospray”.

FINALIDADES:

1. Efeito mais rápido do medicamento.


2. Evitar que o tubo digestivo ataque o medicamento e o torne ineficiente.
3. Administrar drogas irritantes à mucosa da boca e do estômago.
4. Administrar medicamentos aos impossibilitados de deglutir.

MATERIAL:

• Seringa descartável
• Recipiente com bolas de algodão embebidas em álcool.
• Serrinhas.
• Bandeja ou cuba retangular.

MODO DE PREPARAR:

1. Certifica-se pelo relatório de enfermagem do medicamento a ser dado, dose, via e


paciente a que se destina.
2. Retirar do armário ou do recipiente em que se encontram as ampolas ou o frasco de
medicamento, verificando se é o medicamento prescrito.
3. Agitar a ampola, limpar o gargalo com algodão embebido e álcool, serrar, passar
novamente o algodão e quebrar a ampola, colocando-a no carrinho.

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 82 INTRODUÇÃO À ENFERMAGEM
4. Montar a seringa, usando a pinça auxiliar, caso utilize o estojo. Zelar para não
contaminar a parte interna.
5. Adaptar a agulha ao bico da seringa.
6. Certificar-se do funcionamento da seringa, verificando, também se a agulha está
firmemente adaptada.
7. Manter a seringa com os dedos polegar e anular da mão esquerda e regular a ampola
com o médio e indicador da mesma mão.
8. Introduzir a agulha na ampola e proceder à aspiração do seu conteúdo.
9. Virar a seringa com a agulha para cima, em posição vertical e expelir o ar que tenha
penetrado.
10. Desprezar a agulha usada para aspirar. (Escolher para a aplicação uma agulha de
calibre apropriado ao tipo de solução e de paciente (TABELA I).
11. Manter a agulha protegida com a ampola vazia ou com protetor próprio.
12. Colocar na bandeja.
13. Colocar o algodão na bandeja.

SENDO MEDICAMENTO EM FRASCO (PÓ):

1. Retirar a tampa, limpar a borracha com algodão embebido em álcool.


2. Serrar a ampola conforme técnica descrita acima.
3. Preparar a seringa, escolhendo uma agulha de maior calibre.
4. Aspirar o líquido da ampola, introduzindo-o no frasco.
5. Retirar a seringa.
6. Agitar o frasco, evitando a formação de espuma.
7. Colocar ar na seringa na mesma proporção do líquido introduzido.
8. Soerguer o frasco, aspirando todo seu conteúdo.
9. Trocar de agulha.

TABELA I
Dimensões de agulhas em relação às soluções e espessura da tela
Subcutânea na criança e no adulto.
(Para injeções intramusculares)

Espessura da tela Soluções aquosas Soluções oleosas e


subcutânea suspensões
Adulto: Magro 25 x 6 ou 7 25 x 8 ou 9
Normal 30 x 6 ou 7 30 x 8 ou 9
Obeso 40 x 6 ou 7 40 x 8 ou 9

Criança: magra 20 x 6 ou 7 20 x 8
Normal 25 x 6 ou 7 20 x 8
Obesa 30 x 6 ou 7 30 x 8
Extraída do artigo “Injeções Parenterais” de Wanda Aguiar Horta e Milton de S. Teixeira. Re-
vista da Esc. Enf. USP. 7 (1):46-79.mar.73.

INJEÇÃO SUBCUTÂNEA (SC)

A via subcutânea, também chamada hipodérmica, é indicada principalmente apara drogas


que não necessitam ser tão rapidamente absorvidas, quando se deseja eficiência da dosagem e
também uma absorção contínua e segura do medicamento.

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 83 INTRODUÇÃO À ENFERMAGEM
Certas vacinas, como a anti-rábica, drogas como a insulina, a adrenalina e outros
hormônios, têm indicação específica por esta via.

ÁREAS DE APLICAÇÃO:

- Parte externa superior do braço (região deltoidiana).


- Face interna do antebraço.
- Face externa da coxa.
- Abdome, ao redor da cicatriz umbelical.
- Na região escapular.
- Qualquer área pouco sensível do corpo, evitando-se porém as zonas de proeminências
ósseas, inflamadas, muito vascularizadas ou inervadas.

POSIÇÃO DA AGULHA:

Ângulo de 30 a 60º, dependendo se a pessoa for magra ou obesa.


Se utilizarmos agulhas de dimensões tais como: 10 x 5 ou 10 x 6, em indivíduos normais
ou obesos, a introdução se dará perpendicularmente à pele, como na intramuscular.

MÉTODO:

1. Preparo da medicação conforme técnica, anteriormente descrita.


2. Explicar ao paciente o que vai fazer e deixá-lo confortável.
3. Expor a área de aplicação e proceder à anti-sepsia do local escolhido.
4. Permanecer com o algodão na mão esquerda.
5. Segurar a seringa com a mão direita, como se fosse um lápis.
6. Com a mão esquerda, fazer uma prega na pele, na região onde foi feita a anti-sepsia.
7. Nesta prega cutânea, introduzir a agulha com o bisel voltado para cima com rapidez e
firmeza.
8. Aspirar para ver se não atingiu um vaso sangüíneo.
9. Injetar o líquido vagarosamente.
10. Esvaziada a seringa, retirar rapidamente a agulha e com algodão fazer primeiro ligeira
pressão no local e logo após, massagem.
11. Observar o paciente alguns minutos para ver se apresenta alterações.
12. Arrumar o material.

INJEÇÃO INTRAMUSCULAR (IM)

É a deposição de medicamento nas camadas musculares.


Depois da via endovenosa, é a de mais rápida absorção, daí o seu largo emprego.

ÁREAS DE APLICAÇÃO (Ver figuras)

1. Região deltoidiana (D): face lateral do braço, 4 dedos abaixo do ombro.


2. Região dorso-glútea (DG): no quadrante superior externo da região glútea.
3. Região ventro-glútea (VG) ou local de Hochstetter: próximo à espinha ilíaca ântero-
superior.
4. Região da face ântero-lateral da coxa (FALC): no terço médio do músculo vasto
lateral.

INDICAÇÕES DE LOCAIS:

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 84 INTRODUÇÃO À ENFERMAGEM

Embora existam controvérsias quanto a preferência de locais, segundo CASTELLANOS


temos:
1º Região ventro-glútea (VG): indicada em qualquer idade.
2º Região da face ântero-lateral da coxa (FALC): contra-indicada para menores de 28 dias
e indicada especialmente para lactentes e crianças até 10 anos.
3º Região dorso-glútea (DG): contra-indicada para menores de 2 anos, maiores de 60 anos
e pessoas excessivamente magras.
4º Região deltoidiana (D): contra-indicada para menores de 10 anos e adultos com
pequeno desenvolvimento muscular.

MÉTODO:

1. Preparo do medicamento conforme técnica já descrita.


2. Levar o material para perto do paciente, colocando a bandeja sobre a mesinha.
3. Explicar o que vai fazer e expor a área de aplicação.
4. Com os dedos polegar e indicador da mão direita, segurar o corpo da seringa e colocar
o dedo médio sobre o canhão da agulha.
5. Com a mão esquerda, proceder à anti-sepsia do local. Depois, manter o algodão entre o
dedo mínimo e anular da mesma mão.
6. Ainda com a mão esquerda, esticar a pele segurando firmemente o músculo.
7. Introduzir rapidamente a agulha, com o bisel voltado para baixo.
8. Com a mão esquerda, puxar o Êmbolo, aspirando para verificar se não lesionou um
vaso. Empurrar o Êmbolo vagarosamente.
9. Terminada a aplicação, retirar rapidamente a agulha e fazer uma ligeira pressão com o
algodão.
10. Fazer massagem local enquanto observa o paciente.
11. checar no relatório e assinar.
12. Arrumar o material.

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 85 INTRODUÇÃO À ENFERMAGEM
ANGLUTINAÇÃO DA AGULHA:

• Nas regiões D e DG, a posição é perpendicular à pele, num ângulo de 90º.


• Na região VG, recomenda-se a agulha seja dirigida ligeiramente À crista ilíaca.
• Na região FALC o ângulo deve ser de 45º, em direção do pé.

OBERVAÇÕES:

1. Em caso de substâncias oleosas, pode-se aquecer um pouco a ampola para deixá-la


menos densa.
2. Em caso de substância escura, injetar com seringa sem medicação, aspirar e depois
adaptar a seringa com a medicação.
3. Caso venha sangue na seringa ao fazer a aspiração, retirar imediatamente e aplicar em
outro local.
4. Injeções de mais de 4 ml não devem ser aplicadas no deltóide.
5. O volume máximo para injeção IM é de 3 cc no deltóide e 4 cc região glútea.

INJEÇÃO INTRADÉRMICA

É a aplicação de drogas na derme ou córion.


Usada para auxilio de diagnóstico, verificação da sensibilidade e alergenos, reações de
hipersensibilidade, como por exemplo: PPD, Schick, indicada também para dessensibilização e
vacinas.

ÁREAS DE APLICAÇÃO:

Face interna do antebraço ou na região escapular.

POSIÇÃO DA AGULHA:

ÂNGULO DE 15º OU PARALELO À SUPERFÍCIE DA PELE.

MATERIAL:

Por ser aplicada bem superficialmente e em quantidade muito pequena, deve ser usada
seringa e agulha especial.

MÉTODO:

1. Firmar a pele com o dedo polegar e indicador da mão esquerda.


2. Com a mão direita, segurar a seringa quase paralela ao braço, injetando o
medicamento.
3. Não friccionar o local.

OBSERVAÇÕES:

1. Geralmente é feita sem anti-sepsia para não atrapalhar a reação da droga.


2. Deve formar uma pequena pápula semelhante à casca de laranja.

INJEÇÃO ENDOVENOSA

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 86 INTRODUÇÃO À ENFERMAGEM

É a introdução de uma droga diretamente na veia.

FINALIDADES:

1. Obter efeito imediato da droga.


2.Administração de drogas contra-indicadas pelas via oral, SC, IM, por sofrerem a ação
dos sucos digestivos ou por serem irritantes para os tecidos.
3. Administração rápida de flúidos em casos de desidratação, choque, hemorragias.

LOCAIS DE APLICAÇÃO:

Qualquer veia acessível, dando-se preferência para:


- veias superficiais de grande calibre da dobra do cotovelo: cefálica e basílica.
- Veias do dorso da mão e antebraço.

MATERIAL:

Acrescentar ao material básico:


• garrote;
• forro.
• Luva de procedimento

MÉTODO:

1. Preparo da injeção conforme a técnica já descrita.


2. Levar a bandeja para perto do paciente.
3. Deixar a bandeja na mesinha e preparar o paciente:
- explicar o que vai fazer;
- expor a área de aplicação, verificando as condições das veias;
- colocar o forro para evitar sujar o leito.
4. Fixar o garrote sem compressão exagerada, um pouco acima do local escolhido para a
injeção.
5. Fazer o paciente abrir e fechar a mão diversas vezes e depois conservá-la fechada,
mantendo o braço imóvel.
6. Fazer a anti-sepsia ampla do local, com movimentos de cima para baixo.
7. Fixar a veia com o polegar da mão esquerda.
8. Colocar o indicador da mão direita sobre o canhão da agulha e, com os demais dedos,
segurar a seringa. Observar que o bisel esteja voltado para cima.
9. Se a veia for fixa, penetrar pela face anterior. Se for móvel penetrar por uma das faces
laterais, empurrando-a com a agulha até fixá-la.
10. Evidenciada a presença de sangue na seringa retirar o garrote e pedir para o paciente
abrir a mão.
11. Injetar lentamente para evitar sobrecarga circulatória.
12. Observar o paciente.
13. Retirar a agulha, comprimir o vaso com algodão, e solicitar ao paciente para
permanecer com braço fletido.
14. Deixar o paciente confortável e observar reações.
15. Anotar no relatório e assinar.
16. Deixar tudo em ordem.

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 87 INTRODUÇÃO À ENFERMAGEM

OBSERVAÇÕES:

1. Não administrar drogas que contenham precipitado ou flóculos em suspensão.


2. Nunca misturar drogas sem ordem médica. No caso de haver necessidade de
administrar dois medicamentos ao mesmo tempo, puncionar a veia uma vez, usando
uma seringa para cada droga.
3. Usar só material em bom estado: seringa bem adaptada, agulha sem ponta romba.
4. Mudar constantemente de veia.
5. A presença de hematoma ou dor, indica que a veia foi transfixada ou a agulha está
fora dela: retirar a agulha, pedindo ao paciente para manter o braço fletido. A nova
picada deverá ser feita em outro local, porque a recolocação do garrote iria aumentar o
hematoma.
6. Para facilitar o aparecimento de veia pode-se:
- aquecer o local (compressas, bolsa);
- pedir ao paciente que faça movimentos rotativos com o braço voltado para baixo,
aumentando assim o afluxo sangüíneo;
- fazer massagem local.
6. Compressas quentes ou com álcool são indicadas quando o paciente sente dor no local
da aplicação.

ACIDENTES QUE PODEM OCORRER:

1.Choque: vaso-dilatação geral com congestionamento da face, seguida de palidez,


vertigem, agitação, ansiedade, tremores, hiperemia, cianose, podendo levar à morte. O
choque pode ser:
a) Pirogênico - atribuído à presença de “pirogêneo” no medicamento (substância
produzida por bactérias existentes na água bidestilada)
b) Anafilático - devido à susceptibilidade do indivíduo à solução empregada.
c) Periférico - etiologia variada (emocional, traumático, superdosagem, aplicação
rápida).
2.Embolia: devido à injeção de ar, óleo ou coágulo sangüíneo.
3.Acidentes locais:
- Esclerose da veia por injeções sempre mo mesmo local.
- Hematomas: extravasamento de sangue na veia.
- Absessos: por substâncias irritantes injetadas fora da veia ou falta de assepsia.
- Flebites e tromboflebites: inflamação local.

VENÓCLISE

É a introdução de grande quantidade de líquido na veia.

LOCAIS DE APLICAÇÃO: de preferência veias que estejam distantes de articulações, para evitar
que com o movimento a agulha escape da veia.

MATERIAL NECESSÁRIO: Idem à injeção EV mais:

• frascos com a solução prescrita.


• esparadrapo.
• suporte para o frasco de solução.

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 88 INTRODUÇÃO À ENFERMAGEM
• plastequipo.
• Tala para imobilização.
• ataduras.
• tesoura.
• scalp

MÉTODO:

1. Abrir o frasco de solução e o plastequipo.


2. Introduzir os medicamentos prescritos.
3. Introdução do plastequipo.
4. Retirar o ar, pinçar e proteger a extremidade do plastequipo.
5. Colocar o frasco na bandeja.
6. Completar a bandeja com o restante do material necessário, inclusive: rotular o frasco
de soro.
7. Levar a bandeja e o suporte para junto da unidade do paciente.
8. Explicar ao paciente o que vai se feito.
9. Pendurar o frasco no suporte.
10. Proceder como na técnica de injeção EV.
11. Ligar o intermediário do plastequipo ao scalp.
12. Fixar o scalp com esparadrapo.
13. Graduar o número de gotas prescritas.
14. Deixar o paciente confortável e o ambiente em ordem.
15. Levar a bandeja e preparar o material para esterilização.
16. Anotar no prontuário.
17. Quando terminar o soro, trocá-lo ou retirá-lo, anotando no prontuário.

OBSERVAÇÕES:

1. Em casos de pacientes inconscientes, agitados e crianças fazer imobilização.


2. Só aplicar soluções límpidas.
3. Nos frascos de plástico não há necessidade de colocar agulha para fazer o respiro.
4. Exemplo de rótulo de soro:

HOSPITAL - ____ETAPA___
NOME DO PACIENTE____
SORO PRESCRITO______
MEDICAÇÃO PRESCRITA__
DATA:________HORA:____
N.º DE GOTAS________

ASSINATURA:___________

TABELA II

CÁLCULO PARA GOTEJAMENTO DO SORO

QUANTIDADE = 500 ml QUANTIDADE = 1000 ml

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N.º. horas N.º. gotas N.º . horas N.º.
gotas
24 .................................. 7 24 ................................. 14
18 .................................. 9 18 ................................. 18
12 .................................. 14 12 ................................. 28
10 .................................. 17 10 ................................. 34
8 .................................. 20 8 ................................. 40
6 .................................. 26 6 ................................. 52
5 .................................. 33 5 ................................. 66
4 .................................. 41 4 ................................. 82
3 .................................. 55 3 ................................. 110
2 .................................. 83 2 ................................. 166
1 .................................. 166 1 ................................. 332
OBS. 1) Fórmula para cálculo

volume
CONSTANTE
N.º. gotas = ---------------
n.º. horas x 3

2) 20 gts = 1 ml (equipo c/ macrogotas)


60 gts = 1 ml (equipo c/ microgotas)
1 gota = 3 microgotas

VIA RESPIRATÓRIA

Introdução de medicamentos pelas vias aéreas superiores. As formas mais usadas são:
oxigenioterapia, nebulização e vaporização.

OXIGENIORETAPIA

É a terapêutica pelo oxigênio.

MÉTODOS:

1. Cateter nasal
2. Mascara facial
3. Tenda

MATERIAL BÁSICO:

• Oxigênio canalizado ou em torpedo


• Manômetros
- 1 controla quantidade de oxigênio no torpedo.
- 1 controla o fluxo de saída (fluxômetro)
• Umidificador com água até a marca.
• Avisos de “Não fumar”

I. CATETER NASAL

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 90 INTRODUÇÃO À ENFERMAGEM

MATERIAL ESPECÍFICO:

Bandeja com:
• cateter nasal ou cânula nasal.
• Intermediário
• Esparadrapo
• Soro fisiológico ou xilocaina geléia
• Gaze

MÉTODO:

1. Levar o material para o quarto do paciente.


2. Explicar o que vai ser feito, para obter sua colaboração.
3. Unir o cateter ao intermediário e ao umidificador.
4. Medir com o cateter, a distância entre a ponta do nariz e o lóbulo da orelha, marcando
com esparadrapo, para determinar quanto a sonda deve ser introduzida.
5. Abrir a válvula do torpedo e deixar fluir um pouco de oxigênio para expulsar a poeira
do orifício de saída e evitar acidentes por saída instempestiva.
6. Lubrificar o cateter, segurando-o com a gaze.
7. Introduzi-lo por uma das narinas, até o ponto marcado.
8. Observar a posição do cateter através da boca do paciente – o estremo da sonda deve
aparecer atrás da úvula: Se ultrapassas o cavum, poderá haver náuseas, vômitos e
perderá sua finalidade, pois irá para o esôfago.
9. Fixar o cateter com esparadrapo sobre a face do paciente.
10. Aumentar o número de litros de oxigênio até a quantidade prescrita.
11. Observar o paciente durante o tratamento.
12. Guardar o material após o uso.

OBSERVAÇÕES:

1. A cânula nasal pode ser usada quando não é necessária grande precisão na
administração.
2. Trocar o cateter de narina, no mínimo casa 24 horas se o oxigênio for contínuo, a fim
de evitar ferimento da mucosa nasal e obstrução do catéter por secreção.

II. MÁSCARA FACIAL

MATERIAL ESPECÍFICO:

• máscara de oxigênio.
• Intermediário.

MÉTODO:

1. Levar o material ao quarto do paciente.


2. Explicar o que vai ser feito.
3. Unir a máscara ao intermediário e regular o oxigênio conforme prescrição.
4. Adaptar a máscara à face do paciente.
5. Observar a reação do paciente.

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 91 INTRODUÇÃO À ENFERMAGEM
6. Tirar a máscara de 2 em 2 horas, deixando o paciente repousar alguns minutos antes
de recolocá-la. Neste intervalo, lavar a pele.
7. Anotar no relatório: início, término e reações do paciente.

OBSERVAÇÕES:

1. A máscara é desconfortável para o paciente, por isso é usada com reserva.


2. Existem vários modelos de máscaras, com funcionamento e cuidados diferentes.

III. TENDA DE OXIGÊNEO

Se for empregada para uma criança, cobrir toda a cama com a tenda, ajustando-a sob o
colchão, para impedir o vazamento ou a perda de oxigênio.
Se o paciente for adulto, colocar a tenda na cabeceira, ajustando-a nessa parte e dos lados,
sob o colchão: na frente, deixar a ponta da tenda sobre as cobertas, colocando sobre estas, um lençol
dobrado, ajustando todos os lados, sob o colchão.

CUIDADOS:

1.Manter o fluxo de oxigênio entre 10 a 12 litros por minuto, o gráu de umidade entre 40 a
50% e a temperatura entre 20 e 25ºC.
2.Procurar tranqüilizar o paciente, explicando a finalidade da tenda.

OBSERVAÇÕES:

1. As tendas são pouco usadas, por não serem muito práticas: custam caro: é necessário
manter um grau de umidade constante e temperatura adequada: há perigo de acúmulo
de gás carbônico em seu interior e há ainda, sensação de claustrofobia, referida
freqüentemente pelos pacientes.

ASPÉCTOS GERAIS:

1. O oxigênio para ser inalado deve ser umedecido e portanto deve antes de chegar ao
catéter, passar por um recipiente com água – o umidificador. Este deve ser
freqüentemente observado e mantido com água até 2/3 de sua capacidade.
2. Medidas de segurança devem ser lembradas quando se lida com o gás acondicionado
em torpedos. Acidentes podem ocorrer por incêndio ou por explosão. Proibir nas
proximidades cigarros acesos, aparelhos elétricos ou outras fontes de chama. Nunca
usar graxa ou óleo. Manipular o torpedo com cuidado, pois sua queda pode provocar
explosão.
3. Cores universais dos torpedos:
- Verde: oxigênio - O².
- Amarelo – ar comprimido.

NEBULIZAÇÃO

Administração de medicamentos através de um aparelho chamado nebulizador, que


transforma um medicamento líquido em vapor, que é inalado com fins terapêuticos.
Medicamentos mais usados: Berotec, Atrovente, Soro Fisiológico 9%.

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 92 INTRODUÇÃO À ENFERMAGEM

MATERIAL:

• Fonte de oxigênio ou ar comprimido.


• Nebulizador (existem diversos tipos), com medicação.
• Cuba-rim ou escarradeira.

MÉTODO:

1. Preparar o paciente para receber o tratamento: recostando na cama em posição de


Fowler, ou sentado numa cadeira.
2. Preparar o material.
3. Ligar o nebulizador ao oxigênio, retirando o frasco umidificador, para que o fluxo aja
diretamente sobre o medicamento que está no nebulizador.
4. Regular o fluxo de oxigênio de acordo com a prescrição: geralmente 3 litros.
5. Instruir o paciente para respirar profundamente a medicação.
6. Manter a nebulização durante o tempo indicado e observar o paciente.
7. Anotar o tratamento no relatório de enfermagem.
8. Desmontar peça por peça do nebulizador
9. Lavar com água e sabão, enxaguar em água corrente.
10. Imergir em solução de hipoclorito de sódio a 1% por 30’.
11. Enxaguar em água corrente.
12. Imergir em água bidestilada.
13. Escorrer, secar, e guardar em local limpo e seco.

OBSERVAÇÕES:

1. Verificar pulso antes e após nebulização – broncodilatadores causam : náuseas,


vômitos e queardia.
2. Anotar aspecto do escarro.
3. O equipamento deve permanecer no quarto do cliente, sendo trocado a cada 24 horas.
4. O cliente impossibilitado de escarrar, devemos aspirar as secreções orofaríngeas.

VAPORIZAÇÃO

É a absorção, pelas vias respiratórias, dos vapores de substâncias medicamentosas.


Drogas voláteis são adicionadas a água fervendo e o paciente aspira a droga com o ar
umedecido pelo vapor d’água.
Medicamentos geralmente usados: folhas de eucalípto, mentol, Vick Vaporub, etc.

MATERIAL:

• Medicamento indicado.
• Água fervente.
• Vaporizador ou outro recipiente.
• Toalha de rosto.

MÉTODO:

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 93 INTRODUÇÃO À ENFERMAGEM

1. Explicar ao paciente o que vai fazer.


2. Fechar as janelas e portas.
3. Colocar água fervendo no vaporizador e cobrir com toalha dobrada a meio.
4. Adicionar o medicamento à água fervendo.
5. Colocar o vaporizador próximo ao rosto do paciente de modo que este receba o vapor.
6. Cobrir com a toalha a cabeça do paciente e o vaporizador.
7. Terminado o tempo indicado para a vaporização, descobrir a cabeça do paciente,
enxugando-lhe o rosto e deixá-lo repousar abrigado e resguardado do ar frio.
8. Deixar a unidade em ordem, lavar e guardar o material.
9. Anotar no relatório.

ASPECTOS A SEREM OBSERVADOS:

1.Nunca dirigir o jato de vapor diretamente para o rosto de um paciente: aproximá-lo


lentamente do vaporizador.
2.Ter o máximo cuidado para evitar acidentes, tais como:
- derramamento de água fervendo sobre o paciente;
- queimaduras pelo vapor.
3.Recomendar ao paciente que feche os olhos durante a vaporização.

NOTA: Um vaporizador poderá ser improvisado com uma chaleira, panela, jarra, cuba, ou caneca e
um funil de cartolina ou de jornal para concentrar a saída do vapor por um orifício estreito.

CÁLCULO DE MEDICAÇÃO

1. Conceito

É o método pelo qual se calcula a quantidade de medicamento a ser administrado, para que
o paciente receba a medicação na dose prescrita.
2.Revisão de matemática

2.1.Operações matemáticas:
a) Adição: dispor os números da direita para a esquerda e iniciar a operação também
da direita para a esquerda:

Ex.: 248 + 4=252


248
4+
--------
252

Ex.: 1001 + 100= 1101


1001
100 +
--------
1101
b) Subtração: dispor o números da direita para a esquerda e iniciar a operação
também da direita para a esquerda:

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 94 INTRODUÇÃO À ENFERMAGEM
Ex.: 121 – 2= 210
212
2–
--------
210

Ex.: 401 – 6=395


401
6–
-------
395

c) Multiplicação:
- quando o multiplicador for unidade. Ex.: 12 x 12=24
12 12 = multiplicador
x2 2 = multiplicador
-----
24 24 = produto
- quando o multiplicador for dezena ou mais de 25 números.
Ex.: 107 x 22 =2354
107 22
x22 ou x107
------ -------
214 154
214 000
------- 22
2354 -------
2354
d) divisão:
- quando, ao término da operação, o resto é zero.
Ex.: 270 ÷ 15=18
270 15 270 = dividendo
120 18 15 = divisor
00 18 = quociente
00 = resto

- quando, ao término da operação, o resto não é zero, pode-se acrescentar uma vírgula
ao quociente e um zero ao resto.
Ex.: 261 ÷ 15= 17,4
261 15
111 17,4
060
00

2.2. Operações matemáticas com frações decimais.

A parte inteira do número localiza-se à esquerda da vírgula e a parte fracionada à direita


da vírgula. Exemplo: no número 13,04 a parte inteira é 13 e a fracionada 04.
a) Adição:
- quando todos o números são decimais, colocar as vírgulas uma embaixo da outra. Ex.:
13,08 + 13,04 + 112,13=138,25

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 95 INTRODUÇÃO À ENFERMAGEM
13,08
13,04 +
112,13
----------
138,25

- quando um dos números é inteiro e os demais decimais, pôr vírgula no número inteiro,
acrescentar tantos zeros quantas forem as casas decimais dos demais números e, a
seguir colocar as vírgulas uma embaixo da outra.
Ex.: 230 + 110,20 + 12,03=352,23
230,00
110,20 +
12,03
----------
352,23

b) Subtração:
- quando todos o números são decimais, colocar a vírgula uma embaixo da outra.
Ex.: 5,02 – 2,03 = 2,99
5,02
2,03 –
--------
2,99
- quando um número é inteiro e o outro decimal, pôr uma vírgula no número inteiro,
acrescentar tantos zeros quantas forem as casas decimais do outro número e, a seguir,
colocar as vírgulas uma embaixo da outra.
Ex.: 230 – 110,20=119,80
230,00
110,20
----------
119,80
b) Multiplicação: ao final da operação, somar as casas decimais à direita do multiplicador
e do multiplicando; a seguir, colocar a vírgula no produto, após descontar o total de
casas decimais. Ex.: 240,1 x 0,11= 26,411.
240,1
x 0,11
2401
2401
-----------
26,411

d)Divisão:
- quando o número de casas decimais é igual no divisor e no dividendo. Ex.: 26,62 ÷
2,42 = 11.
26,62 2,42
- 0242 11
000
- quando o número de casas decimais do divisor é diferente do dividendo (ou vice-
versa), deve-se igualar as vírgulas, ou seja, acrescentar tantos zeros de acordo com a
diferença do número de casas decimais.
Ex.: 28,26 ÷ 1,2=23,55

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 96 INTRODUÇÃO À ENFERMAGEM
28,26 1,20
O426 23,55
0660
0600
000

2.3. Multiplicação de frações decimais por múltiplos de 10.


Ao multiplicar o número por 10, 100 ou 1000, desloca-se a vírgula para a direita, tantas
casas quantos forem os números de zeros Ex.:
0,4 x 10=4
0,4 x 100=40
0,4 x 1000=400

2.4. Regra de três:

Temos 3 dados conhecidos e um a ser descoberto (padronizado pela letra x).


Na sua montagem, colocamos na mesma coluna unidades semelhantes; a incógnita (x) será
calculada na mesma unidade de medida da coluna a que pertence.
Exemplo correto:
1ª coluna 2ª coluna
2 mg ___________ 1 ml
4 mg ___________ x ml

Exemplo errado:
1ª coluna 2ª coluna
2 mg ___________ 1 ml
4 g ___________ x ml

Após a montagem da regra de três, o x deverá ser multiplicado pelo número superior da
coluna oposta. E o número, ao passar da 1ª para 2ª equação, tornar-se-á divisor.
Exemplo:
2 mg ________ 1 ml
4 mg ________ x ml
2.x=4.1
x = 4/2
x = 2 ml

3. Considerações gerais
- Nos medicamentos na forma de solução, considera-se soluto a substância a ser dissolvida
solvente (normalmente água destilada ou soro fisiológico).
- 1 g é igual a 1000 mg.
- Dexametasona a 0,4% significa que 0,4 g de dexametasona foi diluído em 100 ml de diluente.
- As unidades de medida mais utilizadas são:
• de peso: g (grama) e mg (miligrama);
• de volume: ml ou cc ou cm³.
- Na montagem da regra de três, numa coluna ficarão as unidades de peso e na outra as
unidades de volume.
- O volume a ser administrado não poderá Ter dois números decimais ou mais, devido a sua
difícil obtenção na graduação da seringa.

4. Exemplos de cálculo

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 97 INTRODUÇÃO À ENFERMAGEM

a) Prescrição médica: Binotal 500 mg V.O de 6/6 horas.


Apresentação: Binotal 250 mg em comprimidos.
500 mg ___________x compr.
250 mg ___________ 1 compr.

250 . x = 500 . 1
x = 500/250
x = 2 compr.

Resposta: serão administrados 2 comprimidos.

b) Prescrição médica: =Binotal 250 mg VO de 6/6 horas.


Apresentação: Binotal 1 g em comprimidos.
1 g = 1000 mg _________ 1 compr.
250 mg _________ x compr.
1000 . x = 250 . 1
x = 250/1000
x = 0,25 compr.
Resposta: será administrado 1/4 do comprimido.

c) Prescrição médica: Garamicina 40 mg IM 12/12 horas.


Apresentação: Garamicina 80 mg ampola de 2 ml.

40 mg __________ x ml
80 mg __________ 2 ml
80 . x = 40 . 2
x = 80/80
x = 1 ml
Resposta: será administrado 1 ml, ou seja, 1/2 ampola.

d) Prescrição médica: Garamicina 80 mg IM 12/12 horas.


Apresentação: Garamicina 40 mg, ampola de 1 ml.

80 mg ___________ x ml
40 mg ___________ 1 ml

40 . x = 80 . 1
x = 80/40
x = 2 ml
Resposta: serão administrados 2 ml, ou seja, 2 ampolas.

e) Prescrição médica: Garamicina 40 mg IM 12/12 horas.


Apresentação: Garamicina 60 mg, ampola de 2 ml.

60 mg ___________ 2 ml
40 mg ___________ x ml

60 . x = 40 . 2
x = 80/60
x = 1,3333...

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 98 INTRODUÇÃO À ENFERMAGEM

Como o resultado é uma dízima periódica, será acrescentada à ampola de Garamicina uma
quantidade de diluente que permita aspirar um volume correto na seringa. Portanto:

60 mg ___________ 2 ml + 1 ml de diluente
40 mg ___________ x ml
Assim:
60 mg ___________ 3 ml
40 mg ___________ x ml
60 . x = 40 . 3
x = 120/60
x = 2 ml
Resposta: serão administrados 2 ml da Garamicina de 60 mg, em cuja ampola foi acrescentado 1 ml
de diluente.

f) Prescrição médica: Frademicina 2 g, E.V. de 6/6 horas.


Apresentação: Frademicina 600 mg, ampola de 2 ml.

2 g = 2000 mg _________ x ml
600 mg _________ 2 ml
600 . x = 2000 . 2
x = 4000/600
x = 6,666...

Como o resultado é uma dízima periódica, o diluente será colocado na ampola de


Frademicina. Para facilitar o trabalho acrescenta-se o diluente somente na última ampola do
medicamento. Para tanto, deve-se calcular quantas ampolas serão utilizadas:

1ª 2 ml 600 mg
2ª 4 ml (2+2) 1200 mg (600+600)
3ª 6 ml (4+2) 1800 mg (1200 + 600)
4ª 8 ml (6+2) 2400 mg (1800+600)

Da 4ª ampola deve-se retirar apenas 200 mg a fim de completar as 2000 mg prescritas (1800 +
200 = 2000mg). Portanto:
600 mg ___________ 2 ml + 1 ml de diluente
200 mg ___________ x ml
Assim:
600 mg ___________ 3 ml
200 mg ___________ x ml
600 . x = 200 . 3
x = 600/600
x = 1 ml
Reposta: serão usadas 4 ampolas de frademicina e aspirados 7 ml (6ml + 1 ml da 4ª ampola
em que foi acrescentado 1 ml de diluente).

g) Prescrição médica: Keflin 500 mg, E.V. de 6/6 horas.


Apresentação: Keflin 1 g. frasco em pó.

1 g = 1000 mg __________ 5ml

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 99 INTRODUÇÃO À ENFERMAGEM
500 mg __________ x ml
1000 . x = 5 . 500
x = 2500/1000
x = 2,5 ml
Resposta: serão colocados 5 ml de diluente no frasco de Keflin e aspirados 2,5 ml.

h) Prescrição médica: Keflin 1 g, E.V. de 6/6 horas.


Apresentação: Keflin 250 mg, frasco em pó.

1 g = 1000 mg _________ x ml
250 mg _________ 5 ml
250 . x = 100 . 5
x = 5000/250
x = 20 ml
Resposta: serão administrados 20 ml e usados 4 frascos.

i) Prescrição médica: Penicilina cristalina 2500000 UI, E.V. de 4/4 horas.


Apresentação: Penicilina cristalina 5 milhões UI, frasco em pó.

2500000 UI __________ x ml
5000000 UI __________ 8 ml

Como é grande a quantidade da medicação em pó, apesar de temos injetado 8 ml, o total do
volume existente dentro do frasco é de 10 ml (soma-se + 2). Portanto:

2500000 UI _____________ x ml
5000000 UI _____________ 10 ml
5000000 . x = 2500000 . 10
x = 25000000 / 5000000
x = 5 ml
Resposta: será usado 1 frasco e apirados 5 ml do seu conteúdo.

j) Prescrição médica: Glicose 20 g, E.V. de 12/12 horas.


Apresentação: Glicose 50% ampola de 20 ml.

50% = 50g __________ 100 ml


Portanto:
50g ___________ 100 ml
x g ___________ 20 ml
100 . x = 50 . 20
x = 1000/100
x = 10 g

Portanto, dentro da ampola de 20 ml de Glicose 50 %m, há 10 g do medicamento. O próximo


passo é calcular quantos ml serão usados.

10 g _________ 20 ml
20 g _________ x ml
10 . x = 20 . 20
x = 400/10
x = 40 ml

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 100 INTRODUÇÃO À ENFERMAGEM

Resposta: serão aspirados 40 ml; ou seja, 2 ampolas.


l) Prescrição médica: Decadron 4 mg, E.V. de 6/6 horas.
Apresentação: Decadron 0,4%, ampola de 2 ml.

0,4%=0,4 g _________ 100ml


= 400 mg _______100 ml
400 mg ________ 100 ml
x mg __________ 2 ml
100 . x = 400 . 2
x = 800/100
x = 8 mg
Portanto, dentro da ampola de 2 ml de Decadron 0,4%, há 8 mg do medicamento. Assim:

8 mg _________ 2 ml
4 mg _________ x ml
8.x=4.2
x = 8/8
x = 1 ml
Resposta: será aspirado 1 ml de Decadron, ou seja, 1/2 ampola.

m) Prescrição médica: SG 10 % - 500 ml.


Apresentação: SG 5%, 500 ml; Glicose 50%, ampola de 20 ml.
Neste tipo de cálculo, deveremos converter SG 5% em SG 10% com o auxílio da glicose 50%.
1º passo: calcular quantos g de glicose existem no frasco de SG 10%.500ml.
10% = 10g _________ 100 ml
Portanto
10 g __________ 100 ml
x g ___________ 500 ml
100 . x = 500 . 10
x = 5000/100 x = 50g
2º passo: calcular quantos g de glicose existem no frasco de SG 5%.500ml.
5% = 5 g _______ 100 ml
Portanto:
5 g __________ 100 ml
x g __________ 500 ml
100 . x = 500 . 5
x = 2500/100 x = 25g
3º passo: calcular quantos g de glicose existem na ampola de glicose 50%.20ml.
50% = 50 g _________ 100 ml
Portanto:
50g _________ 100 ml
x g _________ 20 ml
100 . x = 50 . 20
x = 1000/100 x = 10g
4º passo: calcular quantos g de glicose é necessário colocar no SG 5% para que se transforme
em SG 10%.
SG 10% = 50 g
SG 5 % = 25 g
Faltam = 25 g

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 101 INTRODUÇÃO À ENFERMAGEM
5º passo: calcular quantos ml de glicose serão colocados no frasco de SG 5%, para que se
transformem em SG 10%.
1 ampola de glicose 50% = 10 g _________ 20 ml
faltam 25 g de glicose no frasco SG 5% = 25 g _________ x ml
10 . x = 20 . 25
x = 500/10
x = 50 ml
Resposta: serão aspirados 50 ml de glicose 50
% (2 ampolas e meia) e colocados no frasco de SG 5% 500 ml.

TERMOS TÉCNICOS

1. Estado geral
- Astenia: debilidade, sensação de fraqueza.
- Apatia: indiferença, falta de afetividade.
- Atonia: perda da força motora dos músculos.
- Atrofia muscular: diminuição do músculo ocasionado pela falta de nutrição ou
exercícios.
- Miastemia: fraqueza muscular; debilidade muscular.
- Tônus: estado fisiológico de ligeiro grau de contração muscular.

2. Estado nutricional
- Caquexia: emagrecimento intenso, mau estado geral.
- Desnutrição: debilidade orgânica provocada pela ingestão insuficiente de calorias e
proteínas.
- Obesidade: aumento do peso devido ao acúmulo de tecido adiposo.
- Eutrofia: bom estado nutricional.

3. Estado hídrico
- Desidratação: perda de líquidos e de eletrólitos pelo organismo.
- Edema: retenção de líquidos nos tecidos.
- Anasarca: edema generalizado.
- Ascite: acúmulo de líquido na cavidade peritoneal.
- Anasarca: edema generalizado.
- Ascite: acúmulo de líquido na cavidade peritoneal.
- Anidrose: ausência ou diminuição de suor.
- Sudorese: aumento da transpiração.

4. Sensação dolorosa
- Artralgia: dor articular.
- Mialgia: dor muscular
- Cefaléia: dor de cabeça.
- Gastralgia: dor de estômago.

5. Sistema nervoso-comportamento
- Insônia: dificuldade para dormir.
- Estupor: diminuição sensível da capacidade intelectual acompanhada de uma espécie
de imobilidade, de expressão de espanto ou indiferença.

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 102 INTRODUÇÃO À ENFERMAGEM
- Alucinação: percepção irreal de estímulos, podendo afetar qualquer um dos sentidos;
falsa percepção sensorial.
- Delírio: transtorno mental com alucinações, confusão, excitação; gradativamente,
ocorre o afastamento da realidade.
- Fobia: medo anormal.
- Depressão: abatimento; sentimento de angústia, de frustração.
- Obnubilação: ofuscação.
- Convulsão: contrações involuntárias e súbitas dos músculos esqueléticos.
- Coma: profundo estado de sonolência, com perda da sensibilidade e de movimentos
voluntários.
- Paralisia: para da função motora, não necessariamente da sensibilidade.
- Paresia: paralisia incompleta.
- Parestesia: diminuição da sensibilidade.
- Paraplegia: paralisia dos membros inferiores.
- Tetraplegia: paralisia dos quatro membros.
- Hemiplegia: paralisia de uma das metades (direita ou esquerda) do corpo.
- Tirismo: contração muscular dos maxilares, provocando a oclusão da boca.
- Opistótomo: espasmos involuntários do corpo contraído em arco dorsal, peculiar no
tétano.

6. Sistema cardiocirculatório
- Estase sangüínea: paralisação ou diminuição da circulação sangüínea.
- Cianose: coloração azulada da pele devido à falta de oxigenação.
- Anoxia: falta de oxigênio nos tecidos.
- Isquemia; redução ou deficiência do fluxo sangüíneo em determinada região do
corpo.
- Necrose: tecido morto devido a falha na circulação local.
- Normotensão: valor da pressão arterial normal.
- Hipotensão arterial: diminuição do valor da pressão arterial.
- Hipertensão arterial: aumento do valor da pressão arterial.
- Normocardia: freqüência cardíaca normal.
- Brasicardia: freqüência cardíaca abaixo do normal.
- Taquicardia: freqüência cardíaca acima do normal.

7. Sistema respiratório
- Eupnéia: respiração normal.
- Apnéia: para da respiração.
- Ortopnéia: dificuldade para respirar, melhorando com indivíduo na posição sentada.
- Bradipnéia: diminuição da freqüência respiratória.
- Taquipnéia: aumento da freqüência respiratória.
- Dispnéia: dificuldade para respirar, respiração irregular.
- Pneumotórax: presença de ar no espaço pleural.
- Hidrotórax: presença de líquido no espaço pleural.
- Empiema: presença de secreção purulenta no espaço pleural.
- Hemoptise: hemorragia de origem pulmonar.
- Tosse produtiva: Tosse com secreção.
- Enfisema pulmonar: dilatação patológica dos alvéolos pulmonares.
- Atelectasia: expansão incompleta dos pulmões.

8. Sistema digestivo
- Afagia: incapacidade para deglutir.

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 103 INTRODUÇÃO À ENFERMAGEM
- Disfagia: dificuldade para deglutir.
- Polifagia: aumento do apetite.
- Anorexia ou inapetência: falta de apetite.
- Polidipsia: aumento da necessidade de beber água.
- Língua saburrosa: esbranquiçada com pontos brancos.
- Língua hiperemiada: muito vermelha.
- Sialorréia: aumento da secreção salivar.
- Sialosquese: diminuição da secreção salivar.
- Halitose: mau hálito.
- Náuseas: enjôo ;vontade de vomitar.
- Eructação: arroto.
- Aerofagia: deglutição de ar, seguida de eructação.
- Dispepsia: digestão difícil.
- Azia ou pirose: sensação de ardor estomacal e de azedume na garganta.
- Hematêmese: vômito com sangue.
- Melena: fezes escurar (“em borra de café”) decorrente de hemorragia.
- Meteorismo: acúmulo de gases no estômago e intestino.
- Abdômen timpânico: distensão do intestino, por gases com sonoridade exagerada à
percussão.
- Flatulência: distenção abdominal devida ao acúmulo de gases no intestino.
- Fecaloma: fezes endurecidas.
- Diarréia: evacuação líquida e abundante.
- Disenteria: evacuação líquida e constante, com muco ou sangue, e acompanhada de
cólicas e dores abdominais.
- Constipação ou obstipação intestinal: prisão de ventre.
- Enterorragia: hemorragia intestinal.
- Tenesmo intestinal: sensação dolorosa na região anal devida a esforço para evacuar.

9. Sistema urinário
- Micção: ato de urinar.
- Diurese: volume urinário, geralmente de 24 horas.
- Anúria: ausência ou diminuição do volume urinário até 50 ml/dia.
- Oligúria: diminuição do volume urinário abaixo de 500 ml/dia.
- Poliúria: aumento do volume urinário.
- Polaciúria: vontade freqüente de urinar, sem aumentar a diurese.
- Nictúria: micções freqüentes noturnas.
- Disúria: dificuldade e/ou ardor para urinar.
- Hematúria: urina com sangue.
- Piúria: urina com pus.
- Glicosúria: presença de glicose na urina.
- Colúria: presença de pigmentos biliares na urina.

10. Sistema genital


- Menarca: primeira menstruação.
- Menopausa: fase após parada definitiva do fluxo menstrual.
- Climatério: período que antecede a menopausa.
- Amenorréia: ausência de menstruação.
- Dismenorréia: menstruação irregular e/ou dolorosa.
- Metrorragia: hemorragia uterina.
- Leucorréia: corrimento vaginal esbranquiçado.

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 104 INTRODUÇÃO À ENFERMAGEM
11. Pele – temperatura
- Calafrio: sensação de frio acompanhada de eriçamento dos pêlos.
- Normotermia: temperatura normal.
- Febre: febre de curta duração e de pequena intensidade.
- Hipertermia: aumento da temperatura corporal.
- Hipotermia: diminuição da temperatura corporal.
- Tumor: massa de tecido novo provocando tumefação e sem utilidade fisiológica.
- Prurido: coceira.
- Queratose: endurecimento córneo da pele.
- Escara de decúbito: massa de tecido necrosado, decorrente da pressão constante do
tecido contra os ossos e/ou diminuição do fluxo sangüíneo.
- Crosta: casca, camada endurecida decorrente de acúmulo de secreção.
- Escoriação: arranhão, esfoladura.
- Fissura: fenda, úlcera.
- Fístula: canal anormal que se forma em local onde antes não existia.
- Erupção: qualquer lesão visível na pele.
- Exantena: erupção externa.
- Enantema: erupção nas mucosas.
- Eritema: vermelhão na pele provocado por congestão de capilares.
- Mácula: mancha normalmente rósea ou vermelha na pele, sem elevação ou
espessamento.
- Pápula: pequena mancha da pele, com elevação e sem líquido no seu interior.
- Vesícula: bolha com líquido normalmente translúcido.
- Pústula: vesícula purulenta.
- Flictena: bolha contendo líquido ou pus no seu interior.
- Petéquias: mancha de pequena dimensão, resultante de hemorragia capilar.
- Equimose: infiltração de sangue no tecido subcutâneo, que provoca manchas escuras
ou avermelhadas, transformando-se gradativamente em verdes e amarelas.
- Hematoma: tumefação causada pelo acúmulo de sangue, decorrente de traumatismo.
- Enfisema subcutâneo: distensão gasosa nos tecidos.
- Quelóide: excesso de tecido conjuntivo na cicatriz.

12. Rosto – cabelos


- Hiperticose: desenvolvimento anormal do pêlo ou cabelo.
- Alopécia: queda total ou parcial do cabelo.
- Palidez: face esbranquiçada, sem cor.
- Face congestionada: face vermelha devido a febre e/ou alteração emocional.
- Face ictérica: cor amarelada da pele e globo ocular, devido à presença de pigmentos
biliares no sangue.
- Cloasma: hiperpigmentação que acomete grávidas,, pessoas com distúrbios
hepáticos, em terapia hormonal, ou que se expõem ao sol.

13. Olhos
- Blefarite: inflamação das pálpebras.
- Exoftalmia: saliência exagerada do globo ocular.
- Isocoria: pupilas de tamanho normal.
- Miose: pupilas contraídas.
- Midríase: pupilas dilatadas.
- Anisocoria: pupilas com diâmetros diferentes.
- Fotofobia: dificuldade de visão na claridade.
- Nistagmo: movimentos involuntários do globo ocular.

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- Ptose palpebral: pálpebra caída.
- Ambliopia: diminuição do poder visual, sem lesão globular, mas provocada por
intoxicação, alteração nervosa e outras causas.
- Diplopia: visão dupla.

14. Nariz – ouvido – fala


- Anosmia: ausência de olfato.
- Epistaxe: sangramento nasal.
- Coriza: processo inflamatório com secreção nasal.
- Acusia: perda da audição.
- Otite: processo inflamatório ou infeccioso do ouvido.
- Afasia: incapacidade de compreender ou utilizar a linguagem devida a lesão cerebral.
- Disfasia: dificuldade para falar devida a problemas cerebrais.
- Dislalia: perturbação na articulação da palavra, devida a problemas no aparelho
fonador.
- Afonia: ausência ou diminuição da voz.

15. Outros
- Esplenomegalia: aumento do baço em tamanho.
- Hepatomegalia: aumento do fígado em tamanho.
- Prolapso: queda de um órgão ou parte deste.
- Síndrome: conjunto de sinais e sintomas que caracterizam uma doença.
- Síncope: síndrome caracterizada por perda dos sentidos e parada momentânea da
circulação e respiração.
- Toxemia: intoxicação.
- Enxaqueca: cefaléia acompanhada de náuseas e problemas visuais.

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 106 INTRODUÇÃO À ENFERMAGEM

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 107 ENFERMAGEM EM PEDIATRIA





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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 108 ENFERMAGEM EM PEDIATRIA

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 109 ENFERMAGEM EM PEDIATRIA
INTRODUÇÃO:

Em pediatria a observação é mais complexa e deve ser feita com muito critério, pois a
criança nem sempre sabe explicar o que está sentindo e muitas vezes ainda não fala. Isto nos leva a
uma situação de alertar para percebermos o que se passa com a criança.
Os sintomas e sinais são características a cada doença, portanto é necessário sabermos o
diagnóstico de cada criança; assim facilita as anotações, por exemplo, se estou prestando cuidados a
uma criança portadora de cardiopatia sem sabermos qual o seu diagnóstico torna-se mais difícil
relacionarmos o que a criança sente.

Registro de Enfermagem
Todos os sintomas e sinais dever ser registrados:
dispnéia, anemia, anorexia, temperatura, hipertensão (em doenças renais) anúria,
diarréia, alterações de humor, choro, sono.
Devem ser registrado qualquer cuidado prestado durante o período ou exame que foi ou
que será realizado.

4. Síndrome da Carência Afetiva e Psicossocial.


A família desempenha um papel fundamental, tanto no desenvolvimento de um
processo patológico, quanto naquele dito normal. Abordaremos o problema da carência afetiva, os
desvios patológicos da relação pais filhos (crianças vítimas de maus tratos, pais doentes mentais,
crianças vítimas de incesto ou incestuosas).
A carência afetiva foi objeto de importante pesquisa nos anos de 1940 e 1960. Os
trabalhos de vários psicólogos e psiquiátricos de vários países atestam o interesse dirigido a esta
questão.
Em nosso dias, a noção de carência de cuidados maternais conserva um lugar
privilegiado mas em uma óptica ligeiramente modificada. Com efeito, não há como em nossos dias,
colocar em dúvida ou contestar nocividade das condições de criação em instituições descritas por
Spitz, as internações prolongadas, as hospitalizações repetidas (muitas vezes por motivos fúteis),
em compensação, a atenção dirige-se atualmente ao que se poderia chamar de "hospitalismo
intrafamiliar" em famílias que parecem não conseguir dar a seu(s) bebê ou sua(s) criança(s) os
diversos estímulos necessários. Estas "famílias-problema", "família de risco" ou famílias sem
qualidade, representa o novo campo de ação médico-social.

Definições
A carência afetiva é múltipla, tanto em sua natureza quanto em sua forma. É impossível
defini-la maneira unívoca, pois é necessário ter em conta três dimensões na interação mãe-filho.
1º. a insuficiência de interação, que remete à ausência da mãe ou do substituto materno
(internação institucional precoce);
2º. a distorção presta contas da qualidade da contribuição materna (mãe caótica,
imprevisível);
3º. a descontinuidade, que diz respeito às separações sejam quais forem os motivos.

Estudaremos separadamente os efeitos próprios aos três grandes tipos de carência


definidas.
1º. Semiologia da carência por insuficiência: o hospitalismo.
Spitz comparou o desenvolvimento psicoafetivo de duas populações de crianças.
crianças filhas de mães delinqüentes em uma instituição penitenciária, cada mãe
ocupava-se seu filho, auxiliada por uma enfermeira.
por outro lado, crianças internadas em orfanatos recebendo cuidados higiênicos-
dietéticos perfeitos.

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 110 ENFERMAGEM EM PEDIATRIA
A reação de hospitalismo surgiu no segundo caso. As crianças apresentaram
choramingos, lamentos perda de peso e parada do desenvolvimento, retraimento.
O trabalho de Spitz foi discutido naquela época.
Atualmente, as instituições que se ocupam de lactentes em sua maioria tomaram
consciência dos perigos da carência afetiva.
2º. Semiologia da carência por disorção: as famílias-problemas.
Mesmo conhecendo-se bem os efeitos da ausência de relação ou de separação mãe e
filho, é mais recente a atenção dirigida às famílias que vivem em condições sócio-economicas
difíceis, famílias nas quais os riscos de morbidade física e mental para as crianças parecem
particularmente elevados.
As diversas pesquisas epidemiológicas conduzidas em escalas bastante grande mostra
uma constante
- “a única população definida de alto risco é constituída pelas crianças criadas em uma miséria
intensa e crônica”.

3º. Semiologia da carência por descontinuidade: a separação.


A separação mãe-filho permanece um acontecimento demasiado freqüente nas
condições atuais de vida, mesmo conhecendo-lhes os danos.
Os estágios da reação a separação foi dividida em três estágios:
1º. Fase do protesto;
2º. fase de desespero;
3º. fase de desligamento.
Esta reação é particularmente intensa na criança de 5 meses a 3 anos.
Além das manifestações diretamente ligadas a separação (reação de apego angustiado);
observam-se, sobretudo quando esta se prolonga.
. perturbações somáticas: grande fragilidade às afecções, doenças freqüentes;
. distúrbios psicossomáticos (anorexia, enurese, distúrbios do sono); a
sintomatologia . . discreta no quadro da depressão.

Sintomas da depressão:
Certas crianças apresentam um estado de prostração intensa, retiram-se e se isolam em
um canto. Observa-se uma inibição motora assinalada pela dificuldade de brincar, executar a menor
tarefa ou ocupação sobretudo a que anteriormente era fonte de prazer. E excepcional que a criança
se queixe diretamente de um sofrimento moral: Q choro, a tristeza do rosto, ocorre do mesmo modo
como o tédio, a indiferença a tudo, a fadiga permanente.
A desvalorização de si exprime-se sobre forma de repetidas constatações como “não”,
“eu não alcanço” “não consigo”, que envolve o discurso ou jogos da criança.
O sentimento de ser mal amada é freqüente.
No plano intelectual nota-se dificuldade de concentração e de memorização e pode
ocorrer cor freqúência: anorexia, distúrbios do sono (insônia, pesadelos), cefaléia ou enxaqueca.
Portanto pode-se perceber que a criança sofre vários tipos de violência. Violência física,
sexual, psicológica e negligência.

5. A Criança Vítima de Maus Tratos

a. O Problema dos Maus Tratos.


A violência tem sido responsável por uma demanda crescente de atendimento nos
serviços públicos de saúde e tem aumentado assustadoramente.
Tipos de violência direta:
violência do trânsito;
violência de brigas e conflitos nas comunidades;

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 111 ENFERMAGEM EM PEDIATRIA
assaltos e
maus-tratos familiares.
A consciência social sobre o problema dos maus tratos sugere o questionamento dessas
noções que estão profundamente arraigados, inclusive entre os próprios profissionais de saúde.
É comum a família ter um determinado filho como alvo principal dos maus tratos.
A mãe é geralmente apontada nas notificações como o agressor mais freqüente.
Esses agressores são de maneira geral pessoas comuns, ou seja, não são delinqüentes ou
doentes mentais, acreditavam estar educando e socializando os filhos para a vida. É sobre essas
crenças que é necessário atuar através de orientação, apoio e, em alguns casos, ajuda psicoterápica.
a. físico.
b. sexual.
c. psicológico.
d. negligência.

a. A violência física corresponde ao uso de força física no relacionamento com a


criança ou o adolescente por parte dos pais ou por quem exerce a autoridade no âmbito familiar.
Esta relação de força baseia-se se no poder disciplinar do adulto e na desigualdade adulto-criança.
A literatura é muito controvertida em termos de quais atos podem ser considerados
violentos: a simples palmada no "bumbum", agressão com armas ou instrumentos e até a imposição
de queimaduras, socos e pontapés entre outros.
A falta de consenso sobre atos e comportamentos considerados violentos se relaciona ao
fato do tema estar amplamente permeado por padrões culturais.
A sociedade americana enfrenta a questão da violência física desde o século XIX,
através de política de atenção e campanhas preventivas.
Nos anos 60 do presente século, a medicina, "redescobre" o tema, com os doutores
Kemp e Silverman, que ao trazer o problema para a saúde, batizando com o nome "Síndrome da
Criança Espancada", diagnosticada através de evidências radiológicas. Num trabalho científico,
esses autores analisam:
"à incidência maior desta síndrome nas crianças com menos de 3 anos, a sua
gravidade, o aparecimento de seqüelas pós-hematomas subdurais, num total de 749 casos. Além
de definiremos elementos clínicos e radiológicos que conduzem ao diagnóstico, insistem na
discordância entre as informações ministradas pelos pais e os achados clínicos".
Na verdade, essa Síndrome refere-se usualmente a criança de baixa idade, que sofreram
ferimentos inusitados, fraturas ósseas, queimaduras entre outros tipos de lesões, que geralmente
ocorrem em épocas diversas e em diferentes etapas, e sempre são inadequada ou inconsistentemente
explicada pelos pais.
Os pais muitas vezes fabricam uma história clínica com os sintomas de uma
determinada doença, como objetivo de conseguir avaliações médicas desnecessárias, bem como
procedimentos clínicos e hospitalizações Várias maneiras são utilizadas pelos pais as quais variam
desde histórias falsas e casos em que estes produzira ativamente sintomas nos filhos.

b. A violência sexual.
Esta violência configura-se como: "todo ato ou jogo sexual, relação hetero ou
homossexual entre um ou mais adultos e uma criança ou adolescente, tendo por finalidade estimular
sexualmente esta criança adolescente ou utilizá-los para este obter uma estimulação sexual sobre a
sua pessoa ou de outra pessoa.

c. Violência psicológica.
A violência psicológica apresenta-se sob variadas formas. Também designada como
"tortura psicológica", evidencia-se como a interferência negativa do adulto sobre a criança e sua
competência social, conformando um padrão de comportamento destrutivo. Costuma-se apresentar

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 112 ENFERMAGEM EM PEDIATRIA
associada a outros tipos de violência. São seis as formas mais constantemente estudadas. (Claves,
1992; Garbarino, 1988; Ruiz, 1990).
Rejeitar: quando o adulto não aceita a criança, não reconhece o seu valor, nem a
legitimidade de suas necessidades.
Isolar: o adulto afasta a criança ou o adolescente de experiências sociais
habituais à idade, impedindo de ter amigos e fazendo crer que ela ou ele está só no mundo.
Aterrorizar: o agressor instaura clima de medo, faz agressões verbais à criança, a
atemoriza e a faz crer que o mundo é hostil.
Ignorar: o adulto não estimula o crescimento emocional e intelectual da criança
ou adolescente.
Corromper: ato do adulto induzir a criança ou o adolescente à prostituição, ao
crime, ao uso de drogas.

Esse é o tipo de violência da qual menos se fala, embora seja um dos modos mais
comuns de dominação dos pais pobre os filhos. Por isso mesmo, raramente é registrado nas
instituições que atendem a população infanto-juvenil.

d. Negligência.
Compreende-se por negligência o fato da família se omitir em prover as necessidades
físicas e emocionais de uma criança ou adolescente. Configura-se no comportamento dos pais ou
responsáveis quando falham em alimentar, vestir adequadamente seus filhos, medicar, educar e
evitar acidentes. Tais falhas só podem ser consideradas como abusivas quando não são devidas à
carência de recursos socio-economicos. A negligência pode se apresentar como moderada ou
severa. O abandono parcial ou temporário promovido pelos adultos é uma das formas de
negligência.

6. Atenção a Família da Criança.


A atuação em casos de violência contra crianças e adolescentes envolve um trabalho
multiprofissional dos níveis superior, médio e elementar (médico, enfermeiro, psicólogo, assistente
social, auxiliar de enfermagem, agente de saúde) e inter-setorial devido a complexidade das
situações.

1º. Assistência.
Os profissionais que atuam nos serviços de saúde tem como dever diagnosticar,
notificar e atender os casos de crianças e adolescentes vítimas de violência, além de encaminhá-los,
acompanhá-los objetivando um atendimento integrado. Entende-se que a atuação da equipe deve
envolver não apenas a vítima como também sua família.
A atendimento familiar deve pautar-se, em primeira instância, na forma educativa,
orientando acerca de estratégias alternativas para a solução das dificuldades de relacionamento entre
seus membros.
A humanização do atendimento é fundamental para a realização dessas ações.
É necessário orientar a prevenção à violência desde etapas anteriores ao nascimento da
criança.
Os atendimentos de pré-natal, perinatal e puericultura, assim como os ambulatórios de
pediatria, são espaços prioritários na prevenção e identificação dos casos de violência.
Como exemplo de ação desses atendimentos, pode-se citar o estímulo ao
desenvolvimento de vínculos de maternidade e paternidade, no atendimento de puericultura.

2º. Extensão dos Serviços à Comunidade.


Reconhecendo-se como prioridade a mobilização social em torna da defesa dos direitos
da criança e do adolescente, em especial no que se refere à violência, recomenda-se:

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 113 ENFERMAGEM EM PEDIATRIA
. a divulgação do problema nos meios de comunicação de massa;
. realização de seminários sobre o tema junto aos vários setores da sociedade;
. promoção de campanhas sistemáticas e seqüenciais sob orientação de
especialistas no tema;
. incentivos a lideranças comunitárias para a notificação e o acompanhamento
dos casos identificados.

3º. Considerações Finais.


Em sua prática cotidiana, os profissionais de saúde demandam respostas concretas
diante do quadro de violência doméstica.
O que fazer diante dos casos suspeitos ou já identificados?
Alguns procedimentos são considerados essenciais pelos profissionais já engajados
nessas ações.
a. encorajar os pais a fornecerem as informações do fato, procurando mostrar que o
interesse é de ajudar a criança e a família como um todo.
b. tomar a família como alvo da atenção, considerando que tanto a criança vitimada
como seu agressor devem ser beneficiados nas condutas terapêuticas e de assistência.
c. considerar que a criança só deve ser afastada de seu lar em quadros muitos severos
ou risco de vida.
As tentativas de substituições da família por outras instituições, na maioria das vezes,
constituem mais uma violência para a criança. Essa questão aponta para conseqüências negativas de
se tomar como conduta principal a culpabilização da família. Há que se considerar que a família
envolvida merece uma chance de ser ajudada antes de ser considerada inapta a cuidar de seus filhos.
d. notificar obrigatoriamente os casos ao Conselho Tutelar ou, quando essa
inexistência na localidade, à Vara da Infância e Juventude ou ao Ministério Público.
e. nas localidades em que existem serviços especializados na assistência, estes
devem ser imediatamente contatados.
f. envolver na assistência à família que pratica violência doméstica toda a equipe de
saúde. Os profissionais do serviço social e psicologia podem desempenhar papéis estratégicos nessa
atuação, orientando e articulando os recursos disponíveis para o atendimento.
g. mobilizar recursos existentes na vizinhança da família atendida (creches, escolas,
postos de saúde) a fim de se promover uma rede de vigilância, apoio e prevenção de reincidências.
Esses procedimentos devem ser utilizados respeitando-se as diferentes realidades locais.
Esta proposta preliminar de prevenção e assistência à violência na infância e
adolescência deve ser considerada apenas como um primeiro passo para gerar uma mobilização em
torno do problema. A etapa de normas e procedimentos adequados a atenção a cada tipo específico,
porém só poderá ser construída com a colaboração dos profissionais que atuam nas realidades
locais. Esse é o desafio proposto para a atenção a família.

7. Alimentação do Recém-nascido Prematuro, Gavagem, Higiene, Incubadora.

Alimentação do RN prematuro.
Restringir ao mínimo a utilização do leite artificial.
Os prematuros deverão receber leite materno ordenhado ou, se for administrado
logo após ordenha, não precisa ser pasteurizado. Dependendo do peso e idade gestacional poderão
sugar na mãe.
Os neonatos de termo cujas mães não podem amamentar deverão receber leite
materno pasteurizado.
Facilitar a entrada da mãe nos berçários para amamentar o recém-nascido em

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 114 ENFERMAGEM EM PEDIATRIA
hidratação venosa.
O excesso de leite materno retirado das mães com maior lactação, de preferência
através de extração manual, deve ser armazenado em frascos esterilizados e submetidos a
pasteurização.
Quando houver necessidade de leite artificial, ter todo o cuidado na esterilização
dos utensílios utilizados.
Preparar o leite em condições assépticas. Realizar a esterilização terminal.
a. Gavagem.
Não colocar de uma só vez suprimento do que o suficiente para 4/8 horas de
alimentação enteral a fim de evitar a contaminação bacteriana.
Embora a alimentação nasoentérica tenha sido utilizada com sucesso por até 18
meses, a enterostomia geralmente é indicada se for antecipado o uso a longo prazo de alimentação
enteral.
Suspender a alimentação por sonda quando a ingestão via oral chegar 2/3-2/4 das
necessidades calóricas e protéicas estimadas.
Sintomas de intolerância incluem distensão abdominal, cólicas, náuseas, vômitos,
diarréia, constipação.
A alimentação do prematuro sempre constitui problema pelas "desvantagens" do seu
aparelho digestivo.
Para alimentar o prematuro, devem ser considerados os seguintes princípios:
1º. necessidades nutritivas;
2º. técnicas de administração;
3º . freqüência e quantidade a ministrar;
4º. tipos de alimentos.
É importante ter sempre presente a inconveniência da superalimentação do prematuro.
O excesso de alimentação nas 2 primeiras semanas de vida do prematuro, com a intenção de obter
dele maior aumento de peso, pode apresentar graves conseqüências, como por exemplo a
pneumonia por aspiração.
Os glicídios são bem tolerados, mesmo pelos prematuros de baixo peso. Parece que as
exigências protéicas dos prematuros são bem maiores que as dos recém-nascidos a termo. As
necessidades de sais minerais também são aumentadas.
Os prematuros não absorvem bem as gorduras.
As necessidades de água é pequena.
Berço, Incubadora, Equipamentos Material de Reanimação, Roupa e Material de
Consumo.

a. Berço.

Fazer a limpeza completa seguida de desinfecção diariamente e após a alta. Usar água e
sabão e solução de álcool a 70%. O RN deve ser retirado do berço somente para colheita de sangue,
lavagem gástrica, aleitamento ou outra medida especial.

b. Incubadora.

Fazer limpeza terminal após ocupação. No caso de permanência prolongada, fazer


limpeza no máximo a cada 7 dias.
Usar água e sabão neutro e em seguida, fazer desinfecção com solução do álcool a
70%. Se o neonato que ocupava a incubadora, for portador de infecção usar solução de fenol a 2% e
deixar uma hora. A seguir, passar água para remover o germicida. Enxuga-se com pano seco e está
pronto para uso.
Não utilizar água no reservatório da incubadora.

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c. Equipamento.

O frasco do umidificador deve ser trocado a cada 24 horas.


Fazer a limpeza com água e sabão e desinfecção com glutaraldeido a 2% durante
30 minutos. Usar no umidificador somente água destilada esterilizada e conservada em geladeira.
Após 24 horas, eliminar a água que tenha sobrado e utilizar novo frasco com água esterilizada.
O frasco de aspiração deve ser limpo e autoclavado diariamente, juntamente com
o tubo. A sonda de aspiração deve ser descartada após cada uso.
As peças e conexões do respirador deverão ser lavadas após cada uso. A seguir
devem ser colocadas em solução de glutaraldeido a 2% durante 30 minutos. Lavá-las, secá-las e
guardá-las com panos ou recipientes esterilizados.

d. Material de Reanimação

O material necessário à reanimação deve estar sempre esterilizado ou


desinfectado. As cãnulas de intubação devem ser limpas com água e sabão e em seguida
esterilizadas em autoclave a 121ºC durante l5 minutos. Os tubos de borracha não resistem a esta
temperatura. Se não for possível esterilizar com o processo acima, fazer desinfecção colocando a
cânula em solução de glutaraldeido a 2% durante 30 minutos. Em seguida lavá-la com água
esterilizada, secá-la e guardá-la em saco plástico ou papel esterilizado.
O cabo e a lâmina do laringoscópio devem ser limpos com água e sabão e
desinfectados com solução de álcool a 70%.

e. Roupa.

Trocar a roupa do berço sempre que estiver molhada.


Colocar a roupa suja em recipiente fechado mantido fora do berçário e removê-lo
pelo menos em cada turno.
Trocar o forro da balança, após a pesagem de cada recém-nascido, usando de
preferência, papel descartável.
Usar, no neonato de alto risco, roupas e panos esterilizados.

f. Material de Consumo.

Escalpe, sonda, seringa e agulha devem ser descartáveis.

g. Ambiente.

Limpar o piso no mínimo duas vezes ao dia. Primeiro retira-se a poeira com pano
úmido detergente. Logo depois esfrega-se com um pano e solução de hipocloreto de sódio a 1%.
Deve-se ter especial cuidado com a limpeza das quinas e frisos de janelas, assim como
as partes superiores dos armários e áreas de armazenagem que costumam acumular poeira e
necessitam de limpeza no mínimo semanal com pano úmido, detergente e hipocloreto de sódio a
1%.
Todas as superfícies lisas de trabalho devem ser esfregadas com um pano úmido com
detergente e hipocloreto de sódio a 1% duas vezes ao dia. Da mesma forma deve-se limpar
rapidamente quando se derrama sobre ela secreção ou amostras de sangue de pacientes.
Uma vez por semana fazer limpeza e desinfecção completa incluindo paredes e vidros.
O material de limpeza (balde, pano) deve ser usado somente no berçário.
Evitar a superpopulação, conservando uma distância de 50 a 60 cm entre os berços.

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Epidemia no Berçário.

Medidas a serem adotadas durante uma epidemia no berçário.


- Tentar identificar a fonte (culturas de neonatos infectados, equipamentos,
alimentação
e pessoal)
- Determinar a extensão do surto (cultura dos contatos e do pessoal).
- Reavaliar as técnicas de assepsia (lavagem das mãos, limpeza do equipamento, e
ambiente alimentação).
- Restringir novas admissões.
- Dar alta precoce para os não contaminados e segui-los ambulatorialmente.
- Notificar à comissão de controle de infecção do hospital.
- Manter todas as crianças do berçário em incubadora.

O alojamento conjunto.

A utilização do sistema de alojamento conjunto contribui para diminuir o risco de


infecção hospitalar.
III. Crescimento e Desenvolvimento Normal da Criança. – CD – O objetivo da
Pediatria.

No período compreendido entre o nascimento e a adolescência, nenhuma fase é tão


instável e tumultuada corno aquela que marca a passagem do laçtente para a primeira me ira
infância.
Puericultura – Parte da Pediatria que cuida da prevenção.

Desenvolvimento físico.

O desenvolvimento e o crescimento são processos dinâmicos contínuos desde a concepção até a


maturidade, que ocorrem em uma seqüência ordenada, aproximadamente a mesma em todos os
indivíduos.

1. Indicadores de Desenvolvimento: Peso e Atividade.

Para acompanhar o desenvolvimento físico através do crescimento usamos o peso da


criança, porque ela mostra rapidamente progressos ou problemas no desenvolvimento da criança.

O crescimento é acompanhado através do Gráfico Peso-Idade. Nele temos, em cima, a


idade da criança em anos. Em baixo, esta idade aparece em meses e vai de 0, que é o nascimento e
aumentando mês a mês até 36 meses que são 3 anos e depois aumenta de 2 em 2 meses até
completar 60 meses que são 5 anos.

Os números ao lado e dentro do gráfico indicam o peso em quilos. Começa com 2


quilos e aumenta de 1 em 1.

TODA CRIANÇA DEVE SER PESADA FREQUENTEMENTE

Toda vez que uma criança é pesada, esse peso é marcado com uma bolinha no gráfico,
mas uma bolinha só não basta para mostrar o crescimento da criança. Para isso temos que pesar a

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criança várias vezes (pelo menos nas idades do calendário mínimo) marcar cada pesagem com uma
bolinha e ligar essas bolinhas com um traço. Formamos assim a curva de peso da criança.
Mas como vamos, com o gráfico, acompanhar o peso da criança?
Primeiro: Pesando numa balança bem regulada.
Com a criança até 2 anos é preciso tirar toda a roupa.
Com crianças maiores pode deixar o short ou a calcinha.
Segundo: anotando o peso no lugar certo, o lugar onde se encontram no gráfico a linha
de peso da criança e a linha da idade dela no mês em que foi pesada.
Terceiro: fazendo um traço que liga as bolinhas do peso para fazer a Curva de Peso da
criança.

2. Desenvolvimento Psicológico.
Para acompanhar o desenvolvimento psicológico observamos a atividade da criança,
porque a medida em que se desenvolve, ela muda seu jeito de fazer as atividades. No gráfico foram
apresentadas algumas atividades da idade na idade em que a maioria das crianças é capaz de fazer.
E foi dada também uma faixa de idade que limita o tempo que os profissionais podem esperar que a
criança saiba fazer cada atividade.
O gráfico tem algumas sugestões de brincadeiras e cuidados com a criança, para
orientar os pais

Como vamos acompanhar o desenvolvimento psicológico da criança?

1º. Observando a criança e perguntando aos pais o que ela sabe fazer.
2º. Vendo com os pais qual é a idade da criança e se ela já começou a fazer a atividade
que está escrita no gráfico para sua idade e registrando nele a idade em que a criança fez a
atividade.
3º. Comparando a idade em que a criança fez a atividade com a idade colocada no
gráfico. Se criança não fizer a atividade, observar e perguntar se faz as atividades da idade anterior.
Se a criança já faz atividade prevista no gráfico para sua idade, conversar com os pais sobre a
atividade da idade seguinte.
4º. Partindo do resultado, tomar as providências necessárias, conforme as Ações
Básicas de Saúde da criança.
3. Desenvolvimento Psicomotor.

a. A criança tem oportunidade de se movimentar?


O movimento fortalece os músculos e ossos da criança, ajuda a criança a aprender a usar os braços,
mãos e pernas. Devemos colocar o bebê em posição e lugares diferentes, deixar a criança se
arrastar, andar, pular e correr.

b. Os pais conversam, falam com a criança?


Falar com ela desde que está na barriga da mãe; mostrar, dizer o nome das pessoas e das
coisas de sua casa e do lugar onde mora, contar histórias, cantar, é muito importante, principalmente
para desenvolver a inteligência da criança.

c. Como os pais mostram seu amor para a criança?


Abraçar, beijar, acariciar, atender quando a criança chora, está com medo; dá limites e
proibições com paciência e sem violência, tudo isso é necessário para a criança ir tendo segurança
emocional e aprender a gostar dela mesmo.

d. O que fazer com a curiosidade da criança?

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Para conhecer as pessoas e as coisas a criança tem que olhar, pegar, morder, fazer experiências com
elas e conversar sobre isso. Conhecer e usar o que existe no lugar em que vive.

e. Os adultos e outras crianças ajudam e animam a criança a fazer coisas que ela
ainda não faz sozinha?
Animando ou ajudando a criança a aprender coisas novas, ela pode se desenvolver
mais depressa.

f. A criança tem oportunidade de brincar e conversar muito?


Brincando, a criança aprende coisas novas, vai mudando e melhorando seu modo de fazer as
atividades, vai se desenvolvendo.

4. Necessidades Sócio-econômicas.
É importante que a família tenha condições de moradia, emprego e lazer. Também o
relacionamento entre as pessoas da família e a forma de tratar as crianças são essenciais para o seu
desenvolvimento. Então, em resumo, o ambiente em que a criança vive facilita ou prejudica o seu
desenvolvimento.

Recreação e Estimulação
A criança deve desfrutar plenamente de jogos e recreações.
A sociedade e as autoridades públicas se esforçaram por promover a ação e o efeito
deste direito.
O jogo é essencial a vida das crianças, pois ajuda a dominar o seu ambiente, a
compreender e fazei frente ao mundo que os rodeiam.
O jogo é natural e espontâneo, não tem que ensinar as crianças a jogar. No jogo as
crianças se descobrem a si mesmo, seus pontos fortes, suas debilidades, suas habilidades e
interesses.
O jogo proporciona oportunidade para que cada criança se desenvolva social,
emocional, intelectual e fisicamente.
O jogo realiza em grande medida o desenvolvimento intelectual. Proporciona as
crianças a oportunidade de explorar e experimentar o mundo em que os rodeiam, seja natural ou
artificial.

O jogo e as crianças saudáveis.


Cada vez se compreende melhor o significado da relação entre a saúde e o jogo.
Devemos observar as zonas de relação do jogo:
saúde física e jogo;
saúde mental e jogo;
saúde emocional e jogo;
saúde social e jogo.

Pode-se descrever quatro tipos básicos de jogo que se relacionam com as necessidades de
saúde total da criança:

o jogo divertido;
o jogo físico;
o jogo inquisitivo;
o jogo de medo (o medo é um instinto natural).

O jogo e a criança hospitalizada e a criança impedida.

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Se reconhecem as necessidades de jogo que experimentam as crianças normais e sadias,
muito mais importantes ainda é reconhecer a necessidade especial de jogo que tem as crianças
impedidas física e mentalmente ou que estão em hospitais. Também se deve dar as crianças
hospitalizadas a oportunidade de experimentar os quatro tipos de jogos que antes descrevemos.

Os pacientes de curta idade necessitam:


1º. que se lhes dêem oportunidades de jogo divertido, porque a alegria são os melhores
medicamentos do mundo;
2º. é necessário dar as crianças oportunidade de jogo para exercitar seu corpo em
crescimento ainda que parte do seu corpo esteja imóvel;
3º. que lhes dêem oportunidades de jogo para enterar-se de como é seu tratamento, as
pessoas que as atendem, os aparelhos médicos e tudo o que seja novo e estranho para eles;
4º. o jogo é necessário para que tenham oportunidade de, através do jogo faça-a frente
a seus temores e ansiedades neste mundo totalmente anormal e com o que tem que tratar de repente.
A hospitalização não tem que significar uma experiência nociva e desagradável.
Desde os cinco meses quando descobre suas mãos pela primeira vez e produz prazer ao
agitá-las, a criança está experimentando o jogo.

IV Higiene e Alimentação da Criança

1. Higiene da Criança.
Devemos orientar os familiares acerca da necessidade da higiene infantil através de métodos
diferentes (higiene pessoal) e indiretos (lixo, utensílios para alimentação, alimentos, meio ambiente,
dejetos, habitação).
Tudo afeta a saúde da criança.
O lactente e o pré-escolar são mais dependentes, porém a medida que vão tornando-se
independentes devem ser orientados à respeito das necessidades e métodos adequados e de higiene.
A higiene corporal tem o objetivo de promover e proteger a saúde.
É imprescindível que a higiene seja completa, isto é que haja cuidados de limpeza da
pele, unhas e boca.
A pele deve ser lavada com água e sabão neutro. A limpeza geral protege contra
infecções, estimula a circulação e proporciona sensação de bem estar.
Unhas - devem estar sempre cortadas e limpas.
Boca - a higiene oral deve ser realizada desde o nascimento, a limpeza da gengiva
com tecido macio, úmido, enrolado no dedo, previne complicações e causa bem estar.
A escovação deve ser feita pela manhã e após as refeições e ao deitar.
O momento do banho deve ser aproveitado para desenvolver estímulos totais (acariciar
a criança), auditivos (conversar e cantar com a criança) e psicomotores (inclusive movimentos
ativos com os membros).
Tipos de banho.
banho no leito;
banho de imersão;
banho de aspersão.
Ensinar a criança o autocuidado com a alimentação, a importância do ar livre, do sol
e de exercícios físicos e conveniente desde cedo.
O banho frio estimula a circulação da pele e músculo;
reforça a tolerância do organismo às variações climáticas;
reduz a incidência de problemas respiratórios.

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2. Higiene do Vestiário.
Objetivo. Manter o conforto e bem estar da criança.
O tecido deverá ser escolhido de acordo com a estação. O recém-nascido também sente
calor.
A criança desidratada e desnutrida sente mais frio porque sua produção de calor é
mínima.

Cuidados a serem observados.


Evitar tecidos ásperos e que cause alergia.
O vestiário deve permitir amplitude de movimento.
A fralda deve ser trocada quando necessário e deve ser feito a higienização da
criança, para evitar acidez ou dermatites.
As crianças maiores devem trocar a roupa após o banho e quando sujas ou
molhadas.
3. Assistência Psicológica.
A assistência visa promover a criança sua adaptação ao ambiente hospitalar dando continuidade a
sua vida afetiva equilibrada.
O ritmo de vida e desenvolvimento da criança não pode ser interrompido. Qualquer
trauma ocorrido na infância deixa marcas profundas. Neste período a personalidade está em
formação e precisa de estabilidade e segurança.
Quando a criança é internada, o hospital além da função curativa deve desenvolver
atividades que atendam as necessidades básicas da criança, atividades que sejam fontes de
aprendizagem, enriquecimento interno e de continuidade ao desenvolvimento da criança.
Ao entrar no hospital a criança é submetida a procedimentos terapêuticos ou para
esclarecer o diagnóstico e a criança poderá sentir-se ameaçada, pela própria doença ou por cirurgias
que poderão ser realizadas.
A doença em si apresenta estado de desequilíbrio não só orgânico, mas também
psicológico. A debilidade, a dor, correspondem a uma reação psíquica de instabilidade que se
apresenta através de uma regressão do desenvolvimento.
A criança enfrenta pessoas estranhas e ambientes estranhos que substituíram as pessoas
conhecidas e o lar. Este desconhecimento é vivenciado pela criança com bastante insegurança e
ameaça (instrumentos que causam dor, pessoas que puncionam veia ou administram medicação
amarga ou intramuscular).
Para diminuir qualquer situação conflitante, o hospital deve ter um ambiente agradável
e um pessoal preparado , humano e que goste de trabalhar com crianças.

V. Observações e Anotações em Enfermagem Pediátrica.

1. Sinais e Sintomas.
Os sinais e sintomas caracterizam as doenças, porém é bom sabermos a diferença entre
eles.
Sinais - é mais objetivo, é uma manifestação física da doença que é verificado por meio
de inspeção, palpação, ausculta ou mensuração. Pode ser percebido por outra pessoa, exemplo: sinal
de Arnoux na prenhez dupla, ouve-se os batimentos rítmicos duplos, sinal de Cullen, sinal de
prenhez ectópica rota, na qual se nota uma descoloração azulada ao redor do umbigo.
O sinal subjetivo é percebido somente pelo paciente.
Sintoma - é um fenômeno de transtorno físico ou mental que origina queixas por parte
do paciente, geralmente um estado subjetivo com cefaléia ou dor. Qualquer fenômeno não
específico comum a muitas enfermidades ou transtornos mentais.

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2. Alterações do humor.
As emoções não são entidades e sim forças dinâmicas que estimulam, inibem, orientam
e transformam o comportamento.
Freud acreditava que a principal determinante das atividades humanas era princípio do
prazer. O impulso do prazer deve sua principal contribuição emocional ao impulso e seus múltiplos
derivativos.
As condições da realidade como a consciência e seus ideais (superego) bloqueiam e
canalizam impulso do prazer.
Se as emoções não encontram satisfação imediata ou não se transformam, procuram
uma espécie de desabafo criando a ilusão do desejo almejado dos sonhos ou formas neuróticas.
As emoções são armazenadas na memória desde a primeira infância.
Os sintomas de uma doença podem ser uma linguagem simbólica de emoções
reprimidas.
As crianças hospitalizadas estão em uma condição de desprazer e tornam-se apáticas,
reprimido choram com freqüência, recusa a dieta e dificulta a recuperação.
O profissional de enfermagem deve estar atento a alteração de humor da criança e
procurar adquirir sua confiança.
Qualquer enfermidade, simples, complicada ou grave, conduz a criança a alterações
psicológicas sérias, pois a mesma não sabe distinguir o grau de sua doença ou avaliar o tempo que
deve permanecer no hospital, porém isto depende de seu temperamento.

3. Apetite.
Apetite é um desejo de alimento, não necessariamente motivado pela fome.
Fome é a sensação de vazio no estômago com desejo intenso de alimento.
Quando existe um apetite exagerado pode estar ocorrendo um distúrbio no Sistema
Nervoso Central.
Regulação do Apetite pelo SNC.
O papel do sistema nervoso central no controle da ingestão de alimentos depende
principalmente do hipotálamo. Um centro de saciedade no hipotálamo medial ventral exerce
influência inibidora sobre o centro de alimentação vizinho. A destruição do centro inibidor libera o
centro da alimentação hipotalâmica.
No homem, as lesões do cérebro às vezes produzem obesidade, mas não conhecemos o
grau em que contribui para obesidade ordinária uma modificação no equilíbrio entre esses centros.
Uma alimentação excessiva desde cedo pode "ajustar" os centros reguladores de
maneira que obesidade, manifestada por um número elevado e irreversível de células adiposas,
persiste em épocas futuras.
Medicamentos supressores do apetite são eficazes apenas por algumas semanas.
enquanto o tratamento da obesidade é de duração indefinida.

Prevenção
A prevenção do aumento de peso depois da maturidade é nitidamente mais desejável do
que o tratamento de uma obesidade já declarada.

4. Sono.

a. Conceito - O sono é a suspensão normal e periódica da consciência e da vida de


relação, durante o qual o organismo se repara da fadiga. É o desejo ou necessidade de dormir.
Enquanto dormimos apresentamos um estado de insensibilidade, um estado de inércia.

b. O distúrbio do sono da criança.

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Os distúrbios do sono da criança é de uma grande variedade em todas as idades,
contudo a fase mais tumultuada é a – 2- 7 anos sendo necessário, de início, salientar a extrema
importância das perturbações precoces.
O estudo dos distúrbios do sono foi completamente renovado depois da introdução e
maior utilização de registros eletro-encefalográficos: representa um domínio privilegiado de
confrontação frutífera en pesquisadores oriundos de disciplinas diferentes, quando não até
tradicionalmente divergentes.

MANUTENÇÃO DAS CONDIÇÓES VITAIS

VII
1. Noções gerais

Os sinais vitais, que são temperatura, respiração, pulso e pressão arterial, refletem o
estado geral da criança. A identificação de tendências (diferenças e desvios )desde sinais revelam as
alterações físicas e funcionais que estão se processando nos sistemas orgânicos mais importantes,
para a manutenção da vida.
A seqüência ideal para a verificação dos sinais vitais nas crianças pequenas é a
verificação da respiração, pulso, T, e P.A.

2. Temperatura corporal

Representa uma estabilidade entre o calor produzido e o perdido pelo corpo, sendo
influenciada pelos meios físico, químico e sistema nervoso.
Devido a imaturidade do sistema termorregulador a temperatura da criança é mais lábil
do que a dos adultos e pode apresentar variações com muita rapidez. No lº ano de vida, a criança é
muito dependente da temperatura ambiental para manter sua própria temperatura interna.
Nos prematuros esses mecanismos são ainda menos desenvolvidos do que nas crianças
a termo. Dai a necessidade de proteger as crianças contra o frio e calor excessivos.
Necessita - se registrar o local e o método utilizado para verificação da temperatura.
Deve-se considerar os fatores que modificam a temperatura central: atividade, emoções,
temperatura ambiente, vestuário, alimentação, exercícios, tempo de verificação e características
individuais; preferir verificar os sinais vitais quando a criança não estiver excitada.

Consideram - se valores normais da temperatura:

Oral Æ 36,4 - 37,40C.


Retal Æ 36,2 - 37,80C. com variações de 0,3 a 0,60C.
Axilar Æ 36,5 - 37,2ºC.

a) Febre ( Pirexia/Hipertermia)
Efeitos da febre: cefaléia, prostração, excitação psicomotora, convulsão, acidose e
desidratação.
A febre é uma reação de defesa do organismo. Objetiva - se com a assistência á criança
com febre: reduzir a quantidade de calor produzido pelo organismo, facilitar a sua eliminação pelo
corpo e prevenir os efeitos patológicos da febre sobre o organismo. Enfim, avaliar as condições
térmicas da criança.

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As medidas para redução da febre são:
verificar e notificar sintomas associados;
promover o repouso da criança (pois diminui o índice do processo metabólico e a
atividade muscular, diminuindo o calor produzido);
manter a criança hidratada através da oferta freqüente de líquidos (Para evitar
desidratação e acidose);manter a criança com roupas leves;
manter ambiente arejado;
usar recursos físicos para reduzir a temperatura (colocar gelo, compressas com água
morna, banho morno);

oferecer alimentação simples e leve;


evitar esfriamento de extremidades.

b) Hipotermia

A Hipotermia é mais temível que a febre, pois pode causar diminuição da sensibilidade, fraqueza
muscular, sonolência, inibição cardiorrespiratória por produção de arritmia, inibir a produção
enzimática e o processo metabólico - orgânico, com les5es teciduais irreversíveis. Schmitz, A
Enfermagem em Pediatria e Puericultura, p.224 - (cita Mendez, 1976).

Medidas para aumento da temperatura corporal:

• usar roupa pessoal quente;


• aumentar os cobertores;
• usar berços aquecidos e aquecedores de ambiente. Umidificar o ambiente para evitar o
ressecamento das mucosas e as patologias do aparelho respiratório.

3. Respiração

Entende - se por respiração a freqüência das trocas gasosas entre o organismo e o meio ambiente,
promovendo absorção de oxigênio (O2), e eliminação de gás carbônico (C02). Considere na sucesso
rítmica de movimentos de expansão e retração pulmonar, ou seja, inspiração e expiração.
Características da respiração na criança: irregulares, arritmias, intermitentes e com alternâncias de
profundidade.

O tipo respiratório varia coma idade:

Lactente - abdominal ou diafragmática;


Pré - escolar - abdominotorácico ou toraco - abdominal;
Após 7 anos - torácico ou costal.
A freqüência da respiração aumenta com o esforço, excitação, digestão e idade.
• respiração normal ou eupnéica: considera - se dentro dos limites da normalidade;
• respiração bradipnéia: valores abaixo do normal.
• Taquipnéia: valores acima do normal.

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IDADE VARIAÇÃO
FREQUÊNCIA
( por minuto )
RN 40-45
até 2 anos 20-25
de 2 a 6 anos 20-25
acima de 6 anos 18-20

Fonte: Pernetta. Pediatria Ambulatorial, Ennio Leão Et alli, p. 45.

4. Pulso e freqüência cardíaca

O pulso é o batimento (expansão ou retração) de uma artéria sobre uma saliência óssea,
produzido pela onda de sangue, forçada através da mesma, pela contração do ventrículo esquerdo
do coração.
Freqüência cardíaca é o numero de batimentos cardíacos em um espaço de tempo,
medida em batimentos por minuto.
A verificação do pulso objetiva avaliar o funcionamento do sistema cardiovascular.
O número de batimentos por minuto (freqüência) varia com o sexo, exercícios, biótipos,
emoções, choro e sono.
bradicardia - freqüência muito baixa;
taquicardia - freqüência acelerada. Nos bebês as pulsações são tão procuradas na artéria femural ou
radial, porém, apalpadas e auscultadas na mais velha as pulsações são contadas na área radial.

Variação da freqüência do pulso de acordo com a idade

IDADE LIMITE INFERIOR MÉDIA LIMITES SUPERIORES


RN 70 125 190
1 a 11 meses 80 120 160
2 anos 80 110 130
4 anos 80 100 120
6 anos 75 100 115
8 anos 70 90 10
10 anos 70 90 110

Fonte: Vanghan, V.C. Mac Kay Jr., R.J. & Belvman, R>E> Nelson - Text book of
pediatrics. 11 ed. Philadelphia. W.B. Saunder 1º 1979, pág. 1252.

Observa - se a freqüência, o ritmo ( é regular com o intervalo de tempo igual entre os batimentos), a
força da batida é cheia e forte (normal). Os distúrbios do pulso infantil tendem a ser bradicárdicos
(11ughes, 1983 citado em Enfermagem Pediátrica e Puericultura, p. 236).
Locais para verificação de pulso nas crianças.
Bebês - artéria femural (ao nível da virilha), artérias temporal e pediosa.
Lactentes maiores e outras crianças - artérias braquial, radial, femural, carótida e ainda temporal,
pediosa e poplítea.
Pulso apical ou freqüência cardíaca verificado com auxílio do estetoscópio sobre o ponto do

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coração entre o mamilo esquerdo e o externo do 3º e 5º espaço intercostal. No escolar, no 6º espaço
intercostal, a cerca de 5 cm na linha média. O pulso apical ou freqüência cardíaca é constituído
pelos batimentos cardíacos.

5. Pressão arterial ou tensão arterial (PA ou TA)


A PA, é a pressão que o sangue exerce dentro da artéria, quando este é impulsionado pela sístole
cardíaca.
A PA da criança varia de acordo com a idade e se relaciona ao seu peso e altura. Há variação da PA
entre crianças com a mesma constituição física e idade.
(Brunner, Enfermagem Médica e Cirúrgica, p. 60).

Média dos valores da pressão arterial em crianças segundo sua idade

IDADE MEDIDA / VALORES SÍSTOLE /


DIÁSTOLE
0 - 3 meses 75/50 mmHg
3 - 6 meses 85/65
6 - 9 meses 85/65
9 - 12 meses 90/70
1 a 3 anos 90/65
3 a 5 anos 90/60
5 a 7 anos 95/60
7 a 9 anos 95/60
9 a 11 anos 100/60
11a 13 anos 105/65
13 a 14 anos 110/70

Fonte: Hunghes & Buescher, 1983.

São fatores que alteram os resultados da PA: a excitação, uso de esfigmomanômetro


inadequado (manguito largo ou estreito demais), o nível da extremidade testada em relação ( o
abaixamento do nível da extremidade faz aumentar a pressão), o local da determinação.

Outros fatores que também afetam a PA:


A força da contração do ventrículo, o volume do sangue, a elasticidade da camada
muscular das paredes dos vasos sangüínea, a viscosidade sangüínea, a resistência periférica.

Denominações das alterações;


hipertensão - elevação anormal;
hipotensão - valores anormalmente baixos.
Tamanho médio do manguito para crianças de tamanho médio:

menos de 5 anos manguito de 5 cm;


5 a 8 anos manguito de 7 cm;
8 a 14 anos manguito de 9,5 cm;
acima de 14 anos manguito com 12 cm;

Fonte: Mendez, 1976.

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HOSPITAL PEDIÁTRICO

CONCEITO

Entende - se por Hospital Pediátrico o local destinado a internação de crianças, cuja


idade pode variar de 9 a 12 anos, equipado para atender às necessidades globais da criança, nas
diferentes faixas etárias, do nascimento à adolescência.

OBJETIBVOS DA UNIDADE PEDIÁTRICA

• Assistir a criança doente, com vista a exames, para esclarecimento e complementação


diagnostica, controle de situações já diagnosticadas ou seguimentos pós - alta;
• Servir de centro de orientação sanitária;
• Servir de campo de ensino para diversos profissionais, cuja ação se desenvolve ou
venha a ser desenvolvida na área pediátrica;
• Servir de centro de pesquisas cientificas na área de saúde;

ASPECTO GERAL

Em um hospital pediátrico vamos encontrar um aspecto bem diferente das unidades


destinadas à internação de adultos, isto porque um hospital para criança necessita ser montado de
forma a atender às necessidades próprias de cada fase da infância. Diante disso, temos setores
imprescindíveis em uma unidade dessa natureza, tais como:

• Sala de recepção e admissão;


• Sala de vacinação;
• Enfermarias distribuídas de acordo com a idade, condições de saúde e isolamento;
• Lactário;
• Sala de recreação;
• Sala de exame e tratamento;
• Sala de psicologia;
• Banheiros (instalações sanitárias);
• Rouparia;

QUALIDADE DO PESSOAL DE ENFERMAGEM EM PEDIATRIA

De grande importância é o preparo do pessoal que vai trabalhar em pediatria, por meio
de educação em serviço e de aulas formais e informais sobre o desenvolvimento físico e psicológico
da criança, o que não pode pois ser tratado como um adulto em miniatura.
A maneira de cuidar da criança, de lhe ministrar tratamento demanda paciência e
aprendizado, o que deve ser feito continuadamente pelo pessoal de enfermagem que deverá possuir
certas características essenciais ao bom funcionamento do serviço tais como:

a) Gostar de criança, ter paciência, tratamento impessoal sem favoritismo, demonstrando sempre
simpatia e interesse pelos problemas que cada criança apresentar;
b) Estabelecer bom relacionamento com a criança, tratado - a como indivíduo que tem certos
direitos e privilégios;
c) Ser alegre, gostar de cantar, conhecer cantigas infantis, interessar - se pela literatura infantil, e

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tomar parte nos brinquedos;
d) Grande poder de observação: A criança não tem capacidade para explicar e localizar a dor. O
pessoal de enfermagem precisa ser treinado para desenvolver o espírito de observação,
interpretando os sinais e sintomas, para relata - los posteriormente ao pediatra, registrando - os no
Relatório de Enfermagem.
e) Interessar - se estar sempre atualizado com as principais doenças da infância e seus respectivos
cuidados.
É pois no serviço de pediatria que deve existir pessoal altamente especializado a fim de
que o tratamento da criança seja facilitado.
Sabemos que estamos longe de encontrar o que assinalamos como necessidades
mínimas de qualidades do pessoal hospitalar. Continuamos ainda com extrema deficiência
quantitativa de enfermeiras especializadas, entretanto, forçoso é reconhecermos que já
evoluímos extraordinariamente através de simpósio, mesas redondas, jornadas e congressos.

ADMISSÃO E ALTA HOSPITALAR

ROTINA DE ADMISSÃO

ADMISSÃO DA CRIANÇA

a) Conceito:

É a recepção da criança no hospital com a finalidade de promover a sua adaptação ao


nosso ambiente, mantendo, ao mesmo tempo sua vida afetiva estável, para conseguir um máximo de
cooperação no restabelecimento de sua saúde física e psíquica.

b) Etapas da Admissão:

• Promover ambiente de bom relacionamento com a criança e familiares;


• Permitir que a mãe preste os primeiros cuidados higiênicos e alimentares à criança
durante a sua admissão;
• Aproximar - se gradativamente da criança preparando - a para a hospitalização que
conduz á separação familiar, e sua introdução a um ambiente estranho, e o tratamento a que ela
devera se submeter.
• Apresenta - la ao pessoal hospitalar e colegas e mostrar - lhe unidade (crianças
maiores);

c) Orientar a mãe sobre rotina Hospitalar e Visitas:

• Pedindo - lhe que venha orientar o filho com mais freqüência;


• Que não lhe traga guloseimas, porque poderá lhe atrapalhar o tratamento ou poderá a
criança dividi - la com outras crianças que estejam em dietas especiais;
• Que lhe traga brinquedos, especialmente seu brinquedo predileto ( O que lhe suaviza
um pouco a separação do lar);
• Que procure se controlar ao máximo suas emoções durante as visitas sempre que
achar que a criança não está bem a fim de não criar ansiedade e pessimismo ao filho;
Que no final de suas visitas não minta para a criança dizendo lhe apenas que vai
comprar balas, etc. Que lhe diga que voltará tão logo sega possível, tentando fazer com que a
criança lhe acene com a mãozinha o "Adeus". É normal que ela chore após a saída da mãe, mas logo
se tranqüilizará;

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• Promover diminuição da ansiedade materna;
• A saída da mãe, permanecer conversando com a criança ou mantendo - a no colo
antes de iniciares os cuidados físicos;
• Só em casos extremos recorrer a contenção;
• Verificar T.P.R, peso e anotar, assim como data, hora e condições gerais da criança no
momento da admissão. Explicar as crianças maiores detalhes sobre a rotina hospitalar.

d) Alta Hospitalar da Criança:

Verificar se está assinada pelo médico;


Verificar condições gerais da criança no momento de se entregue a mãe e orientação
médica;
Preparar a criança para seu retorno ao lar;
Orientar a mãe quanto aos cuidados higiênicos , dietéticos profiláticos e terapêuticos
conforme prescrição médica;
Se a hospitalização foi prolongada, se a criança apresentou grande dificuldade de
adaptação hospitalar ou se a situação sócio - econômico de seu ambiente de casa é em mais baixo
do que o do hospital, orientar a mãe quanto a dificuldades que poderá encontrar para adapta - la
novamente ao lar.

Entregar a criança à mãe ou responsável;


Orienta - la para preparar a criança para uma nova hospitalização se necessário;
Receita e retorno.

III - ASSISTÉNCIA PSICOLÓGICA Á CRIANÇA HOSPITALIAADA

Visa promover à criança hospitalizada sua adaptação ao ambiente hospitalar, dando


continuidade sua vida afetiva equilibrada e conseguindo dela uma máxima cooperação para o seu
diagnóstico e tratamento.

IV - ASPECTOS PSICOLÓGICOS DA HOSPITALIZAÇÃO DA CRIANÇA

1. HOSPITALIZAÇÃO

O ritmo de vida e de desenvolvimento da criança não pode ser interrompido.


A infância é uma fase da vida, se prejudicada, deixará marcas profundas. Neste período
a personalidade está em formação e precisa de estabilidade e segurança. Não existe ainda uma
estrutura acabada, pronta que importe grandes dificuldades. Por isso, quando a criança é internada,
o hospital além da junção curativa, deve desenvolver outras atividades que atendem às necessidades
básicas da criança, atividades que sejam fonte de aprendizado, enriquecimento interno e
consequentemente favoreçam da personalidade.

Entretanto, ao entrar hospital, a criança se submeterá a procedimentos diagnósticos e


terapêuticos. Sentir - se - à ameaçada pela própria doença, pelas operações, pela provável
proximidade da morte. A enfermidade em si mesma apresenta estado de desequilíbrio não só
orgânico, mas também psicológico.

A debilitação a dor corresponde uma reação psíquica de instabilidade que se apresenta


através de uma parada de regressa-o do desenvolvimento.

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Além dessa dificuldade, no hospital a criança terá de enfrentar pessoas e um ambiente
estranho que substituirão a rotina e as pessoas conhecidas de seu lar. Este desconhecido é
vivenciado pela criança com bastante insegurança e ameaça (Instrumento que trazem dor, caras e
mãos que ferem).

Como se tudo isso não bastasse, a hospitalização leva a uma interrupção da vida de
relacionamento afetivo mais profundo pela separação do país. Há uma falta de cuidado
personalizado, o que não ocorria no lar. Só ocasionalmente a atenção é dirigida às necessidades de
uma criança em particular, num dado momento.

Ocorre ainda uma fragmentação com cuidado e uma falta de consciência pela
quantidade de pessoas a serem cuidadas e o pessoal sendo mudado (Rodízio).

Por tudo isso, a hospitalização é uma situação traumática, que coloca a criança em
estado de insegurança e ameaça psíquica e, dependendo da idade e da estrutura da personalidade,
ela terá mais ou menos condições para lidar com esta situação.

Para diminuir esse trauma, o hospital deve reconstruir na medida do possível o


ambiente e o calor humano encontrados no lar.

2. AS VIVÊNCIAS E REAÇÔES DA CRIANÇA FRENTE HOSPITALIZAÇÃO

Cabe primeiramente dizer que a infância é um período em que o mundo da fantasia se


encontra muito intensificado.
Consequentemente, este acontecimento traumático, a hospitalização; será vivido com
um significado bastante forte.
O internamento e a separação dos pais são sentidos pela criança como um abandono
daqueles de quem ela mais depende.
A dor é vivenciada como uma punição pelos seus erros, sendo necessário uma
separação. Fica bem claro então, a ansiedade da criança. Ela imagina que seus pais a abandonaram
por não gostarem dela e, por causa de suas faltas, deve pagar com o castigo físico da dor e do
sofrimento.
Suas reações podem variar muito diante de uma situação tão difícil. Entretanto,
podemos ressaltar dois tipos bastante comuns:

a) Revolta e medo abertos - Pela revolta, a criança extravasa, descarrega toda a


agressividade ou medo que sente, no momento da internação. Assim sendo posteriormente, poderá
se adaptar com maior facilidade.
b) Conformismo e medo velado: Ela simplesmente sufoca, reprime toda a ansiedade
Posteriormente, o que não foi descarregado, poderá provocar regressões comportamentais ou
mesmo inibições na aprendizagem. Como manejar essas vivências e reações da criança de maneira
adequada? Como facilitar a adaptação e consequentemente diminuir a ansiedade da criança.

3. ATITUDES ADEQUADAS NO MANEJO DA CRIANÇA HOSPITALIZADA.

O primeiro passo importante é a preparação da criança que deverá ser internada. Cabe à

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família, especialmente à mãe esta função. Porem a equipe hospitalar poderá ser muito útil, ajudando
e orientando a mãe, nesta tarefa. É prejudicial enganar a criança, ela deve saber, na medida de sua
compreensão, tudo o que está acontecendo. A mãe deve explicar o motivo de sua internação, contar
como será no hospital (Outras crianças, horários diferentes) etc.

A equipe hospitalar deve tranqüilizar a mãe, mostrando - se ser natural que a criança
chore na hora da separação, sendo isso melhor do que ela sair escondida. Em algumas casos que a
mãe fica com a criança durante a hospitalização.
Enfim, o que se deve fazer, é diminuir o temor do desconhecimento através do conhecimento
adequado do ambiente e das pessoas do hospital, suavizando a separação dos pais, caso seja
necessária.

Em seguida, a criança deve ser preparada gradativamente para o que virá a acontecer.
Seja cirúrgica ou outro tratamento, e para as modificações que ocorrera-o. Suavizar a dor, não
brutalizar a criança, são pontos que devem ser lembrados. Contudo, não se deve supor que qualquer
criança preparada corretamente irá como um cordeiro para a operação, ou que, aquela, sem
preparação oferecerá obstáculos. Pode acontecer o contrário. A criança sem preparo e sem saber o
que lhe espera pode mostrar aparentemente pouca inquietude, ou sentir - se bloqueada para
obedecer.

Mas sua reação posterior pode ser grave. O valor da preparação se comprova depois, na
rapidez de recuperação e na ausência de sintomas neuróticos.

As crianças percebem as situações que os adultos não desejam que conheçam. O


silêncio pode aumentar os temores. Um dos meios valiosos, de comunicação elaboração das
dificuldades, é o brinquedo; ele tem o valor de profilático. O hospital pode facilitar a expressa-o dos
problemas da criança, através da utilização de brinquedos, permitindo que ela possa reviver as
situações difíceis.

Outra preparação que se faz necessária é para a alta hospitalar e para a volta à casa e as
atividades normais. Durante todo o período de hospitalização, os contatos da criança e da equipe
com a família, são frutíferos. A equipe procurará conhecer melhor a criança através da família e
observará as atividades desta, para poder orienta - la melhor.

Finalizando, cabe que é fundamental inspirar confiança e segurança. Para isso, é preciso
que os elementos da equipe sejam sinceros e verdadeiros, que compreendem a criança e lhe dêem
apoio afetivo. Tal atitude é particularmente necessária tendo em vista a grande influência que a
equipe hospitalar exerce sobre a criança. Deve - se criar um clima afetivo que possibilite a livre
expressa-o dos sentimentos.

A hospitalização deve ser o mais possível uma continuidade de vida da criança, apenas
de ser uma situação tão especial.

5. HIGIENE DA CRIANÇA E VESTUÁRIO.

Condições ambientais; água filtrada, esgoto, coleta de lixo, moradia etc...


Devemos orientar os seus familiares a cerca da necessidade da higiene infantil através de
métodos diretos (higiene pessoal) e indiretos (do lixo, utensílios para alimentação, alimentos, meio
ambiente, dejetos, habitação, etc.).

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Sobretudo em fim que afeta a saúde da criança. O lactante e o pré - escolar é mais
dependente a cerca de sua higiene corporal porem, a medida que vai se tornando independente
deverá ser orientada a respeito das necessidades e métodos adequados e de higiene a cerca da
criação de hábitos higiênicos em geral. E impossível que a higiene seja completa, isto é que haja
cuidados de limpeza de:

pele - lavada com água e sabão a não ser em casos especiais em que sua limpeza é feita
com óleo.
unhas - devem estar sempre cortadas e limpas.
Boca - escovação dos dentes pela manhã, após refeições principais e antes de se deitar.
Promover tratamento das infeções orais e higiênicos das crianças acamadas.
Lavar com água bicarbonatada em casos de monilíase ou outras infeções. Ouvidos,
nariz, fazer sua limpeza periodicamente com algodão (superficialmente)
Órgãos Genitais lavagem adequada com arregaçamento da pele do prepúcio nos
meninos para melhor limpeza.
Tratamento de vermes, especialmente oxiúros que podem reproduzir nas meninas o
corrimento vaginal.
Orientação da criança e da família quanto o limpeza anal (troca de fraldas).

BANHO: LEITO IMERSÃO ASPERSÃO E ABLUÇÃO

O banho de leito será dado à criança quando a mesma fizer as suas necessidades e
quando for necessário, evitando por muito tempo expô-la ao frio. O aquecimento e, necessário para
crianças menores ou debilitadas especialmente se o clima assim o exigir. Durante apoiar sue corpo
na banheirinha e a cabeça no braço de quem está lhe dando banho que manterá a mão na axila para
maior apoio - Evitar deixar cair em seus olhos sabão. Usar água em temperatura adequada.

ESTILOS AUDITIVOS E PSICOMOTORES

5. VESTUÂRIO DA CRIANÇA

Condições para se manter o conforto e a saúde da Criança:


O tecido deverá ser escolhido de acordo com a estação (Evitar excesso de roupa no
verão). Lembrando - se sempre que o recém - nascido também sente calor embora não tanto quanto
a adulto).

A criança desidratada e desnutrida sente mais frio porque sua produção de calor próprio
é mínima.

ATITUDES DE ENFERMAGEM

-Evitar tecidos pelos quais já foram observados reações alérgicas da criança mediante
seu uso ou que não permitem transpiração adequada. O vestuário deve permitir amplitude de
movimento, deve ser limpo.

- Promover cuidados adaptáveis à cada criança.

- Mudança mínima de pessoal que cuida de um determinado grupo de crianças devendo


haver a substituta materna, especialmente para menores de 4 anos.

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- Captar confiança, nunca enganar, promover jogos e brinquedos (permitir que a mãe os
traga).

- Permitir visitas freqüentes (se possível diárias).

- Manter boas relações com os familiares e tentar diminuir ansiedade dos mesmos.
- Permitir e estimular cuidados maternos durante horário de visitas.
Promover estímulos tácteis, visuais, auditivos e locomotoras visando dar continuidade
não desenvolvimento normal da criança.

- Observar métodos adequados na administração de alimentos e medicamentos assim


como de outros cuidados físicos.

- Prepara-la psicologicamente para atos traumatizantes (que têm finalidade: diagnóstico


e tratamento ) de acordo com sua idade e nível.

- Promover continuidade de sua vida afetiva em relação a família.

- Tornar o ambiente hospitalar o mais familiar possível.

- Evitar discussões científicas ou comentários a respeito de sua doença junto ao leito da


criança.

- Respeitar individualismo e direitos da criança (chama - la pelo nome ou pseudônimo


familiar, não por número).

- Evitar com ela contatos frios, apressados e impessoais.

- Poupar - lhe sofrimentos evitáveis e prepara - la para os inevitáveis.

6. ALIMENTAÇÃO DA CRIANÇA

Nos primeiros meses de vida, a criança deve ingerir somente o leite materno, a partir do
3º e 4º mês é importante variar a sua alimentação, a fim de assegurar o seu bom crescimento e
desenvolvimento.

A medida que a criança vai crescendo, outros alimentos vão sendo introduzidos as
refeições, devendo se fervida para a criança menor de 1 ano e filtrada para as demais.

A oferta de doces e balas deve ser controlada, reservando - a para a sobremesa, pois seu
uso no intervalos das refeições prejudica o apetite.

Sempre que o alimento for pastoso utilize a caneca (banana amassada e outros).

Lembre - se que a criança, inicialmente, necessita de ajuda até que aprenda a levar a
caneca na boca sem derramar o conteúdo. Estimula sua autonomia.

Os pré - escolares, em geral, ainda não possuem o controle neuromotor necessário para
segurar bem e introduzir o grão ou colher na boca. Necessitam, por vezes, de ajuda ou apenas
assistência, deixando mais livres para suas especulações e experiências. Quando, para manter

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 133 ENFERMAGEM EM PEDIATRIA
limpeza no ambiente e no vestuário da criança, algumas pessoas "preferem" dar - lhe o alimento,
essas pessoas estão impedindo oportunidade preciosa e necessária ao seu desenvolvimento e o
prazer que pode vir representar para ela o momento de alimentar - se.

Os escolares, por vezes, com hábitos adquiridos em casa, devera-o ser acompanhados
indiretamente. Eles já coordenam bem seus movimentos, e a menos que estejam impossibilitados de
fazê-lo, devem alimentar - se sozinhos.

O momento da alimentação pode ser um dos mais educativos, se o próprio hospital


aproveita a oportunidade.

As mesas, dispostas de modo semelhante ao ambiente das casas das crianças, devera-o
ter toalhas, guardanapos, pratos e talheres de boa aparência. Devem ser atrativos em relação à
disposição e ao colorido dos alimentos. Quando possível, uma representante da Equipe da Saúde
deve participar da mesa das crianças almoçando ou fazendo lanche junto a elas a fim de aproveitar o
momento para exemplificar, de forma suave e agradável, as boas maneiras à mesa, a gosto que
devem ter pelos alimento, a limpeza ordem necessários e sobretudo, para ajudar as crianças que
necessitam. E um momento em que se pode ouvir música tranqüila, orar e até cantar alguma canção,
antes ou após a refeição, que seja alusiva ao prazer da alimentação, ao tempo em que se cuida de
limpar as mãos, sentar ou levantar da mesa par ao repouso. Mais de uma vez ressalte - se que a
melhor forma de ensinar a criança é através de atividade recreativa.

Vitaminas - O teor de vitaminas do leite humano é mais completo que do leite de vaca.
Porem os dois são deficientes em vitaminas D.

Este fato é compensado pela capacidade que a pele tem de sintetizar vitamina D quando
exposta aos raios solares.

V - ALIMENTAÇÃO DO LACTENTE

1. ALEITAMENTO MATERNO

Por que o leite materno para o bebê é superior ao leite de vaca?

1 - Simplesmente por questão de adequação.


2 - Nutrientes adequados.

PROTEINAS: No leite de vaca estão em quantidade 3 vezes maior que o leite humano
Este fato dificulta a formação do coágulo no estômago do bebê, dificultando a digestão.

O bebê não necessita desta quota de proteínas;


A quantia de 1,2 gramas de proteínas para 100 mi que contem o leite materno é insuficiente.

GORDURAS: São deficientes em qualidades e quantidades em ambos os leites.

LEITE MATERNO: Contem um teor maior de gordura e na sua composição há um teor


de ácidos graxos insaturados.

LEITE DE VACA: Maior quantidade de ácidos graxos saturados.

GUCÍDOS: O Açúcar do leite é a lactose. O leite humano tem gramas de lactose por

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100 mi, enquanto que o leite de vaca contém 4 gramas por 100 ml. Por isto o leite humano, não
necessita adição açúcar é mais doce.

O leite materno além da lactose possui outros açúcares que proporcionam o


desenvolvimento do "bifidobacterium" germe que constitui 99% da flora intestinal normal do bebê
aleitado ao seio. Este germe impede que a criança alimentada ao seio tenha diarréias infecciosas.

O "bifidobacterium" acidifica as fezes diminuindo o risco de irritação da pele ao redor


do ânus.

SAIS MIMERAIS: Estão presentes em ambos os leites em proporções diferentes. O


leite humano tem menos sal que o leite de vaca, o que permite que os rins não sejam forçados a uma
sobrecarga e risco de uma retenção sempre prestantes nas crianças alimentadas com leite de vaca. A
taxa de ferro é maior em ambos os leites (suplementação). Não há problema quando a criança
nascer com peso adequado o que indica que receber boa quota durante a gestação e terá boas
reservas até 3º 4º mês, quando poderá receber alimentos contendo este mineral.

A complementação medicamentosa ficará a cargo do pediatra se necessário.

VITAMINAS : O teor de vitaminas do leite humano é mais completo do que o leite de


vaca. Porem os dois são deficientes em vitamina D.

Este fato é compensado pela capacidade que a pele tem se sintetizara vitamina D
quando exposta aos raios solares.

IMUNOGLOBINAS: Contidas no colostro.

COLOSTRO: Nos primeiros dias que sucede o parto o primeiro leite tem características
particulares, cor amarelada, transparente e espesso, com abundante teor de proteínas e sais minerais.
Tem um grande valor nutritivo, é o melhor preventivo de infeção que a criança pode receber. O
colostro contem um alto nível de himunoglobulinas (anticorpos), as crianças que se alimentam de
colostro nos primeiros dias do nascimento adquire imunidade contra diarréia infeções graves.

Importância Psicológica

Para a mãe - a mãe que amamenta ao seio o filho tem uma relação profunda com ele
criando uma comunidade particularíssima onde o afeto e o saber que seu filho a necessita a
completa em sua feminilidade.

Para o bebê - A criança amamentada tem um Ótimo relacionamento com sua mãe
obtém satisfação bucal máxima, imprescindível nos primeiros meses para obter segurança,
estabilidade emocional e maior adaptação emocional e maior adaptação nas etapas posteriores da
vida.
É importante, já no primeiro trimestre, iniciar o preparo das mamas para aleitamento
materno . Alguns cuidados devem se r estimulados, tais como a fricção, coma toalha de banho,
sobre o mamilo; exposição das mamas ao sol e sugar do mamilo pelo companheiro da mulher.
Para as mulheres que apresentam mamilo plano ou invertido, orientar a realização da
manobra ou exercício de Hoffmam – que objetiva romper as múltiplas aderências do tecido
conjuntivo e estimular a elasticidade do mamilo e da aréola. Esta manobra deve ser realizada o mais
freqüente possível e consiste em tracionar a pele da aréola com os dois polegares, puxando-a para
os lados, para cima e para baixo. Outros exercícios são a torção do bico do mamilo para os dois

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lados e a sua tração e retração. Todas essas manobras objetivam o preparo do mamilo, formando-o e
dessensibilizando-o , tornando a pele mais resistente e prevenindo rachaduras e fissuras durante o,
aleitamento materno.

2. ALIMENTAÇÃO DO PRÉ - ESCOLAR

A criança de 2 a 7 anos é chamada de pré - escolar; corresponde à 2º infância.

Os bons resultados obtidos com a correta alimentação dos lactentes e os esforços para corrigir a má
nutrição dos escolares se perdem quando não se trata com a mesma preocupação os aspectos da
alimentação e nutrição da criança de 2 a 7 anos.

Segundo a FAO a alimentação insuficiente e de má qualidade é usada das causas mais


importantes da alta mortalidade nas crianças de 1 a 4 anos nos diversos países e afirma também que
as crianças menor de 6 anos são mais vulneráveis, nos aspectos nutritivos que os escolares.

O pré - escolar bem nutrido já tem a postura ereta do adulto, adquirindo mais firmeza
no andar. É desenvolto e interessado, estando sempre ocupado em explorar seu ambiente,
estabelecendo sua posição de indivíduo no meio em que vive.

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É natural que o pré - escolar, muito sujeito à inapetência, varie seus hábitos alimentares,
com freqüência. Ele passa a ter preferência por determinados alimentos, o que é peculiar ao seu
desenvolvimento.

Nutrição adequada e educação alimentar são muito importante para elevar o estado de
saúde do pré - escolar.

É na idade pré - escolar que se, estabelece a coordenação motora que remite a criança
alimentar - se sem ajuda. Deve - se orientar a criança no sentido de uma participação ativa no ato
alimentar, ensinado - lhe, o mais cedo possível o uso de talheres, para torna-lo consciente da função
e, progressivamente, responsável pelo controle quantitativo do alimento que necessita.

É a idade pré - escolar a fase de formação e fixação de hábitos alimentares definitivos.


Se a criança compartilhar, cada vez mais da alimentação do adulto terá oportunidade de conhecer,
até os 7 anos de idade, tudo que é comível em seu meio ambiente e forma de preparação, no sentido
de gostar ou não. Com dois anos e meio a criança deve estar apta a comer sozinha. A principio ela
terá muitas dificuldades mas, no fim de algumas tentativas este problema terá desaparecido . Por ser
usada a colher no inicio de depois o garfo. O estômago da criança e pequeno e não apode suportar
grandes quantidades de alimentos podendo ser dado nos intervalos da manha- e da tarde, sucos de
frutas e biscoitos.

A escolha dos alimentos deve ser adequada, e quando introduzimos um alimento novo
no cardápio da criança, a quantidade deve ser pequena para evitar que ela fique saturada. Devemos
verificar se está bem feito e preparado de maneira que ela possa digerir e ingerir facilmente. Se ela
não gostar do alimento e rejeita-lo nada deve ser feito, voltando alguns dias depois ela estiver com
muita fome ela acabará experimentado e aprenderá comer e gostar.

As exigências nutritivas individuais dependem de diversos fatore como ritmo de


crescimento, atividades, clima e estado nutritivo da criança.

Uma criança irrequieta, necessita maior quota calórica que a média estipulada pelas
tabelas, ao passo que numa criança parada, tranqüila, pequena consome quota bem inferior á media.

Nesta cidade, em que a criança cresce e forma tecidos, deve - se fornecer - lhe os
elementos indispensáveis ao crescimento . Habitualmente, nas classes menos favorecidas, o
elemento plástico, protídios, é fornecido em quotas menores do que a criança necessita.

Fatores econômicos e educacionais são os determinados de tal falha pois as fontes de


protídios são carne, ovos, leite, alimentos caros.

Essas, são substâncias por amiláceos, que se usam em excesso conduzindo a dietas
carentes.

O aparelho digestivo da criança desta idade atingiu ainda maturidade funcional e


consequentemente a alimentação tem de adaptar - se a sua capacidade digestiva. O fator que merece
a atenção e a qualidade de celulose e resíduos que devem ser modificados pela coesão e subdivisão
(sopas, purês), o que deve ser mantido até os dois anos. A partir dai, alimentos e tenros como alface
nova, cujas de celulose as naus fáceis de serem desintegradas podem ser oferecidos crus.

Portanto o regime deve ser livre de condimentos fortes, frituras; as preparações devem
ser simples e leves. Dar preferência às sobremesas de frutas frescas, compostas e geleias com pouco

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açúcar, pudins, sorvetes, cremes.

Horário:

Procura fazer coincide sua refeição em número de 4 com o horário geral de refeições da
família, para maior comodidade e ordem, e para que se vá habituando ao regime dos adultos.

A alimentação está constituída de elementos líquidos e sólidos que compõem


preparações de diferentes consistência, desde a torrada que é seca e sólida às induções e sucos que
são líquidos, às sopas semilíquidas, aos purês pastosos.

No combate a desnutrição infantil, o pré - escolar é que merece mais atenção, por ser o
período etário mais vulnerável e em que, as conseqüências de desnutrição, são as mais trágicas.

Exigências Nutritivas do Pré - Escolar:

O pré - escolar apresenta, ainda, relativa imaturidade do aparelho digestivo, não estando
preparado para receber alimentação de adultos, sendo freqüentes os distúrbios por excesso de
resíduos, alimentos pouco subdivididos e mal mastigados.

É neste período que as crianças adquirem habitualmente, as doenças contagiosas,


havendo, nestes casos, maiores exigências calóricas e vitamínicas, por motivo de febres, etc.

Regras para Tomar a Refeição Agradável:

Servir os alimentos com bom aspecto e sem comentários;


Respeitar o desagrado por certos alimentos;
Não mencionar, não exigir e nem suplicar a quantidade que deve ser ingerida;
Não exigir boas maneiras (pelo menos até sete anos);
Ambiente calmo, natural, sem brincadeiras ou exigências;
Permitir a ajuda dos dedos ( de vez em quando) até que esteja em melhores condições
de disciplina.

Não exercer vigilância cerrada sobre a criança sobre a criança ou sobre o prato;
Evitar qualquer tensão emocional, não transformar a refeição numa obrigação, dever,
castigo ou martírio.

3. ALIMENTAÇÃO DO ESCOLAR

1 - Características da idade - E considerada escolar a criança entre 6 a 12 anos de idade.


Sob o ponto de vista da legislação brasileira, a idade escolar vai dos 7 aos 14 anos, período este, em
que o estado tem por obrigação de propiciar educação gratuita.

O estado nutricional do escolar dependerá da maneira pela qual tem sido alimentado
nas fases anteriores de sua vida.

O escolar encontra - se em fase de intenso crescimento e por isso suas exigências


nutricionais são altas.

Esta é uma idade de adaptação entre o lar e a escola, entre o lar e a escola, entre o ócio e

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o trabalho, que vai exibir uma alimentação sadia. Este grupo ;e menos problemático, que o anterior,
pois as crianças já não são completamente dependentes, e se bem orientadas, podem selecionar seus
próprios alimentos.

É fato comprovado que, afastados os fatores de ordem psicológicos e de origem


nervosa, o rendimento escolar da criança é função direta de sua alimentação.

4. NECESSIDADES NUTRICIONAIS

As exigências são determinadas mais pelo peso e altura da criança do que pela idade.

De um modo geral, a exigências nutricionais calorias vão de 2.000 a 2500 calorias e 35


a 45 gramas de prótidas.

5. REGIME ALIMENTAR

O aparelho digestivo do escolar já atingiu capacidade digestiva comparável ao do


adulto, podendo assim, consumir preparação que integram uma alimentação normal ou seja aquela
que obedece aos preceitos básicos que visam tornar os alimentos apetecíveis, sem prejudicar seu
valor inicial. Na alimentação do escolar, deve - se optar sempre por preparações simples, partindo -
se de alimentos em boas condições higiênicas e sanitárias.

O horário das refeições dependerá muito do tempo em que permanece na escola. De


qualquer maneira, não deverá menos de quatro refeições. A merenda escolar assume, nesta fase,
grande importância.

VI - ALIMENTAÇÃO DA CRIANÇA PELA SONDA GÁSTRICA OU


GAVAGEM

1. CONCEITO

Gavage é a introdução de uma sonda até o estômago, com a finalidade de:

ƒAlimentar;
ƒHidratar;
ƒMedicar;

2. MATERIAL: BANDEJA CONTENDO

ƒ1cálice graduado com o alimento na temperatura adequada


ƒ1cuba rim com gaze;
ƒ1seringa de 20 ou 50 ml ou funil;
ƒLubrificante;
ƒSonda de Levine;
ƒEsparadrapo.

3. INDICAÇÕES DA GAVAGE

ƒ Em R.N. de baixo peso;

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 139 ENFERMAGEM EM PEDIATRIA
ƒ Em R.N. com ausência de reflexo de sucção e deglutição;
ƒ Em R.N. de alto risco que não tem condições de sugar;
ƒ crianças com afecções ou infecções de boca;
ƒ Crianças no pós - operatório de cirurgia de boca;

4. PROCEDIMENTOS

Preparar o paciente psicologicamente;


Sondar o paciente caso não esteja sondado;
Elevar a cabeceira da cama (semi - fowler);
Verificar a temperatura da alimentação;
Colocar o alimento na seringa ou funil;
Adaptar a seringa na sonda com o alimento;
Administrar o alimento vagarosamente;
Concluída a alimentação passar água na sonda;
Conservar o paciente em semi - fowler por 20 minutos;
Organizar a unidade.

VIl - CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO NORMAL DA CRIANÇA

1. DESENVOLVIMENTO FÍSICO

Durante a infância o organismo sofre um processo sofre um processo de modificação


constante.
A criança cresce, aumenta em massa; a criança se desenvolve, órgãos se diferenciam,
funções se modificam. Iniciado por uma constelação genética determinado, o processo de
desenvolvimento é influenciado por grande número de fatores: ambientais, alimentares,
neuroendócrinos.

Podemos ter uma idéia da amplitude do processo de crescimento se considerarmos que


o ovo fecundado pesa, aproximadamente, 1/1.000 mg. Com 8 Semanas seu peso é de 1g. Portanto,
um milha-o de vezes o peso inicial.

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TEMPO DE GESTAÇÃO EM SEMANAS


Durante o 2º mês, o embrião cresce cerca de 1,0 mm por dia em complemento, e o
ritmo máximo de crescimento linear ocorre no 6º e 7º meses de gestação.

1.1. Aumento Intra - Uterino de Peso


A figura 01 mostra o aumento de peso a partir da 270m semana de gravidez, o
percentual 50 representa o valor médio do processo. O fim da 38º semana separa fetos nascidos a
termo de prematuros.

O diagrama é usado para constatar - se recém - nascidos, em relação à sua idade


biológica, tem peso normal, acima ou abaixo da média.

1.2. Desenvolvimento em Altura e Peso

Durante o primeiro ano de vida o processo de crescimento torna - se mais lento. Do 3º


ao 11º anos de vida os aumentos absolutos da altura e do peso se mantêm aproximadamente
constante: a cada ano o peso sob cerca de 2,5 Kg. (2 - 3) e a estatura cerca de 6 cm (5 - 7). Aos anos
na menina e 12 no menino, o crescimento começa a acelerar - se . O "surto de crescimento pré -
bertário já ultrapassou seu ponto máximo quando, na menina, aproximadamente aos 13 anos,
sobrevêm a menarca, ou quando o menino, aos 15 anos, está alcançando o auge da puberdade. O
crescimento em altura termina praticamente aos 16 anos no sexo feminino e aos 18 anos no sexo
masculino; as epífises agora está soldadas. Uma criança pesa ao nascer: 3,3 Kg, Seu peso duplicou
aos 4 - 5 meses: 6,6 Kg triplicou com 1 ano: 10 Kg é seis vezes maior aos 6 anos: 20 Kg é doze
vezes maior aos 12 anos: 40 Kg. Uma criança mede ao nascer 50 cm, a altura com 1 ano é 75 cm,
com 4 anos é: 100 cm, com 12 aos é 150 cm. Estes dados, naturalmente, são valores aproximados.

Tabela 1 - alturas e pesos médios de meninos e meninas

Meninos Kg. Cm Anos Meninas Cm Kg


3,5 51,0 0 50,0 3,3
5,9 61,6 1/4 60,4 5,7
7,9 68,5 1/2 67,2 7,4
9,3 73,3 3/4 71,9 8,9
10,5 77,0 1 75,6 10,0
12,1 83.8 11/2 82,5 11,5
13,3 88,9 2 87,8 12,8
15,6 97,5 3 96,5 14,9
17,6 105,0 4 104,2 16,9
19,4 111,4 5 110,9 18,9
21,2 117,8 6 117,3 20,8
23,6 123,8 7 123,3 23,2
26,2 129,6 8 129,0 25,8
28,2 134,8 9 134,2 28,5
31,4 139,8 10 139,1 31,3
34,5 144,6 11 144,1 34,8
37,9 149,6 12 157,2 45,0

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47,8 161,3 14 161,2 49,8
54,6 168,6 15 163,9 53,4
59,7 173,1 16 165,4 55,8
63,5 176,1 17 166,0 57,2
66,2 177,6 18 166,3 58,2

1.3. Aceleração

Nos últimos cem anos, em muitos países a altura do indivíduo adulto aumentou, em
mídia, 8 cm (7 - 10). Além desse aumento observou - se uma aceleração do crescimento. Os
escolares de hoje são cerca de 12 cm (8 - 16) mais altos que colegas de há cem anos. As causas
desta antecipação do crescimento devem ser procurados já no primeiro decênio da vida, pois o
tamanho dos recém-nascidos mudou pouco, ao passo que as crianças de um ano já são, em média 5
cm e as de 6 a 8 cm maiores do que crianças nesta faixas de idade há em cem anos.

A aceleração pode ser observadas nos lugares em que houve elevação do padrão de
vida. Uma das causas principais, certamente, é o aumento do consumo de proteínas. Mas podem
entrar em jogo muitos outros fatores, cuja a influência individual dificilmente se pode apontar.
Assim como a altura, também o desenvolvimento em peso se acelerou. Do mesmo período de 100
anos, a época da menarca se adiantou em cerca de 1 - 2 anos.

1.4. Modificações da Forma do Organismo

No decorrer do crescimento, as proporções do corpo


se modificam. A fig. 2 , mostra um recém-nascido ao lado de um
adulto, ambos desenhados no mesmo tamanho. No recém -
nascido a cabeça perfaz 1/4 do tamanho total; no adulto
corresponde a 1/8 do mesmo. Ao contrário, no recém - nascido,
as pernas correspondem só a 1/3 do comprimento total do corpo
e no adulto à metade.
Recém nascido /25 anos.

Com isso há um deslocamento equivalente do umbigo. A forma externa do corpo


modifica-se de maneira característica durante a puberdade: na menina desenvolve - se primeiro a
glândula mamária, seguindo - se o crescimento dos pelos da regia-o publica e depois dos da axila,
antes que sobrevenha a menarca. No menino aumentam primeiro os testículos, depois o pênis, ao
crescimento dos pêlos púbicos segue - se o dos pêlos axilares e da barba. A primeira ejaculação
indica a maturidade sexual.

1.5. Crescimento dos Órgãos

Os vários sistemas orgânicos participam em graus diversos do crescimento total do


corpo.
O ritmo de crescimento do coração corresponde aproximadamente aquele do aumento
do peso do corpo. O peso relativo do fígado se adianta em relação a este parâmetro. Isto
corresponde à maior solicitação feita ao órgão central do metabolismo e a maior atividade
metabólica da criança pequena. O tipo de crescimento do cérebro é oposto ao do testículo: enquanto
o cérebro de um lactente de 6 meses já atingiu a metade de seu peso final, o peso dos testículos
aumenta rapidamente na época da puberdade.

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1.6. Crescimento da Cabeça

Ao rápido crescimento do cérebro no primeiro ano de vida corresponde o rápido


aumento do crânio nesse período.

Tabela 2

Cm
Nascimento 35
3 meses 41
6 meses 44
1 anos 47
3 anos 50
12 anos 53

A tabela 2, apresenta alguns valores através dos quais podemos verificar se a cabeça de
uma criança é excessivamente pequena (microcéfala) ou demasiado grande (pelo, no hidrocéfalo).
As medidas oscilam na criança sadia na ração de + 2 cm. O tamanho da cabeça da menina é em
média, 1 cm menor que a do menino. Geralmente a grande fontanela está fechada aos 18 meses,
muitas vezes antes disso.

1.7. Desenvolvimento do Esqueleto

A maturidade dos ossos pode ser constatada pela determinação do número, forma
tamanho dos núcleos de ossificação solidificados e a consolidação das epífises. Para este fim, faz -
se uma radiografia da mão esquerda, comparando - a com as séries normais apresentadas em atlas
especializados de radiografia.

1.8 Desenvolvimento dos Dentes

A calcificação dos germes dos dentes de leite já começa na 12º semana de gravidez, e a
dos dentes permanentes na época do nascimento. Aos 5 - 8 meses irrompem os primeiros dentes de
leite, os incisos centrais inferiores.

O atraso de vários meses na irrupção dos dentes pode ser de caráter familiar ou a
expressa-o de uma doença. Como causas figuram, entre outras o raquitismo e o hipotireoidismo.

Aos 6 anos irrompe, como primeiro dente permanente, o primeiro molar. Ao mesmo
tempo os incisivos centrais inferiores amolecem e dão lugar aos incisivos permanentes. Aos 12 anos
já irromperam também os molares posteriores ("dentes do siso"), está sujeito a grandes variações
individuais.

1.9. Desenvolvimento Estado - Motor

Movimentos desordenados caracterizam a motricidade do recém - nascido. No segundo


mês a criança consegue levantar a cabeça, em decúbito ventral; no quarto e quinto meses consegue
apanhar objetos. No 6º mês a criança, de bruços, apoia - se sobre as mãos com os braços esticados.
Em decúbito dorsal consegue fletir o corpo o suficiente para poder brincar com seus pezinhos. Aos

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7º mês é capaz de girar o corpo do decúbito dorsal para o ventral.

Com 6 - 8 meses o bebê permanece sentado sem apoio, aos 9 - 12 meses mantêm - se de
pé com ajuda. Com 1 a 1½ anos a criança anda sozinha. Estes dados são valores médias; em cada
caso individual ocorrem muitas variações; Contudo, em qualquer atraso do desenvolvimento é
recomendável procurar eventuais causas patológicas.

2. DESENVOLVIMENTO PSÍQÚICO

O desenvolvimento estado - motor e o desenvolvimento mental - emocional estão


intimamente associados na criança, sendo possível separa-los apenas teoricamente. Podemos
distinguir várias fases do desenvolvimento, que passam uma para outra sem limite nítido. O período
neo-natal, em sentido amplo abrange as quatro primeiras semanas de vida, enquanto o período do
lactente ternura com o primeiro ano de vida. Seguem - se as idades da criança pequena e do escolar.

2.1. Período Neo- Natal – RN até 29 dias

Já o feto é capaz de receber estímulos a reagir a eles. A atividade interior não começa
só como nascimento. Todos os processos, porém, desenvolvem - se inconscientemente, de maneira
que podemos chamar o recém - nascido de um "ser reflexo e instintivo". Ele manifesta seu
desconforto através do choro, enquanto sinais de bem - estar ainda faltam.
Indefeso, o recém - nascido depende totalmente de auxilio alheio.

2.2. Período do Lactente – 30 dias aos 2 anos

No segundo mês de vida o lactente possa escutar e olhar em determinada direção. O


primeiro sorriso se esboça - primeiro, ainda fugas e inconstante, mas depois como pronta reação a
toda atenção que lhe é dedicada. E o primeiro sinal seguro de contato humano propriamente dito e,
por isso, tão gratificante para o pai e a mãe.

No terceiro mês de vida o lactente se volta para fontes de luz e de som; O contato com
o meio ambiente se torna mais intenso. Nos meses seguintes, pega objetos que lhe são apresentados,
apalpa - os, leva - os à boca. Com a capacidade de sentar - se, aos 6 e 7 meses, o lactente adquire
nova perspectiva sobre o que acontece a seu redor, e com o engatinhar seu mundo se amplia.

Nos últimos meses do primeiro ano de vida, a criança aprende a usar ferramentas: um
objeto desejado pode ser puxado para perto de si com auxílio de um cora; com uma vara, objetos
distantes podem ser movimentados. Nesta época também são possíveis os primeiros "atos
adestrados" como bater palmas ou "dar adeusinho".

A aquisição de fala propriamente dita é precedida por um período de balbucio, que nada
tem a ver com imitação de sons, mas decorre apenas da alegria de produzi-los. A possibilidade de
expressão tornam - se mais variadas e representam o estado de espírito do momento.

A capacidade de falar é longamente precedida pela compreensão das palavras.


Inicialmente aumente aumenta a capacidade de "compreender" expressões do rosto e gestos, depois
é compreendido também o caráter convidativo ou autoritário de algumas palavras. No fim do

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primeiro ano a própria criança usa algumas palavras. Como o uso deste símbolos sonoros, imitados
ou escolhidos pela própria criança, começa o aprendizado da fala, que passa de "sentenças" de uma
palavra para frases de duas e três palavras, ao fim do segundo ano de vida. Como todos os demais
atos, a aquisição da fala está sujeita a grandes variações individuais e, entre outros, também
depende muito de fatores ambientais.

2.3. Idade da Criança Pequena

Com a capacidade de andar, a partir do segundo ano de vida a criança adquire a


orientação no espaço. A orientação quanto ao tempo só começa no quarto ano de vida e está
completa - com relação ao dia, mês e ano - só aproximadamente aos 8 - 10 anos. Primeiro
desenvolve - se a capacidade de lembrar, depois a memória, permanente pose ser comprovada só a
partir do quarto ano de vida.

Pela apreensão a criança vem a compreensão, pelo domínio do espaço adquire


experiências. Na idade em que começa a perguntar, a fala adquire "função de denominação" ("O
que é isso?"). Seguem - se o "aonde" ? e por fim - aos 3 ou anos o "porque?". Entre as muitas
perguntas de uma criança está bem aquela sobre sua procedência ("De onde vêm as criancinhas ?").
Toda pergunta deve ser respondida de acordo com a verdade.

Adaptada à capacidade de compreensão de cada idade, muitos pais, que não


conseguiram encarar com naturalidade os assuntos relativos ao sexo, fogem destas perguntas ou
inventam "histórias de carochinha" que não satisfazem, por muito tempo, a ânsia de saber das
crianças. Desse modo os pais deixam escapar a possibilidade de uma educação sexual natural e
reelegem para a rua o "esclarecimento" de sexo.

Brincando a criança dá vaza-o a sua fantasia. Fazendo o papel de pessoas reais ou


imaginárias, o meio ambiente é imitado de modo criativo; mexendo com argila, água e areia, a
criança aprende a lidar com material variado; usando pincel e lápis de cor, desenhando e pintando,
suas possibilidades de expressa-o se enriquecem. Brinquedos que deixam margem à fantasia são
muito mais úteis a criança do que brinquedos mecânicos tecnicamente muito elaborados. No
convívio com os companheiros, no grupo de crianças, ela aprende "brincando" a se entrosar e
subordinar. Para a criança pequena o "dentro "e o "fora', entre o sujeito vivente e o objeto vivido; o
mundo está fechado dentro de si mesma, num autismo total.

Na resistência aos atos instintivos no mundo exterior, a criança vivência, pela primeira
vez, o contraste entre "eu" e "você". Como o seu "não" ela se limita contra o mundo e sua intenção.

Entre o segundo e o quarto ano de vida, geralmente no terceiro sobrevem em muitas


crianças a fase da teimosia; em criança energéticas mais do que em dóceis, em meninos em geral
mais acentuadamente que me meninas. A obstinação é um peso no caminho do encontro de si
mesma. O educador nesta fase não pode dobrar rudemente a vontade da criança, nem ceder sempre.
Deve, com habilidade evitar situações conflitantes, distração, mas, eventualmente, também - quando
necessário usar de persistência tranqüila para que a vontade seja cumprida; em outras palavras:
habilidades por parte do educador e crescente compreensão por parte da criança fazem com que a
fase da teimosia desapareça gradativamente. O estado de espírito básico de uma criança pequena é o
de contentamento. Não se deve começar cedo demais com o ensino de hábitos higiênicos. De fato, é
possível acostumar já um lactente a ser limpo, mas é um ato adestramento que exige grande esforço
por parte da mãe. O resultado só é seguro quando a criança compreende de que se trata; quando ela
mesma sabe avisar de suas necessidades.

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Geralmente o domínio sobre o esvaziamento intestinal ocorre com 1 ¼ anos; com 1 ½
a 2 anos as crianças controlam as micções durante o dia e aos 2 a 2½ anos também à noite. Depois
desta idade, a criança eventualmente ainda pode "distrair - se" brincar, ou melhor a cama durante o
dia. Não há motivo de alarme para a mãe - com paciência, finalmente se consegue um domínio
seguro sobre as funções excretoras.

2.4. Idade Escolar

Ao terminar o sexto ano de vida, a maioria dos países, a criança tem o dever de ir á
escola e geralmente está madura para tal. A condição essencial para o bom aproveitamento da
escola é uma inteligência suficiente, para que os ensinamentos dados sejam absorvidos e elaborados
e elaborados. Mas igualmente importante é a maturidade social: a criança precisa ter aprendido a
enquadrar - se na sociedade, a obedecer aos seus regulamentos. Deve ter adquirido a capacidade de
dominar desejos infantis e atos instintivos de adaptar seu mundo de fantasia ao mundo real. A
inteligência por si só de nada vale se a criança não é capaz seu mundo de fantasia ao mundo real. A
inteligência por si só de nada vale se a criança não é capaz de prestar voluntariamente, se não sabe
se concentrar sobre uma tarefa.

Se a maturidade escolar de uma criança estiver em dúvida, testes adequados podem


ajudar a tomada de uma decisão.

A escola exige muito das crianças, já no inicio, pela simples ordem de "ficarem
sentadas, comportadas" . As brincadeiras despreocupadas são substituídas por lições de casa e pela
preocupação de passar de ano.

2.5. Problemas de Educação

A capacidade de educar vem da área de intuição. Mãe pouco cultas muitas vezes têm
maior segurança na educação dos filhos do que mães intelectuais, que seguem um plano de
educação previamente elaborado. Um excesso de educação pode ser tão prejudicial quanto a falta de
educação; intervenções e correções constantes levam ao embotamento, e a falta de berço é
reconhecida no comportamento desregrado.

Não a palavra, mas o exemplo deve ser o principal meio de educação.

O objetivo da educação é a formação de uma personalidade independente, cônscia de


suas responsabilidades. Educar não quer dizer limitar, conduzir à liberdade interior. Partindo das
possibilidades especiais de cada fase, devem ser encontrados caminhos para o desenvolvimento
harmônico das tendências latentes na criança. Para isso é necessário uma dedicação carinhosa e uma
coerência paciente. Só através da ordem (e não do pendatismo) e da coerência ( e não da rigidez) a
criança se sente protegida.

Os meios para a educação são a formação de hábito e o treinamento, a recompensa e a


punição. A segurança interior do educador faz com que a criança sinta a punição como uma
reparação, como um descargo de consciência. Como experiência desagradável, ela ajuda a orientar a
criança. Castigos corporais devem ser evitados, mas sob o ponto de vista pedagógico nada há contra
um eventual palmada; pode ter efeitos imediatos se a criança naquele momento não atender a outras
de repressão. Mas o importante não é a dor física, e sim a sensação de alienação dos pais. Só na
reconciliação subsequente a relação e reatada, realizando - se o valor educativo do castigo: a criança

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torna a integrar - se na sociedade, da qual tinha sido banida passageiramente.

A educação consciente dos educadores principais acrescentam - se as influências mais


ou menos bem - vistas dos educadores secundários. Normalmente só a mãe apoiada pelo pai -
representa o mundo para a criança. No convívio com os irmãos ela aprende, então, a aceitar uma
determinada hierarquia. No caso de filhos únicos isto ocorre no jardim da infância. Entre os
educadores secundários temos, de uma lado, os companheiros de igual que a criança encontra na
vizinhança e na rua; por outro lado, os amigos e parentes dos pais: Se a mãe trabalha, outros
educadores principais vêm ocupar seu lugar. Os avós, muitas vezes, educam seus netos com maior
brandura do que seus filhos. Se ainda forem relativamente moços, sua maior experiência da vida
pode ser - lhes útil; se forem mais velhos, freqüentemente já não podem arcar com os encargos
extenuantes de uma educação.

2.6. Puberdade

Na puberdade realiza - se a transição da infância para a idade adulta. O mundo fechado da


criança se perde, e o adolescente passa por um período de inquietação até que, em meio os
inúmeros desejos e anseios contraditórios, readquire nova orientação e alcançam sua
independência. Neste período de transição, o humor é muitas vezes inconstantes.

Autocrítica crescente de uma lado, desejo ardente de valorização do outro; aqui dúvidas atrozes
sobre si mesmo e sentimentos de inferioridade; ali, arrogância e auto - estima exagerada.
Assim, o comportamento oscila entre sensibilidades e atitudes indisciplinadas.

Muitas vezes, é critica a posição com relação à autoridade dos pais e dos adultos em geral. No
desejo de definir seu próprio eu", o adolescente se excede. Só depois da puberdade num plano
mais elevado volta o relacionamento confiante com os pais.

O erotismo do adolescente inicialmente é exaltado; a sexualidade não é dirigida. Quando mais


cedo, nas condições atuais de vida sobrevem a maturidade sexual fisiológica e quanto mais
tarde ;e adquirido maturidade cultural - social, tanto maiores podem se as tensões resultantes
dos desejos físicos, de uma lado, e as prescrições da sociedade, do outro.

Quando mais alto o nível cultural de um país, tanto mais longo é o "período de espera" sexual
exigido, mas em feral não cumprido.

VIII- OBSERVAÇÕES E ANOTAÇÕES EM ENFERMAGEM PEDIÁTRICA

Sinais e sintomas e sistema de anotações:

É muito importante que você esteja atento aos mínimos sinais e sintomas manifestados
por uma criança e os registros exatamente como ocorrerem.

Quando se trabalha com adulto é muito importante o registro de suas queixas.

O adulto por reivindicar e até "apelar", comunicando seus sinais e sintomas.

A criança quanto menor mais indefesa, está toda entregue a nossos cuidados. O que será
a sua recuperação se nossas observações forem deficientes?

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 147 ENFERMAGEM EM PEDIATRIA
A enfermidade e a hospitalização são efeitos traumáticos em qualquer idade e
principalmente para a criança. Todos os sofrimentos da criança, quer os de origem corporal, quer os
de origem psíquica tem um efeito comum; o estado de ansiedade que criam na criança, é um novo
sofrimento. Pequenos sofrimentos criam estado moderado de ansiedade, que cessam com a cessação
do sofrimento. Se o sofrimento é muito repetido, ou muito intenso, ou se é muito duradoura, o
estado de ansiedade pode se tornar duradouro permanente, em grau variável de intensidade. Meta o
comportamento da criança, (distúrbios relativos de conduta) fazendo - se hostil na sociedade,
necessitando hospitalização. Mascara - se ou melhor, se exterioriza em aspecto de doenças
corporais (distúrbios psicossomáticos) inutilmente tratados com recursos materiais.

A alteração dos hábitos alimentares, higiênicos, a separação da família e do ambiente ao


qual estava acostumada, a mudanças bruscas do vestuário a rotina hospitalar que obriga a certas
disciplinas, como o silêncio, o repouso, a interrupção das atividades escolares, horários
estabelecidos para refeições, recreações, sono; tudo isso leva a criança a viver a sua hospitalização
como uma crise; um "stress", um castigo.

A criança hospitalizada sente a situação de maneira diferente conforme sua idade.

Para as pequenas de 2 a 3 anos a hospitalização é considerada como um abandono dos


pais, dos quais são naturalmente muito dependentes.

Crianças com mais idades sentem a hospitalização como um castigo, pois, já apresentam
sentimentos de culpa, inconscientemente, próprios de sua evolução psíquica e ainda em nível
consciente, sentimentos de culpa oriundos de suas travessuras e desobediências corriqueiras,
sentido, em algumas famílias, ameaçados pelos pais de serem enviados a hospitais e colégios, para
serem disciplinados.

A criança hospitalizada reage à hospitalização de diferentes modos, de acordo com a


sua idade e a sua personalidade.

O mais comum são as regressões (volta às fases já superadas tais como: chupar dedo,
bico, etc.), depressão e ansiedade, tonando - se choronas, inquietas, infelizes ou muito quietas e às
vezes parecendo por isso boazinhas, ao pessoal da enfermagem, parecimento geral de modo
especifico (de pessoas de branco, de azul), e às vezes, agressividade total e a falta de colaboração.

Nota: Os sintomas fisiológicos merecem os mesmos cuidados e observações que no


adulto. Na criança, o choro pode significar muitas causas: dor, fome, sede, mal -
estar, carência afetiva. Para assistir a essas crianças a enfermagem necessita de
observações prática e criteriosas. Ex.: O choro acompanhado de gestos, olhar fixo
num copo, pode representar sede.

IX - COLHEITA DE MATERIAL PARA EXAMES LABORATORIAIS

1. COLHEITA DE URINA

Exame de Rotina

a) Pesquisa de elementos anormais (glicose, albumina, sedimento urinário, hemácias, leucócitos,


células epteliais e cilíndricas.

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Técnicas de Colheita e Cuidados

a) Vidro limpo para evitar alterações por elementos externos;


b) Fazer assepsia adequada (sabão, água), da genitália externa da criança, principalmente meninas
com vulvo - vaginites ou infecções perineais;
c) Sempre que for possível, colher jato médio
d) Enviar ao laboratório o mais rápido possível em vidro identificado, mais o pedido.

2. UROCULTURA

a) usar tubos esterilizados e coletores para crianças;


b) colher após assepsia rigorosa, jato médio de preferencia para crianças maiores.

3.URINA DE 24 HORAS

a) Rotular o vidro com o nome da criança;


b) Orienta-lo quanto à colheita rigorosa;
c) Evitar o máximo, sonda vesical;
d) Usar dedos de luvas e coletores conectados em tubo;
e) Anotar o volume urinário sempre a mesma hora;
t) Mudança diária dos vidros de conexão:

Copocultura ( estado bacteriológico)

a) Usar recipiente esterilizado a espátula para colher.


b) Se houver muco ou sangue.
c) Evitar colher a porção que está em contato direto com a fralda.

5. CLAREAMENTO DE CREATININA

- Regime nos 3 dias anteriores - Diminuir a proteína e o sal. Colheita à Noite:

a) Esvaziar a bexiga à noite, a hora de deitar e jogar fora a urina. Anotar o horário.
b) Guardar a urina durante toda a noite. Inclusive a primeira da manhã num único frasco. Anotar a
hora da última urina da manha.
c) Colher sangue pela manha, no vidro preparado pelo laboratório.
d) Enviar o sangue e toda a urina ao laboratório, com todas as anotações a respeito dos horários.
e) Anotar peso e altura e enviar também ao laboratório.

Observações: Qualquer porção de urina, que for perdida, prejudica inteiramente a prova.

2. COLHEITA DE FEZES

2.1. Colheita de Fezes para Exame Parasitológico

Material: Fezes
Colheita: Material necessário: pote, latina, vidro ou outro material limpo que seja fácil
a retirada do mesmo e que possa ser desprezado. Espátula.

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 149 ENFERMAGEM EM PEDIATRIA
Preparo do Material: Rotulagem correta.

Preparo do Paciente: Oferecer - lhe comadre limpa, e avisa-la para que chame a
enfermagem ao ter vontade de evacuar para facilitar a colheita do material. Caso a criança não
colabore, ao trocar a fralda com fezes a colheita do material e enviar no horário de rotina ao
laboratório.

Caracterização: Consiste em identificar através do microscópio Protozoário, helmintos,


etc.

Indicação Clínica: Suspeita clínica de helmintos, cesto de protozoários, Shistossoma


Mansoni e 5. Stercoralis.

2. COLHEITA DE FEZES PARA CULTURA BACTERIOSCÔPICA (copocultura)

Material: Fezes

Colheita: Material necessário: Pote esterilizado com solução preparada pelo laboratório.

Preparo do Material: Rotulagem correta do pote.

Preparo do Paciente: Oferecer - lhe urna comadre esterilizada a avisa-lo para informar
ao ter vontade de evacuar para facilitar a colheita. Caso a criança não colabore, ao trocar a fralda
com fezes fazer a colheita do material e enviar o horário de rotina ao laboratório.

Pontos importantes a Serem Observados pela Enfermagem

- Colher o material com técnica asséptica para não contaminar o pote especial, com
auxilio da espátula esterilizada retirar do meio do bolo fecal a quantidade do tamanho de uma
ervilha suficiente para a realização do exame, colocar no pote sem contamina-lo e envia-lo ao
laboratório.

3. COLHEITA DE SECREÇÕES

3.1. Colheita de secreções Orofaríngea e Nasal

Material: Secreção Orofaríngea ou nasal.

Preparo do Paciente: Orienta-lo a respeito do eu vai ser feito. Caso necessário solicite a
ajuda de outra pessoa a fim de segurar a criança ou restringir seus movimentos.

Pontos Importantes a Serem Observados pela Enfermagem

- Retirar o estilete e introduzi-lo na Orofaríngea da criança, tocando nas paredes da faringe.

- Recolocar o estilete no tubo, sem contamina-lo , identifica-lo e envia-lo ao laboratório.

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 150 ENFERMAGEM EM PEDIATRIA
- Retirar o estilete e introduzi-lo em uma das narinas tocando nas paredes laterais.
- Recolocar o estilete no tubo, sem contamina-lo, identifica-lo e envia-lo ao laboratório.
- Caracterização: Consiste em identificar através da cultura o tipo de contaminação Ex.:

- Indicação Clínica: Suspeita clínica de difteria, ou outra infecção causada por estafilococos e
antilerograma.

4. COLHEITA DE SECREÇÃO OCULAR

Material: Secreção ocular;

Colheita: Material necessário: Tubo com cotonete esterilizado identificado;

Preparo do Material: Quando não existir cotonete preparado, improvisa-lo e esterilizar em pequenos
pacotes individuais e 1 tubo de ensaio no qual deve ser colocado o cotonete.

Preparo do Paciente: Idêntico ao de secreção orofaringe.

Caracterização: Consiste em identificar através da cultura o tipo de agente causador da


infecção.

Indicação Clínica: Suspeita de infecção rebelde, resistente a vários antibióticos ou


suspeita de infecção pelo bacilo diftérico ou tracoma.

5. BIOPSIA EM GERAL LESÃO PARA CULTURA.

Material: Fragmento de tecido vivo.

Colheita: Material necessário: Material de pequena cirurgia e um frasco contendo


solução de forma 1 a 10%

Preparo do Material: Preparado pelo laboratório.

Preparo do Paciente. Orienta-lo sobre o que irá se fazer.

- Tricotomia da área dependendo da biópsia: Jejum dependendo do tipo de biópsia a ser realizado.
O material retirado deve ser colocado imediatamente na solução de forma e enviado ao
laboratório conforme rotina;

- Cabe a enfermagem auxiliar ao médico, caso haja necessidade.

Caracterização: Constatar a causa dos processos patológicos dos tecidos vivos em geral,
para determinar sua benigdade ou malignidade.

Indicação Clinica: Sempre que se desejar orientação para o diagnóstico, prognóstico e


terapêutica.

X - PREPARO DA CRIANÇA PARA EXAMES ESPECIAIS

1. RAIOS X

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 151 ENFERMAGEM EM PEDIATRIA

Geralmente o exame de Raio X mais usado em criança, é o de tórax.

a) Região a ser examinado - tórax.


Preparo do Paciente: avisar - lhe o que irá ser feito, orientando - o para colaborar obedecendo as
ordens do técnico para inspirar e expirar. Caso não haja auxiliar de RX a enfermagem deverá
colaborar para que a criança se mantenha na posição indicada.

b) Região a ser examinada: Abdomem.


Indicação Clinica: Pesquisa de alteração traumáticas inflamatórias e tumorais.
Preparo: Conforme pedido médico. É importante que a enfermagem observe o funcionamento
intestinal.
c) Região a ser eximinada: esqueleto ósseo:

Indicação Clínica: Alteração traumática. Congênita, inflamatória e tumorais. Preparo do paciente:


Avisar - lhe o que será feito, orientar - lhe quanto a seu posicionamento.

Caso haja necessidade a enfermagem deverá coloca-lo e manter - lhe na posição


correta.
Os outros exames são pouco usados em pediatria. Quando usados exigem o cuidado
especial com o adulto além daquela assistência que se dá a criança em qualquer necessidade.

Eletroencefalograma

Preparo do Paciente: Avisar a criança o que se vai fazer e como se deve comportar.
Algumas vezes é importante que a criança assista alguém fazê-lo para maior confirmação da
orientação.
Preparo da véspera: Nada de bebida alcoólica; é importante que durma bem a noite:
lavagem dos cabelos com sabão de côco sem uso de qualquer cosméticos.

Eletrocardiograma

Preparo do paciente: Avisar a criança o que se vai fazer e como se deve comportar.
Caso seja necessário deixar a criança assistir alguém faze - lo para confirmação da orientação. Caso
não consiga que a criança colabore em hipótese alguma, avisar ao médico

Punções

1. Punção pleural

Cuidados de enfermagem:

a) Preparo psicológico da criança


b) Contenção da criança que ficará preferencialmente sentada (ou decúbito lateral com local da
punção para cima).
c) Material devidamente preparado e conferido;

- Bandeja grande e um pacote com:

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 152 ENFERMAGEM EM PEDIATRIA

ƒjogos de trocater;
ƒseringa de 10 a 20 ml;
ƒvidros para colheita de material;
ƒuma pinça anatômica com borracha;
ƒuma agulha com borracha conectada (tubo pequeno);
ƒagulhas de insulina (10 x 5).
ƒLuvas e esparadrapo.

Após Punção

- colocar a criança. em posição confortável;


- colocar o material em solução desinfetante;
- providenciar para que o liquido colhido seja enviado ao laboratório evitando contaminação da
parte externa do vidro.

2. Punção Lombar

2.1. Finalidades terapêutica e diagnostica. Técnica e cuidados:

a) Assepsia (água sabão e mertiolate).


b) Posição decúbito lateral, pernas fletidas sobre o Abdomem. Evitar flexão forçada da cabeça que
será apoiada em travesseiro pequeno.
c) Verificar sedação prévia se necessário.
d) Uso de campo fenestrado e luvas.
e) Anestesia local (Procaína ou 2%).
f) Ponto de punção: cruzamento da linha hilíaca com linha inter apofisária (punção lombar).

Acidentes Possíveis

a) Dor aguda com irradiação para o membro inferior produzido pela agulha, que toca a raiz
sensitiva.
b) Cefaléia occiptal (por perda de líquidos para o espaço peridual) mais comum no adulto.
c) Meningite asséptica (Febre, sinais de irritação meningeia, aumento de pressão do liquor).

Cuidados de Enfermagem:

Cuidados relativos a:

a) posição do paciente;
b) preparo físico e psicológico da criança;
c) sedação se necessário;
d) contenção;
e) observação, comunicação e anotações de sintomas anormais observados;
f) posição confortável após punção.

XI ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTO

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 153 ENFERMAGEM EM PEDIATRIA
Preparo da medicação:

Quanto ao preparo de medicação é importante salientar o cuidado que se deve ter com
as dosagens. Estas, muitas vezes exigem muita atenção devido a sua dosagem pequena. Divisão
subdivisão e isto muitas vezes se torna difícil devido a atenção ou devido a ou devido a ou devido a
matemática fórmulas que são pouco usada e podem ser esquecidas com facilidade.
Para maior facilidade estas devem estar incluídas entre as rotinas pediátricas e de fácil
acesso para toda a equipe.

1. MEDICAÇÃO ORAL

Material necessário

a) copinhos descartáveis;
b) conta-gotas;
c) recipiente graduado;
d) triturador de comprimidos;

Método

a) verificação e prescrição;
b) lavar as mãos;
c) preparar a medicação;
d) avisar a criança orientando-a para que enguia toda a manutenção espontaneamente. Só força-Ia
em último caso.
e) preparar e ajudar a criança tomar a medicação de preferência triturar os comprimidos;
f) limpar a boca da criança. Fazer anotações;
g) após a administração do medicamento lavar os copinhos e coloca-los para esterilizar na central
ou em milton se for o caso.

2. MEDICAÇÃO INTRAMUSCULAR

Em caso de usar o carro de medicação, poderá ser acrescentado:

a) Caixa de seringa - agulhas 25 x 8 ou 25 x 7 e 25 x l0;


b) Vidros de algodão álcool;
c) Medicação intramuscular

A via intramuscular é usada sempre que não for possível a via oral.
Para aplicar a medicação intramuscular é necessário observar, rigorosamente a dosagem, o local da
aplicação do mesmo.
Nos lactentes usamos os músculos: face externa e anterior da coxa e glúteo, quadrante
superior externo direito e esquerdo. Nas crianças mais crescidas cuja musculatura já se encontra
desenvolvida, dá se preferência aos glúteos e deltóides.
Preparo da Criança: A aplicação representa sempre uma agressão para a criança; é portanto que se

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 154 ENFERMAGEM EM PEDIATRIA
reduza, ao mínimo as possibilidades de assim serem interpretadas por ela.

É um tratamento doloroso, e que predispõe a criança a recusa-lo. Por isso é necessário


orientação.
Recomenda-se que se tenha com a criança um relacionamento agradável durante algum
tempo antes da aplicação do medicamento.
É importante que se afaste das demais crianças no momento da aplicação das injeções,
poupando-a exposição desnecessária e essencialmente permitindo a ela que mais facilmente libere o
controle. suas reações e adquira mais rapidamente sua autonomia.
Procura-se permitir á criança que escolha um, entre os diversos lugares possíveis para
aplicar o medicamento. Deve-se poupar as emoções da criança conversando outros assuntos no
momento da aplicação do medicamento. Apresenta-se espontânea e segura tentando mostrar com
atitude poucas palavras, a importância do medicamento para a criança, após a aplicação da injeção
ficar algum temo junto a criança procurando distrai-la com brinquedo e a entendê-la com bondade.
Nunca as reações negativas da criança. Sempre e com sinceridade as reações positivas que foram
notadas, estimulando assim o seu controle.

Locais mais utilizado para aplicação de injeções em Pediatria.

ƒTerço médio da coxa;


ƒFace anterior lateral;
ƒQuadrantes superiores; externos do glúteo
ƒDeltóide.

3. HIDRATAÇÃO VENOSA

Material:

a) caixa com seringas - scalps, batherfly ou poietilinos de vários números; garrotes.


b) vidros de algodão com álcool, esparadrapo.
c) vidros de álcool iodado com algodão.
d) medicação intravenosa, algodão, álcool a 70% ou autisseptivo em uso.

Material necessário:

a) suporte de soro;
b) foco de luz
c) tala para imobilização do membro.

Para aplicação a medicação intra venosa é necessário observar: rigorosamente a


dosagem, a assepsia e o local da aplicação do mesmo. O local mais indicado é a cabeça
(principalmente em crianças muito pequenas).
Pode ser usado qualquer outra extremidade na qual se encontre veia. O que é
importante evitar sãos as junturas (dobras) para favorecer a conservação das mesmas.
Além da veia da cabeça ser mais fácil para funciona-la. deixa a criança mais livre no
berço evitando a contenção que sempre é uma agressão. Solicitar a colaboração da mãe da criança
que é a principal figura para ela. Não sendo possível, a de outra pessoa Que a acompanhe.

Preparo do soro: a prescrição deve ser respeitada na integra; em caso de qualquer

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dúvida consulte o responsável pela equipe. É importante que você observe constantemente o
controle do gotejamento; para evitar qualquer acidente: que a criança mesmo abra o soro
demasiadamente que o mesmo seja arrancado; etc.
Quanto ao uso do microgotas devemos obedecer as rotinas: 1 gota contém 3
microgotas. O importante é que você conserve a rotina e mantenha o numero de gostas exigido
para evita hiper ou hipohidratação.

4. SUBCUTÂNEA E INTRADÉRMICA

Material: acrescentando ao de medicação intramuscular:

a) caixa com seringa de 2 e 1 ml.


b) agulhas 25 x 10 e agulhas 10 x 5.
c) medicação própria.

Para a aplicação da medicação subcutânea a intradérmica é necessário observar: -


rigorosamente a dosagem e o local do aplicação do mesmo.
5. VIA RETAL

Material: medicamento - supositório que deve estar guardado na geladeira, gasinha.


dedo de luva u uma mão d~ luva para coloca-lo devidamente na ampla retal.

Preparo da criança: avisar - lhe o que irá acontecer, onde será colocado o remédio.

Mantê-lo repouso até que seja absorvido.

6. INSTALAÇÃO NASAL, OCULAR E ONTOLÓGICO

a) instalação nasal:

Material: seringa de 20 ml Soro fisiológico, 1 cuba - rim, 1 compressa, gasinha.


Preparo da Criança: avisar - lhe o que irá acontecer, onde irá introduzir o liquido, pedir
sua colaboração. Mantê-la na posição adequada.
A instilação nasal se faz em uma narina e depois na outra. Oriente - se a respeito de usa
inspiração e expiração Observa sua respiração.

b) Instilação ocular:

Material: seringa de 20 ml, soro fisiológico, 1 cuba - rim, 1 compressa, gasinha.


Preparo da criança: como da Instilação nasal.
Evitar pressão muito forte no globo ocular e na pupila.
Procurar introduzir o liquido sempre pela extremidade e pela pálpebra.
c) Instilação Ontológica:

Material: seringa de 20 ml, soro fisiológico, 1 cuba - rim, compressa, gasinhas e o


material específico de otorrino.
Preparo da criança: como o da instilação nasal. Evitar pressão muito forte diretamente
no orifício para evitar a perfuração do tímpano.
Procurar introduzir o líquido sempre através das paredes laterais. Muitas vezes é

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necessário colocar um emoliente dois ou três dias antes para facilitar a retirada do serumem.

7. APLICAÇÃO LOCAL

Material: bolsa - para água quente e para gelo. Compressa.


Preparo da criança: avisar - lhe o que irá acontecer. quanto tempo permanecerá com tal tratamento.
Mante-lo em repouso.
Nunca colo ar a bolsa de gelo e principalmente a quente sem proteger com um pano. A
técnica de aplicação local é semelhante á do adulto.

XII- DISTÚRBIOS HIDROELETROLÍTICOS

a) Causas:

A diarréia acompanhada ou não de vômitos;


Erros alimentares. Acréscimo de hidratos de carbono. diluição errada do leite em pó;

ƒParasitose intestinal;
ƒIntolerância ao leite: alergia gastro intestinal;
ƒIntolerância ao leite em pó;
ƒintolerância aos açúcares;
ƒlnfecções: Causa Coli patogênicos. Shigella, salmonelas ou vírus.

Os vômitos, constituem a segunda causa da freqüência da desidratação, acompanhado


de diarréia ou como sintoma principal.

b)Sintomas:

Perda de peso, oligúria, diminuição da elasticidade da pele, sede. mucosas secas,


fontenella deprimida, olhos encovados, sinais laboratoriais de homoconcentração.

c) Graus:

De acordo com o maior ou menor intensidade deste sintomas podemos dividir


clinicamente a desidratação entre graus.

- Leve ou de 1º grau;
- Média ou de 2º grau;
- Grave ou de 3º grau;

d) Tratamento:

- Reidratação Oral;
- Fluidoterapia intravenosa.

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 157 ENFERMAGEM EM PEDIATRIA
Essas diarréias muitas vezes não são valorizadas pelos adultos e podem levar a criança a
importantes atrasos no seu crescimento e desenvolvimento neurológico, ou mesmo à morte.
A maior parte das diarréias são autolimitantes, isto é, resolvem-se sozinhas, sem necessidade
de utilização de qualquer medicamento. O uso de medicamentos pode ser prejudicial á criança,
muitas vezes atrasando a cura. Durante a diarréia, é importante manter a alimentação da criança
para que seu estado geral não piore ainda mais, assim como é preciso avaliá-la a fim de estabelecer
a necessidade ou não de se iniciar a reidratação oral ou venosa.
Quando a diarréia é causada por um agente infeccioso ou por um parasita espoliante poderá
ocorrer uma desidratação. A desidratação acontece quando a perda de líquidos e eletrólitos está
acima da capacidade de reposição do indivíduo; nesses casos é preciso providenciar uma reposição
adequada, evitando que a criança necessite ser hospitalizada o que, além de traumático, a afasta de
seu ambiente familiar.1
A desidratação, por ser um quadro grave e rápido, podendo levar a criança à morte em
poucas horas, deve ser atendida prioritamente. Os responsáveis devem ser orientadas a iniciar a
terapia de reidratação oral, em caso de diarréia, mesmo quando a criança ainda está em casa.
A criança desidrata apresentará: olhos encovados, fontanela (moleira) deprimida ( em
criança de até cerca da 18 meses), saliva espessa ou ausente, língua seca, ausência de lágrimas e de
brilho no olhar, turgor diminuído, diurese diminuída e de cor escura. Esses sinais podem agravar-se
se a criança não for atendida rapidamente, podendo chegar ao óbito por choque hipovolêmico. São
sinais de agravamento da desidratação: anúria, letargia, pulso fino e rápido, taquipnéia e
posteriormente bradipnéia.
A terapia de reidratação oral ( TRO ), ou seja, a reposição de sais e glicose, elementos
fundamentais para a manutenção da vida, foi concebida para evitar que a criança necessitasse de
reidratação venosa e, portanto, de internação hospitalar, já que a maior parte das desidratações
podem ser tratadas por via oral, não necessitando, assim, de reposição venosa. O protocolo de
tratamento classifica-se em:
• Desidratação – se a criança apresentar dois ou mais dos sinais que se seguem: pulso
rápido e débil, olhos fundos, irritados, ausência de lágrimas, boca e língua secas,
bebendo líquidos, oferecidos rápida e avidamente, manifestações de intranqüilidade e o
sinal da prega desaparecendo lentamente.2
• Desidratação grave – se a criança se mostra comatosa ou hipotônica, com pulso muito
débil ou ausente, olhos muito fundos, ausência de lágrimas, boca e língua muito secas;
bebendo mal o que lhe é oferecido ou estando incapaz de beber, o sinal da prega
desaparecendo muito lentamente.
Conforme a classificação utiliza-se um dos protocolos: o plano A, o plano B, o plano C:

COMO AVALIAR O ESTADO DE HIDRATAÇÃO


1- OBSERVE
CONDIÇÃO Bem, alerta Irritado - intranqüilo Comatoso - Hipertônico
OLHOS Normais Fundos Muito fundos

1
Espoliante – É o agente capaz de impedir a absorção de substâncias vitais para o organismo.
2
Sinal da prega – É um teste cutâneo em que se observa, após o pinçamento da pele, uma prega; no caso de
desidratação esta prega se desfaz lentamente.

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 158 ENFERMAGEM EM PEDIATRIA
LÁGRIMAS Presentes Ausentes Ausentes
BOCA DE LINGUA Úmidas Secas Muitos secas
SEDE Bebe normalmente Sedento, bebe rápido e *Bebe mal ou não é
avidamente. capaz
2 - EXPLORE
SINAL DA Desaparece rapidamente Desaparece lentamente Muito lentamente
PREGA
PULSO Cheio Rápido, débil *Muito débil ou
ausente.
ENCHIMENTO Normal ( até 3 Seg.) Prejudicado ( de 3-5 Seg.) *Muito prejudicado
CAPILAR ( mais de 5 Seg.)
3 – DECIDA Não tem sinais de Se apresentar dois ou mais Se apresentar dois
desidratação. sinais acima tem ou mais sinais
desidratação. incluindo pelos
menos um sinal
*Tem desidratação
grave
4 - TRATE Use Plano A Use Plano B Use Plano C

• PLANO A – A criança com diarréia sem sinais de desidratação.


A grande maioria das crianças com diarréia não tem desidratação. Para prevenção da
desidratação não é necessário utilizar um esquema terapêutico rígido.
Bastará, após o exame clínico da criança, orientar os familiares sobre a evolução natural
da doença e o risco de complicações e a conduta a ser utilizada no domicílio.
*Recomendar o aumento da ingestão de líquidos preparado com ingredientes
disponíveis nos domicílios: soro caseiro, chás, cozimento de cereais ( arroz, milho),
sopas e sucos.
A mãe deverá ser orientada a oferecer depois de cada evacuação:
Criança até 12 meses 50 a 100 ml ( ¼ - meio copo)
Crianças acima de 12 meses 100 a 200 ml ( ½ a 1 copo)
*Manter a alimentação habitual, em especial o leite materno, aumentado a freqüência
das mamadas. Não se deve modificar o tipo e quantidade dos alimentos, corrigindo-se
os erros dietéticos e aumentado a freqüência com a qual são oferecidos para que, na
falta de apetite, a ingestão fique próximo dos níveis normais.

* Ensinar a família a reconhecer os sinais de desidratação ( olhos fundos, boca seca, pouca urina,
muita sede ) e recomendar que, caso a diarréia piore ou apresente os sinais acima, se inicie a
administração de SRO e se procure o serviço de saúde.
• PLANO B – A criança com diarréia e sinais de desidratação. A reidratação oral com o SRO é o
tratamento de escolha para os pacientes com desidratação devido a diarréia e vômitos.
Os refrigerantes não devem ser utilizados como soluções de reidratação, pois, além
de ineficazes podem piorar a diarréia.
A quantidade da solução ingerida dependerá da sede da criança e deverá receber de 50 a
100ml/Kg, no período de 4 a 6 horas.
Os lactentes amamentados no seio deverão continuar recebendo o leite materno,
junto com a SRO. Os pacientes com outro tipo de alimentação deverão receber somente a solução
reidratante, enquanto mantém sinais de desidratação.
A solução deve ser oferecida com freqüência, usando-se copo, colher ou conforme os
hábitos da criança.

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 159 ENFERMAGEM EM PEDIATRIA
*Se o paciente vomitas, o volume administrado deverá ser reduzido e a freqüência da administração
aumentada.
• Como preparar o soro caseiro?
O soro caseiro, feito com açúcar, sal e água, é muito bom para crianças e adultos com diarréia.
É fácil de prepará-lo:
1. Lave bem as mãos.
2. Encha um copo grande ( 200 ml) com água limpa, fervida.
3. Coloque uma medida pequena e rasa de sal.
4. Coloque uma medida grandes e rasas de açúcar.
5. Mexa bem e dê em colheradas.

Prove o soro antes de oferecer ao doente, para verificar que não esteja mais salgado que água de
coco ou lágrimas.

• Outro tipo de soro caseiro


Podemos fazer outro Soro Caseiro usando farinha de arroz ou fubá ou farinha de mandioca
( macaxeira / aipim) ou farinha de trigo.
Dissolvemos quatro colheres de sopa de uma dessas farinhas em água fria e
colocamos em um litro de água fervendo por 5 minutos, junto com três pitadas de sal.
Assim temos um ótimo Soro Caseiro, que podemos dar ao doente da mesma maneira como o Soro
Caseiro de açúcar, sal e água.
• Preparação da Solução de Sais de Reidratação Oral ( SRO)
1. Dissolver um pacote de sal reidratante em um litro de água Manter rigorosamente essa
relação ( 1 pacote/1litro).
2. Usar água limpa em temperatura ambiente.
3. A solução depois de preparada pode permanecer em temperatura ambiente até 24 horas.
Após esse período, deve ser descartada e preparada nova solução.
4. Os sais não podem ser diluídos em outro líquido que não seja água, nem acrescido de açúcar
ou outras substâncias visando melhorar o sabor.
• PLANO C – A criança com diarréia e desidratação grave.
O tratamento é feito a nível hospitalar, através de reidratação oral e/ou venosa, conforme o
estado de hidratação da criança.
• Acompanhamento
*Os sinais clínicos de desidratação desaparecem paulatinamente durante o período de
reidratação. Os pacientes deverão ser reavaliados com freqüência. Quando já ingerido o volume
inicial prescrito e os sinais clínicos de desidratação ainda estiverem presentes, prescreve-se um
volume adicional correspondente. São poucas as crianças que necessitam desta prescrição
adicional.
*A febre causada pela desidratação geralmente cede na medida em que a criança se reidrata. O
uso de antitérmicos nesta fase deve ser evitado.
*As crianças com desidratação deverão permanecer na unidade de saúde até a reidratação
completa.
*A fase de reidratação termina quando desaparecem os sinais de desidratação. Se isto acontecer,
antes mesmo da ingestão de todo o volume inicial prescrito, deve-se interromper esta fase,
alimentar a criança e administrar o SRO após cada evacuação.
• Manutenção do estado de hidratação
*Terminada a reidratação, a criança deverá receber alta. Os familiares deverão ser
informados que a diarréia poderá durar ainda alguns dias;
*Fornecer dois envelopes de SRO, cuja preparação deve ser ensinada e demonstrada;
*Após-cada evacuação líquida, oferecer SRO nos seguintes volumes;
Crianças até 12 meses 50 a 100 ml ( ¼ a ½ copo)

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 160 ENFERMAGEM EM PEDIATRIA
Crianças acima de 12 meses 100 a 200 ml ( ½ a 1 copo)
10 anos ou mais a quantidade que desejar.

*O aleitamento materno deve ser mantido e estimulado. Enfatizar que o leite materno é o melhor
alimento e ajuda a prevenir a diarréia e outras infeções. Para crianças que recebem outros alimentos,
orientar a mãe para manter a alimentação normal. Deve-se recomendar-se o uso de colheres e outros
utensílios mais fáceis de serem mantidos limpos do que mamadeiras.
*A dieta deve ser a habitual da criança, corrigidos os erros dietéticos.
A criança deve comer o quanto e quando quiser;
*Enfatizar a importância de acrescentar uma refeição diária até a recuperação nutricional.
*A criança deve retomar ao serviço de saúde, para reavaliação após 24 a 48 horas;
*Orientar sobre os sinais de piora: sede intensa, vômitos freqüentes, piora da diarréia, irritabilidade
ou prostação. Indicar quem caso isso ocorra, deve-se administrar SRO e voltar imediatamente ao
Serviço de Saúde.
Na análise das diarréias e desidratações, existe um fator que não pode deixar de ser
considerado: a alimentação inadequada em função da falta de informação dos responsáveis e não
propriamente por insuficiência de recursos. Quando a criança não recebe alimentos na quantidade e
qualidade necessária, cresce com uma série de deficiências que podem levá-la a não ter vontade de
brincar com outras crianças, a Ter dificuldade de concentração e de aprendizado, resultando, ainda,
em episódios freqüentes de internação hospitalar.
Um acometimento bastante prejudicial ao desenvolvimento infantil são as verminoses, cujos
parasitas são transmitidos devido à contaminação da água, dos alimentos e do próprio solo. Ao
agredirem a mucosa intestinal poderão causar diarréias. Considerando que a maior parte de nossa
população vive em condições insatisfatórias de higiene e saneamento básico, é preciso promover a
melhoria dessas condições a fim de preservar a população dos “hóspedes indesejáveis”.

2. DESNUTRIÇÃO

É a nutrição deficiente do organismo. O desnutrido é classificado de acordo com o


quanto pereceu de pelo em:

- 1º grau (leve) - perda de até 25% de peso;


- 2º grau (moderado) - perda de 25% a 40% de peso;
- 3º grau (grave) - perda de mais de 40% de peso;

A desnutrição pode ser global (carência de calorias proteínas, vitaminas e minerais) ou


específica.
a) Falta de proteína - má nutrição protéica;
b) Ferro anemia;
c) Vitamina D - raquitismo;
d) Ácido ascórbico - escorbuto.

Etiologia
A causa de toda desnutrição é a ingestão alimentar imprópria ou inadequada, ou o
aproveitamento deficiente de nutrientes, mesmo que eles sejam ofertados em quantidades
suficiente para uma determinada criança.

Assim, podem levar á desnutrição:


• oferta insuficiente de alimentos,
• fome na amamentação ou mais tarde;

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• alimentação não correspondente à idade;
• ingestão insuficiente de alimentos;
• vômitos resistentes à terapia clínica hérnias de hiato, astenose de esôfago, síndroma pilórica e
Outros):
• anorexia nervosa e de outras causas.

Aproveitamento insuficiente dos alimentos:


¾má absorção;
¾má digestão;
¾alergia alimentar;
¾erros inatos do metabolismo;
¾infecções crônicas;
¾infecções urináiias;
¾mastoidite oculta;
¾tuberculose;
¾lues;
¾toxoplasmose;
¾citomegalia;
¾síndrome de insuficiência de anticorpos.

Doenças orgânicas crônicas e malformação de órgãos:

- danos cerebrais;
- cardiopatias congênitas;
- nefropatias;
- pneumopatias;

Quadro Clínico

A criança tem inicialmente, aumento deficiente de peso e, mais tarde, também de


estatura; ou emagrece e seu crescimento estaciona.
A criança se torna irritadiça e mais tarde fica indiferente e apática. A pele inicialmente
seca. fria e pálida, exibe nas formas mais severas, lesões de queratose, seborréia, eritemas e
descamações. as gengivas se retraem, deixando os colos dentários descobertos, e assumem
coloração pálida, ou arroxeadas e sangrentas, nas formas mais severas.
Os cabelos param de crescer, tornam - se secos, quebradiços, descorados e caem
facilmente e em grande quantidade.
Os olhos podem apresentar edema e hiperemia conjuntivais, úlceras corneanas.
xeroftalmia, podendo chegar à cegueira noturna.
Os ossos se desmineralizam e a idade óssea se atrasa.
A desnutrição progressiva leva à atrofia ao emagrecimento total, ficando a criança com
faces de velho, com a pele pálida e frouxa, os olhos encovados, com desaparecimento total das
gorduras.

Prognóstico

A letalidade da desnutrição varia, conforme diferentes estatísticas, de 10 a 65%, com


uma média de 28%.
Diversos fatores alteram o seu prognóstico: infecções, distúrbios hidreletrolíticos
agudos. grau de duração da desnutrição, idade do paciente, além de muitos outros.
A mortalidade é superior a 50% nos desnutridos com broncopneumonias e em cerca de

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70% se houver distúrbios hidreletrolítico agudo associado.
Quanto ao prognóstico futuro, são escassos as informações precisas no tocante aos
efeitos tardios da desnutrição.
Não se sabe ao certo se o distúrbio do crescimento ocorrido na infância é permanente
ou se pode se recuperado.

3. Anemia:

A anemia se refere a uma deficiência de hemácias ou de hemoglobina no sangue, é o


distúrbio hematológico mais freqüente encontrado em crianças. A maioria das vezes, deve - se
principalmente á carência de fatores protéicos, e principalmente, de ferro.

Manifestações Clínicas:

A condição pode ser aguda ou crônica:


a) Desatenção;
b) Fadiga;
c) Anorexia;

Sintomas tardios:
a) Palidez;
b) Fraqueza;
c) Taquicardia;
d) Palpitações;

Sintomas Eventuais:
a) Asia com o tipo de anemia;
b) Morte pode ocorrer por causa de insuficiência cardíaca.

Infecções das Vias Urinarias:

Infecção das vias urinárias significa infecção dentro do sistema urinário, podem ser
afetadas tanto as vias urinárias inferiores ( uretra, bexiga, ou a porção inferior do ureteres) quanto as
superiores (porção superior dos ureteres ou o rim), ou inferiores e superiores.
Em lactentes, até 2 anos, pode - se apresentar bastante atípica: com febre continuou
irregular sem causa aparente, constipação ou diarréia e vômitos, irritabilidade. Outras vezes, pode
evoluir apenas com fraqueza e palidez.
Em crianças maior, já aparecem febre, dor abdominal vaga, (urina abundante) (dor para
urinar), dor na região lombar.
Deve - se bem tratada, para que não evolua, causando um problema renal mais grave.

Incidência:
1 - É a afecção renal mais comum em crianças:
2 - Dez a trinta vezes mais comuns em crianças do sexo feminino, exceto no período neo-natal.

Manifestação Clínicas:

a) Início

1 - Pode ser súbito ou gradual;


2 - Pode ser assintomático;

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CRIANÇAS COM AFECÇÕES RENAIS E DO SISTEMA REPRODUTOR

a) Sinais e Sintomas:
1 - Febre

a) Pode ser moderado ou alta;


b) Pode flutuar rapidamente;
c) Pode ser acompanhada de calafrios ou convulsões;

2 - Anorexia e mal - estar geral;


3 - Micção freqüente, urgente, disúria;
4 - Enurese diurna ou noturna;
5 - Dor surda ou aguda na área dos rins;
6 - Irritabilidade;
7 - Vômitos;
8 - O desenvolvimento da criança é prejudicado;
9 - Hipertensão - pode estar presentes nos casos crônicos ou graves.

Prognóstico

1 - Geralmente é bom nos casos em complicações;


2 - Nos pacientes com obstrução ou retenção de urina, a infecção persistente pode causar
insuficiência renal;
3 - Há uma tendência para a recidiva, quer das infecções tratadas quer das não tratadas.

5. PNEUMONIA

São processos inflamatórios comprometendo homogeneamente um lobo, lobos ou


segmentos pulmonares
São mais frequentes em lactentes acima de 6 meses de idade e principalmente em
crianças maiores.
É comum seu aparecimento logo após infecções das vias aéreas superiores.

Quadro Clínico: Nas crianças muito pequenas.

Febre alta, palidez, laquipnéia prostação, cianose, toxemia e taquicardia.


Às vezes pode aparecer distensão abdominal com diarréia e vômitos. A tosse não é
freqüente, mas se for espasmódica, sugere comprometimento pleural.
A anoxia e acentuada, o que contribui para a desidratação freqüente. Pode aparecer
rigidez de nuca e crises convulsivas, dificuldades no diagnóstico.

A consulta é pouco alucidativa.

Nas crianças maiores o quadro clínico é semelhante ao dos adultos.


Na fase Inicial: Cefaléia. mal - estar, sintomas intestinais, seguidos de febre, calafrio e
prostação, tosse seca ou com expectoração.
Dor torácica pode estar presente, e a criança passa a preferir a posição lateral do lado
que não esteja doendo. o joelho está quase sempre encostado no peito.

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Exame Radiológico: Ao exame Radiológico observa o comprometimento nitidamente
por cissuras interloteares.
Exames Laboratoriais: Hemograma, hemocultura, cultura do abcesso e etc.
Tratamento: Antibiótico em largo espectro, antitérmico, antiemético, hidratação e etc.
Repouso sentido e de evitar esforço.
Eliminação do catarro por meio da tosse ( sempre escarrando).
Drenagem postural de acordo com o lobo infectado.

INTERCORRÊNCIAS PATOLÓGICAS MAíS 1'REQUENTES NA CRIANÇA

1. Dermatológicas

1.1- Dermatite das fraldas (ou amoniacal)

É também camada popularmente de "assadura" . A alta temperatura ambiente. a gordura


subcutânea espessa, o excesso de roupas. o uso freqüente de calça plástica ou fralda impermeável e
a higiene inadequada são fatores que predispõem a dermatite das fraldas.
As alterações da pele mais freqüentes são: hiperemia, vesículas, bolhas, crostas, erosão
da pele, fissuras, prurido e dor. A criança chora com freqüência e fica irritada.

1.2 - monilíase oral (candidíase oral)

É a infecção causada pelo fungo Cândida albicans. Caracteriza - se pela presença de


placas esbranquiçadas na mucosa oral, semelhantes a restos de leite. Geralmente é benigna e
desaparece com 2 semanas de tratamento, mas pode evoluir para quadro severo como esofagite.
enterite e até senpticemia (infecção generalizada) -
Os sinais e sintomas são: perda de apetite, irritabilidade, insônia, recusa do alimento.
dificuldade de deglutir, vômitos. A língua, bochechas e gengivas ficam cobertas por placas
esbranquiçadas que não se consegue remover com espátula ou cotonete.

1.3 - Escabiose

É uma afecção cutânea parasitária e contagiosa, causada por um ácaro denominado


Sarcoptis scabiei. O contágio é através de roupas contaminadas ou do contato direto com o
indivíduo infestado.
As lesões .assemelham - se a uma linha grossa, curta, ondulada ou linear saliente sobre
a pele, de cor avermelhada. Outras lesões também estão presentes, como vesículas, pápulas
eritematosas, escoriações (devido ao ato de coçar), exsudatos e crostas.
As áreas de maior infestação e prurido são: regiões interditarias, superfície flexora dos
punhos e extensora dos punhos e cotovelos, pregas anteriores das axilas, dobras inguinais. nádegas.
prepúcio, escroto ~ região periumbilical.

O tratamento é através de agentes escabicidas:

a) benzoato de benzila a 20%: é eficaz, porém altamente irritante, devendo ser vigiado em crianças
pequenas e diluído antes do uso;
b) hexacloreto de benzeno (Escabin);
c) monossulfiran em solução alcoólica a 25% (Tetmosol).

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1.4 - PedicuIose

É a infestação pelo Pediculus humanus capitis (piolho). O parasita se fixa no couro


cabeludo e cabelos. Ao exame dessa região encontram - se os parasitas adultos e as lendeas (ovos)
que são esbranquiçadas, fusiformes e bem aderentes ao do cabelo.
Os medicamentos indicados são os mesmos citados para o tratamento da escabiose,
durante dois a três dias. Para retirar lêndeas usa-se o vinagre morno e pente fino.

1.5 - Impetigo

E uma infecção da pele causada pelo estafilococo ou pelo estreptococo ou pela


associação de ambos.
Pode atingir qualquer parte da superfície cutânea, porém, na criança, é mais comum na
face. principalmente próximo ao nariz.

Quadro clínico:
Quando o agente é o estreptococo, a lesão inicial é uma crosta espessa, amarelada. Ao
redor da lesão a pele fica vermelha e inflamada.
Quando o causador é o estafilococo as bolhas são mais tensas, duram mais e quando
dessecam formam crostas finas. As lesões curam - se no centro e vão se estendendo
perifericamente.

2. Urinárias

2.1 - Infecção do trato urina rio

E o conjunto de alteração patológicas e fisiológicas decorrentes da multiplicação de


microorganismos patogênicos no rim e nas vias excretaras da urina.
O quadro clínico pode ser de duas formas:
I - clássica: febre, dor espontânea ou à palpação, alterações da micção, prostração e
alterações gastrintestinais;
II - atípica (mais comum em lactentes): perda de apetite, vômitos, peso estacionário.
atraso no desenvolvimento, febre inexplicada. Pode ser também completamente assintomático.
O modo de contaminação mais comum é através da via ascendente, por higiene
deficiente da genitália externa, região perineal e nádegas, ocorrendo principalmente na fase do uso
de fraldas Pode ser, ainda, por defeitos anatômicos que permitem o refluxo vesico-ureteral.
Os tipos de infecção podem ser:
- cistite: a proliferação bacteriana está limitada à bexiga. Geralmente não da febre e os
sintomas variam, simples for no hipogástrio até alterações da infecção,
- pielonefrite: a infecção localiza - se na pelve renal, túbulos e tecido intersticial, em um
ou ambos os rins. Pode ser aguda ou crônica;
- cálculos renais: localizam - se nos cálices e bacinetes, provocam dor lombar e
infecções repetidas. O sinal sugestivo é a hematúria;
- cálculos ureterais: provocam cólicas nefréticas o sintomas dolorosos mal definidos
que podem ser confundidos com apendicite;
- cálculos vesicais: provocam dor intensa durante a micção, irradiada para os genitais, e
alteração da micção (interrupção do jato urinário);
- cálculos ureterais: provocam retenção urinária aguda.

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Cuidados de enfermagem:

- evitar no máximo o cateterismo vesical e, quando este for inevitável. obedecer


rigorosamente a técnica asséptica.
- estimular a criança a ingerir grande quantidade de líquidos, salvo se for contra-
indicado;
- administrar antibióticos criteriosamente;
- aliviar os sintomas dos períodos febris e dolorosos;

- estimular mecanismos de defesa do organismo (boa alimentação, respiração adequada,


movimentação);
- verificar e anotar: temperatura, freqüência urinária, aspecto, odor, cor e volume da
urina, alterações ao urinar (interrupção, dor), retenção urinária, Enurese, comportamento e
atividades da criança, e em qualquer outro local
- colher urina para exames, não deixando esta tarefa pra a mãe e obedecendo
rigorosamente a técnica (ver coleta de material para exames laboratoriais);
- explicai aos pais os modos pelos quais a criança pode adquirir infecção urinaria e a
higienização adequada dos genitais e perineo;

2.2 - síndrome nefrótica

É a alteração da permeabilidade renal, levando a grande perda protéica através da urina


(proteinúria), principalmente da albumina.
Os sinais e sintomas são: edema de inicio insidioso, inicialmente ao redor dos olhos,
depois face, membros, parede abdominal e genitália externa, podendo evoluir para ascite e nunca
corri derrame pleural. A pressão arterial geralmente eleva - se. A diurese diminui e a criança fica
prostrada e pálida e muito suscetível a contrair infecções.

A etiologia da síndrome nefrótica pode estar relacionada com:


- causas alérgicas, como piada de abelha, etc;
- causas tóxicas, como intoxicação por inseticida, etc;
- doenças metabólicas, como diabetes mellitus, etc;
- causas infecciosas, como malária tuberculose, etc;
- doenças sistêmicas, como lupus eritematoso difuso, etc;
- doenças circulatórias, como trombose de veia renal, etc;
- etiologia não definida (idiopática).

Tratamento:

Consiste no uso de dieta hipossódica, hiperprotéica, restrição hídrica, quando


necessário, e medicamentos corticóides.

2.3- GlomeruIonefrite difusa aguda - GNDA

"Esta enfermidade responde pela maioria das admissões por doença renal na enfermaria
pediátrica" (Waecliter, Enfermagem Pediátrica, p. 627).

Consiste na inflamação dos rins, em conseqüência da lesão glomerular induzida por uni
complexo antígeno - anticorpo. Por isso, é considerada uma "doença do complexo imunitário".

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A causa mais comum de GNDA é a reação imunitária a infecção de pele (impetigo) e


de vias aéreas superiores (faringites, amigdalites, etc.) que geralmente são causadas por certo tipo
de estreptococo. Existem outras causas, porém pouco freqüentes.
Os sinais (, sintomas são variáveis e às vezes tão discretos que a doença passa quase despercebida.
A criança geralmente apresenta:

- rins cor de "Coca - Cola" ou "café ralo" ou alaranjada ( devido à presença de sangue);
- edema ao redor dos olhos, face, membros e. nos casos mais graves, anazarca.
- elevação da pressão arterial;
- volume urinário diminuído;
- palidez;
- prostração;
- nos casos mais graves pode ocorrer encefalopatia hipertensiva e insuficiência cardíaca
congestiva.

Cuidados de Enfermagem:

- pesar a criança e medir sua circunferência abdominal, diariamente, pela manhã, em jejum;
- medir e anotar o volume urinário de 24 horas, bem como o aspecto, cor e alterações da urina;
- controlar restrições hídrica e sódica;
- proteger a criança contra infecções;
- incentivar a deambulação, quando a P.A não estiver elevada;
- incentivar aceitação da dieta (usar gotas de limão):
- estimular brincadeiras, crescimento mental e emocional;
- orientar mãe e criança sobre o tratamento, esclarecendo suas dúvidas, sempre que possível;

A septicemia ou sepsis consiste na invasão e multiplicação de microorganismos


patogênicos na corrente sangüínea, a partir de um foco infeccioso inicial. A bacteriemia é apenas a
presença do patógeno na corrente sangüínea, sem repercussão clínica para o paciente.

Os fatores predisponentes são:

- baixa idade;
- prematuridade;
- malformação congêníta;
- imunodeficiência,
- procedimentos invasivos;
- antibioticoterapia e hospitalização prolongadas;
- radiação.

Qualquer microorganismo pode causar septicemia, dependendo da porta de entrada, da


idade da criança e do ambiente.
As manifestações clínicas variam de acordo com a idade, porta de entrada do germe;
órgãos comprometidos e doenças preexistente. Mas, geralmente, o quadro é grave. Normalmente,
apresentam - se:

- mau estado geral;


- febre alta ou hipotermia;
- calafrios;
- anorexia;

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- dores vagas ou generalizadas;
- hipoatividade (diminui o reflexo de sucção);
- irritabilidade;
- diarréia e vômitos;
- edema;
- icterícia;
- convulsões;
- choque séptico;
- sintomas relativos aos órgãos comprometidos, como pulmões: dispnéia, fígado: hepatomegalia,
etc

Como prevenir a septicemia no hospital:

- evitar procedimentos invasivos (cateterismo, venóclise, inaloterapia,etc);


- obedecer às técnicas de desinfeção, anti-sepsia e assepsia;
- lavar as mãos antes e após o manuseio de dada criança.'
- prevenir infeções cruzadas;
- conhecer e controlar a flora bacteriana do hospital;
- manter comissão de controle de infecção hospitalar (CCIH) atuante;
- obedecer às disposições da CCIH;
- administrar criteriosamente os antibióticos;
- agilizar os exames diagnósticos e o tratamento para minimizar a permanência da criança no
hospital;
- evitar internações desnecessárias;

Como prevenir a septicemia na comunidade:

- incentivar o aleitamento materno e imunizações;


- incentivar o acompanhamento do crescimento e desenvolvimento da criança;
- melhoria das condições de vida (habitação, emprego, saneamento básico, etc.);
- alfabetização;
- educação e saúde.

4. Anomalias congênitas

- São malformações na estrutura de órgãos e/ou sistemas. Decorrem de falhas no


desenvolvimento embrionário e estão presentes na criança por ocasião do nascimentos

Causas:

- doenças da mãe durante a gravidez, como rubéola, toxoplasmose, sífilis, etc.:


- certos medicamentos, como talidomia; corticóides, benzodiazepinicos, barbital, etc;
- exposição a radiações ionizantes;
- desnutrição e carências vitamínicas da mãe durante a gravidez, principalmente nos três primeiros
meses;
- fator hereditário:
- alcoolismo;
- poluição ambiental, como herbicidas, agrotóxicos, etc.;
- fatores desconhecidos.

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Existem vários tipos e classificações das anomalias, mas serão comentadas aqui as
anomalias mais freqüentes.

Fissura labial e/ou palatina:

As fissuras mais extensas de lábio e palato são também chamadas popularmente de


“goela de lobo" ou "lábio leporino", mas estes temos devem ser evitados por serem
discriminatórios.

As fissuras labiais podem ocorrer em graus variáveis desde um pequeno entalhe no


lábio até formas que atingem alvéolos dentários e assoalho das narinas.
As fissuras palatais podem acometer o palato em diferentes graus desde uma úvula
bífida até a ausência total de palato mole e duro.

Pré - operatório:

A enfermagem deve apoiar os pais, ajudá-los a aceitar a deficiência da criança e


tranqüiliza-los quanto ao tratamento.
A alimentação e a hidratação da criança fissurada são pontos básicos que a
enfermagem deve garantir. Toda criança fissurada ( exceto as que apresentam
problemas neurológicos ou de deglutição) é capaz de adaptar - se perfeitamente à
alimentação, sendo desnecessário o uso de sonda nasogástrica para tal finalidade. O
aleitamento materno deve ser incentivado. Nos casos em que a dificuldade de bicos
com formato próprio para este tipo de problema, e em colher. A introdução de
alimentos de acordo com a faixa etária deve ser idêntica à de crianças não fissuradas.

Cirurgia:

É reparadora do lábio (queiloplastia) e/ou do palato (palatoplastia). Existem várias


técnicas e podem ser necessárias várias cirurgias, dependendo do caso.
Geralmente é realizada a partir dos 3 meses de idade. Se a criança se alimenta com
leite materno, a cirurgia é feita entre 6 e 8 meses de idade.

5. Atresia de esôfago

Obstrução do esôfago, impedindo o transito livre e contínuo da faringe até o


estômago.
Freqüentemente está acompanhada da fistula traqueoesofágica que é a comunicação
anormal entre a traquéia e o esôfago.

Sinais e sintomas:

Salivação excessiva e grande quantidade de secreções pelo nariz.

- cianose intermitente.
- dificuldade respiratória;
- tosse constante devido ás secreções;
- distensão abdominal;

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- a criança se sufoca com facilidade quando é alimentada -

Tratamento: cirurgia imediata

Pôs operatório:

- observar sinais de complicações e qualquer alteração;


- aspirar freqüentemente as secreções nasofaríngeas ( a cada 1 ou 2 horas) e observar sinais de
obstrução das vias aéreas;
- mudança freqüente de decúbito;
- manter cabeça e tórax elevados (20 a 30º);
- manter acessível o equipamento de emergência (aspirador, cateter, cânulas endotraqueais,
laringoscópio, oxigênio, etc.);
- garantir boa hidratação à criança;
- a alimentação deve ser em posição semi - sentada e oferecida lentamente;
- manter higiene oral satisfatória;
- satisfazer necessidades emocionais da criança;
- encorajar a participação dos pais na assistência à criança.

6. Imperfuração anal

O termo "ânus imperfurado" é usado para descrever anormalidades congênitas na


formação do canal anorretal ou na localização do ânus dentro do perineo.

Sinais e Sintomas

- ausência de abertura anal;


- ausência de mec5nio, ou presença de mecônico em local anômalo (fistula);
- urina esverdeada;
- distensão abdominal;
- fistula:

ƒsexo masculino: entre o reto e trato urinário, escroto ou perineo;


ƒsexo feminino: entre reto e vagina ou períneo.

Tratamento: correção cirúrgica.

Pós - operatório:

- manter a criança na posição indicada pelo cirurgião;


- expor o perineo ao ar;
- evitar pressão sobre o período;
- manter higiene rigorosa do períneo e genitália externa;
- se houver colostomia, manter os cuidados apropriados;
- garantir boa nutrição e hidratação da criança;

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- orientar os pais sobre o tratamento e assistência à criança e, sempre que possível, esclarecer suas
dúvidas.

Hipospádia

Ê a posição anormal da abertura da uretra. Neste caso, a uretra abre - se na superfície


ventral do pênis, podendo ser no corpo do pênis, na base do pênis ou até no perineo. Nos casos mais
graves. a procriação pode ser impossível.
No sexo feminino esta anomalia é rara, mas quando ocorre, a abertura uretral se
encontra na vagina.

A correção é através de cirurgia plástica. Podem ser necessárias várias cirurgias até a
obtenção do melhor resultado possível.

Criptorquidia

É a ausência de um ou ambos testículos na bolsa escrotal. Neste caso eles podem ser
encontrados no abdome ou no canal inguinal.
Durante a, gestação, os testículos são formados na cavidade abdominal do feto. No último
trimestre de vida intra - uterina, eles migram para a bolsa escrotal, através do canal inguinal, na
maioria das vezes. Porém em alguns em recém - nascidos pode - se observar a bolsa escrotal vazia
de um ou ambos os lados, devido à falha ao atraso na descida dos testículos, o que chamamos de
criptorquidia ou criptorquidismo ou ainda criptorquia. Há também casos de anorquia, em que não
houve formação de testículos.

Tratamento:

É cirúrgico e consiste na fixação dos testículos na bolsa escrotal. A cirurgia é muito


simples e não há nenhum tipo de cuidado especial, além dos cuidados de pré e pós
operatórios de rotinas Porém, deve a enfermagem lembrar que a área genital tem
grande importância para a criança e para os pais Muitas vezes o que a criança traz
consigo. Deve - se executar os procedimentos com naturalidade e respeitar os
sentimentos e a intimidade da criança, evitando deixa-la envergonhada.

Hidrocefalia

Consiste no excesso de liquor dentro da cavidade intracraniana e conseqúente


aumento do tamanho da cabeça da criança.

Sinais e Sintomas:

a) no recém – nascido:

- crescimento exagerado da cabeça;

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 172 ENFERMAGEM EM PEDIATRIA
- demora para fechar as fontanelas ou "moleiras".
- fontanelas tensas e abauladas;
- sinais de aumento da pressão intracraniana: vômitos, choro agudo e forte, alterações da P. A, P, e
R, alterações nas pupilas, letargia, estupor e coma;
- fronte proeminente;
- curo cabeludo muito liso e brilhante com veias bastantes visíveis;
- olhos em "sol poente";
- falhas no desenvolvimento físico e/ou mental;

b) nas crianças maiores (com fontanelas e suturas cranianas fechadas):

- cefaléia;
- vômito;
- letargia, fadiga, apatia;
- alterações de comportamento;
- visão dupla, diplomapia, estrabismo, súbito, alterações pupilares;
- alterações de P.A. P. e R;
- alterações na marcha;
- estupor e coma.

Cirurgia:

Consiste na colocação de um cateter com válvula para bombear o liquor do cérebro


para o coração (corrente sangüínea) ou para a cavidade abdominal.

1.1 Espinha bífida

E uma malformação da coluna na qual ocorre uma abertura devido ao não fechamento
da parte posterior das lâminas vertebrais. Existem três tipos:

a) espinha bífica oculta: o defeito é apenas na parte óssea (vértebras). A maioria dos portadores
não apresenta nenhum sintoma. Podem estar presentes alguns sinais cutâneos como uma “convinha”
na pele ou a presença de pêlos ao nível da vértebra imperfeita;
b) meningocele: são projetadas para fora do canal vertebral, formando um cisto cheio de líquor e
recoberto por pele. Geralmente a medula e as raízes nervosas são normais. A meningocele pode
ocorrer em qualquer nível da medula, desde a nuca até a região sacrococcigea;
c) meningomielocele: é o tipo mais comum. Ocorre mais na altura da coluna lombossacra. As
meninges e a medula são projetadas para fora do canal vertebral, formando um "saco" O saco" é
recoberto por pele muito fina que pode se romper ainda dentro do útero ou após o nascimento. O
rompimento deste saco- faz com que seja altíssimo o risco da criança vir a ter meningite.

Cirurgia:

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Tem o objetivo de remover o cisto ou "saco" e fechar o local da lesão. Isto pode ser feito
logo após o nascimento. -

Cardiopatias

Cardiopatias congênitas: são malformações anatômicas do coração ou de seus


grandes vasos e que estão presentes ao nascimento. Essas malformações variam de
leves, sendo que quase assintomáticas, ati graves, podendo ser fatais.
Existem vários tipos de cardiopatias congênitas e elas estão distribuídas em dois
grupos:

a) Cardiopatias congênitas cianóticas: são aquelas que provocam, entre outros sinais, a cianose.
b) Cardiopatias congênitas acianôticas: são aquelas que não provocam cianose.

Etiologia: a etiologia geralmente é desconhecida. Porém, existem certos fatores que


estão relacionados com o aparecimento de cardiopatias congênitas (veja em
anomalias congênitas o item causas).

Manifestações clínicas: citaremos aqui, as manifestações clínicas mais comuns nos vários
tipos de cardiopatias:

- insuficiência cardíaca congestiva;


- dor torácica;
- dispnéia e fadiga ocasional ou após esforço;
- pulsos periféricos fracos o ausentes;
- cianose acentuada e generalizada;
- cefaléia;
- crises de hipoxia;
- hemorragias nasais;
- câimbras nas pernas;
- pressão arterial elevada nas extremidades superiores e baixa nas extremidades inferiores
- dificuldade em crescer e ganhar peso.
- infecções respiratórias freqüentes;
- aparência frágil com palidez e magreza extrema
- dedos em forma de "baquetas" de tambor;
- postura de cócoras" freqüentemente adotada quando a criança já consegue caminhar);
- respiração rápida e superficial;
- dificuldades para alimentar - se (faz pausa para descansar).

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 175 ENFERMAGEM EM OBSTETRÍCIA





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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 177 ENFERMAGEM EM OBSTETRÍCIA
I - INTRODUÇÃO À ENFERMAGEM OBSTÉTRICA

1) CONCEITO
É a parte da enfermagem que se ocupa com o estudo dos fenômenos da reprodução da
mulher. Ocupa-se, assim, com a gestação, o parto e o Puerpério, investigando a fisiolofia, a
patologia e os acidentes.

2) ORIGEM DA PALAVRA
Obstetrícia deriva da palavra latina "obstetriz" origina do verbo "obstare", ficar - ao -
lado ou em - face - de.

3) HISTÓRICO
Sabe-se que na pré - história a ocorrência dos partos era semelhante aos dos animais,
era um acontecimento solitário. A obstetrícia surgiu no momento em que o homem passou a
presenciá-la. Quem primeiro auxiliou nos trabalhos de parto foram as mulheres mais idosas,
utilizando práticas diversas, originando assim as chamadas parteiras.

4) ELEMENTOS DA EQUIPE OBSTÉTRICA.


a) médico e enfermeiro obstétricos;
b) anestesista;
c) técnico em enfermagem;
d) auxiliara de enfermagem;
e) médico neonatologista.

Cada membro da equipe presta a assistência para a qual for preparado mediante
instituições adequadas.

5) UNIDADES DA CLINICA OBSTÉTRICA


A assistência especializada é prestada em maternidades.
Maternidade - é um órgão assistencial de saúde, destinado à prestação de cuidados
gerais à gestante, parturienta, puérpera e ao recém-nascido. Esses cuidados podem ser prestados de
duas formas: em Unidades de Pacientes internos e Unidades de pacientes externos.
Unidade de pacientes externos - dedica-se aso pré - natal com assistência
Ambulatorial e constitui-se de
- sala de espera;
- consultórios;
- sanitários.
Unidades de pacientes internos - dedica-se à assistência pré-natal, ao parto, Puerpério,
compõe-se de:
- sala de admissão e preparo.
- sala para gestantes;
- posto de enfermagem;
- pré-parto;
- centro obstétrico e central de material;
- Puerpério;
- sala de curativo;
- berçário;
- isolamento.
- C.T.I - Centro de Tratamento Intensivo;
- copa;

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- cozinha;
- refeitório;
- departamento de pessoal;
- secretaria;
- almoxarifado;
- farmácia;
- laboratório;
- vestiário;
- centro de estudos.

Sala de admissão - é o local onde a gestante é examinada, preparada e encaminhada ao


setor indicado.

Sala para Gestantes - é o local destinado às gestantes que necessitam de internação


geralmente são encaminhadas as hipertensas, ou qualquer outro fator que exija uma assistência
médica e de enfermagem continua.

Posto de Enfermagem - área destinada ao preparo de medicações e anotações de


enfermagem.

Sala de Pré-parto - destinada à gestante em trabalho de parto, em trabalho de parto,


onde a mesma permanecerá durante todo o trabalho de parto, devendo ter assistência necessária até
o momento em que deverá ser encaminhada para a sala de parto.

Centro Obstétrico - é composto de salas de parto de cesariana. Essa salas devem ser
bem equipadas e em bom funcionamento e condições de assepsia.

Sala de Curativos - setor reservado ao tratamento de curativos e retirada de pontos.

Centro de Material - local onde se faz o controle, revisão, preparo, esterilização e


entrega do material da maternidade.

Puerpério - é o local da maternidade destinado as puérperas durante os dias de


permanência na maternidade.

Berçário - é o local onde vão os recém-nascidos após os primeiros cuidado recebidos


na sala de parto. Em algumas maternidades há alojamento conjunto, onde o recém-nascido fica
junto coma mãe.

Isolamento - destinados aos casos de doenças transmissíveis, manifestações tóxicos,


psicoses puerperais, e casos para observação, a fim de esclarecer o diagnóstico.

Centro de Tratamento Intensivo - setor destinado às gestantes cardíacas, eclânpsias


graves e todas aquelas que precisarem de cuidados intensivos e especiais.

Copa - local onde se recebe a alimentação das pacientes para distribuição.

Departamento de Pessoal e Secretaria - onde se faz expediente relativo a parte burocrática e tratar
dos assuntos relacionados com os funcionários da instituição.

almoxarifado - depósito de reserva de material para distribuição pelas unidades.

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Farmácia - local onde se compra, prepara, guarda e distribui medicamentos para as unidades.

Laboratório - local destinado a experiências científicas, análise, de líquidos e tecidos do


organismo.

Vestiário - setor destinado a troca e guarda de roupas dos funcionários.

Centro de Estudos - local onde são programados cursos, conferência pesquisas e reuniões
científicas e clínicas.

II- NOÇÕES SOBRE ANATOMIA E FISIOLOGIAS DOS ÓRGÂOS


REPRODUTORES

1) APARELHO REPRODUTOR MASCULINO


a) O aparelho reprodutor do homem é formado por:
• escroto ou bolsa escrotal com: 02 testículos e 02 epidídimos;
* 02 canais diferente;
• 02 vesículos seminais;
* 01 pênis.
b) Função do aparelho reprodutor masculino:
Funciona no sentido de produzir as células sexuais masculinas, permitir a cópula, secretar líquido
seminal e levar espermatozóides para dentro do aparelho genital feminino.

- Testículos - são dois órgãos ovais que medem aproximadamente 5 cm de


comprimento, 2,5 cm de largura e menos de 2cm de espessura. Localizam-se externamente em uma
bolsa chamada escroto. Cada testículo é dividido em vários espiralado; estes canais produzem
esperma. Os testículos secretam o hormônio sexual masculino que transforma o menino em adulto.

- Epidídimo - estrutura amarelada contida dentro de uma cápsula em forma de


vírgula, localizada na extremidade superior do testículo, ligando-se à sua face posterior. Ao sair do
epidídimo, o sêmen penetra nos canais seminíferos.

- Canais seminíferos - são os que transportam o sêmen. Compreendem um canal de


paredes espessas, que é o canal deferente, vesícula seminal e canal ejaculador. E um tubo fino que
mede aproximadamente 2,5 cm de comprimento e que passa através da próstata e se abre na uretra.

- Próstata - é uma glândula localizada abaixo de bexiga e que envolve a primeira


porção de uretra. A secreção da próstata é lançada na uretra por numerosos canais de pequeno
calibre.

- Pênis - é o órgão masculino da cópula, através do qual os espermatozóides são


depositados no canal vaginal da mulher.

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2) APARELHO REPRODUTOR FEMINIO.


a) O aparelho reprodutor feminino é formado de:
- vulva;
- vagina;
- trompas uterinas
- útero
- ovários;
b) Órgão Genitais Externos:

- Vulva - órgão externo, formado pelo grandes lábios, pequenos lábios, clitóris, hímem, orifício
uretral e orifício vaginal. (Veja figura 02)
c) Órgãos Genitais internos:

Ovários - um par de glândulas ovaladas, que produzem células denominadas óvulos. Localizam-se
lateralmente na pélvis, e são sustentados de cada lado, por ligamentos largos que mantém estreita
relação anatômica com as franjas das trompas. Elas secretam também um hormônio chamadas
estrogênio e outro chamado Progesterona.
- Trompas - as trompas uterinas são dois tubos que medem mais ou menos 12
cm de comprimento, se comunicam com o útero, e servem como canais excretores para o ovário,
embora não estejam diretamente ligados a eles; a extremidade lateral da trompa curva-se sobre a
extremidade superior do ovário correspondente.
Sua função é no ato da libertação do óvulo, recolhê-lo da superfície do ovário e
transporta-lo à cavidade uterina, onde vai se fixar e se desenvolver no casso de ter sido fecundado,
ou expulso para o exterior em caso contrário.
Útero - órgão muscular liso e ôco, em forma de pêra, medindo aproximadamente 8 cm de
comprimento e localizado na pélvis entre a beixiga e o reto.
O útero divide-se em 3 partes: a porção superior e arredondada é o FUNDO, a porção

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central é o CORPO, e a porção inferior, mais estreita é o COLO, que se projeta para dentro da
vagina. E importante assinalar que as menstruação, a gravidez e o trabalho de parto dependem todos
do útero.
Todo mês o útero é preparado para ser fecundado, quando não ocorre a gravidez, a parte
preparada cai sob a forma de fluxo sangüíneo através da vagina e recebe o nome de menstruação.
- Vagina - é o órgão feminino da cópula e forma uma grande porção do canal de parto.
E um órgão tubular cujas paredes são formadas por músculo liso e tecido conjuntivo elástico e
revestido por uma mucosa. Localiza-se na cavidade pélvica entre a bexiga e o reto se estende da
vulva ao colo do útero, medindo aproximadamente de 7~a 8 cm de comprimento.
Obs: A prega membranosa que circunda o orifício externo da vagina é chamado
HÍMEN.

d) Períneo: os órgãos genitais internos estão separados dos órgão genitais externos por
um agrupamento de músculos visíveis exteriormente entre a abertura da vagina e o ânus. Serve de
sustentação para estes órgãos.

III - DESENVOLVIMENTO DO OVO E SEUS ANEXOS

1) FECUNDAÇÃO
A fecundação ocorre pela união de célula reprodutora masculina, o espermatozóide, com a célula
reprodutora feminina, o óvulo.
Dentro da trompa o óvulo é movimentado passivamente pelos movimentos peristaltivos
da musculatura deste órgão e vienação dos seus cílios. Os espermatozóides que foram deixados na
vagina, ( cerca de 200.000.000 ) durante o encontro sexual, são atraídos por uma substância
segregada pelos óvulos.

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Os espermatozóides encontram o óvulo na trompa, cercando-o Apenas um


espermatozóide fecunda o óvulo, nas trompas e não na cavidade uterina.
Muitos dos 200.000.000 de espermatozóides alcançaram o óvulo na trompa, eles
espermatozóides produzem uma enzima capaz de destruir uma substância que ligam as células
foliculares entre si, abrindo um canal de acesso até o óvulo. A quantidade de enzima que cada
espermatozóide produz é mínima, é necessário que milhares de espermatozóides ataquem o
envoltório do óvulo para rompê-lo. Um consegue atingílo e apenas e esse um o fecunda.
Logo depois da fecundação a membrana do óvulo se trona impenetrável aos
demais espermatozóides. Os que não conseguiram vencer a corrida, morrem. O único
espermatozóide penetra com a cabeça e o corpo. O óvulo está fecundado, chama-se agora ÔVO.
Inicia-se a vida e a gravidez.

2) NIDAÇÃO

* É a implantação do ôvo no endométrio do útero, que ocorre


aproximadamente 7 dias após a fecundação. Durante esse período o ôvo percorre a trompa,
impulsionado por movimentos peristalticos. O endométrio torna-se mais vascularizado para a
implantação, sob a influência da progesterona.
O ôvo sofre várias divisões celulares logo após a fecundação e leva cerca de 3
dias para atravessar a trompa, e penetra no útero onde flutua livremente, em sua cavidade, durante 4
dias em média, quando começa a implantação, a qual geralmente ocorre nas paredes posterior ou
anterior ou ainda na parte superior do útero.
Enquanto o ôvo caminha da trompa para o útero, já vai sofrendo transformações
que recebem nomes diferentes. (Veja figura 4.)

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3) ANEXOS OVULARES
Do nó embrionário formam-se estruturas, que crescendo longe do local de origem,
constituem os anexos necessários à proteção e nutrição do óvulo fecundado.
São eles:
- a vesícula umbilical;
- a vesícula amniótica;
- o cório.

Cório - a porção do ovo que estabelece intercâmbio com o ambiente e o trofoblasto; após a nidação
ele prolifera diferenciando-se em uma porção interna e outra externa. O trofoblasto com o tecido
conjuntivo que o rodeia constituem o cório, que pela emissão de prolongamento aumenta a
superfície de trocas feto-maternas. A vesícula amniótica envolve o cório. A vesícula umbilical ou
vitelin a aparece junto com a anterior, porém desenvolve-se mais tardiamente.
4) ANEXOS FETAIS
4.1) Placenta:

Consiste de massa de tecido mole sob a forma de disco, que prende à superfície interna
do útero. Possui duas fases:
a) Materna - ( fases aderente ao útero) - É onde chega a circulação materna e
por onde passam os elementos a serem enviados ao feto.
b) Fetal - brilhante, esponjosa, é revestida pelos âmnios, que revestem também
o cordão umbilical.
A placenta tem duas funções principais: age como órgão de transferência de produtos
metabólicos e oxigênio, e produz hormônios necessários para a manutenção da gravidez. Age ainda
como filtro, não permitindo que elementos estranhos e prejudiciais atinjam o mesmo.

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4.2) Cordão Umbilical:
É o órgão destinado a ligar o feto à placenta. Mede de 50 a 60 cm tem uma veia e duas
artérias.

4.3) Líquido Amniótico:


Tem a função de proteger o feto , lubrificação da pele do mesmo e permitir-lhe movimentar-se. É
um líquido de cor clara, transparente durante os 4 primeiros meses, torna-se turvo ao aproximar-se
do final da gravidez. As vezes apresenta, suspensão de grumos branco, devido à descamação da pele
do feto e gordura do mesmo. A quantidade é de 850 a 1000 ml.

5) CARACTERÍSTICA DO DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO FETAL


Vejamos em linhas gerais o desenvolvimento desse embrião: esquematizando, na 2º
semana o embrião começa a tomar forma, o coração começa a bater, embora os batimentos não
sejam audíveis.

Ao fim da 4ª semana: o embrião se assemelha um semi-círculo grosso. Inicia-se a


formação dos esvoços auditivo, óptico. Ocorrer a formação definitiva dos rins.
Inicia-se a formação da coluna vertebral; a cabeça desenvolve-se mais que o resto do
corpo, que apresenta pequenos botões, rudimentos de pernas e braços.
Braços e pernas formados, dedos dos pés e das mãos ligados por pregas membranosas;
o embrião tem uma cauda e o ventre está mais volumoso devido à formação dos órgãos internos,
que assumem uma posição permanente; formam-se as orelhas e as pálpebras. Ocorre o inicio da
diferenciação das vias genitais masculinas e femininas.

Ao fim da 18ª semana: o embrião passa a chamar-se feto e por este nome é conhecido
até o fim da gestação. Por definição o feto é ser vivo a partir do 20 mês de vida intra-uterina, e, de
modo geral, o ser vivo enquanto permanece no ventre materno. O crescimento do feto dá-se no
sentido de promover a maturação dos órgãos e tecidos, cumprindo suas características funcionais.
Os dedos das mãos e dos pés, perdem as pregas que os uniam.
A cauda desaparece e o corpo cresce mais no sentido do comprimento. A pele é fina e
transparente. Completa-se a formação de placenta órgão que estabelece comunicação entre a mãe e
o feto, através do cordão umbilical. Completa-se também a formação da bolsa d'água, que é um
saco formado por duas membranas: a externa (córion) e a interna (âmnio). A bolsa contém o

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liquido amniótico, no qual flutua o feto e que tem a função de manter a temperatura deste,
protegê-lo contra possíveis contusões e garantir-lhe liberdade de movimentos.

Ao fim do 3º e 4º mês : A cabeça e corpo são mas proporcionais. Braços já de


comprimento
final relativo. Pernas pequenas. Unhas desenvolvidas. A coluna vertebral ainda está arqueada,,
mas
a cabeça apresenta-se mais ereta; começam a crescer os cabelos (poucos) e a formar-se os
dentes,
na profundidade das gengivas. Também estão formados os órgãos genitais externos. Os
músculos
iniciam sua atividade e o feto se movimenta, mas esses movimentos raramente são sentidos pela
mãe.
O feto mede uns 14 cm e pesa 200 g.

Ao fim do 5º mês (20 Semanas) : os batimentos cardíacos já são audíveis


(estetoscóppio fetal) e a mãe sente os movimentos do feto que tem 20 cm de comprimento e pesa
quase 450g.

Ao fim do 6º mês ( 24 Semanas): progride o crescimento no sentido comprimento; a pele é


vermelha, a pele apresenta-se revestida por uma penugem macia, chamada lanugem e por um
indulto chamado vérnix caseoso. Seus movimentos se acentuam, dá verdadeiros pontapés.

Do início do 7º mês (28 Semanas) ao fim do 9º mês (38 a 40 Semanas): o feto muda de
posição várias vezes, ora está de cabeça para baixo, ora de cabeça para cima; geralmente durante o
70 mês ele assume a posição definitiva, via de regra, de cabeça para baixo, posição que mantém até
nascer. No decurso do 90 mês ele perde quase toda a lanugem, a pele assume uma cor mais natural
e
o vérnix torna-se mais espêsso. No fim do 90 mês dizemos que o feto chegou ao têrmo (feto a
têrmo). Peso 2.950 - 3 .200g. Comprimento 49 a 50 centímetros.

Duração da gestação : é difícil determinar a duração da gestação com segurança; varia de 255 a 288
dias, mas em média, a duração é de 9 e meio meses lunares ou 38 a 40 semanas. Também é difícil
determinar com precisão a data provável do parto.

IV - DIAGNÓSTICO DA GRAVIDEZ

1) SINAIS E SINTOMAS

Tradicionalmente são classificados sob três denominações:


a) sintomas e sinais presumíveis;
b) sinais de probalidade;
c) sinais de certeza.

a) Sinais Presumíveis:
São em grande parte subjetivos e observados pela própria mulher.
São eles:

1) amenorréia - a menstruação pode faltar por várias causas, porém, em mulheres sadias, em idade
reprodutora que menstruam regularmente; a ausência de dois períodos menstruais sucessivos após
relação sexual, é uma forte indicação de gravidez. Este é freqüentemente o primeiro sintoma

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notável.

2) alterações das mamas - consiste em : aumento do tamanho, sensação de formigamento aumento


da sensibilidade, aumento dos mamilos e escurecimento das auréolas, aparecimento de secreção
(colostro) acentuação das veias superficiais.
Praticamente todos esses sinais nas mamas podem ser devidos a outras causas, que não a gravidez.

3) náuseas e vômitos - o enjôo matinal" são mas náuseas, as vezes acompanhadas por vômitos, que
muitas mulheres grávidas têm imediatamente após a concepção, mas, via de regra, começa por volta
da sexta semana de gravidez e continua até o terceiro ou quatro mês. Ocorre em cerca da metade
das gestações, e é comum em mulheres grávidas pela primeira vez. Muitas mulheres passam todo o
período da gestação sem náusea ou vômitos, ao passo que ouras sentem-se inteiramente bem pela
manhã e nauseadas apenas no final da tarde.

4) Polaciúria- há normalmente um desejo de urinar com freqüência nos primeiros três ou quatro
meses de gestação.
A freqüência urinária é causada principalmente pela redução, da capacidade da bexiga, devido à
pressão exercida sobre ele pelo útero em crescimento. Depois do útero e da bexiga saírem da
cavidade pélvica para o abdomem, o útero deixas de comprimir a bexiga. Durante o último mês a
cabeça feto comprime a bexiga e, novamente, surge o desejo freqüente de urinar.

5) Aversão por odores: (cigarros, alimentos e perfumes)

b) Sinais Prováveis:
Os sinais prováveis de gravidez são normalmente descobertos pelo médico ou enfermeira após
exame cuidadoso. São também mais inúmeros e incertos, porém alguns bastantes confiáveis.

1) Aumento do abdome: o aumento do abdome começa a ficar evidente por volta do 3ºao 5º mês
de gestação. Nesse estágio, o útero em crescimento pode ser palpado através da parede abdominal.
Não se pode confiar demais neste sinal, pois o abdome, também aumenta pela presença de tumor,
liquido ou ganho de peso rápido.

2) Alterações uterinas: as alterações do útero são representados pelo aumento do tamanho do


útero, forma globular, consistência amolecida, perceptíveis através do toque.

3) Palpação do contorno fetal: partes fetais.

c) Sinais de Certeza:

1) Auscultura e contagem dos


batimentos cardíacos do feto (BCF):
B.C.F. - a freqüência varia entre 120 a 160 batimentos por minuto em média. Para ter certeza de que
é o coração do feto e não pulso materno que está sendo contado, pode-se palpar o pulso
radial materno enquanto se conta. Com o esteroscópio obstétrico ( Pinar ou Sonar), o B.C.F. é
usualmente ouvido a partir da 18ª a 20ª semana de gestação. O equipamento ultra-sônica permite a
detecção do B.C.F por volta da 100 semana de gravidez.

2) Percepção dos movimentos ativos do feto.

3) Palpação e toque.

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4) Visualização do contorno esquelético fetal por raio X de ultra son.

V - MODIFICAÇÕES DO ORGANISMO DURATNE A GRAVIDEZ


A gestação acompanha-se de modificações importantes que comprometem os órgãos diretamente
interessados pelo desenvolvimento ovular, mas também de todo um conjunto de funções
fisiológicas que devem adaptar-se à gravidez e participam do seu bom desenvolvimento.
Dentre elas temos:

1) Modificações do Aparelho Reprodutor:


a) Vagina: durante a gravidez há o aumento da vascularização, tornando-se de cor
arrocheada. Há ainda o aumento do corrimento vaginal, de cor branca e consistência espêssa.
Tampão mucoso: é um muco abundante e espeço depositado no canal cervical que protege o útero e
o feto contra germes vaginais.
b) Útero: o útero não fecundado mede:
* comprimento - 7,5 cm
• largura - 5cm
• espessura - 2,5cm
• peso - 100 a 150g

Durante a gravidez aumenta consideravelmente de volume, chegando a 34 cm de


comprimento; muda de um órgão sólido, com a capacidade de 2ml, para um saco muscular de
parede delgada, capaz de abrigar um feto a termo. Tem ainda a capacidade de se contrair
voluntariamente expulsando o feto no feto no final da gestação. O peso poderá chegar até 900g.
À medida que o útero aumenta de tamanho, a pressão sob a parede abdominal faz com
que a gestante caminhe com os ombros jogados para trás e com as pernas mais afastadas (marcha
anseria), a fim de manter o alinhamento do corpo (lardose da coluna lombar).

2) Modificações Sistêmicas:

a) Abdome: o aumento do abdome resulta da distensão do útero grávido. Apresenta


forma globosa ou ovóide. A cicatriz umbilical, antes com depressão torna-se então plana e, às vezes
saliente.

Principalmente nas mulheres de pele mais escura, evidencia-se a hipergmentação da


linha alva (linha negra). Também podem aparecer as estrias ou víbreces, produzidas pela distensão
das fibras elásticas.

b) Mamas: a inspeção mostra as mamas aumentadas de volume, a pigmentação da


auréola, aumento da sensibilidade e vascularização. Do 20 mês em diante aparece a secreção do
colostro, que pode ser percebido pela compressão da base do mamilo.

c) Pele: há duas principais alterações da pele.

Primeira, as modificações devidas ao estriamento, observadas na parede anterior do


abdomem, nos seios e nas nádegas.

A segunda modificação é devido à pigmentação, provavelmente causada por um


aumento causada por um aumento de produção hormonal. Os mamilos, linha branca, e vulva e
cicatrizes já existentes escurecem. Em algumas mulheres pode aparecer na face uma pigmentação

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castanho-dourada, cloasma ou máscara gravídica, que desaparece após o parto.

d) Sistema Digestivo: no primeiro trimestre da gravidez há a diminuição do apetite em


conseqüência das náuseas e vômitos. Há ainda o retardamento do peristaltismo causando a prisão de
ventre.
O excesso de ácido clorídrico no estômago produz a sensação de ardor que acomete
quase 75 % das gestantes, produzindo acidez ou azia.

e) Sistema Cardiovascular: a circulação da gravidada aumenta cerca de 30%. Outros


alterações.
• varizes - as veias varicosas agravam-se pela compressão e peso;
* câimbras - as câimbras musculares são causadas por fadiga ou por má circulação.
• Tendência a hipotensão e lipotomia.

f) Ganho Ponderal: em média o peso é aumentado de 10 a 12,5 kg.


Considerando-se que:
• Feto - pesa de 3 a 3,5 kg;
• Placenta - pesa 650 g;
• Líquido amniótico - peso de 800 a 1.000 g;
• Aumento do peso do útero - 900 a 1.000 g;
• Aumento do volume sangüíneo - 1.300 a 1.500 g;
• Tecido mamário - 400 a 50g.
E mais acúmulo de gordura e excesso de água retida nos tecidos os quais não são
identificados.

g) Interferências Psicológicas da Gravidez: é muito importante saber que a gestação trás


modificações psicológicas e, portanto, mudanças no comportamento. Reações maniacas.
Durante os primeros 3 meses há uma habilidade emocional considerável, com risos e
lágrimas quase simultâneos. Mesmo a mulher mais passiva pode tornar-se irritável, dificil e ociosa.
Ela pode mostrar-se ambivalente em relação ao feto encantada um dia por esta grávida, no seguinte
desesperada pelo seu estado.
Os segundos três meses são um período de estabilidade em que a mulher se sente de excelente
saúde. Aumenta a sua autoconfiança e pode surpreender os familiares com a sua maturidade e
segurança. Inicia os preparativos para o enxoval e outros acessórios.
Durante os últimos 3 meses aumenta a letargia física e emocional. Tende a apoiar-se mais
pesadamente no marido e a fazer-lhe exigências. Aumenta a ansiedade com a aproximação do parto.
Quaisquer que sejam as reações, são necessários, durante toda a gravidez, amparo, amor e
confiança.

VI - PRÉ-NATAL

1) EXAMES MÉDICO E DE LABORATÓRIO


A gestante deve ter certos cuidados, a fim de proteger sua própria vida e da criança. Com a
supervisão cuidadosa do médico e da enfermeira obstétrica muitos problemas serão evitados Deve
comparecer a consulta pré-natal. Uma gestante norma, "no mínimo" de seus atendimentos durante
toda a gestação, sendo que o intervalo entre as consultas é de 8 semana.
No pré-natal serão realizados: amamnese, exame clínico, exame obstétrico e solicitações dos
exames de laboratório de rotina como Urina (tipo 1) é examinada a cada consulta para pesquisa de
albumina, glicose e corpos cetônicos. Sangue para pesquisa sífilis(VDRL), determinar o grupo
sangüíneo, fator RH, hemoglobina e hematócrito.
Durante o pré-natal são incluídos a observação do sistema cardiovascular, verificação

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de tensão arterial, exames dos seios, pesquisa de edema nos membros inferiores, controle do peso e
o exame obstétrico com : inspeção, palpação, ausculta do abdome, toque vaginal e mensuração do
abdome, aminiocentese e ultra-sonografia.

2) ASSISTÊNCIA DE ENEFERAMGEM NO PRÉ-NATAL

Assistência pré-natal é a que se dá à paciente durante a gestação. Gestação é o período


que vai da fecundação até a expulsão do feto. Esta assistência visa permitir à paciente chegar ao
parto em perfeitas condições físicas e psíquicas. Preparada para ter um filho em perfeitas condições.
Para que esta assistência seja completa, é necessário que se unam: paciente, médio e enfermagem A
enfermagem caberá coordenar esta assistência, desde a parte burocrática (arquivos, fichas, guias),
preparo de reuniões, acompanhamento do exame médico, até a participação com orientação
sobre higiene, hábitos de vida, cuidados com o recém-nascido, prevenção da toxemia gravídica.
a) Parte Burocrática: orientação de como funciona a clínica ou unidade; identificação
do médico escolhido pela paciente; registro para preparo do portuário. Identificação do tipo de
assistência que a paciente desejará, se possui algum instituto, algum beneficio; explicação de como
será o transcorrer do tratamento, sistema de guias, horários de consulta, de como ela deverá
proceder em casos de urgência nos sábados, domingos e feriados.
b) Encaminhamento para consulta: após a separação da ficha, chegando a hora da
consulta,
a enfermagem conduzirá a paciente até o consultório, deixando para o diálogo com o médico.
Após,
a pedido do médico, levar a paciente para a sala de exames. Perdi4he para esvaziar a bexiga.
Pesá-la.
Pedir-lhe para retirar a roupa intima, colocando-a em seguida na mesa de exames. Expor o
abdomem, protegendo com o lençol. Chamara o médico para o exame. Neste momento já
deveremos
ter pronto.
• bandeja com: fita métrica, pinar, termômetro, aparelho de P.A., Vaselina ou outro
lubrificante, estetoscópio, luva para toque, luva par, gaze.
Obs: além desta bandeja, deveremos ter;
* balança, caixa com espéculos esterilizados, foco de luz, lâmina, swab.
Durante o exame, a enfermagem deverá permanecer junto ao médico, auxiliando no que
for necessário, só se ausentando a pedido ou em casos de necessidade. Terminando o exame, a
técnica em enfermagem ajudará a paciente a descer da mesa, levando-a até ao banheiro, onde ela
deverá vestir-se. Após isto, a técnica a encaminhe novamente até a presença do médico. Encerrada a
consulta, o médico encaminhará para a equipe de enfermagem a paciente para que ela participe de
reuniões. Para gestantes. Também marcará a data da próxima consulta, encaminhando possíveis
pedidos de exames. Nos últimos meses de gravidez, esta assistência ao pré-natal será aumentada,
pois a proximidade do parto exigirá maior vigilância, inclusive nos acertos de posterior internação,
problemas de guias de internação, etc...

c) Orientações para gestantes (práticas educativas):


• Nutrição adequada à gestante: rica em proteínas, laticínios, legumes, carnes, frutas,
verduras, ovos. Pouco sal, nada de tempos picantes. Diminuir massas, doces, principalmente se
estiver com peso aumentado. No jantada comida mais leve.
• Higiene: na gravides os dentes sofrem grande espoliação, dai a necessidade de maior
cuidado e maior limpeza. Esta espoliação dos destes deve-se à grande retirada que a criança fará do
cálcio e outros minerais, necessários à sua formação óssea (encaminha para atendimentos

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odontológicos). Outro higiene muito necessários é a dos órgãos genitais, pois durante a gravidez
existe um aumento das secreções, principalmente vaginais. Orientara para que não faça lavagens
vaginais nem retais, explicando os perigos de contaminação, embolia, etc. Orientar a mãe para
sinais de possíveis infecções. Salientar necessidades de cuidados com os cabelos, unhas e pele.
* Tabagismo e alcoolismo: orientar sobre os malefícios do álcool e do filmo,
indicando sua supressão ou diminuição.
* Exercícios físicos; o melhor exercício físico para a gestante, é caminhar.
Dependendo das condições gerais da gestante, ela poderá caminhar cerca de 1,5 a 2 km por dia sem
se cansar.
* A mensuração; a altura uterina deve estar em trono de 33 centímetros a termo.

• A altura do fundo-do-útero durante o envolver da gestação. Depois de 24 semanas.


São grandes as variações conquanto cresça o órgão, aproximadamente 4 cm/ mês.
• A palpação do abdome: que indicará a apresentação;
- pesquisa do pólo cefálico duro e regular que se encontra embaixo, nas apresentações
cefálicas, enquanto o pólo mais mole das nádegas se encontra alto (e inversamente na apresentação
pélvica);
- pesquisa do lado dorso, representado por plano duro e liso, melhor sentido apoiando-
se sobre o fundo do útero;
- pesquisa de outros pólos que lembram a presença de gêmeos;
- pesquisa de saliência do ombro anterior.
* A ausculta: dos ruídos do coração fetal, percebidos com mais nitidez ao nível do
ombro Notar-se-a a sua freqüência (BCF) e regularidade.
* O toque vaginal: ele confirma:
- o diagnóstico da apresentação;
- permite estudar as dimensões da bacia óssea;
• Vacinação anti tetânica:
Objetivos:Prevenir o tétano neonatal:
Proteger a mulher contra o tétano acidental.

O esquema da vacinação antitetância segundo o Ministério da Saúde recomenda:


- a vacina deves ser feita no 4º, 6º e 8º mês de gestação;
- completar sempre o esquema vacina na gestante, mesmo se ela não souber o passado vacinal
ou estiver incompleta.
- Total de 3 doses.
- Com a vacinação completa e última dose feita há menos de 5 anos, aplicar 1 dose de

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reforço.

d) Procedimento
1) Cálculo da idade gestacional (IG):
- quando a data de DUM (data da última menstruação é conhecida: usa-se o calendário).
- quando a DUM é desconhecida, mais se conhece o mês em que ocorre; se o período
for no inicio, ou meados ou final do mês, considera-se a DUM, os dias 05, 15 e 25 respectivamente.
- quando não se conhece nem o mês da DUM, proceder exame físico.

2) Cálculo da DPP (data provável do parto).


- Usa-se a regra de Naegale
- Através da Dum e calendário
- Para determinar o dia, soma-se mais 7 ao dia da DUM;
- para determinar o mês, até o mês de março soma-se 9, à partir do mês de abril
diminuir 3.

Exemplo:
a) DUM: 13/09/91
+ 7 -3
DPP 20/12/91
b) DUM: 20/03/91
+7 - 9
DPP: 27/12/91

VII - RELAÇÕES ÚTERO-FETAIS

1) ATITUDE

É a relação das diversas partes do feto entre si. Graças à flexibilidade da coluna vertebral. o feto se
aloja na cavidade uterina sem atitude de flexão generalizada, isto é, coluna vertebral encurvada no
seu meio e a cabeça com o queixo aproximando-se da face anterior do córion o que dá ao feto a
forma ovo ide, que apresenta então, 2 pólos: pólo cefálico e pólo pélvico.
Nos membros inferiores, as penas se fletem sobre as coxas sobre a bacia

VII - RELAÇÕES ÚTERO-FETAIS

1) ATITUDE

É a relação das diversas partes do feto entre si. Graças à flexibilidade da coluna vertebral. o
feto se aloja na cavidade uterina sem atitude de flexão generalizada, isto é, coluna vertebral
encurvada no seu meio e a cabeça com o queixo aproximando-se da face anterior do córion o que dá
ao feto a forma ovo ide, que apresenta então, 2 pólos: pólo cefálico e pólo pélvico.
Nos membros inferiores, as penas se fletem sobre as coxas sobre a bacia. Os membros
superiores, os braços se colocam também refletidos junto à face anterior do tórax.

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2) SITUAÇÃO

Denomina-se situação a relação entre os eixos longitudinais fetal e uterino.


Coincidentes os dois a situação será longitudinal, quando perpendiculares, a situação é transversa e,
se cruzados, a situação será obliqua ou inclinada.
A primeira ocorre em 99,5% dos casos, e a última representa fase de transição fetal, que
na fora do parto se estabiliza em longitudinal ou transversa.

3) APRESENTAÇÃO

É a região fetal que se coloca no estreito superior da vagina ocupando-o. em seu todo. ai tende a se
insinuar o trabalho de parto.
Em decorrência dos fatores que determinam a acomodação fetal. pode-se observar troca de urna
apresentação em outra. ao que se dê o nome de mutação ou versão e. se liga à rotação axial do feto.
Até o 6º mês de gestação, a cabeça é encontrada no fundo uterino e depois, graças a esta rotação
axial, o feto por 'cambalhotas" orienta o pólo cefálico para as porções inferiores do órgão e ai se
mantém.
O pólo cefálico pode se apresentar flectido com o mento (queixo) próximo a face anterior do tórax
ou dele se afastar em diversos graus de extensão.
No 1º caso. teremos as apresentações cefálicas flectidas e no 2º caos as apresentações deflectidas:
de 1º grau ou bregmária; de 20 grau ou fronte; de 3º grau ou face.
Quando o pólo pélvico se encontra no superior. a apresentação chama-se apresentação pélvica. que
pode ser de 2 tipos:
• Apresentação pélvica completa - quando as coxas e as penas estão flectidas;
• Apresentação pélvica incompleta - também chamada de nádegas; quando as coxas

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estão flectidas sobre a bacia e as penas estendidas sobre a face anterior do tórax.

4) POSIÇÃO.

Define-se posição como a relação do dorso fetal com o lado direito ou esquerdo materno.
Dificilmente esta região fetal pode localizar-se para frente ou paras trás devido á lordose lombar
(encurvamento da coluna vertebral para diante) materna (a grávida empurra o tronco para trás e o
abdomem para a frente).

5) NOMECLATURA OBSTÉTRICA:

- Primigesto => 1º gestação, gesto I


- secundigesta => 2º gestação gesto II.
N0 Gestações
(gesto ) - multigesta => mulher que teve varias gestações.

- Nulíparo => Mulher que nunca pariu ( paro 0)

Nº Partos - Primíparo => pariu 1 vez (paro 1)


( paro )
- secundíparo => pariu 2 vez (paro II)

- multíparo => mulher que teve vários partos

- Parturiente => gestante em trabalho de parto.


- Puérpera => mulher que pariu
- Nutriz => mulher que amamenta
- Natimorto => criança que nasceu morta ou que morrem logo após o parto.
- Neonatal => recém-nascido vivo ate 28 dias de vida

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- Peri-Natal => corresponde ao período após o feto ter atingido 1.000 g ate. ~ 70 dia de vida.

IG - idade gestacional
DPP - descolamento prematuro placenta ou pato provável do parto.
DUM - data última menstruação
BCF - Batimentos cardio fetais
DU - dinâmica uterina
AFU - altura do fundo útero
FM - feto morto

VIII - ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NAS COMPLICAÇÕES


DECORRENTES DA GRAVIDEZ

1) ABORTAMENTO

a) Conceito - consiste na expulsão do feto antes 20 semanas.


b) Tipos de aborto:
1) Espontâneo - quando ocorre independente da vontade;
2) Provocado - quando ocorre intencionalmente;
3) Evitável - pode ser evitado, o colo se encontra fechado;
4) Inevitável - ocorrerá fatalmente, o colo se encontra aberto;
5) Incompleto - quando é expulso o feto, ficando retido os restos ovulares;
6) Completo - quando há expulsão total;
7) Retido - quando o feto morre no interior do útero e há necessidade de indução para
eliminá-lo;
8) Habitual quando há três ou mais abortos consecutivos.

c) Sinais e sintomas:
• Hemorragia, dores abdominais tipo cólica, dilatação do colo em alguns casos.

d)Assistência de Enfermagem nos casos de aborto:


• guarda qualquer tipo de eliminação que houver pela vagina da paciente;
• observar rigorosamente temperatura, pulso, respiração e pressão arterial;
• observar rigorosamente o gotejamento de soros;
• observar rigorosamente o repouso em caso de necessidade;
• observar sangramento;
• observar sintomas de choques.

e) Complicações;
• Tétano
• Lesões vaginais
• Septicemia
• Intoxicação
• Perfuração uterina
• Óbito

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f) Seqüelas.
• esterilidade
• gratides ectópia.
• distúrbios menstruais
• psicose ( idéia de cuepa )

2) MOLA HIDATIFORME

a) Conceito - é uma degeneração das velocidades coriônicas. Aparece em forma de cistos e se


assemelha a u cacho de uva.
b) Causas - desconhecida.
c) Sinais e Sintomas.
• São os mesmos da gravidez inicial, com exceção dos movimentos fetais e ausculta
negativa. O útero aumenta exageramente em relação à idade gestacional e não se palpa as
partes fetais. Há ainda os sintomas de anemia, perda sangüínea discreta, indolor e
posteriormente eliminação dos cistos.

d) Exames para diagnóstico.


• Palpação do abdomem;
• ausência de movimentos ativos e ausência do B.C.F.;
• Aumento da taxa de gonadotrofinas coriônicas;
• Na ultra-som mostra imagens características em flocos de neve.

e) Cuidados de Enfermagem.
• observação de sinais e sintomas;
• controle de T.P.R e P.A.;
• Tricotomia pubiana e perineal;
• Não desprezar eliminação feitas pela vagina, sem antes consultar o médico;
• observar gotejamento de soros;
• Em caso de necessidade de transfusão, comunicar ao banco de sangue;
• Repouso no leito.

3) GRAVIDEZ EXTRA-UTERINA OU ECTÓPICA

Ectópica - que dizer fora do lugar.


a) Conceito: é a nidação do ovo e o desenvolvimento da gravidez fora da cavidade uterina.
Ela pode ocorrer:
* Nas trompas ou tubária - implantação do ovo nas trompas. Ocorre na
proporção de 1/300.
• No ovário - implantação do ovo no ovário. É muito raro a ocorrência.
* Abdominal - implantação do ovo na cavidade abdominal. A ocorrência é muito rara.
Neste caso a placenta fica inserida sobre os órgãos abdominais e o feto desenvolve-se
comprimindo as vísceras. A evolução da gravidez é quase sempre comprometida.

b) Causas:
• Retardamento de captação do óvulo pela trompa;
• Parada ou diminuição da migração do ovo;
* Mal formação tubária, etc.

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c) Sinais e sintomas:
* Fortes dores abdominais com ou sem sangramento externo.
Ocorre dores e ainda distensão, rotura da trompa com grande perda de sangue, levando a
paciente ao choque e morte se não socorrida a tempo.

d) Cuidados de Enfermagem:
• Observar sinais vitais;
* Observar sangramento;
* puncionar veia calibrosa;
* repouso absoluto;
* tricotomia pubiana e perineal;
* após cirurgia, pós-operatórios de rotina.
Observar figura 09 na página seguinte:

Locais prováveis de gravidez ectópica.

4) PLACENTA PRÉVIA :

a) Conceito - é a implantação inadequada da placenta no útero.


b) Locais de implantação;
* Placenta Prévia Total - quando ocupa todo orifício do colo;
* Placenta Prévia Marginal - quando só a margem da placenta ocupa a parte do colo;
• Placenta Prévia Parcial - quando a placenta fica próxima do orifício do colo

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c) Sinais e Sintomas - o principal é a hemorragia indolor, que ocorre normalmente no 3º


trimestre da gravidez, podendo raramente ocorrer antes. Apresenta ainda parto prematuro,
apresentação anormal.
d) Etiologia - é desconhecida a causa, porém ocorre mais freqüentemente em multíparas; em
pacientes que sofreram abordo e/ou curetagens, malformações uterinas, etc.
e) Cuidados de Enfermagem;
* tricotomia pubiana e abdominal perineal;
• puncionar veia calibrosa;
• não fazer toque vaginal;
• controlar T.P.R. e
• observar sinais de choque.
• auscultar BCF.

5) DESLOCAMENTO PREMATURO DA PLACENTA.

a) Conceito - é o deslocamento da placenta antes do nascimento do feto Pode ser parcial ou


total.
b) Causas:

1) Deslocamento traumático:

queda ou traumatismo sobre o abdomem;

cordão umbilical muito curo.
Deslocamento expontâneo:
2)

em pacientes hipertensas e toxêmicas.
c) Sinais e Sintomas - o sintoma mais importante é a dor, localizada no útero, acompanhada
de hemorragia interna ou externa.
d) Cuidados de Enfermagem:
• avisar bando de sangue, se pedido;
• puncionar veia calibrosa;
• controlar rigorosamente T.P.R e P A.;
• Aquecer o paciente;
• não fazer enteroclise sem ordem médica;
• observar sangramento;
• controlar infusões venosas.
• auscultar BCF.

6) ROTURA UTERINA.

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a) Conceito - é o rompimento das fibras uterinas, após contrações violentas e prolongadas,
com saída nítida de líquido amniótico.

b) Causas:
* parto mal assistido;
• cesárea e ou miomectomia anteriores
* emprego incorreto de instrumentos;
* emprego incorreto de ocitócitos (sintocinon, orastina, etc.).

c) Sintomas e sinais:

* contrações continuas
* inquietação;
• útero doloroso;
• dor intensa no baixo ventre;
• hemorragias
• desaparecimento da dor;
• pode ocorrer choque, morte fetal e muitas vezes morte materna.

d) Cuidados de Enfermagem:

• reduzir o no de toques
• punção de veia calibrosa
• repouso no leito
• verificação de sinais vitais
• cuidados pós-operatórios de rotina pós histereorrafia ou histerectomia.
• observar aspecto físico do liquido amniótico perdido.

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7. GESTAÇÕES MÚLTIPLAS OU GEMELARES:

a) Conceito: são aquelas na qual o útero gravídico contém dois ou mais


embriões.
b) Classificação: devemos distinguir os gêmeos fraternos e gêmeos idênticos.

Gêrneos Fraternos ou bivitelínicos - são os gêmeos provenientes de óvulos distintos, cada um


por um espermatozóide, por ocasião do mesmo coito ou de coitos sucessivos. Neste caso os
gêmeo são do mesmo sexo ou de sexos diferentes, cada um tem o seu saco amniótico, sua
placenta e o seu cordão umbilical.

Gêmeos Idênticos ou univitelínicos - são provenientes de um mesmo óvulo dois espermatozóides,


ou seja, são irmãos que tem a mesma hereditariedade. O óvulo depois de fecundado, divide-se
em duas células. Os gêmeos idênticos são sempre do mesmo sexo. estão em sacos amnióticos
separados. mais com uma placenta comum. São gêmeos que se parecem fisicamente e
psiquicamente, pois são gêmeos verdadeiros provenientes de um mesmo ovo.

Estima-se que a ocorrência dos gêmeos só dê uma vez em cada 90 gestações. e a ocorrência de
trigêmeos, uma vez em cada 9.000 partos.
Os gêmeos nascem mais freqüentemente na. raça preta do que na branca
Não está claro se a hereditariedade influencia ou não à tendência para gravidez múltipla.
A gravidez múltipla normalmente origina mais complicações durante o pré - parto e durante o
trabalho de parto do que a gravidez simples. e a maior distensão do útero tende ao pano
prematuro.

8. TOXEMIAS GRAVÍDICAS

a) Conceito - são complicações próprias da gravidez, que se caracterizam pela presença de


Hipertensão, edema e proteinúria.

Classificação das toxemias:

Toxemia gravídica aguda - normalmente aparece após a 24ª semana de gestação. Apresentando.
• Pré-eclâmpsia leve ou benigna;
• Pré-eclâmpsia grave
• Eclâmpsia.

2. Hipertensão crônica durante a gestação que pode se apresentar:

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• sem toxemia aguda, ou seja, sem hipertensa o e sem proteinúria, apenas com edema e
aumento elevado de peso;
• hipertensão crônica antes da gravidez, ou descoberta durante a gravidez, hipertensão que
se apresenta pela 1' vez antes da 24' semana de gravidez e que persiste até após o parto.
• hipertensão crônica que caminha até entrar em toxemia aguda.

3. Toxemias não classificadas, devido à falta de dados para uma diferenciação diagnostica,
que não permite ao médico saber se foi decorrente de gravidez, ou se já existia antes da gravidez.

PRÉ-ECLÂMPISIA

a) Sintomas:
• Edema - que pode ser por retenção de líquidos, por anemia ou por retenção de sódio,
além da carência de vitaminas.
• Hipertensão - proveniente de albumina e globulina na urina. Os espasmos existentes nas
glomérolas, deixam passar as proteínas do plasma do sangue.
• A paciente apresenta PA de 140 x 90 mmhg

Pré-eclâmpsia grave:
Apresenta PA igual ou superior a 160 x 1 ]O mmhg, digúria, cefaléia,
náuseas, vômitos, nervosismo e irritabilidade.

ECLÂMPSIA

a) Sintomas:
• Edema - generalizado (ana,-Êrca) hipertensão acentuada
• convulsão e coma cegueira total ou parcial
• oligúria ou até anúria
• cianose, dispnéia, cefaléia.:
Nos casos mais graves, apresenta edema agudo de pulmão e insuficiência cardíaca e
respiratória.

b) Ocorrência:
A eclâmpsia ocorre 50% dos casos antes do parto, 25% durante o parto e 25% após o parto.

Cuidados de enfermagem na Pré-eclâmpsia e eclâmpsia;


• manter o paciente em ambiente silencioso e em penumbra
• manter em repouso
• controlar T.P.R.
• controlar P.A.; rigorosamente.
• pesar diariamente

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IX - PARTO

1. CONCEITO
Consiste na expulsão do feto e seus anexos.

2. ASSISTÉNCIA DE ENFERMAGEM NO PARTO


NORMAL

a) Admissão:
A admissão da gestante que se encontra em trabalho de parto, é igual tanto para os
casos de parto normal, como para os de parto cirúrgico. O primeiro passo é o exame feito pelo
médico, que poderá ser o que fez o pré-natal, ou o que estiver de plantão no momento. Uma vez
feito o exame, se o médico constatar que realmente o trabalho de parto já se iniciou, ou que, há
motivo de risco para a mãe ou para o filho, ele determinará a internação. Após isto, será cumprida a
parte burocrática, com a montagem da papeleta. Dependendo do caso, se não houver acompanhante,
e se a paciente já estiver em trabalho de parto adiantado, esta parte burocrática poderá ser adiada
para outro momento.
Chegando à unidade de internação, a paciente será encaminhada à triagem, onde
será obrigação da AUMLIAR DE ENFERMAGEM:
• fazer a tricotomia pubiana e abdominal bem ampla
• enteroclise com 1.500 ou 2.000 ml de água + glicerina, mediante
ordem médica;
• verificação de T.P.R e P.A;
• conferir a higiene da paciente, e se preciso, encaminhá-la para um
banho;
• verificar B.C.P., Freqüência e intensidade das contrações.

Em seguida, encaminhar a paciente para a enfermaria, ou dependendo do caso,


para o pré-parto ou sala de parto, ou ainda para o centro obstétrico.
• Se a paciente for para o leito, a auxiliar de enfermagem deverá tomar
conhecimento do estado da paciente, evolução do parto, através da papeleta ou
diretamente com o médico, para poder acompanhar a evolução do parto, observando
contrações, perda de líquidos, estado emocional, etc.
• Se a paciente for diretamente para o centro obstétrico, sala de parto ou
pré-parto, a auxiliar de enfermagem deverá preparar o leito destinado à paciente, com
cama para operado, providenciando suporte, vidro para coleta de urina, etc.
• Se a paciente for para o leito, para induzir um trabalho de parto, a
auxiliar de enfermagem deverá estar atenta para o gotejamento do soro com sintocinon.
Também se ela estiver fazendo tratamento para não ter parto prematuro, usando soro com
alupent, a auxiliar de enfermagem deverá ter todo o cuidado com o gotejamento.
Manter o médico informado da evolução do parto, mediante contrações, intensi idade e número,
será função de auxiliar de enfermagem.

b) Períodos Clínicos do Parto:

Parto é a combinação de fenômenos pelos quais o feto, a


placenta e as membranas se desprendem e são expulsas do corpo da
mulher grávida, após mais ou menos 280 dias, 36 semanas de meses
solares ou 40 semanas de meses lunares.
• 1º Período Clínico do Parto: é a fase de dilatação do colo uterino, que dura mais ou

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menos 8 horas, é a mais longa. Nesta fase ocorre rotura da bolsa, perda do tampão
mucoso e dilatação do colo 10 cm.
• 2º Período Clínico do Parto: expulsão do feto.
• 3º Período Clínico do Parto: é a fase placentária ou de segundamento, quando a
placenta e as membranas desprendem-se do corpo materno. Dura de 3 a 15 minutos.

c) Duração do Parto:

Varia de acordo com os seguintes fatores:


• posição do feto no Útero;
• tamanho do feto,
• tamanho da pélvis materna;
• estado de tensão da mãe;

- se é o primeiro parto (o primeiro dura mais, normalmente mais ou menos horas);


- se for do 2 parto para a frente, dura de 8 a 12 horas,
- parto prolongado - quando o parto dura mais de 24 horas.

Nome dado à gestante, segundo o número de gestação que já teve:


- primigesta - mulher que está grávida pela primeira vez.
- segundigesta - mulher que está grávida por mais de duas vezes.
- nuligesta - mulher que nunca engravidou.

Nome dado à gestante, segundo número de partos que já teve:


- nulípara - gestante que nunca deu à luz.
- prímip ara - gestante que já deu à luz uma vez.
- segundíp ara - gestante que já deu a luz duas vezes.
- multípara - gestante que já deu a luz mais de duas vezes.

3.ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NOS PARTOS CIRÚRGICOS E


PÉLVICOS
a) Epsiotomias ou Perineotomias:
- Cirurgia que consiste num pequeno corte ou incisão no perínco, e que é feita no
segundo período do parto, afim de facilitar o nascimento rápido do feto, além de prevenir as
rupturas do Períneo.
- É feita principalmente em primigestas ou nulíparas. A epsiotomia pode ser classificada
em: média, que consiste numa incisão na linha média do Períneo, diretamente na mucosa da pele,
músculos, com mais ou menos 1 cm de afastamento do esfíncter anal. Normalmente o corte sangra
pouco, sendo de difícil sutura, deixando pequena cicatriz. O seu único inconveniente é, se por
qualquer descuido ou complicação, o corte se estender mais, atingindo o esfíncter anal. A outra
forma de se fazer epsiotomia é o médio-lateral que se inicia na linha média do perínco, estendendo-
se num ângulo mais ou menos 45'. Esta incisão sangra mais, pois atinge região de maior número de
vasos. Sua sutura é mais difícil, porém oferece menos risco de atingir o esfíncter anal.
- A rafía das Epsiotomias pode ser feita antes ou depois do secundamento, porém o
mais correto seria após, pois se houver necessidade de alguma manobra para o secundamento, os
pontos poderão ser danificados. Utiliza-se Epsisiorrafia e anestesia local.
- Os cuidados de enfermagem nas pós-perineorrafia são: asseio da paciente, curativos,
que poderão ser feitos com mercúrio cromo ou com apray, como a Andolha.
Parto Pélvico.
- Este tipo de parto consiste em virar o feto, que inicialmente se encontra em posição
pélvica, colocando-o em posição - normal, ou seja cefálica. Tanto o parto pélvico (de nádegas)

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como o pedálico (de pés) são partos cirúrgicos pois necessitam de manobras, que só podem ser
feitos pelo médico.
- A versão externa, que consistem em fazer a rotação do feto, com manobras
externas, inicia-se normalmente nas últimas semanas de gestação, antes que se inicie o parto.
Nela o médico não pode utilizar de força, e o bcf do feto deve ser verificado com cuidado, pois
dependendo da posição e do tamanho do cordão umbilical, o feto e a placenta poderão sofrer
traumas e riscos. Normalmente a versão externa surte efeito, se bem que às vezes o feto retome à
posição pélvica, exigindo nova manobra. A versão podálica interna é feita durante o parto,
quando o colo está suficientemente dilatado, permitindo a entrada dos dedos do médico. A
versão podálica é utilizada nas placentas prévias, nos D.P.P., em gestações múltiplas, em
apresentação transversas e nos prolápsos de cordão umbilical. A operação é perigosa, exige
anestesia geral para que os músculos fique relaxados.
- Os cuidados de enfermagem São: instrumental necessário para um parto normal -
assepsia, material para reanimação do recém - nascido, material para sutura, fórceps, berço
aquecido, oxigênio, etc.

c) Parto à Fórceps:

• fórceps obstétrico é um instrumento utilizado para extrair a cabeça do feto,


quando as contrações da mãe não são suficientes para expulsá-la. O fórceps só é utilizado quando
mãe ou filho correm risco. E uma cirurgia delicada e perigosa, que exige do cirurgião muito perícia.
Para a mãe os riscos são - lascerações externas, hemorragia, infecção. Para a criança os perigos são:
lesão intracraneal e desfiguração.
• A aplicação do fórceps pode ser alta ou no estreito superior, quando a cabeça do
feto ainda não está encaixada na pélvis materna. Não é quase utilizada, pois oferece riscos enormes
para mãe e filho, só sendo utilizada em casos excepcionais.
- média, quando a cabeça do feto já entrou na pélvis da mãe, porém ainda não
se alojou no assoalho pélvico. Esta operação já é um pouco mais usada porém também oferece
alguns riscos,
- baixa ou fórceps de alivio. E utilizada quando a cabeça da criança já está
sensível, apenas não foi expulsa. Nestes casos, os perigos para a mãe e o filho são quase nulos.

• Cuidados com o uso de Fórceps:


• mesa adequada (mesa cirúrgica reta)
• anestesia geral
• reto e bexiga vazios
• bolsa d'água rompido
• dilatação completa do colo do útero
• conhecimento perfeito da apresentação do feto
• assepsia e antissepsia perfeita
• instrumental adequado, esterilizado;
• material para sutura;
• material para reanimação do recém - nascido;
• observação de sangramento;
• tiragem do sangue da mãe, banco de sangue avisado;
• no pós-operatório, cuidado com higiene, curativos, observação de sangramento e de
odores.

d) Operação Cesariana:

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• E um parto cirúrgico que consiste em extrair o feto do útero, através de incisão na
parede abdominal e uterina.

• É classificada em:
Cesárea Eletiva - quando se decide fazer a cirurgia antes da paciente entrar em trabalho
de parto.
• Cesárea após Prova de Ensaio com Trabalho de Parto - quando a paciente já
sofre uma ou mais cesarianas anteriormente.

Indicações de Cesáreas:
• algumas toxemias
• placenta prévia
• D.P.P
• prolapso de cordão umbilical , sofrimento fetal agudo;
• reparação vaginal extensa anterior; primípara idosas;
• apresentação de nádegas (podálica); distácias
• desproporção feto-pélvica.

e) Assistência de Enfermagem:
São quase que as de rotina para pré e pós-operatório, como:
• a tricotomia pubiana e abdominal;
• a cateterismo uretral com sonda de Foley;
• o instrumental cirúrgico adequado e esterilizado
• assepsia e antissepsia
• sinais vitais
• controle de diurese
• higiene intima
• deambulação precoce
• Cuidados com raqui - anestesia
• observação de sangramento;
• curativos
• não massagear o fundo do útero
• alimentação rica em proteínas e vitaminas e bastante líquidos.

4.COMPLICAÇÓES DO PARTO
Qualquer parto pode ter complicações, ser prolongado, ser difícil, podendo surgir
hemorragia, etc.
Discorremos algumas delas:

a) Trabalho de Parto Prolongado:


Pode acontecer por várias razões. As pontes moles, em particular o períneo, podem
estar rígidas, o que demorará o parto. O tratamento é uma epsiotomia.
Por má apresentação e má posição, desproporção céfalo-
pélvica, contrações uterinas fracas e raras. Em qualquer caso, é muito
importante que se tranqüilize a grávida e que haja bons cuidados de
enfermagem.

b) Prolapso de Cordão:

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 205 ENFERMAGEM EM OBSTETRÍCIA
- O Prolapso de Cordão dá-se quando as membranas se rompem e a
parte que se apresenta não se adapta bem e, assim, o cordão umbilical desliza e fica comprimido
entre a cabeça fetal e a bacia materna. E urna séria situação de emergência e o feto morrerá por
asfixia, se o parto não se processar rapidamente. Se o colo está complemente dilatado, pode aplicar-
se um fórceps, mas, em regra, isto dá-se primeira fase do trabalho de parto e torna-se necessária
uma cesariana imediata.

c) Sofrimento Fetal:

O sofrimento fetal dá-se quando falta oxigênio ao feto.


• As causas são numerosas, mas os sinais são sempre os mesmos.
Os batimentos cardíacos fetais tornam-se mais freqüentes, depois tornam-se lentos e
irregulares e por fim param. Se houver ruptura das membranas, pode ocorrer perda de mecônio por
relaxamento anal do feio, com passagem daquele. Pode ocorrer altida movimento agitados do feto.
Nestes casos extrai-se o feto.

d) Hemorragia Pós-Parto:
• Pode haver hemorragia durante ou depois do parto. Se as perdas de
sangue excedem a 500 ml, e deixam a mãe em condições debilitadas, é uma
hemorragia.
• As causas podem ser: roturas, retenção placentária ou perturbações
de hemostase, etc.
• Cuidados - registra-se T.P.R. e P.A., aquece-se a parturiente e
providencia a assistência médica.

e) Retenção Placentária:

Completa: quando 30 a 40 minutos após a expulsão da criança a placenta ainda não


descolou.
Incompleta: quando após a expulsão da placenta permanece fragmentos
placentários no útero.
Causas:
• anomalia da contração uterina: hipotonia ou hipertonia uterina.
• fixação anormal da placenta à parede uterina placenta prévia;
• erros obstétricos, etc.

Tratamento:
• Secundamento artificial, sob anestesia geral: introduz-se a mão no útero e extrai-se
a placenta e coágulos existentes.

Observação: qualquer retenção placentária deve ser tratada, caso contrário, ocorre
hemorragia e infecção.

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X - PUERPÉRIO
1. ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO PUERPÉRIO NORMAL
O puerpério inicia-se quando termina a 3' fase do parto, ou seja, o
secundamento, sendo por isto considerado por muitos como a 4' fase do parto. Seu fim é marcado
quando os órgãos de reprodução já estão praticamente normais. Dura em média mais ou menos 6
semanas. Durante o puerpério temos a função adicional das mamas, com a lactação.

Cuidados de Enfermagem:
• Verificar T.P.R. de 04 em 04 horas.
• P.A. no mínimo de 15 em 15 minutos nas primeiras horas, mais S.O.S.

Observar contentemente o útero e sangramento pelo menos uma hora após a desquitação total,
lembrar sempre dos sinais de choque hemorrágico como:
• P.A. baixa
• palidez
• suor frio
• pulso rápido e fraco;
• grande perda de sangue.
Manter a puérpera de repouso relativo nas primeiras horas.
Após algumas horas a puérpera pode levantar-se, ir ao banheiro e até
caminhar um pouco. Deve-se evitar que ela fique deitada numa só
posição, pois os movimentos auxiliam a drenagem de líquido do útero e
evita flebites (inflamação das veias).
• fazer lavagem externa e curativo perineal quando necessário
• Providenciar alimentação com bastante líquidos, vitaminas e proteínas. higiene corporal.

As primeiras semanas do puerpério exigem muita


observação, e durante a fase de hospitalização a enfermeira deve observar
com cuidado a Invocação uterina, o aspecto da vulva e perineorrafias, a
loqueação, as contrações, a parede abdominal, o engurgitamento das
mamas, as vias urinarias e aspecto da urina, a pele, a temperatura, o pulso,
a respiração, o sangramento, a perda de peso, e finalmente, o
reaparecimento da menstruação.

Útero:
Ao terminar o parto, o fundo do útero deverá estar ao nível do umbigo. O útero deverá estar firme,
contraído. Diariamente ele diminuirá seu tamanho e ao chegar mais ou menos no 1 0' dia do
puerpério, ele poderá ser tocado atrás da sínfise pubiana. Com mais ou menos 6 semanas ele já
estará com seu peso normal, ou seja, 50 g. A regressão do útero, após o parto, chama-se involução
uterina. A involução ocorre mais rapidamente na primípara ou na mãe que amamenta ao seio,
devido ao maior tono muscular da primípara e liberação de octocina durante o aleitamento natural.
Vagina:
Após o parto a vagina fica relaxada e dilatada. O intróito
vaginal encontra-se semi-aberto, recebendo o nome de intróito de mulher
parida, que raramente recuperará suas dimensões originais mesmo que
seja feita perineorrafla.
Lóquios:
É a secreção uterina que sal pela vagina, durante o puerpério.

Origina-se da ferida deixada pela face materna da placenta, que no puerpério, cicatrizará.
Devido à sua origem de cicatrização, os lóquios são serosos e às vezes, sanguinolentos. O odor

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 207 ENFERMAGEM EM OBSTETRÍCIA
dos lóquios, no puerpério normal, é de sangue ou de secreção serosa, como suor. A presença
de lóquios fétidos, indicará processo infeccioso, infecção puerperal.

Contrações:
São dores oriundas da contração uterina, na sua involução.
São dores espasmódicas, necessárias, e que às vezes são causadas por ocitácinos, como o
Methergin.

Parede Abdominal:
Os músculos que muito trabalharam durante o parto, encontram-se agora relaxados,
indicando o uso de faixas e alguns exercícios no leito, a partir do 2' dia do puerpério, e durante as
semanas seguintes. Estes exercícios fazem com que os músculos recuperem sua tonicidade.

Engurgitamento das Mamas:


Nos três primeiros dias do pós-parto, as mamas secretam uma substância chamada colostro. O
colostro é um liquido claro, viscoso, que contém linfócito, lacto albumina e pequena quantidade de
açúcar e óleo. No 2' e 3' dia as mamas já podem estar túrgidas, inchadas, dolorosas, anunciando a
chegada do leite materno. A composição e o volume do leite depende do organismo da mãe,
podendo variar de um dia para o outro. A lactação está notadamente ligada a fatores emocionais e
se, por exemplo, a mãe amamenta e o filho não engorda, a tendência é o leite materno ir
diminuindo, pois a mãe sente que o filho não está engordando. A secreção contínua do leite,
depende do estimulo da sucção, ou da sugação feita pela criança, ou de estímulos promovidos por
outro tipo de ordenha. A lactação é promovida por glândulas, portanto o equilíbrio glandular da
mãe é que permitirá maior ou menor quantidade de produção do leite. Nos casos de mamas muito
túrgidas e dolorosas, recomenda-se como cuidado de enfermagem, a ordenha manual e a aplicação
de calor úmido.
Medidas de higiene das Mamas:
• Lavagem do mamilo com água esterilizada antes e depois de cada mamada;
• Aplicação de solução desinfetante glicerinada após as mamadas;
• Fazer massagens no mamilo para evitar rachaduras;
• Dieta equilibrada e energética, rica em cálcio.

Contra Indicação à Amamentação:


• Lesão pulmonar;
• Anomalia mamária
• Psicose puerperal,
• Infecção aguda em qualquer parte do corpo.

Vias urinarias:
Cuidados higiênicos, observação da urina em quantidade e apresentação, principalmente
se houver sonda de demora ou qualquer tipo de laceração, observando sinais de infecção.

Pele:
As glândulas sudoríparas estarão em funcionamento
aumentando, com a liberação de muito suor, principalmente no início do
puerpério, mais acentuado à noite. Com mais ou menos 1 semana, esta
sudorese vai diminuindo, não requerendo nenhum tratamento especial, a
não ser os de higiene para alívio da paciente.
Temperatura:
Logo no pós-parto a temperatura esta uni pouco aumentada devido ao grande esforço feito
durante o parto, além das perdas de líquido. A presença de temperatura muitas vezes está ligado

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 208 ENFERMAGEM EM OBSTETRÍCIA
à turgidez das mamas, à obstipação intestinal e ao excesso de visitas, que leva a paciente a um
estado de excitação.

Pulso:
Normalmente estará entre 60 a 80/ minutos. Se maior que isto, poderá ser por excesso de
visitas, amamentação, cólicas, hemorragias ou infecção.

Perda de peso:
Normalmente logo após o parto, a mulher perde de 4 a 6 kg, peso este que eqüivale ao peso do feto,
do liquido amniótico, das membranas e da placenta.

Reaparecimento da menstruação:
Nas mulheres que não amamentam, a menstruação poderá reaparecer depois de 6 a 8
semanas, podendo no entanto demorar mais ainda, sem causar nenhuma preocupação. Nas mulheres
que amamentam, a menstruação poderá reaparecer após mais ou menos a 5 meses após o parto. Há
casos em que, durante todo o período da amamentação, a mulher não menstrua. Isto se deve à
função reduzida dos ovários, que durante a amamentação, diminuem a liberação dos óvulos.

Cuidados com as perincorrafias:


Higiene, curativo com mercúrio cromo ou pouidine tópico,
cuidado com sinais de infecção, edema ou deiscência.

2. ASSISTENCIA DE ENFERMAGEM NO PUERPÉRIO PATOLÓGICO

a) infecção Puerperal:
É uma infecção que ocorre durante o puerpério, provocara por bactérias ( estafilococos,
clostrindium Welchii, pneumococos, estreptococos, etc). A loqueação com secreção serosa e
sanguinolenta oriunda de tecido necrosado ou de restos placentários, são meios ideais para o cultivo
destas' bactérias. As grandes perdas sangüíneas, com o conseqüente debilitamento da paciente,
também permitem a invasão do organismo por bactérias. A presença de sondas uretrais, e o uso
indiscriminado de antibióticos, também permitem a instalação de infecção puerperal.

Sintomas:
Hipertermia, calafrios, cefaléia, lóquios fétidos.

Diagnóstico:
Será feito mediante exame físico completo, a fim de excluir outros tipos de infecção
(vias urinarias, períneo, vias respiratórias, mamas túrgidas, etc). Cultura da secreção vaginal,
lóquios.
Cuidados de enfermagem:
Isolamento do paciente, higiene rígida, hidratação, alimentação reforçada, sinais vitais bem
controlados.

b) Tromboflebites:
Podem constituir-se numa séria complicação do puerpério.
É uma infecção de vasos sangüíneos, podendo ocorrer nos membros inferiores, na vagina, no
peritôneo, na pelve, no endométrio, etc.

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Sintomas:
Hipertermia, edema, pulso aumentado, roxeamento da área afetada, dor e calor local.

Tratamento:
Divide-se em profilático e específico. No profilático deve-
se levar em conta o pré-natal bem feito, com o tratamento de varizes,
controle de peso, evitar traumatismo durante o parto, evitar a estasia
arenosa através de deambulação moderada e ativa, combate da anemia,
tratamento de focos infecciosos, como de dentes, amígdalas, etc. Além de
medicamentos, deve se manter elevado o membro que foi atingido.

c) Psicose Puerperal:

Conceito:
É um transtorno mental que ocorre durante o puerpério, com os seguintes sintomas: insônia,
inapetência, irritação e angústia, contusão mental, alucinações auditivas e visuais.

Cuidados de enfermagem:
• deverá comunicar ao médico caso perceba o distúrbio, não deixar a paciente sozinha;
• não deixar objetos cortantes e perfurantes ao alcance da paciente; não deixar janelas
abertas;
• cuidados ao levar o bebê para amamentar.

d) Hemorragias:
Considera-se que uma paciente está com hemorragia no pós-parto, quando ela perde mais de
500 ml de sangue.

Causas:
Atonia uterina, lacerações de períneo, laceração de colo uterino, retenção de restos
placentários, hipofibrinogenia (carência de fibrinogênio no plasma sangüíneo).
As hemorragias tardias geralmente são causadas por restos placentários retidos no útero.

XI - CUIDADOS IMEDIATOS COM O RECÉM-NASCIDO

1 ASPIRAÇÃO DE VIAS AÉREAS


A partir da expulsão, a criança é recebida em lençol esterilizado e presa pelos pés com a
cabeça para baixo e a nuca aparada, para evitar a deglutição do líquido amniático; isto também
permite a drenagem das vias aéreas superiores.
O muco deve ser retirado do nariz e da boca, através de limpeza e aspirações delicadas. Pode-
se usar uma pera de borracha ou aspirador elétrico.
Caso a criança esteja com dificuldades respiratórias, estimula o choro com pancadas delicadas
e coloca o oxigênio.

2. LAQUEADURA DO CORDÃO UMBILICAL


Após a aspiração de secreções, já com as vias aéreas desobstruídas, inicia-se o processo de
laqueadura do cordão. O obstetra faz o laqueamento com duas pinças a boa distância do umbigo
(mais ou menos 08 cm), é feito uma secção entre as duas pinças e a laqueadura do cordão com anéis

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de borracha ou o côto é amarrado com um L cordão.

3.IDENTIFICAÇÃO COM PULSEIRAS


Cabe a enfermagem à identificação do bebê. E colocado uma pulseira em um braço e perna da
criança com o nome da mãe, o feito, hora do nascimento, data e sexo. Em alguns serviços é feita a
impressão digital dos pés do bebê.

4.VALOR DO APGAR
É importante avaliar o estado da criança pela pesquisa de cinco critérios, classificados cada um de
O a 2, de acordo com a escala de Apgar.
Estes critérios são: batimentos
cardíacos, choro, coloração, respiração e o tônus muscular. Estes sinais são avaliados nos primeiros
60 segundos após o nascimento.

SINAL ZERO UM DOIS


Freqüência Cardíaca Não há Lenta, menos de 100 Mais
de 100
Esforço Respiratório Não há Lentos, irregulares Chora
bem
Tonus Muscular Flácido Pouca flexão
Significante Freqüência Cardíaca Não há Lenta, menos
de 100 Mais de 100
Reação à Sonda Não há Apenas gestos
Significante
Cor da Pele Azul Pálida Corpo rosado extremidades Corpo
todo
rosado cianóticas

XII- BERÇARIO
O berçário é uma unidade destinada à prestação de serviços aos recém-nascidos desde o momento
do nascimento, até a alta. A alta poderá ser juntamente com a alta da mãe, ou, se preciso, o bebê
poderá continuar internado sozinho após a alta da mãe. O berçário deverá ser separado dos outros
serviços médicos, principalmente dos setores que atendem pessoas com processos sépticos ou
doenças transmissíveis. Deve ficar perto da sala de parto e dos quartos das puérperas. O número de
berços para recém-nascidos à termo, deve ser igual ao número de leitos para puérperas. Em cada
unidade de internação do berçário, deve-se ter no máximo 12 berços. O berçário deverá ter um
posto de enfermagem para cada duas ou três unidades de internação de recém-nascidos. A
separação. de infecções. As salas deverão ser bem ventiladas e iluminadas, porém livres de excesso
de raios solares. As janelas deverão ser revestidas ou protegidas por telas. As paredes deverão ser
revestidas de material lavável.
Todas as salas deverão ter pia, com torneiras manejáveis com cotovelo, pé ou joelho. As
salas devem ter tomadas elétricas, se possível, uma para cada dois berços.
Se o movimento de nascimento da maternidade for acima de 1.000 partos anuais será
necessário ter salas destinadas, exclusivamente, para recém-nascidos de baixo pelo e prematuros,
com pessoal especializados para o atendimento.
As maternidade pequenas poderão tratar os prematuros juntamente com os recém-nascidos à
termo.

1. ADMISSÃO DO RECÉM-NASCIDO DO BERÇARIO


 Conferir a identificação do recém-nascido;
 Observar se o bebê tem cianose ou hemorragia no cóto umbilical:

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 Anotar, em livro adequado, os seguintes dados- número de ordem, DATA E HORA DO
PARTO E DA ADMISSÃO, NOME DA MÃE, SEXO DO BEBÊ E OBSERVAÇÕES
RELATIVAS AO CASO.
 Observar freqüência e tipo de choro, respiração e cor: observar se o recém-nascido tem secreção
na laringe, dispnéia, cianose, palidez, icterícia e aspirar-se necessário;
 Náuseas e vômitos: deve ser colocado em posição de drenagem ( trendelemburg) e aspirar as
mucosidades. Anotar aspecto, cor, freqüência e quantidade.

2. CREDÊ ( profilaxia gnonocócica)

Dependendo da rotina do hospital, a primeira limpeza do recém-nascido deverá ser


feita com óleo ( azeite doce, nujol, óleo jhonson) ou dependendo, com banho de imersão.

Medidas antropométricas e sinais vitais:

Temperatura- é a verificação da temperatura retal


Peso: deve ser o mais exato possível, verificando com a criança nua, em balança tarada.
Medida do comprimento: medir o comprimento da cabeça aos pés, com o uso de fita métrica
própria, adaptada em régua.
Manter os membros bem esticados, principalmente os joelhos.
Perimetro cefálico: colocar a fita métrica em torno do crânio, tomando como referência a
globela..
Perimetro abdominal
Perimetro Toracico
Vestimentas, vestir o bebê de acordo com o clima, não utilizando roupas irritantes nem
apertadas. Manter bem aquecido.

4- CURATIVO UMBILICAL

Deve-se manter o cô umbilical


limpo e seco, para evitar qualquer infecção e promover sua queda mais rapidamente.

5- APLICAÇÃO DE VITAMINA K
A vitamina K não existe no recém-
nascido durante aproximadamente uma L semana. É rotina em alguns serviços se fazer uma ampola
IM para evitar a hipotrombinemia, para prevenir doenças hemorrágicas.

6. EXAME FÍSICO

O exame físico do bebê será feito pelo pediatra, inicialmente na sala


de parto (ou pelo obstetra, caso não haja pediatra presente). Ao chegar ao berçário o exame será
completado. Além do médico, também a auxiliar de enfermagem deverá estar atenta para o exame
físico do bebê, pois durante a prestação dos primeiros cuidados, ela poderá perceber alguma má
formado ou anormalidade, fato que deverá ser comunicado imediatamente ao médico. Assim como;
* ausência de dedos
* polidactilia
• lábio leporino
• pés tortos
• hidrocefalia
• criptorquidia (ausência de testículos nas bolsas escrotais); freio na língua colado;

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• orifício uretral, vaginal e retal anormais, etc.

XIII- ALOJAMENTO CONJUNTO

1. CONCEITO
Constitui um tipo de atendimento hospitalar onde m~ e recém-nascido (RN) permanecem
juntos e recebem cuidados no mesmo espaço físico.

2.TIPOS DE ALOJAMENTO CONJUNTO


a) de permanência contínua - a criança fica o tempo todo com a mãe.
b) de permanência intermitente - o RN fica durante o dia com a mãe,
no período noturno é recolhido para o berçário.

3. VANTAGENS DO ALOJAMENTO CONJUNTO

Incentiva ao aleitamento materno,


Promove uma melhor relação da mãe com a equipe de saúde, o que
favorece a pratica de os cuidados de higiene e puericultura,
Diminuí a possibilidade de infecção cruzada.

XVI - RECÉM-NASCIDO NORMAL

1. CONCEITO
É o bebê que ao nascer apresenta peso acima de 2~500 kg., à termo,
sem defeitos físicos aparentes.

• Peso - mais ou menos 2.700 a 3.850 kg,


• Comprimento: 48 a 50 cm.
• Fontanelas - aberturas nos pontos de união dos ossos cranianos.
• Pele - vermelha, macia, recoberta por lanugem e "vênix caseoso”
• Icterícia Fisiológica - aparece do 3’ ao 5' dias. Desaparece entre o 7' e 14' dia.
• Cordão Umbilical - murcha e escurece logo após o parto. Torna-se negro e completa a
dentro de 3 a 5 dias e cai dentro de 6 a 10 dias. Cura-se complemente dentro de 2 semanas.
• Ossos - moles e flexíveis
• Músculos - não São vigorosos e coordenados
• Sistema Nervoso - imaturo
• Reflexos - pestanejar, bocejos, tosse e espirro, preensão e sucção.
• Tato - extremamente desenvolvido.
• Visão - olhos são azuis-cinza ao nascer e adquirem a cor permanente entre o 30 e 6'
mês
• Audição - reação imediata aos sons.
• Paladar - bem desenvolvido.
• Sono - dorme 12 a 20 horas por dia.

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Observação de características fisiológicas:
* Evacuação - as primeiras são constituídas de mecônio. No inicio são verde
escuro, mudando aos poucos, até ficarem alaranjadas ou amareladas, normalmente no 4'
ou 5' dias.
• Urina - é pequena a quantidade de urina produzida nos primeiros
dias de vida. Nas 48 horas após o nascimento, a produção de urina no bebê é de mais
ou menos de 15 a 40 ml por dia, até que lá pelo 6' dia chega a mais ou menos 150 m
por dia. E comum o recém-nascido urinar só depois de várias horas após o
nascimento, até 24 horas depois.
• Alimentação - para o recém-nascido nada mais indicado que o leite materno. Ao nascer o
bebê tem o estômago, com a capacidade mais ou menos de 30 g. Ou 2 colheradas. Na 2' semana a
capacidade é de 60 g. Ou 4 colheradas. Aos 3 meses sua capacidade é de 130 g. Ou 9 colheradas. O
lactente gasta mais ou menos 3 horas para esvaziar o estômago nos intervalos das mamadas dá-se
uma solução de glicose. Colocar o bebê para arrotar.
• Higiene - dependendo da rotina no hospital o recém-nascido pode ser banhado desde o 1'
dia ou não. Alguns recebem apenas o banho de óleo, outros o de imersão.

XI - RECEM-NASCIDO PREMATURO

1. CONCEITO
Prematuros são todos os recém nascidos vivos, com peso igual ou
2.500 kg ou abaixo de 37 semanas.

2. CARACTERÍSTICAS FISIOLÓGICAS
Os prematuros possuem várias características anatômicas e
fisiológicas diferentes das do recém-nascido à termo. Toda a assistência prestada ao
prematuro está baseada na fisiologia, peculiar do prematuro.
O peso e o comprimento do prematuro são proporcionais à idade da
gestação. Porém o peso que o prematuro perde nos primeiros dias, ele leva muito
mais tempo para recuperar, se comparando com o recém-nascido à termo. Após
recuperar o peso inicial, o prematuro tem um aumento ponderável, o seu peso bem
maior que o recém nascido à termo. O recém-nascido prematuro dobra o seu peso
inicial em apenas 6 ou 8 semanas, sendo que, com um ano pode pesar nove vezes o
seu peso de nascimento.
O prematuro tem a cabeça proporcionalmente grande, se comparada
com o recém-nascido à termo. O pescoço e os membros são curtos em relação ao
tronco. Os olhos são proeminentes e a língua protusa. O tórax tem parede frágil, e
relativamente pequeno em comparação com o abdome, que às vezes e timpânico e
volumoso. Os prematuros do sexo feminino apresentam ninfas ainda não
Totalmente cobertas pelos grandes lábios. Nos prematuros do sexo
masculino, os testículos ainda não estão na bolsa escrotal (às vezes).
A pele é macia, fina, translúcida. O vérnix caseoso é escasso e a pele
está cheia de lanugem. As urinas das mãos e dos pés se finas e mal cobrem as
extremidades dos dedos.
Os reflexos de sucção e deglutição são fracos. Ressurgimento e vômitos são
freqüentes, o que traz grandes riscos de aspiração.
O aparelho, respiratório, ainda não totalmente completo, traz ,orno
conseqüência a dificuldade respiratória. A respiração é rápida e superficial, sendo
comum a atelectasia, a apnéia e a cianose.
As mucosas do nariz s~ sensíveis, sendo necessário cuidado para
administrar oxigênio, não se devendo colocar o 02 diretamente nas narinas, mas sim

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na incubadora.
A temperatura do prematuro tem tendência a ser baixa. A função renal é
pequena, com formação de pouca urina.
O aparelho digestivo também incompleto, mais a sucção e a
deglutição fracas são sérios problemas para a alimentação.
As hemorragias e a fragilidade capitar são fatos que ocorrem sempre e
com sérias conseqüências.

3. CUIDADOS IMEDIATOS E GERAIS PARA O PREMATURO

Os primeiros cuidados são dados ainda na sala de parto, pelo obstetra


ou pediatra. O nascimento de um prematuro é fato que, quase sempre, pode ser. do
conhecimento da equipe médica e de enfermagem, antes do momento do nascimento.
Saber que vai nascer um prematuro é importante, pois tem-se tempo para preparar
tudo que é necessário para recebê-lo, pois logo ao nascer ele precisará de cuidados
especiais (incubadora previamente aquecida, oxigênio, material para aspiração e
reanimação, etc).

4. OS CUIDADOS ESPECIAIS PRESTADOS AOS PREMATUROS VISAM

• Evitar infecções, principalmente por aspiração de secreções;


• Manter a temperatura corporal dentro do normal;
• Estabelecer e manter boa respiração.
Ao ser colocado na incubadora, o prematuro deverá ficar em decúbito
lateral alternando, lado direito e lado esquerdo, afim de permitir a expansão dos dois
pulmões.
O transporte do prematuro da sala de parto para o berçário, deverá ser
feito em incubadora, de tal modo que ele não se resfrie e nem fique seni 02.

5. CUIDADOS GERAIS PRESTADOS AO PREMATURO

Se o prematuro pesar de 1.800 g para baixo, ele irá diretamente para a incubadora. A
temperatura ideal da incubadora é regulada pelo peso de nascimento abaixo de 1.250 g - 32º a 33º;
de 1.250 g a 1.750 g - 29º a 32º; de 1.750 g a 2.250 g - 27º a 29º.
Dependendo do calor atmosférico, a temperatura da incubadora deverá ser ajustada,
pois do contrário poderá provocar a desidratação do recém-nascido.
As incubadoras mo4ernas possuem dispositivos de regulação, que permite manter a
umidade em torno de 80% na primeira semana, em torno de 65% a partir do 8' dia até o 15' dia.
O prematuro deverá ser colocado nú na incubadora, à medida que ela ganhar peso, será
vestido aos poucos, permanecendo na incubadora, saindo depois em períodos alternados para o
berço, a fim de se acostumar à temperatura e ao oxigênio do meio ambiente. Se o prematuro receber
umidade e calor deficientes, ele terá reduzido o seu ganho de peso, provocando distúrbios digestivos
e desidratação, inclusive óbito.
A pesagem do prematuro não é obrigatória diariamente, apenas de três em três dias,
principalmente se ele não estiver em boas condições para abandonar a incubadora.

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A alimentação deverá obedecer: necessidade nutritivas; técnica de administração (sucção
expontânea ou gavagem); freqüência e quantidade a ser ministrada; tipos de alimentos a serem
ministrados.
Necessidades nutritivas: nunca deverá ser excessiva, pois o organismo do prematuro nao estará
preparado para tanto. As gorduras deverão ser evitadas. Os glicídios são bem aceitos. Não
administrar muito leite, pois pode provocar vômitos. Não utilizar conta-gotas nem colherinhas para
administrar o alimento. Ou o prematuro suga por conta própria, deglutindo bem, ou se usa a
gavagem para administrar os alimentos.
Após a segunda semana de vida, deve-se acrescentar à alimentação do prematuro,
vitaminas em gotas: vitaminas: A, D e C.
O leite a ser ministrado ao prematuro ainda é muito discutido. Muitos indicam o leite
materno, Outros dizem que o leite materno é pobre em proteínas e sais minerais e gorduras, sendo o
de vaca enriquecido com hidratos de carbono e desnatado, o mais indicado. Há outros, que devido à
dificuldade de conseguir leite materno, preferem o leite industrializado, acidificado ou não.

6. HIGIENE

A higiene do prematuro depende do estado psicológico dele. Prematuros que estio com
temperatura ou hipotermia, em oxigenoterapia, geralmente é feito uma limpeza com óleo neutro,
trocado curativo umbilical e fraldas quando necessário.

7. INCUBADORA

O propósito original da incubadora foi a conservação do calor natural.


São infundidos oxigênio e umidade e há redução da contaminação atmosférica.
Não ,e estabelece regras fixas sobre os bebês que vão para a incubadora, porém, em
geral quanto menor o bebê mais necessidades há de incubadora.
Por outro lado a incubadora pode ser vantajosa para algumas crianças nascidas à termo
e que apresentam problemas especiais.
A incubadora pode se aquecer até mais ou menos 30'C. A temperatura do bebê tomada
meia hora após ser colocada na incubadora determinará a subsequente regulação.
A verificação da temperatura à cada 30 minutos nas primeiras horas facilita a leitura e
observação.
O nível de umidade é variável entre 60 a 100%. Alguns prematuros saem da incubadora
por volta do 30 dia, outros permanecem até por um mês. O oxigênio é colocado quando e segundo
indicação médica, A observação de enfermagem é muito importante.

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 216 ENFERMAGEM EM OBSTETRÍCIA
XVI- RECÉM-NASCIDO PATOLÓGICO

1. INFECÇÕES DO RECÉM-NASCIDO

• Septicemia - a porta de entrada é constituída normalmente pela pele ou


mucosas, umbigo, etc. A infecção às vezes pode ser adquirida inúmero, durante o
parto ou depois do nascimento.
• Sintomas - febre elevada, anorexia, perda de peso, angústia, icterícia, vômitos,
diarréia, convulsões, etc.
• Oftalmia Gonocóccica - infecção ocular produzida por gonococos. É adquirida
durante o parto, no canal vaginal materno. Pode acarretar cegueira quando não tratada.

Prevenção - colocar uma gota de nitrato de prata a 1% em cada olho do bebê


ao nascer.
Sapinhos - moléstia infecciosa do recém-nascido produzida por um
fungo, Cândida Albicans. É transmitida durante o parto, se a mãe tiver uma
monilíase, pessoal infectado que n~ adota técnicas assépticas.
Os sintomas compreendem manchas brancas da mucosa da boca que
não podem ser retiradas.

Tétano Umbilical - tratando-se de tecido gelatinoso, mal vascularizado e traumatizado,


o côto umbilical. constitui terreno propício à implantação de esporos e desenvolvimento do bacilo
tetânico, pela contaminação local por manuseio e/ou curativos em condiç5es sem a mais rudimentar
assepsia.
Os sintomas caracterizam-se pela inesperada rigidez dos maxilares, seguida
de dificuldade para deglutir e mamar, intensa crise de choro, perde o fôlego, torna-se
cianótico e há hipertonia mascular.

2. PROBLEMAS RESPIRATÓRIOS

Anoxia Fetal - é uma das causas mais importantes de dificuldade


respiratória do recém-nascido. Pode ser por fatores maternos e fetais como: D.P.P.,
placenta prévia, compressão do cordão, gestação prolongada, doenças materna,
anestesia prolongada, etc. Poderá haver menção e depressão nos batimentos fetais e
eliminação de mecônio no líquido amniótico. O bebê nasce, geralmente,
necessitando de reanimação e sua respiração fraca, irregular, soluçante, com
períodos de apinéia e cianose.

Observação no sofrimento respiratório:


• a freqüência. cardíaca pode estar aumentada - acima de 150
• pode haver cianose ou palidez;
• a temperatura pode. estar elevada ou baixa
• O bebê pode acusar sinais de hiperatividade ou flacidez
• geralmente o bebê apresenta gemidos ou chiados
• apetite pode diminuir ou a criança ter dificuldade para mamar.

Pneumonias

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 217 ENFERMAGEM EM OBSTETRÍCIA
a) Pneumonia Aspirativa:
Apresenta-se quando o bebê aspira secreções ou muco: Amônio, glicose, leite, etc. O
primeiro sintoma é uma crise de tosse ou sufocação. Os sintomas subsequentes são similares à
Pneumonia infecciosa: febre, cianose, inquietação, respiração rápida, etc.

Prevenção: alimentação cuidadosa.


• colocar o bebê sobre o abdomem ou de lado após a mamada;
• se o bebê ficar sufocado, deve ser colocado de cabeça para baixo e percutido
delicadamente, para drenar dos pulmões o líquido aspirado
• aspirar o bebê quantas vezes for necessário após o nascimento e observá-lo
constantemente.

b) Pneumonia Infecciosa:

Pode ser por aspiração de liquido ainniótico infetado, ou de secreç5es


vaginais, contato com alguém que seja portador de germes.
Sintomas: respiração rápida, tremores da narina, grunhido respiratório,
febre, inquietação, palidez, clanose, distensão abdominal, recusar a alimentação.

Cuidados de Enfermagem:
• providenciar oxigenação adequada,
• verificar temperatura;
* conservar a umidade
• administrar medicação prescrita; mudar freqüentemente de decúbito-1 alimentar
cuidadosamente.

RN COM HIPERBILIRRUBINEMIA

A hiperbilirrubinemia é a elevação anormal de bilirrubina no sangue, causada principalmente


pela destruição excessiva das hemácias. O acumulo de bilirrubina na corrente sanguínea provoca a
icterícea, caracterizada pela coloração amarelada da pele e das mucosas. Pode ser fisiológica ou
patológica . A fisiológica ocorre após 48 horas de vida, podendo perdurar até o 3º dia e desaparecer
no fim da 1ª semana. A patológica normalmente aparece nas primeiras 24 horas apoos o
nascimento.
A preocupação coma hiperbilirrubinemia no bebê deve-se ao fato de a bilirrubina, quando em
níveis elevados na corrente sangüínea, ser tóxica para o organismo, podendo provocar lesões no
sistema nervoso central.
O tratamento da icterícia faz-se por meio da fototerapia e da exsangüinitransfusão.
A fototerapia consiste na aplicação de uma luz na pele exposta do RN com o objetivo de
transformar a bilirrubina em substância não-tóxica ao sistema nervoso e aumentar sua excreção pelo
intestino.
As lâmpadas utilizadas no parelho de fototerapia são do tipo fluorescente ou dicróica-
hálogena . Alguns cuidados devem ser tomados pelo profissional de saúde ao manusear o aparelho e
o RN durante o tratamento.
* Manter o aparelho em local ventilado, evitando superaquecimento;
* Colocar, nas laterais desses aparelhos, panos brancos até a altura do berço,
aumentando assim a eficácia da fototerapia pela reflexão;
* Se os RNs forem colocados sob aparelhos do tipo spot, estes deverão cobrir a maior
superfície corporal possível do bebê;

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 218 ENFERMAGEM EM OBSTETRÍCIA
* Antes de colocar o RN sob fototerapia é necessário retirar toda a roupa , permitindo
que a superfície corpórea fique exposta à luz , não devendo ser usado óleo ou hidratante, já
que o seu uso favorece queimaduras . A fim de prevenir lesão de retina, deve-se colocar em
seus olhos uma mascara de cor escura tendo o cuidado de manter suas pálpebras fechadas;
* Ao posicionar o RN sob o aparelho, deve-se guardar uma distância de
aproximadamente 45 a 50cm da fonte de luz, mudando de posição a cada duas horas;
* Durante a fototerapia deve-se , atentar para o estado de hidratação do RN,
verificando o turgor de sua pele e a umidade da mucosa , observar as condições da pele, tais
como: cor , presença de erupções e queimaduras, oferecer líquidos por via oral com
freqüência e controlar a velocidade de infusão venosa; fazer o controle diário do peso,
observar as características das eliminações vesicais e intestinais (cor, consistência,
freqüência e volume), acompanhando e avaliando a ação do tratamento;
* Deve-se verificar a temperatura do Rn a cada 4 Horas, pois a fototerapia pode
provocar alterações da temperatura corporal;
* Caso seja necessário colher amostras do sangue para a dosagem da bilirrubina,
desligue o aparelho e proteja o frasco que receberá a amostra com papel escuro, evitando
falsos resultados do exame.

A exsangüinitransfusão consiste na tentativa da substituição do sangue do RN ppor outro,


normalmente pelo coto umbilical, utilizando a técnica asséptica. Seu objetivo é protege-los dos
efeitos tóxicos da hiperbilirrubinemia prevenindo lesões no sistema nervoso central, que geralmente
acontece nos RNs acometidos por doenças hemolíticas.
Esse procedimento é realizado pela equipe médica com o auxílio da equipe de enfermagem,
preferencialmente no centro cirúrgico.

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 219 NOÇÕES DE FARMACOLOGIA

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 220 NOÇÕES DE FARMACOLOGIA

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 221 NOÇÕES DE FARMACOLOGIA
Noções de Farmacologia

1. Conceito

Segundo Goodman, A farmacologia compreende o conhecimento da história,


origem, propriedades físicas e químicas, composição, efeitos bioquímicos e
fisiológicos, mecanismo de ação, absorção e distribuição, biotransformação e
eliminação, além das propriedades terapêuticas e outros empregos de medicamentos.

2. Terminologia

• droga: é qualquer substância que, administrada no organismo vivo, pode produzir alterações
somáticas ou funcionais;
• Medicamento: é qualquer agente químico que, administrado no organismo vivo, produz
efeitos benéficos;
• dose: é a qualidade de medicamento que deve ser dada ao paciente de cada vez;
• dose mínima: é a menor quantidade de uma droga, capaz de produzir efeito terapêutico;
• dose máxima: é a maior quantidade de uma droga, capaz de produzir efeito terapêutico, sem
apresentar efeitos indesejáveis;
• dose de manutenção: é a dose necessária para manter os níveis desejáveis de medicamento
na corrente sanguínea e tecidos, durante o tratamento.

3. Origem dos medicamentos


Sob este enfoque, os medicamentos são classificados em:
• naturais: são medicamentos extraídos da natureza, ou seja, de animais, vegetais e minerais;
• sintéticos: são aqueles obtidos em laboratório. A droga produzida por processos artificiais
pode ou não ser reprodução exata de uma medicação natural como, por exemplo, a
penicilina sintética.
• Semi-sintéticos: são medicamentos obtidos alterando-se as substâncias naturais, com a
finalidade de produzir ações modificadas.

4. Ações dos medicamentos no organismo

As drogas ou medicamentos atual no organismo exercendo ação local ou sistêmica;


• ação local: o medicamento tem efeito no local da aplicação. Constituem Exemplos o uso
tópico de pomadas e cremes na pele e mucosas, a instilação ocular, a aplicação de
anestésicos locais para realização de suturas etc.;
• ação sistêmica ou geral: o efeito da droga se manifesta após a penetração do medicamento
no meio interno.

5. Formas de apresentação dos medicamentos

As drogas apresentam-se nos três estados físicos: sólidos, líquido e gasoso, além das formas
semi-sólida ou intermediária e das radiações.
• Medicamentos sólidos. São comprimidos encontrados em forma de pós, comprimidos,
drágeas, cápsulas, pílulas, supositórios, óvulos vaginais, pérolas e bastões;
• Medicamentos líquidos. São encontrados em forma de solução, poção, xarope, elixir,
emulsão, suspensão, tintura, extrato, colírio;
• Medicamentos gasosos. Encontram-se sob forma de aerosóis e vapores;

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 222 NOÇÕES DE FARMACOLOGIA
• Medicamentos semi-sólidos ou intermediários. São as pomadas, cremes e geléias em geral;
• Drogas irradiantes. São representados por cobalto, césio, raios laser, iodo radioativo.

6. Antibióticos

São substâncias que exercem ação antimicrobiana. Podem ser produzidas por agentes vivos,
como cogumelos e bactérias, ou serem elaboradas sinteticamente. Os antibióticos podem
agir predominantemente sobre as bactérias gram-negativas ou sobre ambas. Neste último
caso, é considerado antibiótico de amplo espectro. As bactérias podem ser sensíveis ou
resistentes a um determinado tipo de antibiótico. A escolha do antibiótico de certos tipos de
infecções, podem ser determinada por meio do exame laboratorial denominado cultura, e do
antibiograma, que consiste no estudo da sensibilidade do microrganismo aos diverso tipos de
antibióticos.

6.1. Grupo das penicilinas

Penicilina G

É um termo genérico que abrange um grande grupo de fármacos. A penicilina é uma


droga bactericida, de baixa toxicidade, mas capaz de desencadear reações de
sensibilização.

• Penicilina G aquosa

Nome comercial: Penicilina G Potássica Cristalina.


Posologia: a critério médico.
Contra-indicação: alergia a penicilinas e cefalosporinas.
Vias de administração: a via de eleição para a aplicação é a endovenosa; pode
também ser administrada por via intramuscular.
Precauções: possui ação rápida, devendo-se repetir a dose a intervalos de 4 6 horas.
Após diluída, não se recomenda mantê-la por mais de 6 horas à temperatura
ambiente. A administração deve ser feita através de infusão venosa em 50-100 ml de
soro, em 30 minutos. Não é recomendável a administração de penicilina junto com
aminoglicosídeo, na mesma via, simultaneamente, para evitar a inativação das
drogas. A taxa de decomposição da penicilina é aumentada quando ocorre mistura
com drogas ácidas ou alcalinas, como ácido ascórbico, aminofilina, bicarbonato de
sódio.
Reações adversas: erupções cutâneas, urticárias, edema de laringe, anafilaxia.
Apresentação: é encontrada em forma de sais de sódio e potássio(sódica e potássica,
respectivamente) que asseguram a estabilidade da droga no armazenamento. Pó para
solução injetável 5.000.000 U.I.; 10.000.000 U.I..

• Penicilina G procaína e G potássica

Composição: cada frasco-ampola contém benzilpenicilina Procaína 300.000 U.I. e


Benzilpenicilina Potássica 100.000 U.I.
Nome comercial: Wycillin.
Posologia: a critério médico, de acordo com a gravidade da infecção. Usualmente
costuma-se indicar a seguinte dose:
• crianças: 1 frasco/dia;

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 223 NOÇÕES DE FARMACOLOGIA
• adulto: 1 a 2 frascos a cada 12 horas.

Contra-indicação: é contra indicada a aplicação endovenosa, considerando-se o grau


de toxidade da procaína. Reação prévia de hipersensibilidade a penicilina, procaína e
cefalosporinas.
Via de administração: exclusivamente por via intramuscular profunda, com cautela
para evitar administração acidental intravenosa, intra-arterial ou junto a grandes
nervos. lesões permanentes podem resultar de aplicações nas proximidades ou no
próprio nervo.
Reações adversas: pode ocorrer reação imediata após a aplicação intramuscular, que
cessa espontaneamente após cerca de 10 minutos, caracterizada por gosto estranho na
boca, tontura, perturbações visuais e auditivas, palpitação, medo de morte iminente,
agressividade, tremores musculares ou convulsões. Ocorrência em menos de 1% dos
pacientes que recebem doses elevadas (Reese). Reações de hipersensibilidade,
erupções cutâneas, urticária, edema de laringe.
Precauções: a aplicação deve ser feita lentamente e, se houver manifestação de dor
intensa no local, interromper a injeção. Antes de iniciar o tratamento com a droga,
deve-se investigar história de reações de hipersensibilidade às cefalosporinas,
penicilinas e outros alérgenos.
Apresentação: é um fármaco de ação prolongada, devido ao preparo à base de
procaína, que retarda a sua absorção na aplicação intramuscular.

• Penicilina G benzatina

Nome comercial: Benzetacil Longacilin


É obtida através da combinação de uma base de amônia com a penicilina G, que
forma um sal insolúvel lentamente absorvível, prolongando a sua ação. Largamente
utilizada no tratamento da sífilis, febre reumática, faringe estreptocócia.
Posologia: usualmente em dose única, a critério médico.
Contra-indicação: hipersensibilidade à droga. É contra-indicada a aplicação
endovenosa e em áreas muito próximas a grandes nervos.
Administração: exclusivamente por via intramuscular profunda, no quadrante
superior externo da região glútea. Deve-se homogeneizar bem a solução antes de
aspirar na seringa. Aplicar lentamente, interrompendo, se houver queixas de dor
muito intensa.
Precauções: ao aplicar o medicamento, certificar-se de que a agulha não está em vaso
sanguíneo ou próxima de nervos, pois é possível provocar lesões neuromusculares
graves. É necessário investigar história de hipersensibilidade a penicilinas,
cefalosporinas e outros alérgenos.
Reações adversas: dor no local da aplicação. As penicilinas são substâncias de baixa
toxidade, mas com índice significativo de sensibilização, podendo levar a erupções
cutâneas, urticária e reações anafiláticas.
Apresentação: frasco-ampola de 600.000 U.I. e de
1.200.000 U.I., ambos com volume equivalente a 4 ml.

Penicilinas Semi-Sintéticas
• Oxacilina

Nome comercial: Oxacilina, Staficilin N.


Posologia:

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adultos 500 mg – 1,0 g V.O, I.M. ou E.V.1 – 2,0 g cada 4 a 6 horas, sendo a dose
máxima 6 g/dia.
crianças até 40 Kg de peso, 12,5 a 25 mg/Kg, V.O, I.M. ou E.V. 6/6h.
Contra-indicação: hipersensibilidade às penicilinas e cefalosporinas.
Administração: V.O, I.M.E.V.
Precauções: recomenda-se ingerir com estômago vazio, 1 hora antes ou 2 horas após a
alimentação.
Reações adversas: distúrbios gastrintestinais, exantemas, urticária, colite e anafilaxia.
Apresentação: frasco-ampola de 500 mg + solvente e cápsulas de 250 mg e 500 mg. A
administração por via oral encontra restrições, por atingir níveis sanguíneos baixos. È
antibiótico de espectro estreito.

• Cloxacilina

Nome comercial: Cloxapen Dicloxacilina.


Posologia:
cloxacilina: 50 – 100 mg/Kg/dia e 1 – g m 4 doses, para crianças e adultos,
respectivamente.
dicloxacilina: 25 – 50 mg/KG/dia e 1 – 2 g em 4 doses, para crianças e adultos,
respectivamente.
Contra-indicação: hipersensibilidade às penicilinas e cefalosporinas.
Administração: São antibióticos melhor absorvidos quando administrados 1 hora antes
ou 2 horas após as refeições por via oral.
Precauções: recomenda-se ingerir com estômago vazio, 1 hora antes ou 2 horas após a
alimentação.
Reações adversas: sintomas gastrintestinais, principalmente diarréia.
Apresentação: disponível em forma de suspensão e cápsulas.

Penicilinas de Amplo espectro


Referem-se às penicilinas de 2ª geração, 3ª geração, 4ª geração;

• Penicilina de amplo espectro de 2ª geração.

ÖAmpicilina

Nome comercial: Aplicilina, Ampicil, Ampifar, Amplofen, Binotal.


Ação: bactericida.
Posologia: A critério médico, sendo comum a indicação de:
• crianças abaixo de 20 Kg: 50 a 100 mg/Kg/dia, divididas a cada 6/6 horas.
• adultos e crianças acima de 20 Kg: 250 a 500 mg, de 6/6 horas.
Contra-indicação: pacientes com história de sensibilidade às penicilinas e/ou cefalosporinas;
pacientes com história de asma, colite ulcerativa e comprometimento renal. Gestação no
primeiro trimestre.
Vias de administração: oral, intramuscular profundo e endovenosa, em bolo, lentamente, ou por
meio de infusão intermitente.
Precauções: a absorção é diminuída na presença de alimentos; é excretada em pequenas
quantidades no leite materno. A medicação injetável após a reconstituição deve ser usada
imediatamente, até uma hora após a reconstituição. Não misturar com aminoglicosídio, pois
pode ocorrer inativação da droga.

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 225 NOÇÕES DE FARMACOLOGIA
Reações adversas: administração endovenosa rápida pode ocasionar convulsões. A
administração oral pode provocar diarréia, náuseas e vômitos, urticária, exantema e reações de
hipersensibilidade.
Apresentação: comprimidos ou cápsulas de 250 mg, 500 mg e 1,0 g; suspensão oral
reconstituída de 125 mg e 250 mg/5ml; frasco-ampola de 250 mg, 500 e 1000 mg.

ÖAmoxicilina

Nome comercial: Amoxil, Clavulin, Larocin, Novocilin.


Posologia: adultos, 500 – 1000 mg, e em crianças, 125 – 250 mg, de 8 em 8 horas. A absorção
não é prejudicada na presença de alimento no estômago.
Contra-indicação: hipersensibilidade às penicilinas e cefalosporinas.
Vias de administração: disponível apenas para administração via oral.
Precauções: pode ser ingerida com o estômago vazio ou na presença de alimentos. Os
antibióticos de largo espectro, de uma maneira geral, inibem a flora normal do aparelho
digestivo.
Reações adversas: os efeitos colaterais associados ao uso de ampicilina e amocilina são diarréia
e exantema.
Apresentação: cápsulas de 500 mg e suspensão, na dosagem de 125 mg e 250 mg em cada 5 ml
(colher de chá).

• Penicilinas de amplo espectro da 3ª geração

ÖCarbenicilina

Nome comercial: Carbenicilina.


Posologia: a critério médico, sendo a dose máxima recomendada 40 g/dia;
• crianças maiores de 7 dias de idade: 400 mg/Kg dia em doses fracionadas em 4 vezes;
• adultos 10 – 30 g/dia.
Contra-indicação: hipersensibilidade às penicilinas e cefalosporinas.
Vias de administração: são pouco absorvidas por via oral, podendo ser administradas por via
intramuscular ou endovenosa. Esta deve ser feita lentamente, em aproximadamente 20 minutos,
através de infusão venosa em veia calibrosa. A aplicação intramuscular não deve exceder 2
g/injeção, em grande músculo. As soluções reconstituídas preservam a sua potência por até 24
horas à temperatura ambiente e por 72 horas em refrigerador.
Reações adversas: pode provocar sobrecarga de sódio, sendo necessárias avaliação criteriosa e
dosagens periódicas de eletrólitos, quando usadas em pacientes com insuficiência cardíaca e
renal. Reações de hipersensibilidade, erupções cutâneas, prurido, urticária, hipertemia.
Precauções: investigação cuidadosa antes do tratamento com a droga, a respeito das reações de
hipersensibilidade.
Apresentação: frasco-ampola de 1 g.

Cefalosporinas

Compreende cerca de 30 a 50% dos antibióticos prescritos a pacientes hospitalizados. Isto se


deve a duas características fundamentais da droga: relativa ausência de toxidade e ampla cobertura
antimicrobiana.
Vantagens das cefalosporinas:
• são agentes bactericidas;
• possuem amplo espectro;

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• têm pouco efeito colateral.
Desvantagens:
• possuem pouca ou nenhuma ação contra enterococos e pseudomonas;
• apresentam excessiva nefrotoxicidade quando associadas a aminiglicosídios;
• têm ação limitada no SNC;
Efeitos colaterais das cefalosporinas:
De uma maneira geral, são drogas bem toleradas pelo organismo. Devem ser usadas com
cautela em paciente com história de doenças gastrintestinais e penicilino-alérgico.

A) Cefalosporinas de 1ª geração
Compreendem as cefalosporinas disponíveis antes de 1978 (Reese)
ÖCefalexina

Nome comercial: Cefalosporinas orais: Keflex, Cefalexina, Cefaporex, Cefalexin; Cefalen


injetável (frasco-ampola de 1 g).
Posologia:
• crianças: 25 a 50 mg/Kg/dia em doses fracionadas a cada 6 horas;
• adultos: 250 mg a 500 mg cada 6 horas.
Indicação: são indicadas usualmente para tratamento de infecções do trato urinário, otite média
aguda, infecções de tecidos moles, sinusite.
Contra-indicação> alergia às cefalosporinas e penicilinas.
Vias de administração: são de uso exclusivamente oral. Keflex gotas, após a reconstituição,
poderá ser usada até 14 dias, se conservada a temperaturas de 4 a 8º C.
Precauções: deve-se investigar antecedentes alérgicos antes do tratamento. O uso prolongado
pode provocar o aparecimento de candidíase oral. Recomenda-se cautela na administração em
pacientes com insuficiência renal grave.
Reações adversas: náuseas, vômitos, diarréia, dispepsia, dor abdominal, reações alérgicas.
Apresentação: drágeas de 500 mg e 1,0; frasco de vidro contendo pó para 15 ml de suspensão
correspondente a 100 ml; frasco de vidro com 60 e 100 ml de suspensão oral, já preparada,
correspondente a 250 mg/5 ml.

ÖCefalotina

Nome comercial: Keflin, Cefalotina, Cefalin.


Posologia:
• crianças: 20 a 30 mg/Kg, no mesmo esquema usado para adultos;
• adultos: 500 mg a 1 g a cada 4 ou 6 horas.
Vias de aplicação: preferencial por via endovenosa; aplicação intermitente, diluída em 10 ml,
lentamente em 3 a 5 minutos, ou por infusão venosa em soro glicosado ou fisiológico. A via
intramuscular, embora possível, é pouco recomendada, devido à dor intensa e à irritação que a
droga provoca no local da aplicação, mesmo em grandes músculos.
Contra-indicação: alergia às cefalosporinas e penicilinas.
Precauções: pesquisar antecedentes de hipersensibilidade a cefalosporinas e penicilinas. Ter
cuidado em relação a efeitos locais, como dor e tromboflebite.
Reações adversas: distúrbios gastrintestinais, reações anafiláticas.
Estabilidade: 96 horas após a reconstituição, se mantida sob refrigeração. Pode precipitar-se,
mas pode ser redissolvida quando aquecida à temperatura ambiente. À temperatura ambiente
mantém-se por 12 horas.
Apresentação: frasco com 1 g de cefalotina sódica tamponada, acompanhado de 1 ampola de
diluente.

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ÖCefadroxil, Cefamox

Posologia:
• crianças com menos de 40 Kg: 50 mg/Kg/dia divididos a cada 12 horas.
• Adultos: 1 a 2 g/dia divididos a cada 12 horas.
Via de administração: oral.
Contra-indicação: alergia às cefalosporinas e penicilinas. Uso cauteloso em gestantes, durante a
lactação e em prematuros.
Precauções: usar com cautela em pacientes com função renal prejudicada e em pacientes
alérgicos a penicilinas e cefalosporinas.
Reações adversas: distúrbios gastrintestinais, reações de hipersensibilidade. A administração
com alimentos diminui a náusea, sem prejudicar a absorção.
Apresentação: cápsulas de 500 mg; frasco em pó, para 80 ml de suspensão de 250 mg/5ml.

ÖCefradina

Nome comercial: Cefradal.


Posologia:
• crianças maiores que 1 mês: oral, 25 a 100 mg/Kg/dia, em 3 a 4 doses; intramuscular ou
endovenosa, de 50 a 100 mg/Kg/dia, divididos em 3 a 4 administrações.
• Adulto 250 – 500 mg V.O cada 6 horas; dose máxima até 4 g/dia.
Contra-indicação: hipersensibilidade às cefalosporinas e penicilinas.
Administração: para uso oral e parenteral (intravenosa e intramuscular).
Precauções: em paciente com comprometimento renal, reduzir a dose de acordo com a
depuração de creatinina.
Reações adversas: distúrbios gastrintestinais, comprometimento renal, anafilaxia.
Apresentação: comprimidos de 250, 500 mg; suspensão oral de 125, 250 mg/5ml; solução
injetável de 250 mg, 500 mg, 1g, 2g.

ÖCefotaxima

Nome comercial: Claforan.


Posologia a critério médico.
Usualmente, costuma-se indicar:
• crianças de 1 mês a 12 anos: a dose diária é de 50 a 150 mg/Kg, em 4 a 6 doses iguais, por
via instramuscular ou endovenosa. Crianças com peso corporal de 50 Kg ou mais seguem a
posologia de adulto.
• Adultos: 1 g de 12/12 horas; dose máxima de até 12 g/dia.
Contra-indicação: alergia às cefalosporinas e penicilinas.
Administração: pode ser administrado por via intramuscular ou endovenosa após reconstituição.
A aplicação direta através da veia deve ser feita em 3 a 5 minutos, diluídas em 10 ml, ou através
de infusão venosa para evitar flebite. Utilizar imediatamente após o preparo.
Precauções: Recomenda-se que as doses de 2 g I.M. sejam fracionadas e administradas em
locais diferentes. Cautela em pacientes com distúrbios gastrintestinais; evitar uso durante a
gravidez e a lactação.
Reações adversas: distúrbios gastrintestinais, comprometimento renal, anafilaxia.
Apresentação: frasco-ampola de 500 mg + diluente 2 ml para uso endovenoso ou intramuscular,
e de 1 g, acompanhado de diluente 4 ml para uso intramuscular ou endovenoso.

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ÖCeftriaxona

Nome comercial: Rocefin.


Apresentação: Rocefin IM, frasco-ampola de 250 mg, 500 mg e 1 g + 1 ampola de diluente de 2
ml ou 3,5 ml de solução de lidocaina a 1%. Rocefin IV, frasco-ampola de diluente de 5 ou 10 ml
de água bidestilada.
Dose:
• adultos, dose máxima de 4 g/dia.
• Crianças, de 25 a 37,5 mg/Kg cada 12 horas.
Contra-indicação: hipersensibilidade às cefalosporinas e penicilinas.
Administração: endovenosa.
Precauções: não exceder de 2 g as doses para pacientes com comprometimento renal e hepático.
Reações adversas: distúrbios gastrintestinais, comprometimento renal, anafilaxia.

ÖCeftazidima

Nome comercial: Cefobid, Kefadim, Fortaz, Tazidime, Tazicef.


• Cefoperazona sódica (cefobid)
Posologia: 2 a 4 g/dia, dividida em 2 vezes.
Vias de administração:
• intramuscular: diluir em solução de lidocaína a 0,5%.
• Endovenosa: infusão intermitente em 20 a 100 ml de solução, durante 15 minutos a 1 hora;
em bolo em 3 a 5 minutos.
Contra-indicações: pacientes alérgicos a cefalosporinas.
Precauções: investigação, antes do tratamento, referente a hipersensibilidade a cefalosporinas,
penicilinas e outras drogas.
Reações adversas: reações de hipersensibilidade com erupções máculo-papulares, urticária,
eosinofilia e hipertermia. Ocasionalmente, pode surgir dor transitória em relação à aplicação
intramuscular e flebite em aplicação endovenosa.
Apresentação: frasco-ampola de 1 g e 2 g.

ÖKefadim

Posologia: 1 g a cada 8 ou 12 horas, por via intramuscular ou endovenosa.


Estabilidade: 24 horas, a temperatura ambiente, ou por 7 dias, sob refrigeração.
Vias de administração: intra-muscular, reconstituir em 3 ml solução de lidocaína a 0,5 ou 1%
(volume resultante é igual a 3,6 ml); endovenosa, 1 g em 10 ml (resultando em 10,6 ml) e
aplicar em 3 a 5 minutos.
Contra-indicação: pacientes com história de hipersensibilidade a cefalosporinas.
Precauções: investigar história de hipersensibilidade a cefalosporinas e penicilinas. Cautela
durante a lactação.
Reações adversas: reações locais na aplicação endovenosa, reações alérgicas e gastrintestinais.
Apresentação: frasco-ampola de 1 g.

ÖFortaz

Posologia a critério médico. Habitualmente, indica-se:


• crianças maiores de 2 meses: 20 a 100 mg/Kg/dia, em 2 ou 3 doses.
• Adultos: 1 g de 8/8 horas ou 2 g de 12/12 horas.
Contra-indicação: alergia às cefalosporinas ou penicilinas.

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 229 NOÇÕES DE FARMACOLOGIA
Administração: O medicamento pode ser aplicado por via intramuscular profunda e intravenosa,
em aplicação direta ou infusão venosa. A solução deve ser preparada com 3 ml para uso
intramuscular, 10 ml para uso endovenoso direto e 50 ml para a infusão venosa.
Precauções: após diluição, guardar sob refrigeração por 7 dias, ou até por 18 horas, se mantido à
temperatura de até 25ºC. Preparação das soluções para aplicação I.M. e E.V.: introduzir a agulha
através da tampa do frasco e injetar o volume recomendado de diluente; retirar a agulha e agitar
o frasco para formar uma solução clara; inverter o frasco. Com o êmbolo da seringa
completamente comprimido, introduzir a agulha na solução. Retirar o volume total da solução
para dentro da seringa, assegurando-se de que a agulha aspire somente a solução. Pequenas
bolhas de dióxido de carbono devem ser desprezadas (DEF 92/93).
Reações adversas: deve ser administrado com cautela em uso concomitante a drogas que tenham
ação nefrotóxica ou diuréticos potentes. Não utilizar o mesmo equipo para administração de
aminiglicosídios; misturado a vancomicina ocorre precipitação.
Apresentação: frasco-ampola de 1 g + ampola de diluente de 10 ml.

ÖCeftizoxima

Droga injetável de 3ª geração.


Posologia: 1 a 2 g, divididos em administração a cada 8 ou 12 horas, por via intramuscular,
endovenosa, em bolo ou infusão venosa.
Reações: exantema, prurido, febre e, no local da aplicação, possível ardor, dor, enrijecimento,
flebite e parestesia.
Precauções: pacientes com história de hipersensibilidade a penicilinas e cefalosporinas.
Contra-indicações: pacientes alérgicos a cefalosporinas.

Aminoglicosídeos

A maioria das drogas que compõem o grupo são bactericidas.


Os aminoglicosídeos são fármacos que apresentam:
• o índice terapêutico e tóxico muito estreito;
• alto grau de ototoxicidade (irreversível) e nevrotoxicidade;
- pouca absorção oral.

ÖSulfato de Gentamicina

Nome comercial: Garamicina.


Posologia:
• crianças: acima de 7 dias: 7,5 mg/Kg/dia, em 3 doses a cada 8 horas
• adultos: 3 mg/Kg/dia, em 3 doses a cada 8 horas.
Contra-indicação: não misturar com nenhum outro tipo de medicamento, devido à formação do
complexos inativos. Paciente com história de hipersensibilidade à gentamicina e gestantes. Uso
concomitante com outras drogas nefrotóxicas e/ou neurotóxicas.
Vias de administração: intra-muscular; endovenosa direta, em 2 a 3 minutos; infusão venosa em
50 a 200 ml de soro glicosado ou fisiológico, em 30 minutos a dias horas; inaloterapia e
subconjutival.
Precauções: é fundamental manter uma hidratação adequada durante o tratamento. Observou-se
inativação mútua In vitro quando misturada a penicilinas ou cefalosporinas. Deve-se evitar uso
concomitante com diuréticos potentes, como ácido etacrínico ou furosemide.

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 230 NOÇÕES DE FARMACOLOGIA
Reações adversas: devido ao potencial nefrotóxico e ototóxico, deve-se Ter monitoração renal e
do 8º par craniano (vertigens, tonturas, zumbidos e perda de audição).
Apresentação: ampolas de 1 ml (10 mg, 20 mg, 40 mg); 1,5 ml (60 mg); 2 ml (80 mg, 120 mg,
160 mg, 280 mg).

ÖSulfato de Amicacina

Nome comercial: Novamin, Briclin.


Aminoglicosídio semi-sintético, bactericida.
Apresentação: ampolas de 2 ml (100 mg, 250 mg, 500 mg)
Posologia:
• Adultos: 500 mg a cada 8 – 12 horas.
• Recém-nascidos: 10 mg/Kg endovenosa ou itramuscular, em dose inicial, passando para 7,5
mg/Kg intramuscular ou endovenoso a cada 12 horas, durante 7 a 10 dias.
Contra-indicação: não deve ser misturada com anfotericina B, cefalotina sódica, sulfadiazina
sódica e tetraciclinas.
Administração: a via intramuscular é mais indicada, por via endovenosa, por meio de infusão
em 30 minutos a 1 hora, ou em bolo, lentamente. Em crianças, a administração por infusão
venosa deve ser feita em 1 a 2 horas.
Precauções: não deve ser misturado a nenhum outro tipo de medicamento, devido à formação de
complexos inativos.
Reações adversas: nefrotoxicidade, neuroxicidade, ototoxicidade, neurite periférica.

ÖEstreptomicina

Nome comercial: Climacilin, Sulfato de Estreptomicina.


Indicação: a indicação principal é no tratamento da tuberculose, em associação com outros
fármacos.
Posologia: seguir o esquema nacional de pneumonia sanitária.
Contra-indicação: o uso durante a gestação é contra-indicado por ser potencialmente ototóxico
pra o feto, podendo causar surdez irreversível.
Vias de administração: a administração deve ser feita somente por via intramuscular profunda.
Precauções: recomenda-se não utilizar soluções injetáveis mais concentradas que 500 mg/ml. Os
locais das injeções devem ser alternados.
Efeitos colaterais: nefrotoxicidade, miastenia gravis, ototoxidade, dermatite esfoliativa,
neurotoxicidade.
Apresentação: frasco-ampola de 1 g.

Outros aminiglicosídios comercialmente encontrados: Neomicina (uso da via oral, retal e


tópico), Kanamicina, Kantrex, Netromicina, Tombramicina, Gentaxil, Amplomicina.

Cloranfenicol

Nome comercial: Quemicetina, Sintomicetina.


Dose:
• crianças acima de 30 dias: 50 a 100 mg/Kg/dia, em doses fracionadas a cada 6 horas.
• Adultos: 1 a 2 g/dia, em doses fracionadas a cada 6 horas.
Contra-indicação: portadores de depressão medular ou insuficiência hepática. Na gestação e
lactação. Hipersensibilidade à droga. Crianças com menos de 30 dias.

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 231 NOÇÕES DE FARMACOLOGIA
Via de administração: via oral, tópico, sendo a forma injetável de uso exclusivamente
endovenoso.
Precauções: recomenda-se que a administração V.O. seja feita com água e com estômago vazio,
1 hora antes ou 2 horas após as refeições; pode ser administrado com leite ou com alimentos,
caso haja irritação gastrintestinal.
Efeitos colaterais: pode provocar anemia aplásica que, embora pouco freqüente, limita o seu uso
devido à gravidade da doença provocada. Doses elevadas de cloranfenicol podem desencadear,
em recém-nascidos, a síndrome cinzenta, caracterizada por vômitos, distenção abdominal,
cianose, respiração irregular e morte. Urticária, exantema cutâneo, náuseas, vômito, glossite,
embaçamento da visão.
Apresentação: comprimidos, cápsulas e drágeas de 250 e 500 mg, frascos – ampola de 1,0 g,
frascos com 60 ml de solução com 250 mg/5ml, frascos com 100 ml de solução com 160
mg/5ml, bisnaga com 3,5 g de pomada oftálmica, frasco de 5 e 10 ml de colírio, frasco com 10
ml de solução otológica.

Grupo das tetraciclinas

ÖTetraciclina

Nome comercial: Tetrex, Tetraciclina.


Ação: bacteriostático.
Posologia:
• crianças acima de 8 anos: 25 a 50 mg/Kg, em doses fracionadas a cada 6 horas;
• adultos: 1 a 2 g, em doses fracionadas a cada 6 horas.
Contra-indicação: o uso de tetraciclinas durante a gravidez, lactação e em crianças menores de 8
anos é contra-indicado, porque provoca descoloração dentária permanente (cor cinza-marrom,
cinza, castanho), hipoplasia do esmalte, depressão do crescimento ósseo. As tetraciclinas se
associam a íons de cálcio, formando complexo estável em todo o tecido ósseo em formação.
Pacientes submetidos a tratamento com anticoagulantes, pois as tetraciclinas deprimem a
atividade da protrombina do plasma.
Vias de administração: via oral.
Precauções: administrar com o estômago vazio, 1 hora antes ou 2 horas após a ingestão de
alimentos. Não dar antiácidos, pois prejudicam a absorção das tetraciclinas e evitar
administração concomitante com leite e derivados, pois há a inativação provocada pelos íons
Ca++.
Efeitos colaterais: náuseas, vômitos, diarréia, irritação gástrica, anemia hemolítica,
trombocitopenia, neutropenia, eosinofilia, urticária, anafilaxia. Nefrotoxicidade.
Apresentação: cápsulas de 250 e 500 mg, frasco com 50 ml de suspensão com 125 mg/5 ml,
frasco com 60 ml de suspensão oral 100 mg/5ml; frasco com 60 e 100 ml de xarope com 250 e
500 mg/5ml, bisnagas de pomada oftálmica, ampolas de 250 e 500 mg.

Clindamicina

Nome comercial: Dalacin C.


Posologia:
• adultos: 600 a 900 mg a cada 6 ou 8 horas;
• crianças acima de 1 mês de idade: 2 a 5 mg/Kg V.O, ou 3,75 a 10 mg/Kg, I.M. ou E.V., a
cada 6 horas.
Contra indicação: a diarréia constitui a principal contra-indicação, pois a droga pode provocar
colite pseudomenbranosa.

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 232 NOÇÕES DE FARMACOLOGIA
Administração: são fármacos que podem ser usados em paciente alérgicos a penicilina e
cefalosporinas. São bem absorvidos por via oral e os alimento não interferem na sua absorção.
São drogas alternativas, principalmente para infecções por Gram-negativos.
Precauções: não são recomendadas injeções intramusculares únicas acima de 600 mg. As
aplicações endovenosas de 300 mg devem ser diluídas no mínimo em 50 ml de diluente.
Reações adversas: distúrbios gastrintestinais e colites.
Apresentação: cápsulas de 150 mg, ampolas de 2 ml com 300 mg e de 4 ml com 600 mg.

Vancomicina

Nome comercial: Vancomicina, Vancocin, Vancocina.


Ação: Bactericida, pouco absorvida por via oral.
Posologia:
• crianças: 10 mg/Kg a cada 6 horas;
• adultos: 2 g/dia em doses fracionadas a cada 6 horas.
Administração: a Vancomicina deve ser administrada por via endovenosa, em infusão
intermitente, em 100 a 200 ml de solução salina ou glicosada, em 60 minutos.
Precauções: a infusão rápida provoca a reação “síndrome do homem vermelho”, caracterizada
por rubor de face, pescoço e tórax, prurido, hipotensão e choque. Esses sintomas costumam
cessar com a interrupção da infusão. As infusões rápidas em bolo podem provocar dor e
espasmos musculares do tórax e dorso.
Reações adversas: maiores cuidados devem ser tomados com pacientes com comprometimento
renal, pois o risco de manifestações tóxicas está aumentado nestes casos. É irritante de tecido,
podendo ocorrer dor e até necrose em administrações intramusculares ou quando houver
extravasamento acidental nas aplicações endovenosas. A ocorrência de tromboflebite pode ser
minimizada com aplicações lentas e bem diluídas.
Apresentação: frasco com 500 mg de vancomicina base.

Sulfonamidas e Sulfametoxazol – Trimetoprima

- Sulfonamidas
São bacteriostáticos, usualmente administrados por via oral É metabolizado no fígado e
excretado pelas vias urinárias. É indicado em infecções do trato urinário e Toxoplasma godii.
- Sulfametoxazol - Trimetropina

Nome comercial: Bactrim, Septra.


Indicação: infecção do trato respiratório, trato urinário, gastrintestinal.
Posologia:
• adultos: 2 comprimidos a cada 12 horas;
• crianças de 6 a 12 anos: 1 comprimido ou 10 ml a cada 12 horas.
Contra-indicação: hipersensibilidade a sulfas, gestação, lactação, recém-nascidos até 6 semanas,
insuficiência renal e hepática.
Vias de administração: oral, e através de infusão venosa preparada na proporção de 1 ml de
Bactrim para 25 a 30 ml de solução de infusão (soro glicosado ou fisiológico) A solução para
infusão deve ser utilizada nas primeiras 6 horas após a sua preparação. A infusão deve ser
administrada em 30 a 60 minutos. Se houver turvação ou cristalização durante a administração,
a infusão deve ser interrompida.
Precauções: recomenda-se ingerir com alimentos a fim de amenizar a irritação gástrica. A
infusão venosa de Bactrim não deve ser misturada com outras drogas ou soluções. As ampolas
não devem ser injetadas diretamente na veia.

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 233 NOÇÕES DE FARMACOLOGIA
Efeitos colaterais: exantema alérgico, náuseas, vômitos, anemia megaloblástica.
Apresentação: Bactrim comprimido de 400-800 mg, suspensão pediátrica de 400 mg/5 ml e
ampolas de 400 mg/5 ml.

- Lincomicina

Nome Comercial: Frademicina.


Posologia:
• crianças acima de 1 mês: via oral, 60 a 60 mg/Kg/dia de 6/6 horas ou 8/8 horas; via
intramuscular, 10 mg/Kg/dia, de 24/24/ horas e intravenosa, 10 a 20 mg/Kg/dia de 8/8 horas
ou 12/12 horas.
Contra indicação: incompatível com novobicina e com canamicina.
Vias de administração: antibiótico bem absorvido por via oral, podendo ser usado também por
via parenteral. A sua absorção por via oral não é prejudicial pela presença de alimentos no trato
gastrintestinal.
Reações adversas: os efeitos indesejáveis mais freqüentes estão relacionados a sintomas
gastrintestinais.
Apresentação: blister com 12 cápsulas de 500 mg; frasco com 60 ml de xarope com 250
mg/5ml; ampola de 1 ml com 300 mg; ampola de 2 ml com 600 mg, ampola de 3,3 ml com 1,0
g.

- Metronidazol
Nome comercial: Flagyl, Metronix.
Indicação: constitui um potente bactericida, específico sobre os germes anaeróbios.
Tricominicida e giardicida.
Dose: adultos e crianças maiores de 12 anos, 500 mg em infusão venosa a cada 8 horas. Não se
deve exceder a dose máxima diária de 4 g.
Administração: deve ser realizada através de infusão venosa numa velocidade de 5 ml/minuto
(30 minutos). Não há necessidade de diluir o conteúdo do frasco.
Precauções: durante a administração do fármaco, não infundir outras soluções
concomitantemente; O acesso venoso deve ser seguro para evitar tromboflebite. Durante a
administração do fármaco, não infundir outras soluções concomitantemente. É contra-indicado
em mulheres nutrizes.
Reações adversas: durante o tratamento, observar sinais de comprometimento neurológico,
como crise convulsiva, paresia e parestesia de extremidades. Podem ocorrer sinais
gastrintestinais como anorexia, náuseas, gosto metálico na boca, dor epigástrica, vômitos e
diarréia. As bebidas alcoólicas não de vem ser consumidas enquanto durar o tratamento, devido
à possibilidade de surgirem cólicas abdominais, náuseas, vômitos, cefaléia e rubor facial.
Apresentação: comprimidos de 250 mg, 400 mg e 500 mg, tubo com 50 g de geléia para
aplicação ginecológica, frasco e bolsa plástica com 100 ml de solução a 0,5%, correspondendo a
500 mg de metronidazol.

- Antibiótico antifúngico

ÖAnfotericina B

Nome comercial: Fungizon.


Dose: a critério médico.

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 234 NOÇÕES DE FARMACOLOGIA
Administração: a forma de administração é controvertida, desde a indicação de doses baixas
com maior duração a doses diárias elevadas desde que bem toleradas, até atingir uma dose total
específica. É usual a indicação em dias alternados para reduzir os efeitos colaterais.
Precauções: há necessidade de monitorar a freqüência cardíaca e a temperatura de ½ em ½ hora;
medicação prévia com antiemético, devido a anorexia, náuseas e vômitos, que costumam
diminuir à medida que o tratamento progride; observar sinais de alterações urinárias devidas à
nefrotoxicidade, além da monitoração da creatinina sérica. Geralmente, os pacientes que são
submetidos a tratamento com este medicamentos necessitam ser hospitalizados. A piridoxina é
indicada para minimizar ou evitar os sintomas de neurite periférica.
Reações adversas: a toxicidade se manifesta através de febre, calafrios, náuseas, vômitos,
cefaléia e hipotensão durante a infusão na primeira semana, diminuindo posteriormente. Tem-se
observado manifestação de supressão medular e hipocalemia. A flebite pode ser minimizada por
meio de administração cuidadosa e lenta.
Conservação: antes da reconstituição, deve ser mantido sob refrigeração e protegido contra a
exposição à luz; após reconstituição, pode ser conservado por 24 horas em temperatura
ambiente, se protegido da luz, ou em geladeira por 7 dias.
Apresentação: frasco com 50 mg de pó para infusão venosa.
Outros antifúngicos: Grifulvin, Micostatin, Nistatina, Nizoral, Sporostatin, Zoltec etc.

- Antibióticos antituberculose

ÖIsoniazida

Nome comercial: Fluodrazin F.


Dose: seguir o esquema nacional de pneumologia sanitária. Não se deve ultrapassar 400 mg/dia.
Contra-indicação: insuficiência hepática e reações de hipersensibilidade, comprometimento
renal.
Administração: de preferência em jejum, até 1 hora antes das refeições. Caso ocorram distúrbios
gastrintestinais, podem ser administrados com alimentos ou antiácidos que não contenham
alumínio.
Precauções: evitar bebidas alcoólicas durante o tratamento.
Reações adversas: distúrbios gastrintestinais, anorexia, náuseas e vômitos.
Apresentação: comprimido de 100 mg.

ÖRifamcipina

Nome comercial: Rifaldin.


Posologia: seguir o esquema nacional de pneumologia sanitária.
Contra-indicações: pacientes ictéricos.
Administração: em jejum, de preferência ½ hora antes do café da manhã; se houver distúrbios
gastrintestinais, pode ser administrado com leite, sucos ou alimentos.
Precauções: evitar uso concomitante de salicilatos; evitar bebidas alcoólicas durante o tratamento,
não usar Rifampicina nas últimas semanas de gestação, devido ao risco de hemorragia pós-natal,
tanto para a puérpera quanto para o recém-nascido.
Reações adversas: distúrbios gastrintestinais, coloração vermelho-alaranjada ou vermelho escura da
urina, fezes, saliva, suor e lágrima. Calafrios, tontura, febre, cefaléia, artralgia e mialgia, erupções
cutâneas, prurido, anorexia.
Apresentação: cápsula de 300 mg.

ÖPirazinamida

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 235 NOÇÕES DE FARMACOLOGIA

Nome comercial: Pirazinamida.


Posologia: seguir o esquema nacional de pneumologia sanitária.
Contra-indicação: insuficiência hepática.
Administração: V. O, concomitante com outros tuberculostáticos, devido ao risco de
desenvolvimento de resistência bacteriana.
Precauções: manter monitoração periódica da função hepática (enximas) e ácido úrico.
Reações adversas: artalgia.
Apresentação: cápsula de 300 mg.

7. Quimioterápicos

7.1. Conceito

A quimioterapia é definida como “tratamento por agentes químicos que podem atuar de
modo efetivo sobre certos organismos patogênicos ou sobre certos órgãos doentes” (dic.Aurélio).
Neste aspecto, destacam-se a quimioterapia antivirótica e antibacteriana, e a quimioterapia
destinada a destruir células cancerosas. Esta é representada pelos antineoplásicos ou citostáticos.
Antineoplásicos ou citostáticos são drogas capazes de destruir células jovens que se
multiplicam rapidamente, características de células que formam o tumor maligno. No organismo,
existem células normais também com esta característica, como é o caso de células localizadas na
medula óssea, na mucosa do trato gastrintestinal e nos folículos pilosos. A ação das drogas neste
sítios resulta em efeitos indesejáveis e tóxicos, que tanto incomodam os pacientes submetidos a
tratamento quimioterápico. As drogas citostáticas, na sua maioria, interferem na síntese dos ácidos
nucléicos (ácido desoxiribonucléico e ácido ribonucléico), essenciais à formação da estrutura
genética das células, provocando a interrupção da multiplicação celular.
O tratamento com quimioterapia pode ser:
• adjuvante: é tratamento adicional efetuado após a cirurgia e tem, como objetivo, controlar
metástases subclínicas residuais;
• neoadjuvante: é realizado antes da cirurgia, com o objetivo de prevenir a disseminação e o
crescimento de células cancerosas;
• paliativo: tem como objetivo diminuir os sinais e sintomas da doença, proporcionando ao
doente melhor qualidade de vida.

7.2. Classificação das drogas antineoplásicas.

As drogas antineoplásicas são classificadas de duas formas principais a saber:


A) De acordo com a estrutura química e função nas células, sendo que por esta classificação
os antineoplásicos são subdivididos em:
a) alquilantes => causam alterações nas cadeias de DNA, impedindo sua duplicação. Essas
drogas são ciclo celular não-específico, destruindo células em repouso ou em processo
de duplicação.
Exemplo: Mecloretamina, Ciclofosfamida, Clorambucil, Cisplatina.
b) antimetabólitos => são substâncias com uma estrutura semelhante aos metabólitos
naturais das células, os quais se incorporam às mesmas, levando a um bloqueio da
produção de enzimas essenciais ou interrompendo as cadeias de RNA e DNA. São
classificadas como ciclo celular-específico, pois atuam especificamente na fase de
síntese do DNA.
Exemplo: Methotrexate, Fluorouracil, Tioguanina, Fluxuridine.

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 236 NOÇÕES DE FARMACOLOGIA
c) antibióticos antitumorais
Öderivados de fungos, têm atividade antimicrobiana e propriedades citotóxicas, interferem
na síntese dos ácidos nucléicos, impedindo a duplicação e separação do DNA e RNA.
São ciclo celular-específico.
Exemplo: Dactinomicina, Doxorubicina, Bleomicina, mitomicina.
d) nitrosuréias => este grupo é composto por três drogas que têm ação semelhante aos
alquilantes, porém sua lipossolubilidade favorece a passagem pela barreira
hematoliquórica; são ciclo celular-específico.
Exemplo: Carmustina, lomustina, Streptozocin.
e) alcalóides da Vinca => são inibidores mitóticos, pois atuam especificamente na fase de
mitose e celular, impedindo a formação de microtúbulos, os quais fazem a polarização
dos cromossomos.
Exemplo: Vinscristina, Vinblastina.
f) miscelânea => são classificadas como miscelânea as drogas que não se encaixam nos
grupos anteriores citados, por terem mecanismo de ação variados e na maioria das vezes
desconhecidos, e ainda por possuírem toxicidade e características diferentes entre si.
Exemplo: Procarbazina, Hidroxiuréia, Asparginase.
g) agentes hormonais => o uso de hormônios se faz, na maioria das vezes, tendo-se em
vista um tratamento paliativo, retardado o crescimento de tumores. Esse processo pode
se dar de três formas:
• ingestão de hormônios;
• retirada da glândula produtora de hormônio responsável pela alimentação e
crescimento tumoral;
• inibição da produção de hormônio, por meio da utilização de substâncias anti-
hormonais.
B) Pela especificidade no ciclo celular, o qual se subdivide em dois grupos:
a) ciclo celular específico => atuam sobre as células, quando as mesmas estão em uma
determinada fase do ciclo de divisão celular;
b) ciclo celular não específico => atuam sobre as células em qualquer fase do ciclo de
divisão celular;

Principais efeitos colaterais sistêmicos

Órgão alvo Manifestações clínicas


Medula óssea Anemia, leucopenia, trombocitopenia
gastrintestinal Náuseas, vômitos, ulcerações superficiais
(mucosite).
Estomatite, diarréia fleo-paralítico.
Alopécia, hiperpigementação
Sistema nervoso Paretesia, neuropatia periférica, letargia,
surdez
coração
Insuficiência cardíaca (tardia)
pulmão Fibrose (tardia)
bexiga Cistite
Rins e fígado Alterações na sua função

Efeitos tóxicos dermatológicos por extravasamento

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 237 NOÇÕES DE FARMACOLOGIA
As drogas antineoplásticas podem ser vesicantes ou irritantes, provocando, dessa forma,
reações severas, quando em contato com a pele;
• vesicantes => são aquelas que provocam irritação severa, com formação de vesículas e
destruição tecidual por necrose, quando do extravasamento;
• irritantes => provocam reação cutânea menos intensa quando extravasadas, e apresentam
sintomas de dor, queimação e hiperemia, com ausência de vesículas ou necrose tecidual.

Cuidados gerai com drogas vesicantes

Segundo Bonassa (1992), existem inúmeras controvérsias sobre o manuseio de áreas


infiltradas por citostáticos vesicantes, porém, alguns cuidados são incontestáveis,sendo eles:
1. interromper de imediato a infusão da droga, mantendo a agulha no local;
2. com uma seringa, aspirar a droga residual do butterfly;
3. retirar a agulha e elevar o membro, apoiando-o de forma que fique acima do nível do coração;
4. aplicação de compressas geladas por 15 minutos, ao menos a cada 6 horas nas primeiras 24-48
horas (exceto se o extravasamento for por vincristina ou vinblastina);
5. no caso de vincristina ou vimblastina, o procedimento é o mesmo do item anteriores, sendo
usadas compressas quentes;
6. fazer anotação de enfermagem, anotando a evolução da lesão.

Cuidados de enfermagem no preparo e administração de drogas antineoplásticas

Preconizam-se algumas normas para o uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) e


Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC), durante a reconstituição e administração de drogas
antineoplásicas, uma vez que a contaminação doe profissionais se dá através da inalação e absorção
pela mucosa e pele, ou menos devida a traumas ocasionados por agulhas contaminadas ou cacos de
ampolas (Frias, 1995). Sendo assim, os profissionais envolvidos devem estar atentos às normas de
segurança:
- toda manipulação de citostático deve ser feita em Capela de Fluxo Laminar Vertical
Classe II;
- os profissionais devem receber treinamento e reciclagem;
- é indicado exame médico periódico semestral dos profissionais em contato freqüente
com antineoplásicos;
- utilização de EPIs como:
a) luvas não entalcadas, sendo que a troca das mesmas deve ser feita a cada 1 hora;
b) avental de tecido lavável e de baixa permeabilidade, com mangas longas e punho
elástico;
c) utilização de respirador com filtro de carvão ativado;
d) proteção do gargalo das ampolas e conexões da seringa e equipos de soro com algodão
ou gaze embebida em álcool 70%;
e) descartar todo o material inclusive luvas em saco plástico identificado como material
contaminado e encaminhar para incineração;
f) em caso de contaminação da pele, recomenda-se lavar o local com água e sabão neutro;
g) contaminação dos olhos, irrigar com soro fisiológico durante pelo menos 5 minutos;
h) quando da contaminação do EPI, o mesmo deve ser substituído imediatamente;
i) o profissional deve procurar atendimento médico imediato;
j) para a limpeza de superfícies (bancadas, capela, ect.), o profissional deve estar
paramentado e, com uma compressa absorvente, retirar o excesso da droga; em seguida,
proceder à lavagem do local com água e detergente neutro, enxaguando a seguir,

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desprezando a compressa em local próprio para o descarte de material contaminado com
citostáticos.

Agentes alquilantes

ÖCiclofosfamida

Nome Comercial: Enduxan.


Vias de administração: via oral, intramuscular, intrapleural, intraperitonial, endovenosa (em 5 a 10
minutos, por meio de injetor lateral do equipo ou dispositivo em y, sempre testando o refluxo).
Efeitos indesejáveis:
• alopecia;
• náuseas, vômitos, anorexia;
• depressão de medula óssea;
• cistite.
Cuidados a serem observados.
• estabilidade de 24 horas após ser reconstituído;
• droga não vesicante e não irritante;
• administração via oral: ideal pela manhã, em jejum, com bastante água;
• causa infertilidade;
• estimular ingestão de líquidos.

ÖCisplatina

Nome Comercial: Platiran, Plastitine, Ciplatinun.


Vias de administração: infusão venosa de 1 a 6 horas.
Efeitos indesejáveis:
• anorexia, náuseas, vômitos;
• depressão de medula óssea;
• ototóxico, nefrotóxico;
• dores articulares;
• hipomagnesemia, hipocalcemia;
• reações no início da administração: Tontura, taquicardia, hipotensão, edema facial;
Cuidados a serem observados:
• proteger da luz;
• estabilidade de 72 horas após a reconstituição;
• droga não vesicante;
• hidratar previamente;
• aumentar a ingestão líquida;
• combinada com Bleomicina, esta deve ser aplicada antes.

ÖClorambucil

Nome comercial: Leukeran.


Vias de administração: via oral.
Efeitos indesejáveis:
• febre;
• estomatite;
• depressão de medula óssea.

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 239 NOÇÕES DE FARMACOLOGIA
Cuidados a serem observados:
• interfere na fertilidade;
• protege da luz.

ÖIfosfamida

Nome comercia: Holoxane.


Vias de administração: endovenosa, ou em infusão venosa em 1 a 2 horas.
Efeitos indesejáveis:
• alopecia;
• náuseas e vômitos;
• depressão de medula óssea;
• cistite hemorrágica.
Cuidados a serem observado:
• não vesicante, é irritante.
Manter vigilância quanto à infusão:
• hidratar previamente e após a administração;
• estimular esvaziamento da bexiga;
• interfere na fertilidade;
• administrar concomitantes a substâncias uroprotetora: MESNA (Mitexan).

ÖMefalan

Nome comercial: Alkeran.


Vias de administração: oral, endovenosa.
Efeitos indesejáveis:
• depressão de medula óssea;
• náuseas, vômitos;
Cuidados a serem observados:
• droga não vesicante;
• interfere na fertilidade;
• não administrar se houver precipitação ou turvação;
• droga instável, deve ser preparada para uso imediato;
• a infusão venosa deve ser efetuada em 2 horas.

Agentes antimetabólitos

Fluorouracil (5 Fluoro Uracil)

Vias de administração: oral, tópico, infusão venosa, intra-arterial, intracavitário.


Efeitos indesejáveis:
• náuseas, vômitos, diarréia, estomatite;
• alopecia, hiperpigmentação;
• depressão da medula óssea.
Cuidados a serem observado:
• proteger da luz;
• estabilidade após a reconstituição de 24 horas;
• droga não vesicante, irritante;

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 240 NOÇÕES DE FARMACOLOGIA
• evitar aplicação endovenosa direta; quando necessário, deve se aplicada em mais de 10
minutos;
• a cor amarelo-forte após a diluição pode ser indício de decomposição;
• não deve ser usada em olhos e mucosa.

ÖMetotrexato

Nome comercial Methotrexate, Metotrexato, MTX.


Vias de administração: oral, endovenosa, intramuscular, intra-arterial, intratecal.
Efeitos indesejáveis:
• depressão de medula óssea;
• alopecia;
• náuseas e vômitos;
• diarréia;
• estomatite ulcerativa;
• febre;
• erupções eritematosas, urticária;
• aplicação intratecal: cefaléia, rigidez de nuca, paraplegia, confusão, demência.
Cuidados a serem observados:
• proteger da luz;
• após a reconstituição, manter em refrigerados até 48 horas;
• droga não vesicante;
• administrar ácido fólico para resgate (Leucovorin);
• potente abortivo;
• não ingerir álcool durante o tratamento;
• urina amarelada por aproximadamente 2 dias.

Antibiótico antineoplásico

ÖBleomicina (Benoxane)

Vias de administração: intra-muscular, subcutânea, intra-arterial, infusão local.


Efeitos indesejáveis:
• hipertermia;
• alopecia;
• anorexia, náuseas, vômitos;
• estomatite;
• erupções cutâneas, hiperpigmentação.
Cuidados a serem observados:
• manter em refrigerados até 7 dias após a reconstituição;
• não vesicante;
• febre imediata;
• quando associado a Ciplastina, deve-se administrar Bleomicina antes, e depois, quando
associado a Vimblastina;
• interfere na fertilidade;
• atentar quanto a sinais de parada cardiorrespiratória e infarto do miocárdio.

ÖDoxorubicina (Adriblastina)

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 241 NOÇÕES DE FARMACOLOGIA
Vias de aplicação: endovenosa lenta (mais de cinco minutos), infusão venosa lenta, intra-arterial,
intracavitário.
Efeitos indesejáveis:
• cardiotóxico;
• anorexia, náuseas, vômitos;
• alopecia;
• mucosite.
Cuidados a serem observados:
• estabilidade de 48 horas em refrigerador e 24 horas à temperatura ambiente, após a
reconstituição;
• droga vesicante, testar refluxo venoso;
• interfere na fertilidade;
• teratogênico;
• infusões de mais de 1 hora devem ser protegidas da luz;
• urina avermelhada por 1 a 2 dias;
• manter vigilância maior sobre pacientes cardíacos.

ÖEpirubicina (Farmorubicina)

Vias de aplicação: endovenosa (tempo de aplicação maior que 5 minutos), intracavitária.


Efeitos indesejáveis:
• alopecia;
• cardiotóxico;
• diarréia, náuseas, vômitos;
• depressão de medula óssea;
• estomatite.
Cuidados a serem observados:
• estabilidade de 24 horas à temperatura ambiente e 48 horas em refrigerador, após a
reconstituição;
• droga vesicante;
• coloração vermelha da urina.

Alcalóide da vinca

ÖVimblastina (Velban)

Vias de aplicação: endovenosa, em push por 5 minutos.


Efeitos indesejáveis:
• anorexia, náuseas, vômitos;
• manifestações neurológicas;
• alopecia;
• depressão de medula óssea.
Cuidados a serem observados:
• proteger da luz;
• estabilidade de 30 dias no refrigerador, após a reconstituição;
• droga vesicante;
• não deve ser diluída em grandes volumes de diluente;
• não administrar por períodos prolongados (30 a 60 minutos ou mais);
• aplicar Vimblastina antes, quando associada a Bleoicina.

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ÖVincristina (Oncovin, Vincristin, Sulfato de Vincristina)

Vias de aplicação: endovenosa em push.


Efeitos indesejáveis:
• alopecia;
• distúrbios neurológicos;
• náuseas, vômitos;
• constipação e dor abdominal;
• supressão gonadal;
• dor óssea.
Cuidados a serem observados:
• droga vesicante;
• letal por via intratecal;
• administrar ácido folínico para proteger dos efeitos tóxicos;
• não usar veia periférica para a administração prolongada.

Outros

Etoposido (Vepesid)

Vias de administração: oral infusão venosa lenta em mais de 30 minutos.


Efeitos indesejáveis:
• depressão de medula óssea;
• leucopenia, anemia, trombocitopenia;
• alopecia;
• náuseas, vômitos;
• hipotensão.
Cuidados a serem observados:
• proteger da luz;
• não é vesicante, é irritante;
• vigilância quanto ao acesso venoso;
• solução concentrada pode precipitar;
• observar reações alérgicas, sinais de hipotensão;
• cápsula deve ser administrada em jejum.

8.Medicamentos que atuam no sistema nervoso central

8.1. Psocolépticos ou sedativos

São drogas que deprimem as funções nervosas superiores:


• Ansiolíticos ou tranqüilizantes.

São drogas que agem diminuindo a tensão emocional e a ansiedade.

ÖDiazepan

Apresentação: comprimidos de 5 mg, 10 mg; solução injetável, 10 mg.

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 243 NOÇÕES DE FARMACOLOGIA
Posologia: adultos, dose máxima 15 a 30 mg/dia, crianças com 6 meses ou mais, 1 a 2,5 mg V.O, 3
a 4 vezes ao dia.
Contar-indicação: uso em pacientes dependentes de drogas ou álcool. Durante a gravidez,
principalmente no primeiro trimestre.
Administração: via oral, intramuscular, endovenosa.
Precauções: o uso prolongado pode resultar em dependência química. O início do uso terapêutico,
ou a retirada abrupta do Diazepan em pacientes com epilepsia ou distúrbios convulsivos, pode
precipitar crises de estado epilético.
Reações adversas: mais comuns – ataxia, tontura, sonolência, disfasia, hipotensão, bradicardia,
hipotonia.
Reações ocasionais – soluço, tosse, adormecimento ou formigamento nas mãos e no pés.
Reação rara – dificuldades respiratória.

ÖBromozepan

Nome comercial: Lexotan.


Posologia: 1,5 a 3 mg, até 3 vezes ao dia.
Contra-indicações: hipersensibilidade a benzodiazepínicos, primeiro trimestre de gestação, uso
regular durante a lactação.
Abstinência: tremor, agitação, insônia, ansiedade, dificuldades de concentração, sudorese, espasmo
muscular e abdominal.
Precauções: miastenia grave, disfunções renais e hepáticas, em situações que requerem
concentração, como dirigir, operar máquinas.

ÖLorax

Posologia: via oral, para ansiedade, 2 a 3 mg em doses fracionadas. Em casos de insônia, 1 a 2 mg


ao deitar.
Precauções: evitar bebidas alcoólicas, atividades requerem concentração.
Apresentação: comprimidos de 1 a 2 mg.

ÖClordiazepóxido

Nome comercial: Tensil.


Posologia: 10 a 20 mg, 3 a 4 vezes ao dia.
Contra-indicações: glaucoma, miastenia grave.
Apresentação: comprimidos de 10 mg.
• Hipnóticos ou barbitúricos:
Atuam principalmente sobre a função do sono. Os efeitos colaterais relacionam-se
principalmente com a intoxicação, devido a efeito cumulativo.

ÖMidazolan

Nome comercial: Dormonid.


Indicações: injetável, é indicado como medicamento pré-anestésico; via oral para insônia.
Reações adversas: após a administração parenteral, o paciente não deve ser liberado do hospital
antes de completar aproximadamente 3 horas. A administração rápida ou a dose excessiva em
pacientes idosos, principalmente, pode desencadear quadro de insuficiência respiratória.
Apresentação: comprimidos de 15 ,g e ampolas de 3 ml, equivalente a 15 mg.

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 244 NOÇÕES DE FARMACOLOGIA
ÖFlunitrazepan

Nome comercial: Rohypnol.


Posologia: 1 a 2 mg.
Cuidados durante o uso de hipnóticos ou barbitúricos:
• não fazer uso de bebidas alcoólicas;
• evitar uso no primeiro trimestre de gravidez;
• não fazer uso regular durante lactação;
• precaução especial em casos de miastenia grave;
• estar atento a dependência a droga;
• evitar atividades que requerem concentração, como dirigir veículos, operar máquinas
pesadas etc..

• Neurolépticos

São drogas que provocam redução dos sintomas psicóticos. São representados pelos
compostos fenotiazídicos como Amplictil e Neuleptil e composto butirofenômicos, como Haldol e
Haloperidol.
Indicações: distúrbios psicóticos, manifestações psicomotoras neurológicas.
Efeitos colaterais: hipotensão, hipotermia, aumento de peso, obstipação, lentidão de pensamento,
prolongamento do tempo de reação, diminuição da iniciativa, lentidão motora, tremores.
Cuidados:
• não misturar derivados fenotiazídicos com outras drogas na mesma seringa;
• manter fora do alcance da luz;
• pesar o paciente sistematicamente;
• observar manifestação de icterícia, febre, náuseas, vômitos, durante o tratamento;
• aquecer o paciente se houver manifestação de hipotermia;
• observar sinais e sintomas de síndrome neurológica pelo uso de neurolépticos. Costumam
desaparecer quando se interrompe o tratamento.

• Antidepressivos

ÖAmitriptilina

Nome comercial: Trypanol, Tryptil, Limbitrol.


Apresentação: comprimidos de 25 mg.
Dose: adultos, dose máxima para pacientes em ambulatório, 150 mg/dia; pacientes hospitalizados,
300 mg/dia; pacientes idosos 100 mg/dia. Crianças, dose máxima, 25 mg/dia.
Administração: via oral.
Contra-indicação: recomenda-se não usar como antidepressivo em crianças menores de 12 anos.
Precauções: ingerir na presença de alimentos para diminuir a irritação gástrica. Evitar a ingestão de
bebidas alcoólicas. Evitar atividades em que a falta de atenção aumenta o risco de acidentes. Não
suspender o medicamento de forma abrupta.
Reações adversas: tontura, sonolência, cefaléia, náuseas, secura de boca, fraqueza, visão turva,
movimentos incontrolados das pernas e braços, dificuldade de falar ou engolir, confusão, delírio,
alucinações. Constipação, principalmente em idosos.

ÖImipracina

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 245 NOÇÕES DE FARMACOLOGIA
Nome comercial: Tofranil.
Apresentação: comprimidos, 10; 25; 75; 150 mg. Solução injetável, 25 mg/2,0 ml.
Dose: dose máxima em adultos internados, 300 mg/dia; ambulatório, 200 mg/dia; idosos, 100
mg/dia. Dose máxima em crianças de 6 a 12 anos, 10 a 30 mg/dia; adolescentes, 25 a 50 mg/dia,
fracionado.
Contra –indicação: não usar em crianças com menos de 12 anos como antidepressivo.
Administração: via ora.
Precauções: ingerir na presença de alimentos para diminuir a irritação gástrica. Evitar a ingestão de
bebidas alcoólicas. Evitar atividades em que a falta de atenção aumenta o risco de acidentes.
Reações adversas: tontura, sonolência, cefaléia, náusea, fraqueza.

9. Antivonvulsivantes

ÖFenobarbital

Nome comercial: Comital L. Gardenal.


Apresentação: Comprimido, 50 mg, 100 mg. Solução injetável, 200 mg/2 ml. Solução oral, 4,0
mg/ml, 40 mg/ml.
Dose: a critério médico, sendo que, por via endovenosa, a dose máxima nos estados epiléticos, tanto
para adulto como criança, é de 25 mg/ peso.
Contra-indicação: porfiria aguda intermitente.
Administração: via oral, intramuscular, endovenosa.
Precauções: a administração E.V. deve ser lenta, não excedendo 60 mg/min; concentrações maiores
podem causar depressão respiratória. Recomenda-se suspender gradualmente a administração de
Fenobarbital, a fim de evitar sintomas de abstinência.
Reações adversas: lassidão, apreensão, insegurança, tontura, sonolência, “ressaca”.
Efeitos colaterais: dose excessiva pode levar à intoxicação barbitúrica, caracterizada por diminuição
dos reflexos, miose, bradpinéia, coma.

ÖFenitoína

Nome comercial: Hidantal, Epelin, Taludon.


Apresentação: Comprimidos, 50 , 100, 200 mg; Suspensão, 10 mg/ml; Solução injetável, 0,05
mg/ml.
Dose: a critério médico.
Contra-indicação: comprometimento da função cardíaca.
Administração: via oral e endovenosa.
Precauções: ingerir com alimentos para diminuir a irritação gástrica e aumentar a absorção. A
administração endovenosa deve ser feita em veias calibrosas.
Reações adversas: distúrbios gastrintestinais, tontura, sonolência, nistagmo, atacia, hiperplasia das
gengivas.
Cuidados:
• aplicar lentamente, para evitar hipotensão aguda.
• Observar sinais de flebite no local de aplicação, pois é uma droga irritante;
• não deve ser administrada com soro glicosado, porque ocorre precipitação da droga;
• administração sempre com prescrição médica;
• orientar o paciente para não ingerir bebida alcoólica durante o tratamento, pois o álcool pode
potencializar a ação da droga.

ÖPrimidona

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 246 NOÇÕES DE FARMACOLOGIA

Nome comercial: Primidona, Mysoline.


Posologia: 10 a 25 mg/Kg/dia, de 8/8 horas ou 12/12 horas.
Via de administração: oral.
Efeitos colaterais: sonolência, ataxia, vertigens, distúrbios gastrintestinais, alopecia, leucopenia,
alterações de personalidade, diplopia.

ÖCarbamazepina

Nome comercial: Tegretard, Tegretol.


Apresentação: comprimidos, 200, 400 mg.
Dose: a critério médico.
Contra-indicação: crise de ausência atípica ou generalizada, convulsões, bloqueio atrioventricular.
Administração: via oral.
Precauções: ingerir com alimentos para amenizar a irritação gastrintestinal. A suspensão abrupta, no
caso de tratamento epilético, pode resultar no aparecimento de convulsões. Evitar o uso de bebidas
alcoólicas. Evitar atividades em que a falta de atenção aumenta o risco de acidentes.
Reações adversas: mais comuns são erupções cutâneas, insegurança, confusão mental, tontura,
sonolência, náuseas, vômitos, visão turva ou diplopia, nistagmo.

ÖClonazepan

Nome comercial: Rivotril.


Posologia: início 0,5 mg, três vezes ao dia, aumentando de 0,5 a 1 mg a cada 3 dias, até conseguir o
controle das crises convulsivas.
Via de administração: oral.
Precauções: evitar álcool e outros depressores de sistema nervoso central durante o tratamento.
Apresentação: gotas 2,5 mg/ml e comprimidos de 0,5 e mg.

10. Analgésicos, antitérmicos e antiinflamatórios

10.1. Não-opiáceos

ÖÁcido Acetilsalicílico

Nome comercial: AAS, Aspirina, Alidor, Ecasil, Ronal, Endosprin.


Indicações: analgésico, antipirético e antiagregante plaquetário.
Contra-indicações: gastrite, úlcera péptica, lesões hepáticas graves, hemofilia.
Posologia:
• adultos: 2 a 6 comprimidos de 500 mg/dia, a cada 4 ou 6 horas;
• crianças: ação antipirética ou analgésica: 30 a 65 mg/Kg/dia, em doses parceladas a cada 4
ou 6 horas.
Via de administração: oral.
Efeitos colaterais: dor epigástrica, náuseas, vômitos, úlcera gástrica, aumento do tempo de
sangramento, hepatotoxicidade.
Apresentação: comprimidos, de 100 mg ou 500 mg; gotas, 10 mg/gota (Endosprin).

ÖAcetaminofen

Nome comercial: Dórico, Tylenol, Parador.

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 247 NOÇÕES DE FARMACOLOGIA
Indicações: analgésico e antitérmico.
Contra-indicações: geralmente é bem tolerado em doses terapêuticas.
Posologia: 325 a 650 mg/dose, de 4 ou 6 horas, dose máxima de 4 g/dia.
Via de administração: oral.

ÖDipirona

Nome comercial: Conmel, Dipirona, Magnopyrol, Novalgina.


Indicações: analgésico e antitérmico.
Posologia: 20 – 30 gotas até 4 vezes/dia.
Via de administração: oral, parenteral e retal.

ÖDiclofenaco

Nome comercial: Artren, Cataflan, Fenaren, Flogan, Voltaren.


Posologia:
• crianças acima de 1 ano: 0,5 a 2,0 mg/Kg/dose, de 8/8 horas ou 12/12 horas;
• acima de 12 anos: 50 mg, de 8/8 horas ou de 12/12 horas.
Via de administração: oral, parenteral e tópico.
Precauções: pacientes com distúrbios gastrintestinais, antecedentes de úlcera péptica, doença de
Crohn, afecções hepáticas, cardíacas e renais.
Efeitos colaterais: dor epigástrica, náuseas, vômitos, diarréia, cefaléia, vertigem, erupções cutâneas.
Contra-indicações: úlcera gastroduodenal.

10.2. Opiáceos

Medicamento analgésico, derivado do ópio, produz dependência física e psíquica. Deve-se


dar especial atenção à depressão neurológica e respiratória. Podem ocorrer hipotensão e bradicardia.
Os medicamentos devem ser controlados e guardados em armário ou gaveta trancados à chave.

ÖMeperidina
Nome comercial: Dolantina. Dolosal, Demerol.
Indicações: produz alívio da dor, principalmente a visceral.
Posologia:
• criança: 1 a 1,5 mg/Kg.Dose máxima: 100 mg.
Via de administração: subcutânea, intramuscular e endovenosa.

ÖMorfina

Nome comercial: Cloridrato de morfina, Dimorf.


Indicações: pacientes que necessitam de analgesia potente durante tempo prolongado.
Posologia:
• crianças: 0,1 a 02 mg/Kg/dose; repetir, se houver necessidade, sem ultrapassar 1,5 mg/dia;
• adultos: 20 a 200 mg/dia.
Vias de administração: via oral, subcutânea e intramuscular.
Precauções: depressão respiratória, hipotensão grave.

ÖPropoxifeno

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 248 NOÇÕES DE FARMACOLOGIA
Nome comercial: Algafan injetável, Algafan (associação com Paracetamol), Doloxene A
(associação com Aspirina).
Posologia:
• crianças: 2 a 3 mg/Kg/dia, de 4/4 horas ou de 6/6 horas, sem ultrapassar 100/dose;
• adulto: 1 cápsula de 4/4 horas.
Via de administração: oral e intramuscular.
Efeitos colaterais: sonolência, tontura, cefaléia, distúrbios gastrintestinais
Cuidados: não ingerir bebida alcoólica durante o seu uso, porque pode potencializar os efeitos
depressivos.

ÖTramadol

Nome comercial: Sylador, Tramal.


Indicações: dor aguda ou crônica, grave e moderada, em procedimentos diagnósticos dolorosos e
dor após cirurgia.
Contra-indicações: intoxicação aguda ao álcool, hipnóticos, analgésicos ou outras drogas de ação no
sistema nervoso central.
Posologia: 5 mg/Kg/dia. Máximo, 400 mg/dia.
Via de administração: oral, retal, parenteral.

10.3. Antiinflamatórios

ÖBenzidamina

Nome comercial: Benflogin, Benzitrat.


Posologia:
• crianças: até 6 anos: 1,5 mg/Kg/dose, a cada 6 ou 8 horas;
• crianças de 6 a 14 anos: 50 mg/Kg/peso, a cada 12/12 ou 24/24 horas;
• acima de 14 anos: 50 mg/dose, cada 6/6 ou 8/8 horas.
Via de administração: V.O

10.4. Antiespasmódicos

10.4.1. Não-associados

ÖDiciclomina

Nome comercial: Bentyl.


Posologia:
• lactentes: 5 mg, de 6/6 ou de 8/8 horas;
• crianças: 10 mg de 6/6 ou de 8/8 horas.
Via de administração: oral
Apresentação: frascos com 20 mg/ml.

ÖHioscina

Nome comercial: Buscopan.


Posologia:
• crianças acima de 1 ano: 10 a 20 gotas/dose de 8/8 horas;

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• adultos: 30 gotas/dose de 8/8 horas.
Vias de administração: oral, intramuscular e endovenosa.
Apresentação: drágeas, 10 mg; soluçai oral, 10 mg/ml; ampolas, 20 mg/ml.

ÖHomatropina

Nome comercial: Novatropina.


Posologia:
• lactentes: 0,3 mg/dose, de 4/4 ou 6/6 horas;
• crianças: 3 a 6 mg/dose, de 4/4 ou em 6/6 horas.
Via de administração: oral.
Apresentação: frascos 2 mg/ml.

10.4.2. Associados

ÖBuscopan

Associado com Brometo de N-butiescopolamina e Dipirona sódica.


Apresentação: drágeas, ampolas supositórios e solução oral.

ÖLisador

Associado com Dipirona.


Apresentação: gotas, supositório, comprimido e ampola.

11. Insulina e hipoglicemiantes orais

ÖInsulina

A insulina é um hormônio que possui no metabolismo do açúcar e é secretada pelas células-beta


das ilhotas de langerhans do pâncreas.
Tipos de insulina:
1. Quanto à origem: humana, bovina ou suína.
2. Quanto ao tempo de ação:
• insulina regular ou simples:
É rapidamente absorvida pelo organismo e o seu efeito após aplicação subcutânea se manifesta
dentro de meia hora. Por ter ação rápida, a insulina regular é indicada no tratamento da acidose
diabética. Pode se aplicada por via endovenosa e também em associação com insulina NPH;
• insulina lenta ou NPH:
É insulina modificada que retarda sua absorção, sendo liberada lentamente prolongando sua
ação.
• insulina ultralenta:
É de ação lenta, iniciando-se em torno de 4 horas.
O tratamento habitual com insulina consiste na aplicação de dose única, diária, de insulina NPH,
por via subcutânea, antes do desjejum.

ÖHipoglicemiantes orais

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Os hipoglicemiantes orais são eficientes no tratamento da diabetes de adultos, porém não de
jovens. A droga não pe derivada da insulina. Não possui efeito satisfatório quando houver
quadro infeccioso, sendo muitas vezes necessária a utilização de insulina.
Os hipoglicemiantes orais mais conhecidos comercialmente são:
• clorpropamida: Diabinese;
• glipizida: Minidiab;
• sulfoniluréias: Daonil.

Insulina Tempo de ação


Início Pico Duração
Regular ½ - 1h 2–4h 6–7h
NPH/lenta 1–3h 8 – 12 h 20 – 24 h
80% NPH / 20% regular ½-1h 2 – 12 h 20 – 24 h
70% NPH / 30% regular ½-1h 2 – 12 h 20 – 24 h
Ultralenta 4–6h 12 – 16 h + de 24 h
Fonte: Boletim informativo do Laboratório Biobrás.

Cuidados que devem ser observados:


• aplicar a insulina com seringa apropriada, descartável;
• rodar o frasco entre as mãos para homogeneizar a solução. As insulinas modificadas
possuem um precipitado que deve estar bem misturado no momento da aplicação;
• fazer rodíxio dos locais de aplicação para evitar lipodistrofias (depressões côncavas na pele);
• guardar o frasco de insulina reserva em geladeira (2 a 8ºC). Nunca congelar;
• o frasco de insulina em uso pode ser mantido em lugar fresco e livre de luz direta, à
temperatura ambiente (de 15 a 30ºC);
• orientar os pacientes quanto a:
- situações que predispõem à hipoglicemia: atraso ou supressão de refeições, aumento de
exercícios físicos, dosagem e excessiva de insulina administrada, melhora na tolerância à
glicose. As reações hipoglicêmicas podem se manifestar 1 a 3 horas após a aplicação de
insulina regular, 4 a 18 horas após NPH e 18 a 30 horas após a insulina protamina zinco.
Os sinais e sintomas incluem: sudorese, palidez, tremor, ansiedade, taquicardia,
palpitação, cefaléia, alterações emocionais, dormência dos lábios e na língua, fala
arrastada, marcha cambaleante, sonolência, convulsão e eventualmente coma.
- Necessidade de usas cartão de identificação, indicando que é diabético.
- Medidas de prevenção de hipoglicemia: obedecer rigorosamente o horário das refeições;
ter hábitos regulares na realização de exercícios físicos;evitar intervalos longos entre
uma refeição e outra, atentando-se para manter lanche da tarde e antes de dormir; andar
sempre com balas açucaradas para ingerir quando houver ameaças de hipoglicemia.
- Necessidade de seguir a dieta prescrita, bem como os exercícios recomendados, para
manter o equilíbrio com o tratamento medicamentoso;
- Orientar a treinas o paciente quanto à técnica da auto-aplicação tão logo seja indicada a
insulinoterapia.
- Controle sistemático da glicosúria e cetonúria.
- Controle periódico de glicemia.

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12. Corticosteróides

ÖHidrocortisona

Nome comercial: Flebocortid, Solu-Cortef, Cortisonal.


Posologia: 100 a 500 mg de 6/6 horas.
Via de administração: endovenosa.
Apresentação: frasco – ampola de 100, 300 e 500 mg.

ÖMetilprednisolona

Nome comercial: Dep-Medrol.


Posologia:
• oral: 1 mg/Kg/dia;
• intramuscular: 10 a 40 mg em aplicação única.
Apresentação: frasco – ampola de 40 mg/2 ml.

ÖDexametasona

Nome comercial: Decadron, Decadronal, Dexametasona.


Posologia: a critério médico.
Via de administração: oral, intramuscular e endovenosa.
Apresentação: comprimido, de 0,5 mg, 0,75 mg e 4 mg; elixir, 0,5 mg/5ml; ampola, de 2 mg,
frasco-ampola de 4 mg e frasco-ampola de 8mg/ml.

ÖPrednisina

Nome comercial: Meticorten.


Posologia: 1 a 2 mg/Kg/dia, em dose única.
Via de administração: oral.
Apresentação:comprimidos de 5 mg e 20 mg.

ÖBetametasona

Nome comercial: Betnelan, Celestone.


Posologia:
• via oral: 0,5 a 6 mg/dia;
• via de administração: oral ou intramuscular.
Apresentação: comprimido de 0,5 mg e 2 mg; elixir de 0,5 mg/5 ml; gotas de 0,5 mg/20 gotas;
ampolas de 4 mg.

Cuidados que devem ser observados:

• controle de peso diário. O aumento de peso em pacientes que fazem uso de corticorteróides
pode ser indício de edema, devido à retenção de sódio e água;
• controle freqüente da pressão arterial, pois os pacientes submetidos a terapia com
corticosteróides estão propensos a apresentar hipertensão;
• é comum, como medida preventiva , a indicação de dieta hipossódica ou assódica. Muitos
pacientes apresentam dificuldades em aceitar este tipo de restrição, sendo importante a
atuação da enfermagem para auxilia-los a superar ou amenizar este tipo de problema. Certos

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artifícios como uma boa apresentação do prato, disposição dos alimentos em pequenas
porções, melhoria do sabor através de limão, picles, etc., muitas vezes dão resultados
satisfatórios;
• a administração por via oral deve ser acompanhada de leite, para amenizar o desconforto e
as complicações gástricas. Além disso, os medicamentos antiácidos são associados à
terapêutica com corticosteróides, sejam estes administrados por via oral ou parenteral;
• observar sinais e sintomas de hipernatremia; cefaléia, hipertensão arterial, sede excessiva,
alterações de consciência;
• vigilância quanto a líquidos ingeridos e eliminados. Estabelecer controle hídrico, conforme a
orientação médica;
• observar alterações de comportamento, como flutuações de humos, alucinações,
irritabilidade, agressividade, apatia, depressão, insônia;
• observar o aparecimento de alterações como hirsutismo, acne, “cara de lua cheia”. Orientar
o paciente a não espremer ou coçar acne com as unhas, para evitar infecção local. Muitos
pacientes sentem-se desorientados e preocupados com a sua autoimagem, apresentando uma
certa resistência quanto à aceitação do tratamento. O esclarecimento quanto a estes aspectos
é importante, principalmente no que se refere à regressão dessas alterações após a suspensão
do medicamento;
• a suspensão do medicamento deve ser feita gradativamente e não de forma abrupta, para
evitar insuficiência aguda da função cortical adrenal.

13. Cardiotônicos

Cardiotônicos são substâncias que aumentam a força de contração miocárdica (ação


inotrópica positiva). A restauração do trabalho cardíaco promove a redução da estase venosa. Os
cardiotônicos são representados principalmente pelo grupo dos digitálicos, extraídos das plantas do
gênero Digitalis, Strophantus e Scilla. Sua ação está relacionada com uma série de substâncias, sob
a denominação comum de glicosídeos, representados principalmente pela digoxina, lanatosídeo C,
estrofantina K, estrofantina G. Os digitálicos são indicados para o tratamento de insuficiência
cardíaca congestiva (ICC) e certas arritmias (taquicardia atrial, fibrilação e flutter atrial).
Os digitálicos devem ser utilizados com muito cuidado em pacientes com insuficiência
renal, hipocalcemia e hipocalemia.
Efeitos colaterais: intoxicação digitálica, devida à dose excessiva, ou efeito cumulativo de
doses de manutenção usadas por longos períodos ou concomitantes a diuréticos. A margem de
segurança dos digitálicos é menor quanto a mais grave a cardiopatia, e em situações como a
hipocalemia e hipocalcemia.
Sinais de intoxicação digitálica: náuseas, vômitos, sialorréia, diarréia, cefaléia, sonolência,
prostação, alterações do ritmo cardíaco, como bradicardia, extra-sístoles ventriculares, taquicardia
atrial, bloqueio atrioventricular total, fibrilação ventricular.

A) Principais digitálicos

ÖLanatosídeo C

Nome comercial: Cedilanide.


Apresentação: ampolas de 2 ml. Utilizada principalmente em situações de emergência, por ser uma
droga de ação rápida. Inicia o efeito entre 10 e 15 minutos em aplicação endovenosa e atinge o
máximo entre 1 e 2 horas. O lanatosídeo C é pouco absorvido pela mucosa gástrica.

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ÖDigoxina

Nome comercial: Digitalina, Digitoxina.


Indicada por via ora, possui efeito prolongado.
Cuidados que devem ser observados:
• verificar pulso antes da administração de digitálicos, pois são drogas que induzem à
bradicardia;
• se a freqüência cardíaca estiver igual ou abaixo de 60 batimentos por minuto, deve-se
procurar orientação médica;
• averiguar qualquer sinal ou sintoma de intoxicação digitálica, antes da administração da
droga;
• a administração dos digitálicos deve ser feita com a prescrição do dia, após a reavaliação do
paciente pelo médico;
• manter vigilância em relação à diurese do paciente, pois é através da urina que os digitálicos
são eliminados. A estreita margem de segurança e efeito cumultivo da droga favorecem a
intoxicação, se esta não for adequadamente excretada;
• colher e encaminhar amostra de sangue para dosagem periódica de potássio sério, conforme
a orientação médica. A hipopotassemia predispõe à intoxicação digitálica;
• exceto em situações de emergência é indicada a administração de digitálicos no período
matutino, pois em alguns pacientes pode provocar insônia;
• a aplicação endovenosa deve ser feita lentamente, observando-se as reações do paciente.
Recomenda-se que o paciente esteja monitorado.

Cuidados que devem ser observados na intoxicação digitálica:


• monitorização cardíaca, com o paciente em repouso no leito. Estar atento a qualquer
alteração no ritmo cardíaco; na intoxicação digitálica é comum surgirem estra-sístoles
ventriculares esparsas ou na proporção de 1 batimento normal para 1 extra-sístole
(bigeminismo). Nestes casos, pode-se desencadear “salva” de extra-sístoles (várias extra-
sístoles seguidas, sem intercalar com o batimento normal) ou fibrilação ventricular;
• ter cuidados específicos na administração de drogas antiarrítimicas;
• colher e encaminhar amostra de sangue para controle de potássio sérico, conforme
orientação médica. Alterações o valor normal devem ser imediatamente comunicados ao
médico;
• auxiliar o paciente nos cuidados referentes à alimentação, higiene, eliminação, enquanto
permanecer acamado;
• controlar ou manter vigilância quanto a líquidos ingeridos e líquidos eliminados.
B) Dobutamina (Dobutrex)
Cardiotônico não digitálico, estimulante betacardíaco.
Indicação: terapêutica parenteral, em casos de descompensação cardíaca, devido à diminuição da
contratilidade.
Posologia: infusão venosa de 2,5 a 10 mcg/Kg/minuto (2 ampolas em 250 ml).
Reações adversas: inflamação e flebite no local da infusão, aumento da atividade ectópica
ventricular, relacionado com a dose.
Precauções: monitoração eletrocardiográfica e da pressão arterial.

14. Antiarrítimicos

Antiarrítimicos são medicamentos que melhoram ou interrompem as arritmias cardíacas. As


arritmias podem estar relacionadas a anomalias na formação do impulso, defeitos de condução,
alteração na excitabilidade e na força de contração miocárdica.

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Principais antiarrítmicos:
• Digitálicos: usados como antiarrítimicos em casos de arritmias supraventriculares:
taquicardia atrial, fibrilação atrial e fluter atrial. Agem deprimindo a condutibilidade
miocárcida e retardam a condução AV (antrioventricular). Possuem ainda, ação inotrópica
positiva, aumentando a força de contração do coração.

ÖPropanolol

Nome comercial: Ideral, Aptine, Eraldin.


Indicação: é um medicamento betabloqueador, que diminui o ritmo sinusal, sendo indicado no
tratamento das arritmias supraventriculares.
Contra-indicação: em pacientes com bradicardia sinusal, bloqueio AV, insuficiência cardíaca,
choque cardiogênico, asma brônquica. Sua administração deve ser cuidadosa em pacientes que
apresentam hepatopatias e nefropatias.
Efeitos colaterais: hipotensão, bradicardia, náuseas, vômitos, diarréia ou obstipação intestinal,
erupções cutâneas, perturbações visuais, depressão mental. A administração endovenosa pode
desencadear broncoespasmo.

ÖQuinidina

Nome comercial: Quinicardine, Quinidex, Quinidine.


Indicação: em arritmias do tipo fibrilação e flutter atrial, taquicardia paroxística supra-ventricular.
Ação: age diminuindo a excitabilidade e retardando o período refratário da fibra cardíaca.
Efeitos colaterais: em função da dose administrada, pode ocasionar intensa cardiotoxicidade, de
maneira que o tratamento deve ser monitorado.

ÖProcainamida

Nome comercial: Procamide.


Ação: diminui a excitabilidade miocárdica e retarda a condução de estímulos AV.
Indicação: arritmias ventriculares.
Efeitos colaterais: distúrbios gastrintestinais, erupções cutâneas.

ÖAmiodarona

Indicações: tratamento profilático da taquicardia supraventricular paroxística, associada à síndrome


de WPW, e também nas arritmias ventriculares.
Via de administração: oral.
Efeitos colaterais: incidência baixa, relacionados ao aparelho cardiocirculatório.

ÖLidocaína

Nome comercial: Xylocard, Xylocaína sem vasoconstritor.


Indicações: no tratamento emergencial de extra-sístoles e taquicardia ventricular.
Via de administração: pode ser aplicada por via endovenosa direta (em bolo) ou diluída em soro
glicosado a 5%.pode também ser aplicada por via intramuscular.
Contra-indicação: em caso de bloqueios e com cuidado em pacientes com hepatopatias.
Efeitos colaterais: ação sobre o sistema nervoso central: sonolência, confusão mental, vômitos,
parestesias, visão turva.

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ÖIsoproterenol

Nome comercial: Isuprel.


Indicação: tratamento de bloqueio atrioventricular total ou parcial. É também utilizado no
tratamento do choque cardiogênico, porque aumenta o débito cardíaco e diminui a resistência
vascular periférica.
Contra-indicação: em pacientes coronarianos, porque é uma droga que aumenta o consumo de
oxigênio pela musculatura cardíaca.
Administração: deve ser usado em infusão venosa em soro glicosado, com controle por meio de
bomba de infusão.
Efeitos colaterais: cefaléia, tontura, taquicardia, extra-sístoles.

ÖFenitoína

Nome comercial: Hidantal.


Indicação: tratamento das arritmias ventriculares, principalmente ocasionadas por intoxicação
digitálica; profilaxia de taquiarritmias ventriculares pós-infarto do miocárdio.
Administração: 200 a 500 mg/dia para manutenção, em infusão salina, gota a gota.
Efeitos colaterais: administração rápida endovenosa (+ que 50 mg/minuto) pode levar a hipotensão
arterial, arritmias e parada respiratória. Tontura, vertigem, ataxia, tremores, nistagmo, diplopia,
visão turva, sedação.

Cuidados que devem ser observados:


• controle de pulso e pressão arterial, antes e após a administração do medicamento. A pressão
arterial deve ser controlada com o paciente na posição deitada e em pé, devido à hipotensão
postural;
• observar reações colaterais e sinais de intoxicação. Comunicar o médico ou o enfermeiro;
• a administração de antiarrítmicos por via parenteral deve ser feita com o paciente
monitorado. Durante o uso de antiarrítmicos, é feito controle e avaliação através de
eletrocardiograma;
• quando a droga for administrada por meio de infusão venosa, deve-se usar bomba de infusão
para controle rigoroso do gotejamento;
• observar quadro de confusão mental; se necessário colocar o paciente em cama com grades e
restringi-lo no leito;
• deixar o material de emergência em local de fácil acesso.

15. Anto-hipertensivos

ÖDiazóxido

Nome comercial: Pressuren.


Ação: potente anti-hipertensivo, age sobre a musculatura lida da parede das arteríolas.
Indicação: usado em situações de emergência, principalmente em casos de hipertensão grave,
rebelde a outros tratamentos medicamentosos.
Vias de administração: é de uso exclusivo endovenoso, em bolo. Possui efeito pouco duradouro,
havendo-se a necessidade de outros medicamentos anti-hipertensivos para a manutenção.
Posologia: 1 mg/Kg, pode ser repetida a mesma dosagem após 10 a 15 minutos.
A resposta hipotensora ocorre em 3 a 5 minutos.
Efeitos colaterais: retenção de sódio e água, sendo utilizado com furosemide, hipotensão postural,
distúrbios gastrintestinais, cefaléia, rubor, erupções cutâneas.

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Contra-indicação: infarto agudo do miocárdio, insuficiência coronariana, feocromocitoma, diabetes
desconpensado.

ÖNitroprussiato de sódio

Nome comercial: Nipride.


Indicação: potente anti-hipertensivo, indicado em casos de hipertensão grave, rebelde a outros
tratamentos medicamentosos. Vias de administração: em forma de infusão venosa, apresenta efeito
imediato, porém fugaz: a velocidade do gotejamento deve ser avaliada constantemente,
correlacionando-se com os valores da pressão arterial. A solução vai perdendo seu efeito
gradativamente, devendo ser substituída em média, após 4 horas.
Posologia: 25 a 50 mcg/minuto.
Precauções: a luz inativa a droga, recomendando-se o uso de equipo próprio (escuro).
Contra-indicação: insuficiência hepática.
Efeitos colaterais: tonturas, cefaléia, palpitações, distúrbios gastrintestinais, taquicardia.

ÖMetildopa

Nome comercial: Aldomet, Hydromet.


Via de administração: oral.
Posologia: 250 mg, 2 a 3 vezes ao dia. Não é recomendável ultrapassar 3 g/dia.
Ação: inicia a ação aproximadamente 4 horas após a ingestão. Ocorre a potencialização quando
associado a um diurético.
Efeitos colaterais: sonolência, cefaléia, hipotensão postural, distúrbios gastrintestinais, bradicardia.

ÖGuanetidina

Nome comercial: Ismelina.


Ação: inicia a sua ação tardiamente (1 a 2 dias após a ingestão), com duração do efeito até uma
semana após.
Via de administração: via oral. Efeitos colaterais: sonolência, hipotensão postural, retenção de sódio
e água, fraqueza, podendo apresentar distúrbios gastrintestinais.

ÖPrazosin

Nome comercial: Minipress.


Via de administração: via oral.
Efeitos colaterais: hipotensão, cefaléia, náuseas, zumbido, edema.

Cuidados que devem ser observados em pacientes submetidos a tratamento com anti-hipertensivos:

• controle freqüente da pressão arterial, com o paciente na posição sentada e deitada, pois, na
sua maioria, as drogas anti-hipertensivas provocam hipotensão e lipotímia;
• observar sinais e sintomas de efeitos colaterais; comunicar o enfermeiro ou o médico,
registrando as anormalidades e as providências tomadas na papeleta;
• controlar diurese em pacientes que fazem uso de diuréticos associados a anti-hipertensivos;
• paciente que recebeu diazóxido deve permanecer em repouso no leito, em razão da
hipotensão postural;
• usar equipo de microgotas para a aplicação de Nitroprussoato;

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• o controle de gotejamento de soro com Nitroprussiato deve ser rigoroso, assim como o
controle da pressão arterial; o soro e o equipo devem estar protegidos da ação da luz.

16. Vasodilatadores

Atuam sobre as arteríolas, promovendo a vasodilatação e melhorando o fluxo sanguíneo


tecidual. Os vasodilatadores podem agir sobre qualquer região do sistema circulatório (gerais) ou
especificamente em determinados locais, como vasos coronarianos, cerebrais ou periféricos
(seletivos).

ÖNome comercial: Hydergine

Ação: vasodilatação de vasos periféricos, associada à ação hipotensora.


Indicação: tromboangeíte obliterante, doença de Raynoud e doenças do colágeno.

ÖCloridrato de isoxsuprina

Nome comercial: Duvadilan.

ÖSulfato de butilsimpatol

Nome comercial: Vasculat.

ÖCloridrato de nilidrina

Nome comercial: Arlidin.

ÖNaftidrofuril

Nome comercial: Iridux.

Via de administração: via oral e através de infusão venosa.

ÖCinarizina

Nome comercial: Sugeron.


Ação: vasodilatador cerebral.

ÖDipiridamol

Nome comercial: Persantin.


Ação: vasodilatadora sobre as coronárias e antiagregante plaquetário.
Indicação: insuficiência coronariana, infarto agudo do miocárdio.
Via de administração: via oral e parenteral.
Efeitos colaterais: cefaléia, distúrbios gastrintestinais.

ÖDinitrato de isso-sorbitol

Nome comercal: Isordil, Astridine.

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Ação: vasodilatador coroniano.
Indicação: tratamento e prevenção de angina de peito e infarto do miocárdio.
Via de administração:oral ou sublingual.
Efeitos colaterais: cefaléia, vertigens, hipotensão arterial.

ÖNifedipina

Nome comercial: Adalat.


Indicação: angina de esforço e insuficiência coroniana.
Contra indicação: gestantes.

ÖCloridrato de Buflomedil

Nome comercial: Bufedil.


Indicação: tratamento de arterioscleose, arterites, insuficiência vascular periférica e insuficiência
cerebrovascular, doença de Raynoud.
Contra-indicação: no primeiro trimestre de gravidez, após parto e em situações em que há
hemorragia arterial importante.
Via de administração: oral e parenteral.
Efeitos colaterais: cefaléia, distúrbios gastrintestinais, vertigens, hipotensão, rubor cutâneo.

Cuidados que devem ser observados em pacientes submetidos a tratamento com anti-hipertensivos:
• controle e pressão arterial com o paciente em pé e deitado;
• controle de pulso;
• orientar o paciente a permanecer sentado por alguns minutos, antes de levantar-se, pois
poderá apresentar hipotensão postural;
• observar os efeitos colaterais do medicamento, comunicando ao enfermeiro ou ao médico, se
houve qualquer anormalidade.

17. Vasopressores

ÖDopamina

Nome comercial: Revivan.


Indicação: no tratamento do choque cardiogênico, insuficiência cardíaca congestiva, hipotensão
aguda.
Ação: apenas enquanto está sendo administrada. Melhora sensivelmente o débito cardíaco e o fluxo
sanguíneo nesentérico e renal, restabelecendo a diurese.
Via de administração: via endovenosa, em infusão contínua através de cateter central, tendo-se o
cuidado de evitar seu extravasamento, porque pode determinar lesão tecidual. Deve ser infundida
com bomba de infusão. A droga deve ser reduzida gradativamente para evitar hipotensão grave.
Reações adversas: dor no peito, dispnéia, taquicardia, palpitação, arritmias, em doses elevadas.

ÖEpinefrina

Nome comercial: Adrenalina.


Indicação: tratamento do broncoespasmo, choque anafilático, para cardiorespiratória.
Via de aplicação: subcutânea, endotraqueal, endovenosa.
Efeitos colaterais: ansiedade, cefaléia, tontura, tremores, palpitações, taquicardia, arritmia.

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 259 NOÇÕES DE FARMACOLOGIA
ÖNorepinefrina

Nome comercial: Levofed.


Indicação: tratamento do choque.
Via de administração: endovenosa, através de infusão venosa lenta e contínua, em bomba de
infusão.

Cuidados que devem ser observados em pacientes submetidos a tratamento com vasopressores:
• controlar rigorosamente os parâmetros: pressão arterial, pulso, diurese e perfusão periférica;
• nas infusões venosas com drogas vasoativas, deve-se sempre utilizar bomba de infusão para
evitar acidentes relativos à superdosagem;
• usar um acesso exclusivamente para o soro com droga vasoativa;
• a noradrenalina deve ser diluída em soro glicosado, porque em solução fisiológica perde o
seu efeito;
• observar as reações colaterais.

18. Anticoagulantes

ÖLiquemine: Heparina

Indicação: prevenir ou controlar fenômenos tromboembólicos, como trombose venosa profunda,


trombose arterial aguda, embolia pulmonar, infarto do miocárdio e também em casos de coagulação
intravascular disseminada.
Via de administração: endovenosa e subcutânea. A via oral não é utilizada, pois ocorre inativação
da droga.
Antídoto: sulfato de protamina.

ÖFenindiona

Nome comercial: Dindevan.


Ação: anticoagulante sintético, manifesta seus efeitos 12 horas após a administração e efeito
máximo entre 24 e 36 horas.
Via de administração: oral.

ÖAnticoagulantes tópicos

Nome comercial: Hirudoid, Lasonil, Trombofob.


Indicação: uso tópico em casos de hematomas, tromboflebites, contusões etc..

19. Antitussígenos e mucolíticos

ÖAcetil cisteína

Nome comercial: Fluimicil: envelope infantil de 100 mg, ampola a 10%, 300 mg/3 ml, ampola
20%, 400 mg/3 ml.
Vias de administração: oral e inalatória.
Posologia: 100 a 150 mg de 12/12 horas.

ÖBromidrato de dextrometorfano

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 260 NOÇÕES DE FARMACOLOGIA
Nome comercial: Silencium.
Posologia:
• crianças de 6 a 12 anos: 5 mg, de 4/4 horas;
• crianças acima de 12 anos e adultos: 10 mg, de 4/4 horas.
Apresentação: xarope.

ÖCarbocisteína

Nome comercial: Lisaflux, Mucofan, Mucoflux, Mucolitic, Mucolisil.


Posologia:
• xarope: crianças de 1 a 5 anos: 2,5 ml de 8/8 ou 12/12 horas: crianças de 6 a 12 anos: 5 ml
de 8/8 horas
• gotas: crianças de 1 a 5 anos: 2 gotas/Kg, de 8/8 horas.
Via de administração: oral.
Apresentação: xarope de 100 e 250 mg/5ml e gotas de 50 mg/ml.

ÖClobutinol

Nome comercial: Belacodid, Codelasa.


Via de administração: oral.
Apresentação: xarope 40 mg/10 ml.

ÖCodeína

Nome comercial: Belacodic, Codelasa.


Via de administração: oral.
Apresentação: frasco.
Precauções: derivada do ópio, é contra-indicada em crianças menores de 2 anos de idade devido a
riscos de depressão respiratória.
Efeito adverso mais freqüente é o ressecamento de secreções.

ÖIodeto de potássio

Posologia:

• crianças: com mais de um ano. 30 a 50 mg/Kg/dia, em 3 a 4 vezes: não ultrapassar 1,0 g ao


dia;
• adultos: 300 mg, 3 a 4 vezes ao dia, com bastante água.
Contra-indicações: hipersensibilidade aos iodetos, hipertireoidismo, hipercalemia, tuberculose
pulmonar e insuficiência renal. Deve ser usado com cautela em crianças e adolescentes.
Precauções: não se recomenda a gestantes, pois pode ocasionar disfunção tireoidiana em recém-
nascidos e em adolescentes, acne.

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Apresentação: frascos com 150 ml.

20. Broncodilatadores

ÖEpinefrina

Nome comercial: Adrenalina.


Posologia: ,01 ml/Kg/dose, máximo 0,3 ml.
Via de administração: subcutânea.
Apresentação: ampolas de 0,25, a 0,5 e 1 mg.
Indicação: crise asmática.
Precauções: controlar a freqüência cardíaca antes da sua administração, notificando o médico em
casos de taquicardia.

ÖIsoproterenol

Nome comercial: Aleudrin, Isuprel.


Via de administração: comum, por via inalatória.
Efeitos colaterais: taquicardia e arritmias em casos de uso abusivo das soluções em embalagem tipo
spray (“bombinhas”).

ÖAminofilina

Indicação: bronquite asmática, edema agudo de pulmão de origem cardíaca.


Posologia: a critério médico.
Efeitos colaterais: náuseas, vômitos, diarréia, irritabilidade, insônia, tonturas, são os sinais mais
freqüentes. Em casos de falência cardíaca, o risco de toxidade é maior.
Vias de administração: oral e endovenosa.
Precauções; a administração endovenosa direta (em bolo) deve ser feita com cautela, lentamente,
para evitar complicações como arritmias e convulsão, nem sempre precedida de sintomas
gastrintestinais. Recomenda-se evitar a via endovenosa direta, principalmente em cateteres venosos
centrais. A infusão venosa deve ser administrada em 30 minutos, em 50 ml ou mais de soro.

ÖFenoterol

Nome comercial: Berotec.


Posologia:
• inalação: 1 gota/3Kg, máximo de 10 gotas de 6/6 horas;
• oral: 0,2 mg/Kg/dose de 6/6 ou de 8/8 horas.

ÖIpratrópio, brometo

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 262 NOÇÕES DE FARMACOLOGIA

Nome comercial: Atrovent.


Vias de administração: inalatória e aerosol.
Posologia: a critério médico.
Apresentação: spray e gotas.

ÖSalbutamol

Nome comercial: Aerolin Salbutamol.


Vias de administração: oral, inalatória e intravenosa.
Posologia: a critério médico.
Apresentação: xarope, comprimido, spray, injetável.
Vias de administração: oral e inalatória.

ÖTeofilina

Nome comercial: Teofilina, Euflilin, Teolong.


Posologia: a critério médico.
Vias de administração: retal e oral.
Apresentação: supositório de 80 mg, cápsulas de 100, 200 e 300 mg, xarope de 100 mg/15 ml.

ÖTerbutalina

Nome comercial: Bricanyl.


Vias de administração: oral, inalatória e subcutânea.
Posologia:
• oral: ,075 mg/Kg/dose de 8/8 horas;
• inalação: 1 gota/5Kg (máximo de 10 gotas), de 6/6 horas;
• subcutânea: até 25 mcg/Kg/ dia de 6/6 horas.
Apresentação: comprimidos, xarope, gotas e injetável.

21. Diuréticos

• Tiazídicos e similares
Ação: agem aumentando a eliminação renal de sódio e água.
Via de administração: por se um medicamento bem absorvido por via oral, esta via de eleição para
sua administração. Sua ação se inicia em torno de uma hora após a ingestão, com duração bastante
variável, entre 6 horas até no máximo de 72 horas, conforme a droga.
Indicação: possui discreta ação anti-hipertensiva, sendo indicado isoladamente ou associado a droga
anti-hipertensiva em pacientes de hipertensão leve e moderada. Utilizado também para combater o
edema da síndrome nefrótica, associado a espironolactona. Em pacientes portadores de moléstia
renal grave e hepatopatias, o uso de tiazídicos deve ser feito com muito cuidado, para não agravar o
seu estado.
Efeitos colaterais mais freqüentes: distúrbios gastrintestinais como náuseas, vômitos, diarréia,
obstipação e cólicas abdominais, tontura, vertigens, hipotensão postural,, espasmos musculares.

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ÖHidroclorotiazida

Nome comercial: Clorana, Drenol, Moduretic 9associado a cloridrato de amilorida).


Posologia: 2 a 3 mg/Kg/dia de 12/12 horas.
Via de administração: oral.
Apresentação: comprimidos de 50 mg.

ÖClortalidona

Nome comercial: Clortalil, Higroton.


Posologia: 0,5 a 1 mg/Kg a cada 48 horas; dose máxima no período: 1,7 mg/Kg.
Via de administração: oral

• Diuréticos de alça (“teto alto”).

ÖFurosemida

Nome comercial: Furosemida, Lasix, Diurana (associado a triantereno).


Posologia: a critério médico.
Ação: considerados o mais potentes diuréticos utilizados por via oral.
Chamado diurético de alça porque age no ramo ascendente da alça Henle, bloqueando a reabsorção
de cloro e o sódio. Juntamente com o cloro e o sódio, ocorre também maior eliminação de potássio.
Via de administração: por via oral sua ação tem início em torno de 30 minutos, com efeito máximo
em 1 a 2 horas e duração de 4 a 8 horas. Na administração endovenosa, o efeito é muito rápido,
tendo início em 5 minutos e efeito máximo por volta de 30 minutos, e duração de 2 a 3 horas.
Indicação: tratamento de estados edematosos, como na insuficiência cardíaca congestiva, renal ou
hepática e endovenoso em situações que exigem diurese rápida como edema agudo de pulmão.
Efeitos colaterais: náuseas, vômitos, diarréia, erupções cutâneas, hipotensão postural, disfunção
hepática, depressão medular, hipopotassemia, hiperuricemia e hiperglicemia.
Apresentação: comprimidos de 40 mg, ampolas de 20 mg/2 ml, solução oral de 10 mg/ml;

• Poupadores de potássio

ÖEspironolactona

Nome comercial: Aldactone.


Ação: a espironolactona é uma antagonista competitiva da aldosterona, agindo, portanto, apenas em
sua presença. Provoca perda de sódio nos túbulos renais.
Via de administração: é bem absorvida por via oral, porém, os seus efeitos se manifestam
tardiamente (em média 3 dias), mantendo uma ação prolongada.
Indicação: principalmente em casos de síndrome nefrótica e cirrose hepática.
Geralmente, o seu uso se faz associado a outros diuréticos, como tiazídicos e diuréticos de alça.
Precauções: deve-se ter maior atenção quando usado em pacientes com insuficiência renal. Efeitos
colaterais: hiperpotassemia, náuseas, vômitos, cefaléia, sonolência, tonturas, ginecomastia.

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 264 NOÇÕES DE FARMACOLOGIA

• Diuréticos osmóticos

ÖManitol

Indicação: principalmente no tratamento de emergência em casos de edema cerebral e aumento de


pressão intra-ocular.
Via de administração: endovenosa. Deve-se ter cuidado pra evitar o extravasamento do líquido, pois
pode provocar necrose tecidual.
Efeitos colaterais: distúrbios gastrintestinais, cefaléia, tonturas,confusão mental.
Apresentação: Manitol a 20%, frascos de 250 ml.

ÖAlbumina humana

Via de administração: endovenosa.


Apresentação: solução injetável em frascos de infusão, com 50 ml a 20%.
Cuidados a serem observados durante o uso de diuréticos:
• controle diário de peso: permite avaliar se o medicamento está apresentando o efeito
desejado, pois a redução do peso do paciente indica a diminuição do edema. O controle de
peso é um indicador importante para a conduta médica quanto à manutenção, suspensão ou
alteração na dosagem do diurético;
• controle da pressão arterial: os diuréticos são drogas que podem levar a uma hipotensão
postural, além de serem utilizados em associação a ouras drogas como anti-hipertensivos e
cardiotônicos, que interferem diretamente na pressão arterial;
• como controle hídrico: costuma-se indicar o controle hídrico quando o diurético é utilizado
com a finalidade de diminuir o edema. Nesses casos, o controle refere-se a líquidos
ingeridos e eliminados, sendo feito o balanço geralmente a cada 24 horas, podendo-se
reduzir o espaço de tempo conforme a necessidade. Isto permite avaliar se está havendo ou
não retenção de líquidos e redirecionar a conduta médica;
• os diuréticos devem ser administrados seguindo-se a prescrição do dia e, de preferência, no
período da manhã, para não interferir com o sono e repouso do paciente no transcorrer da
noite;
• observar o paciente quanto à manifestação de efeitos colaterais, comunicando o médico e
registrando na papeleta;
• observar sinais de hipopotassemia: pulso filiforme, hipotensão arterial, câimbra, fraqueza,
respiração superficial, hipotonia muscular, sonolência. A depleção de potássio é mais
intensa em diuréticos de alça. Nestes casos, como medida preventiva, costuma-se orientar o
paciente a acrescentar na sua dieta alimentos ricos em potássio, ou associar potássio 9dráges
ou xarope) às refeições. O exame periódico de potássio sérico é fundamental e pacientes que
fazem uso de diuréticos associados a digitálicos, pois a hipopotassemia favorece a
intoxicação digitálica. O valor normal de potássio sperico é de 3,5 a 5,0 mEq/l;
• colher e encaminhar amostra de sangue para a dosagem de sódio sérico dos pacientes que
fazem uso prolongado de diuréticos, conforme orientação médica. O valor normal de sódio
sérico é de 135 mEq/l a 145 mEq/l.

22. Antieméticos

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 265 NOÇÕES DE FARMACOLOGIA

ÖMetoclopramida

Nome comercial: Plasil,, Eucil.


Indicação: náuseas e vômitos, distúrbios da motilidade gastrinstestinal.
Contra-indicação: síndrome d Stevens-Johnson, hipersensibilidade à droga, hemorragia
gastrintestinal, obstrução mecânica ou perfuração.
Vias de administração: oral, parenteral e retal.

ÖDimenidrinato

Nome comercial: Dramin, Dramin B6.


Vias de administração: oral e intramuscular.

23. Antiácidos

Indicação: neutralizar e remover o excesso de acidez do conteúdo gástrico.


Nome comercial: Hidróxido de magnésio, Hidróxido de alumínio, Carbonato de cálcio, Droxaine,
Kolantyl, Maalox.

24. Bloqueadores de receptor H2

Ação: antagoniza seletivamente a ação da histamina na secreção gástrica.

ÖCimetidina: tratamento eficaz da úlcera péptica.

Posologia: úlcera duodenal ativa: 800 mg/dia em duas vezes; manutenção, 400mg/dia ao deitar.
Indicação: úlcera gástrica e duodenal, hipersecreção gástrica.
Efeitos colaterais: diarréia, sonolência, confusão mental, cefaléia, rush cutâneo, diminuição da
capacidade mental.

ÖRanitidina: indicada na prevenção de úlcera de estresse, gastrite, úlcera gástrica e duodenal.

25. Catárticos

Indicação: facilita a evacuação e auxiliar o trânsito intestinal;


• formadores de massa: estimulam a motilidade intestinal, devido ao aumento do bolo fecal.
Exercem efeito laxativo, agem de modo semelhante ao fisiológico. Preparados de agarrar,
metilcelulose, carboximetilcelulose sódica;
• catárticos emolientes: lubrificam e amolecem as fezes; não estimulam o peristaltismo direta
ou reflexamente; vaselina líquida, óleos vegetais;
• catárticos osmóticos: são aqueles que retém água na luz do intestino, aumentando o volume
do bolo fecal e, assim, estimulando o peristaltismo;
• catárticos estimulante: estimulam diretamente a motilidade do intestino. Ex.: óleo de rícino.

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 266 NOÇÕES DE FARMACOLOGIA
Nome comercial: Agarol, Ducolax, Fleet enema, Lacto purga, Metamucil, Óleo mineral, supositório
de glicerina.

26. Constipantes

Também chamados de antidiarréicos, atualmente seu uso é pouco recomendado.

Ação: retardam o trânsito intestinal, diminuindo o conteúdo hídrico: atropina, papaverina, elixir
paregórico.

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 267 PSICOLOGIA APLICADA À ENFERMAGEM

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 268 PSICOLOGIA APLICADA À ENFERMAGEM

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 269 PSICOLOGIA APLICADA À ENFERMAGEM

Capítulo 1 - As questões emocionais do ambiente hospitalar

A rotina de um hospital moderno parece estar carregada de fatos envolvendo estas palavras -
doenças, mortes; saúde, vidas; que não são tão simples e tão fáceis de compreender.
Quando se pensa em doença, as associações que ocorrem são de grande complexidade. Ela
pode significar um estado temporário ou permanente de fragilidade, onde se perde tempo e dinheiro
e a rotina de uma vida normal com familiares e amigos, em caso de internação hospitalar. Estar
doente também faz nascer, em muitas pessoas, a ansiedade da possibilidade de morte, ou seja, da
limitação da vida. Enfim, a palavra doença carrega vários “sinônimos ocultos” : como fragilidade,
morte, ansiedade, saudade, dor, tempo e vários outros. Quando se trata da pessoa que está doente,
em um hospital, o sinônimo mais ouvido é o de “paciente”, porque é aquele que sofre e, por isso,
espera por cuidados que outros poderão proporcionar. Já no que se refere à saúde e à vida, o
hospital talvez tenha um clima subjetivo mais elaborado já que se trata do nascimento de bebês, da
cura de doenças e da “alta” dos pacientes, e também faz uma referência à recuperação e volta à
normalidade.
Percebe-se então, que entendendo melhor os significados destas palavras, que o trabalho no
hospital moderno consiste em lidar com fatos e sentimentos ambivalentes. Entender estes
sentimentos de ida e vinda da morte para vida, da vida para a morte, bem como eles atuam nos
personagens envolvidos no ambiente hospitalar – médicos, enfermeiros, paciente , familiares e o
psicólogo neste conflito, consistirá nos principais objetivos deste capítulo. Por isso, a fim de
facilitar esse entendimento, de início serão discutidas algumas mudanças que ocorreram na função
do hospital para a sociedade.
Adoecer nesta sociedade é, conseqüentemente, deixar de produzir; é vergonhoso; logo, deve
ser ocultado e excluído, até porque dificulta que outros, familiares e amigos, também produzam. “O
hospital faz o papel de recuperar quando possível e devolvendo sempre, com ou sem culpa, o doente
à sua situação anterior. Se um acidente de percurso acontece, administra o evento desmoralizador,
deixando que o mito da continuidade da produção transcorra silenciosa e discretamente”. Com
estas afirmações, percebe-se que, se adoecer é um estado de improdutividade e portanto
desmoralizador, o que se pode pensar da morte então?
Os sentimentos suscitados em médicos, enfermeiras e outras pessoas envolvidas com o
paciente, são muito fortes e contraditórios: piedade, compaixão, amor, culpa e ansiedade; ódio e
ressentimento contra os pacientes que fazem emergir esses sentimentos fortes, inclusive inveja ao
cuidado oferecido ao doente. O contato constante com essas emoções, originadas de situações
muitas vezes repulsivas e aterrorizantes, exige dos profissionais uma adequação prévia à escolha de
uma ocupação ou um exercício cotidiano de ajustes de estratégias defensivas ( mecanismos de
defesa).

Capítulo 2 - O Ser Doente

A doença produz, além das alterações orgânicas, perturbações na subjetividade do indivíduo


modificando seu comportamento, nos relacionamentos sociais. Então, a doença envolve pelo menos
dois sujeitos: o doente e o quem cuida dele. A grande maioria dos profissionais de saúde mantém
relacionamentos com seus clientes, mas muito poucos avaliam a intensidade das forças sociais que
estão alterando a prática da medicina quando usado o tipo de serviço de saúde humanizado.
É lamentável como a pessoa humana é esquecida. O paciente ao ser hospitalizado sofre um
processo de total despersonalização, deixa de ter o seu próprio nome e passa a ser um número de
leito ou então alguém portador de uma determinada patologia. Deixa de ter o significado próprio
para significar , a partir de diagnósticos realizados sobre sua patologia. Será que estamos seguros
que compreendemos um doente na sua própria realidade, tal como ele verdadeiramente é? Olhamos,
realmente, o significado que as coisas têm para ele, quer dizer, seu mundo? Será que temos

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 270 PSICOLOGIA APLICADA À ENFERMAGEM

buscado a estrutura básica da experiência imediata, da realidade vivida pelo doente? Ou estamos
interpretando-os à luz das nossas teorias e dos nossos própriosconflitos, de acordo com o nosso
mundo, sem pensar no que se passa com este ser que vivencia o seu “tempo doente” ? Poderíamos,
pelo menos imaginar, estar no lugar do outro para interpretá-lo? Como dizia Osler, é mais
importante saber que espécie de paciente tem uma doença, do que saber a espécie de doença que
tem o paciente.
O profissional de saúde precisa compreender que o ser-doente deseja sair da situação que
vivencia e para isto muito espera da ação do profissional. Só se entende o doente no contexto do seu
mundo próprio, de suas vivências.
Outro aspecto muito importante é o da internação hospitalar. Há reações do doente ao
ambiente desconhecido do hospital, muitas vezes interpretado erroneamente, podendo haver
angústia por motivos diversos, inclusive o desconhecimento de medidas diagnósticas ou
terapêuticas prescritas e que trazem dúvidas sobre o futuro. A simples ausência de informação pode
causar problemas e reações imprevisíveis por parte do dente. É primordial ter consciência de como
o doente é afetado pelo que se faz ou pelo que se fala, ou ainda, pelo que se informa. As famosas
visitas médicas aos doentes internados necessitam de programação cuidadosa de sorte a assegurar
sempre o máximo respeito ao Ser, enquanto procuram estabelecer uma conduta para tratar o
organismo ou orientar o aprendizado.
Ao ser internado, na urgência ou não, há sempre grande modificação do modo de viver e
surgem carências antes inexistentes. Pode, então, ser definida a necessidade de um doente como
carência que, ao logo que suprida, alivia o seu problema imediato, ou então, aumenta sua sensação
de bem-estar, ou seu sentimento de adequação.
Portanto, o profissional não deve pensar em termos de doenças, mas em termos de um
doente que está presente diante dele – de um ser humano que de fato, como doente, necessita de
cuidados pessoais e especiais.
A compreensão do apelo do doente não se prende só à ele, ou seja, ao seu Ser, mas a quem o
apelo é dirigido suplicando que participe dele, sustentando-o, aceitando-o e ampliando-o. È uma
nova dimensão do existir que se torna possível quando já se tem superado o fascínio por si próprio.
É este chamado do outro (enfermeiro) que, justamente, conseguirá a libertação de si mesmo
(paciente), conduzindo a uma nova dimensão da existência. Um ser livre a cuidar de si mesmo. Para
tanto, observar o comportamento do doente e colher dados na conversa de alguns pontos básicos: o
que o doente pensa, enquanto doente, naquele exato momento em que vivencia a doença, para que
fique bem entendido numa visão sobre seus próprios olhos. Pergunta-se como se sente após a
doença, o que a acarretou, que experiência lhe traz, como se vê como doente e o que mais deseja; o
que encontra de alterado na sua vida, como encara o futuro e como ele percebe a sua liberdade; são
alguns dos aspectos importantes a se conseguir por meio de muitos outros necessários à
interpretação da vivência do doente, e conseqentemente de ser-doente.
A doença provoca uma agressão, uma solução de continuidade entre o viver anterior e o
presente, tornando o futuro incerto. Nas urgências ou emergência, isto se dá de uma maneira
abrupta, não permitindo ao ser humano uma adaptação gradativa à doença e, portanto, um preparo
psicológico. Deste modo o ser-doente é difícil de ser apreendido e ser interpretado. Difere com a
idade e as crises naturais da idade adulta ou as dos jovens e, além disso, se move no tempo; não há
um doente efetivo, mas um projeto em andamento e um tempo vivido doente pelo Ser, com
possibilidades de vitórias ou derrotas.
Enquanto doente posso ser calmo, solitário, rebelar-me contra o mundo, achar conveniente
ser doente, enfrentar o fato da minha própria mortalidade de forma variada, apresentar nervosismo
em diabretes contra uma pessoa que estimo, afugentar quem me apóia, viver o passado sem projetar
o futuro, aceitar a doença e habitar-me a ela, ou, confiante em Deus, não ser desesperado.
O ser-doente não é um ser anormal. É um ser que vivência uma doença. É um ser diferente,
que, em geral, não quer ser doente, não quer ser como ele está – quer ser são; a sua delícia é ser o

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 271 PSICOLOGIA APLICADA À ENFERMAGEM

que ele era antes – ser sadio no futuro. Pode haver doente que não queira ser são, porem, também
este vive em desespero, pois, não quer solucionar um conflito e usa a doença como fuga – não quer
assumir a responsabilidade do ser são.
Em geral, o doente possui a vontade, desesperada de ter bem-estar, e a doença é sentida
como a perda do seu EU anterior; não se satisfaz com estar doente; pela vontade de ser o EU são.
Para fugir do desespero o doente opta por perder ou restringir a sua liberdade, modifica os seus
hábitos de vida, adota o controle do hospital, sujeitando-se, inteiramente, a outro ser que o comanda
– o seu médico. Está em luta para obter o que deseja ser nisso o médico é seu aliado. A doença é
agressão. Então o progresso é o desespero que surge ao sentir que seu EUagora, não é o que ele
quer.
O doente é vitima das circunstancias e precisa ser amado e se encontrar para que se cure,
mas pode passar a se habituar a doença, quer dizer, a familiarizar-se com ela e viver bem com ela.
Ao internar-se num hospital, o doente foge ao seu próprio controle e concorda que seu
problema seja transferido para a responsabilidade de outro ser, ficando sua vida confiada a
estranhos, e passa a acreditar que perdeu sua privacidade e liberdade e tem que sofrer adaptação
rápida a um ambiente diferente do convivo do seu lar, que lhe traz uma vivência nova e estranha.
Tem saudade do seu lar. É é obrigado a seguir o que lhe manda, sem opção, para chegar a ser o que
deseja no futuro imediato – um ser sadio que não vivencia uma doença.

Capítulo 3 - O Desejo de estar doente

O ser humano é formado de um vazio ou de uma carência que precisa preencher, mas que,
quando preenchida, descola-se para outro lugar. Esta carência, ora é chamada de necessidade, ora de
desejo. Lacan distingue a noção de desejo-necessidade-demanda. A necessidade visa objetivos
específicos e se satisfaz com ele. A demanda é formada e dirigem-se a outrem. O desejo nasce da
defasagem entre ambas, sendo irredutível a necessidade, porque não é no seu fundamento
relacionado com o objeto real, independe do sujeito, mas da fantasia; e também irredutível à
demanda, à medida que procura impor-se sem levar em conta a linguagem inconsciente do outro,
exige absolutamente ser reconhecido por ele. O que caracteriza o desejo é o retorno ao objeto
perdido, cuja presença é marcada pela falta, sendo portanto a presença de uma ausência ou a
nostalgia do objeto perdido (objeto da ordem do simbólico).
A cada momento a necessidade pode ser sentida (fome, sede). Se satisfeita, a tranqüilidade
faz-se presente. Quando a necessidade passa a demanda (ordens, conversas, presenças,
convivências,...) e algo não consegue preencher o vazio, o ser é minado pela insatisfação: surge a
angústia.
O desejo é uma intenção: etimologicamente uma tensão (tensão do espírito, preocupação
forte e prolongada, esforço intelectual demorado) do ser vivo em direção a um objeto. A intenção
designa não só o projeto consciente, como também toda orientação inconsciente da atividade
psíquica. “O sofrimento, a insatisfação, os conflitos, enfim são a enfermidade. O desejo é a razão da
doença. Pela remoção ou equilíbrio do desejo, elimina-se a doença. E este o caminho da cura.”
(Siddaharta Sakya-Muni Guatama : Buda).
O paciente para existir torna-se o doente, ou seja, no seu desejo de reconhecimento e desejo
de existência, precisa do discurso do outro para ser considerado, apaziguado e abrigado. E é o outro
que detém toda a verdade sobre ele( doente ).
Assim, o psicólogo, dentro da instituição hospitalar, procura permitir que o enfermo seja
agente do seu desejo, não paralisando o seu Ser na doença.
De outro lado, o se doente goza de certos privilégios e é tratado como um ser diferente por
todos. Observa-se em alguns doentes uma capacidade especial adaptação à doença incurável,
consistindo numa alteração profunda da realidade com o autoconvencimento de que existe

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 272 PSICOLOGIA APLICADA À ENFERMAGEM

gradativa melhora, mas que na verdade o quadro clínico segue, a olhos vistos, para a finitude. O ser
passa a habituar-se a doença e sente-se bem com ela que passa a fazer parte de seu ser.
O medo é uma resposta comum do ser-doente quando percebe o perigo. Quando ocorre a
persistência demorada do mal, isto é, a consciência persistente e demorada do eu doente, persiste a
vontade desesperada do EU ser livre da doença. Ou então volta-se para si mesmo como retomando
sua consciência, alcança a força que o criou, e muito conscientemente aceita o sofrimento e o mal,
cujo o termo pode ser a invalidez ou a morte.
A conduta do indivíduo, a concepção da vida, podem ser diretamente afetados e controlados
por meio da ação do profissional de saúde. Para que a ajuda seja efetiva, deve-se considerar que:
*O doente é um ser desesperado - seja porque não quer assumir o seu eu sadio ou porque
tem uma vontade desesperada de não ser, no momento, que ele é.
*Perda da Liberdade - o ser-doente perde a liberdade que tinha ao estar com saúde. A
hospitalização ou permanecia no leito é, altamente traumatizante; perturbam a vida do doente, de
toda família, atinge o ambiente social e acarretam grandes ansiedades, sobre tudo a hospitalização
pela sobrecarga econômica e desconhecimento do ambiente hospitalar.
*Perda do autocontrole - há uma transferência da responsabilidade para o médico e para a
equipe de técnicos, aos quais o ser-doente, passa a confiar. Torna-se incapaz, o doente, de cuidar de
si e necessita de outros. O ser ao vivenciar a doença, segue ordens de outro ser que lhe ajuda na
conquista do que deseja, isto é, estar são.

*Perda da privacidade e do espaço - ao ser doente perde a privacidade do seu lar ou do


ambiente próprio que se vivia. Sofre, o ser-doente, uma redução do seu espaço; o seu espaço de
vida é modificado e ele necessita criar novos espaços e horizontes.
*Perda da auto-imagem - acontece que o sujeito pode achar-se perdido e não aceitar a perda
sofrida. A imagem do próprio corpo, que corresponde ao que o indivíduo pensa que ele parece,
poderá não ser aceita. Às vezes é impossível o reajuste e o paciente permanece em desespero.
*Insegurança do futuro - o ser-doente tem ameaçado seu futuro, o que acarreta grande
ansiedade e insegurança. O indivíduo tem a sensação que tudo que ele havia programado para o
futuro não vai mais acontecer. Há vantagens ao ser-doente. São exemplos à preferência do trafego
de ambulâncias, o tratamento dos feridos mesmos nos combates e a ação da Cruz Vermelha. Há o
ser que, doente não que ficar bom por desejar a atenção do tratamento que é dado aos pacientes. O
afeto de parentes e amigos vêm compensar o desespero existente. Nós suportamos e admitimos
comportamentos e qualidades no ser-doente que seriam intoleráveis numa pessoa normal.

Capítulo 4 - Sobre a morte e o morrer

Assim que o homem começa a viver, tem a


Idade suficiente para morrer. Martin Heidegger

A morte pertence à vida, como pertence o nascimento.


O caminhar tanto está em levantar o pé, como em pousá-lo
No chão. Tangore – Pássaros errantes, CCXVII

4.1 - Introdução

Por que este tema tornou-se tão importante? Observa-se uma mudança cultural de fundo, no
Ocidente, do começo do século até os nossos dias. Por volta de 1900, a idade média dos homens era
de 40-50 anos, sendo que hoje, no terceiro mundo (América Latina, África), está em torno de 60 a
65 anos, enquanto no primeiro mundo (América do Norte e Europa) está em torno de 75 anos, esta
mudança da duração da vida é fundamental.

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 273 PSICOLOGIA APLICADA À ENFERMAGEM

No início do século as causas da morte eram: 1. epidemias; 2. acidentes (natureza, animais);


3. problemas do coração. Hoje as causas da morte são 1. câncer; 2. doenças crônicas do coração; 3,
doenças cerebrais crônicas. Em termos de realidade brasileira deveríamos acrescentar a
problemática social da fome. No começo do século o que existia era a morte aguda, ou se morria ou
sarava. As pessoas não ficavam “morrendo durante muito tempo”. O espaço de tempo entre o
adoecer e o morrer era de 5 dias. Hoje este espaço de tempo entre o momento da descoberta da
doença até a morte aumentou de 5 dias para 5 anos e mais do que se falar em morte fala-se do
processo do morrer.
Em muitas partes do mundo, EUA e outros países europeus, começa-se a estudar mais
profundamente o processo de morrer e ver o que acontece nesses cinco anos que nunca existiram
antes no nosso mundo e que agora são uma realidade graças à “conquista” da medicina e tecnologia
aplicada ao contexto da saúde. Multiplicam-se “associações para o direito de morrer com
dignidade” em muitos países. Temos aqui um novo papel social do processo do morrer em que não
sabemos bem como lidar com estas pessoas que estão “vivendo morrendo”. Considere-se, por
exemplo, o caso dos pacientes submetidos à hemodiálise. Vivem 2,3 até 5 anos deste tratamento e
depois ficam deprimidos e por vezes tornam-se até suicidas em potencial. Por vezes eles querem
morrer e são obrigados a viver a todo custo. Temos aqui uma realidade difícil de questões muito
complexas.
A morte na nossa realidade brasileira? Podemos observar no início destas reflexões que os
povos do terceiro mundo vivem em média 15 anos menos que os povos de países desenvolvidos.
Não podemos deixar de assinalar que a morte no mundo dos pobres é precoce e injusta. Se o
australopiteco, há 2 milhões de anos, morria antes dos 20 anos, entende-se que isso fosse devida às
terríveis condições de existência. Mas que brasileiros, 2 milhões de anos depois, morram também
em número considerável antes dos 20 anos por razões políticas, econômicas e sociais é realmente
espantoso. Morte precoce e injusta! já não é mais por incapacidade natural, por impossibilidade de
se superar os fatores naturais, mas é por decisão política, humana, que a morte continua ceifando
milhões de pessoas em idade precoce.

Para o pobre, a morte é uma realidade muito próxima. A criança pobre está mais perto da
morte do que o ancião. Isto contradiz toda a biologia. É um fato social. Uma criança, quando nasce
nessas camadas populares, tem uma previsão de anos de vida, estatisticamente inferior a anciãos de
70 e 80 anos de países ou classes ricas. É normal que a criança viva mais. Está no início da vida.
Possui a força para viver. Eis que já nasce mais próxima da morte do que alguém que já gastou sua
vida. Esta morte é precoce e injusta.
Que falar da formação dos profissionais da saúde no sentido de lidar com a morte?
Praticamente não existe nada ainda de expressão em termos curriculares dos profissionais da saúde
que os prepare a lidar com os paciente terminais, observando-se nesta fase crítica da vida uma
desumanização terrível. Em países desenvolvidos, no currículo dos profissionais da saúde, a cadeira
de tanatologia tem sua presença obrigatória e os hospitais dispõem de pessoas altamente
especializadas para lidar neste campo – tanatologistas. Instituições especializadas são criadas e
programadas para atender as necessidades especiais dos moribundos.

4.2 - Algumas Balizas Históricas

Assim se morreu durante séculos ou milênios

A morte é esperada no leito. “Jazendo no leito o enfermo”... A morte mais temida é a morte
repentina. Não só porque não tinha tempo para o arrependimento, como também porque privava o
homem de sua morte.

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 274 PSICOLOGIA APLICADA À ENFERMAGEM

A morte é uma cerimônia pública e organizada. Em muitas circunstâncias pelo próprio


moribundo, que preside e conhece o seu protocolo.
O quarto do moribundo transformava-se num lugar público, onde se entrava e saía
livremente.
Os médicos do final do século XVIII, que descobriram as primeiras regras de higiene,
queixavam-se do excesso de pessoas no quarto dos agonizantes. Ainda no começo do século XIX,
os passantes que encontravam na rua o pequeno cortejo do padre levando o viático acompanhavam-
no, entrando em seguida no quarto do doente.
Era muito importante que os parentes, amigos e vizinhos estivessem presentes. Levavam-se
as crianças. Não há representação de um quarto de moribundo até o século XVIII sem algumas
crianças.
Os ritos de morte eram aceitos com simplicidade e cumpridos de modo cerimonial, mas sem
caráter dramático ou gestos de emoção excessivos (cf. Philippe Ariès, história da morte no
Ocidente, Francisco Alves, Rio de Janeiro, 1977).
Assim se morreu durante séculos e milênios.
A morte é familiar e próxima! Familiaridade com a morte, mas tinha-se medo dos mortos e
os mantinham à distância. Honravam as sepulturas, mas um dos objetivos dos cultos funerários era
impedir que os defuntos voltassem para perturbar os vivos.

Hoje – a morte interdita (Philippe Áries) ou escamoteada ( I. Ilich)

A morte virou um tabu e segundo Geoffrey Gorer, sociólogo britânico, que escreveu um
livro intitulado The pornografy of death, substituiu o sexo como principal interdito no século XX.
Diz ele: “Antigamente dizia-se às crianças que se nascia dentro de um repolho, mas ela assistiram à
grande cena das despedidas da vida, à cabeceira do doente moribundo. Hoje, são iniciadas desde a
mais tenra idade na fisiologia do amor, mas quando não vêem mais o avô e se surpreendem, alguém
lhe diz que ele repousa num belo jardim de flores”.
A morte tão presente no passado vai se apagar e desaparecer. Torna-se vergonhosa e objeto
de interdição. Há um esforço enorme em negá-la. Atitude cultural do nosso tempo tende a
transformar a morte-mistério em morte-problema. Segundo Gabriel Marcel, problema é algo que se
encontra, que barra o caminho. Fica na minha frente no seu conjunto. Mistério, pelo contrário, é
algo no qual eu mesmo estou implicado, e por isso não está a minha frente.
Os que cercam o moribundo tendem a poupá-lo e ocultar-lhe a gravidade de seu estado. A
verdade começa a ser problemática. O doente não deve saber nunca que seu fim se aproxima.
Tornou-se regra moral que o doente morra na ignorância de sua morte.
É importante o não sentir que se está morrendo... Ao lado deste problema carregado de
implicações éticas, observamos um deslocamento do lugar da morte. Já não se morre em casa, em
meio a entes queridos, mas sozinho no Hospital (UTI). No hospital a morte é um fenômeno técnico
caudado pela parada de cuidados, declarada por decisão de profissionais especializados
(neurologistas) – fala-se de tanatocratas, os donos da morte.

As atitudes que a pessoa assume a respeito da morte estão relacionadas não só com o tipo
de educação e experiência que teve com a morte, mas também com o contexto sócio-cultural onde
vive ou viveu.

4.3 - Relação enfermeiro-paciente incurável

O relacionamento enfermeiro-paciente incurável é deveras importante, assim como seu


papel na prevenção da “neurose do morrer”.

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 275 PSICOLOGIA APLICADA À ENFERMAGEM

A morte tem sido um tema cujo interesse entre os enfermeiros tem se intensificado nos
últimos anos. Basta se verificar no Cumulative Index to Nursing Litterature o número de entradas
para o titulo morte.
Embora tenha havido um aumento do número de livros e artigos sobre o tema, a morte
constitui, no dizer de Guimarães e cols. (1980), um desafio para o enfermeiro. Infelizmente nem
todas as escolas de Enfermagem dedicam atentamente a oferecer ao estudante universitário
formação mais acurada relativa ao morrer. Muitos estudos como o de Lester e cols. (1974) mostram
que o medo de morrer decresce com o aumento da escolaridade do aluno de Enfermagem, quando
recebe atenção nesse aspecto. Não se sabe, principalmente em nosso meio, como e quanto à
deficiência desta aprendizagem desgasta o aluno, o docente e o próprio paciente (Paduan e
Manzolli, 1982).
No que tange à educação dos alunos de Enfermagem se faz necessário que os mesmos sejam
levados a conhecer suas atitudes e os condicionamentos sociais a respeito da morte e do morrer, a
sondar seus medos e experiências vividas, a integrar o morrer no viver diário. Tem notado que isto
os ajuda a assumir atitudes adultas diante da morte e a serem capazes de lidar com seus próprios
sentimentos, para poder interagir num campo menos tenso junto a pacientes moribundos, junto aos
que têm dificuldades de aceitar a morte, aos que têm curiosidades de saber o diagnóstico, mas que o
temem.
Para humanizar a morte não é pois suficiente que os enfermeiros trabalhem em hospitais ou
em clinicas especializadas, cuidando de pacientes desenganados, nem basta levar as pessoas a se
tornarem conscientes do tabu da morte. O aspecto mais importante relacionado ao problema do
medo de morrer parece ser o fato de o enfermeiro ajudar as pessoas a simplificarem a experiência
do viver, encarando o medo da morte como um suporte educacional ou, em muitos casos, como um
fator terapêutico que leva a pessoa a criar formas de vida mais condizentes. É necessário os
conceitos de morte e do morrer sejam trabalhados de modo a transformarem-se em instrumentos
para o crescimento psicológico e conseqüente o aumento da saúde mental entre as pessoas. Em
outras palavras, o enfermeiro não atuara para eliminar a ansiedade do ser humano a respeito da
morte. É preciso que a pessoa sustente, quer em situação de saúde ou com doença fatal, sua
ansiedade, entendida como tensão criativa e que o enfermeiro leve as pessoas a viverem entre
conhecimento da vida e a aproximação da morte.

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 276 PSICOLOGIA APLICADA À ENFERMAGEM

Capítulo 5 - Aspectos psicológicos do relacionamento Enfermeiro – paciente.

É visando ao relacionamento humano que os enfermeiros procuram dialogar com o paciente,


seus familiares, as comunidades e a equipe de saúde; é também traves do relacionamento que
procuram desenvolver métodos de trabalho de grupo, em equipes, que propiciem um melhor
entendimento para si mesmo e para os outros. Sendo o cerne da própria profissão, o relacionamento
ocupa lugar bastante elevado na escala de valores da mesma.
Partindo da afirmação de que os homens agem sobre o mundo, modifica-no e, por sua vez,
são modificados pelas conseqüências de sua ação, é importante se verificar que, num
relacionamento, o enfermeiro pode produzir mudanças consideradas relevantes ou criar conflitos,
duvidas e confusões. Pode, se não for adequado, ser impessoal, sentir-se aborrecido e estranho ao
próprio objetivo da Enfermagem.
O relacionamento enfermeiro-paciente se realiza em situações variadas quer quando o
enfermeiro executa uma técnica, quer quando interage informalmente com o paciente, quer através
de técnicas especificas de interação.
A interação enfermeiro-paciente feita através de administração de uma técnica de
Enfermagem é a mais comum,. Nesta situação, o enfermeiro deve ter consciência de seu papel, não
apenas como aplicador da técnica, mas de um profissional liberal que visa ao relacionamento
efetivo com o paciente. Ele integra estratégias psicológicas no desempenho profissional.
Existem estudos que mostram como ocorre o relacionamento enfermeiro-paciente nessa
situação. Entre nós, cita-se o realizado por Carvalho (1981) que se preocupou em verificar o
intercambio verbal enfermeiro-paciente numa situação de punção venosa. Entre outros resultados, a
autora verificou que, na realidade, os enfermeiros do hospital que estudou perdem muita
oportunidade de relacionamento verbais mais efetivos com o paciente enquanto realizam tal técnica.
Apresentam-se bastantes diretivos, ou em linguagem mais psicológica, emitindo predominâncias de
comportamento verbal denominado de mando; os enfermeiros dirigem o conteúdo da interação para
os assuntos relativos principalmente ao estado de saúde do paciente.
Parece, segundo Carvalho (1981), que a preocupação em favorecer o aparecimento de
“comportamentos incompatíveis”, ou seja, estimulado temas voltado mais à distração, ao lazer e
alheios ao contexto hospitalar são pouco abordados ou considerados de forma insuficiente. Por
outro lado, etapas de uma interação verbal, que são aquecimento do paciente para receber cuidado,
explicação do procedimento e desfecho do relacionamento instalado, também não são comumente
efetuados junto à execução da referida técnica.
O relacionamento enfermeiro-paciente realizado principalmente através de técnicas
psicológicas e\ou psiquiátricas é condição para um relacionamento mais efetivo. Citam-se os
trabalhos de Kübler-Ross (1975) com pacientes em fase terminal e familiares dos mesmos. O
trabalho da autora consiste em entrevista particular e grupo de discussão com pacientes, a fim de
prepará-los para aceitar a morte de maneira natural.
O relacionamento enfermeiro-paciente através de uma atividade lúdica dá oportunidade para
que a relação hierárquica entre ambos ceda lugar a uma relação mais horizontal. Cita-se aqui o
trabalho realizado em alguns hospitais em que o enfermeiro é treinado a se relacionar com crianças
através de brinquedos inclusive ensinar os pais a se relacionarem com os filhos.
Realizando a interação em situações e oportunidades variadas, o enfermeiro vai
desenvolvendo um estilo próprio de comunicação no relacionamento com o paciente.
Diante da importância do relacionamento na área de Enfermagem, é necessário que ela
obtenha subsídios de outras ciências para entender e estudar esse processo.
Saber o que ocorre quando um individuo se exprime ou responde a uma fala, é claramente
uma questão relativa ao comportamento humano, e, portanto, é respondidas com conceitos e
técnicas da Psicologia enquanto ciência.

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 277 PSICOLOGIA APLICADA À ENFERMAGEM

Desta forma, a Psicologia é ciência subsidiaria da Enfermagem, pois enfoca a interação


humana de maneira cientifica, informando sobre a existência de variáveis relevantes e de controle
no relacionamento enfermeiro-paciente.
Os trabalhos relativos ao assunto têm sido feitos dentro de contextos diferentes, notando-se
o fato de que o enfermeiro pode, de varias maneiras, alterar ou dirigir o relacionamento, de modo a
apresentar uma realidade diferente. Ele pode também ser um elemento considerável na mudança de
atitudes dos pacientes, no levantamento das necessidades e na reabilitação dos mesmos. Segue os
fatores que influenciam direta e indiretamente o relacionamento enfermeiro-paciente:
– O paciente – sendo o complementar do enfermeiro numa situação de relacionamento, é
evidente a existência de variáveis provenientes de sua pessoa, com implicações na interação. Desta
forma, é difícil se separar radicalmente variáveis procedentes de um dos membros da dupla, uma
vez que ambos fazem parte de uma situação de relacionamento total.
Variáveis como sexo do enfermeiro e do paciente, nível socioeconômico, idade, posição em
relação à doença, língua falada por ambos formação acadêmica e pessoal do enfermeiro,
escolaridade do paciente são relevados.
Além dessa, menciona-se importantes variáveis no paciente como: desencadeamento da
doença, aceitação e conhecimento anterior da mesma, estresse psicológico, outras interações,
necessidade de se comunicar com o enfermeiro. Por sua vez o enfermeiro pode se influenciar pelo
peso, altura e outros aspectos da imagem corporal do paciente; pode fazer generalizações indevidas,
deixa-se influenciar por preconceitos e estereótipos.
– Preparo profissional – segundo Sarano (1977), a maior dificuldade no relacionamento
com os pacientes encontra-se no comportamento do próprio profissional. Classifica-a em dois
grupos: as provenientes de sua própria pessoa, como preocupações, problemas pessoais, estado de
humor, caráter, interesses, tendências de domino e poder. As segundas são oriundas do despreparo,
da ausência de aquisição de conhecimento e de treino do estudante para a abordagem psicológica do
paciente.
Sarano (1977) que o preparo do aprendiz não se restringe a saber como realizar o
relacionamento e que supere uma serie de comportamentos indesejáveis que atrapalham a interação,
tais como inibição, generalização, transferência, abuso do raciocínio intuitivo e outros.
– O sexo – este constitui uma variável destacável. Foi-se o tempo em que a enfermeira era
considerada como o “anjo branco” ou que se ensinava que o sexo da enfermeira não era variável
relevante no relacionamento. Hoje em dia, sabe-se da importância das implicações de fundo sexual
na interação, e que as abstrações sexuais praticamente não existem.
Tomar consciência do sexo no relacionamento enfermeiro-paciente permite considerá-lo na
equação relacional e enxergá-lo de frente. Permite verificar o conceito que se tem de homem e de
mulher na sociedade em que vive. Dá oportunidade para verificar que, no geral, tanto o médico com
o enfermeiro representam na comunidade em que trabalham a força, a coragem, o mago, o
sacerdote, o pai, o homem, qualidade e “status” considerados “masculinos”. Por sua vez, que o
doente representa o sexo “feminino” com a sua passividade, receptividade, fraqueza (Sarano, 1977)
Vendo a situação por outro ângulo, nota-se que, de modo geral, as pacientes do sexo
feminino se apresentam mais queixosas, lamuriosas, chorosas e mais dependentes do que os do sexo
masculino. Tais posturas parecem se adequar ao levantado por estudiosos no assunto. Na verdade,
certos comportamentos são mais freqüentes em um sexo do que no outro; homens e mulheres são
socializados diferentemente e estas diferenças existem de acordo com os estereótipos sexuais
culturais. Sendo o enfermeiro assim como o paciente membros de uma dada cultura, é claro que o
relacionamento entre ambos seja influenciado pelos citados estereótipos sexuais.
Assim, não raramente os enfermeiros, tanto homens como mulheres, estão sujeitos a se
relacionarem diferentemente com os paciente do sexo masculino e do feminino. Tais profissionais
podem se dedicar menos a explicações a paciente mulheres por inferirem que mulher demonstra
pouco interesse por aprender, porque não entende, é mais dependente.

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 278 PSICOLOGIA APLICADA À ENFERMAGEM

Por outro lado, há de se reconhecer que a Enfermagem é considerada profissão


predominantemente feminina e isto pode influenciar o paciente, que o levará a ter expectativas
diferentes dos enfermeiros quando comparados com os médicos. (Bruschini, 1978)
- A idade – variável que não deve ser esquecida, pois relacionamentos recebem influencia da
mesma. Embora seja diferente a comunicação do enfermeiro com crianças, adolescentes, adultos e
velhos, e embora ambos, enfermeiro e paciente, possam ter preferências variadas, uns, por pessoas
mais jovens, outros, por mais velhas ou de sua idade, há de se considerar outro aspecto: é o relativo
às conotações pejorativas relacionadas com a idade. Existem muitos mitos e preconceitos
direcionados às pessoas em diferentes díades.
É necessário que o enfermeiro tome conhecimento dos preconceitos, mitos e conotações
pejorativas que existem em relação às idades, para poder se relacionar mais livremente com os
pacientes em diferentes idades.
- Língua - deve-se levar em conta a língua falada pelo paciente a qual é particularmente
importante, principalmente quando ele provém de outro pais ou outro estado ou região. Além disso
há grupos humanos que se comunicam mais com expressões gestuais do que com as verbais,
havendo grupos que usam uma linguagem mais “telegráfica” do que outros.
O estudo comportamento verbal implicado no relacionamento enfermeiro-paciente pode ser
feito, tomando-o sob vários ângulos. Porém existem ocasiões em que ocorre controle do paciente
numa relação em que ele “fecha”, não conversando com a enfermeira.
- Linguagem não falada – além da linguagem falada, o enfermeiro deve desenvolver a
linguagem do silencio, do contato físico, da postura corporal. Ambos, enfermeiro e paciente, podem
transmitir mutuamente uma série de mensagens. Por exemplo, o paciente pode expressar suas
necessidades, como de proteção, de segurança, reconhecimento. Por sua vez, o enfermeiro
transmitirá presença, calor humano, satisfazendo, assim, uma série de necessidades do paciente.
Muitas vezes, a interação verbal não é a mais apropriada como em situações de
relacionamento com pacientes quadriplégicos. As vezes, a presença do enfermeiro ao lado da
pessoa enferma é a linguagem mais importante, da mesma forma a de um sorriso, o colocar a mão
sobre a fronte do paciente, no ombro.
- Comunicação escrita – outra alternativa para o relacionamento é a comunicação escrita.
Como enfermeiro o relacionamento gráfico é feito em várias situações; quando faz perguntas ou
responde às perguntas do paciente, quando este lhe solicita que o ajuste a se comunicar por escrito
com alguém de sua família, enviando um bilhete ou carta, quando o ajuda na leitura de
correspondência recebida, por não enxergar ou ser analfabeta, ou ainda quando o paciente apresenta
dificuldade para entender uma orientação e está precisa ser feita de forma escrita, no caso de
paciente surdo-mudo.
- Doença – a interação enfermeiro-paciente também é afetada pela variável doença.
Cancerosos, cardíacos, tuberculosos, por exemplo, apresentam características específicas que
influem no relacionamento.
- Outras pessoas – além das provenientes do enfermeiro e do cliente, há outras variáveis que
individualmente influem como as advindas de familiares, de outros doentes e de outros
profissionais. Citam-se “gozações” de pacientes de uma mesma enfermaria em relação a um
paciente que se relaciona com o enfermeiro com sotaque, levando-o a se “fechar” na comunicação.
- O hospital – a própria ecologia hospitalar direciona as expectativas dos papéis
desempenhados pelo enfermeiro num certo hospital. Pode levá-lo a considerar seu relacionamento
com o paciente como um papel secundário delegando tal função ao pessoal subalterno de
Enfermagem. Cita-se a admissão do paciente, procedimento que nem sempre é feito pelo
enfermeiro, e nem sempre visa a minimizar ansiedades e dúvidas da pessoa. Em relação ao paciente,
a ecologia hospitalar também age através do tamanho do hospital, pelo número de leitos na
enfermaria, sala de curativos, sala de estar. Estão também inseridas dentro deste ângulo as

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 279 PSICOLOGIA APLICADA À ENFERMAGEM

expectativas dos paciente quanto à aquisição e/ou mudança de seus hábitos no hospital, presença da
equipe de saúde, tipo de leito e banheiro, horários, tratamentos e outros.
- A sociedade – a sociedade em que se vive constituí-se numa variável influenciadora. Ela
desestimula cada vez mais as comunicações entre as pessoas levando-as a serem meras receptoras
de informação através de meios de comunicação de massa. Isto reflete no relacionamento
enfermeiro-paciente, onde a dificuldade de comunicação entre ambos começa a se fazer notar.

ANEXO
Um Pouco de Psicologia no seu Trabalho

O trabalho é uma das necessidades básicas do homem e é considerado, do ponto de vista


econômico, como o esforço na produção de serviços capazes de satisfazer as necessidades humanas.
O trabalho em equipe exige bom relacionamento entre o pessoal de uma unidade.
Como participar de um grupo de trabalho;
1. conheça a sua empresa, órgão e/ou instituição;
2. conheça seus chefes;
3. conheça seus colegas;
4. conheça a si mesmo (sua capacidade intelectual, cultural, frustrações, interesses,
temperamento e caráter).

Os Dez Mandamentos de Um Membro de Um Grupo

1. Respeitar o Próximo como a si mesmo;


2. Evitar falar, sem refletir antes;
3. Controlar a reação agressiva evitando ser irônico;
4. Evitar pular por cima de seu chefe imediato;
5. Procurar conhecer melhor os membros do seu grupo;
6. Evitar tomar a responsabilidade atribuída a outrem;
7. Procurar as causas de sua antipatia afim de vencê-las;
8. Estar sempre sorridente e amável;
9. Procurar definir bem os sentidos das palavras, para evitar mau entendimento;
10. Ser modesto nas conversas, admitindo que o outro tenha razão.

Problemas de Relações Humanas

Tanto a saída, como a chegada de um membro no grupo, podem causar desequilíbrios.


Existem em alguns grupos, barreiras que dificultam ou impossibilitam a entrada de novos e, quanto
maior for a solidariedade entre os membros, mais dificilmente serão admitidos novos membros.
A distância social impede o relacionamento humano de um chefe com seus funcionários.
As rivalidades trazem sempre a inimizade e/ou ódio, sendo prejudicial ao grupo.
Toda liberdade tem seus limites e devemos ter sempre respeito para com os outros.
As frustrações são situações provocadas pela presença de obstáculos no caminho das
realizações de um desejo.

Principais pontos importantes na formação do profissional de saúde:

1. Qualquer ação humana precisa estar orientada no sentido da valorização da pessoa e da auto-
afirmação do ser.
2. O profissional de saúde, como humanista, não pode perder de vista o humano.

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 280 PSICOLOGIA APLICADA À ENFERMAGEM

3. Antes de ser um especialista em questões de saúde ou de um cientista, é um ser humano que


lida com seres humanos.

4. Os objetivos da formação do profissional de saúde dependem das necessidades da comunidade,


não podem ser estáticos.

5. A doença é um modo conflitivo de estar no mundo, uma possibilidade no processo temporal da


existência e o doente é um ser que vivencia a doença.

6. São tolerados comportamentos no ser-doente que seriam insuportáveis num ser humano sadio.

7. Sendo-com-o-doente, o profissional, utilizando a ciência e a arte, escolhe a conduta que julga


mais adequada para auxiliar o ser-doente inclusive conseguir novos horizontes.

8. O profissional precisa preparar psicologicamente o doente na ocasião da hospitalização.

9. O profissional deve ser capaz de interpretar o doente, para corresponder o desejo de cura do
ser-doente.

“Uma pessoa quando aprende a se ver de forma


inteira e passa a responsabilizar-se pelo sue
equilíbrio, passando de paciente para agente de sua
saúde, uma doença pode ser um aprendizado, um
estimulo à mudanças positivas significativas e a
redescoberta de si e da vida.”

E nos como profissionais da área da saúde, temos o dever de orientar esse paciente devolvendo a ele
sua vida.

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 281 CLÍNICA MÉDICA

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Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 282 CLÍNICA MÉDICA

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 283 CLÍNICA MÉDICA
INTRODUÇÃO

ENFERMAGEM MÉDICA

UNIDADE MÉDICA DE INTERNAÇÃO

Conceito
É aquela área do hospital destinada ao alojamento de pacientes para diagnóstico e tratamento das
vária afecções orgânicas. A sua capacidade deve ser, no máximo, de 36 pacientes, e possuir as
instalações necessárias; material e pessoal suficientes para atendimento das necessidade físicas
psíquicas e sociais do paciente e acompanhante

Organização
Uma Unidade Médica de Internação compõe-se:
• quartos: privativo - um paciente;
• semi privativos - até dois paciente;
• enfermaria: - três ou mais leitos. Quarto é o ideal;
• posto de enfermagem com sala de prescrição;
• copa;
• sal de serviço;
• sala de utilidades;
• sal de curativos;
• sala de estar;
• rouparias;
• banheiros (sanitários);
• sala para guarda de materiais;
• refeitórios ( sempre que possível) etc.

Relações com outros serviços


Uma Unidade Médica de Internação relaciona-se com:
1 - SAME - Serviço Médico Estatístico
• Senso diário
• Transferências, mudanças de quarto, etc.

2 - Serviços Auxiliares de Diagnóstico e Tratamento:


• Preparo dos doentes;
• Encaminhamento das requisições para os exames;
• Marcação de horário, etc.

3 - Corpo Clínico:
• Executar prescrição de ordem médica, bem como dar informações;
• Colaborar na coleta de dados, materiais, etc

4 - Serviço de Farmácias:
• Encaminhar pedidos;
• Controlar entorpecentes, etc.

5- Serviço de Nutrição e Dietética


• Enviar as listas de dietas;

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 284 CLÍNICA MÉDICA
• Informar da aceitação da alimentação por parte do paciente, etc.

6 - Serviço de Limpeza:
• Manter e proporcionar um ambiente de conforto e segurança ao paciente e acompanhantes.

7 - Lavanderia:
• Controlar a roupa rotativa;
• Controlar o estoque de roupa, etc.;

8 - Serviço de Manutenção e reparo:


• Controlar e cuidar do material;
• requisitar para o concerto, etc.

9 - Serviço de material (Almoxerifado).


• Pedido completo de material (em quantidade e qualidade)
• Previsão de material de estoque, etc.;

10 - Serviço de Hemoterapia ( Banco de Sangue)


• Solicitação de transfusão de sangue e hemocomponente

11 - Serviço Social :
•Comunicações de altas; obitas, transporte.
•Agilisar exames, alberges, visita domiciliar.

Objetivos
1- Propiciar atendimento integral a pacientes: físico, psíquico e
social;
2- Promover e manter a saúde num alto nível de bem estar,
3- Prevenir e tratar as enfermidades com auxílios de meios
clínicos
4- Modificar o curso da enfermidade, de tal forma que seu progresso diminua e a incapacidade se
limite;
5- Modificar os efeitos da enfermidade de forma que a pessoa se conserve ativa, tanto quanto
possível, enquanto durar a vida;
6- Proporcionar ( em caso de óbito) uma morte digna, com respeito, humanidade e o mínimo de dor.

Principais rotinas
• admissão do paciente;
• rotina para exame médico;
• rotina para exames complementares e especializados;
• rotina para alimentação;
• rotina para horário de visitas;
• rotina para transferências de pacientes;
• rotina quanto aos uniforme;
• rotina para orientação do paciente e familiares na alta; rotina
da limpeza da unidade, etc.
Prontuário do Paciente:
1 - Objetivo do Prontuário:
Proporcionar aos médicos, enfermeiras e demais pessoas que trabalham na unidade

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 285 CLÍNICA MÉDICA
hospitalar, os meios de obter todas as informações em relação ao estado do paciente do seu
tratamento.

2 - Importância do Prontuário:
• Auxilia no diagnóstico e tratamento do paciente;
• Constitui valioso material de ensino;
• Oferece dados para pesquisas médicas e de enfermagem;
• Constitui documento para fins legais;

3 - Componentes de um Prontuário;
• capa;
• quadro gráfico;
• folha de prescrições médicas;
• relatório de enfermagem;
• folha de evolução clínica;
• folha de exames complementares;
• folha de controle hídrico;
folha de "termo de Responsabilidade", assinada pelo paciente ou pelo mesmo

4 - Regra que orientam o preenchimento de um Prontuário:


• escrever as informações de modo exato, completo, conciso, correta;
pela pessoa responsável legível e em linguagem
• evitar erros;
• nunca usar borracha. Em caso de erro, colocara a sentença errada entre parentes e
escrever 'se efeito "logo acima.
Traçar linhas com réguas;
• escrever as palavras por extenso. Abreviaturas, só as muitos conhecidas;
• todas as anotações devem ser assinadas:

UNIDADE 1

AFECÇÕES DO APARELHO GASTROINTESTINAL, FÍGADO E VIAS BILIARES.

1- ESTOMATITE:

Conceito:
Inflamações da mucosa oral, podendo ocorrer ulcerações conhecidas vulgarmente, como afta.

Causas e Fatores predisponentes:


• distúrbios emocionais;
• deficiência nutricional;
• perturbações digestivas;
• excesso de acidez da cavidade oral;
• abuso de higiene oral;
• infecções por a candidíase, principalmente em criança,
• baixa resistência orgânica, especialmente em pacientes acamodas após o uso de determinados
tipos de drogas, como, por exemplo os quimioterápicos.

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 286 CLÍNICA MÉDICA

Sinais e Sintomas:
• dor que se acentua com a alimentação, principalmente com alimentos ácidos;
• mucosas avermelhadas, podendo aparecer regiões ulceradas.

Diagnóstico
• poderá ser feito através da inspeção da cavidade oral, através de queixa do paciente;
• coleta de material da cavidade oral para cultura e determinação dos microorganismos, se houver
suspeita de infecção.

Tratamento de Enfermagem:
Os objetivos do tratamento de enfermagem visam normalizar o pH da cavidade oral e combater a
infecção, se houver, através de medicamentos específicos:
• higiene da cavidade oral com substâncias, como bicarbonato de sódio, leite de magnésia e outros,
várias vezes ao dias e, principalmente, após as refeições;
• alimentação adequada os alimentos não devem ser servidos muito quente, pouco temperado, evitar
as frutas cítricas; salgados, etc.
Complicações:
Além do desconforto que causa ao paciente. Poderá ocorrer disseminação da infecção, pelo trato
digestivo, esôfago, estômago e intestino.

2- GASTRITE

Conceito:
Inflamação aguda ou crônica da mucosa gástrica.

Causas:
• distúrbios emocionais;
• erros alimentares - alimentos muito quente, excesso de condimentos,
alimentos mau mastigados, jejum prolongado;
• medicamentos derivados do AAS, corticóides fenilbutazona;
• abuso de álcool e de fumo;
• uremia, infecções sistêmicas;
• refrigerantes gasosos, principalmente, o que contém cola.

Sinais e Sintomas:
• desconforto abdominal;
• cefaléia;
• náuseas, vômitos;
• anorexia;
• virose;
• diarréia; cólicas;
• erupções.

Diagnósticos:
• anamnese completa;
• gastroscopia;
• gastricâmera;
• prova de acidez gástrica.

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 287 CLÍNICA MÉDICA

Tratamento:
• repouso físico e mental;
• dieta branda, pobre em ácidos e condimentos, evitar alimentos muito quente; orientar quanto à
mastigação, servir pequenas quantidades de alimentos, várias vezes ao dia;
• evitar refrigerantes gasosos, diminuir ou, se possível, abolir o fumo e o álcool;
• sedativos leves que auxiliam no controle da acidez gástrica;
• antiácidos;
• antiespasmódicos, antierméticos, conforme o que o paciente apresenta;
• a mucosa gástrica é capaz de recuperar-se espontaneamente após um episódio gástrico, se não
houver complicações, apesar de que existe a de apresentar recidivas.

3- ÚLCERAS PÉPTICA

Conceito:
Lesão ulcerada ( escavação ) que pode ocorrer na mucosa do esôfago, estômago e duodeno, devido
à secreção péptica do estômago (ácido cloridrico)

Causas e Fatores predisponentes:


• a causa exata é desconhecida;
• distúrbios emocionais, "stress" emocional;
• erros alimentares;
• alimentação excessivamente ácida, condimentos, gorduras, açúcar, aumentam a secreção gástrica;
• ingesta de alimentos mal mastigados, muito quentes ou muito
frios;
• hábitos como chimarrão, álcool, fumo, aumentam a incidência;
• café, chá;
• refrigerantes gasosos e, principalmente, os que contém cola;
• medicamentos à base de AAS, esteróides, fenilbutazona,
reserpina;
• estações do ano aumenta a incidência nos climas frios e
úmidos;
• jejum prolongado

Incidência:
Maior em homens que em mulheres,; idade 30 e 50 anos; pessoas que mantém cargos elevados e
que sofrem grandes tensões emocionais; vida agitada.

Diagnóstico:
ƒanamnese completa;
ƒRX contrastado do esôfago e duodeno;
ƒLagastrocâmara e gastroscopia
ƒprova de acidez gástrica;

Sinais e sintomas
• dor epigástrica, dando sensação de peso, de cólica ou de fome que surge, geralmente após as

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 288 CLÍNICA MÉDICA
refeições, em intervalos que variam, conforme a localização da úlcera, aproximadamente 2 a 5
horas, na úlcera duodeno, e a 1 a 4 horas, na úlcera gástrica; geralmente a dor é avaliada com a
ingestão de substâncias alcalinas;
• a dor, geralmente repete-se todos os dias, no mesmo horário, durante diversas semanas, até o surto
ulceroso;
• náuseas;
• vômitos ácidos;
• Pirose, especialmente a noite, com sensação de queimação retroesternal;
• anorexia;
• sialorréia;
• hematêmese e melena, em casos de úlcera sangrenta.

Tratamento:
0 tratamento clínico da úlcera tem por objetivo a cicatrização evitar complicações e é feito
através de:
• repouso físico e mental evitando as situações de 'stress ', reduzindo as atividade profissionais;
• dieta equilibrada, fracionada, evitando os alimentos que estimulam a secreção gástrica;
• evitar o fumo, o café, o álcool, o chá e os refrigerantes;
• antiácidos para neutralizar a ação do suco gástrico, em doses que variam de 15 a 30 ml, nos
intervalos das refeições, geralmente a base de hidróxido de alumínio e magnésio;
• cimetidina;
• ansiolítico associados ou não a anticolinérgicos ( ex. somalium, lorax, valuim, etc.).
• vitaminoterapia;
• tratamento sintomático - antiespasmótico, antieméticos;
• Sondagem nasogástrica e introdução de solução fisiológica gelada poderá auxiliar na hemostasia,
quando existir hemorragia gástrica;
•psicoterapia.

Tratamento Cirúrgico:
Ver Gastrectomia - Enfermagem Cirúrgica.

Cuidados de Enfermagem com Úlcera e Gastrite:


•.proporcionar ambiente calmo e repousante;
•.orientar quanto à importância da dieta;
• controlar e observar as eliminações gastrointestinais ( vômito, fezes) em busca de sinais de
sangramento;
•.observar com relação à dor: localização, intensidade, se alivia ou não com antiácidos;
• administrar medicamentos, conforme prescrição médica;
• orientar e preparar o paciente para a realização de exames;
• assistir o paciente após os exames; anotar e relatar anormalidades;
• orientar.

Complicações:
•.hemorragia na forma de hematêmese ou melena;
•.Perfuração no peritônio (peritonites);
•.estenose pilórica;
• anemia;
• . caquexia;

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 289 CLÍNICA MÉDICA
• degeneração maligna

4- GASTROENTERITE

Conceito:
Infecção simultânea do estômago e intestino.

Causas e Fatores predisponentes:


• vírus, bactérias, fungos;
•.contaminação direta ou indireta;
•.baixa resistência orgânica.

Sinais e Sintomas:
•. náusea vômitos, dores abdominais, tipo cólicas;
•.flatulência;
• .febre de 39 a 40%C acompanhada de calafrios;
•. evacuações líquidas, fétidas e freqüentes, podendo se acompanhadas de muco e sangue.

Diagnósticos;
• exames de fezes (Parasitológico, cultural);
• exames Radiológico
•.exame de sangue.

Tratamento:
• tratamento específico : antibioticoterapia, fungicidas, conforme o agente etiológico;
• antieméticos, antiespasmódicos, antidiarreicos;
•.hidratação parental, enquanto houver vômito, para correção ou como profilaxia da desidratação;
•.dieta; deve-se manter dieta zero, enquanto houver vômito, passando, posteriormente para dieta
líquida pastosa, pobre em resíduos, para não irritar o intestino.

Cuidados de Enfermagem:
• separar o paciente em caso de diarréia infecciosa;
• evacuação - anotar número de vezes , quantidade, características das fezes, presença de muco,
sangue;
• vômitos - número de vezes, quantidade, cor, características;
•. balanço hídrico;
•.prestar cuidados higiênicos especialmente da região anal e perional;
•.verificar sinais vitais e estar atento para sinais de choque;
• pesar e medir diurese;
• manter o ambiente limpo e isento de odor desagradável;
•.preparar e auxiliar na coleta de material para exames;
• proporcional repouso;
•.observar o aspecto da pele, para observar sinais precoces de desidratação e edema.

Complicações:
• desidratação;
• choque hipovolêmico;
• insuficiência renal aguda;

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 290 CLÍNICA MÉDICA
• desnutrição;
• caquexia;
•.óbito - gastroenterite é uma das principais causas de óbitos em crianças menores de 1 ano.

5- RETICOLITE ULCERATIVA
Conceito:
Inflamação com ulceração das mucosas do cólon e reto.

Causas:
A causa exata é desconhecida.

Fatores predisponentes:
• desequilíbrio emocional;
• infecções;
•.alergia;
• intoxicação

Sinais e Sintomas:
• diarréia intensa, fezes muco-sanguinolentas com pús e com tenesmo;
• perda de peso;
• febre;
• desequilíbrio hidroeletrolítico;
• anemia;
• desconforto abdominal inferior, cólicas intestinal;
• náuseas; vômitos e caquexia
• Obs. Os sinais e sintomas tendem a desaparecer por algum tempo, recidivar mais tarde ou
podem persistir, por tempo indeterminado.

Diagnóstico:
• anamnese, exame físico;
• exame de fezes ( parasitológico, cultura)
• retossigmoidoscopia;
• clister opaco.

Tratamento:
• hidratação;
• antidiarreicos, antiespasmódico, antieméticos antitérmicos,
• dieta: fracionada; várias vezes ao dia, sem resíduos, rica em ferro e proteínas;
• ansiolíticos;
• psicoterapia; indicada para auxiliar o paciente a enfrentar sua condição

Tratamento cirúrgico:
• colectomia, ileostomia, (vide Enfermagem Cirúrgica).

Cuidados de Enfermagem:
• separar o paciente, em caso de diarréia infecciosa;
•. evacuações: anotar número de vezes, quantidade, características das fezes, presença de muco,e

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 291 CLÍNICA MÉDICA
sangue;
• vômitos: número vezes, quantidade, cor, características;
• fazer balanço hídrico;
• prestar cuidados higiênicos, especialmente da região anal e perianal;
•.verificar sinais vitais e estar atento para sinais de choque;
• pesar e medir diurese
• manter ambiente limpo e desodorizado;
• preparar e auxiliar na coleta de material para exames;
• proporcionar repouso;
• observar o aspecto da pele em geral para observar sinais precoces de desidratação e edema.

Complicações:
• desidratação;
• choque;
• anemia;
• caquexia;
• perfuração intestinal (peritonite)
• recidiva das crises diarreicas;
• degeneração maligna.

6- COLECISTE:

Conceito:
Inflamação da vesícula e vias biliares. Pode ser aguda e crônica, freqüentemente colelitíase.
(Coletíase - presença de cálculos ( pedras) na vesícula e vias (biliares).

Causas:
• O mecanismo exato da formação de cálculos biliares é desconhecido, apenas sabe-se que
existe uma tendência hereditária e uma freqüência maior em mulheres obesas, principalmente após
os 40 anos de idade;
• inflamação e retenção da bílis;
• anemia hemolítica que leva à formação excessiva de bilirrubina.

Sinais e Sintomas:
Os sinais e sintomas pode ser agudos ou crônicos

Agudos:
•.caraterizam-se por cólicas biliares náuseas, vômitos.
• Icterícia;
• acolia;
•.urina escura cor de chá forte ( coca cola),
• dor intensa no hipocôndrio direito.

Crônicas:
• cólicas biliares esporádicas;
•.intolerância a alimentos gordurosos;
•.dores no hipocôndrios direto, acompanhadas de hipersensibilidade à palpação

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Diagnóstico:
•.exame clínico;
•.palpação de fígado;
•.inspeção da pele e mucosas;
• anamneses ;
• colecistografia;
• dosagem de bilirrubina;

Tratamento Clínico:
• antiespasmódicos;
• antieméticos;
• dieta leve, pobre em gorduras, evitar bebidas alcoólicas e excesso de condimentos.

Tratamento Cirúrgico:
Colecistectomia - coledocotomia ( ver enfermagem cirúrgica).

7- HEPATITE

Conceito:
Inflamação de fígado, que pode ser causada por vírus, bactérias ou substâncias tóxicas.

Classificação:
a) Hepatite Infecciosa - também conhecida como hepatite viral tipo A ou hepatite de incubaçao
curta
b) Hepatite Sérica - também conhecida como hepatite viral tipo B ou (hepatite de incubação
prolongada)
c) Hepatite não A e Hepatite não B - estão associadas a outras afecções viróticas como : o vírus da
febre amarela, cintomegalovirus, ou vírus Epstein - Barr ( mononucleose infecciosas) vírus herpes
simples.

DIFERENÇA ENTRE TIPO A E B

Tipo A Tipo B
Agente Causal Virus A( Não isolado) Vírus B( não isolado)
Transmissão Fezes,secreções de orofaringe, Oral, parenteral, contato direto
sangue e urina ou indireto do sangue ou
derivado de uma pessoa
infectada, talvez fezes.
Período de Incubação 15 a 45 dias 30 a 180 dias
Sinais e sintomas 1ª fase ( pré-icterícia) Sinais e 1ª Fase
Sintomas inespecíficos, pode- Mais prolongado e severa
ndo confundir-se com afecções Febre e sintomas respiratória
do aparelho respiratório mais raros
4 a 10 dias Febre moderada, cefaléia, 2ª fase

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 293 CLÍNICA MÉDICA
mialgia, astenia, anorexia, Idem
intolerância a alimentos gordu-
rosos, náuseas, vômitos, dor à
palpação do fígado. Aversão ao
fumo
10 a 15 dias 2ª fase (icterícia) urina escura 2ª fase
(cor de chá forte) acolia, Idem
hepatomegalia, pode ocorrer
vômitos e anorexia, e pruridos
da pele.
15 a 30 dias 3ª fase = Convalescência- volta 3ª Fase
gradativa do apetite,da força Idem, só que mais prolongada
muscular, desaparecendo a podendo levar de 3 a 4 meses.
icterícia, coloração normal das
fezes e urina

HEPATITE TÓXICA:
Causada por substância hepatotóxicas, que podem ser ingeridas ou injetada por via parental,
produzem necrose aguda das células hepáticas.
Dentre esta substancias químicas hepatotóxicas, encontram-se arsênio, clorofôrmio, fósforo,
tetracloreto de carbono, halothano.
A hepatite tóxica pode ser leve, assemelhando-se na cura, à hepatite viral, mais a maioria dose casos
progride a sintomatologia, podendo ocorrer hemorragia da pele e estado de pré coma hepático
(delírios, convulsões, confusão mental, agitação), coma hepático e óbito.

Tratamento:
Repouso, hemoterapia, hidratação.
A possibilidade de recuperação dos casos graves é mínima, quando ocorrer, geralmente,
desenvolvem cirrose hepática.

Diagnóstico geral das hepatites:


• exame físico - através da inspeção da pele e esclerótica, palpação do fígado
•.anamnese; pesquisa do antígeno Austrália ( reação positiva na HS);

• exames de laboratório: transminase glutâneo Oxalacética ( TGO); transminase glutâmico


Pirúvica ( TGO); e dosagem de bilirrubina TGP

Tratamento:
Não existe tratamento específico para hepatite, tendo em vista o fato de que o
vírus não foi isolado; mas o fígado tem grande poder de regeneração, desde que não
haja complicações.
O tratamento, portanto, é feito, na fase aguda da doença.
Dieta:
Não existe uma dieta muito rigorosa, apenas se deve garantir uma dieta
hipercalórica ( rica em açúcar, como frutas, káro, mel) e hipogordurosa para não
sobrecarregar o fígado, evitando apenas os excessos de gorduras condimentos e
substância artificiais.

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Assistência de Enfermagem
•.isolamento nas hepatites A e B ( uso de avental, máscara, luvas para executar
cuidado e higiene);
•.cuidados especiais com seringas, agulhas, talheres, copos, pratos, material de
infúsão venosa, sempre que possível utilizar material descartável;
•.comadres, papagaios, devem ser de uso exclusivo de paciente, desinfeção
com Duocid 2%, incluindo todas as instalações sanitárias;
•.proporcionar repouso no leito, nas fases agudas;
•.estimular a ingestão da dieta e hidratação;
• proporcionar distração ao paciente;
• observar as eliminações e fazer controle hídrico;
•.manter as unhas curtas e limpas e orientar para que não se coce, para evitar
infeções na pele;
•.banhos e aplicações de soluções de água e vinagre na pele para aliviar o
prurido;
•.observar sinais de complicação como hematêmese, melena, equimoses,
distensão abdominal;
• . administrar medicamentos conforme prescrição;
• fazer anotações de enfermagem.

Profilaxia da hepatite:
•.higiene e saneamento básico (tratamento adequado da água e dejetos);
•.evitar banhos em águas poluidas;
•.triagem dos doadores de sangue;
•.esterilização correta de materiais;
•.isolamento dos portadores e exames dos indivíduos que entraram em contato
com portador;
•.notificação ao órgãos de Saúde Pública de todos os casos de hepatite viral,
•.aplicação correta das técnicas pelo pessoal de enfermagem nos cuidados com
paciente e materiais contaminados. Usar EPI
• usar material descartável

8- CIRROSE HEPATÍCA

Conceito
Lesão do tecido hepático seguido de cicatrização (formação de tecido
fibroso).

Causas e fatores pedisponentes:


O mecanismo exato é desconhecido.
O alcoolismo crônico, desnutrição, exposição a substâncias hepatotóxicas, esquistossomose,
hepatite, obstrução crônica e infecção

Incidência:
Maior em homens e, principalmente, em alcoólatras crônicos, entre 40 a 60 anos de idade.

Sinais e Sintomas:
A doença, geralmente, tem evolução lenta, podendo levar anos até que se manifestem todos os
sintomas; Alguns destes se apresentam precocemente e outros tardiamente;

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Precoce: febrículas, icterícia, náuseas, vômitos, flatulência, distúrbios intestinais ( diarréia ou


obstipação intestinal) aumento do fígado, astenia;

Tardias : diminuição do fígado, aumento do baço, ascite, ictericia, hipertensão, arterílolas


superficiais dilatadas na pele da face e tronco, edema, equimoses, púrpura, anemia, hemorróidas,
hematêmese, melena, astenia intensa, tremores, delírios, convulsões, coma.

Diagnósticos:
•.prova de função hepática ( dosagem de TGO e TGP, biopsia hepática, laporoscopia);
•.exames físicos;
• anamneses;
• .biópsia hepática.

Tratamento:
•.repouso;
• dieta deve ser hiperprotética, hipervitaminica ( principalmente as vitaminas A, B, K, C)
hipercalórica, hipossódica, quando o paciente apresenta edema e ou ascite;
•.proibição de álcool;
• . hepatoprotetores;
• . suplementos vitaminicos;
•.diuréticos e tratamento sintomático, conforme o que doente apresenta.

Cuidados de Enfermagem:
• .dar apoio emocional;
•.estimular o paciente para a alimentação, orientando quanto à importância da dieta;
• proporcionar repouso, manter o ambiente calmo;
•.verificar o peso, diariamente;
•.medir diurese de 24 horas;
• medir a circunstância abdominal dos pacientes portadores de ascite;
• observar as eliminações intestinais, em busca de sinais de sangramento e distúrbios como,
diarréia ou obstipação;
• verificar sinais vitais;
• fazer profilaxia de hemorragia (equimoses, epistaxes, sangramentos gengivais), executar
técnicas de hemostasia, caso se faça necessário;.
• estar atento para alterações mentais e saber aplicar técnicas de contenção em pacientes
agitados;
•.observação rigorosa do estado do paciente e anotação de qualquer alteração;
•.cuidados especiais coma sonda de Blackmore, em casos de hemorragias esofageanas;
•.cuidados na administração de hemoterapia;
• cuidados preventivos de escaras;

9- PACREATITE
É uma inflamação do pâncreas, devido a um escape de enzimas digestivas de sua células,
provocando uma auto digestão.

Causas:
• alcoolismo, cálculos biliares, drogas, toxinas infeções e anomalias metabólicas, febre

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tifóide e hepatite.

Sintomas:
Por epigástrica persistente, náuseas, vômitose anorexia.

Diagnóstico:
Exame físico e clínico, exame laboratorial e dosagem de amílase e lipase no sangue (soro)

Tratamento:

Clínico e Terapêutico
•.cuidados de Enfermagem;
• . repouso relativo no leito;
•. higiene oral e corporal;
• .manter diálogo, ouvir e anotar queixas;
• verificar e anotar sinais vitais;
• verificar e anotar as eliminações e a ingestão de líquidos;
• verificar e supervisionar a dieta; hipercalórica, hipolidica e hiperprotéica.
Obs: no início a dieta e zero.

UNIDADE II

AFECÇÕES DO SISTEMA HEMOTOPOÉTICO

1- ANEMIA

Conceito
É a diminuição do número de glóbulos vermelhos ou da concentração de hemoglobina, em alguns
casos estão reduzidos.

Causas:
• perdas sangüíneas, pós-hemorragias;
• destruições excessiva de células vermelhas
•.insuficiência da medula óssea
•.distúrbios nutricionais por deficiência de ferro, vitamina B12, ácido fólico;
•.mal formação congênitas
•.exposição excessiva a radiação e determinados tipos de drogas que podem deprimir a medula
óssea.

Sinais e Sintomas:
Os sinais e sintomas variam, conforme a gravidade e de acordo com o tipo de anemia: palidez da
pele e mucosas, astenia, tonturas, vertigens, cefaléia, fadiga, inapetência, sonolência, unhas
côncavas, dispnéia, hipotermia, irritabilidade, oligomenorréia, perda de elasticidade normal da pele,
adelgaçamento do cabelos.

Classificação:
a) quanto à etiologia:

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 297 CLÍNICA MÉDICA
• hemorrágica,: ocorre por perda sangüínea;
• hemolítica: destruição excessiva de hemácias
•.aplasia : insuficiência da medula óssea;
• falciforme: defeito cngênito em que as hemácias apresentam forma de foice;
•.ferropriva: deficiência de ferro;
•.perniciosa: deficiência do fato intrinseco do estômago, que metaboliza a vitamina B12
•.megaloblástica: deficiência de ácido fólico

b) quando à morfologia:
• microcítica: nomorcrônica, hemácias pequenas e a hemoglobina diminuída.
• macrocítica

Diagnósticos:
•.anamnese
•.exame físico;
•.hemograma completo, biopsia da medula óssea.

Tratamento:
Etiológico procurando eliminar a causa;
exemplo : ferropriva: administração de ferro;
• perniciosa : vitamina B12;
• hemorragica: transfusão sangüínea

Sintomático : hemoterapia, (sangue total, papa de hemácias);


• oxigenoterapia, insuficiência respiratórias;
• dieta hiperprotéica - hipervitaminica, rica em ferro;
• repouso;
• transporte de medula óssea nas anemias aplásicas.
• Hemoterapia – sangue total e papa de hemácias

2- LEUCEMIA

Conceito:
Afecção neoplásica dos tecidos formadores de sangue

Causa:
Desconhecida, existem hipóteses de que seja predisposição genética e de a Iesão da medula óssea
possa ser desencadeada por radiação e intoxicação química (inseticida, pesticidas, fertilizantes
agrícolas) e metais pesado

Classificação:
1 ) Conforme a linhagem dos leucócitos envolvidos;
a) linfócitica;
b) granulocítica ou mielocítica;
c) monocítica.

2) De acordo com a maturidade das células;


a) aguda
b) crônica

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 298 CLÍNICA MÉDICA

A - Leucemia aguda : Pode ser linfo, ganulocítica ou mocitica.


Caracterizam-se por aparecimento súbito e evolução rápida a incidência é maior em crianças e
adultos jovens
Caracteriza-se por leucócitos jovens (imaturos, células indiferenciadas).

B- Leucemia Crônica : geralmente linfócitica e mielocítica, em geral. As vezes, confúnde-se com


outras doenças. A incidência é maior em adultos e indivíduos idosos.

Sinais e Sintomas da Leucemia:


•.aparecem em menor ou maior intensidade, de acordo com o tipo de leucemia e estado geral do
paciente.
• geralmente pirexia elevada, dor devido ao aumento do fígado e baço e infiltração do
leucócitos na medula óssea, artralgia, cefaléia, náusea, vômitos, emagrecimento, astenia, apatia,
tonturas, palidez, infecção secundária cutânea e (principalmente do trato respiratório e urinária),
sangramento (petéquias, equimoses, sangramento do nariz; gengivas, vagina) e linfoadenopatias.

Diagnóstico:
Hemograma: aparecimento de anemia e trombocitopenia, leucocitose.
3
(10.0 a 10.000 m , com predominância de células blasticas imaturas, na leucemia aguda e,
ocasionalmente, por ocorrer leucopenia.
• biópsia de medula óssea(geralmente confirma o diagnóstico);
•.exame físico;
• anamnese;
•.biópsia de gânglios linfáticos.

Tratamento:
No tratamento das leucemia, geralmente se utilizam
medicamentos para inibir a proliferação anormal dos leucócitos. quimioterápicos,
antibióticos (antimicrobianos) ;transfusão de sangue, oxigenoterapia, antitérmico,
antieméticos, analgésicos; complexos vitaminicos, transplante de medula óssea;
manutenção do estado geral, com dieta nutritivas, garantindo uma boa hidratação,
isolamento em unidades especiais, cujo ambiente seja climatizado e isento de
germes, como profilaxia de infecção em paciente com agranilocitose.

Assistência de Enfermagem:
•.proporcionar conforto físico, emocional e espiritual;
•.fazer profilaxia de infecções, isolando os paciente de acordo com a necessidade mantendo uma
boa higiene geral e oral, tendo cuidados especiais com catetes endovenosos, sondas, observando
todas as técnicas assépticas ao aplicar os cuidados;
• prevenir hemorragias, utilizando escovas macias para H. O . evitando a aplicação de
medicamentos IM, AAS.
• observação das eliminações gastrointestinais e urinárias, em busca de sinais de hemorragias;
• verificar sinais vitais e anotar qualquer tipo de anormalidade;
• observar, orientar os efeitos colaterias dos quimiterápicos ( náuseas, vômitos, cefaléia
irritação local, estomatites alopécia, edema hematúria);
• controlar volumes ingeridos e eliminados;
• proporcionar repouso e recreação dentro das condições de cada paciente.

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 299 CLÍNICA MÉDICA
• estimular o apetite e a ingestão hídrica;

Complicações:
As complicações mais freqüentes são hemorragias e infecção.

3 – NEOPLASIAS

O câncer deve ser visto como um processo de mutação, pouco compreendido, em


que as células anormais originam-se de células normais do organismo e proliferam dentro de
uma área localizada.
À medida que a doença progride,as células adquirem características invasivas,
infiltram os tecidos vizinhos e ganham os vasos linfáticos e sanguíneos por onde são carreadas
para formar metástases (disseminação cancerosa) em outras partes do corp.
A detecção precoce da patologia representa uma medida eficaz para reduzir a
mortalidade em diversos tipos de câncer . Sinais de alarme , como alterações nos hábitos
intestinais , falta de cicatrização em alguma ferida, sangramento anormal, aparecimento de
nódulo na mama ou em qualquer outra parte, indigestão ou dificuldade em deglutir, alteração em
uma verruga e rouquidão e tosse permanente devem ser avaliados rigorosamente com o intuito
de se determinar um processo canceroso incipiente.

Medidas Preventivas:

O aparecimento de câncer está ligado a fatores etiológicos que podem ser


divididos em quatro grupos: físicos, químicos, genéticos e virais.
O conhecimento acerca destes fatores, assim como as medidas para evitar a
exposição a eles constituem medidas importantes para a sua prevenção.
Entre os fatores físicos associados ao surgimento do câncer incluem-se a
exposição à radiação ou trauma físico.
Os compostos químicos como o alcatrão as aninas aromáticas, os metais,
especialmente o ferro, o níquel, o berílio, o cromo, o asbesto assim como os inseticidas os
herbicidas, fertilizantes e preservativos agrícolas estão ao longo dos anos, descritos como
agentes carcinogênicos responsáveis pelo aumento da incidência de câncer em nosso meio.
Os fatores genéticos e virais estão ainda sendo avaliados, através de pesquisas,
com a finalidade de definir seu comprometimento no aparecimento do câncer, para, então,
posteriormente incluí-los como parte da prevenção ativa da doença.
Para a detecção do câncer em pessoas assintomáticas são indicados exames
periódicos, considerando-se a faixa etária e sexo do indivíduo:

Procedimento ou Exame Sexo Faixa Etária Freqüência


Papanicolau F 18 a 65 anos Anual
Exame pélvico F 20 a 40 anos Cada 3 anos
+ 40 anos Anual
Exame físico das mamas F 20 a 40 anos Cada 3 anos
+ 40 anos Anual
Mamografia F 35 a 40 anos 1 exame como referencia
+ 50 anos anual
Exame retal direto FeM + 40 anos Anual
Sigmoidoscopia FeM + 50 anos A cada 3-5 anos

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 300 CLÍNICA MÉDICA
Check-up para cancer FeM + 40 anos Anual

Métodos Diagnósticos:

O diagnóstico do câncer é realizado através de minucioso exame físico, em que podem ser
observados alguns sinais de alerta, já descritos no início deste tópico, e através da anamnese, que
também é de grande valor diagnóstico, uma vez que vem esclarecer fatores envolvidos no
aparecimento destes sinais.
A partir da detecção dos sinais e sintomas congestivos de câncer em algum sistema
orgânico, esclarece-se o diagnóstico através de exames laboratoriais, que serão específicos aos
órgãos comprometidos.

Tratamento:

- radioterapia: é a terapia radioativa ou através de radiação, usada com freqüência no


tratamento de câncer .

Cuidados de enfermagem:

- promover um ambiente calmo e tranqüilo;


- observar, relatar e informar ao enfermeiro o aparecimento de reações sugestivas de
ansiedade e medo ao tratamento, como: secura na boca, tremores nas mãos, vômitos e
palpitações ;
- retirar objetos opacos como botões, alfinetes e fivelas de cabelo;
- substituir a roupa do paciente por camisola, própria para RX;
- dizer para o paciente para permanecer imóvel . Se for necessário usar bolsas de areia para
mantê-lo imóvel;
- avisar ao paciente que ele ficará sozinho na sala e que o técnico manterá contato verbal
durante a sessão de terapia;
- ficar a tento ao aparecimento de efeitos colaterais;
- administrar os medicamentos prescritos;

Efeitos Colaterais:

- manifestações cutâneas: descamação da pele, cicatrização, queda de pelos, escurecimento


da pele e eritema.
- lesão da mucosa orogástrica: perda do paladar, dor de garganta, dificuldade para deglutir;
- reações sistêmicas: náuseas, vômitos, febre, mal estar geral, anorexia, diarréia;

Quimioterapia:

É um método terapêutico utilizado com sucesso no tratamento do coriocarcinoma e da


leucemia. Tem por finalidade determinar a regressão dos tumores e de suas metástases, retardar o
aparecimento de crescimentos secundários e aliviar a dor por algum tempo.

Vias de administração:

Os quimioterápicos podem ser administrados por via oral, venosa, intra-muscular e intra-
arterial.

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 301 CLÍNICA MÉDICA
Efeitos Colaterais:

Os efeitos tóxicos dos quimioterápicos variam de acordo com o grupo a que pertence a
droga e coma sensibilidade individual da cada cliente.
Os sintomas mais freqüentes são: anorexia, náuseas, vômitos, febre, calafrios, mal estar
geral, diarréia, eritema, descamação da pele, alopecia, necrose tecidual e hemorragia.
O uso dos quimioterápicos por um período prolongado ocasiona o desenvolvimento de
outros tipos de cânceres, depressão da medula óssea que gera anemia, tendências hemorrágicas e
diminuição da resistência a infecções .
É importante conhecer os sinais de toxicidade dos agente quimioterápicos para que se
adotem medidas no sentido de se evitar ou minimizar seus desconfortos ao cliente .

Cuidados de Enfermagem:

- proporcionar repouso e conforto ao cliente;


- verificar sinais vitais de 6/6 horas
- observar e relatar o aparecimento de efeitos colaterais;
- auxiliar o cliente que esteja com episódios de náuseas, vômitos e diarréia;
- oferecer líquidos ;
- auxiliar o enfermeiro no preparo dos quimioterápicos;
- observar o local de punção venosa, para se evitar o extravasamento de droga;
- caso ocorra o extravasamento venoso, interromper o gotejamento e comunicar o
enfermeiro imediatamente.

4- HEMOFILIA

Conceito:
Defeito genético caraterizado por deficiências nos fatores de coagulação.
Hemofilia tipo A - deficiência do fator VII
Hemofilia tipo B- deficiência do fato IX;
Todos os tipos se hemofilias são herdadas como traços ligados aos cromossomo X., de modo que
quase todos os indivíduos atingidos pertencem ao sexo masculino; a mãe e algumas de suas irmãs
poderão ser portadoras assintomáticas.

Sinais e Sintomas:
Os sintomas caracterizam-se por dificuldade de coagulação do sangue quando podem ocorrer
hemorragias nasais, gengivais, articulares, intramusculares, após traumatismos mínimos. A
gravidade dos sintomas depende do grau de deficiência dos fatores envolvidos.

Diagnóstico:
A doença é geralmente detectada pelos sintomas no inicio da infância, os testes de coagulação
confirmam o diagnóstico.

Tratamento:
O tratamento consiste em se fazer a profilaxia de hemorragias com a administração dos
fatores de coagulação periodicamente ( crio precipitado) e administração de sangue, plasma e
medicamentos que auxiliem na hemostasia e o crio em episódios hemorrágicos.

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 302 CLÍNICA MÉDICA
Não existe cura o tratamento e apenas sintomático.
Obs.: Estes pacientes também não poderão receber injeções intramusculares e medicamentos que
contenham AAS em sua fórmula.

Assistência de Enfermagem
• auxiliar na higiene e orientar, principalmente quanto à importância da higiene oral;
• estar atento para episódios hemorrágicos e conhecer as técnicas de hemostasia;
• evitar traumatismo e orientar o paciente neste sentido,; proteger as articulações;
• imobilizar as articulações, em casos de hemorragia articular;
• cuidados na administração de crio;
• "especial atenção nas : tricotomias', sondagens, lavagens intestinais, aplicações de calor;
• orientar para que se utilize sempre um cartão de identificação de hemofílico, contendo grupo
sangüíneo, fator Rh, nome do médico ou endereço do hospital em que se trata, pessoa que deve ser
avistada em caso de urgência;
• atenção especial a pacientes submetidos à extração dentária ou cirurgias.

5- DISTÚRBIOS DE COAGULAÇÃO
Os distúrbios ligados à coagulação sangüínea podem estar associação:

• Fatores hereditários ( hemofilia)


• Fatores adquiridos ( deficiências de vitaminas K) e.Uso de anticoagulantes.
• Coagolopatia.
• Uso de anticoagulantes

Fatores de Coagulação:
1. Coagulação intravascular disseminada : consiste na formação de pequenos
trombos nos capilares ocasionando consumos de flibrincogênio e plaquetas dando origem ao
sangramento.
causas : complicação de infecções, procedimentos obstétricos, queimaduras reações transfúsionais e
hemofiliticas.

Sinais Clínicos - sangramento difuso em pele e mucosas, no trato gastrointestinal e urinário,


venopução, equimoses e petéquias.

Diagnóstico:
Teste de coagulação

Tratamento:

Medidas destinadas a interromper o fator desencadeante; ou atacar diretamente a


causa.

2 - Deficiência de Vitamina K
A deficiência da vitamina K confere anormalidade não mecanismos de coagulação
sangüínea.

Causas:
Diminuição da absorção intestinal, privação dietética e terapêutica antimicrobiana
prolongada
Sinais Clínicos : equimoses, sangramento nasal e gengival, hematúria,

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hematêmese e vaginal e sangramento operatório.
Tratamento:
Medidas de reposição sangüínea, transfusão de sangue e de vitamina K por
vias oral, ou intramuscular.

6- HEMOTERAPIA

Conceito:
Consiste na administração de sangue total ou de partes separadas do sangue (
plasma, plaquetas, hemácias, fibrogênios, etc.) por via endovenosa, conforme a
indicação terapêutica.
A transfusão de sangue e uma técnica que exige muita responsabilidade por
parte da enfermagem devido a serie de complicação que podem ocorrer durante ou
após a série transfusão. O doador deverá apresentar alguns requisitos além de ser
entrevistado e examinado antes da doação. o banco de sangue é o responsável pela
triagem dos doadores, com o objetivo de preservar a saúde do doador e evitar riscos
para o receptor. Obdecendo a portaria nº 1346

Requisitos do doador:
• idade - deve estar entre o 18 e 60 anos.
• peso corporal - acima de 50 kg
•.sinais vitais – 60 e 110 bpm
• temperatura - entre 36 a 37º C
P. A. sistólica – 90 e 180 mm Hg
P.A. diastólica – não deve exceder 100 mm Hg
•.hemoglobina - na mulher no mínimo 12,8 g, 100 ml
no homem no mínimo 13,0 g/ 100 ml
O doador deve estar em boas condições de saúde física e mental.

Fatores que contra indicar a doação:


História de doenças como : hepatite viral, sífilis, malária, doença de chagas, AIDS, tuberculose,
alergias, asma, diabete, urticária, epilepsia, doença de pele, câncer, anemia, ou qualquer doença
infecciosa ativa, bem como alcoolismo crônico, ou dependência de drogas;
É contra-indicada ainda, a doação de sangue por parte de mulher
durante a gestação, até 6 meses após o parto, ou mais se estiver em amamentando.

Assistência ao doador, durante a coleta de sangue:


• 0 doador deverá permanecer deitado em ligeiro tredelembuerg;
• verificar os sinais vitais;

Material necessário para a coleta:


• algodão embebido em solução antisséptica (álcool iodado);
• agulhas calibrosas;
•.equipe especial para a coleta;
• frasco ou bolsa estéril com solução anticoagulante;
• garrote;
• quantidade coletada: em média 350 ml sangue.
Após a coleta, retira-se o garrote, em seguida a agulha, e faz-se uma compreensão local com
algodão seco. Aconselhas-se ao doador para que permaneça deitado por mais ou menos 5 a 10

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minutos e verifica-se, novamente, os sinais vitais e que fique próximo do local por mais ou m
menos 30 minutos, que é o período em que ocorrem as complicações mais freqüentes.
Orienta-se para que não exerça atividade física severa e para que procure ingerir bastante líquido e
alimentar-se adequadamente.

Complicações com o doador:


• sangramento excessivo no local da punção, formação de hematomas e laceração de veias
tonturas, vertigens, desmaios;
• infecções no local por contaminação do material.

Cuidados com Sangue:


Após a coleta, o frasco ou a bolsa deve ser lacrados para evitar a contaminação devem ser
devidamente indentificada e conservação em geladeira; o sangue o total, pode ser conservado em
geladeira em temperatura de 40 C durante 21 dias. Após este período, grande parte das hemácias
são distribuídas, o plasma pode ser congelados e conservado por até 12 meses.

Cuidado com o receptor:


• preparar psicologicamente o paciente;
• conferir os rótulos certificando-se do grupo sangüíneo e fator Rh, para complicações de
incompatibilidade sangüínea.
• descongelar o sangue, caso esteja congelado; pode-se colocar em banho maria, em água
não muito quente, afim de evitar a administração de sangue gelado;
• conectar equipo especial para sangue mantendo técnica asséptica rigoroso;
• observar as condições das veias do paciente;
• proceder à técnica de punção utilizando agulhas calibrosas;
• imobilizar, conforme a técnica;
• controlar o gotejamento, conforme prescrição médica de manejo geral, deve ser
administrado lentamente e, durante os primeiros 15 minutos não deve ultrapassar a 20
gotas por minuto.
• controlar T.P.R e Pa regularmente e observar o paciente, caso apresente sinais como
dispnéia, náuseas, vômitos, urticária, prurido, ansiedade, tremores ou outros que possam
indicar reações.
Nestes casos, a transfusão deverá ser interrompida, e imediatamente o médico
avisado:
• anotar o horário de inicio e término da transfusão, bem como as quantidades administradas;
• fazer as anotações no relatório de enfermagem;
• medir volume urinário e observar a urina em busca de sinais de hematúria

Complicações das transfusões:


Imediata - surgem durante a transfusão ou imediatamente após.
1. febre; elevação da temperatura corporal, acompanhada ou não por calafrios: surge, geralmente,
não primeira na de transfusão pode ocorrer devido ê presença de pirogênio bacteriano, sensibilidade
a leucócitos ou plaquetas, reações hemoliticas outros fatores ainda desconhecidas;

2 - reações alérgicas : podem aparecer sob forma de urticária, prurido , dificuldade respiratória ou
anafilaxia. A causa exata desse tipo de reação é totalmente desconhecida, mas acredita-se que possa
ser decorrente de anticorpos presentes no plasma do doador, que reagem com algum antigeno ao
qual o receptor esteja exposto;

3- reações hemolíticas ou de incompatibilidade sangüíneo : caraterizam-se pelo surgimento súbito

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de calafrios, dor, cefaléia, ansiedade, dispnéia, cianose, febre, náusea, vômitos, hemácias e
hipotensão arterial, seguidos de choque, Aparecem, geralmente, nos primeiros 30 minutos de
transfusão e são devidos a, incompatibilidade sangüínea. Nestes casos, os anticorpos presentes no
plasma do receptor combinam-se rapidamente com os eritócitos do daodor, ocorrendo destruição
maciça das hemácias tanto as da circulação quanto as do sistema reticuloentelial : podem levar o
paciente a complicações renais graves e a óbito, em pouco tempo. E uma das complicações mais
sérias das transfusões e as conseqüências geralmente, são proporcionais as quantidade de sangue
transfundidos;

4- Sobrecarga circulatória : aumento brusco do volume circulante, tosse e escarro róseo e espumoso,
ocorre devido ao gotejamento muito rápido em pacientes que apresentam volume circulante normal
ou aumentado, ou ainda, nos portadores de insuficiência cardíaca renal;

Tardias:
1- Hepatite sérica : pode manifestar-se 2 ou até 6 meses após a transfusão, apresentando os sinais e
sintomas clássicos da doença. Ocorre devido à presença do vírus no sangue do doador.

2- Malária : surge, geralmente, algumas semanas após transfusão com o paciente apresentado febre
alta, cefaléia e calafrios. Também é decorrente da contaminação do sangue do doador, muitos dos
quais são portadores.

3- Sífilis : atualmente é uma complicação rara devido aos testes sorológicos


empregados em todos os bancos de sangue, também o microorganismo não resiste à refrigeração.

Assistência de enfermagem nas reações transfusionais:


• interromper imediatamente a transfusão e comunicar o médico.
• Verificar sinais vitais, especialmente a temperatura;
• Administrar remédio prescrito;
• Fazer anotações de enfermagem.
• não deixar o paciente sozinho, observar melhora;
• comunicar a sala de transfusão o ocorrido e encaminhar todo o sangue retirado para o
banco de sangue para ser analisado.

UNIDADE III

AFECÇÕES DO SISTEMA ENDÓCRINO

1- Diabetes Mellitus
É uma doença metabólica de natureza genética que, devido a uma
carência parcial ou total da insulina produzida pelo pâncreas compromete o
metabolismo dos hidratados de carbono, proteínas, lipídios água e eletrólitos

Classificação.

1. Diabete primária:
•.Juvenil (tipo 1 - insulino - dependente)
Em geral em crianças ou no jovem, nestes casos existe uma falta relativa ou total de insulina,

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exigindo assim o uso de insulina para sua sobrevivência.
Adulto (tipo II - não insulino - dependente)
Manifesta-se após os 40 anos, podendo surgir também nos jovens, uma falta
parcial de insulina

2- Diabete Secundária
Depende da incidência de doença que atinge o pâncreas:
• doença pancreática, endócrina ou medicamentosa

Causas e fatores predisponentes


• hereditariedade;
• afecções pancreáticas, como a pancreatite crônica;
• câncer de pâncreas; cirrose hepática;
• distúrbios hormonais, como os que ocorrer durante a adolescência, gravidez e menopausa;
• síndrome de cushing (hiperprodução dos hormônios adrenocorticais);
• obesidade;
• alcoolismo crônico;
• . stress emocional;

Incidência: após os 45 anos

Sinais e Sintomas:
Polidipsia, polúria, dificuldade de cicatrização, hiperglicemia, sonolência pós-pradial,
irritabilidade, infecção de pele, prurido de pele, prurido genital, diminuição da acuidade visual
(progressiva), fraqueza muscular, polifagia ou anorexia, emagrecimento mais freqüente no diabete
infanto-juvenil, enquanto o diabete da maturidade tem mais tendência a engordar.

Diagnóstico: anamnese
• exame laboratorial - glicemia (dosagem de glicose no sangue)
Glicosúria ( determinação de glicose na urina) cetonúria ( determinação da presença de corpos
cetônicos na urina), curva glicêmica ou prova de tolerância a glicose.

Tratamento:
O tratamento visa normalizar as taxas de glicose no sangue e manter metabolismo, de
maneira que o paciente possa viver uma vida normal pelo maior tempo possível e diminuir o
índices decorrentes da enfermidade

O tratamento básico é constituído por:


Dieta: a dieta e o controle do peso são extremamente importante para o diabético, ela deve ser
ajustada a cada paciente conforme os níveis de glicose e as suas necessidades nutricionais, de
maneira geral, a dieta é pobre em açúcar e gordura e rica em proteinas, vitaminas e sais minerais.
O paciente deve ser orientado quanto a importância da dieta, para que alimente em intervalos
regulares; evitando tudo o que possa ocasionar um aumento excessivo da glicose, bem como a
diminuição acentuada, pois em ambos os casos poderá trazer sérias complicações.

Exercícios Físicos :os exercícios físicos bem orientados e ajustados auxiliam na queima dos
carboidratos reduzindo as necessidades de insulina.
Muitos paciente conseguem controlar os níveis de glicose seguido a dieta e os exercícios.

Medicação: insulina: extraída de pâncreas de animais como boi,

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carneiro, porco.
Administrada exclusivamente por via parental, está em se tratando de uma proteína, perde
totalmente sua atividade de ser administrada por via oral, em virtude do desdobramento
proteolítico que sofre sob influência das enzimas digestivas.

Tipos de Insulina: desde a sua descoberta, em 1921, a insulina vem sendo submetida a uma série
de modificações de seus estado físico, visando alterar a intensidade e a duração de seu efeito
hipoglicemiante.
a) insulina de ação rápida; ação de 30’ e duração de 6 a 8 horas
• insulina simples - normal
• "cristalina"

b) insulina de tempo prolongado


• insulina protamina - zinco
•."ultra - lenta" ação de 6 a 8 horas e duração de 24 a 30 horas

c) insulina de ação intermediária


•.insulina NPH
• "lenta" a;cão de 2 a 4 horas e duração de 16 a 24 horas
• semi lenta ( mistura de insulina); manutenção

A) Insulina simples ( amorfa ou regular ) , absorção e ação rápida, curta duração, tem seu
efeito máximo de atividade após 2 horas de sua aplicação por via S. C , duração aproximada de 6
horas. Pode ainda ser aplicada geralmente em diabéticos descompensados e a dosagem é calculada
conforme o resultado da glicosúria, antes das principais refeições.
B) Insulina NPH - suspensão de cristais de insulina protamina - zinco o que lhe confere o
aspecto de insulina. Apresenta atividade hipoglicemiante intermediária entre a insulina regular e a
insulina protamina - zinco
O efeito começa a 2 horas da aplicação, atinge o 'máximo em 8 a 10 horas e se esgota em
24 -30 horas. Devido ao se efeito mais intenso, nas 12 primeiras horas, deve ser aplicada pela
manhã, em dose única, antes do desjejum, salvo em casos especiais. Sua dosagem geralmente. é
calculada conforme a glicemia do paciente independente do resultado da glicosúria.

Via de administração : sub - cutânea. Devido ao fato de ser uma suspensão deve ser
homogenizada.

Complicação do uso da insulina:


• alergias : podem ser locais, com aparecimento de pequenos nódulo no local, geralmente
acompanhado de eritema e sensação de queimadura ou prurido. As manifestações gerais ou
sistêmicas podem surgir sob forma de urticária ou choque anafilático ( hipertensão, cianose,
dispnéia, dor abdominal e diarréia). Surgem geralmente 30 minutos após a aplicação;
• insulino-resistência : determinada pela produção de anticorpos a insulina, levando à falta
de resposta à insulina;
•.lipodistrofia insulínica: consiste em distúrbios da reposição de gordura do tecido
subcutâneo nos locais de aplicação de insulina sobretudo quando as injeções são feitas
repetidamente no mesmo local;
• abcessos : podem ocorrer nos locais de aplicação de insulina e geralmente são
decorrentes da falta de assepsia e esterilização inadequada do material.( usar material descartável)
•.choque hipoglicêmico ou como insuliníco. ( decorrente da diminuição brusca e
acentuada do nível de glicose no sangue.

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Diagnóstico:
Glicemia:
Glicosúria, cetonúria.

Tratamento:
Consiste na administração de glicose ou de alimento que contenha carboidratos se o
paciente estiver em condições de deglutir, poderá ser oferecido, suco de frutas, refrigerante, leite
ou água açucarados, que é o suficiente para que o paciente se recupere em 10 a 15 minutos.
Caso o paciente esteja inconsciente deverá ser aplicado glicose por via endovenosa ou
através deS.N,G.

Causas:
Dose excessiva de insulina deficiência alimentar, excesso de exercícios físicos, distúrbios
gastrointestinais como diarréia e vômitos.

Sinais e Sintomas:
Aparecem subitamente fadiga, sonolência, cefaléia, sensação de frio, tremores nas mãos,
astenia, taquicardia, sudorese, palidez, formigamento visão nublada, podendo evoluir rapidamente
para a inconsciência.

• Choque hiperglicêmico ou choque diabético:


ocorre devido ao aumento da taxa de glicose no sangue.

Causas:
Excessos alimentares, falta de insulina, falta de exercício, podendo se agravar por
infecções, stress emocional, etc.

Sinais e Sintomas:
De maneira geral, tem evolução lenta, polidipsia, polúria, astenia, anorexia,
nervosismo, pele seca, sinais desidratação, respiração de Kussmaul. Hálito actônico, náuseas e
vômitos, sonolência e coma.

Diagnóstico:
Glicemia:
Glicosinúria, cetonúria.

Tratamento:
Administração de insulina conforme esquema de glicemia
Assistência de enfermagem nos quadros de hipo e hiperglicemia
- Observar quais os sinais e sintomas que o paciente apresenta;
- Verificar sinais vitais;
- Comunicar ao enfermeiro responsável e também ao médico.
- Não deixar o paciente sozinho
- Administrar medicação prescrita.
- Observar reações e níveis de consciência

Complicações do diabete:
Cetoacitose: devido à ausência ou insuficiência da insulina,
diminuição dos hidratos e carbonos e distribuição acelerada de gorduras e proteínas, trazendo
como conseqüência para o paciente, a desidratação, perda de sódio e potássio, cloreto e

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bicarbonato, aumento de corpos cetônicos devido à rápida degradação de gorduras, levando o
paciente ao coma diabético.
Infecções : as infeções freqüentes e graves para o diabéticos são porque de maneira geral o
diabético apresenta baixa de resistência e o diabete se agrava com a infecções das extremidades
inferiores geralmente levam à gangrena diabética e conduzem à amputação.
Retinopatia diabética : distúrbio circulatório da retina com hemorragia do humor vítreo que
leva geralmente à cegueira.
Lesões vasculares : o aumento constante da glicose no sangue leva à lesão das paredes
internas dos vasos sangüíneos. Isto faz com que ocorram alterações na elasticidade dos vasos,
ocasionando dificuldade circulatória, praticamente em todos os órgãos, predispostos ao infarte do
miocárdio, insuficiência renal, retinopatia diabética, gangrena, A.V.C, neuropatia e outros.

Orientação de Enfermagem:
Teste de Glicosúria em pacientes que farão uso de insulina simples deve-se orientar
sobre glicofita e interpretação dos resultados e esquema de aplicação;
Vestuário: cuidados de higiene.
Cuidados com os pés: lavar os pés diariamente com água morna, lubrificar com substâncias
oleosas se tiver pele oleosa, recomenda-se passar álcool uma vez por semana, cortar unhas retas
para evitar traumatismos; manter os pés secos e fazer exercícios para ativar a circulação das
extremidades.
Fumo e álcool: são totalmente contra indicados em caso diabetes:
O diabéticos que faz uso de insulina deverá ter conhecimento sobre os sinais e
sintomas de hipoglecemia e trazer sempre consigo uma bala, ou qualquer outro doce para situações
de emergência bem como fazer uso de um cartão de identificação.

SOU DIABÉTICO E USO INSULINA

Se eu estiver apresentando conduta estranha, porém consciente e


capaz de engolir, dê-me açúcar ou caramelos, suco o água açucarada, lentamente.
Caso eu esteja inconsciente ou não me recupere, leve-me a um médico ou hospital e
notifique meu médico.

Meu nome:_____________________________________________________________________
Endereço:______________________________________________________________________
Nome do Clínico:________________________________________________________________
Fone:__________________________________________________________________________
Endereço do Médico ou Hospital em que se trata:_______________________________________
_______________________________________________________________________________
Insulina que utiliza Unidades diárias:_________________________________________________
Unidades diárias:_________________________________________________________________

Cuidados de Enfermagem:
• pesar diariamente;
• controlar glicosúria e cetonúria conforme esquema prescrito, interpretar e anotar os
resultados;
• aplicar insulina conforme prescrição, observar a dosagem correta e o uso de seringa
própria, bem como os locais de aplicações .
•.alimentar o paciente logo após a aplicação;
• verificar liquido ingeridos e eliminados e registrar, caso ocorram vômitos ou diarréia,

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comunicando imediatamente ao médico.
•.observar sinais de hipoglicemia e hiperglicemia tomando as medida de urgência em cada
caso e comunicar o médico;
•observar o paciente durante as refeições e anotar, caso não esteja se alimentando adequadamente;
•.incentivar o paciente a se movimentar para prevenir as complicações circulares;
•.orientar e auxiliar na higiene, tendo cuidados especiais com a higiene oral, genital e dos pés;
•.observar técnica asséptica rigorosa em qualquer cuidado que de preste ao paciente, para
prevenir infecção;
•.prestar cuidados especiais a pacientes inconscientes;

Orientação do paciente para a alta:


Dieta: deverá ser fornecido um cardápio contendo os alimentos e as
quantidades que poderá ingerir, conforme as condições do paciente;
Exercício: orientar sobre os exercícios que poderá participar de acordo
com a idade; observando que estes exercícios deverão manter um ritmo para evitar
complicações;
Insulina: se o paciente necessitar de insulina para continuidade do
tratamento, deve-se orientar o paciente e a família, sobre o uso de seringa, dosagem a ser aplicada,
técnica e, locais de aplicação. Em paciente jovens deve-se incentivar auto-aplicação.

2- HIPOTIREOIDISMO

Conceito:
Doença causada pelo deficiência dos hormônios tireodeanos produzidos pela glândula
tireóide em adultos em estágios muito avançados é também conhecido como MIXEDEMA e
quando se desenvolve no feto (intrauterino) ou na criança recém nascido poderá causar cretinismo(
distúrbio de crescimento e desenvolvimento)

Causas:
Deficiência dos hormônios tireodianos poderá ser causada por:
•.disfunção da hipófise, falta de T.S. H ( hormônio que estimula a tireóide);
• .tireóidite crônica;
•.tireoidectomia ( extirpação cirúrgica da glândula tireóide);
•.atrofia da glândula tireóide por causas desconhecidas.

Incidência : Maior em mulheres

Sinais e Sintomas:
Variam com a intensidade da doença e a idade da pessoa no inicio da doença. Se a doença
atinge a criança poderá levar a distúrbios no crescimento e desenvolvimento físico mental. No
adulto, os sinais sintomas mais freqüentes são;
•.obesidade, astenia, fadiga , pele seca e grossa, alopécia (queda dos cabelos), unhas
quebradiças, sonolência, voz rouca e baixa, perda da libido, movimentos lentos, hipersensibilidade
ao frio, formigamento, distúrbios circulatórios nas extremidades, obstipação intestinal.
Nos estados graves : Mixedema; a pele torna-se mas espessada, surgimento de edema de pálpebras e
rosto, dando um aspecto de "dorminhoco" edema de membros inferiores, apatia total, edema de
lábios e língua, linguajar lento e difícil.

Diagnóstico:

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• dosagem de T3, T4 e TSH ( metabolismo basal baixo)
•.captação de iodo radioativo;( cintilografia da tireóide)
•.anamnese quadro clínico.

Tratamento:
Administração oral ou parenteral de hormônios tireóideo conforme as necessidades do
paciente;
Iodo, em mulheres grávidas, para evitar o cretinismo.
Dieta : a dieta deverá ser hipolipídica e hiperprotéica e devem ser evitados os alimentos
bocigênicos, como: couve-flor, nabo amêndoas, etc.

Complicações:
Cardíacas : decorrentes do intenso comprometimento das artérias coronária predispondo ao
infarto do miocárdio e insuficiência cardíaca, que podem ser agravadas durante o tratamento.
• diminuição da resistência orgânica predispondo a infecção;
•.psicoses orgânicas com delírios;
•.mixedematoso

Cuidados de Enfermagem:
• controlar líquidos ingeridos e eliminados;
• verificar peso;
• manter o ambiente aquecido, mas não excessivamente, devido metabolismo do oxigênio;
• verificar sinais vitais;
• administrar medicamentos, conforme prescrição. Caso o paciente se queixe de dor no peito e
dispnéia, a medicação específica ( hormônios tireoidianos) deve ser suspensa e o médico avisado
imediatamente;
• orientar sobre os cuidados com a pele;
•.incentivar a movimentação;
• proporcionar recreação ao paciente;
• observar e anotar sinais de complicações, bem como qualquer modificação no comportamento do
paciente;
•.cuidados especiais na administração de sedativos e hipnóticos. Estes pacientes são extremamente
sensíveis, tais medicamentos, mesmo em pequenas doses, podem induzir ao sono profundo e
produzir depressão respiratória.

3- HIPERTIREOIDISMO - (TIREOTOXICOSE)

Conceito:
Doença causada pelo aumento na produção dos hormônios tireoidianos.

Causa:
• produção excessiva de tiroxina por tumoração ou transtorno da glândula tireóide;
• hiperatividade autônoma da glândula tireóide por desconexão com a hipófise;
•.hiperatividade da hipófise na produção de T.S.H.
• choque emocional, infecção, apesar de o mecanismo exato não serem complemente esclarecidos.

Incidência:
Maior em mulheres na idade de 20 a 40 anos.

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Sinais e Sintomas:
Os sinais e sintomas variam de acordo com a gravidade da doença.
•.nervosismo, irritabilidade, insônia, emagrecimento, polifagia, tremores nas mãos, sudorese
excessiva, intolerância ao calor, pele fina e oleosa, inquietação nos hábitos intestinais e alterações
menstruais, exoftalimia, (olhar esbugalhada dando a face uma expressão de espanto), hipertensão (
sendo que geralmente a máxima se encontra elevada e minima não ). Quando atinge, na fase de
crescimento, pode resultar em crescimento excessivo.

Diagnóstico:
•.dosagem de T3, T4 e TSH ( metabolismo basal alto)
•.captação de iodo radioativo( cintilografia da tireóide)

Complicações:
• desnutrição, emagrecimento excessivo;
• exoftalmia progressiva podendo levar à ulceração de córnea e destruição do globo ocular;
• complicações cardíacas que podem levar ao óbito.

Cuidados de Enfermagem:
• proporcionar ambiente agradável, calmo e arejado;
•.evitar tudo que possa irritar o paciente;
• verificar peso diariamente;
•.controlar líquidos ingeridos e eliminados;
•.verificar sinais vitais;
• observar se a dieta supre as necessidade do paciente, que normalmente apresenta o apetite
aumentado;
• administra medicamentos, conforme prescrição;
• quando administrar iodo, procura administrá-lo com canudo para evitar a ação do iodo sobre os
dentes;
• proteção dos olhos em paciente com exoftalmia acentuada para evitar as lesões da córena;
• orientar o paciente para que evite o café e qualquer outro alimento estimulante;
• o fumo e o álcool também devem ser evitados, o álcool quando ingerido com estômago vazio
poderá causar hipoglicemia;
• observar e anotar o funcionamento gastrintestinal;

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UNIDADE IV

AFECÇÕES DO SISTEMA RESPIRATÓRIO

1 - Resfriado Comum
A frase “resfriado comum" é. o termo geral que o paciente usa em diferentes sintomas, geralmente
quando se refere aos sintomas de infecções do trato respiratória superiores.
Manifestações e Fisiopatologia. Estes sintomas são de obstrução e corrimento nasal, dor de
garganta, espirros, mal-estar, febre, calafrios freqüentes, cefaléia e dor muscular. Com a evolução
do resfriado aparece a tosse
Mais especialmente, o termo se refere à coriza afebril infeciosa aguda. Mas largamente, o termo se
refere à infecção respiratória aguda do trato superior como rinite, faringite e laringite.
Os sintomas acabam em 5 dias a 2 semana, quando a febre é significativa ou problemas
constitucionais mais graves com os sintomas respiratória não estamos mais lidando com um
resfriado comum, mas com uma das infecções respiratórias superiores agudas. Muitas viroses (
acima de 100) são conhecidas como capazes de produzir sintomas capazes de produzir sintomas de
resfriado, e cerca de 10 por cento dos resfriados parecem estar associados simultaneamente com
mais 4 vírus.
Também distúrbios alérgicos que irritam o nariz podem minimizar os sintomas do resfriados. Os
resfriados são altamente contagiosos, já que os pacientes espalham vírus por dois dias antes do
aparecimento dos sintomas e durante a primeira parte de sua sintomática.
Os resfriados prevalecem entre 15% da população, durante o inverno, e é responsável por quase
metade de todas as faltas ao trabalho e um quarto do total de tempo de trabalho perdido.
O Manejo do resfriado comum consiste em hidratação adequada, repouso, alivio dos calafrios,
descongestionantes aquosos nasais, vitamina C, bronco dilatadores e expectorantes, se necessário,
gargarejos com água salgado ( aliviam a dor de garganta) e o ácido acetilsalicílico (AAS )
desaparecem sintomas gerais. Antibióticos não são indicados ao resfriado comum, não complicado
2 - Pneumonia

Conceito:

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Infecção do tecido pulmonar.

Causas:
A pneumonia pode ser causada por bactérias ( pneumonococos, estrepcocos), vírus, fungos,
existe alguns fatores prédisponentes como baixa de resistência orgânica, principalmente em
crianças e individuos idosos. A pneumonia pode ocorrer, como complicação após algumas doenças
transmissíveis como sarampoe coqueluche. Em paciente acamados, ela pode ainda ocorrer, devido à
deficiência circulatória pulmonar ( Pneumonia hipostática) e pode decorrer de penetração de corpos
estranhos dentro dos pulmões ( pneumonia por aspiração).

Tipos de Pneumonia:
•.pneumonia viral: quando causada por vírus;
•.pneumonia bacteriana: quando causada por bactérias;
•.broncopneumonia : significa que a infeção tem uma distribuição em placas e em torno dos
brônquios, bronquiolos e alvéolos;
• pneumonia hipostática : ocorre devido a imobilização do paciente ( pós-operatório em pacientes
em coma, paciente gessados, etc.);
•.pneumonia por aspiração ; decorrente da aspiração de material estranho ( vômito, corpos
estranhos).

Incidência:
A pneumonia pode atingir qualquer indivíduo, mas sendo uma doença que depende muito da
resistência orgânica, as crianças e os indivíduos idosos são mais susceptíveis a doença.

Sinais e Sintomas:
• febre, mal-estar, dores musculares, dor torácica (tipo pontada no tórax que aumenta com a
respiração ) taquipnéia, tosse. (no inicio seca, passada para produtiva ), apresentando escarro
amarelo esverdeado, podendo, ainda, apresentar-se sanguinolento, batimentos das asas do nariz,
sudorese e cianose.

Diagnóstico:
•.exame físico;
•.anamnese;
•.RX do tórax;
•.exame de escarro, para diagnosticar o tipo de infeção;
• hemocultura.

Tratamento:
•.Clínico - medicamentoso ( analgésico, antitérmico, sedativos da tosse, expectorantes, antibióticos
específicos)
• Dietoterápia
• Oxigenoterapia e Inalação.

Assistência de Enfermagem:
•.manter ambiente limpo, aquecido, umificado e evitar correntes de ar;
•.veriflcar e anotar sinais vitais . Dar atenção especial à temperatura e respiração;
•.manter paciente em repouso em posição de Fower para facilitar a respiração;
•.encorajar o paciente a respirar profundamente e a tossir. Deixar sempre ao lado do paciente uma

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escarradeira e lenços de papel;
•.observar e anotar dados sobre a expectoração;
•.orientar e supervisionar higiene oral;
•.administrar medicamentos conforme prescrição obedecendo os horários e dosagens;
• incentivar a dieta e os exercícios respiratórios;
•.manter cuidados com oxigenoterapia;
• .fazer tapotagem quando necessário;

5- PLEURISIA OU PLEURITE

Conceito:
É a inflamação das pleuras pulmonares (parietal e visceral).

Causas:
É uma doença raramente primária, normalmente é secundária: Pneumonia, Tuberculosa,
traumatismo torácico, abcesso pulmonar, complicações cirúrgicas torácica, câncer do pulmão etc.

Sinais e Sintomas
Dor intensa e aguda em hemitorax que aumenta ao esforço respiratório e, pode irradiar-se para
ombro e abdome.
Dispnéia ( respiração difícil), respiração ruidosa;
•.tosse seca e dolorosa;
•.febre e mal estar.

Diagnóstico:
•. anamnese
•.exame físico
•.RX do tórax 1 exame do escarro
•.Punção pleural (toracocentese) - para retirar o líquido para estudo.

Tratamento:

Medicamentoso : para combater a


Clínico inflamação 1 infecção para combater a
sintomatologia 1 para eliminar a coriza

Cirúrgico Î Toracontese para drenagem do líquido e alivio da dor.

Assistência de Enfermagem:
•.manter ambiente limpo e confortável
•.promover o alivio da dor através da administração de medicamentos;
• observar sinais vitais. Dar atenção especial à temperatura.
•.orientar o paciente a deitar-se sobre o lado afetado, isso diminuirá a pressão sobre as paredes do
pulmão e amenizará a dor
•.estimular a mudaria de decúbito e a alimentação.

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6- DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA (D. P. O. C.)

Considerações Gerais:
A D. P. O. C. é uma classificação ampla para os seguintes distúrbios : Bronquite crônica, Efizema
Pulmonar e asma. E uma condição irreversível, associada a dispnéia ao esforço e fluxo aéreo
reduzido. E uma doença de origem genética e ambiental. O fumo a poluição do ar e a exposição
ocupacional (algodão, carvão, grãos) são importantes fatores de risco.

A - Bronquite

Conceito:
É uma doença caracterizada pela inflamação das membranas que revestem os brônquios e
bronquíolos, ocorrendo um aumento da produção de muco.

Causas e fatores predisponentes:


Alergia, poluição atmosférica, fumo, deficiência nutricional, infecção viral, bacteriana e por fungos,
fatores hereditários ( crianças nascidas de mães fumantes tem predisposição). Clima frio úmido (as
exarcerbações da bronquite crônica são mais freqüentes no inverno que no verão);

Sinais e Sintomas
• tosse produtiva e persistente
• dispnéia
• produção excessiva de muco * Obs.: As crises de bronquite crônica apresentam com mais
freqüência nas estações de inverno devido a inalação de ar frio.
Diagnóstico:
• anamnese
• exame físico
• Rx tórax
• exame de escarro

Tratamento:
Tem finalidade de combater os sintomas, evitar as complicações e eliminar a
causa:
• farmacológico antibiótico expectorante,bronquodilatadores e antitérmico.
sintomáticos ( Antitérmico).
• aerosolterapia
• fisioterapia
• exercícios respiratório

B - ASMA BRÔNQUICA

Conceito:
Ataque súbito de dispnéia devido a diminuição do calibre das ramificações dos brônquios e
Bronquíolos

Causas:
Fatores alérgicos

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Fatores climático
Infecção respiratórias e o stress emocional.

Sinais e Sintomas:
As crise asmáticas caracterizam-se por dispnéia intensa, respiração ruidosa ( chiados no
peito), sensação de sufocação, angústia, expectoração expessa, palidez, cianose, de extremidade,
sudorese. As crises podem durar algumas horas mas podem persistir durante dias. A excitação física
e emocional podem desencadear as crises asmáticas.

Diagnóstico:
O diagnóstico é feito por ocasião da crise asmática, pois fora destes períodos o paciente,
apresenta as funções pulmonares normais;
•.exame físico;
•.anamnese;
• RX do tórax;
•.exame de escarro;

Tratamento:
O tratamento asmático é feito através de broncodilatadores ( adrenalina, efedrina, aminofilina)
sedativos, oxigênio e, quando o paciente não melhora com esses tratamentos, o médico poderá
prescrever corticóides e o uso de respiradores artificias e o tratamento de manutenção que visa
reduzir a freqüência de ataques.

Cuidados de Enfermagem:
•.manter o local limpo, aquecido, umidificado e arejado. evitando as correntes de ar;
• verificar sinais vitais, constantemente, em especial a temperatura e a respiração;
• manter o paciente em repouso, a posição de Fawler auxiliar na respiração, estimular exercícios
respiratórios;
• encorajar o paciente a tossir para expectorar, deixando a escarradeira e lenço de papel junto ao
paciente. Observar e anotar dados sobre a expectoração;
• estimular o paciente a alimentar-se bem e a ingerir bastante líquido; normalmente, o paciente
perde liquido por causa da febre e respiração;
•. orientar e auxiliar na coleta e realização de exames;
•.administrar medicamentos;
•.manter cuidados especiais com oxigenoterapia;
•.observar, anotar e comunicar ao médico sinais de complicações;
•.manter os cuidados de higiene;

C - ENFIZEMA PULMONAR

Conceito:
Doença pulmonar obstrutiva crônica, de carater irreversível, em que existe uma dilatação
permanente dos alvéolos e perda de elasticidade pulmonar, devido ao rompimento dos alvéolos e
formação de tecido cicatricial.

Causas e fatores predisponentes:


A causa exata é desconhecida, mas pode ocorrer como complicação, asma bronquica, bronquite. O
fumo e a poluição ambiental parecem desempenhar um papel importante no aparecimento da
enfizema; fatores hereditários

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Incidência
É maior em homens acima dos 45 anos e fumantes.

Sinais e Sintomas:
O inicio da doença é lento, com o paciente perdendo gradualmente a função pulmonar,
apresentando durante exercícios tosse produtiva, infecção respiratório, anorexia, perda de peso,
cansaço fácil e, nos estágios mais avançados aparece uma deformação da caixa tóraxica, "tórax em
tonel ", devido a distensão pulmonar, cianose, de extremidade, rosto avermelhado ou arroxeado,
deformação das pontas dos dedos que podem ficar achatados "dedos em banqueta de tambor".

Diagnóstico:
•.exame físico;
• anamnese;
• determinação da capacidade vital;
•.RX do tórax;
•.exames de laboratório, determinação dos gases sangüíneos. (gasometria)

Tratamento:
Não existe tratamento específico, uma vez que se trata de uma doença irreversível, o tratamento
visa apenas aliviar os sintomas produzidos e evitar o agravamento dos distúrbios pulmonares;
•.antibióticos, se houver infecção;
•.expectorantes, broncodilatadores;
•exercícios respiratórios;

Complicações:
Infecções supurativas agudas dos bronquiolos, que se manifestam pelo agravamento da dispnéia,
febre, escarro purulento;
•. hipoxia;
• pneumotórax espontâneo, devido ao rompimento dos alvéolos;
• .insuficiência cardíaca congestiva direta.

Cuidados de Enfermagem:
A assistência de enfermagem prestada a pacientes portadores de enfizema pulmonar são os mesmo
que da a bronquite e asma bronquica.

Profilaxia das doenças do aparelho respiratório:


• evitar o fumo e a poluição ambiental;
• manter a resistência orgânica, garantindo uma boa alimentação, respeitando as necessidades de
sono e repouso;
•.utilizar roupas adequadas de acordo com a temperatura;
•.evitar o abuso de gelado (são prejudiciais, tanto no inverno quanto no verão);
•.evitar o contato com indivíduos portadores de infeção do aparelho respiratório;
•.tratar adequadamente qualquer manifestação do aparelho respiratório.

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UNIDADE V

5 - AFECÇÕES DO SISTEMA CARDÍACOVASCULAR

Figura 21-1. Desenho


esquemático da circulação
sistêmica. (Começar na parte
de baixo do diagrama.)
Carregado Com dióxido de
carbono. o sangue dos
capilaras Corporais vai através
das vénulas e veias para a
câmara direita do Coração
(seta: preta:). É bombeado
para os dois puImão Tendo
soltado o dióxido da carbono e
recebido oxigênio. volta ã ci.
mar: esquerda do Coreção
(setas vermelhas). Daí é
bombeado para a aorta à
Circulação corporal (artérias e
arteríolas) até atingir os
capilares Corporais, onde
entrega oxigênio e recebe
dióxido de carbono (
Associação Nacional da
Tubercu-lose a Doença Res-
piratória).

1- ANGINA DE PEITO

Conceito:
É uma síndrome caracterizada por dor intensa na região
anterior do tórax, devido a falta de sangue, e consequentemente, de oxigenação para o músculo
cardíaco.

Causas:
Arteriosclerose e aterosclerose
Hipertireodismo
Diabetes Mellitus
Hipertensão Arterial

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Hereditariedade

Fatores Predisponentes
Obesidade
Tabagismo
Etilismo
Emoções fortes, Preocupação e Stress
Alimentação.

Sinais e Sintomas
Dor súbita ( retroesternal) que pode irradiar-se para ombro, pescoço e braço esquerdo, dispnéia,
palidez, formigamento, sensação de morte eminente. A duração e a intensidade dor varia de
indivíduo para indivíduo.

Diagnóstico:
•.Anamnese ( o médico procura saber exatamente o tipo, a
localização, a duração a intensidade da dor e os fatores que precipitam e aliviam a dor).
• Eletrocardiograma
• Prova de esforço cardíaco.

Tratamento:
No tratamento do ataque agudo visa restabelecer a
circulação miocárdio aliviando a dor e o desconforto do paciente;
•.repouso: paciente deve sentar ou deitar o mais rápido
possível;
•.administração de nitroglicerina que é um relaxante da
musculatura lisa e vasodilatador coronário; quando administrado por via sublingual o efeito é obtido
em uns três minutos, se realmente se tratar de uma crise anginosa;
Em alguns casos, o tratamento é cirúrgico.

Medidas gerais para evitar outros ataques:


O paciente deve ser orientado para as situações que se desencadeiam as crise anginosas como
por exemplo: exposição ao frio, caminhar contra ao vento, stress emocional, o frio, alimentação
excessiva e exercícios violentos. Deve procurar estabelecer um programa diário para usa atividade,
intercalando com repouso, lazer e exercícios programados;
O paciente ainda deve ser orientado para carregar sempre
consigo a medicação que utiliza e tomá-la ao menor sinal de dor torácica ou quando for realizar ou
enfrentar uma situação que possa desencadear a dor;
Dieta: de maneira geral deve ser equilibrada, evitando os
excessos alimentares e aos obesos e com colesterol elevados são restritos os alimentos que
contenham gordura, especialmente de origem animal;
Sedativo e tranqüilizantes em pacientes que sofrem tensões emocionais;
Tratamento etiológico e de acordo com a causa básica;
Tratamento cirúrgico, revascualirização cirúrgica dos vasos atingidos.

Complicações:
•.infarto do miocárdio;
• morte súbita.

Cuidados de Enfermagem

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Durante a crise anginosa:


• deitar e acalmar o paciente, afrouxar-lhe as roupas;
• administrar a medicação prescrita, se for administrada nitroglicerina por via sublingual,
• verificar sinais vitais;
• aplicar respiração artificial e massagem cardíaca, em caso de parada cardíacas;
•.orientar o paciente e a familia sobre a doença e os cuidados, para prevenir novos ataques;

2- INFARTO DO MIOCÁRDIO

Conceito:
É uma necrose isquêmia de uma área de músculo cardíaco ocasional pela obstrução parcial ou total
de uma ou mais artérias coronárias a obstrução pode ocorre por trombo, hemorragia ou placas de
gordura.
A localização e a gravidade do infarto dependem da artéria atingida e extensão do miocárdio
necrosado.

Causas:
Arteriosclerose (oclusão ou obstrução da coronária)
Hipertensão Arterial
Diabetes Mellitus
Arteriosclerose
Aortite

Fatores Predisponentes
Idem angina de peito.

Sinais e Sintomas:
Dor súbita na região anterior do tórax, tipo esmagamento podendo irradiar-se para ombro esquerdo,
pescoço e braço esquerdo, pulso rápido e irregular, sudorese, pele fria, cianose de extremidades.
Os sinais e sintomas do infarto assemelham-se aos da angina, mas diferem em alguns pontos No
IAM, na maioria das vezes, os sintomas ocorre, sem nenhum fator desencadeante ; na angina, os
sintomas são precipitados, normalmente por nervosismo, esforço físico, preocupação etc. A
intensidade e a duração da dor é menor nos ataques anginosos e melhoram com repouso,
tranqüilizantes e vasodilatadores facilmente e sem deixar, geralmente, indícios. Nos ataques do
infarto, a duração e a intensidade da dor são maiores e não cessam facilmente tende a aumentar de
intensidade.

Diagnóstico:
Anamnese, exame físico, ECG ( pode avaliar a localização e a gravidade do infarto).

Tratamento
O tratamento de emergência visa aliviar a dor e evitar as complicações.
• Medicamento: analgésico (geralmente são utilizados os derivados da morfina) ; se necessário
xilocaina IM ou EV
Vasodilatadores coronarianos( adalat sublingual)
Sedativos
Tranqüilizantes
Digitálicos
• Oxigenoterapia para aliviar dispnéia (posição Fawler)

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• Repouso absoluto para diminuir a sobrecarga cardíaca
• Massagem cardíaca
O paciente que sofreu deverá ficar em uma unidade equipada com monitores, equipamentos para
ressucitação e uma equipe médica e de enfermagem especializada pelo menos 72 horas após o
ataque de infarto, que é o período em que ocorre as complicações mais graves.
Passado o período crítico, o paciente ainda permanece hospitalizado por alguns dias, sendo
medicado e observado rigorosamente, continuando em repouso.
A dieta deve ser hipolipídica e de fácil digestão.

Tratamento Cirúrgico:
Revascularização para reconstituição do vaso lesado (ponte de safena)

Complicações:
As complicações mais sérias surgem logo após o infarto:
• choque cardiogênico,
• Fibrilação Ventricular,
• parada cardio-respiratória,
• Insuficiência Cardíaca Congestiva Î Edema Agudo do Pulmão
• Embolia pulmonar.

Cuidados de Enfermagem:
• Proporcionar repouso absoluto;
• verificar sinais vitais. Se o paciente estiver monitorizado observar constantemente o monitor e
reconhecer os sinais de alarme;
• administra medicação, conforme prescrição ( geralmente mantém-se cateter na veia para
administrar medicamento de emergência);
• manter o paciente calmo, evitando qualquer tipo de esforço;
• fazer respiração artificial e massagem cardíaca; se for necessário;
• medir diurese de hora em hora;
• prestar cuidados de higiene no leito;
• orientar as famílias, pois de modo, o paciente fica proibido de receber visitas nos primeiros dias;
• manter cuidados especiais na administração de analgésicos ( nunca administrar um narcótico) se a
respiração do paciente estiver inferior a 12 movimentos respiratórios por minuto);
• estimular a respiração profunda, mudanças de decúbito e exercícios leves com os membros leves
com os membros inferiores para evitar complicações respiratórias e circulatórias.

Cuidados na Convalescença:
• orientação do paciente e da família, para que evitem conversas excessivas e assuntos
desagradáveis;
• auxiliar o paciente, quando se levantar do leito, para que sinta seguro;
• orientar quanto à dieta e exercícios que poderá fazer e as restrições que deve obedecer da melhor
maneira possível, evitando o fumo, álcool, controlando o peso corporal, mantendo um ritmo de
exercícios regulados e controlados; (andar a pé, respirar ar puro):
• evitar qualquer atividade que produza dispnéia ou cansaço excessivo de calor e frio.

3- INSUFICIÊNCIA CARDÍACA CONGESTIVA

Conceito:
É uma incapacidade do coração de bombear o sangue em uma quantidade suficiente para suprir as

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necessidade do organismo, provocando uma congestão ( acúmulo) de sangue e líquidos.

Causas:
•.Hipertensão, arteriosclerose, infarto do miocárdio, miocardite, cardiopatia reumática, insuficiência
aórtica, hipervolemia ( aumento súbito do volume circulatório devido a transfusão ou infusões),
anemia, deficiência alimentar prolongada, insuficiência renal, etc.
A insuficiência cardíaca pode atingir inicialmente um lado do coração ( direito ou esquerdo), mas
posteriormente, torna-se global.

Insuficiência cardíaca esquerda (ICE)


Se o lado esquerdo do peito do coração não tiver uma força de contração suficiente para
impulsionar todo o sangue que chega dos pulmões para o organismo, a tendência é hipertrofivar e o
sangue ir se acumulando dentro dos pulmões, provocando o edema pulmonar.

Insuficiência cardíaca direita ( ICD)


Por outro lado, se a insuficiência ocorrer no lado direito, que normalmente deve
receber o sangue do organismo e bombear para os pulmões para ser oxigenado, devido a falha
cardíaca direta, irá dilatar o ventrículo direito prejudicará a oxigenação do sangue, e o sangue
tenderá a retornar para os locais de onde veio, ocorrendo um acúmulo de líquidos nos órgãos de
grande circulação, provocando edema generalizado.

Sinais e Sintomas:

Insuficiência Cardíaca esquerda:


•.dispnéia e cansaço que aumentam gradativamente,
iniciando com grandes esforços, depois médios e finalmente o menor esforço, podendo ocorrer
mesmo com o indivíduo em repouso, ortopnéia paroxista noturna ( o paciente desperta sufocado),
tosse palidez, cianose de extremidades, oligúria e nictúria.

Edema pulmonar:
•.dispnéia intensa, tosse, escarro róseo e espumoso,
angustia, agitação, cianose, sensação de morte
morte.
Insuficiência cardíaca direita:
• .inicia geralmente com edema de membros inferiores que
aumenta no final do dia e diminui com repouso, cianose de extremidade, distensão abdominal (
devido â hepatomegalia e ascite), dilatação das veias do pescoço; taquicardia.

Diagnóstico:
• anamnese
• exame físico, laboratorial ( dosagem de N2 e K no sangue)
• eletrocardiograma (ECG).
• cateterismo cardíaco
• pressão venosa central (P.V.C)

Tratamento:
O objetivo do tratamento é melhorar a força e a eficiência de contração do miocárdio e

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eliminar o excesso de líquido no organismo;
• repouso para diminuir o trabalho do coração;
• dieta leve e com pouco resíduo, hipossódica de acordo com o estado do paciente;
• digitálico que aumentam a força de contraçao do músculo cardíaco;
• diurético, para auxiliar na eliminação do excesso de líquido;
• oxigenioterapia - para aliviar a dispnéia;
• garroteamento utilizado em pacientes com edema pulmonar agudo, tem por objetivo diminuir o
retorno venoso ao coração. É feito um garroteamento utilizando-se tiras de borracha largas ou o
próprio manguito do esfigomanômetro e são garroteados 3 extremidades, deixando uma sempre
livre, fazendo um esquema de rodízios; a cada 15 minutos, troca-se um garrote, e a medida que o
paciente vai melhorando, os garrotes são soltos um de cada vez.

Complicações:
• embolia pulmonar
• trombose de veias dos membros inferiores;
• edema pulmonar;
• óbitos;

Cuidados de Enfermagem:
• pesar diariamente;
• controlar líquidos ingeridos e eliminados;
• proporcionar repouso, conforto e higiene;
• orientar quanto a importância da dieta ( a grande maioria dos pacientes não aceita bem a dieta
hipossódica);
• verificar sinais vitais freqüentemente;
• manter a cama em posição de Fawler para facilitar a respiração;
• observar o funcionamento intestinal;
•.administrar medicamentos conforme a prescrição. Tendo cuidados especiais na administração de
digitálicos (verificar pulso antes de administrar caso esteja inferior a 60 batimentos por minuto,
convém consultar o médico antes de administrá-los);
• observar efeitos tóxicos dos diagitálicos e diuréticos;
• estimular a ingestão de alimentos ricos em potássio ( suco de laranja, limão, tomate, coca-cola)
em paciente que estão tomando diuréticos, desde que não haja contra indicação.
•estimular os exercícios com os membros inferiores, para evitar complicações circulatórias.

Cuidados com o garroteamento:


•.deixar o paciente em posição de Fawler, colocar os garrotes, anotar a posição seguir o
esquema de rodízio horário (dos ponteiros do relógio) os garrotes são mudados a cada 15 minutos
em pacientes idoso ou com dificuldades circulatórias os garrotes devem ser mudados a cada 5
minutos observar as extremidades garroteadas para prevenir gangrena das extremidades;
•.permanecer junto ao paciente e só suspender o garrote com ordem médica;
•.nunca soltar todos os garrotes de uma só vez, eles devem ser soltos um a um.

4- EDEMA PULMONAR

O edema pulmonar resulta do acúmulo de líquido dos capilares pulmonares para os alvéolos,
impossibilitando as trocas gasosas.

Causas:

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Insuficiência Cardíaca Congestiva
Choque cardiogênico
Doenças infecciosas do coração (Miocardite).

Sintomatologia:
Ocorre geralmente à noite, porque devido ao decúbito dorsal há um aumento de retorno venoso ao
coração e facilita a reabsorção de líquido de edema dos membros inferiores.
Aumento da pressão venosa com o enchimento da aurícula direita com grande rapidez. O trabalho
do ventrículo direito está aumentando e o ventrículo esquerdo não se esvazia em proporção a este
trabalho, ocorrendo êxtase dos vasos pulmonares, com conseqüente extravasamento de líquido.
Ocorre inquietação, ansiedade, dispnéia intensa, Ortopnéia, pele fria, sudorese, Cianose de
extremidades, (dedos, lábios).
Surge tosse intensa com eliminação de escarro espumoso. Com a evolução do edema surge
confusão mental torpor. Respiração ruidosa e estertorosa.
Eliminação de líquido espumoso hemoptóitico, que inunda brônquios e traquéia.

Tratamento:
Visa melhorar força contrátil do coração com administração digitálico e dificultar o retorno venoso
com garroteamento.

Cuidados com o garroteamento


Deixar o paciente em posição Fawler;
Colocar os garrotes (faixas largas = smarchet) em 3 membros deixar um membro livre;
Cada 15 minutos fazer rodízio dos garrotes ( sentido horário) soltar um de cada vez;
Obs.: em pacientes com problemas circulatórios ou idosos os garrotes não devem permanecer por
mais que 5 minutos.

DOENÇAS CARDÍACAS INFECCIOSAS

ENDOCARDITE MIOCARDITE PERICARDITE


CONCEITO É a inflamação do É a inflama;cão do É a inflamação do
endocárdio (camada que miocardio ( músculo pericárdio(camada que
reveste internamente o cardíaco) reveste o coração
coração as válvulas externamente
cardíacas)
CAUSAS Endocardite Infecciosa Microorganismo(bactérias Microorganismo/Infecçã
Microorganismo , vírus, fungos)=Mioc. o
(bactérias ou fungos) Infecciosa. Febre Respiratória/Complicaçõ
Febre ReumáticaÆ Reumática= Miocardite es do: Infarto agudo do
Endocardite reumática Reumática Miocardio; traumatismo
torácico, cirurgias
cardíacas, etc.
SINAIS E São decorrentes das lesões Dependem do grau de Dor Subclavicular, no
SINTOMAS provocada nas válvulas infecção e da lesão pescoço e na região
cardíacas e da infecção: miocárdio: febre escapular que se agrava
febre, perda de peso taquicardia, cansaço, aos movimentos
cansaço, sudorese, dores dispnéia, palpitação e respiratórios e
musculares, articulares, sinais de Insuficiência movimentação, dispnéia,
dispnéia. cardíaca congestiva febre, , sensação de
plenitude tórax

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 326 CLÍNICA MÉDICA
DIAGNÓSTICO Anamnese- Exame Físico- Anamnese – exame físico- Anamnese- exame físico-
laboratoriol(hemocultura) eletrocardiograma- Prova ecocardiograma- exame
– eletrocardiograma- de função cardíaca e da laboratorial
Prova da atividade atividade reumática- (hemocultura) –
Reumatica. laboratorial. eletrocardiograma.
COMPLICAÇÕES Insuficiência Cardíaca e Insuficiência Cardíaca Tamponamento cardíaco
valvular Congestiva pelo derrame pericárdio.
Anemia Edema Insuficiência Cardíaca.
Embolia pulmonar Pulmonar,Trombose ou
embolia pulmonar
TRATAMENTO Antibiótico para combater Antibiótico Antibiótico/
infecção Ant-inflamatório/ Anti-inflamatório/
Ant-inflamatório/ Antitérmico/repouso Analgésico/antitérmico/
Antitérmicos sintomático/ Dietoterápico/sintomáticoRepouso/corticóide/
Repouso/cirúrgico e dieta. Pericardiocentese para
derrame pericárdio.
ASSISTÊNCIA DE * verificar e anotar sinais fazer curva * Medir e anotar diurese
ENFERMAGEM térmica. * Ouvir, atender e anotar queixas
* Promover o alívio dos sintomas através * Evitar situação de stress
da adm. de medicamentos prescritos. * Adm. de Medicamentos prescrita em
Estar atento aos sintomas, comunicar horário e dosagem rigorosa. Controlar
médico responsável gotejamento de soluções.
* Controlar líquidos ingeridos e * Incentivar a ingestão de alimentos
eliminados que sejam ricos em potássio, pacientes
* Promover ambiente tranquilo e em uso diuréticos.
Confortável para repouso
Apoio emocional
UNIDADE VI
AFECÇÕES DO SISTEMA RENAL

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 327 CLÍNICA MÉDICA
1- CISTITE

Conceito:
É a infecção do sistema coletor (bexiga urinária)

Formas : Primárias e Secundária

Fatores : Predisponentes
* Baixa resistência do epitéilo vesical (primária)
* Infecções pélvica pode afetar a bexiga
Ex. : cervicite
(secundária)
Prostatite

* D.S.T. ; Promiscuidade nas relações sexuais (


secundário)
* Má Higienização dos órgãos genitais.
* Procedimentos invasivos. Ex.: Introdução de sonda vesical.
* Partos normais, etc.

Incidência : Maior freqüência em mulheres que em homens devido a anatomia do sistema


uretra mais curta.
Sinais e Sintomas
urgência nas micções, polaciúria, disúria, dor no baixo
ventre tipo cólica, febre, calafrios e, às vezes, hematúria e piúria.

Diagnóstico:
Anamnese, exame físico, exame laboratorial (EAS, cultura
da urina, proteinúria).

Tratamento
Sintomático Î ( analgésico e antitérmico;
antiespasmódico).
Deve-se tomar líquidos abundantemente.
Antibioticoterapia específico.

2- PIELONEFRITE

Conceito
É a infecção do parênquima renal e do revestimento do
sistema coletor ( bexiga).

Formas:
*Aguda - Os sintomas são súbitos e a evolução da doença é rápida
* Crônica - os sintomas são graduais e a evolução da
doença e lenta.
e
Causas:

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 328 CLÍNICA MÉDICA
A pielonefrite pode ser resultante de uma complicação em
outra parte do corpo. Ex.: um furúnculo, uma faringite, uma amigdalite podem enviar
microorganismo às vias urinárias.
A presença de corpos estranhos. Ex.: cálculos renais e sondas podem predispor a cistites repetidas e
não tratadas adequadamente. As Infecções intestinais podem causar pielonefrite que, por via
ascendente, atingem a uretra, a bexiga e os rins.
* As sondagens vesical de demora. As sondas devem ser trocadas freqüentemente e, na técnica
rigorosamente asséptica. Educar o paciente ao manuseio da mesma. Fazer testes de urina
periodicamente.

Diagnóstico:
Anamnese, exame físico, exames laboratorial (EAS, cultura, proteinúria).

Sinais e Sintomas:
febre, mal-estar geral, calafrios, disúria, náuseas, vômitos,
policiúria, dor pélvica tipo cólica e, as vezes, hematúria.
Tratamento:
Antibioticoterapia;
Sintomático ( antitérmico, analgésico, antiespamódico,
antiermético).
Tomar muito líquidos.

Assistência de Enfermagem para Cistite e Pielonefrite.


* Incentivar a ingestão hídrica.
* Promover o alívio da dor e dos sintomas através da administração os medicamentos sintomáticos.
* Orientar quanto ao tratamento importância do uso dos medicamentos indicados e exames
periódicos.
* Orientar quanto a prevenção;
* verificar e anotar sinais vitais;
* Ouvir, anotar e atender as queixas.

3- GLOMERULONEFRITE

Conceito:
É uma doença inflamatória que atinge os glomérulos renais e afeta ambos os rins.

Formas:
Aguda
Crônica

Causas:
Complicações das Infecções á distância, principalmente as causadas por estreptococs, comuns
nas Infecções por amigdalite e faringite.
Podem ser proveniente das cistite e das pielonefrites não tratadas.

Incidência
Muito comum em crianças; pela baixa resistência orgânica.

Sinais e Sintomas:
Palidez, cefaléia perda de peso, edema facial; palpebral e de membros inferiores, febre, mal-estar,

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 329 CLÍNICA MÉDICA
náuseas, vômitos, diarréia, dor no baixo ventre, hipertensão, oligúria, urina turva, etontura.

Diagnóstico:
Anamnese, exame físico, exame laboratorial (EAS, cultura,
poteinúria)
Ultra-sonografia excretor, RX do abdome.

Tratamento;
Não há tratamento específico. Trata-se o paciente
sintomaticamente, visando prevenir as complicações
Repouso no leito, enquanto persistirem os sinais e
sintomas.
Antibióticos no combate à infecção
Dieta hiperprotéica;
Restrição hídrica
Diuréticos e hipotensores.
Diálise em pacientes que apresentam hiperhidratação ( edema generalizado ) e oligúria
acentuada

Complicações:
Insuficiência Cardíaca
Hipertensão Arterial
Destruição do tecido renal e, Insuficiência Renal.

Assistência de Enfermagem:
* Promover ambiente tranqüilo e repouso
* Incentivar a alimentar-se
* Restrição de líquidos.
* Promover o alívio dos sintomas
* Verificar e anotar sinais vitais.
* Adm. Antibióticos em dose e horários rigorosamente corretos.
* Observar e anotar as eliminações: cor, odor e aspecto geral;
* Repouso relativo no leito
* pesar diário;
* Controlar líquidos ingeridos e eliminados.

4- INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA - I R. A

Conceito
Perda súbita e total da função renal

Causas:
A insuficiência renal aguda pode ser causada por insuficiência na circulação renal ou por
lesão glomerular ou tubular, Entre as causas que leva à I. R. A. estão:
Choque hemorrágico causado por hemorragias graves;
Choque hipovolêmico como o que ocorre nas queimaduras graves, desidratação severa.
Tanto no choque hemorrágico quanto no hipovolêmico, existe deficiência na circulação renal;

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 330 CLÍNICA MÉDICA
Substância nefrotóxicas; substância, que são tóxicas ao rim como por exemplo tetracloreto
de carbono, arsênio, mercúrio, alguns tipos de veneno de cobra, como a da cascavel, também podem
provocar lesão renal;
Transfusão de sangue incompatível, nesta caso ocorre destruição demasiada de hemácias,
aumentando excessivamente a concentração de hemoglobina, que causa obstrução dos túmulos
renais, impedindo a filtração da urina;
Processos infecciosos, como os decorrentes da leptospirose, septicemia e choque por
bactérias, gram-negativos.
Destruição extensa do tecido, devido a esmagamento.

Sinais e Sintomas:
A principal característica da doença e' o surgimento súbito de oligúria (excreção urinária
nas 24 horas inferior a 500 ml) ou anúria ( considera-se anúria quando a excreção urinária nas 24
horas for inferior a 50 ml). Os sinais e sintomas que surgem na I. R.. A .; são devidos ao aumento de
substância tóxicas no sangue, como a uréia, amônia, e desequilíbrio dos eletrólitos sangüíneos que
normalmente são equilibrados com a excreção urinária, Surgem então sinais de intoxicação como:

Letargia, náuseas, vômitos, diarréia, convulsões, transpiração com odor de urina, pele e mucosas
secas, edema, hipertensão arterial.

Diagnóstico:
Exame físico, anamenese;
Exame de sangue-dosagem de Na, uréia, creatinina;
Exame de urina. Parcial e cultura;
Urografia excretora;
Tomografia renal;

Tratamento:
O rim é um órgão que tem grande facilidade de
recuperação. O tratamento tem o objetivo de corrigir, as complicações metabólicas decorrentes de
insuficiência renal e remover a causa, para que se restaure a função renal.
Diálise peritonial para normalizar o sangue;
Repouso;
Dieta deve ser pobre em proteínas e rica em hidratos de carbono, são restritos também o sódio ( sal)
e o potássio (sendo permitida a ingestão de alimentos ácidos), a quantidade de líquidos ingeridos
nas 24 horas, incluindo o líquido intrinseco dos alimentos, também devem ser rigorosamente
controlados, geralmente, não devem exceder a 400 ml ao dia;
Tratamento etiológico conforme a causa básica.

Complicações:
Insuficiência cardíaca congestiva, devido ao aumento exceder do volume circulante e incapacidade
do coração bombear o sangue para o organismo, ocorrendo, ainda o edema agudo do pulmão;
Intoxicação pelo potássio, podendo levar a arritmias e parada cardíaca;
Infecções especialmente do trato urinário, podendo se evoluir rapidamente e se disseminar pela
corrente sangüínea levando à septicemia, que é uma complicação grave para o paciente;
Insuficiência renal crônica, se houver lesão renal irreversível a doença poderá evoluir para a
cronicidade;

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Cuidados de Enfermagem:
Controlar rigorosamente líquidos ingeridos e eliminados e fazer o balanço hidrico nas 24
horas;
Controlar o peso diário, rigorosamente;
Proporcionar repouso conforto, e higiene, tendo cuidados
especiais com a pele, que devido ao estado de ressecamento e edema, apresenta tendência a
ulcerações, e com a boca, devido ao hálito com odor de urina e igualmente, como meio de prevenir
infecção da mucosa oral;
Prevenir infecções, observando uso rigoroso de técnicas assépticas nos cuidados com o
paciente. Os pacientes mais debilitados devem ficar isolados, não se permite a entrada de pessoas
que estejam resfriados ou sejam portadora de qualquer tipo de infecção;
Orientar o paciente quanto a dieta e observá-lo durante as
refeições;
verificar sinais vitais, registrar qualquer anormalidades
Preparar e atender o paciente em diálise ( vide cuidados com diálise peritonial e
hemodiálise);
Observar o estado psíquico do paciente e estar atento para as crises de delírios, convulsões e
coma.

5- INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA

Conceito:
É uma doença em que ocorre uma deteriorização progressiva da função renal, de evolução lenta e
geralmente fatal.

Causas:
São várias as causas que podem levar à I. R. C., dentre elas podemos citar:
Nefropatia diabética que ocorre devido á lesão glomerular;
Hipertensão arterial. A hipertensão arterial por tempo
prolongado, provoca lesões, nos vasos sangüíneos, seguindo-se um processo de cicatrização e
obstrução dos vasos renais;
Hidronefrose, devido, geralmente, a processos obstrutivos das vias urinárias por cálculos,
tumores e defeitos congênitos, que dificultam o escoamento da urina e esta tende a retornar a o rim,
que, nestes casos, fica inchado pela urina e impedido de flincionar;
Infecções renais crônicas, como a glomerolonefrite crônica, produzem deteriozação do tecido
renal;
Lúpus eritematoso sistêmico - doença sistêmica de causa desconhecida.

Sinais e Sintomas:
A grande maioria dos pacientes vão apresentando sinais e sintomas lentamente, sem se dar
muita alteração para os fatos e, quando manifestam sintomas mais importantes, já ocorreu lesão
renal irreversível. Dentre os sinais e sintomas mais importantes encontramos:
astenia, cansaço fácil, cefaléia, sonolência, náuseas, diarréia, nervosismo, halitose, hipertensão
arterial, anorexia, edema, prurido, palidez da pele e mucosas, dificuldade respiratória, sangramento
fácil de membrana mucosas, o aumento da uréia plasmática leva a deposição de cristais na pele
dando um aspecto esbranquiçado "geada urêmica".

Diagnóstico:
Exame físico, anamnese;

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Exame de sangue, dosagem de Na, K uréia, creatina;
Exame de urina parcial e cultura;
Urografia excretora;
Tomografia excretora;

Tratamento:
Não há tratamento específico, visa apenas manter os níveis do sangue o mais próximo do
normal.

Dieta : hipoprotéica, hipossódica e hipercalórica de acordo com as condições gerais do


paciente. A ingestão de líquido é controlada conforme a capacidade do rim de excretar urina.
Diálise peritonial e hemodiálise periódicas, para normalizar os níveis bioquímicos de seu sangue.

Transfusões:
Sangue total ou papa de hemácias, indicada para corrigir anemia se houver.
Antiemético em pacientes com náuseas e vômitos
persistente;
O paciente deverá permanecer sob controle permanente e a
hospitalização é indicar sempre que houver sinais de complicação;
Transplante renal seria à única opção de cura total para
estes pacientes;

Complicações:
Complicações decorrentes da hipertensão arterial como a insuficiência cardíacas
esquerda, edema pulmonar, retinopatia, com hemorragias e perturbações da visão, encefalopatia
levando a cefaléia crises convulsivas A. V. C.
Anemia é uma complicação freqüentes, pois a intoxicação pela uréia exerce uma depressão
considerável na medula óssea.
Infecções generalizada devido a baixa resistência orgânica.

Assistência de enfermagem
Dar apoio psicológico e espiritual
Promover ambiente tranqüilo, limpo e repousante.
Os pacientes com Insuficiência Renal tendem a tornar-se extremamente revoltados e, com a
evolução da doença, entram em depressão, perdendo o interesse pela vida; motivar o paciente a
viver da melhor forma possível e, quando necessário, acompanhamento psicológico.
Controlar líquido ingeridos e eliminados. Restringir o
máximo a ingestão dos líquidos.
verificar peso diário.
Promover recreação; incentivar à ingesta alimentar;
Estar atento ao sinais de complicação e registrar
anormalidades.
Promover o alívio dos sintomas.
Preparar o paciente para o tratamento dialítico.

Tratamento Dialítico

Diálise
Conceito:

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É a filtração de um sal através de uma membrana a fim de
separa os produtos da fase dispersar dos cristais que tornam-a impura

Difusão
Conceito:
É a troca entre substância de um meio para outro. Ex.: Troca entre o sangue e a solução
dializadora.

Tipo de Diálise

A) Diálise Peritoneal - Intracorpórea


B) Hemodiálise - Extracorpórea

Objetivos do tratamento dialítico


* Remover as impurezas do organismo o excesso de uréia, amônia, creatinina e eletrólitos = sódio,
potássio, cálcio, magnésio)
* Manter o equilíbrio hidroeletrolítico
* Eliminar os líquidos em excesso e retidos no organismos
* Manter P. A. em níveis relativamente normais.
* Evitar complicações : hipertensão arterial, edema - perturbações visuais crises convulsivos,
hemorragias, anemia e outras.

A - DIÁLISE PERITONAL

Conceito:
É um processo em que se utiliza o peritônio como membrana semipermiável, é mais
eficiente que a hemodiálise, mas representa a desvantagem de se um processo mais demorado (
duração média 24 a 36 horas) e requer uma pequena cirurgia abdominal, a cada processo, nos
pacientes crônicos geralmente uma vez por semana. Por isso, a diálise peritonal é mais indicada

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 334 CLÍNICA MÉDICA
como um meio de tratamento imediato nos casos de insuficiência renal aguda, choque de
aglutinação de eritrócitos por incompatibilidade sangüínea, ou envenenamentos, sendo reservada a
hemodiálise para os casos crônicos.
Na diálise peritonal existe 03 fases distintas
a) Fase de Infusão : Nesta fase é introduzido aproximadamente 2000 ml de um líquido
dialisador estéril, na cavidade peritonal, através do catéter inserido cirúrgicamente. A solução
deve estar em temperatura de 36 a 37ºC e gotejar rapidamente, demora geralmente 15 a 30
minutos, em seguida fecha-se o cateter;

b)Fase da Difusão : Após a infusão, o catéter é fechado e o liquido fica na cavidade


aproximadamente 30 minutos para que ocorra a difusão, ( troca entre o sangue e a solução
dialisadora).

c) Fase de Drenagem :Após a difusão, abre-se o tubo de saída para o líquido sai da cavidade; a
drenagem demora mais ou menos 20 minutos. A quantidade que foi introduzida caso a drenagem
seja inferior a difusão poderá indicar que o cateter está obstruído ou que paciente está retendo
líquido.
Em alguns casos especiais, o médico poderá prescrever
antibióticos para acrescentar a solução, como profilaxia de infeção e heparina para evitar a
formação de coágulos.

Complicações da Diálise Perítonal


• Hemorragia no local de inserção do catéter;
• Dificuldade respiratória o líquido dentro da cavidade, exerce compressão sob o diafragma
poderá ser aliviada, colocando o paciente em posição de Fawler;
• Infecção peritonal : a peritonite é uma complicação grave e deve ser evitada, mantendo cuidado
asséptico rigoroso;
• Dor devido à difusão de solução fria ou infecção peritonal;
• Perfuração de visíveis abdominais (principalmente bexiga e intestino).

Cuidados de Enfermagem na Diálise Peritonal:


• Preparar o paciente psicologicamente, pois cada diálise peritonial significa um trauma pra o
organismo; deve-se, portanto, procurar incentivar o paciente e conscientizá-lo da importância do
tratamento
• Fazer tricotomia da região abdominal;
• Orientar e auxiliar para que o paciente esteja devidamente higienizado e vista roupa apropriada.
(camisola cirúrgica);
• verificar o peso e anotá-lo antes de iniciar a diálise;
• Orientar para que esvazie a bexiga;
• Preparar o material necessário para inserção do catéter ( material de pequena cirurgia, trocatear,
material para anestesia local, antisséptico, frascos de solução dialisadora, equipe especial em y,
campo fenestrado, luvas e avental esterilizados);
• Auxiliar o médico no que for necessário;
• Orientar o paciente para que, logo após a introdução do catéter, levante a cabeça, isto facilita a
penetração e evita a lesão de vísceras abdominais. O trocater é retirado em seguida, ficando apenas
o cateter que, geralmente, é fixado na pele na pele através de uma sutura;
• Conectar a solução dialisadora no cateter e observar as fase de infusão e drenagem;
• Controlar rigorosamente, os líquidos introduzidos e eliminados na diálise, anotando em um
quadro especial para controle;

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• Controlar diurese e líquido ingeridos;
• Observar sinais de hemorragia ao redor do cateter, ( sempre ocorre um pequeno sangramento,
deve-se dar importância para o sangramento abdominais e contínuo:);
• Observar sinais e sintomas de hemorragia interna ( palidez, sudorese, hipotensão, taquicardia,
pulso (rápido e fino ) e distensão abdominal);
• Observar sinais de infecção do peritonia ( febre, dor intensa, rigidez abdominal, náuseas,
vômitos);
• Incentivar o paciente a mudar de decúbito, visto que a diálise peritonial e um processo demorado,
como profilaxia de complicações circulatórias e escaras de decúbito;
• Auxiliar o paciente na alimentação;
• Trocar o curativo em volta de cateter sempre que for necessário;
• Qualquer alteração que ocorra com o paciente deve ser anotado e o médico avisado
imediatamente;
• Ao terminar o diálise o cateter é retirado; faz-se um curativo no local e o orifício fecha-se
espontaneamente;
• Pesar o paciente novamente e anotar o peso pos-dialise; o paciente, normalmente perde peso, mas
nunca poderá ganhar peso

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B - HEMODIALISE

ESQUEMA POR FIGURA

Na hemodiálise, o processo de difusão ocorre através de uma circulação extracorpórea,


onde o sangue do paciente passa para dentro de um máquina "dialisadora" ou rim artificial, para que
ocorra o processo de infiltração. O principio operante do rim artificial é uma membrana de celofone
entre o sangue do paciente e a solução de lavagem, o bombeado, para dentro da máquina, entrando
em contato com os tubos de celofane que estão imersos no fluído de lavagem ( solução de água e
eletrólitos com concentração inferior a concentração inferior a concentração do sangue do paciente),
ocorrendo, então a passagem dos produtos finais de catabolismo protético ( Água e substância
tóxicas) para o liquido. O sangue filtrado retorna ao paciente através de um cateter introduzido em
uma veia, este processo é mantido até que haja a normalização do sangue do paciente durando, em
média, 04 a 12 horas. O paciente com insuficiência renal crônica geralmente se submete a
hemodiálise, duas ou três vezes por semana conforme a sua necessidades.

Complicações da Hemodialise

Hipotensão arterial : O paciente em hemodiálise pode sofrer variações bruscas de pressão o que
poderá levar a choque;
Hemorragia : Pode ocorrer devido ao anticoagulante que é adicionado ao sangue do paciente; para
evitar que o sangue coagule dentro da máquina ;
Infecção : Por contaminação que pode ocorrer na punção arteriovenosa e falta de cuidados no
manuseio dos catetere. E uma complicação grave porque leva a disseminação da infecção pelo
organismo, já quem, como citamos anteriormente, estes paciente apresentam baixa resistência.

Cuidados de Enfermagem na Unidade de Hemodiálise:


1- Oferecer apoio psicológico, orientar, ouvir e anotar as queixas do paciente.
2- Supervisionar as fases evolutivas de daptação ao tratamento.
3- Atender as necessidades do apciente proporcionando-lhe conforto e tranquilidade.
4- Peso pré e pós diálise.

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5- Verificar sinais vitais ( TRP e PA) início: 15 em 15 min. Por 1 hora e depois de 30 em 30 mim.
6- Manter o paciente aquecido.
7- Supervisionar o funcionamento do hemodialisador, os sets artériovenoso e cânula.
8- Pode ocorrer prurido, cãimbras, cefáleia e convulsões
9- Dieta hipoprotéica e hipossódica.
10- Nunca deixar o apciente sozinho na hemodiálise.
11- Anotar todas as ocorrências no relatório.
12- No término, fazer limpeza da máquina e esterilização do dialisador com as respectivas linhas
arterial e venosa.
13- Manter a unidade em ordem.
14- Que a Terapia renal Substitutiva a que se submete o paciente tenha como conseqüência uma
melhora geral em seu estado. Compete a cada Unidade de Diálise, prover os meios necessários para
o monitoramento e prevenção dos riscos de natureza química, física e biológica inerentes a cada
tipo de tratamento realizado. Ao ser admitido no tratamento dial;itico, durante o primeiro mês, o
paciente deve submeter-se a todos os exames previstos no item 3.7, além de ultra-sonografia
abdominal com estudo dos rins e bexiga.
15- Pacientes não portadores de Hepatite B e com resultado de imunidade negativo para este vírus
devem ser, obrigatoriamente, encaminhados à secretaria de Saúde local, responsável pela
implementação do plano Nacional de imunização, para vacinação específica, no prazo máximo de
30 dias após o ingresso no tratamento hemodialítico. A vacinação deve ser repetida, quando
necessário, a fim de se garantir a imunidade do paciente.
16- É obrigatória a realização periódica, pela unidade de diálise, dos seguintes exames nos seus
pacientes, a fim de garantir o acompanhamento da evolução do tratamento dialítico:
Exames Mensais: hemograma, uréia pré e pós sessão de diálise, creatinina, potássio, cálcio,
fósforo, Transaminase Glutânea Piruvica (TGP, dosagem de Antígeno superficial de Hepatite B (
HbsAG), Dosagem de Anticorpos de hepatite C( anti HCV), e glicemia para apcientes diabéticos.
Exames trimestrais: Dosagem de Anticorpo superficial de Hepatite B ( anti-HBs), proteínas
totais e frações, fosfatase alcalina, ferro sérico e capacidade de fixação do ferro.
Exames Semestrais; ácido úrico, parato-hormônio.
Examesm Anuais: radiografias de mãos, tórax póstero-anterior e perfil esquerdo,
eletrocardiograma, ecocardiograma, colesterol total e frações, triglicerídeos, dosagem de anticorpos
de HIV ( anti HIV) e dosagem de alumínio sérico.
17- Toda Unidade de Diálise deve estabelecer, por escrito, uma Rotina de Funcioanmento, assinada
pelo Diretor Clínico e Enfremeira responsável pelo serviço, elaborada com participação da

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 338 CLÍNICA MÉDICA
CCIH/SCIH da Unidade, compatível com as exigências técnicas previstas neste Regulamento, e que
comtemple, no mínimo, os seguintes itens:

Procedimento médicos;

Procedimentos de enfermagem;

Controle e atendimento de intercorrências;

Processamento de artigos e superfícies;

Controle de qualidade do reuso;

Controle do funcionamento do sistema de tratamento de água tratada para diálise,


procedimentos de operações, manutenção do sistema e de verificação da qualidade da água;

Controle dos parâmetros de eficácia do tratamento dialítico;

Controle de manutenção dos equipamentos

Procedimentos de biosegurança.

18- na alta orientar o paciente quanto à dieta e à medicação

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 339 DIETOTERAPIA

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 340 DIETOTERAPIA

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 341 DIETOTERAPIA
Higiene e conservação de alimentos.

Como já visto, no módulo básico, apesar de os alimentos serem veículos que conduzem os
nutrientes essenciais ao funcionamento do organismo do individuo, eles podem se tornar
prejudiciais à saúde. Isso pode acontecer quando são infectados por microrganismos patogênicos,
devido a uma higienização, manipulação ou conservação inadequada. Podem também fazer mal à
saúde por conterem substancias tóxicas, como é o caso dos cogumelos tóxicos, ou por terem sido
manipulados por portadores de doenças infecto-contagiosas. Alguns alimentos podem conter
substancias químicas em excesso, como os corantes e inseticidas usados nas plantações.
Com a evolução da microbiologia , podemos hoje identificar e classificar os microrganismos de
acordo com a interação existente entre eles e o alimento, embora, muitas vezes, seja difícil definir a
que categorias pertencem, já que podem apresentar atividades diferentes em diferentes alimentos.
Entre os microrganismos de interesse na área de alimentos, destacam-se os fungos , as bactérias , os
vírus, os protozoários e seus respectivos produtos tóxicos.

Classificação dos microrganismos de acordo com sua interação com os alimentos.


a) Microrganismos causadores de reações químicas prejudiciais ao alimento-
utilizam o alimento como sua fonte de energia, provocando alterações de cor,
sabor, textura e aspecto do alimento.
b) Microrganismo patogênicos- apresentam risco à saúde, provocando doenças,
muitas vezes fatais.
c) Microrganismo causadores de alterações benéficas no alimento – utilizados na
fabricação de alimentos fermentados, como queijos, vinhos, cervejas e pães.

Fontes de contaminação

Embora saibamos que a maioria dos Microrganismo pode se encontrada no ar, as principais
fontes de contaminação dos alimentos estão no solo, na água, em utensílios usados no preparo, na
distribuição e no armazenamento de alimentos e em manipuladores de alimentos.
Abaixo , estão listados os principais Microrganismo e as características de sua contaminação
nos alimentos.

Staphylococcus aureus.
Período de incubação- de 1 a 6 horas
Fonte- nariz, boca , pele e mãos
Contaminação- manipulação inadequada dos alimentos
Alimentos envolvidos- carnes cozidas, produtos lácteos, cremes e recheios doces ou
salgados.
Quadro clinico – vômitos , náuseas, diarréias e prostração.

Bacillus cereus
Período de incubação –de 8 a 22 horas ( forma diarréica)
Fontes – solo, cereais, e grãos, farinhas e hortaliças.
Contaminação – principalmente por vegetais, caixas de transporte e exposição a pó.
Alimentos envolvidos – arroz, feijão e outros cereais, vegetais cozidos, pudins , cremes
de amido, sopas de vegetais e massas secas.
Quadro clinico – náuseas e vômitos .

Clostridium botulinum
Período de incubação –de 12 a 72 horas.
Fontes –solo, vegetais, frutas e peixes.

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 342 DIETOTERAPIA
Contaminação –manipulação e industrialização inadequadas.
Alimentos envolvidos – conservas e enlatados em geral, carnes cozidas, patês e
maionese.
Quadro clinico – distúrbio gastrintestinal, visão dupla, dificuldade para falar ou engolir,
paralisia .

Clostridium perfringens
Período de incubação – de 8 a 22 horas.
Fontes – solo,fezes e hortaliças.
Contaminação –transporte e manipulação de carnes e aves..
Alimentos- cólicas, diarréia e dores abdominais intensas.

Escherichia coli
Período de incubação –de 5 a 48 horas.
Fontes – fezes, água.
Contaminação –falta de higiene pessoal e sanitária.
Alimentos envolvidos –vegetais crus e leites crus.
Quadro clinico –diarréia, febre dores abdominais e vômitos .

Shigella
Período de incubação – de 12 a 72 horas.
Fontes –fezes e água.
Contaminação –manipulação dos alimentos.
Alimentos envolvidos – leites crus, vegetais crus, ovos e mariscos.
Quadro clinico –diarréia, febre,dores abdominais e vômitos.

Como preservar e conservar os alimentos?

Para melhor preservação e conservação dos alimentos, a fim de evitar as toxinfecçoes


alimentares, hábitos higiênicos pessoais e gerais, bem como cuidados na manipulação, no
preparo, no armazenamento e na compra de alimentos, devem ser efetuados, como por
exemplo:
1- Lavar bem as mãos antes de manipular alimentos ou ingeri-los;
2- Lavar bem os utensílios e os equipamentos de cozinha;
3- Impedir o contato de alimentos estragados com aqueles que estão em estado de conservação
4- Proteger os alimentos contra poeira, moscas e outros insetos, mantendo-os cobertos;
5- Não misturar os alimentos frescos com os mais antigos;
6- Não misturar os alimentos crus com os cozidos;
7- Quando consumir frutas com casca e vegetai crus, utilizar solução sanitizante para higienizà-
la
8- Não comprar e/ ou consumir alimentos quando houver dúvida quanto á sua procedência ou
conservação, principalmente alimentos sem o carimbo da vigilância sanitária;
9- Não comprar produtos industrializados cuja embalagem se apresente enferrujada, estufada ou
defeituosa;
10- Observar sempre, na hora da compra e do consumo , a data de validade dos produtos
industrializados;
11- Conservar os alimentos perecíveis, sempre que possível, em ambiente refrigerado ou
consumi-los imediatamente após o preparo, evitando reaproveitá-lo;
12- Utilizar sempre água tratada ou fervida, tanto para o seu consumo como para o preparo dos
alimentos.

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 343 DIETOTERAPIA

Como prepara e utilizar a solução sanitizante?


Concentração de Água para beber Vegetais Utensílios
hipoclorito de sódio (2,5 ppm por 30 min) (200 ppm por 15 min) (200 ppm por 2 min)
1,0% 05 gotas 2 colheres de sopa
2,0% 03 gotas 1colheres de sopa
2,5% 02 gotas 1colher de sopa
4,0%pó) - 1colher de chá (5g)
10,0% 01 gotas 1colher de café

Outras soluções são utilizadas para este fim, como é o caso do vinagre e a água sanitária.
A água sanitária pode ser utilizada, desde que seja considerada a concentração de hipoclorito
de sólido existente em cada produto. Assim sendo deve-se utilizar a mesma proporção de
hipoclorito de sódio do quadro acima.
Bem, sabemos então o que é preciso para se ter uma boa alimentação. Muitas pessoas,
porem, não podem comprar todos os alimentos que lhes são necessários ou preferem ter uma
alimentação diferente. Neste último caso, estamos falando de alternativas alimentares,ou seja de
outras formas de alimentação.
São exemplos de alternativas alimentares:
Alimentação vegetariana: as pessoas só consomem alimentos de origem vegetal;
Alimentação macrobiótica: as pessoas têm um estilo de vida diferente e acreditam que uma
alimentação á base de cereais integrais, como o arroz e o trigo, sem alimentos de origem animal, é a
ideal;
Alimentação natural: as pessoas se alimentam de produtos mais naturais, produzidos sem
agrotóxicos e pesticidas, e de alimentos de origem animal, como o ovo, leite e carnes brancas;
Alimentação ovo-lacto-vegetariana: as pessoas não consomem carnes, somente alimentos
de origem vegetal, ovos e leite;
Alimentação enriquecida : todos os alimentos são utilizados, porem a alimentação é
enriquecida com folhas, talos e sementes de hortaliças, casca de ovo e outras partes dos alimentos
que normalmente são desprezadas, mas são ricas em vitaminas e minerais. Esse complemento
alimentar (multimistura), na forma de pó, vem sendo bastante utilizado pela Pastoral da Criança,
que relata o alcance de resultados positivos na recuperação de crianças desnutridas,quando o uso do
complemento é associado a outros cuidados gerais de saúde .

DIETOTERAPIA

A alimentação e o cuidado nutricional como forma de terapia não medicamentosa

Os alimentos podem auxiliar a recuperação da saúde, sendo, em alguns casos, a


única opção de tratamento de algumas doenças. A terapia que utiliza os alimento como
complemento ou única forma de tratamento das doenças é chamada dietoterapia.

1.1- O cuidado nutricional.


Compete aos profissionais das unidades de saúde estarem atentos quanto `a avaliação e à
identificação do estado nutricional que dependerão da presença da doença ( ou de alguma doença
potencial), do ambiente e do estado de crescimento e desenvolvimento do indivíduo.
Muitas são as etapas que compõem o cuidado nutricional. Algumas são especificas do
profissional nutricionista, mas todas envolvem o conhecimento e a participação de uma equipe
multiproficional, que tem como objetivo o restabelecimento da saúde do individuo.
A seguir, estão citadas as cinco etapas fundamentais pra o cuidado nutricional:

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 344 DIETOTERAPIA
1- Avaliar o estado nutricional do individuo de acordo com as recomendações relativas à sua
faixa etária – Para a avaliar o estado nutricional de uma pessoa , podemos utilizar os seguintes
parâmetros:
1.1- antropométricos – peso, comprimento / altura, circunferências, dentre outros.
1.2- bioquímicos- sangue, urina, fezes;
1.3- clínicos- sinais e sintomas de carências nutricionais;
1.4- dietéticos - avaliação da alimentação com base em realização de entrevista sobre hábitos,
alimentos ingeridos, preferências, aversões e alergias alimentares.

2- Identificar as necessidade ou os problemas nutricionais da pessoa


A partir dos resultados da etapa anterior , são identificados os problemas de saúde
relacionados com a alimentação.

3– Planejar e priorizar os objetivos do cuidado nutricional, para atende às necessidades


existentes.
Nessa etapa, compete ao nutricionista traçar um plano de cuidados nutricionais, elaborando
dieta individualizada , orientando quanto ao cuidado e ás maneiras corretas de preparo dos
alimentos e quanto a possíveis modificações no padrão alimentar.
4- Executar atividades nutricionais necessárias para atingir os objetivos.
Nesta etapa, toda a equipe de saúde estará envolvida no sentido de desenvolver
adequadamente todas as atividade necessárias para o sucesso do cuidado nutricional.
5- Avaliar os resultados do cuidado nutricional.
Esta é uma etapa fundamental para a manutenção ou não do tratamento proposto. Com base
na avaliação freqüente e no monitoramento dos parâmetros nutricionais anteriormente
mencionados, serão efetuadas modificações, caso seja necessário.
O cuidado nutricional de pacientes hospitalizados envolve um processo muito mais
complexo do que o simples ato de fornecer refeição. Práticas hospitalares o acompanhamento do
estado nutricional desses pacientes. Conforme poderemos observar, muitas dessas práticas estão
diretamente ligadas às atribuições e responsabilidades dos profissionais de enfermagem em sua
diversas áreas de atuação.
Algumas dessa prática hospitalares são:
1- registrar as medidas antropométricas ( peso e comprimento/ altura) freqüentemente;
2- conhecer a prescrição da dieta a que o paciente esta submetido;
3- observar a aceitação da dieta pelo paciente, informando ao medico e/ou nutricionista
responsável as possíveis intercorrencias .
4- observar e informar à equipe de saúde as alterações funcionais relacionadas á alimentação (
diarréias, vômitos, distensão abdominal );
5- auxiliar o paciente, quando necessário, na administração de suas refeições;
6- procurar fazer do horário da refeições um momento de prazer para os pacientes;
7- informar ao paciente e aos familiares a respeito do funcionamento e das rotinas do serviço de
nutrição.
Para melhor entender o funcionamento e as rotinas de um serviço de nutrição de um hospital,
mostraremos a estrutura padrão de uma Unidade de Alimentação e Nutrição(UAN)
hospitalar.

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 345 DIETOTERAPIA
ESTRUTURA PADRÃO DE UMA UNIDADE DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO
HOSPITALAR.

O objetivo desta estrutura é a de planejar, confeccionar e distribuir alimentação normal e


dietas terapêuticas, sempre que possível, atendendo hábitos e preferências alimentares.
As áreas de atuação são assim distribuídas:

•Setor de armazenamento – recebe e estoca alimentos ( almoxarife).


•Setor de produção – confecciona as refeições ( cozinheiro e auxiliares de cozinha);
•Setor de distribuição – planeja, compra, organiza e supervisiona o funcionamento do
serviço ( nutricionista);
• Setor clínico – prescreve, acompanha, orienta e avalia as dietas (nutricionista).
Clientela a ser atendida: pacientes hospitalizados, profissionais de saúde de plantão e
acompanhantes.
Tipos de refeições fornecidas:
• Pacientes – desjejum, colação, almoço, lanche, jantar e ceia;
• Refeitório – desjejum, almoço, jantar e ceia.
O papel do técnico e auxiliar de enfermagem é registrar a quantidade da dieta
aceita pelo paciente, administrar a dieta quando o paciente está impossibilitado de fazê-lo sozinho,
observar os horários de prescrição da dieta, da enteral, etc.

Tipos de dietas que podem ser oferecidas nos hospitais

As dietas hospitalares podem dietas normais e dietas especiais, esclarecendo-se o seguinte:


• Dieta normal – dieta balanceada em nutrientes. Adequada para indivíduo cuja patologia
não exige nenhuma modificação alimentar. Fornece ao organismo todos os elementos
necessários ao crescimento, à reparação dos tecidos e ao funcionamento normal dos
órgãos.
• Dieta especial – apesar de ser adequada em nutrientes, tem suas características físicas e
químicas modificadas a fim de melhor atender às necessidades do indivíduo. Essas
modificações são feitas de acordo com alguns critérios, a saber: sabor, temperatura,
consistência, quantidade de resíduos, quantidade de nutrientes e via de administração.
Veremos agora, com mais detalhes, algumas modificações que podem ser
efetuadas na dieta do paciente para melhor atender às suas necessidades.
a) Modificações quanto ao sabor – a dieta pode ser doce, salgada, mistura ou, ainda, de
sabor suave ou moderado, intenso ou excitante. Devem-se evitar altas concentrações de
açúcares, sal, ácidos e condimentos.
Exemplo: Quando um paciente apresentar um quadro de anorexia e sua doença não requer
nenhuma restrição alimentar, poderá lhe ser oferecida uma dieta com um sabor mais intenso,
utilizando-se vários tipos de ervas naturais no tempero de sua refeição, de modo a estimular
seu apetite.3
b) Modificações quanto à temperatura – a dieta pode ser oferecida em temperatura
ambiente, quente, fria ou mesmo gelada, dependendo de seu tipo. Os alimentos quentes
produzem maior saciedade que os frios.4

3
Anorexia - É um distúrbio alimentar caracterizado pela falta de apetite. Podemos encontrar outro tipo de anorexia,
denominada anorexia nervosa, proveniente da recusa alimentar para se atingir um peso muito mais baixo que o normal
para a manutenção da saúde.
4
Saciedade – É um indicativo de satisfação alimentar, ou seja, é a sensação de se ter “Matado a fome”.

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 346 DIETOTERAPIA
c) Modificações quanto ao volume – O volume de alimento deve ser oferecido conforme
a capacidade gástrica do paciente e as necessidades ou restrições que se fizerem
necessárias de acordo com sua patologia.
Exemplo: Em caso de paciente que passou por uma intervenção cirúrgica no estômago,
como a gastrectomia subtotal, por exemplo, a dieta deve ser iniciada com um volume
reduzido de alimento, sendo este aumentado gradativamente.5
d) Modificações quanto à consistência – a dieta pode ter consistência normal, branda,
pastosa, semilíquida (líquido-pastosa) e líquida, em ordem progressiva, da mais
consistente e completa a menos consistente e mais restrita.
• Consistência normal – destina-se ao paciente cuja patologia não determina nenhuma
alteração alimentar. Tem por finalidade fornecer calorias e nutrientes em quantidades
diárias recomendadas para a manutenção da saúde do indivíduo. Suas preferências,
crenças e religiões devem ser consideradas.
Preparações indicadas – saladas cruas e cozidas; carnes cozidas, grelhadas, assadas e frias;
vegetais crus ou cozidos, refogados ou fritos; frutas cruas, em compotas, assadas; purês;
pastelarias; sopas; bolos e doces em geral; óleos, margarinas.
• Consistência branda - dieta que facilita a digestão, diminuindo o tempo de sua
realização. Possui menor quantidade de resíduo e todos os alimentos são modificados
por cozimento ou mecanicamente ( picados, ralados, moídos), para abrandar as fibras,
dando-lhe uma consistência menos sólida. É também indicada para pacientes com
restrição de mastigação.
Preparações indicadas – saladas cozidas ( vegetais cozidos e temperados com molho
simples); carnes cozidas, assadas e grelhadas; vegetais cozidos e refogados; ovo cozido,
pochê ou quente; frutas em forma de sucos, cozidas, assadas, compotas, bem maduras sem
casca; torradas, biscoitos e pães não integrais; pastelaria de fornos; sopas; óleos vegetais,
margarinas ( não utilizar frituras).
• Consistência pastosa – dieta que objetiva proporcionar
certo repouso digestivo e facilitar a digestão dos alimentos. É indicada para pacientes
com falta de dentes, dificuldades de deglutição e, ainda, para os que se encontram em
fase crítica de doenças crônicas, como insuficiência cardíaca e respiratória. A fibra
também está diminuída ou modificada pelo cozimento.
• Preparações indicadas – leite e derivados ( queijos
cremosos, naturais o coagulados); carnes moídas, desfiadas ou souflês; ovos ( quente,
pochê, cozido); frutas ( cozidas, em purês, em sucos); sopas ( massas, legumes
liquidificados, farinhas e canjas); arroz papa; pão e similares (torradas, biscoitos tipo
maizena); óleos vegetais, margarinas, creme de leite; sobremesas ( sorvetes, géleia,
gelatinas, doces em pasta, cremes, frutas cozidas).
• Consistência semilíquida ( líquido-pastosa ) – objetiva
manter o repouso digestivo ou atender às necessidades do paciente quando alimentos
sólidos não são bem tolerados. O valor calórico desse tipo de dieta é melhor do que o das
já citadas, em virtude de uma maior limitação em relação aos alimentos permitidos e o
tipo de preparação utilizada.
• Preparações indicadas – água e infusos ( café, chá, mate);
sucos ( de carnes, verduras e frutas) coados; purê de vegetais; caldos de carne e vegetais
desengordurados; sopas espessadas, liquidificadas; leite, coalhada, creme, queijos
cremosos, margarinas; frutas em papa ou liquidificadas; sobremesas ( sorvetes, gelatinas
e pudins).
• Consistência líquida completa – dieta composta
totalmente por preparações líquidas. Visa a fornecer nutrientes de forma a exigir o

5
Gastrectomia subtotal - É a retirada através de cirurgia de ¾ do estômago.

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 347 DIETOTERAPIA
mínimo esforço no processo de digestão e absorção. É indicada quando se deseja um
repouso gastrintestinal maior do que nos casos anteriores ( pós-operatórios, transtornos
gastrintestinais).
Preparações indicadas – leite, iogurte, leite geleificado, creme de leite; gelatinas, geléia de
mocotó, sorvetes; bebidas ( café, chá, chocolate, gemadas, suco de frutas e vegetais coados);
papas de cereais; sopas de frutas e vegetais coados); papas de cereais; sopas de vegetais
liquidificados e coados, caldo de carne, caldo de feijão; ovo quente; óleos vegetais,
margarinas, creme de leite, alimentos espessantes ( farinhas pré-cozidas, isolados protéicos e
clara de ovo).
• Consistência líquida restrita ou cristalina – dieta muito restrita. Geralmente é utilizada
no pré-operatório, no pós-operatório ou em preparo de exames. Fornece um mínimo de
resíduos para proporcionar o máximo de repouso gastrintestinal. Por Ter baixo valor
nutritivo e calórico, não deve ser utilizada por um período superior a três dias.
Preparações indicadas – água e infusos adocicados (chá, café e mate); sucos de frutas
coados; caldo de carnes e legumes coados; geléia de mocotó, picolés de suco de frutas
coadas, gelatina.
e) Modificações quanto à quantidade de resíduos – as dietas são classificadas de acordo
com a quantidade de resíduo que oferecem, podendo ser:
• Isentas de resíduos – quando se deseja um repouso gastrointestinal.
Exemplo: dietas para gastroenterias.
• Com pouco resíduo – quando se deseja um repouso gastrintestinal moderado.
Exemplo: dietas indicadas no tratamento de diarréias moderadas.
• Ricas em resíduos – quando se deseja estimular o trânsito gastrintestinal.
Exemplo: dietas indicadas no tratamento de constipações intestinais.
f) Modificações quanto ao teor de nutrientes – a dieta poderá ter diminuição, restrição,
restrição ou aumento de um ou mais nutrientes, independentemente de sua consistência. A
seguir, estão citados alguns exemplos:
• Dieta hiperprotéica – dieta com quantidade de proteína maior do que a normal.
Geralmente, essa dieta é enriquecida com alimentos ricos em proteína de alto valor
biológico (leite, carnes magras, ovos) ou complementos industrializados com
composição química definida (clara de ovo em pó, caseinato de cálcio). É indicada para
pacientes que se submeteram a grandes traumas ou que apresentam algum grau de
desnutrição.
• Dieta hipoproteica – dieta com quantidade de proteína maior do que a normal. É
indicada para pacientes com problemas de insuficiência renal e doenças hepáticas com
encefalopatia. Normalmente, é uma dieta que apresenta uma baixa aceitação por parte
dos pacientes, já que o hábito alimentar do brasileiro é o de consumir grande quantidade
de proteína e por estar essa dieta associada, geralmente, à restrição de sal.6
• Dieta hipocalórica – dieta com quantidade de caloria menor do que a normal.
A redução calórica é feita com diminuição dos alimentos ricos em carboidratos,
principalmente os carboidratos simples e os alimentos ricos em gorduras,
essencialmente as gorduras de origem animal, já que são ricas em gorduras
saturadas. É indicada para controle e perda de peso corporal e para pacientes
diabéticos que necessitam perder peso.
• Dieta hipossódica – dieta com pouca quantidade de sódio ( sal ). Nesse tipo de dieta, é reduzido
ou retirado não somente o sal de adição das refeições, mas também os alimentos que contêm
grande quantidade de sódio em sua composição ou em seu preparo e conservação, como as no

6
Encefalopatia hepática – Síndrome clínica que se desenvolve na doença hepática avançada, caracterizada por mente
prejudicada, distúrbio neuromuscular e consciëncia alterada.

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 348 DIETOTERAPIA
tratamento de hipertensão arterial, insuficiência cardíaca, cirrose com ascite, diabetes e
insuficiência renal.7
• Dieta hipolipídica – dieta pobre em lipídios ( gorduras). A redução de gorduras é feita com
diminuição ou retirado não somente o sal de adição das refeições, mas também os alimentos que
contêm grande quantidade de sódio em sua composição ou em seu preparo e conservação, como
as carnes vermelhas, os embutidos e os enlatados. É indicada no tratamento de hipertensão
arterial, insuficiência, cardíacas, cirrose com ascite, diabetes e insuficiência renal.
• Dieta hipolipídica – dieta pobre em lipídios ( gordura). A redução de gordura é feita com
diminuição ou restrição de alimentos gordurosos, principalmente os de origem animal, e do uso
de gorduras saturadas, provenientes principalmente de frituras. É indicada no tratamento das
dislipidemias, doenças hepáticas, diabetes e doenças de má absorção; é indicada também para o
controle de peso.
• Dieta hipoglicídia – dieta pobre em carboidratos. As dietas hipoglicídica normalmente
apresentam um valor calórico mais baixo que o normal, já que, conforme vimos anteriormente,
a melhor fonte calórica é obtida através dos carboidratos. A restrição deve se relacionar
principalmente à ingestão de carboidratos simples. É indicada no controle de peso, no
tratamento do diabetes e da hipoglicemia.
• Dieta com controle de potássio – O potássio é largamente distribuído nos alimentos, mas a sua
maior fonte encontra-se nas frutas e vegetais. Portanto nas dietas tanto de restrição, como de
suplementação de potássio, o consumo do grupo de alimentos que contém este nutriente deve
ser, respectivamente, reduzido ou aumentado. É indicada no tratamento da hipopotassemia
decorrente do uso de diuréticos, em casos de insuficiência cardíaca e de insuficiência renal.8
Existem alguns estados patológicos que requerem dietas especiais, como a
diarréia e a constipação.
• Dieta para controle da diarréia – dieta que, além de ter uma consistência branda, deve conter
alimentos constipantes ( batata, arroz, cenoura, chuchu, mandioca, banana prata, maçã, frango
cozido sem gordura, goiabada entre outros) e evitar alimentos que aceleram o trânsito intestinal,
como vegetais crus e frutas com casca. Deve-se ter uma atenção especial quanto ao consumo de
líquidos, para evitar a desidratação.
• Dieta para controle da constipação intestinal – dieta rica em alimentos laxantes, como os
vegetais crus ( alface, almeirão, couve, repolho, agrião, tomate) e cozidos (espinafre, abóbora,
beterraba, inhame, taioba, brócolis), algumas frutas (laranja com bagaço, mamão, manga,
abacate, mexerica), alimentos ricos em fibras, como os pães e cereais integrais, farelo de trigo e
aveia. É importante um consumo maior de água.
g) Modificações quanto à via de administração – as dietas podem ser administradas por
via oral, nasogástrica, enteral e/ou parenteral. As dietas por via nasogástrica e enteral são
comumente denominadas dietas de nutrição enteral e as por via parenteral são chamadas
dietas de nutrição parenteral.
• Nutrição enteral – a alimentação enteral é utilizada quando o paciente não tem condições de
receber por via oral todos os números não tem condições de receber por via oral todos os
nutrientes adequados às suas necessidades e suas funções gastrointestinais se encontrarem
normais. Essa alimentação é administrada via sonda, de forma lenta e contínua ( gota a gota), ou
intermitentemente ( por porções ao longo do dia).
As dietas enterais, por serem administradas diretamente no trato gastrointestinal,

7
Cirrose – Doença hepática crônica decorrente de necrose, o que leva à formação de tecido fibroso e ao rompimento da
estrutura hepática normal.
Ascite – Acúmulo de fluido, proteína sérica e eletrólitos dentro da cavidade peritonial.
8
Hipoglicemia – Nível baixo de glicose no sangue.
Hipotassemia – Nível baixo de potássio no sangue.

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 349 DIETOTERAPIA
estão sujeitas a uma maior contaminação do que as dietas oferecidas por via oral. Assim sendo, é
necessário um cuidado maior durante seu preparo e sua administração, para evitar qualquer tipo de
contaminação, tais como:
• As dietas enterais devem ser manipuladas e preparadas em áreas específicas para este fim.
• A dieta enteral não industrializada deve ser administrada imediatamente após sua manipulação,
enquanto a dieta enteral industrializada deve ser administrada conforme as recomendações do
fabricante.
• O transporte da dieta enteral deve ser feito em recipientes térmicos exclusivos para este fim, por
um período máximo de 2 horas.
• Quando for necessária a conservação da dieta enteral na unidade de enfermagem, esta deve ser
mantida sob refrigeração em geladeira exclusiva para medicamentos.
• A enfermagem, ao receber a dieta enteral, deve proceder à correta lavagem das mãos, antes de
administrar a dieta.
• A enfermagem deve confirmar a localização da sonda e sua permeabilidade, nome do paciente,
horário e dose, antes de iniciar a administração.
• As complicações possíveis decorrentes da dieta enteral devem ser observadas ( diarréias,
vômitos, distensão abdominal e outros).
• Na administrações da dieta na forma intermitente ( dividida por porções ao dia), deve-se fazer a
aspiração gástrica antes de cada refeição, a fim de avaliar o aproveitamento da dieta.9
• Nutrição Parenteral – dieta administrada para o paciente, utilizando-se outra via, que não o
trato digestivo. As duas principais vias utilizadas são a subcutânea e a endovenosa. A primeira é
menos utilizada em virtude das limitações relacionadas aos líquidos que podem ser utilizados; a
Segunda consiste no uso dos nutrientes já na sua forma própria para utilização pelo organismo.

Interação droga-nutriente

Uma observação importante importante que devemos fazer diz respeito à interação da
alimentação com os medicamentos, pois muitas vezes esse aspecto não é considerado no ato da
prescrição medicamentosa.
Os efeitos colaterais das medicações podem afetar o estado nutricional do indivíduo, assim
como também o estado nutricional pode afetar a eficácia da droga.
Substâncias alimentares podem provocar um retrato ou prejuízo na absorção de
determinadas drogas, bem como acelerar a velocidade do metabolismo ou bloquear seu efeito. Além
disso, existem os efeitos, em longo prazo, que as drogas podem provocar sobre o estado nutricional,
pois muitas alteram o apetite, provocam má digestão ou má absorção dos nutrientes.
As situações que tipicamente levam a sérias interações de drogas e nutrientes ocorrem
quando as drogas:
• São tomadas com alimentos;
• São tomadas com suplementos nutricionais;
• São tomadas com álcool;
• São tomadas para atingir interações específicas drogas-nutrientes;
• São tomadas em regimes de drogas múltiplas, nos quais mais do que uma droga produz um
efeito adverso, devido à interação entre droga e dieta;
• Que causam depleção de nutrientes são tomadas por longos períodos.
Citamos, a seguir, algumas interferências mais comuns decorrentes da
associação das drogas com alimentos.10

9
Aspiração gástrica ou aspiração de resíduo – É a retirada de volume de fluido do estômago para conferir um adequado
esvaziamento gástrico.
10
Depleção – É uma situação de perda ou diminuição alguma substância.

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 350 DIETOTERAPIA
• Drogas que afetam a absorção de nutrientes. Estas influenciam o tempo de trânsito do
alimento no intestino ou mudam o ambiente gastrointestinal.
Exemplos: drogas laxativas, colestiramina e antiácidos.
• Drogas que causam alterações eletrolíticas.
Exemplo: os diuréticos.
• Alimentos e refeições com muita gordura e pouca fibra retardam o esvaziamento do
estômago. Logo, os medicamentos administrados durante ou após as refeições também
têm sua ação retardada.
• Bebidas quentes não devem ser ingeridas com cápsulas ou comprimidos de invólucros
resistentes, porque podem causar a destruição desses invólucros.

DIETAS UTILIZADAS EM CLÍNICA GERAL

No capítulo anterior foram apresentados os tipos de dieta utilizados em dietoterapia, com a


preocupação básica de descrever suas características e conteúdos e, em seguida, dar suas indicações.
Neste, é dada preliminarmente a indicação das dietas usadas em clínicas geral, e, a seguir, a
descrição de suas características e conteúdos.

Diabetes
Dieta balanceada, com quilocalorias suficientes para alcançar e manter o peso ideal, fornece
todos os nutrientes necessários, com exceção de açúcar livre ( sacarose). O VET varia de caso para
caso. A dieta deve ser ainda fracionada de acordo com a ação do medicamento utilizado.

Diarréia e algumas doenças intestinais

Dieta pobre em resíduos, ou seja, em alimentos que estimulam o funcionamento dos


intestinos, particularmente os riscos em celulose ( fibras ), é utilizada sempre que se indique a
moderação do peristaltismo e do trânsito intestinal. Exclui verduras de folhas, cascas, bagaços e
sementes de legumes ou de frutas, e cascas de grãos.

Obstipação intestinal
Caracterizada pela riqueza em fibras dietéticas e em alimentos responsáveis pelo estímulo do
peristaltismo intestinal. As refeições devem seguir os padrões de dieta geral, com aumento da
ingestão de verduras, folhas cruas ou cozidas, frutas com bagaço ou casca, leguminosas de grão
inteiro ( exemplo: feijão) e água.

Colite ulcerativa
O objetivo da dietoterapia é reconduzir o paciente ao estado nutricional adequado,
prevenindo futuras perdas e corrigindo as deficiências que tenham se instalado. Uma dieta com
fórmulas elementares (produtos dietéticos de fácil absorção) pode ser usada no início do tratamento.
Posteriormente poderá ser usada dieta branda, com alto valor energético e protéico, e pobre em
resíduos. Produtos lácteos devem ser eliminados da dieta. Pois esses pacientes apresentam
intolerância à lactose.
Na fase aguda, deverá haver suplementação de água e eletrólitos por via endovenosa, para
corrigir as perdas conseqüentes à diarréia.

Doença Celíaca

A dietoterapia consiste na retirada do glúten, proteína presente em alguns cereais – trigo,


aveia, centeio e cevada. Estes cereais e suas farinhas devem ser substituídos por outros cereais,

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 351 DIETOTERAPIA
como arroz e milho, ou tubérculos, como batata, mandioca, mandioquinha, cará, inhame, e suas
farinhas.
Durante o período de vômitos e diarréia, água e eletrólitos serão repostos por via
endovenosa. Após esse período, a dieta deve ser suficiente para repor as perdas de nutrientes e
melhorar o estado nutricional do paciente. Contudo, por toda a vida, ele deverá omitir o glúten de
sua dieta. Por isso, deverá estar atento não só aos cereais que contém glúten, como também a
produtos industrializados que utilizam farinhas como espessante.

Úlcera gastroduodenal

A dieta é composta de alimentos e preparações destinadas a evitar a irritação mecânica,


física e térmica da lesão; seu objetivo é diminuir a secreção e a motilidade gástricas. A sensibilidade
a cada fator irritante da mucosa é um dado individual. Recomenda-se administrá-la de forma
fracionada.

Fase hemorrágica

Dieta láctea: leite frio, coalhada ou iorgute natural, 100 a 150 ml por vez, a cada duas horas.

Fase não-hemorrágica

Dieta com indicação específica para cada caso.

Gastrite
Aguda
A ingestão oral é proibida por um período variável entre 24 e 48 horas, a fim de que o
estômago descanse e se evite o estímulo às secreções gástricas. Durante este período, o paciente é
mantido em terapia endovenosa para repor líquidos e eletrólitos. Quando a ingesta oral é
restabelecida, o leite é o primeiro alimento a ser dado, e sucessivamente outros líquidos, com
exceção do caldo de carne, por ser um estimulante gástrico. A dieta líquida deve ser fracionada em
pequenas refeições, a intervalos pequenos. Em seguida é ministrada dieta branda, sem bebidas
alcóolicas.

Crônica

A dieoterapia se baseia na omissão de alimentos que estimulem de mastadamente o suco


gástrico, respeitando-se as intolerâncias individuais de cada paciente. Deve ser fracionada em
pequenas refeições a intervalos regulares. As refeições devem ser feitas em ambiente tranqüilo e em
tempo adequado. Os estimulantes gástricos mais utilizados em nosso meio são o álcool, a cafeína (
café, chá mate e chocolate), o alho e alguns condimentos.

Doenças do fígado

Hepatite
Quando o paciente apresenta condições para ingestão oral. Recomenda-se dieta
hipercalórica, hiperprotéica, hiperglicidica e hipolipídica para regenerar as células hepáticas.
Algumas vitaminas devem ser suplementares como B1, B12 e K. A administração deve ser
fracionada.

Cirrose

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 352 DIETOTERAPIA
O paciente cirrótico geralmente é desnutrido, apresentando muitas vezes carência de
vitaminas B1, B12, ácido fólico e vitamina C. Recomenda-se dieta hipercalórica, hiperprotéica e
hiperglicídica.
O aporte de proteínas deve ser coberto com a maior parte de proteínas de alto valor
biológico, que reduzem a degeneração gordurosa do figado.
O aporte de gorduras é moderado, dando-se preferência aos triglicérides de cadeia média (
TCM ).
Se houver ascite, a dieta será também hipossódica, com restrição de líquidos.

Coma hepático

Dependendo do nível de amônia no sangue, a proteína será severamente restringida, devendo


ser adicionada e aumentada na proporção direta da melhora do paciente. Alguns alimentos que
influem sobre o nível de amônia devem ser proibidos:
Queijos, carnes, salame e cebola.

Cardiopatias

As dietas devem ter por objetivo reduzir ao mínimo o esforço cardíaco, controlar os
distúrbios metabólicos resultantes do próprio desequilíbrio circulatório e efetuar a profilaxia e
controle da arteriosclerose.
Em geral, o VET é reduzida, particularmente para os indivíduos obesos, com aporte normal
de proteínas e cerca de 60% de glicídios. O excesso de gorduras deve ser evitado, selecionando-se
as gorduras líquidas na temperatura ambiente, por causa da ação depressora sobre a secreção e a
motricidade gástrica, ambas com efeitos desvantajosos para o coração. A quantidade de vitaminas e
sais minerais deve continuar normal, com atenção especial para os teores de sódio e potássio, cuja
prescrição deve ser adaptada pelo médico a partir do resultado dos eletrocardiogramas.
A administração deve ser fracionada.

Dietas para insuficiência renal

A diurese diária normal para excretar os resíduos os resíduos metabólicos deve ser de no
mínimo 600ml; quando há insuficiência renal, os rins excretam menos de 500 ml. Assim, os
resíduos metabólicos acumulam-se no sangue, atingindo níveis tóxicos.

Diálise

Diálise peritoneal
A diálise peritoneal remove os resíduos metabólicos e o excesso de líquidos do organismo
de um paciente com insuficiência renal, o que não quer dizer que a dietoterapia não seja necessária.
Há grandes perdas de proteínas e aminoácidos no líquido dialisado, portanto, a dieta deve ser
hiperprotéica, sendo a maior parte de proteínas de alto valor biológico a fim de compensar as
perdas. Deve ser também hipercalórica, para manter o peso, e hiperglicidica, para poupar proteínas.
Evitando que estas sejam usadas para gerar energia.
A quantidade de líquidos depende do estado de hidratação do paciente, podendo ser
aumentadas ou diminuída. A dieta deve, ainda, ser suplementada com vitaminas, principalmente
vitamina C, ácido fólico e piridoxina ( complexo B ).
No intervalo entre as diálises, o paciente deve voltar à dieta indicada para insuficiência renal
crônica.

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 353 DIETOTERAPIA
Hemodiálise

Na hemodiálise há menos perdas de proteínas que na peritoneal, mas ainda ocorrem,


principalmente de aminoácidos. Assim, a dieta deve ser hiperprotéica, com predominância de
proteínas de alto valor biológico. O teor de sódio da dieta é comumente limitado, principalmente
nas refeições consumidas no final da sessão de diálise. As quantidades de potássio e fósforo se
baseiam nos valores presentes no sangue.
A taxa de líquidos diária é limitada e varia entre 500 e 1.000 ml. A dieta dever ser também
hipercalórica. A suplementação vitamina é igualmente importante neste tipo de diálise,
principalmente vitamina C e complexo B, pois estas vitaminas são removidas pela diálise.
No intervalo das hemodiálises, a dieta pode ser geral, nutricional equilibrada, porém
permanecendo a restrição de sódio e líquidos.

Após transplante renal

Neste caso, o paciente tem o rim funcionante, mas está recebendo altas doses de
glicocorticóides para prevenir a rejeição. A dietoterapia será então usada para reduzir os efeitos
colaterais desta terapêutica.
A dieta deve ser hiperprotéica. Sódio restrito. Cálcio e fósforo aumentados. Os hidratos de
carbono serão restritos para prevenir hiperglicemia, mas não deverá haver restrições severa para que
não haja utilização da proteína como fonte de energia.
Poderá ser necessária uma suplementação de vitamina B1, vitamina D e magnésio na forma
medicamentosza.
Quando a medicação for reduzida a níveis de manutenção, a dieta deve ser interrompida,
ministrando-se, a partir daí, a alimentação normal.

Insuficiência renal aguda


A insuficiência renal é chamada de aguda quando ocorre de forma abrupta.
A dieta deve ser hipercalórica, com pelo menos 100 g de carboidratos; hipoprotéica, mas a
maior parte das proteinas deve ser de alto valor biológico; hipossódica; hipocalêmica e com
controle de líquidos. Os níveis de sódio e potássio no sangue devem ser verificados freqüentemente.

Insuficiência renal crônica

A insuficiência renal crônica pode instalar-se após um episódio agudo ou em conseqüência


da perda progressiva da função dos rins.
A dieta deve ser normocalórica, hipoprotética, sendo ¾ de proteínas de alto valor biológico;
hipocalêmica; restrita em líquidos; pobre em fósforo e rica em cálcio e vitamina D. O teor de sódio
dependerá da fase, pois o paciente às vezes perde sódio e outras vezes o retém.

DIETAS UTILIZADAS EM CLÍNICA CIRÚRGICA

O paciente submetido a cirurgia do aparelho digestivo requer cuidados específicos na


alimentação, cujo conteúdo, consistência, temperatura, etc. dependem do tipo de operação.
Apresentam-se a seguir cinco exemplos.

Dieta para gastrectomizados


A dieta para o paciente gastrectomizado se desenvolve em quatro períodos, cujas transições
dependem da evolução clínica e da aceitação do paciente. O primeiro período tem como objetivo
hidratá-lo e testar a realimentação. Nos períodos seguintes, os alimentos sólidos vão sendo
gradativamente reintroduzidos.

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 354 DIETOTERAPIA

Dieta para colostomizados

No caso dos pacientes colostomizados, a dieta deve ser de consistência líquida no primeiro
período pós-operatório, com a finalidade de fornecer os nutrientes necessários para manter um
estado nutricional adequado. Do segundo período em diante, passa gradativamente a ser de
consistência leve e, em seguida, branda sem resíduos.

Dieta para gastrostomizados

Os gastrostomizados recebem dieta líquida normal por sonda, administrada de duas em duas
horas, aproximadamente 300 ml por vez, diretamente no estômago.

Dieta para jejunostomizados

Já os jejunostomizados precisam de uma dieta de fácil absorção, introduzida diretamente


pelo jejuno em seqüência progressiva, de acordo com o estado geral de cada paciente.

Fórmula indicada para o primeiro período


Leite de soja a 15% ( 4 ½ copos ), caseinato de cálcio ( 3 colheres / sopa) e glicose ( 2 ½
colheres / sopa). A fórmula é administrada gota a gota, de 100 a 200 ml a cada 2 horas.

Fórmula indicada para o segundo período


Leite de soja a 15% ( 4 copos), caseinato de cálcio ( 2 colheres / sopa ), glicose ( 2 ½
colheres / sopa), óleo de soja ( 5 colheres / sopa ) e 3 gemas de ovo. Administra-se gota a gota. Até
400 ml por vez, a critério médico.

Dietas nasogástrica e nasoenteral

A alimentação é feita por via nasogástrica ou por via nasoenteral através de sondas
maleáveis, de pequeno ou médio calibre, que passam pelo nariz e esôfago, alojando-se no estômago,
duodeno ou jejuno.
Além dos casos de pacientes cirúrgicos, outras situações demandam alimentação por sondas:
• Capacidade de ingestão prejudicada – suplementa-se a alimentação com fórmulas,
através de sondas nasogástricas ou nasoenterais que não interfiram no reflexo de
deglutição do paciente;
• Anorexia extrema - como forma de suplementação alimentar, sem impedir a ingestão
oral;
• Lesões da boca – utilizada até a cicatrização das lesões;
• Cirurgias na cavidade oral – como substituta temporária da alimentação oral, visto que
essas cirurgias podem impedir, durante um período, o processo de mastigação;
• Dificuldades de deglutição – administrada até o retorno do reflexo de deglutição ou de
forma permanente, quando isso não ocorrer;
• Coma - para manter ou recuperar o estado nutricional;
• Pacientes psicóticos - necessária quando estiverem em surto;
• Pacientes confusos – quando rejeitarem a alimentação por tempo prolongado.

O alimento ministrado é liquido, com mais freqüência semi-líquido, com


consistência semelhante à de alimentos que já tenham sido parcialmente digeridos.

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 355 DIETOTERAPIA
A alimentação por sonda pode ser administrada intermitentemente ( porções alimentares), ou
lenta e continuamente, gota a gota. A forma intermitente se assemelha mais ao padrão normal de
alimentação, havendo períodos de descanso do trato digestivo, permitindo ao paciente maior
libedade. Recomenda-se que a quantidade máxima de alimentação dada em cada horário seja de 300
ml.
Geralmente a alimentação por sonda é hiperosmolar, podendo causar cólicas e diarréia,
quando ministrada rapidamente, ou distensão abdominal. Portanto, no início, sua concentração deve
ser diluída em um terço ou à metade e regulada para fluir de 50 a 100ml/hora . A alimentação é
gradualmente aumentada, de modo a atingir sua concentração total num período de 3 dias ou mais.
Outro cuidado importante a ser observado na ministração intermitente é a aspiração gástrica,
antes de cada refeição, para exame de conteúdo. Se forem aspirados mais de 150 ml, haverá o risco
de o conteúdo gástrico ser reinstilado. Nesse caso, a refeição ( por sonda) deve ser sustada. As
aspirações devem ser feitas a cada 4 horas, para se verificar-se há estase gástrica.
Deve haver controle metabólico constante, através de exames laboratóriais que avaliem
eletrólitos, glicose e outras substâncias, para que não ocorra sobrecarga ou carência de nutrientes.
A maioria dos pacientes submetidos a esses cuidados necessita de uma quantidade adicional
de água. Assim, a alimentação intermitente deve ser precedida e seguida de ingesta de água. Se o
paciente tem condições de receber líquidos por via oral, deve ser estimulado a tomá-los, não só para
ajudar no restabelecimento desta via, como para aumentar a ingesta de líquidos.
As fórmulas já prontas e envasadas devem ser manipuladas o mínimo possível e conservadas
em geladeiras destinada a alimentos, nunca em geladeira de medicamentos ou de material coletado
para exames. Devem, ainda, ser aquecidas em banho-maria até a temperatura ambiente.

ATENÇÃO
Em hipótese alguma as fórmulas devem chegar à temperatura ambiente
permanecendo fora da geladeira, nem retornar a ela depois de ministradas (
sobras).
Ou mesmo quando não utilizadas.

O risco de contaminação das fórmulas é alto, com a agravante de que muitas vezes a sonda
está localizada no duodeno ou jejuno, onde não há defesa imediata contra microorganismos; ao
contrário do ambiente gástrico, que é extremamente ácido e impede a proliferação desses agentes
patogênicos.
Pacientes podem ser mantidos com alimentação por sondas durante dias, semanas, meses ou
mesmo anos. Por isso, a alimentação deve ser individualizada e específica para cada pessoa, a fim
de atender às necessidades nutricionais, à capacidade gástrica e às clínicas e socioeconômicas.
Os produtos industrializados ( hipoprotéticos, formulados para diabetes, deficiências
enzimáticas, etc.) oferecem vantagens no aspecto alimentar, pois são nutricionalmente equilibrados
e atendem às necessidades dietéticas. Apresentam, ainda, menor risco de contaminação que
alimentos frescos e melhor digestibilidade, mesmo que localizada no intestino. São de mais fácil
preparo; porém; apresentam o inconveniente de um custo elevado em relação às fórmulas
manipuladas a partir de alimentos frescos.
É importante que a equipe de enfermagem esteja atenta ao seguinte:
• A alimentação por sonda nasogástrica irrita os orifícios nasais. O uso de uma sonda de
pequeno calibre, maleável, e cuidados frequentes com as narinas traz algum conforto;
• A higiene oral é essencial quando os pacientes são submetidos à alimentação por sonda;
• Cólicas e diarréias podem ser minimizadas pela lentidão do ritmo ou pela redução de
concentração da alimentação;
• Dietas quimicamente definidas, também chamadas de elementares, deixam poucos
resíduos, e os pacientes podem apresentar evacuação a cada cinco dias;

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 356 DIETOTERAPIA
• A sonda nasogástrica deve ser introduzida estando o paciente sentado ou com a
cabeceira da cama elevada a 35 ou 40 graus, para evitar aspiração;
• Quando possível, o paciente deve caminhar, pois a atividade muscular promove um
melhor uso das proteínas. Em pacientes que não deambulam, pode ser indicada a
fisioterapia.
• O esquema de preparo das fórmulas é variáveis em cada Serviço de Nutrição e Dietética.
Mas é importante lembrar que elas, se mantidas sob refrigeração, podem ser
conservadas por um período de até 24 horas; a alimentação ministrada continuamente,
gota a gota, deverá ser colocada em recipientes com gelo, para que não se deteriore.

Integração entre drogas e nutrientes

É comum em nosso meio a prática de ministrar medicamentos com as refeições, para reduzir
possíveis efeitos no trato digestivo. Porém, essa prática pode resultar na redução, na lentidão ou
mesmo na modificação da ação do medicamento.
Usar alimentos sólidos ou líquidos para disfarçar o gosto do medicamento pode alterar a
ação deste, se o alimento modificar o pH do medicamento ou formar quelatos que impeçam sua
absorção.
Refeições com muita gordura ou fibra retardam o esvaziamento gástrico em mais de 2 horas.
A ação de um medicamento ministrado com ou após tais refeições seria, também, retardada. Já as
refeições ricas em proteínas aumentam o fluxo sangüíneo no estômago e a absorção de alguns
medicamentos. Refeições ricas em proteínas aumentam o fluxo sangüíneo no estômago e a absorção
Refeições com muita gordura ou fibra retardam o esvaziamento gástrico em mais de 2 horas.
A ação de um medicamento ministrado com ou após tais refeições seria, também, retardada. Já as
refeições ricas em proteínas em proteínas aumentam o fluxo sangüíneo no estômago e a absorção de
alguns medicamentos. Refeições ricas em glicose ( carboidratos) causam uma leve redução do fluxo
sangüíneo para o aparelho digestivo, que tende a diminuir a absorção dos medicamentos.
O álcool, as bebidas quentes e os antiácidos não deverão ser ingeridos com cápsulas ou
comprimidos de invólucros resistentes, pois tais substâncias podem causar a destruição prematura
desses invólucros, expondo a droga a um pH ao qual é sensível. Pastilhas ou drágeas com cápsulas
que devem ser destruídas nos intestinos não devem ser ministradas com refeições alcalinas ou com
antiácidos.
Ainda em relação ao álcool, é importante lembrar que não deve ser tomado com depressores
do sistema nervoso central; junto a outros medicamentos, ele pode produzir efeitos desagradáveis:
ruborização facial, dispnéia, náusea, vômito, palpitação, dor de cabeça e hipotensão.
Muitos antibióticos produzem melhor efeito se ministrados com o estômago vazio. Alguns
outros, como a tetraciclina, não devem ser ingeridos com leite ou demais produtos lácteos porque
sua eficácia é reduzida ao combinar-se com o cálcio, que se apresenta em quantidades razoáveis
nesses alimentos.
Há uma infinidade de inter-relações ente as drogas e os nutrientes, mas nos ateremos aos
medicamentos mais utilizados em nosso país.
Analgésicos – Acetominofen ( Dorico, Doril, Tylenol ):
• Ministrar em jejum;
• Os alimentos, principalmente os que contém carboidratos, retardam mas não impedem
sua absorção total;
• Frutas com pectina retardam sua absorção.

Analgésicos/antipirético – Ácido acetilsalicílico e seus composto ( Aspirina, AAS):


• Os alimentos retardam e reduzem a absorção, mas diminuem náuseas e distúrbios
gástricos;
• Ministrar com alimentos, como leite e biscoitos;

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• É antagonista do ácido fólico ( vitamina do complexo B);
• Esvazia os depósitos orgânicos de vitamina C e K;
• Evitar o álcool, pois a combinação com o medicamento aumenta o risco de hemorragia
gastrintestinal.
Antituberculose – Ácido aminosalicílio ( PAS );
• Ministrar em jejum, pois alimentos impedem a absorção;
• Não ministrar com leite, pois a cápsula é revestida de uma substância que só é atacada
no intestino;
• Deixa gosto amargo na boca;
• É antagonista do ácido fólico;
• Reduz a absorção de gorduras e vitamina B 12.

Vitamina C – Ácido ascórbico ( Cebion, Cetiva, Redoxon):


• Não ministrar em jejum, para evitar irritação gástrica.

Angigota – Allopurinol (Zyloric):


• É mais bem – tolerado quando ingerido com as refeições, ou imediatamente após;
• Aumentar a ingesta de líquidos, para aumentar a diurese;
• Pode interferir na absorção da vitamina B2, do cálcio, do magnésio e do potássio;
• Evitar o álcool, pois reduz o efeito do medicamento.

Antiácido – Gel hidróxico de aluminio ( Aldrox, Pepsamar, Mylanta Plus e outros );


• Ministrar o gel em meio copo de água;
• Mastigar as drágeas antes de engoli-las com água ou leite;
• Tende a provocar obstipação;
• Reduz a absorção de vitamina A;
• Pode causar diminuição dos níveis de magnésio.

Simpaticomimético – Aminofilina ( Aminofilina e outros );


• Ministrar com alimentos ou com as refeições, pois o alimento previne a irritação
gástrica.
• Antibiótico – Ampicilina ( Ampicilina, Binotal e outros ):
• Ministrar em jejum, 1 hora antes ou 2 horas depois das refeições, pois os alimentos
retardam e reduzem a absorção;
• Não ministrar com grandes quantidades de sucos de frutas, cerveja, vinho ou
refrigerantes, devido à acidez dessas bebidas.

Anticoncepcionais orais:
• Ministrar todos os dias, na mesma refeição, para estabelecer um horário com intervalos
regulares;
• São antagonistas do ácido fólico e da vitamina B6;
• Consomem as reservas orgânicas de vitamina B2;
• Reduzem a absorção de vitamina C;
• Aumentam os níveis de vitamina A no sangue.

Bloqueador colinérgico – Beladona e seus compostos ( Atroveran, Gotas Bineli e outros):


• Ministrar em jejum, de preferência entre 30 minutos e 1 hora antes das refeições, porque
os alimentos interferem na sua absorção.

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 358 DIETOTERAPIA
Laxativo – Bisacodil ( Dulcolax):
• Quando em cápsulas, engolir de uma vez sem mastigar;
• Não ministrar com leite; se este já foi tomado, aguardar pelo menos 1 hora. Alimentos
alcalinos desintegram o envoltório antes de chegar ao intestino, onde deve ser absorvido.

Antiácido e suplemento de cálcio – Carbonato de cálcio ( Cálcio Sandoz e outros);


• Ministrar a hora após as refeições, devido a sua ação antiácida;
• Pode produzir excesso de acidez de retorno, constipação, flatulência hipercalcemia;
• Se usado por muito tempo, combinado com uma dieta rica em vitamina D, pode
provocar a chamada sindrome, alcalina-leite ( náuseas, vômito, dor abdominal, alcalose
metabólica, insuficiência renal).

Anticonvulsonante – Carbamazepina (Tegretol);


• Ministrarom alimentos, pois aumentam a absorção do medicamento.

• Relaxante dos músculos esqueleticos-carisoprodol ( Miocitalgan. Mioflex e outros)


• Não ministrar em jejum, pois o alimento reduz náuseas e vômitos
• Evitar o álcool, pois potencializa os efeitos depressores sobre o sistema nervoso
central.
• Antibiotico- cefalexina (Cefalin, Keflex e outros):
• O ideal é ministrar 1 hora antes ou 2 horas depois das refeições, pois os alimentos
retardam e reduzem sua absorção.
• Vitamina-Cianocobalamina ou vitamina B12:
- não ministrar em jejum, pois o alimentos aumentam sua absorção;
- a ingestão excessiva de álcool pode reduzir sua absorção.
• Bloqueador do receptor H2 da histamina – Cimetidine ( Tagamet e outros):
- ministrar com as refeições, para atingir o pique das taxas sérias e produzir a inibição
ótima da secreção gástrica.
• Antibiótica – Cloranfenicol ( Cloranfenicol, Quemicetina, Tetraciclina, Suspensão);
• Evitar o álcool, pois a combinação produz reações como as decorrentes do uso de
álcool e medicamentos;
• Reduz a absorção de lactose;
• Aumenta a necessidade de ácido fólico, de vitaminas B2, B6, B12, A e de ferro.
• Diurético – Clorotiazida ( Diclotride e outros);
• Ministrar após as refeições, para evitar irritação gástrica.
• Causa aumento da excreção de magnésio pela urina.
• Hipoglicemiante – Clorpropamida ( Diabinese e outros);
• Ministrar com o desjejum, para o perfeito controle da hiperglicemia e para reduzir os
efeitos colaterais gastrintestinais;
• Evitar o álcool, pois a combinação dos dois – álcool mais medicamento - produz os
efeitos já descritos.
• Diurético e anti-hipertensivo – Clortalidona ( Higroton e outros );
• Ministrar com o desjejum;
• Evitar o álcool, pois potencializa o efeito hipotensor;
• Aumenta a excreção de zinco pela urina.
• Antigota – Colchicina ( Colchicina Enila):
• Ministrar imediatamente antes da refeições ou logo após, para reduzir a irritação
gástrica;

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 359 DIETOTERAPIA
• Reduz a absorção de vitamina B12, da gordura, da lactose, do caroteno ( pró-vitamina
A );
• Aumenta a excreção de potássio e sódio pelas fezes;
• Reduz os níveis de colesterol no sangue.
• Sulfonamida – Co-trimoxazol ( Bactrin):
• A absorção torna-se mais eficiente quando ministrado 1 hora antes ou 2 horas depois
das refeições, juntamente com um copo cheio de água;
• Aconselha-se a ingestão abundante de líquidos, a fim de evitar formações de cristais na
urina.
• É antagonista do ácido fólico.
• Tensiolítico – Diazepan ( Diazepan, Dienpax, Valium):
• Não tomar em jejum. Embora os alimentos retardem a absorção, diminuem a náusea;
• Evitar o álcool, pois a combinação com o medicamento potencializa os efeitos
depressores sobre o sistema nervoso central.
• Cardiotônico – Digoxina ( Digoxina e outros ):
• Tomar após as refeições. Os alimentos retardam a absorção, mas não afetam a
quantidade total absorvida;
• Ministrar em jejum, quando se deseja uma ação rápida;
• Não ministrar com leite ou alimentos ricos em cálcio. O efeito terapêutico será
diminuído;
• As refeições ricas em fibras reduzem a absorção;
• Pacientes que apresentam no sangue níveis de potássio
• Reduzido estão sujeitos ao efeito tóxico do remédio;
• Aumenta as necessidades de vitamina B1.
• Antibiótico – Doxiciclina ( Vibramicina):
• O ideal é tomar quando o estômago estiver vazio, porque os alimentos diminuem um
pouco a absorção;
• Poderá ser ministrado com leite ou outros alimentos, para reduzir a irritação gástrica.
• Aconselha-se maior ingestão de líquidos, para reduzir o risco de irritação do esôfago.
• Ministrar com um copo cheio de água, para reduzir a irritação esôfago.
• Antibiótica – Eritromicina ( Eritromicina e outros );
• Devem ser ministrados às refeições, para reduzir náuseas vômitos.
• Analgésicos e antiinfeccioso do trato urinário – Cloridrato de fenilazodaminopirida
( Pyridium, Urobactrin e outros);
• Recomenda-se ministrar de 30 minutos a 1 hora antes das refeições.
• Anti-reumático e antiinflamatório – Fenilbutazona ( Butazona e outros);
• Deve ser ministrado antes das refeições ou após, com um copo cheio de leite, para
reduzir os distúrbios gastrintestinais.
• Evitar o álcool, pois aumenta a irritação gástrica.
• Anticonvulcionante e antiarrítmico – Fenitoina sódica ( Hidantal);
• Deve ser ministrado com meio copo de água às refeições . Os alimentos aumentam a
absorção e reduzem náuseas e vômitos;
• Evitar o álcool, pois os efeitos anticonvulsionantes aumentam na intoxicação aguda
alcoólica e são reduzidos no alcoolismo crônico;
• As sensações gustativas diminuem;
• Há redução na absorção da vitamina B12, do ácido fólico e do cálcio.
• Anticonvulsivo e espasmolítico – Fenobarbital ( Fenobarbital, Gardenal);
• Recomenda-se ministrar em jejum, pois os alimentos retardam e reduzem sua
absorção;

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 360 DIETOTERAPIA
• Poderá ser ministrado com alimentos, para reduzir os distúrbios gastrintestinais;
• Evitar o álcool, pois potencializa os efeitos depressores sobre o sistema nervoso
central;
• Reduz a atividade das vitaminas B6, B12, D, K e do ácido fólico;
• Reduz a absorção do cálcio.
• Antianêmico – Sulfato ferroso ( Combiron, Sulfato Ferroso e outros);
• É mais bem-absorvido quando ministrado entre as refeições. Freqüentemente, no
entanto, é ministrado com alimentos, para reduzir os efeitos colaterais gastrintestinais;
• Não ministrar com cereais, ovos ou leite, pois esses alimentos impedem a absorção do
ferro;
• Recomenda-se ministrar com uma fonte de vitamina C ( frutas cítricas), para aumentar
a absorção;
• Não se deve amassar ou mastigar os tabletes.
• Antifúngio e antibiótico – Griseofulvina ( Grifulvin e outros);
• Os alimentos, especialmente as gorduras, aumentam sua absorção;
• Ministrado com alimentos, além de aumentar a absorção reduz distúrbios gástricos;
• Poderá causar redução ou alteração das sensações gustativas;
• Evitar o álcool, pois a combinação produz reações como rubor facial, aumento de
batimentos cardíacos e sudorese.
• Antidiabético – Insulina:
• O uso prolongado reduz a sensibilidade gustativa ao sal e aos doces;
• Evitar o álcool, pois pode induzir à hipoglicemia.
• Antiparkinsoniano – Levedopa ( Levedopa e outros);
• Deve ser ministrado com pequenas refeições, para prevenir náuseas e vômitos, embora
os alimentos reduzam sua absorção;
• A eficiência do medicamento é diminuída quando há consumo alto de proteínas;
• Evitar alimentos ricos em vitamina B6 ( fígado, carnes, grãos integrais), pois ela
inverte a ação da droga rapidamente.
• Evitar multivitamínicos que contenham vitamina B6;
• Aumenta a excreção de sódio e potássio pela urina.
• Antipsicótico – Carbonato de lítio ( Carbolitium e outros):
• Deve ser ministrada de preferência com alimentos, pois aumenta sua absorção;
• Aconselha-se ingestão de líquidos e de sal, para prevenir toxidez por lítio;

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 361 DIETOTERAPIA
• O medicamento tem gosto estranho.
• Analgésico, antipirético e anti-reumático – Ácido mefenâmico ( Ponstan 500):
• Deve ser ministrado com alimentos ou com as refeições, para reduzir a irritação
gástrica.
• Anti-hipertensivo – Metildopa ( Hydromet, Metildopa, Aldomet):
• Evitar o álcool, porque potencializa o efeito hipotensão;
• Aconselha-se a ingetão de líquidos, se não houver contra-indicação, para ministrar o
ressecamento na boca.
• Hepatoprotetor – Metildopa ( Hydromet, Metildopa, Aldomet):
• Evitar o álcool, porque potencializa o efeito hipotensão;
• Aconselha-se a ingestão de líquidos, se não houver contra-indicação, para minorar o
ressecamento na boca.
• Hepatoprotetor – Metionina ( Panvitrop, Xantinom B12 e outros);
• Recomenda-se ministrar 30 minutos antes da refeições, para prevenir a interferência na
absorção.
• Antibiótico – Sulfato de neomicina ( Suspensão de Neomicina Composta e outros):
• Reduz a absorção das gorduras e das vitaminas lipossolúveis;
• Reduz a absorção do nitrogênio, da lactose, da sacarose, do cálcio, do ferro e da
vitamina B12;
• Aumenta a excreção de sódio e potássio pelas fezes.
• Antibiótica – Oxacilina sódica ( Staficilin – N):
• Recomenda-se ministrar 1 hora antes ou 2 horas depois das refeições, pois os
alimentos reduzem a absorção.
• Antibiótico – Penicilina V potássica ( Pen-V-Oral, Penicilina):
• O ideal é ministrar em jejum. Se ministrado com alimento a absorção é parcialmente
reduzida.
• Compostos de potássio – Eletrólito:
• O ideal é ministrar com alimentos ou depois das refeições acompanhados de um copo
cheio de água. Os alimentos retardam a absorção, mas reduzem a irritação gástrica;
• Poderão ser menos danosos ao trato gastrintestinal se sorvidos vagarosamente, no
decorrer da refeição;
• Não deverão ser ministrados com leite ou com produtos lácteos;
• O cloreto de potássio afeta a absorção de vitamina B12.

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 362 DIETOTERAPIA
• Antiinflamatório – Prednisona ( Meticorten):
• Melhor ministrar com alimentos, para prevenir náuseas e vômitos;
• Reduz a absorção do cálcio e do ferro;
• Reduz a tolerância aos hidratos de carbono;
• Anti-histamínico – Cloridrato de prometazina ( Fenergan e outros);
• Não devem ser ministrado em jejum, para prevenir náuseas e vômitos.
• Anti-hipertensivo, antiarrítmico e bloqueador beta – Cloridrato de propanolol (
Propranolol, Inderal):
• Deve ser ministrado com alimentos, pois eles aumentam a absorção deste
medicamento;
• Evitar o álcool, pois a droga pode mascarar os sintomas da hipoglicemia alcoólica.
• Antiasmático – Teofilina e seus compostos ( Franol, Marax e outros);
• O ideal é ministrar com um copo cheio de água, 30 a 60 minuto antes das refeições;
• Pode ser ministrado com alimentos para prevenir náuseas e vômitos;
• Sua ação é retardada quando ingerido com refeições ricas em proteínas e acelerada
com refeições ricas em hidratos de carbono;
• Evitar grandes quantidades de bebidas estimulantes como café, chá, chocolate e que
contenham cola.

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 363 ENFERMAGEM EM SAÚDE MENTAL

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Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 364 ENFERMAGEM EM SAÚDE MENTAL

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 365 ENFERMAGEM EM SAÚDE MENTAL

1- PSIQUIATRIA OU SAÚDE MENTAL?

2- A EVOLUÇÃO DA SAÚDE MENTAL

3- EPIDEMIOLOGIA DA SAÚDE MENTAL


- Você gostaria de integrar uma equipe de Saúde Mental?
- Quem é o paciente que procura o Setor de Saúde Mental?
- Quem é o profissional que trabalha no setor de Saúde Mental?
- Integração da equipe de saúde mental.

4- Processo Saúde – Transtorno Mental


- Fatores de influência
- E o que são os tais de id, ego e superego?
- Mesclando os três tipos de fatores
5- Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento
- Métodos diagnósticos em Psiquiatria
- Sinais e sintomas de transtornos mentais
- Os principais tipos de transtorno mental

6- Formas de Tratamento de Transtornos Mentais


- Terapia medicamentos
- ECT – eletroconvulsoterapia na eletrochoque

7- Condutas e Técnico em Enfermagem do Auxiliar de Enfermagem no Setor de Saúde


Mental.
- Setores de atendimento em Saúde Mental
- Relação terapêutica: a ferramenta indispensável
- Intervenções do auxiliar de enfermagem diante de determinados comportamentos

8- Promoção e Prevenção em Saúde Mental

9- Emergências Psiquiátricas
- Intervenções em crise
- Avaliação primária na emergência psiquiátrica
- Quadros de emergências psiquiátricas
10- O Técnico e o Auxiliar de Enfermagem e a (sua própria) Saúde Mental.

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 366 ENFERMAGEM EM SAÚDE MENTAL

PSIQUIATRIA OU SAÚDE MENTAL?

Por que preferimos em “Enfermagem Saúde Mental”? Por que não usarmos o velho termo
“Enfermagem Psiquiátrica”, que, afinal de contas, até parece nos dar maior status? Por que mudar?
Falar em Saúde Mental é muito mais do que uma troca de termos; inclui uma diferença de
critérios, da doença – foco central da Psiquiatria – para a saúde. Isso mesmo! Vamos falar em
transtornos mentais, mas com os olhos voltados para a reabilitação, a saúde e a reintegração.
Obviamente a Psiquiatria, com todo o seu conhecimento, é parte essencial desse estudo, mas não a
única. Outras áreas de estudo se integram para formar um conhecimento mais amplo, que tente dar
conta desta forma de sofrimento humano.
O termo Saúde Mental se justifica, assim, por ser uma área de conhecimento que, mais do
que diagnosticar e tratar, liga-se à prevenção e promoção de saúde, preocupando-se em reabilitar e
reincluir o paciente em seu contexto social.
Enfermagem sempre pareceu, para alguns olhares menos perspicazes, estar à sombra do
conhecimento médico. Mas, na verdade, ela constrói seu conhecimento e divide com todas as outra
áreas envolvidas os louros e as frustrações de trabalhar em (ou para a) Saúde Mental.
Em última análise, flexibilidade para desprender-se de conceitos científicos fixos e a atenção
para as necessidades de mudanças a cada passo constituem pontos-chave para o crescimento pessoal
e do conhecimento no setor Saúde Mental.

A EVOLUÇÃO DA SAÚDE MENTAL

- Pessoas normais estão agora em outro lugar.


- Como será que se sentem? O que pensam?
- Não pensam. A doença não lhes deixou capacidade de raciocinar.
- Podemos tomar como fato?
- Podemos.
- Por quê ?
- Porque a outra alternativa é inconcebível.
( Do filme “Tempo de Despertar”)

O diálogo de dois personagens, médicos do filme “ tempo de Despertar”, expressa a


problemática do relacionamento do homem com o que denominamos de “transtornos mentais”.
Embora o filme aborde uma enfermidade oriunda de uma virose contraída – no caso, encefalite
letárgica -, a questão de como os problemas de incapacitação das faculdades mentais, ou da
agressividade desprovida de senso crítico, limites e padrões éticos e mortais, sempre amedrontou e
ainda amedronta a humanidade.
Para evitar uma situação desesperadora, em que se admitisse que, de alguma forma, os
sofredores dos transtornos mentais tivessem consciência de suas enfermidades, encarou-se o
“louco” como alguém totalmente alienado ao que se passa ao redor. Neste contexto, mais fácil seria
definir que “outra alternativa é inconcebível”, simplesmente por ser aterradora sua perspectiva.
Atualmente novas terapêuticas no tratamento destes tipos de doentes têm sido adotadas na
tentativa de uma maior integração entre o paciente e a sociedade. Mas esta forma de encarar o
problema da “loucura” nem sempre ocorreu assim.
Para se entender a Saúde Mental nos dias de hoje, é necessário que se tenha conhecimento
do processo histórico ao longo do qual ela evoluiu.
Você já deve ter assistido a algum filme bíblico, independente da religião da qual você é
adepto. Se já assistiu, deve ter reparado que aquelas pessoas viviam em uma época em que a ciência
era praticamente desconhecida. Sem o conhecimento científico para explicar o mundo que o

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 367 ENFERMAGEM EM SAÚDE MENTAL
cercava, como aqueles homens conseguiam entender fenômenos como o raio e o trovão, as fases da
lua, o ciclo das marés, as estações do ano?
Assim, para aquelas pessoas, tudo na natureza se explicava através de idéias ligadas a
práticas de magia e religião.
Da mesma forma, o conceito de doença mental estava ligado e explicações mágico-
religiosas, que atribuíam a uma força sobrenatural a origem dos transtornos mentais. Assim, a
loucura era aceita como uma imposição divina, uma interferência dos deuses. Por conseqüências, o
modo como a sociedade a encarava tornava-se ambíguo, pelo fato de que tanto poderia ser o
enfermo um portador, ou intérprete da vontade divina, como também um castigado pelos deuses ou
um endemoninhado.
Desta forma o tratamento não poderia ser aplicado de maneira diferente. Este tinha como
objetivo controlar, apaziguar ou expulsar estas forças “demoníacas”.
Na Grécia Antiga, mesmo que os distúrbios mentais fossem encarados ainda com origens
sobrenaturais, procurou-se em causas somáticas a origem dos distúrbios mentais. Neste novo
pensamento, a doença era causada pelo desequilíbrio interno, originado pelos humores corporais. A
melancolia; por exemplo, era descrita como um quadro de tristeza causado pela bílis negra do
fígado.

Também neste modelo surge, pela primeira vez, a descrição da histeria, que curiosamente
era atribuída ao deslocamento do útero (histero), por falta de atividades sexuais.
Pode parecer engraçado, mas acreditava-se que movendo-se pelo corpo, o útero poderia
atingir o cérebro, causando dispnéia, palpitação e até desmaios. Recomendava-se então, como
terapêutica, o casamento para viúvas e moças, além de banhos vaginais com ervas para atrair o
útero de volta ao seu lugar de origem.
Qualquer filme que trate da vida de Jesus apresenta soldados armados com escudos e lanças
e que são os responsáveis pela crucificação. Estes soldados pertenciam ao império romano. Pois
bem! No império Romano, o tratamento dos transtornos mentais adquiriu novas idéias, que
defendiam uma maior relação individual entre o médico e o portador de transtornos mentais, e se
diferenciava as alucinações das ilusões, recomendando-se que o tratamento da primeira doença
fosse realizado em salas iluminadas, devido ao medo que o portador de alucinações tinha da
escuridão.
Ao contrario da concepção grega, que atribuía à migração do útero a causa da histeria,
Galeno em Roma, afirmava que a retenção do liquido feminino pela abstinência sexual causava
envenenamento do sangue, originando as convulsões. Assim, a histeria não tinha uma causa sexual-
mecânica, como afirmava o paradigma grego, mas uma causa sexual-bioquímica.
Entretanto, para o eminente médico romano, não apenas a retenção do equilíbrio feminino
era a causa dos distúrbios psíquicos. Para o alívio das mulheres da época, e das de hoje, o homem
também tinha as suas alterações mentais oriundas da retenção do esperma. Desta forma, as relações
sexuais e a masturbação, para Galeno, serviriam de alívio para as tensões.
Deixando de lado a questão das flutuações dos líquidos seminais, a verdade é que foi graças
aos romanos que, pela primeira vez, surgiu uma concepção diferente com relação aos doentes
mentais. Foram criadas leis em que se detalhava as várias condições, tais como insanidade e
embriaguez, que, se presentes no ato do crime, poderiam diminuir o grau de responsabilidade do
criminoso. Outras definiam a capacidade do doente mental para contratar casamento, divorciar-se,
dispor de seus bens, fazer testamento e até testemunhar.
Com o fim do Império Romano, em 476 d.C, iniciou-se um período que a História
denominou de Idade Média. Foi também o período em que o cristianismo expandiu-se. Muitos
chamam a Idade Média de “Idade das Trevas”, mas não é pela falta de energia elétrica, que ainda
não havia sido descoberta, e sim devido ao fato de todo pensamento cultural estar ligado às idéias
religiosas. Isso fez com que todas as descobertas no campo científico e nos outros campos do
conhecimento humano progredissem muito lentamente.

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 368 ENFERMAGEM EM SAÚDE MENTAL
Neste período, o conceito de doença mental que surgiu foi a de uma doutrina dos
temperamentos, isto é, do estado de humor do paciente. “Melancolia” era o termo utilizado com
freqüência para descrever todos os tipos de enfermidades mentais.
Mas afinal, o que eles chamavam de melancolia?
Constantino Africano, fundador da Escola de Salermo, descreveu os sintomas de melancolia
como sendo a tristeza – devido à perda do objeto amado -, o medo – do desconhecido-, o
alheamento – fitar o vazio – e a culpa e temor intenso nos indivíduos religiosos. São Tomás de
Aquino descreveu a mania – fúria patológica -, a psicose orgânica – perda de memória – e a
epilepsia, além de comentar também sobre a melancolia. Mas Aquino acreditava que a causa e o
tratamento da doença mental dependiam fortemente da influência dos astros sobre a psique e do
poder maléfico dos demônios.
Apesar de todas essas concepções científicas, seguindo o pensamento religioso da época, a
possessão da mente de uma pessoa por um espírito maligno, e suas alterações verbais e de
comportamento, retornou como a principal causa dos distúrbios mentais, como havia sido em
épocas anteriores.
Desta forma, muitos dos portadores de alienações mentais encontraram a “cura” para seus
males na fogueira e nos patíbulos de suplícios. Aos doentes mentais que escapavam a essa
“terapêutica” imposta pelas idéias religiosas da época, o abandono à própria sorte foi o que restou.
Assim, os poucos esforços como os empreendidos durante o governo do imperador romano
Justiniano, para que os portadores de transtornos mentais tivessem direitos a tratamento juntamente
com outros enfermos em instituições próprias, foi abandonado.
Durante todo o período da Idade Média, as epidemias como a “peste negra” aliada à “lepra”
causavam grande medo na população. Quando estes “flagelos” começaram a se dissipar, achava-se
que uma nova ameaça pairava sobre a população: os “loucos”, criminosos e mendigos.
Se por um lado, realmente liberta de muitos preceitos religiosos a ciência pode caminhar um
pouco mais livremente, para os portadores de enfermidade mentais novas nuvens tempestuosas se
aproximavam.
Para uma sociedade que iniciava um processo de produção capitalista, existência de
indivíduos portadores de transtornos mentais, ou de algum forma “inúteis” à nova ordem econômica
(tais como os “loucos”, os criminosos e os mendigos), andando livres de cidade em cidade tornava-
se uma ameaça.
Os antigos “depósitos de leprosos”, cuja ameaça já não se fazia tão presente, abriram suas
portas para a recepção destes novos “inquilinos”. Sem preocupar-se em resolver esses problemas
sociais, a nova ordem político-social decidiu pelo isolamento destes seres considerados
“improdutivos”.
Excluídos do mundo, os enfermos mentais foram trancafiados nos porões das prisões
juntamente com todos aqueles que por algum motivo não participavam da nova ordem mundial. A
semente dos manicômios havia sido plantada.
Ainda que vozes se levantassem clamando por um tratamento mais digno aos alienados, e
por conseguinte se fizesse uma seleção mais nítida das “anomalias mentais”, a idéia de que “os
loucos” eram perigosos e inúteis permaneceu na sociedade até os fins do século XVIII. A internação
destes tornou-se caso de polícia, e a sociedade não se preocupava com as causas, manifestado
insensibilidade ao seu caráter patológico. É verdade que em determinados hospitais os doentes
portadores de distúrbios mentais tinham lugar reservado, o que lhes dava uma imagem de
tratamento médico, sendo uma exceção; a maioria residia em casas de internamento, levando uma
vida de prisioneiro.
Em 1789 (século XVIII), novos ventos sopraram na Europa Ocidental. A ordem absolutiva,
onde o Rei mandava sozinho à revelia dos anseios do povo, entrou em falência, e idéias mais
liberais e libertadoras passaram a ser discurso constante, principalmente na França, onde a
revolução vitoriosa levou grande parte daqueles que não se importavam com os problemas da
cabeça alheia a perderem as suas.

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 369 ENFERMAGEM EM SAÚDE MENTAL
É neste clima de luta pelos direitos de cidadania e da valorização do “homem” que um
jovem médico, chamado Phillipe Pinel, libertará dos porões destes hospitais aqueles cuja alienação
mental, e principalmente a ignorância social, haviam condenado ao isolamento.
Descendo aos subterrâneos da incompreensão humana, representados por esses porões, Pinel
encontrou acorrentados às paredes fétidas e sombrias seres “humanos”, que ali jaziam há quase
meio. Século, condenados pelo “crime” de serem portadores de transtornos mentais.
Com uma proposta de tratamento humanitário para os doentes, aliados à prática de docência,
Pinel desenvolveu uma corrente de pensamento de médicos especialistas em doenças mentais,
aprimorando as descrições detalhadas dos transtornos mentais através de longas observações.
A escola francesa, inaugurada com Pinel, trouxe muitas inovações neste campo, como por
exemplo, a influência de tóxicos nas alterações do comportamento, a conceituação de esquizofrenia
e a divisão dos portadores de doenças mentais em duas classes: os degenerados, que apresentariam
estigmas morais e físicos, sendo propensos a apresentar acessos delirantes; e os não-degenerados,
que eram indivíduos normais, porém predispostos ao transtorno mental.
Esta “Escola” desenvolveu o conceito de inconsciente, paralelamente à aplicação da hipnose
como método terapêutico. Nesse período, Jean Martin Charcot, que descreveu diversos sintomas
histéricos, reconhecia que um trauma, em geral de natureza sexual, estava relacionado a idéias e
sentimentos que se tornaram inconscientes. Como os sintomas da histeria podiam ser reproduzidos
através da hipnose, sua cura também poderia advir desta prática.
Enquanto os alienistas franceses desenvolviam suas observações clínicas, na Alemanha uma
corrente com relação aos transtornos mentais surgia: a psiquiatria. Essa corrente seguiu os caminhos
da medicina, recebendo um reconhecimento internacional, e o estabelecimento de um sistema
moderno de estudo dos transtornos mentais.
Nesta nova corrente de pensamento do campo dos transtornos mentias, estava um método de
origem austríaca, chamado Sigmund Freud.
Formado em um ambiente científico fervoroso, Freud, um neurologista com um grande
censo de rigor experimental, conservou a idéia da importância de um métodos científico para
compreender o psiquismo e sua estreita relação com os processos físicos e fisiológicos.
Rompeu com a terapêutica da hipnose, quando influenciado por Josef Breuer, outro médico
austríaco. Ele havia curado uma paciente com sintomas histéricos usando um novo método: a
catarse. Durante a hipnose, a paciente relatou um acontecimento do passado relegado a um segundo
plano em sua mente/memória, como se o estivesses vivenciado no momento. O fez com violenta
expressão de suas emoções (catarse), e depois experimentou alivio substancial dos seus sintomas.
Através dessas observações, Freud desenvolveu os conceitos de “inconsciente e repressão”,
nos quais a emoção ligada às idéias reprimidas poderia afetar o comportamento nos eventos do
presente.
Embora a utilização de substância como terapêutica no campo das doenças mentias já ocorre
desde a Antiguidade, é a partir do século XIX que o uso de substâncias (que agem diretamente no
sistema nervoso central passaram a ser amplamente difundidas, sendo várias delas sintetizadas na
segunda metade do século.
Mas foi no final dos anos 1930,que para os casos de transtornos mentais graves houve a
introdução do tratamento de choque e da psicocirurgia. Sendo esta última introduzida somente
baseada nos resultados da experimentação animal, sem qualquer base teórica, anatômica ou
fisiológica. Após expectativas ilusórias, estas práticas foram limitadas as condições clínicas
especificas. Ao término da Segunda Guerra Mundial, iniciou-se a terapia de medicamentos, com
bastante sucesso.
No Brasil, paralelamente a todo este processo, na política com relação ao tratamento dos
transtornos mentais permaneceu “atrelada” ao modelo europeu do século XIX, centrado do
isolamento, dos psicopatas ou indivíduos suspeitos, toxicômanos e intoxicados habituais em
instituições fechadas, mesmo quando tal modelo tornou-se ultrapassado em muitos outros países.

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 370 ENFERMAGEM EM SAÚDE MENTAL
Já em 1916, o Código Civil prescrevia a interdição civil e a conseqüente curatela aos
“loucos” de todo os gêneros. Até recentemente, a Saúde Mental Brasileira estava ligada à legislação
de 1934, que legalizava o seqüestro de indivíduos e a subseqüente cassação de seus direitos civis,
submetendo-os as curatela do Estado.
No fim da década de 1980, a partir das transformações sociais e políticas que vinham
acontecendo no campo da psiquiatria, em países da Europa (Inglaterra, França e principalmente
Itália) e nos Estados Unidos da América, inicia-se no Brasil o movimento de reforma psiquiátrica.
Este movimento recebeu esta denominação por apresentar e desencadear mudanças que vão muito
além da mera assistência em saúde mental. Esta vem ocorrendo nas dimensões jurídicas, políticas,
sócio-culturais e teóricas.

PORTAS ABERTAS PARA A LIBERDADE

Desde a 8ª Conferência Nacional de Saúde, profissionais de saúde e grupos da sociedade


civil organizada avaliaram que o sistema de assistência ao doente com transtornos mentais era
excludente, impedindo que os indivíduos ali tratados exercessem os seus direitos civis, políticos e
sociais.
Os hospitais superlotados de doentes não dispunham de programas que os reintegrassem à
sociedade. Ao serem filmados pela imprensa, as imagens apresentadas à opinião pública era de
descuido, expresso em pacientes contidos nos leitos e em enfermarias gradeadas. A higiene
precária, o sussurro de palavras arrastadas e a expressão facial de desespero demonstravam que
essas pessoas, chamadas de internos, estavam abandonadas à própria sorte.
Muitos chegavam ao hospício levados por seus familiares depois de um “ataque de loucura”,
quando gritavam e quebravam objetos. Outros eram levados pelos familiares que queriam
seqüestrar bens e/ou heranças, acreditando, por vezes, na proteção do patrimônio familiar. Havia
também aqueles que, por falta de informação sobre as doenças da mente, acabavam convencidos de
que a hospitalização era a melhor alternativa em momentos de crise.
Muitos advogados também utilizavam a loucura como argumento para inocentar ou
amenizar a pena de seus clientes que praticavam crimes hediondos. Infelizmente para os clientes,
esta estratégia nem sempre dava certo, pois acabavam sendo condenados e encaminhados aos
manicômios judiciários.
Uma coisa era certa: todos os que no hospício chegavam eram submetidos às rotinas
institucionais, que incluíam na terapêutica a camisa de força, o eletrochoque, a medicação em
excesso a inadequada as psicocirurgias, á revelia do querer do cliente.
Neste momento, a prática predominante na área de saúde mental sustentava-se nos
princípios: da hereditariedade – acreditavam que passava de geração em geração; da
institucionalização – o tratamento só poderia ocorrer através da hospitalização; da periculosidade
todos os “loucos” eram agressivos e perigosos; e da incurabilidade – a loucura não tinha cura. O
paciente era visto como um transtorno para a sociedade e por isso as práticas adotadas seqüestravam
este cidadão temporariamente dos direitos civis, isolando-o e segregando-o em manicômios,
afastando-o dos espaços urbanos.
Mas por que chegamos a este ponto? Por que o Brasil, na década de 1960, chega-se à
margem de cem mil leitos psiquiátricos, quando no restante do mundo estava se refazendo conceitos
sobre o tratamento desta clientela? Por que mantivemos, por tanto tempo, seres humanos
encarcerados de suas identidades?
Nesta época estávamos em plena ditadura militar e não havia espaço para nenhum tipo de
questionamento político e social. Dentro deste contexto, reforçava-se que o louco era difícil
convivência, perigoso e representava o diferente do convencional, do aceitável pelas regras sociais.
Por isso, fazia-se necessário segrega-lo seqüestra-lo e cassar seus direitos civis, submetendo-o à
tutela do Estado. Isso perdura na atualidade, pois o Código Civil em vigor reforça que os “loucos

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 371 ENFERMAGEM EM SAÚDE MENTAL
de todo o gênero” são incapazes para os atos da vida civil. Com esta afirmação, a segregação deste
grupo era considerada legal.
Neste caos do sistema psiquiátrico, juntamente com os avanços da Constituição de 1988,
surgiram espaços de elaboração e aprofundamento de leis voltadas para o atendimento das questões
sociais, propiciando um ambiente adequado para que a sociedade civil, trabalhadores de Saúde
Mental e a articulação Nacional da Luta Antimanicomial se organizassem pela reforma do sistema
psiquiátrico, buscando um novo estado de direito para o doente mental.
Norteadas pelos princípios da universalização, integralidade, eqüidade, descentralização e
participação popular, foram realizadas sucessivas conferências de Saúde Mental nos diversos níveis
(nacional, estadual, municipal e distrital), tendo como objeto a inserção da Saúde Mental nas ações
gerais de saúde. O importante é que nestas conferências o processo de municipalização, a criação
dos conselhos de saúde e os dispositivos legais previstos para a efetivação dos SUS foram
considerados, como mecanismos na desconstrução do modelo asilar dos hospitais psiquiátricos
(asilo de “loucos”).
Abandonar a idéia de que transtornos mentais eram produzidos somente por causas naturais
e aceitar que os fatores sociais podem ser determinantes destes transtornos, foi uma reflexão difícil
para muitos profissionais de saúde, gestores e familiares.
Atualmente, considera-se que existe uma relação estreita entre transtorno mental e a
exploração da força de trabalho, as condições insalubres dos ambientes, o viver na linha da miséria,
o alto índice de desemprego, as relações familiares, o estresse, a violência e a sexualidade mal
resolvida como causas. Enfim, são “pequenas e grandes” coisas que a qualquer momento nos
deixam no limite entre a sanidade e a loucura.
Na 2ª Conferência de Saúde Mental, em 1992, os delegados presentes resgataram propostas
previstas no projeto do Deputado Paulo Delgado, de 1989, que previam a substituição do “modelo
hospitalocêntrico” por uma rede de serviços descentralizada, hierarquizada, diversificada nas
práticas terapêuticas, favorecendo o acesso desse cliente ao sistema de saúde, diminuindo o número
de internações, reintegrando-o à família e comunidade, resultando, desta forma, na melhoria da
qualidade dos serviços nesta área.
Entre os delegados, estavam representantes do segmento público e do segmento privado, que
concordavam, pelo menos no discurso, em que a assistência ao cliente com transtorno mental
precisava ser mais humanizada. A discordância surgia quando o tema era a substituição do sistema
de internações hospitalares pela adoção de outras modalidades terapêuticas que investiam na
ressocialização deste indivíduo, ou seja, sua desospitalização.
Os contrários a esta idéia, ao serem vencidos nas Conferências de Saúde Mental, passaram a
fazer pressão no Congresso Nacional, impedindo a tramitação do projeto. A luta deles era pela
manutenção da prática de asilamento e exclusão deste usuário do convívio social.
Justificavam sua posição argumentando que os lares não teriam estrutura para manterem
financeiramente estes pacientes, somando-se os compromissos empregatícios e atividades diárias
dos familiares, o que poderia indisponibilizá-los a levar os pacientes às sucessivas sessões
terapêuticas e de cuidar diariamente deste indivíduo adoecido. Mas o que de fato lhes preocupava
era a redução dos lucros gerados por este sistema de encarceramento do louco.
O outro lado, representado pelo movimento da reforma sanitária, sustentava a
desospitalização dos pacientes como uma forma de garantir a cidadania àqueles que passaram anos
de suas vidas encarcerados em enfermarias sombrias. Esta lógica transformava também as relações
institucionais, alcançado as necessidades dos funcionários e técnicos que ali trabalhavam no que diz
respeito à melhoria das condições de trabalho, à implantação de um modelo participativo de
gerenciamento, rompendo com a estrutura que distanciava o fazer do saber e vice-versa.
Ingenuamente, os familiares dos pacientes que há anos estavam hospitalizados, mesmo
conscientes das falhas do sistema hospitalar psiquiátrico, o defendiam. O que mais os preocupava
era a convivência com indivíduos com histórico de desvios da personalidade que os deixam

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 372 ENFERMAGEM EM SAÚDE MENTAL
violentos, letárgicos, eufóricos, repetitivos, sem nexos, enfim, cujo afastamento desgastou os
sentimentos, o gostar de estar junto.
A prova desta oposição de idéias foi a tramitação lenta do projeto-de-lei de autoria do
deputado Paulo Delgado, conforme se observa nos seguintes movimentos.

DATA ENCAMINHAMENTOS
1989 Projeto-de-lei ( PL), é aprovado na Câmara dos Deputados, por acordo
de lideranças.
04/04/1995 PL deu entrada no Senado Federal na Comissão de Assuntos Sociais
(CAS).
14/03/1995 PL foi redistribuído sendo indicado como relator o Sen. Lúcio de
Alcântara
08/11/1995 O Sen. Lúcio de Alcântara dá parecer favorável a aprovação do projeto
original. No mesmo dia o Sen. Lúcido Portella pede vista do processos e
retarda a aprovação.
23/11/95 Sen. Lúcio Portella apresenta outro texto, de caráter eminentemente
científico, fundamentado em resolução da Assembléia da Organização
das Nações Unidas (ONU), de 17/11/91 intitulado “Princípios para
proteção das Pessoas Acomendas de Transtornos Mentais e para a
melhoria da assistência à saúde Mental. Este procedimento teve como
objeto atrasar o processo, numa tentativa de evitar a extinção dos
manicômios.
1999 Comissão Diretora apresenta redação final do substitutivo do Senado ao
Projeto de Lei da Câmara nº8, de 1991 (nº 3.657, de 1989 na casa de
origem), que dispõe sobre a extinção progressiva dos manicômios e sua
substituição por outros recursos assistenciais e regulamenta a internação
psiquiátrica compulsória, consolidando as emendas e subemendas
aprovadas.

De janeiro de Com o nº 43, o parecer de 1999 retornou à Câmara dos Deputados para
1999 a março de aprovação final.
2001.
Em 2001. Em 06 de Abril a Lei nº 10.216, pelo Presidente da República, sendo
publicada no DOU em 09 de Abril (ANEXO I).

Esta longa tramitação de uma lei de caráter nacional não impediu que cidades como Rio de
Janeiro, Brasília, Santos, Santo André e São Bernardo inserissem em suas leis Orgânicas
Municipais, dispositivos legais de promoção de atendimento fora dos manicômios, já se
responsabilizando pela desativação gradativa uma rede alternativa de atendimento aos usuários
acometidos por transtornos mentais.
Mas o que dizem esta lei e este substitutivo que geram tanto desconforto entre parte da
sociedade civil, profissional de saúde e gestores? O que moveu tantos interesses e que serve de
referência para aqueles que trabalham na área da saúde?
Em primeiro lugar, esta lei propõe a extinção progressiva dos manicômios (instituições
fechadas) e sua substituição por instituições abertas, tais como: unidades de Saúde Mental em
hospital geral, unidade de atenção intensiva em Saúde Mental em regime de hospital-dia, Centros de
Atenção Psicossocial ( CAPS ), serviços territoriais que funcionem 24 horas ( NAPS ), pensões
protegidas, lares abrigados, centros de convivência, cooperativas de trabalho e outros serviços que
preservem a integridade do cidadão.
A escola de modalidade libertadora de atenção aos clientes com transtorno mental depende
da criatividade e visão de mundo dos gestores, trabalhadores da saúde, associações de familiares e

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 373 ENFERMAGEM EM SAÚDE MENTAL
de todos os delegados dos conselhos de saúde que são responsáveis por estabelecer princípios
filosóficos, operativos ou normativos, tendo como finalidade o resgate da cidadania desta parcela de
excluídos da população.
Na realidade, substituir a lógica hospitalar por novas modalidades de atenção ao cliente com
transtornos mentais sustenta-se nos princípios de inclusão, solidariedade e cidadania e representa
um resgate ético.
O direito à informação sobre a sua doença representa um dos pontos críticos da relação
instituição/profissional de saúde e família/ usuário, tendo em vista a falta de diálogo imposta pelo
sistema asilar. Aos profissionais de saúde cabia o “tratar/cuidar”; à família cabia o aceitar / calar e
confiar. Esta relação de poder ainda é muito forte nos dias de hoje, sendo um fator impeditivo da
consolidação na prática do Art.2º da lei, o qual prevê que o usuário tem o direito de receber o maior
número de informação a respeito de sua doença e de seu tratamento, detalhado em seu parágrafo
único.
I – ter acesso ao melhor tratamento do sistema de saúde, consentâneo às suas necessidades;
II – ser tratada com humanidade e respeito e no interesse exclusivo de beneficiar sua saúde,
visando alcançar sua recuperação pela inserção na família, no trabalho e na comunidade;
III – ser protegida contra qualquer forma de abuso e exploração;
IV – ter garantia de sigilo nas informações prestadas;
V – ter direito à presença médica, em qualquer tempo, para esclarecer a necessidade ou não
de sua hospitalização involuntárias;
VI – ter livre acesso aos meios de comunicação disponíveis;
VII - receber o maior número de informações a respeito de sua doença e de seu tratamento;
VIII – ser tratada em ambiente terapêutico pelos meios menos invasivos possíveis;
IX – ser tratada, preferencialmente, em serviços comunitários de Saúde Mental ““.

Observa-se nessa lei que a família, o trabalho e a comunidade recebem lugar de destaque,
contribuindo para a inserção deste indivíduo no cenário social. Em particular, a família é levada a
refletir sobre o seu papel no processo de reintegração deste indivíduo, embora existam famílias que
continuem achando a internação uma solução. Nestes casos, para elaborar um plano terapêutico
familiar, é pertinente estudar a cultura desta família, a maneira pela qual ela se organiza e expressa
o sofrimento físico e psicológico para si e para o mundo exterior.
Outro aspecto importante é que a lei inibe a construção de novos hospitais psiquiátricos e a
contratação ou financiamento de novos leitos nesta área pelo poder público, utilizando critérios
rígidos e atrelando sua aprovação a comissões intergestoras e de controle social dos três níveis de
gestão do SUS. Exemplificando: se quiséssemos implantar um hospital de 400 leitos para assistir
clientes com transtornos mentais no município do Rio de Janeiro, teríamos de levar a proposta aos
Conselhos Nacional, Estadual e Municipal de Saúde, além de requerer a aprovação das Comissões
Bipartite e Tripartite.
Esta medida não somente dificulta a ação dos empresários que lucram com este setor, mas
força a rede pública e privada de saúde a criar efetivamente mecanismos concretos de
desospitalização, como os hospitais-dia, Lares Abrigados, pensões protegidas e os Centros de
Atenção Psicossocial (CAPS).
Para efetivar este processo de desmobilização da hospitalização, foi proposto na 2ª
Conferência de Saúde Mental o limite e redução gradual de pagamentos de Autorização de
Internação Hospitalar (abes) até alcançar a meta de desocupação de 20% dos leitos ao ano. O
número de hospitais distribuídos em 22 Estados era de 241, totalizando 55.387 leitos contratados e
55.488 existentes. Os estados, em ordem decrescente, que mais investiram na desospitalização
foram: São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco e Goiás.
Assim sendo, do total de leitos contratados pelo SUS, 11.774 leitos por ano deveriam ser
desativados. Pode-se dizer que a meta para garantir o acesso da população com transtornos mentais
a novas modalidades de serviços é de 20% ao ano, por estado.

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Para alcançar esta meta, faz-se necessário o resgate de conceito de território e
responsabilidade, proporcionando aos sistemas locais ou distritos sanitários a descentralização das
dimensões política, ideológica e técnica de romper com o modelo hospitalocêntrico, garantindo o
direito dos usuários à assistência e à recusa ao tratamento, observando a obrigação dos serviços em
não abandona-los à própria sorte.
Com relação ao processo de internação, está previsto que só poderá se dar quando os
recursos extra-hospitalares se mostrarem insuficientes. Desta forma, a lei prevê três tipos de
internação; voluntária, aquela consentida pelo usuário; involuntária, aquela a pedido de terceiro,
sem consentimento do usuário; e compulsória, aquela determinada pela justiça.
É bom lembrar que a internação involuntária a pedido da família, sem consentimento
expresso do paciente, deve ser comunicada ao Ministério Público, à autoridade sanitária e ao
Conselho Local de Saúde no prazo de 48 horas. Deve também ser composta uma comissão
interdisciplinar com integrantes da administração pública, de entidades profissionais, de usuários e
da sociedade civil, para avaliar a pertinência legal da internação.
Esta medida evita o uso indevido pela família e classe jurídica da prerrogativa de dispor
sobre a vida de pessoas com transtornos mentais, tendo como finalidade o gerenciamento dos seus
bens e a liberação de penas judiciais.
Em casos de internação, existe também um movimento que luta pela revisão da legislação
cível, no sentido de responsabilizar proprietários de clínicas e a equipe envolvida no processo
terapêutico quando houver erro, dano ou omissão. Nestes casos, deverão ser aplicadas “(...)
penalidades, sem prejuízos de eventuais processos judiciais e indenizatórios relativos ao paciente ou
à família”.
Na 2ª conferencia de saúde mental, as propostas sobre o direito à informação estão
conjugadas ao direito à divulgação e a educação. A divulgação desses direitos devem contemplar
ações educativas em saúde mental para toda a população,extrapolando os espaços das instituições
de saúde, da família e do usuário, chegando aos meios de comunicação de massa como TVs, rádios
e jornais.
Esta divulgação de informações legais da Reforma Psiquiátrica inclui debates sobre um dos
problemas mais sérios do mundo contemporâneo, que é o problema da droga, com a finalidade de
minimizar a divulgação de noticias distorcidas sobre o assunto.
Em toda discussão sobre este assunto se defende a descriminalização do usuário e
dependente das drogas, recusando os procedimentos penais e apoiando os encaminhamentos para
assistência à saúde. A finalidade é evitar a exclusão deste grupo de convívio social com
internações prolongadas em clinicas de recuperação, garantindo o acesso e a permanência nas
escolas, de todos os níveis, dos usuários e / ou dependentes de substâncias psicoativas
Para tal, o movimento de reforma psiquiátrica vem lutando para modificar o artigo 16 do
código penal que trata das sanções aos alcoólatras e drogaditos, que os coloca no mesmo nível dos
traficantes. A proposta é incluir direito ao tratamento e à reabilitação de todos os usuários,
penalizando apenas os traficantes.
A propaganda direta ou indireta de fumo, álcool, agrotóxicos e medicamentos deve
ser limitada ou eliminada dos meios de comunicação. Somando a isto a frase ’’Faz mal à
saúde’’ deve estar contida em todos os produtos que fazem dependência química. A
implantação desta medida nos anúncios de cigarro é a maior prova do alcance das ações
construídas em parceria com outros setores, que ultrapassam os espaços hospitalares.
Outro ponto crítico é a prescrição abusiva de medicamentos que causam
dependência, tais como: anorexígenos, antitussígenos e anticonvulsivantes. Para o controle
de uso dessas drogas, é importante que os conselhos profissionais e a vigilância sanitária
estadual fiscalizem e avaliem as corporações dos médicos, farmacêuticos, indústria
farmacêutica e comércio, visando o controle do processo de medicalização, e implementam
programas de educação continuada para os profissionais envolvidos que apontem para a
desmedicalização.

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 375 ENFERMAGEM EM SAÚDE MENTAL
O movimento de reforma psiquiátrica, nos anos 1980/1990, discute os
instrumentos que incluam na vida produtiva as pessoas portadoras de transtornos mentais e
de deficiências, bem como defende modificações na CLT (Consolidação das leis de
trabalho) e nos estatutos dos funcionários públicos municipais, estaduais e federais, no
intuito de preservar a saúde mental da classe trabalhadora, tais como:
• Diminuição do tempo de exposição dos trabalhadores às condições de fadiga
e tensão psíquica, através da diminuição das jornadas de trabalho e do
aumento do período de tempo livre (folgas e férias), de acordo com a
natureza das atividades;
• Período de descanso durante a jornada cotidiana, destinados também a
permitir a preservação da atividade mental autônoma. Tais intervalos deverão
ser em número e duração suficientes para tais finalidades, em conformidades
com as necessidades determinadas pela carga de trabalho exigida em cada
posto, evitando as patologias do tipo lesões por esforços repetidos (LER);
• Em se tratando de atividades reconhecidas como especialmente
desgastantes do ponto de vista psíquico, diversificar estas atividades;
• Para a prevenção da fadiga mental será obrigatória, sempre que solicitada
pelos trabalhadores – através de seus sindicatos, comissões de fábricas,
Comitê de Saúde ou Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) – a
formação de grupos de avaliação dos condicionantes de fadiga e tensão
psíquica. Tais grupos deverão ser constituídos de forma igual entre os pares,
por técnicos especializados e trabalhadores do local, devendo
necessariamente ao final dos estudos, formular4 sugestões para modificações
– cuja implantação deverá ser acompanhada pelos trabalhadores, em todas as
suas etapas;
• Os prazos e as alternativas de modificação das condições organizacionais e
ambientais deverão ser objeto de negociação entre empresas e trabalhadores;
• A duração normal do trabalho, para os empregados que trabalham em regime
de turnos alternados e para os que trabalham em horário fixo noturno, não
poderá exceder 35 horas semanais;
• A preservação do emprego aos trabalhadores alcoolistas, drogaditos11 e
portadores de transtornos mentais deve ser assegurada com garantia de
estabilidade no emprego por 12 meses após o retorno ao trabalho,
penalizando-se as empresas e empregadores que desrespeitarem a lei e
garantindo-se que nenhuma dependência cause exclusão do trabalho

Pode-se perceber a categoria de enfermagem incluída nos itens acima, principalmente no


que diz respeito a exposição deste trabalhador a condições de fadiga e de tensão, vivenciada
diariamente pela equipe de enfermagem. Quando a pessoa só tem um emprego, a carga horária é
normalmente de 40 horas semanais , sendo duplicada quando este trabalhador possui outro
emprego. Considerando que esta equipe é formada predominantemente por mulheres, essa jornada
pode ser tripla, com as atribuições domesticas (casa, filhos, marido).
Além da jornada excessiva de trabalho, a equipe de enfermagem vive em constante nível de
estresse, pois seu objeto de trabalho é o cuidar do outro com o seu sofrimento, com as lesões que
transfiguram o corpo, com os seus resíduos (urina, fezes e sangue) o que leva ao desgaste emocional
do profissional.
Desta forma, é comum que se encontre nos corredores dos hospitais profissionais em crise,
alcoolistas, drogaditos e portadores de transtornos mentais. São pessoas que estão doentes, se
sentem doentes, mas não podem ficar doentes por depender mensalmente daquele pequeno salário

11
Drogaditos – denominação atual das pessoas que consomem drogas ilícitas e que causam dependência.

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 376 ENFERMAGEM EM SAÚDE MENTAL
para o sustento de sua família. Talvez a efetivação desta proposta no âmbito legal e a criação de um
serviço de saúde mental para atender os profissionais de saúde, em particular os de enfermagem,
pela natureza de seu trabalho, já seriam uma solução.
Como pode-se perceber, o projeto-de-lei de autoria do deputado Paulo Delgado demorou a
ser sancionado ao parlamento, o que não impediu que, na prática, mudanças na estrutura dos
serviços de atendimento ao cliente em sofrimento psíquico fossem conquistas. A mobilização de
familiares, usuários, gestores e profissionais de saúde é que vem pressionando as autoridades
municipais e estaduais a investirem em atos concretos que apontam para a ressocialização desta
clientela.
Finalizando, você há de perguntar: e os pacientes que estão há longo tempo hospitalizados,
sem perspectiva de integração, que destino terão? Essa também é a preocupação dos familiares
destes doentes. Na Lei nº 10.216 de 2001, isto está previsto no artigo 6º, que diz: “O paciente há
longo tempo hospitalizado ou para o qual se caracterize situação de grave dependência institucional,
decorrente de seu quadro clínico ou de ausência de suporte social, será objeto de política específica
de alta planejada e reabilitação psicossocial assistia, sob responsabilidade da autoridade sanitária
competente e supervisão de instância a ser definida pelo Poder Executivo, assegurada a
continuidade do tratamento quando necessário”.
Outra referência é a Carta de Direitos dos Usuários e Familiares de Serviço de Saúde Mental
(Anexo II), que contém, como o próprio nome indica, os direitos destes usuários e sua família. Esta
foi elaborada durante o III Encontro Nacional de Entidades de Usuários e Familiares de Saúde
Mental, realizado em Santos em 1993, sendo uma importante conquista para o usuários dos serviços
de saúde mental em nosso país.

4 – EPIDEMIOLOGIA DA SAÚDE MENTAL

Com freqüência, a idéia de trabalhar com “doente mentais” pode ser assustadora para alguns
profissionais de saúde, mas encantadora para outros. Apesar do desenvolvimento de programas
relativos à Saúde Mental, a imagem de alguém agressivo, desprovido de senso crítico, de limites e
de padrões éticos e morais ainda costuma perseguir esse tipo de clientela.
Mas se esta imagem se forma em mentes teoricamente mais esclarecidas para a área de
saúde, como não haveria de se propagar para a população?
Pesquisas realizadas demonstram que uma em cada três pessoas terá pelo menos um
episódio de transtorno mental no decorrer da vida, e, no período de um ano, um entre cinco
indivíduos encontra-se em fase ativa da doença. No entanto, a prática aponta o período de
resistência pelo qual as pessoas passam antes de se sentirem “obrigadas” a procurar ajuda,
ressaltando-se o fato de que alguns jamais a procuram.
Freqüentemente ouve-se colocações do tipo: “Vim procurar ajuda porque não agüentava
mais”, ou: “Há muitos anos sinto isso, mas tinha medo de me tratar”, ou ainda: “Ficava pensando no
que os meus amigos iriam dizer se soubessem que me trato aqui...” O medo de “enlouquecer” ou de
ser “taxado como louco” ainda é o causador de uma enorme demanda reprimida, que dificulta
qualquer análise numérica mais exata. Isso sem se falar no estigma do próprio tratamento, seja ele
medicamentos ou psicoterápico.
Em nível de Brasil, principalmente em algumas áreas carentes, torna-se ainda mais difícil se
obter estatísticas, pois ainda são poucos os locais onde o Programa de Saúde Mental está
implantado de forma satisfatória.
Apesar de tudo isso, a demanda nesse setor vem aumentando a cada dia, causando muitas
vezes a impressão errônea de que hoje as pessoas apresentam mais transtornos mentais que
antigamente. É comum ouvirmos nossos pais ou avós afirmando que “estão todos enlouquecendo”,
ou que “antigamente não tinha nada disso”. É verdade que o ritmo da vida de hoje é capaz de causar
maior tensão nas pessoas e com isso desencadear episódios de transtornos mentais; no entanto,
outros fatores podem estar influenciando no aumento desta demanda:

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 377 ENFERMAGEM EM SAÚDE MENTAL

1 – A introdução de um programa de Saúde Mental ocasionou um número maior de


unidades assistenciais.
2 – A conscientização da necessidade do acompanhamento psicológico para os pacientes de
outros programas, como Saúde da Mulher ( gestação, climatério, aborto), hanseníase, DST (
principalmente para os portadores de HIV ), tuberculose etc.
3 – A introdução de novas formas de tratamento na Saúde Mental vem apresentando
melhoras nos quadros clínicos e diminuindo o “medo do tratamento” por parte de pacientes e
familiares.
4 – A conscientização da população de que o programa de Saúde Mental pode e deve atuar
como prevenção, e não só como tratamento nos surtos, vem fazendo com que a população busque
assistência antes de apresentar sintomas de maior complexidade. Assim, a dona de casa que não
tinha vontade de sair e que era considerada excelente, hoje se vê deprimida. O pai de família que
chegava em casa exaltado e achava que era cansaço, hoje se acha nervoso. Observa-se desta forma,
uma mudança de padrões de normalidades.
5 – A veiculação de informações sobre transtornos mentais através dos meios de
comunicação (jornais, revistas, televisão, rádio etc), vem fazendo com que as pessoas identifiquem-
se com os sintomas e busquem ajuda por valorizarem o que sentem. Passam a perceber que não
estão sozinhas e que muitas vezes podem até estar na “moda”.

Com todos estes fatores atuando na demanda de Saúde Mental, é possível perceber que a
alteração que ela vem sofrendo não é apenas numérica. Embora em número venha alcançando
índices consideráveis, a sua caracterização é surpreendentemente diferentes da observada há alguns
anos.

4.2 Quem é o paciente que procura o setor de saúde mental?


Você já esteve em contato com alguém que sofria de transtorno mental? Qual era aparência?
Estava desorientado? Ele agrediu você?
Sua resposta provavelmente será positiva para a primeira pergunta. Com o atual índice de
usuários do setor de Saúde Mental, é muito difícil encontrar alguém que ainda não tenha tido este
tipo de contato, mesmo que não atue na área de saúde. No entanto, procure as respostas para as
perguntas subseqüentes.
Há algo de estranho em sua aparência? A aparência do indivíduo que procura este setor pode
ser um sinal muito importante na detecção de determinados quadros mentais e o auxiliar de
enfermagem deve saber percebe-los. Mas o que desejamos ressalta neste momento é que a menos
que o paciente estivesse em franco surto, dificilmente haveria nele algo que o classificasse como um
paciente com transtorno mental.
É verdade que com as variações da “moda”, muitas vezes encontramos pessoas de aparência
estranha, não somente no que se refere ao vestuário, mas também com auto-mutilações, como
tatuagens ou piercings. No entanto, estas pessoas nem sempre freqüentam um setor de Saúde
Mental, embora algumas vezes precisem de ajuda pela razão com que justificam tais procedimentos.
O nível de orientação de uma pessoa é variável com a situação que está experimentado. As
atribulações do dia-a-dia e as preocupações podem nos deixar “desligados”, o que não quer dizer,
necessariamente, que devamos nos inscrever num setor de Saúde Mental. O inverso também é
verdadeiro. Nem todo o usuário deste setor encontra-se desorientado e suas colocações devem
sempre ser ouvidas com atenção.
Em relação à agressão, embora este pareça ser o maior ponto de receio para os profissionais
quando se trata de lidar com o paciente com transtorno mental, o índice de profissionais de saúde
agredidos neste setor não é maior que em muitos outros setores. Isso se deve a dois fatores:
violência não tem que estar necessariamente presente no transtorno mental, e nem todos os usuários
do setor apresentam um transtorno mental de maior gravidade.

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 378 ENFERMAGEM EM SAÚDE MENTAL
O grau de dificuldades em lidar com todas estas questões pode variar. No entanto, pessoas
consideradas saudáveis conseguem grande parte da demanda do setor de Saúde Mental, sem que
sejam portadoras de transtornos mentais mais graves, como as psicoses.
Também fazem parte dessa demanda indivíduos que buscam laudos para conseguirem uma
aposentadoria por invalidez ou mesmo um período de licença. A maioria destes não pretende ficar
em casa, e sim conseguir um ganho monetário extra que permita satisfazer as necessidades básicas
suas e de sua família.
O transtorno mental pode causar um profundo sofrimento ao portador, à sua família e
amigos. Freqüentemente, ele abate o ânimo e leva à autodestruição, que se reflete, em parte, na
elevada taxa de tentativas de suicídio entre esses pacientes.
Muitas vezes tais pacientes encontram-se abandonados pela família, que ou se afasta por
medo de sofrer ou por não acreditar, de fato, que as alterações de comportamento que os indivíduos
apresentam sejam derivadas de uma patologia, e sim de uma deficiência de caráter.
O importante é lembrar que, num setor como este, você vai encontrar pessoas que buscam
ajuda para seus transtornos. O fato de reconhecerem que precisam de ajuda para resolver suas
questões emocionais pode ser a única linha que o diferencia dos pacientes dos demais setores.

4.3 Quem é o profissional que trabalha no setor de Saúde Mental ?

Por sua vez, o profissional que recebe este tipo de clientela é muitas vezes encarado por seus
colegas como corajoso, ou masoquista, quando não afirmam que também e “doente”. Comumente
ouvimos este tipo de afirmação: “Trabalhou tanto tempo com malucos que ficou maluco também”.
Esse tipo de preconceito abrange todos os níveis de escolaridade e não é raro escalar-se os
profissionais “problemas” para este setor, como uma forma de castigo.
O medo de vir a apresentar um transtorno mental passa muitas vezes pela mente deste
indivíduo. Porém, o medo de buscar as respostas pode ser maior, pois a própria dúvida pode ser
relacionada à patologia. O desconhecimento do transtorno mental associado à diversidade de fatores
e sintomas pode gerar uma grande insegurança no profissional, provocando reações e posturas
lamentáveis para com os pacientes e colegas. Como exemplo, certa vez, uma psicóloga foi mantida
presa durante duas horas numa enfermaria com uma paciente agressiva por ter interferido quando os
auxiliares de enfermagem se negavam a alimenta-la por ter se “comportado mal”.
O despreparo dificulta o funcionamento de todos os setores, mas o preconceito vem
atrapalhando o preparo dos profissionais para o setor em questão. Afirmar que sente prazer em atuar
na Saúde Mental pode muitas vezes custar ao profissional o rótulo de “maluco” e diminuir seu
status e valor de representatividade diante do grupo.
O preconceito é o fruto da árvore de ignorância. É imprescindível a busca de conhecimentos
por parte dos profissionais quanto aos fatores geradores do processo saúde-doença na área de Saúde
Mental para que ele possa elaborar estratégias no lidar com este tipo de clientela contraditoriamente
tão comum, mas tão especial.

4.4 Integração da equipe de saúde mental


Certa vez, num encontro para integrantes da equipe de Saúde Mental, uma profissional
contou um fato que trazia uma questão interessante, que era mais ou menos assim:
Sendo atuante em um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), afirmava que sempre sentiu-
se feliz com a maneira integrada com que sua equipe atuava. Era uma equipe composta por
psiquiatras, psicólogos, assistentes sociais, terapeutas ocupacionais, um enfermeiro e uma auxiliar
de enfermagem. Porém, na prática não havia qualquer linha hierárquica que demarcasse as
profissões. O paciente que chegasse poderia ter seu prontuário preenchido por qualquer um dos
profissionais, só dependo de quem estivesse disponível no momento. Assim também as
participações nas oficinas ou outras atividades terapêuticas eram obrigação de todos, pois todos,
igualmente, eram capazes de estabelecer relações terapêuticas com o paciente.

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 379 ENFERMAGEM EM SAÚDE MENTAL
Até mesmo na cozinha algumas psicólogo foram atuar para que a cozinheira tivesse férias.
“Éramos uma família!” – dizia nossa narradora. Todos eram igualmente importantes e
indispensáveis; embora suas profissões fossem diferentes, suas funções se confundiam num único
objetivo: atender o usuário.
Foi então que apareceu Carlos. Ele era um paciente com dependência total que fora
encaminhado àquela unidade por acharem que poderia beneficiar-se deste tipo de assistência. Na
primeira vez que sujou as fraldas, surgiu a pergunta:” que vai trocar as fraldas de Carlos?
Uma pergunta que se repetiria inúmeras vezes. E nunca a função da auxiliar de Enfermagem
fora tão lembrada. Esta, por sua vez, argumentava que como fazia parte de uma equipe integrada,
todos teriam que executar a troca de fraldas. Os outros se negavam, afirmando que a sua função não
era essa.
Carlos não continuou na unidade. Seu grau de dependência não era compatível com os
recursos do local. No entanto, uma dúvida passou a dificultar a aparente integração da equipe, que
até aquele momento se perguntava: quem vai trocar as fraldas de Carlos?
Quando se fala de uma integração de equipe de saúde, é natural que surjam as distorções e
confusões que muitas vezes tendem a minar esse processo de trabalho. A equipe de saúde vem de
uma história de relação de poder em que o médico está sempre no topo da escala. E o auxiliar de
enfermagem na base.
Muitas vezes fazemos parte de uma equipe sem que estejamos integrados a ela. Assim, se
você trabalha numa equipe onde cada um tem seu papel isolado, sem nenhuma relação entre si,
onde cada um preocupa-se em realizar a sua tarefa independente da do outro, você faz parte desta
equipe, mas não está, por certo, integrado a ela.
Integrar-se a uma equipe é antes de mais nada entregar-se ao que ela representa. Não é
cumprir tarefas, mas realizar trabalhos. Numa equipe integrada, não existe o bom funcionário, só o
a boa equipe. É estar ciente de que o outro precisa de você e que você precisa do outro. E ainda
romper as linhas divisórias que o separa do outro e a distância do objeto a ser atingido – no caso de
uma equipe de assistência em saúde, quase sempre a recuperação do paciente.
As funções do auxiliar de enfermagem são diferentes porque eles atuam numa equipe de
Saúde Mental. Promover o conforto do paciente, atender suas necessidades básicas, prevenir
agravos são questões sempre presentes em sua atuação, seja lá em que setor esteja. No entanto, ele
deve ter consciência de que, muitas vezes, pode estar percebendo detalhes relativos ao paciente que
os outros membros da equipe, mesmo tendo uma formação mais aprofundada, podem não ter
captado. Sensibilidade não se aprende na escola, faz parte das vivências de cada um.
Assim, são indispensáveis as observações do auxiliar de enfermagem, como a de qualquer
outro profissional.

Posso citar, como exemplo, o caso de uma paciente que havia sido internada em um hospital
psiquiátrico com um diagnóstico de esquizofrenia. O interessante, no entanto, tinha sido a forma
como ela surgia. O interessante, no entanto, tinha sido a forma como ela surgia. Ao término de uma
festa de integração entre família, paciente e equipe de saúde, depois de todos terem ido embora,
ficando apenas os internos, lá estava ela! Comodamente sentada, assistindo televisão. Ao indagar-se
quem era e onde morava, respondeu apenas: Quem eu sou não sei, mas moro aqui!
E morou mesmo! Por três meses, Norma, como mais tarde se identificou, morou no hospital
e por mais que se tentasse descobrir sua origem ou família, nada havia sido obtido. Até que um dia,
enquanto a auxiliar de enfermagem lia para ela um gibi do Mickey, ( atividade prazerosa para
ambas) ela, identificando-se com o personagem que dava o endereço para a namorada Minnie,
também começou a fornecer o seu endereço. O momento era aquele! Uma pequena cortina se abriu!
Não havia tempo de ser chamar uma psicóloga, assistente social ou enfermeira. Mais que depressa,
a profissional, valorizando a informação, tratou de anota-la em prontuário e de notificar a equipe.

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 380 ENFERMAGEM EM SAÚDE MENTAL
Duas semanas depois, a equipe presenciava, emocionada, o reencontro de Norma ( este não
era o seu nome) com sua família, que a procurava há dois anos. Hoje ela encontra-se reintegrada a
uma sociedade, porque uma profissional não se deteve em realizar tarefas limitadas, foi além.
Integrar-se à equipe, modificando esse papel tão comum de “cumpridor de tarefas”, é
necessário; e, em Saúde Mental, poderia se dizer que é essencial. Conscientizar-se de seu grau de
importância numa equipe, não como cumpridor de tarefas, mas como membro atuante e
indispensável na recuperação do paciente e prevenção de surtos ou desenvolvimento de transtornos,
é, para o auxiliar de enfermagem, a maneira de humanizar-se.
Retornando à questão das fraldas de Carlos, qualquer membro da equipe poderia e deveria
trocá-la, se a necessidade surgisse enquanto ele estivesse com o paciente. Porém o auxiliar de
enfermagem não pode esquecer-se que esta atividade faz parte de seu preparo e não da de outro
profissional. Uma dobra na roupa de cama é capaz de produzir bem mais que desconforto num
paciente acamado, não é ?
Mesmo que entenda isso, os demais profissionais podem não ter e destreza e habilidade
desenvolvida pelo auxiliar de enfermagem em seu curso. Neste caso a especificidade era outra.
Assim, todos podem participar das oficinas, porém o terapeuta o psicólogo não podem estar
alheios ou distantes a isso, para que o processo não podem estar alheios ou distantes a isso, para que
o processo não seja prejudicado. Todos poderiam trocar as “fraldas de Carlos”, mais o auxiliar de
enfermagem deve estar sempre atento quando à maneira como este cuidado vem sendo realizado.
Não se trata apenas de trocar fraldas, mas de prevenir desconforto, transtornos e agravos ao
paciente.

5 – PROCESSO SAÚDE – TRANSTORNO MENTAL

Fatores de influência

Você já enfileirou peças de dominó uma após a outra? Ou quem sabe já tentou fazer um
castelinho de bloco de madeira? O que acontece se derrubamos a primeira peça da fila, ou se
puxarmos uma das peças que formam a base do castelo? As outras caem em seguida, não é
verdade? E, ao vermos todas as peças derrubadas, muitas vezes não somos capazes de identificar
qual foi a causadora do desastre, até porque uma foi causando a queda da outra.
Com os fatores geradores do transtorno mental acontece algo muito parecido. Precisamos
compreender que nós, seres humanos, funcionamos como um todo, ou seja, vários fatores
influenciam ao mesmo tempo os nossos comportamentos, as nossas escolhas. Por exemplo, se
alguém desenvolve um medo excessivo da violência autal, a ponto de recusar-se a sair às ruas, ou
até mesmo a atender o telefone, assistir televisão ou chegar ao portão de casa, podemos pensar de
imediato que há várias causas colaborando para isso, como: a história de vida do indivíduo, se foi
uma criança muito protegida ou excessivamente exposta; os mecanismos fisiológicos que atuam na
resposta de medo; o próprio aumento da violência nos dias atuais e a exploração que a impressa faz
disso; alguma perda de pessoa querida em período recente. Tudo pode atuar ao mesmo tempo.
Esse é um conceito do qual ouvimos muito falar atualmente: o de multicausalidade. Ou
seja, várias são as causas que fazem com que o indivíduo venha a desenvolver, em determinado
momento de sua história, um transtorno mental.
No entanto, muitas vezes é difícil trabalharmos com esse conceito em mente, pois não somos
acostumados a avaliar situações como um todo, além de ficarmos achando que se encontrarmos
uma única causa para o problema, o resolveremos mais depressa. Essa forma de raciocínio é tão
tentadora que existem até muitos especialistas que ficam insistindo que a causa de tal transtorno
mental é “apenas” física ou “apenas” emocional. O que acontece é que, com isso, acabamos vendo

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 381 ENFERMAGEM EM SAÚDE MENTAL
só um pedacinho do paciente e acabamos por não ajuda-lo a se ver por intenso, dificultando o
processo de melhora. Felizmente, profissionais com essa visão restrita estão ficando mais raros.
Assim, precisamos tornar nossa visão mais ampla.Quando nos detemos a tentar conhecer
mais as pessoas que estamos atendendo, saber do que gostam, de onde vêem, como vivem, torna-se
mais fácil fazer uma idéia dos fatores que podem estar exercendo maior influência no momento
atual de seu transtorno.
De forma simplificada, podemos dizer que três grupos de fatores influenciam o surgimento
da doença mental: os físicos ou biológicos, os ambientais e os emocionais.

Fatores físicos ou biológicos

Podemos definir os fatores ou biológicos como sendo as alterações ocorridas no corpo como
um todo, em determinado órgão ou no sistema nervoso central que possam levar a um transtorno
mental.
Dentre os fatores físicos ou biológicos que podem ser a base ou deflagar um transtorno
mental, existem alguns mais evidentes, que avaliaremos a seguir.

a) Fatores genéticos ou hereditários


Quantas vezes já ouvimos dizer que fulano “puxou” o gênio do pai? Ou que tem
“problema de cabeça” que nem a tia? Ou que é nervoso que nem a mãe?
Quando usamos essas expressões, estamos nos referindo às possíveis heranças
genéticas que possamos trazer em nosso comportamento e forma de ser.
O nome “genético” vem da palavra genes, que são grandes moléculas que existem dentro de
nossas células contendo informações sobre como nosso corpo deve se organizar. As informações
contidas nos genes são muitas e não são todas que utilizamos; algumas ficam guardadas.
Em Psiquiatria, os fatores genéticos ou hereditários têm sido muito falados ultimamente,
muitas vezes em programas de televisão, sempre caracterizados como grandes descobertas. Isso
porque embora popularmente sempre se diga que a pessoa com transtorno mental o herdou de
alguém da família, há muito tempo os cientistas tentam identificar se essa “herança” veio através do
corpo ou do ambiente em que a pessoa foi criada. Atualmente, os avanços da Medicina têm
permitido identificar alguns genes que possam ter influência no desenvolvimento de trantornos
mentais.
É importante deixar claro que quando se fala de fatores genéticos em Psiquiatria, estamos
falando de tendências, predisposições que o individuo possui de desenvolver determinados
desequilíbrios químicos no organismo que possam leva-lo a apresentar determinados transtornos
mentais.
Ainda assim, é uma grande armadilha acreditamos que aí está “toda” a causa da doença
mental, pois passamos a acreditar que a solução do problema só estará neste ponto e deixamos de
prestar atenção em todos os outros aspectos da pessoa que atendemos em sofrimento mental.
Dessa forma, a constituição genética precisa ser vista como uma “facilidade orgânica” para
desenvolver um determinado transtorno mental, mas não há garantias de que, ao longo da vida do
sujeito, tal fato ocorrerá, visto que dependerá de outros fatores para que tal “tendência” de fato se
manifeste.

b) Fatores pré-natais

As condições de gestação, dentre eles os fatores emocionais, econômicos e sociais, o


consumo de álcool, drogas, cigarro e de alguns tipos de mediação podem prejudicar a formação do
bebê, gerando problemas futuros que poderão comprometer sua capacidade adaptativa no
crescimento e desenvolvimento, podendo facilitar o surgimento da doença mental.

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 382 ENFERMAGEM EM SAÚDE MENTAL
c) Fatores peri-natais

Peri-natal é tudo aquilo que acontece “durante” o nascimento do bebê. Em alguns


situações o bebê pode sofrer danos neruológicos devido a traumatismos ou falta de oxigenação do
tecido cerebral. Nesses casos, dependendo da gravidade desses danos, a criança poderá desenvolver
problemas neurológicos ( como, por exemplo, a epilepsia ou diversos tipos de atraso de
desenvolvimento) que podem formar a base para futuros transtornos psiquiátricos.

d) Fatores neuro-endocrinológicos

O sistema endócrino, que é responsável pela regulação do equilíbrio de nosso organismo, faz
isso através da produção de hormônios pelas glândulas endócrinas ( pituitária, tireóide). Acontece
que esse sistema tem estreita ligação com o sistema nervoso central, havendo uma influência
recíproca entre eles, isto é, o que acontece em um causa reações no outro e vice-versa.
Muitos estudos recentes têm mostrado a ligação entre mecanismos neuro-endocrinológicos e
reações cerebrais. As mudanças hormonais podem influenciar nosso estado de humor e deflagar até
mesmo estudos psicóticos como é o caso da psicose puerperal ou da tensão pré-menstrual ( TPM ).

e) Fatores ligados a doenças orgânicas

O transtorno mental pode também aparecer como conseqüência de determinada doença


orgânica, tal como infecções, traumatismos, vasculopatias, intoxiações, abuso de substâncias e
qualquer agente nocivo que afete o sistema nervosos central.

Fatores Ambientais

Você acorda pela manhã e percebe que o tempo mudou. O sol que havia ontem não apareceu
hoje, faz frio e cai forte chuva. Ao se preparar para sair, com certeza você buscará roupas mais
quentes e procura se proteger com capa ou guarda chuva. Estamos, assim, procurando formas de
nos adaptamos, o melhor possível, ao que acontece à nossa volta. Tantos são os estímulos que
sofremos que acabamos desenvolvendo maneiras características de reagir, muitas vezes
supervalorizando as informações que nos chegam, outras vezes tornando-nos apáticos a elas. Que
sensação você experimenta quando entra em contato com as constantes ( e massacrantes!) notícias
de violência via rádio e televisão? As pessoas constumam ter diferentes reações: algumas tornam-se
apáticas e elas, outras fazem uso do humor para digeri-las, outras tornam-se excessivamente
medrosas, e assim por diante. Como exemplo, uma paciente passou a pensar na possibilidade de
fazer algum mal à sua pequena filha a partir de noticiários de rádio que relatavam maus tratos e até
homicídios materno-infantis.
Os fatores ambientais exercem forte e constante influência sobre nossas atitudes e nossas
escolhas diárias, tanto externa quanto internamente, isto é, como nos sentimos e enxergamos a nós
mesmos. As reações a cada estímulo ambiental se darão de acordo com a estrutura psíquica de cada
pessoa, e essa estrutura psíquica estará intimamente ligada às experiências que a pessoa teve
durante a vida. Assim se estabelece uma relação circular entre todos os fatores geradores de
transtorno mental onde um ocasiona o outro.
Para melhor compreensão, podemos dizer que os fatores ambientais podem ser sociais,
culturais e econômicos.
Como sociais podemos compreender todas as interações que temos com o outro, nossas
relações pessoais, profissionais e com outros grupos. Estudos falam da importância das pessoas
significativas em nossa infância e de como ficam marcadas em nós as suas formas de pensar e agir,
assim como as reações que passamos a ter influenciam o nosso comportamento diante de outras
pessoas. Se, com as pessoas que não são confiáveis e que devemos estar sempre atentos para não

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sermos enganados, possivelmente teremos dificuldades em confiar em alguém mesmo em nossa
vida adulta.
Entre os fatores ambientais culturais podemos lembrar de todo o sistema de regras no qual
estamos envolvidos.Este sistema varia de país para país, de estado para estado, de grupo, e também
de acordo com a época. Ou seja, noção de certo e errado, de bom e mau varia muito dependendo do
local e época em que estamos. Os mitos, as crenças, os rituais que nos cercam, nos dão as noções de
bem e mal que são aceitas pelos grupos aos quais pertencemos, seja ele o nosso país, o nosso grupo
religioso, a nossa escola ou mesmo a nossa família.
Outro grupo de fatores ambientais que podemos perceber como exercendo influência sobre
nós são os econômicos. Neste tópico tanto podemos nos referir à nossa possibilidade mais direta de
aquisição de bens, ou seja, “nosso bolso”, quanto às atuais condições sociais, onde a miséria, aliada
à baixa escolaridade, pode levar ao aumento da criminalidade e esta ao aumento de tensão em nosso
dia-a-dia.
Vale observar que todos estes grupos de fatores ambientais estão presentes tanto em meios
menos extensos, como a família, quanto em meios mais amplos, como a própria humanidade.

Fatores emocionais ou psicológicos

Cada pessoa vem a este mundo como ser nós apresenta, mesmo ao nascer, uma forma de
interagir com o mundo que influencia o comportamento de quem está à nossa volta e é influenciado
por ele. Não é incomum as mulheres que possuem mais de um filho afirmarem que foram bebês
totalmente diferentes: um dormia mais, outro chorava o tempo todo, ou estava sempre doente.
Também devemos lembrar que, quando nascemos, já trazemos conosco uma “história de
vida”. Se fomos desejados ou não, se somos o primeiro filho ou o décimo, se nossa estadia na
barriga foi tranqüila ou cheia de altos e baixos, se a mamãe fez uso de algum medicamento ou droga
que tenha nos deixado mais agitados ou mais adaptados, se tivemos ou não dificuldades maiores no
parto, se fomos bem atendidos e fomos logo para perto da mamãe, ou se tivermos que ficar mais
tempo longe ( indo para uma UTI neonatal, por exemplo), se a mamãe ficou bem após nosso
nascimento ( disponível para gente) ou se teve, por exemplo, uma depressão puerperal.
Bom, estes são só alguns exemplos que mostram que nós já “botamos o pé na vida” com
algumas características que nos são individuais e que as interações que vamos estabelecer com o
mundo, a partir de nosso nascimento, serão formadoras de um modo de ter caracteristicamente
nosso, mais ou menos ajustado, ao qual chamamos personalidade.
Pois bem, voltemos a penar um pouco no “nosso bebê”...
Ao nascer, o bebê não tem ainda consciência de si mesmo e do mundo à sua volta. Não
consegue diferenciar suas sensações internas do mundo externo. Apenas consegue perceber
sensações boas prazerosas) e más ( desprazerosas). A fralda molhada dá desprazer e ele chora. O
colo da mamãe dá prazer ( possivelmente lembra o conhecido aconchego do útero e dá segurança) e
ele dorme.
Nessa seqüência, entre chorar e ser confortado, se dá um dos alicerces fundamentais para o
restante da vida do bebê ( e dificilmente a mãe se dá conta do papel fundamental desses momentos),
pois, aos poucos, a criança vai construindo a noção de confiança, que é o ponto de partida para
sentimentos como segurança, otimismo e fé na vida adulta. Além disso a formação do vínculo
afetivo com a mãe ou pessoa substituta faz com que o bebê ganhe condições para amadurecer e
voltar-se para conhecer e experimentar o mundo.
Imagine-se chegando sozinho a um país estranho, onde você não conhece a língua, os
costumes, nada ( que sufoco, não?). Agora imagine que nesse lugar esteja te esperando alguém que
fala a sua língua (que alívio!) é que pode ensinar tudo quanto você precisa para se adaptar melhor.
A mãe e o pai, ou pessoas substitutas, atuam mais ou menos como “guias turísticos” do mundo
para o bebê que chega. A grande diferença é que o bebê é um “turista” até mesmo em seu próprio
corpo , precisando de alguém para ajuda-lo a conhecer.

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Acontece que quando o bebê não tem suas necessidades atendidas , ele não tem ainda a
capacidade de suportar a sensação ruim para aguardar a boa . O bebê não diz para si mesmo: “Ah!
Agora estou com fome, mas mamãe não pode me dar de mamar porque está tomando banho. Tudo
bem! Quando ela sair do banheiro, eu choro de novo”. Não! Para o bebê recém-nascido, a fome é
um desprazer tão intenso que, se não atendida, adquire tons de ameaça de destruição ( mais ou
menos com nos sentiríamos diante do fim do mundo). Nesses momentos o bebê experimenta
profunda sensação de desamparo.
A repetição constante de tais exposições à frustação, por período mais prolongados, pode
levar o indivíduo, no futuro, a desenvolver uma série de transtornos mentais. Alguns autores
identificam aí as raízes emocionais das psicoses e da famosa síndrome do pânico.
À medida que vai estabelecendo trocas positivas com as pessoas que cuidam dele, o bebê via
criando uma diferenciação entre ele e o restante do mundo ( que, nesse momento, ainda são as
pessoas mias próximas) e vai adquirindo uma certa tolerância à frustração e maior capacidade de
espera, pois já consegue “antecipar” ( fazendo uso da memória) a satisfação de suas necessidades.
Com a continuidade de seu crescimento e desenvolvimento, a criança vai adquirindo noções
de julgamento de si e dos outros, isto é, vai internalizando as regras e proibições de seu ambiente e
passando a captar a impressão que ela própria provoca no ambiente.
Assim, entrarmos em contato com o ambiente social mais amplo pelas portas que abrimos
nas relações nossa família nuclear ou com outras figuras de sobrevivência de nossas vidas.

O que são os tais de id, ego e superego?

Sigmund Freud identificou cada uma das formas de funcionamento de estrutura psíquica
com nomes que nos parecem estranhos, pois têm sua origem na língua alemã.
Ao modo de funcionamento mais primitivo, aquele do bebê recém-nascido, onde
predominam os impulsos e sensações corporais de id. Id seria o ponto de partida de todo ser
humano, a fonte básica de energia de nosso ser, que será organizada a partir de nosso contato com o
ambiente.
O aparecimento da consciência eu/ou surgimento do ego ( de acordo com as idéias de
Freud). Ego é a parte de nós que lida com a realidade e negocia com ela as satisfações das
necessidades geradas no id. Por exemplo, quando sentimos fome estamos detectando o surgimento
de uma necessidade. Sabemos que para satisfazermos esta necessidade precisamos comer algo
porque lembramos de outras vezes em que isto aconteceu ( memória já é uma atuação do ego).
Podemos decidir se vamos para a cozinha, a uma lanchonete ou a um restaurante de luxo através da
avaliação de quanto dinheiro temos para gastar com esta refeição ( estamos buscando, na realidade,
meios adequados para a sastifação de nossa necessidade).
O ego tem três tarefas básicas: a nossa auto-preservação, nosso auto-controle ( não é porque
sentimos atração sexual por alguém que vamos “atacar” tal pessoa) e nossa adaptação ao meio
ambiente.
Quando o indivíduo sofre de transtornos mentais, as funções adaptativas do ego geralmente
são afetadas, especialmente nos transtornos psicóticos que se caracterizam por um vínculo precário
com a realidade externa.
À capacidade de julgamento moral ( noção de certo e errado ) que passamos a adquirir com
o passar da infância, Freud chamou superego. Esta seria a parte de nós mesmos que se liga aos
códigos morais de nosso ambiente e de nossa espécie. Ter essa noção de certo e errado muitas vezes
não chega a nos impedir de realizar determinadas ações, mas nos sinaliza que fizemos algo
inadequado.
Estas três instâncias de nossa mente vivem, assim como o nosso corpo, em busca de um
nível de equilíbrio que nos permite ter o máximo possível de experiências boas e o mínimo de
experiências ruins. Mas nem sempre isso é fácil. Muitas vezes nos encontramos dentre de situações
das quais não gostaríamos de participar, mas não vemos outras saída. Outras vezes, ainda, nos

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percebemos querendo e não querendo alguma coisa ao mesmo tempo. Nessas situações se
estabelecem conflitos dentro de nós.
Os conflitos podem ser extremamente desgastantes do ponto de vista emocional. Sempre em
busca do equilíbrio, lançamos mão de “estratégias” que nos tirem pelo menos temporariamente
daquela situação. As essas “respostas de proteção”, que são, em geral, inconscientes e automáticas,
chamamos mecanismos de defesa.
Os mecanismos de defesa não são, por eles mesmos, patológicos nem saudáveis. É o uso
que fazemos deles e o grau de rigidez que estabelecemos internamente para seu uso que faz com
que sejam mais ou menos favoráveis ao nosso ajustamento. Por exemplo, sair para caminhar pode
ser uma exelente solução quando estamos prestes a “explodir” com alguém em determinada
situação, mas se só soubermos fazer isso para lidar com nossos conflitos, em breve estaremos em
apuros.

Mesclando os três tipos de fatores

A partir de agora veremos alguns conceitos muitos usados em Psiquiatria, sendo muitas
vezes apontados como constituídos ou provocadores do transtorno mental, nos quais percebemos
que há uma mesma dos fatores físicos, ambientais e emocionais.

Ansiedade é doença?

Em nosso contato com a realidade, é comum desenvolvermos sentimentos de felicidade e


gratificação diante de sucessos e sentimentos de decepção e sofrimento diante de nossos insucessos.
Diante de nossos sofrimentos passamos a detectar com
”perigo” tudo aquilo que ameace nossa segurança e tranqüilidade, seja real ou imaginário.
Costumamos também desenvolver uma série de reações diante das situações que julgamos
ameaçadoras, reações ás quais chamamos ansiedade.
A ansiedade apresenta reações emocionais e fisiológicas. As reações emocionais são ligadas
ao medo e se apresentam como desconforto, intraquilidade, apreensão. As reações fisiológicas são
ligadas à tensão e aparecem como sudorese, taquicardia, opressão no tórax ou epigastro, dores
musculares, cefaléia, boca seca, queimação no estômago, ou ainda diarréia, náuseas, vômito
tonturas, turvação na vista.
Podemos dizer está intimimamente ligada ás situações de mudança uma vez que teremos de
sair do ritmo como qual estamos acostumados, o que mexe com nossa segurança. Por isso, todos
nós experimentamos ansiedade em vários momentos de nossas vidas. Ansiedade é uma emoção
normal, como a tristeza a inteligência e a criatividade, além de nos impulsionar para mudanças
necessárias.
Podemos dizer que ansiedade torna-se um transtorno quando mantém seu grau elevado por
um período mais prolongado do que, por exemplo, alguma situação de crise que estejamos
passando,e / ou quando se torna incapacidade, dificultando ou impossibilitando nossas atividades
cotidianas.

Por falar em crise...

Crise é uma palavra das mais usadas atualmente. O país está em crise, a saúde está em crise,
o local onde trabalhamos geralmente está passando por uma crise dentro da Saúde Mental?
O termo crise foi inicialmente empregado em Psiquiatria em 1963, por Caplan e Lindemann,
para descrever as reações de uma pessoa a situações traumáticas, tais como uma guerra,
desemprego, morte de alguém querido.
Eric Erikson usou o mesmo termo para descrever as diversas etapas normais do
desenvolvimento de uma pessoa, momentos nos quais ela teria que passar por mudanças. Ele

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identificou essas crises que ocorrem na vida de todos nós desde o nascimento até a morte ( passando
pela infância, adolescência, idade adulta e velhice ) como crises evolutivas. Ele também nomeou as
crises imprevisíveis, anteriormente descritas, como crises acidentais.
E qual é a importância de saber esse conceitos para quem vai trabalhar com Saúde Mental?
Acontece que verificou-se que muitos pacientes com transtornos mentais haviam tido seus
sintomas intensificados após atravessarem um período de crise. Outros tiveram seu primeiro
episódio relativo ao transtorno mental em questão durante ou após o período de crise. E outros
ainda sofreram alterações importantes de personalidade ao encontrar em um período de crise, fosse
ela evolutiva ou acidental.
Isso que dizer que devemos estar atentos não só ao que já aconteceu ao paciente ( história da
doença atual), mas também ao que vem acontecendo, que possa estar gerando um nível maior de
tensão. Muitas vezes o auxiliar de enfermagem é sentido como mais próximo pelo paciente do que
os “doutores”, e este sente-se mais à vontade em contar-lhe das dificuldades atuais que possam estar
gerando alterações em seu quadro mental.
Outro ponto importante é procurarmos não “minimizar” a crise alheia, com palavras como:
“Ah! É só um período de crise, isso logo passa”. Crise é crise e, para cada pessoa, tem um peso
diferente. Se ficarmos usando os nossos parâmetros para medir o sofrimento do outro, perderemos o
que há de mais importante ao atendimento em Saúde Mental ( e em geral): o contato com o paciente
e a percepção real do transtorno em sua vida.
Só para encerrar a crise, ou melhor, o assunto, é interessante saber que, no vocabulário
chinês, crise aparece como a fusão de duas palavras: perigo e oportunidade. Vale pensar sobre isto,
pois se as crises nos trazem sofrimentos por vezes profundos, também nos trazem as melhores
oportunidades de mudança e crescimento pessoal.

Ansiedade... crise... e estresse são a mesma coisa?

Na Verdade o estresse foi conceituado, em principio, como um conjunto de reações


fisiológicas, comandadas pelo sistema nervoso autônomo, possivelmente desenvolvidas em nossa
longa história de adaptação ao mundo. Tais reações têm o objetivo de preparar nosso organismo
para lutar ou fugir diante de uma situação de perigo, que, na época das cavernas, poderia ser, por
exemplo, o ataque de algum animal.
Através dos tempos, o tipo de “perigos” aos quais podemos ser submetidos foram se
modificando ( e multiplicando), mas as reações fisiológicas permaneceram as mesmas. O estresse é
uma resposta de adaptação do organismo ao meio.
É normal, por exemplo, que ao passarmos à noite por um lugar escuro e deserto e vendo dois
sujeitos estranhos vindo em nossa direção, nosso coração disparte ( para enviar mais sangue aos
músculos), nossas mãos fiquem frias ( pois maior aporte sanguíneo está nos grandes músculos),
nossa pele fique pálida ( assim evitamos maior sangramento, caso soframos algum ferimento),
enfim.., que nosso organismo, com sua “sabedoria” milenar, se prepare para uma emergência, na
qual de vai precisar reunir energias para lutar ou fugir.
No entanto, não é normal nem desejável que estejamos em constante estado de alerta,
sempre prontos para respostas de emergência, pois o nosso organismo tem gastos excessivos de
energia nesses momentos e precisa de um tempo para se recuperar.
O problema é que, hoje em dia, multiplicaram-se milhões as situações sentidas como
perigosas, causadores de ansiedade e deflagradoras da resposta de estresse. O que antes era o medo
de um animal feroz, hoje é o trânsito, o chefe difícil, a ameaça de desemprego, o resultado de algum
exame importante, enfim tudo pode concorrer para nos manter em estado quase constante de
estresse.
Tanto estresse crônico quanto o agudo podem ser precipitadores de quadros de sofrimento
mental, não só pelas inúmeras reações fisiológicas, como também pelas emocionais que provocam.

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A crise pode ser entendida como um agente estressor, ou seja, que leva a respostas de
estresse. Como já dito antes, precisamos estar atentos para os fatores de estresse na vida atual das
pessoas a quem atendemos e também estar atentos para que não imponhamos a eles mais situações
estressantes desnecessárias.
Um indivíduo chega a um centro de saúde ansioso por sua consulta com o psiquiatra, que
havia sido marcada há algumas semanas. Após alguns minutos é informado pela auxiliar de
enfermagem que havia um engano na marcação, pois aquele não era mais o dia do médico na
instituição. O paciente, apresentando evidentes sinais de estresse, reafirma em voz alta a sua
necessidade de atendimento, ao que a auxiliar de enfermagem responde, com certa irritação, que
nada tem a fazer ( ignorando os sinais apresentados). O paciente então perde o controle, começando
a atirar objetos e virar móveis. Enquanto é chamado o reforço da segurança, outro profissional de
enfermagem consegue conversar com Seu João e este, sentindo-se ouvido, informa que possui
epilepsia, faz uso de anticonvulsivantes, os quais acabaram há duas semanas, expondo sua
necessidade urgente de nova receita, já que tem sofrido crises convulsivas graves, tendo sido quase
atropelado ao apresentar uma delas durante a travessia de uma rua. Fala que teme por sua vida e que
tem estado muito nervoso. Quando chegam os seguranças, encontram Seu João arrumando a
desordem que havia feito e indo, em seguida, aguardar por consulta com outro médico.

Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento

Embora saibamos que o essencial é lidar com a história individual de cada paciente,
procurando a forma de cuidado que mais atende às suas necessidades, não podemos deixar de tomar
conhecimento dos sinais, sintomas e diagnósticos mais comuns em psiquiatria.
O fato de termos uma idéia do transtorno do qual o individuo sofre não quer dizer que
saibamos tudo sobre ele, ou que haja uma conduta padronizada para lidar com ele, mas nos faz
ficarmos atentos para alguns pontos importantes em seu tratamento e compreendermos a linguagem
profissional em sua organização e não um letreiro que o paciente terá que carregar à sua frente onde
quer que vá.
Mas como podemos identificar o transtorno mental? Onde passa a linha divisória, que separa
o normal do patológico, mentalmente falando?

Métodos Diagnósticos em Psiquiatria

Existem várias técnicas de exploração e avaliação que podem colaborar para o levantamento
de uma hipótese diagnóstica em Psiquiatria. Dentre os mais conhecidos, podemos citar: entrevista,
testes e questionários psicológicos e explorações neurofisiológicas, por neuroimagem ou
neuroquímicas.
A entrevista é um método essencial a qualquer avaliação do paciente psiquiátrico.
Geralmente se dá no primeiro contato com ele e, embora pareça, não se constitui numa simples
“conversa” com o paciente, mas na observação, coleta de dados e tentativa de compreensão do
papel da doença na vida daquele indivíduo.
Os testes e questionários psicológicos são instrumentos próprios de utilização pelo
psicólogo, que colaboram com a compreensão diagnóstica do individuo.
As explorações neurofisiológicas, onde podemos incluir o eletroencefalograma ( EEG) e o
Registro Poligráfico do Sono, são mais usados em detecção de causas de transtornos do sono, Taís
como a apnéia do sono.
As explorações por neuroimagem, dentre as quais podemos citar a ressonância magnética
nuclear ( que permite avaliar parte da função mental), a tomografias do cérebro com contraste
aplicado por via endovenosa, estando indicado em casos em que se suspeita de transtornos de base
orgânica), a tomografia de emissão de pósitrons ( também chamada PET, constitui-se em uma

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técnica mais evoluída para definir melhor alguns diagnósticos) e fluxo sanguíneo regional cerebral.
Tais técnicas têm uso muito especifico, a critério médico.
As explorações neutroquímicas, que incluem provas onde se podem perceber algumas
alterações determinantes de alguns quadros, como a depressão, por exemplo.
As técnicas exploratórias ligadas aos aspectos físicos são de uso específico, limitado e ainda
pouco freqüente, com exceção do eletroencefalograma, que na verdade acaba por constituir a
demanda de muitos pacientes, que procuram o serviço para “bater um eletro”.
Já a entrevista constitui-se como método primordial de avaliação, onde, além de se colher a
história do paciente, também se está atento para os sinais e sintomas dos transtornos mentais. 12
No entanto, chegar a um diagnóstico psiquiátrico correto nem sempre constitui tarefa fácil e
muito menos imediata.

Sinais e sintomas de transtorno mentais

Os sinais e sintomas também precisam continuar sendo observados e registrados por toda a
equipe que atende o paciente a fim de manter uma avaliação dinâmica dele e ajustar o tratamento
sempre que se faça necessário. Nesse aspecto, a participação do auxiliar de enfermagem é essencial,
devendo este conhecer os sinais e sintomas mais comuns e estar atento a suas manifestações nos
pacientes a fim de transmiti-las ao restante da equipe.

Alterações da sensopercepção

Sensopercepção é a capacidade que desenvolvemos de formar uma síntese de todas as


sensações e percepções que temos a cada momento e com ela formarmos uma idéia do nosso
próprio corpo e de tudo o que está à nossa volta. Para isso, fazemos uso de todos os nossos órgãos
dos sentidos.
As alucinações, típicas dos estados psicóticos, não costumam constituir um nome estranho,
especialmente para quem trabalha em um setor de psiquiatria, mas, às vezes, são confundidas com
outras alterações. As alucinações são sensações ou percepções em que o objeto não existe, mas que
é extremamente real para o paciente, e ele não pode contró-las pois independem de sua vontade.
Assim, numa alucinação auditiva, o paciente não dirá “parece que ouço vozes”, e sim “as vozes
voltaram e estão me dizendo para não escutar o que você diz”. As alucinações podem ser auditivas,
visuais, gustativas, olfativas, táteis, enestésicas e das relações e funções corporais.
Nas ilusões, ao contrário das alucinações, o objeto percebido existe, mas sua percepção é
falseada, deformada. O paciente pode, por exemplo, estar convencido que o teto está baixando e que
poderá esmaga-lo.

Alterações do pensamento

Pensamento é o processo pelo qual associamos e combinamos os conhecimentos que já


adquirimos no mundo e chegamos a uma conclusão ou a uma nova idéia. Incia-se com uma
sensação ( visão, olfato, paladar, audição e tato) e conclui-se com o raciocínio, que é caracterizado
pela associação de idéias.
a) Alterações da direção do pensamento
Na inibição do pensamento, este se apresenta lentificado, pouco produtivo, com
pobreza de temas. O indivíduo costuma falar em voz baixa e fica “ruminando” sempre as mesmas
idéias. É uma alteração típica dos quadro depressivos.

12
Vale lembrar que o eletroencefalograma não é capaz de detectar todos os transtornos mentais (nem mesmo a
maioria), e que não apresentará a solução para os “problemas de cabeça”, como acham alguns pacientes
( que inclusive se acham pouco assistidos se “o doutor não passa nem um eletro”).

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 389 ENFERMAGEM EM SAÚDE MENTAL
Ao contrário da alteração anterior, na fuga de idéias o indivíduo tem um aporte tão grande
de idéias que não consegue concluí-las. Em geral possui boa fluência verbal e possui grande
dificuldade de interromper o fluxo do seu pensamento, que é contínuo. O indivíduo “emenda” um
assunto no outro de tal maneira que torna difícil sua compreensão. Bastante típico dos quadros
maníacos.
Quando o indivíduo constrói sentenças corretas, muitas vezes até rebuscadas, mas sem um
sentido compreensível, fazendo associações estranhas, tem-se a alteração de desagregação do
pensamento, que é típica da esquizofrenia. Um bom exemplo é a seguinte frase “se você não
gostava de jaca porque roubou minha bicicleta?”

b) Alterações do conteúdo do pensamento

As idéias sobrevalorizadas e obsessivas apresentam-se como idéias que assumem papel


central no pensamento do individuo. Ele mantém um discurso circular, retornando a elas por mais
que se tente diversificar o assunto.
Já as idéias delirantes são idéias que não correspondem à realidade, mas que para o
individuo são a mais pura verdade. Tais idéias assumem a característica de serem indiscutíveis
mesmo com a mais profunda lógica, pois o individuo fundamenta-se em uma lógica é parte.

Alterações da linguagem

Podem se tratar de alterações na articulação da linguagem ou no uso da mesma. A logorréia


é a fala acelerada e compulsiva; a gagueira é a repetição de sílabas, com dificuldade para dar inicio
e prosseguimento à fala.
Na ecolalia há repetição, como em eco, das últimas palavras proferidas por alguém; na
glossoladia, o paciente usa a linguagem de forma estranha e incorreta, muitas vezes com a criação
de novos termos, incompreensíveis (neologismos).
No mutismo, o indivíduo mantém-se mudo, sendo comum em estados depressivos e de
esquizofrenia catatônica.

Alterações da consciência

A consciência é que faz de nós mesmos seres psíquicos vinculados à realidade. É através
dela que nos damos conta de nossas sensações, percepções, de nosso ser. Sua alteração apresenta
várias formas.
O delírio é uma alteração transitória na qual o paciente não consegue reter, fixar e evocar
informações, a atividade mental organizada é reduzida. O ciclo sono-vigília geralmente é
desorganizado, pois tende a oscilar durante o dia a ser mais marcante à noite, isto é dorme e longo
após acorda em crise de delírio.
A despersonalização e desrealização acontece quando o indivíduo não reconhece a si e o
que o rodeia, perdendo a sensação de familiaridade, deixando de reconhecer a própria identidade. Já
quando apresenta estranhamento ou não reconhecimento de partes do próprio corpo denomina-se
alterações da consciência corporal, como no caso de uma jovem que ao ser questionada quem era
sua acompanhante, respondeu: “Ela diz que é minha mãe”.
Nos estados crepusculares, o pacientes pode aparentar estar em pleno domínio de sua
consciência, mas há um estreitamento da mesma. É como se o paciente estivesse totalmente voltado
“para dentro”. Mostra-se psiquicamente ausente, age “no automático” e sem objetivos claramente
definidos. Muito comum em pessoas com epilepsia, em momentos que antecedem à crise.
Quando o individuo não consegue ter uma percepção globalizada das situação, havendo
geralmente considerável diminuição no padrão de sensopercepção, pouquíssimo entendimento das

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 390 ENFERMAGEM EM SAÚDE MENTAL
impressões sensoriais e lentidão da compreensão denominamos de obnubilação. Normalmente, a
pessoa mostra-se confusa.
No estado de confusão, o indivíduo não consegue falar nem pensar” coisa com coisa”, não
consegue integrar coerentemente o que está vivendo, e a ligação que faz entre o que vê, ouve, fala
sente e pensa, ocorre de forma muito estranha.
Já no estupor o individuo entra em um estado de profunda alteração sensorial, onde
praticamente não se consegue estimula-lo, sendo somente possível mediante estímulos muito
potentes. O coma é a falta total de consciência.
A hipervigília caracteriza-se por um aumento do estado de vigília, o que dá uma sensação
de “estar ligado”, porém não quer dizer que haja aumento de atenção. Na maioria das vezes ocorre o
oposto.

Alterações da atenção e da orientação

Atenção é quando se focaliza seletivamente algumas partes da realidade. Para que aconteça,
é necessário que o indivíduo esteja em estado de alerta ( despeto ). Como alterações mais comuns,
podemos citar a dificuldade de concentração ou inatenção e a mudança constante de focos de
atenção ou distração, que podem vir a acontecer nos casos em que estamos sob efeito do sono ou
de alguma droga, sem que com isso se configure em uma alteração duradoura.
Orientação é a capacidade de integrar informações a respeito de dados que nos localizem,
principalmente, no tempo e no espaço ( dados estes que dependem também da memória, atenção e
percepção). Como alterações podemos citar a desorientação, onde o paciente é incapaz de
relacionar os dados a fim de perceber onde e em que época se encontra, e a dupla orientação, onde
o individuo oscila entre uma orientação adequada e uma inadequada, misturando os dados, como
um paciente que sabe que mudou de século, mas contínua afirmando estar em 1959.

Alterações da memória

Por memória podemos entender todas as lembranças existentes na consciência. Suas


alterações podem ser quantitativas ou qualitativas.
A hipermnésia é alteração em que há clareza excessiva de alguns dados da memória. De
forma contrária, a amnésia é a impossibilidade de recordar total ou parcialmente fatos ocorridos
antes do inicio do transtorno ( amnésia retrógada), após o seu inicio ( amnésia anterógrada) ou fatos
isolados ( amnésia lagunar). A amnésia pode ainda se dar como uma defesa, suprimindo da
memória fatos muitos carregados afetivamente ( amnésia afetiva).
Já a paramnésia constitui-se de distorções dos dados da memória. Pode ocorrer um
falseamento na recordação de determinados fatos ( paramnésia da recordação), ou ainda ao lançar
mão dos dados da memória para reconhecer alguém, alguma coisa ou lugar ( paramnésia de
reconhecimento).13

Alterações da afetividade

Muito resumidamente, podemos dizer que afetividade constitui-se na capacidade de


experimentar sentimentos e emoções. Dentre suas alterações, podemos citar a labilidade afetiva em
que ocorre mudança dos estados afetivos sem causa externa aparente. Por exemplo, o paciente pode
mudar da mais profunda tristeza para a mais estrondosa alegria em segundos, alternando estes
estados.

13
É comum que algumas pessoas achem “graça” do individuo desorientado, muitas vezes ironizando os dados que ele
apresenta. Esta, obviamente, não deve ser a atitude do auxiliar de enfermagem, pois por mais desorientado que esteja, o
paciente percebe esse tipo de reação e sente-se bastante desamparado.

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 391 ENFERMAGEM EM SAÚDE MENTAL
Na tristeza patológica, a pessoa sente profundo abatimento, baixa auto-estima, geralmente
acompanhados de tendência para o isolamento, choro fácil, inibição psicomotora, sendo
característica da depressão.
Na alegria patológica, o paciente mostra-se eufórico, agitado, em elevada auto-estima,
verborréia, grande desinibição, sendo característica de episódios de mania.

Alterações do sono

Podem ocorrer como um sintoma ou como o próprio transtorno mental, ou ainda, como
reação adversa a determinados medicamentos. Encontramos mais facilmente a insônia, que é a falta
de sono durante uma parte ou toda a noite ( ou período habitual de sono do indivíduo). Pode ser
inicial ( a pessoa custa a “pegar no sono” – mais característica de quadros de ansiedade), ou
terminal ( a pessoa acorda de madrugada e não consegue voltar a dormir - mais característico da
depressão). Já a narcolepsia é sono em excesso durante todo o dia.

Alterações do Movimento

Na estereotipia, o individuo costuma repetir continuamente e em necessidade determinados


movimentos, sem que haja uma lógica totalmente observável.
Já os tiques são movimentos rápidos e involuntários, também repetitivos.
E a catalepsia que é uma atitude de imobilidade, tal como se fosse uma estátua, mantida
pela pessoa inclusive com postura aparente incômodas.Típica da catatonia.

Principais tipos de transtorno mental

Para fazer essas classificações, várias comissões de profissionais reúnem-se a fim de ter
soluções de consenso. As mais usadas atualmente são o DSM-IV ( Manual Diagnóstico e
Estatísticos de Desordens Mentais, em sua quarta versão ) e a CID-10 ( Classificação Internacional
de Doenças – décima revisão), realizado pela Organização Mundial de Saúde ( OMS ) e mais usado
em nosso país.
A CID 10, em seu capítulo V, que constitui um volume separados, específica os transtornos
mentais e de comportamento, usando como critérios de classificação buscar explicações de suas
causas. Isso e compreensível, uma vez que sua intensão é uniformizar a linguagem dos
profissionais, não suas cabeças. Nessa revisão, foi usado o termo transtorno ao invés de doença ou
distúrbio, como antes aparecia, a fim de evitar os problemas inerentes a esses termos, tais como a
discriminação.
Transtorno é, assim, usado para definir um conjunto de sintomas que geralmente envolvem
sofrimento pessoal e interferência nas funções que o individuo necessita exercer em sua vida.
O transtorno mental precisa ser identificado para que possa receber tratamento adequado.
Embora não seja objetivo da equipe de enfermagem elaborar diagnósticos psiquiátricos, é muito
importante que deles tome conhecimento a fim de que possa fazer a sua parte no tratamento do
paciente.

Transtornos mentais orgânicos

Podem aparecer com uma enorme gama de sintomas, inclusive idênticos a outros
transtornos, mas sua causa é comprovadamente orgânica, seja por doença degenerativa, lesão ou
doença sistêmica que leve a uma disfunção do cérebro. Esse tipo de transtorno pode ocorrer em
qualquer idade, podendo ser transitório ou não, dependendo da possibilidade de reversão de sua
causa primária.

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Dentre os quadro mentais orgânicos, os demenciais merecem atenção especial devido à sua
freqüência. Na verdade, dificilmente haverá algum de nós que não se recorde de algum conhecido,
amigo ou familiar que apresente tais sintomas.
De acordo com a CID-10, demência pode ser caracterizada como um conjunto de sinais e
sintomas, isto é, uma síndrome causada por alguma doença cerebral, onde encontraremos
perturbações de vários aspectos do funcionamento mental, tais como memória, linguagem e
julgamento, não havendo, no entanto, obnubilação da conciência. Podem-se observar também
diminuição progressiva de comportamentos de adaptação, como o controle de esfíncteres, hábitos
de higiene e alimentação, por exemplo, e do próprio controle emociona, o que leva a maioria das
pessoas a dizerem que a pessoa está “voltando a ser criança”. Podemos citar a doença de Alzheimer
e as demências vasculares, mas ela podem ocorrer em outros quadros.

Transtornos do humor

Geralmente oscilamos entre um estado de ânimo mais elevado ( elação) e um mais baixo.
Quem nunca acordou indisposto para uma atividade, ou nunca se sentiu “eufórico” com alguma boa
notícia? No entanto, isso não costuma prejudicar nossas atividades diárias. Quando o individuo fica
fixado em uma destas polaridade, ou varia entre elas de forma muito intensa, a ponto de começar a
prejudicar sua vida habitual, podemos falar em transtornos do humor.
Os transtornos do humor são também chamados transtornos afetivos, pois se caracterizam
principalmente por dificuldades na área do afeto, que é nossa capacidade de vivenciarmos
internamente nossos sentimentos.
A depressão não é o mesmo que “baixo astral”, por mais que esteja incluída na gíria como
“fulano está na maior depre”. Ao contrário da tristeza comu, a depressão caracteriza-se por um
estágio mais prolongado e grave de abatimento do humor. A pessoa com depressão apresenta
tristeza patológica com perda da auto-estima, normalmente reclama de falta de ânimo, cansaço fácil
e de não sentir interesse por nada.
Outros sintomas identificados na CID – 10 são: concentração e atenção reduzidas,
autoconfiança reduzida, idéias de culpa e inutilidade, visões desoladas e pessimistas do futuro,
idéias ou atos auto-destrutivos ou lesivos ou suicídio ( dependendo da gravidade do episódio) e
dificuldades em relação ao sono e apetite.
Este é um transtrono muito freqüente ( em torno 20% dos pacientes em geral). Pode
apresentar-se em diferentes graus, podendo ser leve, moderada ou grave. Mais incapacitante em
alguns casos, menos incapacidade em outros. Algumas pessoas, embora sentindo-se todo o tempo
mal e deprimidas, continuam desempenhando suas atividades cotidianas. Quando esse humor
permanece um tempo igual ou superior a dois anos, denominamos distimia.
Quanto à causa, a depressão pode ser dividida em endógena. Psicogênica ou somatogênica.
A depressão endógena é vista como de origem interna, indefinida. Embora o primeiro
episódio possa se dar após alguma perda ou crise, os outros geralmente não apresentam causas
observáveis. Geralmente é uma forma grave de depressão, apresentando grande risco de suicídio(
10 a 15% dos casos). Antigamente era chamada de depressão psicótica. Responde melhor a
tratamento medicamentoso.
A depressão psicogênica tem suas causas mais facilmente localizadas na história de vida do
indivíduo, que apresenta fatos que o levaram aos sintomas. Tanto que já foi chamada de depressão
reativa ou situacional. Os sintomas são menos graves que na depressão endógena, e o risco de
suicídio, embora existente, é menor. Responda melhor à psicoterapia do que ao tratamento
medicamentoso.
A depressão somatogênica é aquela causada por algum fato de alteração principalmente
orgânico, como o uso de algumas medicações ( por exemplo, alguns tipos de anti-hipertensivos,
anti-inflamatórios e contraceptivos orais) ou ainda a interrupção do uso de psicoestimulantes.

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Os episódios de mania caracterizam-se como o oposto da depressão. O indivíduo apresenta
um ritmo acelerado, fala muito ( e geralmente alto) trocando constantemente de assunto ( fuga de
idéias, movimenta-se amplamente, tem energia de sobra, tanto que, muitas vezes não consegue
dormir (hiperatividade). Mostra-se eufórico, com auto-estima exagerada ( achando que pode tudo),
a sexualidade também pode estar exacerbada, gosta de atrair atenções. Não acha que tenha
problema algum, o que muitas vezes prejudica a aceitação do tratamento. Às vezes, evolui para um
episódio claramente psicótico e a pessoa passa a apresentar delírios, alucinações e comportamento
estranho.
Como na depressão, também há uma variedade de graus de gravidade, sendo o mais leve a
chamada hipomania, caracterizada por euforia, hiperatividade e desinibição mais leves.
A pessoa com transtorno bipolar geralmente apresenta uma variação de estados de humor,
ora apresentando mania, ora apresentando depressão. Essas variações podem ser dar em intervalos
de dias semanas ou meses, e é comum falarmos em “fase de mania” e “fase depressiva”. Na
verdade, uma pessoa muito raramente apresenta mania, como descrito no item anterior, o mais
comum é que ela intercale episódios maníacos com episódios depressivos. O transtorno bipolar
também pode se apresentar de forma mais grave ou mais leva quando é chamado de ciclotimia.

Transtornos de ansiedade

Sabemos que a ansiedade faz parte de todos nós. Como sintoma, ela pode apresentar em
vários transtornos. Nos transtornos de ansiedade, entretanto, ela aparece como sintoma central.
Os transtornos de ansiedade constituem parte da demanda psiquiátrica e envolve um grande
grupo de classificações de transtorno, dos quais veremos os principais:
O paciente com Transtorno de Ansiedade Generalizada ( TAG) é, normalmente,
considerado um paciente difícil, pois permanece em constante estado de irritabilidade, impaciência,
apreensão. Geralmente ele reclama de tensão, suores constantes ( frios ou não ), sensação de
“cabeça leve”, tonteiras, mal-estar gastrintestinal, palpitações e dificuldade para dormir. A pessoa
com TAG costuma mostrar-se constantemente preocupada. O fato é que se trata de uma ansiedade
“impossível de controlar” sem o tratamento adequado, fazendo com que a pessoa tenha suas
atividades limitadas.
Algumas vezes dizemos, descompromissadamente, que tal pessoa é “hipocondríaca” por
acharmos que vive com mania de doença. Estamos, nesse caso, cometendo dois graves erros: o
primeiro é que a pessoa com TAG não tem mania de doença e sim sintomas físicos de ansiedade (
que também se expressa por essa via). O segundo é que hipocondria é um transtorno totalmente
diferente e específico se a pessoa que faz tal comentário for um auxiliar de enfermagem deverá ficar
atento para seus sentimentos e sua conduta com tais pacientes, a fim de não cometer um terceiro
erro, que seria desvalorizar seus sintomas, demonstrando impaciência com esse tipo de paciente.
Nos Transtornos Fóbico-Ansiosos, os sintomas de ansiedade ocorrem diante de objetos ou
situações bem definidos, que não costumam causar temor nas pessoas em geral. Geralmente os
sintomas pioram, a um nível sentido como insuportável, diante de tais objetos e situações, o que faz
as pessoas evita-los a qualquer preço, desenvolvendo, muitas vezes, comportamentos estranhos – de
evitação, que passam a fazer parte do quadro. Tais transtornos também são chamados de fobias, que
podem ser social, específicas ou agorafobia.
A fobia social é o medo de expor-se mesmo para grupos pequenos e situações informais. A
pessoa geralmente conta com uma auto-estima rebaixada e não é incomum que procure o
isolamento como forma de evitação do medo. Costuma comprometer muito a vida da pessoa, visto
que ela passa a perder boas oportunidades, muitas vezes até no trabalho, pela necessidade de
“passar despercebida”.
As fobias específicas referem-se ao medo de objetos ou situações específicas, tais como
avião, animais. Às vezes passa despercebida durante um tempo , pois a pessoa vai procurando evitar

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estímulo temido, até um ponto em que o próprio comportamento evitação passa a se tomar um
problema.
Já a agorafobia constitui-se em medo excessivo de espaço abertos, multidões e situações em
que haja dificuldade de fuga (lojas, e supermercados, teatros, transportes coletivos, túneis,
elevadores) e ficar sozinho, mesmo que seja em sua própria casa. A ansiedade pode chegar ao
pânico. Esta é a mais incapacitante de todas as fobias.
Muito divulgado por vários meios de comunicação, o Transtorno de Pânico parece uma
nova doença, embora isso não seja verdade pois vem sendo descrita na literatura psiquiátrica há
muito tempo.
O transtorno de pânico caracteriza-se por ataques de pânico recorrentes e sem motivo inicial
aparente. Nesses ataques de pânico, pessoa experimenta diversos sintomas característicos de
alteração do sistema nervoso autônomo, tais como: coração acelerado , respiração rápida e sentida
como ineficiente, dor no peito ou no estômago, suores tremores, dormências, tonturas, náuseas e
outros.
Mas o principal desses ataques é a sensação de terror que a pessoa experimenta diante da
nítida sensação de que vai morrer ou perder totalmente o controle ( ter um desmaio ou ter uma
amnésia irreversível). Na verdade, essa sensação é tão real que a pessoa passa a temer outro ataque
de pânico, passa a ter medo de ter medo. Com isso, passa a desenvolver comportamentos evitativos
em relação às situações em que se encontrava em cada ataque de pânico, desenvolvendo uma
agorafobia correlata.
O Transtorno Obsessivo Compulsivo ( TOC ) é um transtorno de ansiedade no qual o
indivíduo desenvolve pensamentos ou ações repetitivas que ele próprio considera na maioria das
vezes como inapropriadas, mas que não consegue controlar, muitas vezes porque acredita que algo
trágico ocorrerá a si ou a outros caso ele não as execute. Por exemplo, diante de um pensamento
obsessivo de que há doenças espalhadas por todo o ar e que poderá contraí-las a qualquer momento
através de sua pele, o indivíduo com TOC poderá desenvolver o ato compulsivo de tomar longos e
repetidos banhos, o que na verdade é um comportamento evitativo da ansiedade que pode causar-
lhe imaginar-se doente.
Esse é um transtorno que pode ser extremamente incapacitantes pois, dependendo do grau
em que se encontra, o indivíduo fica preso em uma série de rituais, não conseguido, muitas vezes,
realizar nem mesmo tarefas de organização diária a contento. Além disso, dependendo do ato
compulsivo realizado, a pessoa pode provocar lesões em si mesma, como por exemplo na lavagem
quase contínua das mãos.
No transtorno de Estresse Pós-Traumático o paciente refere geralmente um evento
fortemente traumático ( estupro, catástrofes, seqüestros), muito gerador de estresse e a partir do qual
pessoa desenvolver repetidos episódios nos quais, mediante a lembrança do envento, desenvolve
toda uma série de reações como entorpecimento, ausência de respostas aos estímulos do ambiente,
sonolência excessiva, redução da memória ou concentração.

Transtornos dissociativos

Antigamente chamados de histeria de conversão, os transtornos dissociativos são aqueles em


que o paciente parece perder, parcial ou totalmente, o controle entre suas funções de memória,
sensopercepção, idéia de si mesmo e movimentos corporais. Dentre os tipos de dissociação que o
paciente pode apresentar observa-se: a amnésia dissociativa ( esquecimento de situações
traumáticas ou estressantes ), o estupor dissociativo ( a pessoa mantém-se imóvel, sem responder ao
ambiente), transtorno de transe ou possessão ( a pessoa age como que possuída por outra
personalidade, espírito ou força), dissociação de movimento e sensação ( o indivíduo deixa de sentir
ou de conseguir movimentar alguma parte do corpo) e convulsões dissociativas (são convulsões
incompletas, onde não ocorre perda total da consciência).

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Para que um transtorno seja considerado dissociativo, é necessário que se comprove a
ausência de uma causa física para o problema, além de geralmente se perceber alguma relação com
evento traumático. Este é comumente um paciente que pode gerar reações negativas na equipe que o
atende, pois é muitas vezes considerado “ pitiático” ou “fricoteiro”.

Transtornos somatoformes

Os pacientes com esse tipo de transtorno são aqueles que vão repetidamente à clinica geral,
com queixas de problemas físicos que não são identificados como de causa orgânica, o que não lhes
satisfaz, fazendo com que solicitem continuamente novas investigações ( às vezes mudando de um
médico para outro ). Só conseguem identificar seu “mal estar” como tendo origem no corpo que faz
com que geralmente resistam a um encaminhamento para o setor de Saúde Mental, ou se sintam, até
mesmo, ofendidos.
O paciente pode apresentar queixas de dores que não passam, ou problemas gastrintestinais,
cardiovasculares, respiratórios, ou ainda queixas sexuais ou menstruais. Em muitos casos, podem
aparecer problemas na pele ou outros. Dentro desse grupo de transtornos, um dos mais graves é o
transtorno hipocondríaco, de difícil tratamento, no qual a pessoa se encontra “convencida” de estar
portando grave doença (câncer, AIDS ), buscando todos os recursos para confirma-la. Em muitos
casos, estes pacientes chegam ao cúmulo de serem submetidos à cirurgias, sem a menor
necessidade.

Transtorno esquizofrênio

Normalmente chamado esquizofrenia, esse é um dos mais graves transtornos mentais. É


também o que mais freqüentemente as pessoas identificam como loucura, pois escapa mais
claramente a nossa idéia de normalidade.
O indivíduo com transtorno esquizofrênico está com suas funções perceptivas alteradas, vê,
ouve e sente coisas que não são reais ( as chamadas alucinações); seleciona estímulos do ambiente
que normalmente passam despercebidos, com freqüência estando alheio ao que se passa à sua
frente. Seu pensamento encontra-se invariavelmente esvaziado, sem sentido. Às vezes, sente que
alguém lhe “rouba os pensamentos da cabeça”. Seu comportamento é geralmente identificado como
estranho e sua aparência também pode causar estranheza, pois, estando imerso em percepções
distorcidas do mundo e de si mesmo, acaba deixando de cuidar de si (inclusive hábitos de higiene)
ou pode vestir-se de acordo com os pensamentos delirantes, que comumente apresenta.
O indivíduo apresenta também atividade psicomotora anormal, como ficar se balançando,
fazendo movimentos estranhos ou permanecer totalmente imóvel. A comunicação fica bastante
prejudicada, seja pelo mutismo, por expressão incoerente de idéia ou por uso inadequada da
linguagem como frases incoerentes e neologismos.
Tal como outros transtornos, a esquizofrenia pode apresentar-se em diferentes graus,
podendo até mesmo ser confundida com outros quadros.

Transtornos alimentares

Dos transtornos mentais que levam a dificuldades na alimentação talvez o mais freqüente e
grave seja a anorexia nervosa. Nesses transtorno, a pessoa não consegue comer, emagrecendo
exageradamente, entrando muitas vezes em estado de desnutrição grave. Muitos casos necessitam
de internação para um tratamento adequado. Outro transtorno bastante falado é a bulimia que se
caracteriza pela pessoa provocar vômitos após a ingestão de comida pelo medo de ganhar peso
sendo comum entre as modelos e as atletas. Já a hiperfagia é a fome insaciável, fazendo com que a
pessoa coma compulsivamente.

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Transtornos mentais e de comportamento decorrentes do uso de substâncias
psicoativas.

Consideram-se como psicoativas as substâncias que provocam um estado de alteração em


nosso funcionamento mental, aumentando, diminuído ou distorcendo sua atividade, e que causam
dependência. Podemos citar vários exemplos de substâncias psicoativa, desde o álcool, o cigarro e
as substâncias ilegais ( cocaína, maconha, LSD ) , até aquelas prescritas pelo médico tais como os
ansiolíticos e hipnóticos.
O uso abusivo de substâncias psicoativas envolve complicadas causas e conseqüências em
nível físico, social e emocional e uma pessoa pode desenvolver um transtorno mental a partir deste
uso. O auxiliar de enfermagem muitas vezes terá informação de que o transtorno mental de algum
paciente é conseqüência do uso de alguma droga ou presenciará reações mais agudas; por isso, é
importante que conheça as mais comuns.
A intoxicação aguda é a alteração do estado mental pelo aumento dos níveis da substância
no organismo, como por exemplo a embriaguez, o coma alcoólico, as convulsões pelo uso de
substâncias. Quando o uso contínuo de alguma substância está causando algum dano à saúde física
ou mental do paciente diz-se que a mesma é de uso nocivo como exemplo, o Delliriuns Tremens.
O estado de abstinência é o conjunto de sintomas que podem ser muito graves, em reação à
ausência da substância da qual o individuo tornou-se dependente, como convulsões, alucinações,
contrações musculares involuntárias e dolorosas, entre outros.
O indivíduo pode também apresentar um quadro com alterações de comportamento
semelhante a outros transtornos psicóticos, induzido pelo uso de substâncias psicoativas.

Formas de tratamento de transtornos mentais

É preciso saber também que existem tratamentos adequados para cada tipo de transtorno, o
que não é só feito através de medicamentos. Na verdade, o tratamento medicamentoso é um valioso
instrumento da psiquiatria para o controle dos sintomas e, com o avanço das pesquisas nesse campo,
muito se tem conseguido em melhora da qualidade de vida da pessoa com transtorno mental.
No entanto, cada vez podemos ter maior certeza de que uma abordagem mais ampla, onde se
ofereçam outra possibilidades terapêuticas, mostra ser mais adequada e eficaz, afinal apenas o
controle não ensina o paciente a lidar com seus problemas cotidianos e emocionais. A cada dia
surgem novas abordagem no lidar com o paciente de Saúde Mental.
A criatividade e dedicação dos profissionais neste campo permite conhecer e perceber a cada
momento diferentes facetas da mente humana, o que resulta em novas nuanças no tratamento.

O que é um psicofármaco?

Os psicofarmaco são drogas cujo principal uso é modificar as funções psíquicas, normais ou
alteradas. Portanto, não curam o doente mental, apenas diminuem seu sofrimento.
O tipo de psicofármaco, assim como o tempo de utilização e as dosagens, vão depender do
tipo de sintoma que se deseja combater e da maneira como reage o organismo do usuário. Algumas
pessoas necessitam de doses mais altas ou de utiliza-los por um tempo mais longo. Em outras, se
consegue o mesmo efeito com doses menores e em prazos menores. Os efeitos colaterais também
são variáveis de pessoa para pessoa.
Mais importante que você conhecer cada droga em particular, é entender os princípios gerais
do grupo, pois a ação e efeitos colaterais são semelhantes dentro de cada um deles.
Os psicoléptico são drogas que atuam diminuindo a atividade psíquica normal ou alterada.
Produzem estes efeitos de formas variadas conforme a indicação. Induzem o sono como os
hipnóticos ( Pentobarbital, Flurazepan, Nitrazepan, Metaqualona, Trazolan, aliviam
ansiedade e tensão como os ansiolíticos ( Diazepan, Lorazepan, Meprobamato ) e reduzem

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sintomas psicóticos como alucinações e idéias delirantes como os antipsicóticos ou neurolépticos (
Clorpromazina, Haloperidol, Reserpina, Tioridazina, Flufenazina, Pipotiazina,
Tiotixene).
Os psicanalépticos são drogas que atuam aumentando a atividade psíquica normal ou
diminuída. Podem atuar de duas diferentes formas: estimulando a vigília, combatendo a fafiga ou
aumentando o desempenho, como os psicoestimulantes ( Anfetamina, Cafeína,
Metanfetamina) e combatendo formas patológicas de depressão mental como os antidepressivos
( Imipramina, Amitriptilina, Fenelzina ).
Os psicodislépticos são drogas que promovem o aparecimento de estados, psíquicos
anormais, como alucinações, idéias delirantes ou euforia. Seu uso se dá habitualmente de forma
ilegal. Atuam de duas formas, seja produzindo desinibição e euforia, como é o caso dos
euforizantes ( álcool, cocaína, heroína), seja alterando a percepção, fazendo com que o individuo
perca muitas vezes o contato com a realidade, como acontece com os psicotogênicos ou
psicodélicos ( canabinóis, LSD, mescalina, psilocibina).14
Já os normalizadores psíquicos não atuam sobre estados psíquicos normais, mas podem
ser utilizados para corrigir os estados psíquicos alterados. Também atuam de duas formas
diferentes: normalizando o humor ou prevenindo distúrbios afetivos como é o caso dos eutímicos
ou normalizadores do humor ( sais de lítio ) ou como energizantes ou estimulantes da
memória. Esta atuação, ainda em estudo, vem aos poucos comprovados sua eficácia, tendo como
principal meta diminuir os distúrbios psíquicos decorrente do envelhecimento.

Atuação e efeitos adversos dos psicofármacos

Para atuar no psiquismo, os psicofarmacos precisam vencer uma série de barreiras até atingir
o SNC. A área onde irão atuar está intimamente ligada aos efeitos que produzem, sejam ele
desejáveis ou não. Assim, vejamos:
Os hipnóticos são utilizados em todos os transtornos que envolvam distúrbios no sono. Uma
queixa bastante comum na Saúde Mental é a insônia ou a dificuldade de conciliar o sono. Ao ouvir
e relatar esta queixa, é muito importante detalha-la, pois muitas vezes o distúrbio se dá mais pela
ansiedade que pela falta de sono. Além disso, pode haver pessoas que sofrem de apnéia do sono e,
por não o saberem, queixam-se apenas de acordar freqüentemente à noite. Nesse caso, o uso de
hipnóticos pode agravar o quadro.
Vale ressaltar que o sono induzido não é igual ao sono fisiológico e que, com o tempo de
uso de hipnóticos, estes tendem a diminuir seu efeito devido a tolerância. Ao tentar se suspender a
medicação, a insônia pode surgir mais acentuada que antes do uso da droga. A esse efeito
chamamos “rebote”.
Freqüentemente há queixas de acordar na manhã seguinte com uma sensação de torpor e
sonolência ( ressaca ). Isso pode resultar da falta do sono fisiológico ou dos resíduos da falta do
sono fisiológico ou dos resíduos da droga, ainda não eliminados do organismo. Por isso são contra-
indicadas, para quem faz uso de hipnóticos, atividades que exigem maior concentração, como
dirigir um automóvel por exemplo.
Drogas ansiolíticas são capazes de aliviar os sintomas de ansiedade sem interferir
excessivamente em outras funções cerebrais. O tratamento medicamentoso de ataques de pânico e
das fobias é diferente dos demais tipos de ansiedade.
Embora já existam uma diversidade de ansiolíticos disponíveis, o termo “ansiolótico”, ainda
é utilizado mais especificamente para benzodiazepínicos, como Diazepan, Lorazepan,
Bromazepan, Cloxazolan e outros, por serem os preferidos para distúrbios da maior parte das

14
Estas são drogas que nem sempre são usadas com prescrição médica ou para tratamento de transtornos, sendo comum
o seu uso indevido.

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ansiedades. Nos casos em que a depressão acompanha a ansiedade e em muitos ataques de pânico,
também se utilizam antidepressivos associados.
Existem outras importantes indicações dos benzodiazepínicos que são como mediação pré
anestesia, antiepiléticos nas crises convulsivas e o combate a crise de abstinência alcoólica.
A administração oral dos benzodiazepínicos é bastante eficaz e seu efeito atinge o auge de 1
a 4 horas de sua administração. Ao ser administrado por via endovenosa, exige uma infusão lenta e
monitorizada devido ao risco de parada respiratória. Não se recomenda a sua utilização por via
intramuscular, principalmente em casos de emergência, pois há relatos que por esta via acontece
uma má absorção.
Os benzodizepínicos são metabolizados no fígado ( com exceção do Oxazepan e
Lorazepan), por isso são contra-indicados para pacientes com disfunção hepática ou idosos.
Os efeitos colaterais dos benzodiazepínicos não são numerosos e traduzem-se em
sonolência e perda de coordenação, podendo surgir também fadiga, lentidão ou confusão mental. O
que contra-indica seu usuário para atividades que exigem concentração. É importante que as
mulheres usuárias sejam orientads ao planejamento familiar, pois há relatos de mal formações fetais
quando utilizados durane a gravidez, assim como de sua passagem no leite materno.
Os benzodiazpínicos podem causar tolerância e dependência, podendo induzir a vícios e
produzir reação de abstinência. Esta é a razão porque não se recomenda mais normalmente
tratamentos prolongados com essas drogas. Após um longo período de tratamento, as doses devem
ser gradualmente diminuídas, antes de serm completamente suspensas.
Os neurolépticos ou antipsicóticos reúnem um grupo de drogas com propriedades
terapêuticas e farmacológicas comuns, em especial no tratamento de transtornos psicóticos como a
esquizofrenia. Porém, sua associação com formas dirigidas de psicoterapia parece melhorar ainda
mais o prognóstico em relação ao funcionamento global e adaptação social de pacientes crônicos.
Transtornos psicóticos não esquizofrênicos associados ou não a distúrbios orgânicos, deficiências
mentais e transtornos afetivos com sintomas psicóticos, também respondem a esta classe de drogas.
Muitos pacientes esquizofrênicos usam antipsicóticos continuamente para evitar recaídas ou
devido à permanência de sintomas residuais. Uma das principais causas tolerância, dependência ou
síndrome de abstinência associadas ao seu uso.
O ajuste da dose é variável de acordo com o paciente, sendo muitas vezes necessária a
associação de neurolépticos orais durante os primeiros dias de tratamento, até que a dose de
equilíbrio seja estabelecida.
Os neurolépticos utilizados no controle da agitação psicomotora em geral são administrados
por via intramuscular.
Os efeitos colaterais dos neurolépticos são inúmeros, porém só alguns deles se desenvolvem
em dado paciente. É importante que você os conheça para comunicar ao médico ou enfermeira
assim que detectalos, evitando assim seus agravos ou mesmo a morte de usuários.
A escolha medicamentosa no caso destas drogas se dá muitos mais pelo perfil de efeitos
colaterais e riscos que causam, que por sua ação terapêutica, muito semelhante em todas elas.
Os efeitos colaterais dos neurolépticos são inúmeros, porém só alguns deles se desenvolvem
em dado paciente. É importante que você os conheça para comunicar ao médico ou enfermeira
assim que detecta-los, evitando assim seus agravos ou mesmo a morte de usuários.
A escolha medicamentosa no caso destas drogas se dá muito mais pelo perfil de efeitos
colaterais e riscos que causam, que por sua ação terapêutica, muito semelhante em todas elas.
Os efeitos colaterais dos antipsicóticos que ocorrem ao nível do Sistema Nervoso incluem:
• Efeitos oculares:
A retinite pigmentosa é causada pelo depósito da droga na retirada, provocando
um processo inflamatório, que pode levar ao prejuízo da visão e até à cegueira.
O bloqueio que esta droga causa no Sistema Nervoso Autônomo (SNA) periférico pode
dificultar a acomodação do cristalino, fazendo com que a visão de objetos próximos fique borrada,

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podendo chegar ao glaucoma nas situações mais graves. Aparece no início do tratamento e pode vir
acompanhada de fotofobia decorrente de midríase.
• Efeitos hematológicos:
Agranulocitose ( taxa de neutrófilos é menor que 500/mm) – Deve-se a ação tóxica
desses medicamentos na medula óssea, ocorrendo no inicio da oitava a décima segunda semana do
uso da droga com alta taxa de mortalidade. Seu início pode ser súbito, com febre, mal estar e
infecção.
• Efeitos gastrointestinais:
Xerostomia – É a secura excessiva da boca, sendo uma fonte freqüente de queixas
devido ao desconforto que traz no inicio do tratamento. O bloqueio no SNA que o antipsicótico faz
ocasiona a inibição da secreção da saliva ocasionando a boca seca, amargor, aftas, dificuldade para
mastigar e aparecimento de cáries.
• Disfagia – É a dificuldade de deglutição, podendo ser causada por alterações ao
peristaltismo esofágico ou por discinesias ( alterações com movimentos involuntários) da boca e
língua. O Paciente pode aspirar os alimentos, o que pode resultar em infeções pulmonares e asfixia.
Pode ainda ocasionar a perda de peso.
• Hipersalivação – Ocorre principalmente com a clozapina. É mais intensa à noite,
chegando a pertubar o sono do paciente. Pode persistir ou não durante o tratamento.
• Náusesa e vômitos – É conseqüência do bloqueio no SNA do sistema intensa à
noite, chegando a pertubar do alimento de estômago. É persistir a queixa de “peso no estômago”.
• Esofagite de refluxo – Caracteriza-se por pirose epigástrica ( azia ). O refluxo
acontece devido ao relaxamento do piloro, aliado a diminuição da motilidade
esofágia. Agrava-se devido ao fato de que o estômago deste paciente retém o alimento por muito
tempo.
• Constipação intestinal – Ocorres devido a diminuição da motilidade intestinal, que
pode levar a obstrução por formação de fecaloma.
• Icterícia – Geralmente surge o inicio do tratamento e dura algumas semanas. É
considerada uma manifestação de hipersensibilidade, pois encontra-se infiltração de eosinófilos no
fígado. Provavelmente o indivíduo não vai ficar bonito com a coloração amarelada, mas não há
comprometimento hepático.
• Efeitos no sistema genito-urinário:
- Retenção urinária – Ocorre com mais freqüência em pacientes idosos ou naqueles com
hipertrofia prostática.
• Incontinência urinária – Pode ocorrer aos esforços ou ser noturnas. É uma
ocorrência rara e se dá pelo relaxamento dos esfíncteres.
• Impotência ou alterações de ejaculação – Esses efeitos, embora comuns, são
muito problemáticos, pois levam ao abandono do tratamento. São conseqüência da diminuição de
tesosterona.
- Priapismo - É a disfunção vascular que causa a ereção do pênis por período prolongado,
podendo levar a isquemia e necrose tecidual. Quando ocorre, deve ser tratado imediatamente com
cirurgia, para evitar impotência.
• Efeitos dermatológicos:
Incluem reações de hipersensibilidade, que ocorrem desde o primeiro ao oitavo dia de tratamento.
Podem ser urticária, manchas avermelhadas que se transformam em bolhas (maculopapulares) e
edema. A forma injetável dá reação intensa no local da aplicação. O profissional de saúde que
manipula a clorpromazina deve ficar atento ao fato de que esta pode causar dermatite de contato.
• Efeitos no sistema termo-regulador:
- Síndrome neuroléptica maligna – Caracteriza-se por hipertermia. O nível de
consciência se altera, variando de agitação e mutismo alerta para estupor e até coma.

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Ocorre hipertensão, taquicardia, taquipnéia, leucocitose (leutócitos acima de 15.000/mm3) e
aumentos dos níveis de creatinina no sangue. A taquicardia eas arritimias podem levar ao colapso
cardíaco. É responsável por uma taxa de 21% de mortalidade quando não tratada. É mais freqüente
ocorrer duas semanas após o início do tratamento ou do aumento da dose, podendo ocorrer em
qualquer período.
Sua evolução é rápida e seu tratamento exige suporte em UTI, e imediata suspensão dos
neurolépticos.
- Hipertermia – NO início do uso da Closapina, pode ocorrer uma elevação da
temperatura corporal ( de 0,5º a 1ºC acima ). Geralmente é benigna e transitória.
• Efeitos cardiovasculares:
- Hipotensão ortostática – Ocorre pelo bloqueio no SNA, que tem como conseqüência
o bloqueio da vasocontricção. Acontece geralmente com a primeira dose e piora no segundo ou
terceiro dia, vindo então a melhorar. Caractriza-se por taquicardia, tontura e escurecimento da visão
quando o individuo se levanta, devido a queda da pressão arterial ( PA ), sendo detectada perante a
aferição de PA e pulso do paciente sentado e depois em pé. Sua maior complicação, principalmente
em idosos, são as quedas e o risco de lesões.
- Distúrbios de ritmo cardíaco – Geralmente aparecem no ECG, sem implicações clínicas.
Devem-se a ação direta das drogas no músculo cardíaco.
• Galactorréia – Embora ocorra num grande número de pacientes, só é percebido em
cerca de 5%, quando se faz a expressão do mamilo. É decorrente do bloqueio da glândula pituitária,
que provoca o aumento da secreção de prolactina ( hormônio do leite ) aumentando o volume das
mamas e estimulando a produção de leite). Apesar de ser efeito incômodo, não apresenta maior
gravidade.
- Amenorréia – Ocorre pelo aumento de prolactina, que altera hormônios sexuais (
estrógeno e progesterona). Se acontece junto com a galactorréia e ginecomastria, pode levar a um
diagnóstico errôneo de gravidez.15
- Secreção inapropriada de hormônio anti-diurético – É um efeito colateral raro, porém
apresenta riscos de complicações como convulsões. Causa a poliúria ( secreção excessiva de urina )
e hiponatremia ( diminuição de íons de sódio no sangue).
• Efeitos no Sistema Nervoso Central ( SNC):
- Sedação, tontura e hipotensão ortostática – Caracteriza-se por tontura e escurecimento da visão
quando a pessoa levanta, além de efeitos idiossincráticos ligados especificamente a esse grupo de
substância, como :
• Síndrome parksoniana – Aparece rigidez facial e de postura, lentificação motora
(movimentos lentos) e tremores. Pode surgir em qualquer época do tratamento, a partir de
poucos dias ou semanas do início. Geralmente melhora dentro de três meses, mas pode
persistir ao longo do uso.
• Acatisia – Neste caso o paciente não consegue ficar parado e mantém-se em contínua
movimentação, principalmente dos membros inferiores. Quando estão de pé dão sempre a
impressão de estar “marchando”. Surgem nos primeiros dias de uso de droga.
• Distomia aguda – Pouco freqüente, é caracterizada por esapsmos involuntários de músculos
que produzem posturas anormais, brevemente sustentadas ou fixas. Inclui posições bizarras
do tronco e membro, língua projetada para fora da boca (protusão da língua), torcicolo e
contração da laringe e faringe. São dolorosas e aterrorizantes, podendo causar deslocamento
de mandíbula e até morte súbita por espasmo da laringe.
Os sintomas ocorrem dentro dos primeiros cinco dias do tratamento ou do aumento da dose. É
mais freqüente em crianças e em adultos jovens.

15
Ginecomastia - Aumento do tecido mamário no homem.
Efeitos idiossincráticas – Efeito anormal, individual de uma pessoa a uma droga.

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• Discinesia tardia – É a mais grave complicação do uso de neurolépticos. Caracteriza-se por
movimentos involuntários de face, como mascar, movimento de protusão e vernículares da
língua ( movimentos semelhantes aos de um verme), movimento de beijos, piscar repetido e
rapidamente e movimentos de abrir e fechar os lábios. Podem ocorrer também alterações dos
movimentos dos membros e do tórax. Pioram com a retirada do antipsicótico e melhoram
com o aumento da dose deste. Agravam-se quando o paciente está nervoso. Ocorre após
vários anos do uso contínuo de neurolépticos.
Com o uso contínuo das anfetaminas, desenvolve-se a tolerância. Seu uso abusivo
consiste em passagem de ingestão oral ( as chamadas “bolinhas”) para intravenoso (
metanfetaminas), chegando a ser administrada em doses crescentes, várias vezes aod dia, por quatro
ou cinco dias.
Após esse período, quando o indivíduo experimenta uma sensação de bem estar (semelhante
ao orgasmo sexual), seguida de depressão, alimenta-se minimamente física, e portanto síndrome de
abstinência, suas reservas encontram-se esgotadas.
Os antidepressivos parecem ter uma ação específica sobre os mecanismos fisiopatológicos
da depressão. São, portanto, eficazes em muitas formas deste transtorno, melhorando notavelmente
o humor depressivo sem produzir euforia. Existem dois grupos principais de antidepressivos, que se
distinguem por inibirem ou não a enzima mitrocôndrica monoaminoxidase ( MAO): os inibidores
da MAO e os tricílicos.
A única via de administração medicamentosa do IMAOs é a oral, e sua ação é rápida,
ocorrendo o seu pico de concentração plasmática em duas horas. Atravessam a barreira
hematroencefálica com facilidade e atingem o sistema nervoso central em altas concentrações.
Mães que amamentam devem informar ao médico ou uso dessa medicação, pois a mesma passa o
leite maternos.
Os efeitos colaterais mais freqüentes dos IMAOs são a hipotensão postural que deve ser
mais preocupante nos idosos, devido ao risco de um acidente vascular, e nos diabéticos, devido a
neuropatia periférica.
Também pode apresentar a boca seca, obstipação, ausência de orgasmo ( anorgasmia),
contrações musculares involuntárias ( mioclonias), obesidade, diminuição da libido ( desejo sexual),
edema de membros, daltonismo e crises hipertensivas espontâneas. Os sintomas maníacos e
esquizofrênicos podem piorar.
Dos antidepressivos tricídios, a Imipramina já utilizada como droga modelo. Seu pico de
concentração plasmática ( momento em que se encontra em maior quantidade na corrente
sanguinea) é de duas a seis horas após a administração oral, podendo chegar a doze horas em
pacientes idosos. São empregados no tratamento de estados depressivos, especialmente os de caráter
endógeno, e nos transtornos ansiosos. O aparecimento de seus efeitos pode demorar até três
semanas, os efeitos colaterais, no entanto, aparecem em menos tempos.
São eficazes no tratamento de ataques de pânico e têm sido utilizados com sucesso no
transtorno obsessivo-compulsivo ( Clomipramina e Fluoxetrina). Os efeitos colaterais surgem
logo após as primeiras semanas, do início ou do aumento da dose, mas melhoram ou desaparecem
ao cabo de alguns meses ou com a suspensão completa do antidepressivo. São eles: boca seca,
constipação, retenção urinária, visão turva, distúrbios da memória, taquicardia, piora de glaucoma,
tontura, sedação, hipotensão ortostática, galactorréia e lesões cutâneas ( pele ).
Os Eutímicos ou Normalizadores do Humor têm o lítio como medicamento de primeira
escolha no tratamento afetivo bipolar. Controla as crises de agitação e euforia e evita a ocorrência
de novos episódios durante o tratamento de manutenção pois suprime as oscilações do humor.
Sua ação terapêutica se evidencia em cerca de 5 a 14 dias do início do tratamento, através da
redução dos sintomas graves dos quadros de mania. No entanto, podem passar vários meses até que
o transtorno seja totalmente controlado.
Muitas vezes é necessária a associação de antipsicóticos durante os primeiros dias de
tratamento para ajudar no controle dos sintomas até que o lítio comece a atuar. Assim como no

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período em que surgem os sintomas depressivos do transtorno bipolar pode ser necessário que se
introduzam antidepressivos em associações.
O lítio é administrado por via oral em doses crescentes. Algumas pessoas respondem bem ao
tratamento, não apresentando novos episódios. Outras, no entanto, apresentam várias recidivas que
tendem a diminuir com a continuidade da terapêutica. Infelizmente, embora não haja explicações
científicas para o fato, há pessoas que não se beneficiam com esta terapia medicamentos.
Durante o tratamento, é imprescindível que freqüentemente seja feita dosagem sanguínea
dos níveis de lítio, para determinar a dose ideal da medicação. Em doses baixas, pode não surtir
efeito; e, em doses altas, pode agravar os efeitos colaterais. A diferença entre uma dose alta e uma
dose baixa é mínima.
Uma vez estabelecida a dose ideal, a dosagem sérica de lítio pode ser realizada com
intervalo de meses, não podendo deixar de ser feita porque o metabolismo individual, a condição
física e a gravidade da doença é capaz de influenciar na dosagem necessária.16
Qualquer fator que diminua o nível de sódio no sangue pode levar a um aumento dos níveis
de lítio na corrente sanguínea, produzindo uma intoxicação, com risco de vida para o paciente se
não for tratado a tempo. Por isso, o médico deve ser informado sobre qualquer redução na ingestão
de sal, sudorese intensa, febre, vômitos ou diarréia, para que dose de lítio seja ajustada
convenientemente.
O lítio é contra-indicado no período anterior à gravidez planejada ou durante o primeiro
trimestre da gravidez. Bebês nascidos de mães em uso de lítio têm uma incidência maior de
anormalidades cardíacas. Essas contra-indicações incluem a amametação. Tamb~em são contra-
indicados na insuficiência renal severa, cardiopatias, epilepsia e lesões cerebrais.
Os efeitos colaterais do lítio podem ocorrer no início do tratamento, traduzindo-se como
sonolência, fraqueza, náuseas, vômitos, cansaço, mãos tremulas, polidipsia e poliúria.
Esses efeitos geralmente desaparecem ou diminuem rapidamente, podendo permanecer o
tremor das mãos. O aumento de peso também pode acontecer, e uma dieta adequada pode ajudar,
devendo esta ser bem orientada para não afetar o nível sanguíneo de lítio.
Devido à polidpsia e poliúria duante o tratamento, podem surgir alterações reais que podem
ser atenuadas com a redução da dose.
Durante o tratamento, também se faz necessário o controle das funções da tireóide, pois
pode aparecer o hipotireoidismo, sendo necessária, muitas vezes, a administração de hormônios da
tireóide juntamente com o lítio.
Os Euforizantes e Psicotogênicos ou Psicodélicos possuem seu uso terapêutico limitado,
porém este não se dá pelas ações que produzem no psiquismo. Desta forma você pode encontrar
opiáceos que são utilizados como hipnonalgésicos; a cocaína, utilizada como analgésico local; e o
álcool, no tratamento local de algumas dores de origem neurológica.
As drogas deste grupo não são utilizadas no tratamento de transtornos mentais e sua atuação
no psiquismo é muitas vezes a causa de seus usuários necessitam de ajuda.
Dentre os Euforizantes, têm-se o álcool etílico, a cocaína e os opiáticos. O álcool etílico é
um depressor é um depressor do Sistema Nervoso Central ( SNC ). Em baixas doses, promove a
euforia e desinibição comportamental, o que leva as pessoas a o acharem quase indispensável em
festas e comemorações. Doses mais altas produzem um efeito hipnótico e incoordenação motora,
também conhecido como “pileque”. Poucas pessoas sabem que doses elevadas de álcool podem
levar a morte. É que normalmente o efeito hipnótico faz com que o usuário fique inconsciente antes
de atingir a dose letal.
O álcool absorvido ao longo do tubo digestório atravessa com rapidez a barreira
hematoencefálica, produzindo efeitos imediatos. A quantidade da substância contida no sangue do
usuário determinará as reações comportamentais que este irá apresentar.

16
Dosagem sérica – Realizada através de análise laboratorial em que se procura a presença e/ou quantidade de
determinadas substâncias no sangue.

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Você já deve ter observado, e talvez até experimentado algumas dessas reações. Em doses
mais baixas surge a sensação de bem-estar, euforia e desinibição. Com o aumento da dose, podem
surgir alterações fisiológicas como taquicardia, comprometimento da memória e dificuldade em
tomar decisões. Quando se aumenta mais ainda a dose, há redução da coordenação motora e tempo
de reação, sonolência, liberação da agressividade, náuseas e vômitos. Nesta fase, é comum surgirem
ocorrência policiais e acidentes. Por último, quando a concentração da droga na corrente plasmática
ultrapassa 400mg %, ocorre sedação profunda, que pode chegar a coma e morte.
O tratamento do alcoolismo crônico é multidisciplinar e necessita da disposição do usuário.
Os grupos de apoio, como os alcoólicos anônimos, têm obtido excelentes resultados, embora muitas
vezes o indivíduo necessite da ajuda psiquiátrica e psicoterápica para lidar com as seqüelas do uso.
Já a cocaína é extraída das folhas da “coca” e normalmente utilizada pelos nativos com o
objetivo de reduzir a fadiga, sendo identificada e isolada em 1858. Seus efeitos anestésicos locais
fizeram com que rapidamente entrasse na “medicina doméstica”, chegando a ser vendida em
farmácias e quitandas da Europa, que mais tarde passou a utilizada também como revitalizante. Até
1906 estava presente em alguns refrigerantes e só em 1914 seu uso foi proibido.
A cocaína é um pó branco com potente ação vasoconstritora e anestésica local. Seu uso se dá
por via oral, nasal e venosa. Sua utilização por via nasal pode levar à lesão das células olfativas e
ocasionar a perda do olfato ( anosmia). Por via venosa, seu uso é muito perigoso, pois embora não
desenvolva tolerância que exija doses maiores, seu efeito é de pouca duração, o que pode levar á
sua administração a cada 10 minutos. A dependência que causa é apenas psíquica. Mais
recentemente tornou-se popular o seu uso fumado, o “crak”, que vem levando seus usuários não
raro à morte súbita.
Sensações que fazem com que muitas pessoas a utilizem são a de possuir grande força
muscular, alerta mental e euforia. Geralmente surgem idéias persecutórias, alucinações visuais,
auditivas e tácteis. O conjunto de todas estas reações pode agravar o comportamento agressivo e
anti-social do usuário.
Seu uso constante pode ocasionar distúrbios digestivos, anorexia, emagrecimento insônia e
até convulsões.A depressão freqüentemente está presente após a euforia, o que leva muitos usuários
a associarem a heroína e morfina que apresenta efeitos mais prolongados.
Dentre os opiáceos, destaca-se o ópio que é extraído da papoula. É dele que se origina um
poderoso hipnoanalgésico, muito utilizado na Medicina: a morfina. A heroína também se origina
do ópio e, curiosamente, surgiu para tratar a dependência da morfina. Estas drogas causam intensa
dependência e desenvolvem tolerância mesmo quando utilizadas em doses terapêuticas.
O efeito obtido com o uso de opiáceos é variável com a dose e sensibilidade do usuário.
Produz uma sensação de prazer semelhante a um orgasmo, acompanha pela sensação de que se está
flutuando e de que tudo está bem.
Observando alguém sob efeito desta droga, você vai percebe-lo apático, letárgico, com
respiração superficial, hipotensão ortostática, vasodilatação e miose (contração da pupila), podendo
apresentar diminuição da mobilidade intestinal e obstipação.
Como sua abstinência é muito desagradável, o indivíduo necessita estar a maior parte do
tempo sob o efeito da droga e, a menos que tenha uma boa situação financeira, muitas vezes se vê
obrigado a realizar atividades criminosas para manter o seu uso.
Alguns autores defenderem que até a quarta ou quinta dose, o uso dessas drogas se dá pela
curiosidade ou para obter seus efeitos euforizantes. A partir daí, o que o usuário deseja é evitar as
reações de abstinência.
Dentre os psicotogênicos, temos a maconha e os alucinógenos. Derivada da Camabis sativa,
a maconha tem seus efeitos variáveis de acordo com as características genéticas da planta, o local
de cultivo, o tempo decorrido após a colheita e condições de estocagem. A parte da planta a ser
aproveitada interfere no nome que recebe. Quando compõe-se de folhas e flores é chamada de
maconha; quando composta apenas de flores, é mais potente e denomina-se ganja. A mais potente
de todas as preparações chama-se haxixe, sendo composta da resina obtida da planta.

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Usualmente as preparações de Cannabis são fumadas, produzindo efeitos mais fortes e
intensos que quando ingeridas com alimentos. Embora existam inúmeros fatores que influenciem
com alimentos. Embora existam inúmeros fatores que influenciam nos efeitos dessa droga, como
ambiente, a expectativa, as condições físicas e até a personalidade de quem usa, em geral inclui-se a
euforia, alterações da sensopercepção, diminuição do senso de identidade e algumas vezes
alucinações visuais e auditivas.
Os sinais que possibilitam identificar os usuários crônicos dessas drogas incluem: olhos
vermelhos, diminuição da força muscular, taquicardia, sedação e sono.
Embora seja muito popularizada e muitas vezes se diga que é inofensiva, a maconha, em
altas doses, ocasiona um estado de intoxicação aguda com idéias de perseguição, despersonalização,
excitação e alucinações. Em alguns casos, surgem os distúrbios de pânico.
Em pessoas não acostumadas com seu uso, este estado de intoxicação pode ocorrer mesmo
em pequenas doses.
O uso freqüente dessas drogas pode desenvolver tolerância, e seu uso prolongado pode levar
a uma síndrome caracterizada por apatia, falta de iniciativa, de crítica e de satisfação.Também pode
surgir uma psicose paranóide ( psicose “canabínica”) ou a precipitação de psicoses semelhantes à
esquizofrenia.
Já os alucinógenos são drogas capazes de produzir a alteração da sensopercepção. Seu
representante mais potente é a dietilamida de ácido lisérgico, mais conhecida como LSD, que com
uma dose diária de 25mg por via oral produz efeitos por até 6 horas. Devido a isso, o uso dessas
drogas, bem como os das demais drogas deste grupo, como a Mescalina e a Ipomea, é periódico
e não contínuo. Além disso, embora desenvolva tolerância, esta desparece com facilidade, e como
não causa dependência física ( apenas psicológica), não exige administrações repetidas para impedir
os sintomas de abstinência.
Os efeitos provocados para essas drogas incluem euforia, depressão, ansiedade, perda da
noção de temo e espaço, forma e cores, alucinações visuais algumas vezes bastante complexas,
idéias delirantes de grandeza ou de perseguição, despersonalização, midríase (dilatação da pupila),
hipertermia e hipertensão.
Durante as “viagens” ( sensação experimentada quando sob o uso da droga) algumas vezes
podem surgir a sensação de pânico, experiência de despersonalização, perda de identidade – o que
caracteriza as “viagens más”, que podem levar os suicídio.
Este tipo de droga pode levar o indivíduo a apresentar os flash-backs, ou seja, re-
experimentar as alterações de sensorpercepção tempos após ter ingerido a droga.

Terapias psicossocias

Dentro desse conceito se agrupam vários tipos de atendimento terapêutico e nem sempre fica
muito claro o paciente, sua família e até para os outros profissionais como são e para que servem
esses atendimentos. É importante que isso fique esclarecido a fim de que não tenham um caráter
“burocrático” – fazer porque tem que fazer ou “porque o doutor mandou”. Muitas vezes é para o
auxiliar de enfermagem que o paciente vai expor suas dúvidas. Por isso, é importante que ele saiba
do que se tratam os atendimentos, para que possa tranqüilizar o paciente, aconselhando-o sempre o
discutir suas dúvidas com o profissional que o atende.
Podemos dividir as terapias psicossociais em dois grupos: as psicoterapias e as terapias pela
atividade.
O tratamento psicoterápico é, na maior parte das vezes, realizado pelo psicólogo (às vezes
também pode ser feito pelo psiquiatra ) e seu objeto é variável de acordo com o caso, mas, em
linhas gerais, vias ajudar o indivíduo a retomar um estado de equilíbrio pessoal.
O atendimento psicoterápico pode ser feito de forma individual em que o paciente fica
sozinho com o terapeuta; em grupo em que estes são relativamente pequenos, onde são tratadas não
apenas as dificuldades de cada um, mas também o relacionamento do grupo como um todo; em

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família, onde o também é feito com o paciente e sua família e voltado para o reestabelecimento do
equilíbrio familiar, essencial, muitas vezes, à melhora do paciente, conjugal, sendo semelhante ao
anterior, só que apenas o paciente e seu cônjuge são atendidos.17
Cada psicoterapeuta pode ter uma forma diferente de lidar com o paciente, seja por seu jeito
pessoal ( se é mais fechado ou mais expansivo), seja pela sua abordagem de tratamento. As
abordagens mais comuns são:
• Terapia cognitivo-comportamental – Aborda os pensamentos e comportamento atuais.
• Psicanálise – Aborda as razões inconscientes dos problemas atuais.
• Psicodrama – Atua com dramatizações de situações.
• Terapias interpessoais – Abordam os relacionamentos atuais.
• Terapias pela Atividade - Sob esse título, agrupamos as atividades terapêuticas que usam
a atividade do paciente como ponto principal. Podemos classifica-las como ocupacionais e
recreativas.
• Terapia ocupacional – Constitui importante modalidade de atendimento, indispensável nos
casos mais graves, como a esquizofrenia, que oferece ao paciente diferentes possibilidades
de atividades laborativa ( de trabalho), geralmente em forma de “oficinas terapêuticas”, isto
é, grupos de pacientes que se reúnem para realizar um trabalho em comum.
As oficinas terapêuticas têm o objetivo de oferecer ao individuo com transtorno
mental diferentes possibilidades de se expressar no mundo, estabelecendo com ele um canal de
comunicação mais saudável; por se dar em grupo, estimula o relacionamento interpessoal, ajuda o
paciente a lidar com conquista e frustações e a desenvolver maior independência, retomando aos
poucos a responsabilidade por seus atos.
Alguns tipos de oficinas terapêuticas que podemos citar são: de poesia, de teatro, de música
e canto, de radiofonia, de marcenaria, pintura, artesanato, informática, jardinagem, do corpo ( tai chi
chuan, dança, capoeira ) e outras.
Os pacientes geralmente escolhem aquelas das quais desejam participar com a ajuda do
terapeuta ocupacional e outros profissionais, e pacientes habilidades podem atuar como monitores.
As oficinas terapêuticas constituem importante instrumento de ligação, inclusive com a
sociedade como um todo, se forem articuladas atividades reunindo outros segmentos da sociedade –
por exemplo, a exposição dos trabalhos realizados pelos pacientes.
- Terapia recreativa – Tem objetivos parecidos com os da terapia ocupacional, mas as
atividades desenvolvidas têm um cunho recreativo, tais como os jogos, atividades esportivas, festas
e comemorações.
Os pacientes também podem ser envolvidos nas tarefas de rotina de acordo com suas
condições e desejo de participar, sem, no entanto, serem obrigados a isso ou substituírem os
profissionais em suas funções.

ECT – eletroconvulsoterapia ou eletrochoque

É um tipo de tratamento que consiste em fazer passar uma corrente elétrica pelo corpo, por
meio de eletrodos colocados em uma ou ambas as têmporas, produzindo alterações neuroquímica e
neuroendrócrinas. O tempo de aplicação é de 5 a 15 segundos, não bastando apenas uma sessão.
Normalmente são prescritas várias aplicações.
A ECT é prescrita sempre pelo psiquiatra, e hoje em dia seu uso se restringe aos casos de
depressão grave que não respondam a outras formas de tratamento e estado de grande agitação e
desorganização.
17
A abordagem de atendimento é algo específico do terapeuta, mas o auxiliar de enfermagem freqüentemente ouvirá
comentários a respeito do jeito que o psicoterapeuta atende, sendo essencial que oriente o paciente a tirar suas dúvidas
com o próprio profissional. No entanto, acontece de o auxiliar de enfermagem formar imagens de certo e errado em
relação à forma de tratar de cada um, o que pode ser um problema. Por isso, deve, ele próprio, procurar informar-se
diante de suas dúvidas.

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Você pode observar que, em ambos os casos, há risco de vida para o paciente, e estes
costumam responder a tal tipo de terapia.
O eletrochoque é aplicado por uma equipe composta de psiquiatra, enfermeiro, anestesista e
auxiliar ou técnico em enfermagem. È realizado em uma sala especifica de unidade, que desde o
inicio deve estar preparada para o caso de surgir uma emergência, com medicações de urgência,
como sulfato de Atropina, Cloreto de Cálcio, Diazepan, Lidocaína, Bicarbonato de Sódio
e outros, assim como material que inclua: aspirador ( em bom estado de funcionamento),
eletrocardiógrafo, material para infusão venosa, desfibrilador, laringoscópio, tubo endotraquial,
tubo de oxigênio com manômetro , protetor de língua etc.
Procurando amenizar os efeitos e evitar complicações fisiológicos e legais do uso do
eletrochoque, é importante que antes do procedimento o auxiliar de enfermagem tome alguns
cuidados.
Antes de encaminhar o paciente ao procedimento, é preciso confirma a prescrição médica no
prontuário e a autorização da família através da assinatura na folha de consentimento.
Descreve ao paciente o procedimento, mesmo que pensemos que ele não compreenda,
tranqüilizando-o e escutando seus receios, enquanto o acompanha a sala do procedimento.
Para diminuir o risco do vômitos e broncoaspiração, o paciente deve estar em jejum por pelo
menos 4 horas.
Estando prescrita ( Artropina, Diazepan), administrar a mediação aproximadamente 30
minutos antes do procedimento.
Como o procedimento causa o relaxamento dos esfíncteres, é importante solicitar que urine e
evacue previamente.
Procurando oferecer mais conforto e evitar lesões corporais, vesti-lo/a com pijama ou
camisola larga, como também pedir que retire grampos, jóias e/ou prótese e colocar protetor de
língua.
Para manter as vias aéreas pérveas, pedir ao paciente que se deite em decúbito dorsal em
travesseiro, verificando os sinais vitais em busca de anormalidades na iminência do tratamento,
registrando e avisando à enfermeira ou ao médico, caso encontre alterações.
Untar as têmporas do paciente com geléia eletrolítica para instalação dos eletrodos e para
melhor condução elétrica, auxiliar o anestesista na administração de anestésicos.
Nesse ponto, o psiquiatra realizará o eletrochoque:
Imediatamente após a aplicação acontecem convulsões crônicas que podem ser
acompanhadas de salivação, lacrimejamento, sudorese e por vezes ejaculação e emissão de urina. A
equipe deve proceder de forma muito rápida, procurando evitar complicações ao tratamento.
Para tanto é preciso proteger as articulações temporo-mandibular, escapulo-umeral, coxo
femural e dos joelhos durante a convulsão, para evitar luxações ou fraturas.
Virar a cabeça do paciente para o lado, após a convulsão, mantendo as vias respiratórias
permeáveis, aspirando secreções e administrando oxigênio.
Permanecer junto ao paciente até que volte a consciência (o que pode acontecer
rapidamente), atentando para seu estado neuromuscular, cardiorrespiratório e mental, mantendo-o
em posição de segurança (de lado ou em sims) como também verificar sinais visuais, procurando
identificar anormalidades.
Ajuda-lo a orientar-se ao acordar, pois seu estado de confusão dura várias horas, e isso pode
assusta-lo; procurando observar e registrar queixas de cefaléia, amnésia e confusão mental
decorrentes das alterações das ondas cerebrais. Ajuda-lo a levantar-se e verificar se há hipotensão
postural.
Deixa-lo dormir se desejar ou acompanha-lo ao refeitório para desjejum.
Registrar todo o procedimento em prontuário, após recolher todo o material, envia-lo a
esterilização conforme o caso e deixar a sala de tratamento arrumada.
As complicações do tratamento são decorrentes de descarga elétrica e de acidentes durante o
procedimento. As mais comuns são: apnéia prolongada; acidentes osteoarticulares; cefaléias;

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mordedura de língua ou do lábio inferior; perda da memória, que pode se recuperar nos seis meses
seguintes; confusão, que pode alterar as relações, provocando desorientação.

8 - CONDUTAS DO TÉCNICO DE ENFERMAGEM E AUXILIARES NO SETOR DE


SAÚDE MENTAL.
8.1 SETORES DE ATENDIMENTO EM SAÚDE MENTAL

A criatividade é marca registrada da rede terapêutica que envolve a saúde mental. A partir
da reforma psiquiátrica dos fins dos anos 1980 – 1990, que abre as portas dos asilos e manicômios,
passa-se a enxergar o portador de transtorno mental, com o alguém que está “vivo” e, portanto,
“reabilitável”. Diante das três áreas de atuação (primária, secundária e terciária) começam a surgir
a cada dia novas e revolucionárias alternativas e estratégias que permitem levar a cabo o tratamento
de transtornos psíquicos, sejam agudos, crônicos ou de reabilitação.
Gradualmente, o hospital psiquiátrico deixa de ser uma instituição fechada para se tornar
palco de uma assistências de portas abertas, integrada numa rede de saúde regional. Se dizemos
gradualmente, é porque não se pode romper de repente com pensamentos, preconceitos e medos,
mantidos a séculos, principalmente em um pais onde as condições de amparo social ainda
encontram-se deficientes.
O investimento no tratamento ambulatorial passou a inovar formas mais eficazes de atender
e reinserir na sociedade os portadores crônicos de transtornos mentais.
Desta forma, para que não houvesse um rompimento abrupto entre a unidade de internação e
o atendimento ambulatorial, surgiram estruturas intermediárias entre a hospitalização psiquiátrica
e a integração do paciente a sociedade, que receberam nomes como hospitais-dia, lares abrigados,
CAPS, com atuações diferentes descritas a seguir:
Os hospitais-dia são locais onde o paciente passa um período limitado (algum as horas
durante o dia) sem se afastar de seu meio social, familiar, de trabalho acadêmico, prevenindo assim
a reclusão e a marginalização do paciente, ao mesmo tempo em que proporciona a sua reabilitação
e reinserção social. Dispõe de um grupo terapêutico que da ênfase a manifestações clinicas e
terapêuticas.
Num hospital-dia, trabalha-se com terapias individuais, com intervenções familiares mas,
sobretudo trabalha-se em grupos, assim dominados; grupos de pacientes , grupo terapêutico (equipe
terapêutica e pacientes) e equipe terapêutica (equipe multiprofissional e interdisciplinar).
De forma direta ou indireta, toda equipe terapêutica participa nas diferentes atividades
assistenciais, fazendo com que haja uma tomada de decisões de forma conjunta, troca de in
formações entre os diferentes profissionais, planejamento e estabelecimento conjunto do conteúdo
das atividades assistenciais e, definição por todos os papéis e tarefas de cada membro da equipe em
cada uma delas.
As atividades terapêuticas de um hospital-dia podem se resumir em:
• Reuniões matinais - como o nome in dica, acontece na primeira hora da manhã, como
uma forma de acolhimento entre a equipe terapêutica e os pacientes. Permite à equipe
prever a demanda de trabalho que o grupo de pacientes vai solicitar, possibilitando
novas estratégias , caso haja necessidade.
• Sessões de expressão corporal, musicoterapia e dramatização, mobilização corporal e
psicomotricidade - pode participar qualquer membro da equipe, além dos pacientes e o
monitor ou terapeuta correspondente.
• Assembléia de grupo terapêutico – participa todo grupo terapêutico (equipe e pacientes).
• Psicoterapia de grupo - Participam pacientes, com um psicólogo e outro membro da
equipe.
• Psicodrama - Necessita de um psicodramatista e outros membros da equipe, além do
grupo de pacientes.

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 408 ENFERMAGEM EM SAÚDE MENTAL
• Dinâmicas de grupos ou grupos de discussão – necessita do grupo terapêutico completo.
• Atividade de animação sociocultural - pode participar toda a equipe terapêutica com o
grupo de pacientes .
• Oficinas de expressão plástica – Terapeuta ocupacional, a enfermagem e o grupo de
pacientes.
• Psicoterapia individual – psicólogo e paciente.
• Intervenções familiares – Realizadas entre psicólogo ou psiquiatra , paciente e família.
• Tratamento psicofarmacológico – Realizado pelo psiquiatra, enfermeiro, técnico ou
auxiliar de enfermagem e paciente.
As atividades do Técnico e auxiliar de enfermagem serão definidas como as dos demais
membros da equipe multiprofissional, através de reuniões onde levanta-se as necessidades. Porém o
registro de suas observações é indispensável. É muito importante que você registre tudo o que
observar nos pacientes, desde aspectos físicos, conduta até a participação nas atividades.
Os Lares Abrigados são locais onde podem viver ou morar um grupo de portadores de
transtornos mentais num clima familiar, sob tutela de uma equipe assistencial, por um período mais
ou menos longo. É totalmente integrado à comunidade e permite uma vida autônoma. Não raro,
devido à ausência da família, alguns lares tornam-se uma residência definitiva.
A equipe que trabalha com lares abrigados apresenta um programa estruturado cujos
objetivos são o desenvolvimento da autonomia da pessoa e do grupo e a ressocialização. Para
detectar se estes objetivos foram atingidos, são necessárias reuniões periódicas entre os
profissionais da equipe. Essas reuniões servem para os levantamentos de problemas e conflitos que
surgem nas relações e nas tarefas cotidianas para ajudar a supera-los.
A equipe de enfermagem assume aqui uma importância vital. Ela é quem mais está presente
em visitas e as suas orientações de educação em saúde e higiene são indispensáveis. Nestes lares, a
detecção precoce de agravos à saúde assume tal relevância que pode por o trabalho a perder caso
falhe.
Também está a cargo da equipe de enfermagem a supervisão e, em alguns casos, até a
administração medicamentos, assim como a detecção de possíveis efeitos colaterais.
O CAPS ( Centro de Atenção Psicossocial) é uma forma de assistência do SUS para
problemas de Saúde Mental individual ou coletiva que se distingue principalmente pelo acesso
local. É um exercício de democracia, pois atua com uma sensível redução da hierarquia
assistente/assistido. Essa parece ser, na verdade, a maior diferença entre os CAPSs e os hospitais-
dia, pois o CAPS questiona os papéis da equipe na família e na comunidade.
Atua através de Oficinas onde realizam-se trabalhos manuais e artísticos, que proporcionam
ao usuário via de acesso à expressão de seus sentimentos, emoções, criatividade. Mas quando
necessário pode ser feito o atendimento individual.
Desde trabalho surgiram as Associações, formadas a partir de grupos de egressos dos
hospitais psiquiátricos, que se organizaram e incorporaram familiares e profissionais de diversas
áreas, em busca dos direitos dos usuários do serviço de saúde mental na defesa de sua cidadania.
Não negam a marca que o faz singulares, porém lembram que são iguais a todos os cidadãos, com
direito a saúde, lazer, amor, segurança e sobretudo RESPEITO. Estas associações deram origem a
articulação Nacional da Luta Antimanicomial.
Com a organização e o trabalho desses usuários do serviço, que descobrem suas próprias e
ilimitadas capacidade, surgem as cooperativas. Seu funcionamento não se distingue em muito das
demais cooperativas, a não ser pela disposição dos pacientes que nela atuam e que há muito não
perecebiam-se como seres capazes. Embora funcionem nas dependências do CAPS, seu lucro é
revertido para a própria cooperativa.
De acordo com a realidade local, o CAPS assume táticas diferentes para enfrentar os
problemas decorrentes das diversas formas de viver. Assim você jamais encontrará um CAPS igual
ao outro. Porém, eles trazem como ponto comum a luta pela desospitalização, a realização das
oficinas terapêuticas e atuação de uma equipe multiprofissional. Pode atuar em associação com uma

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 409 ENFERMAGEM EM SAÚDE MENTAL
emergência psiquiátrica, e o paciente que sai deste setor será avaliado imediatamente para ser
inserido em atividades do CAPS, sem que haja necessidade de internação.
“Dizem que a primeira impressão é a que fica”. Esta frase popular bem pode estar
expressando uma realidade quando pensamos em assitência em saúde. No setor de Saúde Mental,
ela assume uma conotação especial, pois a sensação que o paciente experimenta quando chega ao
setor não é somente relevante; assume um papel essencial no seu tratamento.
A maneira como é recebido, a expressão das pessoas que lhe atendem ou mesmo o tom de
voz com que falam, são capazes de gerar sentimentos que tanto podem determinar o tratamento
como afastar o indivíduo. Não é raro o paciente sair de um setor de atendimento jurando que não
volta mais porque foi maltratado pelo profissional pelo profissional que o atendeu ou porque não
“foi com a cara” daquele profissional. Não cabe discutirmos aqui se ele volta ou não ao setor, mas
sim no tempo em que ele adiará o tratamento.
A recepção do paciente é o primeiro item quando nos referimos ao ambiente terapêutico. E
embora o auxiliar de enfermagem seja o profissional que, normalmente, recepciona uma pessoa que
procura um setor de saúde, não é o único responsável pela manutenção deste ambiente.
Um ambiente terapêutico é aquele em que o individuo consegue se sentir bem e seguro,
física e psicologicamente, e que ao mesmo tempo estimule a recuperação da saúde. Alguns fatores
são indispensáveis para que se promova um ambiente terapêutico. E por mais incrível que pareça,
promover um ambiente não é muito diferente do que preparar a sua casa para uma festa.
Planta física – O ambiente deve ser arejado e de preferência amplo e bem iluminado, de
modo a transmitir sensação de segurança e bem-estar. O profissional deve preocupar-se em tornar o
ambiente o mais belo e agradável possível, simples porém aconchegante.
Higiene ambiental – Ninguém pode sentir-se bem num ambiente sujo. Muitas vezes devido
ao fato de que os transtornos mentais não são transmissíveis, os profissionais de saúde tendem a
relaxar com a manutenção da higiene. No entanto, é importante que ela mantenha-se não somente
pela questão do bem-estar, mas também para evitar surtos de doenças infecto-parasitárias e
infestações.
Arrumação e decoração – O excesso de mobília ou o mobiliário mal disposto, além de
tumultuar o ambiente, podem atrapalhar o atendimento num caso de emergência. Também deve-se
evitar objetos e adornos que possam por em risco a segurança, assim como objetos ou imagens
religiosas ou ritualistas. Isso faz parte do respeito ao que cada um acredita. É importante a
participação de todos nestas questão, inclusive dos pacientes.
Som ambiente – Não obstante os avanços da musicoterapia, a utilização de aparelhos
sonoros favorece a formação de um ambiente terapêutico. Ao contrário, uma escolha inadequada
pode causar irritação e até mesmo desencadear crises. Por isso, a escolha de músicas, bem como o
momento de utiliza-las, devem sempre ser orientada por um profissional competente ( se possível
um musicoterapeuta ). Vale ressaltar ainda o emprego freqüente de músicas religiosas, que também
são contra-indicadas, pois é muito importante respeitar a religião de todos.
Atividades – Num ambiente terapêutico, o paciente não vegeta pelos corredores e salas em
uma atitude passiva. Neste ambiente, embora tenha tempo para repousar ou refletir, ele mantém-se
em atividades como reunião de grupo, exercício físicos, trabalhos manuais e outros.
A equipe terapêutica – é formada por vários profissionais, dependendo de cada programa
terapêutico que o tratamento englobe. Na equipe básica encontram-se o enfermeiro, psicólogo,
psiquiatra, assistente social, técnico e auxiliares de enfermagem. Pode contar ainda com terapeuta
ocupacional, nutricionista, professores de Educação Física, musicoterapia, fisioterapeuta,
fonoaudiólogo, animador sóciocultural, artista plástico etc.
A chave de um ambiente terapêuticos está no estabelecimento de uma relação de confiança
entre a equipe terapêutica e os paciente.

Relações terapêuticas: a ferramenta indispensável

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 410 ENFERMAGEM EM SAÚDE MENTAL
Relação terapêutica é aquela que se estabelece entre o membro da equipe terapêutica, os
familiares e todo o grupo de pacientes. Uma vez estabelecida, torna-se uma ferramenta de trabalho
importantíssima para que o profissional possa intervir junto ao paciente.
Para que o profissional consiga estabelecer uma relação terapêutica, é muito importante o
seu autoconhecimento, para que não confunda seus desejos, crenças, valores morais, necessidades,
sentimentos e emoções com as do paciente, o que o levaria a fazer interpretações erradas.
Certa vez, num registro de enfermagem, encontrou-se a seguinte anotação: “Paciente tenso
com o fato de sua mulher não ter comparecido a visita. Diz que ela nunca o amou e que só se casou
com ela para não ficar solteira. Fala que quer morrer por isso. Aconselhei que tivesse mais fé em
Deus, não pesasse mais em morrer, e que assim que estivesse bom voltasse para sua terra e
arrumase uma outra mulher”.
Uma relação, para ser terapêutica, necessita de um início de confiança, de aceitação e de
comunicação clara. A comunicação verbal com o paciente portador de transtorno mental nem
sempre é muito fácil, e algumas técnicas podem auxiliar para favorecer o autoconhecimento do
paciente na mesma medida em que você o compreende.
Escuta – É muito importante que você escute o que o paciente tem a dizer, mostrando-se
receptivo, olhando-o numa atitude aberta, de modo que ele perceba a sua importância.
Paráfrase – Consiste em repetir ao paciente o conteúdo do que disse, com o objetivo de faze-
lo tomar consicência do que falou.
Clarificação – Pode-se pedir ao paciente que torne a mensagem mais clara, para que se
compreendo o que foi dito ou para complementar uma idéia exposta.
Frases por repetição – Quando um paciente não bloqueado, pode-se repetir uma palavra ou
uma frase no decorrer da conversa para convida-lo a falar mais.
Propostas abertas – Trata-se de permitir que o paciente conduza e escolha o assunto.

Intervenções do Técnico e do auxiliar de enfermagem diante de determinados


comportamentos.

Até agora vimos maneiras de promover um ambiente terapêutico e estabelecer uma relação
terapêutica com o paciente, mas no que se refere ao auxiliar de enfermagem isto não é o suficiente.
É necessário intervir par ajuda-lo na manutenção da integridade física também, e o relacionamento
terapêutico é a ferramenta para atingir os objetivos que, neste caso, não correspondem a tecer
diagnósticos ou fornecer rótulos do tipo “esquizofrênico”, “psicótico”, “deprimido” e outros.
Mais importante do que conhecer diagnósticos é saber identificar determinados
comportamentos nos pacientes que atende e conseguir lidar com cada um deles individualmente, de
modo a atender e conseguir lidar com cada um deles individualmente, de modo a atender suas
necessidades básicas. Para isso, o auxiliar de enfermagem deve seguir a prescrição de enfermagem
que é realizada pelo enfermeiro a partir dos problemas apresentados pelo paciente e buscar formas
de agir de acordo com o comportamento que detectar no momento. O registro de todas as
observações e procedimentos é sempre um cuidado indispensável.

• Diante do paciente ansioso:


“Eu já não durno direito. Morto de medo e tudo. Tem horas que me dá uma crise e eu
preciso estar perto de alguém. Eu sei que parece um absurdo, mas não consigo controlar”.

Você se lembra das reações de um paciente com transtorno de ansiedade?


Este é, muitas vezes, tido por toda a equipe como um paciente “chato”. Pode apresentar
vários níveis, assim como vários aspectos para a sua ansiedade. Muitas vezes queixa-se de medos
injustificáveis, “incomoda” e solicita a equipe em demasia, pois sentir-se só diante de tantos medos
pode ser ainda mais assustador, não acha?

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 411 ENFERMAGEM EM SAÚDE MENTAL
Na manutenção de um ambiente terapêutico, ouvir as queixas e receios é essencial, em todos
os casos. Mostrar-se tranqüilo, utilizando frases curtas, com um tom de voz firme, na conversação
também pode ajudar.
Este indivíduo pode apresentar um padrão respiratório ineficaz. Portanto, você deve
observar a possibilidade de estar usando roupas muito apertadas, auxilia-lo e estimula-lo na
execução de exercícios respiratórios, além de observar a coloração de mucosas e leito ungueal.
É muito importante observar também o padrão de alimentação ( pode apresentar hiperfagia)
e uma nutricionista pode lhe fornecer orientações quando à dieta mais adequada para evitar aumento
ponderal exagerado. As excretas devem ser observadas e anotadas.
Você deve orientar sempre o indivíduo em relação ao tempo, espaço e pessoas caso esteja
desorientado, porém é inútil tentar mostrar lhe que o medo que sente é irreal. Dizer-lhe que não
deve ser preocupar pode fazer com que se sinta incompreendido e sozinho, aumentando, assim a
tensão.
Pode ser bastante salutar a sua participação em atividades simples, porém são competitivas,
e você deve estimula-lo. Inicialmente, é esperado que ele apresente medo de realiza-las. É inútil
tentar provocar situações para que ele “perca o medo”, correndo-se o risco de faze-lo entrar em
pânico. Comece participando com ele, até que se sinta seguro.
• Diante do paciente deprimido:
“Eu sinto vontade de morrer. Já tentei suicídio por três vezes. Acho que estou sendo um
estorvo na vida de meu marido e meus filhos. Eles são muito bons para mim e eu não queria
mais atrapalha-los”.

Este paciente apresenta-se triste, culpado e isolado. É descrito muitas vezes como “baixo
astral”. É comum encontrarmos membros da equipe que não gostam de trabalhar com esse tipo de
paciente, por razões óbvias. Pode ser muito difícil ver nos outros um quadro agravado do que
sentimos, e depressões não é um problema incomum.
Para lidar com este tipo de transtorno, é necessário que o profissional se concientize de que
“sentir pena” não só ajuda como pode atrapalhar. O ambiente terapêutico requer respeito, e “sentir
pena” pode não ser a melhor forma de demonstra-lo.
O maior risco em lidar com esse tipo de paciente é o de suicídio ( esse risco aumenta
quando começa a melhorar de seu transtorno). Este deve ser mantido sob vigilância quando em uso
de objetos pontiagudos e cortantes e cordas – isto é, tudo o que possa por em risco a sua integridade
física – até que passe o perigo. Esta vigilância deve ser discreta para não lembrar ao paciente todo
tempo de seu risco.
Você pode perguntar ao paciente se deseja morrer, pois a pergunta não irá induzi-lo. No
entanto, fornecerá um dado para seus cuidados. Porém, é contra-indicado tecer comentários quando
a essa atitude. Sua presença constante, ouvindo-o e participando das atividades, é uma boa maneira
de manter a vigilância e intergrá-lo ao grupo. Caso o paciente pergunte se está sendo vigiado, você
pode lembra-lo ao grupo. Caso o paciente pergunte se está sendo vigiado, você pode lembra-lo de
que já fez referência à vontade ou tentativa de morrer e que a equipe protegêlo. É um bom momento
para faze-lo sentir-se valorizado.
Certo profissional, depois de ouvir um paciente falar que tomou 20 comprimidos de
Diazepan porque queria morrer, afirmou: “Você não queria morrer! Quem quer morrer dá logo
um tiro na cabeça!” Dois dias depois, recebeu a notícia de que o paciente se suicidara. Com um tiro
na cabeça.
No caso de uma tentativa de suicídio, o auxiliar deve prestar os primeiros socorros (
hemorragia, asfixia etc), evitar deixar o paciente sozinho e, uma vez que ele seja removido, atuar
junto ao outros pacientes para evitar o pânico.
Um paciente deprimido costuma se descuidar de seus cuidados básicos por não valoriza-los
ou por achar que deve ser punido. Por isso, é muito importante a enfermagem estar atenta a questão
como:

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 412 ENFERMAGEM EM SAÚDE MENTAL
• Alimentação – A comida deve ter bom aspecto e temperatura adequada. No caso de
se recusar a comer, deve-se fracionar a dieta.
• Hidratação – Deve-se ter uma atenção especial a este item, observando na pele e
mucosas qualquer sinal de desidratação e oferencendo líquido em abundância.
• Excreta – Observar se está defecando e se há algum sinal de alteração. Como muitas
vezes fica acamado, pode apresentar constipação.
• Perda ponderal – O paciente com depressão grave deve ser pesado diariamente.
• Sinais de infecções ou lesões – Deve-se examinar o paciente em busca de sinais que
possam ocasionar uma solução de continuidade.
• Vestuário – É importante valorizar o aquecimento do corpo, pois sua circulação pode
estar mais lenta. Estar bem vestido, arrumado e penteado também pode melhorar sua
aparência e auto-estima.
• Medidas posturais de conforto. Consiste em evitar transtornos musculares por
posições inadequadas.
• Padrões de sono e repouso – Observar o tempo que o paciente dorme e se pela manhã
se sente pior.
• Atividade física – Estimula-lo a realizar atividade físicas (pequenos períodos ao
longo do dia), procurando saber como se sentiu ao realiza-las e quais são as de sua
preferência.
• Diante de um agitados:
“ Não agüento mais meu irmão. Ele quase não dorme, e o pior é que não me deixa dormir.
Anda pela casa a noite inteira falando e cantando. Agora inventou de anunciar a volta de
Jesus, e anda por tudo quando é ônibus e metrôs”...
A equipe muitas vezes descreve esse paciente como “irritante”, e numa equipe despreparada
pode muitas vezes ser alvo de zombarias e deboches. É extremamente ativo, pode falar, gritar,
cantar, dançar etc.
A melhor forma de interagir com ele é chama-lo para as atividades e conversar sobre
assuntos gerais. Você deve estabelecer limites para ele, porém somente após ter criado com ele uma
relação de confiança e, mesmo assim, com o cuidado de não faze-lo de forma autoritária para não
provocar reações desagradáveis que possam gerar a necessidade de conte-lo.
Este é um paciente que dorme pouco e em geral acorda cedo. Pode evitar-se de maneira
extravagante, com cores berrantes e vários enfeites, utilzando-se de forma desarmônica. Também
alimenta-se mal, pois sua hiperatividade não lhe permite sentar para alimentar-se. É possa ingerir
enquanto mantém a atividade. A aferição de seus sinais vitais, perda ponderal e grau de hidratação
são imprescindíveis.
“ Eu gosto da minha mãe, mas não confio nela. Existem muitos interesses na minha
pessoa...”
Este é o paciente descrito pela equipe como “difícil”. É claro que sua desconfiança pode
apresentar um grau variado, desde a dúvida até delírios paranóicos, porém é importante estar ciente
que este paciente pode estar pronto a responder de maneira ameaçadora, agitando-se e tornando-se
agressivo. Com freqüência, interpreta mal qualquer comentário. É como se estivesse se defendendo
todo o tempo. Por estas razões tende a provocar o medo das outras pessoais, causando o seu
afastamento.
Ganhar a confiança deste paciente não é fácil. No entanto, mantê-la é quase impossível.
Qualquer atitude não planejada pode gerar desconfiança. É preciso ter cuidado com mensagens
verbais e não-verbais para evitar que “confirmem suas suspeitas”. Deve-se evitar situações que lhe
provoquem ansiedade.
A alimentação e hidratação desse paciente pode estar prejudicada, pois ele pode achar que
estão tentando envenena-lo. Por isso deve-se permitir que escolha o que deseja comer e, se possível,

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 413 ENFERMAGEM EM SAÚDE MENTAL
que ele mesmo prepare seus alimentos. Pelo mesmo motivo, deve-se verificar sua boca após a
administração de medicamentos, ou administra-los na forma líquida.
Manter uma conduta firme a franca com o paciente, ouvindo seus receios, pode ser uma boa
maneira de ganhar sua confiança.
• Diante do paciente com comportamento anti-social:
São vistos na equipe como “sedutores” e desafiadores. Não se consideram doentes e, se
buscam o serviço de Saúde Mental, geralmente o fazem por alguma imposição. Apresentam boa
verbalização, são inteligentes e agradáveis, atributos que muitas vezes usam para atrair simpatia e
conseguir o que querem. É importante que o profissional de saúde esteja alerta a estas manobras,
para não ser usado.
Nesta categoria, podem estar incluídos os dependentes de drogas ilícitas e os alcoolistas.
Deve-se estar alerta aos sinais de intoxicações ou abstinência.
Conselhos ou promessas “atrancadas” destes pacientes não serão capazes de resolver seus
problemas enquanto não admitirem que têm um problema para controlar o uso da substância. É
bastante útil estimula-los a participar de atividades.
Em redação ao potencial de violência, o auxiliar de enfermagem não deve demonstrar
receio, porém não deve se expor desnecessariamente. É conveniente solicitar a ajuda de mais
pessoas do serviço e até mesmo conter o paciente em caso de necessidade. O que não deve ser
esquecido é que, seja qual for a medida adotada, ela deve vir acompanhada de respeito pelo
indivíduo, evitando-se desafios do tipo: “Vem combater agora!” Também é indispensável que se
explique ao paciente que a medida adotada se deu porque ele passou do limite ou para protege-lo.
As contenções podem ser mediamentos (química) ou mecânica (física). As primeiras são
sempre prescritas pelo psiquiatra. As contenções mecânicas são sempre prescritas pelo psiquiatra.
As contenções mecânicas são indicadas em estados de agitação não controláveis com medicação ou
em episódios agudos, como conduta violenta que implique em risco de lesões físicas para si e para
os outros.
Perante a necessidade de contenção mecânica, é importante que esta seja feita por
profissionais preparados, para evitar agravos ao paciente. Para tal, é necessária a utilização de
técnicas apropriadas e uma boa dose de compressão e carinho.
Para realizar uma contenção mecânica você necessita de ataduras, braçadeiras, camisa de
força e/ou lençóis, podendo também ser realizada com o corpo do profissional de saúde ou de outra
pessoa.
O emprego das técnica deve ser feito com firmeza e rapidez, longe dos olhos de outros
pacientes para não impressionálos. Acima de tudo, nunca se emprega uma contenção se não for
abasolutamente necessário e sem passar informações ao paciente durante todos os procedimento.
Ele não deve ser sentir agredito.
Os outros membros da equipe terapêutica devem estar avisados e alertas, quando a medida
adotada para que apóiem aos profissionais envolvidos e demais pacientes, evitando maiores
transtornos.
Para evitar fraturas que podem ser ocasionadas por uma queda, procura-se colocar o paciente
no chão o mais depressa possível, segurando-o pelos ombros, braços e pernas. Reter o paciente,
apurando o pescoço “numa gravata” ou o tórax, pode causar acidentes.
Proceder a contenção mecânica com camisa-de-forças. Caso esses recurso não esteja
disponível, pode-se colocar um lençol forte ou cobertor debaixo do corpo do paciente. Segurando
uma das extremidades, passa-la por cima do corpo, prendendo-a entre o tórax e o braço oposto,
abaixo do cotovelo. Fazer o mesmo movimento com o outra ponta do lençol ou cobertor. Aplicar
esparadrapo para fixar enquanto for preciso.
Transporta-lo para seu leito, colocar ataduras almofadas nos punhos e tornozelos, prendendo
no estrado da cama. Quando prescrito, administrar a medicação por via parenteral ( contenção
química).

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 414 ENFERMAGEM EM SAÚDE MENTAL
Conversar com os demais pacientes sobre o fato e após registrar o ocorrido e os
procedimentos realizados.

Promoção e prevenção em saúde mental

Prevenção em Saúde Mental costuma ser um assunto bastante delicado. Até onde estaremos
ajudando o indivíduo a evitar um sofrimento mental e até onde estaremos querendo que todos sejam
iguais, como “robozinhos”, com atitudes e comportamentos previsíveis?
Esta é uma pergunta que deve permanecer sempre em nossa mente ao pensarmos em ações
de prevenção, a fim de que estejamos avaliando nossos objetivos.
Cada pessoa tem uma forma de ser, de agir, de estar no mundo. Uns são mais alegres e
expansivos; outros, mais sérios e fechados; uns mais responsáveis; outros, mais “cabeça fresca”;
uns vêem o mundo de forma mais simples; outros, de forma mais complicada. As mudanças que se
processam nas pessoas no dia-a-dia são resultados das interações e negociações que fazem com
outras pessoas e circunstâncias.
Não se pode pensar numa ação preventiva de Saúde Mental compulsória, onde se
estabeleçam normas de como deve ser o sujeito mentalmente saudável e se estabeleçam programas
com esse fim. Isso seria utilizar a Saúde Mental em favor de todo um sistema político-social no qual
vivemos, ajudando-o o excluir os que não estão dentro da norma. Isso não seria saúde... muito
menos mental.
Fica assim claro que, em Psiquiatria, ou melhor, em Saúde Mental, são possíveis ações de
prevenção e promoção. Entretanto estas ações devem ser dar em torno de melhorar as condições de
atendimento com medidas tais como: aumentar o número de unidades ambulatoriais de
atendimento: capacitar melhor os profissionais, a fim de que possam inclusive, fazer menor número
de prescrições medicamentos; oferecer uma abordagem multidisplinar, e oferecer maior facilidade
de acesso a quem necessite de ajuda psicoterápica.
É verdade que, se lembrarmos que a atuação em Saúde Mental não está restrita à Psiquiatria,
mas permeia outros setores, poderemos pensar em outras formas de prevenção e promoção. Atuar
em área onde a crise está acontecendo, como oferecer atendimento adequado mãe que acaba de dar
a luz a um natimorto, ou ao paciente que acaba de receber a notícia de uma doença grave ou de uma
cirurgia mutilador são exemplos de ações de promoção e prevenção em Saúde Mental.
Também podemos pensar em todas as ações informativas ( como palestras, grupos de
reflexão) que podem se dar dentro do hospital ou posso de saúde, ou fora deles, como em
comunidades escolas, empresas etc.
Assim, pensar em prevenção em Saúde Mental é ainda um desafio, seja porque muito se tem
a fazer, seja porque, ao programar alguma ação. Temos que ter o tempo todo em mente a quem
estaremos favorecendo.

O auxiliar de enfermagem e a ( sua própria) saúde mental

Além de todos os conhecimentos próprios da sua área de atuação, o técnico e o auxiliar de


enfermagem precisa estar atento para o seu estado interno, isto é, como vem se sentindo, como anda
sua relação com os colegas de trabalho, como os pacientes, seus relacionamentos fora do trabalho,
pois quando trabalhamos com Saúde Mental nós mesmos passamos a ser nossos mais importante
instrumento de trabalho.
Talvez algumas “dicas” possam fazer com que você reflita e consiga algumas mudanças que
podem reduzir o nível de estresse a que você se expões. Embora sejam para seu uso pessoal, podem
colaborar para o seu desempenho profissional:
• Procure ser cooperativo – Perceber que trabalhamos ( e viemos!) junto de outras pessoas e
que elas são tão importantes quanto nós, ajuda a estabelecer um clima de cooperação.

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 415 ENFERMAGEM EM SAÚDE MENTAL
• Ouça as razões do outro e expresse as suas - Evitar acumular mágoas e mal entendidos
diminui em muito a carga de tensão que temos que carregar.
• Não “empaque” diante dos problemas – Ao invés de ficar se queixando da vida ( ainda que
seja só em pensamento), tome uma atitude, mude algo que esteja ao seu alcance. Pode não
resolver todo o problema, mas uma mudança sempre nos dá uma nova visão do problema.
• Reconheça e aceite os seus limites – Você não pode resolver tudo, sempre. Diante de algo
que está fora do seu alcance, aprenda a aguardar. Diante de uma tarefa muito grande,
aprenda a dividir e a pedir ajuda.
• Fale de você, compartilhe seu estresse – Fale sobre o problema nos ajuda a pensar melhor
sobre ele, alivia e acalma. Procure alguém de sua confiança ou um profissional, se você
achar que seu problema é muito grave.
• Cuide de você mesmo – Reserve um tempo para fazer o que você gosta. Pode ser que nem
sempre você consiga fazer tudo o que gosta, mas sempre poderá descobrir alguma coisa.
Faça exercícios físicos( caminhar é grátis e é ótimo ), melhore sua alimentação, evita álcool,
cigarros, meios inadequados de baixar a ansiedade. Medicações psicoativas? Só depois de
uma boa avaliação médica.
• Comemore cada vitória – Não fique esperando o ideal de sua vida para ser feliz. Procure
perceber as pequenas vitórias e alegra-se com elas. Com isso você se dá pequenas “folgas”
no estresse diário.

Emergência psiquiátrica

Com a abertura das portas dos “manicômios”, a tendência é que a emergência psiquiátrica
faça parte da rotina de atendimento em hospital geral. Isto impõe aos profissionais que aí atuam
maior sensibilidade em relação à ocorrência de situações que em uma primeira avaliação parecem
de origem orgânica, mas que na maioria das vezes são desencadeadas a partir de problemas sociais
e mentais.
A discussão sobre como são feitos os atendimentos dos clientes com transtornos mentais aos
transtornos clínicos, como trauma, infarto agudo do miocárdio, cetoacidose diabética e outras
disfunções orgânicas que colocam a vida em risco?
Certamente que, esses usuários, quando acometidos por problemas de origem mentais aos
transtornos clínicos, como trauma, infarto agudo do miocárdio, cetoacidose diabética e outras
disfunções orgânicas que colocam a vida em risco?
Certamente que, esses usuários, quando acometidos por problemas de origem mental, social
e/ou clínica, procuram os serviços de emergência específicos ou gerais. A recuperação, conforme a
gravidade do caso, depende de três fatores básicos: equipe capacitada, intervenção imediata e
acesso à equipamentos/medicamentos que auxiliam na reversão do quadro.
Uma realidade é que, nas emergências gerais, as equipes médica e de enfermagem cuidam
com reservas dos clientes com transtornos de comportamento, o que pode ser justificado como
decorrência dos anos em que este tipo de paciente era atendido no espaço dos manicômicos. O
cuidado deles era restrito à área da psiquiatria e as outras especialidades só mantinham contato com
os intitulados “loucos” quando estes precisavam de exames mais especializados, como tomografia,
ultrassonografia, punção lombar ou até mesmo uma cirurgia.
Este breve contato era cercado por um aparato de segurança, e o medo era visível na face de
todos os membros da equipe. A melhor notícia para todos que ali trabalhavam era o retorno de tal
paciente à sua unidade de origem o “hospício”.
A maioria dos usuários que aparecem nas emergências clínicas apresentam transtornos
psiquiátricos que freqüentemente são ignorados pela equipe e/ou rotulados de “piti”, ou em termo
técnico, distúrbio neurovegetativo (DNV). Estes são clientes alcoolistas e drogaditos, indivíduos
confusos devido a complicações clínicas, pacientes entristecidos com idéias suicidas. Todos

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apresentam sintomas que precisam de intervenção imediata por parte da equipe de profissionais que
trabalham num setor de emergência.18
Mesmo com algumas resistências, a idéia de manter a separação das emergências clínicas
está sendo ultrapassada, tendo em vista os diversos fatos que aconteceram nos espaços das
emergências dos hospitais gerais que culminaram em mortes de pacientes psiquiátricos.
Para exemplificar, certa vez uma paciente com tanstornos mentais por duas vezes porocurou
atendimento numa emergência, queixando-se de dor no peito, sendo medicada com analgésico.
Logo após, recebeu alta, sendo orientada a manter repouso absoluto em sua casa. No mesmo dia,
pela terceira vez, ao ver a senhora, o médico disse: “Já vem esta mulher pitiática de novo”. Orientou
que instalassem uma solução glicosada e colocou a paciente em uma enfermaria vazia até o “piti’
acabar. Não permitiu a companhia da filha.
Mais de uma vez os auxiliares de enfermagem informaram que a paciente cotinuava
queixando-se de dores cada vez mais fortes. O médico continuou não dando importância à queixa
da “louca” e foi atender outros pacientes, garantindo que, se a ignorassem, a “dor” iria passar. Sua
filha, inconformada com a demora e a falta de informações sobre a mãe, invadiu a enfermaria,
encontrado sua mãe morta, vítima de um infarto agudo do miocárdio. Sem credibilidade por ser
“louca”, morreu sozinha e sem assistência.
Essa história serve como alerta para refletirmos sobre a dinâmica de avaliar e cuidar adotada
nos serviços de emergência, que faz deste setor um lugar da unidade hospitalar cujo princípio básico
de atendimento é começar imediatamente a terapêutica dos transtornos que colocam a vida em
risco. E, apesar de ser um setor que exige rapidez e eficiência no atendimento, não tem que ser
desprovido de sensibilidade.
Mas que transtornos são esses? Os sociais? Os mentais? Os clínicos?
A estas perguntas, nenhum protocolo na área de emergência consegue responder, já que
esses três transtornos estão entrelaçados e articulados. Sendo assim, o diagnóstico precoce depende
apenas do poder de observação de cada profissional ao analisar uma determinada situação. Pode-se
definir a observação como o ato de perceber, com todos os órgãos do sentido, o mundo que nos
rodeia, através do olhar atento (visão), da percepção dos odores (olfato), do escutar além do que foi
dito ( audição), do relacionar as sensações gustativas com transtornos clínicos e psíquicos (
gustação) e da reação ao toque ( tato). Mesmo que alguns destes sentidos não sejam usados
rotineiramente por nós em nosso trabalho, o importante é que cada profissional desenvolva a
sensibilidade com habilidade.
Por isso, uma das frases mais importantes para demonstração da sensibilidade na emergência
é a avaliação primária, que deve considerar a singularidade de cada cliente, através da coleta de
dados subjetivos, objetivos e da história de doenças pregressas e atuais.
Quando a sensibilidade é deixada para segundo plano, normalmente a equipe se confunde
diante de um transtorno mental que simule sinais e sintomas de obstrução de vias áreas,
insuficiência cardio-pulmonar, com o choque, comuns nas síndromes de ansiedade, como no pânico
ou na dissociação.
É bom descartar todas as possibilidades da falência nos sistemas orgânicos, sempre
pensando na possibilidade dos transtornos mentais que podem somatizar e simular quadros de
angústia cardiorrespiratória. Qualquer displicência pode induzir a equipe ao erro de desenvolver
procedimentos desnecessários que colocam o cliente em risco de vida.
Isto não é difícil de acontecer nos casos de pacientes com transtornos do pânico,
diagnosticado ou não. Chegam às emergências com dor no peito, dificuldade de respirar, palpitação,
dispnéia e aperto no peito. Inicialmente, estes dados subjetivos e objetivos levam a equipe a pensar
em déficit respiratório com comprometimento do coração, sugerindo oxigenioterapia,
monitorização cardíaca e respiratória e possível entubação.

18
Distúrbio neurovegetativo – Distúrbio nervoso de fundo emocional que se caracteriza por agitação, confusão e
angústia.

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Nestes casos, a equipe deve estar alerta à história clínica do paciente e aos eventos
relacionados aos sinais e sintomas apresentados. Sempre que o poder de observação é
superficializado e metódico, a equipe pensa em tudo, faz manobras de ressuscitação dignas de um
“Plantão Médico”, mas não consegue perceber que o foco desta crise está localizado nos transtornos
da mente.
A ausência de uma avaliação correta e de sensibilidae pode acarretar em problemas para a
equipe. Certa vez, em um hospital de emergência, a equipe médica, diante de um quadro de
dificuldade respiratória, decidiu por uma traqueostomia. Este fato resultou em abertura de inquérito
pela família da paciente já que a mesma apresentava a síndrome do pânico e a equipe, ironicamente,
entrou em pânico.
Para que essas histórias não façam parte do cotidiano dos nossos locais de trabalho,
passaremos a discutir sobre as diversas maneiras de intervir em situações de crise, dando subsídios
ao profissional para escolher as mais adequadas perguntas e comportamentos para realizar a
avaliação de usuários, que independem da história psíquica apresentada. Apresentamos, também os
principais quadros de emergências psiquiátricas.

Caracterizando as intervenções diante das crises

Pelos corredores das Unidade de saúde encontramos vários indivíduos que vivenciam uma
crise, mesmo quando a apresentação da sintomatologia é de natureza clínica. Qualquer
contrariedade pode se transformar em distúrbio nervoso de fundo emcocional, trazendo danos para
indivíduo e principalmente para aquelas pessoas que o cercam. Isto nos faz defender que a
emergência psiquiátrica deve estar integrada geográfica e funcionalmente à emergência clínica, e
vice-versa.
Em qualquer circunstância, o ambiente ideal de atendimento deverá propiciar a segurança
necessária para o usuário e a equipe de saúde. Nas salas não devem ter objetos perfurocortantes ou
objetos que podem se transformar em armas e serem usados contra o outro no momento da raiva.
Em alguns países economicamente dependentes de outros, como o Brasil, são freqüentes os
distúrbios mentais que se desencadeiam tendo como “pano de fundo” a pobreza. A distribuição
desigual da renda e do acesso ao trabalho, à moradia digna, ao lazer, à segurança, à alimentação, à
saúde e à educação contribuem para a desestruturação da mente humana.
Pode-se encontrar, nas emergências clínicas, alcoolista em abstinência; indivíduos com crise
do pânico, buscando, avaliação cardiológica; suicídios por superdosagem de medicamentos;vitimas
de violência doméstica; e reação de estresse por estar desempregado ou enlutado em decorrência de
acidentes ou morte súbita. Enquanto que nas emergências psiquiátricas são comuns as situações de
psicoses, agitação por drogas, indivíduos com descompensação de quadros esquizofrênicos e
maníacos.
A crise não escolhe umas pessoas e poupa outras; é universal. Acomete ricos, pobres,
negros, profissionais bem-sucedidos, chefes de família e parlamentares, como também indivíduos
que por quaisquer causas estejam fragilizados nas relações com o mundo.
Nem a equipe de profissionais de saúde escapa do risco de desenvolver algum transtorno
mental. Quantas vezes notamos que nossos colegas de trabalho estão vivenciando momentos de
angústia em família, estão ingerindo medicamentos exageradamente e até se tornando alcoólicos
“sociais”? Na verdade, todos nós podemos, de uma hora para outra, entrar em crise, pois vivemos
no mesmo mundo e estamos suscecíveis às mazelas da modernidade.
Durante o período de uma crise, o indivíduo tem a oportunidade de desenvolver mecanismos
que o ajude a controlar suas ações e realizações ou passar por ela com uma total desorganização da
compreensão de sua essência. Ele pode tornar-se mais vulnerável e psicologicamente instável, ou
pode retomar sua vida normal, tendo o controle da sua natureza. A compreensão e delimitação da
fase que o cliente esta vivenciando requer que a intervenção seja precisa, coordenada e em tempo
adequado de restaurar os mecanismos de defesa do indivíduo.

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Mas quem são os indivíduos mais vulneráveis à crise?
Geralmente são: desempregados, subempregados ou não satisfeitos com sua ocupação;
usuários de drogas lícitas e ilícitas; indivíduo os que não conseguem lidar com seus próprios
problemas, com baixa estima que alimentam excessivamente os sentimentos de insegurança,
pessoas com história de crises mal resolvidas; indivíduos que subutilizam os recursos de apoio
social ou não acessam o sistema de apoio, como família, amigos, igreja; pessoas que cultivam o
sentimento de isolamento ou são impulsivas em excesso.
A suscetibilidade à crise normalmente é precipitada a partir de eventos que popularmente as
pessoas dizem ser a “gota d´água” – como a morte de um entre querido, mudança de status,
casamento, separação, gravidez especialmente fora do casamento ou indesejada, doença física,
perda de emprego, violência sexual, desastres naturais ( enchentes, quedas de barreiras).
Após contornada a crise, pensar no retorno deste indivíduo ao meio social deverá ser a
principal meta dos profissionais de saúde. A intervenção a ser adotada é o diálogo direto, ativo,
dirigido para os sintomas e para o real acontecimento. Auxiliar o indivíduo a retornar sua vida
normal depois da crise é garantir sua permanência com o mesmo grau de importância nos espaços
antes ocupados por ele, ou seja, no trabalho, na escola, na família e na comunidade.
Para tal, as pessoas da equipe responsáveis em fazer a primeira abordagem, de forma geral
devem ter capacidade de escutar e ser desprovidas de preconceitos para melhor conhecer o mundo
de inserção deste indivíduo. Pode-se sugerir um modelo básico de seis etapas a ser utilizado para
intervenção em crise:
• Explorar e definir o problema com base na perspectiva do paciente, prestando
atenção nas mensagens não-verbais – Nem tudo o que o indivíduo fala é o que sente.
Os gestos, o olhar, o corpo podem indicar emoções que nem sempre são expressas
em palavras. Um paciente pode pedir a você que o deixe sozinho enquanto chora e
segura firmemente sua mão.
• Demonstrar de modo verbal e não-verbal que você se importa com ele- O olhar, o
tom de voz, a expressão itens indispensáveis para que o paciente confie no
profissional de saúde.
• Providenciar segurança ao paciente, avaliando o grau de risco para a segurança física
e psicológica do mesmo e de terceiros. Não se trata de fazer ameaças, mas sim de
alertar o paciente das conseqüências de atitudes impensadas, dialogando sobre
alternativas para comportamentos destrutivos impulsivos.
• Auxilia-lo a buscar alternativas de escolhas disponíveis, facilitando a busca por apoio
situacional ( família e amigos), mecanismos de defes/adaptação e padrões
construtivos de pensamento.
• Construir junto com o paciente planos realistas de curto prazo que identifiquem
recursos disponíveis e mecanismos de adaptação bem definidos. Isso só pode se
efetuar através do hábito de ouvir e conversar com o paciente. Mas é muito
importante que o profissional não se veja como um conselheiro e resolva decidir as
questões da vida do indivíduo.
• Obtenha do cliente o compromisso de seguir os passos necessários, possíveis e
aceitáveis para correção do problema.
Tentativas de auto-extermínio são crises. A conduta inicial é avaliar se o cliente
apresenta risco de tentar novamente o suicídio. Em geral, quanto mais agressivos, mais distantes da
ideação suicida estarão. A equipe de saúde deve ter consciência desta agressividade para abordar, se
possível, a questão com o cliente, trazendo-o para a realidade.
O risco de suicídio está relacionado com o seguinte perfil: idade acima de 45 anos; sexo
masculino; não casado; desempregado; instabilidade nas relações interpessoais; tentativas anteriores
de suicídios; casos de suicídio em família ( principalmente dos pais); ser portador de doença crônica
ou dor crônica; história de depressão; psicose, abuso de substâncias; distúrbios de personalidade;

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ouço acesso a tratamento por razões sociais; idéias suicidas intensas, freqüentemente; prolongado
desejo de morte e auto-punição; e isolamento social.
De uma forma geral, o cuidado de um individuo em situações de crise tem como objetivo o
resgate dele como dono de sua vida, responsável pelo seu rumo, tendo em vista as opções oferecidas
pela realidade. O difícil é auxiliar o paciente a perceber que o controle das opções em sua vida
depende, entre outras coisas, da sua vontade em superar a crise.

Avaliação Primária na Emergência Psiquiátrica

Junto com o tratamento de emergência que segue as normas de preservação das funções
vitais do homem, é útil realizar uma avaliação padronizada e inicial do estado psíquico de cada
cliente.
A enfermagem deve estar preparada para dar início a essa avaliação, já que é responsável,
em casos de agitação psicomotora, por técnicas de contenção, sejam medicamentos ou físicas, nas
quais o contato físico é inevitável. Além disso, geralmente é este grupo que circula com o paciente
nas dependências da unidade hospitalar, quando este submete-se a exames complementares.
Geralmente os pacientes agitados portadores de transtornos mentais são excessivamente
sedados, e podem necessitar emergencialmente de proteção de vias áreas por conta dos riscos de
depressão respiratória. Por outro lado, quando recebem medicações psicoativas, a despeito de terem
se alimentado, correm o risco de broncoaspirar, se não forem colocados em decúbito dorsal ou com
a cabeceira elevada e a cabeça lateralizada. Outra preocupação é com os sinais vitais, pois alguns
psicofármacos podem ocasionar diminuição da pressão arterial. Essas precauções de segurança,
fruto da avaliação primária, evitam agravos e complicações administrativas.
A avaliação primária realizada pela equipe de enfermagem nas emergências psiquiátricas
deve ter como base questionamento e observações que sirvam como instrumentos do cuidar,
considerando os seguintes aspectos.
• Aparência - O paciente este extremamente limpo, sujo, agitado, calado? Olha nos
olhos das pessoas que conversam com ele? A atividade psicomotora está aumentada,
diminuída ou assume postura bizarras. Está cheirando a álcool ou tem as pupilas
dilatadas ( midríase) por uso de cocaína ou anfetaminas? Interage com aqueles que
lhe trouxeram à emergência ou recursos a presença destas pessoas?
• Consciência – Está confuso e/ou sonolento? Compreende o que está se passando ao
redor? Apresenta distúrbiso neuropsicológicos como linguagem, memória e atenção
prejudicadas? Conhece as pessoas que lhe trouxeram?
• Pensamento – Pena e fala muito rápido, como em quadros de mania, ansiedade,
intoxicações? Está com pensamento lento, como em depressão? É estranho e
incompreensível, como em psicoses? Vê vultos, insetos nas paredes, como no caso
de Delirium tremens? Escuta voz, como as esquizofrenia? Pensa que alguém quer lhe
tirar a vida ou quer lhe prejudicar, como nas paranóias?
• Humor e afetividade – Está profundamente triste, eufórico ou normal? De repente se
irrita com qualquer coisa? Apresenta idéias suicidas ou homicidas? Mostra-se
indiferentes afetivamente?
• Julgamento e crítica – Demonstra bom senso em suas idéias? Entende-se os
procedimentos que estão sendo realizados pela equipe de saúde? Admite ter um
problema psiquiátrico ou culpa outra pessoa por sua dificuldade? Percebe que está
doente?
Depois desta avaliação, a equipe de enfermagem estará mais segura, para administrar os
medicamentos orais/parenterais e monitorar as reações adversas. Além disso, o diálogo com o
paciente é sempre o melhor meio para estabelecer uma relação de confiança, mesmo quando este
necessitar de contenção e restrição no leito.

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Classificação as Emergência Psiquiátricas

Em geral , as síndromes ou sintomas psiquiátricos mais fequentes encontrados na


prática das emergências podem ser classificados como agitação e/ou agressividade;
depressão e tentativa de suicídio; ansiedade; conflitos interpessoais; abuso de substâncias.

Agitação e/ou agressividade

Alguns pacientes chegam neste setor agudamente agitado, com risco iminente para si e para
outros. Geralmente, precisam ser fisicamente restritos, mas a equipe deve sempre optar por uma
abordagem menos restritiva e mais humana.
Entre a restrição medicamentos e a mecânica, a primeira sempre está a mais coerente.
Entretanto, em alguns casos, quando o comportamento violento é secundário em relação a doenças
clínicas como hipoglicemia e traumatismo craniano, a escolha por medicamentos pode dificultar a
avaliação real de evolução do quadro neurológico inicial.
Em alguns casos, o cliente ode esta agitado mas não violento. Entretanto, quando agitado,
precisa de observação constante e isolamento, sempre acompanhado por membros da equipe, até
que o tratamento emergencial se complete. A contenção mecânica é inevitável para evitar quedas
que gerem traumatismos e fraturas.
O conhecimento de fatores de risco do comportamento agressivo tem sido de grande
validade no momento da avaliação primária. Por isso, clientes com história de agressão e
impulsividade, labilidade emocional, baixa tolerância a frustação, história de delinqüência, idéias
delirantes de perseguisão, alucinações de comando ( vozes que o ordenam a fazer coisas) e
comportamento agressivo são fortes candidatos à agitação acompanhada de agressividade.
O que pode ser uma alerta na identificação deste paciente é a postura. Geralmente ele se
mantém inclinado para a frente, em estado de vigilância constante, fala alto ou grita; faz
comentários pejorativos e sua expressão facial é tensa, como os olhos arregalados. O excesso de
tensão pode ser percebido através da rigidez da musculatura corporal. A exigência da perfeição e a
atividade motora visível de irritabilidade são suas marcas registradas.
Diante deste paciente, a equipe de enfermagem deve manter-se calma, porém com atitudes
firmes, demonstrando que o domínio daquele espaço não e apenas dele. Isto estabelece limites. A
fala deve ser calma e suave, e não provocativa. Os movimentos devem ser calma e suave, e não
provocativa. Os movimentos devem ser lentos, evitando tocar o paciente, pois a aproximação
brusca e a fixação do olhar em direção a ele podem ser consideradas como ameaças, resultando em
agressão física aos membros da equipe.
Nesses casos, a equipe que o assiste deve dispor-se na sala sempre mais próxima da porta do
que do paciente, evitando também que no recinto haja objetos que possam se transformar em
armas, como cinzeiros, suportes de solução móveis e luminárias. Outra precaução é a presença de
pessoas na equipe que dominem as técnicas de contenção, para utiliza-las de imediato. E bom
lembra que esta ação não deve ter a intenção de punição, e sim de cuidado.
Ao ser contido fisicamente, o cliente não deve se abandonado à sua própria sorte, pois este
procedimento dá uma sensação de retaliação, torando-o mais agressivo ainda. Tal exacerbação da
agressividade gera movimentos que podem, nos casos de contenção no tronco, interferir na
respiração, dificultando a expansão pulmonar e, em conseqüência, diminuir os níveis de oxigênio,
cujo desdobramento é o quadro de insuficiência respiratória. Em casos de imobilização dos quatro
membros, o garroteamento dos vasos periféricos, diminuindo do fluxo sanguíneo, de acordo com o
tempo pode levar a necrose e futura amputação.
Os cuidados de enfermagem mais prementes que devem ser adotados são o controle
freqüente dos sinais vitais e pulso arteriais dos quatromembros. A manutensão de decúbito dorsal
ou com a cabeceira elevada e a cabeça lateralizada são indispensáveis para evitar a

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broncoaspiração, pois, em algumas síndromes, náuseas e vômitos são freqüentes. A estimulação da
ingesta hídrica e a monitorização da hidratação venosa servem para evitar quadros de desidratação.
Para o tratamento químico, os medicamentos mais utilizados são os antipsicóticos. Sua
vantagem está em não exercer efeitos consideráveis nos valores da pressão arterial e no ritmo
cardíaco, assim como não predispõe o paciente a convulsões. O mais importante é que permite o
controle da agitação em pouco tempo.
A combinação de antipsicóticos com benzodiazepínicos tem sido uma alternativa para
diminuir a dosagem do primeiro. Os benzodiazepínicos podem causar excitações paradoxais em
determinados pacientes, mas o seu uso para o tratamento de agitação vem atendendo ao propósito
da terapia.19
Após o atendimento emergencial, este paciente pode ter dois destinos: a internação ou a alta
com agenda para tratamento ambulatorial. Isto irá depender, se de fato não corre o risco de se auto
punir ou de tentar o suicídio. Nas duas alternativas de encaminhamento pós crise, é imprescindível
que paciente e familiares tenham as informações devidas para evitar complicações futuras.

Depressão e tentativa de suicídio

O paciente levado à emergência com pensamento suicida ou após tentativa


de suicídio exige da equipe de saúde determinação e poder de decisão. Dados colhidos nas
emergências de todo o Brasil constatam que grande parcela dos indivíduos que se suicidaram
tiveram contato com profissionais de saúde nos seis meses que antecederam ao ato. Todos buscaram
apoio no sistema de saúde.
A maioria ingeriu grande quantidade de medicamentos prescritos pelo próprio médico, ou
outros medicamentos de venda livre que causam danos e seqüelas graves, como Ácido
acetilsalicílico e Acetaminofem.
Inofensivo, o Acetaminofem, quando combinado com bebida alcoólica, pode resultar em
insuficiência hepática. Portanto, quando se avalia o tipo de medicamento, deve-se levar em
consideração os medicamentos prescritos e os demais produtos tóxicos disponíveis na casa do
paciente.
Por exemplo: Um profissional da área de saúde foi hospitalizado com intoxicação exógena
pela tentativa de auto-extermínio através da ingestão de mais ou menos 280 comprimidos de
barbitúrio batidos no liquidificador com leite. O mais importante é que, antes de tomar a “vitamina
de barbitúrios”, ele mesmo avisou que iria executar o ato para sua namorada, ou seja, pediu socorro.
No comportamento suicida, estão envolvidos o desejo de ajuda, o desejo de morrer e a
agressividade subjacente. Autores relatam que as mulheres, por serem mais emotivas e apaixonadas,
apresentam maior predisposição em tentar o suicídio. Mas são os homens que, ao tomarem esta
decisão, tornam esse evento letal e escolhem métodos mais agressivos, como armas de fogo. Os
suicidas mais radicais seriam fogo no próprio corpo.
Na tentativa de suicídio apelativa, o paciente garante a existência de socorro antes de
consumar o ato, fica contente por ter sobrevivido, resolve parcialmente conflitos precipitantes,
retoma a atenção de familiares ( que ficam preocupadas com ele) e não expressa planos futuros de
suicídio.
Na emergência para retira-los do risco de vida, é utilizado outra substância que inativa o
efeito da substância escolhida, lavagem gástrica, hemoperfusão e/ou hemodiálise. Passada esta fase,
são utilizados medicamentos antidepressivos. O melhor efeito terapêutico é obtido pelo uso
combinado de antidepressivos e psicoterapia.

19
Paradoxal - É tudo aquilo que é anormal para o que você deseja, contrário. Neste caso, são efeitos não esperados para
o medicamento.

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Independente de ter tentado o suicídio, todo paciente que se apresenta com depressão na
emergência precisa ser informado de que esta tristeza profunda é uma doença, e que existe
tratamento eficaz à disposição, sob o ponto de vista biológico e psicológico.

Ansiedade

A ansiedade faz parte do cotidiano de cada cidadão. Quando prestamos um concurso,


quando esperamos o resultado de um exame médico, ou mesmo quando passamos por situações de
violência, nosso coração dispara por medo ou ao pensar na possibilidade de não alcançar os
resultados esperados. Na verdade, é um sentimento indispensável para a sobrevivência e o
desenvolvimento do homem, mas em diversas condições a ansiedade se manifesta de maneira
patológica.
Os transtornos de ansiedade relevantes para a emergência são: ataques de pânico e
agorafobia, ansiedade generalizada e transtorno de ajustamento com ansiedade, quadros
conversivos, somatizações, quadros dissociativos e estresse pós-traumático.
Os transtornos do pânico são quadros de início súbito, com ansiedade intensa, sensação de
morte iminente, acompanhados por palpitações, desconforto precordial, vertigem, parestesia,
tremores e sudorese. Esses sintomas levam o cliente e a família a procurar imediatamente os
serviços de emergência em função da sensação de morte iminente.
A fobia é tanta que estes pacientes se desesperam quando estão em algum lugar que não lhes
garanta assistência imediata disponível. Por isso, é importante que a equipe de saúde, depois de
descartada qualquer falência física, reassegure que ele não vai morrer deste ataque.
O diálogo e a administração de antidepressivos ou benzodiazepínicos e ácido valpróico são
os primeiros passos terapêuticos, além do acompanhamento da função cardiovascular através de
monitorização cardíaca e dos sinais vitais.
Já na ansiedade generalizada o paciente apresenta-se inquieto, com dores musculares, tensão
e vertigem. Esse quadro é caracterizado naqueles clientes que se levantam a toda hora, não podem
esperar a sua vez e solicitam a presença do médico a cada instante.
Nas emergências, estas características são encontradas não somente nos pacientes, mas
principalmente em seus familiares. A terapêutica medicamentos de escolha é o benzodiazepínico e
um sistema que mantenho-os informados sobre seu estado clínico, o que deve ser estendido à
família. Essa gentileza por parte da equipe diminuirá o grau de ansiedade de cliente/família.
Os quadros conversivos são freqüentes nas emergências gerais e costumam irritar os
médicos e profissionais de enfermagem. Nesse quadro, o paciente mostra uma queixa ou sintoma
localizado, não voluntário, que não tem justificativa fisiopatológica ou anatômica, não podendo ser
explicado por doença física. Essas pessoas são tão presentes nas emergências que acabam tornando-
se íntimas da equipe, que normalmente não percebe que essa é a forma encontrada por elas para
comunicarem que precisam de ajuda.
A abordagem inicial nas emergências deste caso deve ser o auxílio ao paciente para que
exponha seu sofrimento verbalmente, além de mantê-lo em local calmo, longe dos acompanhantes e
perto da enfermagem. Ao entrevistar os acompanhantes e/os familiares, deve-se pesquisar os fatores
desencadeantes deste quadro.
Encontramos também, nos corredores das emergências, pessoas que apresentam queixas
vagas, com múltiplos sintomas, exigindo procedimentos e exames. Em geral, já fizeram uma via
crucis nos serviços de saúde da região onde residem e trazem consigo exames e medicamentos
antigos. As queixas geralmente são: dificuldade para deglutir, dores abdominais, fraqueza, tonturas,
dentre outras – todos sintomas característicos de somatização.
Tal qual a ansiedade generalizada, na emergência esses sintomas significam que este
paciente tem problemas e que esta foi a melhor forma de expressa-los. Apesar de existirem
tratamentos para a síndrome de fadiga crônica, o melhor é convenê-lo que ele precisa da ajuda de
um especialista.

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Como este paciente está sempre retornando à sala de espera dos hospitais, a evolução deste
quatro é a auto-mutilação. Ele se auto inflige lesões ou relata sintomas para obter internação. Nesta
fase, o que diferencia da simulação inicial é a compulsão para produzir os sintomas.
Uma outra situação são os pacientes que passaram por experiências de estupro, assaltos,
seqüestros e foram vítimas de violência urbana. Estes devem ser avaliados nas emergências para o
diagnóstico de transtorno de estresse pós-traumático, o qual freqüentemente é acompanhado de
quadros dissociativos que são caracterizados por uma dissociação da consciência de origem
psíquica.
Eles podem apresentar fenômenos amnésicos, estranhamento de si ( despersonalização) e do
mundo que os rodeia ( desrealização). Para tratar desses pacientes no pronto socorro, é importante
que haja um lugar tranqüilo para mantê-los em observação. Se estiverem apresentado agitação
psicomotora, a medicação de escolha são os benzodiazepínicos ou os antipsicóticos.
Faz-se necessário que a equipe da emergência, de uma forma geral, saiba distinguir o quadro
dissociativo do tipo personalidade múltipla da amnésia global transitória. Esta ultima é
caracterizado por episódios de perda de memória de curto e longo prazos, provavelmente
conseqüente a distúrbios transitório nos lobos temporais.
Os pacientes suscetíveis são geralmente da meia-idade a incapacidade de se recordar de
dados pessoais, como nome, idade, endereço. Nestes casos, retê-los na emergência ou interna-los é
uma medida de segurança para evitar que fiquem perambulando na cidade sob risco de mais
cuidados pessoais e de se tornarem vítimas de violência ou acidentes.

Conflitos interpessoais

Esses tipos de paciente não suportam o abandono mesmo quando este é imaginário e tendem
a misturar sua identidade com as das pessoas ao redor. Geralmente chegam nas emergências após
superdosagem de medicamentos, auto-mutilações e vitimização repetida. Eles percebem o mundo
sempre com a confrontação de duas idéias, o bem/o mal, certo/errado; e desenvolvem rápidas
reações de raiva quando se sentem desconsiderados. As superdosagem e as mutilações não visam o
suicídio, mas servem para dispersar o vazio interno e a sensação de plenitude com eles próprios.
Esses pacientes resolvem os seus problemas, sendo que uma das metas da intervenção na
emergência, depois de socorrer os transtornos físicos, é auxilia-los através do diálogo a encarar os
obstáculos realisticamente e utilizar mecanismos construtivos, sem fantasias, para enfrenta-los.

Abuso de substâncias

O uso indiscriminado de substância como álcool, anfretaminas, estimulantes, sedativos


inalantes com colas, tintas, removedores e gasolina, tem levado muitas pessoas a serem atendidas
nas emergências. Além dos quadros crônicos, ocorrem freqüentemente quadros agudos secundário
ao uso destas substância, como acidentes automobilísticos. As mais importantes, sem dúvida, são as
relacionadas ao uso de álcool, tendo em vista que o indivíduo começa a consumir esta droga na
adolescência, chegando à vida adulta com uma sensação de plenitude sempre quando o assunto é a
disputa de quem consegue beber mais. Daí para o alcoolismo é um passo.
A intoxicação pelo álcool vários estágios de alteração do comportamento, mais
freqüentemente ocorre prejuízo do julgamento diminuição da atenção, respostas emocionais
inapropriadas, labilidade afetiva e desinibição de comportamentos agressivos.
As intervenções, nestes casos de intoxicação alcoólica, são:
• Exclusão de complicações clínicas graves, como insuficiência hepática, hematoma
subdural, sangramento digestivo e Síndrome de Wernicke.
• Tratamento da agitação e/ou violência com antipsicótico.
• Restrição física, se necessário.

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• Em casos de diminuição do nível de consciência, é preconizadas administração de
glicose endovenosa.
• A mensuração do teor de álcool no organismo, é extremamente importante. Na falta
deste exame pode ser utilizado um aparelho (bafômetro) que mede o nível do álcool
no organismo através de uma baforada ou sopro.
• Observações e monitoração da febre, hipotensão ou hipertensão.
Em relação aos níveis sanguíneos e sinais de intoxicação alcoólicas, podemos utilizar a
seguinte tabela:
Níveis Sanguíneos Sinais de Intoxicação Alcoólica
30 mg/dl Euforia em indivíduos sem tolerância prévia.
50 mg/dl Efeitos depressores no SNC mais proeminentes: prejuízo
cognitivo, dificuldades motoras.
60 mg/dl Limite para condução de veículo estabelecido pelo Código de
Trânsito brasileiro ( 1997 – Art. 297.
80 – 100 mg/dl Limite legal para intoxicação nos EUA.
200 mg/dl Náuseas e vômitos, acentuação da ataxia, diploplia.
300 mg/dl Hipotermia, disartria, amnésia, estágio 1 de anestesia.
400-700 mg/dl Coma, falência respiratória, morte.

As pessoas que estão acostumadas a fazer uso de doses diárias de álcool, quando são levadas
a parar ou reduzir a ingestão desta bebida, em questão de horas ou dias, desenvolve a síndrome de
abstinência, quadro que pode levar à morte.
Nesta síndrome, o paciente fica ansioso, irritado, com sensação de desconforto, falta de sono
e dificuldade de ficar parado em um mesmo lugar. Na parte física, libera adrenalina, resultando em
sudores, taquicardia, tremores, náuseas e vômitos. A progressão leva a crise convulsivas,
rebaixamento do nível de consciência com agitação psicomotora e desorientação evoluindo para
alucinações visuais ou táteis em forma de insetos na parede ou na pele. A este conjunto de sintomas
é que se dá o diagnóstico de Delirium tremens.
O tratamento desta síndrome depende da história anterior. Pacientes com história de crises
convulsivas devem ser tratados com um anticonvulsivante, como a Fenitoína. Algumas dessas
crises podem ser prevenidas pela reposição de magnésio juntamente com os fluidos endovenosos
administrados durante oito horas.
Em casos de agitação e/ou violência, a restrição medicamentosa e mecânica faz-se
necessária. Além disso, a equipe de enfermagem deve dar ênfase à hidratação, a tiamina para
melhorar os sintomas neurológicos e manter próximo do leito a cânula de Guedel, para, em casos de
convulsões, proteger de trauma a mucosa oral.
O uso de estimulantes como cocaína, anfetaminas e fenciclidina é mais freqüente entre os
jovens e desenvolve uma série de complicações clinicas e psiquiátricas. Independente da potência
de cada substância, as pessoas que as usam buscam um “grande barato”, ou seja, buscam uma
viagem expressa em forma de alucinação.

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 425 ENFERMAGEM EM SAÚDE MENTAL
Quando chegam às emergências, apresentam hipervigilância, aumento da ansiedade,
midríase e complicações clínicas graves, como convulsões, infarto do miocárdio, arritmias e
acidente vascular cerebral. O tratamento deve ser conduzido como o da ansiedade, com
benzotiazídicos. A agitação psicomotora e os quadros de delírios paranóides requerem uso de
antipsicóticos. Lógico que as falências neurológicas e cardiovasculares devem ser tratadas em
primeiro lugar, evitando a morte súbita.
Aquelas pessoas que usam barbitúrios, como benzodiazepínicos, indiscriminadamente,
correm risco de quadros de abstinência grave, semelhantes à do álcool, quando decidem não mais
utiliza-los. Essas medicações por vezes são freqüentemente prescritas pelos profissionais médicos
sem orientação apropriada quanto a seus riscos de dependência e abstinência.
A redução desta medicação deve ser realizada através de um plano terapêutico que interaja
benzodiazepínicos de curta e longa duração.
Sempre que um paciente chega confuso nas emergências, é bom desconfiar de ingestão de
substâncias sedativas. Além dos procedimentos usuais, como lavagem gástrica, a equipe pode
utilizar substâncias antagônicas. Como exemplo, podemos citar o Naloxone EV para reverter
sobredosagem de heroína, e o Flumazenil para reverter superdosagem por uso de
benzodiazepínicos. Embora as prescrições medicamentosas sejam feitas pela equipe médica, a
previsão da demanda medicamentos é uma importante atribuição da enfermagem para a eficiência
no atendimento.
Em casos de abstinências a opiáceos como a heroína, o desconforto é maior do que os riscos
da letalidade apresentada na abastinência do álcool. O usuário desta droga, ao parar de usa-la, sente
náuseas, vômito, diarréia, dores musculares, piloereção ( arrepio), rinorréia ( coriza ) ou
lacrimejamento e mal-estar generalizado. A melhor opção terapêutica é o uso de Clonidina, cujo
principal problema é a queda da pressão arterial, fato que exige o controle rigoroso dos sinais vitais.
Outras substâncias, como maconha e inalantes, levam vários jovens aos serviços de
emergências, principalmente nas madrugadas de sexta-feira e sábado, quando as festas estão em seu
auge. O uso de maconha pode desencadear quadros de ansiedade, e o uso de maconha de excelente
qualidade, sem mistura, pode desencadear um quadro psicótico.
Por outro lado, inalantes como colas, tintas, removedores e gasolina são solventes, ou seja,
são substâncias capazes de dissolver gordura. Como grande parte do cérebro é formado da gordura
mielina, o uso crônico destas substâncias pode, paulatinamente, ocasionar sérias conseqüências
neurológicas. O tratamento, nestes casos, é voltado para os sintomas apresentados, impondo à
equipe maior poder de observação para retira-lo da crise.

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 426 ENFERMAGEM EM SAÚDE MENTAL
Percebe-se que os limites entre os transtornos psiquiátricos e clínicos são de difícil
delimitação. Na verdade, a grande maioria dos quadros atendido nas emergências sã manifestações
agudas de problemas crônicos. Diante desta realidade, o sucesso do atendimento depende da
abordagem sistemáticas realizada por uma equipe multidisciplinar e interdisciplinar sensível,
atuando simultaneamente e consciente da sua função no processo de preservação imediata da vida.

“O espírito humano é mais forte que qualquer droga!


É isso que precisa ser alimentado,
Com trabalho, lazer, amizade e família.
É isso que é importante...
É foi disso que nós esquecemos...
Das coisas mais simples...”
( Extraído do fime Tempo de Despertar )

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 429 ÉTICA EM ENFERMAGEM
ÉTICA PROFISSIONAL

1. Conceito

Ética ou “Ciência da Moral” é o conjunto de princípios morais que regem os direitos e deveres
de um indivíduo ou de uma organização, dentro de um determinado setor de trabalho. Neste último
caso, temos a “Ética Profissional”.

2. O Homem

Foi criado por Deus à sua imagem e semelhança. É dotado de inteligência e vontade,
características que o distinguem de todos os outros seres. Portador da imortalidade, tende sempre
para Deus.
Somente o homem pode optar pelo bem ou pelo mal, graças à inteligência e à liberdade. O
homem é uma entidade única no universo, que toma decisões e é moralmente responsável.
Cada ser humano é uma substância individual completa; por isso conserva sua individualidade,
mesmo vivendo em constante interação com outras pessoas.
Pessoa é o ser que subsiste distinto na natureza racional. O homem é um fim e não instrumento
da sociedade, o que faz dele um valor absoluto, jamais podendo ser considerado como meio para
outro fim.

3. A vida

Desde que é anunciada , a vida, em qualquer circunstância, merece um sublime e


incomensurável respeito. Este é o ponto comum em que se completam todas as opiniões de
pesquisadores do assunto.
Para que exista de fato esta atenção pela vida de outrem, é necessário que o ser humano ame e
reverencie sua própria vida, porque ela é, acima de tudo, o instrumento do bem utilizado por todos
os homens.
O direito à vida é o mais fundamental dos direitos do homem, sendo inalienável. Por sua vez, o
dever é enaltecido, com muito entusiasmo.

3.2 – O fim da vida

O homem volta-se para uma realização plena, procura desabrochar completamente e ser ele
mesmo na sua totalidade.
Entendemos a vida de duas maneiras: vida como fim em si mesma. O homem nasce, cresce,
se desenvolve, amadurece, envelhece e morre. Inicia sua vida com um enorme potencial dinâmico,
que vai se desgastando à medida que envelhece.
A norte como fin-fim é verdadeira, marca a interrupção de um processo de algo que existe.
Cria uma separação entre o tempo e a eternidade. Ela é dolorosa e triste como o fim de uma festa,
ou o fim de um encontro.
A Segunda maneira de entendes a vida é vê-la como meta alcançada, plenitude almejada e o
momento do verdadeiro nascimento. Portando, o homem vive além do tempo, porque suspira pela
eternidade do amor e da vida.
O homem é pessoa e interioridade. Dentro da vida humana existe uma chance única, na qual
o homem nasce totalmente ou acaba de nascer na morte.

4. Aborto

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 430 ÉTICA EM ENFERMAGEM
É a expulsão ou extração do ovo fecundado (embrião ou feto vivente), ainda incapaz de
viver fora do útero materno.

Tipos de Aborto:

a) Involuntário: que pode ser espontâneo, quando ocorre sem nenhuma participação
humana, ou culposo, quando decorrente de uma ação perigosa à gestação, feita por imprudência;

b) Voluntário: podendo ser direto, que é a ação sobre o ovo fecundado com a intenção
de tirar-lhe a vida, ou indireto que embora previsto, não é desejado. Resulta de uma ação lícita, que
por sua natureza visa um efeito bom.

Aborto direto ou provocado, no Brasil, pode ser legal ou criminoso. É legal, quando há
indicação médica, e acontece quando a gravidez coloca em risco a vida da mãe, ou é resultado de
estupro. Neste caso, a vítima ou seu representante legal obtém autorização judicial para realizar o
aborto.
As demais indicações são consideradas criminosas, sendo os seus praticantes (mulher que
permite, indivíduos que colaboram ou realizam o aborto) penalizados conforme previsto no Código
Penal Brasileiro.
Em termos éticos, tanto para médicos como para enfermeiros ou qualquer outro profissional
da equipe de saúde, a prática do aborto constitui um atentado ao direito à existência, considerando-
se que o embrião é constituído de vida e destituído de autodefesa.

4.1 – Julgamento ético

O aborto direto nunca poderá ser aceito. Pois trata-se de verdadeiro homicídio de um ser
inocente e indefeso.
O aborto involuntário não responsabiliza a pessoa e ocorre, às vezes, por ignorância; e
portanto deve a sociedade e, principalmente os profissionais da saúde trabalhar no sentido de
orientar a população para que estes sejam diminuídos.

5. Eutanásia

Em seu sentido etimológico que dizer morte boa ou honrada.


Existe a eutanásia negativa, quando se omitem cuidados destinados a prolongar a vida do
paciente, deixando-se a natureza fazer o seu curso. Está só pode ser aceita nos casos em que, após o
uso de todos os recursos disponíveis, desaparece a esperança de salvar a vida, em casos de doença
terminal.
A eutanásia positiva é o planejamento de tratamento com o fim de provocar
antecipadamente a morte, diante da impotência de salvar a vida do paciente. Esta é inaceitável
primeiro, pela lei natural (respeitar a vida humana); segundo, pela lei divina (não matarás); depois,
pelos abusos que sobreviriam; e por último, pelos males que causariam aos profissionais da saúde
(desconfiança).
Mesmo nos casos de eutanásia negativa são necessários muitos critérios e discernimentos,
pois o respeito à vida é critério imprescindível em qualquer ciência e técnica.

6. Objetivos da Ética

A ética é a ciência que ensina o homem a agir corretamente. O homem não quer apenas
viver, mas viver bem. Não se deve entender este bem como uma preocupação egoísta de conseguir
valores materiais, senão como um aperfeiçoamento moral capaz de integrar a aspiração de cada um

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 431 ÉTICA EM ENFERMAGEM
aos interesses de todos. O objetivo da Ética é a aquisição de hábitos bons, que contribuam para a
formação do caráter nobre, levando o indivíduo a ser e agir de maneira íntegra e honrada.
A ética profissional mantém o homem dentro de um padrão de comportamento, ditando-lhe
aquilo que deve fazer e aquilo que deve evitar a fim de ser um bom profissional. Assim, temos a
ética médica, a ética dos advogados, dos padres, dos enfermeiros, dos odontólogos etc.
A observância dos princípios éticos próprios de cada profissão impõe-se a todos aqueles que
a abraçam como uma necessidade.

7. A Ética no âmbito das relações sociais

A Ética no âmbito das relações sociais afirma explicitamente que a pessoa humana é e deve
ser o princípio, o sujeito e o fim de todas as instituições sociais. (Psicologia aplicada e ética
profissional, p. 27). A vida social é criação sua, nela se concretiza e se realiza a liberdade do
homem; a ordem social e o progresso devem ordenar-se incessantemente para o bem das pessoas,
pois a organização das coisas deve subordinar-se à ordem das pessoas e não o contrário.

8. Divórcio entre ciência e moral

Um dos mais graves riscos a que está exposta a nossa época é o divórcio entre a ciência e a
moral, entre as possibilidades oferecidas por uma tecnologia para metas cada vez mais assombrosas
e as normas derivadas de uma natureza cada vez mais esquecida. É necessário que todas as pessoas
responsáveis se ponham de acordo em reafirmar a prioridade da Ética sobre a Técnica, a primazia
da pessoa sobre as coisas, a superioridade do espírito sobre a matéria.

9. Conclusão

Diante disto, notamos que querer agir eticamente é querer ter saúde e é querer mais vida. O
homem deve procurar normas éticas para não se diminuir, mas para crescer em todos os aspectos,
no conjunto de seu todo existencial, embora às vezes deva sacrificar algum elemento de seu ser.
Toda pessoa é um ser complexo. Ela não é pura exterioridade, fachada, periferia, matéria ou
aparência. O corpo é importante, fundamental, mas não é a única dimensão do homem.
Existe uma realidade mais profunda. Ao lado de toda exterioridade existe uma interioridade.
Toda fachada tem um interior, toda superfície tem profundidade e toda periferia, um centro.
Há muita gente que só vive na superfície, na periferia, na aparência, e, por isso, são
“superficiais”. Toda vida é um Dom, um presente, uma presença, uma palavra irrepetível de Deus.
Toda vida é importante. Cada pessoa é uma obra de arte, feita com carinho pelas mãos do Criador.
Mas este primeiro apelo de Deus exige uma resposta, e a única resposta válida que o homem pode
dar é construi-se, conquistar-se, tomar posse de si mesmo, assumir a sua própria existência,
desenvolvendo toda a sua potencialidade e capacidade.

10. Os atos humanos

Segundo os moralistas, podemos distinguir dois tipos de ações entre as que são praticadas
pelos homens:

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 432 ÉTICA EM ENFERMAGEM
a) Os “atos de homem” são as ações que têm por sujeito o ser humano, sem, contudo,
procederem da vontade livre, como por exemplo, digerir, respirar etc.; ou mesmo certas ações que
se podem fazer voluntariamente, mas que são feitas distraidamente, por reflexo ou por mero hábito.

b) Os “atos humanos”, os praticados pela vontade livre ou por outra potência que é
dominada naquela ação pela vontade livre. Exemplo: a decisão da vontade livre de matar um
homem e a ação muscular de puxar o gatilho do revólver.

Somente os atos humanos fazem parte da vontade moral.

11. Lei moral

Todo agente humano age, nos atos humanos, tendo em vista um fim-causa final.
É importante, pois, do ponto de vista moral, saber qual o fim último que move o homem.
Com efeito, a moralidade de uma ação ou ato humano será medida pela conformidade dessa
ação com o fim último.
Dá-se o nome de lei moral à norma ou ao conjunto de normas que regula a conformidade
dos atos humanos com o fim último, isto é, que regula a moralidade de uma ação.
A moralidade de uma ação é, portanto, a relação desta ação com a lei moral. Se a relação for
de conformidade entre a ação e a lei, teremos um ato bom e moral. Se, ao contrário, a relação for de
discordância entre a ação e a lei, teremos então um ato mau ou imoral. No primeiro caso, a ação
levará o homem ao encontro de seu fim último, e, no segundo caso, o afastará dele.
Há três tipos de lei moral:

a) Lei eterna: é a inteligência ou sabedoria divina que regula e mede todas as coisas e
ações e orienta todas as criaturas na direção do fim que lhes é próprio.
b) Lei natural: é uma participação dessa lei eterna, um reflexo da inteligência divina,
impresso na natureza das coisas. O conhecimentos das coisas leva ao conhecimento da lei natural.
Assim, por exemplo, conhecendo a natureza humana, percebemos que o homem não deve matar
injustamente o próximo. Portanto, o preceito “não matarás” não pertence apenas à lei de Moisés,
mas já é da lei natural.
c) Lei Positiva: é a norma prescrita por um legislador competente para levar os homens
com maior segurança à obtenção do fim procurado. Distingue-se em:

I – Lei positiva divina, se o legislador é o próprio Deus. Encontramos exemplos desse tipo
de lei na Bíblia;
II- Lei positiva humana, que possui por autor um legislador humano que tem em vista o bem
comum. Assim, por exemplo, a lei natural diz que crime deve ser punido, mas não determina
claramente qual a penalidade; a lei positiva dirá: 15 anos de prisão para “tal” caso.

12. Consciência moral

Chama-se consciência moral o ato da inteligência pelo qual se julga prática e proximamente
sobre a moralidade de uma ação própria. (Entende-se aqui a “ ação daquela mesma pessoa que faz o
julgamento”; portanto, não se trata de juízo sobre as ações de outros).
Aos principais tipos de consciência, vistos a seguir, podemos acrescentar o seguinte:

a) Consciência verdadeira ou correta: é aquela em que o juízo sobre a moralidade de uma


ação corresponde deveras às normas das leis morais. A consciência verdadeira deve sempre ser
obedecida.

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 433 ÉTICA EM ENFERMAGEM

b) Consciência falsa ou errônea: aquela em que o juízo sobre a moralidade da ação se


opõe à lei moral. Podemos distingui-la em:
- vencível, caso seja possível por meio de pesquisas , estudos, informações , transformá-la
em correta.
- Invencível, quando um esforço normal é incapaz de transformá-la em correta.

c) Consciência certa: é aquela que julga sem duvidar (pode ser correta ou errônea).

d) Consciência provável: é a que tem certeza no julgamento da ação, porém forma uma
opinião baseada em sólidas possibilidades de ser verdadeira. Nem sempre é possível chegar-se a
uma certeza. Nesse caso, quando se tratar de saber se é pecado ou não, sem outra conseqüência (e
isto é muito importante), uma consciência provável baseada em verdadeiras probabilidades poderá
constituir uma certeza prática e com isso permitir a ação.
Assim, por exemplo, uma salpingectomia realizada numa prenhez ectópica, quando a trompa
contém um feto vivo não viável, parece ser, em certas condições, admissível. É essa ao menos, a
opinião de moralistas de valor. Pode, portanto, um enfermeiro cooperar na operação.
Havendo motivo, pode-se seguir uma opinião solidamente provável, mesmo quando houver
outra mais provável.

e) Consciência dúbia: é aquela que mantém suspenso o julgamento sobre a moralidade da


ação, ou se julga, teme estar julgando erroneamente.

A dúvida pode ser:

I – especulativa, se a razão está em dúvida sobre a existência ou não de um alei moral que
determine alguma coisa em referência à ação proposta;
II – prática, se a razão não consegue chegar a uma conclusão a respeito da moralidade da
ação.

No caso de uma dúvida especulativa, deve-se fazer um esforço razoável ( e proporcional à


ação) para resolvê-la.
Caso não consiga, é possível agir; não porque seja possível agir em estado de dúvida, mas
porque a dúvida praticamente não cessa, uma vez que não existe obrigação e não há certeza da
existência de uma lei.
No caso da dúvida prática, não se pode agir antes de resolvê-la. Com efeito, agir enquanto
perdura a dúvida seria praticamente aceitar a possibilidade da realização de uma ação moralmente
má. A solução é, pois, abster-se da ação até resolver-se a dúvida ou adotar-se o modo de agir mais
seguro do ponto de vista moral.

f) Consciência perplexa: é a que se acha dilacerada entre dois deveres antagônicos e que
pensa existir pecado em qualquer das soluções. Evidentemente, a consciência perplexa é errônea e
dúbia ao mesmo tempo. Deve-se, em caso de perplexidade, adiar a ação e procurar aconselhar-se;
não sendo possível, deve-se escolher entre a solução que pareça envolver menor mal.
Ex.: uma enfermeira hesita entre o dever de estar à cabeceira do doente e o dever de, como
mãe de família, estar em casa da devida hora. É impossível, em casos tais, aplicar mecanicamente
uma regra. Deve-se julgar caso por caso. Se a necessidade física ou moral do doente for grande, a
obrigação por ser omitida. É preciso pesar os prós e os contra em cada caso e fazer aquilo que se
acha honestamente melhor.

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 434 ÉTICA EM ENFERMAGEM
g) Consciência escrupulosa: é a que vê o mal onde não existe ou o exagera onde existe. A
consciência escrupulosa é, em geral, o resultado de um estado psíquico anormal
(psicastenia). O melhor é procurar compreender o aspecto anormal (e até mórbido) deste
estado de espírito, e, com isso, procurar remediá-lo.
h) Consciência laxa ou relaxada: é a que, baseada em fracos motivos, justifica a prática de
ações moralmente condenáveis.

13. O respeito como princípio moral básico e principal princípio em Enfermagem.

Vivemos hoje uma época em que os doentes estão cada vez mais entendidos numa
perspectiva holística, a quem se reconhecem direitos fundamentais, como sejam a vida, morte, a
dignidade, a identidade, a liberdade e a autonomia. Verifica-se assim uma crescente êxfase nos
direitos humanos, um dos quais é o de a pessoa dispor do seu corpo necessitando qualquer técnico
de saúde de assentar a sua opção no consentimento do doente.
Na sua área de intervenção, o enfermeiro, além de ter de tomar em consideração, o
diagnóstico clínico e os traços de personalidade do doente, tem de ter atenção ao seu nível cultural e
o de todas as pessoas que está submetido, em suma, não apenas o psicopatológico mas também o
sociopsicológico. Além disso, vê-se confrontado em múltiplas e complexas situações.
Como todas as ciências, a Enfermagem não pode ser entendida sem ter um sistema de
valores de suporte. No entanto, também se afirma que vivemos numa crise de valores quanto mais
não seja, que está a ocorrer a sua remoção. Naturalmente pode-se pedir que esse sistema de valores
se ajuste às necessidades dominantes da geração e se, por um lado, eles podem mudar a sua posição
na escala hierárquica, por outro corre-se o risco de alguns poderem sofrer alterações no discurso do
tempo, perdendo a sua definição ética, enquanto valores. O sistema de valores tem de dar sentido e
orientação prática num mundo que está longe do ideal. Estes são simultaneamente arma, e
instrumentos conceptuais que empregamos para manter a nossa auto-estima. O conteúdo de alguns
diz diretamente respeito as formas de comportamento e de estar na sociedade que possibilitam a
adaptação. Geralmente são relativos a aceitação e a relação interpessoal, estando sempre num
processo de desenvolvimento contínuo.
A relação entre os técnicos de saúde e o doente deve ser vivida num ambiente de valor
humano, para a manutenção da dignidade e da auto-estima.
Será importante que os enfermeiros se preocupem com a relação terapêutica com a pessoa
doente e não se escondam atrás de uma espécie de neutralidade emocional, em que é valorizada a
adoção de uma atitude de distanciamento em relação às pessoas como mecanismo de proteção
psicológico.
Segundo o Dicionário da Língua Portuguesa, da Porto Editora, respeito é definido por: “ ter
consideração, deferência, apreço, dar importância, ter particular atenção”.
Admiração, estima e deferência são muitas vezes usados como sinônimos de respeito, no
entanto, segundo Kelly (1990), o respeito distingue-se destes por ter a base de um princípio ético.
A falta de procedimentos de sensitividade cultural na saúde pode ter como resultado
diagnósticos errados e tratamentos inapropriados.

Conclusão:

Atualmente, no campo da saúde, acentua-se a dependência de novas e dispendiosas


tecnologias. No entanto, pretende-se um sistema que, mais do que pela excelência de instalações e
novos equipamentos, seja resultante da integração entre a humanização e a excelência técnica.
O exercício de todos os atos, técnicos ou não, pressupõe a compreensão do respeito pelo
homem, nomeadamente o doente, que é alguém que sofre e tem receios, sobretudo se não sente
calor humano. O respeito, enquanto princípio ético de Enfermagem, transmite aos cuidados toda

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 435 ÉTICA EM ENFERMAGEM
uma dimensão humana, constituindo a plataforma de qualquer relacionamento terapêutico. Além
disso, como guia de princípios para as ações com os outros, respeitar é transmitir, através da
aceitação incondicional, o reconhecimento dos valores e crenças de toadas as pessoas. Não obstante,
a par de uma percepção individual do respeito, importa que este princípio fundamental adquira uma
dimensão coletiva, até porque a qualidade global de um sistema de saúde deve ser resultante da
complementariedade entre a excelência técnica e um comportamento afetivo e humano.

14. O homem enquanto indivíduo social

O comportamento humano é ditado pela sociedade, e esta sofre alterações à medida que o
homem avança em seus conhecimentos tecnológicos e científicos.
Com isso, muitos costumes, idéias e valores passam a ser questionados dia-a-dia,
caminhando para uns, rumo à evolução, para outros rumo ao caos. Porém, a sociedade é
extremamente conservadora e o indivíduo que porventura adotar um comportamento que venha a
destoar dos padrões preestabelecidos será discriminado ou marginalizado.
Assim, eis alguns comportamentos que sofrem este tipo de discriminação:

a) A masturbação: é o estímulo voluntário sobre si mesmo (órgãos genitais), por contatos


manuais ou por outros instrumentos, com a finalidade de obter prazer erótico. É um fenômeno
universal e, conforme a época da vida em que é praticada, é também normal e necessária no
desenvolvimento da personalidade. Assim, está presente na vida da criança desde a infância,
intensificando-se na fase fálica e na adolescência. Quando bem conduzida, não representa problema
na fase adulta.

b) A homossexualidade: é toda ligação afetiva e sexual exclusivamente entre indivíduos


do mesmo sexo. O homossexualismo masculino é denominado uranismo e o feminino tribadismo.
Existem várias teorias que tentam explicar tal comportamento:
- distúrbio hormonal;
- distúrbio de origem genética;
- predisposição constitucional;
- relacionamento inadequado com os pais;
- convívio prolongado e exclusivo com pessoas do mesmo sexo.
Entretanto, nenhuma das teorias encerra em si mesma o fator determinante.

c) A toxicomania: é um problema sério, significativo e crescente. Refere-se à mania ou


dependência que o indivíduo tem de intoxicar-se, em virtude de alguma razão física, emocional,
social, financeira ou outra. Para tanto, são utilizadas substâncias como cocaína, maconha,
anfetaminas, tranqüilizantes, éter, clorofórmio, colo de sapateiro etc., pelas vias endovenosa,
inalatória ou oral.
O indivíduo, ao iniciar-se no mundo das drogas, o faz geralmente por curiosidade, por
influência de amigos ou pela falsa impressão de que vai resolver seus problemas ou aliviar
ansiedades, entre outros motivos. Com a utilização sistemática, o indivíduo acaba por gerar uma
dependência física e/ou psicológica, conforme a substância utilizada. Este comportamento faz com
que se desenvolva a chamada tolerância, o que leva a consumir quantidades cada vez maiores do
produto. Muitas vezes, o toxicômano tenta abandonar esta prática, sendo vencido pela dependência
já instalada e/ou pela síndrome da abstinência, que o faz sofrer terrivelmente. Como o problema é
grave em todos os sentidos, existem vários serviços organizados com o intuito de ajudar os
drogaditos na superação desta dependência, fazendo também trabalhos de educação e informação
contra os perigos das drogas.

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 436 ÉTICA EM ENFERMAGEM
d) O alcoolismo: é a síndrome da dependência do álcool, gerada por uma predisposição e
necessidade que o organismo cria, acarretando acentuadas mudanças no comportamento social, nas
relações familiares e na saúde do indivíduo.
Existem dois tipos de bebidas alcoólicas: as destiladas (conhaque, uísque) e as fermentadas
(vinhos e cervejas). As bebidas destiladas contêm teores alcoólicos bem maiores que os das
fermentadas.
Os efeitos que o álcool determina no organismo dependem da quantidade ingerida e da
resistência individual. O alcoolismo é uma “doença orgânica”, que precisa ser tratada como tal.
Assim, o tratamento deve incluir: desintoxicação orgânica com orientação médica e sob
internação; acompanhamento psicológico e nutricional, terapia ocupacional, participação da família,
além de programas educativos.

e) O tabagismo: é uma pandemia crescente e consiste na intoxicação provocada pelo abuso


do tabaco.
O tabaco é uma erva cujo ingrediente ativo é a nicotina, substância venenosa que, como tal,
age no organismo de forma maléfica, levando o indivíduo ao “suicídio em câmara lenta”, uma vez
que as são conseqüências perceptíveis a longo prazo. Os efeitos novicos dessa prática são exercidos,
principalmente, sobre os aparelhos respiratório, circulatório e digestivo, bem como sobre o sistema
nervoso.
Porem , a sua nocividade não se restringe apenas ao tabagista, mas também aos não
fumantes e ao ambiente (recinto fechado). Em vista do exposto, justifica-se a luta travada
intencionalmente contra o vício de fumar.

15. Aspectos da condição humana

É condição humana viver e morrer, independentemente da vontade própria de cada um. A


partir daqui, adentra-se no campo dos valores religiosos.
Assim, qualquer atitude que interfira neste processo é questionada, causando polêmica em
função das crenças individuais. Eis alguns casos:

a) Homicídio: é a morte de uma pessoa praticada por outrem, de forma direta ou indireta. É
o assassinato.
São várias as razões que levam o indivíduo a praticar tal ato: amor, ódio, medo, vingança,
inveja, angústia etc., razões que, porém, não o justificam.
Segundo a legislação brasileira (Código Penal), constitui crime esta prática, variando a
penalidade de acordo com o tipo de homicídio praticado (simples, qualificado, necessário etc.).

b) Suicídio: significa pôr fim à própria vida por livre vontade ou por falta de discernimento
e visão unilateral da realidade.

c) Eutanásia: é pratica que visa abreviar, sem sofrimento físico, a vida de um doente,
reconhecidamente incurável.
Esta pode ocorrer por uma ação ou por uma omissão de quem a pratica. No Brasil, é
considerada crime tanto profissional como social.

d) Esterilização: é a cirurgia que se realiza, no homem ou na mulher, com a finalidade de


evitar a gravidez.
Esterilidade: é a incapacidade de gerar vida.
Assim, a esterilização determina a esterilidade.
Denomina-se vasectomia a operação masculina e laqueadura, a feminina.

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 437 ÉTICA EM ENFERMAGEM
A laqueadura deve ser realizada apenas nos casos em que há risco de vida para a mãe ou
para o filho. A indicação terapêutica deve ser feita após criteriosa avaliação, mediante documento
assinado por três médicos aprovando a necessidade da operação e, também, mediante a assinatura
da mulher concordando com a cirurgia.

16. Planejamento familiar

A atuação do profissional de saúde nesta área deve estar pautada pelo pressuposto básico de
que todas as pessoas têm o direito à livre escolha dos padrões de reprodução que lhes convenham
como indivíduos ou casais.
Os profissionais que atuam nesta área devem estar preparados para assistir tanto as pessoas
que desejam ter filhos quanto aquelas que desejam evitar a gravidez. O planejamento familiar faz-se
necessário diante das várias dificuldades e mudanças por que vem passando a humanidade,
principalmente no que diz respeito aos aspectos socioeconômicos. Reconhecem-se situações nas
quais o casal não pode aumentar o número de filhos, necessitando, assim, de recorrer a esta
assistência, que nada mais é do que o exercício da paternidade e maternidade responsáveis.
Por paternidade e maternidade responsáveis entende-se a capacidade que o homem e a
mulher devem ter de enfrentar, consciente e livremente, a procriação, podendo optar pelo número e
espaçamento dos filhos. Ao falarmos em planejamento familiar, faz-se necessário, também, definir
o que é controle da natalidade: é um procedimento em que o governo estabelece uma meta
demográfica, visando limitar o número de nascimentos. Observa-se, portanto, que estas expressões
têm conotações similares e diferenças bem acentuadas quanto aos objetivos.
As atividades educativas visam tanto oferecer à clientela os conhecimentos necessários para
a escolha e posterior utilização do método que julgar mais adequado como, também, propiciar o
questionamento e as reflexões sobre os temas, que estão relacionados com esta prática
(contracepção). Os métodos são classificados em naturais e artificiais.
Os métodos naturais podem ser usados tanto para evitar filhos como para adquiri-los,
exigindo, para tanto, o conhecimento do corpo por parte da mulher. Estes métodos são:

a) método Ogino Knaus (tabelinha);


b) método da temperatura;
c) método sintotérmico;
d) método Billings (da ovulação).

Os artificiais permitem somente a anticoncepção. São eles

I – uso de anovulatórios (hormônios);


II - uso de diafragma;
III- uso de DIU;
III – uso de espematicidas;
V – uso de condon (camisinha);
VI – coito interrompido;
VII – uso de duchas vaginais.

Estão enquadrados também, neste grupo, os métodos radicais que são a laqueadura e a
vasectomia. Os esclarecimentos quanto ao planejamento familiar devem ser levados a camadas cada
vez mais crescentes de casais para livrá-los da angústia de uma gravidez indesejada e para que o
nascimento de cada criança seja fruto do amor e não do acaso, da vontade e não da ignorância.

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 438 ÉTICA EM ENFERMAGEM
17. Trabalho, entidades e grupos (equipes)

O trabalho é uma das necessidades básicas do homem e é considerado, do ponto de vista


econômico, como o esforço na produção de serviços capazes de satisfazer as necessidades
humanas.,
Atenção, diligência e responsabilidade são requisitos que a todo instante devem presidir a
atuação de um bom profissional.
Para ALMEIDA (1985,1986), a prática de enfermagem é entendida como o “conhecimento
(saber da enfermagem) corporificado em um nível técnico (instrumento e condutas) e relações
sociais específicas, visando ao atendimento de necessidades humanas que podem ser definidas
biológica, psicológica e socialmente”.
Na América Latina, a partir de 1960, com o desenvolvimento (das técnicas cirúrgicas e os
procedimentos anestésicos) e a modernização dos hospitais foi centrada a atenção à saúde na área
curativa e, por sua vez, a prática da enfermagem também se desenvolveu nessa área.

O termo paciente, que deriva do verbo latino significando “so ... ”, tem sido empregado
tradicionalmente para descrever aquelas pessoas que recebem o atendimento por profissionais. A
conotação comumente associada ao termo é de dependência. Por esta razão, muitos profissionais
preferem utilizar o termo cliente, que deriva do verbo latino que significa “apoiar-se” e que denota
confiança e interdependência.
A figura central nos serviços de saúde é naturalmente o paciente. O paciente que procura o
hospital ou instituição de saúde com um problema ou problemas de saúde (um número cada vez
maior de pacientes tem múltiplos problemas de saúde) Também vem como um indivíduo, um
membro de uma mídia e um cidadão da comunidade. Dependendo do problema, das circunstâncias
associadas e das experiências passadas, as necessidades dos pacientes variarão. Uma das funções
importantes é identificar as necessidades imediatas do paciente e tomar providências para aliviá-las.
O trabalho em equipe exige um bom relacionamento entre o pessoal de uma unidade.
Atualmente, em praticamente todo o mundo, a aquisição de requisitos que credenciam para o
trabalho em saúde depende de um processo formalmente atrelado e embutido na escolarização. A
expectativa em relação a esta formação é que atenda e responda à complexa e dinâmica divisão
técnica que marca o trabalho em saúde, assim como prepare diferentes profissionais que,
individualmente e no seu conjunto, acompanhem e incorporem as mudanças advindas do
desenvolvimento técnico-científico, na perspectiva de intervirem positivamente, nas necessidades
de saúde de cada pessoa e da população.
O órgão de representação mais antigo dos enfermeiros foi fundado no dia 12 de agosto de
1926 sob a denominação de “Associação Nacional de Enfermeiras Diplomadas Brasileira” Uma
reforma do Estatuto ocorrida em 1944 alterou seu nome para “Associação Brasileira de Enfermeiros
Diplomadas” (ABED). Finalmente, em 21 de agosto de 1954, a Assembléia Geral aprovou nova
modificação na denominação, passando a se chamar “ Associação Brasileira de Enfermagem”
(ABEn), que perdura até o presente.
A ABEn, a primeira a surgir dentre os três tipos de entidades, foi também responsável pela
criação dos outros dois: Conselhos de Enfermagem e Sindicatos de Enfermeiros.
Historicamente os enfermeiros começaram a despertar para a necessidade de ver a profissão
regulamentada, em face da proliferação de diferentes grupos de pessoas, com pequeno ou nenhum
preparo, desenvolvendo também atividades de enfermagem. A solução, identificada pelas
enfermeiras pioneiras na ocasião, era a criação de um Conselho de Enfermagem.
Muito embora a ABEn, como está registrada em sua história, em inúmeras oportunidades,
tenha saído em campo para defender interesses, inclusive econômicos da profissão, na verdade ela
não tinha e não tem competência legal para isso.
É impossível dissociar a história do desenvolvimento da enfermagem, a criação de
Conselhos de Enfermagem e de Sindicatos de Enfermeiros da história da ABEn.

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 439 ÉTICA EM ENFERMAGEM
Como qualquer outra sociedade civil, a filiação ou vinculação à ABEn é inteiramente
facultativa.
A ABEn, como primeira entidade de classe, sempre esteve presente em todos os momentos
significativos que representassem o crescimento profissional.
Esse crescimento comporta a existência de diversas entidades, cada uma com atribuições
específicas, embora todas pugnando pela elevação do nível da enfermagem brasileira.
Por esse objetivo final, comum a todas as entidades de classe na Enfermagem, deve haver
também união e respeito mútuo entre elas. Só assim a multiplicação de entidades não significará
divisões na classe, mas uma somação de esforços, fortalecendo a categoria profissional para a
conquista de novos campos ou ampliação do espaço social para o enfermeiro.

ORGANOGRAMA:

COFEn ABEn

COREN- COREN- COREN- ...

O homem é o único ser histórico, mas o grupo tem uma dinâmica própria, onde o
profissional pode pontuar, atuar e interferir. Por isso, temos que aprender a conviver com as
pressões externas e internas.

18. O trabalho na sociedade

A humanidade visa, com o trabalho, além da sobrevivência, a sua satisfação e bem-estar.


Para garantir esta condição fez-se necessária a criação de órgãos, entidades e legislações, de modo
que cada categoria profissional tenha competência específica para deliberar sobre o seu exercício.

18.1 – Sindicato dos empregados em estabelecimentos de serviços de saúde

É a organização destes trabalhadores, visando garantir condições ideais de trabalho. Suas


reivindicações vão desde as questões financeiras (remuneração) às sociais. A filiação do trabalhador
nesta entidade é opcional.

18.2 – Segredo profissional

Por segredo entende-se tudo aquilo que deve ser mantido oculto.
O segredo profissional é todo fato que determinada pessoa venha a saber em decorrência de
sua condição de profissional, tendo, por isso, a obrigação de guardar discrição e reserva. Existem,
porém, algumas situações em que a manutenção do sigilo põe em risco, além do doente, sua família
e a coletividade. É o caso das doenças transmissíveis, em que é permitida a cessação do sigilo.

18.3 – Conselhos federal e estadual de enfermagem

O Conselho Federal de Enfermagem – COFEN – e os Conselhos Regionais de Enfermagem


– CORENs – constituem autarquias vinculadas ao Ministério do Trabalho, sendo os órgãos

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 440 ÉTICA EM ENFERMAGEM
disciplinadores do exercício da profissão de enfermagem e demais categorias compreendidas nos
serviços de enfermagem. Os Conselhos Regionais são subordinados ao Conselho Federal, o qual
tem jurisdição em todo território nacional.
Os conselheiros são escolhidos pela própria categoria, por meio de voto, para mandato de
três anos. Todos os Enfermeiros, Técnicos e Auxiliares de Enfermagem devem inscrever-se no
COREN para exercerem a profissão.

19. Lei do exercício profissional

A Lei que dispõe sobre a regulamentação do exercício da enfermagem é a de n. 7.498, de


25 de junho de 1986, regulamentada pelo Decreto n. 94.406, de 08 de junho de 1987. Esta Lei
define as categorias que pertencem à enfermagem, bem como as atribuições que lhes competem.
Assim, todos os Enfermeiros, Técnicos e Auxiliares de Enfermagem devem desempenhar
suas funções conforme a lei.

Lei n 7.498/86

Dispõe sobre a regulamentação do exercício da Enfermagem e dá outras providências


O presidente da República.
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1º - É livre o exercício da Enfermagem em todo o território nacional, observadas as disposições
desta Lei.
Art. 2º - A Enfermagem e suas atividades Auxiliares somente podem ser exercidas por pessoas
legalmente habilitadas e inscritas no Conselho Regional de Enfermagem com jurisdição na área
onde ocorre o exercício.
Parágrafo único - A Enfermagem é exercida privativamente pelo Enfermeiro, pelo Técnico de
Enfermagem, pelo Auxiliar de Enfermagem e pela Parteira, respeitados os respectivos graus de
habilitação.
Art. 3º - O planejamento e a programação das instituições e serviços de saúde incluem planejamento
e programação de Enfermagem.
Art. 4º - A programação de Enfermagem inclui a prescrição da assistência de Enfermagem.
Art. 5º - (vetado)
§ 1º - (vetado)
§ 2º - (vetado)
Art. 6º - São enfermeiros:
I - o titular do diploma de enfermeiro conferido por instituição de ensino, nos termos da lei;

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 441 ÉTICA EM ENFERMAGEM
II - o titular do diploma ou certificado de obstetrícia ou de enfermeira obstétrica, conferidos nos
termos da lei;
III - o titular do diploma ou certificado de Enfermeira e a titular do diploma ou certificado de
Enfermeira Obstétrica ou de Obstetrícia, ou equivalente, conferido por escola estrangeira segundo
as leis do país, registrado em virtude de acordo de intercâmbio cultural ou revalidado no Brasil
como diploma de Enfermeiro, de Enfermeira Obstétrica ou de Obstetrícia;
IV - aqueles que, não abrangidos pelos incisos anteriores, obtiverem título de Enfermeiro conforme
o disposto na alínea "d" do Art. 3º. do Decreto nº 50.387, de 28 de março de 1961.
Art. 7º. São técnicos de Enfermagem:
I - o titular do diploma ou do certificado de Técnico de Enfermagem, expedido de acordo com a
legislação e registrado pelo órgão competente;
II - o titular do diploma ou do certificado legalmente conferido por escola ou curso estrangeiro,
registrado em virtude de acordo de intercâmbio cultural ou revalidado no Brasil como diploma de
Técnico de Enfermagem.
Art. 8º - São Auxiliares de Enfermagem:
I - o titular do certificado de Auxiliar de Enfermagem conferido por instituição de ensino, nos
termos da Lei e registrado no órgão competente;
II - o titular do diploma a que se refere a Lei nº 2.822, de 14 de junho de 1956;
III - o titular do diploma ou certificado a que se refere o inciso III do Art. 2º. da Lei nº 2.604, de 17
de setembro de 1955, expedido até a publicação da Lei nº 4.024, de 20 de dezembro de 1961;
IV - o titular de certificado de Enfermeiro Prático ou Prático de Enfermagem, expedido até 1964
pelo Serviço Nacional de Fiscalização da Medicina e Farmácia, do Ministério da Saúde, ou por
órgão congênere da Secretaria de Saúde nas Unidades da Federação, nos termos do Decreto-lei nº
23.774, de 22 de janeiro de 1934, do Decreto-lei nº 8.778, de 22 de janeiro de 1946, e da Lei nº
3.640, de 10 de outubro de 1959;
V - o pessoal enquadrado como Auxiliar de Enfermagem, nos termos do Decreto-lei nº 299, de 28
de fevereiro de 1967;
VI - o titular do diploma ou certificado conferido por escola ou curso estrangeiro, segundo as leis do
país, registrado em virtude de acordo de intercâmbio cultural ou revalidado no Brasil como
certificado de Auxiliar de Enfermagem.
Art. 9º - São Parteiras:
I - a titular de certificado previsto no Art. 1º do Decreto-lei nº 8.778, de 22 de janeiro de 1964,
observado o disposto na Lei nº 3.640, de 10 de outubro de 1959;
II - a titular do diploma ou certificado de Parteira, ou equivalente, conferido por escola ou curso
estrangeiro, segundo as leis do país, registrado em virtude de intercâmbio cultural ou revalidado no
Brasil, até 2 (dois) anos após a publicação desta Lei, como certificado de Parteira.
Art. 10 - (vetado)
Art. 11 - O Enfermeiro exerce todas as atividades de Enfermagem, cabendo-lhe:

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 442 ÉTICA EM ENFERMAGEM
I - privativamente:
a) direção do órgão de Enfermagem integrante da estrutura básica da instituição de saúde, pública
ou privada, e chefia de serviço e de unidade de Enfermagem;
b) organização e direção dos serviços de Enfermagem e de suas atividades técnicas e auxiliares nas
empresas prestadoras desses serviços;
c) planejamento, organização, coordenação, execução e avaliação dos serviços de assistência de
Enfermagem;
d) - (vetado)
e) - (vetado)
f) - (vetado)
g) - (vetado)
h) consultoria, auditoria e emissão de parecer sobre matéria de Enfermagem;
i) consulta de Enfermagem;
j) prescrição da assistência de Enfermagem;
l) cuidados diretos de Enfermagem a pacientes graves com risco de vida;
m) cuidados de Enfermagem de maior complexidade técnica e que exijam conhecimentos de base
científica e capacidade de tomar decisões imediatas;
II - como integrante da equipe de saúde:
a) participação no planejamento, execução e avaliação da programação de saúde;
b) participação na elaboração, execução e avaliação dos planos assistenciais de saúde;
c) prescrição de medicamentos estabelecidos em programas de saúde pública e em rotina aprovada
pela instituição de saúde;
d) participação em projetos de construção ou reforma de unidades de internação;
e) prevenção e controle sistemática de infecção hospitalar e de doenças transmissíveis em geral;
f) prevenção e controle sistemático de danos que possam ser causados à clientela durante a
assistência
de Enfermagem;
g) assistência de Enfermagem à gestante, parturiente e puérpera;
h) acompanhamento da evolução e do trabalho de parto;
i) execução do parto sem distocia;
j) educação visando à melhoria de saúde da população;
Parágrafo único - às profissionais referidas no inciso II do Art. 6º desta Lei incumbe, ainda:

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 443 ÉTICA EM ENFERMAGEM
a) assistência à parturiente e ao parto normal;
b) identificação das distocias obstétricas e tomada de providências até a chegada do médico;
c) realização de episiotomia e episiorrafia e aplicação de anestesia local, quando necessária.
Art. 12 - O Técnico de Enfermagem exerce atividade de nível médio, envolvendo orientação e
acompanhamento do trabalho de Enfermagem em grau auxiliar, e partipação no planejamento da
assistência de Enfermagem, cabendo-lhe especialmente:
a) participar da programação da assistência de Enfermagem;
b) executar ações assistenciais de Enfermagem, exceto as privativas do Enfermeiro, observado o
disposto no Parágrafo único do Art. 11 desta Lei;
c) participar da orientação e supervisão do trabalho de Enfermagem em grau auxiliar;
d) participar da equipe de saúde.
Art. 13 - O Auxiliar de Enfermagem exerce atividades de nível médio, de natureza repetitiva,
envolvendo serviços auxiliares de Enfermagem sob supervisão, bem como a participação em nível
de execução simples, em processos de tratamento, cabendo-lhe especialmente:
a) observar, reconhecer e descrever sinais e sintomas;
b) executar ações de tratamento simples;
c) prestar cuidados de higiene e conforto ao paciente;
d) participar da equipe de saúde.
Art. 14 - (vetado)
Art. 15 - As atividades referidas nos arts. 12 e 13 desta Lei, quando exercidas em instituições de
saúde, públicas e privadas, e em programas de saúde, somente podem ser desempenhadas sob
orientação e supervisão de Enfermeiro.
Art. 16 - (vetado)
Art. 17 - (vetado)
Art. 18 - (vetado)
Parágrafo único - (vetado)
Art. 19 - (vetado)
Art. 20 - Os órgãos de pessoal da administração pública direta e indireta, federal, estadual,
municipal, do Distrito Federal e dos Territórios observarão, no provimento de cargos e funções e na
contratação de pessoal de Enfermagem, de todos os graus, os preceitos desta Lei.
Parágrafo único - Os órgãos a que se refere este artigo promoverão as medidas necessárias à
harmonização das situações já existentes com as diposições desta Lei, respeitados os direitos
adquiridos quanto a vencimentos e salários.
Art. 21 - (vetado)

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 444 ÉTICA EM ENFERMAGEM
Art. 22 - (vetado)
Art. 23 - O pessoal que se encontra executando tarefas de Enfermagem, em virtude de carência de
recursos humanos de nível médio nesta área, sem possuir formação específica regulada em lei, será
autorizado, pelo Conselho Federal de Enfermagem, a exercer atividades elementares de
Enfermagem, observado o disposto no Art. 15 desta Lei.
Parágrafo único - A autorização referida neste artigo, que obedecerá aos critérios baixados pelo
Conselho Federal de Enfermagem, somente poderá ser concedida durante o prazo de 10 (dez) anos,
a contar da promulgação desta Lei.
Art. 24 - (vetado)
Parágrafo único - (vetado)
Art. 25 - O Poder Executivo regulamentará esta Lei no prazo de 120 (cento e vinte) dias a contar da
data de sua publicação.
Art. 26 - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 27 - Revogam-se (vetado) as demais disposições em contrário.
Brasília, em 25 de junho de 1986, 165º da Independência e 98º da República
José Sarney
Almir Pazzianotto Pinto
Lei nº 7.498, de 25.06.86,
publicada no DOU de 26.06.86 Seção I - fls. 9.273 a 9.275

Decreto n 94.406/87

Regulamenta a Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986, que dispõe sobre o exercício da Enfermagem,
e dá outras providências
O Presidente da República, usando das atribuições que lhe confere o Art. 81, item III, da
Constituição, e tendo em vista o disposto no Art. 25 da Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986,
Decreta:
Art. 1º - O exercício da atividade de Enfermagem, observadas as disposições da Lei nº 7.498, de 25
de junho de 1986, e respeitados os graus de habilitação, é privativo de Enfermeiro, Técnico de
Enfermagem, Auxiliar de Enfermagem e Parteiro e só será permitido ao profissional inscrito no
Conselho Regional de Enfermagem da respectiva região.
Art. 2º - As instituições e serviços de saúde incluirão a atividade de Enfermagem no seu
planejamento e programação.
Art. 3º - A prescrição da assistência de Enfermagem é parte integrante do programa de
Enfermagem.

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 445 ÉTICA EM ENFERMAGEM
Art. 4º - São Enfermeiros:
I - o titular do diploma de Enfermeiro conferido por instituição de ensino, nos termos da lei;
II - o titular do diploma ou certificado de Obstetriz ou de Enfermeira Obstétrica, conferidos nos
termos da lei;
III - o titular do diploma ou certificado de Enfermeira e a titular do diploma ou certificado de
Enfermeira Obstétrica ou de Obstetriz, ou equivalente, conferido por escola estrangeira segundo as
respectivas leis, registrado em virtude de acordo de intercâmbio cultural ou revalidado no Brasil
como diploma de Enfermeiro, de Enfermeira Obstétrica ou de Obstetriz;
IV - aqueles que, não abrangidos pelos incisos anteriores, obtiveram título de Enfermeira conforme
o disposto na letra "d" do Art. 3º. do Decreto-lei Decreto nº 50.387, de 28 de março de 1961.
Art. 5º. São técnicos de Enfermagem:
I - o titular do diploma ou do certificado de técnico de Enfermagem, expedido de acordo com a
legislação e registrado no órgão competente;
II - o titular do diploma ou do certificado legalmente conferido por escola ou curso estrangeiro,
registrado em virtude de acordo de intercâmbio cultural ou revalidado no Brasil como diploma de
técnico de Enfermagem.
Art. 6º São Auxiliares de Enfermagem:
I - o titular do certificado de Auxiliar de Enfermagem conferido por instituição de ensino, nos
termos da Lei e registrado no órgão competente;
II - o titular do diploma a que se refere a Lei nº 2.822, de 14 de junho de 1956;
III - o titular do diploma ou certificado a que se refere o item III do Art. 2º. da Lei nº 2.604, de 17
de setembro de1955, expedido até a publicação da Lei nº 4.024, de 20 de dezembro de 1961;
IV - o titular de certificado de Enfermeiro Prático ou Prático de Enfermagem, expedido até 1964
pelo Serviço Nacional de Fiscalização da Medicina e Farmácia, do Ministério da Saúde, ou por
órgão congênere da Secretaria de Saúde nas Unidades da Federação, nos termos do Decreto-lei nº
23.774, de 22 de janeiro de 1934, do Decreto-lei nº 8.778, de 22 de janeiro de 1946, e da Lei nº
3.640, de 10 de outubro de 1959;
V - o pessoal enquadrado como Auxiliar de Enfermagem, nos termos do Decreto-lei nº 299, de 28
de fevereiro de 1967;
VI - o titular do diploma ou certificado conferido por escola ou curso estrangeiro, segundo as leis do
país, registrado em virtude de acordo de intercâmbio cultural ou revalidado no Brasil como
certificado de Auxiliar de Enfermagem.
Art. 7º - São Parteiros:
I - o titular de certificado previsto no Art. 1º do nº 8.778, de 22 de janeiro de 1946, observado o
disposto na Lei nº 3.640, de 10 de outubro de 1959;
II - o titular do diploma ou certificado de Parteiro, ou equivalente, conferido por escola ou curso
estrangeiro, segundo as respectivas leis, registrado em virtude de intercâmbio cultural ou revalidado
no Brasil, até 26 de junho de1988, como certificado de Parteiro.

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 446 ÉTICA EM ENFERMAGEM
Art. 8º - Ao enfermeiro incumbe:
I - privativamente:
a) direção do órgão de Enfermagem integrante da estrutura básica da instituição de saúde, pública
ou privada, e chefia de serviço e de unidade de Enfermagem;
b) organização e direção dos serviços de Enfermagem e de suas atividades técnicas e auxiliares nas
empresas prestadoras desses serviços;
c) planejamento, organização, coordenação, execução e avaliação dos serviços da assistência de
Enfermagem;
d) consultoria, auditoria e emissão de parecer sobre matéria de Enfermagem;
e) consulta de Enfermagem;
f) prescrição da assistência de Enfermagem;
g) cuidados diretos de Enfermagem a pacientes graves com risco de vida;
h) cuidados de Enfermagem de maior complexidade técnica e que exijam conhecimentos científicos
adequados e capacidade de tomar decisões imediatas;
II - como integrante da equipe de saúde:
a) participação no planejamento, execução e avaliação da programação de saúde;
b) participação na elaboração, execução e avaliação dos planos assistenciais de saúde;
c) prescrição de medicamentos previamente estabelecidos em programas de saúde pública e em
rotina aprovada pela instituição de saúde;
d) participação em projetos de construção ou reforma de unidades de internação;
e) prevenção e controle sistemático da infecção hospitalar, inclusive como membro das respectivas
comissões;
f) participação na elaboração de medidas de prevenção e controle sistemático de danos que possam
ser causados aos pacientes durante a assistência de Enfermagem;
g) participação na prevenção e controle das doenças transmissíveis em geral e nos programas de
vigilância epidemiológica;
h) prestação de assistência de enfermagem à gestante, parturiente, puérpera e ao recém-nascido;
i) participação nos programas e nas atividades de assistência integral à saúde individual e de grupos
específicos, particularmente daqueles prioritários e de alto risco;
j) acompanhamento da evolução e do trabalho de parto;
l) execução e assistência
obstétrica em situação de emergência e execução do parto sem distocia;
m) participação em programas e atividades de educação sanitária, visando à melhoria de saúde do
indivíduo, da família e da população em geral;

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 447 ÉTICA EM ENFERMAGEM
n) participação nos programas de treinamento e aprimoramento de pessoal de saúde,
particularmente nos programas de educação continuada;
o) participação nos programas de higiene e segurança do trabalho e de prevenção de acidentes e de
doenças profissionais e do trabalho;
p) participação na elaboração e na operacionalização do sistema de referência e contra-referência do
paciente nos diferentes níveis de atenção à saúde;
q) participação no desenvolvimento de tecnologia apropriada à assistência de saúde;
r) participação em bancas examinadoras, em matérias específicas de Enfermagem, nos concursos
para provimento de cargo ou contratação de Enfermeiro ou pessoal Técnico e Auxiliar de
Enfermagem.
Art. 9º - Às profissionais titulares de diploma ou certificados de Obstetriz ou de Enfermeira
Obstétrica, além das atividades de que trata o artigo precedente, incumbe:
I - prestação de assistência à parturiente e ao parto normal;
II - identificação das distócias obstétricas e tomada de providências até a chegada do médico;
III - realização de episiotomia e episiorrafia com aplicação de anestesia local, quando necessária.
Art. 10 - O Técnico de Enfermagem exerce as atividades auxiliares, de nível médio técnico,
atribuídas à equipe de Enfermagem, cabendo-lhe:
I - assistir ao Enfermeiro:
a) no planejamento, programação, orientação e supervisão das atividades de assistência de
Enfermagem;
b) na prestação de cuidados diretos de Enfermagem a pacientes em estado grave;
c) na prevenção e controle das doenças transmissíveis em geral em programas de vigilância
epidemiológica;
d) na prevenção e controle sistemático da infecção hospitalar;
e) na prevenção e controle sistemático de danos físicos que possam ser causados a pacientes durante
a assistência de saúde;
f) na execução dos programas referidos nas letras "i" e "o" do item II do Art. 8º.
II - executar atividades de assistência de Enfermagem, excetuadas as privativas do Enfermeiro e as
referidas no Art. 9º deste Decreto:
III - integrar a equipe de saúde.
Art. 11 - O Auxiliar de Enfermagem executa as atividades auxiliares, de nível médio atribuídas à
equipe de Enfermagem, cabendo-lhe:
I - preparar o paciente para consultas, exames e tratamentos;
II - observar, reconhecer e descrever sinais e sintomas, ao nível de sua qualificação;

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 448 ÉTICA EM ENFERMAGEM
III - executar tratamentos especificamente prescritos, ou de rotina, além de outras atividades de
Enfermagem, tais como:
ministrar medicamentos por via oral e parenteral;
realizar controle hídrico;
fazer curativos;
d) aplicar oxigenoterapia, nebulização, enteroclisma, enema e calor ou frio;
e) executar tarefas referentes à conservação e aplicação de vacinas;
f) efetuar o controle de pacientes e de comunicantes em doenças transmissíveis;
g) realizar testes e proceder à sua leitura, para subsídio de diagnóstico;
h) colher material para exames laboratoriais;
i) prestar cuidados de Enfermagem pré e pós-operatórios;
j) circular em sala de cirurgia e, se necessário, instrumentar;
l) executar atividades de desinfecção e esterilização;
IV - prestar cuidados de higiene e conforto ao paciente e zelar por sua segurança, inclusive:
a) alimentá-lo ou auxiliá-lo a alimentar-se;
b) zelar pela limpeza e ordem do material, de equipamentos e de dependência de unidades de saúde;
V - integrar a equipe de saúde;
VI - participar de atividades de educação em saúde, inclusive:
a) orientar os pacientes na pós-consulta, quanto ao cumprimento das prescrições de Enfermagem e
médicas;
b) auxiliar o Enfermeiro e o Técnico de Enfermagem na execução dos programas de educação para
a saúde;
VII - executar os trabalhos de rotina vinculados à alta de pacientes:
VIII - participar dos procedimentos pós-morte.
Art. 12 - Ao Parteiro incumbe:
I - prestar cuidados à gestante e à parturiente;
II - assistir ao parto normal, inclusive em domicílio; e
III - cuidar da puérpera e do recém-nascido.
Parágrafo único - As atividades de que trata este artigo são exercidas sob supervisão de Enfermeiro
Obstetra, quando realizadas em instituições de saúde, e, sempre que possível, sob controle e
supervisão de unidade de saúde, quando realizadas em domicílio ou onde se fizerem necessárias.

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 449 ÉTICA EM ENFERMAGEM
Art. 13 - As atividades relacionadas nos arts. 10 e 11 somente poderão ser exercidas sob supervisão,
orientação e direção de Enfermeiro.
Art. 14 - Incumbe a todo o pessoal de Enfermagem:
I - cumprir e fazer cumprir o Código de Deontologia da Enfermagem;
II - quando for o caso, anotar no prontuário do paciente as atividades da assistência de Enfermagem,
para fins estatísticos;
Art. 15 - Na administração pública direta e indireta, federal, estadual, municipal, do Distrito Federal
e dos Territórios será exigida como condição essencial para provimento de cargos e funções e
contratação de pessoal de Enfermagem, de todos os graus, a prova de inscrição no Conselho
Regional de Enfermagem da respectiva região.
Parágrafo único - Os órgãos e entidades compreendidos neste artigo promoverão, em articulação
com o Conselho Federal de Enfermagem, as medidas necessárias à adaptação das situações já
existentes com as disposições deste Decreto, respeitados os direitos adquiridos quanto a
vencimentos e salários.
Art. 16 - Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 17 - Revogam-se as disposições em contrário.
Brasília, 08 de junho de 1987;
José Sarney
Eros Antonio de Almeida
Dec. nº 94.406, de 08.06.87, publicado no DOU de 09.06.87, seção I - fls. 8.853 a 8.855

CÓDIGO DE ÉTICA DO PROFISSIONAL DE ENFERMAGEM

Aprovado pela Resolução COFEN N° 160, DE 12 DE MAIO DE 1993

CAPÍTULO I
DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS

Art. 1- A enfermagem é uma profissão comprometida com a saúde do ser humano e


da coletividade. Atua na promoção, proteção, recuperação da saúde e reabilitação das
pessoas, respeitando os preceitos éticos e legais.
Art. 2- O profissional de Enfermagem participa, como integrante da sociedade, das
ações que visem satisfazer às necessidades de saúde da população.
Art. 3- O profissional de Enfermagem respeita a vida, a dignidade e os direitos da
pessoa humana, em todo o seu ciclo vital, sem discriminação de qualquer natureza.

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 450 ÉTICA EM ENFERMAGEM
Art. 4- O profissional de Enfermagem exerce suas atividades com justiça,
competência, responsabilidade e honestidade.
Art. 5- O profissional de Enfermagem presta assistência à saúde visando à promoção
do ser humano como um todo.
Art. 6- O profissional de Enfermagem exerce a profissão com autonomia,
respeitando os preceitos legais da Enfermagem.

CAPÍTULO II
DOS DIREITOS

Art. 7- Recusar-se a executar atividades que não sejam de sua competência legal.
Art. 8- Ser informado sobre o diagnóstico provisório ou definitivo de todos os
clientes que estejam sob sua assistência.
Art. 9- Recorrer ao Conselho Regional de Enfermagem, quando impedido de
cumprir o present5e Código e a Lei do exercício Profissional.
Art. 10- Participar de movimentos reinvidicatórios por melhores condições de
assistência, de trabalho e remuneração.
Art. 11- Suspender suas atividades individuais ou coletivismo, quando a instituição
pública ou privada para a qual trabalhe não oferecer condições mínimas para o
exercício profissional, ressalvadas as situações de urgência e de emergência,
devendo comunicar imediatamente sua decisão ao Conselho Regional de
Enfermagem.
Parágrafo único- Ao cliente sob sua responsabilidade, deve ser garantida a
continuidade da assistência de Enfermagem.
Art. 12- Receber salários ou honorários pelo seu trabalho que deverá corresponder,
no mínimo, ao fixador por legislação específica.
Art. 13- Associar-se exercer cargos e participar das atividades de entidades de
classe.
Art. 14- Atualizar seus conhecimentos técnicos, científicos e culturais.
Art. 15- Apoiar as iniciativas que visem ao aprimoramento profissional, cultural e à
defesa dos legítimos interesses de classe.

CAPÍTULO III
DAS RESPONSABILIDADES

Art. 16- Assegurar ao cliente uma assistência de Enfermagem livre de danos


decorrentes de imperícia, negligência ou imprudência.
Art. 17- Avaliar criteriosamente sua competência técnica e legal e somente aceitar
encargos ou atribuições, quando capaz de desempenho seguro para si e para
clientela.

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 451 ÉTICA EM ENFERMAGEM
Art. 18- Manter-se atualizado, ampliando seus conhecimentos técnicos, científicos e
cultural do pessoal sob sua orientação e supervisão.
Art. 19- Promover e/ou facilitar o aperfeiçoamento técnico, científico e cultural do
pessoal sob sua orientação supervisão.
Art. 20- Responsabilizar-se por falta cometida em suas atividades profissionais,
independente de ter sido praticada individualmente ou em equipe.

CAPÍTULO IV
DOS DEVERES

Art. 21- Cumprir e fazer cumprir os preceitos éticos e legais da profissão.


Art. 22- Exercer a enfermagem com justiça, competência, responsabilidade e
honestidade.
Art. 23- Prestar assistência de Enfermagem à clientela, sem discriminação de
qualquer natureza.
Art. 24- Prestar à clientela uma assistência de Enfermagem livre dos riscos
decorrentes de imperícia, negligência e imprudência.
Art. 25- Garantir a continuidade da assistência de Enfermagem.
Art. 26- Prestar adequadas informações ao cliente e família a respeito da assistência
de Enfermagem, possíveis benefícios, riscos e conseqüências que possam ocorrer.
Art. 27- Respeitar e reconhecer o direito do cliente de decidir sobre sua pessoa, seu
tratamento e seu bem-estar.
Art. 28- Respeitar o natural pudor, a privacidade e a intimidade do cliente.
Art. 29- Manter segredo sobre fato sigiloso de que tenha conhecimento em razão de
sua atividade profissional, exceto nos casos previstos em lei.
Art. 30- Colaborar com a equipe de saúde no esclarecimento do cliente e família
sobre o seu estado de saúde e tratamento, possíveis benefícios, riscos e
conseqüências que possam ocorrer.
Art. 31- Colaborar coma equipe de saúde na orientação do cliente ou responsável,
sobre os riscos dos exames ou de outros procedimentos aos quais se submeterá.
Art. 32- Respeitar o ser humano na situação de morte e pós-morte.
Art. 33- Proteger o cliente contra danos decorrentes de imperícia, negligência ou
imprudência por parte de qualquer membro da equipe de saúde.
Art. 34- Colocar seus serviços profissionais à disposição da comunidade em casos
de emergência, epidemia e catástrofe, sem pleitear vantagens pessoais.
Art. 35- Solicitar consentimento do cliente ou do seu representante legal, de
preferência por escrito, para realizar ou participar de pesquisa ou atividade de ensino
em Enfermagem, mediante apresentação da informação completa dos objetivos,

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 452 ÉTICA EM ENFERMAGEM
riscos e benefícios, da garantia do anonimato e sigilo, do respeito à privacidade e
intimidade e sua liberdade de participar ou declinar de sua participação no momento
que desejar.
Art. 36- Interromper a pesquisa na presença de qualquer perigo à vida e à integridade
da pessoal humana.
Art. 37- Ser honesto no relatório dos resultados da pesquisa.
Art. 38- Tratar os colegas e outros profissionais com respeito e consideração.
Art. 39- Alertar o profissional, quando diante de falta cometida por imperícia,
imprudência e negligência.
Art. 40- Comunicar ao Conselho Regional de Enfermagem fatos que infrinjam
preceitos do presente código e da Lei do Exercício Profissional.
Art. 41- Comunicar formalmente ao conselho Regional de Enfermagem fatos que
envolvam recusa ou demissão de cargo, função ou empregado, motivados pela
necessidade do profissional em preservar os postulados éticos e legais da profissão.

CAPÍTULO V
DAS PROIBIÇÕES

Art. 42- Negar assistência de Enfermagem em caso de urgência ou emergência.


Art. 43- Abandonar o cliente em meio a tratamento sem garantia de continuidade da
assistência.
Art. 44- Participar de tratamento sem consentimento do cliente ou representante
legal, exceto em iminente risco de vida.
Art. 45- Provocar aborto ou cooperar em prática destinada a interromper a gestação.
Parágrafo único- Nos casos previstos em lei, o profissional deverá decidir , de acordo
com a sua consciência, sobre a sua participação ou não no ato abortivo.
Art.46- Promover a eutanásia ou cooperar em prática destinada a antecipar a morte
do cliente.
Art.47- Administrar medicamentos sem certificar-se da natureza das drogas que o
compõem e da existência de risco para o cliente.
Art. 48- Prescrever medicamentos ou praticar ato cirúrgico, exceto os previstos na
legislação vigente e em casos de emergência.
Art. 49- Executar a assistência de enfermagem sem o consentimento do cliente ou
seu representante legal. Exceto em iminente risco de vida.
Art. 50- Executar prescrições terapêuticas quando contrárias à segurança do cliente.

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 453 ÉTICA EM ENFERMAGEM
Art. 51- Prestar ao cliente serviços que , por sua natureza, incumbem a outro
profissional, exceto em caso de emergência.
Art. 52- Provocar, cooperar ou ser conivente com maus - tratos.
Art. 53- Realizar ou participar de pesquisa ou atividade de ensino, em que o direito
inalienável do homem seja desrespeitado ou acarrete perigo de vida ou dano à sua
saúde.
Parágrafo único - A participação do profissional de Enfermagem, nas pesquisas
experimentais, deve ser precedida de consentimento, por escrito, do cliente ou do seu
representante legal.
Art.54- Publicar trabalho com elementos que identifiquem o cliente, sem sua
autorização.
Art. 55- Publicar, em seu nome, trabalho cientifico do qual não tenha participação
ou omitir em publicação, nomes de colaboradores e / ou orientadores.
Art. 56- Utilizar-se, sem referência ao autor ou sem autorização expressa, de dados,
informações ou opiniões ainda não publicados.
Art. 57- Sobrepor o interesse da ciência ao interesse e segurança da pessoa humana.
Art. 58- Determinar a execução de atos contrários ao código de ética e demais
legislações que regulamentam o exercício profissional da Enfermagem.
Art. 59- Trabalhar e/ou colaborar com pessoas físicas e/ou jurídicas que
desrespeitem princípios éticos de Enfermagem.
Art. 60- Acumpliciar-se com pessoas ou instituições que exerçam ilegalmente
atividades de Enfermagem.
Art. 61- Pleitear cargo, função ou emprego ocupado por colegas, utilizando-se de
concorrência desleal.
Art. 62- Aceitar, sem anuência do Conselho Regional de Enfermagem, cargo, função
ou emprego vago em decorrência do previsto no art. 41.
Art. 63- Permitir que seu nome conste no quadro de pessoal de hospital, casa de
saúde, unidade sanitária, clínica, ambulatório, escola, curso, empresa ou
estabelecimento congênere, sem nele exercer as funções de Enfermagem
pressupostas.
Art. 64- Assinar as ações de Enfermagem que não executou, bem como permitir que
outro profissional assine as que executou.
Art. 65- Receber vantagens de instituição, empresa ou de cliente, além do que lhe é
devido, como forma de garantir assistência de Enfermagem diferenciada ou
benefícios de qualquer natureza para si ou para ontem.
Art. 66- Colaborar, direta ou indiretamente, com outros profissionais de saúde, no
descumprimento da legislação referente aos transplantes de órgãos, tecidos,
esterilização ou fecundação artificial.

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 454 ÉTICA EM ENFERMAGEM
Art.67- Usar de qualquer mecanismo de pressão e/ou suborno com pessoas físicas
e/ou jurídicas para conseguir qualquer tipo de vantagem.
Art. 68- Utilizar, de forma abusiva, o poder que lhe confere a posição ou cargo, para
impor ordens, opiniões, inferiorizar as pessoas e/ou dificultar o exercício
profissional.
Art. 69- Fazer publicidade de medicamento ou outro produto farmacêutico,
instrumental, equipamento hospitalar, valendo-se de sua profissão, exceto com
caráter de esclarecimento e de educação da população.
Art. 70- Ser conivente com crime, contravenção penal ou ato praticado por membro
da equipe de trabalho que infrinja postulado ético profissional.
Art. 71- Denegrir a imagem do colega e/ou de outro membro da equipe de saúde, de
entidade de classe e/ou de instituição onde trabalha.

CAPÍTULO VI
DOS DEVERES DISCIPLINARES

Art. 72- Cumprir as normas dos Conselhos Federal e Regionais de Enfermagem.


Art. 73- Atender às convocações dos Conselhos Federal e Regionais de
Enfermagem, no prazo determinado.
Art. 74- Facilitar a fiscalização do exercício profissional.
Art. 75- Manter-se regularizado com suas obrigações financeiras com o conselho
Regional de Enfermagem.
Art.76- Apor o número de inscrição do conselho Regional de Enfermagem sem sua
assinatura, quando no exercício profissional.
Art.77- Facilitar a participação dos profissionais de Enfermagem no desempenho de
atividades nos órgãos de classe.
Art.78- Facilitar o desenvolvimento das atividades de ensino e pesquisa,
devidamente aprovados.
Art. 79- Não apropriar-se de dinheiro, valor ou qualquer bem imóvel, público ou
particular de que tenha posse, em razão do cargo, ou desviá-lo em proveito próprio
ou outrem.

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 455 ÉTICA EM ENFERMAGEM
CAPÍTULO VII
DAS INFRAÇÕES E PENALIDADES

Art. 80- A caracterização das infrações éticas e disciplinares e a aplicação das


respectivas penalidades regem-se por este código, sem prejuízo das sanções previstas
em outros dispositivos legais.
Art. 81- Considera-se infração ética a ação, omissão ou conivência que implique
desobediência e/ou inobservância às disposições do Código de Ética dos
Profissionais de Enfermagem.
Art. 82- Considera-se infração disciplinar a inobservância das normas dos conselhos
Federais e Regionais de Enfermagem.
Art. 83- Responde pela infração quem a cometer ou concorrer para a sua prática, ou
dela obtiver benefício, quando cometida por outrem.
Art. 84- A gravidade da infração é caracterizada através da análise dos fatos e causas
do dano, suas conseqüências e dos antecedentes do infrator.
Art. 85- A infração é apurada em processo instaurado e conduzido nos termos deste
Código.
Art. 86- As penalidades a serem impostas pelos Conselhos Federal e Regionais de
Enfermagem, conforme o que determina o art. 18, da Lei N.º 5.905. de julho de
1973, são as seguintes:
I - Advertência verbal;
II- Multa;
III- Censura;
IV- Suspensão do exercício profissional;
V- Cassação do direito ao exercício profissional.
& 1º - A advertência verbal consiste numa admoestação ao infrator, de forma
reservada, que será registrada no prontuário do mesmo, na presença de duas
testemunhas.
& 2º - A multa consiste na obrigatoriedade de pagamento de 01(um) a 10(dez) vezes
o valor da anuidade da categoria profissional à qual pertence o infrator, em vigor no
ato do pagamento.
& 3º - A censura consiste em repreensão que será divulgada nas publicações oficiais
dos Conselhos Federal e Regionais de Enfermagem.
& 4º - A suspensão consiste na proibição do exercício da Enfermagem por um
período não superior a 29 (vinte e nove) dias e será divulgada nas publicações
oficiais dos Conselhos Federal e Regionais de Enfermagem.
& 5º - A cassação consiste na perda do direito ao exercício da Enfermagem será
divulgada nas publicações dos Conselhos Federal e Regionais de Enfermagem e em
jornais de grande circulação.

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 456 ÉTICA EM ENFERMAGEM
Art. 87- As penalidades de advertência verbal, multa, censura e suspensão do
exercício Profissional são da alçada dos Conselhos Regionais de Enfermagem; a
pena de cassação do direito ao exercício Profissional é de competência do Conselho
Federal de Enfermagem, conforme o disposto no art. 18, parágrafo primeiro, da Lei
N.º 5.905/73.
Parágrafo único - Na situação em que o processo tiver origem no Conselho Federal
de Enfermagem , terá como instância superior a Assembléia dos Delegados
Regionais.
Art. 88- Para a graduação da penalidade e respectiva imposição consideram-se:
I- A maior ou menor gravidade da infração
II- As circunstâncias agravantes e atenuantes da infração
III- O dano causado e suas conseqüências
IV- Os antecedentes do infrator
Art. 89- As infrações serão consideradas leves , graves ou gravíssimas, conforme a
natureza do ato e a circunstância de cada caso.
& 1º - São consideradas infrações leves as que ofendam a integridade física, mental
ou moral de qualquer pessoa, sem causar debilidade.
& 2º - São consideradas infrações graves as que provoquem perigo de vida,
debilidade temporária de membros, sentido ou função em qualquer pessoa.
& 3º - São consideradas infrações gravíssimas as que provoquem morte,
deformidade permanente, perda ou inutilização de membro, sentido, função ou ainda,
dano moral irremediável em qualquer pessoa.
Art. 90- São consideradas circunstâncias atenuantes:
I- Ter o infrator procurado, logo após a infração, por sua espontânea vontade e com
eficiência, minorar as conseqüências do seu ato;
II- Ter bons antecedentes profissionais;
II- Realizar atos sob coação e/ou intimidação;
IV- Realizar atos sobre emprego real de força física;
V- Ter confessado espontaneamente a autoria da infração.
Art. 91- São consideradas circunstâncias agravantes:
I- Ser reincidente;
II- Causar danos irreparáveis;
III- Cometer infração dolosamente;
IV- Cometer infração por motivo fútil ou torpe;
V- Facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou a vantagem de
outra infração;
VI- Aproveitar-se da fragilidade da vítima;
VII- Cometer a infração com abuso de autoridade ou violação do dever inerente ao
cargo ou função;
VIII- Ter maus antecedentes pessoais e/ou profissionais.

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 457 ÉTICA EM ENFERMAGEM
CAPÍTULO VIII
DA APLICAÇÃO DAS PENALIDADES

Art. 92- As penalidades previstas neste Código somente poderão ser aplicadas,
cumulativamente, quando houver infração a mais de um artigo.
Art. 93- A pena de ADVERTÊNCIA VERBAL é aplicável nos casos de infração ao
que está estabelecido nos artigos: 16 a 26; 28 a 35; 37 a 44; 47 a 50; 52;56;58 a 62 e
64 a 78 deste código.
Art. 94- A pena de MULTA é aplicável nos casos de infração ao que está
estabelecido nos artigos: 16 a 75 e 77 a 79 deste Código.
Art. 95- A pena de CENSURA é aplicável nos casos de infrações ao que está
estabelecido nos artigos: 16;17; 21 a 29; 32; 35 a 37; 42;43; 45 a 53; 55 a 75 e 77 a
79 deste Código.
Art. 96- A pena de SUSPENSÃO DO EXERCÍCIO PROFISSIONAL é aplicável
nos casos de infrações ao que está estabelecido nos artigos: 16;17; 21 A 25; 29;
32;36; 42; 43; 45 A 48; 50 A 53; 57 A 60; 63; 66; 67; 70 A 72; 75 E 79 deste
Código.
Art. 97- A pena de CASSAÇÃO DO DIREITO AO EXERCÍCIO PROFISSIONAL
é aplicável nos casos de infrações ao que está estabelecido nos artigos:
16;24;36;42;45;46; 51 a 53; 57; 60; 70 e 79 deste Código.

CAPÍTULO IX
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 98- Os casos omissos serão resolvidos pelo Conselho Federal de Enfermagem.
Art. 99- Este código poderá ser alterado pelo Conselho Federal de Enfermagem, por
iniciativa própria e/ou mediante proposta de Conselhos Regionais.
Parágrafo único - A alteração referida deve ser precedida de ampla discussão com a
categoria.
Art. 100- O presente Código entrará em vigor na data de sua publicação e revoga o
Código de Deontologia de Enfermagem, aprovado pela Resolução COFEN-9, de
04.10.75 e o Código de Infração e Penalidades, aprovado pela Resolução COFEN -
51, de 24.03.79 e demais disposições em contrário.

RESOLUÇÃO COFEN - 161


Amplia os Efeitos da Resolução COFEN - 160
O Presidente do Conselho Federal de Enfermagem, no uso de sua competência e
atribuições legais e regimentais;

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 458 ÉTICA EM ENFERMAGEM
Considerando recomendação da Comissão de Sistematização designada pela portaria
COFEN- 037/92;
Considerando os estudos que integram os autos dos PAD´s COFEN Nºs 83/91,
179/91, 45/92 e 119/92; e,
Considerando deliberação do Plenário em sua 216ª Reunião Ordinária;
Resolve:
Art. 1- Aplicam-se aos Atendentes de Enfermagem e assemelhados que exercem
atividades na área de Enfermagem, todos os preceitos contidos no Código de Ética
dos Profissionais de Enfermagem, aprovado pela Resolução COFEN-160.
Art. 2- Esta Resolução entrará em vigor na data de sua publicação na Imprensa
Oficial, revogando-se as disposições em contrário.

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 459 ENFERMAGEM EM CLÍNICA CIRÚRGICA








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Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 460 ENFERMAGEM EM CLÍNICA CIRÚRGICA

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 461 ENFERMAGEM EM CLÍNICA CIRÚRGICA
INTRODUÇÃO A CLÍNICA CIRÚRGICA

1) CONCEITO:
Unidade hospitalar destinada a atender os pacientes no pré e pós-operatório.

2) DIVISÃO:
- Posto de enfermagem;
- Sala para chefia de enfermagem
- Secretaria;
-Unidade do paciente (enfermaria e apartamentos);
-Sala de curativo e pequena cirurgia;
-Arsenal;
-Expurgo;
-Rouparia;
-Sala de reuniões;
-Copa;
-Sanitários;
-Repouso para enfermagem;
-Repouso para médicos;

3) EQUIPAMENTOS ESSENCIAIS
-Vácuo;
-Oxigênio;
-Ar comprimido;
-Aspiradores;
-Foco auxiliar;
- Material de emergência - tábuas para massagem cardíaca laringoscópio, ambu, equipos,
- Material para punção venosa (periférica ou central), fios, seringas, agulhas, caleteres, drenos;
-Material esterilizado - campos, aventais, luvas, gazes, material para curativo, máscaras;
-Medicamentos de emergência.

D) ESPECIALIDADES CIRÚRGICAS
-Cirurgias neurológicas - cirurgia do sistema nervoso;
-Cirurgias oftálmicas - cirurgia dos olhos;
-Cirurgia otorrino laringológicas - cirurgia dos ouvidos, nariz e laringe;
-Cirurgia geral - cirurgias de glândula tireóide da traquéia, das hérnias, do fígado, das vias biliares,
do baço, do esôfago, do estômago e dos intestinos;
-Cirurgia cardiovascular - cirurgia do coração e dos vasos sangüíneos;
-Cirurgias urológicas - cirurgia do aparelho urinário e do aparelho reprodutor masculino;
-Cirurgias ginecológicas - cirurgias do aparelho reprodutor feminino;
-Cirurgias ortopédicas - cirurgias do aparelho locomotor.

III- TERMINOLOGIA CIRÚRGICA:


Conjunto de termos utilizados em cirurgia para determinar o tipo de tratamento cirúrgico a ser
utilizado e os órgãos onde esse tratamento irá acontecer. Geralmente são formados por três partes:

RAIZ:

Adeno - relativo à glândula


Cisto - relativo à bexiga
Cole - relativo à vesícula

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 462 ENFERMAGEM EM CLÍNICA CIRÚRGICA
Colon - relativo ao intestino grosso
Colpo - relativo à vagina
Ênterro - relativo ao intestino delgado
Gastro - relativo ao estômago
Hístero - relativo ao útero
Nefro - relativo ao rim
Orquio- relativo aos testículos
Ósteo - relativo ao osso
Oto - relativo ao ouvido
Procto - relativo ao reto e ânus
Salpinge - relativo às tuba uterina
Tráqueo - relativo à traquéia
Rino - relativo ao nariz
Queilo - relativo aos lábios
Laringe - relativo à garganta

PREFIXO
Hipo: Diminuição
Extra: Fora, exterior
Circum: ao redor de;
Retro: Atrás
Epi: Acima
Peri: Fora, ao redor de
Ec: Fora, para fora
Homo: Semelhante
Hetero:Diferente
Meso: Meio
Dese: Fixação
Stase: parada
Ite: Inflamação
Ragia: Saída, fluxo e excesso
Algia: sensação dolorosa
Ptose: queda

SUFIXOS:
Ectomia - extirpação de um órgão ou parte dele
Tomia - abertura de um órgão
Stomia - abertura cirúrgica de uma nova boca
Pexia - fixação de um órgão
Plastia - alteração da forma de um órgão
Rafia - sutura
Scopia - olhar no interior

OPERAÇÕES DE REMOÇÃO (Ectomia)


Apendicectomia - remoção do apêndice
Cistectomia - remoção da bexiga
Colecistectomia - remoção da vesícula biliar
Colectomia - remoção do colo
Embolectomia - extração de um êmbulo
Esofagectomia - remoção do esôfago
Esplenectomia - remoção do baço

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 463 ENFERMAGEM EM CLÍNICA CIRÚRGICA
Fistulectomia - remoção de fistula
Gatrectomia - remoção parcial ou total do estômago
Hemorroidectomia - remoção de hemorróidas
Hepatectomia - remoção da parte do fígado
Histerectomia - extirpação do útero
Lobectomia - remoção de um lobo de um órgão
Mastectomia - remoção da mama
Miomectomia - remoção de miomas
Nefrectomia - remoção de rim
Ooforectomia - remoção do ovário
Pancreatectomia - remoção de pâncreas
Pneumectomia - remoção do pulmão
Prostatectomia - remoção da próstata
Retossigmoidectomia - remoção do retossigmoide
Salpingectomia - extirpação da trompa
Tireoidectomia - remoção da tiróide

OPERAÇÕES DE ABERTURA (Tomia)


Artrotomia - abertura da articulação
Broncotomia - abertura do brônquio
Cardiotomia - abertura da cárdia. (Transição esôfago-gátrica)
Coledocotomia - abertura e exploração do colédoco
Duodenotomia - abertura do duodeno
Flebotomia - dissecação de veia
Laparatomia - abertura da cavidade abdominal
Toracotomia - abertura da parede torácica

CONSTRUÇÃO CIRÚRGICA DE NOVAS BOCAS (Stomia)


Cistostomia - abertura da bexiga para drenagem da urina
Colecistostomia - abertura e colocação de dreno na vesícula biliar
Coledocostomia - colocação de dreno no colédoco para drenagem
Colostomia - abertura do colo através da parede abdominal
Enterostomia - abertura do intestino através da parede abdominal
Gastrostomia - abertura e colocação de uma sonda no estômago através da parede abdominal
Ileostomia - formação de abertura artificial no íleo
Jejunostomia - colocação de sonda no jejuno para alimentação
Nefrostomia - colocação de sonda no rim para drenagem de urina

OPERAÇÕES PARA FIXAÇÃO (Pexia)

Histeropexia - suspensão e fixação do útero


Nefropexia - suspensão e fixação do rim
Orquiopexia - abaixamento e fixação dos testículos na sua bolsa.
Retinopexia: fixação da retina deslocada
Cristopexia: Elevação e fixação da bexiga

OPERAÇÕES PARA ALTERAÇÃO DA FORMA E/OU FUNÇÃO (Plastia)

Pilorosplastia - plástica do piloto, para aumentar seu diâmetro


Rinoplastia - plástica do nariz

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 464 ENFERMAGEM EM CLÍNICA CIRÚRGICA
Salpingoplastia - plástica da trompa para sua recanalização
Toracoplastia - plástica da parede torácica
Blefaroplastia: correção cirúrgica da pálpebra
Queiloplastia: reparo de defeito nos lábios

OPERAÇÕES DE SUTURA (Rafia)

Colporrafia - sutura da parede vaginal


Gastrorrafia - sutura do estômago
Herniorrafia - sutura para correção de hérnia
Perioneorrafia - sutura do períneo
Tenorrafia - sutura do tendão

OPERAÇÕES PARA OBSERVAÇÃO (Scopia)

Broncoscopia - exame sob visão direta dos brônquios


Cistoscopia - ídem para a bexiga
Esofagoscopia - ídem para o esôfago
Gastroscopia - ídem para o estômago
Laporoscopia - ídem para a cavidade abdominal
Reto- sigmoidoscopia – visualização do canal anal, reto e sigmóide

TERMINOLOGIA DIVERSA

-ADERÊNCIA - soldadura anormal de órgãos próximos, geralmente resultante de inflamação,


brida.
-CATETER - tubo fino de plástico ou borracha, para desague de líquidos de uma cavidade do
corpo para a administração de líquidos ou sangue ao paciente.
-DRENO - lâmina ou tubo de borracha ou plástico destinado a canalizar secreções do interior do
corpo para as vísceras.
-FÍSTULA - comunicação anormal entre dois órgãos cavitários, ou entre um órgão cavitário e a
pele, por onde sai pús ou secreção.
-HEMATOMA - acúmulo de sangue fora de vasos sanguineos, de origem geralmente traumática.
- INCISÃO - abertura, corte.
- PARACENTESE - punção de cavidade natural para retirada de liquido.

IV - CLASSIFICAÇÃO DO TRATAMENTO CIRÚRGICO


O tratamento cirúrgico depende de evolução da lesão e da avaliação quanto às vantagens e
desvantagens da espera; mas, uma vez decidido, torna-se necessário a determinação do momento
operatório. Quanto a este, o tratamento cirúrgico pode ser classificado em:
a)DE EMERGÊNCIA - tratamento em que exige atuação imediata, rápida por tratar-se de uma
situação crítica. Exemplo: hemorragia, lesão por arma de fogo ou branca.
b)DE URGÊNCIA - tratamento que exige atuação imediata, podendo aguardar algumas horas. Ex.:
obstrução intestinal.
c)ELETIVO - tratamento cirúrgico proposto, mas cuja realização pode aguardar ocasião mais
propícia. Ex.: hérnia simples, varizes de membros inferiores, etc.

Outra classificação diz respeito à finalidade do tratamento cirúrgico que é o seguinte:

a)PALIATIVO - tratamento cirúrgico que visa a compensar os distúrbios para melhorar as

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condições do paciente e/ou aliviar a sua dor;
b)RADICAL - aquele através do qual se faz a remoção parcial ou total do órgão;
c)PLÁSTICO - aquele realizado com finalidade estética ou corretiva.

1- CLASSIFICAÇÃO DAS CIRURGIAS SEGUNDO O RISCO DE CONTAMINAÇÃO

De acordo com o risco de contaminação as cirurgias podem ser:


a)Limpas
b)Potencialmente contaminadas
c)Contaminadas
d)Infectadas

a) CIRUGIAS LIMPAS - são aquelas realizadas na ausência de processo infeccioso local, em


tecidos estéreis ou de fácil descontaminação: pele tecido celular subcutâneo, trato respiratório
intratorácico, peritônio, baço, pâncreas, fígado (exceto nos casos de acloridria, sangramento e
obstrução) osso e articulações, músculos, glândulas endócrinas, sistema nervoso, aparelho
cardiovascular, ovário, trompas, próstata e bexiga ( sem entrar na uretra) ureter, bacinetes e rins.
Nestas cirurgias o percentual de infecção é baixo, atinge no máximo 5%.

b) CIRURGIAS POTENCILAMENTE CONTAMINADAS - são as realizadas na ausência de


processo infeccioso e inflamatório local; em tecidos com flora microbiana resistente, pouco
numerosa, mas de difícil descontaminação: Conjuntiva ocular, ouvido externo, estômago (nos casos
de acloridria, sangramento e obstrução) esôfago, duodeno, vesícula, uretra e útero. O potencial de
infecção pode atingir 10%.

c)CIRURGIAS CONTAMINADAS - são as realizadas na ausência de supuração local em tecidos


ricos em flora microbiana resistente, de difícil descontaminação. Exemplo: feridas traumáticas
recentes, cirurgias de cavidade bucal e glândulas salivares, trato respiratório alto, cólon, reto, ânus,
vagina e vulva. O potencial de infecção é de 20%.

d) CIRURGIAS INFECTADAS - são as realizadas em qualquer tecido, desde que haja presença
de supuração local de tecido necrótico. Exemplo: feridas traumáticas sujas ocorridas há mais de seis
horas, as úlceras perfuradas, etc.

IV - ASSITÊNCIA DE ENFERMAGEM GERAL AO PACIENTE CIRÚRGICO

1- ADMISSÃO DO PACIENTE NA UNIDADE CIRÚRGICA:


Quando o paciente é hospitalizado, a unidade cirúrgica deve ser notificada com antecipação para
que seja feito o preparo do ambiente. O paciente deve ser recebido pela pessoa de enfermagem
responsável pelo serviço, que fará a apresentação da equipe de enfermagem e dará as orientações
necessárias ao paciente e acompanhantes. Em seguida, deve se agir de acordo com a rotina normal
de internação.
 entrevistar o paciente;
 montar o prontuário (observar com atenção a documentação necessária);
 controlar sinais vitais, peso e mensuração;
 observar o estado geral do paciente;
 fazer as anotações de enfermagem;
 arrolar roupas e valores;
 orientar o paciente;
 avisar o médico, dependendo da rotina no hospital;

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 providenciar alimentação, medicação conforme prescrição médica.

2- PREPARO PSICOLÓGICO:
É responsabilidade da equipe médica e de enfermagem fazer um estudo completo das condições
fisiológicas e psicológicas do paciente. Toda operação produz um certo grau de traumatismo e
representa um risco para o indivíduo, por esse motivo é de suma importância o preparo psicológico
do paciente para o ato cirúrgico. Existem alguns trabalhos já realizados comprovando que tensão,
ansiedade e nervosismo aumentam o índice de complicações, tanto no período intra-operatório
quanto pós-operatório. Provou-se, igualmente, que os pacientes bem orientados recuperam-se mais
facilmente e apresentam menos complicações.

3- ASSITÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE NO PRÉ-OPERATÓRIO:

OBJETIVO GERAL - Preparar o paciente adequadamente para a cirurgia, diminuindo os riscos de


complicações durante e após a cirurgia.

PRÉ-OPERATÓRIO - É o período que decorre desde a indicação da cirurgia até o momento do


ato operatório. Este período pode ser subdividido em duas fases:

a) PRÉ-MEDIATO: Refere-se à assistência pré-operatória geral prestada ao paciente cirúrgico,


não existindo hora especifica para sua execução. É o período compreendido desde a internação do
paciente na clínica cirúrgica, até 24 horas antes da cirurgia, em cirurgias programadas. Pode ser
levado a efeito pouco antes da cirurgia em caso de emergência.
Os cuidados de enfermagem prestados neste período incluem:
 preparo psicológico adequado;
 controle de sinais vitais, observando e anotando anormalidades como: febre, dispnéia,
hipertensão, bradicardia, taquicardia, etc.;
 preparo, orientação e auxílio na realização do exame físico geral;
 preparo, orientação e auxilio na realização de exames radiológicos, laboratoriais, endoscópicos e
outros que vão auxiliar no diagnóstico;
 controle de peso e eliminação urinárias, gastrintestinais, drenagens, etc.;
 observação e orientação sobre a alimentação (dietas especiais, jejum, etc.);
 observação e orientação na higiene;
 orientação e auxílio ao paciente em exercício que deverão ser realizados no pós-operatório como
por exemplo: pacientes submetidos a mastectomia, amputações, cirurgias de coluna, etc.;
 orientações sobre os exercícios respiratórios. São indicados principalmente em cirurgias
cardíacas e do aparelho respiratório e, ainda, quando o paciente necessitar ficar muito tempo
acamado após a cirurgia especialmente em pacientes idosos, fumantes ou que já apresentam
distúrbios respiratórios. Os exercícios têm por finalidade melhorar a função pulmonar e evitar
complicações respiratórias durante e após a cirurgia.

OBS: Os pacientes que fumam devem ser orientados e estimulados, para deixar de fumar, ou ao
menos, reduzir o máximo possível nesse período.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS DOS CUIDADOS PRE-OPERATÓRIOS MEDIATOS:


 identificar e tratar qualquer anormalidade que possa trazer complicações durante ou após a
cirurgia: Ex.: um paciente com tosse, poderá apresentar complicações respiratórias graves durante e
após a cirurgia, a tosse, portanto, é um fator importante que pode até mesmo contra-indicar a
cirurgia, devendo ser tratada conforme as condições do paciente.
 preparar o paciente da melhor maneira possível a fim de diminuir os riscos durante e após a

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cirurgia.

b)PRÉ-OPERATÓRIO IMEDIATO:
Compreende o conjunto de cuidados prestados ao paciente imediatamente antes da cirurgia. Em
uma cirurgia programada, este período inicia 24 horas antes da cirurgia e termina na hora da
cirurgia.
Estes cuidados tem que ser prestados mesmo antes de cirurgias de emergências:
 Higiene corporal na manhã que antecede o ato cirúrgico e uma hora antes do mesmo para
reduzir a flora bacteriana;
 Lavar os cabelos na manhã que antecede o ato cirúrgico (aproximadamente 18 horas antes);
 Higiene oral após as refeições e uma hora antes da cirurgia;
 Cortar as unhas, limpá-las e retirar o esmalte, tais procedimentos previnem infecções e
permitem a avaliação dos leitos ungueais, respectivamente;
 Orientar o paciente quanto ao jejum. Suspender alimentos sólidos por 12 horas e líquidos por 8
horas antes da cirurgia, sendo que a última refeição deverá ser mínima em resíduos, para evitar
distensão gástrica, vômitos e aspirações. ser mínima em resíduos, para evitar distensão gástrica,
vômitos e aspirações;
 Verificar sinais vitais 30 minutos antes de encaminhar o paciente ao centro cirúrgico;
 Fazer enteroclise com 500 a 1500 ml de água morna ou solução fisiológica ( ou de acordo com a
prescrição) na noite da véspera para favorecer o esvaziamento intestinal e prevenir sua lesão no
trans-operatório ou eliminação de fezes. Cirurgias colon, reto, ânus, abdominais)
prescrição) na noite da véspera para favorecer o esvaziamento intestinal e prevenir
sua lesão no trans-operatório e eliminações fecais, durante o ato operatório;
 Fazer tricotomia da área operatória 1 hora antes de encaminhar o paciente ao centro cirúrgico
para evitar acúmulo de microorganismo nas lesões microscópicas conseqüentes deste procedimento.
Atenção para que não ocorra lesões macroscópicas, que apresentam riscos bem maiores para
instalação de infecções. consequentes deste procedimento. Atenção para
que não ocorra lesões macroscópicas, que apresentam riscos bem
maiores para instalação de infecções;
 Orientar para esvaziar bexiga 30 minutos antes da cirurgia para prevenir lesão da bexiga ou
hipertensão da mesma e retenção pós-operatória;
 Retirar prótese dentária, com o relaxamento muscular produzido pelos anestésicos elas poderão
obstruir as vias aéreas;
 Óculos, jóias e ou bijuterias, roupas íntimas e maquiagem 30 minutos antes de encaminhar o
paciente ao centro cirúrgico.
 Checar todos os cuidados prestados, fazer anotações no prontuário do paciente sobre as
condições em que o paciente está sendo enviado ao centro cirúrgico.
 Encaminhar todos os exames feitos no pré-operatório, juntamente com o paciente.
 Proporcionar ambiente calmo e tranqüilo ao paciente.

OBS.: O paciente jamais deverá ser deixado sozinho sobre a maca.

4- ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO PÓS-OPERATÓRIO:

PÓS-OPERATÓRIO: É o período que decorre desde o término da cirurgia até a alta hospitalar,
podendo ser subdividido em dois períodos:
 pós-operatório imediato - compreende as primeiras 24 horas após a cirurgia;
 pós-operatório mediato ou tardio - desde o término do período imediato até a alta da clínica
cirúrgica.

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OBJETIVOS DA ASSITÊNCIA DE ENFERMAGEM PÓS-OPERATÓRIA:
 prestar cuidados durante a recuperação da anestesia;
 prestar assistência integral ao paciente, assegurando sua volta às atividades normais;
 prevenir complicações.

PREPARO DA UNIDADE PÓS-OPERATÓRIA:


 leito deve ser desinfetado, as roupas devem ser trocadas e arrumado de acordo com as condições
climáticas;
 ambiente deve ser limpo, calmo e arejado para proporcionar conforto ao paciente;
 Em alguns casos especiais, dependendo do tipo da cirurgia e do estado do paciente ele poderá
ser transferido para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) onde também, receberá cuidados
especiais, nesse caso somente deverá ser feita a desinfecção do leito.

CUIDADOS DE ENFERMAGEM NO PÓS-OPERATÓRIO IMEDIATO:


 Transferir o paciente da maca para o leito com dois ou mais auxiliares com movimentos
 uniformes e leves para evitar queda de PA, trações de sondas, cateteres e perdas das punções
venosas.
 Posicionar o paciente em posição dorsal horizontal com a cabeça lateralizada e o pescoço
estendido para prevenir a aspiração nos casos de vômitos e favorecer a respiração;
 Observar o estado de consciência;
 Conectar os tubos de drenagens, aos frascos coletores e mantê-los abertos;
 Observar e anotar aspecto externo dos curativos (Sangramentos).
 Verificar sinais vitais de 15/15 de 30/30 de 45/45 minutos.

V - COMPLICAÇÕES PÓS-OPERATÓRIAS

1- COMPLICAÇÕES PÓS-OPERATÓRIAS IMEDIATAS:


São as que surgem com maior freqüência no pós-operatório imediato.

NÁUSEA E VÔMITO - são transtornos freqüentes no pós-operatório imediato que além do


desconforto que provocam, podem trazer outras complicações como: a aspiração do vômito para os
pulmões e desequilíbrio hidroelétrolítico.

PRINCIPAIS CAUSAS DO VÔMITO NO PÓS-OPERATÓRIO:


 efeito dos anestésicos, especialmente na anestesia geral;
 deglutição de sangue e secreções em cirurgias de nariz e garganta;
 não observação do jejum pré e pós-operatório;

CUIDADOS DE ENFERMAGEM:
 manter a cabeça voltada para o lado para evitar a aspiração;
 fazer higiene oral após cada episódio de vômitos;ou a cada 2 horas antes das refeições, se a
ingestão oral for permitida.
 não administrar nada por via oral enquanto persistirem as náuseas e vômitos caso o paciente
deseje ingerir água, deve ser administrado em pequenas quantidades;
 administrar medicação, sendo uma complicação freqüente, em geral o médico deixa prescrito
uma medicação antiemética, (Plasil, Eucil, Dramin e outros);
 observar e anotar o número de vezes e a quantidade eliminada; caso se tornem persistentes e
abundantes;
 manter o paciente e ambiente higienizado.( limpo e seco)

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 469 ENFERMAGEM EM CLÍNICA CIRÚRGICA
 Orientar o paciente a mudar de posição lentamente.

DOR: Seu aparecimento deve ser esperado depois de qualquer cirurgia, principalmente nas
primeiras 48 horas.

PRINCIPAIS CAUSAS DA DOR:


 traumatismo cirúrgico - toda cirurgia consiste em uma agressão ao organismo, tanto no aspecto
físico quanto psíquico e a dor, portanto, persiste até que o organismo se recupere deste traumatismo;
 ansiedade, nervosismo - cada indivíduo apresenta um limiar diferente para a dor; alguns aceitem
mais facilmente, outros são mais sensíveis permanecendo tensos e temerosos, o que aumenta a
intensidade da dor.

CUIDADOS DE ENFERMAGEM PARA ALIVIAR A DOR NO PÓS-OPARATÓRIO:


 identificar o tipo, localização e intensidade da dor, avaliando-se a dor se irradia para outras
regiões e se está relacionada com a movimentação, respiração, tosse, etc.;
 observar sinais de palidez, sudorese, náuseas, vômitos, freqüência respiratória, limitação de
movimentos, agitação;
 administrar analgésicos, conforme prescrição. Como a dor é um sintoma esperado no pós-
operatório, o médico, geralmente, já deixa prescrito um analgésico para ser administrado, cabendo à
enfermagem a responsabilidade de avaliar a necessidade real analgésico, devendo prestar atenção
especial ao uso de narcóticos.
 Instruir e assistir o paciente para sustentar o abdome ou incisão torácica com travesseiro e mãos
ao andar, tossir e realizar respiração profunda.

FATORES A CONSIDERAR:
a) todos os narcóticos tem efeitos secundários. Ex.: a morfina e derivados podem deprimir a
respiração, portanto, não podem ser aplicados sem antes se verificar a freqüência respiratória se for
inferior a 12 movimentos respiratórios por minuto. Não administrar.
b) o intervalo entre a administração deve ser observado, pois além de deprimir a respiração, ainda
pode levar à narcomania;
c) nunca se administra narcóticos como substituto dos cuidados de enfermagem, às vezes, uma
mudança de posição e uma conversa resolvem o problema;
d) nunca se administra narcóticos em pacientes cuja pressão arterial se encontra instável, pois existe
risco de desencadear um choque;
e) em pacientes idosos deve-se observar a tendência à desorientação e esquecimento;
f) os narcóticos são indicados para aliviar a dor e não para causar sonolência;
g) o paciente deve ser avisado sempre que se administra este tipo de medicamento para receber
normalmente seus efeitos.

HEMORRAGIAS - caracteriza-se por uma perda anormal de sangue e seus efeitos dependem do
estado geral do paciente, da ocasião de sua ocorrência e da quantidade de sangue perdido.

CLASSIFICAÇÃO:

HEMORRAGIA PRIMÁRIA - é a que ocorre durante a cirurgia. É geralmente controlada pela


equipe. Em caso de perdas exageradas usa se a transfusão a fim de compensar efeitos prejudiciais.

HEMORRAGIA SECUNDÁRIA - é a que ocorre no pós-operatório, deve-se tomar medidas


imediatas, levando-se em conta que o paciente em geral já perdeu sangue durante a cirurgia;

HEMORRAGIA EXTERNA - quando o sangramento se exterioriza pela ferida através de um

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orifício natural (boca, nariz, ânus, uretra, vagina, etc.);
HEMORRAGIA INTERNA - quando o sangue escoa para dentro de uma cavidade fechada
(crânio, tórax e abdomem), é a mais grave das hemorragias porque, quando se manifestam os sinais
e sintomas, o indivíduo já perdeu uma grande quantidade de sangue.

PRINCIPAIS SINAIS E SINTOMAS DE HEMORRAGIA INTERNA:


 pulso rápido e fino;
 dispnéia;
 sede;
 hipotensão;
 pele úmida e fria,
 desassossego, ansiedade;
 sinais conforme o local. Ex.: no crânio - existe perda súbita da consciência; no tórax - a
respiração se torna muito difícil; no abdomem - existe distensão e rigidez da parede abdominal.

A hemorragia pode ser ainda arterial ou venosa, segundo o vaso rompido.

PRINCIPAIS CAUSAS DA HEMORRAGIA NO PÓS-OPERATÓRIO:


 defeitos na ligadura de vasos, falha técnica do cirurgião;
 tensão exagerada sobre a sutura;
 distúrbios hemorrágicos, pacientes que apresentam trombocitopenia, hemofilia, deficiência de
vitamina K.

CUIDADOS DE ENFERMAGEM:
Os cuidados de enfermagem aplicados dependem do tipo de localização de hemorragia mas, de
maneira geral, visam a detecção precoce e evitar o agravamento.

NA HEMORRAGIA INTERNA:
 deixar o paciente em repouso absoluto, pois a movimentação ativa a circulação, o que agrava a
hemorragia;
 manter o paciente aquecido, utilizando cobertores para manter a temperatura corporal;
 colocar em posição de Trendelemburg (cabeça mais baixa que o restante do corpo). Isto auxilia
a manter a circulação nos órgãos vitais (cérebro, rins, pulmões); com exceção da hemorragia
craniana, que deve ser colocada em posição Fowler;
 não dar nada para o paciente por via oral, pois este paciente em geral terá que ser reoperado;
 avisar o médico imediatamente ao menor sinal de hemorragia interna, para que tome as
providências necessárias. Normalmente este paciente necessitará de transfusão de sangue para repor
o sangue perdido e voltar ao centro cirúrgico para ser reoperado;
 controlar sinais vitais, freqüentemente;

NA HEMORRAGIA EXTERNA:
 manter o paciente no leito, evitando movimentos desnecessários; também deve-se evitar que o
paciente veja o sangramento;
 fazer compressão direta sobre o local que está sangrando, utilizando gazes e ataduras
esterelizadas;
 fazer compressão das artérias próximas ao local para diminuir o fluxo de sangue;
 aquecer o paciente, não excessivamente;
 controlar sinais vitais;
 se o sangramento se dá através da boca e nariz deve-se aspirar e deixar a cabeça voltada para o
lado, para evitar a asfixia.
A enfermagem deve procurar anotar o tipo, localização e a quantidade de sangue perdido.

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CHOQUE - o choque pode ser definido como uma depressão de todos os centros vitais, decorrentes
de uma deficiência do suprimentos de sangue e oxigênio para o organismo. E uma complicação
grave e freqüente no pós-operatório imediato.

TIPOS DE CHOQUE:

CHOQUE HIPOVOLÊMICO - é o choque causado por uma diminuição acentuada do volume


circulante, devido à perda de sangue, plasma e líquidos do organismo;
Causas: hemorragia, queimaduras, desidratação.

CHOQUE NEUROGÊNICO - é resultante de uma alteração do sistema nervoso central,


ocorrendo uma dilatação anormal dos vasos sangüíneos;
Causas: distúrbio no sistema nervoso central provocado por anestésicos, narcóticos, transtornos
emocionais (dor intensa, ansiedade, medo);

CHOQUE CARDIOGÊNICO - é o choque que se instala devido a uma deficiência cardíaca, ou


seja, o coração não consegue bombear uma quantidade de sangue suficiente para o organismo.
Causas: lesão traumática do coração, infarto do miocárdio, insuficiência cardíaca;

CHOQUE SÉPTICO - é resultante de processos infecciosos graves já existentes no organismo,


desenvolve-se hipovolemia com depressão da função cardíaca.
Causas: septicemia, especialmente por bactérias gram negativas.

CHOQUE ANAFILÂTICO - resulta de uma reação antígeno-anticorpo, devido à


hipersensibilidade do organismo a determinadas substâncias, como a penicilina, procaína, iodo,
picaduras de insetos e substâncias alérgicas de modo geral. O paciente com choque anafilático
acusa rapidamente sensação de calor, pruridos, urticária, formigamento, dispnéia (devido ao edema
da glote), cefaléia, sensação de opressão no peito, podendo ocorrer parada cardiorespiratória e
morte.

CHOQUE PIROGÊNICO - caracteriza-se por uma reação febril devido a presença de pirógenos e
contaminação de soluções e material utilizados na administração por via endovenosa.

SINAIS E SINTOMAS DE CHOQUE:


 hipotensão acentuada, sendo que, às vezes, não se consegue medir a pressão arterial;
 pele em geral apresenta palidez, surdose, podendo apresentar cianose de extremidade;
 hiportemia;
 pulso rápido e fino;
 sede;
 alterações emocionais, podendo apresentar agitação, confusão mental ou apatia;
 respiração rápida e superficial;
 diminuição de volume urinário;
 tratamento do choque depende do tipo de choque. Ex.: choque hipovolêmico, devem ser
administrados sangue, plasma, soro para aumentar o volume circulante. Mas, de maneira geral, o
tratamento se baseia em corrigir o volume, restabelecer o tônus vascular, manter a oxigenação do
paciente, evitar o gasto de energia, prevenir complicações e combater a causa básica do choque.

CUIDADOS DE ENFREMAGEM COM PACIENTES EM CHOQUE


 manter o paciente calmo, aquecido (não excessivamente para evitar a vasodilatação);
 colocar em posição de Trendelemburg para assegurar a circulação do cérebro e dos órgãos

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vitais;
 manter as vias aéreas e oxigenar conforme a necessidade;
 controlar sinais vitais de 15 em 15 minutos;
 manter toda a medicação de emergência e material para infusão endovenosa e equipamento
pronto para uso.

OBS: No choque pirogênico deve-se interromper imediatamente a infusão e trocar todo sistema
(equipamento, escalp, solução, puncionar outra veia).
HIPÓXIA - É uma complicação pós-operatória caracterizada pela oxigenação deficiente dos
aparelhos, órgãos e sistemas.

CAUSAS:
 depressão respiratória causada por anestésicos e outros medicamentos (narcóticos, barbitúrios);
 obstrução de vias aéreas superiores por sangue e secreções;
 quedas ou relaxamento da língua;
 respiração inadequada devido à dor, posição, etc.

SINAIS E SINTOMAS:
 cianose, dispnéia, agitação intensa, mal-estar, sensação de sufocamento.

TRATAMENTOS E CUIDADOS DE ENFERMAGEM:


 aspirar secreções de oro-faringe;
 examinar a boca para verificar se existe algo obstruindo, tracionar a língua, caso esteja voltada
para trás;
 colocar em posição adequada para favorecer a respiração;
 oxigenar.

2- COMPLICAÇÕES PÓS-OPERATÓRIAS TARDIAS


São as complicações que surgem no pós-operatório tardio:

a) COMPLICAÇÕES PULMONARES - são complicações graves que afetam principalmente os


pacientes idosos e debilitados.

CAUSAS:
 presença pré-operatória de infecção de boca, nariz e garganta, que mais tarde atingem os
pulmões, devido à diminuição da resistência do paciente;
 irritação das mucosas por anestésicos inalados que provocam aumento de secreção;
 acúmulo de secreção devido à posição inadequada, medo de tossir e respiração superficial;
 pacientes que permanecem muito tempo acamados, imobilizados;
 aspiração de vômito.

As complicações respiratórias podem predispor à bronquite, pneumonia, pleurisia, atelectasia.

SINAIS E SINTOMAS:
 febre;
 expectoração purulenta ou sanguinolenta;
 dispnéia;
 mal estar geral;
 tosse;
 dor torácica.

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TRATAMENTO E CUIDADOS DE ENFREMAGEM:


 antibióticos para combater o processo infeccioso, nebulização, tapotagens, drenagem postural e
exercícios respiratórios para eliminar as secreções e melhorar a função respiratória;
 estimular a movimentação e ingestão de líquidos, se não houver contra-indicação.

PROFILAXIA:
 estimular os exercícios respiratórios no pré-operatório;
 estimular a respiração profunda e a tosse no pós-operatório;
 orientar quanto à importância da mobilização no leito e a deambulação precoce;
 manter a higiene oral constante e aspirar secreções sempre que for necessário.

b) DISTENSÃO ABDOMINAL - é ocasionada pelo acúmulo de gases e fezes nos intestinos. É


uma complicação freqüente, principalmente no pós-operatório de cirurgias abdominais.

PRINCIPAIS CAUSAS:
 diminuição do peristaltismo intestinal;
 deglutição de ar;
 manipulação dos intestinos durante a cirurgia;
 imobilidade do paciente no pós-operatório;
 uso excessivo de narcóticos;
 falta de preparo intestinal adequado no pré-operatório;
 alimentação inadequada no pós-operatório;
 traumatismo cirúrgico dos intestinos durante a cirurgia.

SINAIS E SINTOMAS:
 distensão do abdômen;
 desconforto, dor abdominal (devido à compressão exercida sobre os órgãos);
 dificuldade respiratória

TRATAMENTO E CUIDADOS DE ENFERMAGEM:


 estimular a movimentação e a deambulação;
 orientar na dieta para que sejam evitados alimentos que fermentam no intestino;
 sondagem retal conforme prescrição; introduzir a sonda, deixando aproximadamente 20
minutos, retirar; colocando novamente conforme a necessidade;
 administração de medicamentos para ativar o peristaltismo intestinal, conforme prescrição
médica;
 administração de laxantes suaves, ou pequenos enemas para auxiliar na eliminação;
 sondagem nasogástrica.
 não administrar rapidamente a dieta para prevenir a distenção.

PROFILAXIA:
 preparo intestinal adequado no pré-operatório;
 movimentação ativa e passiva no leito, no pós-operatório;
 dieta adequada no pós-operatório;
 deambulação precoce;

c) DILATAÇÃO GÁSTRICA - ocorre quando o estômago se distende com líquidos (suco


gástrico, sangue) e alimentos que não passam para o intestino devido à falta de peristaltismo.
Freqüente em cirurgias gástricas.

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CAUSAS:
 falta de peristaltismo do aparelho gastrintestinal;
 não observação do jejum pré e pós-operatório;
 falta de movimentação no pós-operatório;
 falta de cuidados com pacientes com sonda nasogástrica.

SINAIS E SINTOMAS:
 regurgitação de pequenos volumes de líquidos;
 distensão na região do estômago;
 prostração;
 desconforto abdominal;
 hipotensão, pulso rápido.

TRATAMENTOS E CUIDADOS DE ENFREMAGEM:


 aspiração através de sonda gástrica;
 lavagem gástrica;
 colocar em decúbito ventral;
 estimular a movimentação no leito.

PROFILAXIA:
 sondagem nasogástrica em cirurgias abdominais grandes, especialmente as que envolvem o
estômago e via biliares. Nestes casos, a sonda deverá ser mantida aberta para drenagem e aspirada,
conforme indicações;
 observar o período de jejum pré e pós-operatório, não alimentando até que retornem totalmente
os movimentos peristálticos;
 fornecer uma dieta adequada conforme a cirurgia e observar sinais precoces de êxtase gástrica.

INFECÇÃO DA FERIDA OPERATÓRIA

CONCEITO: Infecção - invasão de um hospedeiro por organismos tais como bactérias, fungos,
vírus, protozoários, etc..
A infecção de ferida operatória é uma complicação grave no pós-operatório.

CAUSAS: falta de assepsia antes, durante e após a cirurgia. Salvo em cirurgias já contaminadas.

SINAIS E SINTOMAS:
 após 3º PO: febre, calafrios, anorexia, cefaléia;
 no local da incisão: dor, hiperemia, tumefação, presença de secreção purulenta

Fatores que contribuem para a infecção da ferida:

LOCAL:
 contaminação;
 corpo estranho;
 deficiência na técnica de sutura;
 tecido desvitalizado;
 hematoma.

GERAL:
 debilidade;
 desidratação;

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 desnutrição;
 anemia;
 idade avançada;
 obesidade extrema;
 choque;
 duração da hospitalização;
 duração da cirurgia;
 doença associadas (diabetes Mellitu)

TRATAMENTO ESPECIFICO
 antibióticos;
 outros - analgésicos antitérmicos, anti-inflamatórios, curativos.

CUIDADOS DE ENFREMAGEM:
 assepsia rigorosa ao manipular o paciente;
 colher material para cultura com a finalidade de identificar o microrganismo causador da
infeção;
 curativos freqüentes, observando o tipo, a quantidade e o cheiro da secreção;

PROFILAXIA
 observar rigorosamente no pré-operatório a trecotomia e a higiene do paciente;
 técnicas corretas de esterilização e assepsia no centro cirúrgico;
 limpeza e desinfecção do ambiente da clínica cirúrgica;
 colher material para cultura.

e) DEISCÊNCIA DE SUTURA - consiste em uma separação total ou parcial das bordas da ferida
operatória.

f) EVISCERAÇÃO - é a separação das bordas da ferida com a saída de órgãos abdominais pela
ferida.
Essas complicações podem surgir antes ou logo após a retirada dos pontos.

CAUSAS E FATORES PREDISPONENTES:


 infecção operatória;
 tensão exagerada sobre a sutura;
 materiais e métodos de suturas defeituosas;
 rejeição ao fio;
 obesidade;
 desnutrição e doenças como: diabete e anemia.
 Idade: debilidade do paciente

SINAIS E SINTOMAS:
 aparecimento de liquido sanguinolento no local da incisão;
 queixa de que a sutura está cedendo;
 dor;
 separação dos bordos da ferida (deiscência);
 aparecimento de vísceras através da ferida (eviscerarão).

CUIDADOS DE ENFERMAGEM:
 deixar o paciente imóvel em uma posição em que a tensão seja a mínima possível;
 quando existir somente deiscência, fazer um curativo compressivo aproximando os bordos da

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ferida. Na maioria dos casos a cicatrização ocorrerá por 2a ou 3a intenção;
 se existir eviscerarão, colocar uma gaze ou chumaço estéril, umedecido com soro fisiológico e
enfaixar suavemente sem comprimir;

OBS: nunca tentar, recolocar as vísceras novamente dentro da cavidade, pois provavelmente o
paciente terá que ser reoperado.
 avisar o médico imediatamente.

PROFILAXIA:
 evitar as causas e fatores predisponentes;
 usar faixas no pós-operatório de cirurgias abdominais;
 orientar o paciente quanto à movimentação, tosse, etc.

g) RETENÇÃO URINÁRIA - é uma complicação freqüente no pós-operatório, especialmente em


pacientes submetidos a cirurgias abdominais e de órgãos pélvicos (útero, bexiga, ovários, etc.)

CAUSAS:
 traumatismo operatório;
 posição inadequada;
 bloqueio psicológico (medo de sentir dor, timidez);
 infecção de vias urinárias;
 uso prolongado de sonda vesical.
 Cirurgias de órgãos pélvicos e abdominais

CUIDADOS DE ENFERMAGEM:
 proporcionar ambiente e posição confortável (deixar o paciente sozinho, colocar biombos se
estiver em quarto coletivo);
 estimular a micção usando métodos como: aplicação de bolsa de água morna, abrir
 torneiras, banhos de assentos com água morna, fazer imaginar água caindo, etc.)
 levar ao banheiro se não houve contra indicação;
 se o paciente não conseguir urinar apesar de tudo, poderá ser indicado o cateterismo vesical de
alívio para evitar a distensão exagerada da bexiga. Entretanto, esta medida só deverá ser utilizada
como o último recurso de uma vez que provoca, freqüentemente, traumatismo e origina infecções
urinárias difíceis de tratar;
 anotar rigorosamente o volume de cada micção e o volume de líquidos ingeridos

PROFILAXIA:
 movimentação no leito, deambulação precoce;
 orientar para que o paciente não deixe a bexiga se distender demais, pois neste caso, provocará
dores e dificultará a eliminação;
 exercícios vesicais em pacientes que permanecem muito tempo com sonda vesical antes de
retirá-la;
 apoio psicológico.

h) COMPLICAÇÕES CIRCULATÓRIAS:

 Flebite - inflamação de uma veia.


 Trombofiebite - inflamação da veia com a formação de coágulos.
Ocorrem com maior incidência nas veias dos membros inferiores e no pós-operatório de cirurgias
abdominais, partos e em portadores de infecções agudas.

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CAUSAS E FATORES PREDISPONENTES:


 imobilidade - pacientes que permanecem muito tempo acamados;
 compressão sobre as veias dos membros inferiores; através de coxins, faixas, aparelhos (gesso,
tração);
 posição durante a cirurgia, especialmente, as que exigem que os membros fiquem flexionados,
(cirurgias ginecológicas, retais, etc);
 pacientes que apresentam distúrbios circulatórios (varizes), em membros inferiores;
 pacientes idosos, obesidade.

SINAIS E SINTOMAS:
 extremidades quentes, vermelhas, edemaciadas e doloridas;
 febre, mal-estar;

TRATAMENTO E CUIDADOS DE ENFERMAGEM:


 repouso no leito;
 manter o membro afetado elevado;
 compressas quentes e úmidas conforme prescrição;
 aplicação de pomadas heparinizantes (Reparil)
 aplicação de anti-coagulantes nos casos mais graves, conforme prescrição médica;
 observação do paciente em busca de sinais de complicação (na trombofiebite o risco de ocorrer
o desprendimento de um coágulo que pode alojar-se em um órgão vital como nos pulmões, cérebro,
ocorrendo um embolismo).

PROFILAXIA:
 mudar freqüentemente de posição;
 fazer movimentos de flexão dos dedos do pé, pés e pernas (caso o paciente não tenha condições
para fazer sozinho, a enfermagem deverá auxiliá-lo;
 estimular a deambulação precoce;
 evitar a compressão sobre membros durante e após a cirurgia. Em cirurgias que exigem a
posição de flexão de coxas e pernas deve-se cuidar ao retirar o paciente da posição, tirando primeiro
um membro e depois o outro;
 uso de meias ou bandagens elásticas em pacientes que necessitam de longos períodos de
repouso.

i) EMBOLISMO PULMONAR - constitui uma complicação grave no pós-operatório. Ocorre mais


freqüentemente quando o paciente está convalescendo, devido ao desprendimento de um coágulo
que tenha se originado durante ou após a cirurgia, o qual, se deslocando irá obstruir a artéria
pulmonar, deixando de levar sangue para os pulmões. Se a artéria obstruída for uma artéria grande
leva a óbito.

CAUSAS:
 tromboflebite;
 imobilidade;

SINAIS E SINTOMAS:
A característica principal é o aparecimento súbito de dor torácica aguda, cianose, dispnéia e choque.

TRATAMENTO E CUIDADOS DE ENFREMAGEM:


 avisar o médico imediatamente;
 o tratamento básico é feito através de anticoagulantes e oxigênio;

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 controlar sinais vitais freqüentemente;
 cuidados na administração de medicamentos e oxigênio;
 observação rigorosa do paciente;
 manter o paciente calmo.

PROFILAXIA:
 movimentação ativa e passiva no leito;
 deambulação precoce;
 evitar todos os fatores que predisponham à formação de trombose.

ESCARAS DE DECÚBITO - lesões necróticas da pele e tecido subcutâneo.

CAUSAS E FATORES PREDISPONENTES:


 pressão exagerada no leito;
 permanência prolongada em uma mesma posição;
 lençóis molhados, enrrugados;
 obesidade, caquexia, anemia, deficiência circulatória, diabete, desnutrição e outros.

CUIDADOS DE ENFERMAGEM:
 curativos no local;
 mudanças de decúbito;
 rodas de conforto, colchão d'água.
 Sol( levá-lo)

PROFILAXIA

 Manter o paciente sempre higienizado e seco, lençois esticados etc.


 Massagear com álcool, com talco, com soluções oleosas, de acordo com o tipo de pele, para
ativar a circulação.
 Mudanças frequentes de decúbio evitando a permanência prolongada da mesma posição.

INFECÇÃO HOSPITALAR

Infecção
É a invasão de um hospedeiro, por microorganismos, tais como bactérias, fungos, vírus,
protozoários, vermes ou insetos.
Estado patológico causado por microorganismos acima citados.

Infecção hospitalar
É qualquer infecção adquirida após a internação do paciente que se manifeste durante a internação
ou mesmo após a alta, quando puder ser relacionada com a hospitalização. Pode ser de origem
endógena ou exógena.

Infecção comunitária
É a infecção constatada ou em incubação no ato da admissão do paciente, desde que não
relacionada com internações anteriores no mesmo hospital.

Critérios para diagnóstico das infecções hospitalares


 Infecção adquirida até após 72 h de internação do paciente e que se manifesta durante a

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internação ou mesmo após a alta quando puder ser relacionada com a hospitalização.
 Quando depois de internado com infecção comunitária, o paciente apresenta sinais e sintomas
clínicos de uma infecção em outra região topográfia, ainda que o microorganismo isolado seja o
mesmo encontrado no ato da admissão.
 Quando no mesmo local em que foi diagnosticada a infecção comunitária for isolado um germe
diferente e ocorrer o agravamento das condições clínicas do paciente.
 Quando se desconhecer o período de incubação do microorganismo e não houver sintomatologia
e/ou dado laboratorial de infecção hospitalar toda manifestação clínica de infecção que se
apresentar a partir de 72 horas da admissão.

1. Origem da Infecção Hospitalar


Microbiota endôgena: a maioria das infecções hospitalares mais ou menos 70% são causados por
microorganismos da flora endógena do próprio paciente.

Prevenção de infecção endógena:


ƒInterferir e eliminar colonização intestinal com antibiótico sistêmico, descontaminação seletiva
do TGI.
ƒPrevenir fixação de bactérias nas células uroepiteliais.
ƒDescolonização periuretral.
ƒBloquear migraçao bacteriana pelo catéter.
ƒLimpeza do meato uretral com anti-séptico ou antimicobriano tópico.
ƒEvitar fixação bacteriana no catéter:
Æ Catéter de silicone.
Æ Catéter impregnado por antibiótico.
Æ Uso precoce de antibiótico sistêmico.
ƒTratamento bacteriúria assintomática:
ƒIrrigação da bexiga com anti-séptico ou antibiótico.

Microbiota Exógena: o Agente infeccioso procede do ambiente hospitalar através da


água, alimentos, mãos, artigos ou medicamentos.
A infecção exógena pode ser seguidas de infecção endógena.
Hospedeiro microflora hospitalar e através de processos que suprimem seus mecanismos de defesa.

Prevenção da infecção exógeno:


ƒManter drenagem fechada e estéril.
ƒEvitar abertura da junção catéter-tubo.
ƒTratar colonização contaminação de sistema de drenagem anti-séptico na bolsa de drenagem em
pacientes cateterizados.
ƒEvitar refluxo de urina contaminada da bolsa coletora para a bexiga.
ƒDiminuir as chances de contaminação cruzada:
Æ Distribuir geograficamente os pacientes cateterizados.
Æ Lavar as mãos sempre que manusear pacientes.

2. Causas Associadas às Ocorrências de Infecção Hospitalar

2.1. Inerentes ao próprio paciente


Causas em que a susceptibilidade possa ser atribuída a doença que motivou a internação.

2.2. Inerentes à agressão diagnóstica e terapêutica


Causas relacionadas ao emprego de procedimentos diagnóstico e terapêuticas agressivos, ao uso
generalizado e nem sempre justificado de antimicrobianos, à necessidade de cirurgias de grande

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porte e longa duração e a administração não controladas de corticoesteróides e imunodepressores.

2.3. Inerente ao ambiente hospitalar


Alterações na ecologia microbiana hospitalar pela seleção de microorganismo resistentes e a
contaminação de artigos de alto e médio risco.

1 - Artigos de uso único:


ƒAgulhas com componentes plásticos.
ƒEscalpes.
ƒBisturis descartáveis e lâminas.

2 - Catéteres para função venosa:


ƒEquipos para administração de soluções endovenosas.
ƒBolsas de sangue.
ƒSeringas plásticas.
ƒSondas uretrais simples, de aspiração e gástricas.
ƒColetores de urina de drenagem aberta.
ƒDreno de Penrose e de Kehr.
ƒCatéter de dialise peritonial.

3 - Materiais que podem ser reutilizados com limitações:


ƒDializadores e sete arteriovenoso - "mesmo paciente".
ƒLuvas cirúrgicas convencionais para procedimentos.
ƒMarca passos, próteses.

3. Classificação de Artigos Hospitalares

3.1. Artigos críticos


São todos aqueles que penetram nos tecidos subepiteliais no sistema vascular e em outros órgãos,
bem como todos os que estejam diretamente conectados com eles com solução de continuidade,
incluem-se instrumentos cirúrgicos, instrumentos de corte ou ponta, soluções injetáveis, catéteres
cardíacos, urinários, implantes, roupas utilizadas no C.C e obstétrico, no grande queimado, no
berçário de alto risco e em pacientes imunodeprimidos, que requeiram isolamento protetor. Estes
artigos apresentam um alto risco de transmissão de infecção, se tiverem contaminados com qualquer
microorganismo, incluindo esporos e bactérias.
Os artigos críticos, devem ser esterilizados em autoclave e estar totalmente livre de microorganismo
(bactérias, fungos e vírus e esporos) ao serem utilizados, pois são destinados àpenetração na solução
de continuidade.

3.2. Artigos semi-críticos

Corresponde aos objetos que entram em contato com membranas, mucosa integras ou pele não
integra.
Equipamentos de anestesias gasosas e assistências ventilória, termômetros, medicamentos orais
e inaláveis, pratos, talheres e alimentos.
Os artigos semi-críticos também devem estar totalmente livres de microorganismos ao serem
utilizados, exceto bactérias esporuladas. Estes artigos normalmente requerem desinfecção de alto
nível através de pasteurização ou germicidas químicos.

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3.3. Artigos não-críticos

São todos os que entram em contato apenas com pele integra mas não com mucosa, ex.:
ƒMesa de RX.
ƒEquipamentos de hidroterapia.
ƒIncubadora sem umidificação.
ƒBandejas, aparelho de pressão, muletas, roupa de cama.
ƒTelefones.
ƒMobiliário, refrigerador.
ƒRecipiente de lixo.
ƒOs artigos não críticos devem estar isentos de agentes de doenças infecciosas transmissíveis
(não encontrados na flora bacteriana da pessoa).

4. Áreas Hospitalares

4.1. Áreas críticas

São aquelas onde existe um risco maior de haver transmissão de infecção por haver um maior
número de pacientes graves e de procedimentos invasivos.
ƒSala de operação e parto.
ƒSala de recuperação pós-anestésica.
ƒQuarto ou isolamento protetor.
ƒUnidade de tratamento intensivo (UTI).
ƒUnidade de alto risco.
ƒSala de hemodiálise.

Devido ao risco do aumento de transmissão de infecção incluem-se entre outras:


ƒQuarto de isolamento de doenças transmissíveis.
ƒLaboratório ou anatomia patológica e de análise clínica.
ƒBanco de sangue.
ƒSala de necropsia.
ƒCozinha e lactário.
ƒLavanderia de hospital de doenças transmissíveis.

4.2. Áreas semi-criticas


São todas as áreas ocupadas por pacientes.

4.3. Areas não-críticas


São aquelas onde o paciente não tem acesso. Ex.: áreas administrativas, diretoria. Os padrões de
limpeza para estas áreas são:
a) Áreas críticas e semi-críticas limpeza e desinfecção. (se necessário)
b) Área não-críticas, limpeza.

5. CCIH - Comissão de Controle de Infecção Hospitalar

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5.1. Componentes da CCIH


Representante do serviço, médico de enfermagem, laboratório da farmácia hospitalar e do setor
administrativo e um médico residente se for hospital escola.

5.2. Atividades da CCIH


yImplantar e operar um sistema de vigilância epidemiológico que compreenda a produção,
coleta, análise de dados, divulgação destas informações e dos resultados de ações de controle.
yRealizar treinamento em serviço.
yElaborar, rever e atualizar normas técnicas, rotinas e procedimentos.
ySugerir medidas para prevenção ou redução das infecções hospitalares.
ySupervisionar a aplicação das medidas recomendadas.
yImplantar controle do uso de antimicrobianos.
yNotificar as doenças transmissíveis, ocorridas no hospital à Secretaria de saúde.
yParticipar das investigações dos casos notificados.
yAcompanhar os casos de acidentes profissionais.

5.3. Vantagens da CCIH


yMelhoria na qualidade do atendimento.
yDiminui custo.
yAumenta rotatividade dos leitos.
yHumaniza o atendimento.
ySimplifica e padroniza os procedimentos dos profissionais de saúde.

Principais Cirurgias

1. Cirurgias Neurológicas

1.1. Craniotomia

É a abertura do crânio para tratamento cirúrgico das estruturas intracranianas.


Indicações:
- tumores intracranianos
- Traumatismos cranioencefálicos
- abscessos ou hematomas intracranianos.

Pré-operatório:

- Observar a ocorrência de paralisia, alterações auditivas e/ou visuais , alterações na fala ou


incontinência e níveis de consciência.
- Observar a marcha, acompanhar nas deambulações, se necessário e fornecer apoio. O andar pode
ser lento;
- Controlar rigorosamente de 2/2 horas a pressão arterial, pois a hipertensão poderá indicar aumento
de pressão intracraniana;
- Estar atento às queixas de cefaléia;
- Posicionar o cliente em Fowler, para reduzir a pressão intracraniana;
- Fazer controle de diurese;
- Fazer controle hídrico;
- Fazer tricotomia do couro cabeludo;
- Ajudar na higienização;
- O cateterismo cevical deverá ser feito de preferência no centro cirúrgico;

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1. VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA

Durante muitos séculos, vários países tiveram suas populações atingidas por
doenças transmissíveis que levam à morte. A idéia sobre esse acontecimento
baseava-se na teoria miasmática, que entendia que as doenças eram causadas pela
movimentação do ar, pois este carregaria gases pestilenciais originados da matéria
orgânica apodrecida, resultado de águas pantanosas, “contaminando” o meio
ambiente.
Mesmo não tendo noção da existência de microrganismos patogênicos, nem tampouco de suas
formas de transmissão, os profissionais de saúde daquelas épocas implementava medidas empíricas
de isolamento social e confinamento em instituições (as “Santas Casas”), bem como limpeza das
ruas e casas, aterro de águas paradas, controle das instalações de cemitérios e de estabelecimentos
para comércio do pão, vinho e carne e proibição da entrada de indivíduos contaminados pela peste –
particularmente pelos portos.
A partir da primeira metade do século XX, com o desenvolvimento de métodos de combate
– como as vacinas – e o surgimento da noção de agente infeccioso, iniciou-se uma prática científica
de controle das doenças dando-se maior importância ao indivíduo portador e ao microrganismo.
Anteriormente, acreditava-se que a doença era uma conseqüência natural da interação agente
infeccioso-hospedeiro; nesse contexto, as medidas de controle voltavam-se prioritariamente para
essa interação, ou seja, objetivavam exterminar o agente infeccioso e isolar o hospedeiro, sem
considerar qualquer outro fator que pudesse influencia o processo.
A partir desse quadro, em que havia grave acometimento de grandes parcelas populacionais
por doenças transmissíveis, criou-se a necessidade de analisar as manifestações dessas doenças – o
que propiciou o surgimento e desenvolvimento da ciência epidemiológica, que possibilitou o
estudo da distribuição dos determinantes da freqüência das doenças no homem. Tornou-se, então,
possível conhecer melhor as condições e fatores que favoreciam a ocorrência das moléstias – faixa
etária (infância, velhice), sexo, lugares (meio urbano, proximidade com florestas), épocas do ano
(estações, meses), ocupações (profissionais do sexo, operários da construção civil) e outras
condições de interesse.
Como saber então que tipos de enfermidades transmissíveis estavam surgindo e quantos eram os
casos? Que doenças estariam sendo controladas com os procedimentos adotados?
Para que as informações necessárias à adoção de medidas pertinentes relacionadas ao
controle e prevenção de doenças pudessem ser utilizadas constantemente, surgiram os serviços de
vigilância epidemiológica, cujo objetivo era desenvolver atividades de coleta e análise de dados,
determinando, assim, as medidas a serem aplicadas ao ambiente e aos doentes ou às pessoas em
risco de adoecer.
As ações epidemiológicas direcionavam-se para o controle da transmissão do agente
infeccioso, centradas no isolamento do hospedeiro e no extermínio do agente do ambiente. Tais
medidas melhoraram a assistência à população, mas ainda relacionavam-se a uma visão restrita da
epidemiologia.
Assim, tanto no Brasil como no mundo, a aplicação de medidas epidemiológicas viabiliza a
redução do número de casos e doenças transmissíveis, chegando-se mesmo a eliminar algumas,
como a poliomielite, e a erradicar outras, como a varíola – a partir do momento em que não são
controladas, perdem um pouco de sua importância anterior.
A partir da obtenção de um controle relativo sobre as doenças transmissíveis, ocorreram
importantes mudanças sociais, geradas pelo processo de industrialização, êxodo rural e crescimento
das cidades. Começaram, então, a aumentar o número de casos de doenças não transmissíveis e de
indivíduos acometidos por agravos, fortemente influenciados por fatores externos relacionados a
um estilo de vida pouco saudável, tais como dieta inadequada, excesso de trabalho, vida sedentária,

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consumo excessivo de bebidas alcoólicas, estresse, abuso de drogas, violência urbana e no trânsito,
dentre outros.
O aumento da ocorrência dessas disfunções e agravos passou a despertar a atenção das
autoridades sanitárias pelo impacto promovido na população economicamente ativa (PEA). O alto
índice de pessoas afastadas no trabalho por longos períodos, bem como a ocorrência de pedidos de
aposentadoria precoce por invalidez parcial ou total e aumento do número de óbitos a elas
relacionados fizeram com que os profissionais de saúde começassem a questionar se também não
seria necessária a elaboração de medidas de prevenção e controle das doenças não-transmissíveis e
agravos.
Como nessas situações não havia um agente etiológico (causador), iniciou-se a discussão e
valorização dos determinantes sociais como potenciais causadores de doenças não-transmissíveis e
agravos. O estilo de vida e as condições sociais, influenciando a existência desses acontecimentos
populacionais, levaram os profissionais de saúde a constatarem sua inter-relação com outros setores
públicos – o que fez com que o planejamento das ações na promoção de condições que
favorecessem a prevenção e o controle dessas doenças passasse a ser elaborado em conjunto com os
órgãos responsáveis pelo saneamento, transporte, segurança, trabalho, agricultura, habitação e
educação.
Essa nova forma de encarar as doenças, a organização dos profissionais em torno da
discussão acerca desses temas e a emergência de uma reforma do setor saúde influenciaram
diretamente a reformulação do conceito de epidemiologia – a qual não mais irá somente considerar
distribuição das freqüências das doenças, mas também incorporará a importância dos determinantes
sociais no processo saúde-doença, redirecionando as ações relacionadas à prevenção e ao controle
das doenças transmissíveis, bem como das doenças não-transmissíveis e agravos. A atuação isolada
ou em conjunto de cada um desses determinantes pode gerar um estímulo responsável pela
ocorrência das doenças.
A partir daí, o Brasil passa apresentar duas realidades de saúde que determinam seu perfil
epidemiológico: por um lado, o baixo investimento nas ações de prevenção e controle das doenças
transmissíveis permitiu que estas voltassem a se manifestar, mesmo onde parecia já estarem
eliminadas; por outro, a cada dia aumenta o número de pessoas afetadas por doenças não-
transmissíveis e agravos – o que faz com que tenhamos o fenômeno da confluência de riscos, que
expõe a população a várias possibilidades de adoecimento.
Dessa forma, para os setores de política pública e serviços de saúde que desenvolvem ações
considerando o perfil epidemiológico da população assistida, surgem dois desafios:

• voltar a intensificar ou até mesmo criar novas ações de vigilância epidemiológica que
atinjam as doenças transmissíveis; e

• voltar a atenção da vigilância epidemiológica para as doenças não-transmissíveis (câncer,


diabetes, hipertensão arterial, doenças cardiovasculares e outras) e agravos (mortes no
trânsito, acidentes de trabalho, violência) cuja, ocorrência aumenta diariamente,
principalmente nas grandes cidades.

E quanto aos profissionais de saúde envolvidos nesse processo de


redirecionamento das práticas assistenciais?
Cada vez mais lhes será requisitado que o desenvolvimento de suas atividades junto à
população assistida volte-se à identificação de grupos suscetíveis, expostos a sofrer alterações nas
suas condições de saúde. Dessa maneira, realça-se a importância de se estar atento aos
determinantes que atuam favorecendo o surgimento de doenças transmissíveis, não-transmissíveis e
agravos. Somente mediante a intervenção sobre os mesmos poderemos contribuir para a melhoria
da qualidade de vida da população, modificando sue perfil epidemiológico.

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Por que estar atento às doenças e aos agravos? Que instrumentos possuímos para mantê-los
sob vigilância?
Quando estamos supostamente saudáveis, não temos o hábito de procurar assistência
objetivando prevenir alterações no organismo. É bem mais freqüente buscarmos atendimento
apenas quando da existência de algum sintoma ou sinal preocupante. E essa demanda serve como
parâmetro aos serviços de saúde para avaliação do perfil epidemiológico da população, procurando,
assim, manter uma vigilância constante. Portanto, vigiar as doenças e agravos é importante para
conhecermos o seu modo de manifestação, que indivíduos têm maior facilidade para contraí-las,
qual a faixa etária mais atingida, em que época do ano ocorrem com mais freqüência, que
localidades apresentam maior número de casos de determinada doença e sobre quais determinantes
faz-se necessário intervir para atender às necessidades de saúde da população.
A vigilância epidemiológica (VE) é um serviço que reúne um conjunto de ações que
permitem acompanhar a evolução das doenças na população. Funciona como um “ termômetro”,
um indicador de que ações devem ser priorizadas no planejamento da assistência à saúde. Se por
exemplo, for detectado o aparecimento de muitos casos de sífilis congênita e uma maternidade
localizada da na área X, tal fato indica ser necessário que os gestores realizem maiores
investimentos em assistência pré-natal naquela área, visando controlar a incidência de casos.
Entretanto, para que a vigilância epidemiológica possa propor ações de prevenção e controle
a partir do estudo do comportamento das doenças e agravos à população, é importante seguir
algumas etapas:

• coleta de dados – consiste em buscar junto às fontes de dados (população, imprensa,


serviços de saúde, escolas, creches, presídios e indústrias) as informações relevantes que
possam colaborar na identificação de situações de risco. Os dados podem ser agrupador
como demográficos e ambientais, de morbidade e mortalidade. As informações obtidas
sobre casos de doenças, agravos e epidemias devem ser consideradas somente após prévia
investigação para confirmar ou descartar o caso, pois muitas vezes sua divulgação, além de
assustar a população, tem origem duvidosa;

• processamento de dados – significa reunir todos os dados coletados e agrupá-los de acordo


com seu grau de importância e relevância. As informações são organizadas em gráficos,
quadros e tabelas, para permitirem melhor visualização dos problemas e seus determinantes.
Geralmente, são ordenadas em ordem de ocorrência e separadas por mês, bairro de moradia
do doente, unidade que notificou a suspeita do caso e região do município, estado e país;
• análise dos dados – busca interpretar as informações coletadas, procurando estabelecer as
relações causais. Sua realização permite que os responsáveis pela vigilância epidemiológica
relacionem os determinantes de doenças e agravos. Por exemplo, ao se estudar o período de
maior registro de doentes com câncer de pele, estabeleceu-se relação com o verão, época em
que as pessoas permanecem mais tempo expostas ao sol, e com as profissões que, para seu
desempenho, exigem exposição ao sol forte: lavradores e vendedores ambulantes na praia,
entre outras;

• recomendação de medidas de controle e prevenção – aponta que precauções podem ser


recomendadas no controle e prevenção da ocorrência da doença. As campanhas de
vacinação, as campanhas educativas disseminadas pela televisão e na escola, a campanha de
controle do diabetes são exemplos de medidas empregadas com esse fim;

• promoção das ações de controle e prevenção – consiste em planejar e executar ações


como vacinações, tratamento dos doentes, controle do ambiente, divulgação de informações
sobre precauções para transmissão de doenças;

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• avaliação da eficácia das medidas – é a análise dos resultados das ações, visando
identificar se as metas propostas foram alcançadas e avaliar seu impacto na saúde coletiva,
por meio dos indicadores de saúde. Por exemplo: O Programa Saúde da Família planeja
atender um quantitativo de famílias em determinado território e em um dado período. Ao
final do prazo estipulado, a equipe do PSF deve avaliar se conseguiu ou não atingir a meta
proposta e que fatores foram responsáveis pelo alcance ou não da meta;

• divulgação das informações – objetiva mostrar os resultados alcançados de forma simples


e clara, de modo que todos os interessados possam compreendê-los. Após a realização de
uma campanha de vacinação, é comum que as secretarias de Saúde divulguem o número de
doses de vacinas aplicadas e de pessoas vacinadas, para que se tenha a noção do impacto das
medidas adotadas.

Os ambulatórios, unidades básicas de saúde e hospitais representam importantes fontes de


informação para a realização da vigilância epidemiológica, em virtude de prestarem assistência
direta à maioria da população.
Por esse motivo, realizam com maior freqüência a notificação, entendida como “a
comunicação da ocorrência de determinada doenças ou agravo à saúde, feita à autoridade sanitária
por profissionais de saúde ou qualquer cidadão (...)”.
A notificação é essencial para o efetivo conhecimento da realidade vivida pela população
assistida, bem como para a adoção de medidas de intervenção pertinentes, sendo importante seu
registro e divulgação. Apesar desse fato, muitos profissionais desprezam a importância dessa prática
na determinação das condições sanitárias populacionais, provocando, assim, uma subnotificação –
quando o número de registro de ocorrência de casos de doenças é menor do que o realmente
ocorrido -, o que impede o poder público atuar no atendimento às reais necessidades da população.
Visando acompanhar a notificação de doenças de grande impacto coletivo, foi criada uma
lista de doenças de notificação obrigatória em todo o território nacional, a qual deve ser
periodicamente atualizada. Denominada lista de doenças de notificação compulsória (Anexo I), é
atualmente constituída apenas por doenças transmissíveis, o que é bastante questionável, haja vista
o crescente aumento do número de pessoas acometidas por doenças crônicas não-transmissíveis e
provocadas por causas externas, gerando doença e morte. No entanto, estados e municípios podem
incluir novas doenças na lista, desde que sejam claramente definidos o objetivo da notificação, os
instrumentos e o fluxo da informação.
Outras importantes fontes de dados e de notificação são os sistemas nacionais de
informação. Quando os profissionais ou a população não notificam as doenças ou agravos aos
serviços de saúde (centros ou postos de saúde), o banco de dados pode ser alimentado por outras
fontes e documentos como boletins de produção ambulatorial, atestados de óbito, declarações de
nascidos vivos, prontuários dos clientes ou autorizações para internação hospitalar, por exemplo.
Tais documentos irão contribuir para a avaliação de alguns indicadores de saúde da população,
sendo fundamentais para a determinação das prioridades assistenciais.
No Brasil, além do Sistema Nacional de Agravos de Notificação (SINAN) – que reúne
todas as informações relativas aos agravos de notificação, alimentado pelas notificações
compulsórias – existem outros sistemas de informações de interesse para a vigilância
epidemiológica, dentre os quais se destacam:

• Sistema de Informações de Mortalidade (SIM) – reúne os dados relativos aos óbitos


ocorridos. Alimentado pelos atestados de óbitos emitidos, possibilita o conhecimento da
distribuição dos óbitos por faixa etária, sexo, causa e outras informações – variáveis de
acordo com o interesse da consulta;

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• Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC) – permite conhecer quantas
crianças nascem por ano e por região, bem como as características ligadas à saúde da mãe
(idade gestacional, por exemplo) e do recém-nascido (presença de malformações congênitas
ao nascer), apontando que necessidades assistenciais devem ser atendidas na região dos
nascimentos para melhorar a qualidade da assistência pré-natal e à criança;

• Sistema de Informações Hospitalares (SIH) – reúne informações sobre a assistência


prestada pelos hospitais. É alimentado principalmente pelos dados contidos nas autorizações
de internações hospitalares e pelos relatos contidos nos prontuários dos pacientes. É
importantíssimo para a definição do perfil epidemiológico da população assistida, pois
muitos doentes hospitalizados não chegam a ser assistidos nas unidades básicas de saúde,
principal fonte de notificação dos serviços de epidemiologia locais;

• Sistema de Informações Ambulatoriais (SAI) – reúne as informações obtidas com os


atendimentos ambulatoriais, seja em unidades básicas de saúde, seja em hospitais. Permite
entre outros dados, verificar se todos os atendidos em um ambulatório são moradores da
região, indicando a falta de serviços voltados para o atendimento das necessidades dos
moradores que se deslocam de muito longe para obter serviços de saúde;

• Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN) – permite conhecer o perfil das


condições nutricionais. As informações disponíveis possibilitam constatar a ocorrência de
desnutrição e sua distribuição, permitindo, assim, a determinação de medidas que controlem
e previnam sua ocorrência. Com o aumento dos casos de doenças não-transmissíveis,
assume importância na vigilância sobre a obesidade, fator determinante de risco
cardiovascular;

• Sistema de Informações sobre Ações Básicas (SIAB) – criado mais recentemente, esse
sistema destina-se a reunir informações acerca das atividades desempenhadas em nível de
atenção básica. É utilizado para medir o impacto das ações básicas desenvolvidas,
auxiliando na determinação das prioridades e avaliação do que já foi feito pelas equipes dos
Programas Saúde da Família e Agentes Comunitários de Saúde (PSF e PACS).

1.1 Medidas de controle e prevenção em vigilância epidemiológica

As ações de vigilância epidemiológica são hierarquizadas, ou seja, cada nível assume


responsabilidades para com o planejamento e execução das medidas e ações a serem empreendidas.
O nível central (governo Federal/Ministério da Saúde) é o grande responsável pela
determinação e regulamentação nacional das ações de vigilância epidemiológica. Nele, as ações são
discutidas para, somente após, serem recomendadas a todos os estados da Federação. Detém as
bases de dados dos sistemas de informação da vigilância epidemiológica – que reúnem todas as
informações referentes à saúde e às doenças no Brasil.
Ao plano regional, corresponde aos estados da Federação (Secretarias de Estado da Saúde),
cabe coordenar as ações de vigilância desenvolvidas pelos municípios, procurando estabelecer
prioridades de acordo com as informações obtidas, prestando consultoria.
As centrais estaduais de regulação de transplante de órgãos são exemplo de ação de vigilância
diretamente desenvolvida pelo nível de gestão regional. Por seu intermédio as secretarias estaduais
de Saúde controlam o número de doadores, os pacientes para os quais o transplante é prioritário, a
localização dos possíveis doadores e que hospitais dispõem de estrutura para realizar a intervenção
cirúrgica necessária. Assim, é possível conhecer as necessidades relacionadas a um problema de
saúde específico e intervir diretamente sobre ele, estabelecendo uma rede de comunicação entre as
unidades locais coordenadas pelas centrais.

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Ao nível local, traduzido na figura do município (Secretarias Municipais de Saúde) e sua
região administrativa (Distritos Sanitários), cabe executar as práticas de vigilância, desenvolvendo
as ações mais diretamente relacionadas aos indivíduos, por meio dos serviços assistenciais
oferecidos. Neste nível, principalmente, faz-se necessário que os serviços de saúde estejam
informados da ocorrência das doenças de notificação compulsória para que possam, assim, planejar
e implementar as medidas de promoção, prevenção e controle adequadas às necessidades da
população local – o que chamamos “informação para a ação”.
As ações de vigilância epidemiológica variarão de acordo com os objetivos pretendidos,
contribuindo para o controle e prevenção de determinada doença ou agravo – entretanto é sempre
importante considerar em seu planejamento a adoção que o sucesso dependerá diretamente da
proximidade com os determinantes causadores da doença ou agravo sobre os quais se pretende
intervir. Algumas medidas de vigilância epidemiológica são mais conhecidas pelos profissionais
devido à freqüência com que são recomendadas e executadas, o que se explica pelo fato de,
atualmente, as ações de vigilância epidemiológica estarem centradas no controle e prevenção de
doenças transmissíveis. Dentre as mais freqüentemente recomendadas, destacamos:

• a investigação epidemiológica – processo que permite acompanhar a ocorrência de uma


doença ou agravo nos indivíduos, operacionalizada mediante um inquérito epidemiológico,
ou seja, pelo preenchimento de ficha de investigação que reúne as informações sobre as
condições relacionadas ao adoecimento do indivíduo, com vista a implementar o máximo de
medidas necessárias para garantir a prevenção e controle. Nessa ficha, o profissional de
saúde relata a conduta adotada em relação ao indivíduo acometido ou a seus comunicantes –
em muitas localidades, é comum o auxiliar de enfermagem também ajuda nesta
investigação.

A investigação epidemiológica deve ocorrer sempre que for notificado um caso suspeito de
alguma doença. Significa que mesmo que o diagnóstico não esteja confirmado deve-se realizar a
investigação e executar as medidas de controle e prevenção da transmissão, recomendadas pelos
serviços de epidemiologia e padronizadas pelo nível central (Ministério da Saúde);

• a busca de casos e visita domiciliar – quando os serviços locais de epidemiologia, ao


recebem notificações de doenças de clientes atendidos, procuram localizá-los por meio de
aerograma, telefonema ou visita ao domicílio para realizar a investigação epidemiológica;

• o apoio a procedimentos diagnósticos – quando da definição de suspeita ou confirmação


de uma doença, a coleta de material biológico, realização de testes específicos e
interpretação de seus resultados são procedimentos freqüentemente desenvolvidos pelo
auxiliar de enfermagem.
Por sua vez, as medidas de precaução em relação à transmissão de doenças podem incluir:

• vacinação de bloqueio – é a intensificação da administração de uma vacina, visando a


impedir a transmissão de uma doença de um indivíduo doente para aqueles que com ele
convivem em espaço restrito, como no trabalho, escola, creche ou quartéis. Essa medida é
usualmente utilizada quando há o acometimento por uma doença de transmissão fácil e
contra a qual se dispõe de vacina, como a coqueluche ou sarampo. A febre amarela, por
exemplo, teve vacinação de bloqueio para evitar que novos casos atingissem outras regiões
do país;

• intensificação de vacina – é uma estratégia utilizada para aumentar o número de pessoas


protegidas contra uma doença. Para tanto, podem ser modificados os critérios normalmente

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utilizados para aplicação da vacina, aumentando-se o número de doses ou faixa etária na
população-alvo;

• indicação de restrição de circulação – o objetivo não é isolar o cliente, mas sim garantir
que outras pessoas de seu convívio não corram o risco de contrair a doença por ainda não
estarem protegidas;

• quimioprofilaxia – algumas vezes, o uso de vacinas para prevenir a transmissão de


determinada doença não está disponível ou recomendado – casos em que são utilizados
medicamentos para diminuir o risco de transmissão. A adoção desta conduta é chamada
quimioprofilaxia, geralmente adotada para os comunicantes de casos suspeitos ou
confirmados de meningite menigocócica ou causada por hemófilos, tuberculose ou
leptospirose, e ainda frente à exposição acidental envolvendo objetos perfurocortantes
potencialmente contaminados com material biológico.

1.2 Principais indicadores de saúde coletiva

Para o planejamento de ações de prevenção e controle de doenças e agravos, é importante


conhecer o perfil dos problemas de saúde da população assistida e das doenças apresentadas – quais
mais acometem a população, quais mais matam e quantas pessoas morrem. Para o conhecimento de
aspectos de saúde não diretamente observáveis foram criados os indicadores de saúde, que
representam e tentam “medir” os aspectos normalmente não percebidos. Dentre outros importantes
componentes da estrutura de assistência à população, esses indicadores orientarão o processo de
planejamento em saúde, a organização dos serviços de atenção e a determinação do número de
leitos hospitalares necessários para determinada região. Como destaques, ressaltamos:

1.2.1 Morbidade

A morbidade refere-se ao comportamento das doenças numa população exposta ao


adoecimento. Seus índices permitem conhecer que doenças existem habitualmente na área, no
período e na população estudada (prevalência), e quais os novos casos das doenças na mesma área,
período e população (incidência).

Dessa forma, a quantidade de casos de uma doença também permite estimar sua importância
para aquela população. Estão relacionados à morbidade os termos: surto, endemia, epidemia e
pandemia.

• Surto é uma aumento repentino do número de casos, dentro de limites muito restritos, como
uma série de casos, dentro de limites muito restritos, como uma série de casos de rubéola em
uma creche, vários indivíduos com conjuntivite em um quartel ou vários bebês com infeção
respiratória em um berçário de hospital. Também pode ser assim considerado o aumento do
número de casos de uma doença em uma área específica, considerada livre da mesma. Por
exemplo, um único caso de poliomielite no Brasil seria suficiente para configurar um surto.

• Edemia é a ocorrência de certo número de casos controlados em determinada região.

• Epidemia é o aumento do número de casos de determinada doença, muito acima do


esperado e não delimitado a uma região.

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• Pandemia, por sua vez, compreende um número de casos de doença acima do esperado,
sem respeitar limites entre países ou continentes. Os exemplos mais atuais são a AIDS e a
tuberculose.

1.2.2 Mortalidade
A mortalidade é definida como a relação entre o número de óbitos e o número de pessoas
expostas ao risco de morrer. Dados esses que podem ser agrupados por
características como sexo, idade, estado civil, causa, lugar, condição, dentre outras.
Os óbitos ocorridos podem estar classificados segundo a associação de duas ou mais
dessas características.
1.2.3 Letalidade

Permite conhecer a gravidade de uma doença, considerando-se seu maior ou menor poder
para causar a morte. A determinação da letalidade de certas doenças permite avaliar a eficácia de
estratégias e terapias implementadas. Por exemplo, espera-se que a vacina anti-sarampo reduza o
número de complicações e óbitos decorrentes da doença. Se há muitos óbitos causados pelo
sarampo, isto significa que as crianças não estão tendo acesso à estratégia de vacinação ou que a
vacina não está desempenhando adequadamente seu papel na proteção à saúde.
Para que se possa avaliar o significado dos indicadores e compará-los frente a populações
diferentes sem que haja distorção das informações, esses indicadores são calculados por meio de
taxas, índices e coeficientes socioeconômicas e sanitárias locais, pois estão intimamente
relacionados com as condições de vida e saúde da população.
Dessa forma, as ações de vigilância epidemiológica e os resultados obtidos com a sua
implementação e divulgados através de suas bases de dados constituem um elemento precursor da
elaboração e implementação de programas de saúde coletiva, ao permitirem a identificação de
fatores de risco para a determinação dos processos de morbidade que atingem os grupos
populacionais que recebem atenção específica dos serviços de saúde.

2. VIGILÂNCIA DAS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS

Com o intuito de realizar adequadamente a vigilância epidemiológica das doenças transmissíveis, o


sistema de vigilância elaborou diferentes condutas relacionadas a cada uma delas.
Como integrante da equipe de saúde, é muito importante que o auxiliar de enfermagem se
familiarize com essas condutas, capacitando-se para desempenhar suas funções de maneira a
detectar estes acontecimentos à saúde coletiva, de modo a controlá-los, com o apoio de outros
profissionais.
Assim, é essencial que sinta-se também responsável pela notificação e estimule, com o seu
exemplo, toda a equipe de saúde a colaborar no processo de vigilância dessas e de outras doenças
igualmente importantes para a composição de um quadro com os indicadores do estado de saúde da
população.

2.1 Doenças preveníveis mediante vacinação

Com os avanços obtidos ao longo do tempo, já é possível, hoje, por intermédio das vacinas,
alcançar a prevenção e a diminuição significativa de ocorrência de doenças que até pouco causavam
adoecimento e morta de muitas pessoas, Entretanto, por que ainda vemos pessoas com tétano,
crianças acometidas pela meningite ou coqueluche e a realização, todos os anos, de campanhas de
vacinação contra a poliomielite?
Muitos determinantes podem ser apontados para tal situação. Alguns se relacionam a
aspectos biológicos e químicos dos seres humanos e das vacinas, como a capacidade de uma vacina
estimular defesa no organismo humano e a capacidade desse organismo produzir defesa após

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estimulado. É difícil intervir sobre estes aspectos, e as ações com esta finalidade dependem
principalmente dos avanços das pesquisas dos laboratórios sobre os imunobiológicos e das
pesquisas sobre imunidade dos seres humanos desenvolvidas nas universidades e centros
hospitalares.
É possível, ainda, que estas doenças aconteçam por outros determinantes, como a cobertura
vacinal que não alcança todas as pessoas suscetíveis a essas doenças; os movimentos migratórios
que possibilitam a vinda de indivíduos hospedeiros de agentes infecciosos (portadores ou doentes);
e a desnutrição, que impede que os indivíduos vacinados desenvolvam a proteção necessária.
Considerando todos os aspectos abordados, é possível concluir que a prevenção da
ocorrência destas doenças dependerá de ações desenvolvidas pelos serviços de saúde e por outros
componentes dos setores de políticas públicas – as quais devem Ter como objetivo a ampliação da
eficácia da estratégia de vacinação para todas as pessoas, ainda que esta não seja a única medida
para alcançar o controle e prevenção de doenças transmissíveis.

2.1.1 Hepatite B

No Brasil, a hepatite B tem maior aumento de incidência no Espírito Santo, algumas regiões
do Distrito Federal, oeste de Santa Catarina e estados da Amazônia Legal.
Seu agente infeccioso é o vírus da hepatite B (HBV), que infecta apenas o homem, seu
reservatório natural. Sua transmissão ocorre pelo ato sexual, pela mucosa lesada em contato com
secreção vaginal e/ou sêmen, por transfusão sangüínea e compartilhamento de seringas e agulhas
quando do uso de drogas injetáveis, procedimentos cirúrgicos, odontológicos e hemodiálise,
perfuração de orelhas, tatuagens, acidentes com instrumentos perfurocortantes contaminados, e pela
gestação, por via transplacentária.
Após a transmissão, o vírus da hepatite B atinge as células do fígado (hepatócitos), onde se
reproduz causando alterações nas funções hepáticas.
Em média, o período de incubação corresponde a 60 ou 80 dias, podendo durar até de 30 a
90 dias. O indivíduo transmite a doença duas a três semanas antes de apresentar os primeiros
sintomas e continua transmitindo-a durante a fase aguda da hepatite B. O indivíduo que apresenta o
antígeno viral (HbsAg) por mais de seis meses pode estar sintomático ou assintomático.
A infecção pelo HBV pode apresentar formas assintomáticas, sintomáticas ou graves, das
quais a primeira é a mais freqüente. Os sinais e sintomas característicos são mal-estar, cefaléia,
febre, náuseas e vômitos, ocorrendo também dor abdominal, icterícia, fezes esbranquiçadas (acolia),
aumento do fígado (hepatomegalia), urina escurecida (colúria) e aumento do baço (esplenomegalia).
Para confirmação diagnóstica, faz-se exame de sangue, para identificação dos marcadores
sorológicos virais da hepatite.
Após a notificação de um caso suspeito ou confirmado de hepatite B, inicia-se o
desenvolvimento de ações de vigilância junto ao paciente e sua família. Mediante visita domiciliar,
o auxiliar de enfermagem participa destas ações buscando os comunicantes domiciliares, para que
realizem exames diagnósticos e vacinação. Os comunicantes sexuais devem ser orientados para usar
preservativos. Os usuários de drogas injetáveis devem ser orientados a procurar os serviços de
saúde – para realização do controle periódico – e não compartilharem seringas e agulhas.
A vacina contra a hepatite B é administrada em crianças menores de dois anos, adultos que
fazem hemodiálise, pessoas que recebem freqüentes transfusões de sangue (hemofílicos, portadores
de anemia falciforme), usuários de drogas injetáveis, homossexuais e profissionais do sexo.
Na fase aguda, os indivíduos com hepatite devem receber acompanhamento especializado,
sendo indicado repouso, administração mínima de medicamentos, abstenção do consumo de bebidas
alcoólicas e tabagismo e dieta pobre em gorduras, devido à fragilidade hepática nesta fase. Para os
doentes crônicos, estes cuidados são redobrados e os mesmos devem ser orientados par não fazerem
uso de bebidas alcoólicas e/ou fumo, bem como esclarecidos sobre a possibilidade de hospitalização
em caso de agravamento do quadro clínico.

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Por manipularem sangue e secreções de indivíduos reconhecidamente contaminados ou em
fase de exame diagnóstico, os profissionais de saúde são susceptíveis a contrair o HBV.
Considerando tal fato, devem estar vacinados, adotar medidas de precaução universal e usar EPI
(luvas, óculos, aventais e outros) quando da execução de procedimentos, seja em nível ambulatorial
ou hospitalar.

2.1.2 Poliomielite

Até 1980, o país apresentava alto índice da doença, com cerca de 2.300 casos notificados por
ano. Nesse mesmo ano, teve início a estratégia dos dias nacionais de vacinação, que possibilitou a
diminuição do número de casos para 45 por ano. A partir de 1989, a doença foi considerada
erradicada e, em 1994, graças às ações de vigilância epidemiológica e de imunização, o Brasil
recebeu o “Certificado de Erradicação da Transmissão Autóctone do Poliovírus Selvagem nas
Américas”.
A partir daí, o Brasil assumiu o compromisso de manter altas coberturas vacinais para evitar
uma reintrodução do vírus, bem como adotar medidas de controle que consistem em ações de
vigilância epidemiológica sobre os caos de paralisia aguda flácida, sugestivos de poliomielite
A poliomielite pode ser causada por três tipos de poliovírus: I, II e III. A transmissão ocorre,
principalmente, por contato direto de pessoa a pessoa, sendo a boca a principal porta de entrada do
vírus. Através desta via, conhecida como rota fecal-oral, o vírus chega até o intestino delgado, onde
se multiplica nos nódulos linfáticos intestinais, distribui-se pelo organismo e, finalmente, é
eliminado pelas fezes.
As gotículas do muco expelidas pela tosse, fala ou espirro possibilitam que o vírus atinja a
faringe, onde se multiplica no nódulos linfáticos cervicais, distribuindo-se pelo organismo e
posteriormente eliminado através de gotículas expelidas ao tossis, falar e espirrar.
A poliomielite é chamada de paralisia infantil porque a idade dos indivíduos suscetíveis é de
até 15 anos. O doente apresenta, subitamente, deficiência motora, além de febre e flacidez muscular
assimétrica, sendo afetados, sobretudo, os membros inferiores. No entanto, a doença pode
apresentar-se assintomática ou não-aparente em cerca de 90% a 95% dos casos, podendo ser
confundida com a síndrome de Guillain-Barré e outros distúrbios que afetam o sistema nervoso.
O diagnóstico pode ser feito com amostras de fezes do caso suspeito ou de seus contatos,
para isolamento do vírus. Após a detecção de um caso suspeito de paralisia aguda flácida, devem
ser coletados duas amostras de fezes até 14 dias após o início da paralisia, com o intervalo mínimo
de 24 horas entre as coletas, em indivíduos menores de 15 anos.
Não há tratamento específico após a instalação do quadro de poliomielite. Nestes casos, é
importante detectar a doença precocemente, pois além da implementação de medidas de vigilância
epidemiológica faz-se necessário intervir rapidamente para garantir que o doente consiga tornar-se o
mais independente possível de cuidados. Geralmente, são recomendadas sessões de fisioterapia com
movimentação passiva, para diminuir a atrofia nos membros inferiores.
Os cuidados de enfermagem envolvem a preocupação em evitar quedas, proporcionar
conforto no leito e na mobilização, e estar atento aos sinais de comprometimento de outros
músculos, como o descontrole do doente sobre sua micção e evacuação. Com relação à criança,
deve-se orientar seu posicionamento no leito, visando prevenir contraturas e úlceras de decúbito.

2.1. Tétano acidental

É relativamente comum em países subdesenvolvidos, nos quais a cobertura vacinal é baixa.


Sendo uma doença relacionada ao lazer e ao trabalho, ocorre tanto em áreas urbanas como em
rurais.

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Seu agente etiológico é o Clostridium tetani, uma bactéria anaeróbia cujo reservatório são o
homem e os animais (trato intestinal, pele) ou qualquer objeto perfurocortante contendo os esporos.
O período de incubação varia em torno de 10 dias, podendo durar de 2 a 21 dias.
Sua transmissão ocorre pela introdução dos esporos do agente patogênico em um ferimento
perfurante contaminado com terra, poeira e fezes de animais, podendo também se dar por
queimaduras e ferimentos necrosados.
O tecido ferido, com pouco oxigênio devido à infecção e ao próprio trauma, fornece
condições ideais para que os esporos do C. tetani transformem-se em formas vegetativas,
reproduzindo-se e formando uma toxina, a tetanospasmia. As toxinas tetânicas são absorvidas pelos
nervos e transportadas até a medula espinhal, onde causam estímulos nervosos. Os nervos se tornam
muito sensíveis e qualquer estímulo externo pode desencadear contração dos músculos que eles
enervam.
O indivíduo contaminado pode apresentar rigidez (hipertonia) dos músculos nasseteres e dos
músculos do pescoço, contratura muscular generalizada (opistótono) (vide página seguinte), rigidez
muscular progressiva e crises de contraturas desencadeadas por estímulos sonoros e luminosos,
como os que ocorrem na manipulação do doente. É característica marcante do tétano o riso
sardônico, que é uma contração da musculatura da face, causando o trincamento da mandíbula.
O tratamento consiste em internação hospitalar em quarto silencioso, com pouca
luminosidade, pois os estímulos visuais e sonoros podem provocar respostas em forma de contratura
muscular. Recomenda-se a administração de sedativos, soro antitetânico (SAT) e antibioticoterapia.
Os principais objetivos do tratamento são eliminar a presença do C. tetani do organismo
humano e garantir que não haja comprometimento do sistema respiratório. Por isso, os cuidados de
enfermagem ao doente hospitalizado incluem o mínimo de manipulação possível, para que não surja
o estímulo de contratura; a monitorização das vias aéreas, para garantir que estejam pérveas (sem
obstrução); e a observação de sinais de retenção urinária (caso haja contração da musculatura do
trato urinário)
A susceptibilidade é geral, todos estão predispostos à contaminação pelo tétano,
indiscriminadamente, porém os indivíduos maiores de 45 anos estão mais exposto por estarem
muitas vezes com a vacinação incompleta ou por nunca terem sido vacinado. Por isso, o auxiliar de
enfermagem deve também estar atento ao estado vacinal de indivíduos adultos e idosos,
principalmente das mulheres em idade fértil, além das crianças.
A imunidade é conferida pela aplicação de vacina contendo o toxóide tetânico em suas
diversas formas de apresentação (DPT, dT, DT ou TT), administrada em três doses e um reforço de
dez em dez anos.

2.1.4 Tétano neonatal

Também conhecido com “mal de sete dias” ocorre em todo o mundo, sendo comum em
países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento, onde não há um efetivo acompanhamento no pré-
natal, com a vacinação da mãe. Esta ausência de vacinação é um fator que favorece a contaminação
pelo agente causador do tétano no recém-nascido, pois este não se encontra imunizado pelos
anticorpos maternos.
A infecção ocorre por contaminação do coto umbilical, quando da realização de seu
curativo, geralmente por falta de cuidados adequados, como a utilização de material impróprio (teia
de aranha, moeda, cinteiros). Em média, o período de incubação dura sete dias.
O recém-nascido infectado abandona o aleitamento materno, pela dificuldade de
movimentar a musculatura da face, tronco e abdome, devido à rigidez. O óbito pode ocorrer por
paralisia da musculatura da respiração.
O recém-nascido deve permanecer hospitalizado e sedado, sob vigilância constante. Muitas
vezes, realiza-se a traqueostomia ou a entubação erotraqueal, visando garantir uma boa ventilação
mecânica, e o tratamentos com antibióticos.

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Após a notificação de um caso de tétano neonatal, a mãe do recém-nascido deve ser
encaminhada para receber vacinação. As parteiras locais devem ser cadastradas e orientadas quanto
aos cuidados com o coto umbilical. Os óbitos ocorridos com recém-nascidos menores de 28 dias
devem ser investigados.
Para o adequado controle da doença, é importante vacinar todas as mulheres em idade fértil
(14 a 49 anos), melhorar a qualidade do acompanhamento pré-natal e encaminhar as gestantes para
vacinação.

2.1.5 Coqueluche

A coqueluche é causada pela bactéria Bordetella pertussis, cujo único reservatório é o


homem, não existindo portadores crônicos assintomáticos. Embora não pareça, é uma doença grave,
pois mata um terço dos indivíduos por ela acometidos, um terço evolui apresentando seqüelas
neurológicas e respiratórias e apenas o terço restante apresenta recuperação após a doença.
Sua transmissão ocorre pelo contato direto pessoa a pessoa, através de secreções da
orofaringe, eliminadas pela tosse, espirro ou fala. Após a entrada da Bordetella através das vias
aéreas superiores, a bactéria se adere à mucosa do trato respiratório, multiplicando-se sobre a
mesma e formando uma colônia. A partir daí, passa a produzir uma toxina que causa lesão no tecido
colonizado e provoca manifestações sistêmicas causadas pela liberação e distribuição da toxina por
todo o organismo.
O período de incubação varia entre sete e catorze dias, sendo muitas vezes confundida com
outras infecções respiratórias agudas, como a bronquite, por exemplo.
Suas manifestações clínicas evoluem em três fases:

• catarral: inicia-se com manifestações respiratórias e febre, mal-estar, coriza e tosse seca,
com instalação de surtos de tosse (dura cerca de uma a duas semanas);

• paroxística: apresenta tosse seca “comprida”, de acordo com a posição do doente, finalizada
por inspiração forçada, acompanhada de um ruído característico (“guincho”) e seguida de
vômitos (dura cerca de duas a seis semanas);

• convalescência: os episódios de tosse desaparecem e dão lugar à tosse comum (dura


algumas semanas).

O diagnóstico pode ser realizado pela sorologia, para identificação dos


anticorpos na corrente sangüínea, e pela cultura de material coletado da orofaringe.
O tratamento é feito com base no uso de medicamentos sintomáticos, utilizando-se
também antibióticos (eritromicina) para promover a diminuição do período de
transmissibilidade da doença. A hospitalização está indicada para crianças que
apresentem complicações.
Os cuidados adotados com os doentes incluem repouso e hidratação. É
importante que a família seja orientada a manter precauções respiratórias durante a
fase catarral. Além disso, o auxiliar de enfermagem pode orientar a redução de
fatores que favorecem os acessos de tosse, como poeira, fumaça de cigarros,
atividade e excitação. No caso das crianças, grande maioria afetada pela doença, é
importante que os pais sejam orientados a mantê-las ocupadas com algum brinquedo,
pois isto pode ajudar a diminuir o número de episódios de tosse paroxística.
Visando o controle da doença, a vacinação deve ser realizada em todos os
indivíduos suscetíveis, conforme a rotina da rede básica de saúde. Em caso de susto,
pode-se providenciar vacinação seletiva para indivíduos suscetíveis, com o objetivo
de aumentar a cobertura vacinal. Crianças expostas ao risco de adoecimento,

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principalmente as que estão com o esquema vacinal incompleto, devem ser
observadas durante 14 dias, na busca de sintomas respiratórios.
Em crianças menores de seis anos, o tratamento indicado é a
quimioprofilaxia, para prevenir a transmissão da doença.

2.1.6 Difteria

Desde 1977, o número de casos de difteria no Brasil vem diminuindo em


vista do aumento da cobertura vacinal com a vacina DPT. Entretanto, crianças em
idade escolar e não-imunizadas apresentam maior risco de contrair a doença.
A difteria ocorre durante todo o ano, havendo um aumento de incidência nas
estações em que a temperatura é mais baixa (outono e inverno), devido à
aglomeração de pessoas em ambientes fechados. Também conhecida como crupe,
tem como agente causador a bactéria Corynebacterium diphteriae, produtora da
toxina diftérica.
A transmissão se dá por contágio direto com doentes ou portadores da
bactéria, por meio de secreções da nasofaringe, que penetram no organismo através
das vias aéreas superiores. Uma vez na faringe, local mais freqüentemente afetado, a
bactéria diftérica se fixa, estimulando a produção de uma inflamação purulenta e
produzindo uma toxina que atua causando necrose do tecido da faringe. Estas ações
conjuntas da bactéria diftérica formam uma pseudomembrana diftérica, que
caracteriza a doença.
Embora com menor freqüência, outra forma de contágio ocorre pela
suspensão de microrganismos no ar, após agitação de objetos contaminados, como
travesseiros e cortinas. O período de incubação dura em torno de um a seis dias,
podendo ser mais longo. O portador pode eliminar a bactéria por cerca de seis meses
ou mais.
A manifestação clínica mais freqüente é a presença da pseudomembrana
branco-acizentada que pode surgir nas amígdalas e invadir as estruturas vizinhas.
Pode ainda localizar-se na laringe, traquéia, pele, conjuntiva, conduto nasal e até
vulva. Em casos mais graves, há intenso edema no pescoço, com aumento dos
gânglios linfáticos presentes nessa região.
Para se diagnosticar a doença, realiza-se o exame das lesões existentes na
orofaringe e nasofaringe. A coleta com swab deve ser efetuada antes de iniciado o
tratamento com antibióticos.
As complicações mais comuns são cardíacas, renais e imunológicas, pois a
toxina diftérica pode atingir os linfonodos cervicais e chegar a outros órgãos
importantes, como as válvulas cardíacas, causando comprometimento significativos.
Os doentes devem ser hospitalizados para receber tratamento, que consiste na
administração de soro antidiftérico e terapia com base em antibióticos. É muito
importante que equipe de enfermagem oriente os doentes ou os seus responsáveis a
relatar sinais de dificuldades respiratórias, pois nesses casos é necessário um
acompanhamento mais freqüente.
Para controlar a transmissão da doença, é indispensável administrar o toxpide
diftérico em toda a população exposta ao risco, nas pessoas não vacinadas, nas
inadequadamente vacinadas ou com estado vacinal desconhecido. Para todos os
comunicantes de doentes (escolares e familiares), deve ser indicado o exame clínico,
mantendo-se a vigilância sobre os mesmos durante uma semana, pelo menos. Devem
ser adotadas medidas de precaução respiratória para os doentes e seus comunicantes,
até que duas culturas de secreção de nasofaringe e orofaringe não revelem a presença
da bactéria diftérica.

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2.1.7. Meningite

As meningites são causadas por uma série de microrganismos (vírus, fungos,


bactérias), mas a saúde coletiva tem um interesse maior pelas meningites por
Haemophilus influenzae do tipo B, tuberculosa e meningocócica, que são
bacterianas.
Sua transmissão ocorre por contágio direto, por via respiratória. A bactéria
produz uma nasofaringite, atingindo a corrente sangüínea e atravessando a barreira
hematoencefálica. Os sintomas, subitamente iniciados, são febre, dor de cabeça
intensa, náuseas, vômitos, rigidez de nuca e, algumas vezes, petéquias. O diagnóstico
é feito com base em exames laboratoriais e clínicos.
Após a notificação do caso suspeito, deve-se proceder à quimioprofilaxia dos
comunicantes domiciliares, escolares, de trabalho, enfim, daqueles que convivem
estreitamente com o doente por, pelo menos, quatro horas diárias.
O tratamento para a meningite consiste na administração de antibióticos,
durante 7 a 14 dias, e exige hospitalização do doente e precaução respiratória.
Como medida de prevenção, recomenda-se seguir a rotina do calendário de
vacinação:

• vacina BCG, que previne a ocorrência da tuberculose e de sua forma mais grave, a
meningite tuberculosa;

• vacina anti-Hib, que previne a infecção pelo Haemophilus influenzae do tipo B;

• vacina antimeningocócica, utilizada excepcionalmente em situações de surto, que previne a


infecção por alguns tipos de meningococos, especialmente os tipos A, B e C.

É importante ressaltar que após a implantação das vacinas BCG e anti-Hib no


calendário vacinal das crianças, a incidência das meningites causadas pelo bacilo da
tuberculose e pelo Haemophilus influenzae foi bastante reduzida no Brasil.

2.1.8 Febre amarela

A febre amarela é causada pelo vírus amarílico, encontrado principalmente


em regiões de mata. Pode apresentar-se sob duas formas: febre amarela silvestre
(FAZ), cujos vetores são os mosquitos Aedes albopictus e Aedes baemagogus, sendo
os primatas os principais hospedeiros e o homem, hospedeiro acidental; é febre
amarela urbana (FAU), que tem como vetor o mosquito Aedes aegypti e homem
como hospedeiro principal.
A febre amarela silvestre tem sua incidência aumentada quando há ocorrência
de epizootias, isto é , quando aumenta o número de mosquitos no meio ambiente. A
febre amarela urbana foi erradicada no Brasil em 1942, quando foi notificada pela
última vez no município de Serra Madureira, no Acre.
Em 2001, a incidência de febre amarela silvestre alertou as autoridades
sanitárias para a ocorrência de uma epidemia no oeste de Minas Gerais, que, a partir
de então, passou a integrar oficialmente a lista de estados onde a doença é endêmica.
A transmissão ocorre pela picada do mosquito infectado pelo vírus da febre
amarela. O vírus penetra no organismo, cai na circulação e aloja-se nos vasos
capilares, pelos quais tem afinidade. Como conseqüência, há lesão da camada interna

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desses vasos – o endotélio -, causando alteração na irrigação de quase todos os
órgãos e sistemas do organismo.
Após 3 ou 6 dias, o indivíduo pode começar a apresentar a doença. O sangue
do doente é considerado infectante para o mosquito cerca de 24 a 48 horas antes do
aparecimento dos sintomas e de 3 a 5 dias após o início da doença. Uma vez
infectado, o mosquito transmite a doença durante toda a sua existência, ou seja, por
três a quatro meses.
O quadro clínico pode varias de formas pouco sintomáticas até quadros
fulminantes. A doença segue alguns períodos clínicos:

• período de infecção – o indivíduo apresenta febre, calafrios, cefaléia, dor muscular, náuseas
e vômitos;

• período de remissão – o indivíduo experimenta uma sensação de melhora, havendo


diminuição dos sintomas;

• período de intoxicação – o indivíduo apresenta icterícia, hematêmese, melena e


manifestações hemorrágicas que podem estar ligadas a sinais de insuficiência das funções
hepáticas e renais.

A adoção de condutas de vigilância é importante, pois essa doença pode ser


confundida com malária, hepatite ou leptospirose.
Após a notificação do caso suspeito deve ser realizada uma busca ativa para
confirmação diagnostica, bem como o preenchimento da ficha de investigação
epidemiológica. Além disso, faz-se necessário providenciar vacinação de bloqueio
para os moradores da área onde há casos suspeitos e realizar visita domiciliar e ao
redor da área domicilias, a fim de que outros casos sejam identificados, além da
investigação de dados sobre o vetor (se aparece mais de dia ou à noite; sua cor; se
aparece mais onde há água parada).
Para o controle do vetos, é importante a destruição de criadouros favoráveis a
sua proliferação e/ou o uso de larvicidas e inseticidas em recipientes com água
parada. Em áreas infectadas com as várias subespécies do mosquito Aedes, deve-se
evitar o acesso do mesmo ao paciente mediante colocação de telas nas janelas e
utilização de mosquiteiros.

2.1.9 Rubéola

Durante muitos anos, a rubéola foi considera “doença de criança”, de pouca


importância. No entanto, este conceito vem mudando em vista de incidência de
complicações por ela causadas, principalmente a síndrome da rubéola congênita
(SRC), que afeta recém-nascidos e cujo risco está associado ao acometimento da
gestante durante os três primeiros meses de gestação.
O aumento do número de casos ocorre na primavera, com maior freqüência
na faixa etária de zero a nove anos de idade. Após a introdução da administração de
vacinas contra a rubéola em crianças, observou-se o seu aparecimento entre adultos e
adolescentes.
A transmissão acontece pelo contato com secreções nasofaríngeas de pessoas
infectadas, sendo causada pelo rubivírus humano. O período de incubação varia de
12 a 23 dias.
A rubéola manifesta-se pelo aparecimento de um exantema máculo-papular,
ou seja, de manchas avermelhadas na pele, com elevação eruptiva que termina em

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descamação. Inicialmente, essas manchas surgem na face, pescoço e couro cabeludo,
distribuindo-se em seguida para o restante do corpo. Há febre baixa e presença de
aumento ganglionar nas regiões retroauriculares, occipital e cervical posterior.
O diagnóstico clínico é feito com base na presença do trio exantema, febre e
aumento ganglionar e deve ser complementado com solicitação de pesquisa de
anticorpos produzidos no sangue na qual todos aqueles que apresentarem esses
sintomas associados serão considerados casos suspeitos.
Não há tratamento específico para a rubéola, pois na maior parte dos casos
regride espontaneamente. O tratamento prescrito é sintomático, ou seja, as
medicações, quando necessárias, visam aliviar os sintomas. Como medidas
preventivas existem a vacina específica anti-rubéola monovalente e a vacina tríplice
viral, também conhecida como MMR.
As medidas de vigilância relativas à rubéola incluem: investigação
epidemiológica do caso; tentativa de identificação do contato; solicitação de exames
complementares; notificação compulsória às autoridades sanitárias competentes;
fornecimento de atestado de impedimento sanitário para o indivíduo com sintomas,
garantindo seu afastamento das atividades que desempenha, renovável se os
sintomas persistirem, visando reduzir a circulação do caso suspeito; vacinação de
bloqueio para os comunicantes domiciliares , sexuais, escolares e de trabalho, com a
vacina tríplice viral, dupla viral ou contra rubéola nomovalente; e aplicação de
vacina seletiva nas mulheres em idade fértil, excluindo-se as gestantes.

2.1.10 Sarampo

O sarampo é causado por um vírus – o vírus do sarampo – cuja transmissão


ocorre de pessoa a pessoa, por meio de secreções nasofaríngeas expelidas pela tosse,
fala, respiração e espirro. É extremamente contagioso e transmissível, e seu período
de incubação varia de 7 a 18 dias.
A infecção inicia-se com a entrada do vírus nas células do trato respiratório,
de onde alcança os gânglios regionais, nos quais se multiplica e passa à circulação,
infectando outras cadeias de gânglios e alcançando, pela corrente sangüínea, o
pulmão, a pele, o sistema nervoso, o intestino e outros órgãos.
Após o período de incubação, o sarampo caracteriza-se por febre alta,
exantema e manchas de Koplik, consideradas seus sinais marcantes, podendo haver
tosse e/ou coriza e/ou conjuntivite. A doença pode ser confundida com rubéola,
dengue e exantema súbito.
O diagnóstico é feito com base em exame clínico e realização de investigação
de presença de anticorpos do vírus do sarampo no sangue e urina. O tratamento é
sintomático, não havendo nada específico a ser prescrito.
Após a notificação de um caso suspeito, deve-se realizar a investigação
epidemiológica com a ficha de coleta de dados adequada. Em seguida, adotar os
seguintes procedimentos: realizar a notificação compulsória às autoridades sanitárias
competentes; fornecer atestado de impedimento sanitário para o indivíduo com
sintomas, garantindo seu afastamento das atividades que desempenha; e providenciar
vacinação de bloqueio até 72 horas após a notificação do caso suspeito, com a vacina
tríplice viral ou anti-sarampo, para os comunicantes domiciliares, sexuais, escolares
e de trabalho.
A notificação de casos suspeitos de sarampo é importante para a obtenção de
informações a respeito da doença. Porém, é igualmente importante e necessário que
os serviços de epidmiologia registrem a ausência de notificações desses casos, por
meio da realização da notificação negativa.

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Tanto em relação à rubéola quanto ao sarampo, a equipe de enfermagem,
além de outras atividades, realiza busca ativa visitando domicílios, orienta os
familiares quanto às medidas de isolamento domiciliar, colhe material para
confirmar o diagnóstico e participa de atividades que visem esclarecer a população
quanto à importância da vacinação das crianças de acordo com o calendário
recomendado pelo Ministério da Saúde.

2.1.11 Caxumba

Causada pelo mixovírus tem patogenia obscura. Presume-se que as portas de


entrada sejam a conjuntiva, as mucosas dos tratos digestivos e respiratório e o canal
das parótidas. A partir da porta de entrada, o mixovírus atinge a circulação sangüínea
e linfática, chegando até os órgãos acometidos que, na maior parte das vezes, são as
glândulas salivares parótidas.
Basicamente, o diagnóstico é feito a partir dos sintomas apresentados, que
incluem febre baixa, mal-estar geral, cefaléia, dor na garganta. Se a caxumba estiver
afetando as parótidas haverá também face característica, com rosto arredondado e
eliminação do ângulo da mandíbula.
O auxiliar de enfermagem pode orientar o doente a fazer repouso no leito,
alimentar-se com dita líquida ou semipastosa e realizar a higiene oral
adequadamente, para que não haja obstrução das glândulas e infecção. O restante do
tratamento é basicamente sintomático, com indicação de uso de antitérmicos e
analgésicos, caso sejam necessários. No entanto, se não houver conhecimento do
caso e recomendação de medidas de controle, como o repouso, a caxumba pode
evoluir atingindo o pâncreas, testículos, epidídimos, ovários e até as meninges.
A caxumba não é doença de notificação compulsória, mas ao ser
diagnosticada é importante manter vigilância sobre o caso, tentar determinar os
contatos e vigiar também os comunicantes. Atualmente, a caxumba é rotineiramente
prevenida através da administração, aos 15 meses, da vacina tríplice viral, em dose
única.

2.1.12 Varicela

Assim como a caxumba, a varicela – também chamada de catapora – é uma


doença que ocorre com grande freqüência. É altamente contagiosa, acometendo 90%
dos indivíduos suscetíveis expostos ao vírus varicela zoster (VVZ). A doença torna-
se tanto mais grave quando mais velho for o indivíduo e sua ocorrência indica a
necessidade de realização de ações de vigilância epidemiológica, embora não conste
da listagem de doenças de notificação compulsória.
O vírus varicela zoster é transmitido por contágio direto, por intermédio de
gotículas de secreção respiratória ou de secreção das vesículas (bolhas) da pele. A
porta de entrada é o trato respiratório superior, pelo qual o vírus alcança os
linfonodos, o fígado e o baço, onde se multiplica e depois volta a circular,
acometendo a pele e as mucosas oral, nasal, vulvar, retal, ocular e auditiva.
O período de incubação varia de 10 a 21 dias pós o contágio. Transcorridos
15 a 21 dias, ocorre a transmissão da doença para outros indivíduos suscetíveis –
durante 5 dias, em média. Os sintomas da varicela incluem febre e erupções de pele
que começam como másculas, evoluindo para vesículas e posteriormente crostas. As
manchas surgem inicialmente na cabeça, face e tronco (em menos quantidade) e são
acompanhadas de mal-estar, inapetência, prurido já na fase de crosta e dor (quando
afetam as mucosas).

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A varicela é uma doença autolimitada, ou seja, normalmente evolui sem
complicações para o doente, que se recupera em cerca de duas semanas. Ainda
assim, oferece alguns riscos que não podem deixar de ser considerado. Em cada
episódio de varicela, os indivíduos chegam a apresentar 250 lesões, favorecendo a
contaminação por bactérias, principalmente quando coçadas com unhas sujas ou
cobertas por talcos, pasta d’água e outras substâncias. Assim, os doentes devem ser
orientados para não coçar as feridas, a manter as unhas bem cortadas e a tomas
banhos frios para aliviar o mal-estar provocado pelo prurido, promovendo a higiene
do doente.
É importante estar atento aos casos de varicela em gestantes com menos de 20
semanas de idade gestacional, pois VVZ é transmitido por via transplacentária. Em
2% a 3% desses casos pode haver complicações como parto prematuro, morte do
recém-nascido, síndrome da varicela congênita e a ocorrência de herpes zoster na
infância. Nos indivíduos imunodeprimidos, o VVZ causa infecções repetidas e
também herpes zoster, caracterizado por erupções localizadas na pele, seguindo uma
raiz nervosa.
Comumente, o diagnóstico da doença é feito com base nos sintomas e sinais
apresentados pelo doente, sem a necessidade de pesquisa específica do vírus na
corrente sangüínea. O tratamento é sintomático, enfatizando-se as medidas de alívio
do prurido, higiene corpórea e restringindo-se a circulação do doente para evitar
novos casos.
Além dessas ações, a vigilância deve tentar identificar os contatos. Em casos
de surtos institucionais não mais se recomenda esvaziar enfermarias ou suspender
aulas nas escolas.
Já existem vacinas capazes de prevenir a varicela. No entanto elas estão
disponíveis somente nas clínicas particulares e nos Centros de Referência de
Imunobiológicos Especiais – CRIEs (Anexo II), sendo recomendadas apenas sob
critérios especiais (leucemia, pacientes candidatos a transplante, indivíduos
imunodeprimidos). Outra forma de prevenção é a administração do soro contra
varicela, indicando para paciente com AIDS, gestantes, recém-nascidos filho de mãe
que teve varicela na gestação e prematuros. Em alguns casos, recomenda-se o uso de
medicamentos antivirais para os comunicantes da varicela.

2.1.13 Raiva humana

A raiva humana é uma doença extremamente preocupante para os serviços de


saúde, pois é 100% letal. Apesar da existência de vacinas para os indivíduos
expostos, ainda há casos em vários países do mundo.
A raiva humana é causada por um vírus denominado lissavírus. É transmitida
ao homem por intermédio da saliva, por ocasião de mordidas, arranhões ou lambidas
de animais infectados, doente ou não, dentre os quais se incluem cães, gatos,
macacos e outros primatas, morcegos, bovinos e até mesmo o próprio homem.
Após a inoculação pela saliva, o vírus multiplica-se na área da agressão,
invadindo as terminações nervosas locais e difundindo-se pelos neurônios até o
sistema nervoso central. Ao chegar ao cérebro, produz uma reação inflamatória
causando menigoencefalite, reproduzindo-se e levando ao agravamento do quadro.
Do cérebro, o lissavírus volta a circular, atingindo as glândulas salivares, reiniciando
a possibilidade de transmissão.
Em cerca de 80% dos casos, os sintomas da raiva aparecem de 2 a 10 dias
após a inoculação, mas podem levar até um ano para se manifestar. O doente relata
diminuição da sensibilidade no local da lesão e queixa-se de mal-estar geral, dor,

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cefaléia, febre. Com o agravamento do quadro, ocorrem crises convulsivas,
excitabilidade diante de estímulos luminosos ou sonoros, dilatação das pupilas e
sudorese. A sialorréia está presente e a deglutição é prejudicada por espasmos da
musculatura da faringe e do esôfago.
O tratamento é realizado após internação hospitalar e visa proporcionar
conforto e diminuir o sofrimento do doente, reduzindo os episódios de convulsão e
contraturas musculares. Esses cuidados devem ocorrer em ambientes pouco
iluminados e com o mínimo de ruídos. A equipe médica indicará a administração de
analgésicos potentes e sedativos, para que o enfermo permaneça calmo. Além de
observar tais medidas, a equipe de enfermagem deve realizar a higiene regular do
paciente, que estará constantemente eliminando saliva em grande quantidade,
respeitando as medidas de precauções universais. Sua alimentação, impossibilitada
pela via enteral, deverá ser feita por via parenteral, preparada e instalada por equipe
especialmente designada, cabendo à enfermagem monitorar o acesso venoso pelo
qual estará sendo infundida a nutrição parenteral.
Na evolução do quadro, segue-se a paralisia progressiva dos músculos,
podendo levas ao coma e óbito.
O diagnóstico é feito por meio do isolamento do vírus na saliva ou no
esfregaço córneo. Após o óbito, faz-se a necropsia com o objetivo de identificar o
vírus e as lesões cerebrais por meio do exame do encéfalo.
Todos os casos suspeitos de raiva devem ser investigados e notificados, e
todo caso de agressão por animal transmissor da doença deve ser acompanhado para
adoção das medidas pertinentes.
A melhor forma de prevenir a ocorrência de agravo tão sério é a
imunoprofilaxia, realizada os animais e nos humanos. Para os animais, não se
conhece totalmente a eficácia da vacina – motivo pelo qual todos os anos realiza-se a
campanha de vacinação dos animais domésticos (cães e gatos).
Já para os humanos, vacinados após exposição ou previamente, sabe-se que a
vacina é 100% eficaz. Todos os profissionais que manipulam animais transmissores
da raiva durante a execução de suas atividades devem ser vacinados, como
veterinários, bioteristas, funcionários de jardim zoológicos, integrantes da defesa
civil, carteiros, garis e visitadores domiciliares de todas as espécies. Em alguns casos
de agressão, pode ser prescrito o soro anti-rábico. A prescrição de vacina anti-rábica
e de soro anti-rábico segue critérios estabelecidos pelo Ministério da Saúde.
O controle da doença envolve ações para restringir o número de animais
vadios, que devem ser recolhidos para abrigos adequados. No meio rural, estimula-se
a identificação de criadouros de morcegos (churrasqueiras e casas abandonadas,
carvoarias e olarias desativadas), para que possam ser destruídos. Nos locais onde é
comum as pessoas conviverem em grandes áreas verdes, as equipes de saúde devem
orientá-las quanto ao risco de serem agredidas por micos e macacos.

2.2 – Doenças veiculadas pela água e por alimentos

Algumas doenças são transmitidas ao homem pelo consumo de alimentos e


água contaminados por microrganismos. Embora a ocorrência de algumas dessas
doenças seja muito comum, é importantes desenvolver atividades de vigilância para
controlar e prevenir sua evolução para formas mais graves no indivíduos acometidos.
Uma vez que os alimentos e a água contaminados podem ser consumidos por várias
pessoas ao mesmo tempo, acometendo grandes parcelas da população num mesmo
período, tal fato pode gerar sérios problemas para a saúde coletiva.

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No que se refere às ações desenvolvidas pelas equipes de saúde nas unidade
assitenciais, a ocorrência de casos de doenças veiculadas pela água e alimentos
contaminados irá desencadear atividades ligadas à prevenção de novos casos e
atenção aos indivíduos já doentes, pois quanto mais cedo forem identificados e
tratados melhor será o prognóstico, diminuindo o risco de transmissão para outras
pessoas.
A existência de doenças transmissíveis veiculadas por água e alimentos
contaminados sinaliza um problema a ser superado – o desencontro das ações de
outros setores de políticas públicas não diretamente ligados à promoção da saúde e
prevenção das doenças. A modificação dos casos de doenças desse tipo é útil,
portanto, para indicar onde os órgãos responsáveis pelo saneamento básico,
fornecimento de água e coleta e tratamento de esgoto, recolhimento do lixo, por
exemplo, podem e devem atuar junto aos responsáveis pela assistência à saúde,
garantindo assim melhores expectativas para a saúde da população beneficiada com
a integração de suas ações.
Ao auxiliar de enfermagem, como integrante dessas equipes, compete
trabalhar orientando medidas simples, a maior parte relacionada aos cuidados no
preparo dos alimentos, higiene individual e do meio ambiente que, como veremos,
produzem excelentes resultados no controle das doenças listadas a seguir.

2.2.1 Hepatite A

A hepatite A é um dos tipos de hepatite cuja incidência vem aumentando


progressivamente, em virtude das precárias condições de higiene e saneamento
básico da maioria das cidades brasileira. Observa-se também sua ocorrência em
instituições fechadas, como quartéis, creches e escolas – cuja fonte de água é
comum, bem como a preparação dos alimentos. Nos países em desenvolvimento,
crianças e jovens são os mais acometidos por essa doença.
A transmissão ocorre pelo contágio fecal-oral, isto é, pela ingestão de água e
alimentos contaminados pelas fezes doentes. Após a entrada do vírus causador da
hepatite A (HAV) no organismo, a doença pode manifestar-se entre 15 e 45 dias,
sendo 30 dias do tempo médio.
A forma com que o vírus da hepatite A afeta as funções do fígado é
semelhante àquela descrita no caso do vírus da hepatite B. Basicamente, as
alterações decorrem da utilização – pelo vírus – do conteúdo dos hepatócitos para se
multiplicar, causando lesão hepática.
A manifestação dos sintomas vai-se modificando ou tornando-se mais intensa
de acordo com a fase de evolução da doença. Inicialmente, o indivíduo apresenta
mal-estar, cefaléia, febre, artralgias (dores artriculares), náuseas, vômitos,
inapetência, ocorrendo também dor abdominal e aversão à fumaça de cigarro, odores
de frituras e de comida. Essa fase é chamada de período prodrômico.
Na fase clínica surgem eicterícia, fezes acólicas, colúria, nepatomegalia e
esplenomegalia. Na fase de convalescença, há melhora gradual do quadro clínico e
os sintomas tendem a desaparecer.
O diagnóstico da hepatite é feito com base no exame clínico , na avaliação
das provas sangüíneas de função hepática e na identificação dos marcadores
sorológicos para hepatite, exame que permite identificar o tipo e estágio da hepatite
apresentada pelo indivíduo.
O tratamento da hepatite A é sintomático, prescrevendo-se repouso relativo e
dieta pobre em gorduras até a melhora do quadro, e a reversão das alterações nas
provas de função hepática.

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Após a notificação de um caso, deve-se preencher a ficha de investigação
epidemiológica para a coleta de dados. As vigilâncias epidemiológica e sanitária
devem trabalhar conjuntamente na tentativa de identificar a possível fonte de
infecção relacionada com o ambiente e os alimentos em casos de contágio,
principalmente quando ocorrem em freqüência aumentada, ocasionando um surto.
Os doentes devem receber orientação de como evitar a disseminação do vírus,
aprendendo a lavar as mãos após o uso do vaso sanitário e a higienizar
adequadamente as instalações sanitárias com desinfetante à base de hipoclorito de
sódio a 1% (água sanitária).
Já existe vacina contra a hepatite B, mas esta se encontra disponível apenas
na rede privada e nos CRIEs. A vacinação é indicada em áreas de média e baixa
edemicidade (pequeno número de casos), a fim de proteger indivíduos pertencentes a
grupos de maior risco.
Porém, diante de um surto ou epidemia, deve-se proceder imediatamente à
investigação epidemiológica, com o objetivo de identificar o caso índice, seus
contatos e comunicantes, bem como o modo e a fonte de transmissão.

2.2.2 Febre tifóide

A febre tifóide instala-se ou não conforme as condições de saneamento e


hábitos individuais. Está praticamente erradicada em países que superaram
problemas relacionados à higiene pessoas e ambiental. No Brasil, persiste de forma
endêmica, principalmente nas regiões Norte e Nordeste, onde as condições de vida
são precárias. Transmite-se pela água e alimentos, especialmente leite e derivados
contaminados com fezes e urina de paciente ou portador que contenha a bactéria
Salmonella typhi.
A contaminação ocorre pela manipulação do alimento por portadores ou
indivíduos com diagnóstico ainda não confirmado. A exposição do alimento a
temperaturas frias não destrói a bactéria. Dessa forma, sorvetes e outros alimentos
guardados em geladeiras também podem ser veículos de transmissão.
Após a ingestão de alimentos contaminados, a S. typhi invade a mucosa
digestiva, atingindo os lifonodos regionais e a corrente sangüínea. Como proliferam
em grande quantidade, muitas bactérias continuam a ser eliminadas pelas fezes. Os
sintomas surgem, em média em duas semanas. O indivíduo apresenta aumento do
baço (esplenomegalia), falta de apetite (inapetência/anorexia), bradicardia, manchas
rosadas no tronco, obstrução intestinal ou diarréia, tosse seca e febre alta.
A doença pode ser transmitida enquanto houver bactérias sendo eliminadas
pelas fezes ou urina, o que pode acontecer desde a primeira semana da manifestação
da doença até a convalescença. Cerca de 10% dos pacientes continuam eliminando a
bactéria durante três meses após o início da doença. Aproximadamente, 5% dos
doentes tornam-se portadores após a cura, podendo continuar a transmitir a S.typhi
por muito tempo.
O tratamento da febre tifóide é realizado com o uso de antibióticos e sulfas,
após o diagnóstico, que pode ser feito por hemocultura, coprocultura ou urinocultura.
Tais exames procuram identificar o crescimento de colônias de bactérias existentes
no sangue, fezes ou urina (respectivamente) em ambiente especialmente preparado.
A equipe de enfermagem que assiste o indivíduo acometido pela febre tifóide
deve orientá-lo quanto à importância do aumento da ingestão de líquidos, para
prevenir a desidratação, e quanto aos sinais de complicações intestinais – como a
hemorragia intestinal, que pode levar ao choque hipovolêmico. Ressalta-se que a

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hemorragia intestinal ocasionada por perfuração intestinal é a pior complicação da
febre tifóide.
Para evitar a propagação da febre tifóide, deve-se, após a limpeza com água e
sabão, realizar a desinfecção dos objetos em que se depositaram excreções (vasos
sanitários, urinol, comadre/compadre, patinho), sendo também fundamental o
tratamento adequado dos dejetos. Os portadores, uma vez identificados pelos
exames, devem ser tratados e afastados da manipulação de alimentos.
A transmissão pela água pode ser evitada mediante regular análise
bacteriológica nos reservatórios de distribuição, de modo a garantir água de boa
qualidade à população; a transmissão por alimentos pode ser prevenida pela atenção
à sua preparação, distribuição e armazenamento.
Como ações de educação em saúde, os hábitos de higiene pessoal precisam
ser destacados, principalmente a lavagem correta das mãos, que deve ser incentivada
especialmente entre os manipuladores de alimentos e pessoas que trabalham
diretamente com paciente e crianças.
A vacina contra a febre tifóide não é eficaz, pois não possui um alto poder de
estímulo sobre as defesas do organismo, tendo imunidade de curta duração. Pode,
porém, ser indicada para trabalhadores que lidam com esgotos e indivíduos que
vivem em área onde há alta incidência da doença.

2.2.3 Cólera

No Brasil, a introdução da cólera iniciou-se na região Norte, seguindo o


curso do Rio Solimões/Amazonas e seus afluentes, já que o transporte local é feito
principalmente por barcos. Em seguida, surgiu nas regiões Nordeste e Sudeste, como
decorrência do deslocamento de pessoas.
A cólera é causada por uma bactéria, o vibrião colérico (Vibrio cholerae),
transportada pela água e por alimentos contaminados, principalmente quando
consumidos crus ou mal cozidos.
Com a ingestão do alimento contaminado, a bactéria penetra no organismo e a
doença pode manifestar-se em algumas horas ou em até cinco dias. A bactéria adere
à mucosa intestinal produzindo uma enterotoxina que bloqueia a absorção de água e
de outros eletrólitos importantes para o funcionamento do organismo. Além disso,
aumenta a excreção intestinal fazendo com que o indivíduo contaminado tenha
diarréia do tipo “água de arroz”, vômitos, dor abdominal e, nas formas graves,
cãibras (devido à perda de potássio), choque hipovolêmico e desidratação, em
conseqüência da grande quantidade de líquido eliminado pelos vômitos e diarréia,
podendo ainda haver comprometimento do rins.
Enquanto perdurar a eliminação da bactéria pelas fezes – o que pode ocorrer
por cerca de 20 dias – a doença continuará a ser transmitida.
As medidas de controle da cólera consistem na ingestão de água de boa
qualidade, destino adequado aso dejetos e lixo, desenvolvimento de ações de
educação em saúde e controle da higiene dos alimentos e da entrada de possíveis
indivíduos portadores pelos portos, aeroportos e fronteiras.
As fezes dos doentes hospitalizados devem ser tratadas com hipoclorito de
sódio a 1% (por 10 minutos), antes de serem lançadas ao esgoto.
O diagnóstico é feito com base nos critérios clínicos e realização de coleta de
material do intestino grosso para identificação da bactéria nas fezes.
Para reduzir o risco de transmissão, faz-se importante adotar medidas de
higiene pessoal, alimentar ambiental. No caso de surtos da doença, as medidas de

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prevenção e controle devem ser intensificadas, procurando-se identificar as fontes de
contaminação e implementar tratamento adequado.

2.3 Doenças transmitidas por vetores

A ocorrência dessas doenças é bastante elevada em nosso país, algumas delas


endêmicas em determinadas regiões. Seu controle ainda é um desafio para os
responsáveis pela vigilância epidemiológica e equipes de saúde das unidades
assistenciais, pois são muitos os determinantes envolvidos na sua incidência,
ganhando importância especial os associados ao desequilíbrio ambiental – quase
sempre decorrente das intervenções do homem nas condições naturais.
A ocupação desordenada das cidades, com desmatamento de grandes áreas
verdes, poluição das águas e acúmulo de lixo em locais sem saneamento, cria
condições favoráveis à multiplicação de insetos e ratos, animais nocivos ao homem.
A contaminação das águas com determinadas substâncias provoca a extinção
de predadores naturais de caramujos e larvas, facilitando sua reprodução e
aumentando, para o homem, o risco de exposição.
Dentre essas doenças, destacaremos algumas que merecem nossa atenção
especial, por sua importância coletiva e freqüência com que ocorrem.

2.3.1 Dengue

A dengue, atualmente, é considerada sério problema de saúde pública,


principalmente nos países tropicais, pois as condições do meio ambiente favorecem o
desenvolvimento e a proliferação do vetor.
Seu agente infeccioso é o vírus da dengue, que pode ser dos tipos 1, 2, 3 ou 4,
e seu vetor é o mosquito Aedes aegypti. Após a penetração do vírus, a doença pode
manifestar-se de 3 a 15 dias, sendo a média de 5 a 6 dias. A presença do vírus no
organismo estimula a produção de anticorpos e o deslocamento de células de defesa.
Ao ser capturado pelos monócitos, o vírus neles se multiplica e os destrói,
produzindo alterações nos vasos sangüíneos e promovendo a destruição periférica de
plaquetas, células fundamentais para o processo de coagulação.
O diagnóstico da dengue pode ser feito clínica ou laboratorialmente, por meio
de exames de sangue que detectam o vírus ou os anticorpos produzidos no processo
de defesa do organismo.
A doença pode apresentar-se sob duas formas: dengue clássica e hemorrágica.

• Dengue clássica – tem duração de cinco a sete dias, provocando febre de 39ºC a 40ºC,
cefaléia, dor muscular (mialgia), prostação, dor nas articulações (artralgia) e na região
retroorbitária (atrás dos olhos), náuseas e vômitos. Podem ocorrer pequenas manifestações
hemorrágicas, como petéquias, epistaxe e gengivorragia.

• Dengue hemorrágica – os sintomas inicias assemelham-se aos da dengue clássica, porém


evoluem rapidamente para manifestações hemorrágicas mais intensas, como sangramento
gastrintestinal (melena, hematêmese e enterorragia), além de hepatomegalia e insuficiência
circulatória.

O tratamento para a dengue consiste na administração de antitérmicos e analgésicos,


exceto os derivados do ácido acetilsalicílico (AAS), pois oferecem o risco de causar
sangramento. A hidratação oral e/ou venosa deve ser administrada de acordo com
cada caso.

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Para detectar precocemente sinais de hemorragia, alguns sinais de alerta devem ser
observados, tais como dor abdominal, vômitos, hepatomegalia, hipotensão arterial,
oligúria e letargia (sonolência). Uma vez instalado esse quadro, é fundamental a
adoção de medidas urgentes de hidratação venosa, o que requer hospitalização.
Todo caso suspeito deve ser notificado ao serviço de vigilância mais próximo.
As ações do auxiliar de enfermagem consistem em orientar a comunidade quanto à
importância do saneamento básico e das medidas de prevenção e controle, que
consistem em não deixar água parada em garrafas, pneus ou vasos de plantas, por se
tratarem de locais de proliferação do vetor.

2.3.2 Leptospirose

Doença grave que exige severas medidas de controle, pois causa sérios
prejuízos à saúde dos indivíduos e à economia, pois origina elevados custos sociais e
hospitalares e exige longo tempo de afastamento do trabalho. Ocorre principalmente
nos períodos de chuva, quando pessoas que moram em comunidades com
saneamento precário têm suas casas invadidas pelas águas de rios ou valas
contaminadas com a bactéria.
A Leptospira interrogans, bactéria causadora de leptospirose, encontra-se
normalmente nos rins do rato, seu reservatório natural, que a elimina viva por meio
da urina no meio ambiente – águas das chuvas ou alimentos. Outra forma de
contágio é o contato direto com embalagens de produtos comercializados em lugares
onde possa haver ratos. A transmissão raramente se dá pessoa e pessoa.
A bactéria penetra no organismo pelas lesões da pele, mucosas
(da boca, nariz e olhos) ou pela pele íntegra se o período de imersão na água for
grande. A partir daí, a L. interrogans chega à corrente sangüínea e pode vir a atingir
o líquido cefalorraquiano, sem causar reação inflamatória. As manifestações clínicas
importantes surgem após o aumento da quantidade de bactérias circulantes.
A doença pode manifestar-se no prazo de 1 a 20 dias. Seus sintomas são
febre, mal-estar geral e cefaléia, podendo aparecer ou não icterícia. A forma
anictérica (sem icterícia) afeta 60% a 70% dos casos de dura de um até vários dias. O
doente apresenta febre, cor de cabeça, dor muscular (principalmente nas paturrilhas),
falta de apetite, náuseas e vômitos. A forma ictérica evolui para uma doença renal
grave, problemas hemorrágicos, alterações vasculares, cardíacas e pulmonares,
causadas por glicolipoproteínas e toxinas, produtos degradados da Leptospira. A
icterícia tem início entre o terceiro e o sétimo dias da doença.
O diagnóstico pode ser feito com base em análise clínica, com confirmação
laboratorial por meio de exame de sangue. Recomenda-se que a pesquisa laboratorial
da L. interrogans seja realizada pelo menos em duas ocasiões: no início e após a
Quarta semana da doença.
Todos os casos suspeitos devem ser comunicados aos serviços de saúde.
O controle da leptoxpirose exige a adoção de medidas como utilização de
água de boa qualidade, controle da população de roedores, proteção aos
trabalhadores expostos à urina de rato durante a execução de suas atividades (garis,
agricultores, bombeiros) e armazenamento correto de alimentos, em locais livres de
roedores. Os dejetos dos doentes hospitalizados devem ser tratados com ácido
bórico, antes de lançados ao esgoto.

2.3.3 Malária

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A malária é causada por um protozoário do gênero Plasmódio, transmitido
pelo mosquito do gênero Anopheles, que após contaminado permanece infectante
por toda a sua existência. No Brasil, é uma das mais importantes doenças
parasitárias.
A maior parte dos casos atinge extensa área da Amazônia Legal, considerada
área edêmica da doença em virtude de o mosquito vetor procriar em água e o fato de
a região Amazônica possuir a maior bacia hidrográfica do mundo, alimentada por
chuvas torrenciais. Além disso, há grande desigualdade social e muitas pessoas
vivem em condições de extrema pobreza, o que influencia a distribuição da doença.
Na busca por melhores condições de vida e de saúde, essa população realiza intensos
movimentos migratórios, possibilitando a contaminação por focos de Anopheles em
outras regiões da Amazônia e do país.
As fêmeas do mosquito são hematófagas, ou seja, alimentam-se de sangue
humano ou animal, que podem conter plasmódios. A maioria delas alimenta-se ao
anoitecer ou nas primeiras horas da noite. Ao picar a pele de uma pessoa, injetam a
saliva com efeito anticoagulante, atingindo os pequenos vasos capilares. Juntamente
com a saliva, é inoculado o parasito que, pelo sangue, chega ao fígado penetrando
nas células hepáticas (hepatócitos0, onde os plasmódios se multiplicam durante
alguns dias sem causar dano ou produzir sintomatologia. Do fígado, milhares de
larvas em forma de anel retornam à circulação sangüínea invadindo as hemácias;
dentro delas, crescem e se multiplicam, desencadeando o processo que irá provocar
as manifestações clínicas.
A malária também pode ser transmitida pelo sangue de pessoas infectadas por
meio de injeção, transfusão de sangue ou uso compartilhado de seringas e agulhas,
no caso de usuários de drogas injetáveis.
Uma vez infectado, o indivíduo apresenta febre, cefaléia, náuseas, vômitos,
astenia, fadiga. Os sintomas iniciam-se com uma sensação súbita de frio que dura de
15 a 60 minutos, fazendo com que os lábios fiquem cianosados (arroxeados). Podem
ocorrer crises convulsivas, especialmente em crianças. Em seguida, há uma sensação
de calor que pode durar de duas a seis horas. O paciente começa a sentir-se quente,
sua face fica ruborizada, seu pulso, forte, sua pele, seca e quente. A cefaléia é
intensa. A temperatura do corpo pode alcançar 40ºC ou mais. Alguns enfermos
podem apresentar delírios. Quando a febre cede, o doente tem a sensação de alívio e
tranqüilidade. Com a multiplicação dos plasmódios nas hemácias, estas se rompem,
causando anemia intensa.
O inicio dos sintomas varia de acordo com a espécie do plasmódio: se P.
vivax, surgem em torno de 14 dias; se P. falciparum, em cerca de 12 dias e de P.
malariae, 30 dias. A febre da malária ocorre em episódios intermitentes e varia de
acordo com o plasmódio causador da doença. Assim, nos casos de malária
decorrentes de infecção pelos plasmódios vivax, ovale e falciparum, a febre acontece
em intervalos de um dia. Já em infecções pelo P. malariae, o intervalo para o
aparecimento de novo episódio de febre é de dois dias. Ao se manifestar, a febre
pode durar de 2 a 6 horas, desaparecendo por 2 a 3 horas, reduzindo-se os episódios
até seu desaparecimento.
Os sintomas podem ser leves, moderados, graves ou, até mesmo, de urgência.
Depende da duração da febre, dos sintomas gerais, do nível de parasitas no sangue e
da intensidade da anemia.
Considerando a possibilidade de comprometimento das funções
hemodinâmicas dos indivíduos acometidos pela malária, é importante monitorar os
sinas de agravamento do quadro de anemia – dores articulares, dificuldade para
evitar anóxia dos tecidos. O auxiliar de enfermagem também deve observar e relatar

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sinais de sangramento, pois a malária pode interferir no processo de coagulação.
Deve-se oferecer ao paciente líquidos em grande quantidade, visando prevenir a
desidratação, e administrar medidas de alívio da febre, além de supervisionar a
administração dos antitérmicos e do medicamento específico para a malária.
O diagnóstico clínico pode ser feito com base na ocorrência de febre
intermitente, anemia e esplenomegalia, além da observação da procedência ou local
de residência do infectado em área endêmica. O tratamento consiste na
administração do medicamento cloroquina, que destrói os plasmódios.
Nas regiões não-endêmicas, todo caso suspeito ou confirmado deve ser
investigado, com vistas à aplicação rápida de tratamento e prevenção de surtos, se
constatada a presença de vetores na área.
As medidas de controle mais importantes a serem tomadas são:
estabelecimento de diagnóstico rápido; controle do vetor; detecção rápida de
epidemias, a fim de prontamente combatê-las; reavaliação constante da situação da
malária na área onde há ocorrência de casos.

2.3.4 Doença de chagas

A doença de Chagas é causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi,


transmitido por insetos do gênero dos triatomídeos, especificamente o Triatoma
infestans ou Triatoma brasiliensis, popularmente conhecidos como barbeiros ou
chupões, que constróem suas tocas nas paredes das casas feitas de pau-a-pique. Uma
vez infectado, o barbeiro transmitirá o T. cruzi por toda a sua existência.
No Brasil, há extensa área territorial com grande incidência de casos,
abrangendo desde o Maranhão até o Rio Grande do Sul, destacando-se os estados de
Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Goiás, Sergipe e Bahia como os de maior
prevalência.
A transmissão também pode ocorrer pelo sangue de pessoas infectadas, por
meio de injeção, transfusão de sangue ou uso compartilhado de seringas e agulhas no
caso de usuário de drogas injetáveis. É possível, ainda, ocorrer transmissão pela
placenta ou leite materno.
Os sintomas iniciais variam de acordo com a fase da doença, que pode ser
aguda ou crônica. A forma aguda costuma manifestar-se cerca de 5 a 40 dias após a
infecção; sendo diagnosticada pelo exame da gota espessa, que identifica a presença
do parasita na corrente sangüínea periférica. Caracteriza-se por febre pouco elevada,
mal-estar geral, cefaléia, fraqueza, edema no local da inoculação, aumento de
gânglios cervicais. Pode haver miocardite aparente, detectada apenas durante a
realização de eletrocardiograma. Às vezes, é possível perceber o local da entrada do
parasita por dois sinais: o sinal de Romanã, que é ocular, com edema palpebral
bilateral e cojuntiva avermelhada, ou o chagoma de inoculação – que é cutâneo,
parecido com um furúnculo sem pus.
A doença de evolução crônica pode demorar anos para se manifestar, e
apresenta-se sob as formas indeterminada, cardíaca e digestiva, sendo esta última a
mais freqüente e grave.

• Forma indeterminada – segue à fase aguda, podendo consistir simplesmente em uma


infecção assintomática que persiste por toda a vida ou retornar apenas décadas mais tarde,
instalando-se de forma crônica;

• Forma cardíaca – é a principal causa de limitação e morte entre os doentes chagásicos. Pode
apresentar-se de modo assintomático, com alterações perceptíveis apenas durante a

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realização de eletrocardiograma, ou mesmo como insuficiência cardíaca progressiva. Seus
sinais e sintomas podem ser palpitação, falta de ar, dor precordial, tontura, desmaios, dentre
outros. Quando um doente, nessa fase, realiza exames de raio X de tórax, geralmente o
coração se revela aumentado como um toso, o que é chamado de cardiomegalia chagásica;

• Forma digestiva – caracteriza-se por alterações na motilidade e forma do trato digestivo. As


manifestações mais freqüentes são o aumento do esôfago (megaesôfago) e do cólon
(megacólon). Os sinais e sintomas do megaesôfago são: dificuldade para engolir,
regurgitação, dor epigástrica, dor torácica, soluço, excesso de salivação e emagrecimento; os
sinais e sintomas do megacólon incluem constipação intestinal, distensão abdominal,
meteorismo e fecaloma.

O diagnóstico da doença de Chagas é feito com base em critérios clínicos,


sendo indispensável a realização de exames complementares que permitam
identificar a presença do parasita na corrente sangüínea ou de anticorpos produzidos
pela defesa do organismo. As formas crônicas são diagnosticadas com o auxílio de
exames mais específicos, como radiografias e eletrocardiogramas.
Na fase aguda, o tratamento da doença de Chagas consiste na administração
de antiparasitários, como o benzonidazol, utilizados para reduzir a quantidade de
parasitas na corrente sangüínea. Na fase crônica, é importante garantir o
acompanhamento clínico das manifestações das formas da doença de Chagas nos
paciente, diminuindo, assim, o risco de desenvolverem complicações.
Na presença de um portador da doença de Chagas, cabe à equipe de
enfermagem monitorar as queixas do mesmo, buscando relacioná-las às formas de
apresentação da doença. Quanto antes se fizer a detecção, melhor será o prognóstico.
Todos os casos agudos suspeitos devem ser imediatamente notificados aos
por órgãos responsáveis, para orientação quanto às providências a serem tomadas, de
acordo com o sistema de vigilância epidemiológica. Segundo norma do Ministério da
Saúde, os casos suspeitos ou confirmados de doença de Chagas em fase crônica não
precisam ser obrigatoriamente notificados.
É importante tentar controlar a população de insetos vetores, tanto os
triatomídeos como os de outros gêneros e espécies cuja existência tem sido
ultimamente relacionada à transmissão do Trypanosoma cruzi ao homem.

2.3.5 Esquistossomose mansônica

A esquistossomose mansônica é causada pelo parasita Schistosoma mansoni,


cujo vetor é o caramujo do gênero Biomphalaria, encontrado em todo o Brasil e
presente em águas de rios, lagos e outras fontes de água doce.
O ciclo compreende duas fases – uma dentro do caramujo; outra, dentro do
homem -, que podem ser assim resumidas: os ovos do esquistossoma são eliminados
pelas fezes do homem infectado na água ou próximo às fontes de água doce. Na
água eles eclodem, sendo liberadas as larvas, chamadas de miracídios que infectam o
caramujo. Este, após quatro a seis semanas, torna a eliminar o parasita sob a forma
de cercária, que infectará as pessoas que tomarem banho nas fontes de água ou que
andarem descalças nas margens dessas fontes.
Após a infecção, o indivíduo demora cerda de duas a seis semanas para
manifestar os primeiros sintomas. O homem continua a eliminar ovos de
esquistossoma pelas fezes desde a Quinta semana até anos após ter sido infectado.

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As manifestações podem nunca ocorrer, como acontece com a maioria dos
indivíduos infectados pelo Schistoma mansoni, ou podem apresentar-se basicamente
sob três formas:

• dermatite cercariana – acontece no período e local de introdução da cercária no organismo.


Devido à reação alérgica apresentará edema, vermelhidão, erupções, prurido, podendo durar
até 5 dias após a infecção;

• Esquistossomose aguda ou febre de Katayama – ocorre de três a sete semanas após a entrada
do agente infeccioso. È caracterizada por febre, perda de apetite, dor abdominal e cefaléia,
podendo haver ainda diarréia, náuseas, vômitos e tosse seca;

• Esquistossomose crônica – manifesta-se, geralmente, em torno de seis meses após a


infecção. É caracterizada por comprometimentos, mais ou menos severos, das funções
intestinais, de acordo com a quantidade de parasitas presentes no organismo. Varia desde a
queixa de diarréia com muco e sangue até o rompimento de varizes do esôfago e hipertensão
dos vasos do fígado, levando à ascite. Em estágios mais avançados de esquistossomose
crônica, pode haver comprometimento pulmonar, cardíaco e até mesmo cerebral, afetando
progressivamente as capacidades do indivíduo.

O diagnóstico da esquistossomose é feito com base em critérios clínicos e


epidemiológicos, sendo complementado com a realização de exames, como a
pesquisa de parasitas nas fezes, pelo método de Kato-Katz. A presença de eosinofilia
no hemograma realizado na fase aguda também sugere a infecção por
esquistossomose.
O tratamento da esquistossomose é importante pois reduz a carga de parasitas
nos indivíduos infectados e previne as complicações da doença. Por isso, quanto
mais cedo for iniciado, melhor. Para tanto, utiliza-se antiparasitários,
preferentemente o oxamniquine. Os cuidados de enfermagem são voltados para o
alívio dos sintomas, principalmente a febre e as manifestações digestivas, por meio
de repouso, hidratação, observação da aceitação da dieta e manutenção do ambiente
tranqüilo.
Assim como em outras doenças cuja cronicidade pode refletir-se em
complicação do estado geral do cliente, a equipe de enfermagem deve estar atenta a
sinais de comprometimento como melena, pulso fraco, palidez, que indicam
hemorragia, para encaminhar o doente a acompanhamento especializado e
intervenções mais invasivas, como cura cirúrgica de varizes esofagians.
O controle da esquistossomose exige investigação e diagnóstico dos casos
suspeitos o quanto antes. As condições de saneamento das regiões endêmicas devem
ser sempre melhoradas, procurando-se diminuir a exposição do homem ao vetor
através do controle da população de caramujos pelo tratamento das águas com
produtos químicos.
É importante a participação da população no debate de modos de vida que
diminuam a possibilidade de transmissão do parasita, tais como a construção de
fossas e sanitários longe de fontes de água doce consumível.

2.4 Doenças causadas por ectoparasitas

Embora não sejam de notificação compulsória, a escabiose e a pediculose


são doenças transmissíveis que ganham destaque pela freqüência com que acometem

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grandes grupos de pessoas, determinando, assim, a necessidade de intervenção e de
prestação de assistência e cuidados.
Geralmente, ocorrem por inadequadas condições de higiene, presentes em
ambientes em que as condições sanitárias ou de higiene pessoal são desfavoráveis.

2.4.1 Escabiose

A escabiose, também conhecida como sarna, é uma doença muito comum em


ambientes onde as pessoas convivem aglomeradas, nos quais é difícil controlas as
condições de higiene.
É causada por um microrganismo chamado Sarcoptes scabei, que, ao
colonizar a pele do indivíduo afetado, se multiplica principalmente nas regiões de
dobras de pele, como cotovelos, virilhas, entre os dedos, axilas, causando intenso
prurido e descamação. Muitas vezes, a coceira leva o indivíduo a produzir lesões
ainda maiores, que podem até ser infectadas por outros microrganismos, tamanha é
sua intensidade.
O diagnóstico considera principalmente os sintomas apresentados e o
tratamento consiste em aplicação tópica de soluções de benzoato e benzila.
Ao acompanhar um cliente com escabiose, a equipe de enfermagem deve
orientá-lo sobre o uso correto do medicamento, atentando para a diluição prescrita,
porque a substância, quando não diluída, pode piorar as lesões e causar queimaduras
químicas. As roupas de uso do cliente, bem como as roupas de cama e toalhas devem
ser trocadas e lavadas todos os dias, manipuladas separadamente e fervidas – essas
orientações permitem que a recuperação do cliente ocorra, em média, em 7 dias.

2.4.2 Pediculose

A pediculose, assim como a escabiose, é um problema que acomete várias


pessoas, geralmente quando convivem em aglomerados e em condições de higiene
inadequadas. È causada por um ectoparasita, o piolho comum, que habita ou couro
cabeludo e, prendendo-se aos cabelos, suga o sangue periférico do próprio couro
cabeludo para sobreviver.
Permanecermos, mesmo que por breve período, próximo a alguém com
piolhos pode expor-nos ao contágio. Para prevenir a infestação, devemos manter os
cabelos sempre limpos e, no caso deles serem longos, prendê-los, principalmente
quando estivermos prestando assistência a outras pessoas.
Ao detectarmos um cliente com coceira freqüente na cabeça, é importante
verificar a presença do piolho, particularmente ao lidarmos com crianças
hospitalizadas ou em creches.
O piolho pode ser exterminado mediante o uso de soluções de permetrina par
aplicação única, disponíveis nas farmácias, ou utilizando-se benzoato de benzila em
soluções predeterminadas. É importante orientar os clientes ou seus responsáveis
para jamais utilizar inseticidas comuns no combate aos piolhos, pois tal prática
oferece risco potencial de envenenamento, podendo causar sérias lesões, afetando
desde a pele até o sistema nervoso central. As soluções medicamentosas devem ser
reaplicadas em sete dias e a equipe de enfermagem deve orientar como fazer a
higiene correta do couro cabeludo, visando prevenir a reinfestação.

3. PREVENÇÃO E CONTROLE DA HANSENÍASE DA TUBERCULOSE

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No Brasil e no mundo, hanseníase e tuberculose são doenças que ainda
apresentam altas taxas de prevalência e incidência, ou seja, um grande número de
casos é constante e novos casos surgem todos os anos.
O Brasil é o segundo país em casos de hanseníase, Estima-se que seja
detectado um novo caso a cada 12 minutos, bem como existam 3,3 milhões de casos
espalhados no mundo, a maioria concentra do Sudeste Asiático, África e Américas.
Acredita-se, ainda, que 500 mil novos casos surjam anualmente.
Quanto à tuberculose, estima-se que cerca de 50 milhões de brasileiros
estejam infectados com a bactéria causadora da doença, embora nem todos
manifestem seus sintomas. Destes, cerca de 130.000 adoecem anualmente.
As conseqüências dessas doenças são graves, principalmente quando os
indivíduos não são tratados adequadamente ou quando os casos são identificados em
estágio mais avançado. Po haver sérios comprometimentos para a saúde do doente,
pois tanto a hanseníase quanto a tuberculose podem gerar incapacidades ou, até
mesmo, a morte.
Alguns fatores são apontados como determinantes comuns da hanseníase e
tuberculose:

• Desnutrição – provoca debilitação do organismo, o qual passa a não mais produzir seus
elementos de defesa, oferecendo pouca ou nenhuma resistência aos agentes infecciosos.

• Baixa eficácia dos programas de controle e prevenção – caracterizada quando o paciente


abandona o tratamento por dificuldade de acesso ao serviço de saúde, pelas reações
orgânicas ao medicamento, por deficiência alimentar, por acreditar que está curado devido
ao desaparecimento da sintomatologia ou quando os serviços de saúde não atendem à
demanda por não ter medicamentos, não realizar a busca ativa de faltosos e casos suspeitos e
não possuir profissionais adequadamente preparados. Nesses casos, a conseqüência é a
ampliação do número de pessoas que continuam doentes e sem tratamento, favorecendo o
aumento da transmissão das doenças.

• Mutações nos bacilos – relacionadas à tuberculose: quando os doentes não seguem


corretamente o tratamento prescrito a bactéria pode criar resistência, através de mudanças
em sua estrutura, não sendo mais destruída pela dosagem administrada. Nesses casos, há
necessidade de se recorrer a medicamentos mais potentes.

• Aglomerações urbanas – nas grandes cidades as pessoas convivem cada vez mais próximas
umas das outras, seja em shopping centers, cinemas, estádios de futebol, veículos de
transporte lotados e/ou outros espaços. Considerando-se que a transmissão da hanseníase e
tuberculose ocorre por meio das vias aéreas, tal condição aumenta o risco de transmissão
dessas doenças.

• AIDS – a síndrome da imunodeficiência adquirida caracteriza-se pela queda brutal nas


defesas do organismo, o que facilita a instalação de doenças oportunistas. A ocorrência da
pandemia de AIDS aumentou muito a incidência de tuberculose porque cerca de um terço da
humanidade carrega o bacilo de Koch, sem entretanto manifestar a doença, mas quando
acometido pela síndrome da imunodeficiência adquirida há manifestação da tuberculose.

As dificuldades existentes para o controle das hanseníase e tuberculose


podem ser explicadas por sua estreita relação com as condições sociais de vida da
população em geral, não se devendo considerar apenas os aspectos físicos dos

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indivíduos afetado. Os fatores citados fazem-se mais presentes no cotidiano das
camadas menos favorecidas da população.

3.1 Hanseníase

A hanseníase ou mal de Hansem foi trazida para o Brasil com a colonização


portuguesa, iniciada em 1500. No entanto, o Estado só reconheceu a doença como
agravo à saúde pública a partir da Segunda década do século XX.
É uma doença infecciosa e crônico-degenerativa, causada pelo
Mycobacterium leprae, que afeta nervos e pele. Seu período de incubação pode
variar entre 2 e 7 anos, em média de 3 a 5 anos.
Devido ao fato de a doença poder afetar várias estruturas do corpo humano,
muitas vezes produzindo seqüelas nos indivíduos por ela acometidos, desenvolveu-se
nas culturas populares antigas um preconceito contra os mesmos – que perdura até os
dias de hoje – um estigma, relacionado à incapacidade, ao isolamento, ao abandono,
à morte e ao medo.
A palavra lepra era sempre associada à sujeira, afastamento, podridão, sendo
o seu tratamento realizado em instituições chamadas leprosários. Afastados dos
centros urbanos, para que o doente convivesse o mínimo possível com pessoas
saudáveis, esses locais reforçavam o isolamento e o preconceito.
No século XX, essa palavra foi mudada para hanseníase, em homenagem a
Gerhard Amauer Hansen, médico morueguês que descobriu a bactéria causadora da
doença. Acredita-se que a adoção dessa nova denominação não minimizou o
preconceito que envolve a hanseníase, pois faltou uma estratégia de esclarecimento,
um esforço educativo.
A hanseníase é transmitida através das gotículas de saliva que expelimos
quando espirramos, tossimos ou falamos, podendo ser também transmitida por lesões
de pele, o que é mais raro. Sua principal fonte de infecção é o doente que apresenta
as formas contagiantes (virchowiana e dimorfa), porque possui, nesses casos, grande
carga de bacilos, podendo facilmente eliminá-los.
Após a entrada da bactéria no organismo, não se conhecem totalmente os
meios pelos quais ela se multiplica e passa a atingir principalmente pele, olhos e
nervos periféricos (sendo os membros locomotores os mais atingidos). Sabe-se
apenas que o bacilo não provoca reações imediatas no organismo; por isso, o período
de incubação é tão longo. A principal hipótese pela preferência do M. leprae por tais
localizações relacionam-se às baixas temperaturas dessas regiões. Nelas, o bacilo se
multiplicaria, formando granulomas (nódulos) ou espessando os nervos e causando
alterações na sensibilidade e até mesmo nos movimentos.
A hanseníase pode se apresentar sob quatro formas diferentes, com duas
subdivisões: paucibacilares (pouco bacilos) ou multibacilares (muitos bacilos).
As paucibacilares se subdividem em indeterminada e tuberculóide, e
caracterizam-se por serem mais brandas, terem menor tempo de tratamento e não
transmitirem a doença – por existir pequena quantidade de bactéria na corrente
sangüínea.
As multibacilares se subdividem em dimorfa e vivchowiana, são mais
graves, exigem tratamento mais longo e são capazes de transmitir a doença porque
possuem grande quantidade de bactérias.
Assim, tanto suas manifestações como sua transmissibilidade estão
relacionada à forma de manifestação. A principal característica, comum a todas as
formas (abaixo discriminadas), é a perda de sensibilidade nervosa na área de pele
afetada, o que faz com que muitas vezes, o doente se machuque naquela região e não

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sinta. Primeiramente, perde a sensibilidade às diferenças de temperatura; depois, à
dor e, finalmente, ao tato na região da lesão.

• forma indeterminada (I) – caracteriza a forma mais branda da hanseníase. O doente pode
apresentar manchas planas, esbranquiçadas e com alterações de sensibilidade (hiporestesia
ou hiperestesia) pelo corpo. Se tratada adequadamente, pode não deixar seqüela.

• forma tuberculóide (T) – nem sempre há manchas na pele do doente. Quando aparecem,
podem ser acastanhadas, com bordos bem definidos, podendo apresentar alopécia. Pode
afetar apenas os nervos, sendo chamada então de forma neural pura.

• forma dimorfa (D) – o doente pode apresentar manchas avermelhadas ou arroxeadas pelo
corpo, sem bordos definidos, com edema, algumas vezes semelhantes à forma tuberculóide
(quando está associada ao comprometimento neurológico) ou à virchowiana (quando está
associada à presença de nódulos e infiltrações na face).

• Forma virchowiana (V) – é considerada a forma mais grave de hanseníase. O doente


apresenta deformações (com formações de caroços) no nariz e orelhas, podendo haver queda
de pêlos das sobrancelhas – caracterizando a “face leonina”. Há espessamento e formações
de granulomas em várias partes do corpo, aparentando “caroços” na pele.

Para todos estes clientes, em especial os que apresentam as formas


multibacilares, que levam a comprometimentos mais severos, faz-se necessário
orientar e supervisionar os seguintes cuidados:

• olhos: usar soro fisiológico ao sentir que estão ressecados. Fazer exercícios, abrindo e
fechando os olhos com força.

• nariz: observar se há feridas. Limpar com soro fisiológico. Não tirar casquinhas da região
para não provocar feridas.

• mãos e braços: repousar o(s) membro(s), se estiver sentindo “choques”. Evitar fazer
movimentos repetidos e carregar coisas pesadas. Massagear as mãos com auxílio de um óleo
lubrificante, como o óleo mineral e outros. Fazer exercícios com os dedos (abrir e fechar as
mãos, encostar o polegar na ponta de cada um dos dedos).

• pés: andar calçado com sapatos fechados e confortáveis; massageá-los com óleo adequado,
para evitar que ressequem. Fazer exercícios (abaixar e levantar o peito do pé, brincar de
empurrar a parede com as mãos, para esticar as pernas juntas).

• ferimentos: imobilizar os dedos e repousar os membros machucados. Todas as formas de


hanseníase podem causar espessamento dos nervos, provocando lesões neurológicas.
Quando a hanseníase evolui sem tratamento, principalmente nas formas multibacilares pode
haver acometimento dos ossos e do tecido de sustentação causando deformidades nas mãos
e pés dos doentes.

Seu diagnóstico é feito com base nos sintomas e sinais apresentados, sendo
também utilizado em exame complementar, a baciloscopia. O exame será positivo
quando a forma de hanseníase é dimorfa ou virchiwiana e negativo quando a forma
for indeterminada ou turbeculóide ou quando o tratamento para as formas
multibacilares estiver em curso.

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 517 SAÚDE COLETIVA
Pode-se também realizar o teste de Mitsuda, por via intradérmica. Este teste
indica se a pessoa já teve infecção pelo bacilo da hanseníase e se desenvolveu defesa
contra as formas graves. Se seu resultado for positivo, o doente apresenta uma forma
paucibacilar; se negativo, multibacilar.
O tratamento atual da hanseníase é feito em ambulatórios, com raríssimas
internações, a não ser que o caso apresente complicações. É realizado com base nas
formas da doença, sendo chamado de poliquimioterapia (PQT). As formas
paucibacilares são tratadas durante 6 meses seguidos, com duas drogas:
Rifampicina® e Dapsona®. As formas multibacilares são tratadas em 24 meses
seguidos, com três drogas: Rifampicina®, Dapsona® e Clofazimina®. Em algumas
localidades do país esse período está sendo modificado, pois estão sendo realizados
estudos para verificar a possibilidade de a hanseníase ser curada em menor tempo.
Em ambos os casos – hanseníase e tuberculose – o doente ingere uma dose
supervisionada mensalmente, ou seja, toma uma certa dose das drogas diante da
presença do profissional de saúde – que pode ser o auxiliar de enfermagem. Isso é
muito importante, porque essa dose é diferente da que o doente toma diariamente em
sua própria casa.
Em relação aos medicamentos, é importante orientar a respeito dos efeitos
colaterais que podem provocar. O quadro a seguir permite compreendermos melhor
esses sintomas e as orientações que podemos prestar.

Medicamentos Efeitos observados Orientações


Rifampicina® A urina pode se mostrar Como essa droga é administrada
avermelhada uma vez ao mês, seu efeito passará
em algumas horas
Clofazimina® Pode causar coloração O efeito passará alguns meses após
pardo-escura e ressecar a o fim do tratamento. Enquanto isso
pele não acontece, o cliente deve manter
pouca exposição ao sol e utilizar
óleos vegetais não-comestíveis
para lubrificar a pele (semente de
girassol, por exemplo)
Dapsona® Os efeitos são raros. A Caso existam reações alérgicas, tal
reação alérgica ocorre fato deve ser comunicado à equipe
quando o paciente também de saúde. Provavelmente o
é alérgico a sulfas medicamento será substituído

Além disso, cada vinda do cliente à unidade de saúde ou cada visita


domiciliar para realização da dose supervisionada permite que o auxiliar de
enfermagem e toda a equipe de saúde que acompanha o doente possam reforçar
orientações sobre os cuidados que deverá manter para levar uma vida saudável,
principalmente com relação aos olhos, pés, ferimentos, narinas e mãos.

3.2 Tuberculose

A tuberculose é uma doença infecciosa e contagiosa, causada por uma bactéria chamada
Mycobadterium tuberculosis, também conhecida como bacilo de Koch. Estima-se que cada
doente com tuberculose seja capaz de contaminar dez outros indivíduos.

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Sua transmissão, assim como a da hanseníase, ocorre por meio das gotículas de saliva
expelidas quando espirramos, tossimos ou falamos, sendo o sistema respiratório a porta de
entrada da doença, mais especificamente as vias aéreas superiores. Seu período de incubação
varia entre 4 e 12 semanas.
Ao contrário da hanseníase, os caminhos que levam ao adoecimento por tuberculose são
bem conhecidos. Após a inalação dos bacilos contidos nas gotículas de saliva, estes depositam-
se nos alvéolos. Em resposta a essa fixação, o sistema imunológico libera células que formam
uma espécie de parede em volta dos bacilos para impedir que se espalhem. Esse conjunto é
chamado de tubérculo, e muitas pessoas o possuem sem nunca adoecer.
Porém, se a imunidade do indivíduo estiver comprometida o tecido do tubérculo se degrada
e se transforma em uma massa que libera outros bacilos, os quais são transportados pelos
sistemas circulatório e linfático para os tecidos vizinhos, formando nódulos visíveis nas
imagens radiológicas. Outra possibilidade é a de os bacilos serem transportados para tecidos
mais distantes, como pele, rins, meninges, que também podem ser atingidos pela tuberculose.
A tuberculose pode apresentar-se nas formas pulmonar e extrapulmonar (pleural,
ganglionar, osteoartucular, entérica, de vias urinárias, cutânea ou meníngea). Destas, a mais
grave é a meníngea, também denominada meningite tuberculosa, que ocorre quando o bacilo
de Koch atinge o sistema nervoso central.
Seu diagnóstico baseia-se primeiramente nos sintomas, que são tosse persistente, por cerca
de 4 semanas, catarro esverdeado ou com raios de sangue (existentes ou não), febre no final da
tarde, emagrecimento, falta de apetite, suor noturno. São também realizados exames de raios X
e pesquisa da presença do bacilo de Koch no escarro.
A amostra de escarro deve ser preferencialmente coletada em jejum, pela manhã. No dia
anterior à coleta, o cliente deve ingerir grande quantidade de líquidos, para tornar o escarro
mais fluido e fácil de ser produzido. Antes de eliminas a amostra num recipiente apropriado,
deve ser orientado a respirar profundamente, para que a secreção se mobilize e seja eliminada
em maior quantidade.
Pode também ser realizado um teste chamado Derivado Proteínico Purificado-Padrão (PPD).
A interpretação de seu resultado permite avaliar se o indivíduo já teve contato anterior com o
bacilo e se possui defesas contra o mesmo.
Na realização do PPD, é injetada uma substância denominada tuberculina, derivada do
bacilo de Koch purificado. A introdução é feita com 0,1 ml da solução por via intradérmica, na
face interna do terço médio do antebraço. Após 72 a 96 horas, o arco de introdução é medido
com uma régua milimetrada, que demonstra a reação do organismo ao bacilo.

PPD
Medida do arco Resultado Significado
de introdução
0 a 4 mm Não-reator Indivíduo não-infectado pelo bacilo
da tuberculose ou analérgico
5 a 9 mm Reator fraco Indivíduo infectado pelo bacilo da
tuberculose
10 mm ou mais Reator forte Indivíduo infectado pelo bacilo da
tuberculose, porém não
necessariamente doente

Por sua demora, o tratamento da tuberculose requer paciência por parte do


cliente, assim como o da hanseníase, podendo variar de 6 a 12 meses, conforme o
caso e evolução do paciente. Cada caso requer o uso de um esquema de associação
de drogas que pode levar à ocorrência de rações indesejáveis, as quais são
minimizadas com alguns cuidados.

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Medicamento Reações Orientações


indesejadas
Rifampicina® Urina avermelhada, Tomar o medicamento após o café
náuseas, vômitos da manhã
Isoniazida® Náuseas, vômitos, Tomar o medicamento após o café
icterícia, dormência nas da manhã, junto com a
mãos e pés Rifampicina®. Relatar à equipe de
saúde quaisquer alterações na
sensibilidade
Estreptomicina® Perda de equilíbrio e Relatar tais sintomas à equipe de
alterações visuais saúde
Etambutol® Náuseas, vômitos, e Relatar tais sintomas à equipe de
alterações visuais saúde. Provavelmente, o caso será
avaliado por especialista
Etionamida® Náuseas, vômitos, diarréia Aumentar a ingestão de líquidos.
e icterícia Relatar tais sintomas a equipe de
saúde
Pirazinamida® Artralgias, náuseas, Tomar o medicamento após o
vômitos e icterícia almoço. Relatar tais sintomas a
equipe de saúde

3.3 A atuação na prevenção e controle da hanseníase e tuberculose

A forma mais eficiente de combate à transmissão da hanseníase e


tuberculose, com vistas ao controle, é a identificação precoce dos sintomáticos, com
tratamento de início rápido e adesão total do cliente. Tal necessidade resulta do fato
de o doente bacilífero ser a principal fonte de infecção de ambas as doenças, ou seja,
aquele que continua a emitir o bacilo no ambiente.
O atual modelo de assistência deve redirecionar suas práticas para solucionar
os problemas apontados (falta de informação, alto índice de abandono ao tratamento,
etc.), a fim de atingir as seguintes metas propostas:

• para a tuberculose – oferecer tratamento em pelo menos 80% dos centros municipais de
saúde; diagnosticar e tratar pelo menos 90% dos casos detectados; curar pelo menos 95%
dos clientes em tratamento;

• para a hanseníase – diminuir a incidência de casos para, no máximo, 1 para cada 10 mil
habitantes.

Além do tratamento eficaz para controlar o número de casos de hanseníase e


tuberculose, outras medidas devem ser tomadas para garantir a diminuição da
transmissão destas doenças . Assim, é importante orientar que a casa do doente deve
estar sempre muito ventilada, permitindo a entrada de luz solar, pois os bacilos não
resistem muito tempo em ambiente limpo e iluminado. Não é necessário separar
utensílios como talheres, copos, pratos, roupas ou lençóis; deve-se apenas manter a
higiene habitual.
As pessoas mais próximas ao doente são chamadas comunicantes –
familiares, colegas de trabalho ou escola. Geralmente, apenas os comunicantes
domiciliares precisam ser avaliados.

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Para os comunicantes de tuberculose, o profissional de saúde dever solicitar a
realização do PPD e exames de raio X, quando necessários.

4. DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS E AIDS

As DSTs encontram-se amplamente disseminadas, exigindo do poder público


iniciativas que levem ao seu controle. Para tanto, faz-se necessário estruturar os
serviços de saúde de modo a que possam prestar adequada assistência aos portadores
desses agravos, e principalmente envolver seus profissionais na execução de
atividades ligadas à prevenção da transmissão e do contágio.
Atualmente, cerca de 45 milhões de indivíduos estão infectados com o HIV, o
vírus da imunodeficiência humana, causador da mais preocupante das DSTs: a
síndrome da imunodeficiência adquirida, conhecida como SIDA ou AIDS (sigla
inglesa), considerada uma pandemia.

4.1 AIDS/SIDA

A AIDS é uma síndrome caracterizada pela diminuição da resposta imunológica do


organismo a agentes patogênicos, causando uma série de doenças chamadas de oportunistas,
porque não se manifesta em indivíduos com defesas normais.
O indivíduo pode contrair o HIV em relações sexuais desprotegidas (oral, anal,
vaginal), exposição sangüínea (acidentes de trabalho com material biológico, transfusão, uso de
drogas injetáveis com seringas e agulhas compartilhadas), durante o parto ou pela amamentação.
As manifestações iniciais da AIDS são febre, mal-estar geral, aumento de gânglios,
perda de peso, lesões na cavidade oral ou no esôfago, sudorese intensa, diarréia, entre outros.
Como esses sintomas estão presentes em muitas outras doenças, o cliente deve ser submetido a
exames específicos para o diagnóstico da AIDS.
Para a detecção do HIV, é necessária a coleta de material sangüíneo para a realização
de testes específicos. Quem deseja fazer o teste anti-HIV deve receber aconselhamento oportuno,
podendo dirigir-se a uma unidade de saúde ou a um Centro de Testagem e Aconselhamento
(CTA). (Anexo III). O CTA realiza o teste anti-HIV mantendo a privacidade do cliente: um
número lhe é fornecido, por meio do qual pode solicitar o resultado.
Nos CTAs, assim como nas unidades de saúde preparadas para prestar assistência aos
portadores do HIV, é possível encontrar uma estrutura que favoreça a composição de grupos de
integração entre os clientes, espaços onde ocorrem discussões sobre suas dúvidas em relação à
doença e tratamento.
O atual tratamento da AIDS aumentou a sobrevida dos pacientes, proporcionando-
lhes melhor qualidade de vida. Hoje, são utilizados medicamento anti-retrovirais, que se
encontram à disposição dos portadores no HIV em todos os postos de saúde, tornando o Brasil o
único país a manter uma política pública de distribuição gratuita de medicamentos para o
tratamento da AIDS – tal exemplo é citado por muitos movimentos de reintegração de
portadores do HIV do mundo inteiro, para conquistar em seus países de origem o direito de
serem tratados gratuitamente.
O prognóstico para os doentes com AIDS já não é tão sombrio como há pouco tempo
atrás, principalmente a partir da utilização dos anti-retrovirais em conjunto, numa estratégia
popularmente conhecida com coquetel.

4.2 Sífilis

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Embora a sífilis seja uma DST de tratamento fácil e disponível em todas as
unidades de saúde, ainda existe uma efetiva mobilização dos serviços de saúde em
torno da detecção de casos dessa doença.
Essa preocupação deve-se ao conhecimento das conseqüências decorrentes
da evolução da sífilis sem tratamento adequado. Outra razão para o empenho dos
profissionais de saúde é a possibilidade de transmissão da doença de mãe para filho
durante a gestação, causando uma síndrome denominada sífilis congênita.
A sífilis é causada pela bactéria Treponema pallidum, que pode atingir
qualquer tecido ou órgão e tende a evoluir cronicamente. De acordo com sua
evolução, pode apresentar-se em três fases primária, secundária e terciária.

• sífilis primária: caracteriza-se pela presença do cancro duro, que é uma lesão eulcerada,
única, indolor, de bordos bem definidos e fundo liso. Geralmente, localiza-se na genitália
externa ou outros locais por onde o Treponema penetrou o corpo (ânus, reto, lábios, boca,
mamas ou dedos). Na mulher, a sífilis pode ser assintomática, independente da localização
do treponema, o que possibilita a disseminação da doença.

Essa lesão regride espontaneamente, e normalmente o portador não procura


uma unidade de saúde por pensar estar curado permitindo que a doença evolua para a
sífilis secundária.

• sífilis secundária: ocorre entre 6 e 8 semanas após o surgimento do cancro duro. Suas
manifestações surgem após a disseminação do Treponema para todo o corpo, por meio da
corrente sangüínea e vasos linfáticos. É uma fase caracteriza por lesões de pele, pequenas
manchas acobreadas, denominadas roséolas sifilíticas, nas regiões palmar, plantar, inguinal,
entre as nádegas, tronco, face e membros superiores. Há ainda alopécia e porções distais das
sobrancelhas, placas mucosas e lesões semelhantes a verrugas planas nas regiões de dobras
ou atrito. Também há queixas de febre baixa, mal-estar, cefaléia e artralgia.

• Sífilis terciária: se o indivíduo acometido durante a fase secundária da sífilis não for
assistido, a doença atingirá esta fase entre 3 a 12 anos após a infecção, e o seu portador
manifestará sinais e sintomas de comprometimento ósseos, articular, neurológico, cutâneo-
mucoso ou cardiovascular, refletindo a invasão da bactéria nos órgãos internos,
principalmente nas válvulas cardíacas e cérebro, podendo levar À morte.

A sífilis pode ser diagnosticada através de critérios clínicos baseados nos


sinais e sintomas apresentados, ou por diagnóstico laboratorial, pela realização de
exames de sangue, que podem ser inespecíficos (VDRL) ou específicos (FT-Abs,
TPHA) para a detecção do T. pallidum na corrente sangüínea.
Esses testes são especialmente úteis quando o portador se encontra na fase
latente da doença e não apresenta sinais e sintomas de infecção, mas relatas história
sugestiva de infecção pelo agente causador da sífilis.
O tratamento da sífilis deve ser iniciado o quanto antes, tanto no caso do
portador como no de seu parceiro. Também é aplicável a gestantes ou a bebês, filhos
de gestantes não tratadas. Consiste na administração de antibióticos,
preferencialmente a penicilina Benzatina ®.

4.3 Gonorréia

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Doença infecciosa causada por uma bactéria, do tipo gonococo, chamada Neisseria
gonorrboeae, que causa um processo inflamatório na mucosa uretral, denominado uretrite
gonocócica.
Após o contágio, o agente infeccioso causa uma infecção superficial, mas a gonorréia pode
evoluir com algumas complicações se não tratada adequadamente, causando inflamação e
infecções em vários órgãos e tecidos porque o gonococo pode subir através do trato urinário e
se disseminar pelos sistemas linfático e circulatório.
Os sintomas são dor ou ardência ao urinar, e corrimento uretral purulento e fético, podendo
haver febre. Manifestam-se cerca de 2 a 10 dias após o contágio. Porém, cerca de 70% das
portadoras do sexo feminino são assintomáticas e transmitem a bactéria muitas vezes sem o
saber.
Ao afetar a gestante, existe a possibilidade de o bebê se contaminar durante o parto, causando a
conjuntivite gonocócica. Para prevenir esse risco, as maternidades realizam a credeização ou
método de Credê.
O diagnóstico da gonorréia é feito com base mo quadro clínico, embora possa ser utilizado
método complementar de exame de amostras de secreção uretral.
Para seu tratamento utiliza-se antibióticos, disponíveis nas unidades de saúde para o portador e
seu(s) parceiro(s). Quando ocorrem complicações devido ao acometimento de outros órgãos
pelo gonococo, a hospitalização é indicada e o tratamento passa a ser direcionado em função do
sistema atingido (no caso de uma endocardite, por exemplo, o paciente é acompanhado em uma
unidade de cardiologia).
A equipe de enfermagem deve orientar o cliente, ensinando-lhe a Ter os seguintes cuidados:
trocar regularmente as roupas íntimas, após higiene com água e sabonete; lavar as mãos antes e
após o uso do vaso sanitário; não coçar os olhos, pois isto pode transportar o gonococo dos
genitais para a mucosa ocular; não ingerir bebidas alcoólicas, pois estar irritam ainda mais a
mucosa uretral; não manter relações sexuais, devendo ainda encaminhar o(s) parceiro(s) para
tratamento na unidade de saúde.

4.4 Uretrites não-gonocócicas (UNG)

As uretrites não-gonocócicas compreendem um conjunto de uretrites sintomáticas causadas


por microrganismos que não o gonococo. O mais comum desses agentes é a bactéria Chlamydia
Trachomatis.
Semelhantes à gonorréia, há saída de secreção purulenta do meato uretral no indivíduo
acometido pela doença, causando dor a ardência ao urinar, gerando sérios desconfortos. O
avanço das UNG também pode desencadear conseqüências em todo o corpo, principalmente a
doença inflamatória pélvica (DIP) em mulheres, podendo ocasionar infertilidade, através de
mecanismo semelhante ao da disseminação do gonococo.
O diagnóstico considera o quadro clínico do portador e ausência de gonococo no exame de
amostras uretrais. O tratamento é feito utilizando-se antibióticos. Os parceiro sexuais também
devem ser tratados.
Devido à semelhança entre as manifestações das uretrites não gonocócicas e a gonorréia, os
cuidados de enfermagem devem compreender orientações semelhantes, com ênfase na higiene
do indivíduo e no correto seguimento do tratamento, inclusive pelo(s) parceiro(s).

4.5 Condiloma acuminado

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Doença infecciosa causada por um vírus chamado HPV (papilomavírus humano), também
conhecida como crista de galo ou verruga genital.
Caracteriza-se pelo surgimento de pequenas verrugas nas regiões genital e perianal, após a
multiplicação do HPV nesses locais, entre 3 e 4 meses após a transmissão, sexual na maioria das
vezes. Com o passar do tempo e sem tratamento adequado, essas verrugas podem crescer e unir-se
umas às outras, adquirindo o aspecto de uma couve-flor.
É uma doença especialmente perigosa quando afeta a gestante, pois o crescimento das lesões
pode obstruir o canal vagina, levando à necessidade da realização de cesariana.
A ocorrência de infecção pelo HPV também aumenta os riscos de desenvolvimento de câncer
de colo uterino. Portanto, as mulheres que já apresentaram infecção por esse vírus devem ser
acompanhadas regularmente.
O diagnóstico do condiloma acuminado ocorre por exame clínico, podendo ser complementado
com biópsia (retirada de pequena quantidade de tecido para análise em laboratório). Seu
tratamento é feito em ambulatório, com cauterização química (por podofilina ou ácido
tricloroacético) ou térmica (criocauterização). Porém, quando a lesão cresce demasiadamente, pode
haver a necessidade de ser retirada cirurgicamente.
Deve-se orientar a realização da higiene do cliente com água e sabonete comum, como o
cuidado necessário para não agredir as lesões. É importante que o auxiliar esteja atento a outras
queixas, pois podem estar presentes outras patologias associadas. O doente não deve manter
relações sexuais durante o tratamento, que poderá ser estendido a seu parceiro.

4.6 Linfogranuloma venéreo

Também chamada de doença de Nicloas-Favre, é uma doença infecciosa de transmissão


exclusivamente sexual, causada pela bactéria Chlamydia trachomatis. Sua entrada no
organismo ocorre através de lesões na genitália, muitas vezes despercebidas, que eliminam a
clamídia, atingindo o parceiro sexual
Semelhantes à sífilis, a doença manifesta-se em três diferentes fases.
A lesão primária, chamada de lesão de inoculação, surge cerca de 1 a 4 semanas após a
transmissão. É geralmente pequena, indolor, podendo sua localização ser pouco visível nos
homens e mulheres, e assim, passar desapercebida. Essa lesão regride espontaneamente.
Após alguns dias, a clamídia alcança os gânglios e o portador desenvolve uma linfadenopatia
regional (lesão secundária), ou seja, há aumento dos gânglios na região inguinal, dependendo
do local da lesão de inoculação. Geralmente, atinge apenas um lado, causando dor, febre e
artralgias. Sobre a região aumentada, há a abertura de lesões, com saída de secreção purulenta
e vários orifícios.
A terceira fase caracteriza-se pelo desenvolvimento de seqüelas. As quais ocorrem
principalmente quando o linfogranuloma afeta a região anal, podendo levar à obstrução do ânus
e à formação de fístulas e causar infecção disseminada por outros órgãos e tecidos pélvicos e
abdominais.
O diagnóstico considera o quadro clínico, podendo ser auxiliado com a realização de exames
complementares, como a cultura da clamídia e o exame bacteriológico direto. O tratamento é
feito utilizando-se antibióticos.

4.7 Cancro mole

Doença causada por uma bactéria chamada Haemophilus ducrey, de contágio exclusivamente
sexual. Sua principal característica é o surgimento de várias lesões, entre 2 e 5 dias após o
contágio – que ocorre pelo contato com a secreção que sai das lesões do parceiro sexual. Tal
secreção contém vários hemófilos, o que torna tão fácil a transmissão.

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 524 SAÚDE COLETIVA
As lesões são dolorosas, de fundo irregular coberto de secreção fétida e amarelada, e com
facilidade para o sangramento. Podem levar ao desenvolvimento de linfadenopatia inguinal
unilateral (bubão), quando o hemófilo atinge os gânglios, e ao aparecimento de lesões sobre os
bubões, agravando o quadro clínico de seu portador. É também comum surgirem lesões nas coxas
dos homens doentes, por auto-inoculação, ou seja, quando a lesão da glande encosta-se à coxa
torna-se capaz de transportar a bactéria, surgindo uma nova lesão.
Seu diagnóstico é feito a partir do quadro clínico e exame de esfregaço da lesão. O tratamento é
realizado com antibióticos, podendo-se fazer a drenagem dos lifonodos para proporcionar alívio
da dor.
Os cuidados de orientação aos cliente incluem abstenção de relações sexuais, higiene cuidadosa
da genitália, estímulo à adesão ao tratamento e encaminhamento do parceiro à consulta na
unidade de saúde.

4.8 Herpes genital

Doença causada pelo Herpes simplex vírus (HSV), dos tipos I e II. Embora possa provocar
lesões em qualquer parte do corpo, acomete principalmente os órgãos genitais, cerca de 3 a 14
dias após o contágio, que pode ser sexual ou por contato com fômites.
O HSV, ao multiplicar-se na pele ou mucosa da genitália, causa pequenas lesões
vesiculosas (em forma de bolhas), agrupadas, que se rompem dando origem as úlceras e,
depois, a crostas. Anteriormente ao surgimento das lesões, pode haver sensação de ardor e
prurido local.
As lesões regridem espontaneamente e o vírus permanece no organismo em estado de
latência. Ao ser reativado, o quadro clínico mostra-se semelhante ao da primeira infecção,
porém mais brando. As recorrências de ativação do vírus estão ligadas ao estresse do portador,
exposição à radiação ultravioleta (luz do sol), febre e imunodepressão, entre outros fatores.
O diagnóstico é feito basicamente através do exame clínico. Como a herpes não tem cura,
o tratamento é voltado para o alívio dos sintomas, com a drenagem das lesões e o uso de
antivirais tópicos, até que o episódio acabe. Podem ser usados antibióticos, no caso de
complicações como a infecção das lesões por bactérias. Alguns médicos prescrevem vacina
específicas para estimular a defesa do organismo, o que dificultaria a reativação do vírus.

4.9 Donovanose

È uma DST pouco freqüente, mas encontrada em países de climas tropical e subtropical,
como o Brasil. È causada por uma bactéria denominada Calymmatobacterium granulomatis,
transmitida pelo contato com as ulcerações presentes no doente.
Caracteriza-se pelo aparecimento de nódulos subcutâneos, indolores, múltiplos ou únicos, e
por ulcerações. Essa ulcerações que surgem quase sempre nas regiões de dobras e na região
perianal, apresentam odor fétido, aspecto vermelho vivo e fácil sangramento.
O diagnóstico baseia-se no quadro clínico e na realização de pesquisa pelos corpúsculos de
Donovan, em material coletado através de biópsia. O tratamento é feito com a utilização de
antibióticos.
Assim como nos casos de outras DST, é importante que o cliente receba orientações quanto
à higiene cuidadosa da genitália e se abstenha de manter relações sexuais durante o tratamento
da doença.

4.10 Candidíase (monilíase)

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È uma das DST mais freqüentes, identificada nos relatos de muitas mulheres e homens. É
causada por um fungo chamado Candida albicans, que habita a mucosa vaginal, sem causar
sintomas em 10% a 20% das mulheres, e se manifesta mediante condições de desequilíbrio da
flora vaginal, como gravidez, diabetes, AIDS, uso de medicação imunossupressora e hábitos
de higiene inadequados, dentre outras. A presença dessas condições permite que o fungo se
multiplique e, com sua superpopulação, produza os sintomas de candidíase.
Suas principais manifestações clínicas incluem prurido vulvar, ardor ou dor ao urinar,
vermelhidão e edema da vulva e corrimento branco, sem cheiro e espesso.
O diagnóstico pode ser feito através dos sinais e sintomas apresentados e também com a
realização de exames laboratoriais, como a citologia. O tratamento é realizado com a
utilização de antifúngicos. Compete à equipe de enfermagem participar do tratamento, dando
orientações de medidas de higiene que dificultarão a proliferação do fungo e auxiliarão a
prevenção de novos episódios da doença.
Tais medidas compreendem passar a ferro o forro das roupas íntimas, utilizar apenas
sabonetes neutros na higiene íntima, não enxugar a vulva com rispidez após usar o vaso
sanitário, não compartilhar roupas íntimas, não manter relações sexuais enquanto estiver em
tratamento, encaminhar os parceiros sexuais para tratamento.

4.11 Tricomoníase

A tricomoníase é muito mais freqüente nas mulheres do que nos homens. É causada por um
protozoário chamado Trichomonas vaginalis, que atinge a mucosa genital após relação sexual
com indivíduo portador, assintomático ou não.
O doente apresenta corrimento amarelado, espesso, de odor fétido dor no ato sexual
(dispareunia), ardência e prurido na região genital. No entanto, afirma-se que mais de 50% das
mulheres portadoras são assintomáticas.
Assim como em muitas DST, o diagnóstico pode ser realizado através dos sinais e sintomas
apresentados e também com a realização de exames laboratoriais. O tratamento é feito à base de
antifúngicos.

4.12 Pediculose genital

A pediculose genital, também chamada de “chato” ou ftiríase, nada mais é que a infestação de
piolhos nos pêlos da região genital, especialmente na região do púbis sendo de uma espécie
diferente daqueles que infestam os cabelos e o corpo. Hábitos de higiene inadequados, como
compartilhar roupas íntimas, de cama e toalhas, e a convivência estreita em locais com más
condições de higiene, como presídios e casas de prostituição, favorecem o aparecimento da
pediculose pubiana.
O Phtirus pubis, agente da pediculose genital, também causa intenso prurido, o que pode
provocar até ulcerações na pele sob os pêlos e conseqüente infecção destas pelas bactérias
presentes nas mãos/unhas e nos próprios piolhos.
Para diagnosticar a pediculose, basta verificar a distribuição do prurido, concentrada nos pêlos,
e não na vagina ou pênis, embora os piolhos e lêndeas circulem livremente e possam causar
prurido também nessas regiões, quando se fixam na pele para sugar o sangue do indivíduo.
O tratamento é feito com uso de sabonetes especiais à base de permetrina, enfatizando-se a
higiene íntima, procurando-se retirar os piolhos e lêndeas dos pêlos, das roupas íntimas, de cama
e de banho utilizadas, que devem ser trocadas constantementes e fervidas.

4.13 Giardíase e amebíase

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 526 SAÚDE COLETIVA
A giardia e a ameba são protozoários freqüentemente presente no trato intestinal, onde tanto
podem passar se causar qualquer sintoma como podem levar à ocorrência de distúrbios diarréicos
severos e importantes, sendo mais freqüentes entre as mulheres.
Se, após a evacuação, a mulher portadora desses microrganismos realizar uma higiene
incorreta, trará restos de fezes para a mucosa genital, transportando os parasitas. A presença
destes ocasionará infecção vaginal ou uretral, que pode ser transmitida através das relações
sexuais. Sua transmissão também pode ser facilitada pela realização do sexo anal, seguido de sexo
vaginal, sem utilização ou troca de preservativos. A prática de sexo anal seguida de sexo oral
favores o processo de transmissão da giardíase e amebíase.
O diagnóstico é feito com base nos sintomas apresentados ou mesmo pela detecção dos
parasitas após a realização de exame preventivo ginecológico. A pesquisa dos parasitas nas fezes
é essencial para determinar a escolha correta do tratamento, que é feito utilizando-se antibióticos
bastante potentes, disponíveis na rede básica de serviços de saúde.

4.14 Ações de atenção básica frente às DST/AIDS

Com vistas a alcançar o controle das DST/AIDS, o Ministério da Saúde estruturou programas
cujas ações se baseiam na prevenção da ocorrência de novos casos, na detecção precoce e no
tratamento oportuno para os portadores de DST/AIDS e seus parceiros.
Na rede básica de saúde, essas ações são concretizadas através da realização de várias
atividades. Na unidade de saúde ou na comunidade, os esforços dos profissionais de saúde devem
estar comprometidos com trabalhos de educação em saúde que estimulem os indivíduos à
reflexão sobre como as condutas sexuais por eles adotadas podem estar influenciando o aumento
do risco de se contrair DST/AIDS.
No nível das ações de atenção básica, é importante realizar:

• busca de portadores assintomáticos de DST durante a realização de atividades ligadas à


discussão da sexualidade, e seu encaminhamento para o atendimento adequado;

• atividades de educação em saúde e aconselhamento pré-teste anti-HIV para todos os


portadores de DST e gestantes;

• encaminhamento das gestantes ao pré-natal, para rastreamento com o teste VDRL, com
vistas à eliminação da sífilis congênita;

• triagem e referência dos pacientes com DST e seus parceiros às unidades básicas de saúde,
para manejo adequado.

Durante todo o processo que envolve desde a captação até a assistência a um portador de
DST/AIDS, é necessário que os profissionais estejam preparados para realizar uma forma de
abordagem denominada aconselhamento, que pode ser individual ou em grupo.
Para o aconselhamento, faz-se necessário que os profissionais estejam devidamente
capacitados pois este consiste em apoio emocional e educativo, constante discussão sobre a
redução de riscos para DST/AIDS e adoção de práticas sexuais seguras. O aconselhamento,
desde que bem conduzido, é capaz de reduzir o estresse do cliente e melhorar os índices de
adesão ao tratamento.

4.15 O que podemos fazer para auxiliar a prevenção de DST/AIDS?

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 527 SAÚDE COLETIVA
A melhor arma na defesa contra a DST/AIDS é a informação. Considerando
tal fato, todas as oportunidades que surgirem para a realização de atividades junto à
população exposta ao risco de contrair e/ou transmitir essas doenças devem ser
aproveitadas.
Devemos desmistificar a idéia de que apenas alguns grupos populacionais,
como homossexuais, profissionais do sexo ou usuários de drogas injetáveis, estão
expostos às DST/AIDS. Também não é verdade que uma pessoa não possa Ter DST
mais de uma vez.
Algumas condutas devem ser recomendadas, por serem seguras e
proporcionar a prevenção das DST/AIDS:

• uso de preservativos, femininos ou masculinos, em todas as relações sexuais que envolvam


sexo oral e penetração vaginal ou anal. Além de serem de fácil utilização, encontram-se
disponíveis nas unidades básicas de saúde e apresentam baixo custo quando adquiridos em
estabelecimentos comerciais;

• redução de parceiros sexuais, para diminuir as chances de transmissão de DST;

• auto-exame dos genitais, com o auxílio de um espelho. Em caso de detecção de alguma


alteração, deve-se procurar os serviços de saúde;

• fazer higiene após o ato sexual, objetivando diminuir o risco de contaminação de


DST/AIDS;

• não compartilhar seringas e agulhas com outros usuários de drogas injetáveis, procurando
utilizar apenas materiais descartáveis.

INSTRUÇÕES PARA O USO CORRETO DE PRESERVATIVOS MASCULINOS

1. Retirar a camisinha da embalagem somente na hora de usá-la, sem rasgar o invólucro com os
dentes ou tesoura, para não ocorrer o rico de estragar a camisinha.
2. Apertar a ponta da camisinha, para não formar bolha de ar durante sua colocação,
o que pode causar seu rompimento. Essa ponta é que vai acumular o sêmen
expelido durante a ejaculação.
3. Encaixar a camisinha na ponta do pênis ereto, desenrolar a camisinha até a base do
órgão e largar sua ponta. Nesses momento, o ato sexual já pode ser iniciado. Não
usar cremes ou loções, a não ser aqueles à base de água.
4. Após a ejaculação, enquanto o pênis ainda estiver ereto, retirar a camisinha e dar
um nó em sua abertura, descartando-a no lixo.

Para cada ato sexual, utilizar uma nova camisinha.

Instruções para ouso correto de preservativos femininos

1. Retirar a camisinha da embalagem somente na hora de usá-la, sem rasgar o


invólucro com os dentes ou tesoura, para não correr o risco de estragar a
camisinha.

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 528 SAÚDE COLETIVA
2. Apertar o aro interno (o mais estreito) e introduzi-lo no canal vaginal. Esse aro
é que vai ser encaixado em vota do colo uterino, impedindo o deslocamento da
camisinha durante o ato sexual.
3. Ajustar o aro externo (mais largo), segurando-o até a primeira penetração.
Durante o ato sexual, não é mais necessário segurar o aro externo da
camisinha.
4. Após a ejaculação do parceiro, retirar a camisinha, descartando-a no lixo. É
importante trocar a camisinha em cada relação sexual.
5. DOENÇAS CRÔNICAS NÃO-TRANSMISSÍVEIS

A relação de doenças denominadas crônico degenerativas ou modernas é bastante


abrangente, mas a hipertensão arterial, as doenças cardiovasculares (DCV) e o Diabetes mellitus
serão especialmente estudadas, devido às altas taxas de sua incidência e prevalência em nosso
país.
Essas doenças podem ser prevenidas se houver ações educativas que trabalhem com a
perspectiva de modificar o estilo de vida pouco saudável. Para o diabetes, estima-se que metade
dos casos novos poderia ser evitado com o controle do excesso de peso; outros 30% seriam
evitados com o combate ao sedentarismo.
Além disso, os fatores relacionados à sua ocorrência são semelhantes e, em geral,
encontram-se presentes de forma associada. Entre estes, destacam-se o estresse decorrente da
industrialização e do desenvolvimento econômico, o aumento da idade da população, os
distúrbios dietéticos, a obesidade, o sedentarismo, o consumo de álcool, o tabagismo, a
drogadição, a ocupação ou o trabalho dos indivíduos.
Para reafirmar a importância de desenvolvermos ações com o objetivo de prevenir e
controlar tais doenças, citamos alguns estudos recentemente elaborados que apontam que a
mortalidade poporcional por Diabetes mellitus vem crescendo desde a metade do século XX em
todo o Brasil. Esses estudos registram, ainda, que a hipertensão arterial estaria relacionada a um
aumento da mortalidade devido às doenças cérebro-cardiovasculares. O desenvolvimento de
programas educativos poderia reduzir o número de internações causadas por doenças crônicas
não-trasnmissíveis.

5.1 Estratégias para o controle das doenças crônico-degenerativas

No cenário da saúde coletiva no Brasil, as atividades relacionadas ao controle da hipertensão


arterial e do diabetes são operacionalizadas através do Programa Nacional de Controle do
Diabetes.
As atividades desenvolvidas nas unidades básicas de saúde objetivam a capacitação dos
clientes hipertensos e diabéticos pela adoção de um a estratégia de verificação de níveis de
pressão arterial em qualquer indivíduo assistido cuja idade maior ou igual a 20 anos, e de
verificação de glicosúria em indivíduos com idade igual ou superior a 30 anos.
Para a confirmação de um caso de hipertensão, faz-se necessário realizar três verificações
consecutivas, em dias alternados. Os valores das pressões sistólica e diatólica estão
especificamente no quadro a seguir.

Pressão Diastólica Pressão Sistólica Tipo de Hipertensão Arterial


Menor que 85 Menor que 130 Normal
Entre 85 e 89 Entre 130 a 139 Normal limíftofe
Entre 90 e 99 Entre 140 e 159 Hipertensão leve (estágio 1)

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 529 SAÚDE COLETIVA
Entre 100 e 109 Entre 160 e 179 Hipertensão moderada (estágio 2)
Maior ou igual a 110 Maior que 180 Hipertensão grave (estágio 3)
Menor que 90 Maior ou igual a 140 Hipertensão sistólica isolada

Para a captação de clientes diabéticos, podem ser utilizadas estratégias de campanha de


verificação de glicemia capilar ou de verificação de glicosúria.
È importante desenvolver atividades no ambiente domiciliar, porque neste cenário tem-se a
oportunidade de observar a realidade na qual as pessoas vivem e se relacionam, detectando
fatores relacionados à ocorrência de hipertensão e diabetes, como tabagismo, dieta inadequada,
sedentarismo e outros. Assim, é possível discutir com a clientela as modificações que produzirão
benefícios para a saúde.
Uma vez inscritos nas atividades dos programas, os clientes submetem-se a avaliações
periódicas que, além da pressão arterial, incluem verificação de peso corpóreo e realização de
alguns exames complementares, como eletrocardiograma, bioquímica do sangue, urinálise,
solicitados de acordo com o problema apresentado. Os clientes passam a receber os
medicamentos necessários ao controle das doenças (drogas hipotensoras, hipoglicemiantes orais,
insulina injetável), de acordo com a relação de medicamentos constantes da farmácia básica.
Os tratamentos da hipertensão arterial e do diabetes baseiam-se na adoção de medidas
farmacológicas, utilizando-se de drogas, e não farmacológicas, através de dietas e atividade física,
entre outras medidas.
É importante sensibilizar o cliente para a importância da adesão ao tratamento, garantindo
melhores resultados através de atividades coletivas ou individuais de educação em saúde, seja
com discussão em grupos, cartazes, campanhas. A não-adesão ao tratamento é fator decisivo para
a piora do estado do cliente, que deve ser informado quanto às possibilidade de complicações das
doenças.
As atividades de educação em saúde em grupo favorecem o esclarecimento de dúvidas
comuns a todos e reflexão em conjunto sobre os estilos de vida que poderão trazer maiores
benefícios para todos. Quanto mais descontraídos estiverem os participantes, melhor será o
andamento das atividades. Nesse sentido, as atividades ao ar livre são bem-vindas, pois oferecem
oportunidades de lazer associadas à promoção da saúde.
Nas atividades de acompanhamento aos clientes e educação em saúde, as seguintes medidas
terapêuticas não-farmacológicas devem ser abordadas:

• restrição ou eliminação de hábitos pouco saudáveis (alcoolismo, tabagismo, drogadição);

• ingestão de dieta pobre em sal e gorduras e, no caso do diabetes, restrição do consumo de


carboidratos;

• manutenção de peso corpóreo próximo ao ideal;

• inclusão de atividades de lazer no cotidiano;

• cuidados com os pés dos clientes diabéticos, que devem ser mantidos limpos e secos; após o
banho, os pés devem ser hidratados com uma loção, evitando passa-la entre os dedos (para
evitar umidade); os pés devem ser atentamente examinados todos os dias, pesquisando-se a
existência de feridas ou cortes não anteriormente percebidos; preferencialmente, usar
sapatos fechados, confortáveis, e sempre examiná-los por dentro antes de calçá-los; ao
observar qualquer alteração na coloração dos pés ou ferimento, tal fato deve ser notificado
ao profissional que acompanha o caso;

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 530 SAÚDE COLETIVA
• para os diabéticos insulino-dependentes: cuidados na conservação e na auto-administração
de insulina.

Os auxiliares de enfermagem que atuam nos programas de controle do diabetes e hipertensão


devem desenvolver os seguintes cuidados: verificação da pressão arterial, aferição do peso
para auxiliar no seu controle; realização dos curativos em clientes diabéticos com lesões;
orientação, acompanhamento na auto-administração de medicamentos via oral ou injetáveis;
verificação dos níveis de glicemia capilar; realização de visitas domiciliares aos clientes
faltosos ou necessitados de cuidados domiciliares; organização e participação das atividades
em grupo; organização da agenda para o retorno dos clientes às consultas necessárias ao seu
acompanhamento.

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 531 ENFERMAGEM EM CENTRO CIRÚRGICO











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UNIDADE DE CENTRO CIRÚRGICO


1 – DEFINIÇÃO

A unidade “Centro Cirúrgico é um conjunto de área ou instalações, destinadas à realização


de intervenções cirúrgicas, bem como à recuperação anestésica e pós operatórios imediatas.
Seu planejamento e organização devem ser realizados por uma equipe multiprofissional,
cujo trabalho se desenvolve de modo harmonioso e sincronizado.

2 – OBJETIVOS

• Prestar assistência a integral ao paciente no período de recuperação pós-anestésica e pós-


operatória imediata;
• Proporcionar recursos humanos e materiais para que o ato cirúrgico seja realizado dentro das
condições ideais, não só técnicas como assépticas.
• Realizar programação cirúrgica diária e de emergência;
• Manter em ordem o arquivo ou registro das cirurgias.
• Favorecer o ensino e o desenvolvimento de pesquisas, a fim de aprimorar as condições
técnicas e assistenciais.

3 – PLANEJAMENTO

Para definir a planta física é aconselhável que se organize uma comissão de planejamento
total de todas as atividade a serem desenvolvidas na unidade, a fim de assegurar uma estrutura
funcional, facilitando a administração e organização.
A comissão deve ser composta pelos seguintes elementos:
• Administrador Hospitalar
• Chefe da Equipe Cirúrgica
• Chefe do Serviço de Anestesiologia
• Chefe do Serviço de Enfermagem
• Enfermeiro Supervisoro do Centro Cirúrgico
• Engenheiro
• Arquiteto

4 – DIVISÃO DA UNIDADE DE CENTRO CIRÚRGICO

Podemos dividi-la em três partes:


A – Centro Cirúrgico
B – Centro de Material
C – Centro de Recuperação Pós-Operatória

A – CENTRO CIRÚRGICO

a) LOCALIZAÇÃO
• Deve ocupar área independente da circulação geral, ficando, assim, livre do trânsito
de pessoas e materiais estranhos ao serviço;
• Possibilitar o acesso livre a fácil de pacientes provenientes das Unidades de
internação Cirúrgicas, Pronto Socorro e Terapia Intensivas, bem como o
encaminhamento dos mesmos às Unidades de origem.

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 534 ENFERMAGEM EM CENTRO CIRÚRGICO

b) ÁREA

A determinação da área mínima em m2 é feita levando-se em consideração o número de


leitos hospitalares e/ou o número de cirurgias realizadas por dia.
Exemplo:
• Duas salas de operação para cada 50 leitos não especializados.
• Duas salas de operação para cada 15 leitos cirúrgicos.

c) ESTRUTURA FÍSICA
Caracteriza-se por um conjunto de elementos
Elementos essenciais:
• Vestiário masculino;
• Vestiário feminino;
• Posto de enfermagem; chefia e secretária da unidade;
• Expurgo;
• Lavabo;
Prevê-se um lavabo com duas torneiras para cada duas salas cirúrgicas. As torneiras devem
ser munidas de características especiais, que tornem possível abri-las e fecha-las sem o uso
das mãos. Os tanques devem ser instalados numa altura de mais ou menos 90 cm, para
favorecer a mecânica corporal no ato da escovação. Neste local devem ser colocados os
recipientes para escova e solução anti-séptica.
• Sala de cirurgia;
• Sala de estocagem de material esterilizado;
• Sala de guarda de aparelhos e equipamentos;
• Sala de guarda e transferência de macas;
• Sala de depósito de oxigênio e oxido nitroso;
• Sala de câmara escura;
• Rouparia;
• Depósito de medicamentos e soluções usadas nas cirurgias.
• Copa;
• Sala de estar e relatórios médicos;
• Sala de estar e repouso do pessoal;
• Sala de espera com vestiário para paciente externo, que se submete a pequenas
cirurgias;
• Sala ou laboratório de anatomia patológica, para exames específicos e rápidos;
• Sala dos anestesistas.

SALA DE OPERAÇÃO OU CIRURGIA

É uma dependência do Centro Cirúrgico que se destina a abrigar a realização das


intervenções cirúrgicas em condições gerais de técnicas e de assepsia.
Para o planejamento desta sala, deve ser respeitados alguns requisitos que facilitam o
seu funcionamento.

Quanto à área física

O tamanho da sala cirúrgica, m2, varia de acordo com a especialidade a que é


destinada. Neste particular dois aspectos devem ser considerados: a quantidade de

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equipamentos específicos a serem utilizados durante a realização do procedimento cirúrgico


e a facilidade de circulação dos componentes das equipes dentro da sala.
Com base nesses aspectos, a sala planejada para a cirurgia geral como, por exemplo:
herniorrafia, tireoidectomia e laparotomia exploradora, deve ter área mínima de 25 m2 –
Para as salas destinadas às cirurgias especializadas, as áreas mínimas propostas são: 36m2 –
para as cirurgias neurológica, cardiovascular e ortopédica. Estas salas devem ter anexa uma
sala de apoio, de 12 m2, utilizada para a guarda de aparelhos específicos relativos à
especializadade; 20 m2 – sala de cirurgia oftalmológica ou outras de pequeno porte.

Quanto à forma

A forma mais funcional é a retangular, porque oferece melhor aproveitamento


do espaço, mas pode ser também quadrada ou circular.

Quanto às paredes

As paredes da sala cirúrgica devem ter os cantos arredondados em todas as junções,


ou seja, paredes com o teto, paredes com o piso e parede com parede, com a finalidade de
facilitar a limpeza. Devem ser revestidas de material resistente, mas que proporcione
superfície lisa e lavável. Este material deve, também, favorecer a diminuição de ruídos
externos de modo a não prejudicar a concentração das equipes durante o ato cirúrgico.
Quanto à cor, deve ser neutra, suave e fosca, para que não sejam emitidos reflexos
luminosos.

Quanto ao piso

É obrigatório que o piso da sala cirúrgica seja de material condutivo, por causa da
associação de substâncias “anestésicas inflamáveis com oxigênio ou óxido nitroso”. Esta
propriedade do piso protege o ambiente contra descarga de eletricidade estática gerada
durante o ato cirúrgico ( BRASIL, 1994 ). A par desta característica, o piso deve ser de
material resistente ao uso da água e soluções desinfetantes, de superfície lisa e de fácil
limpeza.

Quanto às portas

Estas devem ter dimensão mínima de 1,20 m x, 2,10 m, a fim de permitir a passagem
de macas, camas e equipamentos cirúrgicos ( BRASIL, 1994), ser revestidas de material
lavável e, da mesma maneira que as paredes, ter cor neutra, suave e fosca. Devem, ainda,
possuir proteção, confeccionada em aço inoxidável, a fim de prevenir danos por possíveis
esbarrões de macas em sua superfície. Precisam, também, ser providas de visor facilitando
visualizar o interior da sala sem a necessidade de abri-las durante o ato cirúrgico.

Quanto às janelas

Quando fizer parte do projeto arquitetônico, a janela da sala cirúrgica deve ser
desprovida de parapeitos, tanto na parte interna como na externa. Deve estar localizada de
modo a permitir a entrada de luz natural em todo o ambiente, ser do tipo basculante, provida
de vidro fosco e telada. Na presença de ventilação artificial, deve ser mantida
completamente fechada, evitando interferência na circulação normal do ar na sala de
operação.

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 536 ENFERMAGEM EM CENTRO CIRÚRGICO

Quanto à iluminação artificial

A iluminação artificial da sala cirúrgica é feita por intermédio da luz geral de teto,
com lâmpada fluorescente, e luz direta, por foco central ou fixo.
A iluminação do campo cirúrgico, em especial, é realizada com os focos central ou
fixo, auxiliar e frontal. O foco central ou fixo é o mais utilizado para as cirurgias gerais.
Modernamente, este foco possui refletores prismáticos, os quais, além de permitirem
luminosidade ideal em todo o campo operatório, garantem a ausência de sombra alta
naturalidade na cor dos tecidos ( FOCOS, 1995 ). O posicionamento correto do foco central,
bem como a sua mobilidade durante o ato cirúrgico para iluminar adequadamente o campo
são de responsabilidade do circulante de sala. Atualmente, o próprio cirurgião ou assistente
pode manipula-lo por intermédio de um dispositivo esterilizável, a manopla, que é
rosqueado em sua parte central.

EQUIPAMENTOS E MATERIAIS DE UMA SALA CIRÚRGICA

No planejamento de equipamentos e materiais, deve ser observada a qualidade do


produto, pois implica na durabilidade dos mesmos e na segurança para o paciente.
Os equipamentos podem ser classificados em:
• Fixos
• Móveis.

Equipamentos Fixos – são aqueles adaptados à estrutura da sala cirúrgica.


São eles:
• Armários embutidos;
• Interruptores e tomadas elétricas de 110 e 220 V.
• Oxigênio e vácuo centralizado;
• Foco central fixo ao teto;
• Ar condicionado.

Equipamento Móveis – são os que podem ser deslocados ou acrescidos na Sala Cirúrgica.
a) Mesa cirúrgica e acessórios tais como: perneiras, suporte de ombro, estofado de
espuma, porta coxa e arco;
b) Mesas auxiliares como a mesa de mayo;
c) Mesa para instrumental cirúrgico com rodas;
d) Mesa fixa para o Lap, ou roupsa estéreis;
e) Suporte de bacia;
f) Suporte de soro e alças;
g) Tala de suporte para braço;
h) Banco giratório;
i) Balde para lixo com suporte de rodinhas;
j) Suporte de hamper;
k) Foco auxiliar;
l) Escadinha com dois degraus.
m) Estrado;
n) Aparelho de anestesia;
o) Aspirador portátil;
p) Bisturi elétrico;
q) Esfigmomanômetro com marcador de coluna;
r) Coxins de areia;
s) Extensão.

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 537 ENFERMAGEM EM CENTRO CIRÚRGICO

Outros equipamentos móveis podem ser acrescidos à sala de cirurgia, em


Conseqüência de uma especialidade cirúrgica.
Ex: microscópio nas cirurgias otorrinolaringológicas.
Os materiais utilizados na sala de cirurgia são agrupados em vários grupos;

1º grupo – Material esterilizado

É preparado pelo Centro de Material, passa pela esterilização para depois ser utilizado, São:
• Pacotes de aventais e de Lap;
• Pacotes de campos simples ou duplos;
• Pacotes de compressas grandes, médias e pequenas;
• Pacotes de gaze;
• Pacotes de cúpulas grandes e pequenas;
• Pacotes de cuba-rim.
• Pacotes de bacias;
• Pacotes de borracha para o aspirador;
• Caixas de instrumentais;
• Caixas com cabo, caneta ou ponta do bisturi elétrico;
• Bandejas para anestesia geral;
• Bandeja para anestesia raquidiana;
• Bandeja para anestesia peridual;
• Bandeja para bloqueios anestésicos;
• Bandeja para punção lombar;
• Bandeja para anestesia local;
• Estojos de material cortante;
• Equipos de soro: sangue e de microgotas;
• Seringas 5 ml, 10 ml e 20 ml.
• Agulhas descartáveis;
• Fios absorvíveis e não absorvíveis ;
• Cateteres para punção venosa;
• Sondas para aspiração;
• Lâminas para bisturi;
• Micropore estéril.

2º grupo – Soluções, pomadas e material para curativo

Exemplo:
Soluções
• Álcool etílico 70%;
• Álcool iodado 2% ou tintura de iodine;
• Água oxigenada;
• Povidine tópico;
• Éter.
• Soros – solução glicosada 5%, 10% e 50%
- solução fisiológica
- ringer
- bicarbonato de sódio.

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 538 ENFERMAGEM EM CENTRO CIRÚRGICO

Pomadas

• vaselina;
• furacin;
• Xilocaína geléia;
• nebacetin;
• pomadas oftalmológicas, etc...

Material de curativo

• adesivo: esparadrapo, micropore e fita crepe:


• algodão ortopédico.
• Ataduras, malha tubular, chumaços, etc.

3º Grupo – Impressos
• Folha de relação de gastos
• Folha de gráfico de anestesia
• Requisição de laboratório e banco de sangue.
• Relatório de enfermagem e outros.

4º Grupo – Medicamentos

Todos os medicamentos necessários à assistência do paciente no trans-operatório.

5 – ORGANIZAÇÃO DE PESSOAL

A organização é a estrutura formal inerente à atividade humana que envolva duas ou mais
pessoas. Estas pessoas, trabalhando juntas, conjugam seus esforços para melhor desempenhar uma
tarefa.
O pessoal que atua na unidade pode ser dividido em 3 equipes: com suas respectivas
funções:
• Equipe de anestesia;
• Equipe de cirurgia;
• Equipe de enfermagem;

Estas três equipes prestam assistência direta através de um trabalho harmonioso,


visando a segurança do paciente e á eficiência do ato cirúrgico.

1º - Equipe de anestesia – compõe-se de médicos anestesistas.


2º - Equipe Cirúrgica – formada pelo cirurgião, assistente e instrumentador, sendo que este
último pode ou não ser médico.
3º - Equipe de Enfermagem – composta pelo Enfermeiro, Técnico em Enfermagem,
Auxiliar de Enfermagem e Atendente de Enfermagem.

ANESTESIA – é responsabilidade do anestesista prescrever a medicação pré-anestésica, planejar e


executar a anestesia, bem como controlar o paciente no trans e pós-operatório, até o
restabelecimento de seus reflexos.

CIRURGIÃO – é da sua competência planejar e executar o ato cirúrgico, comandar e manter a


ordem no campo operatório.

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 539 ENFERMAGEM EM CENTRO CIRÚRGICO

1º ASSISTENTE - é sua função auxiliar no campo operatório e se necessário, substituir o


cirurgião.

INSTRUMENTADOR CIRÚRGICO – é o integrante da equipe que se responsabiliza pelo


preparo da mesa, fornece instrumentais ao cirurgião e assistente, mantém a mesa em ordem desde o
início até o término da cirurgia.
ENFERMEIRO – deverá desempenhar as seguintes atividades:
• Organizar e supervisionar o funcionamento do Centro Cirúrgico;
• Prover o Centro Cirúrgico de equipamentos, materiais, roupas e pessoal, a fim de
garantir seu bom funcionamento;
• Elaborar rotinas;
• Checar a limpeza realizada diária e semanalmente nas salas de cirurgia e demais
elementos da unidade.
• Promover programas de educação em serviço;
• Coordenar todo o pessoal de enfermagem;
• Exigir controle diário de gastos de entorpecentes e de psicotrónicos;
• Supervisionar a assiduidade, pontualidade e disciplina do pessoal, mantendo um
ambiente de trabalho adequado, baseado nos princípios éticos e de relacionamento
humano;
• Realizar reuniões periódicas com o pessoal de enfermagem, a fim de orientar quanto
aos regulamentos;
• Apresentar relatórios mensais e anuais das cirurgias realizadas;
• Colaborar com trabalhos de pesquisa;
• Exigir dos funcionários, médicos e outros o uso adequado do uniforme privativo do
Centro Cirúrgico;
• Verificar o uso e estado de conservação dos aparelhos e equipamentos;
• Elaborar as escalas de cirurgias ou programa operatório para o dia seguinte de
acordo com os pedidos de cirurgia recebidos;
• Supervisionar as salas cirúrgicas, afim de verificar o transcorrer do ato cirúrgico;
• Colaborar e incentivar o aprendizado, a fim de aprimorar as condições técnicas e
assistenciais.
TÉCNICO EM ENFERMAGEM – deverá:
• Auxiliar o enfermeiro caso seja necessário;
• Controlar o estoque de material esterilizado;
• Conferir as peças a serem encaminhadas ao laboratório de Anatomia Patológica;
• Exercer a função de circulante de sala e outras que forem delegadas pelo enfermeiro.

AUXILIAR DE ENFERMAGEM
• Exercer as funções de circulante de sala;
• Revisar e repor diariamente o material da sala cirúrgica.
ESCRITURÁRIA – Funções:
• Digitar diariamente a escala de cirurgias, distribuí-las nos setores do hospital tais
como: banco de sangue, anatomia patológica, portaria e serviço de
anestesiologia.Uma cópia deverá ficar no Centro Cirúrgico.
• Registrar os pedidos de cirurgia;
• Fazer estatísticas diariamente das cirurgias realizadas e não realizadas;
• Executar tarefas solicitadas pela enfermeira.

SERVIÇO DE LIMPEZA
• Executar a limpeza e zelar pela manutenção da ordem na unidade;

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 540 ENFERMAGEM EM CENTRO CIRÚRGICO

• Zelar pela ordem e limpeza também de banheiros e vestiários.


6 – ROTINAS DO CENTRO CIRÚRGICO
1º - As cirurgias devem ser marcadas mediante a entrega dos avisos pelas clínicas
cirúrgicas, até 12 horas de véspera da operação.
Estes avisos deverão ser preenchidos em todos os seus itens, indicando: nome do paciente,
idade, registro, Instituto, data da cirugia, horário provável, nome da cirurgia, tipo de anestesia,
material especial, transfusão de sangue ( se for necessária), assinatura do médico ou assistente
responsável pela clínica.
2º - Mediante os avisos recebidos, o enfermeiro deverá fazer escala diária, constando:
• Horário previsto para cada cirurgias;
• Nome completo do paciente, número de quarto e leito;
• Número de registro;
• Nome da cirurgia;
• Nome do cirurgião responsável;
• Tipo de anestesia.
3º - O mapa ou escala diária devem ser produzidas cópias, para fixar em alguns pontos
chaves dentro do hospital, como:
• No banco de sangue para controle de saída de sangue, que é entregue ao Centro
Cirúrgico na hora do ato operatório:
• Na patologia, para controle das “peças” que chegam para exame;
• Na portaria do hospital, para informações;
• Em edital no próprio Centro Cirúrgico, facilitando a rotina interna;
• Com a equipe de transporte dos pacientes facilitando seu desempenho;
• Com a equipe de enfermagem do Centro de Material, facilitando o controle de roupa
e material necessária para o dia seguinte, evitando falta do material e atropelados de
última hora.
4º - É obrigatório o uso do uniforme privativo do Centro Cirúrgico, incluindo cabelos
cobertos por gorros, pro-pés sapatos protegidos por botas ou sapatilhas, máscara, e
vestimenta unissex.

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 541 ENFERMAGEM EM CENTRO CIRÚRGICO

5º - Os cancelamentos de cirurgias devem ser feitos no máximo com uma hora de


antecedência.
6º - O transporte do paciente da Unidade ou Clínica Cirúrgica para o Centro Cirúrgico fica
sob responsabilidade de uma equipe de funcionários do próprio Centro Cirúrgico, designados pelo
Enfermeiro. Deve ser feito por meio de maca provida de colchão confortável e em boas condições
de limpeza e conservação:
Durante este procedimento devemos observar alguns cuidados como:
• Preparar a maca com roupa limpa, como se prepara de um operado;
• Verificar na escala o nome do paciente, Clínica, número de quarto e leito,
encaminhando-se para lá.
• Chegando na Clínica verificar com o Enfermeiro se o paciente já recebeu os
cuidados do período pré-operatório imediato, se o prontuário está completo,
incluindo radiografias. Verificar também se foi administrada medicação pré-
anestésica e se esta foi checada na prescrição.
• Identificar o paciente, apresentar-se a ele como funcionário do Centro Cirúrgico e
responsável em transporta-lo para referida Unidade;
• Verificar a presença de adornos, esmalte e prótese e indagar se já esvaziou a bexiga,
caso não esteja com sonda vesical;
• Enconstar a maca ao leito e entregar a camisola própria do Centro Cirúrgico,
ajudando-o a vesti-la se necessário.
• Ajudar o paciente a passar da cama para a maca;
• Colocar o prontuário sob o colchão da maca.
• Transportar o paciente para o Centro Cirúrgico, empurrando a maca pela cabeceira.
• Entregar o paciente aos cuidados do enfermeiro da Unidade.

7º - O paciente deve ser recebido na Unidade de Centro Cirúrgico pelo Enfermeiro, ou por
um funcionário bem orientado, ao qual foi delegada a função, devido à sobrecarga de
atividades da responsável.
A pessoa que desempenha esta função deverá observar os seguintes cuidados:
• Receber cordialmente, na sala de transferência de macas, identificando-o e
verificando se o prontuário está completo;
• Verificar anotações referentes ao pré-operatório tais como: medicação pré-
anestesica, sinais vitais, tricotomia ampla, retirada de jóias, adornos, próteses e
outros;
• Proteger os cabelos do paciente com gorro;
• Transportar à sala cirúrgica entregando á circulante.

8º - Deve ser feito controle diário das cirurgias realizadas, em livro próprio, incluindo
número total e observações sobre qualquer ocorrência fora de rotina.
9º - Na entrada de novo “turno”, de funcionários, deverá ser feita passagem de plantão,
informando o que ocorreu no período anterior.
10º - Deve ser feito controle diário de medicação controlada; psicotrópicos e entorpecentes,
através de anotações e guardando frascos vazios.
11º - Devem ser conferidas todas as “peças” antes de encaminha-las ao setor de Patologia.
12º - Deve ser realizado controle diário do estoque de material esterilizado e a respectiva
data de esterilização.
13º - Diariamente, devem ser verificados o estado de conservação dos aparelhos e
equipamentos, solicitando conserto ou troca, se necessário.

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 542 ENFERMAGEM EM CENTRO CIRÚRGICO

14º - Devem ser realizadas reuniões periódicas pelo Enfermeiro com os funcionários do
Centro Cirúrgico, a fim de orientar quanto aos regulamentos e rotinas, e identificar os
problemas e dificuldades encontradas para o cumprimento dos mesmos.
15º - Deve ser de rotina o planejamento e execução de programas de educação em serviço.

Procedimentos na sala de Cirurgia

São atividades desenvolvidas pelo circulante; antes, durante e após ato cirúrgico.

Finalidade

Assegurar condições funcionais e técnicas necessárias ao bom andamento do ato cirúrgico, e


conseqüentemente à segurança do paciente.

Funções circulante antes cirurgia

Montagem da sala cirúrgica.


• Ler com atenção o pedido de cirurgia, certificando-se do material básico, aparelhos
ou alguma solicitação especial relativa ao tipo de cirurgia a ser realizadas.
• Verificar as condições de limpeza da sala, antes de equipa-la com os materiais e
aparelhos solicitados.
• Fazer limpeza concorrente dos equipamentos, com tecido embebido em álcool etílico
a 70% ou outra solução desinfetante, começando pelas partes consideradas mais
limpas;
• Testar o funcionamento dos aparelhos, tais como: aspirador, bisturi elétrico, focos e
outros específicos de cada cirurgia, bem como os equipamentos utilizados para
anestesia;
• Verificar se o lavabo está equipado para uso e lavar as mãos;
• Revisar o material esterilizado existente na sala, completar o que falta e providenciar
o específico para aquela cirurgia;
• Equipar o carrinho de anestesia com as medicações especificas, impressos próprios e
demais materiais necessários e coloca-lo à cabeceira da mesa cirúrgica;
• Dispor os pacotes de campos, aventais e luvas, e a caixa de instrumentais em local
acessível à utilização no momento necessário.
• Preparar o soro e a bandeja de anti-sepsia, conforme a orientação do serviço.

FUNÇÕES CIRCULANTES DURANTE CIRURGIA

• Receber o paciente na sala cirúrgica, de maneira cordial, tranqüila e segura. Ao


recebe-lo, o circulante de sala deve baixar momentaneamente a máscara para que
todo seu rosto seja visto, a fim de facilitar a comunicação; responder-lhe as
perguntas, de modo claro e objetivo, para infundir-lhe confiança e orienta-lo sobre o
procedimentos que serão executados na tentativa de diminuir a sua ansiedade;
• Igualar a altura da mesa cirúrgica à da maca e enconstar uma na outra para facilitar a
transferência do paciente, afixando os coletores de sondas na borda da mesa
cirúrgica, caso este já esteja sondado;
• Colocar o suporte sob o colchonete da mesa cirúrgica e apoiar sobre este o braço do
paciente, tendo o cuidado de manter um ângulo inferior a 90º com o corpo, de modo
a prevenir complicações;

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• Adaptar o manguito do esfigmomanômetro e o estetoscópio para facilitar a


verificação da pressão arterial durante o ato cirúrgico. Atualmente, com a evolução
tecnológica, o traçado eletrocardiográfico, a freqüência cardíaca e a temperatura
corporal podem ser visualizados e controlados durante toda a cirurgia através do uso
de monitores;
• Se for usado o bisturi elétrico, colocar a placa neutra sob a panturrilha do paciente ou
em outra região, conforme a cirurgia, tendo o cuidado de verificar bem as condições
da área;
• Auxiliar a equipe cirúrgica a se paramentar, ajudando-a a vestir o avental, amarrando
as tiras ou amarrilhos e o cinto e, em seguida, apresentado as luvas;
• Abrir a caixa de instrumentais, sobre a mesa auxiliar, e o pacote contendo o
impermeável, sobre a mesa do instrumentador;
• Fornecer materiais como gaze, fios, compressas, cúpulas e outros ao instrumentador;
• Auxiliar na colocação do paciente em posição funcional e adequada à anestesia e
cirurgia, ou mesmo coloca-lo em posição sob orientação do cirurgião;
• Ligar o foco central e direciona-lo para o campo operatório;
• Descobrir o campo operatório e oferecer ao cirurgião a bandeja de material para anti-
sepsia;
• Colocar o arco de narcose e um suporte de soro de cada lado da mesa cirúrgica; a
seguir, receber do assistente as pontas ( cantos ) dos campos esterilizados, fixa-las no
arco e suportes para formar a tenda que separa o campo de ação do anestesista;
• Aproximar o aparelho de bisturi elétrico e conectar os pólos positivo e negativo,
tendo o cuidado de cobri-lo com um campo esterilizado.
• Aproximar, também, do cirurgião e do assistente o hamper coberto com campo
esterilizado, e o balde para lixo;
• Conectar a extremidade da borracha, apresentada pelo assistente ou instrumentador,
ao aspirador elétrico ou a vácuo, e liga-lo;
• Colaborar na observação do gotejamento das infusões, dos líquidos drenados no caso
de estar co sondas, do sangue aspirado no frasco do aspirador e de sinais e sintomas
do paciente;
• Estar atento quanto à solicitação de materiais pelo instrumentador, funcionamento
dos aparelhos e pedidos de materiais extras;
• Receber e identificar a peça anatômica de acordo com as normas instituídas pelo
laboratório de anatomia patológica;
• Verificar o número de compressas cirúrgicas usadas nas cirurgias de cavidade, e
controlar o peso das mesmas, bem como de gazes, para avaliar a perda sanguínea nas
grandes cirurgias;
• Fazer a anotações na folha de gastos e relatórios de enfermagem, as quais devem
abranger ocorrências com o paciente na sala, medicamentos e infusões usados, início
e término da cirurgia;
• Auxiliar o anestesista no que for solicitado;
• Auxiliar o cirurgião no curativo da incisão cirúrgica, oferecendo as soluções
comumente usadas, bolsas coletoras para dreno e/ou ostomia, se houver, e afixando o
adesivos;
• Zelar pela manutenção da ordem e limpeza na sala durante todo o procedimento
cirúrgico.

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Funções circulante após cirurgia

• Auxiliar a equipe a se desparamentar;


• Desligar o foco e aparelhos elétricos, afastando-os da mesa cirúrgica;
• Remover os campos e pinças que estão sobre o paciente e agasalha-lo conforme as
condições climáticas;
• Transferir o paciente da mesa cirúrgica para a cama-berço, observando as infusões
endovenosas, o curativo cirúrgico e a permeabilidade de sondas e drenos;
• Transporta-lo para a Sala de Recuperação Pós-Anestésia, juntamente com a
anestesista e um componente da equipe cirúrgica;
• Separar a roupa usada na cirurgia, verificando se não há instrumentais misturados, e
encaminha-la ao expurgo;
• Separar os materiais de vidro, cortantes, borracha, instrumentais e outros. As pinças,
com execção das de campo, devem ser abertas. Estar atento para as medidas de
prevenção de acidentes com objetos perfuro-cortantes;
• Encaminhar os impressos, as ampolas e frascos vazios de medicamentos controlados
e a peça anatômica identificada para os devidos setores;
• Lacrar o saco de lixo, encaminhando-o ao setor apropriado, e providenciar a limpeza
da sala cirúrgica.

Posição do paciente para anestesia

É a posição do paciente para ser anestesiado

a) Anestesia geral
É administrada, normalmente, com o paciente em decúbito dorsal e, no momento da
entubação endotraqueal, torna-se necessário hiperestender o pescoço, a fim de facilitar a
visualização das vias aéreas.
b) Anestesia raqui e peridual
Para este tipo de anestesia, há duas posições:

Na primeira, o paciente senta-se sobre a mesa cirúrgica, com os membros inferiores para
fora, apoiados na escada de dois degraus e os membros superiores cruzados na frente e à altura da
cintura, tendo o pescoço fletido e a cabeça bem inclinada para a frente. A manutenção desta posição
é feita pelo circulante de sala. Que deve se colocar à frente do paciente, com as mãos em sua nuca,
de modo a impedir a sua movimentação no momento da punção.
Na segunda posição, o paciente é colocado em decúbito lateral direito ou esquerdo, tendo as
pernas fletidas sob as coxas e estas sobre o abdome, os membros superiores cruzados na frente e à
altura da cintura e o pescoço bem fletido, de modo a aproximar o queixo do esterno.
O circulante de sala ajuda a mantê-lo na posição, colocando uma das mãos na região cervical
posterior e a outra na dobra dos joelhos, a fim de forçar mais a coluna, agora em formato de arco.
Após a punção e introdução da substância anestésica, o paciente é retornado ao decúbito dorsal. Em
alguns serviços, esta posição é a mais usada, levando em consideração que é mais apropriada e
confortável para o paciente em jejum prolongado e em situação de estresse emocional.
Compete ao circulante de sala colocar o paciente em posição ou auxiliar na colocação e
manutenção da mesma, dando-lhe a atenção necessária. Qualquer que seja a posição do paciente
para a anestesia, é importante que o circulante de sala o oriente, a fim de obter a sua colaboração.

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Posições do paciente para cirurgia

Posição cirúrgica é a colocação do paciente anestesiado na posição certa, para ser submetido
a uma intervenção cirúrgica.
A indicação da posição cirúrgica depende do tipo de intervenção e pode ser:
1) Decúbito Dorsal:
É o mais comum, onde o paciente é colocado sobre o dorso, no sentido horizontal
com braços e pernas estendidas.
Exemplo: Em cirurgias abdominais, como: gastrectomia, laparotomia, herniorrafia,
apendicectomia, etc.
• Cirurgias, torácicas: cirurgia cardíaca;.
• Cirurgias urológicas: cistostomia, prostectomia, postectomia, etc.
• Cirurgias ginecológicas: ofoorectomia, histerectomia, salpingectomia, etc.
• Cirurgias plásticas: rinoplastia, abdominoplastia, lipoaspiração abdominal, etc.
• Cirurgias ortopédicas: Hallux Valgus
• Cirurgias oftalmológicas e outras.

2) Decúbito lateral
O paciente é colocado de lado, esquerdo ou direito, dependendo do lado da incisão
cirúrgica.
Normalmente nesta posição, usa-se o arco da mesa.
Deve-se colocar um travesseiro entre as pernas. É colocado geralmente uma tira larga de
esparadrapo, fixando o paciente na mesa, na altura do tórax e na cintura pélvica.
Exemplo: cirurgias renais, toráxicas, artroplastia de quadril, etc.

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3) Posição ginecológica

É a posição usada para cirurgias ginecológicas, proctológicas e algumas urológicas.


Nesta posição o paciente é colocado em decúbito dorsal, tendo as pernas abertas e apoiadas em
perneiras (suportes de coxa) a parte inferior da mesa, que corresponde aos pés, abaixada.
Exemplo: Perineoplastia.

4) Decúbito ventral

É a posição em que o paciente encontra-se em decúbito ventral, sobre o abdome,


pernas esticadas e braços ao longo do corpo, com a cabeça voltada para um dos lados, colocando-se
dois coxins sob os ombros e um sob a região infra-umbilical, a fim de facilitar a expansão pulmonar
e evitar a compressão dos vasos do pescoço.Exemplo: cirurgias na região torácica posterior,
lipoaspiração de região glútea, etc.

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5) Posição de Trendelenburg

O paciente é colocado em decúbito dorsal, observando-se a posição dos joelhos, de


forma que fiquem correspondente à altura da dobra da mesa. Exemplo: amidalectomia.

6) Posições em Neurocirurgia

a) Posição sentada : o paciente é sentado em cadeira especial, semelhante à


cadeira do dentista. Permite a flexão dos membros inferiores durante o ato cirúrgico, facilitando o
trabalho do neurocirurgião.
Exemplo: Cirurgia cervical.

b) Craniotomia: A posição varia de acordo com a localização do tumor.


• Se for na fossa posterior, será decúbito ventral.
• Se for na fossa anterior, decúbito lateral, com ou sem rotação de cabeça;
• Nos tumores de fossa posterior é indicada também a posição sentado.

c) Laminectomia : posição decúbito ventral – prece maometana ( genito-peitoral).

Posição de Karske – para Hemorroidectomia

Degermação das mãos e antebraços

Finalidade – remoção da maior quantidade de microorganismos patogênicos ou não da pele,


a fim de prevenir infecção da ferida operatória.
Flora bacteriana – a pele normal contém microrganismos que constituem a flora bacteriana.
Pode ser de dois tipos:
a) Flora bacteriana transitória – constituída de microorganismos localizados nas unhas,
região sub-lingual e dobras da pele, etc. Dependem do tipo de atividade que a pessoa

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desenvolve, ambiente que vive, hábitos de higiene e contato com material contaminado.
É fácil de ser removida com água, sabão e escova.
b) Flora residente – formada por microorganismos localizados nas regiões mais profundas
da pele, glândulas sebáceas, folículos pilosos, etc. É difícil de ser removida.
Normalmente não é constituída por microorganismos patogênicos, a não ser em
indivíduos em contato constantes com material contaminado por germe patogênico.

Justificativa

A degermação das mãos e antebraços da equipe cirúrgica deve promover a eliminação da


flora transitória e redução da flora residente e, ainda, o retardamento da recolonização da flora
residente pelo efeito residual. Sabe-se que, após a realização de tal procedimento, estes
microorganismos multiplicam-se rapidamente sob as luvas cirúrgicas e podem ser agentes de
infecção da ferida operatória, no caso de estas sofrerem microperfurações ( GRAZIANO, 1992).

Escovação das mãos e antebraços

Antes de iniciar o procedimento de escovação das mãos e antebraços, é fundamental que o


componente da equipe cirúrgica obedeça a alguns requisitos, quais sejam: estar devidamente
uniformizado, de acordo com as normas de Centro Cirúrgico; ter as unhas aparadas e sem esmalte;
retirar relógio e jóias, inclusive aliança. A seguir,
• Abrir a torneira, reguladora a temperatura da água e lavar as mãos, antebraços e
cotovelos com água corrente e solução degermante, enxaguando-as antes de iniciar a
escovação;
• Retirar a escova esterilizada do suporte e segura-la por uma das extremidades e, a
seguir, embeber as cerdas com solução degermante;
• Iniciar a escovação por uma das mãos, unindo as pontas dos dedos e escovando as
unhas e leitos ungueais em movimentos de vaivém.
A escovação da mãos pode ser padronizada pelo tempo, em minutos, ou pelo
método de contagem do número de movimentos. Em relação ao tempo, estudos europeus relatavam
a variação do tempo entre 2 e 6 minutos, chegando à conclusão de que, com a utilização de
determinados, produtos a escovação das mãos por 3 a 4 minutos é tão eficiente quanto a escovação
por 5 minutos (ASSOCIATION, 1995) Em relação ao número de fricções, GEIB; CONSUL (
1992) afirmam, com base em pesquisas feita, que o procedimento para degermação das mãos, antes
da cirurgia, realizando a técnica com o anti-séptico detergente preconizado pelo Ministério da
Saúde, “pode ser desenvolvida com 5, 10 ou 15 fricções com 95% de segurança”.
• Escovar a palma da mão, começando pela face lateral do dedo mínimo, os demais
dedos e espaços interdigitais, desde as pontas dos dedos até a região do pulso;
• Virar a palma da mão para baixo e continuar a escovação da região dorsal, mantendo
os dedos afastados e começando pela face lateral externa do polegar;
• Escovar, a seguir, as regiões anterior, laterais e posterior do antebraço, com
movimentos amplos do pulso ao cotovelo;
• Passar para o cotovelo, escovando-o com movimentos circulares;
• Lavar a escova, conservando-a em posição vertical; a seguir, passa-la para a mão,
segurando-a pele extremidade oposta àquela que segurava anteriormente.
• Embeber as cerdas na solução degermante e proceder à escovação da outra mão;
• Ao terminar a escovação, enxaguar as mãos separadamente, de modo que a água
escora dos dedos para o cotovelo;
• Manter as mãos e antebraços em posição vertical, acima da cintura e dirigir-se à sala
de cirurgia;

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 549 ENFERMAGEM EM CENTRO CIRÚRGICO

• Enxugar as mãos, antebraços e, por último, os cotovelos com compressa esterilizada;


• Desprezar a compressa em local apropriado, de modo a não se misturar com aquelas
utilizadas no campo cirúrgico.
Considerando que a escovação das mãos e antebraços é um procedimento que exige
movimentos repetitivos de vaivém sobre a pele, a qualidade das escovas é um aspecto importante a
ser avaliado pelo enfermeiro na aquisição deste tipo de material. Sendo assim, deve-se dar
preferência às escovas de cerdas macias.

Vestir avental
a) pegar o avental pelas dobras do degote, abrir com movimentos delicados, mas firmes,
tendo o cuidado para não tocar na face externa;
b) segurar o avental pela parte interna do ombro, afastando do corpo e, com um ligeiro
movimento para cima, introduzir os dois braços nas mangas, ao mesmo tempo,
conservando as mãos para o alço e os braços em extensão;
c) dar as costas à circulante, para que sejam feitos os amarrilhos.

Calçar luvas esterilizadas

É da responsabilidade do circulante prover a sala cirúrgica de embalagens de luvas de


diferentes tamanhos, para não prejudicar o desenvolvimento do ato operatório. Deve estar, ainda,
atento para o momento exato de abri-las e oferece-las, diretamente, aos componentes da equipe
cirúrgica, ou deposita-las sobre o campo esterilizado da mesa de roupas.
Ao calçar as luvas, o usuário deve:
• abrir o invólucro de papel, que as protege e expo-las, de modo que os punhos fiquem
voltados para si;
• calçar as luva E ( esquerda), segurando-a pela dobra do punho com a mão D (
direita);
• introduzir os dedos da mão E enluvada sob a dobra do punho da luva D e calçá-la,
desfazendo a seguir esta dobra até cobrir o punho da manga do avental;
• colocar os dedos da mão D enluvada na dobra do punho da luva E, repetindo o
procedimento descrito acima.
Outro modo de realizar este procedimento consiste em:
• segurar o par de luvas pelas dobras dos punhos e calçar a mão D;
• introduzir a mão D enluvada sob a dobra do punho da luva E e calçar a mão E.
• desfazer as dobras dos punhos das luvas, conforme descrito acima.

CLASSIFICAÇÃO DO TRATAMENTO CIRÚRGICO

O Tratamento cirúrgico depende de evolução da lesão e da avaliação quanto às vantagens e


desvantagens da espera mas, uma vez decidido, torna-se necessária a determinação do momento
operatório. Quanto a este, o tratamento cirúrgico pode ser classificado em:
a) de emergência – tratamento em que exige atuação imediata, rápida por tratar-se de uma
situação crítica. Exemplo: hemorragia, lesão por arma de fogo ou branca.
b) De urgência – tratamento que exige atuação mediata, podendo aguardar algumas horas.
Ex: obstrução intestinal.
c) Eletivo - tratamento cirúrgico proposto, mas cuja realização pode aguardar ocasião mais
propícia. Ex.: hérnia simples, varizes de membros inferiores, etc.
Outras classificação diz respeito à finalidade do tratamento cirúrgico que é o seguinte:
a) Paliativo – tratamento cirúrgico que visa a compensar os distúrbios para melhorar as
condições do paciente e/ou aliviar a sua dor;

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b) Radical – aquele através do qual se faz a remoção parcial ou total do órgão;


c) Plástico – aquele realizado com finalidade estética ou corretiva.
d) Biopsia – aquela para fim de diagnósticos.

CLASSIFICAÇÃO DAS CIRURGIAS SEGUNDO O RISCO DE CONTAMINAÇÃO:

De acordo com o risco de contaminação as cirurgias podem ser:


- Limpas
- Potencialmente contaminadas
- Contaminadas
- Infectadas

- Cirurgias Limpas – São aquelas realizadas na ausência de processo infeccioso local, em


tecidos estéreis ou de fácil descontaminação: pele, tecido celular subcutâneo, trato respiratório
intratorácio, peritônico, baço, pâncreas, fígado, ( exceto nos casos de acloridria, sangramento e
obstrução) ossos e articulações, músculos, glândulas endócrinas, sistema nervoso, aparelho
cardiovascular, ovário, trompas, próstata e bexiga ( sem entrar na uretra) ureter, bacinetes e rins.
Nestas cirurgias o percentual de infecção é baixo, atinge no máximo 5%.
- Cirurgias Potencialmente Contaminadas – são realizadas na ausências de supuração local,
em tecido ricos em flora bacteriana residente, de difícil descontaminação. Exemplo: feridas
traumáticas recentes, cirurgias de cavidade bucal e glândulas salivares, trato respiratório alto, cólon,
reto, ânus, vagina e vulva.
O potencial de infecção é de 20%.
- Cirurgias Infectadas – São as realizadas em qualquer tecido, desde que haja presença de
supuração local. Exemplo: feridas traumáticas sujas ocorridas há mais de seis horas, as úlceras
perfuradas, etc.

TERMINOLOGIA CIRÚRGICA

Os atos cirúrgicos são designados por termo formados, de maneira geral, por prefixos ou
palavras que apontam o órgão em causa, e por sufixos que indicam o ato cirúrgico realizado.
Veja mos exemplos:
Prefixos
Adeno – relativo à glândula
Cisto – relativo à bexiga
Cole – relativo à vesícula
Colo – relativo à colo
Êntero – relativo ao intestino
Gastro – relativo ao estômago
Hístero – relativo ao útero
Nefro – relativo ao rim
Oftalmo – relativo aos olhos
Oofor – relativo aos ovários
Orqui – relativo aos testísculos
Ósteo – relativo ao osso
Oto – relativo ao ouvido
Procto – relativo ao reto
Salpinge – relativo à trompas
Tráqueo – relativo à traquéia
Rino – relativo ao nariz
Queijo – relativo aos lábios

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Laringo – relativo à garganta

SUFIXOS

Ectomia – reposição de um órgão ou parte dele.


Tomia – abertura de um órgão.
Stomia – abertura cirúrgica de uma nova boca.
Pexia – fixação de um órgão.
Plastia – alteração da forma de um órgão.
Ráfia – sutura.
Scopia – olhar no interior.

OPERAÇÕES DE REMOÇÃO ( ETOMIA )

Apendicentomia – remoção do apêndice.


Cistectomia – remoção da bexiga.
Colecistectomia – remoção da vesícula biliar.
Embolectomia – extração de um êmbulo.
Esofagectomia – remoção do esôfago.
Esplenectomia – remoção do baço.
Fistulenectomia – remoção de fistula.
Gastrectomia – remoção parcial ou total do estômago.
Hemorroidectomia – remoção de hemorróidas.
Hepatectomia – remoção da parte do fígado.
Histerectomia – extirpação do útero.
Lobectomia – remoção de um lobo de um órgão
Mastectomia – remoção da mama.
Miomectomia – remoção de mioma.
Nefrectomia – remoção de rim.
Ooforectomia – remoção do ovário.
Pancreatectomia – remoção do pâncreas.
Pneumectomia – remoção do pulmão.
Prostatectomia – remoção da próstata.
Retossigmoidectomia – remoção do retossigmoide.
Salpingectomia – extirpação da trompa.
Tireoidectomia – remoção da tireóide.

OPERAÇÃO DE ABERTURA ( TOMIA)

Artrotomia – abertura da articulação.


Broncotomia – abertura do brônquio.
Cardiotomia – abertura do cárdia. ( transição esôfago – gástrica).
Coledoctomia – abertura e exploração do colédoco.
Duodenotomia – abertura do duodeno
Flebotomia – dissecção de veia
Laparotomia – abertura da cavidade abdominal.
Toracotomia – abertura da parede torácica.

CONSTRUÇÃO CIRÚRGICA DE NOVAS BOCAS ( Stomia )

Cistostomia – abertura de bexiga para drenagem da urina.

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Colecistostomia – abertura e colocação de dreno na vesícula biliar.


Coledocostomia – colocação de dreno no colédrono para drenagem.
Colostomia – abertura do colo através da parede abdominal.
Enterostomia – abertura do intestino através da parede abdominal.
Gastrostomia – abertura e colocação de uma sonda no estômago através da parede abdominal.
Ileostomia – formação de abertura artificial no íleo.
Jejunostomia – colocação de sonda no jejuno para alimentação.
Nefrostomia – colocação de sonda no rim para drenagem de urina.

OPERAÇÕES PARA FIXAÇÃO ( Pexia)


Histeropexia – suspensão e fixação do útero.
Nefropexia – suspensão e fixação do rim.
Orquiopexia – abaixamento e fixação do testículo na sua bolsa.

OPERAÇÕES PARA ALTERAÇÃO DA FORMA E/OU FUNÇÃO ( Plastia )

Piloroplastia – plástica do piloro, para aumentar seu diâmetro.


Rinoplastia – plástica do nariz.
Salpingoplastia – plástica da trompa para sua recanalização.
Toracoplastia – plástica da parede torácica.

OPERAÇÕES DE SUTURA ( Ráfia )

Colporrafia – sutura da vagina


Gastrorrafia – sutura do estômago.
Herniorrafia – sutura da hérnia.
Perineorrafia – sutura do períneo.
Tenorrafia – sutura do tendão.

OPERAÇÕES PARA OBSERVAÇÃO ( Scopia)


Broncoscopia – exame sob visão direta dos brônquios.
Cistoscopia – idem para bexiga.
Esofagoscopia – idem para esôfago.
Gastroscopia – idem para estômago.
Laporoscopia – idem para cavidade abdominal.
Retossigmoidoscopia – idem para retossigmóide.

TERMINOLOGIA DIVERSAS

Aderência – soldadura anormal de órgão próximos, geralmente resultante de inflamação, brida.


Cateter – tubo fino de plástico ou borracha, para deságüe de líquidos de uma cavidade do corpo
para administração de líquidos ou sangue ao paciente.
Choque – estado de insuficiência circulatória.
Dreno – lâmina ou tubo de borracha ou plástico destinado a canalizar secreções do interior do corpo
para o exterior.
Eventração – saída total ou parcial das vísceras através da parede abdominal, ficando protegidas
somente pelos tegumentos superficiais.
Fístula – comunicação anormal entre dois órgãos cavitários,ou entre um órgão cavitário e a pele,
por onde sai pus ou secreção.
Hematoma – acúmulo de sangue fora de vasos sanguíenos, de origem geralmente traumática.
Incisão – abertura, corte.

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Paracentese – punção de cavidade natural para retirada de líquido.


Cesariana – estração do feto por incisão através da parede abdominal uterina.

Tempos cirúrgicos ou operatórios

Denominam-se tempos cirúrgicos ou operatórios os procedimentos ou manobras


consecutivos realizados pelo cirurgião desde o início até o término da cirurgia.
De modo geral, todas as intervenções cirúrgicas São realizadas em quatro tempos básicos e
fundamentais: a diérese, a hemostasia, a cirurgia propriamente dita ou exérese, e a síntese.
1. Diérese

A diérese (dividir, separar, cortar) consiste na separação dos


planos anatômicos ou tecidos para possibilitar a abordagem de um
órgão ou região. Na realidade, é o rompimento da continuidade e
contiguidade dos tecidos.
Segundo os agentes utilizados para a realização da diérese, esta pode ser mecânica e física.
A diérese mecânica é aquela realizada com o uso de instrumentos cortantes, como o bisturi e a
tesoura, ou outros instrumentais específicos empregados para determinados tipos de tecidos como,
por exemplo, a serra e o osteótomo.
São tipos de diérese mecânica:
ƒpunção - É a introdução de uma agulha ou trocarte nos tecidos, separando-os sem, contudo,
seccioná-los. E o procedimento realizado com a finalidade de drenar coleções de líquidos, ou
coletar fragmentos de tecidos ou líquidos orgânicos para exames diagnósticos;
ƒsecção - É o ato de dividir, cortar os tecidos, fazendo uso de material cortante, como tesoura,
serra, lâmina ou bisturi elétrico;
ƒdivulsão - É o afastamento dos tecidos nos planos anatômicos, sem seccioná-los, utilizando-se
tesouras rombas, pinças, tentacânula e afastadores;
ƒcuretagem - É a raspagem da superfície do órgão com o auxílio da cureta, instrumental no
formato de uma colher, que possui as bordas cortantes;
ƒdilatação - É o processo através do qual se procura aumentar o diâmetro de canais e orifícios
naturais. Ex.: dilatação da uretra;
ƒdescolamento - Consiste na separação dos tecidos de um espaço anatômico virtual. Ex:
descolamento da vesícula do leito hepático.
Do ponto de vista físico, a diérese pode ser:
ƒtérmica - Neste tipo de diérese, é empregado o calor, cuja fonte é a energia elétrica. Ex: bisturi
elétrico;
ƒpor crioterapia - Consiste no resfriamento brusco e intenso da área onde vai ser realizada a
intervenção cirúrgica. O nitrogênio líquido é a substância mais adequada a este procedimento.
Por laser – raio laser "corresponde a ondas luminosas, em raios infravermelhos, concentrados e de
alta potência"

2. Hemostasia Hemostasia

A hemostasia (hemo = sangue; stasis = deter) é o processo através do qual se previne, detém
ou impede o sangramento.
Os métodos utilizados para a realização da hemostasia são:
ƒhemostasia prévia ou pré-operatória - Este método de hemostasia, realizado antes da intervenção
cirúrgica, visa interromper, em caráter temporário, o fluxo de sangue para a ferida cirúrgica e, com
isto, prevenir ou diminuir a perda sangulnea. Os procedimentos ou manobras mais comumente
utilizados para a realização deste tipo de hemostasia são: a compressão, em massa, do membro
(faixa de Esmarch e faixa pneumática); compressão digital de artérias (carótica, femoral, braqueal);

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compressão manual da aorta abdominal;


ƒhemostasia temporária É aquela efetuada durante a intervenção cirúrgica, com a finalidade de
deter ou impedir, temporariamente, o afluxo de sangue ao campo operatório. É obtida pela
compressão dos vasos, por intermédio de "fitas" ou pinças especiais, para não lesá-los;
ƒhemostasia definitiva - É o método pelo qual se obtém a obliteração do vaso sangüíneo em caráter
permanente. São exemplos: o pinçamento e laqueadura; a sutura, a transfixação, o bisturi
elétrico (termocautério); e métodos químicos e biológicos. De todos estes, a hemostasia por
pinçamento e laqueadura é o método mais comum usado no ato cirúrgico e obtido por meio da
utilização de pinças hemostáticas do tipo Kelly, Halstead e Rochester, e fios de sutura.
Na realidade, a prevenção de perdas sangüíneas durante o ato cirúrgico deve se
iniciar no periodo pré-operatório, com a realização de testes de tempo de sangramento, coagulação
e atividade de protrombina, e outros exames complementares que se fizerem necessários para avali-
ar as condições clínicas do paciente.

3. Cirurgia propriamente dita ou exérese

E o tempo cirúrgico fundamental, que consiste na realização do tratamento cirúrgico, seja em


caráter curativo, paliativo, estético ou corretivo, ou com fim diagnóstico.

4. Síntese cirúrgica

A síntese ( junção; união) é o procedimento utilizado para aproximar ou coaptar as bordas de


uma ferida, com a finalidade de estabelecer a contigüidade dos tecidos e facilitar as fases do
processo de cicatrização.

A síntese pode ser:


ƒ imediata É a aproximação ou coaptação das bordas da incisão, a seguir da cirurgia propriamente
dita;
ƒ mediata - Quando a aproximação das bordas da ferida é realizada algum tempo após a cirurgia;
ƒ completa - É a aproximação ou coaptação dos tecidos em toda a extensão da incisão cirúrgica;
ƒ incompleta - É aquela em que se faz a aproximação dos tecidos em quase toda a extensão da
incisão, mantendo-se porém uma pequena abertura para a exteriorização de dreno;
ƒ incruenta - É a aproximação ou união dos tecidos como auxílio de gesso, ataduras e adesivos;
ƒcruenta - Consiste na aproximação ou coaptação dos tecidos por meio da sutura, para a qual são
utilizados agulhas e fios de sutura, e porta-agulhas.
A sutura pode ser temporária - quando há necessidade de remover os fios cirúrgicos da fe-
rida, dias após a colocação; definitiva - quando os fios cirúrgicos não são removidos, permanecendo
encapsulados na intimidade dos tecidos.Atualmente, estão sendo utilizados grampeadores, que
promovem a sutura mecânica , por meio de clipes ,metálicos ou anéis plásticos. O uso destes está
restrito a algumas especialidades, como, por exemplo, as anastomoses colo-cólicas na cirurgia do
trato digestivo.

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FIOS DE SUTURA

Fios de sutura são utilizados com as finalidades de:


• ligadura de vasos sanguíneos, para impedir o sangramento resultante de uma incisão ou
corte;
• sutura de tecidos orgânicos, com a finalidade de aproximar os bordos de uma incisão
cirúrgica ou traumática, para que ocorra cicatrização.
Podemos ser usados também em suturas de ossos, músculos e nervos. São classificados em
dois grupos: absorvíveis e não absorvíveis.

FIOS ABSORVÍVEIS

São aqueles que sofrem a ação dos líquidos do organismo e sendo absorvido depois de
algum tempo. Dividem-se conforme sua origem em: naturais e artificiais.
• Naturais – de origem animal, temos o categut e fitagut.
• Artificiais – sintético, temos os de ácido poliglicólico;
O Categut – é fabricado com fitas de tecido colágeno, extraídas da serosa da
primeira porção do intestino delgado do carneiro de outro animal berbívoro sadio, tratadas por um
processo físico-químico de purificação, torcidas, formando um fio só, de espessura variável,
determinada pelo número de fitas que foram torcidas (tubo) ou invólucro que contenha líquido
(solução alcoólica) para conservação do produto.
Pode ser classificados quanto:

a) ao tipo : pode ser simples e cromado. Categut simples é o que não sofre nenhum tratamento que
altere seu período de absorção, cuja perda da resistência se dá por volta do 5º ou 6º dia e a absorção
total de 15 a 18 dias. Categut cromado é o tipo simples ( 1a. porção de intestino delgado torcida ao
qual foi impregnado sal de cromo, cuja perda da resistência se dá por volta do 10º dia, e a absorção
total depende da quantidade do sal.

Levemente cromado – totalmente absorvido de 10 a 20 dias;


Meio cromado – totalmente absorvido de 20 a 30 dias;
Fortemente cromado – totalmente absorvido de 30 a 40 dias.

b) à apresentação : tanto o simples tanto como no cromado a numeração vai de 0 a 7-0, que são os
mais finos, e de 1 a 2, que são os mais grossos.
O Fitagut – é fabricado com intestino delgado ( 1a. porção) de animais bovinos sadios, pelo mesmo
processo da fabricação do categut. Pode ser simples ou cromado, com agulha ou sem agulha. É
usado sempre que se necessite de um suporte para grande superfície.
• Dexon – fabricado a partir de ácido poliglicólico, de absorção uniforme, mantém-se
resistente no período crítico da cicatrização.
• Vicryl – fabricado a partir do ácido glicólico e ácido láctico, os multifilamentos são
trançados num fio só, resistente, mantendo os tecidos coaptados durante todo o período
crítico de cicatrização, sendo absorvido dentro de 60 a 90 dias.

Pode apresentar-se montado ( com agulhas) ou bobinado ( sem agulha). As agulhas podem ser
traumáticas ou atraumáticas.
FIOS NÃO ABSORVÍVEIS

Ou inabsorvíveis, são aqueles que, mesmo sofrendo ação de enzimas orgânicas, não são
absorvidas e permanecem envolvidas por tecido fibroso no interior do organismo. São classificados
em:

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• De origem animal; seda


• De origem vegetal : algodão, linho
• Metálico ; aço monofilamento e multifilamento.
• Sintético ; são os de poliéster ( Mersilene e Ethibond), prolipopileno. ( Prolene) e
poliamida ( nylon).

SEDA

Derivado dos filamentos de seda ( goma gluteínica do “casulc do bicho da seda”, é


ipermeabilizado, não permite a infiltração de líquidos através de suas malhas.
Pode ser classificado quanto:
a) à cor : pode ser branca ou preta.
b) à apresentação : pode ser montado, com agulha ou sem agulha. A agulha poderá ser
cortante ( traumática) ou não cortante ( atraumática).
c) ao diâmetro : sua numeração vai de 1 a 2 ( mais grosso e 0 a 9-0 ( mais fino).

ALGODÃO

Extraído dos filamentos ou fibras de algodão é inabsorvível, de origem vegetal, que oferece
reação tissular.
Classifica-se quanto:
a) à cor : pode ser branca ou preta.
b) à apresentação: montado ou não.
c) Ao diâmetro : vai de 0 a 5 zeros.

Existe, ainda, a fita de algodão branco trançado, para uso em cirurgia cardíaca e em
laqueadura de cordão umbilical.

LINHO

Fio inabsorvível, de origem vegetal, é extraído das fibras do caule do linho, longos,
especialmente selecionados para uso cirúrgico, sendo torcidas juntas e tratadas para se obter uma
alta resistência tênsil.
Pode ser classificado quanto:
a) ao diâmetro : mais fino vai de 0 a 4-0 mais grosso e nº1 e nº2, poderá vir com ou sem agulha.

METÁLICO

Encontramos vários tipos metálicos: fio de prata, fio de bronze, clipes de Michel, e fio de
aço inoxidável.
O fio de aço inoxidável, como o próprio nome indica, é fabricado com aço inoxidável, e
constitui material de sutura que produz baixa reação tissular.
Exemplo: Aciflex.
Aciflex é feito de aço, sua fórmula é 316 L, pode aparecer montado ou não.

NYLON

É feito de proteínas e sintéticas provenientes de derivados do carvão e alcatrão.


Pode ser:
O monofilamento: um fio só.
O multifilamento: vários fios torcidos ou trançados.

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O sertix: com agulha curva ou reta.

Sua vantagem é a sutura forte, elástica e resistente a água.

MERSILENE
Fio sintético composto de um trançado de finos filamentos de puro poliéster. Apresenta-se
em numeração de 0 a 6-0.
ETHIBOND
São filamentos de poliéster trançados, impregnado com polibutilado ( derivado do próprio
poliéster), o qual fornece resistência ao fio.
Este fio sintético encontramos montado com agulhas de ponta cilíndrica ou triangular, na
numeração de 0 a 6-0.
PROLENE
É monofilamento de prolipropileno, fio sintético, insensível às enzimas dos tecidos, portanto
é inabsorvível. Pode ser incolor ou na cor azul, de 0 a 7 zeros, com agulha traumática ou
atraumática.
BISTURI ELÉTRICO

O bisturi elétrico é um aparelho eletrônico que tem a finalidade de transformar a corrente


elétrica alternada comum, em corrente elétrica de alta freqüência, mas que, apesar da intensidade,
não ocasiona alterações orgânicas.
A corrente elétrica, de alta freqüência, aquece a ponta metálica do eletrodo positivo “ponta
do bisturi”, passa através do corpo do paciente e é eliminada através da placa dispersiva, “placa do
paciente” que está direta ou indiretamente ligada ao “fio terra”. Este equipamento cirúrgico é
utilizado com o objetivo de promover a eletrocoagulação e eletrodissecção. A eletrocoagulação é a
conclusão das substâncias protéicas ou retração dos tecidos. A eletrodissecção consiste na secção (
corte ) dos tecidos, através da dissolução da estrutura molecular das células.
A circulante deve ser encarregada da colocação da placa dispersiva no paciente observando:
a) contato homogêneo da placa dispersiva com o corpo do paciente, para permitir a
distribuição da corrente elétrica.
Os locais mais utilizados são a panturrilha, face posterior da coxa e glúteos;
b) evitar a colocação da placa em proeminências ósseas ou áreas pilosas, por que diminuem
o contato da mesa com o corpo do paciente.

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ANESTESIA

É a perda ou diminuição da sensibilidade através da administração de medicamentos,


agentes anestésicos.
Tem por objetivo:
• Suprimir a sensibilidade.
• Abolir a dor durante o ato cirúrgico.
• Promover o relaxamento muscular.

O desenvolvimento da anestesia bem sucedida e controlável é que tornou possível a


cirurgia moderna.
O progresso de anestesia acompanhou o desenvolvimento da Química e da Física, durante a
Renascença, onde encontramos vários pioneiros, descobridores de agentes anestésicos ou métodos
de administração.
Em 1776, Joseph Priestley descobre o Óxido Nitroso. Mais tarde, Dr. Morton, dentista, em
16 de outubro de 1846, demonstra o uso de éter para a anestesia cirúrgica.
A invenção de uma agulha oca e o desenvolvimento de aparelhos e gás apressaram a
descoberta de novas técnicas e agentes anestésicos.
A anestesia endotraqueal, inicialmente, foi usada por traqueostomia e desenvolvida pelo Dr.
Friedrich Trendelenburg, o que mais tarde foi aprimorando com o laringoscópio do Dr. Chevalier
Jackson, facilitando a entubação.
A anestesia moderna é muito superior à anestesia dos anos anteriores, pelo manuseio de
agentes anestésicos disponíveis e o refinamento das técnicas de administração.

TIPOS DE ANESTESIA

Classificam-se em dois tipos principais: Anestesias fetal e Parciais.

• Anestesia Geral – envolve a sensibilidade total do organismo, pois atua sobre o Sistema
Nervoso Central, nos centros da percepção da dor. O paciente fica inconsciente, perda a
capacidade de reagir contra estímulos externos, havendo relaxamento total da musculatura, o
que possibilita o trabalho do cirurgião.
• Anestesias Parciais – são aqueles cujo comprometimento da sensibilidade abrange apenas
áreas do corpo, de extensão variável, sem ser acompanhada de inconsciência.
Compreende vários tipos:
• Anestesia Local – neste tipo de anestesia os anestésicos deprimem temporariamente as
terminações nervosas periféricas sensitivas sem afetar outros tecidos, causando perda da
sensibilidade à dor. Pode ser:
• Anestesia local por instilação: feita em mucosas,olhos ou ouvidos;
• Anestesia local por refrigeração: efetuada através de spray, anestésico tópico;
• Tronculares – são aqueles em que se coloca o anestésico em contato com determinado
tronco, nervoso em várias regiões do corpo. Exemplo: bloqueio do nervo radial, do cubital,
ou qualquer nervo periférico acessível à introdução de uma agulha em sua proximidade.
• Plexulares – o anestésico embebe os troncos nervosos que constituem um plexo. Exemplo:
pode-se anestesiar o braço e seus segmentos.
• Espinhais – são as anestesias raquidiana ou intradural e a peridural ou epidural.
• Raquidiana – o agente anestésico é introduzido dentro do espaço sub-aracnóide ( usando um
espaço lombar), causando a dessembilização das raízes nervosas raquidianas. A extensão da
anestesia depende da altura da punção lombar. O paciente fica consciente e os reflexos da
garganta são mantidos. Sua desvantagem é o perigo de traumatismo ou infecção por técnica

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inadequada. É contra-indicada em casos de lesão da medula espinhal ou tumores, doença


neurológica, esclerose múltipla, anemia intensa, pressão arterial baixa e aumento acentuado
da pressão intra-abdominal.
• Epidural – ou Peridural é alcançada injetando-se o agente anestésico no espaço epidural que
circula a duramater, meninge externa. Pode ser realizada por via de acesso caudal ou
lombar.
a) Via de acesso caudal – a injeção realizada através do canal caudal dessembiliza as raízes
nervosas do saco caudal. É usada para procedimentos na região sacra, procedimentos
obstétricos perineias, vaginais e anorrtais.
b) Via de acesso lombar - é mais usada, injetando-se o anestésico local no espaço epidural
através da região lombar.

ANESTESIA GERAL

É um estado decorrente de uma depressão do Sistema Nervoso Central, o qual o paciente


perde a consciência e a capacidade de sentir dor e reagir a uma série de estímulos, tendo preservada
as funções de vital importância. O agente anestésico produz o relaxamento da musculatura torácica,
responsável pelos movimentos respiratórios, sendo necessário a entubação endotraqueal para
manter vias aéreas livres, facilitando a entrada de oxigênio. Além da aerificação, a entubação evita a
obstrução respiratória pela queda da língua.
A entubação consiste na introdução de uma sonda pela boca ou nariz, até a traquéia. É
realizada pelo anestesista com auxílio de um aparelho denominado laringoscópio.
A sonda possui um balonete, na ponta, através do qual é injetado o ar para fixação. Esta
sonda é ligada a um aparelho responsável pela ventilação pulmonar, até o final da anestesia, quando
o paciente recupera seus movimentos respiratórios, através da contração e relaxamento dos
músculos torácicos.
Obs.: esta entubação pode ser feita por traqueostomia, sempre que houver obstrução de orofaringe.

A anestesia geral pode ser administrada por via endovenosa, respiratória ou retal.

• Anestesia por via respiratória ou inalatória - para este tipo de anestesia podem ser
utilizados anestésicos líquidos ( voláteis) ou gases. Quando inalados através das vias aéreas
superiores, em direção aos pulmões, são introduzidos na corrente circulatória, passando
através da membrana alveolar, circulação pulmonar, circulação geral e dirigindo-se ao
cérebro para produzir a perda da consciência, da sensibilidade à dor e o relaxamento
muscular. A rapidez com que o agente anestésico é absorvido pelo paciente depende da sua
potência e da capacidade de solubilidade na corrente sanguínea.
O método de administração pode ser aberto, semi-aberto ou circuito fechado. O sistema de
máscara aberta é o mais simples, onde o anestésico é administrado gota a gota ( técnica de
gotejamento), mais usado em crianças pequenas submetidas a procedimentos cirúrgicos de curta
duração. O método semi-aberto, semelhante ao anterior, onde são utilizados diversos artifícios para
manter o vapor nas proximidades da máscara aberta. O circuito fechado ou circuito respiratório
conduz o agente anestésico e o oxigênio para o paciente, através de aparelho de anestesia.

• Anestesia por via endovenosa – uma solução diluída de anestésico é lentamente injetada
na veia.
• Anestesia por via retal – uma solução é instilada no reto e absorvida através da mucosa da
parte baixa do intestino. Este método é pouco por não se ter controle da quantidade que será
absorvida.

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AGENTES ANESTÉSICOS GERAIS

• Líquidos voláteis:
ETER DIETIL – anestésico líquido e comumente usado, possuindo uma margem de segurança
relativamente larga e alta volatilidade. É administrado por via inalatória, produzindo bom
relaxamento, pode ser empregado em todos os tipos de cirurgias.
HALOTANE – ( Fluotante) – é um composto halogenado, potente, não inflamável, com cheio
agradável. Sua indução é mais rápida que a do éter e deve ser administrado por inalação, porém
mais lenta do que indução com óxido nitroso.
VANTAGENS – não inflamável, potente, quimicamente estável, indução rápida e suave. Não
irrita o tacto respiratório e não aumenta a salivação.
DESVANTAGENS - deve-se usar um vaporizador especial para administração por causa de
sua acentuada potência. É tóxico ao fígado e depressor do Sistema Cardiovascular.
METOXIFLURANE ( Pentrane ) líquido estável e claro, com cheiro agradável e menos
volátil que os anteriores.
TRICLORETILENO ( Trilene) – líquido de baixa volatilidade, não inflamável e muito pouco
usado.
• Gases anestésicos :
OXÍDO NITROSO – gás inorgânico de pouca intensidade, cheiro agradável, atóxico, não
irritante, de poucos efeitos colaterais. Produz indução e recuperação confortáveis e rápidas.
CICLOPROPANO – administrado por inalação, produz indução agradável e rápida, com larga
margem de segurança se for mantida ventilação alveolar. Não irritante das membranas e baixa
toxicidade.
• Líquidos não voláteis:
TIOPENTAL – barbitúrio tem ação curta em dosagem baixa, mas a administração repetida
pode produzir efeito mais prolongado. Administrado na vela produz indução rápida e
recuperação agradável.
INOVAL – é uma mistura de Droperidol ( tranqüilizante) com Fentanil ( analgésico narcótico).
Administrado na veia pode ser usado como complemento do ciclopropano.

AGENTES ANESTÉSICOS LOCAIS

MARCAÍNA - ( hidrocloreto de bupivacaína é um agente poderoso de ação demorada


usado em anestesia caudal, epidural, e bloqueios.
XILOCAINA – ( hidrocloreto de Lidocaína) é um anestésico potente e muito usado.
MEDICAÇÃO PRÉ-ANESTÉSICA
São medicamentos depressores do Sistema Nervoso Central, administrados antes da
anestesia ( pré-anestésico), com a finalidade de tranqüilizar o paciente, diminuir a secreção salivar.
Para esse tipo de medicação, são combinadas drogas sedativas e narcóticas, com atropina (
determina a diminuição das secreções).
Exemplo: Demerol ou Dolantina, combinados com Sulfato de Atropina ou Escolpolamina.

Cuidados de Enfermagem:
O paciente deve ser orientado sobre os efeitos da atropina, tais como: a secura na boca, no
globo ocular e nasal.

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CENTRO DE MATERIAL

È um setor básico, imprescindível em qualquer planta física hospitalar, que pode ser de 3
tipos:
1 – Centralizado – quando ocupa-se de todo o material do hospital.
2 – Parcialmente centralizado – cada unidade prepara o material e envia ao centro de
material para esterilizar.
3 – Descentralizar – cada unidade cuida do seu material.
O sistema centralizado é mais indicado por reunir um conjunto de elementos vantajosos,
desde a limpeza, preparo, controle, até distribuição do material esterilizado, principalmente em
hospitais de grande e médio porte.
Esta central de abastecimento chamado Centro de Material ( centralizado) tem a finalidade
de acelerar e aumentar a eficiência, estimular a rapidez de serviços de todo setor hospitalar, recolher
materiais e equipamentos que tenham sido usados e preparados para redistribuição aos diversos
setores, dentro de técnicas padronizadas.

1 – Vantagens
• Maior eficiência pela supervisão adequada da limpeza, manutenção e esterilização de
materiais;
• Melhor controle do material, que torna mais fácil a manutenção, conservação, diminuindo o
extravio e evitando a duplicidade de equipamentos usados com pouca freqüência;
• Maior segurança pelo preparo de material que obedece a uma técnica e circulação rigorosa;
• Rapidez e perfeição no preparo do material, por pessoas treinadas em serviço, possibilitando
a uniformidade de técnicas do hospital;
• Facilita o controle do consumo, da qualidade do material e das técnicas de esterilização,
aumentando a segurança no uso;
• Favorece o ensino e desenvolvimento de pesquisas;
• Mantém uma reserva de material, a fim de atender prontamente à necessidade de qualquer
setor do hospital;
• Permite o fluxo de trabalho progressivo e em linha reta, desde a área de expurgo até a
distribuição, no sentido de evitar qualquer eventualidade de contaminação.

2 – Localização
Se possível, deve estar localizado no centro do hospital, de maneira e ficar eqüidistante dos
vários pavimentos.
Em alguns hospitais, localiza-se anexo ao Centro Cirúrgico, sendo a comunicação direta. Em
outros, onde ele está fora do Centro Cirúrgico, é feito o sistema de comunicação e circulação
vertical, através de elevadores monta-cargas, um para material limpo não esterilizado e outro para o
transporte do material esterilizado.
3 – Divisão do Centro de Material
O Centro de Material é dividido em setores, com funções específicas, para que o trabalho
seja executado nas melhores condições de limpeza, organização, distribuição de tarefas, circulação
obrigatória, evitando assim mistura de material sujo com o limpo.
Este esquema deve ser realizado na seguinte ordem:

1º - Expurgo – setor para onde converge todo o material sujo do Centro Cirúrgico e demais
unidades do hospital, para efetuar ou completar a limpeza.
Deve ter espaço suficiente para:
• Bancas com pias;
• Máquinas lavadoras de instrumentais;

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 567 ENFERMAGEM EM CENTRO CIRÚRGICO

• Recipiente de lixo;
• Hamper para roupa suja;
• Tanque de despejo de líquido e secreções;
• Ar comprimido e encanado para secagem interna de sondas e drenos;
• Carrinho para transporte de material;
• Espaço para circulação.

2º - Área de limpeza e preparo – este setor poderá ser único, amplo ou dividido
em subsetores, onde cada um trata de material específico.
Exemplo:
• Sub-setor de dobradura de gaze e compressas;
• Sub-setor de material de aço inoxidável;
• Sub-setor para preparo de material de borracha;
• Sub-setor de fios;
• Sub-setor de roupas;
• Sub-setor para preparo de material de vidro e agulhas.

Esta área única ou subdividida é responsável pela inserção de todo o material e


equipamentos, substituindo os que apresentarem defeitos e seu acondicionamento.
Todo o material acondicionado através de empacotamentos, invólucros ou caixas de metal,
passa antes por inspeção rigorosa quanto à limpeza, condições de conservação e funcionalidade.
Deve ser disposto de forma a ser facilmente acessível ao agente esterilizante, evitando excesso de
material no mesmo recipiente.
Os tipos mais comuns de se acondicionar material são:
a) Através de campo de algodão : o tecido de algodão cru é o mais usado para confecção de
campo por se permeável ao vapor, de fácil conservação, resistente, durável, econômico e de fácil
manuseio.
O tamanho varia de acordo com o volume de material a ser acondicionado. Deve ser usado
duplo, costurado, a fim de aumentar a proteção ao material esterilizado.
Exemplo: para pacotes de Lap, compressas, gaze, chumaços...
b) Papel – o seu uso para envoltório apresenta a vantagem de ser descartável, não exigindo
conservação. Os mais usados são do tipo manilha e toalha por serem permeáveis ao vapor e
resistentes.
Exemplo: para pacotes de seringas, ataduras de crepe, algodão ortopédico, etc.
c) Poliamida – é transparente, possibilitando a visualização do material, provido de
micrósporos que se dilatam, e se fecham, de acordo com as fases do processo de esterilização.
Exemplo: para sondas e material de borracha.
d) Caixas de metal – são encontradas em diversos tamanhos, resistentes a altas temperaturas,
daí seu uso para acondicionar material a ser esterilizado em calor seco.
Exemplo: uso para acondicionar material cirúrgico, cabos de bisturi e tesouras.
e) Tambor – seu uso está sendo abolido, pelas inúmeras desvantagens, entre elas a
dificuldade de penetração do vapor, quando autoclavamos, por orifícios insuficientes, ou
esquecimento do funcionário em abrilos. É pesado e ocupa espaço.

3º - Área de esterilização – setor responsável pela esterilização de todo material hospitalar,


que já passou pelas áreas anteriores, está limpo, selecionado e acondicionado de maneira a ser
submetido ao agente esterilizante.
Nessa área estão localizadas as autoclaves, estufas, esterilizador a óxido de etileno,
aparelhos destinados à esterilização do material.

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 568 ENFERMAGEM EM CENTRO CIRÚRGICO

Estes aparelhos devem estar sob manutenção de técnico especializados da indústria de


fabricação, a qual é responsável pela revisão técnica periódica do funcionamento dos mesmos.
É imprescindível que o funcionário treinado para essa área tenha conhecimentos básicos
sobre funcionamento dos aparelhos, noções de microbiologia e princípios de esterilização dos
materiais, a fim de que, através de um trabalho responsável ofereça maior segurança na utilização
do material esterilizado.
4º Área de estocagem de material esterilizado - a estocagem do material deve ser em
prateleiras para o material pesado e suportes e cestas para esterilização.

ESTERELIZAÇÃO

Conceito:

Esterilização é o processo de destruição de todas as formas de vida microbiana (bactérias ns


formas vegetais e esporuladas, fungos e vírus), mediante a aplicação de agentes físicos e químicos
(BRASIL, 1992) .

Métodos de esterilização
FÍSICO CALOR Calor – úmido – vapor saturado por
pressão ( autoclave).
Calor seco – ar quente ( estufa ).

QUÍMICO LÍQUIDOS Glutaraldeído aquoso a 2%.


Formaldeído aquoso a 10%.
Formaldeído alcoólico a 8%

FÍSICO - QUÍMICO Óxido de etileno


Peróxido de hidrogênio

CALOR ÚMIDO – VAPOR D’ÁGUA SOB PRESSÃO – AUTOCLAVE

A esterilização pelo calor úmido ou pelo vapor d’água sob pressão é processada na
autoclave, aparelho de formas e tamanhos diferentes.
A construção do aparelho é baseada na água aquecida em recipiente fechado, onde o vapor
fica retido sob pressão, podendo atingir temperaturas elevadas. A pressão interna faz aumentar a
temperatura para mais de 100ºC e junto com o vapor, fazem a destruição dos germes pela
termocoagulação das proteínas em seu citoplasma.
O calor úmido é um agente esterilizante eficaz pelo seu poder de penetração. Para sua total
eficácia os materiais e serem esterilizados devem ser classificados em dois grupos:
• Material de superfície – é constituído pouco denso, em cuja superfície circula o
vapor d’água sob pressão, sem que haja penetração do mesmo. Exemplo: seringa,
agulhas, cúpulas, cubas redondas, cuba-rim, jarros, frascos de vidro, instrumental e
outros.
• Material de densidade – é constituído de material espesso, formado de fibras e que
exige penetração do vapor d’água sob pressão em todas as camadas de sua espessura.
Este material é exposto durante 30 minutos ao agente esterilizante. Exemplo: gaze,
compressas, campos, aventais, ataduras de crepe, algodão ortopédico, chumaços,
malha tubular e outros.
Qualquer material, desde que não seja danificado pelos efeitos do calor e da
umidade, pode ser submetido à esterilização pela autoclave.

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 569 ENFERMAGEM EM CENTRO CIRÚRGICO

O aparelho precisa ser manuseado por pessoal treinado, pois devem ser observados alguns
cuidados importantes, antes como carregamento, durante o processo e após a esterilização, nos
descarregamentos.
Os cuidados com o carregamento incluem:
• Carregar o aparelho com o material do mesmo grupo, ou que requer o mesmo tempo
de exposição.
• Utilizar apenas 80% da capacidade do aparelho, com objetivo de facilitar a
circulação do vapor no interior do mesmo;
• Os pacotes devem estar firmes não frouxos.
• O material deve ser disposto dentro do aparelho de maneira a facilitar a penetração
do agente esterilizante. Por exemplo:
a) colocar as caixas metálicas semi-abertas nas proximidades da porta, a fim de que possam
ser fechadas logo que a autoclave seja aberta;
b) dispor pacotes maiores na parte de baixo e os menores em cima;
c) evitar que o material encoste na parede da autoclave.

Durante a esterilização deve-se:


• seguir rigorosamente as instruções de funcionamento e manuseio.
• Contar o tempo de exposição a partir do momento que o aparelho atingir a
temperatura desejas de acordo com o tipo de material exposto;
• Verificar se a pressão e temperatura mantém níveis adequados;
• Invalidar a esterilização e providenciar a revisão dos aparelhos a qualquer sinal
de defeito.

No descarregamento:
• Para realiza-lo, o funcionário deverá estar usando máscara, gorro e luvas
apropriadas;
• Retirar o material tendo o cuidado de tampar as caixas e lacra-las com uma fita
adesiva;
• Não colocar os pacotes ainda quentes em superfícies frias, o que acarretaria a
condensão do vapor, umidecendo o material e contaminando-o por dentro e por fora,
desligando antes a chave geral.

Os tipos de autoclave são:

• Embutido de gabinete;
• Automático ou manual;
• Alimentado por gerador próprio de vapor, e rede das calderias;
• Com uma ou duas portas.

As vantagens estão no rápido aquecimento, fácil penetração em material denso, não deixa
resíduos tóxicos, bactericida e mais econômico.

CALOR SECO – ESTUFA – FORNO DE PASTEUR

Estufa ou Forno de Pasteur esteriliza pela oxidação das células, através de calor seco. Para
que isso torna-se necessário que o material permaneça por mais tempo à temperatura elevada.

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 570 ENFERMAGEM EM CENTRO CIRÚRGICO

O aquecimento uniforme no interior da estufa se dá pela transferência do calor através da


circulação do ar seco.
Uma vez ligado o aparelho, deve-se marcar o tempo a partir do momento que atinge
temperatura adequada ao tipo de material a ser esterilizado.
Seu uso é vantajoso para as seguintes substâncias:
• Óleos, tais como: os minerais, linhaça ou óleo para instrumento elétrico.
• Pós grossos, como amianto;
• Geléia de petróleo;
• Gase vaselinada, que não pode ser penetrada pelo vapor d´água.

Outros artigos freqüentemente são esterilizados pelo calor seco, variando o seu
tempo de exposição de acordo com o tipo de material.
Existem outros valores de tempo da exposição bem como de temperatura no Manual do
Ministério da Saúde, que por algumas instituições não está sendo seguido pelas constantes
inovações.
O forno de Pasteur é um recipiente retangular de parede duplas, internamente revestidos com
amianto, com aquecimento a gás ou eletricamente. No seu interior há prateleiras móveis e orifícios
para ventilação na parte superior.
Para eficácia da esterilização deve-se observar os seguintes cuidados:
• Durante o processo de esterilização a estufa não deve ser aberta:
• Para cada tipo de material observar o tempo de exposição necessário;
• Deixar o material esfriar, antes de retira-lo, pois a abertura do forno ainda quente
provoca variação brusca da temperatura, que pode provocar quebra do material.
• Contar o tempo só quando o termômetro indica a temperatura desejada;
• Após a esterilização, lacrar as caixas metálicas com fita adesiva, datar e guardar em
local apropriado.

Obs.: Este método só é recomendado para materiais que não podem ser esterilizados em
vapor saturado sob pressão como: pós e óleos caso se necessário seu uso hospital, deverá
passar pelo processo de validação.

ESTERILIZAÇÃO POR RADIAÇÃO

RADIAÇÃO – é processo físico de emissão e propagação de energia por meio de ondas


eletromagnéticas ou partículas dotadas de energia cinética. São classificadas em ionizantes e
não ionizantes.
As radiações ionizantes começaram a ser estudadas em 1895, quando Roentgen
descobre o Raio X, o que levou a um grande avanço na medicina. Elas agem por dissociação
eletrolítica. São os Raios X, Gama, Alfa e Beta.
As radiações não ionizantes diferem das anteriores por não possuir energia sufiente
para ionizar átomos. São os Raios Infravermelhos, Ultra-Violeta, Microondas e Luz visível.
Nos processos de esterilização dispomos de dois tipos de radiações; os Raios Gama,
pertencentes ao grupo ionizante e os Raios Ultra-Violeta ao grupo não ionizante.

• Raios Gama – Cobalto – 60 (sessenta)


É um método eficaz que oferece vantagens como: alto poder de penetração, atravessando o
invólucro de materiais embalados em caixas de papel ou pacotes de plástico.
Sua ação destruidora se processa através da alteração da composição molecular das
células, as quais sofrem perda ou adição de cargas elétricas, ficando carregadas negativa ou
positivamente.

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Destina-se especialmente à esterilização de materiais descartáveis, produzidos em


larga escala, sendo assim utilizadas em indústrias.
Ao lado das vantagens, este método também apresenta desvantagens tais como:
• Alto custo devido à importação do equipamento.
• Pessoal para atuar nessa área precisa de preparo especializado.
• Acarreta danos sérios à saúde do trabalhador que se expõe a eles, enquanto exerce
suas atividades.
Entre os distúrbios que causam ao homem estão:
• Alterações celulares que podem resultar em tumores malignos.
• Lesões de gônadas tanto masculinas, como femininas, levando a alterações de
cromossômas, que irão afetar as gerações futuras.
• Leucemia.

• Raios Ultra-Violeta
Os raios ultra-violeta podem ser encontrados na luz solar, com ação bactericida, ou em
lâmpadas ultra-violetas, muito usadas, no comércio, centro cirúrgico, lactários e berçários.

ESTERILIZAÇÃO PELO ÓXIDO DE ETILENO

O Óxido de Etileno foi descoberto como agente esterilizante, após a II Guerra Mundial,
pelos cientistas de Army Chemical Corps; é capaz de atuar sobre material de metal, vidro, papel,
couro, plástico, borracha, madeira, elétricos, lã, sem danifica-los.
Gás tóxico, incolor, inflamável, obtido pela reação de cloridina de glicol com potassa
cáustica.
O aparelho esterilizardor a Óxido de Etileno é formado por um conjunto de três unidades:
• Uma autoclave combinada a gás e a vapor, pois esta união aumenta seu efeito
destrutivo sobre os microorganismos;
• Um painel de controle onde está conectado o cilindro de mistura de gases;
• Um aparelho secador pelo qual o material obrigatoriamente tem que passar após e
esterilização.

Existem quatro condições necessárias para eficácia deste processo: tempo,


temperaturas, umidade relativa e concentração do gás.
• Temperatura entre 50 a 60ºC;
• Tempo de exposição de 3 a 5 horas
• Concentração do gás de 450 mg/1;
• Umidade relativa de 20 a 40%.

As vantagens do processo são:


• É bactericida, viricida e esporicida;
• Esteriliza a uma temperatura menor;
• Promove esterilização de grande gama de materiais.
• Esteriliza equipamentos de anestesia e enxertos.

Desvantagens:
• Alto custo.
• Efeito tóxico.
• Inflamável.

Para a eficácia da esterilização devem ser respeitadas as seguintes instruções.

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• Limpeza prévia do material e acondicionamento em invólucro


permeável.Recomenda-se os de poliamida vegetal, papel Kraft, nylon e campos.
• No carregamento do aparelho não pode ocorrer sobrecarga, entre os pacotes deve ser
mantido um espaço, a fim de facilitar o contato do gás com toda superfície do
material;
• Não deve-se abrir o aparelho ou interromper o processo;
• Após a esterilização o material é obrigatoriamente submetido a aeração, que consiste
na circulação de ar filtrado. Este, passando pelo material faz a remoção dos resíduos
de gás retidos no mesmo.
O tempo em que o material permanece no gerador deve ser de 12 horas.
• Os aparelhos esterilizados devem ser testados a cada 15 dias.

ESTERILIZAÇÃO POR PRODUTOS QUÍMICOS LÍQUIDOS

A Utilização deste tipo de esterilização é indicada apenas para aquelas que não podem ser
submetidos ao calor.
O produto ideal ainda não foi descoberto. Ele deveria:
• Destruir as bactérias e os esporos;
• Não ser corrosivo.
• Não ser irritante e não conter resíduos.
• Ter custo baixo;
• Penetrar na camada gordurosa, que se forma ao manusear instrumentos.
• Possuir uma tensão superficial baixa.
• Ser estável, quando em solução por tempo prolongado.
• Não alterar materiais de borracha a plástico.
A maioria dos produtos químicos são bacteriostáticos, sendo assim, agem como
desinfetantes e não como esterilizantes, por isso é importante usa-los só quando não houver outra
alternativa, deixando os objetos de molho pelo maior tempo recomendado. É importante também
observar as recomendações abaixo:
a) Concentração – para destruir um microorganismo o produto deve ser usado na
concentração certa, caso contrário agirá como desinfetante.
b) Ph – o ph é a concentração do íon hidrogênio numa solução química e indica se está
ácida ou alcalina. Uma solução com ph de 1 a 7 é ácida, com ph 7 é neutra e com ph de 7
a 14 é básica ou alcalina.
c) Limpeza – o material deve estar limpo, aberto e totalmente imerso na solução.
d) Tempo – tempo máximo recomendado, dependendo a concentração do produto.
e) Temperatura – a ação química aumenta com um aumento da temperatura.
É importante anotar a data e horário em que o material foi colocado em solução, e o
tempo em que permanecerá na mesma.
A retirada do material para seu uso necessita de técnica asséptica, após o que será lavado
com soro fisiológico ou água esterilizada.
Os produtos químicos comumente usados são:

PRINCIPAIS DESINFETANTES E ESTERILIZANTES QUÍMICOS UTILIZADOS EM


ARTIGOS HOSPITALARES

Desinfetante/ Características Indicações Desvantagens


Esterilizante
Álcool ( etílico e Ação rápida, fácil Desinfecção de nível médio de Inflamável;
isopropílico) aplicação, viável para artigos e superfícies. Ex: Resseca plásticos e

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artigos metálicos; superfícies externas de opacifica artigos


ação ótima na equipamentos metálicos, acrílicos.
concentração de 70%. termômetros, esteroscópios,
ampolas, vidros etc.
Cloro e compostos Em forma líquida Desinfecção de nível médio de É corrosivo para
clorados (hipoclorito de sódio) artigos e superfícies e artigos e superfícies
ou sólida; as soluções descontaminação de superfícies. metálicas; Irrita as
devem ser estocadas Ex: material de inaloterapia e mucosas, Odor forte;
em frascos opacos. oxigenioterapia não metálicos Redução de
Ação rápida e baixo como máscaras de inalação e atividades em
custo. nebulização, circuitos ventilatórios, presença de matéria
desinfecção de lacticínios, cozinhas orgânica;
etc. incompatível com
detergentes Solução
pouco estável.
Glutaraldeído Não danificaEsterilização e desinfecção de alto Irritante para os
instrumentos nível de artigos termossensível. olhos, garganta e
plásticos e borrachas;Indicado para endoscópios nariz.
com atividadesemicríticos ( digestivos,
gemicida em broncoscópios, laringoscópicos,
presença de matéria retossigmoidoscópios) e críticos
orgânica; não é(antroscópios e laparoscópios,
indicado pararetossigmoidoscópicos) e críticos
superfícies. (antroscópios e laparoscópios) em
situações que a esterilização não
for possível; artigos semi-críticos
como espéculos vaginais lâminas
de laringoscópios ( sem lâmpada).
Fenólicos Não é inativado por Desinfecção de nível médio e É corrosivo para
matéria orgânica. baixo. Indicado para artigos não – plásticos e borrachas,
críticos e superfícies. são absorvidos por
materiais porosos e o
efeito residual pode
causar irritação
tecidual mesmo após
enxágüe criterioso
Contra-indicado em
berçários e áreas de
manuseio de
alimentos.
Quaternários de Baixa toxicidade, são Desinfecção de baixo nível; Bactérias Gram-
amônio bons agentes de indicado para superfícies e negativas têm
limpeza. equipamentos em local de possibilidade de
manuseio de alimentos. sobreviver nesses
compostos.
Formaldeído Requer tempo Desinfecção de capilares do Embora considerado
prolongado para agir; sistema de dialisadores, em solução desinfetante e
não é inativado por aquosa, na concentração de 4% por esterilizante, seu uso
matéria orgânica. 24 horas. é limitado devido a
sua ação tóxica
irritante odor forte e

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desagradável e
comprovado
potencial
carcinogênico.
Peróxido de Não danifica lentes, Peróxido de hidrogênio; Oxida artigos
hidrogênio/Plasma artigos plásticos nem reprocessamento de capilares de metálicos.
de peróxido de borracha.Não é hemodialisadores, Plasma de
hidrogênio inativado por matéria peróxido de hidrogênio;
orgânica. esterilização de artigos sensíveis ao
calor e à umidade.
Ácido peracético Não forma resíduos Formulações associadas a peróxido Instável após a
tóxicos. de hidrogênio são indicadas para diluição.
reprocessamento de capilares de
hemodialisadores.
Óxido de etileno Processo de Esterilização de artigos Tóxico para pele e
esterilização pelo temossensíveis. mucosas; os
óxido de etileno materiais necessitam
combinado ao calor de aeração
úmido da autoclave. prolongada para
remoção do gás.

Terminologia Diversas
ASSEIO – limpeza, estado conseguido após a remoção de toda sujeira.
ANTISSEPSIA – conjunto de medidas usadas para evitar a atividade e proliferação de
microorganismos.
ANTISSÉPTICO – agente que impede a atividade e proliferação de germes.
ASSEPSIA CIRÚRGICA – é o conjunto de práticas ou técnicas para evitar a penetração de
microorganismos em locais onde não os contém.
BACTERICIDAS – agentes que destroem, matam as bactérias.
BACTERIOSTÁTICOS – agentes que inibem o crescimento das bactérias.
CIDA – morte, destruição.
DEGERMAÇÃO – é a redução ou remoção das bactérias da pele, seja por meio de limpeza
química ou mecânica (através de escovação).
DESINFECÇÃO – é a destruição dos germes patogênicos, não necessariamente matando os
esporos, e, inativação dos vírus. A desinfecção é aplicada nos pisos, paredes, superfícies de
aparelhos, equipamentos, mobiliários hospitalares e utensílios sanitários.
DESINFESTAÇÃO – é a exterminação de insetos, roedores e outros animais de pequeno
porte, que passam albergar um agente infeccioso, transmitindo ao homem.
ESTERILIZAÇÃO - é um processo de destruição de todos os microorganismos
patogênicos e não patogênicos, eliminação dos esporos, inativação dos vírus de um objeto qualquer.
ESPOROS - são uma forma inativa, porém viável de bactérias. Em condições
desfavoráveis, algumas bactérias desenvolvem no seu interior, corpúsculos desfavoráveis, algumas

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bactérias desenvolvem no seu interior, corpúsculos esféricos altamente resistentes aos agentes
externos, como o calor e produtos químicos. Estes corpúsculos denomina se ESPOROS.
ESTERILIDADE – resultado da esterilização.
FONTE DE INFECÇÃO - é a pessoa, animal, objeto ou substância da qual um agente
infeccioso passa diretamente a um hospedeiro.
SANIFICAÇÃO – é a redução do número de germes à um nível julgado isento de perigo.
Sua aplicação é feita com objetos inanimados, nas dependências hospitalares, refeitórios e
lavanderias.
VIRICIDA – agente que destrói os vírus.

CENTRO DE RECUPERAÇÃO PÓS OPERATÓRIA

É uma área dentro da unidade de Centro Cirúrgico destinada à permanência do paciente,


logo após o término da cirurgia, onde fica sob os cuidados de uma equipe especializada, até que os
reflexos e sinais vitais voltem à normalidade, para prevenir complicações, bem como para propiciar
ações de emergências eficazes no combate às complicações que podem surgir, como: obstrução de
vias aéreas, hipovolemia, choque, parada cardio respiratória e outras.
Deve estar localizado tão próximo quanto possível da sala de operação, para permitir o
pronto acesso do cirurgião e anestesista.
O tamanho varia de acordo com o volume e tipo de cirurigias realizadas. No mínimo deve-se
ter dois leitos de recuperação para cada quatro procedimentos cirúrgicos realizados.
A unidade deve ser constituída pelos seguintes elementos;

• Áreas de preparo da medicação – provida de armários, balcões, gavetas com


medicamentos, destina-se ao seu preparo, contando ainda com uma pia com água
quente e fria.
• Secretaria – deve estar próxima a área de preparo, provida de mesa, balcão, telefone
para comunicação interna, bancos e impressos.
• Rouparia – local destinado à um armário embutido para guarda de roupas e
cobertores.
• Sala de utilidades – para onde converge o material sujo, destinados à limpeza. Nesta
sala podemos guardar comadres, papagaios e utensílios.
• Sanitário – localizado próximo a sala de utilidades.
• Área de tratamento do paciente – onde localizam-se os leitores e equipamentos
adequados ao tipo de atendimento.
As vantagens deste tipo de central de atendimento são:
• Centralização dos recém-operados;
• Tratamento uniforme e sistematizado;
• Participação de médicos e equipe de enfermagem, treinados, desenvolvendo trabalho
harmonioso, proporcionando maior segurança ao paciente;
• Economia de tempo;
• Afastamento do paciente das visitas;

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• Vigilância permanente com controle em curstos intervalos de sinais vitais, para


prevenir complicações;
• Em casos de anormalidades, dispõem-se de pronto atendimento por equipe treinada e
terapêutica específica.
Como parte integrante da unidade de centro cirúrgico, o centro de recuperação
possui também características próprias como:
• Serem as paredes e o piso de material lavável, resistente, com cantos arredondados,
de cor clara suave e repousante.
• As portas bem amplas e altas para permitir a passagem de equipamentos e do leito
pós-operatório.
• Possuir temperatura e ventilação estáveis, para maior conforto e segurança do
paciente;
• Possuir o número suficiente de tomadas elétricas, localizadas em cada lado do leito;
• Possuir serviço de beira de leito. Este serviço é formado por tomadas de vácuo para
aspiração, tomadas de oxigênio, trilhos suspenso com ganchos móveis para pendurar
soluções endovenosas, prateleiras adaptadas na cabeceira para armazenamento de
apetrechos, suporte adaptados à parede para o monitor cardíaco.
A faze de reuperação pós-operatória requer;
• Medicação;
• Equipamento;
• Assistência de enfermagem.

EQUIPAMENTOS
Deverão estar imediatamente disponíveis:
• Monitores cardíacos de cabeceira;
• Desfibrilador;
• Máquinas de E.C.G. ( eletrocardiograma)
• Respiradores;
• Bandeja de traqueostomia;
• Bandeja endotraqueal com completo sortimento de laringoscópios, sondas
endotraqueais, dispositivos de conecção, seringas, esparadrapos, cânula de Guedel, e
medicação de urgência;
• Bandeja de cateterismo vesical;
• Aspirador elétrico.
• Torpedo de oxigênio;
• Equipamento para colher amostras de sangue.

MATERIAIS

De diversos tipos: como: seringas, agulhas, equipos para soro, sangue, microgotas, pressão
venosa central, sondas de vários tipos ( aspiração, alimentação, uretrais, vesicais...), cateteres,

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gazes, chumaços, coletores, luvas, frascos para drenagem, pacotes de curativo, adesivos, soluções,
talas, almofadas, borrachas para entensão, etc...

EQUIPE

A equipe deste setor é formada por um médico anestesista responsável pelo plantão,
enfermeiras, técnicos de enfermagem, auxiliar de enfermagem e atendentes.

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM

A fase de recuperação pós-operatória é critica e necessita de vigilância constante, pois é nela


que podem ocorrer complicações conseqüentes à ação depressora das drogas sobre o Sistema
Nervoso Central.
Para assistir o paciente neste período é importante planejar a assistência, baseando-se no tipo
de anestesia, necessidades básicas afetadas, intercorrências durante a cirurgia e as recomendações
médicas.
Os cuidados essenciais e prioritários que devem fazer parte deste plano:
• Posição no leito – o ideal é o lateral, porque facilita a eliminação de secreções acumulações
na orofaringe, mas poderá permanecer em decúbito dorsal com a cabeça lateralizada;
• Sondas e drenos – devem estar conectadas corretamente à extensão e quando houver
indicações médica, mantê-los ligados á fonte de aspirações ou abertos.

Deve ser observado seu funcionamento, tipo de drenagem, características, aspecto e


quantidades;
• Sinais vitais – controlados a cada 15 minutos nas primeiras horas e posteriormente em
intervalos maiores tem por finalidade avaliar as condições e evolução do paciente;
• Observação geral do paciente – devem ser observados nível de consciência, reflexos,
permeabilidade das vias aéreas, expansão torácica, coloração da pele, secreções de
orofaringe, ressecamento da mucosa bucal, eliminações como vômitos, sudorese e diurese,
bandagens, curativos e queixas.
Os dados observados podem ser registrados em formulário próprio para facilitar o
acompanhamento do paciente por todos os membros da equipe.
• Mediação – deverá ser administrada toda a medicação prescrita, observando a via de
administração, técnica correta a anotação após no prontuário;
• Curativo cirúrgico – deve ser observado a fim de verificar presença de sangramento.
• Controle de diurese – quantidade, cor e aspecto.

MEDICAÇÃO

Um certo número de medicações ou drogas de emergência devem peremanecer disponível


na unidade. São as seguintes:

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• Aminofilina • Vitamina k
• Atropina • Insulina
• Cloreto de cálcio • Demerol ( meperidina)
• Gluconato de cálcio • Fenergan
• Decadron • Ocitocina
• Digoxina • Vasopresina
• Furosemida ( Lásix) • Lidocaína
• Heparina • Adrenalina
• Dopaina • Solução glicosada 5%, 10%, 25% e 50%
• Luminal ( fenobarbital ) • Solução de Cloreto de Sódio
• Bicarbonato de sódio • Ringer lactado
• Diazepan ( Valium ) • Solução glicofisiológica

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 579 ENF. EM URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS







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Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 580 ENF. EM URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 581 ENF. EM URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS

ENFERMAGEM EM EMERGÊNCIA E URGÊNCIA

1. Atendimento de Emergência
1.1. Conhecendo o Pronto – Socorro (PS)
1.2. Aspectos Ético – Legais
1.3. Atendimento Inicia;
1.4. Parada Cardiorespiratória (PCR);
1.5. Obstrução das Vias Aéreas Superiores
1.6. Hemorragias
1.7. Choques
1.8. Traumatismos
1.9. Queimaduras
1.10. Intoxicação Exógena
1.11. Picada por Animais Peçonhentos
1.12. Desmaio
1.13. Convulsões
1.14. Insolação

Perfil do Profissional para Trabalhar em Emergência e Urgência:

- Ser registrado no Conselho Regional de Enfermagem;


- Ser estudioso;
- Ser curioso;
- Pensar e agir rápido;
- Ser calmo, seguro e prudente;
- Saber planejar;
- Ser organizado;
- Saber usar as técnicas com destreza.

1. ATENDIMENTO DE EMERGÊNCIA

1.1. Conhecendo o Pronto – Socorro (PS)

Acredita-se que as mudanças sociais e no estilo de vida tem aumentado o número de


pessoas que necessitam de atendimento de emergência provocado por acidentes de
trânsito, homicídio, ingestão acidental de substância nociva, problemas cardíacos e
outros agravos.
Considerando a responsabilidade implícita em seu desempenho, o atendimento de
emergência, quando realizado de forma errada, demorada ou após decorrido um intervalo de tempo
significativo para o atendimento, pode representar para a vítima danos irreversíveis e até mesmo a
morte.

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 582 ENF. EM URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS

Tal circunstância implica deafios para a reformulação da assistência à saúde:


incentivo à disseminação do conhecimento de primeiros socorros e formação de socorristas junto à
população; ampliação do atendimento pré – hospitalar (serviços de resgate) nos centros urbanos e
rodovias; melhoria dos recursos diagnósticos terapêuticos dos estabelecimentos assistenciais de
saúde; e capacitação técnica dos profissionais.
Por atenderem clientes com alterações súbitas em sua condição de saúde, as unidades
de emergência estão estruturadas para realizar de imediato as atividades diagnósticas e terapêuticas
necessárias para a preservação da vida, alívio do sofrimento e prevenção de complicações.
É importante lembrar que as unidades de atendimento de emergência também
representam uma porta de entrada ao sistema de saúde, muito procurada pela população que não
consegue ter acesso a serviços de menor complexidade da rede assistencial, tais como as unidades
básicas de saúde.
Dentre as chamadas unidades de emergência destacam-se:

• o pronto – atendimento (PA) – presta atendimento imediato aos usuários, com ou


sem risco de vida, dentro do horário de funcionamento do estabelecimento
assistencial de saúde;
• o pronto – socorro (PS) – dispõe de leitos de observação e presta atendimento
imediato aos usuários, com ou sem risco de vida, durante as 24 horas do dia.

A planta física do pronto – socorro deve propiciar facilidade e segurança ao acesso e


fluxo dos clientes, além de diminuir os riscos de infecção e facilitar o trabalho da equipe.
Geralmente localiza-se na entrada do estabelecimento de saúde e é constituída pelas seguintes áreas:

• sala para recepção, registro e espera de atendimento aos usuários; local para a guarda
de maca e cadeiras de rodas; e sanitários para o público;
• consultórios médicos;
• sanitário e sala de higienização para os clientes;
• sala para atendimento de clientes graves (como sala de parada cardiorrespiratória) e
outras salas para procedimentos específicos (sutura, gesso e outros);
• sala de repouso e observação;
• salas de enfermagem, guarda de materiais, expurgo, rouparia e copa.

A unidade deve garantir a circulação interna adequada e livre de obstáculos, bem


como facilitar o acesso dos clientes ao centro cirúrgico, UTI, serviço de radiologia e elevadores.
Além disso, deve manter estreito entrosamento com outras unidades de apoio técnico e diagnóstico
terapêutico (laboratório, banco de sangue e outros).

1.2. Aspectos Ético – legais

A dinâmica de um OS faz com que a equipe de enfermagem enfrente algumas


situações diferenciadas de uma unidade de internação. Portanto, alguns aspectos ético-legais devem
ser considerados e observados pela equipe.
O consentimento ao tratamento é assinado pelo próprio cliente consciente – e por
seus familiares e/ou parentes próximos nos casos em que esteja inconsciente, confuso, com
problemas psiquiátricos e/ou seja menor de idade.
No caso de iminente perigo de vida ao paciente que não consegue dar o seu
consentimento e/ou a família ou responsável não se encontra presente, as normas de ética permitem
que os profissionais de saúde prestem o atendimento de emergência. Essa conduta é considerada
correta porque o valor da vida é maior do que a necessidade do consentimento. Quando o

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profissional não presta o socorro de urgência, esta situação é caracterizada como omissão de
socorro.
A solicitação de “alta a pedido” deve ser negada nos casos de menores de idade,
clientes com história de tentativa de suicídio, confuso e/ou com problemas psiquiátricos. Mas pode
ser autorizado nos casos de cliente orientado e com poder de decisão – ou por seu responsável -,
sendo sempre solicitadas as assinaturas de duas testemunhas no documento.
Nos casos em que o cliente recusa o tratamento preconizado, esse direito deve ser
respeitado desde que esteja orientado e com poder de decisão sobre sua pessoa, tratamento e bem-
estar.
A violência contra o menor é de difícil comprovação, mas nos casos em que haja
suspeita de sua ocorrência tal fato deve ser comunicado à enfermeira ou médico responsáveis – que
tomarão as providências legais e a notificação ao Conselho Tutelar ou à autoridade policial ou
judicial. Nos casos em que os pais são os responsáveis pela violência, a instituição não pode lhes
entregar o menor, devendo aguardar orientação do Poder Judiciário.
Quando ocorrer fuga do cliente, tal acontecimento deve ser imediatamente notificado
às portarias da instituição – para o bloqueio das vias de saída – e ao Serviço Social (se houver), para
que os familiares possam ser avisados.
Nos casos de doação de órgãos, a equipe deve estar especialmente atenta para que a
autorização seja préviamente assinada pelo próprio cliente, ou por seu responsável legal.
Com relação ao cliente que morre em conseqüência de causa criminosa, duvidosa ou
desconhecida, seu corpo deve ser encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML), devendo-se
orientar os familiares e/ou acompanhantes acerca da necessidade de, para esclarecer a causa da
morte, realização da autópsia.
O sigilo profissional é um aspecto ético que deve ser absolutamente respeitado por
todos os profissionais, lembrando que as informações devem ser compartilhadas com a equipe,
excluídas as pessoas não diretamente envolvidas com a assistência.
Um outro fator ético é o respeito à situação que levou o cliente a procurar o OS.
Independentemente dos valores culturais e morais do profissional, jamais se deve ridicularizar a
situação apresentada, nem tecer comentários indevidos.
Todo cliente deve ser chamado pelo nome, inclusive os inconscientes, e os
procedimentos explicados em linguagem clara. Ao recobar a consciência, a equipe de enfermagem
deve orientá-lo quanto ao local em que se encontra, tranquilizá-lo e coletar maiores informações
pessoais e sobre a doença ou acidente.
Toda a equipe de emergência deve estar preparada para ouvir, por parte do cliente e
família, queixas de remorso e culpa, bem como expressões de raiva e/ou lamentações.

1.3. Atendimento Inicial

O objetivo principal deste atendimento é manter a vida do cliente e prevenir


seqüelas, estabelecendo prioridades ante os cuidados prestados. O atendimento se realiza antes
mesmo do estabelecimento do diagnóstico, pois visa minimizar os efeitos dos agravos que colocam
o cliente em risco de vida. Exemplificando: as manobras de ressuscitação cardiopulmonar devem
ser imediatamente aplicadas, antes da exploração da causa da parada cardíaca.
Considera-se como atendimento de emergência as ações empregadas para a
recuperação do cliente, cujo agravo à saúde implica risco de vida e exige atendimento imediato. Por
sua vez, o atendimento de urgência caracteriza-se pelo cliente cujo agravo à saúde não apresenta
risco de vida evidente, mas que também necessita de assistência imediata.
O auxiliar de enfermagem pode ser solicitado a prestar os primeiros socorros em
locais que não possuem a infra-estrutura existente em um pronto-socorro, como, por exemplo, no
veículo de transporte ou de atendimento pré-hospitalar (ambulância, resgate), no ambulatório, na
visita domiciliar e mesmo na rua.

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Para que as células se mantenham vivas faz-se necessário que recebam o oxigênio e
nutrientes transportados pelo sangue, e eliminem os produtos de seu metabolismo, ou seja, as
substâncias nocivas. Isto é possível quando a circulação de sangue é normal e existe entrada de
oxigênio nos pulmôes pelas vias aéreas superiores livres de obstrução ou lesão. Havendo deficiência
de oxigênio, ocorre a lesão ou morte das células, sendo que as células nervosas são as primeiras a se
ressentirem da falta de oxigênio.
Por esse motivo, a regra bãsica do atendimento, conhecida como oABC da
assistência de emergência, prioriza três ações: avaliar o nível de consciência; manter as vias aéreas
desobstruídas; preservar a respiração e a circulação.
Antes de iniciar o atendimento, o auxiliar deve, se estiver sozinho, solicitar ajuda;
em seguida, tranqüilizar o cliente e evitar aglomerações e tumultos.
Em seguida, realizar rápido exame da situação, iniciado pela avaliação do nível de
consciência (alerta, resposta a estímulo verbal, resposta à dor ou inconsciente) e da permeabilidade
das vias aéreas, mas sem provocar hiperextensão, hiperflexão ou movimentação do pescoço do
cliente. Posteriormente, avaliar a respiração (se o cliente respira, se apresenta dificuldade para
respirar e qual a freqüência) e a circulação mediante controle do pulso carotídeo e presença de
sangramento.
Somente após essa avaliação inicial é feito o exame físico geral do cliente, incluindo
o controle dos seus sinais vitais. Para tanto, ele deve ser mantido coberto e deitado em decúbito
dorsal. Na ausência de suspeita de fratura da coluna cervical, a cabeça é mantida lateralizada – para
prevenir a aspiração de vômito, sangue e/ou outras secreções.
Faz-se necessário puncionar uma veia o mais rapidamente possível, já que com a
diminuição da pressão arterial e conseqüente piora do estado geral do cliente ocorre vasoconstrição
e o acesso venoso torna-se mais difícil – ressalte-se que este acesso permite a coleta de sangue para
tipagem sangüínea e exames laboratoriais, bem como possibilita a reposição volêmica imediata e
início da terapêutica medicamentosa.
Por medida de segurança, a maioria dos clientes são mantidos em macas ou camas
com grades, identificados por uma pulseira com nome e número de registro. O prontuário é sempre
mantido junto ao leito, e nele serão anotados os cuidados de enfermagem, as condutas médicas e
demais dados.
Como o estado do cliente pode alterar-se de minuto a minuto, a observação é
contínua; o que, resultantemente, pode trazer modificações no diagnóstico e tratamento.
É fundamental que a equipe da unidade de emergência trabalhe de forma integrada
tanto entre si como com as equipes externas de atendimento pré-hospitalar – o que favorecerá tanto
a troca de informações sobre o cliente e a situação que gerou a emergência como a organização do
trabalho no caso de atendimento de múltiplas vítimas.

1.4. Parada Cardiorrespiratória (PCR)

A parada cardiorrespiratória (PCR) resulta da cessação dos movimentos respiratórios


e dos batimentos cardíacos, impossibilitando a oxigenação dos órgãos vitais. Suas causas mais
freqüentes são: respiratória (obstrução das vias aéreas, falência respiratória); circulatória (arritmias,
infarto do miocádio); distúrbios metabólicos (acidose, alcalose, desequilíbrio hidroeletrolítico); e
ação de drogas (anestésicos, cloreto de potássio, intoxicação digitálica).
Inicialmente, ocorre uma dificuldade respiratória (fadiga, respiração agônica),
causando na seqüência a parada cardíaca – que clinicamente reflete-se pela ausência de pulso. Nos
adultos, é identificada pela ausência de pulso carotídeo; nos bebês, pela ausência de pulso braquial.
Com a interrupção do fluxo sangüíneo cerebral há uma quadro de hipóxia que
provoca a perda repentina da consciência, de 30 a 45 segundos após a PCR. Assim, a parada
cardiorrespiratória caracteriza-se pelo aspecto geral do cliente (imobilidade, palidez e cianose de
extremidades), falta de resposta aos estímulos e ausência de pulso. Neste processo ocorre também a

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midríase, cuja identificação imediata não é mais prioritária pois, pela demora de sua percepção,
pode vir a prejudicar o início do atendimento.

- Midríase é o aumento do diâmetro da pupila.

As manobras de ressuscitação cardiopulmonar (RCP) precisam ser rápidas e


eficazes, porque após 4 minutos de interrupção da circulação cerebral inicia-se o processo de lesão
irreversível das células cerebrais.
A unidade de emergência deve estar sempre preparada para o atendimento de RCP,
dispondo, para tanto, de ambientes isolados para os clientes graves e de alguns recursos materiais
mínimos, tais como tábua de massagem cardíaca, medicamentos de atendimento de parada cardíaca,
amterial de entubação, sondas de aspiração, ambú e máscara, soluções endovenosas, serigas,
agulhas, equipos de solução venosa e sangue, aparelho de desfibrilação.

- Ambu – é um dispositivo mecânico manual utilizado para ventilar o cliente.

O procedimento de RCP inicia-se com os cuidados para a desobstrução das vias


aéreas mediante a retirada de próteses, corpos estranhos e secreções. A seguir, são realizados os
procedimentos de abertura das vias aéreas superiores. No caso de o cliente não apresentar trauma,
devemos hiperextender seu pescoço colocando uma das mãos sob sua nuca, levantando-a
ligeiramente; com a outra mão posicioada sobre sua testa, traciona-se a cabeça para trás; ou pode-se
colocar um coxim sob seus ombros, de forma a provocar a hiperextensão desejada. Nos casos de
suspeita de lesão de coluna cervical, a hiperextensão do pescoço é contra-indicada porque pode vir a
lesar a medula espinhal. Neste caso, utiliza-se a técnica da tração da mandíbula para frente.

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A manobra de ventilação artificial inicia-se com a adaptação da máscara facial do


ambú na regial perinasal e bucal do cliente, de modo que não ocorra vazamento de ar. Na
inexistência de um ambú, podem ser utilizados outros recursos, como ventiral diretamente sobre a
máscara facial do cliente (ventilação boca – máscara), por exemplo. A ventilação boca-a-boca não
se justifica em instituições de saúde, pois estas devem dispor de equipamentos para a proteção dos
clientes e funcionários.

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Ventila-se inicialmente duas vezes, observando-se a expansibilidade do tórax do
cliente. Na seqüência, faz-se as compressões torácicas ou massagem cardíaca externa. Para tanto, o
cliente deve estar deitado em uma superfície rígida e em uma altura que permita ao socorrista
manter os braços esticados durante a realização das compressões do tórax.
Para a manobra de compressão torácica, o profissional deve esticar os braços e, com
uma palma da mão cruzada ou entrelaçada sobre a outra, comprimir verticalmente o tórax do cliente
acima do apêndica xifóide (desprimir o esterno de 4 a 5 cm.); em recém-nascido e/ou lactente,
utiliza-se dois dedos de uma das mãos ou envolve-se o tórax do mesmo com as mãos e comprime-se
o terço médio do esterno com os polegares.

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A RCP é realizada continuamente e quando executada por apenas um socorrista deve
seguir a proporção de duas ventilações para 15 massagens cardíacas; quando houver dois
socorristas, a proporção é de uma ventilação para 5 massagens cardíacas. No caso de um socorrista,
a seqüência deve ser repetida 5 vezes; no caso de dois socorristas, 10 vezes – isto é,
aproximadamente 1 minuto, interrompendo-se a RCP para verificação da volta do pulso espontâneo.
É conveniente que a entubação traqueal seja realizada o mais cedo possível, mesmo
durante a RCP. Os materiais necessários são: cânula de entubação com balonete, fio guia,
laringoscópio com pilha, lâmina curva e reta, lidocaína geléia, gazes, seringa e adesivo ou cadarço.
Para evitar o deslocamento ou saída da cânula de entubação, ela deve ser fixada por
meio de um cadarço ou fita adesiva; visando evitar que o cliente a morda, indica-se colocar a cânula
de Guedel (chupeta).

O cliente que apresenta fibrilação ventricular com batimento descompensado do


coração deve ser prontamente atendido, pois tal acontecimento assemelha-se à PCR, emvista da
diminuição do débito cardíaco, que pode levar à hipoperfusão cerebral. Uma das formas de revertê-
la para o batimento normal é a administração de choque elétrico dado pelo aparelho de desfribilação
cardíaca.
A pasta condutora colocada nas duas pás do desfibrilador facilita a condução elétrica
e evita a queimadura provocada pelo contato direto da parte metálica das pás com a pele do cliente.
Para evitar um choque acidental, o profissional deve sempre segurar as pás pelo cabo, e nunca pela
parte metálica.
Por questão de segurança, antes da descarga elétrica deve-se verificar se todos se
afastaram da cama, bem como do contato com metais. Nos casos de aparelho carregado mas não
utilizado, o botão de energia deve ser colocado na escala zero; a seguir, aproximar as superfícies
metálicas e pressionar os botões de descarga.
O tratamento medicamentoso faz parte da reanimação cardiorrespiratória e depende
de protocolos de atendimento adotados nos serviços de emergência. Os profissionais devem manter-
se atualizados e aptos a desenvolver os protocolos do modo mais rápido e seguro.
As funções vitais do cliente são monitoradas durante e após a RCP; além disso,
deve-se estar atento para os cuidados relacionados com drenagens, infusões e curativos.
Após a estabilização do quadro, o cliente deve ser aquecido e mantido sob constante
observação, haja vista que a hipotermia perpetua as condições de arritmia e instabilidade cardíaca.

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O prontuário deve trazer o registro tanto da hora da PCR como das manobras de
reanimação, condutas terapêuticas e drogas administradas. A equipe de enfermagem deve solicitar a
prescrição médica das drogas administradas por solicitação verbal, e anotar o estado geral do cliente
após a PCR.
Normalmente, o cliente e sua família apresentam-se ansiosos porque não tiveram um
tempo de adaptação a essa situação emergencial. Além disso, existe o medo da morte, mutilação
e/ou agressões à integridade física. Considerando tais receios, para atender as suas necessidades
emocionais a equipe deve manter um contato com os mesmos dando informações simples e
objetivas, num tom de voz que lhes transmita tranqüilidade – e outras ações que contribuam para
reduzir as tensões.

1.5. Obstrução das vias aéreas superiores

A introdução acidental de corpos estranhos nas vias respiratórias provoca crise de


tosse, sufocação e engasgamento. Caso o corpo estranho não seja imediatamente removido, o
cliente fatalmente morrerá se ocorrer obstrução total da laringe e traquéia.
O quadro clínico varia conforme a localização e o grau de obstrução: tosse,
respiração difícil e ruidosa, impossibilidade de falar, cianose, inconsciência e até parada
respiratória.
Os casos de engasgamentos podem e devem ser evitados mediante medidas simples
de prevenção: não deixar objetos pequenos ao alcance das crianças; não oferecer alimentos ou
guloseimas que “escorregam” pela boca e gargante (balas e drops de formato liso); evitar
brincadeiras que facilitam a aspiração (correr com guloseimas na boca, assoprar com canudos grãos
ou pedrinhas); não colocar objetos entre os dentes durante o trabalho, etc.
Na ocorrência de engasgamento as condutas de primeiros socorros devem ser
imediatas devido ao perigo de parada respiratória, e iniciam-se pela avaliação do grau de obstrução
das vias aéreas superiores.
Na obstrução parcial o cliente repira mal e tenta falar, com dificuldade e
desconforto. Deve-se pedir para que tussa; caso não se obtenha êxito (expulsão do corpo estranho),
encaminhá-lo imediatamente ao hospital – onde será sedado para a retirada do corpo estranho pelo
broncoscópio, e realizadas manobras de reanimação cardiorrespiratória nos casos de PCR.

- Broncoscópio – é um aparelho que permite visualizar os brônquios.

No caso de obstrução total o cliente não consegue repirar ou falar, e faz-se


necessário tentar remover o corpo estranho o mais depressa possível. A manobra mais utilizada é a
compressão abdominal (Heimlich), que expulsa o corpo estranho pelo aumento súbito da pressão
intratorácica. Se o cliente tiver condições de permanecer em pé, o profissional deve posicionar-se
atrás da vítima, cercar sua cintura com os braços, superpor uma mão sobre a outra fechada na altura
do epigastro e aplicar uma compressão rápida. Se deitado, deve ser colocado em decúbito dorsal,
com a cabeça lateralizada. O profissional deve posicionar-se lateralmente ou sentar sobre suas coxas
e aplicar a compressão com as duas mãos sobrepostas na altura do epigastro e em diração ao tórax.

1.6. Hemorragias

Hemorragia é a perda maciça de sangue conseqüente ao rompimento de vasos


sanguíneos, provocado por cortes, amputações, fraturas, ferimento por arma de fogo (FAF), por
arma branca (FAB) e outras causas.
Pode ser externa, quando o sangue exterioriza-se pela ferida, e interna, quando o
sangramento decorre do rompimento de um ou vários vasos sanguíneos dentro do corpo.

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• hemorragia arterial – o sangue jorra de uma artéria. A cor é vermelho vivo, sai em
jato, sincronizado com os batimentos cardíacos. Esta situação é muito grave, pois há
perda de grande volume de sangue, e muito rapidamente;
• hemorragia venosa – o sangue sai por uma veia. A cor é vermelho escuro; o fluxo é
constante e também pode ser grande a perda sanguínea;
• hemorragia capilar – o sangue escoa de uma rede capilar, a cor é vermelho menos
vivo que o sangue arterial, o fluxo é lento como os que apresentam nos arranhões e
cortes superficiais.
- Capilar – é o vaso sangüíneo microscópico que une artérias e veias e onde acontece a troca
de oxigênio entre a circulação sanguínea e os tecidos.

O método mais eficar de controlar os vários tipos de hemorragia é a compressão


direta do ponto onde está ocorrendo, mantendo-se a compressão por cerca de 6 a 8 minutos, para
que haja a coagulação.
Nos casos de hemorragia externa de membros, a primeira conduta é deitar a vítima
(se necessário), elevar o membro afetado acima do nível do coração, remover corpos estranhos da
ferida (caso existam), resfriar e fazer compressão direta no local com os dedos ou por curativo
compressivo. Lembrar que objetos trasfixados não devem ser removidos e precisam ser
imobilizados para evitar hemorragia na sua retirada acidental. Nas fraturas de extremidades e
pessoas com suspeita de fratura de coluna cervical, não se deve fazer a elevação do membro
afetado.
No caso destas manobras falharem na contenção da hemorragia, pode-se fazer uma
compressão indireta, ou seja, a compressão realizada acima do ferimento, em locais onde a artéria é
superficial e está posicionada sobre um osso que serve de apoio para a pressão (na perna, pressione
a artéria femoral; no braço, a artéria braquial).
Algumas lesões podem necessitar de uma sutura para controlar o sangramento. Não
se deve esquecer a importância do controle do quadro de choque hipovolêmico por intermédio da
reposição volêmica com solução fisiológica e/ou hemoderivados. Outros aspectos importantes são o
uso de técnica asséptica para a limpeza da ferida, a antibioticoterapia para evitar infecções e a
aplicação de vacina antitetânica para os clientes com esquema vacinal incompleta.
Todos os casos de amputação traumática, esmagamento ou dilaceração de membros
devem ser encaminhados para uma unidade cirúrgica em vista da necessidade de reconstituição dos
tecidos lesados e controle do choque hipovolêmico.
O cliente pode apresentar-se ansioso ao visualizar um sangramento e ver que ele não
cede com as medidas de emergência. Essa intranquilidade pode manifestar-se na forma de “crise
histérica”, vertigem, desmaio e agitação causando taquicardia, o que aumenta ainda mais o
sangramento. Assim, é fundamental tranqüilizá-lo para que o sangramento possa ser melhor
controlado.
Epistaxe é um sangramento nasal, com origem diversa: pico hipertensivo,
traumatismo, tumores, influência hormonal e outras.
As medidas de primeiros socorros são: colocar o cliente sentado e orientá-lo para
respirar pausadamente pela boca e cuspira o sangue; pressionar a face lateral danarina sangrante
contra o septo nasal e colocar bolsa de gelo ou compressas frias sobre o nariz. Sua cabeça não deve
estar inclinada para trás, pois isto provoca a deglutição do sangue, ocasionando náuseas, vômitos e
piora da epistaxe.
No ambiente hospitalar podem ser administrados medicamentos coagulantes e
realizado o tamponamento nasal. Neste caso, o cliente é orientado para realizar a higiene oral mais
freqüentemente e lubrificar com vaselina líquida ou similar os lábios ressecados em virtude da
respiração bucal. Durante a alimentação, higiene oral e outras atividades o cliente deve tomar
cuidado para não remover o tampão nasal.

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Hemoptise é uma hemorragia pulmonar e pode ser sinal de trauma torácico ou
edema agudo pulmonar (EAP), dentre outras patologias.
Quando de sua ocorrência, faz-se necessário agir com rapidez, devido à piora rápida.
Nessa circunstância, o cliente deve ser mantido calmo e orientado para respirar pausadamente, não
falar e/ou se agitar. Deve ser mantido em repouso no leito, em posição de Fowler ou sentado, com
as pernas pendentes para fora do leito, e receber administração de oxigênio por cateter nasal. A
adoção dessas medidas melhora sua respiração e oxigenação, diminuindo o retorno venoso ao
coração.
É importante manter o acesso venoso de grande calibre, bem como administrar os
medicamentos prescritos e verificar os sinais vitais, principalmente o pulso e a respiração.
A hematêmese é a perda de sangue no vômito e a melena é a perda de sangue nas
fezes. Suas causas mais prováveis são: traumas vasculares, rompimento das varizes esofágicas ou
gástricas e úlcera gástrica perfurada. Nestes casos, deve-se deitar o cliente em decúbito dorsal e
mantê-lo em jejum.
Se a hemorragia das varizes esofágicas persistir, indica-se a passagem do balão
esofágico ou Sengstaken-Blakemore. Se não houver esse tipo especial de sonda para os casos de
úlcera perfurada, deve-se introduzir uma sonda nasogástrica, para aspirar, e realizar lavagem
gástrica com água ou solução fisiológica gelada. Faz-se necessário a reposição de volume e a
administração de medicamentos coagulantes.

- Balão esofágico – sonda semelhante à SNG, que possui um balonete. Este, quando inflado,
realiza pressão na parede do esôfago, propiciando a hemostasia.

Após o controle da hemorragia, manter a SNG aberta para drenagem de secreções;


também está indicada a lavagem intestinal para retirar o sangue acumulado.
A equipe deve sempre suspeitar da hipótese de hemorragia interna (que não é
visível) nos casos em que o cliente apresente quadro de choque hipovolêmico, inconsciência,
história de forte compressão (batida) na cabeça, tórax e/ou abdome, palidez, mucosa descorada,
agitação, sudorese fria, pulso taquicárdico e fino, respiração rápida e superficial, hipotensão arterial,
sensação de sede, desmaio, hipotermia.
A hemorragia interna é ocasionada por um trauma fechado, ou seja, causado por um
objeto que não penetrou na pele; mas pode também ser provocada por rompimento de aneurisma
(cerebral, torácico ou abdominal), de órgãos (fígado, baço e outros) ou da artéria aorta. E muitos
casos há grande perda de quantidade de sangue, o que coloca o cliente em risco iminente de vida.
Como não aparecem sinais externos, é sempre mais difícil de ser identificada, necessitando de
intervenção cirúrgica na maioria das vezes.
Presta-se o atendimento inicial e encaminha-se o cliente, o mais rapidamente
possível, a um pronto-socorro – onde será avaliada a necessidade de uma cirurgia de emergência.

1.7. Choques

Caracterizam-se pelo suprimento inadequado de sangue para os tecidos e pelas


mudanças estruturais e funcionais nos órgãos essenciais. É uma intercorrência grave e seus tipos
mais freqüentes são:

• choque hipovolêmico – causado por sangramento ou hemorrágico, decorrente da perda de


sangue (como nas hemorragias), ou por perda de líquido extracelular e plasma (como nos
casos de queimaduras e desidratação);
• choque cardiogênico – causado pelo baixo rendimento cardíaco provocado pelo infarto do
miocárdio, arritmias, insuficiência cardíaca, tamponamento cardíaco;
• choque toxêmico (séptico) – decorrente das infecções bacterianas agudas e graves;

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• choque neurogênico – causado por trauma ou doença no sistema nervoso, impossibilitando
o controle do diâmetro dos vasos sanguíneos e seu preenchimento sanguíneo adequado.

De maneira geral, observa-se: fraqueza, náusea com possível vômito, sede,


hipotensão arterial, pulso taquicárdico, fino e de difícil percepção, aumento dos ovimentos
respiratórios, mucosas descoradas ou secas, palidez, cianose, extremidades frias, oligúria ou anúria,
hipotermia (hipertermia no choque toxêmico), dispnéia e alteração do nível de consciência.
Como medidas de primeiros socorros, recomenda-se retirar próteses ou qualquer
outro objeto da boca do cliente, para evitar a obstrução das vias aéreas; mantê-lo deitado com as
pernas elevadas de 25 a 35 cm., exceto na presença ou suspeita de traumatismo na coluna vertebral
e nos MMII – nestes casos, realizar a elevação na prancha de transporte e providenciar sua remoção
para ou PS ou unidade especializada.
Há necessidade de sondagem vesical para um controle mais rigoroso da diurese.
Também é importante aquecer o cliente, pois a hipotermia piora o quadro de vasoconstrição,
dificultando ainda mais a circulação sangüínea.
O tratamento medicamentoso varia de acordo com o tipo de choque: administração
de solução fisiológica, hemoderivados e outros para reposição de volume, correção da acidose
metabólica com bicarbonato de sódio e administração de drogas específicas para controlar as causas
do choque, tais como dopamina, digitálicos, antibióticos e outros.

1.8. Traumatismos

• Traumas de partes molesz e órgãos internos

Nas feridas fechadas há um ferimento interno mas a pele se mantém íntegra. A


maioria dessas feridas apresenta contusões, ou seja, o sangue flui entre os tecidos causando uma
coloração azulada (hematoma) ou amarelada (equimose).
Nas feridas abertas a pele não fica íntegra e pode atingir outras estruturas
anatômicas. São várias as formas: desde simples arranhões a cortes com diferentes características
(bordas regulares), laceração (cortes irregulares), perfurações (causadas muitas vezes por armas),
amputações (perda de parte do corpo), ferimentos por esmagamento e queimaduras.
Alguns ferimentos têm menor prioridade de atendimento por não colocarem o cliente
em risco de vida, mas devem ser limpos e protegidos por curativos.

• Trauma das extremidades

a) Fratura

É o rompimento parcial ou total de um osso. Pode lesar outras estruturas vizinhas,


como nervos, vasos sangüíneos, músculos, articulações e tendões.
Suas causas são diversas e podem estar presentes nas vítimas de acidentes de
trânsito, trabalho, esportivos, quedas e esforço físico realizado de forma incorreta. A osteoporose
facilita a fratura e, algumas vezes, provocará fratura espontânea.

• Osteoporose – é o distúrbio caracterizado pela redução da massa óssea.

Na fratura exposta a superfície fraturada comunica-se com o meio exterior através


de um rompimento da pele. A fratura fechada, como não apresenta rompimento da pele sobre o
osso fraturado, é mais difícil de ser identificada. Em ambas, é realizado diagnóstico por imagem – a
radiografia auxilia na confirmação da fratura fechada.

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Os sinais e sintomas característicos da fratura são a dor – que piora com a palpação
ou movimentação –, edema, hematoma, perda da função, deformidade do segmento afetado e sentir,
na palpação, o atrito das superfícies fraturadas. A compressão ou lesão de nervos e artérias pode
provocar paralisia, paresia e isquemia do membro fraturado.

• Paresia – é a perda da sensibilidade.

Para o cliente, as medidas de primeiros socorros e os tratamentos médicos podem


representar a diferença entre sua recuperação e/ou incapacidade. Como medidas de primeiros
socorros, recomenda-se: movimentar o mínimo possível o membro afetadoç verificar a presença de
outras lesões (exemplo: hemorragia, trauma craniano e outros); não remover o cliente antes de
i9mobilizar a área afetada e não tentar recolocar a articulação ou o osso para seu local correto, pois
esse procedimento deve ser realizado por profissional qualificado.
Para imobilizar o membro afetado faz-se necessário reunir o material específico:
talas próprias ou improvisadas (com jornais, revistas, almofadas e tiras de pano). A técnica de
imobilização varia de acordo com o tipo de fratura.
Na fratura fechada, apoiar o membro fraturado na tala e fixá-lo com tiras de pano ou
ataduras, sem apertar muito. Na fratura exposta, proteger o ferimento com gaze ou pano limpo; em
seguida, imobilizar o membro, mantendo-o na posição em que se encontra. Antes e após a
imobilização, observar as extremidades quanto à cor, temperatura e presença de pulso.
No ambiente hospitalar, o osso fraturado é alinhado pela redução incruenta ou
cruenta e imobilizado por aparelho gessado, associado ou não à tração cutânea ou esquelética.

• Incruenta – é o procedimento não-cirúrgico.

As ações de enfermagem na aplicação do aparelho gessado abrangem o preparo do


cliente e do material e as orientações sobre os cuidados com o gesso. Primeiramente, deve ser
realizada a limpeza e secagem da pele onde o gesso será aplicado pelo profissional responsável.

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Quando a atadura de gesso imersa na água parar de borgulhar, estará pronta para ser
aplicada; é importante lembrar que não devem ser preparadas ataduras em excesso, porque não se
conservam após o umedecimento.
Ao transportar o cliente, alguns cuidados são necessários para prevenir acidentes,
tais como evitar movimentos bruscos e segurar o membro gessado com as mãos espalmadas – para
evitar depressão no gesso, o que pode vir a comprimir e/ou lesar nervos e vasos.
O cliente deve receber orientações acerca de como cuidar do aparelho gessado, para
mantê-lo íntegro e evitar infecção e outras complicações: não molhar o gesso, não colocar bolsa de
água quente sobre o mesmo (para evitar queimaduras), não introduzir materiais em seu interior do
gesso (para que não ocorram lesãoes), manter as extremidades elevadas (para facilitar a circulação
de retorno), movimentar as articulações não-gessadas e, ao fazer a higiene corporal, cobrir o gesso
com plástico.

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Para a realização da tração de pele ou cutânea, verifica-se a presença de lesões (o que


contra-indica o procedimento), procede-se à tricotomia do local onde será aderido o esparadrapo e,
após remover a gordura da pele, passar tintura de Benjoim e proteger as saliências ósseas com
algodão ortopédico. Terminada a tração, passar a corda pelo orifício da tábua e instalar o peso
prescrito.
A tração esquelética é um procedimento cirúrgico, requerendo cuidados de cirurgia
ortopédica. Para o adequado funcionamento do sistema de tração, as cordas e polias devem ser
colocadas em linha reta, deixando-se os pesos e cordas penderem livremente. Os pesos não podem
ser removidos sem orientação médica e jamais deve-se balançar o bater na tração, pois isso provoca
dor no cliente.
Para evitar complicações ao cliente com tração, a equipe de enfermagem observa
evidências de feridas por compressão, sinais de infecção no local de aplicação do fio e condições
circulatórias das extremidades. Além disso, as superfícies pontiagudas do fio ou pino devem ser
protegidas com rolha ou fita adesiva e o cliente orientado quanto à higiene pessoal, exercícios
respiratórios e dos membros não-lesados.

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b) Contusão

É a lesão das partes moles, provocada por batida, sem solução de continuidade da
pele. O cliente queixa-se de dor local e observa-se edema, hematoma ou equimose. As medidas de
primeiros socorros e de tratamento são elevação e não-movimentação da parte afetada, aplicação de
compressas frias ou bolsa de gelo por 48 horas e, em seguida, aplicação de calor para auxiliar na
reabsorção de líquidos extravasados. Pode haver a necessidade de ser posta uma bandagem
compressiva.

• Trauma crânio-encefálico (TCE)

Decorre de quedas, atropelamentos, colisão, ferimentos por armas de fogo e outros.


Os clientes podem apresentar fratura de crânio, lesões do cérebro, edema cerebral ou hematoma,
lacerações cerebrais e lesões do couro cabeludo.
A gravidade da lesão intracraniana está diretamente relacionada com a intensidade
dos sintomas: alteração da consciência, rigidez ou flacidez muscular, perturbações motoras,
cefaléia, tonturas, vômitos, amnésia, lesão facial, convulsão, perda de massa encefálica e/ou líquor.
A conduta de primeiros socorros consiste em imobilizar a coluna cervical com o
colar cervical, não dobrar a coluna vertebral, manter as vias aéreas permeáveis e pesquisar outras
lesões. Todas as pessoas com suspeita de TCE devem ser encaminhadas ao hospital, para tratamento
definitivo: manutenção da função respiratória com respirador mecânico ou oxigênio úmido;
tratamento do choque; diminuição do edema cerebral através de medicações e soluções
hipertônicas; sutura das lesões do couro cabeludo e realização de craniotomia para descompressão,
correção de afundamento ou drenagem de hematomas.
O cliente deve ser constantamente avaliado quanto ao nível de consciência, tônus
muscular, perturbações motoras, alterações pupilares e presença de convulsões. Esses dados
auxiliam na localização, diagnóstico, prognóstico e avaliação da melhoria do dano cerebral.

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• Trauma torácico

É sempre considerado como lesão grave, porque normalmente está associado a


outros ferimentos sérios da rede vascular, coração e pulmões. O trauma torácico pode ocasionar
obstrução das vias aéreas, pneumotórax, hemotórax, tórax instável provocado por múltiplas fraturas
de costelas, tamponamento cardíaco, ruptura da aorta, ruptura do diafragma e lacerações
traqueobrônquicas. Essas lesões provocam insuficiência respiratória e cardiocirculatória aguda,
observadas mediante dor torácica, dispnéia, taquicardia, hipotensão arterial, batimentos de asa de
nariz, cianose, inquietação, perda da consciência e parada cardiorrespiratória.
No atendimento emergencial, o auxiliar de enfermagem realiza a manutenção das
vias aéreas desobstruídas, elevação do decúbito (exceto na presença de choque hipovolêmico),
aspiração de secreção endotraqueal, administração de oxigênio úmido. Deve estar atento para
auxiliar na drenagem torácica, na pericardiocentese por agulha, no tratamento do choque e
hemorragia e na entubação e retirada de corpos estranhos e próteses.

• Pericardiocentese por agulha – é a introdução de agulha de punção no pericárdio para a


retirada de sangue.

• Trauma abdominal

Neste trauma pode haver ou não lesão das v~isceras abdominais e sua gravidade
varia de simples lesões até rupturas ou lacerações de órgãos. Normalmente, quando há lesões de
vísceras ocas (intestino, estômago, bexiga) ocorre desidratação progressiva e peritonite; nas lesões
de vísceras parenquimatosas (fígado, baço, rins) desenvolve-se quadro de choque hipovolêmico.
Deve-se sempre suspeitar de lesão de vísceras quando o cliente apresenta dor
abdominal espontânea ou à palpação, rigides da musculatura abdominal, diminuição de
peristaltismo e sinais de choque hipovolêmico.
O trauma é classificado como fechado quando o revestimento cutâneo abdominal
apresenta-se íntegro – e normalmente é conseqüência de socos, pontapés, coices, quedas, acidentes
de trânsito, etc. O quadro clíico varia de acordo com a extensão, intensidade e tipo de lesão, bem
como comprometimento de outros órgãos e vasos sangüíneos.
As condutas de emergência priorizam: manter o cliente deitado e sem mobilização
desnecssária; manter as vias aéreas permeáveis e realizar oxigenação, se necessária; avaliar o
sangramento e estancar a hemorragia externa pela compressão direta; repor, com solução fisiológica
endovenosa e hemoderivados, os líquidos perdidos; prestar os cuidados de choque; fazer a
sondagem vesical para controle da hematúria e volume urinário; passar a sonda nasogástrica para
aspirar o conteúdo gástrico (na presença de fraturas de face, introduzir a sonda por via oral);
proteger os órgãos eviscerados e encaminhar o cliente para o tratamento cirúrgico das lesões.

1.9. Queimaduras

São lesões nos tecidos provocadas pelo calor, eletricidade, energia radiante (raios
solares, radioatividade) e substâncias químicas.
Esses agente podem pvocar pequena queimadura quando a área queimada é menor
ou igual a 10% da área corporal total; ou grande queimadura quando a área queimada é maior que
10% da área corporal total.
Quanto à profundidade, é considerada de 1º grau quando a queimadura superficial
atinge a epiderme e ocorre edema, eritema e dor. A de 2º grau atinge a derme e provoca eritema
intenso, edema, bolhas (vesícula) e dor intensa. A de 3º grau é a queimadura profunda, que atinge o
tecido subcutâneo, músculos e ossos, provocando necrose dos tecidos e fazendo com que a pele
apresente aspecto carbonizado ou esbranquiçado – não ocorre dor, devido à destruição das

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terminações nervosas. O cliente pode apresentar, simultâneamente, os três tipos de queimaduras.
Nesses casos, o atendimento de primeiros socorros é diferente, variado de acordo com o agente
causado.
Na queimadura térmica, a primeira medida é controlar o fogo ou afastar o cliente
da fonte de calor, e resfriar o local das queimaduras com água (nunca passando qualquer substância
no local). Na seqüência, a área deve ser protegida com compressa estéril ou pano limpo.
Na queimadura química, o procedimento inicial é remover a substância. Para isso,
o cliente deve despir-se e lavar-se sob água corrente, tendo o cuidado de não espalhar o agente
causador por áreas não afetadas. Nenhum produto deve ser passado no local.
A primeira conduta a ser feita com a pessoa que recebe um choque elétrico é afastá-
la da fonte de eletricidade com o auxílio de uma madeira ou qualquer outro material isolante
conforme figura abaixo; somente após devem ser inicadas as manobras de reanimação
cardiorrespiratória nos casos de PCR, e a área protegida com compressa estéril ou pano limpo.
Todos os clientes que sofrem esse tipo de acidente devem ser encaminhados para uma instituição
que possua adequados recursos de saúde, para avaliação, mesmo que aparentemente não apresentem
problemas.

O tratamento de um grande queimado tem por objetivo promover a oxigenação


adequada, restabelecer o volume circulante, prevenir e combater a infecção, tratar a área queimada,
prevenir deformidades, administrar vacina antitetânica de acordo com o esquema vacinal, e sedação
para a dor e agitação.
O métido mais utilizado de tratamento das feridas é o OCR (oclusão, compressão e
repouso), que permite a absorção de secreções e redução da dor. Neste método, deve-se, após a
limpeza com solução fisiológica, cobrir as lesões com gazes – embebidas em soro fisiológico – que
não adiram à área queimada (rayon e similares), gaze seca, algodão hidrófilo e ataduras de crepe.
No curativo dos dedos, deve-se ter o cuidado de envolvê-los separadamente, para evitar a
cicatrização conjunta.
Na sala de atendimento de emergência, as ações de enfermagem ao grande queimado
são: recebê-lo, desprovido de roupas e objetos de uso pessoal, na maca revestida em capo de
preferência esterilizado; acalmá-lo e sedá-lo de acordo com a prescrição; atentar para os sinais de
hipoxemia e hipovolemia, que podem ser mascarados pelos sedativos; administrar oxigênio por
máscara facial, catéter de oxigênio ou entubação; puncionar uma veia calibrosa para instalar
venóclise; colher material para exame e monitorar os sinais vitais e as eliminações.

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Nos clientes com náuseas, vômitos e distensão abdominal pode-se passar e manter
aberta a sonda nasogástrica. Devido à gravidade do caso, avaliar freqüentemente o nível de
consciência, sinais de choque, insuficiência respiratória e cardiovascular.
A queimadura provoca perda da proteção natural do tecido epitelial, favorecendo a
instalação de infecções e hipotermia. Considerando tal fato, o cliente deve ser aquecido – para tanto
faz-se necessária a colocação de arco de proteção para evitar o peso e aderência dos lençóis e
cobertores. Em relação à infecção, sua proteção decorre da correta utilização da técnica asséptica e
manutenção em isolamento de contato. Na medida do possível, seu alinhamento corporal deve ser
mantido, para evitar a cicatrização com deformidade articular ou postural.

1.10. Intoxicação exógena

Pode ser provocada por ingestão ou inalação de substâncias prejudiciais ao


organismo, administração excessiva de medicamentos ou drogas, absorção de substâncias pelo
tecido epitelial ou picadas por animais peçonhentos – nestes casos, é absolutamente necessário
administrar o antídoto, a substância que reverterá ou reduzirá os efeitos da toxina (cada toxina tem
um antídoto específico).
Normalmente, a substância tóxica provoca alterações de vários sistemas. As
manifestações neurológicas são: distúrbios mentais, delírio, alucinação, convulsão, miose e
midríase. No sistema cardiorrespiratório ocorre dispnéia, respiração superficial, bradipnéia,
taquipnéia, apnéia, extra-sístole, bradicardia ou taquicardia, hipertensão ou hipotensão arterial.
Observa-se, ainda, náuseas, vômitos, alteração no hálito, diarréia, sialorréia, oligúria, anúria e, no
local, prurido, critema, edema e necrose.
A primeira conduta visa impedir ou diminuir a absorção do agente tóxico. Nos casos
de ingestão, pode-se administrar carvão vegetal ativado – misturado com água morna – para
absorver o veneno, bem como induzir o vômito com o xarope de Ipeca, introduzindo-se o dedo na
garganta e/ou realizando lavagem gástrica pela sonda nasogástrica.
Na inalação de gases tóxicos, remover a vítima do local e administrar oxigênio,
lavando em água corrente o local atingido pela absorção epitelial.
Concomitantemente, oferecer suporte para as funções vitais mediante a manutenção
das vias aéreas permeáveis, oxigenoterapia, observação de comprometimento neurológico, punção
venosa para venóclise, reposição de volume perdido pelas repetidas lavagens gástricas e controle da
diurese.
Jamais deve-se provocar o vômito e/ou fazer lavagem gástrica nos casos de clientes
com diminuição do nível de consciência e/ou que ingeriram ácidos ou bases fortes (soda cáustica,
limpa-forno, tira-manchas, hipoclorito), hidrocarbonetos (derivados do petróleo: éter, gasolina,
varsol) ou materiais sólidos com ponta. Para quaisquer casos de envenenamento é absolutamente
contra-indicado oferecer leite como antídoto.
Se possível, deve-se obter informações sobre o produto tóxico por meiro da
embalagem ou contato com o Centro de Controle Toxicológico de referência da área, para
solucionar dúvidas. Os clientes agitados e confusos devem ficar sob vigilância, com as grades da
maca ou cama elevadas, e contenção no leito, se necessário. A coleta de amostra de sangue e urina
para exame toxicológico deve ser realizada de acordo com a prescrição.
O controle dos sinais vitais e diurese deve ser freqüente e variar de acordo com a
gravidade do caso. A equipe deve estar atenta aos sinais de choque e, nos casos de PCR, apta a
iniciar de imediato as manobras de reanimação cardiorrespiratória.

1.11. Picada por animais peçonhentos

Ao picarem, alguns insetos, cobras, aranhas e escorpiões inoculam substâncias


químicas que provocam reações indesejáveis. Geralmente, observa-se no local da picada prurido,

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dor, eritema e edema. Entretanto, nos órgãos as reações são mais graves, gerando reações
proteolítica (necrose tecidual), hemolítica (destruição das hemácias), anticoagulante (dificuldade na
coagulação sanguínea), neurotóxica (alterações no sistema nervoso), difusora (favorece a difusão do
veneno) e hipotensora (queda da pressão arterial).
As ações de enfermagem às pessoas acometidas por picadas por insetos visam
diminuir o prurido e a dor e prevenir a instalação de reação anafilática: edema de glote, dificuldade
respiratória, alteração da consciência. O ferrão desses insetos pode ser removido com pinça ou
raspagem mediante a aplicação de compressas frias no local e elevação da extremidade afetada. Nos
casos mais graves, o cliente deve ser encaminhado para atendimento hospitalar – onde a equipe de
enfermagem administrará a medicação prescrita e preparará o material de emergência necessário
para os casos de reação anafilática.
No tocante à prevenção de picadas por animais peçonhentos (cobras, aranhas e
escorpiões), a população deve ser orientada para, em locais suspeitos, fazer uso de luvas, botas ou
sapatos, bem como manter jardins, quintais e áreas próximas limpos e aparados, não introduzir as
mãos em buracos no chão e locais com entulho e/ou montes de folhas. Se possível, o animal
causador do acidente deve ser capturado e levado junto com o cliente, para correta identificação.
Logo após a picada por esses animais, a conduta de primeiros socorros é tranqüilizar
e manter o cliente em repouso, lavar o local ferido e encaminhá-lo o mais rapidamente possível a
um estabelecimento de saúde para tratamento adequado.
A soroterapia específica é o principal tratamento para as picadas de cobras venenosas
e de alguns tipos de aranhas e escorpiões. O soro deve ser administrado por via subcutânea, de
acordo com as orientações contidas no rótulo e o grupo a qual pertence o animal peçonhento. Nos
casos mais graves, pode aser administrado por via endovenosa. A administração de anti-
histamínicos pode ser prescrita para prevenir reações alérgicas ao veneno e ao soro.
No hospital, as características das reações devem ser observadas e monitoradas a
freqüência da respiração, os sinais de choque, insuficiência renal aguda e comprometimento
neurológico, prestando-se os cuidados específicos para tais intercorrências.

1.12. Desmaio

É uma manifestação clínica que ocasiona perda temporária da consciência. Pode ser
causada por hipoglicemia em virtude de jejum prolongado, ambiente pouco ventilado, condições
emocionais, algumas patologias (arritmia cardíaca, por exemplo) ou efeitos colaterais de
medicamentos (hipotensão postural provocada por vasodilatadores coronarianos).
Os sinais e sintomas que precedem o desmaio são o escurecimento da vista, tontura,
palidez, dificuldade para se manter de pé ou sentado, desconforto epigástrico, dificuldade
respiratória, sudorese fria, pulso fino.
O quadro clínico caracteriza-se por perda da consciência, relaxamento muscular,
palidez, abolição do reflexo palpebral, pulso fino e respiração superficial.
As condutas de primeiros socorros visam restabelecer a oxigenação cerebral e, desta
forma, evitar o desmaio ou amenizar suas conseqüências. Para evitar o desmaio, o cliente deve ser
deitado em decúbito dorsal horizontal, com os MMII ligeiramente elevados; ou sentado em uma
cadeira com os braços estendidos entre as pernas separadas – neste caso o profissional deve segurar-
lhe a região occipital, direcionando-lhe a cabeça para baixo e para a frente, conforme a figura
abaixo.

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Quando o cliente apresenta-se desmaiado, a conduta é deitá-lo em local arejado, com


a cabeça mais baixa em relação ao resto do corpo – a qual será lateralizada para facilitar a
respiração e evitar aspiração de secreções; após o retorno da consciência, deve ser mantido deitado
por mais um período de tempo. Os clientes hipoglicêmicos devem ser alimentados; os ansiosos,
acalmados e os com hipotensão postural orientados para não se levantarem bruscamente.
É possível diferenciar o desmaio da histeria – a qual manifesta-se pelos mesmos
sinais do desmaio: tremor palpebral, respiração profunda e suspirosa; entretanto, o cliente não
melhora com as medidas de primeiros socorros, conforme ocorre nos casos de desmaios. É sempre
conveniente lembrar que estas pessoas, por meio de manifestações físicas agudas, expressam um
sofrimento emocional profundo, requerendo cuidados especializados.

1.13. Convulsões

São alterações no funcionamento do cérebro que provocam contrações musculares


descontroladas. Podem ter várias causas: febre alta, intoxicação, trauma crânio-encefálico e
epilepsia. Antes da convulsão, o cliente pode apresentar alterações visuais e olfativas; em seguida,
há perda da consciência, enrijecimento do corpo, apnéia, contrações musculares violentas e
sialorréia. Esta fase pode durar até um minuto. Terminada a mesma, ocorre o relaxamento da
musculatura, podendo ocasionar perda de urina, fezes e um sono reparador necessário para o
reequilíbrio da atividade elétrica cerebral. Ao acordar, o cliente pode sentir-se cansado, confuso,
com dor de cabeça e dor em outras partes do corpo machucadas durante a convulsão.

• Sialorréia – é a produção excessiva de saliva.

Quando das convulsões, o cuidado fundamental é proteger o cliente de danos


adicionais provocados por quedas e batidas do corpo em objetos próximos. Durante a crise
convulsiva, mantenha o cliente na cama ou no chão, afrouxe suas roupas e afaste ou acolchoe os
objetos ao redor. Não o segure limitando os movimentos das contrações musculares; administre as
medicações anticonvulsivantes prescritas e aguarda-o acordar naturalmente. Após o despertar,

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tranqüilize-o e informe-o do ocorrido. Verifique possíveis lesões na língua ou mesmo quebra de
dente.
Devido ao trismo, não é indicada a introdução de qualquer objeto entre a arcada
dentária superior e inferior do cliente visando proteger-lhe a língua (tira de pano, por exemplo).
Esta prática é perigosa, pois ele pode aspirar o(s) objeto(s) introduzido(s) na boca e causar danos
nos dentes e/ou língua.

• Trismo – é a contração da musculatura da região temporo-mandibular.

1.14. Insolação

Quando a temperatura ambiente é igual ou maior que a corporal, o organismo


aumenta a transpiração para provocar perda de calor, “refrescar a pele”. Quando não existe
reposição de água e eletrólitos, perde a capacidade de transpirar, o que provoca exaustão térmica e
insolação.
Geralmente as principais causas da insolação e exaustão pelo calor são a exposição
prolongada aos raios solares e/ou trabalho muscular excessivo em um ambiente desfavorável.
As manifestações clínicas são vertigem, fadiga, cefaléia, cãibras musculares, náuseas
e vômitos, hipertermia, hipotensão arterial; deve-se sempre estar atento, pois a insolação pode
evoluir para o choque e coma.
As ações de enfermagem na área preventiva consistem em orientar a população para
proteger-se do sol, manter-se em local fresco e arejado, usar roupas leves e ingerir líquidos à
vontade.
REAÇÃO ALÉRGICA
Anafilaxia e Urticária

Anafilaxia é qualquer um ou todos os sintomas de um complexo agudo que inclui


eritema generalizado, prurido, urticária, angioedema (inchação das áreas da pele,
membrana mucosa ou vísceras), náuseas, vômitos, cólicas abdominais, diarréia,
constrição brônquica, edema laringeal e arritmias cardíacas, com ou sem colapso
cardiovascular. As reações anafiláticas podem ser classificadas como segue:
Grau I – Reação em grandes áreas da pele, mais de 15 cm. de diâmetro;
Grau II – Prurido generalizado e urticária com discreta ou sem dispnéia.
Grau III – Quaisquer dos sintomas anteriores mais pelo menos dois dos seguintes:
angioedema generalizado, discretos sibilos, náuseas, vômitos e tontura.
Grau IV – Quaisquer dos anteriores mais pelo menos um dos seguintes: dispéia ou
asma severa, disfagia com edema da língua, rouquidão com edema da laringe, hipotensão e síncope.

ETIOLOGIA:

Existem inumeráveis substâncias que podem causar anafilaxias. As mais comuns


incluem:

Antibióticos – Penicilina, análogos da penicilina, cefalosporinas;


Drogas – Aspirina, iodetos;
Anestésicos – Procaína, cocaína, benzocaína;
Tinturas – Meio de contraste iodetizado;
Insetos - Abelhas, vespa americana e vespão;
Alimentos – Ovos, leite, nozes, frutos do mar, frutos cítricos e legumes.

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Os pacientes devem ser questionados atentamente quanto à história pessoal e
familiar de alergias, tais como asma, eczema, reações a drogas ou anafilaxia, porque a incidência de
reações sérias a drogas é muito mais alta em pacientes com uma história positiva. Se possível, faça
com que o paciente identifique o agente causador e determine o intervalo de tempo entre a
exposição e o início dos sintomas – quanto maior o tempo, menor a probabilidade de uma reação
severa. A maioria das reações anafiláticas agudas ocorrem dentro da uma hora de exposição,
embora uma reação anafilática secundária ocorrendo de 4 a 6 horas após a reação inicial tenha sido
descrita recentemente.
A enfermeira da triagem deve garantir aos pacientes um atendimento imediato, se há
suspeita de reação alérgica grave.
A terapia apropriada deve ser instituída imediatamente ao primeiro sinal de reação
anafilática severa. Nas reações severas (graus III ou IV) cada segundo é de fundamental
importância. Nos casos fatais, a reação pode ocorrer dentro de segundos a minutos após a
exposição, e a morte pode ocorrer em menos de 15 minutos. A terapia consiste de:

- Manutenção da permeabilidade da via respiratória – Administre oxigênio em 2 a 4 litros


; min. Esteja preparado para a entubação ou traqueostomia de emergência. Uma passagem
orofaringeal freqüentemente aliviará a obstrução causada pela língua ou tecidos moles da
farige. Posicione o paciente na posição de semi-Fowler, se a pressão sangüínea permitir;
- Puncionar veia calibrosa;
- Administrar medicação prescritas;
- Verificar SSVV de uma em uma hora;
- Aspirar VAS – SOS;
- Fazer placa de identificação e fixar na papeleta do paciente os produtos que o mesmo
apresentar alergia.

A maioria dos pacientes com reação do grau I ou II responderão a uma únida dose de
epinefrina SC, seguida de anti-histamínicos VO. Eles devem ser aconselhados a evitarem exposição
posterior ao alérgeno. Oriente o paciente a fazer uma etiqueta de identificação.
Ante um quadro de insolação, as condutas de primeiros socorros recomendam
remover o cliente para local fresco e arejado, diminuir sua temperatura corporal (borrifando-lhe
água na pele, fazendo-lhe compressas frias) e oferecer-lhe líquidos, se estiver consciente.
No hospital, o cliente deve ser deitado em decúbito dorsal, com os MMII
ligeiramente elevados. Sua maca ou cama deve ficar posicionada em local arejado; somente após
esses cuidados deve-se realizar a reposição hidroeletrolítica por VO e/ou EV (contra-indica-se o VO
nos clientes com queixas de náuseas e vômitos), diminuir a temperatura corporal e iniciar
oxigenoterapia, se necessária. Deve-se sempre estar atento para prestar cuidados específicos nos
casos de choque e coma.
Existem controvérsias em relação a imergir o cliente em água fria, em vista do perito
de vasoconstrição periférica e conseqüente redução da perda de calor pelo organismo. Para acelerar
a perda de calor, podem ser colocados ventiladores em sua proximidade.

EMERGÊNCIAS METABÓLICAS
O problema metabólico mais comum é o diabetes. Os principais sintomas são a:

1. Hiperglicemia: coma diabético;


2. Hipoglicemia: choque hipoglicêmico.

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Hiperglicemia ou Coma Diabético

Consiste na elevação do nível de glicose circulante no sangue.

SINAIS E SINTOMAS:

- Poliúria;
- Polidipsia;
- Astenia;
- Anorexia;
- Náuseas;
- Vômitos;
- Pele seca;
- Hálito cetônico (fruta podre);
- Dor abdominal;
- Sonolência;
- Torpor;
- Coma.

CUIDADOS DE ENFERMAGEM:

- É individualizado a cada paciente; o enfermeiro toma conduta de acordo a cada caso;


- Observar o nível de consciência;
- Realizar glicemia capilar;
- Administrar insulinoterapia de acordo com a prescrição (SC, IM ou IV);
- Puncionar veia profunda com SF a 9% nos casos graves;
- Observar freqüência respiratória – realizar O2, se necessário;
- Aspirar vias aéreas superiores – se necessário;
- Realizar balanço hídrico;
- Verificar PA de uma em uma hora;
- Verificar FE de uma em uma hora.

É importante determinar por que o diabetes do paciente está descontrolado. As


razões mais prováveis são infecção e o não-segmento da dieta ou medicação. A
enfermagem precisa estar orientando e conscientizando o cliente da necessidade da
continuidade do tratamento encaminhando-o ao ambulatório. Nos casos graves o
cliente fica internado na Unidade de Emergência ou encaminhado à UTI.

Hipoglicemia ou Choque Hipoglicêmico

Consiste na queda do nível de glicose circulante no sangue.

CAUSAS:

- Superdosagem de insulina;
- Falta de alimentação;
- Exercício físico em excesso;
- Diarréia; vômitos;
- Uso de álcool;
- Jejum prolongado.

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SINTOMAS:

- Palidez;
- Sonolência;
- Astenia;
- Cefaléia;
- Tremores;
- Taquicardia;
- Sudorese;
- Irritabilidade;
- Nervosismo;
- Formigamento nas extremidades;
- Confusão mental;
- Convulsão;
- Inconsciência.

CUIDADOS DE ENFERMAGEM:

- Observar nível de consciência;


- Realizar glicemia capilar;
- Puncionar veia profunda com SG a 10% - administrar glicose a 50%, em ... (conforme
prescrição médica);
- Verificar SSVV (T, P, R e PA) de 2 em 2 horas;
- Administrar O2 (SOS);
- Aspirar VAS (Vias Aéreas Superiores) SOS.

Instruções para a Alta do VE

As instruções para a alta devem incluir:

1. Revisão da dieta e prescrição de medicamentos e instruções para que não faça alterações
sem aconselhamento médico;
2. Encaminhamento a um nutricionista, se a dieta não é bem compreendida ou é um fator
contribuinte na procura à VE;
3. Necessidade para manter uma atividade diária consistente e um regime de exercícios;
4. Instruções para levar consigo um carboidrato de ação rápida para uso em uma emergência;
5. Revisão de sinais e sintomas de choque diabético e hiperglicemia;
6. Importância de usar uma etiqueta de identificação de diabético;
7. Necessidade de acompanhamento regular em uma clínica de atendimento ambulatorial ou
pelo médico da família.

Cistite e Pielonefrite

A ascenção bacteriana desde a uretra até a bexiga ou rins é responsável por mais de
95% das ITU´s; A ITU em mulheres geralmente é causada por bactérias entéricas
das fezes, que conomizam o vestíbulo vaginal e escalam a uretra; Quando a infecção
limita-se à bexiga (cistite), a escalada da infecção pela uretra até os rins denomina-se
pielonefrite. Outros fatores que favorecem a cistite incluem:

- Função prejudicada da bexiga;


- Obstrução da metra;

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- Cálculos;
- Catéter;
- Tumor;
- Trauma recente à atividade sexual pode ser um fator importante.

SINAIS E SINTOMAS:

- Disúria;
- Polaciúria;
- Nictúria;
- Urina turva (concentrada);
- Às vezes hematúria.

CUIDADOS DE ENFERMAGEM:

- Incentivar ingestão hídrica de 3.000ml. ao dia;


- Administrar medicação prescrita;
- Orientar medidas de higiene após micções e evacuações (higienização externa que deverá
ser realizada no sentido da região uretral – anal);
- Alertar ao paciente de que o Piridium, se receitada, tornará a urina vermelha-alaranjada e
pode manchar roupas íntimas;
- Repouso relativo no leito;
- Aplicar compressa morna em região abdominal.

EMERGÊNCIAS GASTROENTEROLÓGICAS
A dor abdominal é uma queixa comum, caracterizando-se como sintoma de uma
ampla gama de doenças e disfunções.

PROVÁVEIS CAUSAS:

- Aneurisma aórtica abdominal;


- Gravidez ectópica;
- Ruptura da vesícula;
- Traumas abdominais;
- Colecistite;
- Apendicite;
- Obstrução intestinal;
- Úlcera;
- Gastrite;
- Pancreatite;
- Hepatites;
- Varizes de esôfago.

SINAIS E SINTOMAS:

- Náuseas;
- Vômitos;
- Palidez cutânea;
- Cianose;
- ...;

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- Sinais de choque;
- Cólica abdominal;
- Distensão abdominal / retração;
- Febre.

CUIDADOS DE ENFERMAGEM:

É individualizado a cada paciente – o Enfermeiro toma a conduta de acordo a cada


caso:

- Posicionar o paciente em semi-Fowler;


- Lateralizar a cabeça;
- Observar nível de consciência;
- Observar, comunicar e anotar características, cor e odor de vômitos;
- Manter dieta oral zero;
- Manter suporte de O2 – SOS;
- Aspirar VAS (Vias Aéreas Superiores) – SOS;
- Puncionar veia calibrosa com SF a 9% ou Ringer-lactato em caso de hipotensão (controle
rigoroso do gotejamento);
- Verificar SSVV (Sinais Vitais) de 30 em 30 minutos;
- Passar SNG (Sonda Nasogástrica) para descompressão gástrica;
- Realizar lavado gástrico – SOS em caso de hemorragia gástrica;
- Observar, comunicar e anotar eliminações intestinais (cor, odor e quantidade);
- Realizar medicação prescrita;
- Caso o paciente necessite hemo-transfusão – Verificar temperatura antes e durante a
transfusão;
- Anotar debito urinário;
- Em caso de obstrução intestinal – realizar ... e anotar características das eliminações;
- Manter o ambiente limpo e arejado.

EMERGÊNCIAS NEUROLÓGICAS
Coma – O Paciente Inconsciente

O coma não é uma doença, mas um estado prolongado de inconsciência, no qual o


paciente não responde aos estímulos sensoriais.
As causas de inconsciência podem ser:

1) Distúrbios Sistêmicos:

a) Metabólicos:
i) Hipoglicemia e hiperglicemia;
ii) Hipotensão;
iii) Acidose;
iv) Hipoxia;
v) Encefalopatias, etc.

b) Intoxicações:
i) Abuso de etanol;
ii) Abuso de drogas médicas ou ilícitas;
iii) Envenenamento por monóxido de carbono.

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c) Infecções:
i) Sepsemias;
ii) Pneumonias.

d) Extremo de Temperatura: Hipotermia e hipertermia.

2) Doença Intracerebral:

a) Massa com edema, tumor, abscesso, hematomas e hemorragia cerebral.

b) Infecções:
i) Meningites;
ii) Encefalites.

c) Vasculite e Cerebrite.

3) Distúrbios Psiquiátricos:

a) Histeria.

b) Catatonia.

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE COMATOSO:

1) Assistência Ventilatória:
a) Manter o paciente em decúbito elevado;
b) Colocar uma cânula de Guedell para evitar queda de língua. Lateralizar a cabeça se houver
evidências de náusea e vômitos.
c) Se houver indicação, providenciar o material e auxiliar na intubação endotraqueal e
oxigenioterapia (desde nebulização contínua a uso de respiradores);
d) Manter a permeabilidade das vias aéreas através de aspiração de secreções;
e) Fazer uso da tapotagem para mobilizar secreções pulmonares.

2) Avaliação das Condições Cardiocirculatórias e Respiratórias:

Verificar os sinais vitais com freqüência, mantendo um registro cronológico,


principalmente se houver flutuações nos valores obtidos. Neste caso deve-se
comunicar ao enfermeiro.

3) Avaliação do Nível de Consciência:

Observar a capacidade de reação a qualquer estímulo externo: visual, auditivo e


sensitivo.

4) Promover e Manter a Hidração e a Alimentação:


a) Através de SNG;
b) Através de cateterização venosa;
c) Observando a função urinária e intestinal.

5) Promover e Manter a Integridade de Pele e Mucosas;

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a) Manter a pele limpa, seca e lubrificada, se houver ressecamento;
b) Mudança de decúbito para evitar escaras de 2 em 2 horas;
c) Higiene oral freqüente para evitar escarificações e língua saburrosa;
d) Proteção ocular, se houver abolição do reflexo palpebral, com compressas de SF a 9%.

6) Evitar Deformidades:
a) Mobilização passiva dos diversos segmentos do corpo;
b) Suporte plantar.

7) Medidas de Segurança:
a) Grades laterais no leito;
b) Contenções, se for paciente agitado, tendo-se o cuidado de acolchoar o local onde for
aplicado para evitar lesões.

Convulsão

CONCEITO

Etimologicamente, significa sacudir, agitar. Denominamos convulsão às contrações


involuntárias dos músculos esqueléticos produzidas por uma descarga neuronal
excessiva no SNC.

CAUSAS

São mais freqüentes nas seguintes situações:

- Epilepsia;
- Meningoencefalites;
- Traumatismos crânio-encefálicos;
- Tumores;
- Hipertermia;
- Tétano;
- Intoxicações por beladona, estricnica;
- Alcoolismo, etc.

SINAIS E SINTOMAS:

- Perda da consciência;
- Movimentação brusca e involuntária dos músculos;
- Enrijecimento da mandíbula, travando os dentes;
- Salivação excessiva;
- Queda abrupta, em qualquer lugar, com riscos de ferimentos, fraturas e outros tipos de
lesões; pode apresentar cianose devido à dificuldade respiratória, relacionada principalmente
com o tempo de duração da crise;
- Freqüentemente ocorre relaxamento esfincteriano com micção e/ou evacuação após a crise.

CUIDADOS DE ENFERMAGEM:

- Instalar O2 sob catéter nasal a 2 litros (trocar o catéter a cada 24 horas);


- Colocar cânula de Guedell (não forçar se os dentes estiverem travados);
- Puncionar veia calibrosa;

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- Verificar temperatura axilar;
- Administrar medicações prescritas;
- Observar a respiração antes e após a convulsão;
- Aspirar VAS;
- Passar SNG – manter aberta (em caso de vômitos);
- Realizar compressas com água e álcool em caso de hipertermia;
- Realizar higienização;
- Manter ambiente silencioso;
- Manter ambiente em penumbra;
- Manter paciente em leito com grade;
- Utilizar rolos e coxins nas laterais das grades do leito;
- Observar nível de consciência;
- Anotar hora de início e término da crise;
- Em caso de parada respiratória, auxiliar o enfermeiro e o médico com presteza;
- Trocar frasco de aspirador sempre que necessário;
- Repor água destilada ou SF no recipiente do O2 úmido sempre que necessário;
- Após crise convulsiva explicar ao paciente aonde ele está, orientando-o no tempo e espaço.

Dor de Cabeça – Cefaléia

A dor de cabeça é uma das mais comuns mazelas humanas. Pode ir desde a dor leve
até aquela mais severa. A maioria das pessoas ocasionalmente experimenta dores de
cabeça, mas uma pequena porcentagem dos casos é um sintoma de uma emergência
neurológica.

CAUSAS:

As etiologias da dor de cabeça incluem:

1) Vascular:
a) Enxaqueca;
b) Agrupada;
c) Tóxica (por exemplo: febre, álcool e hipóxia).

2) Contração Muscular (tensão).

3) Tração e Inflamatória:
a) Trauma craniano;
b) Hemorragia subaracnóide;
c) AVC;
d) Tumor;
e) Hipertensão;
f) Meningite;
g) Doenças oculares;
h) Tromboflebite intracraniana;
i) Arterite temporal.

4) Neuralgia:
a) Trigeminal;
b) Glossofaríngea.

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CUIDADOS DE ENFERMAGEM:

- Verificar PA e Temperatura;
- Administrar medicação prescrita;
- Encaminhar paciente ao RX, se necessário;
- Paciente com suspeita de meningite: providenciar material para punção lombar;
- Oferecer um ambiente silencioso;
- Os pacientes com estado neurológico deteriorante exigem intervenção para apoio à
passagem aérea, respiração e circulação. O paciente deve ser colocado sob as mesmas
precauções para convulsões;
- Para enxaquecas bem estabelecidas, colocar o cliente em local silencioso e escuro.

Isquemia Cerebral e Derrame

A isquemia cerebrovascular resulta de uma deficiência no suprimento sanguíneo


para o cérebro, e o déficit neurológico resultante varia consideravelmente, de uma ligeira
interrupção transitória até um derrame maior.
O ataque isquêmico transitório (AIT) é uma perda da função neurológica causada
por isquemia, tem aparecimento abrupto e dura de poucos minutos a não mais de 24 horas,
desaparecendo sem sinais residuais. Os sintomas variam de acordo com as artérias envolvidas e
incluem hemiplegia, perturbações na fala e visuais, tontura e confusão.
Déficit neurológico isquênico irreversível (DNIR) é uma perda da função
neurológica secundária à insquemia que dura por mais de 24 horas, mas que finalmente se resolve
completamente. Ao longo da escala de déficit neurológico progressivo desde o AIT até um AVC
completo, encontramos em seqüência AIT´s, DNIR e AVC em evolução.
Acidente cerebrovascular (AVC, derrame) é um evento trombótico, embólico ou
hemorrágico, causando uma perda permanente da função neurológica, freqüentemente, com um
importante grau de incapacidade.

ETIOLOGIA

As embolias geralmente consistem de placas ateromatosas a partir de um sítio


extracraniano na artéria carótida interna. Entretanto, a embolia trombótica a partir do
coração também pode ocorrer, especialmente no arranjo de condições predisponentes
(por exemplo, fibrilação atrial, ICC, aneurisma ventricular). A endocardite
bacteriana deve sempre ser considerada em uma pessoa que abuse de drogas IV com
um derrame embólico agudo.
A verdadeira trombose das artérias intracranianas é uma ocorrência rara. O que se
chama de “derrame trombótico”, na verdade, é um estreitamento aterosclerótico progressivo do
lúmen arterial, causando vluxo sanguíneo inadequado para uma área do cérebro.
A hemorragia sempre resulta em algum grau de infartamento cerebral e geralmente
ocorre no arranjo de uma hipertensão arterial sistâmica de longa duração. Uma pequena
porcentagem da hemorragia intracerebral é secundária e malformações arteriovenosas, aneurismas
ou sangramento em um tumor cerebral.

SINAIS E SINTOMAS:

- Cefaléia;
- Náuseas;
- Vômitos;
- Freqüência cardíaca com ritmo irregula;

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- Pode apresentar respiração de Cheyne-Stokes;
- Atáxia;
- Apnéia;
- Perda da consciência;
- Perda de reflexos, função motora e sensorial (afasia, disfagia).

CUIDADOS DE ENFERMAGEM:

1) É individualizado. O enfermeiro toma a conduta a cada caso:


a) Fazer teste de glicemia capilar;
b) Desobstrução da via aérea e manutenção do padrão respiratório – O nível diminuído da
consciência e o reflexo da tosse diminuída ou ausente indicam a necessidade de proteção das
vias aéreas. Se a PA permite, coloque o paciente irresponsivo na posição semi-Fowler. Uma
via aérea orofaringea pode ser necessária antes da entubação. A entubação ajudará a manter
o volume de ar corrente adequado e a evitar a aspiração. Coloque um tubo nasogástrico para
descomprimir o estômago e evitar a aspiração.

2) Potencial para disfunção neurológica adicional – O vasoespasmo pode criar alterações no


fluxo sanguíneo cerebral após um derrame. A formação de edema pode causar uma pressão
intracraniana e edema cerebral. A manutenção da PA na faixa normal servirá para proporcionar
um fluxo sanguíneo cerebral adequado. O tratamento da hipertensão associada com um derrame
pode não ser necessário no SE, a menos que a pressão esteja extremamente alta (sistólica acima
de 220 ou diastólica acima de 130). Na maioria dos casos, a hipertensão resolve=se por si
mesma, e o tratamento pode levar à profunda hipotensão devido à instabilidade vasomotora. A
hipertensão severa associada com uma hemorragia subaracnóide requer tratamento. Outros
fatores que têm um efeito nocivo sobre o fluxo sanguíneo cerebral são pO2 e pCO2 anormais,
hipertermia e via IV na jugular interna, tensão emocional, sucção e flexão do pescoço. A
intervenção da enfermagem inclui:
a) Avaliação freqüente dos sinais vitais e neurológicos;
b) Monitorização da ingesta e eliminação de luídos; os fluídos comumente são restritos a 1,5 /
2 litros a cada 24 horas. Evite o uso de solução hipotônica. Comece IV com glicose 5%;
c) Posicionamento do paciente em posição plana ou semi-Fowler;
d) Faça aspiração por não mais do que 15 segundos;
e) Vigie o paciente, prevendo crise convulsiva e proteja-o de possíveis traumatismos;
f) Aproxime-se do paciente de um modo calmo, transmitindo-lhe segurança.

EMERGÊNCIAS RESPIRATÓRIAS
Insuficiências Respiratória Aguda (IRA)

CAUSAS:
- Infecção;
- Enfisema;
- DPOC: - Asma;
- Bronquite;
- Trauma;
- Uso de drogas / álcool;
- Exposição;
- Inalações de fumaça;
- Alergia.

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 613 ENF. EM URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS
SINAIS E SINTOMAS:
- Cianose
- Sudorese;
- Batimentos de asa de nariz;
- Alteração do nível de consciência;
- Chiados;
- Roncos;
- Sibilos
- Cianose;
- Agitação;
- Confusão;
- Letargia;
- Estupor;
- Coma.

CUIDADOS DE ENFERMAGEM IMEDIATOS:

- Puncionar veia calibrosa com fluidoterapia em microgotas ou bomba de infusão (a


superhidratação pode resultar em ICC);
- Ventilação (ambú);
- Aspirar VAS (Vias Aéreas Superiores) freqüentemente;
- Preparar material de gasometria (punção direta na artéria Radial / femural) e após o material
é levado a um aparelho para análise; a gasometria é realizada pelo enfermeiro;
- Conter os braços do paciente se for necessário;
- Administrar oxigenoterapia conforme prescrição;
- Elevar a cabeça em relação ao leito;
- Administrar broncodilatadores: Aminofilina (EV), Adrenalina (SC) conforme prescrição
médica;
- Manter o paciente em repouso;
- Manter o ambiente tranqüilo;
- Realizar higiene oral e corporal, mantendo o ambiente limpo;
- Verificar e anotar SSVV (T, P, R e PA) de 2 em 2 horas;
- Estimular respiração profunda e tosse;
- Encaminhar o paciente para Raios X.

Após aspirar e oxigenar o paciente, ocorre uma melhora acentuada do quadro clínico.

Asma

A asma é uma doença de obstrução das vias aéreas, resultando de broncoespasmo, edema da
parede brônquica e hipersecreção das glândulas mucosas. Ataques de asma variam em gravidade,
desde um ligeiro sibilar até insuficiência respiratória ameaçadora à vida. Nos ataques severos, o
fluxo de ar prejudicado resulta em hipoventilação alveolar com hipoxemia e acidose respiratória.
Estado de mal asmático – Uma condição ameaçadora à vida, na qual um ataque asmático
agudo continua apesar do tratamento. O paciente precisa ser admitido na UTI para terapia
agressiva e monitorização contínua.
Gestantes asmáticas – Asma, desequilíbrio ácido-básico e hipóxia podem ser mais nocivos à
mãe e ao filho do que a droga usada para tratá-los. Todas as pacientes asmáticas grávidas devem
receber oxigênio suplementar. Os corticosteróides e teofilina são métodos aceitos de tratamento
para a asmática grávida. Estas pacientes devem ser internadas em regime de hospital-dia e devem
ser encaminhadas ao serviço obstétrico.

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COLÉGIO OSWALDO CRUZ 614 ENF. EM URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS

SINAIS E SINTOMAS:
- Taquipnéia;
- Taquicardia;
- Cianose;
- Sibilos;
- Letargia e agitação;

CUIDADOS DE ENFERMAGEM:

- Manter paciente em posição Fowler;


- Administrar aerosolterapia medicamentosa com O2 conforme prescrição;
- Verificar ... antes e após aerosolterapia;
- Puncionar veia ... SOS com controle rigoroso do gotejamento;
- Aspirar VAS – SOS;
- Observar nível de consciência;
- Encaminhar paciente ao RX quando apresentar melhora do quadro clínico;
- Encaminhar pacientes grávidas ao serviço de obstetrícia quando solicitado parecer ou
encaminhamento;
- Oferecer escarradeira, papel-toalha e água para que o paciente realize higiene oral;
- Deixar ambiente limpo e arejado.

Pneumotórax

Um pneumotórax pode ocorrer espontaneamente ou como resultado de um trauma. O ar penetra


na cavidade pleural, e à medida que a cavidade pleural excede a pressão atmosférica, o pulmão
colapsa.

SINAIS E SINTOMAS:

- Dor torácica intensa / pleurística;


- Dispnéia;
- Taquicardia;
- Hipotensão;
- Cianose.

CUIDADOS DE ENFERMAGEM:

- Dieta oral zero;


- Manter o paciente em semi-Fawler;
- Preparar bandeja de gasometria;
- Administrar O2 por cânula ou máscara, conforme prescrição;
- Aspirar o paciente, SOS;
- Puncionar veia calibrosa;
- Realizar tricotomia na região axilar e toráxica (lado afetado);
- Observar nível de consciência;
- Verificar PA de 30 em 30 minutos;
- Instalar PVC;
- Instalar oxímetro de pulso afim de monitorar a saturação;

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- Preparar carro de curativo com:
o PVPI tópico;
o PVPI degermante;
o SFO 9%;
o Seringa de 1, 5, 10 e 20cc.;
o Xylocaína a 2% sem vasoconstrictor;
o Lâmina de bisturi;
o Luvas estéreis (6 pares);
o Máscaras (para toda a equipe);
o Esparadrapo;
o Pacotes de gazes;
o Fio de sutura mononáylon 3.0 (ou a critério do médico);
o Sonda Retal 22 (nº a critério do médico);
o Kit de drenagem de tórax (látex + vidro com suspiro);
o Bandeja de toracotomia.

EMERGÊNCIAS CARDÍACAS
Paciente com Afecção Cardíaca

SINAIS E SINTOMAS:

- PULSO BIGEMINADO
- PA: Elevada;
- ESTASE VENOSA :Ocasiona pulsação venosa (diminui retorno venoso);
- COLORAÇÃO E TEMPERATURA DAS EXTREMIDADES: Frias, pálidas e cianosadas;
- DEFORMIDADES: em cardiopatias crônicas pode-se observar abaulamento da região
precordial conseqüente à hipertrofia do coração em crianças pela maior flexibilidade da
caixa toráxica, essa alteração é encontrada com maior frequência. O paciente apresenta
como característica os dedos de baqueta de tambor e unhas curvadas.
- CIANOSE: pela mistura de sangue veno-arteriais ou pela lentidão da corrente sanguínea
reduzindo o fluxo de oxigênio;
- DOR:
o DE ORIGEM ISQUÊMICA: é referida como uma dor em aperto na região precordial
ou retroesternal, podendo irradiar-se para os braços, pescoço, mandíbula e dorso;
o DE ORIGEM PRECORDIAL: é descrita como mais ..., lateral à esquerda
independente de esforços;
o DE ORIGEM ANEURISMA: acontece pela pressão ... do saco aneurisático.
- Fadiga;
- Síncope;
- Palpitação (taquicardia);
- ...;
- Embolias sistêmicas;
- Insônia;
- SINTOMAS EMOCIONAIS:
o Ansiedade;
o Tensão;
o Medo da morte.

CUIDADOS DE ENFERMAGEM:

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É individualizado a cada paciente – o enfermeiro toma a conduta de acordo com cada
caso:

- Administração de digitálicos, que aumentam a contrabilidade miocárdica e de diuréticos,


que auxiliam na eliminação do excesso de líquidos;
- Oxigenoterapia no alívio da dispnéia.

A complicação do quadro pode incorrer em embolia pulmonar, em trombose de veias


dos membros inferiores, em edema pulmonar e em óbito:

- Manter o paciente em repouso, observando na prescrição o grau de atividade a que ele


poderá ser submetido;
- Promover ambiente calmo e tranqüilo que garanta o sono e o descanso do paciente;
- Incentivar a mudança de decúbito de 2 em 2 horas;
- Estimular e supervisionar a respiração profunda;
- Incentivar exercícios respiratórios;
- Executar exercícios passivos e ativos com os MMI;
- Anter a cama em posição de Fowler;
- Pesar o paciente diariamente;
- Anotar o volume de líquidos ingeridos e eliminados (balanço hídrico);
- Oferecer a dieta leve, fracionada e hipossódica;
- Anotar alterações no funcionamento intestinal;
- Administrar os medicamentos conforme a prescrição, adotando cuidados especiais na
administração deles;
- Observar aparecimento de sinais e sintomas de intoxicação medicamentosa;
- Solicitar o enfermeiro sempre que houver dúvidas na conduta prescrita;

Cuidados com a administração de digitais:

- Verificar pulso e freqüência cardíaca antes de administrar cada dose do medicamento. Caso
o pulso esteja inferior a 6,0 batimentos por minuto, solicitar a presença do plantonista antes
de administrar;
- Observar sintomas de toxicidade digital, como arritmias, anorexia, náusea, vômito, diarréia,
bradicardia, cefaléia, mal-estar e alterações comportamentais.

Infarto do Miocárdio – IM

O infarto do miocárdio refere-se ao processo em que o tecido miocárdio é destruído em


áreas cardíacas que foram privadas do suprimento sanguíneo adequado.
As manifestações típicas começam por dor súbita, geralmente na parte inferior da região
esternal e no abdome superior. É uma dor constante e constritiva, podendo aumentar a sua
intensidade e tornar-se insuportável. Esta dor intensa, tipo garra, pode irradiar-se para os ombros e
braços, geralmente para o lado esquerdo. Ao contrário da angina, ela começa espontaneamente,
persiste por horas ou dias e não é aliviada pelo repouso nem pelo uso de nitroglicerina. A pulsação
pode tornar-se muito rápida, irregular e fraca, quase imperceptível.
O indivíduo com oclusão grave pode apresentar sinais de choque; a pele adquire uma
coloração acinzentada, com uma sudorese intensa e viscosa; ocorre uma hipotensão em níveis muito
baixos e a temperatura corporal eleva-se em poucas horas. São freqüentes ainda sintomas como
ansiedade, inquietação, dispnéia, fraqueza, vertigem, náuseas e vômitos.

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É importante lembrar que alguns pacientes com infarto do miocárdio agudo podem
não apresentar sintomatologia clínica, sendo ele diagnosticado somente através do ECG. Estes
pacientes são denominados de “coronarianos silenciosos”.

DIAGNÓSTICO:

O diagnóstico do IM pode ser obtido a partir do aparecimento da sintomatologia já


descrita, da história clínica, de exames físicos e laboratoriais, como o eletrocardiograma – ECG, a
dosagem de transaminase glutâmico oxalacética – TGO, a creatinofosfoquinase – CPK, a
desidrogenase que se apresentam em níveis elevados logo após a instalação do infarto e a
cineangiocoronariografia.
O prognóstico sobre o paciente dependerá da extensão da área lesada e da assistência
que ele receberá nas primeiras horas.

TRATAMENTO:

As primeiras 48 horas após o infarto são as mais críticas e requerem vigilância


constante, pois a zona do infarto pode aumentar progressivamente e o risco de choque cardiogênico
e fibrilação ventricular é elevado.
O tratamento objetiva detectar e tratar as arritmias, aliviar o choque e a dor,
proporcionar repouso ao miocárdio, evitar possíveis complicações e interromper a evolução da
arteriosclerose, que é basicamente responsável pelo IM.

CUIDADOS DE ENFERMAGEM:

Os cuidados a serem prestados ao portador de IM deverão ser individualizados e,


assim sendo, serão prescritos pelo Enfermeiro. Entretanto, alguns integram a rotina e são
apresentados a seguir:

a) Cuidados imediatos:

– Proporcionar ambiente calmo e repousante;


– Verificar sinais vitais de 30 em 30 minutos. Se o paciente estiver sob monitorização, ficar
atento aos sinais de alarme;
– Fazer punção venosa em vaso calibroso;
– Fazer oxigenação e massagem cardíaca, em casos de urgência, e solicitar a presença de
plantonista;
– Anotar diurese de hora em hora;
– Prestar cuidados higiênicos no leito (estimular respiração profunda);
– Mudar de decúbito de duas em duas horas;
– Fazer exercícios passivos com os membros inferiores;
– Manter vigilância constante, anotar as alterações e solicitar imediatamente a presença do
médico e/ou enfermeiro, nas situações de risco.

b) Convalescença:

– Auxiliar o paciente a se levantar do leito e a deambular quando não houver contra-indicação;


– Evitar expor o paciente a atividades que desencadeiem dispnéia ou cansaço excessivo;
– Não expor o paciente a extremos de frio ou calor;
– Orientar os familiares a evitarem conversas excessivas e assuntos desagradáveis;
– Oferecer dieta leve, hipossódica e hipolipídica;

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– Não oferecer líquidos gelados, pois desencadeiam arritmias;
– Atentar para alterações na prescrição de enfermagem.

Hipertensão Arterial

A Hipertensão, ou Doença Vascular Hipertensiva é uma condição onde ocorre uma


elevação na pressão sistólica ou diastólica.
Fatores como exercícios físicos, stress emocional, digestão, sono e repouso
contribuem para a oscilação dos níveis pressóricos.
A hipertensão arterial é classificada em primária e secundária. Pode ser definida
como primária, quando a pressão diastólica é igual ou superior a 90mmHg e quando não existem
outras causas de hipertensão.
É secundária quando acompanha outras patologias distintas, como as de
comprometimento renal e endócrino, a arteriosclerose e a estenose da aorta.

MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS:

As manifestações da hipertensão arterial apresentam características e sintomas


diferentes em cada fase da doença:

a) Fase pré-hipertensiva: ocorre elevação da pressão arterial para níveis de 200mm Hg para
sístole e 100mm Hg para diástole, juntamente com cefaléia, vertigem, insônia, irritabilidade
e hemorragia nasal;
b) Fase moderadamente grave: elevação dos níveis pressóricos para sístole acima de 200mm
Hg e diástole, acima de 100mm Hg, podendo aparecer sintomas como convulsão, cefaléia
occipital intensa e edema pulmonar;
c) Fase malígna: pode ocorrer uma elevação muito rápida da pressão arterial com danos
graves aos órgãos vitais: verifica-se acidente vascular cerebral – AVC, cefaléia, convulsões,
diminuição da visão, hemorragia ocular, náuseas e vômitos.

TRATAMENTO:

Objetiva reduzir a pressão sanguínea a níveis normais e, com isso, diminuir o risco
da evolução rápida da lesão vascular.
Na fase pré-hipertensiva adota-se uma terapia conservadora voltada para a auto-
educação. Na fase moderada e malígna a terapia com drogas tem produzido melhora
significativa, especialmente se o diagnóstico for feito precocemente.
São utilizados diuréticos e vasodilatadores periféricos.

CUIDADOS DE ENFERMAGEM:

- Evitar situações de stress emocional para o paciente;


- Manter o ambiente calmo e tranqüilo;
- Verificar a pressão arterial todos os dias nos mesmos horãrios e com o paciente sentado, em
repouso;
- Evitar excesso de atividade física;
- Atentar para sinais de confusão mental, irritabilidade, desorientação, cefaléia, náuseas e
vômitos;
- Atender protamente a uma crise convulsiva, evitando que o paciente se machuque;
- Oferecer dieta fracionala e hipossódica;
- Anotar o volume de ingestão e excreção hídrica;

Técnico em Enfermagem
COLÉGIO OSWALDO CRUZ 619 ENF. EM URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS
- Administrar medicação prescrita atentando para os efeitos de toxicidade medicamentosa;
- Relatar no prontuário todas as alterações ocorridas com o paciente;
- Solicitar o enfermeiro sempre que se fizer necessário o esclarecimento de alguma conduta
ou prescrição.

EFEITOS COLATERAIS DA FARMACOTERAPIA:

Podem ocorrer hipotensão, sensação de desmaio, vertigem ao mudar de posição,


obstrução nasal, perda de força, perda de apetite, secura na boca, emagrecimento, sonolência.

EMERGÊNCIAS UROLÓGICAS
Cólica Renal

A cólica renal é uma dor ... produzida pela obstrução completa ou parcial do trato de
saída urinária por um ou mais cálculos (pedras) e coagulos sanguíneos. Pode ser
associada com hematúria, náuseas e vômitos de início abrupto em região dos flancos
à medida que a pedra passa pelos uréteres e bexiga a dor migra para a região
abdominal e uretral; Febre e calafrios sugerem urossepsia coexistente.

CUIDADOS DE ENFERMAGEM:

- Incentivar ingestão hidríca;


- Administrar medicação prescrita;
- Coletar urina para EAS e urocultura de acordo com técnica para coleta de exame,
encaminhar exame para laboratório imediatamente;
- Encaminhar paciente para RX – caso necessite;
- Verificar SSVV (sinais vitais);
- Observar micções em saco coletor de urina para detectar cálculos;
- Anotar e comunicar ao enfereiro qualquer anormalidade;
- Repouso relativo no leito;
- Realizar compressa morna em região abdominal.

Técnico em Enfermagem

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